O uso de esteroides anabolizantes por praticantes de academias

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FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE FERNANDÓPOLIS FACULDADES INTEGRADAS DE FERNANDÓPOLIS DEISE CRISTINA BEUREN PLETSCH DENISE CAREN OZÓRIO LEONEL MARIELLE SANINI NÁBILA FERNANDA DA SILVA O USO DE ESTEROIDES ANABOLIZANTES POR PRATICANTES DE ACADEMIA EM FERNANDÓPOLIS FERNANDÓPOLIS 2011

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Page 1: O uso de esteroides anabolizantes por praticantes de academias

FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE FERNANDÓPOLIS

FACULDADES INTEGRADAS DE FERNANDÓPOLIS

DEISE CRISTINA BEUREN PLETSCH

DENISE CAREN OZÓRIO LEONEL

MARIELLE SANINI

NÁBILA FERNANDA DA SILVA

O USO DE ESTEROIDES ANABOLIZANTES POR PRATICANTES DE

ACADEMIA EM FERNANDÓPOLIS

FERNANDÓPOLIS

2011

Page 2: O uso de esteroides anabolizantes por praticantes de academias

DEISE CRISTINA BEUREN PLETSCH

DENISE CAREN OZÓRIO LEONEL

MARIELLE SANINI

NÁBILA FERNANDA DA SILVA

O USO DE ESTEROIDES ANABOLIZANTES POR PRATICANTES DE

ACADEMIA EM FERNANDÓPOLIS

Trabalho de conclusão de curso apresentado à

Banca Examinadora do Curso de Graduação em

Farmácia da Fundação Educacional de

Fernandópolis como exigência parcial para obtenção

do título de bacharel em farmácia.

Orientador: Prof. MSc. Giovanni Carlos de Oliveira

FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE FERNANDÓPOLIS

FERNANDÓPOLIS

2011

Page 3: O uso de esteroides anabolizantes por praticantes de academias

DEISE CRISTINA BEUREN PLETSCH

DENISE CAREN OZÓRIO LEONEL

MARIELLE SANINI

NÁBILA FERNANDA DA SILVA

O USO DE ESTEROIDES ANABOLIZANTES POR PRATICANTES DE

ACADEMIA EM FERNANDÓPOLIS

Trabalho de conclusão de curso aprovado como

requisito parcial para obtenção do título de bacharel

em farmácia.

Aprovado em: 21 de novembro de 2011.

Banca examinadora Assinatura Conceito

Prof. MSc. Giovanni Carlos de

Oliveira

Profa. Esp. Rosana Matsumi

Kagesawa Motta

Prof. MSc. Roney Eduardo Zaparoli

Prof. MSc. Giovanni Carlos de Oliveira

Presidente da Banca Examinadora

Page 4: O uso de esteroides anabolizantes por praticantes de academias

Dedicamos este trabalho primeiramente a Deus, pois

sem Ele, nada seria possível, e nossos sonhos não

seriam concretizados.

À nossa família e amigos, que sempre nos deram

apoio, e estiveram presentes acreditando em nosso

potencial, sempre incentivando na busca de novas

realizações e descobertas.

Page 5: O uso de esteroides anabolizantes por praticantes de academias

Deleita-te também no SENHOR, e Ele te

concederá os desejos do teu coração.

Entrega o teu caminho, confia nEle, e Ele o

fará.

Salmos 37:4-5

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RESUMO

Os esteroides androgênicos anabólicos (EAA) são substâncias quimicamente semelhantes à testosterona e que teriam a propriedade de aumentar a força e a massa muscular. Apesar do uso terapêutico, os EAA estão associados a uma série de efeitos nocivos, e não obstante, são alvos de abuso pelos competidores e mais recentemente difundido em ambientes de prática de exercícios físicos, em geral. O objetivo deste foi avaliar a incidência de EAA, bem como o perfil dos praticantes de atividade física de três academias da cidade de Fernandópolis. Utilizou-se como instrumento de coleta de dados, um questionário composto por 25 questões de objetivas. O grupo de estudo foi constituído por 60 frequentadores de tais academias. Os dados foram tratados em termos de percentuais. Constatou-se que 43% dos entrevistados utilizam ou já utilizaram algum tipo de EAA. O consumo maior destes produtos ocorreu em jovens com idade de 21 a 25 anos (38%) e nível superior de escolaridade (60%), sendo todos do sexo masculino. Os EAA mais utilizados foram o Durateston® (25%), o Winstrol® (25%) e o Deca-durabolin® (17%). Destaca-se que 38% fazem uso com finalidade estética e 38%, ganho de força. Dentre os consumidores de EAA, 31% relataram ter evidenciado efeitos adversos como: aumento da libido (23%); aparecimento de acne (17%); dependência (13%); pressão alta (13%); agressividade/alteração do humor (10%); atrofia dos testículos (7%); náuseas e vômitos (7%) e outros (10%). A pesquisa mostrou que existe uma significativa utilização de EAA pelos frequentadores das academias investigadas na cidade de Fernandópolis. Com base nos dados obtidos, recomenda-se a realização de uma maior fiscalização por parte dos órgãos responsáveis pela proteção do consumidor, e ressalta-se a necessidade de ações preventivas e educativas junto à população, como uma forma de proteção para os frequentadores de academias.

PALAVRAS-CHAVE: Esteroides androgênicos anabólicos. Jovens. Academias.

Incidência. Estética.

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ABSTRACT

The anabolic androgenic steroids (AAS) are chemically similar to testosterone and would have the property to increase strength and muscle mass. Despite therapy, the AAS are associated with a big number of adverse effects, and yet, are targets of abuse by competitors, and more recently in an environment of widespread physical exercise in general. The purpose of this was to evaluate the incidence of AAS and the profile of practitioners to physical activities in three academies of gym in the city of Fernandópolis - SP. It was used as an instrument for data collection, a questionnaire composed of 25 multiple choice questions. The study group consisted of 60 attendees in such academie of gym. The data were treated in terms of percentages. It was found that 43% use or have used some type of AAS. The increased consumption of these products occurred in youth aged 21 to 25 years (38%) and higher education level. All male. AAS were the most commonly used Durateston® (25%), Winstrol ® (25%) and Deca-Durabolin ® (17%). It is noteworthy the 38% use with an esthetic purpose and 38% to strength gain. Among consumers of AAS 31% reported having shown adverse effects such as increased libido (23%), appearance of acne (17%), dependence (13%), high blood pressure (13%), aggressiveness / mood changes (10 %), testicular atrophy (7%), nausea and vomiting (7%) and others (10%). Research has shown that there is a significant use of AAS by gym goers in the city of Fernandópolis-SP. Based on the data obtained, it is recommended to carry out further inspection by the supervisory bodies, responsible for the protection of consumer, and emphasize the need for preventive measures and education among the population as a form of protection for bodybuilders in gym academies. Keywords: Anabolic androgenic steroids. Young people. Academies. Incidence. Aesthetic.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Estrutura da molécula de colesterol, precursora dos diversos

hormônios esteroides do organismo humano...........................

21

Figura 2- Síntese de esteroides a partir do colesterol.....................................

21

Figura 3- Mecanismos de atuação dos hormônios esteroides que levam à

alteração na síntese de proteínas....................................................

22

Figura 4- Idade dos pesquisados....................................................................

37

Figura 5- Grau de escolaridade dos entrevistados..........................................

37

Figura 6- Utilização de anabolizantes.............................................................

38

Figura 7- Finalidade do uso.............................................................................

38

Figura 8- Anabolizantes utilizados...................................................................

39

Figura 9- Conhecimento dos efeitos indesejáveis dos anabolizantes.............

40

Figura 10- Sintomas indesejáveis evidenciados durante o uso.........................

41

Figura 11- Sintomas evidenciados....................................................................

41

Figura 12- Conhecimento dos entrevistados sobre a prevenção de efeitos

adversos com o uso de outros produtos..........................................

42

Figura 13- Utilização de outras substâncias associadas à esteroides

anabolizantes...................................................................................

43

Figura 14- Substâncias associadas a anabolizantes.........................................

43

Figura 15- Intenção de uso de anabolizantes...................................................

45

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

C-17 – Carbono na Posição Dezessete Da Molécula De Colesterol;

C-3 – Carbono na Posição Três Na Molécula De Colesterol;

CID-10 - Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à

Saúde (ou Classificação Internacional de Doenças);

COI - Comitê Olímpico Internacional;

DSM-IV – Diagnostic and Statistical Manual Disorders (Manual Diagnóstico e

Estatístico de Transtornos Mentais 4º Edição);

EAA- Esteroides Androgênicos Anabólicos;

EUA- Estados Unidos da América;

GH – Growth Hormone (hormônio do crescimento);

HCG - Gonadotrofina Coriônica Humana;

HDL – High Density Lipoprotein (Lipoproteína de alta densidade);

HIV - Human Immunodeficiency Virus (vírus da imunodeficiência humana);

LDL – Low Density Lipoprotein (Lipoproteína de baixa densidade);

OMS- Organização Mundial de Saúde;

RBGO- Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia;

SIDA - Síndrome da Imunodeficiência Adquirida;

SNC – Sistema Nervoso Central;

SP- São Paulo;

TA – Transtorno Alimentar;

TDC – Transtorno Dismórfico Corporal;

THG - Tetrahidrogestinona;

TOC - Transtorno Obsessivo Compulsivo.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.......................................................................................................

11

1 ESTEROIDES ANABOLIZANTES.....................................................................

13

1.1 O surgimento dos esteroides........................................................................... 13

1.2 Ética e estética do esteroide............................................................................ 17

1.3 Drogas masculinizantes e individualismo........................................................ 19

1.4 Biossíntese dos hormônios esteroides............................................................ 19

1.5 Mecanismos de atuação dos hormonios esteroides....................................... 22

2 USOS TERAPÊUTICOS....................................................................................

23

3 PROBLEMAS COM ANABOLIZANTES E SUA RELAÇÃO COM SUPLEMENTOS ...................................................................................................

