O Psicodelismo No Design Grafico - Fabricio Grisolia Torres - Senac 2005

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O PSICODELISMO NO DESIGN GRAFICO

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Monografia de conclusao de especializacao em Design Grafico - O psicodelismo no design grafico - Senac Sao Paulo 2005 - Fabricio Grisolia Torres

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O PSICODELISMO

NO DESIGN GRAFICO

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CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC

Fabricio Grisolia Torres

O psicodelismo no design gráfico

São Paulo

2005

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FABRICIO GRISOLIA TORRES

O psicodelismo no design gráfico

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao

Centro Universitário SENAC - Campus Lapa,

como exigência parcial para obtenção do grau

de Especialista em Comunicação e Artes com

ênfase em Design Gráfico.

Orientadora: Profa. Dra. Myrna Nascimento

São Paulo

2005

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a minha família, meus mestres e orientadora, aos psicodélicos deste

universo, ao querido amigo Renato Georgette Frigo pela ajuda na extensa

pesquisa, e à minha amada Sra. Marta Wilk Donida.

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CARTÃO BIBLIOGRÁFICO

Torres, Fabricio Grisolia

O Psicodelismo no Design Gráfico / Fabricio Grisolia Torres -

São Paulo, 2005.

160 f.

Trabalho de Conclusão de Curso - Comunicação e Artes com

ênfase em Design Gráfico. Faculdade Senac de Comunicação e

Artes - Campus Lapa.

Orientadora: Prof. Dr. Myrna de Arruda Nascimento

1. Psicodelismo 2. Design Gráfico 3. Psicodelia

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Faculdades Senac de Comunicação e Artes, São Paulo, 05 de Setembro de 2005

Fabricio Grisolia Torres – Especialização em Design Gráfico.

Abstract (English)

Abstract: Psychedelism in Graphic Design

The objective of this paper is to collect elements of so considered part of

psychedelia universe, by images from different kinds of subjects, for to identifying colors,

types, graphic resources, artifacts and language, since from moving images, to

photography, artistic movements and mostly focusing ins the aspects of the graphic art

developed in poster support, as also looking for other media which can define the

psychedelic visual.

Comparison to photographs from psychedelic light moving projections, image

psychedelic posters, book cover’s and Album Art covers shall be considered to be

researched as part of the selection for analyzing common aspects from psychedelism.

The time excerpt for this proposal is set from the beginning of psychedelism in

1965 until it’s most important year in 1970, to be analyzed after 50 years since it’s

insurgence now on the contemporary era, set to latest ten years from 1995 to 2005. This

period, psychedelia appears to our sights on the publicity, general press, lightshows,

fashion, cultures, mostly identified and experienced through it’s peculiar esthetic e

symbolism configured as a language form to be analyzed by the point-of-view of graphic

design.

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Faculdades Senac de Comunicação e Artes, São Paulo, 05 de Setembro de 2005

Fabricio Grisolia Torres – Especialização em Design Gráfico.

Resumo (Portugues)

Resumo: O Psicodelismo no Design Gráfico

Este trabalho propõe um levantamento do universo psicodélico através de imagens

pertencentes à diferentes áreas de expressão, para constatação de cores, tipos, recursos

gráficos, artifícios e a linguagem, desde as projeções de imagens em movimento, pela

fotografia, por movimentos artísticos e principalmente focando-se na arte gráfica da peça

gráfica conhecida como cartaz, ou poster, agrupando todas estas características das outras

mídias de forma que possamos definir o visual psicodélico.

Comparando-se imagem em movimento da projeção de luzes mostradas através de

fotografias destas projeções, com a imagem também fixa do poster, observam-se

características comuns ao psicodelismo. Capas de livros e de discos também serão

apresentados e levaremos em conta o mesmo tipo de análise para os posters em relação às

características gráficas do psicodelismo.

O recorte temporal desta proposta é fixada no período em que surgiu o

psicodelismo, por volta de 1965 até o seu auge em 1970, para ser analisada 40 anos de seu

surgimento na contemporaneidade, no período de 1995 até a atualidade em 2005. Neste

período a psicodelia aparece aos nossos olhos através da publicidade, impressos, na

iluminação em shows, moda, comportamento, sub-culturas, em geral sendo identificado e

experienciado através de sua estética característica e carga simbólica, configurando-se

como uma forma de linguagem a ser analisada sob o ponto-de-vista do design gráfico.

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Fabricio Grisolia Torres

O PSICODELISMO NO DESIGN GRAFICO

“If the doors of perception were cleansed,

everything will appear to man as it is, infinite.”

William Blake

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 11

1. ANOS 60 ................................................................................................................... 15

2. DA PSICODELIA AO PSICODELISMO ............................................................. 34

2.1 O VISUAL PSICODÉLICO .......................................................................... 35

2.1.1 O Poster Psicodélico ......................................................................... 36

2.1.2 As Formas Psicodélicas .................................................................... 40

2.1.3 Cores ................................................................................................. 44

2.2 FONTE .......................................................................................................... 46

2.3 TEMAS .......................................................................................................... 47

2.3.1 Contracultra ...................................................................................... 48

2.3.2 A Tradução das Drogas .................................................................... 49

2.3.3 Índia, Misticismo, Nativos Americanos ........................................... 51

2.3.4 Natureza ............................................................................................ 53

2.3.5 Caráter Histórico ............................................................................... 54

2.3.6 Libertação Sexual ............................................................................. 55

2.3.7 Mensagem ......................................................................................... 56

3. A CRIAÇÃO E RECEPÇÃO DO NOVO CÓDIGO VISUAL ........................... 58

4. O POP E A ARTE: O POP E O OP ....................................................................... 64

5. PERCEPÇÃO E ANÁLISE .................................................................................... 73

6. PSICODELIA 40 ANOS DEPOIS ......................................................................... 84

6.1 O QUE É A PSICODELIA ATUALMENTE? ............................................. 85

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 107

8. POSSÍVEIS DESDOBRAMENTOS....................................................................... 108

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................. 109

10 LISTA DE FIGURAS.............................................................................................. 114

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INTRODUÇÃO

Este trabalho propõe um levantamento do universo psicodélico através da análise

de peças gráficas, fotografias e reprodução de imagens pertencentes a diferentes áreas de

expressão para a constatação de cores, tipos, recursos gráficos, artifícios e a linguagem

característica entre determinadas mídias para que possamos definir o visual psicodélico.

A eleição das peças para análise abrangem cartazes/posters, capas de livros, capa de

álbuns de música, obras pertencentes a movimentos artísticos, elementos gráficos

capturados de meios digitais, desenvolvidos de acordo com o tema, fotografias históricas,

fotografia de projeções visuais, e fragmentos visuais de obras audio-visuais da mídia

cinema.

O recorte temporal desta proposta é fixado incialmente no período em que surgiu o

psicodelismo, em meados de 1965 até 1970, onde constatou-se uma maior predominância

nos meios de comunicação, para que possamos analisar 40 anos de seu surgimento na

contemporaneidade, no período de 1995 até a atualidade em 2005, onde percebe-se a

psicodelia através da publicidade, iluminação em shows, moda, comportamento e sub-

culturas, podendo ser “experienciado” pela sua estética sensorial e carga simbólica,

configurando-se como uma forma de linguagem a ser analisada sob o ponto-de-vista do

design gráfico.

Servindo de veículo condutor ao psicodelismo, o gênero musical conhecido como

rock, proporcionou como nenhum outro gênero, uma contaminação nas mais diversas áreas

de expressão. Tão amplo quanto diverso, este revolucionário estilo originado nos Estados

Unidos da América surgiu a partir das fusões da música country, blues, folk, junto a uma

eletrificação do seu instrumento símbolo, o violão acústico, para transformar-se na guitarra

elétrica. O fenômeno atingiu os jovens de todas as camadas da sociedade, em uma enorme

repercussão repleta de histórias fantásticas e estranhas, capazes de tornarem-se mitologia

popular, além de caminhar pelas artes plásticas, a cultura do pop, e no design gráfico.

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Em meio aos muitos cenários de que o rock faz parte, um deles foi especialmente

determinante nos acontecimentos que mudaram o mundo em conflito no final da década de

60. Este cenário caracterizou-se por jovens pregando a libertação sexual e o uso de drogas

associado ao som do rock. Os hippies, o psicodelismo e a busca por novas percepções do

mundo elevaram o LSD a um dos símbolos da contracultura americana dos anos 60, sendo

este o ponto de partida deste trabalho para uma abordagem histórica, cultural, e

principalmente no design. Apesar de ter conferido à consciência desta nova geração um

símbolo de “viagens intrépidas” documentadas em músicas, posters e história das

celebridades consagradas à deuses na sua própria época, foram também as drogas que

acabaram levando as vidas dos seus maiores símbolos, ou mesmo levando a estados de

loucura irreversíveis, causados pelos abusos de uma época onde tudo foi permitido.

De lá pra cá, quase 50 anos depois, observamos esta relação da música inserida na

história mundial, como fora vista pela rebeldia punk, pelos “embalos” do disco, ou pela

estética do grunge; marcadas desde por uma moda para até mesmo uma expressão cultural

das massas, sendo observada pelo design gráfico através da expressividade na forma

gráfica.

Não havia antes um gênero que tivesse condições de confrontar a rebeldia do rock

até então senão por uma nova atitude de comportamento na música dos últimos tempos,

esta representada pelo atual universo da “música eletrônica”. O principal choque entre as

duas tendências é dado pelo diferente meio em que são originadas para uma transmissão de

mensagem.

A música produzida pelo meio analógico hoje é conduzida pelo meio digital onde

permite-se uma maior manipulação através de instrumentos eletro-eletrônicos e

computadores de forma a introduzir novas maneiras de se fazer música e transformar a

sonoridade para algo mais eletrônico, assim como é percebida no contexto da música

eletrônica.

O dj, abreviação de disc-jóquei, termo originado na era disco em 1970, caracteriza-

se como o indivíduo que faz a seleção das músicas e executa no seu toca-discos, adquiriu

uma nova contextualização nos últimos anos ao transformar-se em símbolo da cultura

eletrônica, cultura que passa a não exigir prorpiamente uma arguição musical e prática do

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indivíduo, mas aparentemente, ser capaz de usar equipamentos e programas eletrônicos

para produção de música. Indiferente à necessidade de uma capacitação musical, muitas

vezes questionável, a música eletrônica segue invadindo e “revisitando”, isto é, como uma

re-leitura ocasional de músicas do passado, ou mesmo pela criação de um vocabulário

próprio de remixar, sendo esta a prática de editar a música em uma nova versão composta

destes fragmentos editados, fornecendo muitas vezes num contexto geral a impressão de

que uma erudição musical pode ser sintetizada a um simples apertar de botão.

A facilitação dada pelo contexto tecnológico, vista como uma ferramenta de

trabalho, é reflexo de uma aceleração da interatividade entre pessoas permitida pela rede

de comunicação mundial chamada internet, responsável pela extinção virtual de fronteiras

entre os espaços físicos e o espaço virtual.

Possibilitando cada vez mais o fluxo de informações, percebe-se a demanda de

novas informações no menor prazo de tempo possível.

A atual sintetização das relações do indivíduo neste universo tecnológico pode ser

comparada a atual forma de muitos jovens se drogarem nos dias atuais, a droga sintética

chamada ecstasy, adquire a forma de um comprimido, semelhante pela aparência de

qualquer remédio convencional.

Comunicando-se com esta sociedade marcada pela busca imediata de informações

e por que não emoções, a psicodelia aparece aos olhos do consumidor atraído pela arte

estampada nos anúncios, nos convites das festas, nos cartazes e out-doors espalhados pela

cidade, na iluminação dos shows de música ou dos home-theaters na sala da sua casa.

A percepção identifica elementos comuns com imagens do passado, próximos da

conexão para fundamentar a postura atual, embora descontextualizada, como mesmo

aspecto visual, mas com outro tipo de olhar. Afinal, o que é, ou será, psicodélico?

Este trabalho propõe um olhar do design sobre a linguagem gráfica do

psicodelismo, o que se manteve, o que mudou, quais foram as percepções da época e as

novas.

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Não se pretende aqui tomar algum partido em relação ao uso de drogas, pelo

contrário, os problemas de saúde pública e outros discutidos pela sua ordem econômica,

requerem o acesso à informação para facilitar a compreensão de todos. Sabemos que na

história até hoje, não houve uma sociedade que vivesse sem substâncias psicotrópicas, seja

estimulada por motivos religiosos, medicinais, culturais ou econômicos. Percebe-se hoje o

fenômeno como recurso para busca do prazer, recreação e o uso como mecanismo de fuga.

A justificativa deste trabalho se dá pela constatação de uma retomada da estética

psicodélica nos tempos atuais, apresentando-se tanto como revival como também

novidade, inserida em culturas atuais na sua forma gráfica.

Vamos dar início a uma viagem da percepção através do bombardeamento dos

sentidos, assim como uma experiência psicodélica deve ser, aventura visionária pelo

fantástico que foge dos padrões convencionais, de um deslumbramento capaz de

transportar o indivíduo para uma nova órbita na dimensão planetária.

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1. ANOS 60

Em um mundo dividido em dois blocos, capitalismo versus comunismo, resultado

da Segunda-Guerra Mundial, os Estados Unidos da América, representados por uma

sociedade politicamente correta e altamente industrializada, simbolizam a cultura máxima

do capitalismo fazendo frente ao seu maior inimigo comunista, a União Soviética,

devastada por seguidas guerras. Teve início uma guerra de disputas ideológicas e

armamentistas, não chegando a haver um confronto direto entre as duas superpotências em

campo de batalha, que se denominou “Guerra Fria”. A ameaça de terror mediante ao poder

de destruição da arma mais poderosa do mundo, a bomba nuclear, como é vista na Figura

1, era utilizada como ferramenta para instaurar um terror ideológico que dominava o

cenário mundial.

Figura 1 – Teste de arma nuclear do exército americano.

No entanto, na vizinhança de um decadente bairro chamado Haight e Ashbury em

meados de 1965, na cidade de São Francisco, no Estado da Califórnia – Estados Unidos da

América, surgiu um movimento que marcou a história como um dos principais marcos da

maior revolução cultural, social e comportamental do século XX (ARIAS, 1979). Atraindo

as mais diversas minorias pela possibilidade de se adquirir velhas mansões por preços

razoáveis, uma nova vizinhança surge composta de trabalhadores braçais, escritores,

negros, músicos beatniks e orientais, vindo a receber também certas pessoas “estranhas”

como “garotos de cabelos mais longos, meninas adolescentes de minissaia descendo com

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suas mochilas e violões e kombis coloridos” (MARQUEZI, Dagomir), como se observa

pelo exemplo das Figuras 2(a) e (b). O estilo de vida destas pessoas viria ser chamado de

hippie, uma variação do termo hip, que significa “estar por dentro das coisas”.

(a) (b)

Figura 2 – (a) Grupo de jovens hippies na esquina das ruas Haight e Ashbury, 1968.

(b) Kombi decorada com motivos hippies, 1969.

Sob a definição da Larrouse-Cultural (1999), encontramos o hippie como “adepto

de uma moral e costumes não conformistas, baseados na não-violência e na oposição à

sociedade industrial e aos valores tradicionais, preconizando a liberdade em todos os

domínios e valorizando também a vida em comunidade.”

Nas Figuras 3(a) e (b) seguintes, observamos o estilo e comportamento hippie sobre

os jovens daquela época.

(a) (b)

Figura 3 – (a) Estilo hippie nos anos 60. (b) Convivência entre hippies.

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As canções populares anunciavam pelas rádios do mundo para as pessoas irem até

São Francisco usando flores nos seus cabelos, tal receptividade ao chamado gerou o

símbolo e denominou a geração e o movimento “Flower Power” – “Poder da Flor”,

atraindo simpatizantes e curiosos para o ensolarado Estado da Califórnia. O fenômeno

poderia ser apenas uma vizinhança de “malucos” para a sociedade, senão não fosse pelo

aparecimento de um alucinógeno chamado LSD (Lysergic Acid Diethylamide – Ácido

Lisérgico Dietilamida). A mudança no visual do bairro feita pelos novos moradores era

percebida nas ruas, como vemos nas Figuras 4(a) e (b) respectivamente.

(a) (b)

Figura 4 – (a) The Grateful Dead na Haight Ashbury em 1969.

(b) Fachada colorida de casa na rua Haight, 1968.

O LSD foi descoberto em 1943, pelo químico suíço Albert Hoffman. Ele estava

pesquisando um fungo chamado ergot, que ataca o centeio. Acidentalmente, Hoffman

ingeriu uma quantidade mínima da substância sintética produzida a partir do fungo, que

estava retida nas pontas dos dedos dele. O químico passou horas sob o efeito da droga. Em

documentos oficiais ele conta que viu um “ininterrupto espectro de figuras fantásticas,

formas extraordinárias com cores intensas e caleidoscópicas.” (HOFFMAN, 1980)

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Uma visão caleidoscópica é denominada a partir do caleidoscópio, um instrumento

que permite a visualização de imagens criadas por um jogo de espelhos que remetem a

uma sucessão rápida e cambiante de impressões e sensações pelo infinito número de

combinações de imagens e cores variadas. Apresentamos na Figura 5 um exemplo deste

tipo de padronagem visual.

Figura 5 – Imagem caleidoscópica.

O termo psicodélico surgiu no contexto das experimentações científicas com o uso

do LSD, tendo sido cunhado pelo químico Humphrey Osmond, a partir de uma carta

escrita para seu parceiro de pesquisa, o escritor Aldous Huxley que realizava igualmente

estas experiências com acompanhamento médico, estudando as alterações nos estados de

percepção.

Foi numa manhã ensolarada de maio de 1953, que o escritor inglês Aldous Huxley,

então com 58 anos e morando na Califórnia, EUA, decidiu partir para um experiência rumo

ao desconhecido. O autor, consagrado por obras como “Admirável Mundo Novo” (1932) e

“Contraponto” (1928), tomou 0,4 grama de mescalina, dissolvida em meio copo d´água,

sentou-se em uma poltrona em seu escritório e esperou pelo efeito da droga.

As sensações não tardaram a aparecer: “A perspectiva se tornara bastante estranha e

as paredes da sala já não mais pareciam encontrar-se em ângulos retos”, o descreve em “As

Portas da Percepção” (1954), do qual faz alusão aos efeitos da droga simbolizando a

abertura de portas da mente, acreditando-se na expansão da mente e relatando-se sensações

a serem consideradas divinas, em um certo nível religioso e espiritual. Huxley podia não

saber, mas dava início à onda do uso de drogas alucinógenas, que iria varrer a década de

60.

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A Figura 6 mostra a capa do livro, apresentando-se os olhos e a representação das

visões.

Figura 6 – Capa do livro “As portas da percepção”, 1954.

O LSD é aplicado em uma folha de papel absorvente, e chamada de “cartela”

devido a ser recortada em pequenos quadrados para serem destacados, sendo cada unidade

da droga denominada de “ponto”, liberando seu princípio ativo quando colocados em

contato com a saliva do indivíduo. A identificação de cada cartela de ácido se dá pela

impressão de imagens diversas que, também conhecidas como blotter-art, sendo

recorrentes a visão “alterada” figuras e personagens conhecidos para uma abordagem

psicodélica. A fábula infantil “Alice no País das Maravilhas”, escrita por Lewis Caroll em

1865, obra também adaptada em um desenho animado pela Disney em 1951, é tido como

um ícone do ideário psicodélico por caracterizar uma passagem da dimensão real para o

imaginário, por “através do espelho em que se olha”, como se observa no desenho da

Figura 7.

Figura 7 – In through the looking glass, 1966.

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O professor de psicologia Timothy Leary foi um dos divulgadores e defensores do

LSD, onde antes já era utilizada em laboratórios de estudos neurológicos, demonstrando-se

animado com a capacidade do LSD de “expandir a consciência” ajudar a liberar pacientes

de traumas e bloqueios. A partir disso, Leary e ativistas como Ken Hensey, Abbie

Hoffman e Allen Ginsberg, passaram a promover eventos conhecidos como “Acid-Tests” –

“Teste do Ácido” (nome popular do LSD), como se vê no poster da Figura 8, a partir da

produção da droga em laboratórios caseiros e distribuindo-a gratuitamente ao público, em

troca de uma “experiência mental coletiva”.

Figura 8 – Can You Pass the Acid Test? poster, 1966.

