O Que São Os Dons Espirituais Em I Coríntios 12

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O que são os dons espirituais em I Coríntios 12 A NATUREZA APOSTÓLICA DOS DONS ESPIRITUAIS DE I CORÍNTIOS 12 INTRODUÇÃO (O presente trabalho tem o grego transliterado transliterado porque foi escrito para a igreja e pessoas que não conhecem a língua grega) O assunto sobre os dons espirituais ainda continua sendo um dos mais difíceis por falta de dados abundantes no Novo Testamento sobre o assunto. Entende-se que, mesmo com pouca informação escriturística, tudo o que temos é suficiente para não sermos abandonados nas trevas do pentecostalismo antigo ou moderno, nem cometermos o sacrilégio de tornar a verdade de Deus em mentira. As páginas das Escrituras do Novo Testamento deixaram muitas informações exegéticas preciosas sobre os dons espirituais, que têm sido negligenciadas, ignoradas e pervertidas por homens perversos que tentam substituir a revelação na Palavra por uma religião puramente humana. Este trabalho é o início de uma jornada, ainda inacabada, na pesquisa bíblica sobre os dons da era apostólica. Com humildade, quero mostrar que a tão antiga “verdade pentecostal” ainda continua sem fundamento bíblico. Desejamos de coração, que, ao ler essas poucas linhas, a igreja de Cristo se fortaleça contra a mentira e toda a farsa de uma religião humana que tem se alastrado pelo Brasil e pelo mundo, conduzindo vorazmente uma grande multidão ao erro e a uma religião não bíblica. O QUE É UM DOM APOSTÓLICO?

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O que so os dons espirituais em I Corntios 12A NATUREZA APOSTLICA DOS DONS ESPIRITUAIS DE I CORNTIOS 12

INTRODUO

(O presente trabalho tem o grego transliterado transliterado porque foi escrito para a igreja e pessoas que no conhecem a lngua grega)

O assunto sobre os dons espirituais ainda continua sendo um dos mais difceis por falta de dados abundantes no Novo Testamento sobre o assunto. Entende-se que, mesmo com pouca informao escriturstica, tudo o que temos suficiente para no sermos abandonados nas trevas do pentecostalismo antigo ou moderno, nem cometermos o sacrilgio de tornar a verdade de Deus em mentira. As pginas das Escrituras do Novo Testamento deixaram muitas informaes exegticas preciosas sobre os dons espirituais, que tm sido negligenciadas, ignoradas e pervertidas por homens perversos que tentam substituir a revelao na Palavra por uma religio puramente humana. Este trabalho o incio de uma jornada, ainda inacabada, na pesquisa bblica sobre os dons da era apostlica. Com humildade, quero mostrar que a to antiga verdade pentecostal ainda continua sem fundamento bblico. Desejamos de corao, que, ao ler essas poucas linhas, a igreja de Cristo se fortalea contra a mentira e toda a farsa de uma religio humana que tem se alastrado pelo Brasil e pelo mundo, conduzindo vorazmente uma grande multido ao erro e a uma religio no bblica. O QUE UM DOM APOSTLICO? Dons apostlicos so dons dados por Deus a um grupo de indivduos que foram chamados para a atividade proftica de receber a revelao da Nova Aliana, transmit-la e inscritur-la infalivelmente, sendo assistidos com credenciais miraculosas para atestar como verdade os orculos divinos para judeus e gentios agora dentro de uma nica Igreja. Na Nova Aliana Deus escolheu os ofcios de apstolo e profeta para lanar o fundamento cannico dessa aliana, (Ef 2:20; 3:5), e escolheu os espirituais (pessoas que tinham dons apostlicos sem ofcio) para revelar e ensinar os orculos divinos infalivelmente,(I Co 12: 37). Para isso Deus deu dons de palavra para a comunicao da verdade revelada, e dons de milagres para a atestao da verdade revelada. Esses dons de milagres foram chamados tambm de credenciais apostlicas, (II Co 12:12). Com excesso dos dons de socorros e governos, o restante da lista dos dons de I Corntios so dons apostlicos. Dessa forma os dons espirituais apostlicos obedecem ao seguinte ordem: DONS DE PALAVRA DE COMUNICAO INDIRETA: dom inspirado para revelar idias e produzir Escritura. Esses so: sabedoria e conhecimento. DONS DE PALAVRA DE COMUNICAO DIRETA: dom inspirado de comunicao verbal para revelar palavras e produzir Escritura. Esses dons so: profecia, lnguas, interpretao de lnguas, discernimento de esprito.DONS DE CREDENCIAIS: dom inspirado, que revela a certeza do milagre, faz do crente um canal do poder miraculoso para realizar a vontade de Deus e atestar como verdade infalvel a mensagem apostlica entre judeus e gentios; no produz Escritura porque credencial da Escritura. Nessa classe esto: dons de curar e operaes de milagres.

I CORNTIOS 12:1

Acerca dos dons espirituais, no quero, irmos, que sejais ignorantes.

A expresso peri ton pneumatikon (acerca dos dons espirituais) tem o mesmo significado do captulo 14:1. O termo pneumatikon ( no neutro) refere-se natureza essencial dos dons ( que pertence ao Esprito); enquanto o termo charismaton (12:4, 9, 30, 31) refere-se ao aspecto gratuito do dom, (ou seja, que dado sem merecimento). O apstolo deseja que os corntios entendam a origem, a natureza, e o propsito das manifestaes extraordinrias do poder divino, e que possam distingui-los.I CORNTIOS 12:2

Vs bem sabeis que reis gentios, levados aos dolos mudos, conforme reis guiados.

