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DORIANE BRAATZ O VALOR DA MÚSICA DEPOIS DA ESCOLA ITAJAÍ (SC) 2011

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DORIANE BRAATZ

O VALOR DA MÚSICA DEPOIS DA ESCOLA

ITAJAÍ (SC)

2011

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UNIVALI UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

Centro de Ciências Humanas e da Comunicação – CEHCOM Curso de Pós-Graduação Stricto Sensu

Programa de Mestrado Acadêmico em Educação – PMAE

DORIANE BRAATZ

O VALOR DA MÚSICA DEPOIS DA ESCOLA

Projeto de pesquisa apresentado ao colegiado do PMAE para o exame de qualificação, requisito parcial à obtenção do grau de Mestre em Educação – área de concentração: Educação – (Linha de Pesquisa: Práticas Docentes e Formação Profissinal. Grupo de Pesquisa: Contextos Educativos e Prática Docente).

Orientadora: Prof. Dra. Valéria S. Ferreira.

ITAJAÍ (SC) 2011

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FICHA CATALOGRÁFICA

B72v

Braatz, Doriane, 1963- O valor da música depois da escola / Doriane Braatz, 2011. 60f., il. Quad.. Cópia de computador (Printout(s)). Dissertação (Mestrado) – Universidade do Vale do Itajaí, Programa de Mestrado Acadêmico em Educação . 2011. “Orientadora : Profª. Drª. Valéria S. Ferreira” Bibliografia: p.51-56 Apêndices

1. Música. 2. Música – Aspectos psicológicos. 3. Música e crianças. 4. Influencia musical. 5. Música na educação. I. Título. CDU: 781.1

Josete de Almeida Burg – CRB 14.ª 293

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UNIVALI UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

Centro de Ciências Humanas e da Comunicação – CEHCOM Curso de Pós-Graduação Stricto Sensu

Programa de Mestrado Acadêmico em Educação – PMAE

CERTIFICADO DE APROVAÇÃO

DORIANE BRAATZ

O VALOR DA MÚSICA DEPOIS DA ESCOLA

Dissertação avaliada e aprovada pela Comissão Examinadora e referendada pelo Colegiado do PMAE como requisito parcial à obtenção do grau de Mestre em Educação. Itajaí (SC), 2 de setembro de 2011.

Membros da Comissão: Orientadora: _______________________________

Profª. Dra. Valéria S. Ferreira Membro Externo: __________________________________

Profª. Dra. Regina Fink Membro representante do colegiado ________________________________

Profª. Dra. Adair de Aguiar Neitzel

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Aos meus pais: Ronald e Iranir Braatz, minha eterna gratidão, para além da linha do tempo. Agradeço especialmente a Fabricia Piva e Luiza Piva pela força e paciência. À minha família, meus entes muito queridos que torceram por mim. Meus primos: Lilian, Renato e Isabela. Meus tios: Nezinho e Vanir, Dila, Erna e Valéria. Obrigada por existirem em minha vida.

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AGRADECIMENTOS

Aos professores e funcionários do Programa de Mestrado, pela atenção e disponibilidade. À Valéria, minha orientadora, pela paciência e dedicação com que orientou este trabalho com muita organização. E, também às professoras, sujeitos da pesquisa, e às coordenadoras do colégio onde foi realizada a pesquisa, pela acolhida e auxílio prestado.

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A música é a nossa mais antiga forma de expressão, mais antiga do que a linguagem ou a arte; começa com a voz e com a nossa necessidade preponderante de nos dar aos outros. De fato, a música é o homem, muito mais do que as palavras, porque estas são símbolos abstratos que transmitem significado fatal. A música toca nossos sentimentos mais profundamente do que a maioria das palavras e nos faz responder com todo o nosso ser (...) (Y. Menuhin - 1990 – A música do homem – Martins Fontes – p. 1)

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Crianças que participaram da pesquisa ................................................... 30 Quadro 2 Funções evidenciadas na pesquisa .......................................................... 32 Quadro 3 Funções da música e frequencia nas entrevistas ..................................... 33 Quadro 4 Frequencia das funções ........................................................................... 33

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LISTA DE APÊNDICES

Apêndice A Quadro síntese ..................................................................................... 48 Apêndice B Carta de Autorização ............................................................................ 60

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RESUMO

Esta pesquisa investigou a percepção dos alunos sobre as experiências musicais que vivenciam na escola de artes “Espaço da Criança”, do município de Joinville. Para tanto, foram estabelecidos os seguintes objetivos: verificar o que as crianças pensam a respeito da aula de música; identificar os sentimentos das crianças a respeito da música; verificar as possíveis diferenças nas vivências musicais das crianças conforme o tipo de aula. Trabalhou-se a partir do conceito de música de Moraes (2008) e Bréscia (2003) e sobre a importância da música de Faria (2001), Sekeff (2007), segundo Pillão (2009), Granja (2010), Bastian (2009). Foram entrevistadas 14 crianças, partindo dos pressupostos das culturas infantis de Rocha (2008). As entrevistas foram individuais e baseadas na seguinte pauta: o que as crianças pensam a respeito da aula de música; o que elas sentem com a música; o que a música mudou em suas vidas; e possíveis mudanças na escola. O procedimento analítico teve início com uma cuidadosa leitura dos registros das entrevistas e a identificação de unidades de significâncias. A partir disso, organizaram-se eixos temáticos sobre as funções da música, com base em Rizzon (2009), Palheiros (2006), Ilari (2009), Hummes (2004), Merrian (1980). Os eixos sobre a função da música elaborados a partir do processo analítico foram: expressão emocional, prazer estético, divertimento, cognitivo. Diversos autores como Swanwick (2003), Merrian (1980), Hargreaves (2005), Straliotto (2001), Sekkef (2007), Schafer (1998), Rizzon (2009), Beyer (2009), Sloboda (2008), ILari (2009), Wallon (1995), Fubini (2008), Kraemer (2000), Granja (2006), Palheiros (2006), Sloboda (2008), Arantes (2002) e Freire (1992) contribuíram para as interpretações dos dados. Observou-se que as funções da música interagem entre si, já que o ensino da música neste contexto social serve como apoio, possibilitando a criação de um ambiente de muitos desejos e sonhos. Essa relação afetiva atua como mediadora entre o aluno e o mundo; as experiências socioculturais das crianças influenciam suas percepções. O meio social no ensino/aprendizagem é, portanto, responsável pela integração da cultura e por esta via se ampliam os conhecimentos. Ao se apropriar da cultura, através de uma rede de interações sociais, internalizam-se os signos que, juntamente com o meio social, exercem o papel de interligação entre os indivíduos e a cultura. Diante disso, compreende-se que o modo como a música aparece na vida das pessoas está altamente relacionado aos fatores sociais, emocionais e cognitivos. Verificou-se que a reação emocional descrita pelas crianças em alguns momentos revelava traços de alegria, tristeza e raiva. Além disso, a música se expressou significantemente através da emoção, sendo que a alegria e a satisfação foram muito citadas. Observou-se, com as falas dos alunos, que a música é uma atividade divertida e acontece naturalmente na vida deles. Palavras-chave: Experiências musicais, Aula de música, Percepção musical.

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ABSTRACT This research investigates students' perceptions of their musical experiences gained at the Espaço da Criança school of arts in the city of Joinville. For this purpose, the following objectives were established: to find out what the children think of the music classes; to identify the children's feelings about music; and to verify possible differences in the children’s musical experiences, according to the type of class. The work was developed based on Moraes’ (2008) and Brescia’s (2003) concepts of music, and on the importance of the music concepts of Faria (2001), and Sekeff (2007), according to Pillão (2009), Granja (2010), and Bastian (2009). Fourteen children were interviewed, based on Rocha’s (2008) premises of child cultures. The interviews were individual and were based on the following agenda: what the children think about the music class, what they feel about music, what changes music has brought into their lives, and possible changes in the school. The analytical procedure began with a careful analysis of the interview records and the identification of units of signification. Thereafter, themes were organized on the functions of music based on Rizzon (2009), Palheiros (2006), Para Ilari (2009), Hummes (2004), and Merrian (1980). The themes on the function of music, drawn from the analytical process were: emotional expression, aesthetic pleasure, fun, and cognitive. Various authors such as Swanwick (2003), Merriam (1964) and Hargreaves (2005), Straliotto (2001), Sekkef (2007), Schafer (1998), Rizzon (2009), Beyer (2009), Sloboda (2008), ILari (2009), Wallon (1995), Fubini (2008), Kraemer (2000), Granja (2006), Palheiros (2006), Arantes (2002) and Freire (1992) contributed to the interpretation of the data. It was observed that the functions of music are integrated and interact with one with the other, since the teaching of music in this context serves as social support, enabling the creation of an environment of many desires and dreams. This emotional relationship acts as a mediator between the student and the world in general. It seems that children’s social cultural experiences influence their perceptions. The social environment in the teaching-learning process is therefore responsible for the integration of culture, and through this, knowledge is expanded. By appropriating the culture through a network of social interactions, the signs are internalized, which along with the social environment, play a role of interconnectivity between individuals and culture. It is understood that the way music appears in people's lives is closely related to social, emotional and cognitive experiences. It was observed that the emotional reaction described by the children exposed to music at times revealed traces of happiness, sadness and anger. Moreover, music was significantly expressed through emotion; joy and satisfaction were often cited. It was observed, through the students’ comments that music is a fun activity that happens naturally in their lives. Key-words: Musical experience, Music lesson, Musical perception.

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 12 2 O QUE É MÚSICA .......................................................................................... 16 3 A IMPORTÂNCIA DA MÚSICA ...................................................................... 20 4 O VALOR DA AULA DE MÚSICA ................................................................ 23 5 ENCAMINHAMENTOS METODOLÓGICOS ................................................. 28 5.1 Participantes e contexto da pesquisa ......................................................... 29 5.2 Coleta e registro de dados ........................................................................... 30 5.2.1 Procedimentos de análise ............................................................................... 31 6 ANÁLISE DE DADOS .................................................................................... 35 6.1 A música como função de emoção ............................................................. 35 6.2 A música como função de prazer estético ................................................. 38 6.3 A música como função de divertimento ..................................................... 39 6.4 Função cognitiva .......................................................................................... 41 REFERÊNCIAS .............................................................................................. 43 APÊNDICES ................................................................................................... 47

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1 INTRODUÇÃO

Quando pensamos em música, logo nos remetemos aos barulhos do mundo

que estão presentes desde quando estamos na barriga de nossa mãe. Aprendemos

a distinguir o som da voz do pai, e da própria mãe e outros sons. Depois, crescemos,

e vamos aprendendo a ouvir os sons da natureza; para aqueles que não podem

ouvir, são ajudados por pessoas capacitadas a sentirem a vibração por meio da

linguagem de sinais. Incentivamos nossas crianças a fazerem barulho; primeiro,

quando pequenos eles descobrem as panelas e quando damos a elas uma colher.

Só a colher não basta; essas incríveis crianças já começam a explorar o mundo

desde pequenos e começam a descobrir sua própria autonomia. Além das colheres

eles descobrem a tampa da panela. Devemos nos lembrar que isso faz parte do

desenvolvimento da criança e os pais e professores/as para pouparem seus ouvidos,

acabam podando as crianças.

Vamos à televisão, se não existisse áudio ou o filme de cinema sem trilha

sonora não teria a mesma graça. A música preenche o vazio, ela é importante na

vida do ser humano.

