O TESTE HTP NA AVALIAÇÃO DA PERSONALIDADE€¦ · inquérito sobre cada desenho. O HTP é...
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Teste HTP
O TES TE HT P NA A V ALI A ÇÃ O D A PE R SO NA LI DA DE
Por mais de 50 anos , os c l ín icos têm usado a técnica p roje t iva
de desenho da Casa - Árvore - Pessoa (House-Tree-Person , H-
T-P) para obte r informação sobre como uma pessoa
exper iência sua individual idade em relação aos out ros e ao
ambiente do lar . Como todas as técnicas proje t ivas , o H -T-P
es t imula a p rojeção de e lementos da personal idade e de á reas
de confl i to dent ro da s i tuação te rapêut ica , permi t indo que
e les se jam ident i f icados com o propósi to de aval iação e
usados para o es tabelecimento de comunicação te rapêut ica
e fet iva . O uso do HTP é mais adequado para indivíduos com
mais de 8 anos de idade .
Si tuação e tempo de administração:
O cl iente deve senta r -se em f rente a uma mesa , em uma
posição confor tável para desenhar . A sala ou área onde o
desenho será fe i to deve ser s i lenciosa e sem dis t rações .
Dependendo do número de fases inclu ídas , o procediment o
pode levar de 30 a 90 minutos . No mínimo podem ser pedidos
t rês desenhos (casa , árvore e pessoa) e conduzido um
inquér i to sobre cada desenho .
O HTP é composto de no mínimo duas fases : 1) Não -verbal
(desenho a mão l ivre de uma casa , uma árvore e uma pess oa);
2) Verbal ( inquér i to pos te r ior ao desenho – perguntas sobre
os aspectos de cada desenho); 3) o indivíduo desenha
novamente uma casa , uma árvore e uma pessoa (usando
cores) ; 4 ) real iza -se perguntas ( inquér i to) sobre os desenhos
da fase 3 . Pode-se sol ic i tar a inda desenho l ivre .
Os desenhos , então , são aval iados pelos s inais de
ps icopatologia exis tente , caracter ís t icas do desenho como
tamanho, local ização, presença ou ausência de dete rminadas
par tes e as respostas do indivíduo durante o inquér i to .
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Materiais do teste : Lápis p reto nº 2 , bor racha , g iz de cera ou
lápis de cor (caso se ja so l ic i tado desenho color ido) , re lógio .
Instruções:
“Por favor , desenhe um(a) - - - - - - - - - - - , da melhor maneira que
puder . O t ipo que você quiser . Pode levar o tempo que quiser
e apagar quando precisar , que não conta contra você. O
importante é fazer o melhor que conseguir” .
Os desenhos devem ser a mão l ivre .
No desenho da casa a fo lha e apresentada de fo rma hor izontal
e nos out ros dos desenhos de forma ver t i cal .
Depois de terminar a bater ia acromát ica in ic ia -se a bater ia
cromát ica: “Agora, por favor , desenhe uma casa color ida”.
Não fa la r “out ra casa” .
Para qualquer dúvida responder : “Como você quiser” “Como
voce achar melhor” “Como você gos tar”
No caso da f igura humana , o examin ador deve tenta r que o
su je i to desenhe uma f igura completa . Após o té rmino dos
desenhos , começar o inquér i to .
REGISTRAR COMO OBSERVAÇOES GERAIS:
a ) Cronometrar e regis t ra r o tempo até in ic iar o desenho =
LATÊNCIA INICIAL
b) Ordem dos deta lhes desenhados
c ) Verbal izações e emoções nos deta lhes desenhados
d) Tempo to ta l u t i l izado
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INTERPRETAÇÃO:
A- ASPECTOS GERAIS:
ATITUDES:
A at i tude em cada desenho será inf luenciada pelas
associações desper tad as . Normalmente o desenho mais
re je i tado é o da pessoa .
RESISTÊNCIAS:
1- Não apresenta - - - conf iança
2- Negação -- - infe r ior idade , inadequação, medo de ser
ju lgado, b loqueios e oposição ao ambiente
3- Omissão de par tes - - - problemas e confl i tos com a par te
em ques tão
ENERGIA E DISPOSIÇÃO:
1- Desenvolvimento normal : boa energia e equi l íbr io , o
su je i to se adapta à tare fa
2- Decréscimo ps icomotor - - - depressão
3- Aumento ps icomotor - - - impuls iv idade, ans iedade,
aber tura a es t ímulos ;
TEMPO – LATÊNCIA – PAUSAS:
In formações sobre s igni f icados dos objetos desenhados .
