O Plano de Brasília_Final

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O Plano de Brasília

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O Plano de Brasília

Antes do começoDesde o período do colonial, a questão da localização da capital foi um tema abordado– destaque para José Bonifácio (1823):

−Transferir a capital para um lugar mais seguro - litoral x interior;−Absorver os excedentes populacionais da costa;−Integração econômica do país - um novo mercado mais fortalecido por meio de sistemas de estradas ligando a capital às várias províncias;−Tornar o governo central mais forte pela maior possibilidade de controle do território.

Antes do começo− José Bonifácio (1823)- Propunha a instalação de

Brasília, ou Petrópole, em Paracatu do Príncipe, comarca mineira recém-criada;

− A primeira Constituição da República (1891) estabelecia uma área do Planalto Central onde seria erguida a futura capital - no centro da América do Sul e no centro do país;

− Em 1892, criou-se uma comissão exploradora do Planalto Central para estudar e demarcar a área do Distrito Federal;

− Missão Cruls demarcou um vasto retângulo (condições de clima, solo, geologia, etc);

− Após a ditadura Vargas, Eurico Gaspar Dutra (1946-1951), então presidente, sancionou uma lei que autorizava a definição do local da nova capital;

A proposta de mudança da capital

• Em 09 de dezembro de 1955, o presidente da República em exercício, Nereu Ramos, através do decreto n.38.261 transforma a Comissão de Localização da Nova Capital do Brasil, em Comissão de Planejamento da Construção e da Mudança da Capital Federal, da qual foi presidente, de maio a setembro de 1956,

• Ernesto Silva (presidente da comissão), que, a 19 de setembro, lançou o concurso nacional do Plano Piloto de Brasília.

• Juscelino Kubitschek (1956-1962) , eleito presidente da república, logo após sua posse, em janeiro de 1956, afirmou o seu empenho "de fazer descer do plano dos sonhos a realidade de Brasília”.

O começo−Em 1956, JK iniciou a construção da cidade, a partir de um discurso mudancista, já que a estrutura espacial do país ainda era essencialmente aquela do seu passado colonial: Sudeste como o pólo principal de desenvolvimento apesar das tentativas de industrialização de outros pontos do território.Por quais motivos?

Argumentação econômica- integração nacional, interiorização do processo de desenvolvimento; povoamento do Planalto CentralArgumentação política - necessidade da tranquilidade de um lugar neutro, desvinculado dos interesses políticos locais, uma questão de segurança nacional; insulamento burocrático, onde a ideia de um bom governo implica em isolamento dos dirigentes com relação aos dirigidos (antídoto para a corrupção entendida como o mal crônico da velha capital)

O começo− Juscelino criou a Novacap (Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil), sancionou a lei que determinava a transferência da capital e lançou o concurso do Plano Piloto. − O arquiteto Oscar Niemeyer foi escolhido para chefia do Departamento de Urbanística e Arquitetura, sendo encarregado de abrir concurso para escolha do plano-piloto; assim, em março de 1957, uma comissão julgadora constituída por sir William Halford, Stano Papadaki, André Sive, Oscar Niemeyer, Luís Hildebrando Horta Barbosa e Paulo Antunes Ribeiro escolheu o projeto do arquiteto Lúcio Costa. − O plano seria construído em tempo recorde.

Lucio Costa, no Relatório do Plano Piloto: “a cidade não será resultado do planejamento regional, mas sua causa: pois sua fundação deflagrará o subsequente desenvolvimento planejado da região”

O começo

1902-1998

A proposta de Lucio Costa

• Um conjunto de desenhos à mão livre feitos sobre cartolina branca, sem projeção populacional, análise econômica ou programação de uso do solo.

• “gesto primário de quem assinala um lugar ou dele toma posse” 

• Princípios de desenho urbano apresentados por Lucio Costa:• atributos inerentes à uma capital• caráter monumental• identidade única• dois eixos estruturadores do Plano Piloto, forma de um avião.

“justaposição de técnica rodoviária e urbanismo, que tem como determinante principal a circulação de veículos [...], respondia à

intenção de Kubitschek de construir uma cidade para o automóvel”

(LEME, 1999. p. 233).

