O SOM NOSSO DE CADA DIA - UFPE · Figura 2.10 – Interfaces multidisciplinares do estudo do som,...

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O SOM NOSSO DE CADA DIA

A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES NA FORMA URBANA

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANAANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA

A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES NA FORMA URBANA

Recife 2010Recife 2010

Rafaella Brandatildeo Estevatildeo de Souza

O SOM NOSSO DE CADA DIA ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA

A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES NA FORMA URBANA

Recife

2010

Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Desenvolvimento Urbano da Universidade Federal de Pernambuco como parte dos requisitos para a obtenccedilatildeo do tiacutetulo de mestre Orientador Prof Dr Joseacute de Souza Brandatildeo Neto Co-orientador Prof Dr Ruskin Marinho Freitas Co-orientador Prof Dr Paulo Henrique Trombetta Zannin

A Viacutetor meu alicerce que com seu amor

infindaacutevel e incentivo constante ensinou-me

como eacute fascinante o ato de pesquisar

Aos meus pais Alexandre e Zenaide

que antes de ensinarem-me a ouvir

ensinaram-me a amar

AGRADECIMENTOS

A Deus pelo alimento agrave minha alma

A minha famiacutelia por tudo antes agora e sempre

A Coordenaccedilatildeo de Aperfeiccediloamento de Pessoal de Niacutevel Superior ndash CAPES por viabilizar

financeiramente esta pesquisa

A Zeca Brandatildeo e Ruskin Freitas pelos valiosos ensinamentos em nossas conversas pelo

estiacutemulo e apoio constante ao longo do percurso principalmente nos momentos de duacutevida e

pela confianccedila depositada desde o iniacutecio de minhas inquietaccedilotildees e questionamentos

A Paulo Zannin cuja dedicaccedilatildeo e entusiasmo ao estudo da acuacutestica foi condiccedilatildeo sine qua non

para a realizaccedilatildeo desta pesquisa por sua bravura apoio incentivo e confianccedila absoluta

depositada em uma tambeacutem entusiasta da acuacutestica vinda de terras tatildeo distantes

A David Queiroz por sua entrega paciecircncia e torcida ao lado do Predictor para que tudo desse

certo pelas estimadas contribuiccedilotildees nas discussotildees sobre as diversas possibilidades de estudar o

meio urbano sob o olhar da acuacutestica

A Paula Maciel a Joseacute Jeferson Roberto Rezende de Menezes e ao GTC ndash Gestatildeo e

Tecnologia da Construccedilatildeo UFPE pela ajuda imprescindiacutevel quanto ao aparelho de mediccedilatildeo

Aos professores do MDU pelos inestimaacuteveis ensinamentos e a todos os amigos do MDU

por compartilhar nossos anseios acadecircmicos em especial a Ana Carolina Lourival e Renata

pelos indefectiacuteveis e inesqueciacuteveis momentos juntos

A Fernando Bunn e Paulo Fiedler pela ajuda torcida e insigths na exploraccedilatildeo do Predictor

A Rebeca Catarina Joseacute e Jonas pelo apoio e paciecircncia em responder todas minhas

interminaacuteveis perguntas e ldquoaperreiosrdquo mas sempre correspondendo as minhas brincadeiras

Por fim mas nunca por uacuteltimo a Anna Cristina e sua carinhosa famiacutelia ndash Paulo Henrique

Carolina Viacutetor Bia Maacutercia Claacuteudia Joseacute Joatildeo e Gabriela ndash pelo amparo carinho e

amizade ndash inesqueciacuteveis a uma gringa que deixou o aconchego dos seus para desbravar novos

conhecimentos em um lugar tatildeo diferente

RESUMO

O excesso de ruiacutedos atualmente encontrados nos centros urbanos estaacute intimamente vinculado ao crescimento acelerado das cidades Este crescimento suscitou o aumento e uma maior concentraccedilatildeo da populaccedilatildeo urbana acarretando em raacutepidas transformaccedilotildees no meio de propagaccedilatildeo do ruiacutedo aleacutem do aumento e concentraccedilatildeo dos diversos tipos de fontes sonoras que o geram Ocorre que a forma urbana ndash considerada a partir de seus aspectos fiacutesicos ou materiais ndash onde este ruiacutedo eacute gerado influencia em certa medida a trajetoacuteria de propagaccedilatildeo da onda sonora a interaccedilatildeo entre os diversos elementos que compotildeem esta forma urbana contribuiraacute para a caracterizaccedilatildeo do comportamento desta trajetoacuteria Assim para cada forma urbana especiacutefica existiraacute um comportamento acuacutestico igualmente especiacutefico exclusivo e vinculado a esta forma urbana Deste modo se para cada espaccedilo urbano existe um comportamento proacuteprio de propagaccedilatildeo sonora a presente pesquisa propocircs-se a analisar o comportamento da acuacutestica urbana de um mesmo espaccedilo urbano a partir de modificaccedilotildees cronoloacutegicas em sua forma urbana Esta anaacutelise foi realizada considerando a articulaccedilatildeo de trecircs variaacuteveis - a fonte sonora a forma urbana e a acuacutestica urbana Admitiu-se que a propagaccedilatildeo de uma mesma fonte sonora em um mesmo espaccedilo urbano que tenha sofrido ao longo de um processo cronoloacutegico modificaccedilotildees em sua forma urbana implicaria em diferentes comportamentos em sua acuacutestica urbana para as diferentes datas deste processo Adotou-se como estudo de caso o loteamento 3deg Jardim de Boa Viagem (Recife-PE) sendo estudadas as modificaccedilotildees em sua forma urbana ocorridas nos anos de 1971 1981 1997 e 2009 aleacutem da elaboraccedilatildeo de uma situaccedilatildeo hipoteacutetica futura (prediccedilatildeo acuacutestica) Foram realizadas pesquisas documentais e estudos de campo para coleta de dados referentes agraves caracteriacutesticas da forma urbana do 3deg Jardim e para coleta de seus niacuteveis de pressatildeo sonora atuais Com estes dados foram calculados e gerados mapas acuacutesticos do 3deg Jardim utilizando o software Predictor para cada uma das datas pesquisadas e para a situaccedilatildeo hipoteacutetica futura Estes mapas foram analisados comparando seus comportamentos acuacutesticos entre si buscando compreender esse comportamento diante das modificaccedilotildees cronoloacutegicas em sua proacutepria forma urbana Os resultados deste estudo indicaram que a modificaccedilatildeo de um mesmo meio urbano possui potencial tanto para propiciar altos niacuteveis de ruiacutedo quanto para minimizaacute-los influenciando definitivamente no comportamento acuacutestico de determinado local Estes resultados confirmaram a relevacircncia em compreender a acuacutestica urbana a partir de seu meio propagador pois uma vez consolidado raras satildeo as intervenccedilotildees possiacuteveis na forma urbana para minimizar o ruiacutedo urbano por ela delineado

Palavras-chave planejamento urbano acuacutestica ruiacutedo urbano

ABSTRACT

The excessive noise currently found in urban centers is closely linked to the fast growth of the cities This development led to increased growth and concentration of urban population resulting in fast changes in the noise propagation path and increasing the variety of sources that generate it It turns out that the urban form - considered from their physical or material aspects - where this noise is produced influences in some extent the trajectory of sound wave propagation the interaction between the various elements that make up this urban form contributes to characterize this trajectory behavior Thus for each specific urban form there will be an acoustic behavior also specific exclusive and linked to this urban form Therefore if for each urban area there is a particular sound propagation behavior this research proposed to analyze the urban acoustics behavior of the same urban space from chronological changes in its urban form This analysis was performed considering the articulation of three variables - the sound source the urban form and the urban acoustics It was assumed that the propagation from the same source in the same urban area which has experienced over a chronological process changes in its urban form would imply different urban acoustics behaviors through years It was adopted as a case study the land subdivision 3deg Jardim de Boa Viagem (Recife-PE) being studied the changes in its urban form in the years of 1971 1981 1997 and 2009 besides the elaboration of a hypothetical future situation (acoustic prediction) It was carried out documentary research and field studies to collect data on the characteristics of the urban form of the 3deg Jardim and to collect their present sound pressure levels With these datawere calculated and generated acoustics maps of the 3deg Jardim for each of the years surveyed and for the hypothetical future situation using the Predictor software These maps were analyzed by comparing their acoustic behavior to each other seeking to comprehend this behavior towards the chronological changes in its urban form The results of this research indicated that the urban environment changes have the potential to provide high levels of noise as well as to minimize them definitely influencing the acoustic behavior of a particular site These results confirmed the relevance to understand the urban noise from its way of propagation since once consolidated very few interventions are possible in the urban form to minimize the urban noise outlined by it

Keywords urban planning acoustics urban noise

LISTA DE ILUSTRACcedilOtildeES

Figura 21 ndash Diferentes aspectos quantitativos relacionados a diversificadas formas urbanas p23

Figura 22 ndash Praccedila da Alagoa na cidade portuguesa de Tavira ilustra a dimensatildeo setorial p23

Figura 23 ndash O bairro a escala urbana exemplificada por meio da cidade portuguesa de Tavira p25

Figura 24 ndash A cidadeo territoacuterioa dimensatildeo territorial exemplificada por meio da cidade portuguesa de Tavira p25

Figura 25 ndash Exemplos de diversificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios lotes quarteirotildees e vias em diferentes bairros da cidade do Recife Nesta imagem um recorte do bairro de Boa Viagem p26

Figura 26 ndash Exemplos de diversificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios lotes quarteirotildees e vias em diferentes bairros da cidade do Recife Nesta imagem um recorte do bairro de Satildeo Joseacute que remete agraves origens da cidade entrecortado pela recente Avenida Dantas Barreto p 26

Figura 27 ndash Exemplos de diversificadas concretizaccedilotildees entre os edifiacutecios lotes quarteirotildees e vias em diferentes bairros da cidade do Recife Nesta imagem um recorte de um bairro constituiacutedo essencialmente por morros o Alto do Mandu p26

Figura 28 ndash Os trecircs conjuntos formadores do tecido urbano segundo Panerai (2006) p 28

Figura 29 ndash O adensamento das ilhas do Bairro do Recife e de Santo Antocircnio (imagem) ocorreu tanto pelo preenchimento progressivo desde o inicio da ocupaccedilatildeo da cidade quanto por meio da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees anteriores p30

Figura 210 ndash Interfaces multidisciplinares do estudo do som p 32

Figura 211 ndash Fonte sonora pontual e fonte sonora linear p32

Figura 212 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora pontual de 6 dB para cada dobro da distacircncia p 33

Figura 213 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora linear de 3 dB para cada dobro da distacircncia p 24

Figura 214 ndash Relaccedilatildeo entre o desenvolvimento industrial da sociedade que possibilita o aumento e concentraccedilatildeo de fontes sonoras e seus impactos em relaccedilatildeo ao ruiacutedo nas comunidades apontando trecircs previsotildees futuras de acordo com diferentes accedilotildees possiacuteveis de regulamentaccedilatildeo contra do ruiacutedo p 37

Figura 215 ndash Propagaccedilatildeo sonora em Campo acuacutestico aberto p39

Figura 216 ndash Campo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo p 39

Figura 217 ndash Propagaccedilatildeo sonora em campo acuacutestico fechado causando o fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana p39

Figura 218 ndash Campo acuacutestico fechado em perfl ldquoUrdquo tambeacutem chamado de canyons urbanos p 40

Figura 219 ndash Permeabilidade acuacutestica - percursos da onda sonora gerados em meio urbano p 41

Figura 220 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees em uma quadra permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem p 41

Figura 221 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjugadas em uma quadra pouco permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem p 41

Figura 222 ndash Barreira acuacutestica entre a fonte e o receptor p 41

Figura 223 ndash Difraccedilatildeo da onda sonora a partir de uma barreira gerando uma aacuterea de sombra acuacutestica p 42

Figura 224 ndash Agrave esquerda barreira acuacutestica curva em concreto e acriacutelico na Suiacuteccedila Agrave direita barreira acuacutestica metaacutelica na estrada entre Paacutedua e Veneza na Itaacutelia p 42

Figura 225 ndash Agrave esquerda barreira acuacutestica metaacutelica instalada proacuteximo a Zurique Agrave direita barreira acuacutestica em concreto e acriacutelico tambeacutem na Suiacuteccedila p 42

Figura 226 ndash Barreiras instaladas ao longo de via expressa elevada em aacuterea residencial de Toacutequio Japatildeo p 42

Figura 227 ndash Barreira acuacutestica da Rodovia Bandeirantes no estado de Satildeo Paulo p 42

Figura 228 ndash Rua da Aurora no Bairro da Boa Vista na cidade do Recife configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo p 43

Figura 229 ndash Alguns trechos da Avenida Atlacircntica no Bairro de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro tambeacutem configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo p 43

Figura 31 ndash Relaccedilatildeo das variaacuteveis de pesquisa p 48

Figura 32 - Localizaccedilatildeo geograacutefica do 3deg Jardim de Boa Viagem p 50

Figura 33 - Ocupaccedilatildeo do 3deg Jardim em 1971 com diversos lotes natildeo ocupados e vias ainda natildeo construiacutedas como a Av Eng Domingos ferreira p 50

Figura 34 - Delimitaccedilatildeo da aacuterea de estudo em azul o 3deg Jardim p 52

Figura 35 - Mapa acuacutestico da Universidade Estadual de Campinas com representaccedilatildeo dos niacuteveis sonoros por pontos em gradaccedilatildeo de cores p 53

Figura 36 - Mapa acuacutestico com representaccedilatildeo dos niacuteveis sonoros por linhas da cidade de Goumlteborg Sueacutecia p 53

Figura 37 - Mapa acuacutestico utilizado na reurbanizaccedilatildeo do centro de Seoul Korea p 53

Figura 38 ndash Acima localizaccedilatildeo de estaccedilotildees de monitoramento de ruiacutedo em Taiwan abaixo distribuiccedilatildeo de ruiacutedo em Taiwan no veratildeo nos turnos da manhatilde tarde e noite p 54

Figura 39 - Violaccedilotildees da legislaccedilatildeo de ruiacutedo em Taiwan nos turnos da manhatilde tarde e noite p 54

Figura 310 - Delimitaccedilatildeo da aacuterea em azul do estudo piloto no 3deg Jardim de Boa Viagem p 57

Figura 311 ndash Mapa acuacutestico de parte do 3deg Jardim de Boa Viagem da pesquisa piloto realizada em Maio de 2009 no LAAICA-UFPR p 57

Figura 312 ndash Locaccedilatildeo dos pontos de mediccedilatildeo em azul e malha guia em amarelo p 59

Figura 313 ndash Locaccedilatildeo dos grids verticais em azul seccionando edificaccedilotildees e evitando espaccedilos livres p 63

Figura 41 ndash Avenida Boa Viagem nas proximidades da Praccedila de Boa Viagem no iniacutecio de sua urbanizaccedilatildeo p 65

Figura 42 ndash Avenida Boa Viagem no iniacutecio de sua urbanizaccedilatildeo p65

Figura 43 ndash Vista aeacuterea do bairro de Boa Viagem nos anos 50 p 65

Figura 44 ndash Edifiacutecio Califoacuternia em 1959 construiacutedo no 2deg Jardim de Boa Viagem p 67

Figura 45 ndash Projeto para o loteamento do 1deg 2deg e 3deg Jardim de Boa Viagem com a localizaccedilatildeo em vermelho dos espaccedilos destinados ao uso comunitaacuterio sendo previsto uma igreja e um mercado puacuteblico e em verde os espaccedilos destinados agraves aacutereas verdes p 67

Figura 46 ndash Cartatildeo Postal Edicard do Bairro de Boa Viagem na deacutecada de 70 No alto indica-se o Hotel Boa Viagem e a Praccedila de Boa Viagem mais abaixo a Casa do Navio uma conhecida referecircncia na Avenida Boa Viagem pelos recifenses ateacute sua demoliccedilatildeo p 68

Figura 47 ndash Cartatildeo Postal Edicard da Praia e Avenida Boa Viagem na deacutecada de 70 p 68

Figura 48 ndash Planta baixa do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1971 p 69

Figura 49 ndash Perspectiva esquemaacutetica do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1971 p 69

Figura 410 ndash Perspectiva esquemaacutetica a partir da praia do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1971 p 69

Figura 411 ndash Bairro de Boa Viagem na deacutecada de 70 Acima indica-se o bairro do Pina e o Edifiacutecio Califoacuternia localizado no 2deg Jardim de Boa Viagem No meio a Avenida Domingos Ferreira ainda em terra batida e natildeo finalizada ao encontrar-se com o mangue circundante dos braccedilos do Rio Pina Abaixo o Edifiacutecio Holiday p 70

Figura 412 ndash Planta baixa do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1981 p 70

Figura 413 ndash Perspectiva esquemaacutetica do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1981 p 70

Figura 414 ndash Perspectiva esquemaacutetica a partir da praia do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1981 p 71

Figura 415 ndash Demoliccedilatildeo do Hotel Boa Viagem e em seu lugar estaacute sendo erguido o Ed Maria Acircngela Lucena uma edificaccedilatildeo multifamiliar de gabarito alto com amplo nuacutemero de unidades habitacionais e de pavimentos mais um exemplar dos ldquoarranha ceacuteusrdquo residenciais de Boa Viagem p 71

Figura 416ndash Planta baixa do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1997 p 73

Figura 417 ndash Perspectiva esquemaacutetica do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1997 p 73

Figura 418 ndash Perspectiva esquemaacutetica a partir da praia do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1997 p 73

Figura 419 ndash Os pavimentos destinados agraves garagens dos edifiacutecios residenciais multifamiliares satildeo comumente chamados na construccedilatildeo civil de ldquobandejasrdquo enquanto as torres dos pavimentos tipos satildeo nomeadas de ldquolacircminasrdquo p 74

Figura 420 ndash Planta baixa do 3deg Jardim de Boa Viagem em 2009 p 74

Figura 421 ndash Perspectiva esquemaacutetica do 3deg Jardim de Boa Viagem em 2009 p 74

Figura 422 ndash Perspectiva esquemaacutetica a partir da praia do 3deg Jardim de Boa Viagem em 2009 p 75

Figura 51 ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim em 1971 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash O mapa ilustra a propagaccedilatildeo sonora no iniacutecio da ocupaccedilatildeo do 3deg Jardim p 83

Figura 52 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1971 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 84

Figura 53 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 - O mapa do iniacutecio da ocupaccedilatildeo urbana do 3deg Jardim apresentando um comportamento acuacutestico com caracteriacutesticas predominantes de propagaccedilatildeo sonora em campo livre sem a presenccedila significantes de obstaacuteculos que interfiram em seu percurso possibilitando um contiacutenuo decaimento sonoro em relaccedilatildeo agrave distacircncia como ilustram as setas indicativas em preto p 85

Figura 54 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 - O mapa do iniacutecio da ocupaccedilatildeo urbana do 3deg Jardim mostrando outra secccedilatildeo vertical contendo o mesmo comportamento acuacutestico com caracteriacutesticas predominantes de propagaccedilatildeo sonora em campo livre como ilustram as setas indicativas em preto p 85

Figura 55 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Por menor que seja sua presenccedila algumas edificaccedilotildees pontuais de gabarito meacutedio atuam como barreiras acuacutesticas espontacircneas constituindo obstaacuteculos que interferem na propagaccedilatildeo sonora como ilustram as setas indicativas em preto p 86

Figura 56 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash As edificaccedilotildees que atuam como barreiras acuacutesticas geram o fenocircmeno acuacutestico da difraccedilatildeo que propicia a criaccedilatildeo de aacutereas de sombra acuacutestica onde os niacuteveis de pressatildeo sonora equivalente satildeo mais baixos como ilustram as setas indicativas em preto p 86

Figura 57 ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim em 1981 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Nesta data houve o aumento no nuacutemero de ilhas de sombra e diminuiccedilatildeo do niacutevel de pressatildeo sonora equivalente em relaccedilatildeo a 1971 p 87

Figura 58 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1981 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 88

Figura 59 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash Reduccedilatildeo da quantidade de campos acuacutesticos abertos e aumento no nuacutemero de edificaccedilotildees que atuam enquanto barreiras acuacutesticas favorecendo o aumento do nuacutemero de ilhas de sombra e da diminuiccedilatildeo do niacutevel de pressatildeo sonora equivalente em relaccedilatildeo a 1971 como ilustram as setas indicativas em preto p 89

Figura 510 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 89

Figura 511 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Como ilustram as setas indicativas em preto o princiacutepio da verticalizaccedilatildeo no 3deg Jardim pode ter contribuiacutedo atraveacutes de uma melhor atuaccedilatildeo das novas edificaccedilotildees enquanto barreiras acuacutesticas para o aumento do nuacutemero de ilhas de sombra e da diminuiccedilatildeo do niacutevel de pressatildeo sonora equivalente em relaccedilatildeo a 1971 p 90

Figura 512 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Idem p 90

Figura 513 ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim em 1997 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Em 1997 com um adensamento e verticalizaccedilatildeo ainda maior do que em 1981 houve o aumento tanto do nuacutemero das ilhas de sombra quanto nas sua aacutereas de abrangecircncia acarretando no melhor comportamento acuacutestico observado ateacute entatildeo entre os mapas elaborados p 95

Figura 514 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1997 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 96

Figura 515 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash A edificaccedilotildees propiciam muacuteltiplas reflexotildees a partir de suas fachadas expostas agraves fontes sonoras influenciando na propagaccedilatildeo da onda sonora de modo distinto ao que seria essa propagaccedilatildeo em campo livre conforme indicado nos mapas acuacutesticos p97

Figura 516 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Idem p 97

Figura 517 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 98

Figura 518 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 98

Figura 519 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash As edificaccedilotildees soacute geram muacuteltiplas reflexotildees a partir de suas fachadas expostas agraves fontes sonoras transpondo estas fachadas as edificaccedilotildees passam a atuar enquanto barreiras acuacutesticas para a onda sonora minimizando o ruiacutedo no interior das quadras como indica-se no mapa acuacutestico p 99

Figura 520 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Idem p 99

Figura 521 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 100

Figura 522 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 100

Figura 523 ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim em 2009 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Em 2009 o adensamento das quadras diminuiu consideravelmente a presenccedila de ilhas de sombra acuacutestica p101

Figura 524 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem em 2009 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 102

Figura 525 e 526 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash As ilhas de sombra em 1997 favoreciam as residecircncias unifamiliares e multifamiliares de gabarito baixo existentes que se situavam em seus interiores Em 2009 estas ilhas foram praticamente suprimidas pela presenccedila de pavimentos destinados as garagens das novas edificaccedilotildees verticais de gabarito alto como ilustram as setas em preto p103

Figura 527 e 528 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash Idem p 103

Figura 529 e 530 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash O contorno preto ilustra a modificaccedilatildeo da propagaccedilatildeo das ondas sonoras a partir da influecircncia do aumento da densidade das quadras e verticalizaccedilatildeo das edificaccedilotildees Em 1971 a caracteriacutestica predominante assemelha-se a propagaccedilatildeo em campo livre Jaacute em 1981 percebem-se irregularidades no contorno devido a reflexotildees da onda sonora nas edificaccedilotildees p 104

Figura 531 e 532 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash 1997 apresentou o melhor comportamento acuacutestico entre os mapas elaborados Nesta data as edificaccedilotildees atuaram mais enquanto barreiras acuacutesticas do que como objetos reflexivos da onda sonora Jaacute em 2009 o aumento do adensamento e da verticalizaccedilatildeo possibilitou o excesso de muacuteltiplas reflexotildees nas fachadas das edificaccedilotildees como delineia o contorno extremamente irregular da propagaccedilatildeo sonora ilustrado na imagem abaixo p 104

Figura 533 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Apesar de proporcionar um aumento no niacutevel de pressatildeo sonora equivalente em 2009 o adensamento e verticalizaccedilatildeo das edificaccedilotildees tambeacutem trouxeram benefiacutecios pontuais na praccedila Walt Disney como ilustram as imagens as edificaccedilotildees atuaram como barreiras acuacutesticas reduzindo em relaccedilatildeo a 1997 o niacutevel de pressatildeo sonora equivalente que atinge as edificaccedilotildees de seu entorno Contudo p 105

Figura 534 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash as fachadas voltadas para esta reduccedilatildeo de niacutevel de pressatildeo sonora equivalente satildeo fachadas de serviccedilo pouco aproveitando esta reduccedilatildeo p 105

Figura 535ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim na situaccedilatildeo hipoteacutetica futura e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash A situaccedilatildeo hipoteacutetica futura apresenta quadras muito mais adensadas do que nos anos anteriores reduzindo ainda mais a presenccedila de ilhas de sombra O pavimento representado no mapa eacute o destinado agraves garagens que ocupam praticamente todo o lote p 110

Figura 536 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem na situaccedilatildeo hipoteacutetica futura e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 111

Figura 537 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash A transformaccedilatildeo da forma urbana tanto na situaccedilatildeo hipoteacutetica como ilustram as imagens quanto em 2009 quando esteve associada ao adensamento e a verticalizaccedilatildeo intensificou os fenocircmenos acuacutesticos ocorridos no meio urbano do 3deg Jardim de Boa Viagem p 112

Figura 538 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 112

Figura 539 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Idem p 113

Figura 540 ndash Plantas Baixas ndash A situaccedilatildeo hipoteacutetica futura seguida de perto pelo mapa de 2009 apresentou o pior comportamento acuacutestico do 3deg Jardim e o mapa de 1997 apresentou o melhor entre os mapas elaborados nesta pesquisa conforme ilustra a siacutentese abaixo p 113

Figura 541 ndash Graacutefico da performance acuacutestica considerando o ano x o niacutevel de pressatildeo sonora equivalente (Leq) ndash O Graacutefico apresenta as variaccedilotildees de niacuteveis de pressatildeo sonora de alguns pontos escolhidos aleatoriamente nos mapas acuacutesticos elaborados (Figura 541) Em 1997 as quedas das curvas de variaccedilatildeo do graacutefico corroboram a tendecircncia desta data ter apresentado o mapa acuacutestico com o melhor comportameno acuacutestico entre os mapas elaborados por esta pesquisa p 114

Figura 542 ndash Locaccedilatildeo dos pontos utilizados para elaboraccedilatildeo do graacutefico de performance acuacutestica p 114

Figura 543 ndash Graacutefico comparativo de niacuteveis de emissatildeo sonora permitidos ndash O graacutefico apresenta uma comparaccedilatildeo entre os niacuteveis de emissatildeo sonora permitidos em alguns paiacuteses entre a WHO ISO e ABNT e entre a Lei do silecircncio e o coacutedigo do Meio Ambiente e Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife O graacutefico evidencia que a cidade do Recife e o estado de Pernambuco praticam niacuteveis muito acima do recomendado por outras entidades normativas p 121

Figura 544 ndash Planta Baixa ndash Mapa acuacutestico simulando uma situaccedilatildeo onde o fluxo de veiacuteculos seja o dobro do encontrado atualmente no 3deg Jardim de Boa Viagem (2009) apresentando altos niacuteveis de poluiccedilatildeo sonora p 122

Figura 545 a 548 ndash Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Idem p 122

Figura 549 ndash Planta Baixa ndash Mapa acuacutestico simulando uma situaccedilatildeo onde seja implantado rodiacutezio de veiacuteculos com uma reduccedilatildeo de 30 do valor total do fluxo de veiacuteculos atualmente encontrado no 3deg Jardim de Boa Viagem (2009) p 123

Figura 550 a 553 ndash Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Idem p 123

Figura 554 ndash Planta Baixa ndash Mapa acuacutestico simulando uma situaccedilatildeo onde seja implantado aleacutem do rodiacutezio de veiacuteculos com reduccedilatildeo de 30 no fluxo atual de veiacuteculos um corredor de transporte puacuteblico na Av Domingos Ferreira e restriccedilatildeo de traacutefego de veiacuteculos pesados apenas nesta via p 124

Figura 555 a 558 ndash Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Idem p 124

LISTA DE TABELAS

Tabela 21 ndash Os niacuteveis de pressatildeo sonora e suas consequumlecircncias fisioloacutegicas no homem Em alguns casos podem a intensidade das reaccedilotildees fisioloacutegicas podem variar dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora p 35

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO

2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

21 A Forma Urbana e seus Elementos Componentes____________

22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais_____________

3 CONSIDERACcedilOtildeES METODOLOacuteGICAS

31 3deg Jardim de Boa Viagem enquanto Estudo de Caso_________

32 Mapeamento Acuacutestico enquanto Instrumento de Pesquisa_

33 Procedimentos Metodoloacutegicos__________________________________

331 1deg Etapa Pesquisa Documental Primaacuteria e Secundaacuteria _____

332 2deg Etapa Pesquisa Piloto_____________________________________

333 3deg Etapa Estudo de Campo__________________________________

334 4deg Etapa mapeamento acuacutestico_____________________________

4 TRANSFORMACcedilOtildeES DO 3deg JARDIM E SUA RELACcedilAtildeO COM

O PROCESSO DE OCUPACcedilAtildeO DO BAIRRO DE BOA

VIAGEM

5 COMPORTAMENTO ACUacuteSTICO DO 3degJARDIM DE BOA

VIAGEM

51 Comportamento Acuacutestico do 3deg Jardim de Boa Viagem a

partir das Modificaccedilotildees Cronoloacutegicas em sua Forma

Urbana______________________________________________________________

52 Comportamento Acuacutestico do 3deg Jardim de Boa Viagem em

relaccedilatildeo ao Coacutedigo do Meio Ambiente e Equiliacutebrio Ecoloacutegico

do Recife agrave ldquoLei do Silecircnciordquo e a outras Entidades

Normativas_________________________________________________________

53 Ausecircncia de Accedilotildees versus Presenccedila de Accedilotildees em Busca

de um Melhor Comportamento Acuacutestico para o 3deg Jardim

de Boa Viagem____________________________________________________

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

7 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

128

134

115

107

81

80

65

60

59

56

55

55

52

49

46

31

22

22

17

CAPIacuteTULO 1

A pesquisa eacute talvez a arte de se criar dificuldades fecundas e de criaacute-las para os

outros Nos lugares onde havia coisas simples faz-se aparecer problemas

Pierre Bourdieu

____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO

17

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

1 INTRODUCcedilAtildeO

Um grito estridente lanccedilado em um meio urbano envolto nos ldquomais modernosrdquo e descomunais

arranha-ceacuteus desconfortavelmente ouvido nos mais remotos pavimentos de um deles foi agrave

centelha motivadora para as ideacuteias e discussotildees que permeiam esta pesquisa Este grito mal

recebido pelo receptor pode ser considerado uma das diversas formas da profusatildeo de ruiacutedos que

cada vez mais se tornam elementos onipresentes da vida contemporacircnea

Tal profusatildeo de ruiacutedos atualmente encontrados nos centros urbanos estaacute intimamente vinculada

ao crescimento acelerado das cidades que possibilitaram o aumento e uma maior concentraccedilatildeo da

populaccedilatildeo urbana acarretando em raacutepidas transformaccedilotildees no meio de propagaccedilatildeo do ruiacutedo

urbano aleacutem do aumento e uma maior concentraccedilatildeo dos diversos tipos de fontes sonoras que o

geram

Embora esteja estreitamente relacionado ao raacutepido desenvolvimento das cidades o ruiacutedo urbano

natildeo deve ser considerado como uma consequumlecircncia incidental da accedilatildeo humana em busca de

progresso e por isso inevitaacutevel tampouco toleraacutevel Ao contraacuterio deve ser entendido como uma

das consequumlecircncias prejudiciais deste desenvolvimento que pode causar diversos males fisioloacutegicos

e psicoloacutegicos ao citadino e assim sendo deve ser veementemente prevenido e mitigado

A fim de encontrar maneiras que possibilitem sua prevenccedilatildeo e mitigaccedilatildeo o ruiacutedo urbano pode

ser entendido como um sistema composto essencialmente pela fonte sonora ndash meio de propagaccedilatildeo ndash

receptor Dentre estas trecircs partes componentes do sistema o meio de propagaccedilatildeo pode ser

considerado como um dos menos investigados e onde as accedilotildees contra o ruiacutedo satildeo menos

concentradas (SINGAL 2005)

Esta inobservacircncia da importacircncia do meio urbano enquanto percurso de propagaccedilatildeo sonora

pode estar vinculada agrave dificuldade de intervir em meios de propagaccedilatildeo consolidados como satildeo

fundamentalmente os grandes centros urbanos Daiacute a relevacircncia em compreender a acuacutestica

urbana a partir de seu meio propagador pois uma vez consolidado o meio raras satildeo as

intervenccedilotildees possiacuteveis para minimizar o ruiacutedo urbano a partir desta parte componente do sistema

fonte ndash meio ndash receptor restando essencialmente accedilotildees preventivas

____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO

18

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Outro fator que evidencia o grande valor em compreender a acuacutestica urbana a partir de seu meio

de propagaccedilatildeo eacute o potencial que o meio urbano possui em influenciar a trajetoacuteria da propagaccedilatildeo

sonora Esta influecircncia acontece atraveacutes da forma que este meio apresenta ou seja a forma urbana

atraveacutes de seus elementos componentes e enquanto percurso de transmissatildeo delineia influencia e

determina em certa medida a trajetoacuteria de propagaccedilatildeo da onda sonora

Assim sendo a interaccedilatildeo entre os diversos elementos que compotildeem a forma urbana - o traccedilado e

perfis das vias o modo de implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as proporccedilotildees

densidade e maneira de ocupaccedilatildeo das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres ndash

contribui determinantemente para caracterizaccedilatildeo da propagaccedilatildeo sonora no meio urbano atraveacutes

de muacuteltiplas reflexotildees do espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave fonte geradora de

campos sonoros reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de aacutereas de sombra

Esta interaccedilatildeo entre os elementos da forma urbana e a propagaccedilatildeo sonora ocorre a partir da

diversidade e singularidade existente nos variados meios urbanos igualmente proporcionando os

mais particulares comportamentos acuacutesticos Isto eacute para cada meio urbano existem caracteriacutesticas

particulares inerentes agrave sua forma urbana que geram um comportamento acuacutestico igualmente

especiacutefico exclusivo e vinculado a esta forma urbana

Apesar deste atrelamento entre a acuacutestica urbana e a forma urbana esta relaccedilatildeo natildeo eacute

suficientemente pesquisada e quando eacute satildeo enfocadas prioritariamente situaccedilotildees presentes de

comportamento acuacutestico eou no maacuteximo hipoacuteteses futuras tambeacutem chamadas de prediccedilatildeo

acuacutestica Aleacutem disso natildeo foram encontradas referecircncias ateacute o presente momento de investigaccedilotildees

que priorizem a apreciaccedilatildeo da acuacutestica urbana e sua relaccedilatildeo com as modificaccedilotildees ao longo do tempo da

forma urbana

Isto posto considerando esta ausecircncia de pesquisas e considerando que para cada espaccedilo urbano

existe um comportamento de propagaccedilatildeo sonora especiacutefico o presente estudo se propocircs a

investigar o comportamento acuacutestico de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de

modificaccedilotildees em sua forma urbana

Para isso admitiu-se que a propagaccedilatildeo de uma mesma fonte sonora em um mesmo espaccedilo urbano

que tenha sofrido ao longo de um processo cronoloacutegico modificaccedilotildees em sua forma urbana

implicaria em diferentes comportamentos em sua acuacutestica urbana para as diferentes datas deste

processo Esta suposiccedilatildeo possibilitou a anaacutelise do comportamento acuacutestico atraveacutes das

____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO

19

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

modificaccedilotildees cronoloacutegicas da forma urbana a partir da articulaccedilatildeo de trecircs variaacuteveis - a fonte sonora

a forma urbana e a acuacutestica urbana Estas variaacuteveis foram consideradas tendo o estudo de caso

enquanto estrateacutegia de pesquisa

O caso escolhido para esta investigaccedilatildeo foi o loteamento 3deg Jardim de Boa Viagem tanto por

representar uma parcela bem delimitada das raacutepidas e recentes transformaccedilotildees ocorridas na

forma urbana do bairro de Boa Viagem quanto por permitir ilustrar o comportamento acuacutestico

em um encadeamento evolutivo do iniacutecio de sua ocupaccedilatildeo recente ateacute os dias atuais

Para compor tal encadeamento evolutivo foram selecionados os anos de 1971 data escolhida por

caracterizar o princiacutepio da ocupaccedilatildeo do 3deg Jardim 1981 e 1997 por representarem datas de

registro de fotografias aeacutereas do bairro de Boa Viagem existentes na base de dados da

CONDEPE-FIDEM Agecircncia Estadual de Planejamento e Pesquisas de Pernambuco 2009 por

representar a realidade atualmente encontrada no 3deg Jardim e uma simulaccedilatildeo de situaccedilatildeo

hipoteacutetica futura de modificaccedilatildeo na forma urbana

Isto posto com o intuito de analisar o comportamento da acuacutestica urbana do 3deg Jardim de Boa

Viagem a partir de modificaccedilotildees cronoloacutegicas em sua forma urbana foram executados os

seguintes objetivos especiacuteficos (I) identificar as caracteriacutesticas configuraccedilotildees e transformaccedilotildees da

forma urbana ocorridas no 3deg Jardim de Boa Viagem nos anos de 1971 1981 1997 e 2009 a

partir de seu processo de ocupaccedilatildeo (II) elaborar mapas acuacutesticos dos niacuteveis atuais (2009) de

pressatildeo sonora equivalente do 3deg Jardim (III) elaborar mapas acuacutesticos do 3deg Jardim nos anos de

1971 1981 1997 e de situaccedilatildeo hipoteacutetica futura a partir da consideraccedilatildeo dos niacuteveis atuais (2009)

de pressatildeo sonora equivalente do 3deg Jardim

Em busca de expor sistematicamente seu desenvolvimento a presente investigaccedilatildeo foi

estruturada do seguinte modo

O presente capiacutetulo 1 introduz e antecipa brevemente a discussatildeo que seraacute realizada ao longo

desta pesquisa

O capiacutetulo 2 aborda dois aspectos principais O primeiro deles desenvolve o conceito de forma

urbana e seus elementos componentes a partir dos autores Joseacute Lamas (2004) Philippe Panerai

(2006) e Vicente Del Rio (1990) Busca elucidar que a apreensatildeo da forma urbana eacute complexa e

envolve diversificadas abordagens e enfoques sociais econocircmicos histoacutericos e culturais para

entatildeo indicar que a presente pesquisa lanccedilaraacute um olhar para a forma urbana essencialmente a

____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO

20

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

partir de seu aspecto fiacutesico e material recorte necessaacuterio para a anaacutelise do comportamento

acuacutestico urbano

O segundo aspecto abordado no capiacutetulo 2 diz respeito agrave definiccedilatildeo teoacuterica do conceito da

acuacutestica urbana e de suas diversificadas implicaccedilotildees e interfaces quando o som eacute propagado em

meio urbano Busca evidenciar os fenocircmenos que ocorrem a partir da interaccedilatildeo entre a forma

urbana e a acuacutestica urbana indicando que a influecircncia da forma urbana eacute determinante para o

comportamento da acuacutestica urbana

O capiacutetulo 3 eacute dedicado ao percurso investigativo desta pesquisa evidenciando sua metodologia e

procedimentos metodoloacutegicos apresentando o 3deg Jardim enquanto estudo de caso o

mapeamento acuacutestico enquanto instrumento de pesquisa e detalhando as etapas operacionais

deste estudo Este capiacutetulo evidencia ainda o processo de elaboraccedilatildeo dos modelos e mapas

acuacutesticos da forma urbana existente no 3deg Jardim em cada uma das datas estudadas aleacutem da

situaccedilatildeo hipoteacutetica futura e discute o software Predictor utilizado para este mapeamento

O capiacutetulo 4 diz respeito ao processo de ocupaccedilatildeo do bairro de Boa Viagem e sua relaccedilatildeo com as

transformaccedilotildees urbanas ocorridas no 3deg Jardim Busca-se identificar as caracteriacutesticas

configuraccedilotildees e transformaccedilotildees ocorridas na forma urbana do 3deg Jardim que possibilitem o

entendimento cronoloacutegico destas modificaccedilotildees dando suporte a elaboraccedilatildeo e anaacutelise dos mapas

acuacutesticos

O capiacutetulo 5 analisa o comportamento da acuacutestica urbana identificado nos mapas acuacutesticos

elaborados do 3deg Jardim a partir das modificaccedilotildees ocorridas em sua forma urbana nos anos de

1971 1981 1997 e 2009 aleacutem de uma situaccedilatildeo hipoteacutetica futura (prediccedilatildeo acuacutestica) Neste capiacutetulo

discute-se ainda o comportamento do 3deg Jardim em relaccedilatildeo agrave legislaccedilatildeo municipal que regula as

emissotildees sonoras na cidade do Recife e no estado de Pernambuco e sua relaccedilatildeo com os niacuteveis

recomendados por outras entidades normativas e indica-se possiacuteveis accedilotildees para melhoria no

comportamento acuacutestico do 3deg Jardim bem como as possiacuteveis consequumlecircncias acuacutesticas da

ausecircncia de tais accedilotildees

Por fim no capiacutetulo 6 satildeo apresentadas as consideraccedilotildees finais acerca do comportamento acuacutestico

do 3deg Jardim e satildeo indicados novos rumos de pesquisa a respeito da acuacutestica urbana

CAPIacuteTULO 2

A arquitetura eacute uma muacutesica petrificada

Arthur Schopenhauer

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

22

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

Analisar o comportamento da acuacutestica urbana ainda que a partir das modificaccedilotildees da forma

urbana faz com que esta pesquisa trate essencialmente da acuacutestica urbana No entanto este

comportamento esta sujeito aos diversificados modos de apreensatildeo da forma urbana e de seus

elementos componentes bem como ao modo como esta pesquisa os consideraraacute

Assim sendo o primeiro item deste capiacutetulo expotildee o conceito de forma urbana e de algumas de

suas relaccedilotildees discutido agrave luz de LAMAS (2004) de PANERAI (2006) e DEL RIO (1990)

indicando em seguida o que esta pesquisa consideraraacute como forma urbana

Certamente discussatildeo em torno da produccedilatildeo de outros autores poderia ser elaborada No

entanto o primeiro item deste capiacutetulo natildeo pretende representar uma revisatildeo bibliograacutefica acerca

do estudo da forma urbana e suas relaccedilotildees pretende sim construir uma discussatildeo em torno dos

trecircs autores selecionados que culmine no conceito de forma urbana que seraacute considerado por esta

pesquisa para possibilitar olhar para suas modificaccedilotildees cronoloacutegicas a fim de compreender o

comportamento da acuacutestica urbana

Apoacutes este delineamento no segundo item deste capiacutetulo discute-se a acuacutestica urbana e suas

relaccedilotildees conceituais com os diversos elementos e implicaccedilotildees da propagaccedilatildeo sonora em meio

urbano e como eles relacionam-se influenciando em seu comportamento

21 A Forma Urbana e seus Elementos Componentes

Segundo LAMAS (2004) estudar a forma urbana compreende examinar as configuraccedilotildees e as

estruturas exteriores de determinados objetos de suas formas interligando-as com os fenocircmenos

que lhes deram origem Assim sendo a forma urbana pode ser definida como sendo o

[] modo como se organizam os elementos morfoloacutegicos que constituem e definem o espaccedilo urbano relativamente agrave materializaccedilatildeo dos aspectos de

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

23

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 21 ndash Diferentes aspectos quantitativos relacionados a diversificadas formas urbanas Fonte LAMAS 2004

organizaccedilatildeo funcional e quantitativa e dos aspectos qualitativos e figurativos (LAMAS 2004 p 44) 1

Dentre estes aspectos os quantitativos satildeo agravequeles da realidade urbana que podem ser

quantificaacuteveis tais como densidades superfiacutecies fluxos coeficientes volumeacutetricos entre outros

(Figura 21) os de organizaccedilatildeo funcional satildeo agravequeles que se relacionam com as atividades

humanas tais como habitar e trabalhar e agravequeles relacionados ao modo de uso especiacutefico de uma

aacuterea ndash residencial comercial industrial entre outros os qualitativos referem-se ao tratamento dos

espaccedilos ao conforto e a comodidade do utilizador tais como adaptaccedilatildeo ao clima acessibilidade

estado da pavimentaccedilatildeo entre outros por fim os aspectos figurativos dizem respeito a

essencialmente a comunicaccedilatildeo esteacutetica (LAMAS 2004)

Pode-se considerar que ao olhar para forma urbana e em especiacutefico para suas modificaccedilotildees

cronoloacutegicas com o intuito de compreender o comportamento da acuacutestica urbana esta pesquisa

relaciona-se tanto aos aspectos qualitativos a partir do conforto acuacutestico dos receptores das

ondas sonoras em meio urbano quanto aos

aspectos quantitativos uma vez que este

comportamento acuacutestico em meio urbano eacute

quantificaacutevel em decibels (dB)

Embora estes aspectos envolvam grande parte

das singularidades inerentes a forma urbana

esta definiccedilatildeo parece ainda natildeo abarcar outras

particularidades sociais econocircmicas histoacutericas

e culturais igualmente envolvidas no

entendimento da concepccedilatildeo da forma urbana

isto eacute resta ainda a consideraccedilatildeo de que esta

forma urbana natildeo acontece

independentemente dos grupos sociais que a

produzem (PANERAI 2006)

Satildeo essencialmente estas particularidades que

impulsionam ou amortecem a transformaccedilatildeo

1 Para todas as citaccedilotildees deste autor natildeo seratildeo consideradas adaptaccedilotildees na liacutengua do paiacutes de origem - Portugal - permanecendo o texto original

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

24

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

dos elementos que compotildeem a forma urbana ndash a adiccedilatildeo de novos de traccedilados a um jaacute existente

ou sua superposiccedilatildeo seus conflitos o parcelamento de parques e ocupaccedilatildeo de espaccedilos livres a

renovaccedilatildeo da massa edificada seu lento adensamento e verticalizaccedilatildeo segundo uma especulaccedilatildeo

despretensiosa ou sua substituiccedilatildeo por vastos empreendimentos sob influecircncia de uma

especulaccedilatildeo bem mais expressiva (PANERAI 2006) isto eacute faz parte da apreensatildeo da forma

urbana uma complexidade que envolve um processo de acumulaccedilatildeo de enfoques e observaccedilotildees

sociais econocircmicas histoacutericas e culturais que englobam muito mais do que apenas sua forma

fiacutesica

Estas particularidades especialmente as sociais parecem um pouco mais delineadas nas

consideraccedilotildees feitas por DEL RIO (1990) que considera o espaccedilo urbano a partir da apropriaccedilatildeo

social que se faz dele estabelecendo que em relaccedilatildeo ao estudo da forma urbana a cidade pode

ser compreendida a partir de trecircs niacuteveis organizacionais o coletivo o comunitaacuterio e o individual

O niacutevel coletivo eacute regido sob uma loacutegica estruturadora percebida inconscientemente e

coletivamente e eacute composto pelos elementos2 do tecido que possuem uma permanecircncia maior ao

longo do tempo o niacutevel comunitaacuterio diz respeito aos elementos com significados especiais apenas

para um pequeno grupo da populaccedilatildeo como o bairro por exemplo jaacute o niacutevel individual expressa

significados individuais como a residecircncia e seu espaccedilo circundante e por seu caraacuteter individual eacute

o que apresenta maior rapidez nas modificaccedilotildees (DEL RIO 1990)

Mas LAMAS (2004) ao defender sua definiccedilatildeo para forma urbana natildeo soacute possuiacutea ciecircncia destas

outras particularidades explicitadas por PANERAI (2006) e DEL RIO (1990) ndash sociais

econocircmicas histoacutericas e culturais ndash envolvidas na concepccedilatildeo de forma urbana como optou em

natildeo apreciaacute-las

[] um primeiro grau de leitura da cidade eacute eminentemente fiacutesico-espacial e morfoloacutegico portanto especiacutefico da arquitectura e o uacutenico que permite evidenciar a diferenccedila entre este e outro espaccedilo entre esta e aquela forma e explicar as caracteriacutesticas de cada parte da cidade A estes se juntam outros niacuteveis de leitura que revelam diferentes conteuacutedos (histoacutericos econoacutemicos sociais e outros) Mas este conjunto de leituras soacute eacute possiacutevel porque a cidade existe como facto fiacutesico e material Todos os instrumentos de leitura lecircem o mesmo objecto ndash o espaccedilo fiacutesico a FORMA URBANA (LAMAS 2004 p 31 grifo do autor) Eacute fundamentalmente a dimensatildeo fiacutesica e morfoloacutegica da cidade que me preocupa [] (LAMAS 2004 p 31)

2 Estes elementos seratildeo discutidos em paraacutegrafos mais adiante

____________________________________________

ANAacuteLISE D

Na verdade esta opccedilatildeo em

urbana considerando-a essen

de seu aspecto fiacutesico e m

convenientemente ao obje

presente pesquisa analisar

da acuacutestica urbana a partir

cronoloacutegicas na forma urba

esta anaacutelise do compor

implica em uma apropriaccedil

fiacutesica e material destas modif

Certamente a busca pela ap

urbana envolve muito

simplesmente sua forma

como jaacute aclarado No entan

da anaacutelise proposta por

apreensatildeo em totalid

fundamentalmente necessaacuter

apropriaccedilatildeo da forma urban

material ou uma variaacutevel fiacutes

finalidade derradeira de

comportamento acuacutestico

modificaccedilotildees nesta forma

Ao entender a observaccedilatildeo

essencialmente em seu aspec

(2004) propocircs uma classifica

dimensotildees

bull A dimensatildeo setorial

refere-se agrave menor u

do espaccedilo urbano co

uma praccedila ou uma

ponto o observador

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 24 ndash A cidadeo texemplificada por meio da cidadLAMAS 2004

Figura 23 ndash O bairro a escala ucidade portuguesa de Tavira Fonte

Figura 22 ndash Praccedila da Alagoa na ca dimensatildeo setorial Fonte LAMA

em observar a forma

sencialmente a partir

material responde

bjetivo primeiro da

ar o comportamento

rtir de modificaccedilotildees

rbana uma vez que

ortamento acuacutestico

riaccedilatildeo genuinamente

dificaccedilotildees

apreensatildeo da forma

o mais do que

a fiacutesica e material

tanto para realizaccedilatildeo

or este estudo tal

alidade natildeo eacute

saacuteria o que torna a

bana quase um meio

l fiacutesica para atingir a

e compreensatildeo do

a partir de

atildeo da forma urbana

pecto fiacutesico LAMAS

icaccedilatildeo em escalas ou

ndash a escala da rua

r unidade ou porccedilatildeo

como por exemplo

a rua onde de um

dor pode abarcar a

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

25

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

territoacuterioa dimensatildeo territorial dade portuguesa de Tavira Fonte

a urbana exemplificada por meio da nte LAMAS 2004

na cidade portuguesa de Tavira ilustra MAS 2004

____________________________________________

ANAacuteLISE D

unidade espacial d

(Figura 22)

bull A dimensatildeo urbana ndash

corresponde agraves pa

identificaacuteveis como

exemplo onde a

elementos da forma

atraveacutes do movime

percursos (Figura 23

bull E por fim a dimensatildeo

da cidade diz respeito

diferentes formas

articulaccedilatildeo de bai

entre si Sua forma

distribuiccedilatildeo de eleme

das cidades em con

suporte geograacutefico d

a articulaccedilatildeo de

circulaccedilatildeo entre os

entre zonas habitacio

entre outras (Figura 2

Dentre estas dimensotildees a u

bairro desperta particular

pesquisa uma vez que o e

limites de observaccedilatildeo atraveacute

de movimentos poderaacute aba

significante de modificaccedilotildee

forma urbana de determina

compreender o comport

acuacutestica urbana

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 25 ndash Exemplos de diversiflotes quarteirotildees e vias em difereNesta imagem um recorte do CONDEPE-FIDEM 1981

Figura 26 ndash Exemplos de diversiflotes quarteirotildees e vias em difereNesta imagem um recorte do baorigens da cidade entrecortadoBarreto Fonte CONDEPE-FIDE

Figura 27 ndash Exemplos de diveredifiacutecios lotes quarteirotildees e vias eRecife Nesta imagem um recessencialmente por morros o AltoFIDEM 1981

de seu conjunto

ndash a escala do bairro

partes homogecircneas

mo os bairros por

a observaccedilatildeo dos

a urbana eacute realizada

imento e de vaacuterios

23)

nsatildeo territorial ndash a escala

eito agrave articulaccedilatildeo de

as urbanas da

bairros interligados

ma eacute definida pela

mentos estruturantes

onformidade com o

o do siacutetio tais como

e ruas e vias de

s diferentes bairros

cionais e comerciais

a 24)

a urbana ndash escala do

lar interesse desta

o entendimento dos

veacutes de certo nuacutemero

barcar uma amostra

otildees cronoloacutegicas na

inado local a fim de

ortamento de sua

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

26

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

rsificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios erentes bairros da cidade do Recife o bairro de Boa Viagem Fonte

rsificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios erentes bairros da cidade do Recife bairro de Satildeo Joseacute que remete agraves do pela recente Avenida Dantas DEM 1981

versificadas concretizaccedilotildees entre os em diferentes bairros da cidade do

recorte de um bairro constituiacutedo lto do Mandu Fonte CONDEPE-

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

27

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

No entanto para apreender tal dimensatildeo devem-se conhecer e estabelecer quais elementos

miacutenimos da forma urbana que se relaciona com esta a dimensatildeo urbana e quais satildeo estes

elementos LAMAS (2004) propocircs onze elementos da forma urbana necessaacuterios para esta

apreensatildeo o solo (I) o edifiacutecio (II) o lote (III) o logradouro (IV) o quarteiratildeo (V) o traccediladoa

rua(VI) a praccedila (VII) a fachada (VIII) o monumento (IX) a vegetaccedilatildeo (X) e o mobiliaacuterio

urbano (XI) Dentre estes elementos seis possuem uma estreita relaccedilatildeo com esta pesquisa e

seratildeo expostos de acordo com consideraccedilotildees observadas por LAMAS 3 (2004) (Figuras 25 a 27)

O edifiacutecio representa o elemento miacutenimo identificaacutevel na observaccedilatildeo da forma urbana eacute atraveacutes

dele que se constitui o espaccedilo urbano e se organizam diferentes elementos tais como ruas praccedilas

avenidas entre outros Os edifiacutecios agrupam-se em diferentes tipos tanto em relaccedilatildeo a suas

formas quanto a suas funccedilotildees Estes elementos podem influenciar o comportamento da acuacutestica

urbana atuando enquanto objetos reflexivos da onda sonora e como barreiras acuacutesticas4

O lote representa o princiacutepio da relaccedilatildeo do edifiacutecio com o terreno A forma do lote eacute muitas

vezes condicionante da forma do edifiacutecio tornando-os vinculados por essecircncia o logradouro diz

respeito ao espaccedilo livres e natildeo construiacutedos no interior do lote aos quintais e jardins o quarteiratildeo

ou quadra pode ser considerado como o espaccedilo resultante entre o cruzamento de trecircs ou mais

vias podendo ser demarcado em vaacuterios lotes para a construccedilatildeo de edifiacutecios Juntos estes trecircs

elementos associados aos edifiacutecios podem propiciar uma maior ou menor permeabilidade

acuacutestica eou uma maior ou menor presenccedila de aacutereas de sombra no meio urbano

O traccedilado por meio das ruas ou vias eacute facilmente identificaacutevel no meio urbano Estaacute muitas vezes

condicionado ao siacutetio geograacutefico existente regula a disposiccedilatildeo dos edifiacutecios e quarteirotildees e

interliga os vaacuterios espaccedilos componentes da cidade e a cidade ao territoacuterio Normalmente o

traccedilado resiste agraves transformaccedilotildees na forma urbana por possuir um caraacuteter de permanecircncia natildeo

totalmente modificaacutevel O traccedilado engloba trajetoacuterias e caminhos que natildeo satildeo necessariamente

percorridos atraveacutes de automoacuteveis apesar disso estaacute em grande parte vinculado a uma das

principais fontes geradoras de ruiacutedo urbano ndash o traacutefego de veiacuteculos

3 Os outros elementos tambeacutem podem relacionar-se de diferentes maneiras com a acuacutestica urbana mas nem tanto com a presente pesquisa e por isso natildeo foram considerados 4 Todas as definiccedilotildees e conceitos acuacutesticos apresentados no presente item seratildeo elucidados no item seguinte 22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

28

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 28 ndash Os trecircs conjuntos formadores do tecido urbano segundo Panerai (2006) Fonte PANERAI 2006

A praccedila eacute um espaccedilo de geometria variada

intencionalmente inserido no meio urbano

cuja relaccedilatildeo com o traccedilado e os edifiacutecios

tambeacutem eacute intencional evidenciada atraveacutes do

seu desenho e natildeo acidentais como

alargamento e confluecircncias do traccedilado Aleacutem

disso a praccedila eacute um lugar de encontro de

permanecircncia e de praacuteticas sociais

Acusticamente dependendo de suas

proporccedilotildees a propagaccedilatildeo sonora que envolve

uma praccedila pode apresentar um

comportamento que se assemelha a

propagaccedilatildeo sonora em campo livre

Estes elementos constituintes da forma urbana

conceituados por LAMAS (2004) podem ser

identificados sob um diferente invoacutelucro

conceitual mas com a mesma essecircncia no que

PANERAI (2006) definiu como sendo

conjuntos do tecido urbano

Aplicado agrave cidade o termo ldquotecidordquo evoca a continuidade e a renovaccedilatildeo a permanecircncia e a variaccedilatildeo Ele explica a constituiccedilatildeo das cidades antigas e responde as questotildees levantadas pelo estudo das urbanizaccedilotildees recentes Ele pressupotildee uma atenccedilatildeo tanto ao banal quanto ao excepcional tanto agraves ruas comuns e agraves edificaccedilotildees corriqueiras quanto agraves regulamentaccedilotildees e aos monumentos Dentre as muacuteltiplas definiccedilotildees de tecido urbano e sem desprezar suas qualidades escolhemos a mais simples O tecido urbano eacute constituiacutedo pela superposiccedilatildeo ou imbricaccedilatildeo de trecircs conjuntos a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees Essa definiccedilatildeo potildee em evidecircncia os elementos que permitem que as diferentes partes da cidade evoluam ao mesmo tempo em que satildeo mantidas a coesatildeo de conjunto e a clareza de sua estrutura (PANERAI 2006 p 77-78 grifo nosso) (Figura 28)

Ao contraacuterio de LAMAS (2004) que considera a praccedila como um elemento da forma urbana por

si soacute PANERAI (2006) discute as vias ou traccedilado inseridas em uma relaccedilatildeo em rede onde

tambeacutem satildeo considerados como partes constituintes os largos passeios praccedilas esplanadas cais

pontes rios canais margens praias todos compondo o espaccedilo puacuteblico Eacute atraveacutes desta rede

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

29

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

contiacutenua e hierarquizada que acontecem as distribuiccedilotildees e circulaccedilotildees da cidade bem como sua

organizaccedilatildeo local e territorial

Jaacute os parcelamentos fundiaacuterios constituem a representaccedilatildeo negativa5 da rede de vias que evidencia o

domiacutenio construiacutedo Este domiacutenio natildeo se limita aos edifiacutecios mas tambeacutem envolve paacutetios

quintais terrenos baldios (PANERAI 2006) Embora PANERAI(2006) considere separadamente

o exame das edificaccedilotildees sugere-se que este domiacutenio construiacutedo envolve quatro dos elementos da

forma urbana elencados por LAMAS (2004) o edifiacutecio o lote o logradouro e o quarteiratildeo

Para PANERAI (2006) as edificaccedilotildees ou edifiacutecios satildeo consideradas construccedilotildees subordinadas ao

espaccedilo puacuteblico ou seja a rede de vias sendo por ele estruturada e que acrescentam a dimensatildeo

vertical ao tecido urbano Tal subordinaccedilatildeo permite que haja uma dependecircncia reciacuteproca entre os

edifiacutecios ainda que eles pertenccedilam a eacutepocas diferentes fazendo com que sua renovaccedilatildeo aconteccedila

sem que haja grandes perdas na unidade do conjunto

Ao estruturar sua concepccedilatildeo dos elementos componentes da forma urbana DEL RIO (1990) eacute

bem mais sinteacutetico e objetivo mas assim como LAMAS (2000) e PANERAI (2006) seus

elementos possuem similaridades e ateacute repeticcedilotildees que praticamente reproduzem a mesma

essecircncia conceitual dos outros dois autores Estes elementos por serem estruturados tatildeo

objetivamente seratildeo apresentados em citaccedilatildeo direta satildeo eles

- crescimento os modos as intensidades e direccedilotildees elementos geradores e reguladores limites e superaccedilatildeo de limites modificaccedilatildeo de estruturas pontos de cristalizaccedilatildeo etc - traccedilado e parcelamento ordenadores do espaccedilo estrutura fundiaacuteria relaccedilotildees distacircncias circulaccedilatildeo e acessibilidade etc - tipologias dos elementos urbanos inventaacuterio e categorizaccedilatildeo de tipologias ediliacutecias (residecircncias comercio etc) de lotes e sua ocupaccedilatildeo de quarteirotildees e sua ocupaccedilatildeo de praccedilas esquinas etc - articulaccedilotildees relaccedilotildees entre elementos hierarquias domiacutenios do publico e privado densidades relaccedilotildees entre cheios e vazios etc (DEL RIO 1990 p 83 grifos do autor)

Dentre todos os elementos expostos a partir dos trecircs autores existe um importante fenocircmeno

relacionando-os em distintas intensidades e que merece ser considerado por influenciar

definitivamente na modificaccedilatildeo da forma urbana ndash o adensamento

5 No sentido de uma fotografia onde os claros e os escuros satildeo representados no negativo de modo contraacuterio ao do objeto fotografado

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

30

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 29 ndash O adensamento das ilhas do Bairro do Recife e de Santo Antocircnio (imagem) ocorreu tanto pelo preenchimento progressivo desde o inicio da ocupaccedilatildeo da cidade quanto por meio da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees anteriores Fontehttppedrodealbuquerquewordpresscomcategorypernambuco Acesso em 201109

O adensamento ocorre a partir de dois modos

essenciais de ocupaccedilatildeo o primeiro a partir do

preenchimento progressivo do espaccedilo urbano

e o segundo a partir da substituiccedilatildeo completa

por meio de demoliccedilatildeo de edificaccedilotildees

anteriores (PANERAI 2006) (Figura 29)

A primeira forma de adensamento ocorre sem

a expansatildeo territorial por meio do

preenchimento progressivo de todas as

reservas fundiaacuterias e espaccedilos livres de

determinado meio urbano Eacute um

adensamento inserido em limitesbarreiras

preacute-estabelecidos naturais ou natildeo tais como

uma via expressa irregularidades geograacuteficas

do siacutetio ou ainda numa escala menor a proacutepria quadra pode ser um limite para saturaccedilatildeo gradual

em seu interior desmembramento ou remembramento dos lotes para construccedilatildeo de novas

edificaccedilotildees verticalizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo de antigos quintais eou jardins (PANERAI 2006)

A segunda forma de adensamento acontece atraveacutes da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees

anteriormente existentes por novas construccedilotildees de maior porte tanto em relaccedilatildeo agrave ocupaccedilatildeo do

solo por meio do remembramento de lotes quanto em relaccedilatildeo ao seu gabarito Esta forma de

adensamento permite a renovaccedilatildeo do espaccedilo urbano sem aumentar sua aacuterea de abrangecircncia sem

sua expansatildeo (PANERAI 2006)

Ambas as formas de adensamento transformam essencialmente a forma urbana e o modo como

se relacionam seus elementos componentes A identificaccedilatildeo desta transformaccedilatildeo em determinado

meio urbano gerada pelo adensamento eacute indispensaacutevel para anaacutelise do comportamento da

acuacutestica urbana a partir de modificaccedilotildees na forma urbana deste mesmo meio uma vez que o

adensamento pode influenciar na propagaccedilatildeo sonora proporcionando uma maior quantidade de

objetos reflexivos de barreiras acuacutesticas e favorecendo a diminuiccedilatildeo da permeabilidade acuacutestica

Por fim a partir exposiccedilatildeo de determinados elementos considerados por LAMAS (2004) ndash o

edifiacutecio o lote o logradouro o quarteiratildeo o traccediladoa rua e a praccedila dos conjuntos considerados

por PANERAI (2006) ndash a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees dos

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

elementos considerados por DEL RIO (1990) ndash crescimento traccedilado e parcelamento tipologias

dos elementos urbanos e as articulaccedilotildees e em busca de atingir seu objetivo principal esta

pesquisa consideraraacute a forma urbana inserida em um recorte que a considera essencialmente a

partir de seu aspecto fiacutesico e material e cujos elementos componentes considerados seratildeo

exclusivamente

1 As parcelas fundiaacuterias ndash consideradas por meio das quadras e lotes incluindo sua relaccedilatildeo

de modo de ocupaccedilatildeo das edificaccedilotildees sua densidade e seus espaccedilos livres

2 As edificaccedilotildees ndash consideradas atraveacutes de sua relaccedilatildeo de modo de ocupaccedilatildeo com os

lotes e do grau de verticalizaccedilatildeo (gabarito baixo meacutedio e alto)

3 As vias ndash consideradas como reguladoras da relaccedilatildeo com as edificaccedilotildees e quarteirotildees e

principalmente apreciadas como estreitamente vinculadas a uma das principais fontes

geradoras de ruiacutedo urbano (o traacutefego de veiacuteculos)

Estes seratildeo os elementos componentes da forma urbana que esta pesquisa se apropriaraacute no

decurso do caminho a fim de analisar o comportamento acuacutestico a partir de modificaccedilotildees

cronoloacutegicas em determinada forma urbana Nos paraacutegrafos seguintes discutem-se os conceitos e

relaccedilotildees que permeiam a acuacutestica urbana

22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais

A acuacutestica eacute a ciecircncia do som incluindo sua geraccedilatildeo transmissatildeo e recepccedilatildeo de energia sob a

forma de ondas vibracionais na mateacuteria (KINSLER et al 1982) Ela eacute uma ciecircncia

multidimensional e interligada a vaacuterios domiacutenios cientiacuteficos Seu objeto de estudo fundamental o

som delineia uma seacuterie de interfaces multidisciplinares com abordagens em diversificadas aacutereas

do conhecimento (Figura 210)

Desse modo quando a geraccedilatildeo transmissatildeo e efeitos do som estatildeo inseridos no meio urbano

seu desdobramento eacute estudado pela aacuterea de conhecimento da acuacutestica urbana muitas vezes

tambeacutem nomeada de acuacutestica ambiental

O objeto de estudo fundamental da acuacutestica o som eacute a sensaccedilatildeo produzida no ouvido por

pequenas flutuaccedilotildees da pressatildeo do ar (HANSEN 2005) ou seja eacute uma percepccedilatildeo sensorial e seu

____________________________________________

ANAacuteLISE D

complexo padratildeo de ondas s

de ruiacutedo muacutesica fala

(BERGLUND et al 1999)

Esta definiccedilatildeo do som tend

a percepccedilatildeo do ouvido

conceito psicofiacutesico Fisicame

vibraccedilatildeo mecacircnica que

progressivamente atraveacutes de

gasoso liacutequido ou soacutelido (SIN

Esta vibraccedilatildeo quando tran

que o rodeia nem sempre

aparelho auditivo humano

frequumlecircncia6 audiacutevel encontra

20 a 20000 Hz para um

(BRUumlEL amp KJAEligR 1984

1982) Frequumlecircncias acima de

altas para respostas fisioloacuteg

chamadas de ultrasons Jaacute as

de 20 Hz satildeo chamadas de

detectaacuteveis pelo ouvido hum

prejudiciais agrave sua sauacutede7

1982 SOUSA 2004)

Fisicamente o som e o ruiacutedo

ambos se propagam em mei

detectados pelo ouvido hu

enquanto o som eacute utilizado

6 A frequumlecircncia eacute o nuacutemero de ciclo(HANSEN 1995) 7 A exposiccedilatildeo a baixas frequumlecircncias depressatildeo irritabilidade e perturba pro

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 210 ndash Interfaces multidFonte Elaborado pela autora a pa

Figura 211 ndash Fonte sonora ponSOUZA 2006

as sonoras eacute rotulado

ala entre outros

ndo como referecircncia

o humano eacute um

mente o som eacute uma

que se propaga

de um meio material

(SINGAL 2005)

transmitida ao meio

re eacute detectaacutevel pelo

ano cuja faixa de

tra-se no intervalo de

um jovem saudaacutevel

4 KINSLER et al

de 20000 Hz muito

loacutegicas auditivas satildeo

as frequumlecircncias abaixo

de infrasons e natildeo satildeo

umano contudo satildeo

(KINSLER et al

iacutedo constituem o mesmo fenocircmeno de variaccedilotildee

eio elaacutestico (soacutelido liacutequido ou gasoso) e ambos

humano (BERGLUND et al 1999 HANSEN

do para descrever percepccedilotildees sonoras agradaacutev

iclos que a onda sonora completa no tempo de um segundo

as pode gerar a doenccedila Vibroacuacutestica que induz o espessamprocessos cognitivos (BRANCO e PEREIRA 2004)

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

32

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

ltidisciplinares do estudo do som partir de BISTAFA 2006

ontual e fonte sonora linear Fonte

otildees de pressatildeo ambiente

bos satildeo capazes de serem

EN 1995) No entanto

daacuteveis o ruiacutedo descreve

do e eacute medida em Hertz (Hz)

amento das estruturas cardiacuteacas

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

33

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 212 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora pontual de 6 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007

percepccedilotildees sonoras desagradaacuteveis incorporando um aspecto de subjetividade agrave sua definiccedilatildeo

(BRUumlEL amp KJAEligR 1984 HANSEN 2005 BRASIL 2006 SINGAL 2005)

Tal subjetividade acarreta diferentes e individuais percepccedilotildees sonoras pelo ser humano e

portanto em diferentes reaccedilotildees agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo Em outras palavras o que se estabelece

como som para um indiviacuteduo pode representar ruiacutedo para outro

[] as respostas inerentes ao ruiacutedo satildeo complexas dependendo tanto dos fatores propriamente acuacutesticos quanto dos psicossociais contextuais simboacutelicos emocionais como daqueles de valor especiacutefico Essas variaacuteveis participam da singularidade da escuta e atuam como filtros que modificam a percepccedilatildeo do sinal fiacutesico sonoro (SANTOS e MARTINS 2005 p 216)

Enquanto sua percepccedilatildeo envolve a subjetividade as respostas fisioloacutegicas agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo satildeo

mais objetivas e seus danos satildeo mais facilmente identificaacuteveis O ruiacutedo pode gerar complicaccedilotildees

no sistema circulatoacuterio e hormonal perda gradativa da audiccedilatildeo distuacuterbios de sono estresse

irritabilidade neuroses desconforto e dificuldade de aprendizado entre outros danos

(BERGLUND et al1999 HANSEN 2005 KINSLER et al 1982 MURGEL 2007 NAGEM

2004 NUNES 2006 PAZ et al 2005 SINGAL 2005 ZANNIN et al 2002)

O ruiacutedo pode se originar de variadas fontes presentes em diversificados ambientes as mais

comumente encontradas satildeo as fontes sonoras pontuais e as lineares (Figura 211) A fonte pontual

possui dimensotildees finitas e emite o mesmo niacutevel de pressatildeo sonora uniformemente para todas as

direccedilotildees sendo seu decaimento em campo livre de 6 dB para cada dobro da distacircncia (Figura

212) (HANSEN 2005 SOUSA 2004)

Jaacute a fonte linear eacute formada por certo nuacutemero de

fontes pontuais dispostas linearmente cuja

emissatildeo sonora eacute contiacutenua ao longo desta

linha sendo seu decaimento em campo livre

de 3 dB para cada dobro da distacircncia (Figura

213) (HANSEN 2005 PAZ 2004)

Quando propagadas no meio urbano a

combinaccedilatildeo de tais fontes sonoras associadas

ao percurso de transmissatildeo e ao receptor

constitui o ruiacutedo urbano (urban noise) tambeacutem

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 213 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora linear de 3 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007

chamado de ruiacutedo ambiental (environmental

noise) ou ruiacutedo comunitaacuterio (community noise)

(BERGLUND et al1999 GUEDES 2005

SOUSA 2004)

O ruiacutedo urbano pode ser gerado a partir do

traacutefego de veiacuteculos terrestres e aeacutereos de

obras de construccedilatildeo civil de estabelecimentos

industriais de estabelecimentos comerciais e

de serviccedilos de sistemas de propaganda

volante ou permanente8 e ruiacutedos de outras atividades cuja propagaccedilatildeo sonora pode afetar o bem-

estar e a sauacutede dos citadinos (BARRON 2003 BERGLUND et al1999 KINSLER et al 1982

NAGEM 2004 NUNES 2006 SINGAL 2005)

Apesar de esporaacutedica outra fonte de ruiacutedo gerada em meio urbano satildeo os eventos puacuteblicos tais

como festas shows comiacutecios carnavais fora de eacutepoca entre outros As fontes de ruiacutedo presentes

nestes eventos atingem um alto niacutevel de pressatildeo sonora9 e abrangem uma grande quantidade

populacional logo independente de ocorrer poucas vezes durante o ano satildeo eventos

extremamente danosos a sauacutede e principalmente agrave audiccedilatildeo a partir de 80 dB(A) natildeo importa se

a sensaccedilatildeo sonora eacute prazerosa ou natildeo ela eacute necessariamente prejudicial10 (Tabela 21) (NUNES

2006)

Quando a intensidade dos ruiacutedos urbanos torna-se excessivamente desagradaacutevel eou nociva o

ruiacutedo passa a ser considerado uma forma de poluiccedilatildeo ambiental11 - a poluiccedilatildeo sonora A

necessidade de regulamentaccedilatildeo da poluiccedilatildeo sonora renuncia os aspectos de subjetividade

existentes e inerentes ao conceito de ruiacutedo na tentativa de sintetizar e estabelecer limites leis

normas meacutetodos e accedilotildees que representem um universo sonoro equivalente para toda a

populaccedilatildeo na tentativa de controlar e mitigar o ruiacutedo urbano

8 Carros de som bicicletas com som raacutedios comunitaacuterias entre outros 9 O niacutevel de pressatildeo sonora eacute a medida fiacutesica preferencial para caracterizar a sensaccedilatildeo subjetiva da intensidade dos sons e de acordo com a lei de Weber e Fechner a sensaccedilatildeo sonora eacute proporcional ao logaritmo da intensidade sonora NPS=20 log (pp0) onde p eacute a pressatildeo sonora em Pascal e p0 eacute a pressatildeo sonora de referecircncia (2 10-5 Pascal) (BISTAFA 2006 NIEMEYER 2007) 10 Outros niacuteveis de ruiacutedo tambeacutem podem ser prejudiciais em maior ou menor grau dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora 11 ldquoPoluiccedilatildeo eacute a degradaccedilatildeo da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente a) prejudiquem a sauacutede a seguranccedila e o bem-estar da populaccedilatildeo b) criem condiccedilotildees adversas agraves atividades sociais e econocircmicas c) afetem desfavoravelmente a biota d) afetem as condiccedilotildees esteacuteticas ou sanitaacuterias do meio ambiente e) lancem mateacuterias ou energia em desacordo com os padrotildees ambientais estabelecidosrdquo (BRASIL 1981 p 1 e 2)

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Tabela 21 ndash Os niacuteveis de pressatildeo sonora e suas consequumlecircncias fisioloacutegicas no homem Em alguns casos podem a intensidade das reaccedilotildees fisioloacutegicas podem variar dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora Fonte elaborado pela autora a partir de KINSLER et al 1992 SINGAL 2005 SOUZA 2006

Assim sendo na esfera federal a Constituiccedilatildeo Federal (Art255) o Coacutedigo Civil Brasileiro (Lei ndeg

1040602) a Lei das Contravenccedilotildees Penais (Decreto-lei nordm 368841) e a Lei dos Crimes

Ambientais (Lei nordm 960598) versam a partir de diferentes abordagens e diferentes

procedimentos legais sobre a poluiccedilatildeo sonora e suas respectivas perturbaccedilotildees (CARNEIRO

2009)

NIacuteVEIS DE PRESSAtildeO SONORA E SUAS CONSEQUEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS

Niacutevel de Pressatildeo sonora

em dB(A)

Caracteriacutesticas FISIOLOacuteGICAS

Ambiente ou atividade

0 a 30 Nenhuma Tremular de folhas de uma aacutervore sussurros

aacuterea de mata selvagem

30 a 50 Nenhuma Cantar de paacutessaros rua calma em aacuterea residencial durante noite

50 a 70 Marca o iniacutecio do estresse

auditivo Rua agitada um restaurante barulhento

70 a 90 Estressante e bastante

excitante Chegada de um trem na estaccedilatildeo carro a 100 Kmh

conversa a gritos

90 a 110 Extremamente excitante provocando dependecircncia

Caminhatildeo pesado a 60 Kmh alarme de viatura passagem de trem numa estaccedilatildeo ou cabine de um aviatildeo monomotor

110 a 130

Desconfortavelmente alto atingindo o limiar da dor podendo causar surdez

instantacircnea

Trem passando em trilhos elevados martelo pneumaacutetico interior de uma boate show de banda de rock

130 a 140 Acima do limiar da dor

causando surdez permanente Decolagem de aviatildeo a jato a 5m de distacircncia disparos de artilharia

Ainda no domiacutenio federal o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) publicou vaacuterias

resoluccedilotildees que estabelecem normas de preservaccedilatildeo ao meio ambiente incluindo o combate a

poluiccedilatildeo sonora12 Nestas resoluccedilotildees todas as atividades geradoras de ruiacutedo devem seguir

diretrizes vinculadas agrave Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas ndash ABNT e ao Conselho

Nacional de Tracircnsito - CONTRAN no caso de ruiacutedo produzido por veiacuteculos automotores

(NAGEM 2004)

Tais resoluccedilotildees normas e diretrizes refletidas no domiacutenio estadual e municipal deram origem agrave

Lei Estadual nordm 12789 de 28 de Abril de 2005 (PERNAMBUCO2005) conhecida como ldquoLei do

12 Satildeo elas RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 272 de 14 de setembro de 2000

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Silecircnciordquo e que dispotildee sobre ruiacutedos urbanos poluiccedilatildeo sonora e proteccedilatildeo do bem-estar e do

sossego puacuteblico e agrave Lei nordm 16243 de 13 de setembro de 1996 ndash Coacutedigo do Meio Ambiente e do

Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife (RECIFE 1996a) que estabelece a poliacutetica do meio ambiente da

cidade do Recife incluindo regulamentaccedilatildeo de emissotildees sonoras entre outras providecircncias

tendo como suporte a Lei 1617696 de 9 de Abril de 1996 ndash Lei de Uso e Ocupaccedilatildeo do Solo da

Cidade do Recife ndash LUOS (RECIFE 1996b)

Apesar da existecircncia desta grande quantidade de leis federais estaduais e municipais apesar da

LUOS legislar sobre a etapa de aprovaccedilatildeo de projetos para a construccedilatildeo de empreendimentos

com usos geradores de incocircmodo agrave vizinhanccedila incluindo usos potencialmente geradores de ruiacutedos

submetendo-os agrave anaacutelise teacutecnica eou agrave anaacutelise especial e apesar do Coacutedigo do Meio Ambiente e

do Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife estabelecer limites maacuteximos permitidos de ruiacutedo na praacutetica a

accedilatildeo contra a poluiccedilatildeo sonora em Recife adquire caraacuteter corretivo pelos oacutergatildeos reguladores agrave

conduta do infrator geralmente a partir de denuacutencias da populaccedilatildeo apoacutes a consolidaccedilatildeo da fonte

geradora de ruiacutedo no meio urbano (JORNAL DO COMEacuteRCIO 2008 JC ONLINE 2005)

Outro exemplo local de desatenccedilatildeo agrave poluiccedilatildeo sonora eacute a inexistecircncia dentre vaacuterios outros tipos

de degradaccedilatildeo ambiental presentes de qualquer referecircncia a respeito da poluiccedilatildeo sonora em

documento produzido pela Prefeitura da Cidade do Recife no ano 2000 o Atlas Ambiental da

Cidade do Recife (RECIFE 2000)

Diante da aplicabilidade ineficaz da legislaccedilatildeo vigente em Novembro de 2009 foi lanccedilado pelo

Ministeacuterio Puacuteblico de Pernambuco a cartilha Poluiccedilatildeo sonora Silento e o barulho13 que versa sobre as

posturas e accedilotildees direitos e deveres dos diversos agentes envolvidos na produccedilatildeo e recepccedilatildeo da

poluiccedilatildeo sonora indicando como devem agir a viacutetima o policial o estado o construtor poluidor

o proprietaacuterio de carro de som poluidor entre outros A cartilha tambeacutem disponibiliza uma seacuterie

de formulaacuterios modelos de acordo com os diferentes tipos de poluiccedilatildeo sonora Estes formulaacuterios satildeo

exemplos para serem utilizados tanto pela viacutetima da poluiccedilatildeo sonora quanto pelo policial civil

militar promotor de justiccedila e ateacute mesmo pelo poluidor - o que poderaacute tornar esta cartilha um

importante instrumento para aplicaccedilatildeo das leis vigentes (CARNEIRO 2009)

Embora negligenciada e em oposiccedilatildeo a diversos outros problemas ambientais mundiais a

poluiccedilatildeo sonora continua a crescer e eacute acompanhada pelo aumento no nuacutemero de reclamaccedilotildees de

13 ldquoSilentordquo eacute um personagem criado para narrar alguns trechos interativos da cartilha

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

37

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 214 ndash Relaccedilatildeo entre o desenvolvimento industrial da sociedade que possibilita o aumento e concentraccedilatildeo de fontes sonoras e seus impactos em relaccedilatildeo ao ruiacutedo nas comunidades apontando trecircs previsotildees futuras de acordo com diferentes accedilotildees possiacuteveis de regulamentaccedilatildeo contra do ruiacutedo Fonte elaborado pela autora a partir de BERGLUND et al 1999

pessoas expostas ao ruiacutedo a partir do aumento da consciecircncia de seus direitos legais

(BERGLUND et al1999)

Para World Health Organization (WHO)14 a poluiccedilatildeo sonora jaacute eacute um dos problemas ambientais que

atingem o maior nuacutemero de pessoas no planeta perdendo apenas para a poluiccedilatildeo do ar e da aacutegua

(KIHLMAN 2004 2005) Este crescimento contiacutenuo da poluiccedilatildeo sonora e por conseguinte do

ruiacutedo urbano possui uma estreita relaccedilatildeo com as raacutepidas transformaccedilotildees ocorridas no meio

urbano nas uacuteltimas deacutecadas O desenvolvimento acelerado e a expansatildeo das cidades implicaram

em modificaccedilotildees em elementos da forma urbana em alto iacutendice de crescimento demograacutefico da

populaccedilatildeo urbana e em consequumlente aumento e concentraccedilatildeo de diversos tipos de fontes

geradoras de poluiccedilatildeo sonora (BRASIL 1990a1990b GUEDES 2005 PAZ 2009 ZANNIN et

al 2002) (Figura 214)

Entre estas fontes urbanas geradoras de poluiccedilatildeo sonora uma das que mais contribuem com o

aumento do ruiacutedo urbano aleacutem de ser considerada uma das fontes mais intrusivas e a mais

percebida pela populaccedilatildeo das grandes cidades eacute o traacutefego de veiacuteculos (DINIZ 2003 FRITSCH et al

2007 LACERDA et al 2005 PAZ 2004 ZANNIN et al 2003)

O ruiacutedo do traacutefego de veiacuteculos eacute gerado a

partir do ruiacutedo veicular que proveacutem

essencialmente do sistema de propulsatildeo do

motor do atrito entre o veiacuteculo e o ar (ruiacutedo

aerodinacircmico) e do atrito entre o pneu e o piso

(MURGEL 2007 KINSLER et al 1982) e da

relaccedilatildeo entre o veiacuteculocondutor e as

configuraccedilotildees das vias em que ele estaacute inserido

a aceleraccedilatildeo eou desaceleraccedilatildeo do motor de

acordo com a caracterizaccedilatildeo das vias - a

presenccedila de cruzamentos semaacuteforos faixas de

pedestres etc a intensidade do fluxo de

veiacuteculos e a proporccedilatildeo entre veiacuteculos leves e os

veiacuteculos pesados a frequumlecircncia de

14 Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede ndash OMS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

acionamentos de buzinas o tipo de acabamento da superfiacutecie das vias (concreto asfalto brita

terra batida) etc (SINGAL 2005)

Tais vias geradoras do ruiacutedo de traacutefego aleacutem de serem interceptadas por outras vias satildeo

comumente ladeadas por configuraccedilotildees bastante variaacuteveis desde edificaccedilotildees com formas

implantaccedilotildees e gabaritos diversificados a lotes ainda natildeo ocupados caracterizando a propagaccedilatildeo

do ruiacutedo de traacutefego urbano por muacuteltiplas reflexotildees responsaacuteveis pelo espalhamento do ruiacutedo

para vias adjacentes pelo surgimento de campos sonoros reverberantes pela difraccedilatildeo do ruiacutedo e

pelo surgimento de aacutereas de sombra (SINGAL 2005 RANDRIANOELINA e SALOMONS

2008) Ou seja a propagaccedilatildeo do ruiacutedo urbano gerado pelo traacutefego de veiacuteculos possui uma

interaccedilatildeo singular com elementos da forma urbana

Assim sendo tanto por sua participaccedilatildeo determinante na constituiccedilatildeo do ruiacutedo urbano quanto

por sua particular relaccedilatildeo com os elementos que compotildeem a forma urbana o ruiacutedo de traacutefego

seraacute a uacutenica fonte sonora considerada na presente pesquisa conforme seraacute melhor elucidado no

proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas

A interaccedilatildeo entre o ruiacutedo urbano e a forma urbana dependeraacute diretamente das configuraccedilotildees de

certos elementos que compotildeem esta forma urbana o traccedilado e perfis das vias a maneira de

implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade e

forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres tais como praccedilas e

largos (GUEDES 2005 SANTOS e MARTINS 2005) Estes elementos podem ser

acusticamente caracterizados a partir do tipo de espaccedilo acuacutestico e da permeabilidade acuacutestica

O espaccedilo acuacutestico tambeacutem nomeado de campo acuacutestico eacute a porccedilatildeo de determinado espaccedilo onde

acontecem as vibraccedilotildees sonoras podendo ser caracterizado no meio urbano como espaccedilo

acuacutestico aberto ou fechado (NIEMEYER 2007)

O espaccedilo acuacutestico aberto aproxima-se da propagaccedilatildeo em campo livre que eacute caracterizado pela ausecircncia

de obstaacuteculos que modifiquem a propagaccedilatildeo sonora entre a fonte e o receptor Assim no meio

urbano o espaccedilo cuja propagaccedilatildeo sonora envolva poucas ou nenhuma reflexatildeo e poucos ou

nenhum obstaacuteculo pode ser considerado um espaccedilo acuacutestico aberto como por exemplo o

espaccedilo acuacutestico com perfil em ldquoLrdquo tais como vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas uma de

suas margens (Figuras 215 e 216) (NIEMEYER 2007) No espaccedilo acuacutestico aberto o niacutevel de

pressatildeo sonora decai 6 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (LANG

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 215 ndash Propagaccedilatildeo sonora em Campo acuacutestico aberto Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001

Figura 216 ndash Campo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo FonteNIEMEYER 2007

Figura 217 ndash Propagaccedilatildeo sonora em campo acuacutestico fechado causando o fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001

e BERANEK 1992) isto eacute o ruiacutedo percebido

pelo receptor diminui em funccedilatildeo da

duplicaccedilatildeo da distacircncia da fonte sonora15

Praccedilas parques e largos com grandes

dimensotildees vias de traacutefego marginais a praias

vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas

uma de suas margens ou espaccedilos livres

urbanos de grandes dimensotildees caracterizam

alguns exemplos de espaccedilos acuacutesticos abertos

No espaccedilo acuacutestico fechado as ondas sonoras

sofrem muacuteltiplas reflexotildees fazendo com que o

seu niacutevel sonoro decaia muito lentamente

sendo praticamente o mesmo em vaacuterias

posiccedilotildees ateacute que esta onda sonora encontre

uma saiacuteda para campo livre caracterizando o

fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana16 17(Figura

217) (GUEDES 2005 NIEMEYER 2007)

Os espaccedilos acuacutesticos fechados podem ser

reverberantes quando a onda sonora tarda a

encontrar o campo livre gerando um grande

nuacutemero de reflexotildees ou semi-reverberantes

quando a onda sonora encontra o campo livre

um pouco mais rapidamente do que no

reverberante gerando um nuacutemero menor mas

ainda grande de reflexotildees

15 Este decaimento eacute para fontes pontuais para fontes lineares o decaimento eacute de 3 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (GERGES 2000) 16 A reverberaccedilatildeo eacute a persistecircncia de um som depois de ter sido extinta a sua emissatildeo por uma fonte e ocorre como resultado de reflexotildees em ambientes total ou parcialmente fechados (GONZALEZ e LOPES 1993) 17 Alguns espaccedilos acuacutesticos fechados tambeacutem podem amplificar o niacutevel de pressatildeo sonora mas este fenocircmeno ocorre em determinados espaccedilos acuacutesticos fechados reverberantes

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 218 ndash Campo acuacutestico fechado em perfl ldquoUrdquo tambeacutem chamado de canyons urbanos Fonte NIEMEYER 2007

No meio urbano o espaccedilo acuacutestico fechado

reverberante possui comumente um perfil em

ldquoUrdquo (Figura 218) tambeacutem chamados de

canyons urbanos que podem amplificar

consideravelmente a propagaccedilatildeo sonora das

vias de traacutefego atraveacutes de reflexotildees muacuteltiplas

geradas pelas fachadas paralelas das

edificaccedilotildees que circundam estas vias

(ANDERSON e KURZE 1992) Assim neste

tipo de espaccedilo acuacutestico a propagaccedilatildeo sonora

natildeo depende exclusivamente da distacircncia entre

a fonte e o receptor como no espaccedilo acuacutestico

aberto depende ainda da configuraccedilatildeo dos

elementos que compotildeem a forma urbana e

dos coeficientes de absorccedilatildeo dos materiais que

revestem as superfiacutecies refletoras18

(NIEMEYER 2007)

Praccedilas parques e largos com pequenas dimensotildees e cercados por edificaccedilotildees conjugadas vias de

traacutefego com edificaccedilotildees (conjugadas ou com pequenos recuos entre elas) em ambos os lados

tuacuteneis passagens subterracircneas e espaccedilos livres abaixo de viadutos caracterizam alguns exemplos

de espaccedilos acuacutesticos fechados

A caracterizaccedilatildeo de um espaccedilo acuacutestico como sendo aberto ou fechado delinearaacute como a onda

sonora iraacute espalhar-se no meio urbano cujas configuraccedilotildees dos elementos que o compotildeem

podem facilitar ou dificultar a trajetoacuteria desta onda sonora para aleacutem do local de sua emissatildeo

tornando o meio urbano mais ou menos permeaacutevel a sua propagaccedilatildeo

18 No meio urbano as superfiacutecies refletoras satildeo predominantemente formadas por fachadas e muros de edificaccedilotildees que possuem certa uniformidade na utilizaccedilatildeo de materiais altamente reflexivos e com baixos coeficientes de absorccedilatildeo tais como granito maacutermore ceracircmica esmaltada vidro Assim o coeficiente de absorccedilatildeo de uma edificaccedilatildeo para outra seraacute praticamente o mesmo sofrendo miacutenimas variaccedilotildees permitindo sua natildeo consideraccedilatildeo

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 220 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees em uma quadra permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007

Figura 221 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjugadas em uma quadra pouco permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007

Figura 219 ndash Permeabilidade acuacutestica - percursos da onda sonora gerados em meio urbano Fonte NIEMEYER 2007

Figura 222 ndash Barreira acuacutestica entre a fonte e o receptor FonteANDERSON e KURZE 1992

Assim sendo a permeabilidade acuacutestica refere-se

aos percursos da onda sonora gerados no

meio urbano (Figura 219) (GUEDES 2005

NIEMEYER 2007) A intensidade da

permeabilidade acuacutestica - mais ou menos

permeaacutevel - dependeraacute da capacidade de

certos elementos urbanos de promover ou

conter a propagaccedilatildeo da onda sonora tais

como o traccedilado e perfis das vias a maneira de

implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem

como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade

e forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila

ou ausecircncia de espaccedilos livres (Figuras 220 e

221)

A permeabilidade acuacutestica relaciona-se ainda

com as barreiras acuacutesticas Isoladamente o

conceito de barreiras acuacutesticas refere-se a

qualquer objeto que possa ser considerado um

obstaacuteculo agrave ligaccedilatildeo direta e sem interferecircncias

entre a fonte e o receptor (Figura 222)

(ANDERSON e KURZE 1992 GERGES

2000) Ao bloquear o percurso direto entre a

fonte e o receptor a onda sonora poderaacute ser

absorvida eou refletida pela superfiacutecie da

barreira transmitida atraveacutes da barreira ou

difratada a partir do topo da barreira

(BARRON 2003 SINGAL 2005)

A difraccedilatildeo eacute um fenocircmeno que permite que as

ondas sonoras sejam capazes de contornar

determinados obstaacuteculos gerando uma aacuterea de

sombra acuacutestica que possui limites espaciais

variaacuteveis de acordo com a posiccedilatildeo da fonte

____________________________________________

ANAacuteLISE D

sonora e de sua localizaccedilatilde

receptor que por sua vez

sonora difratada pelas borda

um decaimento maior do qu

campo livre (Figura 223) (N

1968 NIEMEYER 2007 PA

O uso de barreiras acuacutestic

EUA Japatildeo Austraacutelia e

reduccedilatildeo da propagaccedilatildeo do

pelo traacutefego rodoviaacuterio pa

(Figuras 224 a 226) (SIN

Brasil esta praacutetica ainda eacute inc

restringindo-se a poucos exe

caso da barreira acuacutestica no

Linha Amarela na cidade do

na Rodovia Bandeirantes co

de Satildeo Paulo a Campinas

Paulo (Figura 227) (MURGE

2004)

Embora a implantaccedilatildeo de b

esteja vinculada agrave reduccedilatildeo do

rodoviaacuterio outros elemen

meio urbano situados ent

receptor atuam espontan

barreiras agrave propagaccedilatildeo sono

terreno com topografia i

muros edificaccedilotildees entr

edificaccedilotildees conjugadas da R

cidade do Recife ou aind

conjugadas em alguns trec

Atlacircntica no Rio de Janei

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 226 ndash Barreiras instaladasem aacuterea residencial de Toacutequio Jap

Figura 224 ndash Agrave esquerda barreacriacutelico na Suiacuteccedila Agrave direita barreiraPaacutedua e Veneza na Itaacutelia Fonte C

Figura 227 ndash Barreira acuacutestica dade Satildeo Paulo Fonte MURGEL 2

Figura 223 ndash Difraccedilatildeo da ondagerando uma aacuterea de sombra acuacutest

Figura 225 ndash Agrave esquerda baproacuteximo a Zurique Agrave direita barretambeacutem na Suiccedila Fonte CICHIN

accedilatildeo em relaccedilatildeo ao

ez recebe a energia

rdas da barreira com

que se estivesse em

(NEPOMUCENO

PAZ 2004)

ticas eacute comum nos

e na Europa para

do ruiacutedo produzido

para seus arredores

INGAL 2005) No

incipiente

exemplos como eacute o

no eixo rodoviaacuterio

o Rio de Janeiro e

conectando a cidade

s no estado de Satildeo

GEL 2007 SOUSA

e barreiras acuacutesticas

do ruiacutedo de traacutefego

entos inseridos no

entre a fonte e o

taneamente como

nora tais como um

irregular taludes

ntre outros As

a Rua da Aurora na

inda as edificaccedilotildees

trechos da Avenida

neiro por exemplo

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

42

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

das ao longo de via expressa elevada Japatildeo Fonte CICHINELLI 2007

rreira acuacutestica curva em concreto e eira acuacutestica metaacutelica na estrada entre CICHINELLI 2007

da Rodovia Bandeirantes no estado 2007

da sonora a partir de uma barreira uacutestica Fonte GERGES 2000

barreira acuacutestica metaacutelica instalada arreira acuacutestica em concreto e acriacutelico INELLI 2007

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 228 ndash Rua da Aurora no Bairro da Boa Vista na cidade do Recife configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fontehttpmaiovinteeseisblogspotcom2007_ 11_01_archivehtml Acesso em 080409

Figura 229 ndash Alguns trechos da Avenida Atlacircntica no Bairro de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro tambeacutem configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fonte httpwwwtravelpodcomtravel-photoorlanworldtrip200711 71589400avenida-atlantica-along-copacabana-beachjpgtpodhtml Acesso em 080409

aleacutem de funcionarem como barreiras acuacutesticas

espontacircneas ou natildeo intencionais tambeacutem

conformam um espaccedilo acuacutestico aberto em

ldquoLrdquo e pouco permeaacutevel ao ruiacutedo (Figura 228 e

229)

A partir da discussatildeo dos espaccedilos acuacutesticos e

da permeabilidade acuacutestica evidencia-se que a

interaccedilatildeo entre os diversos elementos que

compotildeem a forma urbana - o traccedilado e perfis

das vias o modo de implantaccedilatildeo das

edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as

proporccedilotildees densidade e maneira de ocupaccedilatildeo

das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de

espaccedilos livres ndash contribui determinantemente

para a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano

atraveacutes de muacuteltiplas reflexotildees do

espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave

fonte geradora de campos sonoros

reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de

aacutereas de sombra

Isto posto se o ruiacutedo urbano eacute considerado

um sistema composto essencialmente pela fonte

sonora pelo meio de propagaccedilatildeo e pelo receptor (LANG e BERANEK 1992 ANDERSON e

KURZE 1992) a forma urbana considerada a partir dos elementos que a compotildeem enquanto

percurso de transmissatildeo delineia influencia e determina em certa medida a trajetoacuteria de

propagaccedilatildeo da onda sonora19 Ou seja a forma urbana por meio das caracteriacutesticas singulares

apresentadas pelos seus elementos componentes iraacute influenciar o comportamento da propagaccedilatildeo

da onda sonora no meio urbano

19 ldquoEm certa medidardquo pois existem outros fatores que tambeacutem influenciam a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano mas a discussatildeo sobre a consideraccedilatildeo ou natildeo destes outros fatores seraacute melhor construiacuteda no proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito alto por elevada densidade de

ocupaccedilatildeo das quadras e por vias estreitas por exemplo tende em tese a ser menos permeaacutevel ao

ruiacutedo dificultando a propagaccedilatildeo sonora para outras aacutereas Tende ainda a criar espaccedilos

reverberantes ou semi-reverberantes com o niacutevel de pressatildeo sonora elevado em praticamente

todos os pontos de reflexatildeo com perdas miacutenimas ateacute a onda sonora alcanccedilar o topo das

edificaccedilotildees e direcionar-se a campo livre Por conseguinte este comportamento tende a propiciar

dependendo ainda da relaccedilatildeo com a fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano indesejaacutevel e

insalubre aos receptores existentes nas edificaccedilotildees daquela via

Jaacute uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito baixo por baixa densidade de

ocupaccedilatildeo das quadras e por vias largas tende teoricamente a ser mais permeaacutevel ao ruiacutedo

facilitando sua propagaccedilatildeo Por outro lado natildeo gera espaccedilos acuacutesticos propiacutecios a muacuteltiplas

reflexotildees fazendo com que a onda sonora encontre mais rapidamente o campo livre facilitando

sua dissipaccedilatildeo e propiciando dependendo ainda da fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano

desejaacutevel aos seus receptores

Deste modo a existecircncia de diferenccedilas e particularidades dos elementos que compotildeem as

distintas formas urbanas proporciona os mais diversificados comportamentos acuacutesticos de

propagaccedilatildeo sonora nos mais diferentes meios urbanos Ou seja do mesmo modo que cidades

bairros e ruas natildeo satildeo iguais entre si tampouco reproduziacuteveis em sua essecircncia o comportamento

acuacutestico tambeacutem natildeo seraacute ao contraacuterio constituiraacute um atributo exclusivo de cada espaccedilo urbano

Mas se para cada espaccedilo urbano existe um comportamento acuacutestico especiacutefico como deveraacute se

comportar a propagaccedilatildeo sonora de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de

modificaccedilotildees em elementos de sua forma urbana Em outras palavras como se comportaraacute a acuacutestica

urbana de um determinado local a partir do processo cronoloacutegico de modificaccedilotildees em sua forma urbana

Nos capiacutetulo que se segue Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas seratildeo apresentadas os percursos

investigativos que foram postos em praacutetica em busca de responder a este questionamento

Rafaella Brandatildeo Estevatildeo de Souza

O SOM NOSSO DE CADA DIA ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA

A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES NA FORMA URBANA

Recife

2010

Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Desenvolvimento Urbano da Universidade Federal de Pernambuco como parte dos requisitos para a obtenccedilatildeo do tiacutetulo de mestre Orientador Prof Dr Joseacute de Souza Brandatildeo Neto Co-orientador Prof Dr Ruskin Marinho Freitas Co-orientador Prof Dr Paulo Henrique Trombetta Zannin

A Viacutetor meu alicerce que com seu amor

infindaacutevel e incentivo constante ensinou-me

como eacute fascinante o ato de pesquisar

Aos meus pais Alexandre e Zenaide

que antes de ensinarem-me a ouvir

ensinaram-me a amar

AGRADECIMENTOS

A Deus pelo alimento agrave minha alma

A minha famiacutelia por tudo antes agora e sempre

A Coordenaccedilatildeo de Aperfeiccediloamento de Pessoal de Niacutevel Superior ndash CAPES por viabilizar

financeiramente esta pesquisa

A Zeca Brandatildeo e Ruskin Freitas pelos valiosos ensinamentos em nossas conversas pelo

estiacutemulo e apoio constante ao longo do percurso principalmente nos momentos de duacutevida e

pela confianccedila depositada desde o iniacutecio de minhas inquietaccedilotildees e questionamentos

A Paulo Zannin cuja dedicaccedilatildeo e entusiasmo ao estudo da acuacutestica foi condiccedilatildeo sine qua non

para a realizaccedilatildeo desta pesquisa por sua bravura apoio incentivo e confianccedila absoluta

depositada em uma tambeacutem entusiasta da acuacutestica vinda de terras tatildeo distantes

A David Queiroz por sua entrega paciecircncia e torcida ao lado do Predictor para que tudo desse

certo pelas estimadas contribuiccedilotildees nas discussotildees sobre as diversas possibilidades de estudar o

meio urbano sob o olhar da acuacutestica

A Paula Maciel a Joseacute Jeferson Roberto Rezende de Menezes e ao GTC ndash Gestatildeo e

Tecnologia da Construccedilatildeo UFPE pela ajuda imprescindiacutevel quanto ao aparelho de mediccedilatildeo

Aos professores do MDU pelos inestimaacuteveis ensinamentos e a todos os amigos do MDU

por compartilhar nossos anseios acadecircmicos em especial a Ana Carolina Lourival e Renata

pelos indefectiacuteveis e inesqueciacuteveis momentos juntos

A Fernando Bunn e Paulo Fiedler pela ajuda torcida e insigths na exploraccedilatildeo do Predictor

A Rebeca Catarina Joseacute e Jonas pelo apoio e paciecircncia em responder todas minhas

interminaacuteveis perguntas e ldquoaperreiosrdquo mas sempre correspondendo as minhas brincadeiras

Por fim mas nunca por uacuteltimo a Anna Cristina e sua carinhosa famiacutelia ndash Paulo Henrique

Carolina Viacutetor Bia Maacutercia Claacuteudia Joseacute Joatildeo e Gabriela ndash pelo amparo carinho e

amizade ndash inesqueciacuteveis a uma gringa que deixou o aconchego dos seus para desbravar novos

conhecimentos em um lugar tatildeo diferente

RESUMO

O excesso de ruiacutedos atualmente encontrados nos centros urbanos estaacute intimamente vinculado ao crescimento acelerado das cidades Este crescimento suscitou o aumento e uma maior concentraccedilatildeo da populaccedilatildeo urbana acarretando em raacutepidas transformaccedilotildees no meio de propagaccedilatildeo do ruiacutedo aleacutem do aumento e concentraccedilatildeo dos diversos tipos de fontes sonoras que o geram Ocorre que a forma urbana ndash considerada a partir de seus aspectos fiacutesicos ou materiais ndash onde este ruiacutedo eacute gerado influencia em certa medida a trajetoacuteria de propagaccedilatildeo da onda sonora a interaccedilatildeo entre os diversos elementos que compotildeem esta forma urbana contribuiraacute para a caracterizaccedilatildeo do comportamento desta trajetoacuteria Assim para cada forma urbana especiacutefica existiraacute um comportamento acuacutestico igualmente especiacutefico exclusivo e vinculado a esta forma urbana Deste modo se para cada espaccedilo urbano existe um comportamento proacuteprio de propagaccedilatildeo sonora a presente pesquisa propocircs-se a analisar o comportamento da acuacutestica urbana de um mesmo espaccedilo urbano a partir de modificaccedilotildees cronoloacutegicas em sua forma urbana Esta anaacutelise foi realizada considerando a articulaccedilatildeo de trecircs variaacuteveis - a fonte sonora a forma urbana e a acuacutestica urbana Admitiu-se que a propagaccedilatildeo de uma mesma fonte sonora em um mesmo espaccedilo urbano que tenha sofrido ao longo de um processo cronoloacutegico modificaccedilotildees em sua forma urbana implicaria em diferentes comportamentos em sua acuacutestica urbana para as diferentes datas deste processo Adotou-se como estudo de caso o loteamento 3deg Jardim de Boa Viagem (Recife-PE) sendo estudadas as modificaccedilotildees em sua forma urbana ocorridas nos anos de 1971 1981 1997 e 2009 aleacutem da elaboraccedilatildeo de uma situaccedilatildeo hipoteacutetica futura (prediccedilatildeo acuacutestica) Foram realizadas pesquisas documentais e estudos de campo para coleta de dados referentes agraves caracteriacutesticas da forma urbana do 3deg Jardim e para coleta de seus niacuteveis de pressatildeo sonora atuais Com estes dados foram calculados e gerados mapas acuacutesticos do 3deg Jardim utilizando o software Predictor para cada uma das datas pesquisadas e para a situaccedilatildeo hipoteacutetica futura Estes mapas foram analisados comparando seus comportamentos acuacutesticos entre si buscando compreender esse comportamento diante das modificaccedilotildees cronoloacutegicas em sua proacutepria forma urbana Os resultados deste estudo indicaram que a modificaccedilatildeo de um mesmo meio urbano possui potencial tanto para propiciar altos niacuteveis de ruiacutedo quanto para minimizaacute-los influenciando definitivamente no comportamento acuacutestico de determinado local Estes resultados confirmaram a relevacircncia em compreender a acuacutestica urbana a partir de seu meio propagador pois uma vez consolidado raras satildeo as intervenccedilotildees possiacuteveis na forma urbana para minimizar o ruiacutedo urbano por ela delineado

Palavras-chave planejamento urbano acuacutestica ruiacutedo urbano

ABSTRACT

The excessive noise currently found in urban centers is closely linked to the fast growth of the cities This development led to increased growth and concentration of urban population resulting in fast changes in the noise propagation path and increasing the variety of sources that generate it It turns out that the urban form - considered from their physical or material aspects - where this noise is produced influences in some extent the trajectory of sound wave propagation the interaction between the various elements that make up this urban form contributes to characterize this trajectory behavior Thus for each specific urban form there will be an acoustic behavior also specific exclusive and linked to this urban form Therefore if for each urban area there is a particular sound propagation behavior this research proposed to analyze the urban acoustics behavior of the same urban space from chronological changes in its urban form This analysis was performed considering the articulation of three variables - the sound source the urban form and the urban acoustics It was assumed that the propagation from the same source in the same urban area which has experienced over a chronological process changes in its urban form would imply different urban acoustics behaviors through years It was adopted as a case study the land subdivision 3deg Jardim de Boa Viagem (Recife-PE) being studied the changes in its urban form in the years of 1971 1981 1997 and 2009 besides the elaboration of a hypothetical future situation (acoustic prediction) It was carried out documentary research and field studies to collect data on the characteristics of the urban form of the 3deg Jardim and to collect their present sound pressure levels With these datawere calculated and generated acoustics maps of the 3deg Jardim for each of the years surveyed and for the hypothetical future situation using the Predictor software These maps were analyzed by comparing their acoustic behavior to each other seeking to comprehend this behavior towards the chronological changes in its urban form The results of this research indicated that the urban environment changes have the potential to provide high levels of noise as well as to minimize them definitely influencing the acoustic behavior of a particular site These results confirmed the relevance to understand the urban noise from its way of propagation since once consolidated very few interventions are possible in the urban form to minimize the urban noise outlined by it

Keywords urban planning acoustics urban noise

LISTA DE ILUSTRACcedilOtildeES

Figura 21 ndash Diferentes aspectos quantitativos relacionados a diversificadas formas urbanas p23

Figura 22 ndash Praccedila da Alagoa na cidade portuguesa de Tavira ilustra a dimensatildeo setorial p23

Figura 23 ndash O bairro a escala urbana exemplificada por meio da cidade portuguesa de Tavira p25

Figura 24 ndash A cidadeo territoacuterioa dimensatildeo territorial exemplificada por meio da cidade portuguesa de Tavira p25

Figura 25 ndash Exemplos de diversificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios lotes quarteirotildees e vias em diferentes bairros da cidade do Recife Nesta imagem um recorte do bairro de Boa Viagem p26

Figura 26 ndash Exemplos de diversificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios lotes quarteirotildees e vias em diferentes bairros da cidade do Recife Nesta imagem um recorte do bairro de Satildeo Joseacute que remete agraves origens da cidade entrecortado pela recente Avenida Dantas Barreto p 26

Figura 27 ndash Exemplos de diversificadas concretizaccedilotildees entre os edifiacutecios lotes quarteirotildees e vias em diferentes bairros da cidade do Recife Nesta imagem um recorte de um bairro constituiacutedo essencialmente por morros o Alto do Mandu p26

Figura 28 ndash Os trecircs conjuntos formadores do tecido urbano segundo Panerai (2006) p 28

Figura 29 ndash O adensamento das ilhas do Bairro do Recife e de Santo Antocircnio (imagem) ocorreu tanto pelo preenchimento progressivo desde o inicio da ocupaccedilatildeo da cidade quanto por meio da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees anteriores p30

Figura 210 ndash Interfaces multidisciplinares do estudo do som p 32

Figura 211 ndash Fonte sonora pontual e fonte sonora linear p32

Figura 212 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora pontual de 6 dB para cada dobro da distacircncia p 33

Figura 213 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora linear de 3 dB para cada dobro da distacircncia p 24

Figura 214 ndash Relaccedilatildeo entre o desenvolvimento industrial da sociedade que possibilita o aumento e concentraccedilatildeo de fontes sonoras e seus impactos em relaccedilatildeo ao ruiacutedo nas comunidades apontando trecircs previsotildees futuras de acordo com diferentes accedilotildees possiacuteveis de regulamentaccedilatildeo contra do ruiacutedo p 37

Figura 215 ndash Propagaccedilatildeo sonora em Campo acuacutestico aberto p39

Figura 216 ndash Campo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo p 39

Figura 217 ndash Propagaccedilatildeo sonora em campo acuacutestico fechado causando o fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana p39

Figura 218 ndash Campo acuacutestico fechado em perfl ldquoUrdquo tambeacutem chamado de canyons urbanos p 40

Figura 219 ndash Permeabilidade acuacutestica - percursos da onda sonora gerados em meio urbano p 41

Figura 220 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees em uma quadra permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem p 41

Figura 221 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjugadas em uma quadra pouco permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem p 41

Figura 222 ndash Barreira acuacutestica entre a fonte e o receptor p 41

Figura 223 ndash Difraccedilatildeo da onda sonora a partir de uma barreira gerando uma aacuterea de sombra acuacutestica p 42

Figura 224 ndash Agrave esquerda barreira acuacutestica curva em concreto e acriacutelico na Suiacuteccedila Agrave direita barreira acuacutestica metaacutelica na estrada entre Paacutedua e Veneza na Itaacutelia p 42

Figura 225 ndash Agrave esquerda barreira acuacutestica metaacutelica instalada proacuteximo a Zurique Agrave direita barreira acuacutestica em concreto e acriacutelico tambeacutem na Suiacuteccedila p 42

Figura 226 ndash Barreiras instaladas ao longo de via expressa elevada em aacuterea residencial de Toacutequio Japatildeo p 42

Figura 227 ndash Barreira acuacutestica da Rodovia Bandeirantes no estado de Satildeo Paulo p 42

Figura 228 ndash Rua da Aurora no Bairro da Boa Vista na cidade do Recife configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo p 43

Figura 229 ndash Alguns trechos da Avenida Atlacircntica no Bairro de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro tambeacutem configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo p 43

Figura 31 ndash Relaccedilatildeo das variaacuteveis de pesquisa p 48

Figura 32 - Localizaccedilatildeo geograacutefica do 3deg Jardim de Boa Viagem p 50

Figura 33 - Ocupaccedilatildeo do 3deg Jardim em 1971 com diversos lotes natildeo ocupados e vias ainda natildeo construiacutedas como a Av Eng Domingos ferreira p 50

Figura 34 - Delimitaccedilatildeo da aacuterea de estudo em azul o 3deg Jardim p 52

Figura 35 - Mapa acuacutestico da Universidade Estadual de Campinas com representaccedilatildeo dos niacuteveis sonoros por pontos em gradaccedilatildeo de cores p 53

Figura 36 - Mapa acuacutestico com representaccedilatildeo dos niacuteveis sonoros por linhas da cidade de Goumlteborg Sueacutecia p 53

Figura 37 - Mapa acuacutestico utilizado na reurbanizaccedilatildeo do centro de Seoul Korea p 53

Figura 38 ndash Acima localizaccedilatildeo de estaccedilotildees de monitoramento de ruiacutedo em Taiwan abaixo distribuiccedilatildeo de ruiacutedo em Taiwan no veratildeo nos turnos da manhatilde tarde e noite p 54

Figura 39 - Violaccedilotildees da legislaccedilatildeo de ruiacutedo em Taiwan nos turnos da manhatilde tarde e noite p 54

Figura 310 - Delimitaccedilatildeo da aacuterea em azul do estudo piloto no 3deg Jardim de Boa Viagem p 57

Figura 311 ndash Mapa acuacutestico de parte do 3deg Jardim de Boa Viagem da pesquisa piloto realizada em Maio de 2009 no LAAICA-UFPR p 57

Figura 312 ndash Locaccedilatildeo dos pontos de mediccedilatildeo em azul e malha guia em amarelo p 59

Figura 313 ndash Locaccedilatildeo dos grids verticais em azul seccionando edificaccedilotildees e evitando espaccedilos livres p 63

Figura 41 ndash Avenida Boa Viagem nas proximidades da Praccedila de Boa Viagem no iniacutecio de sua urbanizaccedilatildeo p 65

Figura 42 ndash Avenida Boa Viagem no iniacutecio de sua urbanizaccedilatildeo p65

Figura 43 ndash Vista aeacuterea do bairro de Boa Viagem nos anos 50 p 65

Figura 44 ndash Edifiacutecio Califoacuternia em 1959 construiacutedo no 2deg Jardim de Boa Viagem p 67

Figura 45 ndash Projeto para o loteamento do 1deg 2deg e 3deg Jardim de Boa Viagem com a localizaccedilatildeo em vermelho dos espaccedilos destinados ao uso comunitaacuterio sendo previsto uma igreja e um mercado puacuteblico e em verde os espaccedilos destinados agraves aacutereas verdes p 67

Figura 46 ndash Cartatildeo Postal Edicard do Bairro de Boa Viagem na deacutecada de 70 No alto indica-se o Hotel Boa Viagem e a Praccedila de Boa Viagem mais abaixo a Casa do Navio uma conhecida referecircncia na Avenida Boa Viagem pelos recifenses ateacute sua demoliccedilatildeo p 68

Figura 47 ndash Cartatildeo Postal Edicard da Praia e Avenida Boa Viagem na deacutecada de 70 p 68

Figura 48 ndash Planta baixa do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1971 p 69

Figura 49 ndash Perspectiva esquemaacutetica do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1971 p 69

Figura 410 ndash Perspectiva esquemaacutetica a partir da praia do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1971 p 69

Figura 411 ndash Bairro de Boa Viagem na deacutecada de 70 Acima indica-se o bairro do Pina e o Edifiacutecio Califoacuternia localizado no 2deg Jardim de Boa Viagem No meio a Avenida Domingos Ferreira ainda em terra batida e natildeo finalizada ao encontrar-se com o mangue circundante dos braccedilos do Rio Pina Abaixo o Edifiacutecio Holiday p 70

Figura 412 ndash Planta baixa do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1981 p 70

Figura 413 ndash Perspectiva esquemaacutetica do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1981 p 70

Figura 414 ndash Perspectiva esquemaacutetica a partir da praia do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1981 p 71

Figura 415 ndash Demoliccedilatildeo do Hotel Boa Viagem e em seu lugar estaacute sendo erguido o Ed Maria Acircngela Lucena uma edificaccedilatildeo multifamiliar de gabarito alto com amplo nuacutemero de unidades habitacionais e de pavimentos mais um exemplar dos ldquoarranha ceacuteusrdquo residenciais de Boa Viagem p 71

Figura 416ndash Planta baixa do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1997 p 73

Figura 417 ndash Perspectiva esquemaacutetica do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1997 p 73

Figura 418 ndash Perspectiva esquemaacutetica a partir da praia do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1997 p 73

Figura 419 ndash Os pavimentos destinados agraves garagens dos edifiacutecios residenciais multifamiliares satildeo comumente chamados na construccedilatildeo civil de ldquobandejasrdquo enquanto as torres dos pavimentos tipos satildeo nomeadas de ldquolacircminasrdquo p 74

Figura 420 ndash Planta baixa do 3deg Jardim de Boa Viagem em 2009 p 74

Figura 421 ndash Perspectiva esquemaacutetica do 3deg Jardim de Boa Viagem em 2009 p 74

Figura 422 ndash Perspectiva esquemaacutetica a partir da praia do 3deg Jardim de Boa Viagem em 2009 p 75

Figura 51 ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim em 1971 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash O mapa ilustra a propagaccedilatildeo sonora no iniacutecio da ocupaccedilatildeo do 3deg Jardim p 83

Figura 52 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1971 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 84

Figura 53 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 - O mapa do iniacutecio da ocupaccedilatildeo urbana do 3deg Jardim apresentando um comportamento acuacutestico com caracteriacutesticas predominantes de propagaccedilatildeo sonora em campo livre sem a presenccedila significantes de obstaacuteculos que interfiram em seu percurso possibilitando um contiacutenuo decaimento sonoro em relaccedilatildeo agrave distacircncia como ilustram as setas indicativas em preto p 85

Figura 54 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 - O mapa do iniacutecio da ocupaccedilatildeo urbana do 3deg Jardim mostrando outra secccedilatildeo vertical contendo o mesmo comportamento acuacutestico com caracteriacutesticas predominantes de propagaccedilatildeo sonora em campo livre como ilustram as setas indicativas em preto p 85

Figura 55 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Por menor que seja sua presenccedila algumas edificaccedilotildees pontuais de gabarito meacutedio atuam como barreiras acuacutesticas espontacircneas constituindo obstaacuteculos que interferem na propagaccedilatildeo sonora como ilustram as setas indicativas em preto p 86

Figura 56 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash As edificaccedilotildees que atuam como barreiras acuacutesticas geram o fenocircmeno acuacutestico da difraccedilatildeo que propicia a criaccedilatildeo de aacutereas de sombra acuacutestica onde os niacuteveis de pressatildeo sonora equivalente satildeo mais baixos como ilustram as setas indicativas em preto p 86

Figura 57 ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim em 1981 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Nesta data houve o aumento no nuacutemero de ilhas de sombra e diminuiccedilatildeo do niacutevel de pressatildeo sonora equivalente em relaccedilatildeo a 1971 p 87

Figura 58 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1981 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 88

Figura 59 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash Reduccedilatildeo da quantidade de campos acuacutesticos abertos e aumento no nuacutemero de edificaccedilotildees que atuam enquanto barreiras acuacutesticas favorecendo o aumento do nuacutemero de ilhas de sombra e da diminuiccedilatildeo do niacutevel de pressatildeo sonora equivalente em relaccedilatildeo a 1971 como ilustram as setas indicativas em preto p 89

Figura 510 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 89

Figura 511 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Como ilustram as setas indicativas em preto o princiacutepio da verticalizaccedilatildeo no 3deg Jardim pode ter contribuiacutedo atraveacutes de uma melhor atuaccedilatildeo das novas edificaccedilotildees enquanto barreiras acuacutesticas para o aumento do nuacutemero de ilhas de sombra e da diminuiccedilatildeo do niacutevel de pressatildeo sonora equivalente em relaccedilatildeo a 1971 p 90

Figura 512 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Idem p 90

Figura 513 ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim em 1997 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Em 1997 com um adensamento e verticalizaccedilatildeo ainda maior do que em 1981 houve o aumento tanto do nuacutemero das ilhas de sombra quanto nas sua aacutereas de abrangecircncia acarretando no melhor comportamento acuacutestico observado ateacute entatildeo entre os mapas elaborados p 95

Figura 514 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1997 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 96

Figura 515 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash A edificaccedilotildees propiciam muacuteltiplas reflexotildees a partir de suas fachadas expostas agraves fontes sonoras influenciando na propagaccedilatildeo da onda sonora de modo distinto ao que seria essa propagaccedilatildeo em campo livre conforme indicado nos mapas acuacutesticos p97

Figura 516 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Idem p 97

Figura 517 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 98

Figura 518 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 98

Figura 519 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash As edificaccedilotildees soacute geram muacuteltiplas reflexotildees a partir de suas fachadas expostas agraves fontes sonoras transpondo estas fachadas as edificaccedilotildees passam a atuar enquanto barreiras acuacutesticas para a onda sonora minimizando o ruiacutedo no interior das quadras como indica-se no mapa acuacutestico p 99

Figura 520 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Idem p 99

Figura 521 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 100

Figura 522 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 100

Figura 523 ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim em 2009 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Em 2009 o adensamento das quadras diminuiu consideravelmente a presenccedila de ilhas de sombra acuacutestica p101

Figura 524 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem em 2009 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 102

Figura 525 e 526 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash As ilhas de sombra em 1997 favoreciam as residecircncias unifamiliares e multifamiliares de gabarito baixo existentes que se situavam em seus interiores Em 2009 estas ilhas foram praticamente suprimidas pela presenccedila de pavimentos destinados as garagens das novas edificaccedilotildees verticais de gabarito alto como ilustram as setas em preto p103

Figura 527 e 528 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash Idem p 103

Figura 529 e 530 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash O contorno preto ilustra a modificaccedilatildeo da propagaccedilatildeo das ondas sonoras a partir da influecircncia do aumento da densidade das quadras e verticalizaccedilatildeo das edificaccedilotildees Em 1971 a caracteriacutestica predominante assemelha-se a propagaccedilatildeo em campo livre Jaacute em 1981 percebem-se irregularidades no contorno devido a reflexotildees da onda sonora nas edificaccedilotildees p 104

Figura 531 e 532 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash 1997 apresentou o melhor comportamento acuacutestico entre os mapas elaborados Nesta data as edificaccedilotildees atuaram mais enquanto barreiras acuacutesticas do que como objetos reflexivos da onda sonora Jaacute em 2009 o aumento do adensamento e da verticalizaccedilatildeo possibilitou o excesso de muacuteltiplas reflexotildees nas fachadas das edificaccedilotildees como delineia o contorno extremamente irregular da propagaccedilatildeo sonora ilustrado na imagem abaixo p 104

Figura 533 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Apesar de proporcionar um aumento no niacutevel de pressatildeo sonora equivalente em 2009 o adensamento e verticalizaccedilatildeo das edificaccedilotildees tambeacutem trouxeram benefiacutecios pontuais na praccedila Walt Disney como ilustram as imagens as edificaccedilotildees atuaram como barreiras acuacutesticas reduzindo em relaccedilatildeo a 1997 o niacutevel de pressatildeo sonora equivalente que atinge as edificaccedilotildees de seu entorno Contudo p 105

Figura 534 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash as fachadas voltadas para esta reduccedilatildeo de niacutevel de pressatildeo sonora equivalente satildeo fachadas de serviccedilo pouco aproveitando esta reduccedilatildeo p 105

Figura 535ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim na situaccedilatildeo hipoteacutetica futura e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash A situaccedilatildeo hipoteacutetica futura apresenta quadras muito mais adensadas do que nos anos anteriores reduzindo ainda mais a presenccedila de ilhas de sombra O pavimento representado no mapa eacute o destinado agraves garagens que ocupam praticamente todo o lote p 110

Figura 536 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem na situaccedilatildeo hipoteacutetica futura e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 111

Figura 537 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash A transformaccedilatildeo da forma urbana tanto na situaccedilatildeo hipoteacutetica como ilustram as imagens quanto em 2009 quando esteve associada ao adensamento e a verticalizaccedilatildeo intensificou os fenocircmenos acuacutesticos ocorridos no meio urbano do 3deg Jardim de Boa Viagem p 112

Figura 538 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 112

Figura 539 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Idem p 113

Figura 540 ndash Plantas Baixas ndash A situaccedilatildeo hipoteacutetica futura seguida de perto pelo mapa de 2009 apresentou o pior comportamento acuacutestico do 3deg Jardim e o mapa de 1997 apresentou o melhor entre os mapas elaborados nesta pesquisa conforme ilustra a siacutentese abaixo p 113

Figura 541 ndash Graacutefico da performance acuacutestica considerando o ano x o niacutevel de pressatildeo sonora equivalente (Leq) ndash O Graacutefico apresenta as variaccedilotildees de niacuteveis de pressatildeo sonora de alguns pontos escolhidos aleatoriamente nos mapas acuacutesticos elaborados (Figura 541) Em 1997 as quedas das curvas de variaccedilatildeo do graacutefico corroboram a tendecircncia desta data ter apresentado o mapa acuacutestico com o melhor comportameno acuacutestico entre os mapas elaborados por esta pesquisa p 114

Figura 542 ndash Locaccedilatildeo dos pontos utilizados para elaboraccedilatildeo do graacutefico de performance acuacutestica p 114

Figura 543 ndash Graacutefico comparativo de niacuteveis de emissatildeo sonora permitidos ndash O graacutefico apresenta uma comparaccedilatildeo entre os niacuteveis de emissatildeo sonora permitidos em alguns paiacuteses entre a WHO ISO e ABNT e entre a Lei do silecircncio e o coacutedigo do Meio Ambiente e Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife O graacutefico evidencia que a cidade do Recife e o estado de Pernambuco praticam niacuteveis muito acima do recomendado por outras entidades normativas p 121

Figura 544 ndash Planta Baixa ndash Mapa acuacutestico simulando uma situaccedilatildeo onde o fluxo de veiacuteculos seja o dobro do encontrado atualmente no 3deg Jardim de Boa Viagem (2009) apresentando altos niacuteveis de poluiccedilatildeo sonora p 122

Figura 545 a 548 ndash Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Idem p 122

Figura 549 ndash Planta Baixa ndash Mapa acuacutestico simulando uma situaccedilatildeo onde seja implantado rodiacutezio de veiacuteculos com uma reduccedilatildeo de 30 do valor total do fluxo de veiacuteculos atualmente encontrado no 3deg Jardim de Boa Viagem (2009) p 123

Figura 550 a 553 ndash Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Idem p 123

Figura 554 ndash Planta Baixa ndash Mapa acuacutestico simulando uma situaccedilatildeo onde seja implantado aleacutem do rodiacutezio de veiacuteculos com reduccedilatildeo de 30 no fluxo atual de veiacuteculos um corredor de transporte puacuteblico na Av Domingos Ferreira e restriccedilatildeo de traacutefego de veiacuteculos pesados apenas nesta via p 124

Figura 555 a 558 ndash Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Idem p 124

LISTA DE TABELAS

Tabela 21 ndash Os niacuteveis de pressatildeo sonora e suas consequumlecircncias fisioloacutegicas no homem Em alguns casos podem a intensidade das reaccedilotildees fisioloacutegicas podem variar dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora p 35

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO

2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

21 A Forma Urbana e seus Elementos Componentes____________

22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais_____________

3 CONSIDERACcedilOtildeES METODOLOacuteGICAS

31 3deg Jardim de Boa Viagem enquanto Estudo de Caso_________

32 Mapeamento Acuacutestico enquanto Instrumento de Pesquisa_

33 Procedimentos Metodoloacutegicos__________________________________

331 1deg Etapa Pesquisa Documental Primaacuteria e Secundaacuteria _____

332 2deg Etapa Pesquisa Piloto_____________________________________

333 3deg Etapa Estudo de Campo__________________________________

334 4deg Etapa mapeamento acuacutestico_____________________________

4 TRANSFORMACcedilOtildeES DO 3deg JARDIM E SUA RELACcedilAtildeO COM

O PROCESSO DE OCUPACcedilAtildeO DO BAIRRO DE BOA

VIAGEM

5 COMPORTAMENTO ACUacuteSTICO DO 3degJARDIM DE BOA

VIAGEM

51 Comportamento Acuacutestico do 3deg Jardim de Boa Viagem a

partir das Modificaccedilotildees Cronoloacutegicas em sua Forma

Urbana______________________________________________________________

52 Comportamento Acuacutestico do 3deg Jardim de Boa Viagem em

relaccedilatildeo ao Coacutedigo do Meio Ambiente e Equiliacutebrio Ecoloacutegico

do Recife agrave ldquoLei do Silecircnciordquo e a outras Entidades

Normativas_________________________________________________________

53 Ausecircncia de Accedilotildees versus Presenccedila de Accedilotildees em Busca

de um Melhor Comportamento Acuacutestico para o 3deg Jardim

de Boa Viagem____________________________________________________

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

7 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

128

134

115

107

81

80

65

60

59

56

55

55

52

49

46

31

22

22

17

CAPIacuteTULO 1

A pesquisa eacute talvez a arte de se criar dificuldades fecundas e de criaacute-las para os

outros Nos lugares onde havia coisas simples faz-se aparecer problemas

Pierre Bourdieu

____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

1 INTRODUCcedilAtildeO

Um grito estridente lanccedilado em um meio urbano envolto nos ldquomais modernosrdquo e descomunais

arranha-ceacuteus desconfortavelmente ouvido nos mais remotos pavimentos de um deles foi agrave

centelha motivadora para as ideacuteias e discussotildees que permeiam esta pesquisa Este grito mal

recebido pelo receptor pode ser considerado uma das diversas formas da profusatildeo de ruiacutedos que

cada vez mais se tornam elementos onipresentes da vida contemporacircnea

Tal profusatildeo de ruiacutedos atualmente encontrados nos centros urbanos estaacute intimamente vinculada

ao crescimento acelerado das cidades que possibilitaram o aumento e uma maior concentraccedilatildeo da

populaccedilatildeo urbana acarretando em raacutepidas transformaccedilotildees no meio de propagaccedilatildeo do ruiacutedo

urbano aleacutem do aumento e uma maior concentraccedilatildeo dos diversos tipos de fontes sonoras que o

geram

Embora esteja estreitamente relacionado ao raacutepido desenvolvimento das cidades o ruiacutedo urbano

natildeo deve ser considerado como uma consequumlecircncia incidental da accedilatildeo humana em busca de

progresso e por isso inevitaacutevel tampouco toleraacutevel Ao contraacuterio deve ser entendido como uma

das consequumlecircncias prejudiciais deste desenvolvimento que pode causar diversos males fisioloacutegicos

e psicoloacutegicos ao citadino e assim sendo deve ser veementemente prevenido e mitigado

A fim de encontrar maneiras que possibilitem sua prevenccedilatildeo e mitigaccedilatildeo o ruiacutedo urbano pode

ser entendido como um sistema composto essencialmente pela fonte sonora ndash meio de propagaccedilatildeo ndash

receptor Dentre estas trecircs partes componentes do sistema o meio de propagaccedilatildeo pode ser

considerado como um dos menos investigados e onde as accedilotildees contra o ruiacutedo satildeo menos

concentradas (SINGAL 2005)

Esta inobservacircncia da importacircncia do meio urbano enquanto percurso de propagaccedilatildeo sonora

pode estar vinculada agrave dificuldade de intervir em meios de propagaccedilatildeo consolidados como satildeo

fundamentalmente os grandes centros urbanos Daiacute a relevacircncia em compreender a acuacutestica

urbana a partir de seu meio propagador pois uma vez consolidado o meio raras satildeo as

intervenccedilotildees possiacuteveis para minimizar o ruiacutedo urbano a partir desta parte componente do sistema

fonte ndash meio ndash receptor restando essencialmente accedilotildees preventivas

____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Outro fator que evidencia o grande valor em compreender a acuacutestica urbana a partir de seu meio

de propagaccedilatildeo eacute o potencial que o meio urbano possui em influenciar a trajetoacuteria da propagaccedilatildeo

sonora Esta influecircncia acontece atraveacutes da forma que este meio apresenta ou seja a forma urbana

atraveacutes de seus elementos componentes e enquanto percurso de transmissatildeo delineia influencia e

determina em certa medida a trajetoacuteria de propagaccedilatildeo da onda sonora

Assim sendo a interaccedilatildeo entre os diversos elementos que compotildeem a forma urbana - o traccedilado e

perfis das vias o modo de implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as proporccedilotildees

densidade e maneira de ocupaccedilatildeo das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres ndash

contribui determinantemente para caracterizaccedilatildeo da propagaccedilatildeo sonora no meio urbano atraveacutes

de muacuteltiplas reflexotildees do espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave fonte geradora de

campos sonoros reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de aacutereas de sombra

Esta interaccedilatildeo entre os elementos da forma urbana e a propagaccedilatildeo sonora ocorre a partir da

diversidade e singularidade existente nos variados meios urbanos igualmente proporcionando os

mais particulares comportamentos acuacutesticos Isto eacute para cada meio urbano existem caracteriacutesticas

particulares inerentes agrave sua forma urbana que geram um comportamento acuacutestico igualmente

especiacutefico exclusivo e vinculado a esta forma urbana

Apesar deste atrelamento entre a acuacutestica urbana e a forma urbana esta relaccedilatildeo natildeo eacute

suficientemente pesquisada e quando eacute satildeo enfocadas prioritariamente situaccedilotildees presentes de

comportamento acuacutestico eou no maacuteximo hipoacuteteses futuras tambeacutem chamadas de prediccedilatildeo

acuacutestica Aleacutem disso natildeo foram encontradas referecircncias ateacute o presente momento de investigaccedilotildees

que priorizem a apreciaccedilatildeo da acuacutestica urbana e sua relaccedilatildeo com as modificaccedilotildees ao longo do tempo da

forma urbana

Isto posto considerando esta ausecircncia de pesquisas e considerando que para cada espaccedilo urbano

existe um comportamento de propagaccedilatildeo sonora especiacutefico o presente estudo se propocircs a

investigar o comportamento acuacutestico de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de

modificaccedilotildees em sua forma urbana

Para isso admitiu-se que a propagaccedilatildeo de uma mesma fonte sonora em um mesmo espaccedilo urbano

que tenha sofrido ao longo de um processo cronoloacutegico modificaccedilotildees em sua forma urbana

implicaria em diferentes comportamentos em sua acuacutestica urbana para as diferentes datas deste

processo Esta suposiccedilatildeo possibilitou a anaacutelise do comportamento acuacutestico atraveacutes das

____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

modificaccedilotildees cronoloacutegicas da forma urbana a partir da articulaccedilatildeo de trecircs variaacuteveis - a fonte sonora

a forma urbana e a acuacutestica urbana Estas variaacuteveis foram consideradas tendo o estudo de caso

enquanto estrateacutegia de pesquisa

O caso escolhido para esta investigaccedilatildeo foi o loteamento 3deg Jardim de Boa Viagem tanto por

representar uma parcela bem delimitada das raacutepidas e recentes transformaccedilotildees ocorridas na

forma urbana do bairro de Boa Viagem quanto por permitir ilustrar o comportamento acuacutestico

em um encadeamento evolutivo do iniacutecio de sua ocupaccedilatildeo recente ateacute os dias atuais

Para compor tal encadeamento evolutivo foram selecionados os anos de 1971 data escolhida por

caracterizar o princiacutepio da ocupaccedilatildeo do 3deg Jardim 1981 e 1997 por representarem datas de

registro de fotografias aeacutereas do bairro de Boa Viagem existentes na base de dados da

CONDEPE-FIDEM Agecircncia Estadual de Planejamento e Pesquisas de Pernambuco 2009 por

representar a realidade atualmente encontrada no 3deg Jardim e uma simulaccedilatildeo de situaccedilatildeo

hipoteacutetica futura de modificaccedilatildeo na forma urbana

Isto posto com o intuito de analisar o comportamento da acuacutestica urbana do 3deg Jardim de Boa

Viagem a partir de modificaccedilotildees cronoloacutegicas em sua forma urbana foram executados os

seguintes objetivos especiacuteficos (I) identificar as caracteriacutesticas configuraccedilotildees e transformaccedilotildees da

forma urbana ocorridas no 3deg Jardim de Boa Viagem nos anos de 1971 1981 1997 e 2009 a

partir de seu processo de ocupaccedilatildeo (II) elaborar mapas acuacutesticos dos niacuteveis atuais (2009) de

pressatildeo sonora equivalente do 3deg Jardim (III) elaborar mapas acuacutesticos do 3deg Jardim nos anos de

1971 1981 1997 e de situaccedilatildeo hipoteacutetica futura a partir da consideraccedilatildeo dos niacuteveis atuais (2009)

de pressatildeo sonora equivalente do 3deg Jardim

Em busca de expor sistematicamente seu desenvolvimento a presente investigaccedilatildeo foi

estruturada do seguinte modo

O presente capiacutetulo 1 introduz e antecipa brevemente a discussatildeo que seraacute realizada ao longo

desta pesquisa

O capiacutetulo 2 aborda dois aspectos principais O primeiro deles desenvolve o conceito de forma

urbana e seus elementos componentes a partir dos autores Joseacute Lamas (2004) Philippe Panerai

(2006) e Vicente Del Rio (1990) Busca elucidar que a apreensatildeo da forma urbana eacute complexa e

envolve diversificadas abordagens e enfoques sociais econocircmicos histoacutericos e culturais para

entatildeo indicar que a presente pesquisa lanccedilaraacute um olhar para a forma urbana essencialmente a

____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO

20

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

partir de seu aspecto fiacutesico e material recorte necessaacuterio para a anaacutelise do comportamento

acuacutestico urbano

O segundo aspecto abordado no capiacutetulo 2 diz respeito agrave definiccedilatildeo teoacuterica do conceito da

acuacutestica urbana e de suas diversificadas implicaccedilotildees e interfaces quando o som eacute propagado em

meio urbano Busca evidenciar os fenocircmenos que ocorrem a partir da interaccedilatildeo entre a forma

urbana e a acuacutestica urbana indicando que a influecircncia da forma urbana eacute determinante para o

comportamento da acuacutestica urbana

O capiacutetulo 3 eacute dedicado ao percurso investigativo desta pesquisa evidenciando sua metodologia e

procedimentos metodoloacutegicos apresentando o 3deg Jardim enquanto estudo de caso o

mapeamento acuacutestico enquanto instrumento de pesquisa e detalhando as etapas operacionais

deste estudo Este capiacutetulo evidencia ainda o processo de elaboraccedilatildeo dos modelos e mapas

acuacutesticos da forma urbana existente no 3deg Jardim em cada uma das datas estudadas aleacutem da

situaccedilatildeo hipoteacutetica futura e discute o software Predictor utilizado para este mapeamento

O capiacutetulo 4 diz respeito ao processo de ocupaccedilatildeo do bairro de Boa Viagem e sua relaccedilatildeo com as

transformaccedilotildees urbanas ocorridas no 3deg Jardim Busca-se identificar as caracteriacutesticas

configuraccedilotildees e transformaccedilotildees ocorridas na forma urbana do 3deg Jardim que possibilitem o

entendimento cronoloacutegico destas modificaccedilotildees dando suporte a elaboraccedilatildeo e anaacutelise dos mapas

acuacutesticos

O capiacutetulo 5 analisa o comportamento da acuacutestica urbana identificado nos mapas acuacutesticos

elaborados do 3deg Jardim a partir das modificaccedilotildees ocorridas em sua forma urbana nos anos de

1971 1981 1997 e 2009 aleacutem de uma situaccedilatildeo hipoteacutetica futura (prediccedilatildeo acuacutestica) Neste capiacutetulo

discute-se ainda o comportamento do 3deg Jardim em relaccedilatildeo agrave legislaccedilatildeo municipal que regula as

emissotildees sonoras na cidade do Recife e no estado de Pernambuco e sua relaccedilatildeo com os niacuteveis

recomendados por outras entidades normativas e indica-se possiacuteveis accedilotildees para melhoria no

comportamento acuacutestico do 3deg Jardim bem como as possiacuteveis consequumlecircncias acuacutesticas da

ausecircncia de tais accedilotildees

Por fim no capiacutetulo 6 satildeo apresentadas as consideraccedilotildees finais acerca do comportamento acuacutestico

do 3deg Jardim e satildeo indicados novos rumos de pesquisa a respeito da acuacutestica urbana

CAPIacuteTULO 2

A arquitetura eacute uma muacutesica petrificada

Arthur Schopenhauer

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

22

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

Analisar o comportamento da acuacutestica urbana ainda que a partir das modificaccedilotildees da forma

urbana faz com que esta pesquisa trate essencialmente da acuacutestica urbana No entanto este

comportamento esta sujeito aos diversificados modos de apreensatildeo da forma urbana e de seus

elementos componentes bem como ao modo como esta pesquisa os consideraraacute

Assim sendo o primeiro item deste capiacutetulo expotildee o conceito de forma urbana e de algumas de

suas relaccedilotildees discutido agrave luz de LAMAS (2004) de PANERAI (2006) e DEL RIO (1990)

indicando em seguida o que esta pesquisa consideraraacute como forma urbana

Certamente discussatildeo em torno da produccedilatildeo de outros autores poderia ser elaborada No

entanto o primeiro item deste capiacutetulo natildeo pretende representar uma revisatildeo bibliograacutefica acerca

do estudo da forma urbana e suas relaccedilotildees pretende sim construir uma discussatildeo em torno dos

trecircs autores selecionados que culmine no conceito de forma urbana que seraacute considerado por esta

pesquisa para possibilitar olhar para suas modificaccedilotildees cronoloacutegicas a fim de compreender o

comportamento da acuacutestica urbana

Apoacutes este delineamento no segundo item deste capiacutetulo discute-se a acuacutestica urbana e suas

relaccedilotildees conceituais com os diversos elementos e implicaccedilotildees da propagaccedilatildeo sonora em meio

urbano e como eles relacionam-se influenciando em seu comportamento

21 A Forma Urbana e seus Elementos Componentes

Segundo LAMAS (2004) estudar a forma urbana compreende examinar as configuraccedilotildees e as

estruturas exteriores de determinados objetos de suas formas interligando-as com os fenocircmenos

que lhes deram origem Assim sendo a forma urbana pode ser definida como sendo o

[] modo como se organizam os elementos morfoloacutegicos que constituem e definem o espaccedilo urbano relativamente agrave materializaccedilatildeo dos aspectos de

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

23

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 21 ndash Diferentes aspectos quantitativos relacionados a diversificadas formas urbanas Fonte LAMAS 2004

organizaccedilatildeo funcional e quantitativa e dos aspectos qualitativos e figurativos (LAMAS 2004 p 44) 1

Dentre estes aspectos os quantitativos satildeo agravequeles da realidade urbana que podem ser

quantificaacuteveis tais como densidades superfiacutecies fluxos coeficientes volumeacutetricos entre outros

(Figura 21) os de organizaccedilatildeo funcional satildeo agravequeles que se relacionam com as atividades

humanas tais como habitar e trabalhar e agravequeles relacionados ao modo de uso especiacutefico de uma

aacuterea ndash residencial comercial industrial entre outros os qualitativos referem-se ao tratamento dos

espaccedilos ao conforto e a comodidade do utilizador tais como adaptaccedilatildeo ao clima acessibilidade

estado da pavimentaccedilatildeo entre outros por fim os aspectos figurativos dizem respeito a

essencialmente a comunicaccedilatildeo esteacutetica (LAMAS 2004)

Pode-se considerar que ao olhar para forma urbana e em especiacutefico para suas modificaccedilotildees

cronoloacutegicas com o intuito de compreender o comportamento da acuacutestica urbana esta pesquisa

relaciona-se tanto aos aspectos qualitativos a partir do conforto acuacutestico dos receptores das

ondas sonoras em meio urbano quanto aos

aspectos quantitativos uma vez que este

comportamento acuacutestico em meio urbano eacute

quantificaacutevel em decibels (dB)

Embora estes aspectos envolvam grande parte

das singularidades inerentes a forma urbana

esta definiccedilatildeo parece ainda natildeo abarcar outras

particularidades sociais econocircmicas histoacutericas

e culturais igualmente envolvidas no

entendimento da concepccedilatildeo da forma urbana

isto eacute resta ainda a consideraccedilatildeo de que esta

forma urbana natildeo acontece

independentemente dos grupos sociais que a

produzem (PANERAI 2006)

Satildeo essencialmente estas particularidades que

impulsionam ou amortecem a transformaccedilatildeo

1 Para todas as citaccedilotildees deste autor natildeo seratildeo consideradas adaptaccedilotildees na liacutengua do paiacutes de origem - Portugal - permanecendo o texto original

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

24

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

dos elementos que compotildeem a forma urbana ndash a adiccedilatildeo de novos de traccedilados a um jaacute existente

ou sua superposiccedilatildeo seus conflitos o parcelamento de parques e ocupaccedilatildeo de espaccedilos livres a

renovaccedilatildeo da massa edificada seu lento adensamento e verticalizaccedilatildeo segundo uma especulaccedilatildeo

despretensiosa ou sua substituiccedilatildeo por vastos empreendimentos sob influecircncia de uma

especulaccedilatildeo bem mais expressiva (PANERAI 2006) isto eacute faz parte da apreensatildeo da forma

urbana uma complexidade que envolve um processo de acumulaccedilatildeo de enfoques e observaccedilotildees

sociais econocircmicas histoacutericas e culturais que englobam muito mais do que apenas sua forma

fiacutesica

Estas particularidades especialmente as sociais parecem um pouco mais delineadas nas

consideraccedilotildees feitas por DEL RIO (1990) que considera o espaccedilo urbano a partir da apropriaccedilatildeo

social que se faz dele estabelecendo que em relaccedilatildeo ao estudo da forma urbana a cidade pode

ser compreendida a partir de trecircs niacuteveis organizacionais o coletivo o comunitaacuterio e o individual

O niacutevel coletivo eacute regido sob uma loacutegica estruturadora percebida inconscientemente e

coletivamente e eacute composto pelos elementos2 do tecido que possuem uma permanecircncia maior ao

longo do tempo o niacutevel comunitaacuterio diz respeito aos elementos com significados especiais apenas

para um pequeno grupo da populaccedilatildeo como o bairro por exemplo jaacute o niacutevel individual expressa

significados individuais como a residecircncia e seu espaccedilo circundante e por seu caraacuteter individual eacute

o que apresenta maior rapidez nas modificaccedilotildees (DEL RIO 1990)

Mas LAMAS (2004) ao defender sua definiccedilatildeo para forma urbana natildeo soacute possuiacutea ciecircncia destas

outras particularidades explicitadas por PANERAI (2006) e DEL RIO (1990) ndash sociais

econocircmicas histoacutericas e culturais ndash envolvidas na concepccedilatildeo de forma urbana como optou em

natildeo apreciaacute-las

[] um primeiro grau de leitura da cidade eacute eminentemente fiacutesico-espacial e morfoloacutegico portanto especiacutefico da arquitectura e o uacutenico que permite evidenciar a diferenccedila entre este e outro espaccedilo entre esta e aquela forma e explicar as caracteriacutesticas de cada parte da cidade A estes se juntam outros niacuteveis de leitura que revelam diferentes conteuacutedos (histoacutericos econoacutemicos sociais e outros) Mas este conjunto de leituras soacute eacute possiacutevel porque a cidade existe como facto fiacutesico e material Todos os instrumentos de leitura lecircem o mesmo objecto ndash o espaccedilo fiacutesico a FORMA URBANA (LAMAS 2004 p 31 grifo do autor) Eacute fundamentalmente a dimensatildeo fiacutesica e morfoloacutegica da cidade que me preocupa [] (LAMAS 2004 p 31)

2 Estes elementos seratildeo discutidos em paraacutegrafos mais adiante

____________________________________________

ANAacuteLISE D

Na verdade esta opccedilatildeo em

urbana considerando-a essen

de seu aspecto fiacutesico e m

convenientemente ao obje

presente pesquisa analisar

da acuacutestica urbana a partir

cronoloacutegicas na forma urba

esta anaacutelise do compor

implica em uma apropriaccedil

fiacutesica e material destas modif

Certamente a busca pela ap

urbana envolve muito

simplesmente sua forma

como jaacute aclarado No entan

da anaacutelise proposta por

apreensatildeo em totalid

fundamentalmente necessaacuter

apropriaccedilatildeo da forma urban

material ou uma variaacutevel fiacutes

finalidade derradeira de

comportamento acuacutestico

modificaccedilotildees nesta forma

Ao entender a observaccedilatildeo

essencialmente em seu aspec

(2004) propocircs uma classifica

dimensotildees

bull A dimensatildeo setorial

refere-se agrave menor u

do espaccedilo urbano co

uma praccedila ou uma

ponto o observador

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 24 ndash A cidadeo texemplificada por meio da cidadLAMAS 2004

Figura 23 ndash O bairro a escala ucidade portuguesa de Tavira Fonte

Figura 22 ndash Praccedila da Alagoa na ca dimensatildeo setorial Fonte LAMA

em observar a forma

sencialmente a partir

material responde

bjetivo primeiro da

ar o comportamento

rtir de modificaccedilotildees

rbana uma vez que

ortamento acuacutestico

riaccedilatildeo genuinamente

dificaccedilotildees

apreensatildeo da forma

o mais do que

a fiacutesica e material

tanto para realizaccedilatildeo

or este estudo tal

alidade natildeo eacute

saacuteria o que torna a

bana quase um meio

l fiacutesica para atingir a

e compreensatildeo do

a partir de

atildeo da forma urbana

pecto fiacutesico LAMAS

icaccedilatildeo em escalas ou

ndash a escala da rua

r unidade ou porccedilatildeo

como por exemplo

a rua onde de um

dor pode abarcar a

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

25

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

territoacuterioa dimensatildeo territorial dade portuguesa de Tavira Fonte

a urbana exemplificada por meio da nte LAMAS 2004

na cidade portuguesa de Tavira ilustra MAS 2004

____________________________________________

ANAacuteLISE D

unidade espacial d

(Figura 22)

bull A dimensatildeo urbana ndash

corresponde agraves pa

identificaacuteveis como

exemplo onde a

elementos da forma

atraveacutes do movime

percursos (Figura 23

bull E por fim a dimensatildeo

da cidade diz respeito

diferentes formas

articulaccedilatildeo de bai

entre si Sua forma

distribuiccedilatildeo de eleme

das cidades em con

suporte geograacutefico d

a articulaccedilatildeo de

circulaccedilatildeo entre os

entre zonas habitacio

entre outras (Figura 2

Dentre estas dimensotildees a u

bairro desperta particular

pesquisa uma vez que o e

limites de observaccedilatildeo atraveacute

de movimentos poderaacute aba

significante de modificaccedilotildee

forma urbana de determina

compreender o comport

acuacutestica urbana

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 25 ndash Exemplos de diversiflotes quarteirotildees e vias em difereNesta imagem um recorte do CONDEPE-FIDEM 1981

Figura 26 ndash Exemplos de diversiflotes quarteirotildees e vias em difereNesta imagem um recorte do baorigens da cidade entrecortadoBarreto Fonte CONDEPE-FIDE

Figura 27 ndash Exemplos de diveredifiacutecios lotes quarteirotildees e vias eRecife Nesta imagem um recessencialmente por morros o AltoFIDEM 1981

de seu conjunto

ndash a escala do bairro

partes homogecircneas

mo os bairros por

a observaccedilatildeo dos

a urbana eacute realizada

imento e de vaacuterios

23)

nsatildeo territorial ndash a escala

eito agrave articulaccedilatildeo de

as urbanas da

bairros interligados

ma eacute definida pela

mentos estruturantes

onformidade com o

o do siacutetio tais como

e ruas e vias de

s diferentes bairros

cionais e comerciais

a 24)

a urbana ndash escala do

lar interesse desta

o entendimento dos

veacutes de certo nuacutemero

barcar uma amostra

otildees cronoloacutegicas na

inado local a fim de

ortamento de sua

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

26

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

rsificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios erentes bairros da cidade do Recife o bairro de Boa Viagem Fonte

rsificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios erentes bairros da cidade do Recife bairro de Satildeo Joseacute que remete agraves do pela recente Avenida Dantas DEM 1981

versificadas concretizaccedilotildees entre os em diferentes bairros da cidade do

recorte de um bairro constituiacutedo lto do Mandu Fonte CONDEPE-

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

27

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

No entanto para apreender tal dimensatildeo devem-se conhecer e estabelecer quais elementos

miacutenimos da forma urbana que se relaciona com esta a dimensatildeo urbana e quais satildeo estes

elementos LAMAS (2004) propocircs onze elementos da forma urbana necessaacuterios para esta

apreensatildeo o solo (I) o edifiacutecio (II) o lote (III) o logradouro (IV) o quarteiratildeo (V) o traccediladoa

rua(VI) a praccedila (VII) a fachada (VIII) o monumento (IX) a vegetaccedilatildeo (X) e o mobiliaacuterio

urbano (XI) Dentre estes elementos seis possuem uma estreita relaccedilatildeo com esta pesquisa e

seratildeo expostos de acordo com consideraccedilotildees observadas por LAMAS 3 (2004) (Figuras 25 a 27)

O edifiacutecio representa o elemento miacutenimo identificaacutevel na observaccedilatildeo da forma urbana eacute atraveacutes

dele que se constitui o espaccedilo urbano e se organizam diferentes elementos tais como ruas praccedilas

avenidas entre outros Os edifiacutecios agrupam-se em diferentes tipos tanto em relaccedilatildeo a suas

formas quanto a suas funccedilotildees Estes elementos podem influenciar o comportamento da acuacutestica

urbana atuando enquanto objetos reflexivos da onda sonora e como barreiras acuacutesticas4

O lote representa o princiacutepio da relaccedilatildeo do edifiacutecio com o terreno A forma do lote eacute muitas

vezes condicionante da forma do edifiacutecio tornando-os vinculados por essecircncia o logradouro diz

respeito ao espaccedilo livres e natildeo construiacutedos no interior do lote aos quintais e jardins o quarteiratildeo

ou quadra pode ser considerado como o espaccedilo resultante entre o cruzamento de trecircs ou mais

vias podendo ser demarcado em vaacuterios lotes para a construccedilatildeo de edifiacutecios Juntos estes trecircs

elementos associados aos edifiacutecios podem propiciar uma maior ou menor permeabilidade

acuacutestica eou uma maior ou menor presenccedila de aacutereas de sombra no meio urbano

O traccedilado por meio das ruas ou vias eacute facilmente identificaacutevel no meio urbano Estaacute muitas vezes

condicionado ao siacutetio geograacutefico existente regula a disposiccedilatildeo dos edifiacutecios e quarteirotildees e

interliga os vaacuterios espaccedilos componentes da cidade e a cidade ao territoacuterio Normalmente o

traccedilado resiste agraves transformaccedilotildees na forma urbana por possuir um caraacuteter de permanecircncia natildeo

totalmente modificaacutevel O traccedilado engloba trajetoacuterias e caminhos que natildeo satildeo necessariamente

percorridos atraveacutes de automoacuteveis apesar disso estaacute em grande parte vinculado a uma das

principais fontes geradoras de ruiacutedo urbano ndash o traacutefego de veiacuteculos

3 Os outros elementos tambeacutem podem relacionar-se de diferentes maneiras com a acuacutestica urbana mas nem tanto com a presente pesquisa e por isso natildeo foram considerados 4 Todas as definiccedilotildees e conceitos acuacutesticos apresentados no presente item seratildeo elucidados no item seguinte 22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

28

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 28 ndash Os trecircs conjuntos formadores do tecido urbano segundo Panerai (2006) Fonte PANERAI 2006

A praccedila eacute um espaccedilo de geometria variada

intencionalmente inserido no meio urbano

cuja relaccedilatildeo com o traccedilado e os edifiacutecios

tambeacutem eacute intencional evidenciada atraveacutes do

seu desenho e natildeo acidentais como

alargamento e confluecircncias do traccedilado Aleacutem

disso a praccedila eacute um lugar de encontro de

permanecircncia e de praacuteticas sociais

Acusticamente dependendo de suas

proporccedilotildees a propagaccedilatildeo sonora que envolve

uma praccedila pode apresentar um

comportamento que se assemelha a

propagaccedilatildeo sonora em campo livre

Estes elementos constituintes da forma urbana

conceituados por LAMAS (2004) podem ser

identificados sob um diferente invoacutelucro

conceitual mas com a mesma essecircncia no que

PANERAI (2006) definiu como sendo

conjuntos do tecido urbano

Aplicado agrave cidade o termo ldquotecidordquo evoca a continuidade e a renovaccedilatildeo a permanecircncia e a variaccedilatildeo Ele explica a constituiccedilatildeo das cidades antigas e responde as questotildees levantadas pelo estudo das urbanizaccedilotildees recentes Ele pressupotildee uma atenccedilatildeo tanto ao banal quanto ao excepcional tanto agraves ruas comuns e agraves edificaccedilotildees corriqueiras quanto agraves regulamentaccedilotildees e aos monumentos Dentre as muacuteltiplas definiccedilotildees de tecido urbano e sem desprezar suas qualidades escolhemos a mais simples O tecido urbano eacute constituiacutedo pela superposiccedilatildeo ou imbricaccedilatildeo de trecircs conjuntos a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees Essa definiccedilatildeo potildee em evidecircncia os elementos que permitem que as diferentes partes da cidade evoluam ao mesmo tempo em que satildeo mantidas a coesatildeo de conjunto e a clareza de sua estrutura (PANERAI 2006 p 77-78 grifo nosso) (Figura 28)

Ao contraacuterio de LAMAS (2004) que considera a praccedila como um elemento da forma urbana por

si soacute PANERAI (2006) discute as vias ou traccedilado inseridas em uma relaccedilatildeo em rede onde

tambeacutem satildeo considerados como partes constituintes os largos passeios praccedilas esplanadas cais

pontes rios canais margens praias todos compondo o espaccedilo puacuteblico Eacute atraveacutes desta rede

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

29

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

contiacutenua e hierarquizada que acontecem as distribuiccedilotildees e circulaccedilotildees da cidade bem como sua

organizaccedilatildeo local e territorial

Jaacute os parcelamentos fundiaacuterios constituem a representaccedilatildeo negativa5 da rede de vias que evidencia o

domiacutenio construiacutedo Este domiacutenio natildeo se limita aos edifiacutecios mas tambeacutem envolve paacutetios

quintais terrenos baldios (PANERAI 2006) Embora PANERAI(2006) considere separadamente

o exame das edificaccedilotildees sugere-se que este domiacutenio construiacutedo envolve quatro dos elementos da

forma urbana elencados por LAMAS (2004) o edifiacutecio o lote o logradouro e o quarteiratildeo

Para PANERAI (2006) as edificaccedilotildees ou edifiacutecios satildeo consideradas construccedilotildees subordinadas ao

espaccedilo puacuteblico ou seja a rede de vias sendo por ele estruturada e que acrescentam a dimensatildeo

vertical ao tecido urbano Tal subordinaccedilatildeo permite que haja uma dependecircncia reciacuteproca entre os

edifiacutecios ainda que eles pertenccedilam a eacutepocas diferentes fazendo com que sua renovaccedilatildeo aconteccedila

sem que haja grandes perdas na unidade do conjunto

Ao estruturar sua concepccedilatildeo dos elementos componentes da forma urbana DEL RIO (1990) eacute

bem mais sinteacutetico e objetivo mas assim como LAMAS (2000) e PANERAI (2006) seus

elementos possuem similaridades e ateacute repeticcedilotildees que praticamente reproduzem a mesma

essecircncia conceitual dos outros dois autores Estes elementos por serem estruturados tatildeo

objetivamente seratildeo apresentados em citaccedilatildeo direta satildeo eles

- crescimento os modos as intensidades e direccedilotildees elementos geradores e reguladores limites e superaccedilatildeo de limites modificaccedilatildeo de estruturas pontos de cristalizaccedilatildeo etc - traccedilado e parcelamento ordenadores do espaccedilo estrutura fundiaacuteria relaccedilotildees distacircncias circulaccedilatildeo e acessibilidade etc - tipologias dos elementos urbanos inventaacuterio e categorizaccedilatildeo de tipologias ediliacutecias (residecircncias comercio etc) de lotes e sua ocupaccedilatildeo de quarteirotildees e sua ocupaccedilatildeo de praccedilas esquinas etc - articulaccedilotildees relaccedilotildees entre elementos hierarquias domiacutenios do publico e privado densidades relaccedilotildees entre cheios e vazios etc (DEL RIO 1990 p 83 grifos do autor)

Dentre todos os elementos expostos a partir dos trecircs autores existe um importante fenocircmeno

relacionando-os em distintas intensidades e que merece ser considerado por influenciar

definitivamente na modificaccedilatildeo da forma urbana ndash o adensamento

5 No sentido de uma fotografia onde os claros e os escuros satildeo representados no negativo de modo contraacuterio ao do objeto fotografado

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

30

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 29 ndash O adensamento das ilhas do Bairro do Recife e de Santo Antocircnio (imagem) ocorreu tanto pelo preenchimento progressivo desde o inicio da ocupaccedilatildeo da cidade quanto por meio da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees anteriores Fontehttppedrodealbuquerquewordpresscomcategorypernambuco Acesso em 201109

O adensamento ocorre a partir de dois modos

essenciais de ocupaccedilatildeo o primeiro a partir do

preenchimento progressivo do espaccedilo urbano

e o segundo a partir da substituiccedilatildeo completa

por meio de demoliccedilatildeo de edificaccedilotildees

anteriores (PANERAI 2006) (Figura 29)

A primeira forma de adensamento ocorre sem

a expansatildeo territorial por meio do

preenchimento progressivo de todas as

reservas fundiaacuterias e espaccedilos livres de

determinado meio urbano Eacute um

adensamento inserido em limitesbarreiras

preacute-estabelecidos naturais ou natildeo tais como

uma via expressa irregularidades geograacuteficas

do siacutetio ou ainda numa escala menor a proacutepria quadra pode ser um limite para saturaccedilatildeo gradual

em seu interior desmembramento ou remembramento dos lotes para construccedilatildeo de novas

edificaccedilotildees verticalizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo de antigos quintais eou jardins (PANERAI 2006)

A segunda forma de adensamento acontece atraveacutes da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees

anteriormente existentes por novas construccedilotildees de maior porte tanto em relaccedilatildeo agrave ocupaccedilatildeo do

solo por meio do remembramento de lotes quanto em relaccedilatildeo ao seu gabarito Esta forma de

adensamento permite a renovaccedilatildeo do espaccedilo urbano sem aumentar sua aacuterea de abrangecircncia sem

sua expansatildeo (PANERAI 2006)

Ambas as formas de adensamento transformam essencialmente a forma urbana e o modo como

se relacionam seus elementos componentes A identificaccedilatildeo desta transformaccedilatildeo em determinado

meio urbano gerada pelo adensamento eacute indispensaacutevel para anaacutelise do comportamento da

acuacutestica urbana a partir de modificaccedilotildees na forma urbana deste mesmo meio uma vez que o

adensamento pode influenciar na propagaccedilatildeo sonora proporcionando uma maior quantidade de

objetos reflexivos de barreiras acuacutesticas e favorecendo a diminuiccedilatildeo da permeabilidade acuacutestica

Por fim a partir exposiccedilatildeo de determinados elementos considerados por LAMAS (2004) ndash o

edifiacutecio o lote o logradouro o quarteiratildeo o traccediladoa rua e a praccedila dos conjuntos considerados

por PANERAI (2006) ndash a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees dos

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

elementos considerados por DEL RIO (1990) ndash crescimento traccedilado e parcelamento tipologias

dos elementos urbanos e as articulaccedilotildees e em busca de atingir seu objetivo principal esta

pesquisa consideraraacute a forma urbana inserida em um recorte que a considera essencialmente a

partir de seu aspecto fiacutesico e material e cujos elementos componentes considerados seratildeo

exclusivamente

1 As parcelas fundiaacuterias ndash consideradas por meio das quadras e lotes incluindo sua relaccedilatildeo

de modo de ocupaccedilatildeo das edificaccedilotildees sua densidade e seus espaccedilos livres

2 As edificaccedilotildees ndash consideradas atraveacutes de sua relaccedilatildeo de modo de ocupaccedilatildeo com os

lotes e do grau de verticalizaccedilatildeo (gabarito baixo meacutedio e alto)

3 As vias ndash consideradas como reguladoras da relaccedilatildeo com as edificaccedilotildees e quarteirotildees e

principalmente apreciadas como estreitamente vinculadas a uma das principais fontes

geradoras de ruiacutedo urbano (o traacutefego de veiacuteculos)

Estes seratildeo os elementos componentes da forma urbana que esta pesquisa se apropriaraacute no

decurso do caminho a fim de analisar o comportamento acuacutestico a partir de modificaccedilotildees

cronoloacutegicas em determinada forma urbana Nos paraacutegrafos seguintes discutem-se os conceitos e

relaccedilotildees que permeiam a acuacutestica urbana

22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais

A acuacutestica eacute a ciecircncia do som incluindo sua geraccedilatildeo transmissatildeo e recepccedilatildeo de energia sob a

forma de ondas vibracionais na mateacuteria (KINSLER et al 1982) Ela eacute uma ciecircncia

multidimensional e interligada a vaacuterios domiacutenios cientiacuteficos Seu objeto de estudo fundamental o

som delineia uma seacuterie de interfaces multidisciplinares com abordagens em diversificadas aacutereas

do conhecimento (Figura 210)

Desse modo quando a geraccedilatildeo transmissatildeo e efeitos do som estatildeo inseridos no meio urbano

seu desdobramento eacute estudado pela aacuterea de conhecimento da acuacutestica urbana muitas vezes

tambeacutem nomeada de acuacutestica ambiental

O objeto de estudo fundamental da acuacutestica o som eacute a sensaccedilatildeo produzida no ouvido por

pequenas flutuaccedilotildees da pressatildeo do ar (HANSEN 2005) ou seja eacute uma percepccedilatildeo sensorial e seu

____________________________________________

ANAacuteLISE D

complexo padratildeo de ondas s

de ruiacutedo muacutesica fala

(BERGLUND et al 1999)

Esta definiccedilatildeo do som tend

a percepccedilatildeo do ouvido

conceito psicofiacutesico Fisicame

vibraccedilatildeo mecacircnica que

progressivamente atraveacutes de

gasoso liacutequido ou soacutelido (SIN

Esta vibraccedilatildeo quando tran

que o rodeia nem sempre

aparelho auditivo humano

frequumlecircncia6 audiacutevel encontra

20 a 20000 Hz para um

(BRUumlEL amp KJAEligR 1984

1982) Frequumlecircncias acima de

altas para respostas fisioloacuteg

chamadas de ultrasons Jaacute as

de 20 Hz satildeo chamadas de

detectaacuteveis pelo ouvido hum

prejudiciais agrave sua sauacutede7

1982 SOUSA 2004)

Fisicamente o som e o ruiacutedo

ambos se propagam em mei

detectados pelo ouvido hu

enquanto o som eacute utilizado

6 A frequumlecircncia eacute o nuacutemero de ciclo(HANSEN 1995) 7 A exposiccedilatildeo a baixas frequumlecircncias depressatildeo irritabilidade e perturba pro

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 210 ndash Interfaces multidFonte Elaborado pela autora a pa

Figura 211 ndash Fonte sonora ponSOUZA 2006

as sonoras eacute rotulado

ala entre outros

ndo como referecircncia

o humano eacute um

mente o som eacute uma

que se propaga

de um meio material

(SINGAL 2005)

transmitida ao meio

re eacute detectaacutevel pelo

ano cuja faixa de

tra-se no intervalo de

um jovem saudaacutevel

4 KINSLER et al

de 20000 Hz muito

loacutegicas auditivas satildeo

as frequumlecircncias abaixo

de infrasons e natildeo satildeo

umano contudo satildeo

(KINSLER et al

iacutedo constituem o mesmo fenocircmeno de variaccedilotildee

eio elaacutestico (soacutelido liacutequido ou gasoso) e ambos

humano (BERGLUND et al 1999 HANSEN

do para descrever percepccedilotildees sonoras agradaacutev

iclos que a onda sonora completa no tempo de um segundo

as pode gerar a doenccedila Vibroacuacutestica que induz o espessamprocessos cognitivos (BRANCO e PEREIRA 2004)

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

32

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

ltidisciplinares do estudo do som partir de BISTAFA 2006

ontual e fonte sonora linear Fonte

otildees de pressatildeo ambiente

bos satildeo capazes de serem

EN 1995) No entanto

daacuteveis o ruiacutedo descreve

do e eacute medida em Hertz (Hz)

amento das estruturas cardiacuteacas

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

33

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 212 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora pontual de 6 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007

percepccedilotildees sonoras desagradaacuteveis incorporando um aspecto de subjetividade agrave sua definiccedilatildeo

(BRUumlEL amp KJAEligR 1984 HANSEN 2005 BRASIL 2006 SINGAL 2005)

Tal subjetividade acarreta diferentes e individuais percepccedilotildees sonoras pelo ser humano e

portanto em diferentes reaccedilotildees agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo Em outras palavras o que se estabelece

como som para um indiviacuteduo pode representar ruiacutedo para outro

[] as respostas inerentes ao ruiacutedo satildeo complexas dependendo tanto dos fatores propriamente acuacutesticos quanto dos psicossociais contextuais simboacutelicos emocionais como daqueles de valor especiacutefico Essas variaacuteveis participam da singularidade da escuta e atuam como filtros que modificam a percepccedilatildeo do sinal fiacutesico sonoro (SANTOS e MARTINS 2005 p 216)

Enquanto sua percepccedilatildeo envolve a subjetividade as respostas fisioloacutegicas agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo satildeo

mais objetivas e seus danos satildeo mais facilmente identificaacuteveis O ruiacutedo pode gerar complicaccedilotildees

no sistema circulatoacuterio e hormonal perda gradativa da audiccedilatildeo distuacuterbios de sono estresse

irritabilidade neuroses desconforto e dificuldade de aprendizado entre outros danos

(BERGLUND et al1999 HANSEN 2005 KINSLER et al 1982 MURGEL 2007 NAGEM

2004 NUNES 2006 PAZ et al 2005 SINGAL 2005 ZANNIN et al 2002)

O ruiacutedo pode se originar de variadas fontes presentes em diversificados ambientes as mais

comumente encontradas satildeo as fontes sonoras pontuais e as lineares (Figura 211) A fonte pontual

possui dimensotildees finitas e emite o mesmo niacutevel de pressatildeo sonora uniformemente para todas as

direccedilotildees sendo seu decaimento em campo livre de 6 dB para cada dobro da distacircncia (Figura

212) (HANSEN 2005 SOUSA 2004)

Jaacute a fonte linear eacute formada por certo nuacutemero de

fontes pontuais dispostas linearmente cuja

emissatildeo sonora eacute contiacutenua ao longo desta

linha sendo seu decaimento em campo livre

de 3 dB para cada dobro da distacircncia (Figura

213) (HANSEN 2005 PAZ 2004)

Quando propagadas no meio urbano a

combinaccedilatildeo de tais fontes sonoras associadas

ao percurso de transmissatildeo e ao receptor

constitui o ruiacutedo urbano (urban noise) tambeacutem

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 213 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora linear de 3 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007

chamado de ruiacutedo ambiental (environmental

noise) ou ruiacutedo comunitaacuterio (community noise)

(BERGLUND et al1999 GUEDES 2005

SOUSA 2004)

O ruiacutedo urbano pode ser gerado a partir do

traacutefego de veiacuteculos terrestres e aeacutereos de

obras de construccedilatildeo civil de estabelecimentos

industriais de estabelecimentos comerciais e

de serviccedilos de sistemas de propaganda

volante ou permanente8 e ruiacutedos de outras atividades cuja propagaccedilatildeo sonora pode afetar o bem-

estar e a sauacutede dos citadinos (BARRON 2003 BERGLUND et al1999 KINSLER et al 1982

NAGEM 2004 NUNES 2006 SINGAL 2005)

Apesar de esporaacutedica outra fonte de ruiacutedo gerada em meio urbano satildeo os eventos puacuteblicos tais

como festas shows comiacutecios carnavais fora de eacutepoca entre outros As fontes de ruiacutedo presentes

nestes eventos atingem um alto niacutevel de pressatildeo sonora9 e abrangem uma grande quantidade

populacional logo independente de ocorrer poucas vezes durante o ano satildeo eventos

extremamente danosos a sauacutede e principalmente agrave audiccedilatildeo a partir de 80 dB(A) natildeo importa se

a sensaccedilatildeo sonora eacute prazerosa ou natildeo ela eacute necessariamente prejudicial10 (Tabela 21) (NUNES

2006)

Quando a intensidade dos ruiacutedos urbanos torna-se excessivamente desagradaacutevel eou nociva o

ruiacutedo passa a ser considerado uma forma de poluiccedilatildeo ambiental11 - a poluiccedilatildeo sonora A

necessidade de regulamentaccedilatildeo da poluiccedilatildeo sonora renuncia os aspectos de subjetividade

existentes e inerentes ao conceito de ruiacutedo na tentativa de sintetizar e estabelecer limites leis

normas meacutetodos e accedilotildees que representem um universo sonoro equivalente para toda a

populaccedilatildeo na tentativa de controlar e mitigar o ruiacutedo urbano

8 Carros de som bicicletas com som raacutedios comunitaacuterias entre outros 9 O niacutevel de pressatildeo sonora eacute a medida fiacutesica preferencial para caracterizar a sensaccedilatildeo subjetiva da intensidade dos sons e de acordo com a lei de Weber e Fechner a sensaccedilatildeo sonora eacute proporcional ao logaritmo da intensidade sonora NPS=20 log (pp0) onde p eacute a pressatildeo sonora em Pascal e p0 eacute a pressatildeo sonora de referecircncia (2 10-5 Pascal) (BISTAFA 2006 NIEMEYER 2007) 10 Outros niacuteveis de ruiacutedo tambeacutem podem ser prejudiciais em maior ou menor grau dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora 11 ldquoPoluiccedilatildeo eacute a degradaccedilatildeo da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente a) prejudiquem a sauacutede a seguranccedila e o bem-estar da populaccedilatildeo b) criem condiccedilotildees adversas agraves atividades sociais e econocircmicas c) afetem desfavoravelmente a biota d) afetem as condiccedilotildees esteacuteticas ou sanitaacuterias do meio ambiente e) lancem mateacuterias ou energia em desacordo com os padrotildees ambientais estabelecidosrdquo (BRASIL 1981 p 1 e 2)

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Tabela 21 ndash Os niacuteveis de pressatildeo sonora e suas consequumlecircncias fisioloacutegicas no homem Em alguns casos podem a intensidade das reaccedilotildees fisioloacutegicas podem variar dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora Fonte elaborado pela autora a partir de KINSLER et al 1992 SINGAL 2005 SOUZA 2006

Assim sendo na esfera federal a Constituiccedilatildeo Federal (Art255) o Coacutedigo Civil Brasileiro (Lei ndeg

1040602) a Lei das Contravenccedilotildees Penais (Decreto-lei nordm 368841) e a Lei dos Crimes

Ambientais (Lei nordm 960598) versam a partir de diferentes abordagens e diferentes

procedimentos legais sobre a poluiccedilatildeo sonora e suas respectivas perturbaccedilotildees (CARNEIRO

2009)

NIacuteVEIS DE PRESSAtildeO SONORA E SUAS CONSEQUEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS

Niacutevel de Pressatildeo sonora

em dB(A)

Caracteriacutesticas FISIOLOacuteGICAS

Ambiente ou atividade

0 a 30 Nenhuma Tremular de folhas de uma aacutervore sussurros

aacuterea de mata selvagem

30 a 50 Nenhuma Cantar de paacutessaros rua calma em aacuterea residencial durante noite

50 a 70 Marca o iniacutecio do estresse

auditivo Rua agitada um restaurante barulhento

70 a 90 Estressante e bastante

excitante Chegada de um trem na estaccedilatildeo carro a 100 Kmh

conversa a gritos

90 a 110 Extremamente excitante provocando dependecircncia

Caminhatildeo pesado a 60 Kmh alarme de viatura passagem de trem numa estaccedilatildeo ou cabine de um aviatildeo monomotor

110 a 130

Desconfortavelmente alto atingindo o limiar da dor podendo causar surdez

instantacircnea

Trem passando em trilhos elevados martelo pneumaacutetico interior de uma boate show de banda de rock

130 a 140 Acima do limiar da dor

causando surdez permanente Decolagem de aviatildeo a jato a 5m de distacircncia disparos de artilharia

Ainda no domiacutenio federal o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) publicou vaacuterias

resoluccedilotildees que estabelecem normas de preservaccedilatildeo ao meio ambiente incluindo o combate a

poluiccedilatildeo sonora12 Nestas resoluccedilotildees todas as atividades geradoras de ruiacutedo devem seguir

diretrizes vinculadas agrave Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas ndash ABNT e ao Conselho

Nacional de Tracircnsito - CONTRAN no caso de ruiacutedo produzido por veiacuteculos automotores

(NAGEM 2004)

Tais resoluccedilotildees normas e diretrizes refletidas no domiacutenio estadual e municipal deram origem agrave

Lei Estadual nordm 12789 de 28 de Abril de 2005 (PERNAMBUCO2005) conhecida como ldquoLei do

12 Satildeo elas RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 272 de 14 de setembro de 2000

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Silecircnciordquo e que dispotildee sobre ruiacutedos urbanos poluiccedilatildeo sonora e proteccedilatildeo do bem-estar e do

sossego puacuteblico e agrave Lei nordm 16243 de 13 de setembro de 1996 ndash Coacutedigo do Meio Ambiente e do

Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife (RECIFE 1996a) que estabelece a poliacutetica do meio ambiente da

cidade do Recife incluindo regulamentaccedilatildeo de emissotildees sonoras entre outras providecircncias

tendo como suporte a Lei 1617696 de 9 de Abril de 1996 ndash Lei de Uso e Ocupaccedilatildeo do Solo da

Cidade do Recife ndash LUOS (RECIFE 1996b)

Apesar da existecircncia desta grande quantidade de leis federais estaduais e municipais apesar da

LUOS legislar sobre a etapa de aprovaccedilatildeo de projetos para a construccedilatildeo de empreendimentos

com usos geradores de incocircmodo agrave vizinhanccedila incluindo usos potencialmente geradores de ruiacutedos

submetendo-os agrave anaacutelise teacutecnica eou agrave anaacutelise especial e apesar do Coacutedigo do Meio Ambiente e

do Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife estabelecer limites maacuteximos permitidos de ruiacutedo na praacutetica a

accedilatildeo contra a poluiccedilatildeo sonora em Recife adquire caraacuteter corretivo pelos oacutergatildeos reguladores agrave

conduta do infrator geralmente a partir de denuacutencias da populaccedilatildeo apoacutes a consolidaccedilatildeo da fonte

geradora de ruiacutedo no meio urbano (JORNAL DO COMEacuteRCIO 2008 JC ONLINE 2005)

Outro exemplo local de desatenccedilatildeo agrave poluiccedilatildeo sonora eacute a inexistecircncia dentre vaacuterios outros tipos

de degradaccedilatildeo ambiental presentes de qualquer referecircncia a respeito da poluiccedilatildeo sonora em

documento produzido pela Prefeitura da Cidade do Recife no ano 2000 o Atlas Ambiental da

Cidade do Recife (RECIFE 2000)

Diante da aplicabilidade ineficaz da legislaccedilatildeo vigente em Novembro de 2009 foi lanccedilado pelo

Ministeacuterio Puacuteblico de Pernambuco a cartilha Poluiccedilatildeo sonora Silento e o barulho13 que versa sobre as

posturas e accedilotildees direitos e deveres dos diversos agentes envolvidos na produccedilatildeo e recepccedilatildeo da

poluiccedilatildeo sonora indicando como devem agir a viacutetima o policial o estado o construtor poluidor

o proprietaacuterio de carro de som poluidor entre outros A cartilha tambeacutem disponibiliza uma seacuterie

de formulaacuterios modelos de acordo com os diferentes tipos de poluiccedilatildeo sonora Estes formulaacuterios satildeo

exemplos para serem utilizados tanto pela viacutetima da poluiccedilatildeo sonora quanto pelo policial civil

militar promotor de justiccedila e ateacute mesmo pelo poluidor - o que poderaacute tornar esta cartilha um

importante instrumento para aplicaccedilatildeo das leis vigentes (CARNEIRO 2009)

Embora negligenciada e em oposiccedilatildeo a diversos outros problemas ambientais mundiais a

poluiccedilatildeo sonora continua a crescer e eacute acompanhada pelo aumento no nuacutemero de reclamaccedilotildees de

13 ldquoSilentordquo eacute um personagem criado para narrar alguns trechos interativos da cartilha

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 214 ndash Relaccedilatildeo entre o desenvolvimento industrial da sociedade que possibilita o aumento e concentraccedilatildeo de fontes sonoras e seus impactos em relaccedilatildeo ao ruiacutedo nas comunidades apontando trecircs previsotildees futuras de acordo com diferentes accedilotildees possiacuteveis de regulamentaccedilatildeo contra do ruiacutedo Fonte elaborado pela autora a partir de BERGLUND et al 1999

pessoas expostas ao ruiacutedo a partir do aumento da consciecircncia de seus direitos legais

(BERGLUND et al1999)

Para World Health Organization (WHO)14 a poluiccedilatildeo sonora jaacute eacute um dos problemas ambientais que

atingem o maior nuacutemero de pessoas no planeta perdendo apenas para a poluiccedilatildeo do ar e da aacutegua

(KIHLMAN 2004 2005) Este crescimento contiacutenuo da poluiccedilatildeo sonora e por conseguinte do

ruiacutedo urbano possui uma estreita relaccedilatildeo com as raacutepidas transformaccedilotildees ocorridas no meio

urbano nas uacuteltimas deacutecadas O desenvolvimento acelerado e a expansatildeo das cidades implicaram

em modificaccedilotildees em elementos da forma urbana em alto iacutendice de crescimento demograacutefico da

populaccedilatildeo urbana e em consequumlente aumento e concentraccedilatildeo de diversos tipos de fontes

geradoras de poluiccedilatildeo sonora (BRASIL 1990a1990b GUEDES 2005 PAZ 2009 ZANNIN et

al 2002) (Figura 214)

Entre estas fontes urbanas geradoras de poluiccedilatildeo sonora uma das que mais contribuem com o

aumento do ruiacutedo urbano aleacutem de ser considerada uma das fontes mais intrusivas e a mais

percebida pela populaccedilatildeo das grandes cidades eacute o traacutefego de veiacuteculos (DINIZ 2003 FRITSCH et al

2007 LACERDA et al 2005 PAZ 2004 ZANNIN et al 2003)

O ruiacutedo do traacutefego de veiacuteculos eacute gerado a

partir do ruiacutedo veicular que proveacutem

essencialmente do sistema de propulsatildeo do

motor do atrito entre o veiacuteculo e o ar (ruiacutedo

aerodinacircmico) e do atrito entre o pneu e o piso

(MURGEL 2007 KINSLER et al 1982) e da

relaccedilatildeo entre o veiacuteculocondutor e as

configuraccedilotildees das vias em que ele estaacute inserido

a aceleraccedilatildeo eou desaceleraccedilatildeo do motor de

acordo com a caracterizaccedilatildeo das vias - a

presenccedila de cruzamentos semaacuteforos faixas de

pedestres etc a intensidade do fluxo de

veiacuteculos e a proporccedilatildeo entre veiacuteculos leves e os

veiacuteculos pesados a frequumlecircncia de

14 Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede ndash OMS

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

38

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

acionamentos de buzinas o tipo de acabamento da superfiacutecie das vias (concreto asfalto brita

terra batida) etc (SINGAL 2005)

Tais vias geradoras do ruiacutedo de traacutefego aleacutem de serem interceptadas por outras vias satildeo

comumente ladeadas por configuraccedilotildees bastante variaacuteveis desde edificaccedilotildees com formas

implantaccedilotildees e gabaritos diversificados a lotes ainda natildeo ocupados caracterizando a propagaccedilatildeo

do ruiacutedo de traacutefego urbano por muacuteltiplas reflexotildees responsaacuteveis pelo espalhamento do ruiacutedo

para vias adjacentes pelo surgimento de campos sonoros reverberantes pela difraccedilatildeo do ruiacutedo e

pelo surgimento de aacutereas de sombra (SINGAL 2005 RANDRIANOELINA e SALOMONS

2008) Ou seja a propagaccedilatildeo do ruiacutedo urbano gerado pelo traacutefego de veiacuteculos possui uma

interaccedilatildeo singular com elementos da forma urbana

Assim sendo tanto por sua participaccedilatildeo determinante na constituiccedilatildeo do ruiacutedo urbano quanto

por sua particular relaccedilatildeo com os elementos que compotildeem a forma urbana o ruiacutedo de traacutefego

seraacute a uacutenica fonte sonora considerada na presente pesquisa conforme seraacute melhor elucidado no

proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas

A interaccedilatildeo entre o ruiacutedo urbano e a forma urbana dependeraacute diretamente das configuraccedilotildees de

certos elementos que compotildeem esta forma urbana o traccedilado e perfis das vias a maneira de

implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade e

forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres tais como praccedilas e

largos (GUEDES 2005 SANTOS e MARTINS 2005) Estes elementos podem ser

acusticamente caracterizados a partir do tipo de espaccedilo acuacutestico e da permeabilidade acuacutestica

O espaccedilo acuacutestico tambeacutem nomeado de campo acuacutestico eacute a porccedilatildeo de determinado espaccedilo onde

acontecem as vibraccedilotildees sonoras podendo ser caracterizado no meio urbano como espaccedilo

acuacutestico aberto ou fechado (NIEMEYER 2007)

O espaccedilo acuacutestico aberto aproxima-se da propagaccedilatildeo em campo livre que eacute caracterizado pela ausecircncia

de obstaacuteculos que modifiquem a propagaccedilatildeo sonora entre a fonte e o receptor Assim no meio

urbano o espaccedilo cuja propagaccedilatildeo sonora envolva poucas ou nenhuma reflexatildeo e poucos ou

nenhum obstaacuteculo pode ser considerado um espaccedilo acuacutestico aberto como por exemplo o

espaccedilo acuacutestico com perfil em ldquoLrdquo tais como vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas uma de

suas margens (Figuras 215 e 216) (NIEMEYER 2007) No espaccedilo acuacutestico aberto o niacutevel de

pressatildeo sonora decai 6 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (LANG

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

39

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 215 ndash Propagaccedilatildeo sonora em Campo acuacutestico aberto Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001

Figura 216 ndash Campo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo FonteNIEMEYER 2007

Figura 217 ndash Propagaccedilatildeo sonora em campo acuacutestico fechado causando o fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001

e BERANEK 1992) isto eacute o ruiacutedo percebido

pelo receptor diminui em funccedilatildeo da

duplicaccedilatildeo da distacircncia da fonte sonora15

Praccedilas parques e largos com grandes

dimensotildees vias de traacutefego marginais a praias

vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas

uma de suas margens ou espaccedilos livres

urbanos de grandes dimensotildees caracterizam

alguns exemplos de espaccedilos acuacutesticos abertos

No espaccedilo acuacutestico fechado as ondas sonoras

sofrem muacuteltiplas reflexotildees fazendo com que o

seu niacutevel sonoro decaia muito lentamente

sendo praticamente o mesmo em vaacuterias

posiccedilotildees ateacute que esta onda sonora encontre

uma saiacuteda para campo livre caracterizando o

fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana16 17(Figura

217) (GUEDES 2005 NIEMEYER 2007)

Os espaccedilos acuacutesticos fechados podem ser

reverberantes quando a onda sonora tarda a

encontrar o campo livre gerando um grande

nuacutemero de reflexotildees ou semi-reverberantes

quando a onda sonora encontra o campo livre

um pouco mais rapidamente do que no

reverberante gerando um nuacutemero menor mas

ainda grande de reflexotildees

15 Este decaimento eacute para fontes pontuais para fontes lineares o decaimento eacute de 3 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (GERGES 2000) 16 A reverberaccedilatildeo eacute a persistecircncia de um som depois de ter sido extinta a sua emissatildeo por uma fonte e ocorre como resultado de reflexotildees em ambientes total ou parcialmente fechados (GONZALEZ e LOPES 1993) 17 Alguns espaccedilos acuacutesticos fechados tambeacutem podem amplificar o niacutevel de pressatildeo sonora mas este fenocircmeno ocorre em determinados espaccedilos acuacutesticos fechados reverberantes

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

40

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 218 ndash Campo acuacutestico fechado em perfl ldquoUrdquo tambeacutem chamado de canyons urbanos Fonte NIEMEYER 2007

No meio urbano o espaccedilo acuacutestico fechado

reverberante possui comumente um perfil em

ldquoUrdquo (Figura 218) tambeacutem chamados de

canyons urbanos que podem amplificar

consideravelmente a propagaccedilatildeo sonora das

vias de traacutefego atraveacutes de reflexotildees muacuteltiplas

geradas pelas fachadas paralelas das

edificaccedilotildees que circundam estas vias

(ANDERSON e KURZE 1992) Assim neste

tipo de espaccedilo acuacutestico a propagaccedilatildeo sonora

natildeo depende exclusivamente da distacircncia entre

a fonte e o receptor como no espaccedilo acuacutestico

aberto depende ainda da configuraccedilatildeo dos

elementos que compotildeem a forma urbana e

dos coeficientes de absorccedilatildeo dos materiais que

revestem as superfiacutecies refletoras18

(NIEMEYER 2007)

Praccedilas parques e largos com pequenas dimensotildees e cercados por edificaccedilotildees conjugadas vias de

traacutefego com edificaccedilotildees (conjugadas ou com pequenos recuos entre elas) em ambos os lados

tuacuteneis passagens subterracircneas e espaccedilos livres abaixo de viadutos caracterizam alguns exemplos

de espaccedilos acuacutesticos fechados

A caracterizaccedilatildeo de um espaccedilo acuacutestico como sendo aberto ou fechado delinearaacute como a onda

sonora iraacute espalhar-se no meio urbano cujas configuraccedilotildees dos elementos que o compotildeem

podem facilitar ou dificultar a trajetoacuteria desta onda sonora para aleacutem do local de sua emissatildeo

tornando o meio urbano mais ou menos permeaacutevel a sua propagaccedilatildeo

18 No meio urbano as superfiacutecies refletoras satildeo predominantemente formadas por fachadas e muros de edificaccedilotildees que possuem certa uniformidade na utilizaccedilatildeo de materiais altamente reflexivos e com baixos coeficientes de absorccedilatildeo tais como granito maacutermore ceracircmica esmaltada vidro Assim o coeficiente de absorccedilatildeo de uma edificaccedilatildeo para outra seraacute praticamente o mesmo sofrendo miacutenimas variaccedilotildees permitindo sua natildeo consideraccedilatildeo

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

41

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 220 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees em uma quadra permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007

Figura 221 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjugadas em uma quadra pouco permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007

Figura 219 ndash Permeabilidade acuacutestica - percursos da onda sonora gerados em meio urbano Fonte NIEMEYER 2007

Figura 222 ndash Barreira acuacutestica entre a fonte e o receptor FonteANDERSON e KURZE 1992

Assim sendo a permeabilidade acuacutestica refere-se

aos percursos da onda sonora gerados no

meio urbano (Figura 219) (GUEDES 2005

NIEMEYER 2007) A intensidade da

permeabilidade acuacutestica - mais ou menos

permeaacutevel - dependeraacute da capacidade de

certos elementos urbanos de promover ou

conter a propagaccedilatildeo da onda sonora tais

como o traccedilado e perfis das vias a maneira de

implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem

como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade

e forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila

ou ausecircncia de espaccedilos livres (Figuras 220 e

221)

A permeabilidade acuacutestica relaciona-se ainda

com as barreiras acuacutesticas Isoladamente o

conceito de barreiras acuacutesticas refere-se a

qualquer objeto que possa ser considerado um

obstaacuteculo agrave ligaccedilatildeo direta e sem interferecircncias

entre a fonte e o receptor (Figura 222)

(ANDERSON e KURZE 1992 GERGES

2000) Ao bloquear o percurso direto entre a

fonte e o receptor a onda sonora poderaacute ser

absorvida eou refletida pela superfiacutecie da

barreira transmitida atraveacutes da barreira ou

difratada a partir do topo da barreira

(BARRON 2003 SINGAL 2005)

A difraccedilatildeo eacute um fenocircmeno que permite que as

ondas sonoras sejam capazes de contornar

determinados obstaacuteculos gerando uma aacuterea de

sombra acuacutestica que possui limites espaciais

variaacuteveis de acordo com a posiccedilatildeo da fonte

____________________________________________

ANAacuteLISE D

sonora e de sua localizaccedilatilde

receptor que por sua vez

sonora difratada pelas borda

um decaimento maior do qu

campo livre (Figura 223) (N

1968 NIEMEYER 2007 PA

O uso de barreiras acuacutestic

EUA Japatildeo Austraacutelia e

reduccedilatildeo da propagaccedilatildeo do

pelo traacutefego rodoviaacuterio pa

(Figuras 224 a 226) (SIN

Brasil esta praacutetica ainda eacute inc

restringindo-se a poucos exe

caso da barreira acuacutestica no

Linha Amarela na cidade do

na Rodovia Bandeirantes co

de Satildeo Paulo a Campinas

Paulo (Figura 227) (MURGE

2004)

Embora a implantaccedilatildeo de b

esteja vinculada agrave reduccedilatildeo do

rodoviaacuterio outros elemen

meio urbano situados ent

receptor atuam espontan

barreiras agrave propagaccedilatildeo sono

terreno com topografia i

muros edificaccedilotildees entr

edificaccedilotildees conjugadas da R

cidade do Recife ou aind

conjugadas em alguns trec

Atlacircntica no Rio de Janei

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 226 ndash Barreiras instaladasem aacuterea residencial de Toacutequio Jap

Figura 224 ndash Agrave esquerda barreacriacutelico na Suiacuteccedila Agrave direita barreiraPaacutedua e Veneza na Itaacutelia Fonte C

Figura 227 ndash Barreira acuacutestica dade Satildeo Paulo Fonte MURGEL 2

Figura 223 ndash Difraccedilatildeo da ondagerando uma aacuterea de sombra acuacutest

Figura 225 ndash Agrave esquerda baproacuteximo a Zurique Agrave direita barretambeacutem na Suiccedila Fonte CICHIN

accedilatildeo em relaccedilatildeo ao

ez recebe a energia

rdas da barreira com

que se estivesse em

(NEPOMUCENO

PAZ 2004)

ticas eacute comum nos

e na Europa para

do ruiacutedo produzido

para seus arredores

INGAL 2005) No

incipiente

exemplos como eacute o

no eixo rodoviaacuterio

o Rio de Janeiro e

conectando a cidade

s no estado de Satildeo

GEL 2007 SOUSA

e barreiras acuacutesticas

do ruiacutedo de traacutefego

entos inseridos no

entre a fonte e o

taneamente como

nora tais como um

irregular taludes

ntre outros As

a Rua da Aurora na

inda as edificaccedilotildees

trechos da Avenida

neiro por exemplo

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

42

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

das ao longo de via expressa elevada Japatildeo Fonte CICHINELLI 2007

rreira acuacutestica curva em concreto e eira acuacutestica metaacutelica na estrada entre CICHINELLI 2007

da Rodovia Bandeirantes no estado 2007

da sonora a partir de uma barreira uacutestica Fonte GERGES 2000

barreira acuacutestica metaacutelica instalada arreira acuacutestica em concreto e acriacutelico INELLI 2007

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

43

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 228 ndash Rua da Aurora no Bairro da Boa Vista na cidade do Recife configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fontehttpmaiovinteeseisblogspotcom2007_ 11_01_archivehtml Acesso em 080409

Figura 229 ndash Alguns trechos da Avenida Atlacircntica no Bairro de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro tambeacutem configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fonte httpwwwtravelpodcomtravel-photoorlanworldtrip200711 71589400avenida-atlantica-along-copacabana-beachjpgtpodhtml Acesso em 080409

aleacutem de funcionarem como barreiras acuacutesticas

espontacircneas ou natildeo intencionais tambeacutem

conformam um espaccedilo acuacutestico aberto em

ldquoLrdquo e pouco permeaacutevel ao ruiacutedo (Figura 228 e

229)

A partir da discussatildeo dos espaccedilos acuacutesticos e

da permeabilidade acuacutestica evidencia-se que a

interaccedilatildeo entre os diversos elementos que

compotildeem a forma urbana - o traccedilado e perfis

das vias o modo de implantaccedilatildeo das

edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as

proporccedilotildees densidade e maneira de ocupaccedilatildeo

das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de

espaccedilos livres ndash contribui determinantemente

para a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano

atraveacutes de muacuteltiplas reflexotildees do

espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave

fonte geradora de campos sonoros

reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de

aacutereas de sombra

Isto posto se o ruiacutedo urbano eacute considerado

um sistema composto essencialmente pela fonte

sonora pelo meio de propagaccedilatildeo e pelo receptor (LANG e BERANEK 1992 ANDERSON e

KURZE 1992) a forma urbana considerada a partir dos elementos que a compotildeem enquanto

percurso de transmissatildeo delineia influencia e determina em certa medida a trajetoacuteria de

propagaccedilatildeo da onda sonora19 Ou seja a forma urbana por meio das caracteriacutesticas singulares

apresentadas pelos seus elementos componentes iraacute influenciar o comportamento da propagaccedilatildeo

da onda sonora no meio urbano

19 ldquoEm certa medidardquo pois existem outros fatores que tambeacutem influenciam a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano mas a discussatildeo sobre a consideraccedilatildeo ou natildeo destes outros fatores seraacute melhor construiacuteda no proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

44

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito alto por elevada densidade de

ocupaccedilatildeo das quadras e por vias estreitas por exemplo tende em tese a ser menos permeaacutevel ao

ruiacutedo dificultando a propagaccedilatildeo sonora para outras aacutereas Tende ainda a criar espaccedilos

reverberantes ou semi-reverberantes com o niacutevel de pressatildeo sonora elevado em praticamente

todos os pontos de reflexatildeo com perdas miacutenimas ateacute a onda sonora alcanccedilar o topo das

edificaccedilotildees e direcionar-se a campo livre Por conseguinte este comportamento tende a propiciar

dependendo ainda da relaccedilatildeo com a fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano indesejaacutevel e

insalubre aos receptores existentes nas edificaccedilotildees daquela via

Jaacute uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito baixo por baixa densidade de

ocupaccedilatildeo das quadras e por vias largas tende teoricamente a ser mais permeaacutevel ao ruiacutedo

facilitando sua propagaccedilatildeo Por outro lado natildeo gera espaccedilos acuacutesticos propiacutecios a muacuteltiplas

reflexotildees fazendo com que a onda sonora encontre mais rapidamente o campo livre facilitando

sua dissipaccedilatildeo e propiciando dependendo ainda da fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano

desejaacutevel aos seus receptores

Deste modo a existecircncia de diferenccedilas e particularidades dos elementos que compotildeem as

distintas formas urbanas proporciona os mais diversificados comportamentos acuacutesticos de

propagaccedilatildeo sonora nos mais diferentes meios urbanos Ou seja do mesmo modo que cidades

bairros e ruas natildeo satildeo iguais entre si tampouco reproduziacuteveis em sua essecircncia o comportamento

acuacutestico tambeacutem natildeo seraacute ao contraacuterio constituiraacute um atributo exclusivo de cada espaccedilo urbano

Mas se para cada espaccedilo urbano existe um comportamento acuacutestico especiacutefico como deveraacute se

comportar a propagaccedilatildeo sonora de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de

modificaccedilotildees em elementos de sua forma urbana Em outras palavras como se comportaraacute a acuacutestica

urbana de um determinado local a partir do processo cronoloacutegico de modificaccedilotildees em sua forma urbana

Nos capiacutetulo que se segue Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas seratildeo apresentadas os percursos

investigativos que foram postos em praacutetica em busca de responder a este questionamento

A Viacutetor meu alicerce que com seu amor

infindaacutevel e incentivo constante ensinou-me

como eacute fascinante o ato de pesquisar

Aos meus pais Alexandre e Zenaide

que antes de ensinarem-me a ouvir

ensinaram-me a amar

AGRADECIMENTOS

A Deus pelo alimento agrave minha alma

A minha famiacutelia por tudo antes agora e sempre

A Coordenaccedilatildeo de Aperfeiccediloamento de Pessoal de Niacutevel Superior ndash CAPES por viabilizar

financeiramente esta pesquisa

A Zeca Brandatildeo e Ruskin Freitas pelos valiosos ensinamentos em nossas conversas pelo

estiacutemulo e apoio constante ao longo do percurso principalmente nos momentos de duacutevida e

pela confianccedila depositada desde o iniacutecio de minhas inquietaccedilotildees e questionamentos

A Paulo Zannin cuja dedicaccedilatildeo e entusiasmo ao estudo da acuacutestica foi condiccedilatildeo sine qua non

para a realizaccedilatildeo desta pesquisa por sua bravura apoio incentivo e confianccedila absoluta

depositada em uma tambeacutem entusiasta da acuacutestica vinda de terras tatildeo distantes

A David Queiroz por sua entrega paciecircncia e torcida ao lado do Predictor para que tudo desse

certo pelas estimadas contribuiccedilotildees nas discussotildees sobre as diversas possibilidades de estudar o

meio urbano sob o olhar da acuacutestica

A Paula Maciel a Joseacute Jeferson Roberto Rezende de Menezes e ao GTC ndash Gestatildeo e

Tecnologia da Construccedilatildeo UFPE pela ajuda imprescindiacutevel quanto ao aparelho de mediccedilatildeo

Aos professores do MDU pelos inestimaacuteveis ensinamentos e a todos os amigos do MDU

por compartilhar nossos anseios acadecircmicos em especial a Ana Carolina Lourival e Renata

pelos indefectiacuteveis e inesqueciacuteveis momentos juntos

A Fernando Bunn e Paulo Fiedler pela ajuda torcida e insigths na exploraccedilatildeo do Predictor

A Rebeca Catarina Joseacute e Jonas pelo apoio e paciecircncia em responder todas minhas

interminaacuteveis perguntas e ldquoaperreiosrdquo mas sempre correspondendo as minhas brincadeiras

Por fim mas nunca por uacuteltimo a Anna Cristina e sua carinhosa famiacutelia ndash Paulo Henrique

Carolina Viacutetor Bia Maacutercia Claacuteudia Joseacute Joatildeo e Gabriela ndash pelo amparo carinho e

amizade ndash inesqueciacuteveis a uma gringa que deixou o aconchego dos seus para desbravar novos

conhecimentos em um lugar tatildeo diferente

RESUMO

O excesso de ruiacutedos atualmente encontrados nos centros urbanos estaacute intimamente vinculado ao crescimento acelerado das cidades Este crescimento suscitou o aumento e uma maior concentraccedilatildeo da populaccedilatildeo urbana acarretando em raacutepidas transformaccedilotildees no meio de propagaccedilatildeo do ruiacutedo aleacutem do aumento e concentraccedilatildeo dos diversos tipos de fontes sonoras que o geram Ocorre que a forma urbana ndash considerada a partir de seus aspectos fiacutesicos ou materiais ndash onde este ruiacutedo eacute gerado influencia em certa medida a trajetoacuteria de propagaccedilatildeo da onda sonora a interaccedilatildeo entre os diversos elementos que compotildeem esta forma urbana contribuiraacute para a caracterizaccedilatildeo do comportamento desta trajetoacuteria Assim para cada forma urbana especiacutefica existiraacute um comportamento acuacutestico igualmente especiacutefico exclusivo e vinculado a esta forma urbana Deste modo se para cada espaccedilo urbano existe um comportamento proacuteprio de propagaccedilatildeo sonora a presente pesquisa propocircs-se a analisar o comportamento da acuacutestica urbana de um mesmo espaccedilo urbano a partir de modificaccedilotildees cronoloacutegicas em sua forma urbana Esta anaacutelise foi realizada considerando a articulaccedilatildeo de trecircs variaacuteveis - a fonte sonora a forma urbana e a acuacutestica urbana Admitiu-se que a propagaccedilatildeo de uma mesma fonte sonora em um mesmo espaccedilo urbano que tenha sofrido ao longo de um processo cronoloacutegico modificaccedilotildees em sua forma urbana implicaria em diferentes comportamentos em sua acuacutestica urbana para as diferentes datas deste processo Adotou-se como estudo de caso o loteamento 3deg Jardim de Boa Viagem (Recife-PE) sendo estudadas as modificaccedilotildees em sua forma urbana ocorridas nos anos de 1971 1981 1997 e 2009 aleacutem da elaboraccedilatildeo de uma situaccedilatildeo hipoteacutetica futura (prediccedilatildeo acuacutestica) Foram realizadas pesquisas documentais e estudos de campo para coleta de dados referentes agraves caracteriacutesticas da forma urbana do 3deg Jardim e para coleta de seus niacuteveis de pressatildeo sonora atuais Com estes dados foram calculados e gerados mapas acuacutesticos do 3deg Jardim utilizando o software Predictor para cada uma das datas pesquisadas e para a situaccedilatildeo hipoteacutetica futura Estes mapas foram analisados comparando seus comportamentos acuacutesticos entre si buscando compreender esse comportamento diante das modificaccedilotildees cronoloacutegicas em sua proacutepria forma urbana Os resultados deste estudo indicaram que a modificaccedilatildeo de um mesmo meio urbano possui potencial tanto para propiciar altos niacuteveis de ruiacutedo quanto para minimizaacute-los influenciando definitivamente no comportamento acuacutestico de determinado local Estes resultados confirmaram a relevacircncia em compreender a acuacutestica urbana a partir de seu meio propagador pois uma vez consolidado raras satildeo as intervenccedilotildees possiacuteveis na forma urbana para minimizar o ruiacutedo urbano por ela delineado

Palavras-chave planejamento urbano acuacutestica ruiacutedo urbano

ABSTRACT

The excessive noise currently found in urban centers is closely linked to the fast growth of the cities This development led to increased growth and concentration of urban population resulting in fast changes in the noise propagation path and increasing the variety of sources that generate it It turns out that the urban form - considered from their physical or material aspects - where this noise is produced influences in some extent the trajectory of sound wave propagation the interaction between the various elements that make up this urban form contributes to characterize this trajectory behavior Thus for each specific urban form there will be an acoustic behavior also specific exclusive and linked to this urban form Therefore if for each urban area there is a particular sound propagation behavior this research proposed to analyze the urban acoustics behavior of the same urban space from chronological changes in its urban form This analysis was performed considering the articulation of three variables - the sound source the urban form and the urban acoustics It was assumed that the propagation from the same source in the same urban area which has experienced over a chronological process changes in its urban form would imply different urban acoustics behaviors through years It was adopted as a case study the land subdivision 3deg Jardim de Boa Viagem (Recife-PE) being studied the changes in its urban form in the years of 1971 1981 1997 and 2009 besides the elaboration of a hypothetical future situation (acoustic prediction) It was carried out documentary research and field studies to collect data on the characteristics of the urban form of the 3deg Jardim and to collect their present sound pressure levels With these datawere calculated and generated acoustics maps of the 3deg Jardim for each of the years surveyed and for the hypothetical future situation using the Predictor software These maps were analyzed by comparing their acoustic behavior to each other seeking to comprehend this behavior towards the chronological changes in its urban form The results of this research indicated that the urban environment changes have the potential to provide high levels of noise as well as to minimize them definitely influencing the acoustic behavior of a particular site These results confirmed the relevance to understand the urban noise from its way of propagation since once consolidated very few interventions are possible in the urban form to minimize the urban noise outlined by it

Keywords urban planning acoustics urban noise

LISTA DE ILUSTRACcedilOtildeES

Figura 21 ndash Diferentes aspectos quantitativos relacionados a diversificadas formas urbanas p23

Figura 22 ndash Praccedila da Alagoa na cidade portuguesa de Tavira ilustra a dimensatildeo setorial p23

Figura 23 ndash O bairro a escala urbana exemplificada por meio da cidade portuguesa de Tavira p25

Figura 24 ndash A cidadeo territoacuterioa dimensatildeo territorial exemplificada por meio da cidade portuguesa de Tavira p25

Figura 25 ndash Exemplos de diversificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios lotes quarteirotildees e vias em diferentes bairros da cidade do Recife Nesta imagem um recorte do bairro de Boa Viagem p26

Figura 26 ndash Exemplos de diversificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios lotes quarteirotildees e vias em diferentes bairros da cidade do Recife Nesta imagem um recorte do bairro de Satildeo Joseacute que remete agraves origens da cidade entrecortado pela recente Avenida Dantas Barreto p 26

Figura 27 ndash Exemplos de diversificadas concretizaccedilotildees entre os edifiacutecios lotes quarteirotildees e vias em diferentes bairros da cidade do Recife Nesta imagem um recorte de um bairro constituiacutedo essencialmente por morros o Alto do Mandu p26

Figura 28 ndash Os trecircs conjuntos formadores do tecido urbano segundo Panerai (2006) p 28

Figura 29 ndash O adensamento das ilhas do Bairro do Recife e de Santo Antocircnio (imagem) ocorreu tanto pelo preenchimento progressivo desde o inicio da ocupaccedilatildeo da cidade quanto por meio da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees anteriores p30

Figura 210 ndash Interfaces multidisciplinares do estudo do som p 32

Figura 211 ndash Fonte sonora pontual e fonte sonora linear p32

Figura 212 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora pontual de 6 dB para cada dobro da distacircncia p 33

Figura 213 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora linear de 3 dB para cada dobro da distacircncia p 24

Figura 214 ndash Relaccedilatildeo entre o desenvolvimento industrial da sociedade que possibilita o aumento e concentraccedilatildeo de fontes sonoras e seus impactos em relaccedilatildeo ao ruiacutedo nas comunidades apontando trecircs previsotildees futuras de acordo com diferentes accedilotildees possiacuteveis de regulamentaccedilatildeo contra do ruiacutedo p 37

Figura 215 ndash Propagaccedilatildeo sonora em Campo acuacutestico aberto p39

Figura 216 ndash Campo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo p 39

Figura 217 ndash Propagaccedilatildeo sonora em campo acuacutestico fechado causando o fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana p39

Figura 218 ndash Campo acuacutestico fechado em perfl ldquoUrdquo tambeacutem chamado de canyons urbanos p 40

Figura 219 ndash Permeabilidade acuacutestica - percursos da onda sonora gerados em meio urbano p 41

Figura 220 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees em uma quadra permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem p 41

Figura 221 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjugadas em uma quadra pouco permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem p 41

Figura 222 ndash Barreira acuacutestica entre a fonte e o receptor p 41

Figura 223 ndash Difraccedilatildeo da onda sonora a partir de uma barreira gerando uma aacuterea de sombra acuacutestica p 42

Figura 224 ndash Agrave esquerda barreira acuacutestica curva em concreto e acriacutelico na Suiacuteccedila Agrave direita barreira acuacutestica metaacutelica na estrada entre Paacutedua e Veneza na Itaacutelia p 42

Figura 225 ndash Agrave esquerda barreira acuacutestica metaacutelica instalada proacuteximo a Zurique Agrave direita barreira acuacutestica em concreto e acriacutelico tambeacutem na Suiacuteccedila p 42

Figura 226 ndash Barreiras instaladas ao longo de via expressa elevada em aacuterea residencial de Toacutequio Japatildeo p 42

Figura 227 ndash Barreira acuacutestica da Rodovia Bandeirantes no estado de Satildeo Paulo p 42

Figura 228 ndash Rua da Aurora no Bairro da Boa Vista na cidade do Recife configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo p 43

Figura 229 ndash Alguns trechos da Avenida Atlacircntica no Bairro de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro tambeacutem configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo p 43

Figura 31 ndash Relaccedilatildeo das variaacuteveis de pesquisa p 48

Figura 32 - Localizaccedilatildeo geograacutefica do 3deg Jardim de Boa Viagem p 50

Figura 33 - Ocupaccedilatildeo do 3deg Jardim em 1971 com diversos lotes natildeo ocupados e vias ainda natildeo construiacutedas como a Av Eng Domingos ferreira p 50

Figura 34 - Delimitaccedilatildeo da aacuterea de estudo em azul o 3deg Jardim p 52

Figura 35 - Mapa acuacutestico da Universidade Estadual de Campinas com representaccedilatildeo dos niacuteveis sonoros por pontos em gradaccedilatildeo de cores p 53

Figura 36 - Mapa acuacutestico com representaccedilatildeo dos niacuteveis sonoros por linhas da cidade de Goumlteborg Sueacutecia p 53

Figura 37 - Mapa acuacutestico utilizado na reurbanizaccedilatildeo do centro de Seoul Korea p 53

Figura 38 ndash Acima localizaccedilatildeo de estaccedilotildees de monitoramento de ruiacutedo em Taiwan abaixo distribuiccedilatildeo de ruiacutedo em Taiwan no veratildeo nos turnos da manhatilde tarde e noite p 54

Figura 39 - Violaccedilotildees da legislaccedilatildeo de ruiacutedo em Taiwan nos turnos da manhatilde tarde e noite p 54

Figura 310 - Delimitaccedilatildeo da aacuterea em azul do estudo piloto no 3deg Jardim de Boa Viagem p 57

Figura 311 ndash Mapa acuacutestico de parte do 3deg Jardim de Boa Viagem da pesquisa piloto realizada em Maio de 2009 no LAAICA-UFPR p 57

Figura 312 ndash Locaccedilatildeo dos pontos de mediccedilatildeo em azul e malha guia em amarelo p 59

Figura 313 ndash Locaccedilatildeo dos grids verticais em azul seccionando edificaccedilotildees e evitando espaccedilos livres p 63

Figura 41 ndash Avenida Boa Viagem nas proximidades da Praccedila de Boa Viagem no iniacutecio de sua urbanizaccedilatildeo p 65

Figura 42 ndash Avenida Boa Viagem no iniacutecio de sua urbanizaccedilatildeo p65

Figura 43 ndash Vista aeacuterea do bairro de Boa Viagem nos anos 50 p 65

Figura 44 ndash Edifiacutecio Califoacuternia em 1959 construiacutedo no 2deg Jardim de Boa Viagem p 67

Figura 45 ndash Projeto para o loteamento do 1deg 2deg e 3deg Jardim de Boa Viagem com a localizaccedilatildeo em vermelho dos espaccedilos destinados ao uso comunitaacuterio sendo previsto uma igreja e um mercado puacuteblico e em verde os espaccedilos destinados agraves aacutereas verdes p 67

Figura 46 ndash Cartatildeo Postal Edicard do Bairro de Boa Viagem na deacutecada de 70 No alto indica-se o Hotel Boa Viagem e a Praccedila de Boa Viagem mais abaixo a Casa do Navio uma conhecida referecircncia na Avenida Boa Viagem pelos recifenses ateacute sua demoliccedilatildeo p 68

Figura 47 ndash Cartatildeo Postal Edicard da Praia e Avenida Boa Viagem na deacutecada de 70 p 68

Figura 48 ndash Planta baixa do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1971 p 69

Figura 49 ndash Perspectiva esquemaacutetica do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1971 p 69

Figura 410 ndash Perspectiva esquemaacutetica a partir da praia do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1971 p 69

Figura 411 ndash Bairro de Boa Viagem na deacutecada de 70 Acima indica-se o bairro do Pina e o Edifiacutecio Califoacuternia localizado no 2deg Jardim de Boa Viagem No meio a Avenida Domingos Ferreira ainda em terra batida e natildeo finalizada ao encontrar-se com o mangue circundante dos braccedilos do Rio Pina Abaixo o Edifiacutecio Holiday p 70

Figura 412 ndash Planta baixa do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1981 p 70

Figura 413 ndash Perspectiva esquemaacutetica do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1981 p 70

Figura 414 ndash Perspectiva esquemaacutetica a partir da praia do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1981 p 71

Figura 415 ndash Demoliccedilatildeo do Hotel Boa Viagem e em seu lugar estaacute sendo erguido o Ed Maria Acircngela Lucena uma edificaccedilatildeo multifamiliar de gabarito alto com amplo nuacutemero de unidades habitacionais e de pavimentos mais um exemplar dos ldquoarranha ceacuteusrdquo residenciais de Boa Viagem p 71

Figura 416ndash Planta baixa do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1997 p 73

Figura 417 ndash Perspectiva esquemaacutetica do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1997 p 73

Figura 418 ndash Perspectiva esquemaacutetica a partir da praia do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1997 p 73

Figura 419 ndash Os pavimentos destinados agraves garagens dos edifiacutecios residenciais multifamiliares satildeo comumente chamados na construccedilatildeo civil de ldquobandejasrdquo enquanto as torres dos pavimentos tipos satildeo nomeadas de ldquolacircminasrdquo p 74

Figura 420 ndash Planta baixa do 3deg Jardim de Boa Viagem em 2009 p 74

Figura 421 ndash Perspectiva esquemaacutetica do 3deg Jardim de Boa Viagem em 2009 p 74

Figura 422 ndash Perspectiva esquemaacutetica a partir da praia do 3deg Jardim de Boa Viagem em 2009 p 75

Figura 51 ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim em 1971 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash O mapa ilustra a propagaccedilatildeo sonora no iniacutecio da ocupaccedilatildeo do 3deg Jardim p 83

Figura 52 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1971 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 84

Figura 53 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 - O mapa do iniacutecio da ocupaccedilatildeo urbana do 3deg Jardim apresentando um comportamento acuacutestico com caracteriacutesticas predominantes de propagaccedilatildeo sonora em campo livre sem a presenccedila significantes de obstaacuteculos que interfiram em seu percurso possibilitando um contiacutenuo decaimento sonoro em relaccedilatildeo agrave distacircncia como ilustram as setas indicativas em preto p 85

Figura 54 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 - O mapa do iniacutecio da ocupaccedilatildeo urbana do 3deg Jardim mostrando outra secccedilatildeo vertical contendo o mesmo comportamento acuacutestico com caracteriacutesticas predominantes de propagaccedilatildeo sonora em campo livre como ilustram as setas indicativas em preto p 85

Figura 55 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Por menor que seja sua presenccedila algumas edificaccedilotildees pontuais de gabarito meacutedio atuam como barreiras acuacutesticas espontacircneas constituindo obstaacuteculos que interferem na propagaccedilatildeo sonora como ilustram as setas indicativas em preto p 86

Figura 56 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash As edificaccedilotildees que atuam como barreiras acuacutesticas geram o fenocircmeno acuacutestico da difraccedilatildeo que propicia a criaccedilatildeo de aacutereas de sombra acuacutestica onde os niacuteveis de pressatildeo sonora equivalente satildeo mais baixos como ilustram as setas indicativas em preto p 86

Figura 57 ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim em 1981 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Nesta data houve o aumento no nuacutemero de ilhas de sombra e diminuiccedilatildeo do niacutevel de pressatildeo sonora equivalente em relaccedilatildeo a 1971 p 87

Figura 58 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1981 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 88

Figura 59 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash Reduccedilatildeo da quantidade de campos acuacutesticos abertos e aumento no nuacutemero de edificaccedilotildees que atuam enquanto barreiras acuacutesticas favorecendo o aumento do nuacutemero de ilhas de sombra e da diminuiccedilatildeo do niacutevel de pressatildeo sonora equivalente em relaccedilatildeo a 1971 como ilustram as setas indicativas em preto p 89

Figura 510 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 89

Figura 511 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Como ilustram as setas indicativas em preto o princiacutepio da verticalizaccedilatildeo no 3deg Jardim pode ter contribuiacutedo atraveacutes de uma melhor atuaccedilatildeo das novas edificaccedilotildees enquanto barreiras acuacutesticas para o aumento do nuacutemero de ilhas de sombra e da diminuiccedilatildeo do niacutevel de pressatildeo sonora equivalente em relaccedilatildeo a 1971 p 90

Figura 512 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Idem p 90

Figura 513 ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim em 1997 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Em 1997 com um adensamento e verticalizaccedilatildeo ainda maior do que em 1981 houve o aumento tanto do nuacutemero das ilhas de sombra quanto nas sua aacutereas de abrangecircncia acarretando no melhor comportamento acuacutestico observado ateacute entatildeo entre os mapas elaborados p 95

Figura 514 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1997 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 96

Figura 515 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash A edificaccedilotildees propiciam muacuteltiplas reflexotildees a partir de suas fachadas expostas agraves fontes sonoras influenciando na propagaccedilatildeo da onda sonora de modo distinto ao que seria essa propagaccedilatildeo em campo livre conforme indicado nos mapas acuacutesticos p97

Figura 516 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Idem p 97

Figura 517 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 98

Figura 518 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 98

Figura 519 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash As edificaccedilotildees soacute geram muacuteltiplas reflexotildees a partir de suas fachadas expostas agraves fontes sonoras transpondo estas fachadas as edificaccedilotildees passam a atuar enquanto barreiras acuacutesticas para a onda sonora minimizando o ruiacutedo no interior das quadras como indica-se no mapa acuacutestico p 99

Figura 520 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Idem p 99

Figura 521 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 100

Figura 522 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 100

Figura 523 ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim em 2009 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Em 2009 o adensamento das quadras diminuiu consideravelmente a presenccedila de ilhas de sombra acuacutestica p101

Figura 524 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem em 2009 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 102

Figura 525 e 526 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash As ilhas de sombra em 1997 favoreciam as residecircncias unifamiliares e multifamiliares de gabarito baixo existentes que se situavam em seus interiores Em 2009 estas ilhas foram praticamente suprimidas pela presenccedila de pavimentos destinados as garagens das novas edificaccedilotildees verticais de gabarito alto como ilustram as setas em preto p103

Figura 527 e 528 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash Idem p 103

Figura 529 e 530 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash O contorno preto ilustra a modificaccedilatildeo da propagaccedilatildeo das ondas sonoras a partir da influecircncia do aumento da densidade das quadras e verticalizaccedilatildeo das edificaccedilotildees Em 1971 a caracteriacutestica predominante assemelha-se a propagaccedilatildeo em campo livre Jaacute em 1981 percebem-se irregularidades no contorno devido a reflexotildees da onda sonora nas edificaccedilotildees p 104

Figura 531 e 532 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash 1997 apresentou o melhor comportamento acuacutestico entre os mapas elaborados Nesta data as edificaccedilotildees atuaram mais enquanto barreiras acuacutesticas do que como objetos reflexivos da onda sonora Jaacute em 2009 o aumento do adensamento e da verticalizaccedilatildeo possibilitou o excesso de muacuteltiplas reflexotildees nas fachadas das edificaccedilotildees como delineia o contorno extremamente irregular da propagaccedilatildeo sonora ilustrado na imagem abaixo p 104

Figura 533 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Apesar de proporcionar um aumento no niacutevel de pressatildeo sonora equivalente em 2009 o adensamento e verticalizaccedilatildeo das edificaccedilotildees tambeacutem trouxeram benefiacutecios pontuais na praccedila Walt Disney como ilustram as imagens as edificaccedilotildees atuaram como barreiras acuacutesticas reduzindo em relaccedilatildeo a 1997 o niacutevel de pressatildeo sonora equivalente que atinge as edificaccedilotildees de seu entorno Contudo p 105

Figura 534 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash as fachadas voltadas para esta reduccedilatildeo de niacutevel de pressatildeo sonora equivalente satildeo fachadas de serviccedilo pouco aproveitando esta reduccedilatildeo p 105

Figura 535ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim na situaccedilatildeo hipoteacutetica futura e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash A situaccedilatildeo hipoteacutetica futura apresenta quadras muito mais adensadas do que nos anos anteriores reduzindo ainda mais a presenccedila de ilhas de sombra O pavimento representado no mapa eacute o destinado agraves garagens que ocupam praticamente todo o lote p 110

Figura 536 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem na situaccedilatildeo hipoteacutetica futura e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 111

Figura 537 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash A transformaccedilatildeo da forma urbana tanto na situaccedilatildeo hipoteacutetica como ilustram as imagens quanto em 2009 quando esteve associada ao adensamento e a verticalizaccedilatildeo intensificou os fenocircmenos acuacutesticos ocorridos no meio urbano do 3deg Jardim de Boa Viagem p 112

Figura 538 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 112

Figura 539 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Idem p 113

Figura 540 ndash Plantas Baixas ndash A situaccedilatildeo hipoteacutetica futura seguida de perto pelo mapa de 2009 apresentou o pior comportamento acuacutestico do 3deg Jardim e o mapa de 1997 apresentou o melhor entre os mapas elaborados nesta pesquisa conforme ilustra a siacutentese abaixo p 113

Figura 541 ndash Graacutefico da performance acuacutestica considerando o ano x o niacutevel de pressatildeo sonora equivalente (Leq) ndash O Graacutefico apresenta as variaccedilotildees de niacuteveis de pressatildeo sonora de alguns pontos escolhidos aleatoriamente nos mapas acuacutesticos elaborados (Figura 541) Em 1997 as quedas das curvas de variaccedilatildeo do graacutefico corroboram a tendecircncia desta data ter apresentado o mapa acuacutestico com o melhor comportameno acuacutestico entre os mapas elaborados por esta pesquisa p 114

Figura 542 ndash Locaccedilatildeo dos pontos utilizados para elaboraccedilatildeo do graacutefico de performance acuacutestica p 114

Figura 543 ndash Graacutefico comparativo de niacuteveis de emissatildeo sonora permitidos ndash O graacutefico apresenta uma comparaccedilatildeo entre os niacuteveis de emissatildeo sonora permitidos em alguns paiacuteses entre a WHO ISO e ABNT e entre a Lei do silecircncio e o coacutedigo do Meio Ambiente e Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife O graacutefico evidencia que a cidade do Recife e o estado de Pernambuco praticam niacuteveis muito acima do recomendado por outras entidades normativas p 121

Figura 544 ndash Planta Baixa ndash Mapa acuacutestico simulando uma situaccedilatildeo onde o fluxo de veiacuteculos seja o dobro do encontrado atualmente no 3deg Jardim de Boa Viagem (2009) apresentando altos niacuteveis de poluiccedilatildeo sonora p 122

Figura 545 a 548 ndash Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Idem p 122

Figura 549 ndash Planta Baixa ndash Mapa acuacutestico simulando uma situaccedilatildeo onde seja implantado rodiacutezio de veiacuteculos com uma reduccedilatildeo de 30 do valor total do fluxo de veiacuteculos atualmente encontrado no 3deg Jardim de Boa Viagem (2009) p 123

Figura 550 a 553 ndash Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Idem p 123

Figura 554 ndash Planta Baixa ndash Mapa acuacutestico simulando uma situaccedilatildeo onde seja implantado aleacutem do rodiacutezio de veiacuteculos com reduccedilatildeo de 30 no fluxo atual de veiacuteculos um corredor de transporte puacuteblico na Av Domingos Ferreira e restriccedilatildeo de traacutefego de veiacuteculos pesados apenas nesta via p 124

Figura 555 a 558 ndash Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Idem p 124

LISTA DE TABELAS

Tabela 21 ndash Os niacuteveis de pressatildeo sonora e suas consequumlecircncias fisioloacutegicas no homem Em alguns casos podem a intensidade das reaccedilotildees fisioloacutegicas podem variar dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora p 35

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO

2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

21 A Forma Urbana e seus Elementos Componentes____________

22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais_____________

3 CONSIDERACcedilOtildeES METODOLOacuteGICAS

31 3deg Jardim de Boa Viagem enquanto Estudo de Caso_________

32 Mapeamento Acuacutestico enquanto Instrumento de Pesquisa_

33 Procedimentos Metodoloacutegicos__________________________________

331 1deg Etapa Pesquisa Documental Primaacuteria e Secundaacuteria _____

332 2deg Etapa Pesquisa Piloto_____________________________________

333 3deg Etapa Estudo de Campo__________________________________

334 4deg Etapa mapeamento acuacutestico_____________________________

4 TRANSFORMACcedilOtildeES DO 3deg JARDIM E SUA RELACcedilAtildeO COM

O PROCESSO DE OCUPACcedilAtildeO DO BAIRRO DE BOA

VIAGEM

5 COMPORTAMENTO ACUacuteSTICO DO 3degJARDIM DE BOA

VIAGEM

51 Comportamento Acuacutestico do 3deg Jardim de Boa Viagem a

partir das Modificaccedilotildees Cronoloacutegicas em sua Forma

Urbana______________________________________________________________

52 Comportamento Acuacutestico do 3deg Jardim de Boa Viagem em

relaccedilatildeo ao Coacutedigo do Meio Ambiente e Equiliacutebrio Ecoloacutegico

do Recife agrave ldquoLei do Silecircnciordquo e a outras Entidades

Normativas_________________________________________________________

53 Ausecircncia de Accedilotildees versus Presenccedila de Accedilotildees em Busca

de um Melhor Comportamento Acuacutestico para o 3deg Jardim

de Boa Viagem____________________________________________________

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

7 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

128

134

115

107

81

80

65

60

59

56

55

55

52

49

46

31

22

22

17

CAPIacuteTULO 1

A pesquisa eacute talvez a arte de se criar dificuldades fecundas e de criaacute-las para os

outros Nos lugares onde havia coisas simples faz-se aparecer problemas

Pierre Bourdieu

____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO

17

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

1 INTRODUCcedilAtildeO

Um grito estridente lanccedilado em um meio urbano envolto nos ldquomais modernosrdquo e descomunais

arranha-ceacuteus desconfortavelmente ouvido nos mais remotos pavimentos de um deles foi agrave

centelha motivadora para as ideacuteias e discussotildees que permeiam esta pesquisa Este grito mal

recebido pelo receptor pode ser considerado uma das diversas formas da profusatildeo de ruiacutedos que

cada vez mais se tornam elementos onipresentes da vida contemporacircnea

Tal profusatildeo de ruiacutedos atualmente encontrados nos centros urbanos estaacute intimamente vinculada

ao crescimento acelerado das cidades que possibilitaram o aumento e uma maior concentraccedilatildeo da

populaccedilatildeo urbana acarretando em raacutepidas transformaccedilotildees no meio de propagaccedilatildeo do ruiacutedo

urbano aleacutem do aumento e uma maior concentraccedilatildeo dos diversos tipos de fontes sonoras que o

geram

Embora esteja estreitamente relacionado ao raacutepido desenvolvimento das cidades o ruiacutedo urbano

natildeo deve ser considerado como uma consequumlecircncia incidental da accedilatildeo humana em busca de

progresso e por isso inevitaacutevel tampouco toleraacutevel Ao contraacuterio deve ser entendido como uma

das consequumlecircncias prejudiciais deste desenvolvimento que pode causar diversos males fisioloacutegicos

e psicoloacutegicos ao citadino e assim sendo deve ser veementemente prevenido e mitigado

A fim de encontrar maneiras que possibilitem sua prevenccedilatildeo e mitigaccedilatildeo o ruiacutedo urbano pode

ser entendido como um sistema composto essencialmente pela fonte sonora ndash meio de propagaccedilatildeo ndash

receptor Dentre estas trecircs partes componentes do sistema o meio de propagaccedilatildeo pode ser

considerado como um dos menos investigados e onde as accedilotildees contra o ruiacutedo satildeo menos

concentradas (SINGAL 2005)

Esta inobservacircncia da importacircncia do meio urbano enquanto percurso de propagaccedilatildeo sonora

pode estar vinculada agrave dificuldade de intervir em meios de propagaccedilatildeo consolidados como satildeo

fundamentalmente os grandes centros urbanos Daiacute a relevacircncia em compreender a acuacutestica

urbana a partir de seu meio propagador pois uma vez consolidado o meio raras satildeo as

intervenccedilotildees possiacuteveis para minimizar o ruiacutedo urbano a partir desta parte componente do sistema

fonte ndash meio ndash receptor restando essencialmente accedilotildees preventivas

____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO

18

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Outro fator que evidencia o grande valor em compreender a acuacutestica urbana a partir de seu meio

de propagaccedilatildeo eacute o potencial que o meio urbano possui em influenciar a trajetoacuteria da propagaccedilatildeo

sonora Esta influecircncia acontece atraveacutes da forma que este meio apresenta ou seja a forma urbana

atraveacutes de seus elementos componentes e enquanto percurso de transmissatildeo delineia influencia e

determina em certa medida a trajetoacuteria de propagaccedilatildeo da onda sonora

Assim sendo a interaccedilatildeo entre os diversos elementos que compotildeem a forma urbana - o traccedilado e

perfis das vias o modo de implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as proporccedilotildees

densidade e maneira de ocupaccedilatildeo das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres ndash

contribui determinantemente para caracterizaccedilatildeo da propagaccedilatildeo sonora no meio urbano atraveacutes

de muacuteltiplas reflexotildees do espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave fonte geradora de

campos sonoros reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de aacutereas de sombra

Esta interaccedilatildeo entre os elementos da forma urbana e a propagaccedilatildeo sonora ocorre a partir da

diversidade e singularidade existente nos variados meios urbanos igualmente proporcionando os

mais particulares comportamentos acuacutesticos Isto eacute para cada meio urbano existem caracteriacutesticas

particulares inerentes agrave sua forma urbana que geram um comportamento acuacutestico igualmente

especiacutefico exclusivo e vinculado a esta forma urbana

Apesar deste atrelamento entre a acuacutestica urbana e a forma urbana esta relaccedilatildeo natildeo eacute

suficientemente pesquisada e quando eacute satildeo enfocadas prioritariamente situaccedilotildees presentes de

comportamento acuacutestico eou no maacuteximo hipoacuteteses futuras tambeacutem chamadas de prediccedilatildeo

acuacutestica Aleacutem disso natildeo foram encontradas referecircncias ateacute o presente momento de investigaccedilotildees

que priorizem a apreciaccedilatildeo da acuacutestica urbana e sua relaccedilatildeo com as modificaccedilotildees ao longo do tempo da

forma urbana

Isto posto considerando esta ausecircncia de pesquisas e considerando que para cada espaccedilo urbano

existe um comportamento de propagaccedilatildeo sonora especiacutefico o presente estudo se propocircs a

investigar o comportamento acuacutestico de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de

modificaccedilotildees em sua forma urbana

Para isso admitiu-se que a propagaccedilatildeo de uma mesma fonte sonora em um mesmo espaccedilo urbano

que tenha sofrido ao longo de um processo cronoloacutegico modificaccedilotildees em sua forma urbana

implicaria em diferentes comportamentos em sua acuacutestica urbana para as diferentes datas deste

processo Esta suposiccedilatildeo possibilitou a anaacutelise do comportamento acuacutestico atraveacutes das

____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO

19

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

modificaccedilotildees cronoloacutegicas da forma urbana a partir da articulaccedilatildeo de trecircs variaacuteveis - a fonte sonora

a forma urbana e a acuacutestica urbana Estas variaacuteveis foram consideradas tendo o estudo de caso

enquanto estrateacutegia de pesquisa

O caso escolhido para esta investigaccedilatildeo foi o loteamento 3deg Jardim de Boa Viagem tanto por

representar uma parcela bem delimitada das raacutepidas e recentes transformaccedilotildees ocorridas na

forma urbana do bairro de Boa Viagem quanto por permitir ilustrar o comportamento acuacutestico

em um encadeamento evolutivo do iniacutecio de sua ocupaccedilatildeo recente ateacute os dias atuais

Para compor tal encadeamento evolutivo foram selecionados os anos de 1971 data escolhida por

caracterizar o princiacutepio da ocupaccedilatildeo do 3deg Jardim 1981 e 1997 por representarem datas de

registro de fotografias aeacutereas do bairro de Boa Viagem existentes na base de dados da

CONDEPE-FIDEM Agecircncia Estadual de Planejamento e Pesquisas de Pernambuco 2009 por

representar a realidade atualmente encontrada no 3deg Jardim e uma simulaccedilatildeo de situaccedilatildeo

hipoteacutetica futura de modificaccedilatildeo na forma urbana

Isto posto com o intuito de analisar o comportamento da acuacutestica urbana do 3deg Jardim de Boa

Viagem a partir de modificaccedilotildees cronoloacutegicas em sua forma urbana foram executados os

seguintes objetivos especiacuteficos (I) identificar as caracteriacutesticas configuraccedilotildees e transformaccedilotildees da

forma urbana ocorridas no 3deg Jardim de Boa Viagem nos anos de 1971 1981 1997 e 2009 a

partir de seu processo de ocupaccedilatildeo (II) elaborar mapas acuacutesticos dos niacuteveis atuais (2009) de

pressatildeo sonora equivalente do 3deg Jardim (III) elaborar mapas acuacutesticos do 3deg Jardim nos anos de

1971 1981 1997 e de situaccedilatildeo hipoteacutetica futura a partir da consideraccedilatildeo dos niacuteveis atuais (2009)

de pressatildeo sonora equivalente do 3deg Jardim

Em busca de expor sistematicamente seu desenvolvimento a presente investigaccedilatildeo foi

estruturada do seguinte modo

O presente capiacutetulo 1 introduz e antecipa brevemente a discussatildeo que seraacute realizada ao longo

desta pesquisa

O capiacutetulo 2 aborda dois aspectos principais O primeiro deles desenvolve o conceito de forma

urbana e seus elementos componentes a partir dos autores Joseacute Lamas (2004) Philippe Panerai

(2006) e Vicente Del Rio (1990) Busca elucidar que a apreensatildeo da forma urbana eacute complexa e

envolve diversificadas abordagens e enfoques sociais econocircmicos histoacutericos e culturais para

entatildeo indicar que a presente pesquisa lanccedilaraacute um olhar para a forma urbana essencialmente a

____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO

20

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

partir de seu aspecto fiacutesico e material recorte necessaacuterio para a anaacutelise do comportamento

acuacutestico urbano

O segundo aspecto abordado no capiacutetulo 2 diz respeito agrave definiccedilatildeo teoacuterica do conceito da

acuacutestica urbana e de suas diversificadas implicaccedilotildees e interfaces quando o som eacute propagado em

meio urbano Busca evidenciar os fenocircmenos que ocorrem a partir da interaccedilatildeo entre a forma

urbana e a acuacutestica urbana indicando que a influecircncia da forma urbana eacute determinante para o

comportamento da acuacutestica urbana

O capiacutetulo 3 eacute dedicado ao percurso investigativo desta pesquisa evidenciando sua metodologia e

procedimentos metodoloacutegicos apresentando o 3deg Jardim enquanto estudo de caso o

mapeamento acuacutestico enquanto instrumento de pesquisa e detalhando as etapas operacionais

deste estudo Este capiacutetulo evidencia ainda o processo de elaboraccedilatildeo dos modelos e mapas

acuacutesticos da forma urbana existente no 3deg Jardim em cada uma das datas estudadas aleacutem da

situaccedilatildeo hipoteacutetica futura e discute o software Predictor utilizado para este mapeamento

O capiacutetulo 4 diz respeito ao processo de ocupaccedilatildeo do bairro de Boa Viagem e sua relaccedilatildeo com as

transformaccedilotildees urbanas ocorridas no 3deg Jardim Busca-se identificar as caracteriacutesticas

configuraccedilotildees e transformaccedilotildees ocorridas na forma urbana do 3deg Jardim que possibilitem o

entendimento cronoloacutegico destas modificaccedilotildees dando suporte a elaboraccedilatildeo e anaacutelise dos mapas

acuacutesticos

O capiacutetulo 5 analisa o comportamento da acuacutestica urbana identificado nos mapas acuacutesticos

elaborados do 3deg Jardim a partir das modificaccedilotildees ocorridas em sua forma urbana nos anos de

1971 1981 1997 e 2009 aleacutem de uma situaccedilatildeo hipoteacutetica futura (prediccedilatildeo acuacutestica) Neste capiacutetulo

discute-se ainda o comportamento do 3deg Jardim em relaccedilatildeo agrave legislaccedilatildeo municipal que regula as

emissotildees sonoras na cidade do Recife e no estado de Pernambuco e sua relaccedilatildeo com os niacuteveis

recomendados por outras entidades normativas e indica-se possiacuteveis accedilotildees para melhoria no

comportamento acuacutestico do 3deg Jardim bem como as possiacuteveis consequumlecircncias acuacutesticas da

ausecircncia de tais accedilotildees

Por fim no capiacutetulo 6 satildeo apresentadas as consideraccedilotildees finais acerca do comportamento acuacutestico

do 3deg Jardim e satildeo indicados novos rumos de pesquisa a respeito da acuacutestica urbana

CAPIacuteTULO 2

A arquitetura eacute uma muacutesica petrificada

Arthur Schopenhauer

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

22

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

Analisar o comportamento da acuacutestica urbana ainda que a partir das modificaccedilotildees da forma

urbana faz com que esta pesquisa trate essencialmente da acuacutestica urbana No entanto este

comportamento esta sujeito aos diversificados modos de apreensatildeo da forma urbana e de seus

elementos componentes bem como ao modo como esta pesquisa os consideraraacute

Assim sendo o primeiro item deste capiacutetulo expotildee o conceito de forma urbana e de algumas de

suas relaccedilotildees discutido agrave luz de LAMAS (2004) de PANERAI (2006) e DEL RIO (1990)

indicando em seguida o que esta pesquisa consideraraacute como forma urbana

Certamente discussatildeo em torno da produccedilatildeo de outros autores poderia ser elaborada No

entanto o primeiro item deste capiacutetulo natildeo pretende representar uma revisatildeo bibliograacutefica acerca

do estudo da forma urbana e suas relaccedilotildees pretende sim construir uma discussatildeo em torno dos

trecircs autores selecionados que culmine no conceito de forma urbana que seraacute considerado por esta

pesquisa para possibilitar olhar para suas modificaccedilotildees cronoloacutegicas a fim de compreender o

comportamento da acuacutestica urbana

Apoacutes este delineamento no segundo item deste capiacutetulo discute-se a acuacutestica urbana e suas

relaccedilotildees conceituais com os diversos elementos e implicaccedilotildees da propagaccedilatildeo sonora em meio

urbano e como eles relacionam-se influenciando em seu comportamento

21 A Forma Urbana e seus Elementos Componentes

Segundo LAMAS (2004) estudar a forma urbana compreende examinar as configuraccedilotildees e as

estruturas exteriores de determinados objetos de suas formas interligando-as com os fenocircmenos

que lhes deram origem Assim sendo a forma urbana pode ser definida como sendo o

[] modo como se organizam os elementos morfoloacutegicos que constituem e definem o espaccedilo urbano relativamente agrave materializaccedilatildeo dos aspectos de

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

23

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 21 ndash Diferentes aspectos quantitativos relacionados a diversificadas formas urbanas Fonte LAMAS 2004

organizaccedilatildeo funcional e quantitativa e dos aspectos qualitativos e figurativos (LAMAS 2004 p 44) 1

Dentre estes aspectos os quantitativos satildeo agravequeles da realidade urbana que podem ser

quantificaacuteveis tais como densidades superfiacutecies fluxos coeficientes volumeacutetricos entre outros

(Figura 21) os de organizaccedilatildeo funcional satildeo agravequeles que se relacionam com as atividades

humanas tais como habitar e trabalhar e agravequeles relacionados ao modo de uso especiacutefico de uma

aacuterea ndash residencial comercial industrial entre outros os qualitativos referem-se ao tratamento dos

espaccedilos ao conforto e a comodidade do utilizador tais como adaptaccedilatildeo ao clima acessibilidade

estado da pavimentaccedilatildeo entre outros por fim os aspectos figurativos dizem respeito a

essencialmente a comunicaccedilatildeo esteacutetica (LAMAS 2004)

Pode-se considerar que ao olhar para forma urbana e em especiacutefico para suas modificaccedilotildees

cronoloacutegicas com o intuito de compreender o comportamento da acuacutestica urbana esta pesquisa

relaciona-se tanto aos aspectos qualitativos a partir do conforto acuacutestico dos receptores das

ondas sonoras em meio urbano quanto aos

aspectos quantitativos uma vez que este

comportamento acuacutestico em meio urbano eacute

quantificaacutevel em decibels (dB)

Embora estes aspectos envolvam grande parte

das singularidades inerentes a forma urbana

esta definiccedilatildeo parece ainda natildeo abarcar outras

particularidades sociais econocircmicas histoacutericas

e culturais igualmente envolvidas no

entendimento da concepccedilatildeo da forma urbana

isto eacute resta ainda a consideraccedilatildeo de que esta

forma urbana natildeo acontece

independentemente dos grupos sociais que a

produzem (PANERAI 2006)

Satildeo essencialmente estas particularidades que

impulsionam ou amortecem a transformaccedilatildeo

1 Para todas as citaccedilotildees deste autor natildeo seratildeo consideradas adaptaccedilotildees na liacutengua do paiacutes de origem - Portugal - permanecendo o texto original

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

24

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

dos elementos que compotildeem a forma urbana ndash a adiccedilatildeo de novos de traccedilados a um jaacute existente

ou sua superposiccedilatildeo seus conflitos o parcelamento de parques e ocupaccedilatildeo de espaccedilos livres a

renovaccedilatildeo da massa edificada seu lento adensamento e verticalizaccedilatildeo segundo uma especulaccedilatildeo

despretensiosa ou sua substituiccedilatildeo por vastos empreendimentos sob influecircncia de uma

especulaccedilatildeo bem mais expressiva (PANERAI 2006) isto eacute faz parte da apreensatildeo da forma

urbana uma complexidade que envolve um processo de acumulaccedilatildeo de enfoques e observaccedilotildees

sociais econocircmicas histoacutericas e culturais que englobam muito mais do que apenas sua forma

fiacutesica

Estas particularidades especialmente as sociais parecem um pouco mais delineadas nas

consideraccedilotildees feitas por DEL RIO (1990) que considera o espaccedilo urbano a partir da apropriaccedilatildeo

social que se faz dele estabelecendo que em relaccedilatildeo ao estudo da forma urbana a cidade pode

ser compreendida a partir de trecircs niacuteveis organizacionais o coletivo o comunitaacuterio e o individual

O niacutevel coletivo eacute regido sob uma loacutegica estruturadora percebida inconscientemente e

coletivamente e eacute composto pelos elementos2 do tecido que possuem uma permanecircncia maior ao

longo do tempo o niacutevel comunitaacuterio diz respeito aos elementos com significados especiais apenas

para um pequeno grupo da populaccedilatildeo como o bairro por exemplo jaacute o niacutevel individual expressa

significados individuais como a residecircncia e seu espaccedilo circundante e por seu caraacuteter individual eacute

o que apresenta maior rapidez nas modificaccedilotildees (DEL RIO 1990)

Mas LAMAS (2004) ao defender sua definiccedilatildeo para forma urbana natildeo soacute possuiacutea ciecircncia destas

outras particularidades explicitadas por PANERAI (2006) e DEL RIO (1990) ndash sociais

econocircmicas histoacutericas e culturais ndash envolvidas na concepccedilatildeo de forma urbana como optou em

natildeo apreciaacute-las

[] um primeiro grau de leitura da cidade eacute eminentemente fiacutesico-espacial e morfoloacutegico portanto especiacutefico da arquitectura e o uacutenico que permite evidenciar a diferenccedila entre este e outro espaccedilo entre esta e aquela forma e explicar as caracteriacutesticas de cada parte da cidade A estes se juntam outros niacuteveis de leitura que revelam diferentes conteuacutedos (histoacutericos econoacutemicos sociais e outros) Mas este conjunto de leituras soacute eacute possiacutevel porque a cidade existe como facto fiacutesico e material Todos os instrumentos de leitura lecircem o mesmo objecto ndash o espaccedilo fiacutesico a FORMA URBANA (LAMAS 2004 p 31 grifo do autor) Eacute fundamentalmente a dimensatildeo fiacutesica e morfoloacutegica da cidade que me preocupa [] (LAMAS 2004 p 31)

2 Estes elementos seratildeo discutidos em paraacutegrafos mais adiante

____________________________________________

ANAacuteLISE D

Na verdade esta opccedilatildeo em

urbana considerando-a essen

de seu aspecto fiacutesico e m

convenientemente ao obje

presente pesquisa analisar

da acuacutestica urbana a partir

cronoloacutegicas na forma urba

esta anaacutelise do compor

implica em uma apropriaccedil

fiacutesica e material destas modif

Certamente a busca pela ap

urbana envolve muito

simplesmente sua forma

como jaacute aclarado No entan

da anaacutelise proposta por

apreensatildeo em totalid

fundamentalmente necessaacuter

apropriaccedilatildeo da forma urban

material ou uma variaacutevel fiacutes

finalidade derradeira de

comportamento acuacutestico

modificaccedilotildees nesta forma

Ao entender a observaccedilatildeo

essencialmente em seu aspec

(2004) propocircs uma classifica

dimensotildees

bull A dimensatildeo setorial

refere-se agrave menor u

do espaccedilo urbano co

uma praccedila ou uma

ponto o observador

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 24 ndash A cidadeo texemplificada por meio da cidadLAMAS 2004

Figura 23 ndash O bairro a escala ucidade portuguesa de Tavira Fonte

Figura 22 ndash Praccedila da Alagoa na ca dimensatildeo setorial Fonte LAMA

em observar a forma

sencialmente a partir

material responde

bjetivo primeiro da

ar o comportamento

rtir de modificaccedilotildees

rbana uma vez que

ortamento acuacutestico

riaccedilatildeo genuinamente

dificaccedilotildees

apreensatildeo da forma

o mais do que

a fiacutesica e material

tanto para realizaccedilatildeo

or este estudo tal

alidade natildeo eacute

saacuteria o que torna a

bana quase um meio

l fiacutesica para atingir a

e compreensatildeo do

a partir de

atildeo da forma urbana

pecto fiacutesico LAMAS

icaccedilatildeo em escalas ou

ndash a escala da rua

r unidade ou porccedilatildeo

como por exemplo

a rua onde de um

dor pode abarcar a

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

25

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

territoacuterioa dimensatildeo territorial dade portuguesa de Tavira Fonte

a urbana exemplificada por meio da nte LAMAS 2004

na cidade portuguesa de Tavira ilustra MAS 2004

____________________________________________

ANAacuteLISE D

unidade espacial d

(Figura 22)

bull A dimensatildeo urbana ndash

corresponde agraves pa

identificaacuteveis como

exemplo onde a

elementos da forma

atraveacutes do movime

percursos (Figura 23

bull E por fim a dimensatildeo

da cidade diz respeito

diferentes formas

articulaccedilatildeo de bai

entre si Sua forma

distribuiccedilatildeo de eleme

das cidades em con

suporte geograacutefico d

a articulaccedilatildeo de

circulaccedilatildeo entre os

entre zonas habitacio

entre outras (Figura 2

Dentre estas dimensotildees a u

bairro desperta particular

pesquisa uma vez que o e

limites de observaccedilatildeo atraveacute

de movimentos poderaacute aba

significante de modificaccedilotildee

forma urbana de determina

compreender o comport

acuacutestica urbana

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 25 ndash Exemplos de diversiflotes quarteirotildees e vias em difereNesta imagem um recorte do CONDEPE-FIDEM 1981

Figura 26 ndash Exemplos de diversiflotes quarteirotildees e vias em difereNesta imagem um recorte do baorigens da cidade entrecortadoBarreto Fonte CONDEPE-FIDE

Figura 27 ndash Exemplos de diveredifiacutecios lotes quarteirotildees e vias eRecife Nesta imagem um recessencialmente por morros o AltoFIDEM 1981

de seu conjunto

ndash a escala do bairro

partes homogecircneas

mo os bairros por

a observaccedilatildeo dos

a urbana eacute realizada

imento e de vaacuterios

23)

nsatildeo territorial ndash a escala

eito agrave articulaccedilatildeo de

as urbanas da

bairros interligados

ma eacute definida pela

mentos estruturantes

onformidade com o

o do siacutetio tais como

e ruas e vias de

s diferentes bairros

cionais e comerciais

a 24)

a urbana ndash escala do

lar interesse desta

o entendimento dos

veacutes de certo nuacutemero

barcar uma amostra

otildees cronoloacutegicas na

inado local a fim de

ortamento de sua

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

26

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

rsificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios erentes bairros da cidade do Recife o bairro de Boa Viagem Fonte

rsificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios erentes bairros da cidade do Recife bairro de Satildeo Joseacute que remete agraves do pela recente Avenida Dantas DEM 1981

versificadas concretizaccedilotildees entre os em diferentes bairros da cidade do

recorte de um bairro constituiacutedo lto do Mandu Fonte CONDEPE-

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

27

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

No entanto para apreender tal dimensatildeo devem-se conhecer e estabelecer quais elementos

miacutenimos da forma urbana que se relaciona com esta a dimensatildeo urbana e quais satildeo estes

elementos LAMAS (2004) propocircs onze elementos da forma urbana necessaacuterios para esta

apreensatildeo o solo (I) o edifiacutecio (II) o lote (III) o logradouro (IV) o quarteiratildeo (V) o traccediladoa

rua(VI) a praccedila (VII) a fachada (VIII) o monumento (IX) a vegetaccedilatildeo (X) e o mobiliaacuterio

urbano (XI) Dentre estes elementos seis possuem uma estreita relaccedilatildeo com esta pesquisa e

seratildeo expostos de acordo com consideraccedilotildees observadas por LAMAS 3 (2004) (Figuras 25 a 27)

O edifiacutecio representa o elemento miacutenimo identificaacutevel na observaccedilatildeo da forma urbana eacute atraveacutes

dele que se constitui o espaccedilo urbano e se organizam diferentes elementos tais como ruas praccedilas

avenidas entre outros Os edifiacutecios agrupam-se em diferentes tipos tanto em relaccedilatildeo a suas

formas quanto a suas funccedilotildees Estes elementos podem influenciar o comportamento da acuacutestica

urbana atuando enquanto objetos reflexivos da onda sonora e como barreiras acuacutesticas4

O lote representa o princiacutepio da relaccedilatildeo do edifiacutecio com o terreno A forma do lote eacute muitas

vezes condicionante da forma do edifiacutecio tornando-os vinculados por essecircncia o logradouro diz

respeito ao espaccedilo livres e natildeo construiacutedos no interior do lote aos quintais e jardins o quarteiratildeo

ou quadra pode ser considerado como o espaccedilo resultante entre o cruzamento de trecircs ou mais

vias podendo ser demarcado em vaacuterios lotes para a construccedilatildeo de edifiacutecios Juntos estes trecircs

elementos associados aos edifiacutecios podem propiciar uma maior ou menor permeabilidade

acuacutestica eou uma maior ou menor presenccedila de aacutereas de sombra no meio urbano

O traccedilado por meio das ruas ou vias eacute facilmente identificaacutevel no meio urbano Estaacute muitas vezes

condicionado ao siacutetio geograacutefico existente regula a disposiccedilatildeo dos edifiacutecios e quarteirotildees e

interliga os vaacuterios espaccedilos componentes da cidade e a cidade ao territoacuterio Normalmente o

traccedilado resiste agraves transformaccedilotildees na forma urbana por possuir um caraacuteter de permanecircncia natildeo

totalmente modificaacutevel O traccedilado engloba trajetoacuterias e caminhos que natildeo satildeo necessariamente

percorridos atraveacutes de automoacuteveis apesar disso estaacute em grande parte vinculado a uma das

principais fontes geradoras de ruiacutedo urbano ndash o traacutefego de veiacuteculos

3 Os outros elementos tambeacutem podem relacionar-se de diferentes maneiras com a acuacutestica urbana mas nem tanto com a presente pesquisa e por isso natildeo foram considerados 4 Todas as definiccedilotildees e conceitos acuacutesticos apresentados no presente item seratildeo elucidados no item seguinte 22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 28 ndash Os trecircs conjuntos formadores do tecido urbano segundo Panerai (2006) Fonte PANERAI 2006

A praccedila eacute um espaccedilo de geometria variada

intencionalmente inserido no meio urbano

cuja relaccedilatildeo com o traccedilado e os edifiacutecios

tambeacutem eacute intencional evidenciada atraveacutes do

seu desenho e natildeo acidentais como

alargamento e confluecircncias do traccedilado Aleacutem

disso a praccedila eacute um lugar de encontro de

permanecircncia e de praacuteticas sociais

Acusticamente dependendo de suas

proporccedilotildees a propagaccedilatildeo sonora que envolve

uma praccedila pode apresentar um

comportamento que se assemelha a

propagaccedilatildeo sonora em campo livre

Estes elementos constituintes da forma urbana

conceituados por LAMAS (2004) podem ser

identificados sob um diferente invoacutelucro

conceitual mas com a mesma essecircncia no que

PANERAI (2006) definiu como sendo

conjuntos do tecido urbano

Aplicado agrave cidade o termo ldquotecidordquo evoca a continuidade e a renovaccedilatildeo a permanecircncia e a variaccedilatildeo Ele explica a constituiccedilatildeo das cidades antigas e responde as questotildees levantadas pelo estudo das urbanizaccedilotildees recentes Ele pressupotildee uma atenccedilatildeo tanto ao banal quanto ao excepcional tanto agraves ruas comuns e agraves edificaccedilotildees corriqueiras quanto agraves regulamentaccedilotildees e aos monumentos Dentre as muacuteltiplas definiccedilotildees de tecido urbano e sem desprezar suas qualidades escolhemos a mais simples O tecido urbano eacute constituiacutedo pela superposiccedilatildeo ou imbricaccedilatildeo de trecircs conjuntos a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees Essa definiccedilatildeo potildee em evidecircncia os elementos que permitem que as diferentes partes da cidade evoluam ao mesmo tempo em que satildeo mantidas a coesatildeo de conjunto e a clareza de sua estrutura (PANERAI 2006 p 77-78 grifo nosso) (Figura 28)

Ao contraacuterio de LAMAS (2004) que considera a praccedila como um elemento da forma urbana por

si soacute PANERAI (2006) discute as vias ou traccedilado inseridas em uma relaccedilatildeo em rede onde

tambeacutem satildeo considerados como partes constituintes os largos passeios praccedilas esplanadas cais

pontes rios canais margens praias todos compondo o espaccedilo puacuteblico Eacute atraveacutes desta rede

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

29

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

contiacutenua e hierarquizada que acontecem as distribuiccedilotildees e circulaccedilotildees da cidade bem como sua

organizaccedilatildeo local e territorial

Jaacute os parcelamentos fundiaacuterios constituem a representaccedilatildeo negativa5 da rede de vias que evidencia o

domiacutenio construiacutedo Este domiacutenio natildeo se limita aos edifiacutecios mas tambeacutem envolve paacutetios

quintais terrenos baldios (PANERAI 2006) Embora PANERAI(2006) considere separadamente

o exame das edificaccedilotildees sugere-se que este domiacutenio construiacutedo envolve quatro dos elementos da

forma urbana elencados por LAMAS (2004) o edifiacutecio o lote o logradouro e o quarteiratildeo

Para PANERAI (2006) as edificaccedilotildees ou edifiacutecios satildeo consideradas construccedilotildees subordinadas ao

espaccedilo puacuteblico ou seja a rede de vias sendo por ele estruturada e que acrescentam a dimensatildeo

vertical ao tecido urbano Tal subordinaccedilatildeo permite que haja uma dependecircncia reciacuteproca entre os

edifiacutecios ainda que eles pertenccedilam a eacutepocas diferentes fazendo com que sua renovaccedilatildeo aconteccedila

sem que haja grandes perdas na unidade do conjunto

Ao estruturar sua concepccedilatildeo dos elementos componentes da forma urbana DEL RIO (1990) eacute

bem mais sinteacutetico e objetivo mas assim como LAMAS (2000) e PANERAI (2006) seus

elementos possuem similaridades e ateacute repeticcedilotildees que praticamente reproduzem a mesma

essecircncia conceitual dos outros dois autores Estes elementos por serem estruturados tatildeo

objetivamente seratildeo apresentados em citaccedilatildeo direta satildeo eles

- crescimento os modos as intensidades e direccedilotildees elementos geradores e reguladores limites e superaccedilatildeo de limites modificaccedilatildeo de estruturas pontos de cristalizaccedilatildeo etc - traccedilado e parcelamento ordenadores do espaccedilo estrutura fundiaacuteria relaccedilotildees distacircncias circulaccedilatildeo e acessibilidade etc - tipologias dos elementos urbanos inventaacuterio e categorizaccedilatildeo de tipologias ediliacutecias (residecircncias comercio etc) de lotes e sua ocupaccedilatildeo de quarteirotildees e sua ocupaccedilatildeo de praccedilas esquinas etc - articulaccedilotildees relaccedilotildees entre elementos hierarquias domiacutenios do publico e privado densidades relaccedilotildees entre cheios e vazios etc (DEL RIO 1990 p 83 grifos do autor)

Dentre todos os elementos expostos a partir dos trecircs autores existe um importante fenocircmeno

relacionando-os em distintas intensidades e que merece ser considerado por influenciar

definitivamente na modificaccedilatildeo da forma urbana ndash o adensamento

5 No sentido de uma fotografia onde os claros e os escuros satildeo representados no negativo de modo contraacuterio ao do objeto fotografado

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

30

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 29 ndash O adensamento das ilhas do Bairro do Recife e de Santo Antocircnio (imagem) ocorreu tanto pelo preenchimento progressivo desde o inicio da ocupaccedilatildeo da cidade quanto por meio da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees anteriores Fontehttppedrodealbuquerquewordpresscomcategorypernambuco Acesso em 201109

O adensamento ocorre a partir de dois modos

essenciais de ocupaccedilatildeo o primeiro a partir do

preenchimento progressivo do espaccedilo urbano

e o segundo a partir da substituiccedilatildeo completa

por meio de demoliccedilatildeo de edificaccedilotildees

anteriores (PANERAI 2006) (Figura 29)

A primeira forma de adensamento ocorre sem

a expansatildeo territorial por meio do

preenchimento progressivo de todas as

reservas fundiaacuterias e espaccedilos livres de

determinado meio urbano Eacute um

adensamento inserido em limitesbarreiras

preacute-estabelecidos naturais ou natildeo tais como

uma via expressa irregularidades geograacuteficas

do siacutetio ou ainda numa escala menor a proacutepria quadra pode ser um limite para saturaccedilatildeo gradual

em seu interior desmembramento ou remembramento dos lotes para construccedilatildeo de novas

edificaccedilotildees verticalizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo de antigos quintais eou jardins (PANERAI 2006)

A segunda forma de adensamento acontece atraveacutes da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees

anteriormente existentes por novas construccedilotildees de maior porte tanto em relaccedilatildeo agrave ocupaccedilatildeo do

solo por meio do remembramento de lotes quanto em relaccedilatildeo ao seu gabarito Esta forma de

adensamento permite a renovaccedilatildeo do espaccedilo urbano sem aumentar sua aacuterea de abrangecircncia sem

sua expansatildeo (PANERAI 2006)

Ambas as formas de adensamento transformam essencialmente a forma urbana e o modo como

se relacionam seus elementos componentes A identificaccedilatildeo desta transformaccedilatildeo em determinado

meio urbano gerada pelo adensamento eacute indispensaacutevel para anaacutelise do comportamento da

acuacutestica urbana a partir de modificaccedilotildees na forma urbana deste mesmo meio uma vez que o

adensamento pode influenciar na propagaccedilatildeo sonora proporcionando uma maior quantidade de

objetos reflexivos de barreiras acuacutesticas e favorecendo a diminuiccedilatildeo da permeabilidade acuacutestica

Por fim a partir exposiccedilatildeo de determinados elementos considerados por LAMAS (2004) ndash o

edifiacutecio o lote o logradouro o quarteiratildeo o traccediladoa rua e a praccedila dos conjuntos considerados

por PANERAI (2006) ndash a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees dos

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

31

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

elementos considerados por DEL RIO (1990) ndash crescimento traccedilado e parcelamento tipologias

dos elementos urbanos e as articulaccedilotildees e em busca de atingir seu objetivo principal esta

pesquisa consideraraacute a forma urbana inserida em um recorte que a considera essencialmente a

partir de seu aspecto fiacutesico e material e cujos elementos componentes considerados seratildeo

exclusivamente

1 As parcelas fundiaacuterias ndash consideradas por meio das quadras e lotes incluindo sua relaccedilatildeo

de modo de ocupaccedilatildeo das edificaccedilotildees sua densidade e seus espaccedilos livres

2 As edificaccedilotildees ndash consideradas atraveacutes de sua relaccedilatildeo de modo de ocupaccedilatildeo com os

lotes e do grau de verticalizaccedilatildeo (gabarito baixo meacutedio e alto)

3 As vias ndash consideradas como reguladoras da relaccedilatildeo com as edificaccedilotildees e quarteirotildees e

principalmente apreciadas como estreitamente vinculadas a uma das principais fontes

geradoras de ruiacutedo urbano (o traacutefego de veiacuteculos)

Estes seratildeo os elementos componentes da forma urbana que esta pesquisa se apropriaraacute no

decurso do caminho a fim de analisar o comportamento acuacutestico a partir de modificaccedilotildees

cronoloacutegicas em determinada forma urbana Nos paraacutegrafos seguintes discutem-se os conceitos e

relaccedilotildees que permeiam a acuacutestica urbana

22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais

A acuacutestica eacute a ciecircncia do som incluindo sua geraccedilatildeo transmissatildeo e recepccedilatildeo de energia sob a

forma de ondas vibracionais na mateacuteria (KINSLER et al 1982) Ela eacute uma ciecircncia

multidimensional e interligada a vaacuterios domiacutenios cientiacuteficos Seu objeto de estudo fundamental o

som delineia uma seacuterie de interfaces multidisciplinares com abordagens em diversificadas aacutereas

do conhecimento (Figura 210)

Desse modo quando a geraccedilatildeo transmissatildeo e efeitos do som estatildeo inseridos no meio urbano

seu desdobramento eacute estudado pela aacuterea de conhecimento da acuacutestica urbana muitas vezes

tambeacutem nomeada de acuacutestica ambiental

O objeto de estudo fundamental da acuacutestica o som eacute a sensaccedilatildeo produzida no ouvido por

pequenas flutuaccedilotildees da pressatildeo do ar (HANSEN 2005) ou seja eacute uma percepccedilatildeo sensorial e seu

____________________________________________

ANAacuteLISE D

complexo padratildeo de ondas s

de ruiacutedo muacutesica fala

(BERGLUND et al 1999)

Esta definiccedilatildeo do som tend

a percepccedilatildeo do ouvido

conceito psicofiacutesico Fisicame

vibraccedilatildeo mecacircnica que

progressivamente atraveacutes de

gasoso liacutequido ou soacutelido (SIN

Esta vibraccedilatildeo quando tran

que o rodeia nem sempre

aparelho auditivo humano

frequumlecircncia6 audiacutevel encontra

20 a 20000 Hz para um

(BRUumlEL amp KJAEligR 1984

1982) Frequumlecircncias acima de

altas para respostas fisioloacuteg

chamadas de ultrasons Jaacute as

de 20 Hz satildeo chamadas de

detectaacuteveis pelo ouvido hum

prejudiciais agrave sua sauacutede7

1982 SOUSA 2004)

Fisicamente o som e o ruiacutedo

ambos se propagam em mei

detectados pelo ouvido hu

enquanto o som eacute utilizado

6 A frequumlecircncia eacute o nuacutemero de ciclo(HANSEN 1995) 7 A exposiccedilatildeo a baixas frequumlecircncias depressatildeo irritabilidade e perturba pro

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 210 ndash Interfaces multidFonte Elaborado pela autora a pa

Figura 211 ndash Fonte sonora ponSOUZA 2006

as sonoras eacute rotulado

ala entre outros

ndo como referecircncia

o humano eacute um

mente o som eacute uma

que se propaga

de um meio material

(SINGAL 2005)

transmitida ao meio

re eacute detectaacutevel pelo

ano cuja faixa de

tra-se no intervalo de

um jovem saudaacutevel

4 KINSLER et al

de 20000 Hz muito

loacutegicas auditivas satildeo

as frequumlecircncias abaixo

de infrasons e natildeo satildeo

umano contudo satildeo

(KINSLER et al

iacutedo constituem o mesmo fenocircmeno de variaccedilotildee

eio elaacutestico (soacutelido liacutequido ou gasoso) e ambos

humano (BERGLUND et al 1999 HANSEN

do para descrever percepccedilotildees sonoras agradaacutev

iclos que a onda sonora completa no tempo de um segundo

as pode gerar a doenccedila Vibroacuacutestica que induz o espessamprocessos cognitivos (BRANCO e PEREIRA 2004)

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

32

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

ltidisciplinares do estudo do som partir de BISTAFA 2006

ontual e fonte sonora linear Fonte

otildees de pressatildeo ambiente

bos satildeo capazes de serem

EN 1995) No entanto

daacuteveis o ruiacutedo descreve

do e eacute medida em Hertz (Hz)

amento das estruturas cardiacuteacas

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

33

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 212 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora pontual de 6 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007

percepccedilotildees sonoras desagradaacuteveis incorporando um aspecto de subjetividade agrave sua definiccedilatildeo

(BRUumlEL amp KJAEligR 1984 HANSEN 2005 BRASIL 2006 SINGAL 2005)

Tal subjetividade acarreta diferentes e individuais percepccedilotildees sonoras pelo ser humano e

portanto em diferentes reaccedilotildees agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo Em outras palavras o que se estabelece

como som para um indiviacuteduo pode representar ruiacutedo para outro

[] as respostas inerentes ao ruiacutedo satildeo complexas dependendo tanto dos fatores propriamente acuacutesticos quanto dos psicossociais contextuais simboacutelicos emocionais como daqueles de valor especiacutefico Essas variaacuteveis participam da singularidade da escuta e atuam como filtros que modificam a percepccedilatildeo do sinal fiacutesico sonoro (SANTOS e MARTINS 2005 p 216)

Enquanto sua percepccedilatildeo envolve a subjetividade as respostas fisioloacutegicas agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo satildeo

mais objetivas e seus danos satildeo mais facilmente identificaacuteveis O ruiacutedo pode gerar complicaccedilotildees

no sistema circulatoacuterio e hormonal perda gradativa da audiccedilatildeo distuacuterbios de sono estresse

irritabilidade neuroses desconforto e dificuldade de aprendizado entre outros danos

(BERGLUND et al1999 HANSEN 2005 KINSLER et al 1982 MURGEL 2007 NAGEM

2004 NUNES 2006 PAZ et al 2005 SINGAL 2005 ZANNIN et al 2002)

O ruiacutedo pode se originar de variadas fontes presentes em diversificados ambientes as mais

comumente encontradas satildeo as fontes sonoras pontuais e as lineares (Figura 211) A fonte pontual

possui dimensotildees finitas e emite o mesmo niacutevel de pressatildeo sonora uniformemente para todas as

direccedilotildees sendo seu decaimento em campo livre de 6 dB para cada dobro da distacircncia (Figura

212) (HANSEN 2005 SOUSA 2004)

Jaacute a fonte linear eacute formada por certo nuacutemero de

fontes pontuais dispostas linearmente cuja

emissatildeo sonora eacute contiacutenua ao longo desta

linha sendo seu decaimento em campo livre

de 3 dB para cada dobro da distacircncia (Figura

213) (HANSEN 2005 PAZ 2004)

Quando propagadas no meio urbano a

combinaccedilatildeo de tais fontes sonoras associadas

ao percurso de transmissatildeo e ao receptor

constitui o ruiacutedo urbano (urban noise) tambeacutem

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 213 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora linear de 3 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007

chamado de ruiacutedo ambiental (environmental

noise) ou ruiacutedo comunitaacuterio (community noise)

(BERGLUND et al1999 GUEDES 2005

SOUSA 2004)

O ruiacutedo urbano pode ser gerado a partir do

traacutefego de veiacuteculos terrestres e aeacutereos de

obras de construccedilatildeo civil de estabelecimentos

industriais de estabelecimentos comerciais e

de serviccedilos de sistemas de propaganda

volante ou permanente8 e ruiacutedos de outras atividades cuja propagaccedilatildeo sonora pode afetar o bem-

estar e a sauacutede dos citadinos (BARRON 2003 BERGLUND et al1999 KINSLER et al 1982

NAGEM 2004 NUNES 2006 SINGAL 2005)

Apesar de esporaacutedica outra fonte de ruiacutedo gerada em meio urbano satildeo os eventos puacuteblicos tais

como festas shows comiacutecios carnavais fora de eacutepoca entre outros As fontes de ruiacutedo presentes

nestes eventos atingem um alto niacutevel de pressatildeo sonora9 e abrangem uma grande quantidade

populacional logo independente de ocorrer poucas vezes durante o ano satildeo eventos

extremamente danosos a sauacutede e principalmente agrave audiccedilatildeo a partir de 80 dB(A) natildeo importa se

a sensaccedilatildeo sonora eacute prazerosa ou natildeo ela eacute necessariamente prejudicial10 (Tabela 21) (NUNES

2006)

Quando a intensidade dos ruiacutedos urbanos torna-se excessivamente desagradaacutevel eou nociva o

ruiacutedo passa a ser considerado uma forma de poluiccedilatildeo ambiental11 - a poluiccedilatildeo sonora A

necessidade de regulamentaccedilatildeo da poluiccedilatildeo sonora renuncia os aspectos de subjetividade

existentes e inerentes ao conceito de ruiacutedo na tentativa de sintetizar e estabelecer limites leis

normas meacutetodos e accedilotildees que representem um universo sonoro equivalente para toda a

populaccedilatildeo na tentativa de controlar e mitigar o ruiacutedo urbano

8 Carros de som bicicletas com som raacutedios comunitaacuterias entre outros 9 O niacutevel de pressatildeo sonora eacute a medida fiacutesica preferencial para caracterizar a sensaccedilatildeo subjetiva da intensidade dos sons e de acordo com a lei de Weber e Fechner a sensaccedilatildeo sonora eacute proporcional ao logaritmo da intensidade sonora NPS=20 log (pp0) onde p eacute a pressatildeo sonora em Pascal e p0 eacute a pressatildeo sonora de referecircncia (2 10-5 Pascal) (BISTAFA 2006 NIEMEYER 2007) 10 Outros niacuteveis de ruiacutedo tambeacutem podem ser prejudiciais em maior ou menor grau dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora 11 ldquoPoluiccedilatildeo eacute a degradaccedilatildeo da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente a) prejudiquem a sauacutede a seguranccedila e o bem-estar da populaccedilatildeo b) criem condiccedilotildees adversas agraves atividades sociais e econocircmicas c) afetem desfavoravelmente a biota d) afetem as condiccedilotildees esteacuteticas ou sanitaacuterias do meio ambiente e) lancem mateacuterias ou energia em desacordo com os padrotildees ambientais estabelecidosrdquo (BRASIL 1981 p 1 e 2)

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Tabela 21 ndash Os niacuteveis de pressatildeo sonora e suas consequumlecircncias fisioloacutegicas no homem Em alguns casos podem a intensidade das reaccedilotildees fisioloacutegicas podem variar dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora Fonte elaborado pela autora a partir de KINSLER et al 1992 SINGAL 2005 SOUZA 2006

Assim sendo na esfera federal a Constituiccedilatildeo Federal (Art255) o Coacutedigo Civil Brasileiro (Lei ndeg

1040602) a Lei das Contravenccedilotildees Penais (Decreto-lei nordm 368841) e a Lei dos Crimes

Ambientais (Lei nordm 960598) versam a partir de diferentes abordagens e diferentes

procedimentos legais sobre a poluiccedilatildeo sonora e suas respectivas perturbaccedilotildees (CARNEIRO

2009)

NIacuteVEIS DE PRESSAtildeO SONORA E SUAS CONSEQUEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS

Niacutevel de Pressatildeo sonora

em dB(A)

Caracteriacutesticas FISIOLOacuteGICAS

Ambiente ou atividade

0 a 30 Nenhuma Tremular de folhas de uma aacutervore sussurros

aacuterea de mata selvagem

30 a 50 Nenhuma Cantar de paacutessaros rua calma em aacuterea residencial durante noite

50 a 70 Marca o iniacutecio do estresse

auditivo Rua agitada um restaurante barulhento

70 a 90 Estressante e bastante

excitante Chegada de um trem na estaccedilatildeo carro a 100 Kmh

conversa a gritos

90 a 110 Extremamente excitante provocando dependecircncia

Caminhatildeo pesado a 60 Kmh alarme de viatura passagem de trem numa estaccedilatildeo ou cabine de um aviatildeo monomotor

110 a 130

Desconfortavelmente alto atingindo o limiar da dor podendo causar surdez

instantacircnea

Trem passando em trilhos elevados martelo pneumaacutetico interior de uma boate show de banda de rock

130 a 140 Acima do limiar da dor

causando surdez permanente Decolagem de aviatildeo a jato a 5m de distacircncia disparos de artilharia

Ainda no domiacutenio federal o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) publicou vaacuterias

resoluccedilotildees que estabelecem normas de preservaccedilatildeo ao meio ambiente incluindo o combate a

poluiccedilatildeo sonora12 Nestas resoluccedilotildees todas as atividades geradoras de ruiacutedo devem seguir

diretrizes vinculadas agrave Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas ndash ABNT e ao Conselho

Nacional de Tracircnsito - CONTRAN no caso de ruiacutedo produzido por veiacuteculos automotores

(NAGEM 2004)

Tais resoluccedilotildees normas e diretrizes refletidas no domiacutenio estadual e municipal deram origem agrave

Lei Estadual nordm 12789 de 28 de Abril de 2005 (PERNAMBUCO2005) conhecida como ldquoLei do

12 Satildeo elas RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 272 de 14 de setembro de 2000

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Silecircnciordquo e que dispotildee sobre ruiacutedos urbanos poluiccedilatildeo sonora e proteccedilatildeo do bem-estar e do

sossego puacuteblico e agrave Lei nordm 16243 de 13 de setembro de 1996 ndash Coacutedigo do Meio Ambiente e do

Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife (RECIFE 1996a) que estabelece a poliacutetica do meio ambiente da

cidade do Recife incluindo regulamentaccedilatildeo de emissotildees sonoras entre outras providecircncias

tendo como suporte a Lei 1617696 de 9 de Abril de 1996 ndash Lei de Uso e Ocupaccedilatildeo do Solo da

Cidade do Recife ndash LUOS (RECIFE 1996b)

Apesar da existecircncia desta grande quantidade de leis federais estaduais e municipais apesar da

LUOS legislar sobre a etapa de aprovaccedilatildeo de projetos para a construccedilatildeo de empreendimentos

com usos geradores de incocircmodo agrave vizinhanccedila incluindo usos potencialmente geradores de ruiacutedos

submetendo-os agrave anaacutelise teacutecnica eou agrave anaacutelise especial e apesar do Coacutedigo do Meio Ambiente e

do Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife estabelecer limites maacuteximos permitidos de ruiacutedo na praacutetica a

accedilatildeo contra a poluiccedilatildeo sonora em Recife adquire caraacuteter corretivo pelos oacutergatildeos reguladores agrave

conduta do infrator geralmente a partir de denuacutencias da populaccedilatildeo apoacutes a consolidaccedilatildeo da fonte

geradora de ruiacutedo no meio urbano (JORNAL DO COMEacuteRCIO 2008 JC ONLINE 2005)

Outro exemplo local de desatenccedilatildeo agrave poluiccedilatildeo sonora eacute a inexistecircncia dentre vaacuterios outros tipos

de degradaccedilatildeo ambiental presentes de qualquer referecircncia a respeito da poluiccedilatildeo sonora em

documento produzido pela Prefeitura da Cidade do Recife no ano 2000 o Atlas Ambiental da

Cidade do Recife (RECIFE 2000)

Diante da aplicabilidade ineficaz da legislaccedilatildeo vigente em Novembro de 2009 foi lanccedilado pelo

Ministeacuterio Puacuteblico de Pernambuco a cartilha Poluiccedilatildeo sonora Silento e o barulho13 que versa sobre as

posturas e accedilotildees direitos e deveres dos diversos agentes envolvidos na produccedilatildeo e recepccedilatildeo da

poluiccedilatildeo sonora indicando como devem agir a viacutetima o policial o estado o construtor poluidor

o proprietaacuterio de carro de som poluidor entre outros A cartilha tambeacutem disponibiliza uma seacuterie

de formulaacuterios modelos de acordo com os diferentes tipos de poluiccedilatildeo sonora Estes formulaacuterios satildeo

exemplos para serem utilizados tanto pela viacutetima da poluiccedilatildeo sonora quanto pelo policial civil

militar promotor de justiccedila e ateacute mesmo pelo poluidor - o que poderaacute tornar esta cartilha um

importante instrumento para aplicaccedilatildeo das leis vigentes (CARNEIRO 2009)

Embora negligenciada e em oposiccedilatildeo a diversos outros problemas ambientais mundiais a

poluiccedilatildeo sonora continua a crescer e eacute acompanhada pelo aumento no nuacutemero de reclamaccedilotildees de

13 ldquoSilentordquo eacute um personagem criado para narrar alguns trechos interativos da cartilha

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 214 ndash Relaccedilatildeo entre o desenvolvimento industrial da sociedade que possibilita o aumento e concentraccedilatildeo de fontes sonoras e seus impactos em relaccedilatildeo ao ruiacutedo nas comunidades apontando trecircs previsotildees futuras de acordo com diferentes accedilotildees possiacuteveis de regulamentaccedilatildeo contra do ruiacutedo Fonte elaborado pela autora a partir de BERGLUND et al 1999

pessoas expostas ao ruiacutedo a partir do aumento da consciecircncia de seus direitos legais

(BERGLUND et al1999)

Para World Health Organization (WHO)14 a poluiccedilatildeo sonora jaacute eacute um dos problemas ambientais que

atingem o maior nuacutemero de pessoas no planeta perdendo apenas para a poluiccedilatildeo do ar e da aacutegua

(KIHLMAN 2004 2005) Este crescimento contiacutenuo da poluiccedilatildeo sonora e por conseguinte do

ruiacutedo urbano possui uma estreita relaccedilatildeo com as raacutepidas transformaccedilotildees ocorridas no meio

urbano nas uacuteltimas deacutecadas O desenvolvimento acelerado e a expansatildeo das cidades implicaram

em modificaccedilotildees em elementos da forma urbana em alto iacutendice de crescimento demograacutefico da

populaccedilatildeo urbana e em consequumlente aumento e concentraccedilatildeo de diversos tipos de fontes

geradoras de poluiccedilatildeo sonora (BRASIL 1990a1990b GUEDES 2005 PAZ 2009 ZANNIN et

al 2002) (Figura 214)

Entre estas fontes urbanas geradoras de poluiccedilatildeo sonora uma das que mais contribuem com o

aumento do ruiacutedo urbano aleacutem de ser considerada uma das fontes mais intrusivas e a mais

percebida pela populaccedilatildeo das grandes cidades eacute o traacutefego de veiacuteculos (DINIZ 2003 FRITSCH et al

2007 LACERDA et al 2005 PAZ 2004 ZANNIN et al 2003)

O ruiacutedo do traacutefego de veiacuteculos eacute gerado a

partir do ruiacutedo veicular que proveacutem

essencialmente do sistema de propulsatildeo do

motor do atrito entre o veiacuteculo e o ar (ruiacutedo

aerodinacircmico) e do atrito entre o pneu e o piso

(MURGEL 2007 KINSLER et al 1982) e da

relaccedilatildeo entre o veiacuteculocondutor e as

configuraccedilotildees das vias em que ele estaacute inserido

a aceleraccedilatildeo eou desaceleraccedilatildeo do motor de

acordo com a caracterizaccedilatildeo das vias - a

presenccedila de cruzamentos semaacuteforos faixas de

pedestres etc a intensidade do fluxo de

veiacuteculos e a proporccedilatildeo entre veiacuteculos leves e os

veiacuteculos pesados a frequumlecircncia de

14 Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede ndash OMS

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

38

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

acionamentos de buzinas o tipo de acabamento da superfiacutecie das vias (concreto asfalto brita

terra batida) etc (SINGAL 2005)

Tais vias geradoras do ruiacutedo de traacutefego aleacutem de serem interceptadas por outras vias satildeo

comumente ladeadas por configuraccedilotildees bastante variaacuteveis desde edificaccedilotildees com formas

implantaccedilotildees e gabaritos diversificados a lotes ainda natildeo ocupados caracterizando a propagaccedilatildeo

do ruiacutedo de traacutefego urbano por muacuteltiplas reflexotildees responsaacuteveis pelo espalhamento do ruiacutedo

para vias adjacentes pelo surgimento de campos sonoros reverberantes pela difraccedilatildeo do ruiacutedo e

pelo surgimento de aacutereas de sombra (SINGAL 2005 RANDRIANOELINA e SALOMONS

2008) Ou seja a propagaccedilatildeo do ruiacutedo urbano gerado pelo traacutefego de veiacuteculos possui uma

interaccedilatildeo singular com elementos da forma urbana

Assim sendo tanto por sua participaccedilatildeo determinante na constituiccedilatildeo do ruiacutedo urbano quanto

por sua particular relaccedilatildeo com os elementos que compotildeem a forma urbana o ruiacutedo de traacutefego

seraacute a uacutenica fonte sonora considerada na presente pesquisa conforme seraacute melhor elucidado no

proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas

A interaccedilatildeo entre o ruiacutedo urbano e a forma urbana dependeraacute diretamente das configuraccedilotildees de

certos elementos que compotildeem esta forma urbana o traccedilado e perfis das vias a maneira de

implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade e

forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres tais como praccedilas e

largos (GUEDES 2005 SANTOS e MARTINS 2005) Estes elementos podem ser

acusticamente caracterizados a partir do tipo de espaccedilo acuacutestico e da permeabilidade acuacutestica

O espaccedilo acuacutestico tambeacutem nomeado de campo acuacutestico eacute a porccedilatildeo de determinado espaccedilo onde

acontecem as vibraccedilotildees sonoras podendo ser caracterizado no meio urbano como espaccedilo

acuacutestico aberto ou fechado (NIEMEYER 2007)

O espaccedilo acuacutestico aberto aproxima-se da propagaccedilatildeo em campo livre que eacute caracterizado pela ausecircncia

de obstaacuteculos que modifiquem a propagaccedilatildeo sonora entre a fonte e o receptor Assim no meio

urbano o espaccedilo cuja propagaccedilatildeo sonora envolva poucas ou nenhuma reflexatildeo e poucos ou

nenhum obstaacuteculo pode ser considerado um espaccedilo acuacutestico aberto como por exemplo o

espaccedilo acuacutestico com perfil em ldquoLrdquo tais como vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas uma de

suas margens (Figuras 215 e 216) (NIEMEYER 2007) No espaccedilo acuacutestico aberto o niacutevel de

pressatildeo sonora decai 6 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (LANG

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 215 ndash Propagaccedilatildeo sonora em Campo acuacutestico aberto Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001

Figura 216 ndash Campo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo FonteNIEMEYER 2007

Figura 217 ndash Propagaccedilatildeo sonora em campo acuacutestico fechado causando o fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001

e BERANEK 1992) isto eacute o ruiacutedo percebido

pelo receptor diminui em funccedilatildeo da

duplicaccedilatildeo da distacircncia da fonte sonora15

Praccedilas parques e largos com grandes

dimensotildees vias de traacutefego marginais a praias

vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas

uma de suas margens ou espaccedilos livres

urbanos de grandes dimensotildees caracterizam

alguns exemplos de espaccedilos acuacutesticos abertos

No espaccedilo acuacutestico fechado as ondas sonoras

sofrem muacuteltiplas reflexotildees fazendo com que o

seu niacutevel sonoro decaia muito lentamente

sendo praticamente o mesmo em vaacuterias

posiccedilotildees ateacute que esta onda sonora encontre

uma saiacuteda para campo livre caracterizando o

fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana16 17(Figura

217) (GUEDES 2005 NIEMEYER 2007)

Os espaccedilos acuacutesticos fechados podem ser

reverberantes quando a onda sonora tarda a

encontrar o campo livre gerando um grande

nuacutemero de reflexotildees ou semi-reverberantes

quando a onda sonora encontra o campo livre

um pouco mais rapidamente do que no

reverberante gerando um nuacutemero menor mas

ainda grande de reflexotildees

15 Este decaimento eacute para fontes pontuais para fontes lineares o decaimento eacute de 3 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (GERGES 2000) 16 A reverberaccedilatildeo eacute a persistecircncia de um som depois de ter sido extinta a sua emissatildeo por uma fonte e ocorre como resultado de reflexotildees em ambientes total ou parcialmente fechados (GONZALEZ e LOPES 1993) 17 Alguns espaccedilos acuacutesticos fechados tambeacutem podem amplificar o niacutevel de pressatildeo sonora mas este fenocircmeno ocorre em determinados espaccedilos acuacutesticos fechados reverberantes

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

40

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 218 ndash Campo acuacutestico fechado em perfl ldquoUrdquo tambeacutem chamado de canyons urbanos Fonte NIEMEYER 2007

No meio urbano o espaccedilo acuacutestico fechado

reverberante possui comumente um perfil em

ldquoUrdquo (Figura 218) tambeacutem chamados de

canyons urbanos que podem amplificar

consideravelmente a propagaccedilatildeo sonora das

vias de traacutefego atraveacutes de reflexotildees muacuteltiplas

geradas pelas fachadas paralelas das

edificaccedilotildees que circundam estas vias

(ANDERSON e KURZE 1992) Assim neste

tipo de espaccedilo acuacutestico a propagaccedilatildeo sonora

natildeo depende exclusivamente da distacircncia entre

a fonte e o receptor como no espaccedilo acuacutestico

aberto depende ainda da configuraccedilatildeo dos

elementos que compotildeem a forma urbana e

dos coeficientes de absorccedilatildeo dos materiais que

revestem as superfiacutecies refletoras18

(NIEMEYER 2007)

Praccedilas parques e largos com pequenas dimensotildees e cercados por edificaccedilotildees conjugadas vias de

traacutefego com edificaccedilotildees (conjugadas ou com pequenos recuos entre elas) em ambos os lados

tuacuteneis passagens subterracircneas e espaccedilos livres abaixo de viadutos caracterizam alguns exemplos

de espaccedilos acuacutesticos fechados

A caracterizaccedilatildeo de um espaccedilo acuacutestico como sendo aberto ou fechado delinearaacute como a onda

sonora iraacute espalhar-se no meio urbano cujas configuraccedilotildees dos elementos que o compotildeem

podem facilitar ou dificultar a trajetoacuteria desta onda sonora para aleacutem do local de sua emissatildeo

tornando o meio urbano mais ou menos permeaacutevel a sua propagaccedilatildeo

18 No meio urbano as superfiacutecies refletoras satildeo predominantemente formadas por fachadas e muros de edificaccedilotildees que possuem certa uniformidade na utilizaccedilatildeo de materiais altamente reflexivos e com baixos coeficientes de absorccedilatildeo tais como granito maacutermore ceracircmica esmaltada vidro Assim o coeficiente de absorccedilatildeo de uma edificaccedilatildeo para outra seraacute praticamente o mesmo sofrendo miacutenimas variaccedilotildees permitindo sua natildeo consideraccedilatildeo

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

41

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 220 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees em uma quadra permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007

Figura 221 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjugadas em uma quadra pouco permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007

Figura 219 ndash Permeabilidade acuacutestica - percursos da onda sonora gerados em meio urbano Fonte NIEMEYER 2007

Figura 222 ndash Barreira acuacutestica entre a fonte e o receptor FonteANDERSON e KURZE 1992

Assim sendo a permeabilidade acuacutestica refere-se

aos percursos da onda sonora gerados no

meio urbano (Figura 219) (GUEDES 2005

NIEMEYER 2007) A intensidade da

permeabilidade acuacutestica - mais ou menos

permeaacutevel - dependeraacute da capacidade de

certos elementos urbanos de promover ou

conter a propagaccedilatildeo da onda sonora tais

como o traccedilado e perfis das vias a maneira de

implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem

como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade

e forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila

ou ausecircncia de espaccedilos livres (Figuras 220 e

221)

A permeabilidade acuacutestica relaciona-se ainda

com as barreiras acuacutesticas Isoladamente o

conceito de barreiras acuacutesticas refere-se a

qualquer objeto que possa ser considerado um

obstaacuteculo agrave ligaccedilatildeo direta e sem interferecircncias

entre a fonte e o receptor (Figura 222)

(ANDERSON e KURZE 1992 GERGES

2000) Ao bloquear o percurso direto entre a

fonte e o receptor a onda sonora poderaacute ser

absorvida eou refletida pela superfiacutecie da

barreira transmitida atraveacutes da barreira ou

difratada a partir do topo da barreira

(BARRON 2003 SINGAL 2005)

A difraccedilatildeo eacute um fenocircmeno que permite que as

ondas sonoras sejam capazes de contornar

determinados obstaacuteculos gerando uma aacuterea de

sombra acuacutestica que possui limites espaciais

variaacuteveis de acordo com a posiccedilatildeo da fonte

____________________________________________

ANAacuteLISE D

sonora e de sua localizaccedilatilde

receptor que por sua vez

sonora difratada pelas borda

um decaimento maior do qu

campo livre (Figura 223) (N

1968 NIEMEYER 2007 PA

O uso de barreiras acuacutestic

EUA Japatildeo Austraacutelia e

reduccedilatildeo da propagaccedilatildeo do

pelo traacutefego rodoviaacuterio pa

(Figuras 224 a 226) (SIN

Brasil esta praacutetica ainda eacute inc

restringindo-se a poucos exe

caso da barreira acuacutestica no

Linha Amarela na cidade do

na Rodovia Bandeirantes co

de Satildeo Paulo a Campinas

Paulo (Figura 227) (MURGE

2004)

Embora a implantaccedilatildeo de b

esteja vinculada agrave reduccedilatildeo do

rodoviaacuterio outros elemen

meio urbano situados ent

receptor atuam espontan

barreiras agrave propagaccedilatildeo sono

terreno com topografia i

muros edificaccedilotildees entr

edificaccedilotildees conjugadas da R

cidade do Recife ou aind

conjugadas em alguns trec

Atlacircntica no Rio de Janei

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 226 ndash Barreiras instaladasem aacuterea residencial de Toacutequio Jap

Figura 224 ndash Agrave esquerda barreacriacutelico na Suiacuteccedila Agrave direita barreiraPaacutedua e Veneza na Itaacutelia Fonte C

Figura 227 ndash Barreira acuacutestica dade Satildeo Paulo Fonte MURGEL 2

Figura 223 ndash Difraccedilatildeo da ondagerando uma aacuterea de sombra acuacutest

Figura 225 ndash Agrave esquerda baproacuteximo a Zurique Agrave direita barretambeacutem na Suiccedila Fonte CICHIN

accedilatildeo em relaccedilatildeo ao

ez recebe a energia

rdas da barreira com

que se estivesse em

(NEPOMUCENO

PAZ 2004)

ticas eacute comum nos

e na Europa para

do ruiacutedo produzido

para seus arredores

INGAL 2005) No

incipiente

exemplos como eacute o

no eixo rodoviaacuterio

o Rio de Janeiro e

conectando a cidade

s no estado de Satildeo

GEL 2007 SOUSA

e barreiras acuacutesticas

do ruiacutedo de traacutefego

entos inseridos no

entre a fonte e o

taneamente como

nora tais como um

irregular taludes

ntre outros As

a Rua da Aurora na

inda as edificaccedilotildees

trechos da Avenida

neiro por exemplo

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

42

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

das ao longo de via expressa elevada Japatildeo Fonte CICHINELLI 2007

rreira acuacutestica curva em concreto e eira acuacutestica metaacutelica na estrada entre CICHINELLI 2007

da Rodovia Bandeirantes no estado 2007

da sonora a partir de uma barreira uacutestica Fonte GERGES 2000

barreira acuacutestica metaacutelica instalada arreira acuacutestica em concreto e acriacutelico INELLI 2007

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

43

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 228 ndash Rua da Aurora no Bairro da Boa Vista na cidade do Recife configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fontehttpmaiovinteeseisblogspotcom2007_ 11_01_archivehtml Acesso em 080409

Figura 229 ndash Alguns trechos da Avenida Atlacircntica no Bairro de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro tambeacutem configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fonte httpwwwtravelpodcomtravel-photoorlanworldtrip200711 71589400avenida-atlantica-along-copacabana-beachjpgtpodhtml Acesso em 080409

aleacutem de funcionarem como barreiras acuacutesticas

espontacircneas ou natildeo intencionais tambeacutem

conformam um espaccedilo acuacutestico aberto em

ldquoLrdquo e pouco permeaacutevel ao ruiacutedo (Figura 228 e

229)

A partir da discussatildeo dos espaccedilos acuacutesticos e

da permeabilidade acuacutestica evidencia-se que a

interaccedilatildeo entre os diversos elementos que

compotildeem a forma urbana - o traccedilado e perfis

das vias o modo de implantaccedilatildeo das

edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as

proporccedilotildees densidade e maneira de ocupaccedilatildeo

das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de

espaccedilos livres ndash contribui determinantemente

para a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano

atraveacutes de muacuteltiplas reflexotildees do

espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave

fonte geradora de campos sonoros

reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de

aacutereas de sombra

Isto posto se o ruiacutedo urbano eacute considerado

um sistema composto essencialmente pela fonte

sonora pelo meio de propagaccedilatildeo e pelo receptor (LANG e BERANEK 1992 ANDERSON e

KURZE 1992) a forma urbana considerada a partir dos elementos que a compotildeem enquanto

percurso de transmissatildeo delineia influencia e determina em certa medida a trajetoacuteria de

propagaccedilatildeo da onda sonora19 Ou seja a forma urbana por meio das caracteriacutesticas singulares

apresentadas pelos seus elementos componentes iraacute influenciar o comportamento da propagaccedilatildeo

da onda sonora no meio urbano

19 ldquoEm certa medidardquo pois existem outros fatores que tambeacutem influenciam a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano mas a discussatildeo sobre a consideraccedilatildeo ou natildeo destes outros fatores seraacute melhor construiacuteda no proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

44

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito alto por elevada densidade de

ocupaccedilatildeo das quadras e por vias estreitas por exemplo tende em tese a ser menos permeaacutevel ao

ruiacutedo dificultando a propagaccedilatildeo sonora para outras aacutereas Tende ainda a criar espaccedilos

reverberantes ou semi-reverberantes com o niacutevel de pressatildeo sonora elevado em praticamente

todos os pontos de reflexatildeo com perdas miacutenimas ateacute a onda sonora alcanccedilar o topo das

edificaccedilotildees e direcionar-se a campo livre Por conseguinte este comportamento tende a propiciar

dependendo ainda da relaccedilatildeo com a fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano indesejaacutevel e

insalubre aos receptores existentes nas edificaccedilotildees daquela via

Jaacute uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito baixo por baixa densidade de

ocupaccedilatildeo das quadras e por vias largas tende teoricamente a ser mais permeaacutevel ao ruiacutedo

facilitando sua propagaccedilatildeo Por outro lado natildeo gera espaccedilos acuacutesticos propiacutecios a muacuteltiplas

reflexotildees fazendo com que a onda sonora encontre mais rapidamente o campo livre facilitando

sua dissipaccedilatildeo e propiciando dependendo ainda da fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano

desejaacutevel aos seus receptores

Deste modo a existecircncia de diferenccedilas e particularidades dos elementos que compotildeem as

distintas formas urbanas proporciona os mais diversificados comportamentos acuacutesticos de

propagaccedilatildeo sonora nos mais diferentes meios urbanos Ou seja do mesmo modo que cidades

bairros e ruas natildeo satildeo iguais entre si tampouco reproduziacuteveis em sua essecircncia o comportamento

acuacutestico tambeacutem natildeo seraacute ao contraacuterio constituiraacute um atributo exclusivo de cada espaccedilo urbano

Mas se para cada espaccedilo urbano existe um comportamento acuacutestico especiacutefico como deveraacute se

comportar a propagaccedilatildeo sonora de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de

modificaccedilotildees em elementos de sua forma urbana Em outras palavras como se comportaraacute a acuacutestica

urbana de um determinado local a partir do processo cronoloacutegico de modificaccedilotildees em sua forma urbana

Nos capiacutetulo que se segue Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas seratildeo apresentadas os percursos

investigativos que foram postos em praacutetica em busca de responder a este questionamento

AGRADECIMENTOS

A Deus pelo alimento agrave minha alma

A minha famiacutelia por tudo antes agora e sempre

A Coordenaccedilatildeo de Aperfeiccediloamento de Pessoal de Niacutevel Superior ndash CAPES por viabilizar

financeiramente esta pesquisa

A Zeca Brandatildeo e Ruskin Freitas pelos valiosos ensinamentos em nossas conversas pelo

estiacutemulo e apoio constante ao longo do percurso principalmente nos momentos de duacutevida e

pela confianccedila depositada desde o iniacutecio de minhas inquietaccedilotildees e questionamentos

A Paulo Zannin cuja dedicaccedilatildeo e entusiasmo ao estudo da acuacutestica foi condiccedilatildeo sine qua non

para a realizaccedilatildeo desta pesquisa por sua bravura apoio incentivo e confianccedila absoluta

depositada em uma tambeacutem entusiasta da acuacutestica vinda de terras tatildeo distantes

A David Queiroz por sua entrega paciecircncia e torcida ao lado do Predictor para que tudo desse

certo pelas estimadas contribuiccedilotildees nas discussotildees sobre as diversas possibilidades de estudar o

meio urbano sob o olhar da acuacutestica

A Paula Maciel a Joseacute Jeferson Roberto Rezende de Menezes e ao GTC ndash Gestatildeo e

Tecnologia da Construccedilatildeo UFPE pela ajuda imprescindiacutevel quanto ao aparelho de mediccedilatildeo

Aos professores do MDU pelos inestimaacuteveis ensinamentos e a todos os amigos do MDU

por compartilhar nossos anseios acadecircmicos em especial a Ana Carolina Lourival e Renata

pelos indefectiacuteveis e inesqueciacuteveis momentos juntos

A Fernando Bunn e Paulo Fiedler pela ajuda torcida e insigths na exploraccedilatildeo do Predictor

A Rebeca Catarina Joseacute e Jonas pelo apoio e paciecircncia em responder todas minhas

interminaacuteveis perguntas e ldquoaperreiosrdquo mas sempre correspondendo as minhas brincadeiras

Por fim mas nunca por uacuteltimo a Anna Cristina e sua carinhosa famiacutelia ndash Paulo Henrique

Carolina Viacutetor Bia Maacutercia Claacuteudia Joseacute Joatildeo e Gabriela ndash pelo amparo carinho e

amizade ndash inesqueciacuteveis a uma gringa que deixou o aconchego dos seus para desbravar novos

conhecimentos em um lugar tatildeo diferente

RESUMO

O excesso de ruiacutedos atualmente encontrados nos centros urbanos estaacute intimamente vinculado ao crescimento acelerado das cidades Este crescimento suscitou o aumento e uma maior concentraccedilatildeo da populaccedilatildeo urbana acarretando em raacutepidas transformaccedilotildees no meio de propagaccedilatildeo do ruiacutedo aleacutem do aumento e concentraccedilatildeo dos diversos tipos de fontes sonoras que o geram Ocorre que a forma urbana ndash considerada a partir de seus aspectos fiacutesicos ou materiais ndash onde este ruiacutedo eacute gerado influencia em certa medida a trajetoacuteria de propagaccedilatildeo da onda sonora a interaccedilatildeo entre os diversos elementos que compotildeem esta forma urbana contribuiraacute para a caracterizaccedilatildeo do comportamento desta trajetoacuteria Assim para cada forma urbana especiacutefica existiraacute um comportamento acuacutestico igualmente especiacutefico exclusivo e vinculado a esta forma urbana Deste modo se para cada espaccedilo urbano existe um comportamento proacuteprio de propagaccedilatildeo sonora a presente pesquisa propocircs-se a analisar o comportamento da acuacutestica urbana de um mesmo espaccedilo urbano a partir de modificaccedilotildees cronoloacutegicas em sua forma urbana Esta anaacutelise foi realizada considerando a articulaccedilatildeo de trecircs variaacuteveis - a fonte sonora a forma urbana e a acuacutestica urbana Admitiu-se que a propagaccedilatildeo de uma mesma fonte sonora em um mesmo espaccedilo urbano que tenha sofrido ao longo de um processo cronoloacutegico modificaccedilotildees em sua forma urbana implicaria em diferentes comportamentos em sua acuacutestica urbana para as diferentes datas deste processo Adotou-se como estudo de caso o loteamento 3deg Jardim de Boa Viagem (Recife-PE) sendo estudadas as modificaccedilotildees em sua forma urbana ocorridas nos anos de 1971 1981 1997 e 2009 aleacutem da elaboraccedilatildeo de uma situaccedilatildeo hipoteacutetica futura (prediccedilatildeo acuacutestica) Foram realizadas pesquisas documentais e estudos de campo para coleta de dados referentes agraves caracteriacutesticas da forma urbana do 3deg Jardim e para coleta de seus niacuteveis de pressatildeo sonora atuais Com estes dados foram calculados e gerados mapas acuacutesticos do 3deg Jardim utilizando o software Predictor para cada uma das datas pesquisadas e para a situaccedilatildeo hipoteacutetica futura Estes mapas foram analisados comparando seus comportamentos acuacutesticos entre si buscando compreender esse comportamento diante das modificaccedilotildees cronoloacutegicas em sua proacutepria forma urbana Os resultados deste estudo indicaram que a modificaccedilatildeo de um mesmo meio urbano possui potencial tanto para propiciar altos niacuteveis de ruiacutedo quanto para minimizaacute-los influenciando definitivamente no comportamento acuacutestico de determinado local Estes resultados confirmaram a relevacircncia em compreender a acuacutestica urbana a partir de seu meio propagador pois uma vez consolidado raras satildeo as intervenccedilotildees possiacuteveis na forma urbana para minimizar o ruiacutedo urbano por ela delineado

