O professor fora de série

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O professor fora de série: Como atingir a tão sonhada excelência na carreira docente. Prof. José Tejada 20 de setembro de 2007.

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O professor fora de série:

Como atingir a tão sonhada excelência na carreira

docente.

Prof. José Tejada

20 de setembro de 2007.

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Introdução:

Primeiramente agradeço por você, meu prezado leitor

(professor), estar lendo essas linhas introdutórias de meu quarto livro.

Pelo simples fato de você ter pego esse livro na prateleira

demonstra o seu genuíno interesse de alcançar uma excelência em

matéria de ensino, por isso acredito que o título tenha lhe chamado

bastante a sua atenção.

Professor fora de série? Será possível isso? Puxa, que grande

desafio!

Sem dúvida nenhuma é um grande desafio nos tornarmos

verdadeiramente um fora de série; aliás, esse desafio está presente em

qualquer profissão.

Talvez mais difícil ainda, no caso de um professor, visto que

trabalhamos com o capital intelectual (conhecimento) das pessoas e

precisamos estudar sempre para, em nenhuma hipótese, ficarmos

desatualizados.

Devido a minha atividade docente desde 1996, constatei a

necessidade de escrever um livro que pudesse divulgar um pouco da

minha experiência em sala de aula para poder ajudar, de alguma

forma, a meus colegas professores a desempenhar melhor a sua função

no contato diário com os alunos independentemente do nível de

ensino.

Apesar do título do livro é pertinente ressaltar que de nenhuma

forma me considero um professor fora de série, na verdade, meu intuito

é fazer com que, nós, professores, tenhamos a consciência de buscar

constantemente a excelência a fim de que possamos ter um

desempenho cada vez melhor em sala de aula.

Na realidade, a busca da excelência é um caminho que tem

início, mas não tem fim, ou seja, a excelência é algo sempre a ser

buscado em nossa profissão.

A grande verdade, como veremos no livro, é que o professor

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fora de série precisa ser um eterno aprendiz, como diz aquela música

do saudoso Gonzaguinha, ou seja, como professores, temos que ter a

humildade e consciência de que sempre estaremos aprendendo

através do estudo e, talvez, principalmente, através da vida e de nossas

experiências.

Inclusive, nós veremos que o professor fora de série tem o dom

de aprender com todas as pessoas a sua volta o que inclui seus próprios

alunos.

Esperamos que o livro seja muito útil nesse aspecto.

Na realidade, o perfil do professor atual mudou, ou seja, é muito

diferente do perfil antigo, na época em que fomos estudantes.

Hoje o perfil do professor moderno inclui liderança, carisma,

motivação, auto-atualização constante, criatividade, inteligência

emocional, planejamento, estratégia, superação constante de limites,

humildade, etc. Todas essas características serão exploradas a fundo no

livro.

Além disso, o livro está cheio de exemplos práticos de como

podemos tornar a nossa aula mais interessante para os nossos alunos a

fim de que possam melhorar consistentemente o seu aprendizado.

No capítulo final abordaremos justamente o que não devemos

mais fazer em sala de aula, afinal a educação precisa e deve evoluir

sendo que hoje se exige um novo perfil de professor em sala de aula.

De outra forma, precisamos ter consciência de que os tempos

mudaram e o professor também deve se adequar a esses novos tempos

se não quiser ficar para trás.

A maioria dos métodos antigos de aprendizagem não funciona

mais, por isso precisamos nos adequar a esses novos tempos, onde a

ousadia e a criatividade devem estar presentes nas estratégias de

aprendizado de qualquer professor que se preze.

Como sabemos estamos na era do conhecimento, que é

considerado o verdadeiro ouro moderno, por isso mesmo a atuação de

qualquer professor em qualquer nível de ensino (fundamental, médio,

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superior ou de pós-graduação) é cada vez mais importante para a

construção de um país de ponta em todos os aspectos.

Acreditamos que a chave para a saída de nossos graves

problemas sociais passe, inevitavelmente, pela educação.

Por isso, resolvi escrever esse livro. Precisamos, acima de tudo,

valorizar os professores e contribuir de alguma forma para a construção

de um país mais humano e mais justo com as pessoas.

E isso somente vai acontecer quando todas as mesmas tiverem

acesso a uma educação de reconhecida qualidade.

Isso pode ser um sonho no presente, mas, como professores,

precisamos de muito idealismo em nossa profissão, pois professor é

acima de tudo uma vocação, ou seja, uma paixão pelo magistério.

Se você é professor sabe, com certeza do que eu estou falando.

Agradeço muito a você pela compra desse livro, se é que você

vai comprar o mesmo depois de ler essa introdução e desejo-lhe bom

proveito na leitura do mesmo.

Prof. José Tejada

16 de janeiro de 2008

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Capítulos:

I – O professor como líder.

II – A paixão pelo magistério.

III – A criatividade como método.

IV – O carisma que conquista.

V – Perfil empreendedor

VI – A necessária humildade de ser um eterno aprendiz.

VII – O ideal como missão.

VIII – Auto-atualização constante.

IX – A constante superação de limites.

X – O exemplo em todos os aspectos.

XI – O que não fazer - estratégias que comprovadamente apresentam poucos

resultados.

XII – Considerações finais.

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Cap. 1 - O professor como líder

Talvez uma das mais importantes características de um professor fora

de série seja a sua inquestionável liderança. Na verdade, o grande professor

precisa ser um líder por natureza. Líder, pois ele precisa ser uma pessoa

inspiradora em todos os aspectos. Ele precisa, acima de tudo, inspirar seus

alunos, através de seu exemplo pessoal e profissional, a aprender

continuamente, ou seja, a buscar incansavelmente o conhecimento o que não é

uma tarefa nada fácil.

Por isso, ele sempre precisa ser exemplo, aliás, a verdadeira liderança

sempre se dá pelo exemplo, já que somente o discurso não é capaz de inspirar

muita coisa a alguém, ou seja, a verdadeira liderança obrigatoriamente inclui

ação.

De outra forma, tudo o que ele cobrar e exigir dos alunos, ele terá de

fazer primeiro. Por exemplo, se o professor preza pela pontualidade de seus

alunos em todos os aspectos (trabalhos, provas, comparecimento à aula, etc.),

ele precisa também ser extremamente pontual em todos os seus atos (chegada

à sala de aula, correção de provas, entrega de notas, etc.); se ele preza pela

qualidade de sua aula (buscando continuamente sua auto-atualização), ele

também cobrará a excelência dos seus alunos no que tange ao desempenho

nas provas e trabalhos propostos.

“O verdadeiro mestre é tão exigente

consigo mesmo como é para com seus alunos.”

Na verdade, o grande mestre precisa puxar a frente de todos os

processos, como se fosse uma locomotiva que puxa um trem; ele precisa tomar

a iniciativa, buscar a excelência, ser um modelo a ser seguido e, muitas vezes,

também mostrar o “caminho das pedras” para os seus alunos, ou seja, fazer o

pior trabalho para que o seu aluno perceba como realmente se pode realizar

um trabalho difícil com muita qualidade e comprometimento.

O professor fora de série, na verdade, sempre está disposto a ajudar

seus alunos no que for necessário, ele é incansável nesse aspecto, ou seja,

sempre está extremamente motivado para responder as perguntas e dúvidas,

pois isso revela o interesse que os alunos têm por sua matéria, o que, por sua

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vez, demonstra que seu trabalho está atingindo os objetivos, ou seja,

despertando o interesse dos alunos no assunto e, por conseqüência,

despertando o interesse em aprender.

O verdadeiro mestre também sabe identificar os verdadeiros talentos e

extrair o melhor de cada um de seus alunos, desenvolvendo o grande

potencial, muitas vezes, adormecido de cada um.

Ele também acredita fortemente no potencial do ser humano e, por

isso, sempre tem como objetivo de que todo seu aluno possa romper suas

barreiras pessoais e intelectuais apresentando um desempenho muito acima

de esperado (às vezes até pelo próprio aluno).

Logicamente, o verdadeiro mestre tem ciência de que as capacidades

dos alunos são muito diferentes, alguns alunos apresentam um enorme

potencial o que não acontece com outros que apresentam dificuldades em

muitos aspectos. Justamente por isso, ele sabe quando tem um “puro-sangue”

(um verdadeiro talento) nas mãos.

Por isso, o grande mestre (líder), exige mais de quem é capaz de

responder melhor ou responder à altura do desafio proposto. Como acontece

com um “puro-sangue”, que quando leva uma chicotada responde

imediatamente.

Dessa forma, como líder nato que é o professor fora de série é uma

pessoa que tem o dom de inspirar seus alunos a atingirem o seu verdadeiro

potencial (embora, como dissemos anteriormente, os alunos tenham potenciais

diferentes). Ele consegue fazer com que seus alunos se superem

constantemente, ou seja, busquem continuamente a excelência, procurando

superar seus limites intelectuais diariamente, em outras palavras, aprender

sempre com tudo e com todos, pois o verdadeiro mestre sabe que ele sempre

pode aprender com qualquer pessoa por mais simples que seja e em qualquer

situação.

“O verdadeiro mestre aprende com tudo e com todos todo o tempo!”

Na verdade, o grande mestre aprende com a vida, com todas as

pessoas, com seus erros e acertos e, principalmente, com o tempo.

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“Na escola da vida não há férias.”

Autor desconhecido

A partir disso, o professor fora de série sabe como poucos fazer com

que seus alunos desenvolvam seu espírito crítico e aprendam a pensar. Ele

não se considera, em hipótese alguma, o dono da verdade, mas incentiva que

seus alunos tenham seus próprios pontos de vista, seus posicionamentos, ou

seja, saibam pensar por si próprios, defendendo suas opiniões com uma

adequada argumentação.

Infelizmente, hoje em dia, pouquíssimos professores conseguem esse

objetivo, aliás, vejo que alguns, inclusive, têm grandes dificuldades em

desenvolver seu próprio senso crítico.

“O grande mestre consegue fazer com que seus alunos aprendam a

pensar e a questionar todo e qualquer assunto.”

Em conseqüência disso, o professor fora de série questiona (faz

perguntas) constantemente a seus alunos para que eles consigam pensar por

conta própria e achar as suas próprias soluções, ou seja, como líder, o

professor faz com que seus alunos reflitam continuamente sobre os assuntos

estudados para que eles aprendam por si mesmos tendo um posicionamento

crítico a respeito da matéria vista em aula, ou seja, construam seu próprio

conhecimento a respeito de um assunto.

“Não se pode ensinar nada a ninguém; apenas se ajudam as pessoas

a descobrir as coisas por si próprias.”

Galileu Galilei

Também torna-se muito importante que o mestre-líder saiba promover

um ambiente voltado para a criatividade, onde seus alunos possam se

comunicar livremente, sem medos ou traumas, aprendendo uns com os outros.

Na realidade, o verdadeiro mestre deve fazer com que seus alunos

percam o medo de errar e usem a sua ousadia e, por que não dizer, coragem

para pensar e propor soluções aos assuntos vistos em aula. Logicamente, esse

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ambiente deve ser baseado em confiança e respeito mútuos, onde os

eventuais erros ou equívocos sejam vistos como grandes oportunidades de

aprendizado entre a classe e não como aspectos que devam ser evitados a

todo custo, pois, afinal, muitas vezes é errando que se aprende.

Um outro aspecto da liderança de um professor fora de série se refere

a sua empatia com o aluno. O professor fora de série sabe compreender as

dificuldades de seu aluno, pois também já foi estudante e já passou por

problemas semelhantes quando estava na escola ou na universidade. De outra

forma, ele sabe se colocar no lugar do aluno e, por isso, todos os alunos o

respeitam como profissional e, principalmente como ser humano.

Conseqüentemente o professor fora de série demonstra fortemente um

grande respeito e interesse pelo seu aluno, ele sabe que é preciso respeitar

para ser respeitado, por isso trata seu aluno como uma pessoa muito

importante, pois, afinal, a razão de ser de qualquer professor, foi é e sempre

será o seu aluno.

Por esse motivo, os alunos normalmente criam uma grande

identificação com um professor fora de série. Mas de que forma e como nos

identificamos com alguém (pessoa famosa ou não)? Por favor, pense por

alguns instantes.

Eu diria que é por que, de certa forma, nos achamos parecidos com

essa pessoa em algum aspecto (atitude, comportamento, crenças, valores,

trajetória de vida, experiências, família, etc.).

Então, o verdadeiro líder ou professor fora de série tem a grande

capacidade de fazer com que os seus alunos se identifiquem com ele, pois ele

não se considera superior a ninguém, ou seja, ele é mais um na sala de aula e

não age como alguns professores que conheço que se consideram muito

superiores aos demais. É claro que com essa postura de superioridade ou

arrogância fica muito difícil estabelecer qualquer identificação por parte do

aluno, o que vai prejudicar o desempenho do mesmo em sala de aula.

“Na verdade, nunca conheci nenhuma pessoa que gostasse de

trabalhar com uma pessoa arrogante”.

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Por isso, recomendo: tente sempre, mesmo sendo professor, se

aproximar do aluno e ser mais um em sala de aula ou, uma pessoa disposta a

sempre ajudar aos seus alunos no que for necessário.

Portanto, deixe um pouco de lado a hierarquia (muitas vezes ela

somente atrapalha), isso fará com que seus alunos se identifiquem mais

facilmente com você e as coisas fluirão de uma forma muito mais tranqüila.

Também não se esqueça de que a liderança, assim como o respeito,

não podem ser impostos, mas sim, conquistados com o passar do tempo.

“Infelizmente vejo que muitos professores, principalmente nas

universidades, são dotados de uma grande soberba como se soubessem tudo

sobre determinado assunto, às vezes, sobre qualquer assunto.”

Creio que seja interessante citar o exemplo de uma vivência particular

ocorrida em uma escola de Novo Hamburgo (RS) onde lecionei por alguns

anos. Os alunos de uma determinada turma resolveram colocar a lista de todos

os aniversariantes, inclusive os dos professores, no mural da sala de aula.

Quando fui analisar a mesma, notei que todos os nomes dos

professores tinham, logicamente, a palavra professor na frente, menos o meu.

Quando percebi isso, fiquei muito feliz, pois realmente eu não me considerava

“O PROFESSOR”, mas somente mais um da turma, na verdade, um amigo

disposto a ajudar meus alunos com um pouco da minha experiência, nada mais

e nada menos do que isso; uma pessoa que tinha o intuito de ajudar

simplesmente no que fosse necessário.

Um outro exemplo que me vem à memória é que nesse mesmo

colégio, na hora do almoço, eu sempre fazia fila no refeitório juntamente com

os alunos, embora os professores pudessem passar na frente, pois tinham

preferência para se servir e almoçar. Eu, como era mais um e de forma

nenhuma me considerava melhor ou pior do que ninguém (e não me considero

até hoje) me sentia melhor fazendo fila e não passando na frente de nenhum

aluno, funcionário ou quem quer que fosse.

A partir disso, eu notava que os alunos acabavam se identificando

comigo, pois, de certa forma, me viam como alguém parecido com eles

(empatia).

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Inclusive, numa determinada ocasião, em um processo de avaliação

de desempenho o “coordenador” do curso comentou: “Parece que o professor

Tejada é mais amigo dos alunos do que dos professores”! Imaginem só meu

semblante depois desse comentário.

Uma outra característica marcante de um professor fora de série é a

sua grande capacidade de fazer com que seus alunos consigam realmente

trabalhar em equipe.

Sabe-se que, hoje, em qualquer organização o trabalho em equipe é

fundamental e estratégico pela questão da sinergia1. E trabalhar em equipe é,

na maioria das vezes, trabalhar com quem não temos afinidade, com pessoas

muito diferentes da gente, que pensam diferente, possuem valores, crenças e

princípios muito diferentes dos nossos. Por isso, torna-se fundamental que

possamos aprender a trabalhar verdadeiramente em equipe na escola e nesse

aspecto o papel do professor é fundamental em todos os sentidos.

Em vista disso, o professor deve proporcionar que todos consigam

interagir de uma forma adequada, pois as pessoas, de uma forma geral, não

possuem uma capacidade de relacionamento interpessoal bem desenvolvida.

O professor deve incentivar a formação de grupos diferentes que poderão

propor diversas idéias, pois as pessoas diferentes pensam também

diferentemente e isso é muito salutar para o trabalho em equipe, pois, mais do

que nunca, hoje, precisamos de criatividade e criatividade pressupõe a

existência de uma boa quantidade de idéias, muitas vezes diferentes e até

opostas e paradoxais.

Em função disso, o verdadeiro trabalho em equipe sempre é um

gerador de conflitos organizacionais, cuja origem está pela própria existência

de diferentes idéias e opiniões, o que é muito salutar pela questão da

criatividade.

“Quando todos estão pensando da mesma maneira, então é porque

ninguém está pensando!”

O desafio, a partir disso, é o grupo chegar a um consenso que

1 Sinergia – somatório geral de esforços onde o resultado global é maior do que a soma dos esforços individuais.

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proporcionará uma união do mesmo em torno da idéia eleita. Mais uma vez,

nesse aspecto, a presença, direcionamento e aconselhamento do professor

são fundamentais. O professor deve fazer com que seus alunos tenham a

capacidade de propor e, acima de tudo, a humildade de aceitar idéias

diferentes e melhores do que as suas.

“O verdadeiro trabalho em equipe inclui: pessoas diferentes, idéias

diferentes e, principalmente consenso.”

Conseqüentemente, os alunos devem desenvolver a capacidade de

trabalhar com pessoas muito diferentes de uma forma produtiva. Nisso está o

cerne do trabalho em equipe, ou seja, pessoas diferentes, idéias diferentes,

consenso e humildade.

“O genuíno trabalho em equipe está em que o grupo tenha a total

liberdade de propor idéias e, principalmente, ter a humildade de aceitar idéias

diferentes.”

Portanto, pode-se concluir que o legítimo trabalho em equipe é um

gerador de conflitos, na medida em que as pessoas vão propor idéias

diferentes o que é uma condição para o surgimento dos mesmos.

“Não existe trabalho em equipe sem a presença de conflitos.”

Talvez ensinar ou estimular que seus alunos a trabalhar em equipe

seja um dos maiores desafios de um professor moderno.

Para ajudá-lo em mais esse desafio em busca da excelência, cito uma

experiência pessoal quando lecionei no projeto Qualificar-RS na cidade de

Novo Hamburgo em 1999.

Esse projeto baseava-se em qualificar alunos (a maioria de baixa

renda) que estavam concluindo o ensino médio com baixa taxa de

empregabilidade.

Nesse curso, procurei passar noções básicas de administração para

tentar despertar nesses alunos o gosto pelo empreendorismo, ou seja, de

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possuir um negócio próprio ou, pelo menos de desenvolver uma atitude

empreendedora.

Dentro desse contexto, ressaltei desde o início do curso, a importância

do trabalho em equipe. Notei que quase toda a turma achou interessante o

tema em questão. Foi quando decidi por em prática o mesmo. Propus um

determinado trabalho e notei que os alunos já estavam escolhendo as equipes

(grupos ou “panelas”). Aí eu os interrompi e comentei: Hoje eu vou sortear os

grupos!

Meu Deus do céu! Eu nem imaginava a reação de meus alunos, eles

simplesmente me fuzilaram com seus olhares. Foi uma reclamação geral. “Mas

como, professor Tejada! Deixa a gente fazer com quem a gente quer! Eu quero

trabalhar com quem eu gosto!”

Pela reação, tive que explicar (revisar) por mais de meia hora a

importância do verdadeiro trabalho em equipe. Eles acabaram aceitando (meio

a contragosto, é claro).

Bem, com o passar do tempo, notei que a turma começou a se

relacionar melhor. Os alunos começaram a se conhecer mutuamente mesmo

os que sentavam distantes entre si.

Como professor, pude perceber (e isso é muito raro) que eles estavam

conseguindo realmente trabalhar em equipe gerando sinergia. Foi uma

vivência, para mim, fascinante e também muito marcante.

Inclusive em um determinado dia falei: “Hoje, não vou sortear as

equipes, vocês podem escolher com quem querem trabalhar!” Você, meu

estimado leitor, não imagina a minha surpresa quando a resposta em uníssono

da turma foi: “Que é isso professor Tejada! Nós queremos que você sorteie as

equipes!”.