Foi em meio a estas novas descobertas da percepção que houve uma grande

reviravolta na vizinhança de Ashbury, onde dada a concentração de músicos, poetas,

desenhistas pode se formar um cenário descentralizado de uma contra-cultura favorável a

um desregramento de valores e busca da liberdade, sendo contra os valores conservadores

e imperialistas.

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Na Figura 9, mostra-se ícones da cena psicodélica reunidos no poster da edição do

tablóide “The Oracle”.

Figura 9 – Na capa: Leary, Ginsberg, Watts and Snyder, 1967.

No dia 24 de outubro de 1965, cada músico de uma banda chamada “Warlocks”

tomou um ponto de LSD e foi tocar num grande casarão daquela área. Estas “festas de

arromba”, como se diz popularmente, eram frequentes naquela vizinhança, atraindo

centenas de hippies e simpatizantes, que se espremiam sob a pista de dança. Sob efeito do

ácido, o guitarrista e líder dos Warlocks, chamado Jerry Garcia (os Warlorks logo

mudaram de nome ainda no seu início, para “The Grateful Dead” – “Morto Agradecido”),

começou a esticar cada uma de suas canções em longos improvisos instrumentais e ligava

uma música à outra, já que ninguém parava de dançar mesmo. Um vizinho havia inventado

uma nova forma de iluminação: a luz de um holofote atravessava um recipiente

transparente no qual eram misturadas água e nanquim colorido. Nascia assim o visual

psicodélico.

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A partir de então, só se passou a falar em psychedelic – pronuncia-se sai-que-délic.

As Figuras 10(a) e (b) apresentam exemplos do visual psicodélico:

(a) (b)

Figura 10 – (a) Iluminador executando uma projeção psicodélica no show do Grateful Dead, 1966. (b)

Iluminação psicodélica no show da banda Jefferson Airplane, 1967.

Os light shows – “shows de luzes”, tornaram-se um grande apelo visual para os

shows de música, de forma a enriquecer o espetáculo e estimular uma nova geração de

artistas que se inspiraram nas formas distorcidas e coloridas de forte estimulação óptica,

transformando-se nos ingredientes certos com algo parecido à uma visão alucinógena. Na

Figura 11(a) observa-se o exemplo da projeção com cores, texturas e fotografia inclusive, e

na Figura 11(b), vemos o mesmo aspecto de formas e cores.

Figura 11 – (a) Iluminação em show da banda Janis Joplin and Big Brother, 1969.

Figura 11 – (b) Projeção psicodélica colorida de formas líquidas, 1967.

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O produtor de eventos americano chamado Bill Graham é o próximo a entrar em

cena quando decide organizar grandes espetáculos em conhecidas casas de shows de São

Franscisco, contratando a nova geração de músicos. Focando a divulgação dos concertos

de rock em cartazes ou poster (em inglês), Bill Graham é considerado o responsável por

abrir caminho para um produção visual que viria então a reproduzir os “efeitos

psicodélicos” nas artes gráficas, como observa-se no poster da Figura 12. Entre alguns

nomes que iniciaram a confecção destes posters naquele cenário estão: George Hunter,

Mike Ferguson, Victor Moscoso, Wes Wilson, Alton Kelly, Bob Fried, Rick Griffin, Lee

Conklin, Bob Masse, Steve Seymour, Jim Grimshaw, Norman Hartweg. Uma leitura mais

detalhada do material produzido será feita posteriormente.

Na Figura 12, o poster criado por Stanley Mouse e Alton Kelley para um dos shows

produzidos por Bill Graham, observa-se no canto superior direito do cartaz o selo chamado

“Family Dog”, este é o logotipo da companhia ou grupo de artistas gráficos que se

dedicavam à produção de posters psicodélicos, além desse, outros grupos surgiram a

disseminando a produção de cartazes em série principalmente nos Estados Unidos e

Europa.

Figura 12 – Stanley Mouse e Alton Kelley, Bo Diddley, Sons of Adam, Little Walter at Longshoremans Hall

(San Francisco, CA), poster, 1966.

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A banda Grateful Dead, veio a se tornar umas das mais emblemáticas bandas deste

cenário sendo provavelmente a banda de maior exposição em posters psicodélicos, como

vemos na Figura 13, a divulgação do show em uma das maiores casas de espetáculos da

época, o Fillmore, apresentando-se também em diversos locais da região que produziam

posters para divulgação, como o Red Dog Saloon, Avalom Ballroom, The Matrix e o The

Ark.

Figura 13 – Wes Wilson, Grateful Dead, James Cotton Blues Band, Lothar & the Hand People, poster, 1966.

Na Inglaterra, já consagrados como a maior banda de rock do mundo, “The

Beatles”, traduzindo-se “os besouros”, foram um marco de referência ao ingressarem nesta

nova arte visual. Após uma viagem a Índia e experimentações ao LSD como parte do ritual

místico, passaram a refletir nos seus trabalhos uma nova sonoridade com letras mais

elaboradas, abordando o psicodelismo com supostas referências ao LSD pelas iniciais da

música “Lucy in the Sky with Diamonds”, além inúmeros artifícios e experimentações

sonoras como gravações em sentido contrário à rotação dos discos (que se diz conter

mensagens subliminares), alimentando assim o imaginário e o mito em torno do ídolo. É

notada principalmente pela estética adotada em seus trabalhos, como no poster da Figura

15(a) e a capa do álbum na Figura 15(b), tornando-se um marco à psicodelia em 1967.

(a) (b)

Figura 14 – (a) George Dunning, Yellow Submarine, poster, 1966. (b) Capa do álbum Beatles – Sgt. Peppers

Lonely Hearts Club Band, 1967.

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Os posters psicodélicos não eram produzidos por meio de algum manifesto ou

instituição, pelo contrário, davam total liberdade na área gráfica estimulando até mesmo

amadores, na sua maioria sem qualquer formação de arte acadêmica, com exceção de

Victor Moscoso, formado academicamente em artes. Por esse motivo não seriam

entitulados designers a exemplo de um profissional de produz um produto em série ou

mesmo artista criador de obras autorais, eles estariam em um lugar intermediário entre

ambos, artista pela expressão gráfica e designer pela função, sendo cabíveis da

denominação de artistas gráficos. Suas produções eram de caráter do cotidiano, na medida

em que um novo show ou evento deveria ser anunciado e devido a alta apreciação do

público, passaram a adquirir status de alto valor artístico sendo objeto principal decorativo

nas salas de suas casas.

O poster psicodélico tornou-se em pouco tempo, um item altamente colecionável

abrindo espaço a um comércio paralelo, como se observa pela variedade de posters na

Figura 15.

Figura 15 – Artistas gráficos e coleção de posters, 1968.

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Os posters psicodélicos proporcionaram uma criativa e ousada forma de

comunicação por meio das artes gráficas onde vieram a transmitir desde a divulgação dos

shows de rock até mensagens da cultura hippie através um vasto repertório iconográfico,

em amplo uso de colagens, fotografias, e de desenhos distorcidos, giratórios, e de aspecto

gritante.

A cultura dos posters sobre diferentes temáticas manifesta-se pela diversidade de

ícones de diferentes épocas que adquirem valor de cult, isto é, um valor especial de culto,

sendo uma das principais características da cultura pop. A cultura pop, deriva do termo

popular, relativo à cultura popular, referente à produção de conhecimento do cotidiano que

seja essencialmente representativo e de identidade a um grupo ou população. A Figura 16

retrata a cultura dos posters naquela época.

Figura 16 – Posters e posters psicodélicos, 1967.

Page 27: O Psicodelismo No Design Grafico - Fabricio Grisolia Torres - Senac 2005

27

A proibição do uso das drogas veio em 1966, mesmo assim é observada a

divulgação de campanhas informativas que utilizam-se da psicodélia na arte de seus

folhetos, como se observa nas Figuras 17 (a) e (b).

(a) (b)

Figura 17 – (a) O que você deve saber sobre drogas e narcóticos, 1969. (b) LSD – Algumas perguntas e

respostas, 1969.

Apesar da proibição do LSD, a efervescência nas ruas fora alcançada tal era o

estado de agitação cultural proporcionada pela cena psicodélica de San Francisco e as

bandas The Charlatans, Big Brother and Holding Company, Moby Grape, 13th Floor

Elevators, como a Grateful Dead, Jefferson Airplane, Janis Joplin e de nomes que

visitavam a área como Jimi Hendrix, The Doors, Santana entre outros. A Figura 18 mostra

um concerto do Grateful Dead realizado ao ar livre na esquina da Haight e Ashbury.

Figura 18 –A efervecência nas ruas, 1969.

Page 28: O Psicodelismo No Design Grafico - Fabricio Grisolia Torres - Senac 2005

28

Com o crescente empreendorismo e investimento das produções, pode-se sofisticar

ainda mais os efeitos psicodélicos na sua forma visual, como observa-se na Figura 19(a)

uma projeção psicodélica em uma festa, sendo requisitados grupos de iluminação

especializados, a exemplo da Figura 19(b), com o avanço da tecnologia nos equipamentos,

como vemos no anúncio da Figura 19(c).

Figura 19 – (a) “Trips Festival” – projeção psicodélica em festa, 1969.

(b) (c)

Figura 19 – (b) Android Light Show, grupo de iluminadores psicodélicos de show e seus equipamentos,

1969. (c) Anúncio de projetor para utilizações em light shows, 1969.

Page 29: O Psicodelismo No Design Grafico - Fabricio Grisolia Torres - Senac 2005

29

A música psicodélica, ou o rock psicodélico, ou mesmo a pop music – fenômeno do

ínicio dos anos 60 liderados pelos Beatles, que abrangeu a nomenclatura da música naquele

momento, passou a obter grande popularidade trazendo para o público as mensagens da

cultura hippie. Através de um primeiro grande festival em 1967, originou-se o “Summer of

Love” – “Verão do Amor”, que prenunciava a uma nova era astrológica, a “Era de

Aquário”, difundindo-se em escala mundial pela tomada de uma cultura jovem que

pregava mensagens de paz e amor, libertação sexual, uso de drogas, e dos grandes festivais

de música pop, como podemos perceber na Figura 20(a) em meio ao público hippie em um

dos festivais. A época dos grandes festivais, Woodstock, em 1969, e Isle Of Wight, em

1970, foram os maiores recordes de público em eventos de música ao ar livre,

apresentando grande parte dos ídolos daquela geração em festivais que duravam dias

seguidos, e foram eternizadas filmes documentarios exibidos nas salas de cinema do

mundo. A Figura 20(b) mostra o poster do festival de Woodstock.

(a) (b)

Figura 20 – (a) Público hippie em festival de música, 1969. (b) Poster do festival Woodstock em 1969.

Apesar do símbologia de “Paz e Amor”, a rebeldia jovem e de exigências anti-

imperialistas, estabeleceram violentos choques com a polícia em manifestações. O

Movimento Hippie, apresentou-se contra à militarização da sociedade com slogans como

“Make love not war” – “Faça amor e não a guerra”, um dos mais característicos dos anos

60; utilizando-se da arma simbólica popular contra as metralhadoras da guerra do Vietnã.

Page 30: O Psicodelismo No Design Grafico - Fabricio Grisolia Torres - Senac 2005

30

Armada de símbolos para representação da paz, como nas Figuras 21(a), (b), e

manifestações pacíficas, por exemplo, uma greve de fome do apartamento do casal John

Lennon e sua esposa Yoko Ono na Figura 21(c), conhecido como um “bed-in” (protesto na

cama) diretamente para os olhares do público.

(a) (b) (c)

Figura 21 – (a) Símbolo do Desarmamento Nuclear, 1958. (b) Símbolo re-apropriado como representante do

símbolo da paz e amor, poster, 196?. (c) John & Yoko bed-in, 1969.

(a) (b) (c)

Figura 22 – (a) Capa do livro Woodstock Nation, de Abbie Hoffman, 1967.

(b) Capa do álbum trilha sonora do peça teatral Hair, 1968. (c) Psychedelic Art, livro, 1968.

(d) (e) (f)

(d) Guitarra sobre um tecido pintado ao estilo tie-dye, 1969. (e) Grupo psicodélico e artistas gráficos, 1967.

(f) Body Art – pintura corporal, 1967.

Page 31: O Psicodelismo No Design Grafico - Fabricio Grisolia Torres - Senac 2005

31

Estas constantes demonstrações atingiram a atenção do público em geral,

mobilizando a opinião pública nos Estados Unidos contra a guerra, influenciando na

retirada das tropas americanas do Vietnam em 1969. O alastramento do movimento nos

domínios culturais da música, pintura, cinema, teatro, literatura e moda, como se observa

na seleção das Figuras 22 (a, b, c, d, e, f), resultaram em uma mudança de espírito, valores

e comportamento sendo observados nos países influenciados pela cultura americana,

atingindo o status de uma grande revolução cultural, adquirindo o status de movimento

chamado de Movimentos Pop. A psicodelia é parte integrante dos Movimentos Pop,

mesmo descaracterizado de qualquer ordem centralizadora, tido essencialmente como um

propagador da contracultura, dada pela sua expressividade e destaque visual perante o

público.

No Brasil, a ditadura militar governava o país impondo um regime autoritário,

repressivo e de extrema censura contra a liberdade de expressão, seguindo a cartilha anti-

comunista aos moldes propostos pela dominação mundial capitalista americana, ao mesmo

tempo que ia se “alimentando” gradualmente da cultura americana, através da música,

quadrinhos e produtos comerciais diversos.

O povo brasileiro cada vez mais repreendido pelo governo, buscava a liberdade de

expressão sob todas as formas para tentar escapar da forte censura, tinham na classe

artística uma das principais formas de contestação através de canções de apelos libertários.

Os grandes festivais de música no Brasil foram eventos de grande repercussão nacional,

marcando os artistas daquele momento pelas suas importância na contra-cultura. Foi neste

ambiente conturbador de 1968 que um dos movimentos mais expressivos da cultura

brasileira surgiu: a “Tropicália”.

O movimento do Tropicalismo foi lançado sob uma base intelectual composta de

escritores e poetas de vanguarda e músicos através de produções artísticas representativas

aos valores de uma cultura brasileira, sendo perseguidos pelo governo da época como uma

ameaça e impondo aos artistas exílios em outros países por muitos anos.

A Tropicália, trazendo no nome a representação do clima tropical do Brasil, é tida

como a maior revolução cultural e de contra-cultura por um busca de elementos de origem

popular que pudessem ser capazes de uma identificação nacional, ou seja, autenticamente

brasileira, manifestando-se através da experimentação proposta pelo choque entre

diferentes culturas encontradas no país e até mesmo vindas do exterior, sendo

representativos aos domínios culturais da música, pintura, cinema, teatro, literatura e moda.

Page 32: O Psicodelismo No Design Grafico - Fabricio Grisolia Torres - Senac 2005

32

A influência do movimento hippie no Tropicalismo é notada principalmente pela

inserção da guitarra elétrica e a distorção à música brasileira, ou visto por alguns como

uma cópia do rock psicodélico, sendo visto no mundo como uma resposta brasileira ao

Movimento Pop mundial em 1967.

Nas Figuras 23(a) e (b), a tipografia é influenciada pela psicodelia na sua

organização do espaço, pelo estilo floral no tipo de letras, de caráter ornamental por

motivos característicos ao Art Nouveau, junto a vibração das cores empregadas.

(a) (b)

Figura 23 – (a) Gal e Caetano Veloso – “Domingo”, capa do álbum, 1966.

(b) Caetano Veloso em álbum homônimo, capa do álbum, 1967.

Nas Figura 24(a), a capa do disco traz o artista Gilberto Gil posando de coronel em

um cenário gráfico psicodélico de estimulação óptica e cores vivas de identificação ao

verde e amarelo da bandeira do Brasil. Na Figura 24(b) da capa do disco da cantora Gal

Costa, os desenhos distorcidos de formas estranhas e bizarras com cores vivas remetem a

um clima de alucinação com representações entre o abstrato e o surreal.

(a) (b)

Figura 24 – (a) Gilberto Gil em álbum homônimo, capa do álbum, 1968.

(b) Gal Costa em álbum homônimo, capa do álbum, 1969.

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No cinema tropicalista, destaca-se o cartaz do filme “Deus e o Diabo na Terra do

Sol”, na Figura 25, do diretor Glauber Rocha, considerado o maior revolucionário no

cinema do Brasil.

Figura 25 – Rogério Duarte, Deus e o Diabo na Terra do Sol, cartaz, 1968.

O cartaz de autoria de Rogério Duarte, tido como designer da Tropicália, é uma das

peças gráficas mais marcantes pela força simbólica de identificação nacional, de um

indivíduo típico do sertão nordestino brasileiro, o cangaceiro, um personagem de

identificação popular, em meio a representação gráfica do sol, onde os raios solares

apresentam-se ao redor em formas semelhantes a um cata-vento, estimulando sensações de

aspecto giratório, junto a uma vibração de cores obtidas pelos tons vivos do amarelo e o

magenta.

Podemos notar a influência do psicodelismo no material produzido pelo movimento

gráfico na Tropicália pela utilização das formas orgânicas, a representação à natureza

como valores tropicalistas ligados à ecologia, além disso, o experimentalismo para com a

mistura de diferentes elementos culturais, e principalmente, pela busca da necessidade de

sensibilização do público através por meio do impacto visual dada a utilização de cores e

máxima estimulação óptica.

O maior indício da absorção, leitura e resposta brasileira ao Movimento Pop

mundial em 1967, foi dada pela transformação do olhar através do resgate cultural das

culturas nacionais, resultando em um novo significado e identificação aos valores da

cultura brasileira pela expressividade e simbologia apresentadas pela Tropicália.

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34

2. DA PSICODELIA AO PSICODELISMO

O que é a psicodelia, psicodélico ou psicodelismo?

Figura 26 – Psi.

Psi é a vigésima terceira letra do alfabeto grego, e com ela se escreve a palavra

que tem como correspondente português o prefixo psic, para designar “sopro”, sopro de

vida, alma. Extensamente utilizado em termos cunhados desde o século XIX, o antepositivo

psic(o) viaja sem constrangimentos da religião à ciência, da física à metafísica, da medicina

à mágica. Mas é no fim dos anos 50 que a palavra parece surgir designando substâncias

alucinógenas e intitulando a arte feita sob o efeito de drogas, para depois batizar um

“estilo” visual, uma atitude gráfica e um padrão musical. Psicodélico é composto pelo

prefixo psic(o)+delo (delôs, delon): tornar visível, fazer ver, manifestar. (PERRONI,

2003:9)

O termo psicodelia traz a mesma definição, sendo bastante utilizado para se referir

ao “universo psicodélico” ou “universo da psicodelia”.

O psicodélico é apresentado comumente como: 1. Relativo ao estado de espírito de

quem está sob efeito de um alucinógeno. – 2. Diz-se da droga que produz tal estado. – 3.

Diz-se da produção intelectual (pintura, música, etc.) elaborada sob (ou como se estivesse

sob) o efeito de um alucinógeno. – 4. Diz-se daquele ou daquilo que sai totalmente fora dos

padrões tradicionais, em matéria de roupas, atitudes, decoração, etc. – 5. Música

psicodélica, estilo de rock do final dos anos 60, que pretendia ser a tradução musical dos

efeitos provocados dos alucinógenos, principalmente o LSD. (LARROUSE CULTURAL,

1999).

O Psicodelismo pode ser mais específico para classificar a produção intelectual ou

artística, que propõe ser a tradução das alterações psíquicas dos efeitos do uso de drogas

alucinógenas.

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35

2.1 O VISUAL PSICODÉLICO

Não se sabe de proclamação, manifesto ou muito menos uma ordem “psicodelista”

(esqueçam esta última palavra) nas artes gráficas. O que sabemos é que surgiu em um

ambiente de festividade entre jovens, regado ao som de uma nova música, novas

tendências de caráter experimentalistas, partindo de um total anonimato para uma

representação de uma cultura alternativa que fosse visualmente expressiva e suscetível à

inúmeras percepções.

2.1.1 O Poster Psicodélico

O início do século XX assistiu a uma intensa produção de cartazes cujo objetivo era

divulgar os acontecimentos culturais (exposições, exibições de filmes, peças teatrais, etc.)

e também convocar indivíduos para participarem de campanhas e movimentos políticos

(construtivismo russo, cartazes de circo, etc), como é observada na Figura 27.

Figura 27 – Cartaz Construtivismo Russo, Venha, camarada, ajude-nos na fazenda coletiva! 1930.

Sendo um produto concebido nos últimos anos do século anterior, o cartaz é, depois

do jornal, o primeiro meio de comunicação para um grande público que apresenta atributos

artísticos caracterizando de forma peculiar o significado e a informação de que é portador.