Embora o NA27 adote que quando, a evidncia externa aponta para sabeis que reis gentios. Paulo refere-se no ao tempo, e sim ao fato. A melhor traduo do verso 2 : sabeis que reis gentios guiados para os dolos mudos como arrastados (prisioneiros o melhor sentido de apagomenoi). O verbo apag (ser levado fora, prisioneiro) contrasta com as expresses dia tou pneumatoi (v. 8)en to auto pneumati (v. 9), en pneumati (v. 13), (pelo Esprito). Antes os corntios eram conduzidos por uma fora irracional que controlava o entendimento e a vontade; agora, eles so guiados pelo Esprito. Isso indica que o apstolo est fazendo uma clara distino entre a manifestao do Esprito e as manifestaes pags ou misticismo irracional.I CORNTIOS 12:3

Portanto, vos quero fazer compreender que ningum que fala pelo Esprito de Deus diz: Jesus antema, e ningum pode dizer que Jesus o SENHOR, seno pelo Esprito Santo.

Com a expresso en pneumati Paulo declara o critrio da verdadeira influncia divina, (pelo Esprito, atravs do Esprito). Usando Anathema Iesous, Paulo refere-se historicidade de Jesus (no o Cristo, que uma funo), dizendo que a crena no Jesus real obra do Esprito.i O mesmo se d em relao expresso kyrios Iesous ( termo grego da LXX para IAV), expresso usada para reconhecer Jesus como verdadeiro Deus, fato que s pode ocorrer pela obra do Esprito de Deus. Com a expresso Anathema Iesous e kyrios Iesous Paulo diz que ningum pode reconhecer a verdadeira humanidade e divindade de Jesus seno sob a influncia do Esprito Santo. Com a afirmao do verso 3, Paulo estabeleceu o critrio para se distinguir os que eram verdadeiramente instrumentos do Esprito Santo, e os que falsamente pretendiam essa funo.1

I CORNTIOS 12:4-6

Ora, h diversidade de dons, mas o Esprito o mesmo. E h diversidade de ministrios, mas o Senhor o mesmo. E h diversidade de operaes, mas o mesmo Deus que opera tudo em todos

As palavras charisma, diakonion, e energmaton no so substancialmente trs classes de dons do Esprito, mas morficamente trs tipos da obra de Deus. Paulo enfatiza aqui a unidade da operao divina. Essas operaes so relacionadas com cada membro da Trindade, o que significa que o mesmo Deus e Pai que, havendo exaltado o Senhor Jesus primazia da Igreja, e enviado o Esprito Santo, opera todos estes feitos na alma dos homens.2 As palavras dons, servios e realizaes significam a totalidade de tudo o que Deus opera por meio do seu Esprito. Podemos dizer que no h distino de classes de dons em 4 6, e sim que todos os dons esto numa nica lista em I Co 12: 8 10, intitulados como dons espirituais. O que pode ser observado que esses dons espirituais, em relao ao Esprito, so chamados de dons; em relao ao Filho, chamado de servios, e em relao ao Pai, chamado de realizaes.O termo grego synferon no deve ser traduzido por edificao, e sim proveito, pois Paulo engloba na sua lista de dons que no foram dados para edificar, e sim para ajudar, liderar, e atestar, como o caso de socorros, governos, e milagres. A nica classificao dos dons espirituais em todo o NT est em I Pedro 4:10, onde o apstolo fala de dons de fala, ou palavra, e dons de servio, ou seja, a diviso e classificao dos dons somente quanto ao objetivo da graa: edificar e servir. No verso 11, Paulo enfatiza o carter soberano da manifestao desses dons acima listados, como sendo uma realizao de Deus (energuei) que tem em vista seu prprio interesse (bouletai quer para si).

OS DONS DA LISTA DE 1 CORNTIOSI CORNTIOS 12:8-11

Porque a um pelo Esprito dada a palavra da sabedoria; e a outro, pelo mesmo Esprito, a palavra de conhecimento; E a outro, pelo mesmo Esprito, a f; e a outro, pelo mesmo Esprito, os dons de curar; E a outro a operao de maravilhas; e a outro a profecia; e a outro o dom de discernir os espritos; e a outro a variedade de lnguas; e a outro a interpretao das lnguas. Mas um s e o mesmo Esprito opera todas estas coisas, repartindo particularmente a cada um como quer.

Primeiro dom:

Palavra de sabedoria (logo sofia)

A expresso logo sofia s ocorre neste local, e encabea a lista dos dons, assim como apstolo encabea a segunda lista no v. 28. possvel que Paulo esteja associando em grau de importncia palavra de sabedoria com apstolo e profeta.3 Isso quer dizer que o dom de sabedoria sempre pertencia a um apstolo ou profeta. O termo sofia empregado por Paulo em suas espstolas para definir os mistrios do evangelho, coisas ocultas (n apokekrummenn a ocultada) 1 Corntios 2:7; em outras palavras, o dom de sabedoria era um dom destinado explicao da consumao do plano redentor na Nova Aliana numa poca em que ainda no havia o cnon do Novo Testamento. As verdades centrais do evangelho que Cristo havia prometido aos discpulos que seriam dadas pelo Esprito aps sua ascenso ( Jo 16:12-13), eram dadas igreja por meio do Esprito aos apstolos e profetas do Novo Testamento. Devemos lembrar que a igreja da era apostlica passou praticamente cem anos com a pregao de uma verdade inspirada e infalvel do grande mistrio de Deus sem as Escrituras do Novo Testamento; essas coisas que antes estavam escondidas, agora estavam sendo reveladas em forma de doutrina, mas no estavam escrituradas ainda. Como a igreja poderia ter uma sola scriptura sem as Escrituras do Novo Testamento? Essas verdades teriam que ser pregadas sem as Escrituras, mas deveriam ser, por natureza, inspiradas, levando-se em conta que Deus nunca guiou seu povo sem que fosse por uma palavra inspirada, inerrante, e autoritativa. Como essas verdades eram ocultas ainda daquela gerao, a nica maneira dessa sabedoria se tornar presente era por meio da revelao (Ef 3:5), o que Deus fez por meio de seus apstolos e profetas, implicando num dom espiritual inspirado.A grande importncia desse dom para a igreja apostlica era o fato de que, depois da morte de Cristo, era necessrio que essa morte fosse interpretada como a morte redentiva do Salvador do mundo; era necessrio que fosse dada sabedoria aos apstolos e profetas para interpretar a redeno nos moldes do que temos hoje nas epstolas e escritos do Novo Testamento. Isso significa que a igreja primitiva tinha que conviver com as mesmas verdades divinas que convivemos hoje no Novo Testamento; como eles no tinham as Escrituras do Novo Testamento, tinham os apstolos e profetas, a quem era dado a revelao para expor a sabedoria que outrora estava oculta. Enquanto hoje temos toda a histria e interpretao do mistrio de Cristo escritos, nossos irmos primitivos tinham o dom de sabedoria pra conhecer tudo sobre Cristo que conhecemos hoje nas pginas do Novo Testamento.