Isso mesmo, eles sabiam que tinham que realizar o trabalho e não

importava com quem. No final do curso alguns alunos me comentavam: “Puxa,

nem imaginava que esse meu colega era tão legal, pois ele sempre sentava

longe de mim, que bom que pude conhecê-lo e hoje somos amigos. Obrigado

por essa oportunidade Tejada!” ou “Puxa, eu gostaria de ter também trabalhado

com outros colegas, pena que o curso acabou!”.

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“O que realmente interessa no trabalho em equipe é o objetivo atingir,

o resto é secundário!”

Posso dizer que, sem sombra de dúvida, a experiência de lecionar

para essa turma foi uma das coisas mais marcantes e gratificantes de toda a

minha carreira de professor. Eu aprendi muito com eles. Fica aqui meu

reconhecimento e agradecimento especial a essa turma de alunos que me

ensinou tanto, principalmente como ser humano.

“O trabalho em equipe é muito diferente do trabalho em grupo. No

trabalho em grupo prevalecem as afinidades, enquanto no trabalho em equipe

o foco é o objetivo a atingir, independente da relação de amizade entre os

integrantes. No trabalho em equipe o que conta é a competência dos

integrantes do grupo, independente da relação de amizade existente.”

Prosseguindo, o professor fora de série precisa estimular a autonomia

de seus alunos, ou seja, promover um verdadeiro processo de empowerment 2

na sala de aula. O professor fora de série deve promover um ambiente que

incentive os seus alunos a tomar iniciativa, a correr riscos, a antecipar

problemas, visualizar soluções criativas, ou seja, incentivar um perfil

empreendedor em sala de aula.

Para isso, os alunos precisam de autonomia em certos aspectos. O

professor pode incentivar isso fazendo com que seus alunos tenham liberdade

de expor as suas idéias e posições. Liberdade, também, para propor algumas

atividades, assuntos, etc. Isso incentiva a participação dos alunos mexendo na

sua auto-estima, ou seja, de certa forma, os alunos se sentem muito

valorizados por que estão sendo ouvidos pelo professor.

Logicamente, não podemos deixar de lembrar para os nossos alunos

que sempre uma maior autonomia, obrigatoriamente, virá acompanhada de

uma maior responsabilidade. Em função disso, tente proporcionar maior

autonomia com responsabilidade aos seus alunos, o resultado, posso lhe

assegurar, será surpreendente, pois a maioria dos alunos gosta de ser

2 Empowerment – capacidade de proporcionar maior autonomia à equipe de trabalho (iniciativa).

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desafiada em sala de aula. E ter maior autonomia e responsabilidade, sem

dúvida nenhuma é um grande desafio.

Portanto, todo o professor fora de série precisa saber gerenciar um

processo de empowerment com grande sucesso, ou seja, um ambiente capaz

de despertar nos alunos o espírito empreendedor.

“Autonomia e responsabilidade devem sempre andar juntas.”

Apesar disso, o grande professor sabe que, de vez em quando, ele

também terá de “puxar as orelhas” de seus alunos se as coisas não estiverem

tomando um rumo adequado, mas esse puxão de orelhas terá um sentido de

motivá-los a voltar a seguir um caminho correto, a fim de que os objetivos de

aprendizagem sejam alcançados com muito sucesso. Lembram-se do exemplo

do “puro sangue”?

Em vista disso, o professor fora de série não poderá abrir mão de uma

excelência em termos de aprendizado por parte de seus alunos, ele deve se

esforçar de todas as formas para que seus alunos aprendam o máximo em sua

disciplina, pois ele sabe que a qualidade de um professor é fundamentalmente

medida pelo que seus alunos efetivamente aprendem em sala de aula e não

pelo seu próprio conhecimento.

“A qualidade de um professor é medida pelo que seus alunos

efetivamente aprendem em sala de aula.”

Por outro lado, o professor fora de série sabe reconhecer com

sinceridade e externar o elogio merecido do trabalho de um aluno, ele sempre

reconhece, admira e incentiva um excelente trabalho. Isso é muito importante,

o aluno deve se sentir reconhecido quando realiza um bom ou excelente

trabalho, ele precisa se sentir valorizado em sua auto-estima que o motivará a

buscar resultados ainda mais auspiciosos.

Na verdade, tudo isso acaba gerando uma competitividade interna

sadia, visto que todos os alunos se esforçarão para atingir seu potencial, ou o

seu desempenho máximo, pois todo o ser humano procura ser reconhecido

naquilo que faz, no seu trabalho, na sua vida, etc.

Por isso, o professor fora de série deve sempre valorizar o talento

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conseguindo criar um clima organizacional 3 voltado para a excelência em sala

de aula, onde cada aluno procure se superar, sendo melhor a cada dia que

passa e ao mesmo tempo tendo respeito pelo seu colega (competitividade

sadia).

Um outro aspecto muito importante no perfil do professor fora de série

é sua inteligência emocional, pois, muitas vezes, ele terá pela frente uma turma

inquieta, questionadora e que lhe exigirá muita tolerância e sabedoria.

Ter inteligência emocional significa, em primeiro lugar, ter um profundo

auto-conhecimento de sua pessoa (personalidade), ou seja, basicamente saber

do seu limite em termos emocionais (aquilo que pode afetar seu equilíbrio

emocional).

Em segundo lugar, o professor fora de série precisa ter suas próprias

emoções sob controle para poder dirigir a turma nos momentos de conflitos em

sala de aula e que, muitas vezes, são freqüentes, principalmente no ensino

fundamental e médio.

Contextualizando, cada turma se torna um novo desafio para a carreira

de um professor fora de série, visto que as pessoas apresentam

temperamentos e comportamentos muito diferentes, por isso o grande

professor deve ser capaz de desenvolver sua inteligência emocional

(flexibilidade), o que pode ser estratégico no aprendizado de sua turma. O

professor precisa transmitir confiança para seus alunos em todas as

circunstâncias, o aluno precisa se sentir seguro com relação ao professor e,

isso inclui, tanto o comportamento do professor, como sua competência em

ensinar e transmitir TODO o seu conhecimento. Isso mesmo, o professor fora

de série ensina TUDO o que ele sabe. Ele mostra todos os “pulos do gato”

como se diz na gíria, ele não esconde nada do aluno. O professor fora de série

precisa demonstrar para os seus alunos que sua dedicação e

comprometimento em transmitir seus conhecimentos estão acima de qualquer

coisa. Isso é fundamental. É o mínimo que se espera de qualquer professor

que se preze.

Infelizmente, tive diversos exemplos de professores, tanto em minhas

graduações como em minha pós, que me passaram a clara impressão de que o

3 Clima Organizacional – motivação em nível de equipe, atmosfera psicológica do ambiente que correlaciona intimamente com a produtividade das pessoas.

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conhecimento era de seu uso particular e restrito.

Além disso, voltando ao tema sobre turmas complicadas, como

comento em minhas palestras para professores, a turma considerada “difícil” é

o maior teste do professor fora de série, ou seja, é a situação onde ele mais

aprende, por isso, o grande professor sabe que essa turma “difícil” poderá lhe

ensinar muito e, por isso mesmo, ele encara essa experiência como mais um

desafio de sua carreira, ou melhor, como mais uma grande oportunidade de

aprendizado.

“O professor excelente sempre aprende com cada turma, mas as que

mais lhe ensinam são as turmas “difíceis””.

Finalizando, o professor fora de série sabe de sua enorme

responsabilidade que tem para com seus alunos em função de que seu

trabalho e exemplo deixam marcas indeléveis nos mesmos, pois como

qualquer líder que se preze, ele influencia fortemente as atitudes e

comportamentos, através de sua postura e integridade (valor ético).

A propósito, quando falamos em valor ético estamos falando de AÇÃO,

pois um valor ético somente é reconhecido quando é praticado, ou seja,

quando somos exemplo de um comportamento correto e íntegro.

O professor será sempre exemplo para seus alunos (bom ou mau), por

isso nosso grande desafio é nos convertermos em excelentes exemplos a

serem seguidos, o que, muitas vezes não é nada fácil. Os alunos, diversas

vezes, simplesmente seguem o comportamento de seu mestre, por isso a

nossa responsabilidade de sermos líderes positivos capazes de inspirar

sentimentos de correção, integridade, compaixão e tolerância em sala de aula

é enorme e indelegável.

“O professor deve ser sempre exemplo de ética e integridade em sala

de aula.”

Por esse motivo, a função de professor é tão vital na formação dos

valores de qualquer sociedade ou comunidade e por esse mesmo motivo é

uma pena que, de uma forma geral, a nossa profissão não seja tão valorizada

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em nosso país.

Apesar disso, é muito importante que cada professor esteja consciente

de sua enorme responsabilidade na construção de um país com mais

educação e desenvolvimento e não se esqueça que ser professor, acima de

tudo é um grande desafio pessoal em todos os aspectos.

“O professor fora de série sempre se recorda de sua missão como

mestre: que é fazer um mundo um pouco melhor de se viver para toda a

sociedade, através da transmissão de seus conhecimentos e experiências.”

Na realidade, o professor fora de série precisa ser acima de tudo um

grande idealista. De outra forma, ele deve se lembrar constantemente que o

seu trabalho é vital para qualquer sociedade, ou seja, que seu trabalho pode e

deve fazer a diferença em qualquer lugar e contexto (significado do trabalho4),

independentemente de sua remuneração.

Na verdade, o professor fora de série é um apaixonado pelo

magistério, pois considera a sua profissão uma verdadeira missão, algo nobre

e muito necessário para que toda a sociedade possa ter acesso ao ouro

moderno que é o conhecimento. Pense nisso meu prezado leitor (professor).

No próximo capítulo, falaremos sobre essa verdadeira paixão que o

professor fora de série tem pelo magistério. Algo que, às vezes, é muito difícil

de ser explicado, mas verdadeiramente maravilhoso de ser vivenciado no dia-

a-dia com cada turma em sala de aula. Ser professor na verdade é ser uma

pessoa apaixonada pela vida já que desenvolvemos uma vocação de ajudar as

pessoas a se transformar.

“Prefiro morrer pobre, ajudando as pessoas a se transformarem.”

Waldez Ludwig

4 Significado do trabalho – saber que o nosso trabalho é útil e importante, esse trabalho pode e deve fazer a diferença independente da função exercida.

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Cap. 2 – A paixão pelo magistério

“A diferença entre um louco e um profissional é que um profissional faz o

máximo que pode de acordo com o que se propôs a fazer, ao passo que um

louco faz excepcionalmente bem o que ele não consegue deixar de fazer.”

Charles Bukowski

Como não poderia deixar de ser, todo o professor fora de série precisa

ser obrigatoriamente um apaixonado por sua profissão. Por isso, se você, meu

prezado leitor quer se tornar um professor fora de série algum dia, trate de se

apaixonar pelo seu trabalho.

Isso é fundamental, pois todo professor fora de série apresenta uma

forte e consistente auto-motivação.

Para começar, o professor fora de série precisa estar com todo o gás

quando entra em sala de aula. Os alunos precisam perceber a energia do

professor logo que ele entra em sala de aula para ter uma boa primeira

impressão.

Com o passar do semestre, isso começa a contagiar o ambiente de

sala de aula ou o clima organizacional. Essa energia positiva é fundamental em

qualquer professor. Os alunos, com certeza, percebem isso e ficam muito mais

dispostos a aprender. Então, sugiro que você cuide muito dos primeiros

momentos em sala de aula.

Portanto, o professor fora de série precisa amar a sua profissão acima

de tudo (eu diria) para sempre procurar se superar e buscar a excelência em

todos os níveis.

Como conseqüência disso, o aluno, percebendo essa grande

motivação (amor pela sua profissão) vai se sentir motivado para aprender cada

vez mais em sala de aula, ou seja, a motivação do professor sempre acaba

passando para o aluno e contagiando o ambiente em sala de aula o que torna o

mesmo um ambiente extremamente propício para o aprendizado.

Além disso, o aluno, provavelmente, muito mais facilmente poderá se

identificar com o professor visto que todos nós admiramos pessoas motivadas

e, sobretudo, apaixonadas pelo seu trabalho.

Page 20: O professor fora de série

20

Quem não se lembra do nosso querido e saudoso Airton Senna que

sempre demonstrava seu amor e comprometimento pela sua profissão e pelo

nosso país pilotando seu F1? Isso realmente contagiava todo o brasileiro que

acordava cedo quase todo o domingo para assistir a mais uma corrida do

nosso campeão.

Portanto, a motivação (paixão) é realmente um grande diferencial em

qualquer professor (em qualquer profissão eu diria) e deve ser indelével no

professor fora de série.

“No que diz respeito ao empenho, ao compromisso, ao esforço, à

dedicação, não existe meio termo. Ou você faz uma coisa bem feita ou não

faz.”

Airton Senna

Em função disso, quase toda a aula de um professor fora de série é

alto-astral, leve, descontraída e justamente, por isso, quando o aluno percebe,

ela já está chegando ao seu final.

Aliás, muitas vezes, o próprio professor se esquece da hora, pois está

tão concentrado e motivado que não percebe que o tempo passou.

Isso algumas vezes acontece comigo em sala de aula. É uma pena

que não seja sempre, pois nem todo o dia estamos inspirados para

lecionarmos de uma forma excelente, pois como todo ser humano temos os

nossos altos e baixos e isso não é diferente num professor fora de série.

Um outro aspecto marcante em um professor fora de série é que ele

sempre em todas as aulas está motivado. Isso mesmo, o professor fora de

série consegue manter a sua motivação durante todo o ano. Isso também é um

poderoso motivador para seus alunos que percebem e admiram essa

característica marcante no seu professor. E todos nós sabemos o quanto é

difícil mantermos a nossa motivação no dia-a-dia.

“O grande desafio de qualquer professor é o de manter a motivação

de seus alunos.”

É claro que todo o professor fora de série tem problemas a serem

Page 21: O professor fora de série

21

resolvidos, mas ele tem o dom quando está em sala de aula de esquecer tudo

e lecionar de uma forma motivante e cativante.

Confesso que, algumas vezes, fui para a universidade pensando em

problemas que eu precisava resolver e não via a solução. Mas, quando a aula

começava, eu conseguia me esquecer totalmente desses problemas.

Na realidade, lecionar para mim também se tornou uma verdadeira

terapia, pois, diversas vezes, esqueço os meus problemas e acabo saindo

melhor do que quando entrei em sala de aula, visto que os alunos, na grande

maioria das vezes, me passam uma energia extremamente positiva em todos

os sentidos, aliás, a própria universidade é um ambiente extremamente

motivante (alto astral).

Justamente por isso, muitas vezes, acabamos voltando como

professores para que possamos conviver novamente nesse ambiente tão

envolvente e fascinante.

Em conseqüência disso, o professor auto-motivado sempre está se

atualizando e fazendo com que a sua disciplina seja mais interessante e

atrativa para o aluno a cada semestre que passa, ou seja, em sua disciplina

sempre existem novidades, o que torna a mesma cada vez mais atrativa e

instigante para o aluno. (Por isso, sugiro que a cada semestre você atualize a

sua apostila, isso demonstra ao aluno que você realmente está interessado em

desenvolver um trabalho de qualidade).

Na verdade, o professor fora de série consegue manter a sua

motivação porque está sempre adquirindo novos conhecimentos o que faz com

que ele se desenvolva continuamente tanto em nível profissional como pessoal,

ou seja, ele também é um apaixonado pelo aprendizado contínuo.

Ele sempre quer aprender mais a fim de aumentar a sua cultura e seu

conhecimento sobre os conhecimentos de sua área de estudo.

Por isso considero a carreira de professor uma das mais empolgantes

e desafiadoras que conheço, visto que o professor fora de série está se

desenvolvendo continuamente, testando sua capacidade intelectual todo o dia.

E que carreira pode nos proporcionar isso?

Contextualizando, noto frequentemente em muitas empresas que visito

que as pessoas estão muito desmotivadas e isso, em minha opinião, é devido

em parte ao fato de que elas não estão conseguindo desenvolver seu

Page 22: O professor fora de série

22

verdadeiro potencial de uma forma adequada.

As empresas, de uma forma geral, precisam ser mais competentes no

desenvolvimento de seus próprios talentos.

Nos colégios acontece o mesmo, tanto em nível de professores como

no de alunos. Eu pergunto: quantos colégios ou universidades possuem um

programa de treinamento definido de uma forma consistente para seus

docentes?

O que torna a situação ainda mais complicada é que, muitas vezes,

nem as próprias pessoas reconhecem sua vocação, ou sabem

verdadeiramente aquilo que as agrada. Você já reparou nisso?

Para que isso não aconteça precisamos, primeiramente, reconhecer

nossa verdadeira vocação. Nesse aspecto o professor fora de série não tem

dúvida, ele sabe que ser professor “está no seu sangue”, tem a ver com a sua

personalidade, faz parte de sua vida, ou melhor, é a sua missão. O professor

fora de série tem a mais absoluta certeza que seu lugar é na sala de aula com

seus alunos.

Além disso, o professor fora de série é uma pessoa com uma grande

capacidade de doação, pois toda a aula ele procura dar o melhor de si. Ele

sabe de sua grande responsabilidade perante seus alunos.

Em função disso, esse professor deve estar sempre focado no aluno e

em suas necessidades, muitas vezes, pensando mais no aluno do que em si

próprio, pois o verdadeiro professor considera seu trabalho (como foi

comentado anteriormente) uma grande missão. Missão no sentido de ajudar as

pessoas a melhorar e a encontrar um caminho seguro a fim de desenvolver seu

verdadeiro potencial (talento).

Em função desse grande desafio, todo professor fora de série precisa

obrigatoriamente ser um apaixonado pela sua profissão, pois assim ele será

um exemplo de comprometimento pessoal a ser seguido por seus alunos em

todos os sentidos.

Para isso, logicamente, a função de professor deve estar de acordo

com a personalidade da pessoa.

Isso é facilmente constatado, pois todo o professor fora de série tem

um orgulho de ser professor, de dizer que é professor (de sua profissão),

independentemente de sua remuneração ou valorização pela sociedade, que

Page 23: O professor fora de série

23

na maioria das vezes, infelizmente, deixa muito a desejar.

Para contextualizar, quando estou de férias de aula no início de cada

ano, sinto, depois de um mês sem lecionar, “um certo vazio” e logo percebo

que, as aulas e o contato com os alunos na universidade em que leciono, estão

me fazendo falta.

Isso é sério, não consigo ficar muito tempo longe da sala de aula. Todo

aquele alto astral da universidade acabou me seduzindo de uma maneira que

não me vejo trabalhando mais em outro ambiente ou contexto, embora

mantenha contato com empresas fazendo consultorias e palestras, o que

também me agrada bastante.

Por outro lado, infelizmente vejo muitos colegas meus “professores”

longe da sala de aula, preferindo executar apenas tarefas administrativas em

vez de estarem a frente de qualquer turma.

Alguns, inclusive, dizem que são gerentes, diretores, coordenadores,

supervisores evitando dizer que na verdade, são “professores”. Percebo ainda

que, de certa forma, esses profissionais não tem orgulho (auto-estima) de sua

profissão o que é muito triste, pois revela, no fundo, uma frustração.

Sinceramente, por mais que me esforce, não consigo entender essa

posição, visto que a sala de aula é o verdadeiro palco de qualquer professor

(artista) que se preze.

E qual o ator (artista) que ama a sua profissão e que consegue ficar

muito tempo longe dos palcos?

“O professor fora de série, muitas vezes, precisa ser um verdadeiro

artista em sala de aula!”

Na verdade, o professor fora de série deve ser um verdadeiro artista

hoje, sempre procurando testar novas metodologias, abordagens, estratégias

em cada turma que leciona, ou seja, ele deve sempre estar inovando em seus

métodos.

Por isso, na realidade, a criatividade é o seu verdadeiro método de

ensino. É isso que veremos no próximo capítulo.

Finalizando, alguns poderiam me perguntar como podem conseguir se

apaixonar pelo magistério, a fim de se tornarem excelentes professores ou

Page 24: O professor fora de série

24

professores fora de série?