De uma forma natural ela nos envolve e nos embala através do processo

auditivo. Ela tem como finalidade comover a alma por meio da combinação dos

sons, criando-se assim significados. Todas as nossas experiências deixam um

resíduo, um vestígio. A simples apreciação de uma música é uma experiência

significativa que não é estática e nem imutável. Ela atua nas fibras mais sensíveis do

ser, através das experiências. Devido a sua diversidade de caracteres, a música

pode criar emoções, liberar, provocar muitas outras ações, a música é uma

linguagem que pode contribuir no desenvolvimento humano, e a mesma aparece na

educação informalmente.

Divertir ao mesmo tempo.

Para Houtzel (2009, p. 132-133)

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do ponto de vista da nerociência, ouvir música prestando atenção silenciosamente é de fato uma experiência bem diferente de ouvir cantorolando junto. Não exite uma área responsável pela música nem outra pela linguagem. À música, aliás, aproveita as mesmas áreas do cérebro que nos possibilitam a linguagem – temos, por exemplo, uma especializada em ouvir letra e música, localizada no lobo temporal; uma especializada em compreender os sons e seus significados; outra no córtex pré-motor que encarrega de produzir palavras e melodia. Apreciar a música em silêncio envolve apenas as primeiras; cantarolar junto recruta adicionalmente a última. A diferença explica em parte, por que não damos a mesma atenção à música quando cantarolamos juntos: é preciso supervisionar vários processos a mais, desde os que encontram as palavras da vez até os que pronunciam na hora certa. Ocupando com isso, o cérebro não consegue se dedicar a ouvir e apreciar a música do mesmo jeito.

Nos dias de hoje a nerociência, apesar de ser uma ciência nova (a sua

explosão se deu nos anos 90), a mesma está muito presente nas salas de aula.

Para que os professores possam entender melhor como as crianças aprendem ou

por que não estão aprendendo. Tudo que o ser humano faz com prazer ele aciona

um mecanismo chamado sistema límbico, que significa o caminho realizado na

aprendizagem.

A música foi reconhecida pela Lei 11.769, sancionada no dia 18 de agosto de

2009. A partir de 2011 a música será obrigatória nas escolas de todo o país. A lei

não estipula conteúdo obrigatório nem carga horária mínima, já a Lei de Diretrizes e

Bases da Educação que determina o aprendizado de arte, mas não específica o

conteúdo. A disciplina artes funciona como um espaço aberto na escola, para

desenvolver habilidades e as expressões artísticas, mas falta a formação específica

em música para criar atividades musicais. A música sempre está interligada a outra

disciplina, para desenvolvimento de habilidades ou reforçar a aprendizagem nas

outras áreas de conhecimento, como está nos PCNs (Parâmetros Curriculares).

Dessa forma, justifica-se meu interesse em saber: qual o interesse das

crianças a respeito das experiências musicais que vivenciam? Para tanto

organizamos os seguintes objetivos para esta pesquisa:

• verificar o que as crianças pensam a respeito da aula de música;

• identificar os sentimentos da criança a respeito da música;

• verificar as possíveis diferenças nas vivências musicais das crianças

conforme o tipo de aula.

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Há dois anos sou auxiliar de uma maestrina no projeto “Espaço da criança”.

Este projeto com a corda toda tem como objetivo geral realizar oficina de músicas

como: aulas de violino, violão e coral; para divulgar a música brasileira e a música

clássica.

As aulas acontecem gratuitamente sendo coordenado pela maestrina Fabricia

Piva no “Espaço da criança” no bairro Villa Nova; valorizando os talentos de nossa

terra e resgatando a cultura. Os alunos têm aulas coletivas semanais. Os alunos de

violino são divididos em grupos conforme o nível de desenvolvimento. Atualmente a

escola tem 20 alunos de violino divididos em quatro grupos. Já as aulas de violão

têm apenas um grupo de cinco alunos. O coral é formado por 30 alunos; todos que

fazem oficinas de musicas cantam obrigatoriamente no coral. As metas para o

projeto com a corda toda são:

• contribuir para o desenvolvimento humano por meio da cultura musical;

• proporcionar lazer e cultura à comunidade;

• incentivar novos talentos à música;

• desenvolver potencialidades e realizar as apresentações nos finais de

semana com entrada franca para estimular a população criando uma

cultura musical na Terra da dança.

A partir deste projeto e da concepção de que a criança é produtora de cultura

e portadora de direitos, “não só reproduzem, mas produzem significações acerca de

sua própria vida e das possibilidades de construção de sua existência” (ROCHA,

2008, p. 46) e vive a infância conforme as determinações sócio-históricas e “pelas

práticas discursivas que perpassam essas condições” (FRANSCHINIR; CAMPOS,

2008, p. 107), vislumbrei esta pesquisa sobre o entendimento da música por meio

das experiências musicais, do ponto de vista das crianças. Acredito que esta

pesquisa possibilitará uma reflexão tanto para os docentes de música quanto para

os docentes em geral.

Segundo Alves (2003), neste terceiro milênio, a educação deveria concentrar-

se em ajudar os alunos a compreender o seu mundo, a ser capaz de lidar com as

constantes mudanças e nas diferentes formas de comunicação. Esta autora

apresenta a ideia de que as diferentes linguagens e o desenvolvimento da

sensibilidade a cada dia torna-se fundamental.

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As mudanças ocorridas levam-nos a refletir sobre como o professor vê e

trabalha as diferentes linguagens da criança em sala de aula. Nesse contexto febril,

deparamo-nos com modelos de ensino que perseguem muitas vezes apenas a

racionalidade, distanciando-se muitas vezes de práticas inovadoras que desenvolva

diversas inteligências. O espaço para as manifestações diferenciadas e o

florescimento da sensibilidade a cada dia torna-se mais escasso, mais reduzido.

A partir daí surgiu o problema desta pesquisa: Qual o interesse das

crianças a respeito das experiências musicais que vivenciam?

A pesquisa justifica-se pela necessidade de ampliar os conhecimentos

produzidos a partir das próprias atividades dos alunos do Espaço da criança,

compreendendo seu envolvimento com a música e reconhecendo a legitimidade dos

conhecimentos produzidos a partir das suas reflexões sobre o valor da música. No

âmbito do valor da música na educação musical, acredita-se que as pesquisas sobre

este tema possam trazer novas referências para a discussão de modelos

curriculares que possibilitem a criação de parâmetros curriculares mais próximos do

interesse do aluno, aproximando escolas e universidades, professores e alunos.

Cabe ressaltar que a escolha do Espaço da criança como cenário desta investigação

se deu por um motivo: ver como a música está presente no projeto. Espera-se que

esta pesquisa, apesar de ter a música como foco, contribua para ampliar e reorientar

a discussão sobre a qualidade do atendimento oferecido à alunos de primeira a

quarta série.

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2 O QUE É MÚSICA

A música é uma atividade artística e de expressão muito antiga, mais antiga

do que a linguagem ou arte; começa com o balbuciar que nos leva a expressar os

nossos sentimentos e necessidades. Segundo Menuhin (1990, p. 1) “provas

arqueológicas sugerem que o homem primitivo usava ossos, tambores e flautas

muito antes da última Era Glacial. Pois música é, antes de tudo, são sons, silêncios

e ruídos, estruturas que formam ideias”. Para Michels (2003, p. 11),

O conceito de música provém do termo grego musiké, que contém o de musa, através do qual a Antiguidade Grega designava, no início, as artes das musas, poesia, música e dança, como uma unidade e mais tarde, a artes dos sons.

Mas será que tudo é música? Esta é uma dúvida inerente na arte musical, já

que temos sons em todos os lugares. Todos somos músicos? Não apenas

compondo obras a apartir de certos padrões e estruturas, ou tocando um

instrumento, você pode ser considerado músico. Para Moraes (2008, p. 9)

É músico aquele que ouve ativamente, criativamente, pois nem sempre colocar um disco no aparelho de som e sentar-se para ouvir o dado escolhido significa alienação[...]. Nesse momento de escuta, o ouvinte pode muito bem estar dialogando inclusive criticamente com aquilo que está sendo reproduzido com o auxilio da técnica.

A música é composta de estruturas sonoras que se formam e se organizam

na memória formando-se assim uma longa cadeia de associações sinestésicas, que,

de momento a momento, vai conduzindo a prática dos indivíduos em qualquer

atividade musical. A música é a arte de organizar os sons, e ela reflete o ritmo de

uma sociedade, que se coloca no apogeu das descobertas e invenções humanas,

ou melhor, ela é o espelho do próprio processo de pensamento. O exemplo disso é a

música dos índios.

Segundo Menuhin (1990, p. 5)

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Cada ritual indígena, requer sua própria música: nascimento, casamento, morte, semeadura e colheita, a mudança das estações do ano, a chegada da primavera e da fertilidade, os sofrimentos da doença e a recuperação da saúde. Sem dúvida, nossa primeira música destinava-se à consagração de tais eventos. À medida que a agricultura e a construção de abrigos foram se desenvolvendo, a música passou a associar-se ao trabalho. E à medida que nossas sociedades cresceram, nasceu a música em louvor ao líderes.

Observa-se que os seres humanos não são apenas criaturas musicais; somos

ruidosos, conversamos, gritamos, muitas vezes através de grandes distâncias, com

barulhos pré estabelecidos pelo povoado. Mesmo com o surgimento de instrumentos

musicais a música tem uma relação muito forte com a fala. Durante muito tempo a

música e a fala formavam um contínuo, ambas produzidas pela voz. Segundo

Menuhin (1990, p. 6),

De acordo com descobertas recentes no Oriente Próximo, os primeiros símbolos da palavra escrita começaram a aparecer mais ou menos há dez mil anos, principalmente para facilitar o comécio. A escrita ajudou a separar a música da fala. As palavras escritas na argila ou no papiro podiam transmitir rapidamente mensagens simples, ao passo que a música estava vinculada à expressão de sentimentos complexos.

Existem lugares no mundo onde linguagens antigas como na China, no Vietnã

se relacionam com a música através na inflexão da fala e a da música permanecem

inseparáveis, embora não idêntica; onde partes de melodias seguem as mesmas

propriedades do som, ou melhor, as variações das alturas, que a linguagem, e uma

mudança na linha musical pode também alterar o significado da palavra. A

combinação de música e fala na expressão única do canto tem um poder único,

transmite sentimentos e ajuda a elevar o compartilhamento de sentimentos a tal

nível de intensidade que palavras, apenas, não poderiam atingir. A arte musical não

reproduz o mundo que está fora de nós, e ao nosso redor, nem mesmo quando

conscientemente imitamos os sons que ouvimos; a música diz respeito, em primeiro

lugar e acima de tudo, a nossa identidade. Segundo Moraes (2008, p. 19)

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A música é o único dominio no qual o homem realiza o presente. Pela imperfeição de sua natureza, o homem está destinado a sofrer o escoamento do tempo de suas categorias de passado e de futuro sem jamais poder tornar real, portanto estável, a do presente. O fenômeno da música nos é dado com único fim de instituir uma ordem nas coisas, compreendendo aí e sobretudo uma ordem entre o homem e o tempo. Para ser alcançada, exige então necessariamente e unicamente uma construção.

Assim sendo, podemos dizer que sons é música, e representa o seu tempo,

mas tem que ser organizado, mesmo que mostre o seu próprio ritmo e sentido. A

qualidade essencial da música é o poder que ela tem de criar um outro universo de

tempo e espaço, mas sempre numa estrutura determinada simples ou complexa.