Palavra de conhecimento (logos guinoses)

Podemos dizer que o dom da cincia ou palavra de conhecimento era um dom produto da profecia (13:2), sempre citado entre os dons revelacionais voltados para a instruo e edificao (14:6), e que cessaria com o trmino dos dons revelacionais como lnguas e profecias (13:8). Ora citado como instrumento de revelao (14:6), ora citado como o prprio contedo da revelao (13:2). Para Charles Hodge4 a palavra de conhecimento era o dom dos mestres do NT. Ele define esse dom como sendo o dom de entender corretamente e apresentar apropriadamente as verdades reveladas pelos apstolos e profetas.5 possvel que tal dom seja a capacidade dada pelo Esprito aos mestres que deveriam ensinar a Igreja numa poca em que o NT ainda no tinha sido escrito, e esses mestres dependiam da palavra revelada, o que compunha o contedo da tradio apostlica em forma oral. A palavra de conhecimento seria, certamente, compreender a profecia dada ao profeta (o profeta no necessariamente no deveria entend-la), inseri-la num grande arcabouo doutrinrio orgnico, lgico, e coeso com todas as outras verdades j reveladas, interpretando-a em harmonia com toda a tradio apostlica. O dom de conhecimento era a capacidade espiritual de ensinar autoritativa e infalivelmente as verdades recm reveladas aosapstolos e profetas, para suprir as mesmas necessidades espirituais que hoje existem na Igreja moderna, e que so supridas com as Escrituras do Novo Testamento sobre as questes da Nova Aliana. o dom de entender a revelao ainda sem um corpo pronto (ou seja, o Cnon), e ainda assim interpret-la em conexo com as outras partes desse corpo, sem contradio, correlacionando-a com verdades ainda vindouras e com as outras partes do cnon que viriam. A palavra de conhecimento era compreender a profecia em uma amplitude maior, mais profunda, e interligada com toda a verdade autoritativa da Nova Aliana, aptido essa que o profeta no tinha. possvel compreender o dom de conhecimento como um cnon ambulante das Escrituras do Novo Testamento enquanto as partes (evangelhos e epstolas estavam sendo escritos). Mesmo sem um cnon escriturado, os crentes primitivos tinham, atravs dos mestres, acesso s mesmas verdades escrituradas que temos hoje.

F (pistis)

A F nesta lista no pode ser a f salvadora, visto que esse dom s dado a alguns (1 Co 12:9). Este dom aparece significativamente distinto dos outros empregos da f apenas em Mt 17:19, 20 e 1 Co 13:2. Nestes textos a palavra f est relacionada com feitos milagrosos. Mesmo que j tenha sido listado o dom de operao de milagres, a f listada como um dom distinto (a outro dada f). possvel que em 1 Co 13:2, Paulo esteja se referindo s palavras de Jesus de Mt 17:19, 20. Distintamente do dom de operao de milagres, o dom da f tem a ver com uma convico de algo que vai acontecer, a fim de ser dada uma ordem para que esse algo acontea (Mt 17:19, 20). Juntamente com os outros dons milagrosos, o dom da f um dom revelacional. A convico do fato obtida por meio de uma certeza revelada. Isto condiz com o entendimento do dom espiritual como sendo uma operao de Deus (energmaton), (12:6). A f milagrosa no um dom exercido quando os homens querem, e sim quando Deus quer operar. Esta caracterstica torna o dom da f um dom dos feitos do Esprito, sendo, portanto, um dom inspirado (certo e eficaz). Foi usado na era apostlica para confirmar e dar credenciais aos atos e doutrina apostlica como orculo divino da Nova Aliana.

Dons de curar (Charismata iamatn)

