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O Realismo de Machado de Assis “Nada escapa ao naufrágio das ilusões”

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O Realismo de

Machado de Assis

“Nada escapa ao

naufrágio das ilusões”

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Até aqui observamos:

Classicismo (séc. XVI; poesia)

Barroco (séc. XVII; poesia)

Arcadismo (séc. XVIII; poesia)

Romantismo (meados séc. XIX; poesia e prosa)

Agora

(fins do séc. XIX)

X

X

X

X Realismo (prosa)

Naturalismo (prosa)

Parnasianismo (poesia)

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Aspectos da Época (segunda metade do século XIX)

Sociedade burguesa

Luta de classes

Neocolonialismo imperialista

Decadência da monarquia no Brasil

Abolição da escravatura (1888)

Proclamação da República (1889)

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Idéias predominantes

Ideologia do progresso

Racionalismo materialista

Evolucionismo: Charles Darwin

Pasteur: microorganismos

Positivismo: Augusto Comte

Experimentalismo: Claude Bernard

Determinismo: Hippolyte Taine

Socialismo científico: Karl Marx

“A nova musa é a ciência experimental dos fenômenos,

fora disso o espírito não pode obter nenhuma soma de

verdade.” (Eça de Queirós)

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Romantismo

história de amor

desenlace

feliz trágico

casamento morte,

loucura,

etc

Realismo

casamento

família

adultério

fim do casamento

fim da família

ataque à sociedade

burguesa

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Machado de Assis

(romances de tendência realista)

Características:

1. Análise crítica da burguesia carioca;

2. Ironia – desmascara o jogo das relações sociais;

3. Pessimismo, niilismo, humor amargo;

4. Análise psicológica em profundidade;

5. Conversa com o leitor;

6. Loucura; adultério.

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A história é narrada fora da ordem

Morte

Nascimento

Vida adulta

O defunto autor faz um inventário

de seus fracassos...

Memórias Póstumas de

Brás Cubas Machado de Assis

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Capítulo I / Óbito do Autor

Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo

princípio ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro lugar o meu

nascimento ou a minha morte. Suposto o uso vulgar seja

começar pelo nascimento, duas considerações me levaram a

adotar diferente método: a primeira é que eu não sou

propriamente um autor defunto, mas um defunto autor, para

quem a campa foi outro berço; a segunda é que o escrito

ficaria assim mais elegante e mais novo.

Capítulo II / O Emplasto

“(...) um emplastro anti-hipocondríaco, destinado a aliviar a nossa melancólica humanidade”

Brás em vida: refere altruísmo e lucro

Depois da morte: confessa sua vaidade

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Capítulo VII / O Delírio

Que me conste, ainda

ninguém relatou o seu próprio delírio;

faço-o eu, e a ciência mo agradecerá.

Se o leitor não é dado à contemplação

destes fenômenos mentais pode saltar

o capítulo; vá direito à narração.

Capítulo IX / Transição

E vejam agora com que destreza; com que arte faço eu a maior

transição deste livro. Vejam: o meu delírio começou em presença

de Virgília; Virgília foi o meu grão pecado da juventude; não há

juventude sem meninice; meninice supõe nascimento; e eis aqui

como chegamos nós, sem esforço, ao dia 20 de outubro de 1805,

em que nasci. Viram? Nenhuma juntura aparente, nada que

divirta a atenção pausada do leitor: nada. De modo que o livro fica

assim com todas as vantagens do método, sem a rigidez do

método.

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•Infância: “menino diabo”

•17 anos: “Marcela amou-me durante

quinze meses e onze contos de réis”.

•A Universidade esperava-me com as suas matérias

árduas; estudei-as muito mediocremente.

•A “Flor da Moita”: Por que bonita, se coxa? Por que

coxa, se bonita?

•Relação adúltera Brás - Virgília

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Capítulo LIV / O Velho Diálogo de Adão e Eva

BRÁS CUBAS

................................?

VIRGÍLIA

...............................

BRÁS CUBAS

..........................................................................................................

..........................................................

VIRGÍLIA

.............................................!

BRÁS CUBAS

.................................

VIRGÍLIA

..........................................................................................................

............? ........................................

....................................................

