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Factos Sociais Os factos sociais são factos decorrentes da vida em sociedade, formas de agir, pensar e sentir impostos pela sociedade pelas sociedades aos seus membros. ... o resultado da vida em sociedade, a forma como resolvemos as questões do quotidiano, como nos relacionamos com os outros no meio social Objeto da Sociologia

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Factos Sociais Os factos sociais são factos decorrentes da vida em sociedade, formas de agir, pensar e sentir impostos pela sociedade pelas sociedades aos seus membros.

... o resultado da vida em sociedade, a forma como resolvemos as questões do quotidiano, como nos relacionamos com os outros no meio social

Objeto da Sociologia

Exterioridade Os factos sociais são exteriores porque são determinados fora do indivíduo, não dependendo da sua vontade.

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Exterioridade “... Os factos sociais apresentam uma realidade exterior aos indivíduos (...) Constituem coisas que têm existência própria. O indivíduo encontra-as inteiramente formadas e não consegue impedi-las de existir, não sendo também capaz de fazê-las existir de maneira diversa daquela sob a qual se apresentam; vê-se, pois inteiramente obrigado a levá-las em consideração e é-lhe tanto mais difícil (não diremos impossível) modificá-las quanto, em graus diferentes, participam elas da supremacia material e moral que a sociedade tem sobre os seus membros. (...)

Émile Durkheim, As regras do método sociológico

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Exterioridade “... E como esta síntese tem lugar fora de cada um de nós (uma vez que para ela concorre uma pluralidade de consciências) seu efeito é necessariamente fixar, instituir, certas maneiras de agir e certos julgamentos que existem fora de nós e que não dependem de cada vontade particular tomada à parte.”

Émile Durkheim, As regras do método sociológico

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Imperatividade Os factos sociais são impostos aos membros de uma determinada sociedade, tendo estes obrigatoriamente de os aceitar.

Coercitividade As sociedades têm mecanismos sancionatórios que forçam os seus membros a cumprir as normas.

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Coercitividade “As maneiras de agir, pensar e de sentir são exteriores aos indivíduos, mas também são dotadas de um poder imperativo e coercitivo, em virtude do qual se lhe impõem, quer queira, quer não. Sem dúvida, quando me sujeito a elas de boa vontade, esta coerção não se faz sentir ou faz-se sentir pouco, sendo inútil. Mas não deixa de constituir um caráter intrínseco dos fator sociais e a prova é que se afirma desde que eu tente resistir-lhes. (...)

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Coercitividade “A consciência pública reprime todo o ato que ofende os tipos de conduta ou de pensamento que ofendem os estabelecidos, pela vigilância que exerce sobre a conduta dos cidadãos e pelas penas especiais de que dispõe. Se tentar violar as regras do direito, elas reagirão contra mim de modo a impedir o meu ato ou a fazer-me expiá-lo, se não puder ser reparado de outro modo. (...)

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Coercitividade “Noutros casos, o constrangimento é menos violento, mas não deixa de se exercer. Se não me submeto às convenções do mundo, se, ao vestir-me, não tenho em conta os usos do meu país e da minha classe, o riso que provoco, a distância a que me põem, produzem, ainda que de uma forma mais atenuado, os mesmos efeitos que uma pena propriamente dita. Aliás, o constrangimento, embora indireto, não é menos eficaz.

Durkheim, E. (1980) As regras do Método Sociológico, Lisboa, Presença

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Relatividade Os factos sociais são relativos porque estão condicionados pelas variáveis tempo e espaço.

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Relacionalidade O nosso comportamento é relacional porque decorre do comportamento dos outros e é por ele influenciado.

Ao atuarmos socialmente temos em conta o que os outros esperam de nós, somos influenciados pelo seu comportamento.

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Previsibilidade Os comportamentos de cada membro de determinada sociedade são esperados, previsíveis.

Totalidade Os factos sociais são totais, isto é, são unos e indivisíveis.

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Os factos sociais são formas de agir, sentir e pensar que se impõem aos membros de uma sociedade.

Objeto da Sociologia - Síntese

Os factos sociais são exteriores aos indivíduos porque são determinados fora deles e são independentes da sua vontade.

Os factos sociais são imperativos e coercitivos porque são obrigatórios e a sua violação implica sanções.

