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ASAventuras

DO

Pato Felix(Continuação)

(Contínua)

Tenho que ir lá\em cima, salvar/ l

a boneca. J r"-

Mas é quenteaqui dentro.,

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A idéia foi ) Vai serminha. J V formidável!

Dou-lhe umpelotaço queêle vai vêr...

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O TICO-TICO

"-v.ZU

* ¦¦ ' —¦¦'¦'.¦¦..---

Meus Netinhos :

MA das alegrias da idade em que vocês estão, é a da chegada do período das férias.Tambem o velho Vovô já foi criança, e ainda se recorda, com saudades, do alvoro-ço com que via chegarem os últimos dias de cada ano, as festas de Natal, Ano^Bom e Reis, e os dias que se seguiam, em que ia para os mais lindos lugares ^everaneio, afim de refazer as forças e renovar as energias, em contacto com a Na-

tureza.Muitos de vocês, queridos netinhos, terão deixado a cidade, tambem, acompanhan-

do suas famílias em busca de estâncias aprazíveis, do sossego do campo, da vida amenados sítios e das fazendas, e como agora não teem mais a obrigação de ir ao colégio, deestudar as lições diárias e fazer os deveres escolares, entregam-se de maneira absolutaao repouso, ao descanso do corpo e do intelecto, não querendo nem por brincadeiraabrir um livro ou fazer um simples_ cálculo qualquer.

O Vovô, que é velho, e tem da vida uma grande experiência, quer aconselhar to-dos os seus netinhos a não procederem assim. O repouso corporal e mental é uma gran-de necessidade, e é bem de vêr que as férias são as férias....

Contudo, bom será, e produzirá os melhores resultados, que os meus netinhos nãopercam de modo completo e absoluto o contacto com os livros, deixando por inteiro delêr, de escrever, de aprender.

A vida no campo, na fazenda, nas estâncias, praias e lugares de veraneio por sisó poderá ministrar ensinamentos novos ao menino de espírito arguto e observador.Mas é preciso, ainda, ter o cuidado de conservar em estado de bom funcionamento ede atividade o cérebro, a inteligência, o raciocínio, a faculdade de compreensão e per-cepção, e isso, todos sabem, são coisas que muito dependem de exercício, de treino. Sedeliberadamente nos desinteressarmos da posse de todas essas qualidades, nosso espírito,nossa inteligência se embota, como que adquire o vício da preguiça, e quando fôr a ho-ra de recomeçar a vida escolar, sentiremos dificuldades sem conta.

Bons livros, palestras com pessoas cultas e que nos possam ensinar noções novase coisas belas é úteis, devem fazer parte do regime, do nosso programa de férias.

Órgão que não se exercita, tem a sua capacidade diminuída. Nossa inteligênciaprecisa ser mantida sempre, em atividade.

Caso .contrário, só o corpo, só os músculos lucrarão com o repouso das férias, eo ideal de todos os tempos é o de "mens sana in corpore sano", que quer dizer "inte-ligência sã em corpo são".

Janeiro 1942

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~\ XISTIA, longe, muito longedas terras em que vivemos,lá nos sítios para onde fo-gem as andorinhas quandovem se aproximando o in-verno, um soberano quetinha onze filhos e umafilha chamada Elisa.

As crianças eram amadas, quantoé possível. Mas aquele bem nâo podiadurar muito. O rei, enviuvando, tornoua casar com uma rainha, de péssimo-enio, que tomou raiva aos enteados.

Dali a uma semana, mandou a prin-

fsinha

para casa duns camponios,ira lá a conservarem e tratarem dela.uanto aos onze príncipes, tantas!tas foi contar ao rei, a respeito, que

o pai nunca mais quis saber das pobrescrianças.

Então, a perversa rainha, que erabruxa, deitou um encanto aos rapa-zinhos. Depois de cerimonias mágicas,que sabia, disse-lhes:

'Voai, ligeiro, longe de nós,"fazei-vos aves, aves sem voz!.. . "

Os príncipes muda-

ram-se em lindos eis-nes, e voaram pelo aresalém...

De madrugada pas-saram por cima da-houpana onde vivia armãzinha. A princeza

nda estava a dormir.or mais que batessem

s azas. para acordá-la,

rda conseguiram.

Quando Elisa fezuinze anos, levaram-j ao palácio. A ma-rasta, vendo-a tâo des-umbrante, teve tal fu-ia, que por pouco nãonorreu. O seu desejo foiogo mudá-la em cisne,nas o rei tinha dito que

queria vê-la, e a bruxa

nâo se atreveu.De manhã a rainha

foi à sala de banho,levando consigo trêssapos medonhos.

Ao primeiro disse:— "Has de te colo-

car na cabeça de Elisa,quando vier tomar ba-nho. para a fazer tâoestúpida como tu.

Ao segundo ordenouque saltasse â cara dapobre menina, para atornar feia, tão feia,que o pai a nâo conhe-cesse.

Sm —"Has de te pôr aopé do coração dela",disse ao terceiro, "para

que se faça perversa epateta"

Atirou com os trêsbichos medonhos paradentro da água límpida,que logo se Fez verde, efoi buscar Elisa, dando-lhe ordem que tomassebanho.

Os sapos fizeram tu-do o que a rainha man-dou: quando a princeza

i dágua, deixou trêspapoulas vermelhas que

t-nadavam.A rainha, vendo aquilo, esfregou-

lhe o corpo com alcatrâo e untou-lhe

Ícara

com uma pomada que fazia con-lír as feições A princesmha parecian bicho de cozinha

A madrasta, depois de tê-la arran--I assim, levou-a ao pa1 que teve

dela. e declarou que semelhantema nâo podia ser sua filka.

¦*•*<¦» ~T I C O

A desgraçada Elisa fugiu, então, dopalácio.

Depois de muito andar, por montese vales, chegou à noite a um grandebosque, e adormeceu.

De manhã, ao levantar-se, já tinhamais animo. Eoi andando, até que, aocabo d'algumas horas encontrou en-fim uma criatura humana. Era uma ve-lha, com um cesto de frutas na mão,que lhe deu algumas com que ela ma-tasse a fome. Elisa perguntou-lhe siteria acaso encontrado onze príncipes,tão bonitos como o sol.

— "Não", respondeu a velha, "nâovi onze príncipes, mas vi onze cisnes,com coroas de ouro na cabeça, desce-rem a nado o rio que fica perto daqui"

E levou-a a uma clareira muito in-greme, no fim da qual se viam aságuas duma ribeira.

A linda princesinha passou ali odia e a tarde.

Começou a anoitecer. No instanteem que os últimos raios do sol se apa-gavam, viu voando para terra onzecisnes. Pousaram em terra, muito per-to dela.

Logo que o sol desapareceu de todo,as penas dos onze cisnes caíram porterra, ela viu surgir os onze príncipes.Correu para eles de braços abertos.Os onze rapazes conheceram logo asua irmâzinha adorada.

Que alegria! que contentamento!que abraços e que beijos! Choravame riam ao mesmo tempo.

Depois explicou-lhes o motivo porque tinha vindo parar áquêle sitio, eeles contaram os feitiços que lhes ti-nham sido lançados.

O mais velho falou:— "D* dia temos a fôrma de cís-

nes. Logo que o sol se põe voltamosa ser homens. E' por isso que havemosde ter sempre muito cuidado em che-gar à terra lirme, na ocasião em quevai fazer, noite. Porque, si estivesse-mos voando pelos ares, cairíamos derepente. Não é neste sitio que nósmoramos, mas sim numa terra muitobonita, além dos mares. A viagem émuito longa: levamos nela dois diasinteiros, e havemos de voar muito de-,pressa. No meio do caminho há umrochedo isolado que sai das ondas; e

tão pequeno é, que só temos espaçopara ali ficarmos de pé, muito aperta-dos uns com os outros. Quando o marestá bravo, cobre-nos de espuma dacabeça aos pés. Contudo, damos gra-ças a Deus por termos aquele roche-dozinho. Não nos c permitido vii, si-não uma vez cada ano. e só onze diasé que podemos nos demorar. Há dezchegámos, temos ainda um, e depois

®g

À tardinha voltaram, e pouco tar-dou que tomassem a figura de homens.

"Amanhã temos de partir",disse o mais velho, "e. antes de um anonão podemos cá voltar. Mas não tequeremos deixar aqui sozinha. Terásanimo para vir conosco? Agora, quesou homem, era capaz de te levar aocolo pela floresta inteira; tu, coitadi-nha, és tâo leve e tão mimosa. Por-tanto, nós onze tornando a ser cisnes,tambem com as nossas azas havemosde poder contigo e levar-te por essesmares fora".

"Que alegria!" exclamou Elisa,"vou convosco para toda a parte".

Levaram a noite inteira a fazeruma rede de vimes e de juncos. Elisadeitou-se dentro. Ao romper do sol, os

dos estreitamente unidos no rochedo,onde mal cabiam.

De manhã acalmou-se a tempesta-de. Logo que o sol rompeu, os onzecisnes voaram, levando Elias.

Daquela vez tocaram em terra an-tes do pôr do sol; puzeram a irmã sô-bre um penhasco, em frente de umagrande caverna, muito bem arranjada;havia camas feitas de montões de mus-go e folhas secas. Foi ali que entra-ram, muito contentes, logo que os onzepríncipes tomaram a figura de ho-mens.

— "Sempre quero vêr o que sonhasesta noite, depois de todas as como-ções da viagem", ffisse à irmã o prin-cipe mais novo.

— "Deus queira que

sonhe o modo de vosmmsomos obrigados a voar. Como é quete havemos de levar conosco, si nãotemos siquer um pequeno barco?"

— "E eu", disse Elisa, "como éque poderei quebrar o feitiço que vosdeitaram?"

Ainda levaram muito tempo a con-versar. Por fim, Elisa estava tâo can-sada, que adormeceu.

Acordou ao sentir um forte baterde azas. Eram os irmãos que se tinhamtornado em cisnes, e que voavam emtorno dela, como a se despedirem. De-pois levantaram o vôo. e sumiram-sede todo. Só ficou um, que era o maisnovo dos onze irmãos.

D^MZ^Ôâ

que hás de fiar c tece' onze túnicascompridas. Quando estiverem comple-tas, atira com elas para cima dos onzecisnes, e quebra-se logo o encanto.Desde o primeiro momento em quecomeçares esta obra, até aquele em quea acabares, não poderás pronunciaruma palavra, uma silaba siquer. Si onão fizeres, o primeiro som que sairda tua boca, ferirá como si fossem onzepunhais cravados no coração dos teusonze irmãos. A vida deles depende doteu silencio. Pensa bem, primeiro, edepois faze o que quizeres".

Ao concluir essas palavras, acenoucom a ortiga que tinha nas mãos, e quebrilhou como si fosse uma estrela.

Elisa acordou deslumbrada poraquele clarão. Era dia claro, e ao pédela crescia uma ortiga igual ã que viraem sonho.

Caiu de joelhos, agradecendo a Deuster atendido às suas orações.

Depois saiu da caverna, para darprincipio ao seu trabalho.

Pôs-se o sol, voltaram os irmãos, e

onze cisnes levaram-na com os bicos,até perto das nuvens.

Os cisnes voaram durante todo odia. Ia escurectndo, e Elisa, muito as-sustada, não via siquer o rochedo, so-litário, onde haviam de passar a noite.

Fareceu-lhe que os cisnes voavamcom redobrada anciã.

— "Eu é que sou a causa destademora", pensava Elisa. "Si a noitedescer antes de chegarem ao tal ro-chedo, caem ao mar e morrem des-graçadamente. Valha-nos Deus!"

Nisso os cisnes começaram a des-eer para o mar; pairaram no espaçodurante alguns instantes, e :1a poudeavistar o rochedo solitário.

quebrar o encanto", res-pondeu Elisa.

Sonhou. Pareceu-lheque ia outra vez pelos arese chegava ao palácio deuma fada, que lhe faloudeste modo:

— "E' possivel quebrar o encanto

dos teus irmãos. Mas, para isso, épreciso muita força e perseverança, equem sabe si tu a terás! Vês esta or-tiga, que tenho aqui na máo? Hámuitas e muitas, assim, em roda dacaverna onde moras. Só esta única es-pecie. e uma outra que brota nos ce-miterios', é que te pôde servir! Precisasapanhar uma grande quantidade delas.Hás de encher as mãos de picadas ede empôlas, que queimam como ferroem braza. Si as pisares com muita for-ça, farás uma espécie de estôpa, com

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. Janeiro — 1942 ¦V4 M\a c

Vendo esses objetos, os únicosque podiam lhe dar uns rebates dealegria ao coração, Elisa teve um sor-riso que lhe animou o lindo rosto, eas faces pálidas fizeram-se côr d'umaromã.

Pegou na máo do rei e beijou-aagradecida.

S. M. vendo-a tão linda, marcoulogo o dia para o noivado.

Casaram-se.O rei fazia quanto podia para a

distrair. Ela, que o compreendia, olha-va-o com meiguice, mostrando-lhe nosolhos toda a sua infinita gratidão. Comque confiança lhe não contaria assuas penas e o seu martírio! Mas umapalavra só, que pronunciasse, perdiaos queridos irmãos.

De noite levantava-se, e ia para oquarto verde, parecido com a gruta,e ali continuava a sua obra.

Já tinha seis túnicas prontas, iaprincipiar a sétima, quando viu que lhfaltava estôpa.

Não podia voltar à montanha. Afada dissera-lhe em sonho, que as ortigas do cemitério tambem podiam ser-vir, mas com a condição de que havi;de ser ela quem as arrancasse. Qu'havia de fazer?

— "Que são", pensava, "as chaga

das minhas mãos, comparadas comdôr que me aperta o coração? Nãposso soeegar. Preciso acabar com

pe^Çuntaram-lhe o que tinha visto. Nemuma palavra de resposta.

Os onze príncipes tiveram um gran-de susto.,

'Isso é novo encanto da nossamadrasta, que a fez muda", dis-seram.

Mas, quando lhe viram as mãosferidas e o trabalho, compreende-ram logo que era para lhes quebraro encanto, que fazia tudo aquiio.

O mais moço pôs-se a chorar,beijando as mãozinhas inflamadas,e onde as lágrimas caiam, desapa-reciam as empôlas e as chagas.

Trabalhou todo o-»-dia.De repente ouviu uuu trompa

de caça soar por aquelas mon-tanhas. Teve um grande susto.O som vinha cada vez mais per-to, os cais latiam com furor. Tre-mula de medo, fugiu para dentroda caverna, e sentou-se em cimado molho de ortit*as que já haviaapanhado e pisado.

Dali a nada apareceu umgrande cão à entrada da gruta,depois outro e mais outro, e atrásdê-les apareceram todos os caça-dores.

O mais gentil era o monarcadaquele reino.

Ao vêr Elisa, correu para ela,encantado. Nunca tinha vistouma menina mais bonita.

— "Como vieste para estasolidão, minha beleza?", perguntou-lhe.

Depois saltou no cavalo, e levou-aroubada para o seu palácio.

As aias conduziram-na aos aposen-tos onde devia ficar. Havia um quarto<ie cama. um pouco escuro, todo guar-necido de tapetes verdes, para se pa-recer com a caverna da montanha. Noceio estava o molho de ortigas pisa-das, e num prego da parede a túnicajá tecida.

Tudo aquilo tinha sido apanhadopor um caçador, um pouco por curió-sidade, um pouco para lisongear a novarainha.

minha obra. Nosso Senhor não mede desamparar!"

Numa noite de luar, a pobre Edesceu devagarinho as escadas dolacio, saiu e chegou até o cemitériocidade, conseguindo apanhar um grde molho de ortigas, e voltar furtmente para o palácio.

Mas houve alguém que a viu sie a seguiu. Era um camarista, iodiava a rainha, pois pretendia vêtfilha no trono. Então, para se vingafoi contá-lo a Sua Magestade, insiniando que a rainha Elisa bem podia seuma feiticeira.

O príncipe desatou a chorar, quardo soube do caso; mas nada diss-Apenas resolveu espreitá-la.

Dias depois, faltando-lhe outra vtestôpa, foi de novo ao cemitério. Mdessa vez, seguiram-na o rei e outrpessoas. Viram-na caminhar direitoum rancho de harpias medonhas oestavam sugando o sangue de umdaver. WwW

O rei nào quis vêr mais, sup.que a gentil menina que tanto esmecia, era na verdade uma bruxapugnante. Mandou chamar juizesjulgarem a feiticeira. A rainhacondenada a morrer numa grandegueira.

Atiraram-na para uma fria emida masmorra. Por escarneo, delhe para cama o molho de ortigasapanhara no cemitério, e por co'tura as túnicas que tecera.

Elisa continuou logo com o seubalho, resando.

À noite, ouviu bater de azastra a grade da masmorra. Eracisne, o mais moço de todos osirmãos. Tinha conseguido desçoonde ela parava.

A moça, por um triz, aosoltou um grito de alegria, ma .conter-se a tempo. Que lhe imprmorrer, si os irmãos viriam juntoe quebraria o encanto funesto,de deixar a terra?!

(Termina no fim «io númer

O TICO-TK

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I HISTÓRIA DE JESUS CONTADA AS CRIANÇAS

__'Ü*M_J_ Dm_®_s~7

^—^ — —"^ — ^

•j[__ _tg>•¦% UTRO fato maravilhoso deu-ta na hora em quamJesus nascera. Além, muito além dos nossos

mares e de ricas e lindas terras, bem mais lon-que a mesma Judéa, havia uns reis muito sábios,

Minados Magos. Dedicavam-se eles a estudar o uni-*«o todo, mas especialmente o curto das estréias,

naquela noite, em que Jesus nascera, tinham elesberto uma estréia completamente desconheci-

e um brilho intenso e de uma grandeza deseo-I. Compreenderam que esse fato devia prenun-

algo de extraordinário, de prodigioso e resolve-descobrir a causa do mesmo. Recorreram aos li-preciosos que eles possuiam, nos quais se encon-

tambem a história da nação e da religião he-. Imaginem o enlevo deles ao descobrirem, na-

páginas, que grandes acontecimentos se te-do quando nascesse o Rei dos Reis, o Deus,dor dos homens, e, entre at outras cousas,

éu havia de aparecer uma estréia de tama-extraordinário, quando esse fato divino

sse.

tot'do que a estréia prenunciava; resolve-eminhar-se para o logar onde o Cristo nas-¦maram sua rica caravana com ornamenta-luções, levando riquíssimos presentes, para

os ao Deus feito homem, ao Rei d'lsrael.m após longa viagem à Jerusalém, capitalidário reino onde morava Herodes, rei dos

ando Herodes a magnificência dos Magos, oslou à corte e perguntou-lhes qual era o fim deigem.

ponderam contando o que acontecera e pe-de os informar onde poderiam encontrar o

'eus.

