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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO
ANA LÍDIA LEMES DE ASSUNÇÃO SILVA
O PIBID no curso de Licenciatura em Química da UFMT: entre
a ação qualificadora e a permanência
CUIABÁ-MT
2019
Ana Lídia Lemes de Assunção Silva
O PIBID no curso de Licenciatura em Química da UFMT: entre a
ação qualificadora e a permanência
CUIABÁ/MT
2019
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Educação da Universidade
Federal de Mato Grosso como requisito para
a obtenção do título de Mestre em Educação.
Área de concentração: Educação. Linha de
Pesquisa: Movimentos Sociais, Política e
Educação Popular.
Orientadora: Profª. Dra. Tereza Christina
Mertens Aguiar Veloso.
Aos meus pais
Rock Hudson da Fonseca Silva e Virene Lemes de Assunção Brito
ao meu esposo
Fernando Calaça Kruger
AGRADECIMENTOS
Agradeço, primeiramente, a Deus pela vida, e por colocar em meu caminho pessoas
boas que estiveram comigo nessa caminhada.
Aos meus familiares, por estarem torcendo por mim. Em especial a minha mãe
Virene e meu pai Rock Hudson pelo amor e pelo exemplo de força e honestidade. Aos meus
irmãos Igor, Marcos Paulo, Paulo Cesar, Luana, Amanda Vitória e Davi pelo carinho e por
me inspirarem a sempre seguir em frente. Agradeço principalmente ao meu companheiro de
todas as horas, Fernando, pela paciência e compreensão durante esse processo. Obrigada por
estar comigo em minhas alegrias e inquietações. Obrigada pelo seu amor, obrigada pelo seu
companheirismo.
A minha orientadora Profª. Dra. Tereza Christina pela oportunidade dada, pela
paciência e sabedoria nas orientações e por me acolher. Minha gratidão, carinho e meu
respeito pela senhora, que para mim é um exemplo de profissional! Muito obrigada!.
À Banca Examinadora: Profª Dra. Heloisa Salles Gentil, Profª Dra. Ana Luisa Alves
Cordeiro, Profª Dra. Ozerina Victor de Oliveira por aceitarem o convite de compor a banca
e pelas valiosas contribuições.
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES)
pelo apoio na realização deste trabalho por meio da concessão da bolsa de estudos.
A Profª Dra. Ana Luisa que, além de compor a banca, me supervisionou no estágio
de docência. Muito obrigada pela acolhida, pelo carinho, pelos ensinamentos e pelo exemplo.
Aprendi muito com a senhora.
A todas as professoras e professores que fizeram parte da minha vida escolar.
Ao grupo de pesquisa GEPDES pelos encontros, reuniões, contribuições com minha
pesquisa, em especial, as professoras doutoras Jackeline Nascimento e Patricia Nogueira.
As amigas Gisele, Larissa, Lorena, Rusilei e ao amigo Douglas. Meu enorme carinho por
vocês. Obrigada pelo compartilhamento de materiais, pela parceria com os estudos, e tantos
outros momentos compartilhados durante o mestrado. Gratidão pela parceria meus amigos!
Às/os amigos e amigas do Mestrado da Turma de 2018 do Programa de Pós-
Graduação em Educação (PPGE). Á Coordenação e a Secretaria do PPGE em especial a
Luisa da secretaria que é sempre muito carinhosa com os pós-graduandos.
Às/os estudantes do Pibid da Licenciatura em Química da UFMT, campus Cuiabá,
principalmente aos que responderam ao questionário e/ou a entrevista da nossa investigação
e a Coordenadora Institucional do Pibid nesta instituição por participar da nossa pesquisa
por meio de entrevista e se colocar disponível para o que mais precisassemos.
RESUMO
Esta pesquisa se insere nas discussões das políticas de educação superior e surge na esteira
das políticas de expansão desse nível educacional, especialmente das licenciaturas. O
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid) insere-se nesse contexto da
expansão e na relação com um conjunto de políticas para a área de formação de professores.
O Programa Pibid foi criado em 2007, e visa proporcionar aos discentes na primeira metade
do curso de licenciatura uma aproximação prática com o cotidiano das escolas de educação
básica, com vistas a elevar a qualidade da formação inicial de professores, assim sendo, o
Programa é uma ação qualificadora do ensino que está relacionado com a permanência
estudantil. Esta pesquisa foi realizada no curso de Licenciatura em Química da UFMT.
Registra-se que essa licenciatura, no Brasil, tem alto número de evasão, também há
necessidade de professores licenciados em química para atuar nas escolas de ensino médio
do Brasil. Desta feita, o estudo tem como questão central: Quais são os limites e
possibilidades do Pibid para a permanência do estudante na licenciatura em Química da
UFMT?. O objetivo é analisar os limites e possibilidades do Pibid na permanência do
estudante de licenciatura em Química da UFMT, campus Cuiabá no Edital do Pibid nº 7/2018
CAPES. De modo específico, buscou: Identificar os debates e concepções de permanência;
Compreender o Pibid no contexto nacional e na UFMT; Caracterizar o perfil do estudante
do Pibid, ingressante no Edital nº 7/2018 CAPES, na licenciatura em Química da UFMT
campus Cuiabá; Compreender a permanência do estudante pibidiano no curso, na
perspectiva dos sujeitos envolvidos no Pibid. Esta investigação tem abordagem qualitativa e
utiliza-se de dados quantitativos para apresentação da expansão dos cursos de licenciatura
no Brasil, no período 1995-2018, por meio de dados do Censo da Educação Superior do
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP). É utilizado
a pesquisa bibliográfica e documental para as políticas educacionais especialmente de
formação de professores, e para a contextualização do Pibid com apresentação de um breve
histórico e marcos legais. Foi aplicado questionário com os pibidianos do curso pesquisado,
por meio, de formulário do Google Forms para melhor conhecimento do perfil desses
estudantes, também foi realizado entrevista semiestruturada com 4 estudantes e com a
Coordenadora Institucional do Pibid nesta instituição, com intuito de verificar, a partir desses
sujeitos, aspectos da vivência no programa e da permanência do pibidiano no curso. Nosso
referencial teórico ampara-se em Silva e Veloso (2013) para o conceito de acesso na
educação superior; em Primão (2015) para o conceito de ações qualificadoras do ensino;
Silva e Nogueira (2015; 2016) para os aspectos sobre a permanência; Gatti, Barreto e André
(2011) e Gatti e Barreto (2009) sobre formação de professores; Veras (2017) que realizou
em sua dissertação de mestrado um estudo do Pibid no curso de Química; Rigo (2018) que
pesquisou os percursos acadêmicos de estudantes que ingressaram na licenciatura noturna
em Química; Lima (2018) que realizou em sua tese de Doutorado um estudo sobre o papel
do Pibid na formação de bolsistas de iniciação à docência do curso de Licenciatura em
Química; e, por fim, quanto ao percurso metodologico, nos amparamos em Minayo (2010)
e Bardin (2016). Os resultados apontam que o Pibid contribui para a qualidade da formação
inicial dos licenciandos, para a valorização da sua autoestima, para confirmação do desejo
de seguir a carreira docente e portanto para a permanência do estudante no curso. Por outro
lado, o programa apresenta limites na permanência do estudante no curso, na medida que o
programa não atende ao universo de estudantes das licenciaturas, e também não tem se
configurado como uma Política de Estado, e desta forma sujeito a descontinuidade.
Palavras-chaves: Pibid. Ensino Médio. Educação Superior. Permanência. Políticas
Educacionais.
ABSTRACT
This research is part of the thematic universe of higher education policies, which arises in
the context of policies to expand this educational level, especially undergraduate degrees.
The “Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência” (Pibid) is inserted in this
context of expansion and in the relationship with a set of policies for the area of teacher
training. The Pibid Program was created in 2007, and aims to provide students in the first
half of the degree course with a practical approach to the daily lives of basic education
schools, with a view to raising the quality of initial teacher training. From this angle, the
Program is a qualifying action in education that is related to student permanence. This
research was carried out in the Chemistry Degree course at UFMT. It is registered that this
degree, in Brazil, has a high number of dropouts. In addition, there is a need for licensed
teachers in chemistry to work in high schools in Brazil. The study has as its central question:
What are the limits and possibilities of Pibid for the student's permanence in the degree in
Chemistry at UFMT? The objective is to analyze the limits and possibilities of Pibid in the
permanence of the graduate student in Chemistry at UFMT, Cuiabá campus in the Pibid
Public Notice nº 7/2018 CAPES. Specifically, it sought to: Identify debates and concepts of
permanence; Understand Pibid in the national context and at UFMT; To characterize the
profile of the Pibid student, enrolled in Notice nº 7/2018 CAPES, in the degree in Chemistry
at UFMT campus Cuiabá; Understand the permanence of the pibidian student in the course,
from the perspective of the subjects involved in Pibid. This investigation has a qualitative
approach and uses quantitative data to present the expansion of undergraduate courses in
Brazil, in the period 1995-2018, using data from the Higher Education Census of the
National Institute of Educational Studies and Research Anísio Teixeira (INEP).
Bibliographic and documentary research is used for educational policies, especially for
teacher training, and for the contextualization of Pibid with the presentation of a brief history
and legal frameworks. A questionnaire was applied to the subjects of the researched course,
using a Google Forms form to better understand the profile of these students, a semi-
structured interview was also conducted with 4 students and with the Institutional
Coordinator of Pibid in this institution, in order to verify the from these subjects, aspects of
the experience in the program and the permanence of the pibidian in the course. Our
theoretical reference is supported by Silva and Veloso (2013) for the concept of access in
higher education; in Primão (2015) for the concept of teaching qualifying actions; Silva and
Nogueira (2015; 2016) for aspects of permission; Gatti, Barreto and André (2011) and Gatti
and Barreto (2009) on teacher training; Veras (2017) who conducted a study of Pibid in his
Chemistry course in his master's dissertation; Rigo (2018) who researched the academic
pathways of students who entered the night degree in Chemistry; Lima (2018) who carried
out in his Doctoral thesis a study on the role of Pibid in the formation of scholarship holders
in the teaching of the Degree in Chemistry; and, finally, regarding the methodological path,
we rely on Minayo (2010) and Bardin (2016). The results show that Pibid contributes to the
quality of the initial training of undergraduate students, to the enhancement of their self-
esteem, to confirm the desire to pursue a teaching career and therefore to the student's
permanence in the course. On the other hand, the program has limits on the student's
permanence in the course, to the extent that the program does not serve the universe of
undergraduate students, nor has it been configured as a State Policy, and thus subject to
discontinuity.
Keywords: Pibid. High school. College education. Permanence. Educational Policies.
4
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - As dimensões do acesso ...................................................................................... 63
Figura 2 - Pibid: Desenho do programa............................................................................... 75
4
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 - Número de Matrículas em Cursos de Graduação por Categoria Administrativa –
1980-2017 ............................................................................................................................ 25
Gráfico 2 - Tendência de crescimento de matrículas - licenciatura, bacharelado e
tecnólogo ............................................................................................................................. 47
Gráfico 3- Distribuição Percentual dos Docentes Efetivos que Atuam no Ensino Médio,
por Disciplina e Categorias do Indicador de Adequação da Formação Docente – Brasil
2017 ..................................................................................................................................... 51
Gráfico 4 - Total de concessões de bolsas Pibid ................................................................. 76
Gráfico 5 - IES públicas e privadas habilitadas no edital 07/ 2018 CAPES ...................... 80
Gráfico 6 - Quantidade de teses e dissertações publicadas na BDTD sobre o Pibid por
ano ..................................................................................................................................... 866
Gráfico 7- Idade dos participantes do Pibid Química, UFMT, Cuiabá ............................. 922
Gráfico 8 - Sexo dos participantes do Pibid Química, UFMT, Cuiabá ............................... 93
Gráfico 9 - Renda mensal familiar dos participantes do Pibid Química, UFMT, Cuiabá ... 96
Gráfico 10 - Motivos da escolha do curso de Química pelos participantes do Pibid
Química, UFMT, Cuiabá ..................................................................................................... 97
Gráfico 11 - Dificuldades ou não para ingressar no curso, pelos estudantes participantes do
Pibid Química, UFMT, Cuiabá............................................................................................ 98
4
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Quantidade de cotas solicitadas e aprovadas por estado no edital 07/2018 Capes
............................................................................................................................................. 79
Tabela 2 - Antecedentes escolares dos participantes do Pibid Química, UFMT, Cuiabá ... 94
4
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Taxa de crescimento das matrículas das licenciaturas por governo, por
modalidade e categoria administrativa ................................................................................ 48
Quadro 2 - Levantamento no portal de buscas da BDTD com os descritores "permanência
na educação superior" .......................................................................................................... 54
Quadro 3 - Pesquisas sobre permanência estudantil do grupo de estudos e pesquisas
GEPDES e nos anais do Eixo 5 da Rede Universitas/Br ..................................................... 57
Quadro 4 - Marcos legais do Pibid ...................................................................................... 71
Quadro 5 - Histórico dos editais do Pibid............................................................................ 71
Quadro 6 - Campus, cursos de licenciatura, estudantes bolsistas e voluntários participantes
do PIBID na UFMT no edital 7/2018 CAPES .................................................................. 822
Quadro 7 - Levantamento no portal de buscas da BDTD com o descritor: “Pibid”............ 86
Quadro 8 - Escolaridade e situação ocupacional do pai e da mãe dos participantes do Pibid
Química, UFMT, Cuiabá ..................................................................................................... 95
Quadro 9 - Sujeitos entrevistados........................................................................................100
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABRUEM Associação Brasileira das Universidades Estaduais e Municipais
ANDIFES Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de
Ensino Superior
ANFOPE Associação Nacional pela Formação dos Profissionais da Educação
ANPED Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação
BDTD Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações
BNCC Base Nacional Comum Curricular
CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
CEFET Centro Federal de Educação Tecnológica
CEP Comitê de Ética em Pesquisa
CPC Conceito Preliminar de Curso
DCN Diretrizes Curriculares Nacionais
DEB Diretoria de Educação Básica Presencial
DF Distrito Federal
EAD Educação a Distância
ENEM Exame Nacional do Ensino Médio
e-SIC Sistema Eletrônico do Serviço de Informação ao Cidadão
FHC Fernando Henrique Cardoso
FIES Financiamento Estudantil
FNDE Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação
FORGRAD Fórum Nacional de Pró-Reitores de Graduação
FORPIBID Fórum dos coordenadores Institucionais do PIBID
FURB Universidade de Blumenau
FUNDEF Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental
e de Valorização do Magistério
FUNDEB O Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e
de Valorização dos Profissionais da Educação
GEPDES Grupo de Estudo e Pesquisas em Políticas Educacionais
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IES Instituições de Educação Superior
IF Instituto Federal
IFES Instituições Federais de Educação Superior
INEP Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio
Teixeira
LabPEQ Laboratório de Pesquisa e Ensino de Química
LDB Lei de Diretrizes e Bases para a Educação
LGBT Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais
MEC Ministério da Educação
NEAD Núcleo de Educação Aberta e a Distância
PAC Programa de Aceleração do Crescimento
PAE Programa de Assistência Estudantil
PAR Plano de Ações Articuladas
PARFOR Programa Nacional de Formação de Professores da Educação
PCE/CREDUC Programa de Crédito Educativo
PCR Plano de Carreira e Remuneração
PDE Plano de Desenvolvimento da Educação
PDI Plano de Desenvolvimento Institucional
PIBID Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência
PME Programa Mais Educação
PNAES Programa Nacional de Assistência Estudantil
PNAIC Programa Nacional de Alfabetização na Idade Certa
PNE Plano Nacional da Educação Básica
PNEM Programa Ensino Médio Inovador
PPGE Programa de Pós- Graduação em Educação
PROEG Pró-Reitoria de Ensino de Graduação
ProEMI Programa Ensino Médio Inovador
PROUNI Programa Universidade para Todos
REUNI Reestruturação e Expansão das Universidades Federais
Simec Sistema Integrado de Monitoramento, Execução e Controle
SiSu Sistema de Seleção Unificada
TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
UAB Universidade Aberta do Brasil
UEC Universidade Estadual do Ceará
UEMS Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul
UFFS Universidade Federal da Fronteira Sul
UFMA Universidade Federal do Maranhão
UFMT Universidade Federal de Mato Grosso
UFOP Universidade Federal de Ouro Preto
UFRB Universidade Federal do Recôncavo da Bahia
UFV Universidade Federal de Viçosa
UFVJM Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri
UNEMAT Universidade Estadual de Mato Grosso
UNESCO Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e
Cultura
9
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 18
1. EXPANSÃO DOS CURSOS DE LICENCIATURA FRENTE AS POLÍTICAS
EDUCACIONAIS NO CONTEXTO CAPITALISTA ............................................... 24
1.1 As políticas de formação de professores e a educação superior pública no contexto
político-econômico-social a partir dos anos de 1990. ...................................................... 24
1.1.1 Políticas públicas e marcos legais para a formação de professores no Governo
Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).................................................................... 27
1.1.2 Políticas públicas e marcos legais para a formação de professores no Governo Luiz
Inácio Lula da Silva (2003-2010)................................................................................. 33
1.1.3 Políticas públicas e marcos legais para a formação de professores no Governo
Dilma Rousseff/Michel Temer (2011-2018) ................................................................ 38
1.1.4 Políticas públicas e marcos legais para a formação de professores na gestão Michel
Temer (2016-2018) ...................................................................................................... 42
1.2 Panorama dos cursos de formação inicial de professores .......................................... 46
2. PERCURSO METODOLOGICO DA PESQUISA: A PERMANÊNCIA
ESTUDANTIL NA EDUCAÇÃO SUPERIOR EM QUESTÃO ............................... 53
2.1 O que dizem as pesquisas acadêmicas sobre a permanência estudantil .................... 53
2.1.1 Pesquisas no banco de Teses e Dissertações da BDTD ...................................... 53
2.1.2 Pesquisas do GEPDES e nos anais do Eixo 5 da Rede Universitas/Br ............... 57
2.2 O conceito de permanência: debates e concepções.................................................... 63
2.3 Percurso metodológico............................................................................................... 64
3. O PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO À
DOCÊNCIA – PIBID ..................................................................................................... 70
3.1 Contextualizando o Pibid ........................................................................................... 70
3.1.1 Um olhar sobre o Pibid Química da UFMT ........................................................ 80
3.2 A produção acadêmica sobre o PIBID ..................................................................... 855
4. LIMITES E POSSIBILIDADES DO PIBID NA PERMANÊNCIA DO
ESTUDANTE DE QUÍMICA NA PERSPECTIVA DOS SUJEITOS ENVOLVIDOS
......................................................................................................................................... 91
4.1. Caracterização do perfil dos estudantes do Pibid no Subprojeto Química de 2018 da
UFMT, campus Cuiabá .................................................................................................... 91
4.2. Percepção de estudantes do Pibid e da Coordenação Institucional sobre o programa..........99
4.2.1 Professores do ensino médio e a escolha profissional do estudante: indo ao
encontro do Curso de Licenciatura em Química ........................................................ 100
4.2.2 Sentimento de pertencimento como professor: Pibid divisor de águas ........... 1044
4.2.3 A influência e o papel do professor supervisor ................................................. 107
4.2.4 Reflexões do Pibid: “me colocou no rumo certo agora do curso, confirmou que era
isso mesmo que eu queria” ....................................................................................... 1111
4.2.5 Projeções futuras ............................................................................................... 125
CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 128
REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 133
APÊNDICE A - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – Tcle ....................... 147
APÊNDICE B - Roteiro para Entrevista Semiestruturada com os Estudantes do Pibid na
Licenciatura em Química da UFMT, Campus Cuiabá .....................................................150
APÊNDICE C - Roteiro para Entrevista Semiestruturada Coordenadora Institucional do
Pibid na UFMT................................................................................................................151
APÊNDICE D - Pesquisa do Perfil do estudante do PIBID, na licenciatura em Química
da UFMT – Campus de Cuiabá........................................................................................152
18
INTRODUÇÃO
Esta investigação insere-se no contexto das Políticas Públicas de Educação Superior,
na linha de pesquisa em Movimentos Sociais, Política e Educação Popular do Programa de
Pós-Graduação em Educação – PPGE da Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT,
compondo os estudos desenvolvidos pelo Grupo de Estudos e Pesquisas em Políticas
Educacionais – GEPDES.
O GEPDES iniciou suas atividades no ano de 2001. Desde então, o Grupo vem
desenvolvendo estudos e pesquisas relacionados as políticas da educação superior, em que
são abordados temas como a expansão, o acesso, a permanência e a evasão nesse nível
educacional. Recetemente o GEPDES tem desenvolvido estudos com o objetivo de
compreender os fatores da permanência na educação superior.
