O RESGATE DA PSICOMOTRICIDADE FUNCIONAL ATRAVÉS … · ... a aceitar o que sou e ... amor e...

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UNISALESIANO Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium Curso de Terapia Ocupacional Fabiana Boyanoski Mura Letícia Gomes da Silva Nathália Cristina Santos Raymundo O RESGATE DA PSICOMOTRICIDADE FUNCIONAL ATRAVÉS DE ATIVIDADES PARA A INTELIGÊNCIA CINESTÉSICO-CORPORAL EM CRIANÇAS COM DÉFICITS PSICOMOTORES ENTRE 8 E 10 ANOS LINS SP 2007

Transcript of O RESGATE DA PSICOMOTRICIDADE FUNCIONAL ATRAVÉS … · ... a aceitar o que sou e ... amor e...

  • UNISALESIANO

    Centro Universitrio Catlico Salesiano Auxilium

    Curso de Terapia Ocupacional

    Fabiana Boyanoski Mura

    Letcia Gomes da Silva

    Nathlia Cristina Santos Raymundo

    O RESGATE DA PSICOMOTRICIDADE

    FUNCIONAL ATRAVS DE ATIVIDADES PARA A

    INTELIGNCIA CINESTSICO-CORPORAL EM

    CRIANAS COM DFICITS PSICOMOTORES

    ENTRE 8 E 10 ANOS

    LINS

    SP

    2007

  • FABIANA BOYANOSKI MURA

    LETCIA GOMES DA SILVA

    NATHLIA CRISTINA SANTOS RAYMUNDO

    O RESGATE DA PSICOMOTRICIDADE FUNCIONAL ATRAVS DE

    ATIVIDADES PARA A INTELIGNCIA CINESTSICO-CORPORAL EM

    CRIANAS COM DFICITS PSICOMOTORES ENTRE 8 E 10 ANOS

    Trabalho de Concluso de Curso apresentado Banca Examinadora do Centro Universitrio Catlico Salesiano Auxilium, curso de Terapia Ocupacional sob a orientao dos Professores M.Sc. Renata Ferraz Prado Telles Medeiros e Esp. Jovira Maria Sarraceni.

    LINS - SP

    2007

  • Mura, Fabiana Boyanoski; Silva, Letcia Gomes; Raymundo, Nathlia Cristina Santos.

    O resgate da psicomotricidade funcional atravs de atividades para inteligncia cinestsico-corporal em crianas com dficits psicomotores entre 8 e 10 anos / Fabiana Boyanoski Mura; Letcia Gomes Silva; Nathlia Cristina Santos Raymundo. - - Lins, 2007.

    148p. il. 31cm.

    Monografia apresentada ao Centro Universitrio Catlico Salesiano Auxilium

    UNISALESIANO, Lins-SP, para graduao em Terapia Ocupacional, 2007

    Orientadores: Jovira Maria Sarraceni; Renata Ferraz Prado Telles Medeiros

    1. Psicomotricidade. 2. Inteligncia Cinestsico-Coporal. 3. Terapia Ocupacional.

    CDU 615.851.3

    M943r

  • FABIANA BOYANOSKI MURA

    LETCIA GOMES DA SILVA

    NATHLIA CRISTINA SANTOS RAYMUNDO

    O RESGATE DA PSICOMOTRICIDADE FUNCIONAL ATRAVS DE

    ATIVIDADES PARA A INTELIGNCIA CINESTSICO-CORPORAL EM

    CRIANAS COM DFICITS PSICOMOTORES ENTRE 8 A 10 ANOS

    Monografia apresentada ao Centro Universitrio Catlico Salesiano Auxilium,

    para obteno do ttulo de Bacharel em Terapia Ocupacional.

    Aprovada em: ___/___/___

    Banca Examinadora:

    Prof. Orientadora: Renata Ferraz Prado Telles Medeiros

    Titulao: Mestre em Distrbio da Comunicao Humana pela Universidade de

    Marilia.

    Assinatura:____________________

    1 Prof. (a): _____________________________________________________

    Titulao: _______________________________________________________

    _______________________________________________________________

    Assinatura: ____________________

    2 Prof. (a): _____________________________________________________

    Titulao: _______________________________________________________

    _______________________________________________________________

    Assinatura: ____________________

  • DEDICATRIA

    AO MEU PAI

    Jos Luiz Mura

    Pai d conselho e encorajamento quando a gente precisa. Importa-se com as coisas que so importantes para a gente. Fica feliz com o nosso sucesso e felicidade. Agradeo Pai, pelos

    abraos, risos, alegrias a cada dia. Por tudo que voc sempre fez. Um beijo. Fabiana

    A MINHA ME E MINHA IRM

    Marisete e Helosa (In Memoriam) Na vida, existem momentos em que voc sente tanto a falta de algum, que somente

    realizar seus sonhos evolvendo esse algum firmemente em seus braos. Neste instante abrao vocs em silncio e deixo fluir esta emoo em misto de alegria e saudade. E por todo o tempo que eu ainda viver perpetuarei tua memria, pois tudo o que me ensinastes a base de

    todo este meu trabalho. A presena de vocs se far sentir, pois sou a continuidade de seu brilho. O que sinto um sentimento para sempre, um tipo de Eterno Amor, vocs so

    insubstituveis Fabiana

    AO MEU IRMO

    Vincius V valeu por acreditar sempre em mim, me apoiar intensamente nas minhas decises e puxar

    minha orelha quando necessrio.Voc uma pessoa de valor inestimvel, um irmo especialmente maravilhoso. Amo voc incondicionalmente...

    Fabiana

    AO MEU AV E MINHA AV Nossos vvuchos e vvuchas so feitos sob medida pra gente se enroscar neles. Eles so

    quentinhos, cheirosos e sabem como ningum nos apreciar pelo que somos. Eles nos aceitam e nos amam de forma incondicionalmente. Amo muito vocs.

    Fabiana

    AO ANDR Pega pra criar!? ... voc pego mesmo hemmmm...Dedico esta conquista a voc que esteve ao

    meu lado nas horas que chorei e nas horas que sorri, nas horas que me lamentei e nas horas que de uma forma ou de outra demonstrei total alegria por estar perto de voc. Agradeo pelo sorriso dirio, sem mgoas nem rancores. Hoje agradeo porque, voc fez , faz e far sempre parte de minha histria e a Deus por ter mandado esse anjo cuidar de mim e me amar! Voc

    maravilhoso um super mega power beijo de sua pequena. Fabiana

    AS MINHAS COMPANHEIRAS DE MONOGRAFIA

    L E N Isso tudo no seria possvel se nos no estivssemos juntas...

    L

    As pessoas entram em nossa vida, por acaso. Mas no por acaso que elas permanecem. Sou eternamente grata por nossa amizade, voc muito especial.

    N

    Esse ano no foi fcil, muitos obstculos foram vencidos e mais uma vez vencemos.Adoro voc.

    Fabiana

  • Aos meus pais Gentil e Sueli

    Primeiro de tudo quero dizer que amo muito vocs, que foram minhas pernas quando eu no podia andar, meus olhos quando no podia enxergar, minha boca quando no podia falar...

    Obrigada pela vida, pela ateno, por me fazer enxergar a verdade, a aceitar o que sou e buscar meus objetivos. Principalmente OBRIGADA por ter me dado oportunidade de ser um

    pedacinho de vocs e por acreditarem no meu sonho. LETCIA

    A minha irm Larissa Obrigado por estar sempre do meu lado, aceitando meus defeitos e me ajudando. Voc muito

    importante na minha vida. Amo voc.... LETCIA

    Aos meus familiares em especial a tia Tutu Obrigado por compartilharem dos meus ideais. Esta vitria dedico a vocs que so to

    importantes na minha vida e que mesmo de longe se faziam presente torcendo e rezando por mim.

    LETCIA Ao Eduardo

    Obrigado pelo companheirismo, incentivo e acima de tudo por acreditar em mim. Voc faz parte da minha histria.

    LETCIA

    As minhas amigas e companheiras de rep Tati e Tha Um dia bem prximo iremos nos separar. Sentiremos saudades de todas as conversas jogadas

    fora, as descobertas que fizemos dos sonhos que tivemos, dos tantos risos e momentos que compartilhamos. Saudades at dos momentos de lgrima. A saudade vai apertar bem dentro

    do peito. Vocs so as irms que eu escolhi jamais vou esquecer o que vivemos juntas. Amo vocs.... Obrigado por tudo...

    LETCIA

    As meninas da sala Amandinha, Lari, Jssica, Carol, N, Keli, Clo e Maria Obrigado pelo companheirismo e risadas. Vocs so muito especiais... Tudo que posso dizer a

    vocs que VALEU A PENA. Adoro vocs! LETCIA

    A minha amiga e parceira de monografia Fabiana amiga no nos conhecemos por acaso, tenho certeza que nossa amizade vai ser para sempre. Quantas coisas voc agentou do meu lado, quantos conselhos dados... Agradeo-te por tudo.

    Passamos por chuvas e tempestades, mas agora vem a abonana, aqui esta a vitria que juntas conquistamos. Amo voc!!

    LETCIA

    A minha parceira de monografia Nathlia N nos conhecemos to pouco e tivemos a coragem de nos juntar tenho certeza que no foi por

    acaso Deus coloca as pessoas em nossas vidas sem sabermos o porque e voc foi uma delas. Sabemos que no foi fcil realizar este trabalho precisamos escutar coisas que no

    merecamos e falar muitas vezes. Aqui est vitria que juntas conquistamos.. voc especial.

    LETCIA

  • AOS MEUS PAIS (JNIO E FTIMA).

    Sinto-me to envaidecida de vs,de vosso exemplo e esforo,que talvez no saiba exprimir em palavras o especial carinho,amor sincero e a gratido que vs dedico.divide,pois,conosco os

    mritos dessa conquista,porque ela vos pertence,ela to vossa quanto nossa.Obrigada pelo amor e confiana que tiveram em mim.S enquanto eu respirar vou me lembrar de

    vocs..amo muito vocs meus amores! Nathlia

    AO MEU IRMO FERNANDO. O mundo seria perfeito se: todo dia fosse sbado, se toda noite tivesse festa, se toda cidade

    tivesse praia, se todo mar fizesse onda, se toda estao fosse vero, se toda msica nos fizesse refletir, se todo cu tivesse estrelas, se todo feriado fosse carnaval e se todas pessoas fosse

    abenoadas por DEUS em ter uma irmo assim como voc...amigo fiel,companheiro. Gratido, carinho e afinidade so presentes de Deus! Amo voc!