Já para Adorno apud Moraes (2008), é também indispensável explicar por

que, em certas circunstâncias, uma simples canção popular pode ter mais valor

humano que uma sinfonia complexa. Observa-se que a música tem muitas

definições, por que ela expressa uma infinidade de interpretações e significados. Por

isso que a maioria das pessoas diz: “tudo é música”. Já para musicólogos e

estudiosos que apresentam uma fundamentação dos elementos básicos da música,

melodia, ritmo e harmonia, já se apóiam na combinação e organização dos sons

dentro destes elementos, por isso que eles consideram a música como uma

estrutura complexa.

Segundo Brescia (2003, p. 25)

A música é criação da inteligência humana, contendo dois fatores o primeiro, de ordem artística, por que música e a arte combinação dos sons o segundo, cintífico, por que a produção e a combinação dos sons são reguladas por leis da física. No dicionário da língua portuguesa (FERREIRA, 1986) a música é definida como arte ou ciência de combinar os sons de modo agradável ao ouvido. Já para HOUAISS (2001) conceitua a música como: [...] combinação harmoniosa e expressiva de sons e como a arte de se exprimir por meio de sons, seguindo regras variáveis conforme a época, a civilização etc, e uma manifestação mais autêntica de uma cultura.

A música é uma atividade inerente do ser humano, e não precisamos de uma

educação musical formalizada para nos envolvermos intencionalmente com ela. É

uma atividade artística que acontece informalmente e está sempre a acontecer

porque a experiência do som organizado é um elemento chave no nosso cotidiano.

Ela é parte integrante do nosso ambiente social e cultural e do seu envolvimento.

Assim sendo, qualquer relativa falta de envolvimento com a música, ou qualquer

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escassez no nosso ambiente sonoro local, poderá conduzir a um menor

desenvolvimento musical, quando comparado com aqueles que vivem em um

ambiente musical, por isso a importância da música na escola.

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3 A IMPORTÂNCIA DA MÚSICA

A música é uma atividade inerente do ser humano, por isso se torna

importante na formação do indivíduo. É reconhecida por muitos pesquisadores como

uma atividade que desenvolve a mente humana, promove o equilíbrio,

proporcionando um bem estar, ajudando na concentração, raciocínio e ampliando a

sensibilidade auditiva. Segundo Granja (2006, p. 47),

a percepção é uma dimensão fundamental do conhecimento humano. É por meio dela que conhecemos o mundo, seus objetos e fenômenos. Mais do que isso, a percepção humana é um processo que traz em si não apenas as manifestações sensoriais, mas também a significação dessas manifestações.

Na música, a percepção é uma das atividades fundamentais no aprendizado

musical, já que o material é o som. Ouvir música, aprender uma canção, brincar de

roda, construir brinquedos rítmicos, são atividades presentes na educação infantil e

despertam, estimulam e desenvolvem o gosto pela música, e todas estão

interligadas com a percepção. O conhecimento musical de uma pessoa depende do

refinamento da percepção. É um resultado de uma articulação contínua entre os

processos perceptivos e os momentos de elaboração conceitual.

Sekeff (2007, p. 131), afirma que “como atividade lúdica, a música se recorta

como um jogo que se realiza na escuta, cuja dinâmica se enriquece com

aprendizagem, motivando, criando necessidade e despertando interesses”.

Parece que a música funciona como um espaço aberto na escola, para liberar

as expressões artísticas. A música proporciona tranquilidade e desperta a percepção

sensorial. Não existe um mundo em silêncio, sem som, e se pararmos para analisar,

quase todos os sons que ouvimos durante o nosso dia são como instrumentos

musicais tocando alguma melodia: o vento, os trovões, a chuva, barulhos de carro,

as folhas, as vozes das pessoas. Com elementos e situações já vivenciadas pelas

crianças, podemos colocá-las em contato com todos os tipos de sons. A música na

educação infantil se desenvolve através da imitação e cria meios próprios de

expressão. O desenvolvimento da capacidade de imitar nos mostra que as imitações

que acontecem na escola e nas instituições de educação infantil estimulam a

criatividade e curiosidade em lidar com os materiais sonoros.

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Sekeff (2007, p. 42) afirma,

A música também apresenta uma outra característica psicológica, a indução. Ela é indutora da atividade motora, afetiva e intelectual em razão de seus elementos constitutivos - como ritmo, melodia, harmonia, timbre -, de seus parâmetros formadores - duração, altura, intensidade, densidade, textura - e de seus movimentos sintáticos e relacionais, todos com o poder de co-mover o receptor que, na escuta, acaba por responder afetiva, intelectual e corporalmente a esses elementos de ‘comunicação’ postos em jogo por ela, música.

A música é valorizada por muitos pesquisadores como uma atividade que

amplia e desenvolve a mente humana, promove bem estar, equilíbrio, facilitando

assim a concentração e o raciocínio. Por isso, há uma necessidade de ampliar a

reflexão sobre a importância da música, abrindo assim uma reflexão para pais e

principalmente educadores sobre a inserção da música no planejamento, bem como

criar atividades voltadas para a arte do som, a música. Incentivar a criança a estudar

música, seja através do canto ou da prática com um instrumento musical amplia os

horizontes estéticos, criando assim um espaço para imaginação. Nesse sentido faz-

se necessário a sensibilização dos educadores para despertar a conscientização

quanto às possibilidades da música para favorecer o bem-estar e o crescimento dos

alunos, pois fala diretamente ao corpo, à mente e às emoções. Além de tudo, a

participação em atividades musicais aumenta a habilidade da criança para aprender

matemática básica e leitura; os estudantes que participam de programas de músicas

obtêm notas significativamente mais altas padronizados e, ainda, desenvolvem

habilidades cruciais para ter uma vida bem-sucedida, como por exemplo,

autodisciplina, capacidade para trabalhar em grupo e facilidade para a resolução de

problemas. Segundo Bastian (2009, p. 89)

Alguns estudiosos fizeram estudos relacionados ao desenvolvimento do cérebro com a música. Um dos estudos feitos foi o do búlogaro Losaavov: Ele descobriu que suas folhagens, ele é botânico, estavam verdejantes e belas, por que tinha o costume de ouvir música orquestrada e lenta, num insight, ele resolveu colocar algumas folhagens numa estufa diferente e colocar música com ritmo de jazz e [...] as plantas começaram a muchar. Ele então foi fazendo outras experiências e acontecia a mesma coisa. Ele fez também o mesmo teste com animais e crianças. Com isso tudo ele concluiu que havia uma mudança cerebral também muito significativa e resolveu fazer o teste com crianças e percebeu uma grande diferença na aprendizagem.

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Segundo Jordain (1998, p. 297)

Há décadas os psicólogos discutem se é possivel explicar a inteligência como um fenômeno isolado, e o mesmo acontece com a musicalidade. Mas, enquanto podemos abordar a inteligência analítica pelo menos em termos de uma contagem de QI, o talento só pode ser avaliado só como uma miscelânea de habilidades: a discriminação de matizes de diapasão e altura, memória para melodias e ritmos, a capacidade de identificar mudanças em frases sucessivas.

A evolução artística e intelectual do ser humano, para que esse tenha um

desempenho significativo, precisa de atividades, elementos que contribuam tanto no

estímulo para aprendizagem musical quanto para participação, assim a música

torna-se uma atividade alegre e favorável à aprendizagem, visto que propicia uma

sensação diferenciada ao ambiente escolar, proporcionando satisfação e

envolvimento àqueles que participam; daí pode dizer que a música é uma atividade

importante na educação do indivíduo.

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4 O VALOR DA AULA DE MÚSICA

A educação do indivíduo é um processo em movimento, progressivo e

permanente, que necessita e precisa de diferentes caminhos, estudos,

aperfeiçoamento, pois qualquer ambiente haverá diferenças individuais, divergências

e diversidades que são originários dos alunos, por isso necessitam de um tratamento

diferenciado. Assim sendo, desencadea-se atividades que contribuem para o

desenvolvimento das habilidades, inteligências, pensamento estético e crítico do

aluno, como por exemplo: a música, que torna-se um elemento propulsor que

transforma o ato de aprender em uma atividade prazeroza no cotidiano do professor

e do aluno. Precisa estimular acuidade auditiva, através do contacto com os

fenômenos sonoros, já que quanto maior for a sensibilidade da criança pelo som,

maior será o seu envolvimento com a música. Segundo Brito (2003, p. 40)

Acredita-se que o aspecto mais importante a ser desenvolvido por meio da música é um raciocínio globalizante integrador, consequente ao despertar da consciência de interdependência de sentimento e racionalidade, de tecnologia e estética.

Ao longo do tempo, podemos destacar que a música está cada vez mais

presente em sala de aula, mas será que os professores estão fazendo bom uso

dela? É uma arte que você se expressa através do som e não pode jamais ser vista

como um passatempo, ou ser incluída no planejamento de uma forma

descontextualizada. É necessário que o professor tente sempre explorar o que ela

tem de melhor, refletindo e oferecendo uma conciliação entre os prazeres que a

música proporciona. É necessário que o professor tente sempre explorar o que ela

tem de melhor a oferecer e que não deixe de considerar também sua poesia, sua

melodia, seu encanto. Necessário se faz que haja uma conciliação entre os prazeres

que a música proporciona, sua importância como forma de expressão do que

pensamos e sentimos e também como algo que critica e transforma a realidade.

Hummes (2004) afirma, que a música está nos meios de comunicação, nos

telefones convencionais e celulares na internet, videos, lojas, bares, nos alto

falantes, nos consultórios médicos, em quase todos os locais em que estamos,

enfim, nos eventos mais variados possiveis. Por isso a música influencia a educação

musical tanto no pedagógico, artistico, funcional e também de valorização.

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Segundo Hummes (2004, p. 18)

As funções da música na sociedade tem sido tema de reflexões e investigações de vários professores e pesquisadores do cenário nacional e internacional da educação musical. Entre eles, destacam-se: Merriam (1964), Ibañes (1988), Gifford (1988), Fuks (1991,1993), Freire (1992,1999), Souza (2000, 2002), Tourinho (1993) entre outros.

Para Hummes (2004), vários autores elaboraram suas reflexões sobre as

funções sociais da música a apartir da categorização de Allan Merrian. As dez

funções categorizadas por Hummes (2004) são:

• Função de expressão emocional: refere-se à função da música como

uma expressão da liberdade dos sentimentos, liberação das ideias

reveladas ou não reveladas na fala das pessoas. É como se fosse uma

forma de desabafo de emoções através da música. Expressão de

sentimentos, manifestação de criatividade (MERRIAN, 1964).

• Função do prazer estético: inclui a estética tanto do ponto de vista do

criador quanto do contemplador. Para Merriam, deve ser demonstrável para

outras culturas além da nossa. Música e estética estão claramente

associadas na cultura ocidental, tanto quanto nas culturas da Arábia, Índia,

China, Japão, Coréa, Indonésia e outras tantas (MERRIAN, 1964).

• Função de divertimento, entretenimento: para Merrian, o entretenimento

está em todas as sociedades. Necessário esclarecer apenas que a

distinção deve ser provavelmente entretenimento, “puro” (tocar ou cantar

apenas), o que parece ser uma característica da música na sociedade

ocidental e entreterimento combinado com outras funções, como por

exemplo, a função de comunicação (MERRIAN, 1964).

