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    O tomateiro (Solanum lycopersicum L.) uma das hortalias maisimportantes em todo o mundo, tanto com referncia produo quanto avalores comercializados mundialmente. Essa tambm uma das poucashortalias em que doenas e artrpodes-praga so igualmente importantes.

    Cerca de 200 espcies j foram relatadas alimentando-se de tomateiro.Dentre essas espcies, alguns insetos e caros so considerados pragas-chave da cultura e ocorrem nos cultivos desde a fase de mudas at a pocada colheita. No entanto, a importncia que cada uma dessas espciesassume varivel, dependendo da poca e da regio onde o cultivo estlocalizado.

    A seguir so apresentadas descries das principais espcies de insetos-praga da cultura do tomateiro, bem como as tcnicas utilizadas nomonitoramento e manejo, visando reduzir os prejuzos causados e asustentabilidade do agronegcio tomateiro.

    Mosca-branca:

    Bemisia tabaci (Gennadius) bitipo B

    Esses insetos apresentam cerca de 1 mm de comprimento e coloraoesbranquiada ou amarelo-palha. Possuem dois pares de asasmembranosas recobertas por pulverulncia branca (Figura 1-A). uminseto fitfago sugador de seiva com ampla distribuio geogrfica. Os ovosapresentam colorao amarelada e so colocados na superfcie inferior dasfolhas. As ninfas de primeiro nstar so mveis e translcidas e apresentam

    colorao variando do amarelo ao amarelo-plido, assemelhando-se acochonilhas, mas tornam-se ssseis quando iniciam sua alimentao. Asninfas maduras de quarto nstar caracterizam-se morfologicamente porapresentar olhos de colorao vermelha (Figura 1B). As fmeas dessaespcie colocam cerca de 300 ovos durante toda sua vida.

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    Figura 1. Mosca-branca, Bemisia tabaci bitipo B. A adulto; B ninfas

    Essa espcie uma praga polfaga, atacando diversas espcies vegetais,

    entre hortalias, frutferas, ornamentais e grandes culturas, alm de plantasdaninhas. Ocasiona perdas devido ao impacto direto, decorrente da sucocontnua de seiva, sendo responsvel por alteraes no desenvolvimentovegetativo (menor vigor) e reprodutivo (reduo da florao) das plantas detomateiro. Alm disso, a mosca-branca excreta o excesso da seiva na formade gotculas de substncias adocicadas (mela ou honeydew) na superfciedas folhas e dos frutos, favorecendo o desenvolvimento de fungoscausadores da fumagina. Esse fungo forma uma capa enegrecida quedificulta a realizao da fotossntese e prejudica a aparncia dos frutos(Figura 2). Em altas densidades populacionais a praga pode ocasionar amorte de mudas e plantas jovens, enquanto que em plantas adultas causa

    amadurecimento irregular dos frutos (Figura 3).

    Figura 2. Fumagina sobre folhas (dir.) e frutos (esq.) do tomateiro

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    Figura 3. Amadurecimento irregular de frutos ocasionado pela mosca-branca

    A mosca-branca tambm responsvel pela transmisso de fitoviroses, quepodem causar srios problemas para a cultura, principalmente quando ainfeco ocorre no inicio do estgio vegetativo da planta. O inseto secontamina com os vrus tanto na fase de ninfa como na fase adulta, durantea alimentao em tomateiros ou em plantas da vegetao espontneainfectados.

    Tripes:

    Frankliniella schultzei Trybom e Thrips palmiKarny

    A espcie F. schultzei possui de 1 a 3 mm de comprimento (Figura 4) egrande variao de colorao entre suas populaes. J a espcie T. palmipossui de 1 a 1,2 mm de comprimento e colorao amarelo-ouro.

    Os tripes so mais comumente encontrados na face inferior das folhas, nasflores, nas hastes e nas gemas apicais do tomateiro, ficando abrigadosentre dobras e reentrncias das plantas. As fmeas adultas colocam de 100a 200 ovos, isoladamente, na epiderme das folhas.

