Obsessão e Angústia
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Saúde EEddiittoorraa:: Ana Paula Macedo // [email protected]
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31 • CORREIO BRAZILIENSE • Brasília, sábado, 5 de setembro de 2009
Obsessão e angústiaPessoas com transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) sofrem para conseguir controlar compulsões. Lavar as mãos até feri-las,girar a chave de casa 10 ou 20 vezes ou colecionar lixo são exemplos de manias exacerbadas. Tratamento une remédios e terapia
normal caso não a realize, é hora de sepreocupar”, explica o médico.
Segundo ele, os pacientes obsessi-vos-compulsivos, quando não podemrealizar a sua compulsão, são tomadospor uma ansiedade extrema, ficam ner-vosos e não conseguem se concentrarem outras atividades. “Quando umapessoa que tem TOC relacionado a la-var as mãos se vê em uma situação emque isso não pode ser feito, ela ficatranstornada, muito ansiosa, e procuraa qualquer custo realizar sua mania. Éalgo incontrolável”, exemplifica.
Ainda não se sabe exatamente o quecausa o TOC. Os médicos acreditam queo distúrbio possa estar ligado a fatoresgenéticos, já que é mais recorrente emindivíduos que possuem o histórico dadoença na família, ou pode ser desen-cadeado por alterações químicas no sis-tema nervoso. Podem haver ainda, cau-sas sociais para o desenvolvimento deTOC, como a depressão, situações trau-máticas — como criar obsessão por se-gurança, após ter a casa roubada, oupor ter recebido uma educação pouco,ou excessivamente severa.
IncompreensãoA estudante Ana Carla Viegas, 24
anos, sabe que tem TOC há pelo menosdois. Em seu caso, a obsessão é porconferir coisas. Ana gasta boa parte do
dia verificando, por exemplo, se as ja-nelas estão fechadas, o gás, desligado eo ferro de passar, fora da tomada —além disso, não para de repassar men-talmente percursos e atividades querealizou durante o dia. “A maioria daspessoas não consegue compreendercomo é angustiante sentir que vocêprecisa desses rituais para ter um diamenos ruim”, desabafa.
Ela conta que o principal problema édar às coisas o seu real valor. “Você su-pervaloriza certos detalhes, que, para amaioria das pessoas, não tem a menorimportância. Me sinto uma pessoa ex-cessivamente perfeccionista, mas pro-curei ajuda médica e estou tentandomelhorar.” Além de fazer terapia, Anausa um medicamento para ajudar a di-minuir a ansiedade, que aumenta sem-pre que ela não realiza os seus rituaisdiários de conferência.
Depois de se engasgar ao ponto dedesmaiar, o estudante Marcelo Silva, 21anos , desenvolveu o ritual de engolirvárias vezes a saliva. Mesmo com a gar-ganta inchada e dolorida, ele não con-segue controlar o hábito. “Muitas vezesnão consigo nem comer. Depois queme engasguei, comecei a acharque a saliva iria me su-focar então passei aengoli-la várias ve-zes por minuto”,conta.
VergonhaO sentimento de culpa e a incom-
preensão são as reclamações mais co-muns da maioria dos portadores dotranstorno. “Morro de vergonha do quefaço. Tento esconder ao máximo quetenho TOC. Muitas pessoas, ao sabe-rem da doença, acham que é besteira,ou te olham como se você fosse malu-co”, desabafa Marcelo.
O tratamento do transtorno obsessi-vo-compulsivo é feito por meio da asso-ciação do uso de medicamen-tos com a psicotera-pia. “O objetivo damedicação écontrolar a an-siedade. Emseguida, a te-rapia ajuda-rá o pacien-te a identi-ficar os ri-t u a i scompul-sivos e
controlá-los”, explica Raphael Boechat.Em casos extremos, existe ainda a possi-bilidade de intervenção cirúrgica. “Aoperação só é utilizada em casos muitoraros, quando a combinação de trata-mentos falhou e o TOC é altamente pre-judicial para o paciente”, completa.
Na cirurgia, conhecida como capsu-lotomia anterior, os médicos provocamuma pequena lesão na cápsula ante-rior, uma das regiões do cérebro res-ponsável pela sensação de ansiedade.O objetivo é diminuir a atividade na re-gião e, por consequência, minimizar a
necessidade que o paciente temde realizar seus rituais com-
pulsivos.
T odo mundo tem suas manias.Não passar debaixo da escada,verificar o registro do gás antesde dormir ou colecionar coisas
estão entre as mais comuns. Entretanto,quando essas manias saem do controle,gerando angústia e ansiedade quandonão praticadas, pode ser um sinal detranstorno obsessivo-compulsivo(TOC), doença que, só no Brasil, atingeaproximadamente 4,5 milhões de pes-soas, mas que pode ser controlada.
Não há nada de errado em lavar asmãos várias vezes, o problema é quan-do essa lavagens são tão frequentes eintensas que chegam a feri-las. Outrasvezes, a compulsão por verificar se aporta está devidamente trancada fazuma pessoa ir e voltar do trabalho di-versas vezes, simplesmente para se cer-tificar de que a fechou corretamente.Há ainda casos em que a mania de guar-dar coisas toma tal proporção que o es-paço da casa fica tomado por objetos,muitas vezes inúteis, dos quais o cole-cionador não consegue se livrar.
De acordo com o psiquiatra e pes-quisador da Universidade de Brasília(UnB) Raphael Boechat, o limite entreuma simples mania e o TOC está noquanto essas obsessões prejudicam avida do paciente. “Se a mania não geranenhuma consequência ruim para apessoa, tudo bem, mas quando o pa-ciente não consegue levar uma vida