• Função da comunicação: aqui se refere ao fato de a música comunicar

algo, não é certo para quem esssa comunicação é dirigida, ou como, ou o

quê. Para Merrian a música é universal, mas, sim, moldada nos termos da

cultura da qual ela faz parte. Nos textos musicais ela emprega, comunica

informações diretamente aqueles que entendem a linguagem que está

sendo expressa. Ela transmite emoção, ou algo similar à emoção para

aqueles que entendem o seu idioma (MERRIAN, 1964).

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• Função de representação simbólica: há pouca dúvida de que a música

funciona em todas as sociedades como símbolo de representação de

outras coisas, ideias e comportamentos sempre presentes na música. Ela

pode cumprir esssa função por suas letras, por emoções que sugere ou

pela fusão dos vários elementos que a compõem (MERRIAN, 1964).

• Função de reação fisica: Merrian apresenta esta função da música com

alguma hesitação, pois, para ele é questionável se a resposta física pode

ou deve ser listada no que essencialmente um grupo de funções sociais.

Entretanto, o fato de que a música extrai resposta fisica é claramente

mostrado em seu uso na sociedade humana, embora as respostas possam

ser moldadas por convenções culturais. A música também excita e muda o

comportamento dos grupos: pode encorajar reações físicas de guerrreiros e

de caçadores. A produção da resposta física da música parece ser uma

importante função; para Merriam, a questão se esta é uma resposta

biológica é provavelmente anulada pelo fato de que ela é culturalmente

moldada (MERRIAN, 1964).

• Função de impor conformidade às normas sociais: músicas de controle

social têm parte importante num grande número de culturas, tanto por

advertência direta aos sujeitos indesejáveis da sociedade quanto pelo

estabelecimento indireto do que é ser considerado um sujeito desejável na

sociedade. Por exemplo, as músicas de protestos chamam a atenção para

o decoro e inconveniência. Para Merriam a obtenção da conformidade com

as normas sociais é uma das principais funções da música (MERRIAN,

1964).

• Função de validação das instituições sociais e dos rituais religiosos:

enquanto a música é usada em situações sociais e religiosas, há pouca

informação para indicar a extensão que tende a validar estas instituições e

rituais. O sistemas religiosos são validados, como no folclore, pela citação

de mitos e lendas em canções, e também por música que exprime preceitos

reliogiosos. Instituições sociais são validadas através de música que

enfatiza adequado e o impróprio na sociedade, tanto quanto aquelas que

dizem às pessoas o que e como fazer. Essa função é bastante semelhante

à de impor comformidade às normas sociais (MERRIAN, 1964).

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• Função de contribuição para a continuidade e estabilidade da cultura:

Segundo Merriam, se a música permite expressão emocional, ela fornece

um prazer estético, diverte, comunica, obtem respostas fisicas, conduz

conformidade às normas sociais, valida instituições sociais e ritos

religiosos; é claro que também contribui para a continuidade e estabilidade

da cultura. Neste sentido, talvez, ela contribua nem mais nem menos do

que qualquer outro aspecto cultural. Nem sempre outros elementos da

cultura proporcionam a oportunidade de expressão emocional, diversão,

comunicação, na extensão encontrada em música. Para Merrian, a música

é, em um sentido, uma atividade de expressão de valores, um caminho por

onde o coração de uma cultura é exposto sem muitos daqueles

mecanismos protetores que cercam outras atividades culturais que dividem

suas funções com a música. Como veículo da história, mito e lenda, ela

aponta a continuidade da cultura, ao transmitir educação, ela controla os

membros errantes da sociedade, dizendo o que é certo, contribuindo para

estabilidade da cultura (MERRIAN, 1964).

• Função de contribuição para a integração da sociedade: De certa forma

essa função também está contemplada no item anterior, pois, ao promover

um ponto de solidariedade, ao redor do qual os membros da sociedade se

congregam, a música funciona como integradora dessa sociedade. A

música, então fornece um ponto de convergência no qual os membros da

sociedade se reunem para participar de atividades que exigem cooperação

e coordenação do grupo. Nem todas as músicas são apresentadas desta

forma por certo, mais todas as sociedades tem ocasiões marcadas por

música que atraem seus membros e os recorda de sua unidade.

Segundo Hummes (2004, p. 19)

Merrian ressalta que é bem possivel que essa lista de funções da música possa requerer condensação ou expansão, mas, em geral, ela resume o papel da música na cultura humana. A música é claramente indispensável para uma promulgação apropriada das atividades que constituem uma sociedade; é um comportamento humano universal.

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Observa-se que para Merrian, a música é uma atividade que expressa

valores, um meio por onde a cultura se transforma e amplia o prazer estético, a

construção do conhecimento e o desenvolvimento de habilidades criativas. A música

está presente no contidiano, assim sendo exerce várias funções, sempre relacionada

com a situação na qual está inserida. Principalmente no mundo atual que ela está

presente, na vida dos alunos em todos os lugares, na escola, na rua, em casa, no

carro, no radio, no ipod, etc.

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5 ENCAMINHAMENTOS METODOLÓGICOS

Os procedimentos metodológicos foram definidos para viabilizar e responder

o problema da pesquisa formulado no início deste trabalho: Qual o interesse das

crianças a respeito das experiências musicais que vivenciam?

Este problema foi desdobrado nas seguintes questões de pesquisa:

• O que as crianças pensam a respeito da aula de música?

• O que elas sentem com a música?

• Quais as possíveis diferenças nas vivências musicais das crianças

conforme o tipo de aula?

Investigar as experiências musicais das crianças, a partir da perspectiva do

próprio aluno, implica em formular um método coerente com o trabalho. Dadas as

características desta pesquisa, optou-se pela abordagem qualitativa. Segundo

Souza (2008, p. 176),

O estudo da infância e da criança objetiva, assim, desvelar o real, subvertendo a aparente ordem natural das coisas, pois compreende que a criança fala não apenas de seu mundo e de sua ótica infantil, mas também no mundo adulto e da sociedade contemporânea. E, nessa perspectiva, pretende também colaborar na elaboração de políticas públicas não excludentes e que vejam a infância não como risco, mas, fundamentalmente, como oportunidade.

A pesquisa na qual a criança fala e explica os fenômenos segundo a sua

própria perspectiva, necessita de respeito e também muito cuidado com os valores

familiares, comunitários. Portanto, nesta pesquisa, foram respeitados todos os

procedimentos éticos inerente a este tipo de pesquisa.

O enfoque desta pesquisa é qualitativo, ou seja, buscamos analisar as

experiências musicais de um grupo de crianças para, desta forma, mapear os

sentidos e explicar do ponto de vista delas sobre conhecer e viver a música.

Segundo Lankshear e Knobel (2008, p. 35) a pesquisa qualitativa envolve

“observar o que as pessoas fazem conversar com elas a respeito [...] tentar explicar

o que está acontecendo, sem recorrer a números, estatísticas ou variáveis”.

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5.1 Participantes e contexto da pesquisa

O Espaço da Criança foi o cenário escolhido para esta pesquisa pela

facilidade de acesso à pesquisadora e por ser uma escola de artes, na qual as

crianças frequentam no contra turno das escolas regulares.

Esta escola consiste em um centro de educação que é mantido por uma

associação de pais, que recebe subsídios de uma empresa privada que tem a sua

fábrica instalada num bairro da cidade de Joinville, em Santa Catarina.

O centro de Educação conta com três professoras responsáveis pelas

crianças e uma coordenadora geral. Estas professoras são contratadas pela

associação e a coordenadora é uma professora do município que está transferida

para trabalhar ali.

As aulas de arte são atividades extracurriculares, pagas pelos alunos, exceto

as aulas de músicas, no qual o projeto é patrocinado pela empresa privada. O centro

possui três salas pequenas, uma cozinha, sala de professores, dois banheiros, uma

pequena biblioteca, sala de televisão com vídeo. Além disso, tem um campo de

futebol de areia nos fundos da casa e uma garagem onde acontecem as refeições e

as aulas extracurriculares.

Neste espaço coletivo as crianças também expõem trabalhos realizados em

sala de aula e brincam livremente. Inicialmente a escola surgiu apenas para atender

os filhos dos funcionários; como a demanda de alunos interessados cresceu, abriu-

se vagas para a comunidade. A escola já existe há quatro anos. Além das oficinas

de música, violino, violão e coral, o espaço da criança oferece aulas de dança,

bordado e capoeira.

As crianças que participaram desta pesquisa são alunos da escola de música

Espaço da Criança que frequentam as aulas a mais de três anos. Este critério foi

importante, pois acreditamos que seria necessária uma experiência musical mais

intensa, para que as crianças pudessem se expressar a respeito dela. Todas as

crianças participantes tiveram autorização dos pais para participarem da pesquisa,

conforme Apêndice B.

Desta forma, participaram da pesquisa 14 crianças, conforme caracterização

no quadro a seguir:

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Alunos Idade Ano de ensino

Atividade musical

Instrumento que pratica

1. Ainda S. 10 anos 4 ano Coral Violino 2. Luiza M. 9 anos 2 ano Coral Violino 3. Juliana M. 9 anos 2 ano Coral Violino 4. André A. 12 anos 4 ano Coral Violino 5. Maria Clara E. 9 anos 2 ano Coral Violino 6. Janine E. 9 anos 4 ano Coral Violino 7. Patrícia K. 9 anos 2 ano Coral Violino 8. Douglas L. 12 anos 6 ano

Não faz coral,

percussão Violão

9. Antônio N. 12 anos 6 ano Coral Violão 10. Lilian E. 9 anos 2 ano Coral Violino 11. Sueli B. 12 anos 6 ano Coral 12. Jéssica G. 9 anos 4 ano Coral Violino 13. Valéria D. 13 anos 7 série Coral 14. Fabricia T. 13 anos 7 série Coral Violino Quadro 1 – Crianças que participaram da pesquisa

5.2 Coleta e registro de dados

A importância da música no ponto de vista das crianças é quase inexistente

na produção acadêmica. Desta forma, consideramos importante ouvir as crianças

sobre suas experiências musicais.

Rocha (2008) destaca que ouvir as crianças interessa ao pesquisador como:

forma de conhecer e ampliar sua compreensão sobre as culturas infantis de não só

como fonte de orientação para a ação, mas, sobretudo como forma de estabelecer

uma permanente relação comunicativa.

No caso desta pesquisa, ouvir as crianças nos permitirá conhecer os desejos,

as necessidades das crianças no momento de elaborar programas de experiências

musicais mais significativos, além disso, confrontar a opinião das crianças a respeito

de suas experiências musicais e o que a literatura propõe sobre a importância da

música para aprendizagem das crianças.

As crianças foram convidadas a participar da pesquisa e foram entrevistadas

antes do começo das aulas de músicas, na biblioteca da escola. As entrevistas

duraram cerca de 20 minutos e foram gravadas e transcritas na integra, além disso,

foram anotados todo tipo de linguagem não verbal expressada pelas crianças. Nas

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transcrições e análises os nomes das crianças foram substituídos por outros fictícios.

As crianças não demonstraram nenhum tipo de constrangimento com o gravador e

se mostraram a vontade.

A questão principal desta pesquisa foi desdobrada em questões condutoras

da entrevista. Vale ressaltar que as perguntas foram formuladas conforme o

desenrolar da entrevista, embora seguisse a seguinte pauta:

• O que as crianças pensam a respeito da aula de música.

• O que elas sentem com a música.