1- Tempo de la tência in i c ia l : ent re 2 a 30 segundos depois
das ins t ruções . Maior : sugere confl i to ( ident i f icar no
inquér i to)
2- Pausas : super iores a 5 segundos sugerem confl i to
( ident i f i car no inquér i to)
Tempo, la tência pausas : os 3 desenhos levam normalmente a té
30 minutos para se rem completados . Aqueles que desenham
com rapidez incomum parecem fazê - lo para se l ivra rem de
uma ta refa desagradável . Os que levam um tempo excess ivo
em um desenho podem fazê - lo devido a sua re lu tância para
produzi r a lgo . Indivíduos maníacos podem levar mui to tempo
em função da r iqueza de deta lhes i r re levantes desenhados ,
bem como os obsess ivo -compuls ivos . Se um indivíduo não
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começar a desenhar dent ro de 30 segundos após receber as
ins t ruções , o potencial para ps icopatologia es tá p resente .
CAPACIDADE CRÍTICA E RASURAS:
Comentár ios verbais sobre capacidade a r t í s t ica são comuns.
Em excesso sem es forço para cor r i gir → patologia .
comportamentos indicat ivos de autocr í t ica e presença for te de
emot iv idade são: 1) abandono de um ob jeto não completado,
recomeçando-o em outro lugar da página, sem apagar o
desenho abandonado; 2) apagar sem tenta r redesenhar ; 3)
apagar e redesenhar (se o novo desenho resul tar em melhora é
favorável , mas pode indicar pato logia se a cor reção
representa r uma perfeição met iculosa) . Apagar e redesenhar
pers is tentemente qualquer par te do desenho sugere for temente
confl i to em relação ao deta lhe .
Comentár ios excess ivos , i r re levantes ou b izarros →
preocupação ou sent imentos de inadequação.
Verbal izações espontâneas são m ais s igni f icat ivas quando
associadas com a par te do desenho que es tá sendo fe i ta .
Comentár ios escr i tos (nomes de pessoas , ruas núm eros) →
insegurança, necess idade compuls iva para es t ru turar a
s i tuação .
B- CARATERÍSTICAS GERAIS DO DESENHO:
USO ADEQUADO DE DETALHES → Índice das capacidades
do su je i to para reconhecer os e lementos cot id ianos e
empregá- los convencionalmente .
PROPORÇÃO → Capacidade para ju lgar a so lução de
problemas mais bás icos .
Representa os valores a t r ibuídos aos objetos , s i tuações ,
pessoas e deta lhes .
Entre a f igura e a fo lha: O desenho ocupa em média de 1 /3 a
2 /3 .
O TAMANHO DAS FIGURAS oferece p is tas a respei to da
autoes t ima , autoexpansiv idade , grau de adequação e forma de
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reação às pressões ambientais . Observar a re lação das par tes
do desenho em relação ao todo ( indicador de a jus te) . Observar
se os desenhos são:
Pequenos → sent imento de inadequação, tendência de se
afas tar ou re je ição do tema.
Grandes → Sentimento de f rus t ração, hos t i l idade em relação
ao ambiente res t r i to (par te cor tada pela margem da fo lha) .
Grande tensão e i r r i tabi l idade . Visão egocêntr ica . In dicador
de lesões orgânicas .
Nos deta lhes : Grandes → in te resse ou preocupação . Pequenos
→ re je ição.
PERSPECTIVA: Capaci dade de reconhecer as re lações de
cada par te no tempo e no espaço . Capacidade de agi r com
visão c r í t ica nos re lacionamentos mais abs t r a tos e amplos .
Boa compreensão.
Relação com o observador (v isão de pássaro ou de minhoca)
Distância aparente → Necess idade de se manter afas tado
( t amanho, local ização ou deta lhes ent re o observador e o
desenho)
Desenho de perf i l → for tes tendências oposi cionis tas e de
a fas tamento . Es tados paranoicos .
Ausência de p rofundidade → es t i lo r íg ido que compensa
sent imentos de inadequação e insegurança .
Transparências : fa lha grave no tes te de real idade (na função
cr í t ica) . Segundo número e gravidade → es tado patol ógico.
QUALIDADE DA LINHA E PRESSÃO NO DESENHAR:
1- Pressão média → boa energia , equi l íbr io , v i ta l idade
2 - Pouca → baixo nível de energia , insegurança , t imidez,
sent imentos de inadequação, medo de derrota , repressão
de impulsos . Cada vez mais f raca → ansiedade ou
depressão general izada.
3- Muita → excesso de energia , v i ta l idade , autoconfiança,
tensão , medo , agress iv idade e hos t i l idade, problemas
orgânicos .
a ) Num detalhe → f ixação ou hos t i l idade
b ) No contorno → luta para manter a in tegr idade do
ego .
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c) Linhas do solo → tentando es tabelecer contato com
a real idade e repr imir tendências de fantas ias .
