O Renascimento africano · •A Chamada pelo Renascimento Africano tem relação com ações e...

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O RENASCIMENTO AFRICANO PROFESSOR DR. FLÁVIO FRANCISCO, BRI

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O RENASCIMENTO AFRICANO PROFESSOR DR. FLÁVIO FRANCISCO, BRI

RAÍZES PAN-AFRICANAS

• A Chamada pelo Renascimento Africano tem relação com ações e discursos associados a

uma longa história associada ao Pan-africanismo.

• Há, portanto, um impulso anticolonial que orienta um conjunto de ações de lideranças e

Estados africanos no sentido de constituir um bloco capaz de reverter a situação

neocolonial.

CONFERÊNCIA PAN-AFRICANA 1900, LONDRES

• Congresso de Berlim 1885

• Institucionalização do pan-africanismo

• Organizado por Henry Silvester Williams

• Humanidade Africana

• Igualdade Racial

• Trabalho forçado

WILLIAM DUBOIS

• Na esteira da formação da Liga das Nações, DuBois percebeu o potencial de um

internacionalismo negro e organizou o Congresso Pan-Africano de 1919, em Paris.

• A grande maioria dos presentes era de afro-americanos e brancos liberais

• Os congressos tiveram uma tendência moderada, discutindo a questão do colonialismo e

do racismo, sem determinar uma agenda radical, definindo a negociação com as forças

coloniais.

MARCUS GARVEY

• Iniciou a sua carreira no ativismo na Jamaica, mas ficou conhecido pela sua atuação em

Nova Iorque.

• A UNIA (Universal Negro Improvement Association ) foi criada para promover iniciativas

como o retorno para o continente africano.

• Em seu discurso é possível identificar uma espécie de messianismo negro, o continente

africano trilhava um caminho de grandeza.

MUDANÇAS NA PERCEPÇÃO SOBRE AS CULTURAS AFRICANAS

• Os pontos cardeais dessa renovação cultural serão Paris

e New York, onde se forma o movimento do Harlem Renaissance nos anos de 1920 e de 1930.

Esse é um período de intensa incorporação simbólica do negro à cultura artística ocidental.

• Não se trata do fim do racismo, obviamente, mas da passagem

de um racismo genocida (de caráter eugenista e posteriormente nazista) para um exotizante,

em que o negro e a África passam a representar o lado obscuro e instintivo da natureza

humana (MUDIMBE, 1994).

• Desde então, esses passam a ser vistos na cultura ocidental (artes, literatura, dança, pintura

etc.) como parte integrante da própria modernidade, vista como o gosto por tudo aquilo que

é tido

por novo e original (GUIMARÃES, 2003)

NEGRITUDE

• Negritude (Négritude em francês) foi o nome dado a uma corrente literária que agregou

escritores negros francófonos e também uma ideologia.

• Os objetivos da Negritude são a valorização da cultura negra em países africanos ou com

populações afro-descendentes expressivas que foram vítimas da opressão colonialista.

NEGRITUDE

• Por outro lado, a negritude é um movimento de exaltação dos valores culturais dos

povos negros.

• É a base ideológica que vai impulsionar o movimento independentista na África. Este

movimento transmitirá uma visão um tanto idílica e uma versão glorificada dos valores

africanos.

INTELECTUAIS DA NEGRITUDE

Aime Cesaire

Léolpold Sédar Senghor

Leon Damas Paula Nardal

ETIÓPIA VS ITÁLIA (1935)

• A invasão da Etiópia pela Itália energizou o movimento anticolonial, que assumiu um tom

mais radical.

LONDRES COMO CENTRO DE ARTICULAÇÃO

• Amy Garvey

• C.L.R. James

• Paul Robeson

• Ralph Bunche

• George Padmore

• Jomo Kenyatta

• Kwame Nkrumah

GEORGE PADMORE

• Originário de Trinidad (Caribe Britânico), o ativista teve uma passagem marcante pelo

comunismo, se responsabilizando pela agenda anticolonial.

• Em 1934, rompe com a União Soviética

• Em Londres, articula ativistas afro-americanos, caribenhos e africanos.

• Cria uma agenda socialista para o continente africano.

VIRADA PARA O CONTINENTE AFRICANO

• Congresso Pan-Africano de Manchester, 1945

• Ascensão de Kwame Nkrumah

• Independência de Gana em 1957

• Gana centro de um projeto Pan-Africano

ATUAÇÃO DE KWAME NKRUMAH

• Nkrumah propõe a cooperação entre as nações independentes do continente africano

• Em Gana, utilizou táticas de não violência para forçar a independência do país.