Em 2017 conheci o GEPDES e os estudos desenvolvidos no Grupo. Assim me
interessei pelo assunto e deste então participo das reuniões e discussões. Em 2018 participei
como ouvinte na disciplina Seminário Avançado - Políticas Educacionais I ministrada pela
Profª Dra. Tereza Christina Mertens Aguiar Veloso no mestrado acadêmico em educação do
PPGE/UFMT. As experiências vivenciadas nesses espaços me levaram a refletir sobre as
políticas educacionais relacionadas à expansão, ao ingresso e a permanência na educação
superior.
Sendo assim, a presente pesquisa passou a ser definida a partir do interesse nos
estudos sobre políticas da educação superior. O tema foi posteriormente afunilado a partir
dos estudos desenvolvidos no projeto “Permanência e evasão na educação superior: fatores
interferentes, interfaces com ensino médio público e possibilidades de avanço nas políticas
públicas”, coordenado pela Profª Dra. Tereza Christina Mertens Aguiar Veloso. A equipe
inserida neste projeto é constituída de pesquisadores de vários estados brasileiros, vinculados
formalmente a grupos de pesquisa.
Dessa forma, considerando o nosso interesse nos estudos sobre a educação superior,
e o interesse do grupo de pesquisa GEPDES nos estudos sobre permanência na educação
superior interface com o ensino médio público, voltamos o tema desse estudo para a
permanência do estudante do curso de Licenciatura em Química da UFMT a partir de sua
vivência no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid).
O Pibid é um programa da área de formação docente que pretende incentivar e elevar
a qualidade da formação inicial de professores no Brasil. Quando tratamos sobre a área de
19
formação docente, ressaltamos a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) nº
9.394 de dezembro de 1996, estabelecida no governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-
2002) que define e regulariza a organização da educação. Para a área de fomação de
professores foram empreendidos vários esforços relacionados aos cursos de formação
docente. O governo federal instituiu um conjunto de políticas nesse campo para a expansão
da formação de professores, com o objetivo de atender as demandas por formação docente
no país, assim como aos compromissos internacionais, os quais visam a qualificação dos
professores da educação básica com a finalidade de garantir melhor qualidade.
No contexto brasileiro, a LDB nº 9.394/1996 estabelece que a Educação é um dever
da Família e do Estado, sendo baseada em princípios como a garantia do padrão de
qualidade. E sabe-se que a qualidade de um sistema educacional está vinculada com a
qualidade dos seus professores; entretanto, compreendemos que essa preocupação não
significa considerar que apenas o professor e à sua formação como os únicos responsáveis
por garantir essa qualidade. Gatti (2009) explica que diversos fatores influem para esse
processo: as políticas educacionais, o financiamento da educação básica e também as
condições do professorado, qual seja, a formação inicial e continuada, os planos de carreira
e salário dos docentes da educação básica e as condições de trabalho nas escolas. Mesmo
considerando todos esses fatores, pensamos ser importante chamar a atenção para a questão
específica da formação inicial dos professores na graduação, o que envolve diretamente as
instituições de educação superior, sobretudo as políticas educacionais.
Com a LDB nº 9.394/1996 foi proposto que a formação de todos os professores fosse
em nível superior. Em atendimento ao estabelecido foram implementadas políticas com
vistas a essa expansão. Nesse contexto apresentamos os dados do Censo da Educação
Superior que mostram que em 1995 tivemos 490.913 matrículas nas licenciaturas, dez anos
depois esse número saltou para 1.273.169, já em 2018 chegaram a 1.628.676.
A partir das políticas educacionais implementadas pelos governos brasileiros,
tivemos um processo de expansão que possibilitou o ingresso de um número maior de
pessoas nesse nível de ensino, inclusive de uma população que historicamente esteve
excluída desse nível educacional.
Entretanto, compreendemos que não basta possibilitar maior ingresso nesse nível de
ensino, é importante também propiciar a permanência desse estudante e a conclusão com
qualidade. Nesse entendimento a expansão está relacionada com a permanência, conforme
explica Silva e Veloso (2010)
20
Acesso, permanência e expansão são fenômenos distintos, mas com reflexos
mútuos, o que implica estudá-los de forma integrada. A permanência da sentido
ao acesso, configurando a continuidade da trajetória de formação; a expansão tem
relação (e impacto) com o acesso, na proporção do crescimento quantitativo
(instituições, vagas, matrículas, docentes, financiamento) e das suas características
(ensino público/gratuito, organização acadêmica, curso, avaliação/qualidade)
(SILVA; VELOSO, 2010, p.222).
Para as mesmas autoras o acesso envolve as dimensões do ingresso, da permanência
e da qualidade na formação. Dessa forma, entendemos que estudos sobre a permanência
mostram-se importantes, pois é preciso considerar que esse estudante, ao ingressar na
educação superior, tenha condições de permanecer e concluir o curso com qualidade.
Nessa mesma compreensão, Primão (2015) em seu estudo abordou a permanência
sob dois aspectos: assistência estudantil e ações qualificadoras do ensino. Segundo a autora,
a assistencia estudantil é voltada para estudantes de baixa renda; já as ações qualificadoras
do ensino são para todos os estudantes. Para Pimão (2015) as ações qualificadoras do ensino
relacionam-se as ações promovidas pela universidade com vistas a uma formação mais
qualificada, são atividades que integram o ensino, a pesquisa e a extensão. Essas atividades
contribuem para a permanência do estudante. Assim sendo, trabalhamos, nesta pesquisa,
com a conceituação de Ações Qualificadoras do Ensino desenvolvida por Primão (2015) em
sua dissertação de mestrado, a qual o grupo de pesquisa (GEPDES) tem assumido e
trabalhado.
É nesta dimensão como uma ação qualificadora da graduação que aparece o Pibid,
pois tem como um de seus objetivos elevar a qualidade da formação inicial de professores
nos cursos de licenciatura. O Pibid possibilita a inserção do estudante na realidade da
escola de educação básica permitindo que ele conheça melhor a sua área de atuação
docente. Dessa forma, o Pibid é
Uma ação da Política Nacional de Formação de Professores do Ministério da
Educação (MEC) que visa proporcionar aos discentes na primeira metade do
curso de licenciatura uma aproximação prática com o cotidiano das escolas
públicas de educação básica e com o contexto em que elas estão inseridas. O
programa concede bolsas a alunos de licenciatura participantes de projetos de
iniciação à docência desenvolvidos por instituições de educação superior (IES)
em parceria com as redes de ensino. Os projetos devem promover a iniciação
do licenciando no ambiente escolar ainda na primeira metade do curso, visando
estimular, desde o início de sua formação, a observação e a reflexão sobre a
prática profissional no cotidiano das escolas públicas de educação básica. Os
discentes serão acompanhados por um professor da escola e por um docente de
uma das instituições de educação superior participantes do programa (CAPES,
2008, s.p.).
21
Pesquisas mostram que o programa contribui para a formação do estudante
(SANTOS, 2013; OLIVERI, 2014; MELO, 2015; CHAVES, 2015; ALVES, 2017;),
elevando a qualidade dessa formação (LIMA, 2018). Sendo assim, nossa pesquisa se insere
nas discussões das políticas de educação superior e aborda a permanência na educação
superior a partir do estudo com os sujeitos envolvidos no Pibid no curso de Licenciatura em
Química da UFMT, campus Cuiabá.
Pesquisas mostram que a licenciatura em Química tem alto número de evasão (RIGO,
2018, CUNHA; TUNES; SILVA, 2001, JESUS; ARAUJO; VIANNA, 2014) e que isso
ocorre principalmente no início do curso (CUNHA; TUNES; SILVA, 2001). Além disso,
soma-se o fato de que nos cursos de licenciatura o número de evasão é grande (GATTI;
BARRETO; ANDRÉ, 2011). Outra questão, relaciona-se a necessidade de professores na
área para atendimento das necessidades das escolas de ensino médio, dado que apenas 61,3%
dos docentes da disciplina de Química possui formação em área adequada para a disciplina
que lecionam (MEC/INEP, 2017). Dessa forma, verificamos a necessidade de formação de
professores nessa área.
A Licenciatura em Química da UFMT é o curso com maior Conceito Preliminar de
Curso (CPC) dentre as licenciaturas desta instituição participantes do Pibid no último edital,
nº07/2018, da CAPES, cujo CPC de curso é 3,4143. O CPC “é um indicador de qualidade
que avalia os cursos de graduação” (MEC/INEP, 2019)1 e o Pibid “visa elevar a qualidade
da formação inicial de professores nos cursos de licenciatura” (CAPES, 2018).
Considerando que o Pibid é uma política educacional inserido como uma ação
qualificadora do ensino que tem por objetivo elevar a qualidade da formação inicial de
professores nos cursos de licenciatura, pergunta-se: Quais são os limites e possibilidades do
Pibid para a permanência do estudante na licenciatura em Química da UFMT?
Em vista disso, o objetivo geral da presente pesquisa busca analisar os limites e
possibilidades do Pibid na permanência do estudante de licenciatura em Química da UFMT,
campus Cuiabá, no Edital do Pibid nº 7/2018 CAPES. Isto posto, elencamos como objetivos
específicos: a) Identificar os debates e concepções de permanência; b) Compreender o Pibid
no contexto nacional e na UFMT; c) Caracterizar o perfil do estudante do Pibid, ingressante
no Edital nº 7/2018 CAPES, na licenciatura em Química da UFMT campus Cuiabá; d)
1 “Seu cálculo e divulgação ocorrem no ano seguinte ao da realização do Enade, com base na avaliação de
desempenho de estudantes, no valor agregado pelo processo formativo e em insumos referentes às condições
de oferta – corpo docente, infraestrutura e recursos didático-pedagógicos”. Disponível em:
http://portal.inep.gov.br/conceito-preliminar-de-curso-cpc-. Acesso em: 1 ago 2019.
22
Compreender a permanência do estudante pibidiano2 no curso, na perspectiva dos sujeitos
envolvidos no Pibid.
Consoante com os objetivos elencados, compreendemos que esta investigação se
pauta na pesquisa qualitativa que, segundo Minayo (2010), tal abordagem trabalha com o
universo de significados, buscando compreender qualitativamente os fenômenos sociais.
Para esta pesquisa recorremos tanto à pesquisa de cunho bibliográfico, quanto à
pesquisa documental e análise de dados secundários, fornecidos pelo governo brasileiro por
meio do Censo da Educação Superior do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Anísio Teixeira (INEP).
Nosso referencial teórico ampara-se em Silva e Veloso (2013) para o conceito de
acesso na educação superior; em Primão (2015) para o conceito de ações qualificadoras do
ensino; Silva e Nogueira (2015; 2016) para os aspectos sobre a permência; Gatti, Barreto e
André (2011) e Gatti e Barreto (2009) sobre formação de professores; Veras (2017) que
realizou um estudo do Pibid no curso de Química em sua dissertação de mestrado; Rigo
(2018) que pesquisou os percursos acadêmicos de estudantes que ingressaram na licenciatura
noturna em Química; Lima (2018) que realizou em sua tese de Doutorado um estudo sobre
o papel do Pibid na formação de bolsistas de iniciação à docência do curso de Licenciatura
em Química; e, por fim, quanto ao percurso metodologico, nos amparamos em Minayo
(2010) e Bardin (2016).
Como técnicas de coleta de dados definimos a aplicação de questionário e entrevista
semiestruturada. O questionário foi aplicado com os estudantes do Pibid no curso de
Licenciatura em Química da UFMT campus Cuiabá, com intuito de conhecer os estudantes
participantes, de forma que pudéssemos caracterizar um perfil geral. Posteriormente
realizamos entrevista semiestruturada com dois estudantes bolsistas e dois estudantes
voluntários e com a Coordenadora Institucional do Pibid nesta instituição, a fim de conhecer
na percepção desses sujeitos a relação entre o Pibid e a permanência do estudante no curso,
a partir de suas vivências no programa. Os participantes da pesquisa assinaram o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e a coleta de dados se deu somente após a
aprovação no Comitê de Ética em Pesquisa (CEP). Essa aprovação ocorreu em 11 de abril
de 2019, por meio do Parecer n.º 3.261.593.
2 Nesta pesquisa, “pibidiano” é o nome utilizado para nomear os estudantes participantes do Pibid. É comum
o termo ser utilizado em pesquisas e em publicações sobre o Pibid, é também o termo comumente utilizado
pelos estudantes para se autonomearem.
23
Dessa forma, essa pesquisa é constituida por 4 seções:
Na primeira seção intitulada: “Expansão dos cursos de licenciatura frente as
políticas educacionais no contexto capitalista”, abordamos as políticas de formação docente
e a expansão da educação superior, especialmente das licenciaturas, além de iniciar a
discussão sobre a permanência.
Na segunda seção intitulada “Percurso metodológico da pesquisa: a permanência
estudantil na educação superior em questão” apresentamos os procedimentos
metodológicos para abordagem do problema, delineamento dos procedimentos de coleta e
análise dos dados, com levantamento bibliográfico sobre a temática da permanência
estudantil fazendo também aproximações do Pibid com as ações qualificadoras do ensino.
Na terceira seção intitulada: “O Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à
Docência – Pibid” fizemos uma contextualização (histórico, marcos legais) do Pibid no
contexto nacional e na UFMT. Também realizamos uma revisão de estudos sobre o Pibid
fazendo um paralelo do programa com as ações qualificadoras do ensino
Na quarta seção intitulada: “Limites e possibilidade do Pibid na permanência do
estudante de Química na perspectiva dos sujeitos envolvidos”, apresentamos o perfil dos
estudantes pibidianos e também evidenciamos uma discussão da permanência e ações
qualificadoras do ensino no âmbito do Pibid, a partir dos dados coletados nas entrevistas
com os estudantes e com a Coordenadora Institucional.
Nas considerações finais apresentamos os resultados da pesquisa.
Acreditamos que com a divulgação dos dados da pesquisa possibilitará maiores
discussões sobre o tema. Consideramos que esta pesquisa tem importância acadêmica,
científica e social, visto que, pode ampliar a compreensão de aspectos sobre a permanência
na educação superior a partir do Pibid, como elemento de qualidade na formação de
licenciandos, assim como, contribuir com outras pesquisas da área da educação.
24
1. EXPANSÃO DOS CURSOS DE LICENCIATURA FRENTE AS POLÍTICAS
EDUCACIONAIS NO CONTEXTO CAPITALISTA
Ao abordar sobre as políticas educacionais na educação superior, consideramos,
nessa discussão, a compreensão de tais políticas num contexto social, político e econômico.
Nesta seção, buscamos analisar as políticas educacionais, principalmente de formação de
professores, entre os anos de 1995 e 2018. Esse recorte temporal foi escolhido porque é o
ano de início do governo Fernando Henrique Cardoso e que, portanto, foi nesse governo que
é implementada a LDB nº 9.394/1996. Já o ano de 2018 foi escolhido por compreendermos
o limite de tempo para as pesquisas dessa dissertação. Posteriormente, nesta seção,
apresentamos um panorama dos cursos de licenciatura (matrículas, conclusão), destacando
aspectos importantes. Para tanto, recorremos aos dados do Censo da Educação Superior entre
1995 e 2018.
Dessa forma, realizamos um breve histórico das políticas de formação docente no
Brasil e uma análise da expansão da educação superior para compreender o contexto de
implementação do Pibid – objeto dessa pesquisa -, assim como a recente reformulação do
programa. Nessa conjuntura, veremos que o Pibid insere-se no contexto da expansão da
educação superior e na relação com um conjunto de ações políticas para a área de formação
de professores para a educação básica.
1.1 As políticas de formação de professores e a educação superior pública no contexto
político-econômico-social a partir dos anos de 1990
No Brasil, a partir de 1990, foram desenvolvidas e implantadas políticas de educação
superior que constituem mudanças, tanto nas universidades públicas quanto em privadas.
Diante disso, temos observado um crescente processo de expansão, por meio de políticas
públicas, do acesso e do ingresso a esse nível de ensino. Essa expansão é apresentada no
Gráfico 1 mediante a evolução do número de matrículas.
25
Gráfico 1 - Número de Matrículas em Cursos de Graduação, por Categoria
Administrativa – 1980-2017
Fonte: MEC/INEP, 2018.
Notamos que entre os anos de 1980 e 1994 a variação das matrículas na educação
superior se manteve quase inalterada, sendo que o crescimento ocorreu principalmente a
partir do ano de 1995 ocorrendo sobretudo no setor privado.
No ano de 1996 havia 1.868.529 matrículas, sendo que, destas, 39,36% foram em
instituições de educação superior públicas; a maioria (60,64%), na verdade, estavam
concentradas em instituições privadas. Com relação ao ano de 2007 havia 5.250.147
matrículas nesse nível educacional; nesse ano o setor privado novamente prevaleceu no
número de matrículas representando 74,57% - notamos inclusive que sua parcela de
participação aumentou. Já em 2017 o número de matrículas foi de 8.286.663, as quais,
75,32% foram em instituições privadas. Quando comparamos os anos de 2007 a 2017,
verificamos um crescimento no número de matrículas de 56,4%, quando analisamos o
aumento do número de matrículas na rede privada e na rede pública temos um crescimento
nas matrículas de 59,4% e de 53% respectivamente (MEC/INEP, 2019).
Vários fatores podem contribuir para o aumento do número de matrículas na
graduação
[...] do lado da demanda: o crescimento econômico alcançado pelo Brasil nos
últimos anos vem desenvolvendo uma busca do mercado por mão de obra mais
especializada; já do lado da oferta: o somatório das políticas públicas de incentivo
ao acesso e à permanência na educação superior, dentre elas: o aumento do número
de financiamento (bolsas e subsídios) aos alunos, como os programas Fies e
26
ProUni e o aumento da oferta de vagas na rede federal, via abertura de novos campi
e novas IES, bem como a interiorização de universidades já existentes
(MEC/INEP, 2011, p.3).
O mercado globalizado exige habilidades de alto nível além da necessidade de se
manter atualizado com os conhecimentos. Isso impõe novas demandas ao sistema
educacional, sobretudo na expansão da educação superior para produzir mão de obra
qualificada “e apta a atrair os investimentos do capital financeiro internacional” (VIEIRA,
2002, s.p).
Segundo Catani e Hey (2007), apenas possuir o ensino médio era suficiente para o
jovem inserir no mercado de trabalho, no entanto, principalmente a partir dos anos de 1990,
torna-se essencial ter uma melhor qualificação para uma colocação profissional. Dessa
forma, o acesso à educação superior torna-se importante para responder as exigências do
mercado de trabalho por uma melhor qualificação dos jovens.
Demandas essas influenciadas pelo contexto internacional, esse “contexto de
transformação econômica, política e social, colocavam novas demandas sobre a educação
como formadora de recursos humanos” (RODRIGUEZ, 2008, s.p.). Nesse sentido, a
educação teria que “atender as demandas do novo século, própria do processo de
globalização” (Idem Ibdem).
A partir dessas circunstâncias, temos presenciado reformas implantadas no Brasil
influenciadas pela política externa. Nos anos de 1990 as reformas tiveram como referência
o liberalismo ortodoxo do Banco Mundial e, no início do século XXI, tivemos o Processo de
Bolonha, cujo objetivo é o ganho de competitividade do Sistema Europeu de educação
superior para com os países e blocos econômicos (LIMA et al, 2008). Além disso, temos as
recomendações em documentos e em fóruns desses e de outros organismos multilaterais, que
segundo Deimiling (2014) foram sendo
[...] contextualizados e reinterpretados nos eventos e documentos elaborados no
Brasil ao longo dos anos de 1990, todos em consonância com a legitimação do
consenso em andamento sobre o papel do Estado nas políticas sociais e sobre a
reforma educacional que deveria ser implementada de acordo com a redefinição
desse papel (DEIMILING, 2014, p.46).
Especialmente a partir de 1990, há um cenário que remete a uma lógica econômica e
produtivista nas políticas de educação superior, o qual em sua base estão elucidadas nos
textos legais e documentos governamentais (OLIVEIRA, 2000). Temos nesse quadro, no
campo da educação, a diversificação e diferenciação do sistema, massificação da educação
superior, implementação de mecanismos de controle, predomínio do setor privado, dentre
27
outros.
É nesse contexto que foi implementada a LDB nº 9.394/1996, que regulamenta o
sistema educacional no Brasil e estabelece os princípios da educação e os deveres do Estado.
Quanto especificamente a área de formação de professores, Correia (2018) afirma que foi a
partir dessa Lei que o debate sobre formação de professores intensificou-se. O autor explica
que foi com essa legislação:
[...] que passou a orientar as políticas educacionais de forma a melhorar a
qualidade da educação em nosso país. Embora muitos fatores estejam relacionados
à qualidade da educação no Brasil, o professor aparece como um dos elementos
fundamentais para o sucesso escolar (CORREIA, 2018, p. 41).
Desse modo, para melhor compreensão desse cenário traremos, nos próximos
subtópicos, uma análise da educação superior no contexto das políticas públicas
educacionais por cada governo, especialmente para a formação de professores. Segundo
Oliveira (2010) políticas públicas educacionais são decisões do governo que acometem o
ambiente escolar. Para o autor, essas políticas regulam e orientam os sistemas de ensino,
portando, pensamos na necessidade de compreender o cenário em que essas políticas são
elaboradas e implementadas para entender suas manifestações no contexto da educação
superior.
