O professor e suas tecnologias

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O professor e suas tecnologias Prof. Dr. Ruy Ferreira

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Palestra apresentada no II Seminário internacional de Formadores de Professores (2011)

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O professor e suas tecnologias

Prof. Dr. Ruy Ferreira

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O QUE É TECNOLOGIA?

Técnhè vem do Grego – estudos especializados sobre os procedimentos próprios de qualquer

técnica, arte ou ofício.

É o know-how, savoir-faire ou conhecimento processual. Ou seja, é o “saber fazer com”.

Tudo aquilo que, não existindo na natureza, o ser humano inventa para expandir os seus poderes, tornar o seu trabalho mais fácil e

fazer a sua vida mais agradável.

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TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS (TE)

Desde o Século XVI, partindo da pedra de giz, passando pelo mimeógrafo chegando ao

retroprojetor, a tecnologia analógica dominou na sala de aula até o meado do Século XX.

O computador faz chegar a TECNOLOGIA DIGITAL na sala de

aula pelas mãos de Seymour Papert (MIT/USA) na Década de

1960. Na seguinte chega ao ensino superior brasileiro, a

pedido da Marinha de Guerra.

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AS TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS DE ANALÓGICAS A DIGITAIS

•o quadro negro, verde e branco•a pena e a caneta tinteiro•o lápis•o livro•o caderno•as cartas•o rádio

•a lapiseira• a caneta esferográfica•a apostila•a calculadora•a televisão•o vídeo tape•o CD-ROM•o DVD-ROM•A Vídeoconferência

•o computador, o software educativo e os ambientes digitais interativos: teleconferência, chats, fóruns, correio eletrônico, blogues, wiki, ambientes virtuais, etc.

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netas

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Educação e suas tecnologias: o marco legal

No inciso II do Art. 32 da LDB consta: “o aluno deverá ter a compreensão […] da tecnologia […]”Art. 36, inciso I da mesma lei: “destacará a educação tecnológica básica […]”, e logo em seguida no parágrafo 1º, inciso I consta ainda que: “Os conteúdos, as metodologias e as formas de avaliação serão organizados de tal forma que ao final do ensino médio o educando demonstre: I - domínio dos princípios científicos e tecnológicos que presidem a produção moderna”.

A União, o Distrito Federal, os Estados e os Municípios,

em regime de colaboração, deverão promover a

formação inicial, a continuada e a capacitação dosprofissionais de magistério.

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Educação e suas tecnologias: o marco legal

Resolução CNE Nº 1, de 18 de Fevereiro de 2002, Art. 2 institui asDiretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores daEducação Básica, em nível superior, curso de licenciatura, de graduaçãoplena:[...]

Art. 2º A organização curricular de cada instituição observará, além do disposto nos artigos 12 e 13 da Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996, outras formas de orientação inerentes à formação para a atividade docente, entre as quais o preparo para:

[...]

VI. o uso de tecnologias da informação e da comunicaçãoe de metodologias, estratégias e materiais de apoioinovadores;

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Educação com tecnologia: o marco legal

Parecer CNE nº 9, 8/5/2001:[...] é necessário, também, que os cursos de formação ofereçam condições para que os futuros professores aprendam a usar tecnologias de informação e comunicação, cujo domínio é importante para a docência e para as demais dimensões da vida moderna”. As escolas de formação devem garantir, com qualidade e em quantidade suficiente, recursos pedagógicos, tais como: bibliotecas, laboratórios, videoteca, entre outros, além de recursos de tecnologia da informação, para que formadores e futuros professores realizem satisfatoriamente as tarefas de formação.É fundamental, portanto, promover atividades constantes de aprendizagem colaborativa e de interação, de comunicação entre os professores em formação e deles com os formadores, uma vez que tais aprendizagens necessitam de práticas sistemáticas para se efetivarem. Para isso, a escola de formação deverá criar dispositivos de organização curricular e institucional que favoreçam sua realização, empregando, inclusive, recursos de tecnologia da informação que possibilitem a convivência interativa dentro da instituição e entre esta e o ambiente educacional.

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E AS ESTRATÉGIAS DE ENSINO?

• ativo de Ferrière

• de trabalho de Kerschensteiner

• dos Centros de Interesse de Décroly

• da liberdade de Neill

• de projetos de Dewey

• individualizado de Montessori

Escola Nova -> foco vai do

conteúdo para o MÉTODO e do

professor para o aluno

Ensino tradicional -> CONTEÚDO e ao Professor cabia sua transmissão

• J. J. Rousseau, Froebel, Pestalozzi são os precursores dessa corrente

Pedagogia do amor -> o aluno estuda o que quer,

quando quer

Modelo tecnológico de Tyler -> privilegiando os objetivos como elemento didático mais importante

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E O PROFESSOR MUDOU?

De detentor e difusor do saber para:•Maeuta autônomo (Sócrates, John Dewey, Pedro Demo);•Mediador do conhecimento (Paulo Freire e Jean Piaget);•Organizador do ambiente social (Lev Vygotsky);•Provocador (Célestin Freinet);•Facilitador (Carl Rogers);•Transformador (Donald Schön);• Incentivador (Jerome Bruner);•Animador (Pierre Lévy);•Estimulador (José Moran);•Motivador; Pesquisador; Gestor do conhecimento; etc.