    Nathlia

    AS MINHAS AMIGAS CAROL,ELISSA,ROBERTA E quando o dia no passar de um retrato, colorindo de saudade no meu quarto, s a vou ter certeza de fato que eu fui feliz...O que vai ficar na minha memria so os laos invisveis

    que havia, as cores, figuras, motivos, companheirismo, puxes de orelhas, o sol,a lua, histrias, bebedeiras,sorrisos,lagrimas,festas,noites em claro,bagunas...afeto e

    cumplicidade...Vocs foram meus olhos quando eu no queria enxergar; foram meus ouvidos quando no conseguia escutar; foram minha boca quando no podia falar; foram minhas mos quando no sabia agir; foram meu corao quando no transmitia emoes; foram e sempre sero minha essncia. Vocs so responsveis por muito do que fui, sou e serei...AMO

    DEMAIS VOCEIS AMIGAS LINDAS E VERDADERAS. Nathlia

    AOS MEUS AMIGOS DE CONDOMNIO E AGREGADOS. Todo sentimento precisa de um passado pra existir, a amizade no. Ela cria como por

    encanto, um passado que nos cerca, ela nos d a conscincia de havermos vivido anos a fio com algum que h pouco era quase um estranho, ela supre a falta de lembrana como uma espcie de mgica, valeu por tudo por terem me acolhido, sempre cuidando de mim com todo carinho, valeu pelas festas, por me acordar com as bagunas,com os risos,por me incentivar

    nas horas difceis..por sempre dizer que sou capaz.Amo todos vocs, amigos verdadeiro nunca sero esquecidos.

    Nathlia

    AS MINHAS PARCEIRAS FABIANA E LETICIA. A felicidade aparece para aqueles que choram, para aqueles que se machucam, para aqueles

    que buscam,lutam e tentam sempre, e principalmente para aqueles que reconhecem a importncia das pessoas que passam por suas vidas... VOCS FORAM MUITO

    IMPORTANTE NESSA FASE DA MINHA VIDA...ME AJUDARAM,SOUBERAM TER PACINCIA E CALMA...EM TODOS OS MOMENTOS SENDO ELES BONS OU

    RUINS!!!!!OBRIGADA POR TUDO...SEMPRE VOU TER VOCIS DUAS NA MEMRIA E NO MEU CORACAO!!!!!!!

    Nathlia

  • AGRADECIMENTOS

    A Deus Tudo comeou com um sonho, que se transformou em meta e virou um desafio. Hoje, mas do que nunca, compreendemos a existncia de uma fora maior. Sabemos que

    essa fora nos ajudou a seguir por este caminho que chegou ao fim. Sabemos, tambm, que ser esta mesma fora que nos far ir sempre em frente para qualquer caminho. Por Deus, que trouxe ao mundo a Lei do Amor, oferecemos nossas vidas e

    pedimos sua bno para a nova jornada que se inicia.

    Fabiana, Letcia e Nathlia

    A nossa orientadora e amiga Renata Nos momentos de mestre, o mais sincero dos amigos; nos momentos de amigo o mais

    leal dos mestres. Obrigado por deixar em nossas vidas a coragem e o conhecimento para seguirmos adiante.

    Fabiana, Letcia e Nathlia

    A Jovira Obrigado a voc que sempre com muita disponibilidade e ateno nos incentivou em

    toda essa jornada.

    Fabiana, Letcia e Nathlia

    Aos funcionrios da biblioteca Foram anos a nos encontrarmos nestes corredores e ao partirmos desta casa deixamos

    nossa saudade, gratido e reconhecimento. A vocs que contriburam para o nosso objetivo, o nosso muito obrigado.

    Fabiana, Letcia e Nathlia

    Ao Carneiro Valeu pela pacincia, disponibilidade e dedicao que voc teve durante esses quatro anos, principalmente pela realizao deste trabalho que se tornou uma consquista,

    tambm, sua.

    Fabiana, Letcia e Nathlia

  • A escola Dcia de Lourdes Machado dos Santos

    Obrigado por abrirem as portas e acreditarem em nosso trabalho. Agradecemos o apoio que sempre nos foi dado.

    Fabiana, Letcia e Nathlia

    As crianas

    A vocs que nos receberam com o sorriso no rosto, carinho e ateno o nosso muito obrigado. Este trabalho s existe porque vocs fizeram parte dele. Por isso dizemos

    sempre insista, persista, mas nunca desista porque um dia voc conquista. Aqui esta o resultado de um sonho que dividimos... Vocs so mais que especiais.

    Fabiana, Letcia e Nathlia

  • RESUMO

    A psicomotricidade uma cincia relativamente nova, sendo o homem seu objeto de estudo. Engloba outras reas como as educacionais, pedaggicas e sade. Na psicomotricidade trabalha-se a globalidade do indivduo; estuda-se a implicao do corpo, a vivncia corporal e a integrao entre os objetos e meios para realizar uma atividade. A teoria das inteligncias mltiplas, elaborada por Gardner, tem por finalidade, que cada ser humano possui sua inteligncia comum; estabelece em si ento, vrios tipos de inteligncias, sendo a cinestsico-corporal, relacionada ao desenvolvimento de brincadeiras que estimulem o esquema corporal, a coordenao motora global, fina e culo-manual, equilbrio dinmico e esttico, lateralidade e a orientao tmporo-espacial. A pesquisa descreve um trabalho de concluso de curso, que visa a atuao da Terapia Ocupacional com 8 crianas, na faixa etria de 8 a 10 anos, de ambos os sexos, com dficits psicomotores caracterizados por dificuldades, comprovados atravs da avaliao da Adaptao do Exame de G. B. Soubiran, que permite verificar dficits especficos para posterior interveno. Utiliza-se tambm a Teoria das Inteligncias Mltiplas, de Howard Gardner que considera as pessoas capazes de desenvolver habilidades em diferentes reas intelectuais. Foram utilizadas atividades referentes a Inteligncia Cinestsico-Corporal, descrita por Gardner como a inteligncia dos atletas, sendo a habilidade de solucionar problemas ou de elaborar produtos utilizando o corpo inteiro, ou parte dele. Aps avaliao e interveno, foram realizadas as reavaliaes, onde constatou-se significante melhora em 6 casos dos 8 trabalhados. Dessa forma, 2 foram excludos conforme proposta de pesquisa. Os 6 casos analisados apresentaram os seguintes ndices de melhora: 1 - 57,87%, caso 2 - 55,20%, caso 5 - 42,11%, caso 6 - 47,37%, caso 7 - 42,10% e caso 8 - 42,11%. Tais resultados so mais visveis nos seguintes itens: coordenao motora global, esquema corporal, lateralidade, orientao temporal e espacial. O trabalho prope a utilizao da especfica avaliao, como tambm das atividades da teoria das inteligncias cinestsico-corporal para tratar crianas com dficits psicomotores influenciando no processo de aprendizagem escolar.

    Palavras-chave: Psicomotricidade; Inteligncias Cinestsico-Corporal; Terapia Ocupacional.

  • ABSTRACT

    The psycomotricity is a relatively new science, being the man the its study s object, it involves others areas like educations, and health. In the psycho-coordination works the whole individual, studies the body s implication, corporal existence and the integration between the objects and the means to achieve and activity. The intelligence multiple s theory, prepared by Gardner, has for finality, that each human being has its commun intelligence; establises itself then, diverses typesof intelligence, being the corporal-cynestesic, related to deveopment of games that stimulate the corporal scheme, the global motor coordination, thin and manual-ocular, dymamic and static balance, laterality and the orientation special-temporo. The research describe a work of conclusion of curse, that aims the action of Occupactional Therapy with 8 children, in the middle age 8 to 10 years old, of both sex, with psychomotors deficits characterized by dificulties comproved through of evaluation of Examination s Adaptation of G. B. Soubiran, that allows to verify specific deficits to later intervention. Used also the Multiples Intelligence s Theory, of Howard Gardner that considers the people able of to develop abilities in differents intellectual areas. They were used regarding activities to Corporal-Cynestesic Intelligence, described by Gardner like the athlete s intelligence, being the ability to solve problems or to elaborate products using the whole body, or part it. Later evaluation and intervention were achieved the reavalutions, where constated significant improve in 6 cases of 8 worhers. In this way, 2 were excluded according to research s propose. The 6 analyzed cases present the following indexes of improve: 1 case - 57, 87%, 2 case - 55,20%, 5 case - 42,11%, 6 case

    47,37%, 7 case

    42,10% and 8 case

    42,11%. Such results are more visible in the items following: global motor coordination, corporal scheme, laterality, special and temporal orientation. The work proposes the utilization of evaluation specific like also of theory s activities of corporal-cynestesic intelligences to treat children with psychomotors deficits influencing in the process of school learning.

    Key-words: Psycho-coordination; Mental-body Intelligence; Occupied Therapy.

  • LISTA DE QUADROS

    Quadro 1: Quadro dos resultados da avaliao de Soubiran, pr-interveno

    dos casos..........................................................................................87

    Quadro 2: Quadro dos atendimentos.................................................................89

    Quadro 3: Quadro dos resultados da reavaliao de Soubiran, ps-interveno

    dos casos..........................................................................................93

    LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    E.E. = Equilbrio esttico

