Objetivos de filosofia 2ºteste 1º período tomás

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Objetivos de Filosofia 2ºteste – 1º Período 1- Caracterizar as questões filosóficas A interrogação filosófica requer uma atitude de abandono de dogmas, de notícias, de aparências e de hábitos “formatados” de pensamento que nos permitam ver que, por vezes, as coisas não são tão claras como aparentam ser. Tentar “ver” para além do óbvio, indagar para além do que parece seguro e certo é indispensável ao questionamento filosófico e exige, da parte filosófico uma dose de ceticismo, de sensatez, de flexibilidade do pensamento e de imaginação. Para além disto, as questões filosóficas são formuladas sob a forma de enunciados abstratos, gerais e abertos. Então, porque a filosofia tem por objeto a totalidade do real, as questões filosóficas e a reflexão que delas decorre podem abranger diferentes parcelas da realidade, ou seja, domínios diversos, sujeitos a diversas designações, mas que constituem de facto várias disciplinas filosóficas. As questões filosóficas são: Universais: derivando da abstração do questionamento, a resposta é universal, isto é, a resposta é formulada em termos gerais (ao respondermos pelo significado de Direito Universal não se estará a dizer que Direito Universal significa isto nestas circunstâncias, mas sim que esse significado é válido em quaisquer que sejam as circunstâncias);As suas questões essenciais dizem respeito à condição humana. São radicais: Vão à raiz do problema. Para se lhes responder temos que fazer outras questões cujas respostas se encontram a montante, ou seja, para respondermos a uma questão filosófica temos que formular e responder a outras questões filosóficas de cujas respostas depende a resposta à questão sobre a qual nos debruçamos; São racionais: por todas as características anteriores estas questões têm que ser respondidas por um esforço lógico, por uma

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Objetivos de Filosofia

2ºteste – 1º Período

1- Caracterizar as questões filosóficas

A interrogação filosófica requer uma atitude de abandono de dogmas, de notícias, de aparências e de hábitos “formatados” de pensamento que nos permitam ver que, por vezes, as coisas não são tão claras como aparentam ser. Tentar “ver” para além do óbvio, indagar para além do que parece seguro e certo é indispensável ao questionamento filosófico e exige, da parte filosófico uma dose de ceticismo, de sensatez, de flexibilidade do pensamento e de imaginação. Para além disto, as questões filosóficas são formuladas sob a forma de enunciados abstratos, gerais e abertos. Então, porque a filosofia tem por objeto a totalidade do real, as questões filosóficas e a reflexão que delas decorre podem abranger diferentes parcelas da realidade, ou seja, domínios diversos, sujeitos a diversas designações, mas que constituem de facto várias disciplinas filosóficas.

As questões filosóficas são:

Universais: derivando da abstração do questionamento, a resposta é universal, isto é, a resposta é formulada em termos gerais (ao respondermos pelo significado de Direito Universal não se estará a dizer que Direito Universal significa isto nestas circunstâncias, mas sim que esse significado é válido em quaisquer que sejam as circunstâncias);As suas questões essenciais dizem respeito à condição humana.

São radicais: Vão à raiz do problema. Para se lhes responder temos que fazer outras questões cujas respostas se encontram a montante, ou seja, para respondermos a uma questão filosófica temos que formular e responder a outras questões filosóficas de cujas respostas depende a resposta à questão sobre a qual nos debruçamos;

São racionais: por todas as características anteriores estas questões têm que ser respondidas por um esforço lógico, por uma

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estruturação sistemática do pensamento, desde logo porque não se fundam em dados empíricos;

São abertas: resultando das características anteriores, as questões filosóficas são abertas na medida em que não é possível formular uma resposta completa a este tipo de questões; também podemos afirmar que são abertas porque ficará sempre em aberto a possibilidade de formular uma resposta mais exata ou, pelo menos, diferente (a razão para isto é discutível, mas uma vez que uma questão filosófica exige outras questões filosóficas, é certo que a dado ponto o filósofo tem que simplesmente assumir certas premissas base, ou conceitos orientadores pois o raciocínio tem que se fundear sobre algo. Por exemplo para percebermos a importância de trabalharmos precisamos perguntar para que trabalhamos: trabalhamos para receber dinheiro. Para quê? Para comprar diversas coisas. Para quê? Para mim. Para me satisfazer. Para quê? Para ser feliz. Para quê?

