O Psicopedagogo Como Profissional

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Curso de Pós-Graduação em Educação Especial/Inclusiva e Psicopedagogia Institucional O Psicopedagogo como profissional A Psicopedagogia, como nos diz Bossa (1994) se ocupa da aprendizagem humana, que aparece de uma demanda bem clara – o problema de aprendizagem. Enquanto profissional, o psicopedagogo pode atuar em uma perspectiva eminentemente preventiva ou em uma abordagem terapêutica, clínica. O seu trabalho pode vincular-se a uma instituição (escola, hospital, centro comunitário, por exemplo) ou ser estritamente individual (em seu próprio consultório). Mas, em qualquer dos casos, cabe ressaltar, o psicopedagogo não deve prescindir do diálogo interdisciplinar, dada a complexidade do ato de aprender e a complexidade existencial daquele que aprende, em sua totalidade constitutiva e de manifestação. No trabalho preventivo, as instituições, enquanto espaços físicos e psíquicos da aprendizagem, são objeto de estudo da Psicopedagogia. Como sabemos, é bastante expressivo o número de alunos que apresentam dificuldade de ler, de escrever e mesmo de pensar, exigindo uma atuação terapêutica. Esta situação, tão presente em nossas escolas, demonstra a importância da ação preventiva do psicopedagogo, quando voltada para evitar o aparecimento de dificuldades na aprendizagem. Ocupando-se da integração do aluno no cotidiano escolar, quanto à possibilidade e capacidade que ele detém e os interesses que manifesta, o psicopedagogo atua preventivamente, colaborando para que o aprendente estabeleça com o ato de aprender uma relação prazerosa e, mesmo, desafiadora. O psicopedagogo precisa saber não só como o aluno constrói o seu conhecimento, mas também como ele determina o instrumental que usa para construir e reconstruir este conhecimento. Em outras palavras, o psicopedagogo precisa saber de que modo o aluno produz a tessitura do conhecer e do aprender, na qual o afetivo, o cognitivo e o conjunto das circunstâncias que compõem o cotidiano escolar se entremeiam e onde pontuam, além do professor (com suas peculiaridades pessoais e didáticas) e dos colegas do aprendente (igualmente vivenciando o desafio do aprender). Somente assim o psicopedagogo terá condições de contribuir para o desaparecimento das possíveis dificuldades do aluno, em seu processo de construção do conhecimento. Ao deparar-se com essas dificuldades, o psicopedagogo precisa, ainda, distinguir entre as dificuldades que se revelam como “sintomas” – aquelas que realmente são objeto de um trabalho psicopedagógico (oriundas de um real problema de aprendizado) e as que se apresentam como “reativas” – oriundas de alguma reação emocional (objeto de interesse do psicólogo escolar). A ação preventiva do psicopedagogo no campo institucional escolar deve estender-se também ao corpo docente. Neste sentido, o psicopedagogo terá oportunidade de trabalhar junto aos professores, esclarecendo-os quanto ao processo evolutivo cognitivo do aluno, inter-relacionando-o aos aspectos afetivos e ambientais capazes de influenciarem favorável ou desfavoravelmente o ato de aprender. A função preventiva e a função curativa (terapêutica) Na função preventiva, segundo nos diz Kiguel (1987), cabe ao psicopedagogo atuar, principalmente, em escolar e em cursos de formação de professores, esclarecendo sobre o processo de desenvolvimento e maturação das áreas ligadas à aprendizagem escolar (perceptiva, motora, de linguagem, cognitiva e emocional), auxiliando na organização de condições de aprendizagem de forma integrada e de acordo com as capacidades dos alunos, atendendo sua diversidade e motivação.

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Curso de Ps-Graduao em Educao Especial/Inclusiva e Psicopedagogia Institucional