As denominações cartaz ou poster referem ao mesmo objeto, sendo aplicados cada um ao

mais próximo comum ou até mesmo ambos em cada localidade, região ou país.

Page 36: O Psicodelismo No Design Grafico - Fabricio Grisolia Torres - Senac 2005

36

O cartaz é uma mídia que foi desenvolvida no século XIX, por meio das escolas

artísticas da Art Nouveau/Realismo, ou Secessionismo na Áustria, era produzido através da

técnica da litogravura, constatando-se principalmente a presença do ornamento e das

formas orgânicas nas suas diversas aplicações, desde a moda até a arquitetura, e meios

impressos como a revista e jornal. Vemos um exemplo no cartaz apresentado pela Figura

28.

Figura 28 – Cartaz do Secessionismo, 1899.

Na década de 30 nos Estados Unidos, o poster é um dos meios utilizados para

divulgação de diversos eventos, entre estes, a divulgação de lutas de boxe, como

observamos na Figura 29(a). Na década de 50, a divulgação de shows de música e de um

novo estilo musical chamado de rock´n´roll, utilizou-se da forma dos tradicionais posters

de boxe, pela diagramação de texto e figuras, no exemplo da Figura 29(b).

(a) (b)

Figura 29 – (a) Poster de divulgação de luta de boxe, 1926.

(b) Poster de show de música ao estilo do poster de boxe, 1963.

Page 37: O Psicodelismo No Design Grafico - Fabricio Grisolia Torres - Senac 2005

37

Os posters foram adquirindo uma diagramação mais livre pela inserção da

ilustração, apresentando uma maior dinâmica entre elementos gráficos, como se vê na

Figura 30.

Figura 30 – B.B.King at Pleasure Pier, poster, 1964.

Em meados de 1965, por idéia de dois integrantes da banda The Charlatans,

inspirandos em referências como os tradicionais cartazes de circo, geralmente compostos

de ilustrações realistas de animais, artistas e tipografias de estilo “velho oeste” americano,

sendo na verdade a marca do estilo vitoriano, de nome referente a Rainha Vitória como

herança da colonização inglesa nos Estados Unidos, como no exemplo na Figura 31(a),

puderam chegar à criação de um poster, como na Figura 31(b), para a divulgação do show

da sua própria banda. Sendo totalmente marcado pela técnica de ilustração, a produção em

série de posters seria obtida através da serigrafia, uma técnica que permitiu a reprodução

da imagem a partir de um exemplar único. Tal poster, devido a caracterizar a idéia que

logo viria a germinar os grafismos psicodélicos pelos posters de shows ficou

historicamente conhecido como “A Semente” – “The Seed”.

Page 38: O Psicodelismo No Design Grafico - Fabricio Grisolia Torres - Senac 2005

38

Figura 31(a) – Cartaz de circo Ringling Bros, 1938.

Figura 31 – (b) Hunter e Ferguson, The Amazing Charlatans, poster serigrafia (50,8 x 60,96 cm), 1965.

Observando-se na Figura 31(b) a forma caricata dos integrantes da banda, nota-se a

influência dos desenhos em quadrinhos, ou os cartoons, em meio a uma tipografia de

variadas formas e tamanhos. No entanto, algo de diferente pode ser observado na forma

“estranha” de como a palavra “amazing” (surpreendente) se comporta: a tipografia com

formas distorcidas. Tais aspectos se tornariam uma marca característica, pela apresentação

cada vez maior de tipografias e elementos gráficos comportando-se desta forma

“diferente”.

Page 39: O Psicodelismo No Design Grafico - Fabricio Grisolia Torres - Senac 2005

39

Esta identificação com as formas orgânicas é encontrada nas escolas Art Nouveau,

constituindo a principal fonte de influência como vemos em um dos primeiros trabalhos de

posters psicodélicos para os concertos de rock, na Figura 32(a), caracterizando-se como um

evidente como plágio do poster de anúncio de cigarros da Art Nouveau, na Figura 32(b),

diferenciados apenas pela cor e a informação.

(a) (b)

Figura 32 – (a) Stanley Mouse and Alton Kelly, Jim Kweskin Jug Band, Big Brother & the Holding

Company, Electric Train at Avalon Ballroom (San Francisco, CA), poster, 1966. (b) Alphounse Mucha, Job,

poster, 1896.

O caráter orgânico das formas, referentes as formas harmônicas encontradas na

natureza (como por exemplo uma fumaça no ar, ou formas de líquidos, ou como uma

estrutura molecular), é exacerbada neste poster da Figura 33 por uma ornamentação dos

cabelos e da tipografia de forma a querer preencher toda a superfície gráfica do poster.

Figura 33 – The Love Conspiracy Commune presents, poster, 1967.

Page 40: O Psicodelismo No Design Grafico - Fabricio Grisolia Torres - Senac 2005

40

Na Figura 34, nota-se o preenchimento das letras inseridas na forma de um objeto,

caracterizando a busca pela fusão entre o texto e o objeto, para a representação em uma

coisa só.

Figura 34 – Wes Wilson, Jefferson Airplane, Great Society, Heavenly Blues Band at Fillmore Auditorium

(San Francisco, CA), poster, 1966.

2.1.2 As Formas Psicodélicas

O visual psicodélico pode adquirir uma conotação de ser lisérgico ou ácido,

fazendo referência ao LSD - Ácido Lisérgico, por ser relativo às visões de derretimento e

visões intensas de alternância do espectro das cores, proveniente de uma alteração dos

estados de percepção do indivíduo em estados alucinatórios. Observamos na Figura 35(a),

observamos esta suposta sensação de derretimento, de caráter lisérgico ou ácido,

apresentada por formas aquosas obtida nesta projeção psicodélica. Na Figura 35(b), a

instalação artística mostra um ambiente biomórfico como formas viscerais humanas

ressaltada por uma interessante combinação de cores as quais proporcionam clima

psicodélico.

(a) (b)

Figura 35 – (a) Projeção psicodélica, 1969. (b) Visiona II, instalação pop, 1970.

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41

No poster da Figura 35(c) e a capa do álbum na Figura 35(d), observamos a

transformação das tipografias, fotografias entre outros elementos gráficos adquirindo esta

eminência dissipatória como se fosse uma fumaça ou um líquido em movimento,

evidenciando a distorção dos elementos junto a aplicação de cores vivas para um maior

choque visual.

(c) (d)

Figura 35 – (c) Wes Wilson, Jefferson Airplane, Grateful Dead at Fillmore, poster, 1966.

(d) Odessey & Oracle, nome do álbum do grupo The Zombies, 1968.

O aumento do estímulo sensorial também foi obtido pelo uso da repetição de

formas geométricas de forma a criar-se estruturas gráficas como padronagens e texturas,

como nota-se pela influência do estilo visual de decoração nos anos 60, na Figura 36(a),

destacando como impacto uma “desconcertante” conturbação visual para o meio gráfico do

poster, como na Figura 36(b).

Figura 36 – (a) Decoração fim dos anos 60.

Figura 36 – (b) Wes Wilson, Quicksilver Messenger Service, Final Solution at Fillmore Auditorium (San

Francisco, CA), poster, 1966.

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42

Os elementos gráficos observados nas Figuras 37(a, b, c, d), são percebidos por

uma estimulação óptico-cinética, capazes de causarem ilusões de movimento ou até mesmo

de hipnotizar o observador, permitindo que seja lançada ao observador a pergunta no

poster da Figura 37(a): Você consegue passar pelo teste do ácido?

(a) (b)

Figura 37 – (a) Poster Can you pass the acid test? 1965. (b) Capa de revista, 1968.

(c) (d)

Figura 37 – (c) Projeção psicodélica, 1969. (d) Projeção Psicodélica, 1969.

A organização dos elementos gráficos no visual psicodélico, pode ser constatado

com uma certa recorrência de acordo com as sucessivas associações à visão

caleidoscópica. A Figura 38(a) mostra o poster em formato circular, além de fazer

referência ao nome do local, chamada Kaleidoscope, é uma peça gráfica diferenciada que

estabelece uma leitura um “caminho circular”, ou seja, uma leitura caleidoscópica. Na

Figura 38(b) a visão caleidoscópica destaca o centro da imagem, representada pelo “olho”,

partindo-se os raios ou visões em torno de seu redor.

Page 43: O Psicodelismo No Design Grafico - Fabricio Grisolia Torres - Senac 2005

43

A Figura 38(c) percebe-se a referência ao olhar caleidoscópico já com uma série de

elementos gráficos ao seu redor. A Figura 38(d) faz a referência aos retratos são dispostas

por uma fragmentação desfocada, remetendo à imagens passageiras e ilusórias.

(a) (b)

Figura 38 – (a) Dahlgren, poster, 1968. (b) Imagem caleidoscópica, 1968.

(c) (d)

Figura 38 – (c) The Psychedelic Sounds of The 13th Floor Elevators, capa do álbum, 1966. (d) Pink Floyd,

capa do álbum, 1967.

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Na Figura 39(a), observa-se um artifício visual originado pelo vestuário hippie e

incorporado ao repertório visual psicodélico, sendo observado como um tipo de mancha ou

borrão de cores em determinadas formas e texturas. Este estilo, conhecido como tie-dye, a

tradução disto seria, “tinge e seca”, é obtido por processo de tingimento de roupas e por

meio desta técnica obtém-se padronagens variadas, como vemos na Figura 39(b).

(a) (b)

Figura 39 – (a) Padrão da imagem tie-dye. (b) Camiseta com desenho em espiral.

2.1.3 Cores

No psicodelismo são aplicadas todas as cores do arco-íris, isto é, como podemos

observar na escala cromática na Figura 40(a), observando este aspecto na projeção

psicodélica da Figura 40(b), assim como no poster da Figura 40(c).

(a) (b)

Figura 40 – (a) Escala Cromática. (b) Projeção psicodélica, 1967.

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45

Figura 40 – (c) Lee Conklin, poster, 1968.

Na Figura 41(a) observamos as seis cores: as cores primárias ciano, magenta e

amarelo, junto as cores secundárias vermelho, azul-violeta e verde. São as cores

complementares, geralmente escolhidas junto a sua cor oposta por obterem o maior ínidice

de contraste entre cores possível, sendo assim marcantes para a estimulação psicodélica.

No poster apresentado na Figura 41(b), a utilização das cores complementares

verde e violeta, garantem o destaque pela vibração das cores. As qualificações de tons de

cor, como sendo vivas, são dadas pelo brilho e luminosidade, além de constatarmos a

saturação máxima do verde e do violeta devido a apresentação da cor de forma pura.

(a) (b)

Figura 41 – (a) Cores Complementares Primárias. (b) Bob Masse, poster, 1967.

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2.2 FONTE TIPOGRÁFICA

A fonte psicodélica é desenhada de forma a preencher determinados espaços a fim

de estimular uma leitura que possa percorrer determinados caminhos ou interagir com

figuras e formas dependendo da capacidade de percepção do observador. Juntando-se as

formas as tipografias, formam-se grafismos complexos, caracterizados pela não-distinção

entre o desenho e a letra, ou seja, textual e não-textual, como vemos na Figura 42(a) por

uma leitura em chamas, e na Figura 42(b) por uma composição em forma das flores.

(a) (b)

Figura 42 – (a) Wes Wilson poster, The Association, Quicksilver Messenger Service, Grass Roots, Sopwith

Camel at Fillmore, 1966.

(b) Victor Moscoso, Blue Cheer, Lee Michaels, Clifton Chenier at Avalon, poster, 1967.

Como resultado a carga perceptiva e sensória proporcionada pela tipografia

psicodélica exigem da contemplação da imagem como um todo, para que só então se possa

perceber aprofundando-se ao detalhe, em um processo de indiferenciação do que é objeto e

o que é texto, transitando entre o sensório e o significado.

Page 47: O Psicodelismo No Design Grafico - Fabricio Grisolia Torres - Senac 2005

47

2.3 TEMAS

O psicodelismo é composto por uma vasta cultura iconográficas sendo elegíveis ao

tratamento da linguagem psicodélica pela apropriação de fragmentos visuais e símbolos

devido a uma representação estética que estabelece conexões à cultura pop, como artistas

em geral, e temas hippies, que por sua vez misturam antigas culturas e civilizações com

religiões do oriente, valores ligados à ecologia, libertação sexual, uso de drogas, entre

outros; permitindo ao psicodelismo um vasto leque de recursos para a exploração de temas

e construção da mensagem.

2.3.1 Contracultura

Nos quadrinhos, tidos como uma mídia de expressão popular e cultural, a influência

do fanzine Zapp Comix, surgida na Haight-Ashbury nos anos 60, foi um fenômeno

“apimentado” no caldeirão da contracultura. Sob o traço e humor ácido de Robert Crumb,

Rick Griffin entre outros quadrinistas underground, repercutiria todo o idéario psicodélico

e da contracultura pela forma “chocante” para os conservadores e igualmente “chocante”

mas no bom sentido pelo gosto de seus leitores.

A linguagem dos personagens fazia parte do cotidiano, o freak (vulgo maluco,

doido, extravagante), os “caretas” (relativo às pessoas que não usam drogas), os junkies

(considerados os vagabundos e drogados), as bad-trips, (isto é, uma “viagem ruim” como

uma alucinação traumática, intensificadas pelo efeito da droga), além da sátira aos próprios

hippies, em ambientes de sexo, drogas e música, fazendo desta experiência nos quadrinhos

um dos principais precursores para as publicações independentes.

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Como exemplo na figura 43(a), uma das capas da Zapp, apresentando uma cômica

caricatura em um ambiente enriquecido de sons que expressam a sensação “ímpar” do

personagem. No exemplo da Figura 43(b), o poster contém repleto de criaturas em um

clima autenticamente “pop” e de referência aos quadrinhos.

(a) (b)

Figura 43 – (a) Robert Crumb, Zap Comix, capa No.2, 1968. (b) Rick Griffin e Victor Moscoso, Big Brother

& the Holding Company, Albert King, Pacific Gas & Electric at Shrine Exposition Hall, 1968.

Na Figura 44(a), as ilustrações revelam um estilo “alternativo” dada a

representação da natureza e a caveira, referenciando-se a um estilo “surfista”,

principalmente pelas formas “tribais” apresentadas na tipografia psicodélica. A Figura

44(b) a capa do álbum transforma-se na própria história em quadrinhos, interpretação as

canções do álbum quadro a quadro.

Figura 44 – (a) Rick Griffin para a capa do disco da banda Grateful Dead, 1970.

Figura 44 – (b) Robert Crumb para a capa do disco da banda Janis Joplin and Big Brother, 1968.

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49

2.3.2 A tradução das alucinações para meio gráfico

As traduções visuais das alucinações para o meio gráfico simboliza a essência do

psicodelismo?

A alucinação consiste na visualização de figuras estranhas ao que o indivíduo

consideraria como normal, sendo em casos extremos até impossíveis de explicação

pautável. No exemplo da Figura 45(a), o poster monstra um indivíduo que assemelha-se a

uma criativa bizarra e de coloração estranha. Na Figura 45(b), a falta de indícios visuais de

consistentes tornam difícil a compreensão das figuras e forçam o observador para uma

mudança perceptiva onde provavelmente irá se expor sensorialmente diante do forte efeito

das cores, comparando-se a um estado de alucinação dada esta “perplexidade” diante do

poster em busca de uma explicação.

(a) (b)

Figura 45 – (a) Wes Wilson, poster, 1967. (b) San Andreas Fault, Siegal Schwall, Kaleidoscope, Savage

Resurrection at Avalon Ballroom, poster, 1968.

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A psicodelia constrõe um repertório popular fazendo referências à coisas que julga

parecer psicodélico, mesmo embora não o seja propositalmente. Uma canção chamada

“White Rabbit” da banda psicodélica Jefferson Airplane, analisa o bombom ingerido por

Alice no conto de Alice no País das Maravilhas, como a uma droga que da mesma forma

faria por aumentar ou diminuir vertiginosamente o indivíduo do tamanho normal. Tal

especulação é justificada “psicodélicamente” como um indício, uma evidência, uma

metáfora, apologia, uma mensagem subliminar, ou uma interpretação alternativa.

No desenho da Figura 46, outro personagem da fabula, o Chapeleiro Maluco,

empresta seu sobrenome ao idéario psicodélico ao aparecer com olhar espiralado e

expressão “alterada” pelo efeito do LSD que porta, em uma interpretação do desenho

igualmente “alterada” visto que o personagem original nunca foi apresentado nestas

condições.

Figura 46 – Chapeleiro Maluco, blotter-art, 1970.

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2.3.3 India, Misticismo, Nativos Americanos

A ilustração da capa do álbum mostrada pela Figura 47 (a), recria a imagem do

artista segundo do deus Krishna, proveniente da religião da Índia, vista na Figura 47(b),

transformando o músico em uma espécie de entidade especial dada a ênfase gráfica das

figuras do oriente.

(a) (b)

Figura 47 – (a) Capa do álbum Jimi Hendrix, 1967. (b) Krishna - Deus da religião Hindu.

Na Figura 48, o panfleto da loja “Apple”, de propriedade dos Beatles, vê-se a

representação do universo fantástico e surreal, habitado por seres mitológicos entre magos,

gurus, bruxos, duendes, entre outros referentes as doutrinas das ciências sobrenaturais

assim como a Astrologia, o Espiritismo, o Misticismo, o Esoterismo, a Enteogenia, a

Magia, entre outros.

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Figura 48 – Folheto da loja chamada Apple, de propriedade do conjunto Beatles, 1967.

Na Figura 49, o poster usa o retrato de um índio nativo americano, e estabelece

relação a cultura ao universo indígena apresentando elementos decorativos característicos

aos trabalhos artesanais indígenas, chamados patchwork.

Figura 49 – John Van Hamersveld, Jefferson Airplane, Charlie Musselwhite, Clear Light at Shrine

Exposition Hall, 1968.

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2.3.4 Natureza

A natureza encontrada no poster cubano, da Figura 50(a), inspira-se na psicodelia

pela estranheza das formas plásticas e cores que a iluminam. Na Figura 50(b) observa-se

uma maior ênfase nos elementos geométricos utilizados como ornamentos, compondo um

visual psicodélico quanto ao preenchimento da área e o contraste visual destes elementos.

Figura 50 – (a) Alfredo Raastard, poster 1968.

(b) Brighton Goodfellow, Big Brother & the Holding Company with The Human Beings for the Valley Peace

Center at The Ark (Salsalito, CA), poster, 1967.

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2.3.5 Caráter Histórico

A re-apropriação de figuras históricas, como vemos na Figura 51, traz o ícone

chamado “Zig-Zag Man” (conhecido como o primeiro homem a enrolar o tabaco em uma

folha de papel e acendê-lo como um cigarro) alterado contextuamente ao fazer referência à

pergunta “Quem enrolou a Maryjane?”, de forma que Maryjane seria um nome feminino e

utilizado como gíria pela semelhança fonética ao nome da marijuana, em português, a

maconha.

Figura 51 – Bill Olive, Who rolled Maryjane?Zigzag man, 1969.

Na Figura 52, a referência à civilização do Egito antigo é dada pela adoção total da

estética egípcia como foram feitos e conhecidos historicamente. O grande impacto

psicodélico aos olhares do público se dá pelo choque visual perante a dissociação de

épocas e abordagem inesperada.

Figura 52 – David Byrd, poster, 1968.

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Na Figura 53, o poster com a imagem do Cristo Redentor, situado no Rio de

Janeiro, Brasil, é desconfigurado geograficamente mas não deixa de aproveitar a

representação simbólica para uma re-apropriação de valor inserido na ambientação

lisérgica pela forte coloração de tom alaranjado.

Figura 53 – David Singer, poster, 1970.

2.3.6 Liberação Sexual

A influência do rock e a liberação sexual são percebidas na fotografia da Figura

54(a), mediante uma idéia de igualdade entre o homem e a mulher pela forma livre e

espontânea que aparecem dançando. Na Figura 54(b), observamos uma mesma referência

aos movimentos do corpo no desenho, expressando-se de uma forma livre e sensual.

(a) (b)

Figura 54 – (a) Fritzi Brusarius, 1970. (b) Wes Wilson, Jefferson Airplane, Butterfield Blues Band, Muddy

Waters at Fillmore, poster, 1966.