Sent imentos de ans iedade nos re lacionamentos .
4- Variada → f lexibi l idade , adaptação , ins tabi l idade
5 - Traçados in terrompidos → indecisão . Sempre → falha da
função do ego.
INDICADORES DE CONFLITOS: t ra tamento d i ferencial dado
a qualquer par te do desenho
1- Reforços suaves ou raros
2- Correções e re toques → insat i s fação com a produção,
insegurança, ans iedade, agress iv idade
3- Rasuras ou borraduras → insegurança e perfeccionismo
4 - Sombreamento → an s iedade , conf l i tos , medo,
insegurança, racional ização da ans iedade
5- Omissões → confl i tos de acordo com a á rea
Indicat ivos de ps icopatologia :
indiv íduos com dete r ioração ps icót ica f requentemente
local izam seus desenhos no quadrante super ior esquerdo
da fo lha;
obsess ivos -compuls ivos tendem a desenhar uma maior
número de deta lhes não essenciais (ex: fo lhas nas
á rvores)
indiv íduos em es tado maníaco geralmente desenham um
grande número de deta lhes i r re levantes e ,
f requentemente , incluem palavras , comentár ios e t í tu los
(ex: pássaros em árvores) .
Detalhes b izar ros indicam contato com a real idade
gravemente compromet ido e a presença de
ps icopatologia . (ex: pernas humanas sus tentando uma
casa) .
LOCALIZAÇÃO NO PAPEL:
1- Meio / cent ro → comportamento emocional e adaptat ivo
em equi l íbr io , segurança
2- Metade super ior → busca sat i s fação na fantas ia ,
cr ia t iv idade, f ixação no pensamento , ob jet ivos mui to
a l tos , tendência a manter -se d is tante
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3- Metade infer io r → preso à real idade , in segurança, humor
depr imido , t endência ao mater ia l i smo e a d imensão
concreta
4- Canto super ior esquerdo → Pass iv idade , reserva ,
in ib ição , regressão ( indicat ivo de pato logia - observar )
5- Canto super ior d i re i to → Contato a t ivo com a real idade,
pro jetos para o fu tu ro
6- Canto infer ior esquerdo → Regressão , conf l i tos
7 - Canto infer ior d i re i to → Impuls iv idade, te imosia .
Quadrante pouco comum.
8- Figuras p resas à margem → fal ta de confiança,
necess idade de apoio . Na margem infer ior → depressão
e comportamento concreto . Nas la t erais → insegurança e
const r ição .
9- Em diagonal : perda de equi l íbr io e insegurança
Local ização: desenhos mais para a esquerda indicam
impuls iv idade, preocupação com o passado , busca de
sat i s fação emocional imediata ; desenhos mais para a d i re i ta
indicam comportamento es tável , p ropensão a adiar a
sa t i s fação de suas necess idades , pre ferência por sa t i s fações
in te lectuais e emocionais , preocupações com o fu turo , com o
ambiente e com as pessoas ; desenhos mui to abaixo do ponto
médio da fo lha indicam insegurança e i nadequação e
probabi l idade desse sent imento produzi r depressão no humor,
a lém de concretude e busca de sat i s fação na real idade;
desenhos mui to acima do ponto médio da fo lha indicam uma
lu ta por objet ivos inat ingíveis e busca de sat i s fação na
fantas ia .
DETALHES:
1- Em excesso → insegurança , r ig idez
2 - Bizar ros → desordem emocional (não in te rpreta r em
cr ianças pequenas)
USO DA BORRACHA:
1- Não usa → fal ta de cr í t ica
2 - Uso exagerado → Insegurança , excesso de autocr í t ica ,
indecisão , fa l ta de contro le .
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COR:
Est imat iva da es tabi l idade das respostas dos suje i tos no HTP.
Organização melhor que nos desenhos acromát icos →
prognóst ico melhor . Em cr ianças → resposta pos i t iva ao calor
humano.
Monocromát ico → tendência para evi tar emoções .
Muitas cores → sujei tos mui to emot ivos . Regressão em
adul tos (especialmente quando não repara na fo rma) . Pobre
contro le emocional .
Ultrapassar l inhas do desenho → impuls iv idade.
Importância da adequação cor – deta lhe.
INQUÉRITO POSTERIOR AO DESENHO:
Escla recer aspectos obscuros do desenho .
Oportunidade de pro je ta r sent imentos , necess idades , ob jet ivos
e a t i tudes a t ravés da descr ição verbal .
Cri tér ios :
a ) Volume das respostas
b) Relevância
c ) Grau de au to-refe rência ou confabulações .
