O Rio em nova dimensão

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O Rio em nova dimensão A Cidade Maravilhosa é homenageada no novo filme do brasileiro Carlos Saldanha, “Rio”, em 3D, repleto de clichês turísticos As cenas de “Rio” buscaram o realismo. Quem conhece a cidade conseguirá reconhecer todo o cenário, que é pano de fundo para as aventuras de Blu e Jade. Quem nunca visitou, terá a chance de ver um retrato fiel FOTOS DIVULGAÇÃO THIAGO ANDRADE Transformar realidade em arte exige adaptações. No ca- so de “Rio”, que estreia ama- nhã nos cinemas da Capital e de todo o Brasil, fazendo uso de sua “liberdade poética”, o diretor brasileiro Carlos Sal- danha tirou a ararinha-azul da caatinga baiana para tor- ná-la uma exímia moradora da Mata Atlântica. Quem assiste ao filme também po- de confundir as duas aves azuis, Blu e Jade, que pro- tagonizam a história, com as araras azuis naturais do Cerrado. Embora, sejam pa- rentes próximas, as persona- gens centrais são da espécie Cyanopsitta Spixii, extintas na natureza. A mais nova animação 3D da 20th Century Fox re- trata o Rio de Janeiro e conta a história de Blu, ararinha- azul domesticada que nunca aprendeu a voar e vivia no conforto do lar de Linda, em Minnesota, nos Estados Unidos. Quando os dois fi- cam sabendo que na Capi- tal fluminense vive Jade, uma ave da mesma espé- cie, eles resolvem ir até lá. Logo que chegam, no entanto, Blu e Jade são sequestrados por um grupo de contraban- distas de animais. A partir disso, tem início a aventura da dupla, que contará com a participação de vários outros animais da fauna brasileira. Dirigido por Carlos Salda- nha, brasileiro que assinou famosos longas-metragens de animação – como as duas sequências de “A era do gelo” e “Rôbos” – , “Rio” coloca a Cidade Maravilhosa em pri- meiro plano, abusando de clichês turísticos e, claro, do carnaval. Com um time de 300 animadores, as paisagens cariocas foram esculpidas digitalmente e têm sido elogiadas por mostrar um Rio de Janeiro próximo do real, mas cheio de cores vibrantes. O uso da tecno- logia 3D confere ao longa profundidade, enriquecen- do os cenários de detalhes e beleza. O time de dubladores tam- bém não deixa a desejar. Blu é interpretado por Jesse Eisen- berg, ator que ficou famoso no mundo após viver nas grandes telas Mark Zuckerberg, em “A rede social”. Jade é vivida por Anne Hathaway, que apresen- tou a cerimônia do Oscar neste ano. E os brasileiros no elen- co? Como não poderia deixar de ser, Carlos escalou o ator Rodrigo Santoro e a cantora Bebel Gilberto para fazerem a voz de alguns dos vilões do filme. Por trás dos microfones, o diretor exigiu de todos que não criassem vozes cartunes- cas para os personagens e im- provisassem sempre. Na natureza selvagem “Por mais que o filme tra- ga invenções e mude alguns fatos científicos, é válido pe- la mensagem contra o tráfico de animais, problema sério no Brasil. Ele contribuirá bastante para a educação ambiental das crianças”, des- creve o professor Rude Laps, biólogo da UFMS, especialis- ta em ecologia das aves. Se- gundo ele, a ararinha-azul é um animal que sofreu com a ação humana, sendo encon- trada hoje apenas em cativei- ro. “É um animal de hábitos peculiares. Ela demora para se reproduzir e tem alimen- tação muito especializada. Todos esses fatos acabaram levando ao seu desapareci- mento”, explica. Rude lembra que a arara do filme não é a arara-azul- grande, ou Anodorhynchus hyacinthinus, que habita o Cerrado e o Pantanal sul-mato-grossense. Entretanto, por serem da mesma família, as semelhanças entre os dois pássaros são grandes. “A arara de nossa região é maior, tem colo- ração mais viva e detalhes amarelos próximos ao bico”, descreve o biólogo. Uma curiosidade interessante é que ela tem o bico mais forte dentre todas as aves do mundo. Mas as aves do Estado não são esquecidas em “Rio”. Um tucano-toco gente boa, cha- mado Rafael, faz as honras da casa e decide que será o pro- tetor de Blu em sua aventura carioca. Como lembra Rude, o bicho é comum em algumas regiões de Mato Grosso do Sul. “Não é difícil ver um ou outro Ramphastos toco, nome científico da ave, em matas ou, até mesmo, áreas urba- nas bastante arborizadas, da Capital. É uma bela ave, bem próxima de nós”, comenta o professor. Quinta-feira, 7 de abril de 2011 caderno B Inclui: Turismo M A I S VA R I E D A D E S Demônios da Garoa animam a Noite da Seresta Especial O grupo paulistano, formado há 68 anos e na terceira geração de integrantes, cantará os principais sucessos. PÁG. 5 Oásis no litoral cearense Considerada uma das praias mais bonitas do Brasil e do mundo, local é ideal para descansar ou praticar esportes aquáticos. PÁG. 8 Reviravolta em “Ribeirão do tempo” Isabella Dionísio está certa de que Dália volta nesta reta final de “Ribeirão do tempo”. “A minha personagem é uma prova viva contra o Nicolau. PÁG. 5 Rafael: Ex-rei do carnaval, o tucano-roco carioca é uma fi- gura conhecida por todos, que adorava a boemia, até que se domesticou, casou-se e teve 17 filhos. Ele decide que vai ajudar Blu em sua jornada e ensiná-lo a voar. Blu: O protagonista da histó- ria é uma ararinha-azul criada por uma garota nerd america- na. Cheio de tiques nervosos e sem saber voar, ele retorna pa- ra seu país de origem, mas se sente deslocado por nunca ter tido contato com a natureza. Jade: É uma ararinha-azul fê- mea que viveu na Mata Atlân- tica carioca, até que foi levada para o cativeiro em um zooló- gico. Ela é o oposto de Blu. Não quer saber de ficar presa, ado- ra voar e ama a liberdade.