)m Menino-Deus ? Como 7 Êle não compre-ra Herodes homem de ilimitado orgulho, ex-

te despótico e cruel e as palavras dos Ma-aram-lhe profundo receio. Reuniu os sábiosírdotes do reino, os quais lhe disseram, que,

at Escrituras, o Deus, o Rei dos Reis havia"T em Belém. Haveria então alguém que po-

troná-lo ? Um rei e um rei poderoso cofno? Com esta dúvida teve Herodes um pen-infernal. Suprimir o pequeno Rei, eliminá-lo,

•is o melo único para que o seu poder náon perigo. Nada porém, disse aos Reis Ma-

resolução; incumbiu-os de procurar esseeus e voltarem aí, no regresso, pois dese-nesmo ir adorá-lo. E lá se foram os Reis tá-o contentes, seguindo sempre a formosa es-os acompanhara e guiara desde que se ti-

to a caminho. Lá se foram, levando suaso teu santo entusiasmo, em demanda do

'esus. A estréia parou enfim sobre umajpana, onde eles entraram, e se pros*ra-

i do pequenino Ser, do Messias prometido.-se at profecias, realisava-se a promessao Filho de Deus lá estava imensamente

sua pequenez humana, nos teut trajes hu-

D-TICO

ADAPTAÇÃO DE MONSENHOR MASALDI

mildes, no encanto tereno do teu divino olhar. Láettava I Diante d'Êle, de joelhos, erguendo at taçasde ouro cravejadas de pedras preciosas, cheias dericos dons, de perfumei raros, graves, tolenet, nosteut ricot trajei de tedat fulgurantes, ot Magos cfe-reciam ao pequenino e grande Rei tudo quanto dolongínquo Oriente trouxeram I

Já os humildes pastores O tinham adorado. Osgrandes, os sábios O adoravam agora, oferecendo-lhe o rico ouro, o perfumado Incenso, a simbólicamirra com as preces enternecedoras de suas grandesalmas. Na mesma noite, os Magos viram em sonho

um Anjo que lhes disse não voltassem á corte de He-rodes, pois devia êle ignorar onde nascera Jesus.

Seguiram êlei o conselho celeste e por outrocaminho volveram i sua terra, levando no coraçãouma saudade intensa do que lhes fora dado contem-piar e adorar, no humilde presépio de Belém I

(Continua )

Janeiro —- 1942

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O SALTO DE VARA - po, j cioJ I ^ ~3râ

ra^Sra —tW firara ^ " n raiíra

Chegou emfim o dia do campeonato. A ga-rotada toda fazia o "salto^da vara".

E Lamparina batia todos com vantagem,

mat com tanto impulso que . . .... foi cair na horta que fica do outro lado domuro.

O hortelão não gosta de brincadeiras. Quan-do viu as alfaces novas, todas amassadas,...

O TICO-TICO

. . . caminhou decidido; mas Lamparina firmou-se nas mãos, ergueu as pernas como um . . .

8

. . . sapo e roncou três vezes. O hortelão aco-vardou-se e partiu a correr, apavorado.

Janeiro — 1942

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VOCÊ LIMPANDO O NARIZ COM A-MÂO ? VOCÊ NÃO TEM LENÇO ?

TENHO; MAS MAMÃE NÃO QUER QUEEU SUJE.

^3___5©

SEU CONEGUNDES, O SENHOR SABEPORQUE E' QUE O LEÃO TEM BARBAS ?

NÃO...E' PORQUE NENHUM BARBEIRO TEM

CORAGEM DE CORTA-LAS ....TfíOlO- yf -t 14ffou£>Q~-^-~~- , y_A) ———————

MAMÃE, O PINDUCA AMARROU UMA LATANO RABO DO GATO ...

QUE MENINO MAU ! PORQUE O DEIXASTEFAZER?

PORQUE ESTAVA COM AS MÃO OCUPADASSEGURANDO O GATO ...

PORQUE NÃO PENTEIAS O CABELO ?PORQUE NÃO TENHO PENTE...E PORQUE NAO PEDES A TUA MÃE QUE TE

COMPRE UM ?ISSO NÃO! Al, EU TERIA QUE PENTEAR

MESMO...

Jan»iro — 1942O TICO-TICO

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A ILHA DO TESOURO - Jogo infantil

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_________________¦_¦¦ VEJAM EXPLICAÇÕES NO TEXTOJaneiro — 1942 O TICO-TICO

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AVENTURAS DE TINOCO, caçador de feras

Tinoco, que é um perfeito ginasta, procura sempre exagerar a sua habilidade, contando . . .

^""""""-" -r " \Ny li \

. . . vantagens. Outro dia contou a mister Brown que costu-mava dar saltos mortais de . . .

. . . quatro metros de altura, por doie metros de fundo, e

que esta sua habilidade . .... já o tinha livrado de momentos difíceis. Certa vei, ata-cado por um yrso pardo, . . .

^"V^ ——^fl fc^""*r\ _^B ^^«#V* /\^^

. . . tantos saltos deu e com tanta velocidade, mudando comtal rápida; de direção, ora para . . .

—-"--à^^^----,"^*""-1"^^ c___>— ^I. . . e exausto, desistiu de alcançá-lo, dando-se por vencido. Mister . . .

O TICO-TICO

. . . frente, ora para trai, ora para a direita, ora para a esquerda, que o urso, desorientado .

10

. Brown sorriu, sem faier comentários e preparou-se paraouvir outra do Tinoco.

Janeiro — 1942

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OVA AVENTURA DOS/"" 0 QUE? VOCÊS DI6SE&AM \ 'ôjtf

\ /DORMINDO JI QUE 0 CABO E€»TA' DO&MWDO 6ENH0J?/ ){ A SESTA/7 ^n,^^

/Cr tu? OATiCPf "I 1/^0, COMANDAMTE^N /^QÜAL ' ""N

/,,SE«W610 Jf6JíníÜL0 DE RAIVAM / I*Ô°s6' VAI( £Lfc PcN&A PZJf... O CA90 VAI COMER J ( PEORAP »0S5AV bawo/ .z jfiÊfti FagSoÍ?m Eur/ e'/y V S,TÜA^°/ >

r P/OO POPOUF P A f PORIS^O QUANDO O COMAWCMTE FÔRVOCÊ. NAO OUviÚ O J^A

ME6M0... EMBOPA Ú CABO VAI-6E VIW6AR

J^_ *^^' '' *r _^^ _^^_Dk. .^^ _^_» mmm mU\) MM ^55 /1 ^^^

/^e' MESMO' ^\/^ I6*>0 VA» ^ - f m.',. ,*...- \/ C Wí3flU' V A/-AQAO AAAI / Ax / -E O QUE \í EU NÂO T1WHA J\ACABAQ

MÂi^/f!^\ , í yocí PEíísA...)

__\ ^mr^mai^^^amW ^^^^ ^fl ^J^^^^^T* J ¦^Hb^^. l'vi___By Jf

^^\ âm^rí^ mmmmm ^ V • "V^ j^hbÜJ

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O TICO-TICO — \L — Janeiro — 1948

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VOCÊ SABIA?QUE PARA A MAIOR PARTE DObPOVOí? ORIENTAIS 05 GAFAMHOTOS FIGURAM COMO S^bOROSOSPlTÉUS E 5Ã0 COMID06 FXATA-MEMTE COMO NOS COMEMOS

06 CAMAPÕIS?

'UMA ROCHA MULCAMICA FOR

NM m PROFUNDIDADESE ARROJADA A SUPERFÍCIE

PELA CRATERA DOôVIJLCÕE5?

.—4fFOÁ/<30- ________K_____^^^ **"

QUE -05 CÃES COM MA15 DE 20CENTÍMETROS DE ALTURA NÃO PO-DEM PASSEAR NAb RUA^ DE BOSTON.

t COWTRA A LEI ?

r Q0 Pi 1® ¦ ®^

OUE UMA 6AWr.ÀPÀ JOGADA AO MAk íMA C09TA DO COMDADO DE DURHAM(INGLATERRA) COMT.MDO UMA MENSAGEM,FOI RECOLHIDA NA CúbU DO OURO, NAA. KICA PERCORRENDO UM TOTAL DE

6-436 KlLOMETROb •

O O f4=r:^<*U ^Pcz

1 -ví^\<\c-tHw\v ^*" ^ \ ^^H ___r _/

^gc/r

.QUE O CABELODO HOMEMEMBRANQUECE

5 ANOS.WAIò CEDO QUE

O M MULHER r

cr/^/^TIC (V/I/^X Todo e Qualquer jovem que queira ser Escoteiro poderá inscrever-se voluntariamente"\í í ) I \ II) — em qualquer tropa escoteira desde que tenha de 11 a 17 anos, não sofra de moléstia

L.cJV-.^--' i-~>* contagiosa, tenha Doa conduta e tenha autorisação dos pais, para fazê-lo. Ap.s

nm mês de estágio êle presta espontaneamente suas provas de classe, faz a Promessa e é considerado Noviço, podendo

usar o urüfome e as insígnias. Depois, passará à 2,- cte*e. 1.- e Escoteiro Ca Pátria, .ati.cfa.endo a provas sucessivas

e progressivas sobre os assuntos descritos^àcima.

Janeiro — 1942 — 11 — O TICO-TICO

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LEGIONARIOS DA SORTEE'?COMO f NÂO VA» ÔER 7\ ^\ X~

"1

^V^i SER.A COISA, ( TUDO j'^° N^HHm- \ (COM°.?) $£\ ( HEIN? J

r^i,J->*1 ¦.¦¦¦¦-i..i i.. i,.i... .mi.—

E' 6/MPLEô/ NO PlM DESTA P4&INAiNpSSA HISTORIA VAI ACABAS HAJA OQUE HOUVER, P& FORMA QüEeTso'E6PEPARM0S UM POUCO £ PRONTO

&A' TUDOPE60ÍVIDO—

' /A?MÊn_D,2eR 9"E. DE QUALQUER

VI

fe. "^ í li /^^a\ \^-—AA^I&mmmW BEÔ°_VIDO— X' A W\ X V í )Y*v )

^^SUi rf&A^ vi * 4Í IV J__x^^81^ ,,iPT/ %1«^____. ^iáfl^—.—-. 11 ^m w " wi _- -i y fi

^^ /^ S\ A COISA £' ESSA, 1í EXATAMENTE/. _T£\V ^DRlWHOS £-> J/ /

AN/ HAiQUANTO THMPO£ü QüERlA

[<FA1ER isso.'5*T~I -Br •" _Janeiro — 1942 — 13 — 0 iICO-TICO

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Wi r mLWEmamU âÂv^t^yf A.

xa^B^TirZ/j/iitijt,

9

DE

JANEIRO

O almirante Custodio José deMello nasceu a 9 de Janeiro de 1840.Foi um dos mais brilhantes orna-inentos da Marinha de Guerra na-cional e tomou parte na campanhado Paraguai. Teve papel salientena revolta da Armada em 1893, con-tra o governo do Marechal FlorianoPeixoto, mas não deixou nunca dese mostrar grande patriota, sempredisposto a sacrificar a própria vidapela Pájtria.

Dotado de notável inteligência ecultura,; foi deputado à Constituintepelo seu Estado natal, a Baía, tendodeixado j algumas obras de grandevalor. ]

5 DE JANEIROO dia 5 de Janeiro recorda a data

do nascimento de um verdadeiro sá-bio brasileiro, Raimundo TeixeiraMendes, que era um dos apóstolosda religião criada pelo filósofo Au-gusto Comte, no nosso país: o po-sitivismo.

Era grande conferencista e deixouvárias obras publicadas, sobre mate-niática e sobre a filosofia positivista

.'de que era adepto.

30 DE JANEIRONessa data, em .1853, nasceu, na

Baía, Manoel Yitorino Pereira. Foinotável clínico, homem de letras,orador, educador, jornalista e poli-glóta. Escreveu vários livros, via-jou pela Europa e foi Vice-Presi-dente da República e Senador peloseu Estado.

O "FICO"

S.SEBASTIÃOO santo padroeiro da capital do Brasil, a cidade do Rio de Ja-

neiro, é São Sebastião. E' uma das grandes festas que os católicos dacidade comemoram com maior entusiasmo, e por isso o dia 20 deJaneiro, dia de São Sebastião, deve ser incluído nas efemérides im-portantes do mês.

20 de Janeiro é o dia em que S. Sebastião, que é um dos már-tires do cristianismo, foi torturado, crivado de setas, pelos seusalgozes.

\ZJjr

ãÊÈkmÊSZvmÊm-

O dia 9 de Janeiro de 1822 ê

histórico. Nesse dia [oi que o Prin'

cipe D. Pedro, chamado a Lisboa"afim de viajar e completar a edu-cação", rebelou-se contra as ordensrecebidas e, por instâncias de Dá-rios brasileiros ilustres de então,decidiu permanecer no Brasil.

Tendo-lhe sido levada uma rc-

presentação assinada por mais dc

8.000 pessoas, pedindo que não

embarcasse, D. Pedro pronuncioua célebre [rase:

"Como é para bem

de todos e [elicidade geral da

Nação, diga ao povo que fico. Dou-

vos, com a minha pessoa, a minha

dinastia".

"BOB BOLÂCH E SEU CRIADO PAURA"(EM VIAGEM DE BELÉM- OO - PARA AO ARAGUAIA)

de

JOAQUIM SILVEIRA THOMAZLivro do história para criança, premiado no PRIMEIRO

CONCURSO DE LITERATURA INFANTIL instituído pola SECRE-TARIA GERAL DE EDUCAÇÃO E CULTURA do Distrito Fe-deral, em 1940.

(São páginas alegres, patrióticas, instrutivas, cheias de en-sir.amentds, dignas de figurar nas bibliotecas infantis, as ma:sexigentes).

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20 DE JANEIROTU O dia 20 de Janeiro de 1868 nas-

cia em Cantagalo, no Estado doRio de Janeiro, Euclides da Cunha,que viria a ser mais tarde um dosgrandes nomes da literatura brasi-leira.

Euclides da Cunha é o autordesse livro notável "Os Sertões", e de outras obrasliterárias. Desde moço, revelou caracter independentee rebelde, e seu nome figura nas páginas da nossa his-tória por vários motivos.

Foi membro da Academia Brasileira de Letras,onde ocupou a cadeira cujo patrono é Castro Alves.

. EUCLIDES DA CUNHA

O TICO-TICO -- 14 Janeiro — 1942

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22 DE JANEIROA imperatriz Leopoldina, esposa

de D. Pedro I, nasceu a 22 de Ja-neiro, no ano de 1797. Foi uma so-berana muito amiga do nosso país,para onde fez virem grandes sábioscomo Spix, Martius e outros. Foia progenitora de D. Pedro II,

16 DE JANEIRO

27 DE JANEIRO 5 DE JANEIRO

O nome de Yalentim Magalhãesé dos mais altos da literatura bra-sileira. O autor de tantos livros be-los nasceu no dia 16 de Janeiro de1859, nesta Capital, e desde criançase entregou dc corpo c alma ao cul-tivo das belas-artes, conquistandobem cedo o renome que o levou,mais tarde, a ser um dos fundadoresda Academia Brasileira de Letras.As poesias de Valentim Magalhãessão cheias de suavidade, e muitasdelas são ainda hoje declamadas nasescolas, pois pertencem às antolo-gias. Na sua edição dc Setembropassado. O TICO-TICO publicouu m a poesia dèssc notável ar-tifice do verso que é uma das gló-rias das letras nacionais.

PROCURANDO CONHECEROS FATOS PRINCIPAIS DANOSSA HISTÓRIA, ESTAMOSCULTUANDO A MEMÓRIADOS NOSSOS GRANDES HO-MENS, QUE A ESCREVERAM

COM OS EXEMPLOS DESUAS VIDAS.

í^*-"-rr-™iÃ. ti.»'."iV;i

fy' ~Wj»-y JfCiyri

A maior glória do Teatro na-cional, como vocês sabem, foiJoão Caetano. E a data de 27 deJaneiro assinala o aniversário doseu nascimento, que ocorreu o anode ISO8.

João Caetano dos Santos —- eracomo se chamava — recebeu asmaiores consagrações e hoje temuma estatua em frente ao teatroque recebeu o seu nome, e quefica à Praça Tiradentes. na Ca-pitai Federal.

A INSTRUÇÃODA INFÂNCIAPOR MEIO DO

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1

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RIO DE JANEIRO

Nesta data, em 1SÓ9, Caxias en-trou triunfante em Assunção, capi-tal do Paraguai, após as vitórias deTuiutí, Humaitá e Uruguaiana.

0

25 DE JANEIRONo dia 25 de Janeiro de 1554 o

veneravel Padre José de Anchictafundou nas planícies de Piratinin-ga o Colégio de S. Paulo, e essecolégio recebeu tal nome por tersido fundado no dia do aniversárioda conversão desse Apóstolo. Onome foi, mais tarde, estendido àcidade ali fundada e, depois, a todaa capitania.

Io ÒÉ JANEIRO"A data de

1." de Janeiroé consagrada àconfrater-nização dos po-vos. Confrater-nização quer di-zer irmanação.fraterni-dade, união. Perisso o Io o'eJaneiro ébonito símbolo,embora os ho-mens não o si-gam muito aopé da letra, pelomenos fora danossa América,onde todos so-mos amigos enos considera-mos realmenteirmãos. E' fc-riado interna-cional e comonesse dia come-ça o ano, todosfazem' projetos,formulam pia-nos e alimentamesperanças.

Janeiro — 1942 — 15 — O TICO-TICO

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• Luiz úe Camõespecta português, é oautor do poema ép>-Cú "OS LUSÍADAS'que narra cs feitosdas artnas portugue-eas. Camões era mi-litar e foi combateu-'*ío que perdeu£»'0 Spi-ft»

•Houve escritores

que produziram suasmelhores obras, es-crevendo-as, deita-dos na cama. Nãoiaziam isso por pre-guiça, mas, porque,durante o inverno,devido á sua pobre-za, eram obrigados ameterem-se na camapor falta de agasa-lhos.

f*

•s=r j mmtr

A baía de Guana-bara, uma das maislindas do mundo,tem o formato deuni presunto, que éo formato apresentaão também pelocontorno dos limi-tes geográficos doBrasil.

•Os "icebergf-" ou

montanhas, de gelo,são carregados pelacorrente marítima agrandes distancias,até onde a tempera-tura mais alta os dis-solve. Essas monta-nhas de gelo, perigo-sas para a navega-cão, têm quatro

•GAVE^LMIJAaber

-***%.

quintas partes desua massa mergulha-da nagua e levammeses antes de sederreterem, comple-tamentt?.

Certcs regiões daPatagônia são maisáridas que os deser-tos africanos. Ha ex-tensões pedregosas,onde não existe ani-mal algum nem ve-getação, apesar daamenidade do clima.

Ha mais músculosna cauda de um ani-mal ou na tromba deum elefante do queno resto do corpo.

Os selvagens do sulda África costumamcobrir a pele de gor-calor. Foram os con-dura para resistir aogolezes os primeirosa constatar que ascobras teem horrorao alhou

De todo*; os traba-lhadores o mais re-sistente é o mari-nheiro. Eáte traba-Sta com qualquertempo e qualquertemperatura, sendomais refractario ásdoenças.

Na Afiioa ha ara-nhas de proporçõesdescomunais, m a snenhuma delas ata-ca o homem, quan-do não é molestada.Consta ser a peço-nha de pequenasaranhas mais peri-gosa do que a dasaranhas grandes.

Os islandezes mo-radores na visinhan-ça dos "geyser" (vul-ção de lama) lavamsua roupa na aguaquente que é lança-da em jatos regula-res pelo geyser e alavagem é eficiente.