    Figura 4. Tripes adulto da espcie Thrips palmi

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    Os tripes alimentam-se raspando e perfurando os tecidos da planta e sugama seiva que extravasa. Nos locais onde os insetos se alimentam formam-sereas transparentes, que em seguida necrosam devido morte dos tecidos.Em ataques intensos, as folhas ficam com aspecto de bronzeamento ouqueimadura e caem prematuramente. Atacam tambm as flores, causando

    esterilidade e/ou prejudicando o desenvolvimento de frutos.No entanto, a maior importncia dos tripes como pragas do tomateiro sedeve ao fato de serem vetores de fitoviroses, como o caso do vrus dovira-cabea-do-tomateiro. Somente as larvas so capazes de adquirir ovrus, sendo necessrio pelo menos uma hora de alimentao na plantainfectada para sua aquisio. Depois de infectadas, as larvas so capazes detransmitir o complexo de vrus durante toda sua vida adulta.

    Pulges: Myzus persicae (Sulzer) e Macrosiphum euphorbiae (Thomas)A espcie M. persicae apresenta ninfas e adultos pteros (sem asas),

    medindo de 1 a 3 mm de comprimento, de colorao verde-clara, rosada ouavermelhada (Figura 5). J os adultos de M. euphorbiae medem de 3 a 4mm de comprimento, sendo a forma ptera maior que a alada. Possuicolorao geral esverdeada, com cabea e trax amarelados, antenasescuras e mais longas que o corpo.

    Essas duas espcies de pulges podem atacar o tomateiro durante todo oseu ciclo e ocorrem em grandes colnias na face inferior das folhas, nasbrotaes e nas flores. Cada fmea capaz de gerar at 80 indivduosdurante sua vida.

    A suco contnua de seiva, tanto por adultos como por ninfas, provocadefinhamento de mudas e plantas jovens e o encarquilhamento das folhas,dos brotos e dos ramos. Altas infestaes dessas espcies podem afetardrasticamente a produo e causar a morte das plantas atacadas.

    semelhana do que ocorre com a mosca-branca, a mela expelida pelospulges tambm favorece o desenvolvimento da fumagina, tanto sobrefolhas como em estruturas reprodutivas da planta, afetando a fotossntese.No entanto, os danos diretos causados pelos pulges cultura do tomateiroso reduzidos, devido ao manejo realizado para o controle da traa-do-tomateiro e da mosca-branca.

    A grande importncia dos pulges, porm, se deve sua capacidade detransmitir fitoviroses, como o caso dos Potyvrus e dos Luteovrus,causadores do topo amarelo e do amarelo-baixeiro-do-tomateiro,respectivamente. Geralmente, os pulges se infectam ao se alimentar desolanceas ou de plantas da vegetao espontnea.

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    Figura 5. Pulgo Myzus persicae

    Traa-do-tomateiro:

    Tuta absoluta (Meyrick)

    No Brasil, essa espcie ocorre durante todo o ano, especialmente noperodo mais seco, quase desaparecendo em perodos chuvosos. Lavourasirrigadas por asperso convencional ou via piv central so menosdanificadas do que as irrigadas por sulco. A irrigao por asperso derrubaos ovos, as larvas e as pupas, reduzindo o potencial de multiplicao doinseto.

    Cada fmea oviposita, em mdia, 260 ovos, na face inferior das folhas e

    tambm no caule, no pednculo e nos frutos. Os ovos so elpticos, decolorao branca, tornando-se amarelados ou marrons prximos eclosodas lagartas.

    A lagarta possui cabea de colorao escura e corpo amarelado,apresentando cerca de 8 mm de comprimento. Ao eclodir, penetra nosfololos do tomateiro, alimentando-se do parnquima foliar e formando umagaleria de contorno irregular (Figura 6). As lagartas tambm se alimentardo caule e dos frutos do tomateiro (Figura 7). A fase de pupa ocorre maiscomumente no solo, mas pode tambm ocorrer na superfcie das folhas. Oadulto uma mariposa de cor cinza, marrom ou prateada, com

    aproximadamente 10 mm de comprimento. As fmeas acasalam-seimediatamente aps a emergncia, voam e ovipositam,predominantemente, ao amanhecer e ao entardecer.