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Reportagem sobre o filme "Rio", que aproveita para esclarecer as diferenças entre as araras que protagonizam a história e as que vivem no Cerrado.

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O Rio em nova dimensãoA Cidade Maravilhosa é homenageada no novo filme do brasileiro Carlos Saldanha, “Rio”, em 3D, repleto de clichês turísticos

As cenas de “Rio” buscaram o realismo. Quem conhece a cidade conseguirá reconhecer todo o cenário, que é pano de fundo para as aventuras de Blu e Jade. Quem nunca visitou, terá a chance de ver um retrato fiel

FOTOS DIVULGAÇÃO

THIAGO ANDRADE

Transformar realidade em arte exige adaptações. No ca-so de “Rio”, que estreia ama-nhã nos cinemas da Capital e de todo o Brasil, fazendo uso de sua “liberdade poética”, o diretor brasileiro Carlos Sal-danha tirou a ararinha-azul da caatinga baiana para tor-ná-la uma exímia moradora da Mata Atlântica. Quem assiste ao filme também po-de confundir as duas aves azuis, Blu e Jade, que pro-tagonizam a história, com as araras azuis naturais do Cerrado. Embora, sejam pa-rentes próximas, as persona-gens centrais são da espécie Cyanopsitta Spixii, extintas na natureza.

A mais nova animação 3D da 20th Century Fox re-trata o Rio de Janeiro e conta a história de Blu, ararinha-azul domesticada que nunca aprendeu a voar e vivia no conforto do lar de Linda, em Minnesota, nos Estados Unidos. Quando os dois fi-cam sabendo que na Capi-tal fluminense vive Jade, uma ave da mesma espé-cie, eles resolvem ir até lá. Logo que chegam, no entanto, Blu e Jade são sequestrados por um grupo de contraban-distas de animais. A partir disso, tem início a aventura da dupla, que contará com a participação de vários outros animais da fauna brasileira.

Dirigido por Carlos Salda-nha, brasileiro que assinou famosos longas-metragens de animação – como as duas sequências de “A era do gelo” e “Rôbos” – , “Rio” coloca a Cidade Maravilhosa em pri-meiro plano, abusando de clichês turísticos e, claro, do carnaval.