Brasília

−Imigrantes de várias partes do país trabalharam na construção; os chamados candangos mais de 60 mil pessoas;− Em 21 de abril de 1960, cinco anos depois de iniciada sua construção, Brasília foi inaugurada com missa comemorativa rezada pelo Papa João 23. Nesse dia, todo o poder público federal instalou-se definitivamente na nova capital. A data da inauguração foi escolhida a dedo. −O dia 21, véspera do Descobrimento do Brasil, também era o Dia de Tiradentes, o mártir da Inconfidência.

Brasília

CPDOC/FGV/Arquivo de Ernani do Amaral Peixoto - 1960

Projeto do Plano Piloto de Brasília mostra a cidade em

formato de avião

Rigoroso zoneamento; O espaço aberto é dominante e os edifícios sempre constituem objetos isolados; Pedestres e veículos são radicalmente separados;

o automóvel “deixou se ser inimigo inconciliável de homem” e só readquire “feição ameaçadora e hostil quando incorporado à massa anônima do tráfego”. (Lúcio Costa no memorial do Plano Piloto)(características do desenho urbano racionalista da Carta de Atenas)

Dois eixos cruzando-se em ângulo reto e separação do trânsito e eliminação de cruzamentos; Adaptação à topografia local; Sequencia de grandes quadras dispostas em ordem dupla emoldurada por uma cinta arborizada;Cidades satélites após todo o plano piloto ocupado.

Brasília

Brasília - A proposta de Lucio

Costa O Plano Piloto da cidade possui dois eixos:

- o Eixo Monumental – (edifícios governamentais) divide a cidade em dois lados simétricos, possui 250 m de largura.

- Praça dos Três Poderes e a Esplanada dos Ministérios, espaço monumental por excelência que deveria ser radicalmente separado do seu entorno pelo posicionamento dos edifícios

- Catedral Metropolitana e a sede do Governo do Distrito Federal.

-Nessa área, localizam-se os setores comerciais - bancário, de escritórios e comercial.

-A leste do Eixo Monumental estão os setores culturais da cidade - bibliotecas, teatros, museus.

Congresso Nacional

Brasília - A proposta de Lucio

Costa - o Eixo Rodoviário – norte- sul - setores residenciais compostos pelas quadras residenciais com seus blocos de comércio e serviços.

-Constituído de uma pista principal de duas vezes três vias, acessíveis a partir de eixos secundário (eixinhos). Os eixos secundários estão colocado de um lado e de outro do eixão, sendo constituídos de duas vias. O eixão permite que seja atravessado o eixo monumental sob um túnel.

- Os espaços de lazer, como clube esportivos, foram dispostos, ao redor do lago. Nessa região também foram implantadas áreas de moradia unifamiliar, chamados residencial Lago Sul e Lago Norte.

-Complementando a proposta, Costa projeta em 1959 a Estação Rodoviária no cruzamento dos eixos e a Torre de Televisão.

− As Superquadras possuem 300 metros, com onze blocos habitacionais, gabarito máximo de seis pavimentos e construção sobre pilotis; presença de equipamentos: escola e lojas de primeira necessidade. (cidade de gabarito baixo)

− As 4 Superquadras = uma Unidade de Vizinhança: integração entre moradia, áreas verdes e equipamentos públicos. Cada uma deveria ter dois ou três padrões de apartamentos diferentes de forma a permitir o convívio entre populações de níveis econômicos diferentes. (conciliação da escala monumental e residencial)

Brasília - A proposta de Lucio

Costa

Croquis de Lucio Costa

O BLOCO Prédios geminados com 6 pavimentos. Esse agrupamento permitiria conjuntos maiores e maior liberdade de acesso e de espaços livres entre os edifícios.

OS ESPAÇOS LIVRES“Gostaria que fossem até mais livres, mais a moda inglesa. [...] O gramado é um lugar mais para uso, não um gramado daquele tipo “não pise na grama“, ... um gramado para você usar, como se fosse um tapete verde, as pessoas sentam, põem suas cadeiras ai se quiserem, deitam, ficam ali, usam, brincam a vontade! Mas começaram logo a urbanizar, a fazer caminhos, com muito espaço asfaltado sem necessidade” (LUCIO COSTA)

Setorização Rígida

RA I Brasília 198 906 hab.RA II Gama 112 019 hab.RA III Taguatinga 223 452 hab.RA IV Brazlândia 48 958 hab.RA V Sobradinho 61 290 hab.RA VI Planaltina 141 097 hab.RA VII Paranoá 39 630 hab.RA VIII Núcleo Bandeirante 22 688 hab.RA IX Ceilândia 332 455 hab.RA X Guará 112 989 hab.RA XI Cruzeiro 40 934 hab.RA XII Samambaia 147 907 hab.RA XIII Santa Maria 89 721 hab.RA XIV São Sebastião 69 469 hab.RA XV Recanto das Emas 102 271 hab.RA XVI Lago Sul 24 406 hab.