• Os ideais de libertação e integração, assim, permeiam as estratégia do intelectual e líder

africano.

GRUPO DE MONROVIA

• “Grupo de Monrovia”, formado pelos presidentes da Costa do Marfim e do Senegal,

tratava essa questão buscando assegurar a unidade estatal dentro das fronteiras coloniais

e procurando garantir que fossem formadas nações fora dos distintos grupos religiosos,

linguísticos e culturais.

GRUPO DE CASABLANCA

• Do outro lado, havia o Grupo Casablanca, cuja principal

liderança era o representante de Gana, o qual defendia que a OUA podia favorecer uma

integração africana gerida por um único governo. O grupo alegava que a conquista da

independência pelos Estados africanos vinha se realizando de forma a reafirmar o

neocolonialismo, através de uma dominação que ia além da exploração da economia e

riquezas africanas

ORGANIZAÇÃO DA UNIDADE AFRICANA

• A Organização da Unidade Africana, cuja sigla é “OUA”, foi criada no dia 25 de

Maio de 1963, na cidade de Addis Ababa, localizada na Etiópia. A sua iniciativa se deu ao

Imperador etíope Haile Selassie que concebeu a Organização através da assinatura da sua

Constituição por representantes de 32 governos diferentes de países africanos

independentes.

• A Conferência dos Chefes de Estado e de Governo, instância suprema;

• O Conselho de Ministros que prepara e executa as decisões da Conferência;

• O Secretariado-Geral Administrativo;

• A Comissão de Mediação, de Conciliação e de Arbitragem.

LIMITES DA ORGANIZAÇÃO DA UNIDADE AFRICANA

• Uma série de fatores fez com que a OUA não tivesse um

desenvolvimento satisfatório, estando no cerne dessa problemática a questão da

soberania dos Estados.

• a adoção do princípio de integridade territorial

fez com que os Estados surgidos a partir da descolonização comumente herdassem os

limites territoriais do período colonial,

• resultando em crises de legitimidade e, consequentemente, estabilidade, não pondo fim à maioria dos

conflitos existentes no

continente.

• Entretanto, a organização conseguiu um mínimo de unidade em torno da luta contra o Apartheid na África

do Sul.

FIM DA GUERRA FRIA

• Espaços como a Namíbia, Moçambique, Angola e Etiópia deixam de ser estratégicos para

as grandes potências.

• EUA e URSS negociam o fim da corrida armamentista e deixam de investir em conflitos

no continente africano.

• Nesse processo, os EUA, por meio da ONU, passam a patrocinar a ascensão de Estados

democráticos, sinalizando para um novo arranjo no sistema internacional.

• Alguns Estados, como Somália e Etiópia, encaram as ameaças de fragmentação do Estado.

• No caso de Ruanda, eclode um conflito étnico sangrento.

AFRO-PESSIMISMO

• Alastramento da pobreza

• Megaurbanização

• Epidemias de HIV e Cólera, ameaça do Ebola

• Guerras de mílicia

• Colapso Econômico

• Fundamentalismo islâmico no Norte.

EVENTOS QUE MARCAM A TRANSIÇÃO PARA UM RENASCIMENTO AFRICANO

• Processo de Paz em Moçambique e Angola

• Pacificação em Ruanda

• Estruturação do Zaire/Congo após conflitos internos

• Questão das milícias no Sudão e na Somália

ASCENSÃO DA ÁFRICA DO SUL

• Fim do Apartheid encaminhado por Frederick De Klerk

• Ascensão de Nelson Mandela através do Congresso Nacional Africano (CNA)

• Reorganização da integração regional através da Comunidade para o Desenvolvimento

para África Austral (SADC)

• O país passa a sediar eventos internacionais como a Conferência de Durban em 2001

• A base industrial, apesar de inferior em comparação com outras forças emergentes,

credencia os sul-africanos como um ator fundamental no continente.

NAÇÃO ARCO-ÍRIS

• A libertação da África do Sul do regime do apartheid e a política exterior sul-africana

depois de 1994.

• Em certa perspectiva, o African Renaissance incorpora valores centrais da luta

antiapartheid e da nova África do Sul que se transformaram em orientações da política

exterior sul-africana e que a África do Sul exporta como receita para o resto da África.

• Mbeki declarou repetidamente que a contribuição sul-africana para o renascimento do

continente africano seria a transformação, da própria África do Sul, em um “democratic,

non-racial, nonsexist, prosperous and peaceful African country . (WOLFGANG DÖPCKE)

RENASCIMENTO AFRICANO

• O uso do termo Renascimento Africano tem uma dimensão simbólica que responde ao

eurocentrismo.