Palavras-chave planejamento urbano acuacutestica ruiacutedo urbano

ABSTRACT

The excessive noise currently found in urban centers is closely linked to the fast growth of the cities This development led to increased growth and concentration of urban population resulting in fast changes in the noise propagation path and increasing the variety of sources that generate it It turns out that the urban form - considered from their physical or material aspects - where this noise is produced influences in some extent the trajectory of sound wave propagation the interaction between the various elements that make up this urban form contributes to characterize this trajectory behavior Thus for each specific urban form there will be an acoustic behavior also specific exclusive and linked to this urban form Therefore if for each urban area there is a particular sound propagation behavior this research proposed to analyze the urban acoustics behavior of the same urban space from chronological changes in its urban form This analysis was performed considering the articulation of three variables - the sound source the urban form and the urban acoustics It was assumed that the propagation from the same source in the same urban area which has experienced over a chronological process changes in its urban form would imply different urban acoustics behaviors through years It was adopted as a case study the land subdivision 3deg Jardim de Boa Viagem (Recife-PE) being studied the changes in its urban form in the years of 1971 1981 1997 and 2009 besides the elaboration of a hypothetical future situation (acoustic prediction) It was carried out documentary research and field studies to collect data on the characteristics of the urban form of the 3deg Jardim and to collect their present sound pressure levels With these datawere calculated and generated acoustics maps of the 3deg Jardim for each of the years surveyed and for the hypothetical future situation using the Predictor software These maps were analyzed by comparing their acoustic behavior to each other seeking to comprehend this behavior towards the chronological changes in its urban form The results of this research indicated that the urban environment changes have the potential to provide high levels of noise as well as to minimize them definitely influencing the acoustic behavior of a particular site These results confirmed the relevance to understand the urban noise from its way of propagation since once consolidated very few interventions are possible in the urban form to minimize the urban noise outlined by it

Keywords urban planning acoustics urban noise

LISTA DE ILUSTRACcedilOtildeES

Figura 21 ndash Diferentes aspectos quantitativos relacionados a diversificadas formas urbanas p23

Figura 22 ndash Praccedila da Alagoa na cidade portuguesa de Tavira ilustra a dimensatildeo setorial p23

Figura 23 ndash O bairro a escala urbana exemplificada por meio da cidade portuguesa de Tavira p25

Figura 24 ndash A cidadeo territoacuterioa dimensatildeo territorial exemplificada por meio da cidade portuguesa de Tavira p25

Figura 25 ndash Exemplos de diversificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios lotes quarteirotildees e vias em diferentes bairros da cidade do Recife Nesta imagem um recorte do bairro de Boa Viagem p26

Figura 26 ndash Exemplos de diversificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios lotes quarteirotildees e vias em diferentes bairros da cidade do Recife Nesta imagem um recorte do bairro de Satildeo Joseacute que remete agraves origens da cidade entrecortado pela recente Avenida Dantas Barreto p 26

Figura 27 ndash Exemplos de diversificadas concretizaccedilotildees entre os edifiacutecios lotes quarteirotildees e vias em diferentes bairros da cidade do Recife Nesta imagem um recorte de um bairro constituiacutedo essencialmente por morros o Alto do Mandu p26

Figura 28 ndash Os trecircs conjuntos formadores do tecido urbano segundo Panerai (2006) p 28

Figura 29 ndash O adensamento das ilhas do Bairro do Recife e de Santo Antocircnio (imagem) ocorreu tanto pelo preenchimento progressivo desde o inicio da ocupaccedilatildeo da cidade quanto por meio da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees anteriores p30

Figura 210 ndash Interfaces multidisciplinares do estudo do som p 32

Figura 211 ndash Fonte sonora pontual e fonte sonora linear p32

Figura 212 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora pontual de 6 dB para cada dobro da distacircncia p 33

Figura 213 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora linear de 3 dB para cada dobro da distacircncia p 24

Figura 214 ndash Relaccedilatildeo entre o desenvolvimento industrial da sociedade que possibilita o aumento e concentraccedilatildeo de fontes sonoras e seus impactos em relaccedilatildeo ao ruiacutedo nas comunidades apontando trecircs previsotildees futuras de acordo com diferentes accedilotildees possiacuteveis de regulamentaccedilatildeo contra do ruiacutedo p 37

Figura 215 ndash Propagaccedilatildeo sonora em Campo acuacutestico aberto p39

Figura 216 ndash Campo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo p 39

Figura 217 ndash Propagaccedilatildeo sonora em campo acuacutestico fechado causando o fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana p39

Figura 218 ndash Campo acuacutestico fechado em perfl ldquoUrdquo tambeacutem chamado de canyons urbanos p 40

Figura 219 ndash Permeabilidade acuacutestica - percursos da onda sonora gerados em meio urbano p 41

Figura 220 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees em uma quadra permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem p 41

Figura 221 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjugadas em uma quadra pouco permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem p 41

Figura 222 ndash Barreira acuacutestica entre a fonte e o receptor p 41

Figura 223 ndash Difraccedilatildeo da onda sonora a partir de uma barreira gerando uma aacuterea de sombra acuacutestica p 42

Figura 224 ndash Agrave esquerda barreira acuacutestica curva em concreto e acriacutelico na Suiacuteccedila Agrave direita barreira acuacutestica metaacutelica na estrada entre Paacutedua e Veneza na Itaacutelia p 42

Figura 225 ndash Agrave esquerda barreira acuacutestica metaacutelica instalada proacuteximo a Zurique Agrave direita barreira acuacutestica em concreto e acriacutelico tambeacutem na Suiacuteccedila p 42

Figura 226 ndash Barreiras instaladas ao longo de via expressa elevada em aacuterea residencial de Toacutequio Japatildeo p 42

Figura 227 ndash Barreira acuacutestica da Rodovia Bandeirantes no estado de Satildeo Paulo p 42

Figura 228 ndash Rua da Aurora no Bairro da Boa Vista na cidade do Recife configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo p 43

Figura 229 ndash Alguns trechos da Avenida Atlacircntica no Bairro de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro tambeacutem configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo p 43

Figura 31 ndash Relaccedilatildeo das variaacuteveis de pesquisa p 48

Figura 32 - Localizaccedilatildeo geograacutefica do 3deg Jardim de Boa Viagem p 50

Figura 33 - Ocupaccedilatildeo do 3deg Jardim em 1971 com diversos lotes natildeo ocupados e vias ainda natildeo construiacutedas como a Av Eng Domingos ferreira p 50

Figura 34 - Delimitaccedilatildeo da aacuterea de estudo em azul o 3deg Jardim p 52

Figura 35 - Mapa acuacutestico da Universidade Estadual de Campinas com representaccedilatildeo dos niacuteveis sonoros por pontos em gradaccedilatildeo de cores p 53

Figura 36 - Mapa acuacutestico com representaccedilatildeo dos niacuteveis sonoros por linhas da cidade de Goumlteborg Sueacutecia p 53

Figura 37 - Mapa acuacutestico utilizado na reurbanizaccedilatildeo do centro de Seoul Korea p 53

Figura 38 ndash Acima localizaccedilatildeo de estaccedilotildees de monitoramento de ruiacutedo em Taiwan abaixo distribuiccedilatildeo de ruiacutedo em Taiwan no veratildeo nos turnos da manhatilde tarde e noite p 54

Figura 39 - Violaccedilotildees da legislaccedilatildeo de ruiacutedo em Taiwan nos turnos da manhatilde tarde e noite p 54

Figura 310 - Delimitaccedilatildeo da aacuterea em azul do estudo piloto no 3deg Jardim de Boa Viagem p 57

Figura 311 ndash Mapa acuacutestico de parte do 3deg Jardim de Boa Viagem da pesquisa piloto realizada em Maio de 2009 no LAAICA-UFPR p 57

Figura 312 ndash Locaccedilatildeo dos pontos de mediccedilatildeo em azul e malha guia em amarelo p 59

Figura 313 ndash Locaccedilatildeo dos grids verticais em azul seccionando edificaccedilotildees e evitando espaccedilos livres p 63

Figura 41 ndash Avenida Boa Viagem nas proximidades da Praccedila de Boa Viagem no iniacutecio de sua urbanizaccedilatildeo p 65

Figura 42 ndash Avenida Boa Viagem no iniacutecio de sua urbanizaccedilatildeo p65

Figura 43 ndash Vista aeacuterea do bairro de Boa Viagem nos anos 50 p 65

Figura 44 ndash Edifiacutecio Califoacuternia em 1959 construiacutedo no 2deg Jardim de Boa Viagem p 67

Figura 45 ndash Projeto para o loteamento do 1deg 2deg e 3deg Jardim de Boa Viagem com a localizaccedilatildeo em vermelho dos espaccedilos destinados ao uso comunitaacuterio sendo previsto uma igreja e um mercado puacuteblico e em verde os espaccedilos destinados agraves aacutereas verdes p 67

Figura 46 ndash Cartatildeo Postal Edicard do Bairro de Boa Viagem na deacutecada de 70 No alto indica-se o Hotel Boa Viagem e a Praccedila de Boa Viagem mais abaixo a Casa do Navio uma conhecida referecircncia na Avenida Boa Viagem pelos recifenses ateacute sua demoliccedilatildeo p 68

Figura 47 ndash Cartatildeo Postal Edicard da Praia e Avenida Boa Viagem na deacutecada de 70 p 68

Figura 48 ndash Planta baixa do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1971 p 69

Figura 49 ndash Perspectiva esquemaacutetica do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1971 p 69

Figura 410 ndash Perspectiva esquemaacutetica a partir da praia do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1971 p 69

Figura 411 ndash Bairro de Boa Viagem na deacutecada de 70 Acima indica-se o bairro do Pina e o Edifiacutecio Califoacuternia localizado no 2deg Jardim de Boa Viagem No meio a Avenida Domingos Ferreira ainda em terra batida e natildeo finalizada ao encontrar-se com o mangue circundante dos braccedilos do Rio Pina Abaixo o Edifiacutecio Holiday p 70

Figura 412 ndash Planta baixa do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1981 p 70

Figura 413 ndash Perspectiva esquemaacutetica do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1981 p 70

Figura 414 ndash Perspectiva esquemaacutetica a partir da praia do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1981 p 71

Figura 415 ndash Demoliccedilatildeo do Hotel Boa Viagem e em seu lugar estaacute sendo erguido o Ed Maria Acircngela Lucena uma edificaccedilatildeo multifamiliar de gabarito alto com amplo nuacutemero de unidades habitacionais e de pavimentos mais um exemplar dos ldquoarranha ceacuteusrdquo residenciais de Boa Viagem p 71

Figura 416ndash Planta baixa do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1997 p 73

Figura 417 ndash Perspectiva esquemaacutetica do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1997 p 73

Figura 418 ndash Perspectiva esquemaacutetica a partir da praia do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1997 p 73

Figura 419 ndash Os pavimentos destinados agraves garagens dos edifiacutecios residenciais multifamiliares satildeo comumente chamados na construccedilatildeo civil de ldquobandejasrdquo enquanto as torres dos pavimentos tipos satildeo nomeadas de ldquolacircminasrdquo p 74

Figura 420 ndash Planta baixa do 3deg Jardim de Boa Viagem em 2009 p 74

Figura 421 ndash Perspectiva esquemaacutetica do 3deg Jardim de Boa Viagem em 2009 p 74

Figura 422 ndash Perspectiva esquemaacutetica a partir da praia do 3deg Jardim de Boa Viagem em 2009 p 75

Figura 51 ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim em 1971 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash O mapa ilustra a propagaccedilatildeo sonora no iniacutecio da ocupaccedilatildeo do 3deg Jardim p 83

Figura 52 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1971 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 84

Figura 53 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 - O mapa do iniacutecio da ocupaccedilatildeo urbana do 3deg Jardim apresentando um comportamento acuacutestico com caracteriacutesticas predominantes de propagaccedilatildeo sonora em campo livre sem a presenccedila significantes de obstaacuteculos que interfiram em seu percurso possibilitando um contiacutenuo decaimento sonoro em relaccedilatildeo agrave distacircncia como ilustram as setas indicativas em preto p 85

Figura 54 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 - O mapa do iniacutecio da ocupaccedilatildeo urbana do 3deg Jardim mostrando outra secccedilatildeo vertical contendo o mesmo comportamento acuacutestico com caracteriacutesticas predominantes de propagaccedilatildeo sonora em campo livre como ilustram as setas indicativas em preto p 85

Figura 55 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Por menor que seja sua presenccedila algumas edificaccedilotildees pontuais de gabarito meacutedio atuam como barreiras acuacutesticas espontacircneas constituindo obstaacuteculos que interferem na propagaccedilatildeo sonora como ilustram as setas indicativas em preto p 86

Figura 56 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash As edificaccedilotildees que atuam como barreiras acuacutesticas geram o fenocircmeno acuacutestico da difraccedilatildeo que propicia a criaccedilatildeo de aacutereas de sombra acuacutestica onde os niacuteveis de pressatildeo sonora equivalente satildeo mais baixos como ilustram as setas indicativas em preto p 86

Figura 57 ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim em 1981 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Nesta data houve o aumento no nuacutemero de ilhas de sombra e diminuiccedilatildeo do niacutevel de pressatildeo sonora equivalente em relaccedilatildeo a 1971 p 87

Figura 58 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1981 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 88

Figura 59 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash Reduccedilatildeo da quantidade de campos acuacutesticos abertos e aumento no nuacutemero de edificaccedilotildees que atuam enquanto barreiras acuacutesticas favorecendo o aumento do nuacutemero de ilhas de sombra e da diminuiccedilatildeo do niacutevel de pressatildeo sonora equivalente em relaccedilatildeo a 1971 como ilustram as setas indicativas em preto p 89

Figura 510 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 89

Figura 511 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Como ilustram as setas indicativas em preto o princiacutepio da verticalizaccedilatildeo no 3deg Jardim pode ter contribuiacutedo atraveacutes de uma melhor atuaccedilatildeo das novas edificaccedilotildees enquanto barreiras acuacutesticas para o aumento do nuacutemero de ilhas de sombra e da diminuiccedilatildeo do niacutevel de pressatildeo sonora equivalente em relaccedilatildeo a 1971 p 90

Figura 512 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Idem p 90

Figura 513 ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim em 1997 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Em 1997 com um adensamento e verticalizaccedilatildeo ainda maior do que em 1981 houve o aumento tanto do nuacutemero das ilhas de sombra quanto nas sua aacutereas de abrangecircncia acarretando no melhor comportamento acuacutestico observado ateacute entatildeo entre os mapas elaborados p 95

Figura 514 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1997 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 96

Figura 515 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash A edificaccedilotildees propiciam muacuteltiplas reflexotildees a partir de suas fachadas expostas agraves fontes sonoras influenciando na propagaccedilatildeo da onda sonora de modo distinto ao que seria essa propagaccedilatildeo em campo livre conforme indicado nos mapas acuacutesticos p97

Figura 516 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Idem p 97

Figura 517 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 98

Figura 518 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 98

Figura 519 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash As edificaccedilotildees soacute geram muacuteltiplas reflexotildees a partir de suas fachadas expostas agraves fontes sonoras transpondo estas fachadas as edificaccedilotildees passam a atuar enquanto barreiras acuacutesticas para a onda sonora minimizando o ruiacutedo no interior das quadras como indica-se no mapa acuacutestico p 99

Figura 520 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Idem p 99

Figura 521 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 100

Figura 522 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 100

Figura 523 ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim em 2009 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Em 2009 o adensamento das quadras diminuiu consideravelmente a presenccedila de ilhas de sombra acuacutestica p101

Figura 524 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem em 2009 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 102

Figura 525 e 526 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash As ilhas de sombra em 1997 favoreciam as residecircncias unifamiliares e multifamiliares de gabarito baixo existentes que se situavam em seus interiores Em 2009 estas ilhas foram praticamente suprimidas pela presenccedila de pavimentos destinados as garagens das novas edificaccedilotildees verticais de gabarito alto como ilustram as setas em preto p103

Figura 527 e 528 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash Idem p 103

Figura 529 e 530 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash O contorno preto ilustra a modificaccedilatildeo da propagaccedilatildeo das ondas sonoras a partir da influecircncia do aumento da densidade das quadras e verticalizaccedilatildeo das edificaccedilotildees Em 1971 a caracteriacutestica predominante assemelha-se a propagaccedilatildeo em campo livre Jaacute em 1981 percebem-se irregularidades no contorno devido a reflexotildees da onda sonora nas edificaccedilotildees p 104

Figura 531 e 532 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash 1997 apresentou o melhor comportamento acuacutestico entre os mapas elaborados Nesta data as edificaccedilotildees atuaram mais enquanto barreiras acuacutesticas do que como objetos reflexivos da onda sonora Jaacute em 2009 o aumento do adensamento e da verticalizaccedilatildeo possibilitou o excesso de muacuteltiplas reflexotildees nas fachadas das edificaccedilotildees como delineia o contorno extremamente irregular da propagaccedilatildeo sonora ilustrado na imagem abaixo p 104

Figura 533 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Apesar de proporcionar um aumento no niacutevel de pressatildeo sonora equivalente em 2009 o adensamento e verticalizaccedilatildeo das edificaccedilotildees tambeacutem trouxeram benefiacutecios pontuais na praccedila Walt Disney como ilustram as imagens as edificaccedilotildees atuaram como barreiras acuacutesticas reduzindo em relaccedilatildeo a 1997 o niacutevel de pressatildeo sonora equivalente que atinge as edificaccedilotildees de seu entorno Contudo p 105

Figura 534 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash as fachadas voltadas para esta reduccedilatildeo de niacutevel de pressatildeo sonora equivalente satildeo fachadas de serviccedilo pouco aproveitando esta reduccedilatildeo p 105

Figura 535ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim na situaccedilatildeo hipoteacutetica futura e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash A situaccedilatildeo hipoteacutetica futura apresenta quadras muito mais adensadas do que nos anos anteriores reduzindo ainda mais a presenccedila de ilhas de sombra O pavimento representado no mapa eacute o destinado agraves garagens que ocupam praticamente todo o lote p 110

Figura 536 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem na situaccedilatildeo hipoteacutetica futura e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 111

Figura 537 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash A transformaccedilatildeo da forma urbana tanto na situaccedilatildeo hipoteacutetica como ilustram as imagens quanto em 2009 quando esteve associada ao adensamento e a verticalizaccedilatildeo intensificou os fenocircmenos acuacutesticos ocorridos no meio urbano do 3deg Jardim de Boa Viagem p 112

Figura 538 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 112

Figura 539 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Idem p 113

Figura 540 ndash Plantas Baixas ndash A situaccedilatildeo hipoteacutetica futura seguida de perto pelo mapa de 2009 apresentou o pior comportamento acuacutestico do 3deg Jardim e o mapa de 1997 apresentou o melhor entre os mapas elaborados nesta pesquisa conforme ilustra a siacutentese abaixo p 113

Figura 541 ndash Graacutefico da performance acuacutestica considerando o ano x o niacutevel de pressatildeo sonora equivalente (Leq) ndash O Graacutefico apresenta as variaccedilotildees de niacuteveis de pressatildeo sonora de alguns pontos escolhidos aleatoriamente nos mapas acuacutesticos elaborados (Figura 541) Em 1997 as quedas das curvas de variaccedilatildeo do graacutefico corroboram a tendecircncia desta data ter apresentado o mapa acuacutestico com o melhor comportameno acuacutestico entre os mapas elaborados por esta pesquisa p 114

Figura 542 ndash Locaccedilatildeo dos pontos utilizados para elaboraccedilatildeo do graacutefico de performance acuacutestica p 114

Figura 543 ndash Graacutefico comparativo de niacuteveis de emissatildeo sonora permitidos ndash O graacutefico apresenta uma comparaccedilatildeo entre os niacuteveis de emissatildeo sonora permitidos em alguns paiacuteses entre a WHO ISO e ABNT e entre a Lei do silecircncio e o coacutedigo do Meio Ambiente e Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife O graacutefico evidencia que a cidade do Recife e o estado de Pernambuco praticam niacuteveis muito acima do recomendado por outras entidades normativas p 121

Figura 544 ndash Planta Baixa ndash Mapa acuacutestico simulando uma situaccedilatildeo onde o fluxo de veiacuteculos seja o dobro do encontrado atualmente no 3deg Jardim de Boa Viagem (2009) apresentando altos niacuteveis de poluiccedilatildeo sonora p 122

Figura 545 a 548 ndash Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Idem p 122

Figura 549 ndash Planta Baixa ndash Mapa acuacutestico simulando uma situaccedilatildeo onde seja implantado rodiacutezio de veiacuteculos com uma reduccedilatildeo de 30 do valor total do fluxo de veiacuteculos atualmente encontrado no 3deg Jardim de Boa Viagem (2009) p 123

Figura 550 a 553 ndash Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Idem p 123

Figura 554 ndash Planta Baixa ndash Mapa acuacutestico simulando uma situaccedilatildeo onde seja implantado aleacutem do rodiacutezio de veiacuteculos com reduccedilatildeo de 30 no fluxo atual de veiacuteculos um corredor de transporte puacuteblico na Av Domingos Ferreira e restriccedilatildeo de traacutefego de veiacuteculos pesados apenas nesta via p 124

Figura 555 a 558 ndash Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Idem p 124

LISTA DE TABELAS

Tabela 21 ndash Os niacuteveis de pressatildeo sonora e suas consequumlecircncias fisioloacutegicas no homem Em alguns casos podem a intensidade das reaccedilotildees fisioloacutegicas podem variar dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora p 35

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO

2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

21 A Forma Urbana e seus Elementos Componentes____________

22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais_____________

3 CONSIDERACcedilOtildeES METODOLOacuteGICAS

31 3deg Jardim de Boa Viagem enquanto Estudo de Caso_________

32 Mapeamento Acuacutestico enquanto Instrumento de Pesquisa_

33 Procedimentos Metodoloacutegicos__________________________________

331 1deg Etapa Pesquisa Documental Primaacuteria e Secundaacuteria _____

332 2deg Etapa Pesquisa Piloto_____________________________________

333 3deg Etapa Estudo de Campo__________________________________

334 4deg Etapa mapeamento acuacutestico_____________________________

4 TRANSFORMACcedilOtildeES DO 3deg JARDIM E SUA RELACcedilAtildeO COM

O PROCESSO DE OCUPACcedilAtildeO DO BAIRRO DE BOA

VIAGEM

5 COMPORTAMENTO ACUacuteSTICO DO 3degJARDIM DE BOA

VIAGEM

51 Comportamento Acuacutestico do 3deg Jardim de Boa Viagem a

partir das Modificaccedilotildees Cronoloacutegicas em sua Forma

Urbana______________________________________________________________

52 Comportamento Acuacutestico do 3deg Jardim de Boa Viagem em

relaccedilatildeo ao Coacutedigo do Meio Ambiente e Equiliacutebrio Ecoloacutegico

do Recife agrave ldquoLei do Silecircnciordquo e a outras Entidades

Normativas_________________________________________________________

53 Ausecircncia de Accedilotildees versus Presenccedila de Accedilotildees em Busca

de um Melhor Comportamento Acuacutestico para o 3deg Jardim

de Boa Viagem____________________________________________________

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

7 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

128

134

115

107

81

80

65

60

59

56

55

55

52

49

46

31

22

22

17

CAPIacuteTULO 1

A pesquisa eacute talvez a arte de se criar dificuldades fecundas e de criaacute-las para os

outros Nos lugares onde havia coisas simples faz-se aparecer problemas

Pierre Bourdieu

____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO

17

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

1 INTRODUCcedilAtildeO

Um grito estridente lanccedilado em um meio urbano envolto nos ldquomais modernosrdquo e descomunais

arranha-ceacuteus desconfortavelmente ouvido nos mais remotos pavimentos de um deles foi agrave

centelha motivadora para as ideacuteias e discussotildees que permeiam esta pesquisa Este grito mal

recebido pelo receptor pode ser considerado uma das diversas formas da profusatildeo de ruiacutedos que

cada vez mais se tornam elementos onipresentes da vida contemporacircnea

Tal profusatildeo de ruiacutedos atualmente encontrados nos centros urbanos estaacute intimamente vinculada

ao crescimento acelerado das cidades que possibilitaram o aumento e uma maior concentraccedilatildeo da

populaccedilatildeo urbana acarretando em raacutepidas transformaccedilotildees no meio de propagaccedilatildeo do ruiacutedo

urbano aleacutem do aumento e uma maior concentraccedilatildeo dos diversos tipos de fontes sonoras que o

geram

Embora esteja estreitamente relacionado ao raacutepido desenvolvimento das cidades o ruiacutedo urbano

natildeo deve ser considerado como uma consequumlecircncia incidental da accedilatildeo humana em busca de

progresso e por isso inevitaacutevel tampouco toleraacutevel Ao contraacuterio deve ser entendido como uma

das consequumlecircncias prejudiciais deste desenvolvimento que pode causar diversos males fisioloacutegicos

e psicoloacutegicos ao citadino e assim sendo deve ser veementemente prevenido e mitigado

A fim de encontrar maneiras que possibilitem sua prevenccedilatildeo e mitigaccedilatildeo o ruiacutedo urbano pode

ser entendido como um sistema composto essencialmente pela fonte sonora ndash meio de propagaccedilatildeo ndash

receptor Dentre estas trecircs partes componentes do sistema o meio de propagaccedilatildeo pode ser

considerado como um dos menos investigados e onde as accedilotildees contra o ruiacutedo satildeo menos

concentradas (SINGAL 2005)

Esta inobservacircncia da importacircncia do meio urbano enquanto percurso de propagaccedilatildeo sonora

pode estar vinculada agrave dificuldade de intervir em meios de propagaccedilatildeo consolidados como satildeo

fundamentalmente os grandes centros urbanos Daiacute a relevacircncia em compreender a acuacutestica

urbana a partir de seu meio propagador pois uma vez consolidado o meio raras satildeo as

intervenccedilotildees possiacuteveis para minimizar o ruiacutedo urbano a partir desta parte componente do sistema

fonte ndash meio ndash receptor restando essencialmente accedilotildees preventivas

____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO

18

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Outro fator que evidencia o grande valor em compreender a acuacutestica urbana a partir de seu meio

de propagaccedilatildeo eacute o potencial que o meio urbano possui em influenciar a trajetoacuteria da propagaccedilatildeo

sonora Esta influecircncia acontece atraveacutes da forma que este meio apresenta ou seja a forma urbana

atraveacutes de seus elementos componentes e enquanto percurso de transmissatildeo delineia influencia e

determina em certa medida a trajetoacuteria de propagaccedilatildeo da onda sonora

Assim sendo a interaccedilatildeo entre os diversos elementos que compotildeem a forma urbana - o traccedilado e

perfis das vias o modo de implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as proporccedilotildees

densidade e maneira de ocupaccedilatildeo das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres ndash

contribui determinantemente para caracterizaccedilatildeo da propagaccedilatildeo sonora no meio urbano atraveacutes

de muacuteltiplas reflexotildees do espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave fonte geradora de

campos sonoros reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de aacutereas de sombra

Esta interaccedilatildeo entre os elementos da forma urbana e a propagaccedilatildeo sonora ocorre a partir da

diversidade e singularidade existente nos variados meios urbanos igualmente proporcionando os

mais particulares comportamentos acuacutesticos Isto eacute para cada meio urbano existem caracteriacutesticas

particulares inerentes agrave sua forma urbana que geram um comportamento acuacutestico igualmente

especiacutefico exclusivo e vinculado a esta forma urbana

Apesar deste atrelamento entre a acuacutestica urbana e a forma urbana esta relaccedilatildeo natildeo eacute

suficientemente pesquisada e quando eacute satildeo enfocadas prioritariamente situaccedilotildees presentes de

comportamento acuacutestico eou no maacuteximo hipoacuteteses futuras tambeacutem chamadas de prediccedilatildeo

acuacutestica Aleacutem disso natildeo foram encontradas referecircncias ateacute o presente momento de investigaccedilotildees

que priorizem a apreciaccedilatildeo da acuacutestica urbana e sua relaccedilatildeo com as modificaccedilotildees ao longo do tempo da

forma urbana

Isto posto considerando esta ausecircncia de pesquisas e considerando que para cada espaccedilo urbano

existe um comportamento de propagaccedilatildeo sonora especiacutefico o presente estudo se propocircs a

investigar o comportamento acuacutestico de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de

modificaccedilotildees em sua forma urbana

Para isso admitiu-se que a propagaccedilatildeo de uma mesma fonte sonora em um mesmo espaccedilo urbano

que tenha sofrido ao longo de um processo cronoloacutegico modificaccedilotildees em sua forma urbana

implicaria em diferentes comportamentos em sua acuacutestica urbana para as diferentes datas deste

processo Esta suposiccedilatildeo possibilitou a anaacutelise do comportamento acuacutestico atraveacutes das

____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO

19

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

modificaccedilotildees cronoloacutegicas da forma urbana a partir da articulaccedilatildeo de trecircs variaacuteveis - a fonte sonora

a forma urbana e a acuacutestica urbana Estas variaacuteveis foram consideradas tendo o estudo de caso

enquanto estrateacutegia de pesquisa

O caso escolhido para esta investigaccedilatildeo foi o loteamento 3deg Jardim de Boa Viagem tanto por

representar uma parcela bem delimitada das raacutepidas e recentes transformaccedilotildees ocorridas na

forma urbana do bairro de Boa Viagem quanto por permitir ilustrar o comportamento acuacutestico

em um encadeamento evolutivo do iniacutecio de sua ocupaccedilatildeo recente ateacute os dias atuais

Para compor tal encadeamento evolutivo foram selecionados os anos de 1971 data escolhida por

caracterizar o princiacutepio da ocupaccedilatildeo do 3deg Jardim 1981 e 1997 por representarem datas de

registro de fotografias aeacutereas do bairro de Boa Viagem existentes na base de dados da

CONDEPE-FIDEM Agecircncia Estadual de Planejamento e Pesquisas de Pernambuco 2009 por

representar a realidade atualmente encontrada no 3deg Jardim e uma simulaccedilatildeo de situaccedilatildeo

hipoteacutetica futura de modificaccedilatildeo na forma urbana

Isto posto com o intuito de analisar o comportamento da acuacutestica urbana do 3deg Jardim de Boa

Viagem a partir de modificaccedilotildees cronoloacutegicas em sua forma urbana foram executados os

seguintes objetivos especiacuteficos (I) identificar as caracteriacutesticas configuraccedilotildees e transformaccedilotildees da

forma urbana ocorridas no 3deg Jardim de Boa Viagem nos anos de 1971 1981 1997 e 2009 a

partir de seu processo de ocupaccedilatildeo (II) elaborar mapas acuacutesticos dos niacuteveis atuais (2009) de

pressatildeo sonora equivalente do 3deg Jardim (III) elaborar mapas acuacutesticos do 3deg Jardim nos anos de

1971 1981 1997 e de situaccedilatildeo hipoteacutetica futura a partir da consideraccedilatildeo dos niacuteveis atuais (2009)

de pressatildeo sonora equivalente do 3deg Jardim

Em busca de expor sistematicamente seu desenvolvimento a presente investigaccedilatildeo foi

estruturada do seguinte modo

O presente capiacutetulo 1 introduz e antecipa brevemente a discussatildeo que seraacute realizada ao longo

desta pesquisa

O capiacutetulo 2 aborda dois aspectos principais O primeiro deles desenvolve o conceito de forma

urbana e seus elementos componentes a partir dos autores Joseacute Lamas (2004) Philippe Panerai

(2006) e Vicente Del Rio (1990) Busca elucidar que a apreensatildeo da forma urbana eacute complexa e

envolve diversificadas abordagens e enfoques sociais econocircmicos histoacutericos e culturais para

entatildeo indicar que a presente pesquisa lanccedilaraacute um olhar para a forma urbana essencialmente a

____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO

20

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

partir de seu aspecto fiacutesico e material recorte necessaacuterio para a anaacutelise do comportamento

acuacutestico urbano

O segundo aspecto abordado no capiacutetulo 2 diz respeito agrave definiccedilatildeo teoacuterica do conceito da

acuacutestica urbana e de suas diversificadas implicaccedilotildees e interfaces quando o som eacute propagado em

meio urbano Busca evidenciar os fenocircmenos que ocorrem a partir da interaccedilatildeo entre a forma

urbana e a acuacutestica urbana indicando que a influecircncia da forma urbana eacute determinante para o

comportamento da acuacutestica urbana

O capiacutetulo 3 eacute dedicado ao percurso investigativo desta pesquisa evidenciando sua metodologia e

procedimentos metodoloacutegicos apresentando o 3deg Jardim enquanto estudo de caso o

mapeamento acuacutestico enquanto instrumento de pesquisa e detalhando as etapas operacionais

deste estudo Este capiacutetulo evidencia ainda o processo de elaboraccedilatildeo dos modelos e mapas

acuacutesticos da forma urbana existente no 3deg Jardim em cada uma das datas estudadas aleacutem da

situaccedilatildeo hipoteacutetica futura e discute o software Predictor utilizado para este mapeamento

O capiacutetulo 4 diz respeito ao processo de ocupaccedilatildeo do bairro de Boa Viagem e sua relaccedilatildeo com as

transformaccedilotildees urbanas ocorridas no 3deg Jardim Busca-se identificar as caracteriacutesticas

configuraccedilotildees e transformaccedilotildees ocorridas na forma urbana do 3deg Jardim que possibilitem o

entendimento cronoloacutegico destas modificaccedilotildees dando suporte a elaboraccedilatildeo e anaacutelise dos mapas

acuacutesticos

O capiacutetulo 5 analisa o comportamento da acuacutestica urbana identificado nos mapas acuacutesticos

elaborados do 3deg Jardim a partir das modificaccedilotildees ocorridas em sua forma urbana nos anos de

1971 1981 1997 e 2009 aleacutem de uma situaccedilatildeo hipoteacutetica futura (prediccedilatildeo acuacutestica) Neste capiacutetulo

discute-se ainda o comportamento do 3deg Jardim em relaccedilatildeo agrave legislaccedilatildeo municipal que regula as

emissotildees sonoras na cidade do Recife e no estado de Pernambuco e sua relaccedilatildeo com os niacuteveis

recomendados por outras entidades normativas e indica-se possiacuteveis accedilotildees para melhoria no

comportamento acuacutestico do 3deg Jardim bem como as possiacuteveis consequumlecircncias acuacutesticas da

ausecircncia de tais accedilotildees

Por fim no capiacutetulo 6 satildeo apresentadas as consideraccedilotildees finais acerca do comportamento acuacutestico

do 3deg Jardim e satildeo indicados novos rumos de pesquisa a respeito da acuacutestica urbana

CAPIacuteTULO 2

A arquitetura eacute uma muacutesica petrificada

Arthur Schopenhauer

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

22

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

Analisar o comportamento da acuacutestica urbana ainda que a partir das modificaccedilotildees da forma

urbana faz com que esta pesquisa trate essencialmente da acuacutestica urbana No entanto este

comportamento esta sujeito aos diversificados modos de apreensatildeo da forma urbana e de seus

elementos componentes bem como ao modo como esta pesquisa os consideraraacute

Assim sendo o primeiro item deste capiacutetulo expotildee o conceito de forma urbana e de algumas de

suas relaccedilotildees discutido agrave luz de LAMAS (2004) de PANERAI (2006) e DEL RIO (1990)

indicando em seguida o que esta pesquisa consideraraacute como forma urbana

Certamente discussatildeo em torno da produccedilatildeo de outros autores poderia ser elaborada No

entanto o primeiro item deste capiacutetulo natildeo pretende representar uma revisatildeo bibliograacutefica acerca

do estudo da forma urbana e suas relaccedilotildees pretende sim construir uma discussatildeo em torno dos

trecircs autores selecionados que culmine no conceito de forma urbana que seraacute considerado por esta

pesquisa para possibilitar olhar para suas modificaccedilotildees cronoloacutegicas a fim de compreender o

comportamento da acuacutestica urbana

Apoacutes este delineamento no segundo item deste capiacutetulo discute-se a acuacutestica urbana e suas

relaccedilotildees conceituais com os diversos elementos e implicaccedilotildees da propagaccedilatildeo sonora em meio

urbano e como eles relacionam-se influenciando em seu comportamento

21 A Forma Urbana e seus Elementos Componentes

Segundo LAMAS (2004) estudar a forma urbana compreende examinar as configuraccedilotildees e as

estruturas exteriores de determinados objetos de suas formas interligando-as com os fenocircmenos

que lhes deram origem Assim sendo a forma urbana pode ser definida como sendo o

[] modo como se organizam os elementos morfoloacutegicos que constituem e definem o espaccedilo urbano relativamente agrave materializaccedilatildeo dos aspectos de

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

23

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 21 ndash Diferentes aspectos quantitativos relacionados a diversificadas formas urbanas Fonte LAMAS 2004

organizaccedilatildeo funcional e quantitativa e dos aspectos qualitativos e figurativos (LAMAS 2004 p 44) 1

Dentre estes aspectos os quantitativos satildeo agravequeles da realidade urbana que podem ser

quantificaacuteveis tais como densidades superfiacutecies fluxos coeficientes volumeacutetricos entre outros

(Figura 21) os de organizaccedilatildeo funcional satildeo agravequeles que se relacionam com as atividades

humanas tais como habitar e trabalhar e agravequeles relacionados ao modo de uso especiacutefico de uma

aacuterea ndash residencial comercial industrial entre outros os qualitativos referem-se ao tratamento dos

espaccedilos ao conforto e a comodidade do utilizador tais como adaptaccedilatildeo ao clima acessibilidade

estado da pavimentaccedilatildeo entre outros por fim os aspectos figurativos dizem respeito a

essencialmente a comunicaccedilatildeo esteacutetica (LAMAS 2004)

Pode-se considerar que ao olhar para forma urbana e em especiacutefico para suas modificaccedilotildees

cronoloacutegicas com o intuito de compreender o comportamento da acuacutestica urbana esta pesquisa

relaciona-se tanto aos aspectos qualitativos a partir do conforto acuacutestico dos receptores das

ondas sonoras em meio urbano quanto aos

aspectos quantitativos uma vez que este

comportamento acuacutestico em meio urbano eacute

quantificaacutevel em decibels (dB)

Embora estes aspectos envolvam grande parte

das singularidades inerentes a forma urbana

esta definiccedilatildeo parece ainda natildeo abarcar outras

particularidades sociais econocircmicas histoacutericas

e culturais igualmente envolvidas no

entendimento da concepccedilatildeo da forma urbana

isto eacute resta ainda a consideraccedilatildeo de que esta

forma urbana natildeo acontece

independentemente dos grupos sociais que a

produzem (PANERAI 2006)

Satildeo essencialmente estas particularidades que

impulsionam ou amortecem a transformaccedilatildeo

1 Para todas as citaccedilotildees deste autor natildeo seratildeo consideradas adaptaccedilotildees na liacutengua do paiacutes de origem - Portugal - permanecendo o texto original

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

24

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

dos elementos que compotildeem a forma urbana ndash a adiccedilatildeo de novos de traccedilados a um jaacute existente

ou sua superposiccedilatildeo seus conflitos o parcelamento de parques e ocupaccedilatildeo de espaccedilos livres a

renovaccedilatildeo da massa edificada seu lento adensamento e verticalizaccedilatildeo segundo uma especulaccedilatildeo

despretensiosa ou sua substituiccedilatildeo por vastos empreendimentos sob influecircncia de uma

especulaccedilatildeo bem mais expressiva (PANERAI 2006) isto eacute faz parte da apreensatildeo da forma

urbana uma complexidade que envolve um processo de acumulaccedilatildeo de enfoques e observaccedilotildees

sociais econocircmicas histoacutericas e culturais que englobam muito mais do que apenas sua forma

fiacutesica

Estas particularidades especialmente as sociais parecem um pouco mais delineadas nas

consideraccedilotildees feitas por DEL RIO (1990) que considera o espaccedilo urbano a partir da apropriaccedilatildeo

social que se faz dele estabelecendo que em relaccedilatildeo ao estudo da forma urbana a cidade pode

ser compreendida a partir de trecircs niacuteveis organizacionais o coletivo o comunitaacuterio e o individual

O niacutevel coletivo eacute regido sob uma loacutegica estruturadora percebida inconscientemente e

coletivamente e eacute composto pelos elementos2 do tecido que possuem uma permanecircncia maior ao

longo do tempo o niacutevel comunitaacuterio diz respeito aos elementos com significados especiais apenas

para um pequeno grupo da populaccedilatildeo como o bairro por exemplo jaacute o niacutevel individual expressa

significados individuais como a residecircncia e seu espaccedilo circundante e por seu caraacuteter individual eacute

o que apresenta maior rapidez nas modificaccedilotildees (DEL RIO 1990)

Mas LAMAS (2004) ao defender sua definiccedilatildeo para forma urbana natildeo soacute possuiacutea ciecircncia destas

outras particularidades explicitadas por PANERAI (2006) e DEL RIO (1990) ndash sociais

econocircmicas histoacutericas e culturais ndash envolvidas na concepccedilatildeo de forma urbana como optou em

natildeo apreciaacute-las

[] um primeiro grau de leitura da cidade eacute eminentemente fiacutesico-espacial e morfoloacutegico portanto especiacutefico da arquitectura e o uacutenico que permite evidenciar a diferenccedila entre este e outro espaccedilo entre esta e aquela forma e explicar as caracteriacutesticas de cada parte da cidade A estes se juntam outros niacuteveis de leitura que revelam diferentes conteuacutedos (histoacutericos econoacutemicos sociais e outros) Mas este conjunto de leituras soacute eacute possiacutevel porque a cidade existe como facto fiacutesico e material Todos os instrumentos de leitura lecircem o mesmo objecto ndash o espaccedilo fiacutesico a FORMA URBANA (LAMAS 2004 p 31 grifo do autor) Eacute fundamentalmente a dimensatildeo fiacutesica e morfoloacutegica da cidade que me preocupa [] (LAMAS 2004 p 31)

2 Estes elementos seratildeo discutidos em paraacutegrafos mais adiante

____________________________________________

ANAacuteLISE D

Na verdade esta opccedilatildeo em

urbana considerando-a essen

de seu aspecto fiacutesico e m

convenientemente ao obje

presente pesquisa analisar

da acuacutestica urbana a partir

cronoloacutegicas na forma urba

esta anaacutelise do compor

implica em uma apropriaccedil

fiacutesica e material destas modif

Certamente a busca pela ap

urbana envolve muito

simplesmente sua forma

como jaacute aclarado No entan

da anaacutelise proposta por

apreensatildeo em totalid

fundamentalmente necessaacuter

apropriaccedilatildeo da forma urban

material ou uma variaacutevel fiacutes

finalidade derradeira de

comportamento acuacutestico

modificaccedilotildees nesta forma

Ao entender a observaccedilatildeo

essencialmente em seu aspec

(2004) propocircs uma classifica

dimensotildees

bull A dimensatildeo setorial

refere-se agrave menor u

do espaccedilo urbano co

uma praccedila ou uma

ponto o observador

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 24 ndash A cidadeo texemplificada por meio da cidadLAMAS 2004

Figura 23 ndash O bairro a escala ucidade portuguesa de Tavira Fonte

Figura 22 ndash Praccedila da Alagoa na ca dimensatildeo setorial Fonte LAMA

em observar a forma

sencialmente a partir

material responde

bjetivo primeiro da

ar o comportamento

rtir de modificaccedilotildees

rbana uma vez que

ortamento acuacutestico

riaccedilatildeo genuinamente

dificaccedilotildees

apreensatildeo da forma

o mais do que

a fiacutesica e material

tanto para realizaccedilatildeo

or este estudo tal

alidade natildeo eacute

saacuteria o que torna a

bana quase um meio

l fiacutesica para atingir a

e compreensatildeo do

a partir de

atildeo da forma urbana

pecto fiacutesico LAMAS

icaccedilatildeo em escalas ou

ndash a escala da rua

r unidade ou porccedilatildeo

como por exemplo

a rua onde de um

dor pode abarcar a

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

25

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

territoacuterioa dimensatildeo territorial dade portuguesa de Tavira Fonte

a urbana exemplificada por meio da nte LAMAS 2004

na cidade portuguesa de Tavira ilustra MAS 2004

____________________________________________

ANAacuteLISE D

unidade espacial d

(Figura 22)

bull A dimensatildeo urbana ndash

corresponde agraves pa

identificaacuteveis como

exemplo onde a

elementos da forma

atraveacutes do movime

percursos (Figura 23

bull E por fim a dimensatildeo

da cidade diz respeito

diferentes formas

articulaccedilatildeo de bai

entre si Sua forma

distribuiccedilatildeo de eleme

das cidades em con

suporte geograacutefico d

a articulaccedilatildeo de

circulaccedilatildeo entre os

entre zonas habitacio

entre outras (Figura 2

Dentre estas dimensotildees a u

bairro desperta particular

pesquisa uma vez que o e

limites de observaccedilatildeo atraveacute

de movimentos poderaacute aba

significante de modificaccedilotildee

forma urbana de determina

compreender o comport

acuacutestica urbana

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 25 ndash Exemplos de diversiflotes quarteirotildees e vias em difereNesta imagem um recorte do CONDEPE-FIDEM 1981

Figura 26 ndash Exemplos de diversiflotes quarteirotildees e vias em difereNesta imagem um recorte do baorigens da cidade entrecortadoBarreto Fonte CONDEPE-FIDE

Figura 27 ndash Exemplos de diveredifiacutecios lotes quarteirotildees e vias eRecife Nesta imagem um recessencialmente por morros o AltoFIDEM 1981

de seu conjunto

ndash a escala do bairro

partes homogecircneas

mo os bairros por

a observaccedilatildeo dos

a urbana eacute realizada

imento e de vaacuterios

23)

nsatildeo territorial ndash a escala

eito agrave articulaccedilatildeo de

as urbanas da

bairros interligados

ma eacute definida pela

mentos estruturantes

onformidade com o

o do siacutetio tais como

e ruas e vias de

s diferentes bairros

cionais e comerciais

a 24)

a urbana ndash escala do

lar interesse desta

o entendimento dos

veacutes de certo nuacutemero

barcar uma amostra

otildees cronoloacutegicas na

inado local a fim de

ortamento de sua

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

26

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

rsificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios erentes bairros da cidade do Recife o bairro de Boa Viagem Fonte

rsificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios erentes bairros da cidade do Recife bairro de Satildeo Joseacute que remete agraves do pela recente Avenida Dantas DEM 1981

versificadas concretizaccedilotildees entre os em diferentes bairros da cidade do

recorte de um bairro constituiacutedo lto do Mandu Fonte CONDEPE-

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

27

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

No entanto para apreender tal dimensatildeo devem-se conhecer e estabelecer quais elementos

miacutenimos da forma urbana que se relaciona com esta a dimensatildeo urbana e quais satildeo estes

elementos LAMAS (2004) propocircs onze elementos da forma urbana necessaacuterios para esta

apreensatildeo o solo (I) o edifiacutecio (II) o lote (III) o logradouro (IV) o quarteiratildeo (V) o traccediladoa

rua(VI) a praccedila (VII) a fachada (VIII) o monumento (IX) a vegetaccedilatildeo (X) e o mobiliaacuterio

urbano (XI) Dentre estes elementos seis possuem uma estreita relaccedilatildeo com esta pesquisa e

seratildeo expostos de acordo com consideraccedilotildees observadas por LAMAS 3 (2004) (Figuras 25 a 27)

O edifiacutecio representa o elemento miacutenimo identificaacutevel na observaccedilatildeo da forma urbana eacute atraveacutes

dele que se constitui o espaccedilo urbano e se organizam diferentes elementos tais como ruas praccedilas

avenidas entre outros Os edifiacutecios agrupam-se em diferentes tipos tanto em relaccedilatildeo a suas

formas quanto a suas funccedilotildees Estes elementos podem influenciar o comportamento da acuacutestica

urbana atuando enquanto objetos reflexivos da onda sonora e como barreiras acuacutesticas4

O lote representa o princiacutepio da relaccedilatildeo do edifiacutecio com o terreno A forma do lote eacute muitas

vezes condicionante da forma do edifiacutecio tornando-os vinculados por essecircncia o logradouro diz

respeito ao espaccedilo livres e natildeo construiacutedos no interior do lote aos quintais e jardins o quarteiratildeo

ou quadra pode ser considerado como o espaccedilo resultante entre o cruzamento de trecircs ou mais

vias podendo ser demarcado em vaacuterios lotes para a construccedilatildeo de edifiacutecios Juntos estes trecircs

elementos associados aos edifiacutecios podem propiciar uma maior ou menor permeabilidade

acuacutestica eou uma maior ou menor presenccedila de aacutereas de sombra no meio urbano

O traccedilado por meio das ruas ou vias eacute facilmente identificaacutevel no meio urbano Estaacute muitas vezes

condicionado ao siacutetio geograacutefico existente regula a disposiccedilatildeo dos edifiacutecios e quarteirotildees e

interliga os vaacuterios espaccedilos componentes da cidade e a cidade ao territoacuterio Normalmente o

traccedilado resiste agraves transformaccedilotildees na forma urbana por possuir um caraacuteter de permanecircncia natildeo

totalmente modificaacutevel O traccedilado engloba trajetoacuterias e caminhos que natildeo satildeo necessariamente

percorridos atraveacutes de automoacuteveis apesar disso estaacute em grande parte vinculado a uma das

principais fontes geradoras de ruiacutedo urbano ndash o traacutefego de veiacuteculos

3 Os outros elementos tambeacutem podem relacionar-se de diferentes maneiras com a acuacutestica urbana mas nem tanto com a presente pesquisa e por isso natildeo foram considerados 4 Todas as definiccedilotildees e conceitos acuacutesticos apresentados no presente item seratildeo elucidados no item seguinte 22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 28 ndash Os trecircs conjuntos formadores do tecido urbano segundo Panerai (2006) Fonte PANERAI 2006

A praccedila eacute um espaccedilo de geometria variada

intencionalmente inserido no meio urbano

cuja relaccedilatildeo com o traccedilado e os edifiacutecios

tambeacutem eacute intencional evidenciada atraveacutes do

seu desenho e natildeo acidentais como

alargamento e confluecircncias do traccedilado Aleacutem

disso a praccedila eacute um lugar de encontro de

permanecircncia e de praacuteticas sociais

Acusticamente dependendo de suas

proporccedilotildees a propagaccedilatildeo sonora que envolve

uma praccedila pode apresentar um

comportamento que se assemelha a

propagaccedilatildeo sonora em campo livre

Estes elementos constituintes da forma urbana

conceituados por LAMAS (2004) podem ser

identificados sob um diferente invoacutelucro

conceitual mas com a mesma essecircncia no que

PANERAI (2006) definiu como sendo

conjuntos do tecido urbano

Aplicado agrave cidade o termo ldquotecidordquo evoca a continuidade e a renovaccedilatildeo a permanecircncia e a variaccedilatildeo Ele explica a constituiccedilatildeo das cidades antigas e responde as questotildees levantadas pelo estudo das urbanizaccedilotildees recentes Ele pressupotildee uma atenccedilatildeo tanto ao banal quanto ao excepcional tanto agraves ruas comuns e agraves edificaccedilotildees corriqueiras quanto agraves regulamentaccedilotildees e aos monumentos Dentre as muacuteltiplas definiccedilotildees de tecido urbano e sem desprezar suas qualidades escolhemos a mais simples O tecido urbano eacute constituiacutedo pela superposiccedilatildeo ou imbricaccedilatildeo de trecircs conjuntos a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees Essa definiccedilatildeo potildee em evidecircncia os elementos que permitem que as diferentes partes da cidade evoluam ao mesmo tempo em que satildeo mantidas a coesatildeo de conjunto e a clareza de sua estrutura (PANERAI 2006 p 77-78 grifo nosso) (Figura 28)

Ao contraacuterio de LAMAS (2004) que considera a praccedila como um elemento da forma urbana por

si soacute PANERAI (2006) discute as vias ou traccedilado inseridas em uma relaccedilatildeo em rede onde

tambeacutem satildeo considerados como partes constituintes os largos passeios praccedilas esplanadas cais

pontes rios canais margens praias todos compondo o espaccedilo puacuteblico Eacute atraveacutes desta rede

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

contiacutenua e hierarquizada que acontecem as distribuiccedilotildees e circulaccedilotildees da cidade bem como sua

organizaccedilatildeo local e territorial

Jaacute os parcelamentos fundiaacuterios constituem a representaccedilatildeo negativa5 da rede de vias que evidencia o

domiacutenio construiacutedo Este domiacutenio natildeo se limita aos edifiacutecios mas tambeacutem envolve paacutetios

quintais terrenos baldios (PANERAI 2006) Embora PANERAI(2006) considere separadamente

o exame das edificaccedilotildees sugere-se que este domiacutenio construiacutedo envolve quatro dos elementos da

forma urbana elencados por LAMAS (2004) o edifiacutecio o lote o logradouro e o quarteiratildeo

Para PANERAI (2006) as edificaccedilotildees ou edifiacutecios satildeo consideradas construccedilotildees subordinadas ao

espaccedilo puacuteblico ou seja a rede de vias sendo por ele estruturada e que acrescentam a dimensatildeo

vertical ao tecido urbano Tal subordinaccedilatildeo permite que haja uma dependecircncia reciacuteproca entre os

edifiacutecios ainda que eles pertenccedilam a eacutepocas diferentes fazendo com que sua renovaccedilatildeo aconteccedila

sem que haja grandes perdas na unidade do conjunto

Ao estruturar sua concepccedilatildeo dos elementos componentes da forma urbana DEL RIO (1990) eacute

bem mais sinteacutetico e objetivo mas assim como LAMAS (2000) e PANERAI (2006) seus

elementos possuem similaridades e ateacute repeticcedilotildees que praticamente reproduzem a mesma

essecircncia conceitual dos outros dois autores Estes elementos por serem estruturados tatildeo

objetivamente seratildeo apresentados em citaccedilatildeo direta satildeo eles

- crescimento os modos as intensidades e direccedilotildees elementos geradores e reguladores limites e superaccedilatildeo de limites modificaccedilatildeo de estruturas pontos de cristalizaccedilatildeo etc - traccedilado e parcelamento ordenadores do espaccedilo estrutura fundiaacuteria relaccedilotildees distacircncias circulaccedilatildeo e acessibilidade etc - tipologias dos elementos urbanos inventaacuterio e categorizaccedilatildeo de tipologias ediliacutecias (residecircncias comercio etc) de lotes e sua ocupaccedilatildeo de quarteirotildees e sua ocupaccedilatildeo de praccedilas esquinas etc - articulaccedilotildees relaccedilotildees entre elementos hierarquias domiacutenios do publico e privado densidades relaccedilotildees entre cheios e vazios etc (DEL RIO 1990 p 83 grifos do autor)

Dentre todos os elementos expostos a partir dos trecircs autores existe um importante fenocircmeno

relacionando-os em distintas intensidades e que merece ser considerado por influenciar

definitivamente na modificaccedilatildeo da forma urbana ndash o adensamento

5 No sentido de uma fotografia onde os claros e os escuros satildeo representados no negativo de modo contraacuterio ao do objeto fotografado

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 29 ndash O adensamento das ilhas do Bairro do Recife e de Santo Antocircnio (imagem) ocorreu tanto pelo preenchimento progressivo desde o inicio da ocupaccedilatildeo da cidade quanto por meio da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees anteriores Fontehttppedrodealbuquerquewordpresscomcategorypernambuco Acesso em 201109

O adensamento ocorre a partir de dois modos

essenciais de ocupaccedilatildeo o primeiro a partir do

preenchimento progressivo do espaccedilo urbano

e o segundo a partir da substituiccedilatildeo completa

por meio de demoliccedilatildeo de edificaccedilotildees

anteriores (PANERAI 2006) (Figura 29)

A primeira forma de adensamento ocorre sem

a expansatildeo territorial por meio do

preenchimento progressivo de todas as

reservas fundiaacuterias e espaccedilos livres de

determinado meio urbano Eacute um

adensamento inserido em limitesbarreiras

preacute-estabelecidos naturais ou natildeo tais como

uma via expressa irregularidades geograacuteficas

do siacutetio ou ainda numa escala menor a proacutepria quadra pode ser um limite para saturaccedilatildeo gradual

em seu interior desmembramento ou remembramento dos lotes para construccedilatildeo de novas

edificaccedilotildees verticalizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo de antigos quintais eou jardins (PANERAI 2006)

A segunda forma de adensamento acontece atraveacutes da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees

anteriormente existentes por novas construccedilotildees de maior porte tanto em relaccedilatildeo agrave ocupaccedilatildeo do

solo por meio do remembramento de lotes quanto em relaccedilatildeo ao seu gabarito Esta forma de

adensamento permite a renovaccedilatildeo do espaccedilo urbano sem aumentar sua aacuterea de abrangecircncia sem

sua expansatildeo (PANERAI 2006)

Ambas as formas de adensamento transformam essencialmente a forma urbana e o modo como

se relacionam seus elementos componentes A identificaccedilatildeo desta transformaccedilatildeo em determinado

meio urbano gerada pelo adensamento eacute indispensaacutevel para anaacutelise do comportamento da

acuacutestica urbana a partir de modificaccedilotildees na forma urbana deste mesmo meio uma vez que o

adensamento pode influenciar na propagaccedilatildeo sonora proporcionando uma maior quantidade de

objetos reflexivos de barreiras acuacutesticas e favorecendo a diminuiccedilatildeo da permeabilidade acuacutestica

Por fim a partir exposiccedilatildeo de determinados elementos considerados por LAMAS (2004) ndash o

edifiacutecio o lote o logradouro o quarteiratildeo o traccediladoa rua e a praccedila dos conjuntos considerados

por PANERAI (2006) ndash a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees dos

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31

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

elementos considerados por DEL RIO (1990) ndash crescimento traccedilado e parcelamento tipologias

dos elementos urbanos e as articulaccedilotildees e em busca de atingir seu objetivo principal esta

pesquisa consideraraacute a forma urbana inserida em um recorte que a considera essencialmente a

partir de seu aspecto fiacutesico e material e cujos elementos componentes considerados seratildeo

exclusivamente

1 As parcelas fundiaacuterias ndash consideradas por meio das quadras e lotes incluindo sua relaccedilatildeo

de modo de ocupaccedilatildeo das edificaccedilotildees sua densidade e seus espaccedilos livres

2 As edificaccedilotildees ndash consideradas atraveacutes de sua relaccedilatildeo de modo de ocupaccedilatildeo com os

lotes e do grau de verticalizaccedilatildeo (gabarito baixo meacutedio e alto)

3 As vias ndash consideradas como reguladoras da relaccedilatildeo com as edificaccedilotildees e quarteirotildees e

principalmente apreciadas como estreitamente vinculadas a uma das principais fontes

geradoras de ruiacutedo urbano (o traacutefego de veiacuteculos)

Estes seratildeo os elementos componentes da forma urbana que esta pesquisa se apropriaraacute no

decurso do caminho a fim de analisar o comportamento acuacutestico a partir de modificaccedilotildees

cronoloacutegicas em determinada forma urbana Nos paraacutegrafos seguintes discutem-se os conceitos e

relaccedilotildees que permeiam a acuacutestica urbana

22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais

A acuacutestica eacute a ciecircncia do som incluindo sua geraccedilatildeo transmissatildeo e recepccedilatildeo de energia sob a

forma de ondas vibracionais na mateacuteria (KINSLER et al 1982) Ela eacute uma ciecircncia

multidimensional e interligada a vaacuterios domiacutenios cientiacuteficos Seu objeto de estudo fundamental o

som delineia uma seacuterie de interfaces multidisciplinares com abordagens em diversificadas aacutereas

do conhecimento (Figura 210)

Desse modo quando a geraccedilatildeo transmissatildeo e efeitos do som estatildeo inseridos no meio urbano

seu desdobramento eacute estudado pela aacuterea de conhecimento da acuacutestica urbana muitas vezes

tambeacutem nomeada de acuacutestica ambiental

O objeto de estudo fundamental da acuacutestica o som eacute a sensaccedilatildeo produzida no ouvido por

pequenas flutuaccedilotildees da pressatildeo do ar (HANSEN 2005) ou seja eacute uma percepccedilatildeo sensorial e seu

____________________________________________

ANAacuteLISE D

complexo padratildeo de ondas s

de ruiacutedo muacutesica fala

(BERGLUND et al 1999)

Esta definiccedilatildeo do som tend

a percepccedilatildeo do ouvido

conceito psicofiacutesico Fisicame

vibraccedilatildeo mecacircnica que

progressivamente atraveacutes de

gasoso liacutequido ou soacutelido (SIN

Esta vibraccedilatildeo quando tran

que o rodeia nem sempre

aparelho auditivo humano

frequumlecircncia6 audiacutevel encontra

20 a 20000 Hz para um

(BRUumlEL amp KJAEligR 1984

1982) Frequumlecircncias acima de

altas para respostas fisioloacuteg

chamadas de ultrasons Jaacute as

de 20 Hz satildeo chamadas de

detectaacuteveis pelo ouvido hum

prejudiciais agrave sua sauacutede7

1982 SOUSA 2004)

Fisicamente o som e o ruiacutedo

ambos se propagam em mei

detectados pelo ouvido hu

enquanto o som eacute utilizado

6 A frequumlecircncia eacute o nuacutemero de ciclo(HANSEN 1995) 7 A exposiccedilatildeo a baixas frequumlecircncias depressatildeo irritabilidade e perturba pro

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 210 ndash Interfaces multidFonte Elaborado pela autora a pa

Figura 211 ndash Fonte sonora ponSOUZA 2006

as sonoras eacute rotulado

ala entre outros

ndo como referecircncia

o humano eacute um

mente o som eacute uma

que se propaga

de um meio material

(SINGAL 2005)

transmitida ao meio

re eacute detectaacutevel pelo

ano cuja faixa de

tra-se no intervalo de

um jovem saudaacutevel

4 KINSLER et al

de 20000 Hz muito

loacutegicas auditivas satildeo

as frequumlecircncias abaixo

de infrasons e natildeo satildeo

umano contudo satildeo

(KINSLER et al

iacutedo constituem o mesmo fenocircmeno de variaccedilotildee

eio elaacutestico (soacutelido liacutequido ou gasoso) e ambos

humano (BERGLUND et al 1999 HANSEN

do para descrever percepccedilotildees sonoras agradaacutev

iclos que a onda sonora completa no tempo de um segundo

as pode gerar a doenccedila Vibroacuacutestica que induz o espessamprocessos cognitivos (BRANCO e PEREIRA 2004)

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

32

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

ltidisciplinares do estudo do som partir de BISTAFA 2006

ontual e fonte sonora linear Fonte

otildees de pressatildeo ambiente

bos satildeo capazes de serem

EN 1995) No entanto

daacuteveis o ruiacutedo descreve

do e eacute medida em Hertz (Hz)

amento das estruturas cardiacuteacas

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

33

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 212 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora pontual de 6 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007

percepccedilotildees sonoras desagradaacuteveis incorporando um aspecto de subjetividade agrave sua definiccedilatildeo

(BRUumlEL amp KJAEligR 1984 HANSEN 2005 BRASIL 2006 SINGAL 2005)

Tal subjetividade acarreta diferentes e individuais percepccedilotildees sonoras pelo ser humano e

portanto em diferentes reaccedilotildees agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo Em outras palavras o que se estabelece

como som para um indiviacuteduo pode representar ruiacutedo para outro

[] as respostas inerentes ao ruiacutedo satildeo complexas dependendo tanto dos fatores propriamente acuacutesticos quanto dos psicossociais contextuais simboacutelicos emocionais como daqueles de valor especiacutefico Essas variaacuteveis participam da singularidade da escuta e atuam como filtros que modificam a percepccedilatildeo do sinal fiacutesico sonoro (SANTOS e MARTINS 2005 p 216)

Enquanto sua percepccedilatildeo envolve a subjetividade as respostas fisioloacutegicas agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo satildeo

mais objetivas e seus danos satildeo mais facilmente identificaacuteveis O ruiacutedo pode gerar complicaccedilotildees

no sistema circulatoacuterio e hormonal perda gradativa da audiccedilatildeo distuacuterbios de sono estresse

irritabilidade neuroses desconforto e dificuldade de aprendizado entre outros danos

(BERGLUND et al1999 HANSEN 2005 KINSLER et al 1982 MURGEL 2007 NAGEM

2004 NUNES 2006 PAZ et al 2005 SINGAL 2005 ZANNIN et al 2002)

O ruiacutedo pode se originar de variadas fontes presentes em diversificados ambientes as mais

comumente encontradas satildeo as fontes sonoras pontuais e as lineares (Figura 211) A fonte pontual

possui dimensotildees finitas e emite o mesmo niacutevel de pressatildeo sonora uniformemente para todas as

direccedilotildees sendo seu decaimento em campo livre de 6 dB para cada dobro da distacircncia (Figura

212) (HANSEN 2005 SOUSA 2004)

Jaacute a fonte linear eacute formada por certo nuacutemero de

fontes pontuais dispostas linearmente cuja

emissatildeo sonora eacute contiacutenua ao longo desta

linha sendo seu decaimento em campo livre

de 3 dB para cada dobro da distacircncia (Figura

213) (HANSEN 2005 PAZ 2004)

Quando propagadas no meio urbano a

combinaccedilatildeo de tais fontes sonoras associadas

ao percurso de transmissatildeo e ao receptor

constitui o ruiacutedo urbano (urban noise) tambeacutem

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 213 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora linear de 3 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007

chamado de ruiacutedo ambiental (environmental

noise) ou ruiacutedo comunitaacuterio (community noise)

(BERGLUND et al1999 GUEDES 2005

SOUSA 2004)

O ruiacutedo urbano pode ser gerado a partir do

traacutefego de veiacuteculos terrestres e aeacutereos de

obras de construccedilatildeo civil de estabelecimentos

industriais de estabelecimentos comerciais e

de serviccedilos de sistemas de propaganda

volante ou permanente8 e ruiacutedos de outras atividades cuja propagaccedilatildeo sonora pode afetar o bem-

estar e a sauacutede dos citadinos (BARRON 2003 BERGLUND et al1999 KINSLER et al 1982

NAGEM 2004 NUNES 2006 SINGAL 2005)

Apesar de esporaacutedica outra fonte de ruiacutedo gerada em meio urbano satildeo os eventos puacuteblicos tais

como festas shows comiacutecios carnavais fora de eacutepoca entre outros As fontes de ruiacutedo presentes

nestes eventos atingem um alto niacutevel de pressatildeo sonora9 e abrangem uma grande quantidade

populacional logo independente de ocorrer poucas vezes durante o ano satildeo eventos

extremamente danosos a sauacutede e principalmente agrave audiccedilatildeo a partir de 80 dB(A) natildeo importa se

a sensaccedilatildeo sonora eacute prazerosa ou natildeo ela eacute necessariamente prejudicial10 (Tabela 21) (NUNES

2006)

Quando a intensidade dos ruiacutedos urbanos torna-se excessivamente desagradaacutevel eou nociva o

ruiacutedo passa a ser considerado uma forma de poluiccedilatildeo ambiental11 - a poluiccedilatildeo sonora A

necessidade de regulamentaccedilatildeo da poluiccedilatildeo sonora renuncia os aspectos de subjetividade

existentes e inerentes ao conceito de ruiacutedo na tentativa de sintetizar e estabelecer limites leis

normas meacutetodos e accedilotildees que representem um universo sonoro equivalente para toda a

populaccedilatildeo na tentativa de controlar e mitigar o ruiacutedo urbano

8 Carros de som bicicletas com som raacutedios comunitaacuterias entre outros 9 O niacutevel de pressatildeo sonora eacute a medida fiacutesica preferencial para caracterizar a sensaccedilatildeo subjetiva da intensidade dos sons e de acordo com a lei de Weber e Fechner a sensaccedilatildeo sonora eacute proporcional ao logaritmo da intensidade sonora NPS=20 log (pp0) onde p eacute a pressatildeo sonora em Pascal e p0 eacute a pressatildeo sonora de referecircncia (2 10-5 Pascal) (BISTAFA 2006 NIEMEYER 2007) 10 Outros niacuteveis de ruiacutedo tambeacutem podem ser prejudiciais em maior ou menor grau dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora 11 ldquoPoluiccedilatildeo eacute a degradaccedilatildeo da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente a) prejudiquem a sauacutede a seguranccedila e o bem-estar da populaccedilatildeo b) criem condiccedilotildees adversas agraves atividades sociais e econocircmicas c) afetem desfavoravelmente a biota d) afetem as condiccedilotildees esteacuteticas ou sanitaacuterias do meio ambiente e) lancem mateacuterias ou energia em desacordo com os padrotildees ambientais estabelecidosrdquo (BRASIL 1981 p 1 e 2)

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Tabela 21 ndash Os niacuteveis de pressatildeo sonora e suas consequumlecircncias fisioloacutegicas no homem Em alguns casos podem a intensidade das reaccedilotildees fisioloacutegicas podem variar dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora Fonte elaborado pela autora a partir de KINSLER et al 1992 SINGAL 2005 SOUZA 2006

Assim sendo na esfera federal a Constituiccedilatildeo Federal (Art255) o Coacutedigo Civil Brasileiro (Lei ndeg

1040602) a Lei das Contravenccedilotildees Penais (Decreto-lei nordm 368841) e a Lei dos Crimes

Ambientais (Lei nordm 960598) versam a partir de diferentes abordagens e diferentes

procedimentos legais sobre a poluiccedilatildeo sonora e suas respectivas perturbaccedilotildees (CARNEIRO

2009)

NIacuteVEIS DE PRESSAtildeO SONORA E SUAS CONSEQUEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS

Niacutevel de Pressatildeo sonora

em dB(A)

Caracteriacutesticas FISIOLOacuteGICAS

Ambiente ou atividade

0 a 30 Nenhuma Tremular de folhas de uma aacutervore sussurros

aacuterea de mata selvagem

30 a 50 Nenhuma Cantar de paacutessaros rua calma em aacuterea residencial durante noite

50 a 70 Marca o iniacutecio do estresse

auditivo Rua agitada um restaurante barulhento

70 a 90 Estressante e bastante

excitante Chegada de um trem na estaccedilatildeo carro a 100 Kmh

conversa a gritos

90 a 110 Extremamente excitante provocando dependecircncia

Caminhatildeo pesado a 60 Kmh alarme de viatura passagem de trem numa estaccedilatildeo ou cabine de um aviatildeo monomotor

110 a 130

Desconfortavelmente alto atingindo o limiar da dor podendo causar surdez

instantacircnea

Trem passando em trilhos elevados martelo pneumaacutetico interior de uma boate show de banda de rock

130 a 140 Acima do limiar da dor

causando surdez permanente Decolagem de aviatildeo a jato a 5m de distacircncia disparos de artilharia

Ainda no domiacutenio federal o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) publicou vaacuterias

resoluccedilotildees que estabelecem normas de preservaccedilatildeo ao meio ambiente incluindo o combate a

poluiccedilatildeo sonora12 Nestas resoluccedilotildees todas as atividades geradoras de ruiacutedo devem seguir

diretrizes vinculadas agrave Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas ndash ABNT e ao Conselho

Nacional de Tracircnsito - CONTRAN no caso de ruiacutedo produzido por veiacuteculos automotores

(NAGEM 2004)

Tais resoluccedilotildees normas e diretrizes refletidas no domiacutenio estadual e municipal deram origem agrave

Lei Estadual nordm 12789 de 28 de Abril de 2005 (PERNAMBUCO2005) conhecida como ldquoLei do

12 Satildeo elas RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 272 de 14 de setembro de 2000

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Silecircnciordquo e que dispotildee sobre ruiacutedos urbanos poluiccedilatildeo sonora e proteccedilatildeo do bem-estar e do

sossego puacuteblico e agrave Lei nordm 16243 de 13 de setembro de 1996 ndash Coacutedigo do Meio Ambiente e do

Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife (RECIFE 1996a) que estabelece a poliacutetica do meio ambiente da

cidade do Recife incluindo regulamentaccedilatildeo de emissotildees sonoras entre outras providecircncias

tendo como suporte a Lei 1617696 de 9 de Abril de 1996 ndash Lei de Uso e Ocupaccedilatildeo do Solo da

Cidade do Recife ndash LUOS (RECIFE 1996b)

Apesar da existecircncia desta grande quantidade de leis federais estaduais e municipais apesar da

LUOS legislar sobre a etapa de aprovaccedilatildeo de projetos para a construccedilatildeo de empreendimentos

com usos geradores de incocircmodo agrave vizinhanccedila incluindo usos potencialmente geradores de ruiacutedos

submetendo-os agrave anaacutelise teacutecnica eou agrave anaacutelise especial e apesar do Coacutedigo do Meio Ambiente e

do Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife estabelecer limites maacuteximos permitidos de ruiacutedo na praacutetica a

accedilatildeo contra a poluiccedilatildeo sonora em Recife adquire caraacuteter corretivo pelos oacutergatildeos reguladores agrave

conduta do infrator geralmente a partir de denuacutencias da populaccedilatildeo apoacutes a consolidaccedilatildeo da fonte

geradora de ruiacutedo no meio urbano (JORNAL DO COMEacuteRCIO 2008 JC ONLINE 2005)

Outro exemplo local de desatenccedilatildeo agrave poluiccedilatildeo sonora eacute a inexistecircncia dentre vaacuterios outros tipos

de degradaccedilatildeo ambiental presentes de qualquer referecircncia a respeito da poluiccedilatildeo sonora em

documento produzido pela Prefeitura da Cidade do Recife no ano 2000 o Atlas Ambiental da

Cidade do Recife (RECIFE 2000)

Diante da aplicabilidade ineficaz da legislaccedilatildeo vigente em Novembro de 2009 foi lanccedilado pelo

Ministeacuterio Puacuteblico de Pernambuco a cartilha Poluiccedilatildeo sonora Silento e o barulho13 que versa sobre as

posturas e accedilotildees direitos e deveres dos diversos agentes envolvidos na produccedilatildeo e recepccedilatildeo da

poluiccedilatildeo sonora indicando como devem agir a viacutetima o policial o estado o construtor poluidor

o proprietaacuterio de carro de som poluidor entre outros A cartilha tambeacutem disponibiliza uma seacuterie

de formulaacuterios modelos de acordo com os diferentes tipos de poluiccedilatildeo sonora Estes formulaacuterios satildeo

exemplos para serem utilizados tanto pela viacutetima da poluiccedilatildeo sonora quanto pelo policial civil

militar promotor de justiccedila e ateacute mesmo pelo poluidor - o que poderaacute tornar esta cartilha um

importante instrumento para aplicaccedilatildeo das leis vigentes (CARNEIRO 2009)

Embora negligenciada e em oposiccedilatildeo a diversos outros problemas ambientais mundiais a

poluiccedilatildeo sonora continua a crescer e eacute acompanhada pelo aumento no nuacutemero de reclamaccedilotildees de

13 ldquoSilentordquo eacute um personagem criado para narrar alguns trechos interativos da cartilha

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 214 ndash Relaccedilatildeo entre o desenvolvimento industrial da sociedade que possibilita o aumento e concentraccedilatildeo de fontes sonoras e seus impactos em relaccedilatildeo ao ruiacutedo nas comunidades apontando trecircs previsotildees futuras de acordo com diferentes accedilotildees possiacuteveis de regulamentaccedilatildeo contra do ruiacutedo Fonte elaborado pela autora a partir de BERGLUND et al 1999

pessoas expostas ao ruiacutedo a partir do aumento da consciecircncia de seus direitos legais

(BERGLUND et al1999)

Para World Health Organization (WHO)14 a poluiccedilatildeo sonora jaacute eacute um dos problemas ambientais que

atingem o maior nuacutemero de pessoas no planeta perdendo apenas para a poluiccedilatildeo do ar e da aacutegua

(KIHLMAN 2004 2005) Este crescimento contiacutenuo da poluiccedilatildeo sonora e por conseguinte do

ruiacutedo urbano possui uma estreita relaccedilatildeo com as raacutepidas transformaccedilotildees ocorridas no meio

urbano nas uacuteltimas deacutecadas O desenvolvimento acelerado e a expansatildeo das cidades implicaram

em modificaccedilotildees em elementos da forma urbana em alto iacutendice de crescimento demograacutefico da

populaccedilatildeo urbana e em consequumlente aumento e concentraccedilatildeo de diversos tipos de fontes

geradoras de poluiccedilatildeo sonora (BRASIL 1990a1990b GUEDES 2005 PAZ 2009 ZANNIN et

al 2002) (Figura 214)

Entre estas fontes urbanas geradoras de poluiccedilatildeo sonora uma das que mais contribuem com o

aumento do ruiacutedo urbano aleacutem de ser considerada uma das fontes mais intrusivas e a mais

percebida pela populaccedilatildeo das grandes cidades eacute o traacutefego de veiacuteculos (DINIZ 2003 FRITSCH et al

2007 LACERDA et al 2005 PAZ 2004 ZANNIN et al 2003)

O ruiacutedo do traacutefego de veiacuteculos eacute gerado a

partir do ruiacutedo veicular que proveacutem

essencialmente do sistema de propulsatildeo do

motor do atrito entre o veiacuteculo e o ar (ruiacutedo

aerodinacircmico) e do atrito entre o pneu e o piso

(MURGEL 2007 KINSLER et al 1982) e da

relaccedilatildeo entre o veiacuteculocondutor e as

configuraccedilotildees das vias em que ele estaacute inserido

a aceleraccedilatildeo eou desaceleraccedilatildeo do motor de

acordo com a caracterizaccedilatildeo das vias - a

presenccedila de cruzamentos semaacuteforos faixas de

pedestres etc a intensidade do fluxo de

veiacuteculos e a proporccedilatildeo entre veiacuteculos leves e os

veiacuteculos pesados a frequumlecircncia de

14 Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede ndash OMS

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

acionamentos de buzinas o tipo de acabamento da superfiacutecie das vias (concreto asfalto brita

terra batida) etc (SINGAL 2005)

Tais vias geradoras do ruiacutedo de traacutefego aleacutem de serem interceptadas por outras vias satildeo

comumente ladeadas por configuraccedilotildees bastante variaacuteveis desde edificaccedilotildees com formas

implantaccedilotildees e gabaritos diversificados a lotes ainda natildeo ocupados caracterizando a propagaccedilatildeo

do ruiacutedo de traacutefego urbano por muacuteltiplas reflexotildees responsaacuteveis pelo espalhamento do ruiacutedo

para vias adjacentes pelo surgimento de campos sonoros reverberantes pela difraccedilatildeo do ruiacutedo e

pelo surgimento de aacutereas de sombra (SINGAL 2005 RANDRIANOELINA e SALOMONS

2008) Ou seja a propagaccedilatildeo do ruiacutedo urbano gerado pelo traacutefego de veiacuteculos possui uma

interaccedilatildeo singular com elementos da forma urbana

Assim sendo tanto por sua participaccedilatildeo determinante na constituiccedilatildeo do ruiacutedo urbano quanto

por sua particular relaccedilatildeo com os elementos que compotildeem a forma urbana o ruiacutedo de traacutefego

seraacute a uacutenica fonte sonora considerada na presente pesquisa conforme seraacute melhor elucidado no

proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas

A interaccedilatildeo entre o ruiacutedo urbano e a forma urbana dependeraacute diretamente das configuraccedilotildees de

certos elementos que compotildeem esta forma urbana o traccedilado e perfis das vias a maneira de

implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade e

forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres tais como praccedilas e

largos (GUEDES 2005 SANTOS e MARTINS 2005) Estes elementos podem ser

acusticamente caracterizados a partir do tipo de espaccedilo acuacutestico e da permeabilidade acuacutestica

O espaccedilo acuacutestico tambeacutem nomeado de campo acuacutestico eacute a porccedilatildeo de determinado espaccedilo onde

acontecem as vibraccedilotildees sonoras podendo ser caracterizado no meio urbano como espaccedilo

acuacutestico aberto ou fechado (NIEMEYER 2007)

O espaccedilo acuacutestico aberto aproxima-se da propagaccedilatildeo em campo livre que eacute caracterizado pela ausecircncia

de obstaacuteculos que modifiquem a propagaccedilatildeo sonora entre a fonte e o receptor Assim no meio

urbano o espaccedilo cuja propagaccedilatildeo sonora envolva poucas ou nenhuma reflexatildeo e poucos ou

nenhum obstaacuteculo pode ser considerado um espaccedilo acuacutestico aberto como por exemplo o

espaccedilo acuacutestico com perfil em ldquoLrdquo tais como vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas uma de

suas margens (Figuras 215 e 216) (NIEMEYER 2007) No espaccedilo acuacutestico aberto o niacutevel de

pressatildeo sonora decai 6 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (LANG

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 215 ndash Propagaccedilatildeo sonora em Campo acuacutestico aberto Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001

Figura 216 ndash Campo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo FonteNIEMEYER 2007

Figura 217 ndash Propagaccedilatildeo sonora em campo acuacutestico fechado causando o fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001

e BERANEK 1992) isto eacute o ruiacutedo percebido

pelo receptor diminui em funccedilatildeo da

duplicaccedilatildeo da distacircncia da fonte sonora15

Praccedilas parques e largos com grandes

dimensotildees vias de traacutefego marginais a praias

vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas

uma de suas margens ou espaccedilos livres

urbanos de grandes dimensotildees caracterizam

alguns exemplos de espaccedilos acuacutesticos abertos

No espaccedilo acuacutestico fechado as ondas sonoras

sofrem muacuteltiplas reflexotildees fazendo com que o

seu niacutevel sonoro decaia muito lentamente

sendo praticamente o mesmo em vaacuterias

posiccedilotildees ateacute que esta onda sonora encontre

uma saiacuteda para campo livre caracterizando o

fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana16 17(Figura

217) (GUEDES 2005 NIEMEYER 2007)

Os espaccedilos acuacutesticos fechados podem ser

reverberantes quando a onda sonora tarda a

encontrar o campo livre gerando um grande

nuacutemero de reflexotildees ou semi-reverberantes

quando a onda sonora encontra o campo livre

um pouco mais rapidamente do que no

reverberante gerando um nuacutemero menor mas

ainda grande de reflexotildees

15 Este decaimento eacute para fontes pontuais para fontes lineares o decaimento eacute de 3 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (GERGES 2000) 16 A reverberaccedilatildeo eacute a persistecircncia de um som depois de ter sido extinta a sua emissatildeo por uma fonte e ocorre como resultado de reflexotildees em ambientes total ou parcialmente fechados (GONZALEZ e LOPES 1993) 17 Alguns espaccedilos acuacutesticos fechados tambeacutem podem amplificar o niacutevel de pressatildeo sonora mas este fenocircmeno ocorre em determinados espaccedilos acuacutesticos fechados reverberantes

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 218 ndash Campo acuacutestico fechado em perfl ldquoUrdquo tambeacutem chamado de canyons urbanos Fonte NIEMEYER 2007

No meio urbano o espaccedilo acuacutestico fechado

reverberante possui comumente um perfil em

ldquoUrdquo (Figura 218) tambeacutem chamados de

canyons urbanos que podem amplificar

consideravelmente a propagaccedilatildeo sonora das

vias de traacutefego atraveacutes de reflexotildees muacuteltiplas

geradas pelas fachadas paralelas das

edificaccedilotildees que circundam estas vias

(ANDERSON e KURZE 1992) Assim neste

tipo de espaccedilo acuacutestico a propagaccedilatildeo sonora

natildeo depende exclusivamente da distacircncia entre

a fonte e o receptor como no espaccedilo acuacutestico

aberto depende ainda da configuraccedilatildeo dos

elementos que compotildeem a forma urbana e

dos coeficientes de absorccedilatildeo dos materiais que

revestem as superfiacutecies refletoras18

(NIEMEYER 2007)

Praccedilas parques e largos com pequenas dimensotildees e cercados por edificaccedilotildees conjugadas vias de

traacutefego com edificaccedilotildees (conjugadas ou com pequenos recuos entre elas) em ambos os lados

tuacuteneis passagens subterracircneas e espaccedilos livres abaixo de viadutos caracterizam alguns exemplos

de espaccedilos acuacutesticos fechados

A caracterizaccedilatildeo de um espaccedilo acuacutestico como sendo aberto ou fechado delinearaacute como a onda

sonora iraacute espalhar-se no meio urbano cujas configuraccedilotildees dos elementos que o compotildeem

podem facilitar ou dificultar a trajetoacuteria desta onda sonora para aleacutem do local de sua emissatildeo

tornando o meio urbano mais ou menos permeaacutevel a sua propagaccedilatildeo

18 No meio urbano as superfiacutecies refletoras satildeo predominantemente formadas por fachadas e muros de edificaccedilotildees que possuem certa uniformidade na utilizaccedilatildeo de materiais altamente reflexivos e com baixos coeficientes de absorccedilatildeo tais como granito maacutermore ceracircmica esmaltada vidro Assim o coeficiente de absorccedilatildeo de uma edificaccedilatildeo para outra seraacute praticamente o mesmo sofrendo miacutenimas variaccedilotildees permitindo sua natildeo consideraccedilatildeo

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 220 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees em uma quadra permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007

Figura 221 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjugadas em uma quadra pouco permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007

Figura 219 ndash Permeabilidade acuacutestica - percursos da onda sonora gerados em meio urbano Fonte NIEMEYER 2007

Figura 222 ndash Barreira acuacutestica entre a fonte e o receptor FonteANDERSON e KURZE 1992

Assim sendo a permeabilidade acuacutestica refere-se

aos percursos da onda sonora gerados no

meio urbano (Figura 219) (GUEDES 2005

NIEMEYER 2007) A intensidade da

permeabilidade acuacutestica - mais ou menos

permeaacutevel - dependeraacute da capacidade de

certos elementos urbanos de promover ou

conter a propagaccedilatildeo da onda sonora tais

como o traccedilado e perfis das vias a maneira de

implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem

como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade

e forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila

ou ausecircncia de espaccedilos livres (Figuras 220 e

221)

A permeabilidade acuacutestica relaciona-se ainda

com as barreiras acuacutesticas Isoladamente o

conceito de barreiras acuacutesticas refere-se a

qualquer objeto que possa ser considerado um

obstaacuteculo agrave ligaccedilatildeo direta e sem interferecircncias

entre a fonte e o receptor (Figura 222)

(ANDERSON e KURZE 1992 GERGES

2000) Ao bloquear o percurso direto entre a

fonte e o receptor a onda sonora poderaacute ser

absorvida eou refletida pela superfiacutecie da

barreira transmitida atraveacutes da barreira ou

difratada a partir do topo da barreira

(BARRON 2003 SINGAL 2005)

A difraccedilatildeo eacute um fenocircmeno que permite que as

ondas sonoras sejam capazes de contornar

determinados obstaacuteculos gerando uma aacuterea de

sombra acuacutestica que possui limites espaciais

variaacuteveis de acordo com a posiccedilatildeo da fonte

____________________________________________

ANAacuteLISE D

sonora e de sua localizaccedilatilde

receptor que por sua vez

sonora difratada pelas borda

um decaimento maior do qu

campo livre (Figura 223) (N

1968 NIEMEYER 2007 PA

O uso de barreiras acuacutestic

EUA Japatildeo Austraacutelia e

reduccedilatildeo da propagaccedilatildeo do

pelo traacutefego rodoviaacuterio pa

(Figuras 224 a 226) (SIN

Brasil esta praacutetica ainda eacute inc

restringindo-se a poucos exe

caso da barreira acuacutestica no

Linha Amarela na cidade do

na Rodovia Bandeirantes co

de Satildeo Paulo a Campinas

Paulo (Figura 227) (MURGE

2004)

Embora a implantaccedilatildeo de b

esteja vinculada agrave reduccedilatildeo do

rodoviaacuterio outros elemen

meio urbano situados ent

receptor atuam espontan

barreiras agrave propagaccedilatildeo sono

terreno com topografia i

muros edificaccedilotildees entr

edificaccedilotildees conjugadas da R

cidade do Recife ou aind

conjugadas em alguns trec

Atlacircntica no Rio de Janei

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 226 ndash Barreiras instaladasem aacuterea residencial de Toacutequio Jap

Figura 224 ndash Agrave esquerda barreacriacutelico na Suiacuteccedila Agrave direita barreiraPaacutedua e Veneza na Itaacutelia Fonte C

Figura 227 ndash Barreira acuacutestica dade Satildeo Paulo Fonte MURGEL 2

Figura 223 ndash Difraccedilatildeo da ondagerando uma aacuterea de sombra acuacutest

Figura 225 ndash Agrave esquerda baproacuteximo a Zurique Agrave direita barretambeacutem na Suiccedila Fonte CICHIN

accedilatildeo em relaccedilatildeo ao

ez recebe a energia

rdas da barreira com

que se estivesse em

(NEPOMUCENO

PAZ 2004)

ticas eacute comum nos

e na Europa para

do ruiacutedo produzido

para seus arredores

INGAL 2005) No

incipiente

exemplos como eacute o

no eixo rodoviaacuterio

o Rio de Janeiro e

conectando a cidade

s no estado de Satildeo

GEL 2007 SOUSA

e barreiras acuacutesticas

do ruiacutedo de traacutefego

entos inseridos no

entre a fonte e o

taneamente como

nora tais como um

irregular taludes

ntre outros As

a Rua da Aurora na

inda as edificaccedilotildees

trechos da Avenida

neiro por exemplo

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

42

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

das ao longo de via expressa elevada Japatildeo Fonte CICHINELLI 2007

rreira acuacutestica curva em concreto e eira acuacutestica metaacutelica na estrada entre CICHINELLI 2007

da Rodovia Bandeirantes no estado 2007

da sonora a partir de uma barreira uacutestica Fonte GERGES 2000

barreira acuacutestica metaacutelica instalada arreira acuacutestica em concreto e acriacutelico INELLI 2007

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

43

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 228 ndash Rua da Aurora no Bairro da Boa Vista na cidade do Recife configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fontehttpmaiovinteeseisblogspotcom2007_ 11_01_archivehtml Acesso em 080409

Figura 229 ndash Alguns trechos da Avenida Atlacircntica no Bairro de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro tambeacutem configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fonte httpwwwtravelpodcomtravel-photoorlanworldtrip200711 71589400avenida-atlantica-along-copacabana-beachjpgtpodhtml Acesso em 080409

aleacutem de funcionarem como barreiras acuacutesticas

espontacircneas ou natildeo intencionais tambeacutem

conformam um espaccedilo acuacutestico aberto em

ldquoLrdquo e pouco permeaacutevel ao ruiacutedo (Figura 228 e

229)

A partir da discussatildeo dos espaccedilos acuacutesticos e

da permeabilidade acuacutestica evidencia-se que a

interaccedilatildeo entre os diversos elementos que

compotildeem a forma urbana - o traccedilado e perfis

das vias o modo de implantaccedilatildeo das

edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as

proporccedilotildees densidade e maneira de ocupaccedilatildeo

das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de

espaccedilos livres ndash contribui determinantemente

para a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano

atraveacutes de muacuteltiplas reflexotildees do

espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave

fonte geradora de campos sonoros

reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de

aacutereas de sombra

Isto posto se o ruiacutedo urbano eacute considerado

um sistema composto essencialmente pela fonte

sonora pelo meio de propagaccedilatildeo e pelo receptor (LANG e BERANEK 1992 ANDERSON e

KURZE 1992) a forma urbana considerada a partir dos elementos que a compotildeem enquanto

percurso de transmissatildeo delineia influencia e determina em certa medida a trajetoacuteria de

propagaccedilatildeo da onda sonora19 Ou seja a forma urbana por meio das caracteriacutesticas singulares

apresentadas pelos seus elementos componentes iraacute influenciar o comportamento da propagaccedilatildeo

da onda sonora no meio urbano

19 ldquoEm certa medidardquo pois existem outros fatores que tambeacutem influenciam a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano mas a discussatildeo sobre a consideraccedilatildeo ou natildeo destes outros fatores seraacute melhor construiacuteda no proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

44

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito alto por elevada densidade de

ocupaccedilatildeo das quadras e por vias estreitas por exemplo tende em tese a ser menos permeaacutevel ao

ruiacutedo dificultando a propagaccedilatildeo sonora para outras aacutereas Tende ainda a criar espaccedilos

reverberantes ou semi-reverberantes com o niacutevel de pressatildeo sonora elevado em praticamente

todos os pontos de reflexatildeo com perdas miacutenimas ateacute a onda sonora alcanccedilar o topo das

edificaccedilotildees e direcionar-se a campo livre Por conseguinte este comportamento tende a propiciar

dependendo ainda da relaccedilatildeo com a fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano indesejaacutevel e

insalubre aos receptores existentes nas edificaccedilotildees daquela via

Jaacute uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito baixo por baixa densidade de

ocupaccedilatildeo das quadras e por vias largas tende teoricamente a ser mais permeaacutevel ao ruiacutedo

facilitando sua propagaccedilatildeo Por outro lado natildeo gera espaccedilos acuacutesticos propiacutecios a muacuteltiplas

reflexotildees fazendo com que a onda sonora encontre mais rapidamente o campo livre facilitando

sua dissipaccedilatildeo e propiciando dependendo ainda da fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano

desejaacutevel aos seus receptores

Deste modo a existecircncia de diferenccedilas e particularidades dos elementos que compotildeem as

distintas formas urbanas proporciona os mais diversificados comportamentos acuacutesticos de

propagaccedilatildeo sonora nos mais diferentes meios urbanos Ou seja do mesmo modo que cidades

bairros e ruas natildeo satildeo iguais entre si tampouco reproduziacuteveis em sua essecircncia o comportamento

acuacutestico tambeacutem natildeo seraacute ao contraacuterio constituiraacute um atributo exclusivo de cada espaccedilo urbano

Mas se para cada espaccedilo urbano existe um comportamento acuacutestico especiacutefico como deveraacute se

comportar a propagaccedilatildeo sonora de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de

modificaccedilotildees em elementos de sua forma urbana Em outras palavras como se comportaraacute a acuacutestica

urbana de um determinado local a partir do processo cronoloacutegico de modificaccedilotildees em sua forma urbana

Nos capiacutetulo que se segue Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas seratildeo apresentadas os percursos

investigativos que foram postos em praacutetica em busca de responder a este questionamento

RESUMO

O excesso de ruiacutedos atualmente encontrados nos centros urbanos estaacute intimamente vinculado ao crescimento acelerado das cidades Este crescimento suscitou o aumento e uma maior concentraccedilatildeo da populaccedilatildeo urbana acarretando em raacutepidas transformaccedilotildees no meio de propagaccedilatildeo do ruiacutedo aleacutem do aumento e concentraccedilatildeo dos diversos tipos de fontes sonoras que o geram Ocorre que a forma urbana ndash considerada a partir de seus aspectos fiacutesicos ou materiais ndash onde este ruiacutedo eacute gerado influencia em certa medida a trajetoacuteria de propagaccedilatildeo da onda sonora a interaccedilatildeo entre os diversos elementos que compotildeem esta forma urbana contribuiraacute para a caracterizaccedilatildeo do comportamento desta trajetoacuteria Assim para cada forma urbana especiacutefica existiraacute um comportamento acuacutestico igualmente especiacutefico exclusivo e vinculado a esta forma urbana Deste modo se para cada espaccedilo urbano existe um comportamento proacuteprio de propagaccedilatildeo sonora a presente pesquisa propocircs-se a analisar o comportamento da acuacutestica urbana de um mesmo espaccedilo urbano a partir de modificaccedilotildees cronoloacutegicas em sua forma urbana Esta anaacutelise foi realizada considerando a articulaccedilatildeo de trecircs variaacuteveis - a fonte sonora a forma urbana e a acuacutestica urbana Admitiu-se que a propagaccedilatildeo de uma mesma fonte sonora em um mesmo espaccedilo urbano que tenha sofrido ao longo de um processo cronoloacutegico modificaccedilotildees em sua forma urbana implicaria em diferentes comportamentos em sua acuacutestica urbana para as diferentes datas deste processo Adotou-se como estudo de caso o loteamento 3deg Jardim de Boa Viagem (Recife-PE) sendo estudadas as modificaccedilotildees em sua forma urbana ocorridas nos anos de 1971 1981 1997 e 2009 aleacutem da elaboraccedilatildeo de uma situaccedilatildeo hipoteacutetica futura (prediccedilatildeo acuacutestica) Foram realizadas pesquisas documentais e estudos de campo para coleta de dados referentes agraves caracteriacutesticas da forma urbana do 3deg Jardim e para coleta de seus niacuteveis de pressatildeo sonora atuais Com estes dados foram calculados e gerados mapas acuacutesticos do 3deg Jardim utilizando o software Predictor para cada uma das datas pesquisadas e para a situaccedilatildeo hipoteacutetica futura Estes mapas foram analisados comparando seus comportamentos acuacutesticos entre si buscando compreender esse comportamento diante das modificaccedilotildees cronoloacutegicas em sua proacutepria forma urbana Os resultados deste estudo indicaram que a modificaccedilatildeo de um mesmo meio urbano possui potencial tanto para propiciar altos niacuteveis de ruiacutedo quanto para minimizaacute-los influenciando definitivamente no comportamento acuacutestico de determinado local Estes resultados confirmaram a relevacircncia em compreender a acuacutestica urbana a partir de seu meio propagador pois uma vez consolidado raras satildeo as intervenccedilotildees possiacuteveis na forma urbana para minimizar o ruiacutedo urbano por ela delineado

Palavras-chave planejamento urbano acuacutestica ruiacutedo urbano

ABSTRACT

The excessive noise currently found in urban centers is closely linked to the fast growth of the cities This development led to increased growth and concentration of urban population resulting in fast changes in the noise propagation path and increasing the variety of sources that generate it It turns out that the urban form - considered from their physical or material aspects - where this noise is produced influences in some extent the trajectory of sound wave propagation the interaction between the various elements that make up this urban form contributes to characterize this trajectory behavior Thus for each specific urban form there will be an acoustic behavior also specific exclusive and linked to this urban form Therefore if for each urban area there is a particular sound propagation behavior this research proposed to analyze the urban acoustics behavior of the same urban space from chronological changes in its urban form This analysis was performed considering the articulation of three variables - the sound source the urban form and the urban acoustics It was assumed that the propagation from the same source in the same urban area which has experienced over a chronological process changes in its urban form would imply different urban acoustics behaviors through years It was adopted as a case study the land subdivision 3deg Jardim de Boa Viagem (Recife-PE) being studied the changes in its urban form in the years of 1971 1981 1997 and 2009 besides the elaboration of a hypothetical future situation (acoustic prediction) It was carried out documentary research and field studies to collect data on the characteristics of the urban form of the 3deg Jardim and to collect their present sound pressure levels With these datawere calculated and generated acoustics maps of the 3deg Jardim for each of the years surveyed and for the hypothetical future situation using the Predictor software These maps were analyzed by comparing their acoustic behavior to each other seeking to comprehend this behavior towards the chronological changes in its urban form The results of this research indicated that the urban environment changes have the potential to provide high levels of noise as well as to minimize them definitely influencing the acoustic behavior of a particular site These results confirmed the relevance to understand the urban noise from its way of propagation since once consolidated very few interventions are possible in the urban form to minimize the urban noise outlined by it

Keywords urban planning acoustics urban noise

LISTA DE ILUSTRACcedilOtildeES

Figura 21 ndash Diferentes aspectos quantitativos relacionados a diversificadas formas urbanas p23

Figura 22 ndash Praccedila da Alagoa na cidade portuguesa de Tavira ilustra a dimensatildeo setorial p23

Figura 23 ndash O bairro a escala urbana exemplificada por meio da cidade portuguesa de Tavira p25

Figura 24 ndash A cidadeo territoacuterioa dimensatildeo territorial exemplificada por meio da cidade portuguesa de Tavira p25

Figura 25 ndash Exemplos de diversificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios lotes quarteirotildees e vias em diferentes bairros da cidade do Recife Nesta imagem um recorte do bairro de Boa Viagem p26

Figura 26 ndash Exemplos de diversificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios lotes quarteirotildees e vias em diferentes bairros da cidade do Recife Nesta imagem um recorte do bairro de Satildeo Joseacute que remete agraves origens da cidade entrecortado pela recente Avenida Dantas Barreto p 26

Figura 27 ndash Exemplos de diversificadas concretizaccedilotildees entre os edifiacutecios lotes quarteirotildees e vias em diferentes bairros da cidade do Recife Nesta imagem um recorte de um bairro constituiacutedo essencialmente por morros o Alto do Mandu p26

Figura 28 ndash Os trecircs conjuntos formadores do tecido urbano segundo Panerai (2006) p 28

Figura 29 ndash O adensamento das ilhas do Bairro do Recife e de Santo Antocircnio (imagem) ocorreu tanto pelo preenchimento progressivo desde o inicio da ocupaccedilatildeo da cidade quanto por meio da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees anteriores p30

Figura 210 ndash Interfaces multidisciplinares do estudo do som p 32

Figura 211 ndash Fonte sonora pontual e fonte sonora linear p32

Figura 212 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora pontual de 6 dB para cada dobro da distacircncia p 33

Figura 213 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora linear de 3 dB para cada dobro da distacircncia p 24

Figura 214 ndash Relaccedilatildeo entre o desenvolvimento industrial da sociedade que possibilita o aumento e concentraccedilatildeo de fontes sonoras e seus impactos em relaccedilatildeo ao ruiacutedo nas comunidades apontando trecircs previsotildees futuras de acordo com diferentes accedilotildees possiacuteveis de regulamentaccedilatildeo contra do ruiacutedo p 37

Figura 215 ndash Propagaccedilatildeo sonora em Campo acuacutestico aberto p39

Figura 216 ndash Campo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo p 39

Figura 217 ndash Propagaccedilatildeo sonora em campo acuacutestico fechado causando o fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana p39

Figura 218 ndash Campo acuacutestico fechado em perfl ldquoUrdquo tambeacutem chamado de canyons urbanos p 40

Figura 219 ndash Permeabilidade acuacutestica - percursos da onda sonora gerados em meio urbano p 41

Figura 220 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees em uma quadra permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem p 41

Figura 221 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjugadas em uma quadra pouco permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem p 41

Figura 222 ndash Barreira acuacutestica entre a fonte e o receptor p 41

Figura 223 ndash Difraccedilatildeo da onda sonora a partir de uma barreira gerando uma aacuterea de sombra acuacutestica p 42

Figura 224 ndash Agrave esquerda barreira acuacutestica curva em concreto e acriacutelico na Suiacuteccedila Agrave direita barreira acuacutestica metaacutelica na estrada entre Paacutedua e Veneza na Itaacutelia p 42

Figura 225 ndash Agrave esquerda barreira acuacutestica metaacutelica instalada proacuteximo a Zurique Agrave direita barreira acuacutestica em concreto e acriacutelico tambeacutem na Suiacuteccedila p 42

Figura 226 ndash Barreiras instaladas ao longo de via expressa elevada em aacuterea residencial de Toacutequio Japatildeo p 42

Figura 227 ndash Barreira acuacutestica da Rodovia Bandeirantes no estado de Satildeo Paulo p 42

Figura 228 ndash Rua da Aurora no Bairro da Boa Vista na cidade do Recife configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo p 43

Figura 229 ndash Alguns trechos da Avenida Atlacircntica no Bairro de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro tambeacutem configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo p 43

Figura 31 ndash Relaccedilatildeo das variaacuteveis de pesquisa p 48

Figura 32 - Localizaccedilatildeo geograacutefica do 3deg Jardim de Boa Viagem p 50

Figura 33 - Ocupaccedilatildeo do 3deg Jardim em 1971 com diversos lotes natildeo ocupados e vias ainda natildeo construiacutedas como a Av Eng Domingos ferreira p 50

Figura 34 - Delimitaccedilatildeo da aacuterea de estudo em azul o 3deg Jardim p 52

Figura 35 - Mapa acuacutestico da Universidade Estadual de Campinas com representaccedilatildeo dos niacuteveis sonoros por pontos em gradaccedilatildeo de cores p 53

Figura 36 - Mapa acuacutestico com representaccedilatildeo dos niacuteveis sonoros por linhas da cidade de Goumlteborg Sueacutecia p 53

Figura 37 - Mapa acuacutestico utilizado na reurbanizaccedilatildeo do centro de Seoul Korea p 53

Figura 38 ndash Acima localizaccedilatildeo de estaccedilotildees de monitoramento de ruiacutedo em Taiwan abaixo distribuiccedilatildeo de ruiacutedo em Taiwan no veratildeo nos turnos da manhatilde tarde e noite p 54

Figura 39 - Violaccedilotildees da legislaccedilatildeo de ruiacutedo em Taiwan nos turnos da manhatilde tarde e noite p 54

Figura 310 - Delimitaccedilatildeo da aacuterea em azul do estudo piloto no 3deg Jardim de Boa Viagem p 57

Figura 311 ndash Mapa acuacutestico de parte do 3deg Jardim de Boa Viagem da pesquisa piloto realizada em Maio de 2009 no LAAICA-UFPR p 57

Figura 312 ndash Locaccedilatildeo dos pontos de mediccedilatildeo em azul e malha guia em amarelo p 59

Figura 313 ndash Locaccedilatildeo dos grids verticais em azul seccionando edificaccedilotildees e evitando espaccedilos livres p 63

Figura 41 ndash Avenida Boa Viagem nas proximidades da Praccedila de Boa Viagem no iniacutecio de sua urbanizaccedilatildeo p 65

Figura 42 ndash Avenida Boa Viagem no iniacutecio de sua urbanizaccedilatildeo p65

Figura 43 ndash Vista aeacuterea do bairro de Boa Viagem nos anos 50 p 65

Figura 44 ndash Edifiacutecio Califoacuternia em 1959 construiacutedo no 2deg Jardim de Boa Viagem p 67

Figura 45 ndash Projeto para o loteamento do 1deg 2deg e 3deg Jardim de Boa Viagem com a localizaccedilatildeo em vermelho dos espaccedilos destinados ao uso comunitaacuterio sendo previsto uma igreja e um mercado puacuteblico e em verde os espaccedilos destinados agraves aacutereas verdes p 67

Figura 46 ndash Cartatildeo Postal Edicard do Bairro de Boa Viagem na deacutecada de 70 No alto indica-se o Hotel Boa Viagem e a Praccedila de Boa Viagem mais abaixo a Casa do Navio uma conhecida referecircncia na Avenida Boa Viagem pelos recifenses ateacute sua demoliccedilatildeo p 68

Figura 47 ndash Cartatildeo Postal Edicard da Praia e Avenida Boa Viagem na deacutecada de 70 p 68

Figura 48 ndash Planta baixa do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1971 p 69

Figura 49 ndash Perspectiva esquemaacutetica do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1971 p 69

Figura 410 ndash Perspectiva esquemaacutetica a partir da praia do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1971 p 69

Figura 411 ndash Bairro de Boa Viagem na deacutecada de 70 Acima indica-se o bairro do Pina e o Edifiacutecio Califoacuternia localizado no 2deg Jardim de Boa Viagem No meio a Avenida Domingos Ferreira ainda em terra batida e natildeo finalizada ao encontrar-se com o mangue circundante dos braccedilos do Rio Pina Abaixo o Edifiacutecio Holiday p 70

Figura 412 ndash Planta baixa do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1981 p 70

Figura 413 ndash Perspectiva esquemaacutetica do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1981 p 70

Figura 414 ndash Perspectiva esquemaacutetica a partir da praia do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1981 p 71

Figura 415 ndash Demoliccedilatildeo do Hotel Boa Viagem e em seu lugar estaacute sendo erguido o Ed Maria Acircngela Lucena uma edificaccedilatildeo multifamiliar de gabarito alto com amplo nuacutemero de unidades habitacionais e de pavimentos mais um exemplar dos ldquoarranha ceacuteusrdquo residenciais de Boa Viagem p 71

Figura 416ndash Planta baixa do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1997 p 73

Figura 417 ndash Perspectiva esquemaacutetica do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1997 p 73

Figura 418 ndash Perspectiva esquemaacutetica a partir da praia do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1997 p 73

Figura 419 ndash Os pavimentos destinados agraves garagens dos edifiacutecios residenciais multifamiliares satildeo comumente chamados na construccedilatildeo civil de ldquobandejasrdquo enquanto as torres dos pavimentos tipos satildeo nomeadas de ldquolacircminasrdquo p 74

Figura 420 ndash Planta baixa do 3deg Jardim de Boa Viagem em 2009 p 74

Figura 421 ndash Perspectiva esquemaacutetica do 3deg Jardim de Boa Viagem em 2009 p 74

Figura 422 ndash Perspectiva esquemaacutetica a partir da praia do 3deg Jardim de Boa Viagem em 2009 p 75

Figura 51 ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim em 1971 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash O mapa ilustra a propagaccedilatildeo sonora no iniacutecio da ocupaccedilatildeo do 3deg Jardim p 83

Figura 52 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1971 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 84

Figura 53 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 - O mapa do iniacutecio da ocupaccedilatildeo urbana do 3deg Jardim apresentando um comportamento acuacutestico com caracteriacutesticas predominantes de propagaccedilatildeo sonora em campo livre sem a presenccedila significantes de obstaacuteculos que interfiram em seu percurso possibilitando um contiacutenuo decaimento sonoro em relaccedilatildeo agrave distacircncia como ilustram as setas indicativas em preto p 85

Figura 54 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 - O mapa do iniacutecio da ocupaccedilatildeo urbana do 3deg Jardim mostrando outra secccedilatildeo vertical contendo o mesmo comportamento acuacutestico com caracteriacutesticas predominantes de propagaccedilatildeo sonora em campo livre como ilustram as setas indicativas em preto p 85

Figura 55 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Por menor que seja sua presenccedila algumas edificaccedilotildees pontuais de gabarito meacutedio atuam como barreiras acuacutesticas espontacircneas constituindo obstaacuteculos que interferem na propagaccedilatildeo sonora como ilustram as setas indicativas em preto p 86

Figura 56 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash As edificaccedilotildees que atuam como barreiras acuacutesticas geram o fenocircmeno acuacutestico da difraccedilatildeo que propicia a criaccedilatildeo de aacutereas de sombra acuacutestica onde os niacuteveis de pressatildeo sonora equivalente satildeo mais baixos como ilustram as setas indicativas em preto p 86

Figura 57 ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim em 1981 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Nesta data houve o aumento no nuacutemero de ilhas de sombra e diminuiccedilatildeo do niacutevel de pressatildeo sonora equivalente em relaccedilatildeo a 1971 p 87

Figura 58 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1981 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 88

Figura 59 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash Reduccedilatildeo da quantidade de campos acuacutesticos abertos e aumento no nuacutemero de edificaccedilotildees que atuam enquanto barreiras acuacutesticas favorecendo o aumento do nuacutemero de ilhas de sombra e da diminuiccedilatildeo do niacutevel de pressatildeo sonora equivalente em relaccedilatildeo a 1971 como ilustram as setas indicativas em preto p 89

Figura 510 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 89

Figura 511 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Como ilustram as setas indicativas em preto o princiacutepio da verticalizaccedilatildeo no 3deg Jardim pode ter contribuiacutedo atraveacutes de uma melhor atuaccedilatildeo das novas edificaccedilotildees enquanto barreiras acuacutesticas para o aumento do nuacutemero de ilhas de sombra e da diminuiccedilatildeo do niacutevel de pressatildeo sonora equivalente em relaccedilatildeo a 1971 p 90

Figura 512 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Idem p 90

Figura 513 ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim em 1997 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Em 1997 com um adensamento e verticalizaccedilatildeo ainda maior do que em 1981 houve o aumento tanto do nuacutemero das ilhas de sombra quanto nas sua aacutereas de abrangecircncia acarretando no melhor comportamento acuacutestico observado ateacute entatildeo entre os mapas elaborados p 95

Figura 514 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1997 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 96

Figura 515 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash A edificaccedilotildees propiciam muacuteltiplas reflexotildees a partir de suas fachadas expostas agraves fontes sonoras influenciando na propagaccedilatildeo da onda sonora de modo distinto ao que seria essa propagaccedilatildeo em campo livre conforme indicado nos mapas acuacutesticos p97

Figura 516 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Idem p 97

Figura 517 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 98

Figura 518 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 98

Figura 519 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash As edificaccedilotildees soacute geram muacuteltiplas reflexotildees a partir de suas fachadas expostas agraves fontes sonoras transpondo estas fachadas as edificaccedilotildees passam a atuar enquanto barreiras acuacutesticas para a onda sonora minimizando o ruiacutedo no interior das quadras como indica-se no mapa acuacutestico p 99

Figura 520 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Idem p 99

Figura 521 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 100

Figura 522 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 100

Figura 523 ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim em 2009 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Em 2009 o adensamento das quadras diminuiu consideravelmente a presenccedila de ilhas de sombra acuacutestica p101

Figura 524 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem em 2009 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 102

Figura 525 e 526 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash As ilhas de sombra em 1997 favoreciam as residecircncias unifamiliares e multifamiliares de gabarito baixo existentes que se situavam em seus interiores Em 2009 estas ilhas foram praticamente suprimidas pela presenccedila de pavimentos destinados as garagens das novas edificaccedilotildees verticais de gabarito alto como ilustram as setas em preto p103

Figura 527 e 528 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash Idem p 103

Figura 529 e 530 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash O contorno preto ilustra a modificaccedilatildeo da propagaccedilatildeo das ondas sonoras a partir da influecircncia do aumento da densidade das quadras e verticalizaccedilatildeo das edificaccedilotildees Em 1971 a caracteriacutestica predominante assemelha-se a propagaccedilatildeo em campo livre Jaacute em 1981 percebem-se irregularidades no contorno devido a reflexotildees da onda sonora nas edificaccedilotildees p 104

Figura 531 e 532 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash 1997 apresentou o melhor comportamento acuacutestico entre os mapas elaborados Nesta data as edificaccedilotildees atuaram mais enquanto barreiras acuacutesticas do que como objetos reflexivos da onda sonora Jaacute em 2009 o aumento do adensamento e da verticalizaccedilatildeo possibilitou o excesso de muacuteltiplas reflexotildees nas fachadas das edificaccedilotildees como delineia o contorno extremamente irregular da propagaccedilatildeo sonora ilustrado na imagem abaixo p 104

Figura 533 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Apesar de proporcionar um aumento no niacutevel de pressatildeo sonora equivalente em 2009 o adensamento e verticalizaccedilatildeo das edificaccedilotildees tambeacutem trouxeram benefiacutecios pontuais na praccedila Walt Disney como ilustram as imagens as edificaccedilotildees atuaram como barreiras acuacutesticas reduzindo em relaccedilatildeo a 1997 o niacutevel de pressatildeo sonora equivalente que atinge as edificaccedilotildees de seu entorno Contudo p 105

Figura 534 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash as fachadas voltadas para esta reduccedilatildeo de niacutevel de pressatildeo sonora equivalente satildeo fachadas de serviccedilo pouco aproveitando esta reduccedilatildeo p 105

Figura 535ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim na situaccedilatildeo hipoteacutetica futura e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash A situaccedilatildeo hipoteacutetica futura apresenta quadras muito mais adensadas do que nos anos anteriores reduzindo ainda mais a presenccedila de ilhas de sombra O pavimento representado no mapa eacute o destinado agraves garagens que ocupam praticamente todo o lote p 110

Figura 536 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem na situaccedilatildeo hipoteacutetica futura e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 111

Figura 537 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash A transformaccedilatildeo da forma urbana tanto na situaccedilatildeo hipoteacutetica como ilustram as imagens quanto em 2009 quando esteve associada ao adensamento e a verticalizaccedilatildeo intensificou os fenocircmenos acuacutesticos ocorridos no meio urbano do 3deg Jardim de Boa Viagem p 112

Figura 538 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 112

Figura 539 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Idem p 113

Figura 540 ndash Plantas Baixas ndash A situaccedilatildeo hipoteacutetica futura seguida de perto pelo mapa de 2009 apresentou o pior comportamento acuacutestico do 3deg Jardim e o mapa de 1997 apresentou o melhor entre os mapas elaborados nesta pesquisa conforme ilustra a siacutentese abaixo p 113

Figura 541 ndash Graacutefico da performance acuacutestica considerando o ano x o niacutevel de pressatildeo sonora equivalente (Leq) ndash O Graacutefico apresenta as variaccedilotildees de niacuteveis de pressatildeo sonora de alguns pontos escolhidos aleatoriamente nos mapas acuacutesticos elaborados (Figura 541) Em 1997 as quedas das curvas de variaccedilatildeo do graacutefico corroboram a tendecircncia desta data ter apresentado o mapa acuacutestico com o melhor comportameno acuacutestico entre os mapas elaborados por esta pesquisa p 114

Figura 542 ndash Locaccedilatildeo dos pontos utilizados para elaboraccedilatildeo do graacutefico de performance acuacutestica p 114

Figura 543 ndash Graacutefico comparativo de niacuteveis de emissatildeo sonora permitidos ndash O graacutefico apresenta uma comparaccedilatildeo entre os niacuteveis de emissatildeo sonora permitidos em alguns paiacuteses entre a WHO ISO e ABNT e entre a Lei do silecircncio e o coacutedigo do Meio Ambiente e Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife O graacutefico evidencia que a cidade do Recife e o estado de Pernambuco praticam niacuteveis muito acima do recomendado por outras entidades normativas p 121

Figura 544 ndash Planta Baixa ndash Mapa acuacutestico simulando uma situaccedilatildeo onde o fluxo de veiacuteculos seja o dobro do encontrado atualmente no 3deg Jardim de Boa Viagem (2009) apresentando altos niacuteveis de poluiccedilatildeo sonora p 122

Figura 545 a 548 ndash Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Idem p 122

Figura 549 ndash Planta Baixa ndash Mapa acuacutestico simulando uma situaccedilatildeo onde seja implantado rodiacutezio de veiacuteculos com uma reduccedilatildeo de 30 do valor total do fluxo de veiacuteculos atualmente encontrado no 3deg Jardim de Boa Viagem (2009) p 123

Figura 550 a 553 ndash Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Idem p 123

Figura 554 ndash Planta Baixa ndash Mapa acuacutestico simulando uma situaccedilatildeo onde seja implantado aleacutem do rodiacutezio de veiacuteculos com reduccedilatildeo de 30 no fluxo atual de veiacuteculos um corredor de transporte puacuteblico na Av Domingos Ferreira e restriccedilatildeo de traacutefego de veiacuteculos pesados apenas nesta via p 124

Figura 555 a 558 ndash Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Idem p 124

LISTA DE TABELAS

Tabela 21 ndash Os niacuteveis de pressatildeo sonora e suas consequumlecircncias fisioloacutegicas no homem Em alguns casos podem a intensidade das reaccedilotildees fisioloacutegicas podem variar dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora p 35

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO

2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

21 A Forma Urbana e seus Elementos Componentes____________

22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais_____________

3 CONSIDERACcedilOtildeES METODOLOacuteGICAS

31 3deg Jardim de Boa Viagem enquanto Estudo de Caso_________

32 Mapeamento Acuacutestico enquanto Instrumento de Pesquisa_

33 Procedimentos Metodoloacutegicos__________________________________

331 1deg Etapa Pesquisa Documental Primaacuteria e Secundaacuteria _____

332 2deg Etapa Pesquisa Piloto_____________________________________

333 3deg Etapa Estudo de Campo__________________________________

334 4deg Etapa mapeamento acuacutestico_____________________________

4 TRANSFORMACcedilOtildeES DO 3deg JARDIM E SUA RELACcedilAtildeO COM

O PROCESSO DE OCUPACcedilAtildeO DO BAIRRO DE BOA

VIAGEM

5 COMPORTAMENTO ACUacuteSTICO DO 3degJARDIM DE BOA

VIAGEM

51 Comportamento Acuacutestico do 3deg Jardim de Boa Viagem a

partir das Modificaccedilotildees Cronoloacutegicas em sua Forma

Urbana______________________________________________________________

52 Comportamento Acuacutestico do 3deg Jardim de Boa Viagem em

relaccedilatildeo ao Coacutedigo do Meio Ambiente e Equiliacutebrio Ecoloacutegico

do Recife agrave ldquoLei do Silecircnciordquo e a outras Entidades

Normativas_________________________________________________________

53 Ausecircncia de Accedilotildees versus Presenccedila de Accedilotildees em Busca

de um Melhor Comportamento Acuacutestico para o 3deg Jardim

de Boa Viagem____________________________________________________

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

7 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

128

134

115

107

81

80

65

60

59

56

55

55

52

49

46

31

22

22

17

CAPIacuteTULO 1

A pesquisa eacute talvez a arte de se criar dificuldades fecundas e de criaacute-las para os

outros Nos lugares onde havia coisas simples faz-se aparecer problemas

Pierre Bourdieu

____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO

17

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

1 INTRODUCcedilAtildeO

Um grito estridente lanccedilado em um meio urbano envolto nos ldquomais modernosrdquo e descomunais

arranha-ceacuteus desconfortavelmente ouvido nos mais remotos pavimentos de um deles foi agrave

centelha motivadora para as ideacuteias e discussotildees que permeiam esta pesquisa Este grito mal

recebido pelo receptor pode ser considerado uma das diversas formas da profusatildeo de ruiacutedos que

cada vez mais se tornam elementos onipresentes da vida contemporacircnea

Tal profusatildeo de ruiacutedos atualmente encontrados nos centros urbanos estaacute intimamente vinculada

ao crescimento acelerado das cidades que possibilitaram o aumento e uma maior concentraccedilatildeo da

populaccedilatildeo urbana acarretando em raacutepidas transformaccedilotildees no meio de propagaccedilatildeo do ruiacutedo

urbano aleacutem do aumento e uma maior concentraccedilatildeo dos diversos tipos de fontes sonoras que o

geram

Embora esteja estreitamente relacionado ao raacutepido desenvolvimento das cidades o ruiacutedo urbano

natildeo deve ser considerado como uma consequumlecircncia incidental da accedilatildeo humana em busca de

progresso e por isso inevitaacutevel tampouco toleraacutevel Ao contraacuterio deve ser entendido como uma

das consequumlecircncias prejudiciais deste desenvolvimento que pode causar diversos males fisioloacutegicos

e psicoloacutegicos ao citadino e assim sendo deve ser veementemente prevenido e mitigado

A fim de encontrar maneiras que possibilitem sua prevenccedilatildeo e mitigaccedilatildeo o ruiacutedo urbano pode

ser entendido como um sistema composto essencialmente pela fonte sonora ndash meio de propagaccedilatildeo ndash

receptor Dentre estas trecircs partes componentes do sistema o meio de propagaccedilatildeo pode ser

considerado como um dos menos investigados e onde as accedilotildees contra o ruiacutedo satildeo menos

concentradas (SINGAL 2005)

Esta inobservacircncia da importacircncia do meio urbano enquanto percurso de propagaccedilatildeo sonora

pode estar vinculada agrave dificuldade de intervir em meios de propagaccedilatildeo consolidados como satildeo

fundamentalmente os grandes centros urbanos Daiacute a relevacircncia em compreender a acuacutestica

urbana a partir de seu meio propagador pois uma vez consolidado o meio raras satildeo as

intervenccedilotildees possiacuteveis para minimizar o ruiacutedo urbano a partir desta parte componente do sistema

fonte ndash meio ndash receptor restando essencialmente accedilotildees preventivas

____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO

18

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Outro fator que evidencia o grande valor em compreender a acuacutestica urbana a partir de seu meio

de propagaccedilatildeo eacute o potencial que o meio urbano possui em influenciar a trajetoacuteria da propagaccedilatildeo

sonora Esta influecircncia acontece atraveacutes da forma que este meio apresenta ou seja a forma urbana

atraveacutes de seus elementos componentes e enquanto percurso de transmissatildeo delineia influencia e

determina em certa medida a trajetoacuteria de propagaccedilatildeo da onda sonora

Assim sendo a interaccedilatildeo entre os diversos elementos que compotildeem a forma urbana - o traccedilado e

perfis das vias o modo de implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as proporccedilotildees

densidade e maneira de ocupaccedilatildeo das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres ndash

contribui determinantemente para caracterizaccedilatildeo da propagaccedilatildeo sonora no meio urbano atraveacutes

de muacuteltiplas reflexotildees do espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave fonte geradora de

campos sonoros reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de aacutereas de sombra

Esta interaccedilatildeo entre os elementos da forma urbana e a propagaccedilatildeo sonora ocorre a partir da

diversidade e singularidade existente nos variados meios urbanos igualmente proporcionando os

mais particulares comportamentos acuacutesticos Isto eacute para cada meio urbano existem caracteriacutesticas

particulares inerentes agrave sua forma urbana que geram um comportamento acuacutestico igualmente

especiacutefico exclusivo e vinculado a esta forma urbana

Apesar deste atrelamento entre a acuacutestica urbana e a forma urbana esta relaccedilatildeo natildeo eacute

suficientemente pesquisada e quando eacute satildeo enfocadas prioritariamente situaccedilotildees presentes de

comportamento acuacutestico eou no maacuteximo hipoacuteteses futuras tambeacutem chamadas de prediccedilatildeo

acuacutestica Aleacutem disso natildeo foram encontradas referecircncias ateacute o presente momento de investigaccedilotildees

que priorizem a apreciaccedilatildeo da acuacutestica urbana e sua relaccedilatildeo com as modificaccedilotildees ao longo do tempo da

forma urbana

Isto posto considerando esta ausecircncia de pesquisas e considerando que para cada espaccedilo urbano

existe um comportamento de propagaccedilatildeo sonora especiacutefico o presente estudo se propocircs a

investigar o comportamento acuacutestico de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de

modificaccedilotildees em sua forma urbana

Para isso admitiu-se que a propagaccedilatildeo de uma mesma fonte sonora em um mesmo espaccedilo urbano

que tenha sofrido ao longo de um processo cronoloacutegico modificaccedilotildees em sua forma urbana

implicaria em diferentes comportamentos em sua acuacutestica urbana para as diferentes datas deste

processo Esta suposiccedilatildeo possibilitou a anaacutelise do comportamento acuacutestico atraveacutes das

____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO

19

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

modificaccedilotildees cronoloacutegicas da forma urbana a partir da articulaccedilatildeo de trecircs variaacuteveis - a fonte sonora

a forma urbana e a acuacutestica urbana Estas variaacuteveis foram consideradas tendo o estudo de caso

enquanto estrateacutegia de pesquisa

O caso escolhido para esta investigaccedilatildeo foi o loteamento 3deg Jardim de Boa Viagem tanto por

representar uma parcela bem delimitada das raacutepidas e recentes transformaccedilotildees ocorridas na

forma urbana do bairro de Boa Viagem quanto por permitir ilustrar o comportamento acuacutestico

em um encadeamento evolutivo do iniacutecio de sua ocupaccedilatildeo recente ateacute os dias atuais

Para compor tal encadeamento evolutivo foram selecionados os anos de 1971 data escolhida por

caracterizar o princiacutepio da ocupaccedilatildeo do 3deg Jardim 1981 e 1997 por representarem datas de

registro de fotografias aeacutereas do bairro de Boa Viagem existentes na base de dados da

CONDEPE-FIDEM Agecircncia Estadual de Planejamento e Pesquisas de Pernambuco 2009 por

representar a realidade atualmente encontrada no 3deg Jardim e uma simulaccedilatildeo de situaccedilatildeo

hipoteacutetica futura de modificaccedilatildeo na forma urbana

Isto posto com o intuito de analisar o comportamento da acuacutestica urbana do 3deg Jardim de Boa

Viagem a partir de modificaccedilotildees cronoloacutegicas em sua forma urbana foram executados os

seguintes objetivos especiacuteficos (I) identificar as caracteriacutesticas configuraccedilotildees e transformaccedilotildees da

forma urbana ocorridas no 3deg Jardim de Boa Viagem nos anos de 1971 1981 1997 e 2009 a

partir de seu processo de ocupaccedilatildeo (II) elaborar mapas acuacutesticos dos niacuteveis atuais (2009) de

pressatildeo sonora equivalente do 3deg Jardim (III) elaborar mapas acuacutesticos do 3deg Jardim nos anos de

1971 1981 1997 e de situaccedilatildeo hipoteacutetica futura a partir da consideraccedilatildeo dos niacuteveis atuais (2009)

de pressatildeo sonora equivalente do 3deg Jardim

Em busca de expor sistematicamente seu desenvolvimento a presente investigaccedilatildeo foi

estruturada do seguinte modo

O presente capiacutetulo 1 introduz e antecipa brevemente a discussatildeo que seraacute realizada ao longo

desta pesquisa

O capiacutetulo 2 aborda dois aspectos principais O primeiro deles desenvolve o conceito de forma

urbana e seus elementos componentes a partir dos autores Joseacute Lamas (2004) Philippe Panerai

(2006) e Vicente Del Rio (1990) Busca elucidar que a apreensatildeo da forma urbana eacute complexa e

envolve diversificadas abordagens e enfoques sociais econocircmicos histoacutericos e culturais para

entatildeo indicar que a presente pesquisa lanccedilaraacute um olhar para a forma urbana essencialmente a

____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO

20

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

partir de seu aspecto fiacutesico e material recorte necessaacuterio para a anaacutelise do comportamento

acuacutestico urbano

O segundo aspecto abordado no capiacutetulo 2 diz respeito agrave definiccedilatildeo teoacuterica do conceito da

acuacutestica urbana e de suas diversificadas implicaccedilotildees e interfaces quando o som eacute propagado em

meio urbano Busca evidenciar os fenocircmenos que ocorrem a partir da interaccedilatildeo entre a forma

urbana e a acuacutestica urbana indicando que a influecircncia da forma urbana eacute determinante para o

comportamento da acuacutestica urbana

O capiacutetulo 3 eacute dedicado ao percurso investigativo desta pesquisa evidenciando sua metodologia e

procedimentos metodoloacutegicos apresentando o 3deg Jardim enquanto estudo de caso o

mapeamento acuacutestico enquanto instrumento de pesquisa e detalhando as etapas operacionais

deste estudo Este capiacutetulo evidencia ainda o processo de elaboraccedilatildeo dos modelos e mapas

acuacutesticos da forma urbana existente no 3deg Jardim em cada uma das datas estudadas aleacutem da

situaccedilatildeo hipoteacutetica futura e discute o software Predictor utilizado para este mapeamento

O capiacutetulo 4 diz respeito ao processo de ocupaccedilatildeo do bairro de Boa Viagem e sua relaccedilatildeo com as

transformaccedilotildees urbanas ocorridas no 3deg Jardim Busca-se identificar as caracteriacutesticas

configuraccedilotildees e transformaccedilotildees ocorridas na forma urbana do 3deg Jardim que possibilitem o

entendimento cronoloacutegico destas modificaccedilotildees dando suporte a elaboraccedilatildeo e anaacutelise dos mapas

acuacutesticos

O capiacutetulo 5 analisa o comportamento da acuacutestica urbana identificado nos mapas acuacutesticos

elaborados do 3deg Jardim a partir das modificaccedilotildees ocorridas em sua forma urbana nos anos de

1971 1981 1997 e 2009 aleacutem de uma situaccedilatildeo hipoteacutetica futura (prediccedilatildeo acuacutestica) Neste capiacutetulo

discute-se ainda o comportamento do 3deg Jardim em relaccedilatildeo agrave legislaccedilatildeo municipal que regula as

emissotildees sonoras na cidade do Recife e no estado de Pernambuco e sua relaccedilatildeo com os niacuteveis

recomendados por outras entidades normativas e indica-se possiacuteveis accedilotildees para melhoria no

comportamento acuacutestico do 3deg Jardim bem como as possiacuteveis consequumlecircncias acuacutesticas da

ausecircncia de tais accedilotildees

Por fim no capiacutetulo 6 satildeo apresentadas as consideraccedilotildees finais acerca do comportamento acuacutestico

do 3deg Jardim e satildeo indicados novos rumos de pesquisa a respeito da acuacutestica urbana

CAPIacuteTULO 2

A arquitetura eacute uma muacutesica petrificada

Arthur Schopenhauer

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

22

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

Analisar o comportamento da acuacutestica urbana ainda que a partir das modificaccedilotildees da forma

urbana faz com que esta pesquisa trate essencialmente da acuacutestica urbana No entanto este

comportamento esta sujeito aos diversificados modos de apreensatildeo da forma urbana e de seus

elementos componentes bem como ao modo como esta pesquisa os consideraraacute

Assim sendo o primeiro item deste capiacutetulo expotildee o conceito de forma urbana e de algumas de

suas relaccedilotildees discutido agrave luz de LAMAS (2004) de PANERAI (2006) e DEL RIO (1990)

indicando em seguida o que esta pesquisa consideraraacute como forma urbana

Certamente discussatildeo em torno da produccedilatildeo de outros autores poderia ser elaborada No

entanto o primeiro item deste capiacutetulo natildeo pretende representar uma revisatildeo bibliograacutefica acerca

do estudo da forma urbana e suas relaccedilotildees pretende sim construir uma discussatildeo em torno dos

trecircs autores selecionados que culmine no conceito de forma urbana que seraacute considerado por esta

pesquisa para possibilitar olhar para suas modificaccedilotildees cronoloacutegicas a fim de compreender o

comportamento da acuacutestica urbana

Apoacutes este delineamento no segundo item deste capiacutetulo discute-se a acuacutestica urbana e suas

relaccedilotildees conceituais com os diversos elementos e implicaccedilotildees da propagaccedilatildeo sonora em meio

urbano e como eles relacionam-se influenciando em seu comportamento

21 A Forma Urbana e seus Elementos Componentes

Segundo LAMAS (2004) estudar a forma urbana compreende examinar as configuraccedilotildees e as

estruturas exteriores de determinados objetos de suas formas interligando-as com os fenocircmenos

que lhes deram origem Assim sendo a forma urbana pode ser definida como sendo o

[] modo como se organizam os elementos morfoloacutegicos que constituem e definem o espaccedilo urbano relativamente agrave materializaccedilatildeo dos aspectos de

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

23

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 21 ndash Diferentes aspectos quantitativos relacionados a diversificadas formas urbanas Fonte LAMAS 2004

organizaccedilatildeo funcional e quantitativa e dos aspectos qualitativos e figurativos (LAMAS 2004 p 44) 1

Dentre estes aspectos os quantitativos satildeo agravequeles da realidade urbana que podem ser

quantificaacuteveis tais como densidades superfiacutecies fluxos coeficientes volumeacutetricos entre outros

(Figura 21) os de organizaccedilatildeo funcional satildeo agravequeles que se relacionam com as atividades

humanas tais como habitar e trabalhar e agravequeles relacionados ao modo de uso especiacutefico de uma

aacuterea ndash residencial comercial industrial entre outros os qualitativos referem-se ao tratamento dos

espaccedilos ao conforto e a comodidade do utilizador tais como adaptaccedilatildeo ao clima acessibilidade

estado da pavimentaccedilatildeo entre outros por fim os aspectos figurativos dizem respeito a

essencialmente a comunicaccedilatildeo esteacutetica (LAMAS 2004)

Pode-se considerar que ao olhar para forma urbana e em especiacutefico para suas modificaccedilotildees

cronoloacutegicas com o intuito de compreender o comportamento da acuacutestica urbana esta pesquisa

relaciona-se tanto aos aspectos qualitativos a partir do conforto acuacutestico dos receptores das

ondas sonoras em meio urbano quanto aos

aspectos quantitativos uma vez que este

comportamento acuacutestico em meio urbano eacute

quantificaacutevel em decibels (dB)

Embora estes aspectos envolvam grande parte

das singularidades inerentes a forma urbana

esta definiccedilatildeo parece ainda natildeo abarcar outras

particularidades sociais econocircmicas histoacutericas

e culturais igualmente envolvidas no

entendimento da concepccedilatildeo da forma urbana

isto eacute resta ainda a consideraccedilatildeo de que esta

forma urbana natildeo acontece

independentemente dos grupos sociais que a

produzem (PANERAI 2006)

Satildeo essencialmente estas particularidades que

impulsionam ou amortecem a transformaccedilatildeo

1 Para todas as citaccedilotildees deste autor natildeo seratildeo consideradas adaptaccedilotildees na liacutengua do paiacutes de origem - Portugal - permanecendo o texto original

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

24

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

dos elementos que compotildeem a forma urbana ndash a adiccedilatildeo de novos de traccedilados a um jaacute existente

ou sua superposiccedilatildeo seus conflitos o parcelamento de parques e ocupaccedilatildeo de espaccedilos livres a

renovaccedilatildeo da massa edificada seu lento adensamento e verticalizaccedilatildeo segundo uma especulaccedilatildeo

despretensiosa ou sua substituiccedilatildeo por vastos empreendimentos sob influecircncia de uma

especulaccedilatildeo bem mais expressiva (PANERAI 2006) isto eacute faz parte da apreensatildeo da forma

urbana uma complexidade que envolve um processo de acumulaccedilatildeo de enfoques e observaccedilotildees

sociais econocircmicas histoacutericas e culturais que englobam muito mais do que apenas sua forma

fiacutesica

Estas particularidades especialmente as sociais parecem um pouco mais delineadas nas

consideraccedilotildees feitas por DEL RIO (1990) que considera o espaccedilo urbano a partir da apropriaccedilatildeo

social que se faz dele estabelecendo que em relaccedilatildeo ao estudo da forma urbana a cidade pode

ser compreendida a partir de trecircs niacuteveis organizacionais o coletivo o comunitaacuterio e o individual

O niacutevel coletivo eacute regido sob uma loacutegica estruturadora percebida inconscientemente e

coletivamente e eacute composto pelos elementos2 do tecido que possuem uma permanecircncia maior ao

longo do tempo o niacutevel comunitaacuterio diz respeito aos elementos com significados especiais apenas

para um pequeno grupo da populaccedilatildeo como o bairro por exemplo jaacute o niacutevel individual expressa

significados individuais como a residecircncia e seu espaccedilo circundante e por seu caraacuteter individual eacute

o que apresenta maior rapidez nas modificaccedilotildees (DEL RIO 1990)

Mas LAMAS (2004) ao defender sua definiccedilatildeo para forma urbana natildeo soacute possuiacutea ciecircncia destas

outras particularidades explicitadas por PANERAI (2006) e DEL RIO (1990) ndash sociais

econocircmicas histoacutericas e culturais ndash envolvidas na concepccedilatildeo de forma urbana como optou em

natildeo apreciaacute-las

[] um primeiro grau de leitura da cidade eacute eminentemente fiacutesico-espacial e morfoloacutegico portanto especiacutefico da arquitectura e o uacutenico que permite evidenciar a diferenccedila entre este e outro espaccedilo entre esta e aquela forma e explicar as caracteriacutesticas de cada parte da cidade A estes se juntam outros niacuteveis de leitura que revelam diferentes conteuacutedos (histoacutericos econoacutemicos sociais e outros) Mas este conjunto de leituras soacute eacute possiacutevel porque a cidade existe como facto fiacutesico e material Todos os instrumentos de leitura lecircem o mesmo objecto ndash o espaccedilo fiacutesico a FORMA URBANA (LAMAS 2004 p 31 grifo do autor) Eacute fundamentalmente a dimensatildeo fiacutesica e morfoloacutegica da cidade que me preocupa [] (LAMAS 2004 p 31)

2 Estes elementos seratildeo discutidos em paraacutegrafos mais adiante

____________________________________________

ANAacuteLISE D

Na verdade esta opccedilatildeo em

urbana considerando-a essen

de seu aspecto fiacutesico e m

convenientemente ao obje

presente pesquisa analisar

da acuacutestica urbana a partir

cronoloacutegicas na forma urba

esta anaacutelise do compor

implica em uma apropriaccedil

fiacutesica e material destas modif

Certamente a busca pela ap

urbana envolve muito

simplesmente sua forma

como jaacute aclarado No entan

da anaacutelise proposta por

apreensatildeo em totalid

fundamentalmente necessaacuter

apropriaccedilatildeo da forma urban

material ou uma variaacutevel fiacutes

finalidade derradeira de

comportamento acuacutestico

modificaccedilotildees nesta forma

Ao entender a observaccedilatildeo

essencialmente em seu aspec

(2004) propocircs uma classifica

dimensotildees

bull A dimensatildeo setorial

refere-se agrave menor u

do espaccedilo urbano co

uma praccedila ou uma

ponto o observador

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 24 ndash A cidadeo texemplificada por meio da cidadLAMAS 2004

Figura 23 ndash O bairro a escala ucidade portuguesa de Tavira Fonte

Figura 22 ndash Praccedila da Alagoa na ca dimensatildeo setorial Fonte LAMA

em observar a forma

sencialmente a partir

material responde

bjetivo primeiro da

ar o comportamento

rtir de modificaccedilotildees

rbana uma vez que

ortamento acuacutestico

riaccedilatildeo genuinamente

dificaccedilotildees

apreensatildeo da forma

o mais do que

a fiacutesica e material

tanto para realizaccedilatildeo

or este estudo tal

alidade natildeo eacute

saacuteria o que torna a

bana quase um meio

l fiacutesica para atingir a

e compreensatildeo do

a partir de

atildeo da forma urbana

pecto fiacutesico LAMAS

icaccedilatildeo em escalas ou

ndash a escala da rua

r unidade ou porccedilatildeo

como por exemplo

a rua onde de um

dor pode abarcar a

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

25

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

territoacuterioa dimensatildeo territorial dade portuguesa de Tavira Fonte

a urbana exemplificada por meio da nte LAMAS 2004

na cidade portuguesa de Tavira ilustra MAS 2004

____________________________________________

ANAacuteLISE D

unidade espacial d

(Figura 22)

bull A dimensatildeo urbana ndash

corresponde agraves pa

identificaacuteveis como

exemplo onde a

elementos da forma

atraveacutes do movime

percursos (Figura 23

bull E por fim a dimensatildeo

da cidade diz respeito

diferentes formas

articulaccedilatildeo de bai

entre si Sua forma

distribuiccedilatildeo de eleme

das cidades em con

suporte geograacutefico d

a articulaccedilatildeo de

circulaccedilatildeo entre os

entre zonas habitacio

entre outras (Figura 2

Dentre estas dimensotildees a u

bairro desperta particular

pesquisa uma vez que o e

limites de observaccedilatildeo atraveacute

de movimentos poderaacute aba

significante de modificaccedilotildee

forma urbana de determina

compreender o comport

acuacutestica urbana

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 25 ndash Exemplos de diversiflotes quarteirotildees e vias em difereNesta imagem um recorte do CONDEPE-FIDEM 1981

Figura 26 ndash Exemplos de diversiflotes quarteirotildees e vias em difereNesta imagem um recorte do baorigens da cidade entrecortadoBarreto Fonte CONDEPE-FIDE

Figura 27 ndash Exemplos de diveredifiacutecios lotes quarteirotildees e vias eRecife Nesta imagem um recessencialmente por morros o AltoFIDEM 1981

de seu conjunto

ndash a escala do bairro

partes homogecircneas

mo os bairros por

a observaccedilatildeo dos

a urbana eacute realizada

imento e de vaacuterios

23)

nsatildeo territorial ndash a escala

eito agrave articulaccedilatildeo de

as urbanas da

bairros interligados

ma eacute definida pela

mentos estruturantes

onformidade com o

o do siacutetio tais como

e ruas e vias de

s diferentes bairros

cionais e comerciais

a 24)

a urbana ndash escala do

lar interesse desta

o entendimento dos

veacutes de certo nuacutemero

barcar uma amostra

otildees cronoloacutegicas na

inado local a fim de

ortamento de sua

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

26

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

rsificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios erentes bairros da cidade do Recife o bairro de Boa Viagem Fonte

rsificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios erentes bairros da cidade do Recife bairro de Satildeo Joseacute que remete agraves do pela recente Avenida Dantas DEM 1981

versificadas concretizaccedilotildees entre os em diferentes bairros da cidade do

recorte de um bairro constituiacutedo lto do Mandu Fonte CONDEPE-

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

27

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

No entanto para apreender tal dimensatildeo devem-se conhecer e estabelecer quais elementos

miacutenimos da forma urbana que se relaciona com esta a dimensatildeo urbana e quais satildeo estes

elementos LAMAS (2004) propocircs onze elementos da forma urbana necessaacuterios para esta

apreensatildeo o solo (I) o edifiacutecio (II) o lote (III) o logradouro (IV) o quarteiratildeo (V) o traccediladoa

rua(VI) a praccedila (VII) a fachada (VIII) o monumento (IX) a vegetaccedilatildeo (X) e o mobiliaacuterio

urbano (XI) Dentre estes elementos seis possuem uma estreita relaccedilatildeo com esta pesquisa e

seratildeo expostos de acordo com consideraccedilotildees observadas por LAMAS 3 (2004) (Figuras 25 a 27)

O edifiacutecio representa o elemento miacutenimo identificaacutevel na observaccedilatildeo da forma urbana eacute atraveacutes

dele que se constitui o espaccedilo urbano e se organizam diferentes elementos tais como ruas praccedilas

avenidas entre outros Os edifiacutecios agrupam-se em diferentes tipos tanto em relaccedilatildeo a suas

formas quanto a suas funccedilotildees Estes elementos podem influenciar o comportamento da acuacutestica

urbana atuando enquanto objetos reflexivos da onda sonora e como barreiras acuacutesticas4

O lote representa o princiacutepio da relaccedilatildeo do edifiacutecio com o terreno A forma do lote eacute muitas

vezes condicionante da forma do edifiacutecio tornando-os vinculados por essecircncia o logradouro diz

respeito ao espaccedilo livres e natildeo construiacutedos no interior do lote aos quintais e jardins o quarteiratildeo

ou quadra pode ser considerado como o espaccedilo resultante entre o cruzamento de trecircs ou mais

vias podendo ser demarcado em vaacuterios lotes para a construccedilatildeo de edifiacutecios Juntos estes trecircs

elementos associados aos edifiacutecios podem propiciar uma maior ou menor permeabilidade

acuacutestica eou uma maior ou menor presenccedila de aacutereas de sombra no meio urbano

O traccedilado por meio das ruas ou vias eacute facilmente identificaacutevel no meio urbano Estaacute muitas vezes

condicionado ao siacutetio geograacutefico existente regula a disposiccedilatildeo dos edifiacutecios e quarteirotildees e

interliga os vaacuterios espaccedilos componentes da cidade e a cidade ao territoacuterio Normalmente o

traccedilado resiste agraves transformaccedilotildees na forma urbana por possuir um caraacuteter de permanecircncia natildeo

totalmente modificaacutevel O traccedilado engloba trajetoacuterias e caminhos que natildeo satildeo necessariamente

percorridos atraveacutes de automoacuteveis apesar disso estaacute em grande parte vinculado a uma das

principais fontes geradoras de ruiacutedo urbano ndash o traacutefego de veiacuteculos

3 Os outros elementos tambeacutem podem relacionar-se de diferentes maneiras com a acuacutestica urbana mas nem tanto com a presente pesquisa e por isso natildeo foram considerados 4 Todas as definiccedilotildees e conceitos acuacutesticos apresentados no presente item seratildeo elucidados no item seguinte 22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

28

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 28 ndash Os trecircs conjuntos formadores do tecido urbano segundo Panerai (2006) Fonte PANERAI 2006

A praccedila eacute um espaccedilo de geometria variada

intencionalmente inserido no meio urbano

cuja relaccedilatildeo com o traccedilado e os edifiacutecios

tambeacutem eacute intencional evidenciada atraveacutes do

seu desenho e natildeo acidentais como

alargamento e confluecircncias do traccedilado Aleacutem

disso a praccedila eacute um lugar de encontro de

permanecircncia e de praacuteticas sociais

Acusticamente dependendo de suas

proporccedilotildees a propagaccedilatildeo sonora que envolve

uma praccedila pode apresentar um

comportamento que se assemelha a

propagaccedilatildeo sonora em campo livre

Estes elementos constituintes da forma urbana

conceituados por LAMAS (2004) podem ser

identificados sob um diferente invoacutelucro

conceitual mas com a mesma essecircncia no que

PANERAI (2006) definiu como sendo

conjuntos do tecido urbano

Aplicado agrave cidade o termo ldquotecidordquo evoca a continuidade e a renovaccedilatildeo a permanecircncia e a variaccedilatildeo Ele explica a constituiccedilatildeo das cidades antigas e responde as questotildees levantadas pelo estudo das urbanizaccedilotildees recentes Ele pressupotildee uma atenccedilatildeo tanto ao banal quanto ao excepcional tanto agraves ruas comuns e agraves edificaccedilotildees corriqueiras quanto agraves regulamentaccedilotildees e aos monumentos Dentre as muacuteltiplas definiccedilotildees de tecido urbano e sem desprezar suas qualidades escolhemos a mais simples O tecido urbano eacute constituiacutedo pela superposiccedilatildeo ou imbricaccedilatildeo de trecircs conjuntos a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees Essa definiccedilatildeo potildee em evidecircncia os elementos que permitem que as diferentes partes da cidade evoluam ao mesmo tempo em que satildeo mantidas a coesatildeo de conjunto e a clareza de sua estrutura (PANERAI 2006 p 77-78 grifo nosso) (Figura 28)

Ao contraacuterio de LAMAS (2004) que considera a praccedila como um elemento da forma urbana por

si soacute PANERAI (2006) discute as vias ou traccedilado inseridas em uma relaccedilatildeo em rede onde

tambeacutem satildeo considerados como partes constituintes os largos passeios praccedilas esplanadas cais

pontes rios canais margens praias todos compondo o espaccedilo puacuteblico Eacute atraveacutes desta rede

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

29

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

contiacutenua e hierarquizada que acontecem as distribuiccedilotildees e circulaccedilotildees da cidade bem como sua

organizaccedilatildeo local e territorial

Jaacute os parcelamentos fundiaacuterios constituem a representaccedilatildeo negativa5 da rede de vias que evidencia o

domiacutenio construiacutedo Este domiacutenio natildeo se limita aos edifiacutecios mas tambeacutem envolve paacutetios

quintais terrenos baldios (PANERAI 2006) Embora PANERAI(2006) considere separadamente

o exame das edificaccedilotildees sugere-se que este domiacutenio construiacutedo envolve quatro dos elementos da

forma urbana elencados por LAMAS (2004) o edifiacutecio o lote o logradouro e o quarteiratildeo

Para PANERAI (2006) as edificaccedilotildees ou edifiacutecios satildeo consideradas construccedilotildees subordinadas ao

espaccedilo puacuteblico ou seja a rede de vias sendo por ele estruturada e que acrescentam a dimensatildeo

vertical ao tecido urbano Tal subordinaccedilatildeo permite que haja uma dependecircncia reciacuteproca entre os

edifiacutecios ainda que eles pertenccedilam a eacutepocas diferentes fazendo com que sua renovaccedilatildeo aconteccedila

sem que haja grandes perdas na unidade do conjunto

Ao estruturar sua concepccedilatildeo dos elementos componentes da forma urbana DEL RIO (1990) eacute

bem mais sinteacutetico e objetivo mas assim como LAMAS (2000) e PANERAI (2006) seus

elementos possuem similaridades e ateacute repeticcedilotildees que praticamente reproduzem a mesma

essecircncia conceitual dos outros dois autores Estes elementos por serem estruturados tatildeo

objetivamente seratildeo apresentados em citaccedilatildeo direta satildeo eles

- crescimento os modos as intensidades e direccedilotildees elementos geradores e reguladores limites e superaccedilatildeo de limites modificaccedilatildeo de estruturas pontos de cristalizaccedilatildeo etc - traccedilado e parcelamento ordenadores do espaccedilo estrutura fundiaacuteria relaccedilotildees distacircncias circulaccedilatildeo e acessibilidade etc - tipologias dos elementos urbanos inventaacuterio e categorizaccedilatildeo de tipologias ediliacutecias (residecircncias comercio etc) de lotes e sua ocupaccedilatildeo de quarteirotildees e sua ocupaccedilatildeo de praccedilas esquinas etc - articulaccedilotildees relaccedilotildees entre elementos hierarquias domiacutenios do publico e privado densidades relaccedilotildees entre cheios e vazios etc (DEL RIO 1990 p 83 grifos do autor)

Dentre todos os elementos expostos a partir dos trecircs autores existe um importante fenocircmeno

relacionando-os em distintas intensidades e que merece ser considerado por influenciar

definitivamente na modificaccedilatildeo da forma urbana ndash o adensamento

5 No sentido de uma fotografia onde os claros e os escuros satildeo representados no negativo de modo contraacuterio ao do objeto fotografado

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

30

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 29 ndash O adensamento das ilhas do Bairro do Recife e de Santo Antocircnio (imagem) ocorreu tanto pelo preenchimento progressivo desde o inicio da ocupaccedilatildeo da cidade quanto por meio da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees anteriores Fontehttppedrodealbuquerquewordpresscomcategorypernambuco Acesso em 201109

O adensamento ocorre a partir de dois modos

essenciais de ocupaccedilatildeo o primeiro a partir do

preenchimento progressivo do espaccedilo urbano

e o segundo a partir da substituiccedilatildeo completa

por meio de demoliccedilatildeo de edificaccedilotildees

anteriores (PANERAI 2006) (Figura 29)

A primeira forma de adensamento ocorre sem

a expansatildeo territorial por meio do

preenchimento progressivo de todas as

reservas fundiaacuterias e espaccedilos livres de

determinado meio urbano Eacute um

adensamento inserido em limitesbarreiras

preacute-estabelecidos naturais ou natildeo tais como

uma via expressa irregularidades geograacuteficas

do siacutetio ou ainda numa escala menor a proacutepria quadra pode ser um limite para saturaccedilatildeo gradual

em seu interior desmembramento ou remembramento dos lotes para construccedilatildeo de novas

edificaccedilotildees verticalizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo de antigos quintais eou jardins (PANERAI 2006)

A segunda forma de adensamento acontece atraveacutes da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees

anteriormente existentes por novas construccedilotildees de maior porte tanto em relaccedilatildeo agrave ocupaccedilatildeo do

solo por meio do remembramento de lotes quanto em relaccedilatildeo ao seu gabarito Esta forma de

adensamento permite a renovaccedilatildeo do espaccedilo urbano sem aumentar sua aacuterea de abrangecircncia sem

sua expansatildeo (PANERAI 2006)

Ambas as formas de adensamento transformam essencialmente a forma urbana e o modo como

se relacionam seus elementos componentes A identificaccedilatildeo desta transformaccedilatildeo em determinado

meio urbano gerada pelo adensamento eacute indispensaacutevel para anaacutelise do comportamento da

acuacutestica urbana a partir de modificaccedilotildees na forma urbana deste mesmo meio uma vez que o

adensamento pode influenciar na propagaccedilatildeo sonora proporcionando uma maior quantidade de

objetos reflexivos de barreiras acuacutesticas e favorecendo a diminuiccedilatildeo da permeabilidade acuacutestica

Por fim a partir exposiccedilatildeo de determinados elementos considerados por LAMAS (2004) ndash o

edifiacutecio o lote o logradouro o quarteiratildeo o traccediladoa rua e a praccedila dos conjuntos considerados

por PANERAI (2006) ndash a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees dos

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

31

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

elementos considerados por DEL RIO (1990) ndash crescimento traccedilado e parcelamento tipologias

dos elementos urbanos e as articulaccedilotildees e em busca de atingir seu objetivo principal esta

pesquisa consideraraacute a forma urbana inserida em um recorte que a considera essencialmente a

partir de seu aspecto fiacutesico e material e cujos elementos componentes considerados seratildeo

exclusivamente

1 As parcelas fundiaacuterias ndash consideradas por meio das quadras e lotes incluindo sua relaccedilatildeo

de modo de ocupaccedilatildeo das edificaccedilotildees sua densidade e seus espaccedilos livres

2 As edificaccedilotildees ndash consideradas atraveacutes de sua relaccedilatildeo de modo de ocupaccedilatildeo com os

lotes e do grau de verticalizaccedilatildeo (gabarito baixo meacutedio e alto)

3 As vias ndash consideradas como reguladoras da relaccedilatildeo com as edificaccedilotildees e quarteirotildees e

principalmente apreciadas como estreitamente vinculadas a uma das principais fontes

geradoras de ruiacutedo urbano (o traacutefego de veiacuteculos)

Estes seratildeo os elementos componentes da forma urbana que esta pesquisa se apropriaraacute no

decurso do caminho a fim de analisar o comportamento acuacutestico a partir de modificaccedilotildees

cronoloacutegicas em determinada forma urbana Nos paraacutegrafos seguintes discutem-se os conceitos e

relaccedilotildees que permeiam a acuacutestica urbana

22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais

A acuacutestica eacute a ciecircncia do som incluindo sua geraccedilatildeo transmissatildeo e recepccedilatildeo de energia sob a

forma de ondas vibracionais na mateacuteria (KINSLER et al 1982) Ela eacute uma ciecircncia

multidimensional e interligada a vaacuterios domiacutenios cientiacuteficos Seu objeto de estudo fundamental o

som delineia uma seacuterie de interfaces multidisciplinares com abordagens em diversificadas aacutereas

do conhecimento (Figura 210)

Desse modo quando a geraccedilatildeo transmissatildeo e efeitos do som estatildeo inseridos no meio urbano

seu desdobramento eacute estudado pela aacuterea de conhecimento da acuacutestica urbana muitas vezes

tambeacutem nomeada de acuacutestica ambiental

O objeto de estudo fundamental da acuacutestica o som eacute a sensaccedilatildeo produzida no ouvido por

pequenas flutuaccedilotildees da pressatildeo do ar (HANSEN 2005) ou seja eacute uma percepccedilatildeo sensorial e seu

____________________________________________

ANAacuteLISE D

complexo padratildeo de ondas s

de ruiacutedo muacutesica fala

(BERGLUND et al 1999)

Esta definiccedilatildeo do som tend

a percepccedilatildeo do ouvido

conceito psicofiacutesico Fisicame

vibraccedilatildeo mecacircnica que

progressivamente atraveacutes de

gasoso liacutequido ou soacutelido (SIN

Esta vibraccedilatildeo quando tran

que o rodeia nem sempre

aparelho auditivo humano

frequumlecircncia6 audiacutevel encontra

20 a 20000 Hz para um

(BRUumlEL amp KJAEligR 1984

1982) Frequumlecircncias acima de

altas para respostas fisioloacuteg

chamadas de ultrasons Jaacute as

de 20 Hz satildeo chamadas de

detectaacuteveis pelo ouvido hum

prejudiciais agrave sua sauacutede7

1982 SOUSA 2004)

Fisicamente o som e o ruiacutedo

ambos se propagam em mei

detectados pelo ouvido hu

enquanto o som eacute utilizado

6 A frequumlecircncia eacute o nuacutemero de ciclo(HANSEN 1995) 7 A exposiccedilatildeo a baixas frequumlecircncias depressatildeo irritabilidade e perturba pro

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 210 ndash Interfaces multidFonte Elaborado pela autora a pa

Figura 211 ndash Fonte sonora ponSOUZA 2006

as sonoras eacute rotulado

ala entre outros

ndo como referecircncia

o humano eacute um

mente o som eacute uma

que se propaga

de um meio material

(SINGAL 2005)

transmitida ao meio

re eacute detectaacutevel pelo

ano cuja faixa de

tra-se no intervalo de

um jovem saudaacutevel

4 KINSLER et al

de 20000 Hz muito

loacutegicas auditivas satildeo

as frequumlecircncias abaixo

de infrasons e natildeo satildeo

umano contudo satildeo

(KINSLER et al

iacutedo constituem o mesmo fenocircmeno de variaccedilotildee

eio elaacutestico (soacutelido liacutequido ou gasoso) e ambos

humano (BERGLUND et al 1999 HANSEN

do para descrever percepccedilotildees sonoras agradaacutev

iclos que a onda sonora completa no tempo de um segundo

as pode gerar a doenccedila Vibroacuacutestica que induz o espessamprocessos cognitivos (BRANCO e PEREIRA 2004)

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

32

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

ltidisciplinares do estudo do som partir de BISTAFA 2006

ontual e fonte sonora linear Fonte

otildees de pressatildeo ambiente

bos satildeo capazes de serem

EN 1995) No entanto

daacuteveis o ruiacutedo descreve

do e eacute medida em Hertz (Hz)

amento das estruturas cardiacuteacas

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

33

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 212 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora pontual de 6 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007

percepccedilotildees sonoras desagradaacuteveis incorporando um aspecto de subjetividade agrave sua definiccedilatildeo

(BRUumlEL amp KJAEligR 1984 HANSEN 2005 BRASIL 2006 SINGAL 2005)

Tal subjetividade acarreta diferentes e individuais percepccedilotildees sonoras pelo ser humano e

portanto em diferentes reaccedilotildees agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo Em outras palavras o que se estabelece

como som para um indiviacuteduo pode representar ruiacutedo para outro

[] as respostas inerentes ao ruiacutedo satildeo complexas dependendo tanto dos fatores propriamente acuacutesticos quanto dos psicossociais contextuais simboacutelicos emocionais como daqueles de valor especiacutefico Essas variaacuteveis participam da singularidade da escuta e atuam como filtros que modificam a percepccedilatildeo do sinal fiacutesico sonoro (SANTOS e MARTINS 2005 p 216)

Enquanto sua percepccedilatildeo envolve a subjetividade as respostas fisioloacutegicas agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo satildeo

mais objetivas e seus danos satildeo mais facilmente identificaacuteveis O ruiacutedo pode gerar complicaccedilotildees

no sistema circulatoacuterio e hormonal perda gradativa da audiccedilatildeo distuacuterbios de sono estresse

irritabilidade neuroses desconforto e dificuldade de aprendizado entre outros danos

(BERGLUND et al1999 HANSEN 2005 KINSLER et al 1982 MURGEL 2007 NAGEM

2004 NUNES 2006 PAZ et al 2005 SINGAL 2005 ZANNIN et al 2002)

O ruiacutedo pode se originar de variadas fontes presentes em diversificados ambientes as mais

comumente encontradas satildeo as fontes sonoras pontuais e as lineares (Figura 211) A fonte pontual

possui dimensotildees finitas e emite o mesmo niacutevel de pressatildeo sonora uniformemente para todas as

direccedilotildees sendo seu decaimento em campo livre de 6 dB para cada dobro da distacircncia (Figura

212) (HANSEN 2005 SOUSA 2004)

Jaacute a fonte linear eacute formada por certo nuacutemero de

fontes pontuais dispostas linearmente cuja

emissatildeo sonora eacute contiacutenua ao longo desta

linha sendo seu decaimento em campo livre

de 3 dB para cada dobro da distacircncia (Figura

213) (HANSEN 2005 PAZ 2004)

Quando propagadas no meio urbano a

combinaccedilatildeo de tais fontes sonoras associadas

ao percurso de transmissatildeo e ao receptor

constitui o ruiacutedo urbano (urban noise) tambeacutem

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

34

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 213 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora linear de 3 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007

chamado de ruiacutedo ambiental (environmental

noise) ou ruiacutedo comunitaacuterio (community noise)

(BERGLUND et al1999 GUEDES 2005

SOUSA 2004)

O ruiacutedo urbano pode ser gerado a partir do

traacutefego de veiacuteculos terrestres e aeacutereos de

obras de construccedilatildeo civil de estabelecimentos

industriais de estabelecimentos comerciais e

de serviccedilos de sistemas de propaganda

volante ou permanente8 e ruiacutedos de outras atividades cuja propagaccedilatildeo sonora pode afetar o bem-

estar e a sauacutede dos citadinos (BARRON 2003 BERGLUND et al1999 KINSLER et al 1982

NAGEM 2004 NUNES 2006 SINGAL 2005)

Apesar de esporaacutedica outra fonte de ruiacutedo gerada em meio urbano satildeo os eventos puacuteblicos tais

como festas shows comiacutecios carnavais fora de eacutepoca entre outros As fontes de ruiacutedo presentes

nestes eventos atingem um alto niacutevel de pressatildeo sonora9 e abrangem uma grande quantidade

populacional logo independente de ocorrer poucas vezes durante o ano satildeo eventos

extremamente danosos a sauacutede e principalmente agrave audiccedilatildeo a partir de 80 dB(A) natildeo importa se

a sensaccedilatildeo sonora eacute prazerosa ou natildeo ela eacute necessariamente prejudicial10 (Tabela 21) (NUNES

2006)

Quando a intensidade dos ruiacutedos urbanos torna-se excessivamente desagradaacutevel eou nociva o

ruiacutedo passa a ser considerado uma forma de poluiccedilatildeo ambiental11 - a poluiccedilatildeo sonora A

necessidade de regulamentaccedilatildeo da poluiccedilatildeo sonora renuncia os aspectos de subjetividade

existentes e inerentes ao conceito de ruiacutedo na tentativa de sintetizar e estabelecer limites leis

normas meacutetodos e accedilotildees que representem um universo sonoro equivalente para toda a

populaccedilatildeo na tentativa de controlar e mitigar o ruiacutedo urbano

8 Carros de som bicicletas com som raacutedios comunitaacuterias entre outros 9 O niacutevel de pressatildeo sonora eacute a medida fiacutesica preferencial para caracterizar a sensaccedilatildeo subjetiva da intensidade dos sons e de acordo com a lei de Weber e Fechner a sensaccedilatildeo sonora eacute proporcional ao logaritmo da intensidade sonora NPS=20 log (pp0) onde p eacute a pressatildeo sonora em Pascal e p0 eacute a pressatildeo sonora de referecircncia (2 10-5 Pascal) (BISTAFA 2006 NIEMEYER 2007) 10 Outros niacuteveis de ruiacutedo tambeacutem podem ser prejudiciais em maior ou menor grau dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora 11 ldquoPoluiccedilatildeo eacute a degradaccedilatildeo da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente a) prejudiquem a sauacutede a seguranccedila e o bem-estar da populaccedilatildeo b) criem condiccedilotildees adversas agraves atividades sociais e econocircmicas c) afetem desfavoravelmente a biota d) afetem as condiccedilotildees esteacuteticas ou sanitaacuterias do meio ambiente e) lancem mateacuterias ou energia em desacordo com os padrotildees ambientais estabelecidosrdquo (BRASIL 1981 p 1 e 2)

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

35

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Tabela 21 ndash Os niacuteveis de pressatildeo sonora e suas consequumlecircncias fisioloacutegicas no homem Em alguns casos podem a intensidade das reaccedilotildees fisioloacutegicas podem variar dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora Fonte elaborado pela autora a partir de KINSLER et al 1992 SINGAL 2005 SOUZA 2006

Assim sendo na esfera federal a Constituiccedilatildeo Federal (Art255) o Coacutedigo Civil Brasileiro (Lei ndeg

1040602) a Lei das Contravenccedilotildees Penais (Decreto-lei nordm 368841) e a Lei dos Crimes

Ambientais (Lei nordm 960598) versam a partir de diferentes abordagens e diferentes

procedimentos legais sobre a poluiccedilatildeo sonora e suas respectivas perturbaccedilotildees (CARNEIRO

2009)

NIacuteVEIS DE PRESSAtildeO SONORA E SUAS CONSEQUEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS

Niacutevel de Pressatildeo sonora

em dB(A)

Caracteriacutesticas FISIOLOacuteGICAS

Ambiente ou atividade

0 a 30 Nenhuma Tremular de folhas de uma aacutervore sussurros

aacuterea de mata selvagem

30 a 50 Nenhuma Cantar de paacutessaros rua calma em aacuterea residencial durante noite

50 a 70 Marca o iniacutecio do estresse

auditivo Rua agitada um restaurante barulhento

70 a 90 Estressante e bastante

excitante Chegada de um trem na estaccedilatildeo carro a 100 Kmh

conversa a gritos

90 a 110 Extremamente excitante provocando dependecircncia

Caminhatildeo pesado a 60 Kmh alarme de viatura passagem de trem numa estaccedilatildeo ou cabine de um aviatildeo monomotor

110 a 130

Desconfortavelmente alto atingindo o limiar da dor podendo causar surdez

instantacircnea

Trem passando em trilhos elevados martelo pneumaacutetico interior de uma boate show de banda de rock

130 a 140 Acima do limiar da dor

causando surdez permanente Decolagem de aviatildeo a jato a 5m de distacircncia disparos de artilharia

Ainda no domiacutenio federal o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) publicou vaacuterias

resoluccedilotildees que estabelecem normas de preservaccedilatildeo ao meio ambiente incluindo o combate a

poluiccedilatildeo sonora12 Nestas resoluccedilotildees todas as atividades geradoras de ruiacutedo devem seguir

diretrizes vinculadas agrave Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas ndash ABNT e ao Conselho

Nacional de Tracircnsito - CONTRAN no caso de ruiacutedo produzido por veiacuteculos automotores

(NAGEM 2004)

Tais resoluccedilotildees normas e diretrizes refletidas no domiacutenio estadual e municipal deram origem agrave

Lei Estadual nordm 12789 de 28 de Abril de 2005 (PERNAMBUCO2005) conhecida como ldquoLei do

12 Satildeo elas RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 272 de 14 de setembro de 2000

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Silecircnciordquo e que dispotildee sobre ruiacutedos urbanos poluiccedilatildeo sonora e proteccedilatildeo do bem-estar e do

sossego puacuteblico e agrave Lei nordm 16243 de 13 de setembro de 1996 ndash Coacutedigo do Meio Ambiente e do

Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife (RECIFE 1996a) que estabelece a poliacutetica do meio ambiente da

cidade do Recife incluindo regulamentaccedilatildeo de emissotildees sonoras entre outras providecircncias

tendo como suporte a Lei 1617696 de 9 de Abril de 1996 ndash Lei de Uso e Ocupaccedilatildeo do Solo da

Cidade do Recife ndash LUOS (RECIFE 1996b)

Apesar da existecircncia desta grande quantidade de leis federais estaduais e municipais apesar da

LUOS legislar sobre a etapa de aprovaccedilatildeo de projetos para a construccedilatildeo de empreendimentos

com usos geradores de incocircmodo agrave vizinhanccedila incluindo usos potencialmente geradores de ruiacutedos

submetendo-os agrave anaacutelise teacutecnica eou agrave anaacutelise especial e apesar do Coacutedigo do Meio Ambiente e

do Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife estabelecer limites maacuteximos permitidos de ruiacutedo na praacutetica a

accedilatildeo contra a poluiccedilatildeo sonora em Recife adquire caraacuteter corretivo pelos oacutergatildeos reguladores agrave

conduta do infrator geralmente a partir de denuacutencias da populaccedilatildeo apoacutes a consolidaccedilatildeo da fonte

geradora de ruiacutedo no meio urbano (JORNAL DO COMEacuteRCIO 2008 JC ONLINE 2005)

Outro exemplo local de desatenccedilatildeo agrave poluiccedilatildeo sonora eacute a inexistecircncia dentre vaacuterios outros tipos

de degradaccedilatildeo ambiental presentes de qualquer referecircncia a respeito da poluiccedilatildeo sonora em

documento produzido pela Prefeitura da Cidade do Recife no ano 2000 o Atlas Ambiental da

Cidade do Recife (RECIFE 2000)

Diante da aplicabilidade ineficaz da legislaccedilatildeo vigente em Novembro de 2009 foi lanccedilado pelo

Ministeacuterio Puacuteblico de Pernambuco a cartilha Poluiccedilatildeo sonora Silento e o barulho13 que versa sobre as

posturas e accedilotildees direitos e deveres dos diversos agentes envolvidos na produccedilatildeo e recepccedilatildeo da

poluiccedilatildeo sonora indicando como devem agir a viacutetima o policial o estado o construtor poluidor

o proprietaacuterio de carro de som poluidor entre outros A cartilha tambeacutem disponibiliza uma seacuterie

de formulaacuterios modelos de acordo com os diferentes tipos de poluiccedilatildeo sonora Estes formulaacuterios satildeo

exemplos para serem utilizados tanto pela viacutetima da poluiccedilatildeo sonora quanto pelo policial civil

militar promotor de justiccedila e ateacute mesmo pelo poluidor - o que poderaacute tornar esta cartilha um

importante instrumento para aplicaccedilatildeo das leis vigentes (CARNEIRO 2009)

Embora negligenciada e em oposiccedilatildeo a diversos outros problemas ambientais mundiais a

poluiccedilatildeo sonora continua a crescer e eacute acompanhada pelo aumento no nuacutemero de reclamaccedilotildees de

13 ldquoSilentordquo eacute um personagem criado para narrar alguns trechos interativos da cartilha

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 214 ndash Relaccedilatildeo entre o desenvolvimento industrial da sociedade que possibilita o aumento e concentraccedilatildeo de fontes sonoras e seus impactos em relaccedilatildeo ao ruiacutedo nas comunidades apontando trecircs previsotildees futuras de acordo com diferentes accedilotildees possiacuteveis de regulamentaccedilatildeo contra do ruiacutedo Fonte elaborado pela autora a partir de BERGLUND et al 1999

pessoas expostas ao ruiacutedo a partir do aumento da consciecircncia de seus direitos legais

(BERGLUND et al1999)

Para World Health Organization (WHO)14 a poluiccedilatildeo sonora jaacute eacute um dos problemas ambientais que

atingem o maior nuacutemero de pessoas no planeta perdendo apenas para a poluiccedilatildeo do ar e da aacutegua

(KIHLMAN 2004 2005) Este crescimento contiacutenuo da poluiccedilatildeo sonora e por conseguinte do

ruiacutedo urbano possui uma estreita relaccedilatildeo com as raacutepidas transformaccedilotildees ocorridas no meio

urbano nas uacuteltimas deacutecadas O desenvolvimento acelerado e a expansatildeo das cidades implicaram

em modificaccedilotildees em elementos da forma urbana em alto iacutendice de crescimento demograacutefico da

populaccedilatildeo urbana e em consequumlente aumento e concentraccedilatildeo de diversos tipos de fontes

geradoras de poluiccedilatildeo sonora (BRASIL 1990a1990b GUEDES 2005 PAZ 2009 ZANNIN et

al 2002) (Figura 214)

Entre estas fontes urbanas geradoras de poluiccedilatildeo sonora uma das que mais contribuem com o

aumento do ruiacutedo urbano aleacutem de ser considerada uma das fontes mais intrusivas e a mais

percebida pela populaccedilatildeo das grandes cidades eacute o traacutefego de veiacuteculos (DINIZ 2003 FRITSCH et al

2007 LACERDA et al 2005 PAZ 2004 ZANNIN et al 2003)

O ruiacutedo do traacutefego de veiacuteculos eacute gerado a

partir do ruiacutedo veicular que proveacutem

essencialmente do sistema de propulsatildeo do

motor do atrito entre o veiacuteculo e o ar (ruiacutedo

aerodinacircmico) e do atrito entre o pneu e o piso

(MURGEL 2007 KINSLER et al 1982) e da

relaccedilatildeo entre o veiacuteculocondutor e as

configuraccedilotildees das vias em que ele estaacute inserido

a aceleraccedilatildeo eou desaceleraccedilatildeo do motor de

acordo com a caracterizaccedilatildeo das vias - a

presenccedila de cruzamentos semaacuteforos faixas de

pedestres etc a intensidade do fluxo de

veiacuteculos e a proporccedilatildeo entre veiacuteculos leves e os

veiacuteculos pesados a frequumlecircncia de

14 Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede ndash OMS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

acionamentos de buzinas o tipo de acabamento da superfiacutecie das vias (concreto asfalto brita

terra batida) etc (SINGAL 2005)

Tais vias geradoras do ruiacutedo de traacutefego aleacutem de serem interceptadas por outras vias satildeo

comumente ladeadas por configuraccedilotildees bastante variaacuteveis desde edificaccedilotildees com formas

implantaccedilotildees e gabaritos diversificados a lotes ainda natildeo ocupados caracterizando a propagaccedilatildeo

do ruiacutedo de traacutefego urbano por muacuteltiplas reflexotildees responsaacuteveis pelo espalhamento do ruiacutedo

para vias adjacentes pelo surgimento de campos sonoros reverberantes pela difraccedilatildeo do ruiacutedo e

pelo surgimento de aacutereas de sombra (SINGAL 2005 RANDRIANOELINA e SALOMONS

2008) Ou seja a propagaccedilatildeo do ruiacutedo urbano gerado pelo traacutefego de veiacuteculos possui uma

interaccedilatildeo singular com elementos da forma urbana

Assim sendo tanto por sua participaccedilatildeo determinante na constituiccedilatildeo do ruiacutedo urbano quanto

por sua particular relaccedilatildeo com os elementos que compotildeem a forma urbana o ruiacutedo de traacutefego

seraacute a uacutenica fonte sonora considerada na presente pesquisa conforme seraacute melhor elucidado no

proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas

A interaccedilatildeo entre o ruiacutedo urbano e a forma urbana dependeraacute diretamente das configuraccedilotildees de

certos elementos que compotildeem esta forma urbana o traccedilado e perfis das vias a maneira de

implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade e

forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres tais como praccedilas e

largos (GUEDES 2005 SANTOS e MARTINS 2005) Estes elementos podem ser

acusticamente caracterizados a partir do tipo de espaccedilo acuacutestico e da permeabilidade acuacutestica

O espaccedilo acuacutestico tambeacutem nomeado de campo acuacutestico eacute a porccedilatildeo de determinado espaccedilo onde

acontecem as vibraccedilotildees sonoras podendo ser caracterizado no meio urbano como espaccedilo

acuacutestico aberto ou fechado (NIEMEYER 2007)

O espaccedilo acuacutestico aberto aproxima-se da propagaccedilatildeo em campo livre que eacute caracterizado pela ausecircncia

de obstaacuteculos que modifiquem a propagaccedilatildeo sonora entre a fonte e o receptor Assim no meio

urbano o espaccedilo cuja propagaccedilatildeo sonora envolva poucas ou nenhuma reflexatildeo e poucos ou

nenhum obstaacuteculo pode ser considerado um espaccedilo acuacutestico aberto como por exemplo o

espaccedilo acuacutestico com perfil em ldquoLrdquo tais como vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas uma de

suas margens (Figuras 215 e 216) (NIEMEYER 2007) No espaccedilo acuacutestico aberto o niacutevel de

pressatildeo sonora decai 6 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (LANG

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 215 ndash Propagaccedilatildeo sonora em Campo acuacutestico aberto Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001

Figura 216 ndash Campo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo FonteNIEMEYER 2007

Figura 217 ndash Propagaccedilatildeo sonora em campo acuacutestico fechado causando o fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001

e BERANEK 1992) isto eacute o ruiacutedo percebido

pelo receptor diminui em funccedilatildeo da

duplicaccedilatildeo da distacircncia da fonte sonora15

Praccedilas parques e largos com grandes

dimensotildees vias de traacutefego marginais a praias

vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas

uma de suas margens ou espaccedilos livres

urbanos de grandes dimensotildees caracterizam

alguns exemplos de espaccedilos acuacutesticos abertos

No espaccedilo acuacutestico fechado as ondas sonoras

sofrem muacuteltiplas reflexotildees fazendo com que o

seu niacutevel sonoro decaia muito lentamente

sendo praticamente o mesmo em vaacuterias

posiccedilotildees ateacute que esta onda sonora encontre

uma saiacuteda para campo livre caracterizando o

fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana16 17(Figura

217) (GUEDES 2005 NIEMEYER 2007)

Os espaccedilos acuacutesticos fechados podem ser

reverberantes quando a onda sonora tarda a

encontrar o campo livre gerando um grande

nuacutemero de reflexotildees ou semi-reverberantes

quando a onda sonora encontra o campo livre

um pouco mais rapidamente do que no

reverberante gerando um nuacutemero menor mas

ainda grande de reflexotildees

15 Este decaimento eacute para fontes pontuais para fontes lineares o decaimento eacute de 3 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (GERGES 2000) 16 A reverberaccedilatildeo eacute a persistecircncia de um som depois de ter sido extinta a sua emissatildeo por uma fonte e ocorre como resultado de reflexotildees em ambientes total ou parcialmente fechados (GONZALEZ e LOPES 1993) 17 Alguns espaccedilos acuacutesticos fechados tambeacutem podem amplificar o niacutevel de pressatildeo sonora mas este fenocircmeno ocorre em determinados espaccedilos acuacutesticos fechados reverberantes

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 218 ndash Campo acuacutestico fechado em perfl ldquoUrdquo tambeacutem chamado de canyons urbanos Fonte NIEMEYER 2007

No meio urbano o espaccedilo acuacutestico fechado

reverberante possui comumente um perfil em

ldquoUrdquo (Figura 218) tambeacutem chamados de

canyons urbanos que podem amplificar

consideravelmente a propagaccedilatildeo sonora das

vias de traacutefego atraveacutes de reflexotildees muacuteltiplas

geradas pelas fachadas paralelas das

edificaccedilotildees que circundam estas vias

(ANDERSON e KURZE 1992) Assim neste

tipo de espaccedilo acuacutestico a propagaccedilatildeo sonora

natildeo depende exclusivamente da distacircncia entre

a fonte e o receptor como no espaccedilo acuacutestico

aberto depende ainda da configuraccedilatildeo dos

elementos que compotildeem a forma urbana e

dos coeficientes de absorccedilatildeo dos materiais que

revestem as superfiacutecies refletoras18

(NIEMEYER 2007)

Praccedilas parques e largos com pequenas dimensotildees e cercados por edificaccedilotildees conjugadas vias de

traacutefego com edificaccedilotildees (conjugadas ou com pequenos recuos entre elas) em ambos os lados

tuacuteneis passagens subterracircneas e espaccedilos livres abaixo de viadutos caracterizam alguns exemplos

de espaccedilos acuacutesticos fechados

A caracterizaccedilatildeo de um espaccedilo acuacutestico como sendo aberto ou fechado delinearaacute como a onda

sonora iraacute espalhar-se no meio urbano cujas configuraccedilotildees dos elementos que o compotildeem

podem facilitar ou dificultar a trajetoacuteria desta onda sonora para aleacutem do local de sua emissatildeo

tornando o meio urbano mais ou menos permeaacutevel a sua propagaccedilatildeo

18 No meio urbano as superfiacutecies refletoras satildeo predominantemente formadas por fachadas e muros de edificaccedilotildees que possuem certa uniformidade na utilizaccedilatildeo de materiais altamente reflexivos e com baixos coeficientes de absorccedilatildeo tais como granito maacutermore ceracircmica esmaltada vidro Assim o coeficiente de absorccedilatildeo de uma edificaccedilatildeo para outra seraacute praticamente o mesmo sofrendo miacutenimas variaccedilotildees permitindo sua natildeo consideraccedilatildeo

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

41

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 220 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees em uma quadra permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007

Figura 221 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjugadas em uma quadra pouco permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007

Figura 219 ndash Permeabilidade acuacutestica - percursos da onda sonora gerados em meio urbano Fonte NIEMEYER 2007

Figura 222 ndash Barreira acuacutestica entre a fonte e o receptor FonteANDERSON e KURZE 1992

Assim sendo a permeabilidade acuacutestica refere-se

aos percursos da onda sonora gerados no

meio urbano (Figura 219) (GUEDES 2005

NIEMEYER 2007) A intensidade da

permeabilidade acuacutestica - mais ou menos

permeaacutevel - dependeraacute da capacidade de

certos elementos urbanos de promover ou

conter a propagaccedilatildeo da onda sonora tais

como o traccedilado e perfis das vias a maneira de

implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem

como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade

e forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila

ou ausecircncia de espaccedilos livres (Figuras 220 e

221)

A permeabilidade acuacutestica relaciona-se ainda

com as barreiras acuacutesticas Isoladamente o

conceito de barreiras acuacutesticas refere-se a

qualquer objeto que possa ser considerado um

obstaacuteculo agrave ligaccedilatildeo direta e sem interferecircncias

entre a fonte e o receptor (Figura 222)

(ANDERSON e KURZE 1992 GERGES

2000) Ao bloquear o percurso direto entre a

fonte e o receptor a onda sonora poderaacute ser

absorvida eou refletida pela superfiacutecie da

barreira transmitida atraveacutes da barreira ou

difratada a partir do topo da barreira

(BARRON 2003 SINGAL 2005)

A difraccedilatildeo eacute um fenocircmeno que permite que as

ondas sonoras sejam capazes de contornar

determinados obstaacuteculos gerando uma aacuterea de

sombra acuacutestica que possui limites espaciais

variaacuteveis de acordo com a posiccedilatildeo da fonte

____________________________________________

ANAacuteLISE D

sonora e de sua localizaccedilatilde

receptor que por sua vez

sonora difratada pelas borda

um decaimento maior do qu

campo livre (Figura 223) (N

1968 NIEMEYER 2007 PA

O uso de barreiras acuacutestic

EUA Japatildeo Austraacutelia e

reduccedilatildeo da propagaccedilatildeo do

pelo traacutefego rodoviaacuterio pa

(Figuras 224 a 226) (SIN

Brasil esta praacutetica ainda eacute inc

restringindo-se a poucos exe

caso da barreira acuacutestica no

Linha Amarela na cidade do

na Rodovia Bandeirantes co

de Satildeo Paulo a Campinas

Paulo (Figura 227) (MURGE

2004)

Embora a implantaccedilatildeo de b

esteja vinculada agrave reduccedilatildeo do

rodoviaacuterio outros elemen

meio urbano situados ent

receptor atuam espontan

barreiras agrave propagaccedilatildeo sono

terreno com topografia i

muros edificaccedilotildees entr

edificaccedilotildees conjugadas da R

cidade do Recife ou aind

conjugadas em alguns trec

Atlacircntica no Rio de Janei

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 226 ndash Barreiras instaladasem aacuterea residencial de Toacutequio Jap

Figura 224 ndash Agrave esquerda barreacriacutelico na Suiacuteccedila Agrave direita barreiraPaacutedua e Veneza na Itaacutelia Fonte C

Figura 227 ndash Barreira acuacutestica dade Satildeo Paulo Fonte MURGEL 2

Figura 223 ndash Difraccedilatildeo da ondagerando uma aacuterea de sombra acuacutest

Figura 225 ndash Agrave esquerda baproacuteximo a Zurique Agrave direita barretambeacutem na Suiccedila Fonte CICHIN

accedilatildeo em relaccedilatildeo ao

ez recebe a energia

rdas da barreira com

que se estivesse em

(NEPOMUCENO

PAZ 2004)

ticas eacute comum nos

e na Europa para

do ruiacutedo produzido

para seus arredores

INGAL 2005) No

incipiente

exemplos como eacute o

no eixo rodoviaacuterio

o Rio de Janeiro e

conectando a cidade

s no estado de Satildeo

GEL 2007 SOUSA

e barreiras acuacutesticas

do ruiacutedo de traacutefego

entos inseridos no

entre a fonte e o

taneamente como

nora tais como um

irregular taludes

ntre outros As

a Rua da Aurora na

inda as edificaccedilotildees

trechos da Avenida

neiro por exemplo

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

42

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

das ao longo de via expressa elevada Japatildeo Fonte CICHINELLI 2007

rreira acuacutestica curva em concreto e eira acuacutestica metaacutelica na estrada entre CICHINELLI 2007

da Rodovia Bandeirantes no estado 2007

da sonora a partir de uma barreira uacutestica Fonte GERGES 2000

barreira acuacutestica metaacutelica instalada arreira acuacutestica em concreto e acriacutelico INELLI 2007

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

43

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 228 ndash Rua da Aurora no Bairro da Boa Vista na cidade do Recife configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fontehttpmaiovinteeseisblogspotcom2007_ 11_01_archivehtml Acesso em 080409

Figura 229 ndash Alguns trechos da Avenida Atlacircntica no Bairro de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro tambeacutem configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fonte httpwwwtravelpodcomtravel-photoorlanworldtrip200711 71589400avenida-atlantica-along-copacabana-beachjpgtpodhtml Acesso em 080409

aleacutem de funcionarem como barreiras acuacutesticas

espontacircneas ou natildeo intencionais tambeacutem

conformam um espaccedilo acuacutestico aberto em

ldquoLrdquo e pouco permeaacutevel ao ruiacutedo (Figura 228 e

229)

A partir da discussatildeo dos espaccedilos acuacutesticos e

da permeabilidade acuacutestica evidencia-se que a

interaccedilatildeo entre os diversos elementos que

compotildeem a forma urbana - o traccedilado e perfis

das vias o modo de implantaccedilatildeo das

edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as

proporccedilotildees densidade e maneira de ocupaccedilatildeo

das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de

espaccedilos livres ndash contribui determinantemente

para a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano

atraveacutes de muacuteltiplas reflexotildees do

espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave

fonte geradora de campos sonoros

reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de

aacutereas de sombra

Isto posto se o ruiacutedo urbano eacute considerado

um sistema composto essencialmente pela fonte

sonora pelo meio de propagaccedilatildeo e pelo receptor (LANG e BERANEK 1992 ANDERSON e

KURZE 1992) a forma urbana considerada a partir dos elementos que a compotildeem enquanto

percurso de transmissatildeo delineia influencia e determina em certa medida a trajetoacuteria de

propagaccedilatildeo da onda sonora19 Ou seja a forma urbana por meio das caracteriacutesticas singulares

apresentadas pelos seus elementos componentes iraacute influenciar o comportamento da propagaccedilatildeo

da onda sonora no meio urbano

19 ldquoEm certa medidardquo pois existem outros fatores que tambeacutem influenciam a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano mas a discussatildeo sobre a consideraccedilatildeo ou natildeo destes outros fatores seraacute melhor construiacuteda no proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

44

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito alto por elevada densidade de

ocupaccedilatildeo das quadras e por vias estreitas por exemplo tende em tese a ser menos permeaacutevel ao

ruiacutedo dificultando a propagaccedilatildeo sonora para outras aacutereas Tende ainda a criar espaccedilos

reverberantes ou semi-reverberantes com o niacutevel de pressatildeo sonora elevado em praticamente

todos os pontos de reflexatildeo com perdas miacutenimas ateacute a onda sonora alcanccedilar o topo das

edificaccedilotildees e direcionar-se a campo livre Por conseguinte este comportamento tende a propiciar

dependendo ainda da relaccedilatildeo com a fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano indesejaacutevel e

insalubre aos receptores existentes nas edificaccedilotildees daquela via

Jaacute uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito baixo por baixa densidade de

ocupaccedilatildeo das quadras e por vias largas tende teoricamente a ser mais permeaacutevel ao ruiacutedo

facilitando sua propagaccedilatildeo Por outro lado natildeo gera espaccedilos acuacutesticos propiacutecios a muacuteltiplas

reflexotildees fazendo com que a onda sonora encontre mais rapidamente o campo livre facilitando

sua dissipaccedilatildeo e propiciando dependendo ainda da fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano

desejaacutevel aos seus receptores

Deste modo a existecircncia de diferenccedilas e particularidades dos elementos que compotildeem as

distintas formas urbanas proporciona os mais diversificados comportamentos acuacutesticos de

propagaccedilatildeo sonora nos mais diferentes meios urbanos Ou seja do mesmo modo que cidades

bairros e ruas natildeo satildeo iguais entre si tampouco reproduziacuteveis em sua essecircncia o comportamento

acuacutestico tambeacutem natildeo seraacute ao contraacuterio constituiraacute um atributo exclusivo de cada espaccedilo urbano

Mas se para cada espaccedilo urbano existe um comportamento acuacutestico especiacutefico como deveraacute se

comportar a propagaccedilatildeo sonora de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de

modificaccedilotildees em elementos de sua forma urbana Em outras palavras como se comportaraacute a acuacutestica

urbana de um determinado local a partir do processo cronoloacutegico de modificaccedilotildees em sua forma urbana

Nos capiacutetulo que se segue Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas seratildeo apresentadas os percursos

investigativos que foram postos em praacutetica em busca de responder a este questionamento

ABSTRACT

The excessive noise currently found in urban centers is closely linked to the fast growth of the cities This development led to increased growth and concentration of urban population resulting in fast changes in the noise propagation path and increasing the variety of sources that generate it It turns out that the urban form - considered from their physical or material aspects - where this noise is produced influences in some extent the trajectory of sound wave propagation the interaction between the various elements that make up this urban form contributes to characterize this trajectory behavior Thus for each specific urban form there will be an acoustic behavior also specific exclusive and linked to this urban form Therefore if for each urban area there is a particular sound propagation behavior this research proposed to analyze the urban acoustics behavior of the same urban space from chronological changes in its urban form This analysis was performed considering the articulation of three variables - the sound source the urban form and the urban acoustics It was assumed that the propagation from the same source in the same urban area which has experienced over a chronological process changes in its urban form would imply different urban acoustics behaviors through years It was adopted as a case study the land subdivision 3deg Jardim de Boa Viagem (Recife-PE) being studied the changes in its urban form in the years of 1971 1981 1997 and 2009 besides the elaboration of a hypothetical future situation (acoustic prediction) It was carried out documentary research and field studies to collect data on the characteristics of the urban form of the 3deg Jardim and to collect their present sound pressure levels With these datawere calculated and generated acoustics maps of the 3deg Jardim for each of the years surveyed and for the hypothetical future situation using the Predictor software These maps were analyzed by comparing their acoustic behavior to each other seeking to comprehend this behavior towards the chronological changes in its urban form The results of this research indicated that the urban environment changes have the potential to provide high levels of noise as well as to minimize them definitely influencing the acoustic behavior of a particular site These results confirmed the relevance to understand the urban noise from its way of propagation since once consolidated very few interventions are possible in the urban form to minimize the urban noise outlined by it

Keywords urban planning acoustics urban noise

LISTA DE ILUSTRACcedilOtildeES

Figura 21 ndash Diferentes aspectos quantitativos relacionados a diversificadas formas urbanas p23

Figura 22 ndash Praccedila da Alagoa na cidade portuguesa de Tavira ilustra a dimensatildeo setorial p23

Figura 23 ndash O bairro a escala urbana exemplificada por meio da cidade portuguesa de Tavira p25

Figura 24 ndash A cidadeo territoacuterioa dimensatildeo territorial exemplificada por meio da cidade portuguesa de Tavira p25

Figura 25 ndash Exemplos de diversificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios lotes quarteirotildees e vias em diferentes bairros da cidade do Recife Nesta imagem um recorte do bairro de Boa Viagem p26

Figura 26 ndash Exemplos de diversificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios lotes quarteirotildees e vias em diferentes bairros da cidade do Recife Nesta imagem um recorte do bairro de Satildeo Joseacute que remete agraves origens da cidade entrecortado pela recente Avenida Dantas Barreto p 26

Figura 27 ndash Exemplos de diversificadas concretizaccedilotildees entre os edifiacutecios lotes quarteirotildees e vias em diferentes bairros da cidade do Recife Nesta imagem um recorte de um bairro constituiacutedo essencialmente por morros o Alto do Mandu p26

Figura 28 ndash Os trecircs conjuntos formadores do tecido urbano segundo Panerai (2006) p 28

Figura 29 ndash O adensamento das ilhas do Bairro do Recife e de Santo Antocircnio (imagem) ocorreu tanto pelo preenchimento progressivo desde o inicio da ocupaccedilatildeo da cidade quanto por meio da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees anteriores p30

Figura 210 ndash Interfaces multidisciplinares do estudo do som p 32

Figura 211 ndash Fonte sonora pontual e fonte sonora linear p32

Figura 212 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora pontual de 6 dB para cada dobro da distacircncia p 33

Figura 213 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora linear de 3 dB para cada dobro da distacircncia p 24

Figura 214 ndash Relaccedilatildeo entre o desenvolvimento industrial da sociedade que possibilita o aumento e concentraccedilatildeo de fontes sonoras e seus impactos em relaccedilatildeo ao ruiacutedo nas comunidades apontando trecircs previsotildees futuras de acordo com diferentes accedilotildees possiacuteveis de regulamentaccedilatildeo contra do ruiacutedo p 37

Figura 215 ndash Propagaccedilatildeo sonora em Campo acuacutestico aberto p39

Figura 216 ndash Campo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo p 39

Figura 217 ndash Propagaccedilatildeo sonora em campo acuacutestico fechado causando o fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana p39

Figura 218 ndash Campo acuacutestico fechado em perfl ldquoUrdquo tambeacutem chamado de canyons urbanos p 40

Figura 219 ndash Permeabilidade acuacutestica - percursos da onda sonora gerados em meio urbano p 41

Figura 220 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees em uma quadra permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem p 41

Figura 221 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjugadas em uma quadra pouco permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem p 41

Figura 222 ndash Barreira acuacutestica entre a fonte e o receptor p 41

Figura 223 ndash Difraccedilatildeo da onda sonora a partir de uma barreira gerando uma aacuterea de sombra acuacutestica p 42

Figura 224 ndash Agrave esquerda barreira acuacutestica curva em concreto e acriacutelico na Suiacuteccedila Agrave direita barreira acuacutestica metaacutelica na estrada entre Paacutedua e Veneza na Itaacutelia p 42

Figura 225 ndash Agrave esquerda barreira acuacutestica metaacutelica instalada proacuteximo a Zurique Agrave direita barreira acuacutestica em concreto e acriacutelico tambeacutem na Suiacuteccedila p 42

Figura 226 ndash Barreiras instaladas ao longo de via expressa elevada em aacuterea residencial de Toacutequio Japatildeo p 42

Figura 227 ndash Barreira acuacutestica da Rodovia Bandeirantes no estado de Satildeo Paulo p 42

Figura 228 ndash Rua da Aurora no Bairro da Boa Vista na cidade do Recife configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo p 43

Figura 229 ndash Alguns trechos da Avenida Atlacircntica no Bairro de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro tambeacutem configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo p 43

Figura 31 ndash Relaccedilatildeo das variaacuteveis de pesquisa p 48

Figura 32 - Localizaccedilatildeo geograacutefica do 3deg Jardim de Boa Viagem p 50

Figura 33 - Ocupaccedilatildeo do 3deg Jardim em 1971 com diversos lotes natildeo ocupados e vias ainda natildeo construiacutedas como a Av Eng Domingos ferreira p 50

Figura 34 - Delimitaccedilatildeo da aacuterea de estudo em azul o 3deg Jardim p 52

Figura 35 - Mapa acuacutestico da Universidade Estadual de Campinas com representaccedilatildeo dos niacuteveis sonoros por pontos em gradaccedilatildeo de cores p 53

Figura 36 - Mapa acuacutestico com representaccedilatildeo dos niacuteveis sonoros por linhas da cidade de Goumlteborg Sueacutecia p 53

Figura 37 - Mapa acuacutestico utilizado na reurbanizaccedilatildeo do centro de Seoul Korea p 53

Figura 38 ndash Acima localizaccedilatildeo de estaccedilotildees de monitoramento de ruiacutedo em Taiwan abaixo distribuiccedilatildeo de ruiacutedo em Taiwan no veratildeo nos turnos da manhatilde tarde e noite p 54

Figura 39 - Violaccedilotildees da legislaccedilatildeo de ruiacutedo em Taiwan nos turnos da manhatilde tarde e noite p 54

Figura 310 - Delimitaccedilatildeo da aacuterea em azul do estudo piloto no 3deg Jardim de Boa Viagem p 57

Figura 311 ndash Mapa acuacutestico de parte do 3deg Jardim de Boa Viagem da pesquisa piloto realizada em Maio de 2009 no LAAICA-UFPR p 57

Figura 312 ndash Locaccedilatildeo dos pontos de mediccedilatildeo em azul e malha guia em amarelo p 59

Figura 313 ndash Locaccedilatildeo dos grids verticais em azul seccionando edificaccedilotildees e evitando espaccedilos livres p 63

Figura 41 ndash Avenida Boa Viagem nas proximidades da Praccedila de Boa Viagem no iniacutecio de sua urbanizaccedilatildeo p 65

Figura 42 ndash Avenida Boa Viagem no iniacutecio de sua urbanizaccedilatildeo p65

Figura 43 ndash Vista aeacuterea do bairro de Boa Viagem nos anos 50 p 65

Figura 44 ndash Edifiacutecio Califoacuternia em 1959 construiacutedo no 2deg Jardim de Boa Viagem p 67

Figura 45 ndash Projeto para o loteamento do 1deg 2deg e 3deg Jardim de Boa Viagem com a localizaccedilatildeo em vermelho dos espaccedilos destinados ao uso comunitaacuterio sendo previsto uma igreja e um mercado puacuteblico e em verde os espaccedilos destinados agraves aacutereas verdes p 67

Figura 46 ndash Cartatildeo Postal Edicard do Bairro de Boa Viagem na deacutecada de 70 No alto indica-se o Hotel Boa Viagem e a Praccedila de Boa Viagem mais abaixo a Casa do Navio uma conhecida referecircncia na Avenida Boa Viagem pelos recifenses ateacute sua demoliccedilatildeo p 68

Figura 47 ndash Cartatildeo Postal Edicard da Praia e Avenida Boa Viagem na deacutecada de 70 p 68

Figura 48 ndash Planta baixa do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1971 p 69

Figura 49 ndash Perspectiva esquemaacutetica do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1971 p 69

Figura 410 ndash Perspectiva esquemaacutetica a partir da praia do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1971 p 69

Figura 411 ndash Bairro de Boa Viagem na deacutecada de 70 Acima indica-se o bairro do Pina e o Edifiacutecio Califoacuternia localizado no 2deg Jardim de Boa Viagem No meio a Avenida Domingos Ferreira ainda em terra batida e natildeo finalizada ao encontrar-se com o mangue circundante dos braccedilos do Rio Pina Abaixo o Edifiacutecio Holiday p 70

Figura 412 ndash Planta baixa do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1981 p 70

Figura 413 ndash Perspectiva esquemaacutetica do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1981 p 70

Figura 414 ndash Perspectiva esquemaacutetica a partir da praia do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1981 p 71

Figura 415 ndash Demoliccedilatildeo do Hotel Boa Viagem e em seu lugar estaacute sendo erguido o Ed Maria Acircngela Lucena uma edificaccedilatildeo multifamiliar de gabarito alto com amplo nuacutemero de unidades habitacionais e de pavimentos mais um exemplar dos ldquoarranha ceacuteusrdquo residenciais de Boa Viagem p 71

Figura 416ndash Planta baixa do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1997 p 73

Figura 417 ndash Perspectiva esquemaacutetica do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1997 p 73

Figura 418 ndash Perspectiva esquemaacutetica a partir da praia do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1997 p 73

Figura 419 ndash Os pavimentos destinados agraves garagens dos edifiacutecios residenciais multifamiliares satildeo comumente chamados na construccedilatildeo civil de ldquobandejasrdquo enquanto as torres dos pavimentos tipos satildeo nomeadas de ldquolacircminasrdquo p 74

Figura 420 ndash Planta baixa do 3deg Jardim de Boa Viagem em 2009 p 74

Figura 421 ndash Perspectiva esquemaacutetica do 3deg Jardim de Boa Viagem em 2009 p 74

Figura 422 ndash Perspectiva esquemaacutetica a partir da praia do 3deg Jardim de Boa Viagem em 2009 p 75

Figura 51 ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim em 1971 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash O mapa ilustra a propagaccedilatildeo sonora no iniacutecio da ocupaccedilatildeo do 3deg Jardim p 83

Figura 52 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1971 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 84

Figura 53 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 - O mapa do iniacutecio da ocupaccedilatildeo urbana do 3deg Jardim apresentando um comportamento acuacutestico com caracteriacutesticas predominantes de propagaccedilatildeo sonora em campo livre sem a presenccedila significantes de obstaacuteculos que interfiram em seu percurso possibilitando um contiacutenuo decaimento sonoro em relaccedilatildeo agrave distacircncia como ilustram as setas indicativas em preto p 85

Figura 54 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 - O mapa do iniacutecio da ocupaccedilatildeo urbana do 3deg Jardim mostrando outra secccedilatildeo vertical contendo o mesmo comportamento acuacutestico com caracteriacutesticas predominantes de propagaccedilatildeo sonora em campo livre como ilustram as setas indicativas em preto p 85

Figura 55 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Por menor que seja sua presenccedila algumas edificaccedilotildees pontuais de gabarito meacutedio atuam como barreiras acuacutesticas espontacircneas constituindo obstaacuteculos que interferem na propagaccedilatildeo sonora como ilustram as setas indicativas em preto p 86

Figura 56 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash As edificaccedilotildees que atuam como barreiras acuacutesticas geram o fenocircmeno acuacutestico da difraccedilatildeo que propicia a criaccedilatildeo de aacutereas de sombra acuacutestica onde os niacuteveis de pressatildeo sonora equivalente satildeo mais baixos como ilustram as setas indicativas em preto p 86

Figura 57 ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim em 1981 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Nesta data houve o aumento no nuacutemero de ilhas de sombra e diminuiccedilatildeo do niacutevel de pressatildeo sonora equivalente em relaccedilatildeo a 1971 p 87

Figura 58 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1981 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 88

Figura 59 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash Reduccedilatildeo da quantidade de campos acuacutesticos abertos e aumento no nuacutemero de edificaccedilotildees que atuam enquanto barreiras acuacutesticas favorecendo o aumento do nuacutemero de ilhas de sombra e da diminuiccedilatildeo do niacutevel de pressatildeo sonora equivalente em relaccedilatildeo a 1971 como ilustram as setas indicativas em preto p 89

Figura 510 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 89

Figura 511 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Como ilustram as setas indicativas em preto o princiacutepio da verticalizaccedilatildeo no 3deg Jardim pode ter contribuiacutedo atraveacutes de uma melhor atuaccedilatildeo das novas edificaccedilotildees enquanto barreiras acuacutesticas para o aumento do nuacutemero de ilhas de sombra e da diminuiccedilatildeo do niacutevel de pressatildeo sonora equivalente em relaccedilatildeo a 1971 p 90

Figura 512 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Idem p 90

Figura 513 ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim em 1997 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Em 1997 com um adensamento e verticalizaccedilatildeo ainda maior do que em 1981 houve o aumento tanto do nuacutemero das ilhas de sombra quanto nas sua aacutereas de abrangecircncia acarretando no melhor comportamento acuacutestico observado ateacute entatildeo entre os mapas elaborados p 95

Figura 514 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1997 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 96

Figura 515 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash A edificaccedilotildees propiciam muacuteltiplas reflexotildees a partir de suas fachadas expostas agraves fontes sonoras influenciando na propagaccedilatildeo da onda sonora de modo distinto ao que seria essa propagaccedilatildeo em campo livre conforme indicado nos mapas acuacutesticos p97

Figura 516 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Idem p 97

Figura 517 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 98

Figura 518 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 98

Figura 519 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash As edificaccedilotildees soacute geram muacuteltiplas reflexotildees a partir de suas fachadas expostas agraves fontes sonoras transpondo estas fachadas as edificaccedilotildees passam a atuar enquanto barreiras acuacutesticas para a onda sonora minimizando o ruiacutedo no interior das quadras como indica-se no mapa acuacutestico p 99

Figura 520 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Idem p 99

Figura 521 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 100

Figura 522 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 100

Figura 523 ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim em 2009 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Em 2009 o adensamento das quadras diminuiu consideravelmente a presenccedila de ilhas de sombra acuacutestica p101

Figura 524 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem em 2009 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 102

Figura 525 e 526 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash As ilhas de sombra em 1997 favoreciam as residecircncias unifamiliares e multifamiliares de gabarito baixo existentes que se situavam em seus interiores Em 2009 estas ilhas foram praticamente suprimidas pela presenccedila de pavimentos destinados as garagens das novas edificaccedilotildees verticais de gabarito alto como ilustram as setas em preto p103

Figura 527 e 528 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash Idem p 103

Figura 529 e 530 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash O contorno preto ilustra a modificaccedilatildeo da propagaccedilatildeo das ondas sonoras a partir da influecircncia do aumento da densidade das quadras e verticalizaccedilatildeo das edificaccedilotildees Em 1971 a caracteriacutestica predominante assemelha-se a propagaccedilatildeo em campo livre Jaacute em 1981 percebem-se irregularidades no contorno devido a reflexotildees da onda sonora nas edificaccedilotildees p 104

Figura 531 e 532 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash 1997 apresentou o melhor comportamento acuacutestico entre os mapas elaborados Nesta data as edificaccedilotildees atuaram mais enquanto barreiras acuacutesticas do que como objetos reflexivos da onda sonora Jaacute em 2009 o aumento do adensamento e da verticalizaccedilatildeo possibilitou o excesso de muacuteltiplas reflexotildees nas fachadas das edificaccedilotildees como delineia o contorno extremamente irregular da propagaccedilatildeo sonora ilustrado na imagem abaixo p 104

Figura 533 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Apesar de proporcionar um aumento no niacutevel de pressatildeo sonora equivalente em 2009 o adensamento e verticalizaccedilatildeo das edificaccedilotildees tambeacutem trouxeram benefiacutecios pontuais na praccedila Walt Disney como ilustram as imagens as edificaccedilotildees atuaram como barreiras acuacutesticas reduzindo em relaccedilatildeo a 1997 o niacutevel de pressatildeo sonora equivalente que atinge as edificaccedilotildees de seu entorno Contudo p 105

Figura 534 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash as fachadas voltadas para esta reduccedilatildeo de niacutevel de pressatildeo sonora equivalente satildeo fachadas de serviccedilo pouco aproveitando esta reduccedilatildeo p 105

Figura 535ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim na situaccedilatildeo hipoteacutetica futura e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash A situaccedilatildeo hipoteacutetica futura apresenta quadras muito mais adensadas do que nos anos anteriores reduzindo ainda mais a presenccedila de ilhas de sombra O pavimento representado no mapa eacute o destinado agraves garagens que ocupam praticamente todo o lote p 110

Figura 536 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem na situaccedilatildeo hipoteacutetica futura e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 111

Figura 537 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash A transformaccedilatildeo da forma urbana tanto na situaccedilatildeo hipoteacutetica como ilustram as imagens quanto em 2009 quando esteve associada ao adensamento e a verticalizaccedilatildeo intensificou os fenocircmenos acuacutesticos ocorridos no meio urbano do 3deg Jardim de Boa Viagem p 112

Figura 538 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 112

Figura 539 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Idem p 113

Figura 540 ndash Plantas Baixas ndash A situaccedilatildeo hipoteacutetica futura seguida de perto pelo mapa de 2009 apresentou o pior comportamento acuacutestico do 3deg Jardim e o mapa de 1997 apresentou o melhor entre os mapas elaborados nesta pesquisa conforme ilustra a siacutentese abaixo p 113

Figura 541 ndash Graacutefico da performance acuacutestica considerando o ano x o niacutevel de pressatildeo sonora equivalente (Leq) ndash O Graacutefico apresenta as variaccedilotildees de niacuteveis de pressatildeo sonora de alguns pontos escolhidos aleatoriamente nos mapas acuacutesticos elaborados (Figura 541) Em 1997 as quedas das curvas de variaccedilatildeo do graacutefico corroboram a tendecircncia desta data ter apresentado o mapa acuacutestico com o melhor comportameno acuacutestico entre os mapas elaborados por esta pesquisa p 114

Figura 542 ndash Locaccedilatildeo dos pontos utilizados para elaboraccedilatildeo do graacutefico de performance acuacutestica p 114

Figura 543 ndash Graacutefico comparativo de niacuteveis de emissatildeo sonora permitidos ndash O graacutefico apresenta uma comparaccedilatildeo entre os niacuteveis de emissatildeo sonora permitidos em alguns paiacuteses entre a WHO ISO e ABNT e entre a Lei do silecircncio e o coacutedigo do Meio Ambiente e Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife O graacutefico evidencia que a cidade do Recife e o estado de Pernambuco praticam niacuteveis muito acima do recomendado por outras entidades normativas p 121

Figura 544 ndash Planta Baixa ndash Mapa acuacutestico simulando uma situaccedilatildeo onde o fluxo de veiacuteculos seja o dobro do encontrado atualmente no 3deg Jardim de Boa Viagem (2009) apresentando altos niacuteveis de poluiccedilatildeo sonora p 122

Figura 545 a 548 ndash Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Idem p 122

Figura 549 ndash Planta Baixa ndash Mapa acuacutestico simulando uma situaccedilatildeo onde seja implantado rodiacutezio de veiacuteculos com uma reduccedilatildeo de 30 do valor total do fluxo de veiacuteculos atualmente encontrado no 3deg Jardim de Boa Viagem (2009) p 123

Figura 550 a 553 ndash Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Idem p 123

Figura 554 ndash Planta Baixa ndash Mapa acuacutestico simulando uma situaccedilatildeo onde seja implantado aleacutem do rodiacutezio de veiacuteculos com reduccedilatildeo de 30 no fluxo atual de veiacuteculos um corredor de transporte puacuteblico na Av Domingos Ferreira e restriccedilatildeo de traacutefego de veiacuteculos pesados apenas nesta via p 124

Figura 555 a 558 ndash Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Idem p 124

LISTA DE TABELAS

Tabela 21 ndash Os niacuteveis de pressatildeo sonora e suas consequumlecircncias fisioloacutegicas no homem Em alguns casos podem a intensidade das reaccedilotildees fisioloacutegicas podem variar dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora p 35

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO

2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

21 A Forma Urbana e seus Elementos Componentes____________

22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais_____________

3 CONSIDERACcedilOtildeES METODOLOacuteGICAS

31 3deg Jardim de Boa Viagem enquanto Estudo de Caso_________

32 Mapeamento Acuacutestico enquanto Instrumento de Pesquisa_

33 Procedimentos Metodoloacutegicos__________________________________

331 1deg Etapa Pesquisa Documental Primaacuteria e Secundaacuteria _____

332 2deg Etapa Pesquisa Piloto_____________________________________

333 3deg Etapa Estudo de Campo__________________________________

334 4deg Etapa mapeamento acuacutestico_____________________________

4 TRANSFORMACcedilOtildeES DO 3deg JARDIM E SUA RELACcedilAtildeO COM

O PROCESSO DE OCUPACcedilAtildeO DO BAIRRO DE BOA

VIAGEM

5 COMPORTAMENTO ACUacuteSTICO DO 3degJARDIM DE BOA

VIAGEM

51 Comportamento Acuacutestico do 3deg Jardim de Boa Viagem a

partir das Modificaccedilotildees Cronoloacutegicas em sua Forma

Urbana______________________________________________________________

52 Comportamento Acuacutestico do 3deg Jardim de Boa Viagem em

relaccedilatildeo ao Coacutedigo do Meio Ambiente e Equiliacutebrio Ecoloacutegico

do Recife agrave ldquoLei do Silecircnciordquo e a outras Entidades

Normativas_________________________________________________________

53 Ausecircncia de Accedilotildees versus Presenccedila de Accedilotildees em Busca

de um Melhor Comportamento Acuacutestico para o 3deg Jardim

de Boa Viagem____________________________________________________

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

7 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

128

134

115

107

81

80

65

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56

55

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49

46

31

22

22

17

CAPIacuteTULO 1

A pesquisa eacute talvez a arte de se criar dificuldades fecundas e de criaacute-las para os

outros Nos lugares onde havia coisas simples faz-se aparecer problemas

Pierre Bourdieu

____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO

17

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

1 INTRODUCcedilAtildeO

Um grito estridente lanccedilado em um meio urbano envolto nos ldquomais modernosrdquo e descomunais

arranha-ceacuteus desconfortavelmente ouvido nos mais remotos pavimentos de um deles foi agrave

centelha motivadora para as ideacuteias e discussotildees que permeiam esta pesquisa Este grito mal

recebido pelo receptor pode ser considerado uma das diversas formas da profusatildeo de ruiacutedos que

cada vez mais se tornam elementos onipresentes da vida contemporacircnea

Tal profusatildeo de ruiacutedos atualmente encontrados nos centros urbanos estaacute intimamente vinculada

ao crescimento acelerado das cidades que possibilitaram o aumento e uma maior concentraccedilatildeo da

populaccedilatildeo urbana acarretando em raacutepidas transformaccedilotildees no meio de propagaccedilatildeo do ruiacutedo

urbano aleacutem do aumento e uma maior concentraccedilatildeo dos diversos tipos de fontes sonoras que o

geram

Embora esteja estreitamente relacionado ao raacutepido desenvolvimento das cidades o ruiacutedo urbano

natildeo deve ser considerado como uma consequumlecircncia incidental da accedilatildeo humana em busca de

progresso e por isso inevitaacutevel tampouco toleraacutevel Ao contraacuterio deve ser entendido como uma

das consequumlecircncias prejudiciais deste desenvolvimento que pode causar diversos males fisioloacutegicos

e psicoloacutegicos ao citadino e assim sendo deve ser veementemente prevenido e mitigado

A fim de encontrar maneiras que possibilitem sua prevenccedilatildeo e mitigaccedilatildeo o ruiacutedo urbano pode

ser entendido como um sistema composto essencialmente pela fonte sonora ndash meio de propagaccedilatildeo ndash

receptor Dentre estas trecircs partes componentes do sistema o meio de propagaccedilatildeo pode ser

considerado como um dos menos investigados e onde as accedilotildees contra o ruiacutedo satildeo menos

concentradas (SINGAL 2005)

Esta inobservacircncia da importacircncia do meio urbano enquanto percurso de propagaccedilatildeo sonora

pode estar vinculada agrave dificuldade de intervir em meios de propagaccedilatildeo consolidados como satildeo

fundamentalmente os grandes centros urbanos Daiacute a relevacircncia em compreender a acuacutestica

urbana a partir de seu meio propagador pois uma vez consolidado o meio raras satildeo as

intervenccedilotildees possiacuteveis para minimizar o ruiacutedo urbano a partir desta parte componente do sistema

fonte ndash meio ndash receptor restando essencialmente accedilotildees preventivas

____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO

18

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Outro fator que evidencia o grande valor em compreender a acuacutestica urbana a partir de seu meio

de propagaccedilatildeo eacute o potencial que o meio urbano possui em influenciar a trajetoacuteria da propagaccedilatildeo

sonora Esta influecircncia acontece atraveacutes da forma que este meio apresenta ou seja a forma urbana

atraveacutes de seus elementos componentes e enquanto percurso de transmissatildeo delineia influencia e

determina em certa medida a trajetoacuteria de propagaccedilatildeo da onda sonora

Assim sendo a interaccedilatildeo entre os diversos elementos que compotildeem a forma urbana - o traccedilado e

perfis das vias o modo de implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as proporccedilotildees

densidade e maneira de ocupaccedilatildeo das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres ndash

contribui determinantemente para caracterizaccedilatildeo da propagaccedilatildeo sonora no meio urbano atraveacutes

de muacuteltiplas reflexotildees do espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave fonte geradora de

campos sonoros reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de aacutereas de sombra

Esta interaccedilatildeo entre os elementos da forma urbana e a propagaccedilatildeo sonora ocorre a partir da

diversidade e singularidade existente nos variados meios urbanos igualmente proporcionando os

mais particulares comportamentos acuacutesticos Isto eacute para cada meio urbano existem caracteriacutesticas

particulares inerentes agrave sua forma urbana que geram um comportamento acuacutestico igualmente

especiacutefico exclusivo e vinculado a esta forma urbana

Apesar deste atrelamento entre a acuacutestica urbana e a forma urbana esta relaccedilatildeo natildeo eacute

suficientemente pesquisada e quando eacute satildeo enfocadas prioritariamente situaccedilotildees presentes de

comportamento acuacutestico eou no maacuteximo hipoacuteteses futuras tambeacutem chamadas de prediccedilatildeo

acuacutestica Aleacutem disso natildeo foram encontradas referecircncias ateacute o presente momento de investigaccedilotildees

que priorizem a apreciaccedilatildeo da acuacutestica urbana e sua relaccedilatildeo com as modificaccedilotildees ao longo do tempo da

forma urbana

Isto posto considerando esta ausecircncia de pesquisas e considerando que para cada espaccedilo urbano

existe um comportamento de propagaccedilatildeo sonora especiacutefico o presente estudo se propocircs a

investigar o comportamento acuacutestico de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de

modificaccedilotildees em sua forma urbana

Para isso admitiu-se que a propagaccedilatildeo de uma mesma fonte sonora em um mesmo espaccedilo urbano

que tenha sofrido ao longo de um processo cronoloacutegico modificaccedilotildees em sua forma urbana

implicaria em diferentes comportamentos em sua acuacutestica urbana para as diferentes datas deste

processo Esta suposiccedilatildeo possibilitou a anaacutelise do comportamento acuacutestico atraveacutes das

____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO

19

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

modificaccedilotildees cronoloacutegicas da forma urbana a partir da articulaccedilatildeo de trecircs variaacuteveis - a fonte sonora

a forma urbana e a acuacutestica urbana Estas variaacuteveis foram consideradas tendo o estudo de caso

enquanto estrateacutegia de pesquisa

O caso escolhido para esta investigaccedilatildeo foi o loteamento 3deg Jardim de Boa Viagem tanto por

representar uma parcela bem delimitada das raacutepidas e recentes transformaccedilotildees ocorridas na

forma urbana do bairro de Boa Viagem quanto por permitir ilustrar o comportamento acuacutestico

em um encadeamento evolutivo do iniacutecio de sua ocupaccedilatildeo recente ateacute os dias atuais

Para compor tal encadeamento evolutivo foram selecionados os anos de 1971 data escolhida por

caracterizar o princiacutepio da ocupaccedilatildeo do 3deg Jardim 1981 e 1997 por representarem datas de

registro de fotografias aeacutereas do bairro de Boa Viagem existentes na base de dados da

CONDEPE-FIDEM Agecircncia Estadual de Planejamento e Pesquisas de Pernambuco 2009 por

representar a realidade atualmente encontrada no 3deg Jardim e uma simulaccedilatildeo de situaccedilatildeo

hipoteacutetica futura de modificaccedilatildeo na forma urbana

Isto posto com o intuito de analisar o comportamento da acuacutestica urbana do 3deg Jardim de Boa

Viagem a partir de modificaccedilotildees cronoloacutegicas em sua forma urbana foram executados os

seguintes objetivos especiacuteficos (I) identificar as caracteriacutesticas configuraccedilotildees e transformaccedilotildees da

forma urbana ocorridas no 3deg Jardim de Boa Viagem nos anos de 1971 1981 1997 e 2009 a

partir de seu processo de ocupaccedilatildeo (II) elaborar mapas acuacutesticos dos niacuteveis atuais (2009) de

pressatildeo sonora equivalente do 3deg Jardim (III) elaborar mapas acuacutesticos do 3deg Jardim nos anos de

1971 1981 1997 e de situaccedilatildeo hipoteacutetica futura a partir da consideraccedilatildeo dos niacuteveis atuais (2009)

de pressatildeo sonora equivalente do 3deg Jardim

Em busca de expor sistematicamente seu desenvolvimento a presente investigaccedilatildeo foi

estruturada do seguinte modo

O presente capiacutetulo 1 introduz e antecipa brevemente a discussatildeo que seraacute realizada ao longo

desta pesquisa

O capiacutetulo 2 aborda dois aspectos principais O primeiro deles desenvolve o conceito de forma

urbana e seus elementos componentes a partir dos autores Joseacute Lamas (2004) Philippe Panerai

(2006) e Vicente Del Rio (1990) Busca elucidar que a apreensatildeo da forma urbana eacute complexa e

envolve diversificadas abordagens e enfoques sociais econocircmicos histoacutericos e culturais para

entatildeo indicar que a presente pesquisa lanccedilaraacute um olhar para a forma urbana essencialmente a

____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO

20

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

partir de seu aspecto fiacutesico e material recorte necessaacuterio para a anaacutelise do comportamento

acuacutestico urbano

O segundo aspecto abordado no capiacutetulo 2 diz respeito agrave definiccedilatildeo teoacuterica do conceito da

acuacutestica urbana e de suas diversificadas implicaccedilotildees e interfaces quando o som eacute propagado em

meio urbano Busca evidenciar os fenocircmenos que ocorrem a partir da interaccedilatildeo entre a forma

urbana e a acuacutestica urbana indicando que a influecircncia da forma urbana eacute determinante para o

comportamento da acuacutestica urbana

O capiacutetulo 3 eacute dedicado ao percurso investigativo desta pesquisa evidenciando sua metodologia e

procedimentos metodoloacutegicos apresentando o 3deg Jardim enquanto estudo de caso o

mapeamento acuacutestico enquanto instrumento de pesquisa e detalhando as etapas operacionais

deste estudo Este capiacutetulo evidencia ainda o processo de elaboraccedilatildeo dos modelos e mapas

acuacutesticos da forma urbana existente no 3deg Jardim em cada uma das datas estudadas aleacutem da

situaccedilatildeo hipoteacutetica futura e discute o software Predictor utilizado para este mapeamento

O capiacutetulo 4 diz respeito ao processo de ocupaccedilatildeo do bairro de Boa Viagem e sua relaccedilatildeo com as

transformaccedilotildees urbanas ocorridas no 3deg Jardim Busca-se identificar as caracteriacutesticas

configuraccedilotildees e transformaccedilotildees ocorridas na forma urbana do 3deg Jardim que possibilitem o

entendimento cronoloacutegico destas modificaccedilotildees dando suporte a elaboraccedilatildeo e anaacutelise dos mapas

acuacutesticos

O capiacutetulo 5 analisa o comportamento da acuacutestica urbana identificado nos mapas acuacutesticos

elaborados do 3deg Jardim a partir das modificaccedilotildees ocorridas em sua forma urbana nos anos de

1971 1981 1997 e 2009 aleacutem de uma situaccedilatildeo hipoteacutetica futura (prediccedilatildeo acuacutestica) Neste capiacutetulo

discute-se ainda o comportamento do 3deg Jardim em relaccedilatildeo agrave legislaccedilatildeo municipal que regula as

emissotildees sonoras na cidade do Recife e no estado de Pernambuco e sua relaccedilatildeo com os niacuteveis

recomendados por outras entidades normativas e indica-se possiacuteveis accedilotildees para melhoria no

comportamento acuacutestico do 3deg Jardim bem como as possiacuteveis consequumlecircncias acuacutesticas da

ausecircncia de tais accedilotildees

Por fim no capiacutetulo 6 satildeo apresentadas as consideraccedilotildees finais acerca do comportamento acuacutestico

do 3deg Jardim e satildeo indicados novos rumos de pesquisa a respeito da acuacutestica urbana

CAPIacuteTULO 2

A arquitetura eacute uma muacutesica petrificada

Arthur Schopenhauer

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

22

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

Analisar o comportamento da acuacutestica urbana ainda que a partir das modificaccedilotildees da forma

urbana faz com que esta pesquisa trate essencialmente da acuacutestica urbana No entanto este

comportamento esta sujeito aos diversificados modos de apreensatildeo da forma urbana e de seus

elementos componentes bem como ao modo como esta pesquisa os consideraraacute

Assim sendo o primeiro item deste capiacutetulo expotildee o conceito de forma urbana e de algumas de

suas relaccedilotildees discutido agrave luz de LAMAS (2004) de PANERAI (2006) e DEL RIO (1990)

indicando em seguida o que esta pesquisa consideraraacute como forma urbana

Certamente discussatildeo em torno da produccedilatildeo de outros autores poderia ser elaborada No

entanto o primeiro item deste capiacutetulo natildeo pretende representar uma revisatildeo bibliograacutefica acerca

do estudo da forma urbana e suas relaccedilotildees pretende sim construir uma discussatildeo em torno dos

trecircs autores selecionados que culmine no conceito de forma urbana que seraacute considerado por esta

pesquisa para possibilitar olhar para suas modificaccedilotildees cronoloacutegicas a fim de compreender o

comportamento da acuacutestica urbana

Apoacutes este delineamento no segundo item deste capiacutetulo discute-se a acuacutestica urbana e suas

relaccedilotildees conceituais com os diversos elementos e implicaccedilotildees da propagaccedilatildeo sonora em meio

urbano e como eles relacionam-se influenciando em seu comportamento

21 A Forma Urbana e seus Elementos Componentes

Segundo LAMAS (2004) estudar a forma urbana compreende examinar as configuraccedilotildees e as

estruturas exteriores de determinados objetos de suas formas interligando-as com os fenocircmenos

que lhes deram origem Assim sendo a forma urbana pode ser definida como sendo o

[] modo como se organizam os elementos morfoloacutegicos que constituem e definem o espaccedilo urbano relativamente agrave materializaccedilatildeo dos aspectos de

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

23

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 21 ndash Diferentes aspectos quantitativos relacionados a diversificadas formas urbanas Fonte LAMAS 2004

organizaccedilatildeo funcional e quantitativa e dos aspectos qualitativos e figurativos (LAMAS 2004 p 44) 1

Dentre estes aspectos os quantitativos satildeo agravequeles da realidade urbana que podem ser

quantificaacuteveis tais como densidades superfiacutecies fluxos coeficientes volumeacutetricos entre outros

(Figura 21) os de organizaccedilatildeo funcional satildeo agravequeles que se relacionam com as atividades

humanas tais como habitar e trabalhar e agravequeles relacionados ao modo de uso especiacutefico de uma

aacuterea ndash residencial comercial industrial entre outros os qualitativos referem-se ao tratamento dos

espaccedilos ao conforto e a comodidade do utilizador tais como adaptaccedilatildeo ao clima acessibilidade

estado da pavimentaccedilatildeo entre outros por fim os aspectos figurativos dizem respeito a

essencialmente a comunicaccedilatildeo esteacutetica (LAMAS 2004)

Pode-se considerar que ao olhar para forma urbana e em especiacutefico para suas modificaccedilotildees

cronoloacutegicas com o intuito de compreender o comportamento da acuacutestica urbana esta pesquisa

relaciona-se tanto aos aspectos qualitativos a partir do conforto acuacutestico dos receptores das

ondas sonoras em meio urbano quanto aos

aspectos quantitativos uma vez que este

comportamento acuacutestico em meio urbano eacute

quantificaacutevel em decibels (dB)

Embora estes aspectos envolvam grande parte

das singularidades inerentes a forma urbana

esta definiccedilatildeo parece ainda natildeo abarcar outras

particularidades sociais econocircmicas histoacutericas

e culturais igualmente envolvidas no

entendimento da concepccedilatildeo da forma urbana

isto eacute resta ainda a consideraccedilatildeo de que esta

forma urbana natildeo acontece

independentemente dos grupos sociais que a

produzem (PANERAI 2006)

Satildeo essencialmente estas particularidades que

impulsionam ou amortecem a transformaccedilatildeo

1 Para todas as citaccedilotildees deste autor natildeo seratildeo consideradas adaptaccedilotildees na liacutengua do paiacutes de origem - Portugal - permanecendo o texto original

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

24

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

dos elementos que compotildeem a forma urbana ndash a adiccedilatildeo de novos de traccedilados a um jaacute existente

ou sua superposiccedilatildeo seus conflitos o parcelamento de parques e ocupaccedilatildeo de espaccedilos livres a

renovaccedilatildeo da massa edificada seu lento adensamento e verticalizaccedilatildeo segundo uma especulaccedilatildeo

despretensiosa ou sua substituiccedilatildeo por vastos empreendimentos sob influecircncia de uma

especulaccedilatildeo bem mais expressiva (PANERAI 2006) isto eacute faz parte da apreensatildeo da forma

urbana uma complexidade que envolve um processo de acumulaccedilatildeo de enfoques e observaccedilotildees

sociais econocircmicas histoacutericas e culturais que englobam muito mais do que apenas sua forma

fiacutesica

Estas particularidades especialmente as sociais parecem um pouco mais delineadas nas

consideraccedilotildees feitas por DEL RIO (1990) que considera o espaccedilo urbano a partir da apropriaccedilatildeo

social que se faz dele estabelecendo que em relaccedilatildeo ao estudo da forma urbana a cidade pode

ser compreendida a partir de trecircs niacuteveis organizacionais o coletivo o comunitaacuterio e o individual

O niacutevel coletivo eacute regido sob uma loacutegica estruturadora percebida inconscientemente e

coletivamente e eacute composto pelos elementos2 do tecido que possuem uma permanecircncia maior ao

longo do tempo o niacutevel comunitaacuterio diz respeito aos elementos com significados especiais apenas

para um pequeno grupo da populaccedilatildeo como o bairro por exemplo jaacute o niacutevel individual expressa

significados individuais como a residecircncia e seu espaccedilo circundante e por seu caraacuteter individual eacute

o que apresenta maior rapidez nas modificaccedilotildees (DEL RIO 1990)

Mas LAMAS (2004) ao defender sua definiccedilatildeo para forma urbana natildeo soacute possuiacutea ciecircncia destas

outras particularidades explicitadas por PANERAI (2006) e DEL RIO (1990) ndash sociais

econocircmicas histoacutericas e culturais ndash envolvidas na concepccedilatildeo de forma urbana como optou em

natildeo apreciaacute-las

[] um primeiro grau de leitura da cidade eacute eminentemente fiacutesico-espacial e morfoloacutegico portanto especiacutefico da arquitectura e o uacutenico que permite evidenciar a diferenccedila entre este e outro espaccedilo entre esta e aquela forma e explicar as caracteriacutesticas de cada parte da cidade A estes se juntam outros niacuteveis de leitura que revelam diferentes conteuacutedos (histoacutericos econoacutemicos sociais e outros) Mas este conjunto de leituras soacute eacute possiacutevel porque a cidade existe como facto fiacutesico e material Todos os instrumentos de leitura lecircem o mesmo objecto ndash o espaccedilo fiacutesico a FORMA URBANA (LAMAS 2004 p 31 grifo do autor) Eacute fundamentalmente a dimensatildeo fiacutesica e morfoloacutegica da cidade que me preocupa [] (LAMAS 2004 p 31)

2 Estes elementos seratildeo discutidos em paraacutegrafos mais adiante

____________________________________________

ANAacuteLISE D

Na verdade esta opccedilatildeo em

urbana considerando-a essen

de seu aspecto fiacutesico e m

convenientemente ao obje

presente pesquisa analisar

da acuacutestica urbana a partir

cronoloacutegicas na forma urba

esta anaacutelise do compor

implica em uma apropriaccedil

fiacutesica e material destas modif

Certamente a busca pela ap

urbana envolve muito

simplesmente sua forma

como jaacute aclarado No entan

da anaacutelise proposta por

apreensatildeo em totalid

fundamentalmente necessaacuter

apropriaccedilatildeo da forma urban

material ou uma variaacutevel fiacutes

finalidade derradeira de

comportamento acuacutestico

modificaccedilotildees nesta forma

Ao entender a observaccedilatildeo

essencialmente em seu aspec

(2004) propocircs uma classifica

dimensotildees

bull A dimensatildeo setorial

refere-se agrave menor u

do espaccedilo urbano co

uma praccedila ou uma

ponto o observador

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 24 ndash A cidadeo texemplificada por meio da cidadLAMAS 2004

Figura 23 ndash O bairro a escala ucidade portuguesa de Tavira Fonte

Figura 22 ndash Praccedila da Alagoa na ca dimensatildeo setorial Fonte LAMA

em observar a forma

sencialmente a partir

material responde

bjetivo primeiro da

ar o comportamento

rtir de modificaccedilotildees

rbana uma vez que

ortamento acuacutestico

riaccedilatildeo genuinamente

dificaccedilotildees

apreensatildeo da forma

o mais do que

a fiacutesica e material

tanto para realizaccedilatildeo

or este estudo tal

alidade natildeo eacute

saacuteria o que torna a

bana quase um meio

l fiacutesica para atingir a

e compreensatildeo do

a partir de

atildeo da forma urbana

pecto fiacutesico LAMAS

icaccedilatildeo em escalas ou

ndash a escala da rua

r unidade ou porccedilatildeo

como por exemplo

a rua onde de um

dor pode abarcar a

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

25

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

territoacuterioa dimensatildeo territorial dade portuguesa de Tavira Fonte

a urbana exemplificada por meio da nte LAMAS 2004

na cidade portuguesa de Tavira ilustra MAS 2004

____________________________________________

ANAacuteLISE D

unidade espacial d

(Figura 22)

bull A dimensatildeo urbana ndash

corresponde agraves pa

identificaacuteveis como

exemplo onde a

elementos da forma

atraveacutes do movime

percursos (Figura 23

bull E por fim a dimensatildeo

da cidade diz respeito

diferentes formas

articulaccedilatildeo de bai

entre si Sua forma

distribuiccedilatildeo de eleme

das cidades em con

suporte geograacutefico d

a articulaccedilatildeo de

circulaccedilatildeo entre os

entre zonas habitacio

entre outras (Figura 2

Dentre estas dimensotildees a u

bairro desperta particular

pesquisa uma vez que o e

limites de observaccedilatildeo atraveacute

de movimentos poderaacute aba

significante de modificaccedilotildee

forma urbana de determina

compreender o comport

acuacutestica urbana

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 25 ndash Exemplos de diversiflotes quarteirotildees e vias em difereNesta imagem um recorte do CONDEPE-FIDEM 1981

Figura 26 ndash Exemplos de diversiflotes quarteirotildees e vias em difereNesta imagem um recorte do baorigens da cidade entrecortadoBarreto Fonte CONDEPE-FIDE

Figura 27 ndash Exemplos de diveredifiacutecios lotes quarteirotildees e vias eRecife Nesta imagem um recessencialmente por morros o AltoFIDEM 1981

de seu conjunto

ndash a escala do bairro

partes homogecircneas

mo os bairros por

a observaccedilatildeo dos

a urbana eacute realizada

imento e de vaacuterios

23)

nsatildeo territorial ndash a escala

eito agrave articulaccedilatildeo de

as urbanas da

bairros interligados

ma eacute definida pela

mentos estruturantes

onformidade com o

o do siacutetio tais como

e ruas e vias de

s diferentes bairros

cionais e comerciais

a 24)

a urbana ndash escala do

lar interesse desta

o entendimento dos

veacutes de certo nuacutemero

barcar uma amostra

otildees cronoloacutegicas na

inado local a fim de

ortamento de sua

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

26

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

rsificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios erentes bairros da cidade do Recife o bairro de Boa Viagem Fonte

rsificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios erentes bairros da cidade do Recife bairro de Satildeo Joseacute que remete agraves do pela recente Avenida Dantas DEM 1981

versificadas concretizaccedilotildees entre os em diferentes bairros da cidade do

recorte de um bairro constituiacutedo lto do Mandu Fonte CONDEPE-

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

27

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

No entanto para apreender tal dimensatildeo devem-se conhecer e estabelecer quais elementos

miacutenimos da forma urbana que se relaciona com esta a dimensatildeo urbana e quais satildeo estes

elementos LAMAS (2004) propocircs onze elementos da forma urbana necessaacuterios para esta

apreensatildeo o solo (I) o edifiacutecio (II) o lote (III) o logradouro (IV) o quarteiratildeo (V) o traccediladoa

rua(VI) a praccedila (VII) a fachada (VIII) o monumento (IX) a vegetaccedilatildeo (X) e o mobiliaacuterio

urbano (XI) Dentre estes elementos seis possuem uma estreita relaccedilatildeo com esta pesquisa e

seratildeo expostos de acordo com consideraccedilotildees observadas por LAMAS 3 (2004) (Figuras 25 a 27)

O edifiacutecio representa o elemento miacutenimo identificaacutevel na observaccedilatildeo da forma urbana eacute atraveacutes

dele que se constitui o espaccedilo urbano e se organizam diferentes elementos tais como ruas praccedilas

avenidas entre outros Os edifiacutecios agrupam-se em diferentes tipos tanto em relaccedilatildeo a suas

formas quanto a suas funccedilotildees Estes elementos podem influenciar o comportamento da acuacutestica

urbana atuando enquanto objetos reflexivos da onda sonora e como barreiras acuacutesticas4

O lote representa o princiacutepio da relaccedilatildeo do edifiacutecio com o terreno A forma do lote eacute muitas

vezes condicionante da forma do edifiacutecio tornando-os vinculados por essecircncia o logradouro diz

respeito ao espaccedilo livres e natildeo construiacutedos no interior do lote aos quintais e jardins o quarteiratildeo

ou quadra pode ser considerado como o espaccedilo resultante entre o cruzamento de trecircs ou mais

vias podendo ser demarcado em vaacuterios lotes para a construccedilatildeo de edifiacutecios Juntos estes trecircs

elementos associados aos edifiacutecios podem propiciar uma maior ou menor permeabilidade

acuacutestica eou uma maior ou menor presenccedila de aacutereas de sombra no meio urbano

O traccedilado por meio das ruas ou vias eacute facilmente identificaacutevel no meio urbano Estaacute muitas vezes

condicionado ao siacutetio geograacutefico existente regula a disposiccedilatildeo dos edifiacutecios e quarteirotildees e

interliga os vaacuterios espaccedilos componentes da cidade e a cidade ao territoacuterio Normalmente o

traccedilado resiste agraves transformaccedilotildees na forma urbana por possuir um caraacuteter de permanecircncia natildeo

totalmente modificaacutevel O traccedilado engloba trajetoacuterias e caminhos que natildeo satildeo necessariamente

percorridos atraveacutes de automoacuteveis apesar disso estaacute em grande parte vinculado a uma das

principais fontes geradoras de ruiacutedo urbano ndash o traacutefego de veiacuteculos

3 Os outros elementos tambeacutem podem relacionar-se de diferentes maneiras com a acuacutestica urbana mas nem tanto com a presente pesquisa e por isso natildeo foram considerados 4 Todas as definiccedilotildees e conceitos acuacutesticos apresentados no presente item seratildeo elucidados no item seguinte 22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

28

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 28 ndash Os trecircs conjuntos formadores do tecido urbano segundo Panerai (2006) Fonte PANERAI 2006

A praccedila eacute um espaccedilo de geometria variada

intencionalmente inserido no meio urbano

cuja relaccedilatildeo com o traccedilado e os edifiacutecios

tambeacutem eacute intencional evidenciada atraveacutes do

seu desenho e natildeo acidentais como

alargamento e confluecircncias do traccedilado Aleacutem

disso a praccedila eacute um lugar de encontro de

permanecircncia e de praacuteticas sociais

Acusticamente dependendo de suas

proporccedilotildees a propagaccedilatildeo sonora que envolve

uma praccedila pode apresentar um

comportamento que se assemelha a

propagaccedilatildeo sonora em campo livre

Estes elementos constituintes da forma urbana

conceituados por LAMAS (2004) podem ser

identificados sob um diferente invoacutelucro

conceitual mas com a mesma essecircncia no que

PANERAI (2006) definiu como sendo

conjuntos do tecido urbano

Aplicado agrave cidade o termo ldquotecidordquo evoca a continuidade e a renovaccedilatildeo a permanecircncia e a variaccedilatildeo Ele explica a constituiccedilatildeo das cidades antigas e responde as questotildees levantadas pelo estudo das urbanizaccedilotildees recentes Ele pressupotildee uma atenccedilatildeo tanto ao banal quanto ao excepcional tanto agraves ruas comuns e agraves edificaccedilotildees corriqueiras quanto agraves regulamentaccedilotildees e aos monumentos Dentre as muacuteltiplas definiccedilotildees de tecido urbano e sem desprezar suas qualidades escolhemos a mais simples O tecido urbano eacute constituiacutedo pela superposiccedilatildeo ou imbricaccedilatildeo de trecircs conjuntos a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees Essa definiccedilatildeo potildee em evidecircncia os elementos que permitem que as diferentes partes da cidade evoluam ao mesmo tempo em que satildeo mantidas a coesatildeo de conjunto e a clareza de sua estrutura (PANERAI 2006 p 77-78 grifo nosso) (Figura 28)

Ao contraacuterio de LAMAS (2004) que considera a praccedila como um elemento da forma urbana por

si soacute PANERAI (2006) discute as vias ou traccedilado inseridas em uma relaccedilatildeo em rede onde

tambeacutem satildeo considerados como partes constituintes os largos passeios praccedilas esplanadas cais

pontes rios canais margens praias todos compondo o espaccedilo puacuteblico Eacute atraveacutes desta rede

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

29

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

contiacutenua e hierarquizada que acontecem as distribuiccedilotildees e circulaccedilotildees da cidade bem como sua

organizaccedilatildeo local e territorial

Jaacute os parcelamentos fundiaacuterios constituem a representaccedilatildeo negativa5 da rede de vias que evidencia o

domiacutenio construiacutedo Este domiacutenio natildeo se limita aos edifiacutecios mas tambeacutem envolve paacutetios

quintais terrenos baldios (PANERAI 2006) Embora PANERAI(2006) considere separadamente

o exame das edificaccedilotildees sugere-se que este domiacutenio construiacutedo envolve quatro dos elementos da

forma urbana elencados por LAMAS (2004) o edifiacutecio o lote o logradouro e o quarteiratildeo

Para PANERAI (2006) as edificaccedilotildees ou edifiacutecios satildeo consideradas construccedilotildees subordinadas ao

espaccedilo puacuteblico ou seja a rede de vias sendo por ele estruturada e que acrescentam a dimensatildeo

vertical ao tecido urbano Tal subordinaccedilatildeo permite que haja uma dependecircncia reciacuteproca entre os

edifiacutecios ainda que eles pertenccedilam a eacutepocas diferentes fazendo com que sua renovaccedilatildeo aconteccedila

sem que haja grandes perdas na unidade do conjunto

Ao estruturar sua concepccedilatildeo dos elementos componentes da forma urbana DEL RIO (1990) eacute

bem mais sinteacutetico e objetivo mas assim como LAMAS (2000) e PANERAI (2006) seus

elementos possuem similaridades e ateacute repeticcedilotildees que praticamente reproduzem a mesma

essecircncia conceitual dos outros dois autores Estes elementos por serem estruturados tatildeo

objetivamente seratildeo apresentados em citaccedilatildeo direta satildeo eles

- crescimento os modos as intensidades e direccedilotildees elementos geradores e reguladores limites e superaccedilatildeo de limites modificaccedilatildeo de estruturas pontos de cristalizaccedilatildeo etc - traccedilado e parcelamento ordenadores do espaccedilo estrutura fundiaacuteria relaccedilotildees distacircncias circulaccedilatildeo e acessibilidade etc - tipologias dos elementos urbanos inventaacuterio e categorizaccedilatildeo de tipologias ediliacutecias (residecircncias comercio etc) de lotes e sua ocupaccedilatildeo de quarteirotildees e sua ocupaccedilatildeo de praccedilas esquinas etc - articulaccedilotildees relaccedilotildees entre elementos hierarquias domiacutenios do publico e privado densidades relaccedilotildees entre cheios e vazios etc (DEL RIO 1990 p 83 grifos do autor)

Dentre todos os elementos expostos a partir dos trecircs autores existe um importante fenocircmeno

relacionando-os em distintas intensidades e que merece ser considerado por influenciar

definitivamente na modificaccedilatildeo da forma urbana ndash o adensamento

5 No sentido de uma fotografia onde os claros e os escuros satildeo representados no negativo de modo contraacuterio ao do objeto fotografado

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

30

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 29 ndash O adensamento das ilhas do Bairro do Recife e de Santo Antocircnio (imagem) ocorreu tanto pelo preenchimento progressivo desde o inicio da ocupaccedilatildeo da cidade quanto por meio da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees anteriores Fontehttppedrodealbuquerquewordpresscomcategorypernambuco Acesso em 201109

O adensamento ocorre a partir de dois modos

essenciais de ocupaccedilatildeo o primeiro a partir do

preenchimento progressivo do espaccedilo urbano

e o segundo a partir da substituiccedilatildeo completa

por meio de demoliccedilatildeo de edificaccedilotildees

anteriores (PANERAI 2006) (Figura 29)

A primeira forma de adensamento ocorre sem

a expansatildeo territorial por meio do

preenchimento progressivo de todas as

reservas fundiaacuterias e espaccedilos livres de

determinado meio urbano Eacute um

adensamento inserido em limitesbarreiras

preacute-estabelecidos naturais ou natildeo tais como

uma via expressa irregularidades geograacuteficas

do siacutetio ou ainda numa escala menor a proacutepria quadra pode ser um limite para saturaccedilatildeo gradual

em seu interior desmembramento ou remembramento dos lotes para construccedilatildeo de novas

edificaccedilotildees verticalizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo de antigos quintais eou jardins (PANERAI 2006)

A segunda forma de adensamento acontece atraveacutes da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees

anteriormente existentes por novas construccedilotildees de maior porte tanto em relaccedilatildeo agrave ocupaccedilatildeo do

solo por meio do remembramento de lotes quanto em relaccedilatildeo ao seu gabarito Esta forma de

adensamento permite a renovaccedilatildeo do espaccedilo urbano sem aumentar sua aacuterea de abrangecircncia sem

sua expansatildeo (PANERAI 2006)

Ambas as formas de adensamento transformam essencialmente a forma urbana e o modo como

se relacionam seus elementos componentes A identificaccedilatildeo desta transformaccedilatildeo em determinado

meio urbano gerada pelo adensamento eacute indispensaacutevel para anaacutelise do comportamento da

acuacutestica urbana a partir de modificaccedilotildees na forma urbana deste mesmo meio uma vez que o

adensamento pode influenciar na propagaccedilatildeo sonora proporcionando uma maior quantidade de

objetos reflexivos de barreiras acuacutesticas e favorecendo a diminuiccedilatildeo da permeabilidade acuacutestica

Por fim a partir exposiccedilatildeo de determinados elementos considerados por LAMAS (2004) ndash o

edifiacutecio o lote o logradouro o quarteiratildeo o traccediladoa rua e a praccedila dos conjuntos considerados

por PANERAI (2006) ndash a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees dos

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

elementos considerados por DEL RIO (1990) ndash crescimento traccedilado e parcelamento tipologias

dos elementos urbanos e as articulaccedilotildees e em busca de atingir seu objetivo principal esta

pesquisa consideraraacute a forma urbana inserida em um recorte que a considera essencialmente a

partir de seu aspecto fiacutesico e material e cujos elementos componentes considerados seratildeo

exclusivamente

1 As parcelas fundiaacuterias ndash consideradas por meio das quadras e lotes incluindo sua relaccedilatildeo

de modo de ocupaccedilatildeo das edificaccedilotildees sua densidade e seus espaccedilos livres

2 As edificaccedilotildees ndash consideradas atraveacutes de sua relaccedilatildeo de modo de ocupaccedilatildeo com os

lotes e do grau de verticalizaccedilatildeo (gabarito baixo meacutedio e alto)

3 As vias ndash consideradas como reguladoras da relaccedilatildeo com as edificaccedilotildees e quarteirotildees e

principalmente apreciadas como estreitamente vinculadas a uma das principais fontes

geradoras de ruiacutedo urbano (o traacutefego de veiacuteculos)

Estes seratildeo os elementos componentes da forma urbana que esta pesquisa se apropriaraacute no

decurso do caminho a fim de analisar o comportamento acuacutestico a partir de modificaccedilotildees

cronoloacutegicas em determinada forma urbana Nos paraacutegrafos seguintes discutem-se os conceitos e

relaccedilotildees que permeiam a acuacutestica urbana

22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais

A acuacutestica eacute a ciecircncia do som incluindo sua geraccedilatildeo transmissatildeo e recepccedilatildeo de energia sob a

forma de ondas vibracionais na mateacuteria (KINSLER et al 1982) Ela eacute uma ciecircncia

multidimensional e interligada a vaacuterios domiacutenios cientiacuteficos Seu objeto de estudo fundamental o

som delineia uma seacuterie de interfaces multidisciplinares com abordagens em diversificadas aacutereas

do conhecimento (Figura 210)

Desse modo quando a geraccedilatildeo transmissatildeo e efeitos do som estatildeo inseridos no meio urbano

seu desdobramento eacute estudado pela aacuterea de conhecimento da acuacutestica urbana muitas vezes

tambeacutem nomeada de acuacutestica ambiental

O objeto de estudo fundamental da acuacutestica o som eacute a sensaccedilatildeo produzida no ouvido por

pequenas flutuaccedilotildees da pressatildeo do ar (HANSEN 2005) ou seja eacute uma percepccedilatildeo sensorial e seu

____________________________________________

ANAacuteLISE D

complexo padratildeo de ondas s

de ruiacutedo muacutesica fala

(BERGLUND et al 1999)

Esta definiccedilatildeo do som tend

a percepccedilatildeo do ouvido

conceito psicofiacutesico Fisicame

vibraccedilatildeo mecacircnica que

progressivamente atraveacutes de

gasoso liacutequido ou soacutelido (SIN

Esta vibraccedilatildeo quando tran

que o rodeia nem sempre

aparelho auditivo humano

frequumlecircncia6 audiacutevel encontra

20 a 20000 Hz para um

(BRUumlEL amp KJAEligR 1984

1982) Frequumlecircncias acima de

altas para respostas fisioloacuteg

chamadas de ultrasons Jaacute as

de 20 Hz satildeo chamadas de

detectaacuteveis pelo ouvido hum

prejudiciais agrave sua sauacutede7

1982 SOUSA 2004)

Fisicamente o som e o ruiacutedo

ambos se propagam em mei

detectados pelo ouvido hu

enquanto o som eacute utilizado

6 A frequumlecircncia eacute o nuacutemero de ciclo(HANSEN 1995) 7 A exposiccedilatildeo a baixas frequumlecircncias depressatildeo irritabilidade e perturba pro

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 210 ndash Interfaces multidFonte Elaborado pela autora a pa

Figura 211 ndash Fonte sonora ponSOUZA 2006

as sonoras eacute rotulado

ala entre outros

ndo como referecircncia

o humano eacute um

mente o som eacute uma

que se propaga

de um meio material

(SINGAL 2005)

transmitida ao meio

re eacute detectaacutevel pelo

ano cuja faixa de

tra-se no intervalo de

um jovem saudaacutevel

4 KINSLER et al

de 20000 Hz muito

loacutegicas auditivas satildeo

as frequumlecircncias abaixo

de infrasons e natildeo satildeo

umano contudo satildeo

(KINSLER et al

iacutedo constituem o mesmo fenocircmeno de variaccedilotildee

eio elaacutestico (soacutelido liacutequido ou gasoso) e ambos

humano (BERGLUND et al 1999 HANSEN

do para descrever percepccedilotildees sonoras agradaacutev

iclos que a onda sonora completa no tempo de um segundo

as pode gerar a doenccedila Vibroacuacutestica que induz o espessamprocessos cognitivos (BRANCO e PEREIRA 2004)

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

32

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

ltidisciplinares do estudo do som partir de BISTAFA 2006

ontual e fonte sonora linear Fonte

otildees de pressatildeo ambiente

bos satildeo capazes de serem

EN 1995) No entanto

daacuteveis o ruiacutedo descreve

do e eacute medida em Hertz (Hz)

amento das estruturas cardiacuteacas

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

33

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 212 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora pontual de 6 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007

percepccedilotildees sonoras desagradaacuteveis incorporando um aspecto de subjetividade agrave sua definiccedilatildeo

(BRUumlEL amp KJAEligR 1984 HANSEN 2005 BRASIL 2006 SINGAL 2005)

Tal subjetividade acarreta diferentes e individuais percepccedilotildees sonoras pelo ser humano e

portanto em diferentes reaccedilotildees agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo Em outras palavras o que se estabelece

como som para um indiviacuteduo pode representar ruiacutedo para outro

[] as respostas inerentes ao ruiacutedo satildeo complexas dependendo tanto dos fatores propriamente acuacutesticos quanto dos psicossociais contextuais simboacutelicos emocionais como daqueles de valor especiacutefico Essas variaacuteveis participam da singularidade da escuta e atuam como filtros que modificam a percepccedilatildeo do sinal fiacutesico sonoro (SANTOS e MARTINS 2005 p 216)

Enquanto sua percepccedilatildeo envolve a subjetividade as respostas fisioloacutegicas agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo satildeo

mais objetivas e seus danos satildeo mais facilmente identificaacuteveis O ruiacutedo pode gerar complicaccedilotildees

no sistema circulatoacuterio e hormonal perda gradativa da audiccedilatildeo distuacuterbios de sono estresse

irritabilidade neuroses desconforto e dificuldade de aprendizado entre outros danos

(BERGLUND et al1999 HANSEN 2005 KINSLER et al 1982 MURGEL 2007 NAGEM

2004 NUNES 2006 PAZ et al 2005 SINGAL 2005 ZANNIN et al 2002)

O ruiacutedo pode se originar de variadas fontes presentes em diversificados ambientes as mais

comumente encontradas satildeo as fontes sonoras pontuais e as lineares (Figura 211) A fonte pontual

possui dimensotildees finitas e emite o mesmo niacutevel de pressatildeo sonora uniformemente para todas as

direccedilotildees sendo seu decaimento em campo livre de 6 dB para cada dobro da distacircncia (Figura

212) (HANSEN 2005 SOUSA 2004)

Jaacute a fonte linear eacute formada por certo nuacutemero de

fontes pontuais dispostas linearmente cuja

emissatildeo sonora eacute contiacutenua ao longo desta

linha sendo seu decaimento em campo livre

de 3 dB para cada dobro da distacircncia (Figura

213) (HANSEN 2005 PAZ 2004)

Quando propagadas no meio urbano a

combinaccedilatildeo de tais fontes sonoras associadas

ao percurso de transmissatildeo e ao receptor

constitui o ruiacutedo urbano (urban noise) tambeacutem

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 213 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora linear de 3 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007

chamado de ruiacutedo ambiental (environmental

noise) ou ruiacutedo comunitaacuterio (community noise)

(BERGLUND et al1999 GUEDES 2005

SOUSA 2004)

O ruiacutedo urbano pode ser gerado a partir do

traacutefego de veiacuteculos terrestres e aeacutereos de

obras de construccedilatildeo civil de estabelecimentos

industriais de estabelecimentos comerciais e

de serviccedilos de sistemas de propaganda

volante ou permanente8 e ruiacutedos de outras atividades cuja propagaccedilatildeo sonora pode afetar o bem-

estar e a sauacutede dos citadinos (BARRON 2003 BERGLUND et al1999 KINSLER et al 1982

NAGEM 2004 NUNES 2006 SINGAL 2005)

Apesar de esporaacutedica outra fonte de ruiacutedo gerada em meio urbano satildeo os eventos puacuteblicos tais

como festas shows comiacutecios carnavais fora de eacutepoca entre outros As fontes de ruiacutedo presentes

nestes eventos atingem um alto niacutevel de pressatildeo sonora9 e abrangem uma grande quantidade

populacional logo independente de ocorrer poucas vezes durante o ano satildeo eventos

extremamente danosos a sauacutede e principalmente agrave audiccedilatildeo a partir de 80 dB(A) natildeo importa se

a sensaccedilatildeo sonora eacute prazerosa ou natildeo ela eacute necessariamente prejudicial10 (Tabela 21) (NUNES

2006)

Quando a intensidade dos ruiacutedos urbanos torna-se excessivamente desagradaacutevel eou nociva o

ruiacutedo passa a ser considerado uma forma de poluiccedilatildeo ambiental11 - a poluiccedilatildeo sonora A

necessidade de regulamentaccedilatildeo da poluiccedilatildeo sonora renuncia os aspectos de subjetividade

existentes e inerentes ao conceito de ruiacutedo na tentativa de sintetizar e estabelecer limites leis

normas meacutetodos e accedilotildees que representem um universo sonoro equivalente para toda a

populaccedilatildeo na tentativa de controlar e mitigar o ruiacutedo urbano

8 Carros de som bicicletas com som raacutedios comunitaacuterias entre outros 9 O niacutevel de pressatildeo sonora eacute a medida fiacutesica preferencial para caracterizar a sensaccedilatildeo subjetiva da intensidade dos sons e de acordo com a lei de Weber e Fechner a sensaccedilatildeo sonora eacute proporcional ao logaritmo da intensidade sonora NPS=20 log (pp0) onde p eacute a pressatildeo sonora em Pascal e p0 eacute a pressatildeo sonora de referecircncia (2 10-5 Pascal) (BISTAFA 2006 NIEMEYER 2007) 10 Outros niacuteveis de ruiacutedo tambeacutem podem ser prejudiciais em maior ou menor grau dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora 11 ldquoPoluiccedilatildeo eacute a degradaccedilatildeo da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente a) prejudiquem a sauacutede a seguranccedila e o bem-estar da populaccedilatildeo b) criem condiccedilotildees adversas agraves atividades sociais e econocircmicas c) afetem desfavoravelmente a biota d) afetem as condiccedilotildees esteacuteticas ou sanitaacuterias do meio ambiente e) lancem mateacuterias ou energia em desacordo com os padrotildees ambientais estabelecidosrdquo (BRASIL 1981 p 1 e 2)

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Tabela 21 ndash Os niacuteveis de pressatildeo sonora e suas consequumlecircncias fisioloacutegicas no homem Em alguns casos podem a intensidade das reaccedilotildees fisioloacutegicas podem variar dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora Fonte elaborado pela autora a partir de KINSLER et al 1992 SINGAL 2005 SOUZA 2006

Assim sendo na esfera federal a Constituiccedilatildeo Federal (Art255) o Coacutedigo Civil Brasileiro (Lei ndeg

1040602) a Lei das Contravenccedilotildees Penais (Decreto-lei nordm 368841) e a Lei dos Crimes

Ambientais (Lei nordm 960598) versam a partir de diferentes abordagens e diferentes

procedimentos legais sobre a poluiccedilatildeo sonora e suas respectivas perturbaccedilotildees (CARNEIRO

2009)

NIacuteVEIS DE PRESSAtildeO SONORA E SUAS CONSEQUEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS

Niacutevel de Pressatildeo sonora

em dB(A)

Caracteriacutesticas FISIOLOacuteGICAS

Ambiente ou atividade

0 a 30 Nenhuma Tremular de folhas de uma aacutervore sussurros

aacuterea de mata selvagem

30 a 50 Nenhuma Cantar de paacutessaros rua calma em aacuterea residencial durante noite

50 a 70 Marca o iniacutecio do estresse

auditivo Rua agitada um restaurante barulhento

70 a 90 Estressante e bastante

excitante Chegada de um trem na estaccedilatildeo carro a 100 Kmh

conversa a gritos

90 a 110 Extremamente excitante provocando dependecircncia

Caminhatildeo pesado a 60 Kmh alarme de viatura passagem de trem numa estaccedilatildeo ou cabine de um aviatildeo monomotor

110 a 130

Desconfortavelmente alto atingindo o limiar da dor podendo causar surdez

instantacircnea

Trem passando em trilhos elevados martelo pneumaacutetico interior de uma boate show de banda de rock

130 a 140 Acima do limiar da dor

causando surdez permanente Decolagem de aviatildeo a jato a 5m de distacircncia disparos de artilharia

Ainda no domiacutenio federal o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) publicou vaacuterias

resoluccedilotildees que estabelecem normas de preservaccedilatildeo ao meio ambiente incluindo o combate a

poluiccedilatildeo sonora12 Nestas resoluccedilotildees todas as atividades geradoras de ruiacutedo devem seguir

diretrizes vinculadas agrave Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas ndash ABNT e ao Conselho

Nacional de Tracircnsito - CONTRAN no caso de ruiacutedo produzido por veiacuteculos automotores

(NAGEM 2004)

Tais resoluccedilotildees normas e diretrizes refletidas no domiacutenio estadual e municipal deram origem agrave

Lei Estadual nordm 12789 de 28 de Abril de 2005 (PERNAMBUCO2005) conhecida como ldquoLei do

12 Satildeo elas RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 272 de 14 de setembro de 2000

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Silecircnciordquo e que dispotildee sobre ruiacutedos urbanos poluiccedilatildeo sonora e proteccedilatildeo do bem-estar e do

sossego puacuteblico e agrave Lei nordm 16243 de 13 de setembro de 1996 ndash Coacutedigo do Meio Ambiente e do

Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife (RECIFE 1996a) que estabelece a poliacutetica do meio ambiente da

cidade do Recife incluindo regulamentaccedilatildeo de emissotildees sonoras entre outras providecircncias

tendo como suporte a Lei 1617696 de 9 de Abril de 1996 ndash Lei de Uso e Ocupaccedilatildeo do Solo da

Cidade do Recife ndash LUOS (RECIFE 1996b)

Apesar da existecircncia desta grande quantidade de leis federais estaduais e municipais apesar da

LUOS legislar sobre a etapa de aprovaccedilatildeo de projetos para a construccedilatildeo de empreendimentos

com usos geradores de incocircmodo agrave vizinhanccedila incluindo usos potencialmente geradores de ruiacutedos

submetendo-os agrave anaacutelise teacutecnica eou agrave anaacutelise especial e apesar do Coacutedigo do Meio Ambiente e

do Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife estabelecer limites maacuteximos permitidos de ruiacutedo na praacutetica a

accedilatildeo contra a poluiccedilatildeo sonora em Recife adquire caraacuteter corretivo pelos oacutergatildeos reguladores agrave

conduta do infrator geralmente a partir de denuacutencias da populaccedilatildeo apoacutes a consolidaccedilatildeo da fonte

geradora de ruiacutedo no meio urbano (JORNAL DO COMEacuteRCIO 2008 JC ONLINE 2005)

Outro exemplo local de desatenccedilatildeo agrave poluiccedilatildeo sonora eacute a inexistecircncia dentre vaacuterios outros tipos

de degradaccedilatildeo ambiental presentes de qualquer referecircncia a respeito da poluiccedilatildeo sonora em

documento produzido pela Prefeitura da Cidade do Recife no ano 2000 o Atlas Ambiental da

Cidade do Recife (RECIFE 2000)

Diante da aplicabilidade ineficaz da legislaccedilatildeo vigente em Novembro de 2009 foi lanccedilado pelo

Ministeacuterio Puacuteblico de Pernambuco a cartilha Poluiccedilatildeo sonora Silento e o barulho13 que versa sobre as

posturas e accedilotildees direitos e deveres dos diversos agentes envolvidos na produccedilatildeo e recepccedilatildeo da

poluiccedilatildeo sonora indicando como devem agir a viacutetima o policial o estado o construtor poluidor

o proprietaacuterio de carro de som poluidor entre outros A cartilha tambeacutem disponibiliza uma seacuterie

de formulaacuterios modelos de acordo com os diferentes tipos de poluiccedilatildeo sonora Estes formulaacuterios satildeo

exemplos para serem utilizados tanto pela viacutetima da poluiccedilatildeo sonora quanto pelo policial civil

militar promotor de justiccedila e ateacute mesmo pelo poluidor - o que poderaacute tornar esta cartilha um

importante instrumento para aplicaccedilatildeo das leis vigentes (CARNEIRO 2009)

Embora negligenciada e em oposiccedilatildeo a diversos outros problemas ambientais mundiais a

poluiccedilatildeo sonora continua a crescer e eacute acompanhada pelo aumento no nuacutemero de reclamaccedilotildees de

13 ldquoSilentordquo eacute um personagem criado para narrar alguns trechos interativos da cartilha

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 214 ndash Relaccedilatildeo entre o desenvolvimento industrial da sociedade que possibilita o aumento e concentraccedilatildeo de fontes sonoras e seus impactos em relaccedilatildeo ao ruiacutedo nas comunidades apontando trecircs previsotildees futuras de acordo com diferentes accedilotildees possiacuteveis de regulamentaccedilatildeo contra do ruiacutedo Fonte elaborado pela autora a partir de BERGLUND et al 1999

pessoas expostas ao ruiacutedo a partir do aumento da consciecircncia de seus direitos legais

(BERGLUND et al1999)

Para World Health Organization (WHO)14 a poluiccedilatildeo sonora jaacute eacute um dos problemas ambientais que

atingem o maior nuacutemero de pessoas no planeta perdendo apenas para a poluiccedilatildeo do ar e da aacutegua

(KIHLMAN 2004 2005) Este crescimento contiacutenuo da poluiccedilatildeo sonora e por conseguinte do

ruiacutedo urbano possui uma estreita relaccedilatildeo com as raacutepidas transformaccedilotildees ocorridas no meio

urbano nas uacuteltimas deacutecadas O desenvolvimento acelerado e a expansatildeo das cidades implicaram

em modificaccedilotildees em elementos da forma urbana em alto iacutendice de crescimento demograacutefico da

populaccedilatildeo urbana e em consequumlente aumento e concentraccedilatildeo de diversos tipos de fontes

geradoras de poluiccedilatildeo sonora (BRASIL 1990a1990b GUEDES 2005 PAZ 2009 ZANNIN et

al 2002) (Figura 214)

Entre estas fontes urbanas geradoras de poluiccedilatildeo sonora uma das que mais contribuem com o

aumento do ruiacutedo urbano aleacutem de ser considerada uma das fontes mais intrusivas e a mais

percebida pela populaccedilatildeo das grandes cidades eacute o traacutefego de veiacuteculos (DINIZ 2003 FRITSCH et al

2007 LACERDA et al 2005 PAZ 2004 ZANNIN et al 2003)

O ruiacutedo do traacutefego de veiacuteculos eacute gerado a

partir do ruiacutedo veicular que proveacutem

essencialmente do sistema de propulsatildeo do

motor do atrito entre o veiacuteculo e o ar (ruiacutedo

aerodinacircmico) e do atrito entre o pneu e o piso

(MURGEL 2007 KINSLER et al 1982) e da

relaccedilatildeo entre o veiacuteculocondutor e as

configuraccedilotildees das vias em que ele estaacute inserido

a aceleraccedilatildeo eou desaceleraccedilatildeo do motor de

acordo com a caracterizaccedilatildeo das vias - a

presenccedila de cruzamentos semaacuteforos faixas de

pedestres etc a intensidade do fluxo de

veiacuteculos e a proporccedilatildeo entre veiacuteculos leves e os

veiacuteculos pesados a frequumlecircncia de

14 Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede ndash OMS

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

38

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

acionamentos de buzinas o tipo de acabamento da superfiacutecie das vias (concreto asfalto brita

terra batida) etc (SINGAL 2005)

Tais vias geradoras do ruiacutedo de traacutefego aleacutem de serem interceptadas por outras vias satildeo

comumente ladeadas por configuraccedilotildees bastante variaacuteveis desde edificaccedilotildees com formas

implantaccedilotildees e gabaritos diversificados a lotes ainda natildeo ocupados caracterizando a propagaccedilatildeo

do ruiacutedo de traacutefego urbano por muacuteltiplas reflexotildees responsaacuteveis pelo espalhamento do ruiacutedo

para vias adjacentes pelo surgimento de campos sonoros reverberantes pela difraccedilatildeo do ruiacutedo e

pelo surgimento de aacutereas de sombra (SINGAL 2005 RANDRIANOELINA e SALOMONS

2008) Ou seja a propagaccedilatildeo do ruiacutedo urbano gerado pelo traacutefego de veiacuteculos possui uma

interaccedilatildeo singular com elementos da forma urbana

Assim sendo tanto por sua participaccedilatildeo determinante na constituiccedilatildeo do ruiacutedo urbano quanto

por sua particular relaccedilatildeo com os elementos que compotildeem a forma urbana o ruiacutedo de traacutefego

seraacute a uacutenica fonte sonora considerada na presente pesquisa conforme seraacute melhor elucidado no

proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas

A interaccedilatildeo entre o ruiacutedo urbano e a forma urbana dependeraacute diretamente das configuraccedilotildees de

certos elementos que compotildeem esta forma urbana o traccedilado e perfis das vias a maneira de

implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade e

forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres tais como praccedilas e

largos (GUEDES 2005 SANTOS e MARTINS 2005) Estes elementos podem ser

acusticamente caracterizados a partir do tipo de espaccedilo acuacutestico e da permeabilidade acuacutestica

O espaccedilo acuacutestico tambeacutem nomeado de campo acuacutestico eacute a porccedilatildeo de determinado espaccedilo onde

acontecem as vibraccedilotildees sonoras podendo ser caracterizado no meio urbano como espaccedilo

acuacutestico aberto ou fechado (NIEMEYER 2007)

O espaccedilo acuacutestico aberto aproxima-se da propagaccedilatildeo em campo livre que eacute caracterizado pela ausecircncia

de obstaacuteculos que modifiquem a propagaccedilatildeo sonora entre a fonte e o receptor Assim no meio

urbano o espaccedilo cuja propagaccedilatildeo sonora envolva poucas ou nenhuma reflexatildeo e poucos ou

nenhum obstaacuteculo pode ser considerado um espaccedilo acuacutestico aberto como por exemplo o

espaccedilo acuacutestico com perfil em ldquoLrdquo tais como vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas uma de

suas margens (Figuras 215 e 216) (NIEMEYER 2007) No espaccedilo acuacutestico aberto o niacutevel de

pressatildeo sonora decai 6 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (LANG

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

39

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 215 ndash Propagaccedilatildeo sonora em Campo acuacutestico aberto Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001

Figura 216 ndash Campo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo FonteNIEMEYER 2007

Figura 217 ndash Propagaccedilatildeo sonora em campo acuacutestico fechado causando o fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001

e BERANEK 1992) isto eacute o ruiacutedo percebido

pelo receptor diminui em funccedilatildeo da

duplicaccedilatildeo da distacircncia da fonte sonora15

Praccedilas parques e largos com grandes

dimensotildees vias de traacutefego marginais a praias

vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas

uma de suas margens ou espaccedilos livres

urbanos de grandes dimensotildees caracterizam

alguns exemplos de espaccedilos acuacutesticos abertos

No espaccedilo acuacutestico fechado as ondas sonoras

sofrem muacuteltiplas reflexotildees fazendo com que o

seu niacutevel sonoro decaia muito lentamente

sendo praticamente o mesmo em vaacuterias

posiccedilotildees ateacute que esta onda sonora encontre

uma saiacuteda para campo livre caracterizando o

fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana16 17(Figura

217) (GUEDES 2005 NIEMEYER 2007)

Os espaccedilos acuacutesticos fechados podem ser

reverberantes quando a onda sonora tarda a

encontrar o campo livre gerando um grande

nuacutemero de reflexotildees ou semi-reverberantes

quando a onda sonora encontra o campo livre

um pouco mais rapidamente do que no

reverberante gerando um nuacutemero menor mas

ainda grande de reflexotildees

15 Este decaimento eacute para fontes pontuais para fontes lineares o decaimento eacute de 3 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (GERGES 2000) 16 A reverberaccedilatildeo eacute a persistecircncia de um som depois de ter sido extinta a sua emissatildeo por uma fonte e ocorre como resultado de reflexotildees em ambientes total ou parcialmente fechados (GONZALEZ e LOPES 1993) 17 Alguns espaccedilos acuacutesticos fechados tambeacutem podem amplificar o niacutevel de pressatildeo sonora mas este fenocircmeno ocorre em determinados espaccedilos acuacutesticos fechados reverberantes

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

40

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 218 ndash Campo acuacutestico fechado em perfl ldquoUrdquo tambeacutem chamado de canyons urbanos Fonte NIEMEYER 2007

No meio urbano o espaccedilo acuacutestico fechado

reverberante possui comumente um perfil em

ldquoUrdquo (Figura 218) tambeacutem chamados de

canyons urbanos que podem amplificar

consideravelmente a propagaccedilatildeo sonora das

vias de traacutefego atraveacutes de reflexotildees muacuteltiplas

geradas pelas fachadas paralelas das

edificaccedilotildees que circundam estas vias

(ANDERSON e KURZE 1992) Assim neste

tipo de espaccedilo acuacutestico a propagaccedilatildeo sonora

natildeo depende exclusivamente da distacircncia entre

a fonte e o receptor como no espaccedilo acuacutestico

aberto depende ainda da configuraccedilatildeo dos

elementos que compotildeem a forma urbana e

dos coeficientes de absorccedilatildeo dos materiais que

revestem as superfiacutecies refletoras18

(NIEMEYER 2007)

Praccedilas parques e largos com pequenas dimensotildees e cercados por edificaccedilotildees conjugadas vias de

traacutefego com edificaccedilotildees (conjugadas ou com pequenos recuos entre elas) em ambos os lados

tuacuteneis passagens subterracircneas e espaccedilos livres abaixo de viadutos caracterizam alguns exemplos

de espaccedilos acuacutesticos fechados

A caracterizaccedilatildeo de um espaccedilo acuacutestico como sendo aberto ou fechado delinearaacute como a onda

sonora iraacute espalhar-se no meio urbano cujas configuraccedilotildees dos elementos que o compotildeem

podem facilitar ou dificultar a trajetoacuteria desta onda sonora para aleacutem do local de sua emissatildeo

tornando o meio urbano mais ou menos permeaacutevel a sua propagaccedilatildeo

18 No meio urbano as superfiacutecies refletoras satildeo predominantemente formadas por fachadas e muros de edificaccedilotildees que possuem certa uniformidade na utilizaccedilatildeo de materiais altamente reflexivos e com baixos coeficientes de absorccedilatildeo tais como granito maacutermore ceracircmica esmaltada vidro Assim o coeficiente de absorccedilatildeo de uma edificaccedilatildeo para outra seraacute praticamente o mesmo sofrendo miacutenimas variaccedilotildees permitindo sua natildeo consideraccedilatildeo

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

41

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 220 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees em uma quadra permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007

Figura 221 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjugadas em uma quadra pouco permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007

Figura 219 ndash Permeabilidade acuacutestica - percursos da onda sonora gerados em meio urbano Fonte NIEMEYER 2007

Figura 222 ndash Barreira acuacutestica entre a fonte e o receptor FonteANDERSON e KURZE 1992

Assim sendo a permeabilidade acuacutestica refere-se

aos percursos da onda sonora gerados no

meio urbano (Figura 219) (GUEDES 2005

NIEMEYER 2007) A intensidade da

permeabilidade acuacutestica - mais ou menos

permeaacutevel - dependeraacute da capacidade de

certos elementos urbanos de promover ou

conter a propagaccedilatildeo da onda sonora tais

como o traccedilado e perfis das vias a maneira de

implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem

como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade

e forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila

ou ausecircncia de espaccedilos livres (Figuras 220 e

221)

A permeabilidade acuacutestica relaciona-se ainda

com as barreiras acuacutesticas Isoladamente o

conceito de barreiras acuacutesticas refere-se a

qualquer objeto que possa ser considerado um

obstaacuteculo agrave ligaccedilatildeo direta e sem interferecircncias

entre a fonte e o receptor (Figura 222)

(ANDERSON e KURZE 1992 GERGES

2000) Ao bloquear o percurso direto entre a

fonte e o receptor a onda sonora poderaacute ser

absorvida eou refletida pela superfiacutecie da

barreira transmitida atraveacutes da barreira ou

difratada a partir do topo da barreira

(BARRON 2003 SINGAL 2005)

A difraccedilatildeo eacute um fenocircmeno que permite que as

ondas sonoras sejam capazes de contornar

determinados obstaacuteculos gerando uma aacuterea de

sombra acuacutestica que possui limites espaciais

variaacuteveis de acordo com a posiccedilatildeo da fonte

____________________________________________

ANAacuteLISE D

sonora e de sua localizaccedilatilde

receptor que por sua vez

sonora difratada pelas borda

um decaimento maior do qu

campo livre (Figura 223) (N

1968 NIEMEYER 2007 PA

O uso de barreiras acuacutestic

EUA Japatildeo Austraacutelia e

reduccedilatildeo da propagaccedilatildeo do

pelo traacutefego rodoviaacuterio pa

(Figuras 224 a 226) (SIN

Brasil esta praacutetica ainda eacute inc

restringindo-se a poucos exe

caso da barreira acuacutestica no

Linha Amarela na cidade do

na Rodovia Bandeirantes co

de Satildeo Paulo a Campinas

Paulo (Figura 227) (MURGE

2004)

Embora a implantaccedilatildeo de b

esteja vinculada agrave reduccedilatildeo do

rodoviaacuterio outros elemen

meio urbano situados ent

receptor atuam espontan

barreiras agrave propagaccedilatildeo sono

terreno com topografia i

muros edificaccedilotildees entr

edificaccedilotildees conjugadas da R

cidade do Recife ou aind

conjugadas em alguns trec

Atlacircntica no Rio de Janei

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 226 ndash Barreiras instaladasem aacuterea residencial de Toacutequio Jap

Figura 224 ndash Agrave esquerda barreacriacutelico na Suiacuteccedila Agrave direita barreiraPaacutedua e Veneza na Itaacutelia Fonte C

Figura 227 ndash Barreira acuacutestica dade Satildeo Paulo Fonte MURGEL 2

Figura 223 ndash Difraccedilatildeo da ondagerando uma aacuterea de sombra acuacutest

Figura 225 ndash Agrave esquerda baproacuteximo a Zurique Agrave direita barretambeacutem na Suiccedila Fonte CICHIN

accedilatildeo em relaccedilatildeo ao

ez recebe a energia

rdas da barreira com

que se estivesse em

(NEPOMUCENO

PAZ 2004)

ticas eacute comum nos

e na Europa para

do ruiacutedo produzido

para seus arredores

INGAL 2005) No

incipiente

exemplos como eacute o

no eixo rodoviaacuterio

o Rio de Janeiro e

conectando a cidade

s no estado de Satildeo

GEL 2007 SOUSA

e barreiras acuacutesticas

do ruiacutedo de traacutefego

entos inseridos no

entre a fonte e o

taneamente como

nora tais como um

irregular taludes

ntre outros As

a Rua da Aurora na

inda as edificaccedilotildees

trechos da Avenida

neiro por exemplo

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

42

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

das ao longo de via expressa elevada Japatildeo Fonte CICHINELLI 2007

rreira acuacutestica curva em concreto e eira acuacutestica metaacutelica na estrada entre CICHINELLI 2007

da Rodovia Bandeirantes no estado 2007

da sonora a partir de uma barreira uacutestica Fonte GERGES 2000

barreira acuacutestica metaacutelica instalada arreira acuacutestica em concreto e acriacutelico INELLI 2007

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 228 ndash Rua da Aurora no Bairro da Boa Vista na cidade do Recife configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fontehttpmaiovinteeseisblogspotcom2007_ 11_01_archivehtml Acesso em 080409

Figura 229 ndash Alguns trechos da Avenida Atlacircntica no Bairro de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro tambeacutem configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fonte httpwwwtravelpodcomtravel-photoorlanworldtrip200711 71589400avenida-atlantica-along-copacabana-beachjpgtpodhtml Acesso em 080409

aleacutem de funcionarem como barreiras acuacutesticas

espontacircneas ou natildeo intencionais tambeacutem

conformam um espaccedilo acuacutestico aberto em

ldquoLrdquo e pouco permeaacutevel ao ruiacutedo (Figura 228 e

229)

A partir da discussatildeo dos espaccedilos acuacutesticos e

da permeabilidade acuacutestica evidencia-se que a

interaccedilatildeo entre os diversos elementos que

compotildeem a forma urbana - o traccedilado e perfis

das vias o modo de implantaccedilatildeo das

edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as

proporccedilotildees densidade e maneira de ocupaccedilatildeo

das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de

espaccedilos livres ndash contribui determinantemente

para a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano

atraveacutes de muacuteltiplas reflexotildees do

espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave

fonte geradora de campos sonoros

reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de

aacutereas de sombra

Isto posto se o ruiacutedo urbano eacute considerado

um sistema composto essencialmente pela fonte

sonora pelo meio de propagaccedilatildeo e pelo receptor (LANG e BERANEK 1992 ANDERSON e

KURZE 1992) a forma urbana considerada a partir dos elementos que a compotildeem enquanto

percurso de transmissatildeo delineia influencia e determina em certa medida a trajetoacuteria de

propagaccedilatildeo da onda sonora19 Ou seja a forma urbana por meio das caracteriacutesticas singulares

apresentadas pelos seus elementos componentes iraacute influenciar o comportamento da propagaccedilatildeo

da onda sonora no meio urbano

19 ldquoEm certa medidardquo pois existem outros fatores que tambeacutem influenciam a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano mas a discussatildeo sobre a consideraccedilatildeo ou natildeo destes outros fatores seraacute melhor construiacuteda no proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

44

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito alto por elevada densidade de

ocupaccedilatildeo das quadras e por vias estreitas por exemplo tende em tese a ser menos permeaacutevel ao

ruiacutedo dificultando a propagaccedilatildeo sonora para outras aacutereas Tende ainda a criar espaccedilos

reverberantes ou semi-reverberantes com o niacutevel de pressatildeo sonora elevado em praticamente

todos os pontos de reflexatildeo com perdas miacutenimas ateacute a onda sonora alcanccedilar o topo das

edificaccedilotildees e direcionar-se a campo livre Por conseguinte este comportamento tende a propiciar

dependendo ainda da relaccedilatildeo com a fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano indesejaacutevel e

insalubre aos receptores existentes nas edificaccedilotildees daquela via

Jaacute uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito baixo por baixa densidade de

ocupaccedilatildeo das quadras e por vias largas tende teoricamente a ser mais permeaacutevel ao ruiacutedo

facilitando sua propagaccedilatildeo Por outro lado natildeo gera espaccedilos acuacutesticos propiacutecios a muacuteltiplas

reflexotildees fazendo com que a onda sonora encontre mais rapidamente o campo livre facilitando

sua dissipaccedilatildeo e propiciando dependendo ainda da fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano

desejaacutevel aos seus receptores

Deste modo a existecircncia de diferenccedilas e particularidades dos elementos que compotildeem as

distintas formas urbanas proporciona os mais diversificados comportamentos acuacutesticos de

propagaccedilatildeo sonora nos mais diferentes meios urbanos Ou seja do mesmo modo que cidades

bairros e ruas natildeo satildeo iguais entre si tampouco reproduziacuteveis em sua essecircncia o comportamento

acuacutestico tambeacutem natildeo seraacute ao contraacuterio constituiraacute um atributo exclusivo de cada espaccedilo urbano

Mas se para cada espaccedilo urbano existe um comportamento acuacutestico especiacutefico como deveraacute se

comportar a propagaccedilatildeo sonora de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de

modificaccedilotildees em elementos de sua forma urbana Em outras palavras como se comportaraacute a acuacutestica

urbana de um determinado local a partir do processo cronoloacutegico de modificaccedilotildees em sua forma urbana

Nos capiacutetulo que se segue Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas seratildeo apresentadas os percursos

investigativos que foram postos em praacutetica em busca de responder a este questionamento

LISTA DE ILUSTRACcedilOtildeES

Figura 21 ndash Diferentes aspectos quantitativos relacionados a diversificadas formas urbanas p23

Figura 22 ndash Praccedila da Alagoa na cidade portuguesa de Tavira ilustra a dimensatildeo setorial p23

Figura 23 ndash O bairro a escala urbana exemplificada por meio da cidade portuguesa de Tavira p25

Figura 24 ndash A cidadeo territoacuterioa dimensatildeo territorial exemplificada por meio da cidade portuguesa de Tavira p25

Figura 25 ndash Exemplos de diversificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios lotes quarteirotildees e vias em diferentes bairros da cidade do Recife Nesta imagem um recorte do bairro de Boa Viagem p26

Figura 26 ndash Exemplos de diversificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios lotes quarteirotildees e vias em diferentes bairros da cidade do Recife Nesta imagem um recorte do bairro de Satildeo Joseacute que remete agraves origens da cidade entrecortado pela recente Avenida Dantas Barreto p 26

Figura 27 ndash Exemplos de diversificadas concretizaccedilotildees entre os edifiacutecios lotes quarteirotildees e vias em diferentes bairros da cidade do Recife Nesta imagem um recorte de um bairro constituiacutedo essencialmente por morros o Alto do Mandu p26

Figura 28 ndash Os trecircs conjuntos formadores do tecido urbano segundo Panerai (2006) p 28

Figura 29 ndash O adensamento das ilhas do Bairro do Recife e de Santo Antocircnio (imagem) ocorreu tanto pelo preenchimento progressivo desde o inicio da ocupaccedilatildeo da cidade quanto por meio da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees anteriores p30

Figura 210 ndash Interfaces multidisciplinares do estudo do som p 32

Figura 211 ndash Fonte sonora pontual e fonte sonora linear p32

Figura 212 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora pontual de 6 dB para cada dobro da distacircncia p 33

Figura 213 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora linear de 3 dB para cada dobro da distacircncia p 24

Figura 214 ndash Relaccedilatildeo entre o desenvolvimento industrial da sociedade que possibilita o aumento e concentraccedilatildeo de fontes sonoras e seus impactos em relaccedilatildeo ao ruiacutedo nas comunidades apontando trecircs previsotildees futuras de acordo com diferentes accedilotildees possiacuteveis de regulamentaccedilatildeo contra do ruiacutedo p 37

Figura 215 ndash Propagaccedilatildeo sonora em Campo acuacutestico aberto p39

Figura 216 ndash Campo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo p 39

Figura 217 ndash Propagaccedilatildeo sonora em campo acuacutestico fechado causando o fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana p39

Figura 218 ndash Campo acuacutestico fechado em perfl ldquoUrdquo tambeacutem chamado de canyons urbanos p 40

Figura 219 ndash Permeabilidade acuacutestica - percursos da onda sonora gerados em meio urbano p 41

Figura 220 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees em uma quadra permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem p 41

Figura 221 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjugadas em uma quadra pouco permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem p 41

Figura 222 ndash Barreira acuacutestica entre a fonte e o receptor p 41

Figura 223 ndash Difraccedilatildeo da onda sonora a partir de uma barreira gerando uma aacuterea de sombra acuacutestica p 42

Figura 224 ndash Agrave esquerda barreira acuacutestica curva em concreto e acriacutelico na Suiacuteccedila Agrave direita barreira acuacutestica metaacutelica na estrada entre Paacutedua e Veneza na Itaacutelia p 42

Figura 225 ndash Agrave esquerda barreira acuacutestica metaacutelica instalada proacuteximo a Zurique Agrave direita barreira acuacutestica em concreto e acriacutelico tambeacutem na Suiacuteccedila p 42

Figura 226 ndash Barreiras instaladas ao longo de via expressa elevada em aacuterea residencial de Toacutequio Japatildeo p 42

Figura 227 ndash Barreira acuacutestica da Rodovia Bandeirantes no estado de Satildeo Paulo p 42

Figura 228 ndash Rua da Aurora no Bairro da Boa Vista na cidade do Recife configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo p 43

Figura 229 ndash Alguns trechos da Avenida Atlacircntica no Bairro de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro tambeacutem configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo p 43

Figura 31 ndash Relaccedilatildeo das variaacuteveis de pesquisa p 48

Figura 32 - Localizaccedilatildeo geograacutefica do 3deg Jardim de Boa Viagem p 50

Figura 33 - Ocupaccedilatildeo do 3deg Jardim em 1971 com diversos lotes natildeo ocupados e vias ainda natildeo construiacutedas como a Av Eng Domingos ferreira p 50

Figura 34 - Delimitaccedilatildeo da aacuterea de estudo em azul o 3deg Jardim p 52

Figura 35 - Mapa acuacutestico da Universidade Estadual de Campinas com representaccedilatildeo dos niacuteveis sonoros por pontos em gradaccedilatildeo de cores p 53

Figura 36 - Mapa acuacutestico com representaccedilatildeo dos niacuteveis sonoros por linhas da cidade de Goumlteborg Sueacutecia p 53

Figura 37 - Mapa acuacutestico utilizado na reurbanizaccedilatildeo do centro de Seoul Korea p 53

Figura 38 ndash Acima localizaccedilatildeo de estaccedilotildees de monitoramento de ruiacutedo em Taiwan abaixo distribuiccedilatildeo de ruiacutedo em Taiwan no veratildeo nos turnos da manhatilde tarde e noite p 54

Figura 39 - Violaccedilotildees da legislaccedilatildeo de ruiacutedo em Taiwan nos turnos da manhatilde tarde e noite p 54

Figura 310 - Delimitaccedilatildeo da aacuterea em azul do estudo piloto no 3deg Jardim de Boa Viagem p 57

Figura 311 ndash Mapa acuacutestico de parte do 3deg Jardim de Boa Viagem da pesquisa piloto realizada em Maio de 2009 no LAAICA-UFPR p 57

Figura 312 ndash Locaccedilatildeo dos pontos de mediccedilatildeo em azul e malha guia em amarelo p 59

Figura 313 ndash Locaccedilatildeo dos grids verticais em azul seccionando edificaccedilotildees e evitando espaccedilos livres p 63

Figura 41 ndash Avenida Boa Viagem nas proximidades da Praccedila de Boa Viagem no iniacutecio de sua urbanizaccedilatildeo p 65

Figura 42 ndash Avenida Boa Viagem no iniacutecio de sua urbanizaccedilatildeo p65

Figura 43 ndash Vista aeacuterea do bairro de Boa Viagem nos anos 50 p 65

Figura 44 ndash Edifiacutecio Califoacuternia em 1959 construiacutedo no 2deg Jardim de Boa Viagem p 67

Figura 45 ndash Projeto para o loteamento do 1deg 2deg e 3deg Jardim de Boa Viagem com a localizaccedilatildeo em vermelho dos espaccedilos destinados ao uso comunitaacuterio sendo previsto uma igreja e um mercado puacuteblico e em verde os espaccedilos destinados agraves aacutereas verdes p 67

Figura 46 ndash Cartatildeo Postal Edicard do Bairro de Boa Viagem na deacutecada de 70 No alto indica-se o Hotel Boa Viagem e a Praccedila de Boa Viagem mais abaixo a Casa do Navio uma conhecida referecircncia na Avenida Boa Viagem pelos recifenses ateacute sua demoliccedilatildeo p 68

Figura 47 ndash Cartatildeo Postal Edicard da Praia e Avenida Boa Viagem na deacutecada de 70 p 68

Figura 48 ndash Planta baixa do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1971 p 69

Figura 49 ndash Perspectiva esquemaacutetica do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1971 p 69

Figura 410 ndash Perspectiva esquemaacutetica a partir da praia do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1971 p 69

Figura 411 ndash Bairro de Boa Viagem na deacutecada de 70 Acima indica-se o bairro do Pina e o Edifiacutecio Califoacuternia localizado no 2deg Jardim de Boa Viagem No meio a Avenida Domingos Ferreira ainda em terra batida e natildeo finalizada ao encontrar-se com o mangue circundante dos braccedilos do Rio Pina Abaixo o Edifiacutecio Holiday p 70

Figura 412 ndash Planta baixa do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1981 p 70

Figura 413 ndash Perspectiva esquemaacutetica do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1981 p 70

Figura 414 ndash Perspectiva esquemaacutetica a partir da praia do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1981 p 71

Figura 415 ndash Demoliccedilatildeo do Hotel Boa Viagem e em seu lugar estaacute sendo erguido o Ed Maria Acircngela Lucena uma edificaccedilatildeo multifamiliar de gabarito alto com amplo nuacutemero de unidades habitacionais e de pavimentos mais um exemplar dos ldquoarranha ceacuteusrdquo residenciais de Boa Viagem p 71

Figura 416ndash Planta baixa do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1997 p 73

Figura 417 ndash Perspectiva esquemaacutetica do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1997 p 73

Figura 418 ndash Perspectiva esquemaacutetica a partir da praia do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1997 p 73

Figura 419 ndash Os pavimentos destinados agraves garagens dos edifiacutecios residenciais multifamiliares satildeo comumente chamados na construccedilatildeo civil de ldquobandejasrdquo enquanto as torres dos pavimentos tipos satildeo nomeadas de ldquolacircminasrdquo p 74

Figura 420 ndash Planta baixa do 3deg Jardim de Boa Viagem em 2009 p 74

Figura 421 ndash Perspectiva esquemaacutetica do 3deg Jardim de Boa Viagem em 2009 p 74

Figura 422 ndash Perspectiva esquemaacutetica a partir da praia do 3deg Jardim de Boa Viagem em 2009 p 75

Figura 51 ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim em 1971 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash O mapa ilustra a propagaccedilatildeo sonora no iniacutecio da ocupaccedilatildeo do 3deg Jardim p 83

Figura 52 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1971 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 84

Figura 53 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 - O mapa do iniacutecio da ocupaccedilatildeo urbana do 3deg Jardim apresentando um comportamento acuacutestico com caracteriacutesticas predominantes de propagaccedilatildeo sonora em campo livre sem a presenccedila significantes de obstaacuteculos que interfiram em seu percurso possibilitando um contiacutenuo decaimento sonoro em relaccedilatildeo agrave distacircncia como ilustram as setas indicativas em preto p 85

Figura 54 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 - O mapa do iniacutecio da ocupaccedilatildeo urbana do 3deg Jardim mostrando outra secccedilatildeo vertical contendo o mesmo comportamento acuacutestico com caracteriacutesticas predominantes de propagaccedilatildeo sonora em campo livre como ilustram as setas indicativas em preto p 85

Figura 55 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Por menor que seja sua presenccedila algumas edificaccedilotildees pontuais de gabarito meacutedio atuam como barreiras acuacutesticas espontacircneas constituindo obstaacuteculos que interferem na propagaccedilatildeo sonora como ilustram as setas indicativas em preto p 86

Figura 56 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash As edificaccedilotildees que atuam como barreiras acuacutesticas geram o fenocircmeno acuacutestico da difraccedilatildeo que propicia a criaccedilatildeo de aacutereas de sombra acuacutestica onde os niacuteveis de pressatildeo sonora equivalente satildeo mais baixos como ilustram as setas indicativas em preto p 86

Figura 57 ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim em 1981 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Nesta data houve o aumento no nuacutemero de ilhas de sombra e diminuiccedilatildeo do niacutevel de pressatildeo sonora equivalente em relaccedilatildeo a 1971 p 87

Figura 58 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1981 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 88

Figura 59 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash Reduccedilatildeo da quantidade de campos acuacutesticos abertos e aumento no nuacutemero de edificaccedilotildees que atuam enquanto barreiras acuacutesticas favorecendo o aumento do nuacutemero de ilhas de sombra e da diminuiccedilatildeo do niacutevel de pressatildeo sonora equivalente em relaccedilatildeo a 1971 como ilustram as setas indicativas em preto p 89

Figura 510 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 89

Figura 511 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Como ilustram as setas indicativas em preto o princiacutepio da verticalizaccedilatildeo no 3deg Jardim pode ter contribuiacutedo atraveacutes de uma melhor atuaccedilatildeo das novas edificaccedilotildees enquanto barreiras acuacutesticas para o aumento do nuacutemero de ilhas de sombra e da diminuiccedilatildeo do niacutevel de pressatildeo sonora equivalente em relaccedilatildeo a 1971 p 90

Figura 512 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Idem p 90

Figura 513 ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim em 1997 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Em 1997 com um adensamento e verticalizaccedilatildeo ainda maior do que em 1981 houve o aumento tanto do nuacutemero das ilhas de sombra quanto nas sua aacutereas de abrangecircncia acarretando no melhor comportamento acuacutestico observado ateacute entatildeo entre os mapas elaborados p 95

Figura 514 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1997 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 96

Figura 515 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash A edificaccedilotildees propiciam muacuteltiplas reflexotildees a partir de suas fachadas expostas agraves fontes sonoras influenciando na propagaccedilatildeo da onda sonora de modo distinto ao que seria essa propagaccedilatildeo em campo livre conforme indicado nos mapas acuacutesticos p97

Figura 516 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Idem p 97

Figura 517 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 98

Figura 518 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 98

Figura 519 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash As edificaccedilotildees soacute geram muacuteltiplas reflexotildees a partir de suas fachadas expostas agraves fontes sonoras transpondo estas fachadas as edificaccedilotildees passam a atuar enquanto barreiras acuacutesticas para a onda sonora minimizando o ruiacutedo no interior das quadras como indica-se no mapa acuacutestico p 99

Figura 520 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Idem p 99

Figura 521 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 100

Figura 522 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 100

Figura 523 ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim em 2009 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Em 2009 o adensamento das quadras diminuiu consideravelmente a presenccedila de ilhas de sombra acuacutestica p101

Figura 524 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem em 2009 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 102

Figura 525 e 526 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash As ilhas de sombra em 1997 favoreciam as residecircncias unifamiliares e multifamiliares de gabarito baixo existentes que se situavam em seus interiores Em 2009 estas ilhas foram praticamente suprimidas pela presenccedila de pavimentos destinados as garagens das novas edificaccedilotildees verticais de gabarito alto como ilustram as setas em preto p103

Figura 527 e 528 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash Idem p 103

Figura 529 e 530 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash O contorno preto ilustra a modificaccedilatildeo da propagaccedilatildeo das ondas sonoras a partir da influecircncia do aumento da densidade das quadras e verticalizaccedilatildeo das edificaccedilotildees Em 1971 a caracteriacutestica predominante assemelha-se a propagaccedilatildeo em campo livre Jaacute em 1981 percebem-se irregularidades no contorno devido a reflexotildees da onda sonora nas edificaccedilotildees p 104

Figura 531 e 532 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash 1997 apresentou o melhor comportamento acuacutestico entre os mapas elaborados Nesta data as edificaccedilotildees atuaram mais enquanto barreiras acuacutesticas do que como objetos reflexivos da onda sonora Jaacute em 2009 o aumento do adensamento e da verticalizaccedilatildeo possibilitou o excesso de muacuteltiplas reflexotildees nas fachadas das edificaccedilotildees como delineia o contorno extremamente irregular da propagaccedilatildeo sonora ilustrado na imagem abaixo p 104

Figura 533 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Apesar de proporcionar um aumento no niacutevel de pressatildeo sonora equivalente em 2009 o adensamento e verticalizaccedilatildeo das edificaccedilotildees tambeacutem trouxeram benefiacutecios pontuais na praccedila Walt Disney como ilustram as imagens as edificaccedilotildees atuaram como barreiras acuacutesticas reduzindo em relaccedilatildeo a 1997 o niacutevel de pressatildeo sonora equivalente que atinge as edificaccedilotildees de seu entorno Contudo p 105

Figura 534 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash as fachadas voltadas para esta reduccedilatildeo de niacutevel de pressatildeo sonora equivalente satildeo fachadas de serviccedilo pouco aproveitando esta reduccedilatildeo p 105

Figura 535ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim na situaccedilatildeo hipoteacutetica futura e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash A situaccedilatildeo hipoteacutetica futura apresenta quadras muito mais adensadas do que nos anos anteriores reduzindo ainda mais a presenccedila de ilhas de sombra O pavimento representado no mapa eacute o destinado agraves garagens que ocupam praticamente todo o lote p 110

Figura 536 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem na situaccedilatildeo hipoteacutetica futura e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 111

Figura 537 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash A transformaccedilatildeo da forma urbana tanto na situaccedilatildeo hipoteacutetica como ilustram as imagens quanto em 2009 quando esteve associada ao adensamento e a verticalizaccedilatildeo intensificou os fenocircmenos acuacutesticos ocorridos no meio urbano do 3deg Jardim de Boa Viagem p 112

Figura 538 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 112

Figura 539 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Idem p 113

Figura 540 ndash Plantas Baixas ndash A situaccedilatildeo hipoteacutetica futura seguida de perto pelo mapa de 2009 apresentou o pior comportamento acuacutestico do 3deg Jardim e o mapa de 1997 apresentou o melhor entre os mapas elaborados nesta pesquisa conforme ilustra a siacutentese abaixo p 113

Figura 541 ndash Graacutefico da performance acuacutestica considerando o ano x o niacutevel de pressatildeo sonora equivalente (Leq) ndash O Graacutefico apresenta as variaccedilotildees de niacuteveis de pressatildeo sonora de alguns pontos escolhidos aleatoriamente nos mapas acuacutesticos elaborados (Figura 541) Em 1997 as quedas das curvas de variaccedilatildeo do graacutefico corroboram a tendecircncia desta data ter apresentado o mapa acuacutestico com o melhor comportameno acuacutestico entre os mapas elaborados por esta pesquisa p 114

Figura 542 ndash Locaccedilatildeo dos pontos utilizados para elaboraccedilatildeo do graacutefico de performance acuacutestica p 114

Figura 543 ndash Graacutefico comparativo de niacuteveis de emissatildeo sonora permitidos ndash O graacutefico apresenta uma comparaccedilatildeo entre os niacuteveis de emissatildeo sonora permitidos em alguns paiacuteses entre a WHO ISO e ABNT e entre a Lei do silecircncio e o coacutedigo do Meio Ambiente e Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife O graacutefico evidencia que a cidade do Recife e o estado de Pernambuco praticam niacuteveis muito acima do recomendado por outras entidades normativas p 121

Figura 544 ndash Planta Baixa ndash Mapa acuacutestico simulando uma situaccedilatildeo onde o fluxo de veiacuteculos seja o dobro do encontrado atualmente no 3deg Jardim de Boa Viagem (2009) apresentando altos niacuteveis de poluiccedilatildeo sonora p 122

Figura 545 a 548 ndash Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Idem p 122