(…)

Observação

Diálogo sem palavras para

ocultar o óbvio: desde Adão e

Eva a relação de dois amantes é

a mesma, o sexo é igual...

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Capítulo LIX / Um Encontro

Brás encontra um antigo companheiro de colégio,

agora ministro.

"Por que não serei eu ministro?"

Mais adiante, encontra outro, não ministro, mas miserável:

Quincas Borba. No capítulo seguinte, O Abraço, Quincas furta o

relógio de Brás na despedida...

Capítulo LXVIII / O Vergalho

Brás vê seu antigo escravo, Prudêncio, açoitando um escravo...

Capítulo LXX / Dona Plácida

Antiga agregada da casa de Virgília, morava na casinha em que

ela e Brás se encontravam, a fim de não despertar desconfianças.

Brás deu a ela os cinco contos achados como um pão para a

velhice.

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Capítulo LXXI / O Senão do Livro

Começo a arrepender-me deste livro. (...) Mas o livro é

enfadonho, cheira a sepulcro, traz certa contração cadavérica;

vício grave, e aliás ínfimo, porque o maior defeito deste livro és

tu, leitor. Tu tens pressa de envelhecer, e o livro anda devagar; tu

amas a narração direta e nutrida, o estilo regular e fluente, e este

livro e o meu estilo são como os ébrios, guinam à direita e à

esquerda, andam e param, resmungam, urram, gargalham,

ameaçam o céu, escorregam e caem...

Um dos tantos exemplos de digressão presentes

no livro. No caso, é também um exemplo de

metanarrativa (comentário sobre a narrativa).

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Capítulo CXXII / Uma intenção muito fina

Brás decide casar com Nhã-loló: "Não há remédio,

disse eu comigo, vou arrancar esta flor a este pântano".

Capítulo CXXV / Epitáfio

AQUI JAZ

D. EULALIA DAMASCENA DE BRITO

MORTA

AOS DEZENOVE ANOS DE IDADE

ORAI POR ELA!

Brás (45 anos), sem qualquer ilusão,

fala da morte de sua noiva

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Capítulo CXXVIII / Na Câmara

Brás é deputado, Lobo Neves e Virgília estão de volta à Corte e

Brás sonha ser ministro.

Capítulo CXXXIV / Cinqüenta Anos

Brás chega aos cinqüenta sem realização alguma...

Capítulo CXXXIX / De como não fui Ministro de Estado .........................................................................................................................................

.........................................................................................................................................

.........................................................................................................................................

.........................................................................................................................................

.........................................................................................................................................

Capítulo CL / Rotação e Translação

Morre Lobo Neves “com o pé na escada ministerial”...

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Capítulo CLIX / Semidemência

Compreendi que estava velho, e precisava de

uma força; mas o Quincas Borba partira seis

meses antes para Minas Gerais, e levou consigo

a melhor das filosofias. Voltou quatro meses

depois, e entrou-me em casa, certa manhã,

quase no estado em que eu o vira no Passeio

Público. A diferença é que o olhar era outro.

Vinha demente. (...) Morreu pouco tempo depois,

em minha casa (...)

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Capítulo CLX / Das Negativas

(...) Este último capítulo é todo de negativas. Não

alcancei a celebridade do emplasto, não fui ministro, não

fui califa, não conheci o casamento. Verdade é que, ao lado

dessas faltas, coube-me a boa fortuna de não comprar o

pão com o suor do meu rosto. Mais; não padeci a morte de

Dona Plácida, nem a semidemência do Quincas Borba.

Somadas umas cousas e outras, qualquer pessoa

imaginará que não houve míngua nem sobra, e

conseguintemente que saí quite com a vida. E imaginará

mal; porque ao chegar a este outro lado do mistério, achei-

me com um pequeno saldo, que é a derradeira negativa

deste capítulo de negativas: - Não tive filhos, não transmiti

a nenhuma criatura o legado da nossa miséria.

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Quincas Borba Machado de Assis

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Local: Barbacena

Rio de Janeiro

Época: 1867 – 1871

Narrativa em 3ª pessoa, com

interferências do narrador

Capítulo IV

Este Quincas Borba, se acaso me fizeste o favor

de ler as Memórias Póstumas de Brás Cubas, é

aquele mesmo náufrago da existência, que ali

aparece, mendigo, herdeiro inopinado, e inventor de

uma filosofia.

