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O queijo no Rio Grande do Sul
Médico Veterinário João da Luz
A origem dos queijos Brasileiros
João Castanho Dias
“...o Serra da Estrela, de forma arredondada, cor marfim, pasta amanteigada, surgido em tempos imemoriais, seria o tronco de que vieram os queijos típicos do Brasil, como o de Minas, o da Serra da Canastra, o do Serro, o serrano do Rio Grande do Sul e o coalho do Nordeste.” João Castanho Dias – Uma Longa e Deliciosa viagem, pg. 11
Qual a origem dos queijos brasileiros?
“Somente após a chegada a São Vicente, em 1532, da expedição
colonizadora de Martin Afonso de Souza, o primeiro donatário do
Brasil, trazendo nos navios vacas e cabras leiteiras, é que se pôde
produzir queijo no país.”
João Castanho Dias – Uma Longa e Deliciosa viagem, pg. 12
De onde vieram as primeiras vacas para o Brasil?
Produziam 3 a 5 litros de leite/dia
Hoje se produz com gado especializado mais de 20 litros/dia
Existe uma corrente minoritária de historiadores que sustentam que pelo menos parte do
gado do Brasil veio das minas de Potosi
HISTÓRIA DO POVOAMENTO BOVINO NO BRASIL CENTRAL
Marcelo Corrêa da Silva e outros. Revista UFG n° 13, 2012
Segundo Castanho Dias, presume-se que o local mais provável que
iniciou a fabricação de queijos no Brasil foi na primeira granja leiteira
composta por 12 vacas africanas, vindas de cabo verde, pertencente
aos Jesuítas em Salvador/BA. Esta informação está em uma carta do
Padre Manuel da Nóbrega ao Padre Provincial em Portugal.
Nóbrega Ancheita
José de Anchieta é o segundo registro que temos, falando de queijos no
Brasil, onde diz que o queijo era um alimento das elites.
João Castanho Dias – Uma Longa e Deliciosa viagem, pg. 12 , 15 e 21
Onde iniciou a produção de queijos no Brasil?
A história do queijo no Brasil
Frei José Mariano da Conceição Veloso publicou em 1801, o primeiro
livro que tratava de queijos e manteiga, com o título Fazendeiro do
Brasil, uma enciclopédia com 10 volumes, onde parte do primeiro
volume, com o título de Leiteria que tratava de queijos e manteiga.
Narrava a importância da limpeza das instalações, da construção da
leiteria longe das estrumeiras, da ordenha correta das vacas, da feitura
do coalho (cita que era produzido de bezerros, cordeiros e cabritos
lactentes).
João Castanho Dias – Uma Longa e Deliciosa viagem, pg. 37 e 39
Aquarela J.B. Debret (1823) mostra como os queijos eram
transportados no século 19, ou seja no enorme cesto de couro
que o escravo segura.
João Castanho Dias – Uma Longa e Deliciosa viagem, pg. 58
A história do queijo no Brasil
John Mawe - 1808
Orientava os produtores de queijo em técnicas de produção e
higiene pelas fazendas onde passava 1ª professor de
técnicas de laticínios no Brasil. Chegou a defender leis que
regulamentassem os laticínios.
João Castanho Dias – Uma Longa e Deliciosa viagem
A história do queijo no Brasil
Saint Hilaire – RS 1816
“... Comeu queijos, bebeu excelentes vinhos e leite de ótima
qualidade nas casas em que se hospedava.”
Louis-Fréderic Arsene Isabelle 1833 e 1834:
“... Os alemães fixados na colônia de São Leopoldo faziam
manteiga e queijo que vendem facilmente em Porto Alegre”.
Em 1888 Carlos Pereira Sá Fortes fundou a primeira indústria
de fato de queijos de Minas Gerais.
João Castanho Dias – Uma Longa e Deliciosa viagem
A história do queijo no Brasil
A história do queijo no Brasil
Segunda indústria final do século 19 no sertão em Campinas
do Piauí
Ilha dos Açores
Mais precisamente da Ilha dos açores vieram os povoadores da
Ilha de SC e Litoral do RS.
A história do queijo no sul do Brasil
AS IMIGRAÇÕES PARA O RS
A história do queijo no RS
As receitas que originaram os primeiros queijos do RS vieram
de Portugal!
Qual a origem dos queijos do RS?
Portanto, tudo começou com o saber-fazer queijos trazido pelos
açorianos que desembarcaram em Rio Grande de São Pedro/RS
em 1750.
A história do queijo colonial
Estes açorianos que desembarcaram em Rio Grande se
dedicaram as atividades que os índios e portugueses já faziam
na região que era a criação de gado.
Como trouxeram com a sua cultura a técnica de elaborar
queijos, começaram a produção inicialmente para consumo.
Nesta época ainda não existia queijo com denominação de
queijo colonial.
A história do queijo colonial
A história do queijo no RS
“A indústria queijeira...no sul teria mais chances de existir a partir de
1752 quando sessenta casais de ilhéus lusitanos se fixaram de acordo
com a política de Portugal... Os Ilhéus trataram de amanhar o solo
plantando lavouras, criando gado e possivelmente fazendo queijo para o
consumo familiar e comércio, porque, da mesma forma procediam na
“terrinha”.”
“...O Rio Grande do Sul na época sofria da mesma escassez de sal das
queijarias das minas gerais.”