24

3.1 Efeitos adversos............................................................................................... 24

3.2 Suplementos alimentares................................................................................. 26

3.2.1 Suplementos ergogênicos............................................................................ 27

3.2.2 Suplementos termogênicos........................................................................... 28

4 CLASSIFICAÇÃO DOS ANABOLIZANTES..................................................... 29

5 SAÚDE X APARÊNCIA..................................................................................... 30

5.1 Corpo malhado, corpo saudável?................................................................... 30

5.2 Limites da vigorexia........................................................................................

34

6 MATERIAIS E MÉTODOS..................................................................................

36

7 RESULTADOS E DISCUSSÃO......................................................................... 37

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................... 46

REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 47

APÊNDICE ............................................................................................................. 51

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INTRODUÇÃO

Muitas pessoas se preocupam apenas com a beleza externa e com o formato

do corpo, esquecendo-se da saúde. Usam todos os artifícios para deixar o corpo

lindo, afinal é isto que a grande maioria das pessoas quer. Quando se tem um corpo

bem definido e com massa muscular, a pessoa é notada em qualquer lugar, o que

aumenta a autoconfiança e autoestima.

Existem pessoas que se sacrificam para ter um corpo bonito, com horas de

academia, dietas e regimes nutricionais. Já outros, realizam o sonho do corpo

perfeito, fazendo uso de métodos nada saudáveis, como o uso esteroides

anabolizantes, que são prejudiciais à saúde, causando vários efeitos adversos como

algumas características femininas nos homens e vice versa, levando a afinação da

voz em homens e engrossamento da voz nas mulheres e muitas vezes atrapalhando

o desenvolvimento sexual.

O uso abusivo de anabolizantes também pode causar aumento de pressão

sanguínea, acne devido à estimulação das glândulas sebáceas, crescimento

excessivo do coração, níveis elevados de colesterol ruim, arritmia cardíaca, cãibras,

câncer, cansaço, comportamento agressivo, crescimento anormal dos cabelos,

esterilidade irreversível, náuseas e vômitos frequêntes, insônia.

Diante de todos estes efeitos, será que realmente vale à pena fazer tudo isso

para ficar com o corpo lindo? Essa é mais uma das questões a serem abordadas no

trabalho presente.

Um grande problema é que a busca de corpos esculpidos à base de remédios

e drogas está levando jovens de aparência saudável a um vício muitas vezes sem

volta. Apesar de não haver estatísticas concretas, sabe-se que vem crescendo o

número de consumidores da droga, principalmente em academias. E não são

apenas os atletas em busca de mais força, velocidade, e resistência dos músculos

os únicos a usá-las. O abuso desses medicamentos não é novidade, e um dos

maiores problemas, atualmente, é a adesão destas drogas em academias

convencionais.

O presente estudo tem por objetivo investigar a prevalência do uso de

substâncias químicas com a finalidade de modelagem corporal, em especial dos

Esteroides Anabólicos Androgênicos (EAA), entre jovens praticantes de academias

na cidade de Fernandópolis, tendo como objetivos específicos, a relação destes com

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a prática de atividades físicas, a finalidade do uso e o conhecimento dos riscos e

efeitos dessas substâncias.

Este trabalho foi dividido em cinco capítulos, sendo que o primeiro aborda a

origem dos esteroides anabolizantes, sua síntese em laboratório, modo de ação dos

mesmos e o motivo principal de seu uso não médico, onde Transferreti (2002)

coloca o corpo como um ídolo, visto que o ser humano passou a adorar e servir o

próprio corpo, passando a ignorar o bom senso quanto ao uso indiscriminado de tais

drogas.

Já o segundo capítulo comenta a respeito dos usos terapêuticos dos EAA que

segundo Baptista et al (2009) se dão desde a década de 50, afinal, os esteroides

anabolizantes utilizados em doses terapêuticas não são de um todo prejudiciais.

No terceiro capítulo os efeitos adversos são evidenciados devido ao seu uso

não médico, onde é possível observar o abuso de anabolizantes por indivíduos

saudáveis. No mesmo capítulo é feito um breve comentário acerca do uso de

suplementos com finalidade de obter massa muscular, o que segundo Altimari

(2000) também podem ser considerados drogas terapêuticas. Ainda, Guimarães

(2006) afirma que tais suplementos vendidos legalmente podem ter contaminações,

e não conter os percentuais das substâncias listadas no rótulo.

O quarto capítulo secciona os anabolizantes em classes, tais como,

androgênicos, não-androgênicos, e derivados para uso veterinário, comentando o

motivo da regulamentação destas substâncias pelos órgãos de vigilância e Ministério

da Saúde, que a princípio apenas deveriam ser utilizadas com finalidade terapêutica

no caso de algumas doenças por deficiência ou queda hormonal (ARAUJO;

ANDREOLO E SILVA, 2002).

No último capítulo, faz-se uma comparação entre saúde e aparência, onde a

saúde passa a ser considerada como um prêmio, visto que a prática de atividades

físicas vem se tornado menos interessante devido ao uso de substâncias com um

efeito bem mais rápido do que anos de exercícios a fio (TOSCANO, 2011). O que

segundo Chaves (2010) tem preocupado os médicos. Pope et al (2000) leva a

conhecer a instalação de uma doença a Dismorfia Muscular ou vigorexia, que têm

deixado pessoas obsessivas por uma imagem musculosa no espelho.

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1 ESTEROIDES ANABOLIZANTES

1.1 O surgimento dos esteroides

Segundo Campbell (2001), com o avanço da tecnologia e a facilidade das

telecomunicações, espalhar um estereotipo tido como a imagem da perfeição do

corpo, foi algo fácil que alcançou várias culturas. O que é visto como imperfeição

física em indivíduos comuns começa a chocar-se com imagens de “corpos perfeitos”

(musculosos, torneados, magros, sem celulites, bronzeados, sempre expressando a

tal perfeição) em filmes, televisão, computadores, revistas, a imagem de modelos,

selecionados com rigor de detalhes, modificadas e aperfeiçoadas por técnicas de

computação gráfica e photoshop, induz à obsessão por este tipo de corpo

provocando uma autoilusão.

Transferreti (2002) mostra que esta idolatria às imagens torna as culturas

investidoras na construção física, o que leva milhares de pessoas a consumirem

diariamente vários tipos de produtos em prol de alguma modificação no corpo:

medicamentos, filmes e revistas relacionadas, exercícios, dietas e suplementos

alimentares, movimentando a grande e crescente Indústria da saúde. Como afirma

Pasquali et al (2011) às fábricas de formas (academias) surgem como grandes

indústrias na produção de corpos que sigam os padrões criados pela sociedade.

Estes corpos esculturais são considerados como uma espécie de ídolo, já que

a publicidade em torno dos mesmos contribui para a formação de tribos como uma

tentativa de descrever alguma divindade ou poder superior, já que o ser humano

sempre teve a necessidade de corporificar tudo àquilo que serve, crê e adora

(TRANSFERRETI, 2002).

Já para Rocha (1995), a publicidade, aparece como um paradigma dando

sentido a todo o processo de “purificação” do corpo, o ascetismo da produção física

voltado para o consumo. Assim como um índio pode detectar um branco através de

seu comportamento ou aparência, podemos, através disto, definir se alguém é

fisiculturista ou “marombeiro”, ou se dedica regularmente a musculação e

academias.

De acordo com Courtine (1995) como resultado do maior aprendizado e

práticas sobre a saúde e a fisiologia humana, os esteroides anabolizantes sintéticos

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mostram-se como drogas exclusivas que hoje são consumidas de forma abusiva

com o intuito de modificar a forma do corpo, mudando a morfologia individual. Tais

substâncias surgiram de pesquisas farmacêuticas realizadas no final do século XIX e

primeira metade do século XX.

Conforme Sabino (2004), em 1 de junho de 1889, Charles Edouard Brown-

Séquard, um relevante médico e cientista francês, comunicou à Sociedade de

Biologia de Paris que estava estudando uma terapia rejuvenescedora do corpo e da

mente. O cientista de 72 anos estava experimentando, em si mesmo, injeções de

líquidos tirados dos testículos de cachorros e porcos da guiné. Tais injeções,

segundo seu próprio relato, haviam aumentado sua força física e sua energia

intelectual, fazendo recrudescer suas constipações e aumentando o esguicho de sua

urina. Com as experiências adquiridas, Brown-Séquard pode notar a importância

destas substâncias liberadas por certas glândulas (neste caso, os testículos) e de

como estas substâncias atuavam como reguladores fisiológicos. Depois de tantos

experimentos Séquard, iniciou uma verdadeira corrida em busca de isolar os

hormônios (nome dado a tais substâncias em 1905).

Em 1896, dois químicos austríacos, Oskar Zoth e Fritz Pregl, perceberam que

as injeções de extratos testiculares de touros produziam um significativo ganho de

força em seres humanos. Eles injetavam essas substâncias em si mesmos, e

mediam através de um instrumento denominado ergógrafo de Mosso, a força de

seus dedos médios. A partir dos resultados os cientistas passaram a dar palestras,

onde afirmavam que tais substâncias poderiam ser consumidas por atletas para

melhorar seu desempenho em competições e exercícios. Logo, os extratos

testiculares mostraram-se como um tipo de elixir de força e juventude, então foram

formadas equipes de pesquisa na Europa e nos EUA para descobrir sobre como

produzí-los em laboratório (SABINO, 2004).

Goldenberg apud Sabino (2002) relata que:

Em 1913 o médico norte-americano Victor Lespinasse, de Chicago, transplantou um testículo humano para um paciente que havia perdido os seus e sofria de disfunção sexual. Quatro dias após a cirurgia, a capacidade sexual do paciente havia sido segundo o médico, recuperada. Tais experimentos tiveram continuidade e, em 1920, outro médico, Leo Stanley, residente da prisão de S. Quentin na Califórnia, passou a transplantar testículos de animais em presos com problemas de impotência, diabetes, asma, senilidade, paranoia, e grangrena, afirmando que tais operações causavam considerável melhora em seus pacientes. Também, durante a década de 1920, o

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médico russo Serge Voronoff realizou transplantes de testículos de macacos em seres humanos. De forma paralela a tais procedimentos, que logo caíram em desuso, outros pesquisadores procuravam isolar, de forma sintética, o hormônio testicular. Em 1911 A. Pezard descobriu que as características sexuais masculinas cresciam proporcionalmente à aplicação de substâncias testiculares em animais, percebendo os efeitos androgênicos – masculinizantes – de tais extratos.

Hoberman (1995) conta que durante as duas próximas décadas, muitos

cientistas procuraram melhorar os estudos sobre efeitos dos hormônios, visando

isolar o componente químico presente nos testículos de animais e urina humana. Só

em 1931, o cientista alemão Adolf Butenandt conseguiu isolar 15 miligramas do

hormônio não testicular, que ele chamou de Androsterona, os 15 miligramas foram

isolados a partir de 15.000 litros de urina, de homens que trabalhavam como

policiais.