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“Supõe tu um campo de batatas e duas tribos famintas. As batatas apenas chegam para alimentar uma das tribos, que assim adquire forças para transpor a montanha e ir à outra vertente, onde há batatas em abundância; mas se as duas tribos dividirem em paz as batatas do campo, não chegam a nutrir-se suficientemente e morrem de inanição. A paz nesse caso é a destruição; a guerra é a conservação. (...) Ao vencido, ódio ou compaixão; ao vencedor, as batatas.”

Quincas Borba e o Humanitismo

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Rubião

Cristiano Palha Sofia

Casal emergente, guiado pelo interesse

Sócios: “Palha e Cia” Sedução e engano

Filósofo Quincas Borba:

lega a herança e o cachorro de mesmo nome

$

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Rubião

Palha: sedução financeira

Sofia: sedução amorosa

Camacho: sedução política

Herda a fortuna, o

cachorro e a loucura

Sua ruína é econômica, moral e física

É destruído por querer ser tão importante

socialmente quanto era economicamente,

mas sua riqueza advém do acaso, não de

seus méritos.

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O cão Quincas Borba

Tendo o mesmo nome do filósofo, é

como se Quincas tivesse deixado a

herança para si mesmo...

Representa uma espécie de

consciência de Rubião.

Representa os valores que os

humanos perderam (ou não têm mesmo):

constância e fidelidade.

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Carlos Maria (aristocracia decadente)

Sofia Cristiano Palha (capitalista ascendente)

Pedro Rubião (homem livre – “ingênuo”)

Palha e Sofia: emergentes

Temas presentes na obra:

Loucura, adultério, parasitismo social, política

desonesta, sensualidade/sexualidade recalcada,

indiferença ante a dor alheia

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Romance é a descrição prática do processo

humanitista, não há derrota, nem morte,

somente a supressão de uma vida em prol de

outra.

Duas tribos Palha e Rubião

Selva Sociedade burguesa

Batatas Fortuna

Humanitismo: sátira às teorias da

época, em especial, ao Positivismo.

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Machado de Assis

Dom Casmurro

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Bentinho, filho de um falecido deputado, está destinado a ser padre, por causa de uma promessa feita por sua mãe, D. Glória. Temendo que este fato o separe de sua “primeira amiga”, Bentinho segue o conselho de seu colega Escobar e propõe à mãe que se cumpra a promessa através de outro garoto, um menino carente que fosse ordenado sacerdote em lugar de Bento.

Capitu, filha de Pádua (funcionário público), torna-se esposa de Bento Santiago, mas o casamento logo passa a desfazer-se por causa do ciúme manifestado por Bentinho. Depois do enterro de Escobar, que morreu afogado, Bentinho passa a suspeitar de um caso ocorrido entre os dois, Capitu e Escobar, e sua suspeita deve-se principalmente ao sofrimento manifestado por ela no velório do amigo.

Depois disso, tudo vira motivo para alimentar este sentimento, que se torna insuportável pela semelhança percebida por Bento entre Escobar e Ezequiel, o filho que tivera com Capitu. A solução encontrada é a separação. Vão os três para a Suíça e lá ficam Capitu e Ezequiel, enquanto Bento volta ao Brasil e vai viver em uma casa que reproduz sua casa de infância, onde conheceu Capitu.

Depois de um tempo Capitu morre e, mais tarde, Ezequiel também morre, de febre, em Jerusalém, depois de ter feito uma pequena visita a seu pai no Rio de Janeiro.

Bento Santiago, solitário, resolve escrever um livro contando esta história.