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E A FORMAÇÃO DO PROFESSOR MUDOU?

Em relação às tecnologias, qual licenciatura trata:•da questão da prática educativa apoiada em meios digitais?•do posicionamento e da qualificação tecnológica do professor?

Qual licenciatura forma um professor maeuta autônomo, mediador do conhecimento, organizador do ambiente social,

provocador , facilitador, transformador, incentivador, animador, estimulador, motivador, pesquisador, gestor do conhecimento?

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O QUE NOSSAS PESQUISAS APONTAM NA FORMAÇÃO TECNOLÓGICA INICIAL E

CONTINUADA?A legislação educacional para a formação de professores é descumprida

acintosamente nas licenciaturas quando se trata de tecnologia educacional.

Ainda estamos presos à Escola Nova de Anísio Teixeira quando se trata de uso de estratégias de ensino.

É necessário repensar o currículo inicial de formação de professores com o objetivo de elevar o nível de qualificação tecnológico dos licenciandos.

Se o formador de professor não usa a tecnologia em aula como exigir que o egresso use?

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O QUE NOSSAS PESQUISAS APONTAM NA FORMAÇÃO TECNOLÓGICA INICIAL E

CONTINUADA?O baixo nível de qualificação tecnológica indica que são necessárias ações de

formação para o desenvolvimento das habilidades requeridas no uso das tecnologias educacionais em sala de aula.

As ações de formação continuam sendo desarticuladas, pecando pela falta de interdisciplinaridade, desconexas entre si, voltadas para o disponível nos

órgão de formação e não para as necessidades do formando.

A formação continuada do professor, em relação à qualificação tecnológica, não resulta diretamente em melhoria da aprendizagem do aluno.

Os professores pesquisados não apresentam a capacidade de elaborar por si próprio seu material com fundamento teoricamente e como

marca de emancipação e de autonomia.

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GOMES, Luzane Francisca. A Formação Tecnológica do Professor: O caso das Licenciaturas do CUR/UFMT. Monografia de graduação. Rondonópolis: UFMT,

2010.

QUEIROZ, Gesane Zanata. O Nível de Desempenho em Informática Educativa dos Professores da Rede Pública de Ensino de Juscimeira-MT. Monografia de

graduação. Rondonópolis: UFMT, 2010

SANTOS, José Junio Moura dos. O PROINFO na rede escolar estadual: Um diagnóstico em Rondonópolis-MT. Monografia de graduação. Rondonópolis:

UFMT, 2010.

SUDRÉ, Núria Catiuxe Santos. A formação tecnológica continuada do professor: O caso da rede pública estadual de Rondonópolis-MT. Monografia

de graduação. Rondonópolis: UFMT, 2010

Origem desses estudos:

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Discutindo alternativas para a entrada do computador na escola, chegamos ao consenso de que a “porta de entrada” dessa tecnologia será na formação do professor. [...] Logo, é preciso que o professor saiba o que fazer com o equipamento, antes de empregá-lo ou colocar o aluno frente à máquina.

(FERREIRA, 1999a, pp. 114-115)

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Claro que isso não acontece num passe de mágica. Primeiro a tecnologia chega na formação universitária, depois na sala do professor em atividade nas escolas, para em seguida, entrar na sala de aula. Nessa ordem é possível vislumbrar o sucesso do emprego dessas tecnologias.[...] Obviamente que não basta comprar equipamentos e entulhar nas escolas, os EUA assim procederam e fracassaram. Aqui mesmo, no Mato Grosso, há aproximadamente dez anos atrás foram comprados computadores que nunca foram utilizados nas escolas, numa atitude irresponsável dos dirigentes daquela época.

Em Primavera do Leste a Secretaria de Educação em parceria com a UFMT vem desenvolvendo um projeto inédito no estado, onde a máquina entra pela “sala do professor” e chegará até o aluno, numa segunda etapa.

(FERREIRA, 1999b, p. 2)

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A partir daquela data foi elaborado um plano de capacitação docente para o uso da tecnologia computacional na Educação, com a finalidade de atualizar os professores efetivos da rede escolar municipal, no uso de microcomputadores, redes e softwares educativos.[...]

Isto significa que o professor deixa de ser o repassador de conhecimento - o computador pode fazer isto e o faz muito mais eficientemente do que o professor - para ser o criador de ambientes de aprendizado e facilitador do processo pelo qual o aluno adquire conhecimento. As novas tendências de uso do computador na educação mostram que ele pode ser um importante aliado neste processo que estamos começando a entender.

(FERREIRA, 2000, pp. 30, 45)

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Não é a tecnologia que ensina essa é tarefa do professor [...] vejo oaparato tecnológico como algo capaz de, no máximo, favorecer aaprendizagem.[...]

