O PROJECTO “CRIANÇA+ - PSICOMOTRICIDADE EM MEIO AQUÁTICO / NATAÇÃO ADAPTADA”

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Página | 2 O PROJECTO CRIANÇA+ - PSICOMOTRICIDADE EM MEIO AQUÁTICO / NATAÇÃO ADAPTADANO AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DE AROUCA Macedo Pinto e Sá, Leila Maria; Correia, Sérgio Miguel; Ribeiro, Sérgio Dinis; Barata, Marco António Agrupamento de Escolas de Arouca Núcleo de Apoio Educativo [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected] RESUMO / ABSTRACT O projeto “Criança+”, implementado no Agrupamento de Escolas de Arouca pelo Núcleo de Apoio Educativo desde o ano letivo 2009/2010 tem como principal premissa: diversificar a oferta educativa do Agrupamento através da implementação de aulas de Psicomotricidade em Meio Aquático / Natação Adaptada numa lógica de rentabilização dos recursos humanos, materiais e, em simultâneo, aumentando a qualidade de vida dos nossos alunos. Do exposto, os objetivos deste projeto são: (i) garantir o rastreio do nível de higiene e saúde aos alunos do pré-escolar, 1º, 2º e 3º ciclos e a prática de atividade física; (ii) promover o desenvolvimento adequado da tonicidade muscular e melhoria da funcionalidade para a realização das atividades da vida diária; (iii) melhoria do equilíbrio, da coordenação global e motricidade fina; (iv) melhoria da sua auto-imagem, auto-valorização e auto-estima; (v) superação de barreiras pessoais e sociais; (vi) aumentar a independência e autonomia; (vii) prevenção de deficiências secundárias. Para a concretização dos objetivos propostos foram utilizadas diferentes metodologias de ensino: (i) utilização do método de Halliwick para alunos com patologias neurológicas e alterações da mobilidade (ii) diferenciação dos alunos em diferentes níveis de adaptação ao meio aquático. Os resultados da operacionalização do projeto apontam para a importância da psicomotricidade em meio aquático / natação adaptada no desenvolvimento de competências motoras, emocionais e sociais, contribuindo para alunos mais interessados, participantes, colaborativos e competentes, bem como para uma comunidade escolar dinâmica e proactiva. Em suma, o nosso projeto “Criança+ - Psicomotricidade em Meio Aquático / Natação Adaptada” é assente em três pilares basilares: ÁGUA, PSICOMOTRICIDADE e SUPERAÇÃO. Água porque é lá que desenvolvemos as competências definidas; Psicomotricidade porque procuramos sempre a melhoria das competências psicomotoras dos nossos alunos e superação dado que objetivamos no dia-a-dia a superação de barreiras pessoais, sociais e emocionais dos nossos alunos.

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artigo científico para 1.º Seminário de Educação Especial de Vila Nova de Gaia

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O PROJECTO “CRIANÇA+ - PSICOMOTRICIDADE EM MEIO

AQUÁTICO / NATAÇÃO ADAPTADA” NO AGRUPAMENTO DE

ESCOLAS DE AROUCA

Macedo Pinto e Sá, Leila Maria; Correia, Sérgio Miguel; Ribeiro, Sérgio Dinis;

Barata, Marco António

Agrupamento de Escolas de Arouca – Núcleo de Apoio Educativo

[email protected]; [email protected]; [email protected];

[email protected]

RESUMO / ABSTRACT

O projeto “Criança+”, implementado no Agrupamento de Escolas de Arouca pelo Núcleo de

Apoio Educativo desde o ano letivo 2009/2010 tem como principal premissa: diversificar a

oferta educativa do Agrupamento através da implementação de aulas de Psicomotricidade em

Meio Aquático / Natação Adaptada numa lógica de rentabilização dos recursos humanos,

materiais e, em simultâneo, aumentando a qualidade de vida dos nossos alunos. Do exposto,

os objetivos deste projeto são: (i) garantir o rastreio do nível de higiene e saúde aos alunos do

pré-escolar, 1º, 2º e 3º ciclos e a prática de atividade física; (ii) promover o desenvolvimento

adequado da tonicidade muscular e melhoria da funcionalidade para a realização das

atividades da vida diária; (iii) melhoria do equilíbrio, da coordenação global e motricidade fina;