Os gafanhotos sãouma terrível pragapara a agricultura.Voam em bandosque formam verda-deiras nuvens, che-gando a escurecer asregiões por onde pas-sam. Quando pou-sam em qualquerplantação, roça oupomar, em rápidosinstantes devoramtudo, jnwtilisandocolheitas. São deex-trema voracidade.c

mmmíÉêjSp5 *? t? i __FS_i ^lir-y

\t*y_+_ ¦'•*rs_-_l-________LsCír

George Washing-tou é um dos gran-des homens da Ame-rica. Foi o liberta-dor dos Estados Uni-dos, conseguindo •*independência desua pátria â custade muita iuta, mui-ta tenacidade e va-lor, â frente de umpequeno exercito, pe-queno mas invenci-vel. Foi o primeiroPresidente da no-va República. Foicom Washington quese deu aquela passa-gem da machadinhae da macieira, tãoconhecida dos meni-nos estudiosos. Ten-do cortado a arvore,c sendo interrogado

pelo pai, Washing-ton não mentiu, massim confessou nobrermente a verdade.

•Os pigmeus, povo

selvagem da África,gostam mais do saldo que do açúcar,üm explorador deua um deles um cha-ruto e o selvagem co-meu-o, em lugar defuma-lo.

•Foi inventado um

minúsculo aparelhofotográfico em for-ma de tubo que podeser introduzido noestômago para foto-grjifar seu interior.

¦

O pêlo do gato po-de acumular eletrici-dade, podendo, quan-do a carga é dema-siada, exaltar o ani-mal, pondo-o no es-tado de nervosismo,quando se aproximaalgum temporal.

•O.r "vikinffs" eram

úavegaúores primiti-uma mistura de

norueçuezes, de ir-h.ndeses, que rcali-uitam longas via-gens, assinaladas poráiscos de ferro nocostado dos barcos.Foram eles que des-cobriram a Americaúo Norte e a Jslan-úia, mas n_o ligaramgrande mportancia«i essa*, descobertas.

mO elefante africa-

no tem as orelhasmuito grandes, aopasso que o indianoas tem regulares,mau, emquanto oelefante indiano tempatas com quatrounhas, o africano sótem tres.

l__fZ»_____í______síl___B________s__sW

Tomas Alva Edisonfoi chamado o má-i: o de Merão Park,Foi quem inventou ofonografo, quemaperfeiçoou o tele-fone, intentou alâmpada elétrica e

¦ ios outros inven-:¦ s lhe são devides,¦ ãèssesh Edisonera um menino po-bre. Fez-se um doshomens mais nota-vais ão mundo mo-demo, pelo próprioesforço e pela ven-tade inteligentei,

Menlo Park eraseu

gabineti_

Em certas mesqui-tas mahometanas, osfiéis, para entrar nctemplo, teem de dei-xar seus calçados âporta. Nunca se ve-rifica um roubo ouuma troca, porque écrença geral de queo ladrão ficaria comuma moléstia que lheroeria o."- pés.

O sapo, apesar defeio, é um animalmuito útil ao ho-_i_oa. Nos jardins.<•." faz a caça aos bi-chea daninhos, e nãodevemos perseguiresses auxiliares dari^ricultura e da jar-dinagem.

Não sendo perse-gnitio, o sapo ne-nhum mal nos faz.

O TICO-TICO — 16 Janeiro — 1942

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POR QUE. E' QUE O FÓSFORO SE ACENDE?#| fósforo se acende porque se

aquece, ao ser friecienado àcaixa.

Sabemos perfeitamente q .te. paraque a fricção seja mais forte, épreciso esfregar o fósforo contraalgo que tenha aspereza. Essa as-pereza entorpece o movimento, re-tarda-o, e isso é justamente o quequeremos expressar como fricçãoou, melhor, como atrito, o que fazaquecer o fósforo.

Isso, aliás, é fácil de comprovar,esfregando-se a ponta de um dedocontra a roupa: dentro de poucosinstantes sentiremos calcr na p__tefriecionada do dedo.

Pois bem: toda a questão acercado fósforo repousa em que suacabeça é formada de uma ceitamistura de matérias às quais nadasucederá, se conservadas à tem-

. "J . ¦"'.-¦-1'--"*1

peratura normal. Mas que, un.avez aquecidas suficientemente, seinflamam, quer dizer, se combi__..mcom o oxigênio do ar, e ardem.

Há mais ou menos 100 anosapareceu a primeira mistura deatrito, e esta era de tal naturezaque, para pegar fogo, necessitavaser friecionada durante demoradoespaço de tempo em tiras de pa-pel de lixa,

Mais tarde começou a ser usadoo curioso elemento chamado [ós~foro, que significa "portador deluz", e se fabricaram misturasmuito parecidas com as que l.ojese usam.

A propriedade peculiar do fés-foro é que se inflama no momentopreciso em que disso necessitamos.

Contudo, há nele outras substân-cias e especialmente uma contendooxigênio, que faz com que ardamuito mais ligeiro do que o oxige-nio do ar.

Eis porquê se produz uma es-pécie de pequena explosão, quan-do friecionamos nm fósforo.

E' perigoso brincar com caixasde fósforos cheias, porque po-dem causar explosões e sérias quei-maduras.

><><^<X>««<X>óO0<>O00<>«0000<><><><XK>0O<>OO0<>OO<><>0vo

BOAS ENTRADAS...( M ONÓLOGO)

Quando um ano chega ao fi:»E começa um novo ano»E' costume desejar-seVenturas c nenhum dano.

O carro, ao "entrar" no PostoTeve as rodas arrancadasE um enfermeiro lhe disse:

¦— "Boas entradas". . .

Ha, mesmo, uma "frase feita"Entre as frases consagradas:E' a que deseja aos amigos"Boas entradas"...

O meu colega PafuncioAnda, por certo, infeliz,No dia 1.° caiDe costa e... quebra o nariz )

Há pouco tinha êle ouvidoDe um grupo de camaradas:— O' Pafuncio, lhe auguramos"Boas entradas" !...

Como o sangue lhe escorri?Das ventas com insistência,Pra socorrer o feridoChamaram logo a Assistência.

Na mesa de curativosOs internos afirmaramQue o ferimento era leveE numa maça o levaram.

A "entrar" na enfermariaSente a dôr das agulhadasE outros doentes lhe desejam,"Boas entradas"...

Passou, assim, vários dias,Sempre esperando a saida;Mas os médicos acharamNão estar bôa a ferida.

EÜSTORGIO S? WANDERLEY S

As visitas que chegavam,Pensando ser delicadas.Lhe diziam, num sorriso:

— "Boas entradas"...

Já cansado de sofrer,Sentindo as forças perdidasO Pafuncio preferiaTer, dali, boas saídas...

No entanto todos lhe dizem,Com frases açucaradas:

Queremos que tenha tido"Boas entradas". ..

O Seguro-socialO indenisou do acidenteE o Pafuncio "entrou nuns

[cobres'Muito feliz e contente.

Ao saber disto eu lhe disse,Entre boas gargalhadas:

(Rindo)Até que enfim você teve"Boas entradas" !...

,8000oo.os<>

oto8

"C^<X><><><><><><><><^^

Janeiro — 1942 — 17 O TICO-TICO

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AVES E PÁSSAROS DO BRASILTexto de JOAQUIM SILVEIRA THOMAZ - Desenhos de

'DÁCILDÉS S. THOMAZ

SÃO as andorinhas aves de ar-

ribação: aproximando-se o in-verno, procuram o norte onde oclima é mais quente. Vão em ban-dos, migram em busca de outrasterras. De um vôo só, transpõemléguas e léguas. . . Atravessam ter-ras, continentes, até mares ! Fi

quando chega a primavera, ei-lasde novo, trincando os ares com aspequeninas asas pretas. Com asua chegada, tudo parece sorrir:o campo está mais verde, as ár-vores deixam cair as folhas ccobrem-se de flores. E' a prima-vera, são elas que voltam, é avida que recomeça !

Esses pássaros, em geral, sãopretos, azulados por cima, e teemo peito e a barriga brancos. Nãomedem mais de 21 a 22 centi-metros, são taludos e rabifurcados.

Fazem as andorinhas ninhos

As andorinhas

Um mês depois, o mesmo cria-do voltou ao salão, onde ninguémmais havia penetrado e ficou pas-mo de ver uma andorinha a vol-tejar aqui e ali, cheia de vida: per-

. J ^i^^^^^^^^^^^' '

em toda a parte: no beirai dostelhados, na cavidade dos velhostroncos e, principalmente, nas ca-sas abandonadas. Este último pen-dor valeu O nome de Tapera acertas espécies que habitam as ta-peras, cidades mortas, malocasabandonadas c Taperuçú às ando-rinhas maiores.

É uma ave inteligente e dela con-tam-se. histórias bem interessantes.

Vejamos esta, do Livro chisAves, de P. D. de Almeida:

"Uma andorinha entrara, inad-vertida, no salão de um casteloque os proprietários haviam dei-xado, pouco tempo antes. Veio umcriado, fechou cuidadosamente t<>-¦das as janelas e afastou-se, dandouma volta à chave da porta: o

pobre pássaro ficou prisioneiro.

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guntou a si próprio como puderaela subsistir naquela peça fechadae solitária. Então, retirou-se, tor-nou a fechar suavemente a porta epôz-se à espreita, ansioso por de-vassar o mistério.

Não tardou, porém, a satisfazera sua curiosidade: ouvindo-se fórnum gritinho de pássaro, voou aandorinha para uma das janelas,aferrou-se ao ângulo de uma vi-draça, onde se achava um buracodemasiado estreito para deixarpassar seu corpo, mas bastante

grande para que pudesse intro-duzir o bico. No mesmo instante,aproximaram-se uma após outras,cinco ou seis andorinhas dos ar-redores, trazendo-lhe o alimento,como fariam a filhotes. Esta cenarepetiu-se muitas vezes ao dia'.

Nós mesmos já presenciamosfato semelhante:

Na roça. um menino máu quebroua asa de uma andorinha com a

pedrada de sua atiradeira. A-pesar-de ferida, a ave não se deixouapanhar e nós que presenciámos acena, nada pudemos fazer, pois oanimalzinho sumira, Não abando-namos, todavia, de vista o local ctodas as manhãs por lá passava-mos na esperança de encontrá-lae prestar-lhe algum socorro. Oitodias depois, encontrámos a pobre-zinha na fenda de um rochedo,onde era continuamente visitadapelas companheiras, que iam levar-lhe alimento !

— 18 —

O meu leilorzinho já deve estarcurioso para saber o resto da hís-tória. . . Ei-lo:

Apanhei a bichinha, levei-a paracasa. tratei dela e depois de curadadei-lhe a liberdade.

Pois, o espaço não foi feito paraelas voarem ?

Janeiro — 1942

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19O TICO-TICO

Janeiro — 1942

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Janeiro — 1942O TICO-TICO

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Entretanto, como ninguém é imortal neste mundo, aconteceu que êsse Primeiro^ItWucCit, Ministro, da noite para o dia. adoeceu gravemente, e morreu logo a seguir, causando

i a sua morte grande consternação em todo o Reino. E logo começaram a apareceraltos personagens, que se candidataram ao lugar vago, apresentando suas petiçõesao "Shah". Gente toda ela de alta categoria.

Isto que vou contar, aconteceu na Pérsia, hátantos anos, que nem sei! Governava aquelePaís um soberano — que ali chamavam "Shah"

— muito reto e justiceiro, e que era querido erespeitado por seus numerosos súditos, pois sesoubera cercar de bons auxiliares, entre os quais

essaia seu Primeiro Ministro.SU_>1 v

Muzafer, o soberano, prometeu a todos os candidatos que pensaria, antes de

decidir, e que promoveria uma prova, à qual se teriam que submeter todos os pre-tendentes. O cargo era por demais importante ... E íoi para seu pomar, dar o

passeio costumeiro.

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Ali teve a atençào presa por uma bonita la-ranjeira. carregada de lindos frutos de ouro. cuja.

presença lhe sugeriu uma idéia que o fez sorrir.

Já sabia a que prova submeteria os aspirantesao cargo de Primei, o Ministro ... E começoua colher algumas laranjas, calmamente.

O TICO-TICO

Em seguida, cortou-as todas pelomeio, e as foi colocando cuidadosa-mente no lago, mas de maneira queficassem para cima as cascas. De-pois, ordenou que viessem à suapresença os candidatos ao postovago.

22

Vejamos, Nahlr — disse ao primeiro.— Queres ser Primeiro Ministro, nâo ? Poisbem : o primeiro dever de quem ocupar tal

posto é o de dar fé do que seus olhos vi-rem. Nao é isso exato ?

O candidato concordou.Janeiro — 1942

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H^* _j_^Í^_yfc.j-^^c^

X__^__________**~_______B_C^____~.. / _._¦*__¦____.

mi silencio jUM „AU f_m mãW)ATE OS/NSETOlL %INAL ' Mm, ^^SÊM

WwB&t lS deixaram K *'Nfít- JMMmk mamW& ^%»DE CANT/*B/ \~^—^<^SZZ\ZZ'e J^r j

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________P<-aL- "^i'_?__'¦___- %__w.______Wk "^_

f UMBteuW&HOR&VEL INVADIU A SELVA,AINDA HA POUCO SILENCIOSA.

E O S/NALDE

ALARMEDOS

/ND/OSCHAVANTESi

f C73 ÀESPEDICIONARIO}<PUE AGORAESTAVAM NOTEEfí-QirO&IODOS PERIGOSOS/AID/OS ÇHAVANTE&jATINI/AM QUE

PASSA/2 ASVOlTEiOE GUARDA.

^y-s^w y^

/Z7m? -£=7pz pcüç/ue nâo\ fzZZTZTZTZZs,

ContinuaJaneiro — 1942 21 O TICO-TICO

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-

— Quero, ent&o, pôr à prova a tuaperspicácia. Olha bem para esse lago edize quantas laranjas vês boiando à su-perf ície.

Nahir se aproximou e, durante minu-tos, esteve olhando o lago e as laranjascom atenção, contando e tornando a contar.

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Como visse que o soberano sorria,aproximou-se novamente da margem, etornou a contar : uma ! duas ! três ! efoi até doze. Ao terminar, disse, satis-feito : — Exato, senhor ! Doze laranjas.Nem mais, nem menos !

— Senhor, — respondeu, por fim —

posso afirmar com segurança e sem receiode erro, que na água do lago estão boian-do doze laranjas. — Tens certeza ? — per-guntou o Shah, sorrindo, sem querer. —Absoluta, senhor ! Al estáo, a boiar, dozelaranjas, e bem formosas, até.

^__à/^_Kk?__ p.~T=01L

— Muito bem — disse Muzafer. —Afirmas, entáo, que aí estáo doze laranjas.Lembra -te bem disso ! Nahir começou aficar nervoso, mas Insistiu : — Sim. Sãodoze, senhor! Meus olhos vêem claro !

— Vem, tu, Sirdar — disse o "shah"

ao outro candidato. Já submeti à provateu adversário e quero agora comprovara tua capacidade. Se náo salres melhordo que êle, tratarei de escolher outra prova.Sirdar se aproximou, com uma varinha namao.

^4Px___ __T~^

Com a varinha foi fazendo girar udas as bandas da laranja, e depois d*ter visto do que se tratava, disse : —Senhor, há aqui seis laranjas, mas preciam doze, porque estavam comcascas para cima.

— Oh ! — exclamou Muzafer. Tu ésmerecedor do posto vago, porque soubes.;observar bem o que coloquei diante dosolhos.Janeiro — 1942

— Para bem exerceres o car-go de Primeiro Ministro, antesde mais nada, necessitas disto :saber náo vêr as coisas superfi-cialmente, mas sim aprofundar-

se nelas.

23

E Sirdar foi nomeado Primeiro Mini:tro naquele mesmo dia, com grande triteza para Nahir, que não revelara a mesqualidade de observação e critério que êlePorque é certo, meninos, que as aparecias enganam ... V

O TICO-TK

risma

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O

leão tinha dado ordens

para que todos os bi-chos trabalhassem, por-

que quem não trabalhava viviaà custa dos outros, e isso eramuito -feio.

Todos os bichos se puzerama trabalhar, menos o boi e oburro.

Ora, seu burro, podemosviver muito bem sem trabalhar!

E' isso mesmo, seu boi.Trabalhar para que ?

E ficavam os dois de papop ro ar.

O gafanhoto passou por alivendo os dois sem fazer na-

l, perguntou :Já trabalharam, hoje ?Já, sim,, respondeu o bur-

rindo.Que fizeram ?Comemos capim. — res-

ondeu o boi, com uma garga-tada.

O gafanhoto, zangado com^uela zombaria, avisou o re,ue os 'dois não queriam tra-

lhar e ainda zombavam dele.- Não faz mal, gafanhoto.

• de ensinar a esses pregui-os. Avise a todos os bichos

HISTÓRIA DOBOI E DO BURRO

Texto de TOSTES MALTADesenho de NOEMIA

que escolhessem os logares on-de queriam trabalhar.

O burro e o boi receberamo aviso do gafanhoto e respon-deram logo :

Nós já escolhemos. Fica-mos aqui mesmo.

O gafanhoto foi dizer ao rei.Vá chamar, agora, o ti-

gre, a onça* o elefante e o ca-melo.

Quando eles chegaram, õleão deu, a cada um, para tra-balhar, as terras em frente,atráz e dos lados do campo doboi e do burro.

Foram todos tomar contadas suas terras e fizeram cer-cas.

O boi e o burro nem sabiamde nada e continuavam comen-

do capim, cada um por um lado.Um dia, o boi esbarrou na

cerca da onça.Ué ! que cerca é essa 7E' minha ! — gritou a on-

ça do outro lado. Que é quevocê quer ?

O capim acabou desselado, dona onça.

Pois plante mais, seu pre-guiçoso '

Plantar para que, si hatanto capim aí depois da cerca?

E', mas deste lado é meu.e você não entra porque esto-semeando, — disse a onça, mos-trando os dentes ao boi, que tra-tou de ir andando.

O burro, também, encontroua cerca do tigre, que lhe dissea mesma cousa e rosnou grosso

Voltou pafa casa, desconfia-do, e foi contar ao boi :

Não ha mais capim domeu lado, seu boi.

Nem do meu, seu burro.Ora, não faz mal ! Vamos

comer para os lados.Daí ha uns dias, esbarraram

com as cercas do elefante e docamelo.'

O boi voltou, triste, para casa.

Como é, seu boi ? pergun-tou o burro.

Estou ficando magro, seuburro. Encontrei a cerca do -ele-

fante.E eu a do camelo, que até

me xingou !Ficaram os dois de cabeça

baixa, muito tristes. De repente,o boi falou :

Sabe que mais ? Amanhã,vou semear para não morrer defome !

Era isso mesmo que eu es-íüvò pensando, respondeu oburro.

No dia seguinte levantarambem cedinho e foram trabalhar.

E até hoje, não se sabe quemmais trabalha, si é o boi, ou sié o burro.

*m y\ v \ ( ly vJW.l'i,í ^^ /j •!_______. àitiViz'-K3S* ) \,aS-\ n_$S&\ ^i-^^mmmmm^ ".»* *»»!;*

TICO-TICO ?4 •Janeiro — 1942

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MENSAGENS \ JUVENTUDE

POR QUE ME ORGULHODE SER BRASILEIRO?