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2.3.7 Mensagem

O psicodelismo nas produções gráficas torna-se quase um código mediante sua

recorrência, ampliação e diversificação no universo em que é aplicado. Ao analisar posters,

Richard Hollins (2001) aplica o olhar do design sobre psicodelismo analisando a

transmissão da mensagem:

O fundo em xadrez e as cores complementares no poster de Che Guevara (Figura 55a)

criado por Elena Serrano lembram os posteres “psicodélicos” desenhados para os concertos

de rock de meados dos anos 60, especialmente em São Francisco. As drogas eram legais na

Califórnia até 1966, e sua influência na percepção, imitada nos concertos através das luzes

estroboscópicas, era simulada no trabalho gráfico por meio de uma deslumbrante repetição

de contrastes cromáticos, seja entre preto e branco, seja entre as cores complementares

(Figura 55b). (...) O nome mais conhecido do grupo de designers psicodélicos da

Califórnia, e o único com formação em arte, era Victor Moscoso, que estudara as cores em

Yale (Faculdade do Estado da Connecticutt – EUA). Moscoso combinava efeitos de

vibração óptica obtidos por meio das cores com letras formais que ele tornava quase

ilegíveis através de uma total equivalência entre elementos positivos e negativos: o espaço

existente entre as letras e dentro delas era contrabalançado pelas próprias letras, da mesma

maneira como cores adjacentes contrastam entre si com igual intensidade (Figura 55c). (...)

O meio não se tornou toda a mensagem, mas grande parte dela.

(a) (b) (c)

Figura 55 – (a) Elena Serrano, Day of the Heroic Guerrilla, poster, 1968. (b) Lee Conklin, poster, 1968.

(c) Victor Moscoso, Quicksilver Messenger Service, Mount Rushmore, Big Brother & the Holding Company,

Horns of Plenty at Avalon Ballroom, poster, 1967.

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A referência a MacLuhan em “O meio é a mensagem” (1967) neste momento não

caracteriza o meio como toda a mensagem pois já não concentra no objeto, o poster, toda a

mensagem a ser transmitida, porém, agora, ela dependerá da interpretação do receptor,

exigindo-lhe a pertinência da observação frente o objeto para ele possa decifrar uma

mensagem.

A Figura 56 por exemplo, é dada pela dificuldade de se reconhecer os elementos

devido a aplicação de cores em tons tão próximos que não chegam quase a não ser possível

identificar uma forma, mas que, a partir de um esforçado “franzir” do olhar parece começar

a elucidar a mensagem assim como se estivesse tentando se enxergar em um nevoeiro.

Identifica-se portanto esta atitude do poster a introduzir o observador neste “nevoeiro”,

com figuras e tipografias esfumaçadas.

Figura 56 – Lee Conklin e Herb Greene, poster, 1969.

Esta “atitude” ou qualidade, caracterizada pelo estilo confuso de interpretação de

figuras e difícil legibilidade, tem o propósito de uma abordagem “enigmática” e

extremamente sensória, contrapondo-se ao racional e clareza da comunicação. A

justificativa pelo desprezo ao bom gosto é ilustrada pelo provérbio Haiko, do antigo

oriente: “bad taste is good taste” – “mau gosto é bom gosto”.

Através disso, entende-se o que os artistas daquela época pretendiam comunicar:

“Aproveitem – deixem o efeito caminhar sobre você – através de você – use-o –

viva-o.” (BARNICOAT, 1993)

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3. A CRIAÇÃO E RECEPÇÃO DO NOVO CÓDIGO VISUAL

Tal forma de olhar sobre o poster psicodélico ou a psicodelia em geral, como

inicialmente discutida no capítulo anterior, é trazida à vista pela teoria de Walter Benjamin

em seu texto “A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica” (1994:170), sobre

esta “transmissão” que ocorre entre um objeto de arte para com o seu espectador.

Os questionamentos da reprodução da obra de arte foram impulsionados

principalmente pelo surgimento da fotografia, num ponto em que se poderia reproduzir a

imagem mais rápido que um desenho à mão, e sobretudo, mantendo-se todas as

características da imagem original, acarretando na quebra da “aura”, definida por Benjamin

como:

(...) um “pasmo essencial” a “uma figura singular”, composta de elementos

especiais e temporais: a aparição única de uma coisa distante, por mais perto que ela esteja.

Observar, em repouso, numa tarde de verão, uma cadeia de montanhas no horizonte, ou um

galho, que projeta sua sombra sobre nós, significa respirar a aura dessas montanhas, desse

galho. (BENJAMIN, 1994)

A quebra desta contemplação sobre o objeto de arte seria dada por:

A quebra da aura é devida a uma transmissão do objeto original de culto, sendo

esta a forma mais “pura”, estando no mesmo local onde o objeto de contemplação se

encontra. Agora o poder de ser traduzida a imagem aplicada a um produto qualquer, ou

propriamente, uma cópia faria com que uma homogeinização da arte acarreta-se em uma

diluição da cultura para uma estereopatização da arte, superficial e capitalista. (ARANTES,

1998)

A multiplicidade da arte mediante as cópias, como ocorre com os filmes exibidos

nos cinemas, não afetaria somente o valor da obra de arte como objeto de culto, mas seria

observada principalmente pela participação do público, criando-se uma “aura” que liga o

prazer do espetáculo ao íntimo do espectador mediante sua experiência vivida.

Esta ligação, segundo Walter Benjamin (1994), “tem importância social à medida

que diminui a significação social de uma arte, assisti-se no público um divórcio crescente

entre o espírito crítico e a fruição da obra”. Contrapondo-se à contemplação da obra, passa-

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se agora por uma apreensão coletiva da obra, mediante a recepção tátil, adquirida pela

“distração”, isto é, de tal modo que o espectador permanece “entretido” com o que

experiencia.

John Barnicoat (1993), em uma análise sobre os efeitos da percepção estética da

época, diz o que se segue:

O público em geral, sob influência dos materiais gráficos desta época, acabou

desenvolvendo a técnica do olhar sem ler, até mesmo escutando sem estar ouvindo, era uma

atitude mental; as mensagens chegavam através dos sentidos, geralmente. Este consistente

bombardeamento dos sentidos criou efetivamente, um público condicionado, onde seus

gostos em experiências visuais foram providos de sofisticação.

Esta sofisticação da percepção do “olhar sem ler” e “escutar sem estar ouvindo”

caracteriza-se pelo olhar já treinado e experienciado do público, por onde a recepção tátil

acontece antes mesma de uma formação de opinião.

Fazendo-se uma comparação entre as figuras a seguir, observaremos a distinção

entre a fotografia na Figura 57(a) e sua representação psicodélica na Figura 57(b), onde

podemos perceber nitidamente no desenho uma expressividade sensória relativa a uma

sonoridade intensa, vibrante e explosiva.

Figura 57 – (a) Fotografia, Hendrix. 1967

Figura 57 – (b) Martin Sharp, Exploding Hendrix, 1968.

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Após uma interpretação visual sobre o desenho, podemos analisar sobre elementos

textuais da música psicodélica, como é percebida a linguagem da psicodelia, através da

leitura da canção “Purple Haze” – “Névoa Púrpura”, do grupo The Jimi Hendrix

Experience:

“Purple haze all in my brain

Lately things just don't seem the same

Actin' funny, but I don't know why

'Scuse me while I kiss the sky

Purple haze all around

Don't know if I'm comin' up or down

Am I happy or in misery?

Whatever it is that girl put a spell on me

Purple haze all in my eyes

Don't know if it's day or night

You got me blowin', blowin' my mind

Is it tomorrow, or just the end of time?”

“Névoa púrpura toda em meu cérebro,

Ultimamente as coisas não tem sido as mesmas

Agindo estranhamente, mas não sei porque

Com licença enquanto eu beijo o céu

Névoa púrpura toda ao redor

Não sei se estou subindo ou descendo

Estou feliz ou em sofrimento?

O quer que seja esta mulher, pôs um feitiço em mim

Névoa Púrpura toda nos meus olhos,

Não sei se é dia ou noite

Você pegou-me estourando, estourando minha mente

Será amanhã, ou apenas o fim do tempo?”

A canção envolve a névoa púrpura por todos os lugares, causadora de estranhas

sensações, como coisas que já não aparecem ser normais. Sente-se engraçado a ponto de

querer beijar o céu, pra cima, ou pra baixo, será que foi o feitiço de amor daquela mulher?

Vê-se a névoa púrpura nos olhos, será dia ou noite, sente explodir sua mente, será amanhã

ou o apenas o fim?

Tão simbólica quanto visual, a névoa púrpura esfumaçante e colorida sugere as

sensações e visões que alteram totalmente a percepção do sujeito. A interpretação

psicodélica tende a sugerir ao estado alucionatório como forte o suficiente para explodir o

seu consciente, mesmo que ainda haja inúmeras outras possibilidades, como uma paixão

intensa, ou uma ansiedade inquietante, entre outras interpretações inusitadas.

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Já na Figura 58, neste folheto informativo sobre o LSD, a explicação gráfica e

textual para as alucinações visuais causadas por drogas alucinógenas é informativa

chegando a ser humorística.

Figura 58 – Folheto educativo sobre o LSD produzido pelo governo dos EUA, 1969.

A capa com arte psicodélica mostra a misteriosa caixa com a pergunta: “LSD -

Viagem ou Armadilha?”. A resposta dada pela cômica figura assustando-se ao se ver no

espelho, é explicada pelos dizeres:

“LSD pertence a um grupo de drogas chamadas ALUCINÓGENAS. Estas drogas

tem uma coisa em comum, elas causam qualquer um que as use a ter alucinações. A

alucinação é algo que não está ali. Nós IMAGINAMOS ver-lo. Estas drogas causam nos a

imaginar todos os tipos de distorção, imagens malucas como se nós estivéssemos realmente

as vendo.”

Na Figura 59(a), a capa do álbum é representativa ao LSD, utiliza-se do recurso

visual ao causar a ilusão pela sobreposição simultânea de fragmentos que parecem ser de

uma ou mais pessoas. Na Figura 59(b), a abordagem do poster estimula a interação pela

capacidade de estabelecer um jogo perceptivo onde observador poderá adentrar pelos

“quadros” na parede, remetendo sublinarmente às janelas ou portas da mente e da

percepção, ao abrir um caminho rumo ao infinito e sem qualquer explicação.

Figura 59 – (a) Lawrence Schiller, LSD – various, capa de álbum, 1966. (b) Hipgnosis, Ummagumma, 1968.

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Em uma reflexão proposta para a revista Nova-iorquina “Arts Magazine”, no final

dos anos 60, o artista visual Yud Yalkut (1967), em uma reportagem define uma arte

psicodélica como uma representação do que seria algo relativo a uma “experiência

psicodélica”. Uma experiência psicodélica seria algo como uma sessão, podendo ser

“controlada” e não necessariamente sob o efeito de drogas, a fim de poder se atingir um

estado psicodélico, onde o indivíduo permanece um período de tempo em estados

alucinatórios, transe, reflexão, ou em alguns casos, acessos de descontrole e risco à saúde.

Um dos principais propagadores destas experiências, Timothy Leary, foi quem definiu uma

espécie de manual para a condução de experiências psicodélicas, baseado em um antigo

livro religioso do oriente, o “Livro Tibetano dos Mortos”, traduzindo os mesmo conceitos

para este livro que Leary chamou de “A Experiência Psicodélica”, em 1964:

Uma experiência psicodélica é uma jornada a novos reinos da consciência. A abrangência e

o conteúdo da experiência são ilimitados, mas suas características são a transcendência de

conceitos verbais, das dimensões de espaço-tempo, e do ego ou identidade. Tais

experiências de consciência expandida podem ocorrer de diversas formas: privação

sensorial, exercícios de ioga, meditação disciplinada, êxtases religiosos ou estéticos, ou

espontaneamente. Mais recentemente elas se tornaram disponíveis para qualquer um

mediante a ingestão de drogas psicodélicas como LSD, pscilocibina, mescalina, DMT, etc.

(LEARY, METZNER, ALPERT, 1964)

Com base nestes conceitos, a obra artística na Figura 60 de autoria de Jud Yalkut,

apresentando neste trabalho colagens de figuras humanas, objetos de forma a configurar

um retalho, seriam classificáveis a uma experiência psicodélica mediante uma associação

de imagens relativas a um período caso fossem comprovadamente da década de 1950? Ou

tal poluição visual simbolizaria um caos mental dada uma alucinação?

Figura 60 – Jud Yalkut, colagem, 1967.

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O levantamento de hipóteses e a falta de evidências é inconclusivo. O que torna-se

aparentemente visível, é um trabalho de âmbito experimental mas que não o torna

sugestivo a uma abordagem psicodélica. Este julgamento se dá sem mesmo haver

conhecimento prévio sobre a intenção do autor desta obra em específico. Esta obra na

verdade, caracteriza-se pelo forte apelo pela arte pop, por misturar figuras do cotidiano

com figuras de revistas, desenhos e matérias na colagem. Uma abordagem aos movimentos

artísticos será abordada posteriormente neste trabalho.

Neste outro exemplo, podemos perceber o que a psicodelia se refere como um

bombardeio de sentidos, ao observarmos a capa da revista na Figura 61, com o título:

“Nova experiência que bombardeia os sentidos. LSD Art”, através da estranha figura de

um indivíduo com os olhos brilhantes como reflexo do “bombardeio” de luzes de cores em

tons lisérgicos.

Figura 61 – Capa da revista americana Life, com a manchete sobre LSD ART, 1966.

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4. O POP E A ARTE: O POP E O OP

Sob a análise crítica da História da Arte, a cultura norte-americana seria incapaz de

lançar uma nova arte após a segunda guerra, em 1945, pois não tinha conteúdo histórico

pela falta de uma tradição racionalista européia, palco de todas vanguardas artísticas

mundiais até então, e com isso, o acontecimento da Pop Art e suas tendências seria

resultado de uma rebeldia secreta, sem causas definidas, inócuas na sua ameaça ao sistema.

(ARGAN, 1999)

A ausência de manifesto artístico do psicodelismo se deu por não haver alguma

centralização, o que contribui com a aparente despreocupação do historiador da arte Giulio

C. Argan (1999) quanto à falta de representatividade na sociedade, no entanto, a exceção à

regra é encontrada no local onde surgiu uma concentração cultural e artística ainda que

descentralizada, configurando-se com todos os elementos característicos para a

classificação de uma “cena psicodélica”: a Califórnia undergound do final dos anos 60.

O psicodelismo visto como qualidade artística em meio aos acontecimentos da pop

art, definiu-se como estilo pela constatação da estética reconhecível nas produções

culturais, caracterizada pelas formas orgânicas distorcidas e alternância contrastante das

cores. Seu aspecto “ameaçador” é associado pela “contaminação” do meio gráfico, dada o

aproveitamento de todo o espaço gráfico com os complexos grafismos psicodélicos.

São Francisco tornou-se símbolo da contracultura, representado pelas novas

tendências “chocantes” para com os valores tradicionais, como se observa o debochado

poster da Figura 62.

Figura 62 – Frank Zappa na “m***”, um dos principais representantes da contra-cultura, 1967.

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A Pop Art, originada em meados de 1950 simultaneamente em Nova York, EUA e

Londres, Inglaterra, foi significativa em virtude de trazer a arte mais próxima ao gosto do

grande público pela aproximação do “popular”, diferenciando-se pela proposta de uma

nova sensibilidade estética e revolucionária, o que segundo Richard Hamilton definido

como: “popular, transitória, consumível, de baixo custo, produzida em massa, jovem,

espirituosa, sexy, chamativa, glamourosa e um grande negócio.” (MADOFF, 1997) A

representatividade do termo pop foi singular a ponto de denominar o nome desta época

caracterizada por diversos movimentos sociais e culturais como os “Movimentos Pop”.

Comparando-se as Figuras 63(a) e 63(b), respectivamente uma projeção psicodélica

com o a aparição de uma mulher e na outra a obra pop com o retrato da celebridade

Marilyn Monroe, podemos notar a semelhança de cores saturadas sobre as faces,

percebendo o mesmo padrão estético entre as duas figuras.

(a) (b)

Figura 63 – (a) Projeção psicodélica, 1968. (b) Andy Warhol, Shot Orange Marilyn, 1964.

Esta comunicação do psicodelismo com a Pop Art, é intrínseca pela exploração das

formas visuais plásticas em complexas composições de elementos junto a cores vibrantes,

como na capa do na Figura 64(a). Igualmente servindo de suporte a Pop Art, o poster

psicodélico da Figura 64(b), é marcado pelo degradê de colorido e proliferação de

elementos gráficos como as estrelas e os planetas, em uma abordagem cósmica

compartilhando com a simbologia hippie.

Figura 64 – (a) Martin Sharp, Cream – Disraeli Gears, capa do álbum, 1967.

(b) Peter Max, The Different Drummer, poster litogravura, 1967.

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Outro movimento artístico que influencia ao psicodelismo é o Opthical Art,

conhecido pela abreviação de Op Art. A Op Art surgiu nos EUA na década de 60, fazendo

parte dos estudos científicos e matemáticos que a História da Arte classifica como “arte

visual cinética”. Este movimento classifica-se como uma arte científica que cria e estuda os

fenômenos de percepção de ilusões ópticas (ARGAN, 1999) e caracteriza-se em especial,

como uma forte influência para o psicodelismo pela capacidade de trabalhar com os

fenômenos ópticos, possíveis de causar sensações de movimentos e ilusões, provocando

maiores reações sensórias ao receptor.

A Figura 65, denominada de snake-ratles – “cobras enroladas”, é um gráfico de

estimulação óptico sensorial. A alternância das cores em formas circulares causam a ilusão

de que os círculos se movimentam.

Figura 65 – Akiyoshi Kitaoka, Rotating snakes, 2004.

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Comparando-se o poster psicodélico da Figura 66(a) com a obra da Op art na

Figura 66(b), percebemos o mesmo estilo de “rotação” dos elementos gráficos.

(a) (b)

Figura 66 – (a) Victor Moscoso, Doors, Miller Blues Band, Haji Baba at Avalon Ballroom, poster, 1967.

(b) Franco Grignani, Estruturação centrífugo-centrípeta, 1965.

Nesta comparação entre as Figuras 67(a) e 67(b), poster e projeção psicodélica

respectivamente, notamos a mesma comunicação em diferentes mídias.

Figura 67 – (a) Hapshash and the Coloured Coat, 1967.

Figura 67 – (b) Projeção psicodélica, 1968.

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A apresentação da espiral da secção áurea, na Figura 68, conhecido por representar

a curva de crescimento do universo, observando-se seus sinais na natureza como, por

exemplo, na curva do desenho da concha do mar ou no desenho de uma orelha humana, é,

sobretudo neste trabalho, um elemento gráfico essencial aos estímulos visuais e construção

gráfica da estética psicodélica.

A espiral da secção áurea, é uma linha traçada em curva que percorre as diagonais

de quadrados que compõem o retângulo áureo, igualmente composto pelo valor numérico

áureo para que se chegue nestas proporções.

Figura 68 – (a) Retângulo Áureo.

Baseado no desenho da espiral da secção áurea, observamos na cena do filme “O

Vampiro de Dusseldorf” (1931) na Figura 68(b), um tipo de gráfico que chamaremos de

“espiral giratória”, que é associado à psique humana nas áreas de estudo da psicologia e

hipnose. A espiral giratória ambienta um clima de tensão e suspense, simbolizando o

próximo “alvo” a ser atacado pelo assassino.

Figura 68 – (b) Cena de tensão e mistério em o Vampiro de Dusserdorf.

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Na Figura 69(a) vemos o poster do filme Vertigo (1958), um certo tipo de espiral é

responsável pela representação da sensação de “vertigo”, o mesmo que uma vertigem. Na

cena do filme na Figura 69(b), observa-se a recorrência deste elemento gráfico em cenas

do filme, fazendo novamente a associação a estimulação do mistério e suspense.

(a) (b)

Figura 69 – (a) Saul Bass, poster, 1958. (b) Cena do filme Vertigo, o olho.

Na Figura 70, observamos a aplicação da espiral gráfica como estímulo óptico para

a divulgação do “Festival das Viagens”, um dos primeiros festivais dos testes de ácido.

Figura 70 – “Festival das Viagens”, no grafismo óptico a atração pela uma sensação hipnótica, 1966.

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70

Alguns trabalhos da Op caracterizam-se pela exploração de ambiente com espelhos,

gerando inúmeros planos e pontos de observação para o espectador. Na Figura 71(a), a

instalação op, é comparada a Figura 71(b), uma composição psicodélica ao compor

reflexos como se estivessem num quarto de espelhos, estimulando a percepção pelas

diversas angulações da foto e repetições da mesma imagem.