(iv) melhoria da sua auto-imagem, auto-valorização e auto-estima; (v) superação de barreiras

pessoais e sociais; (vi) aumentar a independência e autonomia; (vii) prevenção de deficiências

secundárias. Para a concretização dos objetivos propostos foram utilizadas diferentes

metodologias de ensino: (i) utilização do método de Halliwick para alunos com patologias

neurológicas e alterações da mobilidade (ii) diferenciação dos alunos em diferentes níveis de

adaptação ao meio aquático. Os resultados da operacionalização do projeto apontam para a

importância da psicomotricidade em meio aquático / natação adaptada no desenvolvimento de

competências motoras, emocionais e sociais, contribuindo para alunos mais interessados,

participantes, colaborativos e competentes, bem como para uma comunidade escolar dinâmica

e proactiva. Em suma, o nosso projeto “Criança+ - Psicomotricidade em Meio Aquático /

Natação Adaptada” é assente em três pilares basilares: ÁGUA, PSICOMOTRICIDADE e

SUPERAÇÃO. Água porque é lá que desenvolvemos as competências definidas;

Psicomotricidade porque procuramos sempre a melhoria das competências psicomotoras dos

nossos alunos e superação dado que objetivamos no dia-a-dia a superação de barreiras

pessoais, sociais e emocionais dos nossos alunos.

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PALAVRAS-CHAVE / KEYWORDS – psicomotricidade; natação; necessidades educativas

especiais; superação

INTRODUÇÃO

O Agrupamento de Escolas de Arouca (AEA) é uma organização educativa

com uma larga tradição no desenvolvimento de práticas que promovam a inclusão da

criança/ jovem com deficiência. Têm sido desenvolvidos todos os esforços no sentido

de melhorar as respostas educativas a este público específico numa lógica de

rentabilização dos recursos humanos e materiais e, em simultâneo, aumentando a sua

qualidade de vida.

Deste modo, a atividade física e desportiva, neste caso designada como

atividade motora adaptada, surge como um complemento às terapias tradicionais pois

pretende alcançar a reabilitação motora, funcional, emocional e social do indivíduo

num ambiente lúdico que respeita a individualidade e promove a iniciativa e a

autonomia.

Neste âmbito, a atividade motora adaptada nos alunos portadores de

necessidades educativas especiais tem como principal objetivo oferecer um

atendimento especializado aos mesmos, respeitando-se as diferenças individuais,

visando o desenvolvimento global desses alunos tornando possível não só o

reconhecimento das suas potencialidades, como também sua integração na

sociedade. Esta atividade caracteriza-se por adequar metodologicamente um conjunto

de tarefas que envolvam diferentes estímulos, adaptando as capacidades e limitações

do aluno com deficiência utilizando metodologias que respeitem a diversidade do

grupo, as características e as necessidades do aluno com deficiência.

Têm sido descritos, na literatura, vários benefícios para a prática de atividade

física de indivíduos portadores de deficiência. Foram descritas melhorias ao nível da

composição corporal (Horta et al., 2009). Do mesmo modo, é referido que a

participação em atividades físicas por parte de indivíduos portadores de deficiência

induz melhorias no consumo de oxigénio (Campbell & Lakomy, 1997) e melhoria da

capacidade aeróbia (Bhambhabi, 2002); redução do risco de doenças

cardiovasculares (Slater, 2004); diminuição da incidência de infeções (infeções

urinárias, renais e respiratórias), bem como a melhoria funcional e qualidade de vida

dos indivíduos (Hoffmann, 1986; Heat e Fentem, 1997).

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Para além destes benefícios, têm sido igualmente apontadas melhorias no

bem-estar psicológico, melhoria da auto-estima e reconhecimento das suas

capacidades (Ferreira, s.d.) e que a participação de pessoas com deficiência em

atividades desportivas proporciona oportunidades para os indivíduos melhorarem as

suas auto-percepções quer a nível físico quer a nível social (Blinde e McClung, 1997).

De acordo com o exposto, Marques (2011) refere que o desporto desempenha

um papel fundamental na reabilitação de pessoas com deficiência dado que contribui

para a melhoria da composição corporal, melhoria da função cardiopulmonar, aumento

da força muscular, da mobilidade, equilíbrio e resistência. A mesma autora refere

ainda que a prática desportiva contribui para a inclusão e melhoria da qualidade de

vida dos indivíduos quer pela melhoria da sua auto-imagem e auto-estima, quer pela

mudança do que as pessoas em geral pensam e sentem acerca das pessoas

portadoras de deficiência.