— Primeiro, porque sou americano.-Vim da Europa, sei, mãida civilização ocidental, que nos deu tudo as letras,o cristianismo... Mas, belicosa Europa, que iiào sabe viver semderramar sangue, e tudo lhe é pretexto para isso, governo, reli-gião, domínio, .idéias... A América não tem tradições, nem es-sas... O nu'ssoi mal è ainda imita: remos de fazê-lo ..e seremos, então, felizes. Teremos o melhor da Europa - masseremos, ela não pódc ser, i? pobre e dolorida -*- seremos Amé-ncan>

Depois porque venho d^melh ropa: Portugal. Anação que fez o mundo moden. maismundo houvesse, lú chegara. .<> da fé no Orienr

AutorPai do Br:i c minha [

Estou contente, com ela e com eles. A:escolher, teria sido -filho de meu mbre de minha;. nascera cm Lençóis, na chapada Diamantina, na Bahia,

na América. . Não sei o que é inveja.

AFIÍANIO PEIXOTODa Academia BraiiUira

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Janeiro 1942 25 O TICO-TICO

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1 i íhi/a u \y ao, e toi tunioi w| STE i um dos mais lindos trabalhos do celebre escritor ingtts Rudyard

Kipling. e foi traduzido por Monteiro Lobato.'OS IRMÃOS DE MOWGLT faz parte do arrebate t ins-

trutivo volume editado pela Companhia Editora Nacional, intitulado "O

Livro di Jangal". e a cuja gentileza devemos s oportunidade de publicar

estas bonitas paginas.

NOS

montes de Seeonee, ali pelassete horas daquele dia tioquente, Pai Lobo despertavado seu longo sono, espregui-

,, bocejava e estirava as pernaspara espantar a lombeira entorpecente.Deitada ao seu lado, com o focinho entreos quatro filhotes do casal, Mie Lobatinha os olhos fixos na lua que naquelemomento aparecia na boca da caverna.

Ogreh! E' tempo de sair de novoa caça, murmurou Pai Lobo — e ja iadeixando a caverna quando um vulto decauda peluda assomou à entrada.

Boa sorte para todos, 6 Chefe dosLobos! exclamou o vulto. E também boatorte e rijos dentes para esta nobre ni-nhada. a fim de que jamais padeçamfome no mundo.

Era o chacal Tabaqul, o Lambe-Pratos,l os lobos da Índia desprezavam por

lhes viver a ilharga, a fazer pequenasmaldades e a contar rodelas, quando naoanda a fossar o monturo das aldeias para

pedaços de couro. Mas se o despre-•ara, também o temiam, porque era

cal e os chacais facilmente ficam lou-e então esquecem o respeito devido

mais fortes e percorrem a Jangal (1)ítnordendo quanto animal encontram. Até

tigre foge, ou esconde-se, quando vípequeno tabaqui louco, sendo, como

a loucura a coisa mais desagradávelque existe para um habitante da Jangal.Os sábios chamam a isso hidrofobia; osanimais dizem simplesmente "dewanee" ¦— loucura.' — Entra, disse-lhe Pai Lobo, mas desde

te digo que nâo ha nada de comer aqui.Não haverá para um lobo, respondeu

abaqui. Para criatura mesquinha comou um osso velho vale por banquete,(liem somos nos. os Gidur-log (raça doshacais), para escolher?

E, isto dizendo, dirigiu-se, guiado peloiro a um canto da caverna onde haviais ossos de gamo com uma pouca deme que se pôs a roer alegremente.

—' Muito obrigado por este deliciosoitisco, disse Tabaqui sem interromper orviço, lambendo os beiços. E depois:ue lindos íilhos os teus, Pai Lobo!lhos assim tão grandes jamais vi. Nio:gam serem filhos de rei.

Tabaqui sabia muito bem que é im-rudente elogiar crianças na presençaelas. e se daquele modo elogiava os fi-

>tes do lobo fazia-o apenas para ver o' ttar causado aos pais. Assim, sempre

uo o seu osso, sentou-se sobre as-, traseiras e ficou um instante calado.

rar a maldadezinha. depois dissemalignidade:-¦Shere Khan. o Turuna, mudou seu

i de caça. Vai agora prear por estesi. conforme me informou*

cre Khan era o tigre que morava asns do Waingunga, a cinco léguas

Shere Khan nio tem o direito deisso! protestou Pai Lobo irritado.

_ Lei da Jangal, nio tem o direito deudar de campo sem prevenir os morado-

A presença aqui de Shere Khan vai

i "Janfal" em inòo*tanico. derivado dotala", deserto, síijniííca deserto, ílo-

virgem Deli tiraram oi ineleaei * p*-o aenlido í«al de mata vir-

ai. sobretudo quando apresenta oi cara-florestai que recobrem »* terrai bai-

.Vebsier). A pronnacia tanto em tn--.idwtanico é a mesma — jingal.

m primeira silaba.

aterrorizar a caça num ralode dez milhas — e eu...e eu tenho de caçar pordois, nestes tempos quecorrem.

— Nio 4 atoa que a miede Shere Khan lhe chamaLungri (o aleijado) disseMie Loba. Ficou mancoduma pata logo que nasceu;por isso s6 se alimenta degado. Agora, como os habl-tantes humanos do Waln-gunga andara furiosos comele, o estúpido pensa eramudar-se para aqui * fim detambém enfurecer os ho-mcns desta zona. Vio eleslimpar a floresta quandoShere Khan estiver ausente— e nós e nossos filhotesseremos forçados a corrermuito quando a macega es-tiver batida. Bastante gra-tos devemos todos ficar,nio resta duvida, ao talShere Khan!

Posso contar a ele da tuagratidão5 perguntou com ironiachacal.

Fora daqui! berrou Pai Lobo en-furecido com a impcrtinencia. Vai caçarcom teu mestre, que já nos aborrccste bas-tante por hoje.

Vou, sim, respondeu Tabaqui muitocalmo. Já estou ouvindo q rumor de seuspassos por entre os arbustos.

Pai Lobo espichou as orelhas. De fatodistinguiu, vindo do vale por onde corriaum riacho, o bufo colérico dum tigre auenada caçara e nio fazia empenho de quetoda a Jangal soubesse disso.

Doido! exclamou Pai Lobo. Come-çar sua caçada noturna bufando dessa ma-neira... Pensa acaso que os cabritos moteses desta zona slo os bezerros gordos doWaingunga?

Ele nio está caçando cabrito, nembezerro, advertiu Mie Loba. Esti caçandohomem. .

Os bufos haviam mudado para uma es-pccie de rosnar sem direção. Esse rosnarsem'direção, que parece vir dos quatropontos cardiais, desorienta os lenhadorese ciganos que dormem ao rtlento. fazendo-os, as vezes, correrem justamente para asgoelas do tigre.

Caçando homem! repetiu Pai Lobocom os dentes arreganhados. Nio tem essetigre bastantes ris nos charcos para assimmeter-se a comer gente — e logo era nossosdominios?

A Lei da Jangal, que nada prescrevesem razões, proíbe a todos os animais quecomam homens, exceto quando algum delesestá matando para ensinar aos filhos comose mata. O mot.vo disso é que quando

I

— Algo se aproxima, pressentiu de su-bito Mie Loba torcendo uma orelha. Aten-çio!

Também ouvindo rumor na folhagem.Pai Lobo ficou de pulo armado para o quedesse e viesse. Aconteceu entio uma ceisalinda: um pulo que se deteve a meio ca-minho. Porque o ^^^ iobo iniciara opulo antes de sa W

* ber do que se

comem um homem,cedo ou tarde apa-recém no lugar ho-raens brancos mon-tados em elefantese rodeados de cen-tenas de homenspardos com archotes e gongos — e entãoa floresta inteira sofre. Mas a desculpa queos animais apresentam para que o homemseja respeitado é que constitue ele a maisfraca e indefesa de todas as criaturas, sen-do portanto covardia ataca-'.o. Dizem tam-bem — et verdade — que os comedoresde homens se tornam sarnentos e perdemos dentes.

O rosnar do tigre crescia de tom. ter-minando afinal por um urro — "Aaarh!"sinal de bote. Em seguida, um uivo de de-sapontamento.

Errou o pulo, disse Mie Loba. Queterá acontecido?

Pai Lobo correu para fora e logo parou,a fim de ouvir melhor os uivos ferozes dcShere Khan, que uivava como se houvessecaído em mundeu.

O doido atirou-se a uma fogueira delenhadores e queimou as patas, disse PaiLobo. E Tabaqui-csti com ele, completoudepois, adivinhando de longe o .:ue sepassava.

RIM AOS

TICO-TICO 2A

tratava, e, já no ar, vendo o que era. re-colheu o resto do pulo, voltando i posiçãoanterior.

Homem! exclamou ele. LHn filhotede homem!

Bem defronte, de pé. apoiado a um ga-lhinho baixo, havia surgido um menino nú,de pele morena, que mal começava a an-dar — uma isca de gente como jamaisaparecera outra em nenhuma caverna defera O menino olhava para Pai Lobo, asorrir.

Filhote de homem3 repetiu de lon-gc Mãe Loba. Jamais vi um. Trazc-o cá.

Acostumados a lfdar com as suas pro-prias crias, os lobos sabem conduzir umovo na boca sem o quebrar; por isso pôdePai Lobo trazer o pequeno suspenso pelocõngote c depô-lo no meio da sua ainhadasem lhe causar o menor arranhão.

Que pequenina! Como esti nú cque valente í! exclamou Mãe Loba comternura, enquanto a criança se ajeitavaentre os lobinhos para melhor aquecer-seAi! continuou a loba. Está comendo a

Janeiro — 1942

r

t

&

comida dos nossos filhos — e é um filhotede homem... Será que já houve familiade lobos que pudesse gabar-se de ver umfilhote de homem misturado à sua ni-nhada?

Já ouvi falar de coisa assim, dissePai Lobo, mas nio em nosso bando, nemem tempo de minha vida. Está ainda com-plctamente sem cabelos e morreria comum tapinha meu. Mas, veja! Olha-nossem medo nenhum...

Nisto a caverna escureceu: a cabeçaquadrada de Shere Khan obstruia-lhe aentrada. Atrás do tigre vinha Tabaqui,dizendo:

Meu senhor, meu senhor, "ele"meteu-se por aqui.

Shere Khan nos faz grande honra,disse Pai Lobo amavelmente, à guisa desaudação ao tigre, embora o ódio dos "seusolhos desmentisse a gentileza das pala-vras. Que deseja, Shere Khan?

Quero a minha caça: um filhotede homem que entrou nesta cova, respon- ideu o tigre. Seus pais fugiram. Entregai- .mo.

Shere Khan lançara-se contra u m jacampamento de lenhadores, exatamente 'como o lobo havia previsto, e estava agora jfurioso com a dôr das queimaduras. Que- jria vingar-se no menino que conseguiraescapar. Mas Pai Lobo sabia que a en-trada da caverna era estreita demais paradar passagem a um tigre e que portantoa cólera.daquele não oferecia perigo ne-nhum. Em vista disso respondeu:

Os lobos são um povo livre. Rece-bem ordens unicamente do seu chefe ejamais de nenhum comedor de bezerros.O filhote de homem é nosso — para omatarmos, se quisermos.

Se quisermos! repetiu com sarcasmoo tigre. Quem fala aqui em querer? Pelotouro que matei, não posso ficar nesta ca-verna de cães à disposiçio de tais quereres.Sou eu, Shere Khan. quem fala, ouviste?

E o rugido do tigre encheu a caverna,qual um trovão. Mãe Loba achegou-se dosseus filhotes, fixando nos olhos flamejan-tes do tigre os seus olhos vivos como duasluzesinhas verdes.

Quem responde agora sou eu, disseela, eu, Raksha (a Demonia). O filhotede homem é nosso, Lungri, sô nosso! Nâoserá morto por ti. Viverá, para correrjeloscampos com o nosso bando e com ele caçar;c por fim — presta bastante atenção, ôcaçador de crianças, ô comedor de ris epeixe' — e por fim ele te caçará a ti. umdia' Vai-te agora! Pelo Sambhur que matei(porque não caço bezerros gordos), vaipara tua mãe. ó tigre chamuscado e maismanco do que nunca! Vai-te!

Fai Lobo olhou-a assombrado. Já eravaga a sua lembrança do dia em que con-quistara aquela companheira em luta fe-ruz com cinco rivais — no tempo em que

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lhotes de homem. Esse bichinho é meu enos meus dentes será triturado, 6 cam-bada de ladrões de rabo de espanador!

O tigre retirou-se a bufar e a lobavoltou ofegante para o meio da sua ni-nhada. O lobo disse então gravemente:— Shere Khan está com o direito nesteponto. O filhote de homem tem de serapresentado i Alcateia para que os lobos

decidam da sua sorte. Queresconserva-lo contigo?

— Sim, respondeu de prontoa loba. Ele veio nuzinho, de noi-te, sô e faminto. Apesar disso,nio mostrou o menor medo.Olha! Lá está puxando um dosnossos filhotes... E pensar quepor um triz aquele carniceiro

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a loba vagueava solteira no bando e aindanio recebera o nome de guerra que pos-suia agora — Raksha, a Demonia.

Shere Khan tinha podido sustentar oolhar do lobo pai, mas nio pudera sofrero olhar da loba mãe. firme da sua posiçioe pronta a bater-se em luta de morte.Shere Khan retirou da abertura da ca-verna a cabeçorra quadrada para depoisdons bufos de cólera urrar:

— Os cies sabem ladrar de dentro doscanis! Havemos de ver o que pensa aAlcateia. disso de abrigar e defender fi-

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aleijado nio o matou \\^' aquiem nossa presença, paradepois, muito fresco, es capar-se do Waingunga enquanto os eampone-ses fizessem razia em nossas terras! Con-serva-lo comigo? Pois decerto! (E vol-tando-se para a criança nua): Dormesossegada, pequenina ri. Dorme, Mowgli

pois assim te chamarei doravante,Mowgli, a Ri. Dorme, que tempo ha devir em que caçarís Shere Khan, como *e

quis ele caçar inda ha pouco.— M*s que dirá a Alcateia? indagou

Pai Lobo apreensivo.

77

A Lei da Jangal permite que cada lobodeixe a Alcateia logo que se case. Masassim que seus filhotes desmamam ospais têm de leva-los ao Conselho, geral-mente reunido uma vez por mês durantea lua cheia, para que os fiquem conhe-cendo e os possam identificar. Depoisdessa apresentação os lobinhos entram áviver livremente, podendo andar por ondequiserem. E até que hajam caçado o pri-meiro gamo, nenhum lobo adulto tem odireito de matar a um deles, por qualquermotivo que seja. A pena contra esie crime

consiste n* morte docriminoso. Assim é, eassim deve ser.

Pai Lobo esperouque seus filhotes des-mamassem e, entio,numa noite de assem-bleia, dirigiu-se comMie Loba. Mowgli eseus filhotes para o

ponto marcado — aRoca do Conselho, um

pedregoso alto de montanha onde cemlobos poderiam ajuntar-se. Akela, o LoboSolitário, que chefiava o bando graças isua força e astucia, ji estava, sentado nasua pedra, tendo pela frente, também sen-tados sobre as patas traseiras, quarentaou mais lobos de todos os pêlos e tama-nhos, desde veteranos ruços que podemsozinhos carregar um gamo, nos dentes,até jovens de tres anos que "julgam" poderfazer o mesmo. O Solitário os chefiava, iafazer um ano. Por duas vezes caíra emmundéu, quando mais jovem, e numa delas

viu-se batido a ponto de ficar por terra,como morto. Em virtude disso tinha ex-periencia da malicia dos homens, suas ta-ticas e jeitos.

Houve pouca discussão na assembléia.Os filhotes que vieram para ser apresen-tados permaneciam no meio do bando, aolado de seus pais. De vez em vez um vete-rano chegava-se até eles, examinava-oscuidadosamente e retirava-se. Ou entiouma das mães empurrava o pequeno paraponto onde pudesse ficar bem visível demodo que não escapasse ãs vistas de todaa Alcateia. Do seu rochedo Akela dizia:

Vós conheceis a Lei. Olhai bem,portanto, 6 Lobos, para que mais tardenão haja enganos.

E as mães, sempre ansiosas pela segu-rança dos filhos, repetiam:

Olhai bem, ó Lobos. Olhai bem.Por fim chegou a vez de Mie Loba

sentir-se aflita. Pai Lobo empurrara Mow-gli, a Ri. para o centro da roda, onde ofilhotinho de homem se sentou, sorridente,a brincar com uns pedregulhos que bri-lhavam ao luar.

Sem erguer a cabeça de entre as patas,prosseguia Akela no aviso monótono do"Olhai bem, ó Lobos", quando ressoouperto o rugido de Shere Khan:

Esse filhote de homem é meu! En-tregai-mo! Que tem o Povo Livre com umfilhote de homem? urrava ele.

Akela, sempre impassível, nem sequerpestanejou. Apenas ampliou o aviso:

Olhai bem. ó Lobos! O Povo Livrenada tem que ver com as opiniões dos quenio pertencem i sua grei. Olhai, olhai bem.

Ouviu-se um coro de uivos profundos,do meio do qual se destacou, pela boca

O TI CO-TICO

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x v4 f-Y!"" // ^Y À *- \'

_H_-__-_-H1_.c/m_. I

.1 lobo de quatro anos, que achara justajo tigre, esta pergunta:

Sim. que tem a ver o Povo Livrei filhote de homem?

A Lei da Jangai manda que cmJa quanto ao direito de alguém serj pela Alcateia seja esse direito

endido por dois membros, do bando quepais.

Quem se apresenta para defen-tilhote? gritou Akcla.

uem, no Povo Livre, fala por

_ houve resposta — eLoba preparou-se parade m-ite, caso o inci-

nte tivesse desfechontrano ao que o seu

. ;dia.umea voz. sem

permitidaera a de

O sonolentourso pardo que en-

va aos loHnhosei da Jangai, o

ho Baloo quer por

1 h e aprou-¦ porque só sentava de no-raízes e mel,

que sabiadc pé sobre

traseirashir.

Quem falafilhote de ho-

i- Eu. l.u me de-r ele. Nao veio

ai nenhum em que vi-; entre r:6e Embora nâo

Sua eloqüência, estou di-o a verdade. Deixai-o viver

. na Altateia como irmão dosais Baloo lhe ensinarl as leis da

isa vida.Outra voz que se levante, disse

_,. Baloo já falou. Baloo, o mestre dosQuem fala pelo filhote além dc

na sombra projetou-se no circulo,. a sombra de Baghe-

a Pantera Negra, realmente côr de\ivo_ reflexos de luz na sua

em de sida Todos a conheciam eatravessava em s.u caminho.

astuta como Tabaqui.ntrepida como o bufalo e tão incan-

,, elefante ferido. Tinha en-nto _ voz doce como o mel que es-

dum galho e a pele mais macia doi veludo. . _.

. O Akela e mais membros do Povo! Direito nâo tenho de falar nesta

mas a Lei da Jangai diz queM quanto a um novo filhote,

a vida dele ser comprada por umA Lei. entretanto, nâo declara

ou quem nâo pôde pagar esse' !.!'

sim1 gritaram os lobos maisite esfaimados Ouçamos

e de homem pôde s-rpreço E' da Lei.

a pantera. Já que meluenva para isso.:am trinta vi,/es

Matar _m filhotinho de homem. vergonha — além de que

ser muito uni _ todos r.ôs quan-iunn. me a

. que acabode milha daqui como

v.rdes na Alcateia. de, Lei Aceitais a minha pro-

um clamor de dezenas de vo-

De qualquerxima estação

-cr a \ida dessajui na Alcateia.

