O Potencial de Mercado dos Municípios do Oeste do Paraná · A estimação do potencial de mercado...
Transcript of O Potencial de Mercado dos Municípios do Oeste do Paraná · A estimação do potencial de mercado...
O Potencial de Mercado dos Municípios do Oeste do Paraná
Jandir Ferrera de Lima1 Jefferson Andronio Ramundo Staduto 2
Weimar Freire da Rocha Jr 3
Resumo: Esse artigo analisa o potencial de mercado e o crescimento econômico da região Oeste do Paraná. O potencial de mercado está associado à renda da região, ou seja, do conjunto dos municípios. A análise demonstrou a fragilidade do crescimento econômico dos municípios periféricos no Oeste do Paraná. Esses municípios demonstraram nos uma fragilidade sem precedentes frente à crise da agropecuária confirmada pelo perfil do crescimento econômico. A dinâmica econômica e o potencial de mercado se expandiram num grupo de cidades que cresceram de forma significativa nos últimos dez anos: Foz do Iguaçu, Toledo, Cascavel, Medianeira, Marechal Cândido Rondon, Palotina. Palavras-chave: Economia urbana – economia paranaense – crescimento econômico. Abstract: This article analyzes the market potential and the economic growth of the West region of the Paraná State. The market potential is associated with the income of the region, or either, of the set of the cities. The analysis demonstrated the fragility of the economic growth of the peripheral cities in the West of the Paraná State. These cities had demonstrated in the one fragility without precedents front to the agricultural crisis confirmed by the profile of the economic growth. The economic dynamics and the potential of market if had expanded in a group of cities that had grown of significant form in last the ten years: Foz do Iguaçu, Toledo, Cascavel, Medianeira, Marechal Cândido Rondon and Palotina city. Key-words: Urban economy - paranaense economy - economic growth. Área I – Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente Paranaense
1 Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE. Endereço eletrônico: [email protected] 2 Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE. Endereço eletrônico: [email protected] 3 Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE. Endereço eletrônico: [email protected]
2
1 – Introdução
Esse artigo consubstancia o resultado de uma pesquisa sobre alguns
indicadores preliminares sobre o potencial de mercado e o crescimento econômico
da Mesorregião Oeste do Paraná.
A estimação do potencial de mercado de uma determinada região melhora
as condições de análise e a formação das expectativas dos investidores em relação
à viabilidade de seus empreendimentos, bem como o planejamento da região, por
meio da programação de ações estratégicas de integração e desenvolvimento, que
podem ser implantadas tanto pelas organizações privadas como pelo poder público.
O potencial de mercado da Mesorregião do Oeste do Paraná está
diretamente associado à renda da região, ou seja, do município. Visto que não há
informações oficiais sobre a renda dos municípios, estimou-se a renda utilizando
informações indiretas baseando-se na metodologia aplicada por Azzoni e Capelato
(1996).
Foi analisado o potencial de mercado a partir da construção de um Índice de
Potencial de Mercado (IPOM) apresentando algumas variáveis consideradas pela
literatura especializada como fundamentais para a existência de mercado de
consumo em um município. Esse índice é calculado utilizando quatro variáveis:
a) consumo residencial de energia elétrica;
b) imposto sobre propriedade de veículos automotores (IPVA);
c) valor adicionado fiscal;
d) população.
Essas variáveis analisadas isoladamente apresentam limitações para
representar a renda da região de forma conceitual e empiricamente. Portanto, foi
formado um indicador composto pelas quatro variáveis com o objetivo de captar as
várias dimensões da geração de renda em uma região. A composição do índice
potencial de mercado (IPOM) foi construída pela média ponderada das quatro
variáveis. A ponderação foi feita pelo método estatístico de componentes principais.
Os resultados são apresentados em quatro seções. A primeira aborda sobre
o panorama do crescimento da Mesorregião do Oeste do Paraná. Na segunda foram
calculados os potenciais de mercado dos municípios dessa região bem como a sua
relação com o Índice de Desenvolvimento Humano – Médio. E finalmente a análise
se encerra com algumas conclusões e recomendações.
3
2 - Panorama do Crescimento Econômico do Oeste Paranaense
Como primeira forma de esboçar o panorama da evolução do PIB total do
Oeste do Paraná é apresentado o Mapa 1. Mostra que no ano de 1999, apenas Foz
do Iguaçu e Cascavel tinham um PIB superior a R$ 1 bilhão. Porém, entre 1999 e
2003 nota-se duas tendências marcantes. A primeira foi à consolidação do município
de Toledo como uma das mais importantes no contexto regional.