(a) (b)

Figura 71 – (a) Davide Boriani, Aposento estroboscópico, 1963-7; quarto de espelhos com luzes.

(b) Jean Solari, Reflexo . Foto do grupo "Os Mutantes", da esquerda para a direita: Sérgio, Arnaldo e Rita,

1969.

No exemplo a seguir da Figura 72(a), vemos o mesmo recurso aplicado em uma

projeção psicodélica, a técnica do “espelhamento”, reflete na arte da capa de álbum na

Figura 72(b), caracterizando-se pelo “estranhamento” psicodélico proporcionado pela

simetria da figura.

(a) (b)

Figura 72 – (a) Projeção psicodélica, 1968. (b) Canned Heat, capa de álbum, 1969.

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71

Observando as influências adquiridas por estas manifestações artísticas para o

psicodelismo, devemos ressaltar a sua inspiração em movimentos de vanguarda,

caracterizando a “personificação” do psicodelismo nas diversas formas de arte e

comunicação: como nas as colagens do movimento dadaísta; nos sonhos, fantasias e

desejos do surrealismo; a na subjetividade e imersão na pintura abstrata.

A Figura 73(a) vemos uma obra dadaísta apresentar uma colagem de imagens,

caracterizada pela estética anti-arte resgatando o cotidiano a uma representação do caos,

encarada como forma de protesto e polêmica do movimento dadaísta. A semelhança

encontrada no poster psicodélico da Figura 73(b), apresenta colagens de elementos em uma

composição caoticamente confusa e colorida, transmitindo mensagens da sociedade em

conflito através da estética psicodélica.

Figura 73 – (a) Coupe faite avec un couteau de cuisine, 1919. (b) A day in life, 1967.

No quadro surrealista da Figura 74(a), movimento pelo qual busca relações de

sentidos inexplicáveis como se acontecessem em um sonho, estabelece um caráter

visionário e subjetivos dados a estimulação da imaginação do observador, assim como é

notada no quadro psicodélico na Figura 74(b).

Figura 74 – (a) Dream Caused by the Flight of a Bumblebee around a Pomegranate a Second Before

Awakening, 1944. (b) Astral Body when Asleep, 1969.

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72

Na Figura 75(a) um quadro da arte abstrata, a recepção é dada pela ação instintiva

caracterizando-se como uma “imersão” sobre as formas abstratas, não demonstrando

indício informacional, para que haja uma livre interpretação do espectador. Essa

experimentação do indivíduo é passível de que ele possa criar significados próprios dada a

falta de explicação latente da obra. A semelhança para com o poster psicodélico da Figura

75(b), consiste pela forte estimulação na coloração das formas orgânicas que fazem por

“camuflar” ao máximo o reconhecimento da imagem, proporcionando ao observador

constatar a forma contida no poster através de um processo semelhante a recepção da arte

abstrata.

(a) (b)

Figura 75 – (a) Franz Marc, Fighting forms, 1914.

(b) John McHugh, The white rabbit in wonderland, 1968.

Havendo percorrido as características que compõem o visual psicodélico pela

estética das distorções visuais e coloração lisérgica capazes da estimulação sensorial,

também consolidamos estas sensações em termos concretos como bizarro, fantástico,

enigmático, expansivo, hipnótico, visionário, vibrante.

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73

5. PERCEPÇÃO E ANÁLISE

Como percebemos, sentimos e entendemos a psicodelia?

Aldous Huxley, um dos precursores das experiências psicodélicas, descreve uma

delas visualizando um vaso contendo três flores, em um trecho das “As portas da

percepção” (1954), expressando sua visão da seguinte forma:

Tomei minha pílula às 11 horas, uma hora e meia depois estava sentado no meu

estúdio, olhando intensamente para um vasinho de vidro. O vaso tinha apenas 3 flores. Uma

rosa totalmente aberta, a Bela de Portugal. Uma rosa pálida, com um toque em toda base

das pétalas, de um matiz mais quente e flamejante, uma carnação magenta e cor creme e

púrpura pálido, no final do seu galho quebrado, o botão era áldico atrevido de uma íris. O

buquezinho quebra todas as regras do bom gosto tradicional. No café da manhã fui tocado

pela viva dissonância de suas cores, mas esta não era mais a questão, não estava mais

olhando para o arranjo de flores original; estava vendo o que Adão tinha visto na manhã de

sua criação, um milagre, momento a momento, da existência nua.

Aldous Huxley “abre” as portas da sua percepção, na busca do rompimento de

barreiras para a visão da essência do objeto, oferecendo ao escritor onipresente, uma

experiência praticamente completa que faz estabelecer relações sinestésicas além da visão

do vaso e as flores, carregadas de um aumento de teor de energia que se intensifica a cada

nova sensação, criando-se, ao fim desta, um novo valor de significado para aquele vaso.

Este exemplo de descrição de forma a detalhar as percepções dadas pelas ações,

gestos e intenções captadas em impressões e sensações determinando um significado, é

praticado pela ciência da chamada Semiótica.

Charles Sanders Peirce (1839-1914), cientista, matemático, historiador, filósofo e

lógico norte-americano, é considerado o fundador da moderna Semiótica. (SANTAELLA

1983:19)

O nome semiótica vem da raiz grega semeion, que quer dizer signo.(...) Signo é

uma coisa que representa uma outra coisa: seu objeto. Ele só pode funcionar como signo se

carregar esse poder de representar, substituir uma outra coisa diferente dele.

(SANTAELLA, 1983:58)

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74

A Semiótica é conhecida com “a ciência que tem por objeto de investigação todas

as linguagens possíveis, ou seja, que tem por objetivo o exame dos modos de constituição

de todo e qualquer fenômeno de produção de significação e de sentido”. (SANTAELLA,

1983:13)

Adentrar os umbrais da semiótica resulta em reeducar a percepção do mundo,

redirecionar a capacidade de captação dos signos e significações resultantes da interação

entre o seu mundo interior e o mundo que nos acerca.

Assim como a lingüística textual e a análise do discurso, o suporte semiótico vem

contribuir com uma análise mais ampla do material concreto (sistemas de códigos) e

abstrato (discurso, ideologia) por meio do que são transmitidas as mensagens. (SIMÕES,

2001:86)

A Semiótica é estruturada na relação entre o interpretante e o objeto,

partindo para uma “leitura” das impressões, do desenho, da cor, das formas, da

linguagem, para se chegar em uma representação de uma idéia e sensação, isto é, o

signo.

É da relação mantida entre o signo e seu objeto que surgiu sua explicação como

ícone, índice e símbolo. Os ícones são signos que representam seus objetos, com

características incorporadas do próprio objeto, independente de um objeto existir ou não. O

signo, neste caso, remete a um objeto por apresentar qualidades comuns a ele. Quanto ao

índice, é um signo que referencia o objeto; o signo é determinado por uma conexão física

com o objeto que representa. O índice, como seu próprio nome diz, é um signo que como

tal funciona porque indica uma outra coisa como a qual ele está factualmente ligado.

(SANTAELLA, 1990:90)

A Semiótica e seus esquemas ternários são relativos a primeiridade (percepção);

secundidade (reação) e terceiridade (representação) vai dar suporte à formulação do

raciocínio com aportes lógicos e filosóficos: por meio dos quais a satisfação da curiosidade

humana poderá atingir altos patamares, sem lesar a capacidade intelectiva do ser pensante

por meio de explicações dogmáticas ou místicas.

Page 75: O Psicodelismo No Design Grafico - Fabricio Grisolia Torres - Senac 2005

75

Essas categorias são explicadas por Santaella (2002:7):

A primeiridade aparece em tudo que estiver relacionado com acaso, possibilidade,

qualidade, sentimento, originalidade, liberdade, mônada. A secundidade está ligada às

idéias de dependência, determinação, dualidade, ação e reação, aqui e agora, conflito,

surpresa, dúvida. A terceiridade diz respeito à generalidade, continuidade, crescimento,

inteligência. A forma mais simples da terceiridade, segundo Peirce, manifesta-se no signo,

visto que o signo é um primeiro (algo que se apresenta à mente), ligando um segundo

(aquilo que o signo indica, se refere ou representa) a um terceiro (o efeito que o signo irá

provocar em um possível intérprete).

Para análise da Figura 76 aplicaremos o ponto-de-vista da semiótica.

Figura 76 – Bonnie MacLean, poster, 1968.

As qualidades ligadas a primeiridade são percebidas pela “luminosa” coloração

dada pelos tons vibrantes de amarelo, garantindo um destaque na visualização da figura,

em contraste com o verde e o azul, em meio a linhas sinuosas que cobrem a maior parte do

espaço gráfico.

Na secundidade observamos aspectos do desenho representados pela ilustração do

“Sol”, apresentando-o com um rosto de fisionomia humana, o que garante uma associação

entre estas duas entidades. O texto informacional compartilha do mesmo espaço dos raios

solares, aparecendo nomes, data e local de onde se realizará o evento.

Page 76: O Psicodelismo No Design Grafico - Fabricio Grisolia Torres - Senac 2005

76

Na terceiridade, a intensa luminosidade do “sol com rosto de homem” interagindo

com os textos sobre o evento de música por meio de um grafismo de linhas orgânicas, são

responsáveis pela estimulação sensória visual do interpretante, simbolizando um poster

psicodélico de show de música característico do final dos anos 60.

Para exemplificarmos um signo elegível a classificação de “símbolo” da psicodelia,

analisaremos o poster da Figura 77, obra símbolo representa um dos mais influentes

artistas dos anos 60, Bob Dylan.

Figura 77 – Milton Glaser, Bob Dylan, 1967.

O destaque aos cabelos pelas formas e cores psicodélicas servem de metáfora à

personalidade de Dylan em contraste com a “discrição” com que seu perfil aparece como

uma sombra. A figura como sendo ícone da personalidade psicodélica de Bob Dylan,

assume ainda a própria representação da pessoa Bob Dylan, caracterizando a figura como

um hipo-ícone por representar a própria pessoa. Além disso, a figura torna-se histórica e

representativa da psicodelia, adquirindo status de símbolo do psicodelismo perante o

público em geral.

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77

Como são geradas estas associações psicodélicas sem que haja, porém, a garantia

de comprovação sobre o que se especula sobre o objeto? Como podemos encontrar o

verdadeiro “elemento” psicodélico?

Para a semiótica a melhor via para a determinar o âmbito, o objeto, a intenção e o

método, é averiguar as suas relações com a lógica. A lógica é uma forma de pensamento

que busca tentar explicar o mundo, é a própria ciência baseada em leis e julgamentos

obtidos de experimentações que servem de comprovação para o objeto estudado.

Para isso, iremos nos aprofundar para dentro de nossas “mentes” em busca de uma

comprovação psicodélica, analisando um mínimo até um máximo de estímulo através do

meio gráfico.

O ser humano utiliza-se da sua percepção captadas através de seus sentidos para

perceber quaisquer estímulos ao seu redor, adquirindo experiências que são traduzidas

como um conhecimento ao longo da vida. Classificam-se os sentidos de cada indivíduo em

5 características: a visão (olhar), o tato (sentir), o olfato (cheiro), a audição (ouvir) e o

paladar (gosto).

O processo de produção de idéias é classificado pelas fases da percepção

(compostas do percepto e do juízo perceptivo), da associação (onde ocorre a similaridade

por contigüidade) e a representação (significado).

Lúcia Santaella (1998) nos mostra que:

A percepção é determinada pelo percepto, mas o percepto só pode ser conhecido

através da mediação do signo, que é o julgamento da percepção. Para que esse

conhecimento se dê, o percepto deve, de algum modo, estar representado no signo. Aquilo

que representa o percepto, dentro do julgamento perceptivo, é o Percipuum, meio mental

de ligação entre o que está fora e o juízo perceptivo, que já é fruto de uma elaboração

mental.

Os julgamentos perceptivos são inferências lógicas, elementos generalizantes que

pertencem à terceiridade e que fazem com que o percipuum se acomode a esquemas

mentais e interpretativos mais ou menos habituais. O juízo perceptivo corresponde à

aplicação de um juízo de valor sobre o estímulo, caracterizando-se como um ato

cognoscente psíquico ao qual se dará a percepção. O juízo de valor é parte da experiência

do indivíduo, do seu conhecimento, capaz que obter na relação com o signo o lugar de

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“coisa”, isto é, a idéia ou conceito. Uma característica observada em relação a uma

decadência de um estilo visual pela sua demasiada perpetuação nos meios, é explicada

pelo desgaste da percepção do indivíduo, onde dada pela negação do juízo perceptivo,

priva o indivíduo de obter qualquer nova concepção sobre o estímulo.

A prova lógica de que os efeitos práticos de um conceito constituem efetivamente a

soma total do conceito é abordada por Peirce pela noção do pragmatismo como a lógica da

abdução.

O que é a abdução?

A abdução é tida como um dos três tipos de raciocínio, junto a dedução e a indução.

Enquanto a dedução prova que algo deve ser (inferência necessária) e a indução prova que

algo realmente é (inferência experimental), a abdução prova que algo pode ser (inferência

hipotética).

A Figura 78 apresenta um gráfico sem qualquer representação contextual ou

histórica, será o objeto de análise para aplicação a lógica da abdução para identificação

mínima de elementos gráficos psicodélicos.

Figura 78 – Gráfico para análise.

Através da dedução sobre o objeto nos permite dizer o que parece ser, pelo caráter

orgânico da espiral é semelhante à característica estética psicodélica.

Através da indução sobre o objeto nos permite dizer o que é, induzindo a definição

da figura como uma linha gráfica em forma espiralar, não constatando suficientemente

como um traço psicodélico.

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79

Através da abdução sobre o objeto nos permite dizer o que o objeto pode ser, por

meio de questionamentos hipotéticos que estabelecem possíveis relações conclusivas. A

associação levantada pelo observador de que o objeto seria, por exemplo, uma “onda do

mar”, é suficientemente aceitável pelo julgamento perceptivo por meio de uma comparação

simbólica para com uma representação pictórica da onda do mar. Portanto a abdução sobre

o objeto como um indício psicodélico se dá pela capacidade da estimulação da percepção

do interpretante resultando em uma sensação de ilusão de movimento rotacional da espiral

em torno de si mesma, a julgar-se perceptivamente como uma sensação hipnótica relativa à

representação de um estado psicodélico na mente do indivíduo.

A próxima análise da Figura 79 será baseada em um exemplo para identificação

máxima de elementos gráficos psicodélicos.

Figura 79 – Fabricio Grisolia Torres, gráfico da espiral da secção áurea, p/b, 2005.

Deduz-se a partir da observação do gráfico uma alta sensibilização do estímulo

visual, sendo esta uma característica recorrente aos estímulos psicodélicos.

Induz-se pelo alto contraste obtido pela alternância do preto e branco a evidencia as

formas espiralares de linhas orgânicas, compartilhando dos mesmos recursos gráficos

encontrados na estética psicodélica.

Abduz-se chegando ao mesmo resultado apresentado na análise anterior da Figura

78, porém sendo mais perceptível a estimulação sensória do interpretante vista a referência

máxima à forma psicodélica, neste caso da Figura 79, também constatada pela dedução e

indução.

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A observação de um caso contrário a uma comprovação psicodélica, torna-se um

diferencial neste trabalho para podermos discernir o falível, isto é, que parece ser, mas não

o é.

Desta forma analisaremos o falível a partir da análise da Figura 80, abaixo:

Figura 80 – Ziraldo, peça publicitária, 1970.

Supondo uma interpretação psicodélica observamos as ondas coloridas percorrendo

o espaço e transpassando por dentro da cabeça e visível aos olhos do personagem, por meio

que se pode abduzir uma alteração da percepção pela visão colorida sendo comparável a

uma visão psicodélica. No entanto, a abdução é confrontada pela análise da indução e

dedução, deduz-se que a presença da marca Sharp caracteriza uma peça gráfica de

propaganda e apelo visual aplicado, induz a interpretação de que os olhos coloridos

assistem a um televisor à cores. Portanto analisando-se à primeira impressão, uma suposta

interpretação psicodélica na verdade demonstrou-se ser falível mediante a justificativa

racional encontrada pela lógica.

Apesar de comprovarmos a verdadeira intenção da peça publicitária, ainda assim, a

ótica do psicodelismo persiste pela influência estética e de sentido encontradas na análise

da figura.

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O fato de encontrarmos elementos baseados na nossa própria experiência é dada

pela capacidade da nossa imaginação, percepção e associação simbólica, tais estímulos

serão analisados como sendo um fenômeno. O estudo dos fenômenos é praticada pela

quase-ciência chamada Fenomenologia, elaborada por Lacan.

Almeida (2003:50) informa que para a:

Fenomenologia o fenômeno é definido como tudo aquilo que se apresente à mente. Um

fenômeno pode ser qualquer visão, imagem, situação, enfim, qualquer coisa que seja

susceptível de ser conhecida por meio da mente. Nota-se que mente para Peirce tem uma

denotação mais abrangente que a mente humana. O fenômeno, nesse sentido, pode ser de

origem natural ou mental. Um fenômeno exige que essa mente possa diferenciá-lo de

outros fenômenos e até prever a ação de fenômenos futuros (...) Cabe à Fenomenologia

perscrutar sobre a constituição do fenômeno, descrevê-lo, discerni-lo, classificá-lo e

conjeturar a respeito das categorias das quais os fenômenos estão sujeitos. Assim, dentro

das teorias que se embasam na fenomenologia peirceana se encontra a Semiótica ou

doutrina geral dos signos.

A relação entre a Fenomenologia e a Semiótica é encontrada pela terceira categoria

da Fenomenologia correspondente à noção do signo, como é comparada por Santaella:

As categorias universais da fenomenologia aparecem em qualquer fenômeno de qualquer

espécie, a presença delas é particularmente evidente em um fenômeno de natureza triádica

como são os três registros lacanianos ou a tríade freudiana da dinâmica psíquica em

inconsciente, subconsciente e consciente, mais tarde redefinida como id, superego e ego. E

assim mostrar que a lógica da categoria peirciana da terceiridade, que é a lógica do signo,

pode contribuir para o entendimento das complexas interações dos três registros lacanianos

do imaginário, real e simbólico. A diferença está no fato de que os conceitos semióticos

resultam da análise lógica e, consequentemente, constituem-se em conjuntos altamente

interconectados de idéias distintivas que podem funcionar como dispositivos poderosos

para o estudo de qualquer fenômeno como signo. (SANTAELLA, 1999)

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Apresentamos uma análise de Miller sobre o primeiro registro, o imaginário:

O imaginário é a categoria psicanalítica da demanda de amor, o real é a categoria

da pulsão e o simbólico, do desejo. Parte da constatação do “eu” (moi) no homem, mediante

à idéia de que a alienação imaginária, quer dizer, o fato de identificar-se com a imagem de

um outro, e que o desenvolvimento do ser humano está escondido por identificações ideais.

É um desenvolvimento no qual o imaginário está inscrito, e não um puro e simples

desenvolvimento fisiológico. (MILLER apud Santaella & Nöth, 1998:189)

O real é o segundo registro psíquico e não deve ser confundido com a noção

corrente de realidade. O real é aquilo que sobra como o resto do imaginário e que o

simbólico é incapaz de capturar. É o impossível, não definível, pois encontra-se apenas

numa visão de um aproximado, jamais capturado, entre a relação do objeto e sua imagem.

O registro do simbólico como a terceira categoria psicanalítica, é apresentada por

Miller (1987) como:

O outro é o grande Outro da linguagem, que está sempre já aí. É o outro do discurso universal, de

tudo o que foi dito, na medida em que é pensável. Diria também que é o Outro da biblioteca de Borges, da

biblioteca total. É também o Outro da verdade, esse Outro que é um terceiro em relação a todo diálogo,

porque no diálogo de um com outro sempre está o que funciona como referência tanto do acordo quanto do

desacordo, o Outro do pacto quanto o Outro da controvérsia. Todo mundo sabe que se deve estar de acordo

para poder realizar uma controvérsia, e isso é o que faz com que os diálogos sejam tão difíceis. Deve-se estar

de acordo em alguns pontos fundamentais para podermos escutar mutuamente. ... É o Outro da palavra que é

o alocutário fundamental, a direção do discurso mais além daquele a quem se dirige. A quem falo agora?

Falo aos que estão aqui e falo também à coerência que tento manter. (MILLER, 1987:22)

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A análise da Figura 81 sob visão da Fenomenologia será apresentada a seguir:

Figura 81 – Martin Sharp, Mr.Tambourine Man, 1968.