1.1.1 Políticas públicas e marcos legais para a formação de professores no Governo
Fernando Henrique Cardoso (1995-2002)
No governo de Fernando Henrique Cardoso foram feitas reformas educacionais de
cunho neoliberal. Segundo Bianchetti (2001) a base do neoliberalismo é de que o Estado não
pode intervir na vida econômica e parte da premissa que o mercado tem total liberdade.
Nesse contexto, Ferreira (2012, p. 457) explica que as “reformas foram orientadas para o
mercado, visando a integração do Brasil à economia mundial”. Esse governo foi marcado
pela expansão da educação superior privada e pela diminuição da participação do Estado
como financiador. A sua ênfase, portanto, foi a função de regular e avaliar (FERREIRA,
2015).
Nesse período, a reforma da educação superior estava respondendo a nova ordem
mundial (a mercantilização do espaço público), a partir da diminuição da esfera pública com
a privatização. Organismos multilaterais como o Banco Mundial dentre outros guiaram essas
reformas (FERREIRA, 2015).
As orientações do Banco Mundial para as políticas educacionais concernem ao
28
ideário neoliberal (DOURADO, 2002). O Banco, a partir dos anos 1990, declara como
principal objetivo o “ataque a pobreza”, tem como atribuição o apoio à Educação por meio
de financiamento e principalmente do trabalho de assessoria dos países em desenvolvimento,
oferece idéias que fundamentam as políticas educativas. Porém, são impostas políticas
homogêneas em todo o mundo para a educação. Outra questão é a centralidade na análise
econômica para a definição das políticas educativas, seus critérios de decisão assimila a
escola à empresa, pois tem como critérios a eficiência, as taxas de retorno e o processo
educativo considerado insumo (CORAGGIO, 2003). No documento La enseñanza superior
o Banco Mundial faz recomendações para a educação superior:
[...] privatização desse nível de ensino, sobretudo em países como o Brasil, que
não conseguiram estabelecer políticas de expansão das oportunidades
educacionais pautadas pela garantia de acesso e eqüidade ao ensino fundamental,
bem como, pela garantia de um padrão de qualidade a esse nível de ensino; 2)
estímulo à implementação de novas formas de regulação e gestão das instituições
estatais, que permitam alterações e arranjos jurídico-institucionais, visando a
busca de novas fontes de recursos junto a iniciativa privada sob o argumento da
necessária diversificação das fontes de recursos; 3) aplicação de recursos públicos
nas instituições privadas; 4) eliminação de gastos com políticas compensatórias
(moradia, alimentação); 5) diversificação do ensino superior, por meio do
incremento à expansão do número de instituições nãouniversitárias; entre outras
(DOURADO, 2002, p. 240).
Segundo Vieira (2002, p.37) “o Banco Mundial exerce protagonismo na formulação
das políticas educacionais [...] consequentemente, as políticas de formação recebem algo
desses influxos”. No campo da formação, o Banco Mundial tem articulado medidas na
perspectiva de um sujeito profissionalizado, recomendando “melhorar o conhecimento dos
professores (privilegiando a capacitação em serviço e formação inicial e estimulando as
modalidades a distância)” (TORRES, 2003, p. 135).
Ainda em consonância com as recomendações internacionais o documento “Questões
críticas da educação brasileira”, elaborado em 1995 pelo Ministério do Trabalho, também
acentua essa lógica de mercado: “o que se busca é a adequação dos objetivos educacionais
às novas exigências do mercado internacional e interno, e, em especial, na consolidação do
processo democrático no que concerne à formação do cidadão-produtivo” (BRASIL, 1995,
s.p). Para a formação de professores o documento recomenda desenvolvimento de programas
de capacitação e atualização, restruturação dos cursos de formação de professores, maior
articulação/integração entre Universidade e empresas, redefinição dos cursos de formação
de professores e identificação de formas de facilitação do acesso a educação superior para
os professores em exercício que não tenham esse nível de formação.
29
É nessa atmosfera de políticas neoliberais de interesse do capital financeiro e tendo
como fundo organismos multilaterais que a LDB nº 9.394/1996 foi construída. Para Dourado
(2002, p.241) sua tramitação é “expressão dos embates travados no âmbito do Estado e nos
desdobramentos por ele assumidos no reordenamento das relações sociais e das mudanças
tecnológicas sob a égide ideológica da globalização da economia”. A LDB promoveu um
novo ordenamento jurídico na área da educação e realizou diversas modificações na
educação superior (FERREIRA, 2012).
A LDB nº 9.394/1996 que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, no
art. 1 estabelece que “a educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na
vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos
movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais”
(BRASIL, 1996), o que está em consonância com o sétimo artigo da Declaração de Jomtien
(1996)3 de que a educação é responsabilidade da família e da comunidade por meio do
fortalecimento de alianças entre o governo e o setor privado.
Sobre a formação de professores, destacamos o art. 62 da LDB, que estabelece que a
formação de docentes para séries iniciais do ensino fundamental e educação infantil,
realizada no Curso Normal, aconteça em nível superior. Pretende-se que esses profissionais
tenham a educação superior como formação mínima, dessa forma, surgem maiores
demandas para ampliação na oferta de cursos de licenciatura. Para atender a demanda por
formação de professores, a LDB nº 9.394/1996 abriu novas possibilidades de
desenvolvimento da Educação a Distância (EAD), no art. 80, que dispõe que “o Poder
Público incentivará o desenvolvimento e a veiculação de programas de ensino a distância,
em todos os níveis e modalidades de ensino, e de educação continuada” (BRASIL, 1996).
Cabe lembrar aqui, que antecipando a LDB, a UFMT implantou o Núcleo de Educação
Aberta e a Distância (NEAD) no Instituto de Educação (IE) da Universidade. Dessa forma,
a UFMT destacou-se como a pioneira na oferta de cursos de graduação à distância para a
formação docente. No primeiro semestre de 1995 iniciou sua primeira turma no curso de
Licenciatura em Educação Básica ofertando 350 vagas (PRETI, 2005).
Na gestão de FHC, ocorreu a diversificação das IES a partir do Decreto nº
2.306/1997 que classificou a organização acadêmica em universidades, centros
3 “Conferência Mundial sobre Educação para Todos, realizada em Jomtien, na Tailândia, em 1990, sob os
auspícios do Banco Mundial, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), do Fundo das
Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e da Organização das Nações Unidas para a Educação e Cultura
(UNESCO)” (LIBÂNEO 2012, p.13).
30
universitários, faculdades integradas, faculdades e institutos superiores ou escolas
superiores. Ainda nessa perspectiva, os decretos nº 2.306/97 e nº 3.860/2001 flexibilizaram
a estruturação da educação superior no Brasil “rompendo com a indissociabilidade entre
ensino, pesquisa e extensão como parâmetro básico à educação superior no país
(DOURADO, 2002, p. 244). Também no sentido de diferenciação das universidades,
ressaltamos o parágrafo único do art. 52 da LDB: “é facultada a criação de universidades
especializadas por campo do saber”. Nesse cenário, Dourado (2002) argumenta que
Na prática, as políticas governamentais para o setor, ao segmentarem a educação
superior por meio do estimulo à expansão das matrículas e a diversificação
institucional, realizam esse campo como serviço, e na maioria dos casos,
restringem a educação superior à função de ensino (DOURADO, 2002, p. 244 e
245).
Analisamos o Relatório Delors, que é um relatório para a UNESCO (Organização
das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) da Comissão Internacional sobre
Educação para o século XXI, que coloca a formação de professores em universidades e
institutos de formação, e reitera que “o objetivo deverá ser fazer com que todos os
professores, mas em especial os do secundário, tenham frequentado estudos superiores”
(UNESCO, 1996, p.159). Assim, a formação não se dará necessariamente por instituições
universitárias.
A Associação Nacional pela Formação dos Profissionais da Educação (ANFOPE)
mostra-se contrária a essa diversificação e defende a formação universitária
A criação de outras modalidades de instituições de ensino superior - Faculdades
Isoladas, Integradas ou Institutos Superiores - , por parte do poder público somente
se fará em caráter emergente, provisório e temporário, desde que garantidos o
padrão mínimo de qualidade e seu caráter transitório, com a criação de
possibilidades para que possam construir-se progressivamente como níveis cada
vez mais elevados de IES - Centros Universitários e Universidades, contemplando
o ensino, pesquisa e extensão como tarefas indissociáveis (ANFOPE, 1998, p. 1).
Mesmo também tendo políticas direcionadas para a educação superior, o governo de
FHC, segundo Dantas e Sousa Junior (2009), tinha o ensino fundamental como etapa
privilegiada da política educacional. Nesse sentido, mencionamos o Fundo de Manutenção
e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (FUNDEF)
criado pela Emenda Constitucional 14/1996 e regulamentado pela Lei nº 9.424 de dezembro
de 1996, que trata sobre o financiamento do ensino fundamental, sendo que parte dos seus
recursos destinavam a qualificação profissional do magistério. O Art 7º dessa lei indica que,
pelo menos 60% dos recursos do Fundo serão assegurados para a remuneração dos
profissionais do magistério do ensino fundamental público. No parágrafo único desse artigo
31
estabelece que parte da parcela desses 60% será para aplicação na capacitação de professores
leigos, nos primeiros cinco anos de vigência da lei. Segundo Gatti e Barreto (2009, p. 223)
o FUNDEF “pela primeira vez no país deu respaldo legal ao financiamento sistemático de
cursos de formação de professores em serviço, contribuindo, sobremaneira, para a elevação
da oferta de formação continuada no setor público”, entretanto, as mesmas autoras afirmam
que
Em que pesem os avanços decorrentes da criação de fundos de educação, o Fundef
e agora o Fundeb, não há uma estrutura adequada de incentivos que apoie e
fortaleça o desenvolvimento profissional do professor. Algumas iniciativas de
incentivo ensaiadas com o propósito de motivar os professores a se envolverem
em seu próprio desenvolvimento profissional, não chegam a produzir impacto
devido à sua pequena duração por razões políticas e administrativas (GATTI;
BARRETO, 2009, p.233).
Mesmo não estando, neste momento, diretamente ligado as licenciaturas, mas que
também tem influência nessa área, foi a criação em 1999 do Fundo de Financiamento ao
Estudante do Ensino Superior, atualmente chamado de Fundo de Financiamento Estudantil
(FIES), que substituiu o Programa de Crédito Educativo – PCE/CREDUC. O FIES é
regulamentado pela Lei nº 10.260, de 12 de julho 2001, e tem por objetivo financiar a
graduação de estudantes, matriculados em cursos superiores, que não tem condições de arcar
com os custos de sua formação em instituições não-gratuitas (BRASIL, 2011).
Já o Plano Nacional de Educação (PNE 2001-2010), sancionado pela Lei nº 10.172
de janeiro de 2001, defende a valorização do magistério e estabelece que essa valorização
pode ocorrer por meio de uma política global de magistério, a qual implica, simultaneamente
“a formação profissional inicial; as condições de trabalho, salário e carreira; formação
continuada” (BRASIL, 2001, s.p). Dessa forma, compreendemos que o PNE (2001-2010)
aborda a formação inicial como parte importante no processo de valorização docente.
Salientamos que além de abordar a Formação de Professores e a Valorização do Magistério,
o Plano também integra objetivos e metas relacionados a Educação Básica a Educação
Superior, a Educação a Distância, ao financiamento e a gestão da área educacional no país.
Entretanto, consideramos pertinente abordar que o PNE (2001-2010), conforme Souza
(2014) aponta em seu estudo, não atingiu todas as 295 metas e objetivos, que ocorreram
vetos presidenciais no período de sanção do Plano que impuseram sérias restrições na gestão
e no financiamento – principalmente na insuficiência de financiamento – impactando no
cumprimento das metas. Outra questão colocada é que existe um excesso de metas o que
impôs serias dificuldades para sua implantação, acompanhamento e avaliação.
Outro marco para a área, foram os cursos de licenciatura a distância. Segundo Gatti,
32
Barreto e André (2011), a partir de 1998, os cursos de educação a distância (EAD) foram
sendo regulamentados. Essa regulamentação ocorreu por meio dos Decretos nº 2.494/1998
e nº 2.561/1998 e da Portaria nº 301/1998. O PNE (2001-2010) também já apontava a
importância da EAD nas políticas educacionais:
O Plano Nacional de Educação, sancionado pela Lei nº 10.172/2001, reiterava a
importância da EaD nas políticas de educação e estabelecia diretrizes, objetivos e
metas para a sua implementação. Para atender às demandas criadas na área, o
Plano dava ênfase à política de EaD para a formação de professores, propondo,
entre seus objetivos, o aumento da oferta de cursos de formação docente em nível
superior a distância e o apoio financeiro à pesquisa sobre EaD. Ainda em 2001, a
Portaria nº 2.253/2001 do MEC autoriza as IESs a introduzirem nos currículos de
seus cursos presenciais, disciplinas que utilizem método não presencial, desde que
não ultrapassassem 20% da carga horária total do curso e que promovessem
avaliações finais em caráter presencial (GATTI; BARRETO; ANDRÉ, 2011,
p.99).
De outro modo, as mesmas autoras argumentam que a EAD exige altos
investimentos, assim como constante renovação e manutenção. Além disso, a EAD pode
realizar um papel muito importante em processos formativos, porém, em determinadas
condições. Ainda segundo as autoras, a acelerada “expansão desse tipo de curso no Brasil
levanta questões quanto aos cuidados pedagógicos, logísticos e técnicos, bem como em
relação aos investimentos necessários para a garantia de sua qualidade” (GATTI;
BARRETO; ANDRÉ, 2011, p.106).
Em 2002, foi elaborada as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) para a Formação
de Professores da Educação Básica, em nível superior, em cursos de licenciatura, e de
graduação plena, com a promulgação da Resolução CNE/CP nº 1/2002. Logo após foi
promulgada a Resolução CNE/CP nº 2/2002 que instituiu a duração e a carga horária dos
cursos de licenciatura, de graduação plena, de formação de professores da Educação Básica
em nível superior. Entretanto, segundo Scheibe (2004), as diretrizes tem uma noção de
competências, em lugar dos saberes docentes, para orientar a formação profissional dos
educadores. Portanto, nesse contexto, tende a focalizar um projeto de profissionalização
docente para a reforma educacional em curso, o que corresponde a formação do novo século.
Um panorama que coloca novas exigências para a qualificação profissional, inclusive
a formação de professores. Compreende-se uma lógica econômica e produtivista nas
políticas de educação superior no Brasil. Pelo exposto, corroboramos com Deimling (2014,
p.44) que afirma que no Brasil, nos anos 1990, os princípios que regeram os programas e a
política de formação docente “foram marcados pelas novas exigências do capital que
traçavam metas para a política educacional que deveria ser estabelecida, tendo em vista a
33
formação de indivíduos adaptáveis ao modelo social”.
Dessa forma, o governo de FHC seguiu uma tendência mundial por
profissionalização da mão de obra e suas políticas estavam em consonância com o mercado.
Nesse contexto, para o atendimento de formação de mão de obra qualificada para o mercado
e também para melhoria da “qualidade da educação”, ocorreram maiores demandas para a
formação docente, assim, o governo implementou ações para a formação de professores,
principalmente com a aprovação da LDB 9.394/1996, ocorrendo incentivos especialmente
para as instituições privadas de educação. Com caráter neoliberal essa gestão tinha a
característica de Estado mínimo.
1.1.2 Políticas públicas e marcos legais para a formação de professores Governo Luiz
Inácio Lula da Silva (2003-2010)
No governo Lula as reformas na educação superior foram similares ao Processo de
Bolonha4, pois é percebível as seguintes aproximações:
a) centralidade dos sistemas de avaliação e regulação, que promove maior
rankeamento e a competitividade entre as IES; b) maior incentivo à parceria
universidade – setor produtivo; c) adoção de mecanismos de gestão estratégica ou
gerencial; d) diversificação de cursos e de IES; e) estabelecimento de metas para
ampliar vagas, aumentar a relação professor-aluno e diminuir o custo-aluno nas
universidades públicas federais; f) ampliação dos cursos e das vagas mediante
educação superior à distância; g) criação e ampliação de sistemas de concessão de
bolsas para estudantes pobres em IES privadas (FERREIRA; OLIVEIRA, 2010,
p. 59).
Nesse cenário, as políticas educacionais desse governo se caracterizaram por
continuidades e rupturas em relação ao governo anterior (OLIVEIRA, 2009; FERREIRA,
2012). Dantas e Sousa Junior (2009) argumentam que
Embora haja concordância que existam indicadores de continuidade de políticas,
em aspectos importantes da política econômica, diversos outros elementos
apontam para mudança quanto ao papel do Estado no provimento da educação
superior (DANTAS; SOUSA JUNIOR, 2009, p.1).
A transição na posse de Lula aconteceu de forma lenta e gradual, pois o país
encontrava-se em crise econômica. Durante esse processo, houve a manutenção de
elementos fundamentais da economia como a taxa de juros e superávit primário e medidas
4 “O Processo de Bolonha é um documento conjunto assinado pelos Ministros da Educação de 29 países
europeus, reunidos na cidade italiana de Bolonha. A declaração marca uma mudança em relação às políticas
para a educação superior dos países envolvidos e estabeleceu um Espaço Europeu de Ensino Superior em
comum, a partir do comprometimento dos países signatários em promover reformas de seus sistemas de ensino,
no sentido de estabelecer um sistema de créditos transferíveis e acumuláveis, comum aos países europeus, para
promover a mobilidade estudantil! (CARVALHO, 2014, p. 221).
34
de controle da crise econômica. Já a partir de 2004 essa política foi flexibilizada e ocorreu
uma ampliação dos gastos sociais, como de recursos com assistência social, direitos de
cidadania, habitação e organização agrária. Nesse período, a economia do país voltou a
crescer. O governo Lula tinha a concepção de resgate do papel do Estado como articulador
de políticas. Por esse ângulo, também ocorre um aumento dos investimentos em favor do
“público”, a partir de um conjunto de medidas direcionadas a ampliação do acesso pela via
pública. Houve uma maior intervenção do Estado, mesmo com enfoque gerencialista5, no
financiamento da educação básica e da educação superior, nos moldes do Plano de
Desenvolvimento da Educação (PDE) (DANTAS E SOUSA JUNIOR, 2009).
O PDE foi lançado pelo governo em abril de 2007, por meio do Decreto nº
6.094/2007 (BRASIL, 2007). Segundo Dantas e Sousa Junior (2009), tal política pública
surge na esteira do Programa de Aceleração do Crescimento – PAC. O PDE prevê uma maior
contribuição de recursos para a educação por um período de dez anos, a fim de melhorar a
qualidade da educação no país, a partir de um conjunto de medidas. Para Gatti, Barreto e
André (2011, p. 34-35), um dos desdobramentos do PDE foi o Plano de Ações Articuladas
(PAR) “que permite ao MEC oferecer apoio técnico e financeiro aos municípios com índices
insuficientes de qualidade do ensino”.
Para a elaboração do PAR o Ministério da Educação (MEC) criou um manual para
que o gestor elabore o diagnóstico da situação do município tendo como norte as quatro
dimensões “gestão educacional, formação de professores e dos profissionais de serviço e
apoio escolar, práticas pedagógicas e avaliação, infraestrutura física e recursos pedagógicos”
(Idem Ibdem). No entanto, o PAR acentua a característica centralizadora das políticas de
educação na esfera federal “uma vez que todas as transferências voluntárias e a assistência
técnica do governo federal passam a ser vinculadas à adesão ao Plano de Metas
Compromisso Todos pela Educação e à elaboração do PAR” (GATTI; BARRETO; ANDRÉ
2011, p.35) que constitui, para as políticas docentes, um mecanismo adicional de regulação,
conclui as autoras.
O PDE, lançado em 2007, no âmbito da educação superior define o seguinte:
I) expansão da oferta de vagas; II) garantia de qualidade; III) promoção de inclusão
social pela educação; IV) ordenamento territorial, levando o ensino superior às
regiões mais remotas e V) fortalecer o desenvolvimento econômico, seja como
formadora de recursos humanos altamente qualificados, seja na produção
científico-tecnológica (DANTAS; SOUSA JUNIOR, 2009, p. 8).
5 O Gerencialismo é entendido nesse trabalho “como mecanismo de gestão privada introduzidos no setor
público, induzindo-o a adotar critérios, ações e controle nos moldes que o mercado persegue na busca do lucro”
(DANTAS; SOUSA JUNIOR, 2009, p. 6).