Primeiramente, devemos entender este dom como sendo o mesmo dom encontrado nos dias da igreja primitiva de Atos 4:30. O contexto deste dom muito distinto dos dias atuais, pois o contexto das curas no NT sempre era de uma igreja que necessitava de curas, sinais e prodgios para autenticar a universalizao do Pacto abramico (pacto da graa) no mundo gentlico. O mundo judeu e o mundo gentlico careciam de provas irrefutveis de que a Nova Aliana, era, de fato, a ampliao dessa aliana abramica, o que s poderia acontecer se houvesse uma confirmao miraculosa. Era necessrio um elemento ratificador irrefutvel, autntico, infalvel, e autoritativo, que convencesse o mundo desses dois povos de que Deus estava expandindo sua graa sobre todos os povos da terra. Isto faria com que a mensagem apostlica fosse tida como verdade credenciada pela vontade divina, e fosse acreditada por judeus e gentios como a Nova Aliana. Essa idia confere com o que Paulo pensa em II Corntios 12:12, onde o termo credenciais da ARA a traduo do termo grego smeion sinal. A cura era um dom miraculoso subentendido no termo grego dynamesin (ato poderoso), como sinal do apostolado. O que devemos entender por apostolado? A resposta : o ofcio dado sobrenaturalmente por Deus a homens com a misso de autenticar a Nova Aliana numa poca em que ainda estava acontecendo a revelao da referida aliana. O apostolado produziu o fundamento teolgico da igreja (Ef 2.20).A grande diferena entre o dom de cura do Novo Testamento e o pretenso dom de cura moderno o seguinte: 1) o dom de cura dos dias apostlicos era infalvel - os apstolos no falharam em nenhuma cura, o dom moderno falha todos os dias; 2) era revelacional - eles sabiam que a cura funcionaria porque tinha sido revelada tal cura; 3) era feita por uma ordem ou palavra - no era feito por meio de orao, campanhas, ou correntes; 4) era pblica - sempre realizada nas ruas diante do pblico, no feita dentro de ambientes fechados; 5) cada cura estava dentro de um fato histrico que ficaria registrado para testemunho s naes - no um fato corriqueiro como hoje; 6) o dom de cura era direcionado pouqussimas pessoas - no s multides; 7) os apstolos curaram muito pouco - pois a misso e o ministrio deles no era a cura de enfermos; 8) havia o dom de cura e no ministrio de cura - os apstolos nunca divulgaram um pretenso ministrio de cura, porque s h um ministrio: o da Palavra); 9) era credencial apostlica - pertencia apenas aos apstolos, aos seus auxiliares, e aos espirituais portadores do dom, esses que estavam participando da ratificao da Nova Aliana naquela poca; 10) era espordica - acontecia s quando precisava-se de testemunho da Nova Aliana entre os pagos e judeus incrdulos, no existindo nenhum registro de campanhas de curas realizadas pelos apstolos; 11) os enfermos no eram convidados os apstolos iam at eles; 12) na cura dos dias apostlicos o nome de Jesus era glorificado nos dias modernos o nome de Cristo envergonhado todos os dias,pois os curadores falham muitssimo em suas pretensas curas, jogando a culpa na falta de f dos fiis seguidores; 13) o dom de cura apostlico tinha o carter de inspirao divina, pois acreditamos nele sem provas empricas no dom moderno preciso acreditar em pessoas mentirosas, errantes, e no inspiradas que afirmam curas que no se pode averiguar; 14) o dom apostlico era direcionado para problemas crnicos de sade - as curas modernas so sempre de problemas superficiais e temporrios, (dores diversas, problemas circunstanciais de sade, sendo, na maioria das vezes, problemas que se resolve no mdico ou com remdios analgsicos); 15) o dom de cura no foi dado para evangelizar no existe ordem de Deus para a cura ser um dom evangelizador, pois os apstolos sempre pregavam o evangelho depois da cura, alm do que algumas pessoas curadas no foram salvas.

Operaes de Milagres (energemata dynameon )

O dom de milagres um dom de credencial apostlica assim como o dom de cura (II Co 12:12). Diferentemente do dom de cura, que era mais especfico (para enfermidades), o dom de milagres abrangia muitos feitos poderosos, nos quais o poder de Deus era confirmado. Se o apstolo Paulo o usou como argumento para referendar seu ofcio apostlico, logo, podemos entender que este dom era mais um dom voltado para ratificar a revelao da Nova Aliana por meio dos sinais e maravilhas apostlicos. Se o dom era uma credencial apostlica, a quem pertencia? Possivelmente s aos discpulos da escola apostlica.6 Exemplos de milagres podem ser vistos em Atos, mas sempre imediatamente relacionados com os apstolos: a morte de Ananias (Pedro), a ressurreio de Dorcas (Paulo), a cegueira de Elimas (Paulo).Quem mais participou desse dom? Os falsos profetas tambm realizaram milagres (dynamei, Mt 7.22), pelos quais receberam a condenao deles, pois tais milagres no eram da vontade de Deus (Mt 7.21), e no estavam relacionados com a histria da redeno, como os modernos milagres. Os falsos profetas dos dias de Jesus eram religiosos que afirmavam o senhorio de Cristo (Senhor, Senhor), mas estavam reivindicando credenciais apostlicas que no tinham o objetivo de ratificar a Nova Aliana; seus milagres tinham um fim particular, voltado para seus prprios interesses, como fazem hoje os milagreiros modernos (Mt 7.22). Como pois poderamos explicar a autenticidade desses milagres? Ora, os milagres de Mateus 7:22 eram fato, os milagres aconteciam, mas no tinham o devido fim para o qual Deus os destinou, que era testificar a veracidade da revelao da Palavra de Deus que estava acontecendo naqueles dias. Se o verdadeiro propsito no estava presente naquele exerccio dos dons de milagres, ento os milagreiros usavam para si mesmos, o que altamente pecaminoso, pois todo milagreiro rouba a glria de Deus para si; o pecado pelo qual os pastores curandeiros sero condenados ser o de roubar a glria de Deus, e fazer o povo acreditar que eles so poderosos como Deus. No por acaso que todo milagreiro famoso e suas igrejas possuem nomes que requerem para si grandiosidade, imponncia e majestade, como Igreja Universal, Igreja Mundial, Igreja internacional; no vai demorar a aparecer a igreja csmica, igreja galctica, e intergalctica; seus pastores tambm s querem ser grandes e imponentes, pois chamam a si mesmos de bispos, e apstolos, e igualmente ao Papa de Roma, se estabelecem como figuras teocrticas, autoritrias e totalitrias sobre todas as igrejas e subalternos de suas seitas. Toda essa ganncia e aquisio de poder so produtos do falso dom de operao de maravilhas encontrados hoje em vrios canais de televiso, e em cada salo milagreiro encontrados pela cidade. Como tais milagres no servem mais aos propsitos da Nova Aliana,eles servem para condenar seus portadores, e enganar e arrastar os no predestinados para a condenao final, (Mt 7:23).

