o Significado e Finalidade Da Filosofia Positiva Comte
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O SIGNIFICADO E FINALIDADE DA FILOSOFIA POSITIVA, DE AUGUSTO
COMTE
O presente texto baseado na obra CURSO DE FILOSOFIA POSITIVA de
Auguste Comte (1798-1857) tem por objetivos: esclarecer o significado da filosofia
positiva (positivismo) na história da humanidade e principalmente no século XIX, bem
como sua finalidade. Para tanto trilharemos os caminhos que a antecederam, e para isso
faz-se necessário uma breve explicação da história da inteligência humana a qual é
apresentada por Comte como significativa para a elaboração do positivismo atual.
O século XIX é conhecido na história da humanidade como o século da razão, o
mundo passava por um processo acelerado de racionalização, uma transformação de
conceito que havia demorado quase dois mil anos para acontecer, o próprio Auguste
Comte nascido ainda no século XVIII pode ser testemunha desse avanço do
conhecimento, ele que nasceu no século conhecido como o século das luzes
(iluminismo) agora se encontra também no momento da divinização da razão, Comte
nos fala sobre esse processo histórico quando trata no seu texto sobre a existência dos
três estados em que se desenvolveram a inteligência humana, pois segundo acredita
“cada uma de nossas concepções principais, cada ramo de nossos conhecimentos, passa
sucessivamente por três estados históricos diferentes” (p.4). Quais sejam:
O estado TEOLÓGICO ou FICTÍCIO, onde segundo ele a humanidade buscava
conhecer a natureza dos seres, o principio e o fim das coisas, enfim a totalidade, o
absoluto, etc.
O estado METAFÍSICO, que segundo acredita é apenas necessário para a
transição do primeiro para o terceiro estado visto que aqui não há grandes mudanças
com relação ao estado TEOLÓGICO, pois a explicação das coisas ainda se dá por meio
de seres e entidades naturais ou abstratas personificadas.
O estado POSITIVO, que é caracterizado pela razão, o espírito humano
finalmente entende que não pode conhecer o absoluto, necessariamente também
renuncia a procura da origem e destino do universo para dedicar-se ao raciocínio e
observação das leis que lhes são efetivas, isso inclui sucessão e similitude, ou seja, o
homem volta-se para aquilo que lhe é próprio.
Depois de consideradas essas etapas do conhecimento humano, podemos então
perceber que ao estruturar a filosofia positiva o autor embora reconheça a fragilidade
dos estados que antecederam o positivo ele, contudo os leva em consideração no sentido
de que foram importantes para o processo de racionalização.
O positivismo de Comte é significativo na história do conhecimento pelo fato de
que este procurou desenvolver uma filosofia que abrangesse todas as áreas do
conhecimento, os quais deveriam ter uma explicação possível, podemos ver isso na sua
proposta de criação da física social para responder aos fenômenos sociais que foram
deixados em segundo plano pelas físicas já constituídas (física astronômica, física
terrestre, física mecânica e física orgânica) de tal modo que ele diz só ser possível um
positivismo completo quando da criação da física social.
Tudo isso porquê considera muito importante que a razão tenha domínio em todas
as áreas do conhecimento e possa juntar o máximo de informações possíveis que
estejam disponíveis para o estudo e compreensão dos fenômenos naturais, e que como
pretende Comte:
“uma classe nova de cientistas, preparados por educação conveniente, sem se entregar a cultura especial de algum ramo da filosofia natural, se ocupe unicamente, considerando as diversas ciências positivas em estado atual, em determinar exatamente o espírito de cada uma delas, em descobrir suas relações e encadeamentos, em resumir, se for possível, todos os princípios próprios num número menor de princípios comuns, conformando-se sem cessar às máximas fundamentais do método positivo” (p.12)
Diante de tudo que vimos podemos então concluir que o objetivo maior, a
finalidade mesma da filosofia positiva de Comte é o resumo numa só doutrina
(positivismo) dos conhecimentos adquiridos em relação aos fenômenos naturais. Não
que isso signifique que todos estejam ligados por um princípio ou uma só lei, pois como
vimos considera essas explicações universais de todos os fenômenos por uma única lei
como quimera. O que pretende de fato é que a doutrina positivista seja homogenia o que
não significa necessariamente única, pois Comte mesmo nos diz:
“Quanto à doutrina não é necessário ser una, basta que seja homogênea. É, pois, sob o duplo ponto de vista da unidade dos métodos e da homogeneidade das doutrinas que consideraremos nesse curso, as classes de teorias positivas. Tendendo a diminuir o mais possível, o número das leis gerais necessárias para a explicação positiva dos fenômenos naturais, o que é, com efeito, a meta filosófica da ciência.” (p.20)
Vimos no decorrer do estudo do significado e finalidade da filosofia positiva que
essa levou em conta os estados do conhecimento humano (TEOLÓGICO,
METAFÍSICO, POSITIVO) e nos esclareceu acerca da importância de levarmos em
consideração a história do conhecimento, passamos por uma análise sintética das físicas
que explicam os fenômenos naturais e vimos da necessidade do estabelecimento de uma
física social que completaria a filosofia positiva lhe possibilitando atuar em todas as
áreas do conhecimento. Ainda podemos ver sucintamente acerca da finalidade da
filosofia positiva que procura abarcar os conhecimentos na busca da homogeneidade
que como vimos é diferente de unidade.
Bibliografia
Comte, Auguste. Curso de Filosofia positiva. 2. Ed. – São Paulo: Abril Cultural, 1983.