O Psicopedagogo como profissionalA Psicopedagogia, como nos diz Bossa (1994) se ocupa da aprendizagem humana, que aparece de uma demanda bem clara o problema de aprendizagem. Enquanto profissional, o psicopedagogo pode atuar em uma perspectiva eminentemente preventiva ou em uma abordagem teraputica, clnica. O seu trabalho pode vincular-se a uma instituio (escola, hospital, centro comunitrio, por exemplo) ou ser estritamente individual (em seu prprio consultrio). Mas, em qualquer dos casos, cabe ressaltar, o psicopedagogo no deve prescindir do dilogo interdisciplinar, dada a complexidade do ato de aprender e a complexidade existencial daquele que aprende, em sua totalidade constitutiva e de manifestao. No trabalho preventivo, as instituies, enquanto espaos fsicos e psquicos da aprendizagem, so objeto de estudo da Psicopedagogia. Como sabemos, bastante expressivo o nmero de alunos que apresentam dificuldade de ler, de escrever e mesmo de pensar, exigindo uma atuao teraputica. Esta situao, to presente em nossas escolas, demonstra a importncia da ao preventiva do psicopedagogo, quando voltada para evitar o aparecimento de dificuldades na aprendizagem. Ocupando-se da integrao do aluno no cotidiano escolar, quanto possibilidade e capacidade que ele detm e os interesses que manifesta, o psicopedagogo atua preventivamente, colaborando para que o aprendente estabelea com o ato de aprender uma relao prazerosa e, mesmo, desafiadora. O psicopedagogo precisa saber no s como o aluno constri o seu conhecimento, mas tambm como ele determina o instrumental que usa para construir e reconstruir este conhecimento. Em outras palavras, o psicopedagogo precisa saber de que modo o aluno produz a tessitura do conhecer e do aprender, na qual o afetivo, o cognitivo e o conjunto das circunstncias que compem o cotidiano escolar se entremeiam e onde pontuam, alm do professor (com suas peculiaridades pessoais e didticas) e dos colegas do aprendente (igualmente vivenciando o desafio do aprender). Somente assim o psicopedagogo ter condies de contribuir para o desaparecimento das possveis dificuldades do aluno, em seu processo de construo do conhecimento. Ao deparar-se com essas dificuldades, o psicopedagogo precisa, ainda, distinguir entre as dificuldades que se revelam como sintomas aquelas que realmente so objeto de um trabalho psicopedaggico (oriundas de um real problema de aprendizado) e as que se apresentam como reativas oriundas de alguma reao emocional (objeto de interesse do psiclogo escolar). A ao preventiva do psicopedagogo no campo institucional escolar deve estender-se tambm ao corpo docente. Neste sentido, o psicopedagogo ter oportunidade de trabalhar junto aos professores, esclarecendo-os quanto ao processo evolutivo cognitivo do aluno, inter-relacionando-o aos aspectos afetivos e ambientais capazes de influenciarem favorvel ou desfavoravelmente o ato de aprender. A funo preventiva e a funo curativa (teraputica)Na funo preventiva, segundo nos diz Kiguel (1987), cabe ao psicopedagogo atuar, principalmente, em escolar e em cursos de formao de professores, esclarecendo sobre o processo de desenvolvimento e maturao das reas ligadas aprendizagem escolar (perceptiva, motora, de linguagem, cognitiva e emocional), auxiliando na organizao de condies de aprendizagem de forma integrada e de acordo com as capacidades dos alunos, atendendo sua diversidade e motivao. J o trabalho do psicopedagogo em nvel curativo, , segundo esta autora, dirigido s crianas e adolescentes com distrbios de aprendizagem j instalados. Em ambos os casos, para auxiliar no diagnstico (que concludo em equipe interdisciplinar) o psicopedagogo desenvolve os seguintes procedimentos:- anamnese e anlise do material escolar desse a pr-escola;- contato com a escola (direto ou por meio de questionrio);- observao do desempenho em situao de aprendizagem;- aplicao de testes psicopedaggicos especficos;- solicitao de exames complementares (psicolgico, neurolgico, oftalmolgico, audiomtrico ou outros que se fizerem necessrios).Integrando os resultados obtidos por meio destes procedimentos, o psicopedagogo busca levantar hipteses que expliquem as condies de aprendizagem do paciente identificando reas de competncia e de dificuldades. O entendimento dos fatores etiolgicos das dificuldades, bem como a significao emocional do problema na famlia e na escola, levam o psicopedagogo, juntamente com os demais profissionais que avaliaram o paciente, a determinar as prioridades de tratamento. interessante observar que, frequentemente, uma criana portadora de um distrbio de aprendizagem tem associado a este tambm um distrbio afetivo. O atendimento rea emocional deve ser indicado e pode ocorrer prvia, simultnea ou posteriormente ao tratamento psicopedaggico. A partir das indicaes teraputicas, o psicopedagogo apresenta os resultados aos pais e escola e com eles planeja o atendimento psicopedaggico.