    E.D. = Equilbrio dinmico

    C.M.G. = Coordenao motora global

    C.M.F. = Coordenao motora fina

    C.O.M. = Coordenao culo-manual

    P.A. = Percepo auditiva

    P.V. = Percepo visual

    R.A. = Recepo auditiva

    R.V. = Recepo visual

    O.E. = Orientao espacial

    E.C. = Esquema corporal

    S.T. = Sensibilidade ttil

    C.C. = Cinestsico-corporal

    I.M. = Inteligncias Mltiplas

    N/P = Nmero de participantes

    Q.I. = Quociente de inteligncia

  • SUMRIO

    INTRODUO.............................................................................................. 15

    CAPTULO I

    CONCEITOS FUNCIONAIS DA PSICOMOTRICIDADE

    1 CONCEITO.........................................................................................

    17

    1.1 Coordenao motora global............................................................... 19

    1.2 Coordenao motora fina................................................................... 20

    1.3 Postura............................................................................................... 22

    1.4 Tnus..................................................................................................

    22

    1.5 Equilbrio.............................................................................................

    24

    1.5.1 Equilbrio dinmico............................................................................. 25

    1.5.2 Equilbrio esttico............................................................................... 26

    1.6 Esquema corporal.............................................................................. 27

    1.7 Lateralidade........................................................................................

    30

    1.7.1 Dominncia lateral..............................................................................

    31

    1.8 Relaxamento...................................................................................... 32

    1.9 Orientao espacial............................................................................

    33

    1.10 Orientao temporal........................................................................... 36

    1.10.1 Ritmo.................................................................................................. 38

    1.11 Estruturao espao-temporal........................................................... 39

    1.12 Percepes.........................................................................................

    40

    1.12.1 Percepo auditiva.............................................................................

    41

    1.12.2 Percepo visual............................................................................... 42

    1.12.2.1 Figura-fundo.................................................................................... 44

    1.12.2.2 Constncia perceptiva.....................................................................

    45

    1.12.3 Percepo ttil...................................................................................

    47

    1.12.4 Percepo olfativa............................................................................. 48

    1.12.5 Percepo gustativa.......................................................................... 48

  • CAPTULO II

    INTELIGNCIAS MLTIPLAS

    2 CONCEITO.........................................................................................

    50

    2.1 As inteligncias mltiplas................................................................... 56

    2.1.1 Inteligncia lgico-matemtica........................................................... 56

    2.1.2 Inteligncia lingstica........................................................................ 58

    2.1.3 Inteligncia musical............................................................................ 60

    2.1.4 Inteligncia espacial........................................................................... 61

    2.1.5 Inteligncia interpessoal..................................................................... 63

    2.1.6 Inteligncia intrapessoal..................................................................... 64

    2.1.7 Inteligncia naturalista........................................................................

    66

    2.1.8 Inteligncia cinestsico-corporal........................................................ 67

    2.1.8.1 Estratgias para estimular a inteligncia cinestsico-corporal......... 70

    2.1.8.1.1 A ao coordenada dos movimentos como veculo para se

    pesquisar temas e contedos diferentes...................................................... 70

    2.1.8.1.2 A dana como ferramenta educativa............................................. 70

    2.1.8.1.3 O tato como experincia para a compreenso da hiptese...........

    70

    2.1.8.1.4 A mmica pode deixar de ser apenas experincia ldica e

    transformar-se em recurso pedaggico........................................................ 71

    2.1.8.1.5 Experincias olfativas ou exerccios que aprimoram a

    sensibilidade do paladar constituem tambm recursos pedaggicos...........

    71

    2.1.8.1.6 A teatralizao tambm uma forma de estudo e de

    aprendizagem............................................................................................... 71

    2.1.8.1.7 Os movimentos como reforo da comunicao verbal.................. 72

    2.1.8.1.8 Atividades do tipo caa ao tesouro como estimulo a

    compreenso significativa............................................................................. 72

    2.1.8.1.9 Caminhando e aprendendo............................................................

    72

    2.1.8.1.10 Questionrio gestual.................................................................... 73

    CAPTULO III

    MTODO E AVALIAO PSICOMOTORA

    3 ADAPTAO DO EXAME MOTOR DE G. B. SOUBIRAN.............. 74

    3.1 Teoria de Soubiran............................................................................. 75

  • CAPTULO IV

    A PESQUISA

    4 INTRODUO................................................................................... 79

    4.1 Caracterstica do local da pesquisa....................................................

    79

    4.2 Mtodos e tcnicas utilizadas.............................................................

    80

    4.3 Tcnicas............................................................................................. 80

    4.4 Casos em estudo................................................................................

    81

    4.4.1 Anamnese dos casos......................................................................... 81

    4.4.1.1 Caso 1............................................................................................... 81

    4.4.1.2 Caso 2 .............................................................................................. 82

    4.4.1.3 Caso 3............................................................................................... 82

    4.4.1.4 Caso 4............................................................................................... 83

    4.4.1.5 Caso 5...............................................................................................

    84

    4.4.1.6 Caso 6...............................................................................................

    85

    4.4.1.7 Caso 7...............................................................................................

    85

    4.4.1.8 Caso 8...............................................................................................

    86

    4.5 Quadro dos resultados da Avaliao de Soubiran pr-interveno

    dos casos........................................................................................... 87

    4.6 Quadro dos atendimentos..................................................................

    89

    4.7 Quadro dos resultados da Avaliao de Soubiran ps-interveno

    dos casos........................................................................................... 94

    4.8 Resultado dos casos.......................................................................... 96

    4.8.1 Caso 1................................................................................................ 96

    4.8.2 Caso 2................................................................................................ 96

    4.8.3 Caso 3................................................................................................

    96

    4.8.4 Caso 4................................................................................................

    97

    4.8.5 Caso 5................................................................................................

    97

    4.8.6 Caso 6................................................................................................

    97

    4.8.7 Caso 7................................................................................................ 97

    4.8.8 Caso 8................................................................................................

    98

    4.9 A palavra dos profissionais.................................................................

    98

    4.9.1 A palavra do diretor da escola............................................................

    98

    4.9.2 A palavra do coordenador pedaggico...............................................

    99

    4.9.3 A palavra do professor.......................................................................

    100

  • 4.9.4 A palavra do professor de educao fsica........................................ 101

    4.9.5 A palavra do terapeuta ocupacional................................................... 102

    4.10 Discusso...........................................................................................

    103

    4.11 Concluso sobre a pesquisa..............................................................

    104

    PROPOSTA DE INTERVENO................................................................. 106

    CONSIDERAES FINAIS..........................................................................

    107

    REFERNCIAS.............................................................................................

    108

    APNDICES................................................................................................. 113

    ANEXOS....................................................................................................... 139

  • 15

    INTRODUO

    A psicomotricidade necessria tanto para preveno e tratamento das

    dificuldades, quanto explorao do potencial ativo de cada um. um conjunto

    de conhecimentos quanto aos aspectos motor, intelectual e expressivo do

    sujeito.

    A psicomotricidade uma cincia que tem por objetivo o estudo do

    homem, atravs do seu corpo em movimento e, em relao ao mundo interno e

    externo.

    Atualmente, crianas em processo de aprendizagem escolar, vm

    apresentando inmeras dificuldades, que afloram no seu cotidiano, criando-

    lhes vrios problemas quanto as expectativas dos pais e dos profissionais.

    Sendo a psicomotricidade e seus conceitos funcionais como: esquema

    corporal; equilbrio esttico e dinmico; coordenao motora global, fina e

    culo-manual; orientao tmporo-espacial e lateralidade, pr-requisitos

    indispensveis para um satisfatrio desempenho escolar, acredita-se que os

    mesmos devam ser investigados.

    A teoria das Inteligncias Mltiplas sugere que toda pessoa desenvolve

    diversas habilidades, sendo a inteligncia cinestsico-corporal responsvel por

    resolver, problemas ou elaborar produtos utilizando o corpo, demonstrando

    tambm grande habilidade atltica e uma coordenao apurada.

    Sabendo de sua importncia para tal processo, buscou-se a utilizao

    de um mtodo e tcnica para a realizao desta pesquisa.

    O presente trabalho tem por objetivo verificar possveis melhoras em

    crianas com dficits psicomotores, atravs da aplicabilidade de atividades da

    inteligncia cinestsico-corporal.

    O estudo descreve o trabalho realizado por um terapeuta ocupacional e

    8 crianas com dficits psicomotores, evidenciados atravs da avaliao,

    interveno e posterior reavaliao.

    Parte do questionamento: seria o terapeuta ocupacional um profissional

    preparado para trabalhar com crianas com dficits psicomotores, utilizando a

  • 16

    teoria da inteligncia cinestsico-corporal, como tentativa de resgate para tais

    dficits?

    A hiptese que direciona a pesquisa, enfatiza a terapia ocupacional,

    utilizando atividades relacionadas a inteligncia cinestsico-corporal, que

    poderia intervir, influenciando e favorecendo seu desenvolvimento nos dficits

    psicomotores.

    O trabalho est assim dividido:

    Captulo I e II apresentam literatura pertinente ao objetivo do trabalho,

    realizando reviso bibliogrfica sobre os conceitos funcionais da

    psicomotricidade e inteligncias mltiplas.

    Captulo III enfatiza o mtodo da avaliao psicomotora.

    Captulo IV descreve a pesquisa, analisando, intervindo, acompanhando

    e descrevendo os estudos de caso pr e ps interveno.

    Finalizando, seguem-se a proposta de interveno e consideraes

    finais.

  • 17

    CAPTULO I

    CONCEITOS FUNCIONAIS DA PSICOMOTRICIDADE

    1 CONCEITO

    A educao psicomotora indispensvel a toda criana, sendo assim

    considerada uma formao de base que, segundo Jos; Coelho (1997, p.108),

    possui dupla finalidade: assegurar o desenvolvimento funcional, tendo em

    conta as possibilidades da criana, e ajudar sua afetividade a se expandir e

    equilibrar-se atravs do intercambio com o ambiente humano .

    Le Bouch (apud JOS; COELHO, 1997) menciona que a prtica da

    educao psicomotora auxilia a criana a obter uma imagem do corpo operrio,

    a partir do qual poder exercer sua disponibilidade. Esses ganhos passam

    pelos vrios estgios da evoluo psicomotora.

    Jos; Coelho (1997, p.108) definem psicomotricidade como a educao

    do movimento com atuao sobre o intelecto, numa relao entre pensamento

    e ao, englobando funes neurofisiolgicas e psquicas .

    A criana expressa, atravs de seus comportamentos fsicos, suas

    dificuldades intelectuais e emocionais. Dessa forma, a psicomotricidade o

    estudo do corpo e da mente e possui vrias tcnicas para se trabalhar o corpo,

    relacionando-o com a afetividade, o pensamento e o nvel de inteligncia.

    Estimular o desenvolvimento psicomotor na criana fundamental para

    que ela adquira conscincia de seus movimentos corporais integrados a

    emoo e expressos por esses movimentos.

    A psicomotricidade necessria tanto para a preveno e tratamento

    das dificuldades, quanto para a explorao do potencial ativo de cada um.

    Barreto (2000) acredita que um desenvolvimento psicomotor adequado

    favorece e favorecido pelos seguintes itens: expressividade, dominncia

    lateral, orientao espao-temporal, bom ritmo, boa tonicidade, boa

    coordenao geral, boa coordenao fina e refinada, boa estruturao do

  • 18

    esquema corporal e da imagem corporal.

    Segundo Costallat (2000) a psicomotricidade compreendida como a

    integrao superior da motricidade, resultado de uma relao inteligvel entre a

    criana e o meio, e instrumento privilegiado atravs do qual a conscincia se

    forma e se materializa.

    A psicomotricidade um conjunto de conhecimento que envolve a

    tripolaridade do homem, ou seja, os aspectos cognitivos (intelectuais), afetivos

    (emocionais) e orgnicos (motores).

    A psicomotricidade estuda o homem nas suas relaes com o corpo em

    movimento, dessa forma a interveno psicomotora d-se em mbito global.