Argumento

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? casamento

amizade

Capitu Olhos de cigana oblíqua

e dissimulada

Olhos de ressaca

Olhos de mar

Filho único

Mãe viúva

Família rica

Inseguro

Ciumento

Advogado

Bentinho Escobar Colega de seminário

D. Glória Casa dos

Tio Cosme 3 viúvos

Prima Justina

José Dias (agregado - parasita)

Ezequiel

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XXXII – Olhos de ressaca

“Retórica de namorados, dá-me uma comparação exata e poética para dizer o que foram aqueles olhos de Capitu. Não me acode imagem capaz de dizer, sem quebra da dignidade do estilo, o que eles foram e me fizeram. Olhos de ressaca? Vá, de ressaca. É o que me dá idéia daquela feição nova. Traziam não sei que fluido misterioso e enérgico, uma força que arrastava para dentro, como a vaga que se retira da praia, nos dias de ressaca. Para não ser arrastado, agarrei-me às outras partes vizinhas, às orelhas, aos braços, aos cabelos espalhados pelos ombros; mas tão depressa buscava as pupilas, a onda que saía delas vinha crescendo, cava e escura, ameaçando envolver-me, puxar-me, tragar-me.”

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CXXIII – Olhos de ressaca

“Enfim, chegou a hora da encomendação e da partida. Sancha quis despedir-se do marido, e o desespero daquele lance consternou a todos. Muitos homens choravam também, as mulheres todas. Só Capitu, amparando a viúva, parecia vencer-se a si mesma. (...) A confusão era geral. No meio dela, Capitu olhou alguns instantes para o cadáver tão fixa, tão apaixonadamente fixa, que não admira lhe saltassem algumas lágrimas poucas e caladas...”

As minhas cessaram logo. Fiquei a ver as dela; Capitu enxugou-as depressa, olhando a furto para a gente que estava na sala. (...) Momento houve em que os olhos de Capitu fitaram o defunto, quais os da viúva, sem o pranto nem as palavras desta, mas grandes e abertos, como a vaga do mar lá fora, como se quisesse tragar também o nadador da manhã.”

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CXXXV – Otelo

“Jantei fora. De noite fui ao

teatro. Representava-se Otelo,

que eu não vira nem lera nunca;

sabia apenas o assunto, e estimei

a coincidência. Via as grandes

raivas do mouro, por causa de um

lenço...”

Bentinho, o “Otelo brasileiro”

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CXLVIII – E bem, e o resto?

“Agora, por que é que nenhuma dessas caprichosas me

fez esquecer a primeira amada do meu coração? Talvez

porque nenhuma tinha os olhos de ressaca, nem os de cigana

oblíqua e dissimulada. Mas não é este propriamente o resto do

livro. O resto é saber se a Capitu da praia da Glória já

estava dentro da de Matacavalos, ou se esta foi mudada

naquela por efeito de algum caso incidente. Jesus, filho de

Sirach, se soubesse dos meus primeiros ciúmes, dir-me-ia,

como no seu cap. IX, vers. 1: “Não tenhas ciúmes de tua

mulher para que ela não se meta a enganar-te com a malícia

que aprender de ti”. Mas eu creio que não, e tu concordarás

comigo; se te lembras da Capitu menina, hás de reconhecer

que uma estava dentro da outra, como a fruta dentro da

casca.”

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Certeza - Narrador

CXLVIII - “E bem, qualquer que seja a solução,

uma coisa fica, e é a suma das sumas, ou o resto

dos restos, a saber, que a minha primeira amiga

e o meu maior amigo, tão extremosos ambos e

tão queridos também, quis o destino que

acabassem juntando-se e enganando-me... A

terra lhes seja leve! Vamos à História dos

Subúrbios.”

X Dúvida - Leitor

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Esaú e Jacó

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Narrador

Conselheiro Aires

Manuscritos

(sete cadernos)

Último: Esaú e Jacó

Seis cadernos: Memorial de Aires

Narra em 3ª pessoa

e participa

Diário do conselheiro

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Esaú e Jacó O livro conta a história de Pedro e Paulo,

filhos gêmeos do casal Natividade e Agostinho Santos. Os dois são rivais por toda a vida, desde o vente materno.

Um será conservador, outro será político liberal. Só num aspecto coincidem, além da semelhança física: a paixão por Flora, jovem indecisa entre o amor de ambos. Flora termina morrendo sem conseguir optar por nenhum dos gêmeos, que continuam cada vez mais desunidos. O romance apresenta um sentido alegórico, mas na verdade é uma interpretação política do final do século XIX no Brasil, sobretudo o momento de transição do Império à República.

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Pedro

– Médico

– Monarquista

– Estudou no RJ

– Conservador

Paulo

– Advogado

– Republicano

– Estudou em SP

– Reformador

Flora

“Ria com ambos, sem rejeitar

nem aceitar nenhum.”