RA XVII Riacho Fundo 26 093 hab.RA XVIII Lago Norte 23 000 hab.RA XIX Candangolândia 13 660 hab.RA XX Águas Claras 43 623 hab.RA XXI Riacho Fundo II 17 386 hab.RA XXII Sudoeste/Octogonal 46 829 hab.RA XXIII Varjão 5 945 hab.RA XXIV Park Way 19 252 hab.RA XXV Setor Complementar de Indústria e Abastecimento (Cidade Estrutural e Cidade do Automóvel) 14 497 hab.RA XXVI Sobradinho II 71 805 hab.RA XXVII Jardim BotânicoRA XXVIII Itapoã 46 252 hab.RA XXIX Setor de Indústria e AbastecimentoRA XXX Vicente PiresRA XXXI Fercal

Ao redor da cidade construída por JK, encontram-se as cidades satélites do DF que circundam o Plano Piloto formam uma complexa periferia. Atualmente, há 31 Regiões Administrativas (Ras) criadas por lei no DF e Brasília.

As Cidades-Satélites ou Regiões Administrativas (RAs)

As Cidades-Satélites ou Regiões Administrativas (Ras)

“A capital brasileira é uma conurbação de 2.917.833 de habitantes, dos quais 2.455.903 estão dentro das fronteiras do Distrito federal (DF) e os demais nos municípios linde de Goiás. Os elementos originalmente projetados por Lucio Costa estão nas Regiões Administrativas (RAs) denominadas “Ra I – Brasília”, “RA XVI – Lago Sul” e RA XVIII – Lago Norte”. Elas abrigam 12% da população do DF. Os restantes 88% estão em outras 27 RAs – as “cidades-satélites”. São antes núcleos dormitórios que cidades;sua relativa autonomia é mínima. Melhor seria denominá-las “bairros”; este é seu papel no todo a que pertencem” (HOLANDA, 2010, 19).

Taguatinga, cidade satélite de Brasília

Construção em 1992. tornou-se RA em 2003.Linha de metrô ligando o plano piloto as cidades satélites.

Vicente Pires - antes Colônia Agrícola Vicente Pires, é a trigésima região administrativa do DF é uma área localizada nas proximidades do Guará, Águas Claras, Park Way e Taguatinga,

Brasília nos dias atuais

Aumento da população;

Cidades satélites com problemas urbanos típicos das grandes metrópoles brasileiras:

- grilagem;

- invasões;

- déficit habitacional

.

Referências Bibliográficas’Livros:

BRUAND, Yves. Arquitetura Contemporânea no Brasil. São Paulo: Perspectiva, 2010. p. 353-372. (neste livro vocês encontrarão um texto sobre a organização do concurso e um pouco sobre os projetos não aceitos)

HOLANDA, Frederico de. Brasília: cidade moderna, cidade eterna. Brasília: FAU UnB, 2010.

LEME, Maria Cristina da Silva (coordenadora). Urbanismo no Brasil 1895-1965. São Paulo: Studio Nobel; FAUUSP; FUPAM, 1990. p. 230-239.

Entrevista do Lucio Costa para o Vitruvius:

Plano Piloto de Brasília: http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/entrevista/06.023/3313?page=5

A ideia da superquadra: http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/entrevista/10.038/3280?page=2

Memorial do Plano Piloto: http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/entrevista/10.038/3280?page=3

Sentimento sobre Brasília: http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/entrevista/10.038/3280?page=5

Entrevista com a filha de Lucio Costa:

http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2010-04-21/lucio-costa-era-contra-autonomia-politica-do-df-e-desvirtuamento-do-projeto

Referências bibliográficas

• Braga, Aline Moraes Costa. Impossíveis Brasílias. Os projetos apresentados no concurso do Planos Piloto da Nova Capital. São Paulo, Alameda, 2011.

• Xavier, Alberto e Katinsky (orgs). Brasília Antologia Crítica.São Paulo .Cosac Naif 2012