A PSICOMOTRICIDADE EM MEIO AQUÁTICO / NATAÇÃO ADAPTADA NO

AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DE AROUCA

A água permite realizar movimentos incríveis que, se fossem realizados fora

deste meio, poucas pessoas os fariam. Entrar na água é uma experiência única que

fornece a todos a oportunidade de ampliar física, mental e psicologicamente as suas

capacidades e conhecimentos. As atividades motoras em meio aquático visam o

desenvolvimento cognitivo, afetivo, emocional e social, sendo mencionadas como um

excelente meio de execução motora, favorecendo o desenvolvimento global do

indivíduo portador de deficiência física (Tsutsumi et al. 2004, 2001; Cardoso, 2010).

As propriedades físicas da água (densidade, pressão hidrostática, viscosidade,

entre outras) irão influenciar no comportamento humano, tanto no aspeto fisiológico

como psicológico. Assim, a imersão até à altura do pescoço, na posição vertical

diminui em ¼ o peso do indivíduo; existe uma menor compressão das articulações o

que facilita o movimento e a prática do exercício; ocorre um aumento dos estímulos

sensitivos devido à turbulência da água; a temperatura da água promove um aumento

do relaxamento muscular; e ocorre ainda um aumento do retorno venoso devido à

densidade da água e pressão hidrostática (Cardoso, 2010).

Podemos encontrar na literatura diversos benefícios decorrentes da prática de

atividade física em meio aquático: (i) socialização com outros grupos; (ii) melhoria das

condições organo-funcionais dos aparelhos circulatório, respiratório, digestivo,

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reprodutor e excretor; (iii) melhoria da força e resistência muscular geral; (iv) promoção

e desenvolvimento da coordenação motora e ritmo; (v) melhoria do equilíbrio estático e

dinâmico; (vi) promover a vivência de situações de sucesso e superação de situações

de frustração; (vii) desenvolver capacidades motoras e funcionais para a realização

das atividades da vida diária; (viii) desenvolver a capacidade de resolução de

problemas; (ix) melhorar a auto-estima, auto-valorização e auto-imagem; (x) aumentar

a independência e a autonomia; (xii) através da prática de atividade física, prevenir

deficiências secundárias. (Guttman, 1976b; Seaman, 1982; Lianza, 1985; Sherrill,

1986; Rosadas, 1989; Souza, 1994; Schutz, 1994; Giveita, 2001, citados por Melo e

López, 2002; Silva, Oliveira e Conceição, 2005)

A Psicomotricidade de acordo com Fonseca (2001:11) visa “privilegiar a

qualidade da relação afetivo-emocional, a disponibilidade tónica, a segurança

gravitacional e o controlo postural, a noção fenomenológica do corpo e a sua

dimensão existencial, a sua lateralização e direccionalidade e a sua planificação

práxica, enquanto componentes essenciais e globais da adaptabilidade, da

aprendizagem e do seu ato mental concomitante”. De acordo com o mesmo autor,

esta atividade desenvolvida no meio aquático permite uma integração de dados intra e

extrassomáticos numa unidade funcional entre a situação (água) e a ação (indivíduo).

O cérebro da criança deve, portanto, organizar inúmeras fontes de informação

sensorial num comportamento motor e numa experiência integrada.

Neste contexto destacam-se conteúdos como: coordenação motora global, que

possibilita desafios e dificuldades na água, tónus muscular e postura, equilíbrio e

esquema corporal que irá ajudar a criança a adaptar-se em relação ao espaço e

tempo, bem como ampliar o seu reportório motor (Fonseca, 2001).

A Natação Adaptada surge como uma metodologia de ensino dos estilos de

nado a indivíduos com défice psicomotor, onde se ressaltam as funções psicomotoras

no meio líquido, com o objetivo de obter a habilitação psicomotora, funcional, social,

emocional do individuo, levando-o desta forma a mostrar capacidade de execução dos

estilos de nado como os demais praticantes da natação. É, portanto, a capacidade do

individuo para dominar o elemento água, deslocando-se de forma independente e

segura sob e sobre a água utilizando, para isso, toda a sua capacidade funcional,

respeitando as suas limitações (Archer, 1998; Grasseli e Paula, 2002, cit. por Cardoso.