Figura 549 ndash Planta Baixa ndash Mapa acuacutestico simulando uma situaccedilatildeo onde seja implantado rodiacutezio de veiacuteculos com uma reduccedilatildeo de 30 do valor total do fluxo de veiacuteculos atualmente encontrado no 3deg Jardim de Boa Viagem (2009) p 123

Figura 550 a 553 ndash Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Idem p 123

Figura 554 ndash Planta Baixa ndash Mapa acuacutestico simulando uma situaccedilatildeo onde seja implantado aleacutem do rodiacutezio de veiacuteculos com reduccedilatildeo de 30 no fluxo atual de veiacuteculos um corredor de transporte puacuteblico na Av Domingos Ferreira e restriccedilatildeo de traacutefego de veiacuteculos pesados apenas nesta via p 124

Figura 555 a 558 ndash Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Idem p 124

LISTA DE TABELAS

Tabela 21 ndash Os niacuteveis de pressatildeo sonora e suas consequumlecircncias fisioloacutegicas no homem Em alguns casos podem a intensidade das reaccedilotildees fisioloacutegicas podem variar dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora p 35

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO

2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

21 A Forma Urbana e seus Elementos Componentes____________

22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais_____________

3 CONSIDERACcedilOtildeES METODOLOacuteGICAS

31 3deg Jardim de Boa Viagem enquanto Estudo de Caso_________

32 Mapeamento Acuacutestico enquanto Instrumento de Pesquisa_

33 Procedimentos Metodoloacutegicos__________________________________

331 1deg Etapa Pesquisa Documental Primaacuteria e Secundaacuteria _____

332 2deg Etapa Pesquisa Piloto_____________________________________

333 3deg Etapa Estudo de Campo__________________________________

334 4deg Etapa mapeamento acuacutestico_____________________________

4 TRANSFORMACcedilOtildeES DO 3deg JARDIM E SUA RELACcedilAtildeO COM

O PROCESSO DE OCUPACcedilAtildeO DO BAIRRO DE BOA

VIAGEM

5 COMPORTAMENTO ACUacuteSTICO DO 3degJARDIM DE BOA

VIAGEM

51 Comportamento Acuacutestico do 3deg Jardim de Boa Viagem a

partir das Modificaccedilotildees Cronoloacutegicas em sua Forma

Urbana______________________________________________________________

52 Comportamento Acuacutestico do 3deg Jardim de Boa Viagem em

relaccedilatildeo ao Coacutedigo do Meio Ambiente e Equiliacutebrio Ecoloacutegico

do Recife agrave ldquoLei do Silecircnciordquo e a outras Entidades

Normativas_________________________________________________________

53 Ausecircncia de Accedilotildees versus Presenccedila de Accedilotildees em Busca

de um Melhor Comportamento Acuacutestico para o 3deg Jardim

de Boa Viagem____________________________________________________

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

7 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

128

134

115

107

81

80

65

60

59

56

55

55

52

49

46

31

22

22

17

CAPIacuteTULO 1

A pesquisa eacute talvez a arte de se criar dificuldades fecundas e de criaacute-las para os

outros Nos lugares onde havia coisas simples faz-se aparecer problemas

Pierre Bourdieu

____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO

17

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

1 INTRODUCcedilAtildeO

Um grito estridente lanccedilado em um meio urbano envolto nos ldquomais modernosrdquo e descomunais

arranha-ceacuteus desconfortavelmente ouvido nos mais remotos pavimentos de um deles foi agrave

centelha motivadora para as ideacuteias e discussotildees que permeiam esta pesquisa Este grito mal

recebido pelo receptor pode ser considerado uma das diversas formas da profusatildeo de ruiacutedos que

cada vez mais se tornam elementos onipresentes da vida contemporacircnea

Tal profusatildeo de ruiacutedos atualmente encontrados nos centros urbanos estaacute intimamente vinculada

ao crescimento acelerado das cidades que possibilitaram o aumento e uma maior concentraccedilatildeo da

populaccedilatildeo urbana acarretando em raacutepidas transformaccedilotildees no meio de propagaccedilatildeo do ruiacutedo

urbano aleacutem do aumento e uma maior concentraccedilatildeo dos diversos tipos de fontes sonoras que o

geram

Embora esteja estreitamente relacionado ao raacutepido desenvolvimento das cidades o ruiacutedo urbano

natildeo deve ser considerado como uma consequumlecircncia incidental da accedilatildeo humana em busca de

progresso e por isso inevitaacutevel tampouco toleraacutevel Ao contraacuterio deve ser entendido como uma

das consequumlecircncias prejudiciais deste desenvolvimento que pode causar diversos males fisioloacutegicos

e psicoloacutegicos ao citadino e assim sendo deve ser veementemente prevenido e mitigado

A fim de encontrar maneiras que possibilitem sua prevenccedilatildeo e mitigaccedilatildeo o ruiacutedo urbano pode

ser entendido como um sistema composto essencialmente pela fonte sonora ndash meio de propagaccedilatildeo ndash

receptor Dentre estas trecircs partes componentes do sistema o meio de propagaccedilatildeo pode ser

considerado como um dos menos investigados e onde as accedilotildees contra o ruiacutedo satildeo menos

concentradas (SINGAL 2005)

Esta inobservacircncia da importacircncia do meio urbano enquanto percurso de propagaccedilatildeo sonora

pode estar vinculada agrave dificuldade de intervir em meios de propagaccedilatildeo consolidados como satildeo

fundamentalmente os grandes centros urbanos Daiacute a relevacircncia em compreender a acuacutestica

urbana a partir de seu meio propagador pois uma vez consolidado o meio raras satildeo as

intervenccedilotildees possiacuteveis para minimizar o ruiacutedo urbano a partir desta parte componente do sistema

fonte ndash meio ndash receptor restando essencialmente accedilotildees preventivas

____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO

18

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Outro fator que evidencia o grande valor em compreender a acuacutestica urbana a partir de seu meio

de propagaccedilatildeo eacute o potencial que o meio urbano possui em influenciar a trajetoacuteria da propagaccedilatildeo

sonora Esta influecircncia acontece atraveacutes da forma que este meio apresenta ou seja a forma urbana

atraveacutes de seus elementos componentes e enquanto percurso de transmissatildeo delineia influencia e

determina em certa medida a trajetoacuteria de propagaccedilatildeo da onda sonora

Assim sendo a interaccedilatildeo entre os diversos elementos que compotildeem a forma urbana - o traccedilado e

perfis das vias o modo de implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as proporccedilotildees

densidade e maneira de ocupaccedilatildeo das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres ndash

contribui determinantemente para caracterizaccedilatildeo da propagaccedilatildeo sonora no meio urbano atraveacutes

de muacuteltiplas reflexotildees do espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave fonte geradora de

campos sonoros reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de aacutereas de sombra

Esta interaccedilatildeo entre os elementos da forma urbana e a propagaccedilatildeo sonora ocorre a partir da

diversidade e singularidade existente nos variados meios urbanos igualmente proporcionando os

mais particulares comportamentos acuacutesticos Isto eacute para cada meio urbano existem caracteriacutesticas

particulares inerentes agrave sua forma urbana que geram um comportamento acuacutestico igualmente

especiacutefico exclusivo e vinculado a esta forma urbana

Apesar deste atrelamento entre a acuacutestica urbana e a forma urbana esta relaccedilatildeo natildeo eacute

suficientemente pesquisada e quando eacute satildeo enfocadas prioritariamente situaccedilotildees presentes de

comportamento acuacutestico eou no maacuteximo hipoacuteteses futuras tambeacutem chamadas de prediccedilatildeo

acuacutestica Aleacutem disso natildeo foram encontradas referecircncias ateacute o presente momento de investigaccedilotildees

que priorizem a apreciaccedilatildeo da acuacutestica urbana e sua relaccedilatildeo com as modificaccedilotildees ao longo do tempo da

forma urbana

Isto posto considerando esta ausecircncia de pesquisas e considerando que para cada espaccedilo urbano

existe um comportamento de propagaccedilatildeo sonora especiacutefico o presente estudo se propocircs a

investigar o comportamento acuacutestico de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de

modificaccedilotildees em sua forma urbana

Para isso admitiu-se que a propagaccedilatildeo de uma mesma fonte sonora em um mesmo espaccedilo urbano

que tenha sofrido ao longo de um processo cronoloacutegico modificaccedilotildees em sua forma urbana

implicaria em diferentes comportamentos em sua acuacutestica urbana para as diferentes datas deste

processo Esta suposiccedilatildeo possibilitou a anaacutelise do comportamento acuacutestico atraveacutes das

____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO

19

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

modificaccedilotildees cronoloacutegicas da forma urbana a partir da articulaccedilatildeo de trecircs variaacuteveis - a fonte sonora

a forma urbana e a acuacutestica urbana Estas variaacuteveis foram consideradas tendo o estudo de caso

enquanto estrateacutegia de pesquisa

O caso escolhido para esta investigaccedilatildeo foi o loteamento 3deg Jardim de Boa Viagem tanto por

representar uma parcela bem delimitada das raacutepidas e recentes transformaccedilotildees ocorridas na

forma urbana do bairro de Boa Viagem quanto por permitir ilustrar o comportamento acuacutestico

em um encadeamento evolutivo do iniacutecio de sua ocupaccedilatildeo recente ateacute os dias atuais

Para compor tal encadeamento evolutivo foram selecionados os anos de 1971 data escolhida por

caracterizar o princiacutepio da ocupaccedilatildeo do 3deg Jardim 1981 e 1997 por representarem datas de

registro de fotografias aeacutereas do bairro de Boa Viagem existentes na base de dados da

CONDEPE-FIDEM Agecircncia Estadual de Planejamento e Pesquisas de Pernambuco 2009 por

representar a realidade atualmente encontrada no 3deg Jardim e uma simulaccedilatildeo de situaccedilatildeo

hipoteacutetica futura de modificaccedilatildeo na forma urbana

Isto posto com o intuito de analisar o comportamento da acuacutestica urbana do 3deg Jardim de Boa

Viagem a partir de modificaccedilotildees cronoloacutegicas em sua forma urbana foram executados os

seguintes objetivos especiacuteficos (I) identificar as caracteriacutesticas configuraccedilotildees e transformaccedilotildees da

forma urbana ocorridas no 3deg Jardim de Boa Viagem nos anos de 1971 1981 1997 e 2009 a

partir de seu processo de ocupaccedilatildeo (II) elaborar mapas acuacutesticos dos niacuteveis atuais (2009) de

pressatildeo sonora equivalente do 3deg Jardim (III) elaborar mapas acuacutesticos do 3deg Jardim nos anos de

1971 1981 1997 e de situaccedilatildeo hipoteacutetica futura a partir da consideraccedilatildeo dos niacuteveis atuais (2009)

de pressatildeo sonora equivalente do 3deg Jardim

Em busca de expor sistematicamente seu desenvolvimento a presente investigaccedilatildeo foi

estruturada do seguinte modo

O presente capiacutetulo 1 introduz e antecipa brevemente a discussatildeo que seraacute realizada ao longo

desta pesquisa

O capiacutetulo 2 aborda dois aspectos principais O primeiro deles desenvolve o conceito de forma

urbana e seus elementos componentes a partir dos autores Joseacute Lamas (2004) Philippe Panerai

(2006) e Vicente Del Rio (1990) Busca elucidar que a apreensatildeo da forma urbana eacute complexa e

envolve diversificadas abordagens e enfoques sociais econocircmicos histoacutericos e culturais para

entatildeo indicar que a presente pesquisa lanccedilaraacute um olhar para a forma urbana essencialmente a

____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO

20

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

partir de seu aspecto fiacutesico e material recorte necessaacuterio para a anaacutelise do comportamento

acuacutestico urbano

O segundo aspecto abordado no capiacutetulo 2 diz respeito agrave definiccedilatildeo teoacuterica do conceito da

acuacutestica urbana e de suas diversificadas implicaccedilotildees e interfaces quando o som eacute propagado em

meio urbano Busca evidenciar os fenocircmenos que ocorrem a partir da interaccedilatildeo entre a forma

urbana e a acuacutestica urbana indicando que a influecircncia da forma urbana eacute determinante para o

comportamento da acuacutestica urbana

O capiacutetulo 3 eacute dedicado ao percurso investigativo desta pesquisa evidenciando sua metodologia e

procedimentos metodoloacutegicos apresentando o 3deg Jardim enquanto estudo de caso o

mapeamento acuacutestico enquanto instrumento de pesquisa e detalhando as etapas operacionais

deste estudo Este capiacutetulo evidencia ainda o processo de elaboraccedilatildeo dos modelos e mapas

acuacutesticos da forma urbana existente no 3deg Jardim em cada uma das datas estudadas aleacutem da

situaccedilatildeo hipoteacutetica futura e discute o software Predictor utilizado para este mapeamento

O capiacutetulo 4 diz respeito ao processo de ocupaccedilatildeo do bairro de Boa Viagem e sua relaccedilatildeo com as

transformaccedilotildees urbanas ocorridas no 3deg Jardim Busca-se identificar as caracteriacutesticas

configuraccedilotildees e transformaccedilotildees ocorridas na forma urbana do 3deg Jardim que possibilitem o

entendimento cronoloacutegico destas modificaccedilotildees dando suporte a elaboraccedilatildeo e anaacutelise dos mapas

acuacutesticos

O capiacutetulo 5 analisa o comportamento da acuacutestica urbana identificado nos mapas acuacutesticos

elaborados do 3deg Jardim a partir das modificaccedilotildees ocorridas em sua forma urbana nos anos de

1971 1981 1997 e 2009 aleacutem de uma situaccedilatildeo hipoteacutetica futura (prediccedilatildeo acuacutestica) Neste capiacutetulo

discute-se ainda o comportamento do 3deg Jardim em relaccedilatildeo agrave legislaccedilatildeo municipal que regula as

emissotildees sonoras na cidade do Recife e no estado de Pernambuco e sua relaccedilatildeo com os niacuteveis

recomendados por outras entidades normativas e indica-se possiacuteveis accedilotildees para melhoria no

comportamento acuacutestico do 3deg Jardim bem como as possiacuteveis consequumlecircncias acuacutesticas da

ausecircncia de tais accedilotildees

Por fim no capiacutetulo 6 satildeo apresentadas as consideraccedilotildees finais acerca do comportamento acuacutestico

do 3deg Jardim e satildeo indicados novos rumos de pesquisa a respeito da acuacutestica urbana

CAPIacuteTULO 2

A arquitetura eacute uma muacutesica petrificada

Arthur Schopenhauer

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

22

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

Analisar o comportamento da acuacutestica urbana ainda que a partir das modificaccedilotildees da forma

urbana faz com que esta pesquisa trate essencialmente da acuacutestica urbana No entanto este

comportamento esta sujeito aos diversificados modos de apreensatildeo da forma urbana e de seus

elementos componentes bem como ao modo como esta pesquisa os consideraraacute

Assim sendo o primeiro item deste capiacutetulo expotildee o conceito de forma urbana e de algumas de

suas relaccedilotildees discutido agrave luz de LAMAS (2004) de PANERAI (2006) e DEL RIO (1990)

indicando em seguida o que esta pesquisa consideraraacute como forma urbana

Certamente discussatildeo em torno da produccedilatildeo de outros autores poderia ser elaborada No

entanto o primeiro item deste capiacutetulo natildeo pretende representar uma revisatildeo bibliograacutefica acerca

do estudo da forma urbana e suas relaccedilotildees pretende sim construir uma discussatildeo em torno dos

trecircs autores selecionados que culmine no conceito de forma urbana que seraacute considerado por esta

pesquisa para possibilitar olhar para suas modificaccedilotildees cronoloacutegicas a fim de compreender o

comportamento da acuacutestica urbana

Apoacutes este delineamento no segundo item deste capiacutetulo discute-se a acuacutestica urbana e suas

relaccedilotildees conceituais com os diversos elementos e implicaccedilotildees da propagaccedilatildeo sonora em meio

urbano e como eles relacionam-se influenciando em seu comportamento

21 A Forma Urbana e seus Elementos Componentes

Segundo LAMAS (2004) estudar a forma urbana compreende examinar as configuraccedilotildees e as

estruturas exteriores de determinados objetos de suas formas interligando-as com os fenocircmenos

que lhes deram origem Assim sendo a forma urbana pode ser definida como sendo o

[] modo como se organizam os elementos morfoloacutegicos que constituem e definem o espaccedilo urbano relativamente agrave materializaccedilatildeo dos aspectos de

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

23

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 21 ndash Diferentes aspectos quantitativos relacionados a diversificadas formas urbanas Fonte LAMAS 2004

organizaccedilatildeo funcional e quantitativa e dos aspectos qualitativos e figurativos (LAMAS 2004 p 44) 1

Dentre estes aspectos os quantitativos satildeo agravequeles da realidade urbana que podem ser

quantificaacuteveis tais como densidades superfiacutecies fluxos coeficientes volumeacutetricos entre outros

(Figura 21) os de organizaccedilatildeo funcional satildeo agravequeles que se relacionam com as atividades

humanas tais como habitar e trabalhar e agravequeles relacionados ao modo de uso especiacutefico de uma

aacuterea ndash residencial comercial industrial entre outros os qualitativos referem-se ao tratamento dos

espaccedilos ao conforto e a comodidade do utilizador tais como adaptaccedilatildeo ao clima acessibilidade

estado da pavimentaccedilatildeo entre outros por fim os aspectos figurativos dizem respeito a

essencialmente a comunicaccedilatildeo esteacutetica (LAMAS 2004)

Pode-se considerar que ao olhar para forma urbana e em especiacutefico para suas modificaccedilotildees

cronoloacutegicas com o intuito de compreender o comportamento da acuacutestica urbana esta pesquisa

relaciona-se tanto aos aspectos qualitativos a partir do conforto acuacutestico dos receptores das

ondas sonoras em meio urbano quanto aos

aspectos quantitativos uma vez que este

comportamento acuacutestico em meio urbano eacute

quantificaacutevel em decibels (dB)

Embora estes aspectos envolvam grande parte

das singularidades inerentes a forma urbana

esta definiccedilatildeo parece ainda natildeo abarcar outras

particularidades sociais econocircmicas histoacutericas

e culturais igualmente envolvidas no

entendimento da concepccedilatildeo da forma urbana

isto eacute resta ainda a consideraccedilatildeo de que esta

forma urbana natildeo acontece

independentemente dos grupos sociais que a

produzem (PANERAI 2006)

Satildeo essencialmente estas particularidades que

impulsionam ou amortecem a transformaccedilatildeo

1 Para todas as citaccedilotildees deste autor natildeo seratildeo consideradas adaptaccedilotildees na liacutengua do paiacutes de origem - Portugal - permanecendo o texto original

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

24

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

dos elementos que compotildeem a forma urbana ndash a adiccedilatildeo de novos de traccedilados a um jaacute existente

ou sua superposiccedilatildeo seus conflitos o parcelamento de parques e ocupaccedilatildeo de espaccedilos livres a

renovaccedilatildeo da massa edificada seu lento adensamento e verticalizaccedilatildeo segundo uma especulaccedilatildeo

despretensiosa ou sua substituiccedilatildeo por vastos empreendimentos sob influecircncia de uma

especulaccedilatildeo bem mais expressiva (PANERAI 2006) isto eacute faz parte da apreensatildeo da forma

urbana uma complexidade que envolve um processo de acumulaccedilatildeo de enfoques e observaccedilotildees

sociais econocircmicas histoacutericas e culturais que englobam muito mais do que apenas sua forma

fiacutesica

Estas particularidades especialmente as sociais parecem um pouco mais delineadas nas

consideraccedilotildees feitas por DEL RIO (1990) que considera o espaccedilo urbano a partir da apropriaccedilatildeo

social que se faz dele estabelecendo que em relaccedilatildeo ao estudo da forma urbana a cidade pode

ser compreendida a partir de trecircs niacuteveis organizacionais o coletivo o comunitaacuterio e o individual

O niacutevel coletivo eacute regido sob uma loacutegica estruturadora percebida inconscientemente e

coletivamente e eacute composto pelos elementos2 do tecido que possuem uma permanecircncia maior ao

longo do tempo o niacutevel comunitaacuterio diz respeito aos elementos com significados especiais apenas

para um pequeno grupo da populaccedilatildeo como o bairro por exemplo jaacute o niacutevel individual expressa

significados individuais como a residecircncia e seu espaccedilo circundante e por seu caraacuteter individual eacute

o que apresenta maior rapidez nas modificaccedilotildees (DEL RIO 1990)

Mas LAMAS (2004) ao defender sua definiccedilatildeo para forma urbana natildeo soacute possuiacutea ciecircncia destas

outras particularidades explicitadas por PANERAI (2006) e DEL RIO (1990) ndash sociais

econocircmicas histoacutericas e culturais ndash envolvidas na concepccedilatildeo de forma urbana como optou em

natildeo apreciaacute-las

[] um primeiro grau de leitura da cidade eacute eminentemente fiacutesico-espacial e morfoloacutegico portanto especiacutefico da arquitectura e o uacutenico que permite evidenciar a diferenccedila entre este e outro espaccedilo entre esta e aquela forma e explicar as caracteriacutesticas de cada parte da cidade A estes se juntam outros niacuteveis de leitura que revelam diferentes conteuacutedos (histoacutericos econoacutemicos sociais e outros) Mas este conjunto de leituras soacute eacute possiacutevel porque a cidade existe como facto fiacutesico e material Todos os instrumentos de leitura lecircem o mesmo objecto ndash o espaccedilo fiacutesico a FORMA URBANA (LAMAS 2004 p 31 grifo do autor) Eacute fundamentalmente a dimensatildeo fiacutesica e morfoloacutegica da cidade que me preocupa [] (LAMAS 2004 p 31)

2 Estes elementos seratildeo discutidos em paraacutegrafos mais adiante

____________________________________________

ANAacuteLISE D

Na verdade esta opccedilatildeo em

urbana considerando-a essen

de seu aspecto fiacutesico e m

convenientemente ao obje

presente pesquisa analisar

da acuacutestica urbana a partir

cronoloacutegicas na forma urba

esta anaacutelise do compor

implica em uma apropriaccedil

fiacutesica e material destas modif

Certamente a busca pela ap

urbana envolve muito

simplesmente sua forma

como jaacute aclarado No entan

da anaacutelise proposta por

apreensatildeo em totalid

fundamentalmente necessaacuter

apropriaccedilatildeo da forma urban

material ou uma variaacutevel fiacutes

finalidade derradeira de

comportamento acuacutestico

modificaccedilotildees nesta forma

Ao entender a observaccedilatildeo

essencialmente em seu aspec

(2004) propocircs uma classifica

dimensotildees

bull A dimensatildeo setorial

refere-se agrave menor u

do espaccedilo urbano co

uma praccedila ou uma

ponto o observador

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 24 ndash A cidadeo texemplificada por meio da cidadLAMAS 2004

Figura 23 ndash O bairro a escala ucidade portuguesa de Tavira Fonte

Figura 22 ndash Praccedila da Alagoa na ca dimensatildeo setorial Fonte LAMA

em observar a forma

sencialmente a partir

material responde

bjetivo primeiro da

ar o comportamento

rtir de modificaccedilotildees

rbana uma vez que

ortamento acuacutestico

riaccedilatildeo genuinamente

dificaccedilotildees

apreensatildeo da forma

o mais do que

a fiacutesica e material

tanto para realizaccedilatildeo

or este estudo tal

alidade natildeo eacute

saacuteria o que torna a

bana quase um meio

l fiacutesica para atingir a

e compreensatildeo do

a partir de

atildeo da forma urbana

pecto fiacutesico LAMAS

icaccedilatildeo em escalas ou

ndash a escala da rua

r unidade ou porccedilatildeo

como por exemplo

a rua onde de um

dor pode abarcar a

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

25

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

territoacuterioa dimensatildeo territorial dade portuguesa de Tavira Fonte

a urbana exemplificada por meio da nte LAMAS 2004

na cidade portuguesa de Tavira ilustra MAS 2004

____________________________________________

ANAacuteLISE D

unidade espacial d

(Figura 22)

bull A dimensatildeo urbana ndash

corresponde agraves pa

identificaacuteveis como

exemplo onde a

elementos da forma

atraveacutes do movime

percursos (Figura 23

bull E por fim a dimensatildeo

da cidade diz respeito

diferentes formas

articulaccedilatildeo de bai

entre si Sua forma

distribuiccedilatildeo de eleme

das cidades em con

suporte geograacutefico d

a articulaccedilatildeo de

circulaccedilatildeo entre os

entre zonas habitacio

entre outras (Figura 2

Dentre estas dimensotildees a u

bairro desperta particular

pesquisa uma vez que o e

limites de observaccedilatildeo atraveacute

de movimentos poderaacute aba

significante de modificaccedilotildee

forma urbana de determina

compreender o comport

acuacutestica urbana

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 25 ndash Exemplos de diversiflotes quarteirotildees e vias em difereNesta imagem um recorte do CONDEPE-FIDEM 1981

Figura 26 ndash Exemplos de diversiflotes quarteirotildees e vias em difereNesta imagem um recorte do baorigens da cidade entrecortadoBarreto Fonte CONDEPE-FIDE

Figura 27 ndash Exemplos de diveredifiacutecios lotes quarteirotildees e vias eRecife Nesta imagem um recessencialmente por morros o AltoFIDEM 1981

de seu conjunto

ndash a escala do bairro

partes homogecircneas

mo os bairros por

a observaccedilatildeo dos

a urbana eacute realizada

imento e de vaacuterios

23)

nsatildeo territorial ndash a escala

eito agrave articulaccedilatildeo de

as urbanas da

bairros interligados

ma eacute definida pela

mentos estruturantes

onformidade com o

o do siacutetio tais como

e ruas e vias de

s diferentes bairros

cionais e comerciais

a 24)

a urbana ndash escala do

lar interesse desta

o entendimento dos

veacutes de certo nuacutemero

barcar uma amostra

otildees cronoloacutegicas na

inado local a fim de

ortamento de sua

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

26

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

rsificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios erentes bairros da cidade do Recife o bairro de Boa Viagem Fonte

rsificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios erentes bairros da cidade do Recife bairro de Satildeo Joseacute que remete agraves do pela recente Avenida Dantas DEM 1981

versificadas concretizaccedilotildees entre os em diferentes bairros da cidade do

recorte de um bairro constituiacutedo lto do Mandu Fonte CONDEPE-

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

27

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

No entanto para apreender tal dimensatildeo devem-se conhecer e estabelecer quais elementos

miacutenimos da forma urbana que se relaciona com esta a dimensatildeo urbana e quais satildeo estes

elementos LAMAS (2004) propocircs onze elementos da forma urbana necessaacuterios para esta

apreensatildeo o solo (I) o edifiacutecio (II) o lote (III) o logradouro (IV) o quarteiratildeo (V) o traccediladoa

rua(VI) a praccedila (VII) a fachada (VIII) o monumento (IX) a vegetaccedilatildeo (X) e o mobiliaacuterio

urbano (XI) Dentre estes elementos seis possuem uma estreita relaccedilatildeo com esta pesquisa e

seratildeo expostos de acordo com consideraccedilotildees observadas por LAMAS 3 (2004) (Figuras 25 a 27)

O edifiacutecio representa o elemento miacutenimo identificaacutevel na observaccedilatildeo da forma urbana eacute atraveacutes

dele que se constitui o espaccedilo urbano e se organizam diferentes elementos tais como ruas praccedilas

avenidas entre outros Os edifiacutecios agrupam-se em diferentes tipos tanto em relaccedilatildeo a suas

formas quanto a suas funccedilotildees Estes elementos podem influenciar o comportamento da acuacutestica

urbana atuando enquanto objetos reflexivos da onda sonora e como barreiras acuacutesticas4

O lote representa o princiacutepio da relaccedilatildeo do edifiacutecio com o terreno A forma do lote eacute muitas

vezes condicionante da forma do edifiacutecio tornando-os vinculados por essecircncia o logradouro diz

respeito ao espaccedilo livres e natildeo construiacutedos no interior do lote aos quintais e jardins o quarteiratildeo

ou quadra pode ser considerado como o espaccedilo resultante entre o cruzamento de trecircs ou mais

vias podendo ser demarcado em vaacuterios lotes para a construccedilatildeo de edifiacutecios Juntos estes trecircs

elementos associados aos edifiacutecios podem propiciar uma maior ou menor permeabilidade

acuacutestica eou uma maior ou menor presenccedila de aacutereas de sombra no meio urbano

O traccedilado por meio das ruas ou vias eacute facilmente identificaacutevel no meio urbano Estaacute muitas vezes

condicionado ao siacutetio geograacutefico existente regula a disposiccedilatildeo dos edifiacutecios e quarteirotildees e

interliga os vaacuterios espaccedilos componentes da cidade e a cidade ao territoacuterio Normalmente o

traccedilado resiste agraves transformaccedilotildees na forma urbana por possuir um caraacuteter de permanecircncia natildeo

totalmente modificaacutevel O traccedilado engloba trajetoacuterias e caminhos que natildeo satildeo necessariamente

percorridos atraveacutes de automoacuteveis apesar disso estaacute em grande parte vinculado a uma das

principais fontes geradoras de ruiacutedo urbano ndash o traacutefego de veiacuteculos

3 Os outros elementos tambeacutem podem relacionar-se de diferentes maneiras com a acuacutestica urbana mas nem tanto com a presente pesquisa e por isso natildeo foram considerados 4 Todas as definiccedilotildees e conceitos acuacutesticos apresentados no presente item seratildeo elucidados no item seguinte 22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 28 ndash Os trecircs conjuntos formadores do tecido urbano segundo Panerai (2006) Fonte PANERAI 2006

A praccedila eacute um espaccedilo de geometria variada

intencionalmente inserido no meio urbano

cuja relaccedilatildeo com o traccedilado e os edifiacutecios

tambeacutem eacute intencional evidenciada atraveacutes do

seu desenho e natildeo acidentais como

alargamento e confluecircncias do traccedilado Aleacutem

disso a praccedila eacute um lugar de encontro de

permanecircncia e de praacuteticas sociais

Acusticamente dependendo de suas

proporccedilotildees a propagaccedilatildeo sonora que envolve

uma praccedila pode apresentar um

comportamento que se assemelha a

propagaccedilatildeo sonora em campo livre

Estes elementos constituintes da forma urbana

conceituados por LAMAS (2004) podem ser

identificados sob um diferente invoacutelucro

conceitual mas com a mesma essecircncia no que

PANERAI (2006) definiu como sendo

conjuntos do tecido urbano

Aplicado agrave cidade o termo ldquotecidordquo evoca a continuidade e a renovaccedilatildeo a permanecircncia e a variaccedilatildeo Ele explica a constituiccedilatildeo das cidades antigas e responde as questotildees levantadas pelo estudo das urbanizaccedilotildees recentes Ele pressupotildee uma atenccedilatildeo tanto ao banal quanto ao excepcional tanto agraves ruas comuns e agraves edificaccedilotildees corriqueiras quanto agraves regulamentaccedilotildees e aos monumentos Dentre as muacuteltiplas definiccedilotildees de tecido urbano e sem desprezar suas qualidades escolhemos a mais simples O tecido urbano eacute constituiacutedo pela superposiccedilatildeo ou imbricaccedilatildeo de trecircs conjuntos a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees Essa definiccedilatildeo potildee em evidecircncia os elementos que permitem que as diferentes partes da cidade evoluam ao mesmo tempo em que satildeo mantidas a coesatildeo de conjunto e a clareza de sua estrutura (PANERAI 2006 p 77-78 grifo nosso) (Figura 28)

Ao contraacuterio de LAMAS (2004) que considera a praccedila como um elemento da forma urbana por

si soacute PANERAI (2006) discute as vias ou traccedilado inseridas em uma relaccedilatildeo em rede onde

tambeacutem satildeo considerados como partes constituintes os largos passeios praccedilas esplanadas cais

pontes rios canais margens praias todos compondo o espaccedilo puacuteblico Eacute atraveacutes desta rede

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

contiacutenua e hierarquizada que acontecem as distribuiccedilotildees e circulaccedilotildees da cidade bem como sua

organizaccedilatildeo local e territorial

Jaacute os parcelamentos fundiaacuterios constituem a representaccedilatildeo negativa5 da rede de vias que evidencia o

domiacutenio construiacutedo Este domiacutenio natildeo se limita aos edifiacutecios mas tambeacutem envolve paacutetios

quintais terrenos baldios (PANERAI 2006) Embora PANERAI(2006) considere separadamente

o exame das edificaccedilotildees sugere-se que este domiacutenio construiacutedo envolve quatro dos elementos da

forma urbana elencados por LAMAS (2004) o edifiacutecio o lote o logradouro e o quarteiratildeo

Para PANERAI (2006) as edificaccedilotildees ou edifiacutecios satildeo consideradas construccedilotildees subordinadas ao

espaccedilo puacuteblico ou seja a rede de vias sendo por ele estruturada e que acrescentam a dimensatildeo

vertical ao tecido urbano Tal subordinaccedilatildeo permite que haja uma dependecircncia reciacuteproca entre os

edifiacutecios ainda que eles pertenccedilam a eacutepocas diferentes fazendo com que sua renovaccedilatildeo aconteccedila

sem que haja grandes perdas na unidade do conjunto

Ao estruturar sua concepccedilatildeo dos elementos componentes da forma urbana DEL RIO (1990) eacute

bem mais sinteacutetico e objetivo mas assim como LAMAS (2000) e PANERAI (2006) seus

elementos possuem similaridades e ateacute repeticcedilotildees que praticamente reproduzem a mesma

essecircncia conceitual dos outros dois autores Estes elementos por serem estruturados tatildeo

objetivamente seratildeo apresentados em citaccedilatildeo direta satildeo eles

- crescimento os modos as intensidades e direccedilotildees elementos geradores e reguladores limites e superaccedilatildeo de limites modificaccedilatildeo de estruturas pontos de cristalizaccedilatildeo etc - traccedilado e parcelamento ordenadores do espaccedilo estrutura fundiaacuteria relaccedilotildees distacircncias circulaccedilatildeo e acessibilidade etc - tipologias dos elementos urbanos inventaacuterio e categorizaccedilatildeo de tipologias ediliacutecias (residecircncias comercio etc) de lotes e sua ocupaccedilatildeo de quarteirotildees e sua ocupaccedilatildeo de praccedilas esquinas etc - articulaccedilotildees relaccedilotildees entre elementos hierarquias domiacutenios do publico e privado densidades relaccedilotildees entre cheios e vazios etc (DEL RIO 1990 p 83 grifos do autor)

Dentre todos os elementos expostos a partir dos trecircs autores existe um importante fenocircmeno

relacionando-os em distintas intensidades e que merece ser considerado por influenciar

definitivamente na modificaccedilatildeo da forma urbana ndash o adensamento

5 No sentido de uma fotografia onde os claros e os escuros satildeo representados no negativo de modo contraacuterio ao do objeto fotografado

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 29 ndash O adensamento das ilhas do Bairro do Recife e de Santo Antocircnio (imagem) ocorreu tanto pelo preenchimento progressivo desde o inicio da ocupaccedilatildeo da cidade quanto por meio da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees anteriores Fontehttppedrodealbuquerquewordpresscomcategorypernambuco Acesso em 201109

O adensamento ocorre a partir de dois modos

essenciais de ocupaccedilatildeo o primeiro a partir do

preenchimento progressivo do espaccedilo urbano

e o segundo a partir da substituiccedilatildeo completa

por meio de demoliccedilatildeo de edificaccedilotildees

anteriores (PANERAI 2006) (Figura 29)

A primeira forma de adensamento ocorre sem

a expansatildeo territorial por meio do

preenchimento progressivo de todas as

reservas fundiaacuterias e espaccedilos livres de

determinado meio urbano Eacute um

adensamento inserido em limitesbarreiras

preacute-estabelecidos naturais ou natildeo tais como

uma via expressa irregularidades geograacuteficas

do siacutetio ou ainda numa escala menor a proacutepria quadra pode ser um limite para saturaccedilatildeo gradual

em seu interior desmembramento ou remembramento dos lotes para construccedilatildeo de novas

edificaccedilotildees verticalizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo de antigos quintais eou jardins (PANERAI 2006)

A segunda forma de adensamento acontece atraveacutes da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees

anteriormente existentes por novas construccedilotildees de maior porte tanto em relaccedilatildeo agrave ocupaccedilatildeo do

solo por meio do remembramento de lotes quanto em relaccedilatildeo ao seu gabarito Esta forma de

adensamento permite a renovaccedilatildeo do espaccedilo urbano sem aumentar sua aacuterea de abrangecircncia sem

sua expansatildeo (PANERAI 2006)

Ambas as formas de adensamento transformam essencialmente a forma urbana e o modo como

se relacionam seus elementos componentes A identificaccedilatildeo desta transformaccedilatildeo em determinado

meio urbano gerada pelo adensamento eacute indispensaacutevel para anaacutelise do comportamento da

acuacutestica urbana a partir de modificaccedilotildees na forma urbana deste mesmo meio uma vez que o

adensamento pode influenciar na propagaccedilatildeo sonora proporcionando uma maior quantidade de

objetos reflexivos de barreiras acuacutesticas e favorecendo a diminuiccedilatildeo da permeabilidade acuacutestica

Por fim a partir exposiccedilatildeo de determinados elementos considerados por LAMAS (2004) ndash o

edifiacutecio o lote o logradouro o quarteiratildeo o traccediladoa rua e a praccedila dos conjuntos considerados

por PANERAI (2006) ndash a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees dos

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

31

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

elementos considerados por DEL RIO (1990) ndash crescimento traccedilado e parcelamento tipologias

dos elementos urbanos e as articulaccedilotildees e em busca de atingir seu objetivo principal esta

pesquisa consideraraacute a forma urbana inserida em um recorte que a considera essencialmente a

partir de seu aspecto fiacutesico e material e cujos elementos componentes considerados seratildeo

exclusivamente

1 As parcelas fundiaacuterias ndash consideradas por meio das quadras e lotes incluindo sua relaccedilatildeo

de modo de ocupaccedilatildeo das edificaccedilotildees sua densidade e seus espaccedilos livres

2 As edificaccedilotildees ndash consideradas atraveacutes de sua relaccedilatildeo de modo de ocupaccedilatildeo com os

lotes e do grau de verticalizaccedilatildeo (gabarito baixo meacutedio e alto)

3 As vias ndash consideradas como reguladoras da relaccedilatildeo com as edificaccedilotildees e quarteirotildees e

principalmente apreciadas como estreitamente vinculadas a uma das principais fontes

geradoras de ruiacutedo urbano (o traacutefego de veiacuteculos)

Estes seratildeo os elementos componentes da forma urbana que esta pesquisa se apropriaraacute no

decurso do caminho a fim de analisar o comportamento acuacutestico a partir de modificaccedilotildees

cronoloacutegicas em determinada forma urbana Nos paraacutegrafos seguintes discutem-se os conceitos e

relaccedilotildees que permeiam a acuacutestica urbana

22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais

A acuacutestica eacute a ciecircncia do som incluindo sua geraccedilatildeo transmissatildeo e recepccedilatildeo de energia sob a

forma de ondas vibracionais na mateacuteria (KINSLER et al 1982) Ela eacute uma ciecircncia

multidimensional e interligada a vaacuterios domiacutenios cientiacuteficos Seu objeto de estudo fundamental o

som delineia uma seacuterie de interfaces multidisciplinares com abordagens em diversificadas aacutereas

do conhecimento (Figura 210)

Desse modo quando a geraccedilatildeo transmissatildeo e efeitos do som estatildeo inseridos no meio urbano

seu desdobramento eacute estudado pela aacuterea de conhecimento da acuacutestica urbana muitas vezes

tambeacutem nomeada de acuacutestica ambiental

O objeto de estudo fundamental da acuacutestica o som eacute a sensaccedilatildeo produzida no ouvido por

pequenas flutuaccedilotildees da pressatildeo do ar (HANSEN 2005) ou seja eacute uma percepccedilatildeo sensorial e seu

____________________________________________

ANAacuteLISE D

complexo padratildeo de ondas s

de ruiacutedo muacutesica fala

(BERGLUND et al 1999)

Esta definiccedilatildeo do som tend

a percepccedilatildeo do ouvido

conceito psicofiacutesico Fisicame

vibraccedilatildeo mecacircnica que

progressivamente atraveacutes de

gasoso liacutequido ou soacutelido (SIN

Esta vibraccedilatildeo quando tran

que o rodeia nem sempre

aparelho auditivo humano

frequumlecircncia6 audiacutevel encontra

20 a 20000 Hz para um

(BRUumlEL amp KJAEligR 1984

1982) Frequumlecircncias acima de

altas para respostas fisioloacuteg

chamadas de ultrasons Jaacute as

de 20 Hz satildeo chamadas de

detectaacuteveis pelo ouvido hum

prejudiciais agrave sua sauacutede7

1982 SOUSA 2004)

Fisicamente o som e o ruiacutedo

ambos se propagam em mei

detectados pelo ouvido hu

enquanto o som eacute utilizado

6 A frequumlecircncia eacute o nuacutemero de ciclo(HANSEN 1995) 7 A exposiccedilatildeo a baixas frequumlecircncias depressatildeo irritabilidade e perturba pro

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 210 ndash Interfaces multidFonte Elaborado pela autora a pa

Figura 211 ndash Fonte sonora ponSOUZA 2006

as sonoras eacute rotulado

ala entre outros

ndo como referecircncia

o humano eacute um

mente o som eacute uma

que se propaga

de um meio material

(SINGAL 2005)

transmitida ao meio

re eacute detectaacutevel pelo

ano cuja faixa de

tra-se no intervalo de

um jovem saudaacutevel

4 KINSLER et al

de 20000 Hz muito

loacutegicas auditivas satildeo

as frequumlecircncias abaixo

de infrasons e natildeo satildeo

umano contudo satildeo

(KINSLER et al

iacutedo constituem o mesmo fenocircmeno de variaccedilotildee

eio elaacutestico (soacutelido liacutequido ou gasoso) e ambos

humano (BERGLUND et al 1999 HANSEN

do para descrever percepccedilotildees sonoras agradaacutev

iclos que a onda sonora completa no tempo de um segundo

as pode gerar a doenccedila Vibroacuacutestica que induz o espessamprocessos cognitivos (BRANCO e PEREIRA 2004)

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

32

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

ltidisciplinares do estudo do som partir de BISTAFA 2006

ontual e fonte sonora linear Fonte

otildees de pressatildeo ambiente

bos satildeo capazes de serem

EN 1995) No entanto

daacuteveis o ruiacutedo descreve

do e eacute medida em Hertz (Hz)

amento das estruturas cardiacuteacas

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

33

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 212 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora pontual de 6 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007

percepccedilotildees sonoras desagradaacuteveis incorporando um aspecto de subjetividade agrave sua definiccedilatildeo

(BRUumlEL amp KJAEligR 1984 HANSEN 2005 BRASIL 2006 SINGAL 2005)

Tal subjetividade acarreta diferentes e individuais percepccedilotildees sonoras pelo ser humano e

portanto em diferentes reaccedilotildees agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo Em outras palavras o que se estabelece

como som para um indiviacuteduo pode representar ruiacutedo para outro

[] as respostas inerentes ao ruiacutedo satildeo complexas dependendo tanto dos fatores propriamente acuacutesticos quanto dos psicossociais contextuais simboacutelicos emocionais como daqueles de valor especiacutefico Essas variaacuteveis participam da singularidade da escuta e atuam como filtros que modificam a percepccedilatildeo do sinal fiacutesico sonoro (SANTOS e MARTINS 2005 p 216)

Enquanto sua percepccedilatildeo envolve a subjetividade as respostas fisioloacutegicas agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo satildeo

mais objetivas e seus danos satildeo mais facilmente identificaacuteveis O ruiacutedo pode gerar complicaccedilotildees

no sistema circulatoacuterio e hormonal perda gradativa da audiccedilatildeo distuacuterbios de sono estresse

irritabilidade neuroses desconforto e dificuldade de aprendizado entre outros danos

(BERGLUND et al1999 HANSEN 2005 KINSLER et al 1982 MURGEL 2007 NAGEM

2004 NUNES 2006 PAZ et al 2005 SINGAL 2005 ZANNIN et al 2002)

O ruiacutedo pode se originar de variadas fontes presentes em diversificados ambientes as mais

comumente encontradas satildeo as fontes sonoras pontuais e as lineares (Figura 211) A fonte pontual

possui dimensotildees finitas e emite o mesmo niacutevel de pressatildeo sonora uniformemente para todas as

direccedilotildees sendo seu decaimento em campo livre de 6 dB para cada dobro da distacircncia (Figura

212) (HANSEN 2005 SOUSA 2004)

Jaacute a fonte linear eacute formada por certo nuacutemero de

fontes pontuais dispostas linearmente cuja

emissatildeo sonora eacute contiacutenua ao longo desta

linha sendo seu decaimento em campo livre

de 3 dB para cada dobro da distacircncia (Figura

213) (HANSEN 2005 PAZ 2004)

Quando propagadas no meio urbano a

combinaccedilatildeo de tais fontes sonoras associadas

ao percurso de transmissatildeo e ao receptor

constitui o ruiacutedo urbano (urban noise) tambeacutem

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 213 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora linear de 3 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007

chamado de ruiacutedo ambiental (environmental

noise) ou ruiacutedo comunitaacuterio (community noise)

(BERGLUND et al1999 GUEDES 2005

SOUSA 2004)

O ruiacutedo urbano pode ser gerado a partir do

traacutefego de veiacuteculos terrestres e aeacutereos de

obras de construccedilatildeo civil de estabelecimentos

industriais de estabelecimentos comerciais e

de serviccedilos de sistemas de propaganda

volante ou permanente8 e ruiacutedos de outras atividades cuja propagaccedilatildeo sonora pode afetar o bem-

estar e a sauacutede dos citadinos (BARRON 2003 BERGLUND et al1999 KINSLER et al 1982

NAGEM 2004 NUNES 2006 SINGAL 2005)

Apesar de esporaacutedica outra fonte de ruiacutedo gerada em meio urbano satildeo os eventos puacuteblicos tais

como festas shows comiacutecios carnavais fora de eacutepoca entre outros As fontes de ruiacutedo presentes

nestes eventos atingem um alto niacutevel de pressatildeo sonora9 e abrangem uma grande quantidade

populacional logo independente de ocorrer poucas vezes durante o ano satildeo eventos

extremamente danosos a sauacutede e principalmente agrave audiccedilatildeo a partir de 80 dB(A) natildeo importa se

a sensaccedilatildeo sonora eacute prazerosa ou natildeo ela eacute necessariamente prejudicial10 (Tabela 21) (NUNES

2006)

Quando a intensidade dos ruiacutedos urbanos torna-se excessivamente desagradaacutevel eou nociva o

ruiacutedo passa a ser considerado uma forma de poluiccedilatildeo ambiental11 - a poluiccedilatildeo sonora A

necessidade de regulamentaccedilatildeo da poluiccedilatildeo sonora renuncia os aspectos de subjetividade

existentes e inerentes ao conceito de ruiacutedo na tentativa de sintetizar e estabelecer limites leis

normas meacutetodos e accedilotildees que representem um universo sonoro equivalente para toda a

populaccedilatildeo na tentativa de controlar e mitigar o ruiacutedo urbano

8 Carros de som bicicletas com som raacutedios comunitaacuterias entre outros 9 O niacutevel de pressatildeo sonora eacute a medida fiacutesica preferencial para caracterizar a sensaccedilatildeo subjetiva da intensidade dos sons e de acordo com a lei de Weber e Fechner a sensaccedilatildeo sonora eacute proporcional ao logaritmo da intensidade sonora NPS=20 log (pp0) onde p eacute a pressatildeo sonora em Pascal e p0 eacute a pressatildeo sonora de referecircncia (2 10-5 Pascal) (BISTAFA 2006 NIEMEYER 2007) 10 Outros niacuteveis de ruiacutedo tambeacutem podem ser prejudiciais em maior ou menor grau dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora 11 ldquoPoluiccedilatildeo eacute a degradaccedilatildeo da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente a) prejudiquem a sauacutede a seguranccedila e o bem-estar da populaccedilatildeo b) criem condiccedilotildees adversas agraves atividades sociais e econocircmicas c) afetem desfavoravelmente a biota d) afetem as condiccedilotildees esteacuteticas ou sanitaacuterias do meio ambiente e) lancem mateacuterias ou energia em desacordo com os padrotildees ambientais estabelecidosrdquo (BRASIL 1981 p 1 e 2)

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Tabela 21 ndash Os niacuteveis de pressatildeo sonora e suas consequumlecircncias fisioloacutegicas no homem Em alguns casos podem a intensidade das reaccedilotildees fisioloacutegicas podem variar dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora Fonte elaborado pela autora a partir de KINSLER et al 1992 SINGAL 2005 SOUZA 2006

Assim sendo na esfera federal a Constituiccedilatildeo Federal (Art255) o Coacutedigo Civil Brasileiro (Lei ndeg

1040602) a Lei das Contravenccedilotildees Penais (Decreto-lei nordm 368841) e a Lei dos Crimes

Ambientais (Lei nordm 960598) versam a partir de diferentes abordagens e diferentes

procedimentos legais sobre a poluiccedilatildeo sonora e suas respectivas perturbaccedilotildees (CARNEIRO

2009)

NIacuteVEIS DE PRESSAtildeO SONORA E SUAS CONSEQUEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS

Niacutevel de Pressatildeo sonora

em dB(A)

Caracteriacutesticas FISIOLOacuteGICAS

Ambiente ou atividade

0 a 30 Nenhuma Tremular de folhas de uma aacutervore sussurros

aacuterea de mata selvagem

30 a 50 Nenhuma Cantar de paacutessaros rua calma em aacuterea residencial durante noite

50 a 70 Marca o iniacutecio do estresse

auditivo Rua agitada um restaurante barulhento

70 a 90 Estressante e bastante

excitante Chegada de um trem na estaccedilatildeo carro a 100 Kmh

conversa a gritos

90 a 110 Extremamente excitante provocando dependecircncia

Caminhatildeo pesado a 60 Kmh alarme de viatura passagem de trem numa estaccedilatildeo ou cabine de um aviatildeo monomotor

110 a 130

Desconfortavelmente alto atingindo o limiar da dor podendo causar surdez

instantacircnea

Trem passando em trilhos elevados martelo pneumaacutetico interior de uma boate show de banda de rock

130 a 140 Acima do limiar da dor

causando surdez permanente Decolagem de aviatildeo a jato a 5m de distacircncia disparos de artilharia

Ainda no domiacutenio federal o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) publicou vaacuterias

resoluccedilotildees que estabelecem normas de preservaccedilatildeo ao meio ambiente incluindo o combate a

poluiccedilatildeo sonora12 Nestas resoluccedilotildees todas as atividades geradoras de ruiacutedo devem seguir

diretrizes vinculadas agrave Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas ndash ABNT e ao Conselho

Nacional de Tracircnsito - CONTRAN no caso de ruiacutedo produzido por veiacuteculos automotores

(NAGEM 2004)

Tais resoluccedilotildees normas e diretrizes refletidas no domiacutenio estadual e municipal deram origem agrave

Lei Estadual nordm 12789 de 28 de Abril de 2005 (PERNAMBUCO2005) conhecida como ldquoLei do

12 Satildeo elas RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 272 de 14 de setembro de 2000

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Silecircnciordquo e que dispotildee sobre ruiacutedos urbanos poluiccedilatildeo sonora e proteccedilatildeo do bem-estar e do

sossego puacuteblico e agrave Lei nordm 16243 de 13 de setembro de 1996 ndash Coacutedigo do Meio Ambiente e do

Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife (RECIFE 1996a) que estabelece a poliacutetica do meio ambiente da

cidade do Recife incluindo regulamentaccedilatildeo de emissotildees sonoras entre outras providecircncias

tendo como suporte a Lei 1617696 de 9 de Abril de 1996 ndash Lei de Uso e Ocupaccedilatildeo do Solo da

Cidade do Recife ndash LUOS (RECIFE 1996b)

Apesar da existecircncia desta grande quantidade de leis federais estaduais e municipais apesar da

LUOS legislar sobre a etapa de aprovaccedilatildeo de projetos para a construccedilatildeo de empreendimentos

com usos geradores de incocircmodo agrave vizinhanccedila incluindo usos potencialmente geradores de ruiacutedos

submetendo-os agrave anaacutelise teacutecnica eou agrave anaacutelise especial e apesar do Coacutedigo do Meio Ambiente e

do Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife estabelecer limites maacuteximos permitidos de ruiacutedo na praacutetica a

accedilatildeo contra a poluiccedilatildeo sonora em Recife adquire caraacuteter corretivo pelos oacutergatildeos reguladores agrave

conduta do infrator geralmente a partir de denuacutencias da populaccedilatildeo apoacutes a consolidaccedilatildeo da fonte

geradora de ruiacutedo no meio urbano (JORNAL DO COMEacuteRCIO 2008 JC ONLINE 2005)

Outro exemplo local de desatenccedilatildeo agrave poluiccedilatildeo sonora eacute a inexistecircncia dentre vaacuterios outros tipos

de degradaccedilatildeo ambiental presentes de qualquer referecircncia a respeito da poluiccedilatildeo sonora em

documento produzido pela Prefeitura da Cidade do Recife no ano 2000 o Atlas Ambiental da

Cidade do Recife (RECIFE 2000)

Diante da aplicabilidade ineficaz da legislaccedilatildeo vigente em Novembro de 2009 foi lanccedilado pelo

Ministeacuterio Puacuteblico de Pernambuco a cartilha Poluiccedilatildeo sonora Silento e o barulho13 que versa sobre as

posturas e accedilotildees direitos e deveres dos diversos agentes envolvidos na produccedilatildeo e recepccedilatildeo da

poluiccedilatildeo sonora indicando como devem agir a viacutetima o policial o estado o construtor poluidor

o proprietaacuterio de carro de som poluidor entre outros A cartilha tambeacutem disponibiliza uma seacuterie

de formulaacuterios modelos de acordo com os diferentes tipos de poluiccedilatildeo sonora Estes formulaacuterios satildeo

exemplos para serem utilizados tanto pela viacutetima da poluiccedilatildeo sonora quanto pelo policial civil

militar promotor de justiccedila e ateacute mesmo pelo poluidor - o que poderaacute tornar esta cartilha um

importante instrumento para aplicaccedilatildeo das leis vigentes (CARNEIRO 2009)

Embora negligenciada e em oposiccedilatildeo a diversos outros problemas ambientais mundiais a

poluiccedilatildeo sonora continua a crescer e eacute acompanhada pelo aumento no nuacutemero de reclamaccedilotildees de

13 ldquoSilentordquo eacute um personagem criado para narrar alguns trechos interativos da cartilha

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 214 ndash Relaccedilatildeo entre o desenvolvimento industrial da sociedade que possibilita o aumento e concentraccedilatildeo de fontes sonoras e seus impactos em relaccedilatildeo ao ruiacutedo nas comunidades apontando trecircs previsotildees futuras de acordo com diferentes accedilotildees possiacuteveis de regulamentaccedilatildeo contra do ruiacutedo Fonte elaborado pela autora a partir de BERGLUND et al 1999

pessoas expostas ao ruiacutedo a partir do aumento da consciecircncia de seus direitos legais

(BERGLUND et al1999)

Para World Health Organization (WHO)14 a poluiccedilatildeo sonora jaacute eacute um dos problemas ambientais que

atingem o maior nuacutemero de pessoas no planeta perdendo apenas para a poluiccedilatildeo do ar e da aacutegua

(KIHLMAN 2004 2005) Este crescimento contiacutenuo da poluiccedilatildeo sonora e por conseguinte do

ruiacutedo urbano possui uma estreita relaccedilatildeo com as raacutepidas transformaccedilotildees ocorridas no meio

urbano nas uacuteltimas deacutecadas O desenvolvimento acelerado e a expansatildeo das cidades implicaram

em modificaccedilotildees em elementos da forma urbana em alto iacutendice de crescimento demograacutefico da

populaccedilatildeo urbana e em consequumlente aumento e concentraccedilatildeo de diversos tipos de fontes

geradoras de poluiccedilatildeo sonora (BRASIL 1990a1990b GUEDES 2005 PAZ 2009 ZANNIN et

al 2002) (Figura 214)

Entre estas fontes urbanas geradoras de poluiccedilatildeo sonora uma das que mais contribuem com o

aumento do ruiacutedo urbano aleacutem de ser considerada uma das fontes mais intrusivas e a mais

percebida pela populaccedilatildeo das grandes cidades eacute o traacutefego de veiacuteculos (DINIZ 2003 FRITSCH et al

2007 LACERDA et al 2005 PAZ 2004 ZANNIN et al 2003)

O ruiacutedo do traacutefego de veiacuteculos eacute gerado a

partir do ruiacutedo veicular que proveacutem

essencialmente do sistema de propulsatildeo do

motor do atrito entre o veiacuteculo e o ar (ruiacutedo

aerodinacircmico) e do atrito entre o pneu e o piso

(MURGEL 2007 KINSLER et al 1982) e da

relaccedilatildeo entre o veiacuteculocondutor e as

configuraccedilotildees das vias em que ele estaacute inserido

a aceleraccedilatildeo eou desaceleraccedilatildeo do motor de

acordo com a caracterizaccedilatildeo das vias - a

presenccedila de cruzamentos semaacuteforos faixas de

pedestres etc a intensidade do fluxo de

veiacuteculos e a proporccedilatildeo entre veiacuteculos leves e os

veiacuteculos pesados a frequumlecircncia de

14 Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede ndash OMS

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

acionamentos de buzinas o tipo de acabamento da superfiacutecie das vias (concreto asfalto brita

terra batida) etc (SINGAL 2005)

Tais vias geradoras do ruiacutedo de traacutefego aleacutem de serem interceptadas por outras vias satildeo

comumente ladeadas por configuraccedilotildees bastante variaacuteveis desde edificaccedilotildees com formas

implantaccedilotildees e gabaritos diversificados a lotes ainda natildeo ocupados caracterizando a propagaccedilatildeo

do ruiacutedo de traacutefego urbano por muacuteltiplas reflexotildees responsaacuteveis pelo espalhamento do ruiacutedo

para vias adjacentes pelo surgimento de campos sonoros reverberantes pela difraccedilatildeo do ruiacutedo e

pelo surgimento de aacutereas de sombra (SINGAL 2005 RANDRIANOELINA e SALOMONS

2008) Ou seja a propagaccedilatildeo do ruiacutedo urbano gerado pelo traacutefego de veiacuteculos possui uma

interaccedilatildeo singular com elementos da forma urbana

Assim sendo tanto por sua participaccedilatildeo determinante na constituiccedilatildeo do ruiacutedo urbano quanto

por sua particular relaccedilatildeo com os elementos que compotildeem a forma urbana o ruiacutedo de traacutefego

seraacute a uacutenica fonte sonora considerada na presente pesquisa conforme seraacute melhor elucidado no

proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas

A interaccedilatildeo entre o ruiacutedo urbano e a forma urbana dependeraacute diretamente das configuraccedilotildees de

certos elementos que compotildeem esta forma urbana o traccedilado e perfis das vias a maneira de

implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade e

forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres tais como praccedilas e

largos (GUEDES 2005 SANTOS e MARTINS 2005) Estes elementos podem ser

acusticamente caracterizados a partir do tipo de espaccedilo acuacutestico e da permeabilidade acuacutestica

O espaccedilo acuacutestico tambeacutem nomeado de campo acuacutestico eacute a porccedilatildeo de determinado espaccedilo onde

acontecem as vibraccedilotildees sonoras podendo ser caracterizado no meio urbano como espaccedilo

acuacutestico aberto ou fechado (NIEMEYER 2007)

O espaccedilo acuacutestico aberto aproxima-se da propagaccedilatildeo em campo livre que eacute caracterizado pela ausecircncia

de obstaacuteculos que modifiquem a propagaccedilatildeo sonora entre a fonte e o receptor Assim no meio

urbano o espaccedilo cuja propagaccedilatildeo sonora envolva poucas ou nenhuma reflexatildeo e poucos ou

nenhum obstaacuteculo pode ser considerado um espaccedilo acuacutestico aberto como por exemplo o

espaccedilo acuacutestico com perfil em ldquoLrdquo tais como vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas uma de

suas margens (Figuras 215 e 216) (NIEMEYER 2007) No espaccedilo acuacutestico aberto o niacutevel de

pressatildeo sonora decai 6 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (LANG

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 215 ndash Propagaccedilatildeo sonora em Campo acuacutestico aberto Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001

Figura 216 ndash Campo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo FonteNIEMEYER 2007

Figura 217 ndash Propagaccedilatildeo sonora em campo acuacutestico fechado causando o fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001

e BERANEK 1992) isto eacute o ruiacutedo percebido

pelo receptor diminui em funccedilatildeo da

duplicaccedilatildeo da distacircncia da fonte sonora15

Praccedilas parques e largos com grandes

dimensotildees vias de traacutefego marginais a praias

vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas

uma de suas margens ou espaccedilos livres

urbanos de grandes dimensotildees caracterizam

alguns exemplos de espaccedilos acuacutesticos abertos

No espaccedilo acuacutestico fechado as ondas sonoras

sofrem muacuteltiplas reflexotildees fazendo com que o

seu niacutevel sonoro decaia muito lentamente

sendo praticamente o mesmo em vaacuterias

posiccedilotildees ateacute que esta onda sonora encontre

uma saiacuteda para campo livre caracterizando o

fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana16 17(Figura

217) (GUEDES 2005 NIEMEYER 2007)

Os espaccedilos acuacutesticos fechados podem ser

reverberantes quando a onda sonora tarda a

encontrar o campo livre gerando um grande

nuacutemero de reflexotildees ou semi-reverberantes

quando a onda sonora encontra o campo livre

um pouco mais rapidamente do que no

reverberante gerando um nuacutemero menor mas

ainda grande de reflexotildees

15 Este decaimento eacute para fontes pontuais para fontes lineares o decaimento eacute de 3 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (GERGES 2000) 16 A reverberaccedilatildeo eacute a persistecircncia de um som depois de ter sido extinta a sua emissatildeo por uma fonte e ocorre como resultado de reflexotildees em ambientes total ou parcialmente fechados (GONZALEZ e LOPES 1993) 17 Alguns espaccedilos acuacutesticos fechados tambeacutem podem amplificar o niacutevel de pressatildeo sonora mas este fenocircmeno ocorre em determinados espaccedilos acuacutesticos fechados reverberantes

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 218 ndash Campo acuacutestico fechado em perfl ldquoUrdquo tambeacutem chamado de canyons urbanos Fonte NIEMEYER 2007

No meio urbano o espaccedilo acuacutestico fechado

reverberante possui comumente um perfil em

ldquoUrdquo (Figura 218) tambeacutem chamados de

canyons urbanos que podem amplificar

consideravelmente a propagaccedilatildeo sonora das

vias de traacutefego atraveacutes de reflexotildees muacuteltiplas

geradas pelas fachadas paralelas das

edificaccedilotildees que circundam estas vias

(ANDERSON e KURZE 1992) Assim neste

tipo de espaccedilo acuacutestico a propagaccedilatildeo sonora

natildeo depende exclusivamente da distacircncia entre

a fonte e o receptor como no espaccedilo acuacutestico

aberto depende ainda da configuraccedilatildeo dos

elementos que compotildeem a forma urbana e

dos coeficientes de absorccedilatildeo dos materiais que

revestem as superfiacutecies refletoras18

(NIEMEYER 2007)

Praccedilas parques e largos com pequenas dimensotildees e cercados por edificaccedilotildees conjugadas vias de

traacutefego com edificaccedilotildees (conjugadas ou com pequenos recuos entre elas) em ambos os lados

tuacuteneis passagens subterracircneas e espaccedilos livres abaixo de viadutos caracterizam alguns exemplos

de espaccedilos acuacutesticos fechados

A caracterizaccedilatildeo de um espaccedilo acuacutestico como sendo aberto ou fechado delinearaacute como a onda

sonora iraacute espalhar-se no meio urbano cujas configuraccedilotildees dos elementos que o compotildeem

podem facilitar ou dificultar a trajetoacuteria desta onda sonora para aleacutem do local de sua emissatildeo

tornando o meio urbano mais ou menos permeaacutevel a sua propagaccedilatildeo

18 No meio urbano as superfiacutecies refletoras satildeo predominantemente formadas por fachadas e muros de edificaccedilotildees que possuem certa uniformidade na utilizaccedilatildeo de materiais altamente reflexivos e com baixos coeficientes de absorccedilatildeo tais como granito maacutermore ceracircmica esmaltada vidro Assim o coeficiente de absorccedilatildeo de uma edificaccedilatildeo para outra seraacute praticamente o mesmo sofrendo miacutenimas variaccedilotildees permitindo sua natildeo consideraccedilatildeo

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 220 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees em uma quadra permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007

Figura 221 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjugadas em uma quadra pouco permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007

Figura 219 ndash Permeabilidade acuacutestica - percursos da onda sonora gerados em meio urbano Fonte NIEMEYER 2007

Figura 222 ndash Barreira acuacutestica entre a fonte e o receptor FonteANDERSON e KURZE 1992

Assim sendo a permeabilidade acuacutestica refere-se

aos percursos da onda sonora gerados no

meio urbano (Figura 219) (GUEDES 2005

NIEMEYER 2007) A intensidade da

permeabilidade acuacutestica - mais ou menos

permeaacutevel - dependeraacute da capacidade de

certos elementos urbanos de promover ou

conter a propagaccedilatildeo da onda sonora tais

como o traccedilado e perfis das vias a maneira de

implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem

como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade

e forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila

ou ausecircncia de espaccedilos livres (Figuras 220 e

221)

A permeabilidade acuacutestica relaciona-se ainda

com as barreiras acuacutesticas Isoladamente o

conceito de barreiras acuacutesticas refere-se a

qualquer objeto que possa ser considerado um

obstaacuteculo agrave ligaccedilatildeo direta e sem interferecircncias

entre a fonte e o receptor (Figura 222)

(ANDERSON e KURZE 1992 GERGES

2000) Ao bloquear o percurso direto entre a

fonte e o receptor a onda sonora poderaacute ser

absorvida eou refletida pela superfiacutecie da

barreira transmitida atraveacutes da barreira ou

difratada a partir do topo da barreira

(BARRON 2003 SINGAL 2005)

A difraccedilatildeo eacute um fenocircmeno que permite que as

ondas sonoras sejam capazes de contornar

determinados obstaacuteculos gerando uma aacuterea de

sombra acuacutestica que possui limites espaciais

variaacuteveis de acordo com a posiccedilatildeo da fonte

____________________________________________

ANAacuteLISE D

sonora e de sua localizaccedilatilde

receptor que por sua vez

sonora difratada pelas borda

um decaimento maior do qu

campo livre (Figura 223) (N

1968 NIEMEYER 2007 PA

O uso de barreiras acuacutestic

EUA Japatildeo Austraacutelia e

reduccedilatildeo da propagaccedilatildeo do

pelo traacutefego rodoviaacuterio pa

(Figuras 224 a 226) (SIN

Brasil esta praacutetica ainda eacute inc

restringindo-se a poucos exe

caso da barreira acuacutestica no

Linha Amarela na cidade do

na Rodovia Bandeirantes co

de Satildeo Paulo a Campinas

Paulo (Figura 227) (MURGE

2004)

Embora a implantaccedilatildeo de b

esteja vinculada agrave reduccedilatildeo do

rodoviaacuterio outros elemen

meio urbano situados ent

receptor atuam espontan

barreiras agrave propagaccedilatildeo sono

terreno com topografia i

muros edificaccedilotildees entr

edificaccedilotildees conjugadas da R

cidade do Recife ou aind

conjugadas em alguns trec

Atlacircntica no Rio de Janei

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 226 ndash Barreiras instaladasem aacuterea residencial de Toacutequio Jap

Figura 224 ndash Agrave esquerda barreacriacutelico na Suiacuteccedila Agrave direita barreiraPaacutedua e Veneza na Itaacutelia Fonte C

Figura 227 ndash Barreira acuacutestica dade Satildeo Paulo Fonte MURGEL 2

Figura 223 ndash Difraccedilatildeo da ondagerando uma aacuterea de sombra acuacutest

Figura 225 ndash Agrave esquerda baproacuteximo a Zurique Agrave direita barretambeacutem na Suiccedila Fonte CICHIN

accedilatildeo em relaccedilatildeo ao

ez recebe a energia

rdas da barreira com

que se estivesse em

(NEPOMUCENO

PAZ 2004)

ticas eacute comum nos

e na Europa para

do ruiacutedo produzido

para seus arredores

INGAL 2005) No

incipiente

exemplos como eacute o

no eixo rodoviaacuterio

o Rio de Janeiro e

conectando a cidade

s no estado de Satildeo

GEL 2007 SOUSA

e barreiras acuacutesticas

do ruiacutedo de traacutefego

entos inseridos no

entre a fonte e o

taneamente como

nora tais como um

irregular taludes

ntre outros As

a Rua da Aurora na

inda as edificaccedilotildees

trechos da Avenida

neiro por exemplo

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

42

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

das ao longo de via expressa elevada Japatildeo Fonte CICHINELLI 2007

rreira acuacutestica curva em concreto e eira acuacutestica metaacutelica na estrada entre CICHINELLI 2007

da Rodovia Bandeirantes no estado 2007

da sonora a partir de uma barreira uacutestica Fonte GERGES 2000

barreira acuacutestica metaacutelica instalada arreira acuacutestica em concreto e acriacutelico INELLI 2007

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

43

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 228 ndash Rua da Aurora no Bairro da Boa Vista na cidade do Recife configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fontehttpmaiovinteeseisblogspotcom2007_ 11_01_archivehtml Acesso em 080409

Figura 229 ndash Alguns trechos da Avenida Atlacircntica no Bairro de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro tambeacutem configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fonte httpwwwtravelpodcomtravel-photoorlanworldtrip200711 71589400avenida-atlantica-along-copacabana-beachjpgtpodhtml Acesso em 080409

aleacutem de funcionarem como barreiras acuacutesticas

espontacircneas ou natildeo intencionais tambeacutem

conformam um espaccedilo acuacutestico aberto em

ldquoLrdquo e pouco permeaacutevel ao ruiacutedo (Figura 228 e

229)

A partir da discussatildeo dos espaccedilos acuacutesticos e

da permeabilidade acuacutestica evidencia-se que a

interaccedilatildeo entre os diversos elementos que

compotildeem a forma urbana - o traccedilado e perfis

das vias o modo de implantaccedilatildeo das

edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as

proporccedilotildees densidade e maneira de ocupaccedilatildeo

das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de

espaccedilos livres ndash contribui determinantemente

para a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano

atraveacutes de muacuteltiplas reflexotildees do

espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave

fonte geradora de campos sonoros

reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de

aacutereas de sombra

Isto posto se o ruiacutedo urbano eacute considerado

um sistema composto essencialmente pela fonte

sonora pelo meio de propagaccedilatildeo e pelo receptor (LANG e BERANEK 1992 ANDERSON e

KURZE 1992) a forma urbana considerada a partir dos elementos que a compotildeem enquanto

percurso de transmissatildeo delineia influencia e determina em certa medida a trajetoacuteria de

propagaccedilatildeo da onda sonora19 Ou seja a forma urbana por meio das caracteriacutesticas singulares

apresentadas pelos seus elementos componentes iraacute influenciar o comportamento da propagaccedilatildeo

da onda sonora no meio urbano

19 ldquoEm certa medidardquo pois existem outros fatores que tambeacutem influenciam a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano mas a discussatildeo sobre a consideraccedilatildeo ou natildeo destes outros fatores seraacute melhor construiacuteda no proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

44

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito alto por elevada densidade de

ocupaccedilatildeo das quadras e por vias estreitas por exemplo tende em tese a ser menos permeaacutevel ao

ruiacutedo dificultando a propagaccedilatildeo sonora para outras aacutereas Tende ainda a criar espaccedilos

reverberantes ou semi-reverberantes com o niacutevel de pressatildeo sonora elevado em praticamente

todos os pontos de reflexatildeo com perdas miacutenimas ateacute a onda sonora alcanccedilar o topo das

edificaccedilotildees e direcionar-se a campo livre Por conseguinte este comportamento tende a propiciar

dependendo ainda da relaccedilatildeo com a fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano indesejaacutevel e

insalubre aos receptores existentes nas edificaccedilotildees daquela via

Jaacute uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito baixo por baixa densidade de

ocupaccedilatildeo das quadras e por vias largas tende teoricamente a ser mais permeaacutevel ao ruiacutedo

facilitando sua propagaccedilatildeo Por outro lado natildeo gera espaccedilos acuacutesticos propiacutecios a muacuteltiplas

reflexotildees fazendo com que a onda sonora encontre mais rapidamente o campo livre facilitando

sua dissipaccedilatildeo e propiciando dependendo ainda da fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano

desejaacutevel aos seus receptores

Deste modo a existecircncia de diferenccedilas e particularidades dos elementos que compotildeem as

distintas formas urbanas proporciona os mais diversificados comportamentos acuacutesticos de

propagaccedilatildeo sonora nos mais diferentes meios urbanos Ou seja do mesmo modo que cidades

bairros e ruas natildeo satildeo iguais entre si tampouco reproduziacuteveis em sua essecircncia o comportamento

acuacutestico tambeacutem natildeo seraacute ao contraacuterio constituiraacute um atributo exclusivo de cada espaccedilo urbano

Mas se para cada espaccedilo urbano existe um comportamento acuacutestico especiacutefico como deveraacute se

comportar a propagaccedilatildeo sonora de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de

modificaccedilotildees em elementos de sua forma urbana Em outras palavras como se comportaraacute a acuacutestica

urbana de um determinado local a partir do processo cronoloacutegico de modificaccedilotildees em sua forma urbana

Nos capiacutetulo que se segue Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas seratildeo apresentadas os percursos

investigativos que foram postos em praacutetica em busca de responder a este questionamento

Figura 216 ndash Campo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo p 39

Figura 217 ndash Propagaccedilatildeo sonora em campo acuacutestico fechado causando o fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana p39

Figura 218 ndash Campo acuacutestico fechado em perfl ldquoUrdquo tambeacutem chamado de canyons urbanos p 40

Figura 219 ndash Permeabilidade acuacutestica - percursos da onda sonora gerados em meio urbano p 41

Figura 220 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees em uma quadra permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem p 41

Figura 221 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjugadas em uma quadra pouco permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem p 41

Figura 222 ndash Barreira acuacutestica entre a fonte e o receptor p 41

Figura 223 ndash Difraccedilatildeo da onda sonora a partir de uma barreira gerando uma aacuterea de sombra acuacutestica p 42

Figura 224 ndash Agrave esquerda barreira acuacutestica curva em concreto e acriacutelico na Suiacuteccedila Agrave direita barreira acuacutestica metaacutelica na estrada entre Paacutedua e Veneza na Itaacutelia p 42

Figura 225 ndash Agrave esquerda barreira acuacutestica metaacutelica instalada proacuteximo a Zurique Agrave direita barreira acuacutestica em concreto e acriacutelico tambeacutem na Suiacuteccedila p 42

Figura 226 ndash Barreiras instaladas ao longo de via expressa elevada em aacuterea residencial de Toacutequio Japatildeo p 42

Figura 227 ndash Barreira acuacutestica da Rodovia Bandeirantes no estado de Satildeo Paulo p 42

Figura 228 ndash Rua da Aurora no Bairro da Boa Vista na cidade do Recife configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo p 43

Figura 229 ndash Alguns trechos da Avenida Atlacircntica no Bairro de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro tambeacutem configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo p 43

Figura 31 ndash Relaccedilatildeo das variaacuteveis de pesquisa p 48

Figura 32 - Localizaccedilatildeo geograacutefica do 3deg Jardim de Boa Viagem p 50

Figura 33 - Ocupaccedilatildeo do 3deg Jardim em 1971 com diversos lotes natildeo ocupados e vias ainda natildeo construiacutedas como a Av Eng Domingos ferreira p 50

Figura 34 - Delimitaccedilatildeo da aacuterea de estudo em azul o 3deg Jardim p 52

Figura 35 - Mapa acuacutestico da Universidade Estadual de Campinas com representaccedilatildeo dos niacuteveis sonoros por pontos em gradaccedilatildeo de cores p 53

Figura 36 - Mapa acuacutestico com representaccedilatildeo dos niacuteveis sonoros por linhas da cidade de Goumlteborg Sueacutecia p 53

Figura 37 - Mapa acuacutestico utilizado na reurbanizaccedilatildeo do centro de Seoul Korea p 53

Figura 38 ndash Acima localizaccedilatildeo de estaccedilotildees de monitoramento de ruiacutedo em Taiwan abaixo distribuiccedilatildeo de ruiacutedo em Taiwan no veratildeo nos turnos da manhatilde tarde e noite p 54

Figura 39 - Violaccedilotildees da legislaccedilatildeo de ruiacutedo em Taiwan nos turnos da manhatilde tarde e noite p 54

Figura 310 - Delimitaccedilatildeo da aacuterea em azul do estudo piloto no 3deg Jardim de Boa Viagem p 57

Figura 311 ndash Mapa acuacutestico de parte do 3deg Jardim de Boa Viagem da pesquisa piloto realizada em Maio de 2009 no LAAICA-UFPR p 57

Figura 312 ndash Locaccedilatildeo dos pontos de mediccedilatildeo em azul e malha guia em amarelo p 59

Figura 313 ndash Locaccedilatildeo dos grids verticais em azul seccionando edificaccedilotildees e evitando espaccedilos livres p 63

Figura 41 ndash Avenida Boa Viagem nas proximidades da Praccedila de Boa Viagem no iniacutecio de sua urbanizaccedilatildeo p 65

Figura 42 ndash Avenida Boa Viagem no iniacutecio de sua urbanizaccedilatildeo p65

Figura 43 ndash Vista aeacuterea do bairro de Boa Viagem nos anos 50 p 65

Figura 44 ndash Edifiacutecio Califoacuternia em 1959 construiacutedo no 2deg Jardim de Boa Viagem p 67

Figura 45 ndash Projeto para o loteamento do 1deg 2deg e 3deg Jardim de Boa Viagem com a localizaccedilatildeo em vermelho dos espaccedilos destinados ao uso comunitaacuterio sendo previsto uma igreja e um mercado puacuteblico e em verde os espaccedilos destinados agraves aacutereas verdes p 67

Figura 46 ndash Cartatildeo Postal Edicard do Bairro de Boa Viagem na deacutecada de 70 No alto indica-se o Hotel Boa Viagem e a Praccedila de Boa Viagem mais abaixo a Casa do Navio uma conhecida referecircncia na Avenida Boa Viagem pelos recifenses ateacute sua demoliccedilatildeo p 68

Figura 47 ndash Cartatildeo Postal Edicard da Praia e Avenida Boa Viagem na deacutecada de 70 p 68

Figura 48 ndash Planta baixa do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1971 p 69

Figura 49 ndash Perspectiva esquemaacutetica do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1971 p 69

Figura 410 ndash Perspectiva esquemaacutetica a partir da praia do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1971 p 69

Figura 411 ndash Bairro de Boa Viagem na deacutecada de 70 Acima indica-se o bairro do Pina e o Edifiacutecio Califoacuternia localizado no 2deg Jardim de Boa Viagem No meio a Avenida Domingos Ferreira ainda em terra batida e natildeo finalizada ao encontrar-se com o mangue circundante dos braccedilos do Rio Pina Abaixo o Edifiacutecio Holiday p 70

Figura 412 ndash Planta baixa do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1981 p 70

Figura 413 ndash Perspectiva esquemaacutetica do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1981 p 70

Figura 414 ndash Perspectiva esquemaacutetica a partir da praia do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1981 p 71

Figura 415 ndash Demoliccedilatildeo do Hotel Boa Viagem e em seu lugar estaacute sendo erguido o Ed Maria Acircngela Lucena uma edificaccedilatildeo multifamiliar de gabarito alto com amplo nuacutemero de unidades habitacionais e de pavimentos mais um exemplar dos ldquoarranha ceacuteusrdquo residenciais de Boa Viagem p 71

Figura 416ndash Planta baixa do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1997 p 73

Figura 417 ndash Perspectiva esquemaacutetica do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1997 p 73

Figura 418 ndash Perspectiva esquemaacutetica a partir da praia do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1997 p 73

Figura 419 ndash Os pavimentos destinados agraves garagens dos edifiacutecios residenciais multifamiliares satildeo comumente chamados na construccedilatildeo civil de ldquobandejasrdquo enquanto as torres dos pavimentos tipos satildeo nomeadas de ldquolacircminasrdquo p 74

Figura 420 ndash Planta baixa do 3deg Jardim de Boa Viagem em 2009 p 74

Figura 421 ndash Perspectiva esquemaacutetica do 3deg Jardim de Boa Viagem em 2009 p 74

Figura 422 ndash Perspectiva esquemaacutetica a partir da praia do 3deg Jardim de Boa Viagem em 2009 p 75

Figura 51 ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim em 1971 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash O mapa ilustra a propagaccedilatildeo sonora no iniacutecio da ocupaccedilatildeo do 3deg Jardim p 83

Figura 52 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1971 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 84

Figura 53 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 - O mapa do iniacutecio da ocupaccedilatildeo urbana do 3deg Jardim apresentando um comportamento acuacutestico com caracteriacutesticas predominantes de propagaccedilatildeo sonora em campo livre sem a presenccedila significantes de obstaacuteculos que interfiram em seu percurso possibilitando um contiacutenuo decaimento sonoro em relaccedilatildeo agrave distacircncia como ilustram as setas indicativas em preto p 85

Figura 54 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 - O mapa do iniacutecio da ocupaccedilatildeo urbana do 3deg Jardim mostrando outra secccedilatildeo vertical contendo o mesmo comportamento acuacutestico com caracteriacutesticas predominantes de propagaccedilatildeo sonora em campo livre como ilustram as setas indicativas em preto p 85

Figura 55 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Por menor que seja sua presenccedila algumas edificaccedilotildees pontuais de gabarito meacutedio atuam como barreiras acuacutesticas espontacircneas constituindo obstaacuteculos que interferem na propagaccedilatildeo sonora como ilustram as setas indicativas em preto p 86

Figura 56 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash As edificaccedilotildees que atuam como barreiras acuacutesticas geram o fenocircmeno acuacutestico da difraccedilatildeo que propicia a criaccedilatildeo de aacutereas de sombra acuacutestica onde os niacuteveis de pressatildeo sonora equivalente satildeo mais baixos como ilustram as setas indicativas em preto p 86

Figura 57 ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim em 1981 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Nesta data houve o aumento no nuacutemero de ilhas de sombra e diminuiccedilatildeo do niacutevel de pressatildeo sonora equivalente em relaccedilatildeo a 1971 p 87

Figura 58 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1981 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 88

Figura 59 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash Reduccedilatildeo da quantidade de campos acuacutesticos abertos e aumento no nuacutemero de edificaccedilotildees que atuam enquanto barreiras acuacutesticas favorecendo o aumento do nuacutemero de ilhas de sombra e da diminuiccedilatildeo do niacutevel de pressatildeo sonora equivalente em relaccedilatildeo a 1971 como ilustram as setas indicativas em preto p 89

Figura 510 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 89

Figura 511 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Como ilustram as setas indicativas em preto o princiacutepio da verticalizaccedilatildeo no 3deg Jardim pode ter contribuiacutedo atraveacutes de uma melhor atuaccedilatildeo das novas edificaccedilotildees enquanto barreiras acuacutesticas para o aumento do nuacutemero de ilhas de sombra e da diminuiccedilatildeo do niacutevel de pressatildeo sonora equivalente em relaccedilatildeo a 1971 p 90

Figura 512 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Idem p 90

Figura 513 ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim em 1997 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Em 1997 com um adensamento e verticalizaccedilatildeo ainda maior do que em 1981 houve o aumento tanto do nuacutemero das ilhas de sombra quanto nas sua aacutereas de abrangecircncia acarretando no melhor comportamento acuacutestico observado ateacute entatildeo entre os mapas elaborados p 95

Figura 514 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1997 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 96

Figura 515 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash A edificaccedilotildees propiciam muacuteltiplas reflexotildees a partir de suas fachadas expostas agraves fontes sonoras influenciando na propagaccedilatildeo da onda sonora de modo distinto ao que seria essa propagaccedilatildeo em campo livre conforme indicado nos mapas acuacutesticos p97

Figura 516 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Idem p 97

Figura 517 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 98

Figura 518 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 98

Figura 519 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash As edificaccedilotildees soacute geram muacuteltiplas reflexotildees a partir de suas fachadas expostas agraves fontes sonoras transpondo estas fachadas as edificaccedilotildees passam a atuar enquanto barreiras acuacutesticas para a onda sonora minimizando o ruiacutedo no interior das quadras como indica-se no mapa acuacutestico p 99

Figura 520 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Idem p 99

Figura 521 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 100

Figura 522 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 100

Figura 523 ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim em 2009 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Em 2009 o adensamento das quadras diminuiu consideravelmente a presenccedila de ilhas de sombra acuacutestica p101

Figura 524 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem em 2009 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 102

Figura 525 e 526 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash As ilhas de sombra em 1997 favoreciam as residecircncias unifamiliares e multifamiliares de gabarito baixo existentes que se situavam em seus interiores Em 2009 estas ilhas foram praticamente suprimidas pela presenccedila de pavimentos destinados as garagens das novas edificaccedilotildees verticais de gabarito alto como ilustram as setas em preto p103

Figura 527 e 528 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash Idem p 103

Figura 529 e 530 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash O contorno preto ilustra a modificaccedilatildeo da propagaccedilatildeo das ondas sonoras a partir da influecircncia do aumento da densidade das quadras e verticalizaccedilatildeo das edificaccedilotildees Em 1971 a caracteriacutestica predominante assemelha-se a propagaccedilatildeo em campo livre Jaacute em 1981 percebem-se irregularidades no contorno devido a reflexotildees da onda sonora nas edificaccedilotildees p 104

Figura 531 e 532 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash 1997 apresentou o melhor comportamento acuacutestico entre os mapas elaborados Nesta data as edificaccedilotildees atuaram mais enquanto barreiras acuacutesticas do que como objetos reflexivos da onda sonora Jaacute em 2009 o aumento do adensamento e da verticalizaccedilatildeo possibilitou o excesso de muacuteltiplas reflexotildees nas fachadas das edificaccedilotildees como delineia o contorno extremamente irregular da propagaccedilatildeo sonora ilustrado na imagem abaixo p 104

Figura 533 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Apesar de proporcionar um aumento no niacutevel de pressatildeo sonora equivalente em 2009 o adensamento e verticalizaccedilatildeo das edificaccedilotildees tambeacutem trouxeram benefiacutecios pontuais na praccedila Walt Disney como ilustram as imagens as edificaccedilotildees atuaram como barreiras acuacutesticas reduzindo em relaccedilatildeo a 1997 o niacutevel de pressatildeo sonora equivalente que atinge as edificaccedilotildees de seu entorno Contudo p 105

Figura 534 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash as fachadas voltadas para esta reduccedilatildeo de niacutevel de pressatildeo sonora equivalente satildeo fachadas de serviccedilo pouco aproveitando esta reduccedilatildeo p 105

Figura 535ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim na situaccedilatildeo hipoteacutetica futura e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash A situaccedilatildeo hipoteacutetica futura apresenta quadras muito mais adensadas do que nos anos anteriores reduzindo ainda mais a presenccedila de ilhas de sombra O pavimento representado no mapa eacute o destinado agraves garagens que ocupam praticamente todo o lote p 110

Figura 536 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem na situaccedilatildeo hipoteacutetica futura e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 111

Figura 537 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash A transformaccedilatildeo da forma urbana tanto na situaccedilatildeo hipoteacutetica como ilustram as imagens quanto em 2009 quando esteve associada ao adensamento e a verticalizaccedilatildeo intensificou os fenocircmenos acuacutesticos ocorridos no meio urbano do 3deg Jardim de Boa Viagem p 112

Figura 538 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 112

Figura 539 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Idem p 113

Figura 540 ndash Plantas Baixas ndash A situaccedilatildeo hipoteacutetica futura seguida de perto pelo mapa de 2009 apresentou o pior comportamento acuacutestico do 3deg Jardim e o mapa de 1997 apresentou o melhor entre os mapas elaborados nesta pesquisa conforme ilustra a siacutentese abaixo p 113

Figura 541 ndash Graacutefico da performance acuacutestica considerando o ano x o niacutevel de pressatildeo sonora equivalente (Leq) ndash O Graacutefico apresenta as variaccedilotildees de niacuteveis de pressatildeo sonora de alguns pontos escolhidos aleatoriamente nos mapas acuacutesticos elaborados (Figura 541) Em 1997 as quedas das curvas de variaccedilatildeo do graacutefico corroboram a tendecircncia desta data ter apresentado o mapa acuacutestico com o melhor comportameno acuacutestico entre os mapas elaborados por esta pesquisa p 114

Figura 542 ndash Locaccedilatildeo dos pontos utilizados para elaboraccedilatildeo do graacutefico de performance acuacutestica p 114

Figura 543 ndash Graacutefico comparativo de niacuteveis de emissatildeo sonora permitidos ndash O graacutefico apresenta uma comparaccedilatildeo entre os niacuteveis de emissatildeo sonora permitidos em alguns paiacuteses entre a WHO ISO e ABNT e entre a Lei do silecircncio e o coacutedigo do Meio Ambiente e Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife O graacutefico evidencia que a cidade do Recife e o estado de Pernambuco praticam niacuteveis muito acima do recomendado por outras entidades normativas p 121

Figura 544 ndash Planta Baixa ndash Mapa acuacutestico simulando uma situaccedilatildeo onde o fluxo de veiacuteculos seja o dobro do encontrado atualmente no 3deg Jardim de Boa Viagem (2009) apresentando altos niacuteveis de poluiccedilatildeo sonora p 122

Figura 545 a 548 ndash Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Idem p 122

Figura 549 ndash Planta Baixa ndash Mapa acuacutestico simulando uma situaccedilatildeo onde seja implantado rodiacutezio de veiacuteculos com uma reduccedilatildeo de 30 do valor total do fluxo de veiacuteculos atualmente encontrado no 3deg Jardim de Boa Viagem (2009) p 123

Figura 550 a 553 ndash Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Idem p 123

Figura 554 ndash Planta Baixa ndash Mapa acuacutestico simulando uma situaccedilatildeo onde seja implantado aleacutem do rodiacutezio de veiacuteculos com reduccedilatildeo de 30 no fluxo atual de veiacuteculos um corredor de transporte puacuteblico na Av Domingos Ferreira e restriccedilatildeo de traacutefego de veiacuteculos pesados apenas nesta via p 124

Figura 555 a 558 ndash Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Idem p 124

LISTA DE TABELAS

Tabela 21 ndash Os niacuteveis de pressatildeo sonora e suas consequumlecircncias fisioloacutegicas no homem Em alguns casos podem a intensidade das reaccedilotildees fisioloacutegicas podem variar dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora p 35

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO

2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

21 A Forma Urbana e seus Elementos Componentes____________

22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais_____________

3 CONSIDERACcedilOtildeES METODOLOacuteGICAS

31 3deg Jardim de Boa Viagem enquanto Estudo de Caso_________

32 Mapeamento Acuacutestico enquanto Instrumento de Pesquisa_

33 Procedimentos Metodoloacutegicos__________________________________

331 1deg Etapa Pesquisa Documental Primaacuteria e Secundaacuteria _____

332 2deg Etapa Pesquisa Piloto_____________________________________

333 3deg Etapa Estudo de Campo__________________________________

334 4deg Etapa mapeamento acuacutestico_____________________________

4 TRANSFORMACcedilOtildeES DO 3deg JARDIM E SUA RELACcedilAtildeO COM

O PROCESSO DE OCUPACcedilAtildeO DO BAIRRO DE BOA

VIAGEM

5 COMPORTAMENTO ACUacuteSTICO DO 3degJARDIM DE BOA

VIAGEM

51 Comportamento Acuacutestico do 3deg Jardim de Boa Viagem a

partir das Modificaccedilotildees Cronoloacutegicas em sua Forma

Urbana______________________________________________________________

52 Comportamento Acuacutestico do 3deg Jardim de Boa Viagem em

relaccedilatildeo ao Coacutedigo do Meio Ambiente e Equiliacutebrio Ecoloacutegico

do Recife agrave ldquoLei do Silecircnciordquo e a outras Entidades

Normativas_________________________________________________________

53 Ausecircncia de Accedilotildees versus Presenccedila de Accedilotildees em Busca

de um Melhor Comportamento Acuacutestico para o 3deg Jardim

de Boa Viagem____________________________________________________

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

7 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

128

134

115

107

81

80

65

60

59

56

55

55

52

49

46

31

22

22

17

CAPIacuteTULO 1

A pesquisa eacute talvez a arte de se criar dificuldades fecundas e de criaacute-las para os

outros Nos lugares onde havia coisas simples faz-se aparecer problemas

Pierre Bourdieu

____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO

17

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

1 INTRODUCcedilAtildeO

Um grito estridente lanccedilado em um meio urbano envolto nos ldquomais modernosrdquo e descomunais

arranha-ceacuteus desconfortavelmente ouvido nos mais remotos pavimentos de um deles foi agrave

centelha motivadora para as ideacuteias e discussotildees que permeiam esta pesquisa Este grito mal

recebido pelo receptor pode ser considerado uma das diversas formas da profusatildeo de ruiacutedos que

cada vez mais se tornam elementos onipresentes da vida contemporacircnea

Tal profusatildeo de ruiacutedos atualmente encontrados nos centros urbanos estaacute intimamente vinculada

ao crescimento acelerado das cidades que possibilitaram o aumento e uma maior concentraccedilatildeo da

populaccedilatildeo urbana acarretando em raacutepidas transformaccedilotildees no meio de propagaccedilatildeo do ruiacutedo

urbano aleacutem do aumento e uma maior concentraccedilatildeo dos diversos tipos de fontes sonoras que o

geram

Embora esteja estreitamente relacionado ao raacutepido desenvolvimento das cidades o ruiacutedo urbano

natildeo deve ser considerado como uma consequumlecircncia incidental da accedilatildeo humana em busca de

progresso e por isso inevitaacutevel tampouco toleraacutevel Ao contraacuterio deve ser entendido como uma

das consequumlecircncias prejudiciais deste desenvolvimento que pode causar diversos males fisioloacutegicos

e psicoloacutegicos ao citadino e assim sendo deve ser veementemente prevenido e mitigado

A fim de encontrar maneiras que possibilitem sua prevenccedilatildeo e mitigaccedilatildeo o ruiacutedo urbano pode

ser entendido como um sistema composto essencialmente pela fonte sonora ndash meio de propagaccedilatildeo ndash

receptor Dentre estas trecircs partes componentes do sistema o meio de propagaccedilatildeo pode ser

considerado como um dos menos investigados e onde as accedilotildees contra o ruiacutedo satildeo menos

concentradas (SINGAL 2005)

Esta inobservacircncia da importacircncia do meio urbano enquanto percurso de propagaccedilatildeo sonora

pode estar vinculada agrave dificuldade de intervir em meios de propagaccedilatildeo consolidados como satildeo

fundamentalmente os grandes centros urbanos Daiacute a relevacircncia em compreender a acuacutestica

urbana a partir de seu meio propagador pois uma vez consolidado o meio raras satildeo as

intervenccedilotildees possiacuteveis para minimizar o ruiacutedo urbano a partir desta parte componente do sistema

fonte ndash meio ndash receptor restando essencialmente accedilotildees preventivas

____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO

18

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Outro fator que evidencia o grande valor em compreender a acuacutestica urbana a partir de seu meio

de propagaccedilatildeo eacute o potencial que o meio urbano possui em influenciar a trajetoacuteria da propagaccedilatildeo

sonora Esta influecircncia acontece atraveacutes da forma que este meio apresenta ou seja a forma urbana

atraveacutes de seus elementos componentes e enquanto percurso de transmissatildeo delineia influencia e

determina em certa medida a trajetoacuteria de propagaccedilatildeo da onda sonora

Assim sendo a interaccedilatildeo entre os diversos elementos que compotildeem a forma urbana - o traccedilado e

perfis das vias o modo de implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as proporccedilotildees

densidade e maneira de ocupaccedilatildeo das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres ndash

contribui determinantemente para caracterizaccedilatildeo da propagaccedilatildeo sonora no meio urbano atraveacutes

de muacuteltiplas reflexotildees do espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave fonte geradora de

campos sonoros reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de aacutereas de sombra

Esta interaccedilatildeo entre os elementos da forma urbana e a propagaccedilatildeo sonora ocorre a partir da

diversidade e singularidade existente nos variados meios urbanos igualmente proporcionando os

mais particulares comportamentos acuacutesticos Isto eacute para cada meio urbano existem caracteriacutesticas

particulares inerentes agrave sua forma urbana que geram um comportamento acuacutestico igualmente

especiacutefico exclusivo e vinculado a esta forma urbana

Apesar deste atrelamento entre a acuacutestica urbana e a forma urbana esta relaccedilatildeo natildeo eacute

suficientemente pesquisada e quando eacute satildeo enfocadas prioritariamente situaccedilotildees presentes de

comportamento acuacutestico eou no maacuteximo hipoacuteteses futuras tambeacutem chamadas de prediccedilatildeo

acuacutestica Aleacutem disso natildeo foram encontradas referecircncias ateacute o presente momento de investigaccedilotildees

que priorizem a apreciaccedilatildeo da acuacutestica urbana e sua relaccedilatildeo com as modificaccedilotildees ao longo do tempo da

forma urbana

Isto posto considerando esta ausecircncia de pesquisas e considerando que para cada espaccedilo urbano

existe um comportamento de propagaccedilatildeo sonora especiacutefico o presente estudo se propocircs a

investigar o comportamento acuacutestico de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de

modificaccedilotildees em sua forma urbana

Para isso admitiu-se que a propagaccedilatildeo de uma mesma fonte sonora em um mesmo espaccedilo urbano

que tenha sofrido ao longo de um processo cronoloacutegico modificaccedilotildees em sua forma urbana

implicaria em diferentes comportamentos em sua acuacutestica urbana para as diferentes datas deste

processo Esta suposiccedilatildeo possibilitou a anaacutelise do comportamento acuacutestico atraveacutes das

____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO

19

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

modificaccedilotildees cronoloacutegicas da forma urbana a partir da articulaccedilatildeo de trecircs variaacuteveis - a fonte sonora

a forma urbana e a acuacutestica urbana Estas variaacuteveis foram consideradas tendo o estudo de caso

enquanto estrateacutegia de pesquisa

O caso escolhido para esta investigaccedilatildeo foi o loteamento 3deg Jardim de Boa Viagem tanto por

representar uma parcela bem delimitada das raacutepidas e recentes transformaccedilotildees ocorridas na

forma urbana do bairro de Boa Viagem quanto por permitir ilustrar o comportamento acuacutestico

em um encadeamento evolutivo do iniacutecio de sua ocupaccedilatildeo recente ateacute os dias atuais

Para compor tal encadeamento evolutivo foram selecionados os anos de 1971 data escolhida por

caracterizar o princiacutepio da ocupaccedilatildeo do 3deg Jardim 1981 e 1997 por representarem datas de

registro de fotografias aeacutereas do bairro de Boa Viagem existentes na base de dados da

CONDEPE-FIDEM Agecircncia Estadual de Planejamento e Pesquisas de Pernambuco 2009 por

representar a realidade atualmente encontrada no 3deg Jardim e uma simulaccedilatildeo de situaccedilatildeo

hipoteacutetica futura de modificaccedilatildeo na forma urbana

Isto posto com o intuito de analisar o comportamento da acuacutestica urbana do 3deg Jardim de Boa

Viagem a partir de modificaccedilotildees cronoloacutegicas em sua forma urbana foram executados os

seguintes objetivos especiacuteficos (I) identificar as caracteriacutesticas configuraccedilotildees e transformaccedilotildees da

forma urbana ocorridas no 3deg Jardim de Boa Viagem nos anos de 1971 1981 1997 e 2009 a

partir de seu processo de ocupaccedilatildeo (II) elaborar mapas acuacutesticos dos niacuteveis atuais (2009) de

pressatildeo sonora equivalente do 3deg Jardim (III) elaborar mapas acuacutesticos do 3deg Jardim nos anos de

1971 1981 1997 e de situaccedilatildeo hipoteacutetica futura a partir da consideraccedilatildeo dos niacuteveis atuais (2009)

de pressatildeo sonora equivalente do 3deg Jardim

Em busca de expor sistematicamente seu desenvolvimento a presente investigaccedilatildeo foi

estruturada do seguinte modo

O presente capiacutetulo 1 introduz e antecipa brevemente a discussatildeo que seraacute realizada ao longo

desta pesquisa

O capiacutetulo 2 aborda dois aspectos principais O primeiro deles desenvolve o conceito de forma

urbana e seus elementos componentes a partir dos autores Joseacute Lamas (2004) Philippe Panerai

(2006) e Vicente Del Rio (1990) Busca elucidar que a apreensatildeo da forma urbana eacute complexa e

envolve diversificadas abordagens e enfoques sociais econocircmicos histoacutericos e culturais para

entatildeo indicar que a presente pesquisa lanccedilaraacute um olhar para a forma urbana essencialmente a

____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO

20

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

partir de seu aspecto fiacutesico e material recorte necessaacuterio para a anaacutelise do comportamento

acuacutestico urbano

O segundo aspecto abordado no capiacutetulo 2 diz respeito agrave definiccedilatildeo teoacuterica do conceito da

acuacutestica urbana e de suas diversificadas implicaccedilotildees e interfaces quando o som eacute propagado em

meio urbano Busca evidenciar os fenocircmenos que ocorrem a partir da interaccedilatildeo entre a forma

urbana e a acuacutestica urbana indicando que a influecircncia da forma urbana eacute determinante para o

comportamento da acuacutestica urbana

O capiacutetulo 3 eacute dedicado ao percurso investigativo desta pesquisa evidenciando sua metodologia e

procedimentos metodoloacutegicos apresentando o 3deg Jardim enquanto estudo de caso o

mapeamento acuacutestico enquanto instrumento de pesquisa e detalhando as etapas operacionais

deste estudo Este capiacutetulo evidencia ainda o processo de elaboraccedilatildeo dos modelos e mapas

acuacutesticos da forma urbana existente no 3deg Jardim em cada uma das datas estudadas aleacutem da

situaccedilatildeo hipoteacutetica futura e discute o software Predictor utilizado para este mapeamento

O capiacutetulo 4 diz respeito ao processo de ocupaccedilatildeo do bairro de Boa Viagem e sua relaccedilatildeo com as

transformaccedilotildees urbanas ocorridas no 3deg Jardim Busca-se identificar as caracteriacutesticas

configuraccedilotildees e transformaccedilotildees ocorridas na forma urbana do 3deg Jardim que possibilitem o

entendimento cronoloacutegico destas modificaccedilotildees dando suporte a elaboraccedilatildeo e anaacutelise dos mapas

acuacutesticos

O capiacutetulo 5 analisa o comportamento da acuacutestica urbana identificado nos mapas acuacutesticos

elaborados do 3deg Jardim a partir das modificaccedilotildees ocorridas em sua forma urbana nos anos de

1971 1981 1997 e 2009 aleacutem de uma situaccedilatildeo hipoteacutetica futura (prediccedilatildeo acuacutestica) Neste capiacutetulo

discute-se ainda o comportamento do 3deg Jardim em relaccedilatildeo agrave legislaccedilatildeo municipal que regula as

emissotildees sonoras na cidade do Recife e no estado de Pernambuco e sua relaccedilatildeo com os niacuteveis

recomendados por outras entidades normativas e indica-se possiacuteveis accedilotildees para melhoria no

comportamento acuacutestico do 3deg Jardim bem como as possiacuteveis consequumlecircncias acuacutesticas da

ausecircncia de tais accedilotildees

Por fim no capiacutetulo 6 satildeo apresentadas as consideraccedilotildees finais acerca do comportamento acuacutestico

do 3deg Jardim e satildeo indicados novos rumos de pesquisa a respeito da acuacutestica urbana

CAPIacuteTULO 2

A arquitetura eacute uma muacutesica petrificada

Arthur Schopenhauer

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

22

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

Analisar o comportamento da acuacutestica urbana ainda que a partir das modificaccedilotildees da forma

urbana faz com que esta pesquisa trate essencialmente da acuacutestica urbana No entanto este

comportamento esta sujeito aos diversificados modos de apreensatildeo da forma urbana e de seus

elementos componentes bem como ao modo como esta pesquisa os consideraraacute

Assim sendo o primeiro item deste capiacutetulo expotildee o conceito de forma urbana e de algumas de

suas relaccedilotildees discutido agrave luz de LAMAS (2004) de PANERAI (2006) e DEL RIO (1990)

indicando em seguida o que esta pesquisa consideraraacute como forma urbana

Certamente discussatildeo em torno da produccedilatildeo de outros autores poderia ser elaborada No

entanto o primeiro item deste capiacutetulo natildeo pretende representar uma revisatildeo bibliograacutefica acerca

do estudo da forma urbana e suas relaccedilotildees pretende sim construir uma discussatildeo em torno dos

trecircs autores selecionados que culmine no conceito de forma urbana que seraacute considerado por esta

pesquisa para possibilitar olhar para suas modificaccedilotildees cronoloacutegicas a fim de compreender o

comportamento da acuacutestica urbana

Apoacutes este delineamento no segundo item deste capiacutetulo discute-se a acuacutestica urbana e suas

relaccedilotildees conceituais com os diversos elementos e implicaccedilotildees da propagaccedilatildeo sonora em meio

urbano e como eles relacionam-se influenciando em seu comportamento

21 A Forma Urbana e seus Elementos Componentes

Segundo LAMAS (2004) estudar a forma urbana compreende examinar as configuraccedilotildees e as

estruturas exteriores de determinados objetos de suas formas interligando-as com os fenocircmenos

que lhes deram origem Assim sendo a forma urbana pode ser definida como sendo o

[] modo como se organizam os elementos morfoloacutegicos que constituem e definem o espaccedilo urbano relativamente agrave materializaccedilatildeo dos aspectos de

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

23

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 21 ndash Diferentes aspectos quantitativos relacionados a diversificadas formas urbanas Fonte LAMAS 2004

organizaccedilatildeo funcional e quantitativa e dos aspectos qualitativos e figurativos (LAMAS 2004 p 44) 1

Dentre estes aspectos os quantitativos satildeo agravequeles da realidade urbana que podem ser

quantificaacuteveis tais como densidades superfiacutecies fluxos coeficientes volumeacutetricos entre outros

(Figura 21) os de organizaccedilatildeo funcional satildeo agravequeles que se relacionam com as atividades

humanas tais como habitar e trabalhar e agravequeles relacionados ao modo de uso especiacutefico de uma

aacuterea ndash residencial comercial industrial entre outros os qualitativos referem-se ao tratamento dos

espaccedilos ao conforto e a comodidade do utilizador tais como adaptaccedilatildeo ao clima acessibilidade

estado da pavimentaccedilatildeo entre outros por fim os aspectos figurativos dizem respeito a

essencialmente a comunicaccedilatildeo esteacutetica (LAMAS 2004)

Pode-se considerar que ao olhar para forma urbana e em especiacutefico para suas modificaccedilotildees

cronoloacutegicas com o intuito de compreender o comportamento da acuacutestica urbana esta pesquisa

relaciona-se tanto aos aspectos qualitativos a partir do conforto acuacutestico dos receptores das

ondas sonoras em meio urbano quanto aos

aspectos quantitativos uma vez que este

comportamento acuacutestico em meio urbano eacute

quantificaacutevel em decibels (dB)

Embora estes aspectos envolvam grande parte

das singularidades inerentes a forma urbana

esta definiccedilatildeo parece ainda natildeo abarcar outras

particularidades sociais econocircmicas histoacutericas

e culturais igualmente envolvidas no

entendimento da concepccedilatildeo da forma urbana

isto eacute resta ainda a consideraccedilatildeo de que esta

forma urbana natildeo acontece

independentemente dos grupos sociais que a

produzem (PANERAI 2006)

Satildeo essencialmente estas particularidades que

impulsionam ou amortecem a transformaccedilatildeo

1 Para todas as citaccedilotildees deste autor natildeo seratildeo consideradas adaptaccedilotildees na liacutengua do paiacutes de origem - Portugal - permanecendo o texto original

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

24

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

dos elementos que compotildeem a forma urbana ndash a adiccedilatildeo de novos de traccedilados a um jaacute existente

ou sua superposiccedilatildeo seus conflitos o parcelamento de parques e ocupaccedilatildeo de espaccedilos livres a

renovaccedilatildeo da massa edificada seu lento adensamento e verticalizaccedilatildeo segundo uma especulaccedilatildeo

despretensiosa ou sua substituiccedilatildeo por vastos empreendimentos sob influecircncia de uma

especulaccedilatildeo bem mais expressiva (PANERAI 2006) isto eacute faz parte da apreensatildeo da forma

urbana uma complexidade que envolve um processo de acumulaccedilatildeo de enfoques e observaccedilotildees

sociais econocircmicas histoacutericas e culturais que englobam muito mais do que apenas sua forma

fiacutesica

Estas particularidades especialmente as sociais parecem um pouco mais delineadas nas

consideraccedilotildees feitas por DEL RIO (1990) que considera o espaccedilo urbano a partir da apropriaccedilatildeo

social que se faz dele estabelecendo que em relaccedilatildeo ao estudo da forma urbana a cidade pode

ser compreendida a partir de trecircs niacuteveis organizacionais o coletivo o comunitaacuterio e o individual

O niacutevel coletivo eacute regido sob uma loacutegica estruturadora percebida inconscientemente e

coletivamente e eacute composto pelos elementos2 do tecido que possuem uma permanecircncia maior ao

longo do tempo o niacutevel comunitaacuterio diz respeito aos elementos com significados especiais apenas

para um pequeno grupo da populaccedilatildeo como o bairro por exemplo jaacute o niacutevel individual expressa

significados individuais como a residecircncia e seu espaccedilo circundante e por seu caraacuteter individual eacute

o que apresenta maior rapidez nas modificaccedilotildees (DEL RIO 1990)

Mas LAMAS (2004) ao defender sua definiccedilatildeo para forma urbana natildeo soacute possuiacutea ciecircncia destas

outras particularidades explicitadas por PANERAI (2006) e DEL RIO (1990) ndash sociais

econocircmicas histoacutericas e culturais ndash envolvidas na concepccedilatildeo de forma urbana como optou em

natildeo apreciaacute-las

[] um primeiro grau de leitura da cidade eacute eminentemente fiacutesico-espacial e morfoloacutegico portanto especiacutefico da arquitectura e o uacutenico que permite evidenciar a diferenccedila entre este e outro espaccedilo entre esta e aquela forma e explicar as caracteriacutesticas de cada parte da cidade A estes se juntam outros niacuteveis de leitura que revelam diferentes conteuacutedos (histoacutericos econoacutemicos sociais e outros) Mas este conjunto de leituras soacute eacute possiacutevel porque a cidade existe como facto fiacutesico e material Todos os instrumentos de leitura lecircem o mesmo objecto ndash o espaccedilo fiacutesico a FORMA URBANA (LAMAS 2004 p 31 grifo do autor) Eacute fundamentalmente a dimensatildeo fiacutesica e morfoloacutegica da cidade que me preocupa [] (LAMAS 2004 p 31)

2 Estes elementos seratildeo discutidos em paraacutegrafos mais adiante

____________________________________________

ANAacuteLISE D

Na verdade esta opccedilatildeo em

urbana considerando-a essen

de seu aspecto fiacutesico e m

convenientemente ao obje

presente pesquisa analisar

da acuacutestica urbana a partir

cronoloacutegicas na forma urba

esta anaacutelise do compor

implica em uma apropriaccedil

fiacutesica e material destas modif

Certamente a busca pela ap

urbana envolve muito

simplesmente sua forma

como jaacute aclarado No entan

da anaacutelise proposta por

apreensatildeo em totalid

fundamentalmente necessaacuter

apropriaccedilatildeo da forma urban

material ou uma variaacutevel fiacutes

finalidade derradeira de

comportamento acuacutestico

modificaccedilotildees nesta forma

Ao entender a observaccedilatildeo

essencialmente em seu aspec

(2004) propocircs uma classifica

dimensotildees

bull A dimensatildeo setorial

refere-se agrave menor u

do espaccedilo urbano co

uma praccedila ou uma

ponto o observador

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 24 ndash A cidadeo texemplificada por meio da cidadLAMAS 2004

Figura 23 ndash O bairro a escala ucidade portuguesa de Tavira Fonte

Figura 22 ndash Praccedila da Alagoa na ca dimensatildeo setorial Fonte LAMA

em observar a forma

sencialmente a partir

material responde

bjetivo primeiro da

ar o comportamento

rtir de modificaccedilotildees

rbana uma vez que

ortamento acuacutestico

riaccedilatildeo genuinamente

dificaccedilotildees

apreensatildeo da forma

o mais do que

a fiacutesica e material

tanto para realizaccedilatildeo

or este estudo tal

alidade natildeo eacute

saacuteria o que torna a

bana quase um meio

l fiacutesica para atingir a

e compreensatildeo do

a partir de

atildeo da forma urbana

pecto fiacutesico LAMAS

icaccedilatildeo em escalas ou

ndash a escala da rua

r unidade ou porccedilatildeo

como por exemplo

a rua onde de um

dor pode abarcar a

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

25

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

territoacuterioa dimensatildeo territorial dade portuguesa de Tavira Fonte

a urbana exemplificada por meio da nte LAMAS 2004

na cidade portuguesa de Tavira ilustra MAS 2004

____________________________________________

ANAacuteLISE D

unidade espacial d

(Figura 22)

bull A dimensatildeo urbana ndash

corresponde agraves pa

identificaacuteveis como

exemplo onde a

elementos da forma

atraveacutes do movime

percursos (Figura 23

bull E por fim a dimensatildeo

da cidade diz respeito

diferentes formas

articulaccedilatildeo de bai

entre si Sua forma

distribuiccedilatildeo de eleme

das cidades em con

suporte geograacutefico d

a articulaccedilatildeo de

circulaccedilatildeo entre os

entre zonas habitacio

entre outras (Figura 2

Dentre estas dimensotildees a u

bairro desperta particular

pesquisa uma vez que o e

limites de observaccedilatildeo atraveacute

de movimentos poderaacute aba

significante de modificaccedilotildee

forma urbana de determina

compreender o comport

acuacutestica urbana

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 25 ndash Exemplos de diversiflotes quarteirotildees e vias em difereNesta imagem um recorte do CONDEPE-FIDEM 1981

Figura 26 ndash Exemplos de diversiflotes quarteirotildees e vias em difereNesta imagem um recorte do baorigens da cidade entrecortadoBarreto Fonte CONDEPE-FIDE

Figura 27 ndash Exemplos de diveredifiacutecios lotes quarteirotildees e vias eRecife Nesta imagem um recessencialmente por morros o AltoFIDEM 1981

de seu conjunto

ndash a escala do bairro

partes homogecircneas

mo os bairros por

a observaccedilatildeo dos

a urbana eacute realizada

imento e de vaacuterios

23)

nsatildeo territorial ndash a escala

eito agrave articulaccedilatildeo de

as urbanas da

bairros interligados

ma eacute definida pela

mentos estruturantes

onformidade com o

o do siacutetio tais como

e ruas e vias de

s diferentes bairros

cionais e comerciais

a 24)

a urbana ndash escala do

lar interesse desta

o entendimento dos

veacutes de certo nuacutemero

barcar uma amostra

otildees cronoloacutegicas na

inado local a fim de

ortamento de sua

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

26

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

rsificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios erentes bairros da cidade do Recife o bairro de Boa Viagem Fonte

rsificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios erentes bairros da cidade do Recife bairro de Satildeo Joseacute que remete agraves do pela recente Avenida Dantas DEM 1981

versificadas concretizaccedilotildees entre os em diferentes bairros da cidade do

recorte de um bairro constituiacutedo lto do Mandu Fonte CONDEPE-

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

27

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

No entanto para apreender tal dimensatildeo devem-se conhecer e estabelecer quais elementos

miacutenimos da forma urbana que se relaciona com esta a dimensatildeo urbana e quais satildeo estes

elementos LAMAS (2004) propocircs onze elementos da forma urbana necessaacuterios para esta

apreensatildeo o solo (I) o edifiacutecio (II) o lote (III) o logradouro (IV) o quarteiratildeo (V) o traccediladoa

rua(VI) a praccedila (VII) a fachada (VIII) o monumento (IX) a vegetaccedilatildeo (X) e o mobiliaacuterio

urbano (XI) Dentre estes elementos seis possuem uma estreita relaccedilatildeo com esta pesquisa e

seratildeo expostos de acordo com consideraccedilotildees observadas por LAMAS 3 (2004) (Figuras 25 a 27)

O edifiacutecio representa o elemento miacutenimo identificaacutevel na observaccedilatildeo da forma urbana eacute atraveacutes

dele que se constitui o espaccedilo urbano e se organizam diferentes elementos tais como ruas praccedilas

avenidas entre outros Os edifiacutecios agrupam-se em diferentes tipos tanto em relaccedilatildeo a suas

formas quanto a suas funccedilotildees Estes elementos podem influenciar o comportamento da acuacutestica

urbana atuando enquanto objetos reflexivos da onda sonora e como barreiras acuacutesticas4

O lote representa o princiacutepio da relaccedilatildeo do edifiacutecio com o terreno A forma do lote eacute muitas

vezes condicionante da forma do edifiacutecio tornando-os vinculados por essecircncia o logradouro diz

respeito ao espaccedilo livres e natildeo construiacutedos no interior do lote aos quintais e jardins o quarteiratildeo

ou quadra pode ser considerado como o espaccedilo resultante entre o cruzamento de trecircs ou mais

vias podendo ser demarcado em vaacuterios lotes para a construccedilatildeo de edifiacutecios Juntos estes trecircs

elementos associados aos edifiacutecios podem propiciar uma maior ou menor permeabilidade

acuacutestica eou uma maior ou menor presenccedila de aacutereas de sombra no meio urbano

O traccedilado por meio das ruas ou vias eacute facilmente identificaacutevel no meio urbano Estaacute muitas vezes

condicionado ao siacutetio geograacutefico existente regula a disposiccedilatildeo dos edifiacutecios e quarteirotildees e

interliga os vaacuterios espaccedilos componentes da cidade e a cidade ao territoacuterio Normalmente o

traccedilado resiste agraves transformaccedilotildees na forma urbana por possuir um caraacuteter de permanecircncia natildeo

totalmente modificaacutevel O traccedilado engloba trajetoacuterias e caminhos que natildeo satildeo necessariamente

percorridos atraveacutes de automoacuteveis apesar disso estaacute em grande parte vinculado a uma das

principais fontes geradoras de ruiacutedo urbano ndash o traacutefego de veiacuteculos

3 Os outros elementos tambeacutem podem relacionar-se de diferentes maneiras com a acuacutestica urbana mas nem tanto com a presente pesquisa e por isso natildeo foram considerados 4 Todas as definiccedilotildees e conceitos acuacutesticos apresentados no presente item seratildeo elucidados no item seguinte 22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

28

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 28 ndash Os trecircs conjuntos formadores do tecido urbano segundo Panerai (2006) Fonte PANERAI 2006

A praccedila eacute um espaccedilo de geometria variada

intencionalmente inserido no meio urbano

cuja relaccedilatildeo com o traccedilado e os edifiacutecios

tambeacutem eacute intencional evidenciada atraveacutes do

seu desenho e natildeo acidentais como

alargamento e confluecircncias do traccedilado Aleacutem

disso a praccedila eacute um lugar de encontro de

permanecircncia e de praacuteticas sociais

Acusticamente dependendo de suas

proporccedilotildees a propagaccedilatildeo sonora que envolve

uma praccedila pode apresentar um

comportamento que se assemelha a

propagaccedilatildeo sonora em campo livre

Estes elementos constituintes da forma urbana

conceituados por LAMAS (2004) podem ser

identificados sob um diferente invoacutelucro

conceitual mas com a mesma essecircncia no que

PANERAI (2006) definiu como sendo

conjuntos do tecido urbano

Aplicado agrave cidade o termo ldquotecidordquo evoca a continuidade e a renovaccedilatildeo a permanecircncia e a variaccedilatildeo Ele explica a constituiccedilatildeo das cidades antigas e responde as questotildees levantadas pelo estudo das urbanizaccedilotildees recentes Ele pressupotildee uma atenccedilatildeo tanto ao banal quanto ao excepcional tanto agraves ruas comuns e agraves edificaccedilotildees corriqueiras quanto agraves regulamentaccedilotildees e aos monumentos Dentre as muacuteltiplas definiccedilotildees de tecido urbano e sem desprezar suas qualidades escolhemos a mais simples O tecido urbano eacute constituiacutedo pela superposiccedilatildeo ou imbricaccedilatildeo de trecircs conjuntos a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees Essa definiccedilatildeo potildee em evidecircncia os elementos que permitem que as diferentes partes da cidade evoluam ao mesmo tempo em que satildeo mantidas a coesatildeo de conjunto e a clareza de sua estrutura (PANERAI 2006 p 77-78 grifo nosso) (Figura 28)

Ao contraacuterio de LAMAS (2004) que considera a praccedila como um elemento da forma urbana por

si soacute PANERAI (2006) discute as vias ou traccedilado inseridas em uma relaccedilatildeo em rede onde

tambeacutem satildeo considerados como partes constituintes os largos passeios praccedilas esplanadas cais

pontes rios canais margens praias todos compondo o espaccedilo puacuteblico Eacute atraveacutes desta rede

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

29

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

contiacutenua e hierarquizada que acontecem as distribuiccedilotildees e circulaccedilotildees da cidade bem como sua

organizaccedilatildeo local e territorial

Jaacute os parcelamentos fundiaacuterios constituem a representaccedilatildeo negativa5 da rede de vias que evidencia o

domiacutenio construiacutedo Este domiacutenio natildeo se limita aos edifiacutecios mas tambeacutem envolve paacutetios

quintais terrenos baldios (PANERAI 2006) Embora PANERAI(2006) considere separadamente

o exame das edificaccedilotildees sugere-se que este domiacutenio construiacutedo envolve quatro dos elementos da

forma urbana elencados por LAMAS (2004) o edifiacutecio o lote o logradouro e o quarteiratildeo

Para PANERAI (2006) as edificaccedilotildees ou edifiacutecios satildeo consideradas construccedilotildees subordinadas ao

espaccedilo puacuteblico ou seja a rede de vias sendo por ele estruturada e que acrescentam a dimensatildeo

vertical ao tecido urbano Tal subordinaccedilatildeo permite que haja uma dependecircncia reciacuteproca entre os

edifiacutecios ainda que eles pertenccedilam a eacutepocas diferentes fazendo com que sua renovaccedilatildeo aconteccedila

sem que haja grandes perdas na unidade do conjunto

Ao estruturar sua concepccedilatildeo dos elementos componentes da forma urbana DEL RIO (1990) eacute

bem mais sinteacutetico e objetivo mas assim como LAMAS (2000) e PANERAI (2006) seus

elementos possuem similaridades e ateacute repeticcedilotildees que praticamente reproduzem a mesma

essecircncia conceitual dos outros dois autores Estes elementos por serem estruturados tatildeo

objetivamente seratildeo apresentados em citaccedilatildeo direta satildeo eles

- crescimento os modos as intensidades e direccedilotildees elementos geradores e reguladores limites e superaccedilatildeo de limites modificaccedilatildeo de estruturas pontos de cristalizaccedilatildeo etc - traccedilado e parcelamento ordenadores do espaccedilo estrutura fundiaacuteria relaccedilotildees distacircncias circulaccedilatildeo e acessibilidade etc - tipologias dos elementos urbanos inventaacuterio e categorizaccedilatildeo de tipologias ediliacutecias (residecircncias comercio etc) de lotes e sua ocupaccedilatildeo de quarteirotildees e sua ocupaccedilatildeo de praccedilas esquinas etc - articulaccedilotildees relaccedilotildees entre elementos hierarquias domiacutenios do publico e privado densidades relaccedilotildees entre cheios e vazios etc (DEL RIO 1990 p 83 grifos do autor)

Dentre todos os elementos expostos a partir dos trecircs autores existe um importante fenocircmeno

relacionando-os em distintas intensidades e que merece ser considerado por influenciar

definitivamente na modificaccedilatildeo da forma urbana ndash o adensamento

5 No sentido de uma fotografia onde os claros e os escuros satildeo representados no negativo de modo contraacuterio ao do objeto fotografado

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

30

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 29 ndash O adensamento das ilhas do Bairro do Recife e de Santo Antocircnio (imagem) ocorreu tanto pelo preenchimento progressivo desde o inicio da ocupaccedilatildeo da cidade quanto por meio da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees anteriores Fontehttppedrodealbuquerquewordpresscomcategorypernambuco Acesso em 201109

O adensamento ocorre a partir de dois modos

essenciais de ocupaccedilatildeo o primeiro a partir do

preenchimento progressivo do espaccedilo urbano

e o segundo a partir da substituiccedilatildeo completa

por meio de demoliccedilatildeo de edificaccedilotildees

anteriores (PANERAI 2006) (Figura 29)

A primeira forma de adensamento ocorre sem

a expansatildeo territorial por meio do

preenchimento progressivo de todas as

reservas fundiaacuterias e espaccedilos livres de

determinado meio urbano Eacute um

adensamento inserido em limitesbarreiras

preacute-estabelecidos naturais ou natildeo tais como

uma via expressa irregularidades geograacuteficas

do siacutetio ou ainda numa escala menor a proacutepria quadra pode ser um limite para saturaccedilatildeo gradual

em seu interior desmembramento ou remembramento dos lotes para construccedilatildeo de novas

edificaccedilotildees verticalizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo de antigos quintais eou jardins (PANERAI 2006)

A segunda forma de adensamento acontece atraveacutes da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees

anteriormente existentes por novas construccedilotildees de maior porte tanto em relaccedilatildeo agrave ocupaccedilatildeo do

solo por meio do remembramento de lotes quanto em relaccedilatildeo ao seu gabarito Esta forma de

adensamento permite a renovaccedilatildeo do espaccedilo urbano sem aumentar sua aacuterea de abrangecircncia sem

sua expansatildeo (PANERAI 2006)

Ambas as formas de adensamento transformam essencialmente a forma urbana e o modo como

se relacionam seus elementos componentes A identificaccedilatildeo desta transformaccedilatildeo em determinado

meio urbano gerada pelo adensamento eacute indispensaacutevel para anaacutelise do comportamento da

acuacutestica urbana a partir de modificaccedilotildees na forma urbana deste mesmo meio uma vez que o

adensamento pode influenciar na propagaccedilatildeo sonora proporcionando uma maior quantidade de

objetos reflexivos de barreiras acuacutesticas e favorecendo a diminuiccedilatildeo da permeabilidade acuacutestica

Por fim a partir exposiccedilatildeo de determinados elementos considerados por LAMAS (2004) ndash o

edifiacutecio o lote o logradouro o quarteiratildeo o traccediladoa rua e a praccedila dos conjuntos considerados

por PANERAI (2006) ndash a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees dos

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

elementos considerados por DEL RIO (1990) ndash crescimento traccedilado e parcelamento tipologias

dos elementos urbanos e as articulaccedilotildees e em busca de atingir seu objetivo principal esta

pesquisa consideraraacute a forma urbana inserida em um recorte que a considera essencialmente a

partir de seu aspecto fiacutesico e material e cujos elementos componentes considerados seratildeo

exclusivamente

1 As parcelas fundiaacuterias ndash consideradas por meio das quadras e lotes incluindo sua relaccedilatildeo

de modo de ocupaccedilatildeo das edificaccedilotildees sua densidade e seus espaccedilos livres

2 As edificaccedilotildees ndash consideradas atraveacutes de sua relaccedilatildeo de modo de ocupaccedilatildeo com os

lotes e do grau de verticalizaccedilatildeo (gabarito baixo meacutedio e alto)

3 As vias ndash consideradas como reguladoras da relaccedilatildeo com as edificaccedilotildees e quarteirotildees e

principalmente apreciadas como estreitamente vinculadas a uma das principais fontes

geradoras de ruiacutedo urbano (o traacutefego de veiacuteculos)

Estes seratildeo os elementos componentes da forma urbana que esta pesquisa se apropriaraacute no

decurso do caminho a fim de analisar o comportamento acuacutestico a partir de modificaccedilotildees

cronoloacutegicas em determinada forma urbana Nos paraacutegrafos seguintes discutem-se os conceitos e

relaccedilotildees que permeiam a acuacutestica urbana

22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais

A acuacutestica eacute a ciecircncia do som incluindo sua geraccedilatildeo transmissatildeo e recepccedilatildeo de energia sob a

forma de ondas vibracionais na mateacuteria (KINSLER et al 1982) Ela eacute uma ciecircncia

multidimensional e interligada a vaacuterios domiacutenios cientiacuteficos Seu objeto de estudo fundamental o

som delineia uma seacuterie de interfaces multidisciplinares com abordagens em diversificadas aacutereas

do conhecimento (Figura 210)

Desse modo quando a geraccedilatildeo transmissatildeo e efeitos do som estatildeo inseridos no meio urbano

seu desdobramento eacute estudado pela aacuterea de conhecimento da acuacutestica urbana muitas vezes

tambeacutem nomeada de acuacutestica ambiental

O objeto de estudo fundamental da acuacutestica o som eacute a sensaccedilatildeo produzida no ouvido por

pequenas flutuaccedilotildees da pressatildeo do ar (HANSEN 2005) ou seja eacute uma percepccedilatildeo sensorial e seu

____________________________________________

ANAacuteLISE D

complexo padratildeo de ondas s

de ruiacutedo muacutesica fala

(BERGLUND et al 1999)

Esta definiccedilatildeo do som tend

a percepccedilatildeo do ouvido

conceito psicofiacutesico Fisicame

vibraccedilatildeo mecacircnica que

progressivamente atraveacutes de

gasoso liacutequido ou soacutelido (SIN

Esta vibraccedilatildeo quando tran

que o rodeia nem sempre

aparelho auditivo humano

frequumlecircncia6 audiacutevel encontra

20 a 20000 Hz para um

(BRUumlEL amp KJAEligR 1984

1982) Frequumlecircncias acima de

altas para respostas fisioloacuteg

chamadas de ultrasons Jaacute as

de 20 Hz satildeo chamadas de

detectaacuteveis pelo ouvido hum

prejudiciais agrave sua sauacutede7

1982 SOUSA 2004)

Fisicamente o som e o ruiacutedo

ambos se propagam em mei

detectados pelo ouvido hu

enquanto o som eacute utilizado

6 A frequumlecircncia eacute o nuacutemero de ciclo(HANSEN 1995) 7 A exposiccedilatildeo a baixas frequumlecircncias depressatildeo irritabilidade e perturba pro

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 210 ndash Interfaces multidFonte Elaborado pela autora a pa

Figura 211 ndash Fonte sonora ponSOUZA 2006

as sonoras eacute rotulado

ala entre outros

ndo como referecircncia

o humano eacute um

mente o som eacute uma

que se propaga

de um meio material

(SINGAL 2005)

transmitida ao meio

re eacute detectaacutevel pelo

ano cuja faixa de

tra-se no intervalo de

um jovem saudaacutevel

4 KINSLER et al

de 20000 Hz muito

loacutegicas auditivas satildeo

as frequumlecircncias abaixo

de infrasons e natildeo satildeo

umano contudo satildeo

(KINSLER et al

iacutedo constituem o mesmo fenocircmeno de variaccedilotildee

eio elaacutestico (soacutelido liacutequido ou gasoso) e ambos

humano (BERGLUND et al 1999 HANSEN

do para descrever percepccedilotildees sonoras agradaacutev

iclos que a onda sonora completa no tempo de um segundo

as pode gerar a doenccedila Vibroacuacutestica que induz o espessamprocessos cognitivos (BRANCO e PEREIRA 2004)

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

32

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

ltidisciplinares do estudo do som partir de BISTAFA 2006

ontual e fonte sonora linear Fonte

otildees de pressatildeo ambiente

bos satildeo capazes de serem

EN 1995) No entanto

daacuteveis o ruiacutedo descreve

do e eacute medida em Hertz (Hz)

amento das estruturas cardiacuteacas

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

33

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 212 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora pontual de 6 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007

percepccedilotildees sonoras desagradaacuteveis incorporando um aspecto de subjetividade agrave sua definiccedilatildeo

(BRUumlEL amp KJAEligR 1984 HANSEN 2005 BRASIL 2006 SINGAL 2005)

Tal subjetividade acarreta diferentes e individuais percepccedilotildees sonoras pelo ser humano e

portanto em diferentes reaccedilotildees agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo Em outras palavras o que se estabelece

como som para um indiviacuteduo pode representar ruiacutedo para outro

[] as respostas inerentes ao ruiacutedo satildeo complexas dependendo tanto dos fatores propriamente acuacutesticos quanto dos psicossociais contextuais simboacutelicos emocionais como daqueles de valor especiacutefico Essas variaacuteveis participam da singularidade da escuta e atuam como filtros que modificam a percepccedilatildeo do sinal fiacutesico sonoro (SANTOS e MARTINS 2005 p 216)

Enquanto sua percepccedilatildeo envolve a subjetividade as respostas fisioloacutegicas agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo satildeo

mais objetivas e seus danos satildeo mais facilmente identificaacuteveis O ruiacutedo pode gerar complicaccedilotildees

no sistema circulatoacuterio e hormonal perda gradativa da audiccedilatildeo distuacuterbios de sono estresse

irritabilidade neuroses desconforto e dificuldade de aprendizado entre outros danos

(BERGLUND et al1999 HANSEN 2005 KINSLER et al 1982 MURGEL 2007 NAGEM

2004 NUNES 2006 PAZ et al 2005 SINGAL 2005 ZANNIN et al 2002)

O ruiacutedo pode se originar de variadas fontes presentes em diversificados ambientes as mais

comumente encontradas satildeo as fontes sonoras pontuais e as lineares (Figura 211) A fonte pontual

possui dimensotildees finitas e emite o mesmo niacutevel de pressatildeo sonora uniformemente para todas as

direccedilotildees sendo seu decaimento em campo livre de 6 dB para cada dobro da distacircncia (Figura

212) (HANSEN 2005 SOUSA 2004)

Jaacute a fonte linear eacute formada por certo nuacutemero de

fontes pontuais dispostas linearmente cuja

emissatildeo sonora eacute contiacutenua ao longo desta

linha sendo seu decaimento em campo livre

de 3 dB para cada dobro da distacircncia (Figura

213) (HANSEN 2005 PAZ 2004)

Quando propagadas no meio urbano a

combinaccedilatildeo de tais fontes sonoras associadas

ao percurso de transmissatildeo e ao receptor

constitui o ruiacutedo urbano (urban noise) tambeacutem

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 213 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora linear de 3 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007

chamado de ruiacutedo ambiental (environmental

noise) ou ruiacutedo comunitaacuterio (community noise)

(BERGLUND et al1999 GUEDES 2005

SOUSA 2004)

O ruiacutedo urbano pode ser gerado a partir do

traacutefego de veiacuteculos terrestres e aeacutereos de

obras de construccedilatildeo civil de estabelecimentos

industriais de estabelecimentos comerciais e

de serviccedilos de sistemas de propaganda

volante ou permanente8 e ruiacutedos de outras atividades cuja propagaccedilatildeo sonora pode afetar o bem-

estar e a sauacutede dos citadinos (BARRON 2003 BERGLUND et al1999 KINSLER et al 1982

NAGEM 2004 NUNES 2006 SINGAL 2005)

Apesar de esporaacutedica outra fonte de ruiacutedo gerada em meio urbano satildeo os eventos puacuteblicos tais

como festas shows comiacutecios carnavais fora de eacutepoca entre outros As fontes de ruiacutedo presentes

nestes eventos atingem um alto niacutevel de pressatildeo sonora9 e abrangem uma grande quantidade

populacional logo independente de ocorrer poucas vezes durante o ano satildeo eventos

extremamente danosos a sauacutede e principalmente agrave audiccedilatildeo a partir de 80 dB(A) natildeo importa se

a sensaccedilatildeo sonora eacute prazerosa ou natildeo ela eacute necessariamente prejudicial10 (Tabela 21) (NUNES

2006)

Quando a intensidade dos ruiacutedos urbanos torna-se excessivamente desagradaacutevel eou nociva o

ruiacutedo passa a ser considerado uma forma de poluiccedilatildeo ambiental11 - a poluiccedilatildeo sonora A

necessidade de regulamentaccedilatildeo da poluiccedilatildeo sonora renuncia os aspectos de subjetividade

existentes e inerentes ao conceito de ruiacutedo na tentativa de sintetizar e estabelecer limites leis

normas meacutetodos e accedilotildees que representem um universo sonoro equivalente para toda a

populaccedilatildeo na tentativa de controlar e mitigar o ruiacutedo urbano

8 Carros de som bicicletas com som raacutedios comunitaacuterias entre outros 9 O niacutevel de pressatildeo sonora eacute a medida fiacutesica preferencial para caracterizar a sensaccedilatildeo subjetiva da intensidade dos sons e de acordo com a lei de Weber e Fechner a sensaccedilatildeo sonora eacute proporcional ao logaritmo da intensidade sonora NPS=20 log (pp0) onde p eacute a pressatildeo sonora em Pascal e p0 eacute a pressatildeo sonora de referecircncia (2 10-5 Pascal) (BISTAFA 2006 NIEMEYER 2007) 10 Outros niacuteveis de ruiacutedo tambeacutem podem ser prejudiciais em maior ou menor grau dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora 11 ldquoPoluiccedilatildeo eacute a degradaccedilatildeo da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente a) prejudiquem a sauacutede a seguranccedila e o bem-estar da populaccedilatildeo b) criem condiccedilotildees adversas agraves atividades sociais e econocircmicas c) afetem desfavoravelmente a biota d) afetem as condiccedilotildees esteacuteticas ou sanitaacuterias do meio ambiente e) lancem mateacuterias ou energia em desacordo com os padrotildees ambientais estabelecidosrdquo (BRASIL 1981 p 1 e 2)

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Tabela 21 ndash Os niacuteveis de pressatildeo sonora e suas consequumlecircncias fisioloacutegicas no homem Em alguns casos podem a intensidade das reaccedilotildees fisioloacutegicas podem variar dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora Fonte elaborado pela autora a partir de KINSLER et al 1992 SINGAL 2005 SOUZA 2006

Assim sendo na esfera federal a Constituiccedilatildeo Federal (Art255) o Coacutedigo Civil Brasileiro (Lei ndeg

1040602) a Lei das Contravenccedilotildees Penais (Decreto-lei nordm 368841) e a Lei dos Crimes

Ambientais (Lei nordm 960598) versam a partir de diferentes abordagens e diferentes

procedimentos legais sobre a poluiccedilatildeo sonora e suas respectivas perturbaccedilotildees (CARNEIRO

2009)

NIacuteVEIS DE PRESSAtildeO SONORA E SUAS CONSEQUEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS

Niacutevel de Pressatildeo sonora

em dB(A)

Caracteriacutesticas FISIOLOacuteGICAS

Ambiente ou atividade

0 a 30 Nenhuma Tremular de folhas de uma aacutervore sussurros

aacuterea de mata selvagem

30 a 50 Nenhuma Cantar de paacutessaros rua calma em aacuterea residencial durante noite

50 a 70 Marca o iniacutecio do estresse

auditivo Rua agitada um restaurante barulhento

70 a 90 Estressante e bastante

excitante Chegada de um trem na estaccedilatildeo carro a 100 Kmh

conversa a gritos

90 a 110 Extremamente excitante provocando dependecircncia

Caminhatildeo pesado a 60 Kmh alarme de viatura passagem de trem numa estaccedilatildeo ou cabine de um aviatildeo monomotor

110 a 130

Desconfortavelmente alto atingindo o limiar da dor podendo causar surdez

instantacircnea

Trem passando em trilhos elevados martelo pneumaacutetico interior de uma boate show de banda de rock

130 a 140 Acima do limiar da dor

causando surdez permanente Decolagem de aviatildeo a jato a 5m de distacircncia disparos de artilharia

Ainda no domiacutenio federal o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) publicou vaacuterias

resoluccedilotildees que estabelecem normas de preservaccedilatildeo ao meio ambiente incluindo o combate a

poluiccedilatildeo sonora12 Nestas resoluccedilotildees todas as atividades geradoras de ruiacutedo devem seguir

diretrizes vinculadas agrave Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas ndash ABNT e ao Conselho

Nacional de Tracircnsito - CONTRAN no caso de ruiacutedo produzido por veiacuteculos automotores

(NAGEM 2004)

Tais resoluccedilotildees normas e diretrizes refletidas no domiacutenio estadual e municipal deram origem agrave

Lei Estadual nordm 12789 de 28 de Abril de 2005 (PERNAMBUCO2005) conhecida como ldquoLei do

12 Satildeo elas RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 272 de 14 de setembro de 2000

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Silecircnciordquo e que dispotildee sobre ruiacutedos urbanos poluiccedilatildeo sonora e proteccedilatildeo do bem-estar e do

sossego puacuteblico e agrave Lei nordm 16243 de 13 de setembro de 1996 ndash Coacutedigo do Meio Ambiente e do

Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife (RECIFE 1996a) que estabelece a poliacutetica do meio ambiente da

cidade do Recife incluindo regulamentaccedilatildeo de emissotildees sonoras entre outras providecircncias

tendo como suporte a Lei 1617696 de 9 de Abril de 1996 ndash Lei de Uso e Ocupaccedilatildeo do Solo da

Cidade do Recife ndash LUOS (RECIFE 1996b)

Apesar da existecircncia desta grande quantidade de leis federais estaduais e municipais apesar da

LUOS legislar sobre a etapa de aprovaccedilatildeo de projetos para a construccedilatildeo de empreendimentos

com usos geradores de incocircmodo agrave vizinhanccedila incluindo usos potencialmente geradores de ruiacutedos

submetendo-os agrave anaacutelise teacutecnica eou agrave anaacutelise especial e apesar do Coacutedigo do Meio Ambiente e

do Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife estabelecer limites maacuteximos permitidos de ruiacutedo na praacutetica a

accedilatildeo contra a poluiccedilatildeo sonora em Recife adquire caraacuteter corretivo pelos oacutergatildeos reguladores agrave

conduta do infrator geralmente a partir de denuacutencias da populaccedilatildeo apoacutes a consolidaccedilatildeo da fonte

geradora de ruiacutedo no meio urbano (JORNAL DO COMEacuteRCIO 2008 JC ONLINE 2005)

Outro exemplo local de desatenccedilatildeo agrave poluiccedilatildeo sonora eacute a inexistecircncia dentre vaacuterios outros tipos

de degradaccedilatildeo ambiental presentes de qualquer referecircncia a respeito da poluiccedilatildeo sonora em

documento produzido pela Prefeitura da Cidade do Recife no ano 2000 o Atlas Ambiental da

Cidade do Recife (RECIFE 2000)

Diante da aplicabilidade ineficaz da legislaccedilatildeo vigente em Novembro de 2009 foi lanccedilado pelo

Ministeacuterio Puacuteblico de Pernambuco a cartilha Poluiccedilatildeo sonora Silento e o barulho13 que versa sobre as

posturas e accedilotildees direitos e deveres dos diversos agentes envolvidos na produccedilatildeo e recepccedilatildeo da

poluiccedilatildeo sonora indicando como devem agir a viacutetima o policial o estado o construtor poluidor

o proprietaacuterio de carro de som poluidor entre outros A cartilha tambeacutem disponibiliza uma seacuterie

de formulaacuterios modelos de acordo com os diferentes tipos de poluiccedilatildeo sonora Estes formulaacuterios satildeo

exemplos para serem utilizados tanto pela viacutetima da poluiccedilatildeo sonora quanto pelo policial civil

militar promotor de justiccedila e ateacute mesmo pelo poluidor - o que poderaacute tornar esta cartilha um

importante instrumento para aplicaccedilatildeo das leis vigentes (CARNEIRO 2009)

Embora negligenciada e em oposiccedilatildeo a diversos outros problemas ambientais mundiais a

poluiccedilatildeo sonora continua a crescer e eacute acompanhada pelo aumento no nuacutemero de reclamaccedilotildees de

13 ldquoSilentordquo eacute um personagem criado para narrar alguns trechos interativos da cartilha

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

37

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 214 ndash Relaccedilatildeo entre o desenvolvimento industrial da sociedade que possibilita o aumento e concentraccedilatildeo de fontes sonoras e seus impactos em relaccedilatildeo ao ruiacutedo nas comunidades apontando trecircs previsotildees futuras de acordo com diferentes accedilotildees possiacuteveis de regulamentaccedilatildeo contra do ruiacutedo Fonte elaborado pela autora a partir de BERGLUND et al 1999

pessoas expostas ao ruiacutedo a partir do aumento da consciecircncia de seus direitos legais

(BERGLUND et al1999)

Para World Health Organization (WHO)14 a poluiccedilatildeo sonora jaacute eacute um dos problemas ambientais que

atingem o maior nuacutemero de pessoas no planeta perdendo apenas para a poluiccedilatildeo do ar e da aacutegua

(KIHLMAN 2004 2005) Este crescimento contiacutenuo da poluiccedilatildeo sonora e por conseguinte do

ruiacutedo urbano possui uma estreita relaccedilatildeo com as raacutepidas transformaccedilotildees ocorridas no meio

urbano nas uacuteltimas deacutecadas O desenvolvimento acelerado e a expansatildeo das cidades implicaram

em modificaccedilotildees em elementos da forma urbana em alto iacutendice de crescimento demograacutefico da

populaccedilatildeo urbana e em consequumlente aumento e concentraccedilatildeo de diversos tipos de fontes

geradoras de poluiccedilatildeo sonora (BRASIL 1990a1990b GUEDES 2005 PAZ 2009 ZANNIN et

al 2002) (Figura 214)

Entre estas fontes urbanas geradoras de poluiccedilatildeo sonora uma das que mais contribuem com o

aumento do ruiacutedo urbano aleacutem de ser considerada uma das fontes mais intrusivas e a mais

percebida pela populaccedilatildeo das grandes cidades eacute o traacutefego de veiacuteculos (DINIZ 2003 FRITSCH et al

2007 LACERDA et al 2005 PAZ 2004 ZANNIN et al 2003)

O ruiacutedo do traacutefego de veiacuteculos eacute gerado a

partir do ruiacutedo veicular que proveacutem

essencialmente do sistema de propulsatildeo do

motor do atrito entre o veiacuteculo e o ar (ruiacutedo

aerodinacircmico) e do atrito entre o pneu e o piso

(MURGEL 2007 KINSLER et al 1982) e da

relaccedilatildeo entre o veiacuteculocondutor e as

configuraccedilotildees das vias em que ele estaacute inserido

a aceleraccedilatildeo eou desaceleraccedilatildeo do motor de

acordo com a caracterizaccedilatildeo das vias - a

presenccedila de cruzamentos semaacuteforos faixas de

pedestres etc a intensidade do fluxo de

veiacuteculos e a proporccedilatildeo entre veiacuteculos leves e os

veiacuteculos pesados a frequumlecircncia de

14 Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede ndash OMS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

acionamentos de buzinas o tipo de acabamento da superfiacutecie das vias (concreto asfalto brita

terra batida) etc (SINGAL 2005)

Tais vias geradoras do ruiacutedo de traacutefego aleacutem de serem interceptadas por outras vias satildeo

comumente ladeadas por configuraccedilotildees bastante variaacuteveis desde edificaccedilotildees com formas

implantaccedilotildees e gabaritos diversificados a lotes ainda natildeo ocupados caracterizando a propagaccedilatildeo

do ruiacutedo de traacutefego urbano por muacuteltiplas reflexotildees responsaacuteveis pelo espalhamento do ruiacutedo

para vias adjacentes pelo surgimento de campos sonoros reverberantes pela difraccedilatildeo do ruiacutedo e

pelo surgimento de aacutereas de sombra (SINGAL 2005 RANDRIANOELINA e SALOMONS

2008) Ou seja a propagaccedilatildeo do ruiacutedo urbano gerado pelo traacutefego de veiacuteculos possui uma

interaccedilatildeo singular com elementos da forma urbana

Assim sendo tanto por sua participaccedilatildeo determinante na constituiccedilatildeo do ruiacutedo urbano quanto

por sua particular relaccedilatildeo com os elementos que compotildeem a forma urbana o ruiacutedo de traacutefego

seraacute a uacutenica fonte sonora considerada na presente pesquisa conforme seraacute melhor elucidado no

proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas

A interaccedilatildeo entre o ruiacutedo urbano e a forma urbana dependeraacute diretamente das configuraccedilotildees de

certos elementos que compotildeem esta forma urbana o traccedilado e perfis das vias a maneira de

implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade e

forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres tais como praccedilas e

largos (GUEDES 2005 SANTOS e MARTINS 2005) Estes elementos podem ser

acusticamente caracterizados a partir do tipo de espaccedilo acuacutestico e da permeabilidade acuacutestica

O espaccedilo acuacutestico tambeacutem nomeado de campo acuacutestico eacute a porccedilatildeo de determinado espaccedilo onde

acontecem as vibraccedilotildees sonoras podendo ser caracterizado no meio urbano como espaccedilo

acuacutestico aberto ou fechado (NIEMEYER 2007)

O espaccedilo acuacutestico aberto aproxima-se da propagaccedilatildeo em campo livre que eacute caracterizado pela ausecircncia

de obstaacuteculos que modifiquem a propagaccedilatildeo sonora entre a fonte e o receptor Assim no meio

urbano o espaccedilo cuja propagaccedilatildeo sonora envolva poucas ou nenhuma reflexatildeo e poucos ou

nenhum obstaacuteculo pode ser considerado um espaccedilo acuacutestico aberto como por exemplo o

espaccedilo acuacutestico com perfil em ldquoLrdquo tais como vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas uma de

suas margens (Figuras 215 e 216) (NIEMEYER 2007) No espaccedilo acuacutestico aberto o niacutevel de

pressatildeo sonora decai 6 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (LANG

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 215 ndash Propagaccedilatildeo sonora em Campo acuacutestico aberto Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001

Figura 216 ndash Campo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo FonteNIEMEYER 2007

Figura 217 ndash Propagaccedilatildeo sonora em campo acuacutestico fechado causando o fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001

e BERANEK 1992) isto eacute o ruiacutedo percebido

pelo receptor diminui em funccedilatildeo da

duplicaccedilatildeo da distacircncia da fonte sonora15

Praccedilas parques e largos com grandes

dimensotildees vias de traacutefego marginais a praias

vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas

uma de suas margens ou espaccedilos livres

urbanos de grandes dimensotildees caracterizam

alguns exemplos de espaccedilos acuacutesticos abertos

No espaccedilo acuacutestico fechado as ondas sonoras

sofrem muacuteltiplas reflexotildees fazendo com que o

seu niacutevel sonoro decaia muito lentamente

sendo praticamente o mesmo em vaacuterias

posiccedilotildees ateacute que esta onda sonora encontre

uma saiacuteda para campo livre caracterizando o

fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana16 17(Figura

217) (GUEDES 2005 NIEMEYER 2007)

Os espaccedilos acuacutesticos fechados podem ser

reverberantes quando a onda sonora tarda a

encontrar o campo livre gerando um grande

nuacutemero de reflexotildees ou semi-reverberantes

quando a onda sonora encontra o campo livre

um pouco mais rapidamente do que no

reverberante gerando um nuacutemero menor mas

ainda grande de reflexotildees

15 Este decaimento eacute para fontes pontuais para fontes lineares o decaimento eacute de 3 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (GERGES 2000) 16 A reverberaccedilatildeo eacute a persistecircncia de um som depois de ter sido extinta a sua emissatildeo por uma fonte e ocorre como resultado de reflexotildees em ambientes total ou parcialmente fechados (GONZALEZ e LOPES 1993) 17 Alguns espaccedilos acuacutesticos fechados tambeacutem podem amplificar o niacutevel de pressatildeo sonora mas este fenocircmeno ocorre em determinados espaccedilos acuacutesticos fechados reverberantes

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 218 ndash Campo acuacutestico fechado em perfl ldquoUrdquo tambeacutem chamado de canyons urbanos Fonte NIEMEYER 2007

No meio urbano o espaccedilo acuacutestico fechado

reverberante possui comumente um perfil em

ldquoUrdquo (Figura 218) tambeacutem chamados de

canyons urbanos que podem amplificar

consideravelmente a propagaccedilatildeo sonora das

vias de traacutefego atraveacutes de reflexotildees muacuteltiplas

geradas pelas fachadas paralelas das

edificaccedilotildees que circundam estas vias

(ANDERSON e KURZE 1992) Assim neste

tipo de espaccedilo acuacutestico a propagaccedilatildeo sonora

natildeo depende exclusivamente da distacircncia entre

a fonte e o receptor como no espaccedilo acuacutestico

aberto depende ainda da configuraccedilatildeo dos

elementos que compotildeem a forma urbana e

dos coeficientes de absorccedilatildeo dos materiais que

revestem as superfiacutecies refletoras18

(NIEMEYER 2007)

Praccedilas parques e largos com pequenas dimensotildees e cercados por edificaccedilotildees conjugadas vias de

traacutefego com edificaccedilotildees (conjugadas ou com pequenos recuos entre elas) em ambos os lados

tuacuteneis passagens subterracircneas e espaccedilos livres abaixo de viadutos caracterizam alguns exemplos

de espaccedilos acuacutesticos fechados

A caracterizaccedilatildeo de um espaccedilo acuacutestico como sendo aberto ou fechado delinearaacute como a onda

sonora iraacute espalhar-se no meio urbano cujas configuraccedilotildees dos elementos que o compotildeem

podem facilitar ou dificultar a trajetoacuteria desta onda sonora para aleacutem do local de sua emissatildeo

tornando o meio urbano mais ou menos permeaacutevel a sua propagaccedilatildeo

18 No meio urbano as superfiacutecies refletoras satildeo predominantemente formadas por fachadas e muros de edificaccedilotildees que possuem certa uniformidade na utilizaccedilatildeo de materiais altamente reflexivos e com baixos coeficientes de absorccedilatildeo tais como granito maacutermore ceracircmica esmaltada vidro Assim o coeficiente de absorccedilatildeo de uma edificaccedilatildeo para outra seraacute praticamente o mesmo sofrendo miacutenimas variaccedilotildees permitindo sua natildeo consideraccedilatildeo

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 220 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees em uma quadra permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007

Figura 221 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjugadas em uma quadra pouco permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007

Figura 219 ndash Permeabilidade acuacutestica - percursos da onda sonora gerados em meio urbano Fonte NIEMEYER 2007

Figura 222 ndash Barreira acuacutestica entre a fonte e o receptor FonteANDERSON e KURZE 1992

Assim sendo a permeabilidade acuacutestica refere-se

aos percursos da onda sonora gerados no

meio urbano (Figura 219) (GUEDES 2005

NIEMEYER 2007) A intensidade da

permeabilidade acuacutestica - mais ou menos

permeaacutevel - dependeraacute da capacidade de

certos elementos urbanos de promover ou

conter a propagaccedilatildeo da onda sonora tais

como o traccedilado e perfis das vias a maneira de

implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem

como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade

e forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila

ou ausecircncia de espaccedilos livres (Figuras 220 e

221)

A permeabilidade acuacutestica relaciona-se ainda

com as barreiras acuacutesticas Isoladamente o

conceito de barreiras acuacutesticas refere-se a

qualquer objeto que possa ser considerado um

obstaacuteculo agrave ligaccedilatildeo direta e sem interferecircncias

entre a fonte e o receptor (Figura 222)

(ANDERSON e KURZE 1992 GERGES

2000) Ao bloquear o percurso direto entre a

fonte e o receptor a onda sonora poderaacute ser

absorvida eou refletida pela superfiacutecie da

barreira transmitida atraveacutes da barreira ou

difratada a partir do topo da barreira

(BARRON 2003 SINGAL 2005)

A difraccedilatildeo eacute um fenocircmeno que permite que as

ondas sonoras sejam capazes de contornar

determinados obstaacuteculos gerando uma aacuterea de

sombra acuacutestica que possui limites espaciais

variaacuteveis de acordo com a posiccedilatildeo da fonte

____________________________________________

ANAacuteLISE D

sonora e de sua localizaccedilatilde

receptor que por sua vez

sonora difratada pelas borda

um decaimento maior do qu

campo livre (Figura 223) (N

1968 NIEMEYER 2007 PA

O uso de barreiras acuacutestic

EUA Japatildeo Austraacutelia e

reduccedilatildeo da propagaccedilatildeo do

pelo traacutefego rodoviaacuterio pa

(Figuras 224 a 226) (SIN

Brasil esta praacutetica ainda eacute inc

restringindo-se a poucos exe

caso da barreira acuacutestica no

Linha Amarela na cidade do

na Rodovia Bandeirantes co

de Satildeo Paulo a Campinas

Paulo (Figura 227) (MURGE

2004)

Embora a implantaccedilatildeo de b

esteja vinculada agrave reduccedilatildeo do

rodoviaacuterio outros elemen

meio urbano situados ent

receptor atuam espontan

barreiras agrave propagaccedilatildeo sono

terreno com topografia i

muros edificaccedilotildees entr

edificaccedilotildees conjugadas da R

cidade do Recife ou aind

conjugadas em alguns trec

Atlacircntica no Rio de Janei

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 226 ndash Barreiras instaladasem aacuterea residencial de Toacutequio Jap

Figura 224 ndash Agrave esquerda barreacriacutelico na Suiacuteccedila Agrave direita barreiraPaacutedua e Veneza na Itaacutelia Fonte C

Figura 227 ndash Barreira acuacutestica dade Satildeo Paulo Fonte MURGEL 2

Figura 223 ndash Difraccedilatildeo da ondagerando uma aacuterea de sombra acuacutest

Figura 225 ndash Agrave esquerda baproacuteximo a Zurique Agrave direita barretambeacutem na Suiccedila Fonte CICHIN

accedilatildeo em relaccedilatildeo ao

ez recebe a energia

rdas da barreira com

que se estivesse em

(NEPOMUCENO

PAZ 2004)

ticas eacute comum nos

e na Europa para

do ruiacutedo produzido

para seus arredores

INGAL 2005) No

incipiente

exemplos como eacute o

no eixo rodoviaacuterio

o Rio de Janeiro e

conectando a cidade

s no estado de Satildeo

GEL 2007 SOUSA

e barreiras acuacutesticas

do ruiacutedo de traacutefego

entos inseridos no

entre a fonte e o

taneamente como

nora tais como um

irregular taludes

ntre outros As

a Rua da Aurora na

inda as edificaccedilotildees

trechos da Avenida

neiro por exemplo

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

42

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

das ao longo de via expressa elevada Japatildeo Fonte CICHINELLI 2007

rreira acuacutestica curva em concreto e eira acuacutestica metaacutelica na estrada entre CICHINELLI 2007

da Rodovia Bandeirantes no estado 2007

da sonora a partir de uma barreira uacutestica Fonte GERGES 2000

barreira acuacutestica metaacutelica instalada arreira acuacutestica em concreto e acriacutelico INELLI 2007

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 228 ndash Rua da Aurora no Bairro da Boa Vista na cidade do Recife configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fontehttpmaiovinteeseisblogspotcom2007_ 11_01_archivehtml Acesso em 080409

Figura 229 ndash Alguns trechos da Avenida Atlacircntica no Bairro de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro tambeacutem configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fonte httpwwwtravelpodcomtravel-photoorlanworldtrip200711 71589400avenida-atlantica-along-copacabana-beachjpgtpodhtml Acesso em 080409

aleacutem de funcionarem como barreiras acuacutesticas

espontacircneas ou natildeo intencionais tambeacutem

conformam um espaccedilo acuacutestico aberto em

ldquoLrdquo e pouco permeaacutevel ao ruiacutedo (Figura 228 e

229)

A partir da discussatildeo dos espaccedilos acuacutesticos e

da permeabilidade acuacutestica evidencia-se que a

interaccedilatildeo entre os diversos elementos que

compotildeem a forma urbana - o traccedilado e perfis

das vias o modo de implantaccedilatildeo das

edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as

proporccedilotildees densidade e maneira de ocupaccedilatildeo

das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de

espaccedilos livres ndash contribui determinantemente

para a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano

atraveacutes de muacuteltiplas reflexotildees do

espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave

fonte geradora de campos sonoros

reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de

aacutereas de sombra

Isto posto se o ruiacutedo urbano eacute considerado

um sistema composto essencialmente pela fonte

sonora pelo meio de propagaccedilatildeo e pelo receptor (LANG e BERANEK 1992 ANDERSON e

KURZE 1992) a forma urbana considerada a partir dos elementos que a compotildeem enquanto

percurso de transmissatildeo delineia influencia e determina em certa medida a trajetoacuteria de

propagaccedilatildeo da onda sonora19 Ou seja a forma urbana por meio das caracteriacutesticas singulares

apresentadas pelos seus elementos componentes iraacute influenciar o comportamento da propagaccedilatildeo

da onda sonora no meio urbano

19 ldquoEm certa medidardquo pois existem outros fatores que tambeacutem influenciam a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano mas a discussatildeo sobre a consideraccedilatildeo ou natildeo destes outros fatores seraacute melhor construiacuteda no proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito alto por elevada densidade de

ocupaccedilatildeo das quadras e por vias estreitas por exemplo tende em tese a ser menos permeaacutevel ao

ruiacutedo dificultando a propagaccedilatildeo sonora para outras aacutereas Tende ainda a criar espaccedilos

reverberantes ou semi-reverberantes com o niacutevel de pressatildeo sonora elevado em praticamente

todos os pontos de reflexatildeo com perdas miacutenimas ateacute a onda sonora alcanccedilar o topo das

edificaccedilotildees e direcionar-se a campo livre Por conseguinte este comportamento tende a propiciar

dependendo ainda da relaccedilatildeo com a fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano indesejaacutevel e

insalubre aos receptores existentes nas edificaccedilotildees daquela via

Jaacute uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito baixo por baixa densidade de

ocupaccedilatildeo das quadras e por vias largas tende teoricamente a ser mais permeaacutevel ao ruiacutedo

facilitando sua propagaccedilatildeo Por outro lado natildeo gera espaccedilos acuacutesticos propiacutecios a muacuteltiplas

reflexotildees fazendo com que a onda sonora encontre mais rapidamente o campo livre facilitando

sua dissipaccedilatildeo e propiciando dependendo ainda da fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano

desejaacutevel aos seus receptores

Deste modo a existecircncia de diferenccedilas e particularidades dos elementos que compotildeem as

distintas formas urbanas proporciona os mais diversificados comportamentos acuacutesticos de

propagaccedilatildeo sonora nos mais diferentes meios urbanos Ou seja do mesmo modo que cidades

bairros e ruas natildeo satildeo iguais entre si tampouco reproduziacuteveis em sua essecircncia o comportamento

acuacutestico tambeacutem natildeo seraacute ao contraacuterio constituiraacute um atributo exclusivo de cada espaccedilo urbano

Mas se para cada espaccedilo urbano existe um comportamento acuacutestico especiacutefico como deveraacute se

comportar a propagaccedilatildeo sonora de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de

modificaccedilotildees em elementos de sua forma urbana Em outras palavras como se comportaraacute a acuacutestica

urbana de um determinado local a partir do processo cronoloacutegico de modificaccedilotildees em sua forma urbana

Nos capiacutetulo que se segue Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas seratildeo apresentadas os percursos

investigativos que foram postos em praacutetica em busca de responder a este questionamento

Figura 34 - Delimitaccedilatildeo da aacuterea de estudo em azul o 3deg Jardim p 52

Figura 35 - Mapa acuacutestico da Universidade Estadual de Campinas com representaccedilatildeo dos niacuteveis sonoros por pontos em gradaccedilatildeo de cores p 53

Figura 36 - Mapa acuacutestico com representaccedilatildeo dos niacuteveis sonoros por linhas da cidade de Goumlteborg Sueacutecia p 53

Figura 37 - Mapa acuacutestico utilizado na reurbanizaccedilatildeo do centro de Seoul Korea p 53

Figura 38 ndash Acima localizaccedilatildeo de estaccedilotildees de monitoramento de ruiacutedo em Taiwan abaixo distribuiccedilatildeo de ruiacutedo em Taiwan no veratildeo nos turnos da manhatilde tarde e noite p 54

Figura 39 - Violaccedilotildees da legislaccedilatildeo de ruiacutedo em Taiwan nos turnos da manhatilde tarde e noite p 54

Figura 310 - Delimitaccedilatildeo da aacuterea em azul do estudo piloto no 3deg Jardim de Boa Viagem p 57

Figura 311 ndash Mapa acuacutestico de parte do 3deg Jardim de Boa Viagem da pesquisa piloto realizada em Maio de 2009 no LAAICA-UFPR p 57

Figura 312 ndash Locaccedilatildeo dos pontos de mediccedilatildeo em azul e malha guia em amarelo p 59

Figura 313 ndash Locaccedilatildeo dos grids verticais em azul seccionando edificaccedilotildees e evitando espaccedilos livres p 63

Figura 41 ndash Avenida Boa Viagem nas proximidades da Praccedila de Boa Viagem no iniacutecio de sua urbanizaccedilatildeo p 65

Figura 42 ndash Avenida Boa Viagem no iniacutecio de sua urbanizaccedilatildeo p65

Figura 43 ndash Vista aeacuterea do bairro de Boa Viagem nos anos 50 p 65

Figura 44 ndash Edifiacutecio Califoacuternia em 1959 construiacutedo no 2deg Jardim de Boa Viagem p 67

Figura 45 ndash Projeto para o loteamento do 1deg 2deg e 3deg Jardim de Boa Viagem com a localizaccedilatildeo em vermelho dos espaccedilos destinados ao uso comunitaacuterio sendo previsto uma igreja e um mercado puacuteblico e em verde os espaccedilos destinados agraves aacutereas verdes p 67

Figura 46 ndash Cartatildeo Postal Edicard do Bairro de Boa Viagem na deacutecada de 70 No alto indica-se o Hotel Boa Viagem e a Praccedila de Boa Viagem mais abaixo a Casa do Navio uma conhecida referecircncia na Avenida Boa Viagem pelos recifenses ateacute sua demoliccedilatildeo p 68

Figura 47 ndash Cartatildeo Postal Edicard da Praia e Avenida Boa Viagem na deacutecada de 70 p 68

Figura 48 ndash Planta baixa do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1971 p 69

Figura 49 ndash Perspectiva esquemaacutetica do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1971 p 69

Figura 410 ndash Perspectiva esquemaacutetica a partir da praia do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1971 p 69

Figura 411 ndash Bairro de Boa Viagem na deacutecada de 70 Acima indica-se o bairro do Pina e o Edifiacutecio Califoacuternia localizado no 2deg Jardim de Boa Viagem No meio a Avenida Domingos Ferreira ainda em terra batida e natildeo finalizada ao encontrar-se com o mangue circundante dos braccedilos do Rio Pina Abaixo o Edifiacutecio Holiday p 70

Figura 412 ndash Planta baixa do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1981 p 70

Figura 413 ndash Perspectiva esquemaacutetica do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1981 p 70

Figura 414 ndash Perspectiva esquemaacutetica a partir da praia do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1981 p 71

Figura 415 ndash Demoliccedilatildeo do Hotel Boa Viagem e em seu lugar estaacute sendo erguido o Ed Maria Acircngela Lucena uma edificaccedilatildeo multifamiliar de gabarito alto com amplo nuacutemero de unidades habitacionais e de pavimentos mais um exemplar dos ldquoarranha ceacuteusrdquo residenciais de Boa Viagem p 71

Figura 416ndash Planta baixa do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1997 p 73

Figura 417 ndash Perspectiva esquemaacutetica do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1997 p 73

Figura 418 ndash Perspectiva esquemaacutetica a partir da praia do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1997 p 73

Figura 419 ndash Os pavimentos destinados agraves garagens dos edifiacutecios residenciais multifamiliares satildeo comumente chamados na construccedilatildeo civil de ldquobandejasrdquo enquanto as torres dos pavimentos tipos satildeo nomeadas de ldquolacircminasrdquo p 74

Figura 420 ndash Planta baixa do 3deg Jardim de Boa Viagem em 2009 p 74

Figura 421 ndash Perspectiva esquemaacutetica do 3deg Jardim de Boa Viagem em 2009 p 74

Figura 422 ndash Perspectiva esquemaacutetica a partir da praia do 3deg Jardim de Boa Viagem em 2009 p 75

Figura 51 ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim em 1971 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash O mapa ilustra a propagaccedilatildeo sonora no iniacutecio da ocupaccedilatildeo do 3deg Jardim p 83

Figura 52 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1971 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 84

Figura 53 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 - O mapa do iniacutecio da ocupaccedilatildeo urbana do 3deg Jardim apresentando um comportamento acuacutestico com caracteriacutesticas predominantes de propagaccedilatildeo sonora em campo livre sem a presenccedila significantes de obstaacuteculos que interfiram em seu percurso possibilitando um contiacutenuo decaimento sonoro em relaccedilatildeo agrave distacircncia como ilustram as setas indicativas em preto p 85

Figura 54 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 - O mapa do iniacutecio da ocupaccedilatildeo urbana do 3deg Jardim mostrando outra secccedilatildeo vertical contendo o mesmo comportamento acuacutestico com caracteriacutesticas predominantes de propagaccedilatildeo sonora em campo livre como ilustram as setas indicativas em preto p 85

Figura 55 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Por menor que seja sua presenccedila algumas edificaccedilotildees pontuais de gabarito meacutedio atuam como barreiras acuacutesticas espontacircneas constituindo obstaacuteculos que interferem na propagaccedilatildeo sonora como ilustram as setas indicativas em preto p 86

Figura 56 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash As edificaccedilotildees que atuam como barreiras acuacutesticas geram o fenocircmeno acuacutestico da difraccedilatildeo que propicia a criaccedilatildeo de aacutereas de sombra acuacutestica onde os niacuteveis de pressatildeo sonora equivalente satildeo mais baixos como ilustram as setas indicativas em preto p 86

Figura 57 ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim em 1981 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Nesta data houve o aumento no nuacutemero de ilhas de sombra e diminuiccedilatildeo do niacutevel de pressatildeo sonora equivalente em relaccedilatildeo a 1971 p 87

Figura 58 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1981 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 88

Figura 59 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash Reduccedilatildeo da quantidade de campos acuacutesticos abertos e aumento no nuacutemero de edificaccedilotildees que atuam enquanto barreiras acuacutesticas favorecendo o aumento do nuacutemero de ilhas de sombra e da diminuiccedilatildeo do niacutevel de pressatildeo sonora equivalente em relaccedilatildeo a 1971 como ilustram as setas indicativas em preto p 89

Figura 510 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 89

Figura 511 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Como ilustram as setas indicativas em preto o princiacutepio da verticalizaccedilatildeo no 3deg Jardim pode ter contribuiacutedo atraveacutes de uma melhor atuaccedilatildeo das novas edificaccedilotildees enquanto barreiras acuacutesticas para o aumento do nuacutemero de ilhas de sombra e da diminuiccedilatildeo do niacutevel de pressatildeo sonora equivalente em relaccedilatildeo a 1971 p 90

Figura 512 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Idem p 90

Figura 513 ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim em 1997 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Em 1997 com um adensamento e verticalizaccedilatildeo ainda maior do que em 1981 houve o aumento tanto do nuacutemero das ilhas de sombra quanto nas sua aacutereas de abrangecircncia acarretando no melhor comportamento acuacutestico observado ateacute entatildeo entre os mapas elaborados p 95

Figura 514 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1997 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 96

Figura 515 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash A edificaccedilotildees propiciam muacuteltiplas reflexotildees a partir de suas fachadas expostas agraves fontes sonoras influenciando na propagaccedilatildeo da onda sonora de modo distinto ao que seria essa propagaccedilatildeo em campo livre conforme indicado nos mapas acuacutesticos p97

Figura 516 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Idem p 97

Figura 517 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 98

Figura 518 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 98

Figura 519 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash As edificaccedilotildees soacute geram muacuteltiplas reflexotildees a partir de suas fachadas expostas agraves fontes sonoras transpondo estas fachadas as edificaccedilotildees passam a atuar enquanto barreiras acuacutesticas para a onda sonora minimizando o ruiacutedo no interior das quadras como indica-se no mapa acuacutestico p 99

Figura 520 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Idem p 99

Figura 521 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 100

Figura 522 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 100

Figura 523 ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim em 2009 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Em 2009 o adensamento das quadras diminuiu consideravelmente a presenccedila de ilhas de sombra acuacutestica p101

Figura 524 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem em 2009 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 102

Figura 525 e 526 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash As ilhas de sombra em 1997 favoreciam as residecircncias unifamiliares e multifamiliares de gabarito baixo existentes que se situavam em seus interiores Em 2009 estas ilhas foram praticamente suprimidas pela presenccedila de pavimentos destinados as garagens das novas edificaccedilotildees verticais de gabarito alto como ilustram as setas em preto p103

Figura 527 e 528 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash Idem p 103

Figura 529 e 530 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash O contorno preto ilustra a modificaccedilatildeo da propagaccedilatildeo das ondas sonoras a partir da influecircncia do aumento da densidade das quadras e verticalizaccedilatildeo das edificaccedilotildees Em 1971 a caracteriacutestica predominante assemelha-se a propagaccedilatildeo em campo livre Jaacute em 1981 percebem-se irregularidades no contorno devido a reflexotildees da onda sonora nas edificaccedilotildees p 104

Figura 531 e 532 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash 1997 apresentou o melhor comportamento acuacutestico entre os mapas elaborados Nesta data as edificaccedilotildees atuaram mais enquanto barreiras acuacutesticas do que como objetos reflexivos da onda sonora Jaacute em 2009 o aumento do adensamento e da verticalizaccedilatildeo possibilitou o excesso de muacuteltiplas reflexotildees nas fachadas das edificaccedilotildees como delineia o contorno extremamente irregular da propagaccedilatildeo sonora ilustrado na imagem abaixo p 104

Figura 533 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Apesar de proporcionar um aumento no niacutevel de pressatildeo sonora equivalente em 2009 o adensamento e verticalizaccedilatildeo das edificaccedilotildees tambeacutem trouxeram benefiacutecios pontuais na praccedila Walt Disney como ilustram as imagens as edificaccedilotildees atuaram como barreiras acuacutesticas reduzindo em relaccedilatildeo a 1997 o niacutevel de pressatildeo sonora equivalente que atinge as edificaccedilotildees de seu entorno Contudo p 105

Figura 534 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash as fachadas voltadas para esta reduccedilatildeo de niacutevel de pressatildeo sonora equivalente satildeo fachadas de serviccedilo pouco aproveitando esta reduccedilatildeo p 105

Figura 535ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim na situaccedilatildeo hipoteacutetica futura e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash A situaccedilatildeo hipoteacutetica futura apresenta quadras muito mais adensadas do que nos anos anteriores reduzindo ainda mais a presenccedila de ilhas de sombra O pavimento representado no mapa eacute o destinado agraves garagens que ocupam praticamente todo o lote p 110

Figura 536 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem na situaccedilatildeo hipoteacutetica futura e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 111

Figura 537 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash A transformaccedilatildeo da forma urbana tanto na situaccedilatildeo hipoteacutetica como ilustram as imagens quanto em 2009 quando esteve associada ao adensamento e a verticalizaccedilatildeo intensificou os fenocircmenos acuacutesticos ocorridos no meio urbano do 3deg Jardim de Boa Viagem p 112

Figura 538 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 112

Figura 539 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Idem p 113

Figura 540 ndash Plantas Baixas ndash A situaccedilatildeo hipoteacutetica futura seguida de perto pelo mapa de 2009 apresentou o pior comportamento acuacutestico do 3deg Jardim e o mapa de 1997 apresentou o melhor entre os mapas elaborados nesta pesquisa conforme ilustra a siacutentese abaixo p 113

Figura 541 ndash Graacutefico da performance acuacutestica considerando o ano x o niacutevel de pressatildeo sonora equivalente (Leq) ndash O Graacutefico apresenta as variaccedilotildees de niacuteveis de pressatildeo sonora de alguns pontos escolhidos aleatoriamente nos mapas acuacutesticos elaborados (Figura 541) Em 1997 as quedas das curvas de variaccedilatildeo do graacutefico corroboram a tendecircncia desta data ter apresentado o mapa acuacutestico com o melhor comportameno acuacutestico entre os mapas elaborados por esta pesquisa p 114

Figura 542 ndash Locaccedilatildeo dos pontos utilizados para elaboraccedilatildeo do graacutefico de performance acuacutestica p 114

Figura 543 ndash Graacutefico comparativo de niacuteveis de emissatildeo sonora permitidos ndash O graacutefico apresenta uma comparaccedilatildeo entre os niacuteveis de emissatildeo sonora permitidos em alguns paiacuteses entre a WHO ISO e ABNT e entre a Lei do silecircncio e o coacutedigo do Meio Ambiente e Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife O graacutefico evidencia que a cidade do Recife e o estado de Pernambuco praticam niacuteveis muito acima do recomendado por outras entidades normativas p 121

Figura 544 ndash Planta Baixa ndash Mapa acuacutestico simulando uma situaccedilatildeo onde o fluxo de veiacuteculos seja o dobro do encontrado atualmente no 3deg Jardim de Boa Viagem (2009) apresentando altos niacuteveis de poluiccedilatildeo sonora p 122

Figura 545 a 548 ndash Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Idem p 122

Figura 549 ndash Planta Baixa ndash Mapa acuacutestico simulando uma situaccedilatildeo onde seja implantado rodiacutezio de veiacuteculos com uma reduccedilatildeo de 30 do valor total do fluxo de veiacuteculos atualmente encontrado no 3deg Jardim de Boa Viagem (2009) p 123

Figura 550 a 553 ndash Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Idem p 123

Figura 554 ndash Planta Baixa ndash Mapa acuacutestico simulando uma situaccedilatildeo onde seja implantado aleacutem do rodiacutezio de veiacuteculos com reduccedilatildeo de 30 no fluxo atual de veiacuteculos um corredor de transporte puacuteblico na Av Domingos Ferreira e restriccedilatildeo de traacutefego de veiacuteculos pesados apenas nesta via p 124

Figura 555 a 558 ndash Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Idem p 124

LISTA DE TABELAS

Tabela 21 ndash Os niacuteveis de pressatildeo sonora e suas consequumlecircncias fisioloacutegicas no homem Em alguns casos podem a intensidade das reaccedilotildees fisioloacutegicas podem variar dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora p 35

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO

2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

21 A Forma Urbana e seus Elementos Componentes____________

22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais_____________

3 CONSIDERACcedilOtildeES METODOLOacuteGICAS

31 3deg Jardim de Boa Viagem enquanto Estudo de Caso_________

32 Mapeamento Acuacutestico enquanto Instrumento de Pesquisa_

33 Procedimentos Metodoloacutegicos__________________________________

331 1deg Etapa Pesquisa Documental Primaacuteria e Secundaacuteria _____

332 2deg Etapa Pesquisa Piloto_____________________________________

333 3deg Etapa Estudo de Campo__________________________________

334 4deg Etapa mapeamento acuacutestico_____________________________

4 TRANSFORMACcedilOtildeES DO 3deg JARDIM E SUA RELACcedilAtildeO COM

O PROCESSO DE OCUPACcedilAtildeO DO BAIRRO DE BOA

VIAGEM

5 COMPORTAMENTO ACUacuteSTICO DO 3degJARDIM DE BOA

VIAGEM

51 Comportamento Acuacutestico do 3deg Jardim de Boa Viagem a

partir das Modificaccedilotildees Cronoloacutegicas em sua Forma

Urbana______________________________________________________________

52 Comportamento Acuacutestico do 3deg Jardim de Boa Viagem em

relaccedilatildeo ao Coacutedigo do Meio Ambiente e Equiliacutebrio Ecoloacutegico

do Recife agrave ldquoLei do Silecircnciordquo e a outras Entidades

Normativas_________________________________________________________

53 Ausecircncia de Accedilotildees versus Presenccedila de Accedilotildees em Busca

de um Melhor Comportamento Acuacutestico para o 3deg Jardim

de Boa Viagem____________________________________________________

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

7 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

128

134

115

107

81

80

65

60

59

56

55

55

52

49

46

31

22

22

17

CAPIacuteTULO 1

A pesquisa eacute talvez a arte de se criar dificuldades fecundas e de criaacute-las para os

outros Nos lugares onde havia coisas simples faz-se aparecer problemas

Pierre Bourdieu

____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO

17

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

1 INTRODUCcedilAtildeO

Um grito estridente lanccedilado em um meio urbano envolto nos ldquomais modernosrdquo e descomunais

arranha-ceacuteus desconfortavelmente ouvido nos mais remotos pavimentos de um deles foi agrave

centelha motivadora para as ideacuteias e discussotildees que permeiam esta pesquisa Este grito mal

recebido pelo receptor pode ser considerado uma das diversas formas da profusatildeo de ruiacutedos que

cada vez mais se tornam elementos onipresentes da vida contemporacircnea

Tal profusatildeo de ruiacutedos atualmente encontrados nos centros urbanos estaacute intimamente vinculada

ao crescimento acelerado das cidades que possibilitaram o aumento e uma maior concentraccedilatildeo da

populaccedilatildeo urbana acarretando em raacutepidas transformaccedilotildees no meio de propagaccedilatildeo do ruiacutedo

urbano aleacutem do aumento e uma maior concentraccedilatildeo dos diversos tipos de fontes sonoras que o

geram

Embora esteja estreitamente relacionado ao raacutepido desenvolvimento das cidades o ruiacutedo urbano

natildeo deve ser considerado como uma consequumlecircncia incidental da accedilatildeo humana em busca de

progresso e por isso inevitaacutevel tampouco toleraacutevel Ao contraacuterio deve ser entendido como uma

das consequumlecircncias prejudiciais deste desenvolvimento que pode causar diversos males fisioloacutegicos

e psicoloacutegicos ao citadino e assim sendo deve ser veementemente prevenido e mitigado

A fim de encontrar maneiras que possibilitem sua prevenccedilatildeo e mitigaccedilatildeo o ruiacutedo urbano pode

ser entendido como um sistema composto essencialmente pela fonte sonora ndash meio de propagaccedilatildeo ndash

receptor Dentre estas trecircs partes componentes do sistema o meio de propagaccedilatildeo pode ser

considerado como um dos menos investigados e onde as accedilotildees contra o ruiacutedo satildeo menos

concentradas (SINGAL 2005)

Esta inobservacircncia da importacircncia do meio urbano enquanto percurso de propagaccedilatildeo sonora

pode estar vinculada agrave dificuldade de intervir em meios de propagaccedilatildeo consolidados como satildeo

fundamentalmente os grandes centros urbanos Daiacute a relevacircncia em compreender a acuacutestica

urbana a partir de seu meio propagador pois uma vez consolidado o meio raras satildeo as

intervenccedilotildees possiacuteveis para minimizar o ruiacutedo urbano a partir desta parte componente do sistema

fonte ndash meio ndash receptor restando essencialmente accedilotildees preventivas

____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO

18

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Outro fator que evidencia o grande valor em compreender a acuacutestica urbana a partir de seu meio

de propagaccedilatildeo eacute o potencial que o meio urbano possui em influenciar a trajetoacuteria da propagaccedilatildeo

sonora Esta influecircncia acontece atraveacutes da forma que este meio apresenta ou seja a forma urbana

atraveacutes de seus elementos componentes e enquanto percurso de transmissatildeo delineia influencia e

determina em certa medida a trajetoacuteria de propagaccedilatildeo da onda sonora

Assim sendo a interaccedilatildeo entre os diversos elementos que compotildeem a forma urbana - o traccedilado e

perfis das vias o modo de implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as proporccedilotildees

densidade e maneira de ocupaccedilatildeo das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres ndash

contribui determinantemente para caracterizaccedilatildeo da propagaccedilatildeo sonora no meio urbano atraveacutes

de muacuteltiplas reflexotildees do espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave fonte geradora de

campos sonoros reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de aacutereas de sombra

Esta interaccedilatildeo entre os elementos da forma urbana e a propagaccedilatildeo sonora ocorre a partir da

diversidade e singularidade existente nos variados meios urbanos igualmente proporcionando os

mais particulares comportamentos acuacutesticos Isto eacute para cada meio urbano existem caracteriacutesticas

particulares inerentes agrave sua forma urbana que geram um comportamento acuacutestico igualmente

especiacutefico exclusivo e vinculado a esta forma urbana

Apesar deste atrelamento entre a acuacutestica urbana e a forma urbana esta relaccedilatildeo natildeo eacute

suficientemente pesquisada e quando eacute satildeo enfocadas prioritariamente situaccedilotildees presentes de

comportamento acuacutestico eou no maacuteximo hipoacuteteses futuras tambeacutem chamadas de prediccedilatildeo

acuacutestica Aleacutem disso natildeo foram encontradas referecircncias ateacute o presente momento de investigaccedilotildees

que priorizem a apreciaccedilatildeo da acuacutestica urbana e sua relaccedilatildeo com as modificaccedilotildees ao longo do tempo da

forma urbana

Isto posto considerando esta ausecircncia de pesquisas e considerando que para cada espaccedilo urbano

existe um comportamento de propagaccedilatildeo sonora especiacutefico o presente estudo se propocircs a

investigar o comportamento acuacutestico de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de

modificaccedilotildees em sua forma urbana

Para isso admitiu-se que a propagaccedilatildeo de uma mesma fonte sonora em um mesmo espaccedilo urbano

que tenha sofrido ao longo de um processo cronoloacutegico modificaccedilotildees em sua forma urbana

implicaria em diferentes comportamentos em sua acuacutestica urbana para as diferentes datas deste

processo Esta suposiccedilatildeo possibilitou a anaacutelise do comportamento acuacutestico atraveacutes das

____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO

19

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

modificaccedilotildees cronoloacutegicas da forma urbana a partir da articulaccedilatildeo de trecircs variaacuteveis - a fonte sonora

a forma urbana e a acuacutestica urbana Estas variaacuteveis foram consideradas tendo o estudo de caso

enquanto estrateacutegia de pesquisa

O caso escolhido para esta investigaccedilatildeo foi o loteamento 3deg Jardim de Boa Viagem tanto por

representar uma parcela bem delimitada das raacutepidas e recentes transformaccedilotildees ocorridas na

forma urbana do bairro de Boa Viagem quanto por permitir ilustrar o comportamento acuacutestico

em um encadeamento evolutivo do iniacutecio de sua ocupaccedilatildeo recente ateacute os dias atuais

Para compor tal encadeamento evolutivo foram selecionados os anos de 1971 data escolhida por

caracterizar o princiacutepio da ocupaccedilatildeo do 3deg Jardim 1981 e 1997 por representarem datas de

registro de fotografias aeacutereas do bairro de Boa Viagem existentes na base de dados da

CONDEPE-FIDEM Agecircncia Estadual de Planejamento e Pesquisas de Pernambuco 2009 por

representar a realidade atualmente encontrada no 3deg Jardim e uma simulaccedilatildeo de situaccedilatildeo

hipoteacutetica futura de modificaccedilatildeo na forma urbana

Isto posto com o intuito de analisar o comportamento da acuacutestica urbana do 3deg Jardim de Boa

Viagem a partir de modificaccedilotildees cronoloacutegicas em sua forma urbana foram executados os

seguintes objetivos especiacuteficos (I) identificar as caracteriacutesticas configuraccedilotildees e transformaccedilotildees da

forma urbana ocorridas no 3deg Jardim de Boa Viagem nos anos de 1971 1981 1997 e 2009 a

partir de seu processo de ocupaccedilatildeo (II) elaborar mapas acuacutesticos dos niacuteveis atuais (2009) de

pressatildeo sonora equivalente do 3deg Jardim (III) elaborar mapas acuacutesticos do 3deg Jardim nos anos de

1971 1981 1997 e de situaccedilatildeo hipoteacutetica futura a partir da consideraccedilatildeo dos niacuteveis atuais (2009)

de pressatildeo sonora equivalente do 3deg Jardim

Em busca de expor sistematicamente seu desenvolvimento a presente investigaccedilatildeo foi

estruturada do seguinte modo

O presente capiacutetulo 1 introduz e antecipa brevemente a discussatildeo que seraacute realizada ao longo

desta pesquisa

O capiacutetulo 2 aborda dois aspectos principais O primeiro deles desenvolve o conceito de forma

urbana e seus elementos componentes a partir dos autores Joseacute Lamas (2004) Philippe Panerai

(2006) e Vicente Del Rio (1990) Busca elucidar que a apreensatildeo da forma urbana eacute complexa e

envolve diversificadas abordagens e enfoques sociais econocircmicos histoacutericos e culturais para

entatildeo indicar que a presente pesquisa lanccedilaraacute um olhar para a forma urbana essencialmente a

____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO

20

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

partir de seu aspecto fiacutesico e material recorte necessaacuterio para a anaacutelise do comportamento

acuacutestico urbano

O segundo aspecto abordado no capiacutetulo 2 diz respeito agrave definiccedilatildeo teoacuterica do conceito da

acuacutestica urbana e de suas diversificadas implicaccedilotildees e interfaces quando o som eacute propagado em

meio urbano Busca evidenciar os fenocircmenos que ocorrem a partir da interaccedilatildeo entre a forma

urbana e a acuacutestica urbana indicando que a influecircncia da forma urbana eacute determinante para o

comportamento da acuacutestica urbana

O capiacutetulo 3 eacute dedicado ao percurso investigativo desta pesquisa evidenciando sua metodologia e

procedimentos metodoloacutegicos apresentando o 3deg Jardim enquanto estudo de caso o

mapeamento acuacutestico enquanto instrumento de pesquisa e detalhando as etapas operacionais

deste estudo Este capiacutetulo evidencia ainda o processo de elaboraccedilatildeo dos modelos e mapas

acuacutesticos da forma urbana existente no 3deg Jardim em cada uma das datas estudadas aleacutem da

situaccedilatildeo hipoteacutetica futura e discute o software Predictor utilizado para este mapeamento

O capiacutetulo 4 diz respeito ao processo de ocupaccedilatildeo do bairro de Boa Viagem e sua relaccedilatildeo com as

transformaccedilotildees urbanas ocorridas no 3deg Jardim Busca-se identificar as caracteriacutesticas

configuraccedilotildees e transformaccedilotildees ocorridas na forma urbana do 3deg Jardim que possibilitem o

entendimento cronoloacutegico destas modificaccedilotildees dando suporte a elaboraccedilatildeo e anaacutelise dos mapas

acuacutesticos

O capiacutetulo 5 analisa o comportamento da acuacutestica urbana identificado nos mapas acuacutesticos

elaborados do 3deg Jardim a partir das modificaccedilotildees ocorridas em sua forma urbana nos anos de

1971 1981 1997 e 2009 aleacutem de uma situaccedilatildeo hipoteacutetica futura (prediccedilatildeo acuacutestica) Neste capiacutetulo

discute-se ainda o comportamento do 3deg Jardim em relaccedilatildeo agrave legislaccedilatildeo municipal que regula as

emissotildees sonoras na cidade do Recife e no estado de Pernambuco e sua relaccedilatildeo com os niacuteveis

recomendados por outras entidades normativas e indica-se possiacuteveis accedilotildees para melhoria no

comportamento acuacutestico do 3deg Jardim bem como as possiacuteveis consequumlecircncias acuacutesticas da

ausecircncia de tais accedilotildees

Por fim no capiacutetulo 6 satildeo apresentadas as consideraccedilotildees finais acerca do comportamento acuacutestico

do 3deg Jardim e satildeo indicados novos rumos de pesquisa a respeito da acuacutestica urbana

CAPIacuteTULO 2

A arquitetura eacute uma muacutesica petrificada

Arthur Schopenhauer

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

22

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

Analisar o comportamento da acuacutestica urbana ainda que a partir das modificaccedilotildees da forma

urbana faz com que esta pesquisa trate essencialmente da acuacutestica urbana No entanto este

comportamento esta sujeito aos diversificados modos de apreensatildeo da forma urbana e de seus

elementos componentes bem como ao modo como esta pesquisa os consideraraacute

Assim sendo o primeiro item deste capiacutetulo expotildee o conceito de forma urbana e de algumas de

suas relaccedilotildees discutido agrave luz de LAMAS (2004) de PANERAI (2006) e DEL RIO (1990)

indicando em seguida o que esta pesquisa consideraraacute como forma urbana

Certamente discussatildeo em torno da produccedilatildeo de outros autores poderia ser elaborada No

entanto o primeiro item deste capiacutetulo natildeo pretende representar uma revisatildeo bibliograacutefica acerca

do estudo da forma urbana e suas relaccedilotildees pretende sim construir uma discussatildeo em torno dos

trecircs autores selecionados que culmine no conceito de forma urbana que seraacute considerado por esta

pesquisa para possibilitar olhar para suas modificaccedilotildees cronoloacutegicas a fim de compreender o

comportamento da acuacutestica urbana

Apoacutes este delineamento no segundo item deste capiacutetulo discute-se a acuacutestica urbana e suas

relaccedilotildees conceituais com os diversos elementos e implicaccedilotildees da propagaccedilatildeo sonora em meio

urbano e como eles relacionam-se influenciando em seu comportamento

21 A Forma Urbana e seus Elementos Componentes

Segundo LAMAS (2004) estudar a forma urbana compreende examinar as configuraccedilotildees e as

estruturas exteriores de determinados objetos de suas formas interligando-as com os fenocircmenos

que lhes deram origem Assim sendo a forma urbana pode ser definida como sendo o

[] modo como se organizam os elementos morfoloacutegicos que constituem e definem o espaccedilo urbano relativamente agrave materializaccedilatildeo dos aspectos de

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

23

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 21 ndash Diferentes aspectos quantitativos relacionados a diversificadas formas urbanas Fonte LAMAS 2004

organizaccedilatildeo funcional e quantitativa e dos aspectos qualitativos e figurativos (LAMAS 2004 p 44) 1

Dentre estes aspectos os quantitativos satildeo agravequeles da realidade urbana que podem ser

quantificaacuteveis tais como densidades superfiacutecies fluxos coeficientes volumeacutetricos entre outros

(Figura 21) os de organizaccedilatildeo funcional satildeo agravequeles que se relacionam com as atividades

humanas tais como habitar e trabalhar e agravequeles relacionados ao modo de uso especiacutefico de uma

aacuterea ndash residencial comercial industrial entre outros os qualitativos referem-se ao tratamento dos

espaccedilos ao conforto e a comodidade do utilizador tais como adaptaccedilatildeo ao clima acessibilidade

estado da pavimentaccedilatildeo entre outros por fim os aspectos figurativos dizem respeito a

essencialmente a comunicaccedilatildeo esteacutetica (LAMAS 2004)

Pode-se considerar que ao olhar para forma urbana e em especiacutefico para suas modificaccedilotildees

cronoloacutegicas com o intuito de compreender o comportamento da acuacutestica urbana esta pesquisa

relaciona-se tanto aos aspectos qualitativos a partir do conforto acuacutestico dos receptores das

ondas sonoras em meio urbano quanto aos

aspectos quantitativos uma vez que este

comportamento acuacutestico em meio urbano eacute

quantificaacutevel em decibels (dB)

Embora estes aspectos envolvam grande parte

das singularidades inerentes a forma urbana

esta definiccedilatildeo parece ainda natildeo abarcar outras

particularidades sociais econocircmicas histoacutericas

e culturais igualmente envolvidas no

entendimento da concepccedilatildeo da forma urbana

isto eacute resta ainda a consideraccedilatildeo de que esta

forma urbana natildeo acontece

independentemente dos grupos sociais que a

produzem (PANERAI 2006)

Satildeo essencialmente estas particularidades que

impulsionam ou amortecem a transformaccedilatildeo

1 Para todas as citaccedilotildees deste autor natildeo seratildeo consideradas adaptaccedilotildees na liacutengua do paiacutes de origem - Portugal - permanecendo o texto original

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

24

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

dos elementos que compotildeem a forma urbana ndash a adiccedilatildeo de novos de traccedilados a um jaacute existente

ou sua superposiccedilatildeo seus conflitos o parcelamento de parques e ocupaccedilatildeo de espaccedilos livres a

renovaccedilatildeo da massa edificada seu lento adensamento e verticalizaccedilatildeo segundo uma especulaccedilatildeo

despretensiosa ou sua substituiccedilatildeo por vastos empreendimentos sob influecircncia de uma

especulaccedilatildeo bem mais expressiva (PANERAI 2006) isto eacute faz parte da apreensatildeo da forma

urbana uma complexidade que envolve um processo de acumulaccedilatildeo de enfoques e observaccedilotildees

sociais econocircmicas histoacutericas e culturais que englobam muito mais do que apenas sua forma

fiacutesica

Estas particularidades especialmente as sociais parecem um pouco mais delineadas nas

consideraccedilotildees feitas por DEL RIO (1990) que considera o espaccedilo urbano a partir da apropriaccedilatildeo

social que se faz dele estabelecendo que em relaccedilatildeo ao estudo da forma urbana a cidade pode

ser compreendida a partir de trecircs niacuteveis organizacionais o coletivo o comunitaacuterio e o individual

O niacutevel coletivo eacute regido sob uma loacutegica estruturadora percebida inconscientemente e

coletivamente e eacute composto pelos elementos2 do tecido que possuem uma permanecircncia maior ao

longo do tempo o niacutevel comunitaacuterio diz respeito aos elementos com significados especiais apenas

para um pequeno grupo da populaccedilatildeo como o bairro por exemplo jaacute o niacutevel individual expressa

significados individuais como a residecircncia e seu espaccedilo circundante e por seu caraacuteter individual eacute

o que apresenta maior rapidez nas modificaccedilotildees (DEL RIO 1990)

Mas LAMAS (2004) ao defender sua definiccedilatildeo para forma urbana natildeo soacute possuiacutea ciecircncia destas

outras particularidades explicitadas por PANERAI (2006) e DEL RIO (1990) ndash sociais

econocircmicas histoacutericas e culturais ndash envolvidas na concepccedilatildeo de forma urbana como optou em

natildeo apreciaacute-las

[] um primeiro grau de leitura da cidade eacute eminentemente fiacutesico-espacial e morfoloacutegico portanto especiacutefico da arquitectura e o uacutenico que permite evidenciar a diferenccedila entre este e outro espaccedilo entre esta e aquela forma e explicar as caracteriacutesticas de cada parte da cidade A estes se juntam outros niacuteveis de leitura que revelam diferentes conteuacutedos (histoacutericos econoacutemicos sociais e outros) Mas este conjunto de leituras soacute eacute possiacutevel porque a cidade existe como facto fiacutesico e material Todos os instrumentos de leitura lecircem o mesmo objecto ndash o espaccedilo fiacutesico a FORMA URBANA (LAMAS 2004 p 31 grifo do autor) Eacute fundamentalmente a dimensatildeo fiacutesica e morfoloacutegica da cidade que me preocupa [] (LAMAS 2004 p 31)

2 Estes elementos seratildeo discutidos em paraacutegrafos mais adiante

____________________________________________

ANAacuteLISE D

Na verdade esta opccedilatildeo em

urbana considerando-a essen

de seu aspecto fiacutesico e m

convenientemente ao obje

presente pesquisa analisar

da acuacutestica urbana a partir

cronoloacutegicas na forma urba

esta anaacutelise do compor

implica em uma apropriaccedil

fiacutesica e material destas modif

Certamente a busca pela ap

urbana envolve muito

simplesmente sua forma

como jaacute aclarado No entan

da anaacutelise proposta por

apreensatildeo em totalid

fundamentalmente necessaacuter

apropriaccedilatildeo da forma urban

material ou uma variaacutevel fiacutes

finalidade derradeira de

comportamento acuacutestico

modificaccedilotildees nesta forma

Ao entender a observaccedilatildeo

essencialmente em seu aspec

(2004) propocircs uma classifica

dimensotildees

bull A dimensatildeo setorial

refere-se agrave menor u

do espaccedilo urbano co

uma praccedila ou uma

ponto o observador

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 24 ndash A cidadeo texemplificada por meio da cidadLAMAS 2004

Figura 23 ndash O bairro a escala ucidade portuguesa de Tavira Fonte

Figura 22 ndash Praccedila da Alagoa na ca dimensatildeo setorial Fonte LAMA

em observar a forma

sencialmente a partir

material responde

bjetivo primeiro da

ar o comportamento

rtir de modificaccedilotildees

rbana uma vez que

ortamento acuacutestico

riaccedilatildeo genuinamente

dificaccedilotildees

apreensatildeo da forma

o mais do que

a fiacutesica e material

tanto para realizaccedilatildeo

or este estudo tal

alidade natildeo eacute

saacuteria o que torna a

bana quase um meio

l fiacutesica para atingir a

e compreensatildeo do

a partir de

atildeo da forma urbana

pecto fiacutesico LAMAS

icaccedilatildeo em escalas ou

ndash a escala da rua

r unidade ou porccedilatildeo

como por exemplo

a rua onde de um

dor pode abarcar a

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

25

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

territoacuterioa dimensatildeo territorial dade portuguesa de Tavira Fonte

a urbana exemplificada por meio da nte LAMAS 2004

na cidade portuguesa de Tavira ilustra MAS 2004

____________________________________________

ANAacuteLISE D

unidade espacial d

(Figura 22)

bull A dimensatildeo urbana ndash

corresponde agraves pa

identificaacuteveis como

exemplo onde a

elementos da forma

atraveacutes do movime

percursos (Figura 23

bull E por fim a dimensatildeo

da cidade diz respeito

diferentes formas

articulaccedilatildeo de bai

entre si Sua forma

distribuiccedilatildeo de eleme

das cidades em con

suporte geograacutefico d

a articulaccedilatildeo de

circulaccedilatildeo entre os

entre zonas habitacio

entre outras (Figura 2

Dentre estas dimensotildees a u

bairro desperta particular

pesquisa uma vez que o e

limites de observaccedilatildeo atraveacute

de movimentos poderaacute aba

significante de modificaccedilotildee

forma urbana de determina

compreender o comport

acuacutestica urbana

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 25 ndash Exemplos de diversiflotes quarteirotildees e vias em difereNesta imagem um recorte do CONDEPE-FIDEM 1981

Figura 26 ndash Exemplos de diversiflotes quarteirotildees e vias em difereNesta imagem um recorte do baorigens da cidade entrecortadoBarreto Fonte CONDEPE-FIDE

Figura 27 ndash Exemplos de diveredifiacutecios lotes quarteirotildees e vias eRecife Nesta imagem um recessencialmente por morros o AltoFIDEM 1981

de seu conjunto

ndash a escala do bairro

partes homogecircneas

mo os bairros por

a observaccedilatildeo dos

a urbana eacute realizada

imento e de vaacuterios

23)

nsatildeo territorial ndash a escala

eito agrave articulaccedilatildeo de

as urbanas da

bairros interligados

ma eacute definida pela

mentos estruturantes

onformidade com o

o do siacutetio tais como

e ruas e vias de

s diferentes bairros

cionais e comerciais

a 24)

a urbana ndash escala do

lar interesse desta

o entendimento dos

veacutes de certo nuacutemero

barcar uma amostra

otildees cronoloacutegicas na

inado local a fim de

ortamento de sua

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

26

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

rsificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios erentes bairros da cidade do Recife o bairro de Boa Viagem Fonte

rsificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios erentes bairros da cidade do Recife bairro de Satildeo Joseacute que remete agraves do pela recente Avenida Dantas DEM 1981

versificadas concretizaccedilotildees entre os em diferentes bairros da cidade do

recorte de um bairro constituiacutedo lto do Mandu Fonte CONDEPE-

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

27

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

No entanto para apreender tal dimensatildeo devem-se conhecer e estabelecer quais elementos

miacutenimos da forma urbana que se relaciona com esta a dimensatildeo urbana e quais satildeo estes

elementos LAMAS (2004) propocircs onze elementos da forma urbana necessaacuterios para esta

apreensatildeo o solo (I) o edifiacutecio (II) o lote (III) o logradouro (IV) o quarteiratildeo (V) o traccediladoa

rua(VI) a praccedila (VII) a fachada (VIII) o monumento (IX) a vegetaccedilatildeo (X) e o mobiliaacuterio

urbano (XI) Dentre estes elementos seis possuem uma estreita relaccedilatildeo com esta pesquisa e

seratildeo expostos de acordo com consideraccedilotildees observadas por LAMAS 3 (2004) (Figuras 25 a 27)

O edifiacutecio representa o elemento miacutenimo identificaacutevel na observaccedilatildeo da forma urbana eacute atraveacutes

dele que se constitui o espaccedilo urbano e se organizam diferentes elementos tais como ruas praccedilas

avenidas entre outros Os edifiacutecios agrupam-se em diferentes tipos tanto em relaccedilatildeo a suas

formas quanto a suas funccedilotildees Estes elementos podem influenciar o comportamento da acuacutestica

urbana atuando enquanto objetos reflexivos da onda sonora e como barreiras acuacutesticas4

O lote representa o princiacutepio da relaccedilatildeo do edifiacutecio com o terreno A forma do lote eacute muitas

vezes condicionante da forma do edifiacutecio tornando-os vinculados por essecircncia o logradouro diz

respeito ao espaccedilo livres e natildeo construiacutedos no interior do lote aos quintais e jardins o quarteiratildeo

ou quadra pode ser considerado como o espaccedilo resultante entre o cruzamento de trecircs ou mais

vias podendo ser demarcado em vaacuterios lotes para a construccedilatildeo de edifiacutecios Juntos estes trecircs

elementos associados aos edifiacutecios podem propiciar uma maior ou menor permeabilidade

acuacutestica eou uma maior ou menor presenccedila de aacutereas de sombra no meio urbano

O traccedilado por meio das ruas ou vias eacute facilmente identificaacutevel no meio urbano Estaacute muitas vezes

condicionado ao siacutetio geograacutefico existente regula a disposiccedilatildeo dos edifiacutecios e quarteirotildees e

interliga os vaacuterios espaccedilos componentes da cidade e a cidade ao territoacuterio Normalmente o

traccedilado resiste agraves transformaccedilotildees na forma urbana por possuir um caraacuteter de permanecircncia natildeo

totalmente modificaacutevel O traccedilado engloba trajetoacuterias e caminhos que natildeo satildeo necessariamente

percorridos atraveacutes de automoacuteveis apesar disso estaacute em grande parte vinculado a uma das

principais fontes geradoras de ruiacutedo urbano ndash o traacutefego de veiacuteculos

3 Os outros elementos tambeacutem podem relacionar-se de diferentes maneiras com a acuacutestica urbana mas nem tanto com a presente pesquisa e por isso natildeo foram considerados 4 Todas as definiccedilotildees e conceitos acuacutesticos apresentados no presente item seratildeo elucidados no item seguinte 22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 28 ndash Os trecircs conjuntos formadores do tecido urbano segundo Panerai (2006) Fonte PANERAI 2006

A praccedila eacute um espaccedilo de geometria variada

intencionalmente inserido no meio urbano

cuja relaccedilatildeo com o traccedilado e os edifiacutecios

tambeacutem eacute intencional evidenciada atraveacutes do

seu desenho e natildeo acidentais como

alargamento e confluecircncias do traccedilado Aleacutem

disso a praccedila eacute um lugar de encontro de

permanecircncia e de praacuteticas sociais

Acusticamente dependendo de suas

proporccedilotildees a propagaccedilatildeo sonora que envolve

uma praccedila pode apresentar um

comportamento que se assemelha a

propagaccedilatildeo sonora em campo livre

Estes elementos constituintes da forma urbana

conceituados por LAMAS (2004) podem ser

identificados sob um diferente invoacutelucro

conceitual mas com a mesma essecircncia no que

PANERAI (2006) definiu como sendo

conjuntos do tecido urbano

Aplicado agrave cidade o termo ldquotecidordquo evoca a continuidade e a renovaccedilatildeo a permanecircncia e a variaccedilatildeo Ele explica a constituiccedilatildeo das cidades antigas e responde as questotildees levantadas pelo estudo das urbanizaccedilotildees recentes Ele pressupotildee uma atenccedilatildeo tanto ao banal quanto ao excepcional tanto agraves ruas comuns e agraves edificaccedilotildees corriqueiras quanto agraves regulamentaccedilotildees e aos monumentos Dentre as muacuteltiplas definiccedilotildees de tecido urbano e sem desprezar suas qualidades escolhemos a mais simples O tecido urbano eacute constituiacutedo pela superposiccedilatildeo ou imbricaccedilatildeo de trecircs conjuntos a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees Essa definiccedilatildeo potildee em evidecircncia os elementos que permitem que as diferentes partes da cidade evoluam ao mesmo tempo em que satildeo mantidas a coesatildeo de conjunto e a clareza de sua estrutura (PANERAI 2006 p 77-78 grifo nosso) (Figura 28)

Ao contraacuterio de LAMAS (2004) que considera a praccedila como um elemento da forma urbana por

si soacute PANERAI (2006) discute as vias ou traccedilado inseridas em uma relaccedilatildeo em rede onde

tambeacutem satildeo considerados como partes constituintes os largos passeios praccedilas esplanadas cais

pontes rios canais margens praias todos compondo o espaccedilo puacuteblico Eacute atraveacutes desta rede

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

contiacutenua e hierarquizada que acontecem as distribuiccedilotildees e circulaccedilotildees da cidade bem como sua

organizaccedilatildeo local e territorial

Jaacute os parcelamentos fundiaacuterios constituem a representaccedilatildeo negativa5 da rede de vias que evidencia o

domiacutenio construiacutedo Este domiacutenio natildeo se limita aos edifiacutecios mas tambeacutem envolve paacutetios

quintais terrenos baldios (PANERAI 2006) Embora PANERAI(2006) considere separadamente

o exame das edificaccedilotildees sugere-se que este domiacutenio construiacutedo envolve quatro dos elementos da

forma urbana elencados por LAMAS (2004) o edifiacutecio o lote o logradouro e o quarteiratildeo

Para PANERAI (2006) as edificaccedilotildees ou edifiacutecios satildeo consideradas construccedilotildees subordinadas ao

espaccedilo puacuteblico ou seja a rede de vias sendo por ele estruturada e que acrescentam a dimensatildeo

vertical ao tecido urbano Tal subordinaccedilatildeo permite que haja uma dependecircncia reciacuteproca entre os

edifiacutecios ainda que eles pertenccedilam a eacutepocas diferentes fazendo com que sua renovaccedilatildeo aconteccedila

sem que haja grandes perdas na unidade do conjunto

Ao estruturar sua concepccedilatildeo dos elementos componentes da forma urbana DEL RIO (1990) eacute

bem mais sinteacutetico e objetivo mas assim como LAMAS (2000) e PANERAI (2006) seus

elementos possuem similaridades e ateacute repeticcedilotildees que praticamente reproduzem a mesma

essecircncia conceitual dos outros dois autores Estes elementos por serem estruturados tatildeo

objetivamente seratildeo apresentados em citaccedilatildeo direta satildeo eles

- crescimento os modos as intensidades e direccedilotildees elementos geradores e reguladores limites e superaccedilatildeo de limites modificaccedilatildeo de estruturas pontos de cristalizaccedilatildeo etc - traccedilado e parcelamento ordenadores do espaccedilo estrutura fundiaacuteria relaccedilotildees distacircncias circulaccedilatildeo e acessibilidade etc - tipologias dos elementos urbanos inventaacuterio e categorizaccedilatildeo de tipologias ediliacutecias (residecircncias comercio etc) de lotes e sua ocupaccedilatildeo de quarteirotildees e sua ocupaccedilatildeo de praccedilas esquinas etc - articulaccedilotildees relaccedilotildees entre elementos hierarquias domiacutenios do publico e privado densidades relaccedilotildees entre cheios e vazios etc (DEL RIO 1990 p 83 grifos do autor)

Dentre todos os elementos expostos a partir dos trecircs autores existe um importante fenocircmeno

relacionando-os em distintas intensidades e que merece ser considerado por influenciar

definitivamente na modificaccedilatildeo da forma urbana ndash o adensamento

5 No sentido de uma fotografia onde os claros e os escuros satildeo representados no negativo de modo contraacuterio ao do objeto fotografado

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 29 ndash O adensamento das ilhas do Bairro do Recife e de Santo Antocircnio (imagem) ocorreu tanto pelo preenchimento progressivo desde o inicio da ocupaccedilatildeo da cidade quanto por meio da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees anteriores Fontehttppedrodealbuquerquewordpresscomcategorypernambuco Acesso em 201109

O adensamento ocorre a partir de dois modos

essenciais de ocupaccedilatildeo o primeiro a partir do

preenchimento progressivo do espaccedilo urbano

e o segundo a partir da substituiccedilatildeo completa

por meio de demoliccedilatildeo de edificaccedilotildees

anteriores (PANERAI 2006) (Figura 29)

A primeira forma de adensamento ocorre sem

a expansatildeo territorial por meio do

preenchimento progressivo de todas as

reservas fundiaacuterias e espaccedilos livres de

determinado meio urbano Eacute um

adensamento inserido em limitesbarreiras

preacute-estabelecidos naturais ou natildeo tais como

uma via expressa irregularidades geograacuteficas

do siacutetio ou ainda numa escala menor a proacutepria quadra pode ser um limite para saturaccedilatildeo gradual

em seu interior desmembramento ou remembramento dos lotes para construccedilatildeo de novas

edificaccedilotildees verticalizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo de antigos quintais eou jardins (PANERAI 2006)

A segunda forma de adensamento acontece atraveacutes da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees

anteriormente existentes por novas construccedilotildees de maior porte tanto em relaccedilatildeo agrave ocupaccedilatildeo do

solo por meio do remembramento de lotes quanto em relaccedilatildeo ao seu gabarito Esta forma de

adensamento permite a renovaccedilatildeo do espaccedilo urbano sem aumentar sua aacuterea de abrangecircncia sem

sua expansatildeo (PANERAI 2006)

Ambas as formas de adensamento transformam essencialmente a forma urbana e o modo como

se relacionam seus elementos componentes A identificaccedilatildeo desta transformaccedilatildeo em determinado

meio urbano gerada pelo adensamento eacute indispensaacutevel para anaacutelise do comportamento da

acuacutestica urbana a partir de modificaccedilotildees na forma urbana deste mesmo meio uma vez que o

adensamento pode influenciar na propagaccedilatildeo sonora proporcionando uma maior quantidade de

objetos reflexivos de barreiras acuacutesticas e favorecendo a diminuiccedilatildeo da permeabilidade acuacutestica

Por fim a partir exposiccedilatildeo de determinados elementos considerados por LAMAS (2004) ndash o

edifiacutecio o lote o logradouro o quarteiratildeo o traccediladoa rua e a praccedila dos conjuntos considerados

por PANERAI (2006) ndash a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees dos

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

31

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

elementos considerados por DEL RIO (1990) ndash crescimento traccedilado e parcelamento tipologias

dos elementos urbanos e as articulaccedilotildees e em busca de atingir seu objetivo principal esta

pesquisa consideraraacute a forma urbana inserida em um recorte que a considera essencialmente a

partir de seu aspecto fiacutesico e material e cujos elementos componentes considerados seratildeo

exclusivamente

1 As parcelas fundiaacuterias ndash consideradas por meio das quadras e lotes incluindo sua relaccedilatildeo

de modo de ocupaccedilatildeo das edificaccedilotildees sua densidade e seus espaccedilos livres

2 As edificaccedilotildees ndash consideradas atraveacutes de sua relaccedilatildeo de modo de ocupaccedilatildeo com os

lotes e do grau de verticalizaccedilatildeo (gabarito baixo meacutedio e alto)

3 As vias ndash consideradas como reguladoras da relaccedilatildeo com as edificaccedilotildees e quarteirotildees e

principalmente apreciadas como estreitamente vinculadas a uma das principais fontes

geradoras de ruiacutedo urbano (o traacutefego de veiacuteculos)

Estes seratildeo os elementos componentes da forma urbana que esta pesquisa se apropriaraacute no

decurso do caminho a fim de analisar o comportamento acuacutestico a partir de modificaccedilotildees

cronoloacutegicas em determinada forma urbana Nos paraacutegrafos seguintes discutem-se os conceitos e

relaccedilotildees que permeiam a acuacutestica urbana

22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais

A acuacutestica eacute a ciecircncia do som incluindo sua geraccedilatildeo transmissatildeo e recepccedilatildeo de energia sob a

forma de ondas vibracionais na mateacuteria (KINSLER et al 1982) Ela eacute uma ciecircncia

multidimensional e interligada a vaacuterios domiacutenios cientiacuteficos Seu objeto de estudo fundamental o

som delineia uma seacuterie de interfaces multidisciplinares com abordagens em diversificadas aacutereas

do conhecimento (Figura 210)

Desse modo quando a geraccedilatildeo transmissatildeo e efeitos do som estatildeo inseridos no meio urbano

seu desdobramento eacute estudado pela aacuterea de conhecimento da acuacutestica urbana muitas vezes

tambeacutem nomeada de acuacutestica ambiental

O objeto de estudo fundamental da acuacutestica o som eacute a sensaccedilatildeo produzida no ouvido por

pequenas flutuaccedilotildees da pressatildeo do ar (HANSEN 2005) ou seja eacute uma percepccedilatildeo sensorial e seu

____________________________________________

ANAacuteLISE D

complexo padratildeo de ondas s

de ruiacutedo muacutesica fala

(BERGLUND et al 1999)

Esta definiccedilatildeo do som tend

a percepccedilatildeo do ouvido

conceito psicofiacutesico Fisicame

vibraccedilatildeo mecacircnica que

progressivamente atraveacutes de

gasoso liacutequido ou soacutelido (SIN

Esta vibraccedilatildeo quando tran

que o rodeia nem sempre

aparelho auditivo humano

frequumlecircncia6 audiacutevel encontra

20 a 20000 Hz para um

(BRUumlEL amp KJAEligR 1984

1982) Frequumlecircncias acima de

altas para respostas fisioloacuteg

chamadas de ultrasons Jaacute as

de 20 Hz satildeo chamadas de

detectaacuteveis pelo ouvido hum

prejudiciais agrave sua sauacutede7

1982 SOUSA 2004)

Fisicamente o som e o ruiacutedo

ambos se propagam em mei

detectados pelo ouvido hu

enquanto o som eacute utilizado

6 A frequumlecircncia eacute o nuacutemero de ciclo(HANSEN 1995) 7 A exposiccedilatildeo a baixas frequumlecircncias depressatildeo irritabilidade e perturba pro

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 210 ndash Interfaces multidFonte Elaborado pela autora a pa

Figura 211 ndash Fonte sonora ponSOUZA 2006

as sonoras eacute rotulado

ala entre outros

ndo como referecircncia

o humano eacute um

mente o som eacute uma

que se propaga

de um meio material

(SINGAL 2005)

transmitida ao meio

re eacute detectaacutevel pelo

ano cuja faixa de

tra-se no intervalo de

um jovem saudaacutevel

4 KINSLER et al

de 20000 Hz muito

loacutegicas auditivas satildeo

as frequumlecircncias abaixo

de infrasons e natildeo satildeo

umano contudo satildeo

(KINSLER et al

iacutedo constituem o mesmo fenocircmeno de variaccedilotildee

eio elaacutestico (soacutelido liacutequido ou gasoso) e ambos

humano (BERGLUND et al 1999 HANSEN

do para descrever percepccedilotildees sonoras agradaacutev

iclos que a onda sonora completa no tempo de um segundo

as pode gerar a doenccedila Vibroacuacutestica que induz o espessamprocessos cognitivos (BRANCO e PEREIRA 2004)

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

32

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

ltidisciplinares do estudo do som partir de BISTAFA 2006

ontual e fonte sonora linear Fonte

otildees de pressatildeo ambiente

bos satildeo capazes de serem

EN 1995) No entanto

daacuteveis o ruiacutedo descreve

do e eacute medida em Hertz (Hz)

amento das estruturas cardiacuteacas

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

33

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 212 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora pontual de 6 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007

percepccedilotildees sonoras desagradaacuteveis incorporando um aspecto de subjetividade agrave sua definiccedilatildeo

(BRUumlEL amp KJAEligR 1984 HANSEN 2005 BRASIL 2006 SINGAL 2005)

Tal subjetividade acarreta diferentes e individuais percepccedilotildees sonoras pelo ser humano e

portanto em diferentes reaccedilotildees agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo Em outras palavras o que se estabelece

como som para um indiviacuteduo pode representar ruiacutedo para outro

[] as respostas inerentes ao ruiacutedo satildeo complexas dependendo tanto dos fatores propriamente acuacutesticos quanto dos psicossociais contextuais simboacutelicos emocionais como daqueles de valor especiacutefico Essas variaacuteveis participam da singularidade da escuta e atuam como filtros que modificam a percepccedilatildeo do sinal fiacutesico sonoro (SANTOS e MARTINS 2005 p 216)

Enquanto sua percepccedilatildeo envolve a subjetividade as respostas fisioloacutegicas agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo satildeo

mais objetivas e seus danos satildeo mais facilmente identificaacuteveis O ruiacutedo pode gerar complicaccedilotildees

no sistema circulatoacuterio e hormonal perda gradativa da audiccedilatildeo distuacuterbios de sono estresse

irritabilidade neuroses desconforto e dificuldade de aprendizado entre outros danos

(BERGLUND et al1999 HANSEN 2005 KINSLER et al 1982 MURGEL 2007 NAGEM

2004 NUNES 2006 PAZ et al 2005 SINGAL 2005 ZANNIN et al 2002)

O ruiacutedo pode se originar de variadas fontes presentes em diversificados ambientes as mais

comumente encontradas satildeo as fontes sonoras pontuais e as lineares (Figura 211) A fonte pontual

possui dimensotildees finitas e emite o mesmo niacutevel de pressatildeo sonora uniformemente para todas as

direccedilotildees sendo seu decaimento em campo livre de 6 dB para cada dobro da distacircncia (Figura

212) (HANSEN 2005 SOUSA 2004)

Jaacute a fonte linear eacute formada por certo nuacutemero de

fontes pontuais dispostas linearmente cuja

emissatildeo sonora eacute contiacutenua ao longo desta

linha sendo seu decaimento em campo livre

de 3 dB para cada dobro da distacircncia (Figura

213) (HANSEN 2005 PAZ 2004)

Quando propagadas no meio urbano a

combinaccedilatildeo de tais fontes sonoras associadas

ao percurso de transmissatildeo e ao receptor

constitui o ruiacutedo urbano (urban noise) tambeacutem

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 213 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora linear de 3 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007

chamado de ruiacutedo ambiental (environmental

noise) ou ruiacutedo comunitaacuterio (community noise)

(BERGLUND et al1999 GUEDES 2005

SOUSA 2004)

O ruiacutedo urbano pode ser gerado a partir do

traacutefego de veiacuteculos terrestres e aeacutereos de

obras de construccedilatildeo civil de estabelecimentos

industriais de estabelecimentos comerciais e

de serviccedilos de sistemas de propaganda

volante ou permanente8 e ruiacutedos de outras atividades cuja propagaccedilatildeo sonora pode afetar o bem-

estar e a sauacutede dos citadinos (BARRON 2003 BERGLUND et al1999 KINSLER et al 1982

NAGEM 2004 NUNES 2006 SINGAL 2005)

Apesar de esporaacutedica outra fonte de ruiacutedo gerada em meio urbano satildeo os eventos puacuteblicos tais

como festas shows comiacutecios carnavais fora de eacutepoca entre outros As fontes de ruiacutedo presentes

nestes eventos atingem um alto niacutevel de pressatildeo sonora9 e abrangem uma grande quantidade

populacional logo independente de ocorrer poucas vezes durante o ano satildeo eventos

extremamente danosos a sauacutede e principalmente agrave audiccedilatildeo a partir de 80 dB(A) natildeo importa se

a sensaccedilatildeo sonora eacute prazerosa ou natildeo ela eacute necessariamente prejudicial10 (Tabela 21) (NUNES

2006)

Quando a intensidade dos ruiacutedos urbanos torna-se excessivamente desagradaacutevel eou nociva o

ruiacutedo passa a ser considerado uma forma de poluiccedilatildeo ambiental11 - a poluiccedilatildeo sonora A

necessidade de regulamentaccedilatildeo da poluiccedilatildeo sonora renuncia os aspectos de subjetividade

existentes e inerentes ao conceito de ruiacutedo na tentativa de sintetizar e estabelecer limites leis

normas meacutetodos e accedilotildees que representem um universo sonoro equivalente para toda a

populaccedilatildeo na tentativa de controlar e mitigar o ruiacutedo urbano

8 Carros de som bicicletas com som raacutedios comunitaacuterias entre outros 9 O niacutevel de pressatildeo sonora eacute a medida fiacutesica preferencial para caracterizar a sensaccedilatildeo subjetiva da intensidade dos sons e de acordo com a lei de Weber e Fechner a sensaccedilatildeo sonora eacute proporcional ao logaritmo da intensidade sonora NPS=20 log (pp0) onde p eacute a pressatildeo sonora em Pascal e p0 eacute a pressatildeo sonora de referecircncia (2 10-5 Pascal) (BISTAFA 2006 NIEMEYER 2007) 10 Outros niacuteveis de ruiacutedo tambeacutem podem ser prejudiciais em maior ou menor grau dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora 11 ldquoPoluiccedilatildeo eacute a degradaccedilatildeo da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente a) prejudiquem a sauacutede a seguranccedila e o bem-estar da populaccedilatildeo b) criem condiccedilotildees adversas agraves atividades sociais e econocircmicas c) afetem desfavoravelmente a biota d) afetem as condiccedilotildees esteacuteticas ou sanitaacuterias do meio ambiente e) lancem mateacuterias ou energia em desacordo com os padrotildees ambientais estabelecidosrdquo (BRASIL 1981 p 1 e 2)

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Tabela 21 ndash Os niacuteveis de pressatildeo sonora e suas consequumlecircncias fisioloacutegicas no homem Em alguns casos podem a intensidade das reaccedilotildees fisioloacutegicas podem variar dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora Fonte elaborado pela autora a partir de KINSLER et al 1992 SINGAL 2005 SOUZA 2006

Assim sendo na esfera federal a Constituiccedilatildeo Federal (Art255) o Coacutedigo Civil Brasileiro (Lei ndeg

1040602) a Lei das Contravenccedilotildees Penais (Decreto-lei nordm 368841) e a Lei dos Crimes

Ambientais (Lei nordm 960598) versam a partir de diferentes abordagens e diferentes

procedimentos legais sobre a poluiccedilatildeo sonora e suas respectivas perturbaccedilotildees (CARNEIRO

2009)

NIacuteVEIS DE PRESSAtildeO SONORA E SUAS CONSEQUEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS

Niacutevel de Pressatildeo sonora

em dB(A)

Caracteriacutesticas FISIOLOacuteGICAS

Ambiente ou atividade

0 a 30 Nenhuma Tremular de folhas de uma aacutervore sussurros

aacuterea de mata selvagem

30 a 50 Nenhuma Cantar de paacutessaros rua calma em aacuterea residencial durante noite

50 a 70 Marca o iniacutecio do estresse

auditivo Rua agitada um restaurante barulhento

70 a 90 Estressante e bastante

excitante Chegada de um trem na estaccedilatildeo carro a 100 Kmh

conversa a gritos

90 a 110 Extremamente excitante provocando dependecircncia

Caminhatildeo pesado a 60 Kmh alarme de viatura passagem de trem numa estaccedilatildeo ou cabine de um aviatildeo monomotor

110 a 130

Desconfortavelmente alto atingindo o limiar da dor podendo causar surdez

instantacircnea

Trem passando em trilhos elevados martelo pneumaacutetico interior de uma boate show de banda de rock

130 a 140 Acima do limiar da dor

causando surdez permanente Decolagem de aviatildeo a jato a 5m de distacircncia disparos de artilharia

Ainda no domiacutenio federal o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) publicou vaacuterias

resoluccedilotildees que estabelecem normas de preservaccedilatildeo ao meio ambiente incluindo o combate a

poluiccedilatildeo sonora12 Nestas resoluccedilotildees todas as atividades geradoras de ruiacutedo devem seguir

diretrizes vinculadas agrave Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas ndash ABNT e ao Conselho

Nacional de Tracircnsito - CONTRAN no caso de ruiacutedo produzido por veiacuteculos automotores

(NAGEM 2004)

Tais resoluccedilotildees normas e diretrizes refletidas no domiacutenio estadual e municipal deram origem agrave

Lei Estadual nordm 12789 de 28 de Abril de 2005 (PERNAMBUCO2005) conhecida como ldquoLei do

12 Satildeo elas RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 272 de 14 de setembro de 2000

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Silecircnciordquo e que dispotildee sobre ruiacutedos urbanos poluiccedilatildeo sonora e proteccedilatildeo do bem-estar e do

sossego puacuteblico e agrave Lei nordm 16243 de 13 de setembro de 1996 ndash Coacutedigo do Meio Ambiente e do

Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife (RECIFE 1996a) que estabelece a poliacutetica do meio ambiente da

cidade do Recife incluindo regulamentaccedilatildeo de emissotildees sonoras entre outras providecircncias

tendo como suporte a Lei 1617696 de 9 de Abril de 1996 ndash Lei de Uso e Ocupaccedilatildeo do Solo da

Cidade do Recife ndash LUOS (RECIFE 1996b)

Apesar da existecircncia desta grande quantidade de leis federais estaduais e municipais apesar da

LUOS legislar sobre a etapa de aprovaccedilatildeo de projetos para a construccedilatildeo de empreendimentos

com usos geradores de incocircmodo agrave vizinhanccedila incluindo usos potencialmente geradores de ruiacutedos

submetendo-os agrave anaacutelise teacutecnica eou agrave anaacutelise especial e apesar do Coacutedigo do Meio Ambiente e

do Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife estabelecer limites maacuteximos permitidos de ruiacutedo na praacutetica a

accedilatildeo contra a poluiccedilatildeo sonora em Recife adquire caraacuteter corretivo pelos oacutergatildeos reguladores agrave

conduta do infrator geralmente a partir de denuacutencias da populaccedilatildeo apoacutes a consolidaccedilatildeo da fonte

geradora de ruiacutedo no meio urbano (JORNAL DO COMEacuteRCIO 2008 JC ONLINE 2005)

Outro exemplo local de desatenccedilatildeo agrave poluiccedilatildeo sonora eacute a inexistecircncia dentre vaacuterios outros tipos

de degradaccedilatildeo ambiental presentes de qualquer referecircncia a respeito da poluiccedilatildeo sonora em

documento produzido pela Prefeitura da Cidade do Recife no ano 2000 o Atlas Ambiental da

Cidade do Recife (RECIFE 2000)

Diante da aplicabilidade ineficaz da legislaccedilatildeo vigente em Novembro de 2009 foi lanccedilado pelo

Ministeacuterio Puacuteblico de Pernambuco a cartilha Poluiccedilatildeo sonora Silento e o barulho13 que versa sobre as

posturas e accedilotildees direitos e deveres dos diversos agentes envolvidos na produccedilatildeo e recepccedilatildeo da

poluiccedilatildeo sonora indicando como devem agir a viacutetima o policial o estado o construtor poluidor

o proprietaacuterio de carro de som poluidor entre outros A cartilha tambeacutem disponibiliza uma seacuterie

de formulaacuterios modelos de acordo com os diferentes tipos de poluiccedilatildeo sonora Estes formulaacuterios satildeo

exemplos para serem utilizados tanto pela viacutetima da poluiccedilatildeo sonora quanto pelo policial civil

militar promotor de justiccedila e ateacute mesmo pelo poluidor - o que poderaacute tornar esta cartilha um

importante instrumento para aplicaccedilatildeo das leis vigentes (CARNEIRO 2009)

Embora negligenciada e em oposiccedilatildeo a diversos outros problemas ambientais mundiais a

poluiccedilatildeo sonora continua a crescer e eacute acompanhada pelo aumento no nuacutemero de reclamaccedilotildees de

13 ldquoSilentordquo eacute um personagem criado para narrar alguns trechos interativos da cartilha

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 214 ndash Relaccedilatildeo entre o desenvolvimento industrial da sociedade que possibilita o aumento e concentraccedilatildeo de fontes sonoras e seus impactos em relaccedilatildeo ao ruiacutedo nas comunidades apontando trecircs previsotildees futuras de acordo com diferentes accedilotildees possiacuteveis de regulamentaccedilatildeo contra do ruiacutedo Fonte elaborado pela autora a partir de BERGLUND et al 1999

pessoas expostas ao ruiacutedo a partir do aumento da consciecircncia de seus direitos legais

(BERGLUND et al1999)

Para World Health Organization (WHO)14 a poluiccedilatildeo sonora jaacute eacute um dos problemas ambientais que

atingem o maior nuacutemero de pessoas no planeta perdendo apenas para a poluiccedilatildeo do ar e da aacutegua

(KIHLMAN 2004 2005) Este crescimento contiacutenuo da poluiccedilatildeo sonora e por conseguinte do

ruiacutedo urbano possui uma estreita relaccedilatildeo com as raacutepidas transformaccedilotildees ocorridas no meio

urbano nas uacuteltimas deacutecadas O desenvolvimento acelerado e a expansatildeo das cidades implicaram

em modificaccedilotildees em elementos da forma urbana em alto iacutendice de crescimento demograacutefico da

populaccedilatildeo urbana e em consequumlente aumento e concentraccedilatildeo de diversos tipos de fontes

geradoras de poluiccedilatildeo sonora (BRASIL 1990a1990b GUEDES 2005 PAZ 2009 ZANNIN et

al 2002) (Figura 214)

Entre estas fontes urbanas geradoras de poluiccedilatildeo sonora uma das que mais contribuem com o

aumento do ruiacutedo urbano aleacutem de ser considerada uma das fontes mais intrusivas e a mais

percebida pela populaccedilatildeo das grandes cidades eacute o traacutefego de veiacuteculos (DINIZ 2003 FRITSCH et al

2007 LACERDA et al 2005 PAZ 2004 ZANNIN et al 2003)

O ruiacutedo do traacutefego de veiacuteculos eacute gerado a

partir do ruiacutedo veicular que proveacutem

essencialmente do sistema de propulsatildeo do

motor do atrito entre o veiacuteculo e o ar (ruiacutedo

aerodinacircmico) e do atrito entre o pneu e o piso

(MURGEL 2007 KINSLER et al 1982) e da

relaccedilatildeo entre o veiacuteculocondutor e as

configuraccedilotildees das vias em que ele estaacute inserido

a aceleraccedilatildeo eou desaceleraccedilatildeo do motor de

acordo com a caracterizaccedilatildeo das vias - a

presenccedila de cruzamentos semaacuteforos faixas de

pedestres etc a intensidade do fluxo de

veiacuteculos e a proporccedilatildeo entre veiacuteculos leves e os

veiacuteculos pesados a frequumlecircncia de

14 Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede ndash OMS

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

acionamentos de buzinas o tipo de acabamento da superfiacutecie das vias (concreto asfalto brita

terra batida) etc (SINGAL 2005)

Tais vias geradoras do ruiacutedo de traacutefego aleacutem de serem interceptadas por outras vias satildeo

comumente ladeadas por configuraccedilotildees bastante variaacuteveis desde edificaccedilotildees com formas

implantaccedilotildees e gabaritos diversificados a lotes ainda natildeo ocupados caracterizando a propagaccedilatildeo

do ruiacutedo de traacutefego urbano por muacuteltiplas reflexotildees responsaacuteveis pelo espalhamento do ruiacutedo

para vias adjacentes pelo surgimento de campos sonoros reverberantes pela difraccedilatildeo do ruiacutedo e

pelo surgimento de aacutereas de sombra (SINGAL 2005 RANDRIANOELINA e SALOMONS

2008) Ou seja a propagaccedilatildeo do ruiacutedo urbano gerado pelo traacutefego de veiacuteculos possui uma

interaccedilatildeo singular com elementos da forma urbana

Assim sendo tanto por sua participaccedilatildeo determinante na constituiccedilatildeo do ruiacutedo urbano quanto

por sua particular relaccedilatildeo com os elementos que compotildeem a forma urbana o ruiacutedo de traacutefego

seraacute a uacutenica fonte sonora considerada na presente pesquisa conforme seraacute melhor elucidado no

proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas

A interaccedilatildeo entre o ruiacutedo urbano e a forma urbana dependeraacute diretamente das configuraccedilotildees de

certos elementos que compotildeem esta forma urbana o traccedilado e perfis das vias a maneira de

implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade e

forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres tais como praccedilas e

largos (GUEDES 2005 SANTOS e MARTINS 2005) Estes elementos podem ser

acusticamente caracterizados a partir do tipo de espaccedilo acuacutestico e da permeabilidade acuacutestica

O espaccedilo acuacutestico tambeacutem nomeado de campo acuacutestico eacute a porccedilatildeo de determinado espaccedilo onde

acontecem as vibraccedilotildees sonoras podendo ser caracterizado no meio urbano como espaccedilo

acuacutestico aberto ou fechado (NIEMEYER 2007)

O espaccedilo acuacutestico aberto aproxima-se da propagaccedilatildeo em campo livre que eacute caracterizado pela ausecircncia

de obstaacuteculos que modifiquem a propagaccedilatildeo sonora entre a fonte e o receptor Assim no meio

urbano o espaccedilo cuja propagaccedilatildeo sonora envolva poucas ou nenhuma reflexatildeo e poucos ou

nenhum obstaacuteculo pode ser considerado um espaccedilo acuacutestico aberto como por exemplo o

espaccedilo acuacutestico com perfil em ldquoLrdquo tais como vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas uma de

suas margens (Figuras 215 e 216) (NIEMEYER 2007) No espaccedilo acuacutestico aberto o niacutevel de

pressatildeo sonora decai 6 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (LANG

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 215 ndash Propagaccedilatildeo sonora em Campo acuacutestico aberto Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001

Figura 216 ndash Campo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo FonteNIEMEYER 2007

Figura 217 ndash Propagaccedilatildeo sonora em campo acuacutestico fechado causando o fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001

e BERANEK 1992) isto eacute o ruiacutedo percebido

pelo receptor diminui em funccedilatildeo da

duplicaccedilatildeo da distacircncia da fonte sonora15

Praccedilas parques e largos com grandes

dimensotildees vias de traacutefego marginais a praias

vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas

uma de suas margens ou espaccedilos livres

urbanos de grandes dimensotildees caracterizam

alguns exemplos de espaccedilos acuacutesticos abertos

No espaccedilo acuacutestico fechado as ondas sonoras

sofrem muacuteltiplas reflexotildees fazendo com que o

seu niacutevel sonoro decaia muito lentamente

sendo praticamente o mesmo em vaacuterias

posiccedilotildees ateacute que esta onda sonora encontre

uma saiacuteda para campo livre caracterizando o

fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana16 17(Figura

217) (GUEDES 2005 NIEMEYER 2007)

Os espaccedilos acuacutesticos fechados podem ser

reverberantes quando a onda sonora tarda a

encontrar o campo livre gerando um grande

nuacutemero de reflexotildees ou semi-reverberantes

quando a onda sonora encontra o campo livre

um pouco mais rapidamente do que no

reverberante gerando um nuacutemero menor mas

ainda grande de reflexotildees

15 Este decaimento eacute para fontes pontuais para fontes lineares o decaimento eacute de 3 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (GERGES 2000) 16 A reverberaccedilatildeo eacute a persistecircncia de um som depois de ter sido extinta a sua emissatildeo por uma fonte e ocorre como resultado de reflexotildees em ambientes total ou parcialmente fechados (GONZALEZ e LOPES 1993) 17 Alguns espaccedilos acuacutesticos fechados tambeacutem podem amplificar o niacutevel de pressatildeo sonora mas este fenocircmeno ocorre em determinados espaccedilos acuacutesticos fechados reverberantes

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 218 ndash Campo acuacutestico fechado em perfl ldquoUrdquo tambeacutem chamado de canyons urbanos Fonte NIEMEYER 2007

No meio urbano o espaccedilo acuacutestico fechado

reverberante possui comumente um perfil em

ldquoUrdquo (Figura 218) tambeacutem chamados de

canyons urbanos que podem amplificar

consideravelmente a propagaccedilatildeo sonora das

vias de traacutefego atraveacutes de reflexotildees muacuteltiplas

geradas pelas fachadas paralelas das

edificaccedilotildees que circundam estas vias

(ANDERSON e KURZE 1992) Assim neste

tipo de espaccedilo acuacutestico a propagaccedilatildeo sonora

natildeo depende exclusivamente da distacircncia entre

a fonte e o receptor como no espaccedilo acuacutestico

aberto depende ainda da configuraccedilatildeo dos

elementos que compotildeem a forma urbana e

dos coeficientes de absorccedilatildeo dos materiais que

revestem as superfiacutecies refletoras18

(NIEMEYER 2007)

Praccedilas parques e largos com pequenas dimensotildees e cercados por edificaccedilotildees conjugadas vias de

traacutefego com edificaccedilotildees (conjugadas ou com pequenos recuos entre elas) em ambos os lados

tuacuteneis passagens subterracircneas e espaccedilos livres abaixo de viadutos caracterizam alguns exemplos

de espaccedilos acuacutesticos fechados

A caracterizaccedilatildeo de um espaccedilo acuacutestico como sendo aberto ou fechado delinearaacute como a onda

sonora iraacute espalhar-se no meio urbano cujas configuraccedilotildees dos elementos que o compotildeem

podem facilitar ou dificultar a trajetoacuteria desta onda sonora para aleacutem do local de sua emissatildeo

tornando o meio urbano mais ou menos permeaacutevel a sua propagaccedilatildeo

18 No meio urbano as superfiacutecies refletoras satildeo predominantemente formadas por fachadas e muros de edificaccedilotildees que possuem certa uniformidade na utilizaccedilatildeo de materiais altamente reflexivos e com baixos coeficientes de absorccedilatildeo tais como granito maacutermore ceracircmica esmaltada vidro Assim o coeficiente de absorccedilatildeo de uma edificaccedilatildeo para outra seraacute praticamente o mesmo sofrendo miacutenimas variaccedilotildees permitindo sua natildeo consideraccedilatildeo

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 220 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees em uma quadra permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007

Figura 221 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjugadas em uma quadra pouco permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007

Figura 219 ndash Permeabilidade acuacutestica - percursos da onda sonora gerados em meio urbano Fonte NIEMEYER 2007

Figura 222 ndash Barreira acuacutestica entre a fonte e o receptor FonteANDERSON e KURZE 1992

Assim sendo a permeabilidade acuacutestica refere-se

aos percursos da onda sonora gerados no

meio urbano (Figura 219) (GUEDES 2005

NIEMEYER 2007) A intensidade da

permeabilidade acuacutestica - mais ou menos

permeaacutevel - dependeraacute da capacidade de

certos elementos urbanos de promover ou

conter a propagaccedilatildeo da onda sonora tais

como o traccedilado e perfis das vias a maneira de

implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem

como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade

e forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila

ou ausecircncia de espaccedilos livres (Figuras 220 e

221)

A permeabilidade acuacutestica relaciona-se ainda

com as barreiras acuacutesticas Isoladamente o

conceito de barreiras acuacutesticas refere-se a

qualquer objeto que possa ser considerado um

obstaacuteculo agrave ligaccedilatildeo direta e sem interferecircncias

entre a fonte e o receptor (Figura 222)

(ANDERSON e KURZE 1992 GERGES

2000) Ao bloquear o percurso direto entre a

fonte e o receptor a onda sonora poderaacute ser

absorvida eou refletida pela superfiacutecie da

barreira transmitida atraveacutes da barreira ou

difratada a partir do topo da barreira

(BARRON 2003 SINGAL 2005)

A difraccedilatildeo eacute um fenocircmeno que permite que as

ondas sonoras sejam capazes de contornar

determinados obstaacuteculos gerando uma aacuterea de

sombra acuacutestica que possui limites espaciais

variaacuteveis de acordo com a posiccedilatildeo da fonte

____________________________________________

ANAacuteLISE D

sonora e de sua localizaccedilatilde

receptor que por sua vez

sonora difratada pelas borda

um decaimento maior do qu

campo livre (Figura 223) (N

1968 NIEMEYER 2007 PA

O uso de barreiras acuacutestic

EUA Japatildeo Austraacutelia e

reduccedilatildeo da propagaccedilatildeo do

pelo traacutefego rodoviaacuterio pa

(Figuras 224 a 226) (SIN

Brasil esta praacutetica ainda eacute inc

restringindo-se a poucos exe

caso da barreira acuacutestica no

Linha Amarela na cidade do

na Rodovia Bandeirantes co

de Satildeo Paulo a Campinas

Paulo (Figura 227) (MURGE

2004)

Embora a implantaccedilatildeo de b

esteja vinculada agrave reduccedilatildeo do

rodoviaacuterio outros elemen

meio urbano situados ent

receptor atuam espontan

barreiras agrave propagaccedilatildeo sono

terreno com topografia i

muros edificaccedilotildees entr

edificaccedilotildees conjugadas da R

cidade do Recife ou aind

conjugadas em alguns trec

Atlacircntica no Rio de Janei

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 226 ndash Barreiras instaladasem aacuterea residencial de Toacutequio Jap

Figura 224 ndash Agrave esquerda barreacriacutelico na Suiacuteccedila Agrave direita barreiraPaacutedua e Veneza na Itaacutelia Fonte C

Figura 227 ndash Barreira acuacutestica dade Satildeo Paulo Fonte MURGEL 2

Figura 223 ndash Difraccedilatildeo da ondagerando uma aacuterea de sombra acuacutest

Figura 225 ndash Agrave esquerda baproacuteximo a Zurique Agrave direita barretambeacutem na Suiccedila Fonte CICHIN

accedilatildeo em relaccedilatildeo ao

ez recebe a energia

rdas da barreira com

que se estivesse em

(NEPOMUCENO

PAZ 2004)

ticas eacute comum nos

e na Europa para

do ruiacutedo produzido

para seus arredores

INGAL 2005) No

incipiente

exemplos como eacute o

no eixo rodoviaacuterio

o Rio de Janeiro e

conectando a cidade

s no estado de Satildeo

GEL 2007 SOUSA

e barreiras acuacutesticas

do ruiacutedo de traacutefego

entos inseridos no

entre a fonte e o

taneamente como

nora tais como um

irregular taludes

ntre outros As

a Rua da Aurora na

inda as edificaccedilotildees

trechos da Avenida

neiro por exemplo

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

42

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

das ao longo de via expressa elevada Japatildeo Fonte CICHINELLI 2007

rreira acuacutestica curva em concreto e eira acuacutestica metaacutelica na estrada entre CICHINELLI 2007

da Rodovia Bandeirantes no estado 2007

da sonora a partir de uma barreira uacutestica Fonte GERGES 2000

barreira acuacutestica metaacutelica instalada arreira acuacutestica em concreto e acriacutelico INELLI 2007

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

43

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 228 ndash Rua da Aurora no Bairro da Boa Vista na cidade do Recife configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fontehttpmaiovinteeseisblogspotcom2007_ 11_01_archivehtml Acesso em 080409

Figura 229 ndash Alguns trechos da Avenida Atlacircntica no Bairro de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro tambeacutem configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fonte httpwwwtravelpodcomtravel-photoorlanworldtrip200711 71589400avenida-atlantica-along-copacabana-beachjpgtpodhtml Acesso em 080409

aleacutem de funcionarem como barreiras acuacutesticas

espontacircneas ou natildeo intencionais tambeacutem

conformam um espaccedilo acuacutestico aberto em

ldquoLrdquo e pouco permeaacutevel ao ruiacutedo (Figura 228 e

229)

A partir da discussatildeo dos espaccedilos acuacutesticos e

da permeabilidade acuacutestica evidencia-se que a

interaccedilatildeo entre os diversos elementos que

compotildeem a forma urbana - o traccedilado e perfis

das vias o modo de implantaccedilatildeo das

edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as

proporccedilotildees densidade e maneira de ocupaccedilatildeo

das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de

espaccedilos livres ndash contribui determinantemente

para a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano

atraveacutes de muacuteltiplas reflexotildees do

espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave

fonte geradora de campos sonoros

reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de

aacutereas de sombra

Isto posto se o ruiacutedo urbano eacute considerado

um sistema composto essencialmente pela fonte

sonora pelo meio de propagaccedilatildeo e pelo receptor (LANG e BERANEK 1992 ANDERSON e

KURZE 1992) a forma urbana considerada a partir dos elementos que a compotildeem enquanto

percurso de transmissatildeo delineia influencia e determina em certa medida a trajetoacuteria de

propagaccedilatildeo da onda sonora19 Ou seja a forma urbana por meio das caracteriacutesticas singulares

apresentadas pelos seus elementos componentes iraacute influenciar o comportamento da propagaccedilatildeo

da onda sonora no meio urbano

19 ldquoEm certa medidardquo pois existem outros fatores que tambeacutem influenciam a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano mas a discussatildeo sobre a consideraccedilatildeo ou natildeo destes outros fatores seraacute melhor construiacuteda no proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

44

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito alto por elevada densidade de

ocupaccedilatildeo das quadras e por vias estreitas por exemplo tende em tese a ser menos permeaacutevel ao

ruiacutedo dificultando a propagaccedilatildeo sonora para outras aacutereas Tende ainda a criar espaccedilos

reverberantes ou semi-reverberantes com o niacutevel de pressatildeo sonora elevado em praticamente

todos os pontos de reflexatildeo com perdas miacutenimas ateacute a onda sonora alcanccedilar o topo das

edificaccedilotildees e direcionar-se a campo livre Por conseguinte este comportamento tende a propiciar

dependendo ainda da relaccedilatildeo com a fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano indesejaacutevel e

insalubre aos receptores existentes nas edificaccedilotildees daquela via

Jaacute uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito baixo por baixa densidade de

ocupaccedilatildeo das quadras e por vias largas tende teoricamente a ser mais permeaacutevel ao ruiacutedo

facilitando sua propagaccedilatildeo Por outro lado natildeo gera espaccedilos acuacutesticos propiacutecios a muacuteltiplas

reflexotildees fazendo com que a onda sonora encontre mais rapidamente o campo livre facilitando

sua dissipaccedilatildeo e propiciando dependendo ainda da fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano

desejaacutevel aos seus receptores

Deste modo a existecircncia de diferenccedilas e particularidades dos elementos que compotildeem as

distintas formas urbanas proporciona os mais diversificados comportamentos acuacutesticos de

propagaccedilatildeo sonora nos mais diferentes meios urbanos Ou seja do mesmo modo que cidades

bairros e ruas natildeo satildeo iguais entre si tampouco reproduziacuteveis em sua essecircncia o comportamento

acuacutestico tambeacutem natildeo seraacute ao contraacuterio constituiraacute um atributo exclusivo de cada espaccedilo urbano

Mas se para cada espaccedilo urbano existe um comportamento acuacutestico especiacutefico como deveraacute se

comportar a propagaccedilatildeo sonora de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de

modificaccedilotildees em elementos de sua forma urbana Em outras palavras como se comportaraacute a acuacutestica

urbana de um determinado local a partir do processo cronoloacutegico de modificaccedilotildees em sua forma urbana

Nos capiacutetulo que se segue Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas seratildeo apresentadas os percursos

investigativos que foram postos em praacutetica em busca de responder a este questionamento

Figura 49 ndash Perspectiva esquemaacutetica do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1971 p 69

Figura 410 ndash Perspectiva esquemaacutetica a partir da praia do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1971 p 69

Figura 411 ndash Bairro de Boa Viagem na deacutecada de 70 Acima indica-se o bairro do Pina e o Edifiacutecio Califoacuternia localizado no 2deg Jardim de Boa Viagem No meio a Avenida Domingos Ferreira ainda em terra batida e natildeo finalizada ao encontrar-se com o mangue circundante dos braccedilos do Rio Pina Abaixo o Edifiacutecio Holiday p 70

Figura 412 ndash Planta baixa do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1981 p 70

Figura 413 ndash Perspectiva esquemaacutetica do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1981 p 70

Figura 414 ndash Perspectiva esquemaacutetica a partir da praia do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1981 p 71

Figura 415 ndash Demoliccedilatildeo do Hotel Boa Viagem e em seu lugar estaacute sendo erguido o Ed Maria Acircngela Lucena uma edificaccedilatildeo multifamiliar de gabarito alto com amplo nuacutemero de unidades habitacionais e de pavimentos mais um exemplar dos ldquoarranha ceacuteusrdquo residenciais de Boa Viagem p 71

Figura 416ndash Planta baixa do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1997 p 73

Figura 417 ndash Perspectiva esquemaacutetica do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1997 p 73

Figura 418 ndash Perspectiva esquemaacutetica a partir da praia do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1997 p 73

Figura 419 ndash Os pavimentos destinados agraves garagens dos edifiacutecios residenciais multifamiliares satildeo comumente chamados na construccedilatildeo civil de ldquobandejasrdquo enquanto as torres dos pavimentos tipos satildeo nomeadas de ldquolacircminasrdquo p 74

Figura 420 ndash Planta baixa do 3deg Jardim de Boa Viagem em 2009 p 74

Figura 421 ndash Perspectiva esquemaacutetica do 3deg Jardim de Boa Viagem em 2009 p 74

Figura 422 ndash Perspectiva esquemaacutetica a partir da praia do 3deg Jardim de Boa Viagem em 2009 p 75

Figura 51 ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim em 1971 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash O mapa ilustra a propagaccedilatildeo sonora no iniacutecio da ocupaccedilatildeo do 3deg Jardim p 83

Figura 52 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1971 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 84

Figura 53 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 - O mapa do iniacutecio da ocupaccedilatildeo urbana do 3deg Jardim apresentando um comportamento acuacutestico com caracteriacutesticas predominantes de propagaccedilatildeo sonora em campo livre sem a presenccedila significantes de obstaacuteculos que interfiram em seu percurso possibilitando um contiacutenuo decaimento sonoro em relaccedilatildeo agrave distacircncia como ilustram as setas indicativas em preto p 85

Figura 54 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 - O mapa do iniacutecio da ocupaccedilatildeo urbana do 3deg Jardim mostrando outra secccedilatildeo vertical contendo o mesmo comportamento acuacutestico com caracteriacutesticas predominantes de propagaccedilatildeo sonora em campo livre como ilustram as setas indicativas em preto p 85

Figura 55 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Por menor que seja sua presenccedila algumas edificaccedilotildees pontuais de gabarito meacutedio atuam como barreiras acuacutesticas espontacircneas constituindo obstaacuteculos que interferem na propagaccedilatildeo sonora como ilustram as setas indicativas em preto p 86

Figura 56 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash As edificaccedilotildees que atuam como barreiras acuacutesticas geram o fenocircmeno acuacutestico da difraccedilatildeo que propicia a criaccedilatildeo de aacutereas de sombra acuacutestica onde os niacuteveis de pressatildeo sonora equivalente satildeo mais baixos como ilustram as setas indicativas em preto p 86

Figura 57 ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim em 1981 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Nesta data houve o aumento no nuacutemero de ilhas de sombra e diminuiccedilatildeo do niacutevel de pressatildeo sonora equivalente em relaccedilatildeo a 1971 p 87

Figura 58 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1981 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 88

Figura 59 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash Reduccedilatildeo da quantidade de campos acuacutesticos abertos e aumento no nuacutemero de edificaccedilotildees que atuam enquanto barreiras acuacutesticas favorecendo o aumento do nuacutemero de ilhas de sombra e da diminuiccedilatildeo do niacutevel de pressatildeo sonora equivalente em relaccedilatildeo a 1971 como ilustram as setas indicativas em preto p 89

Figura 510 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 89

Figura 511 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Como ilustram as setas indicativas em preto o princiacutepio da verticalizaccedilatildeo no 3deg Jardim pode ter contribuiacutedo atraveacutes de uma melhor atuaccedilatildeo das novas edificaccedilotildees enquanto barreiras acuacutesticas para o aumento do nuacutemero de ilhas de sombra e da diminuiccedilatildeo do niacutevel de pressatildeo sonora equivalente em relaccedilatildeo a 1971 p 90

Figura 512 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Idem p 90

Figura 513 ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim em 1997 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Em 1997 com um adensamento e verticalizaccedilatildeo ainda maior do que em 1981 houve o aumento tanto do nuacutemero das ilhas de sombra quanto nas sua aacutereas de abrangecircncia acarretando no melhor comportamento acuacutestico observado ateacute entatildeo entre os mapas elaborados p 95

Figura 514 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1997 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 96

Figura 515 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash A edificaccedilotildees propiciam muacuteltiplas reflexotildees a partir de suas fachadas expostas agraves fontes sonoras influenciando na propagaccedilatildeo da onda sonora de modo distinto ao que seria essa propagaccedilatildeo em campo livre conforme indicado nos mapas acuacutesticos p97

Figura 516 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Idem p 97

Figura 517 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 98

Figura 518 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 98

Figura 519 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash As edificaccedilotildees soacute geram muacuteltiplas reflexotildees a partir de suas fachadas expostas agraves fontes sonoras transpondo estas fachadas as edificaccedilotildees passam a atuar enquanto barreiras acuacutesticas para a onda sonora minimizando o ruiacutedo no interior das quadras como indica-se no mapa acuacutestico p 99

Figura 520 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Idem p 99

Figura 521 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 100

Figura 522 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 100

Figura 523 ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim em 2009 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Em 2009 o adensamento das quadras diminuiu consideravelmente a presenccedila de ilhas de sombra acuacutestica p101

Figura 524 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem em 2009 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 102

Figura 525 e 526 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash As ilhas de sombra em 1997 favoreciam as residecircncias unifamiliares e multifamiliares de gabarito baixo existentes que se situavam em seus interiores Em 2009 estas ilhas foram praticamente suprimidas pela presenccedila de pavimentos destinados as garagens das novas edificaccedilotildees verticais de gabarito alto como ilustram as setas em preto p103

Figura 527 e 528 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash Idem p 103

Figura 529 e 530 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash O contorno preto ilustra a modificaccedilatildeo da propagaccedilatildeo das ondas sonoras a partir da influecircncia do aumento da densidade das quadras e verticalizaccedilatildeo das edificaccedilotildees Em 1971 a caracteriacutestica predominante assemelha-se a propagaccedilatildeo em campo livre Jaacute em 1981 percebem-se irregularidades no contorno devido a reflexotildees da onda sonora nas edificaccedilotildees p 104

Figura 531 e 532 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash 1997 apresentou o melhor comportamento acuacutestico entre os mapas elaborados Nesta data as edificaccedilotildees atuaram mais enquanto barreiras acuacutesticas do que como objetos reflexivos da onda sonora Jaacute em 2009 o aumento do adensamento e da verticalizaccedilatildeo possibilitou o excesso de muacuteltiplas reflexotildees nas fachadas das edificaccedilotildees como delineia o contorno extremamente irregular da propagaccedilatildeo sonora ilustrado na imagem abaixo p 104

Figura 533 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Apesar de proporcionar um aumento no niacutevel de pressatildeo sonora equivalente em 2009 o adensamento e verticalizaccedilatildeo das edificaccedilotildees tambeacutem trouxeram benefiacutecios pontuais na praccedila Walt Disney como ilustram as imagens as edificaccedilotildees atuaram como barreiras acuacutesticas reduzindo em relaccedilatildeo a 1997 o niacutevel de pressatildeo sonora equivalente que atinge as edificaccedilotildees de seu entorno Contudo p 105

Figura 534 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash as fachadas voltadas para esta reduccedilatildeo de niacutevel de pressatildeo sonora equivalente satildeo fachadas de serviccedilo pouco aproveitando esta reduccedilatildeo p 105

Figura 535ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim na situaccedilatildeo hipoteacutetica futura e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash A situaccedilatildeo hipoteacutetica futura apresenta quadras muito mais adensadas do que nos anos anteriores reduzindo ainda mais a presenccedila de ilhas de sombra O pavimento representado no mapa eacute o destinado agraves garagens que ocupam praticamente todo o lote p 110

Figura 536 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem na situaccedilatildeo hipoteacutetica futura e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 111

Figura 537 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash A transformaccedilatildeo da forma urbana tanto na situaccedilatildeo hipoteacutetica como ilustram as imagens quanto em 2009 quando esteve associada ao adensamento e a verticalizaccedilatildeo intensificou os fenocircmenos acuacutesticos ocorridos no meio urbano do 3deg Jardim de Boa Viagem p 112

Figura 538 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 112

Figura 539 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Idem p 113

Figura 540 ndash Plantas Baixas ndash A situaccedilatildeo hipoteacutetica futura seguida de perto pelo mapa de 2009 apresentou o pior comportamento acuacutestico do 3deg Jardim e o mapa de 1997 apresentou o melhor entre os mapas elaborados nesta pesquisa conforme ilustra a siacutentese abaixo p 113

Figura 541 ndash Graacutefico da performance acuacutestica considerando o ano x o niacutevel de pressatildeo sonora equivalente (Leq) ndash O Graacutefico apresenta as variaccedilotildees de niacuteveis de pressatildeo sonora de alguns pontos escolhidos aleatoriamente nos mapas acuacutesticos elaborados (Figura 541) Em 1997 as quedas das curvas de variaccedilatildeo do graacutefico corroboram a tendecircncia desta data ter apresentado o mapa acuacutestico com o melhor comportameno acuacutestico entre os mapas elaborados por esta pesquisa p 114

Figura 542 ndash Locaccedilatildeo dos pontos utilizados para elaboraccedilatildeo do graacutefico de performance acuacutestica p 114

Figura 543 ndash Graacutefico comparativo de niacuteveis de emissatildeo sonora permitidos ndash O graacutefico apresenta uma comparaccedilatildeo entre os niacuteveis de emissatildeo sonora permitidos em alguns paiacuteses entre a WHO ISO e ABNT e entre a Lei do silecircncio e o coacutedigo do Meio Ambiente e Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife O graacutefico evidencia que a cidade do Recife e o estado de Pernambuco praticam niacuteveis muito acima do recomendado por outras entidades normativas p 121

Figura 544 ndash Planta Baixa ndash Mapa acuacutestico simulando uma situaccedilatildeo onde o fluxo de veiacuteculos seja o dobro do encontrado atualmente no 3deg Jardim de Boa Viagem (2009) apresentando altos niacuteveis de poluiccedilatildeo sonora p 122

Figura 545 a 548 ndash Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Idem p 122

Figura 549 ndash Planta Baixa ndash Mapa acuacutestico simulando uma situaccedilatildeo onde seja implantado rodiacutezio de veiacuteculos com uma reduccedilatildeo de 30 do valor total do fluxo de veiacuteculos atualmente encontrado no 3deg Jardim de Boa Viagem (2009) p 123

Figura 550 a 553 ndash Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Idem p 123

Figura 554 ndash Planta Baixa ndash Mapa acuacutestico simulando uma situaccedilatildeo onde seja implantado aleacutem do rodiacutezio de veiacuteculos com reduccedilatildeo de 30 no fluxo atual de veiacuteculos um corredor de transporte puacuteblico na Av Domingos Ferreira e restriccedilatildeo de traacutefego de veiacuteculos pesados apenas nesta via p 124

Figura 555 a 558 ndash Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Idem p 124

LISTA DE TABELAS

Tabela 21 ndash Os niacuteveis de pressatildeo sonora e suas consequumlecircncias fisioloacutegicas no homem Em alguns casos podem a intensidade das reaccedilotildees fisioloacutegicas podem variar dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora p 35

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO

2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

21 A Forma Urbana e seus Elementos Componentes____________

22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais_____________

3 CONSIDERACcedilOtildeES METODOLOacuteGICAS

31 3deg Jardim de Boa Viagem enquanto Estudo de Caso_________

32 Mapeamento Acuacutestico enquanto Instrumento de Pesquisa_

33 Procedimentos Metodoloacutegicos__________________________________

331 1deg Etapa Pesquisa Documental Primaacuteria e Secundaacuteria _____

332 2deg Etapa Pesquisa Piloto_____________________________________

333 3deg Etapa Estudo de Campo__________________________________

334 4deg Etapa mapeamento acuacutestico_____________________________

4 TRANSFORMACcedilOtildeES DO 3deg JARDIM E SUA RELACcedilAtildeO COM

O PROCESSO DE OCUPACcedilAtildeO DO BAIRRO DE BOA

VIAGEM

5 COMPORTAMENTO ACUacuteSTICO DO 3degJARDIM DE BOA

VIAGEM

51 Comportamento Acuacutestico do 3deg Jardim de Boa Viagem a

partir das Modificaccedilotildees Cronoloacutegicas em sua Forma

Urbana______________________________________________________________

52 Comportamento Acuacutestico do 3deg Jardim de Boa Viagem em

relaccedilatildeo ao Coacutedigo do Meio Ambiente e Equiliacutebrio Ecoloacutegico

do Recife agrave ldquoLei do Silecircnciordquo e a outras Entidades

Normativas_________________________________________________________

53 Ausecircncia de Accedilotildees versus Presenccedila de Accedilotildees em Busca

de um Melhor Comportamento Acuacutestico para o 3deg Jardim

de Boa Viagem____________________________________________________

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

7 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

128

134

115

107

81

80

65

60

59

56

55

55

52

49

46

31

22

22

17

CAPIacuteTULO 1

A pesquisa eacute talvez a arte de se criar dificuldades fecundas e de criaacute-las para os

outros Nos lugares onde havia coisas simples faz-se aparecer problemas

Pierre Bourdieu

____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO

17

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

1 INTRODUCcedilAtildeO

Um grito estridente lanccedilado em um meio urbano envolto nos ldquomais modernosrdquo e descomunais

arranha-ceacuteus desconfortavelmente ouvido nos mais remotos pavimentos de um deles foi agrave

centelha motivadora para as ideacuteias e discussotildees que permeiam esta pesquisa Este grito mal

recebido pelo receptor pode ser considerado uma das diversas formas da profusatildeo de ruiacutedos que

cada vez mais se tornam elementos onipresentes da vida contemporacircnea

Tal profusatildeo de ruiacutedos atualmente encontrados nos centros urbanos estaacute intimamente vinculada

ao crescimento acelerado das cidades que possibilitaram o aumento e uma maior concentraccedilatildeo da

populaccedilatildeo urbana acarretando em raacutepidas transformaccedilotildees no meio de propagaccedilatildeo do ruiacutedo

urbano aleacutem do aumento e uma maior concentraccedilatildeo dos diversos tipos de fontes sonoras que o

geram

Embora esteja estreitamente relacionado ao raacutepido desenvolvimento das cidades o ruiacutedo urbano

natildeo deve ser considerado como uma consequumlecircncia incidental da accedilatildeo humana em busca de

progresso e por isso inevitaacutevel tampouco toleraacutevel Ao contraacuterio deve ser entendido como uma

das consequumlecircncias prejudiciais deste desenvolvimento que pode causar diversos males fisioloacutegicos

e psicoloacutegicos ao citadino e assim sendo deve ser veementemente prevenido e mitigado

A fim de encontrar maneiras que possibilitem sua prevenccedilatildeo e mitigaccedilatildeo o ruiacutedo urbano pode

ser entendido como um sistema composto essencialmente pela fonte sonora ndash meio de propagaccedilatildeo ndash

receptor Dentre estas trecircs partes componentes do sistema o meio de propagaccedilatildeo pode ser

considerado como um dos menos investigados e onde as accedilotildees contra o ruiacutedo satildeo menos

concentradas (SINGAL 2005)

Esta inobservacircncia da importacircncia do meio urbano enquanto percurso de propagaccedilatildeo sonora

pode estar vinculada agrave dificuldade de intervir em meios de propagaccedilatildeo consolidados como satildeo

fundamentalmente os grandes centros urbanos Daiacute a relevacircncia em compreender a acuacutestica

urbana a partir de seu meio propagador pois uma vez consolidado o meio raras satildeo as

intervenccedilotildees possiacuteveis para minimizar o ruiacutedo urbano a partir desta parte componente do sistema

fonte ndash meio ndash receptor restando essencialmente accedilotildees preventivas

____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO

18

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Outro fator que evidencia o grande valor em compreender a acuacutestica urbana a partir de seu meio

de propagaccedilatildeo eacute o potencial que o meio urbano possui em influenciar a trajetoacuteria da propagaccedilatildeo

sonora Esta influecircncia acontece atraveacutes da forma que este meio apresenta ou seja a forma urbana

atraveacutes de seus elementos componentes e enquanto percurso de transmissatildeo delineia influencia e

determina em certa medida a trajetoacuteria de propagaccedilatildeo da onda sonora

Assim sendo a interaccedilatildeo entre os diversos elementos que compotildeem a forma urbana - o traccedilado e

perfis das vias o modo de implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as proporccedilotildees

densidade e maneira de ocupaccedilatildeo das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres ndash

contribui determinantemente para caracterizaccedilatildeo da propagaccedilatildeo sonora no meio urbano atraveacutes

de muacuteltiplas reflexotildees do espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave fonte geradora de

campos sonoros reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de aacutereas de sombra

Esta interaccedilatildeo entre os elementos da forma urbana e a propagaccedilatildeo sonora ocorre a partir da

diversidade e singularidade existente nos variados meios urbanos igualmente proporcionando os

mais particulares comportamentos acuacutesticos Isto eacute para cada meio urbano existem caracteriacutesticas

particulares inerentes agrave sua forma urbana que geram um comportamento acuacutestico igualmente

especiacutefico exclusivo e vinculado a esta forma urbana

Apesar deste atrelamento entre a acuacutestica urbana e a forma urbana esta relaccedilatildeo natildeo eacute

suficientemente pesquisada e quando eacute satildeo enfocadas prioritariamente situaccedilotildees presentes de

comportamento acuacutestico eou no maacuteximo hipoacuteteses futuras tambeacutem chamadas de prediccedilatildeo

acuacutestica Aleacutem disso natildeo foram encontradas referecircncias ateacute o presente momento de investigaccedilotildees

que priorizem a apreciaccedilatildeo da acuacutestica urbana e sua relaccedilatildeo com as modificaccedilotildees ao longo do tempo da

forma urbana

Isto posto considerando esta ausecircncia de pesquisas e considerando que para cada espaccedilo urbano

existe um comportamento de propagaccedilatildeo sonora especiacutefico o presente estudo se propocircs a

investigar o comportamento acuacutestico de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de

modificaccedilotildees em sua forma urbana

Para isso admitiu-se que a propagaccedilatildeo de uma mesma fonte sonora em um mesmo espaccedilo urbano

que tenha sofrido ao longo de um processo cronoloacutegico modificaccedilotildees em sua forma urbana

implicaria em diferentes comportamentos em sua acuacutestica urbana para as diferentes datas deste

processo Esta suposiccedilatildeo possibilitou a anaacutelise do comportamento acuacutestico atraveacutes das

____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO

19

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

modificaccedilotildees cronoloacutegicas da forma urbana a partir da articulaccedilatildeo de trecircs variaacuteveis - a fonte sonora

a forma urbana e a acuacutestica urbana Estas variaacuteveis foram consideradas tendo o estudo de caso

enquanto estrateacutegia de pesquisa

O caso escolhido para esta investigaccedilatildeo foi o loteamento 3deg Jardim de Boa Viagem tanto por

representar uma parcela bem delimitada das raacutepidas e recentes transformaccedilotildees ocorridas na

forma urbana do bairro de Boa Viagem quanto por permitir ilustrar o comportamento acuacutestico

em um encadeamento evolutivo do iniacutecio de sua ocupaccedilatildeo recente ateacute os dias atuais

Para compor tal encadeamento evolutivo foram selecionados os anos de 1971 data escolhida por

caracterizar o princiacutepio da ocupaccedilatildeo do 3deg Jardim 1981 e 1997 por representarem datas de

registro de fotografias aeacutereas do bairro de Boa Viagem existentes na base de dados da

CONDEPE-FIDEM Agecircncia Estadual de Planejamento e Pesquisas de Pernambuco 2009 por

representar a realidade atualmente encontrada no 3deg Jardim e uma simulaccedilatildeo de situaccedilatildeo

hipoteacutetica futura de modificaccedilatildeo na forma urbana

Isto posto com o intuito de analisar o comportamento da acuacutestica urbana do 3deg Jardim de Boa

Viagem a partir de modificaccedilotildees cronoloacutegicas em sua forma urbana foram executados os

seguintes objetivos especiacuteficos (I) identificar as caracteriacutesticas configuraccedilotildees e transformaccedilotildees da

forma urbana ocorridas no 3deg Jardim de Boa Viagem nos anos de 1971 1981 1997 e 2009 a

partir de seu processo de ocupaccedilatildeo (II) elaborar mapas acuacutesticos dos niacuteveis atuais (2009) de

pressatildeo sonora equivalente do 3deg Jardim (III) elaborar mapas acuacutesticos do 3deg Jardim nos anos de

1971 1981 1997 e de situaccedilatildeo hipoteacutetica futura a partir da consideraccedilatildeo dos niacuteveis atuais (2009)

de pressatildeo sonora equivalente do 3deg Jardim

Em busca de expor sistematicamente seu desenvolvimento a presente investigaccedilatildeo foi

estruturada do seguinte modo

O presente capiacutetulo 1 introduz e antecipa brevemente a discussatildeo que seraacute realizada ao longo

desta pesquisa

O capiacutetulo 2 aborda dois aspectos principais O primeiro deles desenvolve o conceito de forma

urbana e seus elementos componentes a partir dos autores Joseacute Lamas (2004) Philippe Panerai

(2006) e Vicente Del Rio (1990) Busca elucidar que a apreensatildeo da forma urbana eacute complexa e

envolve diversificadas abordagens e enfoques sociais econocircmicos histoacutericos e culturais para

entatildeo indicar que a presente pesquisa lanccedilaraacute um olhar para a forma urbana essencialmente a

____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO

20

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

partir de seu aspecto fiacutesico e material recorte necessaacuterio para a anaacutelise do comportamento

acuacutestico urbano

O segundo aspecto abordado no capiacutetulo 2 diz respeito agrave definiccedilatildeo teoacuterica do conceito da

acuacutestica urbana e de suas diversificadas implicaccedilotildees e interfaces quando o som eacute propagado em

meio urbano Busca evidenciar os fenocircmenos que ocorrem a partir da interaccedilatildeo entre a forma

urbana e a acuacutestica urbana indicando que a influecircncia da forma urbana eacute determinante para o

comportamento da acuacutestica urbana

O capiacutetulo 3 eacute dedicado ao percurso investigativo desta pesquisa evidenciando sua metodologia e

procedimentos metodoloacutegicos apresentando o 3deg Jardim enquanto estudo de caso o

mapeamento acuacutestico enquanto instrumento de pesquisa e detalhando as etapas operacionais

deste estudo Este capiacutetulo evidencia ainda o processo de elaboraccedilatildeo dos modelos e mapas

acuacutesticos da forma urbana existente no 3deg Jardim em cada uma das datas estudadas aleacutem da

situaccedilatildeo hipoteacutetica futura e discute o software Predictor utilizado para este mapeamento

O capiacutetulo 4 diz respeito ao processo de ocupaccedilatildeo do bairro de Boa Viagem e sua relaccedilatildeo com as

transformaccedilotildees urbanas ocorridas no 3deg Jardim Busca-se identificar as caracteriacutesticas

configuraccedilotildees e transformaccedilotildees ocorridas na forma urbana do 3deg Jardim que possibilitem o

entendimento cronoloacutegico destas modificaccedilotildees dando suporte a elaboraccedilatildeo e anaacutelise dos mapas

acuacutesticos

O capiacutetulo 5 analisa o comportamento da acuacutestica urbana identificado nos mapas acuacutesticos

elaborados do 3deg Jardim a partir das modificaccedilotildees ocorridas em sua forma urbana nos anos de

1971 1981 1997 e 2009 aleacutem de uma situaccedilatildeo hipoteacutetica futura (prediccedilatildeo acuacutestica) Neste capiacutetulo

discute-se ainda o comportamento do 3deg Jardim em relaccedilatildeo agrave legislaccedilatildeo municipal que regula as

emissotildees sonoras na cidade do Recife e no estado de Pernambuco e sua relaccedilatildeo com os niacuteveis

recomendados por outras entidades normativas e indica-se possiacuteveis accedilotildees para melhoria no

comportamento acuacutestico do 3deg Jardim bem como as possiacuteveis consequumlecircncias acuacutesticas da

ausecircncia de tais accedilotildees

Por fim no capiacutetulo 6 satildeo apresentadas as consideraccedilotildees finais acerca do comportamento acuacutestico

do 3deg Jardim e satildeo indicados novos rumos de pesquisa a respeito da acuacutestica urbana

CAPIacuteTULO 2

A arquitetura eacute uma muacutesica petrificada

Arthur Schopenhauer

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

22

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

Analisar o comportamento da acuacutestica urbana ainda que a partir das modificaccedilotildees da forma

urbana faz com que esta pesquisa trate essencialmente da acuacutestica urbana No entanto este

comportamento esta sujeito aos diversificados modos de apreensatildeo da forma urbana e de seus

elementos componentes bem como ao modo como esta pesquisa os consideraraacute

Assim sendo o primeiro item deste capiacutetulo expotildee o conceito de forma urbana e de algumas de

suas relaccedilotildees discutido agrave luz de LAMAS (2004) de PANERAI (2006) e DEL RIO (1990)

indicando em seguida o que esta pesquisa consideraraacute como forma urbana

Certamente discussatildeo em torno da produccedilatildeo de outros autores poderia ser elaborada No

entanto o primeiro item deste capiacutetulo natildeo pretende representar uma revisatildeo bibliograacutefica acerca

do estudo da forma urbana e suas relaccedilotildees pretende sim construir uma discussatildeo em torno dos

trecircs autores selecionados que culmine no conceito de forma urbana que seraacute considerado por esta

pesquisa para possibilitar olhar para suas modificaccedilotildees cronoloacutegicas a fim de compreender o

comportamento da acuacutestica urbana

Apoacutes este delineamento no segundo item deste capiacutetulo discute-se a acuacutestica urbana e suas

relaccedilotildees conceituais com os diversos elementos e implicaccedilotildees da propagaccedilatildeo sonora em meio

urbano e como eles relacionam-se influenciando em seu comportamento

21 A Forma Urbana e seus Elementos Componentes

Segundo LAMAS (2004) estudar a forma urbana compreende examinar as configuraccedilotildees e as

estruturas exteriores de determinados objetos de suas formas interligando-as com os fenocircmenos

que lhes deram origem Assim sendo a forma urbana pode ser definida como sendo o

[] modo como se organizam os elementos morfoloacutegicos que constituem e definem o espaccedilo urbano relativamente agrave materializaccedilatildeo dos aspectos de

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

23

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 21 ndash Diferentes aspectos quantitativos relacionados a diversificadas formas urbanas Fonte LAMAS 2004

organizaccedilatildeo funcional e quantitativa e dos aspectos qualitativos e figurativos (LAMAS 2004 p 44) 1

Dentre estes aspectos os quantitativos satildeo agravequeles da realidade urbana que podem ser

quantificaacuteveis tais como densidades superfiacutecies fluxos coeficientes volumeacutetricos entre outros

(Figura 21) os de organizaccedilatildeo funcional satildeo agravequeles que se relacionam com as atividades

humanas tais como habitar e trabalhar e agravequeles relacionados ao modo de uso especiacutefico de uma

aacuterea ndash residencial comercial industrial entre outros os qualitativos referem-se ao tratamento dos

espaccedilos ao conforto e a comodidade do utilizador tais como adaptaccedilatildeo ao clima acessibilidade

estado da pavimentaccedilatildeo entre outros por fim os aspectos figurativos dizem respeito a

essencialmente a comunicaccedilatildeo esteacutetica (LAMAS 2004)

Pode-se considerar que ao olhar para forma urbana e em especiacutefico para suas modificaccedilotildees

cronoloacutegicas com o intuito de compreender o comportamento da acuacutestica urbana esta pesquisa

relaciona-se tanto aos aspectos qualitativos a partir do conforto acuacutestico dos receptores das

ondas sonoras em meio urbano quanto aos

aspectos quantitativos uma vez que este

comportamento acuacutestico em meio urbano eacute

quantificaacutevel em decibels (dB)

Embora estes aspectos envolvam grande parte

das singularidades inerentes a forma urbana

esta definiccedilatildeo parece ainda natildeo abarcar outras

particularidades sociais econocircmicas histoacutericas

e culturais igualmente envolvidas no

entendimento da concepccedilatildeo da forma urbana

isto eacute resta ainda a consideraccedilatildeo de que esta

forma urbana natildeo acontece

independentemente dos grupos sociais que a

produzem (PANERAI 2006)

Satildeo essencialmente estas particularidades que

impulsionam ou amortecem a transformaccedilatildeo

1 Para todas as citaccedilotildees deste autor natildeo seratildeo consideradas adaptaccedilotildees na liacutengua do paiacutes de origem - Portugal - permanecendo o texto original

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

24

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

dos elementos que compotildeem a forma urbana ndash a adiccedilatildeo de novos de traccedilados a um jaacute existente

ou sua superposiccedilatildeo seus conflitos o parcelamento de parques e ocupaccedilatildeo de espaccedilos livres a

renovaccedilatildeo da massa edificada seu lento adensamento e verticalizaccedilatildeo segundo uma especulaccedilatildeo

despretensiosa ou sua substituiccedilatildeo por vastos empreendimentos sob influecircncia de uma

especulaccedilatildeo bem mais expressiva (PANERAI 2006) isto eacute faz parte da apreensatildeo da forma

urbana uma complexidade que envolve um processo de acumulaccedilatildeo de enfoques e observaccedilotildees

sociais econocircmicas histoacutericas e culturais que englobam muito mais do que apenas sua forma

fiacutesica

Estas particularidades especialmente as sociais parecem um pouco mais delineadas nas

consideraccedilotildees feitas por DEL RIO (1990) que considera o espaccedilo urbano a partir da apropriaccedilatildeo

social que se faz dele estabelecendo que em relaccedilatildeo ao estudo da forma urbana a cidade pode

ser compreendida a partir de trecircs niacuteveis organizacionais o coletivo o comunitaacuterio e o individual

O niacutevel coletivo eacute regido sob uma loacutegica estruturadora percebida inconscientemente e

coletivamente e eacute composto pelos elementos2 do tecido que possuem uma permanecircncia maior ao

longo do tempo o niacutevel comunitaacuterio diz respeito aos elementos com significados especiais apenas

para um pequeno grupo da populaccedilatildeo como o bairro por exemplo jaacute o niacutevel individual expressa

significados individuais como a residecircncia e seu espaccedilo circundante e por seu caraacuteter individual eacute

o que apresenta maior rapidez nas modificaccedilotildees (DEL RIO 1990)

Mas LAMAS (2004) ao defender sua definiccedilatildeo para forma urbana natildeo soacute possuiacutea ciecircncia destas

outras particularidades explicitadas por PANERAI (2006) e DEL RIO (1990) ndash sociais

econocircmicas histoacutericas e culturais ndash envolvidas na concepccedilatildeo de forma urbana como optou em

natildeo apreciaacute-las

[] um primeiro grau de leitura da cidade eacute eminentemente fiacutesico-espacial e morfoloacutegico portanto especiacutefico da arquitectura e o uacutenico que permite evidenciar a diferenccedila entre este e outro espaccedilo entre esta e aquela forma e explicar as caracteriacutesticas de cada parte da cidade A estes se juntam outros niacuteveis de leitura que revelam diferentes conteuacutedos (histoacutericos econoacutemicos sociais e outros) Mas este conjunto de leituras soacute eacute possiacutevel porque a cidade existe como facto fiacutesico e material Todos os instrumentos de leitura lecircem o mesmo objecto ndash o espaccedilo fiacutesico a FORMA URBANA (LAMAS 2004 p 31 grifo do autor) Eacute fundamentalmente a dimensatildeo fiacutesica e morfoloacutegica da cidade que me preocupa [] (LAMAS 2004 p 31)

2 Estes elementos seratildeo discutidos em paraacutegrafos mais adiante

____________________________________________

ANAacuteLISE D

Na verdade esta opccedilatildeo em

urbana considerando-a essen

de seu aspecto fiacutesico e m

convenientemente ao obje

presente pesquisa analisar

da acuacutestica urbana a partir

cronoloacutegicas na forma urba

esta anaacutelise do compor

implica em uma apropriaccedil

fiacutesica e material destas modif

Certamente a busca pela ap

urbana envolve muito

simplesmente sua forma

como jaacute aclarado No entan

da anaacutelise proposta por

apreensatildeo em totalid

fundamentalmente necessaacuter

apropriaccedilatildeo da forma urban

material ou uma variaacutevel fiacutes

finalidade derradeira de

comportamento acuacutestico

modificaccedilotildees nesta forma

Ao entender a observaccedilatildeo

essencialmente em seu aspec

(2004) propocircs uma classifica

dimensotildees

bull A dimensatildeo setorial

refere-se agrave menor u

do espaccedilo urbano co

uma praccedila ou uma

ponto o observador

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 24 ndash A cidadeo texemplificada por meio da cidadLAMAS 2004

Figura 23 ndash O bairro a escala ucidade portuguesa de Tavira Fonte

Figura 22 ndash Praccedila da Alagoa na ca dimensatildeo setorial Fonte LAMA

em observar a forma

sencialmente a partir

material responde

bjetivo primeiro da

ar o comportamento

rtir de modificaccedilotildees

rbana uma vez que

ortamento acuacutestico

riaccedilatildeo genuinamente

dificaccedilotildees

apreensatildeo da forma

o mais do que

a fiacutesica e material

tanto para realizaccedilatildeo

or este estudo tal

alidade natildeo eacute

saacuteria o que torna a

bana quase um meio

l fiacutesica para atingir a

e compreensatildeo do

a partir de

atildeo da forma urbana

pecto fiacutesico LAMAS

icaccedilatildeo em escalas ou

ndash a escala da rua

r unidade ou porccedilatildeo

como por exemplo

a rua onde de um

dor pode abarcar a

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

25

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

territoacuterioa dimensatildeo territorial dade portuguesa de Tavira Fonte

a urbana exemplificada por meio da nte LAMAS 2004

na cidade portuguesa de Tavira ilustra MAS 2004

____________________________________________

ANAacuteLISE D

unidade espacial d

(Figura 22)

bull A dimensatildeo urbana ndash

corresponde agraves pa

identificaacuteveis como

exemplo onde a

elementos da forma

atraveacutes do movime

percursos (Figura 23

bull E por fim a dimensatildeo

da cidade diz respeito

diferentes formas

articulaccedilatildeo de bai

entre si Sua forma

distribuiccedilatildeo de eleme

das cidades em con

suporte geograacutefico d

a articulaccedilatildeo de

circulaccedilatildeo entre os

entre zonas habitacio

entre outras (Figura 2

Dentre estas dimensotildees a u

bairro desperta particular

pesquisa uma vez que o e

limites de observaccedilatildeo atraveacute

de movimentos poderaacute aba

significante de modificaccedilotildee

forma urbana de determina

compreender o comport

acuacutestica urbana

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 25 ndash Exemplos de diversiflotes quarteirotildees e vias em difereNesta imagem um recorte do CONDEPE-FIDEM 1981

Figura 26 ndash Exemplos de diversiflotes quarteirotildees e vias em difereNesta imagem um recorte do baorigens da cidade entrecortadoBarreto Fonte CONDEPE-FIDE

Figura 27 ndash Exemplos de diveredifiacutecios lotes quarteirotildees e vias eRecife Nesta imagem um recessencialmente por morros o AltoFIDEM 1981

de seu conjunto

ndash a escala do bairro

partes homogecircneas

mo os bairros por

a observaccedilatildeo dos

a urbana eacute realizada

imento e de vaacuterios

23)

nsatildeo territorial ndash a escala

eito agrave articulaccedilatildeo de

as urbanas da

bairros interligados

ma eacute definida pela

mentos estruturantes

onformidade com o

o do siacutetio tais como

e ruas e vias de

s diferentes bairros

cionais e comerciais

a 24)

a urbana ndash escala do

lar interesse desta

o entendimento dos

veacutes de certo nuacutemero

barcar uma amostra

otildees cronoloacutegicas na

inado local a fim de

ortamento de sua

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

26

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

rsificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios erentes bairros da cidade do Recife o bairro de Boa Viagem Fonte

rsificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios erentes bairros da cidade do Recife bairro de Satildeo Joseacute que remete agraves do pela recente Avenida Dantas DEM 1981

versificadas concretizaccedilotildees entre os em diferentes bairros da cidade do

recorte de um bairro constituiacutedo lto do Mandu Fonte CONDEPE-

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

27

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

No entanto para apreender tal dimensatildeo devem-se conhecer e estabelecer quais elementos

miacutenimos da forma urbana que se relaciona com esta a dimensatildeo urbana e quais satildeo estes

elementos LAMAS (2004) propocircs onze elementos da forma urbana necessaacuterios para esta

apreensatildeo o solo (I) o edifiacutecio (II) o lote (III) o logradouro (IV) o quarteiratildeo (V) o traccediladoa

rua(VI) a praccedila (VII) a fachada (VIII) o monumento (IX) a vegetaccedilatildeo (X) e o mobiliaacuterio

urbano (XI) Dentre estes elementos seis possuem uma estreita relaccedilatildeo com esta pesquisa e

seratildeo expostos de acordo com consideraccedilotildees observadas por LAMAS 3 (2004) (Figuras 25 a 27)

O edifiacutecio representa o elemento miacutenimo identificaacutevel na observaccedilatildeo da forma urbana eacute atraveacutes

dele que se constitui o espaccedilo urbano e se organizam diferentes elementos tais como ruas praccedilas

avenidas entre outros Os edifiacutecios agrupam-se em diferentes tipos tanto em relaccedilatildeo a suas

formas quanto a suas funccedilotildees Estes elementos podem influenciar o comportamento da acuacutestica

urbana atuando enquanto objetos reflexivos da onda sonora e como barreiras acuacutesticas4

O lote representa o princiacutepio da relaccedilatildeo do edifiacutecio com o terreno A forma do lote eacute muitas

vezes condicionante da forma do edifiacutecio tornando-os vinculados por essecircncia o logradouro diz

respeito ao espaccedilo livres e natildeo construiacutedos no interior do lote aos quintais e jardins o quarteiratildeo

ou quadra pode ser considerado como o espaccedilo resultante entre o cruzamento de trecircs ou mais

vias podendo ser demarcado em vaacuterios lotes para a construccedilatildeo de edifiacutecios Juntos estes trecircs

elementos associados aos edifiacutecios podem propiciar uma maior ou menor permeabilidade

acuacutestica eou uma maior ou menor presenccedila de aacutereas de sombra no meio urbano

O traccedilado por meio das ruas ou vias eacute facilmente identificaacutevel no meio urbano Estaacute muitas vezes

condicionado ao siacutetio geograacutefico existente regula a disposiccedilatildeo dos edifiacutecios e quarteirotildees e

interliga os vaacuterios espaccedilos componentes da cidade e a cidade ao territoacuterio Normalmente o

traccedilado resiste agraves transformaccedilotildees na forma urbana por possuir um caraacuteter de permanecircncia natildeo

totalmente modificaacutevel O traccedilado engloba trajetoacuterias e caminhos que natildeo satildeo necessariamente

percorridos atraveacutes de automoacuteveis apesar disso estaacute em grande parte vinculado a uma das

principais fontes geradoras de ruiacutedo urbano ndash o traacutefego de veiacuteculos

3 Os outros elementos tambeacutem podem relacionar-se de diferentes maneiras com a acuacutestica urbana mas nem tanto com a presente pesquisa e por isso natildeo foram considerados 4 Todas as definiccedilotildees e conceitos acuacutesticos apresentados no presente item seratildeo elucidados no item seguinte 22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 28 ndash Os trecircs conjuntos formadores do tecido urbano segundo Panerai (2006) Fonte PANERAI 2006

A praccedila eacute um espaccedilo de geometria variada

intencionalmente inserido no meio urbano

cuja relaccedilatildeo com o traccedilado e os edifiacutecios

tambeacutem eacute intencional evidenciada atraveacutes do

seu desenho e natildeo acidentais como

alargamento e confluecircncias do traccedilado Aleacutem

disso a praccedila eacute um lugar de encontro de

permanecircncia e de praacuteticas sociais

Acusticamente dependendo de suas

proporccedilotildees a propagaccedilatildeo sonora que envolve

uma praccedila pode apresentar um

comportamento que se assemelha a

propagaccedilatildeo sonora em campo livre

Estes elementos constituintes da forma urbana

conceituados por LAMAS (2004) podem ser

identificados sob um diferente invoacutelucro

conceitual mas com a mesma essecircncia no que

PANERAI (2006) definiu como sendo

conjuntos do tecido urbano

Aplicado agrave cidade o termo ldquotecidordquo evoca a continuidade e a renovaccedilatildeo a permanecircncia e a variaccedilatildeo Ele explica a constituiccedilatildeo das cidades antigas e responde as questotildees levantadas pelo estudo das urbanizaccedilotildees recentes Ele pressupotildee uma atenccedilatildeo tanto ao banal quanto ao excepcional tanto agraves ruas comuns e agraves edificaccedilotildees corriqueiras quanto agraves regulamentaccedilotildees e aos monumentos Dentre as muacuteltiplas definiccedilotildees de tecido urbano e sem desprezar suas qualidades escolhemos a mais simples O tecido urbano eacute constituiacutedo pela superposiccedilatildeo ou imbricaccedilatildeo de trecircs conjuntos a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees Essa definiccedilatildeo potildee em evidecircncia os elementos que permitem que as diferentes partes da cidade evoluam ao mesmo tempo em que satildeo mantidas a coesatildeo de conjunto e a clareza de sua estrutura (PANERAI 2006 p 77-78 grifo nosso) (Figura 28)

Ao contraacuterio de LAMAS (2004) que considera a praccedila como um elemento da forma urbana por

si soacute PANERAI (2006) discute as vias ou traccedilado inseridas em uma relaccedilatildeo em rede onde

tambeacutem satildeo considerados como partes constituintes os largos passeios praccedilas esplanadas cais

pontes rios canais margens praias todos compondo o espaccedilo puacuteblico Eacute atraveacutes desta rede

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

29

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

contiacutenua e hierarquizada que acontecem as distribuiccedilotildees e circulaccedilotildees da cidade bem como sua

organizaccedilatildeo local e territorial

Jaacute os parcelamentos fundiaacuterios constituem a representaccedilatildeo negativa5 da rede de vias que evidencia o

domiacutenio construiacutedo Este domiacutenio natildeo se limita aos edifiacutecios mas tambeacutem envolve paacutetios

quintais terrenos baldios (PANERAI 2006) Embora PANERAI(2006) considere separadamente

o exame das edificaccedilotildees sugere-se que este domiacutenio construiacutedo envolve quatro dos elementos da

forma urbana elencados por LAMAS (2004) o edifiacutecio o lote o logradouro e o quarteiratildeo

Para PANERAI (2006) as edificaccedilotildees ou edifiacutecios satildeo consideradas construccedilotildees subordinadas ao

espaccedilo puacuteblico ou seja a rede de vias sendo por ele estruturada e que acrescentam a dimensatildeo

vertical ao tecido urbano Tal subordinaccedilatildeo permite que haja uma dependecircncia reciacuteproca entre os

edifiacutecios ainda que eles pertenccedilam a eacutepocas diferentes fazendo com que sua renovaccedilatildeo aconteccedila

sem que haja grandes perdas na unidade do conjunto

Ao estruturar sua concepccedilatildeo dos elementos componentes da forma urbana DEL RIO (1990) eacute

bem mais sinteacutetico e objetivo mas assim como LAMAS (2000) e PANERAI (2006) seus

elementos possuem similaridades e ateacute repeticcedilotildees que praticamente reproduzem a mesma

essecircncia conceitual dos outros dois autores Estes elementos por serem estruturados tatildeo

objetivamente seratildeo apresentados em citaccedilatildeo direta satildeo eles

- crescimento os modos as intensidades e direccedilotildees elementos geradores e reguladores limites e superaccedilatildeo de limites modificaccedilatildeo de estruturas pontos de cristalizaccedilatildeo etc - traccedilado e parcelamento ordenadores do espaccedilo estrutura fundiaacuteria relaccedilotildees distacircncias circulaccedilatildeo e acessibilidade etc - tipologias dos elementos urbanos inventaacuterio e categorizaccedilatildeo de tipologias ediliacutecias (residecircncias comercio etc) de lotes e sua ocupaccedilatildeo de quarteirotildees e sua ocupaccedilatildeo de praccedilas esquinas etc - articulaccedilotildees relaccedilotildees entre elementos hierarquias domiacutenios do publico e privado densidades relaccedilotildees entre cheios e vazios etc (DEL RIO 1990 p 83 grifos do autor)

Dentre todos os elementos expostos a partir dos trecircs autores existe um importante fenocircmeno

relacionando-os em distintas intensidades e que merece ser considerado por influenciar

definitivamente na modificaccedilatildeo da forma urbana ndash o adensamento

5 No sentido de uma fotografia onde os claros e os escuros satildeo representados no negativo de modo contraacuterio ao do objeto fotografado

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

30

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 29 ndash O adensamento das ilhas do Bairro do Recife e de Santo Antocircnio (imagem) ocorreu tanto pelo preenchimento progressivo desde o inicio da ocupaccedilatildeo da cidade quanto por meio da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees anteriores Fontehttppedrodealbuquerquewordpresscomcategorypernambuco Acesso em 201109

O adensamento ocorre a partir de dois modos

essenciais de ocupaccedilatildeo o primeiro a partir do

preenchimento progressivo do espaccedilo urbano

e o segundo a partir da substituiccedilatildeo completa

por meio de demoliccedilatildeo de edificaccedilotildees

anteriores (PANERAI 2006) (Figura 29)

A primeira forma de adensamento ocorre sem

a expansatildeo territorial por meio do

preenchimento progressivo de todas as

reservas fundiaacuterias e espaccedilos livres de

determinado meio urbano Eacute um

adensamento inserido em limitesbarreiras

preacute-estabelecidos naturais ou natildeo tais como

uma via expressa irregularidades geograacuteficas

do siacutetio ou ainda numa escala menor a proacutepria quadra pode ser um limite para saturaccedilatildeo gradual

em seu interior desmembramento ou remembramento dos lotes para construccedilatildeo de novas

edificaccedilotildees verticalizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo de antigos quintais eou jardins (PANERAI 2006)

A segunda forma de adensamento acontece atraveacutes da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees

anteriormente existentes por novas construccedilotildees de maior porte tanto em relaccedilatildeo agrave ocupaccedilatildeo do

solo por meio do remembramento de lotes quanto em relaccedilatildeo ao seu gabarito Esta forma de

adensamento permite a renovaccedilatildeo do espaccedilo urbano sem aumentar sua aacuterea de abrangecircncia sem

sua expansatildeo (PANERAI 2006)

Ambas as formas de adensamento transformam essencialmente a forma urbana e o modo como

se relacionam seus elementos componentes A identificaccedilatildeo desta transformaccedilatildeo em determinado

meio urbano gerada pelo adensamento eacute indispensaacutevel para anaacutelise do comportamento da

acuacutestica urbana a partir de modificaccedilotildees na forma urbana deste mesmo meio uma vez que o

adensamento pode influenciar na propagaccedilatildeo sonora proporcionando uma maior quantidade de

objetos reflexivos de barreiras acuacutesticas e favorecendo a diminuiccedilatildeo da permeabilidade acuacutestica

Por fim a partir exposiccedilatildeo de determinados elementos considerados por LAMAS (2004) ndash o

edifiacutecio o lote o logradouro o quarteiratildeo o traccediladoa rua e a praccedila dos conjuntos considerados

por PANERAI (2006) ndash a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees dos

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

31

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

elementos considerados por DEL RIO (1990) ndash crescimento traccedilado e parcelamento tipologias

dos elementos urbanos e as articulaccedilotildees e em busca de atingir seu objetivo principal esta

pesquisa consideraraacute a forma urbana inserida em um recorte que a considera essencialmente a

partir de seu aspecto fiacutesico e material e cujos elementos componentes considerados seratildeo

exclusivamente

1 As parcelas fundiaacuterias ndash consideradas por meio das quadras e lotes incluindo sua relaccedilatildeo

de modo de ocupaccedilatildeo das edificaccedilotildees sua densidade e seus espaccedilos livres

2 As edificaccedilotildees ndash consideradas atraveacutes de sua relaccedilatildeo de modo de ocupaccedilatildeo com os

lotes e do grau de verticalizaccedilatildeo (gabarito baixo meacutedio e alto)

3 As vias ndash consideradas como reguladoras da relaccedilatildeo com as edificaccedilotildees e quarteirotildees e

principalmente apreciadas como estreitamente vinculadas a uma das principais fontes

geradoras de ruiacutedo urbano (o traacutefego de veiacuteculos)

Estes seratildeo os elementos componentes da forma urbana que esta pesquisa se apropriaraacute no

decurso do caminho a fim de analisar o comportamento acuacutestico a partir de modificaccedilotildees

cronoloacutegicas em determinada forma urbana Nos paraacutegrafos seguintes discutem-se os conceitos e

relaccedilotildees que permeiam a acuacutestica urbana

22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais

A acuacutestica eacute a ciecircncia do som incluindo sua geraccedilatildeo transmissatildeo e recepccedilatildeo de energia sob a

forma de ondas vibracionais na mateacuteria (KINSLER et al 1982) Ela eacute uma ciecircncia

multidimensional e interligada a vaacuterios domiacutenios cientiacuteficos Seu objeto de estudo fundamental o

som delineia uma seacuterie de interfaces multidisciplinares com abordagens em diversificadas aacutereas

do conhecimento (Figura 210)

Desse modo quando a geraccedilatildeo transmissatildeo e efeitos do som estatildeo inseridos no meio urbano

seu desdobramento eacute estudado pela aacuterea de conhecimento da acuacutestica urbana muitas vezes

tambeacutem nomeada de acuacutestica ambiental

O objeto de estudo fundamental da acuacutestica o som eacute a sensaccedilatildeo produzida no ouvido por

pequenas flutuaccedilotildees da pressatildeo do ar (HANSEN 2005) ou seja eacute uma percepccedilatildeo sensorial e seu

____________________________________________

ANAacuteLISE D

complexo padratildeo de ondas s

de ruiacutedo muacutesica fala

(BERGLUND et al 1999)

Esta definiccedilatildeo do som tend

a percepccedilatildeo do ouvido

conceito psicofiacutesico Fisicame

vibraccedilatildeo mecacircnica que

progressivamente atraveacutes de

gasoso liacutequido ou soacutelido (SIN

Esta vibraccedilatildeo quando tran

que o rodeia nem sempre

aparelho auditivo humano

frequumlecircncia6 audiacutevel encontra

20 a 20000 Hz para um

(BRUumlEL amp KJAEligR 1984

1982) Frequumlecircncias acima de

altas para respostas fisioloacuteg

chamadas de ultrasons Jaacute as

de 20 Hz satildeo chamadas de

detectaacuteveis pelo ouvido hum

prejudiciais agrave sua sauacutede7

1982 SOUSA 2004)

Fisicamente o som e o ruiacutedo

ambos se propagam em mei

detectados pelo ouvido hu

enquanto o som eacute utilizado

6 A frequumlecircncia eacute o nuacutemero de ciclo(HANSEN 1995) 7 A exposiccedilatildeo a baixas frequumlecircncias depressatildeo irritabilidade e perturba pro

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 210 ndash Interfaces multidFonte Elaborado pela autora a pa

Figura 211 ndash Fonte sonora ponSOUZA 2006

as sonoras eacute rotulado

ala entre outros

ndo como referecircncia

o humano eacute um

mente o som eacute uma

que se propaga

de um meio material

(SINGAL 2005)

transmitida ao meio

re eacute detectaacutevel pelo

ano cuja faixa de

tra-se no intervalo de

um jovem saudaacutevel

4 KINSLER et al

de 20000 Hz muito

loacutegicas auditivas satildeo

as frequumlecircncias abaixo

de infrasons e natildeo satildeo

umano contudo satildeo

(KINSLER et al

iacutedo constituem o mesmo fenocircmeno de variaccedilotildee

eio elaacutestico (soacutelido liacutequido ou gasoso) e ambos

humano (BERGLUND et al 1999 HANSEN

do para descrever percepccedilotildees sonoras agradaacutev

iclos que a onda sonora completa no tempo de um segundo

as pode gerar a doenccedila Vibroacuacutestica que induz o espessamprocessos cognitivos (BRANCO e PEREIRA 2004)

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

ltidisciplinares do estudo do som partir de BISTAFA 2006

ontual e fonte sonora linear Fonte

otildees de pressatildeo ambiente

bos satildeo capazes de serem

EN 1995) No entanto

daacuteveis o ruiacutedo descreve

do e eacute medida em Hertz (Hz)

amento das estruturas cardiacuteacas

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 212 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora pontual de 6 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007

percepccedilotildees sonoras desagradaacuteveis incorporando um aspecto de subjetividade agrave sua definiccedilatildeo

(BRUumlEL amp KJAEligR 1984 HANSEN 2005 BRASIL 2006 SINGAL 2005)

Tal subjetividade acarreta diferentes e individuais percepccedilotildees sonoras pelo ser humano e

portanto em diferentes reaccedilotildees agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo Em outras palavras o que se estabelece

como som para um indiviacuteduo pode representar ruiacutedo para outro

[] as respostas inerentes ao ruiacutedo satildeo complexas dependendo tanto dos fatores propriamente acuacutesticos quanto dos psicossociais contextuais simboacutelicos emocionais como daqueles de valor especiacutefico Essas variaacuteveis participam da singularidade da escuta e atuam como filtros que modificam a percepccedilatildeo do sinal fiacutesico sonoro (SANTOS e MARTINS 2005 p 216)