• O que a música mudou em suas vidas.

• Possíveis mudanças na escola.

No inicio da entrevista foi explicado qual o objetivo da pesquisa e também

sobre a importância deles estarem participando da mesma para compreender o valor

das experiências musicais que são vivenciadas.

Após as entrevistas os dados foram transcritos na íntegra, num processo de

interpretação, como menciona Weber (2007, p. 87):

Transcrever é já interpretar. Transcrever uma entrevista é escutar de maneira atenta, minuciosa, com cuidado, ela impregna auditivamente, revive a cena, que constrói a análise. Descobre passagens da entrevista que havia esquecido, assim corrige as primeiras impressões.

Foram anotadas ainda, em um diário de campo, as ações observadas dos

alunos durante o momento das entrevistas. Registramos expressões faciais e

corporais a fim de complementarem o processo analítico.

5.2.1 Procedimentos de análise

O procedimento analítico iniciou por meio de uma leitura cuidadosa dos

registros das entrevistas e a identificação de unidades de significâncias. Ou seja, foi

elaborado um quadro síntese (Apêndice A) identificando o pesquisador e a criança

entrevistada, as observações anotadas durante a entrevista, cada pergunta e

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extratos da resposta da criança (unidade de significância para esta pesquisa) e por

fim realizamos a categorização das funções da música, com base em Hummes

(2004) e a partir das respostas de cada criança e observações durante a entrevista.

Definimos as categorias encontradas no quadro a seguir:

Função da música e definição Unidade de significância

Expressão Emociona: quando a criança cita a música como expressão dos sentimentos, desabafo...

“Tem algumas vezes que eu me emociono”, “Eu gosto... eu não gosto...”, “Me permite sonhar... fico mais sorridente”, “Fiquei mais alegre”, “Fácil aprender”, “Eu sinto entusiasmo” , “Eu era bem mais chato”, “Amor, carinho”...

Prazer estético: refere-se ao prazer e sensibilidade à música, demonstração de habilidades para música, manifestação de criatividade musical.

“Eu gosto de clássico... do instrumento”, “a música do violino assim... afinando”, “É um instrumento que eu acho bonito”, “Os sons são legais..”, “Senti o ritmo”, “Quando eu escuto o violino em algum lugar, eu quando chego em casa , eu tento imitar...”, “Pra tocar... eu acho bem bonito...”, “Acho legal eu tocar as cordas... é emocionante”, “Gosto das batidas da música,do jeito dos músicos tocarem”, “É uma obra prima”, “mudou a voz”, “Achei legal a forma do violino”, “Arte e vontade”, “Uma música que soa mais aguda”, “Eu sempre achei bonito... olha na televisão e vê aquelas orquestras... aquelas pessoas tocando”..., “A gente até discute um pouco mais sobre as notas...”, “eu gosto de cantar, claro né?... eu gosto quando os músicos ficam tocam assim...”

Divertimento: refere-se a música como um entretenimento e diversão.

“...Eu fico no carro, aí eu ouço bastante música do rádio...eu fico cantando, cantando...”, “Eu pensei que era legal e no fim é...”, “Aprender músicas novas”…, “Tava tudo bem... tava me divertindo aqui”..., “Eu gosto muito de tocar e cantar”, “Na aula de música eu gosto é de cantar”, “Tipo assim, eu não fazia nada em casa... aí comecei a tocar”, “Eu gostaria de cantar tudo”, “Vontade de cantar”, “As músicas são muito lenta, né? ... a maioria podia ser mais agitada”

Cognitiva: refere-se a música como promotora de outras aspectos extramusicais, contribuição para formação global como intelecto, socialização, raciocínio lógico e memória. Ou seja, uma modificação no aprendizado.

“Desde do ano passado... consigo fazer minhas contas melhores, eu mudo de uma hora para outra... eu consigo fazer melhor as coisas”, “Meu caráter mudou... eu era bem mais chato”, “Eu presto atenção , assim na escola”, “Aprender coisas novas”, “Ficou mais fácil aprender os hinos”, “Eu começo... a gravar uma coisa... eu começo a bater palmas, depois com a música”, “Me permite ... abre mais a porta e mais chances”.

Quadro 2 – Funções evidenciadas na pesquisa

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Dessa forma, foi possível estabelecer a frequência das funções surgidas. As

funções evidenciadas nesta análise foram: expressão emocional, prazer estético,

divertimento e cognitiva. Temos clareza que a função cognitiva surgiu

especificamente por meio da pergunta indutiva do pesquisado: E na escola mudou

algo? Mesmo tendo consciência que as crianças fizerem referencias a esta função

para responder ao questionamento, consideramos as respostas pertinentes e

significativas. A seguir apresentamos o quadro gerado das funções e frequência

conforme desenrolou durante as entrevistas, independente da criança que se

pronunciou (Apêndice A).

Função da música Total de frequencia Expressão Emocional 52 Divertimento 10 Função Cognitiva 9 Prazer Estético 19 Quadro 3 - Funções da música e frequencia nas entrevistas

A frequência das funções citadas nos facilitou levantar a ordem de

importância das funções para as crianças e ainda apresentamos a seguir (Quadro 4)

a frequência dessas funções.

Quadro 4 – Frequencia das funções

A música é uma atividade artística inerente ao ser humano, mas é muito difícil

tentar desvelar algo do supremo valor da música, por que é a mais abstrata das

Alunos (Idade) Função Emocional Divertimento Função

Cognitiva Prazer

Estético Ainda S. (10 anos) 6 2 3 2 Luiza M. (9 anos) 6 1 Juliana M. (9 anos) 2 2 1 André A. (12 anos) 8 1 1 Maria Clara E. (9 anos) 4 2 2 1 Janine E. (9 anos) 7 1 Patrícia K. (9 anos) 3 2 Douglas L. (12 anos) 3 2 2 Antônio N. (12 anos) 1 1 2 Lilian E. (9 anos) 2 2 Sueli B. (12 anos) 4 1 Jéssica G. (9 anos) 1 2 Valéria D. (13 anos) 3 1 2 Fabricia T. (13 anos) 2 1 2

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manifestações artísticas. Segundo Swanwick (2003) todas as nossas experiências

deixam um resíduo em nós, um vestígio, uma representação que pode não entrar de

forma consciente, mas pode ser ativada através das experiências. Observa-se que

as entrevistas com as crianças mostraram que a música estava presente na rotina

de todos, por meio das seguintes atividades: canto, apreciação e outras atividades,

tais como, performance, imitação dos sons, dançar e movimentar-se ao som da

música; todas as atividades representavam uma função, ou melhor, um valor no dia

a dia dos alunos.

Conforme o quadro acima, podemos observar que a emoção é a principal

função da música expressada pelas crianças, seguida da função do divertimento e a

função de prazer estético também foi constatada como importante. Essas funções

são destacadas por diversos autores como Swanwick (2003), Merrian (1964) e

Hargreaves (2005) e no processo de análise constatamos uma função que

denominamos como função cognitiva. A função cognitiva diz respeito as respostas

das crianças sobre o que a música mudou na vida delas e elas fizeram referências a

mudanças no aprendizado.

A música tem múltiplas funções na vida das pessoas, e ocorre em diferentes

contextos. As diferentes maneiras de se fazer ou ouvir música reflete nas dimensões

e funções da música, e sempre relacionada com o contexto social e cultural do

individuo. Em alguns momentos a música permite ampliar os horizontes estéticos

dos alunos, que imaginam a música como uma atividade que fará parte da vida, por

meio do divertimento e emoção.

A seguir faremos uma análise mais detalhada de cada função apontada pelas

crianças.

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6 ANÁLISE DE DADOS

6.1 A música como função de emoção

A análise das entrevistas mostra que a música emociona. Segundo Merrian

(1964) é a função da música de expressar sentimentos, manifestação de

criatividade. Isso sugere que a música mexe com o sensível do aluno; o ensino da

música na escola pode ajudar os alunos a se desenvolver emocionalmente.

Observa-se que as crianças entrevistadas falaram naturalmente que a música

emociona. Frequentemente aparece na fala das crianças, a música presente no

cotidiano de uma forma explicita. Observou-se que a maioria das respostas das

crianças relaciona-se com a emoção. A música é uma das expressões fundamentais

da cultura humana, amplia os horizontes estéticos. Isso traduz a experiência musical

como uma experiência emocional socialmente compartilhada em vários momentos

da vida do ser humano. A música expressa através do som, e a percepção é

individual, e acontece de formas diferentes para cada indivíduo, e para cada música,

independente do questionamento a música como emoção aparece.

A música pra você é…. É emoção. Às vezes algumas músicas eu me emociono. Tem algumas que eu me emociono pouco algumas bastante Quando você vai à aula de violino você sente o quê? Eu gosto de violino mais eu gosto mais de coral. O coral é mais gostoso. Quando eu to triste tipo eu choro na escola não ganho uma nota boa chego no coral eu esqueço de tudo e, me sinto mais feliz A música te permite o quê? A música ela me permite a ficar mais feliz mais sorridente tipo eu fico no carro aí eu ouço bastante música do rádio né!

A atividade musical, que é multifacetada em termos de estilo e tipos de

música, também o é no que diz respeito aos modos de vivenciá-las a sua relação

com o tipo de música.

Segundo Sekkef (2007, p. 59)

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Como as emoções em geral, a emoção musical procede de uma dinâmica de forças, como no campo da fisíca, e a conduta do homem tomando pela emoção se caracteriza como um fenômeno tanto orgânico quanto psiquico. O resultado é uma forma de comportamento e, como tal, pessoal. Envolvendo um conteúdo ativo (motor), intelectual (mental), afetivo (psicológico), e tributário dos sistemas de percepção (auditivo, sistema de percepção interna, sistema tátil, visual) tanto quanto da relação do sistema nervoso com o endócrino, o conteúdo ativo se traduz, na emoção musical, numa reação ao objeto apresentado ou representado (formas sonoras em movimento); o conteúdo intelectual diz respeito ao conhecimento, objeto da emoção, e o afetivo remete à emoção propriamente dita, exprimindo na acepção ampla desse termo os valores que a situação vivenciada significa para o sujeito, pois obras musicais são expressivas do sentimento humano, como lembra Susan Langer.

Assim, a relação entre audição e gosto musical influencia na expressão

musical, que reflete com a sociedade e o cotidiano do indivíduo. Quando se ouve por

um desejo, uma emoção, como o medo ou surpresa, um interesse específico está

em jogo, geralmente o interesse pela música está relacionado com as semelhanças

das músicas, através dos estilos, instrumentos, ou tipos de músicas que fazem parte

do dia-a-dia.

Para Schafer (1998) ouvir música é uma experiência profundamente pessoal,

e hoje, com a sociedade caminhando para o convencional e uniforme, é realmente

corajoso descobrir a sua individualidade.

Ás vezes a gente se irrita por que tem muita gente falando, isso eu não gosto. Eu gosto das músicas tipo, Era um garoto. Esta eu gosto mais. Eu não gosto de bandeira branca.

Nesta perspectiva, observa-se que os alunos expressam livremente o gosto

musical. Por meio da apreciação musical, nos faz interpretar que está intimamente

ligado com a emoção sentida ao nos depararmos com uma obra de arte. O

inconsciente determina a escuta e na forma de emoção que ela se manifesta. A

relação do gosto musical com emoção está ligada com o interesse e experiências

com o tipo de música. Por exemplo, a música que está na mídia faz parte do

cotidiano das pessoas, geralmente são as preferidas, pelo fácil acesso.