Profecia (proftia)

A profecia no pregao, pois se fosse, seria um dom igual ao de mestre ou pastor. Paulo nos adverte em I Co 12.4 que os dons so diversos, portanto profecia no pode ser igual ao dom de pastor ou mestre. Ainda em 14.6 (...se vos no falar por meio de revelao, conhecimento, ou profecia, ou ensino) a profecia distinta de conhecimento e ensino, os quais so elementos primordiais da pregao. Isso acontece porque a pregao planejada (adquire-se conhecimento) e executada (ensina-se), enquanto que a profecia dada inesperadamente pela vontade de Deus e no do homem (I Co 14.29-32). A profecia dada por meio de revelao (I Co 14.29,30), a pregao por iluminao.As mulheres foram proibidas de falar na igreja (I Co 14.34,35), mas podiam profetizar (I Co 11.5). Parece contraditrio, pois quem profetiza fala. Contudo a proibio do apstolo com respeito ao ensino (I Tm 2.12). Logo, a profecia no pode ser igual ao ensino, pois seriam proibidas tambm de profetizar. Na verdade, ensinar o exerccio da autoridade humana, enquanto a profecia o exerccio da autoridade divina. Quando as mulheres profetizavam quem estava falando era Deus; quando os homens ensinam, so eles que, autoritativamente, falam igreja.Uma outra caracterstica da profecia o conhecimento de mistrio (I Co 13.2). Os termos excludentes mysterion e apokalypt so usados por Paulo em Ef 3.4,5, onde os termos profecia e profetas esto relacionados com a revelao do mistrio. Essa a teologia paulina da profecia; a profecia o conhecimento da revelao de um mistrio que estava oculto e agora falado.Paulo aguardava uma cessao da profecia ainda em seus dias, pois ele se incluiu no processo parcial da profecia de seu tempo: em parte conhecemos, e em parte profetizamos. O perfeito de I Co 13.10 no a segunda vinda de Cristo, pois Paulo nunca usa esse termo para a vinda de Cristo, e sim a vinda do Senhor, ou o Senhor na sua vinda. Ainda vale salientar que, o apstolo no usa o termo teleion em seus escritos para escatologia, e sim para maturidade. Tambm, o apstolo no teria dificuldade de chamar a vinda do Senhor em I Co 13.10, se esse texto fosse escatolgico. No h nenhuma evidncia exegtica para considerar o texto de I Co 13.8-13 como escatolgico. O tema predominante ali a maturidade ou perfeio da profecia. A profecia perfeita no dependeria mais de profetas que revelavam verdades parcialmente. Paulo tinha conscincia de um cnon que haveria de se formar com a profecia perfeita. Como um bom judeu, Paulo convivia com o cnon do AT, e entendia que a Nova Aliana era para os gentios e judeus da sua poca o que a Antiga Aliana foi para Israel. O processo revelatrio culminaria numa extino do profetismo parcial, dando lugar profecia perfeita (ou teleion). Paulo imaginava que fazia parte do estgio final desse processo ao afirmar: em parte conhecemos, e em parte profetizamos, quando vier o perfeito, ento o que em parte ser extinto. Ora, se o que ser extinto em parte, ento a profecia e o conhecimento parciais daro lugar profecia e ao conhecimento completo. O que Paulo chama de em parte a profecia e o conhecimento da era apostlica, os quais dependiam das revelaes profticas. Como haviam profetas e apstolos espalhados por toda sia, profetizando e revelando conhecimentos do evangelho, cada um profetizava pedaos da revelao. Paulo revelou partes do conhecimento, Pedro detinha outra parte na mesma poca, Judas, Tiago, Joo, e o profeta de Hebreus, participavam do mesmo processo. Lembremos que nessa poca o Novo Testamento ainda era em parte. O fenmeno proftico se encerraria depois que Deus revelasse toda a sua vontade e a escrevesse nas pginas do Novo Testamento. Esse o teleion paulino.Toda a doutrina do Novo Testamento era conhecido dos apstolos e da igreja apostlica apenas em pedaos (em parte). Pedro, possivelmente, conheceu alguns escritos de Paulo, mas talvez no tenha conhecido os escritos de Joo ou de Judas. E assim sucessivamente. Como os apstolos conheceram e entendiam o processo revelatrio do AT, certamente, tinham conscincia e aguardavam a fase final do mesmo processo para a Nova Aliana, quando a Igreja conheceria toda a verdade revelada pelos apstolos e profetas do NT( Ef 2:20; 3:5). Essa revelao final e escriturada o perfeito de I Co 13.10.Na literatura paulina, profeta era ofcio tanto quanto apstolo (I Co 12.28). H quem diga que a expresso apstolos e profetas de Efsios 2:20 aplica-se ao mesmo grupo, ou seja, apstolos que so profetas. Mas esta interpretao est errada porque Paulo faz distino das duas classes de dons(I Co 12:28, 29; Ef 4:11), como ofcios distintos. Um outro argumento seria que profeta no poderia ser ofcio porque est junto com outros dons que no ao ofcios (curar, falar lnguas); mas esse argumento no vlido porque o ofcio de apstolo est na mesma lista tambm. O que mais importa que em I Corntios 14:37 os que profetizam so considerados profetas, e os que exercem outros dons so chamados de espirituais (aqueles por meio de quem o Esprito agia sem ofcio). Isto confirmado em Ef 2.20 e 3.5, quando Paulo cita os ofcios de apstolo e profeta como sendo responsveis por lanar o fundamento da f da Nova Aliana. Sendo Paulo judeu, a sua viso de profecia a mesma judaica. No h no NT diferena de nveis de profecia. Assim Paulo destaca a profecia como ofcio, diferenciando-a dos dons em I Co 14.37, quando fala de dois tipos de atividade do Esprito: se algum se considera profeta (profetn, ofcio), ou espiritual (pneumatikon, dons). Os ltimos so aqueles que exercem dons sem ofcio, e os primeiros exercem o ofcio de profeta.