2010).

A Psicomotricidade em Meio Aquático e a Natação Adaptada são portanto

meios para estimular as potencialidades do indivíduo utilizando a água como contexto,

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trabalhando a relação do indivíduo com o espaço, com o objeto, com o outro e consigo

mesmo.

De acordo com o exposto, a implementação do “Projeto Criança + -

Psicomotricidade em Meio Aquático / Natação Adaptada” teve como objetivos: (i)

garantir o rastreio do nível de higiene e saúde aos alunos do pré-escolar, 1º, 2º e 3º

ciclos e a prática de atividade física; (ii) promover o desenvolvimento adequado da

tonicidade muscular e melhoria da funcionalidade para a realização das atividades da

vida diária; (iii) melhoria do equilíbrio, da coordenação global e motricidade fina; (iv)

melhoria da sua auto-imagem, auto-valorização e auto-estima; (v) superação de

barreiras pessoais e sociais; (vi) aumentar a independência e autonomia; (vii)

prevenção de deficiências secundárias; (viii) contribuir para alunos mais interessados,

participantes, colaborativos e competentes, bem como para uma comunidade escolar dinâmica

e proactiva.

METODOLOGIA DE TRABALHO

Para a concretização dos objetivos propostos e a operacionalização do

trabalho a desenvolver torna-se necessário a adaptação de algumas estratégias no

sentido a melhor responder às especificidades dos alunos em questão. Archer (1998

cit por Cardoso, 2010) e Cardoso (2010) referem algumas adaptações a efetuar em

alunos que possuam défice no processamento da informação (deficiência intelectual,

autismo, síndrome de down, hiperatividade):

- Instrução (transmitir confiança);

- Uma ordem de cada vez;

- Poucas palavras e com consistência;

- Simplificar, demonstrar e repetir;

- Desenvolver as aptidões aquáticas através da utilização de formas lúdicas;

- Maior divisão das etapas de ensino (por ex.: a expiração 1º expirar na mão, 2º

queixo na água, 3º queixo e boca, 4º boca nariz, 5º sobrancelhas, 6º testa na

água,7º face);

- Implementação de rotinas;

- Poucas distrações visuais e auditivas;

- Comportamento consistente e intransigência no cumprimento de regras;

- Segurança (dentro e fora de água);

- Manipulações constantes (evitar o uso de flutuadores);

- Posições adequadas para prevenir quedas e submersões súbitas.

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Por outro lado, em alunos com défice na execução (deficiência motora,

paralisia cerebral, distrofia muscular e lesão vertebro-medular) as adaptações

referidas são as seguintes:

- Utilização do método de HALLIWICK como estratégia de ensino;

- Ter em atenção a ocorrência de movimentos reflexos;

- Manipulação dos membros dentro de água;

- Utilizar equipamentos de flutuação.

Na operacionalização do trabalho a desenvolver, têm sido adotadas estratégias

globais de atuação no sentido de serem normalizados os comportamentos e as rotinas

de trabalho por parte da equipa pedagógica. Neste sentido foram estabelecidas como

estratégias de trabalho: (i) estabelecer uma relação de confiança entre o professor e o

aluno; (ii) promover atividades que levem ao sucesso; (iii) trabalhar em primeiro lugar a

motricidade global e só depois a motricidade fina; (iv) utilizar exercícios que estimulem

posturas corporais corretas; (v) utilizar grande variedade de formas, tamanhos e

materiais para aumentar a experiência sensorial e manipulações; (vi) exploração e

desenvolvimento do espaço (controlo da cabeça, tronco e extremidades); (vii)

implementação de rotinas (equipar; tomar banho; arrumar material, etc.); (viii) adotar

um comportamento consistente, valorizando as conquistas do aluno.

Os alunos serão divididos por três níveis de adaptação, após uma avaliação

diagnóstica:

- Nível A;

- Nível B;

- Nível C.

A caracterização de cada um dos níveis, bem como os domínios a desenvolver

encontra-se descrita na tabela 1.

Paralelamente a este trabalho, os docentes da disciplina, ao elaborarem o

“Plano individual de Trabalho”, terão em conta a problemática e o perfil de cada aluno

no sentido de, caso necessário, serem trabalhadas competências fora do âmbito dos

níveis propostos.