Eu, sinceramente, tenho a humildade de dizer que não saberia

responder à essa pergunta, pois é muito difícil explicar uma paixão.

É como acontece em nossos relacionamentos; simplesmente nos

apaixonamos e, algumas vezes, não pela pessoa “certa”.

Comigo foi mais ou menos assim. Sempre tive uma vontade de

lecionar, mas quando, pela primeira vez entrei em uma sala de aula (1996) em

um colégio público, vi que aquela era a minha missão como ser humano: tentar

ajudar os outros com um pouco de minha experiência e conhecimento.

A partir daquele momento vi que aquilo era o que realmente eu queria

para mim e para a minha vida. Ser professor...

Simplesmente isso, independente das dificuldades inerentes de uma

profissão com tamanhas responsabilidades e desafios.

É verdade que passei mais algum tempo trabalhando full time em

empresas, mas sabia que a sala de aula era meu destino, minha paixão e tudo

era uma questão de tempo o que acabou realmente acontecendo, no segundo

semestre de 1998, quando ingressei no mestrado da Universidade Federal do

Rio Grande do Sul (UFRGS).

Inclusive a paixão que nutro pelo magistério me ajuda em algumas

aulas em que noto que a turma está cansada e inquieta.

É exatamente nesses momentos de dificuldades que qualquer

professor enfrenta, que a minha motivação supera tudo, pois noto que nesse

instante preciso dar o meu melhor em todos os aspectos para que os alunos

apesar do cansaço e da sua inquietação continuem aprendendo a matéria.

Isso para mim é mais um desafio que aprendi a enfrentar nessa

carreira fascinante de professor, pois a dificuldade é o nosso melhor mestre,

pois nos ensina muito.

Na verdade, a adversidade nos faz pessoas melhores quando

conseguimos nos superar e atingir nossos objetivos.

É importante salientar também que, algumas vezes, mesmo nos

preparando cuidadosamente para nossa aula, a mesma não sai como o

planejado.

Isso também acontecia, de vez em quando, nos torneios de tênis que

eu disputava na minha infância-adolescência. Eu conseguia treinar muito bem

Page 25: O professor fora de série

25

com meu professor e no final de semana meu jogo não rendia a contento. Mas,

apesar disso, eu conseguia manter a motivação para o próximo torneio.

Isso também é necessário na docência, não podemos perder a

motivação quando, apesar de nosso esforço, as coisas não correm como

deveriam em sala de aula. Isso deve ser encarado como um desafio a ser

enfrentado e vencido na vida de qualquer professor.

Aliás, tenho uma frase que sempre levo comigo e aprendi quando

jogava torneios de tênis em minha adolescência:

“A derrota nos ensinam muito mais do que a vitória, pois ela nos faz

questionar sobre as todas as nossas decisões e comportamentos. Ela nos

indica onde erramos e onde devemos e precisamos melhorar para atingir a

vitória na próxima vez.”

Por outro lado, às vezes, mesmo não nos preparando tão bem para a

aula, a turma responde de uma forma maravilhosa, isso felizmente também

acontece.

Por falar nisso, muitas vezes, tive o privilégio de conviver com turmas

excelentes, pois eram extremamente receptivas a todas as atividades

propostas por mim em sala de aula. Nesses casos, o meu trabalho ficou

extremamente facilitado porque toda a turma demonstrava um enorme

interesse em participar em aula e aprender.

“Nada deve ser capaz de desmotivar um excelente professor”

Por isso, sugiro que você que, ainda não escolheu sua profissão, fique

muito atento à sua voz interior (aquela que nos diz aquilo que verdadeiramente

nos agrada (vocação)).

Na realidade, nossa consciência é muito sábia e quase sempre nos

conduz a trilhar bons caminhos e ir em busca de nossos verdadeiros e

genuínos sonhos.

Lembre-se que estamos nesse mundo para fazer a diferença em

nossas vidas e na vida de outras pessoas que convivem ou não conosco. Não

se esqueça disso.

Page 26: O professor fora de série

26

Também precisamos nos conscientizar de que qualquer profissão tem

seus momentos de dificuldade e desalento, por isso, precisamos amar nosso

trabalho para buscar sempre realizá-lo da melhor forma possível, apesar das

dificuldades do caminho.

Aliás, desde meu ensino médio eu, particularmente, sempre analisava

todos os meus professores com que tinha aula.

Na verdade, eu Imaginava como eles poderiam melhorar seus

métodos de ensino e tornar as suas aulas mais produtivas e interessantes (que

petulância a minha).

Paradoxalmente acabei me tornando justamente um professor. A nossa

vida realmente nos prega cada peça (no bom sentido)...

Por isso fica aqui meu eterno agradecimento aos professores que

conseguiram fazer a diferença em minha vida.

E mesmo aos que não fizeram, pois me ensinaram como eu não

deveria me portar e agir em sala de aula.

“Tive aula com muitos professores e, com o tempo, descobri a

diferença entre estar professor e SER professor.”

Page 27: O professor fora de série

27

Cap. 3 - A criatividade como método.

“O profissional de sucesso, hoje, precisa ser extremamente criativo, e para ser

criativo ele não pode ter medo de errar. Um profissional criativo, por

conseqüência, é motivado, ousado e, principalmente, corajoso.”

Para nos tornarmos um professor fora de série, precisamos de todas as

formas despertar em nós mesmos e em nossos alunos a tão desejada e

sonhada criatividade.

Falo em despertar, pois acredito que todos nós somos, de certa forma,

criativos ou, pelo menos, temos a capacidade de desenvolver e treinar a nossa

criatividade.

Na realidade, a criatividade se encontra em estado latente ou

adormecida em nós, visto que muito poucas vezes em nossa vida nos deram

chance para usá-la efetivamente, ou seja, quase nunca nos deram espaço para

propor idéias ou sugestões novas nas mais diversas situações.

Começando pela nossa infância e adolescência na família, passando

pela escola, universidade e, finalmente, no mercado de trabalho (organizações)

quase sempre fomos quase que obrigados a apenas seguir as ordens. Aliás,

quem nunca ouviu de seu chefe: “Você é pago para fazer e não para pensar!”

Infelizmente, ainda hoje, em muitas empresas ainda acontece o mesmo.

Então, com o tempo, acabamos aceitando apenas seguir o que os

outros nos dizem sem questionar se as coisas poderiam ser feitas de uma

maneira diferente ou quem sabe até melhor por que não dizer.

Na educação atual, de uma forma geral, acontece exatamente o

mesmo. Reparem como até hoje, mesmo na universidade, os alunos sempre

sentam nos mesmos lugares e com as mesmas pessoas durante todo o

semestre e, às vezes, durante todo o curso superior. Mas por que acontece

isso?

“Na maioria das escolas, no ensino fundamental, ainda existe o

famigerado “espelho” de classe, que simplesmente ensina o aluno a sentar

sempre no mesmo lugar na sala de aula.”

Page 28: O professor fora de série

28

Na verdade, fomos “treinados” a sempre sentar no mesmo lugar desde

o primário e o que é pior, acabamos levando isso conosco durante a nossa

vida.

Continuando na caçada contra a criatividade é interessante comentar

que, em hipótese alguma poderíamos questionar o professor. Tínhamos que

simplesmente aceitar seus posicionamentos, pois ele era, simplesmente, o

professor, portanto sempre estava certo e ponto final.

“Professor não erra, professor apenas se engana.”

Ditado popular

Justamente, por isso, alguns de nossos alunos, mesmo hoje na

universidade, apresentam muitas dificuldades em pensar por conta própria.

Eles, na verdade, esperam que o professor pense por eles e proponha todas as

soluções.

De outra forma, querem somente as coisas prontas. Se o professor

começa a fazer com que reflitam alguns reclamam: “Ah, professor! Fala logo a

resposta que eu estou ficando agoniado com as suas perguntas. Se o senhor

sabe, por que não diz logo a resposta?Que coisa!”

Para contextualizar, noto algumas vezes isso na disciplina de

planejamento estratégico que leciono.

Para planejar com sucesso precisamos, logicamente, desenvolver e

treinar muito a nossa criatividade, pois afinal planejar é propor soluções para os

problemas de nossa organização, sendo que os problemas são diferentes e, o

que é pior, cada vez mais difíceis e complexos.

Conseqüentemente, precisamos pensar nas mais diversas estratégias5

para que a nossa organização ganhe a cada dia mais e mais competitividade

superando seus concorrentes em um ambiente interdependente e mutável.

“Em um ambiente interdependente e mutável qualquer organização

pode ser comparada a um jacaré. E todos nós sabemos que um jacaré

somente sobrevive se não ficar parado. Pois se ele não se mexer, ele pode

5 Estratégia: termo de origem militar: a arte do general, em planejamento significa o que vou fazer para atingir os objetivos propostos.

Page 29: O professor fora de série

29

virar bolsa, sapato, casaco, carteira, aliás, ele poder virar qualquer coisa menos

ficar como jacaré.”

Por essa razão quando começamos a estudar a parte estratégica do

processo de planejamento, os alunos, de uma forma geral apresentam

dificuldades de achar as soluções para os problemas apresentados em aula, já

que não fomos educados a pensar e propor soluções novas e, muito menos de

termos a coragem necessária de testá-las.

Para nos tornarmos professores excelentes ou fora de série

precisamos ter a coragem de testar estratégias novas todo o semestre, na

verdade precisamos ser ousados para propor novos métodos de ensino com o

intuito de melhorar o aprendizado do aluno de uma forma contínua e

consistente.

O professor fora de série deve ser como um alquimista que realiza

sempre novas experiências, analisando os resultados constantemente. Por

isso, não podemos ter medo de errar, temos de ousar constantemente em

busca da excelência. Essa é a nossa missão e o nosso grande desafio.

Comigo acontece isso, cada semestre acabo testando algo novo em

minhas aulas. Também tenho a humildade de admitir que nem sempre o

resultado é satisfatório, mas isso faz parte de meu aprendizado como professor

e, como professor, sei que estou sempre aprendendo.

A abertura da aula

Continuando com algumas estratégias que utilizo em minhas aulas

para melhorar minha metodologia de ensino convém ressaltar a abertura da

aula.

“Um dos aspectos que mais chama a atenção de um aluno é a forma

como um professor abre ou começa a sua aula.”

A abertura de uma aula é muito importante, na verdade é o cartão de

visita do assunto a ser estudado. Por isso, para começar é muito importante

fazer um aproach (preparação) antes de falar sobre o assunto a ser estudado.

Na verdade, nunca se começa uma aula diretamente na matéria

Page 30: O professor fora de série

30

propriamente dita, pois o aluno não está preparado para iniciarmos

imediatamente com os assuntos específicos da disciplina, o aluno precisa ter

um tempo para relaxar e assim entrar, digamos assim, no clima da aula.

Em função disso, sempre inicio minhas aulas com o que costumo

chamar de “momento cultural”. Nesse “momento cultural” trago para a aula e-

mails que recebo e que contém mensagens de motivação, de reflexão e,

invariavelmente, também algumas piadas, às vezes relativas a algum assunto

que vai ser abordado em aula.

Faço isso com o intuito de que os alunos possam inicialmente relaxar e

se conectar mais facilmente quando eu literalmente começar a aula.

Não podemos esquecer que precisamos primeiro conectar a nossa

platéia para somente depois disso, começarmos a enviar a nossa mensagem,

somente assim o processo de comunicação pode alcançar o sucesso

esperado.

“O processo de comunicação somente se efetiva quando o receptor

(aluno) recebe e compreende a mensagem do emissor (professor).”

Com o tempo acabei percebendo que esse momento era muito

aguardado pelos alunos que, inclusive comentam, algumas vezes, que todos

os professores deveriam fazer um momento cultural como abertura de suas

aulas.

Outros ainda me dizem: “Tejada, sempre chego atrasado nas aulas,

mas na tua eu chego na hora, pois não quero perder o momento cultural”.

Por isso, professor pense como pode ser a abertura de sua aula, isso

pode se tornar um atrativo a mais para os seus alunos.

Precisamos fazer algo que já inicialmente possa prender a atenção do

aluno.

Você também pode contar algo de interessante que aconteceu durante

o dia ou algo por que você está passando, pois os alunos demonstram sempre

muita curiosidade em saber sobre algo particular do professor (família, estilo de

vida, hobbies, etc).

Logicamente sempre temos que ter bom senso quando contamos algo

particular sobre nossa pessoa, mas isso creio que todo professor vai saber o

Page 31: O professor fora de série

31

que contar e em que situação.

Para contextualizar sempre comento em minhas aula sobre o meu

CUnhado (Aliás se cunhado fosse boa coisa não começaria com cu.) e minha

irmã que considero as minhas duas cruzes, afinal todos temos que carregar

alguma cruz na vida, como Deus quase que somente me proporcionou

felicidades tanto em minha vida pessoal como profissional (especialmente

como professor) ele também me deu duas cruzes para carregar o que é mais

do que compreensível.

Também comento algumas coisas que aconteceram ou estão

acontecendo em minha vida e que se relacionam com a matéria lecionada. Isso

faz com que os alunos internalizem melhor alguns pontos da matéria, pois seu

interesse é aguçado pela curiosidade. Noto isso pois, volta e meia, algum

exemplo vivenciado por mim é citado em prova, o que significa que consegui

sensibilizar o aluno naquele ponto da matéria.

A aula de sensibilização.

Uma outra estratégia que tenho utilizado e obtido um bom resultado é o

que chamo de aula de sensibilização.

Para exemplificar, na disciplina de comportamento organizacional que

leciono um dos assuntos é justamente a motivação.

Decidi, de um tempo para cá, fazer uma aula não convencional para

que os alunos percebessem o que, na verdade, significa a motivação.

A motivação apresenta um sentimento individual para cada pessoa,

pois as pessoas possuem motivações, às vezes, muito diferentes.

Por isso, o que motiva uma pessoa, muitas vezes não motiva outra,

pois as pessoas têm personalidades e muitas vezes, objetivos bastante

distintos.

“A motivação tem significados diferentes para cada pessoa, já que

todos nós somos seres únicos e com personalidades únicas”.

Para iniciar essa aula de aula de sensibilização, seleciono algumas

músicas de quase todos os gêneros e questiono meus alunos sobre seus

Page 32: O professor fora de série

32

sentimentos com relação a essas músicas.

É interessante verificar que cada aluno possui um sentimento próprio

e, muitas vezes, oposto ao seu colega. As pessoas sentem as músicas de

formas diferentes, de acordo com a sua personalidade e de sua história de

vida.

Existem músicas que nos tocam mais profundamente, pois nos

lembram tanto de coisas boas quando de dificuldades vivenciadas, ou seja,

cada música tem a capacidade de tocar de uma maneira diferente cada

pessoa.

“Algumas músicas nos tocam de uma maneira especial o que não

acontece com outras que simplesmente, às vezes até odiamos.”

Contextualizando, uma das músicas que utilizo é a do programa

Fantástico da Rede Globo, quando eu pergunto qual a sensação quando vocês

ouvem pela segunda vez essa música nas noites de domingo? Sinceramente

as respostas são, às vezes, surpreendentes.

Logo depois, coloco no datashow vídeos engraçados para descontrair

os alunos, digamos que esse seria um momento cultural virtual.

Em seguida, começo a projetar mensagens que fazem os alunos

refletirem sobre suas vidas e, principalmente, sobre a sua vida na organização.

Prosseguindo a aula, procuro mexer com os mais variados

sentimentos dos alunos nessas projeções entre eles: alegria, reflexão,

“tristeza”, felicidade, etc.

Inclusive em todas essas mensagens, eu escolho um fundo musical

apropriado para criar um clima ainda mais propício para cada sentimento.

No final dessa aula ou na próxima aula, procuro traçar um paralelo

sobre esses sentimentos (motivações vivenciadas) com relação às teorias mais

estudadas e aceitas sobre motivação entre elas as de Maslow, Herzberg,

Adizes, Vroom entre outros autores, ou seja, faço uma contextualização do

tema em estudo (motivação).

O feedback6 que tenho tido por parte dos alunos tem sido, na maioria

6 Feedback – resposta ou retorno do trabalho desenvolvido (avaliação).

Page 33: O professor fora de série

33

das vezes, muito bom.

Apenas numa ocasião percebi que a turma não tinha assimilado bem

essa metodologia, mas isso também faz parte. Temos que estar conscientes de

que nem sempre nossas aulas atingem o objetivo esperado e temos que ter

humildade para reconhecer isso e mudarmos ou aperfeiçoarmos as nossas

estratégias.

A apostila.

Prosseguindo agora abordarei um tópico importante que se refere à

formatação da apostila da disciplina, ou material de apoio, como eu costumo

chamar.

Sempre achei que uma apostila completa era muita comodidade para o

aluno e de certa forma desinteressante. Por isso minha apostila não é

completa. Na verdade, ela possui espaços para serem completados pelos

alunos em sala de aula.

Isso faz com que os alunos não fiquem somente olhando eu falar (o

que muitas vezes provoca sono em alguns), pois de vez em quando precisam

fazer anotações no material o que tende a fazer com que mantenham a sua

atenção em aula.

Com isso, eu constato que a aula acaba ficando mais dinâmica e

interessante e os alunos ficam mais despertos e atentos ao tema estudado

(não posso esquecer que leciono à noite e a grande maioria dos alunos

trabalha de dia o que faz com que a aula tenha que ter uma formatação

adequada (a dinâmica da aula é muito importante nesse aspecto), pois o aluno

já enfrentou um dia inteiro de trabalho).

Além disso, em quase toda aula distribuo um material adicional (parte

de algum livro que acabei de ler ou algo parecido) que, acredito, possa

enriquecer o assunto em questão.

Em função disso, o aluno percebe que estou me esforçando para me

atualizar constantemente e renovar o material da disciplina sempre com

novidades.

Isso também acaba fazendo com que os meus alunos se

conscientizem de que a presença deles é muito importante para o seu

Page 34: O professor fora de série

34

desempenho na disciplina durante o semestre, pois, muitas vezes, esses

assuntos acabam sendo objetos de questionamentos em nosso encontro

intelectual (prova).

A chamada.

Com relação à realização da chamada utilizo uma estratégia não muito

convencional, pois, na maioria das disciplinas que cursei em minhas

graduações a chamada sempre foi usada como um elemento de pressão (até

coação) para que o aluno permanecesse em sala de aula.

Confesso que nunca gostei disso, pois, na verdade, como comentamos

anteriormente, o aluno precisa se conscientizar que a sua presença é

realmente muito importante em sala de aula.

Conseqüentemente, não utilizo a chamada como uma imposição à

presença do aluno, ou seja, jamais faço mais de uma chamada ou, o que é

pior, uma única chamada no final de dada aula, pois acredito que essa não é a

melhor maneira de conduzir uma aula já que leciono em uma universidade de

administração e qualquer professor de administração precisa ter como um dos

principais objetivos o de despertar um espírito empreendedor em cada aluno,

ou seja, que cada aluno tenha autonomia e saiba usar com inteligência e bom

senso essa liberdade buscando constantemente a excelência em seu

aprendizado.

E também por que, na realidade, não quero obrigar ninguém a assistir

à minha aula de má vontade. Por isso faço uma única chamada no início da

aula.

Aliás, para mim, fazer a chamada no início funciona como um índice de

controle de qualidade, pois é um teste pessoal a fim de ver se sou capaz

realmente de manter o interesse e atenção de minha turma sem qualquer

mecanismo impositivo (Em minha graduação notava que alguns colegas meus

somente permaneciam na sala de aula simplesmente para responderem no

final da aula a chamada).

Sinceramente, para mim, nem precisaria existir chamada, pois temos

que nos conscientizar que somente conseguiremos mudar esse país se dermos

um real valor à educação e ao conhecimento.

Page 35: O professor fora de série

35

“Um país somente consegue evoluir com consistência quando seus

habitantes aumentam seus conhecimentos através de uma educação

atualizada.”

Sugiro que você, professor universitário, pense nisso. Experimente

fazer sua chamada no início de cada aula e avalie o comportamento (reação)

de sua turma.