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    Figura 6. Traa-do-tomateiro, Tuta absoluta. A adulto; B ovo; C lagarta; D pupa

    Figura 7. Frutos broqueados pela traa-do-tomateiro

    Broca-pequena-do-fruto:

    Neoleucinodes elegantalis (Guenne)

    Essa espcie foi registrada inicialmente no estado do Cear em 1922 e,desde ento, tornou-se importante praga em quase todas as regiesprodutoras do pas. Ataca a cultura do tomateiro principalmente no perodochuvoso do ano, onde as altas temperaturas e umidades relativas so maisfavorveis ao crescimento populacional da praga.

    As mariposas adultas de N. elegantalis possuem cerca de 10 mm decomprimento, colorao geral branca, asas transparentes, apresentandonas asas anteriores, uma mancha de cor marrom escura e, nas posteriores,pequenas manchas marrons esparsas (Figura 8A).

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    Os ovos so elpticos e depositados de forma isolada ou agrupados nopecolo, no clice ou diretamente na superfcie do fruto. As lagartas recm-eclodidas raspam a casca do fruto e se alojam em seu interior,alimentando-se da polpa. Quando completamente desenvolvida, a lagartapossui de 11 a 13 mm de comprimento e colorao rosada bastante

    caracterstica. A fase de pupa ocorre no solo, logo abaixo da planta.Os frutos atacados (Figura 8B) tornam-se imprprios para consumo innatura ou mesmo para a industrializao. Por atacar diretamente os frutos,essa praga causa danos diretos na produo, resultando perdasconsiderveis, que podem variar de 45% a 90%. A presena de apenas umalagarta da broca-pequena no interior do fruto o suficiente para causar suainviabilizao para o consumo.

    Visando realizar o manejo das espcies citadas anteriormente, a elaboraode um plano bsico de monitoramento mostra-se essencial. Para que a

    amostragem seja realizada de forma eficiente de suma importncia oconhecimento das pragas e das injrias por elas causadas.

    Para a realizao do monitoramento recomenda-se dividir as reas decultivo em talhes, conforme a cultivar, a idade das plantas, a topografia eas caractersticas de fertilidade do terreno. Deve-se percorrer toda alavoura em zigue-zague e examinar, no mnimo, dez pontos de amostragempor talho. O monitoramento das pragas deve ser realizado conformedescrito a seguir.

    Figura 8. Broca-pequena-do-fruto, Neoleucinodes elegantalis. Adulto (dir.) efruto danificado (esq.)

    Mosca-branca Monitoramento de adultos podem ser usadas cartolinas, lonas, plsticosou etiquetas, de colorao amarela, untadas com leo (vegetal ou mineral)ou cola entomolgica. Armadilhas adesivas com esta finalidade jencontram-se disponveis no mercado e devem ser instaladas em estacas,na altura do topo das plantas. Estas armadilhas podem ser inspecionadasdiariamente, o que permite identificar o momento exato da chegada dos

    primeiros adultos na lavoura. Mostram-se bastante teis na indicao domomento a partir do qual o controle qumico deve ser iniciado.

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    Inspeo de plantas caso o produtor no utilize armadilhas, os adultosde mosca-branca podem ser monitorados por vistorias, feitas a cada trsdias, mediante inspeo da face inferior de folhas localizadas na regiosuperior das plantas, no viveiro e no campo definitivo. Aps o surgimentodos primeiros adultos recomenda-se inspecionar periodicamente a face

    inferior de folhas localizadas na regio mediana das plantas, na busca porninfas, o que pode ser feito com auxlio de lupa de bolso, com aumentomnimo de oito vezes. O monitoramento da mosca-branca deve serintensificado nos primeiros 50 dias aps o transplante.

    Tripes

    Monitoramento de adultos devem-se utilizar os mesmos modelo eprocedimentos descritos para a captura da mosca-branca, porm, asarmadilhas adesivas devem ser confeccionadas usando material decolorao azul.