Enquanto sua percepccedilatildeo envolve a subjetividade as respostas fisioloacutegicas agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo satildeo

mais objetivas e seus danos satildeo mais facilmente identificaacuteveis O ruiacutedo pode gerar complicaccedilotildees

no sistema circulatoacuterio e hormonal perda gradativa da audiccedilatildeo distuacuterbios de sono estresse

irritabilidade neuroses desconforto e dificuldade de aprendizado entre outros danos

(BERGLUND et al1999 HANSEN 2005 KINSLER et al 1982 MURGEL 2007 NAGEM

2004 NUNES 2006 PAZ et al 2005 SINGAL 2005 ZANNIN et al 2002)

O ruiacutedo pode se originar de variadas fontes presentes em diversificados ambientes as mais

comumente encontradas satildeo as fontes sonoras pontuais e as lineares (Figura 211) A fonte pontual

possui dimensotildees finitas e emite o mesmo niacutevel de pressatildeo sonora uniformemente para todas as

direccedilotildees sendo seu decaimento em campo livre de 6 dB para cada dobro da distacircncia (Figura

212) (HANSEN 2005 SOUSA 2004)

Jaacute a fonte linear eacute formada por certo nuacutemero de

fontes pontuais dispostas linearmente cuja

emissatildeo sonora eacute contiacutenua ao longo desta

linha sendo seu decaimento em campo livre

de 3 dB para cada dobro da distacircncia (Figura

213) (HANSEN 2005 PAZ 2004)

Quando propagadas no meio urbano a

combinaccedilatildeo de tais fontes sonoras associadas

ao percurso de transmissatildeo e ao receptor

constitui o ruiacutedo urbano (urban noise) tambeacutem

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 213 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora linear de 3 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007

chamado de ruiacutedo ambiental (environmental

noise) ou ruiacutedo comunitaacuterio (community noise)

(BERGLUND et al1999 GUEDES 2005

SOUSA 2004)

O ruiacutedo urbano pode ser gerado a partir do

traacutefego de veiacuteculos terrestres e aeacutereos de

obras de construccedilatildeo civil de estabelecimentos

industriais de estabelecimentos comerciais e

de serviccedilos de sistemas de propaganda

volante ou permanente8 e ruiacutedos de outras atividades cuja propagaccedilatildeo sonora pode afetar o bem-

estar e a sauacutede dos citadinos (BARRON 2003 BERGLUND et al1999 KINSLER et al 1982

NAGEM 2004 NUNES 2006 SINGAL 2005)

Apesar de esporaacutedica outra fonte de ruiacutedo gerada em meio urbano satildeo os eventos puacuteblicos tais

como festas shows comiacutecios carnavais fora de eacutepoca entre outros As fontes de ruiacutedo presentes

nestes eventos atingem um alto niacutevel de pressatildeo sonora9 e abrangem uma grande quantidade

populacional logo independente de ocorrer poucas vezes durante o ano satildeo eventos

extremamente danosos a sauacutede e principalmente agrave audiccedilatildeo a partir de 80 dB(A) natildeo importa se

a sensaccedilatildeo sonora eacute prazerosa ou natildeo ela eacute necessariamente prejudicial10 (Tabela 21) (NUNES

2006)

Quando a intensidade dos ruiacutedos urbanos torna-se excessivamente desagradaacutevel eou nociva o

ruiacutedo passa a ser considerado uma forma de poluiccedilatildeo ambiental11 - a poluiccedilatildeo sonora A

necessidade de regulamentaccedilatildeo da poluiccedilatildeo sonora renuncia os aspectos de subjetividade

existentes e inerentes ao conceito de ruiacutedo na tentativa de sintetizar e estabelecer limites leis

normas meacutetodos e accedilotildees que representem um universo sonoro equivalente para toda a

populaccedilatildeo na tentativa de controlar e mitigar o ruiacutedo urbano

8 Carros de som bicicletas com som raacutedios comunitaacuterias entre outros 9 O niacutevel de pressatildeo sonora eacute a medida fiacutesica preferencial para caracterizar a sensaccedilatildeo subjetiva da intensidade dos sons e de acordo com a lei de Weber e Fechner a sensaccedilatildeo sonora eacute proporcional ao logaritmo da intensidade sonora NPS=20 log (pp0) onde p eacute a pressatildeo sonora em Pascal e p0 eacute a pressatildeo sonora de referecircncia (2 10-5 Pascal) (BISTAFA 2006 NIEMEYER 2007) 10 Outros niacuteveis de ruiacutedo tambeacutem podem ser prejudiciais em maior ou menor grau dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora 11 ldquoPoluiccedilatildeo eacute a degradaccedilatildeo da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente a) prejudiquem a sauacutede a seguranccedila e o bem-estar da populaccedilatildeo b) criem condiccedilotildees adversas agraves atividades sociais e econocircmicas c) afetem desfavoravelmente a biota d) afetem as condiccedilotildees esteacuteticas ou sanitaacuterias do meio ambiente e) lancem mateacuterias ou energia em desacordo com os padrotildees ambientais estabelecidosrdquo (BRASIL 1981 p 1 e 2)

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Tabela 21 ndash Os niacuteveis de pressatildeo sonora e suas consequumlecircncias fisioloacutegicas no homem Em alguns casos podem a intensidade das reaccedilotildees fisioloacutegicas podem variar dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora Fonte elaborado pela autora a partir de KINSLER et al 1992 SINGAL 2005 SOUZA 2006

Assim sendo na esfera federal a Constituiccedilatildeo Federal (Art255) o Coacutedigo Civil Brasileiro (Lei ndeg

1040602) a Lei das Contravenccedilotildees Penais (Decreto-lei nordm 368841) e a Lei dos Crimes

Ambientais (Lei nordm 960598) versam a partir de diferentes abordagens e diferentes

procedimentos legais sobre a poluiccedilatildeo sonora e suas respectivas perturbaccedilotildees (CARNEIRO

2009)

NIacuteVEIS DE PRESSAtildeO SONORA E SUAS CONSEQUEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS

Niacutevel de Pressatildeo sonora

em dB(A)

Caracteriacutesticas FISIOLOacuteGICAS

Ambiente ou atividade

0 a 30 Nenhuma Tremular de folhas de uma aacutervore sussurros

aacuterea de mata selvagem

30 a 50 Nenhuma Cantar de paacutessaros rua calma em aacuterea residencial durante noite

50 a 70 Marca o iniacutecio do estresse

auditivo Rua agitada um restaurante barulhento

70 a 90 Estressante e bastante

excitante Chegada de um trem na estaccedilatildeo carro a 100 Kmh

conversa a gritos

90 a 110 Extremamente excitante provocando dependecircncia

Caminhatildeo pesado a 60 Kmh alarme de viatura passagem de trem numa estaccedilatildeo ou cabine de um aviatildeo monomotor

110 a 130

Desconfortavelmente alto atingindo o limiar da dor podendo causar surdez

instantacircnea

Trem passando em trilhos elevados martelo pneumaacutetico interior de uma boate show de banda de rock

130 a 140 Acima do limiar da dor

causando surdez permanente Decolagem de aviatildeo a jato a 5m de distacircncia disparos de artilharia

Ainda no domiacutenio federal o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) publicou vaacuterias

resoluccedilotildees que estabelecem normas de preservaccedilatildeo ao meio ambiente incluindo o combate a

poluiccedilatildeo sonora12 Nestas resoluccedilotildees todas as atividades geradoras de ruiacutedo devem seguir

diretrizes vinculadas agrave Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas ndash ABNT e ao Conselho

Nacional de Tracircnsito - CONTRAN no caso de ruiacutedo produzido por veiacuteculos automotores

(NAGEM 2004)

Tais resoluccedilotildees normas e diretrizes refletidas no domiacutenio estadual e municipal deram origem agrave

Lei Estadual nordm 12789 de 28 de Abril de 2005 (PERNAMBUCO2005) conhecida como ldquoLei do

12 Satildeo elas RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 272 de 14 de setembro de 2000

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Silecircnciordquo e que dispotildee sobre ruiacutedos urbanos poluiccedilatildeo sonora e proteccedilatildeo do bem-estar e do

sossego puacuteblico e agrave Lei nordm 16243 de 13 de setembro de 1996 ndash Coacutedigo do Meio Ambiente e do

Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife (RECIFE 1996a) que estabelece a poliacutetica do meio ambiente da

cidade do Recife incluindo regulamentaccedilatildeo de emissotildees sonoras entre outras providecircncias

tendo como suporte a Lei 1617696 de 9 de Abril de 1996 ndash Lei de Uso e Ocupaccedilatildeo do Solo da

Cidade do Recife ndash LUOS (RECIFE 1996b)

Apesar da existecircncia desta grande quantidade de leis federais estaduais e municipais apesar da

LUOS legislar sobre a etapa de aprovaccedilatildeo de projetos para a construccedilatildeo de empreendimentos

com usos geradores de incocircmodo agrave vizinhanccedila incluindo usos potencialmente geradores de ruiacutedos

submetendo-os agrave anaacutelise teacutecnica eou agrave anaacutelise especial e apesar do Coacutedigo do Meio Ambiente e

do Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife estabelecer limites maacuteximos permitidos de ruiacutedo na praacutetica a

accedilatildeo contra a poluiccedilatildeo sonora em Recife adquire caraacuteter corretivo pelos oacutergatildeos reguladores agrave

conduta do infrator geralmente a partir de denuacutencias da populaccedilatildeo apoacutes a consolidaccedilatildeo da fonte

geradora de ruiacutedo no meio urbano (JORNAL DO COMEacuteRCIO 2008 JC ONLINE 2005)

Outro exemplo local de desatenccedilatildeo agrave poluiccedilatildeo sonora eacute a inexistecircncia dentre vaacuterios outros tipos

de degradaccedilatildeo ambiental presentes de qualquer referecircncia a respeito da poluiccedilatildeo sonora em

documento produzido pela Prefeitura da Cidade do Recife no ano 2000 o Atlas Ambiental da

Cidade do Recife (RECIFE 2000)

Diante da aplicabilidade ineficaz da legislaccedilatildeo vigente em Novembro de 2009 foi lanccedilado pelo

Ministeacuterio Puacuteblico de Pernambuco a cartilha Poluiccedilatildeo sonora Silento e o barulho13 que versa sobre as

posturas e accedilotildees direitos e deveres dos diversos agentes envolvidos na produccedilatildeo e recepccedilatildeo da

poluiccedilatildeo sonora indicando como devem agir a viacutetima o policial o estado o construtor poluidor

o proprietaacuterio de carro de som poluidor entre outros A cartilha tambeacutem disponibiliza uma seacuterie

de formulaacuterios modelos de acordo com os diferentes tipos de poluiccedilatildeo sonora Estes formulaacuterios satildeo

exemplos para serem utilizados tanto pela viacutetima da poluiccedilatildeo sonora quanto pelo policial civil

militar promotor de justiccedila e ateacute mesmo pelo poluidor - o que poderaacute tornar esta cartilha um

importante instrumento para aplicaccedilatildeo das leis vigentes (CARNEIRO 2009)

Embora negligenciada e em oposiccedilatildeo a diversos outros problemas ambientais mundiais a

poluiccedilatildeo sonora continua a crescer e eacute acompanhada pelo aumento no nuacutemero de reclamaccedilotildees de

13 ldquoSilentordquo eacute um personagem criado para narrar alguns trechos interativos da cartilha

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 214 ndash Relaccedilatildeo entre o desenvolvimento industrial da sociedade que possibilita o aumento e concentraccedilatildeo de fontes sonoras e seus impactos em relaccedilatildeo ao ruiacutedo nas comunidades apontando trecircs previsotildees futuras de acordo com diferentes accedilotildees possiacuteveis de regulamentaccedilatildeo contra do ruiacutedo Fonte elaborado pela autora a partir de BERGLUND et al 1999

pessoas expostas ao ruiacutedo a partir do aumento da consciecircncia de seus direitos legais

(BERGLUND et al1999)

Para World Health Organization (WHO)14 a poluiccedilatildeo sonora jaacute eacute um dos problemas ambientais que

atingem o maior nuacutemero de pessoas no planeta perdendo apenas para a poluiccedilatildeo do ar e da aacutegua

(KIHLMAN 2004 2005) Este crescimento contiacutenuo da poluiccedilatildeo sonora e por conseguinte do

ruiacutedo urbano possui uma estreita relaccedilatildeo com as raacutepidas transformaccedilotildees ocorridas no meio

urbano nas uacuteltimas deacutecadas O desenvolvimento acelerado e a expansatildeo das cidades implicaram

em modificaccedilotildees em elementos da forma urbana em alto iacutendice de crescimento demograacutefico da

populaccedilatildeo urbana e em consequumlente aumento e concentraccedilatildeo de diversos tipos de fontes

geradoras de poluiccedilatildeo sonora (BRASIL 1990a1990b GUEDES 2005 PAZ 2009 ZANNIN et

al 2002) (Figura 214)

Entre estas fontes urbanas geradoras de poluiccedilatildeo sonora uma das que mais contribuem com o

aumento do ruiacutedo urbano aleacutem de ser considerada uma das fontes mais intrusivas e a mais

percebida pela populaccedilatildeo das grandes cidades eacute o traacutefego de veiacuteculos (DINIZ 2003 FRITSCH et al

2007 LACERDA et al 2005 PAZ 2004 ZANNIN et al 2003)

O ruiacutedo do traacutefego de veiacuteculos eacute gerado a

partir do ruiacutedo veicular que proveacutem

essencialmente do sistema de propulsatildeo do

motor do atrito entre o veiacuteculo e o ar (ruiacutedo

aerodinacircmico) e do atrito entre o pneu e o piso

(MURGEL 2007 KINSLER et al 1982) e da

relaccedilatildeo entre o veiacuteculocondutor e as

configuraccedilotildees das vias em que ele estaacute inserido

a aceleraccedilatildeo eou desaceleraccedilatildeo do motor de

acordo com a caracterizaccedilatildeo das vias - a

presenccedila de cruzamentos semaacuteforos faixas de

pedestres etc a intensidade do fluxo de

veiacuteculos e a proporccedilatildeo entre veiacuteculos leves e os

veiacuteculos pesados a frequumlecircncia de

14 Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede ndash OMS

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

acionamentos de buzinas o tipo de acabamento da superfiacutecie das vias (concreto asfalto brita

terra batida) etc (SINGAL 2005)

Tais vias geradoras do ruiacutedo de traacutefego aleacutem de serem interceptadas por outras vias satildeo

comumente ladeadas por configuraccedilotildees bastante variaacuteveis desde edificaccedilotildees com formas

implantaccedilotildees e gabaritos diversificados a lotes ainda natildeo ocupados caracterizando a propagaccedilatildeo

do ruiacutedo de traacutefego urbano por muacuteltiplas reflexotildees responsaacuteveis pelo espalhamento do ruiacutedo

para vias adjacentes pelo surgimento de campos sonoros reverberantes pela difraccedilatildeo do ruiacutedo e

pelo surgimento de aacutereas de sombra (SINGAL 2005 RANDRIANOELINA e SALOMONS

2008) Ou seja a propagaccedilatildeo do ruiacutedo urbano gerado pelo traacutefego de veiacuteculos possui uma

interaccedilatildeo singular com elementos da forma urbana

Assim sendo tanto por sua participaccedilatildeo determinante na constituiccedilatildeo do ruiacutedo urbano quanto

por sua particular relaccedilatildeo com os elementos que compotildeem a forma urbana o ruiacutedo de traacutefego

seraacute a uacutenica fonte sonora considerada na presente pesquisa conforme seraacute melhor elucidado no

proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas

A interaccedilatildeo entre o ruiacutedo urbano e a forma urbana dependeraacute diretamente das configuraccedilotildees de

certos elementos que compotildeem esta forma urbana o traccedilado e perfis das vias a maneira de

implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade e

forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres tais como praccedilas e

largos (GUEDES 2005 SANTOS e MARTINS 2005) Estes elementos podem ser

acusticamente caracterizados a partir do tipo de espaccedilo acuacutestico e da permeabilidade acuacutestica

O espaccedilo acuacutestico tambeacutem nomeado de campo acuacutestico eacute a porccedilatildeo de determinado espaccedilo onde

acontecem as vibraccedilotildees sonoras podendo ser caracterizado no meio urbano como espaccedilo

acuacutestico aberto ou fechado (NIEMEYER 2007)

O espaccedilo acuacutestico aberto aproxima-se da propagaccedilatildeo em campo livre que eacute caracterizado pela ausecircncia

de obstaacuteculos que modifiquem a propagaccedilatildeo sonora entre a fonte e o receptor Assim no meio

urbano o espaccedilo cuja propagaccedilatildeo sonora envolva poucas ou nenhuma reflexatildeo e poucos ou

nenhum obstaacuteculo pode ser considerado um espaccedilo acuacutestico aberto como por exemplo o

espaccedilo acuacutestico com perfil em ldquoLrdquo tais como vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas uma de

suas margens (Figuras 215 e 216) (NIEMEYER 2007) No espaccedilo acuacutestico aberto o niacutevel de

pressatildeo sonora decai 6 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (LANG

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 215 ndash Propagaccedilatildeo sonora em Campo acuacutestico aberto Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001

Figura 216 ndash Campo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo FonteNIEMEYER 2007

Figura 217 ndash Propagaccedilatildeo sonora em campo acuacutestico fechado causando o fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001

e BERANEK 1992) isto eacute o ruiacutedo percebido

pelo receptor diminui em funccedilatildeo da

duplicaccedilatildeo da distacircncia da fonte sonora15

Praccedilas parques e largos com grandes

dimensotildees vias de traacutefego marginais a praias

vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas

uma de suas margens ou espaccedilos livres

urbanos de grandes dimensotildees caracterizam

alguns exemplos de espaccedilos acuacutesticos abertos

No espaccedilo acuacutestico fechado as ondas sonoras

sofrem muacuteltiplas reflexotildees fazendo com que o

seu niacutevel sonoro decaia muito lentamente

sendo praticamente o mesmo em vaacuterias

posiccedilotildees ateacute que esta onda sonora encontre

uma saiacuteda para campo livre caracterizando o

fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana16 17(Figura

217) (GUEDES 2005 NIEMEYER 2007)

Os espaccedilos acuacutesticos fechados podem ser

reverberantes quando a onda sonora tarda a

encontrar o campo livre gerando um grande

nuacutemero de reflexotildees ou semi-reverberantes

quando a onda sonora encontra o campo livre

um pouco mais rapidamente do que no

reverberante gerando um nuacutemero menor mas

ainda grande de reflexotildees

15 Este decaimento eacute para fontes pontuais para fontes lineares o decaimento eacute de 3 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (GERGES 2000) 16 A reverberaccedilatildeo eacute a persistecircncia de um som depois de ter sido extinta a sua emissatildeo por uma fonte e ocorre como resultado de reflexotildees em ambientes total ou parcialmente fechados (GONZALEZ e LOPES 1993) 17 Alguns espaccedilos acuacutesticos fechados tambeacutem podem amplificar o niacutevel de pressatildeo sonora mas este fenocircmeno ocorre em determinados espaccedilos acuacutesticos fechados reverberantes

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

40

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 218 ndash Campo acuacutestico fechado em perfl ldquoUrdquo tambeacutem chamado de canyons urbanos Fonte NIEMEYER 2007

No meio urbano o espaccedilo acuacutestico fechado

reverberante possui comumente um perfil em

ldquoUrdquo (Figura 218) tambeacutem chamados de

canyons urbanos que podem amplificar

consideravelmente a propagaccedilatildeo sonora das

vias de traacutefego atraveacutes de reflexotildees muacuteltiplas

geradas pelas fachadas paralelas das

edificaccedilotildees que circundam estas vias

(ANDERSON e KURZE 1992) Assim neste

tipo de espaccedilo acuacutestico a propagaccedilatildeo sonora

natildeo depende exclusivamente da distacircncia entre

a fonte e o receptor como no espaccedilo acuacutestico

aberto depende ainda da configuraccedilatildeo dos

elementos que compotildeem a forma urbana e

dos coeficientes de absorccedilatildeo dos materiais que

revestem as superfiacutecies refletoras18

(NIEMEYER 2007)

Praccedilas parques e largos com pequenas dimensotildees e cercados por edificaccedilotildees conjugadas vias de

traacutefego com edificaccedilotildees (conjugadas ou com pequenos recuos entre elas) em ambos os lados

tuacuteneis passagens subterracircneas e espaccedilos livres abaixo de viadutos caracterizam alguns exemplos

de espaccedilos acuacutesticos fechados

A caracterizaccedilatildeo de um espaccedilo acuacutestico como sendo aberto ou fechado delinearaacute como a onda

sonora iraacute espalhar-se no meio urbano cujas configuraccedilotildees dos elementos que o compotildeem

podem facilitar ou dificultar a trajetoacuteria desta onda sonora para aleacutem do local de sua emissatildeo

tornando o meio urbano mais ou menos permeaacutevel a sua propagaccedilatildeo

18 No meio urbano as superfiacutecies refletoras satildeo predominantemente formadas por fachadas e muros de edificaccedilotildees que possuem certa uniformidade na utilizaccedilatildeo de materiais altamente reflexivos e com baixos coeficientes de absorccedilatildeo tais como granito maacutermore ceracircmica esmaltada vidro Assim o coeficiente de absorccedilatildeo de uma edificaccedilatildeo para outra seraacute praticamente o mesmo sofrendo miacutenimas variaccedilotildees permitindo sua natildeo consideraccedilatildeo

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

41

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 220 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees em uma quadra permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007

Figura 221 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjugadas em uma quadra pouco permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007

Figura 219 ndash Permeabilidade acuacutestica - percursos da onda sonora gerados em meio urbano Fonte NIEMEYER 2007

Figura 222 ndash Barreira acuacutestica entre a fonte e o receptor FonteANDERSON e KURZE 1992

Assim sendo a permeabilidade acuacutestica refere-se

aos percursos da onda sonora gerados no

meio urbano (Figura 219) (GUEDES 2005

NIEMEYER 2007) A intensidade da

permeabilidade acuacutestica - mais ou menos

permeaacutevel - dependeraacute da capacidade de

certos elementos urbanos de promover ou

conter a propagaccedilatildeo da onda sonora tais

como o traccedilado e perfis das vias a maneira de

implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem

como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade

e forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila

ou ausecircncia de espaccedilos livres (Figuras 220 e

221)

A permeabilidade acuacutestica relaciona-se ainda

com as barreiras acuacutesticas Isoladamente o

conceito de barreiras acuacutesticas refere-se a

qualquer objeto que possa ser considerado um

obstaacuteculo agrave ligaccedilatildeo direta e sem interferecircncias

entre a fonte e o receptor (Figura 222)

(ANDERSON e KURZE 1992 GERGES

2000) Ao bloquear o percurso direto entre a

fonte e o receptor a onda sonora poderaacute ser

absorvida eou refletida pela superfiacutecie da

barreira transmitida atraveacutes da barreira ou

difratada a partir do topo da barreira

(BARRON 2003 SINGAL 2005)

A difraccedilatildeo eacute um fenocircmeno que permite que as

ondas sonoras sejam capazes de contornar

determinados obstaacuteculos gerando uma aacuterea de

sombra acuacutestica que possui limites espaciais

variaacuteveis de acordo com a posiccedilatildeo da fonte

____________________________________________

ANAacuteLISE D

sonora e de sua localizaccedilatilde

receptor que por sua vez

sonora difratada pelas borda

um decaimento maior do qu

campo livre (Figura 223) (N

1968 NIEMEYER 2007 PA

O uso de barreiras acuacutestic

EUA Japatildeo Austraacutelia e

reduccedilatildeo da propagaccedilatildeo do

pelo traacutefego rodoviaacuterio pa

(Figuras 224 a 226) (SIN

Brasil esta praacutetica ainda eacute inc

restringindo-se a poucos exe

caso da barreira acuacutestica no

Linha Amarela na cidade do

na Rodovia Bandeirantes co

de Satildeo Paulo a Campinas

Paulo (Figura 227) (MURGE

2004)

Embora a implantaccedilatildeo de b

esteja vinculada agrave reduccedilatildeo do

rodoviaacuterio outros elemen

meio urbano situados ent

receptor atuam espontan

barreiras agrave propagaccedilatildeo sono

terreno com topografia i

muros edificaccedilotildees entr

edificaccedilotildees conjugadas da R

cidade do Recife ou aind

conjugadas em alguns trec

Atlacircntica no Rio de Janei

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 226 ndash Barreiras instaladasem aacuterea residencial de Toacutequio Jap

Figura 224 ndash Agrave esquerda barreacriacutelico na Suiacuteccedila Agrave direita barreiraPaacutedua e Veneza na Itaacutelia Fonte C

Figura 227 ndash Barreira acuacutestica dade Satildeo Paulo Fonte MURGEL 2

Figura 223 ndash Difraccedilatildeo da ondagerando uma aacuterea de sombra acuacutest

Figura 225 ndash Agrave esquerda baproacuteximo a Zurique Agrave direita barretambeacutem na Suiccedila Fonte CICHIN

accedilatildeo em relaccedilatildeo ao

ez recebe a energia

rdas da barreira com

que se estivesse em

(NEPOMUCENO

PAZ 2004)

ticas eacute comum nos

e na Europa para

do ruiacutedo produzido

para seus arredores

INGAL 2005) No

incipiente

exemplos como eacute o

no eixo rodoviaacuterio

o Rio de Janeiro e

conectando a cidade

s no estado de Satildeo

GEL 2007 SOUSA

e barreiras acuacutesticas

do ruiacutedo de traacutefego

entos inseridos no

entre a fonte e o

taneamente como

nora tais como um

irregular taludes

ntre outros As

a Rua da Aurora na

inda as edificaccedilotildees

trechos da Avenida

neiro por exemplo

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

42

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

das ao longo de via expressa elevada Japatildeo Fonte CICHINELLI 2007

rreira acuacutestica curva em concreto e eira acuacutestica metaacutelica na estrada entre CICHINELLI 2007

da Rodovia Bandeirantes no estado 2007

da sonora a partir de uma barreira uacutestica Fonte GERGES 2000

barreira acuacutestica metaacutelica instalada arreira acuacutestica em concreto e acriacutelico INELLI 2007

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 228 ndash Rua da Aurora no Bairro da Boa Vista na cidade do Recife configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fontehttpmaiovinteeseisblogspotcom2007_ 11_01_archivehtml Acesso em 080409

Figura 229 ndash Alguns trechos da Avenida Atlacircntica no Bairro de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro tambeacutem configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fonte httpwwwtravelpodcomtravel-photoorlanworldtrip200711 71589400avenida-atlantica-along-copacabana-beachjpgtpodhtml Acesso em 080409

aleacutem de funcionarem como barreiras acuacutesticas

espontacircneas ou natildeo intencionais tambeacutem

conformam um espaccedilo acuacutestico aberto em

ldquoLrdquo e pouco permeaacutevel ao ruiacutedo (Figura 228 e

229)

A partir da discussatildeo dos espaccedilos acuacutesticos e

da permeabilidade acuacutestica evidencia-se que a

interaccedilatildeo entre os diversos elementos que

compotildeem a forma urbana - o traccedilado e perfis

das vias o modo de implantaccedilatildeo das

edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as

proporccedilotildees densidade e maneira de ocupaccedilatildeo

das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de

espaccedilos livres ndash contribui determinantemente

para a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano

atraveacutes de muacuteltiplas reflexotildees do

espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave

fonte geradora de campos sonoros

reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de

aacutereas de sombra

Isto posto se o ruiacutedo urbano eacute considerado

um sistema composto essencialmente pela fonte

sonora pelo meio de propagaccedilatildeo e pelo receptor (LANG e BERANEK 1992 ANDERSON e

KURZE 1992) a forma urbana considerada a partir dos elementos que a compotildeem enquanto

percurso de transmissatildeo delineia influencia e determina em certa medida a trajetoacuteria de

propagaccedilatildeo da onda sonora19 Ou seja a forma urbana por meio das caracteriacutesticas singulares

apresentadas pelos seus elementos componentes iraacute influenciar o comportamento da propagaccedilatildeo

da onda sonora no meio urbano

19 ldquoEm certa medidardquo pois existem outros fatores que tambeacutem influenciam a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano mas a discussatildeo sobre a consideraccedilatildeo ou natildeo destes outros fatores seraacute melhor construiacuteda no proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito alto por elevada densidade de

ocupaccedilatildeo das quadras e por vias estreitas por exemplo tende em tese a ser menos permeaacutevel ao

ruiacutedo dificultando a propagaccedilatildeo sonora para outras aacutereas Tende ainda a criar espaccedilos

reverberantes ou semi-reverberantes com o niacutevel de pressatildeo sonora elevado em praticamente

todos os pontos de reflexatildeo com perdas miacutenimas ateacute a onda sonora alcanccedilar o topo das

edificaccedilotildees e direcionar-se a campo livre Por conseguinte este comportamento tende a propiciar

dependendo ainda da relaccedilatildeo com a fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano indesejaacutevel e

insalubre aos receptores existentes nas edificaccedilotildees daquela via

Jaacute uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito baixo por baixa densidade de

ocupaccedilatildeo das quadras e por vias largas tende teoricamente a ser mais permeaacutevel ao ruiacutedo

facilitando sua propagaccedilatildeo Por outro lado natildeo gera espaccedilos acuacutesticos propiacutecios a muacuteltiplas

reflexotildees fazendo com que a onda sonora encontre mais rapidamente o campo livre facilitando

sua dissipaccedilatildeo e propiciando dependendo ainda da fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano

desejaacutevel aos seus receptores

Deste modo a existecircncia de diferenccedilas e particularidades dos elementos que compotildeem as

distintas formas urbanas proporciona os mais diversificados comportamentos acuacutesticos de

propagaccedilatildeo sonora nos mais diferentes meios urbanos Ou seja do mesmo modo que cidades

bairros e ruas natildeo satildeo iguais entre si tampouco reproduziacuteveis em sua essecircncia o comportamento

acuacutestico tambeacutem natildeo seraacute ao contraacuterio constituiraacute um atributo exclusivo de cada espaccedilo urbano

Mas se para cada espaccedilo urbano existe um comportamento acuacutestico especiacutefico como deveraacute se

comportar a propagaccedilatildeo sonora de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de

modificaccedilotildees em elementos de sua forma urbana Em outras palavras como se comportaraacute a acuacutestica

urbana de um determinado local a partir do processo cronoloacutegico de modificaccedilotildees em sua forma urbana

Nos capiacutetulo que se segue Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas seratildeo apresentadas os percursos

investigativos que foram postos em praacutetica em busca de responder a este questionamento

Figura 53 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 - O mapa do iniacutecio da ocupaccedilatildeo urbana do 3deg Jardim apresentando um comportamento acuacutestico com caracteriacutesticas predominantes de propagaccedilatildeo sonora em campo livre sem a presenccedila significantes de obstaacuteculos que interfiram em seu percurso possibilitando um contiacutenuo decaimento sonoro em relaccedilatildeo agrave distacircncia como ilustram as setas indicativas em preto p 85

Figura 54 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 - O mapa do iniacutecio da ocupaccedilatildeo urbana do 3deg Jardim mostrando outra secccedilatildeo vertical contendo o mesmo comportamento acuacutestico com caracteriacutesticas predominantes de propagaccedilatildeo sonora em campo livre como ilustram as setas indicativas em preto p 85

Figura 55 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Por menor que seja sua presenccedila algumas edificaccedilotildees pontuais de gabarito meacutedio atuam como barreiras acuacutesticas espontacircneas constituindo obstaacuteculos que interferem na propagaccedilatildeo sonora como ilustram as setas indicativas em preto p 86

Figura 56 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash As edificaccedilotildees que atuam como barreiras acuacutesticas geram o fenocircmeno acuacutestico da difraccedilatildeo que propicia a criaccedilatildeo de aacutereas de sombra acuacutestica onde os niacuteveis de pressatildeo sonora equivalente satildeo mais baixos como ilustram as setas indicativas em preto p 86

Figura 57 ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim em 1981 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Nesta data houve o aumento no nuacutemero de ilhas de sombra e diminuiccedilatildeo do niacutevel de pressatildeo sonora equivalente em relaccedilatildeo a 1971 p 87

Figura 58 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1981 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 88

Figura 59 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash Reduccedilatildeo da quantidade de campos acuacutesticos abertos e aumento no nuacutemero de edificaccedilotildees que atuam enquanto barreiras acuacutesticas favorecendo o aumento do nuacutemero de ilhas de sombra e da diminuiccedilatildeo do niacutevel de pressatildeo sonora equivalente em relaccedilatildeo a 1971 como ilustram as setas indicativas em preto p 89

Figura 510 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 89

Figura 511 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Como ilustram as setas indicativas em preto o princiacutepio da verticalizaccedilatildeo no 3deg Jardim pode ter contribuiacutedo atraveacutes de uma melhor atuaccedilatildeo das novas edificaccedilotildees enquanto barreiras acuacutesticas para o aumento do nuacutemero de ilhas de sombra e da diminuiccedilatildeo do niacutevel de pressatildeo sonora equivalente em relaccedilatildeo a 1971 p 90

Figura 512 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Idem p 90

Figura 513 ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim em 1997 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Em 1997 com um adensamento e verticalizaccedilatildeo ainda maior do que em 1981 houve o aumento tanto do nuacutemero das ilhas de sombra quanto nas sua aacutereas de abrangecircncia acarretando no melhor comportamento acuacutestico observado ateacute entatildeo entre os mapas elaborados p 95

Figura 514 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1997 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 96

Figura 515 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash A edificaccedilotildees propiciam muacuteltiplas reflexotildees a partir de suas fachadas expostas agraves fontes sonoras influenciando na propagaccedilatildeo da onda sonora de modo distinto ao que seria essa propagaccedilatildeo em campo livre conforme indicado nos mapas acuacutesticos p97

Figura 516 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Idem p 97

Figura 517 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 98

Figura 518 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 98

Figura 519 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash As edificaccedilotildees soacute geram muacuteltiplas reflexotildees a partir de suas fachadas expostas agraves fontes sonoras transpondo estas fachadas as edificaccedilotildees passam a atuar enquanto barreiras acuacutesticas para a onda sonora minimizando o ruiacutedo no interior das quadras como indica-se no mapa acuacutestico p 99

Figura 520 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Idem p 99

Figura 521 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 100

Figura 522 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 100

Figura 523 ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim em 2009 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Em 2009 o adensamento das quadras diminuiu consideravelmente a presenccedila de ilhas de sombra acuacutestica p101

Figura 524 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem em 2009 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 102

Figura 525 e 526 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash As ilhas de sombra em 1997 favoreciam as residecircncias unifamiliares e multifamiliares de gabarito baixo existentes que se situavam em seus interiores Em 2009 estas ilhas foram praticamente suprimidas pela presenccedila de pavimentos destinados as garagens das novas edificaccedilotildees verticais de gabarito alto como ilustram as setas em preto p103

Figura 527 e 528 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash Idem p 103

Figura 529 e 530 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash O contorno preto ilustra a modificaccedilatildeo da propagaccedilatildeo das ondas sonoras a partir da influecircncia do aumento da densidade das quadras e verticalizaccedilatildeo das edificaccedilotildees Em 1971 a caracteriacutestica predominante assemelha-se a propagaccedilatildeo em campo livre Jaacute em 1981 percebem-se irregularidades no contorno devido a reflexotildees da onda sonora nas edificaccedilotildees p 104

Figura 531 e 532 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash 1997 apresentou o melhor comportamento acuacutestico entre os mapas elaborados Nesta data as edificaccedilotildees atuaram mais enquanto barreiras acuacutesticas do que como objetos reflexivos da onda sonora Jaacute em 2009 o aumento do adensamento e da verticalizaccedilatildeo possibilitou o excesso de muacuteltiplas reflexotildees nas fachadas das edificaccedilotildees como delineia o contorno extremamente irregular da propagaccedilatildeo sonora ilustrado na imagem abaixo p 104

Figura 533 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Apesar de proporcionar um aumento no niacutevel de pressatildeo sonora equivalente em 2009 o adensamento e verticalizaccedilatildeo das edificaccedilotildees tambeacutem trouxeram benefiacutecios pontuais na praccedila Walt Disney como ilustram as imagens as edificaccedilotildees atuaram como barreiras acuacutesticas reduzindo em relaccedilatildeo a 1997 o niacutevel de pressatildeo sonora equivalente que atinge as edificaccedilotildees de seu entorno Contudo p 105

Figura 534 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash as fachadas voltadas para esta reduccedilatildeo de niacutevel de pressatildeo sonora equivalente satildeo fachadas de serviccedilo pouco aproveitando esta reduccedilatildeo p 105

Figura 535ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim na situaccedilatildeo hipoteacutetica futura e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash A situaccedilatildeo hipoteacutetica futura apresenta quadras muito mais adensadas do que nos anos anteriores reduzindo ainda mais a presenccedila de ilhas de sombra O pavimento representado no mapa eacute o destinado agraves garagens que ocupam praticamente todo o lote p 110

Figura 536 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem na situaccedilatildeo hipoteacutetica futura e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 111

Figura 537 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash A transformaccedilatildeo da forma urbana tanto na situaccedilatildeo hipoteacutetica como ilustram as imagens quanto em 2009 quando esteve associada ao adensamento e a verticalizaccedilatildeo intensificou os fenocircmenos acuacutesticos ocorridos no meio urbano do 3deg Jardim de Boa Viagem p 112

Figura 538 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 112

Figura 539 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Idem p 113

Figura 540 ndash Plantas Baixas ndash A situaccedilatildeo hipoteacutetica futura seguida de perto pelo mapa de 2009 apresentou o pior comportamento acuacutestico do 3deg Jardim e o mapa de 1997 apresentou o melhor entre os mapas elaborados nesta pesquisa conforme ilustra a siacutentese abaixo p 113

Figura 541 ndash Graacutefico da performance acuacutestica considerando o ano x o niacutevel de pressatildeo sonora equivalente (Leq) ndash O Graacutefico apresenta as variaccedilotildees de niacuteveis de pressatildeo sonora de alguns pontos escolhidos aleatoriamente nos mapas acuacutesticos elaborados (Figura 541) Em 1997 as quedas das curvas de variaccedilatildeo do graacutefico corroboram a tendecircncia desta data ter apresentado o mapa acuacutestico com o melhor comportameno acuacutestico entre os mapas elaborados por esta pesquisa p 114

Figura 542 ndash Locaccedilatildeo dos pontos utilizados para elaboraccedilatildeo do graacutefico de performance acuacutestica p 114

Figura 543 ndash Graacutefico comparativo de niacuteveis de emissatildeo sonora permitidos ndash O graacutefico apresenta uma comparaccedilatildeo entre os niacuteveis de emissatildeo sonora permitidos em alguns paiacuteses entre a WHO ISO e ABNT e entre a Lei do silecircncio e o coacutedigo do Meio Ambiente e Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife O graacutefico evidencia que a cidade do Recife e o estado de Pernambuco praticam niacuteveis muito acima do recomendado por outras entidades normativas p 121

Figura 544 ndash Planta Baixa ndash Mapa acuacutestico simulando uma situaccedilatildeo onde o fluxo de veiacuteculos seja o dobro do encontrado atualmente no 3deg Jardim de Boa Viagem (2009) apresentando altos niacuteveis de poluiccedilatildeo sonora p 122

Figura 545 a 548 ndash Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Idem p 122

Figura 549 ndash Planta Baixa ndash Mapa acuacutestico simulando uma situaccedilatildeo onde seja implantado rodiacutezio de veiacuteculos com uma reduccedilatildeo de 30 do valor total do fluxo de veiacuteculos atualmente encontrado no 3deg Jardim de Boa Viagem (2009) p 123

Figura 550 a 553 ndash Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Idem p 123

Figura 554 ndash Planta Baixa ndash Mapa acuacutestico simulando uma situaccedilatildeo onde seja implantado aleacutem do rodiacutezio de veiacuteculos com reduccedilatildeo de 30 no fluxo atual de veiacuteculos um corredor de transporte puacuteblico na Av Domingos Ferreira e restriccedilatildeo de traacutefego de veiacuteculos pesados apenas nesta via p 124

Figura 555 a 558 ndash Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Idem p 124

LISTA DE TABELAS

Tabela 21 ndash Os niacuteveis de pressatildeo sonora e suas consequumlecircncias fisioloacutegicas no homem Em alguns casos podem a intensidade das reaccedilotildees fisioloacutegicas podem variar dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora p 35

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO

2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

21 A Forma Urbana e seus Elementos Componentes____________

22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais_____________

3 CONSIDERACcedilOtildeES METODOLOacuteGICAS

31 3deg Jardim de Boa Viagem enquanto Estudo de Caso_________

32 Mapeamento Acuacutestico enquanto Instrumento de Pesquisa_

33 Procedimentos Metodoloacutegicos__________________________________

331 1deg Etapa Pesquisa Documental Primaacuteria e Secundaacuteria _____

332 2deg Etapa Pesquisa Piloto_____________________________________

333 3deg Etapa Estudo de Campo__________________________________

334 4deg Etapa mapeamento acuacutestico_____________________________

4 TRANSFORMACcedilOtildeES DO 3deg JARDIM E SUA RELACcedilAtildeO COM

O PROCESSO DE OCUPACcedilAtildeO DO BAIRRO DE BOA

VIAGEM

5 COMPORTAMENTO ACUacuteSTICO DO 3degJARDIM DE BOA

VIAGEM

51 Comportamento Acuacutestico do 3deg Jardim de Boa Viagem a

partir das Modificaccedilotildees Cronoloacutegicas em sua Forma

Urbana______________________________________________________________

52 Comportamento Acuacutestico do 3deg Jardim de Boa Viagem em

relaccedilatildeo ao Coacutedigo do Meio Ambiente e Equiliacutebrio Ecoloacutegico

do Recife agrave ldquoLei do Silecircnciordquo e a outras Entidades

Normativas_________________________________________________________

53 Ausecircncia de Accedilotildees versus Presenccedila de Accedilotildees em Busca

de um Melhor Comportamento Acuacutestico para o 3deg Jardim

de Boa Viagem____________________________________________________

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

7 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

128

134

115

107

81

80

65

60

59

56

55

55

52

49

46

31

22

22

17

CAPIacuteTULO 1

A pesquisa eacute talvez a arte de se criar dificuldades fecundas e de criaacute-las para os

outros Nos lugares onde havia coisas simples faz-se aparecer problemas

Pierre Bourdieu

____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO

17

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

1 INTRODUCcedilAtildeO

Um grito estridente lanccedilado em um meio urbano envolto nos ldquomais modernosrdquo e descomunais

arranha-ceacuteus desconfortavelmente ouvido nos mais remotos pavimentos de um deles foi agrave

centelha motivadora para as ideacuteias e discussotildees que permeiam esta pesquisa Este grito mal

recebido pelo receptor pode ser considerado uma das diversas formas da profusatildeo de ruiacutedos que

cada vez mais se tornam elementos onipresentes da vida contemporacircnea

Tal profusatildeo de ruiacutedos atualmente encontrados nos centros urbanos estaacute intimamente vinculada

ao crescimento acelerado das cidades que possibilitaram o aumento e uma maior concentraccedilatildeo da

populaccedilatildeo urbana acarretando em raacutepidas transformaccedilotildees no meio de propagaccedilatildeo do ruiacutedo

urbano aleacutem do aumento e uma maior concentraccedilatildeo dos diversos tipos de fontes sonoras que o

geram

Embora esteja estreitamente relacionado ao raacutepido desenvolvimento das cidades o ruiacutedo urbano

natildeo deve ser considerado como uma consequumlecircncia incidental da accedilatildeo humana em busca de

progresso e por isso inevitaacutevel tampouco toleraacutevel Ao contraacuterio deve ser entendido como uma

das consequumlecircncias prejudiciais deste desenvolvimento que pode causar diversos males fisioloacutegicos

e psicoloacutegicos ao citadino e assim sendo deve ser veementemente prevenido e mitigado

A fim de encontrar maneiras que possibilitem sua prevenccedilatildeo e mitigaccedilatildeo o ruiacutedo urbano pode

ser entendido como um sistema composto essencialmente pela fonte sonora ndash meio de propagaccedilatildeo ndash

receptor Dentre estas trecircs partes componentes do sistema o meio de propagaccedilatildeo pode ser

considerado como um dos menos investigados e onde as accedilotildees contra o ruiacutedo satildeo menos

concentradas (SINGAL 2005)

Esta inobservacircncia da importacircncia do meio urbano enquanto percurso de propagaccedilatildeo sonora

pode estar vinculada agrave dificuldade de intervir em meios de propagaccedilatildeo consolidados como satildeo

fundamentalmente os grandes centros urbanos Daiacute a relevacircncia em compreender a acuacutestica

urbana a partir de seu meio propagador pois uma vez consolidado o meio raras satildeo as

intervenccedilotildees possiacuteveis para minimizar o ruiacutedo urbano a partir desta parte componente do sistema

fonte ndash meio ndash receptor restando essencialmente accedilotildees preventivas

____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO

18

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Outro fator que evidencia o grande valor em compreender a acuacutestica urbana a partir de seu meio

de propagaccedilatildeo eacute o potencial que o meio urbano possui em influenciar a trajetoacuteria da propagaccedilatildeo

sonora Esta influecircncia acontece atraveacutes da forma que este meio apresenta ou seja a forma urbana

atraveacutes de seus elementos componentes e enquanto percurso de transmissatildeo delineia influencia e

determina em certa medida a trajetoacuteria de propagaccedilatildeo da onda sonora

Assim sendo a interaccedilatildeo entre os diversos elementos que compotildeem a forma urbana - o traccedilado e

perfis das vias o modo de implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as proporccedilotildees

densidade e maneira de ocupaccedilatildeo das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres ndash

contribui determinantemente para caracterizaccedilatildeo da propagaccedilatildeo sonora no meio urbano atraveacutes

de muacuteltiplas reflexotildees do espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave fonte geradora de

campos sonoros reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de aacutereas de sombra

Esta interaccedilatildeo entre os elementos da forma urbana e a propagaccedilatildeo sonora ocorre a partir da

diversidade e singularidade existente nos variados meios urbanos igualmente proporcionando os

mais particulares comportamentos acuacutesticos Isto eacute para cada meio urbano existem caracteriacutesticas

particulares inerentes agrave sua forma urbana que geram um comportamento acuacutestico igualmente

especiacutefico exclusivo e vinculado a esta forma urbana

Apesar deste atrelamento entre a acuacutestica urbana e a forma urbana esta relaccedilatildeo natildeo eacute

suficientemente pesquisada e quando eacute satildeo enfocadas prioritariamente situaccedilotildees presentes de

comportamento acuacutestico eou no maacuteximo hipoacuteteses futuras tambeacutem chamadas de prediccedilatildeo

acuacutestica Aleacutem disso natildeo foram encontradas referecircncias ateacute o presente momento de investigaccedilotildees

que priorizem a apreciaccedilatildeo da acuacutestica urbana e sua relaccedilatildeo com as modificaccedilotildees ao longo do tempo da

forma urbana

Isto posto considerando esta ausecircncia de pesquisas e considerando que para cada espaccedilo urbano

existe um comportamento de propagaccedilatildeo sonora especiacutefico o presente estudo se propocircs a

investigar o comportamento acuacutestico de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de

modificaccedilotildees em sua forma urbana

Para isso admitiu-se que a propagaccedilatildeo de uma mesma fonte sonora em um mesmo espaccedilo urbano

que tenha sofrido ao longo de um processo cronoloacutegico modificaccedilotildees em sua forma urbana

implicaria em diferentes comportamentos em sua acuacutestica urbana para as diferentes datas deste

processo Esta suposiccedilatildeo possibilitou a anaacutelise do comportamento acuacutestico atraveacutes das

____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO

19

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

modificaccedilotildees cronoloacutegicas da forma urbana a partir da articulaccedilatildeo de trecircs variaacuteveis - a fonte sonora

a forma urbana e a acuacutestica urbana Estas variaacuteveis foram consideradas tendo o estudo de caso

enquanto estrateacutegia de pesquisa

O caso escolhido para esta investigaccedilatildeo foi o loteamento 3deg Jardim de Boa Viagem tanto por

representar uma parcela bem delimitada das raacutepidas e recentes transformaccedilotildees ocorridas na

forma urbana do bairro de Boa Viagem quanto por permitir ilustrar o comportamento acuacutestico

em um encadeamento evolutivo do iniacutecio de sua ocupaccedilatildeo recente ateacute os dias atuais

Para compor tal encadeamento evolutivo foram selecionados os anos de 1971 data escolhida por

caracterizar o princiacutepio da ocupaccedilatildeo do 3deg Jardim 1981 e 1997 por representarem datas de

registro de fotografias aeacutereas do bairro de Boa Viagem existentes na base de dados da

CONDEPE-FIDEM Agecircncia Estadual de Planejamento e Pesquisas de Pernambuco 2009 por

representar a realidade atualmente encontrada no 3deg Jardim e uma simulaccedilatildeo de situaccedilatildeo

hipoteacutetica futura de modificaccedilatildeo na forma urbana

Isto posto com o intuito de analisar o comportamento da acuacutestica urbana do 3deg Jardim de Boa

Viagem a partir de modificaccedilotildees cronoloacutegicas em sua forma urbana foram executados os

seguintes objetivos especiacuteficos (I) identificar as caracteriacutesticas configuraccedilotildees e transformaccedilotildees da

forma urbana ocorridas no 3deg Jardim de Boa Viagem nos anos de 1971 1981 1997 e 2009 a

partir de seu processo de ocupaccedilatildeo (II) elaborar mapas acuacutesticos dos niacuteveis atuais (2009) de

pressatildeo sonora equivalente do 3deg Jardim (III) elaborar mapas acuacutesticos do 3deg Jardim nos anos de

1971 1981 1997 e de situaccedilatildeo hipoteacutetica futura a partir da consideraccedilatildeo dos niacuteveis atuais (2009)

de pressatildeo sonora equivalente do 3deg Jardim

Em busca de expor sistematicamente seu desenvolvimento a presente investigaccedilatildeo foi

estruturada do seguinte modo

O presente capiacutetulo 1 introduz e antecipa brevemente a discussatildeo que seraacute realizada ao longo

desta pesquisa

O capiacutetulo 2 aborda dois aspectos principais O primeiro deles desenvolve o conceito de forma

urbana e seus elementos componentes a partir dos autores Joseacute Lamas (2004) Philippe Panerai

(2006) e Vicente Del Rio (1990) Busca elucidar que a apreensatildeo da forma urbana eacute complexa e

envolve diversificadas abordagens e enfoques sociais econocircmicos histoacutericos e culturais para

entatildeo indicar que a presente pesquisa lanccedilaraacute um olhar para a forma urbana essencialmente a

____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO

20

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

partir de seu aspecto fiacutesico e material recorte necessaacuterio para a anaacutelise do comportamento

acuacutestico urbano

O segundo aspecto abordado no capiacutetulo 2 diz respeito agrave definiccedilatildeo teoacuterica do conceito da

acuacutestica urbana e de suas diversificadas implicaccedilotildees e interfaces quando o som eacute propagado em

meio urbano Busca evidenciar os fenocircmenos que ocorrem a partir da interaccedilatildeo entre a forma

urbana e a acuacutestica urbana indicando que a influecircncia da forma urbana eacute determinante para o

comportamento da acuacutestica urbana

O capiacutetulo 3 eacute dedicado ao percurso investigativo desta pesquisa evidenciando sua metodologia e

procedimentos metodoloacutegicos apresentando o 3deg Jardim enquanto estudo de caso o

mapeamento acuacutestico enquanto instrumento de pesquisa e detalhando as etapas operacionais

deste estudo Este capiacutetulo evidencia ainda o processo de elaboraccedilatildeo dos modelos e mapas

acuacutesticos da forma urbana existente no 3deg Jardim em cada uma das datas estudadas aleacutem da

situaccedilatildeo hipoteacutetica futura e discute o software Predictor utilizado para este mapeamento

O capiacutetulo 4 diz respeito ao processo de ocupaccedilatildeo do bairro de Boa Viagem e sua relaccedilatildeo com as

transformaccedilotildees urbanas ocorridas no 3deg Jardim Busca-se identificar as caracteriacutesticas

configuraccedilotildees e transformaccedilotildees ocorridas na forma urbana do 3deg Jardim que possibilitem o

entendimento cronoloacutegico destas modificaccedilotildees dando suporte a elaboraccedilatildeo e anaacutelise dos mapas

acuacutesticos

O capiacutetulo 5 analisa o comportamento da acuacutestica urbana identificado nos mapas acuacutesticos

elaborados do 3deg Jardim a partir das modificaccedilotildees ocorridas em sua forma urbana nos anos de

1971 1981 1997 e 2009 aleacutem de uma situaccedilatildeo hipoteacutetica futura (prediccedilatildeo acuacutestica) Neste capiacutetulo

discute-se ainda o comportamento do 3deg Jardim em relaccedilatildeo agrave legislaccedilatildeo municipal que regula as

emissotildees sonoras na cidade do Recife e no estado de Pernambuco e sua relaccedilatildeo com os niacuteveis

recomendados por outras entidades normativas e indica-se possiacuteveis accedilotildees para melhoria no

comportamento acuacutestico do 3deg Jardim bem como as possiacuteveis consequumlecircncias acuacutesticas da

ausecircncia de tais accedilotildees

Por fim no capiacutetulo 6 satildeo apresentadas as consideraccedilotildees finais acerca do comportamento acuacutestico

do 3deg Jardim e satildeo indicados novos rumos de pesquisa a respeito da acuacutestica urbana

CAPIacuteTULO 2

A arquitetura eacute uma muacutesica petrificada

Arthur Schopenhauer

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

22

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

Analisar o comportamento da acuacutestica urbana ainda que a partir das modificaccedilotildees da forma

urbana faz com que esta pesquisa trate essencialmente da acuacutestica urbana No entanto este

comportamento esta sujeito aos diversificados modos de apreensatildeo da forma urbana e de seus

elementos componentes bem como ao modo como esta pesquisa os consideraraacute

Assim sendo o primeiro item deste capiacutetulo expotildee o conceito de forma urbana e de algumas de

suas relaccedilotildees discutido agrave luz de LAMAS (2004) de PANERAI (2006) e DEL RIO (1990)

indicando em seguida o que esta pesquisa consideraraacute como forma urbana

Certamente discussatildeo em torno da produccedilatildeo de outros autores poderia ser elaborada No

entanto o primeiro item deste capiacutetulo natildeo pretende representar uma revisatildeo bibliograacutefica acerca

do estudo da forma urbana e suas relaccedilotildees pretende sim construir uma discussatildeo em torno dos

trecircs autores selecionados que culmine no conceito de forma urbana que seraacute considerado por esta

pesquisa para possibilitar olhar para suas modificaccedilotildees cronoloacutegicas a fim de compreender o

comportamento da acuacutestica urbana

Apoacutes este delineamento no segundo item deste capiacutetulo discute-se a acuacutestica urbana e suas

relaccedilotildees conceituais com os diversos elementos e implicaccedilotildees da propagaccedilatildeo sonora em meio

urbano e como eles relacionam-se influenciando em seu comportamento

21 A Forma Urbana e seus Elementos Componentes

Segundo LAMAS (2004) estudar a forma urbana compreende examinar as configuraccedilotildees e as

estruturas exteriores de determinados objetos de suas formas interligando-as com os fenocircmenos

que lhes deram origem Assim sendo a forma urbana pode ser definida como sendo o

[] modo como se organizam os elementos morfoloacutegicos que constituem e definem o espaccedilo urbano relativamente agrave materializaccedilatildeo dos aspectos de

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

23

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 21 ndash Diferentes aspectos quantitativos relacionados a diversificadas formas urbanas Fonte LAMAS 2004

organizaccedilatildeo funcional e quantitativa e dos aspectos qualitativos e figurativos (LAMAS 2004 p 44) 1

Dentre estes aspectos os quantitativos satildeo agravequeles da realidade urbana que podem ser

quantificaacuteveis tais como densidades superfiacutecies fluxos coeficientes volumeacutetricos entre outros

(Figura 21) os de organizaccedilatildeo funcional satildeo agravequeles que se relacionam com as atividades

humanas tais como habitar e trabalhar e agravequeles relacionados ao modo de uso especiacutefico de uma

aacuterea ndash residencial comercial industrial entre outros os qualitativos referem-se ao tratamento dos

espaccedilos ao conforto e a comodidade do utilizador tais como adaptaccedilatildeo ao clima acessibilidade

estado da pavimentaccedilatildeo entre outros por fim os aspectos figurativos dizem respeito a

essencialmente a comunicaccedilatildeo esteacutetica (LAMAS 2004)

Pode-se considerar que ao olhar para forma urbana e em especiacutefico para suas modificaccedilotildees

cronoloacutegicas com o intuito de compreender o comportamento da acuacutestica urbana esta pesquisa

relaciona-se tanto aos aspectos qualitativos a partir do conforto acuacutestico dos receptores das

ondas sonoras em meio urbano quanto aos

aspectos quantitativos uma vez que este

comportamento acuacutestico em meio urbano eacute

quantificaacutevel em decibels (dB)

Embora estes aspectos envolvam grande parte

das singularidades inerentes a forma urbana

esta definiccedilatildeo parece ainda natildeo abarcar outras

particularidades sociais econocircmicas histoacutericas

e culturais igualmente envolvidas no

entendimento da concepccedilatildeo da forma urbana

isto eacute resta ainda a consideraccedilatildeo de que esta

forma urbana natildeo acontece

independentemente dos grupos sociais que a

produzem (PANERAI 2006)

Satildeo essencialmente estas particularidades que

impulsionam ou amortecem a transformaccedilatildeo

1 Para todas as citaccedilotildees deste autor natildeo seratildeo consideradas adaptaccedilotildees na liacutengua do paiacutes de origem - Portugal - permanecendo o texto original

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

24

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

dos elementos que compotildeem a forma urbana ndash a adiccedilatildeo de novos de traccedilados a um jaacute existente

ou sua superposiccedilatildeo seus conflitos o parcelamento de parques e ocupaccedilatildeo de espaccedilos livres a

renovaccedilatildeo da massa edificada seu lento adensamento e verticalizaccedilatildeo segundo uma especulaccedilatildeo

despretensiosa ou sua substituiccedilatildeo por vastos empreendimentos sob influecircncia de uma

especulaccedilatildeo bem mais expressiva (PANERAI 2006) isto eacute faz parte da apreensatildeo da forma

urbana uma complexidade que envolve um processo de acumulaccedilatildeo de enfoques e observaccedilotildees

sociais econocircmicas histoacutericas e culturais que englobam muito mais do que apenas sua forma

fiacutesica

Estas particularidades especialmente as sociais parecem um pouco mais delineadas nas

consideraccedilotildees feitas por DEL RIO (1990) que considera o espaccedilo urbano a partir da apropriaccedilatildeo

social que se faz dele estabelecendo que em relaccedilatildeo ao estudo da forma urbana a cidade pode

ser compreendida a partir de trecircs niacuteveis organizacionais o coletivo o comunitaacuterio e o individual

O niacutevel coletivo eacute regido sob uma loacutegica estruturadora percebida inconscientemente e

coletivamente e eacute composto pelos elementos2 do tecido que possuem uma permanecircncia maior ao

longo do tempo o niacutevel comunitaacuterio diz respeito aos elementos com significados especiais apenas

para um pequeno grupo da populaccedilatildeo como o bairro por exemplo jaacute o niacutevel individual expressa

significados individuais como a residecircncia e seu espaccedilo circundante e por seu caraacuteter individual eacute

o que apresenta maior rapidez nas modificaccedilotildees (DEL RIO 1990)

Mas LAMAS (2004) ao defender sua definiccedilatildeo para forma urbana natildeo soacute possuiacutea ciecircncia destas

outras particularidades explicitadas por PANERAI (2006) e DEL RIO (1990) ndash sociais

econocircmicas histoacutericas e culturais ndash envolvidas na concepccedilatildeo de forma urbana como optou em

natildeo apreciaacute-las

[] um primeiro grau de leitura da cidade eacute eminentemente fiacutesico-espacial e morfoloacutegico portanto especiacutefico da arquitectura e o uacutenico que permite evidenciar a diferenccedila entre este e outro espaccedilo entre esta e aquela forma e explicar as caracteriacutesticas de cada parte da cidade A estes se juntam outros niacuteveis de leitura que revelam diferentes conteuacutedos (histoacutericos econoacutemicos sociais e outros) Mas este conjunto de leituras soacute eacute possiacutevel porque a cidade existe como facto fiacutesico e material Todos os instrumentos de leitura lecircem o mesmo objecto ndash o espaccedilo fiacutesico a FORMA URBANA (LAMAS 2004 p 31 grifo do autor) Eacute fundamentalmente a dimensatildeo fiacutesica e morfoloacutegica da cidade que me preocupa [] (LAMAS 2004 p 31)

2 Estes elementos seratildeo discutidos em paraacutegrafos mais adiante

____________________________________________

ANAacuteLISE D

Na verdade esta opccedilatildeo em

urbana considerando-a essen

de seu aspecto fiacutesico e m

convenientemente ao obje

presente pesquisa analisar

da acuacutestica urbana a partir

cronoloacutegicas na forma urba

esta anaacutelise do compor

implica em uma apropriaccedil

fiacutesica e material destas modif

Certamente a busca pela ap

urbana envolve muito

simplesmente sua forma

como jaacute aclarado No entan

da anaacutelise proposta por

apreensatildeo em totalid

fundamentalmente necessaacuter

apropriaccedilatildeo da forma urban

material ou uma variaacutevel fiacutes

finalidade derradeira de

comportamento acuacutestico

modificaccedilotildees nesta forma

Ao entender a observaccedilatildeo

essencialmente em seu aspec

(2004) propocircs uma classifica

dimensotildees

bull A dimensatildeo setorial

refere-se agrave menor u

do espaccedilo urbano co

uma praccedila ou uma

ponto o observador

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 24 ndash A cidadeo texemplificada por meio da cidadLAMAS 2004

Figura 23 ndash O bairro a escala ucidade portuguesa de Tavira Fonte

Figura 22 ndash Praccedila da Alagoa na ca dimensatildeo setorial Fonte LAMA

em observar a forma

sencialmente a partir

material responde

bjetivo primeiro da

ar o comportamento

rtir de modificaccedilotildees

rbana uma vez que

ortamento acuacutestico

riaccedilatildeo genuinamente

dificaccedilotildees

apreensatildeo da forma

o mais do que

a fiacutesica e material

tanto para realizaccedilatildeo

or este estudo tal

alidade natildeo eacute

saacuteria o que torna a

bana quase um meio

l fiacutesica para atingir a

e compreensatildeo do

a partir de

atildeo da forma urbana

pecto fiacutesico LAMAS

icaccedilatildeo em escalas ou

ndash a escala da rua

r unidade ou porccedilatildeo

como por exemplo

a rua onde de um

dor pode abarcar a

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

25

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

territoacuterioa dimensatildeo territorial dade portuguesa de Tavira Fonte

a urbana exemplificada por meio da nte LAMAS 2004

na cidade portuguesa de Tavira ilustra MAS 2004

____________________________________________

ANAacuteLISE D

unidade espacial d

(Figura 22)

bull A dimensatildeo urbana ndash

corresponde agraves pa

identificaacuteveis como

exemplo onde a

elementos da forma

atraveacutes do movime

percursos (Figura 23

bull E por fim a dimensatildeo

da cidade diz respeito

diferentes formas

articulaccedilatildeo de bai

entre si Sua forma

distribuiccedilatildeo de eleme

das cidades em con

suporte geograacutefico d

a articulaccedilatildeo de

circulaccedilatildeo entre os

entre zonas habitacio

entre outras (Figura 2

Dentre estas dimensotildees a u

bairro desperta particular

pesquisa uma vez que o e

limites de observaccedilatildeo atraveacute

de movimentos poderaacute aba

significante de modificaccedilotildee

forma urbana de determina

compreender o comport

acuacutestica urbana

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 25 ndash Exemplos de diversiflotes quarteirotildees e vias em difereNesta imagem um recorte do CONDEPE-FIDEM 1981

Figura 26 ndash Exemplos de diversiflotes quarteirotildees e vias em difereNesta imagem um recorte do baorigens da cidade entrecortadoBarreto Fonte CONDEPE-FIDE

Figura 27 ndash Exemplos de diveredifiacutecios lotes quarteirotildees e vias eRecife Nesta imagem um recessencialmente por morros o AltoFIDEM 1981

de seu conjunto

ndash a escala do bairro

partes homogecircneas

mo os bairros por

a observaccedilatildeo dos

a urbana eacute realizada

imento e de vaacuterios

23)

nsatildeo territorial ndash a escala

eito agrave articulaccedilatildeo de

as urbanas da

bairros interligados

ma eacute definida pela

mentos estruturantes

onformidade com o

o do siacutetio tais como

e ruas e vias de

s diferentes bairros

cionais e comerciais

a 24)

a urbana ndash escala do

lar interesse desta

o entendimento dos

veacutes de certo nuacutemero

barcar uma amostra

otildees cronoloacutegicas na

inado local a fim de

ortamento de sua

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

26

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

rsificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios erentes bairros da cidade do Recife o bairro de Boa Viagem Fonte

rsificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios erentes bairros da cidade do Recife bairro de Satildeo Joseacute que remete agraves do pela recente Avenida Dantas DEM 1981

versificadas concretizaccedilotildees entre os em diferentes bairros da cidade do

recorte de um bairro constituiacutedo lto do Mandu Fonte CONDEPE-

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

27

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

No entanto para apreender tal dimensatildeo devem-se conhecer e estabelecer quais elementos

miacutenimos da forma urbana que se relaciona com esta a dimensatildeo urbana e quais satildeo estes

elementos LAMAS (2004) propocircs onze elementos da forma urbana necessaacuterios para esta

apreensatildeo o solo (I) o edifiacutecio (II) o lote (III) o logradouro (IV) o quarteiratildeo (V) o traccediladoa

rua(VI) a praccedila (VII) a fachada (VIII) o monumento (IX) a vegetaccedilatildeo (X) e o mobiliaacuterio

urbano (XI) Dentre estes elementos seis possuem uma estreita relaccedilatildeo com esta pesquisa e

seratildeo expostos de acordo com consideraccedilotildees observadas por LAMAS 3 (2004) (Figuras 25 a 27)

O edifiacutecio representa o elemento miacutenimo identificaacutevel na observaccedilatildeo da forma urbana eacute atraveacutes

dele que se constitui o espaccedilo urbano e se organizam diferentes elementos tais como ruas praccedilas

avenidas entre outros Os edifiacutecios agrupam-se em diferentes tipos tanto em relaccedilatildeo a suas

formas quanto a suas funccedilotildees Estes elementos podem influenciar o comportamento da acuacutestica

urbana atuando enquanto objetos reflexivos da onda sonora e como barreiras acuacutesticas4

O lote representa o princiacutepio da relaccedilatildeo do edifiacutecio com o terreno A forma do lote eacute muitas

vezes condicionante da forma do edifiacutecio tornando-os vinculados por essecircncia o logradouro diz

respeito ao espaccedilo livres e natildeo construiacutedos no interior do lote aos quintais e jardins o quarteiratildeo

ou quadra pode ser considerado como o espaccedilo resultante entre o cruzamento de trecircs ou mais

vias podendo ser demarcado em vaacuterios lotes para a construccedilatildeo de edifiacutecios Juntos estes trecircs

elementos associados aos edifiacutecios podem propiciar uma maior ou menor permeabilidade

acuacutestica eou uma maior ou menor presenccedila de aacutereas de sombra no meio urbano

O traccedilado por meio das ruas ou vias eacute facilmente identificaacutevel no meio urbano Estaacute muitas vezes

condicionado ao siacutetio geograacutefico existente regula a disposiccedilatildeo dos edifiacutecios e quarteirotildees e

interliga os vaacuterios espaccedilos componentes da cidade e a cidade ao territoacuterio Normalmente o

traccedilado resiste agraves transformaccedilotildees na forma urbana por possuir um caraacuteter de permanecircncia natildeo

totalmente modificaacutevel O traccedilado engloba trajetoacuterias e caminhos que natildeo satildeo necessariamente

percorridos atraveacutes de automoacuteveis apesar disso estaacute em grande parte vinculado a uma das

principais fontes geradoras de ruiacutedo urbano ndash o traacutefego de veiacuteculos

3 Os outros elementos tambeacutem podem relacionar-se de diferentes maneiras com a acuacutestica urbana mas nem tanto com a presente pesquisa e por isso natildeo foram considerados 4 Todas as definiccedilotildees e conceitos acuacutesticos apresentados no presente item seratildeo elucidados no item seguinte 22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

28

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 28 ndash Os trecircs conjuntos formadores do tecido urbano segundo Panerai (2006) Fonte PANERAI 2006

A praccedila eacute um espaccedilo de geometria variada

intencionalmente inserido no meio urbano

cuja relaccedilatildeo com o traccedilado e os edifiacutecios

tambeacutem eacute intencional evidenciada atraveacutes do

seu desenho e natildeo acidentais como

alargamento e confluecircncias do traccedilado Aleacutem

disso a praccedila eacute um lugar de encontro de

permanecircncia e de praacuteticas sociais

Acusticamente dependendo de suas

proporccedilotildees a propagaccedilatildeo sonora que envolve

uma praccedila pode apresentar um

comportamento que se assemelha a

propagaccedilatildeo sonora em campo livre

Estes elementos constituintes da forma urbana

conceituados por LAMAS (2004) podem ser

identificados sob um diferente invoacutelucro

conceitual mas com a mesma essecircncia no que

PANERAI (2006) definiu como sendo

conjuntos do tecido urbano

Aplicado agrave cidade o termo ldquotecidordquo evoca a continuidade e a renovaccedilatildeo a permanecircncia e a variaccedilatildeo Ele explica a constituiccedilatildeo das cidades antigas e responde as questotildees levantadas pelo estudo das urbanizaccedilotildees recentes Ele pressupotildee uma atenccedilatildeo tanto ao banal quanto ao excepcional tanto agraves ruas comuns e agraves edificaccedilotildees corriqueiras quanto agraves regulamentaccedilotildees e aos monumentos Dentre as muacuteltiplas definiccedilotildees de tecido urbano e sem desprezar suas qualidades escolhemos a mais simples O tecido urbano eacute constituiacutedo pela superposiccedilatildeo ou imbricaccedilatildeo de trecircs conjuntos a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees Essa definiccedilatildeo potildee em evidecircncia os elementos que permitem que as diferentes partes da cidade evoluam ao mesmo tempo em que satildeo mantidas a coesatildeo de conjunto e a clareza de sua estrutura (PANERAI 2006 p 77-78 grifo nosso) (Figura 28)

Ao contraacuterio de LAMAS (2004) que considera a praccedila como um elemento da forma urbana por

si soacute PANERAI (2006) discute as vias ou traccedilado inseridas em uma relaccedilatildeo em rede onde

tambeacutem satildeo considerados como partes constituintes os largos passeios praccedilas esplanadas cais

pontes rios canais margens praias todos compondo o espaccedilo puacuteblico Eacute atraveacutes desta rede

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

contiacutenua e hierarquizada que acontecem as distribuiccedilotildees e circulaccedilotildees da cidade bem como sua

organizaccedilatildeo local e territorial

Jaacute os parcelamentos fundiaacuterios constituem a representaccedilatildeo negativa5 da rede de vias que evidencia o

domiacutenio construiacutedo Este domiacutenio natildeo se limita aos edifiacutecios mas tambeacutem envolve paacutetios

quintais terrenos baldios (PANERAI 2006) Embora PANERAI(2006) considere separadamente

o exame das edificaccedilotildees sugere-se que este domiacutenio construiacutedo envolve quatro dos elementos da

forma urbana elencados por LAMAS (2004) o edifiacutecio o lote o logradouro e o quarteiratildeo

Para PANERAI (2006) as edificaccedilotildees ou edifiacutecios satildeo consideradas construccedilotildees subordinadas ao

espaccedilo puacuteblico ou seja a rede de vias sendo por ele estruturada e que acrescentam a dimensatildeo

vertical ao tecido urbano Tal subordinaccedilatildeo permite que haja uma dependecircncia reciacuteproca entre os

edifiacutecios ainda que eles pertenccedilam a eacutepocas diferentes fazendo com que sua renovaccedilatildeo aconteccedila

sem que haja grandes perdas na unidade do conjunto

Ao estruturar sua concepccedilatildeo dos elementos componentes da forma urbana DEL RIO (1990) eacute

bem mais sinteacutetico e objetivo mas assim como LAMAS (2000) e PANERAI (2006) seus

elementos possuem similaridades e ateacute repeticcedilotildees que praticamente reproduzem a mesma

essecircncia conceitual dos outros dois autores Estes elementos por serem estruturados tatildeo

objetivamente seratildeo apresentados em citaccedilatildeo direta satildeo eles

- crescimento os modos as intensidades e direccedilotildees elementos geradores e reguladores limites e superaccedilatildeo de limites modificaccedilatildeo de estruturas pontos de cristalizaccedilatildeo etc - traccedilado e parcelamento ordenadores do espaccedilo estrutura fundiaacuteria relaccedilotildees distacircncias circulaccedilatildeo e acessibilidade etc - tipologias dos elementos urbanos inventaacuterio e categorizaccedilatildeo de tipologias ediliacutecias (residecircncias comercio etc) de lotes e sua ocupaccedilatildeo de quarteirotildees e sua ocupaccedilatildeo de praccedilas esquinas etc - articulaccedilotildees relaccedilotildees entre elementos hierarquias domiacutenios do publico e privado densidades relaccedilotildees entre cheios e vazios etc (DEL RIO 1990 p 83 grifos do autor)

Dentre todos os elementos expostos a partir dos trecircs autores existe um importante fenocircmeno

relacionando-os em distintas intensidades e que merece ser considerado por influenciar

definitivamente na modificaccedilatildeo da forma urbana ndash o adensamento

5 No sentido de uma fotografia onde os claros e os escuros satildeo representados no negativo de modo contraacuterio ao do objeto fotografado

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 29 ndash O adensamento das ilhas do Bairro do Recife e de Santo Antocircnio (imagem) ocorreu tanto pelo preenchimento progressivo desde o inicio da ocupaccedilatildeo da cidade quanto por meio da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees anteriores Fontehttppedrodealbuquerquewordpresscomcategorypernambuco Acesso em 201109

O adensamento ocorre a partir de dois modos

essenciais de ocupaccedilatildeo o primeiro a partir do

preenchimento progressivo do espaccedilo urbano

e o segundo a partir da substituiccedilatildeo completa

por meio de demoliccedilatildeo de edificaccedilotildees

anteriores (PANERAI 2006) (Figura 29)

A primeira forma de adensamento ocorre sem

a expansatildeo territorial por meio do

preenchimento progressivo de todas as

reservas fundiaacuterias e espaccedilos livres de

determinado meio urbano Eacute um

adensamento inserido em limitesbarreiras

preacute-estabelecidos naturais ou natildeo tais como

uma via expressa irregularidades geograacuteficas

do siacutetio ou ainda numa escala menor a proacutepria quadra pode ser um limite para saturaccedilatildeo gradual

em seu interior desmembramento ou remembramento dos lotes para construccedilatildeo de novas

edificaccedilotildees verticalizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo de antigos quintais eou jardins (PANERAI 2006)

A segunda forma de adensamento acontece atraveacutes da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees

anteriormente existentes por novas construccedilotildees de maior porte tanto em relaccedilatildeo agrave ocupaccedilatildeo do

solo por meio do remembramento de lotes quanto em relaccedilatildeo ao seu gabarito Esta forma de

adensamento permite a renovaccedilatildeo do espaccedilo urbano sem aumentar sua aacuterea de abrangecircncia sem

sua expansatildeo (PANERAI 2006)

Ambas as formas de adensamento transformam essencialmente a forma urbana e o modo como

se relacionam seus elementos componentes A identificaccedilatildeo desta transformaccedilatildeo em determinado

meio urbano gerada pelo adensamento eacute indispensaacutevel para anaacutelise do comportamento da

acuacutestica urbana a partir de modificaccedilotildees na forma urbana deste mesmo meio uma vez que o

adensamento pode influenciar na propagaccedilatildeo sonora proporcionando uma maior quantidade de

objetos reflexivos de barreiras acuacutesticas e favorecendo a diminuiccedilatildeo da permeabilidade acuacutestica

Por fim a partir exposiccedilatildeo de determinados elementos considerados por LAMAS (2004) ndash o

edifiacutecio o lote o logradouro o quarteiratildeo o traccediladoa rua e a praccedila dos conjuntos considerados

por PANERAI (2006) ndash a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees dos

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

elementos considerados por DEL RIO (1990) ndash crescimento traccedilado e parcelamento tipologias

dos elementos urbanos e as articulaccedilotildees e em busca de atingir seu objetivo principal esta

pesquisa consideraraacute a forma urbana inserida em um recorte que a considera essencialmente a

partir de seu aspecto fiacutesico e material e cujos elementos componentes considerados seratildeo

exclusivamente

1 As parcelas fundiaacuterias ndash consideradas por meio das quadras e lotes incluindo sua relaccedilatildeo

de modo de ocupaccedilatildeo das edificaccedilotildees sua densidade e seus espaccedilos livres

2 As edificaccedilotildees ndash consideradas atraveacutes de sua relaccedilatildeo de modo de ocupaccedilatildeo com os

lotes e do grau de verticalizaccedilatildeo (gabarito baixo meacutedio e alto)

3 As vias ndash consideradas como reguladoras da relaccedilatildeo com as edificaccedilotildees e quarteirotildees e

principalmente apreciadas como estreitamente vinculadas a uma das principais fontes

geradoras de ruiacutedo urbano (o traacutefego de veiacuteculos)

Estes seratildeo os elementos componentes da forma urbana que esta pesquisa se apropriaraacute no

decurso do caminho a fim de analisar o comportamento acuacutestico a partir de modificaccedilotildees

cronoloacutegicas em determinada forma urbana Nos paraacutegrafos seguintes discutem-se os conceitos e

relaccedilotildees que permeiam a acuacutestica urbana

22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais

A acuacutestica eacute a ciecircncia do som incluindo sua geraccedilatildeo transmissatildeo e recepccedilatildeo de energia sob a

forma de ondas vibracionais na mateacuteria (KINSLER et al 1982) Ela eacute uma ciecircncia

multidimensional e interligada a vaacuterios domiacutenios cientiacuteficos Seu objeto de estudo fundamental o

som delineia uma seacuterie de interfaces multidisciplinares com abordagens em diversificadas aacutereas

do conhecimento (Figura 210)

Desse modo quando a geraccedilatildeo transmissatildeo e efeitos do som estatildeo inseridos no meio urbano

seu desdobramento eacute estudado pela aacuterea de conhecimento da acuacutestica urbana muitas vezes

tambeacutem nomeada de acuacutestica ambiental

O objeto de estudo fundamental da acuacutestica o som eacute a sensaccedilatildeo produzida no ouvido por

pequenas flutuaccedilotildees da pressatildeo do ar (HANSEN 2005) ou seja eacute uma percepccedilatildeo sensorial e seu

____________________________________________

ANAacuteLISE D

complexo padratildeo de ondas s

de ruiacutedo muacutesica fala

(BERGLUND et al 1999)

Esta definiccedilatildeo do som tend

a percepccedilatildeo do ouvido

conceito psicofiacutesico Fisicame

vibraccedilatildeo mecacircnica que

progressivamente atraveacutes de

gasoso liacutequido ou soacutelido (SIN

Esta vibraccedilatildeo quando tran

que o rodeia nem sempre

aparelho auditivo humano

frequumlecircncia6 audiacutevel encontra

20 a 20000 Hz para um

(BRUumlEL amp KJAEligR 1984

1982) Frequumlecircncias acima de

altas para respostas fisioloacuteg

chamadas de ultrasons Jaacute as

de 20 Hz satildeo chamadas de

detectaacuteveis pelo ouvido hum

prejudiciais agrave sua sauacutede7

1982 SOUSA 2004)

Fisicamente o som e o ruiacutedo

ambos se propagam em mei

detectados pelo ouvido hu

enquanto o som eacute utilizado

6 A frequumlecircncia eacute o nuacutemero de ciclo(HANSEN 1995) 7 A exposiccedilatildeo a baixas frequumlecircncias depressatildeo irritabilidade e perturba pro

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 210 ndash Interfaces multidFonte Elaborado pela autora a pa

Figura 211 ndash Fonte sonora ponSOUZA 2006

as sonoras eacute rotulado

ala entre outros

ndo como referecircncia

o humano eacute um

mente o som eacute uma

que se propaga

de um meio material

(SINGAL 2005)

transmitida ao meio

re eacute detectaacutevel pelo

ano cuja faixa de

tra-se no intervalo de

um jovem saudaacutevel

4 KINSLER et al

de 20000 Hz muito

loacutegicas auditivas satildeo

as frequumlecircncias abaixo

de infrasons e natildeo satildeo

umano contudo satildeo

(KINSLER et al

iacutedo constituem o mesmo fenocircmeno de variaccedilotildee

eio elaacutestico (soacutelido liacutequido ou gasoso) e ambos

humano (BERGLUND et al 1999 HANSEN

do para descrever percepccedilotildees sonoras agradaacutev

iclos que a onda sonora completa no tempo de um segundo

as pode gerar a doenccedila Vibroacuacutestica que induz o espessamprocessos cognitivos (BRANCO e PEREIRA 2004)

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

32

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

ltidisciplinares do estudo do som partir de BISTAFA 2006

ontual e fonte sonora linear Fonte

otildees de pressatildeo ambiente

bos satildeo capazes de serem

EN 1995) No entanto

daacuteveis o ruiacutedo descreve

do e eacute medida em Hertz (Hz)

amento das estruturas cardiacuteacas

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 212 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora pontual de 6 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007

percepccedilotildees sonoras desagradaacuteveis incorporando um aspecto de subjetividade agrave sua definiccedilatildeo

(BRUumlEL amp KJAEligR 1984 HANSEN 2005 BRASIL 2006 SINGAL 2005)

Tal subjetividade acarreta diferentes e individuais percepccedilotildees sonoras pelo ser humano e

portanto em diferentes reaccedilotildees agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo Em outras palavras o que se estabelece

como som para um indiviacuteduo pode representar ruiacutedo para outro

[] as respostas inerentes ao ruiacutedo satildeo complexas dependendo tanto dos fatores propriamente acuacutesticos quanto dos psicossociais contextuais simboacutelicos emocionais como daqueles de valor especiacutefico Essas variaacuteveis participam da singularidade da escuta e atuam como filtros que modificam a percepccedilatildeo do sinal fiacutesico sonoro (SANTOS e MARTINS 2005 p 216)

Enquanto sua percepccedilatildeo envolve a subjetividade as respostas fisioloacutegicas agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo satildeo

mais objetivas e seus danos satildeo mais facilmente identificaacuteveis O ruiacutedo pode gerar complicaccedilotildees

no sistema circulatoacuterio e hormonal perda gradativa da audiccedilatildeo distuacuterbios de sono estresse

irritabilidade neuroses desconforto e dificuldade de aprendizado entre outros danos

(BERGLUND et al1999 HANSEN 2005 KINSLER et al 1982 MURGEL 2007 NAGEM

2004 NUNES 2006 PAZ et al 2005 SINGAL 2005 ZANNIN et al 2002)

O ruiacutedo pode se originar de variadas fontes presentes em diversificados ambientes as mais

comumente encontradas satildeo as fontes sonoras pontuais e as lineares (Figura 211) A fonte pontual

possui dimensotildees finitas e emite o mesmo niacutevel de pressatildeo sonora uniformemente para todas as

direccedilotildees sendo seu decaimento em campo livre de 6 dB para cada dobro da distacircncia (Figura

212) (HANSEN 2005 SOUSA 2004)

Jaacute a fonte linear eacute formada por certo nuacutemero de

fontes pontuais dispostas linearmente cuja

emissatildeo sonora eacute contiacutenua ao longo desta

linha sendo seu decaimento em campo livre

de 3 dB para cada dobro da distacircncia (Figura

213) (HANSEN 2005 PAZ 2004)

Quando propagadas no meio urbano a

combinaccedilatildeo de tais fontes sonoras associadas

ao percurso de transmissatildeo e ao receptor

constitui o ruiacutedo urbano (urban noise) tambeacutem

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 213 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora linear de 3 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007

chamado de ruiacutedo ambiental (environmental

noise) ou ruiacutedo comunitaacuterio (community noise)

(BERGLUND et al1999 GUEDES 2005

SOUSA 2004)

O ruiacutedo urbano pode ser gerado a partir do

traacutefego de veiacuteculos terrestres e aeacutereos de

obras de construccedilatildeo civil de estabelecimentos

industriais de estabelecimentos comerciais e

de serviccedilos de sistemas de propaganda

volante ou permanente8 e ruiacutedos de outras atividades cuja propagaccedilatildeo sonora pode afetar o bem-

estar e a sauacutede dos citadinos (BARRON 2003 BERGLUND et al1999 KINSLER et al 1982

NAGEM 2004 NUNES 2006 SINGAL 2005)

Apesar de esporaacutedica outra fonte de ruiacutedo gerada em meio urbano satildeo os eventos puacuteblicos tais

como festas shows comiacutecios carnavais fora de eacutepoca entre outros As fontes de ruiacutedo presentes

nestes eventos atingem um alto niacutevel de pressatildeo sonora9 e abrangem uma grande quantidade

populacional logo independente de ocorrer poucas vezes durante o ano satildeo eventos

extremamente danosos a sauacutede e principalmente agrave audiccedilatildeo a partir de 80 dB(A) natildeo importa se

a sensaccedilatildeo sonora eacute prazerosa ou natildeo ela eacute necessariamente prejudicial10 (Tabela 21) (NUNES

2006)

Quando a intensidade dos ruiacutedos urbanos torna-se excessivamente desagradaacutevel eou nociva o

ruiacutedo passa a ser considerado uma forma de poluiccedilatildeo ambiental11 - a poluiccedilatildeo sonora A

necessidade de regulamentaccedilatildeo da poluiccedilatildeo sonora renuncia os aspectos de subjetividade

existentes e inerentes ao conceito de ruiacutedo na tentativa de sintetizar e estabelecer limites leis

normas meacutetodos e accedilotildees que representem um universo sonoro equivalente para toda a

populaccedilatildeo na tentativa de controlar e mitigar o ruiacutedo urbano

8 Carros de som bicicletas com som raacutedios comunitaacuterias entre outros 9 O niacutevel de pressatildeo sonora eacute a medida fiacutesica preferencial para caracterizar a sensaccedilatildeo subjetiva da intensidade dos sons e de acordo com a lei de Weber e Fechner a sensaccedilatildeo sonora eacute proporcional ao logaritmo da intensidade sonora NPS=20 log (pp0) onde p eacute a pressatildeo sonora em Pascal e p0 eacute a pressatildeo sonora de referecircncia (2 10-5 Pascal) (BISTAFA 2006 NIEMEYER 2007) 10 Outros niacuteveis de ruiacutedo tambeacutem podem ser prejudiciais em maior ou menor grau dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora 11 ldquoPoluiccedilatildeo eacute a degradaccedilatildeo da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente a) prejudiquem a sauacutede a seguranccedila e o bem-estar da populaccedilatildeo b) criem condiccedilotildees adversas agraves atividades sociais e econocircmicas c) afetem desfavoravelmente a biota d) afetem as condiccedilotildees esteacuteticas ou sanitaacuterias do meio ambiente e) lancem mateacuterias ou energia em desacordo com os padrotildees ambientais estabelecidosrdquo (BRASIL 1981 p 1 e 2)

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Tabela 21 ndash Os niacuteveis de pressatildeo sonora e suas consequumlecircncias fisioloacutegicas no homem Em alguns casos podem a intensidade das reaccedilotildees fisioloacutegicas podem variar dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora Fonte elaborado pela autora a partir de KINSLER et al 1992 SINGAL 2005 SOUZA 2006

Assim sendo na esfera federal a Constituiccedilatildeo Federal (Art255) o Coacutedigo Civil Brasileiro (Lei ndeg

1040602) a Lei das Contravenccedilotildees Penais (Decreto-lei nordm 368841) e a Lei dos Crimes

Ambientais (Lei nordm 960598) versam a partir de diferentes abordagens e diferentes

procedimentos legais sobre a poluiccedilatildeo sonora e suas respectivas perturbaccedilotildees (CARNEIRO

2009)

NIacuteVEIS DE PRESSAtildeO SONORA E SUAS CONSEQUEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS

Niacutevel de Pressatildeo sonora

em dB(A)

Caracteriacutesticas FISIOLOacuteGICAS

Ambiente ou atividade

0 a 30 Nenhuma Tremular de folhas de uma aacutervore sussurros

aacuterea de mata selvagem

30 a 50 Nenhuma Cantar de paacutessaros rua calma em aacuterea residencial durante noite

50 a 70 Marca o iniacutecio do estresse

auditivo Rua agitada um restaurante barulhento

70 a 90 Estressante e bastante

excitante Chegada de um trem na estaccedilatildeo carro a 100 Kmh

conversa a gritos

90 a 110 Extremamente excitante provocando dependecircncia

Caminhatildeo pesado a 60 Kmh alarme de viatura passagem de trem numa estaccedilatildeo ou cabine de um aviatildeo monomotor

110 a 130

Desconfortavelmente alto atingindo o limiar da dor podendo causar surdez

instantacircnea

Trem passando em trilhos elevados martelo pneumaacutetico interior de uma boate show de banda de rock

130 a 140 Acima do limiar da dor

causando surdez permanente Decolagem de aviatildeo a jato a 5m de distacircncia disparos de artilharia

Ainda no domiacutenio federal o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) publicou vaacuterias

resoluccedilotildees que estabelecem normas de preservaccedilatildeo ao meio ambiente incluindo o combate a

poluiccedilatildeo sonora12 Nestas resoluccedilotildees todas as atividades geradoras de ruiacutedo devem seguir

diretrizes vinculadas agrave Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas ndash ABNT e ao Conselho

Nacional de Tracircnsito - CONTRAN no caso de ruiacutedo produzido por veiacuteculos automotores

(NAGEM 2004)

Tais resoluccedilotildees normas e diretrizes refletidas no domiacutenio estadual e municipal deram origem agrave

Lei Estadual nordm 12789 de 28 de Abril de 2005 (PERNAMBUCO2005) conhecida como ldquoLei do

12 Satildeo elas RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 272 de 14 de setembro de 2000

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Silecircnciordquo e que dispotildee sobre ruiacutedos urbanos poluiccedilatildeo sonora e proteccedilatildeo do bem-estar e do

sossego puacuteblico e agrave Lei nordm 16243 de 13 de setembro de 1996 ndash Coacutedigo do Meio Ambiente e do

Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife (RECIFE 1996a) que estabelece a poliacutetica do meio ambiente da

cidade do Recife incluindo regulamentaccedilatildeo de emissotildees sonoras entre outras providecircncias

tendo como suporte a Lei 1617696 de 9 de Abril de 1996 ndash Lei de Uso e Ocupaccedilatildeo do Solo da

Cidade do Recife ndash LUOS (RECIFE 1996b)

Apesar da existecircncia desta grande quantidade de leis federais estaduais e municipais apesar da

LUOS legislar sobre a etapa de aprovaccedilatildeo de projetos para a construccedilatildeo de empreendimentos

com usos geradores de incocircmodo agrave vizinhanccedila incluindo usos potencialmente geradores de ruiacutedos

submetendo-os agrave anaacutelise teacutecnica eou agrave anaacutelise especial e apesar do Coacutedigo do Meio Ambiente e

do Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife estabelecer limites maacuteximos permitidos de ruiacutedo na praacutetica a

accedilatildeo contra a poluiccedilatildeo sonora em Recife adquire caraacuteter corretivo pelos oacutergatildeos reguladores agrave

conduta do infrator geralmente a partir de denuacutencias da populaccedilatildeo apoacutes a consolidaccedilatildeo da fonte

geradora de ruiacutedo no meio urbano (JORNAL DO COMEacuteRCIO 2008 JC ONLINE 2005)

Outro exemplo local de desatenccedilatildeo agrave poluiccedilatildeo sonora eacute a inexistecircncia dentre vaacuterios outros tipos

de degradaccedilatildeo ambiental presentes de qualquer referecircncia a respeito da poluiccedilatildeo sonora em

documento produzido pela Prefeitura da Cidade do Recife no ano 2000 o Atlas Ambiental da

Cidade do Recife (RECIFE 2000)

Diante da aplicabilidade ineficaz da legislaccedilatildeo vigente em Novembro de 2009 foi lanccedilado pelo

Ministeacuterio Puacuteblico de Pernambuco a cartilha Poluiccedilatildeo sonora Silento e o barulho13 que versa sobre as

posturas e accedilotildees direitos e deveres dos diversos agentes envolvidos na produccedilatildeo e recepccedilatildeo da

poluiccedilatildeo sonora indicando como devem agir a viacutetima o policial o estado o construtor poluidor

o proprietaacuterio de carro de som poluidor entre outros A cartilha tambeacutem disponibiliza uma seacuterie

de formulaacuterios modelos de acordo com os diferentes tipos de poluiccedilatildeo sonora Estes formulaacuterios satildeo

exemplos para serem utilizados tanto pela viacutetima da poluiccedilatildeo sonora quanto pelo policial civil

militar promotor de justiccedila e ateacute mesmo pelo poluidor - o que poderaacute tornar esta cartilha um

importante instrumento para aplicaccedilatildeo das leis vigentes (CARNEIRO 2009)

Embora negligenciada e em oposiccedilatildeo a diversos outros problemas ambientais mundiais a

poluiccedilatildeo sonora continua a crescer e eacute acompanhada pelo aumento no nuacutemero de reclamaccedilotildees de

13 ldquoSilentordquo eacute um personagem criado para narrar alguns trechos interativos da cartilha

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 214 ndash Relaccedilatildeo entre o desenvolvimento industrial da sociedade que possibilita o aumento e concentraccedilatildeo de fontes sonoras e seus impactos em relaccedilatildeo ao ruiacutedo nas comunidades apontando trecircs previsotildees futuras de acordo com diferentes accedilotildees possiacuteveis de regulamentaccedilatildeo contra do ruiacutedo Fonte elaborado pela autora a partir de BERGLUND et al 1999

pessoas expostas ao ruiacutedo a partir do aumento da consciecircncia de seus direitos legais

(BERGLUND et al1999)

Para World Health Organization (WHO)14 a poluiccedilatildeo sonora jaacute eacute um dos problemas ambientais que

atingem o maior nuacutemero de pessoas no planeta perdendo apenas para a poluiccedilatildeo do ar e da aacutegua

(KIHLMAN 2004 2005) Este crescimento contiacutenuo da poluiccedilatildeo sonora e por conseguinte do

ruiacutedo urbano possui uma estreita relaccedilatildeo com as raacutepidas transformaccedilotildees ocorridas no meio

urbano nas uacuteltimas deacutecadas O desenvolvimento acelerado e a expansatildeo das cidades implicaram

em modificaccedilotildees em elementos da forma urbana em alto iacutendice de crescimento demograacutefico da

populaccedilatildeo urbana e em consequumlente aumento e concentraccedilatildeo de diversos tipos de fontes

geradoras de poluiccedilatildeo sonora (BRASIL 1990a1990b GUEDES 2005 PAZ 2009 ZANNIN et

al 2002) (Figura 214)

Entre estas fontes urbanas geradoras de poluiccedilatildeo sonora uma das que mais contribuem com o

aumento do ruiacutedo urbano aleacutem de ser considerada uma das fontes mais intrusivas e a mais

percebida pela populaccedilatildeo das grandes cidades eacute o traacutefego de veiacuteculos (DINIZ 2003 FRITSCH et al

2007 LACERDA et al 2005 PAZ 2004 ZANNIN et al 2003)

O ruiacutedo do traacutefego de veiacuteculos eacute gerado a

partir do ruiacutedo veicular que proveacutem

essencialmente do sistema de propulsatildeo do

motor do atrito entre o veiacuteculo e o ar (ruiacutedo

aerodinacircmico) e do atrito entre o pneu e o piso

(MURGEL 2007 KINSLER et al 1982) e da

relaccedilatildeo entre o veiacuteculocondutor e as

configuraccedilotildees das vias em que ele estaacute inserido

a aceleraccedilatildeo eou desaceleraccedilatildeo do motor de

acordo com a caracterizaccedilatildeo das vias - a

presenccedila de cruzamentos semaacuteforos faixas de

pedestres etc a intensidade do fluxo de

veiacuteculos e a proporccedilatildeo entre veiacuteculos leves e os

veiacuteculos pesados a frequumlecircncia de

14 Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede ndash OMS

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

acionamentos de buzinas o tipo de acabamento da superfiacutecie das vias (concreto asfalto brita

terra batida) etc (SINGAL 2005)

Tais vias geradoras do ruiacutedo de traacutefego aleacutem de serem interceptadas por outras vias satildeo

comumente ladeadas por configuraccedilotildees bastante variaacuteveis desde edificaccedilotildees com formas

implantaccedilotildees e gabaritos diversificados a lotes ainda natildeo ocupados caracterizando a propagaccedilatildeo

do ruiacutedo de traacutefego urbano por muacuteltiplas reflexotildees responsaacuteveis pelo espalhamento do ruiacutedo

para vias adjacentes pelo surgimento de campos sonoros reverberantes pela difraccedilatildeo do ruiacutedo e

pelo surgimento de aacutereas de sombra (SINGAL 2005 RANDRIANOELINA e SALOMONS

2008) Ou seja a propagaccedilatildeo do ruiacutedo urbano gerado pelo traacutefego de veiacuteculos possui uma

interaccedilatildeo singular com elementos da forma urbana

Assim sendo tanto por sua participaccedilatildeo determinante na constituiccedilatildeo do ruiacutedo urbano quanto

por sua particular relaccedilatildeo com os elementos que compotildeem a forma urbana o ruiacutedo de traacutefego

seraacute a uacutenica fonte sonora considerada na presente pesquisa conforme seraacute melhor elucidado no

proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas

A interaccedilatildeo entre o ruiacutedo urbano e a forma urbana dependeraacute diretamente das configuraccedilotildees de

certos elementos que compotildeem esta forma urbana o traccedilado e perfis das vias a maneira de

implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade e

forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres tais como praccedilas e

largos (GUEDES 2005 SANTOS e MARTINS 2005) Estes elementos podem ser

acusticamente caracterizados a partir do tipo de espaccedilo acuacutestico e da permeabilidade acuacutestica

O espaccedilo acuacutestico tambeacutem nomeado de campo acuacutestico eacute a porccedilatildeo de determinado espaccedilo onde

acontecem as vibraccedilotildees sonoras podendo ser caracterizado no meio urbano como espaccedilo

acuacutestico aberto ou fechado (NIEMEYER 2007)

O espaccedilo acuacutestico aberto aproxima-se da propagaccedilatildeo em campo livre que eacute caracterizado pela ausecircncia

de obstaacuteculos que modifiquem a propagaccedilatildeo sonora entre a fonte e o receptor Assim no meio

urbano o espaccedilo cuja propagaccedilatildeo sonora envolva poucas ou nenhuma reflexatildeo e poucos ou

nenhum obstaacuteculo pode ser considerado um espaccedilo acuacutestico aberto como por exemplo o

espaccedilo acuacutestico com perfil em ldquoLrdquo tais como vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas uma de

suas margens (Figuras 215 e 216) (NIEMEYER 2007) No espaccedilo acuacutestico aberto o niacutevel de

pressatildeo sonora decai 6 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (LANG

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 215 ndash Propagaccedilatildeo sonora em Campo acuacutestico aberto Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001

Figura 216 ndash Campo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo FonteNIEMEYER 2007

Figura 217 ndash Propagaccedilatildeo sonora em campo acuacutestico fechado causando o fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001

e BERANEK 1992) isto eacute o ruiacutedo percebido

pelo receptor diminui em funccedilatildeo da

duplicaccedilatildeo da distacircncia da fonte sonora15

Praccedilas parques e largos com grandes

dimensotildees vias de traacutefego marginais a praias

vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas

uma de suas margens ou espaccedilos livres

urbanos de grandes dimensotildees caracterizam

alguns exemplos de espaccedilos acuacutesticos abertos

No espaccedilo acuacutestico fechado as ondas sonoras

sofrem muacuteltiplas reflexotildees fazendo com que o

seu niacutevel sonoro decaia muito lentamente

sendo praticamente o mesmo em vaacuterias

posiccedilotildees ateacute que esta onda sonora encontre

uma saiacuteda para campo livre caracterizando o

fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana16 17(Figura

217) (GUEDES 2005 NIEMEYER 2007)

Os espaccedilos acuacutesticos fechados podem ser

reverberantes quando a onda sonora tarda a

encontrar o campo livre gerando um grande

nuacutemero de reflexotildees ou semi-reverberantes

quando a onda sonora encontra o campo livre

um pouco mais rapidamente do que no

reverberante gerando um nuacutemero menor mas

ainda grande de reflexotildees

15 Este decaimento eacute para fontes pontuais para fontes lineares o decaimento eacute de 3 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (GERGES 2000) 16 A reverberaccedilatildeo eacute a persistecircncia de um som depois de ter sido extinta a sua emissatildeo por uma fonte e ocorre como resultado de reflexotildees em ambientes total ou parcialmente fechados (GONZALEZ e LOPES 1993) 17 Alguns espaccedilos acuacutesticos fechados tambeacutem podem amplificar o niacutevel de pressatildeo sonora mas este fenocircmeno ocorre em determinados espaccedilos acuacutesticos fechados reverberantes

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 218 ndash Campo acuacutestico fechado em perfl ldquoUrdquo tambeacutem chamado de canyons urbanos Fonte NIEMEYER 2007

No meio urbano o espaccedilo acuacutestico fechado

reverberante possui comumente um perfil em

ldquoUrdquo (Figura 218) tambeacutem chamados de

canyons urbanos que podem amplificar

consideravelmente a propagaccedilatildeo sonora das

vias de traacutefego atraveacutes de reflexotildees muacuteltiplas

geradas pelas fachadas paralelas das

edificaccedilotildees que circundam estas vias

(ANDERSON e KURZE 1992) Assim neste

tipo de espaccedilo acuacutestico a propagaccedilatildeo sonora

natildeo depende exclusivamente da distacircncia entre

a fonte e o receptor como no espaccedilo acuacutestico

aberto depende ainda da configuraccedilatildeo dos

elementos que compotildeem a forma urbana e

dos coeficientes de absorccedilatildeo dos materiais que

revestem as superfiacutecies refletoras18

(NIEMEYER 2007)

Praccedilas parques e largos com pequenas dimensotildees e cercados por edificaccedilotildees conjugadas vias de

traacutefego com edificaccedilotildees (conjugadas ou com pequenos recuos entre elas) em ambos os lados

tuacuteneis passagens subterracircneas e espaccedilos livres abaixo de viadutos caracterizam alguns exemplos

de espaccedilos acuacutesticos fechados

A caracterizaccedilatildeo de um espaccedilo acuacutestico como sendo aberto ou fechado delinearaacute como a onda

sonora iraacute espalhar-se no meio urbano cujas configuraccedilotildees dos elementos que o compotildeem

podem facilitar ou dificultar a trajetoacuteria desta onda sonora para aleacutem do local de sua emissatildeo

tornando o meio urbano mais ou menos permeaacutevel a sua propagaccedilatildeo

18 No meio urbano as superfiacutecies refletoras satildeo predominantemente formadas por fachadas e muros de edificaccedilotildees que possuem certa uniformidade na utilizaccedilatildeo de materiais altamente reflexivos e com baixos coeficientes de absorccedilatildeo tais como granito maacutermore ceracircmica esmaltada vidro Assim o coeficiente de absorccedilatildeo de uma edificaccedilatildeo para outra seraacute praticamente o mesmo sofrendo miacutenimas variaccedilotildees permitindo sua natildeo consideraccedilatildeo

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 220 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees em uma quadra permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007

Figura 221 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjugadas em uma quadra pouco permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007

Figura 219 ndash Permeabilidade acuacutestica - percursos da onda sonora gerados em meio urbano Fonte NIEMEYER 2007

Figura 222 ndash Barreira acuacutestica entre a fonte e o receptor FonteANDERSON e KURZE 1992

Assim sendo a permeabilidade acuacutestica refere-se

aos percursos da onda sonora gerados no

meio urbano (Figura 219) (GUEDES 2005

NIEMEYER 2007) A intensidade da

permeabilidade acuacutestica - mais ou menos

permeaacutevel - dependeraacute da capacidade de

certos elementos urbanos de promover ou

conter a propagaccedilatildeo da onda sonora tais

como o traccedilado e perfis das vias a maneira de

implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem

como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade

e forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila

ou ausecircncia de espaccedilos livres (Figuras 220 e

221)

A permeabilidade acuacutestica relaciona-se ainda

com as barreiras acuacutesticas Isoladamente o

conceito de barreiras acuacutesticas refere-se a

qualquer objeto que possa ser considerado um

obstaacuteculo agrave ligaccedilatildeo direta e sem interferecircncias

entre a fonte e o receptor (Figura 222)

(ANDERSON e KURZE 1992 GERGES

2000) Ao bloquear o percurso direto entre a

fonte e o receptor a onda sonora poderaacute ser

absorvida eou refletida pela superfiacutecie da

barreira transmitida atraveacutes da barreira ou

difratada a partir do topo da barreira

(BARRON 2003 SINGAL 2005)

A difraccedilatildeo eacute um fenocircmeno que permite que as

ondas sonoras sejam capazes de contornar

determinados obstaacuteculos gerando uma aacuterea de

sombra acuacutestica que possui limites espaciais

variaacuteveis de acordo com a posiccedilatildeo da fonte

____________________________________________

ANAacuteLISE D

sonora e de sua localizaccedilatilde

receptor que por sua vez

sonora difratada pelas borda

um decaimento maior do qu

campo livre (Figura 223) (N

1968 NIEMEYER 2007 PA

O uso de barreiras acuacutestic

EUA Japatildeo Austraacutelia e

reduccedilatildeo da propagaccedilatildeo do

pelo traacutefego rodoviaacuterio pa

(Figuras 224 a 226) (SIN

Brasil esta praacutetica ainda eacute inc

restringindo-se a poucos exe

caso da barreira acuacutestica no

Linha Amarela na cidade do

na Rodovia Bandeirantes co

de Satildeo Paulo a Campinas

Paulo (Figura 227) (MURGE

2004)

Embora a implantaccedilatildeo de b

esteja vinculada agrave reduccedilatildeo do

rodoviaacuterio outros elemen

meio urbano situados ent

receptor atuam espontan

barreiras agrave propagaccedilatildeo sono

terreno com topografia i

muros edificaccedilotildees entr

edificaccedilotildees conjugadas da R

cidade do Recife ou aind

conjugadas em alguns trec

Atlacircntica no Rio de Janei

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 226 ndash Barreiras instaladasem aacuterea residencial de Toacutequio Jap

Figura 224 ndash Agrave esquerda barreacriacutelico na Suiacuteccedila Agrave direita barreiraPaacutedua e Veneza na Itaacutelia Fonte C

Figura 227 ndash Barreira acuacutestica dade Satildeo Paulo Fonte MURGEL 2

Figura 223 ndash Difraccedilatildeo da ondagerando uma aacuterea de sombra acuacutest

Figura 225 ndash Agrave esquerda baproacuteximo a Zurique Agrave direita barretambeacutem na Suiccedila Fonte CICHIN

accedilatildeo em relaccedilatildeo ao

ez recebe a energia

rdas da barreira com

que se estivesse em

(NEPOMUCENO

PAZ 2004)

ticas eacute comum nos

e na Europa para

do ruiacutedo produzido

para seus arredores

INGAL 2005) No

incipiente

exemplos como eacute o

no eixo rodoviaacuterio

o Rio de Janeiro e

conectando a cidade

s no estado de Satildeo

GEL 2007 SOUSA

e barreiras acuacutesticas

do ruiacutedo de traacutefego

entos inseridos no

entre a fonte e o

taneamente como

nora tais como um

irregular taludes

ntre outros As

a Rua da Aurora na

inda as edificaccedilotildees

trechos da Avenida

neiro por exemplo

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

42

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

das ao longo de via expressa elevada Japatildeo Fonte CICHINELLI 2007

rreira acuacutestica curva em concreto e eira acuacutestica metaacutelica na estrada entre CICHINELLI 2007

da Rodovia Bandeirantes no estado 2007

da sonora a partir de uma barreira uacutestica Fonte GERGES 2000

barreira acuacutestica metaacutelica instalada arreira acuacutestica em concreto e acriacutelico INELLI 2007

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 228 ndash Rua da Aurora no Bairro da Boa Vista na cidade do Recife configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fontehttpmaiovinteeseisblogspotcom2007_ 11_01_archivehtml Acesso em 080409

Figura 229 ndash Alguns trechos da Avenida Atlacircntica no Bairro de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro tambeacutem configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fonte httpwwwtravelpodcomtravel-photoorlanworldtrip200711 71589400avenida-atlantica-along-copacabana-beachjpgtpodhtml Acesso em 080409

aleacutem de funcionarem como barreiras acuacutesticas

espontacircneas ou natildeo intencionais tambeacutem

conformam um espaccedilo acuacutestico aberto em

ldquoLrdquo e pouco permeaacutevel ao ruiacutedo (Figura 228 e

229)

A partir da discussatildeo dos espaccedilos acuacutesticos e

da permeabilidade acuacutestica evidencia-se que a

interaccedilatildeo entre os diversos elementos que

compotildeem a forma urbana - o traccedilado e perfis

das vias o modo de implantaccedilatildeo das

edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as

proporccedilotildees densidade e maneira de ocupaccedilatildeo

das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de

espaccedilos livres ndash contribui determinantemente

para a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano

atraveacutes de muacuteltiplas reflexotildees do

espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave

fonte geradora de campos sonoros

reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de

aacutereas de sombra

Isto posto se o ruiacutedo urbano eacute considerado

um sistema composto essencialmente pela fonte

sonora pelo meio de propagaccedilatildeo e pelo receptor (LANG e BERANEK 1992 ANDERSON e

KURZE 1992) a forma urbana considerada a partir dos elementos que a compotildeem enquanto

percurso de transmissatildeo delineia influencia e determina em certa medida a trajetoacuteria de

propagaccedilatildeo da onda sonora19 Ou seja a forma urbana por meio das caracteriacutesticas singulares

apresentadas pelos seus elementos componentes iraacute influenciar o comportamento da propagaccedilatildeo

da onda sonora no meio urbano

19 ldquoEm certa medidardquo pois existem outros fatores que tambeacutem influenciam a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano mas a discussatildeo sobre a consideraccedilatildeo ou natildeo destes outros fatores seraacute melhor construiacuteda no proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito alto por elevada densidade de

ocupaccedilatildeo das quadras e por vias estreitas por exemplo tende em tese a ser menos permeaacutevel ao

ruiacutedo dificultando a propagaccedilatildeo sonora para outras aacutereas Tende ainda a criar espaccedilos

reverberantes ou semi-reverberantes com o niacutevel de pressatildeo sonora elevado em praticamente

todos os pontos de reflexatildeo com perdas miacutenimas ateacute a onda sonora alcanccedilar o topo das

edificaccedilotildees e direcionar-se a campo livre Por conseguinte este comportamento tende a propiciar

dependendo ainda da relaccedilatildeo com a fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano indesejaacutevel e

insalubre aos receptores existentes nas edificaccedilotildees daquela via

Jaacute uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito baixo por baixa densidade de

ocupaccedilatildeo das quadras e por vias largas tende teoricamente a ser mais permeaacutevel ao ruiacutedo

facilitando sua propagaccedilatildeo Por outro lado natildeo gera espaccedilos acuacutesticos propiacutecios a muacuteltiplas

reflexotildees fazendo com que a onda sonora encontre mais rapidamente o campo livre facilitando

sua dissipaccedilatildeo e propiciando dependendo ainda da fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano

desejaacutevel aos seus receptores

Deste modo a existecircncia de diferenccedilas e particularidades dos elementos que compotildeem as

distintas formas urbanas proporciona os mais diversificados comportamentos acuacutesticos de

propagaccedilatildeo sonora nos mais diferentes meios urbanos Ou seja do mesmo modo que cidades

bairros e ruas natildeo satildeo iguais entre si tampouco reproduziacuteveis em sua essecircncia o comportamento

acuacutestico tambeacutem natildeo seraacute ao contraacuterio constituiraacute um atributo exclusivo de cada espaccedilo urbano

Mas se para cada espaccedilo urbano existe um comportamento acuacutestico especiacutefico como deveraacute se

comportar a propagaccedilatildeo sonora de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de

modificaccedilotildees em elementos de sua forma urbana Em outras palavras como se comportaraacute a acuacutestica

urbana de um determinado local a partir do processo cronoloacutegico de modificaccedilotildees em sua forma urbana

Nos capiacutetulo que se segue Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas seratildeo apresentadas os percursos

investigativos que foram postos em praacutetica em busca de responder a este questionamento

Figura 514 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1997 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 96

Figura 515 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash A edificaccedilotildees propiciam muacuteltiplas reflexotildees a partir de suas fachadas expostas agraves fontes sonoras influenciando na propagaccedilatildeo da onda sonora de modo distinto ao que seria essa propagaccedilatildeo em campo livre conforme indicado nos mapas acuacutesticos p97

Figura 516 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Idem p 97

Figura 517 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 98

Figura 518 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 98

Figura 519 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash As edificaccedilotildees soacute geram muacuteltiplas reflexotildees a partir de suas fachadas expostas agraves fontes sonoras transpondo estas fachadas as edificaccedilotildees passam a atuar enquanto barreiras acuacutesticas para a onda sonora minimizando o ruiacutedo no interior das quadras como indica-se no mapa acuacutestico p 99

Figura 520 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Idem p 99

Figura 521 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 100

Figura 522 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 100

Figura 523 ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim em 2009 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Em 2009 o adensamento das quadras diminuiu consideravelmente a presenccedila de ilhas de sombra acuacutestica p101

Figura 524 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem em 2009 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 102

Figura 525 e 526 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash As ilhas de sombra em 1997 favoreciam as residecircncias unifamiliares e multifamiliares de gabarito baixo existentes que se situavam em seus interiores Em 2009 estas ilhas foram praticamente suprimidas pela presenccedila de pavimentos destinados as garagens das novas edificaccedilotildees verticais de gabarito alto como ilustram as setas em preto p103

Figura 527 e 528 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash Idem p 103

Figura 529 e 530 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash O contorno preto ilustra a modificaccedilatildeo da propagaccedilatildeo das ondas sonoras a partir da influecircncia do aumento da densidade das quadras e verticalizaccedilatildeo das edificaccedilotildees Em 1971 a caracteriacutestica predominante assemelha-se a propagaccedilatildeo em campo livre Jaacute em 1981 percebem-se irregularidades no contorno devido a reflexotildees da onda sonora nas edificaccedilotildees p 104

Figura 531 e 532 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash 1997 apresentou o melhor comportamento acuacutestico entre os mapas elaborados Nesta data as edificaccedilotildees atuaram mais enquanto barreiras acuacutesticas do que como objetos reflexivos da onda sonora Jaacute em 2009 o aumento do adensamento e da verticalizaccedilatildeo possibilitou o excesso de muacuteltiplas reflexotildees nas fachadas das edificaccedilotildees como delineia o contorno extremamente irregular da propagaccedilatildeo sonora ilustrado na imagem abaixo p 104

Figura 533 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Apesar de proporcionar um aumento no niacutevel de pressatildeo sonora equivalente em 2009 o adensamento e verticalizaccedilatildeo das edificaccedilotildees tambeacutem trouxeram benefiacutecios pontuais na praccedila Walt Disney como ilustram as imagens as edificaccedilotildees atuaram como barreiras acuacutesticas reduzindo em relaccedilatildeo a 1997 o niacutevel de pressatildeo sonora equivalente que atinge as edificaccedilotildees de seu entorno Contudo p 105

Figura 534 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash as fachadas voltadas para esta reduccedilatildeo de niacutevel de pressatildeo sonora equivalente satildeo fachadas de serviccedilo pouco aproveitando esta reduccedilatildeo p 105

Figura 535ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim na situaccedilatildeo hipoteacutetica futura e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash A situaccedilatildeo hipoteacutetica futura apresenta quadras muito mais adensadas do que nos anos anteriores reduzindo ainda mais a presenccedila de ilhas de sombra O pavimento representado no mapa eacute o destinado agraves garagens que ocupam praticamente todo o lote p 110

Figura 536 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem na situaccedilatildeo hipoteacutetica futura e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 111

Figura 537 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash A transformaccedilatildeo da forma urbana tanto na situaccedilatildeo hipoteacutetica como ilustram as imagens quanto em 2009 quando esteve associada ao adensamento e a verticalizaccedilatildeo intensificou os fenocircmenos acuacutesticos ocorridos no meio urbano do 3deg Jardim de Boa Viagem p 112

Figura 538 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 112

Figura 539 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Idem p 113

Figura 540 ndash Plantas Baixas ndash A situaccedilatildeo hipoteacutetica futura seguida de perto pelo mapa de 2009 apresentou o pior comportamento acuacutestico do 3deg Jardim e o mapa de 1997 apresentou o melhor entre os mapas elaborados nesta pesquisa conforme ilustra a siacutentese abaixo p 113

Figura 541 ndash Graacutefico da performance acuacutestica considerando o ano x o niacutevel de pressatildeo sonora equivalente (Leq) ndash O Graacutefico apresenta as variaccedilotildees de niacuteveis de pressatildeo sonora de alguns pontos escolhidos aleatoriamente nos mapas acuacutesticos elaborados (Figura 541) Em 1997 as quedas das curvas de variaccedilatildeo do graacutefico corroboram a tendecircncia desta data ter apresentado o mapa acuacutestico com o melhor comportameno acuacutestico entre os mapas elaborados por esta pesquisa p 114

Figura 542 ndash Locaccedilatildeo dos pontos utilizados para elaboraccedilatildeo do graacutefico de performance acuacutestica p 114

Figura 543 ndash Graacutefico comparativo de niacuteveis de emissatildeo sonora permitidos ndash O graacutefico apresenta uma comparaccedilatildeo entre os niacuteveis de emissatildeo sonora permitidos em alguns paiacuteses entre a WHO ISO e ABNT e entre a Lei do silecircncio e o coacutedigo do Meio Ambiente e Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife O graacutefico evidencia que a cidade do Recife e o estado de Pernambuco praticam niacuteveis muito acima do recomendado por outras entidades normativas p 121

Figura 544 ndash Planta Baixa ndash Mapa acuacutestico simulando uma situaccedilatildeo onde o fluxo de veiacuteculos seja o dobro do encontrado atualmente no 3deg Jardim de Boa Viagem (2009) apresentando altos niacuteveis de poluiccedilatildeo sonora p 122

Figura 545 a 548 ndash Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Idem p 122

Figura 549 ndash Planta Baixa ndash Mapa acuacutestico simulando uma situaccedilatildeo onde seja implantado rodiacutezio de veiacuteculos com uma reduccedilatildeo de 30 do valor total do fluxo de veiacuteculos atualmente encontrado no 3deg Jardim de Boa Viagem (2009) p 123

Figura 550 a 553 ndash Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Idem p 123

Figura 554 ndash Planta Baixa ndash Mapa acuacutestico simulando uma situaccedilatildeo onde seja implantado aleacutem do rodiacutezio de veiacuteculos com reduccedilatildeo de 30 no fluxo atual de veiacuteculos um corredor de transporte puacuteblico na Av Domingos Ferreira e restriccedilatildeo de traacutefego de veiacuteculos pesados apenas nesta via p 124

Figura 555 a 558 ndash Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Idem p 124

LISTA DE TABELAS

Tabela 21 ndash Os niacuteveis de pressatildeo sonora e suas consequumlecircncias fisioloacutegicas no homem Em alguns casos podem a intensidade das reaccedilotildees fisioloacutegicas podem variar dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora p 35

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO

2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

21 A Forma Urbana e seus Elementos Componentes____________

22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais_____________

3 CONSIDERACcedilOtildeES METODOLOacuteGICAS

31 3deg Jardim de Boa Viagem enquanto Estudo de Caso_________

32 Mapeamento Acuacutestico enquanto Instrumento de Pesquisa_

33 Procedimentos Metodoloacutegicos__________________________________

331 1deg Etapa Pesquisa Documental Primaacuteria e Secundaacuteria _____

332 2deg Etapa Pesquisa Piloto_____________________________________

333 3deg Etapa Estudo de Campo__________________________________

334 4deg Etapa mapeamento acuacutestico_____________________________

4 TRANSFORMACcedilOtildeES DO 3deg JARDIM E SUA RELACcedilAtildeO COM

O PROCESSO DE OCUPACcedilAtildeO DO BAIRRO DE BOA

VIAGEM

5 COMPORTAMENTO ACUacuteSTICO DO 3degJARDIM DE BOA

VIAGEM

51 Comportamento Acuacutestico do 3deg Jardim de Boa Viagem a

partir das Modificaccedilotildees Cronoloacutegicas em sua Forma

Urbana______________________________________________________________

52 Comportamento Acuacutestico do 3deg Jardim de Boa Viagem em

relaccedilatildeo ao Coacutedigo do Meio Ambiente e Equiliacutebrio Ecoloacutegico

do Recife agrave ldquoLei do Silecircnciordquo e a outras Entidades

Normativas_________________________________________________________

53 Ausecircncia de Accedilotildees versus Presenccedila de Accedilotildees em Busca

de um Melhor Comportamento Acuacutestico para o 3deg Jardim

de Boa Viagem____________________________________________________

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

7 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

128

134

115

107

81

80

65

60

59

56

55

55

52

49

46

31

22

22

17

CAPIacuteTULO 1

A pesquisa eacute talvez a arte de se criar dificuldades fecundas e de criaacute-las para os

outros Nos lugares onde havia coisas simples faz-se aparecer problemas

Pierre Bourdieu

____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO

17

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

1 INTRODUCcedilAtildeO

Um grito estridente lanccedilado em um meio urbano envolto nos ldquomais modernosrdquo e descomunais

arranha-ceacuteus desconfortavelmente ouvido nos mais remotos pavimentos de um deles foi agrave

centelha motivadora para as ideacuteias e discussotildees que permeiam esta pesquisa Este grito mal

recebido pelo receptor pode ser considerado uma das diversas formas da profusatildeo de ruiacutedos que

cada vez mais se tornam elementos onipresentes da vida contemporacircnea

Tal profusatildeo de ruiacutedos atualmente encontrados nos centros urbanos estaacute intimamente vinculada

ao crescimento acelerado das cidades que possibilitaram o aumento e uma maior concentraccedilatildeo da

populaccedilatildeo urbana acarretando em raacutepidas transformaccedilotildees no meio de propagaccedilatildeo do ruiacutedo

urbano aleacutem do aumento e uma maior concentraccedilatildeo dos diversos tipos de fontes sonoras que o

geram

Embora esteja estreitamente relacionado ao raacutepido desenvolvimento das cidades o ruiacutedo urbano

natildeo deve ser considerado como uma consequumlecircncia incidental da accedilatildeo humana em busca de

progresso e por isso inevitaacutevel tampouco toleraacutevel Ao contraacuterio deve ser entendido como uma

das consequumlecircncias prejudiciais deste desenvolvimento que pode causar diversos males fisioloacutegicos

e psicoloacutegicos ao citadino e assim sendo deve ser veementemente prevenido e mitigado

A fim de encontrar maneiras que possibilitem sua prevenccedilatildeo e mitigaccedilatildeo o ruiacutedo urbano pode

ser entendido como um sistema composto essencialmente pela fonte sonora ndash meio de propagaccedilatildeo ndash

receptor Dentre estas trecircs partes componentes do sistema o meio de propagaccedilatildeo pode ser

considerado como um dos menos investigados e onde as accedilotildees contra o ruiacutedo satildeo menos

concentradas (SINGAL 2005)

Esta inobservacircncia da importacircncia do meio urbano enquanto percurso de propagaccedilatildeo sonora

pode estar vinculada agrave dificuldade de intervir em meios de propagaccedilatildeo consolidados como satildeo

fundamentalmente os grandes centros urbanos Daiacute a relevacircncia em compreender a acuacutestica

urbana a partir de seu meio propagador pois uma vez consolidado o meio raras satildeo as

intervenccedilotildees possiacuteveis para minimizar o ruiacutedo urbano a partir desta parte componente do sistema

fonte ndash meio ndash receptor restando essencialmente accedilotildees preventivas

____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO

18

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Outro fator que evidencia o grande valor em compreender a acuacutestica urbana a partir de seu meio

de propagaccedilatildeo eacute o potencial que o meio urbano possui em influenciar a trajetoacuteria da propagaccedilatildeo

sonora Esta influecircncia acontece atraveacutes da forma que este meio apresenta ou seja a forma urbana

atraveacutes de seus elementos componentes e enquanto percurso de transmissatildeo delineia influencia e

determina em certa medida a trajetoacuteria de propagaccedilatildeo da onda sonora

Assim sendo a interaccedilatildeo entre os diversos elementos que compotildeem a forma urbana - o traccedilado e

perfis das vias o modo de implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as proporccedilotildees

densidade e maneira de ocupaccedilatildeo das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres ndash

contribui determinantemente para caracterizaccedilatildeo da propagaccedilatildeo sonora no meio urbano atraveacutes

de muacuteltiplas reflexotildees do espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave fonte geradora de

campos sonoros reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de aacutereas de sombra

Esta interaccedilatildeo entre os elementos da forma urbana e a propagaccedilatildeo sonora ocorre a partir da

diversidade e singularidade existente nos variados meios urbanos igualmente proporcionando os

mais particulares comportamentos acuacutesticos Isto eacute para cada meio urbano existem caracteriacutesticas

particulares inerentes agrave sua forma urbana que geram um comportamento acuacutestico igualmente

especiacutefico exclusivo e vinculado a esta forma urbana

Apesar deste atrelamento entre a acuacutestica urbana e a forma urbana esta relaccedilatildeo natildeo eacute

suficientemente pesquisada e quando eacute satildeo enfocadas prioritariamente situaccedilotildees presentes de

comportamento acuacutestico eou no maacuteximo hipoacuteteses futuras tambeacutem chamadas de prediccedilatildeo

acuacutestica Aleacutem disso natildeo foram encontradas referecircncias ateacute o presente momento de investigaccedilotildees

que priorizem a apreciaccedilatildeo da acuacutestica urbana e sua relaccedilatildeo com as modificaccedilotildees ao longo do tempo da

forma urbana

Isto posto considerando esta ausecircncia de pesquisas e considerando que para cada espaccedilo urbano

existe um comportamento de propagaccedilatildeo sonora especiacutefico o presente estudo se propocircs a

investigar o comportamento acuacutestico de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de

modificaccedilotildees em sua forma urbana

Para isso admitiu-se que a propagaccedilatildeo de uma mesma fonte sonora em um mesmo espaccedilo urbano

que tenha sofrido ao longo de um processo cronoloacutegico modificaccedilotildees em sua forma urbana

implicaria em diferentes comportamentos em sua acuacutestica urbana para as diferentes datas deste

processo Esta suposiccedilatildeo possibilitou a anaacutelise do comportamento acuacutestico atraveacutes das

____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO

19

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

modificaccedilotildees cronoloacutegicas da forma urbana a partir da articulaccedilatildeo de trecircs variaacuteveis - a fonte sonora

a forma urbana e a acuacutestica urbana Estas variaacuteveis foram consideradas tendo o estudo de caso

enquanto estrateacutegia de pesquisa

O caso escolhido para esta investigaccedilatildeo foi o loteamento 3deg Jardim de Boa Viagem tanto por

representar uma parcela bem delimitada das raacutepidas e recentes transformaccedilotildees ocorridas na

forma urbana do bairro de Boa Viagem quanto por permitir ilustrar o comportamento acuacutestico

em um encadeamento evolutivo do iniacutecio de sua ocupaccedilatildeo recente ateacute os dias atuais

Para compor tal encadeamento evolutivo foram selecionados os anos de 1971 data escolhida por

caracterizar o princiacutepio da ocupaccedilatildeo do 3deg Jardim 1981 e 1997 por representarem datas de

registro de fotografias aeacutereas do bairro de Boa Viagem existentes na base de dados da

CONDEPE-FIDEM Agecircncia Estadual de Planejamento e Pesquisas de Pernambuco 2009 por

representar a realidade atualmente encontrada no 3deg Jardim e uma simulaccedilatildeo de situaccedilatildeo

hipoteacutetica futura de modificaccedilatildeo na forma urbana

Isto posto com o intuito de analisar o comportamento da acuacutestica urbana do 3deg Jardim de Boa

Viagem a partir de modificaccedilotildees cronoloacutegicas em sua forma urbana foram executados os

seguintes objetivos especiacuteficos (I) identificar as caracteriacutesticas configuraccedilotildees e transformaccedilotildees da

forma urbana ocorridas no 3deg Jardim de Boa Viagem nos anos de 1971 1981 1997 e 2009 a

partir de seu processo de ocupaccedilatildeo (II) elaborar mapas acuacutesticos dos niacuteveis atuais (2009) de

pressatildeo sonora equivalente do 3deg Jardim (III) elaborar mapas acuacutesticos do 3deg Jardim nos anos de

1971 1981 1997 e de situaccedilatildeo hipoteacutetica futura a partir da consideraccedilatildeo dos niacuteveis atuais (2009)

de pressatildeo sonora equivalente do 3deg Jardim

Em busca de expor sistematicamente seu desenvolvimento a presente investigaccedilatildeo foi

estruturada do seguinte modo

O presente capiacutetulo 1 introduz e antecipa brevemente a discussatildeo que seraacute realizada ao longo

desta pesquisa

O capiacutetulo 2 aborda dois aspectos principais O primeiro deles desenvolve o conceito de forma

urbana e seus elementos componentes a partir dos autores Joseacute Lamas (2004) Philippe Panerai

(2006) e Vicente Del Rio (1990) Busca elucidar que a apreensatildeo da forma urbana eacute complexa e

envolve diversificadas abordagens e enfoques sociais econocircmicos histoacutericos e culturais para

entatildeo indicar que a presente pesquisa lanccedilaraacute um olhar para a forma urbana essencialmente a

____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO

20

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

partir de seu aspecto fiacutesico e material recorte necessaacuterio para a anaacutelise do comportamento

acuacutestico urbano

O segundo aspecto abordado no capiacutetulo 2 diz respeito agrave definiccedilatildeo teoacuterica do conceito da

acuacutestica urbana e de suas diversificadas implicaccedilotildees e interfaces quando o som eacute propagado em

meio urbano Busca evidenciar os fenocircmenos que ocorrem a partir da interaccedilatildeo entre a forma

urbana e a acuacutestica urbana indicando que a influecircncia da forma urbana eacute determinante para o

comportamento da acuacutestica urbana

O capiacutetulo 3 eacute dedicado ao percurso investigativo desta pesquisa evidenciando sua metodologia e

procedimentos metodoloacutegicos apresentando o 3deg Jardim enquanto estudo de caso o

mapeamento acuacutestico enquanto instrumento de pesquisa e detalhando as etapas operacionais

deste estudo Este capiacutetulo evidencia ainda o processo de elaboraccedilatildeo dos modelos e mapas

acuacutesticos da forma urbana existente no 3deg Jardim em cada uma das datas estudadas aleacutem da

situaccedilatildeo hipoteacutetica futura e discute o software Predictor utilizado para este mapeamento

O capiacutetulo 4 diz respeito ao processo de ocupaccedilatildeo do bairro de Boa Viagem e sua relaccedilatildeo com as

transformaccedilotildees urbanas ocorridas no 3deg Jardim Busca-se identificar as caracteriacutesticas

configuraccedilotildees e transformaccedilotildees ocorridas na forma urbana do 3deg Jardim que possibilitem o

entendimento cronoloacutegico destas modificaccedilotildees dando suporte a elaboraccedilatildeo e anaacutelise dos mapas

acuacutesticos

O capiacutetulo 5 analisa o comportamento da acuacutestica urbana identificado nos mapas acuacutesticos

elaborados do 3deg Jardim a partir das modificaccedilotildees ocorridas em sua forma urbana nos anos de

1971 1981 1997 e 2009 aleacutem de uma situaccedilatildeo hipoteacutetica futura (prediccedilatildeo acuacutestica) Neste capiacutetulo

discute-se ainda o comportamento do 3deg Jardim em relaccedilatildeo agrave legislaccedilatildeo municipal que regula as

emissotildees sonoras na cidade do Recife e no estado de Pernambuco e sua relaccedilatildeo com os niacuteveis

recomendados por outras entidades normativas e indica-se possiacuteveis accedilotildees para melhoria no

comportamento acuacutestico do 3deg Jardim bem como as possiacuteveis consequumlecircncias acuacutesticas da

ausecircncia de tais accedilotildees

Por fim no capiacutetulo 6 satildeo apresentadas as consideraccedilotildees finais acerca do comportamento acuacutestico

do 3deg Jardim e satildeo indicados novos rumos de pesquisa a respeito da acuacutestica urbana

CAPIacuteTULO 2

A arquitetura eacute uma muacutesica petrificada

Arthur Schopenhauer

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

22

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

Analisar o comportamento da acuacutestica urbana ainda que a partir das modificaccedilotildees da forma

urbana faz com que esta pesquisa trate essencialmente da acuacutestica urbana No entanto este

comportamento esta sujeito aos diversificados modos de apreensatildeo da forma urbana e de seus

elementos componentes bem como ao modo como esta pesquisa os consideraraacute

Assim sendo o primeiro item deste capiacutetulo expotildee o conceito de forma urbana e de algumas de

suas relaccedilotildees discutido agrave luz de LAMAS (2004) de PANERAI (2006) e DEL RIO (1990)

indicando em seguida o que esta pesquisa consideraraacute como forma urbana

Certamente discussatildeo em torno da produccedilatildeo de outros autores poderia ser elaborada No

entanto o primeiro item deste capiacutetulo natildeo pretende representar uma revisatildeo bibliograacutefica acerca

do estudo da forma urbana e suas relaccedilotildees pretende sim construir uma discussatildeo em torno dos

trecircs autores selecionados que culmine no conceito de forma urbana que seraacute considerado por esta

pesquisa para possibilitar olhar para suas modificaccedilotildees cronoloacutegicas a fim de compreender o

comportamento da acuacutestica urbana

Apoacutes este delineamento no segundo item deste capiacutetulo discute-se a acuacutestica urbana e suas

relaccedilotildees conceituais com os diversos elementos e implicaccedilotildees da propagaccedilatildeo sonora em meio

urbano e como eles relacionam-se influenciando em seu comportamento

21 A Forma Urbana e seus Elementos Componentes

Segundo LAMAS (2004) estudar a forma urbana compreende examinar as configuraccedilotildees e as

estruturas exteriores de determinados objetos de suas formas interligando-as com os fenocircmenos

que lhes deram origem Assim sendo a forma urbana pode ser definida como sendo o

[] modo como se organizam os elementos morfoloacutegicos que constituem e definem o espaccedilo urbano relativamente agrave materializaccedilatildeo dos aspectos de

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

23

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 21 ndash Diferentes aspectos quantitativos relacionados a diversificadas formas urbanas Fonte LAMAS 2004

organizaccedilatildeo funcional e quantitativa e dos aspectos qualitativos e figurativos (LAMAS 2004 p 44) 1

Dentre estes aspectos os quantitativos satildeo agravequeles da realidade urbana que podem ser

quantificaacuteveis tais como densidades superfiacutecies fluxos coeficientes volumeacutetricos entre outros

(Figura 21) os de organizaccedilatildeo funcional satildeo agravequeles que se relacionam com as atividades

humanas tais como habitar e trabalhar e agravequeles relacionados ao modo de uso especiacutefico de uma

aacuterea ndash residencial comercial industrial entre outros os qualitativos referem-se ao tratamento dos

espaccedilos ao conforto e a comodidade do utilizador tais como adaptaccedilatildeo ao clima acessibilidade

estado da pavimentaccedilatildeo entre outros por fim os aspectos figurativos dizem respeito a

essencialmente a comunicaccedilatildeo esteacutetica (LAMAS 2004)

Pode-se considerar que ao olhar para forma urbana e em especiacutefico para suas modificaccedilotildees

cronoloacutegicas com o intuito de compreender o comportamento da acuacutestica urbana esta pesquisa

relaciona-se tanto aos aspectos qualitativos a partir do conforto acuacutestico dos receptores das

ondas sonoras em meio urbano quanto aos

aspectos quantitativos uma vez que este

comportamento acuacutestico em meio urbano eacute

quantificaacutevel em decibels (dB)

Embora estes aspectos envolvam grande parte

das singularidades inerentes a forma urbana

esta definiccedilatildeo parece ainda natildeo abarcar outras

particularidades sociais econocircmicas histoacutericas

e culturais igualmente envolvidas no

entendimento da concepccedilatildeo da forma urbana

isto eacute resta ainda a consideraccedilatildeo de que esta

forma urbana natildeo acontece

independentemente dos grupos sociais que a

produzem (PANERAI 2006)

Satildeo essencialmente estas particularidades que

impulsionam ou amortecem a transformaccedilatildeo

1 Para todas as citaccedilotildees deste autor natildeo seratildeo consideradas adaptaccedilotildees na liacutengua do paiacutes de origem - Portugal - permanecendo o texto original

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

24

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

dos elementos que compotildeem a forma urbana ndash a adiccedilatildeo de novos de traccedilados a um jaacute existente

ou sua superposiccedilatildeo seus conflitos o parcelamento de parques e ocupaccedilatildeo de espaccedilos livres a

renovaccedilatildeo da massa edificada seu lento adensamento e verticalizaccedilatildeo segundo uma especulaccedilatildeo

despretensiosa ou sua substituiccedilatildeo por vastos empreendimentos sob influecircncia de uma

especulaccedilatildeo bem mais expressiva (PANERAI 2006) isto eacute faz parte da apreensatildeo da forma

urbana uma complexidade que envolve um processo de acumulaccedilatildeo de enfoques e observaccedilotildees

sociais econocircmicas histoacutericas e culturais que englobam muito mais do que apenas sua forma

fiacutesica

Estas particularidades especialmente as sociais parecem um pouco mais delineadas nas

consideraccedilotildees feitas por DEL RIO (1990) que considera o espaccedilo urbano a partir da apropriaccedilatildeo

social que se faz dele estabelecendo que em relaccedilatildeo ao estudo da forma urbana a cidade pode

ser compreendida a partir de trecircs niacuteveis organizacionais o coletivo o comunitaacuterio e o individual

O niacutevel coletivo eacute regido sob uma loacutegica estruturadora percebida inconscientemente e

coletivamente e eacute composto pelos elementos2 do tecido que possuem uma permanecircncia maior ao

longo do tempo o niacutevel comunitaacuterio diz respeito aos elementos com significados especiais apenas

para um pequeno grupo da populaccedilatildeo como o bairro por exemplo jaacute o niacutevel individual expressa

significados individuais como a residecircncia e seu espaccedilo circundante e por seu caraacuteter individual eacute

o que apresenta maior rapidez nas modificaccedilotildees (DEL RIO 1990)

Mas LAMAS (2004) ao defender sua definiccedilatildeo para forma urbana natildeo soacute possuiacutea ciecircncia destas

outras particularidades explicitadas por PANERAI (2006) e DEL RIO (1990) ndash sociais

econocircmicas histoacutericas e culturais ndash envolvidas na concepccedilatildeo de forma urbana como optou em

natildeo apreciaacute-las

[] um primeiro grau de leitura da cidade eacute eminentemente fiacutesico-espacial e morfoloacutegico portanto especiacutefico da arquitectura e o uacutenico que permite evidenciar a diferenccedila entre este e outro espaccedilo entre esta e aquela forma e explicar as caracteriacutesticas de cada parte da cidade A estes se juntam outros niacuteveis de leitura que revelam diferentes conteuacutedos (histoacutericos econoacutemicos sociais e outros) Mas este conjunto de leituras soacute eacute possiacutevel porque a cidade existe como facto fiacutesico e material Todos os instrumentos de leitura lecircem o mesmo objecto ndash o espaccedilo fiacutesico a FORMA URBANA (LAMAS 2004 p 31 grifo do autor) Eacute fundamentalmente a dimensatildeo fiacutesica e morfoloacutegica da cidade que me preocupa [] (LAMAS 2004 p 31)

2 Estes elementos seratildeo discutidos em paraacutegrafos mais adiante

____________________________________________

ANAacuteLISE D

Na verdade esta opccedilatildeo em

urbana considerando-a essen

de seu aspecto fiacutesico e m

convenientemente ao obje

presente pesquisa analisar

da acuacutestica urbana a partir

cronoloacutegicas na forma urba

esta anaacutelise do compor

implica em uma apropriaccedil

fiacutesica e material destas modif

Certamente a busca pela ap

urbana envolve muito

simplesmente sua forma

como jaacute aclarado No entan

da anaacutelise proposta por

apreensatildeo em totalid

fundamentalmente necessaacuter

apropriaccedilatildeo da forma urban

material ou uma variaacutevel fiacutes

finalidade derradeira de

comportamento acuacutestico

modificaccedilotildees nesta forma

Ao entender a observaccedilatildeo

essencialmente em seu aspec

(2004) propocircs uma classifica

dimensotildees

bull A dimensatildeo setorial

refere-se agrave menor u

do espaccedilo urbano co

uma praccedila ou uma

ponto o observador

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 24 ndash A cidadeo texemplificada por meio da cidadLAMAS 2004

Figura 23 ndash O bairro a escala ucidade portuguesa de Tavira Fonte

Figura 22 ndash Praccedila da Alagoa na ca dimensatildeo setorial Fonte LAMA

em observar a forma

sencialmente a partir

material responde

bjetivo primeiro da

ar o comportamento

rtir de modificaccedilotildees

rbana uma vez que

ortamento acuacutestico

riaccedilatildeo genuinamente

dificaccedilotildees

apreensatildeo da forma

o mais do que

a fiacutesica e material

tanto para realizaccedilatildeo

or este estudo tal

alidade natildeo eacute

saacuteria o que torna a

bana quase um meio

l fiacutesica para atingir a

e compreensatildeo do

a partir de

atildeo da forma urbana

pecto fiacutesico LAMAS

icaccedilatildeo em escalas ou

ndash a escala da rua

r unidade ou porccedilatildeo

como por exemplo

a rua onde de um

dor pode abarcar a

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

25

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

territoacuterioa dimensatildeo territorial dade portuguesa de Tavira Fonte

a urbana exemplificada por meio da nte LAMAS 2004

na cidade portuguesa de Tavira ilustra MAS 2004

____________________________________________

ANAacuteLISE D

unidade espacial d

(Figura 22)

bull A dimensatildeo urbana ndash

corresponde agraves pa

identificaacuteveis como

exemplo onde a

elementos da forma

atraveacutes do movime

percursos (Figura 23

bull E por fim a dimensatildeo

da cidade diz respeito

diferentes formas

articulaccedilatildeo de bai

entre si Sua forma

distribuiccedilatildeo de eleme

das cidades em con

suporte geograacutefico d

a articulaccedilatildeo de

circulaccedilatildeo entre os

entre zonas habitacio

entre outras (Figura 2

Dentre estas dimensotildees a u

bairro desperta particular

pesquisa uma vez que o e

limites de observaccedilatildeo atraveacute

de movimentos poderaacute aba

significante de modificaccedilotildee

forma urbana de determina

compreender o comport

acuacutestica urbana

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 25 ndash Exemplos de diversiflotes quarteirotildees e vias em difereNesta imagem um recorte do CONDEPE-FIDEM 1981

Figura 26 ndash Exemplos de diversiflotes quarteirotildees e vias em difereNesta imagem um recorte do baorigens da cidade entrecortadoBarreto Fonte CONDEPE-FIDE

Figura 27 ndash Exemplos de diveredifiacutecios lotes quarteirotildees e vias eRecife Nesta imagem um recessencialmente por morros o AltoFIDEM 1981

de seu conjunto

ndash a escala do bairro

partes homogecircneas

mo os bairros por

a observaccedilatildeo dos

a urbana eacute realizada

imento e de vaacuterios

23)

nsatildeo territorial ndash a escala

eito agrave articulaccedilatildeo de

as urbanas da

bairros interligados

ma eacute definida pela

mentos estruturantes

onformidade com o

o do siacutetio tais como

e ruas e vias de

s diferentes bairros

cionais e comerciais

a 24)

a urbana ndash escala do

lar interesse desta

o entendimento dos

veacutes de certo nuacutemero

barcar uma amostra

otildees cronoloacutegicas na

inado local a fim de

ortamento de sua

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

26

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

rsificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios erentes bairros da cidade do Recife o bairro de Boa Viagem Fonte

rsificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios erentes bairros da cidade do Recife bairro de Satildeo Joseacute que remete agraves do pela recente Avenida Dantas DEM 1981

versificadas concretizaccedilotildees entre os em diferentes bairros da cidade do

recorte de um bairro constituiacutedo lto do Mandu Fonte CONDEPE-

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

No entanto para apreender tal dimensatildeo devem-se conhecer e estabelecer quais elementos

miacutenimos da forma urbana que se relaciona com esta a dimensatildeo urbana e quais satildeo estes

elementos LAMAS (2004) propocircs onze elementos da forma urbana necessaacuterios para esta

apreensatildeo o solo (I) o edifiacutecio (II) o lote (III) o logradouro (IV) o quarteiratildeo (V) o traccediladoa

rua(VI) a praccedila (VII) a fachada (VIII) o monumento (IX) a vegetaccedilatildeo (X) e o mobiliaacuterio

urbano (XI) Dentre estes elementos seis possuem uma estreita relaccedilatildeo com esta pesquisa e

seratildeo expostos de acordo com consideraccedilotildees observadas por LAMAS 3 (2004) (Figuras 25 a 27)

O edifiacutecio representa o elemento miacutenimo identificaacutevel na observaccedilatildeo da forma urbana eacute atraveacutes

dele que se constitui o espaccedilo urbano e se organizam diferentes elementos tais como ruas praccedilas

avenidas entre outros Os edifiacutecios agrupam-se em diferentes tipos tanto em relaccedilatildeo a suas

formas quanto a suas funccedilotildees Estes elementos podem influenciar o comportamento da acuacutestica

urbana atuando enquanto objetos reflexivos da onda sonora e como barreiras acuacutesticas4

O lote representa o princiacutepio da relaccedilatildeo do edifiacutecio com o terreno A forma do lote eacute muitas

vezes condicionante da forma do edifiacutecio tornando-os vinculados por essecircncia o logradouro diz

respeito ao espaccedilo livres e natildeo construiacutedos no interior do lote aos quintais e jardins o quarteiratildeo

ou quadra pode ser considerado como o espaccedilo resultante entre o cruzamento de trecircs ou mais

vias podendo ser demarcado em vaacuterios lotes para a construccedilatildeo de edifiacutecios Juntos estes trecircs

elementos associados aos edifiacutecios podem propiciar uma maior ou menor permeabilidade

acuacutestica eou uma maior ou menor presenccedila de aacutereas de sombra no meio urbano

O traccedilado por meio das ruas ou vias eacute facilmente identificaacutevel no meio urbano Estaacute muitas vezes

condicionado ao siacutetio geograacutefico existente regula a disposiccedilatildeo dos edifiacutecios e quarteirotildees e

interliga os vaacuterios espaccedilos componentes da cidade e a cidade ao territoacuterio Normalmente o

traccedilado resiste agraves transformaccedilotildees na forma urbana por possuir um caraacuteter de permanecircncia natildeo

totalmente modificaacutevel O traccedilado engloba trajetoacuterias e caminhos que natildeo satildeo necessariamente

percorridos atraveacutes de automoacuteveis apesar disso estaacute em grande parte vinculado a uma das

principais fontes geradoras de ruiacutedo urbano ndash o traacutefego de veiacuteculos

3 Os outros elementos tambeacutem podem relacionar-se de diferentes maneiras com a acuacutestica urbana mas nem tanto com a presente pesquisa e por isso natildeo foram considerados 4 Todas as definiccedilotildees e conceitos acuacutesticos apresentados no presente item seratildeo elucidados no item seguinte 22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 28 ndash Os trecircs conjuntos formadores do tecido urbano segundo Panerai (2006) Fonte PANERAI 2006

A praccedila eacute um espaccedilo de geometria variada

intencionalmente inserido no meio urbano

cuja relaccedilatildeo com o traccedilado e os edifiacutecios

tambeacutem eacute intencional evidenciada atraveacutes do

seu desenho e natildeo acidentais como

alargamento e confluecircncias do traccedilado Aleacutem

disso a praccedila eacute um lugar de encontro de

permanecircncia e de praacuteticas sociais

Acusticamente dependendo de suas

proporccedilotildees a propagaccedilatildeo sonora que envolve

uma praccedila pode apresentar um

comportamento que se assemelha a

propagaccedilatildeo sonora em campo livre

Estes elementos constituintes da forma urbana

conceituados por LAMAS (2004) podem ser

identificados sob um diferente invoacutelucro

conceitual mas com a mesma essecircncia no que

PANERAI (2006) definiu como sendo

conjuntos do tecido urbano

Aplicado agrave cidade o termo ldquotecidordquo evoca a continuidade e a renovaccedilatildeo a permanecircncia e a variaccedilatildeo Ele explica a constituiccedilatildeo das cidades antigas e responde as questotildees levantadas pelo estudo das urbanizaccedilotildees recentes Ele pressupotildee uma atenccedilatildeo tanto ao banal quanto ao excepcional tanto agraves ruas comuns e agraves edificaccedilotildees corriqueiras quanto agraves regulamentaccedilotildees e aos monumentos Dentre as muacuteltiplas definiccedilotildees de tecido urbano e sem desprezar suas qualidades escolhemos a mais simples O tecido urbano eacute constituiacutedo pela superposiccedilatildeo ou imbricaccedilatildeo de trecircs conjuntos a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees Essa definiccedilatildeo potildee em evidecircncia os elementos que permitem que as diferentes partes da cidade evoluam ao mesmo tempo em que satildeo mantidas a coesatildeo de conjunto e a clareza de sua estrutura (PANERAI 2006 p 77-78 grifo nosso) (Figura 28)

Ao contraacuterio de LAMAS (2004) que considera a praccedila como um elemento da forma urbana por

si soacute PANERAI (2006) discute as vias ou traccedilado inseridas em uma relaccedilatildeo em rede onde

tambeacutem satildeo considerados como partes constituintes os largos passeios praccedilas esplanadas cais

pontes rios canais margens praias todos compondo o espaccedilo puacuteblico Eacute atraveacutes desta rede

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

contiacutenua e hierarquizada que acontecem as distribuiccedilotildees e circulaccedilotildees da cidade bem como sua

organizaccedilatildeo local e territorial

Jaacute os parcelamentos fundiaacuterios constituem a representaccedilatildeo negativa5 da rede de vias que evidencia o

domiacutenio construiacutedo Este domiacutenio natildeo se limita aos edifiacutecios mas tambeacutem envolve paacutetios

quintais terrenos baldios (PANERAI 2006) Embora PANERAI(2006) considere separadamente

o exame das edificaccedilotildees sugere-se que este domiacutenio construiacutedo envolve quatro dos elementos da

forma urbana elencados por LAMAS (2004) o edifiacutecio o lote o logradouro e o quarteiratildeo

Para PANERAI (2006) as edificaccedilotildees ou edifiacutecios satildeo consideradas construccedilotildees subordinadas ao

espaccedilo puacuteblico ou seja a rede de vias sendo por ele estruturada e que acrescentam a dimensatildeo

vertical ao tecido urbano Tal subordinaccedilatildeo permite que haja uma dependecircncia reciacuteproca entre os

edifiacutecios ainda que eles pertenccedilam a eacutepocas diferentes fazendo com que sua renovaccedilatildeo aconteccedila

sem que haja grandes perdas na unidade do conjunto

Ao estruturar sua concepccedilatildeo dos elementos componentes da forma urbana DEL RIO (1990) eacute

bem mais sinteacutetico e objetivo mas assim como LAMAS (2000) e PANERAI (2006) seus

elementos possuem similaridades e ateacute repeticcedilotildees que praticamente reproduzem a mesma

essecircncia conceitual dos outros dois autores Estes elementos por serem estruturados tatildeo

objetivamente seratildeo apresentados em citaccedilatildeo direta satildeo eles

- crescimento os modos as intensidades e direccedilotildees elementos geradores e reguladores limites e superaccedilatildeo de limites modificaccedilatildeo de estruturas pontos de cristalizaccedilatildeo etc - traccedilado e parcelamento ordenadores do espaccedilo estrutura fundiaacuteria relaccedilotildees distacircncias circulaccedilatildeo e acessibilidade etc - tipologias dos elementos urbanos inventaacuterio e categorizaccedilatildeo de tipologias ediliacutecias (residecircncias comercio etc) de lotes e sua ocupaccedilatildeo de quarteirotildees e sua ocupaccedilatildeo de praccedilas esquinas etc - articulaccedilotildees relaccedilotildees entre elementos hierarquias domiacutenios do publico e privado densidades relaccedilotildees entre cheios e vazios etc (DEL RIO 1990 p 83 grifos do autor)

Dentre todos os elementos expostos a partir dos trecircs autores existe um importante fenocircmeno

relacionando-os em distintas intensidades e que merece ser considerado por influenciar

definitivamente na modificaccedilatildeo da forma urbana ndash o adensamento

5 No sentido de uma fotografia onde os claros e os escuros satildeo representados no negativo de modo contraacuterio ao do objeto fotografado

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 29 ndash O adensamento das ilhas do Bairro do Recife e de Santo Antocircnio (imagem) ocorreu tanto pelo preenchimento progressivo desde o inicio da ocupaccedilatildeo da cidade quanto por meio da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees anteriores Fontehttppedrodealbuquerquewordpresscomcategorypernambuco Acesso em 201109

O adensamento ocorre a partir de dois modos

essenciais de ocupaccedilatildeo o primeiro a partir do

preenchimento progressivo do espaccedilo urbano

e o segundo a partir da substituiccedilatildeo completa

por meio de demoliccedilatildeo de edificaccedilotildees

anteriores (PANERAI 2006) (Figura 29)

A primeira forma de adensamento ocorre sem

a expansatildeo territorial por meio do

preenchimento progressivo de todas as

reservas fundiaacuterias e espaccedilos livres de

determinado meio urbano Eacute um

adensamento inserido em limitesbarreiras

preacute-estabelecidos naturais ou natildeo tais como

uma via expressa irregularidades geograacuteficas

do siacutetio ou ainda numa escala menor a proacutepria quadra pode ser um limite para saturaccedilatildeo gradual

em seu interior desmembramento ou remembramento dos lotes para construccedilatildeo de novas

edificaccedilotildees verticalizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo de antigos quintais eou jardins (PANERAI 2006)

A segunda forma de adensamento acontece atraveacutes da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees

anteriormente existentes por novas construccedilotildees de maior porte tanto em relaccedilatildeo agrave ocupaccedilatildeo do

solo por meio do remembramento de lotes quanto em relaccedilatildeo ao seu gabarito Esta forma de

adensamento permite a renovaccedilatildeo do espaccedilo urbano sem aumentar sua aacuterea de abrangecircncia sem

sua expansatildeo (PANERAI 2006)

Ambas as formas de adensamento transformam essencialmente a forma urbana e o modo como

se relacionam seus elementos componentes A identificaccedilatildeo desta transformaccedilatildeo em determinado

meio urbano gerada pelo adensamento eacute indispensaacutevel para anaacutelise do comportamento da

acuacutestica urbana a partir de modificaccedilotildees na forma urbana deste mesmo meio uma vez que o

adensamento pode influenciar na propagaccedilatildeo sonora proporcionando uma maior quantidade de

objetos reflexivos de barreiras acuacutesticas e favorecendo a diminuiccedilatildeo da permeabilidade acuacutestica

Por fim a partir exposiccedilatildeo de determinados elementos considerados por LAMAS (2004) ndash o

edifiacutecio o lote o logradouro o quarteiratildeo o traccediladoa rua e a praccedila dos conjuntos considerados

por PANERAI (2006) ndash a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees dos

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

elementos considerados por DEL RIO (1990) ndash crescimento traccedilado e parcelamento tipologias

dos elementos urbanos e as articulaccedilotildees e em busca de atingir seu objetivo principal esta

pesquisa consideraraacute a forma urbana inserida em um recorte que a considera essencialmente a

partir de seu aspecto fiacutesico e material e cujos elementos componentes considerados seratildeo

exclusivamente

1 As parcelas fundiaacuterias ndash consideradas por meio das quadras e lotes incluindo sua relaccedilatildeo

de modo de ocupaccedilatildeo das edificaccedilotildees sua densidade e seus espaccedilos livres

2 As edificaccedilotildees ndash consideradas atraveacutes de sua relaccedilatildeo de modo de ocupaccedilatildeo com os

lotes e do grau de verticalizaccedilatildeo (gabarito baixo meacutedio e alto)

3 As vias ndash consideradas como reguladoras da relaccedilatildeo com as edificaccedilotildees e quarteirotildees e

principalmente apreciadas como estreitamente vinculadas a uma das principais fontes

geradoras de ruiacutedo urbano (o traacutefego de veiacuteculos)

Estes seratildeo os elementos componentes da forma urbana que esta pesquisa se apropriaraacute no

decurso do caminho a fim de analisar o comportamento acuacutestico a partir de modificaccedilotildees

cronoloacutegicas em determinada forma urbana Nos paraacutegrafos seguintes discutem-se os conceitos e

relaccedilotildees que permeiam a acuacutestica urbana

22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais

A acuacutestica eacute a ciecircncia do som incluindo sua geraccedilatildeo transmissatildeo e recepccedilatildeo de energia sob a

forma de ondas vibracionais na mateacuteria (KINSLER et al 1982) Ela eacute uma ciecircncia

multidimensional e interligada a vaacuterios domiacutenios cientiacuteficos Seu objeto de estudo fundamental o

som delineia uma seacuterie de interfaces multidisciplinares com abordagens em diversificadas aacutereas

do conhecimento (Figura 210)

Desse modo quando a geraccedilatildeo transmissatildeo e efeitos do som estatildeo inseridos no meio urbano

seu desdobramento eacute estudado pela aacuterea de conhecimento da acuacutestica urbana muitas vezes

tambeacutem nomeada de acuacutestica ambiental

O objeto de estudo fundamental da acuacutestica o som eacute a sensaccedilatildeo produzida no ouvido por

pequenas flutuaccedilotildees da pressatildeo do ar (HANSEN 2005) ou seja eacute uma percepccedilatildeo sensorial e seu

____________________________________________

ANAacuteLISE D

complexo padratildeo de ondas s

de ruiacutedo muacutesica fala

(BERGLUND et al 1999)

Esta definiccedilatildeo do som tend

a percepccedilatildeo do ouvido

conceito psicofiacutesico Fisicame

vibraccedilatildeo mecacircnica que

progressivamente atraveacutes de

gasoso liacutequido ou soacutelido (SIN

Esta vibraccedilatildeo quando tran

que o rodeia nem sempre

aparelho auditivo humano

frequumlecircncia6 audiacutevel encontra

20 a 20000 Hz para um

(BRUumlEL amp KJAEligR 1984

1982) Frequumlecircncias acima de

altas para respostas fisioloacuteg

chamadas de ultrasons Jaacute as

de 20 Hz satildeo chamadas de

detectaacuteveis pelo ouvido hum

prejudiciais agrave sua sauacutede7

1982 SOUSA 2004)

Fisicamente o som e o ruiacutedo

ambos se propagam em mei

detectados pelo ouvido hu

enquanto o som eacute utilizado

6 A frequumlecircncia eacute o nuacutemero de ciclo(HANSEN 1995) 7 A exposiccedilatildeo a baixas frequumlecircncias depressatildeo irritabilidade e perturba pro

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 210 ndash Interfaces multidFonte Elaborado pela autora a pa

Figura 211 ndash Fonte sonora ponSOUZA 2006

as sonoras eacute rotulado

ala entre outros

ndo como referecircncia

o humano eacute um

mente o som eacute uma

que se propaga

de um meio material

(SINGAL 2005)

transmitida ao meio

re eacute detectaacutevel pelo

ano cuja faixa de

tra-se no intervalo de

um jovem saudaacutevel

4 KINSLER et al

de 20000 Hz muito

loacutegicas auditivas satildeo

as frequumlecircncias abaixo

de infrasons e natildeo satildeo

umano contudo satildeo

(KINSLER et al

iacutedo constituem o mesmo fenocircmeno de variaccedilotildee

eio elaacutestico (soacutelido liacutequido ou gasoso) e ambos

humano (BERGLUND et al 1999 HANSEN

do para descrever percepccedilotildees sonoras agradaacutev

iclos que a onda sonora completa no tempo de um segundo

as pode gerar a doenccedila Vibroacuacutestica que induz o espessamprocessos cognitivos (BRANCO e PEREIRA 2004)

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

ltidisciplinares do estudo do som partir de BISTAFA 2006

ontual e fonte sonora linear Fonte

otildees de pressatildeo ambiente

bos satildeo capazes de serem

EN 1995) No entanto

daacuteveis o ruiacutedo descreve

do e eacute medida em Hertz (Hz)

amento das estruturas cardiacuteacas

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 212 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora pontual de 6 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007

percepccedilotildees sonoras desagradaacuteveis incorporando um aspecto de subjetividade agrave sua definiccedilatildeo

(BRUumlEL amp KJAEligR 1984 HANSEN 2005 BRASIL 2006 SINGAL 2005)

Tal subjetividade acarreta diferentes e individuais percepccedilotildees sonoras pelo ser humano e

portanto em diferentes reaccedilotildees agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo Em outras palavras o que se estabelece

como som para um indiviacuteduo pode representar ruiacutedo para outro

[] as respostas inerentes ao ruiacutedo satildeo complexas dependendo tanto dos fatores propriamente acuacutesticos quanto dos psicossociais contextuais simboacutelicos emocionais como daqueles de valor especiacutefico Essas variaacuteveis participam da singularidade da escuta e atuam como filtros que modificam a percepccedilatildeo do sinal fiacutesico sonoro (SANTOS e MARTINS 2005 p 216)

Enquanto sua percepccedilatildeo envolve a subjetividade as respostas fisioloacutegicas agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo satildeo

mais objetivas e seus danos satildeo mais facilmente identificaacuteveis O ruiacutedo pode gerar complicaccedilotildees

no sistema circulatoacuterio e hormonal perda gradativa da audiccedilatildeo distuacuterbios de sono estresse

irritabilidade neuroses desconforto e dificuldade de aprendizado entre outros danos

(BERGLUND et al1999 HANSEN 2005 KINSLER et al 1982 MURGEL 2007 NAGEM

2004 NUNES 2006 PAZ et al 2005 SINGAL 2005 ZANNIN et al 2002)

O ruiacutedo pode se originar de variadas fontes presentes em diversificados ambientes as mais

comumente encontradas satildeo as fontes sonoras pontuais e as lineares (Figura 211) A fonte pontual

possui dimensotildees finitas e emite o mesmo niacutevel de pressatildeo sonora uniformemente para todas as

direccedilotildees sendo seu decaimento em campo livre de 6 dB para cada dobro da distacircncia (Figura

212) (HANSEN 2005 SOUSA 2004)

Jaacute a fonte linear eacute formada por certo nuacutemero de

fontes pontuais dispostas linearmente cuja

emissatildeo sonora eacute contiacutenua ao longo desta

linha sendo seu decaimento em campo livre

de 3 dB para cada dobro da distacircncia (Figura

213) (HANSEN 2005 PAZ 2004)

Quando propagadas no meio urbano a

combinaccedilatildeo de tais fontes sonoras associadas

ao percurso de transmissatildeo e ao receptor

constitui o ruiacutedo urbano (urban noise) tambeacutem

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 213 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora linear de 3 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007

chamado de ruiacutedo ambiental (environmental

noise) ou ruiacutedo comunitaacuterio (community noise)

(BERGLUND et al1999 GUEDES 2005

SOUSA 2004)

O ruiacutedo urbano pode ser gerado a partir do

traacutefego de veiacuteculos terrestres e aeacutereos de

obras de construccedilatildeo civil de estabelecimentos

industriais de estabelecimentos comerciais e

de serviccedilos de sistemas de propaganda

volante ou permanente8 e ruiacutedos de outras atividades cuja propagaccedilatildeo sonora pode afetar o bem-

estar e a sauacutede dos citadinos (BARRON 2003 BERGLUND et al1999 KINSLER et al 1982

NAGEM 2004 NUNES 2006 SINGAL 2005)

Apesar de esporaacutedica outra fonte de ruiacutedo gerada em meio urbano satildeo os eventos puacuteblicos tais

como festas shows comiacutecios carnavais fora de eacutepoca entre outros As fontes de ruiacutedo presentes

nestes eventos atingem um alto niacutevel de pressatildeo sonora9 e abrangem uma grande quantidade

populacional logo independente de ocorrer poucas vezes durante o ano satildeo eventos

extremamente danosos a sauacutede e principalmente agrave audiccedilatildeo a partir de 80 dB(A) natildeo importa se

a sensaccedilatildeo sonora eacute prazerosa ou natildeo ela eacute necessariamente prejudicial10 (Tabela 21) (NUNES

2006)

Quando a intensidade dos ruiacutedos urbanos torna-se excessivamente desagradaacutevel eou nociva o

ruiacutedo passa a ser considerado uma forma de poluiccedilatildeo ambiental11 - a poluiccedilatildeo sonora A

necessidade de regulamentaccedilatildeo da poluiccedilatildeo sonora renuncia os aspectos de subjetividade

existentes e inerentes ao conceito de ruiacutedo na tentativa de sintetizar e estabelecer limites leis

normas meacutetodos e accedilotildees que representem um universo sonoro equivalente para toda a

populaccedilatildeo na tentativa de controlar e mitigar o ruiacutedo urbano

8 Carros de som bicicletas com som raacutedios comunitaacuterias entre outros 9 O niacutevel de pressatildeo sonora eacute a medida fiacutesica preferencial para caracterizar a sensaccedilatildeo subjetiva da intensidade dos sons e de acordo com a lei de Weber e Fechner a sensaccedilatildeo sonora eacute proporcional ao logaritmo da intensidade sonora NPS=20 log (pp0) onde p eacute a pressatildeo sonora em Pascal e p0 eacute a pressatildeo sonora de referecircncia (2 10-5 Pascal) (BISTAFA 2006 NIEMEYER 2007) 10 Outros niacuteveis de ruiacutedo tambeacutem podem ser prejudiciais em maior ou menor grau dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora 11 ldquoPoluiccedilatildeo eacute a degradaccedilatildeo da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente a) prejudiquem a sauacutede a seguranccedila e o bem-estar da populaccedilatildeo b) criem condiccedilotildees adversas agraves atividades sociais e econocircmicas c) afetem desfavoravelmente a biota d) afetem as condiccedilotildees esteacuteticas ou sanitaacuterias do meio ambiente e) lancem mateacuterias ou energia em desacordo com os padrotildees ambientais estabelecidosrdquo (BRASIL 1981 p 1 e 2)

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Tabela 21 ndash Os niacuteveis de pressatildeo sonora e suas consequumlecircncias fisioloacutegicas no homem Em alguns casos podem a intensidade das reaccedilotildees fisioloacutegicas podem variar dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora Fonte elaborado pela autora a partir de KINSLER et al 1992 SINGAL 2005 SOUZA 2006

Assim sendo na esfera federal a Constituiccedilatildeo Federal (Art255) o Coacutedigo Civil Brasileiro (Lei ndeg

1040602) a Lei das Contravenccedilotildees Penais (Decreto-lei nordm 368841) e a Lei dos Crimes

Ambientais (Lei nordm 960598) versam a partir de diferentes abordagens e diferentes

procedimentos legais sobre a poluiccedilatildeo sonora e suas respectivas perturbaccedilotildees (CARNEIRO

2009)

NIacuteVEIS DE PRESSAtildeO SONORA E SUAS CONSEQUEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS

Niacutevel de Pressatildeo sonora

em dB(A)

Caracteriacutesticas FISIOLOacuteGICAS

Ambiente ou atividade

0 a 30 Nenhuma Tremular de folhas de uma aacutervore sussurros

aacuterea de mata selvagem

30 a 50 Nenhuma Cantar de paacutessaros rua calma em aacuterea residencial durante noite

50 a 70 Marca o iniacutecio do estresse

auditivo Rua agitada um restaurante barulhento

70 a 90 Estressante e bastante

excitante Chegada de um trem na estaccedilatildeo carro a 100 Kmh

conversa a gritos

90 a 110 Extremamente excitante provocando dependecircncia

Caminhatildeo pesado a 60 Kmh alarme de viatura passagem de trem numa estaccedilatildeo ou cabine de um aviatildeo monomotor

110 a 130

Desconfortavelmente alto atingindo o limiar da dor podendo causar surdez

instantacircnea

Trem passando em trilhos elevados martelo pneumaacutetico interior de uma boate show de banda de rock

130 a 140 Acima do limiar da dor

causando surdez permanente Decolagem de aviatildeo a jato a 5m de distacircncia disparos de artilharia

Ainda no domiacutenio federal o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) publicou vaacuterias

resoluccedilotildees que estabelecem normas de preservaccedilatildeo ao meio ambiente incluindo o combate a

poluiccedilatildeo sonora12 Nestas resoluccedilotildees todas as atividades geradoras de ruiacutedo devem seguir

diretrizes vinculadas agrave Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas ndash ABNT e ao Conselho

Nacional de Tracircnsito - CONTRAN no caso de ruiacutedo produzido por veiacuteculos automotores

(NAGEM 2004)

Tais resoluccedilotildees normas e diretrizes refletidas no domiacutenio estadual e municipal deram origem agrave

Lei Estadual nordm 12789 de 28 de Abril de 2005 (PERNAMBUCO2005) conhecida como ldquoLei do

12 Satildeo elas RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 272 de 14 de setembro de 2000

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Silecircnciordquo e que dispotildee sobre ruiacutedos urbanos poluiccedilatildeo sonora e proteccedilatildeo do bem-estar e do

sossego puacuteblico e agrave Lei nordm 16243 de 13 de setembro de 1996 ndash Coacutedigo do Meio Ambiente e do

Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife (RECIFE 1996a) que estabelece a poliacutetica do meio ambiente da

cidade do Recife incluindo regulamentaccedilatildeo de emissotildees sonoras entre outras providecircncias

tendo como suporte a Lei 1617696 de 9 de Abril de 1996 ndash Lei de Uso e Ocupaccedilatildeo do Solo da

Cidade do Recife ndash LUOS (RECIFE 1996b)

Apesar da existecircncia desta grande quantidade de leis federais estaduais e municipais apesar da

LUOS legislar sobre a etapa de aprovaccedilatildeo de projetos para a construccedilatildeo de empreendimentos

com usos geradores de incocircmodo agrave vizinhanccedila incluindo usos potencialmente geradores de ruiacutedos

submetendo-os agrave anaacutelise teacutecnica eou agrave anaacutelise especial e apesar do Coacutedigo do Meio Ambiente e

do Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife estabelecer limites maacuteximos permitidos de ruiacutedo na praacutetica a

accedilatildeo contra a poluiccedilatildeo sonora em Recife adquire caraacuteter corretivo pelos oacutergatildeos reguladores agrave

conduta do infrator geralmente a partir de denuacutencias da populaccedilatildeo apoacutes a consolidaccedilatildeo da fonte

geradora de ruiacutedo no meio urbano (JORNAL DO COMEacuteRCIO 2008 JC ONLINE 2005)

Outro exemplo local de desatenccedilatildeo agrave poluiccedilatildeo sonora eacute a inexistecircncia dentre vaacuterios outros tipos

de degradaccedilatildeo ambiental presentes de qualquer referecircncia a respeito da poluiccedilatildeo sonora em

documento produzido pela Prefeitura da Cidade do Recife no ano 2000 o Atlas Ambiental da

Cidade do Recife (RECIFE 2000)

Diante da aplicabilidade ineficaz da legislaccedilatildeo vigente em Novembro de 2009 foi lanccedilado pelo

Ministeacuterio Puacuteblico de Pernambuco a cartilha Poluiccedilatildeo sonora Silento e o barulho13 que versa sobre as

posturas e accedilotildees direitos e deveres dos diversos agentes envolvidos na produccedilatildeo e recepccedilatildeo da

poluiccedilatildeo sonora indicando como devem agir a viacutetima o policial o estado o construtor poluidor

o proprietaacuterio de carro de som poluidor entre outros A cartilha tambeacutem disponibiliza uma seacuterie

de formulaacuterios modelos de acordo com os diferentes tipos de poluiccedilatildeo sonora Estes formulaacuterios satildeo

exemplos para serem utilizados tanto pela viacutetima da poluiccedilatildeo sonora quanto pelo policial civil

militar promotor de justiccedila e ateacute mesmo pelo poluidor - o que poderaacute tornar esta cartilha um

importante instrumento para aplicaccedilatildeo das leis vigentes (CARNEIRO 2009)

Embora negligenciada e em oposiccedilatildeo a diversos outros problemas ambientais mundiais a

poluiccedilatildeo sonora continua a crescer e eacute acompanhada pelo aumento no nuacutemero de reclamaccedilotildees de

13 ldquoSilentordquo eacute um personagem criado para narrar alguns trechos interativos da cartilha

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 214 ndash Relaccedilatildeo entre o desenvolvimento industrial da sociedade que possibilita o aumento e concentraccedilatildeo de fontes sonoras e seus impactos em relaccedilatildeo ao ruiacutedo nas comunidades apontando trecircs previsotildees futuras de acordo com diferentes accedilotildees possiacuteveis de regulamentaccedilatildeo contra do ruiacutedo Fonte elaborado pela autora a partir de BERGLUND et al 1999

pessoas expostas ao ruiacutedo a partir do aumento da consciecircncia de seus direitos legais

(BERGLUND et al1999)

Para World Health Organization (WHO)14 a poluiccedilatildeo sonora jaacute eacute um dos problemas ambientais que

atingem o maior nuacutemero de pessoas no planeta perdendo apenas para a poluiccedilatildeo do ar e da aacutegua

(KIHLMAN 2004 2005) Este crescimento contiacutenuo da poluiccedilatildeo sonora e por conseguinte do

ruiacutedo urbano possui uma estreita relaccedilatildeo com as raacutepidas transformaccedilotildees ocorridas no meio

urbano nas uacuteltimas deacutecadas O desenvolvimento acelerado e a expansatildeo das cidades implicaram

em modificaccedilotildees em elementos da forma urbana em alto iacutendice de crescimento demograacutefico da

populaccedilatildeo urbana e em consequumlente aumento e concentraccedilatildeo de diversos tipos de fontes

geradoras de poluiccedilatildeo sonora (BRASIL 1990a1990b GUEDES 2005 PAZ 2009 ZANNIN et

al 2002) (Figura 214)

Entre estas fontes urbanas geradoras de poluiccedilatildeo sonora uma das que mais contribuem com o

aumento do ruiacutedo urbano aleacutem de ser considerada uma das fontes mais intrusivas e a mais

percebida pela populaccedilatildeo das grandes cidades eacute o traacutefego de veiacuteculos (DINIZ 2003 FRITSCH et al

2007 LACERDA et al 2005 PAZ 2004 ZANNIN et al 2003)

O ruiacutedo do traacutefego de veiacuteculos eacute gerado a

partir do ruiacutedo veicular que proveacutem

essencialmente do sistema de propulsatildeo do

motor do atrito entre o veiacuteculo e o ar (ruiacutedo

aerodinacircmico) e do atrito entre o pneu e o piso

(MURGEL 2007 KINSLER et al 1982) e da

relaccedilatildeo entre o veiacuteculocondutor e as

configuraccedilotildees das vias em que ele estaacute inserido

a aceleraccedilatildeo eou desaceleraccedilatildeo do motor de

acordo com a caracterizaccedilatildeo das vias - a

presenccedila de cruzamentos semaacuteforos faixas de

pedestres etc a intensidade do fluxo de

veiacuteculos e a proporccedilatildeo entre veiacuteculos leves e os

veiacuteculos pesados a frequumlecircncia de

14 Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede ndash OMS

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

acionamentos de buzinas o tipo de acabamento da superfiacutecie das vias (concreto asfalto brita

terra batida) etc (SINGAL 2005)

Tais vias geradoras do ruiacutedo de traacutefego aleacutem de serem interceptadas por outras vias satildeo

comumente ladeadas por configuraccedilotildees bastante variaacuteveis desde edificaccedilotildees com formas

implantaccedilotildees e gabaritos diversificados a lotes ainda natildeo ocupados caracterizando a propagaccedilatildeo

do ruiacutedo de traacutefego urbano por muacuteltiplas reflexotildees responsaacuteveis pelo espalhamento do ruiacutedo

para vias adjacentes pelo surgimento de campos sonoros reverberantes pela difraccedilatildeo do ruiacutedo e

pelo surgimento de aacutereas de sombra (SINGAL 2005 RANDRIANOELINA e SALOMONS

2008) Ou seja a propagaccedilatildeo do ruiacutedo urbano gerado pelo traacutefego de veiacuteculos possui uma

interaccedilatildeo singular com elementos da forma urbana

Assim sendo tanto por sua participaccedilatildeo determinante na constituiccedilatildeo do ruiacutedo urbano quanto

por sua particular relaccedilatildeo com os elementos que compotildeem a forma urbana o ruiacutedo de traacutefego

seraacute a uacutenica fonte sonora considerada na presente pesquisa conforme seraacute melhor elucidado no

proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas

A interaccedilatildeo entre o ruiacutedo urbano e a forma urbana dependeraacute diretamente das configuraccedilotildees de

certos elementos que compotildeem esta forma urbana o traccedilado e perfis das vias a maneira de

implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade e

forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres tais como praccedilas e

largos (GUEDES 2005 SANTOS e MARTINS 2005) Estes elementos podem ser

acusticamente caracterizados a partir do tipo de espaccedilo acuacutestico e da permeabilidade acuacutestica

O espaccedilo acuacutestico tambeacutem nomeado de campo acuacutestico eacute a porccedilatildeo de determinado espaccedilo onde

acontecem as vibraccedilotildees sonoras podendo ser caracterizado no meio urbano como espaccedilo

acuacutestico aberto ou fechado (NIEMEYER 2007)

O espaccedilo acuacutestico aberto aproxima-se da propagaccedilatildeo em campo livre que eacute caracterizado pela ausecircncia

de obstaacuteculos que modifiquem a propagaccedilatildeo sonora entre a fonte e o receptor Assim no meio

urbano o espaccedilo cuja propagaccedilatildeo sonora envolva poucas ou nenhuma reflexatildeo e poucos ou

nenhum obstaacuteculo pode ser considerado um espaccedilo acuacutestico aberto como por exemplo o

espaccedilo acuacutestico com perfil em ldquoLrdquo tais como vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas uma de

suas margens (Figuras 215 e 216) (NIEMEYER 2007) No espaccedilo acuacutestico aberto o niacutevel de

pressatildeo sonora decai 6 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (LANG

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 215 ndash Propagaccedilatildeo sonora em Campo acuacutestico aberto Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001

Figura 216 ndash Campo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo FonteNIEMEYER 2007

Figura 217 ndash Propagaccedilatildeo sonora em campo acuacutestico fechado causando o fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001

e BERANEK 1992) isto eacute o ruiacutedo percebido

pelo receptor diminui em funccedilatildeo da

duplicaccedilatildeo da distacircncia da fonte sonora15

Praccedilas parques e largos com grandes

dimensotildees vias de traacutefego marginais a praias

vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas

uma de suas margens ou espaccedilos livres

urbanos de grandes dimensotildees caracterizam

alguns exemplos de espaccedilos acuacutesticos abertos

No espaccedilo acuacutestico fechado as ondas sonoras

sofrem muacuteltiplas reflexotildees fazendo com que o

seu niacutevel sonoro decaia muito lentamente

sendo praticamente o mesmo em vaacuterias

posiccedilotildees ateacute que esta onda sonora encontre

uma saiacuteda para campo livre caracterizando o

fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana16 17(Figura

217) (GUEDES 2005 NIEMEYER 2007)

Os espaccedilos acuacutesticos fechados podem ser

reverberantes quando a onda sonora tarda a

encontrar o campo livre gerando um grande

nuacutemero de reflexotildees ou semi-reverberantes

quando a onda sonora encontra o campo livre

um pouco mais rapidamente do que no

reverberante gerando um nuacutemero menor mas

ainda grande de reflexotildees

15 Este decaimento eacute para fontes pontuais para fontes lineares o decaimento eacute de 3 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (GERGES 2000) 16 A reverberaccedilatildeo eacute a persistecircncia de um som depois de ter sido extinta a sua emissatildeo por uma fonte e ocorre como resultado de reflexotildees em ambientes total ou parcialmente fechados (GONZALEZ e LOPES 1993) 17 Alguns espaccedilos acuacutesticos fechados tambeacutem podem amplificar o niacutevel de pressatildeo sonora mas este fenocircmeno ocorre em determinados espaccedilos acuacutesticos fechados reverberantes

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 218 ndash Campo acuacutestico fechado em perfl ldquoUrdquo tambeacutem chamado de canyons urbanos Fonte NIEMEYER 2007

No meio urbano o espaccedilo acuacutestico fechado

reverberante possui comumente um perfil em

ldquoUrdquo (Figura 218) tambeacutem chamados de

canyons urbanos que podem amplificar

consideravelmente a propagaccedilatildeo sonora das

vias de traacutefego atraveacutes de reflexotildees muacuteltiplas

geradas pelas fachadas paralelas das

edificaccedilotildees que circundam estas vias

(ANDERSON e KURZE 1992) Assim neste

tipo de espaccedilo acuacutestico a propagaccedilatildeo sonora

natildeo depende exclusivamente da distacircncia entre

a fonte e o receptor como no espaccedilo acuacutestico

aberto depende ainda da configuraccedilatildeo dos

elementos que compotildeem a forma urbana e

dos coeficientes de absorccedilatildeo dos materiais que

revestem as superfiacutecies refletoras18

(NIEMEYER 2007)

Praccedilas parques e largos com pequenas dimensotildees e cercados por edificaccedilotildees conjugadas vias de

traacutefego com edificaccedilotildees (conjugadas ou com pequenos recuos entre elas) em ambos os lados

tuacuteneis passagens subterracircneas e espaccedilos livres abaixo de viadutos caracterizam alguns exemplos

de espaccedilos acuacutesticos fechados

A caracterizaccedilatildeo de um espaccedilo acuacutestico como sendo aberto ou fechado delinearaacute como a onda

sonora iraacute espalhar-se no meio urbano cujas configuraccedilotildees dos elementos que o compotildeem

podem facilitar ou dificultar a trajetoacuteria desta onda sonora para aleacutem do local de sua emissatildeo

tornando o meio urbano mais ou menos permeaacutevel a sua propagaccedilatildeo

18 No meio urbano as superfiacutecies refletoras satildeo predominantemente formadas por fachadas e muros de edificaccedilotildees que possuem certa uniformidade na utilizaccedilatildeo de materiais altamente reflexivos e com baixos coeficientes de absorccedilatildeo tais como granito maacutermore ceracircmica esmaltada vidro Assim o coeficiente de absorccedilatildeo de uma edificaccedilatildeo para outra seraacute praticamente o mesmo sofrendo miacutenimas variaccedilotildees permitindo sua natildeo consideraccedilatildeo

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 220 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees em uma quadra permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007

Figura 221 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjugadas em uma quadra pouco permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007

Figura 219 ndash Permeabilidade acuacutestica - percursos da onda sonora gerados em meio urbano Fonte NIEMEYER 2007

Figura 222 ndash Barreira acuacutestica entre a fonte e o receptor FonteANDERSON e KURZE 1992

Assim sendo a permeabilidade acuacutestica refere-se

aos percursos da onda sonora gerados no

meio urbano (Figura 219) (GUEDES 2005

NIEMEYER 2007) A intensidade da

permeabilidade acuacutestica - mais ou menos

permeaacutevel - dependeraacute da capacidade de

certos elementos urbanos de promover ou

conter a propagaccedilatildeo da onda sonora tais

como o traccedilado e perfis das vias a maneira de

implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem

como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade

e forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila

ou ausecircncia de espaccedilos livres (Figuras 220 e

221)

A permeabilidade acuacutestica relaciona-se ainda

com as barreiras acuacutesticas Isoladamente o

conceito de barreiras acuacutesticas refere-se a

qualquer objeto que possa ser considerado um

obstaacuteculo agrave ligaccedilatildeo direta e sem interferecircncias

entre a fonte e o receptor (Figura 222)

(ANDERSON e KURZE 1992 GERGES

2000) Ao bloquear o percurso direto entre a

fonte e o receptor a onda sonora poderaacute ser

absorvida eou refletida pela superfiacutecie da

barreira transmitida atraveacutes da barreira ou

difratada a partir do topo da barreira

(BARRON 2003 SINGAL 2005)

A difraccedilatildeo eacute um fenocircmeno que permite que as

ondas sonoras sejam capazes de contornar

determinados obstaacuteculos gerando uma aacuterea de

sombra acuacutestica que possui limites espaciais

variaacuteveis de acordo com a posiccedilatildeo da fonte

____________________________________________

ANAacuteLISE D

sonora e de sua localizaccedilatilde

receptor que por sua vez

sonora difratada pelas borda

um decaimento maior do qu

campo livre (Figura 223) (N

1968 NIEMEYER 2007 PA

O uso de barreiras acuacutestic

EUA Japatildeo Austraacutelia e

reduccedilatildeo da propagaccedilatildeo do

pelo traacutefego rodoviaacuterio pa

(Figuras 224 a 226) (SIN

Brasil esta praacutetica ainda eacute inc

restringindo-se a poucos exe

caso da barreira acuacutestica no

Linha Amarela na cidade do

na Rodovia Bandeirantes co

de Satildeo Paulo a Campinas

Paulo (Figura 227) (MURGE

2004)

Embora a implantaccedilatildeo de b

esteja vinculada agrave reduccedilatildeo do

rodoviaacuterio outros elemen

meio urbano situados ent

receptor atuam espontan

barreiras agrave propagaccedilatildeo sono

terreno com topografia i

muros edificaccedilotildees entr

edificaccedilotildees conjugadas da R

cidade do Recife ou aind

conjugadas em alguns trec

Atlacircntica no Rio de Janei

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 226 ndash Barreiras instaladasem aacuterea residencial de Toacutequio Jap

Figura 224 ndash Agrave esquerda barreacriacutelico na Suiacuteccedila Agrave direita barreiraPaacutedua e Veneza na Itaacutelia Fonte C

Figura 227 ndash Barreira acuacutestica dade Satildeo Paulo Fonte MURGEL 2

Figura 223 ndash Difraccedilatildeo da ondagerando uma aacuterea de sombra acuacutest

Figura 225 ndash Agrave esquerda baproacuteximo a Zurique Agrave direita barretambeacutem na Suiccedila Fonte CICHIN

accedilatildeo em relaccedilatildeo ao

ez recebe a energia

rdas da barreira com

que se estivesse em

(NEPOMUCENO

PAZ 2004)

ticas eacute comum nos

e na Europa para

do ruiacutedo produzido

para seus arredores

INGAL 2005) No

incipiente

exemplos como eacute o

no eixo rodoviaacuterio

o Rio de Janeiro e

conectando a cidade

s no estado de Satildeo

GEL 2007 SOUSA

e barreiras acuacutesticas

do ruiacutedo de traacutefego

entos inseridos no

entre a fonte e o

taneamente como

nora tais como um

irregular taludes

ntre outros As

a Rua da Aurora na

inda as edificaccedilotildees

trechos da Avenida

neiro por exemplo

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

42

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

das ao longo de via expressa elevada Japatildeo Fonte CICHINELLI 2007

rreira acuacutestica curva em concreto e eira acuacutestica metaacutelica na estrada entre CICHINELLI 2007

da Rodovia Bandeirantes no estado 2007

da sonora a partir de uma barreira uacutestica Fonte GERGES 2000

barreira acuacutestica metaacutelica instalada arreira acuacutestica em concreto e acriacutelico INELLI 2007

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 228 ndash Rua da Aurora no Bairro da Boa Vista na cidade do Recife configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fontehttpmaiovinteeseisblogspotcom2007_ 11_01_archivehtml Acesso em 080409

Figura 229 ndash Alguns trechos da Avenida Atlacircntica no Bairro de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro tambeacutem configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fonte httpwwwtravelpodcomtravel-photoorlanworldtrip200711 71589400avenida-atlantica-along-copacabana-beachjpgtpodhtml Acesso em 080409

aleacutem de funcionarem como barreiras acuacutesticas

espontacircneas ou natildeo intencionais tambeacutem

conformam um espaccedilo acuacutestico aberto em

ldquoLrdquo e pouco permeaacutevel ao ruiacutedo (Figura 228 e

229)

A partir da discussatildeo dos espaccedilos acuacutesticos e

da permeabilidade acuacutestica evidencia-se que a

interaccedilatildeo entre os diversos elementos que

compotildeem a forma urbana - o traccedilado e perfis

das vias o modo de implantaccedilatildeo das

edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as

proporccedilotildees densidade e maneira de ocupaccedilatildeo

das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de

espaccedilos livres ndash contribui determinantemente

para a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano

atraveacutes de muacuteltiplas reflexotildees do

espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave

fonte geradora de campos sonoros

reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de

aacutereas de sombra

Isto posto se o ruiacutedo urbano eacute considerado

um sistema composto essencialmente pela fonte

sonora pelo meio de propagaccedilatildeo e pelo receptor (LANG e BERANEK 1992 ANDERSON e

KURZE 1992) a forma urbana considerada a partir dos elementos que a compotildeem enquanto

percurso de transmissatildeo delineia influencia e determina em certa medida a trajetoacuteria de

propagaccedilatildeo da onda sonora19 Ou seja a forma urbana por meio das caracteriacutesticas singulares

apresentadas pelos seus elementos componentes iraacute influenciar o comportamento da propagaccedilatildeo

da onda sonora no meio urbano

19 ldquoEm certa medidardquo pois existem outros fatores que tambeacutem influenciam a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano mas a discussatildeo sobre a consideraccedilatildeo ou natildeo destes outros fatores seraacute melhor construiacuteda no proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito alto por elevada densidade de

ocupaccedilatildeo das quadras e por vias estreitas por exemplo tende em tese a ser menos permeaacutevel ao

ruiacutedo dificultando a propagaccedilatildeo sonora para outras aacutereas Tende ainda a criar espaccedilos

reverberantes ou semi-reverberantes com o niacutevel de pressatildeo sonora elevado em praticamente

todos os pontos de reflexatildeo com perdas miacutenimas ateacute a onda sonora alcanccedilar o topo das

edificaccedilotildees e direcionar-se a campo livre Por conseguinte este comportamento tende a propiciar

dependendo ainda da relaccedilatildeo com a fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano indesejaacutevel e

insalubre aos receptores existentes nas edificaccedilotildees daquela via

Jaacute uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito baixo por baixa densidade de

ocupaccedilatildeo das quadras e por vias largas tende teoricamente a ser mais permeaacutevel ao ruiacutedo

facilitando sua propagaccedilatildeo Por outro lado natildeo gera espaccedilos acuacutesticos propiacutecios a muacuteltiplas

reflexotildees fazendo com que a onda sonora encontre mais rapidamente o campo livre facilitando

sua dissipaccedilatildeo e propiciando dependendo ainda da fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano

desejaacutevel aos seus receptores

Deste modo a existecircncia de diferenccedilas e particularidades dos elementos que compotildeem as

distintas formas urbanas proporciona os mais diversificados comportamentos acuacutesticos de

propagaccedilatildeo sonora nos mais diferentes meios urbanos Ou seja do mesmo modo que cidades

bairros e ruas natildeo satildeo iguais entre si tampouco reproduziacuteveis em sua essecircncia o comportamento

acuacutestico tambeacutem natildeo seraacute ao contraacuterio constituiraacute um atributo exclusivo de cada espaccedilo urbano

Mas se para cada espaccedilo urbano existe um comportamento acuacutestico especiacutefico como deveraacute se

comportar a propagaccedilatildeo sonora de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de

modificaccedilotildees em elementos de sua forma urbana Em outras palavras como se comportaraacute a acuacutestica

urbana de um determinado local a partir do processo cronoloacutegico de modificaccedilotildees em sua forma urbana

Nos capiacutetulo que se segue Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas seratildeo apresentadas os percursos

investigativos que foram postos em praacutetica em busca de responder a este questionamento

Figura 531 e 532 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash 1997 apresentou o melhor comportamento acuacutestico entre os mapas elaborados Nesta data as edificaccedilotildees atuaram mais enquanto barreiras acuacutesticas do que como objetos reflexivos da onda sonora Jaacute em 2009 o aumento do adensamento e da verticalizaccedilatildeo possibilitou o excesso de muacuteltiplas reflexotildees nas fachadas das edificaccedilotildees como delineia o contorno extremamente irregular da propagaccedilatildeo sonora ilustrado na imagem abaixo p 104

Figura 533 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Apesar de proporcionar um aumento no niacutevel de pressatildeo sonora equivalente em 2009 o adensamento e verticalizaccedilatildeo das edificaccedilotildees tambeacutem trouxeram benefiacutecios pontuais na praccedila Walt Disney como ilustram as imagens as edificaccedilotildees atuaram como barreiras acuacutesticas reduzindo em relaccedilatildeo a 1997 o niacutevel de pressatildeo sonora equivalente que atinge as edificaccedilotildees de seu entorno Contudo p 105

Figura 534 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash as fachadas voltadas para esta reduccedilatildeo de niacutevel de pressatildeo sonora equivalente satildeo fachadas de serviccedilo pouco aproveitando esta reduccedilatildeo p 105

Figura 535ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim na situaccedilatildeo hipoteacutetica futura e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash A situaccedilatildeo hipoteacutetica futura apresenta quadras muito mais adensadas do que nos anos anteriores reduzindo ainda mais a presenccedila de ilhas de sombra O pavimento representado no mapa eacute o destinado agraves garagens que ocupam praticamente todo o lote p 110

Figura 536 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem na situaccedilatildeo hipoteacutetica futura e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 111

Figura 537 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash A transformaccedilatildeo da forma urbana tanto na situaccedilatildeo hipoteacutetica como ilustram as imagens quanto em 2009 quando esteve associada ao adensamento e a verticalizaccedilatildeo intensificou os fenocircmenos acuacutesticos ocorridos no meio urbano do 3deg Jardim de Boa Viagem p 112

Figura 538 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 112

Figura 539 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Idem p 113

Figura 540 ndash Plantas Baixas ndash A situaccedilatildeo hipoteacutetica futura seguida de perto pelo mapa de 2009 apresentou o pior comportamento acuacutestico do 3deg Jardim e o mapa de 1997 apresentou o melhor entre os mapas elaborados nesta pesquisa conforme ilustra a siacutentese abaixo p 113

Figura 541 ndash Graacutefico da performance acuacutestica considerando o ano x o niacutevel de pressatildeo sonora equivalente (Leq) ndash O Graacutefico apresenta as variaccedilotildees de niacuteveis de pressatildeo sonora de alguns pontos escolhidos aleatoriamente nos mapas acuacutesticos elaborados (Figura 541) Em 1997 as quedas das curvas de variaccedilatildeo do graacutefico corroboram a tendecircncia desta data ter apresentado o mapa acuacutestico com o melhor comportameno acuacutestico entre os mapas elaborados por esta pesquisa p 114

Figura 542 ndash Locaccedilatildeo dos pontos utilizados para elaboraccedilatildeo do graacutefico de performance acuacutestica p 114

Figura 543 ndash Graacutefico comparativo de niacuteveis de emissatildeo sonora permitidos ndash O graacutefico apresenta uma comparaccedilatildeo entre os niacuteveis de emissatildeo sonora permitidos em alguns paiacuteses entre a WHO ISO e ABNT e entre a Lei do silecircncio e o coacutedigo do Meio Ambiente e Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife O graacutefico evidencia que a cidade do Recife e o estado de Pernambuco praticam niacuteveis muito acima do recomendado por outras entidades normativas p 121

Figura 544 ndash Planta Baixa ndash Mapa acuacutestico simulando uma situaccedilatildeo onde o fluxo de veiacuteculos seja o dobro do encontrado atualmente no 3deg Jardim de Boa Viagem (2009) apresentando altos niacuteveis de poluiccedilatildeo sonora p 122

Figura 545 a 548 ndash Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Idem p 122

Figura 549 ndash Planta Baixa ndash Mapa acuacutestico simulando uma situaccedilatildeo onde seja implantado rodiacutezio de veiacuteculos com uma reduccedilatildeo de 30 do valor total do fluxo de veiacuteculos atualmente encontrado no 3deg Jardim de Boa Viagem (2009) p 123

Figura 550 a 553 ndash Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Idem p 123

Figura 554 ndash Planta Baixa ndash Mapa acuacutestico simulando uma situaccedilatildeo onde seja implantado aleacutem do rodiacutezio de veiacuteculos com reduccedilatildeo de 30 no fluxo atual de veiacuteculos um corredor de transporte puacuteblico na Av Domingos Ferreira e restriccedilatildeo de traacutefego de veiacuteculos pesados apenas nesta via p 124

Figura 555 a 558 ndash Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Idem p 124

LISTA DE TABELAS

Tabela 21 ndash Os niacuteveis de pressatildeo sonora e suas consequumlecircncias fisioloacutegicas no homem Em alguns casos podem a intensidade das reaccedilotildees fisioloacutegicas podem variar dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora p 35

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO

2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

21 A Forma Urbana e seus Elementos Componentes____________

22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais_____________

3 CONSIDERACcedilOtildeES METODOLOacuteGICAS

31 3deg Jardim de Boa Viagem enquanto Estudo de Caso_________

32 Mapeamento Acuacutestico enquanto Instrumento de Pesquisa_

33 Procedimentos Metodoloacutegicos__________________________________

331 1deg Etapa Pesquisa Documental Primaacuteria e Secundaacuteria _____

332 2deg Etapa Pesquisa Piloto_____________________________________

333 3deg Etapa Estudo de Campo__________________________________

334 4deg Etapa mapeamento acuacutestico_____________________________

4 TRANSFORMACcedilOtildeES DO 3deg JARDIM E SUA RELACcedilAtildeO COM

O PROCESSO DE OCUPACcedilAtildeO DO BAIRRO DE BOA

VIAGEM

5 COMPORTAMENTO ACUacuteSTICO DO 3degJARDIM DE BOA

VIAGEM

51 Comportamento Acuacutestico do 3deg Jardim de Boa Viagem a

partir das Modificaccedilotildees Cronoloacutegicas em sua Forma

Urbana______________________________________________________________

52 Comportamento Acuacutestico do 3deg Jardim de Boa Viagem em

relaccedilatildeo ao Coacutedigo do Meio Ambiente e Equiliacutebrio Ecoloacutegico

do Recife agrave ldquoLei do Silecircnciordquo e a outras Entidades

Normativas_________________________________________________________

53 Ausecircncia de Accedilotildees versus Presenccedila de Accedilotildees em Busca

de um Melhor Comportamento Acuacutestico para o 3deg Jardim

de Boa Viagem____________________________________________________

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

7 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

128

134

115

107

81

80

65

60

59

56

55

55

52

49

46

31

22

22

17

CAPIacuteTULO 1

A pesquisa eacute talvez a arte de se criar dificuldades fecundas e de criaacute-las para os

outros Nos lugares onde havia coisas simples faz-se aparecer problemas

Pierre Bourdieu

____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO

17

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

1 INTRODUCcedilAtildeO

Um grito estridente lanccedilado em um meio urbano envolto nos ldquomais modernosrdquo e descomunais

arranha-ceacuteus desconfortavelmente ouvido nos mais remotos pavimentos de um deles foi agrave

centelha motivadora para as ideacuteias e discussotildees que permeiam esta pesquisa Este grito mal

recebido pelo receptor pode ser considerado uma das diversas formas da profusatildeo de ruiacutedos que

cada vez mais se tornam elementos onipresentes da vida contemporacircnea

Tal profusatildeo de ruiacutedos atualmente encontrados nos centros urbanos estaacute intimamente vinculada

ao crescimento acelerado das cidades que possibilitaram o aumento e uma maior concentraccedilatildeo da

populaccedilatildeo urbana acarretando em raacutepidas transformaccedilotildees no meio de propagaccedilatildeo do ruiacutedo

urbano aleacutem do aumento e uma maior concentraccedilatildeo dos diversos tipos de fontes sonoras que o

geram

Embora esteja estreitamente relacionado ao raacutepido desenvolvimento das cidades o ruiacutedo urbano

natildeo deve ser considerado como uma consequumlecircncia incidental da accedilatildeo humana em busca de

progresso e por isso inevitaacutevel tampouco toleraacutevel Ao contraacuterio deve ser entendido como uma

das consequumlecircncias prejudiciais deste desenvolvimento que pode causar diversos males fisioloacutegicos

e psicoloacutegicos ao citadino e assim sendo deve ser veementemente prevenido e mitigado

A fim de encontrar maneiras que possibilitem sua prevenccedilatildeo e mitigaccedilatildeo o ruiacutedo urbano pode

ser entendido como um sistema composto essencialmente pela fonte sonora ndash meio de propagaccedilatildeo ndash

receptor Dentre estas trecircs partes componentes do sistema o meio de propagaccedilatildeo pode ser

considerado como um dos menos investigados e onde as accedilotildees contra o ruiacutedo satildeo menos

concentradas (SINGAL 2005)

Esta inobservacircncia da importacircncia do meio urbano enquanto percurso de propagaccedilatildeo sonora

pode estar vinculada agrave dificuldade de intervir em meios de propagaccedilatildeo consolidados como satildeo

fundamentalmente os grandes centros urbanos Daiacute a relevacircncia em compreender a acuacutestica

urbana a partir de seu meio propagador pois uma vez consolidado o meio raras satildeo as

intervenccedilotildees possiacuteveis para minimizar o ruiacutedo urbano a partir desta parte componente do sistema

fonte ndash meio ndash receptor restando essencialmente accedilotildees preventivas

____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO

18

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Outro fator que evidencia o grande valor em compreender a acuacutestica urbana a partir de seu meio

de propagaccedilatildeo eacute o potencial que o meio urbano possui em influenciar a trajetoacuteria da propagaccedilatildeo

sonora Esta influecircncia acontece atraveacutes da forma que este meio apresenta ou seja a forma urbana

atraveacutes de seus elementos componentes e enquanto percurso de transmissatildeo delineia influencia e

determina em certa medida a trajetoacuteria de propagaccedilatildeo da onda sonora

Assim sendo a interaccedilatildeo entre os diversos elementos que compotildeem a forma urbana - o traccedilado e

perfis das vias o modo de implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as proporccedilotildees

densidade e maneira de ocupaccedilatildeo das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres ndash

contribui determinantemente para caracterizaccedilatildeo da propagaccedilatildeo sonora no meio urbano atraveacutes

de muacuteltiplas reflexotildees do espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave fonte geradora de

campos sonoros reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de aacutereas de sombra

Esta interaccedilatildeo entre os elementos da forma urbana e a propagaccedilatildeo sonora ocorre a partir da

diversidade e singularidade existente nos variados meios urbanos igualmente proporcionando os

mais particulares comportamentos acuacutesticos Isto eacute para cada meio urbano existem caracteriacutesticas

particulares inerentes agrave sua forma urbana que geram um comportamento acuacutestico igualmente

especiacutefico exclusivo e vinculado a esta forma urbana

Apesar deste atrelamento entre a acuacutestica urbana e a forma urbana esta relaccedilatildeo natildeo eacute

suficientemente pesquisada e quando eacute satildeo enfocadas prioritariamente situaccedilotildees presentes de

comportamento acuacutestico eou no maacuteximo hipoacuteteses futuras tambeacutem chamadas de prediccedilatildeo

acuacutestica Aleacutem disso natildeo foram encontradas referecircncias ateacute o presente momento de investigaccedilotildees

que priorizem a apreciaccedilatildeo da acuacutestica urbana e sua relaccedilatildeo com as modificaccedilotildees ao longo do tempo da

forma urbana

Isto posto considerando esta ausecircncia de pesquisas e considerando que para cada espaccedilo urbano

existe um comportamento de propagaccedilatildeo sonora especiacutefico o presente estudo se propocircs a

investigar o comportamento acuacutestico de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de

modificaccedilotildees em sua forma urbana

Para isso admitiu-se que a propagaccedilatildeo de uma mesma fonte sonora em um mesmo espaccedilo urbano

que tenha sofrido ao longo de um processo cronoloacutegico modificaccedilotildees em sua forma urbana

implicaria em diferentes comportamentos em sua acuacutestica urbana para as diferentes datas deste

processo Esta suposiccedilatildeo possibilitou a anaacutelise do comportamento acuacutestico atraveacutes das

____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO

19

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

modificaccedilotildees cronoloacutegicas da forma urbana a partir da articulaccedilatildeo de trecircs variaacuteveis - a fonte sonora

a forma urbana e a acuacutestica urbana Estas variaacuteveis foram consideradas tendo o estudo de caso

enquanto estrateacutegia de pesquisa

O caso escolhido para esta investigaccedilatildeo foi o loteamento 3deg Jardim de Boa Viagem tanto por

representar uma parcela bem delimitada das raacutepidas e recentes transformaccedilotildees ocorridas na

forma urbana do bairro de Boa Viagem quanto por permitir ilustrar o comportamento acuacutestico

em um encadeamento evolutivo do iniacutecio de sua ocupaccedilatildeo recente ateacute os dias atuais

Para compor tal encadeamento evolutivo foram selecionados os anos de 1971 data escolhida por

caracterizar o princiacutepio da ocupaccedilatildeo do 3deg Jardim 1981 e 1997 por representarem datas de

registro de fotografias aeacutereas do bairro de Boa Viagem existentes na base de dados da

CONDEPE-FIDEM Agecircncia Estadual de Planejamento e Pesquisas de Pernambuco 2009 por

representar a realidade atualmente encontrada no 3deg Jardim e uma simulaccedilatildeo de situaccedilatildeo

hipoteacutetica futura de modificaccedilatildeo na forma urbana

Isto posto com o intuito de analisar o comportamento da acuacutestica urbana do 3deg Jardim de Boa

Viagem a partir de modificaccedilotildees cronoloacutegicas em sua forma urbana foram executados os

seguintes objetivos especiacuteficos (I) identificar as caracteriacutesticas configuraccedilotildees e transformaccedilotildees da

forma urbana ocorridas no 3deg Jardim de Boa Viagem nos anos de 1971 1981 1997 e 2009 a

partir de seu processo de ocupaccedilatildeo (II) elaborar mapas acuacutesticos dos niacuteveis atuais (2009) de

pressatildeo sonora equivalente do 3deg Jardim (III) elaborar mapas acuacutesticos do 3deg Jardim nos anos de

1971 1981 1997 e de situaccedilatildeo hipoteacutetica futura a partir da consideraccedilatildeo dos niacuteveis atuais (2009)

de pressatildeo sonora equivalente do 3deg Jardim

Em busca de expor sistematicamente seu desenvolvimento a presente investigaccedilatildeo foi

estruturada do seguinte modo

O presente capiacutetulo 1 introduz e antecipa brevemente a discussatildeo que seraacute realizada ao longo

desta pesquisa

O capiacutetulo 2 aborda dois aspectos principais O primeiro deles desenvolve o conceito de forma

urbana e seus elementos componentes a partir dos autores Joseacute Lamas (2004) Philippe Panerai

(2006) e Vicente Del Rio (1990) Busca elucidar que a apreensatildeo da forma urbana eacute complexa e

envolve diversificadas abordagens e enfoques sociais econocircmicos histoacutericos e culturais para

entatildeo indicar que a presente pesquisa lanccedilaraacute um olhar para a forma urbana essencialmente a

____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO

20

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

partir de seu aspecto fiacutesico e material recorte necessaacuterio para a anaacutelise do comportamento

acuacutestico urbano

O segundo aspecto abordado no capiacutetulo 2 diz respeito agrave definiccedilatildeo teoacuterica do conceito da

acuacutestica urbana e de suas diversificadas implicaccedilotildees e interfaces quando o som eacute propagado em

meio urbano Busca evidenciar os fenocircmenos que ocorrem a partir da interaccedilatildeo entre a forma

urbana e a acuacutestica urbana indicando que a influecircncia da forma urbana eacute determinante para o

comportamento da acuacutestica urbana

O capiacutetulo 3 eacute dedicado ao percurso investigativo desta pesquisa evidenciando sua metodologia e

procedimentos metodoloacutegicos apresentando o 3deg Jardim enquanto estudo de caso o

mapeamento acuacutestico enquanto instrumento de pesquisa e detalhando as etapas operacionais

deste estudo Este capiacutetulo evidencia ainda o processo de elaboraccedilatildeo dos modelos e mapas

acuacutesticos da forma urbana existente no 3deg Jardim em cada uma das datas estudadas aleacutem da

situaccedilatildeo hipoteacutetica futura e discute o software Predictor utilizado para este mapeamento

O capiacutetulo 4 diz respeito ao processo de ocupaccedilatildeo do bairro de Boa Viagem e sua relaccedilatildeo com as

transformaccedilotildees urbanas ocorridas no 3deg Jardim Busca-se identificar as caracteriacutesticas

configuraccedilotildees e transformaccedilotildees ocorridas na forma urbana do 3deg Jardim que possibilitem o

entendimento cronoloacutegico destas modificaccedilotildees dando suporte a elaboraccedilatildeo e anaacutelise dos mapas

acuacutesticos

O capiacutetulo 5 analisa o comportamento da acuacutestica urbana identificado nos mapas acuacutesticos

elaborados do 3deg Jardim a partir das modificaccedilotildees ocorridas em sua forma urbana nos anos de

1971 1981 1997 e 2009 aleacutem de uma situaccedilatildeo hipoteacutetica futura (prediccedilatildeo acuacutestica) Neste capiacutetulo

discute-se ainda o comportamento do 3deg Jardim em relaccedilatildeo agrave legislaccedilatildeo municipal que regula as

emissotildees sonoras na cidade do Recife e no estado de Pernambuco e sua relaccedilatildeo com os niacuteveis

recomendados por outras entidades normativas e indica-se possiacuteveis accedilotildees para melhoria no

comportamento acuacutestico do 3deg Jardim bem como as possiacuteveis consequumlecircncias acuacutesticas da

ausecircncia de tais accedilotildees

Por fim no capiacutetulo 6 satildeo apresentadas as consideraccedilotildees finais acerca do comportamento acuacutestico

do 3deg Jardim e satildeo indicados novos rumos de pesquisa a respeito da acuacutestica urbana

CAPIacuteTULO 2

A arquitetura eacute uma muacutesica petrificada

Arthur Schopenhauer

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

22

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

Analisar o comportamento da acuacutestica urbana ainda que a partir das modificaccedilotildees da forma

urbana faz com que esta pesquisa trate essencialmente da acuacutestica urbana No entanto este

comportamento esta sujeito aos diversificados modos de apreensatildeo da forma urbana e de seus

elementos componentes bem como ao modo como esta pesquisa os consideraraacute

Assim sendo o primeiro item deste capiacutetulo expotildee o conceito de forma urbana e de algumas de

suas relaccedilotildees discutido agrave luz de LAMAS (2004) de PANERAI (2006) e DEL RIO (1990)

indicando em seguida o que esta pesquisa consideraraacute como forma urbana

Certamente discussatildeo em torno da produccedilatildeo de outros autores poderia ser elaborada No

entanto o primeiro item deste capiacutetulo natildeo pretende representar uma revisatildeo bibliograacutefica acerca

do estudo da forma urbana e suas relaccedilotildees pretende sim construir uma discussatildeo em torno dos

trecircs autores selecionados que culmine no conceito de forma urbana que seraacute considerado por esta

pesquisa para possibilitar olhar para suas modificaccedilotildees cronoloacutegicas a fim de compreender o

comportamento da acuacutestica urbana

Apoacutes este delineamento no segundo item deste capiacutetulo discute-se a acuacutestica urbana e suas

relaccedilotildees conceituais com os diversos elementos e implicaccedilotildees da propagaccedilatildeo sonora em meio

urbano e como eles relacionam-se influenciando em seu comportamento

21 A Forma Urbana e seus Elementos Componentes

Segundo LAMAS (2004) estudar a forma urbana compreende examinar as configuraccedilotildees e as

estruturas exteriores de determinados objetos de suas formas interligando-as com os fenocircmenos

que lhes deram origem Assim sendo a forma urbana pode ser definida como sendo o

[] modo como se organizam os elementos morfoloacutegicos que constituem e definem o espaccedilo urbano relativamente agrave materializaccedilatildeo dos aspectos de

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

23

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 21 ndash Diferentes aspectos quantitativos relacionados a diversificadas formas urbanas Fonte LAMAS 2004

organizaccedilatildeo funcional e quantitativa e dos aspectos qualitativos e figurativos (LAMAS 2004 p 44) 1

Dentre estes aspectos os quantitativos satildeo agravequeles da realidade urbana que podem ser

quantificaacuteveis tais como densidades superfiacutecies fluxos coeficientes volumeacutetricos entre outros

(Figura 21) os de organizaccedilatildeo funcional satildeo agravequeles que se relacionam com as atividades

humanas tais como habitar e trabalhar e agravequeles relacionados ao modo de uso especiacutefico de uma

aacuterea ndash residencial comercial industrial entre outros os qualitativos referem-se ao tratamento dos

espaccedilos ao conforto e a comodidade do utilizador tais como adaptaccedilatildeo ao clima acessibilidade

estado da pavimentaccedilatildeo entre outros por fim os aspectos figurativos dizem respeito a

essencialmente a comunicaccedilatildeo esteacutetica (LAMAS 2004)

Pode-se considerar que ao olhar para forma urbana e em especiacutefico para suas modificaccedilotildees

cronoloacutegicas com o intuito de compreender o comportamento da acuacutestica urbana esta pesquisa

relaciona-se tanto aos aspectos qualitativos a partir do conforto acuacutestico dos receptores das

ondas sonoras em meio urbano quanto aos

aspectos quantitativos uma vez que este

comportamento acuacutestico em meio urbano eacute

quantificaacutevel em decibels (dB)

Embora estes aspectos envolvam grande parte

das singularidades inerentes a forma urbana

esta definiccedilatildeo parece ainda natildeo abarcar outras

particularidades sociais econocircmicas histoacutericas

e culturais igualmente envolvidas no

entendimento da concepccedilatildeo da forma urbana

isto eacute resta ainda a consideraccedilatildeo de que esta

forma urbana natildeo acontece

independentemente dos grupos sociais que a

produzem (PANERAI 2006)

Satildeo essencialmente estas particularidades que

impulsionam ou amortecem a transformaccedilatildeo

1 Para todas as citaccedilotildees deste autor natildeo seratildeo consideradas adaptaccedilotildees na liacutengua do paiacutes de origem - Portugal - permanecendo o texto original

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

24

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

dos elementos que compotildeem a forma urbana ndash a adiccedilatildeo de novos de traccedilados a um jaacute existente

ou sua superposiccedilatildeo seus conflitos o parcelamento de parques e ocupaccedilatildeo de espaccedilos livres a

renovaccedilatildeo da massa edificada seu lento adensamento e verticalizaccedilatildeo segundo uma especulaccedilatildeo

despretensiosa ou sua substituiccedilatildeo por vastos empreendimentos sob influecircncia de uma

especulaccedilatildeo bem mais expressiva (PANERAI 2006) isto eacute faz parte da apreensatildeo da forma

urbana uma complexidade que envolve um processo de acumulaccedilatildeo de enfoques e observaccedilotildees

sociais econocircmicas histoacutericas e culturais que englobam muito mais do que apenas sua forma

fiacutesica

Estas particularidades especialmente as sociais parecem um pouco mais delineadas nas

consideraccedilotildees feitas por DEL RIO (1990) que considera o espaccedilo urbano a partir da apropriaccedilatildeo

social que se faz dele estabelecendo que em relaccedilatildeo ao estudo da forma urbana a cidade pode

ser compreendida a partir de trecircs niacuteveis organizacionais o coletivo o comunitaacuterio e o individual

O niacutevel coletivo eacute regido sob uma loacutegica estruturadora percebida inconscientemente e

coletivamente e eacute composto pelos elementos2 do tecido que possuem uma permanecircncia maior ao

longo do tempo o niacutevel comunitaacuterio diz respeito aos elementos com significados especiais apenas

para um pequeno grupo da populaccedilatildeo como o bairro por exemplo jaacute o niacutevel individual expressa

significados individuais como a residecircncia e seu espaccedilo circundante e por seu caraacuteter individual eacute

o que apresenta maior rapidez nas modificaccedilotildees (DEL RIO 1990)

Mas LAMAS (2004) ao defender sua definiccedilatildeo para forma urbana natildeo soacute possuiacutea ciecircncia destas

outras particularidades explicitadas por PANERAI (2006) e DEL RIO (1990) ndash sociais

econocircmicas histoacutericas e culturais ndash envolvidas na concepccedilatildeo de forma urbana como optou em

natildeo apreciaacute-las

[] um primeiro grau de leitura da cidade eacute eminentemente fiacutesico-espacial e morfoloacutegico portanto especiacutefico da arquitectura e o uacutenico que permite evidenciar a diferenccedila entre este e outro espaccedilo entre esta e aquela forma e explicar as caracteriacutesticas de cada parte da cidade A estes se juntam outros niacuteveis de leitura que revelam diferentes conteuacutedos (histoacutericos econoacutemicos sociais e outros) Mas este conjunto de leituras soacute eacute possiacutevel porque a cidade existe como facto fiacutesico e material Todos os instrumentos de leitura lecircem o mesmo objecto ndash o espaccedilo fiacutesico a FORMA URBANA (LAMAS 2004 p 31 grifo do autor) Eacute fundamentalmente a dimensatildeo fiacutesica e morfoloacutegica da cidade que me preocupa [] (LAMAS 2004 p 31)

2 Estes elementos seratildeo discutidos em paraacutegrafos mais adiante

____________________________________________

ANAacuteLISE D

Na verdade esta opccedilatildeo em

urbana considerando-a essen

de seu aspecto fiacutesico e m

convenientemente ao obje

presente pesquisa analisar

da acuacutestica urbana a partir

cronoloacutegicas na forma urba

esta anaacutelise do compor

implica em uma apropriaccedil

fiacutesica e material destas modif

Certamente a busca pela ap

urbana envolve muito

simplesmente sua forma

como jaacute aclarado No entan

da anaacutelise proposta por

apreensatildeo em totalid

fundamentalmente necessaacuter

apropriaccedilatildeo da forma urban

material ou uma variaacutevel fiacutes

finalidade derradeira de

comportamento acuacutestico

modificaccedilotildees nesta forma

Ao entender a observaccedilatildeo

essencialmente em seu aspec

(2004) propocircs uma classifica

dimensotildees

bull A dimensatildeo setorial

refere-se agrave menor u

do espaccedilo urbano co

uma praccedila ou uma

ponto o observador

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 24 ndash A cidadeo texemplificada por meio da cidadLAMAS 2004

Figura 23 ndash O bairro a escala ucidade portuguesa de Tavira Fonte

Figura 22 ndash Praccedila da Alagoa na ca dimensatildeo setorial Fonte LAMA

em observar a forma

sencialmente a partir

material responde

bjetivo primeiro da

ar o comportamento

rtir de modificaccedilotildees

rbana uma vez que

ortamento acuacutestico

riaccedilatildeo genuinamente

dificaccedilotildees

apreensatildeo da forma

o mais do que

a fiacutesica e material

tanto para realizaccedilatildeo

or este estudo tal

alidade natildeo eacute

saacuteria o que torna a

bana quase um meio

l fiacutesica para atingir a

e compreensatildeo do

a partir de

atildeo da forma urbana

pecto fiacutesico LAMAS

icaccedilatildeo em escalas ou

ndash a escala da rua

r unidade ou porccedilatildeo

como por exemplo

a rua onde de um

dor pode abarcar a

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

25

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

territoacuterioa dimensatildeo territorial dade portuguesa de Tavira Fonte

a urbana exemplificada por meio da nte LAMAS 2004

na cidade portuguesa de Tavira ilustra MAS 2004

____________________________________________

ANAacuteLISE D

unidade espacial d

(Figura 22)

bull A dimensatildeo urbana ndash

corresponde agraves pa

identificaacuteveis como

exemplo onde a

elementos da forma

atraveacutes do movime

percursos (Figura 23

bull E por fim a dimensatildeo

da cidade diz respeito

diferentes formas

articulaccedilatildeo de bai

entre si Sua forma

distribuiccedilatildeo de eleme

das cidades em con

suporte geograacutefico d

a articulaccedilatildeo de

circulaccedilatildeo entre os

entre zonas habitacio

entre outras (Figura 2

Dentre estas dimensotildees a u

bairro desperta particular

pesquisa uma vez que o e

limites de observaccedilatildeo atraveacute

de movimentos poderaacute aba

significante de modificaccedilotildee

forma urbana de determina

compreender o comport

acuacutestica urbana

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 25 ndash Exemplos de diversiflotes quarteirotildees e vias em difereNesta imagem um recorte do CONDEPE-FIDEM 1981

Figura 26 ndash Exemplos de diversiflotes quarteirotildees e vias em difereNesta imagem um recorte do baorigens da cidade entrecortadoBarreto Fonte CONDEPE-FIDE

Figura 27 ndash Exemplos de diveredifiacutecios lotes quarteirotildees e vias eRecife Nesta imagem um recessencialmente por morros o AltoFIDEM 1981

de seu conjunto

ndash a escala do bairro

partes homogecircneas

mo os bairros por

a observaccedilatildeo dos

a urbana eacute realizada

imento e de vaacuterios

23)

nsatildeo territorial ndash a escala

eito agrave articulaccedilatildeo de

as urbanas da

bairros interligados

ma eacute definida pela

mentos estruturantes

onformidade com o

o do siacutetio tais como

e ruas e vias de

s diferentes bairros

cionais e comerciais

a 24)

a urbana ndash escala do

lar interesse desta

o entendimento dos

veacutes de certo nuacutemero

barcar uma amostra

otildees cronoloacutegicas na

inado local a fim de

ortamento de sua

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

26

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

rsificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios erentes bairros da cidade do Recife o bairro de Boa Viagem Fonte

rsificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios erentes bairros da cidade do Recife bairro de Satildeo Joseacute que remete agraves do pela recente Avenida Dantas DEM 1981

versificadas concretizaccedilotildees entre os em diferentes bairros da cidade do

recorte de um bairro constituiacutedo lto do Mandu Fonte CONDEPE-

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

No entanto para apreender tal dimensatildeo devem-se conhecer e estabelecer quais elementos

miacutenimos da forma urbana que se relaciona com esta a dimensatildeo urbana e quais satildeo estes

elementos LAMAS (2004) propocircs onze elementos da forma urbana necessaacuterios para esta

apreensatildeo o solo (I) o edifiacutecio (II) o lote (III) o logradouro (IV) o quarteiratildeo (V) o traccediladoa

rua(VI) a praccedila (VII) a fachada (VIII) o monumento (IX) a vegetaccedilatildeo (X) e o mobiliaacuterio

urbano (XI) Dentre estes elementos seis possuem uma estreita relaccedilatildeo com esta pesquisa e

seratildeo expostos de acordo com consideraccedilotildees observadas por LAMAS 3 (2004) (Figuras 25 a 27)

O edifiacutecio representa o elemento miacutenimo identificaacutevel na observaccedilatildeo da forma urbana eacute atraveacutes

dele que se constitui o espaccedilo urbano e se organizam diferentes elementos tais como ruas praccedilas

avenidas entre outros Os edifiacutecios agrupam-se em diferentes tipos tanto em relaccedilatildeo a suas

formas quanto a suas funccedilotildees Estes elementos podem influenciar o comportamento da acuacutestica

urbana atuando enquanto objetos reflexivos da onda sonora e como barreiras acuacutesticas4

O lote representa o princiacutepio da relaccedilatildeo do edifiacutecio com o terreno A forma do lote eacute muitas

vezes condicionante da forma do edifiacutecio tornando-os vinculados por essecircncia o logradouro diz

respeito ao espaccedilo livres e natildeo construiacutedos no interior do lote aos quintais e jardins o quarteiratildeo

ou quadra pode ser considerado como o espaccedilo resultante entre o cruzamento de trecircs ou mais

vias podendo ser demarcado em vaacuterios lotes para a construccedilatildeo de edifiacutecios Juntos estes trecircs

elementos associados aos edifiacutecios podem propiciar uma maior ou menor permeabilidade

acuacutestica eou uma maior ou menor presenccedila de aacutereas de sombra no meio urbano

O traccedilado por meio das ruas ou vias eacute facilmente identificaacutevel no meio urbano Estaacute muitas vezes

condicionado ao siacutetio geograacutefico existente regula a disposiccedilatildeo dos edifiacutecios e quarteirotildees e

interliga os vaacuterios espaccedilos componentes da cidade e a cidade ao territoacuterio Normalmente o

traccedilado resiste agraves transformaccedilotildees na forma urbana por possuir um caraacuteter de permanecircncia natildeo

totalmente modificaacutevel O traccedilado engloba trajetoacuterias e caminhos que natildeo satildeo necessariamente

percorridos atraveacutes de automoacuteveis apesar disso estaacute em grande parte vinculado a uma das

principais fontes geradoras de ruiacutedo urbano ndash o traacutefego de veiacuteculos

3 Os outros elementos tambeacutem podem relacionar-se de diferentes maneiras com a acuacutestica urbana mas nem tanto com a presente pesquisa e por isso natildeo foram considerados 4 Todas as definiccedilotildees e conceitos acuacutesticos apresentados no presente item seratildeo elucidados no item seguinte 22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 28 ndash Os trecircs conjuntos formadores do tecido urbano segundo Panerai (2006) Fonte PANERAI 2006

A praccedila eacute um espaccedilo de geometria variada

intencionalmente inserido no meio urbano

cuja relaccedilatildeo com o traccedilado e os edifiacutecios

tambeacutem eacute intencional evidenciada atraveacutes do

seu desenho e natildeo acidentais como

alargamento e confluecircncias do traccedilado Aleacutem

disso a praccedila eacute um lugar de encontro de

permanecircncia e de praacuteticas sociais

Acusticamente dependendo de suas

proporccedilotildees a propagaccedilatildeo sonora que envolve

uma praccedila pode apresentar um

comportamento que se assemelha a

propagaccedilatildeo sonora em campo livre

Estes elementos constituintes da forma urbana

conceituados por LAMAS (2004) podem ser

identificados sob um diferente invoacutelucro

conceitual mas com a mesma essecircncia no que

PANERAI (2006) definiu como sendo

conjuntos do tecido urbano

Aplicado agrave cidade o termo ldquotecidordquo evoca a continuidade e a renovaccedilatildeo a permanecircncia e a variaccedilatildeo Ele explica a constituiccedilatildeo das cidades antigas e responde as questotildees levantadas pelo estudo das urbanizaccedilotildees recentes Ele pressupotildee uma atenccedilatildeo tanto ao banal quanto ao excepcional tanto agraves ruas comuns e agraves edificaccedilotildees corriqueiras quanto agraves regulamentaccedilotildees e aos monumentos Dentre as muacuteltiplas definiccedilotildees de tecido urbano e sem desprezar suas qualidades escolhemos a mais simples O tecido urbano eacute constituiacutedo pela superposiccedilatildeo ou imbricaccedilatildeo de trecircs conjuntos a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees Essa definiccedilatildeo potildee em evidecircncia os elementos que permitem que as diferentes partes da cidade evoluam ao mesmo tempo em que satildeo mantidas a coesatildeo de conjunto e a clareza de sua estrutura (PANERAI 2006 p 77-78 grifo nosso) (Figura 28)

Ao contraacuterio de LAMAS (2004) que considera a praccedila como um elemento da forma urbana por

si soacute PANERAI (2006) discute as vias ou traccedilado inseridas em uma relaccedilatildeo em rede onde

tambeacutem satildeo considerados como partes constituintes os largos passeios praccedilas esplanadas cais

pontes rios canais margens praias todos compondo o espaccedilo puacuteblico Eacute atraveacutes desta rede

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

contiacutenua e hierarquizada que acontecem as distribuiccedilotildees e circulaccedilotildees da cidade bem como sua

organizaccedilatildeo local e territorial

Jaacute os parcelamentos fundiaacuterios constituem a representaccedilatildeo negativa5 da rede de vias que evidencia o

domiacutenio construiacutedo Este domiacutenio natildeo se limita aos edifiacutecios mas tambeacutem envolve paacutetios

quintais terrenos baldios (PANERAI 2006) Embora PANERAI(2006) considere separadamente

o exame das edificaccedilotildees sugere-se que este domiacutenio construiacutedo envolve quatro dos elementos da

forma urbana elencados por LAMAS (2004) o edifiacutecio o lote o logradouro e o quarteiratildeo

Para PANERAI (2006) as edificaccedilotildees ou edifiacutecios satildeo consideradas construccedilotildees subordinadas ao

espaccedilo puacuteblico ou seja a rede de vias sendo por ele estruturada e que acrescentam a dimensatildeo

vertical ao tecido urbano Tal subordinaccedilatildeo permite que haja uma dependecircncia reciacuteproca entre os

edifiacutecios ainda que eles pertenccedilam a eacutepocas diferentes fazendo com que sua renovaccedilatildeo aconteccedila

sem que haja grandes perdas na unidade do conjunto

Ao estruturar sua concepccedilatildeo dos elementos componentes da forma urbana DEL RIO (1990) eacute

bem mais sinteacutetico e objetivo mas assim como LAMAS (2000) e PANERAI (2006) seus

elementos possuem similaridades e ateacute repeticcedilotildees que praticamente reproduzem a mesma

essecircncia conceitual dos outros dois autores Estes elementos por serem estruturados tatildeo

objetivamente seratildeo apresentados em citaccedilatildeo direta satildeo eles

- crescimento os modos as intensidades e direccedilotildees elementos geradores e reguladores limites e superaccedilatildeo de limites modificaccedilatildeo de estruturas pontos de cristalizaccedilatildeo etc - traccedilado e parcelamento ordenadores do espaccedilo estrutura fundiaacuteria relaccedilotildees distacircncias circulaccedilatildeo e acessibilidade etc - tipologias dos elementos urbanos inventaacuterio e categorizaccedilatildeo de tipologias ediliacutecias (residecircncias comercio etc) de lotes e sua ocupaccedilatildeo de quarteirotildees e sua ocupaccedilatildeo de praccedilas esquinas etc - articulaccedilotildees relaccedilotildees entre elementos hierarquias domiacutenios do publico e privado densidades relaccedilotildees entre cheios e vazios etc (DEL RIO 1990 p 83 grifos do autor)

Dentre todos os elementos expostos a partir dos trecircs autores existe um importante fenocircmeno

relacionando-os em distintas intensidades e que merece ser considerado por influenciar

definitivamente na modificaccedilatildeo da forma urbana ndash o adensamento

5 No sentido de uma fotografia onde os claros e os escuros satildeo representados no negativo de modo contraacuterio ao do objeto fotografado

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

30

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 29 ndash O adensamento das ilhas do Bairro do Recife e de Santo Antocircnio (imagem) ocorreu tanto pelo preenchimento progressivo desde o inicio da ocupaccedilatildeo da cidade quanto por meio da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees anteriores Fontehttppedrodealbuquerquewordpresscomcategorypernambuco Acesso em 201109

O adensamento ocorre a partir de dois modos

essenciais de ocupaccedilatildeo o primeiro a partir do

preenchimento progressivo do espaccedilo urbano

e o segundo a partir da substituiccedilatildeo completa

por meio de demoliccedilatildeo de edificaccedilotildees

anteriores (PANERAI 2006) (Figura 29)

A primeira forma de adensamento ocorre sem

a expansatildeo territorial por meio do

preenchimento progressivo de todas as

reservas fundiaacuterias e espaccedilos livres de

determinado meio urbano Eacute um

adensamento inserido em limitesbarreiras

preacute-estabelecidos naturais ou natildeo tais como

uma via expressa irregularidades geograacuteficas

do siacutetio ou ainda numa escala menor a proacutepria quadra pode ser um limite para saturaccedilatildeo gradual

em seu interior desmembramento ou remembramento dos lotes para construccedilatildeo de novas

edificaccedilotildees verticalizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo de antigos quintais eou jardins (PANERAI 2006)

A segunda forma de adensamento acontece atraveacutes da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees

anteriormente existentes por novas construccedilotildees de maior porte tanto em relaccedilatildeo agrave ocupaccedilatildeo do

solo por meio do remembramento de lotes quanto em relaccedilatildeo ao seu gabarito Esta forma de

adensamento permite a renovaccedilatildeo do espaccedilo urbano sem aumentar sua aacuterea de abrangecircncia sem

sua expansatildeo (PANERAI 2006)

Ambas as formas de adensamento transformam essencialmente a forma urbana e o modo como

se relacionam seus elementos componentes A identificaccedilatildeo desta transformaccedilatildeo em determinado

meio urbano gerada pelo adensamento eacute indispensaacutevel para anaacutelise do comportamento da

acuacutestica urbana a partir de modificaccedilotildees na forma urbana deste mesmo meio uma vez que o

adensamento pode influenciar na propagaccedilatildeo sonora proporcionando uma maior quantidade de

objetos reflexivos de barreiras acuacutesticas e favorecendo a diminuiccedilatildeo da permeabilidade acuacutestica

Por fim a partir exposiccedilatildeo de determinados elementos considerados por LAMAS (2004) ndash o

edifiacutecio o lote o logradouro o quarteiratildeo o traccediladoa rua e a praccedila dos conjuntos considerados

por PANERAI (2006) ndash a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees dos

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

31

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

elementos considerados por DEL RIO (1990) ndash crescimento traccedilado e parcelamento tipologias

dos elementos urbanos e as articulaccedilotildees e em busca de atingir seu objetivo principal esta

pesquisa consideraraacute a forma urbana inserida em um recorte que a considera essencialmente a

partir de seu aspecto fiacutesico e material e cujos elementos componentes considerados seratildeo

exclusivamente

1 As parcelas fundiaacuterias ndash consideradas por meio das quadras e lotes incluindo sua relaccedilatildeo

de modo de ocupaccedilatildeo das edificaccedilotildees sua densidade e seus espaccedilos livres

2 As edificaccedilotildees ndash consideradas atraveacutes de sua relaccedilatildeo de modo de ocupaccedilatildeo com os

lotes e do grau de verticalizaccedilatildeo (gabarito baixo meacutedio e alto)

3 As vias ndash consideradas como reguladoras da relaccedilatildeo com as edificaccedilotildees e quarteirotildees e

principalmente apreciadas como estreitamente vinculadas a uma das principais fontes

geradoras de ruiacutedo urbano (o traacutefego de veiacuteculos)

Estes seratildeo os elementos componentes da forma urbana que esta pesquisa se apropriaraacute no

decurso do caminho a fim de analisar o comportamento acuacutestico a partir de modificaccedilotildees

cronoloacutegicas em determinada forma urbana Nos paraacutegrafos seguintes discutem-se os conceitos e

relaccedilotildees que permeiam a acuacutestica urbana

22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais

A acuacutestica eacute a ciecircncia do som incluindo sua geraccedilatildeo transmissatildeo e recepccedilatildeo de energia sob a

forma de ondas vibracionais na mateacuteria (KINSLER et al 1982) Ela eacute uma ciecircncia

multidimensional e interligada a vaacuterios domiacutenios cientiacuteficos Seu objeto de estudo fundamental o

som delineia uma seacuterie de interfaces multidisciplinares com abordagens em diversificadas aacutereas

do conhecimento (Figura 210)

Desse modo quando a geraccedilatildeo transmissatildeo e efeitos do som estatildeo inseridos no meio urbano

seu desdobramento eacute estudado pela aacuterea de conhecimento da acuacutestica urbana muitas vezes

tambeacutem nomeada de acuacutestica ambiental

O objeto de estudo fundamental da acuacutestica o som eacute a sensaccedilatildeo produzida no ouvido por

pequenas flutuaccedilotildees da pressatildeo do ar (HANSEN 2005) ou seja eacute uma percepccedilatildeo sensorial e seu

____________________________________________

ANAacuteLISE D

complexo padratildeo de ondas s

de ruiacutedo muacutesica fala

(BERGLUND et al 1999)

Esta definiccedilatildeo do som tend

a percepccedilatildeo do ouvido

conceito psicofiacutesico Fisicame

vibraccedilatildeo mecacircnica que

progressivamente atraveacutes de

gasoso liacutequido ou soacutelido (SIN

Esta vibraccedilatildeo quando tran

que o rodeia nem sempre

aparelho auditivo humano

frequumlecircncia6 audiacutevel encontra

20 a 20000 Hz para um

(BRUumlEL amp KJAEligR 1984

1982) Frequumlecircncias acima de

altas para respostas fisioloacuteg

chamadas de ultrasons Jaacute as

de 20 Hz satildeo chamadas de

detectaacuteveis pelo ouvido hum

prejudiciais agrave sua sauacutede7

1982 SOUSA 2004)

Fisicamente o som e o ruiacutedo

ambos se propagam em mei

detectados pelo ouvido hu

enquanto o som eacute utilizado

6 A frequumlecircncia eacute o nuacutemero de ciclo(HANSEN 1995) 7 A exposiccedilatildeo a baixas frequumlecircncias depressatildeo irritabilidade e perturba pro

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 210 ndash Interfaces multidFonte Elaborado pela autora a pa

Figura 211 ndash Fonte sonora ponSOUZA 2006

as sonoras eacute rotulado

ala entre outros

ndo como referecircncia

o humano eacute um

mente o som eacute uma

que se propaga

de um meio material

(SINGAL 2005)

transmitida ao meio

re eacute detectaacutevel pelo

ano cuja faixa de

tra-se no intervalo de

um jovem saudaacutevel

4 KINSLER et al

de 20000 Hz muito

loacutegicas auditivas satildeo

as frequumlecircncias abaixo

de infrasons e natildeo satildeo

umano contudo satildeo

(KINSLER et al

iacutedo constituem o mesmo fenocircmeno de variaccedilotildee

eio elaacutestico (soacutelido liacutequido ou gasoso) e ambos

humano (BERGLUND et al 1999 HANSEN

do para descrever percepccedilotildees sonoras agradaacutev

iclos que a onda sonora completa no tempo de um segundo

as pode gerar a doenccedila Vibroacuacutestica que induz o espessamprocessos cognitivos (BRANCO e PEREIRA 2004)

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

32

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

ltidisciplinares do estudo do som partir de BISTAFA 2006

ontual e fonte sonora linear Fonte

otildees de pressatildeo ambiente

bos satildeo capazes de serem

EN 1995) No entanto

daacuteveis o ruiacutedo descreve

do e eacute medida em Hertz (Hz)

amento das estruturas cardiacuteacas

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

33

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 212 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora pontual de 6 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007

percepccedilotildees sonoras desagradaacuteveis incorporando um aspecto de subjetividade agrave sua definiccedilatildeo

(BRUumlEL amp KJAEligR 1984 HANSEN 2005 BRASIL 2006 SINGAL 2005)

Tal subjetividade acarreta diferentes e individuais percepccedilotildees sonoras pelo ser humano e

portanto em diferentes reaccedilotildees agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo Em outras palavras o que se estabelece

como som para um indiviacuteduo pode representar ruiacutedo para outro

[] as respostas inerentes ao ruiacutedo satildeo complexas dependendo tanto dos fatores propriamente acuacutesticos quanto dos psicossociais contextuais simboacutelicos emocionais como daqueles de valor especiacutefico Essas variaacuteveis participam da singularidade da escuta e atuam como filtros que modificam a percepccedilatildeo do sinal fiacutesico sonoro (SANTOS e MARTINS 2005 p 216)

Enquanto sua percepccedilatildeo envolve a subjetividade as respostas fisioloacutegicas agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo satildeo

mais objetivas e seus danos satildeo mais facilmente identificaacuteveis O ruiacutedo pode gerar complicaccedilotildees

no sistema circulatoacuterio e hormonal perda gradativa da audiccedilatildeo distuacuterbios de sono estresse

irritabilidade neuroses desconforto e dificuldade de aprendizado entre outros danos

(BERGLUND et al1999 HANSEN 2005 KINSLER et al 1982 MURGEL 2007 NAGEM

2004 NUNES 2006 PAZ et al 2005 SINGAL 2005 ZANNIN et al 2002)

O ruiacutedo pode se originar de variadas fontes presentes em diversificados ambientes as mais

comumente encontradas satildeo as fontes sonoras pontuais e as lineares (Figura 211) A fonte pontual

possui dimensotildees finitas e emite o mesmo niacutevel de pressatildeo sonora uniformemente para todas as

direccedilotildees sendo seu decaimento em campo livre de 6 dB para cada dobro da distacircncia (Figura

212) (HANSEN 2005 SOUSA 2004)

Jaacute a fonte linear eacute formada por certo nuacutemero de

fontes pontuais dispostas linearmente cuja

emissatildeo sonora eacute contiacutenua ao longo desta

linha sendo seu decaimento em campo livre

de 3 dB para cada dobro da distacircncia (Figura

213) (HANSEN 2005 PAZ 2004)

Quando propagadas no meio urbano a

combinaccedilatildeo de tais fontes sonoras associadas

ao percurso de transmissatildeo e ao receptor

constitui o ruiacutedo urbano (urban noise) tambeacutem

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 213 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora linear de 3 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007

chamado de ruiacutedo ambiental (environmental

noise) ou ruiacutedo comunitaacuterio (community noise)

(BERGLUND et al1999 GUEDES 2005

SOUSA 2004)

O ruiacutedo urbano pode ser gerado a partir do

traacutefego de veiacuteculos terrestres e aeacutereos de

obras de construccedilatildeo civil de estabelecimentos

industriais de estabelecimentos comerciais e

de serviccedilos de sistemas de propaganda

volante ou permanente8 e ruiacutedos de outras atividades cuja propagaccedilatildeo sonora pode afetar o bem-

estar e a sauacutede dos citadinos (BARRON 2003 BERGLUND et al1999 KINSLER et al 1982

NAGEM 2004 NUNES 2006 SINGAL 2005)

Apesar de esporaacutedica outra fonte de ruiacutedo gerada em meio urbano satildeo os eventos puacuteblicos tais

como festas shows comiacutecios carnavais fora de eacutepoca entre outros As fontes de ruiacutedo presentes

nestes eventos atingem um alto niacutevel de pressatildeo sonora9 e abrangem uma grande quantidade

populacional logo independente de ocorrer poucas vezes durante o ano satildeo eventos

extremamente danosos a sauacutede e principalmente agrave audiccedilatildeo a partir de 80 dB(A) natildeo importa se

a sensaccedilatildeo sonora eacute prazerosa ou natildeo ela eacute necessariamente prejudicial10 (Tabela 21) (NUNES

2006)

Quando a intensidade dos ruiacutedos urbanos torna-se excessivamente desagradaacutevel eou nociva o

ruiacutedo passa a ser considerado uma forma de poluiccedilatildeo ambiental11 - a poluiccedilatildeo sonora A

necessidade de regulamentaccedilatildeo da poluiccedilatildeo sonora renuncia os aspectos de subjetividade

existentes e inerentes ao conceito de ruiacutedo na tentativa de sintetizar e estabelecer limites leis

normas meacutetodos e accedilotildees que representem um universo sonoro equivalente para toda a

populaccedilatildeo na tentativa de controlar e mitigar o ruiacutedo urbano

8 Carros de som bicicletas com som raacutedios comunitaacuterias entre outros 9 O niacutevel de pressatildeo sonora eacute a medida fiacutesica preferencial para caracterizar a sensaccedilatildeo subjetiva da intensidade dos sons e de acordo com a lei de Weber e Fechner a sensaccedilatildeo sonora eacute proporcional ao logaritmo da intensidade sonora NPS=20 log (pp0) onde p eacute a pressatildeo sonora em Pascal e p0 eacute a pressatildeo sonora de referecircncia (2 10-5 Pascal) (BISTAFA 2006 NIEMEYER 2007) 10 Outros niacuteveis de ruiacutedo tambeacutem podem ser prejudiciais em maior ou menor grau dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora 11 ldquoPoluiccedilatildeo eacute a degradaccedilatildeo da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente a) prejudiquem a sauacutede a seguranccedila e o bem-estar da populaccedilatildeo b) criem condiccedilotildees adversas agraves atividades sociais e econocircmicas c) afetem desfavoravelmente a biota d) afetem as condiccedilotildees esteacuteticas ou sanitaacuterias do meio ambiente e) lancem mateacuterias ou energia em desacordo com os padrotildees ambientais estabelecidosrdquo (BRASIL 1981 p 1 e 2)

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Tabela 21 ndash Os niacuteveis de pressatildeo sonora e suas consequumlecircncias fisioloacutegicas no homem Em alguns casos podem a intensidade das reaccedilotildees fisioloacutegicas podem variar dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora Fonte elaborado pela autora a partir de KINSLER et al 1992 SINGAL 2005 SOUZA 2006

Assim sendo na esfera federal a Constituiccedilatildeo Federal (Art255) o Coacutedigo Civil Brasileiro (Lei ndeg

1040602) a Lei das Contravenccedilotildees Penais (Decreto-lei nordm 368841) e a Lei dos Crimes

Ambientais (Lei nordm 960598) versam a partir de diferentes abordagens e diferentes

procedimentos legais sobre a poluiccedilatildeo sonora e suas respectivas perturbaccedilotildees (CARNEIRO

2009)

NIacuteVEIS DE PRESSAtildeO SONORA E SUAS CONSEQUEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS

Niacutevel de Pressatildeo sonora

em dB(A)

Caracteriacutesticas FISIOLOacuteGICAS

Ambiente ou atividade

0 a 30 Nenhuma Tremular de folhas de uma aacutervore sussurros

aacuterea de mata selvagem

30 a 50 Nenhuma Cantar de paacutessaros rua calma em aacuterea residencial durante noite

50 a 70 Marca o iniacutecio do estresse

auditivo Rua agitada um restaurante barulhento

70 a 90 Estressante e bastante

excitante Chegada de um trem na estaccedilatildeo carro a 100 Kmh

conversa a gritos

90 a 110 Extremamente excitante provocando dependecircncia

Caminhatildeo pesado a 60 Kmh alarme de viatura passagem de trem numa estaccedilatildeo ou cabine de um aviatildeo monomotor

110 a 130

Desconfortavelmente alto atingindo o limiar da dor podendo causar surdez

instantacircnea

Trem passando em trilhos elevados martelo pneumaacutetico interior de uma boate show de banda de rock

130 a 140 Acima do limiar da dor

causando surdez permanente Decolagem de aviatildeo a jato a 5m de distacircncia disparos de artilharia

Ainda no domiacutenio federal o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) publicou vaacuterias

resoluccedilotildees que estabelecem normas de preservaccedilatildeo ao meio ambiente incluindo o combate a

poluiccedilatildeo sonora12 Nestas resoluccedilotildees todas as atividades geradoras de ruiacutedo devem seguir

diretrizes vinculadas agrave Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas ndash ABNT e ao Conselho

Nacional de Tracircnsito - CONTRAN no caso de ruiacutedo produzido por veiacuteculos automotores

(NAGEM 2004)

Tais resoluccedilotildees normas e diretrizes refletidas no domiacutenio estadual e municipal deram origem agrave

Lei Estadual nordm 12789 de 28 de Abril de 2005 (PERNAMBUCO2005) conhecida como ldquoLei do

12 Satildeo elas RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 272 de 14 de setembro de 2000

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

36

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Silecircnciordquo e que dispotildee sobre ruiacutedos urbanos poluiccedilatildeo sonora e proteccedilatildeo do bem-estar e do

sossego puacuteblico e agrave Lei nordm 16243 de 13 de setembro de 1996 ndash Coacutedigo do Meio Ambiente e do

Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife (RECIFE 1996a) que estabelece a poliacutetica do meio ambiente da

cidade do Recife incluindo regulamentaccedilatildeo de emissotildees sonoras entre outras providecircncias

tendo como suporte a Lei 1617696 de 9 de Abril de 1996 ndash Lei de Uso e Ocupaccedilatildeo do Solo da

Cidade do Recife ndash LUOS (RECIFE 1996b)

Apesar da existecircncia desta grande quantidade de leis federais estaduais e municipais apesar da

LUOS legislar sobre a etapa de aprovaccedilatildeo de projetos para a construccedilatildeo de empreendimentos

com usos geradores de incocircmodo agrave vizinhanccedila incluindo usos potencialmente geradores de ruiacutedos

submetendo-os agrave anaacutelise teacutecnica eou agrave anaacutelise especial e apesar do Coacutedigo do Meio Ambiente e

do Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife estabelecer limites maacuteximos permitidos de ruiacutedo na praacutetica a

accedilatildeo contra a poluiccedilatildeo sonora em Recife adquire caraacuteter corretivo pelos oacutergatildeos reguladores agrave

conduta do infrator geralmente a partir de denuacutencias da populaccedilatildeo apoacutes a consolidaccedilatildeo da fonte

geradora de ruiacutedo no meio urbano (JORNAL DO COMEacuteRCIO 2008 JC ONLINE 2005)

Outro exemplo local de desatenccedilatildeo agrave poluiccedilatildeo sonora eacute a inexistecircncia dentre vaacuterios outros tipos

de degradaccedilatildeo ambiental presentes de qualquer referecircncia a respeito da poluiccedilatildeo sonora em

documento produzido pela Prefeitura da Cidade do Recife no ano 2000 o Atlas Ambiental da

Cidade do Recife (RECIFE 2000)

Diante da aplicabilidade ineficaz da legislaccedilatildeo vigente em Novembro de 2009 foi lanccedilado pelo

Ministeacuterio Puacuteblico de Pernambuco a cartilha Poluiccedilatildeo sonora Silento e o barulho13 que versa sobre as

posturas e accedilotildees direitos e deveres dos diversos agentes envolvidos na produccedilatildeo e recepccedilatildeo da

poluiccedilatildeo sonora indicando como devem agir a viacutetima o policial o estado o construtor poluidor

o proprietaacuterio de carro de som poluidor entre outros A cartilha tambeacutem disponibiliza uma seacuterie

de formulaacuterios modelos de acordo com os diferentes tipos de poluiccedilatildeo sonora Estes formulaacuterios satildeo

exemplos para serem utilizados tanto pela viacutetima da poluiccedilatildeo sonora quanto pelo policial civil

militar promotor de justiccedila e ateacute mesmo pelo poluidor - o que poderaacute tornar esta cartilha um

importante instrumento para aplicaccedilatildeo das leis vigentes (CARNEIRO 2009)

Embora negligenciada e em oposiccedilatildeo a diversos outros problemas ambientais mundiais a

poluiccedilatildeo sonora continua a crescer e eacute acompanhada pelo aumento no nuacutemero de reclamaccedilotildees de

13 ldquoSilentordquo eacute um personagem criado para narrar alguns trechos interativos da cartilha

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 214 ndash Relaccedilatildeo entre o desenvolvimento industrial da sociedade que possibilita o aumento e concentraccedilatildeo de fontes sonoras e seus impactos em relaccedilatildeo ao ruiacutedo nas comunidades apontando trecircs previsotildees futuras de acordo com diferentes accedilotildees possiacuteveis de regulamentaccedilatildeo contra do ruiacutedo Fonte elaborado pela autora a partir de BERGLUND et al 1999

pessoas expostas ao ruiacutedo a partir do aumento da consciecircncia de seus direitos legais

(BERGLUND et al1999)

Para World Health Organization (WHO)14 a poluiccedilatildeo sonora jaacute eacute um dos problemas ambientais que

atingem o maior nuacutemero de pessoas no planeta perdendo apenas para a poluiccedilatildeo do ar e da aacutegua

(KIHLMAN 2004 2005) Este crescimento contiacutenuo da poluiccedilatildeo sonora e por conseguinte do

ruiacutedo urbano possui uma estreita relaccedilatildeo com as raacutepidas transformaccedilotildees ocorridas no meio

urbano nas uacuteltimas deacutecadas O desenvolvimento acelerado e a expansatildeo das cidades implicaram

em modificaccedilotildees em elementos da forma urbana em alto iacutendice de crescimento demograacutefico da

populaccedilatildeo urbana e em consequumlente aumento e concentraccedilatildeo de diversos tipos de fontes

geradoras de poluiccedilatildeo sonora (BRASIL 1990a1990b GUEDES 2005 PAZ 2009 ZANNIN et

al 2002) (Figura 214)

Entre estas fontes urbanas geradoras de poluiccedilatildeo sonora uma das que mais contribuem com o

aumento do ruiacutedo urbano aleacutem de ser considerada uma das fontes mais intrusivas e a mais

percebida pela populaccedilatildeo das grandes cidades eacute o traacutefego de veiacuteculos (DINIZ 2003 FRITSCH et al

2007 LACERDA et al 2005 PAZ 2004 ZANNIN et al 2003)

O ruiacutedo do traacutefego de veiacuteculos eacute gerado a

partir do ruiacutedo veicular que proveacutem

essencialmente do sistema de propulsatildeo do

motor do atrito entre o veiacuteculo e o ar (ruiacutedo

aerodinacircmico) e do atrito entre o pneu e o piso

(MURGEL 2007 KINSLER et al 1982) e da

relaccedilatildeo entre o veiacuteculocondutor e as

configuraccedilotildees das vias em que ele estaacute inserido

a aceleraccedilatildeo eou desaceleraccedilatildeo do motor de

acordo com a caracterizaccedilatildeo das vias - a

presenccedila de cruzamentos semaacuteforos faixas de

pedestres etc a intensidade do fluxo de

veiacuteculos e a proporccedilatildeo entre veiacuteculos leves e os

veiacuteculos pesados a frequumlecircncia de

14 Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede ndash OMS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

acionamentos de buzinas o tipo de acabamento da superfiacutecie das vias (concreto asfalto brita

terra batida) etc (SINGAL 2005)

Tais vias geradoras do ruiacutedo de traacutefego aleacutem de serem interceptadas por outras vias satildeo

comumente ladeadas por configuraccedilotildees bastante variaacuteveis desde edificaccedilotildees com formas

implantaccedilotildees e gabaritos diversificados a lotes ainda natildeo ocupados caracterizando a propagaccedilatildeo

do ruiacutedo de traacutefego urbano por muacuteltiplas reflexotildees responsaacuteveis pelo espalhamento do ruiacutedo

para vias adjacentes pelo surgimento de campos sonoros reverberantes pela difraccedilatildeo do ruiacutedo e

pelo surgimento de aacutereas de sombra (SINGAL 2005 RANDRIANOELINA e SALOMONS

2008) Ou seja a propagaccedilatildeo do ruiacutedo urbano gerado pelo traacutefego de veiacuteculos possui uma

interaccedilatildeo singular com elementos da forma urbana

Assim sendo tanto por sua participaccedilatildeo determinante na constituiccedilatildeo do ruiacutedo urbano quanto

por sua particular relaccedilatildeo com os elementos que compotildeem a forma urbana o ruiacutedo de traacutefego

seraacute a uacutenica fonte sonora considerada na presente pesquisa conforme seraacute melhor elucidado no

proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas

A interaccedilatildeo entre o ruiacutedo urbano e a forma urbana dependeraacute diretamente das configuraccedilotildees de

certos elementos que compotildeem esta forma urbana o traccedilado e perfis das vias a maneira de

implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade e

forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres tais como praccedilas e

largos (GUEDES 2005 SANTOS e MARTINS 2005) Estes elementos podem ser

acusticamente caracterizados a partir do tipo de espaccedilo acuacutestico e da permeabilidade acuacutestica

O espaccedilo acuacutestico tambeacutem nomeado de campo acuacutestico eacute a porccedilatildeo de determinado espaccedilo onde

acontecem as vibraccedilotildees sonoras podendo ser caracterizado no meio urbano como espaccedilo

acuacutestico aberto ou fechado (NIEMEYER 2007)

O espaccedilo acuacutestico aberto aproxima-se da propagaccedilatildeo em campo livre que eacute caracterizado pela ausecircncia

de obstaacuteculos que modifiquem a propagaccedilatildeo sonora entre a fonte e o receptor Assim no meio

urbano o espaccedilo cuja propagaccedilatildeo sonora envolva poucas ou nenhuma reflexatildeo e poucos ou

nenhum obstaacuteculo pode ser considerado um espaccedilo acuacutestico aberto como por exemplo o

espaccedilo acuacutestico com perfil em ldquoLrdquo tais como vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas uma de

suas margens (Figuras 215 e 216) (NIEMEYER 2007) No espaccedilo acuacutestico aberto o niacutevel de

pressatildeo sonora decai 6 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (LANG

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 215 ndash Propagaccedilatildeo sonora em Campo acuacutestico aberto Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001

Figura 216 ndash Campo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo FonteNIEMEYER 2007

Figura 217 ndash Propagaccedilatildeo sonora em campo acuacutestico fechado causando o fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001

e BERANEK 1992) isto eacute o ruiacutedo percebido

pelo receptor diminui em funccedilatildeo da

duplicaccedilatildeo da distacircncia da fonte sonora15

Praccedilas parques e largos com grandes

dimensotildees vias de traacutefego marginais a praias

vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas

uma de suas margens ou espaccedilos livres

urbanos de grandes dimensotildees caracterizam

alguns exemplos de espaccedilos acuacutesticos abertos

No espaccedilo acuacutestico fechado as ondas sonoras

sofrem muacuteltiplas reflexotildees fazendo com que o

seu niacutevel sonoro decaia muito lentamente

sendo praticamente o mesmo em vaacuterias

posiccedilotildees ateacute que esta onda sonora encontre

uma saiacuteda para campo livre caracterizando o

fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana16 17(Figura

217) (GUEDES 2005 NIEMEYER 2007)

Os espaccedilos acuacutesticos fechados podem ser

reverberantes quando a onda sonora tarda a

encontrar o campo livre gerando um grande

nuacutemero de reflexotildees ou semi-reverberantes

quando a onda sonora encontra o campo livre

um pouco mais rapidamente do que no

reverberante gerando um nuacutemero menor mas

ainda grande de reflexotildees

15 Este decaimento eacute para fontes pontuais para fontes lineares o decaimento eacute de 3 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (GERGES 2000) 16 A reverberaccedilatildeo eacute a persistecircncia de um som depois de ter sido extinta a sua emissatildeo por uma fonte e ocorre como resultado de reflexotildees em ambientes total ou parcialmente fechados (GONZALEZ e LOPES 1993) 17 Alguns espaccedilos acuacutesticos fechados tambeacutem podem amplificar o niacutevel de pressatildeo sonora mas este fenocircmeno ocorre em determinados espaccedilos acuacutesticos fechados reverberantes

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 218 ndash Campo acuacutestico fechado em perfl ldquoUrdquo tambeacutem chamado de canyons urbanos Fonte NIEMEYER 2007

No meio urbano o espaccedilo acuacutestico fechado

reverberante possui comumente um perfil em

ldquoUrdquo (Figura 218) tambeacutem chamados de

canyons urbanos que podem amplificar

consideravelmente a propagaccedilatildeo sonora das

vias de traacutefego atraveacutes de reflexotildees muacuteltiplas

geradas pelas fachadas paralelas das

edificaccedilotildees que circundam estas vias

(ANDERSON e KURZE 1992) Assim neste

tipo de espaccedilo acuacutestico a propagaccedilatildeo sonora

natildeo depende exclusivamente da distacircncia entre

a fonte e o receptor como no espaccedilo acuacutestico

aberto depende ainda da configuraccedilatildeo dos

elementos que compotildeem a forma urbana e

dos coeficientes de absorccedilatildeo dos materiais que

revestem as superfiacutecies refletoras18

(NIEMEYER 2007)

Praccedilas parques e largos com pequenas dimensotildees e cercados por edificaccedilotildees conjugadas vias de

traacutefego com edificaccedilotildees (conjugadas ou com pequenos recuos entre elas) em ambos os lados

tuacuteneis passagens subterracircneas e espaccedilos livres abaixo de viadutos caracterizam alguns exemplos

de espaccedilos acuacutesticos fechados

A caracterizaccedilatildeo de um espaccedilo acuacutestico como sendo aberto ou fechado delinearaacute como a onda

sonora iraacute espalhar-se no meio urbano cujas configuraccedilotildees dos elementos que o compotildeem

podem facilitar ou dificultar a trajetoacuteria desta onda sonora para aleacutem do local de sua emissatildeo

tornando o meio urbano mais ou menos permeaacutevel a sua propagaccedilatildeo

18 No meio urbano as superfiacutecies refletoras satildeo predominantemente formadas por fachadas e muros de edificaccedilotildees que possuem certa uniformidade na utilizaccedilatildeo de materiais altamente reflexivos e com baixos coeficientes de absorccedilatildeo tais como granito maacutermore ceracircmica esmaltada vidro Assim o coeficiente de absorccedilatildeo de uma edificaccedilatildeo para outra seraacute praticamente o mesmo sofrendo miacutenimas variaccedilotildees permitindo sua natildeo consideraccedilatildeo

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 220 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees em uma quadra permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007

Figura 221 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjugadas em uma quadra pouco permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007

Figura 219 ndash Permeabilidade acuacutestica - percursos da onda sonora gerados em meio urbano Fonte NIEMEYER 2007

Figura 222 ndash Barreira acuacutestica entre a fonte e o receptor FonteANDERSON e KURZE 1992

Assim sendo a permeabilidade acuacutestica refere-se

aos percursos da onda sonora gerados no

meio urbano (Figura 219) (GUEDES 2005

NIEMEYER 2007) A intensidade da

permeabilidade acuacutestica - mais ou menos

permeaacutevel - dependeraacute da capacidade de

certos elementos urbanos de promover ou

conter a propagaccedilatildeo da onda sonora tais

como o traccedilado e perfis das vias a maneira de

implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem

como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade

e forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila

ou ausecircncia de espaccedilos livres (Figuras 220 e

221)

A permeabilidade acuacutestica relaciona-se ainda

com as barreiras acuacutesticas Isoladamente o

conceito de barreiras acuacutesticas refere-se a

qualquer objeto que possa ser considerado um

obstaacuteculo agrave ligaccedilatildeo direta e sem interferecircncias

entre a fonte e o receptor (Figura 222)

(ANDERSON e KURZE 1992 GERGES

2000) Ao bloquear o percurso direto entre a

fonte e o receptor a onda sonora poderaacute ser

absorvida eou refletida pela superfiacutecie da

barreira transmitida atraveacutes da barreira ou

difratada a partir do topo da barreira

(BARRON 2003 SINGAL 2005)

A difraccedilatildeo eacute um fenocircmeno que permite que as

ondas sonoras sejam capazes de contornar

determinados obstaacuteculos gerando uma aacuterea de

sombra acuacutestica que possui limites espaciais

variaacuteveis de acordo com a posiccedilatildeo da fonte

____________________________________________

ANAacuteLISE D

sonora e de sua localizaccedilatilde

receptor que por sua vez

sonora difratada pelas borda

um decaimento maior do qu

campo livre (Figura 223) (N

1968 NIEMEYER 2007 PA

O uso de barreiras acuacutestic

EUA Japatildeo Austraacutelia e

reduccedilatildeo da propagaccedilatildeo do

pelo traacutefego rodoviaacuterio pa

(Figuras 224 a 226) (SIN

Brasil esta praacutetica ainda eacute inc

restringindo-se a poucos exe

caso da barreira acuacutestica no

Linha Amarela na cidade do

na Rodovia Bandeirantes co

de Satildeo Paulo a Campinas

Paulo (Figura 227) (MURGE

2004)

Embora a implantaccedilatildeo de b

esteja vinculada agrave reduccedilatildeo do

rodoviaacuterio outros elemen

meio urbano situados ent

receptor atuam espontan

barreiras agrave propagaccedilatildeo sono

terreno com topografia i

muros edificaccedilotildees entr

edificaccedilotildees conjugadas da R

cidade do Recife ou aind

conjugadas em alguns trec

Atlacircntica no Rio de Janei

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 226 ndash Barreiras instaladasem aacuterea residencial de Toacutequio Jap

Figura 224 ndash Agrave esquerda barreacriacutelico na Suiacuteccedila Agrave direita barreiraPaacutedua e Veneza na Itaacutelia Fonte C

Figura 227 ndash Barreira acuacutestica dade Satildeo Paulo Fonte MURGEL 2

Figura 223 ndash Difraccedilatildeo da ondagerando uma aacuterea de sombra acuacutest

Figura 225 ndash Agrave esquerda baproacuteximo a Zurique Agrave direita barretambeacutem na Suiccedila Fonte CICHIN

accedilatildeo em relaccedilatildeo ao

ez recebe a energia

rdas da barreira com

que se estivesse em

(NEPOMUCENO

PAZ 2004)

ticas eacute comum nos

e na Europa para

do ruiacutedo produzido

para seus arredores

INGAL 2005) No

incipiente

exemplos como eacute o

no eixo rodoviaacuterio

o Rio de Janeiro e

conectando a cidade

s no estado de Satildeo

GEL 2007 SOUSA

e barreiras acuacutesticas

do ruiacutedo de traacutefego

entos inseridos no

entre a fonte e o

taneamente como

nora tais como um

irregular taludes

ntre outros As

a Rua da Aurora na

inda as edificaccedilotildees

trechos da Avenida

neiro por exemplo

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

42

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

das ao longo de via expressa elevada Japatildeo Fonte CICHINELLI 2007

rreira acuacutestica curva em concreto e eira acuacutestica metaacutelica na estrada entre CICHINELLI 2007

da Rodovia Bandeirantes no estado 2007

da sonora a partir de uma barreira uacutestica Fonte GERGES 2000

barreira acuacutestica metaacutelica instalada arreira acuacutestica em concreto e acriacutelico INELLI 2007

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 228 ndash Rua da Aurora no Bairro da Boa Vista na cidade do Recife configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fontehttpmaiovinteeseisblogspotcom2007_ 11_01_archivehtml Acesso em 080409

Figura 229 ndash Alguns trechos da Avenida Atlacircntica no Bairro de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro tambeacutem configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fonte httpwwwtravelpodcomtravel-photoorlanworldtrip200711 71589400avenida-atlantica-along-copacabana-beachjpgtpodhtml Acesso em 080409

aleacutem de funcionarem como barreiras acuacutesticas

espontacircneas ou natildeo intencionais tambeacutem

conformam um espaccedilo acuacutestico aberto em

ldquoLrdquo e pouco permeaacutevel ao ruiacutedo (Figura 228 e

229)

A partir da discussatildeo dos espaccedilos acuacutesticos e

da permeabilidade acuacutestica evidencia-se que a

interaccedilatildeo entre os diversos elementos que

compotildeem a forma urbana - o traccedilado e perfis

das vias o modo de implantaccedilatildeo das

edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as

proporccedilotildees densidade e maneira de ocupaccedilatildeo

das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de

espaccedilos livres ndash contribui determinantemente

para a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano

atraveacutes de muacuteltiplas reflexotildees do

espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave

fonte geradora de campos sonoros

reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de

aacutereas de sombra

Isto posto se o ruiacutedo urbano eacute considerado

um sistema composto essencialmente pela fonte

sonora pelo meio de propagaccedilatildeo e pelo receptor (LANG e BERANEK 1992 ANDERSON e

KURZE 1992) a forma urbana considerada a partir dos elementos que a compotildeem enquanto

percurso de transmissatildeo delineia influencia e determina em certa medida a trajetoacuteria de

propagaccedilatildeo da onda sonora19 Ou seja a forma urbana por meio das caracteriacutesticas singulares

apresentadas pelos seus elementos componentes iraacute influenciar o comportamento da propagaccedilatildeo

da onda sonora no meio urbano

19 ldquoEm certa medidardquo pois existem outros fatores que tambeacutem influenciam a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano mas a discussatildeo sobre a consideraccedilatildeo ou natildeo destes outros fatores seraacute melhor construiacuteda no proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito alto por elevada densidade de

ocupaccedilatildeo das quadras e por vias estreitas por exemplo tende em tese a ser menos permeaacutevel ao

ruiacutedo dificultando a propagaccedilatildeo sonora para outras aacutereas Tende ainda a criar espaccedilos

reverberantes ou semi-reverberantes com o niacutevel de pressatildeo sonora elevado em praticamente

todos os pontos de reflexatildeo com perdas miacutenimas ateacute a onda sonora alcanccedilar o topo das

edificaccedilotildees e direcionar-se a campo livre Por conseguinte este comportamento tende a propiciar

dependendo ainda da relaccedilatildeo com a fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano indesejaacutevel e

insalubre aos receptores existentes nas edificaccedilotildees daquela via

Jaacute uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito baixo por baixa densidade de

ocupaccedilatildeo das quadras e por vias largas tende teoricamente a ser mais permeaacutevel ao ruiacutedo

facilitando sua propagaccedilatildeo Por outro lado natildeo gera espaccedilos acuacutesticos propiacutecios a muacuteltiplas

reflexotildees fazendo com que a onda sonora encontre mais rapidamente o campo livre facilitando

sua dissipaccedilatildeo e propiciando dependendo ainda da fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano

desejaacutevel aos seus receptores

Deste modo a existecircncia de diferenccedilas e particularidades dos elementos que compotildeem as

distintas formas urbanas proporciona os mais diversificados comportamentos acuacutesticos de

propagaccedilatildeo sonora nos mais diferentes meios urbanos Ou seja do mesmo modo que cidades

bairros e ruas natildeo satildeo iguais entre si tampouco reproduziacuteveis em sua essecircncia o comportamento

acuacutestico tambeacutem natildeo seraacute ao contraacuterio constituiraacute um atributo exclusivo de cada espaccedilo urbano

Mas se para cada espaccedilo urbano existe um comportamento acuacutestico especiacutefico como deveraacute se

comportar a propagaccedilatildeo sonora de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de

modificaccedilotildees em elementos de sua forma urbana Em outras palavras como se comportaraacute a acuacutestica

urbana de um determinado local a partir do processo cronoloacutegico de modificaccedilotildees em sua forma urbana

Nos capiacutetulo que se segue Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas seratildeo apresentadas os percursos

investigativos que foram postos em praacutetica em busca de responder a este questionamento

Figura 542 ndash Locaccedilatildeo dos pontos utilizados para elaboraccedilatildeo do graacutefico de performance acuacutestica p 114

Figura 543 ndash Graacutefico comparativo de niacuteveis de emissatildeo sonora permitidos ndash O graacutefico apresenta uma comparaccedilatildeo entre os niacuteveis de emissatildeo sonora permitidos em alguns paiacuteses entre a WHO ISO e ABNT e entre a Lei do silecircncio e o coacutedigo do Meio Ambiente e Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife O graacutefico evidencia que a cidade do Recife e o estado de Pernambuco praticam niacuteveis muito acima do recomendado por outras entidades normativas p 121

Figura 544 ndash Planta Baixa ndash Mapa acuacutestico simulando uma situaccedilatildeo onde o fluxo de veiacuteculos seja o dobro do encontrado atualmente no 3deg Jardim de Boa Viagem (2009) apresentando altos niacuteveis de poluiccedilatildeo sonora p 122

Figura 545 a 548 ndash Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Idem p 122

Figura 549 ndash Planta Baixa ndash Mapa acuacutestico simulando uma situaccedilatildeo onde seja implantado rodiacutezio de veiacuteculos com uma reduccedilatildeo de 30 do valor total do fluxo de veiacuteculos atualmente encontrado no 3deg Jardim de Boa Viagem (2009) p 123

Figura 550 a 553 ndash Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Idem p 123

Figura 554 ndash Planta Baixa ndash Mapa acuacutestico simulando uma situaccedilatildeo onde seja implantado aleacutem do rodiacutezio de veiacuteculos com reduccedilatildeo de 30 no fluxo atual de veiacuteculos um corredor de transporte puacuteblico na Av Domingos Ferreira e restriccedilatildeo de traacutefego de veiacuteculos pesados apenas nesta via p 124

Figura 555 a 558 ndash Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Idem p 124

LISTA DE TABELAS

Tabela 21 ndash Os niacuteveis de pressatildeo sonora e suas consequumlecircncias fisioloacutegicas no homem Em alguns casos podem a intensidade das reaccedilotildees fisioloacutegicas podem variar dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora p 35

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO

2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

21 A Forma Urbana e seus Elementos Componentes____________

22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais_____________

3 CONSIDERACcedilOtildeES METODOLOacuteGICAS

31 3deg Jardim de Boa Viagem enquanto Estudo de Caso_________

32 Mapeamento Acuacutestico enquanto Instrumento de Pesquisa_

33 Procedimentos Metodoloacutegicos__________________________________

331 1deg Etapa Pesquisa Documental Primaacuteria e Secundaacuteria _____

332 2deg Etapa Pesquisa Piloto_____________________________________

333 3deg Etapa Estudo de Campo__________________________________

334 4deg Etapa mapeamento acuacutestico_____________________________

4 TRANSFORMACcedilOtildeES DO 3deg JARDIM E SUA RELACcedilAtildeO COM

O PROCESSO DE OCUPACcedilAtildeO DO BAIRRO DE BOA

VIAGEM

5 COMPORTAMENTO ACUacuteSTICO DO 3degJARDIM DE BOA

VIAGEM

51 Comportamento Acuacutestico do 3deg Jardim de Boa Viagem a

partir das Modificaccedilotildees Cronoloacutegicas em sua Forma

Urbana______________________________________________________________

52 Comportamento Acuacutestico do 3deg Jardim de Boa Viagem em

relaccedilatildeo ao Coacutedigo do Meio Ambiente e Equiliacutebrio Ecoloacutegico

do Recife agrave ldquoLei do Silecircnciordquo e a outras Entidades

Normativas_________________________________________________________

53 Ausecircncia de Accedilotildees versus Presenccedila de Accedilotildees em Busca

de um Melhor Comportamento Acuacutestico para o 3deg Jardim

de Boa Viagem____________________________________________________

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

7 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

128

134

115

107

81

80

65

60

59

56

55

55

52

49

46

31

22

22

17

CAPIacuteTULO 1

A pesquisa eacute talvez a arte de se criar dificuldades fecundas e de criaacute-las para os

outros Nos lugares onde havia coisas simples faz-se aparecer problemas

Pierre Bourdieu

____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO

17

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

1 INTRODUCcedilAtildeO

Um grito estridente lanccedilado em um meio urbano envolto nos ldquomais modernosrdquo e descomunais

arranha-ceacuteus desconfortavelmente ouvido nos mais remotos pavimentos de um deles foi agrave

centelha motivadora para as ideacuteias e discussotildees que permeiam esta pesquisa Este grito mal

recebido pelo receptor pode ser considerado uma das diversas formas da profusatildeo de ruiacutedos que

cada vez mais se tornam elementos onipresentes da vida contemporacircnea

Tal profusatildeo de ruiacutedos atualmente encontrados nos centros urbanos estaacute intimamente vinculada

ao crescimento acelerado das cidades que possibilitaram o aumento e uma maior concentraccedilatildeo da

populaccedilatildeo urbana acarretando em raacutepidas transformaccedilotildees no meio de propagaccedilatildeo do ruiacutedo

urbano aleacutem do aumento e uma maior concentraccedilatildeo dos diversos tipos de fontes sonoras que o

geram

Embora esteja estreitamente relacionado ao raacutepido desenvolvimento das cidades o ruiacutedo urbano

natildeo deve ser considerado como uma consequumlecircncia incidental da accedilatildeo humana em busca de

progresso e por isso inevitaacutevel tampouco toleraacutevel Ao contraacuterio deve ser entendido como uma

das consequumlecircncias prejudiciais deste desenvolvimento que pode causar diversos males fisioloacutegicos

e psicoloacutegicos ao citadino e assim sendo deve ser veementemente prevenido e mitigado

A fim de encontrar maneiras que possibilitem sua prevenccedilatildeo e mitigaccedilatildeo o ruiacutedo urbano pode

ser entendido como um sistema composto essencialmente pela fonte sonora ndash meio de propagaccedilatildeo ndash

receptor Dentre estas trecircs partes componentes do sistema o meio de propagaccedilatildeo pode ser

considerado como um dos menos investigados e onde as accedilotildees contra o ruiacutedo satildeo menos

concentradas (SINGAL 2005)

Esta inobservacircncia da importacircncia do meio urbano enquanto percurso de propagaccedilatildeo sonora

pode estar vinculada agrave dificuldade de intervir em meios de propagaccedilatildeo consolidados como satildeo

fundamentalmente os grandes centros urbanos Daiacute a relevacircncia em compreender a acuacutestica

urbana a partir de seu meio propagador pois uma vez consolidado o meio raras satildeo as

intervenccedilotildees possiacuteveis para minimizar o ruiacutedo urbano a partir desta parte componente do sistema

fonte ndash meio ndash receptor restando essencialmente accedilotildees preventivas

____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO

18

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Outro fator que evidencia o grande valor em compreender a acuacutestica urbana a partir de seu meio

de propagaccedilatildeo eacute o potencial que o meio urbano possui em influenciar a trajetoacuteria da propagaccedilatildeo

sonora Esta influecircncia acontece atraveacutes da forma que este meio apresenta ou seja a forma urbana

atraveacutes de seus elementos componentes e enquanto percurso de transmissatildeo delineia influencia e

determina em certa medida a trajetoacuteria de propagaccedilatildeo da onda sonora

Assim sendo a interaccedilatildeo entre os diversos elementos que compotildeem a forma urbana - o traccedilado e

perfis das vias o modo de implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as proporccedilotildees

densidade e maneira de ocupaccedilatildeo das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres ndash

contribui determinantemente para caracterizaccedilatildeo da propagaccedilatildeo sonora no meio urbano atraveacutes

de muacuteltiplas reflexotildees do espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave fonte geradora de

campos sonoros reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de aacutereas de sombra

Esta interaccedilatildeo entre os elementos da forma urbana e a propagaccedilatildeo sonora ocorre a partir da

diversidade e singularidade existente nos variados meios urbanos igualmente proporcionando os

mais particulares comportamentos acuacutesticos Isto eacute para cada meio urbano existem caracteriacutesticas

particulares inerentes agrave sua forma urbana que geram um comportamento acuacutestico igualmente

especiacutefico exclusivo e vinculado a esta forma urbana

Apesar deste atrelamento entre a acuacutestica urbana e a forma urbana esta relaccedilatildeo natildeo eacute

suficientemente pesquisada e quando eacute satildeo enfocadas prioritariamente situaccedilotildees presentes de

comportamento acuacutestico eou no maacuteximo hipoacuteteses futuras tambeacutem chamadas de prediccedilatildeo

acuacutestica Aleacutem disso natildeo foram encontradas referecircncias ateacute o presente momento de investigaccedilotildees

que priorizem a apreciaccedilatildeo da acuacutestica urbana e sua relaccedilatildeo com as modificaccedilotildees ao longo do tempo da

forma urbana

Isto posto considerando esta ausecircncia de pesquisas e considerando que para cada espaccedilo urbano

existe um comportamento de propagaccedilatildeo sonora especiacutefico o presente estudo se propocircs a

investigar o comportamento acuacutestico de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de

modificaccedilotildees em sua forma urbana

Para isso admitiu-se que a propagaccedilatildeo de uma mesma fonte sonora em um mesmo espaccedilo urbano

que tenha sofrido ao longo de um processo cronoloacutegico modificaccedilotildees em sua forma urbana

implicaria em diferentes comportamentos em sua acuacutestica urbana para as diferentes datas deste

processo Esta suposiccedilatildeo possibilitou a anaacutelise do comportamento acuacutestico atraveacutes das

____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO

19

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

modificaccedilotildees cronoloacutegicas da forma urbana a partir da articulaccedilatildeo de trecircs variaacuteveis - a fonte sonora

a forma urbana e a acuacutestica urbana Estas variaacuteveis foram consideradas tendo o estudo de caso

enquanto estrateacutegia de pesquisa

O caso escolhido para esta investigaccedilatildeo foi o loteamento 3deg Jardim de Boa Viagem tanto por

representar uma parcela bem delimitada das raacutepidas e recentes transformaccedilotildees ocorridas na

forma urbana do bairro de Boa Viagem quanto por permitir ilustrar o comportamento acuacutestico

em um encadeamento evolutivo do iniacutecio de sua ocupaccedilatildeo recente ateacute os dias atuais

Para compor tal encadeamento evolutivo foram selecionados os anos de 1971 data escolhida por

caracterizar o princiacutepio da ocupaccedilatildeo do 3deg Jardim 1981 e 1997 por representarem datas de

registro de fotografias aeacutereas do bairro de Boa Viagem existentes na base de dados da

CONDEPE-FIDEM Agecircncia Estadual de Planejamento e Pesquisas de Pernambuco 2009 por

representar a realidade atualmente encontrada no 3deg Jardim e uma simulaccedilatildeo de situaccedilatildeo

hipoteacutetica futura de modificaccedilatildeo na forma urbana

Isto posto com o intuito de analisar o comportamento da acuacutestica urbana do 3deg Jardim de Boa

Viagem a partir de modificaccedilotildees cronoloacutegicas em sua forma urbana foram executados os

seguintes objetivos especiacuteficos (I) identificar as caracteriacutesticas configuraccedilotildees e transformaccedilotildees da

forma urbana ocorridas no 3deg Jardim de Boa Viagem nos anos de 1971 1981 1997 e 2009 a

partir de seu processo de ocupaccedilatildeo (II) elaborar mapas acuacutesticos dos niacuteveis atuais (2009) de

pressatildeo sonora equivalente do 3deg Jardim (III) elaborar mapas acuacutesticos do 3deg Jardim nos anos de

1971 1981 1997 e de situaccedilatildeo hipoteacutetica futura a partir da consideraccedilatildeo dos niacuteveis atuais (2009)

de pressatildeo sonora equivalente do 3deg Jardim

Em busca de expor sistematicamente seu desenvolvimento a presente investigaccedilatildeo foi

estruturada do seguinte modo

O presente capiacutetulo 1 introduz e antecipa brevemente a discussatildeo que seraacute realizada ao longo

desta pesquisa

O capiacutetulo 2 aborda dois aspectos principais O primeiro deles desenvolve o conceito de forma

urbana e seus elementos componentes a partir dos autores Joseacute Lamas (2004) Philippe Panerai

(2006) e Vicente Del Rio (1990) Busca elucidar que a apreensatildeo da forma urbana eacute complexa e

envolve diversificadas abordagens e enfoques sociais econocircmicos histoacutericos e culturais para

entatildeo indicar que a presente pesquisa lanccedilaraacute um olhar para a forma urbana essencialmente a

____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO

20

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

partir de seu aspecto fiacutesico e material recorte necessaacuterio para a anaacutelise do comportamento

acuacutestico urbano

O segundo aspecto abordado no capiacutetulo 2 diz respeito agrave definiccedilatildeo teoacuterica do conceito da

acuacutestica urbana e de suas diversificadas implicaccedilotildees e interfaces quando o som eacute propagado em

meio urbano Busca evidenciar os fenocircmenos que ocorrem a partir da interaccedilatildeo entre a forma

urbana e a acuacutestica urbana indicando que a influecircncia da forma urbana eacute determinante para o

comportamento da acuacutestica urbana

O capiacutetulo 3 eacute dedicado ao percurso investigativo desta pesquisa evidenciando sua metodologia e

procedimentos metodoloacutegicos apresentando o 3deg Jardim enquanto estudo de caso o

mapeamento acuacutestico enquanto instrumento de pesquisa e detalhando as etapas operacionais

deste estudo Este capiacutetulo evidencia ainda o processo de elaboraccedilatildeo dos modelos e mapas

acuacutesticos da forma urbana existente no 3deg Jardim em cada uma das datas estudadas aleacutem da

situaccedilatildeo hipoteacutetica futura e discute o software Predictor utilizado para este mapeamento

O capiacutetulo 4 diz respeito ao processo de ocupaccedilatildeo do bairro de Boa Viagem e sua relaccedilatildeo com as

transformaccedilotildees urbanas ocorridas no 3deg Jardim Busca-se identificar as caracteriacutesticas

configuraccedilotildees e transformaccedilotildees ocorridas na forma urbana do 3deg Jardim que possibilitem o

entendimento cronoloacutegico destas modificaccedilotildees dando suporte a elaboraccedilatildeo e anaacutelise dos mapas

acuacutesticos

O capiacutetulo 5 analisa o comportamento da acuacutestica urbana identificado nos mapas acuacutesticos

elaborados do 3deg Jardim a partir das modificaccedilotildees ocorridas em sua forma urbana nos anos de

1971 1981 1997 e 2009 aleacutem de uma situaccedilatildeo hipoteacutetica futura (prediccedilatildeo acuacutestica) Neste capiacutetulo

discute-se ainda o comportamento do 3deg Jardim em relaccedilatildeo agrave legislaccedilatildeo municipal que regula as

emissotildees sonoras na cidade do Recife e no estado de Pernambuco e sua relaccedilatildeo com os niacuteveis

recomendados por outras entidades normativas e indica-se possiacuteveis accedilotildees para melhoria no

comportamento acuacutestico do 3deg Jardim bem como as possiacuteveis consequumlecircncias acuacutesticas da

ausecircncia de tais accedilotildees

Por fim no capiacutetulo 6 satildeo apresentadas as consideraccedilotildees finais acerca do comportamento acuacutestico

do 3deg Jardim e satildeo indicados novos rumos de pesquisa a respeito da acuacutestica urbana

CAPIacuteTULO 2

A arquitetura eacute uma muacutesica petrificada

Arthur Schopenhauer

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

22

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

Analisar o comportamento da acuacutestica urbana ainda que a partir das modificaccedilotildees da forma

urbana faz com que esta pesquisa trate essencialmente da acuacutestica urbana No entanto este

comportamento esta sujeito aos diversificados modos de apreensatildeo da forma urbana e de seus

elementos componentes bem como ao modo como esta pesquisa os consideraraacute

Assim sendo o primeiro item deste capiacutetulo expotildee o conceito de forma urbana e de algumas de

suas relaccedilotildees discutido agrave luz de LAMAS (2004) de PANERAI (2006) e DEL RIO (1990)

indicando em seguida o que esta pesquisa consideraraacute como forma urbana

Certamente discussatildeo em torno da produccedilatildeo de outros autores poderia ser elaborada No

entanto o primeiro item deste capiacutetulo natildeo pretende representar uma revisatildeo bibliograacutefica acerca

do estudo da forma urbana e suas relaccedilotildees pretende sim construir uma discussatildeo em torno dos

trecircs autores selecionados que culmine no conceito de forma urbana que seraacute considerado por esta

pesquisa para possibilitar olhar para suas modificaccedilotildees cronoloacutegicas a fim de compreender o

comportamento da acuacutestica urbana

Apoacutes este delineamento no segundo item deste capiacutetulo discute-se a acuacutestica urbana e suas

relaccedilotildees conceituais com os diversos elementos e implicaccedilotildees da propagaccedilatildeo sonora em meio

urbano e como eles relacionam-se influenciando em seu comportamento

21 A Forma Urbana e seus Elementos Componentes

Segundo LAMAS (2004) estudar a forma urbana compreende examinar as configuraccedilotildees e as

estruturas exteriores de determinados objetos de suas formas interligando-as com os fenocircmenos

que lhes deram origem Assim sendo a forma urbana pode ser definida como sendo o

[] modo como se organizam os elementos morfoloacutegicos que constituem e definem o espaccedilo urbano relativamente agrave materializaccedilatildeo dos aspectos de

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

23

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 21 ndash Diferentes aspectos quantitativos relacionados a diversificadas formas urbanas Fonte LAMAS 2004

organizaccedilatildeo funcional e quantitativa e dos aspectos qualitativos e figurativos (LAMAS 2004 p 44) 1

Dentre estes aspectos os quantitativos satildeo agravequeles da realidade urbana que podem ser

quantificaacuteveis tais como densidades superfiacutecies fluxos coeficientes volumeacutetricos entre outros

(Figura 21) os de organizaccedilatildeo funcional satildeo agravequeles que se relacionam com as atividades

humanas tais como habitar e trabalhar e agravequeles relacionados ao modo de uso especiacutefico de uma

aacuterea ndash residencial comercial industrial entre outros os qualitativos referem-se ao tratamento dos

espaccedilos ao conforto e a comodidade do utilizador tais como adaptaccedilatildeo ao clima acessibilidade

estado da pavimentaccedilatildeo entre outros por fim os aspectos figurativos dizem respeito a

essencialmente a comunicaccedilatildeo esteacutetica (LAMAS 2004)

Pode-se considerar que ao olhar para forma urbana e em especiacutefico para suas modificaccedilotildees

cronoloacutegicas com o intuito de compreender o comportamento da acuacutestica urbana esta pesquisa

relaciona-se tanto aos aspectos qualitativos a partir do conforto acuacutestico dos receptores das

ondas sonoras em meio urbano quanto aos

aspectos quantitativos uma vez que este

comportamento acuacutestico em meio urbano eacute

quantificaacutevel em decibels (dB)

Embora estes aspectos envolvam grande parte

das singularidades inerentes a forma urbana

esta definiccedilatildeo parece ainda natildeo abarcar outras

particularidades sociais econocircmicas histoacutericas

e culturais igualmente envolvidas no

entendimento da concepccedilatildeo da forma urbana

isto eacute resta ainda a consideraccedilatildeo de que esta

forma urbana natildeo acontece

independentemente dos grupos sociais que a

produzem (PANERAI 2006)

Satildeo essencialmente estas particularidades que

impulsionam ou amortecem a transformaccedilatildeo

1 Para todas as citaccedilotildees deste autor natildeo seratildeo consideradas adaptaccedilotildees na liacutengua do paiacutes de origem - Portugal - permanecendo o texto original

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

24

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

dos elementos que compotildeem a forma urbana ndash a adiccedilatildeo de novos de traccedilados a um jaacute existente

ou sua superposiccedilatildeo seus conflitos o parcelamento de parques e ocupaccedilatildeo de espaccedilos livres a

renovaccedilatildeo da massa edificada seu lento adensamento e verticalizaccedilatildeo segundo uma especulaccedilatildeo

despretensiosa ou sua substituiccedilatildeo por vastos empreendimentos sob influecircncia de uma

especulaccedilatildeo bem mais expressiva (PANERAI 2006) isto eacute faz parte da apreensatildeo da forma

urbana uma complexidade que envolve um processo de acumulaccedilatildeo de enfoques e observaccedilotildees

sociais econocircmicas histoacutericas e culturais que englobam muito mais do que apenas sua forma

fiacutesica

Estas particularidades especialmente as sociais parecem um pouco mais delineadas nas

consideraccedilotildees feitas por DEL RIO (1990) que considera o espaccedilo urbano a partir da apropriaccedilatildeo

social que se faz dele estabelecendo que em relaccedilatildeo ao estudo da forma urbana a cidade pode

ser compreendida a partir de trecircs niacuteveis organizacionais o coletivo o comunitaacuterio e o individual

O niacutevel coletivo eacute regido sob uma loacutegica estruturadora percebida inconscientemente e

coletivamente e eacute composto pelos elementos2 do tecido que possuem uma permanecircncia maior ao

longo do tempo o niacutevel comunitaacuterio diz respeito aos elementos com significados especiais apenas

para um pequeno grupo da populaccedilatildeo como o bairro por exemplo jaacute o niacutevel individual expressa

significados individuais como a residecircncia e seu espaccedilo circundante e por seu caraacuteter individual eacute

o que apresenta maior rapidez nas modificaccedilotildees (DEL RIO 1990)

Mas LAMAS (2004) ao defender sua definiccedilatildeo para forma urbana natildeo soacute possuiacutea ciecircncia destas

outras particularidades explicitadas por PANERAI (2006) e DEL RIO (1990) ndash sociais

econocircmicas histoacutericas e culturais ndash envolvidas na concepccedilatildeo de forma urbana como optou em

natildeo apreciaacute-las

[] um primeiro grau de leitura da cidade eacute eminentemente fiacutesico-espacial e morfoloacutegico portanto especiacutefico da arquitectura e o uacutenico que permite evidenciar a diferenccedila entre este e outro espaccedilo entre esta e aquela forma e explicar as caracteriacutesticas de cada parte da cidade A estes se juntam outros niacuteveis de leitura que revelam diferentes conteuacutedos (histoacutericos econoacutemicos sociais e outros) Mas este conjunto de leituras soacute eacute possiacutevel porque a cidade existe como facto fiacutesico e material Todos os instrumentos de leitura lecircem o mesmo objecto ndash o espaccedilo fiacutesico a FORMA URBANA (LAMAS 2004 p 31 grifo do autor) Eacute fundamentalmente a dimensatildeo fiacutesica e morfoloacutegica da cidade que me preocupa [] (LAMAS 2004 p 31)

2 Estes elementos seratildeo discutidos em paraacutegrafos mais adiante

____________________________________________

ANAacuteLISE D

Na verdade esta opccedilatildeo em

urbana considerando-a essen

de seu aspecto fiacutesico e m

convenientemente ao obje

presente pesquisa analisar

da acuacutestica urbana a partir

cronoloacutegicas na forma urba

esta anaacutelise do compor

implica em uma apropriaccedil

fiacutesica e material destas modif

Certamente a busca pela ap

urbana envolve muito

simplesmente sua forma

como jaacute aclarado No entan

da anaacutelise proposta por

apreensatildeo em totalid

fundamentalmente necessaacuter

apropriaccedilatildeo da forma urban

material ou uma variaacutevel fiacutes

finalidade derradeira de

comportamento acuacutestico

modificaccedilotildees nesta forma

Ao entender a observaccedilatildeo

essencialmente em seu aspec

(2004) propocircs uma classifica

dimensotildees

bull A dimensatildeo setorial

refere-se agrave menor u

do espaccedilo urbano co

uma praccedila ou uma

ponto o observador

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 24 ndash A cidadeo texemplificada por meio da cidadLAMAS 2004

Figura 23 ndash O bairro a escala ucidade portuguesa de Tavira Fonte

Figura 22 ndash Praccedila da Alagoa na ca dimensatildeo setorial Fonte LAMA

em observar a forma

sencialmente a partir

material responde

bjetivo primeiro da

ar o comportamento

rtir de modificaccedilotildees

rbana uma vez que

ortamento acuacutestico

riaccedilatildeo genuinamente

dificaccedilotildees

apreensatildeo da forma

o mais do que

a fiacutesica e material

tanto para realizaccedilatildeo

or este estudo tal

alidade natildeo eacute

saacuteria o que torna a

bana quase um meio

l fiacutesica para atingir a

e compreensatildeo do

a partir de

atildeo da forma urbana

pecto fiacutesico LAMAS

icaccedilatildeo em escalas ou

ndash a escala da rua

r unidade ou porccedilatildeo

como por exemplo

a rua onde de um

dor pode abarcar a

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

25

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

territoacuterioa dimensatildeo territorial dade portuguesa de Tavira Fonte

a urbana exemplificada por meio da nte LAMAS 2004

na cidade portuguesa de Tavira ilustra MAS 2004

____________________________________________

ANAacuteLISE D

unidade espacial d

(Figura 22)

bull A dimensatildeo urbana ndash

corresponde agraves pa

identificaacuteveis como

exemplo onde a

elementos da forma

atraveacutes do movime

percursos (Figura 23

bull E por fim a dimensatildeo

da cidade diz respeito

diferentes formas

articulaccedilatildeo de bai

entre si Sua forma

distribuiccedilatildeo de eleme

das cidades em con

suporte geograacutefico d

a articulaccedilatildeo de

circulaccedilatildeo entre os

entre zonas habitacio

entre outras (Figura 2

Dentre estas dimensotildees a u

bairro desperta particular

pesquisa uma vez que o e

limites de observaccedilatildeo atraveacute

de movimentos poderaacute aba

significante de modificaccedilotildee

forma urbana de determina

compreender o comport

acuacutestica urbana

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 25 ndash Exemplos de diversiflotes quarteirotildees e vias em difereNesta imagem um recorte do CONDEPE-FIDEM 1981

Figura 26 ndash Exemplos de diversiflotes quarteirotildees e vias em difereNesta imagem um recorte do baorigens da cidade entrecortadoBarreto Fonte CONDEPE-FIDE

Figura 27 ndash Exemplos de diveredifiacutecios lotes quarteirotildees e vias eRecife Nesta imagem um recessencialmente por morros o AltoFIDEM 1981

de seu conjunto

ndash a escala do bairro

partes homogecircneas

mo os bairros por

a observaccedilatildeo dos

a urbana eacute realizada

imento e de vaacuterios

23)

nsatildeo territorial ndash a escala

eito agrave articulaccedilatildeo de

as urbanas da

bairros interligados

ma eacute definida pela

mentos estruturantes

onformidade com o

o do siacutetio tais como

e ruas e vias de

s diferentes bairros

cionais e comerciais

a 24)

a urbana ndash escala do

lar interesse desta

o entendimento dos

veacutes de certo nuacutemero

barcar uma amostra

otildees cronoloacutegicas na

inado local a fim de

ortamento de sua

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

26

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

rsificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios erentes bairros da cidade do Recife o bairro de Boa Viagem Fonte

rsificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios erentes bairros da cidade do Recife bairro de Satildeo Joseacute que remete agraves do pela recente Avenida Dantas DEM 1981

versificadas concretizaccedilotildees entre os em diferentes bairros da cidade do

recorte de um bairro constituiacutedo lto do Mandu Fonte CONDEPE-

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

27

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

No entanto para apreender tal dimensatildeo devem-se conhecer e estabelecer quais elementos

miacutenimos da forma urbana que se relaciona com esta a dimensatildeo urbana e quais satildeo estes

elementos LAMAS (2004) propocircs onze elementos da forma urbana necessaacuterios para esta

apreensatildeo o solo (I) o edifiacutecio (II) o lote (III) o logradouro (IV) o quarteiratildeo (V) o traccediladoa

rua(VI) a praccedila (VII) a fachada (VIII) o monumento (IX) a vegetaccedilatildeo (X) e o mobiliaacuterio

urbano (XI) Dentre estes elementos seis possuem uma estreita relaccedilatildeo com esta pesquisa e

seratildeo expostos de acordo com consideraccedilotildees observadas por LAMAS 3 (2004) (Figuras 25 a 27)

O edifiacutecio representa o elemento miacutenimo identificaacutevel na observaccedilatildeo da forma urbana eacute atraveacutes

dele que se constitui o espaccedilo urbano e se organizam diferentes elementos tais como ruas praccedilas

avenidas entre outros Os edifiacutecios agrupam-se em diferentes tipos tanto em relaccedilatildeo a suas

formas quanto a suas funccedilotildees Estes elementos podem influenciar o comportamento da acuacutestica

urbana atuando enquanto objetos reflexivos da onda sonora e como barreiras acuacutesticas4

O lote representa o princiacutepio da relaccedilatildeo do edifiacutecio com o terreno A forma do lote eacute muitas

vezes condicionante da forma do edifiacutecio tornando-os vinculados por essecircncia o logradouro diz

respeito ao espaccedilo livres e natildeo construiacutedos no interior do lote aos quintais e jardins o quarteiratildeo

ou quadra pode ser considerado como o espaccedilo resultante entre o cruzamento de trecircs ou mais

vias podendo ser demarcado em vaacuterios lotes para a construccedilatildeo de edifiacutecios Juntos estes trecircs

elementos associados aos edifiacutecios podem propiciar uma maior ou menor permeabilidade

acuacutestica eou uma maior ou menor presenccedila de aacutereas de sombra no meio urbano

O traccedilado por meio das ruas ou vias eacute facilmente identificaacutevel no meio urbano Estaacute muitas vezes

condicionado ao siacutetio geograacutefico existente regula a disposiccedilatildeo dos edifiacutecios e quarteirotildees e

interliga os vaacuterios espaccedilos componentes da cidade e a cidade ao territoacuterio Normalmente o

traccedilado resiste agraves transformaccedilotildees na forma urbana por possuir um caraacuteter de permanecircncia natildeo

totalmente modificaacutevel O traccedilado engloba trajetoacuterias e caminhos que natildeo satildeo necessariamente

percorridos atraveacutes de automoacuteveis apesar disso estaacute em grande parte vinculado a uma das

principais fontes geradoras de ruiacutedo urbano ndash o traacutefego de veiacuteculos

3 Os outros elementos tambeacutem podem relacionar-se de diferentes maneiras com a acuacutestica urbana mas nem tanto com a presente pesquisa e por isso natildeo foram considerados 4 Todas as definiccedilotildees e conceitos acuacutesticos apresentados no presente item seratildeo elucidados no item seguinte 22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

28

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 28 ndash Os trecircs conjuntos formadores do tecido urbano segundo Panerai (2006) Fonte PANERAI 2006

A praccedila eacute um espaccedilo de geometria variada

intencionalmente inserido no meio urbano

cuja relaccedilatildeo com o traccedilado e os edifiacutecios

tambeacutem eacute intencional evidenciada atraveacutes do

seu desenho e natildeo acidentais como

alargamento e confluecircncias do traccedilado Aleacutem

disso a praccedila eacute um lugar de encontro de

permanecircncia e de praacuteticas sociais

Acusticamente dependendo de suas

proporccedilotildees a propagaccedilatildeo sonora que envolve

uma praccedila pode apresentar um

comportamento que se assemelha a

propagaccedilatildeo sonora em campo livre

Estes elementos constituintes da forma urbana

conceituados por LAMAS (2004) podem ser

identificados sob um diferente invoacutelucro

conceitual mas com a mesma essecircncia no que

PANERAI (2006) definiu como sendo

conjuntos do tecido urbano

Aplicado agrave cidade o termo ldquotecidordquo evoca a continuidade e a renovaccedilatildeo a permanecircncia e a variaccedilatildeo Ele explica a constituiccedilatildeo das cidades antigas e responde as questotildees levantadas pelo estudo das urbanizaccedilotildees recentes Ele pressupotildee uma atenccedilatildeo tanto ao banal quanto ao excepcional tanto agraves ruas comuns e agraves edificaccedilotildees corriqueiras quanto agraves regulamentaccedilotildees e aos monumentos Dentre as muacuteltiplas definiccedilotildees de tecido urbano e sem desprezar suas qualidades escolhemos a mais simples O tecido urbano eacute constituiacutedo pela superposiccedilatildeo ou imbricaccedilatildeo de trecircs conjuntos a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees Essa definiccedilatildeo potildee em evidecircncia os elementos que permitem que as diferentes partes da cidade evoluam ao mesmo tempo em que satildeo mantidas a coesatildeo de conjunto e a clareza de sua estrutura (PANERAI 2006 p 77-78 grifo nosso) (Figura 28)

Ao contraacuterio de LAMAS (2004) que considera a praccedila como um elemento da forma urbana por

si soacute PANERAI (2006) discute as vias ou traccedilado inseridas em uma relaccedilatildeo em rede onde

tambeacutem satildeo considerados como partes constituintes os largos passeios praccedilas esplanadas cais

pontes rios canais margens praias todos compondo o espaccedilo puacuteblico Eacute atraveacutes desta rede

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

contiacutenua e hierarquizada que acontecem as distribuiccedilotildees e circulaccedilotildees da cidade bem como sua

organizaccedilatildeo local e territorial

Jaacute os parcelamentos fundiaacuterios constituem a representaccedilatildeo negativa5 da rede de vias que evidencia o

domiacutenio construiacutedo Este domiacutenio natildeo se limita aos edifiacutecios mas tambeacutem envolve paacutetios

quintais terrenos baldios (PANERAI 2006) Embora PANERAI(2006) considere separadamente

o exame das edificaccedilotildees sugere-se que este domiacutenio construiacutedo envolve quatro dos elementos da

forma urbana elencados por LAMAS (2004) o edifiacutecio o lote o logradouro e o quarteiratildeo

Para PANERAI (2006) as edificaccedilotildees ou edifiacutecios satildeo consideradas construccedilotildees subordinadas ao

espaccedilo puacuteblico ou seja a rede de vias sendo por ele estruturada e que acrescentam a dimensatildeo

vertical ao tecido urbano Tal subordinaccedilatildeo permite que haja uma dependecircncia reciacuteproca entre os

edifiacutecios ainda que eles pertenccedilam a eacutepocas diferentes fazendo com que sua renovaccedilatildeo aconteccedila

sem que haja grandes perdas na unidade do conjunto

Ao estruturar sua concepccedilatildeo dos elementos componentes da forma urbana DEL RIO (1990) eacute

bem mais sinteacutetico e objetivo mas assim como LAMAS (2000) e PANERAI (2006) seus

elementos possuem similaridades e ateacute repeticcedilotildees que praticamente reproduzem a mesma

essecircncia conceitual dos outros dois autores Estes elementos por serem estruturados tatildeo

objetivamente seratildeo apresentados em citaccedilatildeo direta satildeo eles

- crescimento os modos as intensidades e direccedilotildees elementos geradores e reguladores limites e superaccedilatildeo de limites modificaccedilatildeo de estruturas pontos de cristalizaccedilatildeo etc - traccedilado e parcelamento ordenadores do espaccedilo estrutura fundiaacuteria relaccedilotildees distacircncias circulaccedilatildeo e acessibilidade etc - tipologias dos elementos urbanos inventaacuterio e categorizaccedilatildeo de tipologias ediliacutecias (residecircncias comercio etc) de lotes e sua ocupaccedilatildeo de quarteirotildees e sua ocupaccedilatildeo de praccedilas esquinas etc - articulaccedilotildees relaccedilotildees entre elementos hierarquias domiacutenios do publico e privado densidades relaccedilotildees entre cheios e vazios etc (DEL RIO 1990 p 83 grifos do autor)