    Um objetivo primordial da psicomotricidade trabalhar para educar e

    reeducar o indivduo, que apresenta distrbios expressos atravs de

    perturbaes psicomotoras, debilidades motoras e inabilidade, atrasos

    psicomotores, instabilidade psicomotora, inibio psicomotora, diminuio,

    hipercontrole e reteno. Assim a psicomotricidade tem por objetivo trabalhar o

    indivduo com toda sua histria de vida, social, poltica e econmica.

    Alves (2004, p. 20) diz que a psicomotricidade o corpo, ao e

    emoo .

    Psicomotricidade uma cincia que tem por objetivo o estudo da relao entre o pensamento e a ao, envolvendo a emoo, atende a todas as reas que trabalham com o corpo e com a mente do ser humano, assim como a psicologia (ALVES, 2004, p.52).

    O desenvolvimento psicomotor acontece em um processo conjunto de

    todos os aspectos: motor, intelectual e expressivo que constituem o sujeito.

    Psicomotricidade a rea que se ocupa do corpo em movimento, une o

    indivduo ao mundo, d-lhe marcas necessrias para que se constitua como

    sujeito. A psicomotricidade vem recebendo influncias de outras cincias, como

    a psiquiatria, a psicanlise, a pedagogia, a psicologia, a neurologia e a

    educao fsica, com a finalidade de educar e reeducar o seu total, ou seja, o

    ser que pensa o ser que se comunica.

    A psicomotricidade uma cincia que tem como objeto de estudo o homem, por meio do seu corpo em movimento e em relao ao seu mundo interno e externo, bem como suas

  • 19

    possibilidades de perceber, atuar, agir com o outro, com os objetos e consigo mesmo. Est relacionado ao processo de maturao do corpo a origem das aquisies cognitivas, afetivas e orgnicas. (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PSICOMOTRICIDADE apud ALMEIDA, 2006, p.171).

    A imagem corporal representa um equilbrio entre as funes

    psicomotoras e a sua maturidade. Ela corresponde a um conjunto funcional

    cuja finalidade favorecer o desenvolvimento.

    A criana depende do meio em que vive e atravs das relaes

    humanas com o outro, que ela se descobre e constri, gradativamente, sua

    personalidade.

    A psicomotricidade funcional tem por finalidade educar sistematicamente

    as diferentes condutas motoras, permitindo assim, uma maior integrao social

    e escolar.

    As condutas funcionais referem-se aquelas cuja ao, qualidade e mensurao so possveis de ser percebidos e que conjuntamente formam a integralidade motora do ser humano num espao e num tempo enquadrado (BUENO, 1998, p.51).

    1.1 Coordenao Motora Global

    A coordenao motora global refere-se ao movimento dos grandes

    msculos e est ligada ao equilbrio postural do indivduo, que por sua vez

    depende das sensaes proprioceptivas cinestsicas e labirnticas.

    Oliveira (1997) enfatiza que atravs da experimentao dos movimentos,

    o indivduo procura seu eixo corporal e, assim, aperfeioa seu equilbrio. Como

    conseqncia, vai coordenando seus movimentos e assim se conscientizando

    de seu corpo e de suas posturas. Todo esse processo mostra que quanto

    maior o equilbrio, mais econmica ser a atividade do sujeito e mais

    coordenadas sero suas aes.

    A coordenao global e a experimentao levam a criana a alcanar a

    dissociao de movimentos, ou seja, a criana passa a ter capacidade de

    realizar mltiplos movimentos ao mesmo tempo.

  • 20

    Coordenao motora global refere-se ao controle de movimentos amplos

    do nosso corpo. a atividade dos grandes msculos que vai apurar os

    movimentos dos membros superiores e inferiores.

    Segundo Alves (apud BUENO, 1998) para que ocorra a coordenao

    motora global, necessrio que haja uma harmonia de grupos musculares

    colocados em movimento ou em repouso.

    Para Bueno (1998) a coordenao motora global apresenta-se sob dois

    aspectos: coordenao esttica que acontece em repouso e resultado do

    equilbrio dos grupos musculares antagonistas e a coordenao dinmica que

    a ao simultnea de diferentes grupos musculares.

    A dissociao de movimento est diretamente relacionada

    coordenao motora global, onde Bueno (1998, p.52) acredita ser atividade

    voluntria do indivduo, que consiste em acionar os grupos musculares

    independentes uns dos outros .

    De acordo com Almeida (2006) a prtica da coordenao motora global

    est relacionada organizao do ritmo, ao desenvolvimento e as percepes

    gerais da criana e deve ser desenvolvida primariamente.

    1.2 Coordenao Motora Fina

    Oliveira (1997) define a coordenao motora fina como a habilidade e

    destreza manual e constitui um aspecto particular da coordenao global.

    atravs da preenso que a criana vai descobrindo, pouco a pouco, os objetos

    de seu meio ambiente.

    Porm, possuir apenas uma boa coordenao motora fina no

    suficiente. necessrio que a coordenao viso-motora e/ou culo manual e/

    ou viso manual estejam associadas ao movimento.

    A coordenao culo manual diretamente relacionada a escrita, sendo

    realizada com preciso sobre a base de um domnio visual ligado a gestos

    executados, facilitando assim o movimento.

    Para Arajo; Mineiro; Kosely (1997) a coordenao motora viso manual

  • 21

    com a capacidade de coordenar os movimentos de uma ou mais partes do

    corpo importante nas atividades dirias da criana.

    As atividades culo-manuais representam a ao conjunta de certas

    partes do corpo e da viso, estando tambm, ligadas movimentao ampla,

    coordenada com a percepo visual.

    Segundo Bueno (1998) a coordenao motora fina a capacidade de

    controlar os pequenos msculos para exerccios refinados, como recortes,

    colagem e encaixes. J a coordenao viso motora definida como a

    capacidade de coordenar os movimentos em relao ao alvo visual.

    A coordenao viso manual refere-se ao do tato, que permite a

    criana segurar e controlar o movimento para o objeto. Esta coordenao

    inicia-se nas atividades para o desenvolvimento dos pequenos msculos que

    ir preparar a criana para escrita.

    Alves (2004) acredita que a coordenao fina, como a habilidade e

    destreza manual, permite ao indivduo desenvolver formas diversas de pegar

    os diferentes objetos, sendo que uma coordenao adequada dos dedos das

    mos facilita a aquisio de novos conhecimentos.

    Como complemento da coordenao motora fina h a coordenao

    culo manual que a viso acompanhando os gestos da mo. Ela acontece

    com preciso a partir de um domnio visual previamente estabelecido o que

    facilita uma harmonia do movimento.

    De acordo com Almeida (2006), a coordenao motora fina diz respeito

    aos trabalhos realizados com auxlio das mos e dos dedos, principalmente

    aqueles que envolvem os olhos na realizao da tarefa.

    Quando a criana comea a apresentar uma boa coordenao fina

    comum a presena de boa tonicidade muscular nos membros superiores e

    inferiores, que unidos, permitem a criana apanhar objetos delicados sem

    amass-los, pintar sem muita fora, usar o equilbrio e a fora necessria na

    realizao de suas atividades, entre outras coisas.

    A coordenao viso manual e o aperfeioamento da motricidade fina da mo e dos dedos se d a partir da organizao das reaes combinadas dos olhos e da mo dominante. Ela comea no primeiro ano e s se completa no final da escolaridade primria. No perodo pr-escolar, o desenvolvimento global desta forma de coordenao far-se-a

  • 22

    durante as atividades prxicas escolhidas para desenvolver a destreza e a coordenao fina; por meio da prtica de expresso grfica e do desenho, desenvolve-se, ao mesmo tempo, a funo simblica. (LE BOUCH apud ALMEIDA, 2006, p.50).

    1.3 Postura

    Bueno (1998) diz que a postura est diretamente relacionada ao tnus,

    formando assim, o que denomina de unidade tnico-postural. O controle da

    mesma, facilita a canalizao da energia tnica para realizar os gestos,

    prolongar uma ao ou levar o corpo a uma posio determinada.

    Este controle atua sobre a motricidade fina como a motricidade global,

    facilitando o equilbrio postural, o que significa que necessrio ao indivduo

    dominar cada postura para executar a ao e a modificao postural.

    De acordo com Mattos; Neira (2003) a postura definida como o

    posicionamento do corpo esttico ou durante a execuo de um movimento.

    O corpo possui diversas formas de se posicionar, ou seja, postura em

    decbito lateral, ventral ou dorsal, posio sentada, inclinada para a esquerda

    ou para a direita, invertida, equilbrio em um dos ps, entre outras.

    A vivncia dessas diversas posturas aumentar a compreenso global

    do corpo estabelecendo a conscincia corporal, isto , a localizao das partes

    do corpo durante o movimento.

    Nicola (2004) define postura como a posio do corpo, sua atitude e seu

    aspecto fsico e este dever ser observado em todos os momentos.

    1.4 Tnus

    Ganong (apud BUENO, 1998, p. 54) cita que a resistncia de um

    msculo distenso comumente referida como seu tnus ou tono .

    Tnus refere-se a firmeza palpao e est presente tanto em repouso

  • 23

    quanto em movimento. Pode ser dividido em espstico, hipertnico, hipotnico,

    flcido, distnico e corico.

    O desenvolvimento do tnus condio bsica para aquisio de

    movimentos manuais coordenados, em outras palavras, para uma boa

    coordenao viso-manual.

    Costallat (apud BUENO, 1998) divide o tnus em muscular, afetivo e

    mental. O muscular refere-se ao movimento executado, o afetivo diz respeito

    ao estado de esprito e o mental capacidade de ateno naquele determinado

    momento. A ao motora constantemente influenciada pelo comportamento

    humano, sendo varivel para cada indivduo conforme as estimulaes e

    limitaes do meio.

    Para Ajuriaguerra (apud BUENO, 1998) o tnus que prepara e guia o

    gesto, ou seja, apenas com a vivncia corporal de situaes psicomotoras e

    relacionais a criana ter capacidade de moldar o seu tnus, oscilando entre a

    hipertonia, normalidade e hipotonia.

    Segundo Barreto (2000) o tnus classificado como o equilbrio entre a

    tenso e o relaxamento de um msculo ou de um grupo muscular ou de grupo

    de msculos.

    Queirs; Schrager; Weribe; Nadelbrulfert (apud BARRETO, 2000,),

    acrescentam que o tnus est intimamente ligado a sade, a coordenao e a

    postura.

    O tnus muscular a atividade primitiva e permanente do msculo, alem de traduzir a vivencia emocional do organismo, o alicerce das atividades. (LE BOUCH apud COSTALLAT, 2000, p.156).