A segunda tendência foi à emergência de vários municípios, os quais em
1999 tinham um PIB total inferior a R$ 100 milhões. A emergência desses
municípios reforçou a formação de dois fortes corredores de desenvolvimento:
O corredor formado pelos municípios de Foz do Iguaçu, Santa Terezinha do
Itaipu, São Miguel do Iguaçu, Medianeira, Matelândia, Céu Azul e Santa Tereza do
Oeste, Catanduvas, Guaraniaçu e Cascavel e, todos ao longo da BR 277. O
segundo corredor envolve Cascavel, Toledo, Palotina, Maripá, Terra Roxa, Marechal
Cândido Rondon e Assis Chateaubriand. Observa-se que geograficamente esses
corredores estão interligados.
Por outro lado, ainda há um grupo de 25 municípios cujo PIB continua
inferior a R$ 100 milhões e as possibilidades de forte crescimento foram diminuídas
com a atual crise da agricultura. O desafio para esses municípios será diversificar
sua base produtiva e sua capacidade de atuação para reverter à dinâmica frágil
desses ciclos agrícolas.
Essa análise é reforçada com o Mapa 2 que mostra que dezoito dos vinte e
cinco municípios mais retraídos em termos de PIB total tiveram os resultados pouco
expressivos no PIB do setor primário, ficando abaixo de R$ 50 milhões. Deve-se
ressaltar que em 1999 somente Toledo e Cascavel apresentaram um PIB igual ou
superior a R$ 100 milhões, mas em 2003 esse número saltou para 12 municípios.
Esses dados reforçam o papel que a agricultura desempenha regionalmente e a
dependência econômica do agronegócio.
4
5
6
A grande participação do agronegócio reflete no perfil do setor secundário,
no qual as empresas agroindustriais se destacam. No mapa 3, nota-se que em 1999,
quatro municípios tinham um PIB industrial superior a R$ 100 milhões, porém, em
2003 esse número dobrou passando para oito. Os municípios que mais ganharam
participação foram Marechal Cândido Rondon, Medianeira, Palotina e Cafelândia.
No caso desses municípios, ocorreu fortalecimento da Coopagril, Faville e Sperafico
Alimentos em Marechal Cândido Rondon, o abatedouro da C-Vale em Palotina, a
Copacol em Cafelândia e a expansão das atividades da Frimesa em Medianeira. A
expansão da capacidade de processamento da Sadia em Toledo foi fundamental
para o resultado regional.
Esses últimos cinco anos também foram positivos para Céu Azul e
Matelândia. No conjunto esses municípios tiveram a influência dos parques
agroindustriais da C-Vale, Cooperativa Lar, Coopagril e Copacol. Por outro lado, o
desempenho industrial dos demais municípios da região continua abaixo de R$ 50
milhões, demonstrando que o crescimento do setor secundário no Oeste do Paraná
está de forma localizada e concentrada. O resultado desse perfil acaba impactando
no setor terciário. Apesar do PIB ligado aos serviços e comércio está mais bem
distribuído em relação ao setor secundário, ele continua presente num grupo seleto
de nove municípios com PIB superior a R$100 milhões e cinco municípios com PIB
superior a R$50 milhões.
7
8
3 - Potencial de Mercado dos Municípios da Mesorregião do Oeste do Paraná
No Mapa 4 estão destacados os vinte municípios com os maiores IPOM da
Mesorregião do Oeste do Paraná respectivamente para os anos de 1999 e 2004.
Nos dois períodos que estão representados no Mapa 4 fica evidente que há dois
eixos associados a essa variável, assim como foi verificado anteriormente na análise
do comportamento do PIB. O primeiro envolve os municípios que estão ao longo da
rodovia BR 277 no trecho Cascavel-Foz do Iguaçu envolvendo sete municípios. O
outro eixo está ao longo da rodovia BR 467 no trecho Cascavel-Guaíra, envolvendo
quatro municípios.