Dentre todos os elementos expostos a partir dos trecircs autores existe um importante fenocircmeno

relacionando-os em distintas intensidades e que merece ser considerado por influenciar

definitivamente na modificaccedilatildeo da forma urbana ndash o adensamento

5 No sentido de uma fotografia onde os claros e os escuros satildeo representados no negativo de modo contraacuterio ao do objeto fotografado

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 29 ndash O adensamento das ilhas do Bairro do Recife e de Santo Antocircnio (imagem) ocorreu tanto pelo preenchimento progressivo desde o inicio da ocupaccedilatildeo da cidade quanto por meio da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees anteriores Fontehttppedrodealbuquerquewordpresscomcategorypernambuco Acesso em 201109

O adensamento ocorre a partir de dois modos

essenciais de ocupaccedilatildeo o primeiro a partir do

preenchimento progressivo do espaccedilo urbano

e o segundo a partir da substituiccedilatildeo completa

por meio de demoliccedilatildeo de edificaccedilotildees

anteriores (PANERAI 2006) (Figura 29)

A primeira forma de adensamento ocorre sem

a expansatildeo territorial por meio do

preenchimento progressivo de todas as

reservas fundiaacuterias e espaccedilos livres de

determinado meio urbano Eacute um

adensamento inserido em limitesbarreiras

preacute-estabelecidos naturais ou natildeo tais como

uma via expressa irregularidades geograacuteficas

do siacutetio ou ainda numa escala menor a proacutepria quadra pode ser um limite para saturaccedilatildeo gradual

em seu interior desmembramento ou remembramento dos lotes para construccedilatildeo de novas

edificaccedilotildees verticalizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo de antigos quintais eou jardins (PANERAI 2006)

A segunda forma de adensamento acontece atraveacutes da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees

anteriormente existentes por novas construccedilotildees de maior porte tanto em relaccedilatildeo agrave ocupaccedilatildeo do

solo por meio do remembramento de lotes quanto em relaccedilatildeo ao seu gabarito Esta forma de

adensamento permite a renovaccedilatildeo do espaccedilo urbano sem aumentar sua aacuterea de abrangecircncia sem

sua expansatildeo (PANERAI 2006)

Ambas as formas de adensamento transformam essencialmente a forma urbana e o modo como

se relacionam seus elementos componentes A identificaccedilatildeo desta transformaccedilatildeo em determinado

meio urbano gerada pelo adensamento eacute indispensaacutevel para anaacutelise do comportamento da

acuacutestica urbana a partir de modificaccedilotildees na forma urbana deste mesmo meio uma vez que o

adensamento pode influenciar na propagaccedilatildeo sonora proporcionando uma maior quantidade de

objetos reflexivos de barreiras acuacutesticas e favorecendo a diminuiccedilatildeo da permeabilidade acuacutestica

Por fim a partir exposiccedilatildeo de determinados elementos considerados por LAMAS (2004) ndash o

edifiacutecio o lote o logradouro o quarteiratildeo o traccediladoa rua e a praccedila dos conjuntos considerados

por PANERAI (2006) ndash a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees dos

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

elementos considerados por DEL RIO (1990) ndash crescimento traccedilado e parcelamento tipologias

dos elementos urbanos e as articulaccedilotildees e em busca de atingir seu objetivo principal esta

pesquisa consideraraacute a forma urbana inserida em um recorte que a considera essencialmente a

partir de seu aspecto fiacutesico e material e cujos elementos componentes considerados seratildeo

exclusivamente

1 As parcelas fundiaacuterias ndash consideradas por meio das quadras e lotes incluindo sua relaccedilatildeo

de modo de ocupaccedilatildeo das edificaccedilotildees sua densidade e seus espaccedilos livres

2 As edificaccedilotildees ndash consideradas atraveacutes de sua relaccedilatildeo de modo de ocupaccedilatildeo com os

lotes e do grau de verticalizaccedilatildeo (gabarito baixo meacutedio e alto)

3 As vias ndash consideradas como reguladoras da relaccedilatildeo com as edificaccedilotildees e quarteirotildees e

principalmente apreciadas como estreitamente vinculadas a uma das principais fontes

geradoras de ruiacutedo urbano (o traacutefego de veiacuteculos)

Estes seratildeo os elementos componentes da forma urbana que esta pesquisa se apropriaraacute no

decurso do caminho a fim de analisar o comportamento acuacutestico a partir de modificaccedilotildees

cronoloacutegicas em determinada forma urbana Nos paraacutegrafos seguintes discutem-se os conceitos e

relaccedilotildees que permeiam a acuacutestica urbana

22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais

A acuacutestica eacute a ciecircncia do som incluindo sua geraccedilatildeo transmissatildeo e recepccedilatildeo de energia sob a

forma de ondas vibracionais na mateacuteria (KINSLER et al 1982) Ela eacute uma ciecircncia

multidimensional e interligada a vaacuterios domiacutenios cientiacuteficos Seu objeto de estudo fundamental o

som delineia uma seacuterie de interfaces multidisciplinares com abordagens em diversificadas aacutereas

do conhecimento (Figura 210)

Desse modo quando a geraccedilatildeo transmissatildeo e efeitos do som estatildeo inseridos no meio urbano

seu desdobramento eacute estudado pela aacuterea de conhecimento da acuacutestica urbana muitas vezes

tambeacutem nomeada de acuacutestica ambiental

O objeto de estudo fundamental da acuacutestica o som eacute a sensaccedilatildeo produzida no ouvido por

pequenas flutuaccedilotildees da pressatildeo do ar (HANSEN 2005) ou seja eacute uma percepccedilatildeo sensorial e seu

____________________________________________

ANAacuteLISE D

complexo padratildeo de ondas s

de ruiacutedo muacutesica fala

(BERGLUND et al 1999)

Esta definiccedilatildeo do som tend

a percepccedilatildeo do ouvido

conceito psicofiacutesico Fisicame

vibraccedilatildeo mecacircnica que

progressivamente atraveacutes de

gasoso liacutequido ou soacutelido (SIN

Esta vibraccedilatildeo quando tran

que o rodeia nem sempre

aparelho auditivo humano

frequumlecircncia6 audiacutevel encontra

20 a 20000 Hz para um

(BRUumlEL amp KJAEligR 1984

1982) Frequumlecircncias acima de

altas para respostas fisioloacuteg

chamadas de ultrasons Jaacute as

de 20 Hz satildeo chamadas de

detectaacuteveis pelo ouvido hum

prejudiciais agrave sua sauacutede7

1982 SOUSA 2004)

Fisicamente o som e o ruiacutedo

ambos se propagam em mei

detectados pelo ouvido hu

enquanto o som eacute utilizado

6 A frequumlecircncia eacute o nuacutemero de ciclo(HANSEN 1995) 7 A exposiccedilatildeo a baixas frequumlecircncias depressatildeo irritabilidade e perturba pro

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 210 ndash Interfaces multidFonte Elaborado pela autora a pa

Figura 211 ndash Fonte sonora ponSOUZA 2006

as sonoras eacute rotulado

ala entre outros

ndo como referecircncia

o humano eacute um

mente o som eacute uma

que se propaga

de um meio material

(SINGAL 2005)

transmitida ao meio

re eacute detectaacutevel pelo

ano cuja faixa de

tra-se no intervalo de

um jovem saudaacutevel

4 KINSLER et al

de 20000 Hz muito

loacutegicas auditivas satildeo

as frequumlecircncias abaixo

de infrasons e natildeo satildeo

umano contudo satildeo

(KINSLER et al

iacutedo constituem o mesmo fenocircmeno de variaccedilotildee

eio elaacutestico (soacutelido liacutequido ou gasoso) e ambos

humano (BERGLUND et al 1999 HANSEN

do para descrever percepccedilotildees sonoras agradaacutev

iclos que a onda sonora completa no tempo de um segundo

as pode gerar a doenccedila Vibroacuacutestica que induz o espessamprocessos cognitivos (BRANCO e PEREIRA 2004)

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

32

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

ltidisciplinares do estudo do som partir de BISTAFA 2006

ontual e fonte sonora linear Fonte

otildees de pressatildeo ambiente

bos satildeo capazes de serem

EN 1995) No entanto

daacuteveis o ruiacutedo descreve

do e eacute medida em Hertz (Hz)

amento das estruturas cardiacuteacas

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 212 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora pontual de 6 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007

percepccedilotildees sonoras desagradaacuteveis incorporando um aspecto de subjetividade agrave sua definiccedilatildeo

(BRUumlEL amp KJAEligR 1984 HANSEN 2005 BRASIL 2006 SINGAL 2005)

Tal subjetividade acarreta diferentes e individuais percepccedilotildees sonoras pelo ser humano e

portanto em diferentes reaccedilotildees agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo Em outras palavras o que se estabelece

como som para um indiviacuteduo pode representar ruiacutedo para outro

[] as respostas inerentes ao ruiacutedo satildeo complexas dependendo tanto dos fatores propriamente acuacutesticos quanto dos psicossociais contextuais simboacutelicos emocionais como daqueles de valor especiacutefico Essas variaacuteveis participam da singularidade da escuta e atuam como filtros que modificam a percepccedilatildeo do sinal fiacutesico sonoro (SANTOS e MARTINS 2005 p 216)

Enquanto sua percepccedilatildeo envolve a subjetividade as respostas fisioloacutegicas agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo satildeo

mais objetivas e seus danos satildeo mais facilmente identificaacuteveis O ruiacutedo pode gerar complicaccedilotildees

no sistema circulatoacuterio e hormonal perda gradativa da audiccedilatildeo distuacuterbios de sono estresse

irritabilidade neuroses desconforto e dificuldade de aprendizado entre outros danos

(BERGLUND et al1999 HANSEN 2005 KINSLER et al 1982 MURGEL 2007 NAGEM

2004 NUNES 2006 PAZ et al 2005 SINGAL 2005 ZANNIN et al 2002)

O ruiacutedo pode se originar de variadas fontes presentes em diversificados ambientes as mais

comumente encontradas satildeo as fontes sonoras pontuais e as lineares (Figura 211) A fonte pontual

possui dimensotildees finitas e emite o mesmo niacutevel de pressatildeo sonora uniformemente para todas as

direccedilotildees sendo seu decaimento em campo livre de 6 dB para cada dobro da distacircncia (Figura

212) (HANSEN 2005 SOUSA 2004)

Jaacute a fonte linear eacute formada por certo nuacutemero de

fontes pontuais dispostas linearmente cuja

emissatildeo sonora eacute contiacutenua ao longo desta

linha sendo seu decaimento em campo livre

de 3 dB para cada dobro da distacircncia (Figura

213) (HANSEN 2005 PAZ 2004)

Quando propagadas no meio urbano a

combinaccedilatildeo de tais fontes sonoras associadas

ao percurso de transmissatildeo e ao receptor

constitui o ruiacutedo urbano (urban noise) tambeacutem

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 213 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora linear de 3 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007

chamado de ruiacutedo ambiental (environmental

noise) ou ruiacutedo comunitaacuterio (community noise)

(BERGLUND et al1999 GUEDES 2005

SOUSA 2004)

O ruiacutedo urbano pode ser gerado a partir do

traacutefego de veiacuteculos terrestres e aeacutereos de

obras de construccedilatildeo civil de estabelecimentos

industriais de estabelecimentos comerciais e

de serviccedilos de sistemas de propaganda

volante ou permanente8 e ruiacutedos de outras atividades cuja propagaccedilatildeo sonora pode afetar o bem-

estar e a sauacutede dos citadinos (BARRON 2003 BERGLUND et al1999 KINSLER et al 1982

NAGEM 2004 NUNES 2006 SINGAL 2005)

Apesar de esporaacutedica outra fonte de ruiacutedo gerada em meio urbano satildeo os eventos puacuteblicos tais

como festas shows comiacutecios carnavais fora de eacutepoca entre outros As fontes de ruiacutedo presentes

nestes eventos atingem um alto niacutevel de pressatildeo sonora9 e abrangem uma grande quantidade

populacional logo independente de ocorrer poucas vezes durante o ano satildeo eventos

extremamente danosos a sauacutede e principalmente agrave audiccedilatildeo a partir de 80 dB(A) natildeo importa se

a sensaccedilatildeo sonora eacute prazerosa ou natildeo ela eacute necessariamente prejudicial10 (Tabela 21) (NUNES

2006)

Quando a intensidade dos ruiacutedos urbanos torna-se excessivamente desagradaacutevel eou nociva o

ruiacutedo passa a ser considerado uma forma de poluiccedilatildeo ambiental11 - a poluiccedilatildeo sonora A

necessidade de regulamentaccedilatildeo da poluiccedilatildeo sonora renuncia os aspectos de subjetividade

existentes e inerentes ao conceito de ruiacutedo na tentativa de sintetizar e estabelecer limites leis

normas meacutetodos e accedilotildees que representem um universo sonoro equivalente para toda a

populaccedilatildeo na tentativa de controlar e mitigar o ruiacutedo urbano

8 Carros de som bicicletas com som raacutedios comunitaacuterias entre outros 9 O niacutevel de pressatildeo sonora eacute a medida fiacutesica preferencial para caracterizar a sensaccedilatildeo subjetiva da intensidade dos sons e de acordo com a lei de Weber e Fechner a sensaccedilatildeo sonora eacute proporcional ao logaritmo da intensidade sonora NPS=20 log (pp0) onde p eacute a pressatildeo sonora em Pascal e p0 eacute a pressatildeo sonora de referecircncia (2 10-5 Pascal) (BISTAFA 2006 NIEMEYER 2007) 10 Outros niacuteveis de ruiacutedo tambeacutem podem ser prejudiciais em maior ou menor grau dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora 11 ldquoPoluiccedilatildeo eacute a degradaccedilatildeo da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente a) prejudiquem a sauacutede a seguranccedila e o bem-estar da populaccedilatildeo b) criem condiccedilotildees adversas agraves atividades sociais e econocircmicas c) afetem desfavoravelmente a biota d) afetem as condiccedilotildees esteacuteticas ou sanitaacuterias do meio ambiente e) lancem mateacuterias ou energia em desacordo com os padrotildees ambientais estabelecidosrdquo (BRASIL 1981 p 1 e 2)

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Tabela 21 ndash Os niacuteveis de pressatildeo sonora e suas consequumlecircncias fisioloacutegicas no homem Em alguns casos podem a intensidade das reaccedilotildees fisioloacutegicas podem variar dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora Fonte elaborado pela autora a partir de KINSLER et al 1992 SINGAL 2005 SOUZA 2006

Assim sendo na esfera federal a Constituiccedilatildeo Federal (Art255) o Coacutedigo Civil Brasileiro (Lei ndeg

1040602) a Lei das Contravenccedilotildees Penais (Decreto-lei nordm 368841) e a Lei dos Crimes

Ambientais (Lei nordm 960598) versam a partir de diferentes abordagens e diferentes

procedimentos legais sobre a poluiccedilatildeo sonora e suas respectivas perturbaccedilotildees (CARNEIRO

2009)

NIacuteVEIS DE PRESSAtildeO SONORA E SUAS CONSEQUEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS

Niacutevel de Pressatildeo sonora

em dB(A)

Caracteriacutesticas FISIOLOacuteGICAS

Ambiente ou atividade

0 a 30 Nenhuma Tremular de folhas de uma aacutervore sussurros

aacuterea de mata selvagem

30 a 50 Nenhuma Cantar de paacutessaros rua calma em aacuterea residencial durante noite

50 a 70 Marca o iniacutecio do estresse

auditivo Rua agitada um restaurante barulhento

70 a 90 Estressante e bastante

excitante Chegada de um trem na estaccedilatildeo carro a 100 Kmh

conversa a gritos

90 a 110 Extremamente excitante provocando dependecircncia

Caminhatildeo pesado a 60 Kmh alarme de viatura passagem de trem numa estaccedilatildeo ou cabine de um aviatildeo monomotor

110 a 130

Desconfortavelmente alto atingindo o limiar da dor podendo causar surdez

instantacircnea

Trem passando em trilhos elevados martelo pneumaacutetico interior de uma boate show de banda de rock

130 a 140 Acima do limiar da dor

causando surdez permanente Decolagem de aviatildeo a jato a 5m de distacircncia disparos de artilharia

Ainda no domiacutenio federal o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) publicou vaacuterias

resoluccedilotildees que estabelecem normas de preservaccedilatildeo ao meio ambiente incluindo o combate a

poluiccedilatildeo sonora12 Nestas resoluccedilotildees todas as atividades geradoras de ruiacutedo devem seguir

diretrizes vinculadas agrave Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas ndash ABNT e ao Conselho

Nacional de Tracircnsito - CONTRAN no caso de ruiacutedo produzido por veiacuteculos automotores

(NAGEM 2004)

Tais resoluccedilotildees normas e diretrizes refletidas no domiacutenio estadual e municipal deram origem agrave

Lei Estadual nordm 12789 de 28 de Abril de 2005 (PERNAMBUCO2005) conhecida como ldquoLei do

12 Satildeo elas RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 272 de 14 de setembro de 2000

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Silecircnciordquo e que dispotildee sobre ruiacutedos urbanos poluiccedilatildeo sonora e proteccedilatildeo do bem-estar e do

sossego puacuteblico e agrave Lei nordm 16243 de 13 de setembro de 1996 ndash Coacutedigo do Meio Ambiente e do

Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife (RECIFE 1996a) que estabelece a poliacutetica do meio ambiente da

cidade do Recife incluindo regulamentaccedilatildeo de emissotildees sonoras entre outras providecircncias

tendo como suporte a Lei 1617696 de 9 de Abril de 1996 ndash Lei de Uso e Ocupaccedilatildeo do Solo da

Cidade do Recife ndash LUOS (RECIFE 1996b)

Apesar da existecircncia desta grande quantidade de leis federais estaduais e municipais apesar da

LUOS legislar sobre a etapa de aprovaccedilatildeo de projetos para a construccedilatildeo de empreendimentos

com usos geradores de incocircmodo agrave vizinhanccedila incluindo usos potencialmente geradores de ruiacutedos

submetendo-os agrave anaacutelise teacutecnica eou agrave anaacutelise especial e apesar do Coacutedigo do Meio Ambiente e

do Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife estabelecer limites maacuteximos permitidos de ruiacutedo na praacutetica a

accedilatildeo contra a poluiccedilatildeo sonora em Recife adquire caraacuteter corretivo pelos oacutergatildeos reguladores agrave

conduta do infrator geralmente a partir de denuacutencias da populaccedilatildeo apoacutes a consolidaccedilatildeo da fonte

geradora de ruiacutedo no meio urbano (JORNAL DO COMEacuteRCIO 2008 JC ONLINE 2005)

Outro exemplo local de desatenccedilatildeo agrave poluiccedilatildeo sonora eacute a inexistecircncia dentre vaacuterios outros tipos

de degradaccedilatildeo ambiental presentes de qualquer referecircncia a respeito da poluiccedilatildeo sonora em

documento produzido pela Prefeitura da Cidade do Recife no ano 2000 o Atlas Ambiental da

Cidade do Recife (RECIFE 2000)

Diante da aplicabilidade ineficaz da legislaccedilatildeo vigente em Novembro de 2009 foi lanccedilado pelo

Ministeacuterio Puacuteblico de Pernambuco a cartilha Poluiccedilatildeo sonora Silento e o barulho13 que versa sobre as

posturas e accedilotildees direitos e deveres dos diversos agentes envolvidos na produccedilatildeo e recepccedilatildeo da

poluiccedilatildeo sonora indicando como devem agir a viacutetima o policial o estado o construtor poluidor

o proprietaacuterio de carro de som poluidor entre outros A cartilha tambeacutem disponibiliza uma seacuterie

de formulaacuterios modelos de acordo com os diferentes tipos de poluiccedilatildeo sonora Estes formulaacuterios satildeo

exemplos para serem utilizados tanto pela viacutetima da poluiccedilatildeo sonora quanto pelo policial civil

militar promotor de justiccedila e ateacute mesmo pelo poluidor - o que poderaacute tornar esta cartilha um

importante instrumento para aplicaccedilatildeo das leis vigentes (CARNEIRO 2009)

Embora negligenciada e em oposiccedilatildeo a diversos outros problemas ambientais mundiais a

poluiccedilatildeo sonora continua a crescer e eacute acompanhada pelo aumento no nuacutemero de reclamaccedilotildees de

13 ldquoSilentordquo eacute um personagem criado para narrar alguns trechos interativos da cartilha

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 214 ndash Relaccedilatildeo entre o desenvolvimento industrial da sociedade que possibilita o aumento e concentraccedilatildeo de fontes sonoras e seus impactos em relaccedilatildeo ao ruiacutedo nas comunidades apontando trecircs previsotildees futuras de acordo com diferentes accedilotildees possiacuteveis de regulamentaccedilatildeo contra do ruiacutedo Fonte elaborado pela autora a partir de BERGLUND et al 1999

pessoas expostas ao ruiacutedo a partir do aumento da consciecircncia de seus direitos legais

(BERGLUND et al1999)

Para World Health Organization (WHO)14 a poluiccedilatildeo sonora jaacute eacute um dos problemas ambientais que

atingem o maior nuacutemero de pessoas no planeta perdendo apenas para a poluiccedilatildeo do ar e da aacutegua

(KIHLMAN 2004 2005) Este crescimento contiacutenuo da poluiccedilatildeo sonora e por conseguinte do

ruiacutedo urbano possui uma estreita relaccedilatildeo com as raacutepidas transformaccedilotildees ocorridas no meio

urbano nas uacuteltimas deacutecadas O desenvolvimento acelerado e a expansatildeo das cidades implicaram

em modificaccedilotildees em elementos da forma urbana em alto iacutendice de crescimento demograacutefico da

populaccedilatildeo urbana e em consequumlente aumento e concentraccedilatildeo de diversos tipos de fontes

geradoras de poluiccedilatildeo sonora (BRASIL 1990a1990b GUEDES 2005 PAZ 2009 ZANNIN et

al 2002) (Figura 214)

Entre estas fontes urbanas geradoras de poluiccedilatildeo sonora uma das que mais contribuem com o

aumento do ruiacutedo urbano aleacutem de ser considerada uma das fontes mais intrusivas e a mais

percebida pela populaccedilatildeo das grandes cidades eacute o traacutefego de veiacuteculos (DINIZ 2003 FRITSCH et al

2007 LACERDA et al 2005 PAZ 2004 ZANNIN et al 2003)

O ruiacutedo do traacutefego de veiacuteculos eacute gerado a

partir do ruiacutedo veicular que proveacutem

essencialmente do sistema de propulsatildeo do

motor do atrito entre o veiacuteculo e o ar (ruiacutedo

aerodinacircmico) e do atrito entre o pneu e o piso

(MURGEL 2007 KINSLER et al 1982) e da

relaccedilatildeo entre o veiacuteculocondutor e as

configuraccedilotildees das vias em que ele estaacute inserido

a aceleraccedilatildeo eou desaceleraccedilatildeo do motor de

acordo com a caracterizaccedilatildeo das vias - a

presenccedila de cruzamentos semaacuteforos faixas de

pedestres etc a intensidade do fluxo de

veiacuteculos e a proporccedilatildeo entre veiacuteculos leves e os

veiacuteculos pesados a frequumlecircncia de

14 Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede ndash OMS

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

acionamentos de buzinas o tipo de acabamento da superfiacutecie das vias (concreto asfalto brita

terra batida) etc (SINGAL 2005)

Tais vias geradoras do ruiacutedo de traacutefego aleacutem de serem interceptadas por outras vias satildeo

comumente ladeadas por configuraccedilotildees bastante variaacuteveis desde edificaccedilotildees com formas

implantaccedilotildees e gabaritos diversificados a lotes ainda natildeo ocupados caracterizando a propagaccedilatildeo

do ruiacutedo de traacutefego urbano por muacuteltiplas reflexotildees responsaacuteveis pelo espalhamento do ruiacutedo

para vias adjacentes pelo surgimento de campos sonoros reverberantes pela difraccedilatildeo do ruiacutedo e

pelo surgimento de aacutereas de sombra (SINGAL 2005 RANDRIANOELINA e SALOMONS

2008) Ou seja a propagaccedilatildeo do ruiacutedo urbano gerado pelo traacutefego de veiacuteculos possui uma

interaccedilatildeo singular com elementos da forma urbana

Assim sendo tanto por sua participaccedilatildeo determinante na constituiccedilatildeo do ruiacutedo urbano quanto

por sua particular relaccedilatildeo com os elementos que compotildeem a forma urbana o ruiacutedo de traacutefego

seraacute a uacutenica fonte sonora considerada na presente pesquisa conforme seraacute melhor elucidado no

proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas

A interaccedilatildeo entre o ruiacutedo urbano e a forma urbana dependeraacute diretamente das configuraccedilotildees de

certos elementos que compotildeem esta forma urbana o traccedilado e perfis das vias a maneira de

implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade e

forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres tais como praccedilas e

largos (GUEDES 2005 SANTOS e MARTINS 2005) Estes elementos podem ser

acusticamente caracterizados a partir do tipo de espaccedilo acuacutestico e da permeabilidade acuacutestica

O espaccedilo acuacutestico tambeacutem nomeado de campo acuacutestico eacute a porccedilatildeo de determinado espaccedilo onde

acontecem as vibraccedilotildees sonoras podendo ser caracterizado no meio urbano como espaccedilo

acuacutestico aberto ou fechado (NIEMEYER 2007)

O espaccedilo acuacutestico aberto aproxima-se da propagaccedilatildeo em campo livre que eacute caracterizado pela ausecircncia

de obstaacuteculos que modifiquem a propagaccedilatildeo sonora entre a fonte e o receptor Assim no meio

urbano o espaccedilo cuja propagaccedilatildeo sonora envolva poucas ou nenhuma reflexatildeo e poucos ou

nenhum obstaacuteculo pode ser considerado um espaccedilo acuacutestico aberto como por exemplo o

espaccedilo acuacutestico com perfil em ldquoLrdquo tais como vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas uma de

suas margens (Figuras 215 e 216) (NIEMEYER 2007) No espaccedilo acuacutestico aberto o niacutevel de

pressatildeo sonora decai 6 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (LANG

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 215 ndash Propagaccedilatildeo sonora em Campo acuacutestico aberto Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001

Figura 216 ndash Campo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo FonteNIEMEYER 2007

Figura 217 ndash Propagaccedilatildeo sonora em campo acuacutestico fechado causando o fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001

e BERANEK 1992) isto eacute o ruiacutedo percebido

pelo receptor diminui em funccedilatildeo da

duplicaccedilatildeo da distacircncia da fonte sonora15

Praccedilas parques e largos com grandes

dimensotildees vias de traacutefego marginais a praias

vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas

uma de suas margens ou espaccedilos livres

urbanos de grandes dimensotildees caracterizam

alguns exemplos de espaccedilos acuacutesticos abertos

No espaccedilo acuacutestico fechado as ondas sonoras

sofrem muacuteltiplas reflexotildees fazendo com que o

seu niacutevel sonoro decaia muito lentamente

sendo praticamente o mesmo em vaacuterias

posiccedilotildees ateacute que esta onda sonora encontre

uma saiacuteda para campo livre caracterizando o

fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana16 17(Figura

217) (GUEDES 2005 NIEMEYER 2007)

Os espaccedilos acuacutesticos fechados podem ser

reverberantes quando a onda sonora tarda a

encontrar o campo livre gerando um grande

nuacutemero de reflexotildees ou semi-reverberantes

quando a onda sonora encontra o campo livre

um pouco mais rapidamente do que no

reverberante gerando um nuacutemero menor mas

ainda grande de reflexotildees

15 Este decaimento eacute para fontes pontuais para fontes lineares o decaimento eacute de 3 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (GERGES 2000) 16 A reverberaccedilatildeo eacute a persistecircncia de um som depois de ter sido extinta a sua emissatildeo por uma fonte e ocorre como resultado de reflexotildees em ambientes total ou parcialmente fechados (GONZALEZ e LOPES 1993) 17 Alguns espaccedilos acuacutesticos fechados tambeacutem podem amplificar o niacutevel de pressatildeo sonora mas este fenocircmeno ocorre em determinados espaccedilos acuacutesticos fechados reverberantes

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 218 ndash Campo acuacutestico fechado em perfl ldquoUrdquo tambeacutem chamado de canyons urbanos Fonte NIEMEYER 2007

No meio urbano o espaccedilo acuacutestico fechado

reverberante possui comumente um perfil em

ldquoUrdquo (Figura 218) tambeacutem chamados de

canyons urbanos que podem amplificar

consideravelmente a propagaccedilatildeo sonora das

vias de traacutefego atraveacutes de reflexotildees muacuteltiplas

geradas pelas fachadas paralelas das

edificaccedilotildees que circundam estas vias

(ANDERSON e KURZE 1992) Assim neste

tipo de espaccedilo acuacutestico a propagaccedilatildeo sonora

natildeo depende exclusivamente da distacircncia entre

a fonte e o receptor como no espaccedilo acuacutestico

aberto depende ainda da configuraccedilatildeo dos

elementos que compotildeem a forma urbana e

dos coeficientes de absorccedilatildeo dos materiais que

revestem as superfiacutecies refletoras18

(NIEMEYER 2007)

Praccedilas parques e largos com pequenas dimensotildees e cercados por edificaccedilotildees conjugadas vias de

traacutefego com edificaccedilotildees (conjugadas ou com pequenos recuos entre elas) em ambos os lados

tuacuteneis passagens subterracircneas e espaccedilos livres abaixo de viadutos caracterizam alguns exemplos

de espaccedilos acuacutesticos fechados

A caracterizaccedilatildeo de um espaccedilo acuacutestico como sendo aberto ou fechado delinearaacute como a onda

sonora iraacute espalhar-se no meio urbano cujas configuraccedilotildees dos elementos que o compotildeem

podem facilitar ou dificultar a trajetoacuteria desta onda sonora para aleacutem do local de sua emissatildeo

tornando o meio urbano mais ou menos permeaacutevel a sua propagaccedilatildeo

18 No meio urbano as superfiacutecies refletoras satildeo predominantemente formadas por fachadas e muros de edificaccedilotildees que possuem certa uniformidade na utilizaccedilatildeo de materiais altamente reflexivos e com baixos coeficientes de absorccedilatildeo tais como granito maacutermore ceracircmica esmaltada vidro Assim o coeficiente de absorccedilatildeo de uma edificaccedilatildeo para outra seraacute praticamente o mesmo sofrendo miacutenimas variaccedilotildees permitindo sua natildeo consideraccedilatildeo

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

41

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 220 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees em uma quadra permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007

Figura 221 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjugadas em uma quadra pouco permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007

Figura 219 ndash Permeabilidade acuacutestica - percursos da onda sonora gerados em meio urbano Fonte NIEMEYER 2007

Figura 222 ndash Barreira acuacutestica entre a fonte e o receptor FonteANDERSON e KURZE 1992

Assim sendo a permeabilidade acuacutestica refere-se

aos percursos da onda sonora gerados no

meio urbano (Figura 219) (GUEDES 2005

NIEMEYER 2007) A intensidade da

permeabilidade acuacutestica - mais ou menos

permeaacutevel - dependeraacute da capacidade de

certos elementos urbanos de promover ou

conter a propagaccedilatildeo da onda sonora tais

como o traccedilado e perfis das vias a maneira de

implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem

como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade

e forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila

ou ausecircncia de espaccedilos livres (Figuras 220 e

221)

A permeabilidade acuacutestica relaciona-se ainda

com as barreiras acuacutesticas Isoladamente o

conceito de barreiras acuacutesticas refere-se a

qualquer objeto que possa ser considerado um

obstaacuteculo agrave ligaccedilatildeo direta e sem interferecircncias

entre a fonte e o receptor (Figura 222)

(ANDERSON e KURZE 1992 GERGES

2000) Ao bloquear o percurso direto entre a

fonte e o receptor a onda sonora poderaacute ser

absorvida eou refletida pela superfiacutecie da

barreira transmitida atraveacutes da barreira ou

difratada a partir do topo da barreira

(BARRON 2003 SINGAL 2005)

A difraccedilatildeo eacute um fenocircmeno que permite que as

ondas sonoras sejam capazes de contornar

determinados obstaacuteculos gerando uma aacuterea de

sombra acuacutestica que possui limites espaciais

variaacuteveis de acordo com a posiccedilatildeo da fonte

____________________________________________

ANAacuteLISE D

sonora e de sua localizaccedilatilde

receptor que por sua vez

sonora difratada pelas borda

um decaimento maior do qu

campo livre (Figura 223) (N

1968 NIEMEYER 2007 PA

O uso de barreiras acuacutestic

EUA Japatildeo Austraacutelia e

reduccedilatildeo da propagaccedilatildeo do

pelo traacutefego rodoviaacuterio pa

(Figuras 224 a 226) (SIN

Brasil esta praacutetica ainda eacute inc

restringindo-se a poucos exe

caso da barreira acuacutestica no

Linha Amarela na cidade do

na Rodovia Bandeirantes co

de Satildeo Paulo a Campinas

Paulo (Figura 227) (MURGE

2004)

Embora a implantaccedilatildeo de b

esteja vinculada agrave reduccedilatildeo do

rodoviaacuterio outros elemen

meio urbano situados ent

receptor atuam espontan

barreiras agrave propagaccedilatildeo sono

terreno com topografia i

muros edificaccedilotildees entr

edificaccedilotildees conjugadas da R

cidade do Recife ou aind

conjugadas em alguns trec

Atlacircntica no Rio de Janei

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 226 ndash Barreiras instaladasem aacuterea residencial de Toacutequio Jap

Figura 224 ndash Agrave esquerda barreacriacutelico na Suiacuteccedila Agrave direita barreiraPaacutedua e Veneza na Itaacutelia Fonte C

Figura 227 ndash Barreira acuacutestica dade Satildeo Paulo Fonte MURGEL 2

Figura 223 ndash Difraccedilatildeo da ondagerando uma aacuterea de sombra acuacutest

Figura 225 ndash Agrave esquerda baproacuteximo a Zurique Agrave direita barretambeacutem na Suiccedila Fonte CICHIN

accedilatildeo em relaccedilatildeo ao

ez recebe a energia

rdas da barreira com

que se estivesse em

(NEPOMUCENO

PAZ 2004)

ticas eacute comum nos

e na Europa para

do ruiacutedo produzido

para seus arredores

INGAL 2005) No

incipiente

exemplos como eacute o

no eixo rodoviaacuterio

o Rio de Janeiro e

conectando a cidade

s no estado de Satildeo

GEL 2007 SOUSA

e barreiras acuacutesticas

do ruiacutedo de traacutefego

entos inseridos no

entre a fonte e o

taneamente como

nora tais como um

irregular taludes

ntre outros As

a Rua da Aurora na

inda as edificaccedilotildees

trechos da Avenida

neiro por exemplo

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

42

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

das ao longo de via expressa elevada Japatildeo Fonte CICHINELLI 2007

rreira acuacutestica curva em concreto e eira acuacutestica metaacutelica na estrada entre CICHINELLI 2007

da Rodovia Bandeirantes no estado 2007

da sonora a partir de uma barreira uacutestica Fonte GERGES 2000

barreira acuacutestica metaacutelica instalada arreira acuacutestica em concreto e acriacutelico INELLI 2007

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

43

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 228 ndash Rua da Aurora no Bairro da Boa Vista na cidade do Recife configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fontehttpmaiovinteeseisblogspotcom2007_ 11_01_archivehtml Acesso em 080409

Figura 229 ndash Alguns trechos da Avenida Atlacircntica no Bairro de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro tambeacutem configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fonte httpwwwtravelpodcomtravel-photoorlanworldtrip200711 71589400avenida-atlantica-along-copacabana-beachjpgtpodhtml Acesso em 080409

aleacutem de funcionarem como barreiras acuacutesticas

espontacircneas ou natildeo intencionais tambeacutem

conformam um espaccedilo acuacutestico aberto em

ldquoLrdquo e pouco permeaacutevel ao ruiacutedo (Figura 228 e

229)

A partir da discussatildeo dos espaccedilos acuacutesticos e

da permeabilidade acuacutestica evidencia-se que a

interaccedilatildeo entre os diversos elementos que

compotildeem a forma urbana - o traccedilado e perfis

das vias o modo de implantaccedilatildeo das

edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as

proporccedilotildees densidade e maneira de ocupaccedilatildeo

das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de

espaccedilos livres ndash contribui determinantemente

para a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano

atraveacutes de muacuteltiplas reflexotildees do

espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave

fonte geradora de campos sonoros

reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de

aacutereas de sombra

Isto posto se o ruiacutedo urbano eacute considerado

um sistema composto essencialmente pela fonte

sonora pelo meio de propagaccedilatildeo e pelo receptor (LANG e BERANEK 1992 ANDERSON e

KURZE 1992) a forma urbana considerada a partir dos elementos que a compotildeem enquanto

percurso de transmissatildeo delineia influencia e determina em certa medida a trajetoacuteria de

propagaccedilatildeo da onda sonora19 Ou seja a forma urbana por meio das caracteriacutesticas singulares

apresentadas pelos seus elementos componentes iraacute influenciar o comportamento da propagaccedilatildeo

da onda sonora no meio urbano

19 ldquoEm certa medidardquo pois existem outros fatores que tambeacutem influenciam a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano mas a discussatildeo sobre a consideraccedilatildeo ou natildeo destes outros fatores seraacute melhor construiacuteda no proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito alto por elevada densidade de

ocupaccedilatildeo das quadras e por vias estreitas por exemplo tende em tese a ser menos permeaacutevel ao

ruiacutedo dificultando a propagaccedilatildeo sonora para outras aacutereas Tende ainda a criar espaccedilos

reverberantes ou semi-reverberantes com o niacutevel de pressatildeo sonora elevado em praticamente

todos os pontos de reflexatildeo com perdas miacutenimas ateacute a onda sonora alcanccedilar o topo das

edificaccedilotildees e direcionar-se a campo livre Por conseguinte este comportamento tende a propiciar

dependendo ainda da relaccedilatildeo com a fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano indesejaacutevel e

insalubre aos receptores existentes nas edificaccedilotildees daquela via

Jaacute uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito baixo por baixa densidade de

ocupaccedilatildeo das quadras e por vias largas tende teoricamente a ser mais permeaacutevel ao ruiacutedo

facilitando sua propagaccedilatildeo Por outro lado natildeo gera espaccedilos acuacutesticos propiacutecios a muacuteltiplas

reflexotildees fazendo com que a onda sonora encontre mais rapidamente o campo livre facilitando

sua dissipaccedilatildeo e propiciando dependendo ainda da fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano

desejaacutevel aos seus receptores

Deste modo a existecircncia de diferenccedilas e particularidades dos elementos que compotildeem as

distintas formas urbanas proporciona os mais diversificados comportamentos acuacutesticos de

propagaccedilatildeo sonora nos mais diferentes meios urbanos Ou seja do mesmo modo que cidades

bairros e ruas natildeo satildeo iguais entre si tampouco reproduziacuteveis em sua essecircncia o comportamento

acuacutestico tambeacutem natildeo seraacute ao contraacuterio constituiraacute um atributo exclusivo de cada espaccedilo urbano

Mas se para cada espaccedilo urbano existe um comportamento acuacutestico especiacutefico como deveraacute se

comportar a propagaccedilatildeo sonora de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de

modificaccedilotildees em elementos de sua forma urbana Em outras palavras como se comportaraacute a acuacutestica

urbana de um determinado local a partir do processo cronoloacutegico de modificaccedilotildees em sua forma urbana

Nos capiacutetulo que se segue Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas seratildeo apresentadas os percursos

investigativos que foram postos em praacutetica em busca de responder a este questionamento

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO

2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

21 A Forma Urbana e seus Elementos Componentes____________

22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais_____________

3 CONSIDERACcedilOtildeES METODOLOacuteGICAS

31 3deg Jardim de Boa Viagem enquanto Estudo de Caso_________

32 Mapeamento Acuacutestico enquanto Instrumento de Pesquisa_

33 Procedimentos Metodoloacutegicos__________________________________

331 1deg Etapa Pesquisa Documental Primaacuteria e Secundaacuteria _____

332 2deg Etapa Pesquisa Piloto_____________________________________

333 3deg Etapa Estudo de Campo__________________________________

334 4deg Etapa mapeamento acuacutestico_____________________________

4 TRANSFORMACcedilOtildeES DO 3deg JARDIM E SUA RELACcedilAtildeO COM

O PROCESSO DE OCUPACcedilAtildeO DO BAIRRO DE BOA

VIAGEM

5 COMPORTAMENTO ACUacuteSTICO DO 3degJARDIM DE BOA

VIAGEM

51 Comportamento Acuacutestico do 3deg Jardim de Boa Viagem a

partir das Modificaccedilotildees Cronoloacutegicas em sua Forma

Urbana______________________________________________________________

52 Comportamento Acuacutestico do 3deg Jardim de Boa Viagem em

relaccedilatildeo ao Coacutedigo do Meio Ambiente e Equiliacutebrio Ecoloacutegico

do Recife agrave ldquoLei do Silecircnciordquo e a outras Entidades

Normativas_________________________________________________________

53 Ausecircncia de Accedilotildees versus Presenccedila de Accedilotildees em Busca

de um Melhor Comportamento Acuacutestico para o 3deg Jardim

de Boa Viagem____________________________________________________

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

7 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

128

134

115

107

81

80

65

60

59

56

55

55

52

49

46

31

22

22

17

CAPIacuteTULO 1

A pesquisa eacute talvez a arte de se criar dificuldades fecundas e de criaacute-las para os

outros Nos lugares onde havia coisas simples faz-se aparecer problemas

Pierre Bourdieu

____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO

17

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

1 INTRODUCcedilAtildeO

Um grito estridente lanccedilado em um meio urbano envolto nos ldquomais modernosrdquo e descomunais

arranha-ceacuteus desconfortavelmente ouvido nos mais remotos pavimentos de um deles foi agrave

centelha motivadora para as ideacuteias e discussotildees que permeiam esta pesquisa Este grito mal

recebido pelo receptor pode ser considerado uma das diversas formas da profusatildeo de ruiacutedos que

cada vez mais se tornam elementos onipresentes da vida contemporacircnea

Tal profusatildeo de ruiacutedos atualmente encontrados nos centros urbanos estaacute intimamente vinculada

ao crescimento acelerado das cidades que possibilitaram o aumento e uma maior concentraccedilatildeo da

populaccedilatildeo urbana acarretando em raacutepidas transformaccedilotildees no meio de propagaccedilatildeo do ruiacutedo

urbano aleacutem do aumento e uma maior concentraccedilatildeo dos diversos tipos de fontes sonoras que o

geram

Embora esteja estreitamente relacionado ao raacutepido desenvolvimento das cidades o ruiacutedo urbano

natildeo deve ser considerado como uma consequumlecircncia incidental da accedilatildeo humana em busca de

progresso e por isso inevitaacutevel tampouco toleraacutevel Ao contraacuterio deve ser entendido como uma

das consequumlecircncias prejudiciais deste desenvolvimento que pode causar diversos males fisioloacutegicos

e psicoloacutegicos ao citadino e assim sendo deve ser veementemente prevenido e mitigado

A fim de encontrar maneiras que possibilitem sua prevenccedilatildeo e mitigaccedilatildeo o ruiacutedo urbano pode

ser entendido como um sistema composto essencialmente pela fonte sonora ndash meio de propagaccedilatildeo ndash

receptor Dentre estas trecircs partes componentes do sistema o meio de propagaccedilatildeo pode ser

considerado como um dos menos investigados e onde as accedilotildees contra o ruiacutedo satildeo menos

concentradas (SINGAL 2005)

Esta inobservacircncia da importacircncia do meio urbano enquanto percurso de propagaccedilatildeo sonora

pode estar vinculada agrave dificuldade de intervir em meios de propagaccedilatildeo consolidados como satildeo

fundamentalmente os grandes centros urbanos Daiacute a relevacircncia em compreender a acuacutestica

urbana a partir de seu meio propagador pois uma vez consolidado o meio raras satildeo as

intervenccedilotildees possiacuteveis para minimizar o ruiacutedo urbano a partir desta parte componente do sistema

fonte ndash meio ndash receptor restando essencialmente accedilotildees preventivas

____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO

18

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Outro fator que evidencia o grande valor em compreender a acuacutestica urbana a partir de seu meio

de propagaccedilatildeo eacute o potencial que o meio urbano possui em influenciar a trajetoacuteria da propagaccedilatildeo

sonora Esta influecircncia acontece atraveacutes da forma que este meio apresenta ou seja a forma urbana

atraveacutes de seus elementos componentes e enquanto percurso de transmissatildeo delineia influencia e

determina em certa medida a trajetoacuteria de propagaccedilatildeo da onda sonora

Assim sendo a interaccedilatildeo entre os diversos elementos que compotildeem a forma urbana - o traccedilado e

perfis das vias o modo de implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as proporccedilotildees

densidade e maneira de ocupaccedilatildeo das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres ndash

contribui determinantemente para caracterizaccedilatildeo da propagaccedilatildeo sonora no meio urbano atraveacutes

de muacuteltiplas reflexotildees do espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave fonte geradora de

campos sonoros reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de aacutereas de sombra

Esta interaccedilatildeo entre os elementos da forma urbana e a propagaccedilatildeo sonora ocorre a partir da

diversidade e singularidade existente nos variados meios urbanos igualmente proporcionando os

mais particulares comportamentos acuacutesticos Isto eacute para cada meio urbano existem caracteriacutesticas

particulares inerentes agrave sua forma urbana que geram um comportamento acuacutestico igualmente

especiacutefico exclusivo e vinculado a esta forma urbana

Apesar deste atrelamento entre a acuacutestica urbana e a forma urbana esta relaccedilatildeo natildeo eacute

suficientemente pesquisada e quando eacute satildeo enfocadas prioritariamente situaccedilotildees presentes de

comportamento acuacutestico eou no maacuteximo hipoacuteteses futuras tambeacutem chamadas de prediccedilatildeo

acuacutestica Aleacutem disso natildeo foram encontradas referecircncias ateacute o presente momento de investigaccedilotildees

que priorizem a apreciaccedilatildeo da acuacutestica urbana e sua relaccedilatildeo com as modificaccedilotildees ao longo do tempo da

forma urbana

Isto posto considerando esta ausecircncia de pesquisas e considerando que para cada espaccedilo urbano

existe um comportamento de propagaccedilatildeo sonora especiacutefico o presente estudo se propocircs a

investigar o comportamento acuacutestico de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de

modificaccedilotildees em sua forma urbana

Para isso admitiu-se que a propagaccedilatildeo de uma mesma fonte sonora em um mesmo espaccedilo urbano

que tenha sofrido ao longo de um processo cronoloacutegico modificaccedilotildees em sua forma urbana

implicaria em diferentes comportamentos em sua acuacutestica urbana para as diferentes datas deste

processo Esta suposiccedilatildeo possibilitou a anaacutelise do comportamento acuacutestico atraveacutes das

____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO

19

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

modificaccedilotildees cronoloacutegicas da forma urbana a partir da articulaccedilatildeo de trecircs variaacuteveis - a fonte sonora

a forma urbana e a acuacutestica urbana Estas variaacuteveis foram consideradas tendo o estudo de caso

enquanto estrateacutegia de pesquisa

O caso escolhido para esta investigaccedilatildeo foi o loteamento 3deg Jardim de Boa Viagem tanto por

representar uma parcela bem delimitada das raacutepidas e recentes transformaccedilotildees ocorridas na

forma urbana do bairro de Boa Viagem quanto por permitir ilustrar o comportamento acuacutestico

em um encadeamento evolutivo do iniacutecio de sua ocupaccedilatildeo recente ateacute os dias atuais

Para compor tal encadeamento evolutivo foram selecionados os anos de 1971 data escolhida por

caracterizar o princiacutepio da ocupaccedilatildeo do 3deg Jardim 1981 e 1997 por representarem datas de

registro de fotografias aeacutereas do bairro de Boa Viagem existentes na base de dados da

CONDEPE-FIDEM Agecircncia Estadual de Planejamento e Pesquisas de Pernambuco 2009 por

representar a realidade atualmente encontrada no 3deg Jardim e uma simulaccedilatildeo de situaccedilatildeo

hipoteacutetica futura de modificaccedilatildeo na forma urbana

Isto posto com o intuito de analisar o comportamento da acuacutestica urbana do 3deg Jardim de Boa

Viagem a partir de modificaccedilotildees cronoloacutegicas em sua forma urbana foram executados os

seguintes objetivos especiacuteficos (I) identificar as caracteriacutesticas configuraccedilotildees e transformaccedilotildees da

forma urbana ocorridas no 3deg Jardim de Boa Viagem nos anos de 1971 1981 1997 e 2009 a

partir de seu processo de ocupaccedilatildeo (II) elaborar mapas acuacutesticos dos niacuteveis atuais (2009) de

pressatildeo sonora equivalente do 3deg Jardim (III) elaborar mapas acuacutesticos do 3deg Jardim nos anos de

1971 1981 1997 e de situaccedilatildeo hipoteacutetica futura a partir da consideraccedilatildeo dos niacuteveis atuais (2009)

de pressatildeo sonora equivalente do 3deg Jardim

Em busca de expor sistematicamente seu desenvolvimento a presente investigaccedilatildeo foi

estruturada do seguinte modo

O presente capiacutetulo 1 introduz e antecipa brevemente a discussatildeo que seraacute realizada ao longo

desta pesquisa

O capiacutetulo 2 aborda dois aspectos principais O primeiro deles desenvolve o conceito de forma

urbana e seus elementos componentes a partir dos autores Joseacute Lamas (2004) Philippe Panerai

(2006) e Vicente Del Rio (1990) Busca elucidar que a apreensatildeo da forma urbana eacute complexa e

envolve diversificadas abordagens e enfoques sociais econocircmicos histoacutericos e culturais para

entatildeo indicar que a presente pesquisa lanccedilaraacute um olhar para a forma urbana essencialmente a

____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO

20

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

partir de seu aspecto fiacutesico e material recorte necessaacuterio para a anaacutelise do comportamento

acuacutestico urbano

O segundo aspecto abordado no capiacutetulo 2 diz respeito agrave definiccedilatildeo teoacuterica do conceito da

acuacutestica urbana e de suas diversificadas implicaccedilotildees e interfaces quando o som eacute propagado em

meio urbano Busca evidenciar os fenocircmenos que ocorrem a partir da interaccedilatildeo entre a forma

urbana e a acuacutestica urbana indicando que a influecircncia da forma urbana eacute determinante para o

comportamento da acuacutestica urbana

O capiacutetulo 3 eacute dedicado ao percurso investigativo desta pesquisa evidenciando sua metodologia e

procedimentos metodoloacutegicos apresentando o 3deg Jardim enquanto estudo de caso o

mapeamento acuacutestico enquanto instrumento de pesquisa e detalhando as etapas operacionais

deste estudo Este capiacutetulo evidencia ainda o processo de elaboraccedilatildeo dos modelos e mapas

acuacutesticos da forma urbana existente no 3deg Jardim em cada uma das datas estudadas aleacutem da

situaccedilatildeo hipoteacutetica futura e discute o software Predictor utilizado para este mapeamento

O capiacutetulo 4 diz respeito ao processo de ocupaccedilatildeo do bairro de Boa Viagem e sua relaccedilatildeo com as

transformaccedilotildees urbanas ocorridas no 3deg Jardim Busca-se identificar as caracteriacutesticas

configuraccedilotildees e transformaccedilotildees ocorridas na forma urbana do 3deg Jardim que possibilitem o

entendimento cronoloacutegico destas modificaccedilotildees dando suporte a elaboraccedilatildeo e anaacutelise dos mapas

acuacutesticos

O capiacutetulo 5 analisa o comportamento da acuacutestica urbana identificado nos mapas acuacutesticos

elaborados do 3deg Jardim a partir das modificaccedilotildees ocorridas em sua forma urbana nos anos de

1971 1981 1997 e 2009 aleacutem de uma situaccedilatildeo hipoteacutetica futura (prediccedilatildeo acuacutestica) Neste capiacutetulo

discute-se ainda o comportamento do 3deg Jardim em relaccedilatildeo agrave legislaccedilatildeo municipal que regula as

emissotildees sonoras na cidade do Recife e no estado de Pernambuco e sua relaccedilatildeo com os niacuteveis

recomendados por outras entidades normativas e indica-se possiacuteveis accedilotildees para melhoria no

comportamento acuacutestico do 3deg Jardim bem como as possiacuteveis consequumlecircncias acuacutesticas da

ausecircncia de tais accedilotildees

Por fim no capiacutetulo 6 satildeo apresentadas as consideraccedilotildees finais acerca do comportamento acuacutestico

do 3deg Jardim e satildeo indicados novos rumos de pesquisa a respeito da acuacutestica urbana

CAPIacuteTULO 2

A arquitetura eacute uma muacutesica petrificada

Arthur Schopenhauer

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

22

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

Analisar o comportamento da acuacutestica urbana ainda que a partir das modificaccedilotildees da forma

urbana faz com que esta pesquisa trate essencialmente da acuacutestica urbana No entanto este

comportamento esta sujeito aos diversificados modos de apreensatildeo da forma urbana e de seus

elementos componentes bem como ao modo como esta pesquisa os consideraraacute

Assim sendo o primeiro item deste capiacutetulo expotildee o conceito de forma urbana e de algumas de

suas relaccedilotildees discutido agrave luz de LAMAS (2004) de PANERAI (2006) e DEL RIO (1990)

indicando em seguida o que esta pesquisa consideraraacute como forma urbana

Certamente discussatildeo em torno da produccedilatildeo de outros autores poderia ser elaborada No

entanto o primeiro item deste capiacutetulo natildeo pretende representar uma revisatildeo bibliograacutefica acerca

do estudo da forma urbana e suas relaccedilotildees pretende sim construir uma discussatildeo em torno dos

trecircs autores selecionados que culmine no conceito de forma urbana que seraacute considerado por esta

pesquisa para possibilitar olhar para suas modificaccedilotildees cronoloacutegicas a fim de compreender o

comportamento da acuacutestica urbana

Apoacutes este delineamento no segundo item deste capiacutetulo discute-se a acuacutestica urbana e suas

relaccedilotildees conceituais com os diversos elementos e implicaccedilotildees da propagaccedilatildeo sonora em meio

urbano e como eles relacionam-se influenciando em seu comportamento

21 A Forma Urbana e seus Elementos Componentes

Segundo LAMAS (2004) estudar a forma urbana compreende examinar as configuraccedilotildees e as

estruturas exteriores de determinados objetos de suas formas interligando-as com os fenocircmenos

que lhes deram origem Assim sendo a forma urbana pode ser definida como sendo o

[] modo como se organizam os elementos morfoloacutegicos que constituem e definem o espaccedilo urbano relativamente agrave materializaccedilatildeo dos aspectos de

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

23

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 21 ndash Diferentes aspectos quantitativos relacionados a diversificadas formas urbanas Fonte LAMAS 2004

organizaccedilatildeo funcional e quantitativa e dos aspectos qualitativos e figurativos (LAMAS 2004 p 44) 1

Dentre estes aspectos os quantitativos satildeo agravequeles da realidade urbana que podem ser

quantificaacuteveis tais como densidades superfiacutecies fluxos coeficientes volumeacutetricos entre outros

(Figura 21) os de organizaccedilatildeo funcional satildeo agravequeles que se relacionam com as atividades

humanas tais como habitar e trabalhar e agravequeles relacionados ao modo de uso especiacutefico de uma

aacuterea ndash residencial comercial industrial entre outros os qualitativos referem-se ao tratamento dos

espaccedilos ao conforto e a comodidade do utilizador tais como adaptaccedilatildeo ao clima acessibilidade

estado da pavimentaccedilatildeo entre outros por fim os aspectos figurativos dizem respeito a

essencialmente a comunicaccedilatildeo esteacutetica (LAMAS 2004)

Pode-se considerar que ao olhar para forma urbana e em especiacutefico para suas modificaccedilotildees

cronoloacutegicas com o intuito de compreender o comportamento da acuacutestica urbana esta pesquisa

relaciona-se tanto aos aspectos qualitativos a partir do conforto acuacutestico dos receptores das

ondas sonoras em meio urbano quanto aos

aspectos quantitativos uma vez que este

comportamento acuacutestico em meio urbano eacute

quantificaacutevel em decibels (dB)

Embora estes aspectos envolvam grande parte

das singularidades inerentes a forma urbana

esta definiccedilatildeo parece ainda natildeo abarcar outras

particularidades sociais econocircmicas histoacutericas

e culturais igualmente envolvidas no

entendimento da concepccedilatildeo da forma urbana

isto eacute resta ainda a consideraccedilatildeo de que esta

forma urbana natildeo acontece

independentemente dos grupos sociais que a

produzem (PANERAI 2006)

Satildeo essencialmente estas particularidades que

impulsionam ou amortecem a transformaccedilatildeo

1 Para todas as citaccedilotildees deste autor natildeo seratildeo consideradas adaptaccedilotildees na liacutengua do paiacutes de origem - Portugal - permanecendo o texto original

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

24

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

dos elementos que compotildeem a forma urbana ndash a adiccedilatildeo de novos de traccedilados a um jaacute existente

ou sua superposiccedilatildeo seus conflitos o parcelamento de parques e ocupaccedilatildeo de espaccedilos livres a

renovaccedilatildeo da massa edificada seu lento adensamento e verticalizaccedilatildeo segundo uma especulaccedilatildeo

despretensiosa ou sua substituiccedilatildeo por vastos empreendimentos sob influecircncia de uma

especulaccedilatildeo bem mais expressiva (PANERAI 2006) isto eacute faz parte da apreensatildeo da forma

urbana uma complexidade que envolve um processo de acumulaccedilatildeo de enfoques e observaccedilotildees

sociais econocircmicas histoacutericas e culturais que englobam muito mais do que apenas sua forma

fiacutesica

Estas particularidades especialmente as sociais parecem um pouco mais delineadas nas

consideraccedilotildees feitas por DEL RIO (1990) que considera o espaccedilo urbano a partir da apropriaccedilatildeo

social que se faz dele estabelecendo que em relaccedilatildeo ao estudo da forma urbana a cidade pode

ser compreendida a partir de trecircs niacuteveis organizacionais o coletivo o comunitaacuterio e o individual

O niacutevel coletivo eacute regido sob uma loacutegica estruturadora percebida inconscientemente e

coletivamente e eacute composto pelos elementos2 do tecido que possuem uma permanecircncia maior ao

longo do tempo o niacutevel comunitaacuterio diz respeito aos elementos com significados especiais apenas

para um pequeno grupo da populaccedilatildeo como o bairro por exemplo jaacute o niacutevel individual expressa

significados individuais como a residecircncia e seu espaccedilo circundante e por seu caraacuteter individual eacute

o que apresenta maior rapidez nas modificaccedilotildees (DEL RIO 1990)

Mas LAMAS (2004) ao defender sua definiccedilatildeo para forma urbana natildeo soacute possuiacutea ciecircncia destas

outras particularidades explicitadas por PANERAI (2006) e DEL RIO (1990) ndash sociais

econocircmicas histoacutericas e culturais ndash envolvidas na concepccedilatildeo de forma urbana como optou em

natildeo apreciaacute-las

[] um primeiro grau de leitura da cidade eacute eminentemente fiacutesico-espacial e morfoloacutegico portanto especiacutefico da arquitectura e o uacutenico que permite evidenciar a diferenccedila entre este e outro espaccedilo entre esta e aquela forma e explicar as caracteriacutesticas de cada parte da cidade A estes se juntam outros niacuteveis de leitura que revelam diferentes conteuacutedos (histoacutericos econoacutemicos sociais e outros) Mas este conjunto de leituras soacute eacute possiacutevel porque a cidade existe como facto fiacutesico e material Todos os instrumentos de leitura lecircem o mesmo objecto ndash o espaccedilo fiacutesico a FORMA URBANA (LAMAS 2004 p 31 grifo do autor) Eacute fundamentalmente a dimensatildeo fiacutesica e morfoloacutegica da cidade que me preocupa [] (LAMAS 2004 p 31)

2 Estes elementos seratildeo discutidos em paraacutegrafos mais adiante

____________________________________________

ANAacuteLISE D

Na verdade esta opccedilatildeo em

urbana considerando-a essen

de seu aspecto fiacutesico e m

convenientemente ao obje

presente pesquisa analisar

da acuacutestica urbana a partir

cronoloacutegicas na forma urba

esta anaacutelise do compor

implica em uma apropriaccedil

fiacutesica e material destas modif

Certamente a busca pela ap

urbana envolve muito

simplesmente sua forma

como jaacute aclarado No entan

da anaacutelise proposta por

apreensatildeo em totalid

fundamentalmente necessaacuter

apropriaccedilatildeo da forma urban

material ou uma variaacutevel fiacutes

finalidade derradeira de

comportamento acuacutestico

modificaccedilotildees nesta forma

Ao entender a observaccedilatildeo

essencialmente em seu aspec

(2004) propocircs uma classifica

dimensotildees

bull A dimensatildeo setorial

refere-se agrave menor u

do espaccedilo urbano co

uma praccedila ou uma

ponto o observador

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 24 ndash A cidadeo texemplificada por meio da cidadLAMAS 2004

Figura 23 ndash O bairro a escala ucidade portuguesa de Tavira Fonte

Figura 22 ndash Praccedila da Alagoa na ca dimensatildeo setorial Fonte LAMA

em observar a forma

sencialmente a partir

material responde

bjetivo primeiro da

ar o comportamento

rtir de modificaccedilotildees

rbana uma vez que

ortamento acuacutestico

riaccedilatildeo genuinamente

dificaccedilotildees

apreensatildeo da forma

o mais do que

a fiacutesica e material

tanto para realizaccedilatildeo

or este estudo tal

alidade natildeo eacute

saacuteria o que torna a

bana quase um meio

l fiacutesica para atingir a

e compreensatildeo do

a partir de

atildeo da forma urbana

pecto fiacutesico LAMAS

icaccedilatildeo em escalas ou

ndash a escala da rua

r unidade ou porccedilatildeo

como por exemplo

a rua onde de um

dor pode abarcar a

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

25

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

territoacuterioa dimensatildeo territorial dade portuguesa de Tavira Fonte

a urbana exemplificada por meio da nte LAMAS 2004

na cidade portuguesa de Tavira ilustra MAS 2004

____________________________________________

ANAacuteLISE D

unidade espacial d

(Figura 22)

bull A dimensatildeo urbana ndash

corresponde agraves pa

identificaacuteveis como

exemplo onde a

elementos da forma

atraveacutes do movime

percursos (Figura 23

bull E por fim a dimensatildeo

da cidade diz respeito

diferentes formas

articulaccedilatildeo de bai

entre si Sua forma

distribuiccedilatildeo de eleme

das cidades em con

suporte geograacutefico d

a articulaccedilatildeo de

circulaccedilatildeo entre os

entre zonas habitacio

entre outras (Figura 2

Dentre estas dimensotildees a u

bairro desperta particular

pesquisa uma vez que o e

limites de observaccedilatildeo atraveacute

de movimentos poderaacute aba

significante de modificaccedilotildee

forma urbana de determina

compreender o comport

acuacutestica urbana

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 25 ndash Exemplos de diversiflotes quarteirotildees e vias em difereNesta imagem um recorte do CONDEPE-FIDEM 1981

Figura 26 ndash Exemplos de diversiflotes quarteirotildees e vias em difereNesta imagem um recorte do baorigens da cidade entrecortadoBarreto Fonte CONDEPE-FIDE

Figura 27 ndash Exemplos de diveredifiacutecios lotes quarteirotildees e vias eRecife Nesta imagem um recessencialmente por morros o AltoFIDEM 1981

de seu conjunto

ndash a escala do bairro

partes homogecircneas

mo os bairros por

a observaccedilatildeo dos

a urbana eacute realizada

imento e de vaacuterios

23)

nsatildeo territorial ndash a escala

eito agrave articulaccedilatildeo de

as urbanas da

bairros interligados

ma eacute definida pela

mentos estruturantes

onformidade com o

o do siacutetio tais como

e ruas e vias de

s diferentes bairros

cionais e comerciais

a 24)

a urbana ndash escala do

lar interesse desta

o entendimento dos

veacutes de certo nuacutemero

barcar uma amostra

otildees cronoloacutegicas na

inado local a fim de

ortamento de sua

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

26

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

rsificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios erentes bairros da cidade do Recife o bairro de Boa Viagem Fonte

rsificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios erentes bairros da cidade do Recife bairro de Satildeo Joseacute que remete agraves do pela recente Avenida Dantas DEM 1981

versificadas concretizaccedilotildees entre os em diferentes bairros da cidade do

recorte de um bairro constituiacutedo lto do Mandu Fonte CONDEPE-

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

27

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

No entanto para apreender tal dimensatildeo devem-se conhecer e estabelecer quais elementos

miacutenimos da forma urbana que se relaciona com esta a dimensatildeo urbana e quais satildeo estes

elementos LAMAS (2004) propocircs onze elementos da forma urbana necessaacuterios para esta

apreensatildeo o solo (I) o edifiacutecio (II) o lote (III) o logradouro (IV) o quarteiratildeo (V) o traccediladoa

rua(VI) a praccedila (VII) a fachada (VIII) o monumento (IX) a vegetaccedilatildeo (X) e o mobiliaacuterio

urbano (XI) Dentre estes elementos seis possuem uma estreita relaccedilatildeo com esta pesquisa e

seratildeo expostos de acordo com consideraccedilotildees observadas por LAMAS 3 (2004) (Figuras 25 a 27)

O edifiacutecio representa o elemento miacutenimo identificaacutevel na observaccedilatildeo da forma urbana eacute atraveacutes

dele que se constitui o espaccedilo urbano e se organizam diferentes elementos tais como ruas praccedilas

avenidas entre outros Os edifiacutecios agrupam-se em diferentes tipos tanto em relaccedilatildeo a suas

formas quanto a suas funccedilotildees Estes elementos podem influenciar o comportamento da acuacutestica

urbana atuando enquanto objetos reflexivos da onda sonora e como barreiras acuacutesticas4

O lote representa o princiacutepio da relaccedilatildeo do edifiacutecio com o terreno A forma do lote eacute muitas

vezes condicionante da forma do edifiacutecio tornando-os vinculados por essecircncia o logradouro diz

respeito ao espaccedilo livres e natildeo construiacutedos no interior do lote aos quintais e jardins o quarteiratildeo

ou quadra pode ser considerado como o espaccedilo resultante entre o cruzamento de trecircs ou mais

vias podendo ser demarcado em vaacuterios lotes para a construccedilatildeo de edifiacutecios Juntos estes trecircs

elementos associados aos edifiacutecios podem propiciar uma maior ou menor permeabilidade

acuacutestica eou uma maior ou menor presenccedila de aacutereas de sombra no meio urbano

O traccedilado por meio das ruas ou vias eacute facilmente identificaacutevel no meio urbano Estaacute muitas vezes

condicionado ao siacutetio geograacutefico existente regula a disposiccedilatildeo dos edifiacutecios e quarteirotildees e

interliga os vaacuterios espaccedilos componentes da cidade e a cidade ao territoacuterio Normalmente o

traccedilado resiste agraves transformaccedilotildees na forma urbana por possuir um caraacuteter de permanecircncia natildeo

totalmente modificaacutevel O traccedilado engloba trajetoacuterias e caminhos que natildeo satildeo necessariamente

percorridos atraveacutes de automoacuteveis apesar disso estaacute em grande parte vinculado a uma das

principais fontes geradoras de ruiacutedo urbano ndash o traacutefego de veiacuteculos

3 Os outros elementos tambeacutem podem relacionar-se de diferentes maneiras com a acuacutestica urbana mas nem tanto com a presente pesquisa e por isso natildeo foram considerados 4 Todas as definiccedilotildees e conceitos acuacutesticos apresentados no presente item seratildeo elucidados no item seguinte 22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 28 ndash Os trecircs conjuntos formadores do tecido urbano segundo Panerai (2006) Fonte PANERAI 2006

A praccedila eacute um espaccedilo de geometria variada

intencionalmente inserido no meio urbano

cuja relaccedilatildeo com o traccedilado e os edifiacutecios

tambeacutem eacute intencional evidenciada atraveacutes do

seu desenho e natildeo acidentais como

alargamento e confluecircncias do traccedilado Aleacutem

disso a praccedila eacute um lugar de encontro de

permanecircncia e de praacuteticas sociais

Acusticamente dependendo de suas

proporccedilotildees a propagaccedilatildeo sonora que envolve

uma praccedila pode apresentar um

comportamento que se assemelha a

propagaccedilatildeo sonora em campo livre

Estes elementos constituintes da forma urbana

conceituados por LAMAS (2004) podem ser

identificados sob um diferente invoacutelucro

conceitual mas com a mesma essecircncia no que

PANERAI (2006) definiu como sendo

conjuntos do tecido urbano

Aplicado agrave cidade o termo ldquotecidordquo evoca a continuidade e a renovaccedilatildeo a permanecircncia e a variaccedilatildeo Ele explica a constituiccedilatildeo das cidades antigas e responde as questotildees levantadas pelo estudo das urbanizaccedilotildees recentes Ele pressupotildee uma atenccedilatildeo tanto ao banal quanto ao excepcional tanto agraves ruas comuns e agraves edificaccedilotildees corriqueiras quanto agraves regulamentaccedilotildees e aos monumentos Dentre as muacuteltiplas definiccedilotildees de tecido urbano e sem desprezar suas qualidades escolhemos a mais simples O tecido urbano eacute constituiacutedo pela superposiccedilatildeo ou imbricaccedilatildeo de trecircs conjuntos a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees Essa definiccedilatildeo potildee em evidecircncia os elementos que permitem que as diferentes partes da cidade evoluam ao mesmo tempo em que satildeo mantidas a coesatildeo de conjunto e a clareza de sua estrutura (PANERAI 2006 p 77-78 grifo nosso) (Figura 28)

Ao contraacuterio de LAMAS (2004) que considera a praccedila como um elemento da forma urbana por

si soacute PANERAI (2006) discute as vias ou traccedilado inseridas em uma relaccedilatildeo em rede onde

tambeacutem satildeo considerados como partes constituintes os largos passeios praccedilas esplanadas cais

pontes rios canais margens praias todos compondo o espaccedilo puacuteblico Eacute atraveacutes desta rede

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

29

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

contiacutenua e hierarquizada que acontecem as distribuiccedilotildees e circulaccedilotildees da cidade bem como sua

organizaccedilatildeo local e territorial

Jaacute os parcelamentos fundiaacuterios constituem a representaccedilatildeo negativa5 da rede de vias que evidencia o

domiacutenio construiacutedo Este domiacutenio natildeo se limita aos edifiacutecios mas tambeacutem envolve paacutetios

quintais terrenos baldios (PANERAI 2006) Embora PANERAI(2006) considere separadamente

o exame das edificaccedilotildees sugere-se que este domiacutenio construiacutedo envolve quatro dos elementos da

forma urbana elencados por LAMAS (2004) o edifiacutecio o lote o logradouro e o quarteiratildeo

Para PANERAI (2006) as edificaccedilotildees ou edifiacutecios satildeo consideradas construccedilotildees subordinadas ao

espaccedilo puacuteblico ou seja a rede de vias sendo por ele estruturada e que acrescentam a dimensatildeo

vertical ao tecido urbano Tal subordinaccedilatildeo permite que haja uma dependecircncia reciacuteproca entre os

edifiacutecios ainda que eles pertenccedilam a eacutepocas diferentes fazendo com que sua renovaccedilatildeo aconteccedila

sem que haja grandes perdas na unidade do conjunto

Ao estruturar sua concepccedilatildeo dos elementos componentes da forma urbana DEL RIO (1990) eacute

bem mais sinteacutetico e objetivo mas assim como LAMAS (2000) e PANERAI (2006) seus

elementos possuem similaridades e ateacute repeticcedilotildees que praticamente reproduzem a mesma

essecircncia conceitual dos outros dois autores Estes elementos por serem estruturados tatildeo

objetivamente seratildeo apresentados em citaccedilatildeo direta satildeo eles

- crescimento os modos as intensidades e direccedilotildees elementos geradores e reguladores limites e superaccedilatildeo de limites modificaccedilatildeo de estruturas pontos de cristalizaccedilatildeo etc - traccedilado e parcelamento ordenadores do espaccedilo estrutura fundiaacuteria relaccedilotildees distacircncias circulaccedilatildeo e acessibilidade etc - tipologias dos elementos urbanos inventaacuterio e categorizaccedilatildeo de tipologias ediliacutecias (residecircncias comercio etc) de lotes e sua ocupaccedilatildeo de quarteirotildees e sua ocupaccedilatildeo de praccedilas esquinas etc - articulaccedilotildees relaccedilotildees entre elementos hierarquias domiacutenios do publico e privado densidades relaccedilotildees entre cheios e vazios etc (DEL RIO 1990 p 83 grifos do autor)

Dentre todos os elementos expostos a partir dos trecircs autores existe um importante fenocircmeno

relacionando-os em distintas intensidades e que merece ser considerado por influenciar

definitivamente na modificaccedilatildeo da forma urbana ndash o adensamento

5 No sentido de uma fotografia onde os claros e os escuros satildeo representados no negativo de modo contraacuterio ao do objeto fotografado

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

30

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 29 ndash O adensamento das ilhas do Bairro do Recife e de Santo Antocircnio (imagem) ocorreu tanto pelo preenchimento progressivo desde o inicio da ocupaccedilatildeo da cidade quanto por meio da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees anteriores Fontehttppedrodealbuquerquewordpresscomcategorypernambuco Acesso em 201109

O adensamento ocorre a partir de dois modos

essenciais de ocupaccedilatildeo o primeiro a partir do

preenchimento progressivo do espaccedilo urbano

e o segundo a partir da substituiccedilatildeo completa

por meio de demoliccedilatildeo de edificaccedilotildees

anteriores (PANERAI 2006) (Figura 29)

A primeira forma de adensamento ocorre sem

a expansatildeo territorial por meio do

preenchimento progressivo de todas as

reservas fundiaacuterias e espaccedilos livres de

determinado meio urbano Eacute um

adensamento inserido em limitesbarreiras

preacute-estabelecidos naturais ou natildeo tais como

uma via expressa irregularidades geograacuteficas

do siacutetio ou ainda numa escala menor a proacutepria quadra pode ser um limite para saturaccedilatildeo gradual

em seu interior desmembramento ou remembramento dos lotes para construccedilatildeo de novas

edificaccedilotildees verticalizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo de antigos quintais eou jardins (PANERAI 2006)

A segunda forma de adensamento acontece atraveacutes da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees

anteriormente existentes por novas construccedilotildees de maior porte tanto em relaccedilatildeo agrave ocupaccedilatildeo do

solo por meio do remembramento de lotes quanto em relaccedilatildeo ao seu gabarito Esta forma de

adensamento permite a renovaccedilatildeo do espaccedilo urbano sem aumentar sua aacuterea de abrangecircncia sem

sua expansatildeo (PANERAI 2006)

Ambas as formas de adensamento transformam essencialmente a forma urbana e o modo como

se relacionam seus elementos componentes A identificaccedilatildeo desta transformaccedilatildeo em determinado

meio urbano gerada pelo adensamento eacute indispensaacutevel para anaacutelise do comportamento da

acuacutestica urbana a partir de modificaccedilotildees na forma urbana deste mesmo meio uma vez que o

adensamento pode influenciar na propagaccedilatildeo sonora proporcionando uma maior quantidade de

objetos reflexivos de barreiras acuacutesticas e favorecendo a diminuiccedilatildeo da permeabilidade acuacutestica

Por fim a partir exposiccedilatildeo de determinados elementos considerados por LAMAS (2004) ndash o

edifiacutecio o lote o logradouro o quarteiratildeo o traccediladoa rua e a praccedila dos conjuntos considerados

por PANERAI (2006) ndash a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees dos

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

31

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

elementos considerados por DEL RIO (1990) ndash crescimento traccedilado e parcelamento tipologias

dos elementos urbanos e as articulaccedilotildees e em busca de atingir seu objetivo principal esta

pesquisa consideraraacute a forma urbana inserida em um recorte que a considera essencialmente a

partir de seu aspecto fiacutesico e material e cujos elementos componentes considerados seratildeo

exclusivamente

1 As parcelas fundiaacuterias ndash consideradas por meio das quadras e lotes incluindo sua relaccedilatildeo

de modo de ocupaccedilatildeo das edificaccedilotildees sua densidade e seus espaccedilos livres

2 As edificaccedilotildees ndash consideradas atraveacutes de sua relaccedilatildeo de modo de ocupaccedilatildeo com os

lotes e do grau de verticalizaccedilatildeo (gabarito baixo meacutedio e alto)

3 As vias ndash consideradas como reguladoras da relaccedilatildeo com as edificaccedilotildees e quarteirotildees e

principalmente apreciadas como estreitamente vinculadas a uma das principais fontes

geradoras de ruiacutedo urbano (o traacutefego de veiacuteculos)

Estes seratildeo os elementos componentes da forma urbana que esta pesquisa se apropriaraacute no

decurso do caminho a fim de analisar o comportamento acuacutestico a partir de modificaccedilotildees

cronoloacutegicas em determinada forma urbana Nos paraacutegrafos seguintes discutem-se os conceitos e

relaccedilotildees que permeiam a acuacutestica urbana

22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais

A acuacutestica eacute a ciecircncia do som incluindo sua geraccedilatildeo transmissatildeo e recepccedilatildeo de energia sob a

forma de ondas vibracionais na mateacuteria (KINSLER et al 1982) Ela eacute uma ciecircncia

multidimensional e interligada a vaacuterios domiacutenios cientiacuteficos Seu objeto de estudo fundamental o

som delineia uma seacuterie de interfaces multidisciplinares com abordagens em diversificadas aacutereas

do conhecimento (Figura 210)

Desse modo quando a geraccedilatildeo transmissatildeo e efeitos do som estatildeo inseridos no meio urbano

seu desdobramento eacute estudado pela aacuterea de conhecimento da acuacutestica urbana muitas vezes

tambeacutem nomeada de acuacutestica ambiental

O objeto de estudo fundamental da acuacutestica o som eacute a sensaccedilatildeo produzida no ouvido por

pequenas flutuaccedilotildees da pressatildeo do ar (HANSEN 2005) ou seja eacute uma percepccedilatildeo sensorial e seu

____________________________________________

ANAacuteLISE D

complexo padratildeo de ondas s

de ruiacutedo muacutesica fala

(BERGLUND et al 1999)

Esta definiccedilatildeo do som tend

a percepccedilatildeo do ouvido

conceito psicofiacutesico Fisicame

vibraccedilatildeo mecacircnica que

progressivamente atraveacutes de

gasoso liacutequido ou soacutelido (SIN

Esta vibraccedilatildeo quando tran

que o rodeia nem sempre

aparelho auditivo humano

frequumlecircncia6 audiacutevel encontra

20 a 20000 Hz para um

(BRUumlEL amp KJAEligR 1984

1982) Frequumlecircncias acima de

altas para respostas fisioloacuteg

chamadas de ultrasons Jaacute as

de 20 Hz satildeo chamadas de

detectaacuteveis pelo ouvido hum

prejudiciais agrave sua sauacutede7

1982 SOUSA 2004)

Fisicamente o som e o ruiacutedo

ambos se propagam em mei

detectados pelo ouvido hu

enquanto o som eacute utilizado

6 A frequumlecircncia eacute o nuacutemero de ciclo(HANSEN 1995) 7 A exposiccedilatildeo a baixas frequumlecircncias depressatildeo irritabilidade e perturba pro

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 210 ndash Interfaces multidFonte Elaborado pela autora a pa

Figura 211 ndash Fonte sonora ponSOUZA 2006

as sonoras eacute rotulado

ala entre outros

ndo como referecircncia

o humano eacute um

mente o som eacute uma

que se propaga

de um meio material

(SINGAL 2005)

transmitida ao meio

re eacute detectaacutevel pelo

ano cuja faixa de

tra-se no intervalo de

um jovem saudaacutevel

4 KINSLER et al

de 20000 Hz muito

loacutegicas auditivas satildeo

as frequumlecircncias abaixo

de infrasons e natildeo satildeo

umano contudo satildeo

(KINSLER et al

iacutedo constituem o mesmo fenocircmeno de variaccedilotildee

eio elaacutestico (soacutelido liacutequido ou gasoso) e ambos

humano (BERGLUND et al 1999 HANSEN

do para descrever percepccedilotildees sonoras agradaacutev

iclos que a onda sonora completa no tempo de um segundo

as pode gerar a doenccedila Vibroacuacutestica que induz o espessamprocessos cognitivos (BRANCO e PEREIRA 2004)

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

32

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

ltidisciplinares do estudo do som partir de BISTAFA 2006

ontual e fonte sonora linear Fonte

otildees de pressatildeo ambiente

bos satildeo capazes de serem

EN 1995) No entanto

daacuteveis o ruiacutedo descreve

do e eacute medida em Hertz (Hz)

amento das estruturas cardiacuteacas

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

33

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 212 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora pontual de 6 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007

percepccedilotildees sonoras desagradaacuteveis incorporando um aspecto de subjetividade agrave sua definiccedilatildeo

(BRUumlEL amp KJAEligR 1984 HANSEN 2005 BRASIL 2006 SINGAL 2005)

Tal subjetividade acarreta diferentes e individuais percepccedilotildees sonoras pelo ser humano e

portanto em diferentes reaccedilotildees agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo Em outras palavras o que se estabelece

como som para um indiviacuteduo pode representar ruiacutedo para outro

[] as respostas inerentes ao ruiacutedo satildeo complexas dependendo tanto dos fatores propriamente acuacutesticos quanto dos psicossociais contextuais simboacutelicos emocionais como daqueles de valor especiacutefico Essas variaacuteveis participam da singularidade da escuta e atuam como filtros que modificam a percepccedilatildeo do sinal fiacutesico sonoro (SANTOS e MARTINS 2005 p 216)

Enquanto sua percepccedilatildeo envolve a subjetividade as respostas fisioloacutegicas agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo satildeo

mais objetivas e seus danos satildeo mais facilmente identificaacuteveis O ruiacutedo pode gerar complicaccedilotildees

no sistema circulatoacuterio e hormonal perda gradativa da audiccedilatildeo distuacuterbios de sono estresse

irritabilidade neuroses desconforto e dificuldade de aprendizado entre outros danos

(BERGLUND et al1999 HANSEN 2005 KINSLER et al 1982 MURGEL 2007 NAGEM

2004 NUNES 2006 PAZ et al 2005 SINGAL 2005 ZANNIN et al 2002)

O ruiacutedo pode se originar de variadas fontes presentes em diversificados ambientes as mais

comumente encontradas satildeo as fontes sonoras pontuais e as lineares (Figura 211) A fonte pontual

possui dimensotildees finitas e emite o mesmo niacutevel de pressatildeo sonora uniformemente para todas as

direccedilotildees sendo seu decaimento em campo livre de 6 dB para cada dobro da distacircncia (Figura

212) (HANSEN 2005 SOUSA 2004)

Jaacute a fonte linear eacute formada por certo nuacutemero de

fontes pontuais dispostas linearmente cuja

emissatildeo sonora eacute contiacutenua ao longo desta

linha sendo seu decaimento em campo livre

de 3 dB para cada dobro da distacircncia (Figura

213) (HANSEN 2005 PAZ 2004)

Quando propagadas no meio urbano a

combinaccedilatildeo de tais fontes sonoras associadas

ao percurso de transmissatildeo e ao receptor

constitui o ruiacutedo urbano (urban noise) tambeacutem

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 213 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora linear de 3 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007

chamado de ruiacutedo ambiental (environmental

noise) ou ruiacutedo comunitaacuterio (community noise)

(BERGLUND et al1999 GUEDES 2005

SOUSA 2004)

O ruiacutedo urbano pode ser gerado a partir do

traacutefego de veiacuteculos terrestres e aeacutereos de

obras de construccedilatildeo civil de estabelecimentos

industriais de estabelecimentos comerciais e

de serviccedilos de sistemas de propaganda

volante ou permanente8 e ruiacutedos de outras atividades cuja propagaccedilatildeo sonora pode afetar o bem-

estar e a sauacutede dos citadinos (BARRON 2003 BERGLUND et al1999 KINSLER et al 1982

NAGEM 2004 NUNES 2006 SINGAL 2005)

Apesar de esporaacutedica outra fonte de ruiacutedo gerada em meio urbano satildeo os eventos puacuteblicos tais

como festas shows comiacutecios carnavais fora de eacutepoca entre outros As fontes de ruiacutedo presentes

nestes eventos atingem um alto niacutevel de pressatildeo sonora9 e abrangem uma grande quantidade

populacional logo independente de ocorrer poucas vezes durante o ano satildeo eventos

extremamente danosos a sauacutede e principalmente agrave audiccedilatildeo a partir de 80 dB(A) natildeo importa se

a sensaccedilatildeo sonora eacute prazerosa ou natildeo ela eacute necessariamente prejudicial10 (Tabela 21) (NUNES

2006)

Quando a intensidade dos ruiacutedos urbanos torna-se excessivamente desagradaacutevel eou nociva o

ruiacutedo passa a ser considerado uma forma de poluiccedilatildeo ambiental11 - a poluiccedilatildeo sonora A

necessidade de regulamentaccedilatildeo da poluiccedilatildeo sonora renuncia os aspectos de subjetividade

existentes e inerentes ao conceito de ruiacutedo na tentativa de sintetizar e estabelecer limites leis

normas meacutetodos e accedilotildees que representem um universo sonoro equivalente para toda a

populaccedilatildeo na tentativa de controlar e mitigar o ruiacutedo urbano

8 Carros de som bicicletas com som raacutedios comunitaacuterias entre outros 9 O niacutevel de pressatildeo sonora eacute a medida fiacutesica preferencial para caracterizar a sensaccedilatildeo subjetiva da intensidade dos sons e de acordo com a lei de Weber e Fechner a sensaccedilatildeo sonora eacute proporcional ao logaritmo da intensidade sonora NPS=20 log (pp0) onde p eacute a pressatildeo sonora em Pascal e p0 eacute a pressatildeo sonora de referecircncia (2 10-5 Pascal) (BISTAFA 2006 NIEMEYER 2007) 10 Outros niacuteveis de ruiacutedo tambeacutem podem ser prejudiciais em maior ou menor grau dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora 11 ldquoPoluiccedilatildeo eacute a degradaccedilatildeo da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente a) prejudiquem a sauacutede a seguranccedila e o bem-estar da populaccedilatildeo b) criem condiccedilotildees adversas agraves atividades sociais e econocircmicas c) afetem desfavoravelmente a biota d) afetem as condiccedilotildees esteacuteticas ou sanitaacuterias do meio ambiente e) lancem mateacuterias ou energia em desacordo com os padrotildees ambientais estabelecidosrdquo (BRASIL 1981 p 1 e 2)

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Tabela 21 ndash Os niacuteveis de pressatildeo sonora e suas consequumlecircncias fisioloacutegicas no homem Em alguns casos podem a intensidade das reaccedilotildees fisioloacutegicas podem variar dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora Fonte elaborado pela autora a partir de KINSLER et al 1992 SINGAL 2005 SOUZA 2006

Assim sendo na esfera federal a Constituiccedilatildeo Federal (Art255) o Coacutedigo Civil Brasileiro (Lei ndeg

1040602) a Lei das Contravenccedilotildees Penais (Decreto-lei nordm 368841) e a Lei dos Crimes

Ambientais (Lei nordm 960598) versam a partir de diferentes abordagens e diferentes

procedimentos legais sobre a poluiccedilatildeo sonora e suas respectivas perturbaccedilotildees (CARNEIRO

2009)

NIacuteVEIS DE PRESSAtildeO SONORA E SUAS CONSEQUEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS

Niacutevel de Pressatildeo sonora

em dB(A)

Caracteriacutesticas FISIOLOacuteGICAS

Ambiente ou atividade

0 a 30 Nenhuma Tremular de folhas de uma aacutervore sussurros

aacuterea de mata selvagem

30 a 50 Nenhuma Cantar de paacutessaros rua calma em aacuterea residencial durante noite

50 a 70 Marca o iniacutecio do estresse

auditivo Rua agitada um restaurante barulhento

70 a 90 Estressante e bastante

excitante Chegada de um trem na estaccedilatildeo carro a 100 Kmh

conversa a gritos

90 a 110 Extremamente excitante provocando dependecircncia

Caminhatildeo pesado a 60 Kmh alarme de viatura passagem de trem numa estaccedilatildeo ou cabine de um aviatildeo monomotor

110 a 130

Desconfortavelmente alto atingindo o limiar da dor podendo causar surdez

instantacircnea

Trem passando em trilhos elevados martelo pneumaacutetico interior de uma boate show de banda de rock

130 a 140 Acima do limiar da dor

causando surdez permanente Decolagem de aviatildeo a jato a 5m de distacircncia disparos de artilharia

Ainda no domiacutenio federal o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) publicou vaacuterias

resoluccedilotildees que estabelecem normas de preservaccedilatildeo ao meio ambiente incluindo o combate a

poluiccedilatildeo sonora12 Nestas resoluccedilotildees todas as atividades geradoras de ruiacutedo devem seguir

diretrizes vinculadas agrave Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas ndash ABNT e ao Conselho

Nacional de Tracircnsito - CONTRAN no caso de ruiacutedo produzido por veiacuteculos automotores

(NAGEM 2004)

Tais resoluccedilotildees normas e diretrizes refletidas no domiacutenio estadual e municipal deram origem agrave

Lei Estadual nordm 12789 de 28 de Abril de 2005 (PERNAMBUCO2005) conhecida como ldquoLei do

12 Satildeo elas RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 272 de 14 de setembro de 2000

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Silecircnciordquo e que dispotildee sobre ruiacutedos urbanos poluiccedilatildeo sonora e proteccedilatildeo do bem-estar e do

sossego puacuteblico e agrave Lei nordm 16243 de 13 de setembro de 1996 ndash Coacutedigo do Meio Ambiente e do

Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife (RECIFE 1996a) que estabelece a poliacutetica do meio ambiente da

cidade do Recife incluindo regulamentaccedilatildeo de emissotildees sonoras entre outras providecircncias

tendo como suporte a Lei 1617696 de 9 de Abril de 1996 ndash Lei de Uso e Ocupaccedilatildeo do Solo da

Cidade do Recife ndash LUOS (RECIFE 1996b)

Apesar da existecircncia desta grande quantidade de leis federais estaduais e municipais apesar da

LUOS legislar sobre a etapa de aprovaccedilatildeo de projetos para a construccedilatildeo de empreendimentos

com usos geradores de incocircmodo agrave vizinhanccedila incluindo usos potencialmente geradores de ruiacutedos

submetendo-os agrave anaacutelise teacutecnica eou agrave anaacutelise especial e apesar do Coacutedigo do Meio Ambiente e

do Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife estabelecer limites maacuteximos permitidos de ruiacutedo na praacutetica a

accedilatildeo contra a poluiccedilatildeo sonora em Recife adquire caraacuteter corretivo pelos oacutergatildeos reguladores agrave

conduta do infrator geralmente a partir de denuacutencias da populaccedilatildeo apoacutes a consolidaccedilatildeo da fonte

geradora de ruiacutedo no meio urbano (JORNAL DO COMEacuteRCIO 2008 JC ONLINE 2005)

Outro exemplo local de desatenccedilatildeo agrave poluiccedilatildeo sonora eacute a inexistecircncia dentre vaacuterios outros tipos

de degradaccedilatildeo ambiental presentes de qualquer referecircncia a respeito da poluiccedilatildeo sonora em

documento produzido pela Prefeitura da Cidade do Recife no ano 2000 o Atlas Ambiental da

Cidade do Recife (RECIFE 2000)

Diante da aplicabilidade ineficaz da legislaccedilatildeo vigente em Novembro de 2009 foi lanccedilado pelo

Ministeacuterio Puacuteblico de Pernambuco a cartilha Poluiccedilatildeo sonora Silento e o barulho13 que versa sobre as

posturas e accedilotildees direitos e deveres dos diversos agentes envolvidos na produccedilatildeo e recepccedilatildeo da

poluiccedilatildeo sonora indicando como devem agir a viacutetima o policial o estado o construtor poluidor

o proprietaacuterio de carro de som poluidor entre outros A cartilha tambeacutem disponibiliza uma seacuterie

de formulaacuterios modelos de acordo com os diferentes tipos de poluiccedilatildeo sonora Estes formulaacuterios satildeo

exemplos para serem utilizados tanto pela viacutetima da poluiccedilatildeo sonora quanto pelo policial civil

militar promotor de justiccedila e ateacute mesmo pelo poluidor - o que poderaacute tornar esta cartilha um

importante instrumento para aplicaccedilatildeo das leis vigentes (CARNEIRO 2009)

Embora negligenciada e em oposiccedilatildeo a diversos outros problemas ambientais mundiais a

poluiccedilatildeo sonora continua a crescer e eacute acompanhada pelo aumento no nuacutemero de reclamaccedilotildees de

13 ldquoSilentordquo eacute um personagem criado para narrar alguns trechos interativos da cartilha

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 214 ndash Relaccedilatildeo entre o desenvolvimento industrial da sociedade que possibilita o aumento e concentraccedilatildeo de fontes sonoras e seus impactos em relaccedilatildeo ao ruiacutedo nas comunidades apontando trecircs previsotildees futuras de acordo com diferentes accedilotildees possiacuteveis de regulamentaccedilatildeo contra do ruiacutedo Fonte elaborado pela autora a partir de BERGLUND et al 1999

pessoas expostas ao ruiacutedo a partir do aumento da consciecircncia de seus direitos legais

(BERGLUND et al1999)

Para World Health Organization (WHO)14 a poluiccedilatildeo sonora jaacute eacute um dos problemas ambientais que

atingem o maior nuacutemero de pessoas no planeta perdendo apenas para a poluiccedilatildeo do ar e da aacutegua

(KIHLMAN 2004 2005) Este crescimento contiacutenuo da poluiccedilatildeo sonora e por conseguinte do

ruiacutedo urbano possui uma estreita relaccedilatildeo com as raacutepidas transformaccedilotildees ocorridas no meio

urbano nas uacuteltimas deacutecadas O desenvolvimento acelerado e a expansatildeo das cidades implicaram

em modificaccedilotildees em elementos da forma urbana em alto iacutendice de crescimento demograacutefico da

populaccedilatildeo urbana e em consequumlente aumento e concentraccedilatildeo de diversos tipos de fontes

geradoras de poluiccedilatildeo sonora (BRASIL 1990a1990b GUEDES 2005 PAZ 2009 ZANNIN et

al 2002) (Figura 214)

Entre estas fontes urbanas geradoras de poluiccedilatildeo sonora uma das que mais contribuem com o

aumento do ruiacutedo urbano aleacutem de ser considerada uma das fontes mais intrusivas e a mais

percebida pela populaccedilatildeo das grandes cidades eacute o traacutefego de veiacuteculos (DINIZ 2003 FRITSCH et al

2007 LACERDA et al 2005 PAZ 2004 ZANNIN et al 2003)

O ruiacutedo do traacutefego de veiacuteculos eacute gerado a

partir do ruiacutedo veicular que proveacutem

essencialmente do sistema de propulsatildeo do

motor do atrito entre o veiacuteculo e o ar (ruiacutedo

aerodinacircmico) e do atrito entre o pneu e o piso

(MURGEL 2007 KINSLER et al 1982) e da

relaccedilatildeo entre o veiacuteculocondutor e as

configuraccedilotildees das vias em que ele estaacute inserido

a aceleraccedilatildeo eou desaceleraccedilatildeo do motor de

acordo com a caracterizaccedilatildeo das vias - a

presenccedila de cruzamentos semaacuteforos faixas de

pedestres etc a intensidade do fluxo de

veiacuteculos e a proporccedilatildeo entre veiacuteculos leves e os

veiacuteculos pesados a frequumlecircncia de

14 Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede ndash OMS

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

38

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

acionamentos de buzinas o tipo de acabamento da superfiacutecie das vias (concreto asfalto brita

terra batida) etc (SINGAL 2005)

Tais vias geradoras do ruiacutedo de traacutefego aleacutem de serem interceptadas por outras vias satildeo

comumente ladeadas por configuraccedilotildees bastante variaacuteveis desde edificaccedilotildees com formas

implantaccedilotildees e gabaritos diversificados a lotes ainda natildeo ocupados caracterizando a propagaccedilatildeo

do ruiacutedo de traacutefego urbano por muacuteltiplas reflexotildees responsaacuteveis pelo espalhamento do ruiacutedo

para vias adjacentes pelo surgimento de campos sonoros reverberantes pela difraccedilatildeo do ruiacutedo e

pelo surgimento de aacutereas de sombra (SINGAL 2005 RANDRIANOELINA e SALOMONS

2008) Ou seja a propagaccedilatildeo do ruiacutedo urbano gerado pelo traacutefego de veiacuteculos possui uma

interaccedilatildeo singular com elementos da forma urbana

Assim sendo tanto por sua participaccedilatildeo determinante na constituiccedilatildeo do ruiacutedo urbano quanto

por sua particular relaccedilatildeo com os elementos que compotildeem a forma urbana o ruiacutedo de traacutefego

seraacute a uacutenica fonte sonora considerada na presente pesquisa conforme seraacute melhor elucidado no

proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas

A interaccedilatildeo entre o ruiacutedo urbano e a forma urbana dependeraacute diretamente das configuraccedilotildees de

certos elementos que compotildeem esta forma urbana o traccedilado e perfis das vias a maneira de

implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade e

forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres tais como praccedilas e

largos (GUEDES 2005 SANTOS e MARTINS 2005) Estes elementos podem ser

acusticamente caracterizados a partir do tipo de espaccedilo acuacutestico e da permeabilidade acuacutestica

O espaccedilo acuacutestico tambeacutem nomeado de campo acuacutestico eacute a porccedilatildeo de determinado espaccedilo onde

acontecem as vibraccedilotildees sonoras podendo ser caracterizado no meio urbano como espaccedilo

acuacutestico aberto ou fechado (NIEMEYER 2007)

O espaccedilo acuacutestico aberto aproxima-se da propagaccedilatildeo em campo livre que eacute caracterizado pela ausecircncia

de obstaacuteculos que modifiquem a propagaccedilatildeo sonora entre a fonte e o receptor Assim no meio

urbano o espaccedilo cuja propagaccedilatildeo sonora envolva poucas ou nenhuma reflexatildeo e poucos ou

nenhum obstaacuteculo pode ser considerado um espaccedilo acuacutestico aberto como por exemplo o

espaccedilo acuacutestico com perfil em ldquoLrdquo tais como vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas uma de

suas margens (Figuras 215 e 216) (NIEMEYER 2007) No espaccedilo acuacutestico aberto o niacutevel de

pressatildeo sonora decai 6 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (LANG

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

39

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 215 ndash Propagaccedilatildeo sonora em Campo acuacutestico aberto Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001

Figura 216 ndash Campo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo FonteNIEMEYER 2007

Figura 217 ndash Propagaccedilatildeo sonora em campo acuacutestico fechado causando o fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001

e BERANEK 1992) isto eacute o ruiacutedo percebido

pelo receptor diminui em funccedilatildeo da

duplicaccedilatildeo da distacircncia da fonte sonora15

Praccedilas parques e largos com grandes

dimensotildees vias de traacutefego marginais a praias

vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas

uma de suas margens ou espaccedilos livres

urbanos de grandes dimensotildees caracterizam

alguns exemplos de espaccedilos acuacutesticos abertos

No espaccedilo acuacutestico fechado as ondas sonoras

sofrem muacuteltiplas reflexotildees fazendo com que o

seu niacutevel sonoro decaia muito lentamente

sendo praticamente o mesmo em vaacuterias

posiccedilotildees ateacute que esta onda sonora encontre

uma saiacuteda para campo livre caracterizando o

fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana16 17(Figura

217) (GUEDES 2005 NIEMEYER 2007)

Os espaccedilos acuacutesticos fechados podem ser

reverberantes quando a onda sonora tarda a

encontrar o campo livre gerando um grande

nuacutemero de reflexotildees ou semi-reverberantes

quando a onda sonora encontra o campo livre

um pouco mais rapidamente do que no

reverberante gerando um nuacutemero menor mas

ainda grande de reflexotildees

15 Este decaimento eacute para fontes pontuais para fontes lineares o decaimento eacute de 3 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (GERGES 2000) 16 A reverberaccedilatildeo eacute a persistecircncia de um som depois de ter sido extinta a sua emissatildeo por uma fonte e ocorre como resultado de reflexotildees em ambientes total ou parcialmente fechados (GONZALEZ e LOPES 1993) 17 Alguns espaccedilos acuacutesticos fechados tambeacutem podem amplificar o niacutevel de pressatildeo sonora mas este fenocircmeno ocorre em determinados espaccedilos acuacutesticos fechados reverberantes

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

40

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 218 ndash Campo acuacutestico fechado em perfl ldquoUrdquo tambeacutem chamado de canyons urbanos Fonte NIEMEYER 2007

No meio urbano o espaccedilo acuacutestico fechado

reverberante possui comumente um perfil em

ldquoUrdquo (Figura 218) tambeacutem chamados de

canyons urbanos que podem amplificar

consideravelmente a propagaccedilatildeo sonora das

vias de traacutefego atraveacutes de reflexotildees muacuteltiplas

geradas pelas fachadas paralelas das

edificaccedilotildees que circundam estas vias

(ANDERSON e KURZE 1992) Assim neste

tipo de espaccedilo acuacutestico a propagaccedilatildeo sonora

natildeo depende exclusivamente da distacircncia entre

a fonte e o receptor como no espaccedilo acuacutestico

aberto depende ainda da configuraccedilatildeo dos

elementos que compotildeem a forma urbana e

dos coeficientes de absorccedilatildeo dos materiais que

revestem as superfiacutecies refletoras18

(NIEMEYER 2007)

Praccedilas parques e largos com pequenas dimensotildees e cercados por edificaccedilotildees conjugadas vias de

traacutefego com edificaccedilotildees (conjugadas ou com pequenos recuos entre elas) em ambos os lados

tuacuteneis passagens subterracircneas e espaccedilos livres abaixo de viadutos caracterizam alguns exemplos

de espaccedilos acuacutesticos fechados

A caracterizaccedilatildeo de um espaccedilo acuacutestico como sendo aberto ou fechado delinearaacute como a onda

sonora iraacute espalhar-se no meio urbano cujas configuraccedilotildees dos elementos que o compotildeem

podem facilitar ou dificultar a trajetoacuteria desta onda sonora para aleacutem do local de sua emissatildeo

tornando o meio urbano mais ou menos permeaacutevel a sua propagaccedilatildeo

18 No meio urbano as superfiacutecies refletoras satildeo predominantemente formadas por fachadas e muros de edificaccedilotildees que possuem certa uniformidade na utilizaccedilatildeo de materiais altamente reflexivos e com baixos coeficientes de absorccedilatildeo tais como granito maacutermore ceracircmica esmaltada vidro Assim o coeficiente de absorccedilatildeo de uma edificaccedilatildeo para outra seraacute praticamente o mesmo sofrendo miacutenimas variaccedilotildees permitindo sua natildeo consideraccedilatildeo

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

41

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 220 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees em uma quadra permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007

Figura 221 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjugadas em uma quadra pouco permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007

Figura 219 ndash Permeabilidade acuacutestica - percursos da onda sonora gerados em meio urbano Fonte NIEMEYER 2007

Figura 222 ndash Barreira acuacutestica entre a fonte e o receptor FonteANDERSON e KURZE 1992

Assim sendo a permeabilidade acuacutestica refere-se

aos percursos da onda sonora gerados no

meio urbano (Figura 219) (GUEDES 2005

NIEMEYER 2007) A intensidade da

permeabilidade acuacutestica - mais ou menos

permeaacutevel - dependeraacute da capacidade de

certos elementos urbanos de promover ou

conter a propagaccedilatildeo da onda sonora tais

como o traccedilado e perfis das vias a maneira de

implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem

como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade

e forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila

ou ausecircncia de espaccedilos livres (Figuras 220 e

221)

A permeabilidade acuacutestica relaciona-se ainda

com as barreiras acuacutesticas Isoladamente o

conceito de barreiras acuacutesticas refere-se a

qualquer objeto que possa ser considerado um

obstaacuteculo agrave ligaccedilatildeo direta e sem interferecircncias

entre a fonte e o receptor (Figura 222)

(ANDERSON e KURZE 1992 GERGES

2000) Ao bloquear o percurso direto entre a

fonte e o receptor a onda sonora poderaacute ser

absorvida eou refletida pela superfiacutecie da

barreira transmitida atraveacutes da barreira ou

difratada a partir do topo da barreira

(BARRON 2003 SINGAL 2005)

A difraccedilatildeo eacute um fenocircmeno que permite que as

ondas sonoras sejam capazes de contornar

determinados obstaacuteculos gerando uma aacuterea de

sombra acuacutestica que possui limites espaciais

variaacuteveis de acordo com a posiccedilatildeo da fonte

____________________________________________

ANAacuteLISE D

sonora e de sua localizaccedilatilde

receptor que por sua vez

sonora difratada pelas borda

um decaimento maior do qu

campo livre (Figura 223) (N

1968 NIEMEYER 2007 PA

O uso de barreiras acuacutestic

EUA Japatildeo Austraacutelia e

reduccedilatildeo da propagaccedilatildeo do

pelo traacutefego rodoviaacuterio pa

(Figuras 224 a 226) (SIN

Brasil esta praacutetica ainda eacute inc

restringindo-se a poucos exe

caso da barreira acuacutestica no

Linha Amarela na cidade do

na Rodovia Bandeirantes co

de Satildeo Paulo a Campinas

Paulo (Figura 227) (MURGE

2004)

Embora a implantaccedilatildeo de b

esteja vinculada agrave reduccedilatildeo do

rodoviaacuterio outros elemen

meio urbano situados ent

receptor atuam espontan

barreiras agrave propagaccedilatildeo sono

terreno com topografia i

muros edificaccedilotildees entr

edificaccedilotildees conjugadas da R

cidade do Recife ou aind

conjugadas em alguns trec

Atlacircntica no Rio de Janei

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 226 ndash Barreiras instaladasem aacuterea residencial de Toacutequio Jap

Figura 224 ndash Agrave esquerda barreacriacutelico na Suiacuteccedila Agrave direita barreiraPaacutedua e Veneza na Itaacutelia Fonte C

Figura 227 ndash Barreira acuacutestica dade Satildeo Paulo Fonte MURGEL 2

Figura 223 ndash Difraccedilatildeo da ondagerando uma aacuterea de sombra acuacutest

Figura 225 ndash Agrave esquerda baproacuteximo a Zurique Agrave direita barretambeacutem na Suiccedila Fonte CICHIN

accedilatildeo em relaccedilatildeo ao

ez recebe a energia

rdas da barreira com

que se estivesse em

(NEPOMUCENO

PAZ 2004)

ticas eacute comum nos

e na Europa para

do ruiacutedo produzido

para seus arredores

INGAL 2005) No

incipiente

exemplos como eacute o

no eixo rodoviaacuterio

o Rio de Janeiro e

conectando a cidade

s no estado de Satildeo

GEL 2007 SOUSA

e barreiras acuacutesticas

do ruiacutedo de traacutefego

entos inseridos no

entre a fonte e o

taneamente como

nora tais como um

irregular taludes

ntre outros As

a Rua da Aurora na

inda as edificaccedilotildees

trechos da Avenida

neiro por exemplo

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

42

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

das ao longo de via expressa elevada Japatildeo Fonte CICHINELLI 2007

rreira acuacutestica curva em concreto e eira acuacutestica metaacutelica na estrada entre CICHINELLI 2007

da Rodovia Bandeirantes no estado 2007

da sonora a partir de uma barreira uacutestica Fonte GERGES 2000

barreira acuacutestica metaacutelica instalada arreira acuacutestica em concreto e acriacutelico INELLI 2007

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

43

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 228 ndash Rua da Aurora no Bairro da Boa Vista na cidade do Recife configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fontehttpmaiovinteeseisblogspotcom2007_ 11_01_archivehtml Acesso em 080409

Figura 229 ndash Alguns trechos da Avenida Atlacircntica no Bairro de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro tambeacutem configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fonte httpwwwtravelpodcomtravel-photoorlanworldtrip200711 71589400avenida-atlantica-along-copacabana-beachjpgtpodhtml Acesso em 080409

aleacutem de funcionarem como barreiras acuacutesticas

espontacircneas ou natildeo intencionais tambeacutem

conformam um espaccedilo acuacutestico aberto em

ldquoLrdquo e pouco permeaacutevel ao ruiacutedo (Figura 228 e

229)

A partir da discussatildeo dos espaccedilos acuacutesticos e

da permeabilidade acuacutestica evidencia-se que a

interaccedilatildeo entre os diversos elementos que

compotildeem a forma urbana - o traccedilado e perfis

das vias o modo de implantaccedilatildeo das

edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as

proporccedilotildees densidade e maneira de ocupaccedilatildeo

das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de

espaccedilos livres ndash contribui determinantemente

para a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano

atraveacutes de muacuteltiplas reflexotildees do

espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave

fonte geradora de campos sonoros

reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de

aacutereas de sombra

Isto posto se o ruiacutedo urbano eacute considerado

um sistema composto essencialmente pela fonte

sonora pelo meio de propagaccedilatildeo e pelo receptor (LANG e BERANEK 1992 ANDERSON e

KURZE 1992) a forma urbana considerada a partir dos elementos que a compotildeem enquanto

percurso de transmissatildeo delineia influencia e determina em certa medida a trajetoacuteria de

propagaccedilatildeo da onda sonora19 Ou seja a forma urbana por meio das caracteriacutesticas singulares

apresentadas pelos seus elementos componentes iraacute influenciar o comportamento da propagaccedilatildeo

da onda sonora no meio urbano

19 ldquoEm certa medidardquo pois existem outros fatores que tambeacutem influenciam a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano mas a discussatildeo sobre a consideraccedilatildeo ou natildeo destes outros fatores seraacute melhor construiacuteda no proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito alto por elevada densidade de

ocupaccedilatildeo das quadras e por vias estreitas por exemplo tende em tese a ser menos permeaacutevel ao

ruiacutedo dificultando a propagaccedilatildeo sonora para outras aacutereas Tende ainda a criar espaccedilos

reverberantes ou semi-reverberantes com o niacutevel de pressatildeo sonora elevado em praticamente

todos os pontos de reflexatildeo com perdas miacutenimas ateacute a onda sonora alcanccedilar o topo das

edificaccedilotildees e direcionar-se a campo livre Por conseguinte este comportamento tende a propiciar

dependendo ainda da relaccedilatildeo com a fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano indesejaacutevel e

insalubre aos receptores existentes nas edificaccedilotildees daquela via

Jaacute uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito baixo por baixa densidade de

ocupaccedilatildeo das quadras e por vias largas tende teoricamente a ser mais permeaacutevel ao ruiacutedo

facilitando sua propagaccedilatildeo Por outro lado natildeo gera espaccedilos acuacutesticos propiacutecios a muacuteltiplas

reflexotildees fazendo com que a onda sonora encontre mais rapidamente o campo livre facilitando

sua dissipaccedilatildeo e propiciando dependendo ainda da fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano

desejaacutevel aos seus receptores

Deste modo a existecircncia de diferenccedilas e particularidades dos elementos que compotildeem as

distintas formas urbanas proporciona os mais diversificados comportamentos acuacutesticos de

propagaccedilatildeo sonora nos mais diferentes meios urbanos Ou seja do mesmo modo que cidades

bairros e ruas natildeo satildeo iguais entre si tampouco reproduziacuteveis em sua essecircncia o comportamento

acuacutestico tambeacutem natildeo seraacute ao contraacuterio constituiraacute um atributo exclusivo de cada espaccedilo urbano

Mas se para cada espaccedilo urbano existe um comportamento acuacutestico especiacutefico como deveraacute se

comportar a propagaccedilatildeo sonora de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de

modificaccedilotildees em elementos de sua forma urbana Em outras palavras como se comportaraacute a acuacutestica

urbana de um determinado local a partir do processo cronoloacutegico de modificaccedilotildees em sua forma urbana

Nos capiacutetulo que se segue Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas seratildeo apresentadas os percursos

investigativos que foram postos em praacutetica em busca de responder a este questionamento

CAPIacuteTULO 1

A pesquisa eacute talvez a arte de se criar dificuldades fecundas e de criaacute-las para os

outros Nos lugares onde havia coisas simples faz-se aparecer problemas

Pierre Bourdieu

____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO

17

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

1 INTRODUCcedilAtildeO

Um grito estridente lanccedilado em um meio urbano envolto nos ldquomais modernosrdquo e descomunais

arranha-ceacuteus desconfortavelmente ouvido nos mais remotos pavimentos de um deles foi agrave

centelha motivadora para as ideacuteias e discussotildees que permeiam esta pesquisa Este grito mal

recebido pelo receptor pode ser considerado uma das diversas formas da profusatildeo de ruiacutedos que

cada vez mais se tornam elementos onipresentes da vida contemporacircnea

Tal profusatildeo de ruiacutedos atualmente encontrados nos centros urbanos estaacute intimamente vinculada

ao crescimento acelerado das cidades que possibilitaram o aumento e uma maior concentraccedilatildeo da

populaccedilatildeo urbana acarretando em raacutepidas transformaccedilotildees no meio de propagaccedilatildeo do ruiacutedo

urbano aleacutem do aumento e uma maior concentraccedilatildeo dos diversos tipos de fontes sonoras que o

geram

Embora esteja estreitamente relacionado ao raacutepido desenvolvimento das cidades o ruiacutedo urbano

natildeo deve ser considerado como uma consequumlecircncia incidental da accedilatildeo humana em busca de

progresso e por isso inevitaacutevel tampouco toleraacutevel Ao contraacuterio deve ser entendido como uma

das consequumlecircncias prejudiciais deste desenvolvimento que pode causar diversos males fisioloacutegicos

e psicoloacutegicos ao citadino e assim sendo deve ser veementemente prevenido e mitigado

A fim de encontrar maneiras que possibilitem sua prevenccedilatildeo e mitigaccedilatildeo o ruiacutedo urbano pode

ser entendido como um sistema composto essencialmente pela fonte sonora ndash meio de propagaccedilatildeo ndash

receptor Dentre estas trecircs partes componentes do sistema o meio de propagaccedilatildeo pode ser

considerado como um dos menos investigados e onde as accedilotildees contra o ruiacutedo satildeo menos

concentradas (SINGAL 2005)

Esta inobservacircncia da importacircncia do meio urbano enquanto percurso de propagaccedilatildeo sonora

pode estar vinculada agrave dificuldade de intervir em meios de propagaccedilatildeo consolidados como satildeo

fundamentalmente os grandes centros urbanos Daiacute a relevacircncia em compreender a acuacutestica

urbana a partir de seu meio propagador pois uma vez consolidado o meio raras satildeo as

intervenccedilotildees possiacuteveis para minimizar o ruiacutedo urbano a partir desta parte componente do sistema

fonte ndash meio ndash receptor restando essencialmente accedilotildees preventivas

____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO

18

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Outro fator que evidencia o grande valor em compreender a acuacutestica urbana a partir de seu meio

de propagaccedilatildeo eacute o potencial que o meio urbano possui em influenciar a trajetoacuteria da propagaccedilatildeo

sonora Esta influecircncia acontece atraveacutes da forma que este meio apresenta ou seja a forma urbana

atraveacutes de seus elementos componentes e enquanto percurso de transmissatildeo delineia influencia e

determina em certa medida a trajetoacuteria de propagaccedilatildeo da onda sonora

Assim sendo a interaccedilatildeo entre os diversos elementos que compotildeem a forma urbana - o traccedilado e

perfis das vias o modo de implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as proporccedilotildees

densidade e maneira de ocupaccedilatildeo das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres ndash

contribui determinantemente para caracterizaccedilatildeo da propagaccedilatildeo sonora no meio urbano atraveacutes

de muacuteltiplas reflexotildees do espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave fonte geradora de

campos sonoros reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de aacutereas de sombra

Esta interaccedilatildeo entre os elementos da forma urbana e a propagaccedilatildeo sonora ocorre a partir da

diversidade e singularidade existente nos variados meios urbanos igualmente proporcionando os

mais particulares comportamentos acuacutesticos Isto eacute para cada meio urbano existem caracteriacutesticas

particulares inerentes agrave sua forma urbana que geram um comportamento acuacutestico igualmente

especiacutefico exclusivo e vinculado a esta forma urbana

Apesar deste atrelamento entre a acuacutestica urbana e a forma urbana esta relaccedilatildeo natildeo eacute

suficientemente pesquisada e quando eacute satildeo enfocadas prioritariamente situaccedilotildees presentes de

comportamento acuacutestico eou no maacuteximo hipoacuteteses futuras tambeacutem chamadas de prediccedilatildeo

acuacutestica Aleacutem disso natildeo foram encontradas referecircncias ateacute o presente momento de investigaccedilotildees

que priorizem a apreciaccedilatildeo da acuacutestica urbana e sua relaccedilatildeo com as modificaccedilotildees ao longo do tempo da

forma urbana

Isto posto considerando esta ausecircncia de pesquisas e considerando que para cada espaccedilo urbano

existe um comportamento de propagaccedilatildeo sonora especiacutefico o presente estudo se propocircs a

investigar o comportamento acuacutestico de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de

modificaccedilotildees em sua forma urbana

Para isso admitiu-se que a propagaccedilatildeo de uma mesma fonte sonora em um mesmo espaccedilo urbano

que tenha sofrido ao longo de um processo cronoloacutegico modificaccedilotildees em sua forma urbana

implicaria em diferentes comportamentos em sua acuacutestica urbana para as diferentes datas deste

processo Esta suposiccedilatildeo possibilitou a anaacutelise do comportamento acuacutestico atraveacutes das

____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO

19

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

modificaccedilotildees cronoloacutegicas da forma urbana a partir da articulaccedilatildeo de trecircs variaacuteveis - a fonte sonora

a forma urbana e a acuacutestica urbana Estas variaacuteveis foram consideradas tendo o estudo de caso

enquanto estrateacutegia de pesquisa

O caso escolhido para esta investigaccedilatildeo foi o loteamento 3deg Jardim de Boa Viagem tanto por

representar uma parcela bem delimitada das raacutepidas e recentes transformaccedilotildees ocorridas na

forma urbana do bairro de Boa Viagem quanto por permitir ilustrar o comportamento acuacutestico

em um encadeamento evolutivo do iniacutecio de sua ocupaccedilatildeo recente ateacute os dias atuais

Para compor tal encadeamento evolutivo foram selecionados os anos de 1971 data escolhida por

caracterizar o princiacutepio da ocupaccedilatildeo do 3deg Jardim 1981 e 1997 por representarem datas de

registro de fotografias aeacutereas do bairro de Boa Viagem existentes na base de dados da

CONDEPE-FIDEM Agecircncia Estadual de Planejamento e Pesquisas de Pernambuco 2009 por

representar a realidade atualmente encontrada no 3deg Jardim e uma simulaccedilatildeo de situaccedilatildeo

hipoteacutetica futura de modificaccedilatildeo na forma urbana

Isto posto com o intuito de analisar o comportamento da acuacutestica urbana do 3deg Jardim de Boa

Viagem a partir de modificaccedilotildees cronoloacutegicas em sua forma urbana foram executados os

seguintes objetivos especiacuteficos (I) identificar as caracteriacutesticas configuraccedilotildees e transformaccedilotildees da

forma urbana ocorridas no 3deg Jardim de Boa Viagem nos anos de 1971 1981 1997 e 2009 a

partir de seu processo de ocupaccedilatildeo (II) elaborar mapas acuacutesticos dos niacuteveis atuais (2009) de

pressatildeo sonora equivalente do 3deg Jardim (III) elaborar mapas acuacutesticos do 3deg Jardim nos anos de

1971 1981 1997 e de situaccedilatildeo hipoteacutetica futura a partir da consideraccedilatildeo dos niacuteveis atuais (2009)

de pressatildeo sonora equivalente do 3deg Jardim

Em busca de expor sistematicamente seu desenvolvimento a presente investigaccedilatildeo foi

estruturada do seguinte modo

O presente capiacutetulo 1 introduz e antecipa brevemente a discussatildeo que seraacute realizada ao longo

desta pesquisa

O capiacutetulo 2 aborda dois aspectos principais O primeiro deles desenvolve o conceito de forma

urbana e seus elementos componentes a partir dos autores Joseacute Lamas (2004) Philippe Panerai

(2006) e Vicente Del Rio (1990) Busca elucidar que a apreensatildeo da forma urbana eacute complexa e

envolve diversificadas abordagens e enfoques sociais econocircmicos histoacutericos e culturais para

entatildeo indicar que a presente pesquisa lanccedilaraacute um olhar para a forma urbana essencialmente a

____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO

20

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

partir de seu aspecto fiacutesico e material recorte necessaacuterio para a anaacutelise do comportamento

acuacutestico urbano

O segundo aspecto abordado no capiacutetulo 2 diz respeito agrave definiccedilatildeo teoacuterica do conceito da

acuacutestica urbana e de suas diversificadas implicaccedilotildees e interfaces quando o som eacute propagado em

meio urbano Busca evidenciar os fenocircmenos que ocorrem a partir da interaccedilatildeo entre a forma

urbana e a acuacutestica urbana indicando que a influecircncia da forma urbana eacute determinante para o

comportamento da acuacutestica urbana

O capiacutetulo 3 eacute dedicado ao percurso investigativo desta pesquisa evidenciando sua metodologia e

procedimentos metodoloacutegicos apresentando o 3deg Jardim enquanto estudo de caso o

mapeamento acuacutestico enquanto instrumento de pesquisa e detalhando as etapas operacionais

deste estudo Este capiacutetulo evidencia ainda o processo de elaboraccedilatildeo dos modelos e mapas

acuacutesticos da forma urbana existente no 3deg Jardim em cada uma das datas estudadas aleacutem da

situaccedilatildeo hipoteacutetica futura e discute o software Predictor utilizado para este mapeamento

O capiacutetulo 4 diz respeito ao processo de ocupaccedilatildeo do bairro de Boa Viagem e sua relaccedilatildeo com as

transformaccedilotildees urbanas ocorridas no 3deg Jardim Busca-se identificar as caracteriacutesticas

configuraccedilotildees e transformaccedilotildees ocorridas na forma urbana do 3deg Jardim que possibilitem o

entendimento cronoloacutegico destas modificaccedilotildees dando suporte a elaboraccedilatildeo e anaacutelise dos mapas

acuacutesticos

O capiacutetulo 5 analisa o comportamento da acuacutestica urbana identificado nos mapas acuacutesticos

elaborados do 3deg Jardim a partir das modificaccedilotildees ocorridas em sua forma urbana nos anos de

1971 1981 1997 e 2009 aleacutem de uma situaccedilatildeo hipoteacutetica futura (prediccedilatildeo acuacutestica) Neste capiacutetulo

discute-se ainda o comportamento do 3deg Jardim em relaccedilatildeo agrave legislaccedilatildeo municipal que regula as

emissotildees sonoras na cidade do Recife e no estado de Pernambuco e sua relaccedilatildeo com os niacuteveis

recomendados por outras entidades normativas e indica-se possiacuteveis accedilotildees para melhoria no

comportamento acuacutestico do 3deg Jardim bem como as possiacuteveis consequumlecircncias acuacutesticas da

ausecircncia de tais accedilotildees

Por fim no capiacutetulo 6 satildeo apresentadas as consideraccedilotildees finais acerca do comportamento acuacutestico

do 3deg Jardim e satildeo indicados novos rumos de pesquisa a respeito da acuacutestica urbana

CAPIacuteTULO 2

A arquitetura eacute uma muacutesica petrificada

Arthur Schopenhauer

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

22

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

Analisar o comportamento da acuacutestica urbana ainda que a partir das modificaccedilotildees da forma

urbana faz com que esta pesquisa trate essencialmente da acuacutestica urbana No entanto este

comportamento esta sujeito aos diversificados modos de apreensatildeo da forma urbana e de seus

elementos componentes bem como ao modo como esta pesquisa os consideraraacute

Assim sendo o primeiro item deste capiacutetulo expotildee o conceito de forma urbana e de algumas de

suas relaccedilotildees discutido agrave luz de LAMAS (2004) de PANERAI (2006) e DEL RIO (1990)

indicando em seguida o que esta pesquisa consideraraacute como forma urbana

Certamente discussatildeo em torno da produccedilatildeo de outros autores poderia ser elaborada No

entanto o primeiro item deste capiacutetulo natildeo pretende representar uma revisatildeo bibliograacutefica acerca

do estudo da forma urbana e suas relaccedilotildees pretende sim construir uma discussatildeo em torno dos

trecircs autores selecionados que culmine no conceito de forma urbana que seraacute considerado por esta

pesquisa para possibilitar olhar para suas modificaccedilotildees cronoloacutegicas a fim de compreender o

comportamento da acuacutestica urbana

Apoacutes este delineamento no segundo item deste capiacutetulo discute-se a acuacutestica urbana e suas

relaccedilotildees conceituais com os diversos elementos e implicaccedilotildees da propagaccedilatildeo sonora em meio

urbano e como eles relacionam-se influenciando em seu comportamento

21 A Forma Urbana e seus Elementos Componentes

Segundo LAMAS (2004) estudar a forma urbana compreende examinar as configuraccedilotildees e as

estruturas exteriores de determinados objetos de suas formas interligando-as com os fenocircmenos

que lhes deram origem Assim sendo a forma urbana pode ser definida como sendo o

[] modo como se organizam os elementos morfoloacutegicos que constituem e definem o espaccedilo urbano relativamente agrave materializaccedilatildeo dos aspectos de

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

23

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 21 ndash Diferentes aspectos quantitativos relacionados a diversificadas formas urbanas Fonte LAMAS 2004

organizaccedilatildeo funcional e quantitativa e dos aspectos qualitativos e figurativos (LAMAS 2004 p 44) 1

Dentre estes aspectos os quantitativos satildeo agravequeles da realidade urbana que podem ser

quantificaacuteveis tais como densidades superfiacutecies fluxos coeficientes volumeacutetricos entre outros

(Figura 21) os de organizaccedilatildeo funcional satildeo agravequeles que se relacionam com as atividades

humanas tais como habitar e trabalhar e agravequeles relacionados ao modo de uso especiacutefico de uma

aacuterea ndash residencial comercial industrial entre outros os qualitativos referem-se ao tratamento dos

espaccedilos ao conforto e a comodidade do utilizador tais como adaptaccedilatildeo ao clima acessibilidade

estado da pavimentaccedilatildeo entre outros por fim os aspectos figurativos dizem respeito a

essencialmente a comunicaccedilatildeo esteacutetica (LAMAS 2004)

Pode-se considerar que ao olhar para forma urbana e em especiacutefico para suas modificaccedilotildees

cronoloacutegicas com o intuito de compreender o comportamento da acuacutestica urbana esta pesquisa

relaciona-se tanto aos aspectos qualitativos a partir do conforto acuacutestico dos receptores das

ondas sonoras em meio urbano quanto aos

aspectos quantitativos uma vez que este

comportamento acuacutestico em meio urbano eacute

quantificaacutevel em decibels (dB)

Embora estes aspectos envolvam grande parte

das singularidades inerentes a forma urbana

esta definiccedilatildeo parece ainda natildeo abarcar outras

particularidades sociais econocircmicas histoacutericas

e culturais igualmente envolvidas no

entendimento da concepccedilatildeo da forma urbana

isto eacute resta ainda a consideraccedilatildeo de que esta

forma urbana natildeo acontece

independentemente dos grupos sociais que a

produzem (PANERAI 2006)

Satildeo essencialmente estas particularidades que

impulsionam ou amortecem a transformaccedilatildeo

1 Para todas as citaccedilotildees deste autor natildeo seratildeo consideradas adaptaccedilotildees na liacutengua do paiacutes de origem - Portugal - permanecendo o texto original

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

24

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

dos elementos que compotildeem a forma urbana ndash a adiccedilatildeo de novos de traccedilados a um jaacute existente

ou sua superposiccedilatildeo seus conflitos o parcelamento de parques e ocupaccedilatildeo de espaccedilos livres a

renovaccedilatildeo da massa edificada seu lento adensamento e verticalizaccedilatildeo segundo uma especulaccedilatildeo

despretensiosa ou sua substituiccedilatildeo por vastos empreendimentos sob influecircncia de uma

especulaccedilatildeo bem mais expressiva (PANERAI 2006) isto eacute faz parte da apreensatildeo da forma

urbana uma complexidade que envolve um processo de acumulaccedilatildeo de enfoques e observaccedilotildees

sociais econocircmicas histoacutericas e culturais que englobam muito mais do que apenas sua forma

fiacutesica

Estas particularidades especialmente as sociais parecem um pouco mais delineadas nas

consideraccedilotildees feitas por DEL RIO (1990) que considera o espaccedilo urbano a partir da apropriaccedilatildeo

social que se faz dele estabelecendo que em relaccedilatildeo ao estudo da forma urbana a cidade pode

ser compreendida a partir de trecircs niacuteveis organizacionais o coletivo o comunitaacuterio e o individual

O niacutevel coletivo eacute regido sob uma loacutegica estruturadora percebida inconscientemente e

coletivamente e eacute composto pelos elementos2 do tecido que possuem uma permanecircncia maior ao

longo do tempo o niacutevel comunitaacuterio diz respeito aos elementos com significados especiais apenas

para um pequeno grupo da populaccedilatildeo como o bairro por exemplo jaacute o niacutevel individual expressa

significados individuais como a residecircncia e seu espaccedilo circundante e por seu caraacuteter individual eacute

o que apresenta maior rapidez nas modificaccedilotildees (DEL RIO 1990)

Mas LAMAS (2004) ao defender sua definiccedilatildeo para forma urbana natildeo soacute possuiacutea ciecircncia destas

outras particularidades explicitadas por PANERAI (2006) e DEL RIO (1990) ndash sociais

econocircmicas histoacutericas e culturais ndash envolvidas na concepccedilatildeo de forma urbana como optou em

natildeo apreciaacute-las

[] um primeiro grau de leitura da cidade eacute eminentemente fiacutesico-espacial e morfoloacutegico portanto especiacutefico da arquitectura e o uacutenico que permite evidenciar a diferenccedila entre este e outro espaccedilo entre esta e aquela forma e explicar as caracteriacutesticas de cada parte da cidade A estes se juntam outros niacuteveis de leitura que revelam diferentes conteuacutedos (histoacutericos econoacutemicos sociais e outros) Mas este conjunto de leituras soacute eacute possiacutevel porque a cidade existe como facto fiacutesico e material Todos os instrumentos de leitura lecircem o mesmo objecto ndash o espaccedilo fiacutesico a FORMA URBANA (LAMAS 2004 p 31 grifo do autor) Eacute fundamentalmente a dimensatildeo fiacutesica e morfoloacutegica da cidade que me preocupa [] (LAMAS 2004 p 31)

2 Estes elementos seratildeo discutidos em paraacutegrafos mais adiante

____________________________________________

ANAacuteLISE D

Na verdade esta opccedilatildeo em

urbana considerando-a essen

de seu aspecto fiacutesico e m

convenientemente ao obje

presente pesquisa analisar

da acuacutestica urbana a partir

cronoloacutegicas na forma urba

esta anaacutelise do compor

implica em uma apropriaccedil

fiacutesica e material destas modif

Certamente a busca pela ap

urbana envolve muito

simplesmente sua forma

como jaacute aclarado No entan

da anaacutelise proposta por

apreensatildeo em totalid

fundamentalmente necessaacuter

apropriaccedilatildeo da forma urban

material ou uma variaacutevel fiacutes

finalidade derradeira de

comportamento acuacutestico

modificaccedilotildees nesta forma

Ao entender a observaccedilatildeo

essencialmente em seu aspec

(2004) propocircs uma classifica

dimensotildees

bull A dimensatildeo setorial

refere-se agrave menor u

do espaccedilo urbano co

uma praccedila ou uma

ponto o observador

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 24 ndash A cidadeo texemplificada por meio da cidadLAMAS 2004

Figura 23 ndash O bairro a escala ucidade portuguesa de Tavira Fonte

Figura 22 ndash Praccedila da Alagoa na ca dimensatildeo setorial Fonte LAMA

em observar a forma

sencialmente a partir

material responde

bjetivo primeiro da

ar o comportamento

rtir de modificaccedilotildees

rbana uma vez que

ortamento acuacutestico

riaccedilatildeo genuinamente

dificaccedilotildees

apreensatildeo da forma

o mais do que

a fiacutesica e material

tanto para realizaccedilatildeo

or este estudo tal

alidade natildeo eacute

saacuteria o que torna a

bana quase um meio

l fiacutesica para atingir a

e compreensatildeo do

a partir de

atildeo da forma urbana

pecto fiacutesico LAMAS

icaccedilatildeo em escalas ou

ndash a escala da rua

r unidade ou porccedilatildeo

como por exemplo

a rua onde de um

dor pode abarcar a

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

25

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

territoacuterioa dimensatildeo territorial dade portuguesa de Tavira Fonte

a urbana exemplificada por meio da nte LAMAS 2004

na cidade portuguesa de Tavira ilustra MAS 2004

____________________________________________

ANAacuteLISE D

unidade espacial d

(Figura 22)

bull A dimensatildeo urbana ndash

corresponde agraves pa

identificaacuteveis como

exemplo onde a

elementos da forma

atraveacutes do movime

percursos (Figura 23

bull E por fim a dimensatildeo

da cidade diz respeito

diferentes formas

articulaccedilatildeo de bai

entre si Sua forma

distribuiccedilatildeo de eleme

das cidades em con

suporte geograacutefico d

a articulaccedilatildeo de

circulaccedilatildeo entre os

entre zonas habitacio

entre outras (Figura 2

Dentre estas dimensotildees a u

bairro desperta particular

pesquisa uma vez que o e

limites de observaccedilatildeo atraveacute

de movimentos poderaacute aba

significante de modificaccedilotildee

forma urbana de determina

compreender o comport

acuacutestica urbana

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 25 ndash Exemplos de diversiflotes quarteirotildees e vias em difereNesta imagem um recorte do CONDEPE-FIDEM 1981

Figura 26 ndash Exemplos de diversiflotes quarteirotildees e vias em difereNesta imagem um recorte do baorigens da cidade entrecortadoBarreto Fonte CONDEPE-FIDE

Figura 27 ndash Exemplos de diveredifiacutecios lotes quarteirotildees e vias eRecife Nesta imagem um recessencialmente por morros o AltoFIDEM 1981

de seu conjunto

ndash a escala do bairro

partes homogecircneas

mo os bairros por

a observaccedilatildeo dos

a urbana eacute realizada

imento e de vaacuterios

23)

nsatildeo territorial ndash a escala

eito agrave articulaccedilatildeo de

as urbanas da

bairros interligados

ma eacute definida pela

mentos estruturantes

onformidade com o

o do siacutetio tais como

e ruas e vias de

s diferentes bairros

cionais e comerciais

a 24)

a urbana ndash escala do

lar interesse desta

o entendimento dos

veacutes de certo nuacutemero

barcar uma amostra

otildees cronoloacutegicas na

inado local a fim de

ortamento de sua

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

26

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

rsificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios erentes bairros da cidade do Recife o bairro de Boa Viagem Fonte

rsificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios erentes bairros da cidade do Recife bairro de Satildeo Joseacute que remete agraves do pela recente Avenida Dantas DEM 1981

versificadas concretizaccedilotildees entre os em diferentes bairros da cidade do

recorte de um bairro constituiacutedo lto do Mandu Fonte CONDEPE-

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

27

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

No entanto para apreender tal dimensatildeo devem-se conhecer e estabelecer quais elementos

miacutenimos da forma urbana que se relaciona com esta a dimensatildeo urbana e quais satildeo estes

elementos LAMAS (2004) propocircs onze elementos da forma urbana necessaacuterios para esta

apreensatildeo o solo (I) o edifiacutecio (II) o lote (III) o logradouro (IV) o quarteiratildeo (V) o traccediladoa

rua(VI) a praccedila (VII) a fachada (VIII) o monumento (IX) a vegetaccedilatildeo (X) e o mobiliaacuterio

urbano (XI) Dentre estes elementos seis possuem uma estreita relaccedilatildeo com esta pesquisa e

seratildeo expostos de acordo com consideraccedilotildees observadas por LAMAS 3 (2004) (Figuras 25 a 27)

O edifiacutecio representa o elemento miacutenimo identificaacutevel na observaccedilatildeo da forma urbana eacute atraveacutes

dele que se constitui o espaccedilo urbano e se organizam diferentes elementos tais como ruas praccedilas

avenidas entre outros Os edifiacutecios agrupam-se em diferentes tipos tanto em relaccedilatildeo a suas

formas quanto a suas funccedilotildees Estes elementos podem influenciar o comportamento da acuacutestica

urbana atuando enquanto objetos reflexivos da onda sonora e como barreiras acuacutesticas4

O lote representa o princiacutepio da relaccedilatildeo do edifiacutecio com o terreno A forma do lote eacute muitas

vezes condicionante da forma do edifiacutecio tornando-os vinculados por essecircncia o logradouro diz

respeito ao espaccedilo livres e natildeo construiacutedos no interior do lote aos quintais e jardins o quarteiratildeo

ou quadra pode ser considerado como o espaccedilo resultante entre o cruzamento de trecircs ou mais

vias podendo ser demarcado em vaacuterios lotes para a construccedilatildeo de edifiacutecios Juntos estes trecircs

elementos associados aos edifiacutecios podem propiciar uma maior ou menor permeabilidade

acuacutestica eou uma maior ou menor presenccedila de aacutereas de sombra no meio urbano

O traccedilado por meio das ruas ou vias eacute facilmente identificaacutevel no meio urbano Estaacute muitas vezes

condicionado ao siacutetio geograacutefico existente regula a disposiccedilatildeo dos edifiacutecios e quarteirotildees e

interliga os vaacuterios espaccedilos componentes da cidade e a cidade ao territoacuterio Normalmente o

traccedilado resiste agraves transformaccedilotildees na forma urbana por possuir um caraacuteter de permanecircncia natildeo

totalmente modificaacutevel O traccedilado engloba trajetoacuterias e caminhos que natildeo satildeo necessariamente

percorridos atraveacutes de automoacuteveis apesar disso estaacute em grande parte vinculado a uma das

principais fontes geradoras de ruiacutedo urbano ndash o traacutefego de veiacuteculos

3 Os outros elementos tambeacutem podem relacionar-se de diferentes maneiras com a acuacutestica urbana mas nem tanto com a presente pesquisa e por isso natildeo foram considerados 4 Todas as definiccedilotildees e conceitos acuacutesticos apresentados no presente item seratildeo elucidados no item seguinte 22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 28 ndash Os trecircs conjuntos formadores do tecido urbano segundo Panerai (2006) Fonte PANERAI 2006

A praccedila eacute um espaccedilo de geometria variada

intencionalmente inserido no meio urbano

cuja relaccedilatildeo com o traccedilado e os edifiacutecios

tambeacutem eacute intencional evidenciada atraveacutes do

seu desenho e natildeo acidentais como

alargamento e confluecircncias do traccedilado Aleacutem

disso a praccedila eacute um lugar de encontro de

permanecircncia e de praacuteticas sociais

Acusticamente dependendo de suas

proporccedilotildees a propagaccedilatildeo sonora que envolve

uma praccedila pode apresentar um

comportamento que se assemelha a

propagaccedilatildeo sonora em campo livre

Estes elementos constituintes da forma urbana

conceituados por LAMAS (2004) podem ser

identificados sob um diferente invoacutelucro

conceitual mas com a mesma essecircncia no que

PANERAI (2006) definiu como sendo

conjuntos do tecido urbano

Aplicado agrave cidade o termo ldquotecidordquo evoca a continuidade e a renovaccedilatildeo a permanecircncia e a variaccedilatildeo Ele explica a constituiccedilatildeo das cidades antigas e responde as questotildees levantadas pelo estudo das urbanizaccedilotildees recentes Ele pressupotildee uma atenccedilatildeo tanto ao banal quanto ao excepcional tanto agraves ruas comuns e agraves edificaccedilotildees corriqueiras quanto agraves regulamentaccedilotildees e aos monumentos Dentre as muacuteltiplas definiccedilotildees de tecido urbano e sem desprezar suas qualidades escolhemos a mais simples O tecido urbano eacute constituiacutedo pela superposiccedilatildeo ou imbricaccedilatildeo de trecircs conjuntos a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees Essa definiccedilatildeo potildee em evidecircncia os elementos que permitem que as diferentes partes da cidade evoluam ao mesmo tempo em que satildeo mantidas a coesatildeo de conjunto e a clareza de sua estrutura (PANERAI 2006 p 77-78 grifo nosso) (Figura 28)

Ao contraacuterio de LAMAS (2004) que considera a praccedila como um elemento da forma urbana por

si soacute PANERAI (2006) discute as vias ou traccedilado inseridas em uma relaccedilatildeo em rede onde

tambeacutem satildeo considerados como partes constituintes os largos passeios praccedilas esplanadas cais

pontes rios canais margens praias todos compondo o espaccedilo puacuteblico Eacute atraveacutes desta rede

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

contiacutenua e hierarquizada que acontecem as distribuiccedilotildees e circulaccedilotildees da cidade bem como sua

organizaccedilatildeo local e territorial

Jaacute os parcelamentos fundiaacuterios constituem a representaccedilatildeo negativa5 da rede de vias que evidencia o

domiacutenio construiacutedo Este domiacutenio natildeo se limita aos edifiacutecios mas tambeacutem envolve paacutetios

quintais terrenos baldios (PANERAI 2006) Embora PANERAI(2006) considere separadamente

o exame das edificaccedilotildees sugere-se que este domiacutenio construiacutedo envolve quatro dos elementos da

forma urbana elencados por LAMAS (2004) o edifiacutecio o lote o logradouro e o quarteiratildeo

Para PANERAI (2006) as edificaccedilotildees ou edifiacutecios satildeo consideradas construccedilotildees subordinadas ao

espaccedilo puacuteblico ou seja a rede de vias sendo por ele estruturada e que acrescentam a dimensatildeo

vertical ao tecido urbano Tal subordinaccedilatildeo permite que haja uma dependecircncia reciacuteproca entre os

edifiacutecios ainda que eles pertenccedilam a eacutepocas diferentes fazendo com que sua renovaccedilatildeo aconteccedila

sem que haja grandes perdas na unidade do conjunto

Ao estruturar sua concepccedilatildeo dos elementos componentes da forma urbana DEL RIO (1990) eacute

bem mais sinteacutetico e objetivo mas assim como LAMAS (2000) e PANERAI (2006) seus

elementos possuem similaridades e ateacute repeticcedilotildees que praticamente reproduzem a mesma

essecircncia conceitual dos outros dois autores Estes elementos por serem estruturados tatildeo

objetivamente seratildeo apresentados em citaccedilatildeo direta satildeo eles

- crescimento os modos as intensidades e direccedilotildees elementos geradores e reguladores limites e superaccedilatildeo de limites modificaccedilatildeo de estruturas pontos de cristalizaccedilatildeo etc - traccedilado e parcelamento ordenadores do espaccedilo estrutura fundiaacuteria relaccedilotildees distacircncias circulaccedilatildeo e acessibilidade etc - tipologias dos elementos urbanos inventaacuterio e categorizaccedilatildeo de tipologias ediliacutecias (residecircncias comercio etc) de lotes e sua ocupaccedilatildeo de quarteirotildees e sua ocupaccedilatildeo de praccedilas esquinas etc - articulaccedilotildees relaccedilotildees entre elementos hierarquias domiacutenios do publico e privado densidades relaccedilotildees entre cheios e vazios etc (DEL RIO 1990 p 83 grifos do autor)

Dentre todos os elementos expostos a partir dos trecircs autores existe um importante fenocircmeno

relacionando-os em distintas intensidades e que merece ser considerado por influenciar

definitivamente na modificaccedilatildeo da forma urbana ndash o adensamento

5 No sentido de uma fotografia onde os claros e os escuros satildeo representados no negativo de modo contraacuterio ao do objeto fotografado

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 29 ndash O adensamento das ilhas do Bairro do Recife e de Santo Antocircnio (imagem) ocorreu tanto pelo preenchimento progressivo desde o inicio da ocupaccedilatildeo da cidade quanto por meio da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees anteriores Fontehttppedrodealbuquerquewordpresscomcategorypernambuco Acesso em 201109

O adensamento ocorre a partir de dois modos

essenciais de ocupaccedilatildeo o primeiro a partir do

preenchimento progressivo do espaccedilo urbano

e o segundo a partir da substituiccedilatildeo completa

por meio de demoliccedilatildeo de edificaccedilotildees

anteriores (PANERAI 2006) (Figura 29)

A primeira forma de adensamento ocorre sem

a expansatildeo territorial por meio do

preenchimento progressivo de todas as

reservas fundiaacuterias e espaccedilos livres de

determinado meio urbano Eacute um

adensamento inserido em limitesbarreiras

preacute-estabelecidos naturais ou natildeo tais como

uma via expressa irregularidades geograacuteficas

do siacutetio ou ainda numa escala menor a proacutepria quadra pode ser um limite para saturaccedilatildeo gradual

em seu interior desmembramento ou remembramento dos lotes para construccedilatildeo de novas

edificaccedilotildees verticalizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo de antigos quintais eou jardins (PANERAI 2006)

A segunda forma de adensamento acontece atraveacutes da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees

anteriormente existentes por novas construccedilotildees de maior porte tanto em relaccedilatildeo agrave ocupaccedilatildeo do

solo por meio do remembramento de lotes quanto em relaccedilatildeo ao seu gabarito Esta forma de

adensamento permite a renovaccedilatildeo do espaccedilo urbano sem aumentar sua aacuterea de abrangecircncia sem

sua expansatildeo (PANERAI 2006)

Ambas as formas de adensamento transformam essencialmente a forma urbana e o modo como

se relacionam seus elementos componentes A identificaccedilatildeo desta transformaccedilatildeo em determinado

meio urbano gerada pelo adensamento eacute indispensaacutevel para anaacutelise do comportamento da

acuacutestica urbana a partir de modificaccedilotildees na forma urbana deste mesmo meio uma vez que o

adensamento pode influenciar na propagaccedilatildeo sonora proporcionando uma maior quantidade de

objetos reflexivos de barreiras acuacutesticas e favorecendo a diminuiccedilatildeo da permeabilidade acuacutestica

Por fim a partir exposiccedilatildeo de determinados elementos considerados por LAMAS (2004) ndash o

edifiacutecio o lote o logradouro o quarteiratildeo o traccediladoa rua e a praccedila dos conjuntos considerados

por PANERAI (2006) ndash a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees dos

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31

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

elementos considerados por DEL RIO (1990) ndash crescimento traccedilado e parcelamento tipologias

dos elementos urbanos e as articulaccedilotildees e em busca de atingir seu objetivo principal esta

pesquisa consideraraacute a forma urbana inserida em um recorte que a considera essencialmente a

partir de seu aspecto fiacutesico e material e cujos elementos componentes considerados seratildeo

exclusivamente

1 As parcelas fundiaacuterias ndash consideradas por meio das quadras e lotes incluindo sua relaccedilatildeo

de modo de ocupaccedilatildeo das edificaccedilotildees sua densidade e seus espaccedilos livres

2 As edificaccedilotildees ndash consideradas atraveacutes de sua relaccedilatildeo de modo de ocupaccedilatildeo com os

lotes e do grau de verticalizaccedilatildeo (gabarito baixo meacutedio e alto)

3 As vias ndash consideradas como reguladoras da relaccedilatildeo com as edificaccedilotildees e quarteirotildees e

principalmente apreciadas como estreitamente vinculadas a uma das principais fontes

geradoras de ruiacutedo urbano (o traacutefego de veiacuteculos)

Estes seratildeo os elementos componentes da forma urbana que esta pesquisa se apropriaraacute no

decurso do caminho a fim de analisar o comportamento acuacutestico a partir de modificaccedilotildees

cronoloacutegicas em determinada forma urbana Nos paraacutegrafos seguintes discutem-se os conceitos e

relaccedilotildees que permeiam a acuacutestica urbana

22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais

A acuacutestica eacute a ciecircncia do som incluindo sua geraccedilatildeo transmissatildeo e recepccedilatildeo de energia sob a

forma de ondas vibracionais na mateacuteria (KINSLER et al 1982) Ela eacute uma ciecircncia

multidimensional e interligada a vaacuterios domiacutenios cientiacuteficos Seu objeto de estudo fundamental o

som delineia uma seacuterie de interfaces multidisciplinares com abordagens em diversificadas aacutereas

do conhecimento (Figura 210)

Desse modo quando a geraccedilatildeo transmissatildeo e efeitos do som estatildeo inseridos no meio urbano

seu desdobramento eacute estudado pela aacuterea de conhecimento da acuacutestica urbana muitas vezes

tambeacutem nomeada de acuacutestica ambiental

O objeto de estudo fundamental da acuacutestica o som eacute a sensaccedilatildeo produzida no ouvido por

pequenas flutuaccedilotildees da pressatildeo do ar (HANSEN 2005) ou seja eacute uma percepccedilatildeo sensorial e seu

____________________________________________

ANAacuteLISE D

complexo padratildeo de ondas s

de ruiacutedo muacutesica fala

(BERGLUND et al 1999)

Esta definiccedilatildeo do som tend

a percepccedilatildeo do ouvido

conceito psicofiacutesico Fisicame

vibraccedilatildeo mecacircnica que

progressivamente atraveacutes de

gasoso liacutequido ou soacutelido (SIN

Esta vibraccedilatildeo quando tran

que o rodeia nem sempre

aparelho auditivo humano

frequumlecircncia6 audiacutevel encontra

20 a 20000 Hz para um

(BRUumlEL amp KJAEligR 1984

1982) Frequumlecircncias acima de

altas para respostas fisioloacuteg

chamadas de ultrasons Jaacute as

de 20 Hz satildeo chamadas de

detectaacuteveis pelo ouvido hum

prejudiciais agrave sua sauacutede7

1982 SOUSA 2004)

Fisicamente o som e o ruiacutedo

ambos se propagam em mei

detectados pelo ouvido hu

enquanto o som eacute utilizado

6 A frequumlecircncia eacute o nuacutemero de ciclo(HANSEN 1995) 7 A exposiccedilatildeo a baixas frequumlecircncias depressatildeo irritabilidade e perturba pro

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 210 ndash Interfaces multidFonte Elaborado pela autora a pa

Figura 211 ndash Fonte sonora ponSOUZA 2006

as sonoras eacute rotulado

ala entre outros

ndo como referecircncia

o humano eacute um

mente o som eacute uma

que se propaga

de um meio material

(SINGAL 2005)

transmitida ao meio

re eacute detectaacutevel pelo

ano cuja faixa de

tra-se no intervalo de

um jovem saudaacutevel

4 KINSLER et al

de 20000 Hz muito

loacutegicas auditivas satildeo

as frequumlecircncias abaixo

de infrasons e natildeo satildeo

umano contudo satildeo

(KINSLER et al

iacutedo constituem o mesmo fenocircmeno de variaccedilotildee

eio elaacutestico (soacutelido liacutequido ou gasoso) e ambos

humano (BERGLUND et al 1999 HANSEN

do para descrever percepccedilotildees sonoras agradaacutev

iclos que a onda sonora completa no tempo de um segundo

as pode gerar a doenccedila Vibroacuacutestica que induz o espessamprocessos cognitivos (BRANCO e PEREIRA 2004)

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

32

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

ltidisciplinares do estudo do som partir de BISTAFA 2006

ontual e fonte sonora linear Fonte

otildees de pressatildeo ambiente

bos satildeo capazes de serem

EN 1995) No entanto

daacuteveis o ruiacutedo descreve

do e eacute medida em Hertz (Hz)

amento das estruturas cardiacuteacas

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

33

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 212 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora pontual de 6 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007

percepccedilotildees sonoras desagradaacuteveis incorporando um aspecto de subjetividade agrave sua definiccedilatildeo

(BRUumlEL amp KJAEligR 1984 HANSEN 2005 BRASIL 2006 SINGAL 2005)

Tal subjetividade acarreta diferentes e individuais percepccedilotildees sonoras pelo ser humano e

portanto em diferentes reaccedilotildees agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo Em outras palavras o que se estabelece

como som para um indiviacuteduo pode representar ruiacutedo para outro

[] as respostas inerentes ao ruiacutedo satildeo complexas dependendo tanto dos fatores propriamente acuacutesticos quanto dos psicossociais contextuais simboacutelicos emocionais como daqueles de valor especiacutefico Essas variaacuteveis participam da singularidade da escuta e atuam como filtros que modificam a percepccedilatildeo do sinal fiacutesico sonoro (SANTOS e MARTINS 2005 p 216)

Enquanto sua percepccedilatildeo envolve a subjetividade as respostas fisioloacutegicas agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo satildeo

mais objetivas e seus danos satildeo mais facilmente identificaacuteveis O ruiacutedo pode gerar complicaccedilotildees

no sistema circulatoacuterio e hormonal perda gradativa da audiccedilatildeo distuacuterbios de sono estresse

irritabilidade neuroses desconforto e dificuldade de aprendizado entre outros danos

(BERGLUND et al1999 HANSEN 2005 KINSLER et al 1982 MURGEL 2007 NAGEM

2004 NUNES 2006 PAZ et al 2005 SINGAL 2005 ZANNIN et al 2002)

O ruiacutedo pode se originar de variadas fontes presentes em diversificados ambientes as mais

comumente encontradas satildeo as fontes sonoras pontuais e as lineares (Figura 211) A fonte pontual

possui dimensotildees finitas e emite o mesmo niacutevel de pressatildeo sonora uniformemente para todas as

direccedilotildees sendo seu decaimento em campo livre de 6 dB para cada dobro da distacircncia (Figura

212) (HANSEN 2005 SOUSA 2004)

Jaacute a fonte linear eacute formada por certo nuacutemero de

fontes pontuais dispostas linearmente cuja

emissatildeo sonora eacute contiacutenua ao longo desta

linha sendo seu decaimento em campo livre

de 3 dB para cada dobro da distacircncia (Figura

213) (HANSEN 2005 PAZ 2004)

Quando propagadas no meio urbano a

combinaccedilatildeo de tais fontes sonoras associadas

ao percurso de transmissatildeo e ao receptor

constitui o ruiacutedo urbano (urban noise) tambeacutem

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 213 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora linear de 3 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007

chamado de ruiacutedo ambiental (environmental

noise) ou ruiacutedo comunitaacuterio (community noise)

(BERGLUND et al1999 GUEDES 2005

SOUSA 2004)

O ruiacutedo urbano pode ser gerado a partir do

traacutefego de veiacuteculos terrestres e aeacutereos de

obras de construccedilatildeo civil de estabelecimentos

industriais de estabelecimentos comerciais e

de serviccedilos de sistemas de propaganda

volante ou permanente8 e ruiacutedos de outras atividades cuja propagaccedilatildeo sonora pode afetar o bem-

estar e a sauacutede dos citadinos (BARRON 2003 BERGLUND et al1999 KINSLER et al 1982

NAGEM 2004 NUNES 2006 SINGAL 2005)

Apesar de esporaacutedica outra fonte de ruiacutedo gerada em meio urbano satildeo os eventos puacuteblicos tais

como festas shows comiacutecios carnavais fora de eacutepoca entre outros As fontes de ruiacutedo presentes

nestes eventos atingem um alto niacutevel de pressatildeo sonora9 e abrangem uma grande quantidade

populacional logo independente de ocorrer poucas vezes durante o ano satildeo eventos

extremamente danosos a sauacutede e principalmente agrave audiccedilatildeo a partir de 80 dB(A) natildeo importa se

a sensaccedilatildeo sonora eacute prazerosa ou natildeo ela eacute necessariamente prejudicial10 (Tabela 21) (NUNES

2006)

Quando a intensidade dos ruiacutedos urbanos torna-se excessivamente desagradaacutevel eou nociva o

ruiacutedo passa a ser considerado uma forma de poluiccedilatildeo ambiental11 - a poluiccedilatildeo sonora A

necessidade de regulamentaccedilatildeo da poluiccedilatildeo sonora renuncia os aspectos de subjetividade

existentes e inerentes ao conceito de ruiacutedo na tentativa de sintetizar e estabelecer limites leis

normas meacutetodos e accedilotildees que representem um universo sonoro equivalente para toda a

populaccedilatildeo na tentativa de controlar e mitigar o ruiacutedo urbano

8 Carros de som bicicletas com som raacutedios comunitaacuterias entre outros 9 O niacutevel de pressatildeo sonora eacute a medida fiacutesica preferencial para caracterizar a sensaccedilatildeo subjetiva da intensidade dos sons e de acordo com a lei de Weber e Fechner a sensaccedilatildeo sonora eacute proporcional ao logaritmo da intensidade sonora NPS=20 log (pp0) onde p eacute a pressatildeo sonora em Pascal e p0 eacute a pressatildeo sonora de referecircncia (2 10-5 Pascal) (BISTAFA 2006 NIEMEYER 2007) 10 Outros niacuteveis de ruiacutedo tambeacutem podem ser prejudiciais em maior ou menor grau dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora 11 ldquoPoluiccedilatildeo eacute a degradaccedilatildeo da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente a) prejudiquem a sauacutede a seguranccedila e o bem-estar da populaccedilatildeo b) criem condiccedilotildees adversas agraves atividades sociais e econocircmicas c) afetem desfavoravelmente a biota d) afetem as condiccedilotildees esteacuteticas ou sanitaacuterias do meio ambiente e) lancem mateacuterias ou energia em desacordo com os padrotildees ambientais estabelecidosrdquo (BRASIL 1981 p 1 e 2)

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Tabela 21 ndash Os niacuteveis de pressatildeo sonora e suas consequumlecircncias fisioloacutegicas no homem Em alguns casos podem a intensidade das reaccedilotildees fisioloacutegicas podem variar dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora Fonte elaborado pela autora a partir de KINSLER et al 1992 SINGAL 2005 SOUZA 2006

Assim sendo na esfera federal a Constituiccedilatildeo Federal (Art255) o Coacutedigo Civil Brasileiro (Lei ndeg

1040602) a Lei das Contravenccedilotildees Penais (Decreto-lei nordm 368841) e a Lei dos Crimes

Ambientais (Lei nordm 960598) versam a partir de diferentes abordagens e diferentes

procedimentos legais sobre a poluiccedilatildeo sonora e suas respectivas perturbaccedilotildees (CARNEIRO

2009)

NIacuteVEIS DE PRESSAtildeO SONORA E SUAS CONSEQUEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS

Niacutevel de Pressatildeo sonora

em dB(A)

Caracteriacutesticas FISIOLOacuteGICAS

Ambiente ou atividade

0 a 30 Nenhuma Tremular de folhas de uma aacutervore sussurros

aacuterea de mata selvagem

30 a 50 Nenhuma Cantar de paacutessaros rua calma em aacuterea residencial durante noite

50 a 70 Marca o iniacutecio do estresse

auditivo Rua agitada um restaurante barulhento

70 a 90 Estressante e bastante

excitante Chegada de um trem na estaccedilatildeo carro a 100 Kmh

conversa a gritos

90 a 110 Extremamente excitante provocando dependecircncia

Caminhatildeo pesado a 60 Kmh alarme de viatura passagem de trem numa estaccedilatildeo ou cabine de um aviatildeo monomotor

110 a 130

Desconfortavelmente alto atingindo o limiar da dor podendo causar surdez

instantacircnea

Trem passando em trilhos elevados martelo pneumaacutetico interior de uma boate show de banda de rock

130 a 140 Acima do limiar da dor

causando surdez permanente Decolagem de aviatildeo a jato a 5m de distacircncia disparos de artilharia

Ainda no domiacutenio federal o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) publicou vaacuterias

resoluccedilotildees que estabelecem normas de preservaccedilatildeo ao meio ambiente incluindo o combate a

poluiccedilatildeo sonora12 Nestas resoluccedilotildees todas as atividades geradoras de ruiacutedo devem seguir

diretrizes vinculadas agrave Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas ndash ABNT e ao Conselho

Nacional de Tracircnsito - CONTRAN no caso de ruiacutedo produzido por veiacuteculos automotores

(NAGEM 2004)

Tais resoluccedilotildees normas e diretrizes refletidas no domiacutenio estadual e municipal deram origem agrave

Lei Estadual nordm 12789 de 28 de Abril de 2005 (PERNAMBUCO2005) conhecida como ldquoLei do

12 Satildeo elas RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 272 de 14 de setembro de 2000

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Silecircnciordquo e que dispotildee sobre ruiacutedos urbanos poluiccedilatildeo sonora e proteccedilatildeo do bem-estar e do

sossego puacuteblico e agrave Lei nordm 16243 de 13 de setembro de 1996 ndash Coacutedigo do Meio Ambiente e do

Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife (RECIFE 1996a) que estabelece a poliacutetica do meio ambiente da

cidade do Recife incluindo regulamentaccedilatildeo de emissotildees sonoras entre outras providecircncias

tendo como suporte a Lei 1617696 de 9 de Abril de 1996 ndash Lei de Uso e Ocupaccedilatildeo do Solo da

Cidade do Recife ndash LUOS (RECIFE 1996b)

Apesar da existecircncia desta grande quantidade de leis federais estaduais e municipais apesar da

LUOS legislar sobre a etapa de aprovaccedilatildeo de projetos para a construccedilatildeo de empreendimentos

com usos geradores de incocircmodo agrave vizinhanccedila incluindo usos potencialmente geradores de ruiacutedos

submetendo-os agrave anaacutelise teacutecnica eou agrave anaacutelise especial e apesar do Coacutedigo do Meio Ambiente e

do Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife estabelecer limites maacuteximos permitidos de ruiacutedo na praacutetica a

accedilatildeo contra a poluiccedilatildeo sonora em Recife adquire caraacuteter corretivo pelos oacutergatildeos reguladores agrave

conduta do infrator geralmente a partir de denuacutencias da populaccedilatildeo apoacutes a consolidaccedilatildeo da fonte

geradora de ruiacutedo no meio urbano (JORNAL DO COMEacuteRCIO 2008 JC ONLINE 2005)

Outro exemplo local de desatenccedilatildeo agrave poluiccedilatildeo sonora eacute a inexistecircncia dentre vaacuterios outros tipos

de degradaccedilatildeo ambiental presentes de qualquer referecircncia a respeito da poluiccedilatildeo sonora em

documento produzido pela Prefeitura da Cidade do Recife no ano 2000 o Atlas Ambiental da

Cidade do Recife (RECIFE 2000)

Diante da aplicabilidade ineficaz da legislaccedilatildeo vigente em Novembro de 2009 foi lanccedilado pelo

Ministeacuterio Puacuteblico de Pernambuco a cartilha Poluiccedilatildeo sonora Silento e o barulho13 que versa sobre as

posturas e accedilotildees direitos e deveres dos diversos agentes envolvidos na produccedilatildeo e recepccedilatildeo da

poluiccedilatildeo sonora indicando como devem agir a viacutetima o policial o estado o construtor poluidor

o proprietaacuterio de carro de som poluidor entre outros A cartilha tambeacutem disponibiliza uma seacuterie

de formulaacuterios modelos de acordo com os diferentes tipos de poluiccedilatildeo sonora Estes formulaacuterios satildeo

exemplos para serem utilizados tanto pela viacutetima da poluiccedilatildeo sonora quanto pelo policial civil

militar promotor de justiccedila e ateacute mesmo pelo poluidor - o que poderaacute tornar esta cartilha um

importante instrumento para aplicaccedilatildeo das leis vigentes (CARNEIRO 2009)

Embora negligenciada e em oposiccedilatildeo a diversos outros problemas ambientais mundiais a

poluiccedilatildeo sonora continua a crescer e eacute acompanhada pelo aumento no nuacutemero de reclamaccedilotildees de

13 ldquoSilentordquo eacute um personagem criado para narrar alguns trechos interativos da cartilha

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 214 ndash Relaccedilatildeo entre o desenvolvimento industrial da sociedade que possibilita o aumento e concentraccedilatildeo de fontes sonoras e seus impactos em relaccedilatildeo ao ruiacutedo nas comunidades apontando trecircs previsotildees futuras de acordo com diferentes accedilotildees possiacuteveis de regulamentaccedilatildeo contra do ruiacutedo Fonte elaborado pela autora a partir de BERGLUND et al 1999

pessoas expostas ao ruiacutedo a partir do aumento da consciecircncia de seus direitos legais

(BERGLUND et al1999)

Para World Health Organization (WHO)14 a poluiccedilatildeo sonora jaacute eacute um dos problemas ambientais que

atingem o maior nuacutemero de pessoas no planeta perdendo apenas para a poluiccedilatildeo do ar e da aacutegua

(KIHLMAN 2004 2005) Este crescimento contiacutenuo da poluiccedilatildeo sonora e por conseguinte do

ruiacutedo urbano possui uma estreita relaccedilatildeo com as raacutepidas transformaccedilotildees ocorridas no meio

urbano nas uacuteltimas deacutecadas O desenvolvimento acelerado e a expansatildeo das cidades implicaram

em modificaccedilotildees em elementos da forma urbana em alto iacutendice de crescimento demograacutefico da

populaccedilatildeo urbana e em consequumlente aumento e concentraccedilatildeo de diversos tipos de fontes

geradoras de poluiccedilatildeo sonora (BRASIL 1990a1990b GUEDES 2005 PAZ 2009 ZANNIN et

al 2002) (Figura 214)

Entre estas fontes urbanas geradoras de poluiccedilatildeo sonora uma das que mais contribuem com o

aumento do ruiacutedo urbano aleacutem de ser considerada uma das fontes mais intrusivas e a mais

percebida pela populaccedilatildeo das grandes cidades eacute o traacutefego de veiacuteculos (DINIZ 2003 FRITSCH et al

2007 LACERDA et al 2005 PAZ 2004 ZANNIN et al 2003)

O ruiacutedo do traacutefego de veiacuteculos eacute gerado a

partir do ruiacutedo veicular que proveacutem

essencialmente do sistema de propulsatildeo do

motor do atrito entre o veiacuteculo e o ar (ruiacutedo

aerodinacircmico) e do atrito entre o pneu e o piso

(MURGEL 2007 KINSLER et al 1982) e da

relaccedilatildeo entre o veiacuteculocondutor e as

configuraccedilotildees das vias em que ele estaacute inserido

a aceleraccedilatildeo eou desaceleraccedilatildeo do motor de

acordo com a caracterizaccedilatildeo das vias - a

presenccedila de cruzamentos semaacuteforos faixas de

pedestres etc a intensidade do fluxo de

veiacuteculos e a proporccedilatildeo entre veiacuteculos leves e os

veiacuteculos pesados a frequumlecircncia de

14 Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede ndash OMS

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

acionamentos de buzinas o tipo de acabamento da superfiacutecie das vias (concreto asfalto brita

terra batida) etc (SINGAL 2005)

Tais vias geradoras do ruiacutedo de traacutefego aleacutem de serem interceptadas por outras vias satildeo

comumente ladeadas por configuraccedilotildees bastante variaacuteveis desde edificaccedilotildees com formas

implantaccedilotildees e gabaritos diversificados a lotes ainda natildeo ocupados caracterizando a propagaccedilatildeo

do ruiacutedo de traacutefego urbano por muacuteltiplas reflexotildees responsaacuteveis pelo espalhamento do ruiacutedo

para vias adjacentes pelo surgimento de campos sonoros reverberantes pela difraccedilatildeo do ruiacutedo e

pelo surgimento de aacutereas de sombra (SINGAL 2005 RANDRIANOELINA e SALOMONS

2008) Ou seja a propagaccedilatildeo do ruiacutedo urbano gerado pelo traacutefego de veiacuteculos possui uma

interaccedilatildeo singular com elementos da forma urbana

Assim sendo tanto por sua participaccedilatildeo determinante na constituiccedilatildeo do ruiacutedo urbano quanto

por sua particular relaccedilatildeo com os elementos que compotildeem a forma urbana o ruiacutedo de traacutefego

seraacute a uacutenica fonte sonora considerada na presente pesquisa conforme seraacute melhor elucidado no

proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas

A interaccedilatildeo entre o ruiacutedo urbano e a forma urbana dependeraacute diretamente das configuraccedilotildees de

certos elementos que compotildeem esta forma urbana o traccedilado e perfis das vias a maneira de

implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade e

forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres tais como praccedilas e

largos (GUEDES 2005 SANTOS e MARTINS 2005) Estes elementos podem ser

acusticamente caracterizados a partir do tipo de espaccedilo acuacutestico e da permeabilidade acuacutestica

O espaccedilo acuacutestico tambeacutem nomeado de campo acuacutestico eacute a porccedilatildeo de determinado espaccedilo onde

acontecem as vibraccedilotildees sonoras podendo ser caracterizado no meio urbano como espaccedilo

acuacutestico aberto ou fechado (NIEMEYER 2007)

O espaccedilo acuacutestico aberto aproxima-se da propagaccedilatildeo em campo livre que eacute caracterizado pela ausecircncia

de obstaacuteculos que modifiquem a propagaccedilatildeo sonora entre a fonte e o receptor Assim no meio

urbano o espaccedilo cuja propagaccedilatildeo sonora envolva poucas ou nenhuma reflexatildeo e poucos ou

nenhum obstaacuteculo pode ser considerado um espaccedilo acuacutestico aberto como por exemplo o

espaccedilo acuacutestico com perfil em ldquoLrdquo tais como vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas uma de

suas margens (Figuras 215 e 216) (NIEMEYER 2007) No espaccedilo acuacutestico aberto o niacutevel de

pressatildeo sonora decai 6 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (LANG

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 215 ndash Propagaccedilatildeo sonora em Campo acuacutestico aberto Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001

Figura 216 ndash Campo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo FonteNIEMEYER 2007

Figura 217 ndash Propagaccedilatildeo sonora em campo acuacutestico fechado causando o fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001

e BERANEK 1992) isto eacute o ruiacutedo percebido

pelo receptor diminui em funccedilatildeo da

duplicaccedilatildeo da distacircncia da fonte sonora15

Praccedilas parques e largos com grandes

dimensotildees vias de traacutefego marginais a praias

vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas

uma de suas margens ou espaccedilos livres

urbanos de grandes dimensotildees caracterizam

alguns exemplos de espaccedilos acuacutesticos abertos

No espaccedilo acuacutestico fechado as ondas sonoras

sofrem muacuteltiplas reflexotildees fazendo com que o

seu niacutevel sonoro decaia muito lentamente

sendo praticamente o mesmo em vaacuterias

posiccedilotildees ateacute que esta onda sonora encontre

uma saiacuteda para campo livre caracterizando o

fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana16 17(Figura

217) (GUEDES 2005 NIEMEYER 2007)

Os espaccedilos acuacutesticos fechados podem ser

reverberantes quando a onda sonora tarda a

encontrar o campo livre gerando um grande

nuacutemero de reflexotildees ou semi-reverberantes

quando a onda sonora encontra o campo livre

um pouco mais rapidamente do que no

reverberante gerando um nuacutemero menor mas

ainda grande de reflexotildees

15 Este decaimento eacute para fontes pontuais para fontes lineares o decaimento eacute de 3 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (GERGES 2000) 16 A reverberaccedilatildeo eacute a persistecircncia de um som depois de ter sido extinta a sua emissatildeo por uma fonte e ocorre como resultado de reflexotildees em ambientes total ou parcialmente fechados (GONZALEZ e LOPES 1993) 17 Alguns espaccedilos acuacutesticos fechados tambeacutem podem amplificar o niacutevel de pressatildeo sonora mas este fenocircmeno ocorre em determinados espaccedilos acuacutesticos fechados reverberantes

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 218 ndash Campo acuacutestico fechado em perfl ldquoUrdquo tambeacutem chamado de canyons urbanos Fonte NIEMEYER 2007

No meio urbano o espaccedilo acuacutestico fechado

reverberante possui comumente um perfil em

ldquoUrdquo (Figura 218) tambeacutem chamados de

canyons urbanos que podem amplificar

consideravelmente a propagaccedilatildeo sonora das

vias de traacutefego atraveacutes de reflexotildees muacuteltiplas

geradas pelas fachadas paralelas das

edificaccedilotildees que circundam estas vias

(ANDERSON e KURZE 1992) Assim neste

tipo de espaccedilo acuacutestico a propagaccedilatildeo sonora

natildeo depende exclusivamente da distacircncia entre

a fonte e o receptor como no espaccedilo acuacutestico

aberto depende ainda da configuraccedilatildeo dos

elementos que compotildeem a forma urbana e

dos coeficientes de absorccedilatildeo dos materiais que

revestem as superfiacutecies refletoras18

(NIEMEYER 2007)

Praccedilas parques e largos com pequenas dimensotildees e cercados por edificaccedilotildees conjugadas vias de

traacutefego com edificaccedilotildees (conjugadas ou com pequenos recuos entre elas) em ambos os lados

tuacuteneis passagens subterracircneas e espaccedilos livres abaixo de viadutos caracterizam alguns exemplos

de espaccedilos acuacutesticos fechados

A caracterizaccedilatildeo de um espaccedilo acuacutestico como sendo aberto ou fechado delinearaacute como a onda

sonora iraacute espalhar-se no meio urbano cujas configuraccedilotildees dos elementos que o compotildeem

podem facilitar ou dificultar a trajetoacuteria desta onda sonora para aleacutem do local de sua emissatildeo

tornando o meio urbano mais ou menos permeaacutevel a sua propagaccedilatildeo

18 No meio urbano as superfiacutecies refletoras satildeo predominantemente formadas por fachadas e muros de edificaccedilotildees que possuem certa uniformidade na utilizaccedilatildeo de materiais altamente reflexivos e com baixos coeficientes de absorccedilatildeo tais como granito maacutermore ceracircmica esmaltada vidro Assim o coeficiente de absorccedilatildeo de uma edificaccedilatildeo para outra seraacute praticamente o mesmo sofrendo miacutenimas variaccedilotildees permitindo sua natildeo consideraccedilatildeo

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 220 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees em uma quadra permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007

Figura 221 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjugadas em uma quadra pouco permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007

Figura 219 ndash Permeabilidade acuacutestica - percursos da onda sonora gerados em meio urbano Fonte NIEMEYER 2007

Figura 222 ndash Barreira acuacutestica entre a fonte e o receptor FonteANDERSON e KURZE 1992

Assim sendo a permeabilidade acuacutestica refere-se

aos percursos da onda sonora gerados no

meio urbano (Figura 219) (GUEDES 2005

NIEMEYER 2007) A intensidade da

permeabilidade acuacutestica - mais ou menos

permeaacutevel - dependeraacute da capacidade de

certos elementos urbanos de promover ou

conter a propagaccedilatildeo da onda sonora tais

como o traccedilado e perfis das vias a maneira de

implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem

como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade

e forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila

ou ausecircncia de espaccedilos livres (Figuras 220 e

221)

A permeabilidade acuacutestica relaciona-se ainda

com as barreiras acuacutesticas Isoladamente o

conceito de barreiras acuacutesticas refere-se a

qualquer objeto que possa ser considerado um

obstaacuteculo agrave ligaccedilatildeo direta e sem interferecircncias

entre a fonte e o receptor (Figura 222)

(ANDERSON e KURZE 1992 GERGES

2000) Ao bloquear o percurso direto entre a

fonte e o receptor a onda sonora poderaacute ser

absorvida eou refletida pela superfiacutecie da

barreira transmitida atraveacutes da barreira ou

difratada a partir do topo da barreira

(BARRON 2003 SINGAL 2005)

A difraccedilatildeo eacute um fenocircmeno que permite que as

ondas sonoras sejam capazes de contornar

determinados obstaacuteculos gerando uma aacuterea de

sombra acuacutestica que possui limites espaciais

variaacuteveis de acordo com a posiccedilatildeo da fonte

____________________________________________

ANAacuteLISE D

sonora e de sua localizaccedilatilde

receptor que por sua vez

sonora difratada pelas borda

um decaimento maior do qu

campo livre (Figura 223) (N

1968 NIEMEYER 2007 PA

O uso de barreiras acuacutestic

EUA Japatildeo Austraacutelia e

reduccedilatildeo da propagaccedilatildeo do

pelo traacutefego rodoviaacuterio pa

(Figuras 224 a 226) (SIN

Brasil esta praacutetica ainda eacute inc

restringindo-se a poucos exe

caso da barreira acuacutestica no

Linha Amarela na cidade do

na Rodovia Bandeirantes co

de Satildeo Paulo a Campinas

Paulo (Figura 227) (MURGE

2004)

Embora a implantaccedilatildeo de b

esteja vinculada agrave reduccedilatildeo do

rodoviaacuterio outros elemen

meio urbano situados ent

receptor atuam espontan

barreiras agrave propagaccedilatildeo sono

terreno com topografia i

muros edificaccedilotildees entr

edificaccedilotildees conjugadas da R

cidade do Recife ou aind

conjugadas em alguns trec

Atlacircntica no Rio de Janei

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 226 ndash Barreiras instaladasem aacuterea residencial de Toacutequio Jap

Figura 224 ndash Agrave esquerda barreacriacutelico na Suiacuteccedila Agrave direita barreiraPaacutedua e Veneza na Itaacutelia Fonte C

Figura 227 ndash Barreira acuacutestica dade Satildeo Paulo Fonte MURGEL 2

Figura 223 ndash Difraccedilatildeo da ondagerando uma aacuterea de sombra acuacutest

Figura 225 ndash Agrave esquerda baproacuteximo a Zurique Agrave direita barretambeacutem na Suiccedila Fonte CICHIN

accedilatildeo em relaccedilatildeo ao

ez recebe a energia

rdas da barreira com

que se estivesse em

(NEPOMUCENO

PAZ 2004)

ticas eacute comum nos

e na Europa para

do ruiacutedo produzido

para seus arredores

INGAL 2005) No

incipiente

exemplos como eacute o

no eixo rodoviaacuterio

o Rio de Janeiro e

conectando a cidade

s no estado de Satildeo

GEL 2007 SOUSA

e barreiras acuacutesticas

do ruiacutedo de traacutefego

entos inseridos no

entre a fonte e o

taneamente como

nora tais como um

irregular taludes

ntre outros As

a Rua da Aurora na

inda as edificaccedilotildees

trechos da Avenida

neiro por exemplo

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

42

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

das ao longo de via expressa elevada Japatildeo Fonte CICHINELLI 2007

rreira acuacutestica curva em concreto e eira acuacutestica metaacutelica na estrada entre CICHINELLI 2007

da Rodovia Bandeirantes no estado 2007

da sonora a partir de uma barreira uacutestica Fonte GERGES 2000

barreira acuacutestica metaacutelica instalada arreira acuacutestica em concreto e acriacutelico INELLI 2007

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

43

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 228 ndash Rua da Aurora no Bairro da Boa Vista na cidade do Recife configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fontehttpmaiovinteeseisblogspotcom2007_ 11_01_archivehtml Acesso em 080409

Figura 229 ndash Alguns trechos da Avenida Atlacircntica no Bairro de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro tambeacutem configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fonte httpwwwtravelpodcomtravel-photoorlanworldtrip200711 71589400avenida-atlantica-along-copacabana-beachjpgtpodhtml Acesso em 080409

aleacutem de funcionarem como barreiras acuacutesticas

espontacircneas ou natildeo intencionais tambeacutem

conformam um espaccedilo acuacutestico aberto em

ldquoLrdquo e pouco permeaacutevel ao ruiacutedo (Figura 228 e

229)

A partir da discussatildeo dos espaccedilos acuacutesticos e

da permeabilidade acuacutestica evidencia-se que a

interaccedilatildeo entre os diversos elementos que

compotildeem a forma urbana - o traccedilado e perfis

das vias o modo de implantaccedilatildeo das

edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as

proporccedilotildees densidade e maneira de ocupaccedilatildeo

das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de

espaccedilos livres ndash contribui determinantemente

para a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano

atraveacutes de muacuteltiplas reflexotildees do

espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave

fonte geradora de campos sonoros

reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de

aacutereas de sombra

Isto posto se o ruiacutedo urbano eacute considerado

um sistema composto essencialmente pela fonte

sonora pelo meio de propagaccedilatildeo e pelo receptor (LANG e BERANEK 1992 ANDERSON e

KURZE 1992) a forma urbana considerada a partir dos elementos que a compotildeem enquanto

percurso de transmissatildeo delineia influencia e determina em certa medida a trajetoacuteria de

propagaccedilatildeo da onda sonora19 Ou seja a forma urbana por meio das caracteriacutesticas singulares

apresentadas pelos seus elementos componentes iraacute influenciar o comportamento da propagaccedilatildeo

da onda sonora no meio urbano

19 ldquoEm certa medidardquo pois existem outros fatores que tambeacutem influenciam a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano mas a discussatildeo sobre a consideraccedilatildeo ou natildeo destes outros fatores seraacute melhor construiacuteda no proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

44

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito alto por elevada densidade de

ocupaccedilatildeo das quadras e por vias estreitas por exemplo tende em tese a ser menos permeaacutevel ao

ruiacutedo dificultando a propagaccedilatildeo sonora para outras aacutereas Tende ainda a criar espaccedilos

reverberantes ou semi-reverberantes com o niacutevel de pressatildeo sonora elevado em praticamente

todos os pontos de reflexatildeo com perdas miacutenimas ateacute a onda sonora alcanccedilar o topo das

edificaccedilotildees e direcionar-se a campo livre Por conseguinte este comportamento tende a propiciar

dependendo ainda da relaccedilatildeo com a fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano indesejaacutevel e

insalubre aos receptores existentes nas edificaccedilotildees daquela via

Jaacute uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito baixo por baixa densidade de

ocupaccedilatildeo das quadras e por vias largas tende teoricamente a ser mais permeaacutevel ao ruiacutedo

facilitando sua propagaccedilatildeo Por outro lado natildeo gera espaccedilos acuacutesticos propiacutecios a muacuteltiplas

reflexotildees fazendo com que a onda sonora encontre mais rapidamente o campo livre facilitando

sua dissipaccedilatildeo e propiciando dependendo ainda da fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano

desejaacutevel aos seus receptores

Deste modo a existecircncia de diferenccedilas e particularidades dos elementos que compotildeem as

distintas formas urbanas proporciona os mais diversificados comportamentos acuacutesticos de

propagaccedilatildeo sonora nos mais diferentes meios urbanos Ou seja do mesmo modo que cidades

bairros e ruas natildeo satildeo iguais entre si tampouco reproduziacuteveis em sua essecircncia o comportamento

acuacutestico tambeacutem natildeo seraacute ao contraacuterio constituiraacute um atributo exclusivo de cada espaccedilo urbano

Mas se para cada espaccedilo urbano existe um comportamento acuacutestico especiacutefico como deveraacute se

comportar a propagaccedilatildeo sonora de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de

modificaccedilotildees em elementos de sua forma urbana Em outras palavras como se comportaraacute a acuacutestica

urbana de um determinado local a partir do processo cronoloacutegico de modificaccedilotildees em sua forma urbana

Nos capiacutetulo que se segue Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas seratildeo apresentadas os percursos

investigativos que foram postos em praacutetica em busca de responder a este questionamento

____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO

17

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

1 INTRODUCcedilAtildeO

Um grito estridente lanccedilado em um meio urbano envolto nos ldquomais modernosrdquo e descomunais

arranha-ceacuteus desconfortavelmente ouvido nos mais remotos pavimentos de um deles foi agrave

centelha motivadora para as ideacuteias e discussotildees que permeiam esta pesquisa Este grito mal

recebido pelo receptor pode ser considerado uma das diversas formas da profusatildeo de ruiacutedos que

cada vez mais se tornam elementos onipresentes da vida contemporacircnea

Tal profusatildeo de ruiacutedos atualmente encontrados nos centros urbanos estaacute intimamente vinculada

ao crescimento acelerado das cidades que possibilitaram o aumento e uma maior concentraccedilatildeo da

populaccedilatildeo urbana acarretando em raacutepidas transformaccedilotildees no meio de propagaccedilatildeo do ruiacutedo

urbano aleacutem do aumento e uma maior concentraccedilatildeo dos diversos tipos de fontes sonoras que o

geram

Embora esteja estreitamente relacionado ao raacutepido desenvolvimento das cidades o ruiacutedo urbano

natildeo deve ser considerado como uma consequumlecircncia incidental da accedilatildeo humana em busca de

progresso e por isso inevitaacutevel tampouco toleraacutevel Ao contraacuterio deve ser entendido como uma

das consequumlecircncias prejudiciais deste desenvolvimento que pode causar diversos males fisioloacutegicos

e psicoloacutegicos ao citadino e assim sendo deve ser veementemente prevenido e mitigado

A fim de encontrar maneiras que possibilitem sua prevenccedilatildeo e mitigaccedilatildeo o ruiacutedo urbano pode

ser entendido como um sistema composto essencialmente pela fonte sonora ndash meio de propagaccedilatildeo ndash

receptor Dentre estas trecircs partes componentes do sistema o meio de propagaccedilatildeo pode ser

considerado como um dos menos investigados e onde as accedilotildees contra o ruiacutedo satildeo menos

concentradas (SINGAL 2005)

Esta inobservacircncia da importacircncia do meio urbano enquanto percurso de propagaccedilatildeo sonora

pode estar vinculada agrave dificuldade de intervir em meios de propagaccedilatildeo consolidados como satildeo

fundamentalmente os grandes centros urbanos Daiacute a relevacircncia em compreender a acuacutestica

urbana a partir de seu meio propagador pois uma vez consolidado o meio raras satildeo as

intervenccedilotildees possiacuteveis para minimizar o ruiacutedo urbano a partir desta parte componente do sistema

fonte ndash meio ndash receptor restando essencialmente accedilotildees preventivas

____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO

18

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Outro fator que evidencia o grande valor em compreender a acuacutestica urbana a partir de seu meio

de propagaccedilatildeo eacute o potencial que o meio urbano possui em influenciar a trajetoacuteria da propagaccedilatildeo

sonora Esta influecircncia acontece atraveacutes da forma que este meio apresenta ou seja a forma urbana

atraveacutes de seus elementos componentes e enquanto percurso de transmissatildeo delineia influencia e

determina em certa medida a trajetoacuteria de propagaccedilatildeo da onda sonora

Assim sendo a interaccedilatildeo entre os diversos elementos que compotildeem a forma urbana - o traccedilado e

perfis das vias o modo de implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as proporccedilotildees

densidade e maneira de ocupaccedilatildeo das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres ndash

contribui determinantemente para caracterizaccedilatildeo da propagaccedilatildeo sonora no meio urbano atraveacutes

de muacuteltiplas reflexotildees do espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave fonte geradora de

campos sonoros reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de aacutereas de sombra

Esta interaccedilatildeo entre os elementos da forma urbana e a propagaccedilatildeo sonora ocorre a partir da

diversidade e singularidade existente nos variados meios urbanos igualmente proporcionando os

mais particulares comportamentos acuacutesticos Isto eacute para cada meio urbano existem caracteriacutesticas

particulares inerentes agrave sua forma urbana que geram um comportamento acuacutestico igualmente

especiacutefico exclusivo e vinculado a esta forma urbana

Apesar deste atrelamento entre a acuacutestica urbana e a forma urbana esta relaccedilatildeo natildeo eacute

suficientemente pesquisada e quando eacute satildeo enfocadas prioritariamente situaccedilotildees presentes de

comportamento acuacutestico eou no maacuteximo hipoacuteteses futuras tambeacutem chamadas de prediccedilatildeo

acuacutestica Aleacutem disso natildeo foram encontradas referecircncias ateacute o presente momento de investigaccedilotildees

que priorizem a apreciaccedilatildeo da acuacutestica urbana e sua relaccedilatildeo com as modificaccedilotildees ao longo do tempo da

forma urbana

Isto posto considerando esta ausecircncia de pesquisas e considerando que para cada espaccedilo urbano

existe um comportamento de propagaccedilatildeo sonora especiacutefico o presente estudo se propocircs a

investigar o comportamento acuacutestico de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de

modificaccedilotildees em sua forma urbana

Para isso admitiu-se que a propagaccedilatildeo de uma mesma fonte sonora em um mesmo espaccedilo urbano

que tenha sofrido ao longo de um processo cronoloacutegico modificaccedilotildees em sua forma urbana

implicaria em diferentes comportamentos em sua acuacutestica urbana para as diferentes datas deste

processo Esta suposiccedilatildeo possibilitou a anaacutelise do comportamento acuacutestico atraveacutes das

____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO

19

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

modificaccedilotildees cronoloacutegicas da forma urbana a partir da articulaccedilatildeo de trecircs variaacuteveis - a fonte sonora

a forma urbana e a acuacutestica urbana Estas variaacuteveis foram consideradas tendo o estudo de caso

enquanto estrateacutegia de pesquisa

O caso escolhido para esta investigaccedilatildeo foi o loteamento 3deg Jardim de Boa Viagem tanto por

representar uma parcela bem delimitada das raacutepidas e recentes transformaccedilotildees ocorridas na

forma urbana do bairro de Boa Viagem quanto por permitir ilustrar o comportamento acuacutestico

em um encadeamento evolutivo do iniacutecio de sua ocupaccedilatildeo recente ateacute os dias atuais

Para compor tal encadeamento evolutivo foram selecionados os anos de 1971 data escolhida por

caracterizar o princiacutepio da ocupaccedilatildeo do 3deg Jardim 1981 e 1997 por representarem datas de

registro de fotografias aeacutereas do bairro de Boa Viagem existentes na base de dados da

CONDEPE-FIDEM Agecircncia Estadual de Planejamento e Pesquisas de Pernambuco 2009 por

representar a realidade atualmente encontrada no 3deg Jardim e uma simulaccedilatildeo de situaccedilatildeo

hipoteacutetica futura de modificaccedilatildeo na forma urbana

Isto posto com o intuito de analisar o comportamento da acuacutestica urbana do 3deg Jardim de Boa

Viagem a partir de modificaccedilotildees cronoloacutegicas em sua forma urbana foram executados os

seguintes objetivos especiacuteficos (I) identificar as caracteriacutesticas configuraccedilotildees e transformaccedilotildees da

forma urbana ocorridas no 3deg Jardim de Boa Viagem nos anos de 1971 1981 1997 e 2009 a

partir de seu processo de ocupaccedilatildeo (II) elaborar mapas acuacutesticos dos niacuteveis atuais (2009) de

pressatildeo sonora equivalente do 3deg Jardim (III) elaborar mapas acuacutesticos do 3deg Jardim nos anos de

1971 1981 1997 e de situaccedilatildeo hipoteacutetica futura a partir da consideraccedilatildeo dos niacuteveis atuais (2009)

de pressatildeo sonora equivalente do 3deg Jardim

Em busca de expor sistematicamente seu desenvolvimento a presente investigaccedilatildeo foi

estruturada do seguinte modo

O presente capiacutetulo 1 introduz e antecipa brevemente a discussatildeo que seraacute realizada ao longo

desta pesquisa

O capiacutetulo 2 aborda dois aspectos principais O primeiro deles desenvolve o conceito de forma

urbana e seus elementos componentes a partir dos autores Joseacute Lamas (2004) Philippe Panerai

(2006) e Vicente Del Rio (1990) Busca elucidar que a apreensatildeo da forma urbana eacute complexa e

envolve diversificadas abordagens e enfoques sociais econocircmicos histoacutericos e culturais para

entatildeo indicar que a presente pesquisa lanccedilaraacute um olhar para a forma urbana essencialmente a

____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO

20

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

partir de seu aspecto fiacutesico e material recorte necessaacuterio para a anaacutelise do comportamento

acuacutestico urbano

O segundo aspecto abordado no capiacutetulo 2 diz respeito agrave definiccedilatildeo teoacuterica do conceito da

acuacutestica urbana e de suas diversificadas implicaccedilotildees e interfaces quando o som eacute propagado em

meio urbano Busca evidenciar os fenocircmenos que ocorrem a partir da interaccedilatildeo entre a forma

urbana e a acuacutestica urbana indicando que a influecircncia da forma urbana eacute determinante para o

comportamento da acuacutestica urbana

O capiacutetulo 3 eacute dedicado ao percurso investigativo desta pesquisa evidenciando sua metodologia e

procedimentos metodoloacutegicos apresentando o 3deg Jardim enquanto estudo de caso o

mapeamento acuacutestico enquanto instrumento de pesquisa e detalhando as etapas operacionais

deste estudo Este capiacutetulo evidencia ainda o processo de elaboraccedilatildeo dos modelos e mapas

acuacutesticos da forma urbana existente no 3deg Jardim em cada uma das datas estudadas aleacutem da

situaccedilatildeo hipoteacutetica futura e discute o software Predictor utilizado para este mapeamento

O capiacutetulo 4 diz respeito ao processo de ocupaccedilatildeo do bairro de Boa Viagem e sua relaccedilatildeo com as

transformaccedilotildees urbanas ocorridas no 3deg Jardim Busca-se identificar as caracteriacutesticas

configuraccedilotildees e transformaccedilotildees ocorridas na forma urbana do 3deg Jardim que possibilitem o

entendimento cronoloacutegico destas modificaccedilotildees dando suporte a elaboraccedilatildeo e anaacutelise dos mapas

acuacutesticos

O capiacutetulo 5 analisa o comportamento da acuacutestica urbana identificado nos mapas acuacutesticos

elaborados do 3deg Jardim a partir das modificaccedilotildees ocorridas em sua forma urbana nos anos de

1971 1981 1997 e 2009 aleacutem de uma situaccedilatildeo hipoteacutetica futura (prediccedilatildeo acuacutestica) Neste capiacutetulo

discute-se ainda o comportamento do 3deg Jardim em relaccedilatildeo agrave legislaccedilatildeo municipal que regula as

emissotildees sonoras na cidade do Recife e no estado de Pernambuco e sua relaccedilatildeo com os niacuteveis

recomendados por outras entidades normativas e indica-se possiacuteveis accedilotildees para melhoria no

comportamento acuacutestico do 3deg Jardim bem como as possiacuteveis consequumlecircncias acuacutesticas da

ausecircncia de tais accedilotildees

Por fim no capiacutetulo 6 satildeo apresentadas as consideraccedilotildees finais acerca do comportamento acuacutestico

do 3deg Jardim e satildeo indicados novos rumos de pesquisa a respeito da acuacutestica urbana

CAPIacuteTULO 2

A arquitetura eacute uma muacutesica petrificada

Arthur Schopenhauer

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

22

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

Analisar o comportamento da acuacutestica urbana ainda que a partir das modificaccedilotildees da forma

urbana faz com que esta pesquisa trate essencialmente da acuacutestica urbana No entanto este

comportamento esta sujeito aos diversificados modos de apreensatildeo da forma urbana e de seus

elementos componentes bem como ao modo como esta pesquisa os consideraraacute

Assim sendo o primeiro item deste capiacutetulo expotildee o conceito de forma urbana e de algumas de

suas relaccedilotildees discutido agrave luz de LAMAS (2004) de PANERAI (2006) e DEL RIO (1990)

indicando em seguida o que esta pesquisa consideraraacute como forma urbana

Certamente discussatildeo em torno da produccedilatildeo de outros autores poderia ser elaborada No

entanto o primeiro item deste capiacutetulo natildeo pretende representar uma revisatildeo bibliograacutefica acerca

do estudo da forma urbana e suas relaccedilotildees pretende sim construir uma discussatildeo em torno dos

trecircs autores selecionados que culmine no conceito de forma urbana que seraacute considerado por esta

pesquisa para possibilitar olhar para suas modificaccedilotildees cronoloacutegicas a fim de compreender o

comportamento da acuacutestica urbana

Apoacutes este delineamento no segundo item deste capiacutetulo discute-se a acuacutestica urbana e suas

relaccedilotildees conceituais com os diversos elementos e implicaccedilotildees da propagaccedilatildeo sonora em meio

urbano e como eles relacionam-se influenciando em seu comportamento

21 A Forma Urbana e seus Elementos Componentes

Segundo LAMAS (2004) estudar a forma urbana compreende examinar as configuraccedilotildees e as

estruturas exteriores de determinados objetos de suas formas interligando-as com os fenocircmenos

que lhes deram origem Assim sendo a forma urbana pode ser definida como sendo o

[] modo como se organizam os elementos morfoloacutegicos que constituem e definem o espaccedilo urbano relativamente agrave materializaccedilatildeo dos aspectos de

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

23

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 21 ndash Diferentes aspectos quantitativos relacionados a diversificadas formas urbanas Fonte LAMAS 2004

organizaccedilatildeo funcional e quantitativa e dos aspectos qualitativos e figurativos (LAMAS 2004 p 44) 1

Dentre estes aspectos os quantitativos satildeo agravequeles da realidade urbana que podem ser

quantificaacuteveis tais como densidades superfiacutecies fluxos coeficientes volumeacutetricos entre outros

(Figura 21) os de organizaccedilatildeo funcional satildeo agravequeles que se relacionam com as atividades

humanas tais como habitar e trabalhar e agravequeles relacionados ao modo de uso especiacutefico de uma

aacuterea ndash residencial comercial industrial entre outros os qualitativos referem-se ao tratamento dos

espaccedilos ao conforto e a comodidade do utilizador tais como adaptaccedilatildeo ao clima acessibilidade

estado da pavimentaccedilatildeo entre outros por fim os aspectos figurativos dizem respeito a

essencialmente a comunicaccedilatildeo esteacutetica (LAMAS 2004)

Pode-se considerar que ao olhar para forma urbana e em especiacutefico para suas modificaccedilotildees

cronoloacutegicas com o intuito de compreender o comportamento da acuacutestica urbana esta pesquisa

relaciona-se tanto aos aspectos qualitativos a partir do conforto acuacutestico dos receptores das

ondas sonoras em meio urbano quanto aos

aspectos quantitativos uma vez que este

comportamento acuacutestico em meio urbano eacute

quantificaacutevel em decibels (dB)

Embora estes aspectos envolvam grande parte

das singularidades inerentes a forma urbana

esta definiccedilatildeo parece ainda natildeo abarcar outras

particularidades sociais econocircmicas histoacutericas

e culturais igualmente envolvidas no

entendimento da concepccedilatildeo da forma urbana

isto eacute resta ainda a consideraccedilatildeo de que esta

forma urbana natildeo acontece

independentemente dos grupos sociais que a

produzem (PANERAI 2006)

Satildeo essencialmente estas particularidades que

impulsionam ou amortecem a transformaccedilatildeo

1 Para todas as citaccedilotildees deste autor natildeo seratildeo consideradas adaptaccedilotildees na liacutengua do paiacutes de origem - Portugal - permanecendo o texto original

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

24

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

dos elementos que compotildeem a forma urbana ndash a adiccedilatildeo de novos de traccedilados a um jaacute existente

ou sua superposiccedilatildeo seus conflitos o parcelamento de parques e ocupaccedilatildeo de espaccedilos livres a

renovaccedilatildeo da massa edificada seu lento adensamento e verticalizaccedilatildeo segundo uma especulaccedilatildeo

despretensiosa ou sua substituiccedilatildeo por vastos empreendimentos sob influecircncia de uma

especulaccedilatildeo bem mais expressiva (PANERAI 2006) isto eacute faz parte da apreensatildeo da forma

urbana uma complexidade que envolve um processo de acumulaccedilatildeo de enfoques e observaccedilotildees

sociais econocircmicas histoacutericas e culturais que englobam muito mais do que apenas sua forma

fiacutesica

Estas particularidades especialmente as sociais parecem um pouco mais delineadas nas

consideraccedilotildees feitas por DEL RIO (1990) que considera o espaccedilo urbano a partir da apropriaccedilatildeo

social que se faz dele estabelecendo que em relaccedilatildeo ao estudo da forma urbana a cidade pode

ser compreendida a partir de trecircs niacuteveis organizacionais o coletivo o comunitaacuterio e o individual

O niacutevel coletivo eacute regido sob uma loacutegica estruturadora percebida inconscientemente e

coletivamente e eacute composto pelos elementos2 do tecido que possuem uma permanecircncia maior ao

longo do tempo o niacutevel comunitaacuterio diz respeito aos elementos com significados especiais apenas

para um pequeno grupo da populaccedilatildeo como o bairro por exemplo jaacute o niacutevel individual expressa

significados individuais como a residecircncia e seu espaccedilo circundante e por seu caraacuteter individual eacute

o que apresenta maior rapidez nas modificaccedilotildees (DEL RIO 1990)

Mas LAMAS (2004) ao defender sua definiccedilatildeo para forma urbana natildeo soacute possuiacutea ciecircncia destas

outras particularidades explicitadas por PANERAI (2006) e DEL RIO (1990) ndash sociais

econocircmicas histoacutericas e culturais ndash envolvidas na concepccedilatildeo de forma urbana como optou em

natildeo apreciaacute-las

[] um primeiro grau de leitura da cidade eacute eminentemente fiacutesico-espacial e morfoloacutegico portanto especiacutefico da arquitectura e o uacutenico que permite evidenciar a diferenccedila entre este e outro espaccedilo entre esta e aquela forma e explicar as caracteriacutesticas de cada parte da cidade A estes se juntam outros niacuteveis de leitura que revelam diferentes conteuacutedos (histoacutericos econoacutemicos sociais e outros) Mas este conjunto de leituras soacute eacute possiacutevel porque a cidade existe como facto fiacutesico e material Todos os instrumentos de leitura lecircem o mesmo objecto ndash o espaccedilo fiacutesico a FORMA URBANA (LAMAS 2004 p 31 grifo do autor) Eacute fundamentalmente a dimensatildeo fiacutesica e morfoloacutegica da cidade que me preocupa [] (LAMAS 2004 p 31)

2 Estes elementos seratildeo discutidos em paraacutegrafos mais adiante

____________________________________________

ANAacuteLISE D

Na verdade esta opccedilatildeo em

urbana considerando-a essen

de seu aspecto fiacutesico e m

convenientemente ao obje

presente pesquisa analisar

da acuacutestica urbana a partir

cronoloacutegicas na forma urba

esta anaacutelise do compor

implica em uma apropriaccedil

fiacutesica e material destas modif

Certamente a busca pela ap

urbana envolve muito

simplesmente sua forma

como jaacute aclarado No entan

da anaacutelise proposta por

apreensatildeo em totalid

fundamentalmente necessaacuter

apropriaccedilatildeo da forma urban

material ou uma variaacutevel fiacutes

finalidade derradeira de

comportamento acuacutestico

modificaccedilotildees nesta forma

Ao entender a observaccedilatildeo

essencialmente em seu aspec

(2004) propocircs uma classifica

dimensotildees

bull A dimensatildeo setorial

refere-se agrave menor u

do espaccedilo urbano co

uma praccedila ou uma

ponto o observador

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 24 ndash A cidadeo texemplificada por meio da cidadLAMAS 2004

Figura 23 ndash O bairro a escala ucidade portuguesa de Tavira Fonte

Figura 22 ndash Praccedila da Alagoa na ca dimensatildeo setorial Fonte LAMA

em observar a forma

sencialmente a partir

material responde

bjetivo primeiro da

ar o comportamento

rtir de modificaccedilotildees

rbana uma vez que

ortamento acuacutestico

riaccedilatildeo genuinamente

dificaccedilotildees

apreensatildeo da forma

o mais do que

a fiacutesica e material

tanto para realizaccedilatildeo

or este estudo tal

alidade natildeo eacute

saacuteria o que torna a

bana quase um meio

l fiacutesica para atingir a

e compreensatildeo do

a partir de

atildeo da forma urbana

pecto fiacutesico LAMAS

icaccedilatildeo em escalas ou

ndash a escala da rua

r unidade ou porccedilatildeo

como por exemplo

a rua onde de um

dor pode abarcar a

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

25

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

territoacuterioa dimensatildeo territorial dade portuguesa de Tavira Fonte

a urbana exemplificada por meio da nte LAMAS 2004

na cidade portuguesa de Tavira ilustra MAS 2004

____________________________________________

ANAacuteLISE D

unidade espacial d

(Figura 22)

bull A dimensatildeo urbana ndash

corresponde agraves pa

identificaacuteveis como

exemplo onde a

elementos da forma

atraveacutes do movime

percursos (Figura 23

bull E por fim a dimensatildeo

da cidade diz respeito

diferentes formas

articulaccedilatildeo de bai

entre si Sua forma

distribuiccedilatildeo de eleme

das cidades em con

suporte geograacutefico d

a articulaccedilatildeo de

circulaccedilatildeo entre os

entre zonas habitacio

entre outras (Figura 2

Dentre estas dimensotildees a u

bairro desperta particular

pesquisa uma vez que o e

limites de observaccedilatildeo atraveacute

de movimentos poderaacute aba

significante de modificaccedilotildee

forma urbana de determina

compreender o comport

acuacutestica urbana

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 25 ndash Exemplos de diversiflotes quarteirotildees e vias em difereNesta imagem um recorte do CONDEPE-FIDEM 1981

Figura 26 ndash Exemplos de diversiflotes quarteirotildees e vias em difereNesta imagem um recorte do baorigens da cidade entrecortadoBarreto Fonte CONDEPE-FIDE

Figura 27 ndash Exemplos de diveredifiacutecios lotes quarteirotildees e vias eRecife Nesta imagem um recessencialmente por morros o AltoFIDEM 1981

de seu conjunto

ndash a escala do bairro

partes homogecircneas

mo os bairros por

a observaccedilatildeo dos

a urbana eacute realizada

imento e de vaacuterios

23)

nsatildeo territorial ndash a escala

eito agrave articulaccedilatildeo de

as urbanas da

bairros interligados

ma eacute definida pela

mentos estruturantes

onformidade com o

o do siacutetio tais como

e ruas e vias de

s diferentes bairros

cionais e comerciais

a 24)

a urbana ndash escala do

lar interesse desta

o entendimento dos

veacutes de certo nuacutemero

barcar uma amostra

otildees cronoloacutegicas na

inado local a fim de

ortamento de sua

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

26

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

rsificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios erentes bairros da cidade do Recife o bairro de Boa Viagem Fonte

rsificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios erentes bairros da cidade do Recife bairro de Satildeo Joseacute que remete agraves do pela recente Avenida Dantas DEM 1981

versificadas concretizaccedilotildees entre os em diferentes bairros da cidade do

recorte de um bairro constituiacutedo lto do Mandu Fonte CONDEPE-

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

27

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

No entanto para apreender tal dimensatildeo devem-se conhecer e estabelecer quais elementos

miacutenimos da forma urbana que se relaciona com esta a dimensatildeo urbana e quais satildeo estes

elementos LAMAS (2004) propocircs onze elementos da forma urbana necessaacuterios para esta

apreensatildeo o solo (I) o edifiacutecio (II) o lote (III) o logradouro (IV) o quarteiratildeo (V) o traccediladoa

rua(VI) a praccedila (VII) a fachada (VIII) o monumento (IX) a vegetaccedilatildeo (X) e o mobiliaacuterio

urbano (XI) Dentre estes elementos seis possuem uma estreita relaccedilatildeo com esta pesquisa e

seratildeo expostos de acordo com consideraccedilotildees observadas por LAMAS 3 (2004) (Figuras 25 a 27)

O edifiacutecio representa o elemento miacutenimo identificaacutevel na observaccedilatildeo da forma urbana eacute atraveacutes

dele que se constitui o espaccedilo urbano e se organizam diferentes elementos tais como ruas praccedilas

avenidas entre outros Os edifiacutecios agrupam-se em diferentes tipos tanto em relaccedilatildeo a suas

formas quanto a suas funccedilotildees Estes elementos podem influenciar o comportamento da acuacutestica

urbana atuando enquanto objetos reflexivos da onda sonora e como barreiras acuacutesticas4

O lote representa o princiacutepio da relaccedilatildeo do edifiacutecio com o terreno A forma do lote eacute muitas

vezes condicionante da forma do edifiacutecio tornando-os vinculados por essecircncia o logradouro diz

respeito ao espaccedilo livres e natildeo construiacutedos no interior do lote aos quintais e jardins o quarteiratildeo

ou quadra pode ser considerado como o espaccedilo resultante entre o cruzamento de trecircs ou mais

vias podendo ser demarcado em vaacuterios lotes para a construccedilatildeo de edifiacutecios Juntos estes trecircs

elementos associados aos edifiacutecios podem propiciar uma maior ou menor permeabilidade

acuacutestica eou uma maior ou menor presenccedila de aacutereas de sombra no meio urbano

O traccedilado por meio das ruas ou vias eacute facilmente identificaacutevel no meio urbano Estaacute muitas vezes

condicionado ao siacutetio geograacutefico existente regula a disposiccedilatildeo dos edifiacutecios e quarteirotildees e

interliga os vaacuterios espaccedilos componentes da cidade e a cidade ao territoacuterio Normalmente o

traccedilado resiste agraves transformaccedilotildees na forma urbana por possuir um caraacuteter de permanecircncia natildeo

totalmente modificaacutevel O traccedilado engloba trajetoacuterias e caminhos que natildeo satildeo necessariamente

percorridos atraveacutes de automoacuteveis apesar disso estaacute em grande parte vinculado a uma das

principais fontes geradoras de ruiacutedo urbano ndash o traacutefego de veiacuteculos

3 Os outros elementos tambeacutem podem relacionar-se de diferentes maneiras com a acuacutestica urbana mas nem tanto com a presente pesquisa e por isso natildeo foram considerados 4 Todas as definiccedilotildees e conceitos acuacutesticos apresentados no presente item seratildeo elucidados no item seguinte 22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

28

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 28 ndash Os trecircs conjuntos formadores do tecido urbano segundo Panerai (2006) Fonte PANERAI 2006

A praccedila eacute um espaccedilo de geometria variada

intencionalmente inserido no meio urbano

cuja relaccedilatildeo com o traccedilado e os edifiacutecios

tambeacutem eacute intencional evidenciada atraveacutes do

seu desenho e natildeo acidentais como

alargamento e confluecircncias do traccedilado Aleacutem

disso a praccedila eacute um lugar de encontro de

permanecircncia e de praacuteticas sociais

Acusticamente dependendo de suas

proporccedilotildees a propagaccedilatildeo sonora que envolve

uma praccedila pode apresentar um

comportamento que se assemelha a

propagaccedilatildeo sonora em campo livre

Estes elementos constituintes da forma urbana

conceituados por LAMAS (2004) podem ser

identificados sob um diferente invoacutelucro

conceitual mas com a mesma essecircncia no que

PANERAI (2006) definiu como sendo

conjuntos do tecido urbano

Aplicado agrave cidade o termo ldquotecidordquo evoca a continuidade e a renovaccedilatildeo a permanecircncia e a variaccedilatildeo Ele explica a constituiccedilatildeo das cidades antigas e responde as questotildees levantadas pelo estudo das urbanizaccedilotildees recentes Ele pressupotildee uma atenccedilatildeo tanto ao banal quanto ao excepcional tanto agraves ruas comuns e agraves edificaccedilotildees corriqueiras quanto agraves regulamentaccedilotildees e aos monumentos Dentre as muacuteltiplas definiccedilotildees de tecido urbano e sem desprezar suas qualidades escolhemos a mais simples O tecido urbano eacute constituiacutedo pela superposiccedilatildeo ou imbricaccedilatildeo de trecircs conjuntos a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees Essa definiccedilatildeo potildee em evidecircncia os elementos que permitem que as diferentes partes da cidade evoluam ao mesmo tempo em que satildeo mantidas a coesatildeo de conjunto e a clareza de sua estrutura (PANERAI 2006 p 77-78 grifo nosso) (Figura 28)

Ao contraacuterio de LAMAS (2004) que considera a praccedila como um elemento da forma urbana por

si soacute PANERAI (2006) discute as vias ou traccedilado inseridas em uma relaccedilatildeo em rede onde

tambeacutem satildeo considerados como partes constituintes os largos passeios praccedilas esplanadas cais

pontes rios canais margens praias todos compondo o espaccedilo puacuteblico Eacute atraveacutes desta rede

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

29

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

contiacutenua e hierarquizada que acontecem as distribuiccedilotildees e circulaccedilotildees da cidade bem como sua

organizaccedilatildeo local e territorial

Jaacute os parcelamentos fundiaacuterios constituem a representaccedilatildeo negativa5 da rede de vias que evidencia o

domiacutenio construiacutedo Este domiacutenio natildeo se limita aos edifiacutecios mas tambeacutem envolve paacutetios

quintais terrenos baldios (PANERAI 2006) Embora PANERAI(2006) considere separadamente

o exame das edificaccedilotildees sugere-se que este domiacutenio construiacutedo envolve quatro dos elementos da

forma urbana elencados por LAMAS (2004) o edifiacutecio o lote o logradouro e o quarteiratildeo

Para PANERAI (2006) as edificaccedilotildees ou edifiacutecios satildeo consideradas construccedilotildees subordinadas ao

espaccedilo puacuteblico ou seja a rede de vias sendo por ele estruturada e que acrescentam a dimensatildeo

vertical ao tecido urbano Tal subordinaccedilatildeo permite que haja uma dependecircncia reciacuteproca entre os

edifiacutecios ainda que eles pertenccedilam a eacutepocas diferentes fazendo com que sua renovaccedilatildeo aconteccedila

sem que haja grandes perdas na unidade do conjunto

Ao estruturar sua concepccedilatildeo dos elementos componentes da forma urbana DEL RIO (1990) eacute

bem mais sinteacutetico e objetivo mas assim como LAMAS (2000) e PANERAI (2006) seus

elementos possuem similaridades e ateacute repeticcedilotildees que praticamente reproduzem a mesma

essecircncia conceitual dos outros dois autores Estes elementos por serem estruturados tatildeo

objetivamente seratildeo apresentados em citaccedilatildeo direta satildeo eles

- crescimento os modos as intensidades e direccedilotildees elementos geradores e reguladores limites e superaccedilatildeo de limites modificaccedilatildeo de estruturas pontos de cristalizaccedilatildeo etc - traccedilado e parcelamento ordenadores do espaccedilo estrutura fundiaacuteria relaccedilotildees distacircncias circulaccedilatildeo e acessibilidade etc - tipologias dos elementos urbanos inventaacuterio e categorizaccedilatildeo de tipologias ediliacutecias (residecircncias comercio etc) de lotes e sua ocupaccedilatildeo de quarteirotildees e sua ocupaccedilatildeo de praccedilas esquinas etc - articulaccedilotildees relaccedilotildees entre elementos hierarquias domiacutenios do publico e privado densidades relaccedilotildees entre cheios e vazios etc (DEL RIO 1990 p 83 grifos do autor)

Dentre todos os elementos expostos a partir dos trecircs autores existe um importante fenocircmeno

relacionando-os em distintas intensidades e que merece ser considerado por influenciar

definitivamente na modificaccedilatildeo da forma urbana ndash o adensamento

5 No sentido de uma fotografia onde os claros e os escuros satildeo representados no negativo de modo contraacuterio ao do objeto fotografado

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

30

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 29 ndash O adensamento das ilhas do Bairro do Recife e de Santo Antocircnio (imagem) ocorreu tanto pelo preenchimento progressivo desde o inicio da ocupaccedilatildeo da cidade quanto por meio da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees anteriores Fontehttppedrodealbuquerquewordpresscomcategorypernambuco Acesso em 201109

O adensamento ocorre a partir de dois modos

essenciais de ocupaccedilatildeo o primeiro a partir do

preenchimento progressivo do espaccedilo urbano

e o segundo a partir da substituiccedilatildeo completa

por meio de demoliccedilatildeo de edificaccedilotildees

anteriores (PANERAI 2006) (Figura 29)

A primeira forma de adensamento ocorre sem

a expansatildeo territorial por meio do

preenchimento progressivo de todas as

reservas fundiaacuterias e espaccedilos livres de

determinado meio urbano Eacute um

adensamento inserido em limitesbarreiras

preacute-estabelecidos naturais ou natildeo tais como

uma via expressa irregularidades geograacuteficas

do siacutetio ou ainda numa escala menor a proacutepria quadra pode ser um limite para saturaccedilatildeo gradual

em seu interior desmembramento ou remembramento dos lotes para construccedilatildeo de novas

edificaccedilotildees verticalizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo de antigos quintais eou jardins (PANERAI 2006)

A segunda forma de adensamento acontece atraveacutes da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees

anteriormente existentes por novas construccedilotildees de maior porte tanto em relaccedilatildeo agrave ocupaccedilatildeo do

solo por meio do remembramento de lotes quanto em relaccedilatildeo ao seu gabarito Esta forma de

adensamento permite a renovaccedilatildeo do espaccedilo urbano sem aumentar sua aacuterea de abrangecircncia sem

sua expansatildeo (PANERAI 2006)

Ambas as formas de adensamento transformam essencialmente a forma urbana e o modo como

se relacionam seus elementos componentes A identificaccedilatildeo desta transformaccedilatildeo em determinado

meio urbano gerada pelo adensamento eacute indispensaacutevel para anaacutelise do comportamento da

acuacutestica urbana a partir de modificaccedilotildees na forma urbana deste mesmo meio uma vez que o

adensamento pode influenciar na propagaccedilatildeo sonora proporcionando uma maior quantidade de

objetos reflexivos de barreiras acuacutesticas e favorecendo a diminuiccedilatildeo da permeabilidade acuacutestica

Por fim a partir exposiccedilatildeo de determinados elementos considerados por LAMAS (2004) ndash o

edifiacutecio o lote o logradouro o quarteiratildeo o traccediladoa rua e a praccedila dos conjuntos considerados

por PANERAI (2006) ndash a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees dos

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

31

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

elementos considerados por DEL RIO (1990) ndash crescimento traccedilado e parcelamento tipologias

dos elementos urbanos e as articulaccedilotildees e em busca de atingir seu objetivo principal esta

pesquisa consideraraacute a forma urbana inserida em um recorte que a considera essencialmente a

partir de seu aspecto fiacutesico e material e cujos elementos componentes considerados seratildeo

exclusivamente

1 As parcelas fundiaacuterias ndash consideradas por meio das quadras e lotes incluindo sua relaccedilatildeo

de modo de ocupaccedilatildeo das edificaccedilotildees sua densidade e seus espaccedilos livres

2 As edificaccedilotildees ndash consideradas atraveacutes de sua relaccedilatildeo de modo de ocupaccedilatildeo com os

lotes e do grau de verticalizaccedilatildeo (gabarito baixo meacutedio e alto)

3 As vias ndash consideradas como reguladoras da relaccedilatildeo com as edificaccedilotildees e quarteirotildees e

principalmente apreciadas como estreitamente vinculadas a uma das principais fontes

geradoras de ruiacutedo urbano (o traacutefego de veiacuteculos)

Estes seratildeo os elementos componentes da forma urbana que esta pesquisa se apropriaraacute no

decurso do caminho a fim de analisar o comportamento acuacutestico a partir de modificaccedilotildees

cronoloacutegicas em determinada forma urbana Nos paraacutegrafos seguintes discutem-se os conceitos e

relaccedilotildees que permeiam a acuacutestica urbana

22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais

A acuacutestica eacute a ciecircncia do som incluindo sua geraccedilatildeo transmissatildeo e recepccedilatildeo de energia sob a

forma de ondas vibracionais na mateacuteria (KINSLER et al 1982) Ela eacute uma ciecircncia

multidimensional e interligada a vaacuterios domiacutenios cientiacuteficos Seu objeto de estudo fundamental o

som delineia uma seacuterie de interfaces multidisciplinares com abordagens em diversificadas aacutereas

do conhecimento (Figura 210)

Desse modo quando a geraccedilatildeo transmissatildeo e efeitos do som estatildeo inseridos no meio urbano

seu desdobramento eacute estudado pela aacuterea de conhecimento da acuacutestica urbana muitas vezes

tambeacutem nomeada de acuacutestica ambiental

O objeto de estudo fundamental da acuacutestica o som eacute a sensaccedilatildeo produzida no ouvido por

pequenas flutuaccedilotildees da pressatildeo do ar (HANSEN 2005) ou seja eacute uma percepccedilatildeo sensorial e seu

____________________________________________

ANAacuteLISE D

complexo padratildeo de ondas s

de ruiacutedo muacutesica fala

(BERGLUND et al 1999)

Esta definiccedilatildeo do som tend

a percepccedilatildeo do ouvido

conceito psicofiacutesico Fisicame

vibraccedilatildeo mecacircnica que

progressivamente atraveacutes de

gasoso liacutequido ou soacutelido (SIN

Esta vibraccedilatildeo quando tran

que o rodeia nem sempre

aparelho auditivo humano

frequumlecircncia6 audiacutevel encontra

20 a 20000 Hz para um

(BRUumlEL amp KJAEligR 1984

1982) Frequumlecircncias acima de

altas para respostas fisioloacuteg

chamadas de ultrasons Jaacute as

de 20 Hz satildeo chamadas de

detectaacuteveis pelo ouvido hum

prejudiciais agrave sua sauacutede7

1982 SOUSA 2004)

Fisicamente o som e o ruiacutedo

ambos se propagam em mei

detectados pelo ouvido hu

enquanto o som eacute utilizado

6 A frequumlecircncia eacute o nuacutemero de ciclo(HANSEN 1995) 7 A exposiccedilatildeo a baixas frequumlecircncias depressatildeo irritabilidade e perturba pro

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 210 ndash Interfaces multidFonte Elaborado pela autora a pa

Figura 211 ndash Fonte sonora ponSOUZA 2006

as sonoras eacute rotulado

ala entre outros

ndo como referecircncia

o humano eacute um

mente o som eacute uma

que se propaga

de um meio material

(SINGAL 2005)

transmitida ao meio

re eacute detectaacutevel pelo

ano cuja faixa de

tra-se no intervalo de

um jovem saudaacutevel

4 KINSLER et al

de 20000 Hz muito

loacutegicas auditivas satildeo

as frequumlecircncias abaixo

de infrasons e natildeo satildeo

umano contudo satildeo

(KINSLER et al

iacutedo constituem o mesmo fenocircmeno de variaccedilotildee

eio elaacutestico (soacutelido liacutequido ou gasoso) e ambos

humano (BERGLUND et al 1999 HANSEN

do para descrever percepccedilotildees sonoras agradaacutev

iclos que a onda sonora completa no tempo de um segundo

as pode gerar a doenccedila Vibroacuacutestica que induz o espessamprocessos cognitivos (BRANCO e PEREIRA 2004)

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

32

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

ltidisciplinares do estudo do som partir de BISTAFA 2006

ontual e fonte sonora linear Fonte

otildees de pressatildeo ambiente

bos satildeo capazes de serem

EN 1995) No entanto

daacuteveis o ruiacutedo descreve

do e eacute medida em Hertz (Hz)

amento das estruturas cardiacuteacas

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

33

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 212 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora pontual de 6 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007

percepccedilotildees sonoras desagradaacuteveis incorporando um aspecto de subjetividade agrave sua definiccedilatildeo

(BRUumlEL amp KJAEligR 1984 HANSEN 2005 BRASIL 2006 SINGAL 2005)

Tal subjetividade acarreta diferentes e individuais percepccedilotildees sonoras pelo ser humano e

portanto em diferentes reaccedilotildees agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo Em outras palavras o que se estabelece

como som para um indiviacuteduo pode representar ruiacutedo para outro

[] as respostas inerentes ao ruiacutedo satildeo complexas dependendo tanto dos fatores propriamente acuacutesticos quanto dos psicossociais contextuais simboacutelicos emocionais como daqueles de valor especiacutefico Essas variaacuteveis participam da singularidade da escuta e atuam como filtros que modificam a percepccedilatildeo do sinal fiacutesico sonoro (SANTOS e MARTINS 2005 p 216)

Enquanto sua percepccedilatildeo envolve a subjetividade as respostas fisioloacutegicas agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo satildeo

mais objetivas e seus danos satildeo mais facilmente identificaacuteveis O ruiacutedo pode gerar complicaccedilotildees

no sistema circulatoacuterio e hormonal perda gradativa da audiccedilatildeo distuacuterbios de sono estresse

irritabilidade neuroses desconforto e dificuldade de aprendizado entre outros danos

(BERGLUND et al1999 HANSEN 2005 KINSLER et al 1982 MURGEL 2007 NAGEM

2004 NUNES 2006 PAZ et al 2005 SINGAL 2005 ZANNIN et al 2002)

O ruiacutedo pode se originar de variadas fontes presentes em diversificados ambientes as mais

comumente encontradas satildeo as fontes sonoras pontuais e as lineares (Figura 211) A fonte pontual

possui dimensotildees finitas e emite o mesmo niacutevel de pressatildeo sonora uniformemente para todas as

direccedilotildees sendo seu decaimento em campo livre de 6 dB para cada dobro da distacircncia (Figura

212) (HANSEN 2005 SOUSA 2004)

Jaacute a fonte linear eacute formada por certo nuacutemero de

fontes pontuais dispostas linearmente cuja

emissatildeo sonora eacute contiacutenua ao longo desta

linha sendo seu decaimento em campo livre

de 3 dB para cada dobro da distacircncia (Figura

213) (HANSEN 2005 PAZ 2004)

Quando propagadas no meio urbano a

combinaccedilatildeo de tais fontes sonoras associadas

ao percurso de transmissatildeo e ao receptor

constitui o ruiacutedo urbano (urban noise) tambeacutem

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

34

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 213 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora linear de 3 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007

chamado de ruiacutedo ambiental (environmental

noise) ou ruiacutedo comunitaacuterio (community noise)

(BERGLUND et al1999 GUEDES 2005

SOUSA 2004)

O ruiacutedo urbano pode ser gerado a partir do

traacutefego de veiacuteculos terrestres e aeacutereos de

obras de construccedilatildeo civil de estabelecimentos

industriais de estabelecimentos comerciais e

de serviccedilos de sistemas de propaganda

volante ou permanente8 e ruiacutedos de outras atividades cuja propagaccedilatildeo sonora pode afetar o bem-

estar e a sauacutede dos citadinos (BARRON 2003 BERGLUND et al1999 KINSLER et al 1982

NAGEM 2004 NUNES 2006 SINGAL 2005)

Apesar de esporaacutedica outra fonte de ruiacutedo gerada em meio urbano satildeo os eventos puacuteblicos tais

como festas shows comiacutecios carnavais fora de eacutepoca entre outros As fontes de ruiacutedo presentes

nestes eventos atingem um alto niacutevel de pressatildeo sonora9 e abrangem uma grande quantidade

populacional logo independente de ocorrer poucas vezes durante o ano satildeo eventos

extremamente danosos a sauacutede e principalmente agrave audiccedilatildeo a partir de 80 dB(A) natildeo importa se

a sensaccedilatildeo sonora eacute prazerosa ou natildeo ela eacute necessariamente prejudicial10 (Tabela 21) (NUNES

2006)

Quando a intensidade dos ruiacutedos urbanos torna-se excessivamente desagradaacutevel eou nociva o

ruiacutedo passa a ser considerado uma forma de poluiccedilatildeo ambiental11 - a poluiccedilatildeo sonora A

necessidade de regulamentaccedilatildeo da poluiccedilatildeo sonora renuncia os aspectos de subjetividade

existentes e inerentes ao conceito de ruiacutedo na tentativa de sintetizar e estabelecer limites leis

normas meacutetodos e accedilotildees que representem um universo sonoro equivalente para toda a

populaccedilatildeo na tentativa de controlar e mitigar o ruiacutedo urbano

8 Carros de som bicicletas com som raacutedios comunitaacuterias entre outros 9 O niacutevel de pressatildeo sonora eacute a medida fiacutesica preferencial para caracterizar a sensaccedilatildeo subjetiva da intensidade dos sons e de acordo com a lei de Weber e Fechner a sensaccedilatildeo sonora eacute proporcional ao logaritmo da intensidade sonora NPS=20 log (pp0) onde p eacute a pressatildeo sonora em Pascal e p0 eacute a pressatildeo sonora de referecircncia (2 10-5 Pascal) (BISTAFA 2006 NIEMEYER 2007) 10 Outros niacuteveis de ruiacutedo tambeacutem podem ser prejudiciais em maior ou menor grau dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora 11 ldquoPoluiccedilatildeo eacute a degradaccedilatildeo da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente a) prejudiquem a sauacutede a seguranccedila e o bem-estar da populaccedilatildeo b) criem condiccedilotildees adversas agraves atividades sociais e econocircmicas c) afetem desfavoravelmente a biota d) afetem as condiccedilotildees esteacuteticas ou sanitaacuterias do meio ambiente e) lancem mateacuterias ou energia em desacordo com os padrotildees ambientais estabelecidosrdquo (BRASIL 1981 p 1 e 2)

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

35

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Tabela 21 ndash Os niacuteveis de pressatildeo sonora e suas consequumlecircncias fisioloacutegicas no homem Em alguns casos podem a intensidade das reaccedilotildees fisioloacutegicas podem variar dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora Fonte elaborado pela autora a partir de KINSLER et al 1992 SINGAL 2005 SOUZA 2006

Assim sendo na esfera federal a Constituiccedilatildeo Federal (Art255) o Coacutedigo Civil Brasileiro (Lei ndeg

1040602) a Lei das Contravenccedilotildees Penais (Decreto-lei nordm 368841) e a Lei dos Crimes

Ambientais (Lei nordm 960598) versam a partir de diferentes abordagens e diferentes

procedimentos legais sobre a poluiccedilatildeo sonora e suas respectivas perturbaccedilotildees (CARNEIRO

2009)

NIacuteVEIS DE PRESSAtildeO SONORA E SUAS CONSEQUEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS

Niacutevel de Pressatildeo sonora

em dB(A)

Caracteriacutesticas FISIOLOacuteGICAS

Ambiente ou atividade

0 a 30 Nenhuma Tremular de folhas de uma aacutervore sussurros

aacuterea de mata selvagem

30 a 50 Nenhuma Cantar de paacutessaros rua calma em aacuterea residencial durante noite

50 a 70 Marca o iniacutecio do estresse

auditivo Rua agitada um restaurante barulhento

70 a 90 Estressante e bastante

excitante Chegada de um trem na estaccedilatildeo carro a 100 Kmh

conversa a gritos

90 a 110 Extremamente excitante provocando dependecircncia

Caminhatildeo pesado a 60 Kmh alarme de viatura passagem de trem numa estaccedilatildeo ou cabine de um aviatildeo monomotor

110 a 130

Desconfortavelmente alto atingindo o limiar da dor podendo causar surdez

instantacircnea

Trem passando em trilhos elevados martelo pneumaacutetico interior de uma boate show de banda de rock

130 a 140 Acima do limiar da dor

causando surdez permanente Decolagem de aviatildeo a jato a 5m de distacircncia disparos de artilharia

Ainda no domiacutenio federal o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) publicou vaacuterias

resoluccedilotildees que estabelecem normas de preservaccedilatildeo ao meio ambiente incluindo o combate a

poluiccedilatildeo sonora12 Nestas resoluccedilotildees todas as atividades geradoras de ruiacutedo devem seguir

diretrizes vinculadas agrave Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas ndash ABNT e ao Conselho

Nacional de Tracircnsito - CONTRAN no caso de ruiacutedo produzido por veiacuteculos automotores

(NAGEM 2004)

Tais resoluccedilotildees normas e diretrizes refletidas no domiacutenio estadual e municipal deram origem agrave

Lei Estadual nordm 12789 de 28 de Abril de 2005 (PERNAMBUCO2005) conhecida como ldquoLei do

12 Satildeo elas RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 272 de 14 de setembro de 2000

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Silecircnciordquo e que dispotildee sobre ruiacutedos urbanos poluiccedilatildeo sonora e proteccedilatildeo do bem-estar e do

sossego puacuteblico e agrave Lei nordm 16243 de 13 de setembro de 1996 ndash Coacutedigo do Meio Ambiente e do

Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife (RECIFE 1996a) que estabelece a poliacutetica do meio ambiente da

cidade do Recife incluindo regulamentaccedilatildeo de emissotildees sonoras entre outras providecircncias

tendo como suporte a Lei 1617696 de 9 de Abril de 1996 ndash Lei de Uso e Ocupaccedilatildeo do Solo da

Cidade do Recife ndash LUOS (RECIFE 1996b)

Apesar da existecircncia desta grande quantidade de leis federais estaduais e municipais apesar da

LUOS legislar sobre a etapa de aprovaccedilatildeo de projetos para a construccedilatildeo de empreendimentos

com usos geradores de incocircmodo agrave vizinhanccedila incluindo usos potencialmente geradores de ruiacutedos

submetendo-os agrave anaacutelise teacutecnica eou agrave anaacutelise especial e apesar do Coacutedigo do Meio Ambiente e

do Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife estabelecer limites maacuteximos permitidos de ruiacutedo na praacutetica a

accedilatildeo contra a poluiccedilatildeo sonora em Recife adquire caraacuteter corretivo pelos oacutergatildeos reguladores agrave

conduta do infrator geralmente a partir de denuacutencias da populaccedilatildeo apoacutes a consolidaccedilatildeo da fonte

geradora de ruiacutedo no meio urbano (JORNAL DO COMEacuteRCIO 2008 JC ONLINE 2005)

Outro exemplo local de desatenccedilatildeo agrave poluiccedilatildeo sonora eacute a inexistecircncia dentre vaacuterios outros tipos

de degradaccedilatildeo ambiental presentes de qualquer referecircncia a respeito da poluiccedilatildeo sonora em

documento produzido pela Prefeitura da Cidade do Recife no ano 2000 o Atlas Ambiental da

Cidade do Recife (RECIFE 2000)

Diante da aplicabilidade ineficaz da legislaccedilatildeo vigente em Novembro de 2009 foi lanccedilado pelo

Ministeacuterio Puacuteblico de Pernambuco a cartilha Poluiccedilatildeo sonora Silento e o barulho13 que versa sobre as

posturas e accedilotildees direitos e deveres dos diversos agentes envolvidos na produccedilatildeo e recepccedilatildeo da

poluiccedilatildeo sonora indicando como devem agir a viacutetima o policial o estado o construtor poluidor

o proprietaacuterio de carro de som poluidor entre outros A cartilha tambeacutem disponibiliza uma seacuterie

de formulaacuterios modelos de acordo com os diferentes tipos de poluiccedilatildeo sonora Estes formulaacuterios satildeo

exemplos para serem utilizados tanto pela viacutetima da poluiccedilatildeo sonora quanto pelo policial civil

militar promotor de justiccedila e ateacute mesmo pelo poluidor - o que poderaacute tornar esta cartilha um

importante instrumento para aplicaccedilatildeo das leis vigentes (CARNEIRO 2009)

Embora negligenciada e em oposiccedilatildeo a diversos outros problemas ambientais mundiais a

poluiccedilatildeo sonora continua a crescer e eacute acompanhada pelo aumento no nuacutemero de reclamaccedilotildees de

13 ldquoSilentordquo eacute um personagem criado para narrar alguns trechos interativos da cartilha

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 214 ndash Relaccedilatildeo entre o desenvolvimento industrial da sociedade que possibilita o aumento e concentraccedilatildeo de fontes sonoras e seus impactos em relaccedilatildeo ao ruiacutedo nas comunidades apontando trecircs previsotildees futuras de acordo com diferentes accedilotildees possiacuteveis de regulamentaccedilatildeo contra do ruiacutedo Fonte elaborado pela autora a partir de BERGLUND et al 1999

pessoas expostas ao ruiacutedo a partir do aumento da consciecircncia de seus direitos legais

(BERGLUND et al1999)

Para World Health Organization (WHO)14 a poluiccedilatildeo sonora jaacute eacute um dos problemas ambientais que

atingem o maior nuacutemero de pessoas no planeta perdendo apenas para a poluiccedilatildeo do ar e da aacutegua

(KIHLMAN 2004 2005) Este crescimento contiacutenuo da poluiccedilatildeo sonora e por conseguinte do

ruiacutedo urbano possui uma estreita relaccedilatildeo com as raacutepidas transformaccedilotildees ocorridas no meio

urbano nas uacuteltimas deacutecadas O desenvolvimento acelerado e a expansatildeo das cidades implicaram

em modificaccedilotildees em elementos da forma urbana em alto iacutendice de crescimento demograacutefico da

populaccedilatildeo urbana e em consequumlente aumento e concentraccedilatildeo de diversos tipos de fontes

geradoras de poluiccedilatildeo sonora (BRASIL 1990a1990b GUEDES 2005 PAZ 2009 ZANNIN et

al 2002) (Figura 214)

Entre estas fontes urbanas geradoras de poluiccedilatildeo sonora uma das que mais contribuem com o

aumento do ruiacutedo urbano aleacutem de ser considerada uma das fontes mais intrusivas e a mais

percebida pela populaccedilatildeo das grandes cidades eacute o traacutefego de veiacuteculos (DINIZ 2003 FRITSCH et al

2007 LACERDA et al 2005 PAZ 2004 ZANNIN et al 2003)

O ruiacutedo do traacutefego de veiacuteculos eacute gerado a

partir do ruiacutedo veicular que proveacutem

essencialmente do sistema de propulsatildeo do

motor do atrito entre o veiacuteculo e o ar (ruiacutedo

aerodinacircmico) e do atrito entre o pneu e o piso

(MURGEL 2007 KINSLER et al 1982) e da

relaccedilatildeo entre o veiacuteculocondutor e as

configuraccedilotildees das vias em que ele estaacute inserido

a aceleraccedilatildeo eou desaceleraccedilatildeo do motor de

acordo com a caracterizaccedilatildeo das vias - a

presenccedila de cruzamentos semaacuteforos faixas de

pedestres etc a intensidade do fluxo de

veiacuteculos e a proporccedilatildeo entre veiacuteculos leves e os

veiacuteculos pesados a frequumlecircncia de

14 Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede ndash OMS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

acionamentos de buzinas o tipo de acabamento da superfiacutecie das vias (concreto asfalto brita

terra batida) etc (SINGAL 2005)

Tais vias geradoras do ruiacutedo de traacutefego aleacutem de serem interceptadas por outras vias satildeo

comumente ladeadas por configuraccedilotildees bastante variaacuteveis desde edificaccedilotildees com formas

implantaccedilotildees e gabaritos diversificados a lotes ainda natildeo ocupados caracterizando a propagaccedilatildeo

do ruiacutedo de traacutefego urbano por muacuteltiplas reflexotildees responsaacuteveis pelo espalhamento do ruiacutedo

para vias adjacentes pelo surgimento de campos sonoros reverberantes pela difraccedilatildeo do ruiacutedo e

pelo surgimento de aacutereas de sombra (SINGAL 2005 RANDRIANOELINA e SALOMONS

2008) Ou seja a propagaccedilatildeo do ruiacutedo urbano gerado pelo traacutefego de veiacuteculos possui uma

interaccedilatildeo singular com elementos da forma urbana

Assim sendo tanto por sua participaccedilatildeo determinante na constituiccedilatildeo do ruiacutedo urbano quanto

por sua particular relaccedilatildeo com os elementos que compotildeem a forma urbana o ruiacutedo de traacutefego

seraacute a uacutenica fonte sonora considerada na presente pesquisa conforme seraacute melhor elucidado no

proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas

A interaccedilatildeo entre o ruiacutedo urbano e a forma urbana dependeraacute diretamente das configuraccedilotildees de

certos elementos que compotildeem esta forma urbana o traccedilado e perfis das vias a maneira de

implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade e

forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres tais como praccedilas e

largos (GUEDES 2005 SANTOS e MARTINS 2005) Estes elementos podem ser

acusticamente caracterizados a partir do tipo de espaccedilo acuacutestico e da permeabilidade acuacutestica

O espaccedilo acuacutestico tambeacutem nomeado de campo acuacutestico eacute a porccedilatildeo de determinado espaccedilo onde

acontecem as vibraccedilotildees sonoras podendo ser caracterizado no meio urbano como espaccedilo

acuacutestico aberto ou fechado (NIEMEYER 2007)

O espaccedilo acuacutestico aberto aproxima-se da propagaccedilatildeo em campo livre que eacute caracterizado pela ausecircncia

de obstaacuteculos que modifiquem a propagaccedilatildeo sonora entre a fonte e o receptor Assim no meio

urbano o espaccedilo cuja propagaccedilatildeo sonora envolva poucas ou nenhuma reflexatildeo e poucos ou

nenhum obstaacuteculo pode ser considerado um espaccedilo acuacutestico aberto como por exemplo o

espaccedilo acuacutestico com perfil em ldquoLrdquo tais como vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas uma de

suas margens (Figuras 215 e 216) (NIEMEYER 2007) No espaccedilo acuacutestico aberto o niacutevel de

pressatildeo sonora decai 6 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (LANG

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 215 ndash Propagaccedilatildeo sonora em Campo acuacutestico aberto Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001

Figura 216 ndash Campo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo FonteNIEMEYER 2007

Figura 217 ndash Propagaccedilatildeo sonora em campo acuacutestico fechado causando o fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001

e BERANEK 1992) isto eacute o ruiacutedo percebido

pelo receptor diminui em funccedilatildeo da

duplicaccedilatildeo da distacircncia da fonte sonora15

Praccedilas parques e largos com grandes

dimensotildees vias de traacutefego marginais a praias

vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas

uma de suas margens ou espaccedilos livres

urbanos de grandes dimensotildees caracterizam

alguns exemplos de espaccedilos acuacutesticos abertos

No espaccedilo acuacutestico fechado as ondas sonoras

sofrem muacuteltiplas reflexotildees fazendo com que o

seu niacutevel sonoro decaia muito lentamente

sendo praticamente o mesmo em vaacuterias

posiccedilotildees ateacute que esta onda sonora encontre

uma saiacuteda para campo livre caracterizando o

fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana16 17(Figura

217) (GUEDES 2005 NIEMEYER 2007)

Os espaccedilos acuacutesticos fechados podem ser

reverberantes quando a onda sonora tarda a

encontrar o campo livre gerando um grande

nuacutemero de reflexotildees ou semi-reverberantes

quando a onda sonora encontra o campo livre

um pouco mais rapidamente do que no

reverberante gerando um nuacutemero menor mas

ainda grande de reflexotildees

15 Este decaimento eacute para fontes pontuais para fontes lineares o decaimento eacute de 3 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (GERGES 2000) 16 A reverberaccedilatildeo eacute a persistecircncia de um som depois de ter sido extinta a sua emissatildeo por uma fonte e ocorre como resultado de reflexotildees em ambientes total ou parcialmente fechados (GONZALEZ e LOPES 1993) 17 Alguns espaccedilos acuacutesticos fechados tambeacutem podem amplificar o niacutevel de pressatildeo sonora mas este fenocircmeno ocorre em determinados espaccedilos acuacutesticos fechados reverberantes

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 218 ndash Campo acuacutestico fechado em perfl ldquoUrdquo tambeacutem chamado de canyons urbanos Fonte NIEMEYER 2007

No meio urbano o espaccedilo acuacutestico fechado

reverberante possui comumente um perfil em

ldquoUrdquo (Figura 218) tambeacutem chamados de

canyons urbanos que podem amplificar

consideravelmente a propagaccedilatildeo sonora das

vias de traacutefego atraveacutes de reflexotildees muacuteltiplas

geradas pelas fachadas paralelas das

edificaccedilotildees que circundam estas vias

(ANDERSON e KURZE 1992) Assim neste

tipo de espaccedilo acuacutestico a propagaccedilatildeo sonora

natildeo depende exclusivamente da distacircncia entre

a fonte e o receptor como no espaccedilo acuacutestico

aberto depende ainda da configuraccedilatildeo dos

elementos que compotildeem a forma urbana e

dos coeficientes de absorccedilatildeo dos materiais que

revestem as superfiacutecies refletoras18

(NIEMEYER 2007)

Praccedilas parques e largos com pequenas dimensotildees e cercados por edificaccedilotildees conjugadas vias de

traacutefego com edificaccedilotildees (conjugadas ou com pequenos recuos entre elas) em ambos os lados

tuacuteneis passagens subterracircneas e espaccedilos livres abaixo de viadutos caracterizam alguns exemplos

de espaccedilos acuacutesticos fechados

A caracterizaccedilatildeo de um espaccedilo acuacutestico como sendo aberto ou fechado delinearaacute como a onda

sonora iraacute espalhar-se no meio urbano cujas configuraccedilotildees dos elementos que o compotildeem

podem facilitar ou dificultar a trajetoacuteria desta onda sonora para aleacutem do local de sua emissatildeo

tornando o meio urbano mais ou menos permeaacutevel a sua propagaccedilatildeo

18 No meio urbano as superfiacutecies refletoras satildeo predominantemente formadas por fachadas e muros de edificaccedilotildees que possuem certa uniformidade na utilizaccedilatildeo de materiais altamente reflexivos e com baixos coeficientes de absorccedilatildeo tais como granito maacutermore ceracircmica esmaltada vidro Assim o coeficiente de absorccedilatildeo de uma edificaccedilatildeo para outra seraacute praticamente o mesmo sofrendo miacutenimas variaccedilotildees permitindo sua natildeo consideraccedilatildeo

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

41

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 220 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees em uma quadra permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007

Figura 221 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjugadas em uma quadra pouco permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007

Figura 219 ndash Permeabilidade acuacutestica - percursos da onda sonora gerados em meio urbano Fonte NIEMEYER 2007

Figura 222 ndash Barreira acuacutestica entre a fonte e o receptor FonteANDERSON e KURZE 1992

Assim sendo a permeabilidade acuacutestica refere-se

aos percursos da onda sonora gerados no

meio urbano (Figura 219) (GUEDES 2005

NIEMEYER 2007) A intensidade da

permeabilidade acuacutestica - mais ou menos

permeaacutevel - dependeraacute da capacidade de

certos elementos urbanos de promover ou

conter a propagaccedilatildeo da onda sonora tais

como o traccedilado e perfis das vias a maneira de

implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem

como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade

e forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila

ou ausecircncia de espaccedilos livres (Figuras 220 e

221)

A permeabilidade acuacutestica relaciona-se ainda

com as barreiras acuacutesticas Isoladamente o

conceito de barreiras acuacutesticas refere-se a

qualquer objeto que possa ser considerado um

obstaacuteculo agrave ligaccedilatildeo direta e sem interferecircncias

entre a fonte e o receptor (Figura 222)

(ANDERSON e KURZE 1992 GERGES

2000) Ao bloquear o percurso direto entre a

fonte e o receptor a onda sonora poderaacute ser

absorvida eou refletida pela superfiacutecie da

barreira transmitida atraveacutes da barreira ou

difratada a partir do topo da barreira

(BARRON 2003 SINGAL 2005)

A difraccedilatildeo eacute um fenocircmeno que permite que as

ondas sonoras sejam capazes de contornar

determinados obstaacuteculos gerando uma aacuterea de

sombra acuacutestica que possui limites espaciais

variaacuteveis de acordo com a posiccedilatildeo da fonte

____________________________________________

ANAacuteLISE D

sonora e de sua localizaccedilatilde

receptor que por sua vez

sonora difratada pelas borda

um decaimento maior do qu

campo livre (Figura 223) (N

1968 NIEMEYER 2007 PA

O uso de barreiras acuacutestic

EUA Japatildeo Austraacutelia e

reduccedilatildeo da propagaccedilatildeo do

pelo traacutefego rodoviaacuterio pa

(Figuras 224 a 226) (SIN

Brasil esta praacutetica ainda eacute inc

restringindo-se a poucos exe

caso da barreira acuacutestica no

Linha Amarela na cidade do

na Rodovia Bandeirantes co

de Satildeo Paulo a Campinas

Paulo (Figura 227) (MURGE

2004)

Embora a implantaccedilatildeo de b

esteja vinculada agrave reduccedilatildeo do

rodoviaacuterio outros elemen

meio urbano situados ent

receptor atuam espontan

barreiras agrave propagaccedilatildeo sono

terreno com topografia i

muros edificaccedilotildees entr

edificaccedilotildees conjugadas da R

cidade do Recife ou aind

conjugadas em alguns trec

Atlacircntica no Rio de Janei

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 226 ndash Barreiras instaladasem aacuterea residencial de Toacutequio Jap

Figura 224 ndash Agrave esquerda barreacriacutelico na Suiacuteccedila Agrave direita barreiraPaacutedua e Veneza na Itaacutelia Fonte C

Figura 227 ndash Barreira acuacutestica dade Satildeo Paulo Fonte MURGEL 2

Figura 223 ndash Difraccedilatildeo da ondagerando uma aacuterea de sombra acuacutest

Figura 225 ndash Agrave esquerda baproacuteximo a Zurique Agrave direita barretambeacutem na Suiccedila Fonte CICHIN

accedilatildeo em relaccedilatildeo ao

ez recebe a energia

rdas da barreira com

que se estivesse em

(NEPOMUCENO

PAZ 2004)

ticas eacute comum nos

e na Europa para

do ruiacutedo produzido

para seus arredores

INGAL 2005) No

incipiente

exemplos como eacute o

no eixo rodoviaacuterio

o Rio de Janeiro e

conectando a cidade

s no estado de Satildeo

GEL 2007 SOUSA

e barreiras acuacutesticas

do ruiacutedo de traacutefego

entos inseridos no

entre a fonte e o

taneamente como

nora tais como um

irregular taludes

ntre outros As

a Rua da Aurora na

inda as edificaccedilotildees

trechos da Avenida

neiro por exemplo

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

42

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

das ao longo de via expressa elevada Japatildeo Fonte CICHINELLI 2007

rreira acuacutestica curva em concreto e eira acuacutestica metaacutelica na estrada entre CICHINELLI 2007

da Rodovia Bandeirantes no estado 2007

da sonora a partir de uma barreira uacutestica Fonte GERGES 2000

barreira acuacutestica metaacutelica instalada arreira acuacutestica em concreto e acriacutelico INELLI 2007

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

43

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 228 ndash Rua da Aurora no Bairro da Boa Vista na cidade do Recife configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fontehttpmaiovinteeseisblogspotcom2007_ 11_01_archivehtml Acesso em 080409

Figura 229 ndash Alguns trechos da Avenida Atlacircntica no Bairro de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro tambeacutem configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fonte httpwwwtravelpodcomtravel-photoorlanworldtrip200711 71589400avenida-atlantica-along-copacabana-beachjpgtpodhtml Acesso em 080409

aleacutem de funcionarem como barreiras acuacutesticas

espontacircneas ou natildeo intencionais tambeacutem

conformam um espaccedilo acuacutestico aberto em

ldquoLrdquo e pouco permeaacutevel ao ruiacutedo (Figura 228 e

229)

A partir da discussatildeo dos espaccedilos acuacutesticos e

da permeabilidade acuacutestica evidencia-se que a

interaccedilatildeo entre os diversos elementos que

compotildeem a forma urbana - o traccedilado e perfis

das vias o modo de implantaccedilatildeo das

edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as

proporccedilotildees densidade e maneira de ocupaccedilatildeo

das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de

espaccedilos livres ndash contribui determinantemente

para a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano

atraveacutes de muacuteltiplas reflexotildees do

espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave

fonte geradora de campos sonoros

reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de

aacutereas de sombra

Isto posto se o ruiacutedo urbano eacute considerado

um sistema composto essencialmente pela fonte

sonora pelo meio de propagaccedilatildeo e pelo receptor (LANG e BERANEK 1992 ANDERSON e

KURZE 1992) a forma urbana considerada a partir dos elementos que a compotildeem enquanto

percurso de transmissatildeo delineia influencia e determina em certa medida a trajetoacuteria de

propagaccedilatildeo da onda sonora19 Ou seja a forma urbana por meio das caracteriacutesticas singulares

apresentadas pelos seus elementos componentes iraacute influenciar o comportamento da propagaccedilatildeo

da onda sonora no meio urbano

19 ldquoEm certa medidardquo pois existem outros fatores que tambeacutem influenciam a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano mas a discussatildeo sobre a consideraccedilatildeo ou natildeo destes outros fatores seraacute melhor construiacuteda no proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

44

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito alto por elevada densidade de

ocupaccedilatildeo das quadras e por vias estreitas por exemplo tende em tese a ser menos permeaacutevel ao

ruiacutedo dificultando a propagaccedilatildeo sonora para outras aacutereas Tende ainda a criar espaccedilos

reverberantes ou semi-reverberantes com o niacutevel de pressatildeo sonora elevado em praticamente

todos os pontos de reflexatildeo com perdas miacutenimas ateacute a onda sonora alcanccedilar o topo das

edificaccedilotildees e direcionar-se a campo livre Por conseguinte este comportamento tende a propiciar

dependendo ainda da relaccedilatildeo com a fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano indesejaacutevel e

insalubre aos receptores existentes nas edificaccedilotildees daquela via

Jaacute uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito baixo por baixa densidade de

ocupaccedilatildeo das quadras e por vias largas tende teoricamente a ser mais permeaacutevel ao ruiacutedo

facilitando sua propagaccedilatildeo Por outro lado natildeo gera espaccedilos acuacutesticos propiacutecios a muacuteltiplas

reflexotildees fazendo com que a onda sonora encontre mais rapidamente o campo livre facilitando

sua dissipaccedilatildeo e propiciando dependendo ainda da fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano

desejaacutevel aos seus receptores

Deste modo a existecircncia de diferenccedilas e particularidades dos elementos que compotildeem as

distintas formas urbanas proporciona os mais diversificados comportamentos acuacutesticos de

propagaccedilatildeo sonora nos mais diferentes meios urbanos Ou seja do mesmo modo que cidades

bairros e ruas natildeo satildeo iguais entre si tampouco reproduziacuteveis em sua essecircncia o comportamento

acuacutestico tambeacutem natildeo seraacute ao contraacuterio constituiraacute um atributo exclusivo de cada espaccedilo urbano

Mas se para cada espaccedilo urbano existe um comportamento acuacutestico especiacutefico como deveraacute se

comportar a propagaccedilatildeo sonora de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de

modificaccedilotildees em elementos de sua forma urbana Em outras palavras como se comportaraacute a acuacutestica

urbana de um determinado local a partir do processo cronoloacutegico de modificaccedilotildees em sua forma urbana

Nos capiacutetulo que se segue Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas seratildeo apresentadas os percursos

investigativos que foram postos em praacutetica em busca de responder a este questionamento

____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO

18

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Outro fator que evidencia o grande valor em compreender a acuacutestica urbana a partir de seu meio

de propagaccedilatildeo eacute o potencial que o meio urbano possui em influenciar a trajetoacuteria da propagaccedilatildeo

sonora Esta influecircncia acontece atraveacutes da forma que este meio apresenta ou seja a forma urbana

atraveacutes de seus elementos componentes e enquanto percurso de transmissatildeo delineia influencia e

determina em certa medida a trajetoacuteria de propagaccedilatildeo da onda sonora

Assim sendo a interaccedilatildeo entre os diversos elementos que compotildeem a forma urbana - o traccedilado e

perfis das vias o modo de implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as proporccedilotildees

densidade e maneira de ocupaccedilatildeo das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres ndash

contribui determinantemente para caracterizaccedilatildeo da propagaccedilatildeo sonora no meio urbano atraveacutes

de muacuteltiplas reflexotildees do espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave fonte geradora de

campos sonoros reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de aacutereas de sombra

Esta interaccedilatildeo entre os elementos da forma urbana e a propagaccedilatildeo sonora ocorre a partir da

diversidade e singularidade existente nos variados meios urbanos igualmente proporcionando os

mais particulares comportamentos acuacutesticos Isto eacute para cada meio urbano existem caracteriacutesticas

particulares inerentes agrave sua forma urbana que geram um comportamento acuacutestico igualmente

especiacutefico exclusivo e vinculado a esta forma urbana

Apesar deste atrelamento entre a acuacutestica urbana e a forma urbana esta relaccedilatildeo natildeo eacute

suficientemente pesquisada e quando eacute satildeo enfocadas prioritariamente situaccedilotildees presentes de

comportamento acuacutestico eou no maacuteximo hipoacuteteses futuras tambeacutem chamadas de prediccedilatildeo

acuacutestica Aleacutem disso natildeo foram encontradas referecircncias ateacute o presente momento de investigaccedilotildees

que priorizem a apreciaccedilatildeo da acuacutestica urbana e sua relaccedilatildeo com as modificaccedilotildees ao longo do tempo da

forma urbana

Isto posto considerando esta ausecircncia de pesquisas e considerando que para cada espaccedilo urbano

existe um comportamento de propagaccedilatildeo sonora especiacutefico o presente estudo se propocircs a

investigar o comportamento acuacutestico de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de

modificaccedilotildees em sua forma urbana

Para isso admitiu-se que a propagaccedilatildeo de uma mesma fonte sonora em um mesmo espaccedilo urbano

que tenha sofrido ao longo de um processo cronoloacutegico modificaccedilotildees em sua forma urbana

implicaria em diferentes comportamentos em sua acuacutestica urbana para as diferentes datas deste

processo Esta suposiccedilatildeo possibilitou a anaacutelise do comportamento acuacutestico atraveacutes das

____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO

19

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

modificaccedilotildees cronoloacutegicas da forma urbana a partir da articulaccedilatildeo de trecircs variaacuteveis - a fonte sonora

a forma urbana e a acuacutestica urbana Estas variaacuteveis foram consideradas tendo o estudo de caso

enquanto estrateacutegia de pesquisa

O caso escolhido para esta investigaccedilatildeo foi o loteamento 3deg Jardim de Boa Viagem tanto por

representar uma parcela bem delimitada das raacutepidas e recentes transformaccedilotildees ocorridas na

forma urbana do bairro de Boa Viagem quanto por permitir ilustrar o comportamento acuacutestico

em um encadeamento evolutivo do iniacutecio de sua ocupaccedilatildeo recente ateacute os dias atuais

Para compor tal encadeamento evolutivo foram selecionados os anos de 1971 data escolhida por

caracterizar o princiacutepio da ocupaccedilatildeo do 3deg Jardim 1981 e 1997 por representarem datas de

registro de fotografias aeacutereas do bairro de Boa Viagem existentes na base de dados da

CONDEPE-FIDEM Agecircncia Estadual de Planejamento e Pesquisas de Pernambuco 2009 por

representar a realidade atualmente encontrada no 3deg Jardim e uma simulaccedilatildeo de situaccedilatildeo

hipoteacutetica futura de modificaccedilatildeo na forma urbana

Isto posto com o intuito de analisar o comportamento da acuacutestica urbana do 3deg Jardim de Boa

Viagem a partir de modificaccedilotildees cronoloacutegicas em sua forma urbana foram executados os

seguintes objetivos especiacuteficos (I) identificar as caracteriacutesticas configuraccedilotildees e transformaccedilotildees da

forma urbana ocorridas no 3deg Jardim de Boa Viagem nos anos de 1971 1981 1997 e 2009 a

partir de seu processo de ocupaccedilatildeo (II) elaborar mapas acuacutesticos dos niacuteveis atuais (2009) de

pressatildeo sonora equivalente do 3deg Jardim (III) elaborar mapas acuacutesticos do 3deg Jardim nos anos de

1971 1981 1997 e de situaccedilatildeo hipoteacutetica futura a partir da consideraccedilatildeo dos niacuteveis atuais (2009)

de pressatildeo sonora equivalente do 3deg Jardim

Em busca de expor sistematicamente seu desenvolvimento a presente investigaccedilatildeo foi

estruturada do seguinte modo

O presente capiacutetulo 1 introduz e antecipa brevemente a discussatildeo que seraacute realizada ao longo

desta pesquisa

O capiacutetulo 2 aborda dois aspectos principais O primeiro deles desenvolve o conceito de forma

urbana e seus elementos componentes a partir dos autores Joseacute Lamas (2004) Philippe Panerai

(2006) e Vicente Del Rio (1990) Busca elucidar que a apreensatildeo da forma urbana eacute complexa e

envolve diversificadas abordagens e enfoques sociais econocircmicos histoacutericos e culturais para

entatildeo indicar que a presente pesquisa lanccedilaraacute um olhar para a forma urbana essencialmente a

____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO

20

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

partir de seu aspecto fiacutesico e material recorte necessaacuterio para a anaacutelise do comportamento

acuacutestico urbano

O segundo aspecto abordado no capiacutetulo 2 diz respeito agrave definiccedilatildeo teoacuterica do conceito da

acuacutestica urbana e de suas diversificadas implicaccedilotildees e interfaces quando o som eacute propagado em

meio urbano Busca evidenciar os fenocircmenos que ocorrem a partir da interaccedilatildeo entre a forma

urbana e a acuacutestica urbana indicando que a influecircncia da forma urbana eacute determinante para o

comportamento da acuacutestica urbana

O capiacutetulo 3 eacute dedicado ao percurso investigativo desta pesquisa evidenciando sua metodologia e

procedimentos metodoloacutegicos apresentando o 3deg Jardim enquanto estudo de caso o

mapeamento acuacutestico enquanto instrumento de pesquisa e detalhando as etapas operacionais

deste estudo Este capiacutetulo evidencia ainda o processo de elaboraccedilatildeo dos modelos e mapas

acuacutesticos da forma urbana existente no 3deg Jardim em cada uma das datas estudadas aleacutem da

situaccedilatildeo hipoteacutetica futura e discute o software Predictor utilizado para este mapeamento

O capiacutetulo 4 diz respeito ao processo de ocupaccedilatildeo do bairro de Boa Viagem e sua relaccedilatildeo com as

transformaccedilotildees urbanas ocorridas no 3deg Jardim Busca-se identificar as caracteriacutesticas

configuraccedilotildees e transformaccedilotildees ocorridas na forma urbana do 3deg Jardim que possibilitem o

entendimento cronoloacutegico destas modificaccedilotildees dando suporte a elaboraccedilatildeo e anaacutelise dos mapas

acuacutesticos

O capiacutetulo 5 analisa o comportamento da acuacutestica urbana identificado nos mapas acuacutesticos

elaborados do 3deg Jardim a partir das modificaccedilotildees ocorridas em sua forma urbana nos anos de

1971 1981 1997 e 2009 aleacutem de uma situaccedilatildeo hipoteacutetica futura (prediccedilatildeo acuacutestica) Neste capiacutetulo

discute-se ainda o comportamento do 3deg Jardim em relaccedilatildeo agrave legislaccedilatildeo municipal que regula as

emissotildees sonoras na cidade do Recife e no estado de Pernambuco e sua relaccedilatildeo com os niacuteveis

recomendados por outras entidades normativas e indica-se possiacuteveis accedilotildees para melhoria no

comportamento acuacutestico do 3deg Jardim bem como as possiacuteveis consequumlecircncias acuacutesticas da

ausecircncia de tais accedilotildees

Por fim no capiacutetulo 6 satildeo apresentadas as consideraccedilotildees finais acerca do comportamento acuacutestico

do 3deg Jardim e satildeo indicados novos rumos de pesquisa a respeito da acuacutestica urbana

CAPIacuteTULO 2

A arquitetura eacute uma muacutesica petrificada

Arthur Schopenhauer

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

22

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

Analisar o comportamento da acuacutestica urbana ainda que a partir das modificaccedilotildees da forma

urbana faz com que esta pesquisa trate essencialmente da acuacutestica urbana No entanto este

comportamento esta sujeito aos diversificados modos de apreensatildeo da forma urbana e de seus

elementos componentes bem como ao modo como esta pesquisa os consideraraacute

Assim sendo o primeiro item deste capiacutetulo expotildee o conceito de forma urbana e de algumas de

suas relaccedilotildees discutido agrave luz de LAMAS (2004) de PANERAI (2006) e DEL RIO (1990)

indicando em seguida o que esta pesquisa consideraraacute como forma urbana

Certamente discussatildeo em torno da produccedilatildeo de outros autores poderia ser elaborada No

entanto o primeiro item deste capiacutetulo natildeo pretende representar uma revisatildeo bibliograacutefica acerca

do estudo da forma urbana e suas relaccedilotildees pretende sim construir uma discussatildeo em torno dos

trecircs autores selecionados que culmine no conceito de forma urbana que seraacute considerado por esta

pesquisa para possibilitar olhar para suas modificaccedilotildees cronoloacutegicas a fim de compreender o

comportamento da acuacutestica urbana

Apoacutes este delineamento no segundo item deste capiacutetulo discute-se a acuacutestica urbana e suas

relaccedilotildees conceituais com os diversos elementos e implicaccedilotildees da propagaccedilatildeo sonora em meio

urbano e como eles relacionam-se influenciando em seu comportamento

21 A Forma Urbana e seus Elementos Componentes

Segundo LAMAS (2004) estudar a forma urbana compreende examinar as configuraccedilotildees e as

estruturas exteriores de determinados objetos de suas formas interligando-as com os fenocircmenos

que lhes deram origem Assim sendo a forma urbana pode ser definida como sendo o

[] modo como se organizam os elementos morfoloacutegicos que constituem e definem o espaccedilo urbano relativamente agrave materializaccedilatildeo dos aspectos de

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

23

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 21 ndash Diferentes aspectos quantitativos relacionados a diversificadas formas urbanas Fonte LAMAS 2004

organizaccedilatildeo funcional e quantitativa e dos aspectos qualitativos e figurativos (LAMAS 2004 p 44) 1

Dentre estes aspectos os quantitativos satildeo agravequeles da realidade urbana que podem ser

quantificaacuteveis tais como densidades superfiacutecies fluxos coeficientes volumeacutetricos entre outros

(Figura 21) os de organizaccedilatildeo funcional satildeo agravequeles que se relacionam com as atividades

humanas tais como habitar e trabalhar e agravequeles relacionados ao modo de uso especiacutefico de uma

aacuterea ndash residencial comercial industrial entre outros os qualitativos referem-se ao tratamento dos

espaccedilos ao conforto e a comodidade do utilizador tais como adaptaccedilatildeo ao clima acessibilidade

estado da pavimentaccedilatildeo entre outros por fim os aspectos figurativos dizem respeito a

essencialmente a comunicaccedilatildeo esteacutetica (LAMAS 2004)

Pode-se considerar que ao olhar para forma urbana e em especiacutefico para suas modificaccedilotildees

cronoloacutegicas com o intuito de compreender o comportamento da acuacutestica urbana esta pesquisa

relaciona-se tanto aos aspectos qualitativos a partir do conforto acuacutestico dos receptores das

ondas sonoras em meio urbano quanto aos

aspectos quantitativos uma vez que este

comportamento acuacutestico em meio urbano eacute

quantificaacutevel em decibels (dB)

Embora estes aspectos envolvam grande parte

das singularidades inerentes a forma urbana

esta definiccedilatildeo parece ainda natildeo abarcar outras

particularidades sociais econocircmicas histoacutericas

e culturais igualmente envolvidas no

entendimento da concepccedilatildeo da forma urbana

isto eacute resta ainda a consideraccedilatildeo de que esta

forma urbana natildeo acontece

independentemente dos grupos sociais que a

produzem (PANERAI 2006)

Satildeo essencialmente estas particularidades que

impulsionam ou amortecem a transformaccedilatildeo

1 Para todas as citaccedilotildees deste autor natildeo seratildeo consideradas adaptaccedilotildees na liacutengua do paiacutes de origem - Portugal - permanecendo o texto original

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

24

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

dos elementos que compotildeem a forma urbana ndash a adiccedilatildeo de novos de traccedilados a um jaacute existente

ou sua superposiccedilatildeo seus conflitos o parcelamento de parques e ocupaccedilatildeo de espaccedilos livres a

renovaccedilatildeo da massa edificada seu lento adensamento e verticalizaccedilatildeo segundo uma especulaccedilatildeo

despretensiosa ou sua substituiccedilatildeo por vastos empreendimentos sob influecircncia de uma

especulaccedilatildeo bem mais expressiva (PANERAI 2006) isto eacute faz parte da apreensatildeo da forma

urbana uma complexidade que envolve um processo de acumulaccedilatildeo de enfoques e observaccedilotildees

sociais econocircmicas histoacutericas e culturais que englobam muito mais do que apenas sua forma

fiacutesica

Estas particularidades especialmente as sociais parecem um pouco mais delineadas nas

consideraccedilotildees feitas por DEL RIO (1990) que considera o espaccedilo urbano a partir da apropriaccedilatildeo

social que se faz dele estabelecendo que em relaccedilatildeo ao estudo da forma urbana a cidade pode

ser compreendida a partir de trecircs niacuteveis organizacionais o coletivo o comunitaacuterio e o individual

O niacutevel coletivo eacute regido sob uma loacutegica estruturadora percebida inconscientemente e

coletivamente e eacute composto pelos elementos2 do tecido que possuem uma permanecircncia maior ao

longo do tempo o niacutevel comunitaacuterio diz respeito aos elementos com significados especiais apenas

para um pequeno grupo da populaccedilatildeo como o bairro por exemplo jaacute o niacutevel individual expressa

significados individuais como a residecircncia e seu espaccedilo circundante e por seu caraacuteter individual eacute

o que apresenta maior rapidez nas modificaccedilotildees (DEL RIO 1990)

Mas LAMAS (2004) ao defender sua definiccedilatildeo para forma urbana natildeo soacute possuiacutea ciecircncia destas

outras particularidades explicitadas por PANERAI (2006) e DEL RIO (1990) ndash sociais

econocircmicas histoacutericas e culturais ndash envolvidas na concepccedilatildeo de forma urbana como optou em

natildeo apreciaacute-las

[] um primeiro grau de leitura da cidade eacute eminentemente fiacutesico-espacial e morfoloacutegico portanto especiacutefico da arquitectura e o uacutenico que permite evidenciar a diferenccedila entre este e outro espaccedilo entre esta e aquela forma e explicar as caracteriacutesticas de cada parte da cidade A estes se juntam outros niacuteveis de leitura que revelam diferentes conteuacutedos (histoacutericos econoacutemicos sociais e outros) Mas este conjunto de leituras soacute eacute possiacutevel porque a cidade existe como facto fiacutesico e material Todos os instrumentos de leitura lecircem o mesmo objecto ndash o espaccedilo fiacutesico a FORMA URBANA (LAMAS 2004 p 31 grifo do autor) Eacute fundamentalmente a dimensatildeo fiacutesica e morfoloacutegica da cidade que me preocupa [] (LAMAS 2004 p 31)

2 Estes elementos seratildeo discutidos em paraacutegrafos mais adiante

____________________________________________

ANAacuteLISE D

Na verdade esta opccedilatildeo em

urbana considerando-a essen

de seu aspecto fiacutesico e m

convenientemente ao obje

presente pesquisa analisar

da acuacutestica urbana a partir

cronoloacutegicas na forma urba

esta anaacutelise do compor

implica em uma apropriaccedil

fiacutesica e material destas modif

Certamente a busca pela ap

urbana envolve muito

simplesmente sua forma

como jaacute aclarado No entan

da anaacutelise proposta por

apreensatildeo em totalid

fundamentalmente necessaacuter

apropriaccedilatildeo da forma urban

material ou uma variaacutevel fiacutes

finalidade derradeira de

comportamento acuacutestico

modificaccedilotildees nesta forma

Ao entender a observaccedilatildeo

essencialmente em seu aspec

(2004) propocircs uma classifica

dimensotildees

bull A dimensatildeo setorial

refere-se agrave menor u

do espaccedilo urbano co

uma praccedila ou uma

ponto o observador

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 24 ndash A cidadeo texemplificada por meio da cidadLAMAS 2004

Figura 23 ndash O bairro a escala ucidade portuguesa de Tavira Fonte

Figura 22 ndash Praccedila da Alagoa na ca dimensatildeo setorial Fonte LAMA

em observar a forma

sencialmente a partir

material responde

bjetivo primeiro da

ar o comportamento

rtir de modificaccedilotildees

rbana uma vez que

ortamento acuacutestico

riaccedilatildeo genuinamente

dificaccedilotildees

apreensatildeo da forma

o mais do que

a fiacutesica e material

tanto para realizaccedilatildeo

or este estudo tal

alidade natildeo eacute

saacuteria o que torna a

bana quase um meio

l fiacutesica para atingir a

e compreensatildeo do

a partir de

atildeo da forma urbana

pecto fiacutesico LAMAS

icaccedilatildeo em escalas ou

ndash a escala da rua

r unidade ou porccedilatildeo

como por exemplo

a rua onde de um

dor pode abarcar a

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

25

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

territoacuterioa dimensatildeo territorial dade portuguesa de Tavira Fonte

a urbana exemplificada por meio da nte LAMAS 2004

na cidade portuguesa de Tavira ilustra MAS 2004

____________________________________________

ANAacuteLISE D

unidade espacial d

(Figura 22)

bull A dimensatildeo urbana ndash

corresponde agraves pa

identificaacuteveis como

exemplo onde a

elementos da forma

atraveacutes do movime

percursos (Figura 23

bull E por fim a dimensatildeo

da cidade diz respeito

diferentes formas

articulaccedilatildeo de bai

entre si Sua forma

distribuiccedilatildeo de eleme

das cidades em con

suporte geograacutefico d

a articulaccedilatildeo de

circulaccedilatildeo entre os

entre zonas habitacio

entre outras (Figura 2

Dentre estas dimensotildees a u

bairro desperta particular

pesquisa uma vez que o e

limites de observaccedilatildeo atraveacute

de movimentos poderaacute aba

significante de modificaccedilotildee

forma urbana de determina

compreender o comport

acuacutestica urbana

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 25 ndash Exemplos de diversiflotes quarteirotildees e vias em difereNesta imagem um recorte do CONDEPE-FIDEM 1981

Figura 26 ndash Exemplos de diversiflotes quarteirotildees e vias em difereNesta imagem um recorte do baorigens da cidade entrecortadoBarreto Fonte CONDEPE-FIDE

Figura 27 ndash Exemplos de diveredifiacutecios lotes quarteirotildees e vias eRecife Nesta imagem um recessencialmente por morros o AltoFIDEM 1981

de seu conjunto

ndash a escala do bairro

partes homogecircneas

mo os bairros por

a observaccedilatildeo dos

a urbana eacute realizada

imento e de vaacuterios

23)

nsatildeo territorial ndash a escala

eito agrave articulaccedilatildeo de

as urbanas da

bairros interligados

ma eacute definida pela

mentos estruturantes

onformidade com o

o do siacutetio tais como

e ruas e vias de

s diferentes bairros

cionais e comerciais

a 24)

a urbana ndash escala do

lar interesse desta

o entendimento dos

veacutes de certo nuacutemero

barcar uma amostra

otildees cronoloacutegicas na

inado local a fim de

ortamento de sua

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

26

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

rsificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios erentes bairros da cidade do Recife o bairro de Boa Viagem Fonte

rsificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios erentes bairros da cidade do Recife bairro de Satildeo Joseacute que remete agraves do pela recente Avenida Dantas DEM 1981

versificadas concretizaccedilotildees entre os em diferentes bairros da cidade do

recorte de um bairro constituiacutedo lto do Mandu Fonte CONDEPE-

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

27

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

No entanto para apreender tal dimensatildeo devem-se conhecer e estabelecer quais elementos

miacutenimos da forma urbana que se relaciona com esta a dimensatildeo urbana e quais satildeo estes

elementos LAMAS (2004) propocircs onze elementos da forma urbana necessaacuterios para esta

apreensatildeo o solo (I) o edifiacutecio (II) o lote (III) o logradouro (IV) o quarteiratildeo (V) o traccediladoa

rua(VI) a praccedila (VII) a fachada (VIII) o monumento (IX) a vegetaccedilatildeo (X) e o mobiliaacuterio

urbano (XI) Dentre estes elementos seis possuem uma estreita relaccedilatildeo com esta pesquisa e

seratildeo expostos de acordo com consideraccedilotildees observadas por LAMAS 3 (2004) (Figuras 25 a 27)

O edifiacutecio representa o elemento miacutenimo identificaacutevel na observaccedilatildeo da forma urbana eacute atraveacutes

dele que se constitui o espaccedilo urbano e se organizam diferentes elementos tais como ruas praccedilas

avenidas entre outros Os edifiacutecios agrupam-se em diferentes tipos tanto em relaccedilatildeo a suas

formas quanto a suas funccedilotildees Estes elementos podem influenciar o comportamento da acuacutestica

urbana atuando enquanto objetos reflexivos da onda sonora e como barreiras acuacutesticas4

O lote representa o princiacutepio da relaccedilatildeo do edifiacutecio com o terreno A forma do lote eacute muitas

vezes condicionante da forma do edifiacutecio tornando-os vinculados por essecircncia o logradouro diz

respeito ao espaccedilo livres e natildeo construiacutedos no interior do lote aos quintais e jardins o quarteiratildeo

ou quadra pode ser considerado como o espaccedilo resultante entre o cruzamento de trecircs ou mais

vias podendo ser demarcado em vaacuterios lotes para a construccedilatildeo de edifiacutecios Juntos estes trecircs

elementos associados aos edifiacutecios podem propiciar uma maior ou menor permeabilidade

acuacutestica eou uma maior ou menor presenccedila de aacutereas de sombra no meio urbano

O traccedilado por meio das ruas ou vias eacute facilmente identificaacutevel no meio urbano Estaacute muitas vezes

condicionado ao siacutetio geograacutefico existente regula a disposiccedilatildeo dos edifiacutecios e quarteirotildees e

interliga os vaacuterios espaccedilos componentes da cidade e a cidade ao territoacuterio Normalmente o

traccedilado resiste agraves transformaccedilotildees na forma urbana por possuir um caraacuteter de permanecircncia natildeo

totalmente modificaacutevel O traccedilado engloba trajetoacuterias e caminhos que natildeo satildeo necessariamente

percorridos atraveacutes de automoacuteveis apesar disso estaacute em grande parte vinculado a uma das

principais fontes geradoras de ruiacutedo urbano ndash o traacutefego de veiacuteculos

3 Os outros elementos tambeacutem podem relacionar-se de diferentes maneiras com a acuacutestica urbana mas nem tanto com a presente pesquisa e por isso natildeo foram considerados 4 Todas as definiccedilotildees e conceitos acuacutesticos apresentados no presente item seratildeo elucidados no item seguinte 22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

28

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 28 ndash Os trecircs conjuntos formadores do tecido urbano segundo Panerai (2006) Fonte PANERAI 2006

A praccedila eacute um espaccedilo de geometria variada

intencionalmente inserido no meio urbano

cuja relaccedilatildeo com o traccedilado e os edifiacutecios

tambeacutem eacute intencional evidenciada atraveacutes do

seu desenho e natildeo acidentais como

alargamento e confluecircncias do traccedilado Aleacutem

disso a praccedila eacute um lugar de encontro de

permanecircncia e de praacuteticas sociais

Acusticamente dependendo de suas

proporccedilotildees a propagaccedilatildeo sonora que envolve

uma praccedila pode apresentar um

comportamento que se assemelha a

propagaccedilatildeo sonora em campo livre

Estes elementos constituintes da forma urbana

conceituados por LAMAS (2004) podem ser

identificados sob um diferente invoacutelucro

conceitual mas com a mesma essecircncia no que

PANERAI (2006) definiu como sendo

conjuntos do tecido urbano

Aplicado agrave cidade o termo ldquotecidordquo evoca a continuidade e a renovaccedilatildeo a permanecircncia e a variaccedilatildeo Ele explica a constituiccedilatildeo das cidades antigas e responde as questotildees levantadas pelo estudo das urbanizaccedilotildees recentes Ele pressupotildee uma atenccedilatildeo tanto ao banal quanto ao excepcional tanto agraves ruas comuns e agraves edificaccedilotildees corriqueiras quanto agraves regulamentaccedilotildees e aos monumentos Dentre as muacuteltiplas definiccedilotildees de tecido urbano e sem desprezar suas qualidades escolhemos a mais simples O tecido urbano eacute constituiacutedo pela superposiccedilatildeo ou imbricaccedilatildeo de trecircs conjuntos a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees Essa definiccedilatildeo potildee em evidecircncia os elementos que permitem que as diferentes partes da cidade evoluam ao mesmo tempo em que satildeo mantidas a coesatildeo de conjunto e a clareza de sua estrutura (PANERAI 2006 p 77-78 grifo nosso) (Figura 28)

Ao contraacuterio de LAMAS (2004) que considera a praccedila como um elemento da forma urbana por

si soacute PANERAI (2006) discute as vias ou traccedilado inseridas em uma relaccedilatildeo em rede onde

tambeacutem satildeo considerados como partes constituintes os largos passeios praccedilas esplanadas cais

pontes rios canais margens praias todos compondo o espaccedilo puacuteblico Eacute atraveacutes desta rede

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

29

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

contiacutenua e hierarquizada que acontecem as distribuiccedilotildees e circulaccedilotildees da cidade bem como sua

organizaccedilatildeo local e territorial

Jaacute os parcelamentos fundiaacuterios constituem a representaccedilatildeo negativa5 da rede de vias que evidencia o

domiacutenio construiacutedo Este domiacutenio natildeo se limita aos edifiacutecios mas tambeacutem envolve paacutetios

quintais terrenos baldios (PANERAI 2006) Embora PANERAI(2006) considere separadamente

o exame das edificaccedilotildees sugere-se que este domiacutenio construiacutedo envolve quatro dos elementos da

forma urbana elencados por LAMAS (2004) o edifiacutecio o lote o logradouro e o quarteiratildeo

Para PANERAI (2006) as edificaccedilotildees ou edifiacutecios satildeo consideradas construccedilotildees subordinadas ao

espaccedilo puacuteblico ou seja a rede de vias sendo por ele estruturada e que acrescentam a dimensatildeo

vertical ao tecido urbano Tal subordinaccedilatildeo permite que haja uma dependecircncia reciacuteproca entre os

edifiacutecios ainda que eles pertenccedilam a eacutepocas diferentes fazendo com que sua renovaccedilatildeo aconteccedila

sem que haja grandes perdas na unidade do conjunto

Ao estruturar sua concepccedilatildeo dos elementos componentes da forma urbana DEL RIO (1990) eacute

bem mais sinteacutetico e objetivo mas assim como LAMAS (2000) e PANERAI (2006) seus

elementos possuem similaridades e ateacute repeticcedilotildees que praticamente reproduzem a mesma

essecircncia conceitual dos outros dois autores Estes elementos por serem estruturados tatildeo

objetivamente seratildeo apresentados em citaccedilatildeo direta satildeo eles

- crescimento os modos as intensidades e direccedilotildees elementos geradores e reguladores limites e superaccedilatildeo de limites modificaccedilatildeo de estruturas pontos de cristalizaccedilatildeo etc - traccedilado e parcelamento ordenadores do espaccedilo estrutura fundiaacuteria relaccedilotildees distacircncias circulaccedilatildeo e acessibilidade etc - tipologias dos elementos urbanos inventaacuterio e categorizaccedilatildeo de tipologias ediliacutecias (residecircncias comercio etc) de lotes e sua ocupaccedilatildeo de quarteirotildees e sua ocupaccedilatildeo de praccedilas esquinas etc - articulaccedilotildees relaccedilotildees entre elementos hierarquias domiacutenios do publico e privado densidades relaccedilotildees entre cheios e vazios etc (DEL RIO 1990 p 83 grifos do autor)

Dentre todos os elementos expostos a partir dos trecircs autores existe um importante fenocircmeno

relacionando-os em distintas intensidades e que merece ser considerado por influenciar

definitivamente na modificaccedilatildeo da forma urbana ndash o adensamento

5 No sentido de uma fotografia onde os claros e os escuros satildeo representados no negativo de modo contraacuterio ao do objeto fotografado

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

30

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 29 ndash O adensamento das ilhas do Bairro do Recife e de Santo Antocircnio (imagem) ocorreu tanto pelo preenchimento progressivo desde o inicio da ocupaccedilatildeo da cidade quanto por meio da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees anteriores Fontehttppedrodealbuquerquewordpresscomcategorypernambuco Acesso em 201109

O adensamento ocorre a partir de dois modos

essenciais de ocupaccedilatildeo o primeiro a partir do

preenchimento progressivo do espaccedilo urbano

e o segundo a partir da substituiccedilatildeo completa

por meio de demoliccedilatildeo de edificaccedilotildees

anteriores (PANERAI 2006) (Figura 29)

A primeira forma de adensamento ocorre sem

a expansatildeo territorial por meio do

preenchimento progressivo de todas as

reservas fundiaacuterias e espaccedilos livres de

determinado meio urbano Eacute um

adensamento inserido em limitesbarreiras

preacute-estabelecidos naturais ou natildeo tais como

uma via expressa irregularidades geograacuteficas

do siacutetio ou ainda numa escala menor a proacutepria quadra pode ser um limite para saturaccedilatildeo gradual

em seu interior desmembramento ou remembramento dos lotes para construccedilatildeo de novas

edificaccedilotildees verticalizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo de antigos quintais eou jardins (PANERAI 2006)

A segunda forma de adensamento acontece atraveacutes da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees

anteriormente existentes por novas construccedilotildees de maior porte tanto em relaccedilatildeo agrave ocupaccedilatildeo do

solo por meio do remembramento de lotes quanto em relaccedilatildeo ao seu gabarito Esta forma de

adensamento permite a renovaccedilatildeo do espaccedilo urbano sem aumentar sua aacuterea de abrangecircncia sem

sua expansatildeo (PANERAI 2006)

Ambas as formas de adensamento transformam essencialmente a forma urbana e o modo como

se relacionam seus elementos componentes A identificaccedilatildeo desta transformaccedilatildeo em determinado

meio urbano gerada pelo adensamento eacute indispensaacutevel para anaacutelise do comportamento da

acuacutestica urbana a partir de modificaccedilotildees na forma urbana deste mesmo meio uma vez que o

adensamento pode influenciar na propagaccedilatildeo sonora proporcionando uma maior quantidade de

objetos reflexivos de barreiras acuacutesticas e favorecendo a diminuiccedilatildeo da permeabilidade acuacutestica

Por fim a partir exposiccedilatildeo de determinados elementos considerados por LAMAS (2004) ndash o

edifiacutecio o lote o logradouro o quarteiratildeo o traccediladoa rua e a praccedila dos conjuntos considerados

por PANERAI (2006) ndash a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees dos

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

31

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

elementos considerados por DEL RIO (1990) ndash crescimento traccedilado e parcelamento tipologias

dos elementos urbanos e as articulaccedilotildees e em busca de atingir seu objetivo principal esta

pesquisa consideraraacute a forma urbana inserida em um recorte que a considera essencialmente a

partir de seu aspecto fiacutesico e material e cujos elementos componentes considerados seratildeo

exclusivamente

1 As parcelas fundiaacuterias ndash consideradas por meio das quadras e lotes incluindo sua relaccedilatildeo

de modo de ocupaccedilatildeo das edificaccedilotildees sua densidade e seus espaccedilos livres

2 As edificaccedilotildees ndash consideradas atraveacutes de sua relaccedilatildeo de modo de ocupaccedilatildeo com os

lotes e do grau de verticalizaccedilatildeo (gabarito baixo meacutedio e alto)

3 As vias ndash consideradas como reguladoras da relaccedilatildeo com as edificaccedilotildees e quarteirotildees e

principalmente apreciadas como estreitamente vinculadas a uma das principais fontes

geradoras de ruiacutedo urbano (o traacutefego de veiacuteculos)

Estes seratildeo os elementos componentes da forma urbana que esta pesquisa se apropriaraacute no

decurso do caminho a fim de analisar o comportamento acuacutestico a partir de modificaccedilotildees

cronoloacutegicas em determinada forma urbana Nos paraacutegrafos seguintes discutem-se os conceitos e

relaccedilotildees que permeiam a acuacutestica urbana

22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais

A acuacutestica eacute a ciecircncia do som incluindo sua geraccedilatildeo transmissatildeo e recepccedilatildeo de energia sob a

forma de ondas vibracionais na mateacuteria (KINSLER et al 1982) Ela eacute uma ciecircncia

multidimensional e interligada a vaacuterios domiacutenios cientiacuteficos Seu objeto de estudo fundamental o

som delineia uma seacuterie de interfaces multidisciplinares com abordagens em diversificadas aacutereas

do conhecimento (Figura 210)

Desse modo quando a geraccedilatildeo transmissatildeo e efeitos do som estatildeo inseridos no meio urbano

seu desdobramento eacute estudado pela aacuterea de conhecimento da acuacutestica urbana muitas vezes

tambeacutem nomeada de acuacutestica ambiental

O objeto de estudo fundamental da acuacutestica o som eacute a sensaccedilatildeo produzida no ouvido por

pequenas flutuaccedilotildees da pressatildeo do ar (HANSEN 2005) ou seja eacute uma percepccedilatildeo sensorial e seu

____________________________________________

ANAacuteLISE D

complexo padratildeo de ondas s

de ruiacutedo muacutesica fala

(BERGLUND et al 1999)

Esta definiccedilatildeo do som tend

a percepccedilatildeo do ouvido

conceito psicofiacutesico Fisicame

vibraccedilatildeo mecacircnica que

progressivamente atraveacutes de

gasoso liacutequido ou soacutelido (SIN

Esta vibraccedilatildeo quando tran

que o rodeia nem sempre

aparelho auditivo humano

frequumlecircncia6 audiacutevel encontra

20 a 20000 Hz para um

(BRUumlEL amp KJAEligR 1984

1982) Frequumlecircncias acima de

altas para respostas fisioloacuteg

chamadas de ultrasons Jaacute as

de 20 Hz satildeo chamadas de

detectaacuteveis pelo ouvido hum

prejudiciais agrave sua sauacutede7

1982 SOUSA 2004)

Fisicamente o som e o ruiacutedo

ambos se propagam em mei

detectados pelo ouvido hu

enquanto o som eacute utilizado

6 A frequumlecircncia eacute o nuacutemero de ciclo(HANSEN 1995) 7 A exposiccedilatildeo a baixas frequumlecircncias depressatildeo irritabilidade e perturba pro

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 210 ndash Interfaces multidFonte Elaborado pela autora a pa

Figura 211 ndash Fonte sonora ponSOUZA 2006

as sonoras eacute rotulado

ala entre outros

ndo como referecircncia

o humano eacute um

mente o som eacute uma

que se propaga

de um meio material

(SINGAL 2005)

transmitida ao meio

re eacute detectaacutevel pelo

ano cuja faixa de

tra-se no intervalo de

um jovem saudaacutevel

4 KINSLER et al

de 20000 Hz muito

loacutegicas auditivas satildeo

as frequumlecircncias abaixo

de infrasons e natildeo satildeo

umano contudo satildeo

(KINSLER et al

iacutedo constituem o mesmo fenocircmeno de variaccedilotildee

eio elaacutestico (soacutelido liacutequido ou gasoso) e ambos

humano (BERGLUND et al 1999 HANSEN

do para descrever percepccedilotildees sonoras agradaacutev

iclos que a onda sonora completa no tempo de um segundo

as pode gerar a doenccedila Vibroacuacutestica que induz o espessamprocessos cognitivos (BRANCO e PEREIRA 2004)

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

32

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

ltidisciplinares do estudo do som partir de BISTAFA 2006

ontual e fonte sonora linear Fonte

otildees de pressatildeo ambiente

bos satildeo capazes de serem

EN 1995) No entanto

daacuteveis o ruiacutedo descreve

do e eacute medida em Hertz (Hz)

amento das estruturas cardiacuteacas

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

33

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 212 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora pontual de 6 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007

percepccedilotildees sonoras desagradaacuteveis incorporando um aspecto de subjetividade agrave sua definiccedilatildeo

(BRUumlEL amp KJAEligR 1984 HANSEN 2005 BRASIL 2006 SINGAL 2005)

Tal subjetividade acarreta diferentes e individuais percepccedilotildees sonoras pelo ser humano e

portanto em diferentes reaccedilotildees agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo Em outras palavras o que se estabelece

como som para um indiviacuteduo pode representar ruiacutedo para outro

[] as respostas inerentes ao ruiacutedo satildeo complexas dependendo tanto dos fatores propriamente acuacutesticos quanto dos psicossociais contextuais simboacutelicos emocionais como daqueles de valor especiacutefico Essas variaacuteveis participam da singularidade da escuta e atuam como filtros que modificam a percepccedilatildeo do sinal fiacutesico sonoro (SANTOS e MARTINS 2005 p 216)

Enquanto sua percepccedilatildeo envolve a subjetividade as respostas fisioloacutegicas agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo satildeo

mais objetivas e seus danos satildeo mais facilmente identificaacuteveis O ruiacutedo pode gerar complicaccedilotildees

no sistema circulatoacuterio e hormonal perda gradativa da audiccedilatildeo distuacuterbios de sono estresse

irritabilidade neuroses desconforto e dificuldade de aprendizado entre outros danos

(BERGLUND et al1999 HANSEN 2005 KINSLER et al 1982 MURGEL 2007 NAGEM

2004 NUNES 2006 PAZ et al 2005 SINGAL 2005 ZANNIN et al 2002)

O ruiacutedo pode se originar de variadas fontes presentes em diversificados ambientes as mais

comumente encontradas satildeo as fontes sonoras pontuais e as lineares (Figura 211) A fonte pontual

possui dimensotildees finitas e emite o mesmo niacutevel de pressatildeo sonora uniformemente para todas as

direccedilotildees sendo seu decaimento em campo livre de 6 dB para cada dobro da distacircncia (Figura

212) (HANSEN 2005 SOUSA 2004)

Jaacute a fonte linear eacute formada por certo nuacutemero de

fontes pontuais dispostas linearmente cuja

emissatildeo sonora eacute contiacutenua ao longo desta

linha sendo seu decaimento em campo livre

de 3 dB para cada dobro da distacircncia (Figura

213) (HANSEN 2005 PAZ 2004)

Quando propagadas no meio urbano a

combinaccedilatildeo de tais fontes sonoras associadas

ao percurso de transmissatildeo e ao receptor

constitui o ruiacutedo urbano (urban noise) tambeacutem

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 213 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora linear de 3 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007

chamado de ruiacutedo ambiental (environmental

noise) ou ruiacutedo comunitaacuterio (community noise)

(BERGLUND et al1999 GUEDES 2005

SOUSA 2004)

O ruiacutedo urbano pode ser gerado a partir do

traacutefego de veiacuteculos terrestres e aeacutereos de

obras de construccedilatildeo civil de estabelecimentos

industriais de estabelecimentos comerciais e

de serviccedilos de sistemas de propaganda

volante ou permanente8 e ruiacutedos de outras atividades cuja propagaccedilatildeo sonora pode afetar o bem-

estar e a sauacutede dos citadinos (BARRON 2003 BERGLUND et al1999 KINSLER et al 1982

NAGEM 2004 NUNES 2006 SINGAL 2005)

Apesar de esporaacutedica outra fonte de ruiacutedo gerada em meio urbano satildeo os eventos puacuteblicos tais

como festas shows comiacutecios carnavais fora de eacutepoca entre outros As fontes de ruiacutedo presentes

nestes eventos atingem um alto niacutevel de pressatildeo sonora9 e abrangem uma grande quantidade

populacional logo independente de ocorrer poucas vezes durante o ano satildeo eventos

extremamente danosos a sauacutede e principalmente agrave audiccedilatildeo a partir de 80 dB(A) natildeo importa se

a sensaccedilatildeo sonora eacute prazerosa ou natildeo ela eacute necessariamente prejudicial10 (Tabela 21) (NUNES

2006)

Quando a intensidade dos ruiacutedos urbanos torna-se excessivamente desagradaacutevel eou nociva o

ruiacutedo passa a ser considerado uma forma de poluiccedilatildeo ambiental11 - a poluiccedilatildeo sonora A

necessidade de regulamentaccedilatildeo da poluiccedilatildeo sonora renuncia os aspectos de subjetividade

existentes e inerentes ao conceito de ruiacutedo na tentativa de sintetizar e estabelecer limites leis

normas meacutetodos e accedilotildees que representem um universo sonoro equivalente para toda a

populaccedilatildeo na tentativa de controlar e mitigar o ruiacutedo urbano

8 Carros de som bicicletas com som raacutedios comunitaacuterias entre outros 9 O niacutevel de pressatildeo sonora eacute a medida fiacutesica preferencial para caracterizar a sensaccedilatildeo subjetiva da intensidade dos sons e de acordo com a lei de Weber e Fechner a sensaccedilatildeo sonora eacute proporcional ao logaritmo da intensidade sonora NPS=20 log (pp0) onde p eacute a pressatildeo sonora em Pascal e p0 eacute a pressatildeo sonora de referecircncia (2 10-5 Pascal) (BISTAFA 2006 NIEMEYER 2007) 10 Outros niacuteveis de ruiacutedo tambeacutem podem ser prejudiciais em maior ou menor grau dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora 11 ldquoPoluiccedilatildeo eacute a degradaccedilatildeo da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente a) prejudiquem a sauacutede a seguranccedila e o bem-estar da populaccedilatildeo b) criem condiccedilotildees adversas agraves atividades sociais e econocircmicas c) afetem desfavoravelmente a biota d) afetem as condiccedilotildees esteacuteticas ou sanitaacuterias do meio ambiente e) lancem mateacuterias ou energia em desacordo com os padrotildees ambientais estabelecidosrdquo (BRASIL 1981 p 1 e 2)

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Tabela 21 ndash Os niacuteveis de pressatildeo sonora e suas consequumlecircncias fisioloacutegicas no homem Em alguns casos podem a intensidade das reaccedilotildees fisioloacutegicas podem variar dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora Fonte elaborado pela autora a partir de KINSLER et al 1992 SINGAL 2005 SOUZA 2006

Assim sendo na esfera federal a Constituiccedilatildeo Federal (Art255) o Coacutedigo Civil Brasileiro (Lei ndeg

1040602) a Lei das Contravenccedilotildees Penais (Decreto-lei nordm 368841) e a Lei dos Crimes

Ambientais (Lei nordm 960598) versam a partir de diferentes abordagens e diferentes

procedimentos legais sobre a poluiccedilatildeo sonora e suas respectivas perturbaccedilotildees (CARNEIRO

2009)

NIacuteVEIS DE PRESSAtildeO SONORA E SUAS CONSEQUEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS

Niacutevel de Pressatildeo sonora

em dB(A)

Caracteriacutesticas FISIOLOacuteGICAS

Ambiente ou atividade

0 a 30 Nenhuma Tremular de folhas de uma aacutervore sussurros

aacuterea de mata selvagem

30 a 50 Nenhuma Cantar de paacutessaros rua calma em aacuterea residencial durante noite

50 a 70 Marca o iniacutecio do estresse

auditivo Rua agitada um restaurante barulhento

70 a 90 Estressante e bastante

excitante Chegada de um trem na estaccedilatildeo carro a 100 Kmh

conversa a gritos

90 a 110 Extremamente excitante provocando dependecircncia

Caminhatildeo pesado a 60 Kmh alarme de viatura passagem de trem numa estaccedilatildeo ou cabine de um aviatildeo monomotor

110 a 130

Desconfortavelmente alto atingindo o limiar da dor podendo causar surdez

instantacircnea

Trem passando em trilhos elevados martelo pneumaacutetico interior de uma boate show de banda de rock

130 a 140 Acima do limiar da dor

causando surdez permanente Decolagem de aviatildeo a jato a 5m de distacircncia disparos de artilharia

Ainda no domiacutenio federal o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) publicou vaacuterias

resoluccedilotildees que estabelecem normas de preservaccedilatildeo ao meio ambiente incluindo o combate a

poluiccedilatildeo sonora12 Nestas resoluccedilotildees todas as atividades geradoras de ruiacutedo devem seguir

diretrizes vinculadas agrave Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas ndash ABNT e ao Conselho

Nacional de Tracircnsito - CONTRAN no caso de ruiacutedo produzido por veiacuteculos automotores

(NAGEM 2004)

Tais resoluccedilotildees normas e diretrizes refletidas no domiacutenio estadual e municipal deram origem agrave

Lei Estadual nordm 12789 de 28 de Abril de 2005 (PERNAMBUCO2005) conhecida como ldquoLei do

12 Satildeo elas RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 272 de 14 de setembro de 2000

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Silecircnciordquo e que dispotildee sobre ruiacutedos urbanos poluiccedilatildeo sonora e proteccedilatildeo do bem-estar e do

sossego puacuteblico e agrave Lei nordm 16243 de 13 de setembro de 1996 ndash Coacutedigo do Meio Ambiente e do

Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife (RECIFE 1996a) que estabelece a poliacutetica do meio ambiente da

cidade do Recife incluindo regulamentaccedilatildeo de emissotildees sonoras entre outras providecircncias

tendo como suporte a Lei 1617696 de 9 de Abril de 1996 ndash Lei de Uso e Ocupaccedilatildeo do Solo da

Cidade do Recife ndash LUOS (RECIFE 1996b)

Apesar da existecircncia desta grande quantidade de leis federais estaduais e municipais apesar da

LUOS legislar sobre a etapa de aprovaccedilatildeo de projetos para a construccedilatildeo de empreendimentos

com usos geradores de incocircmodo agrave vizinhanccedila incluindo usos potencialmente geradores de ruiacutedos

submetendo-os agrave anaacutelise teacutecnica eou agrave anaacutelise especial e apesar do Coacutedigo do Meio Ambiente e

do Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife estabelecer limites maacuteximos permitidos de ruiacutedo na praacutetica a

accedilatildeo contra a poluiccedilatildeo sonora em Recife adquire caraacuteter corretivo pelos oacutergatildeos reguladores agrave

conduta do infrator geralmente a partir de denuacutencias da populaccedilatildeo apoacutes a consolidaccedilatildeo da fonte

geradora de ruiacutedo no meio urbano (JORNAL DO COMEacuteRCIO 2008 JC ONLINE 2005)

Outro exemplo local de desatenccedilatildeo agrave poluiccedilatildeo sonora eacute a inexistecircncia dentre vaacuterios outros tipos

de degradaccedilatildeo ambiental presentes de qualquer referecircncia a respeito da poluiccedilatildeo sonora em

documento produzido pela Prefeitura da Cidade do Recife no ano 2000 o Atlas Ambiental da

Cidade do Recife (RECIFE 2000)

Diante da aplicabilidade ineficaz da legislaccedilatildeo vigente em Novembro de 2009 foi lanccedilado pelo

Ministeacuterio Puacuteblico de Pernambuco a cartilha Poluiccedilatildeo sonora Silento e o barulho13 que versa sobre as

posturas e accedilotildees direitos e deveres dos diversos agentes envolvidos na produccedilatildeo e recepccedilatildeo da

poluiccedilatildeo sonora indicando como devem agir a viacutetima o policial o estado o construtor poluidor

o proprietaacuterio de carro de som poluidor entre outros A cartilha tambeacutem disponibiliza uma seacuterie

de formulaacuterios modelos de acordo com os diferentes tipos de poluiccedilatildeo sonora Estes formulaacuterios satildeo

exemplos para serem utilizados tanto pela viacutetima da poluiccedilatildeo sonora quanto pelo policial civil

militar promotor de justiccedila e ateacute mesmo pelo poluidor - o que poderaacute tornar esta cartilha um

importante instrumento para aplicaccedilatildeo das leis vigentes (CARNEIRO 2009)

Embora negligenciada e em oposiccedilatildeo a diversos outros problemas ambientais mundiais a

poluiccedilatildeo sonora continua a crescer e eacute acompanhada pelo aumento no nuacutemero de reclamaccedilotildees de

13 ldquoSilentordquo eacute um personagem criado para narrar alguns trechos interativos da cartilha

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

37

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 214 ndash Relaccedilatildeo entre o desenvolvimento industrial da sociedade que possibilita o aumento e concentraccedilatildeo de fontes sonoras e seus impactos em relaccedilatildeo ao ruiacutedo nas comunidades apontando trecircs previsotildees futuras de acordo com diferentes accedilotildees possiacuteveis de regulamentaccedilatildeo contra do ruiacutedo Fonte elaborado pela autora a partir de BERGLUND et al 1999

pessoas expostas ao ruiacutedo a partir do aumento da consciecircncia de seus direitos legais

(BERGLUND et al1999)

Para World Health Organization (WHO)14 a poluiccedilatildeo sonora jaacute eacute um dos problemas ambientais que

atingem o maior nuacutemero de pessoas no planeta perdendo apenas para a poluiccedilatildeo do ar e da aacutegua

(KIHLMAN 2004 2005) Este crescimento contiacutenuo da poluiccedilatildeo sonora e por conseguinte do

ruiacutedo urbano possui uma estreita relaccedilatildeo com as raacutepidas transformaccedilotildees ocorridas no meio

urbano nas uacuteltimas deacutecadas O desenvolvimento acelerado e a expansatildeo das cidades implicaram

em modificaccedilotildees em elementos da forma urbana em alto iacutendice de crescimento demograacutefico da

populaccedilatildeo urbana e em consequumlente aumento e concentraccedilatildeo de diversos tipos de fontes

geradoras de poluiccedilatildeo sonora (BRASIL 1990a1990b GUEDES 2005 PAZ 2009 ZANNIN et

al 2002) (Figura 214)

Entre estas fontes urbanas geradoras de poluiccedilatildeo sonora uma das que mais contribuem com o

aumento do ruiacutedo urbano aleacutem de ser considerada uma das fontes mais intrusivas e a mais

percebida pela populaccedilatildeo das grandes cidades eacute o traacutefego de veiacuteculos (DINIZ 2003 FRITSCH et al