    Batedura de ponteiros esse mtodo adotado na ausncia dearmadilhas para monitoramento. Consiste em agitar as folhas da regiosuperior das plantas presentes em cada ponto de amostragem (1 m defileira de cultivo), sobre uma placa ou bandeja de colorao branca e avaliara quantidade de insetos presentes na superfcie. As vistorias devem serrealizadas nos primeiros 60 dias aps o transplante.

    Pulges

    Monitoramento de adultos os procedimentos a serem adotados so os

    mesmos utilizados para a captura da mosca-branca. Alternativamente,pode-se utilizar armadilha do tipo Moericke (bandeja pintada de amarelo,contendo gua e algumas gotas de detergente). Neste caso as armadilhasso colocadas no solo e dispostas na rea de cultivo.

    Batedura de ponteiros esse mtodo adotado quando armadilhas noforem usadas para monitoramento, seguindo-se a mesma operaorecomendada para os tripes.

    Traa-do-tomateiro

    Monitoramento de machos com armadilhas contendo feromnio sexualsinttico o feromnio sexual sinttico de T. absoluta j comercializadono Brasil.

    Existem vrios modelos comerciais de armadilhas para o monitoramento datraa-do-tomateiro, sendo o do tipo Delta o mais utilizado. No entanto,modelos artesanais tambm podem ser construdos utilizando-se debandejas plsticas circulares e arames. As armadilhas devem ser instaladasem estacas, na altura do topo das plantas, tanto no viveiro como no campo,antes do transplante.

    No campo as armadilhas devem ser distribudas com distncia mnima entresi de 30 m, ao longo da bordadura e no interior do cultivo. Pode-se utilizar

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    at uma armadilha para cada oito hectares. Estas armadilhas devem serinspecionadas ao menos duas vezes por semana. Deste modo indicam omomento da chegada das primeiras mariposas e a localizao dos focos deinfestao, sendo uma ferramenta valiosa para se determinar o momentodas aplicaes de inseticidas qumicos e biolgicos (Bacillus thuringiensis),

    bem como das liberaes de inimigos naturais (Trichogramma spp.) paracontrole da praga.

    Inspeo de plantas caso no se empregue armadilhas com feromnioou em complemento a elas, amostragens semanais da parte superior dasplantas em busca de ovos e folhas minadas com lagartas vivas, tambmpodem indicar o momento de se iniciar as pulverizaes no cultivo. Estasinspees devem ser realizadas durante todo o ciclo do tomateiro eintensificadas durante a estao seca e quente do ano.

    Broca-pequena-do-fruto

    Monitoramento de machos com armadilhas contendo feromnio sexualsinttico o feromnio sexual sinttico de N. elegantalis tambm j comercializado no Brasil. A armadilha recomendada o modelo Delta e osprocedimentos de operao dessas armadilhas so semelhantes aosadotados para a traa-do-tomateiro, exceto o momento (incio doflorescimento) e a altura de instalao (1 m do solo) das mesmas.

    Inspeo de plantas consiste na avaliao semanal de pencas comfrutos em fase inicial de desenvolvimento (2 cm de dimetro), sendoconsideradas infestadas aquelas que apresentarem, pelo menos, um fruto

    com ovos ou com sinais de entrada das lagartas. Recomenda-se que omonitoramento comece no incio do florescimento e seja intensificadodurante a estao chuvosa e quente do ano.

    Seleo das tticas de manejo

    Aps o monitoramento, caso seja necessrio adotar alguma medida decombate s pragas, deve-se optar por um plano que envolva duas ou maistticas de manejo.