Também não poderia deixar de comentar que certa vez um colega me

questionou: ”Tejada, desculpe, mas acho que tu estás completamente louco!

Se eu fizer a chamada no início da cada aula, todos os meus alunos vão

embora! Então, como é que eu vou dar aula”?

Então eu respondi: ”Bem, se todos os seus alunos vão embora, acho

que está na hora de você “pensar” em rever sua metodologia de ensino

(estratégias)”.

Vocês não concordam comigo? Realmente não sei se meu colega

gostou da minha resposta, embora eu tenha procurado ser o mais elegante

possível (não sei se consegui), mas, na verdade, acho que ele precisava ser

alertado de alguma forma, pois todos nós professores temos deficiências ou

aspectos a melhorar e precisamos sempre procurar atacar de todas as formas

nossos pontos fracos com o intuito de minimizá-los.

“O fascínio da carreira de docente está no constante aprendizado que

ela proporciona, pois o conhecimento tem o dom de mudar para melhor as

pessoas em todos os sentidos”.

Além disso, temos de procurar sempre manter nossa humildade para

reconhecer e, principalmente, corrigir nossos erros.

Essa postura, na verdade, na maioria das vezes, pode criar uma forte

empatia com o aluno, visto que o professor fora de série precisa ter a coragem

de reconhecer seus erros perante os outros sem constrangimentos (o que não

é fácil). Isso, na verdade, é sinal de grandeza e quem de nós, eu pergunto, por

acaso, nunca se equivocou?

Page 36: O professor fora de série

36

A Revisão.

Outro ponto importante na estratégia criativa de um professor fora de

série é a sua revisão.

Logicamente todo o professor deve fazer uma revisão dos assuntos

tratados em sua aula anterior, porém, de uma maneira geral, os alunos não

gostam de ser questionados.

Quando o professor fala que vai revisar os conteúdos da aula passada

os alunos já se sentem inseguros.

Então, como posso fazer uma revisão que deixe os alunos motivados

para responder as perguntas e, principalmente, (esse é o grande objetivo) lhes

proporcione motivação para revisar a matéria antes da aula começar?

Bem, para iniciar apago a luz (isso mesmo, pois com as luzes da sala

desligadas meus alunos não podem ler as suas anotações) e indico um aluno

para responder.

No início os alunos ficam muito surpresos, mas vão relaxando, pois

não faço nenhum interrogatório policial.

Na verdade, vou perguntando os pontos principais estudados na aula

passada e quando o aluno não sabe, eu o ajudo a lembrar (às vezes sopro em

seu ouvido a resposta) e depois peço para ele falar em voz alta para toda a

turma ouvir. É claro que toda a turma percebe e, muitas vezes, explode em

risadas.

Com isso, penso que consigo, na maioria das vezes, fazer a revisão de

uma forma descontraída e, acima de tudo, produtiva.

Noto também com o passar do semestre que a maioria dos alunos

passa a revisar a matéria antes da aula começar, a fim de que, digamos assim,

não tenham de pagar um “miquinho” para toda a turma por não saberem

responder à alguma de minhas perguntas.

Na realidade, meu grande objetivo é fazer com que os meus alunos

consigam internalizar a matéria de uma forma divertida e descontraída, sendo

que para isso é muito importante a revisão dos assuntos estudados em aula,

ou seja, a repetição dos conhecimentos é uma estratégia adequada para

melhorar o aprendizado do aluno de uma forma consistente.

Alguns alunos, inclusive me comentam, que aquelas perguntas que,

Page 37: O professor fora de série

37

por acaso, não conseguiram responder na revisão, eles invariavelmente

acertaram as mesmas na prova.

Sim, na verdade, sempre nos lembramos das questões que erramos

nas provas, os erros nos marcam muito mais do que os acertos, pois não os

esquecemos com facilidade.

“Quando um aluno erra uma questão na prova, ele, dificilmente,

esquece. Os erros, tanto em provas como na vida, nos ensinam muito.”

A oração acadêmica.

Utilizo também outra estratégia para conceitos importantes ou partes

chaves da disciplina. Faço o que eu chamo de “oração acadêmica”. Mas no

que consiste essa estratégia?

Simplesmente eu repito duas ou três vezes em voz alta o conceito

estudado e depois apago novamente todas as luzes da sala e solicito que

todos repitam os conceitos em voz alta.

Na primeira vez, confesso, parece uma verdadeira torre de Babel. Não

consigo entender nada, mas depois a turma vai se parecendo mais com uma

igreja de fiéis fervorosos (amém).

Alguns alunos, inclusive, se empolgam além da conta, mas o que é

melhor, a maioria não esquece desses conceitos, ou seja, o conceito acaba

sendo internalizado pelo aluno de uma forma leve e divertida.

“Uma aula criativa faz com que o aluno aprenda se divertindo o que

motiva o mesmo a aprender constantemente.”

Tudo isso acaba criando um ambiente em que todos se sentem a

vontade para dar sua contribuição, por isso a aula acaba ficando mais leve e

também muito mais interativa, ou seja, a participação dos alunos aumenta

consistentemente, o que é fundamental para um ensino de qualidade em todos

os aspectos.

Page 38: O professor fora de série

38

“Um professor fora de série sempre incentiva constantemente a

participação de seus alunos.”

Com isso, o professor fora de série precisa ser um excelente ouvinte,

ele precisa dar toda a atenção possível quando um aluno seu está se

expressando, pois isso é, acima de tudo, uma questão de profundo respeito

pelo ser humano e toda pessoa que é ouvida com atenção se sente muito

valorizada.

A partir disso, o clima da aula vai proporcionar que os alunos possam

aprender de uma forma muito produtiva e que o professor possa ter vários

insights7 que enriqueçam os assuntos abordados e contribuam até mesmo para

proporcionar um novo colorido para a aula.

“O insight é a base da criatividade do professor fora de série, ou seja,

a capacidade de gerar idéias de uma forma quase instantânea a fim de

enriquecer a contextualização da matéria vista em aula. O professor fora de

série necessariamente tem vários insigths em sala de aula.”

“Para mim uma aula fora de série é aquela em que o aluno quase não

precisa estudar em casa para obter a sua aprovação.”

A oratória.

Também é importante ressaltar a estratégia de oratória do professor

fora de série.

O professor fora de série precisa saber trabalhar com diferentes níveis

de modulação de voz. Isso faz com que o aluno note especificamente quais

são os pontos mais importantes da matéria.

Exemplificando: Os pontos mais importantes da matéria o professor

precisa mudar seu tom de voz a fim de enfatizar os mesmos. Também outra

estratégia adequada é citar uma vivência ou experiência nesse ponto

específico para que o aluno possa internalizar com uma maior facilidade o

mesmo.

Nesse aspecto também se torna importante a movimentação em aula

Page 39: O professor fora de série

39

do professor. Inclusive posso usar minha movimentação em aula para explicar

os pontos importantes da disciplina. Contextualizando, explico uma teoria

administrativa em um canto da sala e antes de explicar a próxima teoria me

movimento para o outro lado da sala. Isso faz com que o aluno note que as

teorias são diferentes, pois percebem a minha troca de posição na sala.

Também é importante que o professor circule por toda a sala de aula,

isso faz com que os alunos da “cozinha” vejam que o professor está atento

também a eles, com isso, o professor pode conseguir a atenção de todos em

sala de aula o que auxilia enormemente o processo de aprendizado.

“Um professor estático lá na frente se torna um poderoso sonífero para

os seus alunos e até para ele próprio.”

O intervalo.

Com relação ao intervalo, sempre liberamos os alunos. Ao nosso ver,

pedagogicamente, o intervalo é muito interessante.

Acreditamos que o intervalo é muito salutar, já que precisamos ter um

tempo de descanso, a fim de melhorarmos ou recuperarmos o nosso poder de

assimilação. Por isso, não somos favoráveis a suprimir o intervalo.

Nossa experiência tem mostrado que uma aula sem intervalo é menos

produtiva, tanto para o aluno quando para o professor.

Isso não quer dizer que se estivermos no meio de um assunto muito

importante não possamos atrasar ou esporadicamente eliminar, nesse dia, o

intervalo. Mas, de uma forma geral, a realização do intervalo é importante para

prover um melhor processo de assimilação por parte do aluno.

O término da aula.

Uma outra questão inquietante é quanto ao término da aula. Nas

universidades (onde leciono) alguns professores ficam até o último minuto com

os alunos independentemente do que está acontecendo à sua volta, afinal eles

estão sendo pagos para dar aula até o fim do período e pronto.

7 Insights – idéias, pensamentos

Page 40: O professor fora de série

40

Eu penso que quem determina o final da aula é o aluno. Por isso

sempre que estou em aula fico olhando para todos os alunos a fim de perceber

seu interesse e atenção para com a aula.

É impressionante como é fácil perceber quando os alunos

simplesmente não estão mais absorvendo nada. É justamente antes desse

momento que a aula deve encerrar, pois não há sentido algum o professor

fingir que está ensinando enquanto os alunos fingem que estão aprendendo.

Por isso sugiro que você, meu prezado professor, mantenha sempre

um contato visual com seus alunos para que você possa perceber a hora ideal

do término de sua aula.

“Todos nós temos uma capacidade limitada de absorção. Levar uma

aula até o final sem a atenção dos alunos é a mesma coisa do que ler um livro

sem estar assimilando nada. Isso faz algum sentido?”

Temos que ter consciência de que quando estamos trabalhando com o

capital intelectual (conhecimento) das pessoas o tempo é relativo. O que conta,

na verdade, é o aproveitamento do tempo.

“O mais importante para o professor fora de série é o que os seus

alunos efetivamente aprendem em sala de aula independentemente do tempo

de duração de sua aula.”

Para contextualizar uma das melhores disciplinas de minha graduação

em administração foi a de direito tributário. O professor era excelente em

matéria de didática e humildade. Sua aula durava menos do que qualquer aula

e era extremamente interessante. Inclusive, às vezes, durava somente até o

intervalo, mas era extremamente produtiva em todos os aspectos.

Nós, alunos, conseguíamos assimilar praticamente tudo em sala de

aula, pois esse professor tinha uma didática invejável, além disso, era

extremamente simpático com seus alunos. Apesar de (na época) ser um juiz

federal e ter escrito livros sobre o tema mantinha a sua humildade o que

cativava os alunos. Seu nome Reinaldo Ponzi. Obrigado professor pelo

exemplo.

Page 41: O professor fora de série

41

“A qualidade de um professor não é medida pelo tempo de duração de

sua aula, mas pelo que, efetivamente, seus alunos aprendem na mesma.”

Procuramos nesse capítulo trazer um pouco de nossa experiência para

ajudá-lo nessa missão tão fascinante de ser professor.

Logicamente você, professor, pode e deve usar sua criatividade para

propor outras estratégias, inclusive melhores do que essas relatadas aqui.

Isso fará com que você, inevitavelmente rume para a excelência e

possa encantar efetivamente seus alunos. Desejo-lhe muita sorte em mais

esse grande desafio.

“O professor fora de série sabe que sempre pode melhorar em todos os

aspectos e isso faz com que ele sempre busque melhorias em seu método de

ensino.”

Page 42: O professor fora de série

42

Cap. IV – O carisma que conquista.

“Carisma é liderar sem aparecer”

Simon Franco

Uma outra característica no perfil do professor fora de série se refere

ao seu carisma. Constato inevitavelmente que todo grande professor que tive

(infelizmente não foram muitos) tinha um grande carisma.

Você, meu prezado leitor poderia me perguntar o que se entende por

carisma?

Carisma no nosso modo de ver se refere à capacidade de se tornar um

exemplo de inspiração para seus alunos, ou um modelo a ser seguido no que

se refere à busca constante de aperfeiçoamento através do conhecimento.

Um professor carismático se torna um modelo a ser seguido visto que

os alunos se identificam com ele com muita facilidade.

Nesse caso o professor é como um espelho para os alunos, pois os

alunos querem seguir seu exemplo, seu modelo, de certa forma querem se

tornar iguais a ele, assim como um discípulo que quer se igualar, e, às vezes,

até superar o seu mestre.

“Inevitavelmente o professor carismático possui discípulos”.

Por isso, todos os alunos se espelham no professor devido ao seu

exemplo de pessoa e, acima de tudo, de profissional.

Através de seu carisma o professor fora de série faz com que seus

alunos o admirem fortemente e sigam seu exemplo pessoal e profissional.

O professor carismático também tem como uma característica

indelével o seu profundo respeito pelo aluno. Os alunos se sentem queridos

pelo professor, eles sabem que podem contar com ele para o que for preciso e

isso lhes dá muita segurança. Na verdade, o professor carismático acredita no

potencial de seus alunos e de certa forma consegue enxergar o melhor em

cada aluno, ou seja, seu potencial específico.

Page 43: O professor fora de série

43

“Todos nós, sem exceção, possuímos um verdadeiro talento, embora

alguns passem pela vida sem descobri-lo.”

Também é importante comentar que todo professor carismático deve

possuir uma excelente oratória visto que a capacidade de comunicação faz

parte de seu desempenho como docente, por isso o professor fora de série se

comunica de uma forma explêndida.

“O carisma de um professor está intimamente associado à sua

capacidade de comunicação (oratória).”

Isso é fundamental, pois o professor carismático precisa prender a

atenção de seus alunos, ou da maioria dos seus alunos, por que ele se

comunica perfeitamente com eles, ou seja, consegue se fazer entender com

muita facilidade o que gera um sentimento de grande satisfação do aluno visto

que ele percebe que o aprendizado flui com naturalidade e, acima de tudo, de

uma forma muito produtiva. Não podemos esquecer que a qualidade de um

professor é medida pelo que seus alunos efetivamente aprendem.

Também é interessante ressaltar que o carisma de um professor pode

estar ligado à sua irreverência e bom humor, ou seja, a maneira leve e

descontraída com que ele transmite seus conhecimentos e, principalmente,

com relação à sua vivência ou experiência profissional.

“Irreverência e bom humor são duas características que se

complementam quando falamos em carisma.”

Contextualizando é interessante citar uma brincadeira que fiz com uma

turma da disciplina de teoria geral da administração I num dos meus primeiros

semestres na Universidade de Caxias do Sul.

Era exatamente o dia 1º de abril e quando eu estava me dirigindo para

a aula pensei: Não posso deixar passar essa data em branco e resolvi, então,

fazer, digamos assim, uma “provinha surpresa” para os meus queridos alunos.

Por isso quando passei na secretaria solicitei papel almaço suficiente

para toda a turma. Chegamos em aula, fizemos a chamada, lemos o momento

Page 44: O professor fora de série

44

cultural (ver capítulo anterior) e falamos que iríamos realizar uma prova

surpresa para ter um feedback do aprendizado da turma antes do nosso

primeiro encontro intelectual.

Instantaneamente alguns comentaram: “É brincadeira do Tejada, hoje

é 1º de abril, nem esquentem com isso pessoal”

Eu, imediatamente, contra-argumentei que não era brincadeira e que

eu realmente queria ter um feedback do aprendizado deles.

Logicamente a reação de meus alunos foi a de um espanto geral.

Começaram a pipocar reclamações em todos os sentidos a medida que eu ia

entregando as folhas de almaço para a nossa prova surpresa, tipo: “Tejada, eu

não vim a aula passada”. “Tejada, faz duas aulas que eu não venho”. “Tejada,

eu estou doente, nem ia vir hoje!” etc.

Eu, sinceramente, estava ouvindo as reclamações e fazendo uma

força danada para não rir, pois as caras de espanto e desespero eram, sem

dúvida, muito engraçadas.

Um aluno inclusive falou com um colega que já tinha sido meu aluno

em outra disciplina: “O Cara! Ele também fez isso contigo! Tu tinha falado que

esse professor era gente fina e olha o que ele está aprontando com a gente! Vê

se pode!”

Mesmo com todas as reclamações consegui ficar sério e acalmar um

pouco a turma dizendo que as perguntas eram fáceis. Então, mesmo

contrariados meus alunos colocaram seu nome na folha e aguardaram minhas

instruções.

Então eu disse (bem sério): Por favor, anotem a primeira pergunta.

Todos estavam a postos com suas canetas quando eu disse a mesma: Qual

dos integrantes do KLB é bicha?

Vocês não fazem idéia da reação dos meus alunos. Uns riram, outros

ficaram extremamente aliviados, inclusive alguns comentaram: “Só podia ser

coisa do Tejada”!

No final da aula, vários me disseram: Tejada, o tempo vai passar, daqui

a um tempo eu vou me formar, mas podes ter certeza de que essa aula eu

nunca mais vou esquecer!

O tempo passou e, algumas vezes, alguns desses meus alunos ainda

passam por mim no corredor e se lembram dessa brincadeira que fiz com eles,

Page 45: O professor fora de série

45

nesse caso, até hoje ainda a lembrança dessa aula produz boas risadas.

Portanto, a irreverência e o bom humor acabam tornando a aula mais

leve e produtiva, pois o aluno tem muito maior facilidade de internalizar

conhecimentos quando ele está se divertindo, ou seja, o professor carismático,

muitas vezes, consegue ensinar seus alunos de uma forma divertida o que

torna a sua aula extremamente interessante.

“Irreverência é uma das estratégias mais utilizadas pelo professor fora

de série para que seus alunos aprendam de uma forma leve e descontraída os

conhecimentos trabalhados em aula.”

Tudo isso acaba, digamos assim, “seduzindo” o aluno a querer

aprender continuamente e até a superar seus próprios limites intelectuais à

medida que o tempo passa e ele nota que seu conhecimento está aumentando

de uma maneira consistente.

“O carisma de um professor acaba seduzindo o aluno a aprender

constantemente e a superar seus próprios limites intelectuais.”

Contextualizando, algumas vezes, eu estudava a matéria dada em aula

mesmo não gostando muito pelo grande carisma do professor, pois o admirava

muito como pessoa e profissional e me via obrigado a corresponder à sua

expectativa. Inclusive com o tempo eu, algumas vezes, acabava gostando da

matéria, pois só podemos gostar de algo realmente quando conhecemos aquilo

a fundo.

Por outro lado, na grande maioria das vezes, o carisma do professor

acabava fazendo com que eu acabasse me apaixonando por sua disciplina, já

que eu notava que o professor amava aquele assunto em questão e lecionava

de uma forma tão apaixonada que acabava conquistando meu interesse nesse

mesmo assunto.

Conseqüentemente, o carisma de um professor passa por seu

profundo conhecimento de sua disciplina, o aluno precisa admirar o professor

pelo seu conhecimento, saber, cultura e vivência. Por isso, inevitavelmente, faz

Page 46: O professor fora de série

46

parte do carisma do professor o domínio que ele tem sobre a matéria que

leciona e a sua experiência profissional. Isso acaba impressionando o aluno de

uma forma extremamente positiva e também o motiva a aprender a disciplina,

pois o professor transmite muita segurança no que ele está lecionando.

Em vista disso, se você objetiva ser um professor que possa seduzir

seus alunos a aprender constantemente, obrigatoriamente, terá que se tornar

um grande especialista em sua área de conhecimento específico, por isso sua

auto-atualização é fundamental.

Na verdade, você terá que ser incansável nesse aspecto, ou seja, estar

sempre estudando e, principalmente, aprendendo.

Temos, como professores, que estudar TODO dia, mas principalmente

aprender, pois estudar é muito diferente de aprender”.

Como exemplo de vivência nesse aspecto, cito a cadeira de

microeconomia na minha graduação de administração de empresas na

UNISINOS. Devido ao grande carisma e conhecimento profundo do professor,

eu acabei me apaixonando pela disciplina e pensando até em me graduar mais

tarde em economia.

O nome desse excelente professor é Luis Smejoff.

Smejoff possuía um grande carisma, ou seja, era um profundo

conhecedor do assunto e, além disso, possuía uma irreverência encantadora.

Posso dizer com sinceridade que Smejoff foi, é e sempre será um

grande exemplo para mim como um professor fora de série. Fica aqui um

agradecimento especial a você, Smejoff, por fazer toda a diferença em minha

vida.

O Smejoff também conseguia traduzir com exatidão todo o fascínio que

possui a carreira de professor. Isso acabou me conquistando e fazendo com

que eu me acabasse seguindo a carreira de docente.