O fenômeno apresenta-se pela estimulação do imaginário, captada por um impacto

borbulhante e efervescente vista a figura humana de óculos imersa em um intenso

vermelho. O real, como segundo registro psíquico, é percebido através dos inúmeros

elementos gráficos de cores contrastes que compõem o espaço gráfico, servindo de

estímulo às representações simbólicas. O simbólico, a terceira categoria, é a figura humana

psicodélica, isto é, o fenômeno que busca a representação do estado sensório da figura

humana, traduzida para uma forma gráfica, como vemos no poster na Figura 81.

Para encerrarmos este capítulo, vamos perceber e analisar a capa de álbum na

Figura 82, como exemplo da representação gráfica psicodélica em um pensamento: “Uma

explosão de sensações na sua mente”.

Figura 82 – Love Machine – Electronic Music to Blow Your Mind By, capa de álbum, 1968.

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6. PSICODELIA 40 ANOS DEPOIS

Na contemporaneidade, depois de 40 anos de psicodelismo, voltamos o olhar sobre

a antiga badalada esquina conhecida pela agitada comunidade que se transformou em palco

para diversas manifestações culturais, observando-se o atual cruzamento já mudado com a

presença de um semáforo, na Figura 83(a), e na Figura 83(b) vemos o resgate da placa da

esquina em uma ambientação psicodélica representada em uma composição digital

encontrada na internet.

Figura 83 – (a) Haight-Ashbury nos tempos atuais, um semáforo sinaliza a mudança, 1997.

(b) Composição psicodélica relativa ao cruzamento das ruas considerada como marco da psicodelia, 2003.

Da sua história passada, resquícios de uma era ainda ativos, como pelo Beetle –

Fusca, com pintura psicodélica na Figura 84(a), visitantes em busca de um resquício da era

psicodélica, lojas que lembram o passado vendendo uma extensa memoraliblia – artigos

colecionáveis, antigos discos de vinil e posters psicodélicos. A mudança dos tempos é dada

pela atração dos jovens a uma boate, local para entretenimento ambientado com a música

eletrônica dos djs, os disc-jóqueis, como será abordada neste capítulo. O bairro ficou

tranqüilo e relativamente valorizado, como vemos na Figura 84(b) pelos restaurados

casarões ainda mantendo o estilo vitoriano, marca que permanece como identidade da

comunidade.

Figura 84 – (a) Um tradicional volks beetle, pintado com motivos psicodélicos, 2004.

(b) Os casarões reformados são habitados por famílias, mantendo-se a tranqüilidade na vizinhança, 2005.

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Conservando também mesma aptidão pela arte e cultura dadas pelas feiras de artes

nas ruas, divulgadas como sempre foram, através de posters, como na Figura 84(c) e

panfletos psicodélicos como exemplo da Figura 84(d).

(c) (d)

Figura 84 – (c) Poster de feira de convenção de artes do bairro, elementos Art Nouveau convivem com o

desenho estilo quadrinhos da menina, 1999. (d) Folheto de feira de artes do bairro, mantendo-se a estética

psicodélica como principal referência, 1997.

A lembrança deste passado para os dias de hoje são comumente vistas como um

motivo de identificação aos valores hippies, oras observando-se como simpatizantes à

ideologia, oras sendo encontradas em festas à fantasia, como observa-se pelo mostruário da

loja de fantasias apresentadas pelas Figuras 85(a) e (b).

(a) (b)

Figura 85 – (a), (b) Fantasias e adereços hippies.

Seguindo os traços da psicodelia de antigamente até hoje, pessoas que estiveram

diretamente ligada ao surgimento da psicodelia ainda permanecem ativas são um

referencial a produção artística nestes 40 anos já passados.

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Um dos artistas gráficos precursores do poster psicodélico, Wes Wilson, faz na

Figura 86 um breve revival em 1997 ao redesenhar a tipografia Fillmore na forma de

alphabeto, acomodando as letras nas linhas curvas assim como por todo o espaço.

Figura 86 –Tipografia estilo “Fillmore” revisitada em 1997, por Wes Wilson.

No retrato de Timothy Leary, na Figura 87, defensor do LSD até o final de sua

vida, vemos grafismos intensamente coloridos sobre a figura de Leary, simbolizando as

áreas da música, os estudos da percepção humana e a morte, das quais desenvolveu durante

sua vida.

Figura 87 – Cartela de lsd com Timothy Leary, 2000.

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Na Figura 88, vemos a capa do álbum chamado “Technicolor” da banda de rock

psicodélico brasileiro nos anos 60 chamada “Os Mutantes”, mas que veio a lançar este

disco somente 30 anos depois à sua gravação. A relação do trabalho gráfico para com o

nome do álbum, Technicolor – denominação de um sistema à cores para os aparelhos

televisores surgido nos anos 70, é evidente pelo destaque a aplicação de cores através das

pinceladas, percebe-se além, partes levemente desfocadas, sensível a uma caracterização

esfumaçada das formas. A autoria é de Sean Lennon, filho de John Lennon e Yoko Ono,

constatando-se praticamente o caminhar da psicodelia por uma segunda geração de artistas

gráficos.

Figura 88 – Capa produzida por Sean Lennon, 2003.

O poster apresentado na Figura 89 é observado em um meio diferente como ao de

costume, isto é, impresso no papel. Esta divulgação da reunião em 2005 do grupo de rock

psicodélico surgido em 1967 é na verdade um poster psicodélico adaptado para o meio

digital, onde é possível a sua visualização através de um monitor de computador.

Figura 89 – Cream at Royal Albert Hall, Reunion Poster, 2005.

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Havendo analisado exemplos de como se comportam os precursores da psicodelia

até os dias de hoje, como é que podemos reconhecer então uma nova leitura da psicodelia

buscando novos significados além dos já conhecidos?

6.1 QUE É A PSICODELIA ATUALMENTE?

A leitura da psicodelia nos dias de hoje passa por novos meios causando um efeito

multiplicador pela sobreposição das mídias, como exemplo da revista, outdoor, televisão,

cinema, internet, capaz de estabelecer uma conexão contínua de recepção para com o seu

público.

No cinema, a partir do filme Matrix (1999), considerado um marco pelos recursos

gráficos futuristas, podemos inferir traços de uma contextualização psicodélica ao que se

associa o uso de substâncias químicas.

A trama do filme é dada por uma guerra entre as máquina versus o homem sendo

ambientada em 2 mundos paralelos: o virtual, onde seres humanos tem vidas normais

dentro de um programa de computador chamado Matrix, mas são controlados pelas

máquinas; e o mundo real, onde seres humanos são livres e vivem em um universo pós-

apocalíptico, mas são perseguidos pelas máquina opressoras que querem escravizar a

humanidade.

O herói da história, ou melhor, “O escolhido”, que deverá libertar a humanidade é

um ser humano normal que trabalha com jogos de computador, chamado Neo, que vive

sem saber dentro da Matrix. Suas inquietações existenciais o leva até um grupo de

revolucionários. No diálogo extraído, Morpheus – o líder revolucionário oferece a “pílula

da verdade” para Neo, fazendo inclusive uma clara referência ao mundo paralelo dos

sonhos da história de Alice no País das Maravilhas.

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“O quão fundo vai o buraco do coelho?”

Escrito por Andy Wachowski e Larry Wachowski (1999):

– Morpheus: Eu imagino que agora mesmo você esteja sentindo-se um pouco como Alice. Caindo

abaixo no buraco do coelho?

– Neo: Você pode dizer isso.

– Morpheus: Eu posso ver nos seus olhos. Você tem o olhar de um homem que aceita o que vê

porque está aguardando o acordar. Ironicamente, isso não está longe da verdade. Você acredita em

destino, Neo?

– Neo: Não

– Morpheus: Porque não?

– Neo: Porque eu não gosto da idéia de que eu não esteja com controle da minha vida.

– Morpheus: Eu sei exatamente o que quer dizer. Deixe-me dizer porque você está aqui. Você está

aqui porque você sabe algo. O que você sabe, você não consegue explicar. Mas você sente. Você

sentiu em toda sua vida. De que alguma coisa está errada no mundo. Você não sabe o que é, mas

está lá. Como um divisor na sua mente – dirigindo-o à loucura. É este sentimento que trouxe você

até mim. Você sabe do que estou falando?

– Neo: A Matrix?

– Morpheus: Você quer saber o que é?

(Neo acena com a cabeça)

– Morpheus: A Matrix está em todo lugar, está em volta de todos nós. Até agora, neste

mesmo recinto. Você pode ver-o quando olha pela sua janela, ou quando você liga a sua tv.

Você pode sentir-o quando vai ao trabalho, ou quando vai à igreja ou quando você paga

suas taxas. É este o mundo mostra-se á sua frente sobre os seus olhos para cegar você da

verdade?

– Neo: Qual verdade?

– Morpheus: De que você é um escravo, Neo. Como qualquer um, você nasceu por

obrigação, nascido dentro de uma prisão que não pode cheirar, provar ou tocar. A prisão da

sua mente. (longa pausa) Infortunadamente, ninguém pode ser avisado o que a Matrix é.

Você precisa ver por si mesmo. Esta é a sua última chance. Depois disso, não há mais

volta. (Na mão esquerda, Morpheus mostra a pílula azul – Figura 90)

Figura 90 – Cena do filme Matrix.

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90

– Morpheus: Você pega a pílula azul e a história termina. Você acorda na sua cama e acredita em

qualquer coisa que quiser acreditar. (A pílula vermelha é mostrada na outra mão). Você pega a

pílula vermelha e você permanece em Wonderland (Terra da Imaginação ou País das Maravilhas) e

eu mostro o quão fundo o buraco de coelho vai. (Figura 91)

Figura 91 – Cena do filme Matrix.

(Grande pausa; Neo começa a alcançar a pílula vermelha)

– Morpheus: Lembre-se, tudo o que estou oferecendo é a verdade, nada mais.

(Neo pega a pílula vermelha e engole com um copo de água, na Figura 92).

Figura 92 – Cena do filme Matrix.

Este dialógo faz referência ao “mito da caverna” segundo o que o grande filósofo

Platão. A questão proposta no diálogo pode ser comparada ao “Mito da Caverna” descrita pelo

grande filósofo Platão, onde a aceitação de Neo para desvendar a “verdade” implica na

negação de tudo o que antes ele entendia como sendo a “verdade”.

Saindo da obra de ficção para o mundo em que vivemos, a busca de uma outra

realidade é também um dos principais motivos pelos quais as pessoas usam drogas ilegais. As

drogas sintéticas são um avanço da tecnologia, e da mesma forma, é responsável pelo

aparecimento de novas drogas. O ecstasy, como vemos na Figura 93, é apontada como a droga

mais utilizada atualmente e é considerada de grande risco para a saúde do indivíduo.

Page 91: O Psicodelismo No Design Grafico - Fabricio Grisolia Torres - Senac 2005

91

Figura 93 – Pílula de ecstasy, 2005.

O princípio ativo é causado pela substância MDMA, ou 3,4-

Methylenedioxymethamphetamine, conhecida incialmente como “empathy”, isto é,

empatia, associada à sensação de compreender e aceitar os outras pessoas. produz um

estado de “euforia relaxada”. Seu uso foi dado inicialmente como ferramenta terapêutica,

causa efeitos intensos de alteração de percepção, aceleração dos batimentos cardiacos e

aquecimento corporal, e característicos aos tratamentos anti-depressivos, podendo causar

sensações de alegria. As alucinações, quando observadas, são bastante parecidas com as

provocadas pela molécula da mescalina, iniciando-se com alucinações visuais em preto e

branco e logo mais se tornando coloridas, com alteração da percepção, confusão,

despersonalização e sensação de flutuação e leveza. (Psicotropicus Homepage, 2004)

Apesar das semelhanças dos efeitos para com outras drogas, o ecstasy não se revela

como responsável por uma atitude gráfica assim como o LSD foi, no entanto, sua

incidência é recorrente em uma nova cultura da modernidade. Apontada como tendência de

ruptura, a cultura da música eletrônica desponta com o que há de mais moderno e

inovador. Não é comum a composição de letras nestas músicas ou participação de músicos

com seus instrumentos. A música segue entre seqüências pré-gravadas, trechos ou

fragmentos de diálogos de filmes, intervenções sonoras de timbres “eletrônicos”, assim

como um toque de telefone celular, batidas rítmicas marcantes, sendo toda essa variedade

organizada e executada pelo o que se chama dj, o disc-jóquei. A música eletrônica traz

uma variedade de estilos próprios como o psytrance (sendo o psy relativo ao psychedelic),

techno, chill out, entre outros, mas que foi responsável também pela inserção do dj nos

estilos musicais já existentes.

Page 92: O Psicodelismo No Design Grafico - Fabricio Grisolia Torres - Senac 2005

92

Nas Figuras 94(a) e (b) vemos djs em ação comandando seus instrumentos, os

chamados pick-ups, o que seria ao equivalente ao toca-disco de antigamente, como se vê na

Figura 94(c).

Figura 94 – (a) Dj em performance frente ao público, 2003.

(b) Iluminação laser de cor verde atrás do dj, 2001.

(c) Pick-ups utilizados pelos Dj´s, 2003.

A cultura eletrônica é um fenômeno da atualidade que conta com a presença

principalmente de jovens, caracterizados pela diversidade de estilos em um espaço único onde

percebe-se traços hippies como pela convivência pacífica, contato com a natureza, liberdade

sexual, como observa-se nas Figuras 95(a) e (b).

Figura 95 – (a) Foto de mulher com trajes de influências hippies, 2004.

(b) Público participante do evento, 2003.

As festas que chegam a durar 3 dias, assim como os festivais da década de 60, hoje são

chamadas de raves, acontecem em clubes noturnos, ou boates, como vemos na Figura 96(a),

96(c) e também ao ar livre como Figura 96(b), 96(d).

Page 93: O Psicodelismo No Design Grafico - Fabricio Grisolia Torres - Senac 2005

93

(a) (b)

Figura 96 – (a) Iluminação laser e de cores diversas em casa noturna ou boate, locais característicos da

música eletrônica nos grandes centros urbanos, 1999. (b) Ao ar livre e durante a luz do dia a festa também

acontece e seu público se concentra em grupos, 2003.

(c) (d)

Figura 96 – (c) Foto do palco com dj´s tocando, tendo ao fundo a projeção psicodélica de imagens

caleidoscópicas, 2002. (d) Fotografia frontal do palco, o estilo psicodélico é percebido na decoração que

utiliza-se de cores néon florescentes em forma de espiral. A vista do espaço ao ar livre da festa em meio as

árvores, em contato com a natureza, 2005.

Este público identifica-se com a utilização de luzes fluorescentes para diversas

atividades, como vemos pelos malabares que brilham no escuro, como vemos nas Figuras

97(a) e (b) e formam interessantes formas visuais que destacam a percepção do público.

(a) (b)

Figura 97 – (a) Malabres de cor verde, 2003. (b) Mulher com malabares amarelos, 2003.

Page 94: O Psicodelismo No Design Grafico - Fabricio Grisolia Torres - Senac 2005

94

As projeções são também utilizadas e exercem um papel semelhante às projeções

psicodélicas dos anos 60, mas que atualmente, diferenciam-se pela maior interatividade da

pessoa que realiza estas projeções, sendo conhecido atualmente por vj, de vídeo-jóquei,

denominado assim como o dj. Os vj´s acrescentam dinamismo ao proporcionar cenários

para o dançante público interagindo projeções visuais com a música, que variam entre

figuras psicodélicas, como nos exemplos das Figuras 98 (a) e (b), e como diferencial

proporcionado pela tecnologia podem realizar performances em meio ao público captando

e incorporando imagens ao vivo do público no telão, permitindo um maior nível de

interação do público com o ambiente, como vemos nas Figuras 98(c) e (d).

(a) (b)

Figura 98 – (a) Fotografia de projeção atrás de dj, 2004.

(b) Fotografia de casa noturnas com diversos telões, 2004.

(a) (b)

Figura 98 – (c) Fotografia de performance de vj mostrando-se o próprio público, 2003.

(d) Fotografia de performance de vj mostrando-se o próprio público, 2003.

Page 95: O Psicodelismo No Design Grafico - Fabricio Grisolia Torres - Senac 2005

95

Analisando através de duas peças de divulgação de eventos de música eletrônica, os

meios utilizados atingem seu público geralmente através das filipetas e de e-mails (correio

eletrônico) através da internet. Na Figura 99, o flyer apresenta o símbolo referente a figura

da cabeça de um alienígena com dois grandes olhos junto à chamada P.S.Y.T.R.A.N.C.E.,

escrita em letras no estilo digital – relativo os computadores; marca a fusão de estilos da

música eletrônica, o psy – da abreviação de psychedelic, junto ao trance. No centro vê-se a

figura de um deus indiano, repleto de ornamentações que estimulam uma ambientação

transcendental junto as letras de estilo oriental, assim como é encontrado em posters

psicodélicos dos anos 60.

Figura 99 – Flyer da festa psytrance com imagem de um deus indiano, 2003.

Figura 100 – E-mail inspirado em um formato poster psicodélico, 2005.

Na Figura 100 vemos um e-mail de divulgação onde observa-se a moldura ornamentada

semelhante ao estilo Art Nouveau e uso de tipografias distorcidas, onde percebemos a forte

inspiração para com o poster psicodélico.

Saindo da música eletrônica e voltando nosso olhar de volta ao poster psicodélico,

encontramos novas tendências incorporadas que confirmam esta mídia como um espaço

como livre para as criações gráficas e associação as diferentes áreas de expressões.

Page 96: O Psicodelismo No Design Grafico - Fabricio Grisolia Torres - Senac 2005

96

No poster psicodélico de divulgação de um show de rock apresentado pela Figura

101, passamos pelo estilo de quadrinhos eróticos na ilustração, assim como pela

objetividade do movimento punk nos anos 80 pelo lema “faça você mesmo” dado o uso de

apenas duas cores.

Figura 101 – Justin Hampton, poster, 2005.

No poster psicodélico da peça de teatro apresentado pela Figura 102, a colagem de

fragmentos mistura formas orgânicas à seleção de figuras femininas que remete ao gênero

pop dos 60, além de ser observada uma atitude na tipografia pela exacerbação de

elementos gráficos e ornamentos sobre o texto.

Figura 102 – M/M Paris, Marion de Lome, Theater poster, 1999.

Page 97: O Psicodelismo No Design Grafico - Fabricio Grisolia Torres - Senac 2005

97

As Figuras 103(a) e (b) são pertencentes ao cenário das artes contemporâneas,

produzidas em suporte de tela plana por meio da técnica de pintura à óleo em tela. Os

elementos gráficos psicodélicos são percebidos pela mistura e repetição de pontos,

círculos, espirais, rosáceas, ondas, quem formam figuras orgânicas e caleidoscópicas, e uso

de cores vibrantes semelhantes às cores fluorescentes que brilham no escuro.

(a) (b)

Figura 103 - (a) Beatriz Milhazes, Tempo-de-Ver, pintura, 1999.

(b) Beatriz Milhazes, O Popular, pintura,1999.

Na Figura 104, o “Sofá Sushi” é composto por tecidos enrolados coloridos que

formam círculos multi-coloridos de aparência a uma fatia de “rocambole”, ou, mais

precisamente como denominado, um sushi, expressando-se psicodelicamente através do

impacto visual causado pela repetição inúmeros círculos coloridos sobrepostos que

ocupam toda superfície do móvel.

Figura 104 – Estúdio Campana, Sofá Sushi, 2002.

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98

A comunicação entre as mídias nos dias hoje passa necessariamente sob a ótica da

tecnologia quanto a introdução de novos meios sobre a manipulação e criação de imagens para

o que conhecemos hoje pela “era do digital”. A principal diferença do digital para outros tipos

de produção consiste principalmente pela utilização da tecnologia como uma poderosa

ferramenta, que permite muitas vezes algo semelhante ao que acontece com os djs, isto é, o

aproveitamento de imagens dada a facilidade para alteração, a ausência de uma matriz dada a

facilidade da cópia, o processo de aplicação de cores, o processamento, entre outras diversas

funções que acabam por refletir em uma mudança no ritmo de produção e propicia o

aparecimento de novas tendências vista a geração de imagens hoje somente possíveis através

do computador.