Mowgli continuava profundamenteabsorvido com os seus pedrcgulhos. semdar nenhuma atentai, KM qu. dachegavam para o ver bem Je pefto Pwfim todos se dirigiram para ondeo touro gordo, ficando ali aperita Ak.la.Baghecra e o casal dc tutores do menino.

Shere Khan urrava de despeito porter perdido a presa tuhiçada

Urra. urra rosnou Bagheera entredentes. Urra. que tempo vira em que estacoismha nua te fará urrar noutro tom —

nâo fosse um filhote de homemhstâ tudo bem, disse Akela. O ho-

mem e seus filhotes sã. expertos Poderáeste vir a ser de muita vantagem. p_r_nôs um dia

Certamente, porque náo podemos.eu e tu, ter a pretensão de chefiar o ban-do toda a vida. ajuntou Bagheera.

Akela calou-se Estava a pensar notempo em que os chefes de Alcateia entram a sentir o peso dos anos. Ado< músculos vai em declínio até que ou-tro suigc. que o mata e fica o novo chefe— para cair também a seu tempo

Leva-o. disse Akela a Pai Lobo.e trata de bem educa-lo para que sejaur,l ao Povo Livre.

CMM entrou Mowgli para ã Al-tateia — â custa dum touro gordo e poriniciativa das palavras de Baloo.

Pulemos açora dez anos de descriçãoda vida de Mowgli entre os loto*, coisauue dana matéria para todo um volumeDigamos apenas que ali cresceu entre os

s ficassem adultosantes que Mowgli deixasse dc ser .Pai Lobo «sinou-lhc a vida e a . .U" das coisas da J-i^al em todas as suasminuii menores rumores na.hervas. o movimento das brisas, as notas

i cada arranhadura que_ dos mortegoa dcix- na c. ca das

O' - u .

a lambada n ag

ao dar pulos na superfície — tudo sigm-fica muito para os animais da floresta.

Quando Mowgli nâo estava aprenden-Jo. sentava se ao sol para dormir. Depoiscomia, e depois Je comer punha-se a dor-mir de novo. Quando se sentia' sujo ouencalorado banhava-se nas lagoas 4a jangal. c quando queria mel (Baloo lhe cn-sinarii que mel e nozes constituem alimcn-tos tâo bons como a- car I as ar-vores para colhe 16 nas colmeiai ComBagheera aprendia a trepar em arvoresA pantera costumava saltar sobre um ga-lho e dizer-lhe ho!" Aprincipio Mowgl. tw. av.i qual ., Iv.ho pre-guiç». por'fim adqumu a rapdc/ e des-tteza dos velhos macaco». Um dia começou

seu lugar no Coaselho Sentava-»*entr» os lobos e brincava dc encara-los afjto. até que baixassem os olhos Frequen-IcgKnN tirava espinhos das patas de seus

Também costumava descer oArantc a noite, para aproximar-se

lias aIJeias juirira.entretanto uma grande desconfia: .homens desde que Bagheera lhe num mundeu feito cm certo rresta hábil' secasO que mais agradava a Ylo_g!i etiBaghecra a, í>ara ládormir enquanto a pantera caçava Baghe-era ensinou-lhe a caça ar e o

que caçar Aos touros, por exemplo tinhade respeitar, porque devera sua ina Alcateia â vida dum t.

— Toda a Jangai é tua disse-lhe 1'era. e tens o direito dc matar sempre que

•astante forte para isso maspor amor ao tou-o ao qual deves a vidatens que poupir o g.Ju scia velho ou novoEsta t a Lei da Jangai

Mo*>.li que sempre a ouvia resjmente iairu!S deixou de a seguir naquelesmandam.'

E assim ctc.ccu -- c crescr..iodas as criaturas que nâo sabem qu

prendendo as lições da vidam j fazer no ir ""• "*ém

T

Màe Lobj dtssc-inç cerKhan nio era criatura em quem Mfiasse, e que ele eslava predestinado a mi-tar Shere Khan Um lobinho novo queisto ouvisse o guardaria de me'o resto da vida Mowgli. porém, que em-bora se considerasse lobo. era homem.breve o esqueceu

Shere KJian andava sempre a ansar-sc em seu caminho. A' medida queAkela envelhecia e se tornava mais fra.'.o tigre mais e mais se achci;ava d

r,,s que o seguiam na caça parapicar bmbugem — coisa que o Lobluario lamais autorizaria, se ainda jse manter a sua autoridade dos bons tem-

r isso Shere Khan costum»vlgia-los, admirando-se de que lobos •¦e fortes se suicitassem à chefia dumdecrépito, assistido dc um filhote dchomem.

— Dizem por ali. intrigava ele. que nasreuniões do Conselho nenhum de vo«ustentar o olhar desse menino - -recordado r' liavamcoléricos >

Baghecra. cujot .inda-vam por toda a parte, soube da m'

:as vezes ivi.o .Shere Khan mata-lo Mowgliria-se, responden :

falhe por mim a Alcateia, e tenhotambém a ti E tenho ainda a Balapesar de preguiçoso dará bons ta,minha defesa. Por que pois. recear ShereKhan-

Certa tarde muito quente¦' lkkl'

nho. lhe :.|bre o pilo .

Khan é teu

! ¦ '¦'

.

gheera? Estou com sono, sabes? Shere' Khan não me interessa mais do que Mao,

o Pavão.Nào é tempo de dormir, replicou a

pantera. Baloo sabe disso. A Alcateia sabedisso. Os veados, louquinhos que são, sa-bem disso E até Tabaqui )i te avisou.

Ora, oral exclamou Mowgli comdesprezo. Tabaqui veio-se a mim, nào fazmuito tempo, com certas impertinencias —que eu era filhote de homem e outras.Agarrei-o pela cauda e mandei-o duas ve-zes de encontro a um coqueiro, para en-sina-lo a ser menos atrevido.

Foi imprudência, porque embora Ta-baqui seja malfeitor mesquinho, ter-te-iaposto ao corrente de algo proveitoso parati. Abre os olhos. Irmàozinho. Shere Khannâo ousa matar-te aqui na Jangai; masnão te esqueças de que Akela envelhece ebreve chegará dia em que nâo mais poderáele abater um gamo. Estará então no fimda sua longa chefia Muitos dos lobos aosquais foste apresentado no Conselho tam-bem estão velhos — e a geração novapensa pela cabeça de Shere Khan. Todosadmitem, com o tigre, que nâo ha lugarna Alcateia para filhotes de homem. Edentre em pouco serás mais que isso...serás homem .. „ .,

t que é ser homem? Nâo poderáhomem viver com seus irmãos lobos naAlcateia? replicou o menino. Sou da Jan-gal, tenho obedecido à Lei da Jangai enáo existe no bando um sô lobo ao qualeu nio haja tirado espinhos das patas.Tenho a certeza de que todos me têmcomo irmão.

Bagheera espreguiçou-se, com os olhossemicerrados.

Irmàozinho, disse ela, apalpa omeu pescoço.

Mowgli o fez — e na sedosa pele dopescoço de Bagheera descobriu um pontopelado e caloso.

Ninguém na Jangai sabe que tenhoesta marca — esta marca de coleira. Sim,meu caro Irmàozinho, nasci entre homense foi entre homens que minha màe mor-reu, nas jaulas do Palácio do Rei de Odey-pore. Por esse motivo é que te salvei nareunião do Conselho, quando não passa-vas de criancinha nua. Sim — por isso,por ter nascido também entre homens!Anos vivi sem conhecer a Jangai. Era ali-mentada através de barras de ferro, eassim até o dia em que me senti plena-mento Bagheeia — a Pantera — e nâomais brinquedo de ninguém. Quebrei os fer-rolhos da jaula com um tapa, e justamenteporque aprendi muito com os homens é queme tornei mais temível na Jangai do queo próprio Shere Khan. Nâo esta certo?

Perfeitamente, respondeu Mowgli.,Todos na floresta temem Bagheera. To-dos . exceto Mowgli!

Oh, tu és um filhote de homem,respondeu Bagheera com ternura, e, as-sim tomo retornei à Jangai, retornarisum dia para os homens — para teus ir-mãos, caso nâo sejas morto no Conselho...

Por que- Por que quererá alguémmatar-me aqui- interpelou o menino.

Olha para mim. respondeu Baghe-era — e Mowgli olhou-a firme nos olhos,fazendo que a pantera desviasse a cabeçacm menos de meio minuto. Por isto, concluiu ela, nem cu. que nasci entre homense tenho por ti amor, posso sustentar aforça d_s teus olhos Irmàozinho. Iodosei te odeiam porque nâo podem iuteu olhar, porque és engenhoso, porquesabes a arte dc arrancar espinhos das nos-sas patas — porque és homem, em suma

Eu ignorava semelhante coisa...Mowgli com tristeza, franzindo a

testa sobrancelhuda.Que manda a Lei da Jangai'- Pn-

meiro. dar o golpe, depois, fazer o quequiser Pelo teu desprezo a este manda-mento eles conhecem que és homem. Massé prudente! Pressinto que no dia em queAkela errar pela primeira vez o bote (eé jâ com esforça que ele evita issol aAlcateia inicira se voltara contra ele —e contra ti. Reunir-se-â o Conselho lánas Rocas r então

Isto dizendo Baghecra ergueu-se durasalto, excitada E continuou.

I 942

Vai depressa lã em bai-xo, * aldeia, e traze a FlorVermelha que cresce em to-das as casas. Assim, quandochegar o dia em que tenhasnecessidade dum amigo maisforte do que Bagheera ou Ba-loo, te-lo-ás na Flor Vermelha.

A Flor Vermelha paraBagheera significava o Fogo,esse elemento de que as cria-turas da Jangai tém medoprofundo e ao qual nomeiame descrevem de mil modosdiferentes.

A Flor Vermelha! repe-tiu Mowgli pensativo. A FlorVermelha que cresce nas ca-banas durante a noite! Simtrarei uma muda...

Bravos! exclamou apantera. Desse modo deve fa-lar um filhote de homem. Nàote esqueças de que essa florcresce em pequenos fogareiros.Traze-a e cònserva-a num de-les a fim de que permaneça vivaaté o momento de a usares.

Muito bem, disse Mow-gli. Mas estás segura, ó minhacara Bagheefti — e isto di-zendo lançou o braço em tor-no do pescoço esplendido dapantera, olhando-a no fundodos olhos.— estás segura deque todo o mal provem dcShere Khan?

Pelo Ferrolho que mi-nha pata quebrou, tenho acerteza disso, Irmàozinho.

Então, pelo Touro quefoi dado em troca da minhaliberdade, justarei contas comShere Khan e o farei pagarum pouco mais do que deve!concluiu Mowgli dando umsalto <fc decisão.

E' um homem, um ho-mem em tudo! murmurou Ba-gheera consigo mesma enquan-

to se deitava de novo. ShereKhan, que mau negocio fi-zeste ha dez anos, quandotentaste caçar esta ranzinhanua!...

Mowgli correu pela Jangaicom o coração a arder. Alcan-çou a caverna dos lobos aocair da noite e. tomando fo-lego, lançou os olhos para ovale, lã em baixo. Os lobi-nhos estavam ausentes; MàeLoba, entretanto, no recessoda caverna, conheceu logo,pelo modo de Mowgli respi-rar. que qualquer coisa per-turbava o espirito da sua rãadotiva.

Que ha, filho? pergun-tou ela.

Intrigas de Shere Khan,respondeu Mowgli. Depois:Vou caçar esta noite nos arre-dores da aldeia, declarou, e afastou-se mor-ro abaixo rumo ao vale. Em certo pontoparou, ao sentir que a Alcateia andava ãcaça; percebeu o resfolego dum Sambhurperseguido; ouviu depois os gritos cruéisdos lobos jovens dizendo:

Akela! Akela! Deixemos que o LoboSolitário mostre a sua força. Afastemo-nostodos! Deixemos que o Chefe avance so-zinho. Vamos! Dâ o bote, Akela!

E o Lobo Solitário devia afinal ter er-rado pela primeira vez o bote, porque Mow-gli ouviu um bat.r de dentes em seco e odum gamo que derruba o seu assaltantea coice

Mowgli nâo esperou por mais; conti-nuou apressado o seu caminho rumo âaldeia, enquanto ao longe os uivos e \MTdridos da Alcateia se iam amortecendo nadistancia.

Bagheera disse a verdade, murmu-rou o menino ofegante ao alcançar a pri-meira cabana O dia de amanhã vai serdecisivo para o Lobo Solitário e paramim.

29

Espiou por uma janela aberta. Viu fogoaceso no fogão Esperou. Viu a dona dacasa levantar-se do seu canto para ir atiça-Io e pôr mais lenha E quando a madruga-da veio e tudo fora se fez neblina brancae fria, viu o filho daquela mulher levantar-se, encher uma vasilha de barro com bra-sas para subir com ela em direção ao cur-ral das vacas.

E' assim? pensou Mowgli. Se umfilhote de mulher lida com a Flor Verme-lha, então nada ha que temer, e saindo dalifoi esperar o menino mais adiante, ondepudesse arrancar-lhe das mãos a vasilhade brasas para fugir cem ela.

Fez isso num relance, deixando o ra-pazinho a berrar de susto.

São eles tal qual eu, murmurouMowgli enquanto soprava as brasas, cemotinha visto o menino fazer. Esta "coisa"

morrerá se nào lhe dou comida, murmuroudepois, pondo sobre as brasas um punhadode gravetos A meio morro veicontro Bagheera, com onegro orvalhado pela r

«- Akela errou o bote ontem, disse apantera. Eles o teriam matado nessa hora,se não dese a em fazer o mesmo a ti. paraque ambos acabem juntos. Andaram à tuaprocura por toda a Jangai.

Estive na aldeia, donde vim armado,veja! e Mowgli apresentou-lhe a panelade brasas v

Ótimo! Muitas vezes vi os homensbotarem galhos secos sobre isso, fazendoabriredTst grandes flores vermelhas. Nào...ns medo, Mowgli?

Nâo. Por que teria medo- Lembro-me agora — se nào é sonho — que antesde ser lobo costumava deitar-me ao ladoda Flor Vermelha, cujo calor é reconfor-tante.

Todo aquele dia passou Mowgli jeem sua caverna, a lidar com ^mentando-as com galhi,crescerem as chamas, e depois commaiores até que conseguiu um tu.o satisfez A' tarde aparece,lhe dizer, c

. «r.tic.ua *--A-it»)

O TICO-T

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/g^smammms '_.

-/mwk//^, r V Vemos aqui a cabeça de uma corujinha s-twr/YYr^tt?1' ~aáy _T__^r_/^__^* ~^S\V comedora de ratos, mostrando o seu /ffi^li!.' '-^-^'^^¦^

v'% " ^.- T^^5"\ complicado ouvido. Esta ave, que vive j(yF--y^'^

[ /fcyí f^^f\VK\\ V^ no ^u' *•* Eur0Pa> «* um exemplo curioso >/jí v/«Ml U*C\\ \ k-^ „ ^e caPac'dade auditiva no reino animal. \vc.S

^p5_^w___jg^As girafas foram, na antigüidade,descritas como animais monstruosos,resultantes da mistura de camelo epantera. Na verdade, esses ruminan-tes desproporcionados, apresentamsemelhança com vários animais deoutras espécies. A cabeça e o corpoaproximam-se do cavalo; o pescoçoe o dôrso parecem de camelo; asorelhas são como as de boi, a caudacomo a do asno e o pêlo 6 semelhante

ao da pantera.

Os peixes REGALECIDEOS apre-sentam os aspétos mais extravagan-tes, sendo muitos deles dotados defosforência prateada de grande

beleza.

O beija-flor menor que se conhece éda África do Sul e nao atinge o

tamanho de um maribondo.

Este rato de Madagascar é aúnica espécie de roedôr comple-

tamente mudo.

Jfó-J_TN ^ty^^^^L[7 O peixe elefante (MORMIRIDEO) é um ^Êtcurioso peixe elétrico dos mares africanos. [^

O peixe elefante (MORMIRIDEO) é umcurioso peixe elétrico dos mares africanos.Possue dois pefjgosos orgàos geradores de

eletricidade, um de cada lado da cauda.

,?_. «&*"%

O TICO-TICO 30 J-n.iro — 1942

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CAMA/DOS JANGA&Y'7

r ^y_s~ A-

K>-\-.

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ODO O BRASIL SE EMOCIONOU COM APROEZA DE "MANE PRETO", "JACARÉ,"TATÁ" E MESTRE JERÔNIMO, QUATROLEGÍTIMOS JANGADEIROS CEARENSESQUE, NUMA DAS FRÁGEIS E PRIMITIVASEMBARCAÇÕES USADAS EM SEU ESTA-DO, PELOS PESCADORES, E QUE SÃOFAMOSAS NA TRADIÇÃO E NA LENDA

DO NOSSO FOLKLORE, VIAJARAM DE FORTALEZA AORIO. DOIS MESES DUROU ESSA VIAGEM AUDACIOSA,CHEIA DE LANCES HERÓICOS, CUJO RESULTADO VEMDEMONSTRAR AINDA UMA VEZ A CORAGEM, A TENA-CIDADE, O VALOR E A FIBRA DOS HOMENS SIMPLESDO NORDESTE. SEIS PAUS DE UMA ESPÉCIE VEGETALCHAMADA "PITA" OU "PIÚBA", UMA VELA DE TRÊSPONTAS, CABAÇAS, OU PORONGOS, COM ÁGUA, COR-DAS, REMOS, UMA TÁBOA CHAMADA "ESPADELA" OU"BOLINA", UM BANCO, O FOGÃO FEITO DE PEDRA,ESPÉCIE DE "TREMPE" E EIS A JANGADA, ESSA EM-BARCAÇÃO EM QUE O NORDESTINO ENFRENTA OOCEANO, INDO A DISTANCIAS INCRÍVEIS, COM O CORA-ÇÃO CHEIO DE FÉ EM DEUS E A ALMA FELIZ NA SUASIMPLICIDADE. SE HÁ VENTO, SE O TERRAL OU AVIRAÇÀO SOPRA AMENA E AGRADÁVEL, A JANGADACORRE IMPULSIONADA POR ELES. SE NÃO HÁ, O JAN-GADEIRO SE VALE DOS REMOS. E SEUS BRAÇOS FOR-TES SÃO O MOTOR QUE PROPULSIONA A JANGADA,LEVANDO-A PARA DIANTE, SEMPRE PARA DIANTE...FEITOS COMO ESSE, SÃO RAROS. Só DE TEMPOS ATEMPOS SE REALISAM. E MERECEM A ADMIRAÇÃO DETODOS NÓS ESSES HOMENS SIMPLES, NAUTAS COM-PLETOS QUE ENFRENTAM A DISTANCIA DE MILHAS EMILHAS DE COSTA, SEM O CONFORTO DOS NAVIOSMODERNOS, SEM A APARELHAGEM CIENTIFICA DEORIENTAÇÃO QUE TEEM OS MARINHEIROS DE OUTRASEMBARCAÇÕES.