“O carisma e exemplo de um professor podem encantar o aluno e fazer

com que ele acabe descobrindo seu verdadeiro potencial.”

Portanto, o professor fora de série precisa ter carisma a fim de que ele

Page 47: O professor fora de série

47

seja uma fonte de inspiração para os seus alunos descobrirem seu verdadeiro

potencial ou talento.

Veja, então, meu prezado professor mais esse enorme desafio que

temos pela frente, ou seja, despertar nos nossos alunos o verdadeiro talento

que está latente em cada um deles.

“O professor fora de série consegue trabalhar com maestria a auto-

estima de seus alunos.”

Finalizando, o professor fora de série faz com que todos os seus

alunos se sintam valorizados e, acima de tudo, confiem em seu próprio

potencial. Todos nós, como seres humanos, temos um grande potencial

adormecido e que, muitas vezes, não usamos em nosso cotidiano.

Infelizmente, muitos alunos verdadeiramente não confiam em seu

potencial o que acaba limitando seu aprendizado e, conseqüente, seu sucesso

profissional.

Precisamos, sem dúvida, acreditar em nosso potencial, mas não

podemos esquecer que também é necessário muito trabalho se buscamos a

excelência em nossa profissão.

“Sucesso significa um potencial muito bem trabalhado!”

“O único lugar onde sucesso vem antes de trabalho é no dicionário”

Ditado popular

Page 48: O professor fora de série

48

Cap. V - Perfil Empreendedor

Atualmente está muito em voga o termo empreendedor. Diz-se que as

pessoas precisam ter ou desenvolver seu perfil empreendedor para lograr

sucesso em suas carreiras. Cada vez mais, comenta-se de que as pessoas, no

futuro, serão “donas” de seu próprio negócio, ou seja, terão que se tratar como

se fossem empresas.

De outra forma, cada um vai se vender seu produto ou serviço e

também a si mesmo, como se fosse realmente uma empresa. E para se

manterem no mercado, sabemos que necessariamente as empresas, por uma

questão de sobrevivência, precisam obter lucros. Aliás, analisando a “sua”

empresa (você), ela deu lucro ou prejuízo no último ano?

O fato é que as organizações de uma forma geral procuram

profissionais com essa característica específica (perfil empreendedor).

Inclusive, muitos pensadores acreditam que essa característica está se

tornando o grande diferencial no mercado de trabalho atual. Precisamos de

muito empreendedorismo nas organizações modernas, essa é a questão

chave, independentemente do segmento de mercado.

Mas, afinal, o que vem a ser um perfil emprendededor?

Um professor fora de série precisa ter um perfil empreendedor?

Que características possui um professor com perfil empreendedor?

Essas e outras perguntas nós tentaremos responder nesse capítulo

que se inicia.

Para começar vejamos o que vem a ser um perfil empreendedor.

Transcrevemos dez dicas que consideramos fundamentais para quem quer se

tornar um profissional de sucesso ou um excelente empreendedor.

1. Boas idéias são comuns a muitas pessoas. A diferença está

naqueles que conseguem fazer as idéias transformarem-se em realidade,

isto é, implementar as suas idéias. A maioria das pessoas fica apenas na

boa idéia e não passa para a ação. O empreendedor passa do pensamento

à ação e faz as coisas acontecerem, ou seja, o empreendedor é a pessoa

que faz as coisas obrigatoriamente acontecerem. Aliás, você é uma pessoa

que faz as coisas acontecerem?

Page 49: O professor fora de série

49

2. Todo empreendedor tem uma paixão por aquilo que faz: paixão

faz a diferença. Entusiasmo e paixão são as principais características de

um empreendedor! Inevitavelmente o empreendedor é um apaixonado por

seu trabalho ou o seu trabalho é encarado, muitas vezes, como um

divertimento. Como você encara seu trabalho? Qual a sua sensação

quando você acorda na segunda de manhã antes de ir ao trabalho?

3. O empreendedor é aquele que consegue escolher entre várias

alternativas e não fica pensando no que deixou para trás. Sabe ter foco e

fica focado no que quer. Ele traça o caminho e o segue com confiança, o

empreendedor sabe o que quer fazer de sua vida. Ele pensa no que pode

fazer e não fica se lamentando do que não consegui por acaso realizar.

Você sempre olha para frente ou fica se lamentando do que deveria ter feito

e não fez?

4. O empreendedor tem profundo conhecimento daquilo que quer e

aquilo que faz e se esforça, continuamente, para aumentar esse

conhecimento sob todas as formas possíveis. O empreendedor, na verdade,

está sempre aprendendo e para isso é preciso humildade, pois também se

aprende muito com os nossos erros. Aliás, muitas vezes, aprendemos mais

com os nossos erros do que com os nossos próprios acertos.

5. O empreendedor tem uma tenacidade incrível. Ele não desiste!

Persistência é uma das características indeléveis de toda pessoa que faz a

diferença. Muitas vezes, grandes vitórias incluem grande persistência ou até

mesmo uma certa teimosia. Nunca devemos desistir de nossos sonhos, da

nossa voz interior que, muitas vezes, nos mostra a nossa verdadeira

vocação.

6. O empreendedor acredita na sua própria capacidade. Tem alto

grau de auto-confiança. Ele sabe que se realmente conseguir dar o seu

melhor o resultado será atingido de uma forma excelente. Confiança vem da

certeza de estar bem preparado.

Page 50: O professor fora de série

50

7. O empreendedor não tem fracassos. Ele vê os fracassos como

oportunidades de aprendizagem e segue em frente. Os erros sempre

ensinam muito para as pessoas de sucesso. Infelizmente, nem todas as

pessoas aprendem com seus erros.

8. O empreendedor faz sempre uso de sua criatividade. Ele sempre

pensa em como melhorar seu trabalho e seu desempenho e se esforça

continuamente para que isso ocorra. Ele sempre visualiza como e de que

forma pode melhorar seu processo de trabalho, aliás, ele sempre busca a

excelência em todos os aspectos de sua vida.

9. O empreendedor tem sempre uma visão de vários cenários pela

frente. Ele tem em sua mente várias alternativas para vencer. Por isso, o

empreendedor precisa ser um excelente estrategista, ou seja, saber de que

forma poderá atingir os objetivos traçados.

10. O empreendedor nunca se acha uma “vítima”. Ele não fica

parado, reclamando das coisas e dos acontecimentos. Ele age para

modificar a realidade, ou seja, não perde tempo reclamando e vai atrás dos

seus objetivos com uma determinação invejável. Ele sabe encarar a vida

como uma oportunidade e não tem medo de arriscar. Na verdade, o

empreendedor quase sempre precisa ter ousadia para conseguir alcançar

grandes objetivos. Nenhum grande objetivo pode ser alcançado sem

alguma dose de ousadia. Na verdade, o empreendedor não tem medo de

errar.

Creio que, meu prezado leitor, tenha tido uma idéia um pouco melhor

do que seja um profissional com perfil empreendedor.

Respondendo agora a segunda pergunta feita no início do capítulo

sobre se, necessariamente, um professor fora de série precisa ter um perfil

empreendedor, digo, com certeza, que sim. O empreendedorismo é uma

característica marcante no professor fora de série.

“Todo o professor fora de série precisa ter um perfil empreendedor”!

Page 51: O professor fora de série

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Fazer as coisas acontecerem!

Reparem nas dez dicas para ser um bom empreendedor. Percebo que

a maioria dos meus colegas professores tem idéias de melhoria com relação a

sua aula e ao seu método de ensino, mas, infelizmente poucos implementam

essas idéias. É como no reveillon de cada ano, as pessoas fazem

determinadas promessas que acabam por serem esquecidas no transcorrer do

novo ano, às vezes até mesmo no primeiro mês de cada ano.

Justamente por isso, o professor fora de série se diferencia dos demais

professores, porque ele tem a capacidade de fazer as coisas acontecerem ou a

de implementar novas idéias continuamente por mais ousadas que sejam. E

tudo isso acaba contribuindo, na grande maioria das vezes, para que seus

alunos melhoram significativamente seu processo de aprendizado.

“Os alunos, obrigatoriamente, aprendem muito com um professor fora

de série”.

Paixão acima de tudo!

Como qualquer empreendedor, o professor fora de série precisa ser

um verdadeiro apaixonado por seu trabalho, somente assim ele buscará

constantemente a excelência em seus métodos de ensino.

Como abordamos no segundo capítulo, precisamos de muita paixão

para nos tornarmos excelentes profissionais.

A paixão, na verdade, funciona como um poderoso combustível para a

nossa motivação, ou seja, ela não pode faltar em qualquer circunstância.

Temos que ter um brilho no olhar quando estamos desenvolvendo o

nosso trabalho e também quando falamos do mesmo. Os nossos alunos

precisam perceber e sentir que, acima de tudo, adoramos a nossa profissão,

isso sem dúvida nenhuma, faz parte do perfil de todo professor fora de série.

Aliás, agora percebo que nunca encarei o magistério como um

trabalho, para mim sempre foi um grande prazer e também um grande desafio

pessoal e profissional, justamente por isso, o fator financeiro sempre ficou em

segundo plano.

Page 52: O professor fora de série

52

“Infelizmente ainda vejo muitas pessoas sem motivação no ambiente

de trabalho e não consigo entender como elas conseguem literalmente

sobreviver. Precisamos de muita motivação em nossa vida e, principalmente,

em nosso trabalho, até porque passamos o maior tempo de nossa vida

trabalhando!”

Possuir foco é fundamental!

O professor fora de série sabe analisar suas deficiências e atacá-las

constantemente assim como reforçar ainda mais seus pontos fortes ou

qualidades. Para isso precisamos ter humildade para reconhecer nossas

fraquezas e procurar minimizá-las constantemente. Além disso, precisamos ter

certeza do caminho a seguir, pois o professor fora de série passa

inevitavelmente muita segurança para os seus alunos o que motiva de uma

forma consistente um melhor aprendizado da matéria.

Além disso, o professor fora de série pensa sempre a frente. Ele

consegue se “esquecer” de tudo que já alcançou (prêmios, homenagens, etc.)

e propõe novos desafios a si próprio.

Isso é muito importante se queremos evoluir constantemente em nossa

profissão, precisamos sempre estabelecer novos e mais ousados objetivos a

medida que nossa carreira se desenvolve. Portanto, o foco de um professor

fora de série deve ser o de proporcionar uma aula com qualidade cada vez

melhor para seus alunos a medida que o tempo passa.

“Todo professor fora de série é muito reconhecido em seu trabalho,

mas isso não faz que ele se acomode, ou seja, ele mantém a sua humildade,

pois sabe que o processo de melhoria é uma estrada que tem início, mas não

tem fim e ele se considera um eterno aprendiz.”

“O sucesso pode ser o nosso pior inimigo”

Alvin Tofler

Page 53: O professor fora de série

53

Conhecimento em constante evolução.

O professor fora de série assim como o empreendedor de sucesso

sabe que precisa estudar sempre. O conhecimento muda numa velocidade

fantástica e precisamos acompanhar a sua evolução. Por isso, o professor fora

de série sempre está se atualizando e aprendendo. Quanto mais conhecimento

o professor adquirir provavelmente maior será a qualidade de sua aula e

melhor o seu desempenho como docente. Além disso, como vimos

anteriormente o professor fora de série tem a grande capacidade de

reconhecer e, principalmente, aprender com seus próprios erros.

“O professor fora de série adora aprender constantemente e busca

isso o tempo todo”.

Nunca deixo de levar alguns livros comigo durante minhas viagens, até

mesmo em férias, alguns livros me acompanham e inevitavelmente constato

que quando estou retornando para voltar às aulas, já me pego estudando no

avião.

Persistência acima de tudo!

O professor fora de série nunca desiste de sua missão que é a de

procurar fazer um mundo um pouco melhor transmitindo seu conhecimento

para melhorar a vida das pessoas (dos seus alunos).

Isso é um outro combustível de sua motivação, ou seja, sua missão a

cumprir, apesar das muitas dificuldades encontradas para tanto como: baixos

salários e uma crônica falta de infra-estrutura, principalmente presente no

ensino público de nosso país.

O professor fora de série, como vimos anteriormente, precisa ser um

idealista por natureza por acreditar que sua profissão pode fazer a diferença e

o conhecimento pode realmente transformar as pessoas e o nosso mundo.

Page 54: O professor fora de série

54

Auto-confiança para realizar um excelente trabalho.

É importante que um professor tenha confiança em seu trabalho.

Logicamente essa confiança se origina do preparo do mesmo como

docente. Tenho um princípio que sigo a risca como docente. Jamais entro em

uma sala de aula sem ter preparado o assunto em questão. Posso até mesmo

já ter lecionado essa disciplina na mesma semana, mas não entro em sala de

aula sem ter estudado novamente o tema. Além disso, faço anotações em

minha apostila de exemplos que posso utilizar em aula para facilitar a

assimilação do assunto pelos alunos.

“Nenhuma aula é igual a outra, mesmo quando o assunto é o mesmo!”

O preparo da aula é fundamental, pois nenhuma aula se torna

excelente sem um ótimo trabalho de bastidores.

“O professor fora de série sempre prepara cada aula com muito

cuidado independente do seu domínio sobre o assunto em questão!”

“O preparo da aula para um professor é a mesma coisa que o ensaio

para um ator. De certa forma, o professor fora de série e um grande ator se

parecem muito!”

Criatividade para se reinventar constantemente!

O professor fora de série como vimos anteriormente, usa sua

criatividade para inovar constantemente em matéria de ensino.

O professor fora de série sempre está procurando por melhorias visto

que seu objetivo é a excelência em matéria de processo de ensino. Ele tem a

capacidade de se reinventar constantemente, ou seja, de melhorar a si mesmo.

Alguns alunos, às vezes, me comentam: Tejada, eu já tinha sido teu

aluno e tinha gostado da disciplina e de teu método de ensino, mas parece que

nesse semestre estavas mais inspirado, gostei mais agora!

Por isso, tenha sempre em mente que podemos melhorar

Page 55: O professor fora de série

55

continuamente em nossa profissão, pois o profissional excelente está

continuamente se superando, está em constante auto-desenvolvimento.

Estratégia em sala de aula.

O professor fora de série precisa também ser um grande estrategista,

pois para se ter um método de ensino excelente mais do que nunca

precisamos de estratégia, ou seja, o que fazer para que meus alunos

aprendam consistentemente.

“Aprender é muito diferente de estudar, aprendemos quando

internalizamos o conhecimento através de sua prática.”

Sugerimos algumas estratégias no capítulo II - A criatividade como

método de ensino. Mas, você mesmo professor, pode e deve criar as suas para

alcançar a tão almejada excelência em matéria de ensino. Esse é mais um

grande desafio a ser enfrentado por qualquer professor.

“Obrigatoriamente a excelência é conseqüência de muita estratégia e

criatividade”.

“Estratégia é fazer cada vez mais com menores recursos e no menor

tempo possível”.

Tempo como nosso maior e mais precioso recurso.

Todos nós temos 24 horas por dia. O professor fora de série sabe que

não pode desperdiçar tempo, por isso sempre ele aproveita o seu tempo da

melhor forma possível, pois ele sabe que o tempo é o seu recurso mais valioso.

Em conseqüência disso, ele sempre está estudando e, principalmente,

aprendendo com as pessoas e com a vida.

Para isso o professor fora de série estabelece prioridades e as cumpre

a risca, pois existem coisas mais importantes e que devem ser feitas em

primeiro lugar. De outra forma, o professor fora de série precisa planejar

Page 56: O professor fora de série

56

detalhadamente o seu dia de trabalho.

“Planejamento, estratégia e ação esse é o trinômio que acompanha

todo o professor fora de série”.

“O verdadeiro sucesso sempre é fruto de um excelente planejamento!”

“As pessoas de sucesso sempre souberam onde queriam chegar e

justamente por isso, conseguiram chegar aonde queriam, apesar das

dificuldades inerentes de todo caminho que visa o sucesso e a realização.”

No próximo capítulo abordaremos talvez a característica mais

marcante de um professor fora de série que é a humildade de sempre ser um

eterno aprendiz.

Page 57: O professor fora de série

57

Cap. VI – A necessária humildade de ser um eterno aprendiz.

“O último degrau da sabedoria é a humildade”.

Confúcio

Invariavelmente constato que o verdadeiro mestre possui uma

humildade encantadora. Essa humildade tem o poder de conquistar todas as

pessoas à sua volta, pois a verdadeira simplicidade é algo que todo ser

humano aprecia.

O professor fora de série tem a capacidade de demonstrar uma forte

empatia pelo aluno e esse processo se inicia quando ele demonstra que não é

melhor ou pior do que ninguém em sala de aula. Em conseqüência disso, é

muito fácil entender por que o professor fora de série acaba tendo muitos

seguidores ou alunos que, inevitavelmente, se espelham em seu exemplo

pessoal e profissional.

“Humildade sempre, em todo o lugar e com todos; esse é o segredo de

qualquer profissional fora de série!”

Em função disso, para nos tornarmos um professor fora de série

precisamos cuidar muito de nosso ego, para não nos tornarmos simplesmente

escravos dos seus caprichos. Na realidade, o nosso ego pode ser o nosso

maior inimigo, quando ele nos faz acreditar que não precisamos nos sacrificar

para alcançarmos ótimos resultados em nossa vida ou que somos tão bons que

não precisamos nos esforçar para conseguir aquilo que queremos.

Temos que ter muita consciência de que o verdadeiro sucesso, muitas

vezes, só pode ser alcançado com talento, humildade e muito trabalho, pois

ainda não presenciei nenhum profissional fora de série que não trabalhasse

muito em busca de seu melhor.

Sucesso = Talento + Humildade + TRABALHO

Como vimos anteriormente, precisamos ter confiança em nosso

trabalho, mas não uma confiança absoluta que, com o tempo, seguramente

Page 58: O professor fora de série

58

poderá se transformar em uma arrogância e, o que é ainda pior, em

prepotência.

“O melhor nadador sempre morre afogado, pois ele confia demais em

sua capacidade!”

Tradução aproximada do depoimento de um mestre de obra em minha

dissertação de mestrado pela UFRGS (2001).

Logicamente que faz muito bem para o nosso ego e auto-estima ter

nosso trabalho reconhecido, mas temos que ter cuidado para que isso não nos

“suba a cabeça” como se diz na gíria.

“O verdadeiro mestre sempre mantém a sua humildade, pois sabe que

sempre pode aprender mais e melhorar como professor.”

Tenho um pensamento que sempre levo comigo desde minha

adolescência quando joguei muitos torneios de tênis. “Nunca acredite quando

te elogiam muito depois de uma vitória, nem quando te criticam por causa de

uma derrota!”

De outra forma, você não é tão bom quando está ganhando, nem tão

ruim quando está perdendo!

Na realidade, a nossa vida cotidiana é feita de vitórias e derrotas,

temos que aprender a conviver com ambas, mas principalmente com as

derrotas que podem nos ensinar muito se estivermos abertos ao aprendizado.

Mas para que isso ocorra precisamos, acima de tudo, manter a nossa

humildade.

Eu sempre levo esse pensamento comigo e quando, esporadicamente,

um aluno me elogia sempre me lembro disso e, principalmente, que ainda

posso e tenho muito o que aprender e melhorar como professor e ser humano.

“Um aprendiz é sempre humilde, pois sabe que sempre terá muito o

que aprender em quase todas as circunstâncias!”

Page 59: O professor fora de série

59

“Humildade e sabedoria talvez sejam as verdadeiras bases do sucesso

de qualquer profissão!”

Justamente por isso, o professor fora de série está sempre evoluindo,

visto que nunca deixa de estudar e, principalmente, de aprender.

Ele sabe que precisa estudar cada vez mais para melhorar a sua

performance como docente, esse na verdade é mais um grande desafio que

você, meu prezado leitor (professor), terá que enfrentar se quiser se tornar um

verdadeiro fora de série.

Infelizmente, não constato isso de uma forma muito freqüente nas

universidades. Vejo muitas vezes, professores que simplesmente não se

atualizam, pois pensam que já sabem tudo!