35
Nesse sentido, as ações desse governo para a expansão, segundo Ferreira (2015),
foram em direção da ampliação do número de Instituções Federais de Educação Superior
(IFES), do aumento da oferta de vagas, de facilitar o ingresso na educação superior, assim
como a permanência dos estudantes, incluindo também instituições particulares de educação
superior. Para as instituições públicas
[...] foram criadas e/ou transformadas e/ou implantadas como universidades
federais, 14 instituições, bem como foram criados e/ ou transformados 38 novos
Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia (Ifs) por meio da Lei nº
11.892/2008, a partir da rede já existente. No caso das universidades federais, a
expansão ocorreu inicialmente com a interiorização dos campi das universidades
consolidadas e, em seguida, com a transformação e/ou criação de novas
universidades e campi que foram instalados na sua maioria no interior do país,
tendo como um dos objetivos o impacto na economia local, regional e nacional
[...] (FERREIRA, 2015, p. 128).
Pela via do setor privado, o governo implantou o Programa Universidade para Todos
(PROUNI), pela Lei nº 11.096 de 13 de janeiro de 2005 (BRASIL, 2005), que tem por
finalidade a concessão de bolsas integrais ou parciais para estudantes de baixa renda, para
que esses possam frequentar cursos superiores em instituições privadas. Embora não tenha
sido pensado tão somente para as licenciaturas, ele impacta igualmente nessa área. São
concedidas bolsas para estudantes que concluíram o ensino médio em escola pública que
pertencem a famílias de baixa renda e professores da educação básica pública que não
tenham formação em nível superior. O ingresso é obtido por meio do desempenho fixado
pelo MEC no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). O estudante também pode obter
a Bolsa Permanência que é uma ajuda de custo para os estudantes de cursos presenciais em
que o currículo exige seis horas diárias ou mais de permanência na instituição (GATTI;
BARRETO; ANDRÉ; 2011).
Para a expansão na esfera pública, direcionada a EAD, ressaltamos a criação da
Universidade Aberta do Brasil (UAB), por meio do Decreto nº 5.800 de junho de 2006.
Ligada à Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), a UAB
nesse contexto, tem por objetivo “promover a formação inicial e continuada de professores,
utilizando metodologias de educação a distância (EaD)” (GATTI; BARRETO; ANDRÉ,
2011, p.50). A UAB tem como prioridade o
[...] atendimento aos professores que atuam na educação básica, seguidos de
dirigentes, gestores e trabalhadores da educação básica dos estados, do Distrito
Federal e dos municípios. Outro objetivo do programa desenvolvido pela UAB é
reduzir as desigualdades na oferta de educação superior, ainda majoritariamente a
cargo da iniciativa privada, e desenvolver amplo sistema nacional de educação
superior à distância (GATTI; BARRETO; ANDRÉ, 2011, p. 50).
36
No âmbito da UAB é desenvolvido o programa Pró-Licenciatura que oferece, na
modalidade a distância, formação inicial a docentes em exercício na educação básica pública.
A formação é gratuita e os professores selecionados pelas instituições de educação superior
para ingresso na licenciatura recebem bolsa de estudos (MEC, 2018). Dessa forma, a UAB
e o Pró-Licenciatura compreendem a expansão da educação superior à distância e a
institucionalização de programas de formação docente a distância.
Já para a ampliação dos cursos presenciais, ressaltamos o Programa de Apoio a
Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), instituído pelo
Decreto nº 6.096/2007, cujo objetivo principal é ampliar o ingresso e a permanência na
educação superior. De acordo com o art. 2º do referido decreto o programa tem como
diretrizes:
I - redução das taxas de evasão, ocupação de vagas ociosas e aumento de vagas de
ingresso, especialmente no período noturno;
II - ampliação da mobilidade estudantil, com a implantação de regimes
curriculares e sistemas de títulos que possibilitem a construção de itinerários
formativos, mediante o aproveitamento de créditos e a circulação de estudantes
entre instituições, cursos e programas de educação superior;
III - revisão da estrutura acadêmica, com reorganização dos cursos de graduação
e atualização de metodologias de ensino-aprendizagem, buscando a constante
elevação da qualidade;
IV - diversificação das modalidades de graduação, preferencialmente não voltadas
à profissionalização precoce e especializada;
V - ampliação de políticas de inclusão e assistência estudantil; e
VI - articulação da graduação com a pós-graduação e da educação superior com a
educação básica. (BRASIL, 2007).
Quanto aos cursos de formação de professores podemos considerar que o programa
teve influência na expansão das licenciaturas: “isso pode ser observado pela oferta desses
cursos em todas as novas universidades federais criadas, pela idéia de interiorização dessas
universidades, pela expansão que vem sendo feita em cursos noturnos e pelo aumento do
número de matrículas” (GATTI; BARRETO; ANDRÉ, 2011, p.118-119). Evidenciamos
também que o inciso VI do artigo 2º, desse decreto, já apresentava a articulação da educação
superior com a educação básica, que segundo Nogueira (2012, p. 75) “pode ser entendida
como forma de apoiar a constituição e/ou ampliação de cursos de licenciatura, com o intuito
de formar professores, atendendo, assim, um pleito da sociedade”.
Para as políticas de valorização dos docentes, o governo implementou o Fundo de
Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da
Educação (FUNDEB), a partir da Emenda Constitucional n.53 de 19/12/2006 estabelecido
pela lei 11.494 de 20 de junho de 2007, cuja vigência se estenderá até o ano de 2020. O
FUNDEB pode ser considerado o aperfeiçoamento do fundo anterior, o FUNDEF, que
37
vigorou até 2006. O FUNDEF atendia somente o ensino fundamental; já o FUNDEB
contempla as três etapas da educação básica: Educação Infantil, Ensino Fundamental e
Ensino Médio. No artigo 2º institui que os Fundos destinam-se a manutenção e o
desenvolvimento da educação básica pública e à valorização dos trabalhadores em educação,
“incluindo sua condigna remuneração”. O artigo 22 estabelece que pelo menos 60% dos
recursos anuais serão remetidos ao pagamento da remuneração dos profissionais do
magistério da educação básica pública (BRASIL, 2007). Dessa forma, com o FUNDEB, toda
a educação básica passa a ser beneficiada pelos recursos financeiros federais, resultando
também em maiores investimentos para a formação e salário dos profissionais da educação.
Em 2007, o MEC modificou as atribuições e a estrutura organizacional da CAPES
com a Lei nº 11.502 de julho de 2007, regulamentada pelo decreto nº 6.755/2009. Com essa
Lei a CAPES estendeu suas atribuições para a educação básica, dessa forma, sua atuação
não se restringia apenas a educação superior. Tinha como responsabilidades subsidiar o
MEC na formulação de políticas e no desenvolvimento de atividades de suporte à formação
de profissionais de magistério para a educação básica.
Dentre as ações da CAPES, direcionadas para programas de formação docente, está
o Pibid. Instituído no âmbito da CAPES, do MEC e do FNDE (Fundo Nacional de
Desenvolvimento da Educação), por meio da Portaria Normativa nº 38 de dezembro de 2007,
com o propósito de efetivar melhoria na formação dos professores da educação básica.
Em continuidade a essa política de fomento de programas de formação docente foi
estabelecida, com o decreto nº 6.755 de janeiro de 2009, a Política Nacional de Formação de
Profissionais do Magistério da Educação Básica, que disciplina a atuação da CAPES no
fomento a programas de formação inicial e continuada. No art. 10 desse decreto destaca o
“fomento a programas de iniciação à docência e concessão de bolsas a estudantes
matriculados em cursos de licenciatura de graduação plena nas instituições de educação
superior” (BRASIL, 2009). Nesse quadro, foi publicada a Portaria nº 122 de setembro de
2009, que institui o Pibid no âmbito da CAPES, que passa a ter a responsabilidade pela
concessão de bolsas aos participantes do programa.
Em atendimento ao artigo 11, inciso III deste decreto nº 6.755, foi instituído o
Programa Nacional de Formação de Professores da Educação Básica (PARFOR), um
programa emergencial implantado em regime de colaboração entre a União os Estados, o
Distrito Federal e os Municípios e em articulação com a CAPES. O programa oferta todos
os anos cursos de licenciatura gratuitos, na modalidade presencial para os professores que
38
não possuem curso superior ou que lecionam em área diferente da sua formação. O programa
vem em atendimento a formação exigida pela LDB (CAPES, 2010).
No governo Lula, foram feitas modificações no FIES com o intuito de facilitar as
adesões ao programa, alterações que tem privilegiado os cursos destinados à formação de
professores, como por exemplo, com a aprovação da Lei Nº 12.202 de janeiro de 2010, que
altera a Lei Nº 10.260, estabelecendo que professores que estão em efetivo exercício do
magistério na educação básica pública com jornada de, no mínimo, 20 horas semanais que
cursaram ou estejam cursando uma licenciatura podem ter o abatimento mensal de 1% do
saldo devedor nos termos do art. 6-B. Outra mudança para a área é a dispensa da exigência
de fiador ao estudante de curso de licenciatura (BRASIL, 2011).
O governo deu continuidade as ações implementadas no governo anterior, como por
exemplo, as inciativas de incentivo ao setor privado. Por outro lado, Lula, aumentou os
investimentos para o setor público, como em políticas sociais e em programas para a
educação pública, bem como de formação docente.
1.1.3 Políticas públicas e marcos legais para a formação de professores no Governo Dilma
Rousseff/Michel Temer (2011-2018)
O governo Dilma teve uma ótica semelhante ao governo anterior, no que concerne
ao alcance da equalização social, do aprimoramento da mão de obra e da melhoria da
empregabilidade; suas ações visavam contribuir com o desenvolvimento do Brasil. Nesse
contexto, a Educação foi o “carro chefe” (LUZ, 2017).
Em consonância com o governo Lula, essa gestão direcionou-se para a expansão da
educação superior, cujo objetivo foi: ampliar, interiorizar e consolidar os institutos e
universidades federais; promover a formação de profissionais para fomento do
desenvolvimento regional; e a potencialização, o engajamento e a função social dos
Institutos e Universidades como expressão das políticas do governo para a superação da
miséria e na redução das iniquidades sociais e territoriais (BRASIL, 2011).
No que tange à formação de professores, em 2013, o art. 62 da LDB foi alterado com
a aprovação da Lei 12.796 de abril de 2013, que firmou a necessidade de articulação entre a
União, o Distrito Federal, os Estados e os Municípios para a adoção de mecanismos
facilitadores de acesso e permanência em cursos de formação de professores para atuar na
educação básica pública, assim como o incentivo a formação desses profissionais mediante
programa institucional de bolsa de iniciação à docência à estudantes de licenciatura. Dessa
39
forma, ocorre também a inclusão do Pibid na atual LDB.
Nessa gestão, ocorreu a aprovação do Plano Nacional de Educação (PNE 2014-
2024), que resultou da Lei nº 13.005 de junho de 2014. Para Dourado (2015) essa aprovação
inaugurou uma nova fase para as políticas educacionais no Brasil, o mesmo autor explica
que “o PNE apresenta 20 metas e várias estratégias que englobam a educação básica e a
educação superior, em suas etapas e modalidades, a discussão sobre qualidade, avaliação,
gestão, financiamento educacional e valorização dos profissionais da educação”
(DOURADO, 2015, p.301). Essas metas e estratégias incidem a efetivação de uma política
nacional de formação dos profissionais da educação, a qual é definida na meta 15 “garantir,
em regime de colaboração entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, no
prazo de 1 (um) ano de vigência deste PNE, política nacional de formação dos profissionais
da educação” (MEC/INEP, 2015, p. 263). Essa política constitui como parte essencial à
profissionalização docente (DOURADO, 2015).
Para Dourado (2015), essa política em articulação com a meta 12 do PNE, que prevê
elevar o número de matrículas na educação superior (sendo 40% das matrículas para o
segmento público), deverá
[...] contar com Comitê gestor da política nacional com a finalidade de estabelecer
planos estratégicos, prevendo ações e programas a serem apoiados técnica e
financeiramente pelo MEC, bem como contrapartidas e compromissos a serem
assumidos pelas Secretarias Estaduais e Municipais de Educação. Nessa direção,
em consonância com a política nacional, compete ao poder público priorizar, na
expansão projetada pelo PNE (40% das vagas no setor público), a formação dos
profissionais da educação por meio de suas instituições de educação superior
(DOURADO, 2015, p. 302).
Para a formação continuada a meta 16 do PNE apresenta dois objetivos:
O primeiro é formar em nível de pós-graduação 50% dos professores da educação
básica, até o último ano de vigência deste Plano Nacional de Educação (PNE); o
segundo é garantir a todos(as) os(as) profissionais da educação básica formação
continuada em sua área de atuação, considerando as necessidades, demandas e
contextualizações dos sistemas de ensino (BRASIL, 2015, p. 275).
As metas 17 e 18 abordam a valorização dos profissionais do magistério. A meta 17
propõe “valorizar os (as) profissionais do magistério das redes públicas de educação básica
de forma a equiparar seu rendimento médio ao dos (as) demais profissionais com
escolaridade equivalente, até o final do sexto ano de vigência deste PNE” (BRASIL,2015,
p. 287) e a meta 18 é
[...] assegurar, no prazo de dois anos, a existência de planos de carreira para os(as)
profissionais da educação básica e superior pública de todos os sistemas de ensino
e, para o plano de carreira dos(as) profissionais da educação básica pública, tomar
como referência o piso salarial nacional profissional, definido em lei federal, nos
termos do inciso VIII do art. 206 da Constituição Federal (BRASIL, 2015, p. 299).
40
Salientamos que o PNE (2014-2024) ainda será abordado no decorrer desta seção e
na seção 4 da presente dissertação.
Em consonância com as metas e estratégias do PNE (2014-2024), em 2015, foi
atualizada as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação Inicial e Continuada em
Nível Superior de Profissionais do Magistério para a Educação Básica. No art. 1º da
Resolução nº 2 de 2015, é definido os fundamentos, a dinâmica formativa e os procedimentos
a serem considerados nas políticas, bem como na gestão, nos programas e cursos de
formação, além do planejamento nos processos de avaliação e de regulação das instituições
de educação que as ofertam:
§ 1º Nos termos do § 1º do artigo 62 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (LDB), as instituições formadoras em articulação com os sistemas de
ensino, em regime de colaboração, deverão promover, de maneira articulada, a
formação inicial e continuada dos profissionais do magistério para viabilizar o
atendimento às suas especificidades nas diferentes etapas e modalidades de
educação básica, observando as normas específicas definidas pelo Conselho
Nacional de Educação (CNE).
§ 2º As instituições de ensino superior devem conceber a formação inicial e
continuada dos profissionais do magistério da educação básica na perspectiva do
atendimento às políticas públicas de educação, às Diretrizes Curriculares
Nacionais, ao padrão de qualidade e ao Sistema Nacional de Avaliação da
Educação Superior (Sinaes), manifestando organicidade entre o seu Plano de
Desenvolvimento Institucional (PDI), seu Projeto Pedagógico Institucional (PPI)
e seu Projeto Pedagógico de Curso (PPC) como expressão de uma política
articulada à educação básica, suas políticas e diretrizes.
§ 3º Os centros de formação de estados e municípios, bem como as instituições
educativas de educação básica que desenvolverem atividades de formação
continuada dos profissionais do magistério, devem concebê-la atendendo às
políticas públicas de educação, às Diretrizes Curriculares Nacionais, ao padrão de
qualidade e ao Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes),
expressando uma organicidade entre o seu Plano Institucional, o Projeto Político
Pedagógico (PPP) e o Projeto Pedagógico de Formação Continuada (PPFC)
através de uma política institucional articulada à educação básica, suas políticas e
diretrizes (MEC/CNE, 2015, p. 3).
No art. 2º parágrafo 1º compreende a docência como:
Ação educativa e como processo pedagógico intencional e metódico, envolvendo
conhecimentos específicos, interdisciplinares e pedagógicos, conceitos, princípios
e objetivos da formação que se desenvolvem na construção e apropriação dos
valores éticos, linguísticos, estéticos e políticos do conhecimento inerentes à sólida
formação científica e cultural do ensinar/aprender, à socialização e construção de
conhecimentos e sua inovação, em diálogo constante entre diferentes visões de
mundo (MEC/CNE, 2015, p. 3).
Já o art. 3º define que a formação inicial e continuada destinam-se à preparação e o
desenvolvimento de profissionais do magistério da educação básica em suas diferentes
etapas. No parágrafo 3º informa que essa formação constitui-se um processo dinâmico e
voltado para a “[...] melhoria permanente da qualidade social da educação e à valorização
41
profissional, devendo ser assumida em regime de colaboração pelos entes federados nos
respectivos sistemas de ensino e desenvolvida pelas instituições de educação credenciadas”
(Resolução CNE/CP nº2/2015, p. 47).
As novas DCNs indicam que o projeto de formação precisa ser construído e
desenvolvido mediante articulação entre instituição de educação superior e sistema de
educação básica. Também apresentam que a formação inicial e continuada deve considerar:
I - sólida formação teórica e interdisciplinar dos profissionais;
II - a inserção dos estudantes de licenciatura nas instituições de educação básica
da rede pública de ensino, espaço privilegiado da práxis docente;
III - o contexto educacional da região onde será desenvolvido;
IV - as atividades de socialização e a avaliação de seus impactos nesses contextos;
V - a ampliação e o aperfeiçoamento do uso da Língua Portuguesa e da capacidade
comunicativa, oral e escrita, como elementos fundamentais da formação dos
professores, e da aprendizagem da Língua Brasileira de Sinais (Libras);
VI - as questões socioambientais, éticas, estéticas e relativas à diversidade étnico-
racial, de gênero, sexual, religiosa, de faixa geracional e sociocultural como
princípios de equidade (MEC/CNE, 2015, p. 5).
Nesse contexto, Dourado (2015) afirma que as novas diretrizes visam a melhoria da
formação inicial e continuada dos professores.
Percebemos, de forma geral, que o governo Dilma teve semelhanças com a gestão do
governo anterior. No entanto, o segundo mandado desse governo foi interrompido. Segundo
Mancebo (2017), com a crise geral do capitalismo, que teve seu marco em 2008 e se
intensificou a partir de 2013 nos países sul-americanos, foi tirando gradativamente as
condições essenciais para manutenção do “lulismo”6. Com isso, essa etapa termina, e um
golpe7 é impetrado no Brasil com todos os primores de uma plataforma programática do
neoliberalismo extremado. Dessa forma, o governo Michel Temer assume a gestão com o
impeachment da presidenta, ocorrido em 31 de agosto de 2016.
6 “Pode-se afirmar que os 12 anos de ‘lulismo’ — que abrangeram os dois mandatos de Luiz Inácio Lula da
Silva e o primeiro de Dilma Rousseff —, efetivamente, ampliaram as políticas sociais compensatórias, trazendo
melhorias para os setores sociais mais empobrecidos, porém abandonaram a agenda de reformas estruturais;
descuidaram da expansão dos bens e serviços de uso coletivo; não conseguiram coordenar e executar os
investimentos necessários em infraestrutura; e assistiram, sem reagir, à reprimarização da pauta de exportações
e à desindustrialização do país, os quais são fenômenos associados a uma inserção declinante no sistema
internacional. Adicionalmente, o “lulismo” manteve intacto o oligopólio da mídia e não contribuiu para a
elevação dos níveis de politização e organização da classe trabalhadora” (SINGER; LOUREIRO, 2016; RIZEK
et al., 2010, apud MANCEBO 2017, p. 877). 7 Nesse caso é considerado um golpe porque “[...] causas que poderiam levar a ele foram forjadas sem prova
material e cabal, pelo menos, até o presente momento” (MANCEBO, 2017, p. 878).
42
1.1.4 Políticas públicas e marcos legais para a formação de professores na gestão Michel
Temer (2016-2018)
Temer assumiu a presidência no segundo semestre de 2016, após o impeachement
que retirou a presidenta Dilma Rousseff.
Esse governo dedicou-se a garantia dos privilégios do capital financeiro e adotou
medidas de destruição do serviço público, como foi o caso da Emenda Constitucional nº 95,
de dezembro de 2016, que institui um novo regime fiscal que limita os gastos do governo
pelos próximos 20 anos, incluindo as áreas de Saúde e Educação (MANCEBO, 2018). Isso
significa que “por 20 anos, as políticas educacionais da União e suas parcerias com estados,
DF e municípios não contarão com recursos novos, além da reposição inflacionária”
(CONAPE, 2018, p. 20). Nesse quadro, ressaltamos também que essa Emenda tem impacto
no cumprimento das metas do PNE (2014-2024); não só tem impacto, mas conforme afirma
Amaral (2017, p. 24) a “EC 95 determinou a “morte” do PNE”, atingindo também as metas
15, 16, 17 e 18 do PNE que dizem sobre a formação e a valorização de Professores.