    Com o amadurecimento da motricidade, o tnus dos membros diminui

    devido ao aumento do eixo corporal, o que revela a ligao do tnus com as

    manifestaes de ordem afetiva, cognitiva e motora.

    O tnus est diretamente relacionado as atitudes e as posturas do

    indivduo e tem papel fundamental no desenvolvimento psicomotor e

    psicolgico da criana, influenciando na formao de sua personalidade.

    Costallat (2000) acredita que atravs da vivncia corporal acontecem as

    vivncias motoras e assim o tnus adquire uma expresso representativa de

  • 24

    acordo com a evoluo da tonicidade e da dialtica dos estados hipertnicos e

    hipotnicos.

    A funo tnica expressa atravs da contrao permanente da

    musculatura e est presente em todos os nveis da personalidade psicomotora

    participando de funes como equilbrio e coordenao.

    Nicola (2004) enfatiza que o tnus muscular um fenmeno de natureza

    reflexa que tem origem muscular, cuja regulao feita pelo cerebelo e, como

    exemplo, cita mmicas, gestos faciais, corporais que possuem significado

    direto.

    O movimento do corpo humano, em todas as suas formas, acontece

    sobre fundo tnico. Mesmo em total relaxamento muscular passageiro e

    segue o incio rpido e profundo do sono. Passado esse momento, o

    relaxamento passa a sofrer influencias tnicas.

    1.5 Equilbrio

    O equilbrio a base da coordenao dinmica global, definido por

    Bueno (1998) como a noo de distribuio do peso em relao a um espao,

    h um tempo e em relao ao eixo de gravidade, sendo dependente do sistema

    labirntico e do sistema plantar.

    Para Rosa Neto (2002) o equilbrio essencial a toda ao diferenciada

    das partes do corpo humano. Durante o movimento o tnus postural ajusta-se

    para compensar o deslocamento do peso do corpo de uma perna a outra e

    para assegurar o equilbrio de todo o corpo.

    O equilbrio o estado de um corpo quando foras distintas que atuam sobre ele se compensam e anulam-se mutuamente (ROSA NETO, 2002, p.17).

    Para Keynes; Colby (apud SAVOLDI, 2005) o equilbrio refere-se a

    habilidade que o indivduo possui para manter o centro de gravidade sobre uma

    base de apoio. considerado um fenmeno dinmico que envolve estabilidade

    e a mobilidade.

  • 25

    Ellenbecker (apud, SAVOLDI, 2005, p.14) define o equilbrio de trs

    formas: a capacidade de manter uma posio, a capacidade de movimentar-se

    voluntariamente e a capacidade de reagir a uma perturbao .

    O equilbrio a combinao adequada de aes musculares para

    sustentao do corpo em uma base reduzida, tanto parada quanto em

    movimento. O sistema labirntico e plantar, rea temporal, os estmulos

    vestibulares e auditivos so necessrios manuteno do equilbrio. Fatores

    como peso corporal, base de sustentao, organizao do equilbrio sseo,

    resistncia visco elstico dos elementos musculares e ligamentos, e reflexos

    posturais tambm esto envolvidos na manuteno do equilbrio postural.

    De acordo com Leanza (apud SAVOLDI, 2005) as posturas ereta,

    esttica e dinmica resultam do equilbrio entre as foras gravitacionais e as

    foras dos grupos musculares antigravitacionais que se contraem e atuam em

    sentidos opostos.

    O equilbrio classificado em esttico e dinmico, ou seja, o equilbrio

    pode ser visualizado e investigado com o indivduo em posio ereta (esttica)

    e durante a marcha (dinmica).

    1.5.1 Equilbrio dinmico

    Segundo Bueno (1998) o equilbrio dinmico est relacionado com as

    funes tnico-motoras, membros e rgos, seja da parte sensorial ou motora.

    Wallon (apud BUENO, 1998, p.55) relata que toda parte do corpo que

    se move tende a mover o centro de gravidade , isto , todo corpo em

    movimento possui uma dificuldade maior em manter-se na postura adequada.

    Para Nicola (2004) o equilbrio dinmico relativo ao movimento,

    estando relacionado ao equilbrio das foras ou organismos em atividade.

    O termo equilbrio dinmico, segundo Hall (apud SAVOLDI, 2005, p.14)

    aplicado a corpos em movimento que estejam em uma velocidade constate

    seja essa angular ou linear . Ferreira (apud SAVOLDI, 2005, p. 14) acrescenta

    dizendo que a existncia do equilbrio dinmico no indivduo, depende do

  • 26

    controle motor, o qual auxiliado pelos sistemas sensoriais presentes no

    organismo .

    Um equilbrio dinmico adequado envolve respostas e posturas

    automticas ao movimento do corpo, ou seja, ao deslocamento da posio.

    A postura dinmica esta presente na realizao de todos os movimentos

    de deslocamento do corpo, sendo assim, o equilbrio adequado na realizao

    dos movimentos que devem ser executados sem dor. Quando o movimento

    executado na posio adequada de equilbrio, as vrtebras, os discos, as

    articulaes e os msculos executam essa funo com o mnimo de desgaste.

    1.5.2 Equilbrio esttico

    Bueno (1998) classifica o equilbrio esttico como o mais difcil de ser

    adquirido, pois exige uma maior concentrao. Sua ao refere-se a habilidade

    de se sustentar em diferentes posies, seu domnio resulta do controle da

    postura.

    Segundo Nicola (2004) o equilbrio esttico representado pelo repouso,

    e os corpos, solicitados para determinada postura, firmes, imveis ou parados.

    Para Ellenbecker (apud SAVOLDI, 2005) o equilbrio esttico relaciona-

    se capacidade do indivduo em manter-se em uma posio antigravitacional

    estvel quando em repouso. Essa estabilidade, segundo Duarte (apud

    SAVOLDI, 2005), alcanada gerando-se um movimento oposto ao da

    gravidade, ou seja, gerando-se movimentos de fora sobre as articulaes do

    corpo para neutralizar o efeito da gravidade durante a permanncia em

    determinada postura.

    O equilbrio esttico descrito por Filho (apud SAVOLDI, 2005), como

    sendo pelo equilbrio do organismo humano, na posio parada, em uma

    situao que no cause dano s estruturas anatmicas responsveis por tal

    posio.

  • 27

    1.6 Esquema Corporal

    De acordo com De Meur; Staes (1984) o esquema corporal a

    representao global, cientfica e diferenciada que a criana tem do seu prprio

    corpo.

    A criana percebe-se e percebe os seres e as coisas que a cercam, em

    funo de sua pessoa. E sua personalidade se desenvolve graas a uma

    progressiva tomada de conscincia de seu corpo.

    Jos; Coelho (1997) define esquema corporal como a habilidade de

    reconhecimento do prprio corpo, de suas partes, dos movimentos, das

    posturas e das atitudes. Consideram o esquema corporal como indispensvel

    na formao do eu, isto , a criana distingui os outros e os objetos que a

    cerca, atravs da percepo que ela tem de si mesma. Caso a criana no

    possua um bom esquema corporal, poder ter problemas de orientao

    espacial e temporal, de equilbrio e de postura.

    Segundo Oliveira (1997) o corpo uma forma de expresso da

    individualidade. atravs dele que se estabelece contato com as entidades do

    mundo, que compreendem os outros. O corpo deve ser entendido no somente

    como algo biolgico e orgnico que possibilita a viso, a audio, o movimento,

    mas tambm um lugar que permite expressar emoes e estados interiores.

    A expresso esquema corporal nasceu em 1911 com o neurologista

    Henry Head, tendo caractersticas essencialmente neurolgicas. Aps os

    estudos as idias sobre esquema e imagem corporal foram evoluindo.

    Tanto para Morais quanto para Santos (apud OLIVEIRA, 1997) a

    imagem do corpo uma impresso que se tem de si mesmo. baseada em

    percepes internas e externas como, por exemplo, a altura, peso, fora

    muscular, e no confronto com outras pessoas do prprio meio social.

    No desenvolvimento do esquema corporal a criana aprende os

    conceitos e as palavras correspondentes s diferentes partes e regies do

    corpo, bem como sua funo.

    Um esquema corporal organizado permite que a criana sinta-se bem,

    na medida em que domina seu corpo, domina seus gestos ao escrever e seu

  • 28

    tnus muscular ao colocar a fora adequada na realizao de determinadas

    tarefas.

    Para Arajo; Mineiro; Kosely (1997, p. 26), a conscincia do corpo

    como meio de comunicao consigo mesmo e com o meio, forma o esquema

    corporal e um bom desenvolvimento deste supem, antecipadamente, uma

    boa evoluo da motricidade, das percepes espaciais, temporais e da

    afetividade.

    O conhecimento adequado do corpo envolve a imagem corporal e o

    conceito corporal, onde imagem corporal de uma pessoa uma experincia

    subjetiva do prprio corpo, sendo determinada pelas experincias com outras

    pessoas e por uma grande variedade de relaes sociais. O conceito corporal

    o conhecimento intelectual que a pessoa possui de seu corpo e se desenvolve

    aps a aquisio da imagem corporal.

    De acordo com Bueno (1998) o esquema corporal de fundamental

    importncia para a formao da personalidade da criana, sendo o ncleo

    central, pois, reflete o equilbrio das funes psicomotoras e sua maturidade.

    O esquema corporal , portanto, resultado da experincia do corpo do qual o indivduo toma pouco a pouco conscincia e da maneira como o corpo se pe em relao ao meio (COSTE apud BUENO, 1998, p.57).

    O esquema corporal, quando bem estruturado e utilizado, contribui na

    adaptao do indivduo no espao e no tempo que, por conseqncia, contribui

    para uma disposio corporal mais adequada na realizao das diversas

    atividades.

    Um esquema corporal bem assimilado, segundo Bueno (1998),

    compreende a percepo e o controle do prprio corpo, um equilbrio postural

    econmico, uma habilidade bem definida, a independncia dos seguimentos

    em relao ao tronco e uns em relao aos outros, o controle e o equilbrio das

    pulses ou inibies estreitamente associados ao esquema corporal e ao

    controle da respirao.

    Dentro do esquema corporal h dois conceitos. O primeiro a imagem

    corporal que expressa o conhecimento que se tem do prprio corpo em relao

    ao espao dos objetos e das pessoas. O segundo conceito o eixo corporal,

  • 29

    representado pela coluna vertebral que rene o sistema nervoso central, o

    sistema sseo e o sistema muscular. um conceito que envolve as funes

    tnicas, motoras e de orientao espacial.

    Bueno (1998) afirma que a criana conhecer as diferentes partes de

    seu corpo pela percepo vivida e tambm pelas vias que conduzem reflexo

    e distrao.