Discernimento de Esprito (diakrisein pneumatn)

A palavra diakrisei (julgar, discernir, distinguir) encontra-se em apenas 03 versos do NT, (Rm 14.1; I Co 12.10: Hb 5.14). Nesses textos o sentido sempre de distinguir, fazer separao. Contudo, a palavra mais importante para se entender o dom de discernimento de esprito pneunatn. Nos versos 8, 9, e 10 de I Co 12 a expresso diakrisei pneunatn est entre os dons de palavra, de comunicao direta revelada. Em I Jo 4.1, o termo pneumata est relacionado com profecia, concordando com a mesma idia de Paulo, que usa o termo pneunatn no grupo dos dons profticos. O termo pneunatn, na verdade, sinnimo de profecia. O dom de discernimento de esprito tem a ver com inspirao. Como a profecia era revelada, autoritativa, e inspirada, Deus deu um dom da mesma natureza do dom proftico para julgar os pretensos pneumatikoi de Corinto. Somente um dom proftico pode julgar outro dom proftico. Ao povo comum no foi dado julgar profecias, mas somente queles que tinham o dom proftico de discernimento de esprito. Como o carter da profecia de trazer revelao de mistrio (I Co 13.2), um crente comum nunca seria apto para identificar a inspirao do profeta e de sua profecia porque ningum conhecia o mistrio. Somente o dom proftico de discernimento seria capaz de identificar os falsrios da revelao. A razo da existncia desse dom era a novidade da revelao dos princpios e mistrios da Nova Aliana que ainda estavam sendo dados para formar o corpo da doutrina neotestamentria ou fundamento apostlico. A igreja ainda no conhecia esses mistrios, portanto no tendo tal conhecimento, os crentes comuns no teriam como julgar a revelao que ainda estava sendo dada em carter de novidade. Por tratar-se de um dom proftico, possivelmente esse dom era dado aos profetas exclusivamente. Se aos profetas foi dado o mrito de decidir a ordem de quem profetizaria primeiro (I Co 14.31), possvel que s os profetas pudessem julgar os pretensos profetas inspirados naquela poca. A menos que existisse um dom proftico para revelar a falsidade de uma suposta profecia ou mistrio, toda a igreja seria enganada. Essa foi a poca da formao dos livros apcrifos e pseudoepgrafos que reivindicavam inspirao. O exerccio do dom de discernimento era aplicvel, exatamente, para no permitir que houvesse na igreja apostlica vrias fontes de doutrina supostamente revelada, reivindicando igualdade no corpo dos escritos apostlicos do Novo Testamento.

Variedade de Lnguas (gene glossn)

Nos versos 10 e 28, o nome do dom variedade de lnguas (gen espcies, variedade, gneros). O termo variedade aponta para uma idia de distino. As lnguas eram distintas porque eram idiomas falados que podiam ser diferenciados.AS LNGUAS NEOTESTAMENTRIAS ERAM REVELACIONAIS E ESTAVAM RELACIONADAS COM O PROCESSO DE ESCRITURAO DA DOUTRINA DO NOVO TESTAMENTOPRIMEIRA PROVA: Era um dom entre os dons revelacionais.

A incluso do dom de lnguas no grupo dos dons que cessariam (I Co 13.8) constitui clara evidncia que as lnguas faziam parte dos dons revelatrios, pois os nicos dons previstos para cessao so os dons voltados para o aperfeioamento da doutrina da Nova Aliana. Em I Co 13.8, Paulo resume a cessao desses dons em trs palavras distintas: profecia (que encerra o apostolado, o profetismo, curas, milagres e discernimento de esprito), lnguas (encerrando-se o dom de lnguas e interpretao de lnguas) e cincia (que encerra o conhecimento e a sabedoria da era apostlica por meio extraordinrio). Como esses dons tinham a funo de revelar a verdade autoritativa e inspirada para a igreja de todos os tempos, bem como eram dons que na era apostlica traziam a verdade parcialmente (I Co 13.9), podemos concluir que depois de completada a revelao do NT, tais dons cessariam (I Co 13.8).

SEGUNDA PROVA Era um dom de contedo doutrinrio

Em I Co 14.6 Paulo mostra que as lnguas so um dom doutrinrio, e que, por meio delas, a igreja deveria receber o mesmo contedo de profecia, revelao, conhecimento e ensino. Sendo assim, as lnguas eram um dom que trazia acrscimo teolgico igreja quanto doutrina da Nova Aliana. Infelizmente as verses da SBB mudaram a traduo desse texto, causando confuso na mente dos leitores. A melhor traduo desse texto a traduo da Bblia de Jerusalm, e a NVI.7 Eis como a Bblia de Jerusalm traduz I Co 14.6:Supondo agora, irmos, que eu v ter convosco, falando em lnguas: como vos serei til, se a minha palavra no vos levar nem revelao, nem cincia, nem profecia, nem ensinamento?

Com esta traduo em mente, as lnguas consistiam de um dom de contedo doutrinrio. Uma outra prova disso, o emprego que Paulo faz do termo edificar (oikodome), o qual s empregado quando alguma coisa acrescentada mente (compare I Co 14.4,5 com 14.14,15). As lnguas, portanto, deveriam edificar, ou seja, trazer contedo inteligvel mente (I Co 14.19).

TERCEIRA PROVA Era um dom semelhante profecia

O dom de lnguas no inferior profecia; esse dom quando interpretado tem o mesmo valor de profecia (I Co 14.5). Se as lnguas correspondem profecia, esse dom deveria ser de natureza inspirada. Isso pode ser percebido na primeira referncia ao dom em Atos 2.4, onde o termo apofthegomai empregado para a fala inspirada. Com este termo, Pedro deu total nfase na idia de que lnguas consistia na fala do Esprito ( to pneuma edidou apofthegomai autoi). Esta expresso correlata das afirmaes profticas do Antigo Testamento Assim diz o Senhor. Dessa forma, lnguas consistem numa manifestao proftica na qual Deus fala ao homem.