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Tabela 1. Divisão dos alunos com base no seu nível de adaptação ao meio aquático

Nível A Nível B Nível C

Imersão

a) Molhar a cara

b) Abrir os olhos debaixo de água

c) Imergir completamente o corpo

d) Imergir e orientar-se

e) Imergir a diferentes profundidades e planos

a) Imergir a diferentes profundidades e

planos

Respiração

a) Soprar objetos

b) Realizar a apneia em imersão

c) Expirar pela boca dentro de água

d) Expirar pelo nariz dentro de água

e) Realizar diferentes tempos de expiração: curto, médio e longo

f) Realizar ciclos respiratórios (inspiração/expiração)

g) Associar a respiração a exercícios de imersão, equilíbrio,

propulsão e salto

a) Realizar percursos em imersão e

apneia

b) Associar a respiração a exercícios

propulsão e mergulhos.

Equilíbrio

a) Equilíbrio vertical com e sem apoio

b) Caminhar com e sem apoio

c) Correr para a frente, para trás e lateralmente

d) Saltitar a um e dois pés

e) Realizar a posição horizontal, ventral e dorsal.

f) Controlar a passagem da posição vertical para a posição

horizontal (ventral e dorsal)

g) Realizar rotações longitudinais na posição horizontal

h) Realizar a posição de medusa

i) Realizar rotações transversais (rolamentos) à frente e à

retaguarda.

j) Associar o equilíbrio a exercícios de imersão, respiração,

propulsão e salto

k) Em apneia afastar os m.s. e m.i. em posição dorsal,

sustentando-se durante alguns segundos.

a) Realizar rotações transversais

(rolamentos) à frente e à retaguarda

b) Associar o equilíbrio a exercícios de

imersão, respiração, sustentação,

propulsão e salto

Propulsão

a) Realizar o deslize ventral e dorsal

- Com e sem ajuda

b) Realizar o deslize ventral e dorsal a diferentes profundidades:

à superfície, médio e em profundidade.

c) Realizar o deslize com rotações longitudinais

Realizar o deslize com rotações

longitudinais

b) Desenvolver situações de

deslocamento propulsivo com

pernas e braços

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Salto

a) Saltar de pé a partir de diferentes posições, planos e eixos

corporais

b) Saltar de cabeça:

- com e sem ajuda

- sentado, de joelhos e de pé

a) Saltar de cabeça:

1. com e sem ajuda

2. sentado, de joelhos e de pé

3. explorar diversos planos e

eixos corporais (ex: mortal,

carpa)

Técnicas

de Nado

a) Movimento de pernas b) Posição da cabeça e bacia

c) Sincronizar movimentos de pernas

com a respiração

Iniciação às técnicas de

Crol, Costas, Bruços e

Mariposa

a) Movimento de pernas

b) Movimento de

braços: fase

propulsiva e de

recuperação

c) Posição da cabeça

e bacia

d) Respiração

e) Coordenação de

movimentos

f) Técnicas de partida

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Para a operacionalização do trabalho a desenvolver em alunos com deficiência

motora, paralisia cerebral, distrofia muscular e lesão vertebro-medular utilizamos

Método Halliwick de Natação para Deficientes (adaptado de Cardoso, 2010), o qual

é baseado nos princípios científicos da hidrostática, hidrodinâmica e mecânica dos

corpos que enfatiza a habilidade dos pacientes na água e não suas limitações. Os

nadadores são ensinados numa relação de um instrutor para cada paciente até que a

independência completa seja alcançada. É uma proposta de trabalho que se baseia

em três componentes: habilidades motoras, segurança, alegria/divertimento e não são

usados qualquer tipo de flutuadores. O programa desenrola-se em dez etapas que

devem ser respeitadas:

1 - Ajustamento mental: Adaptação ao meio líquido de forma a que a confiança na

água possa ser estabelecida. (respiração; equilíbrio vertical com variação de ritmo;

confiança com a água)

2 – Controlo da rotação sagital: é o movimento em volta do eixo da coluna vertebral

(rolar: decúbito ventral para decúbito dorsal).