Ao verificarmos o Relatório do 2º Ciclo de Monitoramento das Metas do PNE (2014-
2024)8 divulgado pelo Inep em 2018, verificamos atrasos e o risco de não atingimento de
parte das metas. Com relação especificamente as metas 15, 16, 17 e 18, apresentamos a
seguir informações do relatório:
Meta 15: O percentual de docências ministradas por professores com formação
superior adequada à área de conhecimento que lecionam aumentou no período de
2013 a 2016, chegando, em 2016, a 46,6% para educação infantil, 59,0% para os
anos iniciais do ensino fundamental, 50,9% para os anos finais e 60,4% para o
ensino médio. A despeito desse crescimento, os percentuais de adequação da
formação docente observados em 2016 ainda estão distantes da meta de 100% das
docências da educação básica em todo o País (MEC/INEP, 2018, s.p.);
Meta 16: O percentual de professores com titulação em nível de pós-graduação
aumentou no período de 2010 a 2017 (de 24,5% para 36,2%). Não obstante, se for
mantido esse ritmo de crescimento, não será possível atingir a meta em 2024
(MEC/INEP, 2018, s.p.);
Meta 17: Os resultados do Indicador 17A – o qual prevê equiparar o rendimento
médio dos profissionais do magistério das redes públicas de educação básica ao
dos demais profissionais com escolaridade equivalente – aumentaram no período
abordado, passando de 65,2%, em 2012, para 74,8%, em 2017. Para que seja
alcançada a Meta 17, essa relação percentual deve atingir 100% em 2020
(MEC/INEP, 2018, s.p.).
8 O relatório das metas do PNE (2014-2024) é uma determinação do próprio Plano, para acompanhar e analisar
a evolução do que foi fixado, e devem ser publicados a cada dois anos.
43
Meta 18: Informações preliminares exploratórias coletadas pelo Simec9, em
fevereiro de 2018, apontam que: 3.102 municípios preveem o limite máximo de ⅔
da carga horária dos profissionais do magistério para atividades de interação com
os educandos (Indicador 18E); 3.687 cumprem o PSNP (Indicador 18F); e 2.667
atendem simultaneamente aos três quesitos da Meta 18. Recomenda-se, no
entanto, cautela na utilização desses dados para o monitoramento da Meta 18,
tendo em vista o expressivo número de municípios sem informações (1.253) no
Simec (p.305). O número de municípios sem informação no Simec (1.253 de um
total de 5.570 municípios) limita a utilização dos resultados e não permite tirar
conclusões sobre a evolução dos indicadores da meta (MEC/INEP, 2018, s.p.).
Pelo exposto, verificamos que ainda não estamos no cenário desejado, e mesmo que
a meta 18 pareça estar adequada é preciso ter cautela pois conforme aponta o relatório, 22,5%
de municípios não integraram a pesquisa. Quanto aos dados apresentados da meta 15, eles
são do período de 2016, que já apresentava atrasos no cumprimento da meta, assim,
entendemos que a tendência é o agravamento desse cenário com a implantação da EC 95 que
começou seu exercício em 2017. Conforme mencionamos anteriormente na fala de Amaral
(2017) será “a “morte” do PNE.
Nessa gestão, foi instituída a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), por meio
da Resolução CNE/CP nº 2, de 22 dezembro de 2017, a base “é um documento de caráter
normativo que define o conjunto orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais que
todos os alunos devem desenvolver ao longo das etapas e modalidades da Educação Básica”
(BRASIL, [2015] p. 7). Dessa forma a BNCC é
[...] referência nacional para a formulação dos currículos dos sistemas e das redes
escolares dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e das propostas
pedagógicas das instituições escolares, a BNCC integra a política nacional da
Educação Básica e vai contribuir para o alinhamento de outras políticas e ações,
em âmbito federal, estadual e municipal, referentes à formação de professores, à
avaliação, à elaboração de conteúdos educacionais e aos critérios para a oferta de
infraestrutura adequada para o pleno desenvolvimento da educação (BRASIL,
[2015], p. 8).
A BNCC define o que os alunos devem aprender em cada etapa escolar e guia o
processo da formação de professores e de avaliação, portanto, tem influência nos processos
de formação inicial e continuada de professores. Para Cóssio (2014) a BNCC com a intenção
de centralizar a educação escolar na aprendizagem de conteúdo, está prevista alterações nos
currículos dos cursos de formação docente, na qual haverá maior ênfase nos aspectos práticos
da atuação docente.
Outra ação polêmica é a reforma do ensino médio expressa na Lei nº 13.415, de
9 Sistema Integrado de Monitoramento, Execução e Controle (Simec), um sistema de gestão do Ministério da
Educação (MEC) que tem sido alimentado desde 2016 por técnicos das secretarias de educação com
informações sobre os PCRs (Plano de Carreira e Remuneração) do magistério municipal.
44
fevereiro de 2017 e que tem como origem a Medida Provisória nº 746, que entre outras
providencias, alterou a LDB nº 9.394/1996, direcionando mudanças na formação dos jovens
da educação básica e também para a formação de professores. Com essa política o currículo
do ensino médio será composto pela BNCC e por itinerários formativos. A carga horária
mínima anual, no ensino médio, deverá ser ampliada de forma progressiva para mil e
quatrocentas horas. Tudo o que for lecionado estará dentro dos cinco itinerários formativos:
linguagens e suas tecnologias, matemática e suas tecnologias, ciências da natureza e suas
tecnologias, ciências humanas e sociais aplicadas, formação técnica e profissional.
Entretanto, as escolas não serão obrigadas a fornecer todos os itinerários, deverão oferecer
aos alunos pelo menos uma das cinco áreas. Também é autorizado a contratação de
profissionais com “notório saber”, reconhecidos pelos respectivos sistema de ensino, para
dar aulas em cursos de formação técnica e profissional que estejam ligados à área de atuação
do profissional (BRASIL, 2017).
Duras críticas foram lançadas a essa reforma por parte de comunidades cientificas,
de estudantes que ocuparam escolas e universidades no Brasil e por parlamentares. A
reforma do ensino médio não avança para uma concepção de “Educação Integral”, pois
ampliar somente o tempo na escola não significa ampliar processos formativos. Na verdade,
o que acontece, é uma fragmentação da oferta de oportunidades porque o estudante terá que
escolher por caminhos que o afasta do acesso pluralista ao saber. Outra questão é a ausência
de referências a valorização do trabalho do professor, além de desqualificar o processo de
formação por meio das licenciaturas com a figura do “notório saber” (CARRANO, 2017).
Outra problemática é que ao tornar obrigatório apenas Português e Matemática, nos
três anos desse ensino, tira “as possibilidades de se oferecer uma formação decente aos
adolescentes e jovens dessa etapa da Educação Básica e enxuga os campos de formação de
professores” (ANPED, 2018, s.p.).
Nessa mesma linha de pensamento Sandri (2017, p. 144) afirma que
a) devido à fragmentação do currículo e à falta de garantia de que todas as
disciplinas das grandes áreas do conhecimento que serão contempladas no
currículo do ensino médio, existe a tendência da diminuição do quadro docente e
da retração da oferta de cursos de licenciatura;
b) devido à possibilidade de pessoas sem licenciatura se transformarem em
professores pela via do notório saber, identificamos a tendência de diminuição na
contratação de professores de carreira para o exercício do magistério, assim como
de essa condição não se limitar à educação profissional e se tornar uma prática
comum para a educação básica;
c) devido ao anúncio do MEC sobre a criação de uma BNCC para formação de
professores, de cursos de formação continuada de professores como forma de
efetivar a reforma e de enfatizar na formação dos jovens o viés pragmático,
45
identificamos o deslocamento do currículo e dos conteúdos considerados teóricos,
de modo a ofertar para os jovens e para os professores processos formativos a
distância em cursos que podem ser via parceria público-privado.
Também relacionada a BNCC, o MEC lançou a Política Nacional de Formação de
Professores10, em 18 de outubro de 2017, estabelecendo como fundamento uma Base
Nacional de Formação Docente11, que guiará o currículo de formação de professores. Uma
das ações que compõe essa política é o Programa Residência Pedagógica, instituído pela
Portaria nº 38, de 28 de fevereiro de 2018, e tem por objetivo “induzir o aperfeiçoamento da
formação prática nos cursos de licenciatura, promovendo a imersão do licenciando na escola
de educação básica, a partir da segunda metade de seu curso” (CAPES, 2018). Sobre essa
política, a ANPEd emitiu um documento e apresentou em Audiência do CNE em 09 de abril
de 2018, manifestando posição contrária ao que preconiza o Edital Capes nº6/2018, que faz
chamada pública ao Programa. Para a Associação, há no edital a exigência de que a BNCC
seja parte do projeto institucional, o que faz com que obrigue as instituições formadoras a
adequarem seus currículos em atendimento a BNCC, que tem um caráter reducionista e
retrograda na visão de currículo. Também fica ameaçada, frente ao edital, a autonomia da
universidade como instituição responsável pela formação inicial de professores, na qual sua
materialidade tem efeito no rateio das bolsas até então designadas ao Pibid (ANPEd, 2018).
Entretanto, entendemos que os impactos da Residência Pedagogica só poderão ser sentidos
e avaliados em um período posterior de sua implementação.
Em síntese, foram realizadas mudanças na área educacional e com impactos na área
de formação e valorização docente. Nesse contexto, coadunamos com a afirmação de
Carrano (2017) de que esse governo não tem legitimidade para alavancar mudanças tão
grandes e importantes para a escola pública no país, no entanto, o que esperar de um governo
10 Essa política, tem recebido críticas de entidades como ABdC (Associação Brasileira de Currículo),
ABRAPEC (Associação Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências), ANFOPE (Associação Nacional
pela Formação dos Profissionais da Educação), ANPAE (Associação Nacional pela Formação dos Profissionais
da Educação), ANPEd (Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação), CEDES (Centro de
Estudos Educação e Sociedade), FINEDUCA (Associação Nacional de Pesquisa em Financiamento da
Educação), FORUMDIR (Fórum Nacional de Diretores de Faculdades, Centros de Educação e Equivalentes
das Universidades Públicas Brasileiras). Para saber mais sobre a manifestação das entidades educacionais sobre
a política de formação de professores anunciada pelo MEC. Acesso em:
<http://www.anped.org.br/news/manifestacao-das-entidades-educacionais-sobre-politica-de-formacao-de-
professores-anunciada>. Acesso em: 15 abr. 2019. 11 A Base Nacional Comum para Formação de Professores da Educação Básica foi encaminhada no fim desse
governo, em dezembro de 2018, para o Conselho Nacional de Educação, no entanto, a atual gestão de Jair
Bolsonaro quer participar do processo de formulação da Base e solicitou de volta o texto da discussão.
Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/educacao/2019/02/mec-interrompe-discussoes-em-conselho-
nacional-sobre-formacao-de-professores.shtml>. Acesso em: 15 abr. 2019.
46
que resultou de um golpe político?.
Para Alves (2016, s.p)
O governo Temer como governo ilegítimo adquiriu em 2016 o caráter de governo
de transição com uma missão suprema: reestruturar o capitalismo brasileiro de
acordo com a agenda neoliberal dando-lhe novo fôlego na América Latina para o
Projeto hegemônico dos EUA.
A gestão Temer realizou mudanças na área da educação e de formação de
professores, mudanças essas questionadas por pesquisadores e entidades da área
educacional. As iniciativas de Michel Temer permearam um ambiente de preocupação por
vários sujeitos envolvidos na área educacional. Por outro lado, também consideramos que
apenas com o tempo poderemos ter a avaliação do impacto dessas políticas e programas no
cenário educacional brasileiro.
1.2 Panorama dos cursos de formação inicial de professores
Após o período LDB/1996 as matrículas nas licenciaturas e na educação superior em
geral cresceram no Brasil. Essa expansão foi influenciada pelo contexto internacional, pela
necessidade de qualificação da mão de obra, e da melhoria da “qualidade” da educação. Para
tanto, os governos brasileiros implementaram políticas para a expansão desse nível de
ensino. No Gráfico 2 vemos como se apresenta esse crescimento de matrículas no tecnólogo,
no bacharelado e na licenciatura.
47
Gráfico 2 - Tendência de crescimento de matrículas - licenciatura, bacharelado e
tecnólogo
Fonte: MEC/INEP – Elaborado pela autora, 2019.
É possível observamos que as matrículas nas licenciaturas tem um menor
crescimento se considerarmos o bacharelado e o tecnólogo. O bacharelado é o maior em
número de matrículas, porém o que teve maior tendência de crescimento foi o tecnólogo.
Nos últimos 10 anos, o número de estudantes em cursos de licenciatura cresceu
apenas 49,7%, ao passo que nos cursos tecnológicos o crescimento foi de 141% e os de
bacharelado cresceram 65,6%. Em 2017 haviam 1.589.440 matrículas nos cursos de
licenciatura no Brasil, proporcionalmente, representava apenas 19,3% do total de estudantes
na graduação (MEC/INEP, 2018).
Em 2018 as matrículas nas licenciaturas foram de 1.628.676 que representavam
19,27% das matrículas na educação superior. Percebemos que o número não alterou muito
em relação ao ano anterior, tendo um pequeno aumento, entretanto, uma pequena queda de
representatividade do total das matrículas na graduação.
Ao analisarmos as taxas de crescimento das matrículas nas licenciaturas por governo,
notamos que existe crescimento nos governos FHC e Lula (Quadro 1), porém em proporções
diferentes. Notamos que esse crescimento acorre principalmente no segundo mandado do
governo de FHC e no primeiro mandado do governo Lula. É também no primeiro mandato
do então presidente Lula que a EAD teve a maior evolução da taxa de matrículas ocorrendo
principalmente no setor privado.
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LICENCIATURA BACHARELADO TECNÓLOGO
48
Já no primeiro mandato de Dilma/Temer ocorre queda e a taxa de crescimento do
total das matrículas nas licenturas fica negativa. A seguir o Quadro 1 apresenta a taxa de
crescimento das matrículas das licencituras por governo.
Quadro 1 - Taxa de crescimento das matrículas das licenciaturas por governo, por
modalidade e categoria administrativa
Governo Total de matrículas Matrículas presencial Matrículas EAD
Total Pública Privada Total Pública Privada Total Pública Privada
FHC 1995-
1998 7,69 15,15 1,06 7,69 15,15 1,06 0 0 0
FHC 1999-
2002 54,24 46,13 62,44 52,26 42,58 62,05 0 0 0
LULA
2003-2006 45,44 35,15 54,79 38,06 29,07 46,06 613,31 279,49 3.689,24
LULA
2007-2010 8,81 -0,51 16,22 -12,93 -9,54 -15,59 332,87 122,90 526,62
DILMA
2011-2014 -1,73 4,60 -6,03 -13,03 2,25 -25,91 32,18 17,66 36,95
DILMA/
TEMER
2015-2018
11,63 -1,03 21,21 -6,70 0,34 -14,10 47,79 -4,36 62,49
Fonte: MEC/INEP – Elaborado pela autora, 2019.
Ao analisarmos as matrículas nas licenciaturas no primeiro mandato de FHC,
verificamos que a taxa de crescimento é maior no setor público, entretanto, no segundo
mandato ocorre uma inversão sendo o crescimento maior no setor privado. Todavia, o
crescimento das matrículas nas licenciaturas em todo o governo de FHC ocorre em maior
proporção pelo setor privado.
Outro dado é que, se contabilizarmos o total da expansão das matrículas (licenciatura,
bacharelado e tecnólogo) nesse governo, verificamos que no primeiro mandato a um
crescimento de 24% no privado e 16 % no público e, no segundo mandato, um crescimento
de 67% e 25% respectivamente. Portanto, o crescimento no setor privado é ainda maior se
contabilizarmos o total de matrículas nesse governo.
Com a LDB de 1996 estabeleceu-se a diferenciação institucional da educação
superior, essa diferenciação se materializou na criação dos centros universitários, das
faculdades integradas, das faculdades e dos institutos superiores ou escolas superiores. Essa
legislação contribuiu para a expansão da educação superior pela via do setor privado. Outra
iniciativa é o programa FIES (1999) que também contribui para esse cenário, na medida em
que trata de um programa estudantil de financiamento que concede um empréstimo bancário
49
ao estudante matrículado em IES privadas.
A partir dos dados do Censo da Educação Superior, verificamos que no segundo
mandato do governo de FHC iniciaram as matrículas na EAD, para atendimento a formação
de professores, ofertando inicialmente vagas nos cursos de licenciatura – a taxa de
crescimento da EAD nesse mandato não foi contabilizada no Quadro 1, porque não havia
dados da EAD referente ao mandato anterior para calcular a taxa de crescimento. A EAD foi
difundida primeiramente nas IES públicas contando com 1.682 matrículas no ano de 2000,
já as IES privadas integraram essa modalidade de ensino em 2002 contando com 4.489
matrículas, nesse mesmo ano o número de matrículas na EAD nas IES públicas foi de 34.322,
ou seja, tivemos um consideravel crescimento da EAD em apenas três anos de execução.
Esse crescimento da EAD que compõe o governo de FHC pode ser explicado pelas
iniciativas do governo para a expansão dessa modalidade de ensino, também com intuito de
expandir a formação inicial de professores. Assim, temos marcos importantes para essa
modalidade, como a LDB 1996 no art. 80, que previa o desenvolvimento da EAD, os
Decretos nº 2494/98 e nº 2561/98 e a Portaria nº 301/98 que regulamentaram a EAD.
Os dados também mostram, conforme Quadro 1, que o governo Lula continua o
movimento de expansão das matrículas nas licenciaturas. No primeiro mandato há um
crescimento das matrículas no presencial e na EAD. No segundo mandato o crescimento é
representado pelo aumento apenas das matrículas na EAD, pois na modalidade presencial
houve queda tanto na esfera pública quanto na esfera privada. Devido a esse contexto o seu
último mandado possuiu um menor crescimento em relação ao primeiro mandato.
O governo Lula foi marcado por permanências e rupturas em relação ao governo
anterior. Esse governo, assim como o governo de FHC, investiu na expansão do setor
privado, como por exemplo, com o Prouni e com a ampliação do Fies. Por outro lado, Lula
direcionou mais ações em favor do setor público, como o Reuni, a UAB, o Parfor, o
FUNDEB, dentre outros. Entretanto, mesmo com essas ações, percebemos que o
crescimento do setor privado é mais expressivo principalmente pela modalidade EAD
(Quadro 1). Nesse sentido, Gatti e Barretto (2009) explicam que o alto número de matrículas
em instituições privadas pode ser explicado pela oferta que essas instituições fazem na
modalidade a distância.
Para as mesmas autoras, a expansão nas instituições privadas também pode ser
explicada pela maior procura dos estudantes pelos cursos em instituições privadas, pelos
motivos de horário de funcionamento dos cursos, a quantidade de vagas ofertadas pelas IES
50
e os cursos mais concorridos nas instituições públicas, especialmente nas de maior prestígio.
No primeiro mandato do governo Dilma/Temer temos uma taxa negativa do total de
matrículas nas licenciaturas, isso se deve a relevante queda das matrículas na modalidade
presencial ocorrida no setor privado e do baixo aumento das matrículas nessa modalidade
no setor público, além do reduzido crescimento da EAD tanto no público como no privado.
Uma hipótese para essa queda da taxa das matrículas nas licenciaturas no primeiro
mandato do governo Dilma/Temer, bem como, o menor crescimento proporcional no
segundo mandato do governo Lula, podem ser explicados pelo vertiginoso aumento das
matrículas no tecnólogo nos últimos anos. Podendo haver um deslocamento ou maior
interesse dos estudantes para os cursos tecnológicos, já que são cursos de menor duração e
possibilita a inclusão mais rápida no mercado de trabalho, aumentando, dessa forma, o
interesse nos jovens.
Quanto ao segundo mandato do governo Dilma/Temer ocorre queda nas matrículas
na esfera pública e crescimento na esfera privada, conforme Quadro 1. Quando analisamos
as matrículas das licenciaturas na modalidade presencial verificamos que ocorre leve
crescimento no setor público, já na EAD as matrículas no setor público diminuem e
aumentam no setor privado.
Lembramos que esse período foi marcado pelo impeachment da presidenta Dilma
Rousseff, assumindo a presidência o até então vice-presidente Michel Temer no segundo
semestre de 2016. Conforme já abordado nesse capítulo Temer adotou medidas na
contramão do setor público. Assim percebemos uma grande diferença entre as matrículas do
setor público e do setor privado.
Ainda que exista um grande número de matrículas na educação superior a taxa de
concluintes se mostra um dado preocupante pois há uma disparidade entre o número de
matrículas e o número de concluintes (ANDRADE, 2019). Nesse contexto, lembramos a
explicação de Silva e Veloso (2013) de que não basta o estudante ingressar ele precisa
permanecer e concluir com sucesso. Quando tratamos da licenciatura em Química
recorremos a pesquisa realizada por Cunha, Tunes e Silva (2001) que verificaram que a
evasão em cursos de licenciatura em Química, possui alto número de abandono. Ainda
segundo os autores, a evasão apresenta maiores índices no início do curso.