Os factos sociais são relativos porque condicionados pelo tempo histórico e pelo espaço geográfico.

Os factos sociais são previsíveis porque em face da sua exterioridade, imperatividade e coercitividade se consegue prever, ainda que de forma relativa, o comportamento dos indivíduos.

Os factos sociais são relacionais porque o comportamento dos indivíduos é influenciado e determinado pelo comportamento dos outros.

Os factos sociais são totais porque são unos e indivisíveis.

Se o objeto real de todas as ciências sociais é o estudo da realidade social e dos fenómenos sociais, o que distingue a Sociologia das outras ciências sociais?

Objeto da Sociologia - Síntese

Quando a Sociologia analisa a realidade social encara os fenómenos

sociais como factos sociais que envolvem relações entre indivíduos.

Integra os factos no respetivo contexto

?

Procura encontrar determinantes sociais da ação dos indivíduos.

Génese da Sociologia

“Pelo menos desde o século XVI foram sendo desenvolvidas, embora nem de forma linear, nem sistematicamente cumulativa, as práticas que associamos à ciência moderna – observação e experimentação. A última entrada neste vasto campo científico foi a das ciências sociais, disciplinas que se ocupam da realidade social. É claro que a reflexão das sociedades sobre si próprias, sobre as suas configurações, os seus condicionalismos e possibilidades, é bem anterior à estruturação do campo das ciências sociais. Essa reflexão recua tão longe quanto a formação dos primeiros coletivos humanos de certa dimensão. Viver socialmente implica, com efeito, alguma avaliação das relações sociais e dos contextos, dos constrangimentos gerados quer pela natureza quer pelo próprio relacionamento social. Contudo, o nascimento das ciências sociais na sua feição moderna foi ocorrendo a partir do século XVIII e, em particular, no século XIX

Almeida, João de Freitas F.

Génese da Sociologia

“A Sociologia nasceu, enquanto disciplina científica, da vontade de explicar os fenómenos sociais nos mesmos termos em que começavam a ser explicados os factos físicos, de maneira racional e «desencantada». Para a burguesia, o domínio sobre o mundo físico deveria ser acompanhado pelo domínio exercido sobre o mundo social, no momento em que o crescimento do proletariado constituía uma ameaça importante para a ordem à qual ela presidia. Daí a tentativa de criar uma física social (Quételet) que consistisse numa adaptação dos métodos das ciências naturais ao estudo da sociedade. É o projeto que encontramos no núcleo da atitude positivista de Auguste Comte, o inventor da palavra «sociologia», que se declarava opositor e detrator feroz das explicações tipo metafísico.”

Javeau, Claude (1998) Lições de Sociologia

Génese da Sociologia

“... Para a burguesia, o domínio sobre o mundo físico deveria ser acompanhado pelo domínio exercido sobre o mundo social, no momento em que o crescimento do proletariado constituía uma ameaça importante para a ordem à qual ela presidia. Daí a tentativa de criar uma física social (Quételet) que consistisse numa adaptação dos métodos das ciências naturais ao estudo da sociedade.

Génese da Sociologia

“... É o projeto que encontramos no núcleo da atitude positivista de Auguste Comte, o inventor da palavra «sociologia», que se declarava opositor e detrator feroz das explicações tipo metafísico.”

Javeau, Claude (1998) Lições de Sociologia

Génese da Sociologia

“A Sociologia nasceu, enquanto disciplina científica, da vontade de explicar os fenómenos sociais nos mesmos termos em que começavam a ser explicados os factos físicos, de maneira racional e «desencantada». Para a burguesia, o domínio sobre o mundo físico deveria ser acompanhado pelo domínio exercido sobre o mundo social, no momento em que o crescimento do proletariado constituía uma ameaça importante para a ordem à qual ela presidia. Daí a tentativa de criar uma física social (Quételet) que consistisse numa adaptação dos métodos das ciências naturais ao estudo da sociedade. É o projeto que encontramos no núcleo da atitude positivista de Auguste Comte, o inventor da palavra «sociologia», que se declarava opositor e detrator feroz das explicações tipo metafísico.

Javeau, Claude (1998) Lições de Sociologia

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Debate/Reflexão