A testosterona, o hormônio natural masculino, que é bem mais poderoso do

que a Androsterona, só foi isolado em laboratório em 1935, pelos pesquisadores

Karoly Gyula David e Ernst Laqueur, financiados pela Organon Company da

Holanda. No mesmo ano os pesquisadores Butenandt e Hanisch, financiados pela

Schering Corporation de Berlim, apresentaram os resultado de suas pesquisas sobre

a produção de testosterona a partir do colesterol, também em 1935, Leopold

Ruizicka e Alfred Wettstein, anunciaram sua descoberta sobre a preparação do

hormônio testicular testosterona (Androsten-3one-17-ol) (HOBERMAN,1995).

Hoberman (1995) afirma que depois dessas descobertas o mercado que

utilizava a testosterona criada em laboratório, cresceu bastante, tanto na medicina

como na estética, esse crescimento aumentou quando Charles Kochakian descobriu

o potencial anabólico da testosterona, essa facilidade e rapidez do crescimento

muscular devido ao uso dessas substâncias atraíram fisiculturistas, atletas

profissionais e amadores de outras modalidades, nessa época, era possível ver sua

utilização até mesmo entre alunos de colegial e universidades americanas. No ano

de 1970 o Comitê Olímpico colocou em prática alguns testes para detectar o uso de

tais substâncias, por atletas, eliminando das competições aqueles que fossem pegos

como sendo usuários destas drogas. Depois disso, muitos técnicos e atletas, tem

achado maneiras de burlar estes testes.

Sabino (2004) demonstra o quão interessante foi a expansão do uso dessas

substâncias, que a princípio eram apenas direcionadas ao uso farmacológico, mas

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acabaram se infiltrando ilegalmente nos esportes, tanto amadores como

profissionais, e hoje influenciam até mesmo na estética, no dia-a-dia de pessoas

comuns que desejam melhorar sua aparência.

Com o passar do tempo o corpo tornou-se uma maquina produtora de

dinheiro, inclusive para uma possível economia libidinal, que aumentou o consumo

de tudo que fosse relacionado à modificação do corpo (SAFATLE, 2007). Com isso,

os anabolizantes apresentam-se como uma forma de alcançar um corpo

considerado perfeito, ou simplesmente diferente, e que seriam utilizados para dar

manutenção, no corpo, que agora com a autoidolatria, é considerado veículo de

prazer e auto-expressão, produtor de uma sociedade individualista e racionalizante

(SABINO, 2004).

Knopp (2006) faz menção de um aspecto que pode facilmente ser percebido

na propaganda de imagens, onde os rótulos de produtos, capas de revistas,

protagonistas de outdoors, são atores, cantores, modelos e atrizes, pessoas

produzidas, que espelham os padrões de beleza que a sociedade colocou como

savoir vivre. Surge daí a necessidade de os indivíduos adotarem como objetivo a

responsabilidade de desenhar o seu próprio corpo, criando assim, seu passaporte

para sistema.

No sistema de economia que se expressa por meio de imagens, no caso

corpos, pessoas comuns são incitadas a consumir e acabam se sujeitando a dietas,

exercícios, medicamentos, clínicas de estética e academias, sendo considerada uma

espécie de classe que visa conquistar respeito e admiração utilizando sua

aparência. Hoje o corpo é visto como uma matéria prima, ou como algo imperfeito

que pode se tornar perfeito, praticamente imortal através da ciência e da tecnologia.

E assim a mídia utilizando de uma perspectiva social, manipula indiretamente a

mente das pessoas, considerando vencedores aqueles que se encaixam no perfil

por elas estipulado (CABEDA, 2004).

Meurer et al., (2008) enfatiza que a mídia sempre foi tendenciosa, e como o

saber e a prática relacionados ao uso dos esteroides anabolizantes fazem parte do

processo de culto ao corpo, já que são utilizados como instrumentos pelos seus

usuários, sempre em busca deste paraíso onde seus corpos e suas imagens são

intercambiáveis, como se fossem moedas. Isto acaba educando, moldando e

governando as pessoas, e assim, o corpo não pode deixar de ser relacionado com

poder, colocando cada individuo no seu lugar no espectro social.

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A crença no corpo (corpolatria) é contraditória, já que associa a construção da

saúde ao consumo de substâncias químicas – fármacos. Buscando o inalcançável,

pessoas ingerem cada vez mais produtos “mágicos” aprovados pela ciência para

melhorar sua aparência. Essa cultura de se automedicar da sociedade coloca o

fármaco como fetiche, fórmula milagrosa, para muitos que não se enquadram nos

padrões de beleza, isto é sinônimo de felicidade. Infelizmente esse mito de que a

felicidade ou a saúde possam ser encontradas e compradas em consultórios,

drogarias ou contrabandeadas em academias de fitness ressalta que a busca da

felicidade está na sua própria destruição (SABINO, 2002).

1.2 Ética e estética do esteroide

Os fisiculturistas utilizam com regularidade fármacos, drogas masculinizantes,

visto que são compostos geralmente constituídos por hormônios masculinos

sintéticos, virilizantes que provocam não só o aumento da massa muscular, mas

também a maior expressividade de características sexuais masculinas (aumento de

pêlos por todo o corpo, voz mais grave, etc.). O mesmo autor, sugere que é preciso

entender que o uso destas substâncias está diretamente ligado à visão de mundo do

grupo mencionado, que tende a classificar indivíduos de acordo com a sua

aparência (BAGRICHEVISKY, 2004).

Sabino (2004) comenta:

Estas substâncias hormonais são para uso em seres humanos, porém alguns praticantes utilizam hormônios fabricados para cavalos e para uso veterinário, em geral, como o Equifort e o Androgenol por acharem mais potentes que as substâncias direcionadas para humanos. Na primeira semana de agosto do ano de 2000 a imprensa brasileira noticiou a morte do estudante Jean Mendonça de Mesquita, de 23 anos, lutador de jiu-jitsu que participava de um campeonato no bairro da Tijuca no Rio de Janeiro, devido ao uso de Potenay uma substância indicada para cavalos anêmicos. O atleta teve infarto quando se preparava para lutar. Esta substância (Potenay) não é anabolizante, mas indica a tendência, entre os marombeiros, de usar remédios para cavalos pensando alcançar maior eficácia. O Potenay é uma substância vitamínica injetável com alto teor de anfetamina podendo causar arritmia cardíaca. O consumo de produtos para cavalos e animais de grande porte tem aumentado entre os frequentadores assíduos das academias de musculação e fitness. Xampus, pomadas, vitaminas, esteroides anabolizantes e até mesmo rações têm sido consumidos por estas pessoas devido à representação social de força que tais substâncias portam.

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Segundo Machado et al (2011) o uso destas drogas também está relacionado

diretamente à construção do ritual da pessoa, além de sugerirem uma hiper-

masculinização da estética em academias, o que mostra o consumo desta nova

classe de drogas, que não deixam de ser um problema de saúde pública. Como

mostram pesquisas, além de drogas anabolizantes, os praticantes de musculação,

também fazem o uso de suplementos, como por exemplo, a Creatina que é muito

utilizada. A faixa etária dos consumidores potenciais destes componentes químicos

varia entre 18 e 26 anos principalmente, e na maioria das vezes, fazem o uso com

objetivo de ganhar massa muscular.

Substâncias que causam dependência, tolerância e/ou síndrome de

abstinência, são consideradas tóxicos. E visto que qualquer substância que,

introduzida no organismo, altere seu metabolismo, e sentidos é classificada como

droga. Pode se afirmar que os esteroides anabolizantes conduzem a dependência

psicológica, tolerância e ainda alteram o metabolismo orgânico, são considerados

drogas tóxicas (OMS, 2011).

Sabino (2004) mostra o chocante relato de dois jovens:

“Ah, cara, tenho 20 anos, se quando eu tiver trinta, trinta e dois, eu tiver doente, foda-se... isso é um risco. A vida é isso: temos que correr riscos, certo? Se quisermos conseguir as coisas... eu não vou é ficar feio, gordo, sem pegar ninguém, apanhando dos outros, sem conseguir emprego, sem ser respeitado agora, esperando chegar aos 30, 40 com saúde... e se eu não chegar lá, e se eu morrer de tiro na rua, com tanto assalto e briga que tem por aí... se eu for atropelado? Entendeu? Então eu uso bomba mesmo e que se dane o mundo!” (Pedro, 20 anos, Estudante). Ainda: “(...) de que adianta viver muito e ser um fracassado? Um infeliz que não pega mulher, não consegue ser respeitado, não consegue se olhar no espelho? É melhor viver pouco e feliz do que muito e desgraçado. Se o diabo aparecesse para mim e dissesse: „cara, vou te dar tudo que você quiser, mas vou deixar você viver só mais dez anos‟ eu ia topar na hora! (Mario, 27 anos, Personal Trainner).

Bagrichevisky (2004) escreveu que os bodybuilders não nascem, são

construídos. Isto não ocorre de uma hora para outra, diz. Esta construção demora

anos, e horas por dia, drogas e exercícios são as bases dessas edificações

monstruosas. Com isso vêm as consequências, tais como, lesões por esforço

repetitivo, bursites, artrites, tendinites, hepatites medicamentosas, hipertensão, entre

outros efeitos adversos. Tais riscos representam barreiras a serem superadas,

significam até aquisição de respeito no âmbito social das academias. A mídia, ao

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19

mesmo tempo em que reivindica saúde, incentiva a busca por mudanças corporais,

veiculando imagem dos últimos padrões estéticos. Essa imposição subliminar da

forma física tem incentivado ao consumo de drogas e da automutilação devido a

exercícios exagerados.

Segundo O Globo (2003):

O uso de esteroides (Dianabol) foi detectado de fato em 1956 nos jogos de Moscou. Desde então o uso de tais substâncias tem crescido entre os atletas, não apenas fazendo parte dos rituais de treinamento e competições, mas contribuindo para a formação de uma espécie de indústria de subversão de testes antidoping. Esta indústria, formada por técnicos, médicos, laboratórios, pesquisadores e nutricionistas, busca subverter os testes criando substâncias esteroides que não podem ser detectadas, a princípio, em exames de sangue e urina. O último caso, divulgado em outubro de 2003 na mídia, foi a da tetrahidrogestinona ou THG; essa nova molécula reúne os esteroides Gestrinona e Trembolona. Em seu núcleo, há quatro anéis de benzeno aos quais o metil e o hidroxil estão ligados. Grupos adicionais de metil ou etil – átomos de três carbonos e seis de hidrogrogênio foram somados para criar esse novo esteroide. Tal combinação possibilitou que o novo esteroide sintético não fosse detectado nos exames tradicionais antidoping. O uso da substância foi descoberto devido ao fato de um técnico, não identificado, ter feito a denúncia à Agência Americana Antidoping, de que atletas americanos e estrangeiros estavam utilizando uma substância que não era detectada. O técnico enviou uma seringa com resquícios da substância que foi analisada pelas autoridades, e detectou a nova droga.