Outro dado importante, conforme Gráfico 3, é que existe uma lacuna entre as
disciplinas que o professor leciona e a sua área de formação inicial. Na Química, por
exemplo, verificamos que apenas 61,3% dos docentes tem formação em área adequada para
51
a disciplina que lecionam, necessitando portando de formação em áreas específicas. Assim
sendo, lembramos a meta 15 do PNE que aborda que professores da educação básica
possuam formação específica de nível superior, obtida em curso de licenciatura na área de
conhecimento em que atuam, mas que infelizmente esta meta está longe de ser atingida,
conforme já mostramos na subseção anterior.
Gráfico 3- Distribuição Percentual dos Docentes Efetivos que Atuam no Ensino
Médio, por Disciplina e Categorias do Indicador de Adequação da Formação Docente
– Brasil 2017
*
Fonte: MEC/INEP, 2017.
*Grupo 1: Licenciatura na mesma disciplina que leciona, ou bacharelado na mesma disciplina com curso de
complementação pedagógica concluído; Grupo2: Bacharelado na disciplina correspondente, mas sem
licenciatura ou complementação pedagógica; Grupo 3: Licenciatura em área diferente daquela que leciona,
ou bacharelado nas disciplinas da base curricular comum e complementação pedagógica concluída em área
diferente daquela que leciona; Grupo 4: Outra formação superior não considerada nas categorias anteriores;
Grupo 5: Não possui curso superior completo.
Por outro lado, a pesquisa de Jesus, Araujo e Vianna (2014) que procurou levantar,
organizar e analisar dados estatísticos sobre a formação de professores de química no período
entre 2000 e 2012, verificou que o crescimento do número de vagas nos cursos de
Licenciatura em Química tem superado em seis vezes mais o crescimento nacional da
educação superior. Entretanto, as vagas não preenchidas para esses curso chegam a ser
52
quatro vezes maior do que o percentual de todos os cursos de graduação presenciais. Outra
questão relaciona-se a evasão nesse curso. Os autores mostram que pesquisas apontam
diferentes motivos para essa realidade, dentre eles destacam-se a estrutura organizacional do
curso, o número de reprovações nas disciplinas, a condição financeira, o mercado de trabalho
pouco atraente. Por outro lado, alguns cursos de Licenciatura em Química tem elaborado
ações para minimizar as taxas de evasão como: novas formas de orientação e
acompanhamento dos estudantes além de programas de inciação científica e iniciação a
docência, de forma a contribuir com a permanência desses estudantes no curso (JESUS,
ARAUJO, VIANNA, 2014).
É nesse cenário que o Pibid mostra-se importante, pois tem como princípios
norteadores contribuir com a melhoria da qualidade da formação docente e com a
valorização do magistério.
Dessa forma, abordaremos na próxima seção, a permanência na educação superior e,
como pano de fundo, o Pibid como um programa de ação qualificadora do ensino que insere-
se no contexto da permanência estudantil. Também será abordado o percurso metológico da
pesquisa a qual busca analisar os limites e possibilidades do Pibid para a permanência do
estudante.
53
2. PERCURSO METODOLÓGICO DA PESQUISA: A PERMANÊNCIA
ESTUDANTIL NA EDUCAÇÃO SUPERIOR EM QUESTÃO
Com a expansão da educação superior outras questões são colocadas como a
permanência estudantil. Não basta possibilitar maior ingresso a esse nível de ensino, é
importante também propiciar a permanência desse estudante e a conclusão com qualidade.
Nesta dimensão, aparece o Pibid como um programa de ação qualificadora do ensino que
por sua vez insere-se no contexto da permanência estudantil (PRIMÃO, 2015).
Portanto, para melhor entendimento do conceito de permanência estudantil e de ação
qualificadora do ensino, traremos a seguir um levantamento bibliográfico e referenciais
teóricos, também apresentaremos nesta seção o percurso metodológico para abordagem do
problema, delineamento dos procedimentos de coleta e análise dos dados.
2.1 O que dizem as pesquisas acadêmicas sobre a permanência estudantil
Neste item buscamos identificar e analisar a produção acadêmica sobre a
permanência, visando evidenciar os debates sobre a permanência estudantil na educação
superior. Para tanto, realizamos a busca por pesquisas acadêmicas no portal de buscas da
Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD), bem como pesquisas
realizadas por pesquisadores do GEPDES e trabalhos do Eixo 5 da Rede Universitas/Br12.
Primeiramente dedicamos ao mapeamento das teses, dissertações, resumos expandido e
artigos e posteriormente buscamos apresentar as discussões dessas pesquisas sobre a
permanência estudantil na educação superior pública.
Os dados levantados mostram a importância de pesquisar sobre a permanência na
educação superior e também evidenciam que são variados os motivos da permanência.
2.1.1 Pesquisas no banco de Teses e Dissertações da BDTD
Realizamos a busca por pesquisas acadêmicas no portal de buscas de Teses e
Dissertações da BDTD com o descritor “permanência na educação superior”13, colocamos
12 A Rede Universitas/Br é uma rede acadêmica que envolve pesquisadores de diferentes IES do Brasil,
objetivando à pesquisa e a interlocução dos pares envolvidos na área de conhecimento “Políticas de Educação
Superior”. Disponível em: http://www.redeuniversitas.com.br/p/rede-universitas_22.html. Acesso em: 28 abr.
2019. 13 Busca realizada em janeiro de 2019 no site < http://bdtd.ibict.br/vufind/>.
54
“aspas” na busca para melhor otimização dos resultados e não colocamos filtro.
Foram encontradas 16 pesquisas. Essas produções envolvendo a permanência na
educação superior estão vinculadas a 12 IES, correspondendo a 13 públicas e 3 privadas.
Sendo as universidades públicas responsáveis pelo maior número de trabalhos.
Identificamos que a maioria dos trabalhos são dissertações, somando 15 com apenas
1 tese. A primeira pesquisa encontra-se em 2008 e as duas últimas em 2018, possivelmente,
porque os estudos da permanência estudantil configura-se um fenômeno recente,
especialmente após a aprovação do Programa Nacional de Assistência Estudantil (PNAES)
em 2007, o que subsidiou maior produção a respeito. Diferentes programas de pós-graduação
stricto sensu tem produzido sobre a temática, o que representa um crescente interesse sobre
o tema. Os trabalhos se vinculam aos programas: Educação (12); Administração (1);
Ciências Contábeis (1), Direito (1); Economia (1).
Dessa forma, após identificados os estudos, realizamos a leitura e análise buscando
selecionar os trabalhos que pertencessem ao “Programa em Educação” e que tivessem como
foco a discussão da permanência estudantil na educação superior pública, elas foram
organizadas conforme Quadro 2 a seguir:
Quadro 2 - Levantamento no portal de buscas da BDTD com os descritores
"permanência na educação superior"
Ano Título Autor (a) Tipo Instituição
2013
Permanência na educação superior: uma
análise das políticas de assistência
estudantil na Universidade Federal da
Fronteira Sul
RADAELLI,
Andressa Benvenutti. Dissertação
Universidade Estadual
do Oeste do Paraná
2013
Educação superior no Brasil: uma reflexão
sobre as implicações das políticas de
acesso e permanência nas instituições de
ensino superior.
MELLO, Estefania
Tumenas.
Dissertação
Universidade do Sul de
Santa Catarina
2017
Políticas de inclusão e permanência na
educação superior: entre o público e o
privado
PEREIRA, Sandra
Regina Costa. Dissertação
Universidade Federal de
Santa Maria
2017
Estratégias pedagógicas para a
permanência de estudantes surdos na
educação superior
RIBEIRO, Sátila
Souza Dissertação
Universidade Federal da
Bahia
2017
Acesso e permanência de estudantes com
deficiência visual em uma Instituição de
Educação Superior
PIMENTA, Cláudia
Marisa Ferreira
Machado
Tese
Universidade Federal da
Bahia
2017
Políticas institucionais de acessibilidade
na educação superior: percursos e desafios
para a inclusão de alunos com deficiência
na UFMA
PEREIRA, Josenilde
Oliveira Dissertação
Universidade Federal do
Maranhão
Fonte: Elaboração própria, 2019.
Desse universo, foram selecionadas 6 pesquisas sendo 5 dissertações e 1 tese, a
55
primeira corresponde ao ano de 2013 e a última ao ano de 2017 (Quadro 2). Cabe destacar
que nenhum dos estudos relacionam a permanência com o Pibid.
O que podemos verificar no levantamento das produções que realizamos é a
importância de não somente prover o ingresso na educação superior, mas também de realizar
ações para a permanência desse estudante. Também é possível perceber que existem
diversificados fatores que interferem na permanência dele.
Mello (2013) verificou, por meio de uma análise documental e bibliográfica e dados
quantitativos oficiais, que não existem vagas suficientes nas universidades públicas para os
alunos que concluem o ensino médio, e por isso muitos ficam restritos a educação superior
privada, pois essa oferece uma maior quantidade de vagas até mesmo superior a quantidade
demandada. A autora argumenta também que além de promover o ingresso é importante que
discuta as condições de permanência, que são condições materiais como aquisição de textos
e livros, alimentação, transporte, as condições intelectuais adquiridas e um consistente
programa de apoio estudantil. Para ela, a universidade precisa concretizar as condições de
permanência podendo ser por meio de políticas institucionais e com a articulação com a
educação básica.
Radaelli (2013) também discute sobre a importância de pensar além do ingresso,
afirma sobre a relevância de gerar condições para a permanência do estudante na vida
acadêmica. A autora voltou seu estudo para a assistência estudantil na educação superior
pública e aplicou questionário com alunos, atendidos pelo programa de bolsas e auxílios,
matriculados na UFFS (Universidade Federal da Fronteira Sul) - campus Realeza. Os
resultados de sua pesquisa indicam que as ações desenvolvidas para a permanência
predominam os programas que ofertam bolsas ou auxílios financeiros, revelou que para esses
estudantes a participação nesses programas é crucial para sua permanência na universidade,
porque ajuda a subsidiar gastos desses estudantes.
Pereira Sandra (2017) realizou um estudo das políticas de inclusão relacionadas a
permanência na educação superior. Seu estudo evidenciou que a inclusão na educação
superior é uma realidade cada vez mais presente e que as universidades começaram a
percorrer um caminho que contribui para que mais pessoas com deficiência consigam ter o
acesso a esse nível de ensino e qualidade no seu percurso acadêmico. De modo geral, a autora
expõe que a permanência e o sucesso acadêmico do estudante com deficiência está
diretamente ligada com os serviços oferecidos. Por isso as ações precisam estar consoantes
com cada necessidade e ter continuidade, pois caso sejam interrompidas, podem influenciar
56
para a evasão. Conclui em seu estudo que o sistema público e privado estão empenhados
para criar políticas que assegurem o ingresso e a permanência considerando as demandas
decorrentes da inclusão.
No mesmo ano e com pesquisa semelhante, Ribeiro (2017) realizou um estudo que
envolve o processo de inclusão e permanência de estudantes surdos de uma universidade. O
pesquisador verificou que a Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) utiliza de
estratégias e ações que favorecem o processo de aprendizagem e por conseguinte a
permanência desse estudante. Elas envolvem aprovação de normativos institucionais, oferta
de curso de libras para servidores, a utilização de recursos didáticos de natureza visual pelos
docentes, interpretação da aula para Libras, estratégias metodológicas diferenciadas e uso de
dicionários. A instituição também tem um conjunto de normativas que regulam o processo
de inclusão. Por outro lado, existe um desconhecimento desses estudantes sobre as ações da
universidade para firmar a inclusão e permanência deles. Dessa forma a autora aponta a
importância da instituição promover a visibilidade das suas ações, pois a falta de
conhecimento do aluno sobre a existência de políticas dificulta sua permanência, e ele
continuará alegando falta de suporte da instituição.
Também sobre inclusão e permanência, Pereira (2017) realizou um estudo sobre o
processo de inclusão do aluno com deficiência na UFMA (Universidade Federal do
Maranhão), sua pesquisa evidenciou que existe um avanço nas políticas institucionais de
acessibilidade no âmbito da UFMA e ressalta que o serviço disponibilizado pelo Núcleo de
Acessibilidade – política institucional de acessibilidade da UFMA - é um recurso
fundamental para a permanência na educação superior, porque a partir dele são
desenvolvidas ações mais organizadas que se articulam visando a participação dos
estudantes com deficiência no âmbito da universidade. O Núcleo, por meio de serviços
técnicos e profissionais especializados, trouxe a instituição a responsabilidade de garantir a
permanência desses estudantes.
Em perspectiva semelhante, Pimenta (2017) analisou as condições de ingresso e
permanência de estudantes com deficiência visual na educação superior. Ela realizou
entrevistas com os estudantes além de observações e verificou ausência de acessibilidade na
IES pesquisada e que são necessárias adaptações. Revelou, ainda, que existem lacunas as
questões pedagógicas e que essas influenciam no ingresso e na permanência desses
estudantes em seus percursos acadêmicos. A autora aponta que a IES necessita de melhorias
e aperfeiçoamento nos critérios e sistemas de identificação dos estudantes com deficiência
57
para que possam ser efetivados a garantia de seus direitos.
Foi possível verificar, na literatura examinada, que as pesquisas apontam a
importância de prover ações para a permanência na educação superior pública, tanto nas
questões simbólicas como materiais. Percebemos também que existe um debate cada vez
maior sobre a inclusão de estudantes com deficiência, e que essas pesquisas relacionam a
inclusão com ações de promoção da permanência desses estudantes.
Por outro lado, não encontramos pesquisas que relacionam a permanência com o
Pibid, objeto desse estudo. Entretanto, encontramos aproximações no sentido de que os
estudos mostram ações possibilitadas pela universidade que contribuem para uma formação
mais qualificada do estudante e portanto para sua permanência não restringindo apenas a
questões assistenciais.
2.1.2 Pesquisas do GEPDES e nos anais do Eixo 5 da Rede Universitas/Br
No levantamento realizado nos trabalhos do GEPDES, consideramos aqueles que
mais fossem contribuir com essa pesquisa. No levantamento das produções do Eixo 5 da
Rede Universitas/Br, tiveram o recorte temporal entre 2014 e 2019 devido ser o período
correspondente aos trabalhos disponíbilizados no site da Rede Universitas, pois não
encontramos os anais dos seminários anteriores a 2014 na página consultada14. Também
utilizamos como critério para seleção aqueles trabalhos que abordassem aspectos da
permanência que vão para além da assistência estudantil, pois, dessa forma, consideramos
que pudessem contribuir para a construção dessa pesquisa. O Quadro 3 apresenta as
pesquisas selecionadas:
Quadro 3 - Pesquisas sobre permanência estudantil do grupo de estudos e pesquisas
GEPDES e nos anais do Eixo 5 da Rede Universitas/Br
14 Consulta realizada em 31 out 2019 no site: < http://www.redeuniversitas.com.br/p/nacionais.html>.
Ano Título Autor (a) Tipo Instituição
2014 As licenciaturas no Instituto Federal
de Educação, Ciência e Tecnologia do
rio grande do norte: acesso e
permanência
CUNHA, Ana Lídia Braga
Melo. LIMA, Erika Roberta
Silva de. SILVA, Lenina
Lopes Soares.
Texto
Comple
to
XXII
Seminário
Nacional
Universitas
2015 Elementos que interferem na
permanência do estudante na
Educação Superior Pública
NUNES, Roseli Souza dos Reis. VELOSO, Tereza Christina
Mertens Aguiar
Texto
Comple
to
XXIII
Seminário
Nacional
Universitas
58
2015 Permanência na educação superior
pública: o curso de Enfermagem da
Universidade Federal de Mato Grosso,
Campus Universitário de Sinop
PRIMÃO, Juliana Cristina
Magnani
Dissert
ação
Universidad
e Federal de
Mato Grosso
2016 A permanência dos estudantes que
ingressaram por ação afirmativa: a
assistência estudantil em foco.
NUNES, Roseli Souza dos Reis. Dissert
ação
Universidad
e Federal de
Mato
Grosso.
2016 Programas acadêmicos: perfil e
permanência na UFPB.
JEZINE, Edineide.; FARIAS,
Maria da Salete Barboza de.;
FELINTO, Jislayne Fidelis.
Texto
Comple
to
XXIV
Seminário
Nacional
Universitas
2017 Adaptação à universidade:
dificuldades e estratégias de
permanência de estudantes oriundos
de escola pública
SILVA, Hellen Cristina Xavier
da. OLIVEIRA, Maria
Aparecida de. FERNANES,
Maria Cristina da Silveira
Galan.
Texto
Comple
to
XXV
Seminário
Nacional
Universitas
2017 Os fatores que dificultam e/ou
contribuem para a permanência de
negros e indígenas nos cursos de
graduação da UFGD-MS
RIBEIRO, Maria Aparecida
Pereira dos.; MARQUES,
Eugenia Portela de Siqueira.;
SILVA, Mauricio José dos
Santos.
Texto
Comple
to
XXV
Seminário
Nacional
Universitas
2017 A política de cotas étnico-raciais da
uems sob o foco da gestão:
perspectivas avaliativas
CORDEIRO, Ana Luisa Alves. Texto
Comple
to
XXV
Seminário
Nacional
Universitas
2018 A permanência na educação superior a
partir de publicações nacionais.
LIMA, Tatiane da Silva.
PEDROZO, Juliano Candia.
MACIEL, Carina Elisabeth
Resum
o
Expand
ido
XXVI
Seminário
Nacional
Universitas
2018 A tutoria como suporte pedagógico na
permanência universitária.
MATTOS, Hellen Cristina
Xavier da Silva. FERNANDES,
Maria Cristina da Silveira Galan
Resum
o
Expand
ido
XXVI
Seminário
Nacional
Universitas
2018 As estratégias de permanência de
indígenas nas instituições de educação
superior em Mato Grosso
SILVA, Mauricio José dos
Santos. MARQUES, Eugenia
Portela de Siqueira
Resum
o
Expand
ido
XXVI
Seminário
Nacional
Universitas
2018 Da expansão do ensino superior à
evasão da licenciatura noturna em
química.
RIGO, Júlia da Silva Resum
o
Expand
ido
XXVI
Seminário
Nacional
Universitas
2018 Estudantes LGBT na universidade: da
resistência à permanência.
JEZINE, Edineide.; SANTOS,
Jailson Batista dos
Resum
o
Expand
ido
XXVI
Seminário
Nacional
Universitas
2018 Permanência na educação superior:
ações da UNEMAT em discussão
GENTIL, Heloísa Salles.;
SANTOS, Graciele Marques dos.
Resum
o
Expand
ido
XXVI
Seminário
Nacional
Universitas
2019 Políticas de permanência na educação
superior na UNEMAT: Ações
Qualificadoras do Ensino - AQE e a
Assistência Estudantil - AE
NEVES, Suzely Paesano.
GENTIL, Heloisa Salles.
Resum
o
expandi
do
XXVII
Seminário
Nacional
Universitas
2019 Educação a Distância:
a permanência no contexto do Sistema
UAB/UFMT
PESSATTO, Rusilei Luzia da
Costa.
Dissert
ação
Universidad
e Federal de
Mato
Grosso.
59
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
Nesta análise, ressaltamos a pesquisa de Primão (2015) que argumenta sobre as ações
qualificadoras do ensino. Para ela, as ações qualificadoras do ensino são a participação dos
estudantes em atividades qualificadoras existentes em ações da universidade, que essas ações
contribuem para a permanência do estudante. Primão (2015) também coloca o Pibid como
um programa de ação qualificadora do ensino. Ressaltamos que o conceito de Primão (2015)
sobre as ações qualificadoras do ensino norteia nossa pesquisa.
Gentil e Santos (2018) abordam sobre as ações qualificadoras do ensino. Afirmam
que um grande número de discentes não tem concluído a graduação e que o fator econômico
não é a única variável relacionada. Dessa forma, as autoras focaram no estudo de programas
de ações qualificadoras do ensino fazendo uma relação com a permanência estudantil,
caracterizando os diferentes programas institucionais voltados à participação do estudante
em atividades de ensino, pesquisa e/ou extensão - que não faziam parte do Programa de
Assistência Estudantil - e relacionando-os à permanência na Universidade do Estado de Mato
Grosso (UNEMAT). Concluiu-se que na UNEMAT existem programas denominados, a
partir de Silva e Primão (2015), de ações qualificadoras do ensino e que tem grandes
possibilidades de contribuir com a permanência.
Nesse mesmo entendimento, Neves e Gentil (2019) buscaram identificar os
Programas efetivados na UNEMAT e relaciona-los com a permanência estudantil. As
autoras realizaram estudo bibliográfico e análise documental. Para categorizar as ações
voltadas a permanência realizaram a categorização a partir de Primão (2015), isto é, a
permanência nas dimensões dos programas de ações assistenciais e ações qualificadoras do
ensino. As pesquisadoras verificaram que
[...] na insuficiência das AE, as ações qualificadoras do ensino vêm ganhando
espaço nas IES cumprindo dupla função: de assistência e de qualificação da
educação superior, possibilitando aos estudantes participar das três esferas
(ensino, pesquisa, extensão) e desenvolvendo o sentimento de pertencimento à
IES, que contribuem para permanecer e concluir o curso escolhido. Diante disso
compreendemos que as bolsas concedidas pelas AQE acabam colaborando com a
permanência dos estudantes dos cursos de graduação da UNEMAT, ainda que não
tenham explicitamente este objetivo. (NEVES, GENTIL, 2019, p. 620).