9
10
Os onze municípios dos vinte primeiros do ranking de IPOM estão ao longo
das rodovias BR 277 e BR 467, pois as mesmas são importantes corredores
rodoviários em termos nacional e internacional, e apresentam um efeito dinamizador
e catalisador da riqueza gerada na região. Esta situação fica mais clara quando se
observa que no período de cinco anos (1999 a 2004) não houve alteração dos vinte
primeiros municípios do ranking do IPOM, apenas constata-se que ocorreram
algumas variações nas posições entre os vinte primeiros municípios com ganhos e
perdas de posição entre eles. Isso indica uma estabilidade relativa no médio prazo
do nível de renda entre os municípios da Mesorregião do Oeste do Paraná.
Os demais municípios que não estão entre os vinte primeiros do ranking
apresentam, por outro lado, uma consistente situação de baixa renda. Uma grande
parte desses municípios concentra-se em um cinturão em torno do município de
Cascavel e entre as duas rodovias, BR 277 e BR 467, nestas duas situações
perfazem dezenove municípios dos quarenta mais baixos IPOM.
O Índice de Desenvolvimento Humano Médio do Paraná (IDH) de 2000
(Mapa 5) evidencia que não há uma coincidência em termo de ranking com o IPOM.
Dos 20 municípios com maior IPOM apenas 11 estão entre os 20 municípios com
maior IDH na Mesorregião do Oeste do Paraná (Mapa 6). Essa disparidade se deve
a estrutura de cálculo do IDH que capta fatores associados ao desenvolvimento
social e não exclusivamente econômico. No entanto, pode-se avaliar que há grande
potencial dos municípios com alto IPOM melhorarem expressivamente seus
indicadores associados ao desenvolvimento humano, isto pode ser traduzindo que
esses municípios podem ter resposta mais rápida às políticas de desenvolvimento
sociais.
11
12
4-
13
Conclusão
O processo de desenvolvimento econômico no Oeste do Paraná apresentou
um perfil que se pode resumir em duas constatações:
A primeira constatação está na própria espacialidade do desenvolvimento. A
concentração de capital humano, industrial e financeiro se faz ao longo de um grupo
de cidades que cresceram de forma significativa nos últimos dez anos: Foz do
Iguaçu, Toledo, Cascavel, Medianeira, Marechal Cândido Rondon, Palotina. Já as
cidades de São Miguel do Iguaçu, Matelândia, Santa Helena, Guairá, Terra Roxa
têm avançado significativamente apesar da forte polarização das seis cidades mais
importantes regionalmente. O crescimento de Toledo, Cascavel e Foz do Iguaçu é
sem precedentes e demonstra o dinamismo do agronegócio. Mas é importante frisar
a necessidade de investimentos na infra-estrutura e na diversificação da base
produtiva desses municípios de forma a garantir um crescimento sustentável e
menos suscetível nos ciclos agropecuários ao longo-prazo.
A segunda constatação é a fragilidade do crescimento dos municípios
periféricos no Oeste do Paraná. Esses municípios demonstraram nos últimos dez
anos uma fragilidade sem precedentes frente à crise da agropecuária. A apreciação
do real, os custos de produção, os problemas sanitários, e a estiagem prolongada
em 2005 e 2006 afetaram de forma negativa a rentabilidade da agropecuária, desta
forma, refletindo no volume de negócios nos ramos de máquinas e implementos
agropecuários, nas prestações de serviços e no comércio.
Portanto, numa visão prospectiva da manutenção do crescimento econômico
do Oeste do Paraná dependerá de cinco pontos fundamentais: Políticas efetivas de
preservação e recuperação dos recursos naturais; A boa governança municipal; A
manutenção e ampliação da infra-estrutura urbano e regional; A cooperação entre os
organismos civis e as municipalidades; A capacidade de diversificar a base produtiva
e ampliar a qualificação da população. Para que estes cincos pontos avancem a
formação de uma agenda positiva em escala regional é necessária a participação e
integração de todos os organismos e instituições ligadas a governança do Oeste
paranaense.
14
Referencias Bibliográficas:
Azzoni,C.R;Capelato,R. Ranking das regiões paulistas segundo potencial de mercado. Economia e Empresa, v.3,n.3,p.4-21,jul./set.,1996.
IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Banco de dados agregados – SIDRA. Disponível em: <http://www.sidra.ibge.gov.br/bda/> Acesso em: 29 out. 2006.
INSTITUTO PARANAENSE DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SOCIAL (IPARDES). Cadernos estatísticos municipais. Curitiba: IPARDES, 2005.
PARANACIDADE. Municípios do estado. Disponível em: <http://www.paranacidade.org.br/municipios/select_municipios.php>, Acesso em: 19 out. 2006.