1.3 Drogas Masculinizantes e Individualismo

É interessante observar que em academias, o individuo é considerado

responsável pelo seu corpo, inclusive pelos efeitos que podem o acompanhar, tudo

isto é algo que costuma ser reconhecido ao se comparar seu corpo agora, ao seu

corpo antes de começar a malhar. Tal visão individualista dá a pessoa, a capacidade

de decidir qual será seu destino. O corpo aparece como objeto sobre o qual atua o

poder da mídia (GOLDENBERG, 2006).

1.4 Biossíntese dos hormônios esteroides

No organismo os hormônios são produzidos por várias glândulas de secreção do

sistema endócrino. Juntamente com o sistema nervoso, os hormônios transportam

Page 20: O uso de esteroides anabolizantes por praticantes de academias

20

informações de um órgão para outro. Eles servem como reguladores, pois integram várias

funções do corpo para criar um equilíbrio adequado. (SILVA; LIMA, 2007).

Silva e Lima (2007) afirmam ainda, que quando preciso, os hormônios são

excretados para controle de uma reação particular em determinadas células. São

liberados, conduzidos pelo sangue até seu alvo, realizam sua tarefa, e são ligeiramente

inativados.

Os esteroides hormonais podem ser classificados em: glicocorticosteroides,

esteroides cujo papel primordial envolve o equilíbrio da glicose; mineralocorticoides, que

exercem seu efeito na manutenção do equilíbrio mineral, como a retenção de sal; e os

que exibem atividade estrogênica ou androgênica (MARQUES, 2003).

De acordo com Oliveira et al., (2006), os principais hormônios esteroides são:

aldosterona, cortisol, estradiol, progesterona e testosterona, sendo este último, o principal

hormônio masculino, e o androgênio mais importante secretado pelos testículos.

A testosterona é um esteroide de 19 carbonos sintetizado a partir do colesterol

(SILVA; LIMA, 2007). É responsável pelo desenvolvimento das características sexuais

relacionadas à masculinidade durante e após a puberdade (SANTOS et al., 2006). Ele

eleva o crescimento dos músculos, fígado e rins estimulando a síntese proteica. Já os

estrógenos, hormônios sexuais femininos, são esteroides de 18 carbonos que têm como

base o estradiol que é produzido nos ovários a partir da testosterona (SILVA; LIMA,

2007).

Todos os hormônios esteroides são derivados do colesterol, o mais importante

esterol (lipídio estrutural existentes em membranas de muitas das células eucarióticas),

composto de 27 átomos de carbono; um grupo cabeça-polar (grupo hidroxila em C-3) e

um corpo não-polar (o núcleo esteroide e uma cadeia lateral hidrocarbonada em C-17),

como mostra a seguir:

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21

Figura 1 - Estrutura da molécula de colesterol, precursora dos diversos hormônios esteroides do organismo humano.

Fonte: SILVA; LIMA, 2007.

A síntese dos esteroides exige a retirada dos carbonos da cadeia alquila ligada no

C-17 do anel D (SILVA; LIMA, 2007).

Estruturalmente os esteroides se distinguem quanto ao número e a posição dos

grupos funcionais, ao grau de saturação e à extensão da cadeia alquila lateral ligada ao

carbono 17, como mostra a figura abaixo:

Figura 2 - Síntese de esteroides a partir do colesterol

Fonte: ARAÚJO, 2003.

Page 22: O uso de esteroides anabolizantes por praticantes de academias

22

1.5 Mecanismo de atuação dos hormônios esteroides

Segundo Silva e Lima (2007), a testosterona, bem como os outros EAA, se ligam

com grande afinidade a um receptor específico situado nas células-alvo da musculatura

esquelética e em outros órgãos, formando um complexo esteroide-receptor, que incita o

mecanismo genético do núcleo celular a produzir ácido ribonucleico com mais rapidez.

Este ácido faz com que os ribossomos da célula sintetizem mais proteínas, como por

exemplo, a actina e a miosina, proteínas responsáveis pela contração muscular, que

podem originar mais força.

Devido à alta lipofilicidade dos hormônios esteroides, eles não se solubilizam

facilmente em fluídos extracelulares, por isso, são transportados pela corrente sanguínea

por meio de proteínas carreadoras específicas, até penetrar nas células-alvo. Uma vez no

núcleo, se ligam a proteínas receptoras de alta especificidade, induzindo a alterações

gênicas e metabólicas. Essa grande afinidade dos hormônios com seus receptores

garante que baixas concentrações sejam suficientes para uma boa responsividade

(SILVA; LIMA, 2007).

Nas células-alvo, esses hormônios atravessam facilmente a membrana

plasmática por simples difusão, para se ligarem em suas proteínas receptoras

específicas no núcleo. O esquema simplificado do mecanismo de atuação dos

hormônios esteroides pode ser observado na figura a seguir:

Figura 3 - Mecanismo de atuação dos hormônios esteroides que levam à alteração na síntese de proteínas.

Fonte: SILVA; LIMA, 2007.

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23

2 USOS TERAPÊUTICOS

Os EAA têm sido utilizados desde a década de 50, e podem ser utilizados

para os seguintes diagnósticos que segundo Baptista et al (2009):

Deficiências androgênicas como: hipogonadismo, puberdade e crescimento retardados, micropênis neonatal, deficiência androgênica parcial em homens idosos, deficiência androgênica secundária a doenças crônicas, na contracepção hormonal masculina e na deficiência endócrina testicular. Hipopituitarismo: (insuficiência global da hipófise anterior) administração de androgênios juntamente com somatotropina, tiroxina e um corticosteroide. Andropausa: tratamento com testosterona devido a uma diminuição da libido, da produção de sêmen, da espermatogênese, da atividade sexual e da massa muscular, a partir dos 50-60 anos, cujo principal sintoma é a impotência sexual. Osteoporose Pós-menopausa: para tratamento (de modo controlado), pois o balanço de azoto torna-se positivo, o que estimula a retenção de fósforo e cálcio e assim a formação de osso. Anemia: no tratamento de anemias refratárias, pois estimula a produção de eritropoietina e também em anemia por falência da medula óssea, mielofibrose, anemias associadas à insuficiência renal crônica e anemia aplásica. Carcinoma da mama metastásico: inoperável e onde a radioterapia não tem indicação, foram observados efeitos positivos em 30% dos casos (em mulheres). Angioedema hereditário: edemas na pele e mucosas. Carecem de um inibidor funcional do primeiro componente do complemento ou concentrações diminutas do inibidor e os androgênios aumentam a concentração desta proteína. Uso no catabolismo: em situações de desnutrição crônica, caquexia cancerosa, SIDA e em jovens em puberdade com baixa estatura. Rendimento energético: utilizados por atletas para melhorar o rendimento físico, mas de modo controlado. Insuficiência renal aguda: por causarem diminuição da produção de ureia, com consequente diminuição das diálises necessárias. Em casos de xaropeia: relacionada ao HIV em pacientes hipogonadais e eugonadais e da fadiga em pacientes com doença renal crônica submetidos à diálise, associada à cirrose alcoólica, à doença obstrutiva pulmonar crônica e por fim sarcopenia em pacientes com queimaduras graves. Síndrome de Turner: no tratamento da baixa estatura e em crianças com puberdade e crescimento retardados. Distrofia muscular de Duchenne: efeitos benéficos no retardo da fraqueza muscular com evidência de acelerar o crescimento linear.

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3 PROBLEMAS COM ANABOLIZANTES E SUA RELAÇÃO COM SUPLEMENTOS

3.1 Efeitos Adversos

Atualmente os anabolizantes têm causado um grande número de efeitos não

desejáveis, efeitos psicológicos são raros, porém existentes (MOREAU, 2003).

O uso abusivo dessas substâncias vem provocando certos tipos de distúrbios

comportamentais endócrinos, cardiovasculares, hepáticos e musculoesqueléticos.

Distúrbios endócrinos como: acne, atrofia dos testículos, queda de cabelo,

impotência sexual, redução do volume de esperma, ginecomastia, masculinização

das mulheres, crescimento do clitóris, irregularidade menstrual. distúrbios

cardiovasculares: ocorrem edemas devido à má circulação, hipertensão, aumento de

lipídeos no sangue podem levar a risco de doenças cardiovasculares, tais como

aumento do colesterol total, LDL e triglicérides e diminuição de HDL; distúrbios

hepáticos: aumento das enzimas do fígado, icterícia, raramente câncer do fígado;

distúrbios musculoesqueléticos: lesões osteomusculares, epífises, interrupção do

crescimento dos ossos (SILVA; LIMA, 2007).

Os esteroides anabólicos androgênicos podem ser administrados pela via

oral ou via intramuscular. As drogas administradas por via intramuscular são

derivadas da testosterona produzidas em laboratório, são bem duradouros, já os

anabolizantes por via oral tem um tempo menor de duração e são derivados

alcalinizados. Um dos sintomas mais frequentes são queixas de agressividade

exacerbada, irritabilidade, agitação motora e o aumento ou diminuição da libido

(MARTINS, 2005).

Nos Estados Unidos, a utilização dos esteroides anabolizantes por via

intramuscular tem sido cerca 50%, e dentre estes 20% fazem o compartilhamento de

seringas, aumentando o risco de contração de doenças. Em decorrência disto, foram

relatados alguns casos em atletas de fisiculturismo e levantamento de peso, efeitos

como, infecção por HIV, hepatite B e C, formação de abscessos e infecção por

Cândida abicans (ANDRADE et al., 2002).

Os anabolizantes conhecidos como bombas, têm sido visados para um ganho

súbito de massa muscular, maior do que o obtido através de exercícios físicos. Com

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25

o uso excessivo dessas substâncias, os usuários conseguem praticar as atividades

físicas com mais intensidade, deixando assim os mesmos com uma maior motivação

(CHAVES, 2010).