C – CARACTERÍSTICAS ESPECÍFICAS DE CADA
DESENHO:
CASA: o desenho da cas a es t imula associações conscientes e
inconscientes re ferentes ao la r e às re lações in terpessoais
ín t imas . Dá uma indicação da capacidade do indivíduo para
agi r sob es t resse e t ensões nos re lacionamentos humanos
ín t imos e para anal isa r c r i t icamente proble mas c r iados pela
s i tuação do la r . As áreas de in terpretação no desenho da casa
geralmente referem-se á acess ib i l idade , n ível de contato com
a real idade e grau de r ig idez do indivíduo.
Detalhes essenciais : uma por ta , uma janela , uma parede , um
te lhado e uma chaminé.
Telhado e paredes representam o ego do indivíduo e os l imi tes
per i fér icos da personal idade. Por tas e janelas representam
acess ib i l idade. A chaminé representa uma saída para as
tensões , matur idade e equi l íbr io sensual .
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ÁRVORE: a árvore parece es t imular menos associações
conscientes e mais inconscientes do que os out ros dois
desenhos . É uma expressão gráf ica da exper iência de
equi l íbr io sent ida pelo indivíduo e da v isão de seus recursos
de personal idade para obte r sa t i s fação no e do seu ambie nte .
A qual idade do desenho da árvore ref le te uma capacidade do
indiv íduo para aval i ar cr i t icamente suas re lações com o
ambiente .
Detalhes essenciais : um t ronco e um galho.
O t ronco representa o sent imento bás ico de poder do
indiv íduo, v ida emocional ou domínio emocional sobre as
pressões ambientais e t ensões in te rnas . Os galhos indicam os
recursos de obtenção de sat i s fação do indivíduo. As ra ízes :
v ida ins t in t iva e sent imentos expressos no contato com a
real idade . Copa: v ida in te lectual e socia l , t rocas com o
ambiente , busca de real izações e fantas ia .
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PESSOA: o desenho da pessoa es t imula mais associações
conscientes do que a casa ou a á rvore , inclu indo a expressão
d i re ta da imagem corporal . A qual idade do desenho ref le te a
capacidade do indivíduo para a tuar em relacionamentos e para
submeter o “self” e as re lações in terpessoais à aval iação
cr í t ica objet iva .
Detalhes essenciais : uma cabeça, um t ronco , duas pernas e
dois b raços . Os t raços facia is devem inclu i r dois o lhos , um
nar iz , uma boca e duas o rel has .
A cabeça representa a área da in te l igência , cont ro le e
fantas ia . Olhos representam o contato v isual com o mundo
exte rno e in terno; orelhas grandes podem representar
a lucinações audit ivas ; a boca representa prazer , mas pode
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representa r agress iv idade q uando acompanhada de dentes . O
t ronco é a sede das necess idades dos impulsos f í s icos bás icos .
Os braços são v is tos como ins t rumentos de contro le ou para
fazer mudanças no ambiente . As pernas representam
locomoção e autonomia no ambiente .
FIGURA HUMANA
Evolução do desenho:
3-4 anos modelo c i rcular
a par t i r dos 4 anos: b raços
Depois dos 6 anos o desenho dos braços é fundamental
5 anos: d i ferença ent re gêneros e braços como extensão da
cabeça
5-6 anos: mãos e dedos – umbigo é subs t i tu ído por f i le i ra de
botões – cabeça maior que o corpo .
8 anos: desaparecem os botões (ques tões de dependência e
independência resolvidas) . Figura com proporções mais
ob jet ivas . Separação ent re cabeça e corpo: o pescoço –
s imbol iza a l igação ent re o mental e o f í s ico (contro le
in te lectual ) .
8-10 anos: aperfe içoamento do desenho , o corpo como uma
unidade in tegrada .
Até a puberdade o desenho most ra esforços no sent ido de
obtenção de p res t íg io e segurança (uso dos deta lhes , forma do
corpo , contorno, e tc ) .
Pos tura e t ra tamento dado a p ernas e pés : a t i tude em relação a
mobi l idade , es tabi l idade e segurança .
Braços- -- re lação com o meio .
Canal de expressão dos medos , esperanças e fantas ias .
Fig . Humana representa:
a ) Autorret ra to : Quando o su je i to desenha o que e le
acredi ta ser .
Detalhes em espelho: in te l igência média ou infer ior
Pro jeção de defei tos e qual idades f í s icas
Ideia ps icológica de s i mesmo
b) Eu ideal ou ideal do ego: Aqui lo que gos tar íamos ser .
Adolescentes expressam de forma cla ra e d i re ta .
Crianças fazem uso de heróis e personagens de h is tór ias
como subst i tu tos.
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c) Pessoas s igni f icat ivas : Representação de ideais e valores
de f iguras da conste lação famil ia r ou do meio social
(especialmente em desenhos infant is ) .