    Manejo do ambiente de cultivo

    O manejo do ambiente de cultivo consiste em medidas que devem serconsideradas como a primeira linha de defesa contra as pragas.Recomenda-se, portanto, a adoo planejada e preventiva das seguintesmedidas:

    - Uso de sementes sadias;

    - Produo de mudas em viveiros com pedilvio (caixa com cal virgem),antecmaras e cobertos com telas (com malha mxima de 0,239 mm) prova de insetos sugadores;

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    - Instalao do viveiro em local distante dos plantios comerciais detomateiro ou de plantios abandonados e sempre longe do local definitivo deplantio;

    - Uso de cultivares de ciclo curto e adequao da poca de plantio para a

    regio, visando o escape da cultura de picos populacionais das pragas;

    - Seleo de mudas sadias e vigorosas para plantio e que possuamcertificado de sanidade;

    - As mudas devem ser transplantadas com, no mnimo, 21 dias de idade;

    - Mudas no utilizadas (sobras) no devem retornar aos viveiros;

    - Isolamento dos talhes por data e rea, evitando-se o escalonamento deplantio;

    - Preparo antecipado do solo para plantio;

    - Plantio de talhes novos sempre no sentido contrrio ao vento dominante;

    - Implantao de barreiras vivas permanentes ou quebra-ventos (capimelefante ou cana-de-acar) ao redor da lavoura, de tal forma que tenhampelo menos 1 m de altura no momento do plantio do tomateiro;

    - No realizar plantios prximos a culturas como soja, feijoeiro e algodoeiro,que tambm so hospedeiras de insetos sugadores e onde o controle dessas

    pragas no realizado de forma sistemtica durante todo o ciclo da cultura;

    - Manejo da nutrio (adubao qumica e orgnica mais equilibradas)conforme anlise de solo ou foliar e com base nos requerimentos da cultura,uma vez que o excesso, principalmente de nitrognio, via adubao,favorece o desenvolvimento dos insetos e aumenta sua taxa reprodutiva,ocasionando surtos populacionais;

    - Manejo adequado da irrigao de forma a favorecer o estabelecimentorpido das plantas;

    - Cobertura do solo com superfcie refletora de raios ultravioletas (casca dearroz ou palha), para dificultar a colonizao dos pulges e da mosca-branca;

    - Uso de irrigao viar piv central ou por asperso convencional paracontrole mecnico de pulges, tripes, lagartas pequenas e mosca-branca;

    - Eliminao imediata de plantas de tomateiro com sintomas de viroses,para reduzir o progresso da doena na lavoura;

    - Eliminao de ervas daninhas e de plantas silvestres que sejam

    hospedeiras de pragas e fontes de inoculo de viroses do tomateiro;

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    - Sucesso e rotao de culturas com plantas no hospedeiras de pragas dotomateiro, evitando-se plantios sucessivos de tomateiro e de outrassolanceas (batata, berinjela, pimento e jil), bem como de cucurbitceas(abboras, morangas, melo e melancia), alho e cebola na mesma rea;

    - Evitar a entrada de pessoas, veculos e caixas sujas nas reas de cultivo;

    - Destruio e incorporao de restos culturais e de cultivos abandonadosou com ciclo interrompido, com vistas a eliminar a populao remanescentede pragas na rea e se reduz o deslocamento desses organismos da lavouramais velha para a mais nova;

    - Eliminao de plantas voluntrias de tomateiro, oriundas de cultivosanteriores, antes do novo plantio na mesma rea.

    Controle legislativo

    Consiste em medidas de controle, preventivas ou no, sempre embasadasem dispositivos legais (decretos, instrues normativas, portarias eresolues). Procura normatizar datas de plantio, impedir o escalonamentoinadequado de plantios, garantir a eliminao de restos culturais e aexistncia de perodos livres de cultivo, bem como implementar medidas demitigao de risco de pragas quarentenrias.

    Controle biolgico

    O uso dos inimigos naturais no controle de pragas conhecido como

    controle biolgico e se baseia na regulao natural das populaes deinsetos e caros que se alimentam de plantas. Dentre as diversas tticasque podem ser utilizadas no manejo integrado de pragas do tomateiro, ocontrole biolgico pode ser uma ferramenta importante, pois se baseia nouso dos inimigos naturais para manter as populaes das pragas em nveistolerveis, de maneira sustentvel.