O crescimento muscular não é um dos efeitos principais para o uso de

esteroides anabolizantes. Acima foram citados efeitos adversos fisiológicos, a seguir

serão citados efeitos adversos psicológicos, dentre eles: transtorno de humor,

mania, transtorno bipolar, uma possível depressão profunda, desde mania e

transtorno bipolar até depressão profunda, atos agressivos, mudanças de

temperamento, síndromes comportamentais, aumento da irritabilidade, raiva e

hostilidade, ciúme patológico e alterações da libido (MOREAU et al., 2003).

Com o uso delongado de anabolizantes, os efeitos adversos se evoluem de

comportamentos agressivos para violentos, hostis para antissociais. Uma das

principais consequências destes acessos de fúria são homicídio, suicídio e abuso

infantil. Com o uso indiscriminado de tais substâncias o usuário tende a ter

consequências mais graves, e isso pode acarretar em sintomas de um transtorno

dismórfico corporal (TDC), dismorfia muscular (MARTINS, 2005).

O TDC provoca no doente uma percepção da sua imagem refletida no

espelho diferente da realidade, normalmente essas distorções não passam de

imaginação. Martins et al (2005), a partir desse conhecimento, compara:

[...] ambos se caracterizam por pensamentos desagradáveis indesejados que conduzem a comportamentos compulsivos e repetitivos, tomando tempo e causando sofrimento, vergonha, baixa autoestima e, em casos mais graves, isolamento social e total incapacidade funcional. As vivências de incompletude que precedem certos comportamentos repetitivos no TOC ocorrem de forma semelhante no TDC, no sentido de gerar uma sensação incômoda constante de que algo não está “em ordem” ou “como deveria estar”. Ambos parecem priorizar impressões internas, ignorando percepções reais ou a opinião alheia (pacientes com TDC desconsideram o que estão vendo no espelho da mesma forma que pacientes com TOC desconsideram que a porta já está chaveada e voltam a verificar várias vezes).

O TDC se preocupa com assuntos referentes ao corpo, pacientes que sofrem

de TOC também demonstram obsessões relacionadas a estes conteúdos. A

dismorfia muscular é um dos tipos de TDC‟s que está relacionado à má utilização de

esteroides anabolizantes, sendo que a mesma não se restringe a partes isoladas do

corpo (SILVA; LIMA, 2007).

Page 26: O uso de esteroides anabolizantes por praticantes de academias

26

O paciente passa a se ver magro, disforme, pequeno e fraco, mesmo sendo

muito grande e forte. Tal visão faz com que o individuo se sinta envergonhado de

seu próprio corpo, procurando se esconder, não frequentar ambientes públicos,

principalmente se for necessária à exposição do corpo, como por exemplo: praias e

academias. Passam a utilizar várias camadas de roupas para parecerem maiores

(SILVA; LIMA, 2007).

3.2 Suplementos Alimentares

Todos os EAA e grande parte dos suplementos nutricionais são utilizados

para elevar os níveis de testosterona no organismo, aumentando assim a

capacidade do atleta para construir a massa muscular magra. Outros suplementos

nutricionais são utilizados para aumentar a quantidade de energia disponível para

treinos ou competição (ROSS et al, 2003).

No Brasil, os esteroides estão restritamente disponíveis através de prescrição

médica com retenção da cópia carbonada da receita em duas vias (SILVA; LIMA,

2007).

Não existindo qualquer condição na qual EAA devam ser administrados a

indivíduos sadios (CARVALHO, 2003), porém, suplementos nutricionais são

amplamente disponíveis para todos os consumidores com a regulamentação

relativamente escassa.

Os esteroides estão associados a uma variedade de efeitos adversos que

podem levar a mudanças físicas, distúrbios psicológicos, morbidade e mesmo

mortalidade, por este motivo, as substâncias conhecidas como suplementos

alimentares vêm sendo largamente utilizadas por frequentadores de academias

como uma opção mais saudável do que os EAA para ganho de massa muscular

(ROSS et al., 2003).

Segundo Pedrosa, O. P. et al. [200-?], motivadas por propagandas e

indicações de amigos, todos os dias, milhões de pessoas, tanto atletas como não

atletas, procuram lojas especializadas em suplementos alimentares, na busca de

produtos para melhorar seu desempenho e sua estética. Essa busca desequilibrada

por um corpo escultural aliada ao baixo nível de conhecimento dos praticantes de

Page 27: O uso de esteroides anabolizantes por praticantes de academias

27

musculação e outras atividades físicas, mantém esse mercado em pleno

crescimento.

Ainda que os efeitos adversos de suplementos alimentares não sejam tão

bem estudados, presume-se serem igualmente perigosos. Contudo, para muitos

atletas, os potenciais benefícios dessas substâncias parecem superar os riscos a

elas associados. (ROSS et al. 2003).

Os Suplementos Alimentares podem ser classificados em: ergogênicos e

termogênicos.

3.2.1 Suplementos Ergogênicos

Santos (2002) conceitua os suplementos ergogênicos como substâncias que

aprimoram o desempenho de um atleta. Diminuem o cansaço muscular e,

consequentemente, melhoram o desempenho físico, sobretudo em atividades de

longa duração.

No esporte de alto nível, o uso desses agentes significa uma das grandes

preocupações na área de Ciências do Esporte no combate ao dopping, e também no

uso indiscriminado de drogas e suplementos nutricionais com objetivos meramente

estéticos. Foi estabelecido pela Medicina Esportiva um conceito para o termo agente

ergogênico:

“Agente ergogênico abrange todo e qualquer mecanismo, efeito fisiológico, nutricional ou farmacológico que seja capaz de melhorar as performances nas atividades físicas esportivas, ou mesmo ocupacionais”. (NETO, 2001).

Neto (2001) afirma estarem os agentes em questão, subdivididos em três

grupos:

A. fisiológicos: compreende mecanismos fisiológicos para o aperfeiçoamento o

desempenho físico.

B. nutricionais: o consumo de nutrientes que possuem variável nível de eficiência é

o que caracteriza essas substâncias. Como a creatina, uma das mais referidas na

literatura científica e largamente utilizada pelos praticantes de atividades físicas.

(SANTOS et al. 2002).

Page 28: O uso de esteroides anabolizantes por praticantes de academias

28

C. farmacológicos: substâncias com ação farmacológica sobre o sistema nervoso

central (SNC). A cafeína está neste grupo por seus efeitos farmacológicos de ação

estimulante. Ela é capaz de incitar ou restabelecer as funções cerebrais e bulbares,

sem, contudo, ser considerada uma droga terapêutica. Entretanto, é por muitos,

vista como um ergogênico nutricional, pois várias bebidas diariamente consumidas

(como café, refrigerantes, energéticos, chocolates) possuem em sua composição a

substância em questão (ALTIMARI, 2000).

3.2.2 Suplementos Termogênicos

Segundo Santos (2002), são substâncias que elevam a temperatura corpórea,

causando maior queima de calorias. Atuam no metabolismo de gorduras,

transformando-as em energia disponível. A L-carnitina, por exemplo, é um

aminoácido que auxilia no metabolismo de ácidos graxos, transformando a gordura

armazenada em energia disponível.

Alguns autores afirmam que muitos suplementos não conferem qualquer

desempenho ou benefício para a saúde, e alguns podem realmente ser prejudiciais

à saúde quando ingerido em doses elevadas por períodos prolongados (MAUGHAN,

2005).

Alguns deles não contêm quantidades significativas dos ingredientes listados

no rótulo. Enquanto outros contêm doses excessivas de ingredientes potencialmente

tóxicos devido a eventuais contaminações destes produtos, já que as empresas que

os produzem não são obrigadas a declarar sua composição na íntegra, além de

muitas não seguirem as normas técnicas adequadas para produção de substâncias

em laboratório (GUIMARÃES, 2006).

Estudos detectaram esteroides ou precursores de hormônios presentes em

suplementos alimentares, sem que estes sejam indicados em seus rótulos. A

comissão médica do Comitê Olímpico Internacional (COI), tendo em vista as

deficiências da legislação de vários países, que refletiam em controle de qualidade

de produção, decidiu alertar quanto aos riscos do consumo destes produtos (SIMON

P. et al. 2006).

Um estudo financiado pelo COI, realizada com 634 suplementos alimentares,

provenientes de 215 fornecedores, de 13 países, tinha como objetivo, verificar a

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29

presença ou não de pró-hormônios (principalmente testosterona e nandrolona) em

suplementos alimentares vendidos a atletas. Este estudo mostrou que, dos 634

suplementos avaliados, 94 (14,8%) apresentavam em sua composição, precursores

de hormônios não descritos em seus rótulos. Dentre eles, 24,5% continham

precursores de testosterona e 24,5% precursores de nandrolona (FERREIRA, 2010).

Existem, sim, benefícios no emprego de suplementos nutricionais, mas os

riscos potenciais são reais (CARVALHO, 2003).

Por esse motivo, é essencial que a utilização de suplementos seja

recomendada e monitorada por um profissional capacitado. Também é indispensável

conhecer a composição do produto, bem como suas indicações. Lembrando que

todo suplemento deve seguir padrões de qualidade durante sua fabricação, para que

suas características e eficácia sejam garantidas (SILVA; LIMA, 2007).

4 CLASSIFICAÇÃO DOS ANABOLIZANTES

Segundo Araújo; Andreolo e Silva (2002), os anabolizantes podem ser

classificados em EAA, com ação semelhante ao hormônio testosterona

(hemogenin®, deca-durabolim®, durateston®, etc.); Hormônio do Crescimento (GH),

que são anabolizantes proteicos, não androgênicos; Produtos derivados de

hormônios, como os hormônios de uso veterinário (equipoise®, equipost®, equifort®,

winstrol®, etc.).

De acordo com Silva e Lima (2007), no Brasil, o uso indiscriminado de

anabolizantes tem sido preocupante não só a competidores profissionais e sim a

jovens frequentadores de academias, que por quererem ganhar massa e músculos

mais rapidamente, tem feito o uso dessas substâncias de forma exagerada e quase

sempre orientados por treinadores e professores, sem saber da gravidade de seus

efeitos adversos, onde os mesmos indicam quais usar e onde comprar sem receita.

No ano de 2000, os anabolizantes foram regulamentados pelo Ministério da

Saúde, onde a venda dessas drogas começou a ser feita através da retenção da

cópia carbonada da receita, porém, infelizmente não é possível fazer o controle da

distribuição dessas substâncias no meio de pessoas que fazem o uso contínuo, já

que a maioria delas é obtida de forma ilegal (TOLEDO, 2005).