A ALMA ARROJADA, AUDAZ E INTEMERATA DOSJANGADEIROS NORDESTINOS, DE TODOS OS QUE LÁFICARAM, ACOMPANHOU ESSES QUATRO HERÓIS CEA-RENSES, NESSA VIAGEM EM QUE PERCORRERAM LAR-GA EXTENSÃO DAS COSTAS BRASILEIRAS, MOSTRAN-DO AOS DEMAIS PESCADORES DE TODA A REGIÃO PORONDE PASSARAM, QUE TODO O BRASIL PÔDE CONFIARNOS SEUS HOMENS DO MAR!Jantiro — 1942

31

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-~7JB P****- . Tendo completado ainda moço, o curso-de anilharia

Floriano Peixoto, homem de estada brasileiro, segundoente da República dos Estados Unidos do Brasil, cogno-

minado "Marechal de Ferro", nasceu na Província de Alagoas:m 30 de Abril de 1830.

na antiga. Escola Militar e na antiga Escola Central,onde recebeu o grau de bacharel em ciências físicas ematemáticas, tomou parte em diferentes combates, dis-tinguindo-se brilhantemente na guerra do Paraguai, deonde voltou, no posto de tenente coronel, tendo dadoprovas de Inexcedivel bravura

Quando se refiu a batalha de Aquidaban. que pós termo 1longa campanha, Floriano comandava o 9. regimento de infan-tam que tio distintamente se salientou pelo vaiar com que sehouve nos momentos mais críticos. Nesta batalha us brasileirossó tiveram 7 homens feridos, enquanto os paraguaios tiveramnúmero superior a 300 prisioneiros, contando-se generais, coro-neis e muitos oficiais.

Js*__í c _y_ v^L_É

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aW\.'mW _r^ /^JM ^m maWvaaW

Muito considerada no Exercito, e estimadissimo pelosseus patrícios, foi, pela sua Província, eleito senador as cortes

uintes. tomando ativa parte na organização da novaJe governo. Em 1889 era ajudante general do extrato

e quando se proclamou a República continuou a sé-lo ade-rindo á causa dos seus companheiros, ati que passou a

o da Guerra. Foi eleito pelo seu Estado, senador a•uinte e por esta eleito vice-presidente da República,umdo o Prvvdenie. que era entio o Marechal Deodoro,seqüência da revolta da Esquadra em 23 de Novembro

Os seus primeiros ates ao assumir o poder foramlevantar o estado de sitio 1 cidade ao Rio de Janeiro,decretado em ditadura pelo Marechal Deodoro, e revogara dissolução do Parlamento, ordenando que as corteste reunissem imediatamente. Estas medidas serenaramo público naturalmente inquieto pelas violências quete exerceram, e tranquiiisaram os ânimos exaltadospela Ditadura do Marechal. 'No entretanto a tituaçiocontinuava a ser dominaía pelo elemento militar.

itora*»WA yA\l_iê l_k«À__w WrJ~> £'" \ ¦B_^/_/*-Jl1m,^ar^^r'i . mJ-Tà ^ rtf*^ *

Tendo Floriano se negado a sancionar, como Chefe du Estado,o decreto do Congresso Nacional que determinava sobre a eleiçãodo Presidente da República, resultou dtsse ito o sinal da in-surreiçlo. No dia 6 de Setembro de 1893 populares causaramgrandes estragos nas estações de Sio Cnstovam e Séodestruindo as linhas telegraficas e telefônicas, cortando as man-gueiras dágua e etc... Outros pequenos tumultos se registraram,em diversos pontos da Capital.

*_R___9________R-~ *-¦*• -** ¦¦»¦'_"¦¦¦¦

^^H y^ (rffffípa facilmente repremia sucedeu

Custodio José de Melo. que embarparticular, apoderou-se do Aqu

iclcs nao estavam em condiçõesmas dispunham de canhões de tiro ripido.

jjra revoltada entrar em açio foram lançadoslois manifestos Um do Dr. Coelho Lisboa ao Marechal

te e outro de Cusrodio José de Melo i nação, ex-motivot da revolta, acusando o gvvérno de Fio-

13 Jc Setembro de 1893 principiou o bombardeio.

, Tirfl.TICÕ

Os jornais noticiaram mait de uma vez que os re-voltosos alcançariam a vitória. Isso porem, nio podiarcalisar-se, porque as tropas de terra nao aderiram aomovimento Ficou assim o Marechal sem poder lutarcom os insurrétos no mar, e o contra Almirante Custo-dio sem vencer os combafentes de terra. Dominada arevolta continuou o pais a mostrar-se inquiete Florianofoi combatido até o fim do teu governo. Seus inimigoseram numerosos. Seus esforços e sua atividade para niote deixar esmagar pelot inimigos, foram verdadeiramenteheróicos

32

Floriano lutou com tenacidade e valentia admiráveis Seugoverno foi arrepiado das maiores dificuldades, mas éle possuíauma vontade de bronze. Finalmente cansado, depauperado, ji niopodia reagir. Antigos padccimentos adquiridos cm campanhaagravaram-se jogando-o ao leito C-om S3 anos dc idade o Mi-rechal estava aniquilado A 29 de Junho de J895 faleceu numafazenda próxima 1 estaçio de Divisa, no Estado do Rio de Janeiro.Si é certo que cometeu muitos erros, é dc justiça salientar que aRepública lhe deve serviços relevantes.

Janeiro — 1942

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ra$P^ !PraT^4^ -Mbl. J^j^

"^N

Dez preceitos para o escolari

pjrincar e estudar onde puder respirar ar^^

puro.2

13 assar a maior parte do tempo que fôrliv¦ possível ao ar livre.

3f^ormir com a janela aberta, embora bem^^ agasalhado.

4

|~> espirar como se deve fazê-lo : pelo na-** riz, e não pela boca.

5

Tomar banho todos os dias.

6AJIanter o corpo sempre eréto, firme, e fa-" "

zer ginástica metódicamente, uma vez

por dia e nunca mais do que isso.7

^^onservar suas roupas limpas, escovadas edecentes.

8^^onservar os dentes limpos, escovando-os

pelo menos uma vez pela manhã e umaà tarde.

9ão levar à boca objetos de uso escorar,

doméstico ou quaisquer que sejam quenão tenham sido feitos para isso.

10¦ avar as mãos antes das refeições, ao che

N

gar da rua e ao deitar-se.

As meninos que observarem este» precei-^"*^ tos, estarão defendendo sua própriasaúde, preparando uma juventude sadia e con-tribuindo para a grandeza futura do Brasil.

OS___^

Ujraüç:—\\ 1/

< I

vil

y 10 yffJaneiro — 1942 33 O TICO-TICO

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^A^^J^ DE BRITTO & C.

O TI COT ICO 34 JtMiro — 1942

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•>ooooooooooooooooooooooooo<

Os umbusna chuvao

o

o$ Mestre Urubu, quando chove

Fica todo encorujado,

$ Triste, triste... Nem se move!

— "Ah ! que tempo amaldiçoado !

OTudo feio, tudo escuro...

A saúde o frio arrasa.

q Quando o sol chegar, eu juro

Desta vês, que faço casa 1"a

0 A gente olha. Tristemente

Correm pingos na vidraça..

Mas um dia, dc repente.

Rompe o sol, a chuva pa?5;<.

O urubu esquece o plano;Abre a^ asas a secar

Depois — negro aeroplano —

Sobe ao limpo azul do ar. . .

0

0 — Urubu, tenha juizo!

A Vá fazer a sua cn?n!

A — Qual o quê ! Não é preciso.

Para aue é que eu tenho n?a ? !

ALMEIDA COUSIN

00otoo».ooooooooooooooooooooooooooooooooooloooooooooooo5òo

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( pílulas de PAPAINA e podoftlexa )Empregadas com sucesso nas moléstias do estômago,

fígado ou intestinos. Essas pílulas, alem de tônicas, saoindicadas nas dispepslas, dores de cabeça, moléstias dofigado e prisão de ventre. SSo um poderoso digestivo eregularizador das funções gàstro-lntestinais.

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Janeiro — li- *^s

OS MOVIMENTOSNATIVISTAS

Amaury Porto de Oliveira '

Sabem vocês que é nativismo? Não sabem ? Po"isnativismo é o sentimento da nacionalidade, a conuên-ca que um povo tem de seu valor. No Brasil essesentimento manifestou-se muito cedo, n£| guerra con-tra os holandeses, onde brancos, mestiços, negros eindios catequisados uniram-se para lutar, quase semajuda de Portugal, contra o inimigo comum, o invasorde sua terra.

A partir dessa época foram-se tornando maisfreqüentes as lutas entre os filhos da terra e usreinóis (portugueses do Reino), até que de tal modose intensificaram, por volta de 1600, que deram ori-gem aos chamados movimentos nativistas.

O primeiro desses movimentos, que vocês todosconhecem, foi o de Amador Bueno da Ribeira, "o •homem que não quiz ser rei".

Está%'amos em 1640. Portugal, que desde 1 >S0

passara para o poder da Espanha, devido a questõesde sucessão no trono, conseguira fazer sua indepcn*dêncui, aclamando rei a D. João IV. Essação logo aceita na Baía e no Rio de Janein nioalegrou aos paulistas, que começaram u pensar:

"Se Portugal se libertou do domínio da Espa;por que o Brasil náo se liberta do domínio de 1tugal ? Assim como os portugueses mio suportar.auviver sujeitos aos espanhóis, também nós, brasileiios,não devemos mais viver sujeitos aos poríuguFaçamos, pois, nossa liberdade, aclamemos para aBrasil um rei brasileiro. *

— E que se aclame a Amador Bueno — gritoualguem.

.-- Sim ! Aclamemos a Amador Bueno !

.— Viva Amador Bueno ! Viva nosso rei, o reidos brasileiros !

E a multidão dirigiu-se aos gritos e aos vivaspara a casa de Amador Bueno da Ribeira, uma daspessoas mais conhecidas e bem conceituadas da .pio-víncia.

A medida que se aproximavam aumentaram osbrados, até surgir a uAia janela o vulto do aclamadoque, sabendo o que se queria, recusou-se tcrminanteimente:

— Eu vos agradeço ¦— disse êle — a prova dcconfiança que me dais. De modo algum, porém, possoaceitar essa idéia, que seria uma mfidelidude a n<rei, Dr. João IV, a quem Deus guarde.

O povo quando ouviu essas pa :angou-sede tal modo que tentou invadir a casa para coroá-loà força. Alguns, mesmo, já começavam a trepar ]paredes. Amador Bueno teve de fugir pelos fundos dacasa, indo se refugiar no convento dos padresneditinos.

Um dos populares o vê fugir, porém. A muio segue e somente quando os padres Hie vem !mostrando a impossibilidade daquele ato, é quacalma, indo cada um para sua casa.

O movimento falhara. Teve. entretanto, grandevalor: foi o primeiro ensaio para nossa completaindependência,

5 O TICO-TICO

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VSa?Y / n^T- PEQUENA ÕfíCÍNAVa

:a"., /7ÍA /*• .^.

UMA CÔMODA DE CAIXAS DE FÓSFOROSW EJAU as nossas ainiguiiihas que n*o

nos esquecemos delas... Aqui e^táunia cômoda para bonecas, que se pôdefazer com caixas de fósforos (das granedes) e que bons serviços pode prestar.

A vista do modelo dispensa quaisquer«iplicações. Basta olhar para êle. Aquc-Ias alças das gavetas podem ser feitascom arames ou barbante.

^-"^V*. • >•, ___f ¦-—-^ ^^ ^^ -^^ ^^—8^V «** ••. ___i f w \f MAA/* '.^»a\ H '<*=' 1 ^** *«** wl< *J^n

pj I v | ^.1 v^ i.q *-*

Pode-se cobrir as partes que ficam à dará ao movei maior aspecto dc ser ver-vista com papel imitando madeira, o <]ur dadeiro.

PARA COLOCAR CHAPÉUS

ümm. . . .ii .,mmJi

Em vez dc atirar negligentemente os clu-péus no fundo do armário, [miHriiiiii lertini cabide para cada um. Toma-se um ar.t-me grosso, dc 60 centímetros pouco mai"ou meqps, e enrola-se em volta dc uma gar-rafa para fazer aquela curva que mostra odesenho. Dobra-se para cima e essa partevertical deverá ter comprimento igual joda espessura da prateleira. Torna-se a <h-brar horizontalmente, até 'juc a parte bo-rizontal cquivalba ao raio do circulo jpr-mado cm torno da garrafa. Knlão sebra para cima. No alto se colocará, cu-liando o arame, um pedaço de ma !<conforme o desenho indica. Uma vez co-locado o cabide preso â aattúe,pode ser posto em cima, ficando o armáriobem arrumado.

SOMBRINHASOuviu aôo gosta dc fazer so.nbrinluis

ua parede f E' um divertimento inte-ressanle, dc fato. Ii aqui estão um ursoe um estmoudougo, pra voeis jostrtmlogo à noite.

^^_B___uR9p^ *

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ACOMPANHE em todas ôí ediçõesd'0 TtCO-TICO esta secção, e apren-

dera c fcier trabalhos bonitos, in-• t*re; fáceis de

O CANÁRIO MÁGICd

Ê\>' V

V u \ /Tome ie uma caixinha de '.ilidas, vasia.

c pelo centro da tampa e do fundo fa;**r um arame, como na figura. So-

bre a parte superior fixe um canário depapel c à parte faferior dentro .*., caixi-

nha suspenda um pedaço de chumbo.do rolar a oaixinU o canário ficará sem-pre cm equilíbrio.

^*<PQ____ ^=L=?'B^)à"_ JP /Y*^ mm "-^J-W-^^^a __rv

^^Jl^N__t«_5^^_l mm ""» r^&t>yJmmTmmJu;\ ____\Y^V/__i5^-A—-E-B ^^%_^V^_íj-r_Aèg-_f____i ¦S_i____FWVV. ^i__J_S__F^ ^_T_1---_M _-_%J^A^|

O TICO-TICO - 36 Janeiro — 1942

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OS IRMÃOS BE MOWGLIMOWGLI

riu-se tanto, ao ouvh* anotícia, que Tabaqui se retiroudesnorteado. E foi ainda a

rir-se que se apresentou à reunião doConselho. Viu lá Akela, o Lobo Soli-tário, nào mais sentado em cima, masao lado da sua pedra — sinal de que ach«fia do bando estava aberia aos pre-tendentes.

Shere Khan passeiava dum lado paraoutro, seguido e bajulado pelos lobosque lhe viviam à lambugem. Bagheeraveiu colocar-se junto de Mowgli, o qualtinha sobre os joelhos a panela de fogo.Quando todos se reuniram, Shere Khantomou a palavra — coisa que jamaisacontecera no tempo da chefia de Akela,

Shere Khan não tem esse direito,cochichou Bagheera para Mowgli. Di-ze-lhe isso. Chama-lhe filho de cão..Vai amedrontar-se, verás.

Mowgli saltou de pé.I— Povo Livre, gritou éle, então é

certo que vai Shere Khan chefiar agoraa Alcatéia ? Que tem a vêr um tigrecom a nossa vida ?

Vendo que a chefia do bando estáaberta, e sendo convidado a falar . . .começou o tigre. Mas foi interrompido.

Convidado por quem ? — gritouMowgli. Somos acaso chacais, dos quevivem dos teus restos ? A chefia dobando é negócio que só a nós diz res-peito. Houve uivos de ''Cila a boca,filhote de homem f Deixa-o falar!Shere Khan guarda os preceitos danossa Lei!" •»

Por fim, os lobos mais velhos una-ram :

Que fale o Lobo Morto !Quando um chefe de bando perde pela -

primeira vtz o bote, passa a ser cha- 'mado L'bo Morto até que lhe tirema vida.

Akela ergueu lentamente a velha ca-beca. / "

Povo Livre — disse êle — e tam-bém vós, chacais de Shere Khan !

Por muitas estações vos conduzi àeaça e nunca, em meu tempo, nenhumcaiu em mundéu, nem ficou aleijado.Agora, confesso que perdi meu bote —mas vós sabeis da conspiração que pisso houve.

Sabeis como tudo foi preparado paraque eu perdesse DM Mte. Foi manhabem hábil, reeoofeeço. Ter.des, ent.e-tanto, o direito (!¦ ¦<: neste Con-.rolho. Assim sendo. qtie venha a mimo que vai pôr termo à vida \o Loix» Soli-tário. Feia Lei da Jengál, é meu di-re.to lutar contra todos, uni por um.

Houve um prolongado rosnar, poisnenhum lobo se atrevia a lutar sózir'.ocom Akela. Shere Khan. então, Urro ; :

Bah ! Para que darmos atençãoa esse pateta sem dentes ? Êle estáeondenado a morrer. Também o filhotede homem já viveu muito. Povo Livre,lembrai-vos de que no começo esse fi-lhote íoi meu — minha comida. Dai--mo agora. Ando cansado de aturar• 13 loucuras de homem-lobo. Vemêle perturba idO a Jangál há dez esta-

( CONCLUSÃO DA PAGINA 'j.\) )

<,Ces. Entregai-n.e o filhote de homemtu caçá-lo-ei sejn licença, não vos dandonem um osso siquer. fi um homem,um filhote.ds heuneni e, pelo tutàno dosmetia ossos, eu o odeio !

Então metade do bando ulvou :Um homem ! Um homem,! Queun homem de comum con''

Que vá viver com Os homens !Para que toda a aldeia se volte

-. nós, movida por êle ? — chamouShere Khan. Não! Dai-mo. Êle éhomem. Bem sabeis que nenhum denós pôde sustentar o seu olhar. Akela«.rgueu de novo a sua velha cabeça paiadizer :

Mowgli comeu a nossa comida.Dormiu conosco na caverna. Caçoupara nós. Jamais infringiu um pre-• eito da nossa lei.

Há ainda uma coisa, ajuntou Ba-%fceera. Por êle paguei o preço de umtoui-o gordo, preço que foi aceito. O•valor de um touro não é grande, mas ahonra de Bagheera vale alguma at<.concluiu a Pantéia. Negra, com vez

Um touro ! — rosnou o bando com• zo. Um touro pago há dez anos.

\ alem ossos tão velhos 1E que vale a palavra de ho.

- rtplicou Bagheçt a, mostrando os djn-tes alvissimos. Bem, bem, sois o Povo

. . .

' '¦

Rudynrd Kipling, autor deste be-...o "Livro da Jangal", a;.do pela Companhia Editora Na-d, e do qual "O TICO-TICO"autorisado a transcrever "Os

toa de Mowgli", nasceu em Bom-\ na índia, e foi um dos maio-

res valores da literatura inglesa.Pocaüsou em seus livros, todos no-

laveis, a vida dos nativos, dos sol-«Mos expedicionários, doa animaisila Jangal, e fez verdadeiros poeique o imortalisaram. Outros livros(«eus, de grande renome, são "K.ii''— também lançado pela grande edi-tora paulista, em tradução de Mon-teiro Lobato — e "Luz que se apa-ga', que foi recentemente apr«.vtí-tato pelo cinema.