    Os inimigos naturais mais conhecidos so os predadores (joaninhas, asvespas, bichos lixeiros, etc.), que se alimentam de inmeros indivduos deuma ou de vrias espcies de praga. Os parasitoides pertencem outracategoria de inimigos naturais e, em sua maioria, so vespas diminutas que

    se desenvolvem no interior ou sobre o corpo da praga. Alm desses agentesexistem microrganismos como fungos, bactrias, vrus e nematoides, queocasionam doenas e matam as pragas quando estas alcanam grandespopulaes no cultivo.

    Dentre as diversas espcies de inimigos naturais de pragas da cultura dotomateiro, a bactria entomopatognica Bacillus thuringiensis Berliner(subespcies kurstaki e aizawai) o agente de controle biolgico maisutilizado, atualmente, nos cultivos de tomateiro, cujos produtos comerciaisso registrados para o controle de lagartas. Esses inseticidas biolgicosdevem ser utilizados, principalmente, no momento em que as lagartas so

    pequenas. As pulverizaes devem ser dirigidas s folhas, flores e frutos

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    novos e realizadas sempre com vento fraco e no final da tarde, quando astemperaturas esto mais amenas e o sol fraco.

    Controle comportamental

    Na cultura do tomateiro as tticas comportamentais se baseiam no uso deferomnio sexual sinttico, com destaque para o da traa-do-tomateiro.Alm do monitoramento das populaes de T. absoluta com armadilhas deferomnio, visando auxiliar ou otimizar as tticas de controle qumico ebiolgico, pesquisas j foram realizadas para o controle desta pragamediante emprego das tcnicas da confuso sexual, coleta massal e atrai-e-mata ou aniquilao de machos.

    Resistncia de plantas

    Existem boas fontes de resistncia a pragas e viroses em acessos selvagens

    de Solanum chilense, S. habrochaites f. typicum, S.habrochaites f. glabratum, S. pennellii e S. pimpinellifolium. Entretanto, noBrasil, os fatores de resistncia conferidos por estas fontes traa-do-tomateiro e mosca-branca ainda no foram incorporados s cultivarescomerciais.

    Controle qumico

    O uso de inseticidas e acaricidas qumicos tem sido a principal ttica decombate s pragas do tomateiro. Entretanto, o uso indiscriminado deagrotxicos tem elevado, substancialmente, o custo de produo e pode

    acarretar srios problemas, como surgimento de populaes de pragasresistentes aos produtos utilizados, ressurgncia da praga, erupo depragas secundrias, eliminao de organismos benficos (polinizadores,inimigos naturais e microbiota decompositora), poluio do meio ambiente,presena de resduos txicos nos frutos em nveis acima do tolervel e aintoxicao de usurios e consumidores.

    Nesse sentido, o controle eficaz dos insetos sugadores vetores de fitovirosesrepresenta o principal desafio para o MIP do tomateiro, tendo em vista que,nas reas com histrico de alta incidncia de viroses, torna-se necessrio oemprego de inseticidas de forma preventiva. Contudo, a concepo de que

    a simples aplicao de agrotxicos para eliminar o inseto vetor suficientepara o controle das viroses equivocada, sendo muito comum se observarcultivos de tomateiro com intensa aplicao de inseticidas para controle devetores e alta incidncia de viroses.

    O manejo de insetos sugadores vetores de fitoviroses deve preconizarvrias tticas de controle, adotadas simultaneamente, sendo todasigualmente importantes. Especial ateno deve ser dada na fase deproduo de mudas e logo aps o estabelecimento das plantas no campo,para se evitar a infeco precoce das fitoviroses.

    Para as demais pragas do tomateiro, o controle qumico somente deve serutilizado quando ocorrerem infestaes que possam acarretar perdas

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    econmicas, adotando-se para isso o monitoramento das pragas comarmadilhas e a inspeo peridica das plantas. Para o controle de lagartasrecomenda-se utilizar inseticidas de contato e de ao sistmica e, sepossvel, os produtos devem ser aplicados de forma seletiva, ou seja,primeiramente nas bordaduras do cultivo e nos focos de infestao. Quando

    do uso de inseticidas e acaricidas qumicos, devem-se utilizar osingredientes ativos registrados no Ministrio da Agricultura, Pecuria eAbastecimento (MAPA), para o controle de pragas na cultura do tomateiro.