Com um time de 300

animadores, as paisagens cariocas foram esculpidas digita lmente e têm sido elogiadas por mostrar um Rio de Janeiro próximo do real, mas cheio de cores vibrantes. O uso da tecno-logia 3D confere ao longa profundidade, enriquecen-

do os cenários de detalhes e beleza.

O time de dubladores tam-bém não deixa a desejar. Blu é interpretado por Jesse Eisen-berg, ator que ficou famoso no mundo após viver nas grandes telas Mark Zuckerberg, em “A rede social”. Jade é vivida por

Anne Hathaway, que apresen-tou a cerimônia do Oscar neste ano. E os brasileiros no elen-co? Como não poderia deixar de ser, Carlos escalou o ator Rodrigo Santoro e a cantora Bebel Gilberto para fazerem a voz de alguns dos vilões do filme. Por trás dos microfones,

o diretor exigiu de todos que não criassem vozes cartunes-cas para os personagens e im-provisassem sempre.

Na natureza selvagem“Por mais que o filme tra-

ga invenções e mude alguns fatos científicos, é válido pe-

la mensagem contra o tráfico de animais, problema sério no Brasil. Ele contribuirá bastante para a educação ambiental das crianças”, des-creve o professor Rude Laps, biólogo da UFMS, especialis-ta em ecologia das aves. Se-gundo ele, a ararinha-azul é um animal que sofreu com a ação humana, sendo encon-trada hoje apenas em cativei-ro. “É um animal de hábitos peculiares. Ela demora para se reproduzir e tem alimen-tação muito especializada. Todos esses fatos acabaram levando ao seu desapareci-mento”, explica.

Rude lembra que a arara do filme não é a arara-azul-grande, ou Anodorhynchus

hyacinthinus, que habita o Cerrado e o Pantanal sul-mato-grossense. Entretanto, por serem da mesma família, as semelhanças entre os dois pássaros são grandes. “A arara de nossa região é maior, tem colo-ração mais viva e detalhes amarelos

próximos ao bico”, descreve o biólogo. Uma curiosidade interessante é que ela tem o bico mais forte dentre todas as aves do mundo.

Mas as aves do Estado não são esquecidas em “Rio”. Um tucano-toco gente boa, cha-mado Rafael, faz as honras da casa e decide que será o pro-tetor de Blu em sua aventura carioca. Como lembra Rude, o bicho é comum em algumas regiões de Mato Grosso do Sul. “Não é difícil ver um ou outro Ramphastos toco, nome científico da ave, em matas ou, até mesmo, áreas urba-nas bastante arborizadas, da Capital. É uma bela ave, bem próxima de nós”, comenta o professor.

Quinta-feira, 7 de abril de 2011 caderno B

Inclui: Turismo

M A I S V A R I E D A D E S

Demônios da Garoa animam a Noite da Seresta EspecialO grupo paulistano, formado há 68 anos

e na terceira geração de integrantes,

cantará os principais sucessos. PÁG. 5

Oásis no litoral cearenseConsiderada uma das praias mais

bonitas do Brasil e do mundo, local

é ideal para descansar ou praticar

esportes aquáticos. PÁG. 8

Reviravolta em “Ribeirão do tempo”Isabella Dionísio está certa de que Dália

volta nesta reta final de “Ribeirão do

tempo”. “A minha personagem é uma

prova viva contra o Nicolau. PÁG. 5

Rafael: Ex-rei do carnaval, o

tucano-roco carioca é uma fi-

gura conhecida por todos, que

adorava a boemia, até que se

domesticou, casou-se e teve

17 filhos. Ele decide que vai

ajudar Blu em sua jornada e

ensiná-lo a voar.

Blu: O protagonista da histó-ria é uma ararinha-azul criada por uma garota nerd america-na. Cheio de tiques nervosos e sem saber voar, ele retorna pa-ra seu país de origem, mas se sente deslocado por nunca ter tido contato com a natureza.

Jade: É uma ararinha-azul fê-

mea que viveu na Mata Atlân-

tica carioca, até que foi levada

para o cativeiro em um zooló-

gico. Ela é o oposto de Blu. Não

quer saber de ficar presa, ado-

ra voar e ama a liberdade.