2- Explicitar a rede semântica do agir

Agente - é aquele que pratica a ação. É o sujeito autor da ação. Responde à pergunta - Quem?

Intenção - é o que nos propomos realizar, ou seja, o que está na nossa intenção fazer. Pode dizer-se que a intenção traduz aquilo que o agente quer fazer, atingir ou obter. A intenção é uma antecipação da ação, pois acarreta consigo a escolha e planeamento da Acão (conceção) e ponderação dos meios possíveis de a concretizar e a avaliação das consequências que dela podem advir (deliberação). Não existe também, sem a decisão, pois que aquilo que o sujeito se propõe fazer é a determinação de uma, entre várias hipóteses de atuação. Isto significa que o agir humano é sempre intencional ou por outras palavras que o ser humano sabe sempre o que quer e porque o quer. Responde às perguntas – O quê? o que fazer?

Motivo é o que leva o ser humano a agir. O motivo dinamiza e esclarece a ação. Todo o agir humano é guiado por motivos que o desencadeiam. O motivo possui dinamismo, é uma espécie de força ou tendência que leva o indivíduo a realizar o seu intento. O agente já não é simplesmente aquele

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que tem o poder de realizar gratuitamente uma ação, mas aquele que a pratica porque é movido por determinados motivos. Responde à pergunta – Porquê?

Deliberação é a avaliação/ ponderação dos prós e contras, ou seja, a avaliação das intenções e dos motivos. Antecede a decisão.

Decisão é o ato de eleger uma entre muitas possibilidades, é determinarmo-nos a realizar um ato em detrimento do outro.

3-Distinguir a perspetiva intencionalista da perspetiva causalista

A ação humana é por si um ato intencional, voluntário deliberado e consciente, praticado por um agente que quer atingir um objetivo de forma consciente. Perante a consequência deste ato o sujeito deve ser responsabilizado. Mas se pelo contrário a ato é não deliberado e não intencional, involuntário e inconsciente então não houve intenção de o realizar, no entanto ele teve origem num dado sujeito e por isso ele passa a ser responsável pelas consequências dessa ação. São exemplos a negligência e imprudência 4-Distinguir a ação voluntária da ação involuntária As nossas ações são algumas das coisas que fazemos. Tudo o que fazemos faz parte da nossa conduta, mas nem tudo o que fazemos são ações. Aquilo que nos acontece, os acontecimentos, são os atos que constatamos como espectadores passivos, e relativamente aos quais não temos qualquer intervenção da vontade, da consciência e da intencionalidade. Ex. Fazer a digestão; ser assaltado Fazer não é sinónimo de agir. Há coisas que fazemos inconscientemente, não sabendo que as estamos a fazer. Mas também há coisas que fazemos conscientemente mas involuntariamente, isto é, sabemos que as estamos a fazer mas elas não dependem da vontade do sujeito. Ex. Tremer de frio; Respirar

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As ações, pelo contrário, são os atos que realizamos como agentes de forma consciente, voluntária e intencional. Ex. Votar; jogar no totoloto.

5- Explicar as condicionantes da ação humana

Todo o homem é condicionado pela morfologia e fisiologia do seu próprio corpo. O corpo que possuímos, a integridade dos nossos órgãos internos, o equilíbrio do sistema nervoso e o seu funcionamento glandular, na medida em que condicionam a energia necessária para muitas das nossas atuações, são determinantes do modo como agimos e reagimos nas diferentes circunstâncias. A herança que nos foi geneticamente legada é a causa da nossa estrutura físico-biológica. Assim, a hereditariedade é por princípio uma condicionante humana básica das nossas possibilidades de ação. A construção do ser humano decorre num ambiente social que exige a sujeição a um sistema de regras que norteiam a seu relacionamento com os semelhantes. Esta aferição de modos individuais de reagir, pelas normas e padrões sociais vigentes, vai-se efetivando à medida que se desenrola o processo de socialização. O homem reflete as condições do meio social e histórico em que nasce e se desenvolve. O homem do séc. XX é necessariamente diferente do homem pré-histórico. As diferenças explicam-se pelos condicionalismos culturais das diferentes épocas. De uma época para outra não diferem só as relações sociais como também as formas de aproveitamento da natureza, os sistemas de valores, etc. Por isso quando queremos perceber a personalidade e o trabalho de um filósofo temos que fazer o enquadramento histórico. Da mesma forma, quando a mentalidade do homem e a sua ação nos aparecem como características que trazem a marca do contexto cultural da época, o modo de ser e agir das pessoas acusa diferenças explicáveis pelos diversos espaços culturais em que estão integrados. Assim, os padrões culturais exteriores e anteriores ao indivíduo, são capazes atuar sobre ele, mudando-lhe o comportamento segundo formas que ele próprio não escolheu.