(A personagem morre antes de

fazer sua opção...)

X

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Capítulo LXIII – Tabuleta nova

“Referido o que fica atrás, Custódio confessou o que perdia no título e na despesa, o mal que lhe trazia a conservação do nome da casa, a impossibilidade de achar outro, um abismo, em suma. Não sabia que buscasse; faltava-lhe a invenção e paz de espírito. Se pudesse liquidava a confeitaria. E afinal que tinha ele com política? Era um simples fabricante de doces, estimado, afreguesado, respeitado, e principalmente respeitador da ordem pública...

- Mas o que é que há? Perguntou Aires.

- A república está proclamada.

- Já há governo?

- Penso que já, mas diga-me V.Exa. ouviu alguém acusar-me jamais de atacar o governo? Ninguém. Entretanto... Uma fatalidade! Venha em meu socorro. Excelentíssimo. Ajude-me a sair deste embaraço. A tabuleta está pronta, o nome todo pintado. - “Confeitaria do Império”, a tinta é viva e bonita. (...) V.Exa. crê que, se ficar “Império”, venham quebrar-me as vidraças?”

Confeitaria

do Império / da República / do Governo / do Catete / do Custódio

Confeitaria

d...

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Capítulo CXXI – Último

“Castor e Pólux foram os nomes que um deputado pôs aos dous gêmeos, quando tornaram à Câmara, depois da missa de sétimo dia. (...) Entravam juntos, andavam juntos, saíam juntos. Duas ou três vezes votaram juntos...

(...)

A Câmara terminou os seus trabalhos em dezembro. Quando tornou em maio seguinte, só Pedro apareceu (...). O olho dos amigos não tardou em descobrir que não viviam bem, pouco depois que se detestavam.”

(...)

Aires soube daquela conclusão (totalmente outros) no dia seguinte, por um deputado, seu amigo...

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(...)

- O senhor que se dá com eles diga-me o que é que os fez mudar, concluiu o amigo.

- Mudar? Não mudaram nada; são os mesmos.

(...)

- Ora, espere, não será... Quem sabe se não será a herança da mãe que os mudou? (...)

Aires sabia que não era a herança, mas não quis repetir que eles eram os mesmos, desde o útero. Preferiu aceitar a hipótese, para evitar debate, e saiu apalpando a botoneira, onde viçava a mesma flor eterna.”

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Assim como em Memórias Póstumas,

não há um enredo definido no romance – a estrutura

segue as anotações do diário escrito pelo Conselheiro

Aires (o mesmo de Esaú e Jacó).

Aqui, o conselheiro relata suas memórias de

diplomata aposentado no Rio de Janeiro nos anos de

1888 e 1889.

O diário se inicia no dia 9 de janeiro de 1888,

quando se completava um ano que o conselheiro

sexagenário voltara para o Rio de Janeiro, depois de

passar boa parte de sua vida em serviços diplomáticos

pelo mundo.

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Casal: Carmo / Aguiar

Afilhado Tristão

vai viver na Europa Fidélia, viúva moça e bonita,

é grande amiga do casal

Aires torna-se amigo, através da irmã

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Romance de despedida do autor (1908)

Reflexão sobre a velhice menos pessimismo

Caráter autobiográfico:

Machado de Assis / Carolina

Aguiar / Carmo

Casal feliz e unido, mas sem filhos...

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Características:

Influência do CIENTIFICISMO, em especial, do

DETERMINISMO, de Taine

Romance de tese: aplicação de teorias científicas à obra.

Análise psicossociológica (grupo social).

Detalhismo; descrição fotográfica. Exemplo:

“Ao lado da Leandra foi colocar-se à sua tina a Augusta

Carne-Mole, brasileira, branca, mulher de Alexandre, um mulato

de 40 anos, soldado de polícia, pernóstico, de grande bigode

preto, queixo sempre escanhoado e um luxo de calças brancas

engomadas e botões limpos na farda, quando estava de serviço”.

Naturalismo – Leis Naturais

Meio (Pombinha, Jerônimo)

Raça (Bertoleza, Leopoldina)

Momento Histórico (Luísa)

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Tendência a acentuar aspectos sórdidos; patologia; miséria; promiscuidade; sexo; desvios de comportamento; anomalias...