    Nesse caso, algumas precaues devem ser tomadas para que se alcance aeficincia de controle desejada, causando o mnimo de desequilbriobiolgico e evitando-se o surgimento de populaes de pragas resistentesaos produtos.

    -Selecionar o inseticida por modo de ao e grupo qumico, tendo comoreferncia o estdio de desenvolvimento predominante da praga-alvo que

    for constatado a partir do monitoramento;- Dar preferncia para produtos que sejam seletivos em favor dos inimigosnaturais e polinizadores e pouco txicos ao homem;

    - Evitar o uso de produtos de amplo espectro de ao, como inseticidaspiretrides e organofosforados, no inicio do ciclo da cultura, pois causamgrande distrbio no agroecossistema devido elevada mortalidade quecausam aos inimigos naturais;

    - Evitar o uso indiscriminado de fungicidas, j que muitos desses produtos

    apresentam efeito nocivo aos fungos entomopatognicos que controlaminsetos sugadores;

    - Utilizar a dosagem recomendada pelo fabricante e a quantidade de guaconforme o estdio de desenvolvimento da cultura, tendo ateno aoperodo de carncia do produto;

    - Evitar a aplicao de mistura de inseticidas;

    - Utilizar espalhante adesivo;

    - Ter cuidado com a fitotoxidez de inseticidas e acaricidas ao tomateiro;

    - Utilizar, de forma alternada, produtos (inseticidas ou acaricidas) dediferentes grupos qumicos, levando em considerao seu modo de ao, oestdio/estgio de desenvolvimento da praga e a fase fenolgica da cultura,de forma a evitar a ocorrncia de resistncia das pragas aos compostos;

    - Evitar pulverizao nos perodos quentes do dia e de ventos fortes;

    - Ao aplicar inseticidas no sistmicos, certificar-se de que as folhas, florese frutos tenham boa cobertura, lembrando sempre que tanto insetos

    sugadores como as lagartas permanecem na regio inferior da folha e emlocais sombreados;

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    - Manter os equipamentos de aplicao em boas condies de trabalho(presso de asperso recomendada, bicos adequados e bem regulados),garantindo a aplicao do produto na dosagem correta;

    - No manuseio dos agrotxicos deve-se sempre utilizar o equipamento de

    proteo individual (EPI) e seguir todas as recomendaes constantes nasbulas dos produtos e no receiturio agronmico; e,

    - Sempre consultar um engenheiro agrnomo para obteno de umreceiturio agronmico, contendo o produto mais indicado e recomendaesde uso para cada praga e situao.

    Controle alternativo

    Uma opo promissora para auxiliar no manejo de pragas o uso deprodutos naturais ou alternativos, como o inseticida botnico base de leo

    de nim (Azadirachta indica A. Juss.). A eficincia do nim como inseticidabaseia-se no seu principio ativo, a azadiractina, que possui mltiplos modosde ao, atuando como regulador de crescimento, inibidor da alimentao,esterilizante, inibidor de enzimas digestivas, repelente, entre outros. Almdisso, o nim possui ao sistmica e de profundidade, permitindo seucontato com insetos em desenvolvimento no interior de folhas do tomateiro.No entanto, seu uso no campo ainda depender do avano das pesquisasvisando o desenvolvimento de produtos com maior efeito residual, visto que um produto que se degrada muito rapidamente no ambiente, requerendoaplicaes a intervalos de 4 a 5 dias.

    Existem diversos produtos comerciais base de leo de sementes de nimpara pronto uso. Para o tomateiro pode-se utilizar o inseticida at aconcentrao de 0,5%, ou seja, para o preparo da calda deve-se misturar500 mL do produto comercial em 100 L de gua. Doses mais elevadaspodero ocasionar fitointoxicao (aborto de flores) ao tomateiro e o usofreqente de produtos base de nim pode ter efeito nocivo sobre inimigosnaturais.

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