• Traduz, de certa forma, o esforço dos próprios africanos de se reinventarem em um

contexto internacional a partir de um conhecimento nativo.

• Assim, Thabo Mbeky, propõe um renascimento africano, depois de um período “das trevas”

no continente.

• A perspectiva africanista se manifesta na medida em que o plano glorifica o passado pré-

colonial do continente, atribui o subdesenvolvimento ao tráfico de escravos e ao

colonialismo, fala em restauração da autoestima e pretende resgatar valores, virtudes e

culturas africanas pré-coloniais para superar a presente miséria do continente.

DECLARAÇÃO DE SIRTE 1999

• a Organização da Unidade Africana (OUA) elencou como imprescindível

para evolução institucional do continente a criação da União Africana.

• Seus objetivos eram acelerar o processo de integração regional, promover

a unidade do continente, dirimir e eliminar os conflitos, estimular a união,

solidariedade e coesão e habilitar a África a enfrentar os

desenvolvimentos políticos, econômicos e sociais que se estabelecem

internacionalmente

FINANCIAMENTO DA UNIÃO AFRICANA

• Podemos afirmar que, no que concerne o orçamento da UA, é mantido o

intuitivo protagonismo das maiores economias da região – Argélia, Egito, Nigéria, Líbia

e África do Sul.

• No entanto, faz-se necessário observar uma crescente participação de

doadores como Angola, Botswana, Camarões, Costa do Marfim, Etiópia, Gana,

Tanzânia, Tunísia, Uganda e Quênia, retirada do relatório anual da UA

para 2014, ilustrará as contribuições financeiras de cada país.

• Ademais, é necessário salientar que apenas 40% do financiamento da UA vem dos

países membros. O resto é dividido pelos Estados Unidos, União Europeia e China, que

vem aumentando sua presença geopolítica na África.

ÓRGÃOS DA UA

• A União Africana possui vários órgãos para regular o funcionamento da entidades e as relações entre seus membros. Alguns

exemplos são a Assembleia, o Conselho Executivo e a Comissão da UA.

• A Assembleia da União Africana é formada pelos chefes de estado e de governo dos países membros, ou seus representantes

devidamente acreditados; é o órgão supremo da União; em 2010 é presidida pelo malawiano Bingu wa Mutharika)[1].

• Outros órgãos possuem importância secundária.

• O Conselho Executivo da União Africana é composto por ministros ou outras autoridades designadas pelos governos dos

estados membros.

• A Comissão da União Africana é o órgão responsável pela execução das decisões da Assembleia; é dirigido por um Presidente

(em 2010, o gabonês Jean Ping), um Vice-Presidente e composto por oito Comissários, cada um responsável por uma área de

atividade.

• O Comité de Representantes Permanentes da União Africana – responsável pela preparação das sessões do Conselho

Executivo, é composto por Representantes Permanentes dos Estados-membros, acreditados perante a União.

• O Comité de Paz e Segurança da União Africana foi estabelecido durante a Cimeira de Lusaka (Julho de 2001), este comité

encontra-se ainda (2008) em processo de ratificação pelos Estados-membros. O Parlamento africano – é o órgão que assegura

a participação dos povos africanos na governação, desenvolvimento e integração económica do continente, através do controlo

e apoio aos parlamentos dos Estados-membros

NEPAD - NEW PARTNERSHIP FOR AFRICAN DEVELOPMENT (PLANO MARSHALL AFRICANO?) • Somente 10 por cento do comércio africano é feito no continente africano.

• A lógica é a de um comércio livre entre os africanos dentro uma lógica

neoliberal

• Harmonização de tarifas

• Promoção dos produtos africanos

• Incremento do setor privado

• Os países fariam reforma para a integração regional e atuariam como bloco em

um contexto mais amplo.

• Promoção da boa governança (combate à corrupção e promoção dos direitos

humano)

ESTRATÉGIA DE ESTADOS HEGEMÔNICOS

• Esses Estados “hegemônicos” se utilizam de uma estratégia interessante para a

consecução de seus objetivos de segurança microrregionais.

• Operando dentro das regras da UA, em primeiro lugar, estabelecem missões de paz

próprias ou baseadas em coalizões das suas comunidades econômicas regionais

(ECOWAS para a Nigéria e SADC para a África do Sul), para depois pedirem o apoio

financeiro e logístico da

ONU

PROTAGONISMO ECONÔMICO NA UNIÃO AFRICANA

• Na seara das relações econômicas entre os estados Africanos, nota-se uma

miríade de dificuldades para torná-las mais integradas, como foi o caso da Europa.