O fenômeno científico sob forma gráfica conhecida como Fractal “é uma

combinação da geometria fractal misturada à arte com matemática, vindo para mostrar que

a matemática não é uma simples coleção de números” (University of Maryland, 2005). A

sua produção se dá com a utilização de supercomputadores, que processam as equações

matemáticas gerando complexas imagens que produzem um interessantíssimo aspecto

visual, como observamos nas Figuras 105(a, b, c). Estas figuras são resultados de equações

matemáticas complexas e infinitas, traduzidas pelo computador através destas imagens,

que igualmente, representam o infinito. A estimulação psicodélica é atingida mediante a

atenção do observador sobre esta fascinante variedade de formas e cores.

Figura 105 – (a) Fractal, poster, 2000.

Page 99: O Psicodelismo No Design Grafico - Fabricio Grisolia Torres - Senac 2005

99

Figura 105 – (b) Brian Exton, Land of Psychedelic Illuminations, 2005.

Figura 105 – (c) Fractal impresso em cartela de ácido, 2001.

Os questionamentos da atualidade chegam a discutir sob o ponto de vista que é

executada pela máquina e não o homem, não concluindo ainda a presente polêmica que

permanece em busca de experimentações por estes artistas da contemporaneidade. O

processo de criação nos dias atuais passa por constantes reformulações na maneira como a

cultura e a sociedade de consumo vem sendo pensada e produzida. O que nos mostra uma

tendência de conceber a comunicação atual como sendo resultado de várias escolas e técnicas

usadas em diferentes momentos da história. A utilização de uma estética para divulgação de

um produto é um recurso importante para estabelecimento de uma comunicação para com

o público a que se dirige, podendo-se assim transmitir uma mensagem. Além disso,

verifica-se na tecnologia um elemento fundamental nas relações dos indivíduos em favor da

imediatez da comunicação e profusão de informações.

A nova geração de ilustradores ou artistas gráficos utilizam ferramentas gráficas

digitais proporcionando a manipulação da imagem de maneira intuitiva. A Figura 106 é

uma composição sobre fotografia que indica figurativamente uma percepção psicodélica

comparada à verdadeira forma da fotografia original.

Figura 106 – Roald Blijleven, Psychedelice, 2004.

Page 100: O Psicodelismo No Design Grafico - Fabricio Grisolia Torres - Senac 2005

100

Veremos nas peças gráficas selecionadas da publicidade as influências do

psicodelismo presentes na atualidade. O cartão-postal publicitário apresentado nas Figuras

107(a) e (b), é inspirado pelas formas complexas e ornamentais criadas pelos fractais,

apresentando sob o título “Mind Games” o produto em uma espécie de fusão com as

formas dos fractais que gera uma estranha coloração como resultado.

Figura 107 – (a) Cartão de publicidade (frente), 2004.

Figura 107 – (b) Cartão de publicidade (verso).

O verso do cartão apresentado na Figura 107(b), explora a linguagem textual para

criação do apelo psicodélico em referência a Figura 107(a) através do texto:

[ MIND GAMES ]

*Jogos da mente

PSICODELIA, MANDALAS,

RITMOS HIPNÓTICOS. A TECNOLOGIA

SE UNE AOS RITUAIS ANCESTRAIS

NUMA EXPERIÊNCIA SENSORIAL QUE

AMPLIA OS ESTADOS DA PERCEPÇÃO.

A REALIDADE É SUBJETIVA

E TEM MÚLTIPLAS INTERPRETAÇÕES

SÃO EXPERIÊNCIAS PSÍQUICAS QUE

ACONTECEM DE FORMA INDIVIDUAL

OS JOGOS DA MENTE.

Page 101: O Psicodelismo No Design Grafico - Fabricio Grisolia Torres - Senac 2005

101

A seguir, iremos analisar campanhas publicitárias das Sandálias Havaianas que vem

utilizando-se sucessivamente da estética psicodélica para apresentação do produto nos

últimos anos. Na Figura 108, vemos uma peça publicitária, onde na forma de tatuagem

constata-se a tipografia distorcida e de preenchimento da superfície da perna.

Figura 108 – Peça gráfica, campanha Havaianas, 2002.

Na peça apresentada pela Figura 109 é criada a representação dos pés como se fossem

pessoas através de uma pintura sobre os pés envolto de coloridas camadas que expressam

as sensações de forma a atingir um clima psicodélico com a transição das cores.

Figura 109 – Peça gráfica, campanha Havaianas, 2003.

Page 102: O Psicodelismo No Design Grafico - Fabricio Grisolia Torres - Senac 2005

102

Na Figura 110(a, b, c) a peça Havaianas Flash apresenta motivos psicodélicos

através de uma padronagem criada pela repetição de elementos e vibração das cores. A

idéia ligada ao uso da sandália com a estética psicodélica está na relação de transmutação

do indivíduo ao ambiente, chamando a atenção para os pés, assim como o termo flash está

para brilhar. O flash, fazendo alusão à fotografia, caracteriza-se por uma percepção

estimulada pelo brilho, luz, percepção estimulada pelo efeito “estrobo” (estroboscópico).

Sob a ótica da moda, esta sensibilização do flash, devido a sua rapidez e efemeridade, é

captada pelo “momento”.

(a)

(b)

(c)

Figura 110 – (a, b,c) Peças gráficas, campanha Havaianas, 2004.

Page 103: O Psicodelismo No Design Grafico - Fabricio Grisolia Torres - Senac 2005

103

Nas Figuras 111 (a, b) as peças mostram ilustrações com traços e ambientações

psicodélicas dadas pelos temas ligados as culturas dos jovens como o surf, a beleza

feminina, a natureza, as flores, o sol, entre outros motivos.

Figura 111 – (a, b) Peça gráfica, campanha Havaianas, 2005.

Notamos a mesma influência na ilustração para esta peça apresentada na Figura

112, o público jovem e praticante de esportes radicais neste anúncio do automóvel, onde

uma onda psicodélica sai do bagageiro.

Figura 112 – Peça gráfica, campanha Chevrolet, 2005.

Page 104: O Psicodelismo No Design Grafico - Fabricio Grisolia Torres - Senac 2005

104

A tipografia psicodélica é marcante como principal ênfase na comunicação nas

peças seguintes. Na Figura 113, a marca de cartões de crédito Mastercard, voltado ao

público de maior status econômico, desenvolveu um logotipo psicodélico para a Promoção

Sossego Total, usando tipos distorcidos e motivos florais para uma associação sinestésica

do alegre e relaxante para o conceito de sossego total.

Figura 113 – Logotipo impresso, campanha Sossego Total MasterCard, 2004.

Na Figura 114, a peça publicitária da Escola de idiomas Cultura Inglesa, utiliza

todo o espaço gráfico para preenchimento da tipografias distorcidas psicodélicas, exigindo

um esforço maior de leitura para compreensão da mensagem.

Figura 114 – Peça gráfica, campanha Cultura Inglesa, 2005.

Page 105: O Psicodelismo No Design Grafico - Fabricio Grisolia Torres - Senac 2005

105

Na Figura 115(a, b), o cartão-postal publicitário das Faculdades Senac utiliza-se de

um recurso óptico-cinético com recurso 3-D, isto é, de visualização em 3 dimensões,

permitindo a visualização através de um óculos especial para mostrar o conteúdo da

mensagem, além da estética que inspira-se na Op Art pelas formas geométricas de

estimulação sensorial que atraem a visão para o centro da figura.

Figura 115 – (a) Cartão de publicidade Senac (frente), 2004.

O encaixe semântico com o texto se dá pela leitura no verso do cartão, apresentada

pela Figura 115(b):

Figura 115 (b) – Cartão de publicidade Senac (Verso).

Através das frases “Olhe para a frente” e “As coisas acontecem quando você se

mexe”, apesar de não serem caracterizadas pela mesma estética anterior, são coerentes por

estimular o observador a mexer a imagem frontal para descobrir a mensagem.

Page 106: O Psicodelismo No Design Grafico - Fabricio Grisolia Torres - Senac 2005

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Observando a psicodelia presente nas peças publicitárias apresentadas como

fenômeno no apelo de consumo, verifica-se à volta de tendências através da aplicação

desta forma gráfica junto à presença de motivos gráficos relativos ao estilo Pop dos anos

60 e 70, como os visto nos temas do oriente, hippie, tipografias distorcidas e uso de cores.

O diferencial encontrado nesta psicodelia atual está para a contribuição gráfica pela cultura

da música eletrônica através do brilho fluorescente das cores e formas que assemelham-se

aos raios lasers e do aumento da complexidade na composição de elementos gráficos como

observadas no fenômeno dos fractais, gerados pela intermediação dos computadores.

Encerramos a apresentação de exemplos selecionados para identificação da

psicodelia na contemporaneidade, constatando a influência desta linguagem gráfica nas

diversas áreas de expressão culturais e da comunicação, estabelece uma conexão contínua

do indivíduo por meio da sobreposição de mídias que é exposto no seu dia-a-dia.

Page 107: O Psicodelismo No Design Grafico - Fabricio Grisolia Torres - Senac 2005

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7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A erupção do movimento psicodélico foi nestes 40 anos absorvida como um

código, utilizado atualmente para explorar ou estimular um jogo perceptivo já praticado,

adquirido, e consumado como "estilo" e "padrão" pela cultura contemporânea.

Vale a pena mencionar que os avanços tecnológicos tanto na produção de imagens

como de sons, simultânea e aleatóriamente, forneceram recursos adequados para manter

significativa e expressiva a experimentação em suportes distintos (foto, vídeo, músicais,

pintura, propaganda impressa, outdoor, etc) do que hoje estimula a percepção do homem

/indivíduo contemporâneo. Desta maneira, nota-se nos elementos visuais da atual

psicodelia um caracterização do brilho luminoso relativo ao raio laser, acrescida por uma

complexidade na composição visual dada pela característica do fractal.

O olhar do indivíduo está direcionado a uma "multi-percepção" pela leitura das

mídias que se sobrepõem, perpentuando-se o estímulo com a premissa de desenvolver o

receptor, e preparando-o para ser submetido a algo cada vez mais novo. O que pode ser

percebido pelo indivíduo pela estimulação do super, hiper, exacerbado capaz de elevar-lo a

um outro nível ligado à sua dimensão estética. O desgaste ligado ao uso destes instintos,

exigem da necessidade de atrair o observador para outra ‘órbita’, ou ciclo.

A intenção da psicodelia demonstra ser portanto atingir o máximo de estimulação

possível, marcada pelo excesso de elementos visuais, sonoros nas mídias que se

complementam, aumentando a incidência desta estimulação pela quantidade assim como

pela velocidade marcada por uma fração de segundo, capazes de atingir a princípio e

principalmente os sentidos, para depois ser passível de uma interpretação compreensível ao

indivíduo.

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8. POSSÍVEIS DESDOBRAMENTOS

Baseado no resultado deste trabalho de traçar desde a origem até a atualidade do

psicodelismo no design gráfico; proponho iniciar uma inédita pesquisa sobre cartazes,

posters, panfletos, ilustrações, anúncios, entre outros; de divulgação de shows ou festivais

de música brasileira, principalmente o rock, para uma analise sobre a psicodelia brasileira

no design gráfico, no período das décadas de 1960, 70 e 80.

Agradeço a sua colaboração e contato:

Fabricio Grisolia Torres

Fone: 55 – 19 – 9113 – 7032

Contato: [email protected]

Page 109: O Psicodelismo No Design Grafico - Fabricio Grisolia Torres - Senac 2005

109

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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www.erowid.com

www-groups.dcs.st-and.ac.uk/~history/Mathematicians/Fibonacci.html

http://archive.ncsa.uiuc.edu/Edu/Fractal/Fractal_Home.html

www.maps.org

www2.uol.com.br/tropicalia

www.senhorf.com.br

www.haightstreetfair.org

www.umbc.edu/sss/sss_mathsci.htm

hwww.dafont.com/bad-acid.font - fonte utilizada no título: badacid

Page 113: O Psicodelismo No Design Grafico - Fabricio Grisolia Torres - Senac 2005

113

11. VÍDEO-DOCUMENTÁRIO DE CONSULTA

ALICE in Wonderland. Direção Clyde Geronimi, Wilfred Jackson, Hamilton Luske.

Estados Unidos, 1951. Produção: Walt Disney. DVD (74min), son., colorido

(Technicolor). Legendado em português.

DURVAL Discos. Direção Anna Muylaert, Brasil, 2002. Produção: Africa Filmes,

Dezenove Som e Imagem, Pic TV. DVD (96min), son., colorido. Português.

M – O Vampiro de Dusseldorf. Direção Fritz Lang. Alemanha, 1931. Produção: Seymour

Nebenzal. DVD (105min), son., preto e branco. Legendado em português.

MATRIX, The. Direção: Andy Wachowski, Larry Wachowski. Estados Unidos, 1999.

Produção: Warner Brothers. DVD (136min), son., colorido. Legendado em português.

VERTIGO. Direção Alfred Hitchcock. Estados Unidos, 1958. Produção: Paramount

Pictures. DVD (128min), son., colorido (Technicolor). Legendado em português.

Page 114: O Psicodelismo No Design Grafico - Fabricio Grisolia Torres - Senac 2005

114

12. LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Second Atomic Bomb Test at Bikini Lagoon, Baker Day, 24 July 1946 (Atomic

Bomb Collection, Box 8, Photo #218172-023-2). nmhm.washingtondc.museum – 1995.

Figura 2 – (a) Robert Altman, Haight e Ashbury, 1968. www.altmanphoto.com – 2005.

Figura 2 – (b) Robert Altman, Hippies on Kombi, 1969. www.altmanphoto.com – 2005.

Figura 3 – (a) Grateful Dead, Youngjay, 1966. images.jambase.com/bands – 2005.

Figura 3 – (b) Robert Altman, GG Park, 1967. www.altmanphoto.com – 2005.

Figura 4 – (a) Baron Wolman, The Grateful Dead at 710 Ashbury Street 67, 1969.

www.dancingbear.dk/gdfiles/Timeline.htm – 2005.

Figura 4 – (b) Baron Wolman, Fachada colorida de casa na rua Haight, 1968.

www.dancingbear.dk/gdfiles/Timeline.htm – 2005.

Figura 5 – Não creditdo, imagem caleidoscópica – 2005.

Figura 6 – Capa de livro, As portas da percepção. Editora Harper Collins, New York,

1954.

Figura 7 – Não creditado, In through the looking glass, cartela de LSD, 1966.

www.blotterart.net – 2005.

Figura 8 – Norman Hartwerg, Can You Pass the Acid Test? Poster serigrafia (40,64 x

49,53 cm), 1966. www.wolfgangsvault.com – 2005.

Figura 9 – Mark DeVries / foto por Paul Kagan, The City of San Francisco Oracle, capa

tablóide (29,21 x 38,1 cm), Oracle Co-operative Pub, San Francisco, E.U.A., 1967.

www.wolfgangsvault.com – 2005.

Figura 10 – (a) Fotografia, Reginald executa projeção psicodélica no show do Grateful

Dead, 1966. www.pooterland.com – 1999 - 2005.

Figura 10 – (b) Robert Altman, Visual Psicodélico no show da banda Jefferson Airplane,

1967. www.altmanphoto.com – 2005.

Figura 11 – (a) Android Light Show, grupo de iluminadores psicodélicos, 1969.

Marseilles, França. www.pooterland.com – 1999-2005.

Figura 11 – (b) J. Sonderegger, Liquids, projeção, 1967. www.lightshow.cc – 2002.

Page 115: O Psicodelismo No Design Grafico - Fabricio Grisolia Torres - Senac 2005

115

Figura 12 – Stanley Mouse e Alton Kelley, Bo Diddley, Sons of Adam, Little Walter at

Longshoremans Hall (San Francisco, CA), poster serigrafia (35,71 x 49,37 cm), 1966.

www.wolfgangsvault.com – 2005.

Figura 13 – Wes Wilson, Grateful Dead, James Cotton Blues Band, Lothar & the Hand

People, poster serigrafia (34,13 x 53,81 cm), 1966. www.wolfgangsvault.com – 2005.

Figura 14 – (a) George Dunning, Yellow Submarine, poster serigrafia (70 x 100 cm), 1966.

www.wolfgangsvault.com – 2005.

Figura 14 – (b) MC Productions & The Apple, The Beatles – Sgt. Peppers Lonely Hearts

Club Band, capa de álbum, Gravadora Apple, Londres, Inglaterra, 1967.

Figura 15 – Hapshash e The Coloured Coat, Hapshash e The Coloured Coat, fotografia,

1968. www.wolfgangsvault.com – 2005.

Figura 16 – Patrick Ward, fotografia para a Observer Magazine. 1967.

www.wolfgangsvault.com – 2005.

Figura 17 – (a) Autoria do governo Americano, O que você deve saber sobre drogas e

narcóticos, panfleto, 1969. www.lysergia.com/FeedYourHead – 2005.

Figura 17 – (b) Autoria do governo Americano, LSD – algumas perguntas e respostas,

panfleto, 1969. www.lysergia.com/FeedYourHead – 2005.

Figura 18 – Gene Anthony, Concerto do Grateful Dead ao ar livre na esquina das ruas

Haight e Ashbury, fotografia, 1969. www.wolfgangsvault.com – 2005.

Figura 19 – (a) Gene Anthony, Trips Festival Longshoreman's Hall (San Francisco, CA),

fotografia, 1969. www.wolfgangsvault.com – 2005.

Figura 19 – (b) Android Light Show, grupo de iluminadores psicodélicos, fotografia, 1969.

Marseilles, França. www.pooterland.com – 1999-2005.

Figura 19 – (c) Anúncio de projetor para utilização em light shows, impresso, 1969.

www.pooterland.com – 1999-2005.

Figura 20 – (a) Autor desconhecido, Público hippie em festival de música, fotografia,

1969. Photo Researches Inc., Nova York, E.U.A. – 2005.

Figura 20 – (b) Arnold Skolnicka, Woodstock – 3 Days of Peace and Music, poster

serigrafia (62 x 46 cm), Nova York, E.U.A. 1969. www.wolfgangsvault.com – 2005.

Page 116: O Psicodelismo No Design Grafico - Fabricio Grisolia Torres - Senac 2005

116

Figura 21 – (a) Gerald Holtom, Logo CND / Campanha do Desarmamento Nuclear, 1958.

www.cnduk.org/INFORM~1/symbol.htm – 2005.

Figura 21 – (b) Não creditado, Peace/Love poster, serigrafia (58,42 x 87,63 cm), 196?.

www.wolfgangsvault.com – 2005.

Figura 21 – (c) Thomas J. Meenach III, John & Yoko bed-in, fotografia, 1969.

Figura 22 – (a) Capa de livro, Woodstock Nation: A Talk-Rock Album. Editora Random

House, Nova York, E.U.A. 1969.

Figura 22 – (b) Arte gráfica não creditada, Hair – The American Tribal Love Rock Musical

(1968 Original Broadway Cast), capa de álbum, gravadora RCA, 1968. Nova York,

Figura 22 – (c) Capa de livro, Psychedelic Art. Editora Grove Press. Nova York, 1968.

Figura 22 – (d) Foto não creditada, guitarra sobre um tecido pintado ao estilo tye-dye,

fotografia. www.pooterland.com – 1999-2005.

Figura 22 – (e) Hapshash e The Coloured Coat, Hapshash e The Coloured Coat, fotografia,

1967. www.wolfgangsvault.com – 2005.

Figura 22 – (f) Gene Anthony, Psychedelic Lady, fotografia, 1967.

www.wolfgangsvault.com – 2005.

Figura 23 – (a) Arte gráfica não creditada, Gal e Caetano Veloso – “Domingo”, capa do

álbum, gravadora Phillips, São Paulo, Brasil, 1966.

Figura 23 – (b) Rogério Duarte, Caetano Veloso – Caetano Veloso, capa de álbum,

gravadora Phillips, São Paulo, Brasil, 1967.

Figura 24 – (a) Rogério Duarte, Gilberto Gil – Gilberto Gil, capa de álbum, gravadora

Phillips, São Paulo, Brasil, 1968.

Figura 24 – (b) Arte gráfica não creditada, Gal Costa – Gal Costa, capa de álbum,

gravadora Phillips, São Paulo, Brasil, 1969.

Figura 25 – Rogério Duarte, Deus e o Diabo na Terra do Sol, cartaz serigrafia, São Paulo,

Brasil, 1968.

Figura 26 – Carlos Perrone e Amanda Oliveira, Psi, 2004.

Page 117: O Psicodelismo No Design Grafico - Fabricio Grisolia Torres - Senac 2005

117

Figura 27 – Vera Korableva, "Idi, tovarishch, k nam v kolkhoz!" (Venha, camarada, ajude-

nos na fazenda coletiva!), cartaz litogravura, 1930. http://ist-

socrates.berkeley.edu/~vbonnell/posters.htm – 2005.