2007 LACERDA et al 2005 PAZ 2004 ZANNIN et al 2003)

O ruiacutedo do traacutefego de veiacuteculos eacute gerado a

partir do ruiacutedo veicular que proveacutem

essencialmente do sistema de propulsatildeo do

motor do atrito entre o veiacuteculo e o ar (ruiacutedo

aerodinacircmico) e do atrito entre o pneu e o piso

(MURGEL 2007 KINSLER et al 1982) e da

relaccedilatildeo entre o veiacuteculocondutor e as

configuraccedilotildees das vias em que ele estaacute inserido

a aceleraccedilatildeo eou desaceleraccedilatildeo do motor de

acordo com a caracterizaccedilatildeo das vias - a

presenccedila de cruzamentos semaacuteforos faixas de

pedestres etc a intensidade do fluxo de

veiacuteculos e a proporccedilatildeo entre veiacuteculos leves e os

veiacuteculos pesados a frequumlecircncia de

14 Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede ndash OMS

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

38

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

acionamentos de buzinas o tipo de acabamento da superfiacutecie das vias (concreto asfalto brita

terra batida) etc (SINGAL 2005)

Tais vias geradoras do ruiacutedo de traacutefego aleacutem de serem interceptadas por outras vias satildeo

comumente ladeadas por configuraccedilotildees bastante variaacuteveis desde edificaccedilotildees com formas

implantaccedilotildees e gabaritos diversificados a lotes ainda natildeo ocupados caracterizando a propagaccedilatildeo

do ruiacutedo de traacutefego urbano por muacuteltiplas reflexotildees responsaacuteveis pelo espalhamento do ruiacutedo

para vias adjacentes pelo surgimento de campos sonoros reverberantes pela difraccedilatildeo do ruiacutedo e

pelo surgimento de aacutereas de sombra (SINGAL 2005 RANDRIANOELINA e SALOMONS

2008) Ou seja a propagaccedilatildeo do ruiacutedo urbano gerado pelo traacutefego de veiacuteculos possui uma

interaccedilatildeo singular com elementos da forma urbana

Assim sendo tanto por sua participaccedilatildeo determinante na constituiccedilatildeo do ruiacutedo urbano quanto

por sua particular relaccedilatildeo com os elementos que compotildeem a forma urbana o ruiacutedo de traacutefego

seraacute a uacutenica fonte sonora considerada na presente pesquisa conforme seraacute melhor elucidado no

proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas

A interaccedilatildeo entre o ruiacutedo urbano e a forma urbana dependeraacute diretamente das configuraccedilotildees de

certos elementos que compotildeem esta forma urbana o traccedilado e perfis das vias a maneira de

implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade e

forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres tais como praccedilas e

largos (GUEDES 2005 SANTOS e MARTINS 2005) Estes elementos podem ser

acusticamente caracterizados a partir do tipo de espaccedilo acuacutestico e da permeabilidade acuacutestica

O espaccedilo acuacutestico tambeacutem nomeado de campo acuacutestico eacute a porccedilatildeo de determinado espaccedilo onde

acontecem as vibraccedilotildees sonoras podendo ser caracterizado no meio urbano como espaccedilo

acuacutestico aberto ou fechado (NIEMEYER 2007)

O espaccedilo acuacutestico aberto aproxima-se da propagaccedilatildeo em campo livre que eacute caracterizado pela ausecircncia

de obstaacuteculos que modifiquem a propagaccedilatildeo sonora entre a fonte e o receptor Assim no meio

urbano o espaccedilo cuja propagaccedilatildeo sonora envolva poucas ou nenhuma reflexatildeo e poucos ou

nenhum obstaacuteculo pode ser considerado um espaccedilo acuacutestico aberto como por exemplo o

espaccedilo acuacutestico com perfil em ldquoLrdquo tais como vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas uma de

suas margens (Figuras 215 e 216) (NIEMEYER 2007) No espaccedilo acuacutestico aberto o niacutevel de

pressatildeo sonora decai 6 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (LANG

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

39

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 215 ndash Propagaccedilatildeo sonora em Campo acuacutestico aberto Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001

Figura 216 ndash Campo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo FonteNIEMEYER 2007

Figura 217 ndash Propagaccedilatildeo sonora em campo acuacutestico fechado causando o fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001

e BERANEK 1992) isto eacute o ruiacutedo percebido

pelo receptor diminui em funccedilatildeo da

duplicaccedilatildeo da distacircncia da fonte sonora15

Praccedilas parques e largos com grandes

dimensotildees vias de traacutefego marginais a praias

vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas

uma de suas margens ou espaccedilos livres

urbanos de grandes dimensotildees caracterizam

alguns exemplos de espaccedilos acuacutesticos abertos

No espaccedilo acuacutestico fechado as ondas sonoras

sofrem muacuteltiplas reflexotildees fazendo com que o

seu niacutevel sonoro decaia muito lentamente

sendo praticamente o mesmo em vaacuterias

posiccedilotildees ateacute que esta onda sonora encontre

uma saiacuteda para campo livre caracterizando o

fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana16 17(Figura

217) (GUEDES 2005 NIEMEYER 2007)

Os espaccedilos acuacutesticos fechados podem ser

reverberantes quando a onda sonora tarda a

encontrar o campo livre gerando um grande

nuacutemero de reflexotildees ou semi-reverberantes

quando a onda sonora encontra o campo livre

um pouco mais rapidamente do que no

reverberante gerando um nuacutemero menor mas

ainda grande de reflexotildees

15 Este decaimento eacute para fontes pontuais para fontes lineares o decaimento eacute de 3 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (GERGES 2000) 16 A reverberaccedilatildeo eacute a persistecircncia de um som depois de ter sido extinta a sua emissatildeo por uma fonte e ocorre como resultado de reflexotildees em ambientes total ou parcialmente fechados (GONZALEZ e LOPES 1993) 17 Alguns espaccedilos acuacutesticos fechados tambeacutem podem amplificar o niacutevel de pressatildeo sonora mas este fenocircmeno ocorre em determinados espaccedilos acuacutesticos fechados reverberantes

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

40

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 218 ndash Campo acuacutestico fechado em perfl ldquoUrdquo tambeacutem chamado de canyons urbanos Fonte NIEMEYER 2007

No meio urbano o espaccedilo acuacutestico fechado

reverberante possui comumente um perfil em

ldquoUrdquo (Figura 218) tambeacutem chamados de

canyons urbanos que podem amplificar

consideravelmente a propagaccedilatildeo sonora das

vias de traacutefego atraveacutes de reflexotildees muacuteltiplas

geradas pelas fachadas paralelas das

edificaccedilotildees que circundam estas vias

(ANDERSON e KURZE 1992) Assim neste

tipo de espaccedilo acuacutestico a propagaccedilatildeo sonora

natildeo depende exclusivamente da distacircncia entre

a fonte e o receptor como no espaccedilo acuacutestico

aberto depende ainda da configuraccedilatildeo dos

elementos que compotildeem a forma urbana e

dos coeficientes de absorccedilatildeo dos materiais que

revestem as superfiacutecies refletoras18

(NIEMEYER 2007)

Praccedilas parques e largos com pequenas dimensotildees e cercados por edificaccedilotildees conjugadas vias de

traacutefego com edificaccedilotildees (conjugadas ou com pequenos recuos entre elas) em ambos os lados

tuacuteneis passagens subterracircneas e espaccedilos livres abaixo de viadutos caracterizam alguns exemplos

de espaccedilos acuacutesticos fechados

A caracterizaccedilatildeo de um espaccedilo acuacutestico como sendo aberto ou fechado delinearaacute como a onda

sonora iraacute espalhar-se no meio urbano cujas configuraccedilotildees dos elementos que o compotildeem

podem facilitar ou dificultar a trajetoacuteria desta onda sonora para aleacutem do local de sua emissatildeo

tornando o meio urbano mais ou menos permeaacutevel a sua propagaccedilatildeo

18 No meio urbano as superfiacutecies refletoras satildeo predominantemente formadas por fachadas e muros de edificaccedilotildees que possuem certa uniformidade na utilizaccedilatildeo de materiais altamente reflexivos e com baixos coeficientes de absorccedilatildeo tais como granito maacutermore ceracircmica esmaltada vidro Assim o coeficiente de absorccedilatildeo de uma edificaccedilatildeo para outra seraacute praticamente o mesmo sofrendo miacutenimas variaccedilotildees permitindo sua natildeo consideraccedilatildeo

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

41

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 220 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees em uma quadra permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007

Figura 221 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjugadas em uma quadra pouco permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007

Figura 219 ndash Permeabilidade acuacutestica - percursos da onda sonora gerados em meio urbano Fonte NIEMEYER 2007

Figura 222 ndash Barreira acuacutestica entre a fonte e o receptor FonteANDERSON e KURZE 1992

Assim sendo a permeabilidade acuacutestica refere-se

aos percursos da onda sonora gerados no

meio urbano (Figura 219) (GUEDES 2005

NIEMEYER 2007) A intensidade da

permeabilidade acuacutestica - mais ou menos

permeaacutevel - dependeraacute da capacidade de

certos elementos urbanos de promover ou

conter a propagaccedilatildeo da onda sonora tais

como o traccedilado e perfis das vias a maneira de

implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem

como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade

e forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila

ou ausecircncia de espaccedilos livres (Figuras 220 e

221)

A permeabilidade acuacutestica relaciona-se ainda

com as barreiras acuacutesticas Isoladamente o

conceito de barreiras acuacutesticas refere-se a

qualquer objeto que possa ser considerado um

obstaacuteculo agrave ligaccedilatildeo direta e sem interferecircncias

entre a fonte e o receptor (Figura 222)

(ANDERSON e KURZE 1992 GERGES

2000) Ao bloquear o percurso direto entre a

fonte e o receptor a onda sonora poderaacute ser

absorvida eou refletida pela superfiacutecie da

barreira transmitida atraveacutes da barreira ou

difratada a partir do topo da barreira

(BARRON 2003 SINGAL 2005)

A difraccedilatildeo eacute um fenocircmeno que permite que as

ondas sonoras sejam capazes de contornar

determinados obstaacuteculos gerando uma aacuterea de

sombra acuacutestica que possui limites espaciais

variaacuteveis de acordo com a posiccedilatildeo da fonte

____________________________________________

ANAacuteLISE D

sonora e de sua localizaccedilatilde

receptor que por sua vez

sonora difratada pelas borda

um decaimento maior do qu

campo livre (Figura 223) (N

1968 NIEMEYER 2007 PA

O uso de barreiras acuacutestic

EUA Japatildeo Austraacutelia e

reduccedilatildeo da propagaccedilatildeo do

pelo traacutefego rodoviaacuterio pa

(Figuras 224 a 226) (SIN

Brasil esta praacutetica ainda eacute inc

restringindo-se a poucos exe

caso da barreira acuacutestica no

Linha Amarela na cidade do

na Rodovia Bandeirantes co

de Satildeo Paulo a Campinas

Paulo (Figura 227) (MURGE

2004)

Embora a implantaccedilatildeo de b

esteja vinculada agrave reduccedilatildeo do

rodoviaacuterio outros elemen

meio urbano situados ent

receptor atuam espontan

barreiras agrave propagaccedilatildeo sono

terreno com topografia i

muros edificaccedilotildees entr

edificaccedilotildees conjugadas da R

cidade do Recife ou aind

conjugadas em alguns trec

Atlacircntica no Rio de Janei

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 226 ndash Barreiras instaladasem aacuterea residencial de Toacutequio Jap

Figura 224 ndash Agrave esquerda barreacriacutelico na Suiacuteccedila Agrave direita barreiraPaacutedua e Veneza na Itaacutelia Fonte C

Figura 227 ndash Barreira acuacutestica dade Satildeo Paulo Fonte MURGEL 2

Figura 223 ndash Difraccedilatildeo da ondagerando uma aacuterea de sombra acuacutest

Figura 225 ndash Agrave esquerda baproacuteximo a Zurique Agrave direita barretambeacutem na Suiccedila Fonte CICHIN

accedilatildeo em relaccedilatildeo ao

ez recebe a energia

rdas da barreira com

que se estivesse em

(NEPOMUCENO

PAZ 2004)

ticas eacute comum nos

e na Europa para

do ruiacutedo produzido

para seus arredores

INGAL 2005) No

incipiente

exemplos como eacute o

no eixo rodoviaacuterio

o Rio de Janeiro e

conectando a cidade

s no estado de Satildeo

GEL 2007 SOUSA

e barreiras acuacutesticas

do ruiacutedo de traacutefego

entos inseridos no

entre a fonte e o

taneamente como

nora tais como um

irregular taludes

ntre outros As

a Rua da Aurora na

inda as edificaccedilotildees

trechos da Avenida

neiro por exemplo

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

42

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

das ao longo de via expressa elevada Japatildeo Fonte CICHINELLI 2007

rreira acuacutestica curva em concreto e eira acuacutestica metaacutelica na estrada entre CICHINELLI 2007

da Rodovia Bandeirantes no estado 2007

da sonora a partir de uma barreira uacutestica Fonte GERGES 2000

barreira acuacutestica metaacutelica instalada arreira acuacutestica em concreto e acriacutelico INELLI 2007

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

43

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 228 ndash Rua da Aurora no Bairro da Boa Vista na cidade do Recife configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fontehttpmaiovinteeseisblogspotcom2007_ 11_01_archivehtml Acesso em 080409

Figura 229 ndash Alguns trechos da Avenida Atlacircntica no Bairro de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro tambeacutem configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fonte httpwwwtravelpodcomtravel-photoorlanworldtrip200711 71589400avenida-atlantica-along-copacabana-beachjpgtpodhtml Acesso em 080409

aleacutem de funcionarem como barreiras acuacutesticas

espontacircneas ou natildeo intencionais tambeacutem

conformam um espaccedilo acuacutestico aberto em

ldquoLrdquo e pouco permeaacutevel ao ruiacutedo (Figura 228 e

229)

A partir da discussatildeo dos espaccedilos acuacutesticos e

da permeabilidade acuacutestica evidencia-se que a

interaccedilatildeo entre os diversos elementos que

compotildeem a forma urbana - o traccedilado e perfis

das vias o modo de implantaccedilatildeo das

edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as

proporccedilotildees densidade e maneira de ocupaccedilatildeo

das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de

espaccedilos livres ndash contribui determinantemente

para a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano

atraveacutes de muacuteltiplas reflexotildees do

espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave

fonte geradora de campos sonoros

reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de

aacutereas de sombra

Isto posto se o ruiacutedo urbano eacute considerado

um sistema composto essencialmente pela fonte

sonora pelo meio de propagaccedilatildeo e pelo receptor (LANG e BERANEK 1992 ANDERSON e

KURZE 1992) a forma urbana considerada a partir dos elementos que a compotildeem enquanto

percurso de transmissatildeo delineia influencia e determina em certa medida a trajetoacuteria de

propagaccedilatildeo da onda sonora19 Ou seja a forma urbana por meio das caracteriacutesticas singulares

apresentadas pelos seus elementos componentes iraacute influenciar o comportamento da propagaccedilatildeo

da onda sonora no meio urbano

19 ldquoEm certa medidardquo pois existem outros fatores que tambeacutem influenciam a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano mas a discussatildeo sobre a consideraccedilatildeo ou natildeo destes outros fatores seraacute melhor construiacuteda no proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

44

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito alto por elevada densidade de

ocupaccedilatildeo das quadras e por vias estreitas por exemplo tende em tese a ser menos permeaacutevel ao

ruiacutedo dificultando a propagaccedilatildeo sonora para outras aacutereas Tende ainda a criar espaccedilos

reverberantes ou semi-reverberantes com o niacutevel de pressatildeo sonora elevado em praticamente

todos os pontos de reflexatildeo com perdas miacutenimas ateacute a onda sonora alcanccedilar o topo das

edificaccedilotildees e direcionar-se a campo livre Por conseguinte este comportamento tende a propiciar

dependendo ainda da relaccedilatildeo com a fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano indesejaacutevel e

insalubre aos receptores existentes nas edificaccedilotildees daquela via

Jaacute uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito baixo por baixa densidade de

ocupaccedilatildeo das quadras e por vias largas tende teoricamente a ser mais permeaacutevel ao ruiacutedo

facilitando sua propagaccedilatildeo Por outro lado natildeo gera espaccedilos acuacutesticos propiacutecios a muacuteltiplas

reflexotildees fazendo com que a onda sonora encontre mais rapidamente o campo livre facilitando

sua dissipaccedilatildeo e propiciando dependendo ainda da fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano

desejaacutevel aos seus receptores

Deste modo a existecircncia de diferenccedilas e particularidades dos elementos que compotildeem as

distintas formas urbanas proporciona os mais diversificados comportamentos acuacutesticos de

propagaccedilatildeo sonora nos mais diferentes meios urbanos Ou seja do mesmo modo que cidades

bairros e ruas natildeo satildeo iguais entre si tampouco reproduziacuteveis em sua essecircncia o comportamento

acuacutestico tambeacutem natildeo seraacute ao contraacuterio constituiraacute um atributo exclusivo de cada espaccedilo urbano

Mas se para cada espaccedilo urbano existe um comportamento acuacutestico especiacutefico como deveraacute se

comportar a propagaccedilatildeo sonora de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de

modificaccedilotildees em elementos de sua forma urbana Em outras palavras como se comportaraacute a acuacutestica

urbana de um determinado local a partir do processo cronoloacutegico de modificaccedilotildees em sua forma urbana

Nos capiacutetulo que se segue Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas seratildeo apresentadas os percursos

investigativos que foram postos em praacutetica em busca de responder a este questionamento

____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO

19

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

modificaccedilotildees cronoloacutegicas da forma urbana a partir da articulaccedilatildeo de trecircs variaacuteveis - a fonte sonora

a forma urbana e a acuacutestica urbana Estas variaacuteveis foram consideradas tendo o estudo de caso

enquanto estrateacutegia de pesquisa

O caso escolhido para esta investigaccedilatildeo foi o loteamento 3deg Jardim de Boa Viagem tanto por

representar uma parcela bem delimitada das raacutepidas e recentes transformaccedilotildees ocorridas na

forma urbana do bairro de Boa Viagem quanto por permitir ilustrar o comportamento acuacutestico

em um encadeamento evolutivo do iniacutecio de sua ocupaccedilatildeo recente ateacute os dias atuais

Para compor tal encadeamento evolutivo foram selecionados os anos de 1971 data escolhida por

caracterizar o princiacutepio da ocupaccedilatildeo do 3deg Jardim 1981 e 1997 por representarem datas de

registro de fotografias aeacutereas do bairro de Boa Viagem existentes na base de dados da

CONDEPE-FIDEM Agecircncia Estadual de Planejamento e Pesquisas de Pernambuco 2009 por

representar a realidade atualmente encontrada no 3deg Jardim e uma simulaccedilatildeo de situaccedilatildeo

hipoteacutetica futura de modificaccedilatildeo na forma urbana

Isto posto com o intuito de analisar o comportamento da acuacutestica urbana do 3deg Jardim de Boa

Viagem a partir de modificaccedilotildees cronoloacutegicas em sua forma urbana foram executados os

seguintes objetivos especiacuteficos (I) identificar as caracteriacutesticas configuraccedilotildees e transformaccedilotildees da

forma urbana ocorridas no 3deg Jardim de Boa Viagem nos anos de 1971 1981 1997 e 2009 a

partir de seu processo de ocupaccedilatildeo (II) elaborar mapas acuacutesticos dos niacuteveis atuais (2009) de

pressatildeo sonora equivalente do 3deg Jardim (III) elaborar mapas acuacutesticos do 3deg Jardim nos anos de

1971 1981 1997 e de situaccedilatildeo hipoteacutetica futura a partir da consideraccedilatildeo dos niacuteveis atuais (2009)

de pressatildeo sonora equivalente do 3deg Jardim

Em busca de expor sistematicamente seu desenvolvimento a presente investigaccedilatildeo foi

estruturada do seguinte modo

O presente capiacutetulo 1 introduz e antecipa brevemente a discussatildeo que seraacute realizada ao longo

desta pesquisa

O capiacutetulo 2 aborda dois aspectos principais O primeiro deles desenvolve o conceito de forma

urbana e seus elementos componentes a partir dos autores Joseacute Lamas (2004) Philippe Panerai

(2006) e Vicente Del Rio (1990) Busca elucidar que a apreensatildeo da forma urbana eacute complexa e

envolve diversificadas abordagens e enfoques sociais econocircmicos histoacutericos e culturais para

entatildeo indicar que a presente pesquisa lanccedilaraacute um olhar para a forma urbana essencialmente a

____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO

20

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

partir de seu aspecto fiacutesico e material recorte necessaacuterio para a anaacutelise do comportamento

acuacutestico urbano

O segundo aspecto abordado no capiacutetulo 2 diz respeito agrave definiccedilatildeo teoacuterica do conceito da

acuacutestica urbana e de suas diversificadas implicaccedilotildees e interfaces quando o som eacute propagado em

meio urbano Busca evidenciar os fenocircmenos que ocorrem a partir da interaccedilatildeo entre a forma

urbana e a acuacutestica urbana indicando que a influecircncia da forma urbana eacute determinante para o

comportamento da acuacutestica urbana

O capiacutetulo 3 eacute dedicado ao percurso investigativo desta pesquisa evidenciando sua metodologia e

procedimentos metodoloacutegicos apresentando o 3deg Jardim enquanto estudo de caso o

mapeamento acuacutestico enquanto instrumento de pesquisa e detalhando as etapas operacionais

deste estudo Este capiacutetulo evidencia ainda o processo de elaboraccedilatildeo dos modelos e mapas

acuacutesticos da forma urbana existente no 3deg Jardim em cada uma das datas estudadas aleacutem da

situaccedilatildeo hipoteacutetica futura e discute o software Predictor utilizado para este mapeamento

O capiacutetulo 4 diz respeito ao processo de ocupaccedilatildeo do bairro de Boa Viagem e sua relaccedilatildeo com as

transformaccedilotildees urbanas ocorridas no 3deg Jardim Busca-se identificar as caracteriacutesticas

configuraccedilotildees e transformaccedilotildees ocorridas na forma urbana do 3deg Jardim que possibilitem o

entendimento cronoloacutegico destas modificaccedilotildees dando suporte a elaboraccedilatildeo e anaacutelise dos mapas

acuacutesticos

O capiacutetulo 5 analisa o comportamento da acuacutestica urbana identificado nos mapas acuacutesticos

elaborados do 3deg Jardim a partir das modificaccedilotildees ocorridas em sua forma urbana nos anos de

1971 1981 1997 e 2009 aleacutem de uma situaccedilatildeo hipoteacutetica futura (prediccedilatildeo acuacutestica) Neste capiacutetulo

discute-se ainda o comportamento do 3deg Jardim em relaccedilatildeo agrave legislaccedilatildeo municipal que regula as

emissotildees sonoras na cidade do Recife e no estado de Pernambuco e sua relaccedilatildeo com os niacuteveis

recomendados por outras entidades normativas e indica-se possiacuteveis accedilotildees para melhoria no

comportamento acuacutestico do 3deg Jardim bem como as possiacuteveis consequumlecircncias acuacutesticas da

ausecircncia de tais accedilotildees

Por fim no capiacutetulo 6 satildeo apresentadas as consideraccedilotildees finais acerca do comportamento acuacutestico

do 3deg Jardim e satildeo indicados novos rumos de pesquisa a respeito da acuacutestica urbana

CAPIacuteTULO 2

A arquitetura eacute uma muacutesica petrificada

Arthur Schopenhauer

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

22

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

Analisar o comportamento da acuacutestica urbana ainda que a partir das modificaccedilotildees da forma

urbana faz com que esta pesquisa trate essencialmente da acuacutestica urbana No entanto este

comportamento esta sujeito aos diversificados modos de apreensatildeo da forma urbana e de seus

elementos componentes bem como ao modo como esta pesquisa os consideraraacute

Assim sendo o primeiro item deste capiacutetulo expotildee o conceito de forma urbana e de algumas de

suas relaccedilotildees discutido agrave luz de LAMAS (2004) de PANERAI (2006) e DEL RIO (1990)

indicando em seguida o que esta pesquisa consideraraacute como forma urbana

Certamente discussatildeo em torno da produccedilatildeo de outros autores poderia ser elaborada No

entanto o primeiro item deste capiacutetulo natildeo pretende representar uma revisatildeo bibliograacutefica acerca

do estudo da forma urbana e suas relaccedilotildees pretende sim construir uma discussatildeo em torno dos

trecircs autores selecionados que culmine no conceito de forma urbana que seraacute considerado por esta

pesquisa para possibilitar olhar para suas modificaccedilotildees cronoloacutegicas a fim de compreender o

comportamento da acuacutestica urbana

Apoacutes este delineamento no segundo item deste capiacutetulo discute-se a acuacutestica urbana e suas

relaccedilotildees conceituais com os diversos elementos e implicaccedilotildees da propagaccedilatildeo sonora em meio

urbano e como eles relacionam-se influenciando em seu comportamento

21 A Forma Urbana e seus Elementos Componentes

Segundo LAMAS (2004) estudar a forma urbana compreende examinar as configuraccedilotildees e as

estruturas exteriores de determinados objetos de suas formas interligando-as com os fenocircmenos

que lhes deram origem Assim sendo a forma urbana pode ser definida como sendo o

[] modo como se organizam os elementos morfoloacutegicos que constituem e definem o espaccedilo urbano relativamente agrave materializaccedilatildeo dos aspectos de

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

23

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 21 ndash Diferentes aspectos quantitativos relacionados a diversificadas formas urbanas Fonte LAMAS 2004

organizaccedilatildeo funcional e quantitativa e dos aspectos qualitativos e figurativos (LAMAS 2004 p 44) 1

Dentre estes aspectos os quantitativos satildeo agravequeles da realidade urbana que podem ser

quantificaacuteveis tais como densidades superfiacutecies fluxos coeficientes volumeacutetricos entre outros

(Figura 21) os de organizaccedilatildeo funcional satildeo agravequeles que se relacionam com as atividades

humanas tais como habitar e trabalhar e agravequeles relacionados ao modo de uso especiacutefico de uma

aacuterea ndash residencial comercial industrial entre outros os qualitativos referem-se ao tratamento dos

espaccedilos ao conforto e a comodidade do utilizador tais como adaptaccedilatildeo ao clima acessibilidade

estado da pavimentaccedilatildeo entre outros por fim os aspectos figurativos dizem respeito a

essencialmente a comunicaccedilatildeo esteacutetica (LAMAS 2004)

Pode-se considerar que ao olhar para forma urbana e em especiacutefico para suas modificaccedilotildees

cronoloacutegicas com o intuito de compreender o comportamento da acuacutestica urbana esta pesquisa

relaciona-se tanto aos aspectos qualitativos a partir do conforto acuacutestico dos receptores das

ondas sonoras em meio urbano quanto aos

aspectos quantitativos uma vez que este

comportamento acuacutestico em meio urbano eacute

quantificaacutevel em decibels (dB)

Embora estes aspectos envolvam grande parte

das singularidades inerentes a forma urbana

esta definiccedilatildeo parece ainda natildeo abarcar outras

particularidades sociais econocircmicas histoacutericas

e culturais igualmente envolvidas no

entendimento da concepccedilatildeo da forma urbana

isto eacute resta ainda a consideraccedilatildeo de que esta

forma urbana natildeo acontece

independentemente dos grupos sociais que a

produzem (PANERAI 2006)

Satildeo essencialmente estas particularidades que

impulsionam ou amortecem a transformaccedilatildeo

1 Para todas as citaccedilotildees deste autor natildeo seratildeo consideradas adaptaccedilotildees na liacutengua do paiacutes de origem - Portugal - permanecendo o texto original

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

24

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

dos elementos que compotildeem a forma urbana ndash a adiccedilatildeo de novos de traccedilados a um jaacute existente

ou sua superposiccedilatildeo seus conflitos o parcelamento de parques e ocupaccedilatildeo de espaccedilos livres a

renovaccedilatildeo da massa edificada seu lento adensamento e verticalizaccedilatildeo segundo uma especulaccedilatildeo

despretensiosa ou sua substituiccedilatildeo por vastos empreendimentos sob influecircncia de uma

especulaccedilatildeo bem mais expressiva (PANERAI 2006) isto eacute faz parte da apreensatildeo da forma

urbana uma complexidade que envolve um processo de acumulaccedilatildeo de enfoques e observaccedilotildees

sociais econocircmicas histoacutericas e culturais que englobam muito mais do que apenas sua forma

fiacutesica

Estas particularidades especialmente as sociais parecem um pouco mais delineadas nas

consideraccedilotildees feitas por DEL RIO (1990) que considera o espaccedilo urbano a partir da apropriaccedilatildeo

social que se faz dele estabelecendo que em relaccedilatildeo ao estudo da forma urbana a cidade pode

ser compreendida a partir de trecircs niacuteveis organizacionais o coletivo o comunitaacuterio e o individual

O niacutevel coletivo eacute regido sob uma loacutegica estruturadora percebida inconscientemente e

coletivamente e eacute composto pelos elementos2 do tecido que possuem uma permanecircncia maior ao

longo do tempo o niacutevel comunitaacuterio diz respeito aos elementos com significados especiais apenas

para um pequeno grupo da populaccedilatildeo como o bairro por exemplo jaacute o niacutevel individual expressa

significados individuais como a residecircncia e seu espaccedilo circundante e por seu caraacuteter individual eacute

o que apresenta maior rapidez nas modificaccedilotildees (DEL RIO 1990)

Mas LAMAS (2004) ao defender sua definiccedilatildeo para forma urbana natildeo soacute possuiacutea ciecircncia destas

outras particularidades explicitadas por PANERAI (2006) e DEL RIO (1990) ndash sociais

econocircmicas histoacutericas e culturais ndash envolvidas na concepccedilatildeo de forma urbana como optou em

natildeo apreciaacute-las

[] um primeiro grau de leitura da cidade eacute eminentemente fiacutesico-espacial e morfoloacutegico portanto especiacutefico da arquitectura e o uacutenico que permite evidenciar a diferenccedila entre este e outro espaccedilo entre esta e aquela forma e explicar as caracteriacutesticas de cada parte da cidade A estes se juntam outros niacuteveis de leitura que revelam diferentes conteuacutedos (histoacutericos econoacutemicos sociais e outros) Mas este conjunto de leituras soacute eacute possiacutevel porque a cidade existe como facto fiacutesico e material Todos os instrumentos de leitura lecircem o mesmo objecto ndash o espaccedilo fiacutesico a FORMA URBANA (LAMAS 2004 p 31 grifo do autor) Eacute fundamentalmente a dimensatildeo fiacutesica e morfoloacutegica da cidade que me preocupa [] (LAMAS 2004 p 31)

2 Estes elementos seratildeo discutidos em paraacutegrafos mais adiante

____________________________________________

ANAacuteLISE D

Na verdade esta opccedilatildeo em

urbana considerando-a essen

de seu aspecto fiacutesico e m

convenientemente ao obje

presente pesquisa analisar

da acuacutestica urbana a partir

cronoloacutegicas na forma urba

esta anaacutelise do compor

implica em uma apropriaccedil

fiacutesica e material destas modif

Certamente a busca pela ap

urbana envolve muito

simplesmente sua forma

como jaacute aclarado No entan

da anaacutelise proposta por

apreensatildeo em totalid

fundamentalmente necessaacuter

apropriaccedilatildeo da forma urban

material ou uma variaacutevel fiacutes

finalidade derradeira de

comportamento acuacutestico

modificaccedilotildees nesta forma

Ao entender a observaccedilatildeo

essencialmente em seu aspec

(2004) propocircs uma classifica

dimensotildees

bull A dimensatildeo setorial

refere-se agrave menor u

do espaccedilo urbano co

uma praccedila ou uma

ponto o observador

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 24 ndash A cidadeo texemplificada por meio da cidadLAMAS 2004

Figura 23 ndash O bairro a escala ucidade portuguesa de Tavira Fonte

Figura 22 ndash Praccedila da Alagoa na ca dimensatildeo setorial Fonte LAMA

em observar a forma

sencialmente a partir

material responde

bjetivo primeiro da

ar o comportamento

rtir de modificaccedilotildees

rbana uma vez que

ortamento acuacutestico

riaccedilatildeo genuinamente

dificaccedilotildees

apreensatildeo da forma

o mais do que

a fiacutesica e material

tanto para realizaccedilatildeo

or este estudo tal

alidade natildeo eacute

saacuteria o que torna a

bana quase um meio

l fiacutesica para atingir a

e compreensatildeo do

a partir de

atildeo da forma urbana

pecto fiacutesico LAMAS

icaccedilatildeo em escalas ou

ndash a escala da rua

r unidade ou porccedilatildeo

como por exemplo

a rua onde de um

dor pode abarcar a

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

25

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

territoacuterioa dimensatildeo territorial dade portuguesa de Tavira Fonte

a urbana exemplificada por meio da nte LAMAS 2004

na cidade portuguesa de Tavira ilustra MAS 2004

____________________________________________

ANAacuteLISE D

unidade espacial d

(Figura 22)

bull A dimensatildeo urbana ndash

corresponde agraves pa

identificaacuteveis como

exemplo onde a

elementos da forma

atraveacutes do movime

percursos (Figura 23

bull E por fim a dimensatildeo

da cidade diz respeito

diferentes formas

articulaccedilatildeo de bai

entre si Sua forma

distribuiccedilatildeo de eleme

das cidades em con

suporte geograacutefico d

a articulaccedilatildeo de

circulaccedilatildeo entre os

entre zonas habitacio

entre outras (Figura 2

Dentre estas dimensotildees a u

bairro desperta particular

pesquisa uma vez que o e

limites de observaccedilatildeo atraveacute

de movimentos poderaacute aba

significante de modificaccedilotildee

forma urbana de determina

compreender o comport

acuacutestica urbana

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 25 ndash Exemplos de diversiflotes quarteirotildees e vias em difereNesta imagem um recorte do CONDEPE-FIDEM 1981

Figura 26 ndash Exemplos de diversiflotes quarteirotildees e vias em difereNesta imagem um recorte do baorigens da cidade entrecortadoBarreto Fonte CONDEPE-FIDE

Figura 27 ndash Exemplos de diveredifiacutecios lotes quarteirotildees e vias eRecife Nesta imagem um recessencialmente por morros o AltoFIDEM 1981

de seu conjunto

ndash a escala do bairro

partes homogecircneas

mo os bairros por

a observaccedilatildeo dos

a urbana eacute realizada

imento e de vaacuterios

23)

nsatildeo territorial ndash a escala

eito agrave articulaccedilatildeo de

as urbanas da

bairros interligados

ma eacute definida pela

mentos estruturantes

onformidade com o

o do siacutetio tais como

e ruas e vias de

s diferentes bairros

cionais e comerciais

a 24)

a urbana ndash escala do

lar interesse desta

o entendimento dos

veacutes de certo nuacutemero

barcar uma amostra

otildees cronoloacutegicas na

inado local a fim de

ortamento de sua

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

26

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

rsificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios erentes bairros da cidade do Recife o bairro de Boa Viagem Fonte

rsificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios erentes bairros da cidade do Recife bairro de Satildeo Joseacute que remete agraves do pela recente Avenida Dantas DEM 1981

versificadas concretizaccedilotildees entre os em diferentes bairros da cidade do

recorte de um bairro constituiacutedo lto do Mandu Fonte CONDEPE-

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

No entanto para apreender tal dimensatildeo devem-se conhecer e estabelecer quais elementos

miacutenimos da forma urbana que se relaciona com esta a dimensatildeo urbana e quais satildeo estes

elementos LAMAS (2004) propocircs onze elementos da forma urbana necessaacuterios para esta

apreensatildeo o solo (I) o edifiacutecio (II) o lote (III) o logradouro (IV) o quarteiratildeo (V) o traccediladoa

rua(VI) a praccedila (VII) a fachada (VIII) o monumento (IX) a vegetaccedilatildeo (X) e o mobiliaacuterio

urbano (XI) Dentre estes elementos seis possuem uma estreita relaccedilatildeo com esta pesquisa e

seratildeo expostos de acordo com consideraccedilotildees observadas por LAMAS 3 (2004) (Figuras 25 a 27)

O edifiacutecio representa o elemento miacutenimo identificaacutevel na observaccedilatildeo da forma urbana eacute atraveacutes

dele que se constitui o espaccedilo urbano e se organizam diferentes elementos tais como ruas praccedilas

avenidas entre outros Os edifiacutecios agrupam-se em diferentes tipos tanto em relaccedilatildeo a suas

formas quanto a suas funccedilotildees Estes elementos podem influenciar o comportamento da acuacutestica

urbana atuando enquanto objetos reflexivos da onda sonora e como barreiras acuacutesticas4

O lote representa o princiacutepio da relaccedilatildeo do edifiacutecio com o terreno A forma do lote eacute muitas

vezes condicionante da forma do edifiacutecio tornando-os vinculados por essecircncia o logradouro diz

respeito ao espaccedilo livres e natildeo construiacutedos no interior do lote aos quintais e jardins o quarteiratildeo

ou quadra pode ser considerado como o espaccedilo resultante entre o cruzamento de trecircs ou mais

vias podendo ser demarcado em vaacuterios lotes para a construccedilatildeo de edifiacutecios Juntos estes trecircs

elementos associados aos edifiacutecios podem propiciar uma maior ou menor permeabilidade

acuacutestica eou uma maior ou menor presenccedila de aacutereas de sombra no meio urbano

O traccedilado por meio das ruas ou vias eacute facilmente identificaacutevel no meio urbano Estaacute muitas vezes

condicionado ao siacutetio geograacutefico existente regula a disposiccedilatildeo dos edifiacutecios e quarteirotildees e

interliga os vaacuterios espaccedilos componentes da cidade e a cidade ao territoacuterio Normalmente o

traccedilado resiste agraves transformaccedilotildees na forma urbana por possuir um caraacuteter de permanecircncia natildeo

totalmente modificaacutevel O traccedilado engloba trajetoacuterias e caminhos que natildeo satildeo necessariamente

percorridos atraveacutes de automoacuteveis apesar disso estaacute em grande parte vinculado a uma das

principais fontes geradoras de ruiacutedo urbano ndash o traacutefego de veiacuteculos

3 Os outros elementos tambeacutem podem relacionar-se de diferentes maneiras com a acuacutestica urbana mas nem tanto com a presente pesquisa e por isso natildeo foram considerados 4 Todas as definiccedilotildees e conceitos acuacutesticos apresentados no presente item seratildeo elucidados no item seguinte 22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 28 ndash Os trecircs conjuntos formadores do tecido urbano segundo Panerai (2006) Fonte PANERAI 2006

A praccedila eacute um espaccedilo de geometria variada

intencionalmente inserido no meio urbano

cuja relaccedilatildeo com o traccedilado e os edifiacutecios

tambeacutem eacute intencional evidenciada atraveacutes do

seu desenho e natildeo acidentais como

alargamento e confluecircncias do traccedilado Aleacutem

disso a praccedila eacute um lugar de encontro de

permanecircncia e de praacuteticas sociais

Acusticamente dependendo de suas

proporccedilotildees a propagaccedilatildeo sonora que envolve

uma praccedila pode apresentar um

comportamento que se assemelha a

propagaccedilatildeo sonora em campo livre

Estes elementos constituintes da forma urbana

conceituados por LAMAS (2004) podem ser

identificados sob um diferente invoacutelucro

conceitual mas com a mesma essecircncia no que

PANERAI (2006) definiu como sendo

conjuntos do tecido urbano

Aplicado agrave cidade o termo ldquotecidordquo evoca a continuidade e a renovaccedilatildeo a permanecircncia e a variaccedilatildeo Ele explica a constituiccedilatildeo das cidades antigas e responde as questotildees levantadas pelo estudo das urbanizaccedilotildees recentes Ele pressupotildee uma atenccedilatildeo tanto ao banal quanto ao excepcional tanto agraves ruas comuns e agraves edificaccedilotildees corriqueiras quanto agraves regulamentaccedilotildees e aos monumentos Dentre as muacuteltiplas definiccedilotildees de tecido urbano e sem desprezar suas qualidades escolhemos a mais simples O tecido urbano eacute constituiacutedo pela superposiccedilatildeo ou imbricaccedilatildeo de trecircs conjuntos a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees Essa definiccedilatildeo potildee em evidecircncia os elementos que permitem que as diferentes partes da cidade evoluam ao mesmo tempo em que satildeo mantidas a coesatildeo de conjunto e a clareza de sua estrutura (PANERAI 2006 p 77-78 grifo nosso) (Figura 28)

Ao contraacuterio de LAMAS (2004) que considera a praccedila como um elemento da forma urbana por

si soacute PANERAI (2006) discute as vias ou traccedilado inseridas em uma relaccedilatildeo em rede onde

tambeacutem satildeo considerados como partes constituintes os largos passeios praccedilas esplanadas cais

pontes rios canais margens praias todos compondo o espaccedilo puacuteblico Eacute atraveacutes desta rede

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

contiacutenua e hierarquizada que acontecem as distribuiccedilotildees e circulaccedilotildees da cidade bem como sua

organizaccedilatildeo local e territorial

Jaacute os parcelamentos fundiaacuterios constituem a representaccedilatildeo negativa5 da rede de vias que evidencia o

domiacutenio construiacutedo Este domiacutenio natildeo se limita aos edifiacutecios mas tambeacutem envolve paacutetios

quintais terrenos baldios (PANERAI 2006) Embora PANERAI(2006) considere separadamente

o exame das edificaccedilotildees sugere-se que este domiacutenio construiacutedo envolve quatro dos elementos da

forma urbana elencados por LAMAS (2004) o edifiacutecio o lote o logradouro e o quarteiratildeo

Para PANERAI (2006) as edificaccedilotildees ou edifiacutecios satildeo consideradas construccedilotildees subordinadas ao

espaccedilo puacuteblico ou seja a rede de vias sendo por ele estruturada e que acrescentam a dimensatildeo

vertical ao tecido urbano Tal subordinaccedilatildeo permite que haja uma dependecircncia reciacuteproca entre os

edifiacutecios ainda que eles pertenccedilam a eacutepocas diferentes fazendo com que sua renovaccedilatildeo aconteccedila

sem que haja grandes perdas na unidade do conjunto

Ao estruturar sua concepccedilatildeo dos elementos componentes da forma urbana DEL RIO (1990) eacute

bem mais sinteacutetico e objetivo mas assim como LAMAS (2000) e PANERAI (2006) seus

elementos possuem similaridades e ateacute repeticcedilotildees que praticamente reproduzem a mesma

essecircncia conceitual dos outros dois autores Estes elementos por serem estruturados tatildeo

objetivamente seratildeo apresentados em citaccedilatildeo direta satildeo eles

- crescimento os modos as intensidades e direccedilotildees elementos geradores e reguladores limites e superaccedilatildeo de limites modificaccedilatildeo de estruturas pontos de cristalizaccedilatildeo etc - traccedilado e parcelamento ordenadores do espaccedilo estrutura fundiaacuteria relaccedilotildees distacircncias circulaccedilatildeo e acessibilidade etc - tipologias dos elementos urbanos inventaacuterio e categorizaccedilatildeo de tipologias ediliacutecias (residecircncias comercio etc) de lotes e sua ocupaccedilatildeo de quarteirotildees e sua ocupaccedilatildeo de praccedilas esquinas etc - articulaccedilotildees relaccedilotildees entre elementos hierarquias domiacutenios do publico e privado densidades relaccedilotildees entre cheios e vazios etc (DEL RIO 1990 p 83 grifos do autor)

Dentre todos os elementos expostos a partir dos trecircs autores existe um importante fenocircmeno

relacionando-os em distintas intensidades e que merece ser considerado por influenciar

definitivamente na modificaccedilatildeo da forma urbana ndash o adensamento

5 No sentido de uma fotografia onde os claros e os escuros satildeo representados no negativo de modo contraacuterio ao do objeto fotografado

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 29 ndash O adensamento das ilhas do Bairro do Recife e de Santo Antocircnio (imagem) ocorreu tanto pelo preenchimento progressivo desde o inicio da ocupaccedilatildeo da cidade quanto por meio da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees anteriores Fontehttppedrodealbuquerquewordpresscomcategorypernambuco Acesso em 201109

O adensamento ocorre a partir de dois modos

essenciais de ocupaccedilatildeo o primeiro a partir do

preenchimento progressivo do espaccedilo urbano

e o segundo a partir da substituiccedilatildeo completa

por meio de demoliccedilatildeo de edificaccedilotildees

anteriores (PANERAI 2006) (Figura 29)

A primeira forma de adensamento ocorre sem

a expansatildeo territorial por meio do

preenchimento progressivo de todas as

reservas fundiaacuterias e espaccedilos livres de

determinado meio urbano Eacute um

adensamento inserido em limitesbarreiras

preacute-estabelecidos naturais ou natildeo tais como

uma via expressa irregularidades geograacuteficas

do siacutetio ou ainda numa escala menor a proacutepria quadra pode ser um limite para saturaccedilatildeo gradual

em seu interior desmembramento ou remembramento dos lotes para construccedilatildeo de novas

edificaccedilotildees verticalizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo de antigos quintais eou jardins (PANERAI 2006)

A segunda forma de adensamento acontece atraveacutes da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees

anteriormente existentes por novas construccedilotildees de maior porte tanto em relaccedilatildeo agrave ocupaccedilatildeo do

solo por meio do remembramento de lotes quanto em relaccedilatildeo ao seu gabarito Esta forma de

adensamento permite a renovaccedilatildeo do espaccedilo urbano sem aumentar sua aacuterea de abrangecircncia sem

sua expansatildeo (PANERAI 2006)

Ambas as formas de adensamento transformam essencialmente a forma urbana e o modo como

se relacionam seus elementos componentes A identificaccedilatildeo desta transformaccedilatildeo em determinado

meio urbano gerada pelo adensamento eacute indispensaacutevel para anaacutelise do comportamento da

acuacutestica urbana a partir de modificaccedilotildees na forma urbana deste mesmo meio uma vez que o

adensamento pode influenciar na propagaccedilatildeo sonora proporcionando uma maior quantidade de

objetos reflexivos de barreiras acuacutesticas e favorecendo a diminuiccedilatildeo da permeabilidade acuacutestica

Por fim a partir exposiccedilatildeo de determinados elementos considerados por LAMAS (2004) ndash o

edifiacutecio o lote o logradouro o quarteiratildeo o traccediladoa rua e a praccedila dos conjuntos considerados

por PANERAI (2006) ndash a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees dos

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

31

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

elementos considerados por DEL RIO (1990) ndash crescimento traccedilado e parcelamento tipologias

dos elementos urbanos e as articulaccedilotildees e em busca de atingir seu objetivo principal esta

pesquisa consideraraacute a forma urbana inserida em um recorte que a considera essencialmente a

partir de seu aspecto fiacutesico e material e cujos elementos componentes considerados seratildeo

exclusivamente

1 As parcelas fundiaacuterias ndash consideradas por meio das quadras e lotes incluindo sua relaccedilatildeo

de modo de ocupaccedilatildeo das edificaccedilotildees sua densidade e seus espaccedilos livres

2 As edificaccedilotildees ndash consideradas atraveacutes de sua relaccedilatildeo de modo de ocupaccedilatildeo com os

lotes e do grau de verticalizaccedilatildeo (gabarito baixo meacutedio e alto)

3 As vias ndash consideradas como reguladoras da relaccedilatildeo com as edificaccedilotildees e quarteirotildees e

principalmente apreciadas como estreitamente vinculadas a uma das principais fontes

geradoras de ruiacutedo urbano (o traacutefego de veiacuteculos)

Estes seratildeo os elementos componentes da forma urbana que esta pesquisa se apropriaraacute no

decurso do caminho a fim de analisar o comportamento acuacutestico a partir de modificaccedilotildees

cronoloacutegicas em determinada forma urbana Nos paraacutegrafos seguintes discutem-se os conceitos e

relaccedilotildees que permeiam a acuacutestica urbana

22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais

A acuacutestica eacute a ciecircncia do som incluindo sua geraccedilatildeo transmissatildeo e recepccedilatildeo de energia sob a

forma de ondas vibracionais na mateacuteria (KINSLER et al 1982) Ela eacute uma ciecircncia

multidimensional e interligada a vaacuterios domiacutenios cientiacuteficos Seu objeto de estudo fundamental o

som delineia uma seacuterie de interfaces multidisciplinares com abordagens em diversificadas aacutereas

do conhecimento (Figura 210)

Desse modo quando a geraccedilatildeo transmissatildeo e efeitos do som estatildeo inseridos no meio urbano

seu desdobramento eacute estudado pela aacuterea de conhecimento da acuacutestica urbana muitas vezes

tambeacutem nomeada de acuacutestica ambiental

O objeto de estudo fundamental da acuacutestica o som eacute a sensaccedilatildeo produzida no ouvido por

pequenas flutuaccedilotildees da pressatildeo do ar (HANSEN 2005) ou seja eacute uma percepccedilatildeo sensorial e seu

____________________________________________

ANAacuteLISE D

complexo padratildeo de ondas s

de ruiacutedo muacutesica fala

(BERGLUND et al 1999)

Esta definiccedilatildeo do som tend

a percepccedilatildeo do ouvido

conceito psicofiacutesico Fisicame

vibraccedilatildeo mecacircnica que

progressivamente atraveacutes de

gasoso liacutequido ou soacutelido (SIN

Esta vibraccedilatildeo quando tran

que o rodeia nem sempre

aparelho auditivo humano

frequumlecircncia6 audiacutevel encontra

20 a 20000 Hz para um

(BRUumlEL amp KJAEligR 1984

1982) Frequumlecircncias acima de

altas para respostas fisioloacuteg

chamadas de ultrasons Jaacute as

de 20 Hz satildeo chamadas de

detectaacuteveis pelo ouvido hum

prejudiciais agrave sua sauacutede7

1982 SOUSA 2004)

Fisicamente o som e o ruiacutedo

ambos se propagam em mei

detectados pelo ouvido hu

enquanto o som eacute utilizado

6 A frequumlecircncia eacute o nuacutemero de ciclo(HANSEN 1995) 7 A exposiccedilatildeo a baixas frequumlecircncias depressatildeo irritabilidade e perturba pro

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 210 ndash Interfaces multidFonte Elaborado pela autora a pa

Figura 211 ndash Fonte sonora ponSOUZA 2006

as sonoras eacute rotulado

ala entre outros

ndo como referecircncia

o humano eacute um

mente o som eacute uma

que se propaga

de um meio material

(SINGAL 2005)

transmitida ao meio

re eacute detectaacutevel pelo

ano cuja faixa de

tra-se no intervalo de

um jovem saudaacutevel

4 KINSLER et al

de 20000 Hz muito

loacutegicas auditivas satildeo

as frequumlecircncias abaixo

de infrasons e natildeo satildeo

umano contudo satildeo

(KINSLER et al

iacutedo constituem o mesmo fenocircmeno de variaccedilotildee

eio elaacutestico (soacutelido liacutequido ou gasoso) e ambos

humano (BERGLUND et al 1999 HANSEN

do para descrever percepccedilotildees sonoras agradaacutev

iclos que a onda sonora completa no tempo de um segundo

as pode gerar a doenccedila Vibroacuacutestica que induz o espessamprocessos cognitivos (BRANCO e PEREIRA 2004)

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

32

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

ltidisciplinares do estudo do som partir de BISTAFA 2006

ontual e fonte sonora linear Fonte

otildees de pressatildeo ambiente

bos satildeo capazes de serem

EN 1995) No entanto

daacuteveis o ruiacutedo descreve

do e eacute medida em Hertz (Hz)

amento das estruturas cardiacuteacas

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

33

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 212 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora pontual de 6 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007

percepccedilotildees sonoras desagradaacuteveis incorporando um aspecto de subjetividade agrave sua definiccedilatildeo

(BRUumlEL amp KJAEligR 1984 HANSEN 2005 BRASIL 2006 SINGAL 2005)

Tal subjetividade acarreta diferentes e individuais percepccedilotildees sonoras pelo ser humano e

portanto em diferentes reaccedilotildees agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo Em outras palavras o que se estabelece

como som para um indiviacuteduo pode representar ruiacutedo para outro

[] as respostas inerentes ao ruiacutedo satildeo complexas dependendo tanto dos fatores propriamente acuacutesticos quanto dos psicossociais contextuais simboacutelicos emocionais como daqueles de valor especiacutefico Essas variaacuteveis participam da singularidade da escuta e atuam como filtros que modificam a percepccedilatildeo do sinal fiacutesico sonoro (SANTOS e MARTINS 2005 p 216)

Enquanto sua percepccedilatildeo envolve a subjetividade as respostas fisioloacutegicas agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo satildeo

mais objetivas e seus danos satildeo mais facilmente identificaacuteveis O ruiacutedo pode gerar complicaccedilotildees

no sistema circulatoacuterio e hormonal perda gradativa da audiccedilatildeo distuacuterbios de sono estresse

irritabilidade neuroses desconforto e dificuldade de aprendizado entre outros danos

(BERGLUND et al1999 HANSEN 2005 KINSLER et al 1982 MURGEL 2007 NAGEM

2004 NUNES 2006 PAZ et al 2005 SINGAL 2005 ZANNIN et al 2002)

O ruiacutedo pode se originar de variadas fontes presentes em diversificados ambientes as mais

comumente encontradas satildeo as fontes sonoras pontuais e as lineares (Figura 211) A fonte pontual

possui dimensotildees finitas e emite o mesmo niacutevel de pressatildeo sonora uniformemente para todas as

direccedilotildees sendo seu decaimento em campo livre de 6 dB para cada dobro da distacircncia (Figura

212) (HANSEN 2005 SOUSA 2004)

Jaacute a fonte linear eacute formada por certo nuacutemero de

fontes pontuais dispostas linearmente cuja

emissatildeo sonora eacute contiacutenua ao longo desta

linha sendo seu decaimento em campo livre

de 3 dB para cada dobro da distacircncia (Figura

213) (HANSEN 2005 PAZ 2004)

Quando propagadas no meio urbano a

combinaccedilatildeo de tais fontes sonoras associadas

ao percurso de transmissatildeo e ao receptor

constitui o ruiacutedo urbano (urban noise) tambeacutem

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Figura 213 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora linear de 3 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007

chamado de ruiacutedo ambiental (environmental

noise) ou ruiacutedo comunitaacuterio (community noise)

(BERGLUND et al1999 GUEDES 2005

SOUSA 2004)

O ruiacutedo urbano pode ser gerado a partir do

traacutefego de veiacuteculos terrestres e aeacutereos de

obras de construccedilatildeo civil de estabelecimentos

industriais de estabelecimentos comerciais e

de serviccedilos de sistemas de propaganda

volante ou permanente8 e ruiacutedos de outras atividades cuja propagaccedilatildeo sonora pode afetar o bem-

estar e a sauacutede dos citadinos (BARRON 2003 BERGLUND et al1999 KINSLER et al 1982

NAGEM 2004 NUNES 2006 SINGAL 2005)

Apesar de esporaacutedica outra fonte de ruiacutedo gerada em meio urbano satildeo os eventos puacuteblicos tais

como festas shows comiacutecios carnavais fora de eacutepoca entre outros As fontes de ruiacutedo presentes

nestes eventos atingem um alto niacutevel de pressatildeo sonora9 e abrangem uma grande quantidade

populacional logo independente de ocorrer poucas vezes durante o ano satildeo eventos

extremamente danosos a sauacutede e principalmente agrave audiccedilatildeo a partir de 80 dB(A) natildeo importa se

a sensaccedilatildeo sonora eacute prazerosa ou natildeo ela eacute necessariamente prejudicial10 (Tabela 21) (NUNES

2006)

Quando a intensidade dos ruiacutedos urbanos torna-se excessivamente desagradaacutevel eou nociva o

ruiacutedo passa a ser considerado uma forma de poluiccedilatildeo ambiental11 - a poluiccedilatildeo sonora A

necessidade de regulamentaccedilatildeo da poluiccedilatildeo sonora renuncia os aspectos de subjetividade

existentes e inerentes ao conceito de ruiacutedo na tentativa de sintetizar e estabelecer limites leis

normas meacutetodos e accedilotildees que representem um universo sonoro equivalente para toda a

populaccedilatildeo na tentativa de controlar e mitigar o ruiacutedo urbano

8 Carros de som bicicletas com som raacutedios comunitaacuterias entre outros 9 O niacutevel de pressatildeo sonora eacute a medida fiacutesica preferencial para caracterizar a sensaccedilatildeo subjetiva da intensidade dos sons e de acordo com a lei de Weber e Fechner a sensaccedilatildeo sonora eacute proporcional ao logaritmo da intensidade sonora NPS=20 log (pp0) onde p eacute a pressatildeo sonora em Pascal e p0 eacute a pressatildeo sonora de referecircncia (2 10-5 Pascal) (BISTAFA 2006 NIEMEYER 2007) 10 Outros niacuteveis de ruiacutedo tambeacutem podem ser prejudiciais em maior ou menor grau dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora 11 ldquoPoluiccedilatildeo eacute a degradaccedilatildeo da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente a) prejudiquem a sauacutede a seguranccedila e o bem-estar da populaccedilatildeo b) criem condiccedilotildees adversas agraves atividades sociais e econocircmicas c) afetem desfavoravelmente a biota d) afetem as condiccedilotildees esteacuteticas ou sanitaacuterias do meio ambiente e) lancem mateacuterias ou energia em desacordo com os padrotildees ambientais estabelecidosrdquo (BRASIL 1981 p 1 e 2)

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Tabela 21 ndash Os niacuteveis de pressatildeo sonora e suas consequumlecircncias fisioloacutegicas no homem Em alguns casos podem a intensidade das reaccedilotildees fisioloacutegicas podem variar dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora Fonte elaborado pela autora a partir de KINSLER et al 1992 SINGAL 2005 SOUZA 2006

Assim sendo na esfera federal a Constituiccedilatildeo Federal (Art255) o Coacutedigo Civil Brasileiro (Lei ndeg

1040602) a Lei das Contravenccedilotildees Penais (Decreto-lei nordm 368841) e a Lei dos Crimes

Ambientais (Lei nordm 960598) versam a partir de diferentes abordagens e diferentes

procedimentos legais sobre a poluiccedilatildeo sonora e suas respectivas perturbaccedilotildees (CARNEIRO

2009)

NIacuteVEIS DE PRESSAtildeO SONORA E SUAS CONSEQUEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS

Niacutevel de Pressatildeo sonora

em dB(A)

Caracteriacutesticas FISIOLOacuteGICAS

Ambiente ou atividade

0 a 30 Nenhuma Tremular de folhas de uma aacutervore sussurros

aacuterea de mata selvagem

30 a 50 Nenhuma Cantar de paacutessaros rua calma em aacuterea residencial durante noite

50 a 70 Marca o iniacutecio do estresse

auditivo Rua agitada um restaurante barulhento

70 a 90 Estressante e bastante

excitante Chegada de um trem na estaccedilatildeo carro a 100 Kmh

conversa a gritos

90 a 110 Extremamente excitante provocando dependecircncia

Caminhatildeo pesado a 60 Kmh alarme de viatura passagem de trem numa estaccedilatildeo ou cabine de um aviatildeo monomotor

110 a 130

Desconfortavelmente alto atingindo o limiar da dor podendo causar surdez

instantacircnea

Trem passando em trilhos elevados martelo pneumaacutetico interior de uma boate show de banda de rock

130 a 140 Acima do limiar da dor

causando surdez permanente Decolagem de aviatildeo a jato a 5m de distacircncia disparos de artilharia

Ainda no domiacutenio federal o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) publicou vaacuterias

resoluccedilotildees que estabelecem normas de preservaccedilatildeo ao meio ambiente incluindo o combate a

poluiccedilatildeo sonora12 Nestas resoluccedilotildees todas as atividades geradoras de ruiacutedo devem seguir

diretrizes vinculadas agrave Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas ndash ABNT e ao Conselho

Nacional de Tracircnsito - CONTRAN no caso de ruiacutedo produzido por veiacuteculos automotores

(NAGEM 2004)

Tais resoluccedilotildees normas e diretrizes refletidas no domiacutenio estadual e municipal deram origem agrave

Lei Estadual nordm 12789 de 28 de Abril de 2005 (PERNAMBUCO2005) conhecida como ldquoLei do

12 Satildeo elas RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 272 de 14 de setembro de 2000

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Silecircnciordquo e que dispotildee sobre ruiacutedos urbanos poluiccedilatildeo sonora e proteccedilatildeo do bem-estar e do

sossego puacuteblico e agrave Lei nordm 16243 de 13 de setembro de 1996 ndash Coacutedigo do Meio Ambiente e do

Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife (RECIFE 1996a) que estabelece a poliacutetica do meio ambiente da

cidade do Recife incluindo regulamentaccedilatildeo de emissotildees sonoras entre outras providecircncias

tendo como suporte a Lei 1617696 de 9 de Abril de 1996 ndash Lei de Uso e Ocupaccedilatildeo do Solo da

Cidade do Recife ndash LUOS (RECIFE 1996b)

Apesar da existecircncia desta grande quantidade de leis federais estaduais e municipais apesar da

LUOS legislar sobre a etapa de aprovaccedilatildeo de projetos para a construccedilatildeo de empreendimentos

com usos geradores de incocircmodo agrave vizinhanccedila incluindo usos potencialmente geradores de ruiacutedos

submetendo-os agrave anaacutelise teacutecnica eou agrave anaacutelise especial e apesar do Coacutedigo do Meio Ambiente e

do Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife estabelecer limites maacuteximos permitidos de ruiacutedo na praacutetica a

accedilatildeo contra a poluiccedilatildeo sonora em Recife adquire caraacuteter corretivo pelos oacutergatildeos reguladores agrave

conduta do infrator geralmente a partir de denuacutencias da populaccedilatildeo apoacutes a consolidaccedilatildeo da fonte

geradora de ruiacutedo no meio urbano (JORNAL DO COMEacuteRCIO 2008 JC ONLINE 2005)

Outro exemplo local de desatenccedilatildeo agrave poluiccedilatildeo sonora eacute a inexistecircncia dentre vaacuterios outros tipos

de degradaccedilatildeo ambiental presentes de qualquer referecircncia a respeito da poluiccedilatildeo sonora em

documento produzido pela Prefeitura da Cidade do Recife no ano 2000 o Atlas Ambiental da

Cidade do Recife (RECIFE 2000)

Diante da aplicabilidade ineficaz da legislaccedilatildeo vigente em Novembro de 2009 foi lanccedilado pelo

Ministeacuterio Puacuteblico de Pernambuco a cartilha Poluiccedilatildeo sonora Silento e o barulho13 que versa sobre as

posturas e accedilotildees direitos e deveres dos diversos agentes envolvidos na produccedilatildeo e recepccedilatildeo da

poluiccedilatildeo sonora indicando como devem agir a viacutetima o policial o estado o construtor poluidor

o proprietaacuterio de carro de som poluidor entre outros A cartilha tambeacutem disponibiliza uma seacuterie

de formulaacuterios modelos de acordo com os diferentes tipos de poluiccedilatildeo sonora Estes formulaacuterios satildeo

exemplos para serem utilizados tanto pela viacutetima da poluiccedilatildeo sonora quanto pelo policial civil

militar promotor de justiccedila e ateacute mesmo pelo poluidor - o que poderaacute tornar esta cartilha um

importante instrumento para aplicaccedilatildeo das leis vigentes (CARNEIRO 2009)

Embora negligenciada e em oposiccedilatildeo a diversos outros problemas ambientais mundiais a

poluiccedilatildeo sonora continua a crescer e eacute acompanhada pelo aumento no nuacutemero de reclamaccedilotildees de

13 ldquoSilentordquo eacute um personagem criado para narrar alguns trechos interativos da cartilha

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Figura 214 ndash Relaccedilatildeo entre o desenvolvimento industrial da sociedade que possibilita o aumento e concentraccedilatildeo de fontes sonoras e seus impactos em relaccedilatildeo ao ruiacutedo nas comunidades apontando trecircs previsotildees futuras de acordo com diferentes accedilotildees possiacuteveis de regulamentaccedilatildeo contra do ruiacutedo Fonte elaborado pela autora a partir de BERGLUND et al 1999

pessoas expostas ao ruiacutedo a partir do aumento da consciecircncia de seus direitos legais

(BERGLUND et al1999)

Para World Health Organization (WHO)14 a poluiccedilatildeo sonora jaacute eacute um dos problemas ambientais que

atingem o maior nuacutemero de pessoas no planeta perdendo apenas para a poluiccedilatildeo do ar e da aacutegua

(KIHLMAN 2004 2005) Este crescimento contiacutenuo da poluiccedilatildeo sonora e por conseguinte do

ruiacutedo urbano possui uma estreita relaccedilatildeo com as raacutepidas transformaccedilotildees ocorridas no meio

urbano nas uacuteltimas deacutecadas O desenvolvimento acelerado e a expansatildeo das cidades implicaram

em modificaccedilotildees em elementos da forma urbana em alto iacutendice de crescimento demograacutefico da

populaccedilatildeo urbana e em consequumlente aumento e concentraccedilatildeo de diversos tipos de fontes

geradoras de poluiccedilatildeo sonora (BRASIL 1990a1990b GUEDES 2005 PAZ 2009 ZANNIN et

al 2002) (Figura 214)

Entre estas fontes urbanas geradoras de poluiccedilatildeo sonora uma das que mais contribuem com o

aumento do ruiacutedo urbano aleacutem de ser considerada uma das fontes mais intrusivas e a mais

percebida pela populaccedilatildeo das grandes cidades eacute o traacutefego de veiacuteculos (DINIZ 2003 FRITSCH et al

2007 LACERDA et al 2005 PAZ 2004 ZANNIN et al 2003)

O ruiacutedo do traacutefego de veiacuteculos eacute gerado a

partir do ruiacutedo veicular que proveacutem

essencialmente do sistema de propulsatildeo do

motor do atrito entre o veiacuteculo e o ar (ruiacutedo

aerodinacircmico) e do atrito entre o pneu e o piso

(MURGEL 2007 KINSLER et al 1982) e da

relaccedilatildeo entre o veiacuteculocondutor e as

configuraccedilotildees das vias em que ele estaacute inserido

a aceleraccedilatildeo eou desaceleraccedilatildeo do motor de

acordo com a caracterizaccedilatildeo das vias - a

presenccedila de cruzamentos semaacuteforos faixas de

pedestres etc a intensidade do fluxo de

veiacuteculos e a proporccedilatildeo entre veiacuteculos leves e os

veiacuteculos pesados a frequumlecircncia de

14 Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede ndash OMS

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acionamentos de buzinas o tipo de acabamento da superfiacutecie das vias (concreto asfalto brita

terra batida) etc (SINGAL 2005)

Tais vias geradoras do ruiacutedo de traacutefego aleacutem de serem interceptadas por outras vias satildeo

comumente ladeadas por configuraccedilotildees bastante variaacuteveis desde edificaccedilotildees com formas

implantaccedilotildees e gabaritos diversificados a lotes ainda natildeo ocupados caracterizando a propagaccedilatildeo

do ruiacutedo de traacutefego urbano por muacuteltiplas reflexotildees responsaacuteveis pelo espalhamento do ruiacutedo

para vias adjacentes pelo surgimento de campos sonoros reverberantes pela difraccedilatildeo do ruiacutedo e

pelo surgimento de aacutereas de sombra (SINGAL 2005 RANDRIANOELINA e SALOMONS

2008) Ou seja a propagaccedilatildeo do ruiacutedo urbano gerado pelo traacutefego de veiacuteculos possui uma

interaccedilatildeo singular com elementos da forma urbana

Assim sendo tanto por sua participaccedilatildeo determinante na constituiccedilatildeo do ruiacutedo urbano quanto

por sua particular relaccedilatildeo com os elementos que compotildeem a forma urbana o ruiacutedo de traacutefego

seraacute a uacutenica fonte sonora considerada na presente pesquisa conforme seraacute melhor elucidado no

proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas

A interaccedilatildeo entre o ruiacutedo urbano e a forma urbana dependeraacute diretamente das configuraccedilotildees de

certos elementos que compotildeem esta forma urbana o traccedilado e perfis das vias a maneira de

implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade e

forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres tais como praccedilas e

largos (GUEDES 2005 SANTOS e MARTINS 2005) Estes elementos podem ser

acusticamente caracterizados a partir do tipo de espaccedilo acuacutestico e da permeabilidade acuacutestica

O espaccedilo acuacutestico tambeacutem nomeado de campo acuacutestico eacute a porccedilatildeo de determinado espaccedilo onde

acontecem as vibraccedilotildees sonoras podendo ser caracterizado no meio urbano como espaccedilo

acuacutestico aberto ou fechado (NIEMEYER 2007)

O espaccedilo acuacutestico aberto aproxima-se da propagaccedilatildeo em campo livre que eacute caracterizado pela ausecircncia

de obstaacuteculos que modifiquem a propagaccedilatildeo sonora entre a fonte e o receptor Assim no meio

urbano o espaccedilo cuja propagaccedilatildeo sonora envolva poucas ou nenhuma reflexatildeo e poucos ou

nenhum obstaacuteculo pode ser considerado um espaccedilo acuacutestico aberto como por exemplo o

espaccedilo acuacutestico com perfil em ldquoLrdquo tais como vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas uma de

suas margens (Figuras 215 e 216) (NIEMEYER 2007) No espaccedilo acuacutestico aberto o niacutevel de

pressatildeo sonora decai 6 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (LANG

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Figura 215 ndash Propagaccedilatildeo sonora em Campo acuacutestico aberto Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001

Figura 216 ndash Campo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo FonteNIEMEYER 2007

Figura 217 ndash Propagaccedilatildeo sonora em campo acuacutestico fechado causando o fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001

e BERANEK 1992) isto eacute o ruiacutedo percebido

pelo receptor diminui em funccedilatildeo da

duplicaccedilatildeo da distacircncia da fonte sonora15

Praccedilas parques e largos com grandes

dimensotildees vias de traacutefego marginais a praias

vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas

uma de suas margens ou espaccedilos livres

urbanos de grandes dimensotildees caracterizam

alguns exemplos de espaccedilos acuacutesticos abertos

No espaccedilo acuacutestico fechado as ondas sonoras

sofrem muacuteltiplas reflexotildees fazendo com que o

seu niacutevel sonoro decaia muito lentamente

sendo praticamente o mesmo em vaacuterias

posiccedilotildees ateacute que esta onda sonora encontre

uma saiacuteda para campo livre caracterizando o

fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana16 17(Figura

217) (GUEDES 2005 NIEMEYER 2007)

Os espaccedilos acuacutesticos fechados podem ser

reverberantes quando a onda sonora tarda a

encontrar o campo livre gerando um grande

nuacutemero de reflexotildees ou semi-reverberantes

quando a onda sonora encontra o campo livre

um pouco mais rapidamente do que no

reverberante gerando um nuacutemero menor mas

ainda grande de reflexotildees

15 Este decaimento eacute para fontes pontuais para fontes lineares o decaimento eacute de 3 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (GERGES 2000) 16 A reverberaccedilatildeo eacute a persistecircncia de um som depois de ter sido extinta a sua emissatildeo por uma fonte e ocorre como resultado de reflexotildees em ambientes total ou parcialmente fechados (GONZALEZ e LOPES 1993) 17 Alguns espaccedilos acuacutesticos fechados tambeacutem podem amplificar o niacutevel de pressatildeo sonora mas este fenocircmeno ocorre em determinados espaccedilos acuacutesticos fechados reverberantes

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 218 ndash Campo acuacutestico fechado em perfl ldquoUrdquo tambeacutem chamado de canyons urbanos Fonte NIEMEYER 2007

No meio urbano o espaccedilo acuacutestico fechado

reverberante possui comumente um perfil em

ldquoUrdquo (Figura 218) tambeacutem chamados de

canyons urbanos que podem amplificar

consideravelmente a propagaccedilatildeo sonora das

vias de traacutefego atraveacutes de reflexotildees muacuteltiplas

geradas pelas fachadas paralelas das

edificaccedilotildees que circundam estas vias

(ANDERSON e KURZE 1992) Assim neste

tipo de espaccedilo acuacutestico a propagaccedilatildeo sonora

natildeo depende exclusivamente da distacircncia entre

a fonte e o receptor como no espaccedilo acuacutestico

aberto depende ainda da configuraccedilatildeo dos

elementos que compotildeem a forma urbana e

dos coeficientes de absorccedilatildeo dos materiais que

revestem as superfiacutecies refletoras18

(NIEMEYER 2007)

Praccedilas parques e largos com pequenas dimensotildees e cercados por edificaccedilotildees conjugadas vias de

traacutefego com edificaccedilotildees (conjugadas ou com pequenos recuos entre elas) em ambos os lados

tuacuteneis passagens subterracircneas e espaccedilos livres abaixo de viadutos caracterizam alguns exemplos

de espaccedilos acuacutesticos fechados

A caracterizaccedilatildeo de um espaccedilo acuacutestico como sendo aberto ou fechado delinearaacute como a onda

sonora iraacute espalhar-se no meio urbano cujas configuraccedilotildees dos elementos que o compotildeem

podem facilitar ou dificultar a trajetoacuteria desta onda sonora para aleacutem do local de sua emissatildeo

tornando o meio urbano mais ou menos permeaacutevel a sua propagaccedilatildeo

18 No meio urbano as superfiacutecies refletoras satildeo predominantemente formadas por fachadas e muros de edificaccedilotildees que possuem certa uniformidade na utilizaccedilatildeo de materiais altamente reflexivos e com baixos coeficientes de absorccedilatildeo tais como granito maacutermore ceracircmica esmaltada vidro Assim o coeficiente de absorccedilatildeo de uma edificaccedilatildeo para outra seraacute praticamente o mesmo sofrendo miacutenimas variaccedilotildees permitindo sua natildeo consideraccedilatildeo

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 220 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees em uma quadra permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007

Figura 221 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjugadas em uma quadra pouco permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007

Figura 219 ndash Permeabilidade acuacutestica - percursos da onda sonora gerados em meio urbano Fonte NIEMEYER 2007

Figura 222 ndash Barreira acuacutestica entre a fonte e o receptor FonteANDERSON e KURZE 1992

Assim sendo a permeabilidade acuacutestica refere-se

aos percursos da onda sonora gerados no

meio urbano (Figura 219) (GUEDES 2005

NIEMEYER 2007) A intensidade da

permeabilidade acuacutestica - mais ou menos

permeaacutevel - dependeraacute da capacidade de

certos elementos urbanos de promover ou

conter a propagaccedilatildeo da onda sonora tais

como o traccedilado e perfis das vias a maneira de

implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem

como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade

e forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila

ou ausecircncia de espaccedilos livres (Figuras 220 e

221)

A permeabilidade acuacutestica relaciona-se ainda

com as barreiras acuacutesticas Isoladamente o

conceito de barreiras acuacutesticas refere-se a

qualquer objeto que possa ser considerado um

obstaacuteculo agrave ligaccedilatildeo direta e sem interferecircncias

entre a fonte e o receptor (Figura 222)

(ANDERSON e KURZE 1992 GERGES

2000) Ao bloquear o percurso direto entre a

fonte e o receptor a onda sonora poderaacute ser

absorvida eou refletida pela superfiacutecie da

barreira transmitida atraveacutes da barreira ou

difratada a partir do topo da barreira

(BARRON 2003 SINGAL 2005)

A difraccedilatildeo eacute um fenocircmeno que permite que as

ondas sonoras sejam capazes de contornar

determinados obstaacuteculos gerando uma aacuterea de

sombra acuacutestica que possui limites espaciais

variaacuteveis de acordo com a posiccedilatildeo da fonte

____________________________________________

ANAacuteLISE D

sonora e de sua localizaccedilatilde

receptor que por sua vez

sonora difratada pelas borda

um decaimento maior do qu

campo livre (Figura 223) (N

1968 NIEMEYER 2007 PA

O uso de barreiras acuacutestic

EUA Japatildeo Austraacutelia e

reduccedilatildeo da propagaccedilatildeo do

pelo traacutefego rodoviaacuterio pa

(Figuras 224 a 226) (SIN

Brasil esta praacutetica ainda eacute inc

restringindo-se a poucos exe

caso da barreira acuacutestica no

Linha Amarela na cidade do

na Rodovia Bandeirantes co

de Satildeo Paulo a Campinas

Paulo (Figura 227) (MURGE

2004)

Embora a implantaccedilatildeo de b

esteja vinculada agrave reduccedilatildeo do

rodoviaacuterio outros elemen

meio urbano situados ent

receptor atuam espontan

barreiras agrave propagaccedilatildeo sono

terreno com topografia i

muros edificaccedilotildees entr

edificaccedilotildees conjugadas da R

cidade do Recife ou aind

conjugadas em alguns trec

Atlacircntica no Rio de Janei

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 226 ndash Barreiras instaladasem aacuterea residencial de Toacutequio Jap

Figura 224 ndash Agrave esquerda barreacriacutelico na Suiacuteccedila Agrave direita barreiraPaacutedua e Veneza na Itaacutelia Fonte C

Figura 227 ndash Barreira acuacutestica dade Satildeo Paulo Fonte MURGEL 2

Figura 223 ndash Difraccedilatildeo da ondagerando uma aacuterea de sombra acuacutest

Figura 225 ndash Agrave esquerda baproacuteximo a Zurique Agrave direita barretambeacutem na Suiccedila Fonte CICHIN

accedilatildeo em relaccedilatildeo ao

ez recebe a energia

rdas da barreira com

que se estivesse em

(NEPOMUCENO

PAZ 2004)

ticas eacute comum nos

e na Europa para

do ruiacutedo produzido

para seus arredores

INGAL 2005) No

incipiente

exemplos como eacute o

no eixo rodoviaacuterio

o Rio de Janeiro e

conectando a cidade

s no estado de Satildeo

GEL 2007 SOUSA

e barreiras acuacutesticas

do ruiacutedo de traacutefego

entos inseridos no

entre a fonte e o

taneamente como

nora tais como um

irregular taludes

ntre outros As

a Rua da Aurora na

inda as edificaccedilotildees

trechos da Avenida

neiro por exemplo

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

42

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

das ao longo de via expressa elevada Japatildeo Fonte CICHINELLI 2007

rreira acuacutestica curva em concreto e eira acuacutestica metaacutelica na estrada entre CICHINELLI 2007

da Rodovia Bandeirantes no estado 2007

da sonora a partir de uma barreira uacutestica Fonte GERGES 2000

barreira acuacutestica metaacutelica instalada arreira acuacutestica em concreto e acriacutelico INELLI 2007

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

43

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 228 ndash Rua da Aurora no Bairro da Boa Vista na cidade do Recife configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fontehttpmaiovinteeseisblogspotcom2007_ 11_01_archivehtml Acesso em 080409

Figura 229 ndash Alguns trechos da Avenida Atlacircntica no Bairro de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro tambeacutem configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fonte httpwwwtravelpodcomtravel-photoorlanworldtrip200711 71589400avenida-atlantica-along-copacabana-beachjpgtpodhtml Acesso em 080409

aleacutem de funcionarem como barreiras acuacutesticas

espontacircneas ou natildeo intencionais tambeacutem

conformam um espaccedilo acuacutestico aberto em

ldquoLrdquo e pouco permeaacutevel ao ruiacutedo (Figura 228 e

229)

A partir da discussatildeo dos espaccedilos acuacutesticos e

da permeabilidade acuacutestica evidencia-se que a

interaccedilatildeo entre os diversos elementos que

compotildeem a forma urbana - o traccedilado e perfis

das vias o modo de implantaccedilatildeo das

edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as

proporccedilotildees densidade e maneira de ocupaccedilatildeo

das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de

espaccedilos livres ndash contribui determinantemente

para a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano

atraveacutes de muacuteltiplas reflexotildees do

espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave

fonte geradora de campos sonoros

reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de

aacutereas de sombra

Isto posto se o ruiacutedo urbano eacute considerado

um sistema composto essencialmente pela fonte

sonora pelo meio de propagaccedilatildeo e pelo receptor (LANG e BERANEK 1992 ANDERSON e

KURZE 1992) a forma urbana considerada a partir dos elementos que a compotildeem enquanto

percurso de transmissatildeo delineia influencia e determina em certa medida a trajetoacuteria de

propagaccedilatildeo da onda sonora19 Ou seja a forma urbana por meio das caracteriacutesticas singulares

apresentadas pelos seus elementos componentes iraacute influenciar o comportamento da propagaccedilatildeo

da onda sonora no meio urbano

19 ldquoEm certa medidardquo pois existem outros fatores que tambeacutem influenciam a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano mas a discussatildeo sobre a consideraccedilatildeo ou natildeo destes outros fatores seraacute melhor construiacuteda no proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

44

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito alto por elevada densidade de

ocupaccedilatildeo das quadras e por vias estreitas por exemplo tende em tese a ser menos permeaacutevel ao

ruiacutedo dificultando a propagaccedilatildeo sonora para outras aacutereas Tende ainda a criar espaccedilos

reverberantes ou semi-reverberantes com o niacutevel de pressatildeo sonora elevado em praticamente

todos os pontos de reflexatildeo com perdas miacutenimas ateacute a onda sonora alcanccedilar o topo das

edificaccedilotildees e direcionar-se a campo livre Por conseguinte este comportamento tende a propiciar

dependendo ainda da relaccedilatildeo com a fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano indesejaacutevel e

insalubre aos receptores existentes nas edificaccedilotildees daquela via

Jaacute uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito baixo por baixa densidade de

ocupaccedilatildeo das quadras e por vias largas tende teoricamente a ser mais permeaacutevel ao ruiacutedo

facilitando sua propagaccedilatildeo Por outro lado natildeo gera espaccedilos acuacutesticos propiacutecios a muacuteltiplas

reflexotildees fazendo com que a onda sonora encontre mais rapidamente o campo livre facilitando

sua dissipaccedilatildeo e propiciando dependendo ainda da fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano

desejaacutevel aos seus receptores

Deste modo a existecircncia de diferenccedilas e particularidades dos elementos que compotildeem as

distintas formas urbanas proporciona os mais diversificados comportamentos acuacutesticos de

propagaccedilatildeo sonora nos mais diferentes meios urbanos Ou seja do mesmo modo que cidades

bairros e ruas natildeo satildeo iguais entre si tampouco reproduziacuteveis em sua essecircncia o comportamento

acuacutestico tambeacutem natildeo seraacute ao contraacuterio constituiraacute um atributo exclusivo de cada espaccedilo urbano

Mas se para cada espaccedilo urbano existe um comportamento acuacutestico especiacutefico como deveraacute se

comportar a propagaccedilatildeo sonora de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de

modificaccedilotildees em elementos de sua forma urbana Em outras palavras como se comportaraacute a acuacutestica

urbana de um determinado local a partir do processo cronoloacutegico de modificaccedilotildees em sua forma urbana

Nos capiacutetulo que se segue Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas seratildeo apresentadas os percursos

investigativos que foram postos em praacutetica em busca de responder a este questionamento

____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO

20

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

partir de seu aspecto fiacutesico e material recorte necessaacuterio para a anaacutelise do comportamento

acuacutestico urbano

O segundo aspecto abordado no capiacutetulo 2 diz respeito agrave definiccedilatildeo teoacuterica do conceito da

acuacutestica urbana e de suas diversificadas implicaccedilotildees e interfaces quando o som eacute propagado em

meio urbano Busca evidenciar os fenocircmenos que ocorrem a partir da interaccedilatildeo entre a forma

urbana e a acuacutestica urbana indicando que a influecircncia da forma urbana eacute determinante para o

comportamento da acuacutestica urbana

O capiacutetulo 3 eacute dedicado ao percurso investigativo desta pesquisa evidenciando sua metodologia e

procedimentos metodoloacutegicos apresentando o 3deg Jardim enquanto estudo de caso o

mapeamento acuacutestico enquanto instrumento de pesquisa e detalhando as etapas operacionais

deste estudo Este capiacutetulo evidencia ainda o processo de elaboraccedilatildeo dos modelos e mapas

acuacutesticos da forma urbana existente no 3deg Jardim em cada uma das datas estudadas aleacutem da

situaccedilatildeo hipoteacutetica futura e discute o software Predictor utilizado para este mapeamento

O capiacutetulo 4 diz respeito ao processo de ocupaccedilatildeo do bairro de Boa Viagem e sua relaccedilatildeo com as

transformaccedilotildees urbanas ocorridas no 3deg Jardim Busca-se identificar as caracteriacutesticas

configuraccedilotildees e transformaccedilotildees ocorridas na forma urbana do 3deg Jardim que possibilitem o

entendimento cronoloacutegico destas modificaccedilotildees dando suporte a elaboraccedilatildeo e anaacutelise dos mapas

acuacutesticos

O capiacutetulo 5 analisa o comportamento da acuacutestica urbana identificado nos mapas acuacutesticos

elaborados do 3deg Jardim a partir das modificaccedilotildees ocorridas em sua forma urbana nos anos de

1971 1981 1997 e 2009 aleacutem de uma situaccedilatildeo hipoteacutetica futura (prediccedilatildeo acuacutestica) Neste capiacutetulo

discute-se ainda o comportamento do 3deg Jardim em relaccedilatildeo agrave legislaccedilatildeo municipal que regula as

emissotildees sonoras na cidade do Recife e no estado de Pernambuco e sua relaccedilatildeo com os niacuteveis

recomendados por outras entidades normativas e indica-se possiacuteveis accedilotildees para melhoria no

comportamento acuacutestico do 3deg Jardim bem como as possiacuteveis consequumlecircncias acuacutesticas da

ausecircncia de tais accedilotildees

Por fim no capiacutetulo 6 satildeo apresentadas as consideraccedilotildees finais acerca do comportamento acuacutestico

do 3deg Jardim e satildeo indicados novos rumos de pesquisa a respeito da acuacutestica urbana

CAPIacuteTULO 2

A arquitetura eacute uma muacutesica petrificada

Arthur Schopenhauer

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

22

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

Analisar o comportamento da acuacutestica urbana ainda que a partir das modificaccedilotildees da forma

urbana faz com que esta pesquisa trate essencialmente da acuacutestica urbana No entanto este

comportamento esta sujeito aos diversificados modos de apreensatildeo da forma urbana e de seus

elementos componentes bem como ao modo como esta pesquisa os consideraraacute

Assim sendo o primeiro item deste capiacutetulo expotildee o conceito de forma urbana e de algumas de

suas relaccedilotildees discutido agrave luz de LAMAS (2004) de PANERAI (2006) e DEL RIO (1990)

indicando em seguida o que esta pesquisa consideraraacute como forma urbana

Certamente discussatildeo em torno da produccedilatildeo de outros autores poderia ser elaborada No

entanto o primeiro item deste capiacutetulo natildeo pretende representar uma revisatildeo bibliograacutefica acerca

do estudo da forma urbana e suas relaccedilotildees pretende sim construir uma discussatildeo em torno dos

trecircs autores selecionados que culmine no conceito de forma urbana que seraacute considerado por esta

pesquisa para possibilitar olhar para suas modificaccedilotildees cronoloacutegicas a fim de compreender o

comportamento da acuacutestica urbana

Apoacutes este delineamento no segundo item deste capiacutetulo discute-se a acuacutestica urbana e suas

relaccedilotildees conceituais com os diversos elementos e implicaccedilotildees da propagaccedilatildeo sonora em meio

urbano e como eles relacionam-se influenciando em seu comportamento

21 A Forma Urbana e seus Elementos Componentes

Segundo LAMAS (2004) estudar a forma urbana compreende examinar as configuraccedilotildees e as

estruturas exteriores de determinados objetos de suas formas interligando-as com os fenocircmenos

que lhes deram origem Assim sendo a forma urbana pode ser definida como sendo o

[] modo como se organizam os elementos morfoloacutegicos que constituem e definem o espaccedilo urbano relativamente agrave materializaccedilatildeo dos aspectos de

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

23

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 21 ndash Diferentes aspectos quantitativos relacionados a diversificadas formas urbanas Fonte LAMAS 2004

organizaccedilatildeo funcional e quantitativa e dos aspectos qualitativos e figurativos (LAMAS 2004 p 44) 1

Dentre estes aspectos os quantitativos satildeo agravequeles da realidade urbana que podem ser

quantificaacuteveis tais como densidades superfiacutecies fluxos coeficientes volumeacutetricos entre outros

(Figura 21) os de organizaccedilatildeo funcional satildeo agravequeles que se relacionam com as atividades

humanas tais como habitar e trabalhar e agravequeles relacionados ao modo de uso especiacutefico de uma

aacuterea ndash residencial comercial industrial entre outros os qualitativos referem-se ao tratamento dos

espaccedilos ao conforto e a comodidade do utilizador tais como adaptaccedilatildeo ao clima acessibilidade

estado da pavimentaccedilatildeo entre outros por fim os aspectos figurativos dizem respeito a

essencialmente a comunicaccedilatildeo esteacutetica (LAMAS 2004)

Pode-se considerar que ao olhar para forma urbana e em especiacutefico para suas modificaccedilotildees

cronoloacutegicas com o intuito de compreender o comportamento da acuacutestica urbana esta pesquisa

relaciona-se tanto aos aspectos qualitativos a partir do conforto acuacutestico dos receptores das

ondas sonoras em meio urbano quanto aos

aspectos quantitativos uma vez que este

comportamento acuacutestico em meio urbano eacute

quantificaacutevel em decibels (dB)

Embora estes aspectos envolvam grande parte

das singularidades inerentes a forma urbana

esta definiccedilatildeo parece ainda natildeo abarcar outras

particularidades sociais econocircmicas histoacutericas

e culturais igualmente envolvidas no

entendimento da concepccedilatildeo da forma urbana

isto eacute resta ainda a consideraccedilatildeo de que esta

forma urbana natildeo acontece

independentemente dos grupos sociais que a

produzem (PANERAI 2006)

Satildeo essencialmente estas particularidades que

impulsionam ou amortecem a transformaccedilatildeo

1 Para todas as citaccedilotildees deste autor natildeo seratildeo consideradas adaptaccedilotildees na liacutengua do paiacutes de origem - Portugal - permanecendo o texto original

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

24

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

dos elementos que compotildeem a forma urbana ndash a adiccedilatildeo de novos de traccedilados a um jaacute existente

ou sua superposiccedilatildeo seus conflitos o parcelamento de parques e ocupaccedilatildeo de espaccedilos livres a

renovaccedilatildeo da massa edificada seu lento adensamento e verticalizaccedilatildeo segundo uma especulaccedilatildeo

despretensiosa ou sua substituiccedilatildeo por vastos empreendimentos sob influecircncia de uma

especulaccedilatildeo bem mais expressiva (PANERAI 2006) isto eacute faz parte da apreensatildeo da forma

urbana uma complexidade que envolve um processo de acumulaccedilatildeo de enfoques e observaccedilotildees

sociais econocircmicas histoacutericas e culturais que englobam muito mais do que apenas sua forma

fiacutesica

Estas particularidades especialmente as sociais parecem um pouco mais delineadas nas

consideraccedilotildees feitas por DEL RIO (1990) que considera o espaccedilo urbano a partir da apropriaccedilatildeo

social que se faz dele estabelecendo que em relaccedilatildeo ao estudo da forma urbana a cidade pode

ser compreendida a partir de trecircs niacuteveis organizacionais o coletivo o comunitaacuterio e o individual

O niacutevel coletivo eacute regido sob uma loacutegica estruturadora percebida inconscientemente e

coletivamente e eacute composto pelos elementos2 do tecido que possuem uma permanecircncia maior ao

longo do tempo o niacutevel comunitaacuterio diz respeito aos elementos com significados especiais apenas

para um pequeno grupo da populaccedilatildeo como o bairro por exemplo jaacute o niacutevel individual expressa

significados individuais como a residecircncia e seu espaccedilo circundante e por seu caraacuteter individual eacute

o que apresenta maior rapidez nas modificaccedilotildees (DEL RIO 1990)

Mas LAMAS (2004) ao defender sua definiccedilatildeo para forma urbana natildeo soacute possuiacutea ciecircncia destas

outras particularidades explicitadas por PANERAI (2006) e DEL RIO (1990) ndash sociais

econocircmicas histoacutericas e culturais ndash envolvidas na concepccedilatildeo de forma urbana como optou em

natildeo apreciaacute-las

[] um primeiro grau de leitura da cidade eacute eminentemente fiacutesico-espacial e morfoloacutegico portanto especiacutefico da arquitectura e o uacutenico que permite evidenciar a diferenccedila entre este e outro espaccedilo entre esta e aquela forma e explicar as caracteriacutesticas de cada parte da cidade A estes se juntam outros niacuteveis de leitura que revelam diferentes conteuacutedos (histoacutericos econoacutemicos sociais e outros) Mas este conjunto de leituras soacute eacute possiacutevel porque a cidade existe como facto fiacutesico e material Todos os instrumentos de leitura lecircem o mesmo objecto ndash o espaccedilo fiacutesico a FORMA URBANA (LAMAS 2004 p 31 grifo do autor) Eacute fundamentalmente a dimensatildeo fiacutesica e morfoloacutegica da cidade que me preocupa [] (LAMAS 2004 p 31)

2 Estes elementos seratildeo discutidos em paraacutegrafos mais adiante

____________________________________________

ANAacuteLISE D

Na verdade esta opccedilatildeo em

urbana considerando-a essen

de seu aspecto fiacutesico e m

convenientemente ao obje

presente pesquisa analisar

da acuacutestica urbana a partir

cronoloacutegicas na forma urba

esta anaacutelise do compor

implica em uma apropriaccedil

fiacutesica e material destas modif

Certamente a busca pela ap

urbana envolve muito

simplesmente sua forma

como jaacute aclarado No entan

da anaacutelise proposta por

apreensatildeo em totalid

fundamentalmente necessaacuter

apropriaccedilatildeo da forma urban

material ou uma variaacutevel fiacutes

finalidade derradeira de

comportamento acuacutestico

modificaccedilotildees nesta forma

Ao entender a observaccedilatildeo

essencialmente em seu aspec

(2004) propocircs uma classifica

dimensotildees

bull A dimensatildeo setorial

refere-se agrave menor u

do espaccedilo urbano co

uma praccedila ou uma

ponto o observador

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 24 ndash A cidadeo texemplificada por meio da cidadLAMAS 2004

Figura 23 ndash O bairro a escala ucidade portuguesa de Tavira Fonte

Figura 22 ndash Praccedila da Alagoa na ca dimensatildeo setorial Fonte LAMA

em observar a forma

sencialmente a partir

material responde

bjetivo primeiro da

ar o comportamento

rtir de modificaccedilotildees

rbana uma vez que

ortamento acuacutestico

riaccedilatildeo genuinamente

dificaccedilotildees

apreensatildeo da forma

o mais do que

a fiacutesica e material

tanto para realizaccedilatildeo

or este estudo tal

alidade natildeo eacute

saacuteria o que torna a

bana quase um meio

l fiacutesica para atingir a

e compreensatildeo do

a partir de

atildeo da forma urbana

pecto fiacutesico LAMAS

icaccedilatildeo em escalas ou

ndash a escala da rua

r unidade ou porccedilatildeo

como por exemplo

a rua onde de um

dor pode abarcar a

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

25

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

territoacuterioa dimensatildeo territorial dade portuguesa de Tavira Fonte

a urbana exemplificada por meio da nte LAMAS 2004

na cidade portuguesa de Tavira ilustra MAS 2004

____________________________________________

ANAacuteLISE D

unidade espacial d

(Figura 22)

bull A dimensatildeo urbana ndash

corresponde agraves pa

identificaacuteveis como

exemplo onde a

elementos da forma

atraveacutes do movime

percursos (Figura 23

bull E por fim a dimensatildeo

da cidade diz respeito

diferentes formas

articulaccedilatildeo de bai

entre si Sua forma

distribuiccedilatildeo de eleme

das cidades em con

suporte geograacutefico d

a articulaccedilatildeo de

circulaccedilatildeo entre os

entre zonas habitacio

entre outras (Figura 2

Dentre estas dimensotildees a u

bairro desperta particular

pesquisa uma vez que o e

limites de observaccedilatildeo atraveacute

de movimentos poderaacute aba

significante de modificaccedilotildee

forma urbana de determina

compreender o comport

acuacutestica urbana

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 25 ndash Exemplos de diversiflotes quarteirotildees e vias em difereNesta imagem um recorte do CONDEPE-FIDEM 1981

Figura 26 ndash Exemplos de diversiflotes quarteirotildees e vias em difereNesta imagem um recorte do baorigens da cidade entrecortadoBarreto Fonte CONDEPE-FIDE

Figura 27 ndash Exemplos de diveredifiacutecios lotes quarteirotildees e vias eRecife Nesta imagem um recessencialmente por morros o AltoFIDEM 1981

de seu conjunto

ndash a escala do bairro

partes homogecircneas

mo os bairros por

a observaccedilatildeo dos

a urbana eacute realizada

imento e de vaacuterios

23)

nsatildeo territorial ndash a escala

eito agrave articulaccedilatildeo de

as urbanas da

bairros interligados

ma eacute definida pela

mentos estruturantes

onformidade com o

o do siacutetio tais como

e ruas e vias de

s diferentes bairros

cionais e comerciais

a 24)

a urbana ndash escala do

lar interesse desta

o entendimento dos

veacutes de certo nuacutemero

barcar uma amostra

otildees cronoloacutegicas na

inado local a fim de

ortamento de sua

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

26

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

rsificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios erentes bairros da cidade do Recife o bairro de Boa Viagem Fonte

rsificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios erentes bairros da cidade do Recife bairro de Satildeo Joseacute que remete agraves do pela recente Avenida Dantas DEM 1981

versificadas concretizaccedilotildees entre os em diferentes bairros da cidade do

recorte de um bairro constituiacutedo lto do Mandu Fonte CONDEPE-

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

27

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

No entanto para apreender tal dimensatildeo devem-se conhecer e estabelecer quais elementos

miacutenimos da forma urbana que se relaciona com esta a dimensatildeo urbana e quais satildeo estes

elementos LAMAS (2004) propocircs onze elementos da forma urbana necessaacuterios para esta

apreensatildeo o solo (I) o edifiacutecio (II) o lote (III) o logradouro (IV) o quarteiratildeo (V) o traccediladoa

rua(VI) a praccedila (VII) a fachada (VIII) o monumento (IX) a vegetaccedilatildeo (X) e o mobiliaacuterio

urbano (XI) Dentre estes elementos seis possuem uma estreita relaccedilatildeo com esta pesquisa e

seratildeo expostos de acordo com consideraccedilotildees observadas por LAMAS 3 (2004) (Figuras 25 a 27)

O edifiacutecio representa o elemento miacutenimo identificaacutevel na observaccedilatildeo da forma urbana eacute atraveacutes

dele que se constitui o espaccedilo urbano e se organizam diferentes elementos tais como ruas praccedilas

avenidas entre outros Os edifiacutecios agrupam-se em diferentes tipos tanto em relaccedilatildeo a suas

formas quanto a suas funccedilotildees Estes elementos podem influenciar o comportamento da acuacutestica

urbana atuando enquanto objetos reflexivos da onda sonora e como barreiras acuacutesticas4

O lote representa o princiacutepio da relaccedilatildeo do edifiacutecio com o terreno A forma do lote eacute muitas

vezes condicionante da forma do edifiacutecio tornando-os vinculados por essecircncia o logradouro diz

respeito ao espaccedilo livres e natildeo construiacutedos no interior do lote aos quintais e jardins o quarteiratildeo

ou quadra pode ser considerado como o espaccedilo resultante entre o cruzamento de trecircs ou mais

vias podendo ser demarcado em vaacuterios lotes para a construccedilatildeo de edifiacutecios Juntos estes trecircs

elementos associados aos edifiacutecios podem propiciar uma maior ou menor permeabilidade

acuacutestica eou uma maior ou menor presenccedila de aacutereas de sombra no meio urbano

O traccedilado por meio das ruas ou vias eacute facilmente identificaacutevel no meio urbano Estaacute muitas vezes

condicionado ao siacutetio geograacutefico existente regula a disposiccedilatildeo dos edifiacutecios e quarteirotildees e

interliga os vaacuterios espaccedilos componentes da cidade e a cidade ao territoacuterio Normalmente o

traccedilado resiste agraves transformaccedilotildees na forma urbana por possuir um caraacuteter de permanecircncia natildeo

totalmente modificaacutevel O traccedilado engloba trajetoacuterias e caminhos que natildeo satildeo necessariamente

percorridos atraveacutes de automoacuteveis apesar disso estaacute em grande parte vinculado a uma das

principais fontes geradoras de ruiacutedo urbano ndash o traacutefego de veiacuteculos

3 Os outros elementos tambeacutem podem relacionar-se de diferentes maneiras com a acuacutestica urbana mas nem tanto com a presente pesquisa e por isso natildeo foram considerados 4 Todas as definiccedilotildees e conceitos acuacutesticos apresentados no presente item seratildeo elucidados no item seguinte 22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

28

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 28 ndash Os trecircs conjuntos formadores do tecido urbano segundo Panerai (2006) Fonte PANERAI 2006

A praccedila eacute um espaccedilo de geometria variada

intencionalmente inserido no meio urbano

cuja relaccedilatildeo com o traccedilado e os edifiacutecios

tambeacutem eacute intencional evidenciada atraveacutes do

seu desenho e natildeo acidentais como

alargamento e confluecircncias do traccedilado Aleacutem

disso a praccedila eacute um lugar de encontro de

permanecircncia e de praacuteticas sociais

Acusticamente dependendo de suas

proporccedilotildees a propagaccedilatildeo sonora que envolve

uma praccedila pode apresentar um

comportamento que se assemelha a

propagaccedilatildeo sonora em campo livre

Estes elementos constituintes da forma urbana

conceituados por LAMAS (2004) podem ser

identificados sob um diferente invoacutelucro

conceitual mas com a mesma essecircncia no que

PANERAI (2006) definiu como sendo

conjuntos do tecido urbano

Aplicado agrave cidade o termo ldquotecidordquo evoca a continuidade e a renovaccedilatildeo a permanecircncia e a variaccedilatildeo Ele explica a constituiccedilatildeo das cidades antigas e responde as questotildees levantadas pelo estudo das urbanizaccedilotildees recentes Ele pressupotildee uma atenccedilatildeo tanto ao banal quanto ao excepcional tanto agraves ruas comuns e agraves edificaccedilotildees corriqueiras quanto agraves regulamentaccedilotildees e aos monumentos Dentre as muacuteltiplas definiccedilotildees de tecido urbano e sem desprezar suas qualidades escolhemos a mais simples O tecido urbano eacute constituiacutedo pela superposiccedilatildeo ou imbricaccedilatildeo de trecircs conjuntos a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees Essa definiccedilatildeo potildee em evidecircncia os elementos que permitem que as diferentes partes da cidade evoluam ao mesmo tempo em que satildeo mantidas a coesatildeo de conjunto e a clareza de sua estrutura (PANERAI 2006 p 77-78 grifo nosso) (Figura 28)

Ao contraacuterio de LAMAS (2004) que considera a praccedila como um elemento da forma urbana por

si soacute PANERAI (2006) discute as vias ou traccedilado inseridas em uma relaccedilatildeo em rede onde

tambeacutem satildeo considerados como partes constituintes os largos passeios praccedilas esplanadas cais

pontes rios canais margens praias todos compondo o espaccedilo puacuteblico Eacute atraveacutes desta rede

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

29

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

contiacutenua e hierarquizada que acontecem as distribuiccedilotildees e circulaccedilotildees da cidade bem como sua

organizaccedilatildeo local e territorial

Jaacute os parcelamentos fundiaacuterios constituem a representaccedilatildeo negativa5 da rede de vias que evidencia o

domiacutenio construiacutedo Este domiacutenio natildeo se limita aos edifiacutecios mas tambeacutem envolve paacutetios

quintais terrenos baldios (PANERAI 2006) Embora PANERAI(2006) considere separadamente

o exame das edificaccedilotildees sugere-se que este domiacutenio construiacutedo envolve quatro dos elementos da

forma urbana elencados por LAMAS (2004) o edifiacutecio o lote o logradouro e o quarteiratildeo

Para PANERAI (2006) as edificaccedilotildees ou edifiacutecios satildeo consideradas construccedilotildees subordinadas ao

espaccedilo puacuteblico ou seja a rede de vias sendo por ele estruturada e que acrescentam a dimensatildeo

vertical ao tecido urbano Tal subordinaccedilatildeo permite que haja uma dependecircncia reciacuteproca entre os

edifiacutecios ainda que eles pertenccedilam a eacutepocas diferentes fazendo com que sua renovaccedilatildeo aconteccedila

sem que haja grandes perdas na unidade do conjunto

Ao estruturar sua concepccedilatildeo dos elementos componentes da forma urbana DEL RIO (1990) eacute

bem mais sinteacutetico e objetivo mas assim como LAMAS (2000) e PANERAI (2006) seus

elementos possuem similaridades e ateacute repeticcedilotildees que praticamente reproduzem a mesma

essecircncia conceitual dos outros dois autores Estes elementos por serem estruturados tatildeo

objetivamente seratildeo apresentados em citaccedilatildeo direta satildeo eles

- crescimento os modos as intensidades e direccedilotildees elementos geradores e reguladores limites e superaccedilatildeo de limites modificaccedilatildeo de estruturas pontos de cristalizaccedilatildeo etc - traccedilado e parcelamento ordenadores do espaccedilo estrutura fundiaacuteria relaccedilotildees distacircncias circulaccedilatildeo e acessibilidade etc - tipologias dos elementos urbanos inventaacuterio e categorizaccedilatildeo de tipologias ediliacutecias (residecircncias comercio etc) de lotes e sua ocupaccedilatildeo de quarteirotildees e sua ocupaccedilatildeo de praccedilas esquinas etc - articulaccedilotildees relaccedilotildees entre elementos hierarquias domiacutenios do publico e privado densidades relaccedilotildees entre cheios e vazios etc (DEL RIO 1990 p 83 grifos do autor)

Dentre todos os elementos expostos a partir dos trecircs autores existe um importante fenocircmeno

relacionando-os em distintas intensidades e que merece ser considerado por influenciar

definitivamente na modificaccedilatildeo da forma urbana ndash o adensamento

5 No sentido de uma fotografia onde os claros e os escuros satildeo representados no negativo de modo contraacuterio ao do objeto fotografado

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

30

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 29 ndash O adensamento das ilhas do Bairro do Recife e de Santo Antocircnio (imagem) ocorreu tanto pelo preenchimento progressivo desde o inicio da ocupaccedilatildeo da cidade quanto por meio da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees anteriores Fontehttppedrodealbuquerquewordpresscomcategorypernambuco Acesso em 201109

O adensamento ocorre a partir de dois modos

essenciais de ocupaccedilatildeo o primeiro a partir do

preenchimento progressivo do espaccedilo urbano

e o segundo a partir da substituiccedilatildeo completa

por meio de demoliccedilatildeo de edificaccedilotildees

anteriores (PANERAI 2006) (Figura 29)

A primeira forma de adensamento ocorre sem

a expansatildeo territorial por meio do

preenchimento progressivo de todas as

reservas fundiaacuterias e espaccedilos livres de

determinado meio urbano Eacute um

adensamento inserido em limitesbarreiras

preacute-estabelecidos naturais ou natildeo tais como

uma via expressa irregularidades geograacuteficas

do siacutetio ou ainda numa escala menor a proacutepria quadra pode ser um limite para saturaccedilatildeo gradual

em seu interior desmembramento ou remembramento dos lotes para construccedilatildeo de novas

edificaccedilotildees verticalizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo de antigos quintais eou jardins (PANERAI 2006)

A segunda forma de adensamento acontece atraveacutes da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees

anteriormente existentes por novas construccedilotildees de maior porte tanto em relaccedilatildeo agrave ocupaccedilatildeo do

solo por meio do remembramento de lotes quanto em relaccedilatildeo ao seu gabarito Esta forma de

adensamento permite a renovaccedilatildeo do espaccedilo urbano sem aumentar sua aacuterea de abrangecircncia sem

sua expansatildeo (PANERAI 2006)

Ambas as formas de adensamento transformam essencialmente a forma urbana e o modo como

se relacionam seus elementos componentes A identificaccedilatildeo desta transformaccedilatildeo em determinado

meio urbano gerada pelo adensamento eacute indispensaacutevel para anaacutelise do comportamento da

acuacutestica urbana a partir de modificaccedilotildees na forma urbana deste mesmo meio uma vez que o

adensamento pode influenciar na propagaccedilatildeo sonora proporcionando uma maior quantidade de

objetos reflexivos de barreiras acuacutesticas e favorecendo a diminuiccedilatildeo da permeabilidade acuacutestica

Por fim a partir exposiccedilatildeo de determinados elementos considerados por LAMAS (2004) ndash o

edifiacutecio o lote o logradouro o quarteiratildeo o traccediladoa rua e a praccedila dos conjuntos considerados

por PANERAI (2006) ndash a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees dos

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

elementos considerados por DEL RIO (1990) ndash crescimento traccedilado e parcelamento tipologias

dos elementos urbanos e as articulaccedilotildees e em busca de atingir seu objetivo principal esta

pesquisa consideraraacute a forma urbana inserida em um recorte que a considera essencialmente a

partir de seu aspecto fiacutesico e material e cujos elementos componentes considerados seratildeo

exclusivamente

1 As parcelas fundiaacuterias ndash consideradas por meio das quadras e lotes incluindo sua relaccedilatildeo

de modo de ocupaccedilatildeo das edificaccedilotildees sua densidade e seus espaccedilos livres

2 As edificaccedilotildees ndash consideradas atraveacutes de sua relaccedilatildeo de modo de ocupaccedilatildeo com os

lotes e do grau de verticalizaccedilatildeo (gabarito baixo meacutedio e alto)

3 As vias ndash consideradas como reguladoras da relaccedilatildeo com as edificaccedilotildees e quarteirotildees e

principalmente apreciadas como estreitamente vinculadas a uma das principais fontes

geradoras de ruiacutedo urbano (o traacutefego de veiacuteculos)

Estes seratildeo os elementos componentes da forma urbana que esta pesquisa se apropriaraacute no

decurso do caminho a fim de analisar o comportamento acuacutestico a partir de modificaccedilotildees

cronoloacutegicas em determinada forma urbana Nos paraacutegrafos seguintes discutem-se os conceitos e

relaccedilotildees que permeiam a acuacutestica urbana

22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais

A acuacutestica eacute a ciecircncia do som incluindo sua geraccedilatildeo transmissatildeo e recepccedilatildeo de energia sob a

forma de ondas vibracionais na mateacuteria (KINSLER et al 1982) Ela eacute uma ciecircncia

multidimensional e interligada a vaacuterios domiacutenios cientiacuteficos Seu objeto de estudo fundamental o

som delineia uma seacuterie de interfaces multidisciplinares com abordagens em diversificadas aacutereas

do conhecimento (Figura 210)

Desse modo quando a geraccedilatildeo transmissatildeo e efeitos do som estatildeo inseridos no meio urbano

seu desdobramento eacute estudado pela aacuterea de conhecimento da acuacutestica urbana muitas vezes

tambeacutem nomeada de acuacutestica ambiental

O objeto de estudo fundamental da acuacutestica o som eacute a sensaccedilatildeo produzida no ouvido por

pequenas flutuaccedilotildees da pressatildeo do ar (HANSEN 2005) ou seja eacute uma percepccedilatildeo sensorial e seu

____________________________________________

ANAacuteLISE D

complexo padratildeo de ondas s

de ruiacutedo muacutesica fala

(BERGLUND et al 1999)

Esta definiccedilatildeo do som tend

a percepccedilatildeo do ouvido

conceito psicofiacutesico Fisicame

vibraccedilatildeo mecacircnica que

progressivamente atraveacutes de

gasoso liacutequido ou soacutelido (SIN

Esta vibraccedilatildeo quando tran

que o rodeia nem sempre

aparelho auditivo humano

frequumlecircncia6 audiacutevel encontra

20 a 20000 Hz para um

(BRUumlEL amp KJAEligR 1984

1982) Frequumlecircncias acima de

altas para respostas fisioloacuteg

chamadas de ultrasons Jaacute as

de 20 Hz satildeo chamadas de

detectaacuteveis pelo ouvido hum

prejudiciais agrave sua sauacutede7

1982 SOUSA 2004)

Fisicamente o som e o ruiacutedo

ambos se propagam em mei

detectados pelo ouvido hu

enquanto o som eacute utilizado

6 A frequumlecircncia eacute o nuacutemero de ciclo(HANSEN 1995) 7 A exposiccedilatildeo a baixas frequumlecircncias depressatildeo irritabilidade e perturba pro

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 210 ndash Interfaces multidFonte Elaborado pela autora a pa

Figura 211 ndash Fonte sonora ponSOUZA 2006

as sonoras eacute rotulado

ala entre outros

ndo como referecircncia

o humano eacute um

mente o som eacute uma

que se propaga

de um meio material

(SINGAL 2005)

transmitida ao meio

re eacute detectaacutevel pelo

ano cuja faixa de

tra-se no intervalo de

um jovem saudaacutevel

4 KINSLER et al

de 20000 Hz muito

loacutegicas auditivas satildeo

as frequumlecircncias abaixo

de infrasons e natildeo satildeo

umano contudo satildeo

(KINSLER et al

iacutedo constituem o mesmo fenocircmeno de variaccedilotildee

eio elaacutestico (soacutelido liacutequido ou gasoso) e ambos

humano (BERGLUND et al 1999 HANSEN

do para descrever percepccedilotildees sonoras agradaacutev

iclos que a onda sonora completa no tempo de um segundo

as pode gerar a doenccedila Vibroacuacutestica que induz o espessamprocessos cognitivos (BRANCO e PEREIRA 2004)

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

32

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

ltidisciplinares do estudo do som partir de BISTAFA 2006

ontual e fonte sonora linear Fonte

otildees de pressatildeo ambiente

bos satildeo capazes de serem

EN 1995) No entanto

daacuteveis o ruiacutedo descreve

do e eacute medida em Hertz (Hz)

amento das estruturas cardiacuteacas

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

33

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 212 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora pontual de 6 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007

percepccedilotildees sonoras desagradaacuteveis incorporando um aspecto de subjetividade agrave sua definiccedilatildeo

(BRUumlEL amp KJAEligR 1984 HANSEN 2005 BRASIL 2006 SINGAL 2005)

Tal subjetividade acarreta diferentes e individuais percepccedilotildees sonoras pelo ser humano e

portanto em diferentes reaccedilotildees agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo Em outras palavras o que se estabelece

como som para um indiviacuteduo pode representar ruiacutedo para outro

[] as respostas inerentes ao ruiacutedo satildeo complexas dependendo tanto dos fatores propriamente acuacutesticos quanto dos psicossociais contextuais simboacutelicos emocionais como daqueles de valor especiacutefico Essas variaacuteveis participam da singularidade da escuta e atuam como filtros que modificam a percepccedilatildeo do sinal fiacutesico sonoro (SANTOS e MARTINS 2005 p 216)

Enquanto sua percepccedilatildeo envolve a subjetividade as respostas fisioloacutegicas agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo satildeo

mais objetivas e seus danos satildeo mais facilmente identificaacuteveis O ruiacutedo pode gerar complicaccedilotildees

no sistema circulatoacuterio e hormonal perda gradativa da audiccedilatildeo distuacuterbios de sono estresse

irritabilidade neuroses desconforto e dificuldade de aprendizado entre outros danos

(BERGLUND et al1999 HANSEN 2005 KINSLER et al 1982 MURGEL 2007 NAGEM

2004 NUNES 2006 PAZ et al 2005 SINGAL 2005 ZANNIN et al 2002)

O ruiacutedo pode se originar de variadas fontes presentes em diversificados ambientes as mais

comumente encontradas satildeo as fontes sonoras pontuais e as lineares (Figura 211) A fonte pontual

possui dimensotildees finitas e emite o mesmo niacutevel de pressatildeo sonora uniformemente para todas as

direccedilotildees sendo seu decaimento em campo livre de 6 dB para cada dobro da distacircncia (Figura

212) (HANSEN 2005 SOUSA 2004)

Jaacute a fonte linear eacute formada por certo nuacutemero de

fontes pontuais dispostas linearmente cuja

emissatildeo sonora eacute contiacutenua ao longo desta

linha sendo seu decaimento em campo livre

de 3 dB para cada dobro da distacircncia (Figura

213) (HANSEN 2005 PAZ 2004)

Quando propagadas no meio urbano a

combinaccedilatildeo de tais fontes sonoras associadas

ao percurso de transmissatildeo e ao receptor

constitui o ruiacutedo urbano (urban noise) tambeacutem

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 213 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora linear de 3 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007

chamado de ruiacutedo ambiental (environmental

noise) ou ruiacutedo comunitaacuterio (community noise)

(BERGLUND et al1999 GUEDES 2005

SOUSA 2004)

O ruiacutedo urbano pode ser gerado a partir do

traacutefego de veiacuteculos terrestres e aeacutereos de

obras de construccedilatildeo civil de estabelecimentos

industriais de estabelecimentos comerciais e

de serviccedilos de sistemas de propaganda

volante ou permanente8 e ruiacutedos de outras atividades cuja propagaccedilatildeo sonora pode afetar o bem-

estar e a sauacutede dos citadinos (BARRON 2003 BERGLUND et al1999 KINSLER et al 1982

NAGEM 2004 NUNES 2006 SINGAL 2005)

Apesar de esporaacutedica outra fonte de ruiacutedo gerada em meio urbano satildeo os eventos puacuteblicos tais

como festas shows comiacutecios carnavais fora de eacutepoca entre outros As fontes de ruiacutedo presentes

nestes eventos atingem um alto niacutevel de pressatildeo sonora9 e abrangem uma grande quantidade

populacional logo independente de ocorrer poucas vezes durante o ano satildeo eventos

extremamente danosos a sauacutede e principalmente agrave audiccedilatildeo a partir de 80 dB(A) natildeo importa se

a sensaccedilatildeo sonora eacute prazerosa ou natildeo ela eacute necessariamente prejudicial10 (Tabela 21) (NUNES

2006)

Quando a intensidade dos ruiacutedos urbanos torna-se excessivamente desagradaacutevel eou nociva o

ruiacutedo passa a ser considerado uma forma de poluiccedilatildeo ambiental11 - a poluiccedilatildeo sonora A

necessidade de regulamentaccedilatildeo da poluiccedilatildeo sonora renuncia os aspectos de subjetividade

existentes e inerentes ao conceito de ruiacutedo na tentativa de sintetizar e estabelecer limites leis

normas meacutetodos e accedilotildees que representem um universo sonoro equivalente para toda a

populaccedilatildeo na tentativa de controlar e mitigar o ruiacutedo urbano

8 Carros de som bicicletas com som raacutedios comunitaacuterias entre outros 9 O niacutevel de pressatildeo sonora eacute a medida fiacutesica preferencial para caracterizar a sensaccedilatildeo subjetiva da intensidade dos sons e de acordo com a lei de Weber e Fechner a sensaccedilatildeo sonora eacute proporcional ao logaritmo da intensidade sonora NPS=20 log (pp0) onde p eacute a pressatildeo sonora em Pascal e p0 eacute a pressatildeo sonora de referecircncia (2 10-5 Pascal) (BISTAFA 2006 NIEMEYER 2007) 10 Outros niacuteveis de ruiacutedo tambeacutem podem ser prejudiciais em maior ou menor grau dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora 11 ldquoPoluiccedilatildeo eacute a degradaccedilatildeo da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente a) prejudiquem a sauacutede a seguranccedila e o bem-estar da populaccedilatildeo b) criem condiccedilotildees adversas agraves atividades sociais e econocircmicas c) afetem desfavoravelmente a biota d) afetem as condiccedilotildees esteacuteticas ou sanitaacuterias do meio ambiente e) lancem mateacuterias ou energia em desacordo com os padrotildees ambientais estabelecidosrdquo (BRASIL 1981 p 1 e 2)

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Tabela 21 ndash Os niacuteveis de pressatildeo sonora e suas consequumlecircncias fisioloacutegicas no homem Em alguns casos podem a intensidade das reaccedilotildees fisioloacutegicas podem variar dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora Fonte elaborado pela autora a partir de KINSLER et al 1992 SINGAL 2005 SOUZA 2006

Assim sendo na esfera federal a Constituiccedilatildeo Federal (Art255) o Coacutedigo Civil Brasileiro (Lei ndeg

1040602) a Lei das Contravenccedilotildees Penais (Decreto-lei nordm 368841) e a Lei dos Crimes

Ambientais (Lei nordm 960598) versam a partir de diferentes abordagens e diferentes

procedimentos legais sobre a poluiccedilatildeo sonora e suas respectivas perturbaccedilotildees (CARNEIRO

2009)

NIacuteVEIS DE PRESSAtildeO SONORA E SUAS CONSEQUEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS

Niacutevel de Pressatildeo sonora

em dB(A)

Caracteriacutesticas FISIOLOacuteGICAS

Ambiente ou atividade

0 a 30 Nenhuma Tremular de folhas de uma aacutervore sussurros

aacuterea de mata selvagem

30 a 50 Nenhuma Cantar de paacutessaros rua calma em aacuterea residencial durante noite

50 a 70 Marca o iniacutecio do estresse

auditivo Rua agitada um restaurante barulhento

70 a 90 Estressante e bastante

excitante Chegada de um trem na estaccedilatildeo carro a 100 Kmh

conversa a gritos

90 a 110 Extremamente excitante provocando dependecircncia

Caminhatildeo pesado a 60 Kmh alarme de viatura passagem de trem numa estaccedilatildeo ou cabine de um aviatildeo monomotor

110 a 130

Desconfortavelmente alto atingindo o limiar da dor podendo causar surdez

instantacircnea

Trem passando em trilhos elevados martelo pneumaacutetico interior de uma boate show de banda de rock

130 a 140 Acima do limiar da dor

causando surdez permanente Decolagem de aviatildeo a jato a 5m de distacircncia disparos de artilharia

Ainda no domiacutenio federal o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) publicou vaacuterias

resoluccedilotildees que estabelecem normas de preservaccedilatildeo ao meio ambiente incluindo o combate a

poluiccedilatildeo sonora12 Nestas resoluccedilotildees todas as atividades geradoras de ruiacutedo devem seguir

diretrizes vinculadas agrave Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas ndash ABNT e ao Conselho

Nacional de Tracircnsito - CONTRAN no caso de ruiacutedo produzido por veiacuteculos automotores

(NAGEM 2004)

Tais resoluccedilotildees normas e diretrizes refletidas no domiacutenio estadual e municipal deram origem agrave

Lei Estadual nordm 12789 de 28 de Abril de 2005 (PERNAMBUCO2005) conhecida como ldquoLei do

12 Satildeo elas RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 272 de 14 de setembro de 2000

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Silecircnciordquo e que dispotildee sobre ruiacutedos urbanos poluiccedilatildeo sonora e proteccedilatildeo do bem-estar e do

sossego puacuteblico e agrave Lei nordm 16243 de 13 de setembro de 1996 ndash Coacutedigo do Meio Ambiente e do

Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife (RECIFE 1996a) que estabelece a poliacutetica do meio ambiente da

cidade do Recife incluindo regulamentaccedilatildeo de emissotildees sonoras entre outras providecircncias

tendo como suporte a Lei 1617696 de 9 de Abril de 1996 ndash Lei de Uso e Ocupaccedilatildeo do Solo da

Cidade do Recife ndash LUOS (RECIFE 1996b)

Apesar da existecircncia desta grande quantidade de leis federais estaduais e municipais apesar da

LUOS legislar sobre a etapa de aprovaccedilatildeo de projetos para a construccedilatildeo de empreendimentos

com usos geradores de incocircmodo agrave vizinhanccedila incluindo usos potencialmente geradores de ruiacutedos

submetendo-os agrave anaacutelise teacutecnica eou agrave anaacutelise especial e apesar do Coacutedigo do Meio Ambiente e

do Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife estabelecer limites maacuteximos permitidos de ruiacutedo na praacutetica a

accedilatildeo contra a poluiccedilatildeo sonora em Recife adquire caraacuteter corretivo pelos oacutergatildeos reguladores agrave

conduta do infrator geralmente a partir de denuacutencias da populaccedilatildeo apoacutes a consolidaccedilatildeo da fonte

geradora de ruiacutedo no meio urbano (JORNAL DO COMEacuteRCIO 2008 JC ONLINE 2005)

Outro exemplo local de desatenccedilatildeo agrave poluiccedilatildeo sonora eacute a inexistecircncia dentre vaacuterios outros tipos

de degradaccedilatildeo ambiental presentes de qualquer referecircncia a respeito da poluiccedilatildeo sonora em

documento produzido pela Prefeitura da Cidade do Recife no ano 2000 o Atlas Ambiental da

Cidade do Recife (RECIFE 2000)

Diante da aplicabilidade ineficaz da legislaccedilatildeo vigente em Novembro de 2009 foi lanccedilado pelo

Ministeacuterio Puacuteblico de Pernambuco a cartilha Poluiccedilatildeo sonora Silento e o barulho13 que versa sobre as

posturas e accedilotildees direitos e deveres dos diversos agentes envolvidos na produccedilatildeo e recepccedilatildeo da

poluiccedilatildeo sonora indicando como devem agir a viacutetima o policial o estado o construtor poluidor

o proprietaacuterio de carro de som poluidor entre outros A cartilha tambeacutem disponibiliza uma seacuterie

de formulaacuterios modelos de acordo com os diferentes tipos de poluiccedilatildeo sonora Estes formulaacuterios satildeo

exemplos para serem utilizados tanto pela viacutetima da poluiccedilatildeo sonora quanto pelo policial civil

militar promotor de justiccedila e ateacute mesmo pelo poluidor - o que poderaacute tornar esta cartilha um

importante instrumento para aplicaccedilatildeo das leis vigentes (CARNEIRO 2009)

Embora negligenciada e em oposiccedilatildeo a diversos outros problemas ambientais mundiais a

poluiccedilatildeo sonora continua a crescer e eacute acompanhada pelo aumento no nuacutemero de reclamaccedilotildees de

13 ldquoSilentordquo eacute um personagem criado para narrar alguns trechos interativos da cartilha

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 214 ndash Relaccedilatildeo entre o desenvolvimento industrial da sociedade que possibilita o aumento e concentraccedilatildeo de fontes sonoras e seus impactos em relaccedilatildeo ao ruiacutedo nas comunidades apontando trecircs previsotildees futuras de acordo com diferentes accedilotildees possiacuteveis de regulamentaccedilatildeo contra do ruiacutedo Fonte elaborado pela autora a partir de BERGLUND et al 1999

pessoas expostas ao ruiacutedo a partir do aumento da consciecircncia de seus direitos legais

(BERGLUND et al1999)

Para World Health Organization (WHO)14 a poluiccedilatildeo sonora jaacute eacute um dos problemas ambientais que

atingem o maior nuacutemero de pessoas no planeta perdendo apenas para a poluiccedilatildeo do ar e da aacutegua

(KIHLMAN 2004 2005) Este crescimento contiacutenuo da poluiccedilatildeo sonora e por conseguinte do

ruiacutedo urbano possui uma estreita relaccedilatildeo com as raacutepidas transformaccedilotildees ocorridas no meio

urbano nas uacuteltimas deacutecadas O desenvolvimento acelerado e a expansatildeo das cidades implicaram

em modificaccedilotildees em elementos da forma urbana em alto iacutendice de crescimento demograacutefico da

populaccedilatildeo urbana e em consequumlente aumento e concentraccedilatildeo de diversos tipos de fontes

geradoras de poluiccedilatildeo sonora (BRASIL 1990a1990b GUEDES 2005 PAZ 2009 ZANNIN et

al 2002) (Figura 214)

Entre estas fontes urbanas geradoras de poluiccedilatildeo sonora uma das que mais contribuem com o

aumento do ruiacutedo urbano aleacutem de ser considerada uma das fontes mais intrusivas e a mais

percebida pela populaccedilatildeo das grandes cidades eacute o traacutefego de veiacuteculos (DINIZ 2003 FRITSCH et al

2007 LACERDA et al 2005 PAZ 2004 ZANNIN et al 2003)

O ruiacutedo do traacutefego de veiacuteculos eacute gerado a

partir do ruiacutedo veicular que proveacutem

essencialmente do sistema de propulsatildeo do

motor do atrito entre o veiacuteculo e o ar (ruiacutedo

aerodinacircmico) e do atrito entre o pneu e o piso

(MURGEL 2007 KINSLER et al 1982) e da

relaccedilatildeo entre o veiacuteculocondutor e as

configuraccedilotildees das vias em que ele estaacute inserido

a aceleraccedilatildeo eou desaceleraccedilatildeo do motor de

acordo com a caracterizaccedilatildeo das vias - a

presenccedila de cruzamentos semaacuteforos faixas de

pedestres etc a intensidade do fluxo de

veiacuteculos e a proporccedilatildeo entre veiacuteculos leves e os

veiacuteculos pesados a frequumlecircncia de

14 Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede ndash OMS

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

38

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

acionamentos de buzinas o tipo de acabamento da superfiacutecie das vias (concreto asfalto brita

terra batida) etc (SINGAL 2005)

Tais vias geradoras do ruiacutedo de traacutefego aleacutem de serem interceptadas por outras vias satildeo

comumente ladeadas por configuraccedilotildees bastante variaacuteveis desde edificaccedilotildees com formas

implantaccedilotildees e gabaritos diversificados a lotes ainda natildeo ocupados caracterizando a propagaccedilatildeo

do ruiacutedo de traacutefego urbano por muacuteltiplas reflexotildees responsaacuteveis pelo espalhamento do ruiacutedo

para vias adjacentes pelo surgimento de campos sonoros reverberantes pela difraccedilatildeo do ruiacutedo e

pelo surgimento de aacutereas de sombra (SINGAL 2005 RANDRIANOELINA e SALOMONS

2008) Ou seja a propagaccedilatildeo do ruiacutedo urbano gerado pelo traacutefego de veiacuteculos possui uma

interaccedilatildeo singular com elementos da forma urbana

Assim sendo tanto por sua participaccedilatildeo determinante na constituiccedilatildeo do ruiacutedo urbano quanto

por sua particular relaccedilatildeo com os elementos que compotildeem a forma urbana o ruiacutedo de traacutefego

seraacute a uacutenica fonte sonora considerada na presente pesquisa conforme seraacute melhor elucidado no

proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas

A interaccedilatildeo entre o ruiacutedo urbano e a forma urbana dependeraacute diretamente das configuraccedilotildees de

certos elementos que compotildeem esta forma urbana o traccedilado e perfis das vias a maneira de

implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade e

forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres tais como praccedilas e

largos (GUEDES 2005 SANTOS e MARTINS 2005) Estes elementos podem ser

acusticamente caracterizados a partir do tipo de espaccedilo acuacutestico e da permeabilidade acuacutestica

O espaccedilo acuacutestico tambeacutem nomeado de campo acuacutestico eacute a porccedilatildeo de determinado espaccedilo onde

acontecem as vibraccedilotildees sonoras podendo ser caracterizado no meio urbano como espaccedilo

acuacutestico aberto ou fechado (NIEMEYER 2007)

O espaccedilo acuacutestico aberto aproxima-se da propagaccedilatildeo em campo livre que eacute caracterizado pela ausecircncia

de obstaacuteculos que modifiquem a propagaccedilatildeo sonora entre a fonte e o receptor Assim no meio

urbano o espaccedilo cuja propagaccedilatildeo sonora envolva poucas ou nenhuma reflexatildeo e poucos ou

nenhum obstaacuteculo pode ser considerado um espaccedilo acuacutestico aberto como por exemplo o

espaccedilo acuacutestico com perfil em ldquoLrdquo tais como vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas uma de

suas margens (Figuras 215 e 216) (NIEMEYER 2007) No espaccedilo acuacutestico aberto o niacutevel de

pressatildeo sonora decai 6 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (LANG

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

39

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 215 ndash Propagaccedilatildeo sonora em Campo acuacutestico aberto Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001

Figura 216 ndash Campo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo FonteNIEMEYER 2007

Figura 217 ndash Propagaccedilatildeo sonora em campo acuacutestico fechado causando o fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001

e BERANEK 1992) isto eacute o ruiacutedo percebido

pelo receptor diminui em funccedilatildeo da

duplicaccedilatildeo da distacircncia da fonte sonora15

Praccedilas parques e largos com grandes

dimensotildees vias de traacutefego marginais a praias

vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas

uma de suas margens ou espaccedilos livres

urbanos de grandes dimensotildees caracterizam

alguns exemplos de espaccedilos acuacutesticos abertos

No espaccedilo acuacutestico fechado as ondas sonoras

sofrem muacuteltiplas reflexotildees fazendo com que o

seu niacutevel sonoro decaia muito lentamente

sendo praticamente o mesmo em vaacuterias

posiccedilotildees ateacute que esta onda sonora encontre

uma saiacuteda para campo livre caracterizando o

fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana16 17(Figura

217) (GUEDES 2005 NIEMEYER 2007)

Os espaccedilos acuacutesticos fechados podem ser

reverberantes quando a onda sonora tarda a

encontrar o campo livre gerando um grande

nuacutemero de reflexotildees ou semi-reverberantes

quando a onda sonora encontra o campo livre

um pouco mais rapidamente do que no

reverberante gerando um nuacutemero menor mas

ainda grande de reflexotildees

15 Este decaimento eacute para fontes pontuais para fontes lineares o decaimento eacute de 3 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (GERGES 2000) 16 A reverberaccedilatildeo eacute a persistecircncia de um som depois de ter sido extinta a sua emissatildeo por uma fonte e ocorre como resultado de reflexotildees em ambientes total ou parcialmente fechados (GONZALEZ e LOPES 1993) 17 Alguns espaccedilos acuacutesticos fechados tambeacutem podem amplificar o niacutevel de pressatildeo sonora mas este fenocircmeno ocorre em determinados espaccedilos acuacutesticos fechados reverberantes

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

40

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 218 ndash Campo acuacutestico fechado em perfl ldquoUrdquo tambeacutem chamado de canyons urbanos Fonte NIEMEYER 2007

No meio urbano o espaccedilo acuacutestico fechado

reverberante possui comumente um perfil em

ldquoUrdquo (Figura 218) tambeacutem chamados de

canyons urbanos que podem amplificar

consideravelmente a propagaccedilatildeo sonora das

vias de traacutefego atraveacutes de reflexotildees muacuteltiplas

geradas pelas fachadas paralelas das

edificaccedilotildees que circundam estas vias

(ANDERSON e KURZE 1992) Assim neste

tipo de espaccedilo acuacutestico a propagaccedilatildeo sonora

natildeo depende exclusivamente da distacircncia entre

a fonte e o receptor como no espaccedilo acuacutestico

aberto depende ainda da configuraccedilatildeo dos

elementos que compotildeem a forma urbana e

dos coeficientes de absorccedilatildeo dos materiais que

revestem as superfiacutecies refletoras18

(NIEMEYER 2007)

Praccedilas parques e largos com pequenas dimensotildees e cercados por edificaccedilotildees conjugadas vias de

traacutefego com edificaccedilotildees (conjugadas ou com pequenos recuos entre elas) em ambos os lados

tuacuteneis passagens subterracircneas e espaccedilos livres abaixo de viadutos caracterizam alguns exemplos

de espaccedilos acuacutesticos fechados

A caracterizaccedilatildeo de um espaccedilo acuacutestico como sendo aberto ou fechado delinearaacute como a onda

sonora iraacute espalhar-se no meio urbano cujas configuraccedilotildees dos elementos que o compotildeem

podem facilitar ou dificultar a trajetoacuteria desta onda sonora para aleacutem do local de sua emissatildeo

tornando o meio urbano mais ou menos permeaacutevel a sua propagaccedilatildeo

18 No meio urbano as superfiacutecies refletoras satildeo predominantemente formadas por fachadas e muros de edificaccedilotildees que possuem certa uniformidade na utilizaccedilatildeo de materiais altamente reflexivos e com baixos coeficientes de absorccedilatildeo tais como granito maacutermore ceracircmica esmaltada vidro Assim o coeficiente de absorccedilatildeo de uma edificaccedilatildeo para outra seraacute praticamente o mesmo sofrendo miacutenimas variaccedilotildees permitindo sua natildeo consideraccedilatildeo

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

41

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 220 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees em uma quadra permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007

Figura 221 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjugadas em uma quadra pouco permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007

Figura 219 ndash Permeabilidade acuacutestica - percursos da onda sonora gerados em meio urbano Fonte NIEMEYER 2007

Figura 222 ndash Barreira acuacutestica entre a fonte e o receptor FonteANDERSON e KURZE 1992

Assim sendo a permeabilidade acuacutestica refere-se

aos percursos da onda sonora gerados no

meio urbano (Figura 219) (GUEDES 2005

NIEMEYER 2007) A intensidade da

permeabilidade acuacutestica - mais ou menos

permeaacutevel - dependeraacute da capacidade de

certos elementos urbanos de promover ou

conter a propagaccedilatildeo da onda sonora tais

como o traccedilado e perfis das vias a maneira de

implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem

como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade

e forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila

ou ausecircncia de espaccedilos livres (Figuras 220 e

221)

A permeabilidade acuacutestica relaciona-se ainda

com as barreiras acuacutesticas Isoladamente o

conceito de barreiras acuacutesticas refere-se a

qualquer objeto que possa ser considerado um

obstaacuteculo agrave ligaccedilatildeo direta e sem interferecircncias

entre a fonte e o receptor (Figura 222)

(ANDERSON e KURZE 1992 GERGES

2000) Ao bloquear o percurso direto entre a

fonte e o receptor a onda sonora poderaacute ser

absorvida eou refletida pela superfiacutecie da

barreira transmitida atraveacutes da barreira ou

difratada a partir do topo da barreira

(BARRON 2003 SINGAL 2005)

A difraccedilatildeo eacute um fenocircmeno que permite que as

ondas sonoras sejam capazes de contornar

determinados obstaacuteculos gerando uma aacuterea de

sombra acuacutestica que possui limites espaciais

variaacuteveis de acordo com a posiccedilatildeo da fonte

____________________________________________

ANAacuteLISE D

sonora e de sua localizaccedilatilde

receptor que por sua vez

sonora difratada pelas borda

um decaimento maior do qu

campo livre (Figura 223) (N

1968 NIEMEYER 2007 PA

O uso de barreiras acuacutestic

EUA Japatildeo Austraacutelia e

reduccedilatildeo da propagaccedilatildeo do

pelo traacutefego rodoviaacuterio pa

(Figuras 224 a 226) (SIN

Brasil esta praacutetica ainda eacute inc

restringindo-se a poucos exe

caso da barreira acuacutestica no

Linha Amarela na cidade do

na Rodovia Bandeirantes co

de Satildeo Paulo a Campinas

Paulo (Figura 227) (MURGE

2004)

Embora a implantaccedilatildeo de b

esteja vinculada agrave reduccedilatildeo do

rodoviaacuterio outros elemen

meio urbano situados ent

receptor atuam espontan

barreiras agrave propagaccedilatildeo sono

terreno com topografia i

muros edificaccedilotildees entr

edificaccedilotildees conjugadas da R

cidade do Recife ou aind

conjugadas em alguns trec

Atlacircntica no Rio de Janei

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 226 ndash Barreiras instaladasem aacuterea residencial de Toacutequio Jap

Figura 224 ndash Agrave esquerda barreacriacutelico na Suiacuteccedila Agrave direita barreiraPaacutedua e Veneza na Itaacutelia Fonte C

Figura 227 ndash Barreira acuacutestica dade Satildeo Paulo Fonte MURGEL 2

Figura 223 ndash Difraccedilatildeo da ondagerando uma aacuterea de sombra acuacutest

Figura 225 ndash Agrave esquerda baproacuteximo a Zurique Agrave direita barretambeacutem na Suiccedila Fonte CICHIN

accedilatildeo em relaccedilatildeo ao

ez recebe a energia

rdas da barreira com

que se estivesse em

(NEPOMUCENO

PAZ 2004)

ticas eacute comum nos

e na Europa para

do ruiacutedo produzido

para seus arredores

INGAL 2005) No

incipiente

exemplos como eacute o

no eixo rodoviaacuterio

o Rio de Janeiro e

conectando a cidade

s no estado de Satildeo

GEL 2007 SOUSA

e barreiras acuacutesticas

do ruiacutedo de traacutefego

entos inseridos no

entre a fonte e o

taneamente como

nora tais como um

irregular taludes

ntre outros As

a Rua da Aurora na

inda as edificaccedilotildees

trechos da Avenida

neiro por exemplo

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

42

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

das ao longo de via expressa elevada Japatildeo Fonte CICHINELLI 2007

rreira acuacutestica curva em concreto e eira acuacutestica metaacutelica na estrada entre CICHINELLI 2007

da Rodovia Bandeirantes no estado 2007

da sonora a partir de uma barreira uacutestica Fonte GERGES 2000

barreira acuacutestica metaacutelica instalada arreira acuacutestica em concreto e acriacutelico INELLI 2007

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

43

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 228 ndash Rua da Aurora no Bairro da Boa Vista na cidade do Recife configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fontehttpmaiovinteeseisblogspotcom2007_ 11_01_archivehtml Acesso em 080409

Figura 229 ndash Alguns trechos da Avenida Atlacircntica no Bairro de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro tambeacutem configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fonte httpwwwtravelpodcomtravel-photoorlanworldtrip200711 71589400avenida-atlantica-along-copacabana-beachjpgtpodhtml Acesso em 080409

aleacutem de funcionarem como barreiras acuacutesticas

espontacircneas ou natildeo intencionais tambeacutem

conformam um espaccedilo acuacutestico aberto em

ldquoLrdquo e pouco permeaacutevel ao ruiacutedo (Figura 228 e

229)

A partir da discussatildeo dos espaccedilos acuacutesticos e

da permeabilidade acuacutestica evidencia-se que a

interaccedilatildeo entre os diversos elementos que

compotildeem a forma urbana - o traccedilado e perfis

das vias o modo de implantaccedilatildeo das

edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as

proporccedilotildees densidade e maneira de ocupaccedilatildeo

das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de

espaccedilos livres ndash contribui determinantemente

para a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano

atraveacutes de muacuteltiplas reflexotildees do

espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave

fonte geradora de campos sonoros

reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de

aacutereas de sombra

Isto posto se o ruiacutedo urbano eacute considerado

um sistema composto essencialmente pela fonte

sonora pelo meio de propagaccedilatildeo e pelo receptor (LANG e BERANEK 1992 ANDERSON e

KURZE 1992) a forma urbana considerada a partir dos elementos que a compotildeem enquanto

percurso de transmissatildeo delineia influencia e determina em certa medida a trajetoacuteria de

propagaccedilatildeo da onda sonora19 Ou seja a forma urbana por meio das caracteriacutesticas singulares

apresentadas pelos seus elementos componentes iraacute influenciar o comportamento da propagaccedilatildeo

da onda sonora no meio urbano

19 ldquoEm certa medidardquo pois existem outros fatores que tambeacutem influenciam a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano mas a discussatildeo sobre a consideraccedilatildeo ou natildeo destes outros fatores seraacute melhor construiacuteda no proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito alto por elevada densidade de

ocupaccedilatildeo das quadras e por vias estreitas por exemplo tende em tese a ser menos permeaacutevel ao

ruiacutedo dificultando a propagaccedilatildeo sonora para outras aacutereas Tende ainda a criar espaccedilos

reverberantes ou semi-reverberantes com o niacutevel de pressatildeo sonora elevado em praticamente

todos os pontos de reflexatildeo com perdas miacutenimas ateacute a onda sonora alcanccedilar o topo das

edificaccedilotildees e direcionar-se a campo livre Por conseguinte este comportamento tende a propiciar

dependendo ainda da relaccedilatildeo com a fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano indesejaacutevel e

insalubre aos receptores existentes nas edificaccedilotildees daquela via

Jaacute uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito baixo por baixa densidade de

ocupaccedilatildeo das quadras e por vias largas tende teoricamente a ser mais permeaacutevel ao ruiacutedo

facilitando sua propagaccedilatildeo Por outro lado natildeo gera espaccedilos acuacutesticos propiacutecios a muacuteltiplas

reflexotildees fazendo com que a onda sonora encontre mais rapidamente o campo livre facilitando

sua dissipaccedilatildeo e propiciando dependendo ainda da fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano

desejaacutevel aos seus receptores

Deste modo a existecircncia de diferenccedilas e particularidades dos elementos que compotildeem as

distintas formas urbanas proporciona os mais diversificados comportamentos acuacutesticos de

propagaccedilatildeo sonora nos mais diferentes meios urbanos Ou seja do mesmo modo que cidades

bairros e ruas natildeo satildeo iguais entre si tampouco reproduziacuteveis em sua essecircncia o comportamento

acuacutestico tambeacutem natildeo seraacute ao contraacuterio constituiraacute um atributo exclusivo de cada espaccedilo urbano

Mas se para cada espaccedilo urbano existe um comportamento acuacutestico especiacutefico como deveraacute se

comportar a propagaccedilatildeo sonora de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de

modificaccedilotildees em elementos de sua forma urbana Em outras palavras como se comportaraacute a acuacutestica

urbana de um determinado local a partir do processo cronoloacutegico de modificaccedilotildees em sua forma urbana

Nos capiacutetulo que se segue Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas seratildeo apresentadas os percursos

investigativos que foram postos em praacutetica em busca de responder a este questionamento

CAPIacuteTULO 2

A arquitetura eacute uma muacutesica petrificada

Arthur Schopenhauer

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

22

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

Analisar o comportamento da acuacutestica urbana ainda que a partir das modificaccedilotildees da forma

urbana faz com que esta pesquisa trate essencialmente da acuacutestica urbana No entanto este

comportamento esta sujeito aos diversificados modos de apreensatildeo da forma urbana e de seus

elementos componentes bem como ao modo como esta pesquisa os consideraraacute

Assim sendo o primeiro item deste capiacutetulo expotildee o conceito de forma urbana e de algumas de

suas relaccedilotildees discutido agrave luz de LAMAS (2004) de PANERAI (2006) e DEL RIO (1990)

indicando em seguida o que esta pesquisa consideraraacute como forma urbana

Certamente discussatildeo em torno da produccedilatildeo de outros autores poderia ser elaborada No

entanto o primeiro item deste capiacutetulo natildeo pretende representar uma revisatildeo bibliograacutefica acerca

do estudo da forma urbana e suas relaccedilotildees pretende sim construir uma discussatildeo em torno dos

trecircs autores selecionados que culmine no conceito de forma urbana que seraacute considerado por esta

pesquisa para possibilitar olhar para suas modificaccedilotildees cronoloacutegicas a fim de compreender o

comportamento da acuacutestica urbana

Apoacutes este delineamento no segundo item deste capiacutetulo discute-se a acuacutestica urbana e suas

relaccedilotildees conceituais com os diversos elementos e implicaccedilotildees da propagaccedilatildeo sonora em meio

urbano e como eles relacionam-se influenciando em seu comportamento

21 A Forma Urbana e seus Elementos Componentes

Segundo LAMAS (2004) estudar a forma urbana compreende examinar as configuraccedilotildees e as

estruturas exteriores de determinados objetos de suas formas interligando-as com os fenocircmenos

que lhes deram origem Assim sendo a forma urbana pode ser definida como sendo o

[] modo como se organizam os elementos morfoloacutegicos que constituem e definem o espaccedilo urbano relativamente agrave materializaccedilatildeo dos aspectos de

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 21 ndash Diferentes aspectos quantitativos relacionados a diversificadas formas urbanas Fonte LAMAS 2004

organizaccedilatildeo funcional e quantitativa e dos aspectos qualitativos e figurativos (LAMAS 2004 p 44) 1

Dentre estes aspectos os quantitativos satildeo agravequeles da realidade urbana que podem ser

quantificaacuteveis tais como densidades superfiacutecies fluxos coeficientes volumeacutetricos entre outros

(Figura 21) os de organizaccedilatildeo funcional satildeo agravequeles que se relacionam com as atividades

humanas tais como habitar e trabalhar e agravequeles relacionados ao modo de uso especiacutefico de uma

aacuterea ndash residencial comercial industrial entre outros os qualitativos referem-se ao tratamento dos

espaccedilos ao conforto e a comodidade do utilizador tais como adaptaccedilatildeo ao clima acessibilidade

estado da pavimentaccedilatildeo entre outros por fim os aspectos figurativos dizem respeito a

essencialmente a comunicaccedilatildeo esteacutetica (LAMAS 2004)

Pode-se considerar que ao olhar para forma urbana e em especiacutefico para suas modificaccedilotildees

cronoloacutegicas com o intuito de compreender o comportamento da acuacutestica urbana esta pesquisa

relaciona-se tanto aos aspectos qualitativos a partir do conforto acuacutestico dos receptores das

ondas sonoras em meio urbano quanto aos

aspectos quantitativos uma vez que este

comportamento acuacutestico em meio urbano eacute

quantificaacutevel em decibels (dB)

Embora estes aspectos envolvam grande parte

das singularidades inerentes a forma urbana

esta definiccedilatildeo parece ainda natildeo abarcar outras

particularidades sociais econocircmicas histoacutericas

e culturais igualmente envolvidas no

entendimento da concepccedilatildeo da forma urbana

isto eacute resta ainda a consideraccedilatildeo de que esta

forma urbana natildeo acontece

independentemente dos grupos sociais que a

produzem (PANERAI 2006)

Satildeo essencialmente estas particularidades que

impulsionam ou amortecem a transformaccedilatildeo

1 Para todas as citaccedilotildees deste autor natildeo seratildeo consideradas adaptaccedilotildees na liacutengua do paiacutes de origem - Portugal - permanecendo o texto original

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

24

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

dos elementos que compotildeem a forma urbana ndash a adiccedilatildeo de novos de traccedilados a um jaacute existente

ou sua superposiccedilatildeo seus conflitos o parcelamento de parques e ocupaccedilatildeo de espaccedilos livres a

renovaccedilatildeo da massa edificada seu lento adensamento e verticalizaccedilatildeo segundo uma especulaccedilatildeo

despretensiosa ou sua substituiccedilatildeo por vastos empreendimentos sob influecircncia de uma

especulaccedilatildeo bem mais expressiva (PANERAI 2006) isto eacute faz parte da apreensatildeo da forma

urbana uma complexidade que envolve um processo de acumulaccedilatildeo de enfoques e observaccedilotildees

sociais econocircmicas histoacutericas e culturais que englobam muito mais do que apenas sua forma

fiacutesica

Estas particularidades especialmente as sociais parecem um pouco mais delineadas nas

consideraccedilotildees feitas por DEL RIO (1990) que considera o espaccedilo urbano a partir da apropriaccedilatildeo

social que se faz dele estabelecendo que em relaccedilatildeo ao estudo da forma urbana a cidade pode

ser compreendida a partir de trecircs niacuteveis organizacionais o coletivo o comunitaacuterio e o individual

O niacutevel coletivo eacute regido sob uma loacutegica estruturadora percebida inconscientemente e

coletivamente e eacute composto pelos elementos2 do tecido que possuem uma permanecircncia maior ao

longo do tempo o niacutevel comunitaacuterio diz respeito aos elementos com significados especiais apenas

para um pequeno grupo da populaccedilatildeo como o bairro por exemplo jaacute o niacutevel individual expressa

significados individuais como a residecircncia e seu espaccedilo circundante e por seu caraacuteter individual eacute

o que apresenta maior rapidez nas modificaccedilotildees (DEL RIO 1990)

Mas LAMAS (2004) ao defender sua definiccedilatildeo para forma urbana natildeo soacute possuiacutea ciecircncia destas

outras particularidades explicitadas por PANERAI (2006) e DEL RIO (1990) ndash sociais

econocircmicas histoacutericas e culturais ndash envolvidas na concepccedilatildeo de forma urbana como optou em

natildeo apreciaacute-las

[] um primeiro grau de leitura da cidade eacute eminentemente fiacutesico-espacial e morfoloacutegico portanto especiacutefico da arquitectura e o uacutenico que permite evidenciar a diferenccedila entre este e outro espaccedilo entre esta e aquela forma e explicar as caracteriacutesticas de cada parte da cidade A estes se juntam outros niacuteveis de leitura que revelam diferentes conteuacutedos (histoacutericos econoacutemicos sociais e outros) Mas este conjunto de leituras soacute eacute possiacutevel porque a cidade existe como facto fiacutesico e material Todos os instrumentos de leitura lecircem o mesmo objecto ndash o espaccedilo fiacutesico a FORMA URBANA (LAMAS 2004 p 31 grifo do autor) Eacute fundamentalmente a dimensatildeo fiacutesica e morfoloacutegica da cidade que me preocupa [] (LAMAS 2004 p 31)

2 Estes elementos seratildeo discutidos em paraacutegrafos mais adiante

____________________________________________

ANAacuteLISE D

Na verdade esta opccedilatildeo em

urbana considerando-a essen

de seu aspecto fiacutesico e m

convenientemente ao obje

presente pesquisa analisar

da acuacutestica urbana a partir

cronoloacutegicas na forma urba

esta anaacutelise do compor

implica em uma apropriaccedil

fiacutesica e material destas modif

Certamente a busca pela ap

urbana envolve muito

simplesmente sua forma

como jaacute aclarado No entan

da anaacutelise proposta por

apreensatildeo em totalid

fundamentalmente necessaacuter

apropriaccedilatildeo da forma urban

material ou uma variaacutevel fiacutes

finalidade derradeira de

comportamento acuacutestico

modificaccedilotildees nesta forma

Ao entender a observaccedilatildeo

essencialmente em seu aspec

(2004) propocircs uma classifica

dimensotildees

bull A dimensatildeo setorial

refere-se agrave menor u

do espaccedilo urbano co

uma praccedila ou uma

ponto o observador

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 24 ndash A cidadeo texemplificada por meio da cidadLAMAS 2004

Figura 23 ndash O bairro a escala ucidade portuguesa de Tavira Fonte

Figura 22 ndash Praccedila da Alagoa na ca dimensatildeo setorial Fonte LAMA

em observar a forma

sencialmente a partir

material responde

bjetivo primeiro da

ar o comportamento

rtir de modificaccedilotildees

rbana uma vez que

ortamento acuacutestico

riaccedilatildeo genuinamente

dificaccedilotildees

apreensatildeo da forma

o mais do que

a fiacutesica e material

tanto para realizaccedilatildeo

or este estudo tal

alidade natildeo eacute

saacuteria o que torna a

bana quase um meio

l fiacutesica para atingir a

e compreensatildeo do

a partir de

atildeo da forma urbana

pecto fiacutesico LAMAS

icaccedilatildeo em escalas ou

ndash a escala da rua

r unidade ou porccedilatildeo

como por exemplo

a rua onde de um

dor pode abarcar a

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

25

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

territoacuterioa dimensatildeo territorial dade portuguesa de Tavira Fonte

a urbana exemplificada por meio da nte LAMAS 2004

na cidade portuguesa de Tavira ilustra MAS 2004

____________________________________________

ANAacuteLISE D

unidade espacial d

(Figura 22)

bull A dimensatildeo urbana ndash

corresponde agraves pa

identificaacuteveis como

exemplo onde a

elementos da forma

atraveacutes do movime

percursos (Figura 23

bull E por fim a dimensatildeo

da cidade diz respeito

diferentes formas

articulaccedilatildeo de bai

entre si Sua forma

distribuiccedilatildeo de eleme

das cidades em con

suporte geograacutefico d

a articulaccedilatildeo de

circulaccedilatildeo entre os

entre zonas habitacio

entre outras (Figura 2

Dentre estas dimensotildees a u

bairro desperta particular

pesquisa uma vez que o e

limites de observaccedilatildeo atraveacute

de movimentos poderaacute aba

significante de modificaccedilotildee

forma urbana de determina

compreender o comport

acuacutestica urbana

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 25 ndash Exemplos de diversiflotes quarteirotildees e vias em difereNesta imagem um recorte do CONDEPE-FIDEM 1981

Figura 26 ndash Exemplos de diversiflotes quarteirotildees e vias em difereNesta imagem um recorte do baorigens da cidade entrecortadoBarreto Fonte CONDEPE-FIDE

Figura 27 ndash Exemplos de diveredifiacutecios lotes quarteirotildees e vias eRecife Nesta imagem um recessencialmente por morros o AltoFIDEM 1981

de seu conjunto

ndash a escala do bairro

partes homogecircneas

mo os bairros por

a observaccedilatildeo dos

a urbana eacute realizada

imento e de vaacuterios

23)

nsatildeo territorial ndash a escala

eito agrave articulaccedilatildeo de

as urbanas da

bairros interligados

ma eacute definida pela

mentos estruturantes

onformidade com o

o do siacutetio tais como

e ruas e vias de

s diferentes bairros

cionais e comerciais

a 24)

a urbana ndash escala do

lar interesse desta

o entendimento dos

veacutes de certo nuacutemero

barcar uma amostra

otildees cronoloacutegicas na

inado local a fim de

ortamento de sua

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

26

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

rsificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios erentes bairros da cidade do Recife o bairro de Boa Viagem Fonte

rsificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios erentes bairros da cidade do Recife bairro de Satildeo Joseacute que remete agraves do pela recente Avenida Dantas DEM 1981

versificadas concretizaccedilotildees entre os em diferentes bairros da cidade do

recorte de um bairro constituiacutedo lto do Mandu Fonte CONDEPE-

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

27

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

No entanto para apreender tal dimensatildeo devem-se conhecer e estabelecer quais elementos

miacutenimos da forma urbana que se relaciona com esta a dimensatildeo urbana e quais satildeo estes

elementos LAMAS (2004) propocircs onze elementos da forma urbana necessaacuterios para esta

apreensatildeo o solo (I) o edifiacutecio (II) o lote (III) o logradouro (IV) o quarteiratildeo (V) o traccediladoa

rua(VI) a praccedila (VII) a fachada (VIII) o monumento (IX) a vegetaccedilatildeo (X) e o mobiliaacuterio

urbano (XI) Dentre estes elementos seis possuem uma estreita relaccedilatildeo com esta pesquisa e

seratildeo expostos de acordo com consideraccedilotildees observadas por LAMAS 3 (2004) (Figuras 25 a 27)

O edifiacutecio representa o elemento miacutenimo identificaacutevel na observaccedilatildeo da forma urbana eacute atraveacutes

dele que se constitui o espaccedilo urbano e se organizam diferentes elementos tais como ruas praccedilas

avenidas entre outros Os edifiacutecios agrupam-se em diferentes tipos tanto em relaccedilatildeo a suas

formas quanto a suas funccedilotildees Estes elementos podem influenciar o comportamento da acuacutestica

urbana atuando enquanto objetos reflexivos da onda sonora e como barreiras acuacutesticas4

O lote representa o princiacutepio da relaccedilatildeo do edifiacutecio com o terreno A forma do lote eacute muitas

vezes condicionante da forma do edifiacutecio tornando-os vinculados por essecircncia o logradouro diz

respeito ao espaccedilo livres e natildeo construiacutedos no interior do lote aos quintais e jardins o quarteiratildeo

ou quadra pode ser considerado como o espaccedilo resultante entre o cruzamento de trecircs ou mais

vias podendo ser demarcado em vaacuterios lotes para a construccedilatildeo de edifiacutecios Juntos estes trecircs

elementos associados aos edifiacutecios podem propiciar uma maior ou menor permeabilidade

acuacutestica eou uma maior ou menor presenccedila de aacutereas de sombra no meio urbano

O traccedilado por meio das ruas ou vias eacute facilmente identificaacutevel no meio urbano Estaacute muitas vezes

condicionado ao siacutetio geograacutefico existente regula a disposiccedilatildeo dos edifiacutecios e quarteirotildees e

interliga os vaacuterios espaccedilos componentes da cidade e a cidade ao territoacuterio Normalmente o

traccedilado resiste agraves transformaccedilotildees na forma urbana por possuir um caraacuteter de permanecircncia natildeo

totalmente modificaacutevel O traccedilado engloba trajetoacuterias e caminhos que natildeo satildeo necessariamente

percorridos atraveacutes de automoacuteveis apesar disso estaacute em grande parte vinculado a uma das

principais fontes geradoras de ruiacutedo urbano ndash o traacutefego de veiacuteculos

3 Os outros elementos tambeacutem podem relacionar-se de diferentes maneiras com a acuacutestica urbana mas nem tanto com a presente pesquisa e por isso natildeo foram considerados 4 Todas as definiccedilotildees e conceitos acuacutesticos apresentados no presente item seratildeo elucidados no item seguinte 22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

28

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 28 ndash Os trecircs conjuntos formadores do tecido urbano segundo Panerai (2006) Fonte PANERAI 2006

A praccedila eacute um espaccedilo de geometria variada

intencionalmente inserido no meio urbano

cuja relaccedilatildeo com o traccedilado e os edifiacutecios

tambeacutem eacute intencional evidenciada atraveacutes do

seu desenho e natildeo acidentais como

alargamento e confluecircncias do traccedilado Aleacutem

disso a praccedila eacute um lugar de encontro de

permanecircncia e de praacuteticas sociais

Acusticamente dependendo de suas

proporccedilotildees a propagaccedilatildeo sonora que envolve

uma praccedila pode apresentar um

comportamento que se assemelha a

propagaccedilatildeo sonora em campo livre

Estes elementos constituintes da forma urbana

conceituados por LAMAS (2004) podem ser

identificados sob um diferente invoacutelucro

conceitual mas com a mesma essecircncia no que

PANERAI (2006) definiu como sendo

conjuntos do tecido urbano

Aplicado agrave cidade o termo ldquotecidordquo evoca a continuidade e a renovaccedilatildeo a permanecircncia e a variaccedilatildeo Ele explica a constituiccedilatildeo das cidades antigas e responde as questotildees levantadas pelo estudo das urbanizaccedilotildees recentes Ele pressupotildee uma atenccedilatildeo tanto ao banal quanto ao excepcional tanto agraves ruas comuns e agraves edificaccedilotildees corriqueiras quanto agraves regulamentaccedilotildees e aos monumentos Dentre as muacuteltiplas definiccedilotildees de tecido urbano e sem desprezar suas qualidades escolhemos a mais simples O tecido urbano eacute constituiacutedo pela superposiccedilatildeo ou imbricaccedilatildeo de trecircs conjuntos a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees Essa definiccedilatildeo potildee em evidecircncia os elementos que permitem que as diferentes partes da cidade evoluam ao mesmo tempo em que satildeo mantidas a coesatildeo de conjunto e a clareza de sua estrutura (PANERAI 2006 p 77-78 grifo nosso) (Figura 28)

Ao contraacuterio de LAMAS (2004) que considera a praccedila como um elemento da forma urbana por

si soacute PANERAI (2006) discute as vias ou traccedilado inseridas em uma relaccedilatildeo em rede onde

tambeacutem satildeo considerados como partes constituintes os largos passeios praccedilas esplanadas cais

pontes rios canais margens praias todos compondo o espaccedilo puacuteblico Eacute atraveacutes desta rede

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

29

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

contiacutenua e hierarquizada que acontecem as distribuiccedilotildees e circulaccedilotildees da cidade bem como sua

organizaccedilatildeo local e territorial

Jaacute os parcelamentos fundiaacuterios constituem a representaccedilatildeo negativa5 da rede de vias que evidencia o

domiacutenio construiacutedo Este domiacutenio natildeo se limita aos edifiacutecios mas tambeacutem envolve paacutetios

quintais terrenos baldios (PANERAI 2006) Embora PANERAI(2006) considere separadamente

o exame das edificaccedilotildees sugere-se que este domiacutenio construiacutedo envolve quatro dos elementos da

forma urbana elencados por LAMAS (2004) o edifiacutecio o lote o logradouro e o quarteiratildeo

Para PANERAI (2006) as edificaccedilotildees ou edifiacutecios satildeo consideradas construccedilotildees subordinadas ao

espaccedilo puacuteblico ou seja a rede de vias sendo por ele estruturada e que acrescentam a dimensatildeo

vertical ao tecido urbano Tal subordinaccedilatildeo permite que haja uma dependecircncia reciacuteproca entre os

edifiacutecios ainda que eles pertenccedilam a eacutepocas diferentes fazendo com que sua renovaccedilatildeo aconteccedila

sem que haja grandes perdas na unidade do conjunto

Ao estruturar sua concepccedilatildeo dos elementos componentes da forma urbana DEL RIO (1990) eacute

bem mais sinteacutetico e objetivo mas assim como LAMAS (2000) e PANERAI (2006) seus

elementos possuem similaridades e ateacute repeticcedilotildees que praticamente reproduzem a mesma

essecircncia conceitual dos outros dois autores Estes elementos por serem estruturados tatildeo

objetivamente seratildeo apresentados em citaccedilatildeo direta satildeo eles

- crescimento os modos as intensidades e direccedilotildees elementos geradores e reguladores limites e superaccedilatildeo de limites modificaccedilatildeo de estruturas pontos de cristalizaccedilatildeo etc - traccedilado e parcelamento ordenadores do espaccedilo estrutura fundiaacuteria relaccedilotildees distacircncias circulaccedilatildeo e acessibilidade etc - tipologias dos elementos urbanos inventaacuterio e categorizaccedilatildeo de tipologias ediliacutecias (residecircncias comercio etc) de lotes e sua ocupaccedilatildeo de quarteirotildees e sua ocupaccedilatildeo de praccedilas esquinas etc - articulaccedilotildees relaccedilotildees entre elementos hierarquias domiacutenios do publico e privado densidades relaccedilotildees entre cheios e vazios etc (DEL RIO 1990 p 83 grifos do autor)

Dentre todos os elementos expostos a partir dos trecircs autores existe um importante fenocircmeno

relacionando-os em distintas intensidades e que merece ser considerado por influenciar

definitivamente na modificaccedilatildeo da forma urbana ndash o adensamento

5 No sentido de uma fotografia onde os claros e os escuros satildeo representados no negativo de modo contraacuterio ao do objeto fotografado

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

30

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 29 ndash O adensamento das ilhas do Bairro do Recife e de Santo Antocircnio (imagem) ocorreu tanto pelo preenchimento progressivo desde o inicio da ocupaccedilatildeo da cidade quanto por meio da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees anteriores Fontehttppedrodealbuquerquewordpresscomcategorypernambuco Acesso em 201109

O adensamento ocorre a partir de dois modos

essenciais de ocupaccedilatildeo o primeiro a partir do

preenchimento progressivo do espaccedilo urbano

e o segundo a partir da substituiccedilatildeo completa

por meio de demoliccedilatildeo de edificaccedilotildees

anteriores (PANERAI 2006) (Figura 29)

A primeira forma de adensamento ocorre sem

a expansatildeo territorial por meio do

preenchimento progressivo de todas as

reservas fundiaacuterias e espaccedilos livres de

determinado meio urbano Eacute um

adensamento inserido em limitesbarreiras

preacute-estabelecidos naturais ou natildeo tais como

uma via expressa irregularidades geograacuteficas

do siacutetio ou ainda numa escala menor a proacutepria quadra pode ser um limite para saturaccedilatildeo gradual

em seu interior desmembramento ou remembramento dos lotes para construccedilatildeo de novas

edificaccedilotildees verticalizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo de antigos quintais eou jardins (PANERAI 2006)

A segunda forma de adensamento acontece atraveacutes da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees

anteriormente existentes por novas construccedilotildees de maior porte tanto em relaccedilatildeo agrave ocupaccedilatildeo do

solo por meio do remembramento de lotes quanto em relaccedilatildeo ao seu gabarito Esta forma de

adensamento permite a renovaccedilatildeo do espaccedilo urbano sem aumentar sua aacuterea de abrangecircncia sem

sua expansatildeo (PANERAI 2006)

Ambas as formas de adensamento transformam essencialmente a forma urbana e o modo como

se relacionam seus elementos componentes A identificaccedilatildeo desta transformaccedilatildeo em determinado

meio urbano gerada pelo adensamento eacute indispensaacutevel para anaacutelise do comportamento da

acuacutestica urbana a partir de modificaccedilotildees na forma urbana deste mesmo meio uma vez que o

adensamento pode influenciar na propagaccedilatildeo sonora proporcionando uma maior quantidade de

objetos reflexivos de barreiras acuacutesticas e favorecendo a diminuiccedilatildeo da permeabilidade acuacutestica

Por fim a partir exposiccedilatildeo de determinados elementos considerados por LAMAS (2004) ndash o

edifiacutecio o lote o logradouro o quarteiratildeo o traccediladoa rua e a praccedila dos conjuntos considerados

por PANERAI (2006) ndash a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees dos

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

31

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

elementos considerados por DEL RIO (1990) ndash crescimento traccedilado e parcelamento tipologias

dos elementos urbanos e as articulaccedilotildees e em busca de atingir seu objetivo principal esta

pesquisa consideraraacute a forma urbana inserida em um recorte que a considera essencialmente a

partir de seu aspecto fiacutesico e material e cujos elementos componentes considerados seratildeo

exclusivamente

1 As parcelas fundiaacuterias ndash consideradas por meio das quadras e lotes incluindo sua relaccedilatildeo

de modo de ocupaccedilatildeo das edificaccedilotildees sua densidade e seus espaccedilos livres

2 As edificaccedilotildees ndash consideradas atraveacutes de sua relaccedilatildeo de modo de ocupaccedilatildeo com os

lotes e do grau de verticalizaccedilatildeo (gabarito baixo meacutedio e alto)

3 As vias ndash consideradas como reguladoras da relaccedilatildeo com as edificaccedilotildees e quarteirotildees e

principalmente apreciadas como estreitamente vinculadas a uma das principais fontes

geradoras de ruiacutedo urbano (o traacutefego de veiacuteculos)

Estes seratildeo os elementos componentes da forma urbana que esta pesquisa se apropriaraacute no

decurso do caminho a fim de analisar o comportamento acuacutestico a partir de modificaccedilotildees

cronoloacutegicas em determinada forma urbana Nos paraacutegrafos seguintes discutem-se os conceitos e

relaccedilotildees que permeiam a acuacutestica urbana

22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais

A acuacutestica eacute a ciecircncia do som incluindo sua geraccedilatildeo transmissatildeo e recepccedilatildeo de energia sob a

forma de ondas vibracionais na mateacuteria (KINSLER et al 1982) Ela eacute uma ciecircncia

multidimensional e interligada a vaacuterios domiacutenios cientiacuteficos Seu objeto de estudo fundamental o

som delineia uma seacuterie de interfaces multidisciplinares com abordagens em diversificadas aacutereas

do conhecimento (Figura 210)

Desse modo quando a geraccedilatildeo transmissatildeo e efeitos do som estatildeo inseridos no meio urbano

seu desdobramento eacute estudado pela aacuterea de conhecimento da acuacutestica urbana muitas vezes

tambeacutem nomeada de acuacutestica ambiental

O objeto de estudo fundamental da acuacutestica o som eacute a sensaccedilatildeo produzida no ouvido por

pequenas flutuaccedilotildees da pressatildeo do ar (HANSEN 2005) ou seja eacute uma percepccedilatildeo sensorial e seu

____________________________________________

ANAacuteLISE D

complexo padratildeo de ondas s

de ruiacutedo muacutesica fala

(BERGLUND et al 1999)

Esta definiccedilatildeo do som tend

a percepccedilatildeo do ouvido

conceito psicofiacutesico Fisicame

vibraccedilatildeo mecacircnica que

progressivamente atraveacutes de

gasoso liacutequido ou soacutelido (SIN

Esta vibraccedilatildeo quando tran

que o rodeia nem sempre

aparelho auditivo humano

frequumlecircncia6 audiacutevel encontra

20 a 20000 Hz para um

(BRUumlEL amp KJAEligR 1984

1982) Frequumlecircncias acima de

altas para respostas fisioloacuteg

chamadas de ultrasons Jaacute as

de 20 Hz satildeo chamadas de

detectaacuteveis pelo ouvido hum

prejudiciais agrave sua sauacutede7

1982 SOUSA 2004)

Fisicamente o som e o ruiacutedo

ambos se propagam em mei

detectados pelo ouvido hu

enquanto o som eacute utilizado

6 A frequumlecircncia eacute o nuacutemero de ciclo(HANSEN 1995) 7 A exposiccedilatildeo a baixas frequumlecircncias depressatildeo irritabilidade e perturba pro

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 210 ndash Interfaces multidFonte Elaborado pela autora a pa

Figura 211 ndash Fonte sonora ponSOUZA 2006

as sonoras eacute rotulado

ala entre outros

ndo como referecircncia

o humano eacute um

mente o som eacute uma

que se propaga

de um meio material

(SINGAL 2005)

transmitida ao meio

re eacute detectaacutevel pelo

ano cuja faixa de

tra-se no intervalo de

um jovem saudaacutevel

4 KINSLER et al

de 20000 Hz muito

loacutegicas auditivas satildeo

as frequumlecircncias abaixo

de infrasons e natildeo satildeo

umano contudo satildeo

(KINSLER et al

iacutedo constituem o mesmo fenocircmeno de variaccedilotildee

eio elaacutestico (soacutelido liacutequido ou gasoso) e ambos

humano (BERGLUND et al 1999 HANSEN

do para descrever percepccedilotildees sonoras agradaacutev

iclos que a onda sonora completa no tempo de um segundo

as pode gerar a doenccedila Vibroacuacutestica que induz o espessamprocessos cognitivos (BRANCO e PEREIRA 2004)

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

32

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

ltidisciplinares do estudo do som partir de BISTAFA 2006

ontual e fonte sonora linear Fonte

otildees de pressatildeo ambiente

bos satildeo capazes de serem

EN 1995) No entanto

daacuteveis o ruiacutedo descreve

do e eacute medida em Hertz (Hz)

amento das estruturas cardiacuteacas

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

33

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 212 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora pontual de 6 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007

percepccedilotildees sonoras desagradaacuteveis incorporando um aspecto de subjetividade agrave sua definiccedilatildeo

(BRUumlEL amp KJAEligR 1984 HANSEN 2005 BRASIL 2006 SINGAL 2005)

Tal subjetividade acarreta diferentes e individuais percepccedilotildees sonoras pelo ser humano e

portanto em diferentes reaccedilotildees agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo Em outras palavras o que se estabelece

como som para um indiviacuteduo pode representar ruiacutedo para outro

[] as respostas inerentes ao ruiacutedo satildeo complexas dependendo tanto dos fatores propriamente acuacutesticos quanto dos psicossociais contextuais simboacutelicos emocionais como daqueles de valor especiacutefico Essas variaacuteveis participam da singularidade da escuta e atuam como filtros que modificam a percepccedilatildeo do sinal fiacutesico sonoro (SANTOS e MARTINS 2005 p 216)

Enquanto sua percepccedilatildeo envolve a subjetividade as respostas fisioloacutegicas agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo satildeo

mais objetivas e seus danos satildeo mais facilmente identificaacuteveis O ruiacutedo pode gerar complicaccedilotildees

no sistema circulatoacuterio e hormonal perda gradativa da audiccedilatildeo distuacuterbios de sono estresse

irritabilidade neuroses desconforto e dificuldade de aprendizado entre outros danos

(BERGLUND et al1999 HANSEN 2005 KINSLER et al 1982 MURGEL 2007 NAGEM

2004 NUNES 2006 PAZ et al 2005 SINGAL 2005 ZANNIN et al 2002)

O ruiacutedo pode se originar de variadas fontes presentes em diversificados ambientes as mais

comumente encontradas satildeo as fontes sonoras pontuais e as lineares (Figura 211) A fonte pontual

possui dimensotildees finitas e emite o mesmo niacutevel de pressatildeo sonora uniformemente para todas as

direccedilotildees sendo seu decaimento em campo livre de 6 dB para cada dobro da distacircncia (Figura

212) (HANSEN 2005 SOUSA 2004)

Jaacute a fonte linear eacute formada por certo nuacutemero de

fontes pontuais dispostas linearmente cuja

emissatildeo sonora eacute contiacutenua ao longo desta

linha sendo seu decaimento em campo livre

de 3 dB para cada dobro da distacircncia (Figura

213) (HANSEN 2005 PAZ 2004)

Quando propagadas no meio urbano a

combinaccedilatildeo de tais fontes sonoras associadas

ao percurso de transmissatildeo e ao receptor

constitui o ruiacutedo urbano (urban noise) tambeacutem

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

34

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 213 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora linear de 3 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007

chamado de ruiacutedo ambiental (environmental

noise) ou ruiacutedo comunitaacuterio (community noise)

(BERGLUND et al1999 GUEDES 2005

SOUSA 2004)

O ruiacutedo urbano pode ser gerado a partir do

traacutefego de veiacuteculos terrestres e aeacutereos de

obras de construccedilatildeo civil de estabelecimentos

industriais de estabelecimentos comerciais e

de serviccedilos de sistemas de propaganda

volante ou permanente8 e ruiacutedos de outras atividades cuja propagaccedilatildeo sonora pode afetar o bem-

estar e a sauacutede dos citadinos (BARRON 2003 BERGLUND et al1999 KINSLER et al 1982

NAGEM 2004 NUNES 2006 SINGAL 2005)

Apesar de esporaacutedica outra fonte de ruiacutedo gerada em meio urbano satildeo os eventos puacuteblicos tais

como festas shows comiacutecios carnavais fora de eacutepoca entre outros As fontes de ruiacutedo presentes

nestes eventos atingem um alto niacutevel de pressatildeo sonora9 e abrangem uma grande quantidade

populacional logo independente de ocorrer poucas vezes durante o ano satildeo eventos

extremamente danosos a sauacutede e principalmente agrave audiccedilatildeo a partir de 80 dB(A) natildeo importa se

a sensaccedilatildeo sonora eacute prazerosa ou natildeo ela eacute necessariamente prejudicial10 (Tabela 21) (NUNES

2006)

Quando a intensidade dos ruiacutedos urbanos torna-se excessivamente desagradaacutevel eou nociva o

ruiacutedo passa a ser considerado uma forma de poluiccedilatildeo ambiental11 - a poluiccedilatildeo sonora A

necessidade de regulamentaccedilatildeo da poluiccedilatildeo sonora renuncia os aspectos de subjetividade

existentes e inerentes ao conceito de ruiacutedo na tentativa de sintetizar e estabelecer limites leis

normas meacutetodos e accedilotildees que representem um universo sonoro equivalente para toda a

populaccedilatildeo na tentativa de controlar e mitigar o ruiacutedo urbano

8 Carros de som bicicletas com som raacutedios comunitaacuterias entre outros 9 O niacutevel de pressatildeo sonora eacute a medida fiacutesica preferencial para caracterizar a sensaccedilatildeo subjetiva da intensidade dos sons e de acordo com a lei de Weber e Fechner a sensaccedilatildeo sonora eacute proporcional ao logaritmo da intensidade sonora NPS=20 log (pp0) onde p eacute a pressatildeo sonora em Pascal e p0 eacute a pressatildeo sonora de referecircncia (2 10-5 Pascal) (BISTAFA 2006 NIEMEYER 2007) 10 Outros niacuteveis de ruiacutedo tambeacutem podem ser prejudiciais em maior ou menor grau dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora 11 ldquoPoluiccedilatildeo eacute a degradaccedilatildeo da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente a) prejudiquem a sauacutede a seguranccedila e o bem-estar da populaccedilatildeo b) criem condiccedilotildees adversas agraves atividades sociais e econocircmicas c) afetem desfavoravelmente a biota d) afetem as condiccedilotildees esteacuteticas ou sanitaacuterias do meio ambiente e) lancem mateacuterias ou energia em desacordo com os padrotildees ambientais estabelecidosrdquo (BRASIL 1981 p 1 e 2)

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

35

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Tabela 21 ndash Os niacuteveis de pressatildeo sonora e suas consequumlecircncias fisioloacutegicas no homem Em alguns casos podem a intensidade das reaccedilotildees fisioloacutegicas podem variar dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora Fonte elaborado pela autora a partir de KINSLER et al 1992 SINGAL 2005 SOUZA 2006

Assim sendo na esfera federal a Constituiccedilatildeo Federal (Art255) o Coacutedigo Civil Brasileiro (Lei ndeg

1040602) a Lei das Contravenccedilotildees Penais (Decreto-lei nordm 368841) e a Lei dos Crimes

Ambientais (Lei nordm 960598) versam a partir de diferentes abordagens e diferentes

procedimentos legais sobre a poluiccedilatildeo sonora e suas respectivas perturbaccedilotildees (CARNEIRO

2009)

NIacuteVEIS DE PRESSAtildeO SONORA E SUAS CONSEQUEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS

Niacutevel de Pressatildeo sonora

em dB(A)

Caracteriacutesticas FISIOLOacuteGICAS

Ambiente ou atividade

0 a 30 Nenhuma Tremular de folhas de uma aacutervore sussurros

aacuterea de mata selvagem

30 a 50 Nenhuma Cantar de paacutessaros rua calma em aacuterea residencial durante noite

50 a 70 Marca o iniacutecio do estresse

auditivo Rua agitada um restaurante barulhento

70 a 90 Estressante e bastante

excitante Chegada de um trem na estaccedilatildeo carro a 100 Kmh

conversa a gritos

90 a 110 Extremamente excitante provocando dependecircncia

Caminhatildeo pesado a 60 Kmh alarme de viatura passagem de trem numa estaccedilatildeo ou cabine de um aviatildeo monomotor

110 a 130

Desconfortavelmente alto atingindo o limiar da dor podendo causar surdez

instantacircnea

Trem passando em trilhos elevados martelo pneumaacutetico interior de uma boate show de banda de rock

130 a 140 Acima do limiar da dor

causando surdez permanente Decolagem de aviatildeo a jato a 5m de distacircncia disparos de artilharia

Ainda no domiacutenio federal o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) publicou vaacuterias

resoluccedilotildees que estabelecem normas de preservaccedilatildeo ao meio ambiente incluindo o combate a

poluiccedilatildeo sonora12 Nestas resoluccedilotildees todas as atividades geradoras de ruiacutedo devem seguir

diretrizes vinculadas agrave Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas ndash ABNT e ao Conselho

Nacional de Tracircnsito - CONTRAN no caso de ruiacutedo produzido por veiacuteculos automotores

(NAGEM 2004)

Tais resoluccedilotildees normas e diretrizes refletidas no domiacutenio estadual e municipal deram origem agrave

Lei Estadual nordm 12789 de 28 de Abril de 2005 (PERNAMBUCO2005) conhecida como ldquoLei do

12 Satildeo elas RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 272 de 14 de setembro de 2000

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Silecircnciordquo e que dispotildee sobre ruiacutedos urbanos poluiccedilatildeo sonora e proteccedilatildeo do bem-estar e do

sossego puacuteblico e agrave Lei nordm 16243 de 13 de setembro de 1996 ndash Coacutedigo do Meio Ambiente e do

Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife (RECIFE 1996a) que estabelece a poliacutetica do meio ambiente da

cidade do Recife incluindo regulamentaccedilatildeo de emissotildees sonoras entre outras providecircncias

tendo como suporte a Lei 1617696 de 9 de Abril de 1996 ndash Lei de Uso e Ocupaccedilatildeo do Solo da

Cidade do Recife ndash LUOS (RECIFE 1996b)

Apesar da existecircncia desta grande quantidade de leis federais estaduais e municipais apesar da

LUOS legislar sobre a etapa de aprovaccedilatildeo de projetos para a construccedilatildeo de empreendimentos

com usos geradores de incocircmodo agrave vizinhanccedila incluindo usos potencialmente geradores de ruiacutedos

submetendo-os agrave anaacutelise teacutecnica eou agrave anaacutelise especial e apesar do Coacutedigo do Meio Ambiente e

do Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife estabelecer limites maacuteximos permitidos de ruiacutedo na praacutetica a

accedilatildeo contra a poluiccedilatildeo sonora em Recife adquire caraacuteter corretivo pelos oacutergatildeos reguladores agrave

conduta do infrator geralmente a partir de denuacutencias da populaccedilatildeo apoacutes a consolidaccedilatildeo da fonte

geradora de ruiacutedo no meio urbano (JORNAL DO COMEacuteRCIO 2008 JC ONLINE 2005)

Outro exemplo local de desatenccedilatildeo agrave poluiccedilatildeo sonora eacute a inexistecircncia dentre vaacuterios outros tipos

de degradaccedilatildeo ambiental presentes de qualquer referecircncia a respeito da poluiccedilatildeo sonora em

documento produzido pela Prefeitura da Cidade do Recife no ano 2000 o Atlas Ambiental da

Cidade do Recife (RECIFE 2000)

Diante da aplicabilidade ineficaz da legislaccedilatildeo vigente em Novembro de 2009 foi lanccedilado pelo

Ministeacuterio Puacuteblico de Pernambuco a cartilha Poluiccedilatildeo sonora Silento e o barulho13 que versa sobre as

posturas e accedilotildees direitos e deveres dos diversos agentes envolvidos na produccedilatildeo e recepccedilatildeo da

poluiccedilatildeo sonora indicando como devem agir a viacutetima o policial o estado o construtor poluidor

o proprietaacuterio de carro de som poluidor entre outros A cartilha tambeacutem disponibiliza uma seacuterie

de formulaacuterios modelos de acordo com os diferentes tipos de poluiccedilatildeo sonora Estes formulaacuterios satildeo

exemplos para serem utilizados tanto pela viacutetima da poluiccedilatildeo sonora quanto pelo policial civil

militar promotor de justiccedila e ateacute mesmo pelo poluidor - o que poderaacute tornar esta cartilha um

importante instrumento para aplicaccedilatildeo das leis vigentes (CARNEIRO 2009)

Embora negligenciada e em oposiccedilatildeo a diversos outros problemas ambientais mundiais a

poluiccedilatildeo sonora continua a crescer e eacute acompanhada pelo aumento no nuacutemero de reclamaccedilotildees de

13 ldquoSilentordquo eacute um personagem criado para narrar alguns trechos interativos da cartilha

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 214 ndash Relaccedilatildeo entre o desenvolvimento industrial da sociedade que possibilita o aumento e concentraccedilatildeo de fontes sonoras e seus impactos em relaccedilatildeo ao ruiacutedo nas comunidades apontando trecircs previsotildees futuras de acordo com diferentes accedilotildees possiacuteveis de regulamentaccedilatildeo contra do ruiacutedo Fonte elaborado pela autora a partir de BERGLUND et al 1999

pessoas expostas ao ruiacutedo a partir do aumento da consciecircncia de seus direitos legais

(BERGLUND et al1999)

Para World Health Organization (WHO)14 a poluiccedilatildeo sonora jaacute eacute um dos problemas ambientais que

atingem o maior nuacutemero de pessoas no planeta perdendo apenas para a poluiccedilatildeo do ar e da aacutegua

(KIHLMAN 2004 2005) Este crescimento contiacutenuo da poluiccedilatildeo sonora e por conseguinte do

ruiacutedo urbano possui uma estreita relaccedilatildeo com as raacutepidas transformaccedilotildees ocorridas no meio

urbano nas uacuteltimas deacutecadas O desenvolvimento acelerado e a expansatildeo das cidades implicaram

em modificaccedilotildees em elementos da forma urbana em alto iacutendice de crescimento demograacutefico da

populaccedilatildeo urbana e em consequumlente aumento e concentraccedilatildeo de diversos tipos de fontes

geradoras de poluiccedilatildeo sonora (BRASIL 1990a1990b GUEDES 2005 PAZ 2009 ZANNIN et

al 2002) (Figura 214)

Entre estas fontes urbanas geradoras de poluiccedilatildeo sonora uma das que mais contribuem com o

aumento do ruiacutedo urbano aleacutem de ser considerada uma das fontes mais intrusivas e a mais

percebida pela populaccedilatildeo das grandes cidades eacute o traacutefego de veiacuteculos (DINIZ 2003 FRITSCH et al

2007 LACERDA et al 2005 PAZ 2004 ZANNIN et al 2003)

O ruiacutedo do traacutefego de veiacuteculos eacute gerado a

partir do ruiacutedo veicular que proveacutem

essencialmente do sistema de propulsatildeo do

motor do atrito entre o veiacuteculo e o ar (ruiacutedo

aerodinacircmico) e do atrito entre o pneu e o piso

(MURGEL 2007 KINSLER et al 1982) e da

relaccedilatildeo entre o veiacuteculocondutor e as

configuraccedilotildees das vias em que ele estaacute inserido

a aceleraccedilatildeo eou desaceleraccedilatildeo do motor de

acordo com a caracterizaccedilatildeo das vias - a

presenccedila de cruzamentos semaacuteforos faixas de

pedestres etc a intensidade do fluxo de

veiacuteculos e a proporccedilatildeo entre veiacuteculos leves e os

veiacuteculos pesados a frequumlecircncia de

14 Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede ndash OMS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

acionamentos de buzinas o tipo de acabamento da superfiacutecie das vias (concreto asfalto brita

terra batida) etc (SINGAL 2005)

Tais vias geradoras do ruiacutedo de traacutefego aleacutem de serem interceptadas por outras vias satildeo

comumente ladeadas por configuraccedilotildees bastante variaacuteveis desde edificaccedilotildees com formas

implantaccedilotildees e gabaritos diversificados a lotes ainda natildeo ocupados caracterizando a propagaccedilatildeo

do ruiacutedo de traacutefego urbano por muacuteltiplas reflexotildees responsaacuteveis pelo espalhamento do ruiacutedo

para vias adjacentes pelo surgimento de campos sonoros reverberantes pela difraccedilatildeo do ruiacutedo e

pelo surgimento de aacutereas de sombra (SINGAL 2005 RANDRIANOELINA e SALOMONS

2008) Ou seja a propagaccedilatildeo do ruiacutedo urbano gerado pelo traacutefego de veiacuteculos possui uma

interaccedilatildeo singular com elementos da forma urbana

Assim sendo tanto por sua participaccedilatildeo determinante na constituiccedilatildeo do ruiacutedo urbano quanto

por sua particular relaccedilatildeo com os elementos que compotildeem a forma urbana o ruiacutedo de traacutefego

seraacute a uacutenica fonte sonora considerada na presente pesquisa conforme seraacute melhor elucidado no

proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas

A interaccedilatildeo entre o ruiacutedo urbano e a forma urbana dependeraacute diretamente das configuraccedilotildees de

certos elementos que compotildeem esta forma urbana o traccedilado e perfis das vias a maneira de

implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade e

forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres tais como praccedilas e

largos (GUEDES 2005 SANTOS e MARTINS 2005) Estes elementos podem ser

acusticamente caracterizados a partir do tipo de espaccedilo acuacutestico e da permeabilidade acuacutestica

O espaccedilo acuacutestico tambeacutem nomeado de campo acuacutestico eacute a porccedilatildeo de determinado espaccedilo onde

acontecem as vibraccedilotildees sonoras podendo ser caracterizado no meio urbano como espaccedilo

acuacutestico aberto ou fechado (NIEMEYER 2007)

O espaccedilo acuacutestico aberto aproxima-se da propagaccedilatildeo em campo livre que eacute caracterizado pela ausecircncia

de obstaacuteculos que modifiquem a propagaccedilatildeo sonora entre a fonte e o receptor Assim no meio

urbano o espaccedilo cuja propagaccedilatildeo sonora envolva poucas ou nenhuma reflexatildeo e poucos ou

nenhum obstaacuteculo pode ser considerado um espaccedilo acuacutestico aberto como por exemplo o

espaccedilo acuacutestico com perfil em ldquoLrdquo tais como vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas uma de

suas margens (Figuras 215 e 216) (NIEMEYER 2007) No espaccedilo acuacutestico aberto o niacutevel de

pressatildeo sonora decai 6 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (LANG

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 215 ndash Propagaccedilatildeo sonora em Campo acuacutestico aberto Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001

Figura 216 ndash Campo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo FonteNIEMEYER 2007

Figura 217 ndash Propagaccedilatildeo sonora em campo acuacutestico fechado causando o fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001

e BERANEK 1992) isto eacute o ruiacutedo percebido

pelo receptor diminui em funccedilatildeo da

duplicaccedilatildeo da distacircncia da fonte sonora15

Praccedilas parques e largos com grandes

dimensotildees vias de traacutefego marginais a praias

vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas

uma de suas margens ou espaccedilos livres

urbanos de grandes dimensotildees caracterizam

alguns exemplos de espaccedilos acuacutesticos abertos

No espaccedilo acuacutestico fechado as ondas sonoras

sofrem muacuteltiplas reflexotildees fazendo com que o

seu niacutevel sonoro decaia muito lentamente

sendo praticamente o mesmo em vaacuterias

posiccedilotildees ateacute que esta onda sonora encontre

uma saiacuteda para campo livre caracterizando o

fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana16 17(Figura

217) (GUEDES 2005 NIEMEYER 2007)

Os espaccedilos acuacutesticos fechados podem ser

reverberantes quando a onda sonora tarda a

encontrar o campo livre gerando um grande

nuacutemero de reflexotildees ou semi-reverberantes

quando a onda sonora encontra o campo livre

um pouco mais rapidamente do que no

reverberante gerando um nuacutemero menor mas

ainda grande de reflexotildees

15 Este decaimento eacute para fontes pontuais para fontes lineares o decaimento eacute de 3 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (GERGES 2000) 16 A reverberaccedilatildeo eacute a persistecircncia de um som depois de ter sido extinta a sua emissatildeo por uma fonte e ocorre como resultado de reflexotildees em ambientes total ou parcialmente fechados (GONZALEZ e LOPES 1993) 17 Alguns espaccedilos acuacutesticos fechados tambeacutem podem amplificar o niacutevel de pressatildeo sonora mas este fenocircmeno ocorre em determinados espaccedilos acuacutesticos fechados reverberantes

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 218 ndash Campo acuacutestico fechado em perfl ldquoUrdquo tambeacutem chamado de canyons urbanos Fonte NIEMEYER 2007

No meio urbano o espaccedilo acuacutestico fechado

reverberante possui comumente um perfil em

ldquoUrdquo (Figura 218) tambeacutem chamados de

canyons urbanos que podem amplificar

consideravelmente a propagaccedilatildeo sonora das

vias de traacutefego atraveacutes de reflexotildees muacuteltiplas

geradas pelas fachadas paralelas das

edificaccedilotildees que circundam estas vias

(ANDERSON e KURZE 1992) Assim neste

tipo de espaccedilo acuacutestico a propagaccedilatildeo sonora

natildeo depende exclusivamente da distacircncia entre

a fonte e o receptor como no espaccedilo acuacutestico

aberto depende ainda da configuraccedilatildeo dos

elementos que compotildeem a forma urbana e

dos coeficientes de absorccedilatildeo dos materiais que

revestem as superfiacutecies refletoras18

(NIEMEYER 2007)

Praccedilas parques e largos com pequenas dimensotildees e cercados por edificaccedilotildees conjugadas vias de

traacutefego com edificaccedilotildees (conjugadas ou com pequenos recuos entre elas) em ambos os lados

tuacuteneis passagens subterracircneas e espaccedilos livres abaixo de viadutos caracterizam alguns exemplos

de espaccedilos acuacutesticos fechados

A caracterizaccedilatildeo de um espaccedilo acuacutestico como sendo aberto ou fechado delinearaacute como a onda

sonora iraacute espalhar-se no meio urbano cujas configuraccedilotildees dos elementos que o compotildeem

podem facilitar ou dificultar a trajetoacuteria desta onda sonora para aleacutem do local de sua emissatildeo

tornando o meio urbano mais ou menos permeaacutevel a sua propagaccedilatildeo

18 No meio urbano as superfiacutecies refletoras satildeo predominantemente formadas por fachadas e muros de edificaccedilotildees que possuem certa uniformidade na utilizaccedilatildeo de materiais altamente reflexivos e com baixos coeficientes de absorccedilatildeo tais como granito maacutermore ceracircmica esmaltada vidro Assim o coeficiente de absorccedilatildeo de uma edificaccedilatildeo para outra seraacute praticamente o mesmo sofrendo miacutenimas variaccedilotildees permitindo sua natildeo consideraccedilatildeo

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

41

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 220 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees em uma quadra permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007

Figura 221 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjugadas em uma quadra pouco permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007

Figura 219 ndash Permeabilidade acuacutestica - percursos da onda sonora gerados em meio urbano Fonte NIEMEYER 2007

Figura 222 ndash Barreira acuacutestica entre a fonte e o receptor FonteANDERSON e KURZE 1992

Assim sendo a permeabilidade acuacutestica refere-se

aos percursos da onda sonora gerados no

meio urbano (Figura 219) (GUEDES 2005

NIEMEYER 2007) A intensidade da

permeabilidade acuacutestica - mais ou menos

permeaacutevel - dependeraacute da capacidade de

certos elementos urbanos de promover ou

conter a propagaccedilatildeo da onda sonora tais

como o traccedilado e perfis das vias a maneira de

implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem

como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade

e forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila

ou ausecircncia de espaccedilos livres (Figuras 220 e

221)

A permeabilidade acuacutestica relaciona-se ainda

com as barreiras acuacutesticas Isoladamente o

conceito de barreiras acuacutesticas refere-se a

qualquer objeto que possa ser considerado um

obstaacuteculo agrave ligaccedilatildeo direta e sem interferecircncias

entre a fonte e o receptor (Figura 222)

(ANDERSON e KURZE 1992 GERGES

2000) Ao bloquear o percurso direto entre a

fonte e o receptor a onda sonora poderaacute ser

absorvida eou refletida pela superfiacutecie da

barreira transmitida atraveacutes da barreira ou

difratada a partir do topo da barreira

(BARRON 2003 SINGAL 2005)

A difraccedilatildeo eacute um fenocircmeno que permite que as

ondas sonoras sejam capazes de contornar

determinados obstaacuteculos gerando uma aacuterea de

sombra acuacutestica que possui limites espaciais

variaacuteveis de acordo com a posiccedilatildeo da fonte

____________________________________________

ANAacuteLISE D

sonora e de sua localizaccedilatilde

receptor que por sua vez

sonora difratada pelas borda

um decaimento maior do qu

campo livre (Figura 223) (N

1968 NIEMEYER 2007 PA

O uso de barreiras acuacutestic

EUA Japatildeo Austraacutelia e

reduccedilatildeo da propagaccedilatildeo do

pelo traacutefego rodoviaacuterio pa

(Figuras 224 a 226) (SIN

Brasil esta praacutetica ainda eacute inc

restringindo-se a poucos exe

caso da barreira acuacutestica no

Linha Amarela na cidade do

na Rodovia Bandeirantes co

de Satildeo Paulo a Campinas

Paulo (Figura 227) (MURGE

2004)

Embora a implantaccedilatildeo de b

esteja vinculada agrave reduccedilatildeo do

rodoviaacuterio outros elemen

meio urbano situados ent

receptor atuam espontan

barreiras agrave propagaccedilatildeo sono

terreno com topografia i

muros edificaccedilotildees entr

edificaccedilotildees conjugadas da R

cidade do Recife ou aind

conjugadas em alguns trec

Atlacircntica no Rio de Janei

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 226 ndash Barreiras instaladasem aacuterea residencial de Toacutequio Jap

Figura 224 ndash Agrave esquerda barreacriacutelico na Suiacuteccedila Agrave direita barreiraPaacutedua e Veneza na Itaacutelia Fonte C

Figura 227 ndash Barreira acuacutestica dade Satildeo Paulo Fonte MURGEL 2

Figura 223 ndash Difraccedilatildeo da ondagerando uma aacuterea de sombra acuacutest

Figura 225 ndash Agrave esquerda baproacuteximo a Zurique Agrave direita barretambeacutem na Suiccedila Fonte CICHIN

accedilatildeo em relaccedilatildeo ao

ez recebe a energia

rdas da barreira com

que se estivesse em

(NEPOMUCENO

PAZ 2004)

ticas eacute comum nos

e na Europa para

do ruiacutedo produzido

para seus arredores

INGAL 2005) No

incipiente

exemplos como eacute o

no eixo rodoviaacuterio

o Rio de Janeiro e

conectando a cidade

s no estado de Satildeo

GEL 2007 SOUSA

e barreiras acuacutesticas

do ruiacutedo de traacutefego

entos inseridos no

entre a fonte e o

taneamente como

nora tais como um

irregular taludes

ntre outros As

a Rua da Aurora na

inda as edificaccedilotildees

trechos da Avenida

neiro por exemplo

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

42

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

das ao longo de via expressa elevada Japatildeo Fonte CICHINELLI 2007

rreira acuacutestica curva em concreto e eira acuacutestica metaacutelica na estrada entre CICHINELLI 2007

da Rodovia Bandeirantes no estado 2007

da sonora a partir de uma barreira uacutestica Fonte GERGES 2000

barreira acuacutestica metaacutelica instalada arreira acuacutestica em concreto e acriacutelico INELLI 2007

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

43

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 228 ndash Rua da Aurora no Bairro da Boa Vista na cidade do Recife configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fontehttpmaiovinteeseisblogspotcom2007_ 11_01_archivehtml Acesso em 080409

Figura 229 ndash Alguns trechos da Avenida Atlacircntica no Bairro de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro tambeacutem configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fonte httpwwwtravelpodcomtravel-photoorlanworldtrip200711 71589400avenida-atlantica-along-copacabana-beachjpgtpodhtml Acesso em 080409

aleacutem de funcionarem como barreiras acuacutesticas

espontacircneas ou natildeo intencionais tambeacutem

conformam um espaccedilo acuacutestico aberto em

ldquoLrdquo e pouco permeaacutevel ao ruiacutedo (Figura 228 e

229)

A partir da discussatildeo dos espaccedilos acuacutesticos e

da permeabilidade acuacutestica evidencia-se que a

interaccedilatildeo entre os diversos elementos que

compotildeem a forma urbana - o traccedilado e perfis

das vias o modo de implantaccedilatildeo das

edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as

proporccedilotildees densidade e maneira de ocupaccedilatildeo

das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de

espaccedilos livres ndash contribui determinantemente

para a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano

atraveacutes de muacuteltiplas reflexotildees do

espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave

fonte geradora de campos sonoros

reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de

aacutereas de sombra

Isto posto se o ruiacutedo urbano eacute considerado

um sistema composto essencialmente pela fonte

sonora pelo meio de propagaccedilatildeo e pelo receptor (LANG e BERANEK 1992 ANDERSON e

KURZE 1992) a forma urbana considerada a partir dos elementos que a compotildeem enquanto

percurso de transmissatildeo delineia influencia e determina em certa medida a trajetoacuteria de

propagaccedilatildeo da onda sonora19 Ou seja a forma urbana por meio das caracteriacutesticas singulares

apresentadas pelos seus elementos componentes iraacute influenciar o comportamento da propagaccedilatildeo

da onda sonora no meio urbano

19 ldquoEm certa medidardquo pois existem outros fatores que tambeacutem influenciam a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano mas a discussatildeo sobre a consideraccedilatildeo ou natildeo destes outros fatores seraacute melhor construiacuteda no proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

44

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito alto por elevada densidade de

ocupaccedilatildeo das quadras e por vias estreitas por exemplo tende em tese a ser menos permeaacutevel ao

ruiacutedo dificultando a propagaccedilatildeo sonora para outras aacutereas Tende ainda a criar espaccedilos

reverberantes ou semi-reverberantes com o niacutevel de pressatildeo sonora elevado em praticamente

todos os pontos de reflexatildeo com perdas miacutenimas ateacute a onda sonora alcanccedilar o topo das

edificaccedilotildees e direcionar-se a campo livre Por conseguinte este comportamento tende a propiciar

dependendo ainda da relaccedilatildeo com a fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano indesejaacutevel e

insalubre aos receptores existentes nas edificaccedilotildees daquela via

Jaacute uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito baixo por baixa densidade de

ocupaccedilatildeo das quadras e por vias largas tende teoricamente a ser mais permeaacutevel ao ruiacutedo

facilitando sua propagaccedilatildeo Por outro lado natildeo gera espaccedilos acuacutesticos propiacutecios a muacuteltiplas

reflexotildees fazendo com que a onda sonora encontre mais rapidamente o campo livre facilitando

sua dissipaccedilatildeo e propiciando dependendo ainda da fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano

desejaacutevel aos seus receptores

Deste modo a existecircncia de diferenccedilas e particularidades dos elementos que compotildeem as

distintas formas urbanas proporciona os mais diversificados comportamentos acuacutesticos de

propagaccedilatildeo sonora nos mais diferentes meios urbanos Ou seja do mesmo modo que cidades

bairros e ruas natildeo satildeo iguais entre si tampouco reproduziacuteveis em sua essecircncia o comportamento

acuacutestico tambeacutem natildeo seraacute ao contraacuterio constituiraacute um atributo exclusivo de cada espaccedilo urbano

Mas se para cada espaccedilo urbano existe um comportamento acuacutestico especiacutefico como deveraacute se

comportar a propagaccedilatildeo sonora de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de

modificaccedilotildees em elementos de sua forma urbana Em outras palavras como se comportaraacute a acuacutestica

urbana de um determinado local a partir do processo cronoloacutegico de modificaccedilotildees em sua forma urbana

Nos capiacutetulo que se segue Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas seratildeo apresentadas os percursos

investigativos que foram postos em praacutetica em busca de responder a este questionamento

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22

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

Analisar o comportamento da acuacutestica urbana ainda que a partir das modificaccedilotildees da forma

urbana faz com que esta pesquisa trate essencialmente da acuacutestica urbana No entanto este

comportamento esta sujeito aos diversificados modos de apreensatildeo da forma urbana e de seus

elementos componentes bem como ao modo como esta pesquisa os consideraraacute

Assim sendo o primeiro item deste capiacutetulo expotildee o conceito de forma urbana e de algumas de

suas relaccedilotildees discutido agrave luz de LAMAS (2004) de PANERAI (2006) e DEL RIO (1990)

indicando em seguida o que esta pesquisa consideraraacute como forma urbana

Certamente discussatildeo em torno da produccedilatildeo de outros autores poderia ser elaborada No

entanto o primeiro item deste capiacutetulo natildeo pretende representar uma revisatildeo bibliograacutefica acerca

do estudo da forma urbana e suas relaccedilotildees pretende sim construir uma discussatildeo em torno dos

trecircs autores selecionados que culmine no conceito de forma urbana que seraacute considerado por esta

pesquisa para possibilitar olhar para suas modificaccedilotildees cronoloacutegicas a fim de compreender o

comportamento da acuacutestica urbana

Apoacutes este delineamento no segundo item deste capiacutetulo discute-se a acuacutestica urbana e suas

relaccedilotildees conceituais com os diversos elementos e implicaccedilotildees da propagaccedilatildeo sonora em meio

urbano e como eles relacionam-se influenciando em seu comportamento

21 A Forma Urbana e seus Elementos Componentes

Segundo LAMAS (2004) estudar a forma urbana compreende examinar as configuraccedilotildees e as

estruturas exteriores de determinados objetos de suas formas interligando-as com os fenocircmenos

que lhes deram origem Assim sendo a forma urbana pode ser definida como sendo o

[] modo como se organizam os elementos morfoloacutegicos que constituem e definem o espaccedilo urbano relativamente agrave materializaccedilatildeo dos aspectos de

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 21 ndash Diferentes aspectos quantitativos relacionados a diversificadas formas urbanas Fonte LAMAS 2004

organizaccedilatildeo funcional e quantitativa e dos aspectos qualitativos e figurativos (LAMAS 2004 p 44) 1

Dentre estes aspectos os quantitativos satildeo agravequeles da realidade urbana que podem ser

quantificaacuteveis tais como densidades superfiacutecies fluxos coeficientes volumeacutetricos entre outros

(Figura 21) os de organizaccedilatildeo funcional satildeo agravequeles que se relacionam com as atividades

humanas tais como habitar e trabalhar e agravequeles relacionados ao modo de uso especiacutefico de uma

aacuterea ndash residencial comercial industrial entre outros os qualitativos referem-se ao tratamento dos

espaccedilos ao conforto e a comodidade do utilizador tais como adaptaccedilatildeo ao clima acessibilidade

estado da pavimentaccedilatildeo entre outros por fim os aspectos figurativos dizem respeito a

essencialmente a comunicaccedilatildeo esteacutetica (LAMAS 2004)

Pode-se considerar que ao olhar para forma urbana e em especiacutefico para suas modificaccedilotildees

cronoloacutegicas com o intuito de compreender o comportamento da acuacutestica urbana esta pesquisa

relaciona-se tanto aos aspectos qualitativos a partir do conforto acuacutestico dos receptores das

ondas sonoras em meio urbano quanto aos

aspectos quantitativos uma vez que este

comportamento acuacutestico em meio urbano eacute

quantificaacutevel em decibels (dB)

Embora estes aspectos envolvam grande parte

das singularidades inerentes a forma urbana

esta definiccedilatildeo parece ainda natildeo abarcar outras

particularidades sociais econocircmicas histoacutericas

e culturais igualmente envolvidas no

entendimento da concepccedilatildeo da forma urbana

isto eacute resta ainda a consideraccedilatildeo de que esta

forma urbana natildeo acontece

independentemente dos grupos sociais que a

produzem (PANERAI 2006)

Satildeo essencialmente estas particularidades que

impulsionam ou amortecem a transformaccedilatildeo

1 Para todas as citaccedilotildees deste autor natildeo seratildeo consideradas adaptaccedilotildees na liacutengua do paiacutes de origem - Portugal - permanecendo o texto original

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

24

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

dos elementos que compotildeem a forma urbana ndash a adiccedilatildeo de novos de traccedilados a um jaacute existente

ou sua superposiccedilatildeo seus conflitos o parcelamento de parques e ocupaccedilatildeo de espaccedilos livres a

renovaccedilatildeo da massa edificada seu lento adensamento e verticalizaccedilatildeo segundo uma especulaccedilatildeo

despretensiosa ou sua substituiccedilatildeo por vastos empreendimentos sob influecircncia de uma

especulaccedilatildeo bem mais expressiva (PANERAI 2006) isto eacute faz parte da apreensatildeo da forma

urbana uma complexidade que envolve um processo de acumulaccedilatildeo de enfoques e observaccedilotildees

sociais econocircmicas histoacutericas e culturais que englobam muito mais do que apenas sua forma

fiacutesica

Estas particularidades especialmente as sociais parecem um pouco mais delineadas nas

consideraccedilotildees feitas por DEL RIO (1990) que considera o espaccedilo urbano a partir da apropriaccedilatildeo

social que se faz dele estabelecendo que em relaccedilatildeo ao estudo da forma urbana a cidade pode

ser compreendida a partir de trecircs niacuteveis organizacionais o coletivo o comunitaacuterio e o individual

O niacutevel coletivo eacute regido sob uma loacutegica estruturadora percebida inconscientemente e

coletivamente e eacute composto pelos elementos2 do tecido que possuem uma permanecircncia maior ao

longo do tempo o niacutevel comunitaacuterio diz respeito aos elementos com significados especiais apenas

para um pequeno grupo da populaccedilatildeo como o bairro por exemplo jaacute o niacutevel individual expressa

significados individuais como a residecircncia e seu espaccedilo circundante e por seu caraacuteter individual eacute

o que apresenta maior rapidez nas modificaccedilotildees (DEL RIO 1990)

Mas LAMAS (2004) ao defender sua definiccedilatildeo para forma urbana natildeo soacute possuiacutea ciecircncia destas

outras particularidades explicitadas por PANERAI (2006) e DEL RIO (1990) ndash sociais

econocircmicas histoacutericas e culturais ndash envolvidas na concepccedilatildeo de forma urbana como optou em

natildeo apreciaacute-las

[] um primeiro grau de leitura da cidade eacute eminentemente fiacutesico-espacial e morfoloacutegico portanto especiacutefico da arquitectura e o uacutenico que permite evidenciar a diferenccedila entre este e outro espaccedilo entre esta e aquela forma e explicar as caracteriacutesticas de cada parte da cidade A estes se juntam outros niacuteveis de leitura que revelam diferentes conteuacutedos (histoacutericos econoacutemicos sociais e outros) Mas este conjunto de leituras soacute eacute possiacutevel porque a cidade existe como facto fiacutesico e material Todos os instrumentos de leitura lecircem o mesmo objecto ndash o espaccedilo fiacutesico a FORMA URBANA (LAMAS 2004 p 31 grifo do autor) Eacute fundamentalmente a dimensatildeo fiacutesica e morfoloacutegica da cidade que me preocupa [] (LAMAS 2004 p 31)

2 Estes elementos seratildeo discutidos em paraacutegrafos mais adiante

____________________________________________

ANAacuteLISE D

Na verdade esta opccedilatildeo em

urbana considerando-a essen

de seu aspecto fiacutesico e m

convenientemente ao obje

presente pesquisa analisar

da acuacutestica urbana a partir

cronoloacutegicas na forma urba

esta anaacutelise do compor

implica em uma apropriaccedil

fiacutesica e material destas modif

Certamente a busca pela ap

urbana envolve muito

simplesmente sua forma

como jaacute aclarado No entan

da anaacutelise proposta por

apreensatildeo em totalid

fundamentalmente necessaacuter

apropriaccedilatildeo da forma urban

material ou uma variaacutevel fiacutes

finalidade derradeira de

comportamento acuacutestico

modificaccedilotildees nesta forma

Ao entender a observaccedilatildeo

essencialmente em seu aspec

(2004) propocircs uma classifica

dimensotildees

bull A dimensatildeo setorial

refere-se agrave menor u

do espaccedilo urbano co

uma praccedila ou uma

ponto o observador

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 24 ndash A cidadeo texemplificada por meio da cidadLAMAS 2004

Figura 23 ndash O bairro a escala ucidade portuguesa de Tavira Fonte

Figura 22 ndash Praccedila da Alagoa na ca dimensatildeo setorial Fonte LAMA

em observar a forma

sencialmente a partir

material responde

bjetivo primeiro da

ar o comportamento

rtir de modificaccedilotildees

rbana uma vez que

ortamento acuacutestico

riaccedilatildeo genuinamente

dificaccedilotildees

apreensatildeo da forma

o mais do que

a fiacutesica e material

tanto para realizaccedilatildeo

or este estudo tal

alidade natildeo eacute

saacuteria o que torna a

bana quase um meio

l fiacutesica para atingir a

e compreensatildeo do

a partir de

atildeo da forma urbana

pecto fiacutesico LAMAS

icaccedilatildeo em escalas ou

ndash a escala da rua

r unidade ou porccedilatildeo

como por exemplo

a rua onde de um

dor pode abarcar a

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

25

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

territoacuterioa dimensatildeo territorial dade portuguesa de Tavira Fonte

a urbana exemplificada por meio da nte LAMAS 2004

na cidade portuguesa de Tavira ilustra MAS 2004

____________________________________________

ANAacuteLISE D

unidade espacial d

(Figura 22)

bull A dimensatildeo urbana ndash

corresponde agraves pa

identificaacuteveis como

exemplo onde a

elementos da forma

atraveacutes do movime

percursos (Figura 23

bull E por fim a dimensatildeo

da cidade diz respeito

diferentes formas

articulaccedilatildeo de bai

entre si Sua forma

distribuiccedilatildeo de eleme

das cidades em con

suporte geograacutefico d

a articulaccedilatildeo de

circulaccedilatildeo entre os

entre zonas habitacio

entre outras (Figura 2

Dentre estas dimensotildees a u

bairro desperta particular

pesquisa uma vez que o e

limites de observaccedilatildeo atraveacute

de movimentos poderaacute aba

significante de modificaccedilotildee

forma urbana de determina

compreender o comport

acuacutestica urbana

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 25 ndash Exemplos de diversiflotes quarteirotildees e vias em difereNesta imagem um recorte do CONDEPE-FIDEM 1981

Figura 26 ndash Exemplos de diversiflotes quarteirotildees e vias em difereNesta imagem um recorte do baorigens da cidade entrecortadoBarreto Fonte CONDEPE-FIDE

Figura 27 ndash Exemplos de diveredifiacutecios lotes quarteirotildees e vias eRecife Nesta imagem um recessencialmente por morros o AltoFIDEM 1981

de seu conjunto

ndash a escala do bairro

partes homogecircneas

mo os bairros por

a observaccedilatildeo dos

a urbana eacute realizada

imento e de vaacuterios

23)

nsatildeo territorial ndash a escala

eito agrave articulaccedilatildeo de

as urbanas da

bairros interligados

ma eacute definida pela

mentos estruturantes

onformidade com o

o do siacutetio tais como

e ruas e vias de

s diferentes bairros

cionais e comerciais

a 24)

a urbana ndash escala do

lar interesse desta

o entendimento dos

veacutes de certo nuacutemero

barcar uma amostra

otildees cronoloacutegicas na

inado local a fim de

ortamento de sua

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

26

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

rsificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios erentes bairros da cidade do Recife o bairro de Boa Viagem Fonte

rsificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios erentes bairros da cidade do Recife bairro de Satildeo Joseacute que remete agraves do pela recente Avenida Dantas DEM 1981

versificadas concretizaccedilotildees entre os em diferentes bairros da cidade do

recorte de um bairro constituiacutedo lto do Mandu Fonte CONDEPE-

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

No entanto para apreender tal dimensatildeo devem-se conhecer e estabelecer quais elementos

miacutenimos da forma urbana que se relaciona com esta a dimensatildeo urbana e quais satildeo estes

elementos LAMAS (2004) propocircs onze elementos da forma urbana necessaacuterios para esta

apreensatildeo o solo (I) o edifiacutecio (II) o lote (III) o logradouro (IV) o quarteiratildeo (V) o traccediladoa

rua(VI) a praccedila (VII) a fachada (VIII) o monumento (IX) a vegetaccedilatildeo (X) e o mobiliaacuterio

urbano (XI) Dentre estes elementos seis possuem uma estreita relaccedilatildeo com esta pesquisa e

seratildeo expostos de acordo com consideraccedilotildees observadas por LAMAS 3 (2004) (Figuras 25 a 27)

O edifiacutecio representa o elemento miacutenimo identificaacutevel na observaccedilatildeo da forma urbana eacute atraveacutes

dele que se constitui o espaccedilo urbano e se organizam diferentes elementos tais como ruas praccedilas

avenidas entre outros Os edifiacutecios agrupam-se em diferentes tipos tanto em relaccedilatildeo a suas

formas quanto a suas funccedilotildees Estes elementos podem influenciar o comportamento da acuacutestica

urbana atuando enquanto objetos reflexivos da onda sonora e como barreiras acuacutesticas4

O lote representa o princiacutepio da relaccedilatildeo do edifiacutecio com o terreno A forma do lote eacute muitas

vezes condicionante da forma do edifiacutecio tornando-os vinculados por essecircncia o logradouro diz

respeito ao espaccedilo livres e natildeo construiacutedos no interior do lote aos quintais e jardins o quarteiratildeo

ou quadra pode ser considerado como o espaccedilo resultante entre o cruzamento de trecircs ou mais

vias podendo ser demarcado em vaacuterios lotes para a construccedilatildeo de edifiacutecios Juntos estes trecircs

elementos associados aos edifiacutecios podem propiciar uma maior ou menor permeabilidade

acuacutestica eou uma maior ou menor presenccedila de aacutereas de sombra no meio urbano

O traccedilado por meio das ruas ou vias eacute facilmente identificaacutevel no meio urbano Estaacute muitas vezes

condicionado ao siacutetio geograacutefico existente regula a disposiccedilatildeo dos edifiacutecios e quarteirotildees e

interliga os vaacuterios espaccedilos componentes da cidade e a cidade ao territoacuterio Normalmente o

traccedilado resiste agraves transformaccedilotildees na forma urbana por possuir um caraacuteter de permanecircncia natildeo

totalmente modificaacutevel O traccedilado engloba trajetoacuterias e caminhos que natildeo satildeo necessariamente

percorridos atraveacutes de automoacuteveis apesar disso estaacute em grande parte vinculado a uma das

principais fontes geradoras de ruiacutedo urbano ndash o traacutefego de veiacuteculos

3 Os outros elementos tambeacutem podem relacionar-se de diferentes maneiras com a acuacutestica urbana mas nem tanto com a presente pesquisa e por isso natildeo foram considerados 4 Todas as definiccedilotildees e conceitos acuacutesticos apresentados no presente item seratildeo elucidados no item seguinte 22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 28 ndash Os trecircs conjuntos formadores do tecido urbano segundo Panerai (2006) Fonte PANERAI 2006

A praccedila eacute um espaccedilo de geometria variada

intencionalmente inserido no meio urbano

cuja relaccedilatildeo com o traccedilado e os edifiacutecios

tambeacutem eacute intencional evidenciada atraveacutes do

seu desenho e natildeo acidentais como

alargamento e confluecircncias do traccedilado Aleacutem

disso a praccedila eacute um lugar de encontro de

permanecircncia e de praacuteticas sociais

Acusticamente dependendo de suas

proporccedilotildees a propagaccedilatildeo sonora que envolve

uma praccedila pode apresentar um

comportamento que se assemelha a

propagaccedilatildeo sonora em campo livre

Estes elementos constituintes da forma urbana

conceituados por LAMAS (2004) podem ser

identificados sob um diferente invoacutelucro

conceitual mas com a mesma essecircncia no que

PANERAI (2006) definiu como sendo

conjuntos do tecido urbano

Aplicado agrave cidade o termo ldquotecidordquo evoca a continuidade e a renovaccedilatildeo a permanecircncia e a variaccedilatildeo Ele explica a constituiccedilatildeo das cidades antigas e responde as questotildees levantadas pelo estudo das urbanizaccedilotildees recentes Ele pressupotildee uma atenccedilatildeo tanto ao banal quanto ao excepcional tanto agraves ruas comuns e agraves edificaccedilotildees corriqueiras quanto agraves regulamentaccedilotildees e aos monumentos Dentre as muacuteltiplas definiccedilotildees de tecido urbano e sem desprezar suas qualidades escolhemos a mais simples O tecido urbano eacute constituiacutedo pela superposiccedilatildeo ou imbricaccedilatildeo de trecircs conjuntos a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees Essa definiccedilatildeo potildee em evidecircncia os elementos que permitem que as diferentes partes da cidade evoluam ao mesmo tempo em que satildeo mantidas a coesatildeo de conjunto e a clareza de sua estrutura (PANERAI 2006 p 77-78 grifo nosso) (Figura 28)

Ao contraacuterio de LAMAS (2004) que considera a praccedila como um elemento da forma urbana por

si soacute PANERAI (2006) discute as vias ou traccedilado inseridas em uma relaccedilatildeo em rede onde

tambeacutem satildeo considerados como partes constituintes os largos passeios praccedilas esplanadas cais

pontes rios canais margens praias todos compondo o espaccedilo puacuteblico Eacute atraveacutes desta rede

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

contiacutenua e hierarquizada que acontecem as distribuiccedilotildees e circulaccedilotildees da cidade bem como sua

organizaccedilatildeo local e territorial

Jaacute os parcelamentos fundiaacuterios constituem a representaccedilatildeo negativa5 da rede de vias que evidencia o

domiacutenio construiacutedo Este domiacutenio natildeo se limita aos edifiacutecios mas tambeacutem envolve paacutetios

quintais terrenos baldios (PANERAI 2006) Embora PANERAI(2006) considere separadamente

o exame das edificaccedilotildees sugere-se que este domiacutenio construiacutedo envolve quatro dos elementos da

forma urbana elencados por LAMAS (2004) o edifiacutecio o lote o logradouro e o quarteiratildeo

Para PANERAI (2006) as edificaccedilotildees ou edifiacutecios satildeo consideradas construccedilotildees subordinadas ao

espaccedilo puacuteblico ou seja a rede de vias sendo por ele estruturada e que acrescentam a dimensatildeo

vertical ao tecido urbano Tal subordinaccedilatildeo permite que haja uma dependecircncia reciacuteproca entre os

edifiacutecios ainda que eles pertenccedilam a eacutepocas diferentes fazendo com que sua renovaccedilatildeo aconteccedila

sem que haja grandes perdas na unidade do conjunto

Ao estruturar sua concepccedilatildeo dos elementos componentes da forma urbana DEL RIO (1990) eacute

bem mais sinteacutetico e objetivo mas assim como LAMAS (2000) e PANERAI (2006) seus

elementos possuem similaridades e ateacute repeticcedilotildees que praticamente reproduzem a mesma

essecircncia conceitual dos outros dois autores Estes elementos por serem estruturados tatildeo

objetivamente seratildeo apresentados em citaccedilatildeo direta satildeo eles

- crescimento os modos as intensidades e direccedilotildees elementos geradores e reguladores limites e superaccedilatildeo de limites modificaccedilatildeo de estruturas pontos de cristalizaccedilatildeo etc - traccedilado e parcelamento ordenadores do espaccedilo estrutura fundiaacuteria relaccedilotildees distacircncias circulaccedilatildeo e acessibilidade etc - tipologias dos elementos urbanos inventaacuterio e categorizaccedilatildeo de tipologias ediliacutecias (residecircncias comercio etc) de lotes e sua ocupaccedilatildeo de quarteirotildees e sua ocupaccedilatildeo de praccedilas esquinas etc - articulaccedilotildees relaccedilotildees entre elementos hierarquias domiacutenios do publico e privado densidades relaccedilotildees entre cheios e vazios etc (DEL RIO 1990 p 83 grifos do autor)

Dentre todos os elementos expostos a partir dos trecircs autores existe um importante fenocircmeno

relacionando-os em distintas intensidades e que merece ser considerado por influenciar

definitivamente na modificaccedilatildeo da forma urbana ndash o adensamento

5 No sentido de uma fotografia onde os claros e os escuros satildeo representados no negativo de modo contraacuterio ao do objeto fotografado

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 29 ndash O adensamento das ilhas do Bairro do Recife e de Santo Antocircnio (imagem) ocorreu tanto pelo preenchimento progressivo desde o inicio da ocupaccedilatildeo da cidade quanto por meio da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees anteriores Fontehttppedrodealbuquerquewordpresscomcategorypernambuco Acesso em 201109

O adensamento ocorre a partir de dois modos

essenciais de ocupaccedilatildeo o primeiro a partir do

preenchimento progressivo do espaccedilo urbano

e o segundo a partir da substituiccedilatildeo completa

por meio de demoliccedilatildeo de edificaccedilotildees

anteriores (PANERAI 2006) (Figura 29)

A primeira forma de adensamento ocorre sem

a expansatildeo territorial por meio do

preenchimento progressivo de todas as

reservas fundiaacuterias e espaccedilos livres de

determinado meio urbano Eacute um

adensamento inserido em limitesbarreiras

preacute-estabelecidos naturais ou natildeo tais como

uma via expressa irregularidades geograacuteficas

do siacutetio ou ainda numa escala menor a proacutepria quadra pode ser um limite para saturaccedilatildeo gradual

em seu interior desmembramento ou remembramento dos lotes para construccedilatildeo de novas

edificaccedilotildees verticalizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo de antigos quintais eou jardins (PANERAI 2006)

A segunda forma de adensamento acontece atraveacutes da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees

anteriormente existentes por novas construccedilotildees de maior porte tanto em relaccedilatildeo agrave ocupaccedilatildeo do

solo por meio do remembramento de lotes quanto em relaccedilatildeo ao seu gabarito Esta forma de

adensamento permite a renovaccedilatildeo do espaccedilo urbano sem aumentar sua aacuterea de abrangecircncia sem

sua expansatildeo (PANERAI 2006)

Ambas as formas de adensamento transformam essencialmente a forma urbana e o modo como

se relacionam seus elementos componentes A identificaccedilatildeo desta transformaccedilatildeo em determinado

meio urbano gerada pelo adensamento eacute indispensaacutevel para anaacutelise do comportamento da

acuacutestica urbana a partir de modificaccedilotildees na forma urbana deste mesmo meio uma vez que o

adensamento pode influenciar na propagaccedilatildeo sonora proporcionando uma maior quantidade de

objetos reflexivos de barreiras acuacutesticas e favorecendo a diminuiccedilatildeo da permeabilidade acuacutestica

Por fim a partir exposiccedilatildeo de determinados elementos considerados por LAMAS (2004) ndash o

edifiacutecio o lote o logradouro o quarteiratildeo o traccediladoa rua e a praccedila dos conjuntos considerados

por PANERAI (2006) ndash a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees dos

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

elementos considerados por DEL RIO (1990) ndash crescimento traccedilado e parcelamento tipologias

dos elementos urbanos e as articulaccedilotildees e em busca de atingir seu objetivo principal esta

pesquisa consideraraacute a forma urbana inserida em um recorte que a considera essencialmente a

partir de seu aspecto fiacutesico e material e cujos elementos componentes considerados seratildeo

exclusivamente

1 As parcelas fundiaacuterias ndash consideradas por meio das quadras e lotes incluindo sua relaccedilatildeo

de modo de ocupaccedilatildeo das edificaccedilotildees sua densidade e seus espaccedilos livres

2 As edificaccedilotildees ndash consideradas atraveacutes de sua relaccedilatildeo de modo de ocupaccedilatildeo com os

lotes e do grau de verticalizaccedilatildeo (gabarito baixo meacutedio e alto)

3 As vias ndash consideradas como reguladoras da relaccedilatildeo com as edificaccedilotildees e quarteirotildees e

principalmente apreciadas como estreitamente vinculadas a uma das principais fontes

geradoras de ruiacutedo urbano (o traacutefego de veiacuteculos)

Estes seratildeo os elementos componentes da forma urbana que esta pesquisa se apropriaraacute no

decurso do caminho a fim de analisar o comportamento acuacutestico a partir de modificaccedilotildees

cronoloacutegicas em determinada forma urbana Nos paraacutegrafos seguintes discutem-se os conceitos e

relaccedilotildees que permeiam a acuacutestica urbana

22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais

A acuacutestica eacute a ciecircncia do som incluindo sua geraccedilatildeo transmissatildeo e recepccedilatildeo de energia sob a

forma de ondas vibracionais na mateacuteria (KINSLER et al 1982) Ela eacute uma ciecircncia

multidimensional e interligada a vaacuterios domiacutenios cientiacuteficos Seu objeto de estudo fundamental o

som delineia uma seacuterie de interfaces multidisciplinares com abordagens em diversificadas aacutereas

do conhecimento (Figura 210)

Desse modo quando a geraccedilatildeo transmissatildeo e efeitos do som estatildeo inseridos no meio urbano

seu desdobramento eacute estudado pela aacuterea de conhecimento da acuacutestica urbana muitas vezes

tambeacutem nomeada de acuacutestica ambiental

O objeto de estudo fundamental da acuacutestica o som eacute a sensaccedilatildeo produzida no ouvido por

pequenas flutuaccedilotildees da pressatildeo do ar (HANSEN 2005) ou seja eacute uma percepccedilatildeo sensorial e seu

____________________________________________

ANAacuteLISE D

complexo padratildeo de ondas s

de ruiacutedo muacutesica fala

(BERGLUND et al 1999)

Esta definiccedilatildeo do som tend

a percepccedilatildeo do ouvido

conceito psicofiacutesico Fisicame

vibraccedilatildeo mecacircnica que

progressivamente atraveacutes de

gasoso liacutequido ou soacutelido (SIN

Esta vibraccedilatildeo quando tran

que o rodeia nem sempre

aparelho auditivo humano

frequumlecircncia6 audiacutevel encontra

20 a 20000 Hz para um

(BRUumlEL amp KJAEligR 1984

1982) Frequumlecircncias acima de

altas para respostas fisioloacuteg

chamadas de ultrasons Jaacute as

de 20 Hz satildeo chamadas de

detectaacuteveis pelo ouvido hum

prejudiciais agrave sua sauacutede7

1982 SOUSA 2004)

Fisicamente o som e o ruiacutedo

ambos se propagam em mei

detectados pelo ouvido hu

enquanto o som eacute utilizado

6 A frequumlecircncia eacute o nuacutemero de ciclo(HANSEN 1995) 7 A exposiccedilatildeo a baixas frequumlecircncias depressatildeo irritabilidade e perturba pro

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 210 ndash Interfaces multidFonte Elaborado pela autora a pa

Figura 211 ndash Fonte sonora ponSOUZA 2006

as sonoras eacute rotulado

ala entre outros

ndo como referecircncia

o humano eacute um

mente o som eacute uma

que se propaga

de um meio material

(SINGAL 2005)

transmitida ao meio

re eacute detectaacutevel pelo

ano cuja faixa de

tra-se no intervalo de

um jovem saudaacutevel

4 KINSLER et al

de 20000 Hz muito

loacutegicas auditivas satildeo

as frequumlecircncias abaixo

de infrasons e natildeo satildeo

umano contudo satildeo

(KINSLER et al

iacutedo constituem o mesmo fenocircmeno de variaccedilotildee

eio elaacutestico (soacutelido liacutequido ou gasoso) e ambos

humano (BERGLUND et al 1999 HANSEN

do para descrever percepccedilotildees sonoras agradaacutev

iclos que a onda sonora completa no tempo de um segundo

as pode gerar a doenccedila Vibroacuacutestica que induz o espessamprocessos cognitivos (BRANCO e PEREIRA 2004)

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

32

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

ltidisciplinares do estudo do som partir de BISTAFA 2006

ontual e fonte sonora linear Fonte

otildees de pressatildeo ambiente

bos satildeo capazes de serem

EN 1995) No entanto

daacuteveis o ruiacutedo descreve

do e eacute medida em Hertz (Hz)

amento das estruturas cardiacuteacas

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

33

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 212 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora pontual de 6 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007

percepccedilotildees sonoras desagradaacuteveis incorporando um aspecto de subjetividade agrave sua definiccedilatildeo

(BRUumlEL amp KJAEligR 1984 HANSEN 2005 BRASIL 2006 SINGAL 2005)

Tal subjetividade acarreta diferentes e individuais percepccedilotildees sonoras pelo ser humano e

portanto em diferentes reaccedilotildees agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo Em outras palavras o que se estabelece

como som para um indiviacuteduo pode representar ruiacutedo para outro

[] as respostas inerentes ao ruiacutedo satildeo complexas dependendo tanto dos fatores propriamente acuacutesticos quanto dos psicossociais contextuais simboacutelicos emocionais como daqueles de valor especiacutefico Essas variaacuteveis participam da singularidade da escuta e atuam como filtros que modificam a percepccedilatildeo do sinal fiacutesico sonoro (SANTOS e MARTINS 2005 p 216)

Enquanto sua percepccedilatildeo envolve a subjetividade as respostas fisioloacutegicas agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo satildeo

mais objetivas e seus danos satildeo mais facilmente identificaacuteveis O ruiacutedo pode gerar complicaccedilotildees

no sistema circulatoacuterio e hormonal perda gradativa da audiccedilatildeo distuacuterbios de sono estresse

irritabilidade neuroses desconforto e dificuldade de aprendizado entre outros danos

(BERGLUND et al1999 HANSEN 2005 KINSLER et al 1982 MURGEL 2007 NAGEM

2004 NUNES 2006 PAZ et al 2005 SINGAL 2005 ZANNIN et al 2002)

O ruiacutedo pode se originar de variadas fontes presentes em diversificados ambientes as mais

comumente encontradas satildeo as fontes sonoras pontuais e as lineares (Figura 211) A fonte pontual

possui dimensotildees finitas e emite o mesmo niacutevel de pressatildeo sonora uniformemente para todas as

direccedilotildees sendo seu decaimento em campo livre de 6 dB para cada dobro da distacircncia (Figura

212) (HANSEN 2005 SOUSA 2004)

Jaacute a fonte linear eacute formada por certo nuacutemero de

fontes pontuais dispostas linearmente cuja

emissatildeo sonora eacute contiacutenua ao longo desta

linha sendo seu decaimento em campo livre

de 3 dB para cada dobro da distacircncia (Figura

213) (HANSEN 2005 PAZ 2004)

Quando propagadas no meio urbano a

combinaccedilatildeo de tais fontes sonoras associadas

ao percurso de transmissatildeo e ao receptor

constitui o ruiacutedo urbano (urban noise) tambeacutem

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

34

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 213 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora linear de 3 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007

chamado de ruiacutedo ambiental (environmental

noise) ou ruiacutedo comunitaacuterio (community noise)

(BERGLUND et al1999 GUEDES 2005

SOUSA 2004)

O ruiacutedo urbano pode ser gerado a partir do

traacutefego de veiacuteculos terrestres e aeacutereos de

obras de construccedilatildeo civil de estabelecimentos

industriais de estabelecimentos comerciais e

de serviccedilos de sistemas de propaganda

volante ou permanente8 e ruiacutedos de outras atividades cuja propagaccedilatildeo sonora pode afetar o bem-

estar e a sauacutede dos citadinos (BARRON 2003 BERGLUND et al1999 KINSLER et al 1982

NAGEM 2004 NUNES 2006 SINGAL 2005)

Apesar de esporaacutedica outra fonte de ruiacutedo gerada em meio urbano satildeo os eventos puacuteblicos tais

como festas shows comiacutecios carnavais fora de eacutepoca entre outros As fontes de ruiacutedo presentes

nestes eventos atingem um alto niacutevel de pressatildeo sonora9 e abrangem uma grande quantidade

populacional logo independente de ocorrer poucas vezes durante o ano satildeo eventos

extremamente danosos a sauacutede e principalmente agrave audiccedilatildeo a partir de 80 dB(A) natildeo importa se

a sensaccedilatildeo sonora eacute prazerosa ou natildeo ela eacute necessariamente prejudicial10 (Tabela 21) (NUNES

2006)

Quando a intensidade dos ruiacutedos urbanos torna-se excessivamente desagradaacutevel eou nociva o

ruiacutedo passa a ser considerado uma forma de poluiccedilatildeo ambiental11 - a poluiccedilatildeo sonora A

necessidade de regulamentaccedilatildeo da poluiccedilatildeo sonora renuncia os aspectos de subjetividade

existentes e inerentes ao conceito de ruiacutedo na tentativa de sintetizar e estabelecer limites leis

normas meacutetodos e accedilotildees que representem um universo sonoro equivalente para toda a

populaccedilatildeo na tentativa de controlar e mitigar o ruiacutedo urbano

8 Carros de som bicicletas com som raacutedios comunitaacuterias entre outros 9 O niacutevel de pressatildeo sonora eacute a medida fiacutesica preferencial para caracterizar a sensaccedilatildeo subjetiva da intensidade dos sons e de acordo com a lei de Weber e Fechner a sensaccedilatildeo sonora eacute proporcional ao logaritmo da intensidade sonora NPS=20 log (pp0) onde p eacute a pressatildeo sonora em Pascal e p0 eacute a pressatildeo sonora de referecircncia (2 10-5 Pascal) (BISTAFA 2006 NIEMEYER 2007) 10 Outros niacuteveis de ruiacutedo tambeacutem podem ser prejudiciais em maior ou menor grau dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora 11 ldquoPoluiccedilatildeo eacute a degradaccedilatildeo da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente a) prejudiquem a sauacutede a seguranccedila e o bem-estar da populaccedilatildeo b) criem condiccedilotildees adversas agraves atividades sociais e econocircmicas c) afetem desfavoravelmente a biota d) afetem as condiccedilotildees esteacuteticas ou sanitaacuterias do meio ambiente e) lancem mateacuterias ou energia em desacordo com os padrotildees ambientais estabelecidosrdquo (BRASIL 1981 p 1 e 2)

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Tabela 21 ndash Os niacuteveis de pressatildeo sonora e suas consequumlecircncias fisioloacutegicas no homem Em alguns casos podem a intensidade das reaccedilotildees fisioloacutegicas podem variar dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora Fonte elaborado pela autora a partir de KINSLER et al 1992 SINGAL 2005 SOUZA 2006

Assim sendo na esfera federal a Constituiccedilatildeo Federal (Art255) o Coacutedigo Civil Brasileiro (Lei ndeg

1040602) a Lei das Contravenccedilotildees Penais (Decreto-lei nordm 368841) e a Lei dos Crimes

Ambientais (Lei nordm 960598) versam a partir de diferentes abordagens e diferentes

procedimentos legais sobre a poluiccedilatildeo sonora e suas respectivas perturbaccedilotildees (CARNEIRO

2009)

NIacuteVEIS DE PRESSAtildeO SONORA E SUAS CONSEQUEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS

Niacutevel de Pressatildeo sonora

em dB(A)

Caracteriacutesticas FISIOLOacuteGICAS

Ambiente ou atividade

0 a 30 Nenhuma Tremular de folhas de uma aacutervore sussurros

aacuterea de mata selvagem

30 a 50 Nenhuma Cantar de paacutessaros rua calma em aacuterea residencial durante noite

50 a 70 Marca o iniacutecio do estresse

auditivo Rua agitada um restaurante barulhento

70 a 90 Estressante e bastante

excitante Chegada de um trem na estaccedilatildeo carro a 100 Kmh

conversa a gritos

90 a 110 Extremamente excitante provocando dependecircncia

Caminhatildeo pesado a 60 Kmh alarme de viatura passagem de trem numa estaccedilatildeo ou cabine de um aviatildeo monomotor

110 a 130

Desconfortavelmente alto atingindo o limiar da dor podendo causar surdez

instantacircnea

Trem passando em trilhos elevados martelo pneumaacutetico interior de uma boate show de banda de rock

130 a 140 Acima do limiar da dor

causando surdez permanente Decolagem de aviatildeo a jato a 5m de distacircncia disparos de artilharia

Ainda no domiacutenio federal o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) publicou vaacuterias

resoluccedilotildees que estabelecem normas de preservaccedilatildeo ao meio ambiente incluindo o combate a

poluiccedilatildeo sonora12 Nestas resoluccedilotildees todas as atividades geradoras de ruiacutedo devem seguir

diretrizes vinculadas agrave Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas ndash ABNT e ao Conselho

Nacional de Tracircnsito - CONTRAN no caso de ruiacutedo produzido por veiacuteculos automotores

(NAGEM 2004)

Tais resoluccedilotildees normas e diretrizes refletidas no domiacutenio estadual e municipal deram origem agrave

Lei Estadual nordm 12789 de 28 de Abril de 2005 (PERNAMBUCO2005) conhecida como ldquoLei do

12 Satildeo elas RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 272 de 14 de setembro de 2000

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Silecircnciordquo e que dispotildee sobre ruiacutedos urbanos poluiccedilatildeo sonora e proteccedilatildeo do bem-estar e do

sossego puacuteblico e agrave Lei nordm 16243 de 13 de setembro de 1996 ndash Coacutedigo do Meio Ambiente e do

Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife (RECIFE 1996a) que estabelece a poliacutetica do meio ambiente da

cidade do Recife incluindo regulamentaccedilatildeo de emissotildees sonoras entre outras providecircncias

tendo como suporte a Lei 1617696 de 9 de Abril de 1996 ndash Lei de Uso e Ocupaccedilatildeo do Solo da

Cidade do Recife ndash LUOS (RECIFE 1996b)

Apesar da existecircncia desta grande quantidade de leis federais estaduais e municipais apesar da

LUOS legislar sobre a etapa de aprovaccedilatildeo de projetos para a construccedilatildeo de empreendimentos

com usos geradores de incocircmodo agrave vizinhanccedila incluindo usos potencialmente geradores de ruiacutedos

submetendo-os agrave anaacutelise teacutecnica eou agrave anaacutelise especial e apesar do Coacutedigo do Meio Ambiente e

do Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife estabelecer limites maacuteximos permitidos de ruiacutedo na praacutetica a

accedilatildeo contra a poluiccedilatildeo sonora em Recife adquire caraacuteter corretivo pelos oacutergatildeos reguladores agrave

conduta do infrator geralmente a partir de denuacutencias da populaccedilatildeo apoacutes a consolidaccedilatildeo da fonte

geradora de ruiacutedo no meio urbano (JORNAL DO COMEacuteRCIO 2008 JC ONLINE 2005)

Outro exemplo local de desatenccedilatildeo agrave poluiccedilatildeo sonora eacute a inexistecircncia dentre vaacuterios outros tipos

de degradaccedilatildeo ambiental presentes de qualquer referecircncia a respeito da poluiccedilatildeo sonora em

documento produzido pela Prefeitura da Cidade do Recife no ano 2000 o Atlas Ambiental da

Cidade do Recife (RECIFE 2000)

Diante da aplicabilidade ineficaz da legislaccedilatildeo vigente em Novembro de 2009 foi lanccedilado pelo

Ministeacuterio Puacuteblico de Pernambuco a cartilha Poluiccedilatildeo sonora Silento e o barulho13 que versa sobre as

posturas e accedilotildees direitos e deveres dos diversos agentes envolvidos na produccedilatildeo e recepccedilatildeo da

poluiccedilatildeo sonora indicando como devem agir a viacutetima o policial o estado o construtor poluidor

o proprietaacuterio de carro de som poluidor entre outros A cartilha tambeacutem disponibiliza uma seacuterie

de formulaacuterios modelos de acordo com os diferentes tipos de poluiccedilatildeo sonora Estes formulaacuterios satildeo

exemplos para serem utilizados tanto pela viacutetima da poluiccedilatildeo sonora quanto pelo policial civil

militar promotor de justiccedila e ateacute mesmo pelo poluidor - o que poderaacute tornar esta cartilha um

importante instrumento para aplicaccedilatildeo das leis vigentes (CARNEIRO 2009)

Embora negligenciada e em oposiccedilatildeo a diversos outros problemas ambientais mundiais a

poluiccedilatildeo sonora continua a crescer e eacute acompanhada pelo aumento no nuacutemero de reclamaccedilotildees de

13 ldquoSilentordquo eacute um personagem criado para narrar alguns trechos interativos da cartilha

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 214 ndash Relaccedilatildeo entre o desenvolvimento industrial da sociedade que possibilita o aumento e concentraccedilatildeo de fontes sonoras e seus impactos em relaccedilatildeo ao ruiacutedo nas comunidades apontando trecircs previsotildees futuras de acordo com diferentes accedilotildees possiacuteveis de regulamentaccedilatildeo contra do ruiacutedo Fonte elaborado pela autora a partir de BERGLUND et al 1999

pessoas expostas ao ruiacutedo a partir do aumento da consciecircncia de seus direitos legais

(BERGLUND et al1999)

Para World Health Organization (WHO)14 a poluiccedilatildeo sonora jaacute eacute um dos problemas ambientais que

atingem o maior nuacutemero de pessoas no planeta perdendo apenas para a poluiccedilatildeo do ar e da aacutegua

(KIHLMAN 2004 2005) Este crescimento contiacutenuo da poluiccedilatildeo sonora e por conseguinte do

ruiacutedo urbano possui uma estreita relaccedilatildeo com as raacutepidas transformaccedilotildees ocorridas no meio

urbano nas uacuteltimas deacutecadas O desenvolvimento acelerado e a expansatildeo das cidades implicaram

em modificaccedilotildees em elementos da forma urbana em alto iacutendice de crescimento demograacutefico da

populaccedilatildeo urbana e em consequumlente aumento e concentraccedilatildeo de diversos tipos de fontes

geradoras de poluiccedilatildeo sonora (BRASIL 1990a1990b GUEDES 2005 PAZ 2009 ZANNIN et

al 2002) (Figura 214)

Entre estas fontes urbanas geradoras de poluiccedilatildeo sonora uma das que mais contribuem com o

aumento do ruiacutedo urbano aleacutem de ser considerada uma das fontes mais intrusivas e a mais

percebida pela populaccedilatildeo das grandes cidades eacute o traacutefego de veiacuteculos (DINIZ 2003 FRITSCH et al

2007 LACERDA et al 2005 PAZ 2004 ZANNIN et al 2003)

O ruiacutedo do traacutefego de veiacuteculos eacute gerado a

partir do ruiacutedo veicular que proveacutem

essencialmente do sistema de propulsatildeo do

motor do atrito entre o veiacuteculo e o ar (ruiacutedo

aerodinacircmico) e do atrito entre o pneu e o piso

(MURGEL 2007 KINSLER et al 1982) e da

relaccedilatildeo entre o veiacuteculocondutor e as

configuraccedilotildees das vias em que ele estaacute inserido

a aceleraccedilatildeo eou desaceleraccedilatildeo do motor de

acordo com a caracterizaccedilatildeo das vias - a

presenccedila de cruzamentos semaacuteforos faixas de

pedestres etc a intensidade do fluxo de

veiacuteculos e a proporccedilatildeo entre veiacuteculos leves e os

veiacuteculos pesados a frequumlecircncia de

14 Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede ndash OMS

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

acionamentos de buzinas o tipo de acabamento da superfiacutecie das vias (concreto asfalto brita

terra batida) etc (SINGAL 2005)

Tais vias geradoras do ruiacutedo de traacutefego aleacutem de serem interceptadas por outras vias satildeo

comumente ladeadas por configuraccedilotildees bastante variaacuteveis desde edificaccedilotildees com formas

implantaccedilotildees e gabaritos diversificados a lotes ainda natildeo ocupados caracterizando a propagaccedilatildeo

do ruiacutedo de traacutefego urbano por muacuteltiplas reflexotildees responsaacuteveis pelo espalhamento do ruiacutedo

para vias adjacentes pelo surgimento de campos sonoros reverberantes pela difraccedilatildeo do ruiacutedo e

pelo surgimento de aacutereas de sombra (SINGAL 2005 RANDRIANOELINA e SALOMONS

2008) Ou seja a propagaccedilatildeo do ruiacutedo urbano gerado pelo traacutefego de veiacuteculos possui uma

interaccedilatildeo singular com elementos da forma urbana

Assim sendo tanto por sua participaccedilatildeo determinante na constituiccedilatildeo do ruiacutedo urbano quanto

por sua particular relaccedilatildeo com os elementos que compotildeem a forma urbana o ruiacutedo de traacutefego

seraacute a uacutenica fonte sonora considerada na presente pesquisa conforme seraacute melhor elucidado no

proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas

A interaccedilatildeo entre o ruiacutedo urbano e a forma urbana dependeraacute diretamente das configuraccedilotildees de

certos elementos que compotildeem esta forma urbana o traccedilado e perfis das vias a maneira de

implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade e

forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres tais como praccedilas e

largos (GUEDES 2005 SANTOS e MARTINS 2005) Estes elementos podem ser

acusticamente caracterizados a partir do tipo de espaccedilo acuacutestico e da permeabilidade acuacutestica

O espaccedilo acuacutestico tambeacutem nomeado de campo acuacutestico eacute a porccedilatildeo de determinado espaccedilo onde

acontecem as vibraccedilotildees sonoras podendo ser caracterizado no meio urbano como espaccedilo

acuacutestico aberto ou fechado (NIEMEYER 2007)

O espaccedilo acuacutestico aberto aproxima-se da propagaccedilatildeo em campo livre que eacute caracterizado pela ausecircncia

de obstaacuteculos que modifiquem a propagaccedilatildeo sonora entre a fonte e o receptor Assim no meio

urbano o espaccedilo cuja propagaccedilatildeo sonora envolva poucas ou nenhuma reflexatildeo e poucos ou

nenhum obstaacuteculo pode ser considerado um espaccedilo acuacutestico aberto como por exemplo o

espaccedilo acuacutestico com perfil em ldquoLrdquo tais como vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas uma de

suas margens (Figuras 215 e 216) (NIEMEYER 2007) No espaccedilo acuacutestico aberto o niacutevel de

pressatildeo sonora decai 6 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (LANG

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 215 ndash Propagaccedilatildeo sonora em Campo acuacutestico aberto Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001

Figura 216 ndash Campo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo FonteNIEMEYER 2007

Figura 217 ndash Propagaccedilatildeo sonora em campo acuacutestico fechado causando o fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001

e BERANEK 1992) isto eacute o ruiacutedo percebido

pelo receptor diminui em funccedilatildeo da

duplicaccedilatildeo da distacircncia da fonte sonora15

Praccedilas parques e largos com grandes

dimensotildees vias de traacutefego marginais a praias

vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas

uma de suas margens ou espaccedilos livres

urbanos de grandes dimensotildees caracterizam

alguns exemplos de espaccedilos acuacutesticos abertos

No espaccedilo acuacutestico fechado as ondas sonoras

sofrem muacuteltiplas reflexotildees fazendo com que o

seu niacutevel sonoro decaia muito lentamente

sendo praticamente o mesmo em vaacuterias

posiccedilotildees ateacute que esta onda sonora encontre

uma saiacuteda para campo livre caracterizando o

fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana16 17(Figura

217) (GUEDES 2005 NIEMEYER 2007)

Os espaccedilos acuacutesticos fechados podem ser

reverberantes quando a onda sonora tarda a

encontrar o campo livre gerando um grande

nuacutemero de reflexotildees ou semi-reverberantes

quando a onda sonora encontra o campo livre

um pouco mais rapidamente do que no

reverberante gerando um nuacutemero menor mas

ainda grande de reflexotildees

15 Este decaimento eacute para fontes pontuais para fontes lineares o decaimento eacute de 3 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (GERGES 2000) 16 A reverberaccedilatildeo eacute a persistecircncia de um som depois de ter sido extinta a sua emissatildeo por uma fonte e ocorre como resultado de reflexotildees em ambientes total ou parcialmente fechados (GONZALEZ e LOPES 1993) 17 Alguns espaccedilos acuacutesticos fechados tambeacutem podem amplificar o niacutevel de pressatildeo sonora mas este fenocircmeno ocorre em determinados espaccedilos acuacutesticos fechados reverberantes

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 218 ndash Campo acuacutestico fechado em perfl ldquoUrdquo tambeacutem chamado de canyons urbanos Fonte NIEMEYER 2007

No meio urbano o espaccedilo acuacutestico fechado

reverberante possui comumente um perfil em

ldquoUrdquo (Figura 218) tambeacutem chamados de

canyons urbanos que podem amplificar

consideravelmente a propagaccedilatildeo sonora das

vias de traacutefego atraveacutes de reflexotildees muacuteltiplas

geradas pelas fachadas paralelas das

edificaccedilotildees que circundam estas vias

(ANDERSON e KURZE 1992) Assim neste

tipo de espaccedilo acuacutestico a propagaccedilatildeo sonora

natildeo depende exclusivamente da distacircncia entre

a fonte e o receptor como no espaccedilo acuacutestico

aberto depende ainda da configuraccedilatildeo dos

elementos que compotildeem a forma urbana e

dos coeficientes de absorccedilatildeo dos materiais que

revestem as superfiacutecies refletoras18

(NIEMEYER 2007)

Praccedilas parques e largos com pequenas dimensotildees e cercados por edificaccedilotildees conjugadas vias de

traacutefego com edificaccedilotildees (conjugadas ou com pequenos recuos entre elas) em ambos os lados

tuacuteneis passagens subterracircneas e espaccedilos livres abaixo de viadutos caracterizam alguns exemplos

de espaccedilos acuacutesticos fechados

A caracterizaccedilatildeo de um espaccedilo acuacutestico como sendo aberto ou fechado delinearaacute como a onda

sonora iraacute espalhar-se no meio urbano cujas configuraccedilotildees dos elementos que o compotildeem

podem facilitar ou dificultar a trajetoacuteria desta onda sonora para aleacutem do local de sua emissatildeo

tornando o meio urbano mais ou menos permeaacutevel a sua propagaccedilatildeo

18 No meio urbano as superfiacutecies refletoras satildeo predominantemente formadas por fachadas e muros de edificaccedilotildees que possuem certa uniformidade na utilizaccedilatildeo de materiais altamente reflexivos e com baixos coeficientes de absorccedilatildeo tais como granito maacutermore ceracircmica esmaltada vidro Assim o coeficiente de absorccedilatildeo de uma edificaccedilatildeo para outra seraacute praticamente o mesmo sofrendo miacutenimas variaccedilotildees permitindo sua natildeo consideraccedilatildeo

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

41

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 220 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees em uma quadra permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007

Figura 221 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjugadas em uma quadra pouco permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007

Figura 219 ndash Permeabilidade acuacutestica - percursos da onda sonora gerados em meio urbano Fonte NIEMEYER 2007

Figura 222 ndash Barreira acuacutestica entre a fonte e o receptor FonteANDERSON e KURZE 1992

Assim sendo a permeabilidade acuacutestica refere-se

aos percursos da onda sonora gerados no

meio urbano (Figura 219) (GUEDES 2005

NIEMEYER 2007) A intensidade da

permeabilidade acuacutestica - mais ou menos

permeaacutevel - dependeraacute da capacidade de

certos elementos urbanos de promover ou

conter a propagaccedilatildeo da onda sonora tais

como o traccedilado e perfis das vias a maneira de

implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem

como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade

e forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila

ou ausecircncia de espaccedilos livres (Figuras 220 e

221)

A permeabilidade acuacutestica relaciona-se ainda

com as barreiras acuacutesticas Isoladamente o

conceito de barreiras acuacutesticas refere-se a

qualquer objeto que possa ser considerado um

obstaacuteculo agrave ligaccedilatildeo direta e sem interferecircncias

entre a fonte e o receptor (Figura 222)

(ANDERSON e KURZE 1992 GERGES

2000) Ao bloquear o percurso direto entre a

fonte e o receptor a onda sonora poderaacute ser

absorvida eou refletida pela superfiacutecie da

barreira transmitida atraveacutes da barreira ou

difratada a partir do topo da barreira

(BARRON 2003 SINGAL 2005)

A difraccedilatildeo eacute um fenocircmeno que permite que as

ondas sonoras sejam capazes de contornar

determinados obstaacuteculos gerando uma aacuterea de

sombra acuacutestica que possui limites espaciais

variaacuteveis de acordo com a posiccedilatildeo da fonte

____________________________________________

ANAacuteLISE D

sonora e de sua localizaccedilatilde

receptor que por sua vez

sonora difratada pelas borda

um decaimento maior do qu

campo livre (Figura 223) (N

1968 NIEMEYER 2007 PA

O uso de barreiras acuacutestic

EUA Japatildeo Austraacutelia e

reduccedilatildeo da propagaccedilatildeo do

pelo traacutefego rodoviaacuterio pa

(Figuras 224 a 226) (SIN

Brasil esta praacutetica ainda eacute inc

restringindo-se a poucos exe

caso da barreira acuacutestica no

Linha Amarela na cidade do

na Rodovia Bandeirantes co

de Satildeo Paulo a Campinas

Paulo (Figura 227) (MURGE

2004)

Embora a implantaccedilatildeo de b

esteja vinculada agrave reduccedilatildeo do

rodoviaacuterio outros elemen

meio urbano situados ent

receptor atuam espontan

barreiras agrave propagaccedilatildeo sono

terreno com topografia i

muros edificaccedilotildees entr

edificaccedilotildees conjugadas da R

cidade do Recife ou aind

conjugadas em alguns trec

Atlacircntica no Rio de Janei

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 226 ndash Barreiras instaladasem aacuterea residencial de Toacutequio Jap

Figura 224 ndash Agrave esquerda barreacriacutelico na Suiacuteccedila Agrave direita barreiraPaacutedua e Veneza na Itaacutelia Fonte C

Figura 227 ndash Barreira acuacutestica dade Satildeo Paulo Fonte MURGEL 2

Figura 223 ndash Difraccedilatildeo da ondagerando uma aacuterea de sombra acuacutest

Figura 225 ndash Agrave esquerda baproacuteximo a Zurique Agrave direita barretambeacutem na Suiccedila Fonte CICHIN

accedilatildeo em relaccedilatildeo ao

ez recebe a energia

rdas da barreira com

que se estivesse em

(NEPOMUCENO

PAZ 2004)

ticas eacute comum nos

e na Europa para

do ruiacutedo produzido

para seus arredores

INGAL 2005) No

incipiente

exemplos como eacute o

no eixo rodoviaacuterio

o Rio de Janeiro e

conectando a cidade

s no estado de Satildeo

GEL 2007 SOUSA

e barreiras acuacutesticas

do ruiacutedo de traacutefego

entos inseridos no

entre a fonte e o

taneamente como

nora tais como um

irregular taludes

ntre outros As

a Rua da Aurora na

inda as edificaccedilotildees

trechos da Avenida

neiro por exemplo

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

42

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

das ao longo de via expressa elevada Japatildeo Fonte CICHINELLI 2007

rreira acuacutestica curva em concreto e eira acuacutestica metaacutelica na estrada entre CICHINELLI 2007

da Rodovia Bandeirantes no estado 2007

da sonora a partir de uma barreira uacutestica Fonte GERGES 2000

barreira acuacutestica metaacutelica instalada arreira acuacutestica em concreto e acriacutelico INELLI 2007

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

43

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 228 ndash Rua da Aurora no Bairro da Boa Vista na cidade do Recife configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fontehttpmaiovinteeseisblogspotcom2007_ 11_01_archivehtml Acesso em 080409

Figura 229 ndash Alguns trechos da Avenida Atlacircntica no Bairro de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro tambeacutem configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fonte httpwwwtravelpodcomtravel-photoorlanworldtrip200711 71589400avenida-atlantica-along-copacabana-beachjpgtpodhtml Acesso em 080409

aleacutem de funcionarem como barreiras acuacutesticas

espontacircneas ou natildeo intencionais tambeacutem

conformam um espaccedilo acuacutestico aberto em

ldquoLrdquo e pouco permeaacutevel ao ruiacutedo (Figura 228 e

229)

A partir da discussatildeo dos espaccedilos acuacutesticos e

da permeabilidade acuacutestica evidencia-se que a

interaccedilatildeo entre os diversos elementos que

compotildeem a forma urbana - o traccedilado e perfis

das vias o modo de implantaccedilatildeo das

edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as

proporccedilotildees densidade e maneira de ocupaccedilatildeo

das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de

espaccedilos livres ndash contribui determinantemente

para a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano

atraveacutes de muacuteltiplas reflexotildees do

espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave

fonte geradora de campos sonoros

reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de

aacutereas de sombra

Isto posto se o ruiacutedo urbano eacute considerado

um sistema composto essencialmente pela fonte

sonora pelo meio de propagaccedilatildeo e pelo receptor (LANG e BERANEK 1992 ANDERSON e

KURZE 1992) a forma urbana considerada a partir dos elementos que a compotildeem enquanto

percurso de transmissatildeo delineia influencia e determina em certa medida a trajetoacuteria de

propagaccedilatildeo da onda sonora19 Ou seja a forma urbana por meio das caracteriacutesticas singulares

apresentadas pelos seus elementos componentes iraacute influenciar o comportamento da propagaccedilatildeo

da onda sonora no meio urbano

19 ldquoEm certa medidardquo pois existem outros fatores que tambeacutem influenciam a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano mas a discussatildeo sobre a consideraccedilatildeo ou natildeo destes outros fatores seraacute melhor construiacuteda no proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

44

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito alto por elevada densidade de

ocupaccedilatildeo das quadras e por vias estreitas por exemplo tende em tese a ser menos permeaacutevel ao

ruiacutedo dificultando a propagaccedilatildeo sonora para outras aacutereas Tende ainda a criar espaccedilos

reverberantes ou semi-reverberantes com o niacutevel de pressatildeo sonora elevado em praticamente

todos os pontos de reflexatildeo com perdas miacutenimas ateacute a onda sonora alcanccedilar o topo das

edificaccedilotildees e direcionar-se a campo livre Por conseguinte este comportamento tende a propiciar

dependendo ainda da relaccedilatildeo com a fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano indesejaacutevel e

insalubre aos receptores existentes nas edificaccedilotildees daquela via

Jaacute uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito baixo por baixa densidade de

ocupaccedilatildeo das quadras e por vias largas tende teoricamente a ser mais permeaacutevel ao ruiacutedo

facilitando sua propagaccedilatildeo Por outro lado natildeo gera espaccedilos acuacutesticos propiacutecios a muacuteltiplas

reflexotildees fazendo com que a onda sonora encontre mais rapidamente o campo livre facilitando

sua dissipaccedilatildeo e propiciando dependendo ainda da fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano

desejaacutevel aos seus receptores

Deste modo a existecircncia de diferenccedilas e particularidades dos elementos que compotildeem as

distintas formas urbanas proporciona os mais diversificados comportamentos acuacutesticos de

propagaccedilatildeo sonora nos mais diferentes meios urbanos Ou seja do mesmo modo que cidades

bairros e ruas natildeo satildeo iguais entre si tampouco reproduziacuteveis em sua essecircncia o comportamento

acuacutestico tambeacutem natildeo seraacute ao contraacuterio constituiraacute um atributo exclusivo de cada espaccedilo urbano

Mas se para cada espaccedilo urbano existe um comportamento acuacutestico especiacutefico como deveraacute se

comportar a propagaccedilatildeo sonora de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de

modificaccedilotildees em elementos de sua forma urbana Em outras palavras como se comportaraacute a acuacutestica

urbana de um determinado local a partir do processo cronoloacutegico de modificaccedilotildees em sua forma urbana

Nos capiacutetulo que se segue Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas seratildeo apresentadas os percursos

investigativos que foram postos em praacutetica em busca de responder a este questionamento

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

23

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 21 ndash Diferentes aspectos quantitativos relacionados a diversificadas formas urbanas Fonte LAMAS 2004

organizaccedilatildeo funcional e quantitativa e dos aspectos qualitativos e figurativos (LAMAS 2004 p 44) 1

Dentre estes aspectos os quantitativos satildeo agravequeles da realidade urbana que podem ser

quantificaacuteveis tais como densidades superfiacutecies fluxos coeficientes volumeacutetricos entre outros

(Figura 21) os de organizaccedilatildeo funcional satildeo agravequeles que se relacionam com as atividades

humanas tais como habitar e trabalhar e agravequeles relacionados ao modo de uso especiacutefico de uma

aacuterea ndash residencial comercial industrial entre outros os qualitativos referem-se ao tratamento dos

espaccedilos ao conforto e a comodidade do utilizador tais como adaptaccedilatildeo ao clima acessibilidade

estado da pavimentaccedilatildeo entre outros por fim os aspectos figurativos dizem respeito a

essencialmente a comunicaccedilatildeo esteacutetica (LAMAS 2004)

Pode-se considerar que ao olhar para forma urbana e em especiacutefico para suas modificaccedilotildees

cronoloacutegicas com o intuito de compreender o comportamento da acuacutestica urbana esta pesquisa

relaciona-se tanto aos aspectos qualitativos a partir do conforto acuacutestico dos receptores das

ondas sonoras em meio urbano quanto aos

aspectos quantitativos uma vez que este

comportamento acuacutestico em meio urbano eacute

quantificaacutevel em decibels (dB)

Embora estes aspectos envolvam grande parte

das singularidades inerentes a forma urbana

esta definiccedilatildeo parece ainda natildeo abarcar outras

particularidades sociais econocircmicas histoacutericas

e culturais igualmente envolvidas no

entendimento da concepccedilatildeo da forma urbana

isto eacute resta ainda a consideraccedilatildeo de que esta

forma urbana natildeo acontece

independentemente dos grupos sociais que a

produzem (PANERAI 2006)

Satildeo essencialmente estas particularidades que

impulsionam ou amortecem a transformaccedilatildeo

1 Para todas as citaccedilotildees deste autor natildeo seratildeo consideradas adaptaccedilotildees na liacutengua do paiacutes de origem - Portugal - permanecendo o texto original

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

24

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

dos elementos que compotildeem a forma urbana ndash a adiccedilatildeo de novos de traccedilados a um jaacute existente

ou sua superposiccedilatildeo seus conflitos o parcelamento de parques e ocupaccedilatildeo de espaccedilos livres a

renovaccedilatildeo da massa edificada seu lento adensamento e verticalizaccedilatildeo segundo uma especulaccedilatildeo

despretensiosa ou sua substituiccedilatildeo por vastos empreendimentos sob influecircncia de uma

especulaccedilatildeo bem mais expressiva (PANERAI 2006) isto eacute faz parte da apreensatildeo da forma

urbana uma complexidade que envolve um processo de acumulaccedilatildeo de enfoques e observaccedilotildees

sociais econocircmicas histoacutericas e culturais que englobam muito mais do que apenas sua forma

fiacutesica

Estas particularidades especialmente as sociais parecem um pouco mais delineadas nas

consideraccedilotildees feitas por DEL RIO (1990) que considera o espaccedilo urbano a partir da apropriaccedilatildeo

social que se faz dele estabelecendo que em relaccedilatildeo ao estudo da forma urbana a cidade pode

ser compreendida a partir de trecircs niacuteveis organizacionais o coletivo o comunitaacuterio e o individual

O niacutevel coletivo eacute regido sob uma loacutegica estruturadora percebida inconscientemente e

coletivamente e eacute composto pelos elementos2 do tecido que possuem uma permanecircncia maior ao

longo do tempo o niacutevel comunitaacuterio diz respeito aos elementos com significados especiais apenas

para um pequeno grupo da populaccedilatildeo como o bairro por exemplo jaacute o niacutevel individual expressa

significados individuais como a residecircncia e seu espaccedilo circundante e por seu caraacuteter individual eacute

o que apresenta maior rapidez nas modificaccedilotildees (DEL RIO 1990)

Mas LAMAS (2004) ao defender sua definiccedilatildeo para forma urbana natildeo soacute possuiacutea ciecircncia destas

outras particularidades explicitadas por PANERAI (2006) e DEL RIO (1990) ndash sociais

econocircmicas histoacutericas e culturais ndash envolvidas na concepccedilatildeo de forma urbana como optou em

natildeo apreciaacute-las

[] um primeiro grau de leitura da cidade eacute eminentemente fiacutesico-espacial e morfoloacutegico portanto especiacutefico da arquitectura e o uacutenico que permite evidenciar a diferenccedila entre este e outro espaccedilo entre esta e aquela forma e explicar as caracteriacutesticas de cada parte da cidade A estes se juntam outros niacuteveis de leitura que revelam diferentes conteuacutedos (histoacutericos econoacutemicos sociais e outros) Mas este conjunto de leituras soacute eacute possiacutevel porque a cidade existe como facto fiacutesico e material Todos os instrumentos de leitura lecircem o mesmo objecto ndash o espaccedilo fiacutesico a FORMA URBANA (LAMAS 2004 p 31 grifo do autor) Eacute fundamentalmente a dimensatildeo fiacutesica e morfoloacutegica da cidade que me preocupa [] (LAMAS 2004 p 31)

2 Estes elementos seratildeo discutidos em paraacutegrafos mais adiante

____________________________________________

ANAacuteLISE D

Na verdade esta opccedilatildeo em

urbana considerando-a essen

de seu aspecto fiacutesico e m

convenientemente ao obje

presente pesquisa analisar

da acuacutestica urbana a partir

cronoloacutegicas na forma urba

esta anaacutelise do compor

implica em uma apropriaccedil

fiacutesica e material destas modif

Certamente a busca pela ap

urbana envolve muito

simplesmente sua forma

como jaacute aclarado No entan

da anaacutelise proposta por

apreensatildeo em totalid

fundamentalmente necessaacuter

apropriaccedilatildeo da forma urban

material ou uma variaacutevel fiacutes

finalidade derradeira de

comportamento acuacutestico

modificaccedilotildees nesta forma

Ao entender a observaccedilatildeo

essencialmente em seu aspec

(2004) propocircs uma classifica

dimensotildees

bull A dimensatildeo setorial

refere-se agrave menor u

do espaccedilo urbano co

uma praccedila ou uma

ponto o observador

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 24 ndash A cidadeo texemplificada por meio da cidadLAMAS 2004

Figura 23 ndash O bairro a escala ucidade portuguesa de Tavira Fonte

Figura 22 ndash Praccedila da Alagoa na ca dimensatildeo setorial Fonte LAMA

em observar a forma

sencialmente a partir

material responde

bjetivo primeiro da

ar o comportamento

rtir de modificaccedilotildees

rbana uma vez que

ortamento acuacutestico

riaccedilatildeo genuinamente

dificaccedilotildees

apreensatildeo da forma

o mais do que

a fiacutesica e material

tanto para realizaccedilatildeo

or este estudo tal

alidade natildeo eacute

saacuteria o que torna a

bana quase um meio

l fiacutesica para atingir a

e compreensatildeo do

a partir de

atildeo da forma urbana

pecto fiacutesico LAMAS

icaccedilatildeo em escalas ou

ndash a escala da rua

r unidade ou porccedilatildeo

como por exemplo

a rua onde de um

dor pode abarcar a

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

25

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

territoacuterioa dimensatildeo territorial dade portuguesa de Tavira Fonte

a urbana exemplificada por meio da nte LAMAS 2004

na cidade portuguesa de Tavira ilustra MAS 2004

____________________________________________

ANAacuteLISE D

unidade espacial d

(Figura 22)

bull A dimensatildeo urbana ndash

corresponde agraves pa

identificaacuteveis como

exemplo onde a

elementos da forma

atraveacutes do movime

percursos (Figura 23

bull E por fim a dimensatildeo

da cidade diz respeito

diferentes formas

articulaccedilatildeo de bai

entre si Sua forma

distribuiccedilatildeo de eleme

das cidades em con

suporte geograacutefico d

a articulaccedilatildeo de

circulaccedilatildeo entre os

entre zonas habitacio

entre outras (Figura 2

Dentre estas dimensotildees a u

bairro desperta particular

pesquisa uma vez que o e

limites de observaccedilatildeo atraveacute

de movimentos poderaacute aba

significante de modificaccedilotildee

forma urbana de determina

compreender o comport

acuacutestica urbana

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 25 ndash Exemplos de diversiflotes quarteirotildees e vias em difereNesta imagem um recorte do CONDEPE-FIDEM 1981

Figura 26 ndash Exemplos de diversiflotes quarteirotildees e vias em difereNesta imagem um recorte do baorigens da cidade entrecortadoBarreto Fonte CONDEPE-FIDE

Figura 27 ndash Exemplos de diveredifiacutecios lotes quarteirotildees e vias eRecife Nesta imagem um recessencialmente por morros o AltoFIDEM 1981

de seu conjunto

ndash a escala do bairro

partes homogecircneas

mo os bairros por

a observaccedilatildeo dos

a urbana eacute realizada

imento e de vaacuterios

23)

nsatildeo territorial ndash a escala

eito agrave articulaccedilatildeo de

as urbanas da

bairros interligados

ma eacute definida pela

mentos estruturantes

onformidade com o

o do siacutetio tais como

e ruas e vias de

s diferentes bairros

cionais e comerciais

a 24)

a urbana ndash escala do

lar interesse desta

o entendimento dos

veacutes de certo nuacutemero

barcar uma amostra

otildees cronoloacutegicas na

inado local a fim de

ortamento de sua

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

26

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

rsificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios erentes bairros da cidade do Recife o bairro de Boa Viagem Fonte

rsificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios erentes bairros da cidade do Recife bairro de Satildeo Joseacute que remete agraves do pela recente Avenida Dantas DEM 1981

versificadas concretizaccedilotildees entre os em diferentes bairros da cidade do

recorte de um bairro constituiacutedo lto do Mandu Fonte CONDEPE-

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

27

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

No entanto para apreender tal dimensatildeo devem-se conhecer e estabelecer quais elementos

miacutenimos da forma urbana que se relaciona com esta a dimensatildeo urbana e quais satildeo estes

elementos LAMAS (2004) propocircs onze elementos da forma urbana necessaacuterios para esta

apreensatildeo o solo (I) o edifiacutecio (II) o lote (III) o logradouro (IV) o quarteiratildeo (V) o traccediladoa

rua(VI) a praccedila (VII) a fachada (VIII) o monumento (IX) a vegetaccedilatildeo (X) e o mobiliaacuterio

urbano (XI) Dentre estes elementos seis possuem uma estreita relaccedilatildeo com esta pesquisa e

seratildeo expostos de acordo com consideraccedilotildees observadas por LAMAS 3 (2004) (Figuras 25 a 27)

O edifiacutecio representa o elemento miacutenimo identificaacutevel na observaccedilatildeo da forma urbana eacute atraveacutes

dele que se constitui o espaccedilo urbano e se organizam diferentes elementos tais como ruas praccedilas

avenidas entre outros Os edifiacutecios agrupam-se em diferentes tipos tanto em relaccedilatildeo a suas

formas quanto a suas funccedilotildees Estes elementos podem influenciar o comportamento da acuacutestica

urbana atuando enquanto objetos reflexivos da onda sonora e como barreiras acuacutesticas4

O lote representa o princiacutepio da relaccedilatildeo do edifiacutecio com o terreno A forma do lote eacute muitas

vezes condicionante da forma do edifiacutecio tornando-os vinculados por essecircncia o logradouro diz

respeito ao espaccedilo livres e natildeo construiacutedos no interior do lote aos quintais e jardins o quarteiratildeo

ou quadra pode ser considerado como o espaccedilo resultante entre o cruzamento de trecircs ou mais

vias podendo ser demarcado em vaacuterios lotes para a construccedilatildeo de edifiacutecios Juntos estes trecircs

elementos associados aos edifiacutecios podem propiciar uma maior ou menor permeabilidade

acuacutestica eou uma maior ou menor presenccedila de aacutereas de sombra no meio urbano

O traccedilado por meio das ruas ou vias eacute facilmente identificaacutevel no meio urbano Estaacute muitas vezes

condicionado ao siacutetio geograacutefico existente regula a disposiccedilatildeo dos edifiacutecios e quarteirotildees e

interliga os vaacuterios espaccedilos componentes da cidade e a cidade ao territoacuterio Normalmente o

traccedilado resiste agraves transformaccedilotildees na forma urbana por possuir um caraacuteter de permanecircncia natildeo

totalmente modificaacutevel O traccedilado engloba trajetoacuterias e caminhos que natildeo satildeo necessariamente

percorridos atraveacutes de automoacuteveis apesar disso estaacute em grande parte vinculado a uma das

principais fontes geradoras de ruiacutedo urbano ndash o traacutefego de veiacuteculos

3 Os outros elementos tambeacutem podem relacionar-se de diferentes maneiras com a acuacutestica urbana mas nem tanto com a presente pesquisa e por isso natildeo foram considerados 4 Todas as definiccedilotildees e conceitos acuacutesticos apresentados no presente item seratildeo elucidados no item seguinte 22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

28

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 28 ndash Os trecircs conjuntos formadores do tecido urbano segundo Panerai (2006) Fonte PANERAI 2006

A praccedila eacute um espaccedilo de geometria variada

intencionalmente inserido no meio urbano

cuja relaccedilatildeo com o traccedilado e os edifiacutecios

tambeacutem eacute intencional evidenciada atraveacutes do

seu desenho e natildeo acidentais como

alargamento e confluecircncias do traccedilado Aleacutem

disso a praccedila eacute um lugar de encontro de

permanecircncia e de praacuteticas sociais

Acusticamente dependendo de suas

proporccedilotildees a propagaccedilatildeo sonora que envolve

uma praccedila pode apresentar um

comportamento que se assemelha a

propagaccedilatildeo sonora em campo livre

Estes elementos constituintes da forma urbana

conceituados por LAMAS (2004) podem ser

identificados sob um diferente invoacutelucro

conceitual mas com a mesma essecircncia no que

PANERAI (2006) definiu como sendo

conjuntos do tecido urbano

Aplicado agrave cidade o termo ldquotecidordquo evoca a continuidade e a renovaccedilatildeo a permanecircncia e a variaccedilatildeo Ele explica a constituiccedilatildeo das cidades antigas e responde as questotildees levantadas pelo estudo das urbanizaccedilotildees recentes Ele pressupotildee uma atenccedilatildeo tanto ao banal quanto ao excepcional tanto agraves ruas comuns e agraves edificaccedilotildees corriqueiras quanto agraves regulamentaccedilotildees e aos monumentos Dentre as muacuteltiplas definiccedilotildees de tecido urbano e sem desprezar suas qualidades escolhemos a mais simples O tecido urbano eacute constituiacutedo pela superposiccedilatildeo ou imbricaccedilatildeo de trecircs conjuntos a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees Essa definiccedilatildeo potildee em evidecircncia os elementos que permitem que as diferentes partes da cidade evoluam ao mesmo tempo em que satildeo mantidas a coesatildeo de conjunto e a clareza de sua estrutura (PANERAI 2006 p 77-78 grifo nosso) (Figura 28)

Ao contraacuterio de LAMAS (2004) que considera a praccedila como um elemento da forma urbana por

si soacute PANERAI (2006) discute as vias ou traccedilado inseridas em uma relaccedilatildeo em rede onde

tambeacutem satildeo considerados como partes constituintes os largos passeios praccedilas esplanadas cais

pontes rios canais margens praias todos compondo o espaccedilo puacuteblico Eacute atraveacutes desta rede

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

29

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

contiacutenua e hierarquizada que acontecem as distribuiccedilotildees e circulaccedilotildees da cidade bem como sua

organizaccedilatildeo local e territorial

Jaacute os parcelamentos fundiaacuterios constituem a representaccedilatildeo negativa5 da rede de vias que evidencia o

domiacutenio construiacutedo Este domiacutenio natildeo se limita aos edifiacutecios mas tambeacutem envolve paacutetios

quintais terrenos baldios (PANERAI 2006) Embora PANERAI(2006) considere separadamente

o exame das edificaccedilotildees sugere-se que este domiacutenio construiacutedo envolve quatro dos elementos da

forma urbana elencados por LAMAS (2004) o edifiacutecio o lote o logradouro e o quarteiratildeo

Para PANERAI (2006) as edificaccedilotildees ou edifiacutecios satildeo consideradas construccedilotildees subordinadas ao

espaccedilo puacuteblico ou seja a rede de vias sendo por ele estruturada e que acrescentam a dimensatildeo

vertical ao tecido urbano Tal subordinaccedilatildeo permite que haja uma dependecircncia reciacuteproca entre os

edifiacutecios ainda que eles pertenccedilam a eacutepocas diferentes fazendo com que sua renovaccedilatildeo aconteccedila

sem que haja grandes perdas na unidade do conjunto

Ao estruturar sua concepccedilatildeo dos elementos componentes da forma urbana DEL RIO (1990) eacute

bem mais sinteacutetico e objetivo mas assim como LAMAS (2000) e PANERAI (2006) seus

elementos possuem similaridades e ateacute repeticcedilotildees que praticamente reproduzem a mesma

essecircncia conceitual dos outros dois autores Estes elementos por serem estruturados tatildeo

objetivamente seratildeo apresentados em citaccedilatildeo direta satildeo eles

- crescimento os modos as intensidades e direccedilotildees elementos geradores e reguladores limites e superaccedilatildeo de limites modificaccedilatildeo de estruturas pontos de cristalizaccedilatildeo etc - traccedilado e parcelamento ordenadores do espaccedilo estrutura fundiaacuteria relaccedilotildees distacircncias circulaccedilatildeo e acessibilidade etc - tipologias dos elementos urbanos inventaacuterio e categorizaccedilatildeo de tipologias ediliacutecias (residecircncias comercio etc) de lotes e sua ocupaccedilatildeo de quarteirotildees e sua ocupaccedilatildeo de praccedilas esquinas etc - articulaccedilotildees relaccedilotildees entre elementos hierarquias domiacutenios do publico e privado densidades relaccedilotildees entre cheios e vazios etc (DEL RIO 1990 p 83 grifos do autor)

Dentre todos os elementos expostos a partir dos trecircs autores existe um importante fenocircmeno

relacionando-os em distintas intensidades e que merece ser considerado por influenciar

definitivamente na modificaccedilatildeo da forma urbana ndash o adensamento

5 No sentido de uma fotografia onde os claros e os escuros satildeo representados no negativo de modo contraacuterio ao do objeto fotografado

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

30

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 29 ndash O adensamento das ilhas do Bairro do Recife e de Santo Antocircnio (imagem) ocorreu tanto pelo preenchimento progressivo desde o inicio da ocupaccedilatildeo da cidade quanto por meio da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees anteriores Fontehttppedrodealbuquerquewordpresscomcategorypernambuco Acesso em 201109

O adensamento ocorre a partir de dois modos

essenciais de ocupaccedilatildeo o primeiro a partir do

preenchimento progressivo do espaccedilo urbano

e o segundo a partir da substituiccedilatildeo completa

por meio de demoliccedilatildeo de edificaccedilotildees

anteriores (PANERAI 2006) (Figura 29)

A primeira forma de adensamento ocorre sem

a expansatildeo territorial por meio do

preenchimento progressivo de todas as

reservas fundiaacuterias e espaccedilos livres de

determinado meio urbano Eacute um

adensamento inserido em limitesbarreiras

preacute-estabelecidos naturais ou natildeo tais como

uma via expressa irregularidades geograacuteficas

do siacutetio ou ainda numa escala menor a proacutepria quadra pode ser um limite para saturaccedilatildeo gradual

em seu interior desmembramento ou remembramento dos lotes para construccedilatildeo de novas

edificaccedilotildees verticalizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo de antigos quintais eou jardins (PANERAI 2006)

A segunda forma de adensamento acontece atraveacutes da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees

anteriormente existentes por novas construccedilotildees de maior porte tanto em relaccedilatildeo agrave ocupaccedilatildeo do

solo por meio do remembramento de lotes quanto em relaccedilatildeo ao seu gabarito Esta forma de

adensamento permite a renovaccedilatildeo do espaccedilo urbano sem aumentar sua aacuterea de abrangecircncia sem

sua expansatildeo (PANERAI 2006)

Ambas as formas de adensamento transformam essencialmente a forma urbana e o modo como

se relacionam seus elementos componentes A identificaccedilatildeo desta transformaccedilatildeo em determinado

meio urbano gerada pelo adensamento eacute indispensaacutevel para anaacutelise do comportamento da

acuacutestica urbana a partir de modificaccedilotildees na forma urbana deste mesmo meio uma vez que o

adensamento pode influenciar na propagaccedilatildeo sonora proporcionando uma maior quantidade de

objetos reflexivos de barreiras acuacutesticas e favorecendo a diminuiccedilatildeo da permeabilidade acuacutestica

Por fim a partir exposiccedilatildeo de determinados elementos considerados por LAMAS (2004) ndash o

edifiacutecio o lote o logradouro o quarteiratildeo o traccediladoa rua e a praccedila dos conjuntos considerados

por PANERAI (2006) ndash a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees dos

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

elementos considerados por DEL RIO (1990) ndash crescimento traccedilado e parcelamento tipologias

dos elementos urbanos e as articulaccedilotildees e em busca de atingir seu objetivo principal esta

pesquisa consideraraacute a forma urbana inserida em um recorte que a considera essencialmente a

partir de seu aspecto fiacutesico e material e cujos elementos componentes considerados seratildeo

exclusivamente

1 As parcelas fundiaacuterias ndash consideradas por meio das quadras e lotes incluindo sua relaccedilatildeo

de modo de ocupaccedilatildeo das edificaccedilotildees sua densidade e seus espaccedilos livres

2 As edificaccedilotildees ndash consideradas atraveacutes de sua relaccedilatildeo de modo de ocupaccedilatildeo com os

lotes e do grau de verticalizaccedilatildeo (gabarito baixo meacutedio e alto)

3 As vias ndash consideradas como reguladoras da relaccedilatildeo com as edificaccedilotildees e quarteirotildees e

principalmente apreciadas como estreitamente vinculadas a uma das principais fontes

geradoras de ruiacutedo urbano (o traacutefego de veiacuteculos)

Estes seratildeo os elementos componentes da forma urbana que esta pesquisa se apropriaraacute no

decurso do caminho a fim de analisar o comportamento acuacutestico a partir de modificaccedilotildees

cronoloacutegicas em determinada forma urbana Nos paraacutegrafos seguintes discutem-se os conceitos e

relaccedilotildees que permeiam a acuacutestica urbana

22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais

A acuacutestica eacute a ciecircncia do som incluindo sua geraccedilatildeo transmissatildeo e recepccedilatildeo de energia sob a

forma de ondas vibracionais na mateacuteria (KINSLER et al 1982) Ela eacute uma ciecircncia

multidimensional e interligada a vaacuterios domiacutenios cientiacuteficos Seu objeto de estudo fundamental o

som delineia uma seacuterie de interfaces multidisciplinares com abordagens em diversificadas aacutereas

do conhecimento (Figura 210)

Desse modo quando a geraccedilatildeo transmissatildeo e efeitos do som estatildeo inseridos no meio urbano

seu desdobramento eacute estudado pela aacuterea de conhecimento da acuacutestica urbana muitas vezes

tambeacutem nomeada de acuacutestica ambiental

O objeto de estudo fundamental da acuacutestica o som eacute a sensaccedilatildeo produzida no ouvido por

pequenas flutuaccedilotildees da pressatildeo do ar (HANSEN 2005) ou seja eacute uma percepccedilatildeo sensorial e seu

____________________________________________

ANAacuteLISE D

complexo padratildeo de ondas s

de ruiacutedo muacutesica fala

(BERGLUND et al 1999)

Esta definiccedilatildeo do som tend

a percepccedilatildeo do ouvido

conceito psicofiacutesico Fisicame

vibraccedilatildeo mecacircnica que

progressivamente atraveacutes de

gasoso liacutequido ou soacutelido (SIN

Esta vibraccedilatildeo quando tran

que o rodeia nem sempre

aparelho auditivo humano

frequumlecircncia6 audiacutevel encontra

20 a 20000 Hz para um

(BRUumlEL amp KJAEligR 1984

1982) Frequumlecircncias acima de

altas para respostas fisioloacuteg

chamadas de ultrasons Jaacute as

de 20 Hz satildeo chamadas de

detectaacuteveis pelo ouvido hum

prejudiciais agrave sua sauacutede7

1982 SOUSA 2004)

Fisicamente o som e o ruiacutedo

ambos se propagam em mei

detectados pelo ouvido hu

enquanto o som eacute utilizado

6 A frequumlecircncia eacute o nuacutemero de ciclo(HANSEN 1995) 7 A exposiccedilatildeo a baixas frequumlecircncias depressatildeo irritabilidade e perturba pro

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 210 ndash Interfaces multidFonte Elaborado pela autora a pa

Figura 211 ndash Fonte sonora ponSOUZA 2006

as sonoras eacute rotulado

ala entre outros

ndo como referecircncia

o humano eacute um

mente o som eacute uma

que se propaga

de um meio material

(SINGAL 2005)

transmitida ao meio

re eacute detectaacutevel pelo

ano cuja faixa de

tra-se no intervalo de

um jovem saudaacutevel

4 KINSLER et al

de 20000 Hz muito

loacutegicas auditivas satildeo

as frequumlecircncias abaixo

de infrasons e natildeo satildeo

umano contudo satildeo

(KINSLER et al

iacutedo constituem o mesmo fenocircmeno de variaccedilotildee

eio elaacutestico (soacutelido liacutequido ou gasoso) e ambos

humano (BERGLUND et al 1999 HANSEN

do para descrever percepccedilotildees sonoras agradaacutev

iclos que a onda sonora completa no tempo de um segundo

as pode gerar a doenccedila Vibroacuacutestica que induz o espessamprocessos cognitivos (BRANCO e PEREIRA 2004)

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

32

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

ltidisciplinares do estudo do som partir de BISTAFA 2006

ontual e fonte sonora linear Fonte

otildees de pressatildeo ambiente

bos satildeo capazes de serem

EN 1995) No entanto

daacuteveis o ruiacutedo descreve

do e eacute medida em Hertz (Hz)

amento das estruturas cardiacuteacas

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

33

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 212 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora pontual de 6 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007

percepccedilotildees sonoras desagradaacuteveis incorporando um aspecto de subjetividade agrave sua definiccedilatildeo

(BRUumlEL amp KJAEligR 1984 HANSEN 2005 BRASIL 2006 SINGAL 2005)

Tal subjetividade acarreta diferentes e individuais percepccedilotildees sonoras pelo ser humano e

portanto em diferentes reaccedilotildees agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo Em outras palavras o que se estabelece

como som para um indiviacuteduo pode representar ruiacutedo para outro

[] as respostas inerentes ao ruiacutedo satildeo complexas dependendo tanto dos fatores propriamente acuacutesticos quanto dos psicossociais contextuais simboacutelicos emocionais como daqueles de valor especiacutefico Essas variaacuteveis participam da singularidade da escuta e atuam como filtros que modificam a percepccedilatildeo do sinal fiacutesico sonoro (SANTOS e MARTINS 2005 p 216)

Enquanto sua percepccedilatildeo envolve a subjetividade as respostas fisioloacutegicas agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo satildeo

mais objetivas e seus danos satildeo mais facilmente identificaacuteveis O ruiacutedo pode gerar complicaccedilotildees

no sistema circulatoacuterio e hormonal perda gradativa da audiccedilatildeo distuacuterbios de sono estresse

irritabilidade neuroses desconforto e dificuldade de aprendizado entre outros danos

(BERGLUND et al1999 HANSEN 2005 KINSLER et al 1982 MURGEL 2007 NAGEM

2004 NUNES 2006 PAZ et al 2005 SINGAL 2005 ZANNIN et al 2002)

O ruiacutedo pode se originar de variadas fontes presentes em diversificados ambientes as mais

comumente encontradas satildeo as fontes sonoras pontuais e as lineares (Figura 211) A fonte pontual

possui dimensotildees finitas e emite o mesmo niacutevel de pressatildeo sonora uniformemente para todas as

direccedilotildees sendo seu decaimento em campo livre de 6 dB para cada dobro da distacircncia (Figura

212) (HANSEN 2005 SOUSA 2004)

Jaacute a fonte linear eacute formada por certo nuacutemero de

fontes pontuais dispostas linearmente cuja

emissatildeo sonora eacute contiacutenua ao longo desta

linha sendo seu decaimento em campo livre

de 3 dB para cada dobro da distacircncia (Figura

213) (HANSEN 2005 PAZ 2004)

Quando propagadas no meio urbano a

combinaccedilatildeo de tais fontes sonoras associadas

ao percurso de transmissatildeo e ao receptor

constitui o ruiacutedo urbano (urban noise) tambeacutem

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 213 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora linear de 3 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007

chamado de ruiacutedo ambiental (environmental

noise) ou ruiacutedo comunitaacuterio (community noise)

(BERGLUND et al1999 GUEDES 2005

SOUSA 2004)

O ruiacutedo urbano pode ser gerado a partir do

traacutefego de veiacuteculos terrestres e aeacutereos de

obras de construccedilatildeo civil de estabelecimentos

industriais de estabelecimentos comerciais e

de serviccedilos de sistemas de propaganda

volante ou permanente8 e ruiacutedos de outras atividades cuja propagaccedilatildeo sonora pode afetar o bem-

estar e a sauacutede dos citadinos (BARRON 2003 BERGLUND et al1999 KINSLER et al 1982

NAGEM 2004 NUNES 2006 SINGAL 2005)

Apesar de esporaacutedica outra fonte de ruiacutedo gerada em meio urbano satildeo os eventos puacuteblicos tais

como festas shows comiacutecios carnavais fora de eacutepoca entre outros As fontes de ruiacutedo presentes

nestes eventos atingem um alto niacutevel de pressatildeo sonora9 e abrangem uma grande quantidade

populacional logo independente de ocorrer poucas vezes durante o ano satildeo eventos

extremamente danosos a sauacutede e principalmente agrave audiccedilatildeo a partir de 80 dB(A) natildeo importa se

a sensaccedilatildeo sonora eacute prazerosa ou natildeo ela eacute necessariamente prejudicial10 (Tabela 21) (NUNES

2006)

Quando a intensidade dos ruiacutedos urbanos torna-se excessivamente desagradaacutevel eou nociva o

ruiacutedo passa a ser considerado uma forma de poluiccedilatildeo ambiental11 - a poluiccedilatildeo sonora A

necessidade de regulamentaccedilatildeo da poluiccedilatildeo sonora renuncia os aspectos de subjetividade

existentes e inerentes ao conceito de ruiacutedo na tentativa de sintetizar e estabelecer limites leis

normas meacutetodos e accedilotildees que representem um universo sonoro equivalente para toda a

populaccedilatildeo na tentativa de controlar e mitigar o ruiacutedo urbano

8 Carros de som bicicletas com som raacutedios comunitaacuterias entre outros 9 O niacutevel de pressatildeo sonora eacute a medida fiacutesica preferencial para caracterizar a sensaccedilatildeo subjetiva da intensidade dos sons e de acordo com a lei de Weber e Fechner a sensaccedilatildeo sonora eacute proporcional ao logaritmo da intensidade sonora NPS=20 log (pp0) onde p eacute a pressatildeo sonora em Pascal e p0 eacute a pressatildeo sonora de referecircncia (2 10-5 Pascal) (BISTAFA 2006 NIEMEYER 2007) 10 Outros niacuteveis de ruiacutedo tambeacutem podem ser prejudiciais em maior ou menor grau dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora 11 ldquoPoluiccedilatildeo eacute a degradaccedilatildeo da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente a) prejudiquem a sauacutede a seguranccedila e o bem-estar da populaccedilatildeo b) criem condiccedilotildees adversas agraves atividades sociais e econocircmicas c) afetem desfavoravelmente a biota d) afetem as condiccedilotildees esteacuteticas ou sanitaacuterias do meio ambiente e) lancem mateacuterias ou energia em desacordo com os padrotildees ambientais estabelecidosrdquo (BRASIL 1981 p 1 e 2)

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Tabela 21 ndash Os niacuteveis de pressatildeo sonora e suas consequumlecircncias fisioloacutegicas no homem Em alguns casos podem a intensidade das reaccedilotildees fisioloacutegicas podem variar dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora Fonte elaborado pela autora a partir de KINSLER et al 1992 SINGAL 2005 SOUZA 2006

Assim sendo na esfera federal a Constituiccedilatildeo Federal (Art255) o Coacutedigo Civil Brasileiro (Lei ndeg

1040602) a Lei das Contravenccedilotildees Penais (Decreto-lei nordm 368841) e a Lei dos Crimes

Ambientais (Lei nordm 960598) versam a partir de diferentes abordagens e diferentes

procedimentos legais sobre a poluiccedilatildeo sonora e suas respectivas perturbaccedilotildees (CARNEIRO

2009)

NIacuteVEIS DE PRESSAtildeO SONORA E SUAS CONSEQUEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS

Niacutevel de Pressatildeo sonora

em dB(A)

Caracteriacutesticas FISIOLOacuteGICAS

Ambiente ou atividade

0 a 30 Nenhuma Tremular de folhas de uma aacutervore sussurros

aacuterea de mata selvagem

30 a 50 Nenhuma Cantar de paacutessaros rua calma em aacuterea residencial durante noite

50 a 70 Marca o iniacutecio do estresse

auditivo Rua agitada um restaurante barulhento

70 a 90 Estressante e bastante

excitante Chegada de um trem na estaccedilatildeo carro a 100 Kmh

conversa a gritos

90 a 110 Extremamente excitante provocando dependecircncia

Caminhatildeo pesado a 60 Kmh alarme de viatura passagem de trem numa estaccedilatildeo ou cabine de um aviatildeo monomotor

110 a 130

Desconfortavelmente alto atingindo o limiar da dor podendo causar surdez

instantacircnea

Trem passando em trilhos elevados martelo pneumaacutetico interior de uma boate show de banda de rock

130 a 140 Acima do limiar da dor

causando surdez permanente Decolagem de aviatildeo a jato a 5m de distacircncia disparos de artilharia

Ainda no domiacutenio federal o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) publicou vaacuterias

resoluccedilotildees que estabelecem normas de preservaccedilatildeo ao meio ambiente incluindo o combate a

poluiccedilatildeo sonora12 Nestas resoluccedilotildees todas as atividades geradoras de ruiacutedo devem seguir

diretrizes vinculadas agrave Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas ndash ABNT e ao Conselho

Nacional de Tracircnsito - CONTRAN no caso de ruiacutedo produzido por veiacuteculos automotores

(NAGEM 2004)

Tais resoluccedilotildees normas e diretrizes refletidas no domiacutenio estadual e municipal deram origem agrave

Lei Estadual nordm 12789 de 28 de Abril de 2005 (PERNAMBUCO2005) conhecida como ldquoLei do

12 Satildeo elas RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 272 de 14 de setembro de 2000

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Silecircnciordquo e que dispotildee sobre ruiacutedos urbanos poluiccedilatildeo sonora e proteccedilatildeo do bem-estar e do

sossego puacuteblico e agrave Lei nordm 16243 de 13 de setembro de 1996 ndash Coacutedigo do Meio Ambiente e do

Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife (RECIFE 1996a) que estabelece a poliacutetica do meio ambiente da

cidade do Recife incluindo regulamentaccedilatildeo de emissotildees sonoras entre outras providecircncias

tendo como suporte a Lei 1617696 de 9 de Abril de 1996 ndash Lei de Uso e Ocupaccedilatildeo do Solo da

Cidade do Recife ndash LUOS (RECIFE 1996b)

Apesar da existecircncia desta grande quantidade de leis federais estaduais e municipais apesar da

LUOS legislar sobre a etapa de aprovaccedilatildeo de projetos para a construccedilatildeo de empreendimentos

com usos geradores de incocircmodo agrave vizinhanccedila incluindo usos potencialmente geradores de ruiacutedos

submetendo-os agrave anaacutelise teacutecnica eou agrave anaacutelise especial e apesar do Coacutedigo do Meio Ambiente e

do Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife estabelecer limites maacuteximos permitidos de ruiacutedo na praacutetica a

accedilatildeo contra a poluiccedilatildeo sonora em Recife adquire caraacuteter corretivo pelos oacutergatildeos reguladores agrave

conduta do infrator geralmente a partir de denuacutencias da populaccedilatildeo apoacutes a consolidaccedilatildeo da fonte

geradora de ruiacutedo no meio urbano (JORNAL DO COMEacuteRCIO 2008 JC ONLINE 2005)

Outro exemplo local de desatenccedilatildeo agrave poluiccedilatildeo sonora eacute a inexistecircncia dentre vaacuterios outros tipos

de degradaccedilatildeo ambiental presentes de qualquer referecircncia a respeito da poluiccedilatildeo sonora em

documento produzido pela Prefeitura da Cidade do Recife no ano 2000 o Atlas Ambiental da

Cidade do Recife (RECIFE 2000)

Diante da aplicabilidade ineficaz da legislaccedilatildeo vigente em Novembro de 2009 foi lanccedilado pelo

Ministeacuterio Puacuteblico de Pernambuco a cartilha Poluiccedilatildeo sonora Silento e o barulho13 que versa sobre as

posturas e accedilotildees direitos e deveres dos diversos agentes envolvidos na produccedilatildeo e recepccedilatildeo da

poluiccedilatildeo sonora indicando como devem agir a viacutetima o policial o estado o construtor poluidor

o proprietaacuterio de carro de som poluidor entre outros A cartilha tambeacutem disponibiliza uma seacuterie

de formulaacuterios modelos de acordo com os diferentes tipos de poluiccedilatildeo sonora Estes formulaacuterios satildeo

exemplos para serem utilizados tanto pela viacutetima da poluiccedilatildeo sonora quanto pelo policial civil

militar promotor de justiccedila e ateacute mesmo pelo poluidor - o que poderaacute tornar esta cartilha um

importante instrumento para aplicaccedilatildeo das leis vigentes (CARNEIRO 2009)

Embora negligenciada e em oposiccedilatildeo a diversos outros problemas ambientais mundiais a

poluiccedilatildeo sonora continua a crescer e eacute acompanhada pelo aumento no nuacutemero de reclamaccedilotildees de

13 ldquoSilentordquo eacute um personagem criado para narrar alguns trechos interativos da cartilha

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 214 ndash Relaccedilatildeo entre o desenvolvimento industrial da sociedade que possibilita o aumento e concentraccedilatildeo de fontes sonoras e seus impactos em relaccedilatildeo ao ruiacutedo nas comunidades apontando trecircs previsotildees futuras de acordo com diferentes accedilotildees possiacuteveis de regulamentaccedilatildeo contra do ruiacutedo Fonte elaborado pela autora a partir de BERGLUND et al 1999

pessoas expostas ao ruiacutedo a partir do aumento da consciecircncia de seus direitos legais

(BERGLUND et al1999)

Para World Health Organization (WHO)14 a poluiccedilatildeo sonora jaacute eacute um dos problemas ambientais que

atingem o maior nuacutemero de pessoas no planeta perdendo apenas para a poluiccedilatildeo do ar e da aacutegua

(KIHLMAN 2004 2005) Este crescimento contiacutenuo da poluiccedilatildeo sonora e por conseguinte do

ruiacutedo urbano possui uma estreita relaccedilatildeo com as raacutepidas transformaccedilotildees ocorridas no meio

urbano nas uacuteltimas deacutecadas O desenvolvimento acelerado e a expansatildeo das cidades implicaram

em modificaccedilotildees em elementos da forma urbana em alto iacutendice de crescimento demograacutefico da

populaccedilatildeo urbana e em consequumlente aumento e concentraccedilatildeo de diversos tipos de fontes

geradoras de poluiccedilatildeo sonora (BRASIL 1990a1990b GUEDES 2005 PAZ 2009 ZANNIN et

al 2002) (Figura 214)

Entre estas fontes urbanas geradoras de poluiccedilatildeo sonora uma das que mais contribuem com o

aumento do ruiacutedo urbano aleacutem de ser considerada uma das fontes mais intrusivas e a mais

percebida pela populaccedilatildeo das grandes cidades eacute o traacutefego de veiacuteculos (DINIZ 2003 FRITSCH et al

2007 LACERDA et al 2005 PAZ 2004 ZANNIN et al 2003)

O ruiacutedo do traacutefego de veiacuteculos eacute gerado a

partir do ruiacutedo veicular que proveacutem

essencialmente do sistema de propulsatildeo do

motor do atrito entre o veiacuteculo e o ar (ruiacutedo

aerodinacircmico) e do atrito entre o pneu e o piso

(MURGEL 2007 KINSLER et al 1982) e da

relaccedilatildeo entre o veiacuteculocondutor e as

configuraccedilotildees das vias em que ele estaacute inserido

a aceleraccedilatildeo eou desaceleraccedilatildeo do motor de

acordo com a caracterizaccedilatildeo das vias - a

presenccedila de cruzamentos semaacuteforos faixas de

pedestres etc a intensidade do fluxo de

veiacuteculos e a proporccedilatildeo entre veiacuteculos leves e os

veiacuteculos pesados a frequumlecircncia de

14 Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede ndash OMS

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

38

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

acionamentos de buzinas o tipo de acabamento da superfiacutecie das vias (concreto asfalto brita

terra batida) etc (SINGAL 2005)