    Para Barreto (2000) o esquema corporal a representao topogrfica

    do corpo e, para Schilder (apud BARRETO, 2000) a imagem do corpo

    corresponde a uma inscrio progressiva, a qual se associa uma estrutura

    libidinal, que se constri em torno das zonas ergenas destacadas pela

    psicanlise.

    O esquema corporal no algo que deva ser ensinado, treinado. Ele se

    organiza de acordo com as experincias da criana, pela maneira que ela

    experimenta seu corpo no espao. Pouco a pouco, ela vai se conhecendo e

    integrando as diversas sensaes que experimenta, aprende o sentido de

    mundo atravs da audio, viso, olfao, sensao de calor, de frio, percebe

    tambm sensaes provenientes das inervaes dos msculos e das vsceras.

    Segundo Wallon (apud MATTOS; NEIRA, 2003) esquema corporal

    elemento bsico na formao da personalidade da criana, sendo a

    representao global que a criana tem de seu prprio corpo.

    Tal afirmao refere-se ao fato de que somos frutos de experincias

    vividas, sejam essas positivas ou negativas, e em razo dessa ao tem-se a

    formao do ser, do carter de criana.

    Alves (2004) afirma que a personalidade da criana se desenvolve

    devido a uma progressiva tomada de conscincia de seu corpo, do seu ser, de

    suas possibilidades de agir e de transformar o mundo a sua volta. A partir do

    momento que a criana descobre que seu corpo lhe obedece, ela consegue se

    movimentar e conhec-lo melhor.

    Para Nicola (2004), conhecer seu esquema corporal possuir a

    conscincia de seu prprio corpo, das partes que o compem, dos diversos

    movimentos, posturas e atitudes.

  • 30

    1.7 Lateralidade

    A lateralidade conhecida como a capacidade motora que o indivduo

    tem de percepo integrada dos dois lados do corpo, direito e esquerdo, sendo

    que ela entendida como o domnio de um lado do corpo sobre tudo, o

    domnio manual, sem esquecer dos ps, olhos e ouvidos. A lateralidade o

    elemento fundamental de relao e orientao com o mundo exterior.

    Segundo Drouet (1997) lateralidade definida como a capacidade de

    integrar a relao sensrio-motora com o ambiente. O conhecimento da

    lateralidade na orientao do corpo facilita a integrao sensrio-motora e

    auxilia a aprendizagem.

    A lateralidade a propenso de utilizar mais um lado do corpo em trs

    nveis: mo, olho e p. Isto significa que existe uma dominncia de um lado

    influenciada por dados neurolgicos e por hbitos sociais. Dominncia lateral

    refere-se ao lado do corpo que tem prioridade em uma determinada atividade.

    Segundo Jos; Coelho (1997) existem pessoas que utilizam a parte

    direita do corpo, e que so considerados destros. Outros utilizam a parte

    esquerda, so considerados canhotos. Tambm existem os ambidestros, que

    usam ambos os lados com a mesma habilidade e destreza.

    A lateralidade uma varivel do comportamento psicomotor da criana que apresenta uma srie de implicaes de ordem neurolgica, biolgica e pedagogia (NEGRINE apud BARRETO, 2000, p.63).

    Faria (apud NEGRINE, 2001) afirma que a lateralidade corporal refere-

    se ao espao interno do ser humano, que o capacita a utilizar um lado do corpo

    com mais facilidade que o outro, em atividades que requeiram habilidade.

    A lateralidade no se manifesta somente por meio das atividades

    motoras, mas tambm por meio de aferncia sensorial e sensitiva e pela

    diferenciao funcional de ambas as metades do crebro.

    Uma evoluo normal da definio da lateralidade influi de forma decisiva em todas as aprendizagens manuais, inclusive na escrita, influenciando tambm no aprendizado e na leitura,

  • 31

    que exige uma orientao esquerda direita. Para ele a dominncia lateral esta relacionado com a dominncia hemisfrica cerebral. (BARAJS apud FARIA, 2001p.33)

    Para Ajuriaguerra (apud FARIA, 2001) lateralizao a expresso de

    uma superioridade motora relacionada com as partes do corpo, que integram

    suas metades, direita e esquerda. Superioridade esta que se liga a acelerao

    do processo de maturao dos centros sensrios motores de um dos

    hemisfrios cerebrais.

    Segundo Rosa Neto (2002) a lateralidade a preferncia da utilizao

    das partes simtricas do corpo.

    Apresenta-se maior fora, preciso e rapidez do lado dominante e ele

    que executa a ao e o outro lado auxilia a ao, de forma complementar.

    Introduz aqui o conceito de prevalncia e faz uma distino entre esse termo que para ele significa a freqncia de utilizao de um lado, com suas implicaes psicolgicas e sociais

    e o termo dominncia com implicaes orgnicas e significando a relao existente entre esta utilizao preferencial e o predomnio de um hemisfrio cerebral. (GUILLARME apud ALVES, 2002, p. 92).

    Nicola (2004) define que a partir dos seis ou sete anos a criana

    descobre a manipulao da direita e esquerda em outras pessoas, e ento

    adquiri a conscincia da sua lateralidade, ou seja, a criana descobre a sua

    lateralidade aos poucos.

    1.7.1 Dominncia Lateral

    A dominncia lateral se desenvolve na criana, segundo De Meur; Staes

    (1984), naturalmente, onde ser mais forte e gil do lado direito ou do lado

    esquerdo.

    Durante o desenvolvimento da criana define-se uma dominncia lateral

    que seja mais forte, mas gil e mais precisa.

    Pode-se observar que existe a lateralidade homognea onde h

  • 32

    dominncia de membros superiores, inferiores e olhos do lado direito (destro)

    ou esquerdo (canhoto); a lateralidade heterognea onde a pessoa destra em

    membro superior e canhota em membro inferior ou vice-versa; e a ambidestra

    que se caracteriza pela habilidade tanto do lado direito quanto do lado

    esquerdo.

    Para Arajo; Mineiro; Kosely (1997), a lateralidade relativa, no

    existindo destro e canhoto absolutos. E relatam ainda que a lateralidade pode

    ser compreendida sobre duas formas: a lateralidade de utilizao que se

    desenvolve sob influencia de estmulos externos e a lateralidade espontnea

    que gentica.

    De acordo com Bueno (1998) no se pode forar a mudana do lado

    dominante porque desta maneira resultar em uma desorganizao

    psicomotora acentuada. Refere-se ainda sobre a diferena entre lateralidade e

    o conhecimento de direita e esquerda. A lateralidade a dominncia de um

    lado em relao ao outro, em nvel de fora e preciso. J o conhecimento de

    direita e esquerda apenas o domnio.

    Se uma criana imatura no plano psicomotor, hesitaria em definir sua habilidade e que s depois de definida a lateralidade, a criana poder aprender a orientao, seriao, preciso e ajustamento espao temporal (FONSECA apud BUENO, 1998, p.60)

    A dominncia do lado direito ou esquerdo do corpo, leva o indivduo a

    uma melhor relao consigo mesmo e com os objetos.

    Para Negrini (apud FARIA, 2001) a pr-afirmaco definitiva da

    lateralidade, consiste em possibilitar s crianas atividades manuais, oculares e

    pedais que determinam o uso de nico segmento sem qualquer tipo de

    presso. Assim, estar contribuindo para seu desenvolvimento psicomotor,

    antecipando sua definio de lateralidade.

    1.8 Relaxamento

  • 33

    Para Bueno (1998) o relaxamento uma forma de atividade psicomotora

    onde se objetiva a diminuio das tenses que levam a desconstruo da

    musculatura voluntria. O relaxamento dirio auxilia no reconhecimento do

    esquema corporal, na estruturao espao-temporal, e equilbrio contrao e

    descontrao.

    Barreto (2000) complementa o que Bueno (1998) diz afirmando que, o

    relaxamento melhora e equilibra o comportamento, ajudando a ajustar o tnus.

    Primeiramente, deve-se realizar um relaxamento global que permite o ganho de

    descondicionamentos e, em seguida, realizar o relaxamento segmentrio que

    leva a percepo e controle das diferentes partes do corpo, eliminao das

    sincenesias e avalia as tenses, diminudo, dessa forma, a rigidez. O

    relaxamento pode ser realizado de diferentes formas, porm os objetivos so

    quase sempre os mesmos.

    O relaxamento depende da concentrao e isso por si s j possui um grande alcance na educao de crianas dispersas, na reeducao de crianas ditas hiperativas e na terapia de pessoas ansiosas (BARRETO, 2000, p.109).

    Segundo Mattos; Neira (2003) o relaxamento a habilidade que o

    msculo possui de se contrair voluntariamente, ou seja, quando a criana

    contrai os msculos de que realmente precisa na realizao de determinado

    movimento, ou descontrai quando no os necessita, significa que possui uma

    absoluta conscincia do que relaxamento.

    Um trabalho envolvendo relaxamento engloba a realizao de

    movimentos e contraes com diferentes velocidades e intensidades,

    habilidade de passar do repouso a ao e vice-versa, rapidamente, e dissociar

    movimentos.

    1.9 Orientao espacial

    Tasset (apud DE MEUR; STAES, 1984, p.13), relata que a orientao

    espacial a estruturao do mundo exterior referindo-se primeiro ao eu

  • 34

    referencial, depois a outros objetos ou pessoas em posio esttica ou em

    movimento .

    Para Oliveira (1997) atravs do espao e das relaes espaciais que o

    indivduo se situa na sociedade, relaciona as coisas, observa, compara e

    combina os objetos/imagens, vendo semelhanas e diferenas.

    Primeiramente, a criana percebe a posio de seu corpo no espao.

    Depois a posio dos objetos, em relao a si mesma e enfim, aprende a

    perceber as relaes das posies dos objetos entre si. Para que a criana

    aprenda e perceba a posio dos objetos no espao, necessrio, que,

    primeiramente, tenha uma boa imagem-corporal, pois utiliza de seu corpo como

    ponto de referencia, ou seja, atravs de si mesma que ela se situa em

    relao ao mundo circundante.

    No podemos desenvolver um mundo espacial estvel ate que aprendamos a interpretar a informao de nossos sentidos em termos espaciais. No entanto, podemos construir este mundo espacial baseados somente nas interpretaes espaciais de dados sensoriais. (CRAIK apud OLIVEIRA, 1997, p.76).

    Os dados sensoriais citados acima referem-se, principalmente viso e

    sensaes cinestsicas de movimento, sem esquecer-se do tato e da audio.