QUARTA PROVA Era um dom de revelar mistrio

Seria o dom de lnguas um dom para falar mistrios com Deus? O que Paulo quer dizer em I Co 14.2-4?O dom de lnguas no foi dado para uso particular (esse o argumento do apstolo em todo o captulo 14), pois os dons foram dados com vistas edificao da igreja. Paulo fala da natureza das lnguas, que naturalmente, Deus entende, mas o homem necessita de intrprete. Em I Co 14.2, a expresso porque em esprito fala mistrio corresponde a uma m traduo das nossas Bblias.8 O dom de lnguas no um exerccio do esprito humano, mas uma atividade divina do Esprito Santo no homem (At 2.4: passaram a falar em outras lnguas, conforme o Esprito dava o que falar). A palavra mysterion (mistrio) a chave para entender o termo pneumati como o Esprito de Deus, pois falar mistrios uma atividade divina (At 2.11). Alguns argumentam que o termo mistrio empregado para referir-se ao fato das lnguas no serem compreendidas, tornando-se, assim, um mistrio para quem ouve. Mas Paulo no afirma falar em mistrio, e sim falar mistrio, o que pode ser muito bem entendido luz de Atos2.11, como falar as grandezas de Deus que estavam ocultas. A expresso falar mistrio corresponde a falar o que estava oculto, e no falar em oculto, pois dessa forma, o dom de lnguas no serviria para a igreja. O termo mysterion sempre est relacionado com a histria da redeno (Ef 3:4-7) e com os dons profticos nos trs captulos sobre dons espirituais, e nunca relacionado ao modo ininteligvel de se receber uma informao, (I Co 13:2). importante lembrar que o dom de lnguas consiste num dos assuntos mais difceis do Novo Testamento, e que alm disso, nossas tradues no ajudam, ao inserirem palavras que desvirtuam o verdadeiro sentido do texto.9

Interpretao das Lnguas (hermeneia glossn)

Para uma boa definio desse dom, necessrio uma boa compreenso da natureza do dom de lnguas. Primeiramente, mister deixar claro que as lnguas de Marcos (novas lnguas), bem como as de Atos e as de I Corntios so exatamente o mesmo dom. O uso indiscriminado de glossn por dialektos em Atos 2 clara evidncia de que os apstolos entendiam lnguas como idiomas inteligveis falados por naes gentlicas. Em nenhum momento as Escrituras do Novo Testamento fazem uso do termo glossa para designar lnguas estranhas ao homem, como querem os pentecostais de nosso tempo.O dom da interpretao (hermeneia) era um dom empregado para traduzir construes sintticas de um outro idioma no conhecido pela assemblia. Tal dom era distinto do dom de lnguas, pois tambm fazia parte das duas listas de I Corntios. O dom de interpretao era um dom miraculoso, que acontecia sob a influncia do Esprito.Se um homem podia falar um idioma estrangeiro, por que ele mesmo no podia interpretar? Simplesmente, porque no era seu dom. O que dizia em lngua estrangeira o dizia debaixo da direo do Esprito (At 2.4); se houvesse tratado de interpretar sem o dom de interpretao, teria falado ele mesmo, e no como o Esprito dava o que falar.10

Como muito bem coloca Hodge, o dom de interpretao no era inerente ao dom de lnguas, visto que era necessrio que houvesse algum com o dom de interpretar, ou o que falava lnguas buscasse socorro divino para que houvesse interpretao (I Co 14.13). Se o falante no tem a traduo consciente simultnea, como qualquer pessoa que fale uma lngua aprendida, porque o falar das lnguas no um falar do homem, e sim do Esprito. Se for necessria uma assistncia externa ou mesmo separada do dom de lnguas para que haja interpretao, entende-se, pois, que a interpretao das lnguas consiste numa manifestao divina e miraculosa do Esprito (I Co 12.11), em dar o entendimento do significado de palavras em um idioma nunca estudado. Se o que fala em lnguas, o faz sem haver aprendido, o que traduz tambm o faz sob a direo do Esprito, sem nunca ter conhecido a lngua.O termo grego diermeneu(interpretao)nunca pode ser aplicado quilo que no faz sentido. Uma prova de que as lnguas interpretadas eram idiomas sintaticamente perfeitos, que no livro de Atos no houve interpretao das lnguas faladas em Atos 2,10,19, e ainda assim, houve compreenso dos tais idiomas por muitos estrangeiros. Tambm interessante notar, que as lnguas de Atos 2 no foram compreendidas por todos (At 2.13). O dom de interpretao consistia, no exerccio do Juzo divino, j ensinado por Jesus em Mt 13.10-12, que tinha o mesmo objetivo de falar por parbolas. Todos aqueles que no entendem a verdade de Deus, foram excludos da graa. Em Atos, o dom de interpretao no est presente porque Deus tinha o propsito de excluir indivduos no grande conglomerado de naes. J em I Corntios o dom de interpretao se faz presente porque se trata da comunidade dos santos (I Co 1.2), local onde se encontram os j selecionados pela graa. Sendo assim, as lnguas no podiam ser exercidas sem interpretao, pois se isso acontecesse, significaria que a comunidade que no compreendesse o que foi dito estaria sendo excluda da graa. Esta a razo pela qual Paulo diz que as lnguas so um sinal para os incrdulos (I Co 14.22), pois s os incrdulos no compreendem as grandezas de Deus. H ainda uma dificuldade com I Co 14:4 (o que fala em outra lngua a si mesmo se edifica...). Se era necessrio a presena de um intrprete, como poderia algum usando o dom de lnguas edificar a si mesmo sozinho? A resposta a esta pergunta que possivelmente Deus dava o dom de interpretao tambm s pessoas que falavam lnguas, (I Co 14:13). O erro que estava ocorrendo na igreja de Corinto era que esse espirituais que tinham o dom de lnguas e podiam interpret-las, estavam guardando a doutrina revelada s para si; essa postura foi veementemente reprovada pelo apstolo Paulo.