Tais vias geradoras do ruiacutedo de traacutefego aleacutem de serem interceptadas por outras vias satildeo

comumente ladeadas por configuraccedilotildees bastante variaacuteveis desde edificaccedilotildees com formas

implantaccedilotildees e gabaritos diversificados a lotes ainda natildeo ocupados caracterizando a propagaccedilatildeo

do ruiacutedo de traacutefego urbano por muacuteltiplas reflexotildees responsaacuteveis pelo espalhamento do ruiacutedo

para vias adjacentes pelo surgimento de campos sonoros reverberantes pela difraccedilatildeo do ruiacutedo e

pelo surgimento de aacutereas de sombra (SINGAL 2005 RANDRIANOELINA e SALOMONS

2008) Ou seja a propagaccedilatildeo do ruiacutedo urbano gerado pelo traacutefego de veiacuteculos possui uma

interaccedilatildeo singular com elementos da forma urbana

Assim sendo tanto por sua participaccedilatildeo determinante na constituiccedilatildeo do ruiacutedo urbano quanto

por sua particular relaccedilatildeo com os elementos que compotildeem a forma urbana o ruiacutedo de traacutefego

seraacute a uacutenica fonte sonora considerada na presente pesquisa conforme seraacute melhor elucidado no

proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas

A interaccedilatildeo entre o ruiacutedo urbano e a forma urbana dependeraacute diretamente das configuraccedilotildees de

certos elementos que compotildeem esta forma urbana o traccedilado e perfis das vias a maneira de

implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade e

forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres tais como praccedilas e

largos (GUEDES 2005 SANTOS e MARTINS 2005) Estes elementos podem ser

acusticamente caracterizados a partir do tipo de espaccedilo acuacutestico e da permeabilidade acuacutestica

O espaccedilo acuacutestico tambeacutem nomeado de campo acuacutestico eacute a porccedilatildeo de determinado espaccedilo onde

acontecem as vibraccedilotildees sonoras podendo ser caracterizado no meio urbano como espaccedilo

acuacutestico aberto ou fechado (NIEMEYER 2007)

O espaccedilo acuacutestico aberto aproxima-se da propagaccedilatildeo em campo livre que eacute caracterizado pela ausecircncia

de obstaacuteculos que modifiquem a propagaccedilatildeo sonora entre a fonte e o receptor Assim no meio

urbano o espaccedilo cuja propagaccedilatildeo sonora envolva poucas ou nenhuma reflexatildeo e poucos ou

nenhum obstaacuteculo pode ser considerado um espaccedilo acuacutestico aberto como por exemplo o

espaccedilo acuacutestico com perfil em ldquoLrdquo tais como vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas uma de

suas margens (Figuras 215 e 216) (NIEMEYER 2007) No espaccedilo acuacutestico aberto o niacutevel de

pressatildeo sonora decai 6 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (LANG

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 215 ndash Propagaccedilatildeo sonora em Campo acuacutestico aberto Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001

Figura 216 ndash Campo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo FonteNIEMEYER 2007

Figura 217 ndash Propagaccedilatildeo sonora em campo acuacutestico fechado causando o fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001

e BERANEK 1992) isto eacute o ruiacutedo percebido

pelo receptor diminui em funccedilatildeo da

duplicaccedilatildeo da distacircncia da fonte sonora15

Praccedilas parques e largos com grandes

dimensotildees vias de traacutefego marginais a praias

vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas

uma de suas margens ou espaccedilos livres

urbanos de grandes dimensotildees caracterizam

alguns exemplos de espaccedilos acuacutesticos abertos

No espaccedilo acuacutestico fechado as ondas sonoras

sofrem muacuteltiplas reflexotildees fazendo com que o

seu niacutevel sonoro decaia muito lentamente

sendo praticamente o mesmo em vaacuterias

posiccedilotildees ateacute que esta onda sonora encontre

uma saiacuteda para campo livre caracterizando o

fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana16 17(Figura

217) (GUEDES 2005 NIEMEYER 2007)

Os espaccedilos acuacutesticos fechados podem ser

reverberantes quando a onda sonora tarda a

encontrar o campo livre gerando um grande

nuacutemero de reflexotildees ou semi-reverberantes

quando a onda sonora encontra o campo livre

um pouco mais rapidamente do que no

reverberante gerando um nuacutemero menor mas

ainda grande de reflexotildees

15 Este decaimento eacute para fontes pontuais para fontes lineares o decaimento eacute de 3 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (GERGES 2000) 16 A reverberaccedilatildeo eacute a persistecircncia de um som depois de ter sido extinta a sua emissatildeo por uma fonte e ocorre como resultado de reflexotildees em ambientes total ou parcialmente fechados (GONZALEZ e LOPES 1993) 17 Alguns espaccedilos acuacutesticos fechados tambeacutem podem amplificar o niacutevel de pressatildeo sonora mas este fenocircmeno ocorre em determinados espaccedilos acuacutesticos fechados reverberantes

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 218 ndash Campo acuacutestico fechado em perfl ldquoUrdquo tambeacutem chamado de canyons urbanos Fonte NIEMEYER 2007

No meio urbano o espaccedilo acuacutestico fechado

reverberante possui comumente um perfil em

ldquoUrdquo (Figura 218) tambeacutem chamados de

canyons urbanos que podem amplificar

consideravelmente a propagaccedilatildeo sonora das

vias de traacutefego atraveacutes de reflexotildees muacuteltiplas

geradas pelas fachadas paralelas das

edificaccedilotildees que circundam estas vias

(ANDERSON e KURZE 1992) Assim neste

tipo de espaccedilo acuacutestico a propagaccedilatildeo sonora

natildeo depende exclusivamente da distacircncia entre

a fonte e o receptor como no espaccedilo acuacutestico

aberto depende ainda da configuraccedilatildeo dos

elementos que compotildeem a forma urbana e

dos coeficientes de absorccedilatildeo dos materiais que

revestem as superfiacutecies refletoras18

(NIEMEYER 2007)

Praccedilas parques e largos com pequenas dimensotildees e cercados por edificaccedilotildees conjugadas vias de

traacutefego com edificaccedilotildees (conjugadas ou com pequenos recuos entre elas) em ambos os lados

tuacuteneis passagens subterracircneas e espaccedilos livres abaixo de viadutos caracterizam alguns exemplos

de espaccedilos acuacutesticos fechados

A caracterizaccedilatildeo de um espaccedilo acuacutestico como sendo aberto ou fechado delinearaacute como a onda

sonora iraacute espalhar-se no meio urbano cujas configuraccedilotildees dos elementos que o compotildeem

podem facilitar ou dificultar a trajetoacuteria desta onda sonora para aleacutem do local de sua emissatildeo

tornando o meio urbano mais ou menos permeaacutevel a sua propagaccedilatildeo

18 No meio urbano as superfiacutecies refletoras satildeo predominantemente formadas por fachadas e muros de edificaccedilotildees que possuem certa uniformidade na utilizaccedilatildeo de materiais altamente reflexivos e com baixos coeficientes de absorccedilatildeo tais como granito maacutermore ceracircmica esmaltada vidro Assim o coeficiente de absorccedilatildeo de uma edificaccedilatildeo para outra seraacute praticamente o mesmo sofrendo miacutenimas variaccedilotildees permitindo sua natildeo consideraccedilatildeo

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

41

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 220 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees em uma quadra permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007

Figura 221 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjugadas em uma quadra pouco permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007

Figura 219 ndash Permeabilidade acuacutestica - percursos da onda sonora gerados em meio urbano Fonte NIEMEYER 2007

Figura 222 ndash Barreira acuacutestica entre a fonte e o receptor FonteANDERSON e KURZE 1992

Assim sendo a permeabilidade acuacutestica refere-se

aos percursos da onda sonora gerados no

meio urbano (Figura 219) (GUEDES 2005

NIEMEYER 2007) A intensidade da

permeabilidade acuacutestica - mais ou menos

permeaacutevel - dependeraacute da capacidade de

certos elementos urbanos de promover ou

conter a propagaccedilatildeo da onda sonora tais

como o traccedilado e perfis das vias a maneira de

implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem

como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade

e forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila

ou ausecircncia de espaccedilos livres (Figuras 220 e

221)

A permeabilidade acuacutestica relaciona-se ainda

com as barreiras acuacutesticas Isoladamente o

conceito de barreiras acuacutesticas refere-se a

qualquer objeto que possa ser considerado um

obstaacuteculo agrave ligaccedilatildeo direta e sem interferecircncias

entre a fonte e o receptor (Figura 222)

(ANDERSON e KURZE 1992 GERGES

2000) Ao bloquear o percurso direto entre a

fonte e o receptor a onda sonora poderaacute ser

absorvida eou refletida pela superfiacutecie da

barreira transmitida atraveacutes da barreira ou

difratada a partir do topo da barreira

(BARRON 2003 SINGAL 2005)

A difraccedilatildeo eacute um fenocircmeno que permite que as

ondas sonoras sejam capazes de contornar

determinados obstaacuteculos gerando uma aacuterea de

sombra acuacutestica que possui limites espaciais

variaacuteveis de acordo com a posiccedilatildeo da fonte

____________________________________________

ANAacuteLISE D

sonora e de sua localizaccedilatilde

receptor que por sua vez

sonora difratada pelas borda

um decaimento maior do qu

campo livre (Figura 223) (N

1968 NIEMEYER 2007 PA

O uso de barreiras acuacutestic

EUA Japatildeo Austraacutelia e

reduccedilatildeo da propagaccedilatildeo do

pelo traacutefego rodoviaacuterio pa

(Figuras 224 a 226) (SIN

Brasil esta praacutetica ainda eacute inc

restringindo-se a poucos exe

caso da barreira acuacutestica no

Linha Amarela na cidade do

na Rodovia Bandeirantes co

de Satildeo Paulo a Campinas

Paulo (Figura 227) (MURGE

2004)

Embora a implantaccedilatildeo de b

esteja vinculada agrave reduccedilatildeo do

rodoviaacuterio outros elemen

meio urbano situados ent

receptor atuam espontan

barreiras agrave propagaccedilatildeo sono

terreno com topografia i

muros edificaccedilotildees entr

edificaccedilotildees conjugadas da R

cidade do Recife ou aind

conjugadas em alguns trec

Atlacircntica no Rio de Janei

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 226 ndash Barreiras instaladasem aacuterea residencial de Toacutequio Jap

Figura 224 ndash Agrave esquerda barreacriacutelico na Suiacuteccedila Agrave direita barreiraPaacutedua e Veneza na Itaacutelia Fonte C

Figura 227 ndash Barreira acuacutestica dade Satildeo Paulo Fonte MURGEL 2

Figura 223 ndash Difraccedilatildeo da ondagerando uma aacuterea de sombra acuacutest

Figura 225 ndash Agrave esquerda baproacuteximo a Zurique Agrave direita barretambeacutem na Suiccedila Fonte CICHIN

accedilatildeo em relaccedilatildeo ao

ez recebe a energia

rdas da barreira com

que se estivesse em

(NEPOMUCENO

PAZ 2004)

ticas eacute comum nos

e na Europa para

do ruiacutedo produzido

para seus arredores

INGAL 2005) No

incipiente

exemplos como eacute o

no eixo rodoviaacuterio

o Rio de Janeiro e

conectando a cidade

s no estado de Satildeo

GEL 2007 SOUSA

e barreiras acuacutesticas

do ruiacutedo de traacutefego

entos inseridos no

entre a fonte e o

taneamente como

nora tais como um

irregular taludes

ntre outros As

a Rua da Aurora na

inda as edificaccedilotildees

trechos da Avenida

neiro por exemplo

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

42

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

das ao longo de via expressa elevada Japatildeo Fonte CICHINELLI 2007

rreira acuacutestica curva em concreto e eira acuacutestica metaacutelica na estrada entre CICHINELLI 2007

da Rodovia Bandeirantes no estado 2007

da sonora a partir de uma barreira uacutestica Fonte GERGES 2000

barreira acuacutestica metaacutelica instalada arreira acuacutestica em concreto e acriacutelico INELLI 2007

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

43

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 228 ndash Rua da Aurora no Bairro da Boa Vista na cidade do Recife configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fontehttpmaiovinteeseisblogspotcom2007_ 11_01_archivehtml Acesso em 080409

Figura 229 ndash Alguns trechos da Avenida Atlacircntica no Bairro de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro tambeacutem configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fonte httpwwwtravelpodcomtravel-photoorlanworldtrip200711 71589400avenida-atlantica-along-copacabana-beachjpgtpodhtml Acesso em 080409

aleacutem de funcionarem como barreiras acuacutesticas

espontacircneas ou natildeo intencionais tambeacutem

conformam um espaccedilo acuacutestico aberto em

ldquoLrdquo e pouco permeaacutevel ao ruiacutedo (Figura 228 e

229)

A partir da discussatildeo dos espaccedilos acuacutesticos e

da permeabilidade acuacutestica evidencia-se que a

interaccedilatildeo entre os diversos elementos que

compotildeem a forma urbana - o traccedilado e perfis

das vias o modo de implantaccedilatildeo das

edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as

proporccedilotildees densidade e maneira de ocupaccedilatildeo

das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de

espaccedilos livres ndash contribui determinantemente

para a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano

atraveacutes de muacuteltiplas reflexotildees do

espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave

fonte geradora de campos sonoros

reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de

aacutereas de sombra

Isto posto se o ruiacutedo urbano eacute considerado

um sistema composto essencialmente pela fonte

sonora pelo meio de propagaccedilatildeo e pelo receptor (LANG e BERANEK 1992 ANDERSON e

KURZE 1992) a forma urbana considerada a partir dos elementos que a compotildeem enquanto

percurso de transmissatildeo delineia influencia e determina em certa medida a trajetoacuteria de

propagaccedilatildeo da onda sonora19 Ou seja a forma urbana por meio das caracteriacutesticas singulares

apresentadas pelos seus elementos componentes iraacute influenciar o comportamento da propagaccedilatildeo

da onda sonora no meio urbano

19 ldquoEm certa medidardquo pois existem outros fatores que tambeacutem influenciam a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano mas a discussatildeo sobre a consideraccedilatildeo ou natildeo destes outros fatores seraacute melhor construiacuteda no proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

44

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito alto por elevada densidade de

ocupaccedilatildeo das quadras e por vias estreitas por exemplo tende em tese a ser menos permeaacutevel ao

ruiacutedo dificultando a propagaccedilatildeo sonora para outras aacutereas Tende ainda a criar espaccedilos

reverberantes ou semi-reverberantes com o niacutevel de pressatildeo sonora elevado em praticamente

todos os pontos de reflexatildeo com perdas miacutenimas ateacute a onda sonora alcanccedilar o topo das

edificaccedilotildees e direcionar-se a campo livre Por conseguinte este comportamento tende a propiciar

dependendo ainda da relaccedilatildeo com a fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano indesejaacutevel e

insalubre aos receptores existentes nas edificaccedilotildees daquela via

Jaacute uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito baixo por baixa densidade de

ocupaccedilatildeo das quadras e por vias largas tende teoricamente a ser mais permeaacutevel ao ruiacutedo

facilitando sua propagaccedilatildeo Por outro lado natildeo gera espaccedilos acuacutesticos propiacutecios a muacuteltiplas

reflexotildees fazendo com que a onda sonora encontre mais rapidamente o campo livre facilitando

sua dissipaccedilatildeo e propiciando dependendo ainda da fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano

desejaacutevel aos seus receptores

Deste modo a existecircncia de diferenccedilas e particularidades dos elementos que compotildeem as

distintas formas urbanas proporciona os mais diversificados comportamentos acuacutesticos de

propagaccedilatildeo sonora nos mais diferentes meios urbanos Ou seja do mesmo modo que cidades

bairros e ruas natildeo satildeo iguais entre si tampouco reproduziacuteveis em sua essecircncia o comportamento

acuacutestico tambeacutem natildeo seraacute ao contraacuterio constituiraacute um atributo exclusivo de cada espaccedilo urbano

Mas se para cada espaccedilo urbano existe um comportamento acuacutestico especiacutefico como deveraacute se

comportar a propagaccedilatildeo sonora de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de

modificaccedilotildees em elementos de sua forma urbana Em outras palavras como se comportaraacute a acuacutestica

urbana de um determinado local a partir do processo cronoloacutegico de modificaccedilotildees em sua forma urbana

Nos capiacutetulo que se segue Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas seratildeo apresentadas os percursos

investigativos que foram postos em praacutetica em busca de responder a este questionamento

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

24

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

dos elementos que compotildeem a forma urbana ndash a adiccedilatildeo de novos de traccedilados a um jaacute existente

ou sua superposiccedilatildeo seus conflitos o parcelamento de parques e ocupaccedilatildeo de espaccedilos livres a

renovaccedilatildeo da massa edificada seu lento adensamento e verticalizaccedilatildeo segundo uma especulaccedilatildeo

despretensiosa ou sua substituiccedilatildeo por vastos empreendimentos sob influecircncia de uma

especulaccedilatildeo bem mais expressiva (PANERAI 2006) isto eacute faz parte da apreensatildeo da forma

urbana uma complexidade que envolve um processo de acumulaccedilatildeo de enfoques e observaccedilotildees

sociais econocircmicas histoacutericas e culturais que englobam muito mais do que apenas sua forma

fiacutesica

Estas particularidades especialmente as sociais parecem um pouco mais delineadas nas

consideraccedilotildees feitas por DEL RIO (1990) que considera o espaccedilo urbano a partir da apropriaccedilatildeo

social que se faz dele estabelecendo que em relaccedilatildeo ao estudo da forma urbana a cidade pode

ser compreendida a partir de trecircs niacuteveis organizacionais o coletivo o comunitaacuterio e o individual

O niacutevel coletivo eacute regido sob uma loacutegica estruturadora percebida inconscientemente e

coletivamente e eacute composto pelos elementos2 do tecido que possuem uma permanecircncia maior ao

longo do tempo o niacutevel comunitaacuterio diz respeito aos elementos com significados especiais apenas

para um pequeno grupo da populaccedilatildeo como o bairro por exemplo jaacute o niacutevel individual expressa

significados individuais como a residecircncia e seu espaccedilo circundante e por seu caraacuteter individual eacute

o que apresenta maior rapidez nas modificaccedilotildees (DEL RIO 1990)

Mas LAMAS (2004) ao defender sua definiccedilatildeo para forma urbana natildeo soacute possuiacutea ciecircncia destas

outras particularidades explicitadas por PANERAI (2006) e DEL RIO (1990) ndash sociais

econocircmicas histoacutericas e culturais ndash envolvidas na concepccedilatildeo de forma urbana como optou em

natildeo apreciaacute-las

[] um primeiro grau de leitura da cidade eacute eminentemente fiacutesico-espacial e morfoloacutegico portanto especiacutefico da arquitectura e o uacutenico que permite evidenciar a diferenccedila entre este e outro espaccedilo entre esta e aquela forma e explicar as caracteriacutesticas de cada parte da cidade A estes se juntam outros niacuteveis de leitura que revelam diferentes conteuacutedos (histoacutericos econoacutemicos sociais e outros) Mas este conjunto de leituras soacute eacute possiacutevel porque a cidade existe como facto fiacutesico e material Todos os instrumentos de leitura lecircem o mesmo objecto ndash o espaccedilo fiacutesico a FORMA URBANA (LAMAS 2004 p 31 grifo do autor) Eacute fundamentalmente a dimensatildeo fiacutesica e morfoloacutegica da cidade que me preocupa [] (LAMAS 2004 p 31)

2 Estes elementos seratildeo discutidos em paraacutegrafos mais adiante

____________________________________________

ANAacuteLISE D

Na verdade esta opccedilatildeo em

urbana considerando-a essen

de seu aspecto fiacutesico e m

convenientemente ao obje

presente pesquisa analisar

da acuacutestica urbana a partir

cronoloacutegicas na forma urba

esta anaacutelise do compor

implica em uma apropriaccedil

fiacutesica e material destas modif

Certamente a busca pela ap

urbana envolve muito

simplesmente sua forma

como jaacute aclarado No entan

da anaacutelise proposta por

apreensatildeo em totalid

fundamentalmente necessaacuter

apropriaccedilatildeo da forma urban

material ou uma variaacutevel fiacutes

finalidade derradeira de

comportamento acuacutestico

modificaccedilotildees nesta forma

Ao entender a observaccedilatildeo

essencialmente em seu aspec

(2004) propocircs uma classifica

dimensotildees

bull A dimensatildeo setorial

refere-se agrave menor u

do espaccedilo urbano co

uma praccedila ou uma

ponto o observador

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 24 ndash A cidadeo texemplificada por meio da cidadLAMAS 2004

Figura 23 ndash O bairro a escala ucidade portuguesa de Tavira Fonte

Figura 22 ndash Praccedila da Alagoa na ca dimensatildeo setorial Fonte LAMA

em observar a forma

sencialmente a partir

material responde

bjetivo primeiro da

ar o comportamento

rtir de modificaccedilotildees

rbana uma vez que

ortamento acuacutestico

riaccedilatildeo genuinamente

dificaccedilotildees

apreensatildeo da forma

o mais do que

a fiacutesica e material

tanto para realizaccedilatildeo

or este estudo tal

alidade natildeo eacute

saacuteria o que torna a

bana quase um meio

l fiacutesica para atingir a

e compreensatildeo do

a partir de

atildeo da forma urbana

pecto fiacutesico LAMAS

icaccedilatildeo em escalas ou

ndash a escala da rua

r unidade ou porccedilatildeo

como por exemplo

a rua onde de um

dor pode abarcar a

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

25

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

territoacuterioa dimensatildeo territorial dade portuguesa de Tavira Fonte

a urbana exemplificada por meio da nte LAMAS 2004

na cidade portuguesa de Tavira ilustra MAS 2004

____________________________________________

ANAacuteLISE D

unidade espacial d

(Figura 22)

bull A dimensatildeo urbana ndash

corresponde agraves pa

identificaacuteveis como

exemplo onde a

elementos da forma

atraveacutes do movime

percursos (Figura 23

bull E por fim a dimensatildeo

da cidade diz respeito

diferentes formas

articulaccedilatildeo de bai

entre si Sua forma

distribuiccedilatildeo de eleme

das cidades em con

suporte geograacutefico d

a articulaccedilatildeo de

circulaccedilatildeo entre os

entre zonas habitacio

entre outras (Figura 2

Dentre estas dimensotildees a u

bairro desperta particular

pesquisa uma vez que o e

limites de observaccedilatildeo atraveacute

de movimentos poderaacute aba

significante de modificaccedilotildee

forma urbana de determina

compreender o comport

acuacutestica urbana

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 25 ndash Exemplos de diversiflotes quarteirotildees e vias em difereNesta imagem um recorte do CONDEPE-FIDEM 1981

Figura 26 ndash Exemplos de diversiflotes quarteirotildees e vias em difereNesta imagem um recorte do baorigens da cidade entrecortadoBarreto Fonte CONDEPE-FIDE

Figura 27 ndash Exemplos de diveredifiacutecios lotes quarteirotildees e vias eRecife Nesta imagem um recessencialmente por morros o AltoFIDEM 1981

de seu conjunto

ndash a escala do bairro

partes homogecircneas

mo os bairros por

a observaccedilatildeo dos

a urbana eacute realizada

imento e de vaacuterios

23)

nsatildeo territorial ndash a escala

eito agrave articulaccedilatildeo de

as urbanas da

bairros interligados

ma eacute definida pela

mentos estruturantes

onformidade com o

o do siacutetio tais como

e ruas e vias de

s diferentes bairros

cionais e comerciais

a 24)

a urbana ndash escala do

lar interesse desta

o entendimento dos

veacutes de certo nuacutemero

barcar uma amostra

otildees cronoloacutegicas na

inado local a fim de

ortamento de sua

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

26

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

rsificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios erentes bairros da cidade do Recife o bairro de Boa Viagem Fonte

rsificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios erentes bairros da cidade do Recife bairro de Satildeo Joseacute que remete agraves do pela recente Avenida Dantas DEM 1981

versificadas concretizaccedilotildees entre os em diferentes bairros da cidade do

recorte de um bairro constituiacutedo lto do Mandu Fonte CONDEPE-

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

27

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

No entanto para apreender tal dimensatildeo devem-se conhecer e estabelecer quais elementos

miacutenimos da forma urbana que se relaciona com esta a dimensatildeo urbana e quais satildeo estes

elementos LAMAS (2004) propocircs onze elementos da forma urbana necessaacuterios para esta

apreensatildeo o solo (I) o edifiacutecio (II) o lote (III) o logradouro (IV) o quarteiratildeo (V) o traccediladoa

rua(VI) a praccedila (VII) a fachada (VIII) o monumento (IX) a vegetaccedilatildeo (X) e o mobiliaacuterio

urbano (XI) Dentre estes elementos seis possuem uma estreita relaccedilatildeo com esta pesquisa e

seratildeo expostos de acordo com consideraccedilotildees observadas por LAMAS 3 (2004) (Figuras 25 a 27)

O edifiacutecio representa o elemento miacutenimo identificaacutevel na observaccedilatildeo da forma urbana eacute atraveacutes

dele que se constitui o espaccedilo urbano e se organizam diferentes elementos tais como ruas praccedilas

avenidas entre outros Os edifiacutecios agrupam-se em diferentes tipos tanto em relaccedilatildeo a suas

formas quanto a suas funccedilotildees Estes elementos podem influenciar o comportamento da acuacutestica

urbana atuando enquanto objetos reflexivos da onda sonora e como barreiras acuacutesticas4

O lote representa o princiacutepio da relaccedilatildeo do edifiacutecio com o terreno A forma do lote eacute muitas

vezes condicionante da forma do edifiacutecio tornando-os vinculados por essecircncia o logradouro diz

respeito ao espaccedilo livres e natildeo construiacutedos no interior do lote aos quintais e jardins o quarteiratildeo

ou quadra pode ser considerado como o espaccedilo resultante entre o cruzamento de trecircs ou mais

vias podendo ser demarcado em vaacuterios lotes para a construccedilatildeo de edifiacutecios Juntos estes trecircs

elementos associados aos edifiacutecios podem propiciar uma maior ou menor permeabilidade

acuacutestica eou uma maior ou menor presenccedila de aacutereas de sombra no meio urbano

O traccedilado por meio das ruas ou vias eacute facilmente identificaacutevel no meio urbano Estaacute muitas vezes

condicionado ao siacutetio geograacutefico existente regula a disposiccedilatildeo dos edifiacutecios e quarteirotildees e

interliga os vaacuterios espaccedilos componentes da cidade e a cidade ao territoacuterio Normalmente o

traccedilado resiste agraves transformaccedilotildees na forma urbana por possuir um caraacuteter de permanecircncia natildeo

totalmente modificaacutevel O traccedilado engloba trajetoacuterias e caminhos que natildeo satildeo necessariamente

percorridos atraveacutes de automoacuteveis apesar disso estaacute em grande parte vinculado a uma das

principais fontes geradoras de ruiacutedo urbano ndash o traacutefego de veiacuteculos

3 Os outros elementos tambeacutem podem relacionar-se de diferentes maneiras com a acuacutestica urbana mas nem tanto com a presente pesquisa e por isso natildeo foram considerados 4 Todas as definiccedilotildees e conceitos acuacutesticos apresentados no presente item seratildeo elucidados no item seguinte 22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

28

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 28 ndash Os trecircs conjuntos formadores do tecido urbano segundo Panerai (2006) Fonte PANERAI 2006

A praccedila eacute um espaccedilo de geometria variada

intencionalmente inserido no meio urbano

cuja relaccedilatildeo com o traccedilado e os edifiacutecios

tambeacutem eacute intencional evidenciada atraveacutes do

seu desenho e natildeo acidentais como

alargamento e confluecircncias do traccedilado Aleacutem

disso a praccedila eacute um lugar de encontro de

permanecircncia e de praacuteticas sociais

Acusticamente dependendo de suas

proporccedilotildees a propagaccedilatildeo sonora que envolve

uma praccedila pode apresentar um

comportamento que se assemelha a

propagaccedilatildeo sonora em campo livre

Estes elementos constituintes da forma urbana

conceituados por LAMAS (2004) podem ser

identificados sob um diferente invoacutelucro

conceitual mas com a mesma essecircncia no que

PANERAI (2006) definiu como sendo

conjuntos do tecido urbano

Aplicado agrave cidade o termo ldquotecidordquo evoca a continuidade e a renovaccedilatildeo a permanecircncia e a variaccedilatildeo Ele explica a constituiccedilatildeo das cidades antigas e responde as questotildees levantadas pelo estudo das urbanizaccedilotildees recentes Ele pressupotildee uma atenccedilatildeo tanto ao banal quanto ao excepcional tanto agraves ruas comuns e agraves edificaccedilotildees corriqueiras quanto agraves regulamentaccedilotildees e aos monumentos Dentre as muacuteltiplas definiccedilotildees de tecido urbano e sem desprezar suas qualidades escolhemos a mais simples O tecido urbano eacute constituiacutedo pela superposiccedilatildeo ou imbricaccedilatildeo de trecircs conjuntos a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees Essa definiccedilatildeo potildee em evidecircncia os elementos que permitem que as diferentes partes da cidade evoluam ao mesmo tempo em que satildeo mantidas a coesatildeo de conjunto e a clareza de sua estrutura (PANERAI 2006 p 77-78 grifo nosso) (Figura 28)

Ao contraacuterio de LAMAS (2004) que considera a praccedila como um elemento da forma urbana por

si soacute PANERAI (2006) discute as vias ou traccedilado inseridas em uma relaccedilatildeo em rede onde

tambeacutem satildeo considerados como partes constituintes os largos passeios praccedilas esplanadas cais

pontes rios canais margens praias todos compondo o espaccedilo puacuteblico Eacute atraveacutes desta rede

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

29

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

contiacutenua e hierarquizada que acontecem as distribuiccedilotildees e circulaccedilotildees da cidade bem como sua

organizaccedilatildeo local e territorial

Jaacute os parcelamentos fundiaacuterios constituem a representaccedilatildeo negativa5 da rede de vias que evidencia o

domiacutenio construiacutedo Este domiacutenio natildeo se limita aos edifiacutecios mas tambeacutem envolve paacutetios

quintais terrenos baldios (PANERAI 2006) Embora PANERAI(2006) considere separadamente

o exame das edificaccedilotildees sugere-se que este domiacutenio construiacutedo envolve quatro dos elementos da

forma urbana elencados por LAMAS (2004) o edifiacutecio o lote o logradouro e o quarteiratildeo

Para PANERAI (2006) as edificaccedilotildees ou edifiacutecios satildeo consideradas construccedilotildees subordinadas ao

espaccedilo puacuteblico ou seja a rede de vias sendo por ele estruturada e que acrescentam a dimensatildeo

vertical ao tecido urbano Tal subordinaccedilatildeo permite que haja uma dependecircncia reciacuteproca entre os

edifiacutecios ainda que eles pertenccedilam a eacutepocas diferentes fazendo com que sua renovaccedilatildeo aconteccedila

sem que haja grandes perdas na unidade do conjunto

Ao estruturar sua concepccedilatildeo dos elementos componentes da forma urbana DEL RIO (1990) eacute

bem mais sinteacutetico e objetivo mas assim como LAMAS (2000) e PANERAI (2006) seus

elementos possuem similaridades e ateacute repeticcedilotildees que praticamente reproduzem a mesma

essecircncia conceitual dos outros dois autores Estes elementos por serem estruturados tatildeo

objetivamente seratildeo apresentados em citaccedilatildeo direta satildeo eles

- crescimento os modos as intensidades e direccedilotildees elementos geradores e reguladores limites e superaccedilatildeo de limites modificaccedilatildeo de estruturas pontos de cristalizaccedilatildeo etc - traccedilado e parcelamento ordenadores do espaccedilo estrutura fundiaacuteria relaccedilotildees distacircncias circulaccedilatildeo e acessibilidade etc - tipologias dos elementos urbanos inventaacuterio e categorizaccedilatildeo de tipologias ediliacutecias (residecircncias comercio etc) de lotes e sua ocupaccedilatildeo de quarteirotildees e sua ocupaccedilatildeo de praccedilas esquinas etc - articulaccedilotildees relaccedilotildees entre elementos hierarquias domiacutenios do publico e privado densidades relaccedilotildees entre cheios e vazios etc (DEL RIO 1990 p 83 grifos do autor)

Dentre todos os elementos expostos a partir dos trecircs autores existe um importante fenocircmeno

relacionando-os em distintas intensidades e que merece ser considerado por influenciar

definitivamente na modificaccedilatildeo da forma urbana ndash o adensamento

5 No sentido de uma fotografia onde os claros e os escuros satildeo representados no negativo de modo contraacuterio ao do objeto fotografado

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

30

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 29 ndash O adensamento das ilhas do Bairro do Recife e de Santo Antocircnio (imagem) ocorreu tanto pelo preenchimento progressivo desde o inicio da ocupaccedilatildeo da cidade quanto por meio da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees anteriores Fontehttppedrodealbuquerquewordpresscomcategorypernambuco Acesso em 201109

O adensamento ocorre a partir de dois modos

essenciais de ocupaccedilatildeo o primeiro a partir do

preenchimento progressivo do espaccedilo urbano

e o segundo a partir da substituiccedilatildeo completa

por meio de demoliccedilatildeo de edificaccedilotildees

anteriores (PANERAI 2006) (Figura 29)

A primeira forma de adensamento ocorre sem

a expansatildeo territorial por meio do

preenchimento progressivo de todas as

reservas fundiaacuterias e espaccedilos livres de

determinado meio urbano Eacute um

adensamento inserido em limitesbarreiras

preacute-estabelecidos naturais ou natildeo tais como

uma via expressa irregularidades geograacuteficas

do siacutetio ou ainda numa escala menor a proacutepria quadra pode ser um limite para saturaccedilatildeo gradual

em seu interior desmembramento ou remembramento dos lotes para construccedilatildeo de novas

edificaccedilotildees verticalizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo de antigos quintais eou jardins (PANERAI 2006)

A segunda forma de adensamento acontece atraveacutes da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees

anteriormente existentes por novas construccedilotildees de maior porte tanto em relaccedilatildeo agrave ocupaccedilatildeo do

solo por meio do remembramento de lotes quanto em relaccedilatildeo ao seu gabarito Esta forma de

adensamento permite a renovaccedilatildeo do espaccedilo urbano sem aumentar sua aacuterea de abrangecircncia sem

sua expansatildeo (PANERAI 2006)

Ambas as formas de adensamento transformam essencialmente a forma urbana e o modo como

se relacionam seus elementos componentes A identificaccedilatildeo desta transformaccedilatildeo em determinado

meio urbano gerada pelo adensamento eacute indispensaacutevel para anaacutelise do comportamento da

acuacutestica urbana a partir de modificaccedilotildees na forma urbana deste mesmo meio uma vez que o

adensamento pode influenciar na propagaccedilatildeo sonora proporcionando uma maior quantidade de

objetos reflexivos de barreiras acuacutesticas e favorecendo a diminuiccedilatildeo da permeabilidade acuacutestica

Por fim a partir exposiccedilatildeo de determinados elementos considerados por LAMAS (2004) ndash o

edifiacutecio o lote o logradouro o quarteiratildeo o traccediladoa rua e a praccedila dos conjuntos considerados

por PANERAI (2006) ndash a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees dos

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

elementos considerados por DEL RIO (1990) ndash crescimento traccedilado e parcelamento tipologias

dos elementos urbanos e as articulaccedilotildees e em busca de atingir seu objetivo principal esta

pesquisa consideraraacute a forma urbana inserida em um recorte que a considera essencialmente a

partir de seu aspecto fiacutesico e material e cujos elementos componentes considerados seratildeo

exclusivamente

1 As parcelas fundiaacuterias ndash consideradas por meio das quadras e lotes incluindo sua relaccedilatildeo

de modo de ocupaccedilatildeo das edificaccedilotildees sua densidade e seus espaccedilos livres

2 As edificaccedilotildees ndash consideradas atraveacutes de sua relaccedilatildeo de modo de ocupaccedilatildeo com os

lotes e do grau de verticalizaccedilatildeo (gabarito baixo meacutedio e alto)

3 As vias ndash consideradas como reguladoras da relaccedilatildeo com as edificaccedilotildees e quarteirotildees e

principalmente apreciadas como estreitamente vinculadas a uma das principais fontes

geradoras de ruiacutedo urbano (o traacutefego de veiacuteculos)

Estes seratildeo os elementos componentes da forma urbana que esta pesquisa se apropriaraacute no

decurso do caminho a fim de analisar o comportamento acuacutestico a partir de modificaccedilotildees

cronoloacutegicas em determinada forma urbana Nos paraacutegrafos seguintes discutem-se os conceitos e

relaccedilotildees que permeiam a acuacutestica urbana

22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais

A acuacutestica eacute a ciecircncia do som incluindo sua geraccedilatildeo transmissatildeo e recepccedilatildeo de energia sob a

forma de ondas vibracionais na mateacuteria (KINSLER et al 1982) Ela eacute uma ciecircncia

multidimensional e interligada a vaacuterios domiacutenios cientiacuteficos Seu objeto de estudo fundamental o

som delineia uma seacuterie de interfaces multidisciplinares com abordagens em diversificadas aacutereas

do conhecimento (Figura 210)

Desse modo quando a geraccedilatildeo transmissatildeo e efeitos do som estatildeo inseridos no meio urbano

seu desdobramento eacute estudado pela aacuterea de conhecimento da acuacutestica urbana muitas vezes

tambeacutem nomeada de acuacutestica ambiental

O objeto de estudo fundamental da acuacutestica o som eacute a sensaccedilatildeo produzida no ouvido por

pequenas flutuaccedilotildees da pressatildeo do ar (HANSEN 2005) ou seja eacute uma percepccedilatildeo sensorial e seu

____________________________________________

ANAacuteLISE D

complexo padratildeo de ondas s

de ruiacutedo muacutesica fala

(BERGLUND et al 1999)

Esta definiccedilatildeo do som tend

a percepccedilatildeo do ouvido

conceito psicofiacutesico Fisicame

vibraccedilatildeo mecacircnica que

progressivamente atraveacutes de

gasoso liacutequido ou soacutelido (SIN

Esta vibraccedilatildeo quando tran

que o rodeia nem sempre

aparelho auditivo humano

frequumlecircncia6 audiacutevel encontra

20 a 20000 Hz para um

(BRUumlEL amp KJAEligR 1984

1982) Frequumlecircncias acima de

altas para respostas fisioloacuteg

chamadas de ultrasons Jaacute as

de 20 Hz satildeo chamadas de

detectaacuteveis pelo ouvido hum

prejudiciais agrave sua sauacutede7

1982 SOUSA 2004)

Fisicamente o som e o ruiacutedo

ambos se propagam em mei

detectados pelo ouvido hu

enquanto o som eacute utilizado

6 A frequumlecircncia eacute o nuacutemero de ciclo(HANSEN 1995) 7 A exposiccedilatildeo a baixas frequumlecircncias depressatildeo irritabilidade e perturba pro

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 210 ndash Interfaces multidFonte Elaborado pela autora a pa

Figura 211 ndash Fonte sonora ponSOUZA 2006

as sonoras eacute rotulado

ala entre outros

ndo como referecircncia

o humano eacute um

mente o som eacute uma

que se propaga

de um meio material

(SINGAL 2005)

transmitida ao meio

re eacute detectaacutevel pelo

ano cuja faixa de

tra-se no intervalo de

um jovem saudaacutevel

4 KINSLER et al

de 20000 Hz muito

loacutegicas auditivas satildeo

as frequumlecircncias abaixo

de infrasons e natildeo satildeo

umano contudo satildeo

(KINSLER et al

iacutedo constituem o mesmo fenocircmeno de variaccedilotildee

eio elaacutestico (soacutelido liacutequido ou gasoso) e ambos

humano (BERGLUND et al 1999 HANSEN

do para descrever percepccedilotildees sonoras agradaacutev

iclos que a onda sonora completa no tempo de um segundo

as pode gerar a doenccedila Vibroacuacutestica que induz o espessamprocessos cognitivos (BRANCO e PEREIRA 2004)

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

32

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

ltidisciplinares do estudo do som partir de BISTAFA 2006

ontual e fonte sonora linear Fonte

otildees de pressatildeo ambiente

bos satildeo capazes de serem

EN 1995) No entanto

daacuteveis o ruiacutedo descreve

do e eacute medida em Hertz (Hz)

amento das estruturas cardiacuteacas

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

33

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 212 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora pontual de 6 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007

percepccedilotildees sonoras desagradaacuteveis incorporando um aspecto de subjetividade agrave sua definiccedilatildeo

(BRUumlEL amp KJAEligR 1984 HANSEN 2005 BRASIL 2006 SINGAL 2005)

Tal subjetividade acarreta diferentes e individuais percepccedilotildees sonoras pelo ser humano e

portanto em diferentes reaccedilotildees agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo Em outras palavras o que se estabelece

como som para um indiviacuteduo pode representar ruiacutedo para outro

[] as respostas inerentes ao ruiacutedo satildeo complexas dependendo tanto dos fatores propriamente acuacutesticos quanto dos psicossociais contextuais simboacutelicos emocionais como daqueles de valor especiacutefico Essas variaacuteveis participam da singularidade da escuta e atuam como filtros que modificam a percepccedilatildeo do sinal fiacutesico sonoro (SANTOS e MARTINS 2005 p 216)

Enquanto sua percepccedilatildeo envolve a subjetividade as respostas fisioloacutegicas agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo satildeo

mais objetivas e seus danos satildeo mais facilmente identificaacuteveis O ruiacutedo pode gerar complicaccedilotildees

no sistema circulatoacuterio e hormonal perda gradativa da audiccedilatildeo distuacuterbios de sono estresse

irritabilidade neuroses desconforto e dificuldade de aprendizado entre outros danos

(BERGLUND et al1999 HANSEN 2005 KINSLER et al 1982 MURGEL 2007 NAGEM

2004 NUNES 2006 PAZ et al 2005 SINGAL 2005 ZANNIN et al 2002)

O ruiacutedo pode se originar de variadas fontes presentes em diversificados ambientes as mais

comumente encontradas satildeo as fontes sonoras pontuais e as lineares (Figura 211) A fonte pontual

possui dimensotildees finitas e emite o mesmo niacutevel de pressatildeo sonora uniformemente para todas as

direccedilotildees sendo seu decaimento em campo livre de 6 dB para cada dobro da distacircncia (Figura

212) (HANSEN 2005 SOUSA 2004)

Jaacute a fonte linear eacute formada por certo nuacutemero de

fontes pontuais dispostas linearmente cuja

emissatildeo sonora eacute contiacutenua ao longo desta

linha sendo seu decaimento em campo livre

de 3 dB para cada dobro da distacircncia (Figura

213) (HANSEN 2005 PAZ 2004)

Quando propagadas no meio urbano a

combinaccedilatildeo de tais fontes sonoras associadas

ao percurso de transmissatildeo e ao receptor

constitui o ruiacutedo urbano (urban noise) tambeacutem

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 213 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora linear de 3 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007

chamado de ruiacutedo ambiental (environmental

noise) ou ruiacutedo comunitaacuterio (community noise)

(BERGLUND et al1999 GUEDES 2005

SOUSA 2004)

O ruiacutedo urbano pode ser gerado a partir do

traacutefego de veiacuteculos terrestres e aeacutereos de

obras de construccedilatildeo civil de estabelecimentos

industriais de estabelecimentos comerciais e

de serviccedilos de sistemas de propaganda

volante ou permanente8 e ruiacutedos de outras atividades cuja propagaccedilatildeo sonora pode afetar o bem-

estar e a sauacutede dos citadinos (BARRON 2003 BERGLUND et al1999 KINSLER et al 1982

NAGEM 2004 NUNES 2006 SINGAL 2005)

Apesar de esporaacutedica outra fonte de ruiacutedo gerada em meio urbano satildeo os eventos puacuteblicos tais

como festas shows comiacutecios carnavais fora de eacutepoca entre outros As fontes de ruiacutedo presentes

nestes eventos atingem um alto niacutevel de pressatildeo sonora9 e abrangem uma grande quantidade

populacional logo independente de ocorrer poucas vezes durante o ano satildeo eventos

extremamente danosos a sauacutede e principalmente agrave audiccedilatildeo a partir de 80 dB(A) natildeo importa se

a sensaccedilatildeo sonora eacute prazerosa ou natildeo ela eacute necessariamente prejudicial10 (Tabela 21) (NUNES

2006)

Quando a intensidade dos ruiacutedos urbanos torna-se excessivamente desagradaacutevel eou nociva o

ruiacutedo passa a ser considerado uma forma de poluiccedilatildeo ambiental11 - a poluiccedilatildeo sonora A

necessidade de regulamentaccedilatildeo da poluiccedilatildeo sonora renuncia os aspectos de subjetividade

existentes e inerentes ao conceito de ruiacutedo na tentativa de sintetizar e estabelecer limites leis

normas meacutetodos e accedilotildees que representem um universo sonoro equivalente para toda a

populaccedilatildeo na tentativa de controlar e mitigar o ruiacutedo urbano

8 Carros de som bicicletas com som raacutedios comunitaacuterias entre outros 9 O niacutevel de pressatildeo sonora eacute a medida fiacutesica preferencial para caracterizar a sensaccedilatildeo subjetiva da intensidade dos sons e de acordo com a lei de Weber e Fechner a sensaccedilatildeo sonora eacute proporcional ao logaritmo da intensidade sonora NPS=20 log (pp0) onde p eacute a pressatildeo sonora em Pascal e p0 eacute a pressatildeo sonora de referecircncia (2 10-5 Pascal) (BISTAFA 2006 NIEMEYER 2007) 10 Outros niacuteveis de ruiacutedo tambeacutem podem ser prejudiciais em maior ou menor grau dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora 11 ldquoPoluiccedilatildeo eacute a degradaccedilatildeo da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente a) prejudiquem a sauacutede a seguranccedila e o bem-estar da populaccedilatildeo b) criem condiccedilotildees adversas agraves atividades sociais e econocircmicas c) afetem desfavoravelmente a biota d) afetem as condiccedilotildees esteacuteticas ou sanitaacuterias do meio ambiente e) lancem mateacuterias ou energia em desacordo com os padrotildees ambientais estabelecidosrdquo (BRASIL 1981 p 1 e 2)

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Tabela 21 ndash Os niacuteveis de pressatildeo sonora e suas consequumlecircncias fisioloacutegicas no homem Em alguns casos podem a intensidade das reaccedilotildees fisioloacutegicas podem variar dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora Fonte elaborado pela autora a partir de KINSLER et al 1992 SINGAL 2005 SOUZA 2006

Assim sendo na esfera federal a Constituiccedilatildeo Federal (Art255) o Coacutedigo Civil Brasileiro (Lei ndeg

1040602) a Lei das Contravenccedilotildees Penais (Decreto-lei nordm 368841) e a Lei dos Crimes

Ambientais (Lei nordm 960598) versam a partir de diferentes abordagens e diferentes

procedimentos legais sobre a poluiccedilatildeo sonora e suas respectivas perturbaccedilotildees (CARNEIRO

2009)

NIacuteVEIS DE PRESSAtildeO SONORA E SUAS CONSEQUEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS

Niacutevel de Pressatildeo sonora

em dB(A)

Caracteriacutesticas FISIOLOacuteGICAS

Ambiente ou atividade

0 a 30 Nenhuma Tremular de folhas de uma aacutervore sussurros

aacuterea de mata selvagem

30 a 50 Nenhuma Cantar de paacutessaros rua calma em aacuterea residencial durante noite

50 a 70 Marca o iniacutecio do estresse

auditivo Rua agitada um restaurante barulhento

70 a 90 Estressante e bastante

excitante Chegada de um trem na estaccedilatildeo carro a 100 Kmh

conversa a gritos

90 a 110 Extremamente excitante provocando dependecircncia

Caminhatildeo pesado a 60 Kmh alarme de viatura passagem de trem numa estaccedilatildeo ou cabine de um aviatildeo monomotor

110 a 130

Desconfortavelmente alto atingindo o limiar da dor podendo causar surdez

instantacircnea

Trem passando em trilhos elevados martelo pneumaacutetico interior de uma boate show de banda de rock

130 a 140 Acima do limiar da dor

causando surdez permanente Decolagem de aviatildeo a jato a 5m de distacircncia disparos de artilharia

Ainda no domiacutenio federal o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) publicou vaacuterias

resoluccedilotildees que estabelecem normas de preservaccedilatildeo ao meio ambiente incluindo o combate a

poluiccedilatildeo sonora12 Nestas resoluccedilotildees todas as atividades geradoras de ruiacutedo devem seguir

diretrizes vinculadas agrave Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas ndash ABNT e ao Conselho

Nacional de Tracircnsito - CONTRAN no caso de ruiacutedo produzido por veiacuteculos automotores

(NAGEM 2004)

Tais resoluccedilotildees normas e diretrizes refletidas no domiacutenio estadual e municipal deram origem agrave

Lei Estadual nordm 12789 de 28 de Abril de 2005 (PERNAMBUCO2005) conhecida como ldquoLei do

12 Satildeo elas RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 272 de 14 de setembro de 2000

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

36

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Silecircnciordquo e que dispotildee sobre ruiacutedos urbanos poluiccedilatildeo sonora e proteccedilatildeo do bem-estar e do

sossego puacuteblico e agrave Lei nordm 16243 de 13 de setembro de 1996 ndash Coacutedigo do Meio Ambiente e do

Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife (RECIFE 1996a) que estabelece a poliacutetica do meio ambiente da

cidade do Recife incluindo regulamentaccedilatildeo de emissotildees sonoras entre outras providecircncias

tendo como suporte a Lei 1617696 de 9 de Abril de 1996 ndash Lei de Uso e Ocupaccedilatildeo do Solo da

Cidade do Recife ndash LUOS (RECIFE 1996b)

Apesar da existecircncia desta grande quantidade de leis federais estaduais e municipais apesar da

LUOS legislar sobre a etapa de aprovaccedilatildeo de projetos para a construccedilatildeo de empreendimentos

com usos geradores de incocircmodo agrave vizinhanccedila incluindo usos potencialmente geradores de ruiacutedos

submetendo-os agrave anaacutelise teacutecnica eou agrave anaacutelise especial e apesar do Coacutedigo do Meio Ambiente e

do Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife estabelecer limites maacuteximos permitidos de ruiacutedo na praacutetica a

accedilatildeo contra a poluiccedilatildeo sonora em Recife adquire caraacuteter corretivo pelos oacutergatildeos reguladores agrave

conduta do infrator geralmente a partir de denuacutencias da populaccedilatildeo apoacutes a consolidaccedilatildeo da fonte

geradora de ruiacutedo no meio urbano (JORNAL DO COMEacuteRCIO 2008 JC ONLINE 2005)

Outro exemplo local de desatenccedilatildeo agrave poluiccedilatildeo sonora eacute a inexistecircncia dentre vaacuterios outros tipos

de degradaccedilatildeo ambiental presentes de qualquer referecircncia a respeito da poluiccedilatildeo sonora em

documento produzido pela Prefeitura da Cidade do Recife no ano 2000 o Atlas Ambiental da

Cidade do Recife (RECIFE 2000)

Diante da aplicabilidade ineficaz da legislaccedilatildeo vigente em Novembro de 2009 foi lanccedilado pelo

Ministeacuterio Puacuteblico de Pernambuco a cartilha Poluiccedilatildeo sonora Silento e o barulho13 que versa sobre as

posturas e accedilotildees direitos e deveres dos diversos agentes envolvidos na produccedilatildeo e recepccedilatildeo da

poluiccedilatildeo sonora indicando como devem agir a viacutetima o policial o estado o construtor poluidor

o proprietaacuterio de carro de som poluidor entre outros A cartilha tambeacutem disponibiliza uma seacuterie

de formulaacuterios modelos de acordo com os diferentes tipos de poluiccedilatildeo sonora Estes formulaacuterios satildeo

exemplos para serem utilizados tanto pela viacutetima da poluiccedilatildeo sonora quanto pelo policial civil

militar promotor de justiccedila e ateacute mesmo pelo poluidor - o que poderaacute tornar esta cartilha um

importante instrumento para aplicaccedilatildeo das leis vigentes (CARNEIRO 2009)

Embora negligenciada e em oposiccedilatildeo a diversos outros problemas ambientais mundiais a

poluiccedilatildeo sonora continua a crescer e eacute acompanhada pelo aumento no nuacutemero de reclamaccedilotildees de

13 ldquoSilentordquo eacute um personagem criado para narrar alguns trechos interativos da cartilha

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

37

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 214 ndash Relaccedilatildeo entre o desenvolvimento industrial da sociedade que possibilita o aumento e concentraccedilatildeo de fontes sonoras e seus impactos em relaccedilatildeo ao ruiacutedo nas comunidades apontando trecircs previsotildees futuras de acordo com diferentes accedilotildees possiacuteveis de regulamentaccedilatildeo contra do ruiacutedo Fonte elaborado pela autora a partir de BERGLUND et al 1999

pessoas expostas ao ruiacutedo a partir do aumento da consciecircncia de seus direitos legais

(BERGLUND et al1999)

Para World Health Organization (WHO)14 a poluiccedilatildeo sonora jaacute eacute um dos problemas ambientais que

atingem o maior nuacutemero de pessoas no planeta perdendo apenas para a poluiccedilatildeo do ar e da aacutegua

(KIHLMAN 2004 2005) Este crescimento contiacutenuo da poluiccedilatildeo sonora e por conseguinte do

ruiacutedo urbano possui uma estreita relaccedilatildeo com as raacutepidas transformaccedilotildees ocorridas no meio

urbano nas uacuteltimas deacutecadas O desenvolvimento acelerado e a expansatildeo das cidades implicaram

em modificaccedilotildees em elementos da forma urbana em alto iacutendice de crescimento demograacutefico da

populaccedilatildeo urbana e em consequumlente aumento e concentraccedilatildeo de diversos tipos de fontes

geradoras de poluiccedilatildeo sonora (BRASIL 1990a1990b GUEDES 2005 PAZ 2009 ZANNIN et

al 2002) (Figura 214)

Entre estas fontes urbanas geradoras de poluiccedilatildeo sonora uma das que mais contribuem com o

aumento do ruiacutedo urbano aleacutem de ser considerada uma das fontes mais intrusivas e a mais

percebida pela populaccedilatildeo das grandes cidades eacute o traacutefego de veiacuteculos (DINIZ 2003 FRITSCH et al

2007 LACERDA et al 2005 PAZ 2004 ZANNIN et al 2003)

O ruiacutedo do traacutefego de veiacuteculos eacute gerado a

partir do ruiacutedo veicular que proveacutem

essencialmente do sistema de propulsatildeo do

motor do atrito entre o veiacuteculo e o ar (ruiacutedo

aerodinacircmico) e do atrito entre o pneu e o piso

(MURGEL 2007 KINSLER et al 1982) e da

relaccedilatildeo entre o veiacuteculocondutor e as

configuraccedilotildees das vias em que ele estaacute inserido

a aceleraccedilatildeo eou desaceleraccedilatildeo do motor de

acordo com a caracterizaccedilatildeo das vias - a

presenccedila de cruzamentos semaacuteforos faixas de

pedestres etc a intensidade do fluxo de

veiacuteculos e a proporccedilatildeo entre veiacuteculos leves e os

veiacuteculos pesados a frequumlecircncia de

14 Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede ndash OMS

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

38

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

acionamentos de buzinas o tipo de acabamento da superfiacutecie das vias (concreto asfalto brita

terra batida) etc (SINGAL 2005)

Tais vias geradoras do ruiacutedo de traacutefego aleacutem de serem interceptadas por outras vias satildeo

comumente ladeadas por configuraccedilotildees bastante variaacuteveis desde edificaccedilotildees com formas

implantaccedilotildees e gabaritos diversificados a lotes ainda natildeo ocupados caracterizando a propagaccedilatildeo

do ruiacutedo de traacutefego urbano por muacuteltiplas reflexotildees responsaacuteveis pelo espalhamento do ruiacutedo

para vias adjacentes pelo surgimento de campos sonoros reverberantes pela difraccedilatildeo do ruiacutedo e

pelo surgimento de aacutereas de sombra (SINGAL 2005 RANDRIANOELINA e SALOMONS

2008) Ou seja a propagaccedilatildeo do ruiacutedo urbano gerado pelo traacutefego de veiacuteculos possui uma

interaccedilatildeo singular com elementos da forma urbana

Assim sendo tanto por sua participaccedilatildeo determinante na constituiccedilatildeo do ruiacutedo urbano quanto

por sua particular relaccedilatildeo com os elementos que compotildeem a forma urbana o ruiacutedo de traacutefego

seraacute a uacutenica fonte sonora considerada na presente pesquisa conforme seraacute melhor elucidado no

proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas

A interaccedilatildeo entre o ruiacutedo urbano e a forma urbana dependeraacute diretamente das configuraccedilotildees de

certos elementos que compotildeem esta forma urbana o traccedilado e perfis das vias a maneira de

implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade e

forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres tais como praccedilas e

largos (GUEDES 2005 SANTOS e MARTINS 2005) Estes elementos podem ser

acusticamente caracterizados a partir do tipo de espaccedilo acuacutestico e da permeabilidade acuacutestica

O espaccedilo acuacutestico tambeacutem nomeado de campo acuacutestico eacute a porccedilatildeo de determinado espaccedilo onde

acontecem as vibraccedilotildees sonoras podendo ser caracterizado no meio urbano como espaccedilo

acuacutestico aberto ou fechado (NIEMEYER 2007)

O espaccedilo acuacutestico aberto aproxima-se da propagaccedilatildeo em campo livre que eacute caracterizado pela ausecircncia

de obstaacuteculos que modifiquem a propagaccedilatildeo sonora entre a fonte e o receptor Assim no meio

urbano o espaccedilo cuja propagaccedilatildeo sonora envolva poucas ou nenhuma reflexatildeo e poucos ou

nenhum obstaacuteculo pode ser considerado um espaccedilo acuacutestico aberto como por exemplo o

espaccedilo acuacutestico com perfil em ldquoLrdquo tais como vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas uma de

suas margens (Figuras 215 e 216) (NIEMEYER 2007) No espaccedilo acuacutestico aberto o niacutevel de

pressatildeo sonora decai 6 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (LANG

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

39

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 215 ndash Propagaccedilatildeo sonora em Campo acuacutestico aberto Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001

Figura 216 ndash Campo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo FonteNIEMEYER 2007

Figura 217 ndash Propagaccedilatildeo sonora em campo acuacutestico fechado causando o fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001

e BERANEK 1992) isto eacute o ruiacutedo percebido

pelo receptor diminui em funccedilatildeo da

duplicaccedilatildeo da distacircncia da fonte sonora15

Praccedilas parques e largos com grandes

dimensotildees vias de traacutefego marginais a praias

vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas

uma de suas margens ou espaccedilos livres

urbanos de grandes dimensotildees caracterizam

alguns exemplos de espaccedilos acuacutesticos abertos

No espaccedilo acuacutestico fechado as ondas sonoras

sofrem muacuteltiplas reflexotildees fazendo com que o

seu niacutevel sonoro decaia muito lentamente

sendo praticamente o mesmo em vaacuterias

posiccedilotildees ateacute que esta onda sonora encontre

uma saiacuteda para campo livre caracterizando o

fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana16 17(Figura

217) (GUEDES 2005 NIEMEYER 2007)

Os espaccedilos acuacutesticos fechados podem ser

reverberantes quando a onda sonora tarda a

encontrar o campo livre gerando um grande

nuacutemero de reflexotildees ou semi-reverberantes

quando a onda sonora encontra o campo livre

um pouco mais rapidamente do que no

reverberante gerando um nuacutemero menor mas

ainda grande de reflexotildees

15 Este decaimento eacute para fontes pontuais para fontes lineares o decaimento eacute de 3 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (GERGES 2000) 16 A reverberaccedilatildeo eacute a persistecircncia de um som depois de ter sido extinta a sua emissatildeo por uma fonte e ocorre como resultado de reflexotildees em ambientes total ou parcialmente fechados (GONZALEZ e LOPES 1993) 17 Alguns espaccedilos acuacutesticos fechados tambeacutem podem amplificar o niacutevel de pressatildeo sonora mas este fenocircmeno ocorre em determinados espaccedilos acuacutesticos fechados reverberantes

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

40

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 218 ndash Campo acuacutestico fechado em perfl ldquoUrdquo tambeacutem chamado de canyons urbanos Fonte NIEMEYER 2007

No meio urbano o espaccedilo acuacutestico fechado

reverberante possui comumente um perfil em

ldquoUrdquo (Figura 218) tambeacutem chamados de

canyons urbanos que podem amplificar

consideravelmente a propagaccedilatildeo sonora das

vias de traacutefego atraveacutes de reflexotildees muacuteltiplas

geradas pelas fachadas paralelas das

edificaccedilotildees que circundam estas vias

(ANDERSON e KURZE 1992) Assim neste

tipo de espaccedilo acuacutestico a propagaccedilatildeo sonora

natildeo depende exclusivamente da distacircncia entre

a fonte e o receptor como no espaccedilo acuacutestico

aberto depende ainda da configuraccedilatildeo dos

elementos que compotildeem a forma urbana e

dos coeficientes de absorccedilatildeo dos materiais que

revestem as superfiacutecies refletoras18

(NIEMEYER 2007)

Praccedilas parques e largos com pequenas dimensotildees e cercados por edificaccedilotildees conjugadas vias de

traacutefego com edificaccedilotildees (conjugadas ou com pequenos recuos entre elas) em ambos os lados

tuacuteneis passagens subterracircneas e espaccedilos livres abaixo de viadutos caracterizam alguns exemplos

de espaccedilos acuacutesticos fechados

A caracterizaccedilatildeo de um espaccedilo acuacutestico como sendo aberto ou fechado delinearaacute como a onda

sonora iraacute espalhar-se no meio urbano cujas configuraccedilotildees dos elementos que o compotildeem

podem facilitar ou dificultar a trajetoacuteria desta onda sonora para aleacutem do local de sua emissatildeo

tornando o meio urbano mais ou menos permeaacutevel a sua propagaccedilatildeo

18 No meio urbano as superfiacutecies refletoras satildeo predominantemente formadas por fachadas e muros de edificaccedilotildees que possuem certa uniformidade na utilizaccedilatildeo de materiais altamente reflexivos e com baixos coeficientes de absorccedilatildeo tais como granito maacutermore ceracircmica esmaltada vidro Assim o coeficiente de absorccedilatildeo de uma edificaccedilatildeo para outra seraacute praticamente o mesmo sofrendo miacutenimas variaccedilotildees permitindo sua natildeo consideraccedilatildeo

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

41

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 220 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees em uma quadra permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007

Figura 221 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjugadas em uma quadra pouco permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007

Figura 219 ndash Permeabilidade acuacutestica - percursos da onda sonora gerados em meio urbano Fonte NIEMEYER 2007

Figura 222 ndash Barreira acuacutestica entre a fonte e o receptor FonteANDERSON e KURZE 1992

Assim sendo a permeabilidade acuacutestica refere-se

aos percursos da onda sonora gerados no

meio urbano (Figura 219) (GUEDES 2005

NIEMEYER 2007) A intensidade da

permeabilidade acuacutestica - mais ou menos

permeaacutevel - dependeraacute da capacidade de

certos elementos urbanos de promover ou

conter a propagaccedilatildeo da onda sonora tais

como o traccedilado e perfis das vias a maneira de

implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem

como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade

e forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila

ou ausecircncia de espaccedilos livres (Figuras 220 e

221)

A permeabilidade acuacutestica relaciona-se ainda

com as barreiras acuacutesticas Isoladamente o

conceito de barreiras acuacutesticas refere-se a

qualquer objeto que possa ser considerado um

obstaacuteculo agrave ligaccedilatildeo direta e sem interferecircncias

entre a fonte e o receptor (Figura 222)

(ANDERSON e KURZE 1992 GERGES

2000) Ao bloquear o percurso direto entre a

fonte e o receptor a onda sonora poderaacute ser

absorvida eou refletida pela superfiacutecie da

barreira transmitida atraveacutes da barreira ou

difratada a partir do topo da barreira

(BARRON 2003 SINGAL 2005)

A difraccedilatildeo eacute um fenocircmeno que permite que as

ondas sonoras sejam capazes de contornar

determinados obstaacuteculos gerando uma aacuterea de

sombra acuacutestica que possui limites espaciais

variaacuteveis de acordo com a posiccedilatildeo da fonte

____________________________________________

ANAacuteLISE D

sonora e de sua localizaccedilatilde

receptor que por sua vez

sonora difratada pelas borda

um decaimento maior do qu

campo livre (Figura 223) (N

1968 NIEMEYER 2007 PA

O uso de barreiras acuacutestic

EUA Japatildeo Austraacutelia e

reduccedilatildeo da propagaccedilatildeo do

pelo traacutefego rodoviaacuterio pa

(Figuras 224 a 226) (SIN

Brasil esta praacutetica ainda eacute inc

restringindo-se a poucos exe

caso da barreira acuacutestica no

Linha Amarela na cidade do

na Rodovia Bandeirantes co

de Satildeo Paulo a Campinas

Paulo (Figura 227) (MURGE

2004)

Embora a implantaccedilatildeo de b

esteja vinculada agrave reduccedilatildeo do

rodoviaacuterio outros elemen

meio urbano situados ent

receptor atuam espontan

barreiras agrave propagaccedilatildeo sono

terreno com topografia i

muros edificaccedilotildees entr

edificaccedilotildees conjugadas da R

cidade do Recife ou aind

conjugadas em alguns trec

Atlacircntica no Rio de Janei

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 226 ndash Barreiras instaladasem aacuterea residencial de Toacutequio Jap

Figura 224 ndash Agrave esquerda barreacriacutelico na Suiacuteccedila Agrave direita barreiraPaacutedua e Veneza na Itaacutelia Fonte C

Figura 227 ndash Barreira acuacutestica dade Satildeo Paulo Fonte MURGEL 2

Figura 223 ndash Difraccedilatildeo da ondagerando uma aacuterea de sombra acuacutest

Figura 225 ndash Agrave esquerda baproacuteximo a Zurique Agrave direita barretambeacutem na Suiccedila Fonte CICHIN

accedilatildeo em relaccedilatildeo ao

ez recebe a energia

rdas da barreira com

que se estivesse em

(NEPOMUCENO

PAZ 2004)

ticas eacute comum nos

e na Europa para

do ruiacutedo produzido

para seus arredores

INGAL 2005) No

incipiente

exemplos como eacute o

no eixo rodoviaacuterio

o Rio de Janeiro e

conectando a cidade

s no estado de Satildeo

GEL 2007 SOUSA

e barreiras acuacutesticas

do ruiacutedo de traacutefego

entos inseridos no

entre a fonte e o

taneamente como

nora tais como um

irregular taludes

ntre outros As

a Rua da Aurora na

inda as edificaccedilotildees

trechos da Avenida

neiro por exemplo

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

42

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

das ao longo de via expressa elevada Japatildeo Fonte CICHINELLI 2007

rreira acuacutestica curva em concreto e eira acuacutestica metaacutelica na estrada entre CICHINELLI 2007

da Rodovia Bandeirantes no estado 2007

da sonora a partir de uma barreira uacutestica Fonte GERGES 2000

barreira acuacutestica metaacutelica instalada arreira acuacutestica em concreto e acriacutelico INELLI 2007

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

43

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 228 ndash Rua da Aurora no Bairro da Boa Vista na cidade do Recife configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fontehttpmaiovinteeseisblogspotcom2007_ 11_01_archivehtml Acesso em 080409

Figura 229 ndash Alguns trechos da Avenida Atlacircntica no Bairro de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro tambeacutem configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fonte httpwwwtravelpodcomtravel-photoorlanworldtrip200711 71589400avenida-atlantica-along-copacabana-beachjpgtpodhtml Acesso em 080409

aleacutem de funcionarem como barreiras acuacutesticas

espontacircneas ou natildeo intencionais tambeacutem

conformam um espaccedilo acuacutestico aberto em

ldquoLrdquo e pouco permeaacutevel ao ruiacutedo (Figura 228 e

229)

A partir da discussatildeo dos espaccedilos acuacutesticos e

da permeabilidade acuacutestica evidencia-se que a

interaccedilatildeo entre os diversos elementos que

compotildeem a forma urbana - o traccedilado e perfis

das vias o modo de implantaccedilatildeo das

edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as

proporccedilotildees densidade e maneira de ocupaccedilatildeo

das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de

espaccedilos livres ndash contribui determinantemente

para a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano

atraveacutes de muacuteltiplas reflexotildees do

espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave

fonte geradora de campos sonoros

reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de

aacutereas de sombra

Isto posto se o ruiacutedo urbano eacute considerado

um sistema composto essencialmente pela fonte

sonora pelo meio de propagaccedilatildeo e pelo receptor (LANG e BERANEK 1992 ANDERSON e

KURZE 1992) a forma urbana considerada a partir dos elementos que a compotildeem enquanto

percurso de transmissatildeo delineia influencia e determina em certa medida a trajetoacuteria de

propagaccedilatildeo da onda sonora19 Ou seja a forma urbana por meio das caracteriacutesticas singulares

apresentadas pelos seus elementos componentes iraacute influenciar o comportamento da propagaccedilatildeo

da onda sonora no meio urbano

19 ldquoEm certa medidardquo pois existem outros fatores que tambeacutem influenciam a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano mas a discussatildeo sobre a consideraccedilatildeo ou natildeo destes outros fatores seraacute melhor construiacuteda no proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

44

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito alto por elevada densidade de

ocupaccedilatildeo das quadras e por vias estreitas por exemplo tende em tese a ser menos permeaacutevel ao

ruiacutedo dificultando a propagaccedilatildeo sonora para outras aacutereas Tende ainda a criar espaccedilos

reverberantes ou semi-reverberantes com o niacutevel de pressatildeo sonora elevado em praticamente

todos os pontos de reflexatildeo com perdas miacutenimas ateacute a onda sonora alcanccedilar o topo das

edificaccedilotildees e direcionar-se a campo livre Por conseguinte este comportamento tende a propiciar

dependendo ainda da relaccedilatildeo com a fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano indesejaacutevel e

insalubre aos receptores existentes nas edificaccedilotildees daquela via

Jaacute uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito baixo por baixa densidade de

ocupaccedilatildeo das quadras e por vias largas tende teoricamente a ser mais permeaacutevel ao ruiacutedo

facilitando sua propagaccedilatildeo Por outro lado natildeo gera espaccedilos acuacutesticos propiacutecios a muacuteltiplas

reflexotildees fazendo com que a onda sonora encontre mais rapidamente o campo livre facilitando

sua dissipaccedilatildeo e propiciando dependendo ainda da fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano

desejaacutevel aos seus receptores

Deste modo a existecircncia de diferenccedilas e particularidades dos elementos que compotildeem as

distintas formas urbanas proporciona os mais diversificados comportamentos acuacutesticos de

propagaccedilatildeo sonora nos mais diferentes meios urbanos Ou seja do mesmo modo que cidades

bairros e ruas natildeo satildeo iguais entre si tampouco reproduziacuteveis em sua essecircncia o comportamento

acuacutestico tambeacutem natildeo seraacute ao contraacuterio constituiraacute um atributo exclusivo de cada espaccedilo urbano

Mas se para cada espaccedilo urbano existe um comportamento acuacutestico especiacutefico como deveraacute se

comportar a propagaccedilatildeo sonora de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de

modificaccedilotildees em elementos de sua forma urbana Em outras palavras como se comportaraacute a acuacutestica

urbana de um determinado local a partir do processo cronoloacutegico de modificaccedilotildees em sua forma urbana

Nos capiacutetulo que se segue Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas seratildeo apresentadas os percursos

investigativos que foram postos em praacutetica em busca de responder a este questionamento

____________________________________________

ANAacuteLISE D

Na verdade esta opccedilatildeo em

urbana considerando-a essen

de seu aspecto fiacutesico e m

convenientemente ao obje

presente pesquisa analisar

da acuacutestica urbana a partir

cronoloacutegicas na forma urba

esta anaacutelise do compor

implica em uma apropriaccedil

fiacutesica e material destas modif

Certamente a busca pela ap

urbana envolve muito

simplesmente sua forma

como jaacute aclarado No entan

da anaacutelise proposta por

apreensatildeo em totalid

fundamentalmente necessaacuter

apropriaccedilatildeo da forma urban

material ou uma variaacutevel fiacutes

finalidade derradeira de

comportamento acuacutestico

modificaccedilotildees nesta forma

Ao entender a observaccedilatildeo

essencialmente em seu aspec

(2004) propocircs uma classifica

dimensotildees

bull A dimensatildeo setorial

refere-se agrave menor u

do espaccedilo urbano co

uma praccedila ou uma

ponto o observador

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 24 ndash A cidadeo texemplificada por meio da cidadLAMAS 2004

Figura 23 ndash O bairro a escala ucidade portuguesa de Tavira Fonte

Figura 22 ndash Praccedila da Alagoa na ca dimensatildeo setorial Fonte LAMA

em observar a forma

sencialmente a partir

material responde

bjetivo primeiro da

ar o comportamento

rtir de modificaccedilotildees

rbana uma vez que

ortamento acuacutestico

riaccedilatildeo genuinamente

dificaccedilotildees

apreensatildeo da forma

o mais do que

a fiacutesica e material

tanto para realizaccedilatildeo

or este estudo tal

alidade natildeo eacute

saacuteria o que torna a

bana quase um meio

l fiacutesica para atingir a

e compreensatildeo do

a partir de

atildeo da forma urbana

pecto fiacutesico LAMAS

icaccedilatildeo em escalas ou

ndash a escala da rua

r unidade ou porccedilatildeo

como por exemplo

a rua onde de um

dor pode abarcar a

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

25

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

territoacuterioa dimensatildeo territorial dade portuguesa de Tavira Fonte

a urbana exemplificada por meio da nte LAMAS 2004

na cidade portuguesa de Tavira ilustra MAS 2004

____________________________________________

ANAacuteLISE D

unidade espacial d

(Figura 22)

bull A dimensatildeo urbana ndash

corresponde agraves pa

identificaacuteveis como

exemplo onde a

elementos da forma

atraveacutes do movime

percursos (Figura 23

bull E por fim a dimensatildeo

da cidade diz respeito

diferentes formas

articulaccedilatildeo de bai

entre si Sua forma

distribuiccedilatildeo de eleme

das cidades em con

suporte geograacutefico d

a articulaccedilatildeo de

circulaccedilatildeo entre os

entre zonas habitacio

entre outras (Figura 2

Dentre estas dimensotildees a u

bairro desperta particular

pesquisa uma vez que o e

limites de observaccedilatildeo atraveacute

de movimentos poderaacute aba

significante de modificaccedilotildee

forma urbana de determina

compreender o comport

acuacutestica urbana

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 25 ndash Exemplos de diversiflotes quarteirotildees e vias em difereNesta imagem um recorte do CONDEPE-FIDEM 1981

Figura 26 ndash Exemplos de diversiflotes quarteirotildees e vias em difereNesta imagem um recorte do baorigens da cidade entrecortadoBarreto Fonte CONDEPE-FIDE

Figura 27 ndash Exemplos de diveredifiacutecios lotes quarteirotildees e vias eRecife Nesta imagem um recessencialmente por morros o AltoFIDEM 1981

de seu conjunto

ndash a escala do bairro

partes homogecircneas

mo os bairros por

a observaccedilatildeo dos

a urbana eacute realizada

imento e de vaacuterios

23)

nsatildeo territorial ndash a escala

eito agrave articulaccedilatildeo de

as urbanas da

bairros interligados

ma eacute definida pela

mentos estruturantes

onformidade com o

o do siacutetio tais como

e ruas e vias de

s diferentes bairros

cionais e comerciais

a 24)

a urbana ndash escala do

lar interesse desta

o entendimento dos

veacutes de certo nuacutemero

barcar uma amostra

otildees cronoloacutegicas na

inado local a fim de

ortamento de sua

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

26

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

rsificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios erentes bairros da cidade do Recife o bairro de Boa Viagem Fonte

rsificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios erentes bairros da cidade do Recife bairro de Satildeo Joseacute que remete agraves do pela recente Avenida Dantas DEM 1981

versificadas concretizaccedilotildees entre os em diferentes bairros da cidade do

recorte de um bairro constituiacutedo lto do Mandu Fonte CONDEPE-

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

27

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

No entanto para apreender tal dimensatildeo devem-se conhecer e estabelecer quais elementos

miacutenimos da forma urbana que se relaciona com esta a dimensatildeo urbana e quais satildeo estes

elementos LAMAS (2004) propocircs onze elementos da forma urbana necessaacuterios para esta

apreensatildeo o solo (I) o edifiacutecio (II) o lote (III) o logradouro (IV) o quarteiratildeo (V) o traccediladoa

rua(VI) a praccedila (VII) a fachada (VIII) o monumento (IX) a vegetaccedilatildeo (X) e o mobiliaacuterio

urbano (XI) Dentre estes elementos seis possuem uma estreita relaccedilatildeo com esta pesquisa e

seratildeo expostos de acordo com consideraccedilotildees observadas por LAMAS 3 (2004) (Figuras 25 a 27)

O edifiacutecio representa o elemento miacutenimo identificaacutevel na observaccedilatildeo da forma urbana eacute atraveacutes

dele que se constitui o espaccedilo urbano e se organizam diferentes elementos tais como ruas praccedilas

avenidas entre outros Os edifiacutecios agrupam-se em diferentes tipos tanto em relaccedilatildeo a suas

formas quanto a suas funccedilotildees Estes elementos podem influenciar o comportamento da acuacutestica

urbana atuando enquanto objetos reflexivos da onda sonora e como barreiras acuacutesticas4

O lote representa o princiacutepio da relaccedilatildeo do edifiacutecio com o terreno A forma do lote eacute muitas

vezes condicionante da forma do edifiacutecio tornando-os vinculados por essecircncia o logradouro diz

respeito ao espaccedilo livres e natildeo construiacutedos no interior do lote aos quintais e jardins o quarteiratildeo

ou quadra pode ser considerado como o espaccedilo resultante entre o cruzamento de trecircs ou mais

vias podendo ser demarcado em vaacuterios lotes para a construccedilatildeo de edifiacutecios Juntos estes trecircs

elementos associados aos edifiacutecios podem propiciar uma maior ou menor permeabilidade

acuacutestica eou uma maior ou menor presenccedila de aacutereas de sombra no meio urbano

O traccedilado por meio das ruas ou vias eacute facilmente identificaacutevel no meio urbano Estaacute muitas vezes

condicionado ao siacutetio geograacutefico existente regula a disposiccedilatildeo dos edifiacutecios e quarteirotildees e

interliga os vaacuterios espaccedilos componentes da cidade e a cidade ao territoacuterio Normalmente o

traccedilado resiste agraves transformaccedilotildees na forma urbana por possuir um caraacuteter de permanecircncia natildeo

totalmente modificaacutevel O traccedilado engloba trajetoacuterias e caminhos que natildeo satildeo necessariamente

percorridos atraveacutes de automoacuteveis apesar disso estaacute em grande parte vinculado a uma das

principais fontes geradoras de ruiacutedo urbano ndash o traacutefego de veiacuteculos

3 Os outros elementos tambeacutem podem relacionar-se de diferentes maneiras com a acuacutestica urbana mas nem tanto com a presente pesquisa e por isso natildeo foram considerados 4 Todas as definiccedilotildees e conceitos acuacutesticos apresentados no presente item seratildeo elucidados no item seguinte 22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 28 ndash Os trecircs conjuntos formadores do tecido urbano segundo Panerai (2006) Fonte PANERAI 2006

A praccedila eacute um espaccedilo de geometria variada

intencionalmente inserido no meio urbano

cuja relaccedilatildeo com o traccedilado e os edifiacutecios

tambeacutem eacute intencional evidenciada atraveacutes do

seu desenho e natildeo acidentais como

alargamento e confluecircncias do traccedilado Aleacutem

disso a praccedila eacute um lugar de encontro de

permanecircncia e de praacuteticas sociais

Acusticamente dependendo de suas

proporccedilotildees a propagaccedilatildeo sonora que envolve

uma praccedila pode apresentar um

comportamento que se assemelha a

propagaccedilatildeo sonora em campo livre

Estes elementos constituintes da forma urbana

conceituados por LAMAS (2004) podem ser

identificados sob um diferente invoacutelucro

conceitual mas com a mesma essecircncia no que

PANERAI (2006) definiu como sendo

conjuntos do tecido urbano

Aplicado agrave cidade o termo ldquotecidordquo evoca a continuidade e a renovaccedilatildeo a permanecircncia e a variaccedilatildeo Ele explica a constituiccedilatildeo das cidades antigas e responde as questotildees levantadas pelo estudo das urbanizaccedilotildees recentes Ele pressupotildee uma atenccedilatildeo tanto ao banal quanto ao excepcional tanto agraves ruas comuns e agraves edificaccedilotildees corriqueiras quanto agraves regulamentaccedilotildees e aos monumentos Dentre as muacuteltiplas definiccedilotildees de tecido urbano e sem desprezar suas qualidades escolhemos a mais simples O tecido urbano eacute constituiacutedo pela superposiccedilatildeo ou imbricaccedilatildeo de trecircs conjuntos a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees Essa definiccedilatildeo potildee em evidecircncia os elementos que permitem que as diferentes partes da cidade evoluam ao mesmo tempo em que satildeo mantidas a coesatildeo de conjunto e a clareza de sua estrutura (PANERAI 2006 p 77-78 grifo nosso) (Figura 28)

Ao contraacuterio de LAMAS (2004) que considera a praccedila como um elemento da forma urbana por

si soacute PANERAI (2006) discute as vias ou traccedilado inseridas em uma relaccedilatildeo em rede onde

tambeacutem satildeo considerados como partes constituintes os largos passeios praccedilas esplanadas cais

pontes rios canais margens praias todos compondo o espaccedilo puacuteblico Eacute atraveacutes desta rede

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

29

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

contiacutenua e hierarquizada que acontecem as distribuiccedilotildees e circulaccedilotildees da cidade bem como sua

organizaccedilatildeo local e territorial

Jaacute os parcelamentos fundiaacuterios constituem a representaccedilatildeo negativa5 da rede de vias que evidencia o

domiacutenio construiacutedo Este domiacutenio natildeo se limita aos edifiacutecios mas tambeacutem envolve paacutetios

quintais terrenos baldios (PANERAI 2006) Embora PANERAI(2006) considere separadamente

o exame das edificaccedilotildees sugere-se que este domiacutenio construiacutedo envolve quatro dos elementos da

forma urbana elencados por LAMAS (2004) o edifiacutecio o lote o logradouro e o quarteiratildeo

Para PANERAI (2006) as edificaccedilotildees ou edifiacutecios satildeo consideradas construccedilotildees subordinadas ao

espaccedilo puacuteblico ou seja a rede de vias sendo por ele estruturada e que acrescentam a dimensatildeo

vertical ao tecido urbano Tal subordinaccedilatildeo permite que haja uma dependecircncia reciacuteproca entre os

edifiacutecios ainda que eles pertenccedilam a eacutepocas diferentes fazendo com que sua renovaccedilatildeo aconteccedila

sem que haja grandes perdas na unidade do conjunto

Ao estruturar sua concepccedilatildeo dos elementos componentes da forma urbana DEL RIO (1990) eacute

bem mais sinteacutetico e objetivo mas assim como LAMAS (2000) e PANERAI (2006) seus

elementos possuem similaridades e ateacute repeticcedilotildees que praticamente reproduzem a mesma

essecircncia conceitual dos outros dois autores Estes elementos por serem estruturados tatildeo

objetivamente seratildeo apresentados em citaccedilatildeo direta satildeo eles

- crescimento os modos as intensidades e direccedilotildees elementos geradores e reguladores limites e superaccedilatildeo de limites modificaccedilatildeo de estruturas pontos de cristalizaccedilatildeo etc - traccedilado e parcelamento ordenadores do espaccedilo estrutura fundiaacuteria relaccedilotildees distacircncias circulaccedilatildeo e acessibilidade etc - tipologias dos elementos urbanos inventaacuterio e categorizaccedilatildeo de tipologias ediliacutecias (residecircncias comercio etc) de lotes e sua ocupaccedilatildeo de quarteirotildees e sua ocupaccedilatildeo de praccedilas esquinas etc - articulaccedilotildees relaccedilotildees entre elementos hierarquias domiacutenios do publico e privado densidades relaccedilotildees entre cheios e vazios etc (DEL RIO 1990 p 83 grifos do autor)

Dentre todos os elementos expostos a partir dos trecircs autores existe um importante fenocircmeno

relacionando-os em distintas intensidades e que merece ser considerado por influenciar

definitivamente na modificaccedilatildeo da forma urbana ndash o adensamento

5 No sentido de uma fotografia onde os claros e os escuros satildeo representados no negativo de modo contraacuterio ao do objeto fotografado

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

30

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 29 ndash O adensamento das ilhas do Bairro do Recife e de Santo Antocircnio (imagem) ocorreu tanto pelo preenchimento progressivo desde o inicio da ocupaccedilatildeo da cidade quanto por meio da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees anteriores Fontehttppedrodealbuquerquewordpresscomcategorypernambuco Acesso em 201109

O adensamento ocorre a partir de dois modos

essenciais de ocupaccedilatildeo o primeiro a partir do

preenchimento progressivo do espaccedilo urbano

e o segundo a partir da substituiccedilatildeo completa

por meio de demoliccedilatildeo de edificaccedilotildees

anteriores (PANERAI 2006) (Figura 29)

A primeira forma de adensamento ocorre sem

a expansatildeo territorial por meio do

preenchimento progressivo de todas as

reservas fundiaacuterias e espaccedilos livres de

determinado meio urbano Eacute um

adensamento inserido em limitesbarreiras

preacute-estabelecidos naturais ou natildeo tais como

uma via expressa irregularidades geograacuteficas

do siacutetio ou ainda numa escala menor a proacutepria quadra pode ser um limite para saturaccedilatildeo gradual

em seu interior desmembramento ou remembramento dos lotes para construccedilatildeo de novas

edificaccedilotildees verticalizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo de antigos quintais eou jardins (PANERAI 2006)

A segunda forma de adensamento acontece atraveacutes da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees

anteriormente existentes por novas construccedilotildees de maior porte tanto em relaccedilatildeo agrave ocupaccedilatildeo do

solo por meio do remembramento de lotes quanto em relaccedilatildeo ao seu gabarito Esta forma de

adensamento permite a renovaccedilatildeo do espaccedilo urbano sem aumentar sua aacuterea de abrangecircncia sem

sua expansatildeo (PANERAI 2006)

Ambas as formas de adensamento transformam essencialmente a forma urbana e o modo como

se relacionam seus elementos componentes A identificaccedilatildeo desta transformaccedilatildeo em determinado

meio urbano gerada pelo adensamento eacute indispensaacutevel para anaacutelise do comportamento da

acuacutestica urbana a partir de modificaccedilotildees na forma urbana deste mesmo meio uma vez que o

adensamento pode influenciar na propagaccedilatildeo sonora proporcionando uma maior quantidade de

objetos reflexivos de barreiras acuacutesticas e favorecendo a diminuiccedilatildeo da permeabilidade acuacutestica

Por fim a partir exposiccedilatildeo de determinados elementos considerados por LAMAS (2004) ndash o

edifiacutecio o lote o logradouro o quarteiratildeo o traccediladoa rua e a praccedila dos conjuntos considerados

por PANERAI (2006) ndash a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees dos

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

31

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

elementos considerados por DEL RIO (1990) ndash crescimento traccedilado e parcelamento tipologias

dos elementos urbanos e as articulaccedilotildees e em busca de atingir seu objetivo principal esta

pesquisa consideraraacute a forma urbana inserida em um recorte que a considera essencialmente a

partir de seu aspecto fiacutesico e material e cujos elementos componentes considerados seratildeo

exclusivamente

1 As parcelas fundiaacuterias ndash consideradas por meio das quadras e lotes incluindo sua relaccedilatildeo

de modo de ocupaccedilatildeo das edificaccedilotildees sua densidade e seus espaccedilos livres

2 As edificaccedilotildees ndash consideradas atraveacutes de sua relaccedilatildeo de modo de ocupaccedilatildeo com os

lotes e do grau de verticalizaccedilatildeo (gabarito baixo meacutedio e alto)

3 As vias ndash consideradas como reguladoras da relaccedilatildeo com as edificaccedilotildees e quarteirotildees e

principalmente apreciadas como estreitamente vinculadas a uma das principais fontes

geradoras de ruiacutedo urbano (o traacutefego de veiacuteculos)

Estes seratildeo os elementos componentes da forma urbana que esta pesquisa se apropriaraacute no

decurso do caminho a fim de analisar o comportamento acuacutestico a partir de modificaccedilotildees

cronoloacutegicas em determinada forma urbana Nos paraacutegrafos seguintes discutem-se os conceitos e

relaccedilotildees que permeiam a acuacutestica urbana

22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais

A acuacutestica eacute a ciecircncia do som incluindo sua geraccedilatildeo transmissatildeo e recepccedilatildeo de energia sob a

forma de ondas vibracionais na mateacuteria (KINSLER et al 1982) Ela eacute uma ciecircncia

multidimensional e interligada a vaacuterios domiacutenios cientiacuteficos Seu objeto de estudo fundamental o

som delineia uma seacuterie de interfaces multidisciplinares com abordagens em diversificadas aacutereas

do conhecimento (Figura 210)

Desse modo quando a geraccedilatildeo transmissatildeo e efeitos do som estatildeo inseridos no meio urbano

seu desdobramento eacute estudado pela aacuterea de conhecimento da acuacutestica urbana muitas vezes

tambeacutem nomeada de acuacutestica ambiental

O objeto de estudo fundamental da acuacutestica o som eacute a sensaccedilatildeo produzida no ouvido por

pequenas flutuaccedilotildees da pressatildeo do ar (HANSEN 2005) ou seja eacute uma percepccedilatildeo sensorial e seu

____________________________________________

ANAacuteLISE D

complexo padratildeo de ondas s

de ruiacutedo muacutesica fala

(BERGLUND et al 1999)

Esta definiccedilatildeo do som tend

a percepccedilatildeo do ouvido

conceito psicofiacutesico Fisicame

vibraccedilatildeo mecacircnica que

progressivamente atraveacutes de

gasoso liacutequido ou soacutelido (SIN

Esta vibraccedilatildeo quando tran

que o rodeia nem sempre

aparelho auditivo humano

frequumlecircncia6 audiacutevel encontra

20 a 20000 Hz para um

(BRUumlEL amp KJAEligR 1984

1982) Frequumlecircncias acima de

altas para respostas fisioloacuteg

chamadas de ultrasons Jaacute as

de 20 Hz satildeo chamadas de

detectaacuteveis pelo ouvido hum

prejudiciais agrave sua sauacutede7

1982 SOUSA 2004)

Fisicamente o som e o ruiacutedo

ambos se propagam em mei

detectados pelo ouvido hu

enquanto o som eacute utilizado

6 A frequumlecircncia eacute o nuacutemero de ciclo(HANSEN 1995) 7 A exposiccedilatildeo a baixas frequumlecircncias depressatildeo irritabilidade e perturba pro

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 210 ndash Interfaces multidFonte Elaborado pela autora a pa

Figura 211 ndash Fonte sonora ponSOUZA 2006

as sonoras eacute rotulado

ala entre outros

ndo como referecircncia

o humano eacute um

mente o som eacute uma

que se propaga

de um meio material

(SINGAL 2005)

transmitida ao meio

re eacute detectaacutevel pelo

ano cuja faixa de

tra-se no intervalo de

um jovem saudaacutevel

4 KINSLER et al

de 20000 Hz muito

loacutegicas auditivas satildeo

as frequumlecircncias abaixo

de infrasons e natildeo satildeo

umano contudo satildeo

(KINSLER et al

iacutedo constituem o mesmo fenocircmeno de variaccedilotildee

eio elaacutestico (soacutelido liacutequido ou gasoso) e ambos

humano (BERGLUND et al 1999 HANSEN

do para descrever percepccedilotildees sonoras agradaacutev

iclos que a onda sonora completa no tempo de um segundo

as pode gerar a doenccedila Vibroacuacutestica que induz o espessamprocessos cognitivos (BRANCO e PEREIRA 2004)

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

32

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

ltidisciplinares do estudo do som partir de BISTAFA 2006

ontual e fonte sonora linear Fonte

otildees de pressatildeo ambiente

bos satildeo capazes de serem

EN 1995) No entanto

daacuteveis o ruiacutedo descreve

do e eacute medida em Hertz (Hz)

amento das estruturas cardiacuteacas

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

33

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 212 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora pontual de 6 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007

percepccedilotildees sonoras desagradaacuteveis incorporando um aspecto de subjetividade agrave sua definiccedilatildeo

(BRUumlEL amp KJAEligR 1984 HANSEN 2005 BRASIL 2006 SINGAL 2005)

Tal subjetividade acarreta diferentes e individuais percepccedilotildees sonoras pelo ser humano e

portanto em diferentes reaccedilotildees agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo Em outras palavras o que se estabelece

como som para um indiviacuteduo pode representar ruiacutedo para outro

[] as respostas inerentes ao ruiacutedo satildeo complexas dependendo tanto dos fatores propriamente acuacutesticos quanto dos psicossociais contextuais simboacutelicos emocionais como daqueles de valor especiacutefico Essas variaacuteveis participam da singularidade da escuta e atuam como filtros que modificam a percepccedilatildeo do sinal fiacutesico sonoro (SANTOS e MARTINS 2005 p 216)

Enquanto sua percepccedilatildeo envolve a subjetividade as respostas fisioloacutegicas agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo satildeo

mais objetivas e seus danos satildeo mais facilmente identificaacuteveis O ruiacutedo pode gerar complicaccedilotildees

no sistema circulatoacuterio e hormonal perda gradativa da audiccedilatildeo distuacuterbios de sono estresse

irritabilidade neuroses desconforto e dificuldade de aprendizado entre outros danos

(BERGLUND et al1999 HANSEN 2005 KINSLER et al 1982 MURGEL 2007 NAGEM

2004 NUNES 2006 PAZ et al 2005 SINGAL 2005 ZANNIN et al 2002)

O ruiacutedo pode se originar de variadas fontes presentes em diversificados ambientes as mais

comumente encontradas satildeo as fontes sonoras pontuais e as lineares (Figura 211) A fonte pontual

possui dimensotildees finitas e emite o mesmo niacutevel de pressatildeo sonora uniformemente para todas as

direccedilotildees sendo seu decaimento em campo livre de 6 dB para cada dobro da distacircncia (Figura

212) (HANSEN 2005 SOUSA 2004)

Jaacute a fonte linear eacute formada por certo nuacutemero de

fontes pontuais dispostas linearmente cuja

emissatildeo sonora eacute contiacutenua ao longo desta

linha sendo seu decaimento em campo livre

de 3 dB para cada dobro da distacircncia (Figura

213) (HANSEN 2005 PAZ 2004)

Quando propagadas no meio urbano a

combinaccedilatildeo de tais fontes sonoras associadas

ao percurso de transmissatildeo e ao receptor

constitui o ruiacutedo urbano (urban noise) tambeacutem

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 213 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora linear de 3 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007

chamado de ruiacutedo ambiental (environmental

noise) ou ruiacutedo comunitaacuterio (community noise)

(BERGLUND et al1999 GUEDES 2005

SOUSA 2004)

O ruiacutedo urbano pode ser gerado a partir do

traacutefego de veiacuteculos terrestres e aeacutereos de

obras de construccedilatildeo civil de estabelecimentos

industriais de estabelecimentos comerciais e

de serviccedilos de sistemas de propaganda

volante ou permanente8 e ruiacutedos de outras atividades cuja propagaccedilatildeo sonora pode afetar o bem-

estar e a sauacutede dos citadinos (BARRON 2003 BERGLUND et al1999 KINSLER et al 1982

NAGEM 2004 NUNES 2006 SINGAL 2005)

Apesar de esporaacutedica outra fonte de ruiacutedo gerada em meio urbano satildeo os eventos puacuteblicos tais

como festas shows comiacutecios carnavais fora de eacutepoca entre outros As fontes de ruiacutedo presentes

nestes eventos atingem um alto niacutevel de pressatildeo sonora9 e abrangem uma grande quantidade

populacional logo independente de ocorrer poucas vezes durante o ano satildeo eventos

extremamente danosos a sauacutede e principalmente agrave audiccedilatildeo a partir de 80 dB(A) natildeo importa se

a sensaccedilatildeo sonora eacute prazerosa ou natildeo ela eacute necessariamente prejudicial10 (Tabela 21) (NUNES

2006)

Quando a intensidade dos ruiacutedos urbanos torna-se excessivamente desagradaacutevel eou nociva o

ruiacutedo passa a ser considerado uma forma de poluiccedilatildeo ambiental11 - a poluiccedilatildeo sonora A

necessidade de regulamentaccedilatildeo da poluiccedilatildeo sonora renuncia os aspectos de subjetividade

existentes e inerentes ao conceito de ruiacutedo na tentativa de sintetizar e estabelecer limites leis

normas meacutetodos e accedilotildees que representem um universo sonoro equivalente para toda a

populaccedilatildeo na tentativa de controlar e mitigar o ruiacutedo urbano

8 Carros de som bicicletas com som raacutedios comunitaacuterias entre outros 9 O niacutevel de pressatildeo sonora eacute a medida fiacutesica preferencial para caracterizar a sensaccedilatildeo subjetiva da intensidade dos sons e de acordo com a lei de Weber e Fechner a sensaccedilatildeo sonora eacute proporcional ao logaritmo da intensidade sonora NPS=20 log (pp0) onde p eacute a pressatildeo sonora em Pascal e p0 eacute a pressatildeo sonora de referecircncia (2 10-5 Pascal) (BISTAFA 2006 NIEMEYER 2007) 10 Outros niacuteveis de ruiacutedo tambeacutem podem ser prejudiciais em maior ou menor grau dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora 11 ldquoPoluiccedilatildeo eacute a degradaccedilatildeo da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente a) prejudiquem a sauacutede a seguranccedila e o bem-estar da populaccedilatildeo b) criem condiccedilotildees adversas agraves atividades sociais e econocircmicas c) afetem desfavoravelmente a biota d) afetem as condiccedilotildees esteacuteticas ou sanitaacuterias do meio ambiente e) lancem mateacuterias ou energia em desacordo com os padrotildees ambientais estabelecidosrdquo (BRASIL 1981 p 1 e 2)

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Tabela 21 ndash Os niacuteveis de pressatildeo sonora e suas consequumlecircncias fisioloacutegicas no homem Em alguns casos podem a intensidade das reaccedilotildees fisioloacutegicas podem variar dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora Fonte elaborado pela autora a partir de KINSLER et al 1992 SINGAL 2005 SOUZA 2006

Assim sendo na esfera federal a Constituiccedilatildeo Federal (Art255) o Coacutedigo Civil Brasileiro (Lei ndeg

1040602) a Lei das Contravenccedilotildees Penais (Decreto-lei nordm 368841) e a Lei dos Crimes

Ambientais (Lei nordm 960598) versam a partir de diferentes abordagens e diferentes

procedimentos legais sobre a poluiccedilatildeo sonora e suas respectivas perturbaccedilotildees (CARNEIRO

2009)

NIacuteVEIS DE PRESSAtildeO SONORA E SUAS CONSEQUEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS

Niacutevel de Pressatildeo sonora

em dB(A)

Caracteriacutesticas FISIOLOacuteGICAS

Ambiente ou atividade

0 a 30 Nenhuma Tremular de folhas de uma aacutervore sussurros

aacuterea de mata selvagem

30 a 50 Nenhuma Cantar de paacutessaros rua calma em aacuterea residencial durante noite

50 a 70 Marca o iniacutecio do estresse

auditivo Rua agitada um restaurante barulhento

70 a 90 Estressante e bastante

excitante Chegada de um trem na estaccedilatildeo carro a 100 Kmh

conversa a gritos

90 a 110 Extremamente excitante provocando dependecircncia

Caminhatildeo pesado a 60 Kmh alarme de viatura passagem de trem numa estaccedilatildeo ou cabine de um aviatildeo monomotor

110 a 130

Desconfortavelmente alto atingindo o limiar da dor podendo causar surdez

instantacircnea

Trem passando em trilhos elevados martelo pneumaacutetico interior de uma boate show de banda de rock

130 a 140 Acima do limiar da dor

causando surdez permanente Decolagem de aviatildeo a jato a 5m de distacircncia disparos de artilharia

Ainda no domiacutenio federal o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) publicou vaacuterias

resoluccedilotildees que estabelecem normas de preservaccedilatildeo ao meio ambiente incluindo o combate a

poluiccedilatildeo sonora12 Nestas resoluccedilotildees todas as atividades geradoras de ruiacutedo devem seguir

diretrizes vinculadas agrave Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas ndash ABNT e ao Conselho

Nacional de Tracircnsito - CONTRAN no caso de ruiacutedo produzido por veiacuteculos automotores

(NAGEM 2004)

Tais resoluccedilotildees normas e diretrizes refletidas no domiacutenio estadual e municipal deram origem agrave

Lei Estadual nordm 12789 de 28 de Abril de 2005 (PERNAMBUCO2005) conhecida como ldquoLei do

12 Satildeo elas RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 272 de 14 de setembro de 2000

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Silecircnciordquo e que dispotildee sobre ruiacutedos urbanos poluiccedilatildeo sonora e proteccedilatildeo do bem-estar e do

sossego puacuteblico e agrave Lei nordm 16243 de 13 de setembro de 1996 ndash Coacutedigo do Meio Ambiente e do

Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife (RECIFE 1996a) que estabelece a poliacutetica do meio ambiente da

cidade do Recife incluindo regulamentaccedilatildeo de emissotildees sonoras entre outras providecircncias

tendo como suporte a Lei 1617696 de 9 de Abril de 1996 ndash Lei de Uso e Ocupaccedilatildeo do Solo da

Cidade do Recife ndash LUOS (RECIFE 1996b)

Apesar da existecircncia desta grande quantidade de leis federais estaduais e municipais apesar da

LUOS legislar sobre a etapa de aprovaccedilatildeo de projetos para a construccedilatildeo de empreendimentos

com usos geradores de incocircmodo agrave vizinhanccedila incluindo usos potencialmente geradores de ruiacutedos

submetendo-os agrave anaacutelise teacutecnica eou agrave anaacutelise especial e apesar do Coacutedigo do Meio Ambiente e

do Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife estabelecer limites maacuteximos permitidos de ruiacutedo na praacutetica a

accedilatildeo contra a poluiccedilatildeo sonora em Recife adquire caraacuteter corretivo pelos oacutergatildeos reguladores agrave

conduta do infrator geralmente a partir de denuacutencias da populaccedilatildeo apoacutes a consolidaccedilatildeo da fonte

geradora de ruiacutedo no meio urbano (JORNAL DO COMEacuteRCIO 2008 JC ONLINE 2005)

Outro exemplo local de desatenccedilatildeo agrave poluiccedilatildeo sonora eacute a inexistecircncia dentre vaacuterios outros tipos

de degradaccedilatildeo ambiental presentes de qualquer referecircncia a respeito da poluiccedilatildeo sonora em

documento produzido pela Prefeitura da Cidade do Recife no ano 2000 o Atlas Ambiental da

Cidade do Recife (RECIFE 2000)

Diante da aplicabilidade ineficaz da legislaccedilatildeo vigente em Novembro de 2009 foi lanccedilado pelo

Ministeacuterio Puacuteblico de Pernambuco a cartilha Poluiccedilatildeo sonora Silento e o barulho13 que versa sobre as

posturas e accedilotildees direitos e deveres dos diversos agentes envolvidos na produccedilatildeo e recepccedilatildeo da

poluiccedilatildeo sonora indicando como devem agir a viacutetima o policial o estado o construtor poluidor

o proprietaacuterio de carro de som poluidor entre outros A cartilha tambeacutem disponibiliza uma seacuterie

de formulaacuterios modelos de acordo com os diferentes tipos de poluiccedilatildeo sonora Estes formulaacuterios satildeo

exemplos para serem utilizados tanto pela viacutetima da poluiccedilatildeo sonora quanto pelo policial civil

militar promotor de justiccedila e ateacute mesmo pelo poluidor - o que poderaacute tornar esta cartilha um

importante instrumento para aplicaccedilatildeo das leis vigentes (CARNEIRO 2009)

Embora negligenciada e em oposiccedilatildeo a diversos outros problemas ambientais mundiais a

poluiccedilatildeo sonora continua a crescer e eacute acompanhada pelo aumento no nuacutemero de reclamaccedilotildees de

13 ldquoSilentordquo eacute um personagem criado para narrar alguns trechos interativos da cartilha

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 214 ndash Relaccedilatildeo entre o desenvolvimento industrial da sociedade que possibilita o aumento e concentraccedilatildeo de fontes sonoras e seus impactos em relaccedilatildeo ao ruiacutedo nas comunidades apontando trecircs previsotildees futuras de acordo com diferentes accedilotildees possiacuteveis de regulamentaccedilatildeo contra do ruiacutedo Fonte elaborado pela autora a partir de BERGLUND et al 1999

pessoas expostas ao ruiacutedo a partir do aumento da consciecircncia de seus direitos legais

(BERGLUND et al1999)

Para World Health Organization (WHO)14 a poluiccedilatildeo sonora jaacute eacute um dos problemas ambientais que

atingem o maior nuacutemero de pessoas no planeta perdendo apenas para a poluiccedilatildeo do ar e da aacutegua

(KIHLMAN 2004 2005) Este crescimento contiacutenuo da poluiccedilatildeo sonora e por conseguinte do

ruiacutedo urbano possui uma estreita relaccedilatildeo com as raacutepidas transformaccedilotildees ocorridas no meio

urbano nas uacuteltimas deacutecadas O desenvolvimento acelerado e a expansatildeo das cidades implicaram

em modificaccedilotildees em elementos da forma urbana em alto iacutendice de crescimento demograacutefico da

populaccedilatildeo urbana e em consequumlente aumento e concentraccedilatildeo de diversos tipos de fontes

geradoras de poluiccedilatildeo sonora (BRASIL 1990a1990b GUEDES 2005 PAZ 2009 ZANNIN et

al 2002) (Figura 214)

Entre estas fontes urbanas geradoras de poluiccedilatildeo sonora uma das que mais contribuem com o

aumento do ruiacutedo urbano aleacutem de ser considerada uma das fontes mais intrusivas e a mais

percebida pela populaccedilatildeo das grandes cidades eacute o traacutefego de veiacuteculos (DINIZ 2003 FRITSCH et al

2007 LACERDA et al 2005 PAZ 2004 ZANNIN et al 2003)

O ruiacutedo do traacutefego de veiacuteculos eacute gerado a

partir do ruiacutedo veicular que proveacutem

essencialmente do sistema de propulsatildeo do

motor do atrito entre o veiacuteculo e o ar (ruiacutedo

aerodinacircmico) e do atrito entre o pneu e o piso

(MURGEL 2007 KINSLER et al 1982) e da

relaccedilatildeo entre o veiacuteculocondutor e as

configuraccedilotildees das vias em que ele estaacute inserido

a aceleraccedilatildeo eou desaceleraccedilatildeo do motor de

acordo com a caracterizaccedilatildeo das vias - a

presenccedila de cruzamentos semaacuteforos faixas de

pedestres etc a intensidade do fluxo de

veiacuteculos e a proporccedilatildeo entre veiacuteculos leves e os

veiacuteculos pesados a frequumlecircncia de

14 Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede ndash OMS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

acionamentos de buzinas o tipo de acabamento da superfiacutecie das vias (concreto asfalto brita

terra batida) etc (SINGAL 2005)

Tais vias geradoras do ruiacutedo de traacutefego aleacutem de serem interceptadas por outras vias satildeo

comumente ladeadas por configuraccedilotildees bastante variaacuteveis desde edificaccedilotildees com formas

implantaccedilotildees e gabaritos diversificados a lotes ainda natildeo ocupados caracterizando a propagaccedilatildeo

do ruiacutedo de traacutefego urbano por muacuteltiplas reflexotildees responsaacuteveis pelo espalhamento do ruiacutedo

para vias adjacentes pelo surgimento de campos sonoros reverberantes pela difraccedilatildeo do ruiacutedo e

pelo surgimento de aacutereas de sombra (SINGAL 2005 RANDRIANOELINA e SALOMONS

2008) Ou seja a propagaccedilatildeo do ruiacutedo urbano gerado pelo traacutefego de veiacuteculos possui uma

interaccedilatildeo singular com elementos da forma urbana

Assim sendo tanto por sua participaccedilatildeo determinante na constituiccedilatildeo do ruiacutedo urbano quanto

por sua particular relaccedilatildeo com os elementos que compotildeem a forma urbana o ruiacutedo de traacutefego

seraacute a uacutenica fonte sonora considerada na presente pesquisa conforme seraacute melhor elucidado no

proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas

A interaccedilatildeo entre o ruiacutedo urbano e a forma urbana dependeraacute diretamente das configuraccedilotildees de

certos elementos que compotildeem esta forma urbana o traccedilado e perfis das vias a maneira de

implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade e

forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres tais como praccedilas e

largos (GUEDES 2005 SANTOS e MARTINS 2005) Estes elementos podem ser

acusticamente caracterizados a partir do tipo de espaccedilo acuacutestico e da permeabilidade acuacutestica

O espaccedilo acuacutestico tambeacutem nomeado de campo acuacutestico eacute a porccedilatildeo de determinado espaccedilo onde

acontecem as vibraccedilotildees sonoras podendo ser caracterizado no meio urbano como espaccedilo

acuacutestico aberto ou fechado (NIEMEYER 2007)

O espaccedilo acuacutestico aberto aproxima-se da propagaccedilatildeo em campo livre que eacute caracterizado pela ausecircncia

de obstaacuteculos que modifiquem a propagaccedilatildeo sonora entre a fonte e o receptor Assim no meio

urbano o espaccedilo cuja propagaccedilatildeo sonora envolva poucas ou nenhuma reflexatildeo e poucos ou

nenhum obstaacuteculo pode ser considerado um espaccedilo acuacutestico aberto como por exemplo o

espaccedilo acuacutestico com perfil em ldquoLrdquo tais como vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas uma de

suas margens (Figuras 215 e 216) (NIEMEYER 2007) No espaccedilo acuacutestico aberto o niacutevel de

pressatildeo sonora decai 6 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (LANG

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 215 ndash Propagaccedilatildeo sonora em Campo acuacutestico aberto Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001

Figura 216 ndash Campo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo FonteNIEMEYER 2007

Figura 217 ndash Propagaccedilatildeo sonora em campo acuacutestico fechado causando o fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001

e BERANEK 1992) isto eacute o ruiacutedo percebido

pelo receptor diminui em funccedilatildeo da

duplicaccedilatildeo da distacircncia da fonte sonora15

Praccedilas parques e largos com grandes

dimensotildees vias de traacutefego marginais a praias

vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas

uma de suas margens ou espaccedilos livres

urbanos de grandes dimensotildees caracterizam

alguns exemplos de espaccedilos acuacutesticos abertos

No espaccedilo acuacutestico fechado as ondas sonoras

sofrem muacuteltiplas reflexotildees fazendo com que o

seu niacutevel sonoro decaia muito lentamente

sendo praticamente o mesmo em vaacuterias

posiccedilotildees ateacute que esta onda sonora encontre

uma saiacuteda para campo livre caracterizando o

fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana16 17(Figura

217) (GUEDES 2005 NIEMEYER 2007)

Os espaccedilos acuacutesticos fechados podem ser

reverberantes quando a onda sonora tarda a

encontrar o campo livre gerando um grande

nuacutemero de reflexotildees ou semi-reverberantes

quando a onda sonora encontra o campo livre

um pouco mais rapidamente do que no

reverberante gerando um nuacutemero menor mas

ainda grande de reflexotildees

15 Este decaimento eacute para fontes pontuais para fontes lineares o decaimento eacute de 3 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (GERGES 2000) 16 A reverberaccedilatildeo eacute a persistecircncia de um som depois de ter sido extinta a sua emissatildeo por uma fonte e ocorre como resultado de reflexotildees em ambientes total ou parcialmente fechados (GONZALEZ e LOPES 1993) 17 Alguns espaccedilos acuacutesticos fechados tambeacutem podem amplificar o niacutevel de pressatildeo sonora mas este fenocircmeno ocorre em determinados espaccedilos acuacutesticos fechados reverberantes

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 218 ndash Campo acuacutestico fechado em perfl ldquoUrdquo tambeacutem chamado de canyons urbanos Fonte NIEMEYER 2007

No meio urbano o espaccedilo acuacutestico fechado

reverberante possui comumente um perfil em

ldquoUrdquo (Figura 218) tambeacutem chamados de

canyons urbanos que podem amplificar

consideravelmente a propagaccedilatildeo sonora das

vias de traacutefego atraveacutes de reflexotildees muacuteltiplas

geradas pelas fachadas paralelas das

edificaccedilotildees que circundam estas vias

(ANDERSON e KURZE 1992) Assim neste

tipo de espaccedilo acuacutestico a propagaccedilatildeo sonora

natildeo depende exclusivamente da distacircncia entre

a fonte e o receptor como no espaccedilo acuacutestico

aberto depende ainda da configuraccedilatildeo dos

elementos que compotildeem a forma urbana e

dos coeficientes de absorccedilatildeo dos materiais que

revestem as superfiacutecies refletoras18

(NIEMEYER 2007)

Praccedilas parques e largos com pequenas dimensotildees e cercados por edificaccedilotildees conjugadas vias de

traacutefego com edificaccedilotildees (conjugadas ou com pequenos recuos entre elas) em ambos os lados

tuacuteneis passagens subterracircneas e espaccedilos livres abaixo de viadutos caracterizam alguns exemplos

de espaccedilos acuacutesticos fechados

A caracterizaccedilatildeo de um espaccedilo acuacutestico como sendo aberto ou fechado delinearaacute como a onda

sonora iraacute espalhar-se no meio urbano cujas configuraccedilotildees dos elementos que o compotildeem

podem facilitar ou dificultar a trajetoacuteria desta onda sonora para aleacutem do local de sua emissatildeo

tornando o meio urbano mais ou menos permeaacutevel a sua propagaccedilatildeo

18 No meio urbano as superfiacutecies refletoras satildeo predominantemente formadas por fachadas e muros de edificaccedilotildees que possuem certa uniformidade na utilizaccedilatildeo de materiais altamente reflexivos e com baixos coeficientes de absorccedilatildeo tais como granito maacutermore ceracircmica esmaltada vidro Assim o coeficiente de absorccedilatildeo de uma edificaccedilatildeo para outra seraacute praticamente o mesmo sofrendo miacutenimas variaccedilotildees permitindo sua natildeo consideraccedilatildeo

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41

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 220 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees em uma quadra permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007

Figura 221 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjugadas em uma quadra pouco permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007

Figura 219 ndash Permeabilidade acuacutestica - percursos da onda sonora gerados em meio urbano Fonte NIEMEYER 2007

Figura 222 ndash Barreira acuacutestica entre a fonte e o receptor FonteANDERSON e KURZE 1992

Assim sendo a permeabilidade acuacutestica refere-se

aos percursos da onda sonora gerados no

meio urbano (Figura 219) (GUEDES 2005

NIEMEYER 2007) A intensidade da

permeabilidade acuacutestica - mais ou menos

permeaacutevel - dependeraacute da capacidade de

certos elementos urbanos de promover ou

conter a propagaccedilatildeo da onda sonora tais

como o traccedilado e perfis das vias a maneira de

implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem

como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade

e forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila

ou ausecircncia de espaccedilos livres (Figuras 220 e

221)

A permeabilidade acuacutestica relaciona-se ainda

com as barreiras acuacutesticas Isoladamente o

conceito de barreiras acuacutesticas refere-se a

qualquer objeto que possa ser considerado um

obstaacuteculo agrave ligaccedilatildeo direta e sem interferecircncias

entre a fonte e o receptor (Figura 222)

(ANDERSON e KURZE 1992 GERGES

2000) Ao bloquear o percurso direto entre a

fonte e o receptor a onda sonora poderaacute ser

absorvida eou refletida pela superfiacutecie da

barreira transmitida atraveacutes da barreira ou

difratada a partir do topo da barreira

(BARRON 2003 SINGAL 2005)

A difraccedilatildeo eacute um fenocircmeno que permite que as

ondas sonoras sejam capazes de contornar

determinados obstaacuteculos gerando uma aacuterea de

sombra acuacutestica que possui limites espaciais

variaacuteveis de acordo com a posiccedilatildeo da fonte

____________________________________________

ANAacuteLISE D

sonora e de sua localizaccedilatilde

receptor que por sua vez

sonora difratada pelas borda

um decaimento maior do qu

campo livre (Figura 223) (N

1968 NIEMEYER 2007 PA

O uso de barreiras acuacutestic

EUA Japatildeo Austraacutelia e

reduccedilatildeo da propagaccedilatildeo do

pelo traacutefego rodoviaacuterio pa

(Figuras 224 a 226) (SIN

Brasil esta praacutetica ainda eacute inc

restringindo-se a poucos exe

caso da barreira acuacutestica no

Linha Amarela na cidade do

na Rodovia Bandeirantes co

de Satildeo Paulo a Campinas

Paulo (Figura 227) (MURGE

2004)

Embora a implantaccedilatildeo de b

esteja vinculada agrave reduccedilatildeo do

rodoviaacuterio outros elemen

meio urbano situados ent

receptor atuam espontan

barreiras agrave propagaccedilatildeo sono

terreno com topografia i

muros edificaccedilotildees entr

edificaccedilotildees conjugadas da R

cidade do Recife ou aind

conjugadas em alguns trec

Atlacircntica no Rio de Janei

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 226 ndash Barreiras instaladasem aacuterea residencial de Toacutequio Jap

Figura 224 ndash Agrave esquerda barreacriacutelico na Suiacuteccedila Agrave direita barreiraPaacutedua e Veneza na Itaacutelia Fonte C

Figura 227 ndash Barreira acuacutestica dade Satildeo Paulo Fonte MURGEL 2

Figura 223 ndash Difraccedilatildeo da ondagerando uma aacuterea de sombra acuacutest

Figura 225 ndash Agrave esquerda baproacuteximo a Zurique Agrave direita barretambeacutem na Suiccedila Fonte CICHIN

accedilatildeo em relaccedilatildeo ao

ez recebe a energia

rdas da barreira com

que se estivesse em

(NEPOMUCENO

PAZ 2004)

ticas eacute comum nos

e na Europa para

do ruiacutedo produzido

para seus arredores

INGAL 2005) No

incipiente

exemplos como eacute o

no eixo rodoviaacuterio

o Rio de Janeiro e

conectando a cidade

s no estado de Satildeo

GEL 2007 SOUSA

e barreiras acuacutesticas

do ruiacutedo de traacutefego

entos inseridos no

entre a fonte e o

taneamente como

nora tais como um

irregular taludes

ntre outros As

a Rua da Aurora na

inda as edificaccedilotildees

trechos da Avenida

neiro por exemplo

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

42

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

das ao longo de via expressa elevada Japatildeo Fonte CICHINELLI 2007

rreira acuacutestica curva em concreto e eira acuacutestica metaacutelica na estrada entre CICHINELLI 2007

da Rodovia Bandeirantes no estado 2007

da sonora a partir de uma barreira uacutestica Fonte GERGES 2000

barreira acuacutestica metaacutelica instalada arreira acuacutestica em concreto e acriacutelico INELLI 2007

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

43

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 228 ndash Rua da Aurora no Bairro da Boa Vista na cidade do Recife configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fontehttpmaiovinteeseisblogspotcom2007_ 11_01_archivehtml Acesso em 080409

Figura 229 ndash Alguns trechos da Avenida Atlacircntica no Bairro de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro tambeacutem configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fonte httpwwwtravelpodcomtravel-photoorlanworldtrip200711 71589400avenida-atlantica-along-copacabana-beachjpgtpodhtml Acesso em 080409

aleacutem de funcionarem como barreiras acuacutesticas

espontacircneas ou natildeo intencionais tambeacutem

conformam um espaccedilo acuacutestico aberto em

ldquoLrdquo e pouco permeaacutevel ao ruiacutedo (Figura 228 e

229)

A partir da discussatildeo dos espaccedilos acuacutesticos e

da permeabilidade acuacutestica evidencia-se que a

interaccedilatildeo entre os diversos elementos que

compotildeem a forma urbana - o traccedilado e perfis

das vias o modo de implantaccedilatildeo das

edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as

proporccedilotildees densidade e maneira de ocupaccedilatildeo

das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de

espaccedilos livres ndash contribui determinantemente

para a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano

atraveacutes de muacuteltiplas reflexotildees do

espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave

fonte geradora de campos sonoros

reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de

aacutereas de sombra

Isto posto se o ruiacutedo urbano eacute considerado

um sistema composto essencialmente pela fonte

sonora pelo meio de propagaccedilatildeo e pelo receptor (LANG e BERANEK 1992 ANDERSON e

KURZE 1992) a forma urbana considerada a partir dos elementos que a compotildeem enquanto

percurso de transmissatildeo delineia influencia e determina em certa medida a trajetoacuteria de

propagaccedilatildeo da onda sonora19 Ou seja a forma urbana por meio das caracteriacutesticas singulares

apresentadas pelos seus elementos componentes iraacute influenciar o comportamento da propagaccedilatildeo

da onda sonora no meio urbano

19 ldquoEm certa medidardquo pois existem outros fatores que tambeacutem influenciam a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano mas a discussatildeo sobre a consideraccedilatildeo ou natildeo destes outros fatores seraacute melhor construiacuteda no proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

44

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito alto por elevada densidade de

ocupaccedilatildeo das quadras e por vias estreitas por exemplo tende em tese a ser menos permeaacutevel ao

ruiacutedo dificultando a propagaccedilatildeo sonora para outras aacutereas Tende ainda a criar espaccedilos

reverberantes ou semi-reverberantes com o niacutevel de pressatildeo sonora elevado em praticamente

todos os pontos de reflexatildeo com perdas miacutenimas ateacute a onda sonora alcanccedilar o topo das

edificaccedilotildees e direcionar-se a campo livre Por conseguinte este comportamento tende a propiciar

dependendo ainda da relaccedilatildeo com a fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano indesejaacutevel e

insalubre aos receptores existentes nas edificaccedilotildees daquela via

Jaacute uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito baixo por baixa densidade de

ocupaccedilatildeo das quadras e por vias largas tende teoricamente a ser mais permeaacutevel ao ruiacutedo

facilitando sua propagaccedilatildeo Por outro lado natildeo gera espaccedilos acuacutesticos propiacutecios a muacuteltiplas

reflexotildees fazendo com que a onda sonora encontre mais rapidamente o campo livre facilitando

sua dissipaccedilatildeo e propiciando dependendo ainda da fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano

desejaacutevel aos seus receptores

Deste modo a existecircncia de diferenccedilas e particularidades dos elementos que compotildeem as

distintas formas urbanas proporciona os mais diversificados comportamentos acuacutesticos de

propagaccedilatildeo sonora nos mais diferentes meios urbanos Ou seja do mesmo modo que cidades

bairros e ruas natildeo satildeo iguais entre si tampouco reproduziacuteveis em sua essecircncia o comportamento

acuacutestico tambeacutem natildeo seraacute ao contraacuterio constituiraacute um atributo exclusivo de cada espaccedilo urbano

Mas se para cada espaccedilo urbano existe um comportamento acuacutestico especiacutefico como deveraacute se

comportar a propagaccedilatildeo sonora de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de

modificaccedilotildees em elementos de sua forma urbana Em outras palavras como se comportaraacute a acuacutestica

urbana de um determinado local a partir do processo cronoloacutegico de modificaccedilotildees em sua forma urbana

Nos capiacutetulo que se segue Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas seratildeo apresentadas os percursos

investigativos que foram postos em praacutetica em busca de responder a este questionamento

____________________________________________

ANAacuteLISE D

unidade espacial d

(Figura 22)

bull A dimensatildeo urbana ndash

corresponde agraves pa

identificaacuteveis como

exemplo onde a

elementos da forma

atraveacutes do movime

percursos (Figura 23

bull E por fim a dimensatildeo

da cidade diz respeito

diferentes formas

articulaccedilatildeo de bai

entre si Sua forma

distribuiccedilatildeo de eleme

das cidades em con

suporte geograacutefico d

a articulaccedilatildeo de

circulaccedilatildeo entre os

entre zonas habitacio

entre outras (Figura 2

Dentre estas dimensotildees a u

bairro desperta particular

pesquisa uma vez que o e

limites de observaccedilatildeo atraveacute

de movimentos poderaacute aba

significante de modificaccedilotildee

forma urbana de determina

compreender o comport

acuacutestica urbana

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 25 ndash Exemplos de diversiflotes quarteirotildees e vias em difereNesta imagem um recorte do CONDEPE-FIDEM 1981

Figura 26 ndash Exemplos de diversiflotes quarteirotildees e vias em difereNesta imagem um recorte do baorigens da cidade entrecortadoBarreto Fonte CONDEPE-FIDE

Figura 27 ndash Exemplos de diveredifiacutecios lotes quarteirotildees e vias eRecife Nesta imagem um recessencialmente por morros o AltoFIDEM 1981

de seu conjunto

ndash a escala do bairro

partes homogecircneas

mo os bairros por

a observaccedilatildeo dos

a urbana eacute realizada

imento e de vaacuterios

23)

nsatildeo territorial ndash a escala

eito agrave articulaccedilatildeo de

as urbanas da

bairros interligados

ma eacute definida pela

mentos estruturantes

onformidade com o

o do siacutetio tais como

e ruas e vias de

s diferentes bairros

cionais e comerciais

a 24)

a urbana ndash escala do

lar interesse desta

o entendimento dos

veacutes de certo nuacutemero

barcar uma amostra

otildees cronoloacutegicas na

inado local a fim de

ortamento de sua

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

26

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

rsificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios erentes bairros da cidade do Recife o bairro de Boa Viagem Fonte

rsificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios erentes bairros da cidade do Recife bairro de Satildeo Joseacute que remete agraves do pela recente Avenida Dantas DEM 1981

versificadas concretizaccedilotildees entre os em diferentes bairros da cidade do

recorte de um bairro constituiacutedo lto do Mandu Fonte CONDEPE-

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

27

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

No entanto para apreender tal dimensatildeo devem-se conhecer e estabelecer quais elementos

miacutenimos da forma urbana que se relaciona com esta a dimensatildeo urbana e quais satildeo estes

elementos LAMAS (2004) propocircs onze elementos da forma urbana necessaacuterios para esta

apreensatildeo o solo (I) o edifiacutecio (II) o lote (III) o logradouro (IV) o quarteiratildeo (V) o traccediladoa

rua(VI) a praccedila (VII) a fachada (VIII) o monumento (IX) a vegetaccedilatildeo (X) e o mobiliaacuterio

urbano (XI) Dentre estes elementos seis possuem uma estreita relaccedilatildeo com esta pesquisa e

seratildeo expostos de acordo com consideraccedilotildees observadas por LAMAS 3 (2004) (Figuras 25 a 27)

O edifiacutecio representa o elemento miacutenimo identificaacutevel na observaccedilatildeo da forma urbana eacute atraveacutes

dele que se constitui o espaccedilo urbano e se organizam diferentes elementos tais como ruas praccedilas

avenidas entre outros Os edifiacutecios agrupam-se em diferentes tipos tanto em relaccedilatildeo a suas

formas quanto a suas funccedilotildees Estes elementos podem influenciar o comportamento da acuacutestica

urbana atuando enquanto objetos reflexivos da onda sonora e como barreiras acuacutesticas4

O lote representa o princiacutepio da relaccedilatildeo do edifiacutecio com o terreno A forma do lote eacute muitas

vezes condicionante da forma do edifiacutecio tornando-os vinculados por essecircncia o logradouro diz

respeito ao espaccedilo livres e natildeo construiacutedos no interior do lote aos quintais e jardins o quarteiratildeo

ou quadra pode ser considerado como o espaccedilo resultante entre o cruzamento de trecircs ou mais

vias podendo ser demarcado em vaacuterios lotes para a construccedilatildeo de edifiacutecios Juntos estes trecircs

elementos associados aos edifiacutecios podem propiciar uma maior ou menor permeabilidade

acuacutestica eou uma maior ou menor presenccedila de aacutereas de sombra no meio urbano

O traccedilado por meio das ruas ou vias eacute facilmente identificaacutevel no meio urbano Estaacute muitas vezes

condicionado ao siacutetio geograacutefico existente regula a disposiccedilatildeo dos edifiacutecios e quarteirotildees e

interliga os vaacuterios espaccedilos componentes da cidade e a cidade ao territoacuterio Normalmente o

traccedilado resiste agraves transformaccedilotildees na forma urbana por possuir um caraacuteter de permanecircncia natildeo

totalmente modificaacutevel O traccedilado engloba trajetoacuterias e caminhos que natildeo satildeo necessariamente

percorridos atraveacutes de automoacuteveis apesar disso estaacute em grande parte vinculado a uma das

principais fontes geradoras de ruiacutedo urbano ndash o traacutefego de veiacuteculos

3 Os outros elementos tambeacutem podem relacionar-se de diferentes maneiras com a acuacutestica urbana mas nem tanto com a presente pesquisa e por isso natildeo foram considerados 4 Todas as definiccedilotildees e conceitos acuacutesticos apresentados no presente item seratildeo elucidados no item seguinte 22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

28

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 28 ndash Os trecircs conjuntos formadores do tecido urbano segundo Panerai (2006) Fonte PANERAI 2006

A praccedila eacute um espaccedilo de geometria variada

intencionalmente inserido no meio urbano

cuja relaccedilatildeo com o traccedilado e os edifiacutecios

tambeacutem eacute intencional evidenciada atraveacutes do

seu desenho e natildeo acidentais como

alargamento e confluecircncias do traccedilado Aleacutem

disso a praccedila eacute um lugar de encontro de

permanecircncia e de praacuteticas sociais

Acusticamente dependendo de suas

proporccedilotildees a propagaccedilatildeo sonora que envolve

uma praccedila pode apresentar um

comportamento que se assemelha a

propagaccedilatildeo sonora em campo livre

Estes elementos constituintes da forma urbana

conceituados por LAMAS (2004) podem ser

identificados sob um diferente invoacutelucro

conceitual mas com a mesma essecircncia no que

PANERAI (2006) definiu como sendo

conjuntos do tecido urbano

Aplicado agrave cidade o termo ldquotecidordquo evoca a continuidade e a renovaccedilatildeo a permanecircncia e a variaccedilatildeo Ele explica a constituiccedilatildeo das cidades antigas e responde as questotildees levantadas pelo estudo das urbanizaccedilotildees recentes Ele pressupotildee uma atenccedilatildeo tanto ao banal quanto ao excepcional tanto agraves ruas comuns e agraves edificaccedilotildees corriqueiras quanto agraves regulamentaccedilotildees e aos monumentos Dentre as muacuteltiplas definiccedilotildees de tecido urbano e sem desprezar suas qualidades escolhemos a mais simples O tecido urbano eacute constituiacutedo pela superposiccedilatildeo ou imbricaccedilatildeo de trecircs conjuntos a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees Essa definiccedilatildeo potildee em evidecircncia os elementos que permitem que as diferentes partes da cidade evoluam ao mesmo tempo em que satildeo mantidas a coesatildeo de conjunto e a clareza de sua estrutura (PANERAI 2006 p 77-78 grifo nosso) (Figura 28)

Ao contraacuterio de LAMAS (2004) que considera a praccedila como um elemento da forma urbana por

si soacute PANERAI (2006) discute as vias ou traccedilado inseridas em uma relaccedilatildeo em rede onde

tambeacutem satildeo considerados como partes constituintes os largos passeios praccedilas esplanadas cais

pontes rios canais margens praias todos compondo o espaccedilo puacuteblico Eacute atraveacutes desta rede

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

29

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

contiacutenua e hierarquizada que acontecem as distribuiccedilotildees e circulaccedilotildees da cidade bem como sua

organizaccedilatildeo local e territorial

Jaacute os parcelamentos fundiaacuterios constituem a representaccedilatildeo negativa5 da rede de vias que evidencia o

domiacutenio construiacutedo Este domiacutenio natildeo se limita aos edifiacutecios mas tambeacutem envolve paacutetios

quintais terrenos baldios (PANERAI 2006) Embora PANERAI(2006) considere separadamente

o exame das edificaccedilotildees sugere-se que este domiacutenio construiacutedo envolve quatro dos elementos da

forma urbana elencados por LAMAS (2004) o edifiacutecio o lote o logradouro e o quarteiratildeo

Para PANERAI (2006) as edificaccedilotildees ou edifiacutecios satildeo consideradas construccedilotildees subordinadas ao

espaccedilo puacuteblico ou seja a rede de vias sendo por ele estruturada e que acrescentam a dimensatildeo

vertical ao tecido urbano Tal subordinaccedilatildeo permite que haja uma dependecircncia reciacuteproca entre os

edifiacutecios ainda que eles pertenccedilam a eacutepocas diferentes fazendo com que sua renovaccedilatildeo aconteccedila

sem que haja grandes perdas na unidade do conjunto

Ao estruturar sua concepccedilatildeo dos elementos componentes da forma urbana DEL RIO (1990) eacute

bem mais sinteacutetico e objetivo mas assim como LAMAS (2000) e PANERAI (2006) seus

elementos possuem similaridades e ateacute repeticcedilotildees que praticamente reproduzem a mesma

essecircncia conceitual dos outros dois autores Estes elementos por serem estruturados tatildeo

objetivamente seratildeo apresentados em citaccedilatildeo direta satildeo eles

- crescimento os modos as intensidades e direccedilotildees elementos geradores e reguladores limites e superaccedilatildeo de limites modificaccedilatildeo de estruturas pontos de cristalizaccedilatildeo etc - traccedilado e parcelamento ordenadores do espaccedilo estrutura fundiaacuteria relaccedilotildees distacircncias circulaccedilatildeo e acessibilidade etc - tipologias dos elementos urbanos inventaacuterio e categorizaccedilatildeo de tipologias ediliacutecias (residecircncias comercio etc) de lotes e sua ocupaccedilatildeo de quarteirotildees e sua ocupaccedilatildeo de praccedilas esquinas etc - articulaccedilotildees relaccedilotildees entre elementos hierarquias domiacutenios do publico e privado densidades relaccedilotildees entre cheios e vazios etc (DEL RIO 1990 p 83 grifos do autor)

Dentre todos os elementos expostos a partir dos trecircs autores existe um importante fenocircmeno

relacionando-os em distintas intensidades e que merece ser considerado por influenciar

definitivamente na modificaccedilatildeo da forma urbana ndash o adensamento

5 No sentido de uma fotografia onde os claros e os escuros satildeo representados no negativo de modo contraacuterio ao do objeto fotografado

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

30

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 29 ndash O adensamento das ilhas do Bairro do Recife e de Santo Antocircnio (imagem) ocorreu tanto pelo preenchimento progressivo desde o inicio da ocupaccedilatildeo da cidade quanto por meio da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees anteriores Fontehttppedrodealbuquerquewordpresscomcategorypernambuco Acesso em 201109

O adensamento ocorre a partir de dois modos

essenciais de ocupaccedilatildeo o primeiro a partir do

preenchimento progressivo do espaccedilo urbano

e o segundo a partir da substituiccedilatildeo completa

por meio de demoliccedilatildeo de edificaccedilotildees

anteriores (PANERAI 2006) (Figura 29)

A primeira forma de adensamento ocorre sem

a expansatildeo territorial por meio do

preenchimento progressivo de todas as

reservas fundiaacuterias e espaccedilos livres de

determinado meio urbano Eacute um

adensamento inserido em limitesbarreiras

preacute-estabelecidos naturais ou natildeo tais como

uma via expressa irregularidades geograacuteficas

do siacutetio ou ainda numa escala menor a proacutepria quadra pode ser um limite para saturaccedilatildeo gradual

em seu interior desmembramento ou remembramento dos lotes para construccedilatildeo de novas

edificaccedilotildees verticalizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo de antigos quintais eou jardins (PANERAI 2006)

A segunda forma de adensamento acontece atraveacutes da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees

anteriormente existentes por novas construccedilotildees de maior porte tanto em relaccedilatildeo agrave ocupaccedilatildeo do

solo por meio do remembramento de lotes quanto em relaccedilatildeo ao seu gabarito Esta forma de

adensamento permite a renovaccedilatildeo do espaccedilo urbano sem aumentar sua aacuterea de abrangecircncia sem

sua expansatildeo (PANERAI 2006)

Ambas as formas de adensamento transformam essencialmente a forma urbana e o modo como

se relacionam seus elementos componentes A identificaccedilatildeo desta transformaccedilatildeo em determinado

meio urbano gerada pelo adensamento eacute indispensaacutevel para anaacutelise do comportamento da

acuacutestica urbana a partir de modificaccedilotildees na forma urbana deste mesmo meio uma vez que o

adensamento pode influenciar na propagaccedilatildeo sonora proporcionando uma maior quantidade de

objetos reflexivos de barreiras acuacutesticas e favorecendo a diminuiccedilatildeo da permeabilidade acuacutestica

Por fim a partir exposiccedilatildeo de determinados elementos considerados por LAMAS (2004) ndash o

edifiacutecio o lote o logradouro o quarteiratildeo o traccediladoa rua e a praccedila dos conjuntos considerados

por PANERAI (2006) ndash a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees dos

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

31

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

elementos considerados por DEL RIO (1990) ndash crescimento traccedilado e parcelamento tipologias

dos elementos urbanos e as articulaccedilotildees e em busca de atingir seu objetivo principal esta

pesquisa consideraraacute a forma urbana inserida em um recorte que a considera essencialmente a

partir de seu aspecto fiacutesico e material e cujos elementos componentes considerados seratildeo

exclusivamente

1 As parcelas fundiaacuterias ndash consideradas por meio das quadras e lotes incluindo sua relaccedilatildeo

de modo de ocupaccedilatildeo das edificaccedilotildees sua densidade e seus espaccedilos livres

2 As edificaccedilotildees ndash consideradas atraveacutes de sua relaccedilatildeo de modo de ocupaccedilatildeo com os

lotes e do grau de verticalizaccedilatildeo (gabarito baixo meacutedio e alto)

3 As vias ndash consideradas como reguladoras da relaccedilatildeo com as edificaccedilotildees e quarteirotildees e

principalmente apreciadas como estreitamente vinculadas a uma das principais fontes

geradoras de ruiacutedo urbano (o traacutefego de veiacuteculos)

Estes seratildeo os elementos componentes da forma urbana que esta pesquisa se apropriaraacute no

decurso do caminho a fim de analisar o comportamento acuacutestico a partir de modificaccedilotildees

cronoloacutegicas em determinada forma urbana Nos paraacutegrafos seguintes discutem-se os conceitos e

relaccedilotildees que permeiam a acuacutestica urbana

22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais

A acuacutestica eacute a ciecircncia do som incluindo sua geraccedilatildeo transmissatildeo e recepccedilatildeo de energia sob a

forma de ondas vibracionais na mateacuteria (KINSLER et al 1982) Ela eacute uma ciecircncia

multidimensional e interligada a vaacuterios domiacutenios cientiacuteficos Seu objeto de estudo fundamental o

som delineia uma seacuterie de interfaces multidisciplinares com abordagens em diversificadas aacutereas

do conhecimento (Figura 210)

Desse modo quando a geraccedilatildeo transmissatildeo e efeitos do som estatildeo inseridos no meio urbano

seu desdobramento eacute estudado pela aacuterea de conhecimento da acuacutestica urbana muitas vezes

tambeacutem nomeada de acuacutestica ambiental

O objeto de estudo fundamental da acuacutestica o som eacute a sensaccedilatildeo produzida no ouvido por

pequenas flutuaccedilotildees da pressatildeo do ar (HANSEN 2005) ou seja eacute uma percepccedilatildeo sensorial e seu

____________________________________________

ANAacuteLISE D

complexo padratildeo de ondas s

de ruiacutedo muacutesica fala

(BERGLUND et al 1999)

Esta definiccedilatildeo do som tend

a percepccedilatildeo do ouvido

conceito psicofiacutesico Fisicame

vibraccedilatildeo mecacircnica que

progressivamente atraveacutes de

gasoso liacutequido ou soacutelido (SIN

Esta vibraccedilatildeo quando tran

que o rodeia nem sempre

aparelho auditivo humano

frequumlecircncia6 audiacutevel encontra

20 a 20000 Hz para um

(BRUumlEL amp KJAEligR 1984

1982) Frequumlecircncias acima de

altas para respostas fisioloacuteg

chamadas de ultrasons Jaacute as

de 20 Hz satildeo chamadas de

detectaacuteveis pelo ouvido hum

prejudiciais agrave sua sauacutede7

1982 SOUSA 2004)

Fisicamente o som e o ruiacutedo

ambos se propagam em mei

detectados pelo ouvido hu

enquanto o som eacute utilizado

6 A frequumlecircncia eacute o nuacutemero de ciclo(HANSEN 1995) 7 A exposiccedilatildeo a baixas frequumlecircncias depressatildeo irritabilidade e perturba pro

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 210 ndash Interfaces multidFonte Elaborado pela autora a pa

Figura 211 ndash Fonte sonora ponSOUZA 2006

as sonoras eacute rotulado

ala entre outros

ndo como referecircncia

o humano eacute um

mente o som eacute uma

que se propaga

de um meio material

(SINGAL 2005)

transmitida ao meio

re eacute detectaacutevel pelo

ano cuja faixa de

tra-se no intervalo de

um jovem saudaacutevel

4 KINSLER et al

de 20000 Hz muito

loacutegicas auditivas satildeo

as frequumlecircncias abaixo

de infrasons e natildeo satildeo

umano contudo satildeo

(KINSLER et al

iacutedo constituem o mesmo fenocircmeno de variaccedilotildee

eio elaacutestico (soacutelido liacutequido ou gasoso) e ambos

humano (BERGLUND et al 1999 HANSEN

do para descrever percepccedilotildees sonoras agradaacutev

iclos que a onda sonora completa no tempo de um segundo

as pode gerar a doenccedila Vibroacuacutestica que induz o espessamprocessos cognitivos (BRANCO e PEREIRA 2004)

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

32

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

ltidisciplinares do estudo do som partir de BISTAFA 2006

ontual e fonte sonora linear Fonte

otildees de pressatildeo ambiente

bos satildeo capazes de serem

EN 1995) No entanto

daacuteveis o ruiacutedo descreve

do e eacute medida em Hertz (Hz)

amento das estruturas cardiacuteacas

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

33

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 212 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora pontual de 6 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007

percepccedilotildees sonoras desagradaacuteveis incorporando um aspecto de subjetividade agrave sua definiccedilatildeo

(BRUumlEL amp KJAEligR 1984 HANSEN 2005 BRASIL 2006 SINGAL 2005)

Tal subjetividade acarreta diferentes e individuais percepccedilotildees sonoras pelo ser humano e

portanto em diferentes reaccedilotildees agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo Em outras palavras o que se estabelece

como som para um indiviacuteduo pode representar ruiacutedo para outro

[] as respostas inerentes ao ruiacutedo satildeo complexas dependendo tanto dos fatores propriamente acuacutesticos quanto dos psicossociais contextuais simboacutelicos emocionais como daqueles de valor especiacutefico Essas variaacuteveis participam da singularidade da escuta e atuam como filtros que modificam a percepccedilatildeo do sinal fiacutesico sonoro (SANTOS e MARTINS 2005 p 216)

Enquanto sua percepccedilatildeo envolve a subjetividade as respostas fisioloacutegicas agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo satildeo

mais objetivas e seus danos satildeo mais facilmente identificaacuteveis O ruiacutedo pode gerar complicaccedilotildees

no sistema circulatoacuterio e hormonal perda gradativa da audiccedilatildeo distuacuterbios de sono estresse

irritabilidade neuroses desconforto e dificuldade de aprendizado entre outros danos

(BERGLUND et al1999 HANSEN 2005 KINSLER et al 1982 MURGEL 2007 NAGEM

2004 NUNES 2006 PAZ et al 2005 SINGAL 2005 ZANNIN et al 2002)

O ruiacutedo pode se originar de variadas fontes presentes em diversificados ambientes as mais

comumente encontradas satildeo as fontes sonoras pontuais e as lineares (Figura 211) A fonte pontual

possui dimensotildees finitas e emite o mesmo niacutevel de pressatildeo sonora uniformemente para todas as

direccedilotildees sendo seu decaimento em campo livre de 6 dB para cada dobro da distacircncia (Figura

212) (HANSEN 2005 SOUSA 2004)

Jaacute a fonte linear eacute formada por certo nuacutemero de

fontes pontuais dispostas linearmente cuja

emissatildeo sonora eacute contiacutenua ao longo desta

linha sendo seu decaimento em campo livre

de 3 dB para cada dobro da distacircncia (Figura

213) (HANSEN 2005 PAZ 2004)

Quando propagadas no meio urbano a

combinaccedilatildeo de tais fontes sonoras associadas

ao percurso de transmissatildeo e ao receptor

constitui o ruiacutedo urbano (urban noise) tambeacutem

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

34

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 213 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora linear de 3 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007

chamado de ruiacutedo ambiental (environmental

noise) ou ruiacutedo comunitaacuterio (community noise)

(BERGLUND et al1999 GUEDES 2005

SOUSA 2004)

O ruiacutedo urbano pode ser gerado a partir do

traacutefego de veiacuteculos terrestres e aeacutereos de

obras de construccedilatildeo civil de estabelecimentos

industriais de estabelecimentos comerciais e

de serviccedilos de sistemas de propaganda

volante ou permanente8 e ruiacutedos de outras atividades cuja propagaccedilatildeo sonora pode afetar o bem-

estar e a sauacutede dos citadinos (BARRON 2003 BERGLUND et al1999 KINSLER et al 1982

NAGEM 2004 NUNES 2006 SINGAL 2005)

Apesar de esporaacutedica outra fonte de ruiacutedo gerada em meio urbano satildeo os eventos puacuteblicos tais

como festas shows comiacutecios carnavais fora de eacutepoca entre outros As fontes de ruiacutedo presentes

nestes eventos atingem um alto niacutevel de pressatildeo sonora9 e abrangem uma grande quantidade

populacional logo independente de ocorrer poucas vezes durante o ano satildeo eventos

extremamente danosos a sauacutede e principalmente agrave audiccedilatildeo a partir de 80 dB(A) natildeo importa se

a sensaccedilatildeo sonora eacute prazerosa ou natildeo ela eacute necessariamente prejudicial10 (Tabela 21) (NUNES

2006)

Quando a intensidade dos ruiacutedos urbanos torna-se excessivamente desagradaacutevel eou nociva o

ruiacutedo passa a ser considerado uma forma de poluiccedilatildeo ambiental11 - a poluiccedilatildeo sonora A

necessidade de regulamentaccedilatildeo da poluiccedilatildeo sonora renuncia os aspectos de subjetividade

existentes e inerentes ao conceito de ruiacutedo na tentativa de sintetizar e estabelecer limites leis

normas meacutetodos e accedilotildees que representem um universo sonoro equivalente para toda a

populaccedilatildeo na tentativa de controlar e mitigar o ruiacutedo urbano

8 Carros de som bicicletas com som raacutedios comunitaacuterias entre outros 9 O niacutevel de pressatildeo sonora eacute a medida fiacutesica preferencial para caracterizar a sensaccedilatildeo subjetiva da intensidade dos sons e de acordo com a lei de Weber e Fechner a sensaccedilatildeo sonora eacute proporcional ao logaritmo da intensidade sonora NPS=20 log (pp0) onde p eacute a pressatildeo sonora em Pascal e p0 eacute a pressatildeo sonora de referecircncia (2 10-5 Pascal) (BISTAFA 2006 NIEMEYER 2007) 10 Outros niacuteveis de ruiacutedo tambeacutem podem ser prejudiciais em maior ou menor grau dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora 11 ldquoPoluiccedilatildeo eacute a degradaccedilatildeo da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente a) prejudiquem a sauacutede a seguranccedila e o bem-estar da populaccedilatildeo b) criem condiccedilotildees adversas agraves atividades sociais e econocircmicas c) afetem desfavoravelmente a biota d) afetem as condiccedilotildees esteacuteticas ou sanitaacuterias do meio ambiente e) lancem mateacuterias ou energia em desacordo com os padrotildees ambientais estabelecidosrdquo (BRASIL 1981 p 1 e 2)

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

35

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Tabela 21 ndash Os niacuteveis de pressatildeo sonora e suas consequumlecircncias fisioloacutegicas no homem Em alguns casos podem a intensidade das reaccedilotildees fisioloacutegicas podem variar dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora Fonte elaborado pela autora a partir de KINSLER et al 1992 SINGAL 2005 SOUZA 2006

Assim sendo na esfera federal a Constituiccedilatildeo Federal (Art255) o Coacutedigo Civil Brasileiro (Lei ndeg

1040602) a Lei das Contravenccedilotildees Penais (Decreto-lei nordm 368841) e a Lei dos Crimes

Ambientais (Lei nordm 960598) versam a partir de diferentes abordagens e diferentes

procedimentos legais sobre a poluiccedilatildeo sonora e suas respectivas perturbaccedilotildees (CARNEIRO

2009)

NIacuteVEIS DE PRESSAtildeO SONORA E SUAS CONSEQUEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS

Niacutevel de Pressatildeo sonora

em dB(A)

Caracteriacutesticas FISIOLOacuteGICAS

Ambiente ou atividade

0 a 30 Nenhuma Tremular de folhas de uma aacutervore sussurros

aacuterea de mata selvagem

30 a 50 Nenhuma Cantar de paacutessaros rua calma em aacuterea residencial durante noite

50 a 70 Marca o iniacutecio do estresse

auditivo Rua agitada um restaurante barulhento

70 a 90 Estressante e bastante

excitante Chegada de um trem na estaccedilatildeo carro a 100 Kmh

conversa a gritos

90 a 110 Extremamente excitante provocando dependecircncia

Caminhatildeo pesado a 60 Kmh alarme de viatura passagem de trem numa estaccedilatildeo ou cabine de um aviatildeo monomotor

110 a 130

Desconfortavelmente alto atingindo o limiar da dor podendo causar surdez

instantacircnea

Trem passando em trilhos elevados martelo pneumaacutetico interior de uma boate show de banda de rock

130 a 140 Acima do limiar da dor

causando surdez permanente Decolagem de aviatildeo a jato a 5m de distacircncia disparos de artilharia

Ainda no domiacutenio federal o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) publicou vaacuterias

resoluccedilotildees que estabelecem normas de preservaccedilatildeo ao meio ambiente incluindo o combate a

poluiccedilatildeo sonora12 Nestas resoluccedilotildees todas as atividades geradoras de ruiacutedo devem seguir

diretrizes vinculadas agrave Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas ndash ABNT e ao Conselho

Nacional de Tracircnsito - CONTRAN no caso de ruiacutedo produzido por veiacuteculos automotores

(NAGEM 2004)

Tais resoluccedilotildees normas e diretrizes refletidas no domiacutenio estadual e municipal deram origem agrave

Lei Estadual nordm 12789 de 28 de Abril de 2005 (PERNAMBUCO2005) conhecida como ldquoLei do

12 Satildeo elas RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 272 de 14 de setembro de 2000

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Silecircnciordquo e que dispotildee sobre ruiacutedos urbanos poluiccedilatildeo sonora e proteccedilatildeo do bem-estar e do

sossego puacuteblico e agrave Lei nordm 16243 de 13 de setembro de 1996 ndash Coacutedigo do Meio Ambiente e do

Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife (RECIFE 1996a) que estabelece a poliacutetica do meio ambiente da

cidade do Recife incluindo regulamentaccedilatildeo de emissotildees sonoras entre outras providecircncias

tendo como suporte a Lei 1617696 de 9 de Abril de 1996 ndash Lei de Uso e Ocupaccedilatildeo do Solo da

Cidade do Recife ndash LUOS (RECIFE 1996b)

Apesar da existecircncia desta grande quantidade de leis federais estaduais e municipais apesar da

LUOS legislar sobre a etapa de aprovaccedilatildeo de projetos para a construccedilatildeo de empreendimentos

com usos geradores de incocircmodo agrave vizinhanccedila incluindo usos potencialmente geradores de ruiacutedos

submetendo-os agrave anaacutelise teacutecnica eou agrave anaacutelise especial e apesar do Coacutedigo do Meio Ambiente e

do Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife estabelecer limites maacuteximos permitidos de ruiacutedo na praacutetica a

accedilatildeo contra a poluiccedilatildeo sonora em Recife adquire caraacuteter corretivo pelos oacutergatildeos reguladores agrave

conduta do infrator geralmente a partir de denuacutencias da populaccedilatildeo apoacutes a consolidaccedilatildeo da fonte

geradora de ruiacutedo no meio urbano (JORNAL DO COMEacuteRCIO 2008 JC ONLINE 2005)

Outro exemplo local de desatenccedilatildeo agrave poluiccedilatildeo sonora eacute a inexistecircncia dentre vaacuterios outros tipos

de degradaccedilatildeo ambiental presentes de qualquer referecircncia a respeito da poluiccedilatildeo sonora em

documento produzido pela Prefeitura da Cidade do Recife no ano 2000 o Atlas Ambiental da

Cidade do Recife (RECIFE 2000)

Diante da aplicabilidade ineficaz da legislaccedilatildeo vigente em Novembro de 2009 foi lanccedilado pelo

Ministeacuterio Puacuteblico de Pernambuco a cartilha Poluiccedilatildeo sonora Silento e o barulho13 que versa sobre as

posturas e accedilotildees direitos e deveres dos diversos agentes envolvidos na produccedilatildeo e recepccedilatildeo da

poluiccedilatildeo sonora indicando como devem agir a viacutetima o policial o estado o construtor poluidor

o proprietaacuterio de carro de som poluidor entre outros A cartilha tambeacutem disponibiliza uma seacuterie

de formulaacuterios modelos de acordo com os diferentes tipos de poluiccedilatildeo sonora Estes formulaacuterios satildeo

exemplos para serem utilizados tanto pela viacutetima da poluiccedilatildeo sonora quanto pelo policial civil

militar promotor de justiccedila e ateacute mesmo pelo poluidor - o que poderaacute tornar esta cartilha um

importante instrumento para aplicaccedilatildeo das leis vigentes (CARNEIRO 2009)

Embora negligenciada e em oposiccedilatildeo a diversos outros problemas ambientais mundiais a

poluiccedilatildeo sonora continua a crescer e eacute acompanhada pelo aumento no nuacutemero de reclamaccedilotildees de

13 ldquoSilentordquo eacute um personagem criado para narrar alguns trechos interativos da cartilha

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 214 ndash Relaccedilatildeo entre o desenvolvimento industrial da sociedade que possibilita o aumento e concentraccedilatildeo de fontes sonoras e seus impactos em relaccedilatildeo ao ruiacutedo nas comunidades apontando trecircs previsotildees futuras de acordo com diferentes accedilotildees possiacuteveis de regulamentaccedilatildeo contra do ruiacutedo Fonte elaborado pela autora a partir de BERGLUND et al 1999

pessoas expostas ao ruiacutedo a partir do aumento da consciecircncia de seus direitos legais

(BERGLUND et al1999)

Para World Health Organization (WHO)14 a poluiccedilatildeo sonora jaacute eacute um dos problemas ambientais que

atingem o maior nuacutemero de pessoas no planeta perdendo apenas para a poluiccedilatildeo do ar e da aacutegua

(KIHLMAN 2004 2005) Este crescimento contiacutenuo da poluiccedilatildeo sonora e por conseguinte do

ruiacutedo urbano possui uma estreita relaccedilatildeo com as raacutepidas transformaccedilotildees ocorridas no meio

urbano nas uacuteltimas deacutecadas O desenvolvimento acelerado e a expansatildeo das cidades implicaram

em modificaccedilotildees em elementos da forma urbana em alto iacutendice de crescimento demograacutefico da

populaccedilatildeo urbana e em consequumlente aumento e concentraccedilatildeo de diversos tipos de fontes

geradoras de poluiccedilatildeo sonora (BRASIL 1990a1990b GUEDES 2005 PAZ 2009 ZANNIN et

al 2002) (Figura 214)

Entre estas fontes urbanas geradoras de poluiccedilatildeo sonora uma das que mais contribuem com o

aumento do ruiacutedo urbano aleacutem de ser considerada uma das fontes mais intrusivas e a mais

percebida pela populaccedilatildeo das grandes cidades eacute o traacutefego de veiacuteculos (DINIZ 2003 FRITSCH et al

2007 LACERDA et al 2005 PAZ 2004 ZANNIN et al 2003)

O ruiacutedo do traacutefego de veiacuteculos eacute gerado a

partir do ruiacutedo veicular que proveacutem

essencialmente do sistema de propulsatildeo do

motor do atrito entre o veiacuteculo e o ar (ruiacutedo

aerodinacircmico) e do atrito entre o pneu e o piso

(MURGEL 2007 KINSLER et al 1982) e da

relaccedilatildeo entre o veiacuteculocondutor e as

configuraccedilotildees das vias em que ele estaacute inserido

a aceleraccedilatildeo eou desaceleraccedilatildeo do motor de

acordo com a caracterizaccedilatildeo das vias - a

presenccedila de cruzamentos semaacuteforos faixas de

pedestres etc a intensidade do fluxo de

veiacuteculos e a proporccedilatildeo entre veiacuteculos leves e os

veiacuteculos pesados a frequumlecircncia de

14 Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede ndash OMS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

acionamentos de buzinas o tipo de acabamento da superfiacutecie das vias (concreto asfalto brita

terra batida) etc (SINGAL 2005)

Tais vias geradoras do ruiacutedo de traacutefego aleacutem de serem interceptadas por outras vias satildeo

comumente ladeadas por configuraccedilotildees bastante variaacuteveis desde edificaccedilotildees com formas

implantaccedilotildees e gabaritos diversificados a lotes ainda natildeo ocupados caracterizando a propagaccedilatildeo

do ruiacutedo de traacutefego urbano por muacuteltiplas reflexotildees responsaacuteveis pelo espalhamento do ruiacutedo

para vias adjacentes pelo surgimento de campos sonoros reverberantes pela difraccedilatildeo do ruiacutedo e

pelo surgimento de aacutereas de sombra (SINGAL 2005 RANDRIANOELINA e SALOMONS

2008) Ou seja a propagaccedilatildeo do ruiacutedo urbano gerado pelo traacutefego de veiacuteculos possui uma

interaccedilatildeo singular com elementos da forma urbana

Assim sendo tanto por sua participaccedilatildeo determinante na constituiccedilatildeo do ruiacutedo urbano quanto

por sua particular relaccedilatildeo com os elementos que compotildeem a forma urbana o ruiacutedo de traacutefego

seraacute a uacutenica fonte sonora considerada na presente pesquisa conforme seraacute melhor elucidado no

proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas

A interaccedilatildeo entre o ruiacutedo urbano e a forma urbana dependeraacute diretamente das configuraccedilotildees de

certos elementos que compotildeem esta forma urbana o traccedilado e perfis das vias a maneira de

implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade e

forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres tais como praccedilas e

largos (GUEDES 2005 SANTOS e MARTINS 2005) Estes elementos podem ser

acusticamente caracterizados a partir do tipo de espaccedilo acuacutestico e da permeabilidade acuacutestica

O espaccedilo acuacutestico tambeacutem nomeado de campo acuacutestico eacute a porccedilatildeo de determinado espaccedilo onde

acontecem as vibraccedilotildees sonoras podendo ser caracterizado no meio urbano como espaccedilo

acuacutestico aberto ou fechado (NIEMEYER 2007)

O espaccedilo acuacutestico aberto aproxima-se da propagaccedilatildeo em campo livre que eacute caracterizado pela ausecircncia

de obstaacuteculos que modifiquem a propagaccedilatildeo sonora entre a fonte e o receptor Assim no meio

urbano o espaccedilo cuja propagaccedilatildeo sonora envolva poucas ou nenhuma reflexatildeo e poucos ou

nenhum obstaacuteculo pode ser considerado um espaccedilo acuacutestico aberto como por exemplo o

espaccedilo acuacutestico com perfil em ldquoLrdquo tais como vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas uma de

suas margens (Figuras 215 e 216) (NIEMEYER 2007) No espaccedilo acuacutestico aberto o niacutevel de

pressatildeo sonora decai 6 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (LANG

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 215 ndash Propagaccedilatildeo sonora em Campo acuacutestico aberto Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001

Figura 216 ndash Campo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo FonteNIEMEYER 2007

Figura 217 ndash Propagaccedilatildeo sonora em campo acuacutestico fechado causando o fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001

e BERANEK 1992) isto eacute o ruiacutedo percebido

pelo receptor diminui em funccedilatildeo da

duplicaccedilatildeo da distacircncia da fonte sonora15

Praccedilas parques e largos com grandes

dimensotildees vias de traacutefego marginais a praias

vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas

uma de suas margens ou espaccedilos livres

urbanos de grandes dimensotildees caracterizam

alguns exemplos de espaccedilos acuacutesticos abertos

No espaccedilo acuacutestico fechado as ondas sonoras

sofrem muacuteltiplas reflexotildees fazendo com que o

seu niacutevel sonoro decaia muito lentamente

sendo praticamente o mesmo em vaacuterias

posiccedilotildees ateacute que esta onda sonora encontre

uma saiacuteda para campo livre caracterizando o

fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana16 17(Figura

217) (GUEDES 2005 NIEMEYER 2007)

Os espaccedilos acuacutesticos fechados podem ser

reverberantes quando a onda sonora tarda a

encontrar o campo livre gerando um grande

nuacutemero de reflexotildees ou semi-reverberantes

quando a onda sonora encontra o campo livre

um pouco mais rapidamente do que no

reverberante gerando um nuacutemero menor mas

ainda grande de reflexotildees

15 Este decaimento eacute para fontes pontuais para fontes lineares o decaimento eacute de 3 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (GERGES 2000) 16 A reverberaccedilatildeo eacute a persistecircncia de um som depois de ter sido extinta a sua emissatildeo por uma fonte e ocorre como resultado de reflexotildees em ambientes total ou parcialmente fechados (GONZALEZ e LOPES 1993) 17 Alguns espaccedilos acuacutesticos fechados tambeacutem podem amplificar o niacutevel de pressatildeo sonora mas este fenocircmeno ocorre em determinados espaccedilos acuacutesticos fechados reverberantes

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 218 ndash Campo acuacutestico fechado em perfl ldquoUrdquo tambeacutem chamado de canyons urbanos Fonte NIEMEYER 2007

No meio urbano o espaccedilo acuacutestico fechado

reverberante possui comumente um perfil em

ldquoUrdquo (Figura 218) tambeacutem chamados de

canyons urbanos que podem amplificar

consideravelmente a propagaccedilatildeo sonora das

vias de traacutefego atraveacutes de reflexotildees muacuteltiplas

geradas pelas fachadas paralelas das

edificaccedilotildees que circundam estas vias

(ANDERSON e KURZE 1992) Assim neste

tipo de espaccedilo acuacutestico a propagaccedilatildeo sonora

natildeo depende exclusivamente da distacircncia entre

a fonte e o receptor como no espaccedilo acuacutestico

aberto depende ainda da configuraccedilatildeo dos

elementos que compotildeem a forma urbana e

dos coeficientes de absorccedilatildeo dos materiais que

revestem as superfiacutecies refletoras18

(NIEMEYER 2007)

Praccedilas parques e largos com pequenas dimensotildees e cercados por edificaccedilotildees conjugadas vias de

traacutefego com edificaccedilotildees (conjugadas ou com pequenos recuos entre elas) em ambos os lados

tuacuteneis passagens subterracircneas e espaccedilos livres abaixo de viadutos caracterizam alguns exemplos

de espaccedilos acuacutesticos fechados

A caracterizaccedilatildeo de um espaccedilo acuacutestico como sendo aberto ou fechado delinearaacute como a onda

sonora iraacute espalhar-se no meio urbano cujas configuraccedilotildees dos elementos que o compotildeem

podem facilitar ou dificultar a trajetoacuteria desta onda sonora para aleacutem do local de sua emissatildeo

tornando o meio urbano mais ou menos permeaacutevel a sua propagaccedilatildeo

18 No meio urbano as superfiacutecies refletoras satildeo predominantemente formadas por fachadas e muros de edificaccedilotildees que possuem certa uniformidade na utilizaccedilatildeo de materiais altamente reflexivos e com baixos coeficientes de absorccedilatildeo tais como granito maacutermore ceracircmica esmaltada vidro Assim o coeficiente de absorccedilatildeo de uma edificaccedilatildeo para outra seraacute praticamente o mesmo sofrendo miacutenimas variaccedilotildees permitindo sua natildeo consideraccedilatildeo

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 220 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees em uma quadra permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007

Figura 221 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjugadas em uma quadra pouco permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007

Figura 219 ndash Permeabilidade acuacutestica - percursos da onda sonora gerados em meio urbano Fonte NIEMEYER 2007

Figura 222 ndash Barreira acuacutestica entre a fonte e o receptor FonteANDERSON e KURZE 1992

Assim sendo a permeabilidade acuacutestica refere-se

aos percursos da onda sonora gerados no

meio urbano (Figura 219) (GUEDES 2005

NIEMEYER 2007) A intensidade da

permeabilidade acuacutestica - mais ou menos

permeaacutevel - dependeraacute da capacidade de

certos elementos urbanos de promover ou

conter a propagaccedilatildeo da onda sonora tais

como o traccedilado e perfis das vias a maneira de

implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem

como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade

e forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila

ou ausecircncia de espaccedilos livres (Figuras 220 e

221)

A permeabilidade acuacutestica relaciona-se ainda

com as barreiras acuacutesticas Isoladamente o

conceito de barreiras acuacutesticas refere-se a

qualquer objeto que possa ser considerado um

obstaacuteculo agrave ligaccedilatildeo direta e sem interferecircncias

entre a fonte e o receptor (Figura 222)

(ANDERSON e KURZE 1992 GERGES

2000) Ao bloquear o percurso direto entre a

fonte e o receptor a onda sonora poderaacute ser

absorvida eou refletida pela superfiacutecie da

barreira transmitida atraveacutes da barreira ou

difratada a partir do topo da barreira

(BARRON 2003 SINGAL 2005)

A difraccedilatildeo eacute um fenocircmeno que permite que as

ondas sonoras sejam capazes de contornar

determinados obstaacuteculos gerando uma aacuterea de

sombra acuacutestica que possui limites espaciais

variaacuteveis de acordo com a posiccedilatildeo da fonte

____________________________________________

ANAacuteLISE D

sonora e de sua localizaccedilatilde

receptor que por sua vez

sonora difratada pelas borda

um decaimento maior do qu

campo livre (Figura 223) (N

1968 NIEMEYER 2007 PA

O uso de barreiras acuacutestic

EUA Japatildeo Austraacutelia e

reduccedilatildeo da propagaccedilatildeo do

pelo traacutefego rodoviaacuterio pa

(Figuras 224 a 226) (SIN

Brasil esta praacutetica ainda eacute inc

restringindo-se a poucos exe

caso da barreira acuacutestica no

Linha Amarela na cidade do

na Rodovia Bandeirantes co

de Satildeo Paulo a Campinas

Paulo (Figura 227) (MURGE

2004)

Embora a implantaccedilatildeo de b

esteja vinculada agrave reduccedilatildeo do

rodoviaacuterio outros elemen

meio urbano situados ent

receptor atuam espontan

barreiras agrave propagaccedilatildeo sono

terreno com topografia i

muros edificaccedilotildees entr

edificaccedilotildees conjugadas da R

cidade do Recife ou aind

conjugadas em alguns trec

Atlacircntica no Rio de Janei

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 226 ndash Barreiras instaladasem aacuterea residencial de Toacutequio Jap

Figura 224 ndash Agrave esquerda barreacriacutelico na Suiacuteccedila Agrave direita barreiraPaacutedua e Veneza na Itaacutelia Fonte C

Figura 227 ndash Barreira acuacutestica dade Satildeo Paulo Fonte MURGEL 2

Figura 223 ndash Difraccedilatildeo da ondagerando uma aacuterea de sombra acuacutest

Figura 225 ndash Agrave esquerda baproacuteximo a Zurique Agrave direita barretambeacutem na Suiccedila Fonte CICHIN

accedilatildeo em relaccedilatildeo ao

ez recebe a energia

rdas da barreira com

que se estivesse em

(NEPOMUCENO

PAZ 2004)

ticas eacute comum nos

e na Europa para

do ruiacutedo produzido

para seus arredores

INGAL 2005) No

incipiente

exemplos como eacute o

no eixo rodoviaacuterio

o Rio de Janeiro e

conectando a cidade

s no estado de Satildeo

GEL 2007 SOUSA

e barreiras acuacutesticas

do ruiacutedo de traacutefego

entos inseridos no

entre a fonte e o

taneamente como

nora tais como um

irregular taludes

ntre outros As

a Rua da Aurora na

inda as edificaccedilotildees

trechos da Avenida

neiro por exemplo

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

42

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

das ao longo de via expressa elevada Japatildeo Fonte CICHINELLI 2007

rreira acuacutestica curva em concreto e eira acuacutestica metaacutelica na estrada entre CICHINELLI 2007

da Rodovia Bandeirantes no estado 2007

da sonora a partir de uma barreira uacutestica Fonte GERGES 2000

barreira acuacutestica metaacutelica instalada arreira acuacutestica em concreto e acriacutelico INELLI 2007

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 228 ndash Rua da Aurora no Bairro da Boa Vista na cidade do Recife configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fontehttpmaiovinteeseisblogspotcom2007_ 11_01_archivehtml Acesso em 080409

Figura 229 ndash Alguns trechos da Avenida Atlacircntica no Bairro de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro tambeacutem configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fonte httpwwwtravelpodcomtravel-photoorlanworldtrip200711 71589400avenida-atlantica-along-copacabana-beachjpgtpodhtml Acesso em 080409

aleacutem de funcionarem como barreiras acuacutesticas

espontacircneas ou natildeo intencionais tambeacutem

conformam um espaccedilo acuacutestico aberto em

ldquoLrdquo e pouco permeaacutevel ao ruiacutedo (Figura 228 e

229)

A partir da discussatildeo dos espaccedilos acuacutesticos e

da permeabilidade acuacutestica evidencia-se que a

interaccedilatildeo entre os diversos elementos que

compotildeem a forma urbana - o traccedilado e perfis

das vias o modo de implantaccedilatildeo das

edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as

proporccedilotildees densidade e maneira de ocupaccedilatildeo

das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de

espaccedilos livres ndash contribui determinantemente

para a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano

atraveacutes de muacuteltiplas reflexotildees do

espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave

fonte geradora de campos sonoros

reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de

aacutereas de sombra

Isto posto se o ruiacutedo urbano eacute considerado

um sistema composto essencialmente pela fonte

sonora pelo meio de propagaccedilatildeo e pelo receptor (LANG e BERANEK 1992 ANDERSON e

KURZE 1992) a forma urbana considerada a partir dos elementos que a compotildeem enquanto

percurso de transmissatildeo delineia influencia e determina em certa medida a trajetoacuteria de

propagaccedilatildeo da onda sonora19 Ou seja a forma urbana por meio das caracteriacutesticas singulares

apresentadas pelos seus elementos componentes iraacute influenciar o comportamento da propagaccedilatildeo

da onda sonora no meio urbano

19 ldquoEm certa medidardquo pois existem outros fatores que tambeacutem influenciam a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano mas a discussatildeo sobre a consideraccedilatildeo ou natildeo destes outros fatores seraacute melhor construiacuteda no proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito alto por elevada densidade de

ocupaccedilatildeo das quadras e por vias estreitas por exemplo tende em tese a ser menos permeaacutevel ao

ruiacutedo dificultando a propagaccedilatildeo sonora para outras aacutereas Tende ainda a criar espaccedilos

reverberantes ou semi-reverberantes com o niacutevel de pressatildeo sonora elevado em praticamente

todos os pontos de reflexatildeo com perdas miacutenimas ateacute a onda sonora alcanccedilar o topo das

edificaccedilotildees e direcionar-se a campo livre Por conseguinte este comportamento tende a propiciar

dependendo ainda da relaccedilatildeo com a fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano indesejaacutevel e

insalubre aos receptores existentes nas edificaccedilotildees daquela via

Jaacute uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito baixo por baixa densidade de

ocupaccedilatildeo das quadras e por vias largas tende teoricamente a ser mais permeaacutevel ao ruiacutedo

facilitando sua propagaccedilatildeo Por outro lado natildeo gera espaccedilos acuacutesticos propiacutecios a muacuteltiplas

reflexotildees fazendo com que a onda sonora encontre mais rapidamente o campo livre facilitando

sua dissipaccedilatildeo e propiciando dependendo ainda da fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano

desejaacutevel aos seus receptores

Deste modo a existecircncia de diferenccedilas e particularidades dos elementos que compotildeem as

distintas formas urbanas proporciona os mais diversificados comportamentos acuacutesticos de

propagaccedilatildeo sonora nos mais diferentes meios urbanos Ou seja do mesmo modo que cidades

bairros e ruas natildeo satildeo iguais entre si tampouco reproduziacuteveis em sua essecircncia o comportamento

acuacutestico tambeacutem natildeo seraacute ao contraacuterio constituiraacute um atributo exclusivo de cada espaccedilo urbano

Mas se para cada espaccedilo urbano existe um comportamento acuacutestico especiacutefico como deveraacute se

comportar a propagaccedilatildeo sonora de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de

modificaccedilotildees em elementos de sua forma urbana Em outras palavras como se comportaraacute a acuacutestica

urbana de um determinado local a partir do processo cronoloacutegico de modificaccedilotildees em sua forma urbana

Nos capiacutetulo que se segue Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas seratildeo apresentadas os percursos

investigativos que foram postos em praacutetica em busca de responder a este questionamento

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

27

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

No entanto para apreender tal dimensatildeo devem-se conhecer e estabelecer quais elementos

miacutenimos da forma urbana que se relaciona com esta a dimensatildeo urbana e quais satildeo estes

elementos LAMAS (2004) propocircs onze elementos da forma urbana necessaacuterios para esta

apreensatildeo o solo (I) o edifiacutecio (II) o lote (III) o logradouro (IV) o quarteiratildeo (V) o traccediladoa

rua(VI) a praccedila (VII) a fachada (VIII) o monumento (IX) a vegetaccedilatildeo (X) e o mobiliaacuterio

urbano (XI) Dentre estes elementos seis possuem uma estreita relaccedilatildeo com esta pesquisa e

seratildeo expostos de acordo com consideraccedilotildees observadas por LAMAS 3 (2004) (Figuras 25 a 27)

O edifiacutecio representa o elemento miacutenimo identificaacutevel na observaccedilatildeo da forma urbana eacute atraveacutes

dele que se constitui o espaccedilo urbano e se organizam diferentes elementos tais como ruas praccedilas

avenidas entre outros Os edifiacutecios agrupam-se em diferentes tipos tanto em relaccedilatildeo a suas

formas quanto a suas funccedilotildees Estes elementos podem influenciar o comportamento da acuacutestica

urbana atuando enquanto objetos reflexivos da onda sonora e como barreiras acuacutesticas4

O lote representa o princiacutepio da relaccedilatildeo do edifiacutecio com o terreno A forma do lote eacute muitas

vezes condicionante da forma do edifiacutecio tornando-os vinculados por essecircncia o logradouro diz

respeito ao espaccedilo livres e natildeo construiacutedos no interior do lote aos quintais e jardins o quarteiratildeo

ou quadra pode ser considerado como o espaccedilo resultante entre o cruzamento de trecircs ou mais

vias podendo ser demarcado em vaacuterios lotes para a construccedilatildeo de edifiacutecios Juntos estes trecircs

elementos associados aos edifiacutecios podem propiciar uma maior ou menor permeabilidade

acuacutestica eou uma maior ou menor presenccedila de aacutereas de sombra no meio urbano

O traccedilado por meio das ruas ou vias eacute facilmente identificaacutevel no meio urbano Estaacute muitas vezes

condicionado ao siacutetio geograacutefico existente regula a disposiccedilatildeo dos edifiacutecios e quarteirotildees e

interliga os vaacuterios espaccedilos componentes da cidade e a cidade ao territoacuterio Normalmente o

traccedilado resiste agraves transformaccedilotildees na forma urbana por possuir um caraacuteter de permanecircncia natildeo

totalmente modificaacutevel O traccedilado engloba trajetoacuterias e caminhos que natildeo satildeo necessariamente

percorridos atraveacutes de automoacuteveis apesar disso estaacute em grande parte vinculado a uma das

principais fontes geradoras de ruiacutedo urbano ndash o traacutefego de veiacuteculos

3 Os outros elementos tambeacutem podem relacionar-se de diferentes maneiras com a acuacutestica urbana mas nem tanto com a presente pesquisa e por isso natildeo foram considerados 4 Todas as definiccedilotildees e conceitos acuacutesticos apresentados no presente item seratildeo elucidados no item seguinte 22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

28

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 28 ndash Os trecircs conjuntos formadores do tecido urbano segundo Panerai (2006) Fonte PANERAI 2006

A praccedila eacute um espaccedilo de geometria variada

intencionalmente inserido no meio urbano

cuja relaccedilatildeo com o traccedilado e os edifiacutecios

tambeacutem eacute intencional evidenciada atraveacutes do

seu desenho e natildeo acidentais como

alargamento e confluecircncias do traccedilado Aleacutem

disso a praccedila eacute um lugar de encontro de

permanecircncia e de praacuteticas sociais

Acusticamente dependendo de suas

proporccedilotildees a propagaccedilatildeo sonora que envolve

uma praccedila pode apresentar um

comportamento que se assemelha a

propagaccedilatildeo sonora em campo livre

Estes elementos constituintes da forma urbana

conceituados por LAMAS (2004) podem ser

identificados sob um diferente invoacutelucro

conceitual mas com a mesma essecircncia no que

PANERAI (2006) definiu como sendo

conjuntos do tecido urbano

Aplicado agrave cidade o termo ldquotecidordquo evoca a continuidade e a renovaccedilatildeo a permanecircncia e a variaccedilatildeo Ele explica a constituiccedilatildeo das cidades antigas e responde as questotildees levantadas pelo estudo das urbanizaccedilotildees recentes Ele pressupotildee uma atenccedilatildeo tanto ao banal quanto ao excepcional tanto agraves ruas comuns e agraves edificaccedilotildees corriqueiras quanto agraves regulamentaccedilotildees e aos monumentos Dentre as muacuteltiplas definiccedilotildees de tecido urbano e sem desprezar suas qualidades escolhemos a mais simples O tecido urbano eacute constituiacutedo pela superposiccedilatildeo ou imbricaccedilatildeo de trecircs conjuntos a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees Essa definiccedilatildeo potildee em evidecircncia os elementos que permitem que as diferentes partes da cidade evoluam ao mesmo tempo em que satildeo mantidas a coesatildeo de conjunto e a clareza de sua estrutura (PANERAI 2006 p 77-78 grifo nosso) (Figura 28)

Ao contraacuterio de LAMAS (2004) que considera a praccedila como um elemento da forma urbana por

si soacute PANERAI (2006) discute as vias ou traccedilado inseridas em uma relaccedilatildeo em rede onde

tambeacutem satildeo considerados como partes constituintes os largos passeios praccedilas esplanadas cais

pontes rios canais margens praias todos compondo o espaccedilo puacuteblico Eacute atraveacutes desta rede

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

29

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

contiacutenua e hierarquizada que acontecem as distribuiccedilotildees e circulaccedilotildees da cidade bem como sua

organizaccedilatildeo local e territorial

Jaacute os parcelamentos fundiaacuterios constituem a representaccedilatildeo negativa5 da rede de vias que evidencia o

domiacutenio construiacutedo Este domiacutenio natildeo se limita aos edifiacutecios mas tambeacutem envolve paacutetios

quintais terrenos baldios (PANERAI 2006) Embora PANERAI(2006) considere separadamente

o exame das edificaccedilotildees sugere-se que este domiacutenio construiacutedo envolve quatro dos elementos da

forma urbana elencados por LAMAS (2004) o edifiacutecio o lote o logradouro e o quarteiratildeo

Para PANERAI (2006) as edificaccedilotildees ou edifiacutecios satildeo consideradas construccedilotildees subordinadas ao

espaccedilo puacuteblico ou seja a rede de vias sendo por ele estruturada e que acrescentam a dimensatildeo

vertical ao tecido urbano Tal subordinaccedilatildeo permite que haja uma dependecircncia reciacuteproca entre os

edifiacutecios ainda que eles pertenccedilam a eacutepocas diferentes fazendo com que sua renovaccedilatildeo aconteccedila

sem que haja grandes perdas na unidade do conjunto

Ao estruturar sua concepccedilatildeo dos elementos componentes da forma urbana DEL RIO (1990) eacute

bem mais sinteacutetico e objetivo mas assim como LAMAS (2000) e PANERAI (2006) seus

elementos possuem similaridades e ateacute repeticcedilotildees que praticamente reproduzem a mesma

essecircncia conceitual dos outros dois autores Estes elementos por serem estruturados tatildeo

objetivamente seratildeo apresentados em citaccedilatildeo direta satildeo eles

- crescimento os modos as intensidades e direccedilotildees elementos geradores e reguladores limites e superaccedilatildeo de limites modificaccedilatildeo de estruturas pontos de cristalizaccedilatildeo etc - traccedilado e parcelamento ordenadores do espaccedilo estrutura fundiaacuteria relaccedilotildees distacircncias circulaccedilatildeo e acessibilidade etc - tipologias dos elementos urbanos inventaacuterio e categorizaccedilatildeo de tipologias ediliacutecias (residecircncias comercio etc) de lotes e sua ocupaccedilatildeo de quarteirotildees e sua ocupaccedilatildeo de praccedilas esquinas etc - articulaccedilotildees relaccedilotildees entre elementos hierarquias domiacutenios do publico e privado densidades relaccedilotildees entre cheios e vazios etc (DEL RIO 1990 p 83 grifos do autor)

Dentre todos os elementos expostos a partir dos trecircs autores existe um importante fenocircmeno

relacionando-os em distintas intensidades e que merece ser considerado por influenciar

definitivamente na modificaccedilatildeo da forma urbana ndash o adensamento

5 No sentido de uma fotografia onde os claros e os escuros satildeo representados no negativo de modo contraacuterio ao do objeto fotografado

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

30

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 29 ndash O adensamento das ilhas do Bairro do Recife e de Santo Antocircnio (imagem) ocorreu tanto pelo preenchimento progressivo desde o inicio da ocupaccedilatildeo da cidade quanto por meio da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees anteriores Fontehttppedrodealbuquerquewordpresscomcategorypernambuco Acesso em 201109

O adensamento ocorre a partir de dois modos

essenciais de ocupaccedilatildeo o primeiro a partir do

preenchimento progressivo do espaccedilo urbano

e o segundo a partir da substituiccedilatildeo completa

por meio de demoliccedilatildeo de edificaccedilotildees

anteriores (PANERAI 2006) (Figura 29)

A primeira forma de adensamento ocorre sem

a expansatildeo territorial por meio do

preenchimento progressivo de todas as

reservas fundiaacuterias e espaccedilos livres de

determinado meio urbano Eacute um

adensamento inserido em limitesbarreiras

preacute-estabelecidos naturais ou natildeo tais como

uma via expressa irregularidades geograacuteficas

do siacutetio ou ainda numa escala menor a proacutepria quadra pode ser um limite para saturaccedilatildeo gradual

em seu interior desmembramento ou remembramento dos lotes para construccedilatildeo de novas

edificaccedilotildees verticalizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo de antigos quintais eou jardins (PANERAI 2006)

A segunda forma de adensamento acontece atraveacutes da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees

anteriormente existentes por novas construccedilotildees de maior porte tanto em relaccedilatildeo agrave ocupaccedilatildeo do

solo por meio do remembramento de lotes quanto em relaccedilatildeo ao seu gabarito Esta forma de

adensamento permite a renovaccedilatildeo do espaccedilo urbano sem aumentar sua aacuterea de abrangecircncia sem

sua expansatildeo (PANERAI 2006)

Ambas as formas de adensamento transformam essencialmente a forma urbana e o modo como

se relacionam seus elementos componentes A identificaccedilatildeo desta transformaccedilatildeo em determinado

meio urbano gerada pelo adensamento eacute indispensaacutevel para anaacutelise do comportamento da

acuacutestica urbana a partir de modificaccedilotildees na forma urbana deste mesmo meio uma vez que o

adensamento pode influenciar na propagaccedilatildeo sonora proporcionando uma maior quantidade de

objetos reflexivos de barreiras acuacutesticas e favorecendo a diminuiccedilatildeo da permeabilidade acuacutestica

Por fim a partir exposiccedilatildeo de determinados elementos considerados por LAMAS (2004) ndash o

edifiacutecio o lote o logradouro o quarteiratildeo o traccediladoa rua e a praccedila dos conjuntos considerados

por PANERAI (2006) ndash a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees dos

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

elementos considerados por DEL RIO (1990) ndash crescimento traccedilado e parcelamento tipologias

dos elementos urbanos e as articulaccedilotildees e em busca de atingir seu objetivo principal esta

pesquisa consideraraacute a forma urbana inserida em um recorte que a considera essencialmente a

partir de seu aspecto fiacutesico e material e cujos elementos componentes considerados seratildeo

exclusivamente

1 As parcelas fundiaacuterias ndash consideradas por meio das quadras e lotes incluindo sua relaccedilatildeo

de modo de ocupaccedilatildeo das edificaccedilotildees sua densidade e seus espaccedilos livres

2 As edificaccedilotildees ndash consideradas atraveacutes de sua relaccedilatildeo de modo de ocupaccedilatildeo com os

lotes e do grau de verticalizaccedilatildeo (gabarito baixo meacutedio e alto)

3 As vias ndash consideradas como reguladoras da relaccedilatildeo com as edificaccedilotildees e quarteirotildees e

principalmente apreciadas como estreitamente vinculadas a uma das principais fontes

geradoras de ruiacutedo urbano (o traacutefego de veiacuteculos)

Estes seratildeo os elementos componentes da forma urbana que esta pesquisa se apropriaraacute no

decurso do caminho a fim de analisar o comportamento acuacutestico a partir de modificaccedilotildees

cronoloacutegicas em determinada forma urbana Nos paraacutegrafos seguintes discutem-se os conceitos e

relaccedilotildees que permeiam a acuacutestica urbana

22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais

A acuacutestica eacute a ciecircncia do som incluindo sua geraccedilatildeo transmissatildeo e recepccedilatildeo de energia sob a

forma de ondas vibracionais na mateacuteria (KINSLER et al 1982) Ela eacute uma ciecircncia

multidimensional e interligada a vaacuterios domiacutenios cientiacuteficos Seu objeto de estudo fundamental o

som delineia uma seacuterie de interfaces multidisciplinares com abordagens em diversificadas aacutereas

do conhecimento (Figura 210)

Desse modo quando a geraccedilatildeo transmissatildeo e efeitos do som estatildeo inseridos no meio urbano

seu desdobramento eacute estudado pela aacuterea de conhecimento da acuacutestica urbana muitas vezes

tambeacutem nomeada de acuacutestica ambiental

O objeto de estudo fundamental da acuacutestica o som eacute a sensaccedilatildeo produzida no ouvido por

pequenas flutuaccedilotildees da pressatildeo do ar (HANSEN 2005) ou seja eacute uma percepccedilatildeo sensorial e seu

____________________________________________

ANAacuteLISE D

complexo padratildeo de ondas s

de ruiacutedo muacutesica fala

(BERGLUND et al 1999)

Esta definiccedilatildeo do som tend

a percepccedilatildeo do ouvido

conceito psicofiacutesico Fisicame

vibraccedilatildeo mecacircnica que

progressivamente atraveacutes de

gasoso liacutequido ou soacutelido (SIN

Esta vibraccedilatildeo quando tran

que o rodeia nem sempre

aparelho auditivo humano

frequumlecircncia6 audiacutevel encontra

20 a 20000 Hz para um

(BRUumlEL amp KJAEligR 1984

1982) Frequumlecircncias acima de

altas para respostas fisioloacuteg

chamadas de ultrasons Jaacute as

de 20 Hz satildeo chamadas de

detectaacuteveis pelo ouvido hum

prejudiciais agrave sua sauacutede7

1982 SOUSA 2004)

Fisicamente o som e o ruiacutedo

ambos se propagam em mei

detectados pelo ouvido hu

enquanto o som eacute utilizado

6 A frequumlecircncia eacute o nuacutemero de ciclo(HANSEN 1995) 7 A exposiccedilatildeo a baixas frequumlecircncias depressatildeo irritabilidade e perturba pro

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 210 ndash Interfaces multidFonte Elaborado pela autora a pa

Figura 211 ndash Fonte sonora ponSOUZA 2006

as sonoras eacute rotulado

ala entre outros

ndo como referecircncia

o humano eacute um

mente o som eacute uma

que se propaga

de um meio material

(SINGAL 2005)

transmitida ao meio

re eacute detectaacutevel pelo

ano cuja faixa de

tra-se no intervalo de

um jovem saudaacutevel

4 KINSLER et al

de 20000 Hz muito

loacutegicas auditivas satildeo

as frequumlecircncias abaixo

de infrasons e natildeo satildeo

umano contudo satildeo

(KINSLER et al

iacutedo constituem o mesmo fenocircmeno de variaccedilotildee

eio elaacutestico (soacutelido liacutequido ou gasoso) e ambos

humano (BERGLUND et al 1999 HANSEN

do para descrever percepccedilotildees sonoras agradaacutev

iclos que a onda sonora completa no tempo de um segundo

as pode gerar a doenccedila Vibroacuacutestica que induz o espessamprocessos cognitivos (BRANCO e PEREIRA 2004)

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

32

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

ltidisciplinares do estudo do som partir de BISTAFA 2006

ontual e fonte sonora linear Fonte

otildees de pressatildeo ambiente

bos satildeo capazes de serem

EN 1995) No entanto

daacuteveis o ruiacutedo descreve

do e eacute medida em Hertz (Hz)

amento das estruturas cardiacuteacas

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

33

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 212 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora pontual de 6 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007

percepccedilotildees sonoras desagradaacuteveis incorporando um aspecto de subjetividade agrave sua definiccedilatildeo

(BRUumlEL amp KJAEligR 1984 HANSEN 2005 BRASIL 2006 SINGAL 2005)

Tal subjetividade acarreta diferentes e individuais percepccedilotildees sonoras pelo ser humano e

portanto em diferentes reaccedilotildees agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo Em outras palavras o que se estabelece

como som para um indiviacuteduo pode representar ruiacutedo para outro

[] as respostas inerentes ao ruiacutedo satildeo complexas dependendo tanto dos fatores propriamente acuacutesticos quanto dos psicossociais contextuais simboacutelicos emocionais como daqueles de valor especiacutefico Essas variaacuteveis participam da singularidade da escuta e atuam como filtros que modificam a percepccedilatildeo do sinal fiacutesico sonoro (SANTOS e MARTINS 2005 p 216)

Enquanto sua percepccedilatildeo envolve a subjetividade as respostas fisioloacutegicas agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo satildeo

mais objetivas e seus danos satildeo mais facilmente identificaacuteveis O ruiacutedo pode gerar complicaccedilotildees

no sistema circulatoacuterio e hormonal perda gradativa da audiccedilatildeo distuacuterbios de sono estresse

irritabilidade neuroses desconforto e dificuldade de aprendizado entre outros danos

(BERGLUND et al1999 HANSEN 2005 KINSLER et al 1982 MURGEL 2007 NAGEM

2004 NUNES 2006 PAZ et al 2005 SINGAL 2005 ZANNIN et al 2002)

O ruiacutedo pode se originar de variadas fontes presentes em diversificados ambientes as mais

comumente encontradas satildeo as fontes sonoras pontuais e as lineares (Figura 211) A fonte pontual

possui dimensotildees finitas e emite o mesmo niacutevel de pressatildeo sonora uniformemente para todas as

direccedilotildees sendo seu decaimento em campo livre de 6 dB para cada dobro da distacircncia (Figura

212) (HANSEN 2005 SOUSA 2004)

Jaacute a fonte linear eacute formada por certo nuacutemero de

fontes pontuais dispostas linearmente cuja

emissatildeo sonora eacute contiacutenua ao longo desta

linha sendo seu decaimento em campo livre

de 3 dB para cada dobro da distacircncia (Figura

213) (HANSEN 2005 PAZ 2004)

Quando propagadas no meio urbano a

combinaccedilatildeo de tais fontes sonoras associadas

ao percurso de transmissatildeo e ao receptor

constitui o ruiacutedo urbano (urban noise) tambeacutem

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 213 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora linear de 3 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007

chamado de ruiacutedo ambiental (environmental

noise) ou ruiacutedo comunitaacuterio (community noise)

(BERGLUND et al1999 GUEDES 2005

SOUSA 2004)

O ruiacutedo urbano pode ser gerado a partir do

traacutefego de veiacuteculos terrestres e aeacutereos de

obras de construccedilatildeo civil de estabelecimentos

industriais de estabelecimentos comerciais e

de serviccedilos de sistemas de propaganda

volante ou permanente8 e ruiacutedos de outras atividades cuja propagaccedilatildeo sonora pode afetar o bem-

estar e a sauacutede dos citadinos (BARRON 2003 BERGLUND et al1999 KINSLER et al 1982

NAGEM 2004 NUNES 2006 SINGAL 2005)

Apesar de esporaacutedica outra fonte de ruiacutedo gerada em meio urbano satildeo os eventos puacuteblicos tais

como festas shows comiacutecios carnavais fora de eacutepoca entre outros As fontes de ruiacutedo presentes

nestes eventos atingem um alto niacutevel de pressatildeo sonora9 e abrangem uma grande quantidade

populacional logo independente de ocorrer poucas vezes durante o ano satildeo eventos

extremamente danosos a sauacutede e principalmente agrave audiccedilatildeo a partir de 80 dB(A) natildeo importa se

a sensaccedilatildeo sonora eacute prazerosa ou natildeo ela eacute necessariamente prejudicial10 (Tabela 21) (NUNES

2006)

Quando a intensidade dos ruiacutedos urbanos torna-se excessivamente desagradaacutevel eou nociva o

ruiacutedo passa a ser considerado uma forma de poluiccedilatildeo ambiental11 - a poluiccedilatildeo sonora A

necessidade de regulamentaccedilatildeo da poluiccedilatildeo sonora renuncia os aspectos de subjetividade

existentes e inerentes ao conceito de ruiacutedo na tentativa de sintetizar e estabelecer limites leis

normas meacutetodos e accedilotildees que representem um universo sonoro equivalente para toda a

populaccedilatildeo na tentativa de controlar e mitigar o ruiacutedo urbano

8 Carros de som bicicletas com som raacutedios comunitaacuterias entre outros 9 O niacutevel de pressatildeo sonora eacute a medida fiacutesica preferencial para caracterizar a sensaccedilatildeo subjetiva da intensidade dos sons e de acordo com a lei de Weber e Fechner a sensaccedilatildeo sonora eacute proporcional ao logaritmo da intensidade sonora NPS=20 log (pp0) onde p eacute a pressatildeo sonora em Pascal e p0 eacute a pressatildeo sonora de referecircncia (2 10-5 Pascal) (BISTAFA 2006 NIEMEYER 2007) 10 Outros niacuteveis de ruiacutedo tambeacutem podem ser prejudiciais em maior ou menor grau dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora 11 ldquoPoluiccedilatildeo eacute a degradaccedilatildeo da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente a) prejudiquem a sauacutede a seguranccedila e o bem-estar da populaccedilatildeo b) criem condiccedilotildees adversas agraves atividades sociais e econocircmicas c) afetem desfavoravelmente a biota d) afetem as condiccedilotildees esteacuteticas ou sanitaacuterias do meio ambiente e) lancem mateacuterias ou energia em desacordo com os padrotildees ambientais estabelecidosrdquo (BRASIL 1981 p 1 e 2)

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Tabela 21 ndash Os niacuteveis de pressatildeo sonora e suas consequumlecircncias fisioloacutegicas no homem Em alguns casos podem a intensidade das reaccedilotildees fisioloacutegicas podem variar dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora Fonte elaborado pela autora a partir de KINSLER et al 1992 SINGAL 2005 SOUZA 2006

Assim sendo na esfera federal a Constituiccedilatildeo Federal (Art255) o Coacutedigo Civil Brasileiro (Lei ndeg

1040602) a Lei das Contravenccedilotildees Penais (Decreto-lei nordm 368841) e a Lei dos Crimes

Ambientais (Lei nordm 960598) versam a partir de diferentes abordagens e diferentes

procedimentos legais sobre a poluiccedilatildeo sonora e suas respectivas perturbaccedilotildees (CARNEIRO

2009)

NIacuteVEIS DE PRESSAtildeO SONORA E SUAS CONSEQUEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS

Niacutevel de Pressatildeo sonora

em dB(A)

Caracteriacutesticas FISIOLOacuteGICAS

Ambiente ou atividade

0 a 30 Nenhuma Tremular de folhas de uma aacutervore sussurros

aacuterea de mata selvagem

30 a 50 Nenhuma Cantar de paacutessaros rua calma em aacuterea residencial durante noite

50 a 70 Marca o iniacutecio do estresse

auditivo Rua agitada um restaurante barulhento

70 a 90 Estressante e bastante

excitante Chegada de um trem na estaccedilatildeo carro a 100 Kmh

conversa a gritos

90 a 110 Extremamente excitante provocando dependecircncia

Caminhatildeo pesado a 60 Kmh alarme de viatura passagem de trem numa estaccedilatildeo ou cabine de um aviatildeo monomotor

110 a 130

Desconfortavelmente alto atingindo o limiar da dor podendo causar surdez

instantacircnea

Trem passando em trilhos elevados martelo pneumaacutetico interior de uma boate show de banda de rock

130 a 140 Acima do limiar da dor

causando surdez permanente Decolagem de aviatildeo a jato a 5m de distacircncia disparos de artilharia

Ainda no domiacutenio federal o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) publicou vaacuterias

resoluccedilotildees que estabelecem normas de preservaccedilatildeo ao meio ambiente incluindo o combate a

poluiccedilatildeo sonora12 Nestas resoluccedilotildees todas as atividades geradoras de ruiacutedo devem seguir

diretrizes vinculadas agrave Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas ndash ABNT e ao Conselho

Nacional de Tracircnsito - CONTRAN no caso de ruiacutedo produzido por veiacuteculos automotores

(NAGEM 2004)

Tais resoluccedilotildees normas e diretrizes refletidas no domiacutenio estadual e municipal deram origem agrave

Lei Estadual nordm 12789 de 28 de Abril de 2005 (PERNAMBUCO2005) conhecida como ldquoLei do

12 Satildeo elas RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 272 de 14 de setembro de 2000

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Silecircnciordquo e que dispotildee sobre ruiacutedos urbanos poluiccedilatildeo sonora e proteccedilatildeo do bem-estar e do

sossego puacuteblico e agrave Lei nordm 16243 de 13 de setembro de 1996 ndash Coacutedigo do Meio Ambiente e do

Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife (RECIFE 1996a) que estabelece a poliacutetica do meio ambiente da

cidade do Recife incluindo regulamentaccedilatildeo de emissotildees sonoras entre outras providecircncias

tendo como suporte a Lei 1617696 de 9 de Abril de 1996 ndash Lei de Uso e Ocupaccedilatildeo do Solo da

Cidade do Recife ndash LUOS (RECIFE 1996b)

Apesar da existecircncia desta grande quantidade de leis federais estaduais e municipais apesar da

LUOS legislar sobre a etapa de aprovaccedilatildeo de projetos para a construccedilatildeo de empreendimentos

com usos geradores de incocircmodo agrave vizinhanccedila incluindo usos potencialmente geradores de ruiacutedos

submetendo-os agrave anaacutelise teacutecnica eou agrave anaacutelise especial e apesar do Coacutedigo do Meio Ambiente e

do Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife estabelecer limites maacuteximos permitidos de ruiacutedo na praacutetica a

accedilatildeo contra a poluiccedilatildeo sonora em Recife adquire caraacuteter corretivo pelos oacutergatildeos reguladores agrave

conduta do infrator geralmente a partir de denuacutencias da populaccedilatildeo apoacutes a consolidaccedilatildeo da fonte

geradora de ruiacutedo no meio urbano (JORNAL DO COMEacuteRCIO 2008 JC ONLINE 2005)

Outro exemplo local de desatenccedilatildeo agrave poluiccedilatildeo sonora eacute a inexistecircncia dentre vaacuterios outros tipos

de degradaccedilatildeo ambiental presentes de qualquer referecircncia a respeito da poluiccedilatildeo sonora em

documento produzido pela Prefeitura da Cidade do Recife no ano 2000 o Atlas Ambiental da

Cidade do Recife (RECIFE 2000)

Diante da aplicabilidade ineficaz da legislaccedilatildeo vigente em Novembro de 2009 foi lanccedilado pelo

Ministeacuterio Puacuteblico de Pernambuco a cartilha Poluiccedilatildeo sonora Silento e o barulho13 que versa sobre as

posturas e accedilotildees direitos e deveres dos diversos agentes envolvidos na produccedilatildeo e recepccedilatildeo da

poluiccedilatildeo sonora indicando como devem agir a viacutetima o policial o estado o construtor poluidor

o proprietaacuterio de carro de som poluidor entre outros A cartilha tambeacutem disponibiliza uma seacuterie

de formulaacuterios modelos de acordo com os diferentes tipos de poluiccedilatildeo sonora Estes formulaacuterios satildeo

exemplos para serem utilizados tanto pela viacutetima da poluiccedilatildeo sonora quanto pelo policial civil

militar promotor de justiccedila e ateacute mesmo pelo poluidor - o que poderaacute tornar esta cartilha um

importante instrumento para aplicaccedilatildeo das leis vigentes (CARNEIRO 2009)

Embora negligenciada e em oposiccedilatildeo a diversos outros problemas ambientais mundiais a

poluiccedilatildeo sonora continua a crescer e eacute acompanhada pelo aumento no nuacutemero de reclamaccedilotildees de

13 ldquoSilentordquo eacute um personagem criado para narrar alguns trechos interativos da cartilha

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

37

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 214 ndash Relaccedilatildeo entre o desenvolvimento industrial da sociedade que possibilita o aumento e concentraccedilatildeo de fontes sonoras e seus impactos em relaccedilatildeo ao ruiacutedo nas comunidades apontando trecircs previsotildees futuras de acordo com diferentes accedilotildees possiacuteveis de regulamentaccedilatildeo contra do ruiacutedo Fonte elaborado pela autora a partir de BERGLUND et al 1999

pessoas expostas ao ruiacutedo a partir do aumento da consciecircncia de seus direitos legais

(BERGLUND et al1999)

Para World Health Organization (WHO)14 a poluiccedilatildeo sonora jaacute eacute um dos problemas ambientais que

atingem o maior nuacutemero de pessoas no planeta perdendo apenas para a poluiccedilatildeo do ar e da aacutegua

(KIHLMAN 2004 2005) Este crescimento contiacutenuo da poluiccedilatildeo sonora e por conseguinte do

ruiacutedo urbano possui uma estreita relaccedilatildeo com as raacutepidas transformaccedilotildees ocorridas no meio

urbano nas uacuteltimas deacutecadas O desenvolvimento acelerado e a expansatildeo das cidades implicaram

em modificaccedilotildees em elementos da forma urbana em alto iacutendice de crescimento demograacutefico da

populaccedilatildeo urbana e em consequumlente aumento e concentraccedilatildeo de diversos tipos de fontes

geradoras de poluiccedilatildeo sonora (BRASIL 1990a1990b GUEDES 2005 PAZ 2009 ZANNIN et

al 2002) (Figura 214)

Entre estas fontes urbanas geradoras de poluiccedilatildeo sonora uma das que mais contribuem com o

aumento do ruiacutedo urbano aleacutem de ser considerada uma das fontes mais intrusivas e a mais

percebida pela populaccedilatildeo das grandes cidades eacute o traacutefego de veiacuteculos (DINIZ 2003 FRITSCH et al

2007 LACERDA et al 2005 PAZ 2004 ZANNIN et al 2003)

O ruiacutedo do traacutefego de veiacuteculos eacute gerado a

partir do ruiacutedo veicular que proveacutem

essencialmente do sistema de propulsatildeo do

motor do atrito entre o veiacuteculo e o ar (ruiacutedo

aerodinacircmico) e do atrito entre o pneu e o piso

(MURGEL 2007 KINSLER et al 1982) e da

relaccedilatildeo entre o veiacuteculocondutor e as

configuraccedilotildees das vias em que ele estaacute inserido

a aceleraccedilatildeo eou desaceleraccedilatildeo do motor de

acordo com a caracterizaccedilatildeo das vias - a

presenccedila de cruzamentos semaacuteforos faixas de

pedestres etc a intensidade do fluxo de

veiacuteculos e a proporccedilatildeo entre veiacuteculos leves e os

veiacuteculos pesados a frequumlecircncia de

14 Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede ndash OMS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

acionamentos de buzinas o tipo de acabamento da superfiacutecie das vias (concreto asfalto brita

terra batida) etc (SINGAL 2005)

Tais vias geradoras do ruiacutedo de traacutefego aleacutem de serem interceptadas por outras vias satildeo

comumente ladeadas por configuraccedilotildees bastante variaacuteveis desde edificaccedilotildees com formas

implantaccedilotildees e gabaritos diversificados a lotes ainda natildeo ocupados caracterizando a propagaccedilatildeo

do ruiacutedo de traacutefego urbano por muacuteltiplas reflexotildees responsaacuteveis pelo espalhamento do ruiacutedo

para vias adjacentes pelo surgimento de campos sonoros reverberantes pela difraccedilatildeo do ruiacutedo e

pelo surgimento de aacutereas de sombra (SINGAL 2005 RANDRIANOELINA e SALOMONS

2008) Ou seja a propagaccedilatildeo do ruiacutedo urbano gerado pelo traacutefego de veiacuteculos possui uma

interaccedilatildeo singular com elementos da forma urbana

Assim sendo tanto por sua participaccedilatildeo determinante na constituiccedilatildeo do ruiacutedo urbano quanto

por sua particular relaccedilatildeo com os elementos que compotildeem a forma urbana o ruiacutedo de traacutefego

seraacute a uacutenica fonte sonora considerada na presente pesquisa conforme seraacute melhor elucidado no

proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas

A interaccedilatildeo entre o ruiacutedo urbano e a forma urbana dependeraacute diretamente das configuraccedilotildees de

certos elementos que compotildeem esta forma urbana o traccedilado e perfis das vias a maneira de

implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade e

forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres tais como praccedilas e

largos (GUEDES 2005 SANTOS e MARTINS 2005) Estes elementos podem ser

acusticamente caracterizados a partir do tipo de espaccedilo acuacutestico e da permeabilidade acuacutestica

O espaccedilo acuacutestico tambeacutem nomeado de campo acuacutestico eacute a porccedilatildeo de determinado espaccedilo onde

acontecem as vibraccedilotildees sonoras podendo ser caracterizado no meio urbano como espaccedilo

acuacutestico aberto ou fechado (NIEMEYER 2007)

O espaccedilo acuacutestico aberto aproxima-se da propagaccedilatildeo em campo livre que eacute caracterizado pela ausecircncia

de obstaacuteculos que modifiquem a propagaccedilatildeo sonora entre a fonte e o receptor Assim no meio

urbano o espaccedilo cuja propagaccedilatildeo sonora envolva poucas ou nenhuma reflexatildeo e poucos ou

nenhum obstaacuteculo pode ser considerado um espaccedilo acuacutestico aberto como por exemplo o

espaccedilo acuacutestico com perfil em ldquoLrdquo tais como vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas uma de

suas margens (Figuras 215 e 216) (NIEMEYER 2007) No espaccedilo acuacutestico aberto o niacutevel de

pressatildeo sonora decai 6 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (LANG

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 215 ndash Propagaccedilatildeo sonora em Campo acuacutestico aberto Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001

Figura 216 ndash Campo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo FonteNIEMEYER 2007

Figura 217 ndash Propagaccedilatildeo sonora em campo acuacutestico fechado causando o fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001

e BERANEK 1992) isto eacute o ruiacutedo percebido

pelo receptor diminui em funccedilatildeo da

duplicaccedilatildeo da distacircncia da fonte sonora15

Praccedilas parques e largos com grandes

dimensotildees vias de traacutefego marginais a praias

vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas

uma de suas margens ou espaccedilos livres

urbanos de grandes dimensotildees caracterizam

alguns exemplos de espaccedilos acuacutesticos abertos

No espaccedilo acuacutestico fechado as ondas sonoras

sofrem muacuteltiplas reflexotildees fazendo com que o

seu niacutevel sonoro decaia muito lentamente

sendo praticamente o mesmo em vaacuterias

posiccedilotildees ateacute que esta onda sonora encontre

uma saiacuteda para campo livre caracterizando o

fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana16 17(Figura

217) (GUEDES 2005 NIEMEYER 2007)

Os espaccedilos acuacutesticos fechados podem ser

reverberantes quando a onda sonora tarda a

encontrar o campo livre gerando um grande

nuacutemero de reflexotildees ou semi-reverberantes

quando a onda sonora encontra o campo livre

um pouco mais rapidamente do que no

reverberante gerando um nuacutemero menor mas

ainda grande de reflexotildees

15 Este decaimento eacute para fontes pontuais para fontes lineares o decaimento eacute de 3 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (GERGES 2000) 16 A reverberaccedilatildeo eacute a persistecircncia de um som depois de ter sido extinta a sua emissatildeo por uma fonte e ocorre como resultado de reflexotildees em ambientes total ou parcialmente fechados (GONZALEZ e LOPES 1993) 17 Alguns espaccedilos acuacutesticos fechados tambeacutem podem amplificar o niacutevel de pressatildeo sonora mas este fenocircmeno ocorre em determinados espaccedilos acuacutesticos fechados reverberantes

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 218 ndash Campo acuacutestico fechado em perfl ldquoUrdquo tambeacutem chamado de canyons urbanos Fonte NIEMEYER 2007

No meio urbano o espaccedilo acuacutestico fechado

reverberante possui comumente um perfil em

ldquoUrdquo (Figura 218) tambeacutem chamados de

canyons urbanos que podem amplificar

consideravelmente a propagaccedilatildeo sonora das

vias de traacutefego atraveacutes de reflexotildees muacuteltiplas

geradas pelas fachadas paralelas das

edificaccedilotildees que circundam estas vias

(ANDERSON e KURZE 1992) Assim neste

tipo de espaccedilo acuacutestico a propagaccedilatildeo sonora

natildeo depende exclusivamente da distacircncia entre

a fonte e o receptor como no espaccedilo acuacutestico

aberto depende ainda da configuraccedilatildeo dos

elementos que compotildeem a forma urbana e

dos coeficientes de absorccedilatildeo dos materiais que

revestem as superfiacutecies refletoras18

(NIEMEYER 2007)

Praccedilas parques e largos com pequenas dimensotildees e cercados por edificaccedilotildees conjugadas vias de

traacutefego com edificaccedilotildees (conjugadas ou com pequenos recuos entre elas) em ambos os lados

tuacuteneis passagens subterracircneas e espaccedilos livres abaixo de viadutos caracterizam alguns exemplos

de espaccedilos acuacutesticos fechados

A caracterizaccedilatildeo de um espaccedilo acuacutestico como sendo aberto ou fechado delinearaacute como a onda

sonora iraacute espalhar-se no meio urbano cujas configuraccedilotildees dos elementos que o compotildeem

podem facilitar ou dificultar a trajetoacuteria desta onda sonora para aleacutem do local de sua emissatildeo

tornando o meio urbano mais ou menos permeaacutevel a sua propagaccedilatildeo

18 No meio urbano as superfiacutecies refletoras satildeo predominantemente formadas por fachadas e muros de edificaccedilotildees que possuem certa uniformidade na utilizaccedilatildeo de materiais altamente reflexivos e com baixos coeficientes de absorccedilatildeo tais como granito maacutermore ceracircmica esmaltada vidro Assim o coeficiente de absorccedilatildeo de uma edificaccedilatildeo para outra seraacute praticamente o mesmo sofrendo miacutenimas variaccedilotildees permitindo sua natildeo consideraccedilatildeo

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 220 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees em uma quadra permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007

Figura 221 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjugadas em uma quadra pouco permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007

Figura 219 ndash Permeabilidade acuacutestica - percursos da onda sonora gerados em meio urbano Fonte NIEMEYER 2007

Figura 222 ndash Barreira acuacutestica entre a fonte e o receptor FonteANDERSON e KURZE 1992

Assim sendo a permeabilidade acuacutestica refere-se

aos percursos da onda sonora gerados no

meio urbano (Figura 219) (GUEDES 2005

NIEMEYER 2007) A intensidade da

permeabilidade acuacutestica - mais ou menos

permeaacutevel - dependeraacute da capacidade de

certos elementos urbanos de promover ou

conter a propagaccedilatildeo da onda sonora tais

como o traccedilado e perfis das vias a maneira de

implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem

como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade

e forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila

ou ausecircncia de espaccedilos livres (Figuras 220 e

221)

A permeabilidade acuacutestica relaciona-se ainda

com as barreiras acuacutesticas Isoladamente o

conceito de barreiras acuacutesticas refere-se a

qualquer objeto que possa ser considerado um

obstaacuteculo agrave ligaccedilatildeo direta e sem interferecircncias

entre a fonte e o receptor (Figura 222)

(ANDERSON e KURZE 1992 GERGES

2000) Ao bloquear o percurso direto entre a

fonte e o receptor a onda sonora poderaacute ser

absorvida eou refletida pela superfiacutecie da

barreira transmitida atraveacutes da barreira ou

difratada a partir do topo da barreira

(BARRON 2003 SINGAL 2005)

A difraccedilatildeo eacute um fenocircmeno que permite que as

ondas sonoras sejam capazes de contornar

determinados obstaacuteculos gerando uma aacuterea de

sombra acuacutestica que possui limites espaciais

variaacuteveis de acordo com a posiccedilatildeo da fonte

____________________________________________

ANAacuteLISE D

sonora e de sua localizaccedilatilde

receptor que por sua vez

sonora difratada pelas borda

um decaimento maior do qu

campo livre (Figura 223) (N

1968 NIEMEYER 2007 PA

O uso de barreiras acuacutestic

EUA Japatildeo Austraacutelia e

reduccedilatildeo da propagaccedilatildeo do

pelo traacutefego rodoviaacuterio pa

(Figuras 224 a 226) (SIN

Brasil esta praacutetica ainda eacute inc

restringindo-se a poucos exe

caso da barreira acuacutestica no

Linha Amarela na cidade do

na Rodovia Bandeirantes co

de Satildeo Paulo a Campinas

Paulo (Figura 227) (MURGE

2004)

Embora a implantaccedilatildeo de b

esteja vinculada agrave reduccedilatildeo do

rodoviaacuterio outros elemen

meio urbano situados ent

receptor atuam espontan

barreiras agrave propagaccedilatildeo sono

terreno com topografia i

muros edificaccedilotildees entr

edificaccedilotildees conjugadas da R

cidade do Recife ou aind

conjugadas em alguns trec

Atlacircntica no Rio de Janei

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 226 ndash Barreiras instaladasem aacuterea residencial de Toacutequio Jap

Figura 224 ndash Agrave esquerda barreacriacutelico na Suiacuteccedila Agrave direita barreiraPaacutedua e Veneza na Itaacutelia Fonte C

Figura 227 ndash Barreira acuacutestica dade Satildeo Paulo Fonte MURGEL 2

Figura 223 ndash Difraccedilatildeo da ondagerando uma aacuterea de sombra acuacutest

Figura 225 ndash Agrave esquerda baproacuteximo a Zurique Agrave direita barretambeacutem na Suiccedila Fonte CICHIN

accedilatildeo em relaccedilatildeo ao

ez recebe a energia

rdas da barreira com

que se estivesse em

(NEPOMUCENO

PAZ 2004)

ticas eacute comum nos

e na Europa para

do ruiacutedo produzido

para seus arredores

INGAL 2005) No

incipiente

exemplos como eacute o

no eixo rodoviaacuterio

o Rio de Janeiro e

conectando a cidade

s no estado de Satildeo

GEL 2007 SOUSA

e barreiras acuacutesticas

do ruiacutedo de traacutefego

entos inseridos no

entre a fonte e o

taneamente como

nora tais como um

irregular taludes

ntre outros As

a Rua da Aurora na

inda as edificaccedilotildees

trechos da Avenida

neiro por exemplo

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

42

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

das ao longo de via expressa elevada Japatildeo Fonte CICHINELLI 2007

rreira acuacutestica curva em concreto e eira acuacutestica metaacutelica na estrada entre CICHINELLI 2007

da Rodovia Bandeirantes no estado 2007

da sonora a partir de uma barreira uacutestica Fonte GERGES 2000

barreira acuacutestica metaacutelica instalada arreira acuacutestica em concreto e acriacutelico INELLI 2007

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 228 ndash Rua da Aurora no Bairro da Boa Vista na cidade do Recife configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fontehttpmaiovinteeseisblogspotcom2007_ 11_01_archivehtml Acesso em 080409

Figura 229 ndash Alguns trechos da Avenida Atlacircntica no Bairro de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro tambeacutem configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fonte httpwwwtravelpodcomtravel-photoorlanworldtrip200711 71589400avenida-atlantica-along-copacabana-beachjpgtpodhtml Acesso em 080409

aleacutem de funcionarem como barreiras acuacutesticas

espontacircneas ou natildeo intencionais tambeacutem

conformam um espaccedilo acuacutestico aberto em

ldquoLrdquo e pouco permeaacutevel ao ruiacutedo (Figura 228 e

229)

A partir da discussatildeo dos espaccedilos acuacutesticos e

da permeabilidade acuacutestica evidencia-se que a

interaccedilatildeo entre os diversos elementos que

compotildeem a forma urbana - o traccedilado e perfis

das vias o modo de implantaccedilatildeo das

edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as

proporccedilotildees densidade e maneira de ocupaccedilatildeo

das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de

espaccedilos livres ndash contribui determinantemente

para a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano

atraveacutes de muacuteltiplas reflexotildees do

espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave

fonte geradora de campos sonoros

reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de

aacutereas de sombra

Isto posto se o ruiacutedo urbano eacute considerado

um sistema composto essencialmente pela fonte

sonora pelo meio de propagaccedilatildeo e pelo receptor (LANG e BERANEK 1992 ANDERSON e

KURZE 1992) a forma urbana considerada a partir dos elementos que a compotildeem enquanto

percurso de transmissatildeo delineia influencia e determina em certa medida a trajetoacuteria de

propagaccedilatildeo da onda sonora19 Ou seja a forma urbana por meio das caracteriacutesticas singulares

apresentadas pelos seus elementos componentes iraacute influenciar o comportamento da propagaccedilatildeo

da onda sonora no meio urbano

19 ldquoEm certa medidardquo pois existem outros fatores que tambeacutem influenciam a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano mas a discussatildeo sobre a consideraccedilatildeo ou natildeo destes outros fatores seraacute melhor construiacuteda no proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito alto por elevada densidade de

ocupaccedilatildeo das quadras e por vias estreitas por exemplo tende em tese a ser menos permeaacutevel ao

ruiacutedo dificultando a propagaccedilatildeo sonora para outras aacutereas Tende ainda a criar espaccedilos

reverberantes ou semi-reverberantes com o niacutevel de pressatildeo sonora elevado em praticamente

todos os pontos de reflexatildeo com perdas miacutenimas ateacute a onda sonora alcanccedilar o topo das

edificaccedilotildees e direcionar-se a campo livre Por conseguinte este comportamento tende a propiciar

dependendo ainda da relaccedilatildeo com a fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano indesejaacutevel e

insalubre aos receptores existentes nas edificaccedilotildees daquela via

Jaacute uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito baixo por baixa densidade de

ocupaccedilatildeo das quadras e por vias largas tende teoricamente a ser mais permeaacutevel ao ruiacutedo

facilitando sua propagaccedilatildeo Por outro lado natildeo gera espaccedilos acuacutesticos propiacutecios a muacuteltiplas

reflexotildees fazendo com que a onda sonora encontre mais rapidamente o campo livre facilitando

sua dissipaccedilatildeo e propiciando dependendo ainda da fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano

desejaacutevel aos seus receptores

Deste modo a existecircncia de diferenccedilas e particularidades dos elementos que compotildeem as

distintas formas urbanas proporciona os mais diversificados comportamentos acuacutesticos de

propagaccedilatildeo sonora nos mais diferentes meios urbanos Ou seja do mesmo modo que cidades

bairros e ruas natildeo satildeo iguais entre si tampouco reproduziacuteveis em sua essecircncia o comportamento

acuacutestico tambeacutem natildeo seraacute ao contraacuterio constituiraacute um atributo exclusivo de cada espaccedilo urbano

Mas se para cada espaccedilo urbano existe um comportamento acuacutestico especiacutefico como deveraacute se

comportar a propagaccedilatildeo sonora de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de

modificaccedilotildees em elementos de sua forma urbana Em outras palavras como se comportaraacute a acuacutestica

urbana de um determinado local a partir do processo cronoloacutegico de modificaccedilotildees em sua forma urbana

Nos capiacutetulo que se segue Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas seratildeo apresentadas os percursos

investigativos que foram postos em praacutetica em busca de responder a este questionamento

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 28 ndash Os trecircs conjuntos formadores do tecido urbano segundo Panerai (2006) Fonte PANERAI 2006

A praccedila eacute um espaccedilo de geometria variada

intencionalmente inserido no meio urbano

cuja relaccedilatildeo com o traccedilado e os edifiacutecios

tambeacutem eacute intencional evidenciada atraveacutes do

seu desenho e natildeo acidentais como

alargamento e confluecircncias do traccedilado Aleacutem

disso a praccedila eacute um lugar de encontro de

permanecircncia e de praacuteticas sociais

Acusticamente dependendo de suas

proporccedilotildees a propagaccedilatildeo sonora que envolve

uma praccedila pode apresentar um

comportamento que se assemelha a

propagaccedilatildeo sonora em campo livre

Estes elementos constituintes da forma urbana

conceituados por LAMAS (2004) podem ser

identificados sob um diferente invoacutelucro

conceitual mas com a mesma essecircncia no que

PANERAI (2006) definiu como sendo

conjuntos do tecido urbano

Aplicado agrave cidade o termo ldquotecidordquo evoca a continuidade e a renovaccedilatildeo a permanecircncia e a variaccedilatildeo Ele explica a constituiccedilatildeo das cidades antigas e responde as questotildees levantadas pelo estudo das urbanizaccedilotildees recentes Ele pressupotildee uma atenccedilatildeo tanto ao banal quanto ao excepcional tanto agraves ruas comuns e agraves edificaccedilotildees corriqueiras quanto agraves regulamentaccedilotildees e aos monumentos Dentre as muacuteltiplas definiccedilotildees de tecido urbano e sem desprezar suas qualidades escolhemos a mais simples O tecido urbano eacute constituiacutedo pela superposiccedilatildeo ou imbricaccedilatildeo de trecircs conjuntos a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees Essa definiccedilatildeo potildee em evidecircncia os elementos que permitem que as diferentes partes da cidade evoluam ao mesmo tempo em que satildeo mantidas a coesatildeo de conjunto e a clareza de sua estrutura (PANERAI 2006 p 77-78 grifo nosso) (Figura 28)

Ao contraacuterio de LAMAS (2004) que considera a praccedila como um elemento da forma urbana por

si soacute PANERAI (2006) discute as vias ou traccedilado inseridas em uma relaccedilatildeo em rede onde

tambeacutem satildeo considerados como partes constituintes os largos passeios praccedilas esplanadas cais

pontes rios canais margens praias todos compondo o espaccedilo puacuteblico Eacute atraveacutes desta rede

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

contiacutenua e hierarquizada que acontecem as distribuiccedilotildees e circulaccedilotildees da cidade bem como sua

organizaccedilatildeo local e territorial

Jaacute os parcelamentos fundiaacuterios constituem a representaccedilatildeo negativa5 da rede de vias que evidencia o

domiacutenio construiacutedo Este domiacutenio natildeo se limita aos edifiacutecios mas tambeacutem envolve paacutetios

quintais terrenos baldios (PANERAI 2006) Embora PANERAI(2006) considere separadamente

o exame das edificaccedilotildees sugere-se que este domiacutenio construiacutedo envolve quatro dos elementos da

forma urbana elencados por LAMAS (2004) o edifiacutecio o lote o logradouro e o quarteiratildeo

Para PANERAI (2006) as edificaccedilotildees ou edifiacutecios satildeo consideradas construccedilotildees subordinadas ao

espaccedilo puacuteblico ou seja a rede de vias sendo por ele estruturada e que acrescentam a dimensatildeo

vertical ao tecido urbano Tal subordinaccedilatildeo permite que haja uma dependecircncia reciacuteproca entre os

edifiacutecios ainda que eles pertenccedilam a eacutepocas diferentes fazendo com que sua renovaccedilatildeo aconteccedila

sem que haja grandes perdas na unidade do conjunto

Ao estruturar sua concepccedilatildeo dos elementos componentes da forma urbana DEL RIO (1990) eacute

bem mais sinteacutetico e objetivo mas assim como LAMAS (2000) e PANERAI (2006) seus

elementos possuem similaridades e ateacute repeticcedilotildees que praticamente reproduzem a mesma

essecircncia conceitual dos outros dois autores Estes elementos por serem estruturados tatildeo

objetivamente seratildeo apresentados em citaccedilatildeo direta satildeo eles

- crescimento os modos as intensidades e direccedilotildees elementos geradores e reguladores limites e superaccedilatildeo de limites modificaccedilatildeo de estruturas pontos de cristalizaccedilatildeo etc - traccedilado e parcelamento ordenadores do espaccedilo estrutura fundiaacuteria relaccedilotildees distacircncias circulaccedilatildeo e acessibilidade etc - tipologias dos elementos urbanos inventaacuterio e categorizaccedilatildeo de tipologias ediliacutecias (residecircncias comercio etc) de lotes e sua ocupaccedilatildeo de quarteirotildees e sua ocupaccedilatildeo de praccedilas esquinas etc - articulaccedilotildees relaccedilotildees entre elementos hierarquias domiacutenios do publico e privado densidades relaccedilotildees entre cheios e vazios etc (DEL RIO 1990 p 83 grifos do autor)

Dentre todos os elementos expostos a partir dos trecircs autores existe um importante fenocircmeno

relacionando-os em distintas intensidades e que merece ser considerado por influenciar

definitivamente na modificaccedilatildeo da forma urbana ndash o adensamento

5 No sentido de uma fotografia onde os claros e os escuros satildeo representados no negativo de modo contraacuterio ao do objeto fotografado

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

30

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 29 ndash O adensamento das ilhas do Bairro do Recife e de Santo Antocircnio (imagem) ocorreu tanto pelo preenchimento progressivo desde o inicio da ocupaccedilatildeo da cidade quanto por meio da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees anteriores Fontehttppedrodealbuquerquewordpresscomcategorypernambuco Acesso em 201109

O adensamento ocorre a partir de dois modos

essenciais de ocupaccedilatildeo o primeiro a partir do

preenchimento progressivo do espaccedilo urbano

e o segundo a partir da substituiccedilatildeo completa

por meio de demoliccedilatildeo de edificaccedilotildees

anteriores (PANERAI 2006) (Figura 29)

A primeira forma de adensamento ocorre sem

a expansatildeo territorial por meio do

preenchimento progressivo de todas as

reservas fundiaacuterias e espaccedilos livres de

determinado meio urbano Eacute um

adensamento inserido em limitesbarreiras

preacute-estabelecidos naturais ou natildeo tais como

uma via expressa irregularidades geograacuteficas

do siacutetio ou ainda numa escala menor a proacutepria quadra pode ser um limite para saturaccedilatildeo gradual

em seu interior desmembramento ou remembramento dos lotes para construccedilatildeo de novas

edificaccedilotildees verticalizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo de antigos quintais eou jardins (PANERAI 2006)

A segunda forma de adensamento acontece atraveacutes da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees

anteriormente existentes por novas construccedilotildees de maior porte tanto em relaccedilatildeo agrave ocupaccedilatildeo do

solo por meio do remembramento de lotes quanto em relaccedilatildeo ao seu gabarito Esta forma de

adensamento permite a renovaccedilatildeo do espaccedilo urbano sem aumentar sua aacuterea de abrangecircncia sem

sua expansatildeo (PANERAI 2006)

Ambas as formas de adensamento transformam essencialmente a forma urbana e o modo como

se relacionam seus elementos componentes A identificaccedilatildeo desta transformaccedilatildeo em determinado

meio urbano gerada pelo adensamento eacute indispensaacutevel para anaacutelise do comportamento da

acuacutestica urbana a partir de modificaccedilotildees na forma urbana deste mesmo meio uma vez que o

adensamento pode influenciar na propagaccedilatildeo sonora proporcionando uma maior quantidade de

objetos reflexivos de barreiras acuacutesticas e favorecendo a diminuiccedilatildeo da permeabilidade acuacutestica

Por fim a partir exposiccedilatildeo de determinados elementos considerados por LAMAS (2004) ndash o

edifiacutecio o lote o logradouro o quarteiratildeo o traccediladoa rua e a praccedila dos conjuntos considerados

por PANERAI (2006) ndash a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees dos

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

31

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

elementos considerados por DEL RIO (1990) ndash crescimento traccedilado e parcelamento tipologias

dos elementos urbanos e as articulaccedilotildees e em busca de atingir seu objetivo principal esta

pesquisa consideraraacute a forma urbana inserida em um recorte que a considera essencialmente a

partir de seu aspecto fiacutesico e material e cujos elementos componentes considerados seratildeo

exclusivamente

1 As parcelas fundiaacuterias ndash consideradas por meio das quadras e lotes incluindo sua relaccedilatildeo

de modo de ocupaccedilatildeo das edificaccedilotildees sua densidade e seus espaccedilos livres

2 As edificaccedilotildees ndash consideradas atraveacutes de sua relaccedilatildeo de modo de ocupaccedilatildeo com os

lotes e do grau de verticalizaccedilatildeo (gabarito baixo meacutedio e alto)

3 As vias ndash consideradas como reguladoras da relaccedilatildeo com as edificaccedilotildees e quarteirotildees e

principalmente apreciadas como estreitamente vinculadas a uma das principais fontes

geradoras de ruiacutedo urbano (o traacutefego de veiacuteculos)

Estes seratildeo os elementos componentes da forma urbana que esta pesquisa se apropriaraacute no

decurso do caminho a fim de analisar o comportamento acuacutestico a partir de modificaccedilotildees

cronoloacutegicas em determinada forma urbana Nos paraacutegrafos seguintes discutem-se os conceitos e

relaccedilotildees que permeiam a acuacutestica urbana

22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais

A acuacutestica eacute a ciecircncia do som incluindo sua geraccedilatildeo transmissatildeo e recepccedilatildeo de energia sob a

forma de ondas vibracionais na mateacuteria (KINSLER et al 1982) Ela eacute uma ciecircncia

multidimensional e interligada a vaacuterios domiacutenios cientiacuteficos Seu objeto de estudo fundamental o

som delineia uma seacuterie de interfaces multidisciplinares com abordagens em diversificadas aacutereas

do conhecimento (Figura 210)

Desse modo quando a geraccedilatildeo transmissatildeo e efeitos do som estatildeo inseridos no meio urbano

seu desdobramento eacute estudado pela aacuterea de conhecimento da acuacutestica urbana muitas vezes

tambeacutem nomeada de acuacutestica ambiental

O objeto de estudo fundamental da acuacutestica o som eacute a sensaccedilatildeo produzida no ouvido por

pequenas flutuaccedilotildees da pressatildeo do ar (HANSEN 2005) ou seja eacute uma percepccedilatildeo sensorial e seu

____________________________________________

ANAacuteLISE D

complexo padratildeo de ondas s

de ruiacutedo muacutesica fala

(BERGLUND et al 1999)

Esta definiccedilatildeo do som tend

a percepccedilatildeo do ouvido

conceito psicofiacutesico Fisicame

vibraccedilatildeo mecacircnica que

progressivamente atraveacutes de

gasoso liacutequido ou soacutelido (SIN

Esta vibraccedilatildeo quando tran

que o rodeia nem sempre

aparelho auditivo humano

frequumlecircncia6 audiacutevel encontra

20 a 20000 Hz para um

(BRUumlEL amp KJAEligR 1984

1982) Frequumlecircncias acima de

altas para respostas fisioloacuteg

chamadas de ultrasons Jaacute as

de 20 Hz satildeo chamadas de

detectaacuteveis pelo ouvido hum

prejudiciais agrave sua sauacutede7

1982 SOUSA 2004)

Fisicamente o som e o ruiacutedo

ambos se propagam em mei

detectados pelo ouvido hu

enquanto o som eacute utilizado

6 A frequumlecircncia eacute o nuacutemero de ciclo(HANSEN 1995) 7 A exposiccedilatildeo a baixas frequumlecircncias depressatildeo irritabilidade e perturba pro

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 210 ndash Interfaces multidFonte Elaborado pela autora a pa

Figura 211 ndash Fonte sonora ponSOUZA 2006

as sonoras eacute rotulado

ala entre outros

ndo como referecircncia

o humano eacute um

mente o som eacute uma

que se propaga

de um meio material

(SINGAL 2005)

transmitida ao meio

re eacute detectaacutevel pelo

ano cuja faixa de

tra-se no intervalo de

um jovem saudaacutevel

4 KINSLER et al

de 20000 Hz muito

loacutegicas auditivas satildeo

as frequumlecircncias abaixo

de infrasons e natildeo satildeo

umano contudo satildeo

(KINSLER et al

iacutedo constituem o mesmo fenocircmeno de variaccedilotildee

eio elaacutestico (soacutelido liacutequido ou gasoso) e ambos

humano (BERGLUND et al 1999 HANSEN

do para descrever percepccedilotildees sonoras agradaacutev

iclos que a onda sonora completa no tempo de um segundo

as pode gerar a doenccedila Vibroacuacutestica que induz o espessamprocessos cognitivos (BRANCO e PEREIRA 2004)

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

32

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

ltidisciplinares do estudo do som partir de BISTAFA 2006

ontual e fonte sonora linear Fonte

otildees de pressatildeo ambiente

bos satildeo capazes de serem

EN 1995) No entanto

daacuteveis o ruiacutedo descreve

do e eacute medida em Hertz (Hz)

amento das estruturas cardiacuteacas

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

33

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 212 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora pontual de 6 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007

percepccedilotildees sonoras desagradaacuteveis incorporando um aspecto de subjetividade agrave sua definiccedilatildeo

(BRUumlEL amp KJAEligR 1984 HANSEN 2005 BRASIL 2006 SINGAL 2005)

Tal subjetividade acarreta diferentes e individuais percepccedilotildees sonoras pelo ser humano e

portanto em diferentes reaccedilotildees agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo Em outras palavras o que se estabelece

como som para um indiviacuteduo pode representar ruiacutedo para outro

[] as respostas inerentes ao ruiacutedo satildeo complexas dependendo tanto dos fatores propriamente acuacutesticos quanto dos psicossociais contextuais simboacutelicos emocionais como daqueles de valor especiacutefico Essas variaacuteveis participam da singularidade da escuta e atuam como filtros que modificam a percepccedilatildeo do sinal fiacutesico sonoro (SANTOS e MARTINS 2005 p 216)

Enquanto sua percepccedilatildeo envolve a subjetividade as respostas fisioloacutegicas agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo satildeo

mais objetivas e seus danos satildeo mais facilmente identificaacuteveis O ruiacutedo pode gerar complicaccedilotildees

no sistema circulatoacuterio e hormonal perda gradativa da audiccedilatildeo distuacuterbios de sono estresse

irritabilidade neuroses desconforto e dificuldade de aprendizado entre outros danos

(BERGLUND et al1999 HANSEN 2005 KINSLER et al 1982 MURGEL 2007 NAGEM

2004 NUNES 2006 PAZ et al 2005 SINGAL 2005 ZANNIN et al 2002)

O ruiacutedo pode se originar de variadas fontes presentes em diversificados ambientes as mais

comumente encontradas satildeo as fontes sonoras pontuais e as lineares (Figura 211) A fonte pontual

possui dimensotildees finitas e emite o mesmo niacutevel de pressatildeo sonora uniformemente para todas as

direccedilotildees sendo seu decaimento em campo livre de 6 dB para cada dobro da distacircncia (Figura

212) (HANSEN 2005 SOUSA 2004)

Jaacute a fonte linear eacute formada por certo nuacutemero de

fontes pontuais dispostas linearmente cuja

emissatildeo sonora eacute contiacutenua ao longo desta

linha sendo seu decaimento em campo livre

de 3 dB para cada dobro da distacircncia (Figura

213) (HANSEN 2005 PAZ 2004)

Quando propagadas no meio urbano a

combinaccedilatildeo de tais fontes sonoras associadas

ao percurso de transmissatildeo e ao receptor

constitui o ruiacutedo urbano (urban noise) tambeacutem

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 213 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora linear de 3 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007

chamado de ruiacutedo ambiental (environmental

noise) ou ruiacutedo comunitaacuterio (community noise)

(BERGLUND et al1999 GUEDES 2005

SOUSA 2004)

O ruiacutedo urbano pode ser gerado a partir do

traacutefego de veiacuteculos terrestres e aeacutereos de

obras de construccedilatildeo civil de estabelecimentos

industriais de estabelecimentos comerciais e

de serviccedilos de sistemas de propaganda

volante ou permanente8 e ruiacutedos de outras atividades cuja propagaccedilatildeo sonora pode afetar o bem-

estar e a sauacutede dos citadinos (BARRON 2003 BERGLUND et al1999 KINSLER et al 1982

NAGEM 2004 NUNES 2006 SINGAL 2005)

Apesar de esporaacutedica outra fonte de ruiacutedo gerada em meio urbano satildeo os eventos puacuteblicos tais

como festas shows comiacutecios carnavais fora de eacutepoca entre outros As fontes de ruiacutedo presentes

nestes eventos atingem um alto niacutevel de pressatildeo sonora9 e abrangem uma grande quantidade

populacional logo independente de ocorrer poucas vezes durante o ano satildeo eventos

extremamente danosos a sauacutede e principalmente agrave audiccedilatildeo a partir de 80 dB(A) natildeo importa se

a sensaccedilatildeo sonora eacute prazerosa ou natildeo ela eacute necessariamente prejudicial10 (Tabela 21) (NUNES

2006)

Quando a intensidade dos ruiacutedos urbanos torna-se excessivamente desagradaacutevel eou nociva o

ruiacutedo passa a ser considerado uma forma de poluiccedilatildeo ambiental11 - a poluiccedilatildeo sonora A

necessidade de regulamentaccedilatildeo da poluiccedilatildeo sonora renuncia os aspectos de subjetividade

existentes e inerentes ao conceito de ruiacutedo na tentativa de sintetizar e estabelecer limites leis

normas meacutetodos e accedilotildees que representem um universo sonoro equivalente para toda a

populaccedilatildeo na tentativa de controlar e mitigar o ruiacutedo urbano

8 Carros de som bicicletas com som raacutedios comunitaacuterias entre outros 9 O niacutevel de pressatildeo sonora eacute a medida fiacutesica preferencial para caracterizar a sensaccedilatildeo subjetiva da intensidade dos sons e de acordo com a lei de Weber e Fechner a sensaccedilatildeo sonora eacute proporcional ao logaritmo da intensidade sonora NPS=20 log (pp0) onde p eacute a pressatildeo sonora em Pascal e p0 eacute a pressatildeo sonora de referecircncia (2 10-5 Pascal) (BISTAFA 2006 NIEMEYER 2007) 10 Outros niacuteveis de ruiacutedo tambeacutem podem ser prejudiciais em maior ou menor grau dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora 11 ldquoPoluiccedilatildeo eacute a degradaccedilatildeo da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente a) prejudiquem a sauacutede a seguranccedila e o bem-estar da populaccedilatildeo b) criem condiccedilotildees adversas agraves atividades sociais e econocircmicas c) afetem desfavoravelmente a biota d) afetem as condiccedilotildees esteacuteticas ou sanitaacuterias do meio ambiente e) lancem mateacuterias ou energia em desacordo com os padrotildees ambientais estabelecidosrdquo (BRASIL 1981 p 1 e 2)

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Tabela 21 ndash Os niacuteveis de pressatildeo sonora e suas consequumlecircncias fisioloacutegicas no homem Em alguns casos podem a intensidade das reaccedilotildees fisioloacutegicas podem variar dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora Fonte elaborado pela autora a partir de KINSLER et al 1992 SINGAL 2005 SOUZA 2006

Assim sendo na esfera federal a Constituiccedilatildeo Federal (Art255) o Coacutedigo Civil Brasileiro (Lei ndeg

1040602) a Lei das Contravenccedilotildees Penais (Decreto-lei nordm 368841) e a Lei dos Crimes

Ambientais (Lei nordm 960598) versam a partir de diferentes abordagens e diferentes

procedimentos legais sobre a poluiccedilatildeo sonora e suas respectivas perturbaccedilotildees (CARNEIRO

2009)

NIacuteVEIS DE PRESSAtildeO SONORA E SUAS CONSEQUEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS

Niacutevel de Pressatildeo sonora

em dB(A)

Caracteriacutesticas FISIOLOacuteGICAS

Ambiente ou atividade

0 a 30 Nenhuma Tremular de folhas de uma aacutervore sussurros

aacuterea de mata selvagem

30 a 50 Nenhuma Cantar de paacutessaros rua calma em aacuterea residencial durante noite

50 a 70 Marca o iniacutecio do estresse

auditivo Rua agitada um restaurante barulhento

70 a 90 Estressante e bastante

excitante Chegada de um trem na estaccedilatildeo carro a 100 Kmh

conversa a gritos

90 a 110 Extremamente excitante provocando dependecircncia

Caminhatildeo pesado a 60 Kmh alarme de viatura passagem de trem numa estaccedilatildeo ou cabine de um aviatildeo monomotor

110 a 130

Desconfortavelmente alto atingindo o limiar da dor podendo causar surdez

instantacircnea

Trem passando em trilhos elevados martelo pneumaacutetico interior de uma boate show de banda de rock

130 a 140 Acima do limiar da dor

causando surdez permanente Decolagem de aviatildeo a jato a 5m de distacircncia disparos de artilharia

Ainda no domiacutenio federal o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) publicou vaacuterias

resoluccedilotildees que estabelecem normas de preservaccedilatildeo ao meio ambiente incluindo o combate a

poluiccedilatildeo sonora12 Nestas resoluccedilotildees todas as atividades geradoras de ruiacutedo devem seguir

diretrizes vinculadas agrave Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas ndash ABNT e ao Conselho

Nacional de Tracircnsito - CONTRAN no caso de ruiacutedo produzido por veiacuteculos automotores

(NAGEM 2004)

Tais resoluccedilotildees normas e diretrizes refletidas no domiacutenio estadual e municipal deram origem agrave

Lei Estadual nordm 12789 de 28 de Abril de 2005 (PERNAMBUCO2005) conhecida como ldquoLei do

12 Satildeo elas RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 272 de 14 de setembro de 2000

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Silecircnciordquo e que dispotildee sobre ruiacutedos urbanos poluiccedilatildeo sonora e proteccedilatildeo do bem-estar e do

sossego puacuteblico e agrave Lei nordm 16243 de 13 de setembro de 1996 ndash Coacutedigo do Meio Ambiente e do

Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife (RECIFE 1996a) que estabelece a poliacutetica do meio ambiente da

cidade do Recife incluindo regulamentaccedilatildeo de emissotildees sonoras entre outras providecircncias

tendo como suporte a Lei 1617696 de 9 de Abril de 1996 ndash Lei de Uso e Ocupaccedilatildeo do Solo da

Cidade do Recife ndash LUOS (RECIFE 1996b)

Apesar da existecircncia desta grande quantidade de leis federais estaduais e municipais apesar da

LUOS legislar sobre a etapa de aprovaccedilatildeo de projetos para a construccedilatildeo de empreendimentos

com usos geradores de incocircmodo agrave vizinhanccedila incluindo usos potencialmente geradores de ruiacutedos

submetendo-os agrave anaacutelise teacutecnica eou agrave anaacutelise especial e apesar do Coacutedigo do Meio Ambiente e

do Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife estabelecer limites maacuteximos permitidos de ruiacutedo na praacutetica a

accedilatildeo contra a poluiccedilatildeo sonora em Recife adquire caraacuteter corretivo pelos oacutergatildeos reguladores agrave

conduta do infrator geralmente a partir de denuacutencias da populaccedilatildeo apoacutes a consolidaccedilatildeo da fonte

geradora de ruiacutedo no meio urbano (JORNAL DO COMEacuteRCIO 2008 JC ONLINE 2005)

Outro exemplo local de desatenccedilatildeo agrave poluiccedilatildeo sonora eacute a inexistecircncia dentre vaacuterios outros tipos

de degradaccedilatildeo ambiental presentes de qualquer referecircncia a respeito da poluiccedilatildeo sonora em

documento produzido pela Prefeitura da Cidade do Recife no ano 2000 o Atlas Ambiental da

Cidade do Recife (RECIFE 2000)

Diante da aplicabilidade ineficaz da legislaccedilatildeo vigente em Novembro de 2009 foi lanccedilado pelo

Ministeacuterio Puacuteblico de Pernambuco a cartilha Poluiccedilatildeo sonora Silento e o barulho13 que versa sobre as

posturas e accedilotildees direitos e deveres dos diversos agentes envolvidos na produccedilatildeo e recepccedilatildeo da

poluiccedilatildeo sonora indicando como devem agir a viacutetima o policial o estado o construtor poluidor

o proprietaacuterio de carro de som poluidor entre outros A cartilha tambeacutem disponibiliza uma seacuterie

de formulaacuterios modelos de acordo com os diferentes tipos de poluiccedilatildeo sonora Estes formulaacuterios satildeo

exemplos para serem utilizados tanto pela viacutetima da poluiccedilatildeo sonora quanto pelo policial civil

militar promotor de justiccedila e ateacute mesmo pelo poluidor - o que poderaacute tornar esta cartilha um

importante instrumento para aplicaccedilatildeo das leis vigentes (CARNEIRO 2009)

Embora negligenciada e em oposiccedilatildeo a diversos outros problemas ambientais mundiais a

poluiccedilatildeo sonora continua a crescer e eacute acompanhada pelo aumento no nuacutemero de reclamaccedilotildees de

13 ldquoSilentordquo eacute um personagem criado para narrar alguns trechos interativos da cartilha

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 214 ndash Relaccedilatildeo entre o desenvolvimento industrial da sociedade que possibilita o aumento e concentraccedilatildeo de fontes sonoras e seus impactos em relaccedilatildeo ao ruiacutedo nas comunidades apontando trecircs previsotildees futuras de acordo com diferentes accedilotildees possiacuteveis de regulamentaccedilatildeo contra do ruiacutedo Fonte elaborado pela autora a partir de BERGLUND et al 1999

pessoas expostas ao ruiacutedo a partir do aumento da consciecircncia de seus direitos legais

(BERGLUND et al1999)

Para World Health Organization (WHO)14 a poluiccedilatildeo sonora jaacute eacute um dos problemas ambientais que

atingem o maior nuacutemero de pessoas no planeta perdendo apenas para a poluiccedilatildeo do ar e da aacutegua

(KIHLMAN 2004 2005) Este crescimento contiacutenuo da poluiccedilatildeo sonora e por conseguinte do

ruiacutedo urbano possui uma estreita relaccedilatildeo com as raacutepidas transformaccedilotildees ocorridas no meio

urbano nas uacuteltimas deacutecadas O desenvolvimento acelerado e a expansatildeo das cidades implicaram

em modificaccedilotildees em elementos da forma urbana em alto iacutendice de crescimento demograacutefico da

populaccedilatildeo urbana e em consequumlente aumento e concentraccedilatildeo de diversos tipos de fontes

geradoras de poluiccedilatildeo sonora (BRASIL 1990a1990b GUEDES 2005 PAZ 2009 ZANNIN et

al 2002) (Figura 214)

Entre estas fontes urbanas geradoras de poluiccedilatildeo sonora uma das que mais contribuem com o

aumento do ruiacutedo urbano aleacutem de ser considerada uma das fontes mais intrusivas e a mais

percebida pela populaccedilatildeo das grandes cidades eacute o traacutefego de veiacuteculos (DINIZ 2003 FRITSCH et al

2007 LACERDA et al 2005 PAZ 2004 ZANNIN et al 2003)

O ruiacutedo do traacutefego de veiacuteculos eacute gerado a

partir do ruiacutedo veicular que proveacutem

essencialmente do sistema de propulsatildeo do

motor do atrito entre o veiacuteculo e o ar (ruiacutedo

aerodinacircmico) e do atrito entre o pneu e o piso

(MURGEL 2007 KINSLER et al 1982) e da

relaccedilatildeo entre o veiacuteculocondutor e as

configuraccedilotildees das vias em que ele estaacute inserido

a aceleraccedilatildeo eou desaceleraccedilatildeo do motor de

acordo com a caracterizaccedilatildeo das vias - a

presenccedila de cruzamentos semaacuteforos faixas de

pedestres etc a intensidade do fluxo de

veiacuteculos e a proporccedilatildeo entre veiacuteculos leves e os

veiacuteculos pesados a frequumlecircncia de

14 Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede ndash OMS

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

38

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

acionamentos de buzinas o tipo de acabamento da superfiacutecie das vias (concreto asfalto brita

terra batida) etc (SINGAL 2005)

Tais vias geradoras do ruiacutedo de traacutefego aleacutem de serem interceptadas por outras vias satildeo

comumente ladeadas por configuraccedilotildees bastante variaacuteveis desde edificaccedilotildees com formas

implantaccedilotildees e gabaritos diversificados a lotes ainda natildeo ocupados caracterizando a propagaccedilatildeo

do ruiacutedo de traacutefego urbano por muacuteltiplas reflexotildees responsaacuteveis pelo espalhamento do ruiacutedo

para vias adjacentes pelo surgimento de campos sonoros reverberantes pela difraccedilatildeo do ruiacutedo e

pelo surgimento de aacutereas de sombra (SINGAL 2005 RANDRIANOELINA e SALOMONS

2008) Ou seja a propagaccedilatildeo do ruiacutedo urbano gerado pelo traacutefego de veiacuteculos possui uma

interaccedilatildeo singular com elementos da forma urbana

Assim sendo tanto por sua participaccedilatildeo determinante na constituiccedilatildeo do ruiacutedo urbano quanto

por sua particular relaccedilatildeo com os elementos que compotildeem a forma urbana o ruiacutedo de traacutefego

seraacute a uacutenica fonte sonora considerada na presente pesquisa conforme seraacute melhor elucidado no

proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas

A interaccedilatildeo entre o ruiacutedo urbano e a forma urbana dependeraacute diretamente das configuraccedilotildees de

certos elementos que compotildeem esta forma urbana o traccedilado e perfis das vias a maneira de

implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade e

forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres tais como praccedilas e

largos (GUEDES 2005 SANTOS e MARTINS 2005) Estes elementos podem ser

acusticamente caracterizados a partir do tipo de espaccedilo acuacutestico e da permeabilidade acuacutestica

O espaccedilo acuacutestico tambeacutem nomeado de campo acuacutestico eacute a porccedilatildeo de determinado espaccedilo onde

acontecem as vibraccedilotildees sonoras podendo ser caracterizado no meio urbano como espaccedilo

acuacutestico aberto ou fechado (NIEMEYER 2007)

O espaccedilo acuacutestico aberto aproxima-se da propagaccedilatildeo em campo livre que eacute caracterizado pela ausecircncia

de obstaacuteculos que modifiquem a propagaccedilatildeo sonora entre a fonte e o receptor Assim no meio

urbano o espaccedilo cuja propagaccedilatildeo sonora envolva poucas ou nenhuma reflexatildeo e poucos ou

nenhum obstaacuteculo pode ser considerado um espaccedilo acuacutestico aberto como por exemplo o

espaccedilo acuacutestico com perfil em ldquoLrdquo tais como vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas uma de

suas margens (Figuras 215 e 216) (NIEMEYER 2007) No espaccedilo acuacutestico aberto o niacutevel de

pressatildeo sonora decai 6 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (LANG

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

39

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 215 ndash Propagaccedilatildeo sonora em Campo acuacutestico aberto Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001

Figura 216 ndash Campo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo FonteNIEMEYER 2007

Figura 217 ndash Propagaccedilatildeo sonora em campo acuacutestico fechado causando o fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001

e BERANEK 1992) isto eacute o ruiacutedo percebido

pelo receptor diminui em funccedilatildeo da

duplicaccedilatildeo da distacircncia da fonte sonora15

Praccedilas parques e largos com grandes

dimensotildees vias de traacutefego marginais a praias

vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas

uma de suas margens ou espaccedilos livres

urbanos de grandes dimensotildees caracterizam

alguns exemplos de espaccedilos acuacutesticos abertos

No espaccedilo acuacutestico fechado as ondas sonoras

sofrem muacuteltiplas reflexotildees fazendo com que o

seu niacutevel sonoro decaia muito lentamente

sendo praticamente o mesmo em vaacuterias

posiccedilotildees ateacute que esta onda sonora encontre

uma saiacuteda para campo livre caracterizando o

fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana16 17(Figura

217) (GUEDES 2005 NIEMEYER 2007)

Os espaccedilos acuacutesticos fechados podem ser

reverberantes quando a onda sonora tarda a

encontrar o campo livre gerando um grande

nuacutemero de reflexotildees ou semi-reverberantes

quando a onda sonora encontra o campo livre

um pouco mais rapidamente do que no

reverberante gerando um nuacutemero menor mas

ainda grande de reflexotildees

15 Este decaimento eacute para fontes pontuais para fontes lineares o decaimento eacute de 3 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (GERGES 2000) 16 A reverberaccedilatildeo eacute a persistecircncia de um som depois de ter sido extinta a sua emissatildeo por uma fonte e ocorre como resultado de reflexotildees em ambientes total ou parcialmente fechados (GONZALEZ e LOPES 1993) 17 Alguns espaccedilos acuacutesticos fechados tambeacutem podem amplificar o niacutevel de pressatildeo sonora mas este fenocircmeno ocorre em determinados espaccedilos acuacutesticos fechados reverberantes

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

40

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 218 ndash Campo acuacutestico fechado em perfl ldquoUrdquo tambeacutem chamado de canyons urbanos Fonte NIEMEYER 2007

No meio urbano o espaccedilo acuacutestico fechado

reverberante possui comumente um perfil em

ldquoUrdquo (Figura 218) tambeacutem chamados de

canyons urbanos que podem amplificar

consideravelmente a propagaccedilatildeo sonora das

vias de traacutefego atraveacutes de reflexotildees muacuteltiplas

geradas pelas fachadas paralelas das

edificaccedilotildees que circundam estas vias

(ANDERSON e KURZE 1992) Assim neste

tipo de espaccedilo acuacutestico a propagaccedilatildeo sonora

natildeo depende exclusivamente da distacircncia entre

a fonte e o receptor como no espaccedilo acuacutestico

aberto depende ainda da configuraccedilatildeo dos

elementos que compotildeem a forma urbana e

dos coeficientes de absorccedilatildeo dos materiais que

revestem as superfiacutecies refletoras18

(NIEMEYER 2007)

Praccedilas parques e largos com pequenas dimensotildees e cercados por edificaccedilotildees conjugadas vias de

traacutefego com edificaccedilotildees (conjugadas ou com pequenos recuos entre elas) em ambos os lados

tuacuteneis passagens subterracircneas e espaccedilos livres abaixo de viadutos caracterizam alguns exemplos

de espaccedilos acuacutesticos fechados

A caracterizaccedilatildeo de um espaccedilo acuacutestico como sendo aberto ou fechado delinearaacute como a onda

sonora iraacute espalhar-se no meio urbano cujas configuraccedilotildees dos elementos que o compotildeem

podem facilitar ou dificultar a trajetoacuteria desta onda sonora para aleacutem do local de sua emissatildeo

tornando o meio urbano mais ou menos permeaacutevel a sua propagaccedilatildeo

18 No meio urbano as superfiacutecies refletoras satildeo predominantemente formadas por fachadas e muros de edificaccedilotildees que possuem certa uniformidade na utilizaccedilatildeo de materiais altamente reflexivos e com baixos coeficientes de absorccedilatildeo tais como granito maacutermore ceracircmica esmaltada vidro Assim o coeficiente de absorccedilatildeo de uma edificaccedilatildeo para outra seraacute praticamente o mesmo sofrendo miacutenimas variaccedilotildees permitindo sua natildeo consideraccedilatildeo

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

41

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 220 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees em uma quadra permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007

Figura 221 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjugadas em uma quadra pouco permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007

Figura 219 ndash Permeabilidade acuacutestica - percursos da onda sonora gerados em meio urbano Fonte NIEMEYER 2007

Figura 222 ndash Barreira acuacutestica entre a fonte e o receptor FonteANDERSON e KURZE 1992

Assim sendo a permeabilidade acuacutestica refere-se

aos percursos da onda sonora gerados no

meio urbano (Figura 219) (GUEDES 2005

NIEMEYER 2007) A intensidade da

permeabilidade acuacutestica - mais ou menos

permeaacutevel - dependeraacute da capacidade de

certos elementos urbanos de promover ou

conter a propagaccedilatildeo da onda sonora tais

como o traccedilado e perfis das vias a maneira de

implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem

como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade

e forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila

ou ausecircncia de espaccedilos livres (Figuras 220 e

221)

A permeabilidade acuacutestica relaciona-se ainda

com as barreiras acuacutesticas Isoladamente o

conceito de barreiras acuacutesticas refere-se a

qualquer objeto que possa ser considerado um

obstaacuteculo agrave ligaccedilatildeo direta e sem interferecircncias

entre a fonte e o receptor (Figura 222)

(ANDERSON e KURZE 1992 GERGES

2000) Ao bloquear o percurso direto entre a

fonte e o receptor a onda sonora poderaacute ser

absorvida eou refletida pela superfiacutecie da

barreira transmitida atraveacutes da barreira ou

difratada a partir do topo da barreira

(BARRON 2003 SINGAL 2005)

A difraccedilatildeo eacute um fenocircmeno que permite que as

ondas sonoras sejam capazes de contornar

determinados obstaacuteculos gerando uma aacuterea de

sombra acuacutestica que possui limites espaciais

variaacuteveis de acordo com a posiccedilatildeo da fonte

____________________________________________

ANAacuteLISE D

sonora e de sua localizaccedilatilde

receptor que por sua vez

sonora difratada pelas borda

um decaimento maior do qu

campo livre (Figura 223) (N

1968 NIEMEYER 2007 PA

O uso de barreiras acuacutestic

EUA Japatildeo Austraacutelia e

reduccedilatildeo da propagaccedilatildeo do

pelo traacutefego rodoviaacuterio pa

(Figuras 224 a 226) (SIN

Brasil esta praacutetica ainda eacute inc

restringindo-se a poucos exe

caso da barreira acuacutestica no

Linha Amarela na cidade do

na Rodovia Bandeirantes co

de Satildeo Paulo a Campinas

Paulo (Figura 227) (MURGE

2004)

Embora a implantaccedilatildeo de b

esteja vinculada agrave reduccedilatildeo do

rodoviaacuterio outros elemen

meio urbano situados ent

receptor atuam espontan

barreiras agrave propagaccedilatildeo sono

terreno com topografia i

muros edificaccedilotildees entr

edificaccedilotildees conjugadas da R

cidade do Recife ou aind

conjugadas em alguns trec

Atlacircntica no Rio de Janei

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 226 ndash Barreiras instaladasem aacuterea residencial de Toacutequio Jap

Figura 224 ndash Agrave esquerda barreacriacutelico na Suiacuteccedila Agrave direita barreiraPaacutedua e Veneza na Itaacutelia Fonte C

Figura 227 ndash Barreira acuacutestica dade Satildeo Paulo Fonte MURGEL 2

Figura 223 ndash Difraccedilatildeo da ondagerando uma aacuterea de sombra acuacutest

Figura 225 ndash Agrave esquerda baproacuteximo a Zurique Agrave direita barretambeacutem na Suiccedila Fonte CICHIN

accedilatildeo em relaccedilatildeo ao

ez recebe a energia

rdas da barreira com

que se estivesse em

(NEPOMUCENO

PAZ 2004)

ticas eacute comum nos

e na Europa para

do ruiacutedo produzido

para seus arredores

INGAL 2005) No

incipiente

exemplos como eacute o

no eixo rodoviaacuterio

o Rio de Janeiro e

conectando a cidade

s no estado de Satildeo

GEL 2007 SOUSA

e barreiras acuacutesticas

do ruiacutedo de traacutefego

entos inseridos no

entre a fonte e o

taneamente como

nora tais como um

irregular taludes

ntre outros As

a Rua da Aurora na

inda as edificaccedilotildees

trechos da Avenida

neiro por exemplo

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

42

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

das ao longo de via expressa elevada Japatildeo Fonte CICHINELLI 2007

rreira acuacutestica curva em concreto e eira acuacutestica metaacutelica na estrada entre CICHINELLI 2007

da Rodovia Bandeirantes no estado 2007

da sonora a partir de uma barreira uacutestica Fonte GERGES 2000

barreira acuacutestica metaacutelica instalada arreira acuacutestica em concreto e acriacutelico INELLI 2007

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

43

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 228 ndash Rua da Aurora no Bairro da Boa Vista na cidade do Recife configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fontehttpmaiovinteeseisblogspotcom2007_ 11_01_archivehtml Acesso em 080409

Figura 229 ndash Alguns trechos da Avenida Atlacircntica no Bairro de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro tambeacutem configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fonte httpwwwtravelpodcomtravel-photoorlanworldtrip200711 71589400avenida-atlantica-along-copacabana-beachjpgtpodhtml Acesso em 080409

aleacutem de funcionarem como barreiras acuacutesticas

espontacircneas ou natildeo intencionais tambeacutem

conformam um espaccedilo acuacutestico aberto em

ldquoLrdquo e pouco permeaacutevel ao ruiacutedo (Figura 228 e

229)

A partir da discussatildeo dos espaccedilos acuacutesticos e

da permeabilidade acuacutestica evidencia-se que a

interaccedilatildeo entre os diversos elementos que

compotildeem a forma urbana - o traccedilado e perfis

das vias o modo de implantaccedilatildeo das

edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as

proporccedilotildees densidade e maneira de ocupaccedilatildeo

das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de

espaccedilos livres ndash contribui determinantemente

para a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano

atraveacutes de muacuteltiplas reflexotildees do

espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave

fonte geradora de campos sonoros

reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de

aacutereas de sombra

Isto posto se o ruiacutedo urbano eacute considerado

um sistema composto essencialmente pela fonte

sonora pelo meio de propagaccedilatildeo e pelo receptor (LANG e BERANEK 1992 ANDERSON e

KURZE 1992) a forma urbana considerada a partir dos elementos que a compotildeem enquanto

percurso de transmissatildeo delineia influencia e determina em certa medida a trajetoacuteria de

propagaccedilatildeo da onda sonora19 Ou seja a forma urbana por meio das caracteriacutesticas singulares

apresentadas pelos seus elementos componentes iraacute influenciar o comportamento da propagaccedilatildeo

da onda sonora no meio urbano

19 ldquoEm certa medidardquo pois existem outros fatores que tambeacutem influenciam a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano mas a discussatildeo sobre a consideraccedilatildeo ou natildeo destes outros fatores seraacute melhor construiacuteda no proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

44

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito alto por elevada densidade de

ocupaccedilatildeo das quadras e por vias estreitas por exemplo tende em tese a ser menos permeaacutevel ao

ruiacutedo dificultando a propagaccedilatildeo sonora para outras aacutereas Tende ainda a criar espaccedilos

reverberantes ou semi-reverberantes com o niacutevel de pressatildeo sonora elevado em praticamente

todos os pontos de reflexatildeo com perdas miacutenimas ateacute a onda sonora alcanccedilar o topo das

edificaccedilotildees e direcionar-se a campo livre Por conseguinte este comportamento tende a propiciar

dependendo ainda da relaccedilatildeo com a fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano indesejaacutevel e

insalubre aos receptores existentes nas edificaccedilotildees daquela via

Jaacute uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito baixo por baixa densidade de

ocupaccedilatildeo das quadras e por vias largas tende teoricamente a ser mais permeaacutevel ao ruiacutedo

facilitando sua propagaccedilatildeo Por outro lado natildeo gera espaccedilos acuacutesticos propiacutecios a muacuteltiplas

reflexotildees fazendo com que a onda sonora encontre mais rapidamente o campo livre facilitando

sua dissipaccedilatildeo e propiciando dependendo ainda da fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano

desejaacutevel aos seus receptores

Deste modo a existecircncia de diferenccedilas e particularidades dos elementos que compotildeem as

distintas formas urbanas proporciona os mais diversificados comportamentos acuacutesticos de

propagaccedilatildeo sonora nos mais diferentes meios urbanos Ou seja do mesmo modo que cidades

bairros e ruas natildeo satildeo iguais entre si tampouco reproduziacuteveis em sua essecircncia o comportamento

acuacutestico tambeacutem natildeo seraacute ao contraacuterio constituiraacute um atributo exclusivo de cada espaccedilo urbano

Mas se para cada espaccedilo urbano existe um comportamento acuacutestico especiacutefico como deveraacute se

comportar a propagaccedilatildeo sonora de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de

modificaccedilotildees em elementos de sua forma urbana Em outras palavras como se comportaraacute a acuacutestica

urbana de um determinado local a partir do processo cronoloacutegico de modificaccedilotildees em sua forma urbana

Nos capiacutetulo que se segue Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas seratildeo apresentadas os percursos

investigativos que foram postos em praacutetica em busca de responder a este questionamento

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

29

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

contiacutenua e hierarquizada que acontecem as distribuiccedilotildees e circulaccedilotildees da cidade bem como sua

organizaccedilatildeo local e territorial

Jaacute os parcelamentos fundiaacuterios constituem a representaccedilatildeo negativa5 da rede de vias que evidencia o

domiacutenio construiacutedo Este domiacutenio natildeo se limita aos edifiacutecios mas tambeacutem envolve paacutetios

quintais terrenos baldios (PANERAI 2006) Embora PANERAI(2006) considere separadamente

o exame das edificaccedilotildees sugere-se que este domiacutenio construiacutedo envolve quatro dos elementos da

forma urbana elencados por LAMAS (2004) o edifiacutecio o lote o logradouro e o quarteiratildeo

Para PANERAI (2006) as edificaccedilotildees ou edifiacutecios satildeo consideradas construccedilotildees subordinadas ao

espaccedilo puacuteblico ou seja a rede de vias sendo por ele estruturada e que acrescentam a dimensatildeo

vertical ao tecido urbano Tal subordinaccedilatildeo permite que haja uma dependecircncia reciacuteproca entre os

edifiacutecios ainda que eles pertenccedilam a eacutepocas diferentes fazendo com que sua renovaccedilatildeo aconteccedila

sem que haja grandes perdas na unidade do conjunto

Ao estruturar sua concepccedilatildeo dos elementos componentes da forma urbana DEL RIO (1990) eacute

bem mais sinteacutetico e objetivo mas assim como LAMAS (2000) e PANERAI (2006) seus

elementos possuem similaridades e ateacute repeticcedilotildees que praticamente reproduzem a mesma

essecircncia conceitual dos outros dois autores Estes elementos por serem estruturados tatildeo

objetivamente seratildeo apresentados em citaccedilatildeo direta satildeo eles

- crescimento os modos as intensidades e direccedilotildees elementos geradores e reguladores limites e superaccedilatildeo de limites modificaccedilatildeo de estruturas pontos de cristalizaccedilatildeo etc - traccedilado e parcelamento ordenadores do espaccedilo estrutura fundiaacuteria relaccedilotildees distacircncias circulaccedilatildeo e acessibilidade etc - tipologias dos elementos urbanos inventaacuterio e categorizaccedilatildeo de tipologias ediliacutecias (residecircncias comercio etc) de lotes e sua ocupaccedilatildeo de quarteirotildees e sua ocupaccedilatildeo de praccedilas esquinas etc - articulaccedilotildees relaccedilotildees entre elementos hierarquias domiacutenios do publico e privado densidades relaccedilotildees entre cheios e vazios etc (DEL RIO 1990 p 83 grifos do autor)

Dentre todos os elementos expostos a partir dos trecircs autores existe um importante fenocircmeno

relacionando-os em distintas intensidades e que merece ser considerado por influenciar

definitivamente na modificaccedilatildeo da forma urbana ndash o adensamento

5 No sentido de uma fotografia onde os claros e os escuros satildeo representados no negativo de modo contraacuterio ao do objeto fotografado

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

30

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 29 ndash O adensamento das ilhas do Bairro do Recife e de Santo Antocircnio (imagem) ocorreu tanto pelo preenchimento progressivo desde o inicio da ocupaccedilatildeo da cidade quanto por meio da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees anteriores Fontehttppedrodealbuquerquewordpresscomcategorypernambuco Acesso em 201109

O adensamento ocorre a partir de dois modos

essenciais de ocupaccedilatildeo o primeiro a partir do

preenchimento progressivo do espaccedilo urbano

e o segundo a partir da substituiccedilatildeo completa

por meio de demoliccedilatildeo de edificaccedilotildees

anteriores (PANERAI 2006) (Figura 29)

A primeira forma de adensamento ocorre sem

a expansatildeo territorial por meio do

preenchimento progressivo de todas as

reservas fundiaacuterias e espaccedilos livres de

determinado meio urbano Eacute um

adensamento inserido em limitesbarreiras

preacute-estabelecidos naturais ou natildeo tais como

uma via expressa irregularidades geograacuteficas

do siacutetio ou ainda numa escala menor a proacutepria quadra pode ser um limite para saturaccedilatildeo gradual

em seu interior desmembramento ou remembramento dos lotes para construccedilatildeo de novas

edificaccedilotildees verticalizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo de antigos quintais eou jardins (PANERAI 2006)

A segunda forma de adensamento acontece atraveacutes da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees

anteriormente existentes por novas construccedilotildees de maior porte tanto em relaccedilatildeo agrave ocupaccedilatildeo do

solo por meio do remembramento de lotes quanto em relaccedilatildeo ao seu gabarito Esta forma de

adensamento permite a renovaccedilatildeo do espaccedilo urbano sem aumentar sua aacuterea de abrangecircncia sem

sua expansatildeo (PANERAI 2006)

Ambas as formas de adensamento transformam essencialmente a forma urbana e o modo como

se relacionam seus elementos componentes A identificaccedilatildeo desta transformaccedilatildeo em determinado

meio urbano gerada pelo adensamento eacute indispensaacutevel para anaacutelise do comportamento da

acuacutestica urbana a partir de modificaccedilotildees na forma urbana deste mesmo meio uma vez que o

adensamento pode influenciar na propagaccedilatildeo sonora proporcionando uma maior quantidade de

objetos reflexivos de barreiras acuacutesticas e favorecendo a diminuiccedilatildeo da permeabilidade acuacutestica

Por fim a partir exposiccedilatildeo de determinados elementos considerados por LAMAS (2004) ndash o

edifiacutecio o lote o logradouro o quarteiratildeo o traccediladoa rua e a praccedila dos conjuntos considerados

por PANERAI (2006) ndash a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees dos

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

31

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

elementos considerados por DEL RIO (1990) ndash crescimento traccedilado e parcelamento tipologias

dos elementos urbanos e as articulaccedilotildees e em busca de atingir seu objetivo principal esta

pesquisa consideraraacute a forma urbana inserida em um recorte que a considera essencialmente a

partir de seu aspecto fiacutesico e material e cujos elementos componentes considerados seratildeo

exclusivamente

1 As parcelas fundiaacuterias ndash consideradas por meio das quadras e lotes incluindo sua relaccedilatildeo

de modo de ocupaccedilatildeo das edificaccedilotildees sua densidade e seus espaccedilos livres

2 As edificaccedilotildees ndash consideradas atraveacutes de sua relaccedilatildeo de modo de ocupaccedilatildeo com os

lotes e do grau de verticalizaccedilatildeo (gabarito baixo meacutedio e alto)

3 As vias ndash consideradas como reguladoras da relaccedilatildeo com as edificaccedilotildees e quarteirotildees e

principalmente apreciadas como estreitamente vinculadas a uma das principais fontes

geradoras de ruiacutedo urbano (o traacutefego de veiacuteculos)

Estes seratildeo os elementos componentes da forma urbana que esta pesquisa se apropriaraacute no

decurso do caminho a fim de analisar o comportamento acuacutestico a partir de modificaccedilotildees

cronoloacutegicas em determinada forma urbana Nos paraacutegrafos seguintes discutem-se os conceitos e

relaccedilotildees que permeiam a acuacutestica urbana

22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais

A acuacutestica eacute a ciecircncia do som incluindo sua geraccedilatildeo transmissatildeo e recepccedilatildeo de energia sob a

forma de ondas vibracionais na mateacuteria (KINSLER et al 1982) Ela eacute uma ciecircncia

multidimensional e interligada a vaacuterios domiacutenios cientiacuteficos Seu objeto de estudo fundamental o

som delineia uma seacuterie de interfaces multidisciplinares com abordagens em diversificadas aacutereas

do conhecimento (Figura 210)

Desse modo quando a geraccedilatildeo transmissatildeo e efeitos do som estatildeo inseridos no meio urbano

seu desdobramento eacute estudado pela aacuterea de conhecimento da acuacutestica urbana muitas vezes

tambeacutem nomeada de acuacutestica ambiental

O objeto de estudo fundamental da acuacutestica o som eacute a sensaccedilatildeo produzida no ouvido por

pequenas flutuaccedilotildees da pressatildeo do ar (HANSEN 2005) ou seja eacute uma percepccedilatildeo sensorial e seu

____________________________________________

ANAacuteLISE D

complexo padratildeo de ondas s

de ruiacutedo muacutesica fala

(BERGLUND et al 1999)

Esta definiccedilatildeo do som tend

a percepccedilatildeo do ouvido

conceito psicofiacutesico Fisicame

vibraccedilatildeo mecacircnica que

progressivamente atraveacutes de

gasoso liacutequido ou soacutelido (SIN

Esta vibraccedilatildeo quando tran

que o rodeia nem sempre

aparelho auditivo humano

frequumlecircncia6 audiacutevel encontra

20 a 20000 Hz para um

(BRUumlEL amp KJAEligR 1984

1982) Frequumlecircncias acima de

altas para respostas fisioloacuteg

chamadas de ultrasons Jaacute as

de 20 Hz satildeo chamadas de

detectaacuteveis pelo ouvido hum

prejudiciais agrave sua sauacutede7

1982 SOUSA 2004)

Fisicamente o som e o ruiacutedo

ambos se propagam em mei

detectados pelo ouvido hu

enquanto o som eacute utilizado

6 A frequumlecircncia eacute o nuacutemero de ciclo(HANSEN 1995) 7 A exposiccedilatildeo a baixas frequumlecircncias depressatildeo irritabilidade e perturba pro

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 210 ndash Interfaces multidFonte Elaborado pela autora a pa

Figura 211 ndash Fonte sonora ponSOUZA 2006

as sonoras eacute rotulado

ala entre outros

ndo como referecircncia

o humano eacute um

mente o som eacute uma

que se propaga

de um meio material

(SINGAL 2005)

transmitida ao meio

re eacute detectaacutevel pelo

ano cuja faixa de

tra-se no intervalo de

um jovem saudaacutevel

4 KINSLER et al

de 20000 Hz muito

loacutegicas auditivas satildeo

as frequumlecircncias abaixo

de infrasons e natildeo satildeo

umano contudo satildeo

(KINSLER et al

iacutedo constituem o mesmo fenocircmeno de variaccedilotildee

eio elaacutestico (soacutelido liacutequido ou gasoso) e ambos

humano (BERGLUND et al 1999 HANSEN

do para descrever percepccedilotildees sonoras agradaacutev

iclos que a onda sonora completa no tempo de um segundo

as pode gerar a doenccedila Vibroacuacutestica que induz o espessamprocessos cognitivos (BRANCO e PEREIRA 2004)

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

32

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

ltidisciplinares do estudo do som partir de BISTAFA 2006

ontual e fonte sonora linear Fonte

otildees de pressatildeo ambiente

bos satildeo capazes de serem

EN 1995) No entanto

daacuteveis o ruiacutedo descreve

do e eacute medida em Hertz (Hz)

amento das estruturas cardiacuteacas

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 212 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora pontual de 6 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007

percepccedilotildees sonoras desagradaacuteveis incorporando um aspecto de subjetividade agrave sua definiccedilatildeo

(BRUumlEL amp KJAEligR 1984 HANSEN 2005 BRASIL 2006 SINGAL 2005)

Tal subjetividade acarreta diferentes e individuais percepccedilotildees sonoras pelo ser humano e

portanto em diferentes reaccedilotildees agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo Em outras palavras o que se estabelece

como som para um indiviacuteduo pode representar ruiacutedo para outro

[] as respostas inerentes ao ruiacutedo satildeo complexas dependendo tanto dos fatores propriamente acuacutesticos quanto dos psicossociais contextuais simboacutelicos emocionais como daqueles de valor especiacutefico Essas variaacuteveis participam da singularidade da escuta e atuam como filtros que modificam a percepccedilatildeo do sinal fiacutesico sonoro (SANTOS e MARTINS 2005 p 216)

Enquanto sua percepccedilatildeo envolve a subjetividade as respostas fisioloacutegicas agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo satildeo

mais objetivas e seus danos satildeo mais facilmente identificaacuteveis O ruiacutedo pode gerar complicaccedilotildees

no sistema circulatoacuterio e hormonal perda gradativa da audiccedilatildeo distuacuterbios de sono estresse

irritabilidade neuroses desconforto e dificuldade de aprendizado entre outros danos

(BERGLUND et al1999 HANSEN 2005 KINSLER et al 1982 MURGEL 2007 NAGEM

2004 NUNES 2006 PAZ et al 2005 SINGAL 2005 ZANNIN et al 2002)

O ruiacutedo pode se originar de variadas fontes presentes em diversificados ambientes as mais

comumente encontradas satildeo as fontes sonoras pontuais e as lineares (Figura 211) A fonte pontual

possui dimensotildees finitas e emite o mesmo niacutevel de pressatildeo sonora uniformemente para todas as

direccedilotildees sendo seu decaimento em campo livre de 6 dB para cada dobro da distacircncia (Figura

212) (HANSEN 2005 SOUSA 2004)

Jaacute a fonte linear eacute formada por certo nuacutemero de

fontes pontuais dispostas linearmente cuja

emissatildeo sonora eacute contiacutenua ao longo desta

linha sendo seu decaimento em campo livre

de 3 dB para cada dobro da distacircncia (Figura

213) (HANSEN 2005 PAZ 2004)

Quando propagadas no meio urbano a

combinaccedilatildeo de tais fontes sonoras associadas

ao percurso de transmissatildeo e ao receptor

constitui o ruiacutedo urbano (urban noise) tambeacutem

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 213 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora linear de 3 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007

chamado de ruiacutedo ambiental (environmental

noise) ou ruiacutedo comunitaacuterio (community noise)

(BERGLUND et al1999 GUEDES 2005

SOUSA 2004)

O ruiacutedo urbano pode ser gerado a partir do

traacutefego de veiacuteculos terrestres e aeacutereos de

obras de construccedilatildeo civil de estabelecimentos

industriais de estabelecimentos comerciais e

de serviccedilos de sistemas de propaganda

volante ou permanente8 e ruiacutedos de outras atividades cuja propagaccedilatildeo sonora pode afetar o bem-

estar e a sauacutede dos citadinos (BARRON 2003 BERGLUND et al1999 KINSLER et al 1982

NAGEM 2004 NUNES 2006 SINGAL 2005)

Apesar de esporaacutedica outra fonte de ruiacutedo gerada em meio urbano satildeo os eventos puacuteblicos tais

como festas shows comiacutecios carnavais fora de eacutepoca entre outros As fontes de ruiacutedo presentes

nestes eventos atingem um alto niacutevel de pressatildeo sonora9 e abrangem uma grande quantidade

populacional logo independente de ocorrer poucas vezes durante o ano satildeo eventos

extremamente danosos a sauacutede e principalmente agrave audiccedilatildeo a partir de 80 dB(A) natildeo importa se

a sensaccedilatildeo sonora eacute prazerosa ou natildeo ela eacute necessariamente prejudicial10 (Tabela 21) (NUNES

2006)

Quando a intensidade dos ruiacutedos urbanos torna-se excessivamente desagradaacutevel eou nociva o

ruiacutedo passa a ser considerado uma forma de poluiccedilatildeo ambiental11 - a poluiccedilatildeo sonora A

necessidade de regulamentaccedilatildeo da poluiccedilatildeo sonora renuncia os aspectos de subjetividade

existentes e inerentes ao conceito de ruiacutedo na tentativa de sintetizar e estabelecer limites leis

normas meacutetodos e accedilotildees que representem um universo sonoro equivalente para toda a

populaccedilatildeo na tentativa de controlar e mitigar o ruiacutedo urbano

8 Carros de som bicicletas com som raacutedios comunitaacuterias entre outros 9 O niacutevel de pressatildeo sonora eacute a medida fiacutesica preferencial para caracterizar a sensaccedilatildeo subjetiva da intensidade dos sons e de acordo com a lei de Weber e Fechner a sensaccedilatildeo sonora eacute proporcional ao logaritmo da intensidade sonora NPS=20 log (pp0) onde p eacute a pressatildeo sonora em Pascal e p0 eacute a pressatildeo sonora de referecircncia (2 10-5 Pascal) (BISTAFA 2006 NIEMEYER 2007) 10 Outros niacuteveis de ruiacutedo tambeacutem podem ser prejudiciais em maior ou menor grau dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora 11 ldquoPoluiccedilatildeo eacute a degradaccedilatildeo da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente a) prejudiquem a sauacutede a seguranccedila e o bem-estar da populaccedilatildeo b) criem condiccedilotildees adversas agraves atividades sociais e econocircmicas c) afetem desfavoravelmente a biota d) afetem as condiccedilotildees esteacuteticas ou sanitaacuterias do meio ambiente e) lancem mateacuterias ou energia em desacordo com os padrotildees ambientais estabelecidosrdquo (BRASIL 1981 p 1 e 2)

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Tabela 21 ndash Os niacuteveis de pressatildeo sonora e suas consequumlecircncias fisioloacutegicas no homem Em alguns casos podem a intensidade das reaccedilotildees fisioloacutegicas podem variar dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora Fonte elaborado pela autora a partir de KINSLER et al 1992 SINGAL 2005 SOUZA 2006

Assim sendo na esfera federal a Constituiccedilatildeo Federal (Art255) o Coacutedigo Civil Brasileiro (Lei ndeg

1040602) a Lei das Contravenccedilotildees Penais (Decreto-lei nordm 368841) e a Lei dos Crimes

Ambientais (Lei nordm 960598) versam a partir de diferentes abordagens e diferentes

procedimentos legais sobre a poluiccedilatildeo sonora e suas respectivas perturbaccedilotildees (CARNEIRO

2009)

NIacuteVEIS DE PRESSAtildeO SONORA E SUAS CONSEQUEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS

Niacutevel de Pressatildeo sonora

em dB(A)

Caracteriacutesticas FISIOLOacuteGICAS

Ambiente ou atividade

0 a 30 Nenhuma Tremular de folhas de uma aacutervore sussurros

aacuterea de mata selvagem

30 a 50 Nenhuma Cantar de paacutessaros rua calma em aacuterea residencial durante noite

50 a 70 Marca o iniacutecio do estresse

auditivo Rua agitada um restaurante barulhento

70 a 90 Estressante e bastante

excitante Chegada de um trem na estaccedilatildeo carro a 100 Kmh

conversa a gritos

90 a 110 Extremamente excitante provocando dependecircncia

Caminhatildeo pesado a 60 Kmh alarme de viatura passagem de trem numa estaccedilatildeo ou cabine de um aviatildeo monomotor

110 a 130

Desconfortavelmente alto atingindo o limiar da dor podendo causar surdez

instantacircnea

Trem passando em trilhos elevados martelo pneumaacutetico interior de uma boate show de banda de rock

130 a 140 Acima do limiar da dor

causando surdez permanente Decolagem de aviatildeo a jato a 5m de distacircncia disparos de artilharia

Ainda no domiacutenio federal o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) publicou vaacuterias

resoluccedilotildees que estabelecem normas de preservaccedilatildeo ao meio ambiente incluindo o combate a

poluiccedilatildeo sonora12 Nestas resoluccedilotildees todas as atividades geradoras de ruiacutedo devem seguir

diretrizes vinculadas agrave Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas ndash ABNT e ao Conselho

Nacional de Tracircnsito - CONTRAN no caso de ruiacutedo produzido por veiacuteculos automotores

(NAGEM 2004)

Tais resoluccedilotildees normas e diretrizes refletidas no domiacutenio estadual e municipal deram origem agrave

Lei Estadual nordm 12789 de 28 de Abril de 2005 (PERNAMBUCO2005) conhecida como ldquoLei do

12 Satildeo elas RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 272 de 14 de setembro de 2000

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Silecircnciordquo e que dispotildee sobre ruiacutedos urbanos poluiccedilatildeo sonora e proteccedilatildeo do bem-estar e do

sossego puacuteblico e agrave Lei nordm 16243 de 13 de setembro de 1996 ndash Coacutedigo do Meio Ambiente e do

Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife (RECIFE 1996a) que estabelece a poliacutetica do meio ambiente da

cidade do Recife incluindo regulamentaccedilatildeo de emissotildees sonoras entre outras providecircncias

tendo como suporte a Lei 1617696 de 9 de Abril de 1996 ndash Lei de Uso e Ocupaccedilatildeo do Solo da

Cidade do Recife ndash LUOS (RECIFE 1996b)

Apesar da existecircncia desta grande quantidade de leis federais estaduais e municipais apesar da

LUOS legislar sobre a etapa de aprovaccedilatildeo de projetos para a construccedilatildeo de empreendimentos

com usos geradores de incocircmodo agrave vizinhanccedila incluindo usos potencialmente geradores de ruiacutedos

submetendo-os agrave anaacutelise teacutecnica eou agrave anaacutelise especial e apesar do Coacutedigo do Meio Ambiente e

do Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife estabelecer limites maacuteximos permitidos de ruiacutedo na praacutetica a

accedilatildeo contra a poluiccedilatildeo sonora em Recife adquire caraacuteter corretivo pelos oacutergatildeos reguladores agrave

conduta do infrator geralmente a partir de denuacutencias da populaccedilatildeo apoacutes a consolidaccedilatildeo da fonte

geradora de ruiacutedo no meio urbano (JORNAL DO COMEacuteRCIO 2008 JC ONLINE 2005)

Outro exemplo local de desatenccedilatildeo agrave poluiccedilatildeo sonora eacute a inexistecircncia dentre vaacuterios outros tipos

de degradaccedilatildeo ambiental presentes de qualquer referecircncia a respeito da poluiccedilatildeo sonora em

documento produzido pela Prefeitura da Cidade do Recife no ano 2000 o Atlas Ambiental da

Cidade do Recife (RECIFE 2000)

Diante da aplicabilidade ineficaz da legislaccedilatildeo vigente em Novembro de 2009 foi lanccedilado pelo

Ministeacuterio Puacuteblico de Pernambuco a cartilha Poluiccedilatildeo sonora Silento e o barulho13 que versa sobre as

posturas e accedilotildees direitos e deveres dos diversos agentes envolvidos na produccedilatildeo e recepccedilatildeo da

poluiccedilatildeo sonora indicando como devem agir a viacutetima o policial o estado o construtor poluidor

o proprietaacuterio de carro de som poluidor entre outros A cartilha tambeacutem disponibiliza uma seacuterie

de formulaacuterios modelos de acordo com os diferentes tipos de poluiccedilatildeo sonora Estes formulaacuterios satildeo

exemplos para serem utilizados tanto pela viacutetima da poluiccedilatildeo sonora quanto pelo policial civil

militar promotor de justiccedila e ateacute mesmo pelo poluidor - o que poderaacute tornar esta cartilha um

importante instrumento para aplicaccedilatildeo das leis vigentes (CARNEIRO 2009)

Embora negligenciada e em oposiccedilatildeo a diversos outros problemas ambientais mundiais a

poluiccedilatildeo sonora continua a crescer e eacute acompanhada pelo aumento no nuacutemero de reclamaccedilotildees de

13 ldquoSilentordquo eacute um personagem criado para narrar alguns trechos interativos da cartilha

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 214 ndash Relaccedilatildeo entre o desenvolvimento industrial da sociedade que possibilita o aumento e concentraccedilatildeo de fontes sonoras e seus impactos em relaccedilatildeo ao ruiacutedo nas comunidades apontando trecircs previsotildees futuras de acordo com diferentes accedilotildees possiacuteveis de regulamentaccedilatildeo contra do ruiacutedo Fonte elaborado pela autora a partir de BERGLUND et al 1999

pessoas expostas ao ruiacutedo a partir do aumento da consciecircncia de seus direitos legais

(BERGLUND et al1999)

Para World Health Organization (WHO)14 a poluiccedilatildeo sonora jaacute eacute um dos problemas ambientais que

atingem o maior nuacutemero de pessoas no planeta perdendo apenas para a poluiccedilatildeo do ar e da aacutegua

(KIHLMAN 2004 2005) Este crescimento contiacutenuo da poluiccedilatildeo sonora e por conseguinte do

ruiacutedo urbano possui uma estreita relaccedilatildeo com as raacutepidas transformaccedilotildees ocorridas no meio

urbano nas uacuteltimas deacutecadas O desenvolvimento acelerado e a expansatildeo das cidades implicaram

em modificaccedilotildees em elementos da forma urbana em alto iacutendice de crescimento demograacutefico da

populaccedilatildeo urbana e em consequumlente aumento e concentraccedilatildeo de diversos tipos de fontes

geradoras de poluiccedilatildeo sonora (BRASIL 1990a1990b GUEDES 2005 PAZ 2009 ZANNIN et

al 2002) (Figura 214)

Entre estas fontes urbanas geradoras de poluiccedilatildeo sonora uma das que mais contribuem com o

aumento do ruiacutedo urbano aleacutem de ser considerada uma das fontes mais intrusivas e a mais

percebida pela populaccedilatildeo das grandes cidades eacute o traacutefego de veiacuteculos (DINIZ 2003 FRITSCH et al

2007 LACERDA et al 2005 PAZ 2004 ZANNIN et al 2003)

O ruiacutedo do traacutefego de veiacuteculos eacute gerado a

partir do ruiacutedo veicular que proveacutem

essencialmente do sistema de propulsatildeo do

motor do atrito entre o veiacuteculo e o ar (ruiacutedo

aerodinacircmico) e do atrito entre o pneu e o piso

(MURGEL 2007 KINSLER et al 1982) e da

relaccedilatildeo entre o veiacuteculocondutor e as

configuraccedilotildees das vias em que ele estaacute inserido

a aceleraccedilatildeo eou desaceleraccedilatildeo do motor de

acordo com a caracterizaccedilatildeo das vias - a

presenccedila de cruzamentos semaacuteforos faixas de

pedestres etc a intensidade do fluxo de

veiacuteculos e a proporccedilatildeo entre veiacuteculos leves e os

veiacuteculos pesados a frequumlecircncia de

14 Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede ndash OMS

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

acionamentos de buzinas o tipo de acabamento da superfiacutecie das vias (concreto asfalto brita

terra batida) etc (SINGAL 2005)

Tais vias geradoras do ruiacutedo de traacutefego aleacutem de serem interceptadas por outras vias satildeo

comumente ladeadas por configuraccedilotildees bastante variaacuteveis desde edificaccedilotildees com formas

implantaccedilotildees e gabaritos diversificados a lotes ainda natildeo ocupados caracterizando a propagaccedilatildeo

do ruiacutedo de traacutefego urbano por muacuteltiplas reflexotildees responsaacuteveis pelo espalhamento do ruiacutedo

para vias adjacentes pelo surgimento de campos sonoros reverberantes pela difraccedilatildeo do ruiacutedo e

pelo surgimento de aacutereas de sombra (SINGAL 2005 RANDRIANOELINA e SALOMONS

2008) Ou seja a propagaccedilatildeo do ruiacutedo urbano gerado pelo traacutefego de veiacuteculos possui uma

interaccedilatildeo singular com elementos da forma urbana

Assim sendo tanto por sua participaccedilatildeo determinante na constituiccedilatildeo do ruiacutedo urbano quanto

por sua particular relaccedilatildeo com os elementos que compotildeem a forma urbana o ruiacutedo de traacutefego

seraacute a uacutenica fonte sonora considerada na presente pesquisa conforme seraacute melhor elucidado no

proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas

A interaccedilatildeo entre o ruiacutedo urbano e a forma urbana dependeraacute diretamente das configuraccedilotildees de

certos elementos que compotildeem esta forma urbana o traccedilado e perfis das vias a maneira de

implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade e

forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres tais como praccedilas e

largos (GUEDES 2005 SANTOS e MARTINS 2005) Estes elementos podem ser

acusticamente caracterizados a partir do tipo de espaccedilo acuacutestico e da permeabilidade acuacutestica

O espaccedilo acuacutestico tambeacutem nomeado de campo acuacutestico eacute a porccedilatildeo de determinado espaccedilo onde

acontecem as vibraccedilotildees sonoras podendo ser caracterizado no meio urbano como espaccedilo

acuacutestico aberto ou fechado (NIEMEYER 2007)

O espaccedilo acuacutestico aberto aproxima-se da propagaccedilatildeo em campo livre que eacute caracterizado pela ausecircncia

de obstaacuteculos que modifiquem a propagaccedilatildeo sonora entre a fonte e o receptor Assim no meio

urbano o espaccedilo cuja propagaccedilatildeo sonora envolva poucas ou nenhuma reflexatildeo e poucos ou

nenhum obstaacuteculo pode ser considerado um espaccedilo acuacutestico aberto como por exemplo o

espaccedilo acuacutestico com perfil em ldquoLrdquo tais como vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas uma de

suas margens (Figuras 215 e 216) (NIEMEYER 2007) No espaccedilo acuacutestico aberto o niacutevel de

pressatildeo sonora decai 6 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (LANG

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 215 ndash Propagaccedilatildeo sonora em Campo acuacutestico aberto Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001

Figura 216 ndash Campo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo FonteNIEMEYER 2007

Figura 217 ndash Propagaccedilatildeo sonora em campo acuacutestico fechado causando o fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001

e BERANEK 1992) isto eacute o ruiacutedo percebido

pelo receptor diminui em funccedilatildeo da

duplicaccedilatildeo da distacircncia da fonte sonora15

Praccedilas parques e largos com grandes

dimensotildees vias de traacutefego marginais a praias

vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas

uma de suas margens ou espaccedilos livres

urbanos de grandes dimensotildees caracterizam

alguns exemplos de espaccedilos acuacutesticos abertos

No espaccedilo acuacutestico fechado as ondas sonoras

sofrem muacuteltiplas reflexotildees fazendo com que o

seu niacutevel sonoro decaia muito lentamente

sendo praticamente o mesmo em vaacuterias

posiccedilotildees ateacute que esta onda sonora encontre

uma saiacuteda para campo livre caracterizando o

fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana16 17(Figura

217) (GUEDES 2005 NIEMEYER 2007)

Os espaccedilos acuacutesticos fechados podem ser

reverberantes quando a onda sonora tarda a

encontrar o campo livre gerando um grande

nuacutemero de reflexotildees ou semi-reverberantes

quando a onda sonora encontra o campo livre

um pouco mais rapidamente do que no

reverberante gerando um nuacutemero menor mas

ainda grande de reflexotildees

15 Este decaimento eacute para fontes pontuais para fontes lineares o decaimento eacute de 3 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (GERGES 2000) 16 A reverberaccedilatildeo eacute a persistecircncia de um som depois de ter sido extinta a sua emissatildeo por uma fonte e ocorre como resultado de reflexotildees em ambientes total ou parcialmente fechados (GONZALEZ e LOPES 1993) 17 Alguns espaccedilos acuacutesticos fechados tambeacutem podem amplificar o niacutevel de pressatildeo sonora mas este fenocircmeno ocorre em determinados espaccedilos acuacutesticos fechados reverberantes

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 218 ndash Campo acuacutestico fechado em perfl ldquoUrdquo tambeacutem chamado de canyons urbanos Fonte NIEMEYER 2007

No meio urbano o espaccedilo acuacutestico fechado

reverberante possui comumente um perfil em

ldquoUrdquo (Figura 218) tambeacutem chamados de

canyons urbanos que podem amplificar

consideravelmente a propagaccedilatildeo sonora das

vias de traacutefego atraveacutes de reflexotildees muacuteltiplas

geradas pelas fachadas paralelas das

edificaccedilotildees que circundam estas vias

(ANDERSON e KURZE 1992) Assim neste

tipo de espaccedilo acuacutestico a propagaccedilatildeo sonora

natildeo depende exclusivamente da distacircncia entre

a fonte e o receptor como no espaccedilo acuacutestico

aberto depende ainda da configuraccedilatildeo dos

elementos que compotildeem a forma urbana e

dos coeficientes de absorccedilatildeo dos materiais que

revestem as superfiacutecies refletoras18

(NIEMEYER 2007)

Praccedilas parques e largos com pequenas dimensotildees e cercados por edificaccedilotildees conjugadas vias de

traacutefego com edificaccedilotildees (conjugadas ou com pequenos recuos entre elas) em ambos os lados

tuacuteneis passagens subterracircneas e espaccedilos livres abaixo de viadutos caracterizam alguns exemplos

de espaccedilos acuacutesticos fechados

A caracterizaccedilatildeo de um espaccedilo acuacutestico como sendo aberto ou fechado delinearaacute como a onda

sonora iraacute espalhar-se no meio urbano cujas configuraccedilotildees dos elementos que o compotildeem

podem facilitar ou dificultar a trajetoacuteria desta onda sonora para aleacutem do local de sua emissatildeo

tornando o meio urbano mais ou menos permeaacutevel a sua propagaccedilatildeo

18 No meio urbano as superfiacutecies refletoras satildeo predominantemente formadas por fachadas e muros de edificaccedilotildees que possuem certa uniformidade na utilizaccedilatildeo de materiais altamente reflexivos e com baixos coeficientes de absorccedilatildeo tais como granito maacutermore ceracircmica esmaltada vidro Assim o coeficiente de absorccedilatildeo de uma edificaccedilatildeo para outra seraacute praticamente o mesmo sofrendo miacutenimas variaccedilotildees permitindo sua natildeo consideraccedilatildeo

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 220 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees em uma quadra permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007

Figura 221 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjugadas em uma quadra pouco permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007

Figura 219 ndash Permeabilidade acuacutestica - percursos da onda sonora gerados em meio urbano Fonte NIEMEYER 2007

Figura 222 ndash Barreira acuacutestica entre a fonte e o receptor FonteANDERSON e KURZE 1992

Assim sendo a permeabilidade acuacutestica refere-se

aos percursos da onda sonora gerados no

meio urbano (Figura 219) (GUEDES 2005

NIEMEYER 2007) A intensidade da

permeabilidade acuacutestica - mais ou menos

permeaacutevel - dependeraacute da capacidade de

certos elementos urbanos de promover ou

conter a propagaccedilatildeo da onda sonora tais

como o traccedilado e perfis das vias a maneira de

implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem

como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade

e forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila

ou ausecircncia de espaccedilos livres (Figuras 220 e

221)

A permeabilidade acuacutestica relaciona-se ainda

com as barreiras acuacutesticas Isoladamente o

conceito de barreiras acuacutesticas refere-se a

qualquer objeto que possa ser considerado um

obstaacuteculo agrave ligaccedilatildeo direta e sem interferecircncias

entre a fonte e o receptor (Figura 222)

(ANDERSON e KURZE 1992 GERGES

2000) Ao bloquear o percurso direto entre a

fonte e o receptor a onda sonora poderaacute ser

absorvida eou refletida pela superfiacutecie da

barreira transmitida atraveacutes da barreira ou

difratada a partir do topo da barreira

(BARRON 2003 SINGAL 2005)

A difraccedilatildeo eacute um fenocircmeno que permite que as

ondas sonoras sejam capazes de contornar

determinados obstaacuteculos gerando uma aacuterea de

sombra acuacutestica que possui limites espaciais

variaacuteveis de acordo com a posiccedilatildeo da fonte

____________________________________________

ANAacuteLISE D

sonora e de sua localizaccedilatilde

receptor que por sua vez

sonora difratada pelas borda

um decaimento maior do qu

campo livre (Figura 223) (N

1968 NIEMEYER 2007 PA

O uso de barreiras acuacutestic

EUA Japatildeo Austraacutelia e

reduccedilatildeo da propagaccedilatildeo do

pelo traacutefego rodoviaacuterio pa

(Figuras 224 a 226) (SIN

Brasil esta praacutetica ainda eacute inc

restringindo-se a poucos exe

caso da barreira acuacutestica no

Linha Amarela na cidade do

na Rodovia Bandeirantes co

de Satildeo Paulo a Campinas

Paulo (Figura 227) (MURGE

2004)

Embora a implantaccedilatildeo de b

esteja vinculada agrave reduccedilatildeo do

rodoviaacuterio outros elemen

meio urbano situados ent

receptor atuam espontan

barreiras agrave propagaccedilatildeo sono

terreno com topografia i

muros edificaccedilotildees entr

edificaccedilotildees conjugadas da R

cidade do Recife ou aind

conjugadas em alguns trec

Atlacircntica no Rio de Janei

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 226 ndash Barreiras instaladasem aacuterea residencial de Toacutequio Jap

Figura 224 ndash Agrave esquerda barreacriacutelico na Suiacuteccedila Agrave direita barreiraPaacutedua e Veneza na Itaacutelia Fonte C

Figura 227 ndash Barreira acuacutestica dade Satildeo Paulo Fonte MURGEL 2

Figura 223 ndash Difraccedilatildeo da ondagerando uma aacuterea de sombra acuacutest

Figura 225 ndash Agrave esquerda baproacuteximo a Zurique Agrave direita barretambeacutem na Suiccedila Fonte CICHIN

accedilatildeo em relaccedilatildeo ao

ez recebe a energia

rdas da barreira com

que se estivesse em

(NEPOMUCENO

PAZ 2004)

ticas eacute comum nos

e na Europa para

do ruiacutedo produzido

para seus arredores

INGAL 2005) No

incipiente

exemplos como eacute o

no eixo rodoviaacuterio

o Rio de Janeiro e

conectando a cidade

s no estado de Satildeo

GEL 2007 SOUSA

e barreiras acuacutesticas

do ruiacutedo de traacutefego

entos inseridos no

entre a fonte e o

taneamente como

nora tais como um

irregular taludes

ntre outros As

a Rua da Aurora na

inda as edificaccedilotildees

trechos da Avenida

neiro por exemplo

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

42

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

das ao longo de via expressa elevada Japatildeo Fonte CICHINELLI 2007

rreira acuacutestica curva em concreto e eira acuacutestica metaacutelica na estrada entre CICHINELLI 2007

da Rodovia Bandeirantes no estado 2007

da sonora a partir de uma barreira uacutestica Fonte GERGES 2000

barreira acuacutestica metaacutelica instalada arreira acuacutestica em concreto e acriacutelico INELLI 2007

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

43

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 228 ndash Rua da Aurora no Bairro da Boa Vista na cidade do Recife configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fontehttpmaiovinteeseisblogspotcom2007_ 11_01_archivehtml Acesso em 080409

Figura 229 ndash Alguns trechos da Avenida Atlacircntica no Bairro de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro tambeacutem configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fonte httpwwwtravelpodcomtravel-photoorlanworldtrip200711 71589400avenida-atlantica-along-copacabana-beachjpgtpodhtml Acesso em 080409

aleacutem de funcionarem como barreiras acuacutesticas

espontacircneas ou natildeo intencionais tambeacutem

conformam um espaccedilo acuacutestico aberto em

ldquoLrdquo e pouco permeaacutevel ao ruiacutedo (Figura 228 e

229)