    Todas essas percepes levam o indivduo a reconhecer as propriedades dos

    diversos objetos, realizando sua catalogao, classificao, agrupamento,

    formando, dessa forma, uma organizao espacial.

    Arajo; Mineiro; Kosely (1997) definem orientao espacial como a

    capacidade que o indivduo tem de se situar em relao a um ponto fixo do

    ambiente ou ento de seu corpo.

    A capacidade de orientar-se no espao perceber a relao existente

    entre o homem e as coisas que esto no espao. Essa capacidade se

    desenvolve na fase sensrio-motora e intuitiva.

    O carter espacial um dado essencial da conscincia do eu e um plo de identidade do indivduo em relao ao mundo. O aspecto espacial encontra-se ligado s funes de memria. (FONSECA apud BUENO, 1998, p.62).

    A estruturao espacial no se ensina nem se aprende, descobre-se

  • 35

    (LAPIERRE apud BUENO, 1998, p.63). Porm, preciso que o processo

    educativo leve em conta a evoluo da estrutura progressiva da noo de

    espao, a fim de proporcionar os meios e motivaes mais eficazes para ajudar

    nessa descoberta.

    Para a criana assimilar os conceitos espaciais ela precisa ter uma

    lateralidade bem definida. Ela aprende tambm as noes de situaes como

    dentro, fora, no alto, abaixo; de tamanho, como grosso, fino, grande, mdio,

    pequeno, estreito e largo; de posio, em p, sentado, deitado, ajoelhado; de

    movimento como levantar, abaixar, empurrar, puxar, dobrar, girar; de formas

    geomtricas como o tringulo, retngulo, quadrado, circulo; de quantidade

    como cheio, vazio, pouco, muito; de superfcies e de volumes. Ao aprender

    esses conceitos ela atinge e aprende a orientao espacial.

    Barreto (2000) afirma que uma boa estruturao espacial s possvel a

    partir da estruturao do esquema corporal, pois a criana vai

    progressivamente estendendo a representao do corpo em movimento para a

    noo de espao.

    De acordo com Rosa Neto (2002) a organizao espacial envolve tanto

    o espao do corpo como o espao ao nosso redor. A organizao espacial

    depende da estruturao do corpo e da natureza do meio que nos rodeia e de

    suas caractersticas. A percepo que se tem do espao evolui e se modifica

    com a idade e com as experincias.

    Dentro da evoluo da noo espacial Rosa Neto (2002) destaca duas

    etapas: uma ligada percepo imediata do ambiente e caracterizada pelo

    espao perceptivo ou sensrio-motor e, outra baseada nas operaes mentais

    que saem do espao representativo e intelectual.

    Para Mattos; Neira (2003) a estruturao espacial a conscincia do

    seu corpo em um meio ambiente. Ela possibilita que a criana se organize

    diante do mundo, organize os objetos entre si e movimente-os.

    Como objetivos da estruturao espacial, de acordo com Mattos; Neira

    (2003) tem-se a tomada de conscincia do espao em que se vive; a

    percepo do solo como ponto de apoio; a percepo da medida e da forma

    dos espaos percorrido; a aquisio da noo de direo e localizao

    espacial; a localizao de dentro e fora de um espao limitado; a observao

  • 36

    do tempo percorrido; a percepo de direo de um espao percorrido.

    Almeida (2006) define a estruturao espacial como a condio de

    reconhecer, interferir e agir sobre um espao determinado.

    A ausncia da organizao espacial leva a criana a ter problemas de

    localizao na escola, na cidade, em um passeio, porque no relaciona o trao

    direo dele.

    A percepo do espao se d a partir das relaes de vizinhana, isto , a proximidade dos elementos percebidos no mesmo campo. Em um primeiro momento, os elementos devem ser vizinhos para poder integr-los em um mesmo conjunto, depois a vizinhana poder estender-se a reas mais afastadas. A separao a segunda relao espacial elementar: dois elementos vizinhos podem interpenetrar-se, confundindo-se em parte. A possibilidade de consider-lo como distintos possibilita estabelecer uma relao de separao. (LE BOUCH apud ALMEIDA, 2006, p.86)

    1.10 Orientao Temporal

    Drouet (1997) define organizao temporal como a habilidade de

    reconhecer intervalos de tempo e de dominar os conceitos de tempo. A criana

    dever explorar as relaes de tempo para ento desenvolver a combinao

    dos movimentos.

    A organizao temporal a capacidade do indivduo situar-se em funo

    da sucesso dos acontecimentos, da durao dos intervalos, renovao cclica

    de certos perodos, como dias da semana.

    Segundo Fonseca (apud BUENO, 1998) a orientao temporal o

    tempo relacionado ao espao que envolve ritmo.

    Para Bucher (apud BUENO 1998) a noo de tempo est relacionada

    afetividade e, a maioria das crianas que apresentam problemas afetivos, tm

    a noo de tempo desajustados.

    As noes de corpo espao e tempo devem estar intimamente ligados

    para se entender o movimento humano. O corpo coordena-se, movimenta-se

    sempre dentro de um espao determinado, em funo do tempo, em relao a

  • 37

    um sistema de referncia. por isso que se utiliza de forma integrada a

    orientao espao-temporal.

    Vigal (apud ROSA NETO, 2002) diz que a conscincia do tempo se

    organiza sobre as mudanas percebidas, independente de ser sucesso ou

    durao. Sua reteno est associada memria e a codificao da

    informao contida nos acontecimentos. Os aspectos relacionados a

    percepo do tempo progridem com a idade. No tempo psicolgico organizam-

    se as ordens dos acontecimentos e sua durao, construindo assim seu prprio

    tempo.

    De acordo com Mattos; Neira (2005) no tempo existe o aspecto

    qualitativo e o quantitativo, sendo que a base da experincia temporal o

    ritmo. Relatam tambm, que o desenvolvimento da orientao temporal deve

    ter alguns objetivos como: aquisies de noes de antes, depois, de

    simultaneidade e sucesso, percepo de durao e pausa, apreciao de

    estruturas rtmicas e velocidades.

    No entanto, o tempo uma noo matria que pode ser expressa

    apenas pelo som. Assim, situa-se presente, passado e futuro em relao ao

    antes e ao depois e avalia o movimento no tempo, distinguindo o rpido do

    lento, o sucessivo do simultneo.

    Um elemento de fundamental importncia no desenvolvimento da

    organizao temporal o som. por meio do som que a criana vivencia

    situaes e experincias que contenham elementos de durao, velocidade e

    cadncia.

    Em um primeiro momento, o indivduo vivencia seu corpo tentando

    conseguir harmonia em seus movimentos, mas, esse corpo no existe isolado

    no espao e tempo. A criana vai pouco a pouco captando essas noes. Seus

    gestos e seus movimentos vo se ajustando ao tempo e ao espao exterior e

    depois so assimilados.

    A percepo temporal inseparvel da percepo espacial, j que por

    meio de sinais espaciais e de sua permanncia que a criana adquiriu as

    noes de durao e ritmo.

    Para Medeiros (2005) as noes de corpo, espao e tempo esto

    relacionados ao movimento humano. O corpo age dentro de um espao

  • 38

    determinado em funo de um tempo.

    Kephant (apud MEDEIROS, 2005) cita dois tipos de tempo, o esttico e

    o dinmico.

    O tempo a coordenao dos movimentos, quer-se trate dos

    deslocamentos fsicos ou movimentos no espao, quer se trate destes

    movimentos internos, aes simplesmente esboadas, antecipadas ou

    reconstitudas pela memria, mas cujo desfecho e objetivo final so tambm

    espaciais.

    1.10.1 Ritmo

    O ritmo abrange a noo de ordem, de sucesso, de durao, de

    alternncia.

    Para Drouet (1997) ritmo refere-se habilidade de manuteno do

    equilbrio e de movimentar-se com ritmo, coordenando movimentos amplos e

    finos. Estas atividades so fundamentais para agilidade dos movimentos.

    Oliveira (1997) enfatiza que o ritmo alm de envolver as noes de

    tempo est ligado ao espao, e a combinao entre os dois d origem ao

    movimento. por isso que o ritmo deve ser vivido corporalmente.

    Segundo Oliveira (1997), o ritmo permite uma maior flexibilidade de

    movimentos, e um maior poder de ateno, concentrao e memria.

    Nas atividades humanas, o ritmo inseparvel das atividades

    intelectuais e das atividades fsicas, sendo caracterizado por uma sucesso de

    diferentes movimentos. Bueno (1998) acredita que o ritmo vital refere-se

    maneira como andamos, como falamos, como realizamos os gestos da vida

    diria.

    Piccolo (apud BUENO, 1998, p.67) afirma que ritmo dar forma ao

    movimento . O ritmo deve ser visto como um fenmeno do movimento e no

    como um acontecimento do tempo.

    O ritmo permite que o indivduo tenha maior flexibilidade, ateno e

    concentrao na execuo do movimento, na medida em que o obriga a seguir

  • 39

    uma cadncia determinada.

    O indivduo que consegue desenvolver um ritmo prprio

    conseqentemente possui um maior poder de concentrao e tm facilidade na

    aprendizagem. Aprimorando-se esse ritmo prprio, desenvolve-se, assim, a

    individualidade.

    Medeiros (2005) enfatiza que o ritmo no movimento, mas, o

    movimento o meio de expresso do ritmo. por isso que se diz que o ritmo

    deve ser vivido corporalmente. Toda criana tem um ritmo natural, espontneo.

    1.11 Estruturao Espao-temporal

    A estruturao espao-temporal refere-se capacidade de determinar

    tempo-espao, interagindo o real e convencionalmente numa sucesso de

    grandeza espacial. Ela permite ao indivduo movimentar-se e reconhecer-se no

    espao, relacionar e dar seqncia aos seus gestos, localizar as partes do seu

    corpo e situ-las no espao, coordenar sua atividade e organizar sua vida

    cotidiana.

    Segundo Canongea (apud BUENO, 1998) a relao entre o tempo e o

    espao conhecida como relao tmporo-espacial. A criana no primeiro ano

    tem a sensao do movimento, no segundo e no terceiro ela percebe-se no

    espao e no tempo.

    (...) a estruturao espao-temporal tem um papel essencial em todos os problemas da aprendizagem escolar no sendo possvel sem uma experincia vivida em relao com o domnio do tempo e do espao, e o treinamento funcional da mesma um meio de educar a inteligncia. (FRANCO apud BUENO, 1998, p.68)

    Barreto (2000) definiu a estruturao espao-temporal como a habilidade

    de avaliar a relao espao-tempo, em uma interpretao real ou convencional

    de sucesso e grandezas espaciais, de modo a significar seqncia e durao

    temporal.