“E agora, coitado, já velho, comido de desilusões, cheio de

hemorróidas, via-se totalmente sem recursos e vegetava à

sombra do Miranda.”

“Miranda nunca a tivera, nem nunca a vira, assim tão violenta no prazer.

Estranhou-a. Afigurou-se-lhe estar nos braços de uma amante apaixonada:

descobriu nela o capitoso encanto com que nos embebedam as cortesãs

amestradas na ciência do gozo venéreo. Descobriu-lhe no cheiro da pele e no

cheiro do cabelo perfumes que nunca lhe sentira: notou-lhe outro hálito, outro

som nos gemidos e suspiros. E gozou-a loucamente, com delírio, com

verdadeira satisfação de animal no cio.

E ela também, ela também gozou, estimulada por aquela circunstância

picante do ressentimento que os desunia; gozou a desonestidade daquele ato

que a ambos acanalhava aos olhos um do outro, estorceu-se toda, rangendo

os dentes, grunhindo, debaixo daquele seu inimigo odiado, achando-o também

agora, como homem, melhor que nunca, sufocando-o nos seus abraços nus,

metendo-lhe pela boca a língua úmida e em brasa.”

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O ser humano reduzido ao nível animal.

“Daí a pouco, em volta das bicas, era um zunzum crescente, uma aglomeração tumultuosa de machos e fêmeas."

"A primeira que se pôs a lavar foi a Leandra, por alcunha a

‘Machona’, portuguesa feroz, berradora, pulsos cabeludos e

grossos, anca de animal do campo.”

“Florinda tinha quinze anos, a pele de um

moreno quente, beiços sensuais, bonitos

dentes, olhos luxuriosos de macaca.

Toda ela estava a pedir homem.”

Observação: Todos os trechos anteriores

foram extraídos do romance O Cortiço.

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Em O Cortiço, o autor mostra o nascimento, o

crescimento e a existência de um personagem que

determina tudo na vida das pessoas, a saber, o

próprio cortiço. Ao cortiço São Romão, símbolo da

miséria, opõe-se o sobrado, símbolo da riqueza.

Cortiço

Sobrado

Símbolo da miséria: João Romão,

Bertoleza, inquilinos do cortiço...

Símbolo da riqueza: Miranda, Estela,

Zulmira, Botelho...

X mesmo meio...

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João Romão - ascensão

Bertoleza - negra “amante” de João Romão

Miranda - casamento por interesse (traição)

Estela - esposa infiel de Miranda

Zulmira - filha desprezada

Botelho - parasita (agregado)

Pombinha - “Flor do Cortiço”, 18 anos, impúbere

Léonie - iniciação de Pombinha

Rita Baiana - mulata sensual

Firmo - mulato, malandro típico, tocador de violão

Jerônimo - português trabalhador / se abrasileira

Cabeça de Gato - cortiço rival

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O Ateneu Crônica de Saudades (1888),

de Raul Pompéia

1. Crítica ao sistema (educacional) do fim do Império.

2. A escola é um microcosmo social.

3. Ausência de enredo: o fio da narrativa situa-se na

memória do narrador Sérgio (alter ego do autor).

4. Estilo altamente elaborado: “prosa artística”,

requinte verbal.

5. Sensorialismo: valorização dos sentidos.

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Sérgio - narrador (busca independência e revolta)

Aristarco - Diretor, egocêntrico, monarquista

D. Ema - esposa do diretor; mãe / objeto de desejo

Rebelo - aluno exemplar, os demais perversos

Franco - imagem do fracasso

Sanches - sexualidade (assedio à Sérgio)

Ângela - primitivismo biológico do sexo

Egbert - verdadeira amizade

Gremio Literário Amor ao Saber - política

Américo - incêndio no Ateneu (fim de tudo)

Personagens

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Classificação difícil:

Realismo: análise psicológica; enfoque da alta

classe.

Naturalismo: determinismo; enfoque coletivo;

homossexualismo.

Impressionismo: a realidade é captada através dos

sentidos, da memória, do subconsciente, sem

racionalizações...

Monet e a impressão do momento