Como certa vez um colega meu me respondeu em uma banca em que

participei quando sugeri a ele determinado livro sobre planejamento. Ele do alto

de seu saber me falou: “Não preciso ler mais nada sobre planejamento, pois eu

já li de tudo e sei de tudo sobre esse tema”!

Na realidade, e isso meu colega não se deu conta, por mais que

tenhamos lido e estudado sobre determinado tema, sempre podemos aprender

sobre o mesmo. Não podemos esquecer disso, pois o conhecimento evolui e,

muitas vezes, muda com uma rapidez impressionante. Determinadas

“verdades” são desmentidas com muita facilidade, pois, às vezes, somente o

tempo acaba fazendo com que fiquem defasadas.

“Independentemente da profundidade de que estudarmos sobre certo

assunto, ainda sempre teremos algo a aprender!”

Raul Seixas retratou muito bem isso em sua música “Metamorfose

Ambulante”. Raul tentou dizer que as nossas opiniões vão se alterando com o

passar do tempo, pois vamos assimilando conhecimentos e, principalmente,

aprendendo com a vida, embora nem todos, infelizmente aprendam com a vida.

“Prefiro ser essa metamorfose ambulante, do que ter aquela velha

Page 60: O professor fora de série

60

opinião formada sobre quase tudo!”

Raul Seixas

Também é interessante analisar que o próprio Raul disse, nas

entrelinhas, de que precisamos de humildade.

Reparem que ele fala em velha opinião sobre quase tudo, pois na

verdade, nenhuma pessoa é capaz de entender de quase tudo e se não

estudarmos (aprendermos) constantemente, nossas opiniões inevitavelmente

ficarão defasadas ou envelhecerão.

“Para buscarmos a excelência precisamos estar em constante

aprendizado!”

Em função disso, o professor fora de série mantém sua humildade, pois

sabe que mesmo que quisesse nunca ele poderia dominar completamente

qualquer assunto por mais que ele estudasse sobre o mesmo.

“Para o professor fora de série, o aprendizado, assim como a busca da

excelência, é um caminho que tem início, mas não tem fim!”

O grande desafio de um professor fora de série é a de cada dia ter a

capacidade de desafiar seu próprio potencial, ou seja, cada dia ele precisa

saber mais para poder proporcionar um valor agregado maior às suas aulas, ou

seja, para que seus alunos possam aprender mais a cada semestre.

“Evoluir sempre, esse é o grande desafio de qualquer professor que

queira se tornar um fora de série!”

“Para o professor fora de série o aprendizado é cotidiano em sua vida.”

Portanto, se quisermos nos tornar um professor fora de série teremos

que estudar e aprender cada vez mais sempre, todo o dia. Somente assim

poderemos rumar com segurança para a verdadeira excelência em sala de

aula.

Page 61: O professor fora de série

61

“Estudo, conhecimento e aprendizado constante, esse é o verdadeiro

trinômio da qualidade que todo professor fora de série adota em sua carreira!”

Finalizando, nós professores precisamos estudar sempre para

aprender cada vez mais a fim de poder ensinar cada vez melhor aos nossos

queridos alunos, por isso a humildade para ser um eterno aprendiz é tão

importante, já que sempre podemos adquirir maiores conhecimentos para

sermos melhores professores a cada dia, nisso consiste o verdadeiro processo

de melhoria contínua.

“Quando mais conhecimento adquirido sobre qualquer assunto, maior a

tendência de um desempenho melhor como docente em sala de aula!”

“Nunca estive na presença de um excelente professor que não tivesse

uma grande dose de humildade!”

Page 62: O professor fora de série

62

Cap. VII – O ideal como missão.

“O nosso trabalho pode, precisa e deve fazer a diferença em todos os

aspectos!”

Nesse capítulo vamos abordar o que significa ter o nosso trabalho

como missão. Na realidade, todo o profissional realizado encara

invariavelmente seu trabalho como uma verdadeira missão. Não estamos

falando missão no sentido religioso da palavra em si, mas no sentido prático.

Encarar nosso trabalho como missão significa que visualizamos em

nossa função um meio de fazer algo nobre por outras pessoas, pela nossa

comunidade, pela nossa cidade, pelo nosso país e, às vezes, até pelo nosso

planeta.

Missão também significa que conseguimos perceber a importância,

utilidade e necessidade de nosso trabalho para a nossa organização ou

simplesmente mesmo para as pessoas que estão ao nosso redor.

Na realidade, encarar nosso trabalho como missão parte do

pressuposto de que sentimos uma grande responsabilidade e, principalmente,

uma grande satisfação em desenvolvermos nossas tarefas com a maior

qualidade possível, visto que o nosso trabalho pode, precisa e deve fazer a

diferença em todos os aspectos.

“Você percebe seu trabalho como uma missão ou apenas como algo

que lhe permite sobreviver ou pagar as suas contas?”

“Sentimos o nosso trabalho como missão quando procuramos realizar

nosso trabalho com uma qualidade cada vez melhor e isso nos proporciona um

enorme prazer!”

Sempre pergunto aos meus alunos em aula se eles conseguem

perceber seu trabalho como missão.

Muitas vezes seus olhares me respondem que não. E isso é normal,

pois a maioria das pessoas, infelizmente, não consegue se realizar no trabalho.

O trabalho, para muitos, é algo simplesmente necessário e, muitas

Page 63: O professor fora de série

63

vezes, até obrigatório para a sua sobrevivência.

Logicamente, como não poderia deixar de ser, o professor fora de série

encara seu trabalho como uma verdadeira missão, ou seja, ele percebe a

oportunidade de poder fazer a diferença na vida das pessoas.

O professor fora de série tem a capacidade de perceber um grande

significado em seu trabalho, pois lecionar, nada mais é do que um ato de

grande doação, onde o professor fora de série procura passar TODO o seu

conhecimento para que seus alunos se tornem excelentes profissionais no

futuro.

“O professor fora de série precisa ser um idealista por natureza, no

sentido de deixar a sua remuneração em segundo plano.”

Na realidade, o professor fora de série não trabalha para si e sim para

que seus alunos possam fazer a diferença.

Por tudo isso, todo o professor fora de série coloca em segundo plano

a sua remuneração, pois acima de tudo, ele é um idealista por natureza. Ele

ama a sua profissão, pois acredita que pode modificar (melhorar) de alguma

forma sua comunidade, seu estado, seu país ou as pessoas que fazem parte

de seu círculo de relacionamentos.

“Significado do trabalho e idealismo são as duas pedras de toque de

qualquer professor fora de série!”

Em função disso, o professor fora de série, obrigatoriamente, como

vimos anteriormente, é um verdadeiro apaixonado por seu trabalho, por sua

profissão. Ele sabe de toda a sua responsabilidade e trabalha constantemente

para melhorar como profissional e também como ser humano.

A fim de sabermos se encaramos nosso trabalho como missão ou qual

o verdadeiro significado de nosso trabalho; podemos nos fazer a seguinte

pergunta:

Se não vivêssemos em uma sociedade monetária, capitalista e todos

pudessem escolher a sua profissão independentemente da remuneração, você

escolheria a sua atual ocupação?

Page 64: O professor fora de série

64

Se a sua resposta for positiva, sem nenhuma dúvida, você percebe o

seu trabalho como uma missão e, por conseqüência, está na profissão certa e

muito provavelmente fazendo uma verdadeira diferença.

Além disso, perceber o nosso trabalho como missão nos proporciona

uma motivação extra para encarar os momentos difíceis que todo o profissional

passa em sua função.

Na verdade, por mais que gostemos de nosso trabalho sempre vão

existir momentos que provocarão decepções e tristezas, isso é inevitável até

mesmo em nossa carreira de professor.

Por exemplo, às vezes, vemos que por mais que nos esforcemos,

nossos alunos não conseguem perceber a importância dos conhecimentos

trabalhados em aula e seu interesse na matéria não é o ideal. Logicamente

sempre temos uma parcela de culpa nesse aspecto, pois o professor fora de

série sabe que, talvez, a sua maior responsabilidade seja a de despertar nos

alunos o interesse por sua disciplina. Infelizmente nem sempre conseguimos

esse objetivo.

Por outro lado, se a sua resposta à nossa pergunta foi negativa, penso

que já está na hora de você refletir com mais profundidade sobre sua profissão,

afinal, o trabalho deve ser uma grande fonte de satisfação para todo o ser

humano, já que passamos a maior parte de nossa vida (os melhores anos de

nossa vida) trabalhando e seria um verdadeiro desperdício que esse período

não fosse realmente compensador.

“O trabalho pode e deve promover muita satisfação para a pessoa!”

Em vista disso, o professor fora de série sente-se sempre desafiado a

superar seus limites, pois sabe que seu trabalho é fundamental para a

sociedade como um todo, ele percebe que seu papel pode melhorar

significativamente a vida das pessoas e isso, de certa forma, lhe encanta de

sobremaneira, ou seja, a possibilidade de estar em constante desenvolvimento

é extremamente motivante para qualquer profissional.

Portanto, todo o professor fora de série, como vimos anteriormente,

tem muito orgulho de sua profissão!

Page 65: O professor fora de série

65

“Qualquer mudança significativa em um país deve passar

obrigatoriamente pela educação!”

Finalizando, espero que nós tenhamos conseguido fazer com que

você, meu caro professor, tenha a idéia exata da importância de seu trabalho

para a construção de um país mais justo e socialmente correto.

Nós o parabenizamos por ter escolhido essa nobre profissão tão

necessária e vital para a construção de qualquer país.

No próximo capítulo abordaremos um dos aspectos mais importantes

em busca da excelência acadêmica que é a auto-atualização do professor.

Page 66: O professor fora de série

66

Cap. VIII – A auto-atualização constante.

“O professor fora de série adora estudar, mas, principalmente, aprender!”

Mais do que nunca, hoje, o professor fora de série deve acompanhar a

evolução do conhecimento, para isso logicamente o seu processo de auto-

atualização é fundamental em todos os sentidos, já que o conhecimento evolui

e muda numa velocidade realmente espantosa.

“O professor fora de série precisa desenvolver uma certa “compulsão”

por novos conhecimentos!”

Por isso, o professor fora de série sempre está ávido por novidades em

sua área de conhecimento. Ele sempre está à procura de algum livro novo

sobre a sua área de estudo.

Isso invariavelmente acontece comigo. Mesmo em férias quando estou

fazendo uma conexão em algum aeroporto de nosso país, o primeiro lugar que

visito é uma livraria. Na verdade, diversas vezes tenho que me conter, pois a

vontade que me da é a de levar muitos livros o que não é possível já que um

professor universitário não ganha tão bem assim. E isso que, mesmo em férias,

nunca deixo de levar alguns livros para a minha leitura, mas no retorno

invariavelmente já os li. Também no avião ou mesmo no ônibus quando viajo

para lecionar o livro é o meu companheiro inseparável. De outra forma, todo o

momento que posso estou lendo algo sobre administração.

Descobri com a vida que o nosso tempo é o nosso recurso mais valioso

e devemos aproveitá-lo ao máximo.

“Todos nós temos 24 horas disponíveis por dia, a diferença é como

aproveitamos essas 24 horas.”

Contextualizando, veja o caso de meu primeiro livro. Sempre tive

vontade de escrever e comecei escrevendo artigos para jornais locais. Depois

de um tempo em que lecionei na universidade percebi a importância de deixar

algo materializado para, me perdoem a petulância, poder ajudar as pessoas

Page 67: O professor fora de série

67

dentro de minha área de conhecimento com um pouco de minha experiência.

Essa idéia me perseguiu por um bom tempo, inclusive comentava com meus

amigos e alunos sobre isso, mas o livro não saía do meu pensamento. Até que

um dia eu me comprometi e disse para mim mesmo: “Hoje eu vou começar a

escrever esse livro nem que seja somente por cinco minutos, mas, hoje, eu

começo ele, sem falta”.

E foi o que aconteceu. Aliás, todo o dia eu arranjava um “tempinho”

para escrever o mesmo. No início, não foi muito fácil, mas com o tempo fui me

habituando e depois virou quase que um ritual, se eu não conseguisse escrever

algo parecia que estava faltando alguma coisa. Mesmo no ônibus, quando eu

tinha alguma idéia para um capítulo, eu pegava meu palm top e anotava tudo.

Para ter uma idéia esse é meu quarto livro em praticamente dois anos

e meio. Na verdade escrever para mim se tornou um hábito assim como a auto-

atualização. Alguns pensadores comentam que a escrita é um chamamento, eu

literalmente fui chamado e desde então tenho lido muito e escrito

freqüentemente.

Conseqüentemente temos que nos esforçar no início para pegar,

digamos assim, um gosto especial pela leitura e aprendizado, mas com o

tempo vamos desenvolver uma verdadeira paixão pela leitura, escrita e,

principalmente, por adquirir novos conhecimentos em nossa profissão.

Com o tempo estabeleceremos um verdadeiro círculo virtuoso que

pode ser descrito da seguinte forma:

1. curiosidade

2. leitura

3. aprendizado

4. escrita

Primeiro, desenvolveremos uma grande curiosidade em determinados

temas de nosso interesse (área de conhecimento).

Em segundo lugar, nos tornaremos grandes compradores de livros, ou

seja, começamos adquirir uma série de livros e também começamos a leitura

de alguns.

Em terceiro lugar, talvez o mais difícil, começaremos a ler

Page 68: O professor fora de série

68

compulsivamente e a formar nossa biblioteca particular. Com o tempo,

passaremos estabelecer um período diário para a leitura. O tempo na verdade,

vai variar muito, mas como diz aquele velho ditado: O hábito faz o monge.

Nessa fase conseguimos ler quase todos os dias e a medida que o tempo

passa vamos pegando cada vez mais gosto pela leitura.

Em quarto lugar, começaremos a aprender com essa leitura e veremos

que o nosso conhecimento vai começar a evoluir muito. Nessa fase também

começamos a questionar mais, pois o nosso conhecimento cresceu muito e

não acreditamos em tudo o que lemos, ou seja, nosso senso crítico cada vez

fica mais aguçado.

As pessoas chegam para você e exclamam: Puxa, Beltrano, como você

está diferente!

É isso, o conhecimento tem o poder de mudar as pessoas, de

transformar suas vidas, pois o conhecimento faz com que as pessoas

enxerguem o mundo e a sua vida de uma forma diferente ou consigam

compreender melhor a vida. Nisso realmente está o fascínio do conhecimento.

Uma outra estratégia para adquirirmos maiores conhecimentos e

mesmo nos auto-atualizar é seguidamente fazermos uma viagem para

conhecermos novos lugares e diferentes pessoas.

Quando viajamos para outros lugares e conhecemos outras culturas

adquirimos muitos conhecimentos e evoluímos como seres humanos. Isso é

fundamental para um professor fora de série, precisamos expandir nossos

horizontes a respeito do mundo em que vivemos.

Isso é muito importante, pois geralmente quando vivenciamos algo,

essa experiência permanece em nossas mentes, pois, invariavelmente,

adquirimos conhecimento. E uma viagem é simplesmente algo inesquecível

muitas vezes.

Portanto, aconselho, não perca tempo, leia sempre que tiver um tempo

livre, viaje e conheça todos os lugares que puder. Isso fará com que você

adquira rapidamente conhecimentos que podem ser fundamentais em sua

profissão ou mesmo para a sua própria vida.

“Viajar e conhecer novos lugares, talvez seja o mais importante

investimento que possamos fazer em nossa pessoa, pois vai nos proporcionar

Page 69: O professor fora de série

69

conhecimentos inestimáveis e que, muitas vezes, não se encontram nos livros!”

O desenvolvimento do senso crítico.

Com o passar do tempo começaremos a desenvolver o nosso senso

crítico, ou seja, a capacidade de pensarmos por nossa própria conta e termos

opiniões próprias baseadas em conhecimento adquirido.

Isso é extremamente importante, pois, muitas vezes, na vida

determinadas decisões somente podem ser tomadas por nós mesmos.

Ninguém pode decidir melhor do que nós próprios. Por isso, quanto

maior for o nosso conhecimento e a nossa vivência, provavelmente, tomaremos

as melhores decisões para a nossa vida e para as pessoas que nos cercam.

“O diabo sabe mais por velho do que por diabo”

Ditado popular

Dito isso, concluímos que o professor fora de série deve ser uma

pessoa ávida por adquirir cada vez mais novos conhecimentos e aprender

constantemente, mas mantendo a sua humildade como vimos no capítulo

anterior.

“Inteligência e senso crítico são duas características marcantes do

professor fora de série!”

Na realidade, o processo de auto-atualização de um professor fora de

série deve ser constante, pois ele sempre está aberto a novos conhecimentos.

Contextualizando, sempre podemos nos atualizar nas mais diferentes

situações. Por exemplo, várias vezes conversamos e aprendemos com

pessoas em salas de embarque, no avião, no ônibus, em viagens de férias, no

supermercado, etc. Mas, para isso, precisamos ter um espírito aberto para o

aprendizado constante e aproveitarmos da melhor maneira possível o nosso

recurso mais valioso que é o tempo.

“O professor fora de série sabe que não pode perder tempo, por isso

Page 70: O professor fora de série

70

ele procura utilizar a maior parte do seu tempo para efetivamente aprender.”

Infelizmente, na nossa opinião, existe um grande inimigo moderno ao

aprendizado atualmente que é a televisão. A televisão nos fornece algo pronto

de maneira de que não nos faz nem pensar e muito menos questionar

determinada informação. Noto que, a maioria das pessoas, prefere ver

televisão nos domingos à tarde do que ler um bom livro, isso

independentemente do nível intelectual ou financeiro. E reparem na “qualidade”

dos programas das tardes de domingo tipo Faustão, Gugu, etc.

Não sei o que realmente me aconteceu, mas hoje não consigo mais ver

televisão no domingo à tarde, salvo se for um jogo de meu time, o Grêmio de

Porto Alegre, prefiro ler um bom livro ou praticar meu esporte predileto que é o

tênis.

“Tente por uma vez só desligar a sua televisão e ler um bom livro no

domingo à tarde e você vai ver como a sua vida vai mudar!”

Mas de toda forma sempre se lembre de aproveitar o seu precioso

tempo da melhor maneira possível, ou seja, invista em seu conhecimento, pois

o conhecimento é considerado o ouro moderno.

Contextualizando, sempre procuro aproveitar muito bem meu tempo,

principalmente, depois que minha querida mãe se foi. Ela me ensinou através

de seu exemplo excepcional que todos nós temos um tempo limitado aqui na

terra e temos a obrigação de aproveitá-lo da melhor maneira possível, pois

nunca sabemos independente de nossa idade ou saúde de quanto tempo ainda

temos disponível.

E quando perdemos alguém realmente especial e que fez a verdadeira

diferença em nossa vida, inevitavelmente nos questionamos que poderíamos

ter aproveitado ainda mais o nosso tempo com as pessoas que amamos.

“Não espere sua vida passar e depois se arrepender de tudo que

poderia ter feito e simplesmente não fez!”

Também é interessante ressaltar que quanto mais atividades nos forem

Page 71: O professor fora de série

71

solicitadas, provavelmente, a nossa produtividade aumentará, pois quem é

muito ocupado sabe que tem de elaborar um planejamento adequado para

poder realizar todas as suas atividades com uma qualidade superior.

“Nunca dê a desculpa de falta de tempo, diga a verdade: não consegui

me organizar (planejar) para executar essa tarefa!”

Concluindo, todo professor fora de série faz do seu tempo seu maior

aliado, ele sabe que pode se atualizar e aprender sempre e nunca se esquece

desse compromisso pessoal (missão).

“O tempo é o mesmo para todos! A diferença é que alguns aproveitam

muito melhor as suas 24 horas conseguindo fazer a diferença!”

Page 72: O professor fora de série

72

Cap. IX – A constante superação de limites.

“O professor fora de série deve se portar como um atleta de alto

rendimento, ou seja, constantemente deve tentar superar seus próprios limites

mais especificamente em matéria de conhecimento, cultura, saber e estratégias

de aprendizado!”