Nunes e Veloso (2015) também fazem menção ao conceito de Primão sobre as ações
qualificadoras do ensino, e afirmam em seu estudo que além das ações assistenciais e
qualificadoras no apoio estudantil, o ambiente acadêmico, a condição de estudante
2019 Estudante egresso da escola pública e
os elementos que possibilitam a
permanência na UFMT, campus de
Cuiabá.
ANDRADE, Douglas Alcir de. Dissert
ação
Universidad
e Federal de
Mato Grosso
60
trabalhador, o capital cultural do estudante, as incertezas na escolha do curso e a situação
financeira do estudante são elementos que influem na permanência.
Nunes (2016) fez em sua pesquisa uma análise das políticas de permanência com
ênfase na assistência estudantil, utilizando fontes documentais e informações de banco de
dados para análise do perfil socioeconômico dos estudantes que solicitaram ou foram
contemplados com assistência estudantil; também realizou entrevistas com estudantes e
coordenadores de curso. Assim, verificou que os elementos que interferem na permanência
do estudante nos anos iniciais do curso são: o capital cultural, a escolha do curso, o
acolhimento do estudante, o ambiente universitário, a assistência estudantil, o trabalho do
estudante e a análise no desempenho das disciplinas do primeiro ano de ingresso.
Jezine et. al (2016) realizaram um estudo na Universidade Federal da Paraíba a fim
de analisar as contribuições dos Programas Acadêmicos da instituição. Os resultados
apontam que a participação estudantil em Programas Acadêmicos contribuem para diminuir
as dificuldades econômicas, e também para melhor aproveitamento e aprendizagem
mediante a interação com as pessoas, reuniões, leituras e reflexões; ou seja, contribuições
para a formação desse estudante. As autoras mencionam os seguintes programas como
Programas Acadêmicos: Programa Institucional de Iniciação Científica – PIBIC; Programa
Institucional de bolsa de Iniciação Científica – Ações Afirmativas – PIBIC – AF; Programa
Institucional de bolsa de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação – PIBITI;
E os Programas vinculados a CAPES: Programa Jovens Talentos para Ciência da CAPES e
Ciência sem Fronteiras.
Já Mattos e Fernandes (2018), buscaram compreender as estratégias dos estudantes
oriundos de escola pública para permanecerem na educação superior. Dessa forma,
realizaram entrevistas com estudantes de uma IES, e verificaram que o caráter econômico
dos estudantes representa uma das dificuldades para ele permanecer. Entretanto, esse não é
o principal entrave. O estudo apontou que a principal dificuldade está relacionada a
defasagem cultural, acompanhada da falta de informações sobre a universidade e pela
ausência de práticas de estudo.
Silva et. al (2017) sinalizam a importância da permanência pedagógica,
compreendida por elas como apoio e orientação para os estudos acadêmicos. O estudo com
estudantes oriundos de escola pública apontou que a principal dificuldade desses estudantes
em se adaptar aos estudos universitários ocorre pela falta de orientação e apoio acadêmico.
No mesmo ano, Ribeiro et. al (2017) realizaram uma pesquisa com acadêmicos
61
negros e indígenas ingressantes pelas cotas raciais da Universidade Federal da Grande
Dourados. Com os depoimentos dos alunos coletados na pesquisa, verificaram que os
aspectos que contribuem para sua permanência é a inclusão de disciplinas e a participação
em eventos sobre as relações étnico-raciais, participação em grupo de estudos e programas.
Já sobre os fatores que contribuem para a não permanência relacionam-se aos aspectos
socioeconômicos e aos fatores relacionados às desigualdades raciais que interferem na
trajetória desses estudantes, impactando em sua permanência e conclusão com êxito. Os
autores discutem que a permanência vai para além da “permanência material”, percebida
como condições físicas e financeiras, mas também considera a permanência por meio das
relações sociais no ambiente universitário, do acompanhamento psicopedagógico do
acadêmico, da valorização da autoestima dentre outros.
Em perspectiva semelhante, Cordeiro (2017) analisou como a gestão da Universidade
Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS) entende a política de cotas étnico-raciais e também
as demandas de permanência desses estudantes cotistas. Sobre a permanência concluiu que
os aspectos socioeconômicos, pedagógicos e culturais, assim como de modo interseccional
no combate aos ciclos de desvantagens sociorraciais e às reproduções práticas de
discriminação racial no ambiente da universidade, são importantes aspectos a serem
pensados quando se trata da permanência.
Silva e Marques (2018) pesquisaram as estratégias para a permanência de indígenas
na educação superior em Mato Grosso do Sul. Identificaram que a principal dificuldade
desses estudantes está no âmbito financeiro, porém não é a única dificuldade durante o curso.
Há também mudanças pedagógicas, psicológicas e físicas por causa do distanciamento da
família, porque muitos deles precisam deixar suas aldeias indo para outras cidades e estados
na busca de oferta de vagas em nível nacional pelo SiSu (Sistema de Seleção Unificada).
Lima et.al (2018) fizeram um levantamento bibliográfico e verificaram as reflexões
trazidas nessas produções que comprovam a importância da temática da permanência
estudantil no Brasil, perceberam ainda que a permanência e a conclusão estão relacionadas
com a ação do estudante, assim como é preciso considerar as demandas materiais desses
estudantes.
Rigo (2018) investigou o percurso acadêmico de estudantes da licenciatura em
química Universidade Federal de Viçosa (UFV), e concluiu que a universidade precisa se
atentar aos aspectos que estão relacionados a formação dos estudantes durante sua trajetória
acadêmica, objetivando refletir sobre os desafios que os inquietam e, dessa forma, promover
62
a aprendizagem. Para a autora, conforme o estudante vivencia o percurso acadêmico de
forma satisfatória, ele se sentirá seguro quanto a sua escolha, tendo maiores condições para
o enfrentamento das dificuldades, sendo mais propicio a permanecer no curso.
Correlacionando a permanência com o Pibid apresentamos o estudo de Cunha, Lima
e Silva (2014) que buscaram refletir sobre os cursos de licenciatura e as condições de
permanência. As autoras abordam o Pibid como uma política de permanência. Concluíram
em seu estudo que o programa na instituição pesquisada tem buscado garantir a permanência
dos licenciandos, fomentando ações entre ensino, pesquisa e extensão.
Jezine e Santos (2018) pesquisaram os desafios da permanência de estudantes
Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros (LGBT), e verificaram que os desafios
encontrados por esses estudantes estão atrelados às questões financeiras e o sentimento de
rejeição e exclusão por ações preconceituosas.
Pessatto (2019) realizou uma pesquisa sobre a permanência no contexto da UAB na
UFMT. Foi aplicado questionário com estudantes e realizada entrevista semiestruturada com
coordenadores de curso. Pessatto concluiu em sua pesquisa que os fatores que promovem a
permanência são: preparação didática dos professores; nível de exigência pedagógica;
auxílio nas dificuldades tecnológicas; facilidades para acessar computadores e internet nos
polos; a influência e motivação dos tutores/professores e coordenadores no atendimento aos
estudantes.
Andrade (2019) pesquisou os elementos que possibilitam a permanência de
estudantes egressos das escolas públicas em três cursos de graduação presenciais ofertados
pela UFMT. Sua pesquisa apontou, com base nos dados coletados por meio de questionário,
que dependendo do perfil dos estudantes e do grau de apropriação, os elementos podem tanto
favorecer quanto dificultar a permanência do estudante. O pesquisador conclui em seu estudo
que a permanência está em movimento de adaptação ao perfil dos estudantes e das mudanças
ocorridas nas últimas décadas na educação superior. Aponta também para a importância dos
projetos de pesquisa e extensão na formação e na permanência dos estudantes.
Dessa forma, em síntese, compreendemos a relevância de estudos sobre a
permanência estudantil na educação superior. Percebemos que existem vários fatores que
influenciam na permanência ou na não permanência desse estudante, fatores esses que não
se limitam apenas as questões assistências. Evidenciamos que os estudos mostram a
importância da assistência estudantil, porém apontam também outros fatores importantes,
como: sentimento de pertencimento ao ambiente universitário, motivações do estudante,
63
processos de ensino aprendizagem, práticas de discriminação racial e de orientação sexual,
aspecto cultural do estudante, a escolha do curso, a disseminação de informações sobre os
programas pela instituição, a participação discente em atividades qualificadoras, dentre
outros. As atividades qualificadoras trabalhadas nessa pesquisa serão melhor abordadas a
seguir, compreendendo o contexto que elas se inserem.
2.2 O conceito de permanência: debates e concepções
Conforme conceituação de Silva e Veloso (2013) o ingresso a permanência e a
qualidade da formação, são fenômenos que estão integrados e compõem a dimensão da
categoria acesso, conforme exposto na Figura 1. O ingresso é o ato de passagem para o
ambiente acadêmico; a permanência representa o percurso subsequente e bem sucedido; a
qualidade na formação ou formação qualificada está relacionada às bases materiais e
subjetivas que propícia a apreensão do conhecimento crítico e a formação de sujeitos-
protagonistas no processo educacional. A Figura 1 apresenta o esquema do Acesso:
Figura 1 - As dimensões do acesso
Fonte: Silva e Veloso, 2012, p. 731.
Segundo Silva e Nogueira (2016) a permanência do estudante pode estar relacionada
a vários fatores, tais como as experiências pessoais anteriores ao ingresso, ao que se
configura no percurso acadêmico e ao que se tem como projeção futura.
Outra questão colocada é que “não permanecer” para o estudante não significa,
64
necessariamente, perda ou fracasso, podendo ser uma mudança no sentido de nova
experiência ou conquista. Por outro lado, para as políticas públicas não permanecer pode
significar um problema quando o índice de desistência for acima do padrão médio desejável,
ou quando a vontade de estudar encontra barreiras na falta de condição material (SILVA;
NOGUEIRA, 2015).
Entretanto, conforme as mesmas autoras apresentam, e também de acordo com a
revisão de literatura feita, a permanência não se configura apenas na ordem material, porque
permanecer não está exclusivamente associado a carências materiais, mas envolve também
questões simbólicas. Dessa forma, as ações gerais qualificadoras de ensino-aprendizagem
são importantes para todos, tendo também influência na decisão de permanência, somando-
se, assim, ao aspecto do processo formativo (SILVA; NOGUEIRA, 2015). Primão (2015)
também envidencia que a participação do estudante em atividades qualificadoras do ensino,
sejam elas ligadas ao ensino, pesquisa e extensão, é um dos motivos de permanência do
discente.
Neste estudo consideramos a permanência segundo duas dimensões: assistência
estudantil, que está relacionada ao atendimento a estudantes carentes; e as ações
qualificadoras do ensino, que atende os estudantes em geral que é expressa por ações
relacionadas ao ensino, à pesquisa e a extensão (PRIMÃO, 2015). A dimensão das ações
qualificadoras do ensino é, no entanto, o foco do presente estudo.
É essa relação entre o Pibid, como um programa de ação qualificadora do ensino, e a
permanência que pretende-se trazer a luz do debate, tendo como locus de pesquisa o Pibid
no curso de Licenciatura em Química da UFMT campus de Cuiabá. Para tanto vamos expor,
a seguir, o percurso metodológico adotado nesta pesquisa.
2.3 Percurso metodológico
Na primeira seção da presente dissertação abordamos a expansão da educação
superior e das licenciaturas, bem como as políticas de formação docente para compreensão
do cenário em que o Pibid se situa. Até agora, na presente seção, trouxemos discussões e o
conceito de permanência. Verificamos, pelos elementos levantados, a importância de
pesquisar sobre a permanência na educação superior. Desse modo, percebemos que apenas
o ingresso não assegura a conclusão do curso, demandando assim políticas de permanência.
Também verificamos que os motivos da permanência são variados, sendo necessário olhar
65
para além da assistência estudantil, pois existem outros fatores que podem influenciar. Nesse
contexto, as ações qualificadoras do ensino são compreendidas como fenômeno que
contribui com a permanência.
Nesta dissertação, o Pibid é considerado como um programa de ação qualificadora
do ensino, assim a investigação aborda o Pibid e sua relação com a permanência do estudante
pibidiano no curso, observando o reflexo das atividades realizadas no programa.
Considerando que o Pibid é uma política educacional inserido como uma ação
qualificadora do ensino, que tem por objetivo elevar a qualidade da formação inicial de
professores nos cursos de licenciatura, pergunta-se: quais são os limites e possibilidades do
Pibid para a permanência do estudante na licenciatura em Química da UFMT?
Em vista disso, o objetivo geral da pesquisa foi: analisar os limites e possibilidades
do Pibid na permanência do estudante de licenciatura em Química da UFMT, campus
Cuiabá, no Edital do Pibid nº 7/2018 CAPES. Isto posto, elencamos como objetivos
específicos: a) Identificar os debates e concepções de permanência; b) Compreender o Pibid
no contexto nacional e na UFMT; c) Caracterizar o perfil do estudante do Pibid, ingressante
no Edital nº 7/2018 CAPES, na licenciatura em Química da UFMT campus Cuiabá; d)
Compreender a permanência do estudante pibidiano no curso na perspectiva dos sujeitos
envolvidos no Pibid.
Dessa forma, esta pesquisa caracteriza-se pela abordagem qualitativa. Para o estudo
recorremos tanto à pesquisa de cunho bibliográfico, quanto à pesquisa documental e análise
de dados fornecidos pelo governo brasileiro por meio do Censo da Educação Superior do
INEP.
Como técnicas de coleta de dados definimos a aplicação de questionário e entrevista
semiestruturada. A entrevista é
[...] acima de tudo uma conversa a dois, ou entre vários interlocutores, realizada
por iniciativa do entrevistador, destinada a construir informações pertinentes para
um objeto de pesquisa, e abordagem pelo entrevistador, de temas igualmente
pertinentes tendo em vista esse objetivo (MINAYO, 2010, p. 261).
Segundo a mesma autora na pesquisa qualitiva o questionário tem uma posição de
complementaridade no tocante as técnicas de aprodundamento qualitativo.
Sendo assim, esta pesquisa foi composta por cinco etapas:
a) pesquisa em livros, leis, decretos, resoluções etc., a fim de identificar as políticas
e programas de formação docente. Nessa etapa também pesquisamos e analisamos as
sinopses estatísticas do Censo da Educação Superior produzidas pelo INEP disponíbilizadas
66
no site do Instituto e aos fornecidos pelo MEC/INEP por meio do Sistema Eletrônico do
Serviço de Informação ao Cidadão (e-SIC)15;
b) revisão de literatura sobre a “Permanência” em dissertações e teses no portal de
buscas da BDTD, e nas pesquisas (dissertações) realizadas por pesquisadores do GEPDES,
e em trabalhos do Eixo 5 da Rede Universitas/BR publicados entre 2014 e 2019. Esse recorte
temporal foi escolhido devido ser o período correspondente aos trabalhos disponíbilizados
no site da Rede Universitas, pois não encontramos os anais dos seminários anteriores a 2014
na página consultada. A revisão de literatura foi realizada com o propósito de obter melhor
compreensão da temática e verificar os campos abertos de estudo sobre o tema;
c) fizemos análise documental em leis, portarias, regulamentos, editais, projeto
institucional e projeto de curso do Pibid Química 2018, para compreender aspectos legais,
estrutura e organização do Pibid a nível nacional e na UFMT, e dados quantitativos de bolsas
fornecidos pelo MEC/CAPES por meio do e-SIC. Também procedemos com uma revisão
de literatura sobre o “Pibid” em dissertações e teses no portal de buscas da BDTD para
compreender aproximações possíveis entre o Pibid e as ações qualificadoras do ensino.
d) aplicamos questionário aos estudantes matriculados na Licenciatura em Química
da UFMT, campus Cuiabá, inscritos no Pibid, a fim de levantar o perfil desses estudantes;
também realizamos entrevista semiestruturada com os estudantes que aceitaram participar
vonluntariamente da entrevista (o convite foi feito via telefone) e com a Coordenadora
Institucional do Pibid.
Quanto ao questionário, enviamos por e-mail, por meio do Google Forms, para os
estudantes do Pibid na Química da UFMT, campus Cuiabá. Ressaltamos que o questionário
foi enviado para 29 estudantes, pois no intermédio de envio e reenvio do questionário
tiveram mudanças no sentido de sair e entrar outros estudantes. Assim, considerando os 29
estudantes do Pibid (entre bolsistas e vonluntários) contactados nesse curso, obtivemos o
retorno de 22 questionários. Para conseguirmos esse quantitativo de respondentes,
empreendemos vários esforços: reencaminhamos o e-mail para aqueles que não haviam
respondido o questionário na primeira e/ou segunda tentativa de contato, também
conversamos com o Coordenador de Área do Pibid na Química para nos auxiliar informando
sobre o e-mail do questionário no grupo do whatsapp dos pibidianos e, a última ação foi
15 Segundo a home page https://esic.cgu.gov.br/sistema/site/index.aspx “O Sistema Eletrônico do Serviço de
Informações ao Cidadão (e-SIC) permite que qualquer pessoa, física ou jurídica, encaminhe pedidos de acesso
à informação, acompanhe o prazo e receba a resposta da solicitação realizada para órgãos e entidades do
Executivo Federal”. Acesso em: 15 março de 2019.
67
oferecer o questionário no momento da entrevista para aqueles estudantes entrevistados que
ainda não haviam respondido ao questionário.
Para a seleção dos estudantes da entrevista seguimos alguns critérios: I) estudante
participante do Pibid no Edital n.º 7 de 2018 na Química da UFMT, campus Cuiabá; II) que
esteja cursando a primeira graduação; III) que ainda não seja professor; IV) que dos
entrevistados tenham estudantes bolsistas e estudantes voluntários, na mesma proporção.
Fizemos contato por telefone fazendo o convite para a entrevista, començando inicialmente
pelos estudantes voluntários, pois os mesmos encontram-se em menor quantidade, dessa
forma, já asseguravamos o agendamento da entrevista com esses sujeitos. Na sequência,
entramos em contato, igualmente por telefone, com os estudantes bolsistas. Frizamos que
não conseguimos agendar todas as entrevistas na primeira tentativa. Em alguns momentos
porque o telefone chamava e não atendia ou a ligação direcionava-se para a caixa postal, ou
porque o estudante atendia o telefone mas não podia falar naquele momento pedindo para
retornar depois; dessa forma, foram várias tentativas de contato. Assim sendo, foram
entrevistados 2 estudantes bolsistas e 2 estudantes voluntários, sendo três homens e uma
mulher. A escolha por entrevistar estudantes bolsistas e estudantes voluntários na mesma
proporção ocorreu com o intuito de verificar se existem motivações diferentes para participar
do programa, dado que o estudante bolsista recebe bolsa no programa e o estudante
voluntário não recebe.
Também entrevistamos a Coordenadora Institucional. O convite foi feito
pessoalmente.
Outra questão que verificamos no decorrer das entrevistas com os estudantes é a
importancia direta e o papel do professor supervisor para a permanência do licenciando,
entretanto, não realizamos entrevista com esses sujeitos, pois, não estava previsto no projeto
quando submetido ao CEP assim acabamos não realizando.
Ressaltamos que estava previsto no projeto entrevistar o Coordenador de Área do
Subprojeto Química, entretanto, tivemos dificuldades no agendamento da entrevista e o
tempo de conclusão do curso não permitiu que fosse incluída/realizada essa entrevista.
As entrevistas foram realizadas com o intuito de compreender, a partir da fala desses
sujeitos, quais os limites e possibilidades do Pibid para a permanência dos pibidianos no
curso.
A coleta de dados se deu somente após a aprovação no CEP. Essa aprovação ocorreu
em 11 de abril de 2019, por meio do Parecer n.º 3.261.593. Ainda para a coleta de dados os
68
participantes da pesquisa assinaram o TCLE.
Ressaltamos que foram considerados participantes da pesquisas os sujeitos
envolvidos no último edital da CAPES o Edital nº 07/2018.
Para a escolha do curso consideramos, conforme pesquisas mostram, que a
licenciatura em Química tem alto número de evasão (CUNHA; TUNES; SILVA, 2001)
(JESUS; ARAUJO; VIANNA, 2014) e que isso ocorre principalmente no início do curso
(CUNHA; TUNES; SILVA, 2001). Outra questão, relaciona-se a necessidade de professores
na área, para atendimento das necessidades das escolas de ensino médio, dado que apenas
61,3% dos docentes da disciplina de Química possui formação em área adequada para a
disciplina que lecionam (MEC/INEP, 2017). Dessa forma, verificamos a necessidade de
formação de professores nessa área. Portanto, compreendemos a necessidade da realização
de pesquisas sobre formação de professores com este grupo específico.