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Como compatibilizar a crença de que todos os

acontecimentos, incluindo as ações, são causalmente

determinados, segundo as leis da natureza, com a crença

de que o Homem é livre e responsável pelas ações?

6- Expor as correntes filosóficas face à questão – problema filosófico sobre a existência do livre – arbítrio

Problema do Livre-Arbítrio

Este problema levanta algumas questões:

Poderemos ser realmente livres num universo determinista?

Ou será que temos de aceitar que a liberdade é uma ilusão porque

tudo está determinado?

E se o Universo não estiver inteiramente determinado?

O problema do livre-arbítrio consiste em tentar compatibilizar o

determinismo que encontramos na Natureza com a perspetiva de senso

comum que temos de nós mesmos.

O livre-arbítrio é a capacidade para decidir (arbitrar) em liberdade.

Um conjunto de estados de coisas é incompatível quando os estados de

coisas do conjunto não podem ocorrer simultaneamente.

Um conjunto de estados de coisas é compatível quando todos os estados

de coisas do conjunto podem ocorrer simultaneamente.

Quando dois estados de coisas são incompatíveis as proposições que os

descrevem são inconsistentes, e vice-versa. Quando são compatíveis, as

proposições que os descrevem são consistentes, e vice-versa.

As teorias que respondem ao problema do livre-arbítrio dividem-se em

dois grupos:

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Teorias incompatibilistas e teorias compatibilistas.

As teorias incompatibilistas defendem que o livre-arbítrio não é

compatível com o determinismo.

As teorias compatibilistas defendem que o livre-arbítrio é compatível com

o determinismo.

Há dois tipos de teorias incompatibilistas: O determinismo radical e o

libertismo.

Determinismo Radical – Defende que não temos livre-arbítrio e que o

universo é determinista.

Libertismo – Defende que temos livre-arbítrio e que só o universo físico é

determinista: a vontade e a consciência não são determinadas pelas

cadeias causais do universo físico.

Teorias Há livre-arbítrio?

Tudo está determinado?

Incompatibilismo Determinismo Radical

Não Sim

Libertismo

Sim Não

Compatibilismo (determinismo moderado)

Sim Sim

Determinismo Radical

Não temos livre-arbítrio e todos os acontecimentos estão determinados.

O livre-arbítrio é incompatível com um mundo regido por leis. A liberdade

é uma ilusão.

O que distingue o determinismo radical do libertismo? Ao passo que o

determinismo defende que há livre-arbítrio, o determinista radical

defende que não há livre arbítrio.

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O Determinismo Radical é a teoria segundo a qual não temos livre-arbítrio

e todos os acontecimentos estão determinados.

O Determinismo

O determinismo defende que a ação humana é desencadeada por fatores

antecedentes (próximos ou remotos), que deste modo pode ser explicada

através do mecanismo causa-efeito,que por isso não concede qualquer

tipo de liberdade ao agente. O homem é assim uma autêntica marioneta,

visto não dispor de qualquer margem de escolha consciente. A liberdade é

totalmente ilusória, uma vez que o que acontece neste momento é fruto

de outras causas e efeitos. Assim, todos os acontecimentos, inclusive as

nossas opções, são causados por acontecimentos anteriores.

No determinismo, o livre arbítrio é totalmente impensável devido a uma

conceção do mundo regido por leis causais.