Trago sempre esse pensamento comigo: sempre podemos melhorar o

nosso desempenho acadêmico. Por isso, a cada semestre que passa

procuramos de todas as formas superar nossos próprios limites diversificando

as estratégias utilizadas em aula para que nossos alunos possam aprender

cada vez mais e de uma forma leve e descontraída, pois esse é o nosso estilo

de aula.

“Cada professor tem um estilo próprio de aula, dentro desse estilo o

professor deve procurar sempre a excelência. Aliás, você sabe qual o seu estilo

de aula?”

Por isso, como vimos anteriormente, a auto-atualização é fundamental.

Precisamos saber cada vez mais a fim de desempenharmos cada vez melhor

em sala de aula.

“O professor fora de série não tem férias, pois está sempre estudando!”

Em segundo lugar, pelo menos precisamos manter acesa a nossa

motivação (paixão). O ideal é que a cada semestre nos tornemos ainda mais

apaixonados pela docência, isso fará com que o aluno se predisponha a

estudar a disciplina já que ele percebe a grande motivação do professor em

sala de aula.

Continuando, também julgamos muito importante o preparo e a

concentração antes da aula.

Com relação ao preparo, como foi citado em um capítulo anterior,

nunca entramos em sala de aula sem termos estudado antes, por mais que nós

tenhamos um conhecimento profundo sobre o assunto em questão.

Page 73: O professor fora de série

73

“Independente de seu conhecimento sobre o tema, nunca deixe de

preparar e planejar uma aula!”

No que tange a concentração, um pouco antes da aula, gosto de ficar

quieto na sala dos professores, às vezes, também me agrada escutar uma

música para me energizar a fim de que eu entre em sala de aula com força

total. Na verdade, cada professor deve achar uma maneira ideal de concentrar-

se devidamente antes de sua entrada em aula.

“Concentração e preparo são dois segredos de um professor fora de

série”

Continuando, o próximo passo é a entrada em sala de aula. O impacto

da entrada do professor em sala de aula é muito importante. Precisamos

mostrar muita disposição, e isso se revela de várias formas como volume e

entonação de voz, postura corporal, ritmo dos passos, nosso olhar, sorriso, etc.

Nosso cartão de visita quando entramos em sala de aula é o nosso

sorriso. Precisamos sorrir para nossos alunos demonstrando que estamos

muito motivados para o início do semestre. Logicamente esse sorriso precisa

ser sincero. Os alunos precisam perceber a autenticidade do professor nesse

aspecto.

“O professor fora de série consegue sorrir com o coração!”

Nosso tom de voz também é importante, ele precisa mostrar disposição

e motivação. Quando estamos ouvindo uma pessoa, ela, inevitavelmente, está

nos comunicando a sua motivação ou desmotivação. Não que o professor fora

de série, precise fazer um discurso inflamado (como vemos muitas vezes na

política), mas a motivação nesse aspecto deve ser sentida inequivocamente.

“A voz de um professor é o espelho de sua motivação”!

“Tive professores que até para falar demonstravam sua desmotivação!”

Page 74: O professor fora de série

74

Com relação à postura corporal, procure ter uma postura ereta, isso

demonstra disposição. Infelizmente, alguns professores que tive entravam em

sala de aula parecendo que estavam literalmente “carregando o mundo” em

suas costas.

Contextualizando, mesmo que você esteja cansado, nunca demonstre

isso em sala de aula, pois seu aluno provavelmente vai perceber isso e sua

motivação vai diminuir.

Na verdade, isso eu aprendi com o tênis. O tênis é um esporte

tremendamente psicológico, pois é um contra o outro. Havia jogos muito

difíceis e que eu me sentia de sobremaneira cansado, mas eu tentava jamais

demonstrar isso para o meu oponente, pois isso se constituiria em uma

poderosa fonte de motivação. Então, por mais cansado que eu estivesse eu

procura de todas as formas não demonstrar o menor cansaço.

Na aula, também acontece isso, mas muitas vezes conseguimos

superar nosso cansaço simplesmente pela troca de energia com nossos

alunos. Existem turmas realmente maravilhosas nesse aspecto, turmas que por

mais cansado que estejamos tem o verdadeiro dom de renovar as nossas

energias. Não podemos esquecer que tudo na vida é uma troca.

“A aula do professor fora de série se converte, muitas vezes, em uma

grande troca de energia entre professor e aluno!”

O ritmo dos passos também pode ser um referencial de motivação. O

professor fora de série caminha rápido, pois não tem tempo a perder.

Por outro lado, percebo que alguns colegas meus verdadeiramente se

arrastam em direção à sala de aula à medida que o semestre avança e quanto

mais próximo o final do semestre a velocidade ainda tende a diminuir.

O olhar também pode ser um sinal de motivação. Existem pessoas que

apresentam um brilho no olhar quando estão trabalhando ou quando falam de

sua profissão ou ocupação. O professor fora de série, obrigatoriamente, possui

esse brilho no olhar. Talvez esse seja uma das características mais prezadas

pelos seus alunos e muito ausente de uma forma geral na maioria dos

professores.

Page 75: O professor fora de série

75

“Ter um brilho no olhar significa que o professor ama a sua profissão,

pois está procurando sempre se superar e isso encanta de sobremaneira o

aluno!”

“Um profissional somente terá um brilho no olhar se, verdadeiramente,

amar a sua profissão!”

“Sinceramente, não sei se possuo esse brilho no olhar, mas acima de

tudo adoro ser professor!”

Com o tempo, também fui percebendo que se eu pudesse relacionar o

momento cultural com algum assunto que fosse estudado em aula, os alunos

acabavam assimilando melhor os próprios assuntos estudados. Infelizmente

nem sempre isso é possível, mas sempre estamos atentos a esse aspecto com

o intuito de melhorar a qualidade de nossa aula.

Quanto ao carisma, as coisas ficam um pouco mais difíceis, visto que

carisma, em nossa opinião, é nato. Existem pessoas com grande carisma e

outras que simplesmente nunca serão carismáticas.

Assim como algumas mulheres que conheço. Analisando friamente,

elas não são bonitas, mas possuem um carisma encantador, e isso pode

acabar fazendo a diferença.

“Uma aula excelente obrigatoriamente tem um excelente trabalho de

bastidores”!

O perfil empreendedor também é fundamental em um professor fora de

série como estudamos em um capítulo anterior. Podemos melhorar

sensivelmente nosso perfil empreendedor quando planejamos com uma

qualidade cada vez melhor a nossa aula. Não podemos esquecer que uma aula

excelente inevitavelmente possui um grande trabalho de bastidores. Dito isso, é

muito importante que o professor fora de série possua também bons

conhecimentos de planejamento.

“Uma aula que busca a excelência deve ser muito bem planejada”!

Page 76: O professor fora de série

76

Mesmo realizando um bom planejamento de aula, é importante que

esse planejamento possua flexibilidade. Às vezes, a turma levanta um assunto

importante que não estava no planejamento, mas que poderia ser explorado

em aula para complementar o assunto em debate. Nessa hora o professor

precisa estar muito atento, afinal seu maior objetivo é que seus alunos

aprendam e, às vezes, a turma coloca perguntas e questões que merecem ser

aprofundadas.

“Um bom planejamento de aula e a sua flexibilidade fazem parte da

aula do professor fora de série”!

Finalizando, para que o professor sempre tenha em mente que pode e

precisa melhorar a sua performance, vem a humildade. Para que nós sempre

possamos almejar a excelência, precisamos manter a nossa humildade para

sempre entendermos que podemos aprender e, com isso possamos, nos tornar

à medida que o tempo passa, melhores professores.

“A humildade deve sempre acompanhar o professor fora de série,

somente assim, ele poderá se superar constantemente!”

Page 77: O professor fora de série

77

Cap. X – O exemplo em todos os aspectos.

“Exemplo é a palavra-chave para um professor fora de série!”

Comenta-se muito que o exemplo é fundamental, que todo o professor

precisa ser exemplo ou que nos fazem muita falta bons exemplos hoje em dia.

Na verdade, precisamos nos conscientizar de que como professores,

precisamos, mais do que nunca, liderar pelo exemplo como vimos no primeiro

capítulo desse livro.

Mas como nos podemos tornar exemplo em todos os aspectos? Esse é

o assunto desse capítulo que se inicia.

Em primeiro lugar, a aparência de um professor é parte integrante de

seu exemplo pessoal. Na verdade, o cuidado na maneira de vestir do professor

representa o respeito que ele tem pela sua profissão, pela ocasião e até, de

certa forma, pelos seus alunos. Aliás, quando você vai a uma festa, qual a

roupa que você coloca?

Logo, sempre seja muito cuidadoso com sua apresentação, isso na

verdade, faz parte de seu marketing pessoal, ou seja, o cuidado que você tem

com sua apresentação é visto como o cuidado que você terá com o seu

trabalho.

“A maneira de vestir do professor indica seu respeito pela situação,

pela sua profissão e também pelos seus alunos.”

Na aparência também conta o seu aspecto físico. Portanto, cuidado

com aquela “barriguinha” protuberante, isso afeta negativamente a sua imagem

perante todos e seus alunos também vão notar isso.

“Quando entramos em sala de aula os alunos percebem todos os

detalhes possíveis, somos analisados da cabeça aos pés e, justamente por

isso, temos que ter um cuidado redobrado com a nossa apresentação”.

Se por acaso, então, você está muito acima do peso, sugiro começar

um regime com urgência, pois isso, na verdade é até uma questão de saúde.

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78

Na verdade, o cuidado que temos com nosso corpo, muitas vezes,

demonstra o cuidado que temos com nossa própria profissão. Não que o

professor fora de série precise ser um fisiculturista, não é nada disso, mas

também ele não pode querer ser candidato à Papai Noel todo o final de ano.

“O professor fora de série sabe que precisa cuidar tanto do conteúdo

como da embalagem.”

Além disso, estudos recentes comprovam que se estamos bem

condicionados fisicamente nossas células nervosas (neurônios) funcionam

melhor e cientificamente tomamos melhores decisões, ou seja, de certa forma

melhoramos nosso processo de cognição (capacidade de aprendizado).

“O professor fora de série obrigatoriamente deve ter uma atividade

física regular ou praticar algum esporte.”

Portanto, é fundamental uma atividade física regular por uma simples

questão de qualidade de vida.

Você vai notar que se conseguir um tempo para uma atividade física

regular (pelo menos três vezes por semana) automaticamente sua aula vai

melhorar de qualidade, aliás, não somente a sua aula, mas a sua vida como

um todo. Você estará mais disposto e sua aula será muito mais produtiva com

certeza.

Experimente, você vai notar como uma melhor qualidade de vida vai

fazer com que seu desempenho como docente melhore em todos os sentidos.

Contextualizando, analise meu caso particular. Jogo tênis desde os

meus dez anos de idade devido a influência de meu saudoso pai e também

gosto muito de fazer uma corrida quase que diariamente. Quando não consigo

jogar tênis ou correr por um tempo devido a uma lesão ou coisa similar, noto

que não tenho tantos insights (idéias) interessantes em aula, na realidade,

percebo que minha aula perde em qualidade e até me sinto menos disposto

para lecionar. Também percebo que minha tolerância diminui.

Page 79: O professor fora de série

79

Prosseguindo, o professor fora de série precisa ser exemplo de

comprometimento e motivação como estudamos no segundo capítulo. Ele deve

puxar a frente desse processo para que o clima presente em sala de aula seja

o melhor possível para o aprendizado. Portanto, indiscutivelmente, a motivação

precisa e deve partir em primeiro lugar do professor em sala de aula. Ele é o

grande responsável pelo clima organizacional presente em aula.

“O reflexo de um professor fora de série é necessariamente um aluno

motivado!”

O professor fora de série também precisa ser exemplo de saber e

cultura, por isso vimos a importância da contínua auto-atualização do professor.

Ele precisa passar credibilidade para seus alunos em matéria de

conhecimentos e vivências profissionais. Os alunos inevitavelmente precisam

admirar o conhecimento do professor.

“O professor fora de série é guiado por sua consciência!”

Isso também inclui sua integridade ou valor ético. O professor fora de

série é pelo certo em todas as situações. O importante para um professor fora

de série é a sua consciência, ou seja, saber que tentou de todas as formas

fazer o que era correto.

“Preocupe-se mais com sua consciência do que com sua reputação,

pois sua consciência é o que você é e sua reputação é o que os outros pensam

de você! E o que os outros pensam é problema deles!”

Logicamente não somos perfeitos e cometemos as nossas falhas como

professores e seres humanos, eu também tenho as minhas, mas quando

erramos precisamos ter a grandeza de reconhecer nossos próprios erros, isso

também faz parte da ética, pois a pessoa ética é a primeira a reconhecer seus

erros perante as outras pessoas.

O professor fora de série, também, ele tem a capacidade ou virtude de

assumir os seus erros, pois afinal todos nós somos passíveis de erros.

Page 80: O professor fora de série

80

“O professor fora de série tem a grande virtude de reconhecer os seus

erros o que gera grande empatia por parte de seus alunos!”

Portanto, sempre que cometer um erro trate de corrigi-lo o quanto

antes possível. Não deixe a oportunidade passar, pois estamos nesse mundo

para fazer a diferença, tanto em nossas vidas como na vida de nossos alunos.

Contextualizando, algumas vezes um aluno fazia uma determinada

pergunta que me obrigava a pesquisar sobre algo, e eu modestamente dizia

que não tinha a resposta ou não sabia responder, mais que eu iria atrás dessa

resposta sem falta, o que inevitavelmente acabava acontecendo.

“Na verdade, o professor em sala de aula sempre será exemplo, a

nossa obrigação é a de sempre tentar ser o maior bom exemplo possível, o que

nem sempre é fácil!”

Pelo fato de qualquer professor deixar marcas indeléveis em seus

alunos, temos que estar muito conscientes de nossas grandes

responsabilidades, afinal somos o exemplo a ser seguido e temos de procurar

de todas as formas sermos bons exemplos em todos os sentidos.

É fundamental ressaltar que quando falamos em exemplo estamos

falando em AÇÃO, pois exemplo obrigatoriamente inclui ação.

Portanto, para o professor ser exemplo ele precisa fazer o que fala, ou

seja, traduzir seu discurso em ato.

“O professor é exemplo quando pratica seu discurso, ou faz aquilo que

fala!”

O exemplo, na verdade, somente sensibiliza o aluno quando é

convertido em ação, por isso, o professor fora de série é tão admirado por seus

alunos já que tudo aquilo que ele prega, ele também faz!

“O professor fora de série obrigatoriamente é um exemplo a ser

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81

seguido por todos os seus alunos!”

“Exemplo e ação obrigatoriamente andam juntos!”

Por isso aquela famosa frase: “Façam o que eu digo e não o que eu

faço!” na realidade não é capaz de inspirar ninguém a mudar o que quer que

seja! O discurso perde totalmente seu efeito se não for convertido em ação e,

no caso do professor, isso é fundamental para que o aluno o reconheça como

um verdadeiro exemplo a ser seguido.

Portanto, não resta mais nada a dizer a não ser de que o professor

precisa e tem que ser exemplo tanto dentro como fora de sala de aula!

Para finalizar esse capítulo transcrevo um artigo de minha autoria que

trata sobre essa necessidade do professor se constituir um verdadeiro e

genuíno exemplo.

Professor tem que ser exemplo!

Sei que sou suspeito, mas sem dúvida nenhuma a profissão de

professor é uma das mais desafiantes que eu conheço. Mas, sinceramente não

é muito fácil ser professor, ou melhor, ser um bom professor.

Aliás, estamos muito carentes de bons professores atualmente, você

não acha? Para confirmar isso ouso perguntar: quais professores você guarda

ainda na lembrança? Eu aposto que serão muito poucos. Eu vejo por mim

mesmo. Só lembramos dos muito bons ou, o que é pior, dos muito ruins. Então,

cuidado se você é muito lembrado, talvez não seja pelo motivo correto.

Mas que diferenciais deve ter um professor moderno? Primeiramente,

ele deve ser incansável na busca do conhecimento, deve estudar sempre, a

auto-atualização é fundamental e não precisa ser somente através de um

estudo formal.

Em seguida, ele precisa ter características de liderança, o professor

deve ser um líder. Ele deve ser seguido por seus alunos, deve ser exemplo

tanto dentro como fora de aula. Aliás, ele deve ser exemplo em todos os

sentidos.

Em minhas palestras muitos professores me questionam, por exemplo:

Page 82: O professor fora de série

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como consigo motivar minha turma, meus alunos parecem tão apáticos? Eu

diria que o primeiro passo é ser auto-motivado. Se meus alunos não sentirem

uma grande motivação em mim ou uma paixão pela minha profissão, como

posso querer que se apaixonem pela minha matéria? Lembro-me muito bem

das minhas graduações e mesmo de meu mestrado; tive professores que nem

eles mesmos gostavam de lecionar a disciplina, a turma sentia isso e imaginem

a nossa motivação e conseqüente produtividade.

Cito em minhas palestras que alguns são professores e outros estão

professores, não sei se me entendem? E isso vale para qualquer professor

pode ser de tênis, futebol, vôlei, ou qualquer outra atividade.

Então, um grande professor precisa ser antes de tudo ser um grande

motivador de seus alunos. E para que isso aconteça, ele, inevitavelmente,

precisa amar o seu trabalho.

Depois preciso cuidar de minha imagem, sim, isso também é

importante. Em outras palavras, a maneira como me visto dá a idéia do

respeito que tenho pela minha profissão e pelos meus alunos e isso serve mais

uma vez de exemplo. Também minha aparência física conta. Então, cuidado

com aquela barriga protuberante, ela faz parte de sua imagem e seus alunos

percebem isso. Sinceramente, não consigo entender que colegas meus de

profissão, professores de marketing, sejam ainda tão desleixados com a sua

imagem, estão muito gordos, vão de tênis (às vezes furado) para a aula e

dizem para seus alunos que a imagem é muito importante! Como os alunos

podem entender isso se o seu professor diz uma coisa e faz outra? Mais uma

vez o exemplo é o que conta.

Portanto, devo cuidar tanto do meu conteúdo (conhecimento) como da

minha embalagem (aparência e maneira de me vestir) e isso vale para

qualquer profissional. Aposto que vocês não iriam freqüentar uma academia de

musculação que seu professor fosse muito gordo.

Por fim, um professor moderno deve ser um idealista por natureza em

um país que, infelizmente, não dá o devido valor à educação, onde a grande

preocupação ainda é: quantas crianças estão em sala de aula ao invés de ser o

que essas crianças estão aprendendo, ou seja, a qualidade de ensino. Para

não ser utópico, estou consciente das grandes dificuldades enfrentadas pela

maioria dos professores que, muitas vezes, são mal remunerados, não tendo

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condições de nem mesmo se auto-atualizar. Eu mesmo vivenciei isso, pois

comecei a lecionar em colégio público e sei das dificuldades enfrentadas pela

maioria dos professores. Mas, por isso mesmo, sem dúvida nenhuma, ser

professor é antes de tudo um grande desafio pessoal e profissional.

Meu grande abraço a todos os professores que fazem a diferença e

até mesmo ao que não fazem.

Page 84: O professor fora de série

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Cap. XI – O que não fazer (estratégias que comprovadamente apresentam

poucos resultados).

Abriremos esse último capítulo com um artigo de nossa autoria sobre

os tipos mais comuns de professores. O artigo tem a pretensão de alertar para

alguns erros que devemos procurar evitar em matéria de metodologia de

ensino, postura profissional, motivação, liderança, auto-atualização, tudo isso

de uma forma descontraída e até irreverente.

Se, por acaso, você se identificar com algum dos tipos descritos aqui,

não se preocupe afinal, todos nós temos os nossos erros e a nossa missão é

corrigir-nos constantemente se quisermos nos tornar um dia um verdadeiro

professor fora de série.

Tipos de professores

Como é de se esperar tive vários professores desde o ensino

fundamental até a minha pós-graduação. Uns, sem dúvida nenhuma, me

marcaram de sobremaneira. Principalmente, os bons...

Desde menino eu analisava meus professores, seus métodos de

ensino, sua postura, exemplo, motivação, conhecimento, etc. Por isso, talvez,

hoje, eu seja professor.