A partir da discussatildeo dos espaccedilos acuacutesticos e

da permeabilidade acuacutestica evidencia-se que a

interaccedilatildeo entre os diversos elementos que

compotildeem a forma urbana - o traccedilado e perfis

das vias o modo de implantaccedilatildeo das

edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as

proporccedilotildees densidade e maneira de ocupaccedilatildeo

das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de

espaccedilos livres ndash contribui determinantemente

para a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano

atraveacutes de muacuteltiplas reflexotildees do

espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave

fonte geradora de campos sonoros

reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de

aacutereas de sombra

Isto posto se o ruiacutedo urbano eacute considerado

um sistema composto essencialmente pela fonte

sonora pelo meio de propagaccedilatildeo e pelo receptor (LANG e BERANEK 1992 ANDERSON e

KURZE 1992) a forma urbana considerada a partir dos elementos que a compotildeem enquanto

percurso de transmissatildeo delineia influencia e determina em certa medida a trajetoacuteria de

propagaccedilatildeo da onda sonora19 Ou seja a forma urbana por meio das caracteriacutesticas singulares

apresentadas pelos seus elementos componentes iraacute influenciar o comportamento da propagaccedilatildeo

da onda sonora no meio urbano

19 ldquoEm certa medidardquo pois existem outros fatores que tambeacutem influenciam a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano mas a discussatildeo sobre a consideraccedilatildeo ou natildeo destes outros fatores seraacute melhor construiacuteda no proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

44

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito alto por elevada densidade de

ocupaccedilatildeo das quadras e por vias estreitas por exemplo tende em tese a ser menos permeaacutevel ao

ruiacutedo dificultando a propagaccedilatildeo sonora para outras aacutereas Tende ainda a criar espaccedilos

reverberantes ou semi-reverberantes com o niacutevel de pressatildeo sonora elevado em praticamente

todos os pontos de reflexatildeo com perdas miacutenimas ateacute a onda sonora alcanccedilar o topo das

edificaccedilotildees e direcionar-se a campo livre Por conseguinte este comportamento tende a propiciar

dependendo ainda da relaccedilatildeo com a fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano indesejaacutevel e

insalubre aos receptores existentes nas edificaccedilotildees daquela via

Jaacute uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito baixo por baixa densidade de

ocupaccedilatildeo das quadras e por vias largas tende teoricamente a ser mais permeaacutevel ao ruiacutedo

facilitando sua propagaccedilatildeo Por outro lado natildeo gera espaccedilos acuacutesticos propiacutecios a muacuteltiplas

reflexotildees fazendo com que a onda sonora encontre mais rapidamente o campo livre facilitando

sua dissipaccedilatildeo e propiciando dependendo ainda da fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano

desejaacutevel aos seus receptores

Deste modo a existecircncia de diferenccedilas e particularidades dos elementos que compotildeem as

distintas formas urbanas proporciona os mais diversificados comportamentos acuacutesticos de

propagaccedilatildeo sonora nos mais diferentes meios urbanos Ou seja do mesmo modo que cidades

bairros e ruas natildeo satildeo iguais entre si tampouco reproduziacuteveis em sua essecircncia o comportamento

acuacutestico tambeacutem natildeo seraacute ao contraacuterio constituiraacute um atributo exclusivo de cada espaccedilo urbano

Mas se para cada espaccedilo urbano existe um comportamento acuacutestico especiacutefico como deveraacute se

comportar a propagaccedilatildeo sonora de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de

modificaccedilotildees em elementos de sua forma urbana Em outras palavras como se comportaraacute a acuacutestica

urbana de um determinado local a partir do processo cronoloacutegico de modificaccedilotildees em sua forma urbana

Nos capiacutetulo que se segue Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas seratildeo apresentadas os percursos

investigativos que foram postos em praacutetica em busca de responder a este questionamento

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

30

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 29 ndash O adensamento das ilhas do Bairro do Recife e de Santo Antocircnio (imagem) ocorreu tanto pelo preenchimento progressivo desde o inicio da ocupaccedilatildeo da cidade quanto por meio da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees anteriores Fontehttppedrodealbuquerquewordpresscomcategorypernambuco Acesso em 201109

O adensamento ocorre a partir de dois modos

essenciais de ocupaccedilatildeo o primeiro a partir do

preenchimento progressivo do espaccedilo urbano

e o segundo a partir da substituiccedilatildeo completa

por meio de demoliccedilatildeo de edificaccedilotildees

anteriores (PANERAI 2006) (Figura 29)

A primeira forma de adensamento ocorre sem

a expansatildeo territorial por meio do

preenchimento progressivo de todas as

reservas fundiaacuterias e espaccedilos livres de

determinado meio urbano Eacute um

adensamento inserido em limitesbarreiras

preacute-estabelecidos naturais ou natildeo tais como

uma via expressa irregularidades geograacuteficas

do siacutetio ou ainda numa escala menor a proacutepria quadra pode ser um limite para saturaccedilatildeo gradual

em seu interior desmembramento ou remembramento dos lotes para construccedilatildeo de novas

edificaccedilotildees verticalizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo de antigos quintais eou jardins (PANERAI 2006)

A segunda forma de adensamento acontece atraveacutes da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees

anteriormente existentes por novas construccedilotildees de maior porte tanto em relaccedilatildeo agrave ocupaccedilatildeo do

solo por meio do remembramento de lotes quanto em relaccedilatildeo ao seu gabarito Esta forma de

adensamento permite a renovaccedilatildeo do espaccedilo urbano sem aumentar sua aacuterea de abrangecircncia sem

sua expansatildeo (PANERAI 2006)

Ambas as formas de adensamento transformam essencialmente a forma urbana e o modo como

se relacionam seus elementos componentes A identificaccedilatildeo desta transformaccedilatildeo em determinado

meio urbano gerada pelo adensamento eacute indispensaacutevel para anaacutelise do comportamento da

acuacutestica urbana a partir de modificaccedilotildees na forma urbana deste mesmo meio uma vez que o

adensamento pode influenciar na propagaccedilatildeo sonora proporcionando uma maior quantidade de

objetos reflexivos de barreiras acuacutesticas e favorecendo a diminuiccedilatildeo da permeabilidade acuacutestica

Por fim a partir exposiccedilatildeo de determinados elementos considerados por LAMAS (2004) ndash o

edifiacutecio o lote o logradouro o quarteiratildeo o traccediladoa rua e a praccedila dos conjuntos considerados

por PANERAI (2006) ndash a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees dos

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

31

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

elementos considerados por DEL RIO (1990) ndash crescimento traccedilado e parcelamento tipologias

dos elementos urbanos e as articulaccedilotildees e em busca de atingir seu objetivo principal esta

pesquisa consideraraacute a forma urbana inserida em um recorte que a considera essencialmente a

partir de seu aspecto fiacutesico e material e cujos elementos componentes considerados seratildeo

exclusivamente

1 As parcelas fundiaacuterias ndash consideradas por meio das quadras e lotes incluindo sua relaccedilatildeo

de modo de ocupaccedilatildeo das edificaccedilotildees sua densidade e seus espaccedilos livres

2 As edificaccedilotildees ndash consideradas atraveacutes de sua relaccedilatildeo de modo de ocupaccedilatildeo com os

lotes e do grau de verticalizaccedilatildeo (gabarito baixo meacutedio e alto)

3 As vias ndash consideradas como reguladoras da relaccedilatildeo com as edificaccedilotildees e quarteirotildees e

principalmente apreciadas como estreitamente vinculadas a uma das principais fontes

geradoras de ruiacutedo urbano (o traacutefego de veiacuteculos)

Estes seratildeo os elementos componentes da forma urbana que esta pesquisa se apropriaraacute no

decurso do caminho a fim de analisar o comportamento acuacutestico a partir de modificaccedilotildees

cronoloacutegicas em determinada forma urbana Nos paraacutegrafos seguintes discutem-se os conceitos e

relaccedilotildees que permeiam a acuacutestica urbana

22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais

A acuacutestica eacute a ciecircncia do som incluindo sua geraccedilatildeo transmissatildeo e recepccedilatildeo de energia sob a

forma de ondas vibracionais na mateacuteria (KINSLER et al 1982) Ela eacute uma ciecircncia

multidimensional e interligada a vaacuterios domiacutenios cientiacuteficos Seu objeto de estudo fundamental o

som delineia uma seacuterie de interfaces multidisciplinares com abordagens em diversificadas aacutereas

do conhecimento (Figura 210)

Desse modo quando a geraccedilatildeo transmissatildeo e efeitos do som estatildeo inseridos no meio urbano

seu desdobramento eacute estudado pela aacuterea de conhecimento da acuacutestica urbana muitas vezes

tambeacutem nomeada de acuacutestica ambiental

O objeto de estudo fundamental da acuacutestica o som eacute a sensaccedilatildeo produzida no ouvido por

pequenas flutuaccedilotildees da pressatildeo do ar (HANSEN 2005) ou seja eacute uma percepccedilatildeo sensorial e seu

____________________________________________

ANAacuteLISE D

complexo padratildeo de ondas s

de ruiacutedo muacutesica fala

(BERGLUND et al 1999)

Esta definiccedilatildeo do som tend

a percepccedilatildeo do ouvido

conceito psicofiacutesico Fisicame

vibraccedilatildeo mecacircnica que

progressivamente atraveacutes de

gasoso liacutequido ou soacutelido (SIN

Esta vibraccedilatildeo quando tran

que o rodeia nem sempre

aparelho auditivo humano

frequumlecircncia6 audiacutevel encontra

20 a 20000 Hz para um

(BRUumlEL amp KJAEligR 1984

1982) Frequumlecircncias acima de

altas para respostas fisioloacuteg

chamadas de ultrasons Jaacute as

de 20 Hz satildeo chamadas de

detectaacuteveis pelo ouvido hum

prejudiciais agrave sua sauacutede7

1982 SOUSA 2004)

Fisicamente o som e o ruiacutedo

ambos se propagam em mei

detectados pelo ouvido hu

enquanto o som eacute utilizado

6 A frequumlecircncia eacute o nuacutemero de ciclo(HANSEN 1995) 7 A exposiccedilatildeo a baixas frequumlecircncias depressatildeo irritabilidade e perturba pro

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 210 ndash Interfaces multidFonte Elaborado pela autora a pa

Figura 211 ndash Fonte sonora ponSOUZA 2006

as sonoras eacute rotulado

ala entre outros

ndo como referecircncia

o humano eacute um

mente o som eacute uma

que se propaga

de um meio material

(SINGAL 2005)

transmitida ao meio

re eacute detectaacutevel pelo

ano cuja faixa de

tra-se no intervalo de

um jovem saudaacutevel

4 KINSLER et al

de 20000 Hz muito

loacutegicas auditivas satildeo

as frequumlecircncias abaixo

de infrasons e natildeo satildeo

umano contudo satildeo

(KINSLER et al

iacutedo constituem o mesmo fenocircmeno de variaccedilotildee

eio elaacutestico (soacutelido liacutequido ou gasoso) e ambos

humano (BERGLUND et al 1999 HANSEN

do para descrever percepccedilotildees sonoras agradaacutev

iclos que a onda sonora completa no tempo de um segundo

as pode gerar a doenccedila Vibroacuacutestica que induz o espessamprocessos cognitivos (BRANCO e PEREIRA 2004)

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

32

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

ltidisciplinares do estudo do som partir de BISTAFA 2006

ontual e fonte sonora linear Fonte

otildees de pressatildeo ambiente

bos satildeo capazes de serem

EN 1995) No entanto

daacuteveis o ruiacutedo descreve

do e eacute medida em Hertz (Hz)

amento das estruturas cardiacuteacas

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

33

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 212 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora pontual de 6 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007

percepccedilotildees sonoras desagradaacuteveis incorporando um aspecto de subjetividade agrave sua definiccedilatildeo

(BRUumlEL amp KJAEligR 1984 HANSEN 2005 BRASIL 2006 SINGAL 2005)

Tal subjetividade acarreta diferentes e individuais percepccedilotildees sonoras pelo ser humano e

portanto em diferentes reaccedilotildees agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo Em outras palavras o que se estabelece

como som para um indiviacuteduo pode representar ruiacutedo para outro

[] as respostas inerentes ao ruiacutedo satildeo complexas dependendo tanto dos fatores propriamente acuacutesticos quanto dos psicossociais contextuais simboacutelicos emocionais como daqueles de valor especiacutefico Essas variaacuteveis participam da singularidade da escuta e atuam como filtros que modificam a percepccedilatildeo do sinal fiacutesico sonoro (SANTOS e MARTINS 2005 p 216)

Enquanto sua percepccedilatildeo envolve a subjetividade as respostas fisioloacutegicas agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo satildeo

mais objetivas e seus danos satildeo mais facilmente identificaacuteveis O ruiacutedo pode gerar complicaccedilotildees

no sistema circulatoacuterio e hormonal perda gradativa da audiccedilatildeo distuacuterbios de sono estresse

irritabilidade neuroses desconforto e dificuldade de aprendizado entre outros danos

(BERGLUND et al1999 HANSEN 2005 KINSLER et al 1982 MURGEL 2007 NAGEM

2004 NUNES 2006 PAZ et al 2005 SINGAL 2005 ZANNIN et al 2002)

O ruiacutedo pode se originar de variadas fontes presentes em diversificados ambientes as mais

comumente encontradas satildeo as fontes sonoras pontuais e as lineares (Figura 211) A fonte pontual

possui dimensotildees finitas e emite o mesmo niacutevel de pressatildeo sonora uniformemente para todas as

direccedilotildees sendo seu decaimento em campo livre de 6 dB para cada dobro da distacircncia (Figura

212) (HANSEN 2005 SOUSA 2004)

Jaacute a fonte linear eacute formada por certo nuacutemero de

fontes pontuais dispostas linearmente cuja

emissatildeo sonora eacute contiacutenua ao longo desta

linha sendo seu decaimento em campo livre

de 3 dB para cada dobro da distacircncia (Figura

213) (HANSEN 2005 PAZ 2004)

Quando propagadas no meio urbano a

combinaccedilatildeo de tais fontes sonoras associadas

ao percurso de transmissatildeo e ao receptor

constitui o ruiacutedo urbano (urban noise) tambeacutem

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

34

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 213 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora linear de 3 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007

chamado de ruiacutedo ambiental (environmental

noise) ou ruiacutedo comunitaacuterio (community noise)

(BERGLUND et al1999 GUEDES 2005

SOUSA 2004)

O ruiacutedo urbano pode ser gerado a partir do

traacutefego de veiacuteculos terrestres e aeacutereos de

obras de construccedilatildeo civil de estabelecimentos

industriais de estabelecimentos comerciais e

de serviccedilos de sistemas de propaganda

volante ou permanente8 e ruiacutedos de outras atividades cuja propagaccedilatildeo sonora pode afetar o bem-

estar e a sauacutede dos citadinos (BARRON 2003 BERGLUND et al1999 KINSLER et al 1982

NAGEM 2004 NUNES 2006 SINGAL 2005)

Apesar de esporaacutedica outra fonte de ruiacutedo gerada em meio urbano satildeo os eventos puacuteblicos tais

como festas shows comiacutecios carnavais fora de eacutepoca entre outros As fontes de ruiacutedo presentes

nestes eventos atingem um alto niacutevel de pressatildeo sonora9 e abrangem uma grande quantidade

populacional logo independente de ocorrer poucas vezes durante o ano satildeo eventos

extremamente danosos a sauacutede e principalmente agrave audiccedilatildeo a partir de 80 dB(A) natildeo importa se

a sensaccedilatildeo sonora eacute prazerosa ou natildeo ela eacute necessariamente prejudicial10 (Tabela 21) (NUNES

2006)

Quando a intensidade dos ruiacutedos urbanos torna-se excessivamente desagradaacutevel eou nociva o

ruiacutedo passa a ser considerado uma forma de poluiccedilatildeo ambiental11 - a poluiccedilatildeo sonora A

necessidade de regulamentaccedilatildeo da poluiccedilatildeo sonora renuncia os aspectos de subjetividade

existentes e inerentes ao conceito de ruiacutedo na tentativa de sintetizar e estabelecer limites leis

normas meacutetodos e accedilotildees que representem um universo sonoro equivalente para toda a

populaccedilatildeo na tentativa de controlar e mitigar o ruiacutedo urbano

8 Carros de som bicicletas com som raacutedios comunitaacuterias entre outros 9 O niacutevel de pressatildeo sonora eacute a medida fiacutesica preferencial para caracterizar a sensaccedilatildeo subjetiva da intensidade dos sons e de acordo com a lei de Weber e Fechner a sensaccedilatildeo sonora eacute proporcional ao logaritmo da intensidade sonora NPS=20 log (pp0) onde p eacute a pressatildeo sonora em Pascal e p0 eacute a pressatildeo sonora de referecircncia (2 10-5 Pascal) (BISTAFA 2006 NIEMEYER 2007) 10 Outros niacuteveis de ruiacutedo tambeacutem podem ser prejudiciais em maior ou menor grau dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora 11 ldquoPoluiccedilatildeo eacute a degradaccedilatildeo da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente a) prejudiquem a sauacutede a seguranccedila e o bem-estar da populaccedilatildeo b) criem condiccedilotildees adversas agraves atividades sociais e econocircmicas c) afetem desfavoravelmente a biota d) afetem as condiccedilotildees esteacuteticas ou sanitaacuterias do meio ambiente e) lancem mateacuterias ou energia em desacordo com os padrotildees ambientais estabelecidosrdquo (BRASIL 1981 p 1 e 2)

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

35

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Tabela 21 ndash Os niacuteveis de pressatildeo sonora e suas consequumlecircncias fisioloacutegicas no homem Em alguns casos podem a intensidade das reaccedilotildees fisioloacutegicas podem variar dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora Fonte elaborado pela autora a partir de KINSLER et al 1992 SINGAL 2005 SOUZA 2006

Assim sendo na esfera federal a Constituiccedilatildeo Federal (Art255) o Coacutedigo Civil Brasileiro (Lei ndeg

1040602) a Lei das Contravenccedilotildees Penais (Decreto-lei nordm 368841) e a Lei dos Crimes

Ambientais (Lei nordm 960598) versam a partir de diferentes abordagens e diferentes

procedimentos legais sobre a poluiccedilatildeo sonora e suas respectivas perturbaccedilotildees (CARNEIRO

2009)

NIacuteVEIS DE PRESSAtildeO SONORA E SUAS CONSEQUEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS

Niacutevel de Pressatildeo sonora

em dB(A)

Caracteriacutesticas FISIOLOacuteGICAS

Ambiente ou atividade

0 a 30 Nenhuma Tremular de folhas de uma aacutervore sussurros

aacuterea de mata selvagem

30 a 50 Nenhuma Cantar de paacutessaros rua calma em aacuterea residencial durante noite

50 a 70 Marca o iniacutecio do estresse

auditivo Rua agitada um restaurante barulhento

70 a 90 Estressante e bastante

excitante Chegada de um trem na estaccedilatildeo carro a 100 Kmh

conversa a gritos

90 a 110 Extremamente excitante provocando dependecircncia

Caminhatildeo pesado a 60 Kmh alarme de viatura passagem de trem numa estaccedilatildeo ou cabine de um aviatildeo monomotor

110 a 130

Desconfortavelmente alto atingindo o limiar da dor podendo causar surdez

instantacircnea

Trem passando em trilhos elevados martelo pneumaacutetico interior de uma boate show de banda de rock

130 a 140 Acima do limiar da dor

causando surdez permanente Decolagem de aviatildeo a jato a 5m de distacircncia disparos de artilharia

Ainda no domiacutenio federal o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) publicou vaacuterias

resoluccedilotildees que estabelecem normas de preservaccedilatildeo ao meio ambiente incluindo o combate a

poluiccedilatildeo sonora12 Nestas resoluccedilotildees todas as atividades geradoras de ruiacutedo devem seguir

diretrizes vinculadas agrave Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas ndash ABNT e ao Conselho

Nacional de Tracircnsito - CONTRAN no caso de ruiacutedo produzido por veiacuteculos automotores

(NAGEM 2004)

Tais resoluccedilotildees normas e diretrizes refletidas no domiacutenio estadual e municipal deram origem agrave

Lei Estadual nordm 12789 de 28 de Abril de 2005 (PERNAMBUCO2005) conhecida como ldquoLei do

12 Satildeo elas RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 272 de 14 de setembro de 2000

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

36

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Silecircnciordquo e que dispotildee sobre ruiacutedos urbanos poluiccedilatildeo sonora e proteccedilatildeo do bem-estar e do

sossego puacuteblico e agrave Lei nordm 16243 de 13 de setembro de 1996 ndash Coacutedigo do Meio Ambiente e do

Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife (RECIFE 1996a) que estabelece a poliacutetica do meio ambiente da

cidade do Recife incluindo regulamentaccedilatildeo de emissotildees sonoras entre outras providecircncias

tendo como suporte a Lei 1617696 de 9 de Abril de 1996 ndash Lei de Uso e Ocupaccedilatildeo do Solo da

Cidade do Recife ndash LUOS (RECIFE 1996b)

Apesar da existecircncia desta grande quantidade de leis federais estaduais e municipais apesar da

LUOS legislar sobre a etapa de aprovaccedilatildeo de projetos para a construccedilatildeo de empreendimentos

com usos geradores de incocircmodo agrave vizinhanccedila incluindo usos potencialmente geradores de ruiacutedos

submetendo-os agrave anaacutelise teacutecnica eou agrave anaacutelise especial e apesar do Coacutedigo do Meio Ambiente e

do Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife estabelecer limites maacuteximos permitidos de ruiacutedo na praacutetica a

accedilatildeo contra a poluiccedilatildeo sonora em Recife adquire caraacuteter corretivo pelos oacutergatildeos reguladores agrave

conduta do infrator geralmente a partir de denuacutencias da populaccedilatildeo apoacutes a consolidaccedilatildeo da fonte

geradora de ruiacutedo no meio urbano (JORNAL DO COMEacuteRCIO 2008 JC ONLINE 2005)

Outro exemplo local de desatenccedilatildeo agrave poluiccedilatildeo sonora eacute a inexistecircncia dentre vaacuterios outros tipos

de degradaccedilatildeo ambiental presentes de qualquer referecircncia a respeito da poluiccedilatildeo sonora em

documento produzido pela Prefeitura da Cidade do Recife no ano 2000 o Atlas Ambiental da

Cidade do Recife (RECIFE 2000)

Diante da aplicabilidade ineficaz da legislaccedilatildeo vigente em Novembro de 2009 foi lanccedilado pelo

Ministeacuterio Puacuteblico de Pernambuco a cartilha Poluiccedilatildeo sonora Silento e o barulho13 que versa sobre as

posturas e accedilotildees direitos e deveres dos diversos agentes envolvidos na produccedilatildeo e recepccedilatildeo da

poluiccedilatildeo sonora indicando como devem agir a viacutetima o policial o estado o construtor poluidor

o proprietaacuterio de carro de som poluidor entre outros A cartilha tambeacutem disponibiliza uma seacuterie

de formulaacuterios modelos de acordo com os diferentes tipos de poluiccedilatildeo sonora Estes formulaacuterios satildeo

exemplos para serem utilizados tanto pela viacutetima da poluiccedilatildeo sonora quanto pelo policial civil

militar promotor de justiccedila e ateacute mesmo pelo poluidor - o que poderaacute tornar esta cartilha um

importante instrumento para aplicaccedilatildeo das leis vigentes (CARNEIRO 2009)

Embora negligenciada e em oposiccedilatildeo a diversos outros problemas ambientais mundiais a

poluiccedilatildeo sonora continua a crescer e eacute acompanhada pelo aumento no nuacutemero de reclamaccedilotildees de

13 ldquoSilentordquo eacute um personagem criado para narrar alguns trechos interativos da cartilha

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

37

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 214 ndash Relaccedilatildeo entre o desenvolvimento industrial da sociedade que possibilita o aumento e concentraccedilatildeo de fontes sonoras e seus impactos em relaccedilatildeo ao ruiacutedo nas comunidades apontando trecircs previsotildees futuras de acordo com diferentes accedilotildees possiacuteveis de regulamentaccedilatildeo contra do ruiacutedo Fonte elaborado pela autora a partir de BERGLUND et al 1999

pessoas expostas ao ruiacutedo a partir do aumento da consciecircncia de seus direitos legais

(BERGLUND et al1999)

Para World Health Organization (WHO)14 a poluiccedilatildeo sonora jaacute eacute um dos problemas ambientais que

atingem o maior nuacutemero de pessoas no planeta perdendo apenas para a poluiccedilatildeo do ar e da aacutegua

(KIHLMAN 2004 2005) Este crescimento contiacutenuo da poluiccedilatildeo sonora e por conseguinte do

ruiacutedo urbano possui uma estreita relaccedilatildeo com as raacutepidas transformaccedilotildees ocorridas no meio

urbano nas uacuteltimas deacutecadas O desenvolvimento acelerado e a expansatildeo das cidades implicaram

em modificaccedilotildees em elementos da forma urbana em alto iacutendice de crescimento demograacutefico da

populaccedilatildeo urbana e em consequumlente aumento e concentraccedilatildeo de diversos tipos de fontes

geradoras de poluiccedilatildeo sonora (BRASIL 1990a1990b GUEDES 2005 PAZ 2009 ZANNIN et

al 2002) (Figura 214)

Entre estas fontes urbanas geradoras de poluiccedilatildeo sonora uma das que mais contribuem com o

aumento do ruiacutedo urbano aleacutem de ser considerada uma das fontes mais intrusivas e a mais

percebida pela populaccedilatildeo das grandes cidades eacute o traacutefego de veiacuteculos (DINIZ 2003 FRITSCH et al

2007 LACERDA et al 2005 PAZ 2004 ZANNIN et al 2003)

O ruiacutedo do traacutefego de veiacuteculos eacute gerado a

partir do ruiacutedo veicular que proveacutem

essencialmente do sistema de propulsatildeo do

motor do atrito entre o veiacuteculo e o ar (ruiacutedo

aerodinacircmico) e do atrito entre o pneu e o piso

(MURGEL 2007 KINSLER et al 1982) e da

relaccedilatildeo entre o veiacuteculocondutor e as

configuraccedilotildees das vias em que ele estaacute inserido

a aceleraccedilatildeo eou desaceleraccedilatildeo do motor de

acordo com a caracterizaccedilatildeo das vias - a

presenccedila de cruzamentos semaacuteforos faixas de

pedestres etc a intensidade do fluxo de

veiacuteculos e a proporccedilatildeo entre veiacuteculos leves e os

veiacuteculos pesados a frequumlecircncia de

14 Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede ndash OMS

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

38

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

acionamentos de buzinas o tipo de acabamento da superfiacutecie das vias (concreto asfalto brita

terra batida) etc (SINGAL 2005)

Tais vias geradoras do ruiacutedo de traacutefego aleacutem de serem interceptadas por outras vias satildeo

comumente ladeadas por configuraccedilotildees bastante variaacuteveis desde edificaccedilotildees com formas

implantaccedilotildees e gabaritos diversificados a lotes ainda natildeo ocupados caracterizando a propagaccedilatildeo

do ruiacutedo de traacutefego urbano por muacuteltiplas reflexotildees responsaacuteveis pelo espalhamento do ruiacutedo

para vias adjacentes pelo surgimento de campos sonoros reverberantes pela difraccedilatildeo do ruiacutedo e

pelo surgimento de aacutereas de sombra (SINGAL 2005 RANDRIANOELINA e SALOMONS

2008) Ou seja a propagaccedilatildeo do ruiacutedo urbano gerado pelo traacutefego de veiacuteculos possui uma

interaccedilatildeo singular com elementos da forma urbana

Assim sendo tanto por sua participaccedilatildeo determinante na constituiccedilatildeo do ruiacutedo urbano quanto

por sua particular relaccedilatildeo com os elementos que compotildeem a forma urbana o ruiacutedo de traacutefego

seraacute a uacutenica fonte sonora considerada na presente pesquisa conforme seraacute melhor elucidado no

proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas

A interaccedilatildeo entre o ruiacutedo urbano e a forma urbana dependeraacute diretamente das configuraccedilotildees de

certos elementos que compotildeem esta forma urbana o traccedilado e perfis das vias a maneira de

implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade e

forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres tais como praccedilas e

largos (GUEDES 2005 SANTOS e MARTINS 2005) Estes elementos podem ser

acusticamente caracterizados a partir do tipo de espaccedilo acuacutestico e da permeabilidade acuacutestica

O espaccedilo acuacutestico tambeacutem nomeado de campo acuacutestico eacute a porccedilatildeo de determinado espaccedilo onde

acontecem as vibraccedilotildees sonoras podendo ser caracterizado no meio urbano como espaccedilo

acuacutestico aberto ou fechado (NIEMEYER 2007)

O espaccedilo acuacutestico aberto aproxima-se da propagaccedilatildeo em campo livre que eacute caracterizado pela ausecircncia

de obstaacuteculos que modifiquem a propagaccedilatildeo sonora entre a fonte e o receptor Assim no meio

urbano o espaccedilo cuja propagaccedilatildeo sonora envolva poucas ou nenhuma reflexatildeo e poucos ou

nenhum obstaacuteculo pode ser considerado um espaccedilo acuacutestico aberto como por exemplo o

espaccedilo acuacutestico com perfil em ldquoLrdquo tais como vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas uma de

suas margens (Figuras 215 e 216) (NIEMEYER 2007) No espaccedilo acuacutestico aberto o niacutevel de

pressatildeo sonora decai 6 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (LANG

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 215 ndash Propagaccedilatildeo sonora em Campo acuacutestico aberto Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001

Figura 216 ndash Campo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo FonteNIEMEYER 2007

Figura 217 ndash Propagaccedilatildeo sonora em campo acuacutestico fechado causando o fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001

e BERANEK 1992) isto eacute o ruiacutedo percebido

pelo receptor diminui em funccedilatildeo da

duplicaccedilatildeo da distacircncia da fonte sonora15

Praccedilas parques e largos com grandes

dimensotildees vias de traacutefego marginais a praias

vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas

uma de suas margens ou espaccedilos livres

urbanos de grandes dimensotildees caracterizam

alguns exemplos de espaccedilos acuacutesticos abertos

No espaccedilo acuacutestico fechado as ondas sonoras

sofrem muacuteltiplas reflexotildees fazendo com que o

seu niacutevel sonoro decaia muito lentamente

sendo praticamente o mesmo em vaacuterias

posiccedilotildees ateacute que esta onda sonora encontre

uma saiacuteda para campo livre caracterizando o

fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana16 17(Figura

217) (GUEDES 2005 NIEMEYER 2007)

Os espaccedilos acuacutesticos fechados podem ser

reverberantes quando a onda sonora tarda a

encontrar o campo livre gerando um grande

nuacutemero de reflexotildees ou semi-reverberantes

quando a onda sonora encontra o campo livre

um pouco mais rapidamente do que no

reverberante gerando um nuacutemero menor mas

ainda grande de reflexotildees

15 Este decaimento eacute para fontes pontuais para fontes lineares o decaimento eacute de 3 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (GERGES 2000) 16 A reverberaccedilatildeo eacute a persistecircncia de um som depois de ter sido extinta a sua emissatildeo por uma fonte e ocorre como resultado de reflexotildees em ambientes total ou parcialmente fechados (GONZALEZ e LOPES 1993) 17 Alguns espaccedilos acuacutesticos fechados tambeacutem podem amplificar o niacutevel de pressatildeo sonora mas este fenocircmeno ocorre em determinados espaccedilos acuacutesticos fechados reverberantes

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

40

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 218 ndash Campo acuacutestico fechado em perfl ldquoUrdquo tambeacutem chamado de canyons urbanos Fonte NIEMEYER 2007

No meio urbano o espaccedilo acuacutestico fechado

reverberante possui comumente um perfil em

ldquoUrdquo (Figura 218) tambeacutem chamados de

canyons urbanos que podem amplificar

consideravelmente a propagaccedilatildeo sonora das

vias de traacutefego atraveacutes de reflexotildees muacuteltiplas

geradas pelas fachadas paralelas das

edificaccedilotildees que circundam estas vias

(ANDERSON e KURZE 1992) Assim neste

tipo de espaccedilo acuacutestico a propagaccedilatildeo sonora

natildeo depende exclusivamente da distacircncia entre

a fonte e o receptor como no espaccedilo acuacutestico

aberto depende ainda da configuraccedilatildeo dos

elementos que compotildeem a forma urbana e

dos coeficientes de absorccedilatildeo dos materiais que

revestem as superfiacutecies refletoras18

(NIEMEYER 2007)

Praccedilas parques e largos com pequenas dimensotildees e cercados por edificaccedilotildees conjugadas vias de

traacutefego com edificaccedilotildees (conjugadas ou com pequenos recuos entre elas) em ambos os lados

tuacuteneis passagens subterracircneas e espaccedilos livres abaixo de viadutos caracterizam alguns exemplos

de espaccedilos acuacutesticos fechados

A caracterizaccedilatildeo de um espaccedilo acuacutestico como sendo aberto ou fechado delinearaacute como a onda

sonora iraacute espalhar-se no meio urbano cujas configuraccedilotildees dos elementos que o compotildeem

podem facilitar ou dificultar a trajetoacuteria desta onda sonora para aleacutem do local de sua emissatildeo

tornando o meio urbano mais ou menos permeaacutevel a sua propagaccedilatildeo

18 No meio urbano as superfiacutecies refletoras satildeo predominantemente formadas por fachadas e muros de edificaccedilotildees que possuem certa uniformidade na utilizaccedilatildeo de materiais altamente reflexivos e com baixos coeficientes de absorccedilatildeo tais como granito maacutermore ceracircmica esmaltada vidro Assim o coeficiente de absorccedilatildeo de uma edificaccedilatildeo para outra seraacute praticamente o mesmo sofrendo miacutenimas variaccedilotildees permitindo sua natildeo consideraccedilatildeo

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

41

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 220 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees em uma quadra permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007

Figura 221 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjugadas em uma quadra pouco permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007

Figura 219 ndash Permeabilidade acuacutestica - percursos da onda sonora gerados em meio urbano Fonte NIEMEYER 2007

Figura 222 ndash Barreira acuacutestica entre a fonte e o receptor FonteANDERSON e KURZE 1992

Assim sendo a permeabilidade acuacutestica refere-se

aos percursos da onda sonora gerados no

meio urbano (Figura 219) (GUEDES 2005

NIEMEYER 2007) A intensidade da

permeabilidade acuacutestica - mais ou menos

permeaacutevel - dependeraacute da capacidade de

certos elementos urbanos de promover ou

conter a propagaccedilatildeo da onda sonora tais

como o traccedilado e perfis das vias a maneira de

implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem

como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade

e forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila

ou ausecircncia de espaccedilos livres (Figuras 220 e

221)

A permeabilidade acuacutestica relaciona-se ainda

com as barreiras acuacutesticas Isoladamente o

conceito de barreiras acuacutesticas refere-se a

qualquer objeto que possa ser considerado um

obstaacuteculo agrave ligaccedilatildeo direta e sem interferecircncias

entre a fonte e o receptor (Figura 222)

(ANDERSON e KURZE 1992 GERGES

2000) Ao bloquear o percurso direto entre a

fonte e o receptor a onda sonora poderaacute ser

absorvida eou refletida pela superfiacutecie da

barreira transmitida atraveacutes da barreira ou

difratada a partir do topo da barreira

(BARRON 2003 SINGAL 2005)

A difraccedilatildeo eacute um fenocircmeno que permite que as

ondas sonoras sejam capazes de contornar

determinados obstaacuteculos gerando uma aacuterea de

sombra acuacutestica que possui limites espaciais

variaacuteveis de acordo com a posiccedilatildeo da fonte

____________________________________________

ANAacuteLISE D

sonora e de sua localizaccedilatilde

receptor que por sua vez

sonora difratada pelas borda

um decaimento maior do qu

campo livre (Figura 223) (N

1968 NIEMEYER 2007 PA

O uso de barreiras acuacutestic

EUA Japatildeo Austraacutelia e

reduccedilatildeo da propagaccedilatildeo do

pelo traacutefego rodoviaacuterio pa

(Figuras 224 a 226) (SIN

Brasil esta praacutetica ainda eacute inc

restringindo-se a poucos exe

caso da barreira acuacutestica no

Linha Amarela na cidade do

na Rodovia Bandeirantes co

de Satildeo Paulo a Campinas

Paulo (Figura 227) (MURGE

2004)

Embora a implantaccedilatildeo de b

esteja vinculada agrave reduccedilatildeo do

rodoviaacuterio outros elemen

meio urbano situados ent

receptor atuam espontan

barreiras agrave propagaccedilatildeo sono

terreno com topografia i

muros edificaccedilotildees entr

edificaccedilotildees conjugadas da R

cidade do Recife ou aind

conjugadas em alguns trec

Atlacircntica no Rio de Janei

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 226 ndash Barreiras instaladasem aacuterea residencial de Toacutequio Jap

Figura 224 ndash Agrave esquerda barreacriacutelico na Suiacuteccedila Agrave direita barreiraPaacutedua e Veneza na Itaacutelia Fonte C

Figura 227 ndash Barreira acuacutestica dade Satildeo Paulo Fonte MURGEL 2

Figura 223 ndash Difraccedilatildeo da ondagerando uma aacuterea de sombra acuacutest

Figura 225 ndash Agrave esquerda baproacuteximo a Zurique Agrave direita barretambeacutem na Suiccedila Fonte CICHIN

accedilatildeo em relaccedilatildeo ao

ez recebe a energia

rdas da barreira com

que se estivesse em

(NEPOMUCENO

PAZ 2004)

ticas eacute comum nos

e na Europa para

do ruiacutedo produzido

para seus arredores

INGAL 2005) No

incipiente

exemplos como eacute o

no eixo rodoviaacuterio

o Rio de Janeiro e

conectando a cidade

s no estado de Satildeo

GEL 2007 SOUSA

e barreiras acuacutesticas

do ruiacutedo de traacutefego

entos inseridos no

entre a fonte e o

taneamente como

nora tais como um

irregular taludes

ntre outros As

a Rua da Aurora na

inda as edificaccedilotildees

trechos da Avenida

neiro por exemplo

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

42

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

das ao longo de via expressa elevada Japatildeo Fonte CICHINELLI 2007

rreira acuacutestica curva em concreto e eira acuacutestica metaacutelica na estrada entre CICHINELLI 2007

da Rodovia Bandeirantes no estado 2007

da sonora a partir de uma barreira uacutestica Fonte GERGES 2000

barreira acuacutestica metaacutelica instalada arreira acuacutestica em concreto e acriacutelico INELLI 2007

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

43

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 228 ndash Rua da Aurora no Bairro da Boa Vista na cidade do Recife configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fontehttpmaiovinteeseisblogspotcom2007_ 11_01_archivehtml Acesso em 080409

Figura 229 ndash Alguns trechos da Avenida Atlacircntica no Bairro de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro tambeacutem configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fonte httpwwwtravelpodcomtravel-photoorlanworldtrip200711 71589400avenida-atlantica-along-copacabana-beachjpgtpodhtml Acesso em 080409

aleacutem de funcionarem como barreiras acuacutesticas

espontacircneas ou natildeo intencionais tambeacutem

conformam um espaccedilo acuacutestico aberto em

ldquoLrdquo e pouco permeaacutevel ao ruiacutedo (Figura 228 e

229)

A partir da discussatildeo dos espaccedilos acuacutesticos e

da permeabilidade acuacutestica evidencia-se que a

interaccedilatildeo entre os diversos elementos que

compotildeem a forma urbana - o traccedilado e perfis

das vias o modo de implantaccedilatildeo das

edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as

proporccedilotildees densidade e maneira de ocupaccedilatildeo

das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de

espaccedilos livres ndash contribui determinantemente

para a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano

atraveacutes de muacuteltiplas reflexotildees do

espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave

fonte geradora de campos sonoros

reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de

aacutereas de sombra

Isto posto se o ruiacutedo urbano eacute considerado

um sistema composto essencialmente pela fonte

sonora pelo meio de propagaccedilatildeo e pelo receptor (LANG e BERANEK 1992 ANDERSON e

KURZE 1992) a forma urbana considerada a partir dos elementos que a compotildeem enquanto

percurso de transmissatildeo delineia influencia e determina em certa medida a trajetoacuteria de

propagaccedilatildeo da onda sonora19 Ou seja a forma urbana por meio das caracteriacutesticas singulares

apresentadas pelos seus elementos componentes iraacute influenciar o comportamento da propagaccedilatildeo

da onda sonora no meio urbano

19 ldquoEm certa medidardquo pois existem outros fatores que tambeacutem influenciam a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano mas a discussatildeo sobre a consideraccedilatildeo ou natildeo destes outros fatores seraacute melhor construiacuteda no proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito alto por elevada densidade de

ocupaccedilatildeo das quadras e por vias estreitas por exemplo tende em tese a ser menos permeaacutevel ao

ruiacutedo dificultando a propagaccedilatildeo sonora para outras aacutereas Tende ainda a criar espaccedilos

reverberantes ou semi-reverberantes com o niacutevel de pressatildeo sonora elevado em praticamente

todos os pontos de reflexatildeo com perdas miacutenimas ateacute a onda sonora alcanccedilar o topo das

edificaccedilotildees e direcionar-se a campo livre Por conseguinte este comportamento tende a propiciar

dependendo ainda da relaccedilatildeo com a fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano indesejaacutevel e

insalubre aos receptores existentes nas edificaccedilotildees daquela via

Jaacute uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito baixo por baixa densidade de

ocupaccedilatildeo das quadras e por vias largas tende teoricamente a ser mais permeaacutevel ao ruiacutedo

facilitando sua propagaccedilatildeo Por outro lado natildeo gera espaccedilos acuacutesticos propiacutecios a muacuteltiplas

reflexotildees fazendo com que a onda sonora encontre mais rapidamente o campo livre facilitando

sua dissipaccedilatildeo e propiciando dependendo ainda da fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano

desejaacutevel aos seus receptores

Deste modo a existecircncia de diferenccedilas e particularidades dos elementos que compotildeem as

distintas formas urbanas proporciona os mais diversificados comportamentos acuacutesticos de

propagaccedilatildeo sonora nos mais diferentes meios urbanos Ou seja do mesmo modo que cidades

bairros e ruas natildeo satildeo iguais entre si tampouco reproduziacuteveis em sua essecircncia o comportamento

acuacutestico tambeacutem natildeo seraacute ao contraacuterio constituiraacute um atributo exclusivo de cada espaccedilo urbano

Mas se para cada espaccedilo urbano existe um comportamento acuacutestico especiacutefico como deveraacute se

comportar a propagaccedilatildeo sonora de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de

modificaccedilotildees em elementos de sua forma urbana Em outras palavras como se comportaraacute a acuacutestica

urbana de um determinado local a partir do processo cronoloacutegico de modificaccedilotildees em sua forma urbana

Nos capiacutetulo que se segue Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas seratildeo apresentadas os percursos

investigativos que foram postos em praacutetica em busca de responder a este questionamento

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

31

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

elementos considerados por DEL RIO (1990) ndash crescimento traccedilado e parcelamento tipologias

dos elementos urbanos e as articulaccedilotildees e em busca de atingir seu objetivo principal esta

pesquisa consideraraacute a forma urbana inserida em um recorte que a considera essencialmente a

partir de seu aspecto fiacutesico e material e cujos elementos componentes considerados seratildeo

exclusivamente

1 As parcelas fundiaacuterias ndash consideradas por meio das quadras e lotes incluindo sua relaccedilatildeo

de modo de ocupaccedilatildeo das edificaccedilotildees sua densidade e seus espaccedilos livres

2 As edificaccedilotildees ndash consideradas atraveacutes de sua relaccedilatildeo de modo de ocupaccedilatildeo com os

lotes e do grau de verticalizaccedilatildeo (gabarito baixo meacutedio e alto)

3 As vias ndash consideradas como reguladoras da relaccedilatildeo com as edificaccedilotildees e quarteirotildees e

principalmente apreciadas como estreitamente vinculadas a uma das principais fontes

geradoras de ruiacutedo urbano (o traacutefego de veiacuteculos)

Estes seratildeo os elementos componentes da forma urbana que esta pesquisa se apropriaraacute no

decurso do caminho a fim de analisar o comportamento acuacutestico a partir de modificaccedilotildees

cronoloacutegicas em determinada forma urbana Nos paraacutegrafos seguintes discutem-se os conceitos e

relaccedilotildees que permeiam a acuacutestica urbana

22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais

A acuacutestica eacute a ciecircncia do som incluindo sua geraccedilatildeo transmissatildeo e recepccedilatildeo de energia sob a

forma de ondas vibracionais na mateacuteria (KINSLER et al 1982) Ela eacute uma ciecircncia

multidimensional e interligada a vaacuterios domiacutenios cientiacuteficos Seu objeto de estudo fundamental o

som delineia uma seacuterie de interfaces multidisciplinares com abordagens em diversificadas aacutereas

do conhecimento (Figura 210)

Desse modo quando a geraccedilatildeo transmissatildeo e efeitos do som estatildeo inseridos no meio urbano

seu desdobramento eacute estudado pela aacuterea de conhecimento da acuacutestica urbana muitas vezes

tambeacutem nomeada de acuacutestica ambiental

O objeto de estudo fundamental da acuacutestica o som eacute a sensaccedilatildeo produzida no ouvido por

pequenas flutuaccedilotildees da pressatildeo do ar (HANSEN 2005) ou seja eacute uma percepccedilatildeo sensorial e seu

____________________________________________

ANAacuteLISE D

complexo padratildeo de ondas s

de ruiacutedo muacutesica fala

(BERGLUND et al 1999)

Esta definiccedilatildeo do som tend

a percepccedilatildeo do ouvido

conceito psicofiacutesico Fisicame

vibraccedilatildeo mecacircnica que

progressivamente atraveacutes de

gasoso liacutequido ou soacutelido (SIN

Esta vibraccedilatildeo quando tran

que o rodeia nem sempre

aparelho auditivo humano

frequumlecircncia6 audiacutevel encontra

20 a 20000 Hz para um

(BRUumlEL amp KJAEligR 1984

1982) Frequumlecircncias acima de

altas para respostas fisioloacuteg

chamadas de ultrasons Jaacute as

de 20 Hz satildeo chamadas de

detectaacuteveis pelo ouvido hum

prejudiciais agrave sua sauacutede7

1982 SOUSA 2004)

Fisicamente o som e o ruiacutedo

ambos se propagam em mei

detectados pelo ouvido hu

enquanto o som eacute utilizado

6 A frequumlecircncia eacute o nuacutemero de ciclo(HANSEN 1995) 7 A exposiccedilatildeo a baixas frequumlecircncias depressatildeo irritabilidade e perturba pro

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 210 ndash Interfaces multidFonte Elaborado pela autora a pa

Figura 211 ndash Fonte sonora ponSOUZA 2006

as sonoras eacute rotulado

ala entre outros

ndo como referecircncia

o humano eacute um

mente o som eacute uma

que se propaga

de um meio material

(SINGAL 2005)

transmitida ao meio

re eacute detectaacutevel pelo

ano cuja faixa de

tra-se no intervalo de

um jovem saudaacutevel

4 KINSLER et al

de 20000 Hz muito

loacutegicas auditivas satildeo

as frequumlecircncias abaixo

de infrasons e natildeo satildeo

umano contudo satildeo

(KINSLER et al

iacutedo constituem o mesmo fenocircmeno de variaccedilotildee

eio elaacutestico (soacutelido liacutequido ou gasoso) e ambos

humano (BERGLUND et al 1999 HANSEN

do para descrever percepccedilotildees sonoras agradaacutev

iclos que a onda sonora completa no tempo de um segundo

as pode gerar a doenccedila Vibroacuacutestica que induz o espessamprocessos cognitivos (BRANCO e PEREIRA 2004)

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

32

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

ltidisciplinares do estudo do som partir de BISTAFA 2006

ontual e fonte sonora linear Fonte

otildees de pressatildeo ambiente

bos satildeo capazes de serem

EN 1995) No entanto

daacuteveis o ruiacutedo descreve

do e eacute medida em Hertz (Hz)

amento das estruturas cardiacuteacas

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

33

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 212 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora pontual de 6 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007

percepccedilotildees sonoras desagradaacuteveis incorporando um aspecto de subjetividade agrave sua definiccedilatildeo

(BRUumlEL amp KJAEligR 1984 HANSEN 2005 BRASIL 2006 SINGAL 2005)

Tal subjetividade acarreta diferentes e individuais percepccedilotildees sonoras pelo ser humano e

portanto em diferentes reaccedilotildees agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo Em outras palavras o que se estabelece

como som para um indiviacuteduo pode representar ruiacutedo para outro

[] as respostas inerentes ao ruiacutedo satildeo complexas dependendo tanto dos fatores propriamente acuacutesticos quanto dos psicossociais contextuais simboacutelicos emocionais como daqueles de valor especiacutefico Essas variaacuteveis participam da singularidade da escuta e atuam como filtros que modificam a percepccedilatildeo do sinal fiacutesico sonoro (SANTOS e MARTINS 2005 p 216)

Enquanto sua percepccedilatildeo envolve a subjetividade as respostas fisioloacutegicas agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo satildeo

mais objetivas e seus danos satildeo mais facilmente identificaacuteveis O ruiacutedo pode gerar complicaccedilotildees

no sistema circulatoacuterio e hormonal perda gradativa da audiccedilatildeo distuacuterbios de sono estresse

irritabilidade neuroses desconforto e dificuldade de aprendizado entre outros danos

(BERGLUND et al1999 HANSEN 2005 KINSLER et al 1982 MURGEL 2007 NAGEM

2004 NUNES 2006 PAZ et al 2005 SINGAL 2005 ZANNIN et al 2002)

O ruiacutedo pode se originar de variadas fontes presentes em diversificados ambientes as mais

comumente encontradas satildeo as fontes sonoras pontuais e as lineares (Figura 211) A fonte pontual

possui dimensotildees finitas e emite o mesmo niacutevel de pressatildeo sonora uniformemente para todas as

direccedilotildees sendo seu decaimento em campo livre de 6 dB para cada dobro da distacircncia (Figura

212) (HANSEN 2005 SOUSA 2004)

Jaacute a fonte linear eacute formada por certo nuacutemero de

fontes pontuais dispostas linearmente cuja

emissatildeo sonora eacute contiacutenua ao longo desta

linha sendo seu decaimento em campo livre

de 3 dB para cada dobro da distacircncia (Figura

213) (HANSEN 2005 PAZ 2004)

Quando propagadas no meio urbano a

combinaccedilatildeo de tais fontes sonoras associadas

ao percurso de transmissatildeo e ao receptor

constitui o ruiacutedo urbano (urban noise) tambeacutem

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 213 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora linear de 3 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007

chamado de ruiacutedo ambiental (environmental

noise) ou ruiacutedo comunitaacuterio (community noise)

(BERGLUND et al1999 GUEDES 2005

SOUSA 2004)

O ruiacutedo urbano pode ser gerado a partir do

traacutefego de veiacuteculos terrestres e aeacutereos de

obras de construccedilatildeo civil de estabelecimentos

industriais de estabelecimentos comerciais e

de serviccedilos de sistemas de propaganda

volante ou permanente8 e ruiacutedos de outras atividades cuja propagaccedilatildeo sonora pode afetar o bem-

estar e a sauacutede dos citadinos (BARRON 2003 BERGLUND et al1999 KINSLER et al 1982

NAGEM 2004 NUNES 2006 SINGAL 2005)

Apesar de esporaacutedica outra fonte de ruiacutedo gerada em meio urbano satildeo os eventos puacuteblicos tais

como festas shows comiacutecios carnavais fora de eacutepoca entre outros As fontes de ruiacutedo presentes

nestes eventos atingem um alto niacutevel de pressatildeo sonora9 e abrangem uma grande quantidade

populacional logo independente de ocorrer poucas vezes durante o ano satildeo eventos

extremamente danosos a sauacutede e principalmente agrave audiccedilatildeo a partir de 80 dB(A) natildeo importa se

a sensaccedilatildeo sonora eacute prazerosa ou natildeo ela eacute necessariamente prejudicial10 (Tabela 21) (NUNES

2006)

Quando a intensidade dos ruiacutedos urbanos torna-se excessivamente desagradaacutevel eou nociva o

ruiacutedo passa a ser considerado uma forma de poluiccedilatildeo ambiental11 - a poluiccedilatildeo sonora A

necessidade de regulamentaccedilatildeo da poluiccedilatildeo sonora renuncia os aspectos de subjetividade

existentes e inerentes ao conceito de ruiacutedo na tentativa de sintetizar e estabelecer limites leis

normas meacutetodos e accedilotildees que representem um universo sonoro equivalente para toda a

populaccedilatildeo na tentativa de controlar e mitigar o ruiacutedo urbano

8 Carros de som bicicletas com som raacutedios comunitaacuterias entre outros 9 O niacutevel de pressatildeo sonora eacute a medida fiacutesica preferencial para caracterizar a sensaccedilatildeo subjetiva da intensidade dos sons e de acordo com a lei de Weber e Fechner a sensaccedilatildeo sonora eacute proporcional ao logaritmo da intensidade sonora NPS=20 log (pp0) onde p eacute a pressatildeo sonora em Pascal e p0 eacute a pressatildeo sonora de referecircncia (2 10-5 Pascal) (BISTAFA 2006 NIEMEYER 2007) 10 Outros niacuteveis de ruiacutedo tambeacutem podem ser prejudiciais em maior ou menor grau dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora 11 ldquoPoluiccedilatildeo eacute a degradaccedilatildeo da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente a) prejudiquem a sauacutede a seguranccedila e o bem-estar da populaccedilatildeo b) criem condiccedilotildees adversas agraves atividades sociais e econocircmicas c) afetem desfavoravelmente a biota d) afetem as condiccedilotildees esteacuteticas ou sanitaacuterias do meio ambiente e) lancem mateacuterias ou energia em desacordo com os padrotildees ambientais estabelecidosrdquo (BRASIL 1981 p 1 e 2)

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Tabela 21 ndash Os niacuteveis de pressatildeo sonora e suas consequumlecircncias fisioloacutegicas no homem Em alguns casos podem a intensidade das reaccedilotildees fisioloacutegicas podem variar dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora Fonte elaborado pela autora a partir de KINSLER et al 1992 SINGAL 2005 SOUZA 2006

Assim sendo na esfera federal a Constituiccedilatildeo Federal (Art255) o Coacutedigo Civil Brasileiro (Lei ndeg

1040602) a Lei das Contravenccedilotildees Penais (Decreto-lei nordm 368841) e a Lei dos Crimes

Ambientais (Lei nordm 960598) versam a partir de diferentes abordagens e diferentes

procedimentos legais sobre a poluiccedilatildeo sonora e suas respectivas perturbaccedilotildees (CARNEIRO

2009)

NIacuteVEIS DE PRESSAtildeO SONORA E SUAS CONSEQUEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS

Niacutevel de Pressatildeo sonora

em dB(A)

Caracteriacutesticas FISIOLOacuteGICAS

Ambiente ou atividade

0 a 30 Nenhuma Tremular de folhas de uma aacutervore sussurros

aacuterea de mata selvagem

30 a 50 Nenhuma Cantar de paacutessaros rua calma em aacuterea residencial durante noite

50 a 70 Marca o iniacutecio do estresse

auditivo Rua agitada um restaurante barulhento

70 a 90 Estressante e bastante

excitante Chegada de um trem na estaccedilatildeo carro a 100 Kmh

conversa a gritos

90 a 110 Extremamente excitante provocando dependecircncia

Caminhatildeo pesado a 60 Kmh alarme de viatura passagem de trem numa estaccedilatildeo ou cabine de um aviatildeo monomotor

110 a 130

Desconfortavelmente alto atingindo o limiar da dor podendo causar surdez

instantacircnea

Trem passando em trilhos elevados martelo pneumaacutetico interior de uma boate show de banda de rock

130 a 140 Acima do limiar da dor

causando surdez permanente Decolagem de aviatildeo a jato a 5m de distacircncia disparos de artilharia

Ainda no domiacutenio federal o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) publicou vaacuterias

resoluccedilotildees que estabelecem normas de preservaccedilatildeo ao meio ambiente incluindo o combate a

poluiccedilatildeo sonora12 Nestas resoluccedilotildees todas as atividades geradoras de ruiacutedo devem seguir

diretrizes vinculadas agrave Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas ndash ABNT e ao Conselho

Nacional de Tracircnsito - CONTRAN no caso de ruiacutedo produzido por veiacuteculos automotores

(NAGEM 2004)

Tais resoluccedilotildees normas e diretrizes refletidas no domiacutenio estadual e municipal deram origem agrave

Lei Estadual nordm 12789 de 28 de Abril de 2005 (PERNAMBUCO2005) conhecida como ldquoLei do

12 Satildeo elas RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 272 de 14 de setembro de 2000

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Silecircnciordquo e que dispotildee sobre ruiacutedos urbanos poluiccedilatildeo sonora e proteccedilatildeo do bem-estar e do

sossego puacuteblico e agrave Lei nordm 16243 de 13 de setembro de 1996 ndash Coacutedigo do Meio Ambiente e do

Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife (RECIFE 1996a) que estabelece a poliacutetica do meio ambiente da

cidade do Recife incluindo regulamentaccedilatildeo de emissotildees sonoras entre outras providecircncias

tendo como suporte a Lei 1617696 de 9 de Abril de 1996 ndash Lei de Uso e Ocupaccedilatildeo do Solo da

Cidade do Recife ndash LUOS (RECIFE 1996b)

Apesar da existecircncia desta grande quantidade de leis federais estaduais e municipais apesar da

LUOS legislar sobre a etapa de aprovaccedilatildeo de projetos para a construccedilatildeo de empreendimentos

com usos geradores de incocircmodo agrave vizinhanccedila incluindo usos potencialmente geradores de ruiacutedos

submetendo-os agrave anaacutelise teacutecnica eou agrave anaacutelise especial e apesar do Coacutedigo do Meio Ambiente e

do Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife estabelecer limites maacuteximos permitidos de ruiacutedo na praacutetica a

accedilatildeo contra a poluiccedilatildeo sonora em Recife adquire caraacuteter corretivo pelos oacutergatildeos reguladores agrave

conduta do infrator geralmente a partir de denuacutencias da populaccedilatildeo apoacutes a consolidaccedilatildeo da fonte

geradora de ruiacutedo no meio urbano (JORNAL DO COMEacuteRCIO 2008 JC ONLINE 2005)

Outro exemplo local de desatenccedilatildeo agrave poluiccedilatildeo sonora eacute a inexistecircncia dentre vaacuterios outros tipos

de degradaccedilatildeo ambiental presentes de qualquer referecircncia a respeito da poluiccedilatildeo sonora em

documento produzido pela Prefeitura da Cidade do Recife no ano 2000 o Atlas Ambiental da

Cidade do Recife (RECIFE 2000)

Diante da aplicabilidade ineficaz da legislaccedilatildeo vigente em Novembro de 2009 foi lanccedilado pelo

Ministeacuterio Puacuteblico de Pernambuco a cartilha Poluiccedilatildeo sonora Silento e o barulho13 que versa sobre as

posturas e accedilotildees direitos e deveres dos diversos agentes envolvidos na produccedilatildeo e recepccedilatildeo da

poluiccedilatildeo sonora indicando como devem agir a viacutetima o policial o estado o construtor poluidor

o proprietaacuterio de carro de som poluidor entre outros A cartilha tambeacutem disponibiliza uma seacuterie

de formulaacuterios modelos de acordo com os diferentes tipos de poluiccedilatildeo sonora Estes formulaacuterios satildeo

exemplos para serem utilizados tanto pela viacutetima da poluiccedilatildeo sonora quanto pelo policial civil

militar promotor de justiccedila e ateacute mesmo pelo poluidor - o que poderaacute tornar esta cartilha um

importante instrumento para aplicaccedilatildeo das leis vigentes (CARNEIRO 2009)

Embora negligenciada e em oposiccedilatildeo a diversos outros problemas ambientais mundiais a

poluiccedilatildeo sonora continua a crescer e eacute acompanhada pelo aumento no nuacutemero de reclamaccedilotildees de

13 ldquoSilentordquo eacute um personagem criado para narrar alguns trechos interativos da cartilha

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 214 ndash Relaccedilatildeo entre o desenvolvimento industrial da sociedade que possibilita o aumento e concentraccedilatildeo de fontes sonoras e seus impactos em relaccedilatildeo ao ruiacutedo nas comunidades apontando trecircs previsotildees futuras de acordo com diferentes accedilotildees possiacuteveis de regulamentaccedilatildeo contra do ruiacutedo Fonte elaborado pela autora a partir de BERGLUND et al 1999

pessoas expostas ao ruiacutedo a partir do aumento da consciecircncia de seus direitos legais

(BERGLUND et al1999)

Para World Health Organization (WHO)14 a poluiccedilatildeo sonora jaacute eacute um dos problemas ambientais que

atingem o maior nuacutemero de pessoas no planeta perdendo apenas para a poluiccedilatildeo do ar e da aacutegua

(KIHLMAN 2004 2005) Este crescimento contiacutenuo da poluiccedilatildeo sonora e por conseguinte do

ruiacutedo urbano possui uma estreita relaccedilatildeo com as raacutepidas transformaccedilotildees ocorridas no meio

urbano nas uacuteltimas deacutecadas O desenvolvimento acelerado e a expansatildeo das cidades implicaram

em modificaccedilotildees em elementos da forma urbana em alto iacutendice de crescimento demograacutefico da

populaccedilatildeo urbana e em consequumlente aumento e concentraccedilatildeo de diversos tipos de fontes

geradoras de poluiccedilatildeo sonora (BRASIL 1990a1990b GUEDES 2005 PAZ 2009 ZANNIN et

al 2002) (Figura 214)

Entre estas fontes urbanas geradoras de poluiccedilatildeo sonora uma das que mais contribuem com o

aumento do ruiacutedo urbano aleacutem de ser considerada uma das fontes mais intrusivas e a mais

percebida pela populaccedilatildeo das grandes cidades eacute o traacutefego de veiacuteculos (DINIZ 2003 FRITSCH et al

2007 LACERDA et al 2005 PAZ 2004 ZANNIN et al 2003)

O ruiacutedo do traacutefego de veiacuteculos eacute gerado a

partir do ruiacutedo veicular que proveacutem

essencialmente do sistema de propulsatildeo do

motor do atrito entre o veiacuteculo e o ar (ruiacutedo

aerodinacircmico) e do atrito entre o pneu e o piso

(MURGEL 2007 KINSLER et al 1982) e da

relaccedilatildeo entre o veiacuteculocondutor e as

configuraccedilotildees das vias em que ele estaacute inserido

a aceleraccedilatildeo eou desaceleraccedilatildeo do motor de

acordo com a caracterizaccedilatildeo das vias - a

presenccedila de cruzamentos semaacuteforos faixas de

pedestres etc a intensidade do fluxo de

veiacuteculos e a proporccedilatildeo entre veiacuteculos leves e os

veiacuteculos pesados a frequumlecircncia de

14 Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede ndash OMS

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

acionamentos de buzinas o tipo de acabamento da superfiacutecie das vias (concreto asfalto brita

terra batida) etc (SINGAL 2005)

Tais vias geradoras do ruiacutedo de traacutefego aleacutem de serem interceptadas por outras vias satildeo

comumente ladeadas por configuraccedilotildees bastante variaacuteveis desde edificaccedilotildees com formas

implantaccedilotildees e gabaritos diversificados a lotes ainda natildeo ocupados caracterizando a propagaccedilatildeo

do ruiacutedo de traacutefego urbano por muacuteltiplas reflexotildees responsaacuteveis pelo espalhamento do ruiacutedo

para vias adjacentes pelo surgimento de campos sonoros reverberantes pela difraccedilatildeo do ruiacutedo e

pelo surgimento de aacutereas de sombra (SINGAL 2005 RANDRIANOELINA e SALOMONS

2008) Ou seja a propagaccedilatildeo do ruiacutedo urbano gerado pelo traacutefego de veiacuteculos possui uma

interaccedilatildeo singular com elementos da forma urbana

Assim sendo tanto por sua participaccedilatildeo determinante na constituiccedilatildeo do ruiacutedo urbano quanto

por sua particular relaccedilatildeo com os elementos que compotildeem a forma urbana o ruiacutedo de traacutefego

seraacute a uacutenica fonte sonora considerada na presente pesquisa conforme seraacute melhor elucidado no

proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas

A interaccedilatildeo entre o ruiacutedo urbano e a forma urbana dependeraacute diretamente das configuraccedilotildees de

certos elementos que compotildeem esta forma urbana o traccedilado e perfis das vias a maneira de

implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade e

forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres tais como praccedilas e

largos (GUEDES 2005 SANTOS e MARTINS 2005) Estes elementos podem ser

acusticamente caracterizados a partir do tipo de espaccedilo acuacutestico e da permeabilidade acuacutestica

O espaccedilo acuacutestico tambeacutem nomeado de campo acuacutestico eacute a porccedilatildeo de determinado espaccedilo onde

acontecem as vibraccedilotildees sonoras podendo ser caracterizado no meio urbano como espaccedilo

acuacutestico aberto ou fechado (NIEMEYER 2007)

O espaccedilo acuacutestico aberto aproxima-se da propagaccedilatildeo em campo livre que eacute caracterizado pela ausecircncia

de obstaacuteculos que modifiquem a propagaccedilatildeo sonora entre a fonte e o receptor Assim no meio

urbano o espaccedilo cuja propagaccedilatildeo sonora envolva poucas ou nenhuma reflexatildeo e poucos ou

nenhum obstaacuteculo pode ser considerado um espaccedilo acuacutestico aberto como por exemplo o

espaccedilo acuacutestico com perfil em ldquoLrdquo tais como vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas uma de

suas margens (Figuras 215 e 216) (NIEMEYER 2007) No espaccedilo acuacutestico aberto o niacutevel de

pressatildeo sonora decai 6 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (LANG

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 215 ndash Propagaccedilatildeo sonora em Campo acuacutestico aberto Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001

Figura 216 ndash Campo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo FonteNIEMEYER 2007

Figura 217 ndash Propagaccedilatildeo sonora em campo acuacutestico fechado causando o fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001

e BERANEK 1992) isto eacute o ruiacutedo percebido

pelo receptor diminui em funccedilatildeo da

duplicaccedilatildeo da distacircncia da fonte sonora15

Praccedilas parques e largos com grandes

dimensotildees vias de traacutefego marginais a praias

vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas

uma de suas margens ou espaccedilos livres

urbanos de grandes dimensotildees caracterizam

alguns exemplos de espaccedilos acuacutesticos abertos

No espaccedilo acuacutestico fechado as ondas sonoras

sofrem muacuteltiplas reflexotildees fazendo com que o

seu niacutevel sonoro decaia muito lentamente

sendo praticamente o mesmo em vaacuterias

posiccedilotildees ateacute que esta onda sonora encontre

uma saiacuteda para campo livre caracterizando o

fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana16 17(Figura

217) (GUEDES 2005 NIEMEYER 2007)

Os espaccedilos acuacutesticos fechados podem ser

reverberantes quando a onda sonora tarda a

encontrar o campo livre gerando um grande

nuacutemero de reflexotildees ou semi-reverberantes

quando a onda sonora encontra o campo livre

um pouco mais rapidamente do que no

reverberante gerando um nuacutemero menor mas

ainda grande de reflexotildees

15 Este decaimento eacute para fontes pontuais para fontes lineares o decaimento eacute de 3 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (GERGES 2000) 16 A reverberaccedilatildeo eacute a persistecircncia de um som depois de ter sido extinta a sua emissatildeo por uma fonte e ocorre como resultado de reflexotildees em ambientes total ou parcialmente fechados (GONZALEZ e LOPES 1993) 17 Alguns espaccedilos acuacutesticos fechados tambeacutem podem amplificar o niacutevel de pressatildeo sonora mas este fenocircmeno ocorre em determinados espaccedilos acuacutesticos fechados reverberantes

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 218 ndash Campo acuacutestico fechado em perfl ldquoUrdquo tambeacutem chamado de canyons urbanos Fonte NIEMEYER 2007

No meio urbano o espaccedilo acuacutestico fechado

reverberante possui comumente um perfil em

ldquoUrdquo (Figura 218) tambeacutem chamados de

canyons urbanos que podem amplificar

consideravelmente a propagaccedilatildeo sonora das

vias de traacutefego atraveacutes de reflexotildees muacuteltiplas

geradas pelas fachadas paralelas das

edificaccedilotildees que circundam estas vias

(ANDERSON e KURZE 1992) Assim neste

tipo de espaccedilo acuacutestico a propagaccedilatildeo sonora

natildeo depende exclusivamente da distacircncia entre

a fonte e o receptor como no espaccedilo acuacutestico

aberto depende ainda da configuraccedilatildeo dos

elementos que compotildeem a forma urbana e

dos coeficientes de absorccedilatildeo dos materiais que

revestem as superfiacutecies refletoras18

(NIEMEYER 2007)

Praccedilas parques e largos com pequenas dimensotildees e cercados por edificaccedilotildees conjugadas vias de

traacutefego com edificaccedilotildees (conjugadas ou com pequenos recuos entre elas) em ambos os lados

tuacuteneis passagens subterracircneas e espaccedilos livres abaixo de viadutos caracterizam alguns exemplos

de espaccedilos acuacutesticos fechados

A caracterizaccedilatildeo de um espaccedilo acuacutestico como sendo aberto ou fechado delinearaacute como a onda

sonora iraacute espalhar-se no meio urbano cujas configuraccedilotildees dos elementos que o compotildeem

podem facilitar ou dificultar a trajetoacuteria desta onda sonora para aleacutem do local de sua emissatildeo

tornando o meio urbano mais ou menos permeaacutevel a sua propagaccedilatildeo

18 No meio urbano as superfiacutecies refletoras satildeo predominantemente formadas por fachadas e muros de edificaccedilotildees que possuem certa uniformidade na utilizaccedilatildeo de materiais altamente reflexivos e com baixos coeficientes de absorccedilatildeo tais como granito maacutermore ceracircmica esmaltada vidro Assim o coeficiente de absorccedilatildeo de uma edificaccedilatildeo para outra seraacute praticamente o mesmo sofrendo miacutenimas variaccedilotildees permitindo sua natildeo consideraccedilatildeo

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 220 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees em uma quadra permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007

Figura 221 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjugadas em uma quadra pouco permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007

Figura 219 ndash Permeabilidade acuacutestica - percursos da onda sonora gerados em meio urbano Fonte NIEMEYER 2007

Figura 222 ndash Barreira acuacutestica entre a fonte e o receptor FonteANDERSON e KURZE 1992

Assim sendo a permeabilidade acuacutestica refere-se

aos percursos da onda sonora gerados no

meio urbano (Figura 219) (GUEDES 2005

NIEMEYER 2007) A intensidade da

permeabilidade acuacutestica - mais ou menos

permeaacutevel - dependeraacute da capacidade de

certos elementos urbanos de promover ou

conter a propagaccedilatildeo da onda sonora tais

como o traccedilado e perfis das vias a maneira de

implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem

como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade

e forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila

ou ausecircncia de espaccedilos livres (Figuras 220 e

221)

A permeabilidade acuacutestica relaciona-se ainda

com as barreiras acuacutesticas Isoladamente o

conceito de barreiras acuacutesticas refere-se a

qualquer objeto que possa ser considerado um

obstaacuteculo agrave ligaccedilatildeo direta e sem interferecircncias

entre a fonte e o receptor (Figura 222)

(ANDERSON e KURZE 1992 GERGES

2000) Ao bloquear o percurso direto entre a

fonte e o receptor a onda sonora poderaacute ser

absorvida eou refletida pela superfiacutecie da

barreira transmitida atraveacutes da barreira ou

difratada a partir do topo da barreira

(BARRON 2003 SINGAL 2005)

A difraccedilatildeo eacute um fenocircmeno que permite que as

ondas sonoras sejam capazes de contornar

determinados obstaacuteculos gerando uma aacuterea de

sombra acuacutestica que possui limites espaciais

variaacuteveis de acordo com a posiccedilatildeo da fonte

____________________________________________

ANAacuteLISE D

sonora e de sua localizaccedilatilde

receptor que por sua vez

sonora difratada pelas borda

um decaimento maior do qu

campo livre (Figura 223) (N

1968 NIEMEYER 2007 PA

O uso de barreiras acuacutestic

EUA Japatildeo Austraacutelia e

reduccedilatildeo da propagaccedilatildeo do

pelo traacutefego rodoviaacuterio pa

(Figuras 224 a 226) (SIN

Brasil esta praacutetica ainda eacute inc

restringindo-se a poucos exe

caso da barreira acuacutestica no

Linha Amarela na cidade do

na Rodovia Bandeirantes co

de Satildeo Paulo a Campinas

Paulo (Figura 227) (MURGE

2004)

Embora a implantaccedilatildeo de b

esteja vinculada agrave reduccedilatildeo do

rodoviaacuterio outros elemen

meio urbano situados ent

receptor atuam espontan

barreiras agrave propagaccedilatildeo sono

terreno com topografia i

muros edificaccedilotildees entr

edificaccedilotildees conjugadas da R

cidade do Recife ou aind

conjugadas em alguns trec

Atlacircntica no Rio de Janei

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 226 ndash Barreiras instaladasem aacuterea residencial de Toacutequio Jap

Figura 224 ndash Agrave esquerda barreacriacutelico na Suiacuteccedila Agrave direita barreiraPaacutedua e Veneza na Itaacutelia Fonte C

Figura 227 ndash Barreira acuacutestica dade Satildeo Paulo Fonte MURGEL 2

Figura 223 ndash Difraccedilatildeo da ondagerando uma aacuterea de sombra acuacutest

Figura 225 ndash Agrave esquerda baproacuteximo a Zurique Agrave direita barretambeacutem na Suiccedila Fonte CICHIN

accedilatildeo em relaccedilatildeo ao

ez recebe a energia

rdas da barreira com

que se estivesse em

(NEPOMUCENO

PAZ 2004)

ticas eacute comum nos

e na Europa para

do ruiacutedo produzido

para seus arredores

INGAL 2005) No

incipiente

exemplos como eacute o

no eixo rodoviaacuterio

o Rio de Janeiro e

conectando a cidade

s no estado de Satildeo

GEL 2007 SOUSA

e barreiras acuacutesticas

do ruiacutedo de traacutefego

entos inseridos no

entre a fonte e o

taneamente como

nora tais como um

irregular taludes

ntre outros As

a Rua da Aurora na

inda as edificaccedilotildees

trechos da Avenida

neiro por exemplo

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

42

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

das ao longo de via expressa elevada Japatildeo Fonte CICHINELLI 2007

rreira acuacutestica curva em concreto e eira acuacutestica metaacutelica na estrada entre CICHINELLI 2007

da Rodovia Bandeirantes no estado 2007

da sonora a partir de uma barreira uacutestica Fonte GERGES 2000

barreira acuacutestica metaacutelica instalada arreira acuacutestica em concreto e acriacutelico INELLI 2007

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

43

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 228 ndash Rua da Aurora no Bairro da Boa Vista na cidade do Recife configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fontehttpmaiovinteeseisblogspotcom2007_ 11_01_archivehtml Acesso em 080409

Figura 229 ndash Alguns trechos da Avenida Atlacircntica no Bairro de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro tambeacutem configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fonte httpwwwtravelpodcomtravel-photoorlanworldtrip200711 71589400avenida-atlantica-along-copacabana-beachjpgtpodhtml Acesso em 080409

aleacutem de funcionarem como barreiras acuacutesticas

espontacircneas ou natildeo intencionais tambeacutem

conformam um espaccedilo acuacutestico aberto em

ldquoLrdquo e pouco permeaacutevel ao ruiacutedo (Figura 228 e

229)

A partir da discussatildeo dos espaccedilos acuacutesticos e

da permeabilidade acuacutestica evidencia-se que a

interaccedilatildeo entre os diversos elementos que

compotildeem a forma urbana - o traccedilado e perfis

das vias o modo de implantaccedilatildeo das

edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as

proporccedilotildees densidade e maneira de ocupaccedilatildeo

das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de

espaccedilos livres ndash contribui determinantemente

para a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano

atraveacutes de muacuteltiplas reflexotildees do

espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave

fonte geradora de campos sonoros

reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de

aacutereas de sombra

Isto posto se o ruiacutedo urbano eacute considerado

um sistema composto essencialmente pela fonte

sonora pelo meio de propagaccedilatildeo e pelo receptor (LANG e BERANEK 1992 ANDERSON e

KURZE 1992) a forma urbana considerada a partir dos elementos que a compotildeem enquanto

percurso de transmissatildeo delineia influencia e determina em certa medida a trajetoacuteria de

propagaccedilatildeo da onda sonora19 Ou seja a forma urbana por meio das caracteriacutesticas singulares

apresentadas pelos seus elementos componentes iraacute influenciar o comportamento da propagaccedilatildeo

da onda sonora no meio urbano

19 ldquoEm certa medidardquo pois existem outros fatores que tambeacutem influenciam a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano mas a discussatildeo sobre a consideraccedilatildeo ou natildeo destes outros fatores seraacute melhor construiacuteda no proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

44

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito alto por elevada densidade de

ocupaccedilatildeo das quadras e por vias estreitas por exemplo tende em tese a ser menos permeaacutevel ao

ruiacutedo dificultando a propagaccedilatildeo sonora para outras aacutereas Tende ainda a criar espaccedilos

reverberantes ou semi-reverberantes com o niacutevel de pressatildeo sonora elevado em praticamente

todos os pontos de reflexatildeo com perdas miacutenimas ateacute a onda sonora alcanccedilar o topo das

edificaccedilotildees e direcionar-se a campo livre Por conseguinte este comportamento tende a propiciar

dependendo ainda da relaccedilatildeo com a fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano indesejaacutevel e

insalubre aos receptores existentes nas edificaccedilotildees daquela via

Jaacute uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito baixo por baixa densidade de

ocupaccedilatildeo das quadras e por vias largas tende teoricamente a ser mais permeaacutevel ao ruiacutedo

facilitando sua propagaccedilatildeo Por outro lado natildeo gera espaccedilos acuacutesticos propiacutecios a muacuteltiplas

reflexotildees fazendo com que a onda sonora encontre mais rapidamente o campo livre facilitando

sua dissipaccedilatildeo e propiciando dependendo ainda da fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano

desejaacutevel aos seus receptores

Deste modo a existecircncia de diferenccedilas e particularidades dos elementos que compotildeem as

distintas formas urbanas proporciona os mais diversificados comportamentos acuacutesticos de

propagaccedilatildeo sonora nos mais diferentes meios urbanos Ou seja do mesmo modo que cidades

bairros e ruas natildeo satildeo iguais entre si tampouco reproduziacuteveis em sua essecircncia o comportamento

acuacutestico tambeacutem natildeo seraacute ao contraacuterio constituiraacute um atributo exclusivo de cada espaccedilo urbano

Mas se para cada espaccedilo urbano existe um comportamento acuacutestico especiacutefico como deveraacute se

comportar a propagaccedilatildeo sonora de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de

modificaccedilotildees em elementos de sua forma urbana Em outras palavras como se comportaraacute a acuacutestica

urbana de um determinado local a partir do processo cronoloacutegico de modificaccedilotildees em sua forma urbana

Nos capiacutetulo que se segue Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas seratildeo apresentadas os percursos

investigativos que foram postos em praacutetica em busca de responder a este questionamento

____________________________________________

ANAacuteLISE D

complexo padratildeo de ondas s

de ruiacutedo muacutesica fala

(BERGLUND et al 1999)

Esta definiccedilatildeo do som tend

a percepccedilatildeo do ouvido

conceito psicofiacutesico Fisicame

vibraccedilatildeo mecacircnica que

progressivamente atraveacutes de

gasoso liacutequido ou soacutelido (SIN

Esta vibraccedilatildeo quando tran

que o rodeia nem sempre

aparelho auditivo humano

frequumlecircncia6 audiacutevel encontra

20 a 20000 Hz para um

(BRUumlEL amp KJAEligR 1984

1982) Frequumlecircncias acima de

altas para respostas fisioloacuteg

chamadas de ultrasons Jaacute as

de 20 Hz satildeo chamadas de

detectaacuteveis pelo ouvido hum

prejudiciais agrave sua sauacutede7

1982 SOUSA 2004)

Fisicamente o som e o ruiacutedo

ambos se propagam em mei

detectados pelo ouvido hu

enquanto o som eacute utilizado

6 A frequumlecircncia eacute o nuacutemero de ciclo(HANSEN 1995) 7 A exposiccedilatildeo a baixas frequumlecircncias depressatildeo irritabilidade e perturba pro

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 210 ndash Interfaces multidFonte Elaborado pela autora a pa

Figura 211 ndash Fonte sonora ponSOUZA 2006

as sonoras eacute rotulado

ala entre outros

ndo como referecircncia

o humano eacute um

mente o som eacute uma

que se propaga

de um meio material

(SINGAL 2005)

transmitida ao meio

re eacute detectaacutevel pelo

ano cuja faixa de

tra-se no intervalo de

um jovem saudaacutevel

4 KINSLER et al

de 20000 Hz muito

loacutegicas auditivas satildeo

as frequumlecircncias abaixo

de infrasons e natildeo satildeo

umano contudo satildeo

(KINSLER et al

iacutedo constituem o mesmo fenocircmeno de variaccedilotildee

eio elaacutestico (soacutelido liacutequido ou gasoso) e ambos

humano (BERGLUND et al 1999 HANSEN

do para descrever percepccedilotildees sonoras agradaacutev

iclos que a onda sonora completa no tempo de um segundo

as pode gerar a doenccedila Vibroacuacutestica que induz o espessamprocessos cognitivos (BRANCO e PEREIRA 2004)

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

32

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

ltidisciplinares do estudo do som partir de BISTAFA 2006

ontual e fonte sonora linear Fonte

otildees de pressatildeo ambiente

bos satildeo capazes de serem

EN 1995) No entanto

daacuteveis o ruiacutedo descreve

do e eacute medida em Hertz (Hz)

amento das estruturas cardiacuteacas

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

33

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 212 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora pontual de 6 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007

percepccedilotildees sonoras desagradaacuteveis incorporando um aspecto de subjetividade agrave sua definiccedilatildeo

(BRUumlEL amp KJAEligR 1984 HANSEN 2005 BRASIL 2006 SINGAL 2005)

Tal subjetividade acarreta diferentes e individuais percepccedilotildees sonoras pelo ser humano e

portanto em diferentes reaccedilotildees agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo Em outras palavras o que se estabelece

como som para um indiviacuteduo pode representar ruiacutedo para outro

[] as respostas inerentes ao ruiacutedo satildeo complexas dependendo tanto dos fatores propriamente acuacutesticos quanto dos psicossociais contextuais simboacutelicos emocionais como daqueles de valor especiacutefico Essas variaacuteveis participam da singularidade da escuta e atuam como filtros que modificam a percepccedilatildeo do sinal fiacutesico sonoro (SANTOS e MARTINS 2005 p 216)

Enquanto sua percepccedilatildeo envolve a subjetividade as respostas fisioloacutegicas agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo satildeo

mais objetivas e seus danos satildeo mais facilmente identificaacuteveis O ruiacutedo pode gerar complicaccedilotildees

no sistema circulatoacuterio e hormonal perda gradativa da audiccedilatildeo distuacuterbios de sono estresse

irritabilidade neuroses desconforto e dificuldade de aprendizado entre outros danos

(BERGLUND et al1999 HANSEN 2005 KINSLER et al 1982 MURGEL 2007 NAGEM

2004 NUNES 2006 PAZ et al 2005 SINGAL 2005 ZANNIN et al 2002)

O ruiacutedo pode se originar de variadas fontes presentes em diversificados ambientes as mais

comumente encontradas satildeo as fontes sonoras pontuais e as lineares (Figura 211) A fonte pontual

possui dimensotildees finitas e emite o mesmo niacutevel de pressatildeo sonora uniformemente para todas as

direccedilotildees sendo seu decaimento em campo livre de 6 dB para cada dobro da distacircncia (Figura

212) (HANSEN 2005 SOUSA 2004)

Jaacute a fonte linear eacute formada por certo nuacutemero de

fontes pontuais dispostas linearmente cuja

emissatildeo sonora eacute contiacutenua ao longo desta

linha sendo seu decaimento em campo livre

de 3 dB para cada dobro da distacircncia (Figura

213) (HANSEN 2005 PAZ 2004)

Quando propagadas no meio urbano a

combinaccedilatildeo de tais fontes sonoras associadas

ao percurso de transmissatildeo e ao receptor

constitui o ruiacutedo urbano (urban noise) tambeacutem

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

34

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 213 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora linear de 3 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007

chamado de ruiacutedo ambiental (environmental

noise) ou ruiacutedo comunitaacuterio (community noise)

(BERGLUND et al1999 GUEDES 2005

SOUSA 2004)

O ruiacutedo urbano pode ser gerado a partir do

traacutefego de veiacuteculos terrestres e aeacutereos de

obras de construccedilatildeo civil de estabelecimentos

industriais de estabelecimentos comerciais e

de serviccedilos de sistemas de propaganda

volante ou permanente8 e ruiacutedos de outras atividades cuja propagaccedilatildeo sonora pode afetar o bem-

estar e a sauacutede dos citadinos (BARRON 2003 BERGLUND et al1999 KINSLER et al 1982

NAGEM 2004 NUNES 2006 SINGAL 2005)

Apesar de esporaacutedica outra fonte de ruiacutedo gerada em meio urbano satildeo os eventos puacuteblicos tais

como festas shows comiacutecios carnavais fora de eacutepoca entre outros As fontes de ruiacutedo presentes

nestes eventos atingem um alto niacutevel de pressatildeo sonora9 e abrangem uma grande quantidade

populacional logo independente de ocorrer poucas vezes durante o ano satildeo eventos

extremamente danosos a sauacutede e principalmente agrave audiccedilatildeo a partir de 80 dB(A) natildeo importa se

a sensaccedilatildeo sonora eacute prazerosa ou natildeo ela eacute necessariamente prejudicial10 (Tabela 21) (NUNES

2006)

Quando a intensidade dos ruiacutedos urbanos torna-se excessivamente desagradaacutevel eou nociva o

ruiacutedo passa a ser considerado uma forma de poluiccedilatildeo ambiental11 - a poluiccedilatildeo sonora A

necessidade de regulamentaccedilatildeo da poluiccedilatildeo sonora renuncia os aspectos de subjetividade

existentes e inerentes ao conceito de ruiacutedo na tentativa de sintetizar e estabelecer limites leis

normas meacutetodos e accedilotildees que representem um universo sonoro equivalente para toda a

populaccedilatildeo na tentativa de controlar e mitigar o ruiacutedo urbano

8 Carros de som bicicletas com som raacutedios comunitaacuterias entre outros 9 O niacutevel de pressatildeo sonora eacute a medida fiacutesica preferencial para caracterizar a sensaccedilatildeo subjetiva da intensidade dos sons e de acordo com a lei de Weber e Fechner a sensaccedilatildeo sonora eacute proporcional ao logaritmo da intensidade sonora NPS=20 log (pp0) onde p eacute a pressatildeo sonora em Pascal e p0 eacute a pressatildeo sonora de referecircncia (2 10-5 Pascal) (BISTAFA 2006 NIEMEYER 2007) 10 Outros niacuteveis de ruiacutedo tambeacutem podem ser prejudiciais em maior ou menor grau dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora 11 ldquoPoluiccedilatildeo eacute a degradaccedilatildeo da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente a) prejudiquem a sauacutede a seguranccedila e o bem-estar da populaccedilatildeo b) criem condiccedilotildees adversas agraves atividades sociais e econocircmicas c) afetem desfavoravelmente a biota d) afetem as condiccedilotildees esteacuteticas ou sanitaacuterias do meio ambiente e) lancem mateacuterias ou energia em desacordo com os padrotildees ambientais estabelecidosrdquo (BRASIL 1981 p 1 e 2)

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

35

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Tabela 21 ndash Os niacuteveis de pressatildeo sonora e suas consequumlecircncias fisioloacutegicas no homem Em alguns casos podem a intensidade das reaccedilotildees fisioloacutegicas podem variar dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora Fonte elaborado pela autora a partir de KINSLER et al 1992 SINGAL 2005 SOUZA 2006

Assim sendo na esfera federal a Constituiccedilatildeo Federal (Art255) o Coacutedigo Civil Brasileiro (Lei ndeg

1040602) a Lei das Contravenccedilotildees Penais (Decreto-lei nordm 368841) e a Lei dos Crimes

Ambientais (Lei nordm 960598) versam a partir de diferentes abordagens e diferentes

procedimentos legais sobre a poluiccedilatildeo sonora e suas respectivas perturbaccedilotildees (CARNEIRO

2009)

NIacuteVEIS DE PRESSAtildeO SONORA E SUAS CONSEQUEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS

Niacutevel de Pressatildeo sonora

em dB(A)

Caracteriacutesticas FISIOLOacuteGICAS

Ambiente ou atividade

0 a 30 Nenhuma Tremular de folhas de uma aacutervore sussurros

aacuterea de mata selvagem

30 a 50 Nenhuma Cantar de paacutessaros rua calma em aacuterea residencial durante noite

50 a 70 Marca o iniacutecio do estresse

auditivo Rua agitada um restaurante barulhento

70 a 90 Estressante e bastante

excitante Chegada de um trem na estaccedilatildeo carro a 100 Kmh

conversa a gritos

90 a 110 Extremamente excitante provocando dependecircncia

Caminhatildeo pesado a 60 Kmh alarme de viatura passagem de trem numa estaccedilatildeo ou cabine de um aviatildeo monomotor

110 a 130

Desconfortavelmente alto atingindo o limiar da dor podendo causar surdez

instantacircnea

Trem passando em trilhos elevados martelo pneumaacutetico interior de uma boate show de banda de rock

130 a 140 Acima do limiar da dor

causando surdez permanente Decolagem de aviatildeo a jato a 5m de distacircncia disparos de artilharia

Ainda no domiacutenio federal o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) publicou vaacuterias

resoluccedilotildees que estabelecem normas de preservaccedilatildeo ao meio ambiente incluindo o combate a

poluiccedilatildeo sonora12 Nestas resoluccedilotildees todas as atividades geradoras de ruiacutedo devem seguir

diretrizes vinculadas agrave Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas ndash ABNT e ao Conselho

Nacional de Tracircnsito - CONTRAN no caso de ruiacutedo produzido por veiacuteculos automotores

(NAGEM 2004)

Tais resoluccedilotildees normas e diretrizes refletidas no domiacutenio estadual e municipal deram origem agrave

Lei Estadual nordm 12789 de 28 de Abril de 2005 (PERNAMBUCO2005) conhecida como ldquoLei do

12 Satildeo elas RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 272 de 14 de setembro de 2000

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Silecircnciordquo e que dispotildee sobre ruiacutedos urbanos poluiccedilatildeo sonora e proteccedilatildeo do bem-estar e do

sossego puacuteblico e agrave Lei nordm 16243 de 13 de setembro de 1996 ndash Coacutedigo do Meio Ambiente e do

Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife (RECIFE 1996a) que estabelece a poliacutetica do meio ambiente da

cidade do Recife incluindo regulamentaccedilatildeo de emissotildees sonoras entre outras providecircncias

tendo como suporte a Lei 1617696 de 9 de Abril de 1996 ndash Lei de Uso e Ocupaccedilatildeo do Solo da

Cidade do Recife ndash LUOS (RECIFE 1996b)

Apesar da existecircncia desta grande quantidade de leis federais estaduais e municipais apesar da

LUOS legislar sobre a etapa de aprovaccedilatildeo de projetos para a construccedilatildeo de empreendimentos

com usos geradores de incocircmodo agrave vizinhanccedila incluindo usos potencialmente geradores de ruiacutedos

submetendo-os agrave anaacutelise teacutecnica eou agrave anaacutelise especial e apesar do Coacutedigo do Meio Ambiente e

do Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife estabelecer limites maacuteximos permitidos de ruiacutedo na praacutetica a

accedilatildeo contra a poluiccedilatildeo sonora em Recife adquire caraacuteter corretivo pelos oacutergatildeos reguladores agrave

conduta do infrator geralmente a partir de denuacutencias da populaccedilatildeo apoacutes a consolidaccedilatildeo da fonte

geradora de ruiacutedo no meio urbano (JORNAL DO COMEacuteRCIO 2008 JC ONLINE 2005)

Outro exemplo local de desatenccedilatildeo agrave poluiccedilatildeo sonora eacute a inexistecircncia dentre vaacuterios outros tipos

de degradaccedilatildeo ambiental presentes de qualquer referecircncia a respeito da poluiccedilatildeo sonora em

documento produzido pela Prefeitura da Cidade do Recife no ano 2000 o Atlas Ambiental da

Cidade do Recife (RECIFE 2000)

Diante da aplicabilidade ineficaz da legislaccedilatildeo vigente em Novembro de 2009 foi lanccedilado pelo

Ministeacuterio Puacuteblico de Pernambuco a cartilha Poluiccedilatildeo sonora Silento e o barulho13 que versa sobre as

posturas e accedilotildees direitos e deveres dos diversos agentes envolvidos na produccedilatildeo e recepccedilatildeo da

poluiccedilatildeo sonora indicando como devem agir a viacutetima o policial o estado o construtor poluidor

o proprietaacuterio de carro de som poluidor entre outros A cartilha tambeacutem disponibiliza uma seacuterie

de formulaacuterios modelos de acordo com os diferentes tipos de poluiccedilatildeo sonora Estes formulaacuterios satildeo

exemplos para serem utilizados tanto pela viacutetima da poluiccedilatildeo sonora quanto pelo policial civil

militar promotor de justiccedila e ateacute mesmo pelo poluidor - o que poderaacute tornar esta cartilha um

importante instrumento para aplicaccedilatildeo das leis vigentes (CARNEIRO 2009)

Embora negligenciada e em oposiccedilatildeo a diversos outros problemas ambientais mundiais a

poluiccedilatildeo sonora continua a crescer e eacute acompanhada pelo aumento no nuacutemero de reclamaccedilotildees de

13 ldquoSilentordquo eacute um personagem criado para narrar alguns trechos interativos da cartilha

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

37

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 214 ndash Relaccedilatildeo entre o desenvolvimento industrial da sociedade que possibilita o aumento e concentraccedilatildeo de fontes sonoras e seus impactos em relaccedilatildeo ao ruiacutedo nas comunidades apontando trecircs previsotildees futuras de acordo com diferentes accedilotildees possiacuteveis de regulamentaccedilatildeo contra do ruiacutedo Fonte elaborado pela autora a partir de BERGLUND et al 1999

pessoas expostas ao ruiacutedo a partir do aumento da consciecircncia de seus direitos legais

(BERGLUND et al1999)

Para World Health Organization (WHO)14 a poluiccedilatildeo sonora jaacute eacute um dos problemas ambientais que

atingem o maior nuacutemero de pessoas no planeta perdendo apenas para a poluiccedilatildeo do ar e da aacutegua

(KIHLMAN 2004 2005) Este crescimento contiacutenuo da poluiccedilatildeo sonora e por conseguinte do

ruiacutedo urbano possui uma estreita relaccedilatildeo com as raacutepidas transformaccedilotildees ocorridas no meio

urbano nas uacuteltimas deacutecadas O desenvolvimento acelerado e a expansatildeo das cidades implicaram

em modificaccedilotildees em elementos da forma urbana em alto iacutendice de crescimento demograacutefico da

populaccedilatildeo urbana e em consequumlente aumento e concentraccedilatildeo de diversos tipos de fontes

geradoras de poluiccedilatildeo sonora (BRASIL 1990a1990b GUEDES 2005 PAZ 2009 ZANNIN et

al 2002) (Figura 214)

Entre estas fontes urbanas geradoras de poluiccedilatildeo sonora uma das que mais contribuem com o

aumento do ruiacutedo urbano aleacutem de ser considerada uma das fontes mais intrusivas e a mais

percebida pela populaccedilatildeo das grandes cidades eacute o traacutefego de veiacuteculos (DINIZ 2003 FRITSCH et al

2007 LACERDA et al 2005 PAZ 2004 ZANNIN et al 2003)

O ruiacutedo do traacutefego de veiacuteculos eacute gerado a

partir do ruiacutedo veicular que proveacutem

essencialmente do sistema de propulsatildeo do

motor do atrito entre o veiacuteculo e o ar (ruiacutedo

aerodinacircmico) e do atrito entre o pneu e o piso

(MURGEL 2007 KINSLER et al 1982) e da

relaccedilatildeo entre o veiacuteculocondutor e as

configuraccedilotildees das vias em que ele estaacute inserido

a aceleraccedilatildeo eou desaceleraccedilatildeo do motor de

acordo com a caracterizaccedilatildeo das vias - a

presenccedila de cruzamentos semaacuteforos faixas de

pedestres etc a intensidade do fluxo de

veiacuteculos e a proporccedilatildeo entre veiacuteculos leves e os

veiacuteculos pesados a frequumlecircncia de

14 Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede ndash OMS

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

38

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

acionamentos de buzinas o tipo de acabamento da superfiacutecie das vias (concreto asfalto brita

terra batida) etc (SINGAL 2005)

Tais vias geradoras do ruiacutedo de traacutefego aleacutem de serem interceptadas por outras vias satildeo

comumente ladeadas por configuraccedilotildees bastante variaacuteveis desde edificaccedilotildees com formas

implantaccedilotildees e gabaritos diversificados a lotes ainda natildeo ocupados caracterizando a propagaccedilatildeo

do ruiacutedo de traacutefego urbano por muacuteltiplas reflexotildees responsaacuteveis pelo espalhamento do ruiacutedo

para vias adjacentes pelo surgimento de campos sonoros reverberantes pela difraccedilatildeo do ruiacutedo e

pelo surgimento de aacutereas de sombra (SINGAL 2005 RANDRIANOELINA e SALOMONS

2008) Ou seja a propagaccedilatildeo do ruiacutedo urbano gerado pelo traacutefego de veiacuteculos possui uma

interaccedilatildeo singular com elementos da forma urbana

Assim sendo tanto por sua participaccedilatildeo determinante na constituiccedilatildeo do ruiacutedo urbano quanto

por sua particular relaccedilatildeo com os elementos que compotildeem a forma urbana o ruiacutedo de traacutefego

seraacute a uacutenica fonte sonora considerada na presente pesquisa conforme seraacute melhor elucidado no

proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas

A interaccedilatildeo entre o ruiacutedo urbano e a forma urbana dependeraacute diretamente das configuraccedilotildees de

certos elementos que compotildeem esta forma urbana o traccedilado e perfis das vias a maneira de

implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade e

forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres tais como praccedilas e

largos (GUEDES 2005 SANTOS e MARTINS 2005) Estes elementos podem ser

acusticamente caracterizados a partir do tipo de espaccedilo acuacutestico e da permeabilidade acuacutestica

O espaccedilo acuacutestico tambeacutem nomeado de campo acuacutestico eacute a porccedilatildeo de determinado espaccedilo onde

acontecem as vibraccedilotildees sonoras podendo ser caracterizado no meio urbano como espaccedilo

acuacutestico aberto ou fechado (NIEMEYER 2007)

O espaccedilo acuacutestico aberto aproxima-se da propagaccedilatildeo em campo livre que eacute caracterizado pela ausecircncia

de obstaacuteculos que modifiquem a propagaccedilatildeo sonora entre a fonte e o receptor Assim no meio

urbano o espaccedilo cuja propagaccedilatildeo sonora envolva poucas ou nenhuma reflexatildeo e poucos ou

nenhum obstaacuteculo pode ser considerado um espaccedilo acuacutestico aberto como por exemplo o

espaccedilo acuacutestico com perfil em ldquoLrdquo tais como vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas uma de

suas margens (Figuras 215 e 216) (NIEMEYER 2007) No espaccedilo acuacutestico aberto o niacutevel de

pressatildeo sonora decai 6 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (LANG

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

39

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 215 ndash Propagaccedilatildeo sonora em Campo acuacutestico aberto Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001

Figura 216 ndash Campo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo FonteNIEMEYER 2007

Figura 217 ndash Propagaccedilatildeo sonora em campo acuacutestico fechado causando o fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001

e BERANEK 1992) isto eacute o ruiacutedo percebido

pelo receptor diminui em funccedilatildeo da

duplicaccedilatildeo da distacircncia da fonte sonora15

Praccedilas parques e largos com grandes

dimensotildees vias de traacutefego marginais a praias

vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas

uma de suas margens ou espaccedilos livres

urbanos de grandes dimensotildees caracterizam

alguns exemplos de espaccedilos acuacutesticos abertos

No espaccedilo acuacutestico fechado as ondas sonoras

sofrem muacuteltiplas reflexotildees fazendo com que o

seu niacutevel sonoro decaia muito lentamente

sendo praticamente o mesmo em vaacuterias

posiccedilotildees ateacute que esta onda sonora encontre

uma saiacuteda para campo livre caracterizando o

fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana16 17(Figura

217) (GUEDES 2005 NIEMEYER 2007)

Os espaccedilos acuacutesticos fechados podem ser

reverberantes quando a onda sonora tarda a

encontrar o campo livre gerando um grande

nuacutemero de reflexotildees ou semi-reverberantes

quando a onda sonora encontra o campo livre

um pouco mais rapidamente do que no

reverberante gerando um nuacutemero menor mas

ainda grande de reflexotildees

15 Este decaimento eacute para fontes pontuais para fontes lineares o decaimento eacute de 3 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (GERGES 2000) 16 A reverberaccedilatildeo eacute a persistecircncia de um som depois de ter sido extinta a sua emissatildeo por uma fonte e ocorre como resultado de reflexotildees em ambientes total ou parcialmente fechados (GONZALEZ e LOPES 1993) 17 Alguns espaccedilos acuacutesticos fechados tambeacutem podem amplificar o niacutevel de pressatildeo sonora mas este fenocircmeno ocorre em determinados espaccedilos acuacutesticos fechados reverberantes

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 218 ndash Campo acuacutestico fechado em perfl ldquoUrdquo tambeacutem chamado de canyons urbanos Fonte NIEMEYER 2007

No meio urbano o espaccedilo acuacutestico fechado

reverberante possui comumente um perfil em

ldquoUrdquo (Figura 218) tambeacutem chamados de

canyons urbanos que podem amplificar

consideravelmente a propagaccedilatildeo sonora das

vias de traacutefego atraveacutes de reflexotildees muacuteltiplas

geradas pelas fachadas paralelas das

edificaccedilotildees que circundam estas vias

(ANDERSON e KURZE 1992) Assim neste

tipo de espaccedilo acuacutestico a propagaccedilatildeo sonora

natildeo depende exclusivamente da distacircncia entre

a fonte e o receptor como no espaccedilo acuacutestico

aberto depende ainda da configuraccedilatildeo dos

elementos que compotildeem a forma urbana e

dos coeficientes de absorccedilatildeo dos materiais que

revestem as superfiacutecies refletoras18

(NIEMEYER 2007)

Praccedilas parques e largos com pequenas dimensotildees e cercados por edificaccedilotildees conjugadas vias de

traacutefego com edificaccedilotildees (conjugadas ou com pequenos recuos entre elas) em ambos os lados

tuacuteneis passagens subterracircneas e espaccedilos livres abaixo de viadutos caracterizam alguns exemplos

de espaccedilos acuacutesticos fechados

A caracterizaccedilatildeo de um espaccedilo acuacutestico como sendo aberto ou fechado delinearaacute como a onda

sonora iraacute espalhar-se no meio urbano cujas configuraccedilotildees dos elementos que o compotildeem

podem facilitar ou dificultar a trajetoacuteria desta onda sonora para aleacutem do local de sua emissatildeo

tornando o meio urbano mais ou menos permeaacutevel a sua propagaccedilatildeo

18 No meio urbano as superfiacutecies refletoras satildeo predominantemente formadas por fachadas e muros de edificaccedilotildees que possuem certa uniformidade na utilizaccedilatildeo de materiais altamente reflexivos e com baixos coeficientes de absorccedilatildeo tais como granito maacutermore ceracircmica esmaltada vidro Assim o coeficiente de absorccedilatildeo de uma edificaccedilatildeo para outra seraacute praticamente o mesmo sofrendo miacutenimas variaccedilotildees permitindo sua natildeo consideraccedilatildeo

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 220 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees em uma quadra permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007

Figura 221 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjugadas em uma quadra pouco permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007

Figura 219 ndash Permeabilidade acuacutestica - percursos da onda sonora gerados em meio urbano Fonte NIEMEYER 2007

Figura 222 ndash Barreira acuacutestica entre a fonte e o receptor FonteANDERSON e KURZE 1992

Assim sendo a permeabilidade acuacutestica refere-se

aos percursos da onda sonora gerados no

meio urbano (Figura 219) (GUEDES 2005

NIEMEYER 2007) A intensidade da

permeabilidade acuacutestica - mais ou menos

permeaacutevel - dependeraacute da capacidade de

certos elementos urbanos de promover ou

conter a propagaccedilatildeo da onda sonora tais

como o traccedilado e perfis das vias a maneira de

implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem

como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade

e forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila

ou ausecircncia de espaccedilos livres (Figuras 220 e

221)

A permeabilidade acuacutestica relaciona-se ainda

com as barreiras acuacutesticas Isoladamente o

conceito de barreiras acuacutesticas refere-se a

qualquer objeto que possa ser considerado um

obstaacuteculo agrave ligaccedilatildeo direta e sem interferecircncias

entre a fonte e o receptor (Figura 222)

(ANDERSON e KURZE 1992 GERGES

2000) Ao bloquear o percurso direto entre a

fonte e o receptor a onda sonora poderaacute ser

absorvida eou refletida pela superfiacutecie da

barreira transmitida atraveacutes da barreira ou

difratada a partir do topo da barreira

(BARRON 2003 SINGAL 2005)

A difraccedilatildeo eacute um fenocircmeno que permite que as

ondas sonoras sejam capazes de contornar

determinados obstaacuteculos gerando uma aacuterea de

sombra acuacutestica que possui limites espaciais

variaacuteveis de acordo com a posiccedilatildeo da fonte

____________________________________________

ANAacuteLISE D

sonora e de sua localizaccedilatilde

receptor que por sua vez

sonora difratada pelas borda

um decaimento maior do qu

campo livre (Figura 223) (N

1968 NIEMEYER 2007 PA

O uso de barreiras acuacutestic

EUA Japatildeo Austraacutelia e

reduccedilatildeo da propagaccedilatildeo do

pelo traacutefego rodoviaacuterio pa

(Figuras 224 a 226) (SIN

Brasil esta praacutetica ainda eacute inc

restringindo-se a poucos exe

caso da barreira acuacutestica no

Linha Amarela na cidade do

na Rodovia Bandeirantes co

de Satildeo Paulo a Campinas

Paulo (Figura 227) (MURGE

2004)

Embora a implantaccedilatildeo de b

esteja vinculada agrave reduccedilatildeo do

rodoviaacuterio outros elemen

meio urbano situados ent

receptor atuam espontan

barreiras agrave propagaccedilatildeo sono

terreno com topografia i

muros edificaccedilotildees entr

edificaccedilotildees conjugadas da R

cidade do Recife ou aind

conjugadas em alguns trec

Atlacircntica no Rio de Janei

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 226 ndash Barreiras instaladasem aacuterea residencial de Toacutequio Jap

Figura 224 ndash Agrave esquerda barreacriacutelico na Suiacuteccedila Agrave direita barreiraPaacutedua e Veneza na Itaacutelia Fonte C

Figura 227 ndash Barreira acuacutestica dade Satildeo Paulo Fonte MURGEL 2

Figura 223 ndash Difraccedilatildeo da ondagerando uma aacuterea de sombra acuacutest

Figura 225 ndash Agrave esquerda baproacuteximo a Zurique Agrave direita barretambeacutem na Suiccedila Fonte CICHIN

accedilatildeo em relaccedilatildeo ao

ez recebe a energia

rdas da barreira com

que se estivesse em

(NEPOMUCENO

PAZ 2004)

ticas eacute comum nos

e na Europa para

do ruiacutedo produzido

para seus arredores

INGAL 2005) No

incipiente

exemplos como eacute o

no eixo rodoviaacuterio

o Rio de Janeiro e

conectando a cidade

s no estado de Satildeo

GEL 2007 SOUSA

e barreiras acuacutesticas

do ruiacutedo de traacutefego

entos inseridos no

entre a fonte e o

taneamente como

nora tais como um

irregular taludes

ntre outros As

a Rua da Aurora na

inda as edificaccedilotildees

trechos da Avenida

neiro por exemplo

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

42

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

das ao longo de via expressa elevada Japatildeo Fonte CICHINELLI 2007

rreira acuacutestica curva em concreto e eira acuacutestica metaacutelica na estrada entre CICHINELLI 2007

da Rodovia Bandeirantes no estado 2007

da sonora a partir de uma barreira uacutestica Fonte GERGES 2000

barreira acuacutestica metaacutelica instalada arreira acuacutestica em concreto e acriacutelico INELLI 2007

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 228 ndash Rua da Aurora no Bairro da Boa Vista na cidade do Recife configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fontehttpmaiovinteeseisblogspotcom2007_ 11_01_archivehtml Acesso em 080409

Figura 229 ndash Alguns trechos da Avenida Atlacircntica no Bairro de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro tambeacutem configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fonte httpwwwtravelpodcomtravel-photoorlanworldtrip200711 71589400avenida-atlantica-along-copacabana-beachjpgtpodhtml Acesso em 080409

aleacutem de funcionarem como barreiras acuacutesticas

espontacircneas ou natildeo intencionais tambeacutem

conformam um espaccedilo acuacutestico aberto em

ldquoLrdquo e pouco permeaacutevel ao ruiacutedo (Figura 228 e

229)

A partir da discussatildeo dos espaccedilos acuacutesticos e

da permeabilidade acuacutestica evidencia-se que a

interaccedilatildeo entre os diversos elementos que

compotildeem a forma urbana - o traccedilado e perfis

das vias o modo de implantaccedilatildeo das

edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as

proporccedilotildees densidade e maneira de ocupaccedilatildeo

das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de

espaccedilos livres ndash contribui determinantemente

para a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano

atraveacutes de muacuteltiplas reflexotildees do

espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave

fonte geradora de campos sonoros

reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de

aacutereas de sombra

Isto posto se o ruiacutedo urbano eacute considerado

um sistema composto essencialmente pela fonte

sonora pelo meio de propagaccedilatildeo e pelo receptor (LANG e BERANEK 1992 ANDERSON e

KURZE 1992) a forma urbana considerada a partir dos elementos que a compotildeem enquanto

percurso de transmissatildeo delineia influencia e determina em certa medida a trajetoacuteria de

propagaccedilatildeo da onda sonora19 Ou seja a forma urbana por meio das caracteriacutesticas singulares

apresentadas pelos seus elementos componentes iraacute influenciar o comportamento da propagaccedilatildeo

da onda sonora no meio urbano

19 ldquoEm certa medidardquo pois existem outros fatores que tambeacutem influenciam a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano mas a discussatildeo sobre a consideraccedilatildeo ou natildeo destes outros fatores seraacute melhor construiacuteda no proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito alto por elevada densidade de

ocupaccedilatildeo das quadras e por vias estreitas por exemplo tende em tese a ser menos permeaacutevel ao

ruiacutedo dificultando a propagaccedilatildeo sonora para outras aacutereas Tende ainda a criar espaccedilos

reverberantes ou semi-reverberantes com o niacutevel de pressatildeo sonora elevado em praticamente

todos os pontos de reflexatildeo com perdas miacutenimas ateacute a onda sonora alcanccedilar o topo das

edificaccedilotildees e direcionar-se a campo livre Por conseguinte este comportamento tende a propiciar

dependendo ainda da relaccedilatildeo com a fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano indesejaacutevel e

insalubre aos receptores existentes nas edificaccedilotildees daquela via

Jaacute uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito baixo por baixa densidade de

ocupaccedilatildeo das quadras e por vias largas tende teoricamente a ser mais permeaacutevel ao ruiacutedo

facilitando sua propagaccedilatildeo Por outro lado natildeo gera espaccedilos acuacutesticos propiacutecios a muacuteltiplas

reflexotildees fazendo com que a onda sonora encontre mais rapidamente o campo livre facilitando

sua dissipaccedilatildeo e propiciando dependendo ainda da fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano

desejaacutevel aos seus receptores

Deste modo a existecircncia de diferenccedilas e particularidades dos elementos que compotildeem as

distintas formas urbanas proporciona os mais diversificados comportamentos acuacutesticos de

propagaccedilatildeo sonora nos mais diferentes meios urbanos Ou seja do mesmo modo que cidades

bairros e ruas natildeo satildeo iguais entre si tampouco reproduziacuteveis em sua essecircncia o comportamento

acuacutestico tambeacutem natildeo seraacute ao contraacuterio constituiraacute um atributo exclusivo de cada espaccedilo urbano

Mas se para cada espaccedilo urbano existe um comportamento acuacutestico especiacutefico como deveraacute se

comportar a propagaccedilatildeo sonora de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de

modificaccedilotildees em elementos de sua forma urbana Em outras palavras como se comportaraacute a acuacutestica

urbana de um determinado local a partir do processo cronoloacutegico de modificaccedilotildees em sua forma urbana

Nos capiacutetulo que se segue Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas seratildeo apresentadas os percursos

investigativos que foram postos em praacutetica em busca de responder a este questionamento

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

33

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 212 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora pontual de 6 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007

percepccedilotildees sonoras desagradaacuteveis incorporando um aspecto de subjetividade agrave sua definiccedilatildeo

(BRUumlEL amp KJAEligR 1984 HANSEN 2005 BRASIL 2006 SINGAL 2005)

Tal subjetividade acarreta diferentes e individuais percepccedilotildees sonoras pelo ser humano e

portanto em diferentes reaccedilotildees agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo Em outras palavras o que se estabelece

como som para um indiviacuteduo pode representar ruiacutedo para outro

[] as respostas inerentes ao ruiacutedo satildeo complexas dependendo tanto dos fatores propriamente acuacutesticos quanto dos psicossociais contextuais simboacutelicos emocionais como daqueles de valor especiacutefico Essas variaacuteveis participam da singularidade da escuta e atuam como filtros que modificam a percepccedilatildeo do sinal fiacutesico sonoro (SANTOS e MARTINS 2005 p 216)

Enquanto sua percepccedilatildeo envolve a subjetividade as respostas fisioloacutegicas agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo satildeo

mais objetivas e seus danos satildeo mais facilmente identificaacuteveis O ruiacutedo pode gerar complicaccedilotildees

no sistema circulatoacuterio e hormonal perda gradativa da audiccedilatildeo distuacuterbios de sono estresse

irritabilidade neuroses desconforto e dificuldade de aprendizado entre outros danos

(BERGLUND et al1999 HANSEN 2005 KINSLER et al 1982 MURGEL 2007 NAGEM

2004 NUNES 2006 PAZ et al 2005 SINGAL 2005 ZANNIN et al 2002)

O ruiacutedo pode se originar de variadas fontes presentes em diversificados ambientes as mais

comumente encontradas satildeo as fontes sonoras pontuais e as lineares (Figura 211) A fonte pontual

possui dimensotildees finitas e emite o mesmo niacutevel de pressatildeo sonora uniformemente para todas as

direccedilotildees sendo seu decaimento em campo livre de 6 dB para cada dobro da distacircncia (Figura

212) (HANSEN 2005 SOUSA 2004)

Jaacute a fonte linear eacute formada por certo nuacutemero de

fontes pontuais dispostas linearmente cuja

emissatildeo sonora eacute contiacutenua ao longo desta

linha sendo seu decaimento em campo livre

de 3 dB para cada dobro da distacircncia (Figura

213) (HANSEN 2005 PAZ 2004)

Quando propagadas no meio urbano a

combinaccedilatildeo de tais fontes sonoras associadas

ao percurso de transmissatildeo e ao receptor

constitui o ruiacutedo urbano (urban noise) tambeacutem

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 213 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora linear de 3 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007

chamado de ruiacutedo ambiental (environmental

noise) ou ruiacutedo comunitaacuterio (community noise)

(BERGLUND et al1999 GUEDES 2005

SOUSA 2004)

O ruiacutedo urbano pode ser gerado a partir do

traacutefego de veiacuteculos terrestres e aeacutereos de

obras de construccedilatildeo civil de estabelecimentos

industriais de estabelecimentos comerciais e

de serviccedilos de sistemas de propaganda

volante ou permanente8 e ruiacutedos de outras atividades cuja propagaccedilatildeo sonora pode afetar o bem-

estar e a sauacutede dos citadinos (BARRON 2003 BERGLUND et al1999 KINSLER et al 1982

NAGEM 2004 NUNES 2006 SINGAL 2005)

Apesar de esporaacutedica outra fonte de ruiacutedo gerada em meio urbano satildeo os eventos puacuteblicos tais

como festas shows comiacutecios carnavais fora de eacutepoca entre outros As fontes de ruiacutedo presentes

nestes eventos atingem um alto niacutevel de pressatildeo sonora9 e abrangem uma grande quantidade

populacional logo independente de ocorrer poucas vezes durante o ano satildeo eventos

extremamente danosos a sauacutede e principalmente agrave audiccedilatildeo a partir de 80 dB(A) natildeo importa se

a sensaccedilatildeo sonora eacute prazerosa ou natildeo ela eacute necessariamente prejudicial10 (Tabela 21) (NUNES

2006)

Quando a intensidade dos ruiacutedos urbanos torna-se excessivamente desagradaacutevel eou nociva o

ruiacutedo passa a ser considerado uma forma de poluiccedilatildeo ambiental11 - a poluiccedilatildeo sonora A

necessidade de regulamentaccedilatildeo da poluiccedilatildeo sonora renuncia os aspectos de subjetividade

existentes e inerentes ao conceito de ruiacutedo na tentativa de sintetizar e estabelecer limites leis

normas meacutetodos e accedilotildees que representem um universo sonoro equivalente para toda a

populaccedilatildeo na tentativa de controlar e mitigar o ruiacutedo urbano

8 Carros de som bicicletas com som raacutedios comunitaacuterias entre outros 9 O niacutevel de pressatildeo sonora eacute a medida fiacutesica preferencial para caracterizar a sensaccedilatildeo subjetiva da intensidade dos sons e de acordo com a lei de Weber e Fechner a sensaccedilatildeo sonora eacute proporcional ao logaritmo da intensidade sonora NPS=20 log (pp0) onde p eacute a pressatildeo sonora em Pascal e p0 eacute a pressatildeo sonora de referecircncia (2 10-5 Pascal) (BISTAFA 2006 NIEMEYER 2007) 10 Outros niacuteveis de ruiacutedo tambeacutem podem ser prejudiciais em maior ou menor grau dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora 11 ldquoPoluiccedilatildeo eacute a degradaccedilatildeo da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente a) prejudiquem a sauacutede a seguranccedila e o bem-estar da populaccedilatildeo b) criem condiccedilotildees adversas agraves atividades sociais e econocircmicas c) afetem desfavoravelmente a biota d) afetem as condiccedilotildees esteacuteticas ou sanitaacuterias do meio ambiente e) lancem mateacuterias ou energia em desacordo com os padrotildees ambientais estabelecidosrdquo (BRASIL 1981 p 1 e 2)

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Tabela 21 ndash Os niacuteveis de pressatildeo sonora e suas consequumlecircncias fisioloacutegicas no homem Em alguns casos podem a intensidade das reaccedilotildees fisioloacutegicas podem variar dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora Fonte elaborado pela autora a partir de KINSLER et al 1992 SINGAL 2005 SOUZA 2006

Assim sendo na esfera federal a Constituiccedilatildeo Federal (Art255) o Coacutedigo Civil Brasileiro (Lei ndeg

1040602) a Lei das Contravenccedilotildees Penais (Decreto-lei nordm 368841) e a Lei dos Crimes

Ambientais (Lei nordm 960598) versam a partir de diferentes abordagens e diferentes

procedimentos legais sobre a poluiccedilatildeo sonora e suas respectivas perturbaccedilotildees (CARNEIRO

2009)

NIacuteVEIS DE PRESSAtildeO SONORA E SUAS CONSEQUEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS

Niacutevel de Pressatildeo sonora

em dB(A)

Caracteriacutesticas FISIOLOacuteGICAS

Ambiente ou atividade

0 a 30 Nenhuma Tremular de folhas de uma aacutervore sussurros

aacuterea de mata selvagem

30 a 50 Nenhuma Cantar de paacutessaros rua calma em aacuterea residencial durante noite

50 a 70 Marca o iniacutecio do estresse

auditivo Rua agitada um restaurante barulhento

70 a 90 Estressante e bastante

excitante Chegada de um trem na estaccedilatildeo carro a 100 Kmh

conversa a gritos

90 a 110 Extremamente excitante provocando dependecircncia

Caminhatildeo pesado a 60 Kmh alarme de viatura passagem de trem numa estaccedilatildeo ou cabine de um aviatildeo monomotor

110 a 130

Desconfortavelmente alto atingindo o limiar da dor podendo causar surdez

instantacircnea

Trem passando em trilhos elevados martelo pneumaacutetico interior de uma boate show de banda de rock

130 a 140 Acima do limiar da dor

causando surdez permanente Decolagem de aviatildeo a jato a 5m de distacircncia disparos de artilharia

Ainda no domiacutenio federal o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) publicou vaacuterias

resoluccedilotildees que estabelecem normas de preservaccedilatildeo ao meio ambiente incluindo o combate a

poluiccedilatildeo sonora12 Nestas resoluccedilotildees todas as atividades geradoras de ruiacutedo devem seguir

diretrizes vinculadas agrave Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas ndash ABNT e ao Conselho

Nacional de Tracircnsito - CONTRAN no caso de ruiacutedo produzido por veiacuteculos automotores

(NAGEM 2004)

Tais resoluccedilotildees normas e diretrizes refletidas no domiacutenio estadual e municipal deram origem agrave

Lei Estadual nordm 12789 de 28 de Abril de 2005 (PERNAMBUCO2005) conhecida como ldquoLei do

12 Satildeo elas RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 272 de 14 de setembro de 2000

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

36

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Silecircnciordquo e que dispotildee sobre ruiacutedos urbanos poluiccedilatildeo sonora e proteccedilatildeo do bem-estar e do

sossego puacuteblico e agrave Lei nordm 16243 de 13 de setembro de 1996 ndash Coacutedigo do Meio Ambiente e do

Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife (RECIFE 1996a) que estabelece a poliacutetica do meio ambiente da

cidade do Recife incluindo regulamentaccedilatildeo de emissotildees sonoras entre outras providecircncias

tendo como suporte a Lei 1617696 de 9 de Abril de 1996 ndash Lei de Uso e Ocupaccedilatildeo do Solo da

Cidade do Recife ndash LUOS (RECIFE 1996b)

Apesar da existecircncia desta grande quantidade de leis federais estaduais e municipais apesar da

LUOS legislar sobre a etapa de aprovaccedilatildeo de projetos para a construccedilatildeo de empreendimentos

com usos geradores de incocircmodo agrave vizinhanccedila incluindo usos potencialmente geradores de ruiacutedos

submetendo-os agrave anaacutelise teacutecnica eou agrave anaacutelise especial e apesar do Coacutedigo do Meio Ambiente e

do Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife estabelecer limites maacuteximos permitidos de ruiacutedo na praacutetica a

accedilatildeo contra a poluiccedilatildeo sonora em Recife adquire caraacuteter corretivo pelos oacutergatildeos reguladores agrave

conduta do infrator geralmente a partir de denuacutencias da populaccedilatildeo apoacutes a consolidaccedilatildeo da fonte

geradora de ruiacutedo no meio urbano (JORNAL DO COMEacuteRCIO 2008 JC ONLINE 2005)

Outro exemplo local de desatenccedilatildeo agrave poluiccedilatildeo sonora eacute a inexistecircncia dentre vaacuterios outros tipos

de degradaccedilatildeo ambiental presentes de qualquer referecircncia a respeito da poluiccedilatildeo sonora em

documento produzido pela Prefeitura da Cidade do Recife no ano 2000 o Atlas Ambiental da

Cidade do Recife (RECIFE 2000)

Diante da aplicabilidade ineficaz da legislaccedilatildeo vigente em Novembro de 2009 foi lanccedilado pelo

Ministeacuterio Puacuteblico de Pernambuco a cartilha Poluiccedilatildeo sonora Silento e o barulho13 que versa sobre as

posturas e accedilotildees direitos e deveres dos diversos agentes envolvidos na produccedilatildeo e recepccedilatildeo da

poluiccedilatildeo sonora indicando como devem agir a viacutetima o policial o estado o construtor poluidor

o proprietaacuterio de carro de som poluidor entre outros A cartilha tambeacutem disponibiliza uma seacuterie

de formulaacuterios modelos de acordo com os diferentes tipos de poluiccedilatildeo sonora Estes formulaacuterios satildeo

exemplos para serem utilizados tanto pela viacutetima da poluiccedilatildeo sonora quanto pelo policial civil

militar promotor de justiccedila e ateacute mesmo pelo poluidor - o que poderaacute tornar esta cartilha um

importante instrumento para aplicaccedilatildeo das leis vigentes (CARNEIRO 2009)

Embora negligenciada e em oposiccedilatildeo a diversos outros problemas ambientais mundiais a

poluiccedilatildeo sonora continua a crescer e eacute acompanhada pelo aumento no nuacutemero de reclamaccedilotildees de

13 ldquoSilentordquo eacute um personagem criado para narrar alguns trechos interativos da cartilha

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 214 ndash Relaccedilatildeo entre o desenvolvimento industrial da sociedade que possibilita o aumento e concentraccedilatildeo de fontes sonoras e seus impactos em relaccedilatildeo ao ruiacutedo nas comunidades apontando trecircs previsotildees futuras de acordo com diferentes accedilotildees possiacuteveis de regulamentaccedilatildeo contra do ruiacutedo Fonte elaborado pela autora a partir de BERGLUND et al 1999

pessoas expostas ao ruiacutedo a partir do aumento da consciecircncia de seus direitos legais

(BERGLUND et al1999)

Para World Health Organization (WHO)14 a poluiccedilatildeo sonora jaacute eacute um dos problemas ambientais que

atingem o maior nuacutemero de pessoas no planeta perdendo apenas para a poluiccedilatildeo do ar e da aacutegua

(KIHLMAN 2004 2005) Este crescimento contiacutenuo da poluiccedilatildeo sonora e por conseguinte do

ruiacutedo urbano possui uma estreita relaccedilatildeo com as raacutepidas transformaccedilotildees ocorridas no meio

urbano nas uacuteltimas deacutecadas O desenvolvimento acelerado e a expansatildeo das cidades implicaram

em modificaccedilotildees em elementos da forma urbana em alto iacutendice de crescimento demograacutefico da

populaccedilatildeo urbana e em consequumlente aumento e concentraccedilatildeo de diversos tipos de fontes

geradoras de poluiccedilatildeo sonora (BRASIL 1990a1990b GUEDES 2005 PAZ 2009 ZANNIN et

al 2002) (Figura 214)

Entre estas fontes urbanas geradoras de poluiccedilatildeo sonora uma das que mais contribuem com o

aumento do ruiacutedo urbano aleacutem de ser considerada uma das fontes mais intrusivas e a mais

percebida pela populaccedilatildeo das grandes cidades eacute o traacutefego de veiacuteculos (DINIZ 2003 FRITSCH et al

2007 LACERDA et al 2005 PAZ 2004 ZANNIN et al 2003)

O ruiacutedo do traacutefego de veiacuteculos eacute gerado a

partir do ruiacutedo veicular que proveacutem

essencialmente do sistema de propulsatildeo do

motor do atrito entre o veiacuteculo e o ar (ruiacutedo

aerodinacircmico) e do atrito entre o pneu e o piso

(MURGEL 2007 KINSLER et al 1982) e da

relaccedilatildeo entre o veiacuteculocondutor e as

configuraccedilotildees das vias em que ele estaacute inserido

a aceleraccedilatildeo eou desaceleraccedilatildeo do motor de

acordo com a caracterizaccedilatildeo das vias - a

presenccedila de cruzamentos semaacuteforos faixas de

pedestres etc a intensidade do fluxo de

veiacuteculos e a proporccedilatildeo entre veiacuteculos leves e os

veiacuteculos pesados a frequumlecircncia de

14 Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede ndash OMS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

acionamentos de buzinas o tipo de acabamento da superfiacutecie das vias (concreto asfalto brita

terra batida) etc (SINGAL 2005)

Tais vias geradoras do ruiacutedo de traacutefego aleacutem de serem interceptadas por outras vias satildeo

comumente ladeadas por configuraccedilotildees bastante variaacuteveis desde edificaccedilotildees com formas

implantaccedilotildees e gabaritos diversificados a lotes ainda natildeo ocupados caracterizando a propagaccedilatildeo

do ruiacutedo de traacutefego urbano por muacuteltiplas reflexotildees responsaacuteveis pelo espalhamento do ruiacutedo

para vias adjacentes pelo surgimento de campos sonoros reverberantes pela difraccedilatildeo do ruiacutedo e

pelo surgimento de aacutereas de sombra (SINGAL 2005 RANDRIANOELINA e SALOMONS

2008) Ou seja a propagaccedilatildeo do ruiacutedo urbano gerado pelo traacutefego de veiacuteculos possui uma

interaccedilatildeo singular com elementos da forma urbana

Assim sendo tanto por sua participaccedilatildeo determinante na constituiccedilatildeo do ruiacutedo urbano quanto

por sua particular relaccedilatildeo com os elementos que compotildeem a forma urbana o ruiacutedo de traacutefego

seraacute a uacutenica fonte sonora considerada na presente pesquisa conforme seraacute melhor elucidado no

proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas

A interaccedilatildeo entre o ruiacutedo urbano e a forma urbana dependeraacute diretamente das configuraccedilotildees de

certos elementos que compotildeem esta forma urbana o traccedilado e perfis das vias a maneira de

implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade e

forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres tais como praccedilas e

largos (GUEDES 2005 SANTOS e MARTINS 2005) Estes elementos podem ser

acusticamente caracterizados a partir do tipo de espaccedilo acuacutestico e da permeabilidade acuacutestica

O espaccedilo acuacutestico tambeacutem nomeado de campo acuacutestico eacute a porccedilatildeo de determinado espaccedilo onde

acontecem as vibraccedilotildees sonoras podendo ser caracterizado no meio urbano como espaccedilo

acuacutestico aberto ou fechado (NIEMEYER 2007)

O espaccedilo acuacutestico aberto aproxima-se da propagaccedilatildeo em campo livre que eacute caracterizado pela ausecircncia

de obstaacuteculos que modifiquem a propagaccedilatildeo sonora entre a fonte e o receptor Assim no meio

urbano o espaccedilo cuja propagaccedilatildeo sonora envolva poucas ou nenhuma reflexatildeo e poucos ou

nenhum obstaacuteculo pode ser considerado um espaccedilo acuacutestico aberto como por exemplo o

espaccedilo acuacutestico com perfil em ldquoLrdquo tais como vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas uma de

suas margens (Figuras 215 e 216) (NIEMEYER 2007) No espaccedilo acuacutestico aberto o niacutevel de

pressatildeo sonora decai 6 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (LANG

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 215 ndash Propagaccedilatildeo sonora em Campo acuacutestico aberto Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001

Figura 216 ndash Campo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo FonteNIEMEYER 2007

Figura 217 ndash Propagaccedilatildeo sonora em campo acuacutestico fechado causando o fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001

e BERANEK 1992) isto eacute o ruiacutedo percebido

pelo receptor diminui em funccedilatildeo da

duplicaccedilatildeo da distacircncia da fonte sonora15

Praccedilas parques e largos com grandes

dimensotildees vias de traacutefego marginais a praias

vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas

uma de suas margens ou espaccedilos livres

urbanos de grandes dimensotildees caracterizam

alguns exemplos de espaccedilos acuacutesticos abertos

No espaccedilo acuacutestico fechado as ondas sonoras

sofrem muacuteltiplas reflexotildees fazendo com que o

seu niacutevel sonoro decaia muito lentamente

sendo praticamente o mesmo em vaacuterias

posiccedilotildees ateacute que esta onda sonora encontre

uma saiacuteda para campo livre caracterizando o

fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana16 17(Figura

217) (GUEDES 2005 NIEMEYER 2007)

Os espaccedilos acuacutesticos fechados podem ser

reverberantes quando a onda sonora tarda a

encontrar o campo livre gerando um grande

nuacutemero de reflexotildees ou semi-reverberantes

quando a onda sonora encontra o campo livre

um pouco mais rapidamente do que no

reverberante gerando um nuacutemero menor mas

ainda grande de reflexotildees

15 Este decaimento eacute para fontes pontuais para fontes lineares o decaimento eacute de 3 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (GERGES 2000) 16 A reverberaccedilatildeo eacute a persistecircncia de um som depois de ter sido extinta a sua emissatildeo por uma fonte e ocorre como resultado de reflexotildees em ambientes total ou parcialmente fechados (GONZALEZ e LOPES 1993) 17 Alguns espaccedilos acuacutesticos fechados tambeacutem podem amplificar o niacutevel de pressatildeo sonora mas este fenocircmeno ocorre em determinados espaccedilos acuacutesticos fechados reverberantes

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 218 ndash Campo acuacutestico fechado em perfl ldquoUrdquo tambeacutem chamado de canyons urbanos Fonte NIEMEYER 2007

No meio urbano o espaccedilo acuacutestico fechado

reverberante possui comumente um perfil em

ldquoUrdquo (Figura 218) tambeacutem chamados de

canyons urbanos que podem amplificar

consideravelmente a propagaccedilatildeo sonora das

vias de traacutefego atraveacutes de reflexotildees muacuteltiplas

geradas pelas fachadas paralelas das

edificaccedilotildees que circundam estas vias

(ANDERSON e KURZE 1992) Assim neste

tipo de espaccedilo acuacutestico a propagaccedilatildeo sonora

natildeo depende exclusivamente da distacircncia entre

a fonte e o receptor como no espaccedilo acuacutestico

aberto depende ainda da configuraccedilatildeo dos

elementos que compotildeem a forma urbana e

dos coeficientes de absorccedilatildeo dos materiais que

revestem as superfiacutecies refletoras18

(NIEMEYER 2007)

Praccedilas parques e largos com pequenas dimensotildees e cercados por edificaccedilotildees conjugadas vias de

traacutefego com edificaccedilotildees (conjugadas ou com pequenos recuos entre elas) em ambos os lados

tuacuteneis passagens subterracircneas e espaccedilos livres abaixo de viadutos caracterizam alguns exemplos

de espaccedilos acuacutesticos fechados

A caracterizaccedilatildeo de um espaccedilo acuacutestico como sendo aberto ou fechado delinearaacute como a onda

sonora iraacute espalhar-se no meio urbano cujas configuraccedilotildees dos elementos que o compotildeem

podem facilitar ou dificultar a trajetoacuteria desta onda sonora para aleacutem do local de sua emissatildeo

tornando o meio urbano mais ou menos permeaacutevel a sua propagaccedilatildeo

18 No meio urbano as superfiacutecies refletoras satildeo predominantemente formadas por fachadas e muros de edificaccedilotildees que possuem certa uniformidade na utilizaccedilatildeo de materiais altamente reflexivos e com baixos coeficientes de absorccedilatildeo tais como granito maacutermore ceracircmica esmaltada vidro Assim o coeficiente de absorccedilatildeo de uma edificaccedilatildeo para outra seraacute praticamente o mesmo sofrendo miacutenimas variaccedilotildees permitindo sua natildeo consideraccedilatildeo

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 220 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees em uma quadra permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007

Figura 221 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjugadas em uma quadra pouco permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007

Figura 219 ndash Permeabilidade acuacutestica - percursos da onda sonora gerados em meio urbano Fonte NIEMEYER 2007

Figura 222 ndash Barreira acuacutestica entre a fonte e o receptor FonteANDERSON e KURZE 1992

Assim sendo a permeabilidade acuacutestica refere-se

aos percursos da onda sonora gerados no

meio urbano (Figura 219) (GUEDES 2005

NIEMEYER 2007) A intensidade da

permeabilidade acuacutestica - mais ou menos

permeaacutevel - dependeraacute da capacidade de

certos elementos urbanos de promover ou

conter a propagaccedilatildeo da onda sonora tais

como o traccedilado e perfis das vias a maneira de

implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem

como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade

e forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila

ou ausecircncia de espaccedilos livres (Figuras 220 e

221)

A permeabilidade acuacutestica relaciona-se ainda

com as barreiras acuacutesticas Isoladamente o

conceito de barreiras acuacutesticas refere-se a

qualquer objeto que possa ser considerado um

obstaacuteculo agrave ligaccedilatildeo direta e sem interferecircncias

entre a fonte e o receptor (Figura 222)

(ANDERSON e KURZE 1992 GERGES

2000) Ao bloquear o percurso direto entre a

fonte e o receptor a onda sonora poderaacute ser

absorvida eou refletida pela superfiacutecie da

barreira transmitida atraveacutes da barreira ou

difratada a partir do topo da barreira

(BARRON 2003 SINGAL 2005)

A difraccedilatildeo eacute um fenocircmeno que permite que as

ondas sonoras sejam capazes de contornar

determinados obstaacuteculos gerando uma aacuterea de

sombra acuacutestica que possui limites espaciais

variaacuteveis de acordo com a posiccedilatildeo da fonte

____________________________________________

ANAacuteLISE D

sonora e de sua localizaccedilatilde

receptor que por sua vez

sonora difratada pelas borda

um decaimento maior do qu

campo livre (Figura 223) (N

1968 NIEMEYER 2007 PA

O uso de barreiras acuacutestic

EUA Japatildeo Austraacutelia e

reduccedilatildeo da propagaccedilatildeo do

pelo traacutefego rodoviaacuterio pa

(Figuras 224 a 226) (SIN

Brasil esta praacutetica ainda eacute inc

restringindo-se a poucos exe

caso da barreira acuacutestica no

Linha Amarela na cidade do

na Rodovia Bandeirantes co

de Satildeo Paulo a Campinas

Paulo (Figura 227) (MURGE

2004)

Embora a implantaccedilatildeo de b

esteja vinculada agrave reduccedilatildeo do

rodoviaacuterio outros elemen

meio urbano situados ent

receptor atuam espontan

barreiras agrave propagaccedilatildeo sono

terreno com topografia i

muros edificaccedilotildees entr

edificaccedilotildees conjugadas da R

cidade do Recife ou aind

conjugadas em alguns trec

Atlacircntica no Rio de Janei

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 226 ndash Barreiras instaladasem aacuterea residencial de Toacutequio Jap

Figura 224 ndash Agrave esquerda barreacriacutelico na Suiacuteccedila Agrave direita barreiraPaacutedua e Veneza na Itaacutelia Fonte C

Figura 227 ndash Barreira acuacutestica dade Satildeo Paulo Fonte MURGEL 2

Figura 223 ndash Difraccedilatildeo da ondagerando uma aacuterea de sombra acuacutest

Figura 225 ndash Agrave esquerda baproacuteximo a Zurique Agrave direita barretambeacutem na Suiccedila Fonte CICHIN

accedilatildeo em relaccedilatildeo ao

ez recebe a energia

rdas da barreira com

que se estivesse em

(NEPOMUCENO

PAZ 2004)

ticas eacute comum nos

e na Europa para

do ruiacutedo produzido

para seus arredores

INGAL 2005) No

incipiente

exemplos como eacute o

no eixo rodoviaacuterio

o Rio de Janeiro e

conectando a cidade

s no estado de Satildeo

GEL 2007 SOUSA

e barreiras acuacutesticas

do ruiacutedo de traacutefego

entos inseridos no

entre a fonte e o

taneamente como

nora tais como um

irregular taludes

ntre outros As

a Rua da Aurora na

inda as edificaccedilotildees

trechos da Avenida

neiro por exemplo

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

42

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

das ao longo de via expressa elevada Japatildeo Fonte CICHINELLI 2007

rreira acuacutestica curva em concreto e eira acuacutestica metaacutelica na estrada entre CICHINELLI 2007

da Rodovia Bandeirantes no estado 2007

da sonora a partir de uma barreira uacutestica Fonte GERGES 2000

barreira acuacutestica metaacutelica instalada arreira acuacutestica em concreto e acriacutelico INELLI 2007

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

43

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 228 ndash Rua da Aurora no Bairro da Boa Vista na cidade do Recife configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fontehttpmaiovinteeseisblogspotcom2007_ 11_01_archivehtml Acesso em 080409

Figura 229 ndash Alguns trechos da Avenida Atlacircntica no Bairro de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro tambeacutem configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fonte httpwwwtravelpodcomtravel-photoorlanworldtrip200711 71589400avenida-atlantica-along-copacabana-beachjpgtpodhtml Acesso em 080409

aleacutem de funcionarem como barreiras acuacutesticas

espontacircneas ou natildeo intencionais tambeacutem

conformam um espaccedilo acuacutestico aberto em

ldquoLrdquo e pouco permeaacutevel ao ruiacutedo (Figura 228 e

229)

A partir da discussatildeo dos espaccedilos acuacutesticos e

da permeabilidade acuacutestica evidencia-se que a

interaccedilatildeo entre os diversos elementos que

compotildeem a forma urbana - o traccedilado e perfis

das vias o modo de implantaccedilatildeo das

edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as

proporccedilotildees densidade e maneira de ocupaccedilatildeo

das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de

espaccedilos livres ndash contribui determinantemente

para a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano

atraveacutes de muacuteltiplas reflexotildees do

espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave

fonte geradora de campos sonoros

reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de

aacutereas de sombra

Isto posto se o ruiacutedo urbano eacute considerado

um sistema composto essencialmente pela fonte

sonora pelo meio de propagaccedilatildeo e pelo receptor (LANG e BERANEK 1992 ANDERSON e

KURZE 1992) a forma urbana considerada a partir dos elementos que a compotildeem enquanto

percurso de transmissatildeo delineia influencia e determina em certa medida a trajetoacuteria de

propagaccedilatildeo da onda sonora19 Ou seja a forma urbana por meio das caracteriacutesticas singulares

apresentadas pelos seus elementos componentes iraacute influenciar o comportamento da propagaccedilatildeo

da onda sonora no meio urbano

19 ldquoEm certa medidardquo pois existem outros fatores que tambeacutem influenciam a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano mas a discussatildeo sobre a consideraccedilatildeo ou natildeo destes outros fatores seraacute melhor construiacuteda no proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

44

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito alto por elevada densidade de

ocupaccedilatildeo das quadras e por vias estreitas por exemplo tende em tese a ser menos permeaacutevel ao

ruiacutedo dificultando a propagaccedilatildeo sonora para outras aacutereas Tende ainda a criar espaccedilos

reverberantes ou semi-reverberantes com o niacutevel de pressatildeo sonora elevado em praticamente

todos os pontos de reflexatildeo com perdas miacutenimas ateacute a onda sonora alcanccedilar o topo das

edificaccedilotildees e direcionar-se a campo livre Por conseguinte este comportamento tende a propiciar

dependendo ainda da relaccedilatildeo com a fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano indesejaacutevel e

insalubre aos receptores existentes nas edificaccedilotildees daquela via

Jaacute uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito baixo por baixa densidade de

ocupaccedilatildeo das quadras e por vias largas tende teoricamente a ser mais permeaacutevel ao ruiacutedo

facilitando sua propagaccedilatildeo Por outro lado natildeo gera espaccedilos acuacutesticos propiacutecios a muacuteltiplas

reflexotildees fazendo com que a onda sonora encontre mais rapidamente o campo livre facilitando

sua dissipaccedilatildeo e propiciando dependendo ainda da fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano

desejaacutevel aos seus receptores

Deste modo a existecircncia de diferenccedilas e particularidades dos elementos que compotildeem as

distintas formas urbanas proporciona os mais diversificados comportamentos acuacutesticos de

propagaccedilatildeo sonora nos mais diferentes meios urbanos Ou seja do mesmo modo que cidades

bairros e ruas natildeo satildeo iguais entre si tampouco reproduziacuteveis em sua essecircncia o comportamento

acuacutestico tambeacutem natildeo seraacute ao contraacuterio constituiraacute um atributo exclusivo de cada espaccedilo urbano

Mas se para cada espaccedilo urbano existe um comportamento acuacutestico especiacutefico como deveraacute se

comportar a propagaccedilatildeo sonora de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de

modificaccedilotildees em elementos de sua forma urbana Em outras palavras como se comportaraacute a acuacutestica

urbana de um determinado local a partir do processo cronoloacutegico de modificaccedilotildees em sua forma urbana

Nos capiacutetulo que se segue Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas seratildeo apresentadas os percursos

investigativos que foram postos em praacutetica em busca de responder a este questionamento

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 213 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora linear de 3 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007

chamado de ruiacutedo ambiental (environmental

noise) ou ruiacutedo comunitaacuterio (community noise)

(BERGLUND et al1999 GUEDES 2005

SOUSA 2004)

O ruiacutedo urbano pode ser gerado a partir do

traacutefego de veiacuteculos terrestres e aeacutereos de

obras de construccedilatildeo civil de estabelecimentos

industriais de estabelecimentos comerciais e

de serviccedilos de sistemas de propaganda

volante ou permanente8 e ruiacutedos de outras atividades cuja propagaccedilatildeo sonora pode afetar o bem-

estar e a sauacutede dos citadinos (BARRON 2003 BERGLUND et al1999 KINSLER et al 1982

NAGEM 2004 NUNES 2006 SINGAL 2005)

Apesar de esporaacutedica outra fonte de ruiacutedo gerada em meio urbano satildeo os eventos puacuteblicos tais

como festas shows comiacutecios carnavais fora de eacutepoca entre outros As fontes de ruiacutedo presentes

nestes eventos atingem um alto niacutevel de pressatildeo sonora9 e abrangem uma grande quantidade

populacional logo independente de ocorrer poucas vezes durante o ano satildeo eventos

extremamente danosos a sauacutede e principalmente agrave audiccedilatildeo a partir de 80 dB(A) natildeo importa se

a sensaccedilatildeo sonora eacute prazerosa ou natildeo ela eacute necessariamente prejudicial10 (Tabela 21) (NUNES

2006)

Quando a intensidade dos ruiacutedos urbanos torna-se excessivamente desagradaacutevel eou nociva o

ruiacutedo passa a ser considerado uma forma de poluiccedilatildeo ambiental11 - a poluiccedilatildeo sonora A

necessidade de regulamentaccedilatildeo da poluiccedilatildeo sonora renuncia os aspectos de subjetividade

existentes e inerentes ao conceito de ruiacutedo na tentativa de sintetizar e estabelecer limites leis

normas meacutetodos e accedilotildees que representem um universo sonoro equivalente para toda a

populaccedilatildeo na tentativa de controlar e mitigar o ruiacutedo urbano

8 Carros de som bicicletas com som raacutedios comunitaacuterias entre outros 9 O niacutevel de pressatildeo sonora eacute a medida fiacutesica preferencial para caracterizar a sensaccedilatildeo subjetiva da intensidade dos sons e de acordo com a lei de Weber e Fechner a sensaccedilatildeo sonora eacute proporcional ao logaritmo da intensidade sonora NPS=20 log (pp0) onde p eacute a pressatildeo sonora em Pascal e p0 eacute a pressatildeo sonora de referecircncia (2 10-5 Pascal) (BISTAFA 2006 NIEMEYER 2007) 10 Outros niacuteveis de ruiacutedo tambeacutem podem ser prejudiciais em maior ou menor grau dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora 11 ldquoPoluiccedilatildeo eacute a degradaccedilatildeo da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente a) prejudiquem a sauacutede a seguranccedila e o bem-estar da populaccedilatildeo b) criem condiccedilotildees adversas agraves atividades sociais e econocircmicas c) afetem desfavoravelmente a biota d) afetem as condiccedilotildees esteacuteticas ou sanitaacuterias do meio ambiente e) lancem mateacuterias ou energia em desacordo com os padrotildees ambientais estabelecidosrdquo (BRASIL 1981 p 1 e 2)

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Tabela 21 ndash Os niacuteveis de pressatildeo sonora e suas consequumlecircncias fisioloacutegicas no homem Em alguns casos podem a intensidade das reaccedilotildees fisioloacutegicas podem variar dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora Fonte elaborado pela autora a partir de KINSLER et al 1992 SINGAL 2005 SOUZA 2006

Assim sendo na esfera federal a Constituiccedilatildeo Federal (Art255) o Coacutedigo Civil Brasileiro (Lei ndeg

1040602) a Lei das Contravenccedilotildees Penais (Decreto-lei nordm 368841) e a Lei dos Crimes

Ambientais (Lei nordm 960598) versam a partir de diferentes abordagens e diferentes

procedimentos legais sobre a poluiccedilatildeo sonora e suas respectivas perturbaccedilotildees (CARNEIRO

2009)

NIacuteVEIS DE PRESSAtildeO SONORA E SUAS CONSEQUEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS

Niacutevel de Pressatildeo sonora

em dB(A)

Caracteriacutesticas FISIOLOacuteGICAS

Ambiente ou atividade

0 a 30 Nenhuma Tremular de folhas de uma aacutervore sussurros

aacuterea de mata selvagem

30 a 50 Nenhuma Cantar de paacutessaros rua calma em aacuterea residencial durante noite

50 a 70 Marca o iniacutecio do estresse

auditivo Rua agitada um restaurante barulhento

70 a 90 Estressante e bastante

excitante Chegada de um trem na estaccedilatildeo carro a 100 Kmh

conversa a gritos

90 a 110 Extremamente excitante provocando dependecircncia

Caminhatildeo pesado a 60 Kmh alarme de viatura passagem de trem numa estaccedilatildeo ou cabine de um aviatildeo monomotor

110 a 130

Desconfortavelmente alto atingindo o limiar da dor podendo causar surdez

instantacircnea

Trem passando em trilhos elevados martelo pneumaacutetico interior de uma boate show de banda de rock

130 a 140 Acima do limiar da dor

causando surdez permanente Decolagem de aviatildeo a jato a 5m de distacircncia disparos de artilharia

Ainda no domiacutenio federal o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) publicou vaacuterias

resoluccedilotildees que estabelecem normas de preservaccedilatildeo ao meio ambiente incluindo o combate a

poluiccedilatildeo sonora12 Nestas resoluccedilotildees todas as atividades geradoras de ruiacutedo devem seguir

diretrizes vinculadas agrave Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas ndash ABNT e ao Conselho

Nacional de Tracircnsito - CONTRAN no caso de ruiacutedo produzido por veiacuteculos automotores

(NAGEM 2004)

Tais resoluccedilotildees normas e diretrizes refletidas no domiacutenio estadual e municipal deram origem agrave

Lei Estadual nordm 12789 de 28 de Abril de 2005 (PERNAMBUCO2005) conhecida como ldquoLei do

12 Satildeo elas RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 272 de 14 de setembro de 2000

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Silecircnciordquo e que dispotildee sobre ruiacutedos urbanos poluiccedilatildeo sonora e proteccedilatildeo do bem-estar e do

sossego puacuteblico e agrave Lei nordm 16243 de 13 de setembro de 1996 ndash Coacutedigo do Meio Ambiente e do

Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife (RECIFE 1996a) que estabelece a poliacutetica do meio ambiente da

cidade do Recife incluindo regulamentaccedilatildeo de emissotildees sonoras entre outras providecircncias

tendo como suporte a Lei 1617696 de 9 de Abril de 1996 ndash Lei de Uso e Ocupaccedilatildeo do Solo da

Cidade do Recife ndash LUOS (RECIFE 1996b)

Apesar da existecircncia desta grande quantidade de leis federais estaduais e municipais apesar da

LUOS legislar sobre a etapa de aprovaccedilatildeo de projetos para a construccedilatildeo de empreendimentos

com usos geradores de incocircmodo agrave vizinhanccedila incluindo usos potencialmente geradores de ruiacutedos

submetendo-os agrave anaacutelise teacutecnica eou agrave anaacutelise especial e apesar do Coacutedigo do Meio Ambiente e

do Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife estabelecer limites maacuteximos permitidos de ruiacutedo na praacutetica a

accedilatildeo contra a poluiccedilatildeo sonora em Recife adquire caraacuteter corretivo pelos oacutergatildeos reguladores agrave

conduta do infrator geralmente a partir de denuacutencias da populaccedilatildeo apoacutes a consolidaccedilatildeo da fonte

geradora de ruiacutedo no meio urbano (JORNAL DO COMEacuteRCIO 2008 JC ONLINE 2005)

Outro exemplo local de desatenccedilatildeo agrave poluiccedilatildeo sonora eacute a inexistecircncia dentre vaacuterios outros tipos

de degradaccedilatildeo ambiental presentes de qualquer referecircncia a respeito da poluiccedilatildeo sonora em

documento produzido pela Prefeitura da Cidade do Recife no ano 2000 o Atlas Ambiental da

Cidade do Recife (RECIFE 2000)

Diante da aplicabilidade ineficaz da legislaccedilatildeo vigente em Novembro de 2009 foi lanccedilado pelo

Ministeacuterio Puacuteblico de Pernambuco a cartilha Poluiccedilatildeo sonora Silento e o barulho13 que versa sobre as

posturas e accedilotildees direitos e deveres dos diversos agentes envolvidos na produccedilatildeo e recepccedilatildeo da

poluiccedilatildeo sonora indicando como devem agir a viacutetima o policial o estado o construtor poluidor

o proprietaacuterio de carro de som poluidor entre outros A cartilha tambeacutem disponibiliza uma seacuterie

de formulaacuterios modelos de acordo com os diferentes tipos de poluiccedilatildeo sonora Estes formulaacuterios satildeo

exemplos para serem utilizados tanto pela viacutetima da poluiccedilatildeo sonora quanto pelo policial civil

militar promotor de justiccedila e ateacute mesmo pelo poluidor - o que poderaacute tornar esta cartilha um

importante instrumento para aplicaccedilatildeo das leis vigentes (CARNEIRO 2009)

Embora negligenciada e em oposiccedilatildeo a diversos outros problemas ambientais mundiais a

poluiccedilatildeo sonora continua a crescer e eacute acompanhada pelo aumento no nuacutemero de reclamaccedilotildees de

13 ldquoSilentordquo eacute um personagem criado para narrar alguns trechos interativos da cartilha

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 214 ndash Relaccedilatildeo entre o desenvolvimento industrial da sociedade que possibilita o aumento e concentraccedilatildeo de fontes sonoras e seus impactos em relaccedilatildeo ao ruiacutedo nas comunidades apontando trecircs previsotildees futuras de acordo com diferentes accedilotildees possiacuteveis de regulamentaccedilatildeo contra do ruiacutedo Fonte elaborado pela autora a partir de BERGLUND et al 1999

pessoas expostas ao ruiacutedo a partir do aumento da consciecircncia de seus direitos legais

(BERGLUND et al1999)

Para World Health Organization (WHO)14 a poluiccedilatildeo sonora jaacute eacute um dos problemas ambientais que

atingem o maior nuacutemero de pessoas no planeta perdendo apenas para a poluiccedilatildeo do ar e da aacutegua

(KIHLMAN 2004 2005) Este crescimento contiacutenuo da poluiccedilatildeo sonora e por conseguinte do

ruiacutedo urbano possui uma estreita relaccedilatildeo com as raacutepidas transformaccedilotildees ocorridas no meio

urbano nas uacuteltimas deacutecadas O desenvolvimento acelerado e a expansatildeo das cidades implicaram

em modificaccedilotildees em elementos da forma urbana em alto iacutendice de crescimento demograacutefico da

populaccedilatildeo urbana e em consequumlente aumento e concentraccedilatildeo de diversos tipos de fontes

geradoras de poluiccedilatildeo sonora (BRASIL 1990a1990b GUEDES 2005 PAZ 2009 ZANNIN et

al 2002) (Figura 214)

Entre estas fontes urbanas geradoras de poluiccedilatildeo sonora uma das que mais contribuem com o

aumento do ruiacutedo urbano aleacutem de ser considerada uma das fontes mais intrusivas e a mais

percebida pela populaccedilatildeo das grandes cidades eacute o traacutefego de veiacuteculos (DINIZ 2003 FRITSCH et al

2007 LACERDA et al 2005 PAZ 2004 ZANNIN et al 2003)

O ruiacutedo do traacutefego de veiacuteculos eacute gerado a

partir do ruiacutedo veicular que proveacutem

essencialmente do sistema de propulsatildeo do

motor do atrito entre o veiacuteculo e o ar (ruiacutedo

aerodinacircmico) e do atrito entre o pneu e o piso

(MURGEL 2007 KINSLER et al 1982) e da

relaccedilatildeo entre o veiacuteculocondutor e as

configuraccedilotildees das vias em que ele estaacute inserido

a aceleraccedilatildeo eou desaceleraccedilatildeo do motor de

acordo com a caracterizaccedilatildeo das vias - a

presenccedila de cruzamentos semaacuteforos faixas de

pedestres etc a intensidade do fluxo de

veiacuteculos e a proporccedilatildeo entre veiacuteculos leves e os

veiacuteculos pesados a frequumlecircncia de

14 Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede ndash OMS

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

acionamentos de buzinas o tipo de acabamento da superfiacutecie das vias (concreto asfalto brita

terra batida) etc (SINGAL 2005)

Tais vias geradoras do ruiacutedo de traacutefego aleacutem de serem interceptadas por outras vias satildeo

comumente ladeadas por configuraccedilotildees bastante variaacuteveis desde edificaccedilotildees com formas

implantaccedilotildees e gabaritos diversificados a lotes ainda natildeo ocupados caracterizando a propagaccedilatildeo

do ruiacutedo de traacutefego urbano por muacuteltiplas reflexotildees responsaacuteveis pelo espalhamento do ruiacutedo

para vias adjacentes pelo surgimento de campos sonoros reverberantes pela difraccedilatildeo do ruiacutedo e

pelo surgimento de aacutereas de sombra (SINGAL 2005 RANDRIANOELINA e SALOMONS

2008) Ou seja a propagaccedilatildeo do ruiacutedo urbano gerado pelo traacutefego de veiacuteculos possui uma

interaccedilatildeo singular com elementos da forma urbana

Assim sendo tanto por sua participaccedilatildeo determinante na constituiccedilatildeo do ruiacutedo urbano quanto

por sua particular relaccedilatildeo com os elementos que compotildeem a forma urbana o ruiacutedo de traacutefego

seraacute a uacutenica fonte sonora considerada na presente pesquisa conforme seraacute melhor elucidado no

proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas

A interaccedilatildeo entre o ruiacutedo urbano e a forma urbana dependeraacute diretamente das configuraccedilotildees de

certos elementos que compotildeem esta forma urbana o traccedilado e perfis das vias a maneira de

implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade e

forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres tais como praccedilas e

largos (GUEDES 2005 SANTOS e MARTINS 2005) Estes elementos podem ser

acusticamente caracterizados a partir do tipo de espaccedilo acuacutestico e da permeabilidade acuacutestica

O espaccedilo acuacutestico tambeacutem nomeado de campo acuacutestico eacute a porccedilatildeo de determinado espaccedilo onde

acontecem as vibraccedilotildees sonoras podendo ser caracterizado no meio urbano como espaccedilo

acuacutestico aberto ou fechado (NIEMEYER 2007)

O espaccedilo acuacutestico aberto aproxima-se da propagaccedilatildeo em campo livre que eacute caracterizado pela ausecircncia

de obstaacuteculos que modifiquem a propagaccedilatildeo sonora entre a fonte e o receptor Assim no meio

urbano o espaccedilo cuja propagaccedilatildeo sonora envolva poucas ou nenhuma reflexatildeo e poucos ou

nenhum obstaacuteculo pode ser considerado um espaccedilo acuacutestico aberto como por exemplo o

espaccedilo acuacutestico com perfil em ldquoLrdquo tais como vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas uma de

suas margens (Figuras 215 e 216) (NIEMEYER 2007) No espaccedilo acuacutestico aberto o niacutevel de

pressatildeo sonora decai 6 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (LANG

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 215 ndash Propagaccedilatildeo sonora em Campo acuacutestico aberto Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001

Figura 216 ndash Campo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo FonteNIEMEYER 2007

Figura 217 ndash Propagaccedilatildeo sonora em campo acuacutestico fechado causando o fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001

e BERANEK 1992) isto eacute o ruiacutedo percebido

pelo receptor diminui em funccedilatildeo da

duplicaccedilatildeo da distacircncia da fonte sonora15

Praccedilas parques e largos com grandes

dimensotildees vias de traacutefego marginais a praias

vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas

uma de suas margens ou espaccedilos livres

urbanos de grandes dimensotildees caracterizam

alguns exemplos de espaccedilos acuacutesticos abertos

No espaccedilo acuacutestico fechado as ondas sonoras

sofrem muacuteltiplas reflexotildees fazendo com que o

seu niacutevel sonoro decaia muito lentamente

sendo praticamente o mesmo em vaacuterias

posiccedilotildees ateacute que esta onda sonora encontre

uma saiacuteda para campo livre caracterizando o

fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana16 17(Figura

217) (GUEDES 2005 NIEMEYER 2007)

Os espaccedilos acuacutesticos fechados podem ser

reverberantes quando a onda sonora tarda a

encontrar o campo livre gerando um grande

nuacutemero de reflexotildees ou semi-reverberantes

quando a onda sonora encontra o campo livre

um pouco mais rapidamente do que no

reverberante gerando um nuacutemero menor mas

ainda grande de reflexotildees

15 Este decaimento eacute para fontes pontuais para fontes lineares o decaimento eacute de 3 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (GERGES 2000) 16 A reverberaccedilatildeo eacute a persistecircncia de um som depois de ter sido extinta a sua emissatildeo por uma fonte e ocorre como resultado de reflexotildees em ambientes total ou parcialmente fechados (GONZALEZ e LOPES 1993) 17 Alguns espaccedilos acuacutesticos fechados tambeacutem podem amplificar o niacutevel de pressatildeo sonora mas este fenocircmeno ocorre em determinados espaccedilos acuacutesticos fechados reverberantes

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 218 ndash Campo acuacutestico fechado em perfl ldquoUrdquo tambeacutem chamado de canyons urbanos Fonte NIEMEYER 2007

No meio urbano o espaccedilo acuacutestico fechado

reverberante possui comumente um perfil em

ldquoUrdquo (Figura 218) tambeacutem chamados de

canyons urbanos que podem amplificar

consideravelmente a propagaccedilatildeo sonora das

vias de traacutefego atraveacutes de reflexotildees muacuteltiplas

geradas pelas fachadas paralelas das

edificaccedilotildees que circundam estas vias

(ANDERSON e KURZE 1992) Assim neste

tipo de espaccedilo acuacutestico a propagaccedilatildeo sonora

natildeo depende exclusivamente da distacircncia entre

a fonte e o receptor como no espaccedilo acuacutestico

aberto depende ainda da configuraccedilatildeo dos

elementos que compotildeem a forma urbana e

dos coeficientes de absorccedilatildeo dos materiais que

revestem as superfiacutecies refletoras18

(NIEMEYER 2007)

Praccedilas parques e largos com pequenas dimensotildees e cercados por edificaccedilotildees conjugadas vias de

traacutefego com edificaccedilotildees (conjugadas ou com pequenos recuos entre elas) em ambos os lados

tuacuteneis passagens subterracircneas e espaccedilos livres abaixo de viadutos caracterizam alguns exemplos

de espaccedilos acuacutesticos fechados

A caracterizaccedilatildeo de um espaccedilo acuacutestico como sendo aberto ou fechado delinearaacute como a onda

sonora iraacute espalhar-se no meio urbano cujas configuraccedilotildees dos elementos que o compotildeem

podem facilitar ou dificultar a trajetoacuteria desta onda sonora para aleacutem do local de sua emissatildeo

tornando o meio urbano mais ou menos permeaacutevel a sua propagaccedilatildeo

18 No meio urbano as superfiacutecies refletoras satildeo predominantemente formadas por fachadas e muros de edificaccedilotildees que possuem certa uniformidade na utilizaccedilatildeo de materiais altamente reflexivos e com baixos coeficientes de absorccedilatildeo tais como granito maacutermore ceracircmica esmaltada vidro Assim o coeficiente de absorccedilatildeo de uma edificaccedilatildeo para outra seraacute praticamente o mesmo sofrendo miacutenimas variaccedilotildees permitindo sua natildeo consideraccedilatildeo

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 220 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees em uma quadra permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007

Figura 221 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjugadas em uma quadra pouco permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007

Figura 219 ndash Permeabilidade acuacutestica - percursos da onda sonora gerados em meio urbano Fonte NIEMEYER 2007

Figura 222 ndash Barreira acuacutestica entre a fonte e o receptor FonteANDERSON e KURZE 1992

Assim sendo a permeabilidade acuacutestica refere-se

aos percursos da onda sonora gerados no

meio urbano (Figura 219) (GUEDES 2005

NIEMEYER 2007) A intensidade da

permeabilidade acuacutestica - mais ou menos

permeaacutevel - dependeraacute da capacidade de

certos elementos urbanos de promover ou

conter a propagaccedilatildeo da onda sonora tais

como o traccedilado e perfis das vias a maneira de

implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem

como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade

e forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila

ou ausecircncia de espaccedilos livres (Figuras 220 e

221)

A permeabilidade acuacutestica relaciona-se ainda

com as barreiras acuacutesticas Isoladamente o

conceito de barreiras acuacutesticas refere-se a

qualquer objeto que possa ser considerado um

obstaacuteculo agrave ligaccedilatildeo direta e sem interferecircncias

entre a fonte e o receptor (Figura 222)

(ANDERSON e KURZE 1992 GERGES

2000) Ao bloquear o percurso direto entre a

fonte e o receptor a onda sonora poderaacute ser

absorvida eou refletida pela superfiacutecie da

barreira transmitida atraveacutes da barreira ou

difratada a partir do topo da barreira

(BARRON 2003 SINGAL 2005)

A difraccedilatildeo eacute um fenocircmeno que permite que as

ondas sonoras sejam capazes de contornar

determinados obstaacuteculos gerando uma aacuterea de

sombra acuacutestica que possui limites espaciais

variaacuteveis de acordo com a posiccedilatildeo da fonte

____________________________________________

ANAacuteLISE D

sonora e de sua localizaccedilatilde

receptor que por sua vez

sonora difratada pelas borda

um decaimento maior do qu

campo livre (Figura 223) (N

1968 NIEMEYER 2007 PA

O uso de barreiras acuacutestic

EUA Japatildeo Austraacutelia e

reduccedilatildeo da propagaccedilatildeo do

pelo traacutefego rodoviaacuterio pa

(Figuras 224 a 226) (SIN

Brasil esta praacutetica ainda eacute inc

restringindo-se a poucos exe

caso da barreira acuacutestica no

Linha Amarela na cidade do

na Rodovia Bandeirantes co

de Satildeo Paulo a Campinas

Paulo (Figura 227) (MURGE

2004)

Embora a implantaccedilatildeo de b

esteja vinculada agrave reduccedilatildeo do

rodoviaacuterio outros elemen

meio urbano situados ent

receptor atuam espontan

barreiras agrave propagaccedilatildeo sono

terreno com topografia i

muros edificaccedilotildees entr

edificaccedilotildees conjugadas da R

cidade do Recife ou aind

conjugadas em alguns trec

Atlacircntica no Rio de Janei

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 226 ndash Barreiras instaladasem aacuterea residencial de Toacutequio Jap

Figura 224 ndash Agrave esquerda barreacriacutelico na Suiacuteccedila Agrave direita barreiraPaacutedua e Veneza na Itaacutelia Fonte C

Figura 227 ndash Barreira acuacutestica dade Satildeo Paulo Fonte MURGEL 2

Figura 223 ndash Difraccedilatildeo da ondagerando uma aacuterea de sombra acuacutest

Figura 225 ndash Agrave esquerda baproacuteximo a Zurique Agrave direita barretambeacutem na Suiccedila Fonte CICHIN

accedilatildeo em relaccedilatildeo ao

ez recebe a energia

rdas da barreira com

que se estivesse em

(NEPOMUCENO

PAZ 2004)

ticas eacute comum nos

e na Europa para

do ruiacutedo produzido

para seus arredores

INGAL 2005) No

incipiente

exemplos como eacute o

no eixo rodoviaacuterio

o Rio de Janeiro e

conectando a cidade

s no estado de Satildeo

GEL 2007 SOUSA

e barreiras acuacutesticas

do ruiacutedo de traacutefego

entos inseridos no

entre a fonte e o

taneamente como

nora tais como um

irregular taludes

ntre outros As

a Rua da Aurora na

inda as edificaccedilotildees

trechos da Avenida

neiro por exemplo

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

42

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

das ao longo de via expressa elevada Japatildeo Fonte CICHINELLI 2007

rreira acuacutestica curva em concreto e eira acuacutestica metaacutelica na estrada entre CICHINELLI 2007

da Rodovia Bandeirantes no estado 2007

da sonora a partir de uma barreira uacutestica Fonte GERGES 2000

barreira acuacutestica metaacutelica instalada arreira acuacutestica em concreto e acriacutelico INELLI 2007

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

43

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 228 ndash Rua da Aurora no Bairro da Boa Vista na cidade do Recife configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fontehttpmaiovinteeseisblogspotcom2007_ 11_01_archivehtml Acesso em 080409

Figura 229 ndash Alguns trechos da Avenida Atlacircntica no Bairro de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro tambeacutem configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fonte httpwwwtravelpodcomtravel-photoorlanworldtrip200711 71589400avenida-atlantica-along-copacabana-beachjpgtpodhtml Acesso em 080409

aleacutem de funcionarem como barreiras acuacutesticas

espontacircneas ou natildeo intencionais tambeacutem

conformam um espaccedilo acuacutestico aberto em

ldquoLrdquo e pouco permeaacutevel ao ruiacutedo (Figura 228 e

229)

A partir da discussatildeo dos espaccedilos acuacutesticos e

da permeabilidade acuacutestica evidencia-se que a

interaccedilatildeo entre os diversos elementos que

compotildeem a forma urbana - o traccedilado e perfis

das vias o modo de implantaccedilatildeo das

edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as

proporccedilotildees densidade e maneira de ocupaccedilatildeo

das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de

espaccedilos livres ndash contribui determinantemente

para a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano

atraveacutes de muacuteltiplas reflexotildees do

espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave

fonte geradora de campos sonoros

reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de

aacutereas de sombra

Isto posto se o ruiacutedo urbano eacute considerado

um sistema composto essencialmente pela fonte

sonora pelo meio de propagaccedilatildeo e pelo receptor (LANG e BERANEK 1992 ANDERSON e

KURZE 1992) a forma urbana considerada a partir dos elementos que a compotildeem enquanto

percurso de transmissatildeo delineia influencia e determina em certa medida a trajetoacuteria de

propagaccedilatildeo da onda sonora19 Ou seja a forma urbana por meio das caracteriacutesticas singulares

apresentadas pelos seus elementos componentes iraacute influenciar o comportamento da propagaccedilatildeo

da onda sonora no meio urbano

19 ldquoEm certa medidardquo pois existem outros fatores que tambeacutem influenciam a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano mas a discussatildeo sobre a consideraccedilatildeo ou natildeo destes outros fatores seraacute melhor construiacuteda no proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito alto por elevada densidade de

ocupaccedilatildeo das quadras e por vias estreitas por exemplo tende em tese a ser menos permeaacutevel ao

ruiacutedo dificultando a propagaccedilatildeo sonora para outras aacutereas Tende ainda a criar espaccedilos

reverberantes ou semi-reverberantes com o niacutevel de pressatildeo sonora elevado em praticamente

todos os pontos de reflexatildeo com perdas miacutenimas ateacute a onda sonora alcanccedilar o topo das

edificaccedilotildees e direcionar-se a campo livre Por conseguinte este comportamento tende a propiciar

dependendo ainda da relaccedilatildeo com a fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano indesejaacutevel e

insalubre aos receptores existentes nas edificaccedilotildees daquela via

Jaacute uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito baixo por baixa densidade de

ocupaccedilatildeo das quadras e por vias largas tende teoricamente a ser mais permeaacutevel ao ruiacutedo

facilitando sua propagaccedilatildeo Por outro lado natildeo gera espaccedilos acuacutesticos propiacutecios a muacuteltiplas

reflexotildees fazendo com que a onda sonora encontre mais rapidamente o campo livre facilitando

sua dissipaccedilatildeo e propiciando dependendo ainda da fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano

desejaacutevel aos seus receptores

Deste modo a existecircncia de diferenccedilas e particularidades dos elementos que compotildeem as

distintas formas urbanas proporciona os mais diversificados comportamentos acuacutesticos de

propagaccedilatildeo sonora nos mais diferentes meios urbanos Ou seja do mesmo modo que cidades

bairros e ruas natildeo satildeo iguais entre si tampouco reproduziacuteveis em sua essecircncia o comportamento

acuacutestico tambeacutem natildeo seraacute ao contraacuterio constituiraacute um atributo exclusivo de cada espaccedilo urbano

Mas se para cada espaccedilo urbano existe um comportamento acuacutestico especiacutefico como deveraacute se

comportar a propagaccedilatildeo sonora de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de

modificaccedilotildees em elementos de sua forma urbana Em outras palavras como se comportaraacute a acuacutestica

urbana de um determinado local a partir do processo cronoloacutegico de modificaccedilotildees em sua forma urbana

Nos capiacutetulo que se segue Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas seratildeo apresentadas os percursos

investigativos que foram postos em praacutetica em busca de responder a este questionamento

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Tabela 21 ndash Os niacuteveis de pressatildeo sonora e suas consequumlecircncias fisioloacutegicas no homem Em alguns casos podem a intensidade das reaccedilotildees fisioloacutegicas podem variar dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora Fonte elaborado pela autora a partir de KINSLER et al 1992 SINGAL 2005 SOUZA 2006

Assim sendo na esfera federal a Constituiccedilatildeo Federal (Art255) o Coacutedigo Civil Brasileiro (Lei ndeg

1040602) a Lei das Contravenccedilotildees Penais (Decreto-lei nordm 368841) e a Lei dos Crimes

Ambientais (Lei nordm 960598) versam a partir de diferentes abordagens e diferentes

procedimentos legais sobre a poluiccedilatildeo sonora e suas respectivas perturbaccedilotildees (CARNEIRO

2009)

NIacuteVEIS DE PRESSAtildeO SONORA E SUAS CONSEQUEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS

Niacutevel de Pressatildeo sonora

em dB(A)

Caracteriacutesticas FISIOLOacuteGICAS

Ambiente ou atividade

0 a 30 Nenhuma Tremular de folhas de uma aacutervore sussurros

aacuterea de mata selvagem

30 a 50 Nenhuma Cantar de paacutessaros rua calma em aacuterea residencial durante noite

50 a 70 Marca o iniacutecio do estresse

auditivo Rua agitada um restaurante barulhento

70 a 90 Estressante e bastante

excitante Chegada de um trem na estaccedilatildeo carro a 100 Kmh

conversa a gritos

90 a 110 Extremamente excitante provocando dependecircncia

Caminhatildeo pesado a 60 Kmh alarme de viatura passagem de trem numa estaccedilatildeo ou cabine de um aviatildeo monomotor

110 a 130

Desconfortavelmente alto atingindo o limiar da dor podendo causar surdez

instantacircnea

Trem passando em trilhos elevados martelo pneumaacutetico interior de uma boate show de banda de rock

130 a 140 Acima do limiar da dor

causando surdez permanente Decolagem de aviatildeo a jato a 5m de distacircncia disparos de artilharia

Ainda no domiacutenio federal o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) publicou vaacuterias

resoluccedilotildees que estabelecem normas de preservaccedilatildeo ao meio ambiente incluindo o combate a

poluiccedilatildeo sonora12 Nestas resoluccedilotildees todas as atividades geradoras de ruiacutedo devem seguir

diretrizes vinculadas agrave Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas ndash ABNT e ao Conselho

Nacional de Tracircnsito - CONTRAN no caso de ruiacutedo produzido por veiacuteculos automotores

(NAGEM 2004)

Tais resoluccedilotildees normas e diretrizes refletidas no domiacutenio estadual e municipal deram origem agrave

Lei Estadual nordm 12789 de 28 de Abril de 2005 (PERNAMBUCO2005) conhecida como ldquoLei do

12 Satildeo elas RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 272 de 14 de setembro de 2000

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Silecircnciordquo e que dispotildee sobre ruiacutedos urbanos poluiccedilatildeo sonora e proteccedilatildeo do bem-estar e do

sossego puacuteblico e agrave Lei nordm 16243 de 13 de setembro de 1996 ndash Coacutedigo do Meio Ambiente e do

Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife (RECIFE 1996a) que estabelece a poliacutetica do meio ambiente da

cidade do Recife incluindo regulamentaccedilatildeo de emissotildees sonoras entre outras providecircncias

tendo como suporte a Lei 1617696 de 9 de Abril de 1996 ndash Lei de Uso e Ocupaccedilatildeo do Solo da

Cidade do Recife ndash LUOS (RECIFE 1996b)

Apesar da existecircncia desta grande quantidade de leis federais estaduais e municipais apesar da

LUOS legislar sobre a etapa de aprovaccedilatildeo de projetos para a construccedilatildeo de empreendimentos

com usos geradores de incocircmodo agrave vizinhanccedila incluindo usos potencialmente geradores de ruiacutedos

submetendo-os agrave anaacutelise teacutecnica eou agrave anaacutelise especial e apesar do Coacutedigo do Meio Ambiente e

do Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife estabelecer limites maacuteximos permitidos de ruiacutedo na praacutetica a

accedilatildeo contra a poluiccedilatildeo sonora em Recife adquire caraacuteter corretivo pelos oacutergatildeos reguladores agrave

conduta do infrator geralmente a partir de denuacutencias da populaccedilatildeo apoacutes a consolidaccedilatildeo da fonte

geradora de ruiacutedo no meio urbano (JORNAL DO COMEacuteRCIO 2008 JC ONLINE 2005)

Outro exemplo local de desatenccedilatildeo agrave poluiccedilatildeo sonora eacute a inexistecircncia dentre vaacuterios outros tipos

de degradaccedilatildeo ambiental presentes de qualquer referecircncia a respeito da poluiccedilatildeo sonora em

documento produzido pela Prefeitura da Cidade do Recife no ano 2000 o Atlas Ambiental da

Cidade do Recife (RECIFE 2000)

Diante da aplicabilidade ineficaz da legislaccedilatildeo vigente em Novembro de 2009 foi lanccedilado pelo

Ministeacuterio Puacuteblico de Pernambuco a cartilha Poluiccedilatildeo sonora Silento e o barulho13 que versa sobre as

posturas e accedilotildees direitos e deveres dos diversos agentes envolvidos na produccedilatildeo e recepccedilatildeo da

poluiccedilatildeo sonora indicando como devem agir a viacutetima o policial o estado o construtor poluidor

o proprietaacuterio de carro de som poluidor entre outros A cartilha tambeacutem disponibiliza uma seacuterie

de formulaacuterios modelos de acordo com os diferentes tipos de poluiccedilatildeo sonora Estes formulaacuterios satildeo

exemplos para serem utilizados tanto pela viacutetima da poluiccedilatildeo sonora quanto pelo policial civil

militar promotor de justiccedila e ateacute mesmo pelo poluidor - o que poderaacute tornar esta cartilha um

importante instrumento para aplicaccedilatildeo das leis vigentes (CARNEIRO 2009)

Embora negligenciada e em oposiccedilatildeo a diversos outros problemas ambientais mundiais a

poluiccedilatildeo sonora continua a crescer e eacute acompanhada pelo aumento no nuacutemero de reclamaccedilotildees de

13 ldquoSilentordquo eacute um personagem criado para narrar alguns trechos interativos da cartilha

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Figura 214 ndash Relaccedilatildeo entre o desenvolvimento industrial da sociedade que possibilita o aumento e concentraccedilatildeo de fontes sonoras e seus impactos em relaccedilatildeo ao ruiacutedo nas comunidades apontando trecircs previsotildees futuras de acordo com diferentes accedilotildees possiacuteveis de regulamentaccedilatildeo contra do ruiacutedo Fonte elaborado pela autora a partir de BERGLUND et al 1999

pessoas expostas ao ruiacutedo a partir do aumento da consciecircncia de seus direitos legais

(BERGLUND et al1999)

Para World Health Organization (WHO)14 a poluiccedilatildeo sonora jaacute eacute um dos problemas ambientais que

atingem o maior nuacutemero de pessoas no planeta perdendo apenas para a poluiccedilatildeo do ar e da aacutegua

(KIHLMAN 2004 2005) Este crescimento contiacutenuo da poluiccedilatildeo sonora e por conseguinte do

ruiacutedo urbano possui uma estreita relaccedilatildeo com as raacutepidas transformaccedilotildees ocorridas no meio

urbano nas uacuteltimas deacutecadas O desenvolvimento acelerado e a expansatildeo das cidades implicaram

em modificaccedilotildees em elementos da forma urbana em alto iacutendice de crescimento demograacutefico da

populaccedilatildeo urbana e em consequumlente aumento e concentraccedilatildeo de diversos tipos de fontes

geradoras de poluiccedilatildeo sonora (BRASIL 1990a1990b GUEDES 2005 PAZ 2009 ZANNIN et

al 2002) (Figura 214)

Entre estas fontes urbanas geradoras de poluiccedilatildeo sonora uma das que mais contribuem com o

aumento do ruiacutedo urbano aleacutem de ser considerada uma das fontes mais intrusivas e a mais

percebida pela populaccedilatildeo das grandes cidades eacute o traacutefego de veiacuteculos (DINIZ 2003 FRITSCH et al

2007 LACERDA et al 2005 PAZ 2004 ZANNIN et al 2003)

O ruiacutedo do traacutefego de veiacuteculos eacute gerado a

partir do ruiacutedo veicular que proveacutem

essencialmente do sistema de propulsatildeo do

motor do atrito entre o veiacuteculo e o ar (ruiacutedo

aerodinacircmico) e do atrito entre o pneu e o piso

(MURGEL 2007 KINSLER et al 1982) e da

relaccedilatildeo entre o veiacuteculocondutor e as

configuraccedilotildees das vias em que ele estaacute inserido

a aceleraccedilatildeo eou desaceleraccedilatildeo do motor de

acordo com a caracterizaccedilatildeo das vias - a

presenccedila de cruzamentos semaacuteforos faixas de

pedestres etc a intensidade do fluxo de

veiacuteculos e a proporccedilatildeo entre veiacuteculos leves e os

veiacuteculos pesados a frequumlecircncia de

14 Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede ndash OMS

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acionamentos de buzinas o tipo de acabamento da superfiacutecie das vias (concreto asfalto brita

terra batida) etc (SINGAL 2005)

Tais vias geradoras do ruiacutedo de traacutefego aleacutem de serem interceptadas por outras vias satildeo

comumente ladeadas por configuraccedilotildees bastante variaacuteveis desde edificaccedilotildees com formas

implantaccedilotildees e gabaritos diversificados a lotes ainda natildeo ocupados caracterizando a propagaccedilatildeo

do ruiacutedo de traacutefego urbano por muacuteltiplas reflexotildees responsaacuteveis pelo espalhamento do ruiacutedo

para vias adjacentes pelo surgimento de campos sonoros reverberantes pela difraccedilatildeo do ruiacutedo e

pelo surgimento de aacutereas de sombra (SINGAL 2005 RANDRIANOELINA e SALOMONS

2008) Ou seja a propagaccedilatildeo do ruiacutedo urbano gerado pelo traacutefego de veiacuteculos possui uma

interaccedilatildeo singular com elementos da forma urbana

Assim sendo tanto por sua participaccedilatildeo determinante na constituiccedilatildeo do ruiacutedo urbano quanto

por sua particular relaccedilatildeo com os elementos que compotildeem a forma urbana o ruiacutedo de traacutefego

seraacute a uacutenica fonte sonora considerada na presente pesquisa conforme seraacute melhor elucidado no

proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas

A interaccedilatildeo entre o ruiacutedo urbano e a forma urbana dependeraacute diretamente das configuraccedilotildees de

certos elementos que compotildeem esta forma urbana o traccedilado e perfis das vias a maneira de

implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade e

forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres tais como praccedilas e

largos (GUEDES 2005 SANTOS e MARTINS 2005) Estes elementos podem ser

acusticamente caracterizados a partir do tipo de espaccedilo acuacutestico e da permeabilidade acuacutestica

O espaccedilo acuacutestico tambeacutem nomeado de campo acuacutestico eacute a porccedilatildeo de determinado espaccedilo onde

acontecem as vibraccedilotildees sonoras podendo ser caracterizado no meio urbano como espaccedilo

acuacutestico aberto ou fechado (NIEMEYER 2007)

O espaccedilo acuacutestico aberto aproxima-se da propagaccedilatildeo em campo livre que eacute caracterizado pela ausecircncia

de obstaacuteculos que modifiquem a propagaccedilatildeo sonora entre a fonte e o receptor Assim no meio

urbano o espaccedilo cuja propagaccedilatildeo sonora envolva poucas ou nenhuma reflexatildeo e poucos ou

nenhum obstaacuteculo pode ser considerado um espaccedilo acuacutestico aberto como por exemplo o

espaccedilo acuacutestico com perfil em ldquoLrdquo tais como vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas uma de

suas margens (Figuras 215 e 216) (NIEMEYER 2007) No espaccedilo acuacutestico aberto o niacutevel de

pressatildeo sonora decai 6 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (LANG

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 215 ndash Propagaccedilatildeo sonora em Campo acuacutestico aberto Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001

Figura 216 ndash Campo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo FonteNIEMEYER 2007

Figura 217 ndash Propagaccedilatildeo sonora em campo acuacutestico fechado causando o fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001

e BERANEK 1992) isto eacute o ruiacutedo percebido

pelo receptor diminui em funccedilatildeo da

duplicaccedilatildeo da distacircncia da fonte sonora15

Praccedilas parques e largos com grandes

dimensotildees vias de traacutefego marginais a praias

vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas

uma de suas margens ou espaccedilos livres

urbanos de grandes dimensotildees caracterizam

alguns exemplos de espaccedilos acuacutesticos abertos

No espaccedilo acuacutestico fechado as ondas sonoras

sofrem muacuteltiplas reflexotildees fazendo com que o

seu niacutevel sonoro decaia muito lentamente

sendo praticamente o mesmo em vaacuterias

posiccedilotildees ateacute que esta onda sonora encontre

uma saiacuteda para campo livre caracterizando o

fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana16 17(Figura

217) (GUEDES 2005 NIEMEYER 2007)

Os espaccedilos acuacutesticos fechados podem ser

reverberantes quando a onda sonora tarda a

encontrar o campo livre gerando um grande

nuacutemero de reflexotildees ou semi-reverberantes

quando a onda sonora encontra o campo livre

um pouco mais rapidamente do que no

reverberante gerando um nuacutemero menor mas

ainda grande de reflexotildees

15 Este decaimento eacute para fontes pontuais para fontes lineares o decaimento eacute de 3 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (GERGES 2000) 16 A reverberaccedilatildeo eacute a persistecircncia de um som depois de ter sido extinta a sua emissatildeo por uma fonte e ocorre como resultado de reflexotildees em ambientes total ou parcialmente fechados (GONZALEZ e LOPES 1993) 17 Alguns espaccedilos acuacutesticos fechados tambeacutem podem amplificar o niacutevel de pressatildeo sonora mas este fenocircmeno ocorre em determinados espaccedilos acuacutesticos fechados reverberantes

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 218 ndash Campo acuacutestico fechado em perfl ldquoUrdquo tambeacutem chamado de canyons urbanos Fonte NIEMEYER 2007

No meio urbano o espaccedilo acuacutestico fechado

reverberante possui comumente um perfil em

ldquoUrdquo (Figura 218) tambeacutem chamados de

canyons urbanos que podem amplificar

consideravelmente a propagaccedilatildeo sonora das

vias de traacutefego atraveacutes de reflexotildees muacuteltiplas

geradas pelas fachadas paralelas das

edificaccedilotildees que circundam estas vias

(ANDERSON e KURZE 1992) Assim neste

tipo de espaccedilo acuacutestico a propagaccedilatildeo sonora

natildeo depende exclusivamente da distacircncia entre

a fonte e o receptor como no espaccedilo acuacutestico

aberto depende ainda da configuraccedilatildeo dos

elementos que compotildeem a forma urbana e

dos coeficientes de absorccedilatildeo dos materiais que

revestem as superfiacutecies refletoras18

(NIEMEYER 2007)

Praccedilas parques e largos com pequenas dimensotildees e cercados por edificaccedilotildees conjugadas vias de

traacutefego com edificaccedilotildees (conjugadas ou com pequenos recuos entre elas) em ambos os lados

tuacuteneis passagens subterracircneas e espaccedilos livres abaixo de viadutos caracterizam alguns exemplos

de espaccedilos acuacutesticos fechados

A caracterizaccedilatildeo de um espaccedilo acuacutestico como sendo aberto ou fechado delinearaacute como a onda

sonora iraacute espalhar-se no meio urbano cujas configuraccedilotildees dos elementos que o compotildeem

podem facilitar ou dificultar a trajetoacuteria desta onda sonora para aleacutem do local de sua emissatildeo

tornando o meio urbano mais ou menos permeaacutevel a sua propagaccedilatildeo

18 No meio urbano as superfiacutecies refletoras satildeo predominantemente formadas por fachadas e muros de edificaccedilotildees que possuem certa uniformidade na utilizaccedilatildeo de materiais altamente reflexivos e com baixos coeficientes de absorccedilatildeo tais como granito maacutermore ceracircmica esmaltada vidro Assim o coeficiente de absorccedilatildeo de uma edificaccedilatildeo para outra seraacute praticamente o mesmo sofrendo miacutenimas variaccedilotildees permitindo sua natildeo consideraccedilatildeo

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 220 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees em uma quadra permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007

Figura 221 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjugadas em uma quadra pouco permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007

Figura 219 ndash Permeabilidade acuacutestica - percursos da onda sonora gerados em meio urbano Fonte NIEMEYER 2007

Figura 222 ndash Barreira acuacutestica entre a fonte e o receptor FonteANDERSON e KURZE 1992

Assim sendo a permeabilidade acuacutestica refere-se

aos percursos da onda sonora gerados no

meio urbano (Figura 219) (GUEDES 2005

NIEMEYER 2007) A intensidade da

permeabilidade acuacutestica - mais ou menos

permeaacutevel - dependeraacute da capacidade de

certos elementos urbanos de promover ou

conter a propagaccedilatildeo da onda sonora tais

como o traccedilado e perfis das vias a maneira de

implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem

como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade

e forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila

ou ausecircncia de espaccedilos livres (Figuras 220 e

221)

A permeabilidade acuacutestica relaciona-se ainda

com as barreiras acuacutesticas Isoladamente o

conceito de barreiras acuacutesticas refere-se a

qualquer objeto que possa ser considerado um

obstaacuteculo agrave ligaccedilatildeo direta e sem interferecircncias

entre a fonte e o receptor (Figura 222)

(ANDERSON e KURZE 1992 GERGES

2000) Ao bloquear o percurso direto entre a

fonte e o receptor a onda sonora poderaacute ser

absorvida eou refletida pela superfiacutecie da

barreira transmitida atraveacutes da barreira ou

difratada a partir do topo da barreira

(BARRON 2003 SINGAL 2005)

A difraccedilatildeo eacute um fenocircmeno que permite que as

ondas sonoras sejam capazes de contornar

determinados obstaacuteculos gerando uma aacuterea de

sombra acuacutestica que possui limites espaciais

variaacuteveis de acordo com a posiccedilatildeo da fonte

____________________________________________

ANAacuteLISE D

sonora e de sua localizaccedilatilde

receptor que por sua vez

sonora difratada pelas borda

um decaimento maior do qu

campo livre (Figura 223) (N

1968 NIEMEYER 2007 PA

O uso de barreiras acuacutestic

EUA Japatildeo Austraacutelia e

reduccedilatildeo da propagaccedilatildeo do

pelo traacutefego rodoviaacuterio pa

(Figuras 224 a 226) (SIN

Brasil esta praacutetica ainda eacute inc

restringindo-se a poucos exe

caso da barreira acuacutestica no

Linha Amarela na cidade do

na Rodovia Bandeirantes co

de Satildeo Paulo a Campinas

Paulo (Figura 227) (MURGE

2004)

Embora a implantaccedilatildeo de b

esteja vinculada agrave reduccedilatildeo do

rodoviaacuterio outros elemen

meio urbano situados ent

receptor atuam espontan

barreiras agrave propagaccedilatildeo sono

terreno com topografia i

muros edificaccedilotildees entr

edificaccedilotildees conjugadas da R

cidade do Recife ou aind

conjugadas em alguns trec

Atlacircntica no Rio de Janei

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 226 ndash Barreiras instaladasem aacuterea residencial de Toacutequio Jap

Figura 224 ndash Agrave esquerda barreacriacutelico na Suiacuteccedila Agrave direita barreiraPaacutedua e Veneza na Itaacutelia Fonte C

Figura 227 ndash Barreira acuacutestica dade Satildeo Paulo Fonte MURGEL 2

Figura 223 ndash Difraccedilatildeo da ondagerando uma aacuterea de sombra acuacutest

Figura 225 ndash Agrave esquerda baproacuteximo a Zurique Agrave direita barretambeacutem na Suiccedila Fonte CICHIN

accedilatildeo em relaccedilatildeo ao

ez recebe a energia

rdas da barreira com

que se estivesse em

(NEPOMUCENO

PAZ 2004)

ticas eacute comum nos

e na Europa para

do ruiacutedo produzido

para seus arredores

INGAL 2005) No

incipiente

exemplos como eacute o

no eixo rodoviaacuterio

o Rio de Janeiro e

conectando a cidade

s no estado de Satildeo

GEL 2007 SOUSA

e barreiras acuacutesticas

do ruiacutedo de traacutefego

entos inseridos no

entre a fonte e o

taneamente como

nora tais como um

irregular taludes

ntre outros As

a Rua da Aurora na

inda as edificaccedilotildees

trechos da Avenida

neiro por exemplo

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

das ao longo de via expressa elevada Japatildeo Fonte CICHINELLI 2007

rreira acuacutestica curva em concreto e eira acuacutestica metaacutelica na estrada entre CICHINELLI 2007

da Rodovia Bandeirantes no estado 2007

da sonora a partir de uma barreira uacutestica Fonte GERGES 2000

barreira acuacutestica metaacutelica instalada arreira acuacutestica em concreto e acriacutelico INELLI 2007

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 228 ndash Rua da Aurora no Bairro da Boa Vista na cidade do Recife configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fontehttpmaiovinteeseisblogspotcom2007_ 11_01_archivehtml Acesso em 080409

Figura 229 ndash Alguns trechos da Avenida Atlacircntica no Bairro de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro tambeacutem configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fonte httpwwwtravelpodcomtravel-photoorlanworldtrip200711 71589400avenida-atlantica-along-copacabana-beachjpgtpodhtml Acesso em 080409

aleacutem de funcionarem como barreiras acuacutesticas

espontacircneas ou natildeo intencionais tambeacutem

conformam um espaccedilo acuacutestico aberto em

ldquoLrdquo e pouco permeaacutevel ao ruiacutedo (Figura 228 e

229)

A partir da discussatildeo dos espaccedilos acuacutesticos e

da permeabilidade acuacutestica evidencia-se que a

interaccedilatildeo entre os diversos elementos que

compotildeem a forma urbana - o traccedilado e perfis

das vias o modo de implantaccedilatildeo das

edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as

proporccedilotildees densidade e maneira de ocupaccedilatildeo

das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de

espaccedilos livres ndash contribui determinantemente

para a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano

atraveacutes de muacuteltiplas reflexotildees do

espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave

fonte geradora de campos sonoros

reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de

aacutereas de sombra

Isto posto se o ruiacutedo urbano eacute considerado

um sistema composto essencialmente pela fonte

sonora pelo meio de propagaccedilatildeo e pelo receptor (LANG e BERANEK 1992 ANDERSON e

KURZE 1992) a forma urbana considerada a partir dos elementos que a compotildeem enquanto

percurso de transmissatildeo delineia influencia e determina em certa medida a trajetoacuteria de

propagaccedilatildeo da onda sonora19 Ou seja a forma urbana por meio das caracteriacutesticas singulares

apresentadas pelos seus elementos componentes iraacute influenciar o comportamento da propagaccedilatildeo

da onda sonora no meio urbano

19 ldquoEm certa medidardquo pois existem outros fatores que tambeacutem influenciam a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano mas a discussatildeo sobre a consideraccedilatildeo ou natildeo destes outros fatores seraacute melhor construiacuteda no proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito alto por elevada densidade de

ocupaccedilatildeo das quadras e por vias estreitas por exemplo tende em tese a ser menos permeaacutevel ao

ruiacutedo dificultando a propagaccedilatildeo sonora para outras aacutereas Tende ainda a criar espaccedilos

reverberantes ou semi-reverberantes com o niacutevel de pressatildeo sonora elevado em praticamente

todos os pontos de reflexatildeo com perdas miacutenimas ateacute a onda sonora alcanccedilar o topo das

edificaccedilotildees e direcionar-se a campo livre Por conseguinte este comportamento tende a propiciar

dependendo ainda da relaccedilatildeo com a fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano indesejaacutevel e

insalubre aos receptores existentes nas edificaccedilotildees daquela via

Jaacute uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito baixo por baixa densidade de

ocupaccedilatildeo das quadras e por vias largas tende teoricamente a ser mais permeaacutevel ao ruiacutedo

facilitando sua propagaccedilatildeo Por outro lado natildeo gera espaccedilos acuacutesticos propiacutecios a muacuteltiplas

reflexotildees fazendo com que a onda sonora encontre mais rapidamente o campo livre facilitando

sua dissipaccedilatildeo e propiciando dependendo ainda da fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano

desejaacutevel aos seus receptores

Deste modo a existecircncia de diferenccedilas e particularidades dos elementos que compotildeem as

distintas formas urbanas proporciona os mais diversificados comportamentos acuacutesticos de

propagaccedilatildeo sonora nos mais diferentes meios urbanos Ou seja do mesmo modo que cidades

bairros e ruas natildeo satildeo iguais entre si tampouco reproduziacuteveis em sua essecircncia o comportamento

acuacutestico tambeacutem natildeo seraacute ao contraacuterio constituiraacute um atributo exclusivo de cada espaccedilo urbano

Mas se para cada espaccedilo urbano existe um comportamento acuacutestico especiacutefico como deveraacute se

comportar a propagaccedilatildeo sonora de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de

modificaccedilotildees em elementos de sua forma urbana Em outras palavras como se comportaraacute a acuacutestica

urbana de um determinado local a partir do processo cronoloacutegico de modificaccedilotildees em sua forma urbana

Nos capiacutetulo que se segue Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas seratildeo apresentadas os percursos

investigativos que foram postos em praacutetica em busca de responder a este questionamento

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Silecircnciordquo e que dispotildee sobre ruiacutedos urbanos poluiccedilatildeo sonora e proteccedilatildeo do bem-estar e do

sossego puacuteblico e agrave Lei nordm 16243 de 13 de setembro de 1996 ndash Coacutedigo do Meio Ambiente e do

Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife (RECIFE 1996a) que estabelece a poliacutetica do meio ambiente da

cidade do Recife incluindo regulamentaccedilatildeo de emissotildees sonoras entre outras providecircncias

tendo como suporte a Lei 1617696 de 9 de Abril de 1996 ndash Lei de Uso e Ocupaccedilatildeo do Solo da

Cidade do Recife ndash LUOS (RECIFE 1996b)

Apesar da existecircncia desta grande quantidade de leis federais estaduais e municipais apesar da

LUOS legislar sobre a etapa de aprovaccedilatildeo de projetos para a construccedilatildeo de empreendimentos

com usos geradores de incocircmodo agrave vizinhanccedila incluindo usos potencialmente geradores de ruiacutedos

submetendo-os agrave anaacutelise teacutecnica eou agrave anaacutelise especial e apesar do Coacutedigo do Meio Ambiente e

do Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife estabelecer limites maacuteximos permitidos de ruiacutedo na praacutetica a

accedilatildeo contra a poluiccedilatildeo sonora em Recife adquire caraacuteter corretivo pelos oacutergatildeos reguladores agrave

conduta do infrator geralmente a partir de denuacutencias da populaccedilatildeo apoacutes a consolidaccedilatildeo da fonte

geradora de ruiacutedo no meio urbano (JORNAL DO COMEacuteRCIO 2008 JC ONLINE 2005)

Outro exemplo local de desatenccedilatildeo agrave poluiccedilatildeo sonora eacute a inexistecircncia dentre vaacuterios outros tipos

de degradaccedilatildeo ambiental presentes de qualquer referecircncia a respeito da poluiccedilatildeo sonora em

documento produzido pela Prefeitura da Cidade do Recife no ano 2000 o Atlas Ambiental da

Cidade do Recife (RECIFE 2000)

Diante da aplicabilidade ineficaz da legislaccedilatildeo vigente em Novembro de 2009 foi lanccedilado pelo

Ministeacuterio Puacuteblico de Pernambuco a cartilha Poluiccedilatildeo sonora Silento e o barulho13 que versa sobre as

posturas e accedilotildees direitos e deveres dos diversos agentes envolvidos na produccedilatildeo e recepccedilatildeo da

poluiccedilatildeo sonora indicando como devem agir a viacutetima o policial o estado o construtor poluidor

o proprietaacuterio de carro de som poluidor entre outros A cartilha tambeacutem disponibiliza uma seacuterie

de formulaacuterios modelos de acordo com os diferentes tipos de poluiccedilatildeo sonora Estes formulaacuterios satildeo

exemplos para serem utilizados tanto pela viacutetima da poluiccedilatildeo sonora quanto pelo policial civil

militar promotor de justiccedila e ateacute mesmo pelo poluidor - o que poderaacute tornar esta cartilha um

importante instrumento para aplicaccedilatildeo das leis vigentes (CARNEIRO 2009)

Embora negligenciada e em oposiccedilatildeo a diversos outros problemas ambientais mundiais a

poluiccedilatildeo sonora continua a crescer e eacute acompanhada pelo aumento no nuacutemero de reclamaccedilotildees de

13 ldquoSilentordquo eacute um personagem criado para narrar alguns trechos interativos da cartilha

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 214 ndash Relaccedilatildeo entre o desenvolvimento industrial da sociedade que possibilita o aumento e concentraccedilatildeo de fontes sonoras e seus impactos em relaccedilatildeo ao ruiacutedo nas comunidades apontando trecircs previsotildees futuras de acordo com diferentes accedilotildees possiacuteveis de regulamentaccedilatildeo contra do ruiacutedo Fonte elaborado pela autora a partir de BERGLUND et al 1999

pessoas expostas ao ruiacutedo a partir do aumento da consciecircncia de seus direitos legais

(BERGLUND et al1999)

Para World Health Organization (WHO)14 a poluiccedilatildeo sonora jaacute eacute um dos problemas ambientais que

atingem o maior nuacutemero de pessoas no planeta perdendo apenas para a poluiccedilatildeo do ar e da aacutegua

(KIHLMAN 2004 2005) Este crescimento contiacutenuo da poluiccedilatildeo sonora e por conseguinte do

ruiacutedo urbano possui uma estreita relaccedilatildeo com as raacutepidas transformaccedilotildees ocorridas no meio

urbano nas uacuteltimas deacutecadas O desenvolvimento acelerado e a expansatildeo das cidades implicaram

em modificaccedilotildees em elementos da forma urbana em alto iacutendice de crescimento demograacutefico da

populaccedilatildeo urbana e em consequumlente aumento e concentraccedilatildeo de diversos tipos de fontes

geradoras de poluiccedilatildeo sonora (BRASIL 1990a1990b GUEDES 2005 PAZ 2009 ZANNIN et

al 2002) (Figura 214)

Entre estas fontes urbanas geradoras de poluiccedilatildeo sonora uma das que mais contribuem com o

aumento do ruiacutedo urbano aleacutem de ser considerada uma das fontes mais intrusivas e a mais

percebida pela populaccedilatildeo das grandes cidades eacute o traacutefego de veiacuteculos (DINIZ 2003 FRITSCH et al

2007 LACERDA et al 2005 PAZ 2004 ZANNIN et al 2003)

O ruiacutedo do traacutefego de veiacuteculos eacute gerado a

partir do ruiacutedo veicular que proveacutem

essencialmente do sistema de propulsatildeo do

motor do atrito entre o veiacuteculo e o ar (ruiacutedo

aerodinacircmico) e do atrito entre o pneu e o piso

(MURGEL 2007 KINSLER et al 1982) e da

relaccedilatildeo entre o veiacuteculocondutor e as

configuraccedilotildees das vias em que ele estaacute inserido

a aceleraccedilatildeo eou desaceleraccedilatildeo do motor de

acordo com a caracterizaccedilatildeo das vias - a

presenccedila de cruzamentos semaacuteforos faixas de

pedestres etc a intensidade do fluxo de

veiacuteculos e a proporccedilatildeo entre veiacuteculos leves e os

veiacuteculos pesados a frequumlecircncia de

14 Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede ndash OMS

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

acionamentos de buzinas o tipo de acabamento da superfiacutecie das vias (concreto asfalto brita

terra batida) etc (SINGAL 2005)

Tais vias geradoras do ruiacutedo de traacutefego aleacutem de serem interceptadas por outras vias satildeo

comumente ladeadas por configuraccedilotildees bastante variaacuteveis desde edificaccedilotildees com formas

implantaccedilotildees e gabaritos diversificados a lotes ainda natildeo ocupados caracterizando a propagaccedilatildeo

do ruiacutedo de traacutefego urbano por muacuteltiplas reflexotildees responsaacuteveis pelo espalhamento do ruiacutedo

para vias adjacentes pelo surgimento de campos sonoros reverberantes pela difraccedilatildeo do ruiacutedo e

pelo surgimento de aacutereas de sombra (SINGAL 2005 RANDRIANOELINA e SALOMONS

2008) Ou seja a propagaccedilatildeo do ruiacutedo urbano gerado pelo traacutefego de veiacuteculos possui uma

interaccedilatildeo singular com elementos da forma urbana

Assim sendo tanto por sua participaccedilatildeo determinante na constituiccedilatildeo do ruiacutedo urbano quanto

por sua particular relaccedilatildeo com os elementos que compotildeem a forma urbana o ruiacutedo de traacutefego

seraacute a uacutenica fonte sonora considerada na presente pesquisa conforme seraacute melhor elucidado no

proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas

A interaccedilatildeo entre o ruiacutedo urbano e a forma urbana dependeraacute diretamente das configuraccedilotildees de

certos elementos que compotildeem esta forma urbana o traccedilado e perfis das vias a maneira de

implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade e

forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres tais como praccedilas e

largos (GUEDES 2005 SANTOS e MARTINS 2005) Estes elementos podem ser

acusticamente caracterizados a partir do tipo de espaccedilo acuacutestico e da permeabilidade acuacutestica

O espaccedilo acuacutestico tambeacutem nomeado de campo acuacutestico eacute a porccedilatildeo de determinado espaccedilo onde

acontecem as vibraccedilotildees sonoras podendo ser caracterizado no meio urbano como espaccedilo

acuacutestico aberto ou fechado (NIEMEYER 2007)

O espaccedilo acuacutestico aberto aproxima-se da propagaccedilatildeo em campo livre que eacute caracterizado pela ausecircncia

de obstaacuteculos que modifiquem a propagaccedilatildeo sonora entre a fonte e o receptor Assim no meio

urbano o espaccedilo cuja propagaccedilatildeo sonora envolva poucas ou nenhuma reflexatildeo e poucos ou

nenhum obstaacuteculo pode ser considerado um espaccedilo acuacutestico aberto como por exemplo o

espaccedilo acuacutestico com perfil em ldquoLrdquo tais como vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas uma de

suas margens (Figuras 215 e 216) (NIEMEYER 2007) No espaccedilo acuacutestico aberto o niacutevel de

pressatildeo sonora decai 6 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (LANG

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 215 ndash Propagaccedilatildeo sonora em Campo acuacutestico aberto Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001

Figura 216 ndash Campo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo FonteNIEMEYER 2007

Figura 217 ndash Propagaccedilatildeo sonora em campo acuacutestico fechado causando o fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001

e BERANEK 1992) isto eacute o ruiacutedo percebido

pelo receptor diminui em funccedilatildeo da

duplicaccedilatildeo da distacircncia da fonte sonora15

Praccedilas parques e largos com grandes

dimensotildees vias de traacutefego marginais a praias

vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas

uma de suas margens ou espaccedilos livres

urbanos de grandes dimensotildees caracterizam

alguns exemplos de espaccedilos acuacutesticos abertos

No espaccedilo acuacutestico fechado as ondas sonoras

sofrem muacuteltiplas reflexotildees fazendo com que o

seu niacutevel sonoro decaia muito lentamente

sendo praticamente o mesmo em vaacuterias

posiccedilotildees ateacute que esta onda sonora encontre

uma saiacuteda para campo livre caracterizando o

fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana16 17(Figura

217) (GUEDES 2005 NIEMEYER 2007)

Os espaccedilos acuacutesticos fechados podem ser

reverberantes quando a onda sonora tarda a

encontrar o campo livre gerando um grande

nuacutemero de reflexotildees ou semi-reverberantes

quando a onda sonora encontra o campo livre

um pouco mais rapidamente do que no

reverberante gerando um nuacutemero menor mas

ainda grande de reflexotildees

15 Este decaimento eacute para fontes pontuais para fontes lineares o decaimento eacute de 3 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (GERGES 2000) 16 A reverberaccedilatildeo eacute a persistecircncia de um som depois de ter sido extinta a sua emissatildeo por uma fonte e ocorre como resultado de reflexotildees em ambientes total ou parcialmente fechados (GONZALEZ e LOPES 1993) 17 Alguns espaccedilos acuacutesticos fechados tambeacutem podem amplificar o niacutevel de pressatildeo sonora mas este fenocircmeno ocorre em determinados espaccedilos acuacutesticos fechados reverberantes

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 218 ndash Campo acuacutestico fechado em perfl ldquoUrdquo tambeacutem chamado de canyons urbanos Fonte NIEMEYER 2007

No meio urbano o espaccedilo acuacutestico fechado

reverberante possui comumente um perfil em

ldquoUrdquo (Figura 218) tambeacutem chamados de

canyons urbanos que podem amplificar

consideravelmente a propagaccedilatildeo sonora das

vias de traacutefego atraveacutes de reflexotildees muacuteltiplas

geradas pelas fachadas paralelas das

edificaccedilotildees que circundam estas vias

(ANDERSON e KURZE 1992) Assim neste

tipo de espaccedilo acuacutestico a propagaccedilatildeo sonora

natildeo depende exclusivamente da distacircncia entre

a fonte e o receptor como no espaccedilo acuacutestico

aberto depende ainda da configuraccedilatildeo dos

elementos que compotildeem a forma urbana e

dos coeficientes de absorccedilatildeo dos materiais que

revestem as superfiacutecies refletoras18

(NIEMEYER 2007)

Praccedilas parques e largos com pequenas dimensotildees e cercados por edificaccedilotildees conjugadas vias de

traacutefego com edificaccedilotildees (conjugadas ou com pequenos recuos entre elas) em ambos os lados

tuacuteneis passagens subterracircneas e espaccedilos livres abaixo de viadutos caracterizam alguns exemplos

de espaccedilos acuacutesticos fechados

A caracterizaccedilatildeo de um espaccedilo acuacutestico como sendo aberto ou fechado delinearaacute como a onda

sonora iraacute espalhar-se no meio urbano cujas configuraccedilotildees dos elementos que o compotildeem

podem facilitar ou dificultar a trajetoacuteria desta onda sonora para aleacutem do local de sua emissatildeo

tornando o meio urbano mais ou menos permeaacutevel a sua propagaccedilatildeo

18 No meio urbano as superfiacutecies refletoras satildeo predominantemente formadas por fachadas e muros de edificaccedilotildees que possuem certa uniformidade na utilizaccedilatildeo de materiais altamente reflexivos e com baixos coeficientes de absorccedilatildeo tais como granito maacutermore ceracircmica esmaltada vidro Assim o coeficiente de absorccedilatildeo de uma edificaccedilatildeo para outra seraacute praticamente o mesmo sofrendo miacutenimas variaccedilotildees permitindo sua natildeo consideraccedilatildeo

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 220 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees em uma quadra permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007

Figura 221 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjugadas em uma quadra pouco permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007

Figura 219 ndash Permeabilidade acuacutestica - percursos da onda sonora gerados em meio urbano Fonte NIEMEYER 2007

Figura 222 ndash Barreira acuacutestica entre a fonte e o receptor FonteANDERSON e KURZE 1992

Assim sendo a permeabilidade acuacutestica refere-se

aos percursos da onda sonora gerados no

meio urbano (Figura 219) (GUEDES 2005

NIEMEYER 2007) A intensidade da

permeabilidade acuacutestica - mais ou menos

permeaacutevel - dependeraacute da capacidade de

certos elementos urbanos de promover ou

conter a propagaccedilatildeo da onda sonora tais

como o traccedilado e perfis das vias a maneira de

implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem

como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade

e forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila

ou ausecircncia de espaccedilos livres (Figuras 220 e

221)

A permeabilidade acuacutestica relaciona-se ainda

com as barreiras acuacutesticas Isoladamente o

conceito de barreiras acuacutesticas refere-se a

qualquer objeto que possa ser considerado um

obstaacuteculo agrave ligaccedilatildeo direta e sem interferecircncias

entre a fonte e o receptor (Figura 222)

(ANDERSON e KURZE 1992 GERGES

2000) Ao bloquear o percurso direto entre a

fonte e o receptor a onda sonora poderaacute ser

absorvida eou refletida pela superfiacutecie da

barreira transmitida atraveacutes da barreira ou

difratada a partir do topo da barreira

(BARRON 2003 SINGAL 2005)

A difraccedilatildeo eacute um fenocircmeno que permite que as

ondas sonoras sejam capazes de contornar

determinados obstaacuteculos gerando uma aacuterea de

sombra acuacutestica que possui limites espaciais

variaacuteveis de acordo com a posiccedilatildeo da fonte

____________________________________________

ANAacuteLISE D

sonora e de sua localizaccedilatilde

receptor que por sua vez

sonora difratada pelas borda

um decaimento maior do qu

campo livre (Figura 223) (N

1968 NIEMEYER 2007 PA

O uso de barreiras acuacutestic

EUA Japatildeo Austraacutelia e

reduccedilatildeo da propagaccedilatildeo do

pelo traacutefego rodoviaacuterio pa

(Figuras 224 a 226) (SIN

Brasil esta praacutetica ainda eacute inc

restringindo-se a poucos exe

caso da barreira acuacutestica no

Linha Amarela na cidade do

na Rodovia Bandeirantes co

de Satildeo Paulo a Campinas

Paulo (Figura 227) (MURGE

2004)

Embora a implantaccedilatildeo de b

esteja vinculada agrave reduccedilatildeo do

rodoviaacuterio outros elemen

meio urbano situados ent

receptor atuam espontan

barreiras agrave propagaccedilatildeo sono

terreno com topografia i

muros edificaccedilotildees entr

edificaccedilotildees conjugadas da R

cidade do Recife ou aind

conjugadas em alguns trec

Atlacircntica no Rio de Janei

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 226 ndash Barreiras instaladasem aacuterea residencial de Toacutequio Jap

Figura 224 ndash Agrave esquerda barreacriacutelico na Suiacuteccedila Agrave direita barreiraPaacutedua e Veneza na Itaacutelia Fonte C

Figura 227 ndash Barreira acuacutestica dade Satildeo Paulo Fonte MURGEL 2

Figura 223 ndash Difraccedilatildeo da ondagerando uma aacuterea de sombra acuacutest

Figura 225 ndash Agrave esquerda baproacuteximo a Zurique Agrave direita barretambeacutem na Suiccedila Fonte CICHIN

accedilatildeo em relaccedilatildeo ao

ez recebe a energia

rdas da barreira com

que se estivesse em

(NEPOMUCENO

PAZ 2004)

ticas eacute comum nos

e na Europa para

do ruiacutedo produzido

para seus arredores

INGAL 2005) No

incipiente

exemplos como eacute o

no eixo rodoviaacuterio

o Rio de Janeiro e

conectando a cidade

s no estado de Satildeo

GEL 2007 SOUSA

e barreiras acuacutesticas

do ruiacutedo de traacutefego

entos inseridos no

entre a fonte e o

taneamente como

nora tais como um

irregular taludes

ntre outros As

a Rua da Aurora na

inda as edificaccedilotildees

trechos da Avenida

neiro por exemplo

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

das ao longo de via expressa elevada Japatildeo Fonte CICHINELLI 2007

rreira acuacutestica curva em concreto e eira acuacutestica metaacutelica na estrada entre CICHINELLI 2007

da Rodovia Bandeirantes no estado 2007

da sonora a partir de uma barreira uacutestica Fonte GERGES 2000

barreira acuacutestica metaacutelica instalada arreira acuacutestica em concreto e acriacutelico INELLI 2007

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 228 ndash Rua da Aurora no Bairro da Boa Vista na cidade do Recife configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fontehttpmaiovinteeseisblogspotcom2007_ 11_01_archivehtml Acesso em 080409

Figura 229 ndash Alguns trechos da Avenida Atlacircntica no Bairro de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro tambeacutem configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fonte httpwwwtravelpodcomtravel-photoorlanworldtrip200711 71589400avenida-atlantica-along-copacabana-beachjpgtpodhtml Acesso em 080409

aleacutem de funcionarem como barreiras acuacutesticas

espontacircneas ou natildeo intencionais tambeacutem

conformam um espaccedilo acuacutestico aberto em

ldquoLrdquo e pouco permeaacutevel ao ruiacutedo (Figura 228 e

229)

A partir da discussatildeo dos espaccedilos acuacutesticos e

da permeabilidade acuacutestica evidencia-se que a

interaccedilatildeo entre os diversos elementos que

compotildeem a forma urbana - o traccedilado e perfis

das vias o modo de implantaccedilatildeo das

edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as

proporccedilotildees densidade e maneira de ocupaccedilatildeo

das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de

espaccedilos livres ndash contribui determinantemente

para a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano

atraveacutes de muacuteltiplas reflexotildees do

espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave

fonte geradora de campos sonoros

reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de

aacutereas de sombra

Isto posto se o ruiacutedo urbano eacute considerado

um sistema composto essencialmente pela fonte

sonora pelo meio de propagaccedilatildeo e pelo receptor (LANG e BERANEK 1992 ANDERSON e

KURZE 1992) a forma urbana considerada a partir dos elementos que a compotildeem enquanto

percurso de transmissatildeo delineia influencia e determina em certa medida a trajetoacuteria de

propagaccedilatildeo da onda sonora19 Ou seja a forma urbana por meio das caracteriacutesticas singulares

apresentadas pelos seus elementos componentes iraacute influenciar o comportamento da propagaccedilatildeo

da onda sonora no meio urbano

19 ldquoEm certa medidardquo pois existem outros fatores que tambeacutem influenciam a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano mas a discussatildeo sobre a consideraccedilatildeo ou natildeo destes outros fatores seraacute melhor construiacuteda no proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

44

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito alto por elevada densidade de

ocupaccedilatildeo das quadras e por vias estreitas por exemplo tende em tese a ser menos permeaacutevel ao

ruiacutedo dificultando a propagaccedilatildeo sonora para outras aacutereas Tende ainda a criar espaccedilos

reverberantes ou semi-reverberantes com o niacutevel de pressatildeo sonora elevado em praticamente

todos os pontos de reflexatildeo com perdas miacutenimas ateacute a onda sonora alcanccedilar o topo das

edificaccedilotildees e direcionar-se a campo livre Por conseguinte este comportamento tende a propiciar

dependendo ainda da relaccedilatildeo com a fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano indesejaacutevel e

insalubre aos receptores existentes nas edificaccedilotildees daquela via

Jaacute uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito baixo por baixa densidade de

ocupaccedilatildeo das quadras e por vias largas tende teoricamente a ser mais permeaacutevel ao ruiacutedo

facilitando sua propagaccedilatildeo Por outro lado natildeo gera espaccedilos acuacutesticos propiacutecios a muacuteltiplas

reflexotildees fazendo com que a onda sonora encontre mais rapidamente o campo livre facilitando

sua dissipaccedilatildeo e propiciando dependendo ainda da fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano

desejaacutevel aos seus receptores

Deste modo a existecircncia de diferenccedilas e particularidades dos elementos que compotildeem as

distintas formas urbanas proporciona os mais diversificados comportamentos acuacutesticos de

propagaccedilatildeo sonora nos mais diferentes meios urbanos Ou seja do mesmo modo que cidades

bairros e ruas natildeo satildeo iguais entre si tampouco reproduziacuteveis em sua essecircncia o comportamento

acuacutestico tambeacutem natildeo seraacute ao contraacuterio constituiraacute um atributo exclusivo de cada espaccedilo urbano

Mas se para cada espaccedilo urbano existe um comportamento acuacutestico especiacutefico como deveraacute se

comportar a propagaccedilatildeo sonora de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de

modificaccedilotildees em elementos de sua forma urbana Em outras palavras como se comportaraacute a acuacutestica

urbana de um determinado local a partir do processo cronoloacutegico de modificaccedilotildees em sua forma urbana

Nos capiacutetulo que se segue Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas seratildeo apresentadas os percursos

investigativos que foram postos em praacutetica em busca de responder a este questionamento

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

37

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 214 ndash Relaccedilatildeo entre o desenvolvimento industrial da sociedade que possibilita o aumento e concentraccedilatildeo de fontes sonoras e seus impactos em relaccedilatildeo ao ruiacutedo nas comunidades apontando trecircs previsotildees futuras de acordo com diferentes accedilotildees possiacuteveis de regulamentaccedilatildeo contra do ruiacutedo Fonte elaborado pela autora a partir de BERGLUND et al 1999

pessoas expostas ao ruiacutedo a partir do aumento da consciecircncia de seus direitos legais

(BERGLUND et al1999)

Para World Health Organization (WHO)14 a poluiccedilatildeo sonora jaacute eacute um dos problemas ambientais que

atingem o maior nuacutemero de pessoas no planeta perdendo apenas para a poluiccedilatildeo do ar e da aacutegua

(KIHLMAN 2004 2005) Este crescimento contiacutenuo da poluiccedilatildeo sonora e por conseguinte do

ruiacutedo urbano possui uma estreita relaccedilatildeo com as raacutepidas transformaccedilotildees ocorridas no meio

urbano nas uacuteltimas deacutecadas O desenvolvimento acelerado e a expansatildeo das cidades implicaram

em modificaccedilotildees em elementos da forma urbana em alto iacutendice de crescimento demograacutefico da

populaccedilatildeo urbana e em consequumlente aumento e concentraccedilatildeo de diversos tipos de fontes

geradoras de poluiccedilatildeo sonora (BRASIL 1990a1990b GUEDES 2005 PAZ 2009 ZANNIN et

al 2002) (Figura 214)

Entre estas fontes urbanas geradoras de poluiccedilatildeo sonora uma das que mais contribuem com o

aumento do ruiacutedo urbano aleacutem de ser considerada uma das fontes mais intrusivas e a mais

percebida pela populaccedilatildeo das grandes cidades eacute o traacutefego de veiacuteculos (DINIZ 2003 FRITSCH et al

2007 LACERDA et al 2005 PAZ 2004 ZANNIN et al 2003)

O ruiacutedo do traacutefego de veiacuteculos eacute gerado a

partir do ruiacutedo veicular que proveacutem

essencialmente do sistema de propulsatildeo do

motor do atrito entre o veiacuteculo e o ar (ruiacutedo

aerodinacircmico) e do atrito entre o pneu e o piso

(MURGEL 2007 KINSLER et al 1982) e da

relaccedilatildeo entre o veiacuteculocondutor e as

configuraccedilotildees das vias em que ele estaacute inserido

a aceleraccedilatildeo eou desaceleraccedilatildeo do motor de

acordo com a caracterizaccedilatildeo das vias - a

presenccedila de cruzamentos semaacuteforos faixas de

pedestres etc a intensidade do fluxo de

veiacuteculos e a proporccedilatildeo entre veiacuteculos leves e os

veiacuteculos pesados a frequumlecircncia de

14 Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede ndash OMS

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

38

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

acionamentos de buzinas o tipo de acabamento da superfiacutecie das vias (concreto asfalto brita

terra batida) etc (SINGAL 2005)

Tais vias geradoras do ruiacutedo de traacutefego aleacutem de serem interceptadas por outras vias satildeo

comumente ladeadas por configuraccedilotildees bastante variaacuteveis desde edificaccedilotildees com formas

implantaccedilotildees e gabaritos diversificados a lotes ainda natildeo ocupados caracterizando a propagaccedilatildeo

do ruiacutedo de traacutefego urbano por muacuteltiplas reflexotildees responsaacuteveis pelo espalhamento do ruiacutedo

para vias adjacentes pelo surgimento de campos sonoros reverberantes pela difraccedilatildeo do ruiacutedo e

pelo surgimento de aacutereas de sombra (SINGAL 2005 RANDRIANOELINA e SALOMONS

2008) Ou seja a propagaccedilatildeo do ruiacutedo urbano gerado pelo traacutefego de veiacuteculos possui uma

interaccedilatildeo singular com elementos da forma urbana

Assim sendo tanto por sua participaccedilatildeo determinante na constituiccedilatildeo do ruiacutedo urbano quanto

por sua particular relaccedilatildeo com os elementos que compotildeem a forma urbana o ruiacutedo de traacutefego

seraacute a uacutenica fonte sonora considerada na presente pesquisa conforme seraacute melhor elucidado no

proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas

A interaccedilatildeo entre o ruiacutedo urbano e a forma urbana dependeraacute diretamente das configuraccedilotildees de

certos elementos que compotildeem esta forma urbana o traccedilado e perfis das vias a maneira de

implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade e

forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres tais como praccedilas e

largos (GUEDES 2005 SANTOS e MARTINS 2005) Estes elementos podem ser

acusticamente caracterizados a partir do tipo de espaccedilo acuacutestico e da permeabilidade acuacutestica

O espaccedilo acuacutestico tambeacutem nomeado de campo acuacutestico eacute a porccedilatildeo de determinado espaccedilo onde

acontecem as vibraccedilotildees sonoras podendo ser caracterizado no meio urbano como espaccedilo

acuacutestico aberto ou fechado (NIEMEYER 2007)

O espaccedilo acuacutestico aberto aproxima-se da propagaccedilatildeo em campo livre que eacute caracterizado pela ausecircncia

de obstaacuteculos que modifiquem a propagaccedilatildeo sonora entre a fonte e o receptor Assim no meio

urbano o espaccedilo cuja propagaccedilatildeo sonora envolva poucas ou nenhuma reflexatildeo e poucos ou

nenhum obstaacuteculo pode ser considerado um espaccedilo acuacutestico aberto como por exemplo o

espaccedilo acuacutestico com perfil em ldquoLrdquo tais como vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas uma de

suas margens (Figuras 215 e 216) (NIEMEYER 2007) No espaccedilo acuacutestico aberto o niacutevel de

pressatildeo sonora decai 6 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (LANG

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 215 ndash Propagaccedilatildeo sonora em Campo acuacutestico aberto Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001

Figura 216 ndash Campo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo FonteNIEMEYER 2007

Figura 217 ndash Propagaccedilatildeo sonora em campo acuacutestico fechado causando o fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001

e BERANEK 1992) isto eacute o ruiacutedo percebido

pelo receptor diminui em funccedilatildeo da

duplicaccedilatildeo da distacircncia da fonte sonora15

Praccedilas parques e largos com grandes

dimensotildees vias de traacutefego marginais a praias

vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas

uma de suas margens ou espaccedilos livres

urbanos de grandes dimensotildees caracterizam

alguns exemplos de espaccedilos acuacutesticos abertos

No espaccedilo acuacutestico fechado as ondas sonoras

sofrem muacuteltiplas reflexotildees fazendo com que o

seu niacutevel sonoro decaia muito lentamente

sendo praticamente o mesmo em vaacuterias

posiccedilotildees ateacute que esta onda sonora encontre

uma saiacuteda para campo livre caracterizando o

fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana16 17(Figura

217) (GUEDES 2005 NIEMEYER 2007)

Os espaccedilos acuacutesticos fechados podem ser

reverberantes quando a onda sonora tarda a

encontrar o campo livre gerando um grande

nuacutemero de reflexotildees ou semi-reverberantes

quando a onda sonora encontra o campo livre

um pouco mais rapidamente do que no

reverberante gerando um nuacutemero menor mas

ainda grande de reflexotildees

15 Este decaimento eacute para fontes pontuais para fontes lineares o decaimento eacute de 3 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (GERGES 2000) 16 A reverberaccedilatildeo eacute a persistecircncia de um som depois de ter sido extinta a sua emissatildeo por uma fonte e ocorre como resultado de reflexotildees em ambientes total ou parcialmente fechados (GONZALEZ e LOPES 1993) 17 Alguns espaccedilos acuacutesticos fechados tambeacutem podem amplificar o niacutevel de pressatildeo sonora mas este fenocircmeno ocorre em determinados espaccedilos acuacutesticos fechados reverberantes

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 218 ndash Campo acuacutestico fechado em perfl ldquoUrdquo tambeacutem chamado de canyons urbanos Fonte NIEMEYER 2007

No meio urbano o espaccedilo acuacutestico fechado

reverberante possui comumente um perfil em

ldquoUrdquo (Figura 218) tambeacutem chamados de

canyons urbanos que podem amplificar

consideravelmente a propagaccedilatildeo sonora das

vias de traacutefego atraveacutes de reflexotildees muacuteltiplas

geradas pelas fachadas paralelas das

edificaccedilotildees que circundam estas vias

(ANDERSON e KURZE 1992) Assim neste

tipo de espaccedilo acuacutestico a propagaccedilatildeo sonora

natildeo depende exclusivamente da distacircncia entre

a fonte e o receptor como no espaccedilo acuacutestico

aberto depende ainda da configuraccedilatildeo dos

elementos que compotildeem a forma urbana e

dos coeficientes de absorccedilatildeo dos materiais que

revestem as superfiacutecies refletoras18

(NIEMEYER 2007)

Praccedilas parques e largos com pequenas dimensotildees e cercados por edificaccedilotildees conjugadas vias de

traacutefego com edificaccedilotildees (conjugadas ou com pequenos recuos entre elas) em ambos os lados

tuacuteneis passagens subterracircneas e espaccedilos livres abaixo de viadutos caracterizam alguns exemplos

de espaccedilos acuacutesticos fechados

A caracterizaccedilatildeo de um espaccedilo acuacutestico como sendo aberto ou fechado delinearaacute como a onda

sonora iraacute espalhar-se no meio urbano cujas configuraccedilotildees dos elementos que o compotildeem

podem facilitar ou dificultar a trajetoacuteria desta onda sonora para aleacutem do local de sua emissatildeo

tornando o meio urbano mais ou menos permeaacutevel a sua propagaccedilatildeo

18 No meio urbano as superfiacutecies refletoras satildeo predominantemente formadas por fachadas e muros de edificaccedilotildees que possuem certa uniformidade na utilizaccedilatildeo de materiais altamente reflexivos e com baixos coeficientes de absorccedilatildeo tais como granito maacutermore ceracircmica esmaltada vidro Assim o coeficiente de absorccedilatildeo de uma edificaccedilatildeo para outra seraacute praticamente o mesmo sofrendo miacutenimas variaccedilotildees permitindo sua natildeo consideraccedilatildeo

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 220 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees em uma quadra permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007

Figura 221 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjugadas em uma quadra pouco permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007

Figura 219 ndash Permeabilidade acuacutestica - percursos da onda sonora gerados em meio urbano Fonte NIEMEYER 2007

Figura 222 ndash Barreira acuacutestica entre a fonte e o receptor FonteANDERSON e KURZE 1992

Assim sendo a permeabilidade acuacutestica refere-se

aos percursos da onda sonora gerados no

meio urbano (Figura 219) (GUEDES 2005

NIEMEYER 2007) A intensidade da

permeabilidade acuacutestica - mais ou menos

permeaacutevel - dependeraacute da capacidade de

certos elementos urbanos de promover ou

conter a propagaccedilatildeo da onda sonora tais

como o traccedilado e perfis das vias a maneira de

implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem

como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade

e forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila

ou ausecircncia de espaccedilos livres (Figuras 220 e

221)

A permeabilidade acuacutestica relaciona-se ainda

com as barreiras acuacutesticas Isoladamente o

conceito de barreiras acuacutesticas refere-se a

qualquer objeto que possa ser considerado um

obstaacuteculo agrave ligaccedilatildeo direta e sem interferecircncias

entre a fonte e o receptor (Figura 222)

(ANDERSON e KURZE 1992 GERGES

2000) Ao bloquear o percurso direto entre a

fonte e o receptor a onda sonora poderaacute ser

absorvida eou refletida pela superfiacutecie da

barreira transmitida atraveacutes da barreira ou

difratada a partir do topo da barreira

(BARRON 2003 SINGAL 2005)

A difraccedilatildeo eacute um fenocircmeno que permite que as

ondas sonoras sejam capazes de contornar

determinados obstaacuteculos gerando uma aacuterea de

sombra acuacutestica que possui limites espaciais

variaacuteveis de acordo com a posiccedilatildeo da fonte

____________________________________________

ANAacuteLISE D

sonora e de sua localizaccedilatilde

receptor que por sua vez

sonora difratada pelas borda

um decaimento maior do qu

campo livre (Figura 223) (N

1968 NIEMEYER 2007 PA

O uso de barreiras acuacutestic

EUA Japatildeo Austraacutelia e

reduccedilatildeo da propagaccedilatildeo do

pelo traacutefego rodoviaacuterio pa

(Figuras 224 a 226) (SIN

Brasil esta praacutetica ainda eacute inc

restringindo-se a poucos exe

caso da barreira acuacutestica no

Linha Amarela na cidade do

na Rodovia Bandeirantes co

de Satildeo Paulo a Campinas

Paulo (Figura 227) (MURGE

2004)

Embora a implantaccedilatildeo de b

esteja vinculada agrave reduccedilatildeo do

rodoviaacuterio outros elemen

meio urbano situados ent

receptor atuam espontan

barreiras agrave propagaccedilatildeo sono

terreno com topografia i

muros edificaccedilotildees entr

edificaccedilotildees conjugadas da R

cidade do Recife ou aind

conjugadas em alguns trec

Atlacircntica no Rio de Janei

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 226 ndash Barreiras instaladasem aacuterea residencial de Toacutequio Jap

Figura 224 ndash Agrave esquerda barreacriacutelico na Suiacuteccedila Agrave direita barreiraPaacutedua e Veneza na Itaacutelia Fonte C

Figura 227 ndash Barreira acuacutestica dade Satildeo Paulo Fonte MURGEL 2

Figura 223 ndash Difraccedilatildeo da ondagerando uma aacuterea de sombra acuacutest

Figura 225 ndash Agrave esquerda baproacuteximo a Zurique Agrave direita barretambeacutem na Suiccedila Fonte CICHIN

accedilatildeo em relaccedilatildeo ao

ez recebe a energia

rdas da barreira com

que se estivesse em

(NEPOMUCENO

PAZ 2004)

ticas eacute comum nos

e na Europa para

do ruiacutedo produzido

para seus arredores

INGAL 2005) No

incipiente

exemplos como eacute o

no eixo rodoviaacuterio

o Rio de Janeiro e

conectando a cidade

s no estado de Satildeo

GEL 2007 SOUSA

e barreiras acuacutesticas

do ruiacutedo de traacutefego

entos inseridos no

entre a fonte e o

taneamente como

nora tais como um

irregular taludes

ntre outros As

a Rua da Aurora na

inda as edificaccedilotildees

trechos da Avenida

neiro por exemplo

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

42

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

das ao longo de via expressa elevada Japatildeo Fonte CICHINELLI 2007

rreira acuacutestica curva em concreto e eira acuacutestica metaacutelica na estrada entre CICHINELLI 2007

da Rodovia Bandeirantes no estado 2007

da sonora a partir de uma barreira uacutestica Fonte GERGES 2000

barreira acuacutestica metaacutelica instalada arreira acuacutestica em concreto e acriacutelico INELLI 2007

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 228 ndash Rua da Aurora no Bairro da Boa Vista na cidade do Recife configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fontehttpmaiovinteeseisblogspotcom2007_ 11_01_archivehtml Acesso em 080409

Figura 229 ndash Alguns trechos da Avenida Atlacircntica no Bairro de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro tambeacutem configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fonte httpwwwtravelpodcomtravel-photoorlanworldtrip200711 71589400avenida-atlantica-along-copacabana-beachjpgtpodhtml Acesso em 080409

aleacutem de funcionarem como barreiras acuacutesticas

espontacircneas ou natildeo intencionais tambeacutem

conformam um espaccedilo acuacutestico aberto em

ldquoLrdquo e pouco permeaacutevel ao ruiacutedo (Figura 228 e

229)

A partir da discussatildeo dos espaccedilos acuacutesticos e

da permeabilidade acuacutestica evidencia-se que a

interaccedilatildeo entre os diversos elementos que

compotildeem a forma urbana - o traccedilado e perfis

das vias o modo de implantaccedilatildeo das

edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as

proporccedilotildees densidade e maneira de ocupaccedilatildeo

das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de

espaccedilos livres ndash contribui determinantemente

para a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano

atraveacutes de muacuteltiplas reflexotildees do

espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave

fonte geradora de campos sonoros

reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de

aacutereas de sombra

Isto posto se o ruiacutedo urbano eacute considerado

um sistema composto essencialmente pela fonte

sonora pelo meio de propagaccedilatildeo e pelo receptor (LANG e BERANEK 1992 ANDERSON e

KURZE 1992) a forma urbana considerada a partir dos elementos que a compotildeem enquanto

percurso de transmissatildeo delineia influencia e determina em certa medida a trajetoacuteria de

propagaccedilatildeo da onda sonora19 Ou seja a forma urbana por meio das caracteriacutesticas singulares

apresentadas pelos seus elementos componentes iraacute influenciar o comportamento da propagaccedilatildeo

da onda sonora no meio urbano

19 ldquoEm certa medidardquo pois existem outros fatores que tambeacutem influenciam a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano mas a discussatildeo sobre a consideraccedilatildeo ou natildeo destes outros fatores seraacute melhor construiacuteda no proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito alto por elevada densidade de

ocupaccedilatildeo das quadras e por vias estreitas por exemplo tende em tese a ser menos permeaacutevel ao

ruiacutedo dificultando a propagaccedilatildeo sonora para outras aacutereas Tende ainda a criar espaccedilos

reverberantes ou semi-reverberantes com o niacutevel de pressatildeo sonora elevado em praticamente

todos os pontos de reflexatildeo com perdas miacutenimas ateacute a onda sonora alcanccedilar o topo das

edificaccedilotildees e direcionar-se a campo livre Por conseguinte este comportamento tende a propiciar

dependendo ainda da relaccedilatildeo com a fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano indesejaacutevel e

insalubre aos receptores existentes nas edificaccedilotildees daquela via

Jaacute uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito baixo por baixa densidade de

ocupaccedilatildeo das quadras e por vias largas tende teoricamente a ser mais permeaacutevel ao ruiacutedo

facilitando sua propagaccedilatildeo Por outro lado natildeo gera espaccedilos acuacutesticos propiacutecios a muacuteltiplas

reflexotildees fazendo com que a onda sonora encontre mais rapidamente o campo livre facilitando

sua dissipaccedilatildeo e propiciando dependendo ainda da fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano

desejaacutevel aos seus receptores

Deste modo a existecircncia de diferenccedilas e particularidades dos elementos que compotildeem as

distintas formas urbanas proporciona os mais diversificados comportamentos acuacutesticos de

propagaccedilatildeo sonora nos mais diferentes meios urbanos Ou seja do mesmo modo que cidades

bairros e ruas natildeo satildeo iguais entre si tampouco reproduziacuteveis em sua essecircncia o comportamento

acuacutestico tambeacutem natildeo seraacute ao contraacuterio constituiraacute um atributo exclusivo de cada espaccedilo urbano

Mas se para cada espaccedilo urbano existe um comportamento acuacutestico especiacutefico como deveraacute se

comportar a propagaccedilatildeo sonora de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de

modificaccedilotildees em elementos de sua forma urbana Em outras palavras como se comportaraacute a acuacutestica

urbana de um determinado local a partir do processo cronoloacutegico de modificaccedilotildees em sua forma urbana

Nos capiacutetulo que se segue Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas seratildeo apresentadas os percursos

investigativos que foram postos em praacutetica em busca de responder a este questionamento

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

acionamentos de buzinas o tipo de acabamento da superfiacutecie das vias (concreto asfalto brita

terra batida) etc (SINGAL 2005)

Tais vias geradoras do ruiacutedo de traacutefego aleacutem de serem interceptadas por outras vias satildeo

comumente ladeadas por configuraccedilotildees bastante variaacuteveis desde edificaccedilotildees com formas

implantaccedilotildees e gabaritos diversificados a lotes ainda natildeo ocupados caracterizando a propagaccedilatildeo

do ruiacutedo de traacutefego urbano por muacuteltiplas reflexotildees responsaacuteveis pelo espalhamento do ruiacutedo

para vias adjacentes pelo surgimento de campos sonoros reverberantes pela difraccedilatildeo do ruiacutedo e

pelo surgimento de aacutereas de sombra (SINGAL 2005 RANDRIANOELINA e SALOMONS

2008) Ou seja a propagaccedilatildeo do ruiacutedo urbano gerado pelo traacutefego de veiacuteculos possui uma

interaccedilatildeo singular com elementos da forma urbana

Assim sendo tanto por sua participaccedilatildeo determinante na constituiccedilatildeo do ruiacutedo urbano quanto

por sua particular relaccedilatildeo com os elementos que compotildeem a forma urbana o ruiacutedo de traacutefego

seraacute a uacutenica fonte sonora considerada na presente pesquisa conforme seraacute melhor elucidado no

proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas

A interaccedilatildeo entre o ruiacutedo urbano e a forma urbana dependeraacute diretamente das configuraccedilotildees de

certos elementos que compotildeem esta forma urbana o traccedilado e perfis das vias a maneira de

implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade e

forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres tais como praccedilas e

largos (GUEDES 2005 SANTOS e MARTINS 2005) Estes elementos podem ser

acusticamente caracterizados a partir do tipo de espaccedilo acuacutestico e da permeabilidade acuacutestica

O espaccedilo acuacutestico tambeacutem nomeado de campo acuacutestico eacute a porccedilatildeo de determinado espaccedilo onde

acontecem as vibraccedilotildees sonoras podendo ser caracterizado no meio urbano como espaccedilo

acuacutestico aberto ou fechado (NIEMEYER 2007)

O espaccedilo acuacutestico aberto aproxima-se da propagaccedilatildeo em campo livre que eacute caracterizado pela ausecircncia

de obstaacuteculos que modifiquem a propagaccedilatildeo sonora entre a fonte e o receptor Assim no meio

urbano o espaccedilo cuja propagaccedilatildeo sonora envolva poucas ou nenhuma reflexatildeo e poucos ou

nenhum obstaacuteculo pode ser considerado um espaccedilo acuacutestico aberto como por exemplo o

espaccedilo acuacutestico com perfil em ldquoLrdquo tais como vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas uma de

suas margens (Figuras 215 e 216) (NIEMEYER 2007) No espaccedilo acuacutestico aberto o niacutevel de

pressatildeo sonora decai 6 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (LANG

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

39

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 215 ndash Propagaccedilatildeo sonora em Campo acuacutestico aberto Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001

Figura 216 ndash Campo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo FonteNIEMEYER 2007

Figura 217 ndash Propagaccedilatildeo sonora em campo acuacutestico fechado causando o fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001

e BERANEK 1992) isto eacute o ruiacutedo percebido

pelo receptor diminui em funccedilatildeo da

duplicaccedilatildeo da distacircncia da fonte sonora15

Praccedilas parques e largos com grandes

dimensotildees vias de traacutefego marginais a praias

vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas

uma de suas margens ou espaccedilos livres

urbanos de grandes dimensotildees caracterizam

alguns exemplos de espaccedilos acuacutesticos abertos

No espaccedilo acuacutestico fechado as ondas sonoras

sofrem muacuteltiplas reflexotildees fazendo com que o

seu niacutevel sonoro decaia muito lentamente

sendo praticamente o mesmo em vaacuterias

posiccedilotildees ateacute que esta onda sonora encontre

uma saiacuteda para campo livre caracterizando o

fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana16 17(Figura

217) (GUEDES 2005 NIEMEYER 2007)

Os espaccedilos acuacutesticos fechados podem ser

reverberantes quando a onda sonora tarda a

encontrar o campo livre gerando um grande

nuacutemero de reflexotildees ou semi-reverberantes

quando a onda sonora encontra o campo livre

um pouco mais rapidamente do que no

reverberante gerando um nuacutemero menor mas

ainda grande de reflexotildees

15 Este decaimento eacute para fontes pontuais para fontes lineares o decaimento eacute de 3 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (GERGES 2000) 16 A reverberaccedilatildeo eacute a persistecircncia de um som depois de ter sido extinta a sua emissatildeo por uma fonte e ocorre como resultado de reflexotildees em ambientes total ou parcialmente fechados (GONZALEZ e LOPES 1993) 17 Alguns espaccedilos acuacutesticos fechados tambeacutem podem amplificar o niacutevel de pressatildeo sonora mas este fenocircmeno ocorre em determinados espaccedilos acuacutesticos fechados reverberantes

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

40

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 218 ndash Campo acuacutestico fechado em perfl ldquoUrdquo tambeacutem chamado de canyons urbanos Fonte NIEMEYER 2007

No meio urbano o espaccedilo acuacutestico fechado

reverberante possui comumente um perfil em

ldquoUrdquo (Figura 218) tambeacutem chamados de

canyons urbanos que podem amplificar

consideravelmente a propagaccedilatildeo sonora das

vias de traacutefego atraveacutes de reflexotildees muacuteltiplas

geradas pelas fachadas paralelas das

edificaccedilotildees que circundam estas vias

(ANDERSON e KURZE 1992) Assim neste

tipo de espaccedilo acuacutestico a propagaccedilatildeo sonora

natildeo depende exclusivamente da distacircncia entre

a fonte e o receptor como no espaccedilo acuacutestico

aberto depende ainda da configuraccedilatildeo dos

elementos que compotildeem a forma urbana e

dos coeficientes de absorccedilatildeo dos materiais que

revestem as superfiacutecies refletoras18

(NIEMEYER 2007)

Praccedilas parques e largos com pequenas dimensotildees e cercados por edificaccedilotildees conjugadas vias de

traacutefego com edificaccedilotildees (conjugadas ou com pequenos recuos entre elas) em ambos os lados

tuacuteneis passagens subterracircneas e espaccedilos livres abaixo de viadutos caracterizam alguns exemplos

de espaccedilos acuacutesticos fechados

A caracterizaccedilatildeo de um espaccedilo acuacutestico como sendo aberto ou fechado delinearaacute como a onda

sonora iraacute espalhar-se no meio urbano cujas configuraccedilotildees dos elementos que o compotildeem

podem facilitar ou dificultar a trajetoacuteria desta onda sonora para aleacutem do local de sua emissatildeo

tornando o meio urbano mais ou menos permeaacutevel a sua propagaccedilatildeo

18 No meio urbano as superfiacutecies refletoras satildeo predominantemente formadas por fachadas e muros de edificaccedilotildees que possuem certa uniformidade na utilizaccedilatildeo de materiais altamente reflexivos e com baixos coeficientes de absorccedilatildeo tais como granito maacutermore ceracircmica esmaltada vidro Assim o coeficiente de absorccedilatildeo de uma edificaccedilatildeo para outra seraacute praticamente o mesmo sofrendo miacutenimas variaccedilotildees permitindo sua natildeo consideraccedilatildeo

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 220 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees em uma quadra permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007

Figura 221 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjugadas em uma quadra pouco permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007

Figura 219 ndash Permeabilidade acuacutestica - percursos da onda sonora gerados em meio urbano Fonte NIEMEYER 2007

Figura 222 ndash Barreira acuacutestica entre a fonte e o receptor FonteANDERSON e KURZE 1992

Assim sendo a permeabilidade acuacutestica refere-se

aos percursos da onda sonora gerados no

meio urbano (Figura 219) (GUEDES 2005

NIEMEYER 2007) A intensidade da

permeabilidade acuacutestica - mais ou menos

permeaacutevel - dependeraacute da capacidade de

certos elementos urbanos de promover ou

conter a propagaccedilatildeo da onda sonora tais

como o traccedilado e perfis das vias a maneira de

implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem

como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade

e forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila

ou ausecircncia de espaccedilos livres (Figuras 220 e

221)

A permeabilidade acuacutestica relaciona-se ainda

com as barreiras acuacutesticas Isoladamente o

conceito de barreiras acuacutesticas refere-se a

qualquer objeto que possa ser considerado um

obstaacuteculo agrave ligaccedilatildeo direta e sem interferecircncias

entre a fonte e o receptor (Figura 222)

(ANDERSON e KURZE 1992 GERGES

2000) Ao bloquear o percurso direto entre a

fonte e o receptor a onda sonora poderaacute ser

absorvida eou refletida pela superfiacutecie da

barreira transmitida atraveacutes da barreira ou

difratada a partir do topo da barreira

(BARRON 2003 SINGAL 2005)

A difraccedilatildeo eacute um fenocircmeno que permite que as

ondas sonoras sejam capazes de contornar

determinados obstaacuteculos gerando uma aacuterea de

sombra acuacutestica que possui limites espaciais

variaacuteveis de acordo com a posiccedilatildeo da fonte

____________________________________________

ANAacuteLISE D

sonora e de sua localizaccedilatilde

receptor que por sua vez

sonora difratada pelas borda

um decaimento maior do qu

campo livre (Figura 223) (N

1968 NIEMEYER 2007 PA

O uso de barreiras acuacutestic

EUA Japatildeo Austraacutelia e

reduccedilatildeo da propagaccedilatildeo do

pelo traacutefego rodoviaacuterio pa

(Figuras 224 a 226) (SIN

Brasil esta praacutetica ainda eacute inc

restringindo-se a poucos exe

caso da barreira acuacutestica no

Linha Amarela na cidade do

na Rodovia Bandeirantes co

de Satildeo Paulo a Campinas

Paulo (Figura 227) (MURGE

2004)

Embora a implantaccedilatildeo de b

esteja vinculada agrave reduccedilatildeo do

rodoviaacuterio outros elemen

meio urbano situados ent

receptor atuam espontan

barreiras agrave propagaccedilatildeo sono

terreno com topografia i

muros edificaccedilotildees entr

edificaccedilotildees conjugadas da R

cidade do Recife ou aind

conjugadas em alguns trec

Atlacircntica no Rio de Janei

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 226 ndash Barreiras instaladasem aacuterea residencial de Toacutequio Jap

Figura 224 ndash Agrave esquerda barreacriacutelico na Suiacuteccedila Agrave direita barreiraPaacutedua e Veneza na Itaacutelia Fonte C

Figura 227 ndash Barreira acuacutestica dade Satildeo Paulo Fonte MURGEL 2

Figura 223 ndash Difraccedilatildeo da ondagerando uma aacuterea de sombra acuacutest

Figura 225 ndash Agrave esquerda baproacuteximo a Zurique Agrave direita barretambeacutem na Suiccedila Fonte CICHIN

accedilatildeo em relaccedilatildeo ao

ez recebe a energia

rdas da barreira com

que se estivesse em

(NEPOMUCENO

PAZ 2004)

ticas eacute comum nos

e na Europa para

do ruiacutedo produzido

para seus arredores

INGAL 2005) No

incipiente

exemplos como eacute o

no eixo rodoviaacuterio

o Rio de Janeiro e

conectando a cidade

s no estado de Satildeo

GEL 2007 SOUSA

e barreiras acuacutesticas

do ruiacutedo de traacutefego

entos inseridos no

entre a fonte e o

taneamente como

nora tais como um

irregular taludes

ntre outros As

a Rua da Aurora na

inda as edificaccedilotildees

trechos da Avenida

neiro por exemplo

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

das ao longo de via expressa elevada Japatildeo Fonte CICHINELLI 2007

rreira acuacutestica curva em concreto e eira acuacutestica metaacutelica na estrada entre CICHINELLI 2007

da Rodovia Bandeirantes no estado 2007

da sonora a partir de uma barreira uacutestica Fonte GERGES 2000

barreira acuacutestica metaacutelica instalada arreira acuacutestica em concreto e acriacutelico INELLI 2007

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 228 ndash Rua da Aurora no Bairro da Boa Vista na cidade do Recife configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fontehttpmaiovinteeseisblogspotcom2007_ 11_01_archivehtml Acesso em 080409

Figura 229 ndash Alguns trechos da Avenida Atlacircntica no Bairro de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro tambeacutem configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fonte httpwwwtravelpodcomtravel-photoorlanworldtrip200711 71589400avenida-atlantica-along-copacabana-beachjpgtpodhtml Acesso em 080409

aleacutem de funcionarem como barreiras acuacutesticas

espontacircneas ou natildeo intencionais tambeacutem

conformam um espaccedilo acuacutestico aberto em

ldquoLrdquo e pouco permeaacutevel ao ruiacutedo (Figura 228 e

229)

A partir da discussatildeo dos espaccedilos acuacutesticos e

da permeabilidade acuacutestica evidencia-se que a

interaccedilatildeo entre os diversos elementos que

compotildeem a forma urbana - o traccedilado e perfis

das vias o modo de implantaccedilatildeo das

edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as

proporccedilotildees densidade e maneira de ocupaccedilatildeo

das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de

espaccedilos livres ndash contribui determinantemente

para a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano

atraveacutes de muacuteltiplas reflexotildees do

espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave

fonte geradora de campos sonoros

reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de

aacutereas de sombra

Isto posto se o ruiacutedo urbano eacute considerado

um sistema composto essencialmente pela fonte

sonora pelo meio de propagaccedilatildeo e pelo receptor (LANG e BERANEK 1992 ANDERSON e

KURZE 1992) a forma urbana considerada a partir dos elementos que a compotildeem enquanto

percurso de transmissatildeo delineia influencia e determina em certa medida a trajetoacuteria de

propagaccedilatildeo da onda sonora19 Ou seja a forma urbana por meio das caracteriacutesticas singulares

apresentadas pelos seus elementos componentes iraacute influenciar o comportamento da propagaccedilatildeo

da onda sonora no meio urbano

19 ldquoEm certa medidardquo pois existem outros fatores que tambeacutem influenciam a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano mas a discussatildeo sobre a consideraccedilatildeo ou natildeo destes outros fatores seraacute melhor construiacuteda no proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito alto por elevada densidade de

ocupaccedilatildeo das quadras e por vias estreitas por exemplo tende em tese a ser menos permeaacutevel ao

ruiacutedo dificultando a propagaccedilatildeo sonora para outras aacutereas Tende ainda a criar espaccedilos

reverberantes ou semi-reverberantes com o niacutevel de pressatildeo sonora elevado em praticamente

todos os pontos de reflexatildeo com perdas miacutenimas ateacute a onda sonora alcanccedilar o topo das

edificaccedilotildees e direcionar-se a campo livre Por conseguinte este comportamento tende a propiciar

dependendo ainda da relaccedilatildeo com a fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano indesejaacutevel e

insalubre aos receptores existentes nas edificaccedilotildees daquela via

Jaacute uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito baixo por baixa densidade de

ocupaccedilatildeo das quadras e por vias largas tende teoricamente a ser mais permeaacutevel ao ruiacutedo

facilitando sua propagaccedilatildeo Por outro lado natildeo gera espaccedilos acuacutesticos propiacutecios a muacuteltiplas

reflexotildees fazendo com que a onda sonora encontre mais rapidamente o campo livre facilitando

sua dissipaccedilatildeo e propiciando dependendo ainda da fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano

desejaacutevel aos seus receptores

Deste modo a existecircncia de diferenccedilas e particularidades dos elementos que compotildeem as

distintas formas urbanas proporciona os mais diversificados comportamentos acuacutesticos de

propagaccedilatildeo sonora nos mais diferentes meios urbanos Ou seja do mesmo modo que cidades

bairros e ruas natildeo satildeo iguais entre si tampouco reproduziacuteveis em sua essecircncia o comportamento

acuacutestico tambeacutem natildeo seraacute ao contraacuterio constituiraacute um atributo exclusivo de cada espaccedilo urbano

Mas se para cada espaccedilo urbano existe um comportamento acuacutestico especiacutefico como deveraacute se

comportar a propagaccedilatildeo sonora de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de

modificaccedilotildees em elementos de sua forma urbana Em outras palavras como se comportaraacute a acuacutestica

urbana de um determinado local a partir do processo cronoloacutegico de modificaccedilotildees em sua forma urbana

Nos capiacutetulo que se segue Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas seratildeo apresentadas os percursos

investigativos que foram postos em praacutetica em busca de responder a este questionamento

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 215 ndash Propagaccedilatildeo sonora em Campo acuacutestico aberto Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001

Figura 216 ndash Campo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo FonteNIEMEYER 2007

Figura 217 ndash Propagaccedilatildeo sonora em campo acuacutestico fechado causando o fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001

e BERANEK 1992) isto eacute o ruiacutedo percebido

pelo receptor diminui em funccedilatildeo da

duplicaccedilatildeo da distacircncia da fonte sonora15

Praccedilas parques e largos com grandes

dimensotildees vias de traacutefego marginais a praias

vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas

uma de suas margens ou espaccedilos livres

urbanos de grandes dimensotildees caracterizam

alguns exemplos de espaccedilos acuacutesticos abertos

No espaccedilo acuacutestico fechado as ondas sonoras

sofrem muacuteltiplas reflexotildees fazendo com que o

seu niacutevel sonoro decaia muito lentamente

sendo praticamente o mesmo em vaacuterias

posiccedilotildees ateacute que esta onda sonora encontre

uma saiacuteda para campo livre caracterizando o

fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana16 17(Figura

217) (GUEDES 2005 NIEMEYER 2007)

Os espaccedilos acuacutesticos fechados podem ser

reverberantes quando a onda sonora tarda a

encontrar o campo livre gerando um grande

nuacutemero de reflexotildees ou semi-reverberantes

quando a onda sonora encontra o campo livre

um pouco mais rapidamente do que no

reverberante gerando um nuacutemero menor mas

ainda grande de reflexotildees

15 Este decaimento eacute para fontes pontuais para fontes lineares o decaimento eacute de 3 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (GERGES 2000) 16 A reverberaccedilatildeo eacute a persistecircncia de um som depois de ter sido extinta a sua emissatildeo por uma fonte e ocorre como resultado de reflexotildees em ambientes total ou parcialmente fechados (GONZALEZ e LOPES 1993) 17 Alguns espaccedilos acuacutesticos fechados tambeacutem podem amplificar o niacutevel de pressatildeo sonora mas este fenocircmeno ocorre em determinados espaccedilos acuacutesticos fechados reverberantes

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 218 ndash Campo acuacutestico fechado em perfl ldquoUrdquo tambeacutem chamado de canyons urbanos Fonte NIEMEYER 2007

No meio urbano o espaccedilo acuacutestico fechado

reverberante possui comumente um perfil em

ldquoUrdquo (Figura 218) tambeacutem chamados de

canyons urbanos que podem amplificar

consideravelmente a propagaccedilatildeo sonora das

vias de traacutefego atraveacutes de reflexotildees muacuteltiplas

geradas pelas fachadas paralelas das

edificaccedilotildees que circundam estas vias

(ANDERSON e KURZE 1992) Assim neste

tipo de espaccedilo acuacutestico a propagaccedilatildeo sonora

natildeo depende exclusivamente da distacircncia entre

a fonte e o receptor como no espaccedilo acuacutestico

aberto depende ainda da configuraccedilatildeo dos

elementos que compotildeem a forma urbana e

dos coeficientes de absorccedilatildeo dos materiais que

revestem as superfiacutecies refletoras18

(NIEMEYER 2007)

Praccedilas parques e largos com pequenas dimensotildees e cercados por edificaccedilotildees conjugadas vias de

traacutefego com edificaccedilotildees (conjugadas ou com pequenos recuos entre elas) em ambos os lados

tuacuteneis passagens subterracircneas e espaccedilos livres abaixo de viadutos caracterizam alguns exemplos

de espaccedilos acuacutesticos fechados

A caracterizaccedilatildeo de um espaccedilo acuacutestico como sendo aberto ou fechado delinearaacute como a onda

sonora iraacute espalhar-se no meio urbano cujas configuraccedilotildees dos elementos que o compotildeem

podem facilitar ou dificultar a trajetoacuteria desta onda sonora para aleacutem do local de sua emissatildeo

tornando o meio urbano mais ou menos permeaacutevel a sua propagaccedilatildeo

18 No meio urbano as superfiacutecies refletoras satildeo predominantemente formadas por fachadas e muros de edificaccedilotildees que possuem certa uniformidade na utilizaccedilatildeo de materiais altamente reflexivos e com baixos coeficientes de absorccedilatildeo tais como granito maacutermore ceracircmica esmaltada vidro Assim o coeficiente de absorccedilatildeo de uma edificaccedilatildeo para outra seraacute praticamente o mesmo sofrendo miacutenimas variaccedilotildees permitindo sua natildeo consideraccedilatildeo

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 220 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees em uma quadra permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007

Figura 221 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjugadas em uma quadra pouco permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007

Figura 219 ndash Permeabilidade acuacutestica - percursos da onda sonora gerados em meio urbano Fonte NIEMEYER 2007

Figura 222 ndash Barreira acuacutestica entre a fonte e o receptor FonteANDERSON e KURZE 1992

Assim sendo a permeabilidade acuacutestica refere-se

aos percursos da onda sonora gerados no

meio urbano (Figura 219) (GUEDES 2005

NIEMEYER 2007) A intensidade da

permeabilidade acuacutestica - mais ou menos

permeaacutevel - dependeraacute da capacidade de

certos elementos urbanos de promover ou

conter a propagaccedilatildeo da onda sonora tais

como o traccedilado e perfis das vias a maneira de

implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem

como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade

e forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila

ou ausecircncia de espaccedilos livres (Figuras 220 e

221)

A permeabilidade acuacutestica relaciona-se ainda

com as barreiras acuacutesticas Isoladamente o

conceito de barreiras acuacutesticas refere-se a

qualquer objeto que possa ser considerado um

obstaacuteculo agrave ligaccedilatildeo direta e sem interferecircncias

entre a fonte e o receptor (Figura 222)

(ANDERSON e KURZE 1992 GERGES

2000) Ao bloquear o percurso direto entre a

fonte e o receptor a onda sonora poderaacute ser

absorvida eou refletida pela superfiacutecie da

barreira transmitida atraveacutes da barreira ou

difratada a partir do topo da barreira

(BARRON 2003 SINGAL 2005)

A difraccedilatildeo eacute um fenocircmeno que permite que as

ondas sonoras sejam capazes de contornar

determinados obstaacuteculos gerando uma aacuterea de

sombra acuacutestica que possui limites espaciais

variaacuteveis de acordo com a posiccedilatildeo da fonte

____________________________________________

ANAacuteLISE D

sonora e de sua localizaccedilatilde

receptor que por sua vez

sonora difratada pelas borda

um decaimento maior do qu

campo livre (Figura 223) (N

1968 NIEMEYER 2007 PA

O uso de barreiras acuacutestic

EUA Japatildeo Austraacutelia e

reduccedilatildeo da propagaccedilatildeo do

pelo traacutefego rodoviaacuterio pa

(Figuras 224 a 226) (SIN

Brasil esta praacutetica ainda eacute inc

restringindo-se a poucos exe

caso da barreira acuacutestica no

Linha Amarela na cidade do

na Rodovia Bandeirantes co

de Satildeo Paulo a Campinas

Paulo (Figura 227) (MURGE

2004)

Embora a implantaccedilatildeo de b

esteja vinculada agrave reduccedilatildeo do

rodoviaacuterio outros elemen

meio urbano situados ent

receptor atuam espontan

barreiras agrave propagaccedilatildeo sono

terreno com topografia i

muros edificaccedilotildees entr

edificaccedilotildees conjugadas da R

cidade do Recife ou aind

conjugadas em alguns trec

Atlacircntica no Rio de Janei

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 226 ndash Barreiras instaladasem aacuterea residencial de Toacutequio Jap

Figura 224 ndash Agrave esquerda barreacriacutelico na Suiacuteccedila Agrave direita barreiraPaacutedua e Veneza na Itaacutelia Fonte C

Figura 227 ndash Barreira acuacutestica dade Satildeo Paulo Fonte MURGEL 2

Figura 223 ndash Difraccedilatildeo da ondagerando uma aacuterea de sombra acuacutest

Figura 225 ndash Agrave esquerda baproacuteximo a Zurique Agrave direita barretambeacutem na Suiccedila Fonte CICHIN

accedilatildeo em relaccedilatildeo ao

ez recebe a energia

rdas da barreira com

que se estivesse em

(NEPOMUCENO

PAZ 2004)

ticas eacute comum nos

e na Europa para

do ruiacutedo produzido

para seus arredores

INGAL 2005) No

incipiente

exemplos como eacute o

no eixo rodoviaacuterio

o Rio de Janeiro e

conectando a cidade

s no estado de Satildeo

GEL 2007 SOUSA

e barreiras acuacutesticas

do ruiacutedo de traacutefego

entos inseridos no

entre a fonte e o

taneamente como

nora tais como um

irregular taludes

ntre outros As

a Rua da Aurora na

inda as edificaccedilotildees

trechos da Avenida

neiro por exemplo

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

das ao longo de via expressa elevada Japatildeo Fonte CICHINELLI 2007

rreira acuacutestica curva em concreto e eira acuacutestica metaacutelica na estrada entre CICHINELLI 2007

da Rodovia Bandeirantes no estado 2007

da sonora a partir de uma barreira uacutestica Fonte GERGES 2000

barreira acuacutestica metaacutelica instalada arreira acuacutestica em concreto e acriacutelico INELLI 2007

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 228 ndash Rua da Aurora no Bairro da Boa Vista na cidade do Recife configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fontehttpmaiovinteeseisblogspotcom2007_ 11_01_archivehtml Acesso em 080409

Figura 229 ndash Alguns trechos da Avenida Atlacircntica no Bairro de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro tambeacutem configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fonte httpwwwtravelpodcomtravel-photoorlanworldtrip200711 71589400avenida-atlantica-along-copacabana-beachjpgtpodhtml Acesso em 080409

aleacutem de funcionarem como barreiras acuacutesticas

espontacircneas ou natildeo intencionais tambeacutem

conformam um espaccedilo acuacutestico aberto em

ldquoLrdquo e pouco permeaacutevel ao ruiacutedo (Figura 228 e

229)

A partir da discussatildeo dos espaccedilos acuacutesticos e

da permeabilidade acuacutestica evidencia-se que a

interaccedilatildeo entre os diversos elementos que

compotildeem a forma urbana - o traccedilado e perfis

das vias o modo de implantaccedilatildeo das

edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as

proporccedilotildees densidade e maneira de ocupaccedilatildeo

das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de

espaccedilos livres ndash contribui determinantemente

para a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano

atraveacutes de muacuteltiplas reflexotildees do

espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave

fonte geradora de campos sonoros

reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de

aacutereas de sombra

Isto posto se o ruiacutedo urbano eacute considerado

um sistema composto essencialmente pela fonte

sonora pelo meio de propagaccedilatildeo e pelo receptor (LANG e BERANEK 1992 ANDERSON e

KURZE 1992) a forma urbana considerada a partir dos elementos que a compotildeem enquanto

percurso de transmissatildeo delineia influencia e determina em certa medida a trajetoacuteria de

propagaccedilatildeo da onda sonora19 Ou seja a forma urbana por meio das caracteriacutesticas singulares

apresentadas pelos seus elementos componentes iraacute influenciar o comportamento da propagaccedilatildeo

da onda sonora no meio urbano

19 ldquoEm certa medidardquo pois existem outros fatores que tambeacutem influenciam a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano mas a discussatildeo sobre a consideraccedilatildeo ou natildeo destes outros fatores seraacute melhor construiacuteda no proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito alto por elevada densidade de

ocupaccedilatildeo das quadras e por vias estreitas por exemplo tende em tese a ser menos permeaacutevel ao

ruiacutedo dificultando a propagaccedilatildeo sonora para outras aacutereas Tende ainda a criar espaccedilos

reverberantes ou semi-reverberantes com o niacutevel de pressatildeo sonora elevado em praticamente

todos os pontos de reflexatildeo com perdas miacutenimas ateacute a onda sonora alcanccedilar o topo das

edificaccedilotildees e direcionar-se a campo livre Por conseguinte este comportamento tende a propiciar

dependendo ainda da relaccedilatildeo com a fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano indesejaacutevel e

insalubre aos receptores existentes nas edificaccedilotildees daquela via

Jaacute uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito baixo por baixa densidade de

ocupaccedilatildeo das quadras e por vias largas tende teoricamente a ser mais permeaacutevel ao ruiacutedo

facilitando sua propagaccedilatildeo Por outro lado natildeo gera espaccedilos acuacutesticos propiacutecios a muacuteltiplas

reflexotildees fazendo com que a onda sonora encontre mais rapidamente o campo livre facilitando

sua dissipaccedilatildeo e propiciando dependendo ainda da fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano

desejaacutevel aos seus receptores

Deste modo a existecircncia de diferenccedilas e particularidades dos elementos que compotildeem as

distintas formas urbanas proporciona os mais diversificados comportamentos acuacutesticos de

propagaccedilatildeo sonora nos mais diferentes meios urbanos Ou seja do mesmo modo que cidades

bairros e ruas natildeo satildeo iguais entre si tampouco reproduziacuteveis em sua essecircncia o comportamento

acuacutestico tambeacutem natildeo seraacute ao contraacuterio constituiraacute um atributo exclusivo de cada espaccedilo urbano

Mas se para cada espaccedilo urbano existe um comportamento acuacutestico especiacutefico como deveraacute se

comportar a propagaccedilatildeo sonora de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de

modificaccedilotildees em elementos de sua forma urbana Em outras palavras como se comportaraacute a acuacutestica

urbana de um determinado local a partir do processo cronoloacutegico de modificaccedilotildees em sua forma urbana

Nos capiacutetulo que se segue Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas seratildeo apresentadas os percursos

investigativos que foram postos em praacutetica em busca de responder a este questionamento

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 218 ndash Campo acuacutestico fechado em perfl ldquoUrdquo tambeacutem chamado de canyons urbanos Fonte NIEMEYER 2007

No meio urbano o espaccedilo acuacutestico fechado

reverberante possui comumente um perfil em

ldquoUrdquo (Figura 218) tambeacutem chamados de

canyons urbanos que podem amplificar

consideravelmente a propagaccedilatildeo sonora das

vias de traacutefego atraveacutes de reflexotildees muacuteltiplas

geradas pelas fachadas paralelas das

edificaccedilotildees que circundam estas vias

(ANDERSON e KURZE 1992) Assim neste

tipo de espaccedilo acuacutestico a propagaccedilatildeo sonora

natildeo depende exclusivamente da distacircncia entre

a fonte e o receptor como no espaccedilo acuacutestico

aberto depende ainda da configuraccedilatildeo dos

elementos que compotildeem a forma urbana e

dos coeficientes de absorccedilatildeo dos materiais que

revestem as superfiacutecies refletoras18

(NIEMEYER 2007)

Praccedilas parques e largos com pequenas dimensotildees e cercados por edificaccedilotildees conjugadas vias de

traacutefego com edificaccedilotildees (conjugadas ou com pequenos recuos entre elas) em ambos os lados

tuacuteneis passagens subterracircneas e espaccedilos livres abaixo de viadutos caracterizam alguns exemplos

de espaccedilos acuacutesticos fechados

A caracterizaccedilatildeo de um espaccedilo acuacutestico como sendo aberto ou fechado delinearaacute como a onda

sonora iraacute espalhar-se no meio urbano cujas configuraccedilotildees dos elementos que o compotildeem

podem facilitar ou dificultar a trajetoacuteria desta onda sonora para aleacutem do local de sua emissatildeo

tornando o meio urbano mais ou menos permeaacutevel a sua propagaccedilatildeo

18 No meio urbano as superfiacutecies refletoras satildeo predominantemente formadas por fachadas e muros de edificaccedilotildees que possuem certa uniformidade na utilizaccedilatildeo de materiais altamente reflexivos e com baixos coeficientes de absorccedilatildeo tais como granito maacutermore ceracircmica esmaltada vidro Assim o coeficiente de absorccedilatildeo de uma edificaccedilatildeo para outra seraacute praticamente o mesmo sofrendo miacutenimas variaccedilotildees permitindo sua natildeo consideraccedilatildeo

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 220 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees em uma quadra permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007

Figura 221 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjugadas em uma quadra pouco permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007

Figura 219 ndash Permeabilidade acuacutestica - percursos da onda sonora gerados em meio urbano Fonte NIEMEYER 2007

Figura 222 ndash Barreira acuacutestica entre a fonte e o receptor FonteANDERSON e KURZE 1992

Assim sendo a permeabilidade acuacutestica refere-se

aos percursos da onda sonora gerados no

meio urbano (Figura 219) (GUEDES 2005

NIEMEYER 2007) A intensidade da

permeabilidade acuacutestica - mais ou menos

permeaacutevel - dependeraacute da capacidade de

certos elementos urbanos de promover ou

conter a propagaccedilatildeo da onda sonora tais

como o traccedilado e perfis das vias a maneira de

implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem

como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade

e forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila

ou ausecircncia de espaccedilos livres (Figuras 220 e

221)

A permeabilidade acuacutestica relaciona-se ainda

com as barreiras acuacutesticas Isoladamente o

conceito de barreiras acuacutesticas refere-se a

qualquer objeto que possa ser considerado um

obstaacuteculo agrave ligaccedilatildeo direta e sem interferecircncias

entre a fonte e o receptor (Figura 222)

(ANDERSON e KURZE 1992 GERGES

2000) Ao bloquear o percurso direto entre a

fonte e o receptor a onda sonora poderaacute ser

absorvida eou refletida pela superfiacutecie da

barreira transmitida atraveacutes da barreira ou

difratada a partir do topo da barreira

(BARRON 2003 SINGAL 2005)

A difraccedilatildeo eacute um fenocircmeno que permite que as

ondas sonoras sejam capazes de contornar

determinados obstaacuteculos gerando uma aacuterea de

sombra acuacutestica que possui limites espaciais

variaacuteveis de acordo com a posiccedilatildeo da fonte

____________________________________________

ANAacuteLISE D

sonora e de sua localizaccedilatilde

receptor que por sua vez

sonora difratada pelas borda

um decaimento maior do qu

campo livre (Figura 223) (N

1968 NIEMEYER 2007 PA

O uso de barreiras acuacutestic

EUA Japatildeo Austraacutelia e

reduccedilatildeo da propagaccedilatildeo do

pelo traacutefego rodoviaacuterio pa

(Figuras 224 a 226) (SIN

Brasil esta praacutetica ainda eacute inc

restringindo-se a poucos exe

caso da barreira acuacutestica no

Linha Amarela na cidade do

na Rodovia Bandeirantes co

de Satildeo Paulo a Campinas

Paulo (Figura 227) (MURGE

2004)

Embora a implantaccedilatildeo de b

esteja vinculada agrave reduccedilatildeo do

rodoviaacuterio outros elemen

meio urbano situados ent

receptor atuam espontan

barreiras agrave propagaccedilatildeo sono

terreno com topografia i

muros edificaccedilotildees entr

edificaccedilotildees conjugadas da R

cidade do Recife ou aind

conjugadas em alguns trec

Atlacircntica no Rio de Janei

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 226 ndash Barreiras instaladasem aacuterea residencial de Toacutequio Jap

Figura 224 ndash Agrave esquerda barreacriacutelico na Suiacuteccedila Agrave direita barreiraPaacutedua e Veneza na Itaacutelia Fonte C

Figura 227 ndash Barreira acuacutestica dade Satildeo Paulo Fonte MURGEL 2

Figura 223 ndash Difraccedilatildeo da ondagerando uma aacuterea de sombra acuacutest

Figura 225 ndash Agrave esquerda baproacuteximo a Zurique Agrave direita barretambeacutem na Suiccedila Fonte CICHIN

accedilatildeo em relaccedilatildeo ao

ez recebe a energia

rdas da barreira com

que se estivesse em

(NEPOMUCENO

PAZ 2004)

ticas eacute comum nos

e na Europa para

do ruiacutedo produzido

para seus arredores

INGAL 2005) No

incipiente

exemplos como eacute o

no eixo rodoviaacuterio

o Rio de Janeiro e

conectando a cidade

s no estado de Satildeo

GEL 2007 SOUSA

e barreiras acuacutesticas

do ruiacutedo de traacutefego

entos inseridos no

entre a fonte e o

taneamente como

nora tais como um

irregular taludes

ntre outros As

a Rua da Aurora na

inda as edificaccedilotildees

trechos da Avenida

neiro por exemplo

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

das ao longo de via expressa elevada Japatildeo Fonte CICHINELLI 2007

rreira acuacutestica curva em concreto e eira acuacutestica metaacutelica na estrada entre CICHINELLI 2007

da Rodovia Bandeirantes no estado 2007

da sonora a partir de uma barreira uacutestica Fonte GERGES 2000

barreira acuacutestica metaacutelica instalada arreira acuacutestica em concreto e acriacutelico INELLI 2007

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 228 ndash Rua da Aurora no Bairro da Boa Vista na cidade do Recife configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fontehttpmaiovinteeseisblogspotcom2007_ 11_01_archivehtml Acesso em 080409

Figura 229 ndash Alguns trechos da Avenida Atlacircntica no Bairro de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro tambeacutem configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fonte httpwwwtravelpodcomtravel-photoorlanworldtrip200711 71589400avenida-atlantica-along-copacabana-beachjpgtpodhtml Acesso em 080409

aleacutem de funcionarem como barreiras acuacutesticas

espontacircneas ou natildeo intencionais tambeacutem

conformam um espaccedilo acuacutestico aberto em

ldquoLrdquo e pouco permeaacutevel ao ruiacutedo (Figura 228 e

229)

A partir da discussatildeo dos espaccedilos acuacutesticos e

da permeabilidade acuacutestica evidencia-se que a

interaccedilatildeo entre os diversos elementos que

compotildeem a forma urbana - o traccedilado e perfis

das vias o modo de implantaccedilatildeo das

edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as

proporccedilotildees densidade e maneira de ocupaccedilatildeo

das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de

espaccedilos livres ndash contribui determinantemente

para a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano

atraveacutes de muacuteltiplas reflexotildees do

espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave

fonte geradora de campos sonoros

reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de

aacutereas de sombra

Isto posto se o ruiacutedo urbano eacute considerado

um sistema composto essencialmente pela fonte

sonora pelo meio de propagaccedilatildeo e pelo receptor (LANG e BERANEK 1992 ANDERSON e

KURZE 1992) a forma urbana considerada a partir dos elementos que a compotildeem enquanto

percurso de transmissatildeo delineia influencia e determina em certa medida a trajetoacuteria de

propagaccedilatildeo da onda sonora19 Ou seja a forma urbana por meio das caracteriacutesticas singulares

apresentadas pelos seus elementos componentes iraacute influenciar o comportamento da propagaccedilatildeo

da onda sonora no meio urbano

19 ldquoEm certa medidardquo pois existem outros fatores que tambeacutem influenciam a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano mas a discussatildeo sobre a consideraccedilatildeo ou natildeo destes outros fatores seraacute melhor construiacuteda no proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito alto por elevada densidade de

ocupaccedilatildeo das quadras e por vias estreitas por exemplo tende em tese a ser menos permeaacutevel ao

ruiacutedo dificultando a propagaccedilatildeo sonora para outras aacutereas Tende ainda a criar espaccedilos

reverberantes ou semi-reverberantes com o niacutevel de pressatildeo sonora elevado em praticamente

todos os pontos de reflexatildeo com perdas miacutenimas ateacute a onda sonora alcanccedilar o topo das

edificaccedilotildees e direcionar-se a campo livre Por conseguinte este comportamento tende a propiciar

dependendo ainda da relaccedilatildeo com a fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano indesejaacutevel e

insalubre aos receptores existentes nas edificaccedilotildees daquela via

Jaacute uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito baixo por baixa densidade de

ocupaccedilatildeo das quadras e por vias largas tende teoricamente a ser mais permeaacutevel ao ruiacutedo

facilitando sua propagaccedilatildeo Por outro lado natildeo gera espaccedilos acuacutesticos propiacutecios a muacuteltiplas

reflexotildees fazendo com que a onda sonora encontre mais rapidamente o campo livre facilitando

sua dissipaccedilatildeo e propiciando dependendo ainda da fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano

desejaacutevel aos seus receptores

Deste modo a existecircncia de diferenccedilas e particularidades dos elementos que compotildeem as

distintas formas urbanas proporciona os mais diversificados comportamentos acuacutesticos de

propagaccedilatildeo sonora nos mais diferentes meios urbanos Ou seja do mesmo modo que cidades

bairros e ruas natildeo satildeo iguais entre si tampouco reproduziacuteveis em sua essecircncia o comportamento

acuacutestico tambeacutem natildeo seraacute ao contraacuterio constituiraacute um atributo exclusivo de cada espaccedilo urbano

Mas se para cada espaccedilo urbano existe um comportamento acuacutestico especiacutefico como deveraacute se

comportar a propagaccedilatildeo sonora de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de

modificaccedilotildees em elementos de sua forma urbana Em outras palavras como se comportaraacute a acuacutestica

urbana de um determinado local a partir do processo cronoloacutegico de modificaccedilotildees em sua forma urbana

Nos capiacutetulo que se segue Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas seratildeo apresentadas os percursos

investigativos que foram postos em praacutetica em busca de responder a este questionamento

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 220 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees em uma quadra permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007

Figura 221 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjugadas em uma quadra pouco permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007

Figura 219 ndash Permeabilidade acuacutestica - percursos da onda sonora gerados em meio urbano Fonte NIEMEYER 2007

Figura 222 ndash Barreira acuacutestica entre a fonte e o receptor FonteANDERSON e KURZE 1992

Assim sendo a permeabilidade acuacutestica refere-se

aos percursos da onda sonora gerados no

meio urbano (Figura 219) (GUEDES 2005

NIEMEYER 2007) A intensidade da

permeabilidade acuacutestica - mais ou menos

permeaacutevel - dependeraacute da capacidade de

certos elementos urbanos de promover ou

conter a propagaccedilatildeo da onda sonora tais

como o traccedilado e perfis das vias a maneira de

implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem

como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade

e forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila

ou ausecircncia de espaccedilos livres (Figuras 220 e

221)

A permeabilidade acuacutestica relaciona-se ainda

com as barreiras acuacutesticas Isoladamente o

conceito de barreiras acuacutesticas refere-se a

qualquer objeto que possa ser considerado um

obstaacuteculo agrave ligaccedilatildeo direta e sem interferecircncias

entre a fonte e o receptor (Figura 222)

(ANDERSON e KURZE 1992 GERGES

2000) Ao bloquear o percurso direto entre a

fonte e o receptor a onda sonora poderaacute ser

absorvida eou refletida pela superfiacutecie da

barreira transmitida atraveacutes da barreira ou

difratada a partir do topo da barreira

(BARRON 2003 SINGAL 2005)

A difraccedilatildeo eacute um fenocircmeno que permite que as

ondas sonoras sejam capazes de contornar

determinados obstaacuteculos gerando uma aacuterea de

sombra acuacutestica que possui limites espaciais

variaacuteveis de acordo com a posiccedilatildeo da fonte

____________________________________________

ANAacuteLISE D

sonora e de sua localizaccedilatilde

receptor que por sua vez

sonora difratada pelas borda

um decaimento maior do qu

campo livre (Figura 223) (N

1968 NIEMEYER 2007 PA

O uso de barreiras acuacutestic

EUA Japatildeo Austraacutelia e

reduccedilatildeo da propagaccedilatildeo do

pelo traacutefego rodoviaacuterio pa

(Figuras 224 a 226) (SIN

Brasil esta praacutetica ainda eacute inc

restringindo-se a poucos exe

caso da barreira acuacutestica no

Linha Amarela na cidade do

na Rodovia Bandeirantes co

de Satildeo Paulo a Campinas

Paulo (Figura 227) (MURGE

2004)

Embora a implantaccedilatildeo de b

esteja vinculada agrave reduccedilatildeo do

rodoviaacuterio outros elemen

meio urbano situados ent

receptor atuam espontan

barreiras agrave propagaccedilatildeo sono

terreno com topografia i

muros edificaccedilotildees entr

edificaccedilotildees conjugadas da R

cidade do Recife ou aind

conjugadas em alguns trec

Atlacircntica no Rio de Janei

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 226 ndash Barreiras instaladasem aacuterea residencial de Toacutequio Jap

Figura 224 ndash Agrave esquerda barreacriacutelico na Suiacuteccedila Agrave direita barreiraPaacutedua e Veneza na Itaacutelia Fonte C

Figura 227 ndash Barreira acuacutestica dade Satildeo Paulo Fonte MURGEL 2

Figura 223 ndash Difraccedilatildeo da ondagerando uma aacuterea de sombra acuacutest

Figura 225 ndash Agrave esquerda baproacuteximo a Zurique Agrave direita barretambeacutem na Suiccedila Fonte CICHIN

accedilatildeo em relaccedilatildeo ao

ez recebe a energia

rdas da barreira com

que se estivesse em

(NEPOMUCENO

PAZ 2004)

ticas eacute comum nos

e na Europa para

do ruiacutedo produzido

para seus arredores

INGAL 2005) No

incipiente

exemplos como eacute o

no eixo rodoviaacuterio

o Rio de Janeiro e

conectando a cidade

s no estado de Satildeo

GEL 2007 SOUSA

e barreiras acuacutesticas

do ruiacutedo de traacutefego

entos inseridos no

entre a fonte e o

taneamente como

nora tais como um

irregular taludes

ntre outros As

a Rua da Aurora na

inda as edificaccedilotildees

trechos da Avenida

neiro por exemplo

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

das ao longo de via expressa elevada Japatildeo Fonte CICHINELLI 2007

rreira acuacutestica curva em concreto e eira acuacutestica metaacutelica na estrada entre CICHINELLI 2007

da Rodovia Bandeirantes no estado 2007

da sonora a partir de uma barreira uacutestica Fonte GERGES 2000

barreira acuacutestica metaacutelica instalada arreira acuacutestica em concreto e acriacutelico INELLI 2007

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 228 ndash Rua da Aurora no Bairro da Boa Vista na cidade do Recife configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fontehttpmaiovinteeseisblogspotcom2007_ 11_01_archivehtml Acesso em 080409

Figura 229 ndash Alguns trechos da Avenida Atlacircntica no Bairro de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro tambeacutem configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fonte httpwwwtravelpodcomtravel-photoorlanworldtrip200711 71589400avenida-atlantica-along-copacabana-beachjpgtpodhtml Acesso em 080409

aleacutem de funcionarem como barreiras acuacutesticas

espontacircneas ou natildeo intencionais tambeacutem

conformam um espaccedilo acuacutestico aberto em

ldquoLrdquo e pouco permeaacutevel ao ruiacutedo (Figura 228 e

229)

A partir da discussatildeo dos espaccedilos acuacutesticos e

da permeabilidade acuacutestica evidencia-se que a

interaccedilatildeo entre os diversos elementos que

compotildeem a forma urbana - o traccedilado e perfis

das vias o modo de implantaccedilatildeo das

edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as

proporccedilotildees densidade e maneira de ocupaccedilatildeo

das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de

espaccedilos livres ndash contribui determinantemente

para a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano

atraveacutes de muacuteltiplas reflexotildees do

espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave

fonte geradora de campos sonoros

reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de

aacutereas de sombra

Isto posto se o ruiacutedo urbano eacute considerado

um sistema composto essencialmente pela fonte

sonora pelo meio de propagaccedilatildeo e pelo receptor (LANG e BERANEK 1992 ANDERSON e

KURZE 1992) a forma urbana considerada a partir dos elementos que a compotildeem enquanto

percurso de transmissatildeo delineia influencia e determina em certa medida a trajetoacuteria de

propagaccedilatildeo da onda sonora19 Ou seja a forma urbana por meio das caracteriacutesticas singulares

apresentadas pelos seus elementos componentes iraacute influenciar o comportamento da propagaccedilatildeo

da onda sonora no meio urbano

19 ldquoEm certa medidardquo pois existem outros fatores que tambeacutem influenciam a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano mas a discussatildeo sobre a consideraccedilatildeo ou natildeo destes outros fatores seraacute melhor construiacuteda no proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

44

O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito alto por elevada densidade de

ocupaccedilatildeo das quadras e por vias estreitas por exemplo tende em tese a ser menos permeaacutevel ao

ruiacutedo dificultando a propagaccedilatildeo sonora para outras aacutereas Tende ainda a criar espaccedilos

reverberantes ou semi-reverberantes com o niacutevel de pressatildeo sonora elevado em praticamente

todos os pontos de reflexatildeo com perdas miacutenimas ateacute a onda sonora alcanccedilar o topo das

edificaccedilotildees e direcionar-se a campo livre Por conseguinte este comportamento tende a propiciar

dependendo ainda da relaccedilatildeo com a fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano indesejaacutevel e

insalubre aos receptores existentes nas edificaccedilotildees daquela via

Jaacute uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito baixo por baixa densidade de

ocupaccedilatildeo das quadras e por vias largas tende teoricamente a ser mais permeaacutevel ao ruiacutedo

facilitando sua propagaccedilatildeo Por outro lado natildeo gera espaccedilos acuacutesticos propiacutecios a muacuteltiplas

reflexotildees fazendo com que a onda sonora encontre mais rapidamente o campo livre facilitando

sua dissipaccedilatildeo e propiciando dependendo ainda da fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano

desejaacutevel aos seus receptores

Deste modo a existecircncia de diferenccedilas e particularidades dos elementos que compotildeem as

distintas formas urbanas proporciona os mais diversificados comportamentos acuacutesticos de

propagaccedilatildeo sonora nos mais diferentes meios urbanos Ou seja do mesmo modo que cidades

bairros e ruas natildeo satildeo iguais entre si tampouco reproduziacuteveis em sua essecircncia o comportamento

acuacutestico tambeacutem natildeo seraacute ao contraacuterio constituiraacute um atributo exclusivo de cada espaccedilo urbano

Mas se para cada espaccedilo urbano existe um comportamento acuacutestico especiacutefico como deveraacute se

comportar a propagaccedilatildeo sonora de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de

modificaccedilotildees em elementos de sua forma urbana Em outras palavras como se comportaraacute a acuacutestica

urbana de um determinado local a partir do processo cronoloacutegico de modificaccedilotildees em sua forma urbana

Nos capiacutetulo que se segue Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas seratildeo apresentadas os percursos

investigativos que foram postos em praacutetica em busca de responder a este questionamento

____________________________________________

ANAacuteLISE D

sonora e de sua localizaccedilatilde

receptor que por sua vez

sonora difratada pelas borda

um decaimento maior do qu

campo livre (Figura 223) (N

1968 NIEMEYER 2007 PA

O uso de barreiras acuacutestic

EUA Japatildeo Austraacutelia e

reduccedilatildeo da propagaccedilatildeo do

pelo traacutefego rodoviaacuterio pa

(Figuras 224 a 226) (SIN

Brasil esta praacutetica ainda eacute inc

restringindo-se a poucos exe

caso da barreira acuacutestica no

Linha Amarela na cidade do

na Rodovia Bandeirantes co

de Satildeo Paulo a Campinas

Paulo (Figura 227) (MURGE

2004)

Embora a implantaccedilatildeo de b

esteja vinculada agrave reduccedilatildeo do

rodoviaacuterio outros elemen

meio urbano situados ent

receptor atuam espontan

barreiras agrave propagaccedilatildeo sono

terreno com topografia i

muros edificaccedilotildees entr

edificaccedilotildees conjugadas da R

cidade do Recife ou aind

conjugadas em alguns trec

Atlacircntica no Rio de Janei

_________________________________________________________________ 2 FORM

O S O

E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES

Figura 226 ndash Barreiras instaladasem aacuterea residencial de Toacutequio Jap

Figura 224 ndash Agrave esquerda barreacriacutelico na Suiacuteccedila Agrave direita barreiraPaacutedua e Veneza na Itaacutelia Fonte C

Figura 227 ndash Barreira acuacutestica dade Satildeo Paulo Fonte MURGEL 2

Figura 223 ndash Difraccedilatildeo da ondagerando uma aacuterea de sombra acuacutest

Figura 225 ndash Agrave esquerda baproacuteximo a Zurique Agrave direita barretambeacutem na Suiccedila Fonte CICHIN

accedilatildeo em relaccedilatildeo ao

ez recebe a energia

rdas da barreira com

que se estivesse em

(NEPOMUCENO

PAZ 2004)

ticas eacute comum nos

e na Europa para

do ruiacutedo produzido

para seus arredores

INGAL 2005) No

incipiente

exemplos como eacute o

no eixo rodoviaacuterio

o Rio de Janeiro e

conectando a cidade

s no estado de Satildeo

GEL 2007 SOUSA

e barreiras acuacutesticas

do ruiacutedo de traacutefego

entos inseridos no

entre a fonte e o

taneamente como

nora tais como um

irregular taludes

ntre outros As

a Rua da Aurora na

inda as edificaccedilotildees

trechos da Avenida

neiro por exemplo

RMA E ACUacuteSTICA URBANAS

42

M N O S S O D E C A D A D I A

S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

das ao longo de via expressa elevada Japatildeo Fonte CICHINELLI 2007

rreira acuacutestica curva em concreto e eira acuacutestica metaacutelica na estrada entre CICHINELLI 2007

da Rodovia Bandeirantes no estado 2007

da sonora a partir de uma barreira uacutestica Fonte GERGES 2000

barreira acuacutestica metaacutelica instalada arreira acuacutestica em concreto e acriacutelico INELLI 2007

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 228 ndash Rua da Aurora no Bairro da Boa Vista na cidade do Recife configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fontehttpmaiovinteeseisblogspotcom2007_ 11_01_archivehtml Acesso em 080409

Figura 229 ndash Alguns trechos da Avenida Atlacircntica no Bairro de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro tambeacutem configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fonte httpwwwtravelpodcomtravel-photoorlanworldtrip200711 71589400avenida-atlantica-along-copacabana-beachjpgtpodhtml Acesso em 080409

aleacutem de funcionarem como barreiras acuacutesticas

espontacircneas ou natildeo intencionais tambeacutem

conformam um espaccedilo acuacutestico aberto em

ldquoLrdquo e pouco permeaacutevel ao ruiacutedo (Figura 228 e

229)

A partir da discussatildeo dos espaccedilos acuacutesticos e

da permeabilidade acuacutestica evidencia-se que a

interaccedilatildeo entre os diversos elementos que

compotildeem a forma urbana - o traccedilado e perfis

das vias o modo de implantaccedilatildeo das

edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as

proporccedilotildees densidade e maneira de ocupaccedilatildeo

das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de

espaccedilos livres ndash contribui determinantemente

para a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano

atraveacutes de muacuteltiplas reflexotildees do

espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave

fonte geradora de campos sonoros

reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de

aacutereas de sombra

Isto posto se o ruiacutedo urbano eacute considerado

um sistema composto essencialmente pela fonte

sonora pelo meio de propagaccedilatildeo e pelo receptor (LANG e BERANEK 1992 ANDERSON e

KURZE 1992) a forma urbana considerada a partir dos elementos que a compotildeem enquanto

percurso de transmissatildeo delineia influencia e determina em certa medida a trajetoacuteria de

propagaccedilatildeo da onda sonora19 Ou seja a forma urbana por meio das caracteriacutesticas singulares

apresentadas pelos seus elementos componentes iraacute influenciar o comportamento da propagaccedilatildeo

da onda sonora no meio urbano

19 ldquoEm certa medidardquo pois existem outros fatores que tambeacutem influenciam a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano mas a discussatildeo sobre a consideraccedilatildeo ou natildeo destes outros fatores seraacute melhor construiacuteda no proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito alto por elevada densidade de

ocupaccedilatildeo das quadras e por vias estreitas por exemplo tende em tese a ser menos permeaacutevel ao

ruiacutedo dificultando a propagaccedilatildeo sonora para outras aacutereas Tende ainda a criar espaccedilos

reverberantes ou semi-reverberantes com o niacutevel de pressatildeo sonora elevado em praticamente

todos os pontos de reflexatildeo com perdas miacutenimas ateacute a onda sonora alcanccedilar o topo das

edificaccedilotildees e direcionar-se a campo livre Por conseguinte este comportamento tende a propiciar

dependendo ainda da relaccedilatildeo com a fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano indesejaacutevel e

insalubre aos receptores existentes nas edificaccedilotildees daquela via

Jaacute uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito baixo por baixa densidade de

ocupaccedilatildeo das quadras e por vias largas tende teoricamente a ser mais permeaacutevel ao ruiacutedo

facilitando sua propagaccedilatildeo Por outro lado natildeo gera espaccedilos acuacutesticos propiacutecios a muacuteltiplas

reflexotildees fazendo com que a onda sonora encontre mais rapidamente o campo livre facilitando

sua dissipaccedilatildeo e propiciando dependendo ainda da fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano

desejaacutevel aos seus receptores

Deste modo a existecircncia de diferenccedilas e particularidades dos elementos que compotildeem as

distintas formas urbanas proporciona os mais diversificados comportamentos acuacutesticos de

propagaccedilatildeo sonora nos mais diferentes meios urbanos Ou seja do mesmo modo que cidades

bairros e ruas natildeo satildeo iguais entre si tampouco reproduziacuteveis em sua essecircncia o comportamento

acuacutestico tambeacutem natildeo seraacute ao contraacuterio constituiraacute um atributo exclusivo de cada espaccedilo urbano

Mas se para cada espaccedilo urbano existe um comportamento acuacutestico especiacutefico como deveraacute se

comportar a propagaccedilatildeo sonora de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de

modificaccedilotildees em elementos de sua forma urbana Em outras palavras como se comportaraacute a acuacutestica

urbana de um determinado local a partir do processo cronoloacutegico de modificaccedilotildees em sua forma urbana

Nos capiacutetulo que se segue Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas seratildeo apresentadas os percursos

investigativos que foram postos em praacutetica em busca de responder a este questionamento

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ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Figura 228 ndash Rua da Aurora no Bairro da Boa Vista na cidade do Recife configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fontehttpmaiovinteeseisblogspotcom2007_ 11_01_archivehtml Acesso em 080409

Figura 229 ndash Alguns trechos da Avenida Atlacircntica no Bairro de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro tambeacutem configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fonte httpwwwtravelpodcomtravel-photoorlanworldtrip200711 71589400avenida-atlantica-along-copacabana-beachjpgtpodhtml Acesso em 080409

aleacutem de funcionarem como barreiras acuacutesticas

espontacircneas ou natildeo intencionais tambeacutem

conformam um espaccedilo acuacutestico aberto em

ldquoLrdquo e pouco permeaacutevel ao ruiacutedo (Figura 228 e

229)

A partir da discussatildeo dos espaccedilos acuacutesticos e

da permeabilidade acuacutestica evidencia-se que a

interaccedilatildeo entre os diversos elementos que

compotildeem a forma urbana - o traccedilado e perfis

das vias o modo de implantaccedilatildeo das

edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as

proporccedilotildees densidade e maneira de ocupaccedilatildeo

das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de

espaccedilos livres ndash contribui determinantemente

para a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano

atraveacutes de muacuteltiplas reflexotildees do

espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave

fonte geradora de campos sonoros

reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de

aacutereas de sombra

Isto posto se o ruiacutedo urbano eacute considerado

um sistema composto essencialmente pela fonte

sonora pelo meio de propagaccedilatildeo e pelo receptor (LANG e BERANEK 1992 ANDERSON e

KURZE 1992) a forma urbana considerada a partir dos elementos que a compotildeem enquanto

percurso de transmissatildeo delineia influencia e determina em certa medida a trajetoacuteria de

propagaccedilatildeo da onda sonora19 Ou seja a forma urbana por meio das caracteriacutesticas singulares

apresentadas pelos seus elementos componentes iraacute influenciar o comportamento da propagaccedilatildeo

da onda sonora no meio urbano

19 ldquoEm certa medidardquo pois existem outros fatores que tambeacutem influenciam a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano mas a discussatildeo sobre a consideraccedilatildeo ou natildeo destes outros fatores seraacute melhor construiacuteda no proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas

__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito alto por elevada densidade de

ocupaccedilatildeo das quadras e por vias estreitas por exemplo tende em tese a ser menos permeaacutevel ao

ruiacutedo dificultando a propagaccedilatildeo sonora para outras aacutereas Tende ainda a criar espaccedilos

reverberantes ou semi-reverberantes com o niacutevel de pressatildeo sonora elevado em praticamente

todos os pontos de reflexatildeo com perdas miacutenimas ateacute a onda sonora alcanccedilar o topo das

edificaccedilotildees e direcionar-se a campo livre Por conseguinte este comportamento tende a propiciar

dependendo ainda da relaccedilatildeo com a fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano indesejaacutevel e

insalubre aos receptores existentes nas edificaccedilotildees daquela via

Jaacute uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito baixo por baixa densidade de

ocupaccedilatildeo das quadras e por vias largas tende teoricamente a ser mais permeaacutevel ao ruiacutedo

facilitando sua propagaccedilatildeo Por outro lado natildeo gera espaccedilos acuacutesticos propiacutecios a muacuteltiplas

reflexotildees fazendo com que a onda sonora encontre mais rapidamente o campo livre facilitando

sua dissipaccedilatildeo e propiciando dependendo ainda da fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano

desejaacutevel aos seus receptores

Deste modo a existecircncia de diferenccedilas e particularidades dos elementos que compotildeem as

distintas formas urbanas proporciona os mais diversificados comportamentos acuacutesticos de

propagaccedilatildeo sonora nos mais diferentes meios urbanos Ou seja do mesmo modo que cidades

bairros e ruas natildeo satildeo iguais entre si tampouco reproduziacuteveis em sua essecircncia o comportamento

acuacutestico tambeacutem natildeo seraacute ao contraacuterio constituiraacute um atributo exclusivo de cada espaccedilo urbano

Mas se para cada espaccedilo urbano existe um comportamento acuacutestico especiacutefico como deveraacute se

comportar a propagaccedilatildeo sonora de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de

modificaccedilotildees em elementos de sua forma urbana Em outras palavras como se comportaraacute a acuacutestica

urbana de um determinado local a partir do processo cronoloacutegico de modificaccedilotildees em sua forma urbana

Nos capiacutetulo que se segue Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas seratildeo apresentadas os percursos

investigativos que foram postos em praacutetica em busca de responder a este questionamento

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O S O M N O S S O D E C A D A D I A

ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA

Uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito alto por elevada densidade de

ocupaccedilatildeo das quadras e por vias estreitas por exemplo tende em tese a ser menos permeaacutevel ao

ruiacutedo dificultando a propagaccedilatildeo sonora para outras aacutereas Tende ainda a criar espaccedilos

reverberantes ou semi-reverberantes com o niacutevel de pressatildeo sonora elevado em praticamente

todos os pontos de reflexatildeo com perdas miacutenimas ateacute a onda sonora alcanccedilar o topo das

edificaccedilotildees e direcionar-se a campo livre Por conseguinte este comportamento tende a propiciar

dependendo ainda da relaccedilatildeo com a fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano indesejaacutevel e

insalubre aos receptores existentes nas edificaccedilotildees daquela via

Jaacute uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito baixo por baixa densidade de

ocupaccedilatildeo das quadras e por vias largas tende teoricamente a ser mais permeaacutevel ao ruiacutedo

facilitando sua propagaccedilatildeo Por outro lado natildeo gera espaccedilos acuacutesticos propiacutecios a muacuteltiplas

reflexotildees fazendo com que a onda sonora encontre mais rapidamente o campo livre facilitando

sua dissipaccedilatildeo e propiciando dependendo ainda da fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano

desejaacutevel aos seus receptores

Deste modo a existecircncia de diferenccedilas e particularidades dos elementos que compotildeem as

distintas formas urbanas proporciona os mais diversificados comportamentos acuacutesticos de

propagaccedilatildeo sonora nos mais diferentes meios urbanos Ou seja do mesmo modo que cidades

bairros e ruas natildeo satildeo iguais entre si tampouco reproduziacuteveis em sua essecircncia o comportamento

acuacutestico tambeacutem natildeo seraacute ao contraacuterio constituiraacute um atributo exclusivo de cada espaccedilo urbano

Mas se para cada espaccedilo urbano existe um comportamento acuacutestico especiacutefico como deveraacute se

comportar a propagaccedilatildeo sonora de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de

modificaccedilotildees em elementos de sua forma urbana Em outras palavras como se comportaraacute a acuacutestica

urbana de um determinado local a partir do processo cronoloacutegico de modificaccedilotildees em sua forma urbana

Nos capiacutetulo que se segue Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas seratildeo apresentadas os percursos

investigativos que foram postos em praacutetica em busca de responder a este questionamento