Para Rizzon (2009, p. 53),

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A possibilidade de significar a apreciação musical primeiramente através da emoção é uma porta de entrada para que muitas outras abordagens venham acontecer posteriormente. Deve-se aos poucos, utilizando-se de variados materiais sonoros musicais, ampliar a escuta, buscando uma crescente valorização da música como um campo de conhecimento a ser explorado e uma possibilidade do desenvolvimento do senso crítico.

Compreender as diversas dimensões que compõem a emoção na atividade

musical pode fazer avançar não somente o nosso conhecimento sobre música, mas

sobre o valor para música como um todo. Outro aspecto em relação a música com

função de emoção, na perspectiva das crianças, tem relação a idade das crianças

que estão na pré adolescência e adolescência. Nesta etapa do desenvolvimento

humano a criança desvela e forma sua identidade, percebe as diferenças entre os

outros e ao mesmo tempo busca interagir com o meio. Nesse processo, o

desenvolvimento sócio-afetivo, através da auto-estima é fundamental, onde ele

aprende a se aceitar como é, com suas qualidades e limitações. As atividades

musicais coletivas ampliam a socialização, estimulando a cooperação em grupo.

Além disso, libera emoções, desenvolvendo um sentimento de segurança e de

realização. Segundo Sloboda (2008, p. 3)

Se alguém sem música nos perguntasse por que nossa civilização mantém tantas atividades musicais, nossa resposta certamente apontaria para essa capacidade que a música tem de melhorar nossa vida emocional. É claro que há outras razões para que os indivíduos ou sociedades façam uso da música. Considerando que muitas atividades musicais são também atividades sociais para aqueles que dela participam. A propósito, o conhecimento de certos tipos de música é pré-requisito para pertencer a algumas subculturas particulares.

Observa-se, que as maneiras como as pessoas se relacionam com a música,

influencia e contribui para a formação do individuo, e possibilita alterar o

desempenho de uma pessoa, e mostra que a capacidade de conhecer e aprender se

constrói a partir das trocas estabelecidas entre o sujeito e o meio.

Dessa forma, podemos dizer que o interesse da criança pela música com

função de expressão emocional valoriza suas experiências musicais no sentido de

extravasar aspectos emocionais, assim como o prazer estético que será discutido a

seguir.

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No quadro 4, a visualização da frequência de resposta relacionando música

com emoção fica evidente.

6.2 A música como função de prazer estético

Estética é a área do conhecimento que nos permite entender os efeitos da

criação artística. Tradicionalmente, estudo racional do belo, quer quanto à

possibilidade da sua conceituação, quer quanto à diversidade de emoções e

sentimentos que ele suscita.

A música tem bastante instrumentos, os sons são legais, combina com a música da rádio.

A música tem função de educar a percepção estética do indivíduo. Estes

apreciam a beleza dos sons individuais ou relacionados com outros materiais

sonoros, composições que fazem parte do meio onde ele convive. Acredita-se que a

educação musical, desenvolve o senso estético, podendo perceber os instrumentos,

formas musicais e elementos básicos da música.

Segundo Fubini (2008, p. 17), “A música concentrando num aspecto em vez

de outro consoante as épocas históricas, o contexto em que está inserida, a função

social que cumpre o tipo de relação que estabelece com as outras e, em particular,

com o cotidiano”.

Observa-se que a música relaciona-se com o ambiente, os elementos

musicais como, melodia, timbre, texturas, harmonia etc., não tem um sinal ou

nomenclatura para definir o que seriam as ideias expressas, mas existem muitas

ideias diferentes do que é música e quais os efeitos dela, por causa das diferentes

culturas e ainda há o caráter efêmero da música, que não é uma atividade que

permaneça parada, e estética musical reflete o contexto histórico, ou melhor uma

reflexão sobre seu cotidiano vivido.

As novas configurações tecnológicas ligadas à produção e ao consumo de

música têm produzido uma aguda mudança do pensamento, já que vivemos em um

momento que as informações estão implodindo em nossas vidas. Segundo Kiefer

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Herr (2009) entre a sociedade e o mundo estão os meios de comunicação que não

informam sobre o mundo, mas refazem-no à sua maneira, transformando o real em

espetáculo. Certamente que a música como atividade artística sofre um

deslocamento de valores, significados e gera uma nova maneira de pensar e fazer

música. Como diz Mendes (2008), sempre surgirá uma nova estética musical, que

vem acompanhada do seu tempo.

Considerada uma das principais atividades artísticas, a música atraiu atenção

de muitos pesquisadores como um suporte para educação formal e informal. Desse

modo, pensar a música como uma atividade que está em constante transformação,

observa-se que a representação e significado acompanham o contexto histórico que

vivência. Segundo Granja (2006, p. 88)

Como linguagem, a música pode ser representada simbolicamente, seja por uma notação convencional ou não. E, por fim, a música, isto é, cantar, tocar, compor, improvisar etc. Uma construção, entendida como um fazer. A arte é um conjunto de atos pelos quais se muda a forma, se transforma a matéria oferecida pela natureza e pela cultura.

Assim, é no âmbito da formação pessoal que se justifica a inserção da música

na escola. A música é uma atividade que permite a expressão singular dos valores e

sentimentos de cada indivíduo, ou grupo social. A música é, portanto, um fenômeno

de comunicação social de trocas (imagens, gestos, melodias, etc.) entre indivíduos e

sociedade. O estímulo musical mobiliza e influencia significados e sentidos; essa

ação é mais significativa quando o próprio aluno escolhe o que quer ouvir ou fazer

com a música, demonstrando dessa forma, o interesse estético das crianças a

respeito das experiências musicais que vivenciam.

6.3 A música como função de divertimento

Muitas vezes não sabemos o que fazer quando vemos uma criança brincar e

cantarolar distraidamente. Como a mesma espontaneidade da criança, faz parte das

brincadeiras, além disso, a linguagem não verbal é uma forma de comunicação, que

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são os improvisos com palavras, fragmento de melodias. Observa-se que a música,

acontece naturalmente com as crianças.

Muita alegria e soltar a voz.

Aquela pessoa que acredita que sabe cantar, provavelmente faz isso desde

criança. Quando pequena cantava e expressava através dos sons naturalmente.

Isso mostra que a imagem que temos de nós mesmos é reflexo das nossas

vivências, ou seja, o nosso divertimento e entretenimento com a música é uma

relação construída socialmente.

Segundo Palheiros (2006, p. 305)

A música é acessível à maioria das crianças e dos jovens em contextos variados, e ouvir música é uma da suas principais atividades de lazer, pelo menos nas sociedades ocidentais ouvem música em lugares públicos e por meio da mídia, sozinhos ou na companhia da família e dos amigos. Cantam em coros, tocam em grupos nas comunidades locais e freqüentam aulas de instrumento. Criam a sua própria música em grupos de amigos, imitam os seus cantores preferidos e discutem música com os seus pares.

Considerando as perspectivas das próprias crianças, percebe-se que o

envolvimento com a música acontece de uma forma divertida, e o ensino formal, de

certa forma, afasta o aluno da música. Assim sendo, tem que haver uma

preocupação de como está sendo feito está ligação com a música e o aluno.

Observa-se que a diversidade de atividades musicais inerentes na educação musical

possibilita aos alunos um maior envolvimento e interesse pela arte musical.

Ver várias... tipo...o mundo mais amplo, que nem como eu te disse antes, a gente pode é... ser cantor, tocador de violão de guitarra no futuro, pode conhecer bastante... o mundo assim. As músicas são lentas nê? A maioria poderia ser mais agitadas.

A diversão buscada na música, no caso destas crianças é inerente ao fato

lúdico de viver a infância. A música representa divertimento também, para oito

crianças entrevistadas.

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6.4 Função cognitiva

Devido às suas demandas físicas, afetivas e cognitivas, a música é uma

atividade complexa, o que certamente tem implicações para o desenvolvimento

cognitivo, cujos limites são infinitos. Por isso pela qual muitos de nós nos

encantamos e nos envolvemos de alguma forma com a música, através da

apreciação musical, execução ou criando músicas. Despertando emoções profundas

e significativas a música evoca, até um simples alívio. Segundo Sloboda (2008, p. 3)

Se os fatores cognitivos são fundamentais para a existência da música, então a questão fundamental para uma investigação psicológica na música é como a música é capaz de afetar as pessoas. Aos olhos frios da física, um evento musical nada mais é do que uma coleção de sons com várias alturas, durações e outras características mensuráveis. De algum modo, a mente musical do significado a estes sons. Eles se tornam símbolos de algo que já não é apenas um mero som, algo que nos permite rir ou chorar, gostar ou desgostar, ser movidos ou ficar indiferentes.

Observa-se que a música é uma atividade que pode ser aprendida e

compartilhada na educação do individuo. Mas podemos classificar, por exemplo,

uma música rápida, como excitante e uma música lenta como suave e calmante.

Isso é um indicio, sem dúvida, que a natureza cognitiva de nossas respostas

emocionais está condicionada ao gosto musical. A maneira como as pessoas

representam a música para si mesmas determina a maneira como se relacionam

com a música, e percepção musical se constrói a partir da bagagem cultural que

vivencia o individuo. Segundo Ilari (2009, p. 15)

Quando a maioria das pessoas pensa na vida de crianças e adolescentes, a idéia que vem à cabeça é geralmente a do entretenimento. Como se cantar, tocar ou dançar não dependesse de habilidades cognitivas e motoras, e fosse apenas um passatempo. Pouca gente pensa que por trás do canto de uma criança há uma combinação de habilidades: há ritmo e uma melodia que precisam estar mais ou menos certos para podermos reconhecer a canção e acompanhá-la com palmas, há uma letra ou um gesto corporal que acompanha as palavras, bem como uma expressão (como cantar suavemente com alegria, com uma voz de raiva ou de tristeza).

Quando ouvimos dos pais, que querem que seus filhos estudem música por

que se tornarão melhores na escola ou por que terão facilidades para aprender outra

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língua, observa-se que as habilidades musicais estão diretamente ligadas em outros

domínios.

Quando eu penso não sei o que acontece comigo é de verdade mesmo, é eu consigo fazer melhores as coisas.

A música pode ajudar a elevar a auto-estima de crianças e dos adolescentes,

conforme muitos educadores afirmam (ILARI, 2009; SLOBODA, 2008; GARDNER,

1999). Mas as habilidades musicais são adquiridas através da interação com o

contexto sócio-cultural e educacional, bem como a relação com amigos, família e

professores.

Observa-se que os fatores emocionais são fundamentais para existência da

música, a relação entre cognição e música pode ser explorada a partir de muitas

facetas, ampliando assim, o entendimento da música com uma atividade presente no

desenvolvimento do ser humano. Segundo Felipe (2000, p. 28)

Para Henry Wallon (1879-1962) o desenvolvimento da inteligência depende das experiências oferecidas pelo meio e do grau de apropriação que o sujeito delas. Neste sentido, os aspectos físicos do espaço, as pessoas próximas, a linguagem, bem como os conhecimentos presentes na cultura contribuem efetivamente para formar o contexto de desenvolvimento.

Dessa forma, a música, segundo as crianças, ajuda a compreensão delas

tanto do mundo, como desenvolve habilidades e o interesse pelo aprendizado.

Para a versão final deste trabalho pretendemos ampliar as análises e produzir

as considerações finais.