3 - Controlo da rotação sobre o eixo vertical: é o movimento em torno do eixo

transversal do corpo (da posição deitada, para posição em pé);

4 – Controlo da rotação longitudinal (em posição dorsal, passar objetos para outro

colega);

5 - Rotação combinada: combinação das rotações sagital e vertical

6 - Impulsão: compreensão da força de flutuação da água (imersão em várias

posições)

7 - Flutuação em equilíbrio: o aluno é capaz de manter a posição dorsal

8 - Deslize em turbulência: o nadador flutua, sendo levado através da água pela

turbulência criada pelo instrutor.

9 - Progressão simples: o aluno realiza movimentos das mãos junto ao corpo

(remadas curtas, movimentação simétrica dos m.s.);

10 - Movimento básico: com o aluno em decúbito dorsal, efetuar braçada simultânea.

Planificação, controlo e avaliação das atividades

Para cada aluno envolvido é elaborado um Plano Individual de Trabalho que

contém os seguintes elementos:

- Nome, ano e turma;

- Problemática do aluno;

- Perfil de funcionalidade;

- Nível de adaptação ao meio aquático (tendo em conta a tabela 1)

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- Competências a privilegiar.

Periodicamente é entregue um Relatório de Avaliação, ao diretor de turma,

tendo por base:

- Assiduidade e pontualidade;

- Empenho e comportamento;

- Desenvolvimento das competências definidas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

No sentido de diversificar a oferta educativa, desenvolver respostas

específicas diferenciadas e promover aprendizagens significativas imprescindíveis à

correta aquisição de competências necessárias à sua vida escolar e pós-escolar, o

Agrupamento de Escolas de Arouca considera de vital importância o desenvolvimento

de um conjunto de atividades necessárias ao desenvolvimento dessas competências.

Partindo dos pressupostos que:

- Nem toda a criança / jovem, por força da sua incapacidade, possui uma

igualdade de oportunidades no acesso à educação, à inclusão social e ao

mundo do trabalho;

- A valorização de competências de socialização é fundamental para

compreender o modo de estar da criança/jovem e o modo como se relaciona

com os outros, de forma a adquirir segurança com os pares e ir respondendo

às expectativas de desenvolvimento implícitas em situações do seu dia-a-dia;

- A melhor resposta educativa, por vezes, passa pela frequência, dos alunos, em

estruturas inexistentes nas escolas, de elevado custo e, por conseguinte, de

difícil obtenção;

- O Agrupamento de Escolas de Arouca é uma organização educativa com uma

larga tradição no desenvolvimento de esforços no sentido da inclusão da

criança/ jovem com deficiência;

- O desenvolvimento destas competências ajudam a criança/jovem a tornar-se

progressivamente um elemento mais feliz e autónomo no seio da família e da

comunidade, proporcionando um relacionamento mais fácil em diferentes

contextos permitindo-lhes desta forma maior liberdade de ação e qualidade de

vida.

O Agrupamento de Escolas de Arouca lançou etapas que têm como principal

premissa: acreditar que as crianças com Necessidades Educativas Especiais (NEE)

são competentes. Para tal, procuraram encontrar estruturas fundamentais de apoio

junto da comunidade local, com o intuito de criar uma teia de parecerias fortes, quer

com a autarquia local, quer com as instituições locais, Câmara Municipal de Arouca,

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Associação para a Integração de Crianças Inadaptadas de Arouca (AICIA) e

Segurança Social, quer com a família, enquanto parceira educativa.

O projeto aqui apresentado pretende desenvolver competências de

responsabilização, por parte do aluno e das suas ações em contexto comunitário;

promover o potencial individual, familiar e comunitário, com o intuito de estimular a

procura de respostas às necessidades dos alunos e incentivar a participação das

famílias no processo educativo e estabelecer relações de colaboração com a

comunidade.

Em suma, o projeto Criança+ procura diversificar a oferta educativa do

Agrupamento através do desenvolvimento de respostas específicas diferenciadas. Os

benefícios da atividade física em indivíduos portadores de deficiência descritos na

literatura e que foram aqui apresentados, bem como as vantagens da realização dessa

atividade em meio aquático, levaram a que numa lógica de rentabilização dos recursos

humanos, materiais e, em simultâneo, aumentando a qualidade de vida dos nossos

alunos, fossem organizadas, estruturadas e desenvolvidas atividades de

Psicomotricidade em Meio Aquático e Natação Adaptada.

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