— Nenhum filhote de homem pódc vi-ver com as criaturas da Jan-gál ! — ur-«ou Shere Khan, Dai-mo !, — file é nosso irmão em tudo, excetono sangue — gritou Akela, e ainda as-sim quereis matá-lo ! Na verdade, sintoque já vivi muito. Alguns de vós soiscomedores de gado ; de outros sei que,instruídos por Shere Khan, vão pela ca-lada 0a noite roubar crianças na aldeia.,Covardes, todos, e para covardes estoufalando. Se» que preciso morrer e, em-bora nenhum tenha coragem de atacar--me, ofereço minha vida em troca dadeste filhote de homem. Pela honrada Alcatéia, porém — embora poucovalha aqui — prometo que se deixardeaque o filhote de homem siga o seu des-tino, nào arreganhaiei os dentes quancoum de nós vier tomar-me a vida. Mor-rerei sem lutar. Isto salvará ao bandopelo menos três vidas. Mais, não possofazer. Assim, vos salvarei da vergo-nha que será matar um irmão contra oqual nada se alega de criminoso — umirmão que já foi defendido neste Conse-lho e cuja vida foi resgatada por preçoaceito por todos, de acordo com a Leida Jangál.

file é um homem, um homem, unihomem .' — urrou a Alcatéia, da qual amaioria apoiava Shere Khan.

Ao ouvir isso, o tigro entrou a sacudira cauda.

C negócio está agora contigo —disse Bagheera a Mowgli. Nada mais'•temos" a fazer, senão lutar.

Mowgli ergiíeu-se de pé, com a panelade fogo nas mãos. Estendeu os braços,cheio de raiva e magna de ter sido lobotanto tempo e só agora haver percebidoo quanto os lobos o odiavam.

Ouvi ! — gritou êle. — Basta dediscussão de cachorro ! Muito já medisséstes esta noite para provar que souhomem ( a mim, que desejava ser lebotoda a vida . . . ), de modo que estourealmente convencido de que sou homem.E como sou homem, nào vos chamareimais irmãos e sim "sag" ( cães ), comodizem os homens. O que ireis fazer ounão é lá convôsco. O que farei,é comigo — comigo, o homem, que aqui

I uma braçada daquela Flor Verme-lha que ves, cães, tanto temeis !

Isto dizendo, Mowgli derramou asbrasas no cbào, ateando em chamas um

o de hervas secas. A Flor Verme-lha ergueu-se violenta, em línguas vi-vissimas, fazendo a Alcatéia recuaraterrorisada, enquanto Mow«fIi acendiaum feixe de galhos com o c ai traçouum círculo de fogo em tôrr de si.

Estás senhor da situação, — mur-matou Bagheera, em voz baixa. SalvaAkela da morte. Foi sempre teu ami-go. Akela, o severo lobo que jamaispedira mercê, lançou um olhar de indi-zivel expressão ao menino da Jangál,ao rapazinho nú, de cabelos caídos sô-Lio os ombros, cuja sombra, criada pe-Ias chamas, dançava no chão.

( Concluc na ptíyina seguinte )

Janeiro — 1942 — 37 0 TICO-TICO

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Bem — gritou Mowgli, correndoos olhos em torno. Vejo mesmo quesão cães. E, como são cães. vou-mepara a minha gente. A Jangál ficai _fechada para mini ; esquecerei a vossalingua e a vossa companhia de tantosanos. Serei, porém, mais generoso doque o sois. Porque fui durante dez ano*vosso irmão em tudo menos no sangue,prometo que, quando me tornar um ho-mem entre os homens não vos traireiperante eles, como me traistes aqui naJangál.

E com estas palavras Mowgli eapar-ramou o fogo com o pé, fazendo subirao céu um repuxo de faíscas.

Não haverá guerras entre minhagente e a Alcatéia, mas há uma dividaa ser paga antes que me vá — gritoi-,dirigindo-se para o lado de Shere Khan,que olhava estupidamente para as ohâ-liias. Mowgli avançou para éle cor. ji-samente, agarrou-o pela barba, ( Ba-gheera o seguia de jierto, para o quedesse e viesse ) e disse : — Levanta-te,cão ! Quando um homem fala, os cães_e levantam ! Levanta-te, antes que eufaça a Flor Vermelha crescer em teufocinho !

Shere Khan derrubou as orelhas e fe-chou os olhos, cegado pelo archote deMowgli.

Este comedor de bezerros andoudizendo que ia matar-me no Conselhopor não ter podido comer-me quando euera uma criancinha indefesa. Mas, nós,homens, sabemos como bater nos cies.

. Abre essa guela, Lungri, para que eute meta este facho pela garganta a den-tro ! — beirou o menino, dando como fogo na cabeça do tigre, o qual saltoude lado, tonto de medo e dôr. Pah :Vai-te embora, gato fingido ! Mas lem-bra-te de que na próxima reunião doConselho, quando eu aqui vier aindamais homem do que já sou, trarei tuapele sobre minha cabeça. Quanto aomais, que Akela permaneça livre c vivacomo quizer. Ninguém o matará por-quê eu "nâo quero", estais ouvindo ?Não quero ! E agora ninguém maisfica aqui sentado, de lingua de fora. co-mo se fossem todos uns grandes perso-nagens. Não passais de cães que eutoco assim : — "Passa fora, cambada !Depressa ! Chispa '...."

E como o lacho de fogo estava nomáximo da combustão, Mowgli o girouviolentamente em redor, dando com êleà direita e à esquerda, fazendo os lobos

-umirem aos uivos, com o pêlo cha-nauseado. Apenas permanecerai 1 uns

. que haviam tomado o seu parti __,além de Akela e Bagheera.

Mas nesse momento, uma coisaquisita assaltou o coração do menir.n

Jangál. Vieram-lhe soluços de d;Jro, ao mesmo tempo que groí

ias lhe brotavam dos olhos.Que será isto ? — exclamou, mal

compreendendo o seu estado. — Nquero, sinto que não quero deixar a .1.

Que tenho eu ? Estarei morre:liecra ?

Não, Irniàoziiilv.. Estás aprando pela primeira vez, un

que só os homens costumam faz<r.Veio disso que já és homem, não ape-

filhote de homem. A Jat.

O TICO-TICO

realmente fechada para ti. doravante.Deixa que as lágrimas caiam, Mowgh.Chora, chora . . .

E Mowgli chorou. Sentou-se e cho-rou, como se seu coração fosse arreben-tar -s- êle que jamais Havia chorado emtoda a sua vidinha.

Sim, irei para o meio dos homens,agora. Mas, tenho antes de dizer adeusà minha mãe, — murmurou, dirigindo-separa a caverna, onde Mãe Loba morava'¦ -m Pai Lobo. Lá, chorou novamente,abraçado ao corpo peludo da que o cria-ra, enquanto quatro lobinhos novos tli«uivavam ao lado, de tristeza.

Não me esquecereis nunca ? —soluçou Mowgli.

Nunca, enquanto pudermos seguirum rastro — responderam os lobinhos.Mas aparece ao pé da montanha, de \-._em quando. Lá estaremos, para brm-car contigo.

Volte logo — disse Mãe Loba. aolhar enternecida para aquele extranhofilho nu. — E jamais te esqueças deque te amei a ti inda mais do que aosmeus próprios lobinhos.

Virei, sim r— respondeu Mowgli _e um dia aparecerei de novo no Conse-lho, envolto na pele de Shere Khan.Não te esqueças de mim, mãe. Dize atodos na Jangál que jamais se esqueçamde mim . . .

A manhã ia rompendo, quando Mow-gli deixou a montanha, sozinho, rumeià aldeia onde moravam as mistecriaturas chamadas homens.

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D_XESGOTAMENTOANEMIADEBILIDADE NERVOSAINSONIAFALTA DE APETITE

E O U T R O S SINTOMASDE FRAQUEZA ORGAN1-CA DE CRIANÇAS E DE

ADULTOS

O* fatos principais du prcsUtêiicin doMarechal Hermes da Fonseca foram :a revolta dos marinheiros, chefiada porJoão Cândido, a do Batalhão Naval; od< posição dos governadores do Ceiiui,Pernambuco, Alagoas c Baia, c atação do estudo dc sítio.

r.-

A ILHA DO TESOUROExplicação do jogo. i Ver a pagina 9;

NO lindo jogo que hoje publicamos, podem tomar parte vários parceiros.Joga-se por meio de um dado só.O objetivo visado pelos jogadores é alcançar aquela bonita fortuna,

liquissimo tesouro que uns piratas antigos deixaram na ilha misteiTudo m "faz de conta".

Mas há certos obstáculos pelo roteiro, e os meninos devem decon -los,para que a partida tenha mais graça e interesse.

Assim, o jogador, que vai avançando como em todos os jogos, con-forme os pontos tirados por sorte na jogada do dado, se cair no número 12

que esperar maré propícia, c deixará de Jogar até que o parceiro queirem logo atraz lhe passe à frente.Eni compensação, o que cair no n.- 13 pula para o númer. :;?,, c

caindo no __ volta para o número 18.O que cair no número _C, pula para o que cair nessenúmero, retrocederá paia o n." 20.

O que cair no número 34, ou no número 51, pulará r_spe-ti.-__.ntepaia os números oo e 02.

Mas, caindo nos números 62 ou 00 i sem ser por co. | i desalto, como no caso anterior), voltará para 51 ou 34, respectivamente.Quem cair no 6., está fundeado ali : sái do jogo.Canhará quem alcançar o n." C...

38 — Janeiro — 1912

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Os onze da Princeza(CONCtUSAO D\ PAGINA 5)

Pela madrugada bateram á porcado palácio. Eram os onze príncipesque pediam para falar ao rei. Osguardas disseram-lhe que não po-diam ir acordar Sua Magestade.Insistiram, pediram e ameaçaram,batendo á porta como uns desespc-rados, e tanto fizeram que apareceua escolta. Nesse momento rompeu oprimeiro raio do sol, e os onze prin-cipes sumiram-se por encanto, eviu-se uma nuvem de cisnes, pai-rando por cima das torres do pala-cio.

A multidão enchia a praça da ci-dade. Todos queriam vêr queimar afeiticeira, que chegou numa carroçamuito Telha, puxada por um cavalolazarento. Continuava a trabalhari:om uma anciã que não é possivel ex-primir, e emquanto os dedos voavamno trabalho, a alma lesava, pedin-do a Deus que a não abandonasse.

Trazia na carroça as dez túnicasque fizera. Quando lh'as quezeramtirar, deitou-se de joelhos aos pés docarrasco, e olhou para ele com umar tão suplicante, que o homem nãopoude recusar-lhe o ultimo favor.

A multidão cobria-a de injurias.— "Fora a bruxa infame! Não vê-em que está dizendo palavras magi-cas! Vai fabricando algum feitiçohorriveJ! Para que é que não lheprendem as mãos! Talvez que porartes do demônio, ela fuja antes dechegar a fogueira! O melhor é dar-mos cabo dela"!

digalqueeulhe disse:Uso e nao mudoJUVENTUDEALEXftNDRE

PARA A BELLEZA DOSCABELLOS E CONTRACABELLOS BRANCOS

E seguraram a carroça, para ras-garem as túnicas, quando chegaram,fazendo enorme bolha, onze cisneslindíssimos, que rodeiaram a pobre-sinha, dando para a direita e paraa esquerda, vigorosas bicadas. O po-vo, assustado, recuou.

— "E" um sinal do Céo!" murmu-ravam os melhores. "Talvez estejainocente!"

Mas não se atreviam dizer alto oque pensavam.

Elisa tinha descido da carroça, ocarrasco já lhe pegara na mão paraatirar com eia á fogueira.

Nisso os cisnes cercaram-na denovo. Ela atirou-lhes as túnicas, eapareceram onze príncipes lmdissi-mos. O mais moço tinha num braçoalgumas penas, porque á ultima tu-nica faltavam malhas.

— "Agora já posso falar" disseElisa. "Estou inocente". •

Contou o que se havia passado.Enquanto falava, espalhou-se no

ar um perfume delicioso; todas asachas que haviam trazido para fa-zer a fogueira, enraizaram-se, ver-dejaram e cobriram-se de flores.

Houve inúmeras festas na cidade.De novo celebraram-se as bodas darainha, e daquela vez assistiram aela os onze príncipes tão adoradospela irmã.

O TICO-TICOMENSÁRIO INFANTIL

Propriedade da S. A. "O MALHO"Trav. do Ouvidor, 26 — RIO

Diretor rA. DE SOUZA E SILVA

Preços rNumero avulso .... I $500

atrazado 2$C00Assina tu ros — sob registro12 m—* 20$000

¦••• ll$000

Exterior — sob registroIZ meses .0Í000

6 " 20$000

Publica-se no dia I." de cada mez.

AINDA TEMOS, PARAATENDER A PEDIDOS.EXEMPLARES DAS. EDIÇÕESANTERIORES, TRAZENDO ASPRIMEIRAS PAGINAS DOS'QUADROS DE NOSSA HIS-TÓRIA" E DE "COROGRAFIA

PITORESCA"

DOIS BONS PASSATEMPOS

O pai do Milton quiz pôr àprova as habilidades matemáti-cas dp filho e arranjou no qua-dro negro estas series verticaisde algarismos impares de 1 a 9.— Agora, disse êle — Some es-tas tres linhas de algarismos edepois disponha os de modo quesua soma tenha exatamente me-nos 579 do que a primeira soma.

(Solução : A soma íí< cinco linhas ho-rienttdi i* algarísuioê .; 2.773. Coloque ostíffcriêmmt de maneira o formar cinco nú-murem, como segue: 135, 791, 357, 913, 579.Elimine o último número e o total terá_.*.. o nual tem menos 579 do fl*. 2.775.

AS SENTINELAS

Cinco soldados foram desig-nados para serem sentinelas emseis guaritas — Após algumashoras de vigilância as sentine-Ias A e B decidiram trocarde lugar — Isso foi realizado em17 movimentos, sendo removi-dos todos os cinco soldados.Corte cinco discos de papelãodo tamanho dos que a gravurarepresenta e inscreva em cadaum uma letra, A, B, C, D, E.Coloque cada disco no circulocorrespondente e descoloque assentinelas A e B nos 17 movi-mentos.

(Solução: fi«M0MI .1 para o espaço bran-et, defois faça as ugtmtes remoções: B, C,A, />, F. ,1. C. tí, D. C. A, E. C, D, B, .1.)

Janeiro — 1912 — 39 — O TICO-TICO

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E-OffOSconcursos

CONCURSO N.» 17

___P_L^9P___H_____^__s^^___i

Reunindo estes 7 fragmentos negros, quem, será capaz Oeforma» um quadrado? A solução certa poderá valer um premio.

{Solução na edição de Março)

CONCURSO N.» 20

Il7\_r_AW^_

78-4 14-3 6-

£35 1-79-6 518

3-5414 3 5-,

,3 8 7,8 6 7

BL_'^Êm^La^^àcowmm ^ ífts

W as *^""

Com as iniciais dos nomes doque se acha aqui desenhado, for-mar o nome de uma cidade nor-destina.

{Solução na edição dc Março)

.. CONCURSO N.» if ..,

Um carpinteiro tem que taparjma abertura dc 20 por 120 cen-timetros e só possue um pedaçodc tóboa que mede 30 por 80centímetros. Sabe que com êste sã")óde fazer dois outros pedaços. R,apesar disso, consegue dar soluçãoao seu problema. Imaginem que afigura acima seja a tábo.> de30 x 80. A linha quebrada mostraO luqar onde êle a cortou.

(Solução na edição de Morto]

Aqui teem vocês uma soma. Mas.nas parcelas que a originaram fal-tam algarismos nos lugares onde_*t3o linhas apenas. Quais sãoê__s 7 algarismos que faltam?

(Solução na edição dc Março)

^COSTUME-SE desde crian-ça a ser cuidadoso. Faça ns

soluções dos Concursos cm fo-lhas de bloco c não cm peque-nos pedaços de papel.

CONCURSO N.° 21Você c>o;|. do cães? Conh.ce aljumi; ij-;oí dc->'.o. (iós onvtjos do homoni?Mu I- b^m. Aqui c_o 8 nomos dl raça. t-tiras. M_s M ¦ ¦ nr*t.r_-

()-.. c - fX"i>_ . Vep se consej-o descobrir quu ro;v. são:|.* _ RIPITfr _ |.*|2» _ IMSIAM — ..»)..• - tOGGA — }.*)4* — NARATRÜV. - '.:\ \\\\5.* - iLCí.-vr* — 5.*|.* — GROttUKJ-. — (,',7.* - BlOGULü - ; 'B.# — AtrMAIPOt.t — ff*) ...

(S-il-Ç-o n. od ',i_ do k.aí^o)

RECEBEREMOS AS SOLUÇÕES AT_ 15 DE F E MIO

O TICO-TICO 40 — Janeiro — 1_ 42

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f PRÊMIOS £^SL_nossos

concursos SOLUÇÕES

SOLUÇÕES DOS CONCURSOS

Se o fruto é bom, mais doce é

o que fica junto do coração.

Se o homem é bom, o melhor

dele deve estar junto do coração.

*

SÔLÜCAO DO CONCURSO N. 11

Sino, Lápis, Balde. Machado,

Espingarda. Escova de dentes.

Jarro. Meia de rr.t;'__r. Escovão,

Colher, Serrote

SOI.UÇAO DO CONCURSO N.

As iniciais formavam a palavra'BOTUCATÚ".

DA EDIÇÃO DE NOVEMBRO

; SOLUÇÃO DO CONCURSO N. 19

o / \o

0\ , Ov

As-im /oi aumentada a piscina sem pra-judicar as árvores

AINDA TEMOS EXEMPLAREIDAS EDIÇÕES ANTERIORES HATENDEREMOS A PEDI-DOS ACOMPANHADOS DAS IM-PORTANCIAS EM SELOS PO s-TAIS. ESSAS EDIÇÕES TRAZEMOS "QUADROS DE NOSSA HI3-TÔRIA" E "COROGRAFIA __-TORESCA"

Bases dos NossosConcursos

1) — As soluções tiú* concursos rni-blicados cada rr.és serão recebidas ateo dia 15 do mês seguinte.

2) — Cada concurso Lumtponderi »um prêmio, e 03 leitores poderão con-correr à totalidade de cada edição, massó poderão ser premiados cm ;un con-curso.

3) — A feublicação dos nomes dospremiados e das soluções será semprefeita duas edições depois daquela emque aparecerem os concursos.

4) — Qual.ucr leitor d-0 TICO-TICO poderá concorrer, bastando parai.so indicar nome por extenso, idade cendereço completo, pois os prêmios sãoenviados pelo Correio.

5) — Num mesmo envelope podemvir várias soluções, pois não há i.e-nlmm inconveniente.

I. "

__*__l__P__3

ouçaP.R.A.8

A única Emissora Na-cional que transmiti»simultaneamente CMDUAS ONDAS

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M08Vf.itS-r.iU8- 25.CB0 Watts

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f eraanhoco Sil

Concorrentes premiados nos Concursosde Novembro

NO CONCURSO N. 9:

Denis Campos Castaldi — residente à rua 15de Novembro, 441, em S. Manuel — E. F. Soro-cabana.

XO CONCURSO K. 10:

Maria Gloria Oliveira Neves — residente à Av.Barão do Rio Branco, 442, em Petropolis — Estadodo Rio.

NO CONCURSO N. 11:

Raimundo José dos Santos, residente em SantoAntônio de Jesus — Baia.