O vice-rei Luis de Almeida Portugal Soares produziu um relatório
segundo o qual o Rio Grande do Sul “pode fornecer a todo o Brasil
excelentes queijos e manteiga que necessita. Mas pondo senão a falta
no país de técnicos em laticínios o que barrava o progresso na área.
João Castanho Dias – Uma Longa e Deliciosa viagem, pg. 36 e 37
A ORIGEM DO NOSSO POVO
INDIGENAS QUE ALI VIVIAM
200
CHEGADA DOS PORTUGUESES
CHEGADA DOS ITALIANOS
CHEGADA DOS ALEMÃES
1750 1874 1824
Portugueses, alemães e italianos trouxeram o saber-fazer queijo!
A história do queijo no RS
A história do queijo no RS
Domingos Alves Branco Muniz Barreto em 1778 relatou no documento
Observações relativas a agricultura, comércio e navegação do continente
do Rio Grande de São Pedro no Brasil que “há em todos os seus
arrabaldes famosas estâncias de gado, e nestas, grandes fabricas de
queijo de muito bom gosto e duração, à semelhança da Inglaterra”. Do
porto de Rio grande entre 1790 e 1797, foi embarcado para a BA, RJ, PE
e SC 58.375 queijos. 1824 Alemães 1874 Italianos.
João Castanho Dias – Uma Longa e Deliciosa viagem, pg. 37 e 39
1904 - Iniciou a construção do Castelo de Pedras Altas/RS
pelo ex-ministro da Agricultura Francisco de Assis Brasil.
A história do queijo no RS
1907 – Fundação da 3ª queijaria do país localizada em Pedras Altas/RS
Fundada pelo ex-ministro da Agricultura Joaquim Francisco de Assis
Brasil.
João Castanho Dias – Uma longa e deliciosa Viagem
A história do queijo no RS
Em 1912 (38 anos após a chagada da primeira imigração de
italianos) um grupo de 17 agricultores fundou a Latteria Santa
Chiara que posteriormente se transformou em Cooperativa Santa
Clara.
Foi a primeira cooperativa a fabricar queijos no Brasil e é a Indústria
de Laticínios mais antiga em funcionamento no país.
A história do queijo colonial no RS
Seu primeiro Laticinísta foi o Sr. Fausto Breda, que em 1909 foi para
Lodi na Itália apreender técnicas com aqueles laticinistas o que
agregou mais tecnologia ao já então conhecido queijo colonial.
Alguns destes primeiros laticinístas buscaram especialização na
Alemanha, outros no Uruguai, em Colônia do Sacramento.
A história do queijo colonial no RS
Fonte: Entrevista com Sr. Armindo Chies
Fica portanto a questão a ser respondida:
Será que este queijo chamado colonial é originado apenas do saber-fazer italiano?
Estes processo de fabricação de queijo trazido das Ilhas dos Açores e
Madeira, com a chegada dos novos imigrantes, se expandiu com o RS
e sofreu alterações por influencia destas culturas.
Hoje os produtores de queijo colonial são agricultores familiares de
diversas etnias que resolveram agregar renda ao leite que sempre
produziram, vendendo queijo aos consumidores.
A história do queijo no RS
Fonte: Granja Chichelero
Carlos Barbosa/RS
Hoje encontramos queijos com denominação de crioulo,
campeiro e colonial, carecendo de estudos sobre eventuais
diferenças.
“O que provavelmente ocorra é a diferenciação do queijo
por região produzida: clima, altitude, regime de chuvas,
relevo e vegetação”. Maria Alves Fontanelli - UFMA
A história do queijo colonial no RS
A expansão do queijo colonial para o Brasil
Muitos gaúchos principalmente
italianos colonizaram o oeste de
SC e do PR levando o saber-fazer
queijo colonial para estas regiões .
Começou a produção de queijos da Latteria Santa
Chiara como auxiliar do mestre queijeiro Fausto
Breda com 12 anos e posteriormente trabalhou até
se aposentar na Cooperativa Santa Clara.
Após a sua aposentadoria ministrou cursos em centenas de municípios
auxiliando o trabalho da EMATER/RS de qualificação do queijo do RS. Foi homenageado durante o 2° Seminário Brasileiro sobre Queijos Artesanais
pelos significativos serviços prestados a qualificação dos queijos do RS.
Em entrevista realizada por uma equipe da EMATER/RS, foi perguntado:
Sempre fabricou queijos pasteurizados onde trabalhou?
Respondeu que começou a fazer queijos pasteurizados por exigência da nova
lei em 1952 (RIISPOA) e que os consumidores inicialmente não queriam este
queijo diferente do que estavam acostumados mas que com o passar do
tempo foram se acostumando.
Armindo Chies:
Centros de Formação da EMATER/RS que ministram
cursos de Laticínios e BPF
Cursos de Laticínios
Cursos de BPF
O Saber-fazer Queijo Colonial é patrimônio
imaterial do município de Carlos Barbosa/RS
“Tudo está por fazer – educar o homem e
melhorar as cousas, integrar a natureza
humana e fazer uso digno do meio
ambiente”.
Discurso proferido em Pelotas, em maio de
1907 pelo ex-ministro da Agricultura
Joaquim Francisco de Assis Brasil.
Nossa justa homenagem ao fundador da primeira queijaria
legalizada do Rio Grande do Sul e 3ª do Brasil
Fotografia do autor da escultura pertencente ao acervo da
Cooperativa Santa Clara – Carlos Barbosa/RS