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APÊNDICES

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APÊNDICE A - Quadro síntese

ATORES DESCRIÇÃO OBSERVA-ÇÕES FUNÇÕES

Ao chegar no espaço da criança escolhemos um lugar para começar as entrevistas. Como não existe um lugar reservado na escola, resolvi usar a biblioteca, por que tem bancos e mesa grande para organizar os materiais. Com cada aluno expliquei por estava entrevistado eles, e também o que iria fazer com as resposta, além da importância da participação deles no trabalho, e contribuição da pesquisa para a educação musical.

ALUNA: AINDA S. (10 anos) Pesquisadora A música pra você é…. Aluna É emoção. Às vezes algumas músicas eu

me emociono. Tem algumas que eu me emociono pouco algumas bastante

Expressão Emocional

Pesquisadora Quando você vai à aula de violino você sente o quê?

Aluna Eu gosto de violino mais eu gosto mais de coral. O coral é mais gostoso. Quando eu to triste tipo eu choro na escola não ganho uma nota boa chego no coral eu esqueço de tudo e, me sinto mais feliz

Neste momento ela sorri

Expressão Emocional

Pesquisadora E se você pudesse mudar alguma coisa mudaria o quê?

Aluna O quê? Um pouquinho mais das músicas coral.

Pensa

Pesquisadora Que tipo de música então? Aluna As músicas são muito lentas né? A

maioria podia ser mais agitadas. Divertimento

Pesquisadora Você gostaria de... Aluna Alguma música que alguma criança canta

que eu gosto bastante.

Pesquisadora Qual criança canta? Aluna A Maiza Pesquisadora Quem é esta Maiza? Aluna Ela apresenta o programa sábado

animado

Pesquisadora Que canal é este? Aluna SBT de manhã. Pesquisadora Na aula de música eu gosto e não gosto Aluna Às vezes a gente se irrita por que tem

muita gente falando isso eu não gosto. Eu gosto das músicas tipo. Era um garoto Esta é que mais gosto. Eu não gosto de Bandeira Branca.

Expressão Emocional

Pesquisadora A música te permite o quê?

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ATORES DESCRIÇÃO OBSERVA-ÇÕES FUNÇÕES

Aluna A música ela me permite a ficar mais feliz mais sorridente tipo eu fico no carro aí eu ouço bastante música do rádio né! Aí quando eu ouço tem algumas bem assim agitadas aí fico cantando, cantando e aí e isso.

Expressão Emocional

Divertimento

Pesquisadora Por que você escolheu tocar violino? Aluna Eu gosto de clássico é... eu gosto das

músicas que tem. Eu gosto da música clássica do instrumento. Eu tenho interesse.

Pensa Prazer Estético Função

Cognitiva Pesquisadora O que mudou em você com a música? Aluna Eu me sentia muito triste antes de fazer

por que eu não tinha nada pra fazer é... quinta-feira é um dia bom de tocar então eu não tinha nada pra fazer nesta quinta - feira. Então eu tentei fazer. O meu sonho era entrar no violino e no coral. Então, eu fiquei mais alegre.

Pensa Expressão Emocional

Pesquisadora E na escola mudou algo? Aluna Mudou. Pesquisadora Pergunto o que mudou Aluna Quando eu penso no violino to ouvindo

as músicas eu não sei o que esta acontecendo porque quando eu fico na aula eu fico ouvindo é.... música do violino assim... afinando. Eu não sei por que isso acontece.

Pensa Prazer Estético

Pesquisadora Isso acontece há muito tempo? Aluna Desde o ano passado. Mais daí eu

consigo é fazer minhas contas melhores por que eu fico... não sei o que acontece eu mudo de uma hora pra outra.

Pensa Função Cognitiva

Pesquisadora Não entendi? Você consegue me explicar melhor? Como muda?

Aluna Quando eu penso não sei o que acontece comigo é de verdade mesmo é eu consigo fazer melhores as coisas.

Função Cognitiva

ALUNA: LUIZA M. (9 ANOS) A música pra você é? Muito

Nervosa

Aluna Fácil, legal, fácil de aprender às músicas. Expressão Emocional

Pesquisadora Quando você vai à aula de música você sente o quê?

Aluna O que eu sinto... aí meu Deus... alegria. Pensa, sorri Expressão Emocional

Pesquisadora Você pode me explicar melhor essa alegria?

Muito Nervosa

Aluna Alegria de fazer. Expressão Emocional

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ATORES DESCRIÇÃO OBSERVA-ÇÕES FUNÇÕES

Pesquisadora Se você pudesse mudaria o quê? Aluna Mudaria as músicas mais conhecida Pesquisadora Que tipo de música? Aluna Ai Jesus, Ai Jesus, música mais

conhecida ai, Jesus, música mais conhecida, ai Jesus, música mais conhecida.

Muito Nervosa

Expressão Emocional

Pesquisadora Qual música? Aluna Aquela eu... que há como é o nome dela

ela foi no shopping Muller 3 dias ela cantou também com a gente, É uma Loira Como é o nome dela?

Pensa

Pesquisadora Eu pergunto a Fabíula? Aluna É uma música dela.

Pesquisadora Na aula de música eu gosto e não gosto? Aluna Eu gosto dos sons dos instrumentos. Eu

não gosto quando acaba uma música elas ficam conversando.

Expressão Emociona

Prazer Estético

Pesquisadora Por que você escolheu tocar violino? Aluna Porque eu gosto de tocar e... é um

instrumento que eu acho bonito Pensa Expressão

Emocional Prazer

Estético Pesquisadora O que mudou em você com a música? Aluna Eu não sabia muita música e agora sei

mais.

Pesquisadora E na escola mudou algo? Aluna Não

ALUNA: JULIANA M. (9 ANOS) Pesquisadora A música pra você é? Aluna É uma legal Expressão

Emocional Pesquisadora Quando você vai à aula de música você

sente o quê?

Aluna Alegria de tá cantando. Expressão Emocional

Pesquisadora Se você pudesse você mudaria o quê? Aluna Mudaria.... nada eu acho. Pensa Pesquisadora Na aula de música eu gosto e não gosto: Aluna Eu gosto de aprender tocar violino, e não

gosto de gente que fica encomodando assim. A música tem bastantes instrumentos, os sons são legais, combina com a musica da rádio.

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ATORES DESCRIÇÃO OBSERVA-ÇÕES FUNÇÕES

Pesquisadora A música permite à você o quê? Aluna Sentir o ritmo. Prazer

Estético Pesquisadora Por que você escolheu tocar violino? Aluna Porque pensei que era legal e no fim é. Divertimento Pesquisadora O que mudou em você com a música Aluna Aprender músicas novas. Divertimento Pesquisadora O que mudou em você com a música? Aluna Nada. Pesquisadora E na escola mudou algo? Aluna Não.

ALUNO: ANDRÉ A. (12 ANOS) Pesquisadora A música pra você é o quê? Aluno Pra mim mostra alegria. Outro dia tava

vindo pra cá tava muito triste porque meu pai tava brigando comigo cheguei aqui tava tudo bem tava me divertindo aqui.

Expressão Emocional

Divertimento

Pesquisadora Quando você vem pra aula de música você sente o quê?

Aluno Eu sinto entusiasmo Expressão Emocional

Pesquisadora Se você pudesse mudaria o quê? Aluno Não sei o que mudaria aqui não tem o

que mudar.

Pesquisadora Você gostaria de? Aluno Ficar mais na frente Pesquisadora Por quê? Aluno É melhor né. Pra a cantar ali na frente ali,

aparecer ali na frente ai todo mundo te enxerga.

André, um aluno pré-

adolescente que está

mudando a voz é alto, e

por este motivo fica atrás com

seus colegas que também são

altos.

Expressão Emocional

Pesquisadora Na aula de música eu gosto e não gosto? Aluno Eu gosto de música, porque trás alegria,

não gosto quando o companheiro do lado fica me puxando fica me chamando.

Expressão Emocional

Pesquisadora A música pra você permite o quê? Aluno Muita alegria soltar a voz Expressão

Emocional Pesquisadora O que muda em você com a música? Aluno Meu caráter mudou tudo eu era bem mais

chato eu tava sem alegria sempre Expressão

Emocional

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ATORES DESCRIÇÃO OBSERVA-ÇÕES FUNÇÕES

quando alguém vinha falar comigo não dava bola mexia com eles.

Pesquisadora Mexia como? Aluno

Tipo eles me incomodavam eu ia lá e incomodava também. Eu era assim agora não.

Expressão Emocional

Pesquisadora E na escola muda algo? Aluno Mudou antes eu era mais ruim prestava

menos atenção nas coisas ficava conversando.

Expressão Emocional

Pesquisadora Por que você escolheu tocar violino? Aluno Violino? Eu gosto de tocar violino só que

aconteceu alguma coisa que eu tive que sai. Ia viajar agora como esse ano eu não, vou viajar assim eu vou ficar no violino. Eu gostava de violino.

Parece que não

entendeu a pergunta

então pergunto

novamente.

Pesquisadora Novamente eu pergunto, e por que você escolheu tocar violino?

Aluno Violino é uma coisa boa é uma coisa muito legal. Mais escolhi tocar violino por causa como é não tem como dizer sempre quando eu escuto violino em algum lugar eu quando chego em casa e tento imitar.

No final da entrevista

ele fala pra ele mesmo eu sempre gostaria... Sempre

gostei de violino.

Prazer Estético

ALUNA: MARIA CLARA E. (9 ANOS) Pesquisadora A música pra você é? Aluna É uma coisa boa né. Eu gosto de cantar

sabe. Expressão

Emocional Pesquisadora Quando você vem à aula de música você

sente o quê?

Aluna Alegria. Eu fico feliz né. Porque eu gosto de participar do coral.

Expressão Emocional

Pesquisadora Se você pudesse você mudaria o quê? Aluna Ah! Eu mudaria as letras da música que

eu não conheço.

Pesquisadora Você gostaria de? Aluna Como assim? Sorri.

Não entendeu a pergunta.

Então, mudo a

pergunta.

Pesquisadora Você gostaria do que nas aulas de música?

Aluna Ah, eu gosto muito de cantar e tocar Expressão

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ATORES DESCRIÇÃO OBSERVA-ÇÕES FUNÇÕES

violino. Emocional Divertimento

Pesquisadora Na aula de música eu gosto e não gosto. Aluna Na aula de música eu gosto de canta.

Que eu não gosto e de ficar muito de pé. Divertimento

Pesquisadora A música permite o quê? Aluna Me permite é soltar a voz. Expressão

Emocional Pesquisadora Por que você escolheu tocar violino? Aluna Porque eu acho bonito assim pra toca eu

acho bem bonito. Prazer

Estético Pesquisadora O que mudou em você com a música? Aluna Ah, mudou, assim eu presto atenção

assim na escola. Função

Cognitiva Pesquisadora Hum, então, você já respondeu a outra

pergunta. Eu ia te pergunta assim oh! E na escola mudou algo?

Função Cognitiva

Aluna Há, é que eu presto mais atenção. Sorri ALUNA: JANINE E. (9 ANOS)

Pesquisadora A música pra você é o quê? Aluna Alegria, felicidade, paz. Expressão

Emocional Pesquisadora Quando você vem à aula de música você

sente o quê?

Aluna Amor, carinho vocês tratam a gente como filho.

Expressão Emocional

Pesquisadora Se você pudesse mudaria o quê? Aluna Eu mudaria o respeito que eu não dou

respeito que vocês querem. Tipo não conversar na hora de cantar.