NO CONCURSO N. 12:

Graciema Fibger Lopes, residente à rua José deAlencar. 66 A — Catumbí — Rio.

O motivo da prisão de José Bonifácio, tutor dePedro II. verificada na primeira parte da Regência,foi o de ter sido acusado de ser partidário da voltade Pedro I ao Trono do Brasil.

Janeiro — 1942 — 41 — O TICO-TICO

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HISTORIA VOCACIONAIS Por MARIO IMBIRIBADes. de OSVALDO STORNI

=f_ ,| . _. ¦//bÕiAS' -*•>. /ffTV.

NÃO TEU 4IIVDA ~~—; Í7fi " , | —11. "*" -í_ ÍT] fT_ f^fi^OcoRO _ M.oNq-> -í j— (wic/i, paço oczEtins mil-\ I

T-eteWl «*.„ «SN ^^ W^^^^^^ Vrm„n*l\ &m\ZCOLHEITA ESTE. ^^^rjl (bama«"n

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ytYlA (.ASA -_T\ /• \] y^ • \ /o PArüAo\Y^ERQ-A&ENS AMSC_<\ -'*rí___L\ / l

AIE MAU {-=^J /"""«eu.01 we\(t>£ UMA OFICINA _iifl_iPÍ_) A_=_V /„_.

Ff°fi'WD0.| U_M _. He^daoS\£>£ CALDERE/fZo fc.N «2r C-v .Vy^-^-,, ^**4<?</_r /_.£ < ^s«ac._ro7 T-»

>_v**^^w_ _—^* ^"^ (_ ^^V _/V ^^^ I °\l ____. Jmmmmmm»—i___-____________p-^-_sr>?i,4 _^/

0 TICO-TICO — 42 -- Janeiro — 1942

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AVENTURAS DE ZE' MACACO E FAUSTINAMA A A ai!

Faustina resolveu fazer uma ... dia Zé Macaco teve a ven- ... suculento bolo. Comeu tan-surpreza ao marido. Nesse . . . tura de saborear um . . to que no fim sentiu que as...

*«i ¦ ii ¦ ¦¦¦¦¦¦in. ¦!, in. ¦ mtasswa*mmama\%mwÊmam——X—m--m--------tmm

... suas forças centriplicavam elogo poz-se a gritar como Tar-zan na floresta.

Correu em disparada para onde se achava um grupo devagabundos. E, sem mais aquela, começou a esmurrar, um

por um até pôl-os fórade ação. Os vagabundos estavam . . .

pasmados ! Depois, cansado, foi para casa onde .. . obtido tanta força de um momento r.

Faustina preparou-lhe um bom banho reparador. outro. Faustina então explicou : o bolo

Mas Zé Macaco queria saber como havia . . sido preparado com espinafres ! . . .

Jan.iro- 1942 43 Ô Tl*0<f#Õ

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A PAGINA DAS MENINAS

MAIS

UM DAQUÊÊES BONITOS E SUGESTIVOS BORDADOS,TAO SIMPLES DE EXECUTAR, QUERIDAS LEITORAS.NÃO HA MAIS NECESSIDADF DE EXPLICAÇÕES, PEN-

SAMOS, POIS QUE VOCÊS VÊEM ACOMPANHANDO COM A MAIORATENÇÃO OS QUE FORAM OFERECIDOS NAS EDIÇÕES ANTE-RIORES DO "TICO-TICO". EM TODO O CASO, ACONSELHAMOS AQUE SIGAM AS INDICAÇÕES DO MODELO QUE APARECE AO LA-DO, PEDINDO, SE NECESSÁRIO, O AUXILIO DAS SUAS MAMAS OUPROFESSORAS DE TRABALHOS.

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«xNX<^.xO^TICO-TICO Janeiro — 1942

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QUADROS DA NOSSA HISTORIA

OsHolrn» tiras..

A n tinVidal deNegreirox

Mathias de Albuquer-tjtic, governador dePernambuco no prin-cipio da contfitista ho-

landesa.

I __-- __V«"H __.__-_r^_£______P_T^r9__PM___t__r' i __.

\^LaWAmm\w^9m _jj_«^^^ __H-»«r__-.^*-

JoãoFernandes

Vieira.

H o m en s7 u e /.//a-.(-.í? /je/a /i>berlação dapátria dodomínioholandês.

mS____K_Henrique

Dias.

FranciscoBarreto de

Menezes.AntônioFelipe

Camarão.Conde Mauri-cio de Sassau,notável chefe

holandês.

O sistema de guerrilhas usado por Ma-lliias de Albuquerque fiara combater

os holandeses.

-f-Z^tamí _____J fS^'âr\ __-__r^ ?__^% ____P^<3Í_J__I__I__I __«-!¦_. _t__^4_i*_l'_R'*v /«__*4__i_ll_-_. #y_F_^__W_kV T__r^t.^J-_^

?^^(Sç5ffi_fiTfJm _^r«^_»^______li____r_______K_t___?l __» _______^_______ /*___H_____r ¥Yj-* i VA__P^ ___. _-_I--ts__-"a"* ' -^^JÍMtQWm\Jm\ -S-Íj-HT-*1 __f ____|áU*lw».1^*«s___S»^>g*igtfl___2Í yjgpr^i_>-- I—~~ ____________________________________-_-_-----________i

/C54 — Rendiçãodos holandeses

as forçasbrasileiras.

^^S holandeses, povo^•^ forte e belicoso,

andavam em luta com a

Espanha e não tardou

que, como audazes mari-

nheiros, afeitos às conquistas, tambem quizessem o seu qui-nhão no Brasil. Investiram, primeiro, contra a Baía, de onde

foram, entretanto, expulsos, após um ano de ocupação. Em

Pernambuco conseguiram, porém, penetrar e tomar pé, gra-

ças à falta de recursos do denodado governador Mathias de

Albuquerque, que foi, apesar disso, de um heroismo admi-

ravel.

Os holandeses só conseguiram estabelecer-se no nor-Janeiro — 1942 45

ffiíS — A primeira batalha dos Guararapes,segundo o quadro de Victor Mt relles.

deste do Brasil, porqueéramos uma colônia quasiabandonada.

Em 1640 voltávamos no-

•/amente ao domínio de

Portugal, q. i se libertava do jugo espanhol. Já tinham, po-rém, os brasileiros, mais conciéncia da pátria e graças a isso

conseguiram expulsar os holandeses após uma insurreição

que durou cerca de nove anos.

Os Holandeses dominaram no Brasil durante 24 anos a

aqui iniciaram uma civilização adiantada, graças, principal-mente, à cultura e À energia de um de seus chefes, o nota-

vel Conde João Maurício de Nassau.O TICO-TICO

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I)^Jm velho agricultor vendo que se

aproximava a hora da sua última viagem,

chamou seus filhos e lhes disse :— Poucos dias me restam de vida.

Deixo a vocês dois um tesouro maravi-

ihoso. Não me lembro bem do sítio ondei

o enterrei. Porém, cavando dois ou tres

pés de terra, êle surgirá em todo o seu

esplendor.

Os rapazes sem perda de tempo en-

tregaram-se, com ardor, ao trabalho. Des-

de o nascer do sol, até. ao anoitecer,

eles iam cavando a terra, palmo a

palmo, á procura da herança maravi-

ihosa.

Os dias iam-se pas"sando e gran-de já era a extenslo da terra revolvi-

da, sem que o tesouro aparecesse, E

para que se não perdesse todo aquele

trabalho, eles deitaram sementes sobre a terra lavrada.

Os mezes se passaram. E quando já morria a esperança

de encontrar a herança prometida, eles viram que da terra

.# yLJm_wà MwtJm úm\'~~f^___¦'/nflnfi_-J*______4*o______/_f Mm •> mumlm^^~^^^^J/ÉKfW_WàM MMmT __. _______?!¦_¦ k ""^ ^__Pt íl ílflfl

trabalhada surgia uma vegetação rica e abundante. Só en-

tão eles compreenderam que ali estava a herança maravilho

sa, fruto do trabalho perseverante !...

TREM- AZ Li"Seu" Liborino estava muito nervoso.

Parecia uma pessoa que está com medo de

perder o trem.

Dirigiu-se para o guiché da bilheteria e

perguntou :Moço, diga-me uma cousa :

O expresso que vai para Pirandóba

já passou ?Já, sim, senhor.E o rápido também ?

Não senhor. O "tr,em azul" pas-sa daqui a 30 minutos.

E agora, vai passar por aqui ai-o um trem ?

Não senhor. Mas, por que dese-

jíi saber ?E' que eu preciso atravessar a

linha, para visitar o meu compadre quemora lá, do outro lado.

O TICO-TICO

i Tw ^j «•___-___—_-_—

¦ Um aviso

Jff TÁ i ____.

J___C_—ü^HH __—-- "?_m f%SS~ y^ Á _____

JÉÉ //r^l

WyJíLé—jr _#r '^m -^^a^l ySy\ »

—~_____m_m W^ y^mmmmmW^=~ ~*»r&**} ' *~

4AJW.ro — 1942

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ÍU_ru^__ GMVÃO Je QUEIROZ

©

PROMETI

a vocês, uma série de reporta-

gens, e Pitusquinho nunca promete em

vão.

Aqui esta a primeira. Estou estudando

música. E como o instrumento que escolhi foi

o piano, tratei logo de me "formar" em tudo

o que dii respeito a esse instrumento . . .

Vocês não imaginam quanta coisa curiosa

e interessante descobri !

Imaginem que o piano é um dos instru-

mentos mais antigos. Sua origem, como ins-

trumento de cordas com teclados, vem da Ida-

de Média, meus amiguinhos, mas antes disso,

muito antes, embora sob outra modalidade,

já êle existia.

Pelo seu princípio, pela existência de cor-

das tensas, que ao serem feridas produiem

sons melodioso», o piano tem muito forte pa-

rentesco com a harpa, com o clavicordio, com

o "clavecin", e antes desses instrumentos exis-

tirem, já outros se baseiavam no mesmo prin-

cípio, como o "trigono", o "pisantir", o "psal

terio", o "quanon" . . .

Com esses instrumentos se falia musica

nos tempos anteriores as Cruiadas. de que

todos nó» ji temos ouvido falar.

Quando foi que se fei o primeiro piano,

é muito difieil descobrir. Fii toda a força, —

palavra ! — mas não arranjei nada. Poetas e

escritores dos séculos XII e XIV não maneio-

nam o piano, nem ao clavicordio, nem ao

cravo.

Parece que a creação dos primeiros ins-

trumentos dessa natureia se deve ao uso do

órgão, muito vulgar então, e a necessidade

de um instrumento de teclado que pudesse i«r

tocado com mais facilidade. Havia, * certo,

os órgãos portáteis, mas não davam o resulta-

do desejado. Eram complicados, dependendo

Janeiro — 1942

R historiado piano

de provisão de ar, de foles,

de força, ou de uma outra

pessoa para mover os fó-

les . . .

Foi olhando para uma

citara, outro instrumento

velhíssimo, que ocorreu tal-

vei ao primeiro fabricante

de pianos que, se êle con-

seguisse arranjar como fa-

ler com que uns marteli-

nhos batessem nas cordas

tensas, ferindo sons nelas,

estava arranjado um belo

meio de substituir os pesa-dos órgãos.

Nasceu, então, o "dúl-

cerne", cujas cordas eram

golpeadas por bolinhas de

madeira, a logo o "psal-

tério", e daí para ei gera-

ções vieram melhorando e

aperfeiçoando esse meca-

nismo e se chegou ao pia-no de hoje, que é um dos

Instrumentos mais maravi-

lhosos que o homem já con-

seguiu realísar. •

un

Um piano, por dentro, nada tem de extra-

ordinário. Os princípios e—i que êle se baseia

são simples : uma corda bem esticada, para

produxir o som; um golpe, ou pancada, vibra-

da sobre ela; um teclado, que promove o mo-

vimento dos martelinhos que .ferem as cordas,

por meio de molas. E pronto, rapailada.

E' tudo, Agora, pensem em que maravilhas as

mãos dos artistas, dos grandes executores

conseguem arrancar daqueles arames estica-

dos !

O primeiro piano de martelos — assim

chamamos os pianos modernos, — foi creado

por Bartolomeu Christoforo, florentino, em

1711.

E os pianos elétricos, que já existem hoje,

apareceram em Londres, em novembro de

1923.

Hé, ainda, as pianólas, creação de um

homem chamado Nikisch, em 1912.

Nas igrejas, pela sua sonoridade austera,

pela lentidão dos seus sons, ainda se usam os

hermonios, ou órgãos. Mas muito aperfeiçoa-

dos, que ja não exigem aquele esforço enor-

me de antes e que qualquer um pôde usar.

O TICO-TICO47

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COQUEIRO

o

TAPETES

LEITE --Í-*

coco ^TTiufri

coqueiro é um vegetal que muito se asseme-

lha à palmeira e que dá frutos muito aprecia-

dos pelo seu agradável sabor. O coqueiro

existe em todo o Brasil, principalmente no norte, sen-

do nessa parte do nosso país o vegetal característico.

O fruto dá em cachos, junto à rama, os quais são co-

Ihidos e logo dados a consumo. No interior do fruto

encontra-se água saborosa e a polpa do coco, quan-do ainda verde, é manjar apreciadissimo. Quando o fruto

jeca, essa polpa solidifica-se e é aproveitada, depois de ra-

ada, na confecção de gostosos manjares. Do coqueiro, ve-

getal dos mais abundantes, nada se perde, como pôde o lei-

tor verificar acompanhando os desenhos desta página.Assim, da fibra do coqueiro são

confeccionados chapéus e roupas

de homem, bem como tapetes, ca-

pachos e vassouras; do óleo que se

obtém da polpa seca fabricam-se

sabonetes e sorvetes, e dessa pol-

pa, ralada, fazem-se doces, tortas

e pudins muito apreciados. O coco,.

a excelente fruta que o coqueiro!

produz, é exportado pelo Brasil em

grande escala para quase todos os|

países do mundo.'tecidos

CHAPÉUS

O TICO-TICO 48

REFRE4SCOS

Janeiro - 1942

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COROGRAFIA PITORESCA DO BRASIL

Rió Grande do NorteBaixo e arenoso, perto do litoral, t, entretanto mais elevado

no interior, onde se destaca a serra da Borborema. Clima seco,quente e sadio.

Situado na zona das secas periódicas, o Rio Grande do Norteé outro Estado que sofre as conseqüências desse terrivel flagelo.Apezar disso, seu povo possue as mesmas qualidades que cara-cterisam outras populações sertanejas do Nordeste: a robustezc a persistência.

A fauna e a flora do Rio Grande do Norte são idênticas isdos outros Estados de que já falámos. O sub-sólo possue ouro,ferro, gésso, enxofre, maneanez, etc.

H' notável a sua indústria do sal marinho, que se exploraativamente em Mossoró, Assú e Maciu.

^^^^^^^^^^^^^ ^i AVENIDA HISIA FLORESTA ~^5»S3—m\

j* MOSSORÓ^ \4£Í__T3_zàíàí$) «SV^*MACAU r~~Z/\ ItÍX^ É2?(lim~^**^^m.

/ ^2/ J$£!!t^*ry^ COCO Ç\

X^ç/^ff^^^riACACO ^^lli-'£-''. ******** Êj'0_i

y*P^<r' CAFÉ' v^y^^ ^y^hJ cauguaretama

^ ESTADO DA PARAÍBA ^.««aBÉC^ _ -^4

—— ____„____M_.—_________________________________________________________

o t ico-t icr ss^ 49 Janeiro — 1942

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S_J_3©

LuizSa

THA DIAS QUE O A_EITOA.*A ANDA COAA ARESAAI-TÊPilOSOS e SEAAPP.E CAP>FSEGArV/DOEMBRULHOS SUSPEiT-./

¦i

—3 VT

í NA NOITE DE NATAL, VOU )/ BOrAP. O MEU SAPAro NA ^f JANELA,PAP.A QUE PAPAI )C NOEL DEIXE UM PrSESEA/TE )V PAP.A MIAA... ¦r^~r~'r^

i(_E^EUTAM6EMfj tf ^^*

fj>ftÊCISO AP»P>AN_AP^C OUTPiO SAPATO PAPiA ^\ MIM, POIS ESTE1 ESTA' M

AGOPiA _}U>E JA COLO-CAWO. OS AÍOSSo- SAPrVTOS a/a oaaJel/^mamc".DOP^MI

~'—~<~t f/° PR ETC VA' )^S]

/ FKTAH, POP-% /

rs/Av MANHÂSEGUINTE...

VIVA.' 0 PAPAI A/OEL <BOTOU UMA PETÉCA < ^^V-%-,

r N/0 MEU SAPATO/ / /A t,.7\Y- —r-^~~ã \ ¦ I Jquer tudo . Hf

V . / perde... ^<t\\ rdfl y *-%_ p*<>a; noçi I

^ _af___K ' J_L- é____5_: r^^5

^Va7^EpT\GoSA D O^lí QUAWOO ELES VIP,Em)

> AMA MU A o MEÜ ?W--JÇ 3EWTE 7""^

í"^ AZEITONA, O QUE 1.__£ FOI.QUE O PAPAI J

_-___T NOEL DEIXOU PA- )~~"St RA \/ÔCE ?... ¦ "<

O TICO-TICO Janeiro — 1942

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PM — ¦¦¦.-- "¦'

í, ÉPOCA E'TR15TE Hk UHA

íM_ir jCwv ^

-LJyX /l.fíi\ft;ESTA E.' A MINHA ULTIMAFAXINA UO PALÁCIO REAL

ESTAVA MELHOR.^\ f (^VÍVOUANDO

ESTAVApÒRj

CONCEITUADOS SüDITOS -VOU ABDICAR, K3TT50NO*

N-JNCA.NOMEUREt-NADO COMETI

ALGUM

--DESUSEI. UAL. ! ESTOU SAINDO/

^^HUNCA.MOMEURE,- TX^E^55^ (f) JÇ>f /^£#\NADO COMETI \ >\ •""N ({/' <:íí:^

"^ ^i_^Ü \V^VJH/Í ^_I_à T^^^XAHOO-LHEVAMOS VOLTAR PAÍ?A A NOSSA CASA.PIPOCâí \f>-*J7 /lV\ /Vy7/Nv

0RELHAS -NÃO ESQUEÇA DE LEVAPi, ALSUMASj -. A \Ü$J\ js*m^J»^<M \>k

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AS AVENTURAS DE CHIQUINHO

Chico Engole Espadas, um grande artista decirco, conhecido da família do Chiquinho, foi umdia visitá-lo.

Os garotos ficaram assombrados, pois o ho-mem era de fato um batuta capaz de engulir atétodas as baionétas de um regimento.

Na hora do jantar Chico Engole Espadas es-fregou as mãos de contente quando viu Benjamintrazer um prato com um frango muito cheirosopara a mesa.

Depois de conversarem muito tempo, resolveuo homem fazer uma demonstração das suas qua-lidades, engulindo algumas facas.

Mas Chiquinho que sempre está pensando empregar peças nos outros, teve logo uma idéia ecombinou com Benjamin o que iriam fazer.

( y—"^Jm\jt^**^*^-^Z af -*" ^, ^ iH

O prato foi para o Chiquinho que logo tomouconta. Depois veiu outro prato para o homem, equando êle destampou, viu que estava cheio defacas, canivetes e oréaos.