• Na primeira fase da integração, principalmente sob a liderança de Obasanja e Mbeki

(portanto, protagonismo da Nigéria e África do Sul), foi sentida a extrema dificuldade

do estabelecimento de trocas comerciais nas quais os produtos eram basicamente os

mesmos: commodities.

• A Nigéria, no entanto, é apontada por muitos como um dos

principais atores no estabelecimento da comunidade econômica ECOWAS, que teve

sucesso na sua microrregião

OLUSEGUN OBASANJO • (nascido em 5 de Março de 1937) foi um presidente da Nigéria. De etnia yorubá convertido

ao cristianismo, Obasanjo foi militar de carreira antes de ser presidente do país,

primeiramente como governante militar entre 13 de Fevereiro de 1976 e 1 de Outubro de

1979, posteriormente de 1999 a 2007 como presidente eleito.

• Nasceu em Abẹokuta, estado de Ogun, e se alistou no Exército aos 18 anos. Embora não

tenha participado do golpe de 1975 comandado por Murtala Ramat Mohammed, foi

nomeado político no governo deste. Quando Mohammed foi assassinado em uma tentativa

de golpe ocorrida em 13 de Fevereiro de 1976, Ọbasanjọ o substituiu na chefia de estado.

Ele governou até 1 de Outubro de 1979.

• A sua presidência foi marcada, sobretudo, pelas recursos advindos petróleo que propiciaram

o incremento da infra-estrutura na Nigéria. Ele fez um grande investimento na educação e

básico e superior.

MUAMMAR AL-GADDAFI (1940-2011)

• Gaddafi assumiu através de um golpe de estado em 1969.

• Devido as enormes rendas provenientes do petróleo, Gaddafi pôde sustentar vários

programas sociais que acabaram por dar a Líbia o maior Índice de Desenvolvimento

Humano (IDH) do continente africano, além de aumentar a participação das mulheres na

vida pública e de dar mais direitos aos negros. Durante seu governo, a Líbia teve a menor

dívida pública do mundo.

• Flertou com o Pan-Arabismo e o Pan-Africanismo.

THABO MBEKI (1942)

• Ocupou a presidência da África da Sul entre 1999 e 2008

• Durante a sua presidência o PIB sul-africano cresceu numa média 4,5 por cento ao ano.

• Nesse contexto, formou-se e ampliou-se a classe média no país.

• Foi uma liderança fundamental na luta contra o Apartheid e no processo de transição no

país que culminou com a eleição de Nelson Mandela

INTERESSES DO CAPITAL SUL-AFRICANO

• a África como mercado tem relevância estratégica para a África do Sul, porque tal

mercado, ao contrário daquele da União Européia ou dos Estados Unidos, recebe

principalmente manufaturados sulafricanos.

• Nesse grupo de produtos, a África do Sul tem certas vantagens comparativas

principalmente nos mercados da Southern African Customs Union – SACU e da

Southern African Development Community – SADC e chegou a dominar os mercados

em países como Zimbábue ou Moçambique.

• A elite econômica sul-africana, que sempre manteve laços com os britânicos, passa a

atuar de forma incisiva no continente

ÍNDIA

• Cooperação econômica

• Questão dos residentes indianos no continente

• Combate ao terrorismo

• Preservação da Paz

• Auxílio às forças de defesas africanas

CHINA

• A partir das relações comerciais ou financeiras a China vem se aproximando cada vez mais

dos países africanos nos últimos anos.

• A partir de um imperativo interno relacionado à necessidade de acesso aos bens primários, a

China articula-se internamente através de esforços do governo, das instituições financeiras e

das empresas estatais para aproximar-se cada vez mais da África.

• Do total importado pela China de toda a África em 2010, 61,9% representam combustíveis

minerais, lubrificantes e materiais relacionados. Nesta classificação encontram-se artigos

como carvão, petróleo e gás natural.

• Em 2010 do valor total exportado pela China para a África, 42,16% correspondiam a

máquinas e equipamentos e material de transporte; 19,16% representam artigos

manufaturados diversos; e 5,68% produtos químicos e conexos. (Valéria Ribeiro)

INVESTIMENTOS DIRETOS

• Os IDEs (investimentos diretos) chineses são bastante diferentes dos investimentos

provenientes de países ocidentais.

• Enquanto empresas norte-americanas e europeias, por exemplo, na maioria privadas,

investem na África voltadas para objetivos de curto prazo, os IDEs chineses teriam um

perfil fundado sobretudo em objetivos de longo prazo, realizados por meio de grandes

empresas estatais, amparadas por uma estrutura de crédito e financiamento que lhes dá a

possibilidade de trabalhar com horizontes mais amplos de investimento e com objetivos

de lucratividade não imediatos