Os primeiros materiais didáticos criados pelos professores, em 2008,com objetivo de formação própria, não possuem a intenção de seremlevados à sala de aula. Sobre tal material dá-se a formação tecno-pedagógica dos agentes envolvidos, tratando-se da criação de umaapresentação multimídia, utilizando os dados coletados nos livrosdidáticos em uso na escola, bem como outros dados coletados nainternet e em uma visita de campo, programada para as turmas de 4ªsérie, a um quilombo existente na região.

(FERREIRA, 2008, pp.51, 166).

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Geisa Mendes (Faculdade de Educação) - Considerando os desafios impostos pelo séculoXXI, principalmente com a disseminação das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC), como conceber e promover a formação do professor para a docência no ensino superior?

Ruy Ferreira - Criar uma disciplina específica na formação (inicial ou continuada) do professor é reduzir demais o potencial das tecnologias digitais emergentes em qualquer campo. O emprego maciço e cotidiano das TIC nas atividades pedagógicas dos cursos de graduação, por parte do formador em interação com o formando, oferece ao aprendiz a vivência do emprego das TIC no dia a dia de sua formação e posteriormente em sua própria prática pedagógica.

Jornal da PUC-Campinas. Ano V - Número 94, 12 a 25 de outubro de 2009

O problema está na falta de informação e de formação. Precisamos de uma mudança de mentalidade. [...] Falta-nos pensar na Educação como uma política de estado e não de governo. Ou pior, de ministro.

Jornal Conexão Professor. Informativo da SEDUC-RJ – Junho 2010.

(http://www.conexaoprofessor.rj.gov.br/index.asp)

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Os professores são a porta de entrada da inovação na escola, sem seduzi-lo para o novo, nada mudará na prática. [...]Desconheço cidade paulista ou mato-grossense que use todo o potencial das tecnologias da informação e comunicação na totalidade de suas escolas e com seus professores. [...]Melhor ainda quando formos capazes de afirmar que a formação continuada do profissional de educação faz parte de seu dia-a-dia e que ele domina o conhecimento tecnológico necessário para até se auto-instruir. [...]Tantas experiências bem ou má sucedidas poderiam ser aqui relatadas, entretanto o tempo conspirou contra mim. No segundo dia de trabalho neste artigo tive um infarto agudo do miocárdio (ataque cardíaco) e entre o dia 30 de Agosto e 17 de Setembro estive internado na UTI da Santa Casa de Misericórdia de Rondonópolis e na UTI do Hospital Geral Universitário, de Cuiabá, onde entre angioplastias e cateterismos, escrevi este texto. Foi uma benção, ter algo para realizar e por conta disso preocupar-me com a Vida e a Educação.

Revista Vida & Educação. Ano III. Nº 27. Fortaleza/CE. Jan-Mar 2010

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Nossos estudos continuam.

Mas, não estou só!!!

Sobre a tecnologia na escola e o professor:

• Como foram pensadas e por quem? • Atendem a especificidade da educação brasileira, ou, mais uma vez, trata-se de modelos copiados? • A quem interessa essa imagem de resistência criada em torno dos educadores? • Quais são as possibilidades reais de se efetuar tais mudanças? • Que estrutura oferecem as políticas educacionais para que essas mudanças aconteçam na prática?

3º CIEPG – 2011 (Ponta Grossa/PR)

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OUTROS OLHARES PARA O PROBLEMA

José Armando Valente (UNICAMP) vem batendo na tecla que o professor não deve passar por treinamento em tecnologia, mas sim por cursos de formação que mudem a postura do educador frente ao ensino com tecnologia.

Christina da Silva e Nyrma de Azevedo (UFRJ): É preciso haver mudança nasubjetividade dos professores, de forma a que possam utilizar comnaturalidade os diferentes recursos tecnológicos na sua prática pedagógicacotidiana

Pedro Demo: Toda proposta que investe na introdução das TIC na escola só pode dar certo passando pelas mãos dos professores. O que transforma tecnologia em aprendizagem, não é a máquina, o programa eletrônico, o software, mas o professor, em especial em sua condição socrática.

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OUTROS OLHARES PARA O PROBLEMA

Antonio Battro e Percival Denham: “Será preciso uma nova geração de educadores, eles mesmos educados nas modalidades digitais, para que a transformação se complete”.

Pedro Demo: Ao final, a melhor tecnologia na escola é o professor, insubstituível .

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SINTETIZANDO• As tecnologias estão ao nosso dispor, basta ter dinheiro.• Cabe ao professor usá-las conforme suas necessidades

pedagógicas.• Ainda não há um paradigma quanto ao método ou estratégia

em se tratando da didática com tecnologia.• A lei diz que temos que usar na sala de aula. A lei diz que na

formação formando e o formador de professores devem estar imersos em tecnologias no cotidiano. Vamos cumprir a lei!

• O currículo da licenciatura não forma, deforma.• A universidade precisa sair do armário e assumir a

responsabilidade pela formação do professor, seja ela inicial ou continuada.

• Estados e municípios devem por dinheiro na formação permanente do professor, via bolsa ou algo assim.

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MUITO AGRADECIDO

Prof. Dr. Ruy [email protected]