O Supermercado das Pessoas / The People’s Supermarket
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Lydia Cintra 24 de janeir o de 2012 TweetTweet 273 Gosto 3,8 mil 22
Ideias inovadoras são aquelas que desafiam a lógica do que está estabelecido entre as
pessoas. E por serem inovadoras, quebram o conforto do que é conhecido e propõem uma
forma diferente (e melhor, muitas vezes) de pensar e agir.
Quando o assunto é supermercado, as coisas funcionam mais ou menos assim: existe um
dono. Este dono paga funcionários que mantêm os processos em funcionamento (limpeza,
estoque, logística, caixa…). O espaço fica aberto para receber clientes, que escolhem os
produtos dispostos em prateleiras, pagam por eles e vão embora.
Em Londres, um grupo de pessoas decidiu fazer diferente e romper com este roteiro
pré-determinado. A primeira explicação está no nome: The People’s Supermarket, ou, O
Supermercado das Pessoas. A ideia foi desenvolvida no começo de 2009 por Arthur Potts-
Dawson, Kate Bull e David Barrie, inspirado no exemplo do Park Slope Food Co-operative, da
cidade de Nova York, EUA.
Neste novo modelo, as pessoas tornam-se membros do negóc io (e cada membro é também
Entenda como funciona um supermercadocolaborativo, que não visa ao “lucro pelolucro”
Lydia Cintra
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dono) e oferecem horas de trabalho voluntário. Assim, ganham, entre outras coisas, o
direito a descontos nas compras. Além do preço menor para os membros, os produtos já têm
o valor reduzido, uma vez que o quadro de funcionários fixos é bem pequeno em relação a um
supermercado comum.
Segundo os criadores do “Supermercado das Pessoas”, o objetivo “é criar um comércio
sustentável, uma empresa social que alcança o crescimento e as metas de rentabilidade
enquanto opera dentro de valores baseados no desenvolvimento da comunidade”.
Conheça 15 características do The People’s Supermarket e entenda como funciona essa nova
forma de comprar:
1. Não há bônus para chefes. Ou seja, não há a concentração da renda e dos lucros. Você
pode se perguntar: como viver sem lucro? A ideia é justamente pensar fora da caixa e muitas
vezes de forma antagônica ao que é considerado “natural”. Uma margem de lucro menor
muitas vezes simplifica as coisas. Dinheiro nem sempre é a forma mais interessante de
lucro;
2. A lógica é o alimento PARA as pessoas e PELAS pessoas. Não existe consumidor final.
Existem pessoam que consomem e fazem a coisa acontecer. Segundo o Manual dos Membros, a
ideia é a criação de um supermercado “que destaca as possibilidades do poder do consumidor
e desafia o ‘status quo’.”
3. Quem é membro também é dono do negóc io e tem poder de decisão. “Quando você se
torna um membro, começa a dividir a propriedade do negócio. Quando você anda em um
supermercado tradicional, anda na loja de alguém. Quando é um membro, anda dentro da sua
própria loja”, diz o Manual.
4. Qualquer pessoa pode comprar no supermercado. Porém, quem se torna um membro tem
alguns benefíc ios, direitos e responsabilidades a cumprir, como: pagar uma taxa anual de
25 libras, trabalhar voluntariamente em um turno de 4 horas a cada 4 semanas, comprar
regularmente no (seu) supermercado, fazer “marketing boca-a-boca” (ou seja, falar do The
People’s Supermarket para amigos, colegas, conhecidos, família…) e manter-se informado
sobre o que está acontecendo na empresa.
5. Dedicação, energia e engajamento são as características esperadas para quem quer
ser (ou já é) um membro;
6. Uma das intenções é conectar a população urbana com a comunidade rural local,
provedora dos alimentos que abastecem as cidades;
7. É importante considerar que as pessoas estão prontas para as mudanças. Por isso, novos
modelos de consumo devem ser colocados em prática e naturalmente serão bem aceitos pela
população (ou pelo menos por parte dela);
8. Um dos propósitos do negócio é um supermercado que atenda as necessidades dos
membros da comunidade oferecendo alimentos saudáveis e de alta qualidade, por preços
razoáveis;
9. As compras são feitas de fornecedores confiáveis, com os quais o supermercado cria
Super interessante ed. 321agosto/2013
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boas relações;
10. A produção de alimentos local, nas proximidades de Londres, tem preferência. Uma das
regras é comprar produtos britânicos sempre que possível;
People’s Kitchen, a cozinha criada para evitar desperdícios
11. Um dos principais objetivos é reduzir ao máximo o desperdíc io de alimentos. Uma das
formas encontradas para isso foi a criação de uma “cozinha-restaurante” que prepara
pratos com alimentos que estão com a data de vencimento próxima. As refeições devem ser
nutritivas e saudáveis, sem conservantes e açúcar em excesso, para os clientes levarem
prontas para casa.