I CORNTIOS 12:28A uns estabeleceu Deus na igreja, primeiramente, apstolos; em segundo lugar profetas; em terceiro lugar, mestres; depois, operadores de milagres; depois, dons de curar, socorros, governos, variedade de lnguas.

Socorros (antilempseis)

A palavra antilempseis ocorre apenas uma vez em todo o Novo Testamento, sendo importada da LXX para o NT com o significado de auxlio de Deus ou dos homens; seu sentido bsico auxlio, assistncia, ajuda, socorro. O dom de socorro no aparece na primeira lista e sim na segunda do captulo 12. curioso que ningum mais nas escrituras do Novo Testamento emprega este termo. Nem mesmo Paulo o usa em outros lugares. Mas isto no torna esse dom menos importante do que os outros dons, pois ele de vital importncia para a vida da igreja. A vida da igreja crist, no primeiro sculo, marcada por muita perseguio imposta pelo judasmo, e depois pelo Imprio Romano. Os apstolos e os lderes da igreja tinham a incumbncia de gastar tempo apenas com a Palavra. Mas uma igreja perseguida uma igreja marcada por profundas necessidades. Essas necessidades no eram coisas simples que todos podiam resolver conjuntamente. Como ainda hoje, somente uns poucos se interessavam pelas necessidades dos outros. Nesse contexto Deus no deixou sua igreja rf de sua misericrdia e cuidado; levantou e vocacionou pessoas, por meio de seu Esprito, as quais gastavam suas vidas cuidando dos crentes semi-mortos da perseguio, de vivas que perderam seus maridos e seu sustento; esses diconos adotavam filhos que perderam seus pais, dando comida e abrigo aos mais empobrecidos pela ira dos inimigos de Cristo. Tambm tornaram-se cuidadores das mulheres crists abandonadas por seus maridos pagos. Essa vocao era obra do Esprito porque eles viveram numa poca em que tinham de ser audaciosos e muito corajosos para se envolver em causas judiciais do imprio, sofrendo perseguies e correndo risco de morte. Dar guarida a um criminoso ou fora da lei (como eram considerados os cristos do primeiro sculo pelo imprio) era apoiar a rebeldia contra o poder de Roma. Ningum teria coragem de arriscar diariamente a prpria vida por outra pessoa, a no ser se fosse pelo Esprito de Deus. Graas a esse dom os apstolos foram preservados em suas vidas vrias vezes. Assim foram os diconos da igreja primitiva. O dom de socorros foi exercido pelo ofcio do diaconato desde os dias apostlicos (At 6), e essa tem sido a melhor interpretao desse dom desde Crisstomo.

Governos (kiberneseis)

A palavra kiberneseis uma palavra rarssima na literatura do Novo Testamento, tambm originria da literatura da LXX. O substantivo era muito usado na literatura clssica para o piloto do navio, seu verbo era comum para a administrao e o governo de uma casa.O dom de governo no tratado em nenhum outro lugar, a no ser nesta referncia. Este dom claramente distinto do dom de ensino (palavra de conhecimento ou mestres), tambm distinto do pastorado. Paulo poderia estar falando de presbteros regentes, mas no h muitas provas para isto. Em I Tessalonicesnses 5:12 h aluso aos que presidem, mas esses so os mesmos que admoestam (nouthentais), possivelmente o bispo de I Tm 3. H quem interprete I Tessalonicenses 5:17 como sendo dois tipos de presbteros (docente e regente), mas o texto no d segurana para isto por dois motivos:a) governar bem e ensinar so dois pr-requisitos que devem ser encontrados no bispo de I Timteo 3, possivelmente em 5:17 Paulo esteja falando da mesma pessoa;b) a expresso paulina kals proistamenon(que governem bem) configura igualmente em I Timteo 3:4 (para os bispos), 3:12 (para os diconos), e 5:17 (para os presbteros), designando apenas um bom governo ou uma boa liderana;c) tendo em vista o emprego acima citado, expresso kals proistamenon no pode ser empregada para classe de presbteros, e sim para a qualidade de presbtero de governar bem;

Como o dom de governo est calaramente distinto do dom de ensino tanto em I Corntios como em Efsios, Paulo certamente est aplicando kiberneseis a uma classe de oficiais distinta da dos doutores da igreja. Essa parece ser o melhor argumento para a idia de um presbtero regente das igrejas reformadas, o qual era conhecido na igreja antiga de seniores plebis.

Teresina, 08 de dezembro de 2005.

NOTASi Pois dizer antema Jesus seria dizer nulo Jesus, ou seja, nega sua existncia histrica.1 Hodge p. 223. Minha Traduo.2 Hodge p. 223. Minha Traduo.3 Hodge p. 226.4 p. 227.5 Idem.6 O termo dynamei no se aplica, em todo o NT, a pessoas que no sejam Jesus e o grupo dos apstolos; fora esses dois, o dom era usado somente pelos falsos profetas.7 importante lembrar que a NVI consiste numa traduo com muitos problemas em outros lugares.8 Nos dois casos onde o termo pneumati aparece referindo-se ao esprito humano (I Co 14.14,32) vem acompanhado de pronome possessivo (pneuma mou) adjunto adnominal (pneumata profetou) que distingue claramente o esprito humano do Esprito de Deus.9 Tomemos como exemplo a ARA, que insere o termo OUTRAS lnguas, e algumas edies corrigidas (Verso da Imprensa Bblica) que acrescentam a expresso LNGUAS ESTRANHAS, que no aparecem no texto grego. possvel que esses acrscimos sejam feitos para descaracterizar as lnguas como dialeto e torn-las como algo estranho ao homem.10 Hodge, p. 230.Prof. Moiss C. Bezerril