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30

5 SAÚDE X APARÊNCIA

5.1 Corpo malhado, corpo saudável?

A grande procura da sociedade moderna por um corpo perfeito, produzida

pela mídia, revistas, novelas e filmes tem ocasionado a falta de bom senso e

discernimento, aonde o importante é estar dentro dos exemplos determinados,

independente das consequências que podem surgir. Ver essas imagens quando se

está em pleno crescimento leva os adolescentes e homens jovens a desenvolver a

crença de que assim, é como um homem ideal deveria ser. Como consequência

produz frustração e insegurança por não se ver suficientemente bem (CHAVES,

2010).

Um corpo esculpido com muitas horas de malhação, não é considerado em

alguns casos sinônimo evidente de saúde. Em muitos episódios, o método para

alcançar a perfeição física, exigida para se adequar nos padrões de beleza de hoje,

tem no fundo sérios problemas de autoimagem, que são mais claros na

adolescência. Na prática, esse problema de percepção se traduz em dois

comportamentos que preocupam os médicos: o abuso na prática de atividades

esportivas, o consumo de esteroides anabolizantes e suplementos alimentares

(CHAVES, 2010).

Algumas pesquisas realizadas sobre a construção do corpo no Brasil

observou que essa valorização do corpo se alastra como sinônimo de juventude,

força e beleza, de uma forma que, se você não se cuidar passa ser atípico

(GOLDENBERG, 2005).

A idéia de culto ao corpo vai ser aqui abordada, sob a perspectiva de Castro

(2003), que aponta o culto ao corpo como:

Um tipo de relação dos indivíduos com seus corpos que tem como preocupação básica o seu modelamento, a fim de aproximá-lo o máximo possível do padrão de beleza estabelecido pela sociedade. De modo geral, o culto ao corpo envolve não só a prática de atividade física, mas também as dietas, as cirurgias plásticas, o uso de produtos cosméticos, enfim tudo que responda á preocupação de se ter um corpo bonito e saudável.

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31

Segundo Le Breton (2006), o corpo é a representação das pessoas, como um

símbolo que envolve imagens e sentidos, passíveis de unir uma variedade de

culturas. Uma realidade mutante que se estrutura a partir das representações

simbólicas, dos imaginários conforme a sociedade determina. O corpo é a ligação

com o lugar e o tempo em que a existência toma forma, na qual produz sentido e

consequentemente insere o indivíduo no interior do espaço social.

Santos (2008) sugere que a imagem do corpo saudável está fortemente

ligada ao movimento na era moderna, em que se torna uma verdadeira batalha

contra o sedentarismo dos corpos. A saúde é monitorada e sistematicamente

trabalhada, no intuito de ser conquistada e alcançada, como um bem ou uma

recompensa por um trabalho bem executado.

Atualmente, sobre os conceitos de qualidade de vida e bem-estar, elas estão

intimamente relacionadas ao contexto da capacidade física. Buscar uma saúde

perfeita é o desafio da maioria das pessoas, que buscam abandonar a vida

sedentária que levam no dia a dia em busca de um novo referencial (TOSCANO,

2001).

A saúde hoje em dia passou a ser considerada como um prêmio a ser

conquistado, uma vez que, as atividades físicas passam a ser menos recreativas,

tomando novas conotações no cultivo da boa saúde. Diante de tal fato, apesar da

principal motivação para a prática da musculação ser a busca do aperfeiçoamento

estético do corpo, as pessoas também justificam a frequência às academias a partir

do discurso da saúde que se dissemina pela sociedade entre as diferentes classes

sociais (TOSCANO, 2001).

Nas academias, podemos dizer, o verdadeiro shopping do corpo, onde

homens e mulheres se submetem a diversas formas de práticas corporais, com o

motivo de entrar em forma. Mas não é somente a busca por uma excelente forma

corporal que motiva as pessoas a malharem. Conseguir um romance afetivo ou

exibir um corpão espetacular também são opções que muitos adolescentes

consideram. E costumam gastar horas nestes lugares (IRIART et al 2009).

Segundo Toscano (2001), as academias de ginástica são consideradas os

principais pontos para as atividades físicas, pois elas prestam serviço específico

para a avaliação e orientação dos exercícios físicos, sob supervisão direta de

profissionais qualificados no curso de educação física.

Page 32: O uso de esteroides anabolizantes por praticantes de academias

32

A analogia entre atividade física e saúde é justificada por algumas evidências

de que condições apropriadas de aptidão física, buscadas durante toda a vida por

meio de exercícios regulares, exercem efeitos benéficos nas funções dos órgãos em

geral, tendo como resultado o prolongamento da vida e de vida com muita

qualidade. Estar contente com o corpo é importante para a autoestima, entretanto,

essa satisfação deve ser vista como consequência do processo motor, e não como

fim de si mesmo (NIEMAN, 1999).

Podemos inserir as academias de ginástica no setor de serviços para

melhorar a saúde, que interferem positivamente na assistência à saúde, em

particular, daqueles que se utilizam da prática de exercícios de forma orientada e,

em especial, produzir informações adequadas e padronizadas (CHAVES, 2009).

Ser saudável ou ter saúde, para os praticantes de musculação, é se cuidar, se

alimentar bem e malhar, estes são elementos fundamentais na manutenção da boa

forma física e mental: “Para mim o melhor da academia é isso aí. Malhando você

adquire saúde. Você se alimenta bem, dorme bem.” Esse tipo de narrativa do que é

ter saúde é bastante comum nos discursos dos praticantes de academia. Isso

mostra que a postura da boa saúde, está diretamente relacionada com a aparência

física, a não fragilidade do corpo, isto é, a visibilidade do corpo em forma (IRIART et

al 2009).

Existem muitos caminhos para se alcançar o rejuvenescimento. Cada vez

mais a medicina busca se aperfeiçoar com o desenvolvimento de pesquisas. Hoje

existem no mercado, para quem tem condições financeiras, as melhores técnicas de

cirurgia plástica. Com esses ajustes e intervenções, as imperfeições físicas

indesejadas podem se tornar inconvenientes do passado. A obtenção do padrão de

beleza do corpo malhado parece garantir a promessa de felicidade eterna.

O termo “malhação” é uma gíria utilizada de forma corriqueira no universo das

academias de ginástica e musculação, que tem sido adotada para representar,

simbolicamente, qualquer modalidade de prática física praticada com elevada

frequência e amplitude (ASSUNÇÃO, 2002).

Podemos dizer que as academias de ginástica estabelecem um dos signos

mais simbólicos da cultura da corpolatria instaurada em nosso tempo. Nesses

ambientes, desfilam corpos malhados, bem como outros que buscam alcançar tal

status (CHAVES, 2009).

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33

O termo “ficar forte” é um item muito importante no grupo em que os adeptos

a musculação querem fazer parte, visto que ocorra a obtenção de maior respeito

social. Por isso, entre os praticantes, estar na categoria do “magrinho” nunca os

agrada, até porque na presença do grupo esse corpo não surte efeitos positivos.

Como os próprios praticantes verbalizam: no campo da musculação quem tem

volume, massa corporal e modelação no corpo, possui maior respeito de todos

(ORLEANS, 2009).

O uso de substâncias anabólicas, o excesso dos exercícios e os cuidados com o corpo favorecem a um distanciamento do consumo de álcool, fumo e outras drogas, percebidas como mais prejudiciais à saúde do que os anabolizantes (IRIART et al 2009).

Manter o corpo em forma, e ter uma boa alimentação faz com que os adeptos

a exercícios físicos se previnam de problemas cotidianos de saúde como:

hipertensão, obesidade, diabetes, problemas cardíacos, entre outras doenças, essas

que acometem os indivíduos nas sociedades contemporâneas. O manter a forma

física implica no não sedentarismo, que por sua vez tem impacto relevante sobre a

saúde. Dessa forma, os praticantes de musculação se sentem protegidos de

doenças a partir do momento que encaram essa prática como um elemento crucial

na sua qualidade de vida (BUCARETCHI, 2003).

Aos praticantes de academia que aderem a uma rotina ordenada de

treinamento, quando esses faltam na academia é motivo de grande perda, que se

dissemina na existência de um vazio, vazio este explicitado na sensação de

vulnerabilidade e fragilidade. Esse tipo de sensação para muitos, mexe inclusive

com o seu sistema metabólico. Alguns atletas relatam que a falta ao treino os deixa

mal humorados, com insônia e uma sensação de grande perda, mesmo que essa

perda, não seja visível no corpo (CHAVES, 2009).

Em um relato concedido por um praticante de academia em Fernandópolis, é

possível concordar com o que foi dito acima:

Academia pra mim é essencial, pois tenho muito mais animo no meu dia a dia, e quando falto me sinto péssimo, a minha consciência fica pesada e sinto insônia (O. L. S. 23 anos, 2011).

A imagem que temos do corpo está relacionada com a autoestima, que

significa ter amor próprio, estar satisfeito com o que vê, e principalmente estar bem

Page 34: O uso de esteroides anabolizantes por praticantes de academias

34

consigo mesmo. Se existe algum tipo de insatisfação, esta se refletirá na

autoimagem. A primeira manifestação da perda da autoconfiança é percebida

quando o corpo que se tem não está de acordo com o estereotipo idealizado pela

sociedade (BUCARETCHI, 2003).

A auto-avaliação da imagem corporal pode ocorrer de três formas: o indivíduo

é bastante rigoroso com tudo que está relacionado à sua aparência; o indivíduo

compara a aparência com padrões extremos da sociedade que são veiculadas pela

mídia; o indivíduo se concentra em um aspecto de sua aparência (SCALFARO et al

2004).

IRIART et al (2009) comenta que atualmente todos querem ter um corpo

perfeito, criar uma musculatura avantajada, para isso muitos praticantes de

musculação começam a utilizar esteroides anabolizantes. O consumo exagerado

dessas substâncias vem causando graves danos à saúde. Também vale expor o uso

excessivo de suplementos alimentares, visto que não tem nenhum tipo de restrição

de sua venda, por isto são bastante consumidos pelos praticantes de musculação. O

uso dessas substâncias, assim como os anabolizantes tem sua adaptação conforme

as condições socioeconômicas dos indivíduos.

Segundo Pope (2002), a musculação orientada por profissionais sérios que

utilizam métodos de treinamentos inteligentes e fundamentados na ciência possuem

resultados impressionantes sem a utilização dessas drogas anabolizantes. Cabe o

profissional orientar os riscos e benefícios da utilização. Influenciar no uso dos

anabolizantes é não respeitar o seu diploma, ou seja, destruir toda uma classe

profissional e estabelecimentos cuja função social é trazer saúde aos que procuram

pelo serviço.