Figura 28 – Koloman Moser, Secession V, poster litogravura (45,72 x 60,96 cm), 1899.

Figura 29 – (a) Arte gráfica não creditada, Gene Tunney's and Tom Heeney's Boxing

Poster, 1926.

Figura 29 – (b) Arte gráfica não creditada, Sam Cooke, Otis Redding at Paramount

Theatre, poster litogravura, 1963. www.wolfgangsvault.com – 2005.

Figura 30 – Arte gráfica não creditada, poster, 1964. www.wolfgangsvault.com – 2005.

Figura 31 – (a) Arte gráfica não creditada, cartaz de circo. 1938.

Figura 31 – (b) George Hunter e Mike Ferguson, The Amazing Charlatans, poster

serigrafia (50,8 x 60,96 cm), 1965. www.wolfgangsvault.com – 2005.

Figura 32 – (a) Stanley Mouse, Alton Kelley, Jim Kweskin Jug Band, Big Brother & the

Holding Company, Electric Train at Avalon Ballroom, poster serigrafia (36,03 x 50,64

cm), 1966. www.wolfgangsvault.com – 2005.

Figura 32 – (b) Alphonse Mucha, Job, poster litogravura (59 x 173 cm), 1896. Coleção

Privada.

Figura 33 – The Love Conspiracy Commune presents, poster serigrafia (35,56 x 50,8 cm),

1967. www.wolfgangsvault.com – 2005.

Figura 34 – Wes Wilson, Jefferson Airplane, Great Society, Heavenly Blues Band at

Fillmore Auditorium (San Francisco, CA), poster serigrafia (35,56 x 50,8 cm), 1966.

www.wolfgangsvault.com – 2005.

Figura 35 – (a) Android Light Show, grupo de iluminadores psicodélicos, 1969.

Marseilles, França. www.pooterland.com – 1999-2005.

Figura 35 – (b) Verner Panton, Visiona II exhibition for Bayer, foto Marianne Panton,

instalação. Cologne, Alemanha, 1970. www.designmuseum.org/design/index.php?id=13 –

2005.

Figura 35 – (c) Wes Wilson, Jefferson Airplane, Grateful Dead at Fillmore, poster

serigrafia (34,40 x 50,95 cm), 1966. www.wolfgangsvault.com – 2005.

Figura 35 – (d) Terry Quirk, capa de álbum. Gravadora Repertoire, 1968.

Page 118: O Psicodelismo No Design Grafico - Fabricio Grisolia Torres - Senac 2005

118

Figura 36 – (a) Fotografia, decoração fim dos anos 60. Photo Researches Inc., Nova York

– 2005.

Figura 36 – (b) Wes Wilson, Quicksilver Messenger Service, Final Solution at Fillmore

Auditorium (San Francisco, CA), poster serigrafia (35,56 x 50,64 cm), 1966.

www.wolfgangsvault.com – 2005.

Figura 37 – (a) Ken Kesey and the Merry Pranksters, poster serigrafia (38,1 x 45,72 cm),

1965. www.wolfgangsvault.com – 2005.

Figura 37 – (b) Capa de revista americana, Front Page Detective, 1968.

www.lysergia.com/FeedYourHead – 2005.

Figura 37 – (c) Android Light Show, grupo de iluminadores psicodélicos, 1969.

Marseilles, França. www.pooterland.com – 1999-2005.

Figura 37 – (d) Android Light Show, grupo de iluminadores psicodélicos, 1969.

Marseilles, França. www.pooterland.com – 1999-2005.

Figura 38 – (a) Dahlgren, poster serigrafia (47,62 x 47,62 cm), 1968.

www.wolfgangsvault.com – 2005.

Figura 38 – (b) Hans Pokora, Record Collector Dreams, 2001. 1968.

Figura 38 – (c) John Cleveland, The 13th Floor Elevators – The Psychedelic Sounds of The

13th Floor Elevators, capa de álbum. Gravadora International Artists, 1966.

Figura 38 – (d) Hipgnosis, Pink Floyd – The Piper Gates of Down, capa de álbum.

Gravadora EMI, 1967.

Figura 39 – (a, b) Troy Corporation Manufacturers and Distributors of Activewear, Fabric,

and Fabric Remnants, and Embroidery and Sewing Supplies and Services, 2005.

www.troy-corp.com – 2005.

Figura 40 – (a) Escala Cromática. www.sapdesignguild.org/resources/glossary_color –

2005.

Figura 40 – (b) J. Sonderegger, Colors, projeção, 1967. www.lightshow.cc – 2002.

Figura 40 – (c) Lee Conklin, poster serigrafia (35,56 x 55,56 cm), 1968.

www.wolfgangsvault.com – 2005.

Figura 41 – (a) Cores Complementares Primárias.

www.sapdesignguild.org/resources/glossary_color – 2005.

Page 119: O Psicodelismo No Design Grafico - Fabricio Grisolia Torres - Senac 2005

119

Figura 41 – (b) Bob Masse, poster serigrafia (36,56 x 58,42 cm), 1967.

www.wolfgangsvault.com – 2005.

Figura 42 – (a) Wes Wilson, The Association, Quicksilver Messenger Service, Grass

Roots, Sopwith Camel at Fillmore , poster serigrafia (35,71 x 51,2 cm), 1966.

www.wolfgangsvault.com – 2005.

Figura 42 – (b) Victor Moscoso, Blue Cheer, Lee Michaels, Clifton Chenier at Avalon,

poster serigrafia (35,56 x 50,8 cm), 1967. www.wolfgangsvault.com – 2005.

Figura 43 – (a) Robert Crumb, Zap Comix, capa No.2, 1968. Viking Press, Nova York.

Figura 43 – (b) Rick Griffin e Victor Moscoso, Big Brother & the Holding Company,

Albert King, Pacific Gas & Electric at Shrine Exposition Hall, poster serigrafia (58,42 x

73,66 cm), 1968. www.wolfgangsvault.com – 2005.

Figura 44 – (a) Rick Griffin, capa do álbum, 1970.

Figura 44 – (b) Robert Crumb, capa do álbum, 1968.

Figura 45 – (a) Wes Wilson, poster serigrafia (35,56 x 55,56 cm), 1967.

www.wolfgangsvault.com – 2005.

Figura 45 – (b) San Andreas Fault, Siegal Schwall, Kaleidoscope, Savage Resurrection at

Avalon Ballroom, poster serigrafia (35,40 x 50,64 cm), 1968. www.wolfgangsvault.com –

2005.

Figura 46 – Não creditado, Chapeleiro Maluco, 1968. www.blotterart.net – 2005.

Figura 47 – (a) Roger Law, capa do álbum, 1967.

Figura 47 – (b) India Bazaar, Krishna. Samantha Harrison e Bari Kumar, 2003.

www.taschen.com – 2005.

Figura 48 – ‘The Fool’, The Apple Shop, 1967. www.wolfgangsvault.com – 2005.

Figura 49 – John Van Hamersveld, Jefferson Airplane, Charlie Musselwhite, Clear Light

at Shrine Exposition Hall, poster serigrafia (49 x 69 cm), 1968. www.wolfgangsvault.com

– 2005.

Figura 50 – (a) Alfredo Rostgaard, poster, 1968. www.wolfgangsvault.com – 2005.

Figura 50 – (b) Brighton Goodfellow, Big Brother & the Holding Company, The Human

Beings at The Ark (Salsalito, CA), poster, 1967. www.wolfgangsvault.com – 2005.

Page 120: O Psicodelismo No Design Grafico - Fabricio Grisolia Torres - Senac 2005

120

Figura 51 – Bill Olive, Who rolled Maryjane? Zigzag man Poster serigrafia ( 59 x 89 cm),

1969. www.wolfgangsvault.com – 2005.

Figura 52 – David Byrd, poster (22 x 53,34 cm), 1968. www.wolfgangsvault.com – 2005.

Figura 53 – David Singer, poster serigrafia (22 x 53,34 cm), 1970.

www.wolfgangsvault.com – 2005.

Figura 54 – (a) Fritzi Brusarius, fotografia, 1970.

http://members.fortunecity.com/babyboomer – 2005.

Figura 54 – (b) Wes Wilson, Jefferson Airplane, Butterfield Blues Band, Muddy Waters at

Fillmore, poster serigrafia (34,29 x 62,23 cm), 1966. www.wolfgangsvault.com – 2005.

Figura 55 – (a) Elena Serrano, Day of the Heroic Guerrilla, poster serigrafia (34.5 x 49.5

cm), 1968. www.iisg.nl/exhibitions/chairman/cub14.html

Figura 55 – (b) Lee Conklin, poster serigrafia (35,87 x 53,97 cm), 1968.

www.wolfgangsvault.com – 2005.

Figura 55 – (c) Victor Moscoso, Quicksilver Messenger Service, Mount Rushmore, Big

Brother & the Holding Company, Horns of Plenty at Avalon Ballroom, poster serigrafia

(35,56 x 51,42 cm), 1967. www.wolfgangsvault.com – 2005.

Figura 56 – Lee Conklin e Herb Greene, poster serigrafia (35,56 x 53,34 cm), 1969.

www.wolfgangsvault.com – 2005.

Figura 57 – (a) Robert Altman, Hendrix, fotografia, 1967. www.wolfgangsvault.com –

2005.

Figura 57 – (b) Martin Sharp, Exploding Hendrix, poster serigrafia (68,58 x 93,98 cm),

1968. www.wolfgangsvault.com – 2005.

Figura 58 – Folheto educativo sobre o LSD produzido pelo governo dos EUA, 1969.

Figura 59 – (a) Lawrence Schiller, LSD – various, capa de álbum. Gravadora Capitol,

1966.

Figura 59 – (b) Hipgonosis, poster, 1968. www.wolfgangsvault.com – 2005.

Figura 60 – Jud Yalkut, sem título, colagem, 1967.

Figura 61 – Capa da revista americana, Life, 1966. www.lysergia.com/FeedYourHead –

2005.

Page 121: O Psicodelismo No Design Grafico - Fabricio Grisolia Torres - Senac 2005

121

Figura 62 – Hapshash and the Coloured Coat, Zappa on the Crappa, poster serigrafia (61 x

86 cm), 1967. www.wolfgangsvault.com – 2005.

Figura 63 – (a) Android Light Show, grupo de iluminadores psicodélicos, 1969.

Marseilles, França. www.pooterland.com – 1999-2005.

Figura 63 – (b) Andy Warhol, Shot Orange Marilyn, serigrafia sobre tela (71 x 65 cm),

1964.

Figura 64 – (a) Martin Sharp, Cream – Disraeli Gears, capa de álbum. Gravadora BMG,

1967.

Figura 64 – (b) Peter Max, The Different Drummer, poster litogravura (60,96 x 91,44 cm),

1967. www.wolfgangsvault.com – 2005.

Figura 65 – Akiyoshi Kitaoka, Rotating snakes, 2004.

www.psy.ritsumei.ac.jp/~akitaoka/rotsnakee.html – 2004.

Figura 66 – (a) Victor Moscoso, Doors, Miller Blues Band, Haji Baba at Avalon Ballroom

(San Francisco, CA), poster serigrafia (35,40 x 50,8 cm), 1967. www.wolfgangsvault.com

– 2005.

Figura 66 – (b) Franco Grignani, Estruturação centrífugo-centrípeta, tela (96 x 96 cm),

1965. Milão, propriedade do autor.

Figura 67 – (a) Hapshash and the Coloured Coat, poster, 1967. www.wolfgangsvault.com

– 2005.

Figura 67 – (b) Android Light Show, grupo de iluminadores psicodélicos, 1969.

Marseilles, França. www.pooterland.com – 1999-2005.

Figura 68 – (a) Retângulo Áureo. www.physics.utoledo.edu – 2005.

Figura 68 – (b) Cena do filme, O Vampiro de Dusseldorf, 1931.

Figura 69 – (a) Saul Bass, poster, 1958.

Figura 69 – (b) Cena do filme, Vertigo, 1958.

Figura 70 – Peter Bailey, folheto serigrafia (16,51 x 23,97 cm), 1966.

www.wolfgangsvault.com – 2005.

Figura 71 – (a) Davide Boriani, Aposento estroboscópico, instalação, 1963-7. Roma,

Galleria Nazionale d’arte Moderna.

Page 122: O Psicodelismo No Design Grafico - Fabricio Grisolia Torres - Senac 2005

122

Figura 71 – (b) Jean Solari – Reflexo, fotografia e montagem. 1969.

www.pokst.hpg.ig.com.br/foto8.htm – 2005.

Figura 72 – (a) Android Light Show, grupo de iluminadores psicodélicos, 1969.

Marseilles, França. www.pooterland.com – 1999-2005.

Figura 72 – (b) Lisa N. Cavender, capa de álbum, 1969.

Figura 73 – (a) Höch Hannah, Coupe faite avec un couteau de cuisine, colagem (114 x 90

cm), 1919. Staatliche Museen preussicher Kulturbesitz, Nationalgalerie, Berlin.

Figura 73 – (b) Funky Features, Paul Olsen, A day in life, poster serigrafia (58,42 x 73,66

cm), 1967. www.wolfgangsvault.com – 2005.

Figura 74 – (a) Salvador Dali, Dream Caused by the Flight of a Bumblebee around a

Pomegranate a Second Before Awakening, óleo sobre tela (51 × 40,5 cm), 1944. Museo

Thyssen-Bornemisza, Madrid, Spain.

Figura 74 – (b) Mati Klarwein, Astral Body when Asleep, óleo sobre tela, 1969.

www.wolfgangsvault.com – 2005.

Figura 75 – (a) Franz Marc, Fighting forms, óleo sobre tela (91 x 131 cm), 1914.

Staatsgalerie moderner Kunst, Munich, Alemanha.

Figura 75 – (b) John McHugh, The white rabbit in wonderland, poster serigrafia (60,96 x

91,44 cm).1968. www.wolfgangsvault.com – 2005.

Figura 76 – Bonnie MacLean, poster, 1968. www.wolfgangsvault.com – 2005.

Figura 77 – Milton Glaser, Bob Dylan, poster litogravura (56 x 83,5 cm), 1967.

www.wolfgangsvault.com – 2005.

Figura 78 – Fabricio Grisolia Torres design, gráfico para análise. 2005.

Figura 79 – Fabricio Grisolia Torres design, gráfico da espiral da secção áurea, p/b, 2005.

Figura 80 – Ziraldo, peça publicitária, revista 1970.

Figura 81 – Martin Sharp, Mr.Tambourine Man, poster serigrafia (50,8 x 76,2 cm), 1968.

www.wolfgangsvault.com – 2005.

Figura 82 – Não creditado, Love Machine – Electronic Music to Blow Your Mind By, capa

de álbum. Gravadora Capitol, 1968.

Figura 83 – (a) Michael Reeve, fotografia, 1997 www.mykreeve.net – 2005.

Page 123: O Psicodelismo No Design Grafico - Fabricio Grisolia Torres - Senac 2005

123

Figura 83 – (b) Não creditado, imagem digital. www.rockument.com – 1997 - 2003.

Figura 84 – (a) Michael Reeve, fotografia, 1997. www.mykreeve.net – 2005.

Figura 84 – (b) Michael Hanrahan, fotografia, 2005.

www.wayoutthere.com/around_the_world/California.html – 2005.

Figura 84 – (c) Mona, Official Haight Ashbury Street Fair Poster, San Francisco, 1999.

www.monacaron.com – 2005.

Figura 84 – (d) Não creditado, folheto de feira de artes, 1997. www.haightstreetfair.org –

2005.

Figura 85 – (a), (b) Catálogo da empresa Costumes Inc., 2000. www.costumesinc.com –

2005.

Figura 86 – (a) Wes Wilson, Original alphabet of Fillmore Poster Lettering style, 1997.

www.flashfonts.com – 2005.

Figura 87 – Não creditado, cartela de lsd, 2000. www.blotterart.net – 2005.

Figura 88 – Sean Lennon, Mutantes – Technicolor, capa de álbum, 2003. Gravadora

Universal/Emarcy, 2003.

Figura 89 – John Van Hamersveld, Cream at Royal Albert Hall – Reunion Poster 2005.

www.cream2005.com – 2005.

Figura 90 – Cena do filme Matrix, 1999.

Figura 91 – Cena do filme Matrix, 1999.

Figura 92 – Cena do filme Matrix, 1999.

Figura 93 – Pílula de ecstasy (MDMA). Psicotropicus Homepage, 2004.

Figura 94 – (a) Não creditado, fotografia. www.xxxperience.com.br – 2005.

Figura 94– (b) Não creditado, fotografia. www.xxxperience.com.br – 2005.

Figura 94 – (c) Não creditado, fotografia. www.xxxperience.com.br – 2005.

Figura 95 – (a) Não creditado, fotografia. www.xxxperience.com.br – 2005.

Figura 95 – (b) Não creditado, fotografia. www.xxxperience.com.br – 2005.

Figura 96 – (a) Não creditado, fotografia. www.xxxperience.com.br – 2005.

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Figura 96 – (b) Não creditado, fotografia. www.xxxperience.com.br – 2005.

Figura 96 – (c) Não creditado, fotografia. www.xxxperience.com.br – 2005.

Figura 96 – (d) Fabricio Grisolia Torres, fotografia. Kashmir – 2005.

Figura 97 – (a) Não creditado, fotografia. www.visualbliss.co.uk – 2004.

Figura 97 – (b) Não creditado, fotografia. www.visualbliss.co.uk – 2004.

Figura 98 – (a) Não creditado, fotografia. www.xxxperience.com.br – 2005.

Figura 98 – (b) Não creditado, fotografia. www.xxxperience.com.br – 2005.

Figura 98 – (c) Serge Rolland & Ian McRae, fotografia de performance de vj mostrando-se

o próprio público, 2003. www.avit.info – 2005.

Figura 98 – (d) Serge Rolland & Ian McRae, fotografia de performance de vj mostrando-se

o próprio público, 2003. www.avit.info – 2005.

Figura 99 – Não creditado, P.S.Y.T.R.A.N.C.E. – The One Club, flyer (17 x 17 cm), 2003.

Figura 100 – Não creditado, e-mail, 2005. www.xxxperience.com.br – 2005.

Figura 101 – Justin Hampton, Audioslave in Toronto on their 2005 US tour, poster

serigrafia (86,36 x 38,1 cm), 2005. www.justinhampton.com – 2005.

Figura 102 – M/M Paris, Marion de Lome, theater poster, 1999.

Figura 103 – (a) Beatriz Milhazes, Tempo-de-Ver, óleo sobre tela, 1999.

Figura 103 – (b) Beatriz Milhazes, O Popular, óleo sobre tela, 1999.

Figura 104 – Estúdio Campana, Sofá Sushi, Irmãos Campana design. 2002.

Figura 105 – (a) Fractal, poster, imagem digital, 2000. www.allposters.com – 2005.

Figura 105 – (b) Brian Exton, Land of Psychedelic Illuminations, imagem digital, 2005.

picturerealm.co.uk, – 2005.

Figura 105 – (c) Não creditado, fractal impresso em cartela de ácido, 2001.

www.blotterart.net – 2005.

Figura 106 – Roald Blijleven, Psychedelice, imagem digital, 2004. www.erowid.org –

2002 - 2005.

Figura 107 – (a) Cartão de publicidade impresso, West Coast, 2004.

www.westcoast.com.br – 2005.

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Figura 107 – (b) Cartão de publicidade impresso, West Coast, verso. 2004.

www.westcoast.com.br – 2005.

Figura 108 – Peça gráfica revista, campanha Havaianas, 2002. www.havaianas.com.br –

2005.

Figura 109 – Peça gráfica revista, campanha Havaianas, 2003. www.havaianas.com.br –

2005.

Figura 110 – (a, b, c,) Peça gráfica revista, campanha Havaianas, 2004.

www.havaianas.com.br – 2005.

Figura 111 – (a, b) Peça gráfica revista, campanha Havaianas, 2005.

www.havaianas.com.br – 2005.

Figura 112 – Peça gráfica revista, campanha Chevrolet, 2005. www.chevrolet.com.br –

2005.

Figura 113 – Logotipo impresso revista, campanha Sossego Total MasterCard, 2004.

www.mastercard.com.br – 2005.

Figura 114 – Peça gráfica revista, campanha Cultura Inglesa, 2005.

www.culturainglesa.com.br – 2005.

Figura 115 – (a, b) Cartão de publicidade impresso frente/verso, Senac, 2004.

www.sp.senac.br – 2005.