Expressão Emocional

Pesquisadora Na aula de música você gosta e não gosta?

Aluna Eu gosto de cantar, e não gosto de repetir a música.

Expressão Emocional

Pesquisadora A música permite o quê? Aluna Sonhar. Expressão

Emocional Pesquisadora O que a música mudou pra você? Aluna Minha vida. Expressão

Emocional Pesquisadora Como assim dá pra você explicar

melhor?

Aluna Tipo assim eu não fazia nada em casa eu só assistia televisão, comia e dormia. Aí comecei a tocar.

Divertimento

Pesquisadora Na escola mudou alguma coisa? Aluna Não. Pesquisadora Por que você escolheu tocar violino? Aluna Por que eu gosto de tocar violino por que

minha mãe ela gosta de música ai eu Expressão

Emocional

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ATORES DESCRIÇÃO OBSERVA-ÇÕES FUNÇÕES

falei que tinha violino ela me trouxe. ALUNA: PATRÍCIA K. (9 ANOS)

Pesquisadora A música pra você é o quê? Aluna Legal e emocionante. Expressão

Emocional Pesquisadora Quando você vem à aula de música você

sente o quê?

Aluna Sinto emoção alegria. Expressão Emocional

Pesquisadora Quando você vem na aula de música você sente o quê?

Aluna Não sei Fala bem baixinho.

Pesquisadora Na aula de música você gosta e não gosta.

Aluna Da música dos instrumentos gosto de cantar.

Pesquisadora E não gosta? Aluna Quando os músicos ficam errando. Pesquisadora A música permite? Aluna Aprender coisas novas Função

Cognitiva Pesquisadora O que mudou em você com a música? Aluna Mudou ficou mais fácil de aprender os

hinos. Ela está se referindo aos hinos da escola.

Função Cognitiva

ALUNO: DOUGLAS L. (12 ANOS) Pesquisadora A música pra você é o quê? Aluno Felicidade e alegria. Expressão

Emocional Pesquisadora Quando você vem à aula de música você

sente o quê?

Aluno Amizade alegria com meus amigos com as professoras

Expressão Emocional

Pesquisadora Se você pudesse mudaria o quê? Aluno Colocaria umas músicas mais alegres,

felizes Expressão

Emocional Pesquisadora Na aula de música eu gosto e não gosto. Aluno Eu gosto da percussão e das cantorias e

as músicas que cantam. Eu não gosto de gente boba que fica trapalhado a aula e acaba a aula por causa disso.

Prazer Estético

Pesquisadora A música permite o quê? Aluno Tocar violão que é uma das aulas que eu

to fazendo só por que eu não posso cantar porque eu tenho problema de voz.

Pesquisadora Por que você escolheu tocar violão? Aluno Bom, porque eu acho legal eu tocar as

cordas acho...é Bom né... é emocionante

Prazer Estético

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ATORES DESCRIÇÃO OBSERVA-ÇÕES FUNÇÕES

Pesquisadora Por que você desistiu do violino? Você tocava violino?

Aluno Sim, por que eu não gostava tanto da aula e não tinha tanto amigos lá. Não gostava da aula ou por que não amigos, não tinha amigos pra ajudar.

Pesquisadora O que mudou em você com música? Aluno Quase nada por que eu era feliz desde

criança.

Pesquisadora E na escola mudou algo? Aluno Mudei, melhorei as notas Função

Cognitiva Pesquisadora Como assim melhorou as notas Aluno Bom, eu começo tipo assim a fazer tipo

como eu posso dizer a gravar uma coisa eu começo a bater palmas depois com a música.

Função Cognitiva

ALUNO: ANTÔNIO A. (12 ANOS) Pesquisadora A música para você é o quê? Aluno É muito legal. Tem mais alguma coisa

acrescentar além de legal? É... tipo é muito interessante por que com a música a gente assim, pode aprender várias coisas. Que nem pode ser cantor pode ir para o exterior essas coisas assim.

Pesquisadora Quando você vem à aula de música você sente o quê?

Aluno Prazer em vir à aula de música. Expressão Emocional

Pesquisadora Se você pudesse mudaria o quê? Aluno Não sei.

Pesquisadora Não sabe o que poderia mudar? Aluno Não, tipo poderia mudar o jeito de... de

da expressão assim que nem é... Muitas vezes a gente vai canta só que daí algumas músicas a maioria das partes algumas pessoas não cantam entendeu?

Pesquisadora Você está falando da música shimbalae? O arranjo da música é

dividido com o coral e

solista, as crianças cantam

apenas o refrão

Aluno Sim, eu gostaria de cantar tudo. Divertimento Pesquisadora Na aula de música você gosta e não

gosta..

Aluno Gosto da batida das músicas do jeito dos Prazer

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ATORES DESCRIÇÃO OBSERVA-ÇÕES FUNÇÕES

músicos tocarem e... hum... não tem o que eu não gosto.

Estético

Pesquisadora A música permite o quê? Aluno Ver várias... tipo vê....vê o mundo mais

amplo assim que nem como eu te disse antes a gente pode é.. assim, ser cantor tocador de violão de guitarra no futuro. Pode conhecer bastante... o mundo assim.

Prazer Estético

Pesquisadora Por que você escolheu tocar violão? Aluno Porque eu já tentei tocar violino só que

eu não me adaptei muito bem. Com o violão foi um instrumento que eu mais me adaptei de tocar.

Pesquisadora O que mudou em você com a música? Aluno Meu jeito de ver as coisas. Pesquisadora E na escola mudou algo? Aluno Mais ou menos por que daí meus amigos

eles ficam passando... perguntando se eu sei essa música eles interage sobre música por que tem alguns amigos meus tocam instrumento.

ALUNA: LILIAN E. (9 ANOS) Pesquisadora A música pra você é o quê? Aluna

É uma obra prima Prazer Estético

Pesquisadora Quando você vem à aula de música você sente o quê?

Aluna Alegre. Expressão Emocional

Pesquisadora Se você pudesse você mudaria? Aluna Não mudaria nada. Pesquisadora Na aula de música você gosta e não

gosta?

Aluna Eu gosto das músicas .... não sei. Pesquisadora E não gosta? Aluna Na verdade eu gosto de tudo. Pesquisadora O que mudou pra você com a música? Aluna Mudou a voz. Prazer

Estético Pesquisadora Por que você escolheu tocar violino? Aluna Ah! Porque é legal. Importante. Expressão

Emocional Pesquisadora E na escola mudou algo? Aluna Não

ALUNA: SUELI B. (12 ANOS) Pesquisadora A música pra você é o quê? Aluna Eu acho é expressar o jeito de... o que...

o teu sentimento o que tu tá sentido. Expressão

Emocional Pesquisadora Quando você vem à aula de música você

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ATORES DESCRIÇÃO OBSERVA-ÇÕES FUNÇÕES

sente o quê? Aluna Ah! Eu fico alegre porque uma coisa a

mais que eu posso aprender. Expressão

Emocional Pesquisadora Se você pudesse mudaria o quê? Aluna Se eu pudesse, olha não tenho uma idéia

na cabeça pra mudar alguma coisa.

Pesquisadora Na aula de música você gosta e não gosta.

Aluna Eu gosto de cantar claro né! E eu gosto quando os músicos ficam tocando assim. E eu não gosto é da bagunça por que isso atrapalha muito o desenvolvimento.

Prazer Estético

Pesquisadora A música te permite o quê? Aluna A música como eu já disse permite

expressar os sentimentos. Expressão

Emocional Pesquisadora O que mudou em você com a música? Aluna Eu era um pouco tímida daí eu fiquei

mais alegre. Expressão

Emocional Pesquisadora Na escola mudou algo? Aluna Não.

ALUNA: JÉSSICA G. (9 ANOS) Pesquisadora A música pra você é o quê? Aluna É legal. Expressão

Emocional Pesquisadora Quando você vem à aula de música você

sente o quê?

Aluna Tô sentido que eu tô aprendendo. Função Cognitiva.

Pesquisadora Se você pudesse mudaria o quê? Aluna As músicas coloca mais... não sei

responder. Pensa um

pouco. Acho que ficou

envergonhada porque eu cuido do coral. Por

este motivo não quis

expressar sua opinião.

Pesquisadora Na aula de música você gosta e não gosta.

Aluna Eu gosto das músicas e não gosto porque quando erra tem que começar desde o começo.

Expressão Emocional

Pesquisadora O que mudou em você com a música? Aluna Ah! Não sei acho que foi minha voz. Prazer

Estético Pesquisadora Por que você escolheu tocar violino? Aluna Porque eu achei legal a forma do violino. Prazer

Estético

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ATORES DESCRIÇÃO OBSERVA-ÇÕES FUNÇÕES

Pesquisadora E na escola mudou algo? Aluna Não.

ALUNA: VALÉRIA D. (13 ANOS) Pesquisadora A música pra você é o quê? Aluna Arte vontade. Tem vez que eu canto pra

alegrar. Expressão

Emocional Prazer

Estético Pesquisadora Quando você vem à aula de música você

sente o quê?

Aluna Vontade de canta. Divertimento Pesquisadora Se você pudesse mudaria o quê? Aluna Música mais comum que agente conhece

mais.

Pesquisadora Qual música? Aluna A música que a gente gosta é um minuto.

Uma música que soa mais agudo. Prazer

Estético Pesquisadora Na aula de música eu gosto e não gosto. Aluna Meu jeito de cantar. Expressão

Emocional Pesquisadora E não gosto? Aluna Eu não gosto de errar. Expressão

Emocional Pesquisadora E na escola mudou algo? Aluna Não.

ALUNA: FABRÍCIA T. (13 ANOS) Pesquisadora A música pra você é o quê? Aluna A música eu acho assim: É uma porta pro

sucesso.

Pesquisadora Quando você vem à aula de música você sente o quê?

Aluna Sinto-me feliz de tá aprendendo cada dia mais.

Expressão Emocional

Pesquisadora E se você pudesse mudaria o quê? Aluna Na minha opinião eu acho o horário das

aulas.

Pesquisadora Na aula de música você gosta e não gosta.

Aluna Eu gosto de aprender mais, não gosto quando os colegas por exemplo ficam.... eles entendem mas não querem fazer o certo

Função Cognitiva.

Pesquisadora A música permite o quê? Aluna Me permite como eu falei no começo

abre mais portas e mais chances.

Pesquisadora Por que você escolheu tocar violino? Aluna Eu sempre achei bonito olha na televisão

e vê aquelas orquestras aquelas pessoas tocando

Expressão Emocional

Prazer Estético

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ATORES DESCRIÇÃO OBSERVA-ÇÕES FUNÇÕES

Pesquisadora O que mudou em você com a música? Aluna Antes sobrava tempo hoje praticamente o

tempo voa quando a professora me da para estudar violino.

Pesquisadora Na escola mudou algo? Aluna Mudou por que tem amigos meus que

tocam violino, violão e às vezes a gente até discute um pouco mais sobre as notas.

Aqui a aluna está se

referindo a partituras.

Prazer Estético

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APÊNDICE B - Carta de Autorização

Eu ......................................................................................., inscrito no CPF sob o

n°.................................................................., e no RG .................................................,

residente e domiciliado à .................................................. autorizo o meu filho (a)

.................................................................................................................... a participar

da pesquisa de mestrado da professora Doriane Braatz, através de uma entrevista,

sobre o valor das aulas de música.