5.2 Limites da Vigorexia

Segundo Lopes et al (2006) atletas apresentam maior predomínio de

Transtornos Alimentares (TA's) do que não atletas. Com isso, podemos observar

que a estética corporal é supervalorizada em alguns esportes e serve mesmo como

um critério para a obtenção de resultados satisfatórios em competições.

Os homens possuem uma preocupação exagerada com o seu corpo de uma

maneira diferente se relacionada às mulheres. Mas o que vem chamando atenção

Page 35: O uso de esteroides anabolizantes por praticantes de academias

35

em relação aos homens é um novo quadro que é denominado vigorexia ou dismorfia

muscular (MELIN et al 2002).

Pope et al (2000) explicam que as pessoas que sofrem de vigorexia são

obsessivas pela sua imagem corporal, mais designadamente pela grandeza dos

seus músculos bem como sua definição.

De acordo com Chung et al (2001):

A Vigorexia também é conhecida como Anorexia Nervosa Reversa, foi descrita como uma alteração da desordem dismórfica corporal e enquadra-se entre os transtornos dismórficos corporais (TDC).

A Dismorfia Muscular envolve uma inquietação de não ser satisfatoriamente

forte e musculoso em todas as partes do corpo, ao contrário dos Transtornos

Dismórficos Corporais típicos, que a principal preocupação se concentra em áreas

específicas (ASSUNÇÃO, 2002).

Assim como a Ortorexia, quadro no qual o indivíduo se preocupa excessivamente com a pureza dos alimentos consumidos, a Vigorexia ainda não foi reconhecida como doença, e este ainda é um quadro não validado nem presente nos manuais diagnósticos em psiquiatria (CID-10 e DSM-IV) (BONAECHEA, 2005).

Indivíduos que possuem vigorexia não praticam atividades aeróbicas, pois

pensam que vão perder massa muscular. Essas pessoas não exibem os seus

corpos em púbico, pois sentem vergonha, e utilizam diversas camadas de roupa,

mesmo no calor. (OLIVARDIA, 2002).

Pope et al (2000) relata alguns casos dramáticos de vigorexia, dentre eles o

de um homem que só tinha relação sexual duas vezes por mês, para poupar energia

para treinar, e de um fisiculturista que duas semanas antes das suas competições

não beijava sua esposa, pois, tinha medo que ela lhe transmitisse calorias

indesejáveis através da saliva.

Segundo Grieve (2007) existem algumas influências identificadas na literatura

da dismorfia muscular, classificadas como: massa corporal, alcance da mídia,

idealização do perfeito para a forma corporal, baixa autoestima, insatisfação pelo

corpo, falta de controle da própria saúde, efeito negativo, perfeccionismo e distorção

corporal.

Page 36: O uso de esteroides anabolizantes por praticantes de academias

36

6 MATERIAIS E MÉTODOS

Esse estudo foi realizado no período de 01 a 31 de agosto de 2011 em uma

população do gênero masculino, com idade entre 16 a 45 anos, frequentadores de

três academias na cidade de Fernandópolis.

A investigação foi realizada principalmente no período noturno, onde a

probabilidade de encontrar os entrevistados era maior. As academias permitiram a

coleta das entrevistas por meio de uma autorização formal que prometia não

identificá-los, onde os alunos das mesmas foram submetidos ao instrumento de

estudo evitando-se qualquer tipo de discriminação ou constrangimento.

Critérios de exclusão:

Foram eliminados do estudo todos os participantes que se enquadraram em

alguma das seguintes condições:

a) rasuras, duplicidade de respostas ou impossibilidade de identificação das

respostas.

b) questionários devolvidos em branco.

c) participantes do sexo feminino.

Instrumento de pesquisa:

Os participantes da entrevista foram submetidos a um questionário de

investigação (composto por 25 questões de múltipla escolha), nível de escolaridade,

características da prática esportiva ou de sua rejeição, concepções acerca do

próprio corpo, o uso de medicamentos, técnicas para a modelagem corporal e

conhecimento das consequências do uso e/ou abuso dessas substâncias.

O questionário foi resultado de um estudo piloto realizado através de

pesquisas feitas pelas autoras deste trabalho. Os participantes tiveram garantido o

absoluto sigilo das informações prestadas.

Page 37: O uso de esteroides anabolizantes por praticantes de academias

37

7 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Com a pesquisa foi possível perceber que o maior número (38%) de

praticantes de academia entrevistados está entre a idade de 21 e 25 anos, como

mostra a figura abaixo:

Figura 4 – Idade dos pesquisados (n=60)

Fonte: Elaboração própria.

Fica provado que a maior parte dos consumidores de EAA possui grau de

escolaridade superior, o que mostra que são pessoas com capacidades intelectuais

e condições suficientes para ter amplo conhecimento acerca de tais substâncias, em

oposição a Pedrosa, et al [200-?], que afirma que o baixo nível de conhecimento dos

praticantes de musculação e outras atividades físicas, mantém o consumo de EAA

em pleno crescimento (Figura 5).

Figura 5 – Grau de escolaridade (n=60)

Fonte: Elaboração Própria.

Page 38: O uso de esteroides anabolizantes por praticantes de academias

38

De acordo com os resultados da figura 6, um impressionante número de 43%, fez

ou faz uso destas substâncias, que a principio, como diz Sabino (2004), eram

apenas direcionadas ao uso farmacológico, mas acabaram se infiltrando ilegalmente

nos esportes e nas academias, tanto para amadores como profissionais.

Figura 6 – Fez ou faz uso de anabolizantes? (n=60)

Fonte: Elaboração própria.

Concordando, assim com Sabino (2002), que aborda a incoerência da

corpolatria em associar a construção da saúde ao consumo de substâncias

químicas, que são cada vez mais ingeridos e vistos como produtos “mágicos”

aprovados pela ciência para melhorar a aparência.

Na figura 7, observa-se que o maior motivo que incita a utilização de

anabolizantes, é a busca por um corpo belo e forte.

Figura 7 – Finalidade do uso (n=26)

Fonte: Elaboração própria.

Page 39: O uso de esteroides anabolizantes por praticantes de academias

39

Estes dados estão de acordo com Bragrichevisky (2004), ao expor que a

mídia, ao mesmo tempo em que reivindica saúde, incentiva a busca por mudanças

corporais, veiculando a imagem dos últimos padrões estéticos. Essa imposição

subliminar da forma física tem incentivado ao consumo de drogas como os EAA, que

possuem riscos sabidamente potenciais. É como uma condição para que estejam

esteticamente enquadrados na sociedade.

Na figura a seguir, estão descritos os anabolizantes mais utilizados pelos

frequentadores de academia entrevistados.

Figura 8 – Qual anabolizante usa ou usou? (n= 26)

Fonte: Elaboração própria.

As drogas mais utilizadas foram o Durateston® (25%), Winstrol® (25%) e o

Deca-Durabolin® (17%). Os mesmos citados por Iriart et al (2002), em seu artigo. O

Durateston e o Deca-Durabolin podem ser adquiridos com receita no Brasil (cópia

carbonada em duas vias), já que os mesmos têm seu uso terapêutico em reposições

hormonais, e como adjuvantes no tratamento da Síndrome de Klinefelter, porém, foi

perceptível que o seu uso não se restringe a patologias, visto que são utilizados por

indivíduos saudáveis, tornando-se ilícitos na maioria dos casos (MOTA, 2009). Já o

Winstrol®, anabolizante de uso veterinário, que têm como objetivo principal

maximizar a produção de gado, tem o poder de alterar o balanço dos hormônios de

animais de grande porte, o que implica em mudanças na taxa de crescimento e

mesmo na composição dos mesmos. Infelizmente tem seu uso feito por seres

Page 40: O uso de esteroides anabolizantes por praticantes de academias

40

humanos em menores dosagens, o que não deixa de acarretar efeitos adversos

severos a longo prazo (SANTOS, 2006).

Na figura 9, vê-se que 58% dos consumidores de anabolizantes conhecem os

efeitos indesejáveis causados, e 34%, número considerável, não são conhecedores

dos potenciais riscos dessa utilização.

Figura 9 – Conhece os efeitos indesejáveis dos anabolizantes? (n=26)

Fonte: Elaboração própria.

Neste, pode-se observar que a falta de informação sobre os efeitos adversos

decorrentes da utilização de anabolizantes, pode ser um dos motivos para a grande

adesão destes.

Em contrapartida, vemos que, diferentemente do que se pensa, nem todos os

usuários de EAA são leigos com relação aos seus efeitos maléficos. Uma vez

conhecedores de tais informações, as ignoram, pois acreditam serem meras

especulações, efeitos sem respaldo científico. Inclusive, a ponto de exigir a cada vez

mais de seu corpo, ignorando dores, lesões e contraindicações médicas.

Este resultado está em desacordo com Silva (2007), que afirma que no Brasil,

competidores e jovens frequentadores de academias, por quererem ganhar massa

muscular mais rapidamente, têm feito o uso dessas substâncias de forma exagerada

sem saber da gravidade de seus efeitos.

Page 41: O uso de esteroides anabolizantes por praticantes de academias

41

Dos entrevistados que afirmaram já ter utilizado anabolizantes, um número

significativo (31%) afirma ter evidenciado sintomas indesejáveis e 46% responderam

negativamente, como mostra a figura 10.

Figura 10 – Durante o uso evidenciou algum sintoma indesejável? (n=26)

Fonte: Elaboração própria.

Por mais que muitos dos entrevistados (31%) tenham evidenciado alguns

sintomas adversos, para muitos deles, os potenciais benefícios dessas substâncias

parecem superar os riscos a elas associados, provando mais uma vez, que não é

somente a falta de conhecimento que os leva a cometer tal erro, como afirma Ross

et al (2003).

Na figura 11, estão listados os sintomas evidenciados pelos entrevistados,

sendo aumento da libido (23%), e acne (17%), os mais frequentes.

Figura 11 – Sintomas evidenciados (n=26)

Fonte: Elaboração própria.

Page 42: O uso de esteroides anabolizantes por praticantes de academias

42

Mais uma vez, percebe-se que a falta de informação não é o único motivo do

ascendente consumo de EAA, mas a negligência com relação aos sintomas em si

mesmos evidenciados contribuem para tais resultados. Os entrevistados assumem

que os efeitos estão associados aos anabolizantes. De acordo com Bagrichevisky

(2004), muitos encaram tais riscos como barreiras a serem superadas, o que pode

significar até aquisição de respeito no âmbito social das academias.