12. Ainda para evitar o desperdício, o supermercado faz compostagem, processo de
produção de adubo feito com resíduos orgânicos;
13. Como valores do negócio, o supermercado proporciona treinamentos de habilidades para
seus funcionários e voluntários que podem ser aplicados tanto no trabalho quando fora dele.
A empresa, a partir deste prisma, deve ser um recurso de desenvolvimento para a
comunidade como um todo;
14. O ambiente de trabalho é feito para que todos dêem sua contribuição. Todos são
bem-vindos e livres de julgamento. E qualquer um pode ser membro. Não há razões sociais,
políticas ou religiosas que impeçam uma pessoa de fazer parte;
15. O local não vende cigarro.
Uma nova forma de estabelecer relações de compras passa pelo envolvimento de pessoas da
comunidade no funcionamento do estabelecimento. Dessa forma, as pessoas se “apropriam”
daquilo que faz parte do dia-a-dia (no caso, um supermercado) e fazem com que ele seja
mais do que prateleiras que oferecem opções de (quase) tudo.
O modelo do The People’s Supermarket é interessante do ponto de vista da cocriação:
pessoas, juntas, criam um espaço saudável de trabalho que substitui de forma bastante
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eficiente o modelo de consumo passivo que conhecemos hoje – que é, também, mais
agressivo ao meio ambiente a às relações soc iais estabelecidas dentro desse sistema.
Este espaço saudável inclui o sorriso que você dá para aquele vizinho que agora é colega de
trabalho voluntário e organiza frutas nas gôndolas com você, inclui o cuidado maior que as
pessoas aplicam naquilo que fazem quando o resultado está diretamente ligado a elas
mesmas e a pessoas próximas e inclui, por fim, a sensação (agradável) de que o que está
sendo feito gera um bem comum e não apenas o lucro pelo lucro.
Ou seja, um ambiente participativo é menos impessoal, mais caloroso e mais sustentável nas
relações entre pessoas e meio ambiente.
(Imagens: Facebook/ The People’s Supermarket)
TAGS:
consumo colaborativo | consumo consciente | the people's supermarket
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Gabriel 24 24UTC janeiro 24UTC 2012 às 10:21
Anar quismo !!!!
Eduardo 25 25UTC janeiro 25UTC 2012 às 00:26
gostei muito,devia ter um desses no Br asil,ajudar ia na par ticipação do povo
Pedro 26 26UTC janeiro 26UTC 2012 às 13:40
show de bola, vou estudar essa ideia par a implementar no br asil
Júlia Gandra Neves 30 30UTC janeiro 30UTC 2012 às 16:12
Ador ei a ideia do The People’s Super mar ket! Pois ser ia um ambiente agr adável, onde os
“donos funcionár ios” far ia de tudo par a agr adar o seus clientes. O que muitas vezes não
acontecer ia se fossem apenas funcionár ios. O Br asil poder ia adotar essa ideia!!! Sem
contar que não a desper dicios.
Leonardo 30 30UTC janeiro 30UTC 2012 às 20:45
Levando em conta que no mer cado de ações é assim, clar o como a mater ia diz lucr o pelo
lucr o, achei inter essante quando se tir a o per sonagem “dono” e se põe no lugar “os
donos que tr abalham dir etamente com donos”, é uma ótima ideia, mas o Br asil não está
pr epar ado socialmente par a r eceber e apr oveitar por completo essa ótima ideia, e
ser ia a for ma mais per feita par a r ealizar o que Kar l Mar x afir ma em r ebelião
pr oletár ia r etir ando de vez a empr esa de um único dono, podendo ser cr iado a par tir
dai quem sabe o capitalismo-social.
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