  • 40

    1.12 Percepes

    De acordo com Condemarin; Chadwick; Milicic (1989, p. 238) a

    percepo defini-se como uma resposta a um estimulo fisicamente definido .

    A percepo um processo onde o indivduo organiza os dados que

    lhes so apresentados em suas modalidades sensoriais e, interpreta-os atravs

    de suas lembranas para chegar a um conhecimento real. O processo at se

    chegar ao reconhecimento de uma percepo requer uma conduta psicolgica

    que necessita de ateno, organizao, discriminao e seleo e se expressa

    atravs de respostas verbais, motoras e grficas.

    Barbanti (1994) define percepo como o processo pelo qual o indivduo

    se torna consciente dos objetos e suas relaes no mundo circundante e, essa

    conscincia depende dos processos sensoriais.

    Jos; Coelho (1997) acreditam que atravs dos rgos dos sentidos

    que a criana determina o contato com o mundo exterior, organizando e

    entendendo os fenmenos que ocorrem.

    Percepo refere-se capacidade de um indivduo reconhecer e

    compreender estmulos e, por meio dela que o indivduo organiza os

    estmulos fornecidos pelo meio.

    A qualidade de percepes depende da forma como os estmulos

    sensoriais so captados pelos sentidos de audio, tato, paladar, olfato, viso e

    de sensaes cinestsicas interceptivas, sensaes essas que se originam no

    ambiente interno, tais como fome, sede, calor e dor.

    Harris; Hodges (1999, p. 209) definem percepo como a extrao de

    informaes a partir da estimulao sensorial . Em todas as formas de

    comunicao a percepo o vnculo entre os estmulos que chegam ao

    indivduo e uma resposta significativa.

    Segundo Barreto (2000) a percepo o processo que d sentido s

    sensaes comparando-as, associando-as, distinguindo-as, precisando-as e

    interpretando-as. Nunca se recebe as sensaes separadas entre si, e sim

    uma complexa combinao entre todas as sensaes como olfativa, visuais e

    outras.

  • 41

    Buranello; Schunak (2002, p.19) afirmam que atravs dos rgos dos

    sentidos que a criana estabelece contato com o mundo exterior, organizando

    e compreendendo os fenmenos que ocorrem .

    o ato ou efeito de conhecer os objetos em suas qualidades ou relaes. O fenmeno perceptivo implica em integrao de estmulos e atribuies de significados aos mesmos, ou seja, em interpretaes pessoais acerca dos diferentes objetos (ALVES, 2004, p.103).

    A percepo um ato dinmico, seu desenvolvimento d-se pela

    discriminao visual, auditiva, gustativa, olfativa e ttil.

    De acordo com Medeiros (2005) estimular a percepo permite a criana

    memorizar suas impresses, classific-las e associ-las com outras. Tambm

    faz com que a criana tenha conscincia de tudo que est sob o domnio dos

    seus sentimentos, realizando inconscientemente comparaes e associaes.

    Para Kephant (apud MEDEIROS, 2005) o desenvolvimento do sistema

    sensorial correto ir garantir ao indivduo uma concepo mais ajustada sobre

    o mundo que o rodeia.

    1.12.1 Percepo auditiva

    Para Condemarin; Chadwick; Milicic (1989) a percepo auditiva um

    pr-requisito para a comunicao, sendo ela a capacidade para reconhecer,

    discriminar e interpretar estmulos auditivos, associando-os a experincias

    prvias.

    Dentro da percepo auditiva existe a discriminao que permite a

    criana detectar as palavras que comeam ou terminam com o mesmo som,

    quais rimam, quais soam semelhantes, quais possuam um determinado som.

    Desta forma permite que a criana sintetize sons para formar palavras

    compridas e curtas, acentuadas ou no. Acuidade a habilidade para escutar

    sons de diferentes tons e sonoridades.

    Valett (1997) subdivide a percepo auditiva em acuidade auditiva que

  • 42

    a capacidade que o indivduo tem de captar e diferenciar estmulos auditivos;

    decodificao auditiva que se refere habilidade de compreender sons ou

    palavras faladas; associao audioverbal que a capacidade de responder

    verbalmente, com significado, a estmulos auditivos; memria auditiva que a

    habilidade de reter e lembrar informao auditiva geral e; seqncia auditiva a

    capacidade de lembrar a informao auditiva anterior, na seqncia correta e

    em detalhe.

    Drouet (1997) acredita que a percepo auditiva a habilidade de captar

    e diferenciar estmulos auditivos. Essa habilidade o resultado da integrao

    das experincias vividas.

    Uma perfeita discriminao auditiva pressupe uma acuidade ntegra, mas uma acuidade auditiva ntegra no implica na perfeita discriminao de sons. (MORAIS apud OLIVEIRA, 1997, p.102).

    A percepo auditiva refere-se a capacidade de interpretar estmulos

    auditivos, associando-os a estmulos anteriormente percebidos e

    discriminando-os entre si.

    Para Bueno (1998) a percepo auditiva acontece por meio das

    seguintes reas: conscincia e discriminao auditiva - detecta diferenas e

    semelhanas nos sons; ateno auditiva - capacidade de apresentar uma

    resposta voluntria a um estmulo sonoro; memria auditiva - habilidade de

    armazenar e evocar material auditivo; localizao do som e figura-fundo

    auditiva - capacidade de selecionar um estmulo sonoro significativo dentro de

    vrios sons; anlise e sntese auditiva, operao que decompe as

    informaes sonoras recebidas.

    Conforme Russo; Santos (apud MEDEIROS, 2005) a percepo auditiva

    a habilidade de organizar e compreender estmulos sonoros, que recebemos,

    podendo ser usado para descrever respostas comportamentais aos estmulos

    auditivos.

    A percepo auditiva fundamental para a linguagem falada.

    1.12.2 A percepo visual

  • 43

    Condemarin; Chadwick; Milicic (1989) definem percepo visual como a

    capacidade de reconhecer, discriminar e interpretar estmulos visuais,

    associando-os a experincias prvias.

    Para Oliveira (1997) o amadurecimento do aparelho visual acontece

    junto ao sistema visual e assim a criana tambm precisa aprender a controlar,

    a dirigir o movimento dos olhos para determinado lugar.

    A acuidade visual a capacidade de ver e diferenciar objetos apresentados no seu campo visual com significado e preciso. O que a pessoa v o resultado de um processo psicofsico que integra foras gravitacionais de ao conceitual, orientao perceptivo-espacial e foras da linguagem (KEPHAND apud OLIVEIRA, 1997 p.100).

    Segundo Arajo; Mineiro; Kosely (1997) a percepo visual a

    habilidade de aprender e organizar estmulos visuais.

    Ela est presente em quase todas as atividades humanas sendo que

    para funcionar corretamente, faz-se necessrio a integrao das habilidades

    sensoriais, motoras, afetivas e cognitivas.

    A capacidade visual diz respeito habilidade que a criana tem de

    interpretar e perceber o mundo externo e sua relao com ele, desta forma, a

    viso aprendida e no ensinada.

    Segundo Harris; Hodges (1999, p. 209) a percepo visual a extrao

    de informaes sobre coisas, tais como forma, cor, tamanho, distancia e

    identific-las de modo significativo .

    De acordo com Valett (2000) a acuidade visual a habilidade de ver e

    diferenciar objetos apresentados em seu campo visual, com significado e

    preciso. Dentro desta percepo h a coordenao e acompanhamento visual

    que a capacidade de seguir e acompanhar objetos e smbolos com

    movimentos oculares coordenados. Discriminao visual a habilidade de

    diferenciar visualmente formas e smbolos no ambiente.

    De acordo com Barreto (2000, p.61) a percepo visual uma sntese

    instantnea, feita pela viso, de aspectos relativos luz, ao espao e ao

    tempo .

    Para que esta percepo acontea corretamente necessria a

    integrao das habilidades sensoriais, motoras, afetivas e cognitivas.

  • 44

    Barreto (2000) afirma que atravs da percepo visual que a criana

    consegue categorizar os objetos ou as coisas que a cercam.

    Buranello; Schunak (2002) relatam que para a criana aprender

    necessrio que sua viso funcione perfeitamente pois, atravs dela que se

    faz a discriminao de semelhanas e diferenas, de formas e tamanhos,

    desenvolve a percepo de figura-fundo e a memria visual.

    Um desenvolvimento inadequado da habilidade visual pode provocar

    leitura silabada, lenta, com inverses, omisses e adies de letras, slabas ou

    palavras. Na escrita pode provocar a execuo incorreta de letras e palavras

    devido a uma movimentao ocular inadequada.

    Dentro da percepo visual existe a discriminao figura-fundo e

    constncia perceptiva que a capacidade de perceber as diversas

    propriedades de um objeto, ou seja, cor, forma e tamanho. Outro aspecto

    importante a presena da coordenao viso-motora que a capacidade de

    coordenar a viso com os movimentos de uma ou mais partes do corpo.

    Madeiros (2005) considera a viso como o meio mais importante na

    comunicao com o meio exterior.

    1.12.2.1 Figura-fundo

    Segundo Condemarin; Chadwick; Milicic (1989) para entender a

    percepo figura-fundo necessrio compreender que figura compreende a

    parte do campo de percepo, o centro da ateno. A partir do reconhecimento

    dessa figura, fixada ateno, o primeiro foco passa a ser a fundo e surge uma

    nova figura.

    Para Barbanti (1994, p. 223) a percepo figura-fundo a capacidade

    de ver um objeto de interesse, independente do fundo em que este objeto

    aparece .

    Conforme Drouet (1997) a percepo figura-fundo a capacidade de

    destacar de um conjunto de elementos, uma figura, ou seja, a figura ganha um

    destaque dentro de um fundo, tendo por objetivo estimular a concentrao

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    visual e a ateno.

    Esta percepo depende das experincias anteriores, dos objetos que a

    criana j conhece e que por isso reconhece com mais facilidade.

    Para Arajo; Mineiro; Kosely (1997) a atividade com figura fundo faz

    aumentar a habilidade do indivduo de manter a ateno num objeto. Entre

    vrios estmulos captados, o crebro seleciona um que passa a ser o centro da

    ateno.

    A capacidade de separar elementos de um todo e voltar a fazer parte do

    conjunto faz parte da percepo visual de figura-fundo.

    De acordo com Harris; Hodges (1999, p.115) a figura-fundo a

    capacidade de se perceber uma forma distintiva, ou seja, uma figura em um

    segundo plano amorfo, isto , a percepo de uma figura embutida, ou de uma

    voz familiar em uma sala ruidosa .

    De acordo com Grieve (2000), foi em 1920, que psiclogos propuseram