Na figura 12, observa-se a resposta afirmativa de 58% dos entrevistados com

relação a visão destes, na prevenção e/ou correção dos efeitos adversos causados

por EAA com o uso simultâneo de outras substâncias.

Figura 12 – Acha que os efeitos adversos podem ser prevenidos com o uso de

outras substâncias? (n=26)

Fonte: Elaboração própria.

Mesmo conhecendo as consequências dos EAA, os indivíduos se arriscam na

tentativa de prevenir e/ou corrigir seus efeitos maléficos, acreditando que o uso

simultâneo com outras substâncias impedirá tais efeitos.

Na figura a seguir, vê-se uma significativa incidência (58%) de substâncias

associadas aos anabolizantes com o intuito de prevenir os efeitos adversos.

Page 43: O uso de esteroides anabolizantes por praticantes de academias

43

Figura 13 – Faz uso de outras substâncias associadas a esteroides

anabolizantes? (n= 26)

Fonte: Elaboração própria.

Os usuários de EAA utilizam medicamentos associados a eles, justamente

pelo motivo anteriormente descrito, corrigir e/ou prevenir os malefícios sabidamente

decorrentes de tal utilização. No caso dos suplementos, como já dito anteriormente,

é uma tentativa de aprimorar o desempenho físico do atleta e promover maior

queima de calorias.

Na figura 14, estão descritas as substâncias associadas a anabolizantes

citadas pelos entrevistados. Sendo Clembuterol (27%), hepatoprotetor (23%) e

Tamoxifeno (15%), os mais utilizados para tal fim.

Figura 14 – Substâncias associadas a anabolizantes (n=26)

Fonte: Elaboração própria.

Page 44: O uso de esteroides anabolizantes por praticantes de academias

44

O Clembuterol citado, é um composto beta-adrenérgico ativo, que possui

rápida eliminação, é um fármaco utilizado para o crescimento animal (FERREIRA et

al 1996).

Veisman et al (2000) comenta que a associação do Hormônio do

Crescimento (GH) a exercícios que visem resistência física em indivíduos que não

possuam deficiênca de GH, geram um aumento de massa magra, água corporal total

e balanço protéico positivo se comparado ao uso isolado do exercício. Porém

também é perceptível que a análise de força não mostra nenhum ganho extra

quando se adiciona o hormônio, auxiliando mesmo apenas no crescimento do

músculo esquelético.

A Gonadotropina Coriônica Humana (HcG), estimula as células de Leydig, o

que induz ao aumento da produção de testosterona, que faz com que haja uma

migração testicular, estimulando que as estruturas envolvidas nesta migração se

desenvolvam (FAVORITO et al, 2000).

Os Hepatoprotetores são medicamentos que são associados aos EAA, devido

a seu efeito de proteger o fígado contra agressões tanto de agentes externos como

também de metabólitos produzidos no próprio órgão (FERREIRA, 2011).

Os suplementos são utilizados na tentativa de aprimorar o desempenho físico

do atleta e promover maior queima de calorias (SANTOS, 2002).

Já o tamoxifeno é uma droga antiestrogênica não esteróidica (atua como

antagonista estrogênico nas células normais e malignas da mama) (GEBRIM, 2000).

Seu efeito estrogênico pode ser parcial, total ou antiestrogênico a depender do

tecido alvo e da espécie em estudo.

Já na figura 15, nota-se que dos 57% dos entrevistados que não utilizam

EAA, 10% afirmam ter pretensão de utilizar.

Page 45: O uso de esteroides anabolizantes por praticantes de academias

45

Figura 15 – Pretende usar anabolizantes? (n=34)

Fonte: Elaboração própria.

Um possível motivo para isso é de que a mídia utilizando-se de uma

perspectiva social, manipule indiretamente a mente das pessoas, considerando

vencedores aqueles que se encaixam no perfil por elas estipulado, fazendo com que

sejam incitadas a consumir certas drogas e a se sujeitar a dietas extremas,

exercícios exagerados, uso de medicamentos sem prescrição, clínicas de estética e

academias, sendo considerada uma espécie de classe que visa conquistar respeito

e admiração utilizando sua aparência (CABEDA, 2004).

Page 46: O uso de esteroides anabolizantes por praticantes de academias

46

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A revisão bibliográfica trouxe informações grandiosas e fundamentais, porém

os resultados obtidos com a metodologia utilizada foram os mais surpreendentes,

mostrando que o uso indiscriminado de medicamentos continua crescendo e se

espalhando nas mais diversas áreas. Ao abranger o tema anabolizantes, foi possível

enxergar um paradoxo que mostra uma sociedade que critica o uso de

anabolizantes, mas em contrapartida induz ao seu uso, mesmo que de forma

indireta, utilizando-se principalmente da mídia para isso, estereotipando paradigmas

a serem copiados de novelas, filmes e passarelas.

A falta de informação por parte dos usuários é um dos motivos do crescente

uso de anabolizantes, porém não é o único, visto que grande parte dos entrevistados

conhece os efeitos indesejados, já evidenciaram sintomas e ainda assim continuam

a consumir tais produtos, alegando não pensar no futuro já que o mesmo é incerto,

visando sempre o agora.

O fato é que os usuários conhecedores dos efeitos, ou vítimas dos sintomas,

negligenciam os mesmos, sendo convictos de que os benefícios estéticos superam

os malefícios destrutivos causados por essas drogas, tentando amenizar os efeitos

por elas causados, utilizando simultaneamente outros medicamentos, com a

finalidade de combater esses efeitos.

Acredita-se que se a mídia utilizasse a grande influência que tem na vida das

pessoas, para divulgar e conscientizá-las acerca dos grandes malefícios causados

pelos anabolizantes e diversas outras drogas, talvez fosse possível reduzir este

grande numero de vítimas, que só cresce a cada dia que passa.

Recomenda-se ainda, a realização de uma maior fiscalização por parte dos

órgãos responsáveis pela proteção do consumidor.

Page 47: O uso de esteroides anabolizantes por praticantes de academias

47

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51

APÊNDICE

APÊNDICE A - Questionário apresentado pelas alunas do 8º semestre de farmácia, para fins

de coleta de dados para trabalho de conclusão do curso

NÃO É NECESSÁRIO SE IDENTIFICAR!

1- Idade:

( )Até 20 anos ( )21 a 25 anos ( )26 a 30 anos ( )31 a 40 anos

( )Acima de 40 anos

2- Sexo:

( )Masculino ( )Feminino

3- Grau de estudo:

( )Alfabetizado ( )Fundamental ( )Médio ( )Superior

4- A quanto tempo pratica atividade física:

( )1 mês ( )6 meses ( )12 meses ( )Mais tempo

5- Qual a modalidade:

( )Musculação ( )Aeróbica ( )Natação ( )Outra

Qual? __________________________________________________________

6- Você faz ou já fez uso de algum tipo de suplemento (Vitaminas, minerais, Proteínas,

Aminoácidos, Carnitina, Creatina, Extratos botânicos)?

( )Sim ( )Não

7- Já fez ou faz uso de Esteroide Anabolizante:

( )Sim ( )Não

8- Quando entrou na academia, você teve alguma influência para fazer o uso de

anabolizantes por algum amigo ou conhecido?

( )Sim ( )Não

9- Conhece alguém da academia que use anabolizante?

( )Sim ( )Não

10- Qual o anabolizante usou ou usa?

( )Winstrol®

( )Estanozolol

( )Metandrostenolona

( )Deca - Durabolin®

( )Decanoato de nandrolona

( )Oxandrolona

( )Depo - testosterone®

( )Durateston®

( )Cipionato de testosterona

( )Undecilenato de boldenona

( )Dianabol®

( )Equipoise ®

( )Oxandrin®

( )Fenilpropionato, isocaproato,

propionato e decanoato de

testosterona

( )Outro.

Page 52: O uso de esteroides anabolizantes por praticantes de academias

52

Qual?__________________________________________________________

11- Já fez compartilhamento de seringas?

( )Sim ( )Não

12- Caso nunca tenha feito o uso de anabolizantes:

Pretende usar anabolizantes?

( )Sim ( )Não

13- Qual seu motivo para não usar anabolizantes?

( )Efeitos Colaterais

( )Dificuldade de compra

( )Posso obter bons resultados com boa alimentação.

14- Há quanto tempo usa/usou esteroides anabolizantes?

( )Menos de 1 mês ( )De 1 mês a 6 meses

( )De 6 meses a 1 ano ( )Mais de 1 ano

15- Qual a finalidade do uso?

( )Estética ( )Ganho de força ( )Tratamento ( )Outra.

Qual?_________________________________________________________.

16- Faz uso de outros medicamentos ou suplementos em associação

com os esteroides anabolizantes?

( )Não ( )Sim.

Qual?_________________________________________________________.

( )Efedrina ( )Clembuterol ( )Tamoxifeno

( )GH ( )Hormônio do crescimento ( )Insulina

( )hcG ( )Protetor do fígado ( )Hepatoprotetor

( )Diuréticos ( )Gonadotrofina coriônica ( )Outros.

( )Suplementos.

Quais?_________________________________________________________.

17- Durante o uso, já evidenciou algum sintoma colateral?

( )Sim ( )Não

18- Quais os sintomas apresentados?

( )Pressão alta ( )Hipertensão ( )Náuseas e vômitos

( )Depressão ( )Dependência ( )Aumento da libido

( )Diminuição da libido ( )Agressividade/alteração no humor

( )Atrofia dos testículos ( )Aparecimento de "espinhas" (acne)

( )Outro. Qual? __________________________________________________.

19- Qual o meio de obtenção desses esteroides anabolizantes?

( )Na Farmácia, com receita ( )Na Farmácia, sem receita

( )Outros estabelecimentos comerciais ( )Amigos

20- Durante o uso do Esteroides Anabolizantes fez acompanhamento médico?

( )Sim ( )Não

Page 53: O uso de esteroides anabolizantes por praticantes de academias

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21- Conhece os efeitos indesejáveis dos anabolizantes?

( )Não ( )Sim.

Quais?_________________________________________________________.

22- Obteve resultados esperados?

( )Sim ( )Parcialmente ( )Não

23- Obteve resultados indesejáveis?

( )Sim. Quais?__________________________________________________.

( )Não.

24- Você acha que o acompanhamento médico ajuda a prevenir

doenças futuras?

( )Sim ( )Não

25- Você acha que os efeitos adversos podem ser prevenidos com o

uso de outros produtos?

( )Sim ( )Não

AGRADECEMOS A SUA PARTICIPAÇÃO!!!