Sempre achei a profissão de professor fascinante sobre todos os

aspectos, pois eles nos marcam de uma maneira indelével. Eles se tornam

muito importantes em nossa vida e, muitas vezes, levamos seus exemplos para

sempre conosco...

Mas hoje escrevo sobre alguns tipos de professores que cito como

exemplo em minhas palestras para descrever perfis que precisam ser mudados

nesses tempos globalizados.

Precisamos, sem dúvida nenhuma, revolucionar a educação, através

de professores que sejam muito criativos, motivados, empreendedores e com

perfil de liderança.

Bem, vamos então aos tipos de professores.

Page 85: O professor fora de série

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Professor Pré-histórico.

Esse é aquele que seu pai, seu tio, seu primo, até seu filho, quase toda

a sua família teve aula com ele. Mas, reparem, a matéria é a mesma, suas

lâminas já estão amareladas pelo tempo, inclusive até a metade das letras já

caíram e as provas, pasmem, também são idênticas.

Além disso, ele, todo o semestre, cita os mesmos exemplos em aula.

Você por acaso, conhece algum professor assim?

Professor fantasma.

É aquele professor que somente está de corpo presente, pois sua

alma está em outro lugar (bem distante, diga-se de passagem).

Esse professor é professor por circunstâncias da vida, ou seja, está

professor. Ele não escolheu a profissão por vocação, mas por pura

necessidade de sobrevivência, pois afinal todos nós temos que ter alguma

ocupação para pagar as contas no final de cada mês.

Professor intervalo.

Esse professor sempre larga a turma no intervalo. Ele começa a aula

como Rubinho e quando está próximo do intervalo ele se transforma em um

verdadeiro Schumacher.

Infelizmente, alguns alunos acabam se apaixonando por esse tipo de

professor, pois simplesmente podem chegar mais cedo em casa e ver a novela.

Professor show man.

Esse professor é aquele que leva meia hora para montar toda a sua

parafernália multimídia, seus slides são extremamente coloridos, mas sem

muito conteúdo e como a sua aula é praticamente no escuro, muitos,

invariavelmente, dormem na mesma.

Mas o que conta é a imagem. Aliás, às vezes, o design do slide é tão

bonito que chama mais a atenção do que o próprio conteúdo do mesmo.

Page 86: O professor fora de série

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Professor seminário.

Esse professor terceiriza o aprendizado diretamente ao aluno. Ele já

chega na primeira aula, divide os grupos e lança trabalhos que vão ser

apresentados durante todo o semestre.

Depois ele senta em sua cadeira e passa o semestre inteiro assistindo

as apresentações dos alunos e obriga a presença de todos fazendo chamada

no final de cada aula. Esse professor tem um lema: “Ninguém ensina nada para

ninguém, o aluno é que aprende por ele mesmo se tiver interesse”! Será

mesmo?

Professor polígrafo.

Esse professor adora seu polígrafo mais do que qualquer coisa,

embora nunca tenha o trabalho de atualizar o mesmo. Na verdade, seu

polígrafo é mastodôntico, pois o que conta é o volume.

Nossa! Quanto conhecimento o aluno vai pensar! Por falar em alunos,

coitados deles que tem que ler todo aquele “monstro” para a prova. E o que é

pior, a maioria do que está no polígrafo não é visto em aula e, às vezes, nem

mesmo “cai” na prova.

Professor “moral de cueca”.

Esse professor cobra uma postura de seus alunos, mas não é capaz

de dar o exemplo. O que conta para ele é o discurso: “Façam o que eu falo e

não o que eu faço”!

Esse é aquele professor que cobra prazo de entrega de seus alunos e

leva dois meses para entregar a prova. Ou aquele que cobra horário de seus

alunos e, invariavelmente, chega atrasado ou falta à aula, pois está viajando

para algum congresso ou coisa parecida.

Page 87: O professor fora de série

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Professor ocupado.

Esse professor, como tem muitos compromissos, falta mais do que o

aluno mais faltoso de toda a classe, mas afinal a culpa não é dele, pois ele está

sobrecarregado de trabalho e a universidade não pode prescindir desse

“profissional”.

Professor preguiça.

Esse professor não faz prova, não faz trabalho, todos passam e todo

mundo fica “feliz”. Geralmente, esse professor adota a auto-avaliação como

prova.

E aí eu ouso perguntar: Não somos avaliados todo o santo dia por

nossos chefes e superiores hierárquicos onde trabalhamos? Ou podemos

manter o nosso emprego apenas por uma boa auto-avaliação?

Professor maria-mole.

Muito parecido com o preguiça, o maria-mole é aquele professor que é

muito frouxo na disciplina com os alunos e portanto, os alunos é que acabem

ditando as regras. Então eles é que dão as cartas e estamos conversados. No

final do ano todos os alunos são aprovados, pois esse professor não tem

coragem de rodar ninguém. E ainda ele comenta: não adianta eu rodar

ninguém, pois a vida vai ensinar para eles!

Professor urso.

Um outro tipo de professor é o professor urso, esse professor

simplesmente detesta perguntas e começa a rosnar quando um aluno ousa

fazer qualquer pergunta sobre a matéria. Na verdade, ele demonstra uma

intolerância enorme, pois como alguém pode ousar perguntar alguma coisa

depois de sua “brilhante” explicação? Isso não é admissível para ele.

Com o tempo, os alunos simplesmente não perguntam mais nada por

sentirem medo da reação do professor e, assim, ele pode dar a sua aula em

paz e sossego pensando que todos estão entendendo tudo a respeito da sua

Page 88: O professor fora de série

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disciplina.

Professor tolerância zero.

Muito parecido com o professor urso, esse professor não tem o mínimo

de paciência com os alunos. Qualquer coisa o irrita profundamente. Ele

simplesmente acha que o aluno só atrapalha e leva um pensamento consigo:

Se não fosse o aluno, ser professor seria ótimo. Imaginem só.

Professor general.

Para esse professor, a hierarquia é fundamental. Justamente por isso,

ele considera seus alunos simples subordinados ou soldados de seu exército.

De outra forma, os alunos estão ali para somente cumprir ordens e não

questionar absolutamente nada, já que ordens não se discutem, apenas se

cumprem. Portanto, o trabalho em time é menosprezado pelo professor

general, já que se ele delegar algo a alguém certamente vai sair bobagem!

Em conseqüência disso, o professor general é extremamente

autocrático, ou seja, ele não pede a opinião de ninguém e decide tudo sozinho,

pois somente ele pode tomar a melhor decisão para o grupo.

Os alunos geralmente respondem com rebeldia a sua maneira de ser,

pois, afinal, ninguém gosta de não ter a sua opinião ao menos ouvida e ser

tratado como uma pessoa que não é capaz de ter a mínima autonomia e senso

de responsabilidade.

Com o tempo é gerado um grande antagonismo entre esse professor e

a sua turma porque o professor simplesmente não dá ouvidos às reclamações

dizendo que sempre quem está errado é o aluno.

Se toda a turma foi mal na prova, ele comenta que faltou muito estudo

ou que, absolutamente, ninguém estudou, por isso todos foram mal, ou seja, a

culpa de maneira nenhuma é dele.

Finalizando, esse professor não admite em nenhuma hipótese seu erro

afinal: professor não erra, quem erra é o aluno, professor apenas se equivoca.

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Professor sabe-tudo.

Parecido com o professor General, esse professor tem um ponto fraco

comum que é a falta de humildade. Ele simplesmente domina todo e qualquer

assunto, e simplesmente já fez de tudo em sua vida, portanto, não tem mais

nada a aprender.

Geralmente esse professor é muito exigente em suas provas, embora

a sua aula deixe muito a desejar. A empatia pelo aluno é zero e a recíproca

também é verdadeira, ou seja, os alunos também não gostam de sua pessoa.

Além disso, esse professor olha de cima para baixo o aluno e deixa

bem claro que eles têm que aprender com ele, pois ele tem conhecimento,

experiência, vivência, etc. De outra forma, a sua arrogância acaba distanciando

os alunos de sua pessoa o que acaba prejudicando muito o processo de

aprendizado, visto que o professor precisa ser aceito como pessoa antes de

qualquer coisa.

Na verdade, esse professor tem um ego enorme que acaba

desmotivando seus alunos.

Professor ego maníaco.

Já o professor ego maníaco é muito parecido com o sabe-tudo, ou

seja, a humildade não é o seu forte.

Na realidade, esse professor fica tão encantado com o seu

conhecimento que “esquece” completamente de seus alunos.

Ele fica tão extasiado com a sua própria aula e seu saber que nem

pensa se, por acaso, seus alunos estão entendendo o que ele está falando.

Geralmente esse professor levanta vôo e deixa todos os seus alunos

em terra (perdidos). Ele fala uma linguagem que somente ele tem a capacidade

de entender, ou seja, ele está sintonizado em uma onde de freqüência

modulada (fm) enquanto seus alunos estão numa onda de am.

E quando ele pergunta se todos estão entendendo tudo o que ele

“ouve” é um silêncio constrangedor, ou seja, ninguém tem coragem de

perguntar alguma coisa porque, simplesmente, ninguém entendeu

absolutamente nada!

Page 90: O professor fora de série

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Então, o professor pensa que todos estão entendendo tudo e somente

descobre que isso não é verdade quando ele corrige as suas provas e fica

apavorado com o baixo desempenho de toda a turma.

Esse professor se esquece que a competência de um mestre é medida

fundamentalmente pelo que seus alunos aprendem efetivamente em sala de

aula.

Professor “enrolão”.

O professor “enrolão” como não tem muito domínio de sua disciplina,

literalmente fica “enrolando” todo o semestre, pois ele tem pavor de que algum

aluno faça uma pergunta que ele certamente não vai saber responder.

Convém citar algumas das estratégias adotadas pelo professor

enrolão: geralmente ele chega atrasado em aula, em segundo lugar seu

intervalo é enorme, ou seja, quando ele retorna a aula todos os alunos já o

estão esperando, em terceiro lugar, ele adora fazer seminários, pois assim não

precisa preparar a aula e em quarto lugar ele, em toda a aula, faz mais de uma

chamada para consumir ainda mais tempo de sua disciplina.

Uma outra estratégia é fazer com que os alunos copiem toda a matéria

em aula, pois assim se perde mais tempo ainda.

Por isso, o semestre literalmente se arrasta e os alunos não aprendem

quase nada sobre a disciplina, afinal, nem mesmo o professor tem domínio do

assunto em questão e não faz a mínima força para que a situação se

modifique.

O professor “enrolão” pode ser comparado a um avião em

manutenção, simplesmente, sua aula não deslancha, ou seja, não sai do chão.

Esse professor literalmente conta os dias para o final do semestre, pois

de maneira nenhuma gosta de seu trabalho.

Professor “maluco”.

Temos também o professor “maluco”.

Chamo esse professor assim por que as suas perguntas na prova não

estão no polígrafo, não foram vistas em aula, mas ele apenas comenta: como

vocês não sabem isso?

Page 91: O professor fora de série

91

Na verdade, a prova do professor “maluco” é sempre muito temida,

pois ninguém sabe o que esperar da mesma.

Aliás, o professor “maluco” cobra em prova como sua aula fosse fora

de série, o que causa um verdadeiro pavor nos alunos que comentam: “Como

ele pode cobrar tanto na prova se não ensinou quase nada”?

Professor boxeador.

É aquele professor que põe literalmente seus alunos para dormir como

um verdadeiro campeão mundial de boxe.

Sua aula é realmente muito chata, ele sempre fala no mesmo tom de

voz, às vezes, dá aula sentado em sua cadeira ou pede para que cada aluno

leia um pouco do polígrafo e faz um jogral com toda a turma.

Parecido com o professor pré-histórico, o professor boxeador nunca

atualiza seu polígrafo, pois, afinal, como ele mesmo diz, os alunos são

desinteressados e não querem aprender muita coisa.

Esse professor também gosta de pedir trabalhos no final da aula para

que, pelo menos, alguns alunos tentem se manter acordados e,

invariavelmente, faz as suas chamadas no fim da aula para obrigar os seus

alunos a permanecerem em sala mesmo se estão dormindo.

No fundo, nem ele mesmo suporta a sua aula. Esse professor como

alguns outros desse capítulo fica contando nos dedos quantos dias faltam para

as próximas férias, como se fosse um verdadeiro martírio a profissão de

professor.

É interessante notar que sua “motivação”, se é que ele tem alguma,

surpreendentemente começa a aumentar no final de cada semestre justamente

porque as férias estão se aproximando e ele não precisará lecionar.

Professor caminhão.

Finalizando temos o professor caminhão, esse professor despeja a

matéria nos alunos, ele dá aula até o último minuto, embora ninguém mais

esteja prestando atenção, mas o que conta é cumprir o cronograma e não os

alunos aprenderem a sua matéria.

Page 92: O professor fora de série

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Na realidade, o professor caminhão finge dar aula enquanto seus

alunos fingem que estão aprendendo.

Geralmente, esse professor é “adorado” pela direção da escola, pois o

que interessa é quantidade e não a qualidade. Esse professor sempre cumpre

o cronograma de aulas, embora seus alunos não aprendam muito.

E você meu prezado professor, se identificou com alguns desses tipos

de professores?

Esperamos que não, mas nunca é tarde para mudar. Nós lhe

desejamos muito sucesso e o parabenizamos por escolher essa profissão tão

nobre.

Concluindo, a nossa idéia nesse capítulo final foi fazer um alerta para

algumas práticas que precisam ser revistas e repensadas em sala de aula,

afinal, estamos em tempos de globalização e a educação de uma forma geral

não acompanhou a evolução do mundo de uma forma adequada.

“Existe um descompasso muito grande entre a evolução da tecnologia

e a da educação!”

Infelizmente, ainda temos métodos defasados de ensino e professores

que não possuem vocação nenhuma para o magistério, basta analisar o

comentário (feedback) dos egressos de qualquer universidade de nosso país.

Isso precisa mudar urgentemente se quisermos verdadeiramente nos

tornar um país de primeiro mundo.

Como sabemos somente uma educação de qualidade pode realmente

transformar um país.

“Nossos governantes deveriam estar mais preocupados com a

qualidade de ensino público do que com a quantidade de crianças em sala de

aula!”

Na realidade, a questão chave não é a quantidade de crianças que

freqüentam a escola e, sim, o que essas crianças estão verdadeiramente

aprendendo em sala de aula e se o que estão aprendendo poderá ser útil no

Page 93: O professor fora de série

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futuro para conseguir alguma ocupação (emprego).

“O professor fora de série tem o dom de fazer os outros pensar por

conta própria!”

Esse “novo” modelo de educação precisa ser baseado no

desenvolvimento do senso crítico, ou seja, precisamos fazer com que as

pessoas pensem por conta própria, saibam distinguir o certo do errado, o

adequado do inconveniente, o correto do absurdo.

Isso é fundamental para a criação de uma sociedade moderna

baseada na geração do conhecimento onde o valor ético está em primeiro

lugar.

Concluindo, precisamos de uma atenção maior para com os

professores, eles é que verdadeiramente ensinam e podem mudar o destino de

um país.

“Vocação, talvez seja um dos maiores segredos de um professor fora

de série!”

Infelizmente, de uma forma geral, a nossa profissão não merece por

parte dos governantes o reconhecimento que deveria ter, mas acreditamos que

isso um dia vai mudar e, justamente por isso, devemos sempre ter em mente a

nossa missão, afinal, professor é vocação em todos os sentidos!

“Nunca podemos esquecer que o verdadeiro professor fora de série,

mais do que ninguém, é um idealista por natureza!”

“O professor fora de série precisa ter uma forte empatia pelo aluno!”

Acima de tudo, o professor fora de série trabalha em prol de seu aluno,

pois sabe que lecionar é um verdadeiro ato de doação em todos os sentidos,

por isso o professor fora de série pensa mais nos seus alunos do que em si

próprio já que ele encara o seu trabalho como uma verdadeira missão ou ideal

de vida.

Page 94: O professor fora de série

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“Ideal é missão são dois aspectos que se complementam quando

falamos em um professor fora de série!”

Por essa razão, reputo a ocupação de professor como uma das mais

fascinantes e me considero um privilegiado em ter escolhido essa profissão.

“Nunca existe rotina no trabalho de um professor fora de série!”

Por isso, você, meu prezado leitor (professor), também deve se

considerar um verdadeiro privilegiado, já que são muito poucos os profissionais

que possuem uma missão tão nobre, importante e desafiante como a nossa.

Nobre por que temos a oportunidade de passar nossas experiências e

conhecimentos a outras pessoas que nem ao mesmo conhecemos direito.

Importante, pois podemos fazer a diferença na vida das pessoas, de

nossa comunidade e, até mesmo, de nosso país.

Finalmente desafiante, pois estamos sempre aprendendo com tudo e

com todos e na vida de um professor fora de série sempre uma aula é diferente

da outra, nunca há rotina em seu trabalho, pois as turmas mudam assim como

o conhecimento evolui.

“Um professor fora de série deve sempre se lembrar de que,

obrigatoriamente, ele precisa fazer a diferença na vida das pessoas, essa é a

sua verdadeira missão, seu compromisso social com a comunidade em que ele

vive. Nada mais e nada menos do que isso!”

“O professor fora de série tem a grande capacidade de fazer a

diferença na vida das pessoas e com isso melhorar a vida da comunidade em

que vive – essa deve ser a sua missão e o seu compromisso!”

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Cap. XII – Considerações finais:

Gostaria primeiramente de agradecer a você, meu estimado professor

(leitor), pela leitura desse livro sobre a excelência na docência.

Espero que o mesmo lhe tenha sido útil e lhe dado algumas idéias de

como melhorar ainda mais a qualidade de sua aula para se tornar um professor

fora de série.

É claro que independente da estratégia adotada, nunca temos a

certeza do sucesso, mas, como professores, temos que ter a necessária

ousadia para testar novas metodologias de aprendizado, pois os tempos atuais

nos dizem que os paradigmas (padrões) precisam ser revistos e mudados

muitas vezes e o professor fora de série sabe que a sua criatividade é o seu

grande diferencial.

A educação precisa de uma revolução para acompanhar os novos

tempos, onde a tecnologia avança de uma forma feroz e esse livro tem a

pretensão de sugerir estratégias novas em sala de aula para que possamos

maximizar o aprendizado de nossos alunos a fim de buscar a tão almejada

excelência em matéria de ensino.

Finalizando, gostaria de agradecer a várias pessoas que foram muito

importantes na elaboração desse livro.

Primeiramente a Deus, por me conceder saúde e motivação constante

para realizar a minha missão que é de ser professor, mas, principalmente, a de

ser um eterno aprendiz.

Aos meus saudosos pais que me ensinaram através de seu exemplo

pessoal a ter muita perseverança em busca de meus objetivos

independentemente das dificuldades do caminho, afinal existem pedras em

qualquer caminho e a superação de dificuldades sem dúvida nenhuma, nos

torna melhores como seres humanos.

Aos meus estimados e queridos alunos e ex-alunos que diariamente

me incentivam com seus comentários, muitas vezes, mais do que gentis com

minha pessoa. Confesso que o reconhecimento que tenho na minha profissão

de professor é muito acima de minha capacidade ou competência.

Aos meus mestres que me ensinaram muito a respeito de ser exemplo

em sala de aula e na vida.

Page 96: O professor fora de série

96

À Universidade de Caxias do Sul, local onde leciono desde 2002 e que

tem me reconhecido meu trabalho de uma forma exemplar.

À minha santa de vocação Nossa Senhora de Lourdes que desde

Sucre (Bolívia) tem me iluminado meu caminho e me protegido em minha

caminhada aqui na Terra, agradeço de coração.

Mais uma vez à Leila, que demonstrou um enorme interesse em ler os

rascunhos dos capítulos do livro e me forneceu um feedback muito positivo do

mesmo ainda em seu processo de elaboração.

A todos aqueles que de uma forma ou de outra torcem por mim,

também agradeço muito.

E finalmente àqueles que também não torcem por mim porque, muitas

vezes, me motivam a perseguir meus objetivos com ainda maior vontade e

tenacidade.

Prof. José Tejada

17 de janeiro de 2008.