Também seguimos como critério o curso com maior CPC dentre as licenciaturas da
UFMT, participantes do Pibid no último edital, n.º 07/2018, da CAPES. Dessa forma a
licenciatura em Química foi selecionada, cujo CPC de curso é 3,4143. O CPC “é um
indicador de qualidade que avalia os cursos de graduação” (INEP, 2015) e o Pibid “visa
elevar a qualidade da formação inicial de professores nos cursos de licenciatura” (CAPES,
2018).
e) análise dos dados de acordo com as coletas das entrevistas e do questionário. Para
as análises, nos apoiamos nos conceitos, técnicas e abordagens indicadas por Bardin (2016).
Para Bardin (2016) a análise de conteúdo é um conjunto de técnicas de análises das
comunicações, a autora apresenta três etapas para análise de conteúdo: 1) a pré-análise; 2) a
exploração do material; 3) e o tratamento dos resultados e interpretação.
A etapa de pré-análise expressa o momento da organização propriamente dita, é o
estágio que o material é organizado para análise, seu objetivo consiste em sistematizar as
ideias iniciais. Aqui realizamos a leitura flutuante, que é o primeiro contato com os
documentos e, ao conhecer o texto, deixa-se invadir por impressões e orientações. Na
presente pesquisa estabeleceu-se a transcrição minuciosa das entrevistas realizadas e a leitura
incessante das mensagens. Para a escolha dos dados a serem analisados seguimos as
seguintes regras: a) exaustividade: considerar todos os elementos do conteúdo definido; b)
representatividade: se atenta com as amostras da parte representativa da amostra inicial, é
selecionar os elementos que são representativos ao que pretendemos investigar; c) os
documentos retidos devem ser homogêneos. d) pertinência: os documentos selecionados
69
precisam ser adequados, de maneira a corresponder ao objetivo da pesquisa.
A etapa de exploração do material é a segunda fase, e consiste em operações de
codificação, decomposição ou enumeração. Os textos das entrevistas é recortado em
unidades de registro.
A categorização na presente pesquisa não foi definida a priori, as categorias
emergiram das respostas dos sujeitos, assim fizemos as primeiras categorias ou categorias
iniciais conforme os temas correlatos.
Com intuito de refinar a análise dos dados, fizemos um agrupamento das categorias
iniciais resultando em 5 categorias que constituem esta pesquisa, conforme veremos a seguir.
A última etapa foi o tratamento dos resultados obtidos e interpretação. Para Bardin
(2016), aqui, os resultados são tratados de forma a serem significativos e válidos. Com as
categorias, fizemos à interpretação dos dados considerando o seu conjunto, que são os
elementos importantes e tendo como referência a teoria já indicada.
A análise se pauta nas seguintes categorias: 1. Professores do ensino médio e a
escolha profissional do estudante: indo ao encontro do Curso de Licenciatura em Química;
2. Sentimento de pertencimento como professor: Pibid divisor de águas; 3. A influência e o
papel do professor supervisor; 4. Reflexões do Pibid: “me colocou no rumo certo agora do
curso, confirmou que era isso mesmo que eu queria”; 5. Projeções futuras.
A primeira categoria dedica-se a melhor compreensão do contexto vivenciado pelo
estudante participante, envolvendo sua vivência na escola básica relacionada,
especificamente, a escolha do curso em questão, por entendermos que não é possível
compreender um aspecto da realidade sem ter em conta o seu contexto nas variaveis que
interferem nele.
As três categorias seguintes foram, então, dedicadas a compreensão da percepção dos
pibidianos sobre sua vivência no Pibid como um programa de ação qualificadora do ensino
e sua relação com a permanência estudantil. Sendo que a última categoria dessas três também
contextualiza-se na fala da Coordenadora Institucional para compreender esses aspectos.
Já a última categoria dedica-se a ouvir os pibidianos sobre seus planos profissionais,
a fim de compreendermos o papel do Pibid nessas escolhas.
Na próxima seção fazemos uma contextualização do Pibid no contexto nacional e na
UFMT e uma revisão de estudos sobre o programa.
70
3. O PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA
– PIBID
Nesta seção contextualizamos o Pibid, abordando o histórico do programa, marcos
legais e dados quantitativos das bolsas. Também apresentamos as publicações sobre o Pibid
no cenário nacional, com os trabalhos em forma de dissertações e teses identificados no
banco da BDTD e, em seguida, fazemos uma discussão sobre o Pibid nessas pesquisas.
3.1 Contextualizando o Pibid
O Pibid é uma ação da Política Nacional de Formação de Professores do MEC e
pretende proporcionar aos estudantes, na primeira metade do curso de licenciatura, uma
aproximação prática com o cotidiano das escolas públicas. O programa oferta bolsas a
estudantes de licenciatura que integram o projeto de iniciação à docência na IES. Os
estudantes são acompanhados por professores da escola e por docentes da IES. Os
interessados em participar do Pibid precisam apresentar a CAPES um projeto de iniciação à
docência de acordo com os editais de seleção publicados. Esses projetos podem contemplar
vários núcleos de iniciação à docência, que são agrupados por subprojetos conforme o
componente curricular da educação básica das quais são formados os discentes. Podem
participar as IES que ofereçam cursos de licenciatura e que atendam aos requisitos dos editais
(CAPES, 2008).
A idéia do Pibid veio do Prof. Dr. Jorge Almeida Guimarães, o até então presidente
da CAPES, que foi responsável, nos anos 1990, pelo lançamento do PIBIC – Programa
Institucional de Iniciação à Ciência. O Pibid foi lançado na gestão do Presidente Luiz Inácio
Lula da Silva e acolhido pelo Ministro da Educação, Prof. Dr. Fernando Haddad. O primeiro
edital do Pibid foi inspirado no PIBIC, com foco na docência (DEB/CAPES, 2013). Ao
longo do período de vigência do programa ocorreram avanços e retrocessos. Dessa forma
destacamos a seguir os marcos legais do programa e os editais que compõem o Pibid.
No que se refere as diretrizes que normatizam o Pibid, decretos e portarias
apresentamos no Quadro 4 a seguir:
71
Quadro 4 - Marcos legais do Pibid
Documentano Finalidade
Portaria Normativa nº 38
de 12 de dezembro de
2007.
Institui o Pibid. Abrangendo os cursos de licenciatura em
física, química, matemática e biologia.
Portaria nº 122 de 16 de
setembro de 2009
Dispõe sobre o Pibid no âmbito da CAPES e amplia para o
atendimento as licenciaturas amplia a atuação do programa
prioritariamente para as licenciaturas em Pedagogia, Letras-
Português, Filosofia e Sociologia para o ensino médio.
Portaria nº 72 de abril de
2010
Da nova redação a Portaria do Pibid no âmbito da CAPES.
Estendeu o Pibid às instituições públicas municipais, às
instituições comunitárias, confessionais e filantrópicas sem
fins lucrativo.
Decreto nº 7. 219 de 24
de julho de 2010.
Dispõe sobre o PIBID.
Lei 12.796, de 04 de abril
de 2013. Iniciou-se o processo de institucionalização do Pibid.
Alterou a LDB nº 9.394/1996.
Portaria nº 96, de 18 de
julho de 2013. Regulamenta o Pibid.
Portaria nº 46 de 11 de
abril de 2016
Altera o regulamento do Pibid, especialmente quanto aos
objetivos do programa na tentativa de juntar o Pibid com
outros programas como: Programa Nacional de Alfabetização
na Idade Certa – Pnaic, Programa Mais Educação _ PME,
Programa Ensino Médio Inovador – EMI e Pacto pelo
Fortalecimento do Ensino Médio – PNEM
Portaria nº 84 de 14 de
junho 2016. Revoga a portaria anterior nº 46.
Portaria nº 120 de 22 de
julho de 2016.
Altera a portaria nº84. Estabelecendo que o Pibid será regido
pela portaria nº96 de julho de 2013.
Portaria nº 45, de 12 de
março de 2018 Dispõe sobre a concessão de bolsas e o regime de
colaboração no Programa de Residência Pedagógica e no
Pibid.
Portaria capes nº 175 de
7 de agosto de 2018. Altera o Anexo I da Portaria nº 45, de 12 de março
de 2018.
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
Já no que se refere aos editais do Pibid, apresentamos no Quadro 5 a seguir:
Quadro 5 - Histórico dos editais do Pibid
Edital/Ano Finalidade
Edital MEC/CAPES/FNDE
nº 01/2007
Para instituições federais de ensino superior – IFES. É
contemplado com prioridade as áreas das licenciaturas de
Química, Física, Matemática e Biologia.
Edital CAPES nº 02/2009 Amplia o Pibid às instituições públicas estaduais de ensino
72
superior. Também amplia-se para os cursos de licenciatura
em Letras-Português e Pedagogia.
Edital CAPES nº 18/2010 Expande o Pibid para instituições públicas municipais e
comunitárias, confessionais e filantrópicas sem fins
lucrativos.
Edital Conjunto nº 2/2010
CAPES/Secad- Mec –
PIBID Diversidade
Para instituições que trabalham com o Programa de Apoio
à Formação Superior em Licenciatura em Educação do
Campo (Procampo) e Programa de Formação Superior e
Licenciaturas Indígenas (Prolind).
Edital nº1/2011 CAPES Para instituições públicas em geral.
Edital CAPES nº 11/2012 Para IES que já possuem o PIBID e desejam sua ampliação
e para IES novas que queiram implementar o Pibid em sua
instituição.
Edital nº 61/2013 CAPES,
de 02 de agosto de 2013
Para instituições públicas, comunitárias e privadas com fins
lucrativos e bolsistas do ProUni. Inclui também neste edital
os cursos de dança, música, teatro, informática, psicologia
e todas as licenciaturas de letras (Espanhol, Inglês,
Português).
Edital nº 66/2013 CAPES de
06 de setembro de 2013
Pibid-Diversidade. Seleção de projetos institucionais que
visem ao aperfeiçoamento da formação inicial de
professores para o exercício da docência nas escolas
indígenas e do campo. Cujo foco são estudantes do curso
de licenciatura nas áreas Intercultural Indígena e Educação
do Campo.
Edital nº 7/2018 CAPES O público-alvo são discentes que estejam na primeira
metade de curso de licenciatura ofertado por IES pública
ou privada sem fins lucrativos, na modalidade presencial
ou no âmbito da UAB.
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
O Pibid foi lançado, por meio da Portaria Normativa nº 38 de 12 de dezembro de
2007, que dispõe sobre os objetivos e regulamentações do programa. Inicialmente, o
programa abrangia apenas instituições federais de educação superior; seu foco era
prioritariamente nas licenciaturas em Física, Química, Matemática e Biologia para o ensino
médio.
Entretanto, suas atividades só foram iniciadas em 2009, concedendo um total de
3.088 bolsas (CAPES, 2013). Nesse mesmo ano é estabelecida a portaria nº 122, de 16 de
setembro, no âmbito da CAPES, que dispõe sobre o Pibid no âmbito da Capes e amplia a
atuação do programa prioritariamente para as licenciaturas em Pedagogia, Letras-Português,
Filosofia e Sociologia para o ensino médio.
O programa foi crescendo e, em 9 de abril de 2010, foi publicada a Portaria nº 72,
73
que dispõe sobre as novas regulamentações do Pibid no âmbito da CAPES, expandindo o
programa para o atendimento de docentes prioritariamente nas licenciaturas em: Física,
Química, Filosofia, Sociologia, Matemática, Biologia, Letras-Português e Pedagogia, para o
ensino médio. Para o ensino fundamental as licenciatura em: Pedagogia, Ciências,
Matemática, Educação Artística e Musical, licenciaturas com denominação especial que
atendam a projetos interdisciplinares ou novas formas de organização do ensino
fundamental, devidamente aprovadas pelo Conselho de Educação competente. A Portaria nº
72 também estendeu o Pibid às instituições públicas municipais, às instituições comunitárias,
confessionais e filantrópicas sem fins lucrativos.
Em substituição as portarias anteriores, foi publicado o decreto n º 7.219 24 de junho
de 2010, que dispõe sobre o Pibid. O decreto sinaliza a preocupação do MEC com a
institucionalização do programa na agenda das políticas educacionais para que seja uma
política de Estado orientada para formação de professores (CAPES, 2013).
Com a aprovação da Lei 12.796, de 04 de abril de 2013, iniciou-se o processo de
institucionalização do Pibid, a referida lei alterou a LDB nº 9.394/1996 com a inclusão do
art. 62, §4º e §5º. Segundo Silva (2014)
[..] está implícita na Lei a idéia de que o PIBID não é um programa da
Universidade, da CAPES ou de qualquer outro órgão de fomento à docência. O
programa pertence às escolas e aos alunos que nela estão. São eles os maiores
beneficiados, até mesmo em relação aos licenciandos (SILVA, 2014. p. 02).
Portanto, o Pibid mostra-se como um importante elemento no processo de formação
docente.
Visando a atualização e aperfeiçoamento das normas do programa foi promulgada a
Portaria nº 96, em de 18 de julho de 2013, que dá maior ênfase na dimensão e característica
da iniciação à docência. A portaria também reforça a valorização da formação de docentes,
a aproximação entre as IES e as escolas e o direcionamento de questões operacionais para o
aperfeiçoamento do programa (CAPES, 2013).
Em agosto desse mesmo ano tivemos o edital 61/2013, que objetivou contemplar
além das IES públicas também as IES privadas com e sem fins lucrativos, desde que os
cursos de licenciatura possuam estudantes ativos no Prouni.
Em 11 de abril de 2016 é lançada a portaria n.º 46, que altera o regulamento do Pibid,
especialmente quanto aos objetivos do programa, com a intenção de incorporar ao Pibid
outros programas, tais como: Programa Nacional de Alfabetização na Idade Certa – PNAIC,
Programa Mais Educação - PME, Programa Ensino Médio Inovador – ProEMI e Pacto pelo
74
Fortalecimento do Ensino Médio – PNEM. Visando a melhoria nos índices de avaliação e
favorecer a alfabetização. No entanto, essa portaria foi alvo de críticas e reivindicações16,
que levou sua revogação pela portaria nº 84, de 14 de junho de 2016. Segundo Souza (2016)
esta mudança é resultado de uma série de reivindicações feitas pela Associação Brasileira
das Universidades Estaduais e Municipais (Abruem), do Fórum Brasileiro de Pró-Reitores
de Graduação (ForGRAD) e o Fórum dos Coordenadores Institucionais do Pibid
(FORPIBID).
Em 22 de julho de 2016 a Portaria nº 120 altera a portaria nº 84, que passa a vigorar
a seguinte redação:
Art. 1º Revogar a Portaria nº 46, de 11 de abril de 2016, publicada no DOU de 15
de abril de 2016, seção 1, págs. 16, que Aprova o Regulamento do Programa
Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência-PIBID.
Parágrafo único: Os projetos em andamento continuam regidos pela Portaria nº 96
de 18 de julho de 2013, publicada no DOU de 23 de julho de 2013, seção 1, pág.
11/14 (BRASIL, 2016).
Dessa forma, o Pibid tem seus projetos regidos pela portaria nº96 de julho de 2013.
Em suma, o programa é um incentivo a formação inicial de professores para a
educação básica e de valorização do magistério. Atualmente o Pibid tem como objetivos:
I. incentivar a formação de docentes em nível superior para a educação básica;
contribuir para a valorização do magistério;
II. elevar a qualidade da formação inicial de professores nos cursos de licenciatura,
promovendo a integração entre educação superior e educação básica;
IV. inserir os licenciandos no cotidiano de escolas da rede pública de educação,
proporcionando-lhes oportunidades de criação e participação em experiências
metodológicas, tecnológicas e práticas docentes de caráter inovador e
interdisciplinar que busquem a superação de problemas identificados no processo
de ensino-aprendizagem;
V. incentivar escolas públicas de educação básica, mobilizando seus professores
como coformadores dos futuros docentes e tornando-as protagonistas nos
processos de formação inicial para o magistério; e
VI. contribuir para a articulação entre teoria e prática necessárias à formação dos
docentes, elevando a qualidade das ações acadêmicas nos cursos de licenciatura
(CAPES, 2018, s.p).
O Pibid é realizado em regime de colaboração entre a CAPES e as secretarias de
educação de Estado (ou órgão equivalente e as IES). O programa visa proporcionar, aos
discentes da primeira metade do curso de licenciatura, uma vivência prática da docência em
16 “A Universidade Estadual do Maranhão (UEMA) foi uma das Instituições que se posicionou contra a Portaria
nº 46 por considerar prejudicial aos ideais de professores e estudantes da educação básica e da educação
superior envolvidos no PIBID. O reitor da UEMA, Gustavo Pereira da Costa, defendeu o PIBID, em nota
publicada [...]: “É inquestionável a revolução que o PIBID tem promovido na formação inicial dos docentes;
na aproximação entre a Universidade e a Escola; na valorização da formação docente; nas vivências práticas
integradoras”. Disponível em: <https://www.uema.br/2016/06/revogada-portaria-do-mec-referente-ao-
pibid/>. Acesso em: 25 abr 2019.
75
escolas públicas de educação básica. É considerado discente da primeira metade do curso
aquele que não tenha completado mais de 60% da carga horária regimental do curso. O
estudante é acompanhado por um docente na escola, denominado supervisor, e por um
docente da IES, denominado coordenador de área; já a coordenação do projeto institucional
fica a cargo do coordenador institucional (CAPES, 2018). Segundo o Relatório de Gestão
produzido pela Diretoria de Educação Básica Presencial (DEB) “[...] o diálogo e a interação
entre licenciandos, coordenadores e supervisores geram um movimento dinâmico e virtuoso
de formação recíproca e crescimento contínuo” (DEB/CAPES, 2013, p.27). Essa dinâmica
é ilustrada na Figura 2.
Figura 2 - Pibid: Desenho do programa
Fonte: DEB/CAPES, 2013.
Todos esses sujeitos envolvidos no Pibid recebem bolsa, que são pagas pela CAPES
diretamente aos bolsistas, por meio de crédito bancário. As bolsas são distribuídas conforme
a seguir:
I. iniciação à docência, no valor de R$400,00, para discentes de curso de
licenciatura;
II. coordenador institucional, no valor de R$1.500,00, para docente da IES
responsável pelo projeto institucional de iniciação à docência;
III. coordenador de área, no valor de R$1.400,00, para docente da IES que
coordenará área do subprojeto;
IV. professor supervisor, no valor de R$765,00, para professor da escola de
educação básica que acompanhará o discente na escola (CAPES, 2018, s.p).
Pode concorrer às bolsas oferecidas o estudante que estiver regularmente matriculado
76
em curso de licenciatura da IES na área do subprojeto, estiver cursando a primeira metade
do curso de licenciatura e possuir pelo menos 32 (trinta e duas horas) mensais para dedicação
às atividades do Pibid. Esses estudantes são orientados, em seu processo de formação, por
docentes da IES e da escola pública, ou seja, professor coordenador de área e pelo professor
supervisor. Sobre a oferta do total de bolsas apresentamos, a seguir, o Gráfico 4 com um
histórico de concessões, esses dados representam o total de bolsas, ou seja, a somatória de
bolsas de iniciação a docência, do coordenador e do supervisor.
Gráfico 4 - Total de concessões de bolsas Pibid
Fonte: CAPES, 2019.
Ao compararmos o número total de bolsas concedidas no início do programa até 2018
verificamos que esse número cresceu. Entretanto, quando olhamos o universo de estudantes
nos cursos de licenciatura, notamos que o programa ainda atinge uma pequena parcela desses
estudantes. Segundo o Censo da Educação Superior em 2018 tínhamos 1.628.676 estudantes
nas licenciaturas, enquanto, segundo dados da CAPES o número de bolsas de iniciação a
docência concedidas correspondia apenas 59.149, isso significa 3,63% do total de estudantes
matriculados nas licenciaturas.
Outro dado, observando o Gráfico 4, é que a partir de 2016 temos uma redução do
número do total de bolsas. Segundo o Relatório de Gestão da CAPES (2017) essa redução é
explicada com a aprovação da PEC 241, atual EC 95
[...] que limitou o crescimento dos gastos públicos à taxa de inflação do ano
anterior. Esse cenário conduziu a um forte ajuste entre as despesas e o orçamento
0
10.000
20.000
30.000
40.000
50.000
60.000
70.000
80.000
90.000
100.000
2006 2008 2010 2012 2014 2016 2018 2020
77
disponibilizado por diretoria ainda em 2016. A medida interna que contribuiu para
o ajuste foi a retirada das cotas de bolsas ociosas em setembro de 2016 do
Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à docência - Pibid, que permitiu que
as cotas de bolsas concedidas passassem de 90.000 para aproximadamente 73.000
bolsas (CAPES, 2017, s.p).
Em meados de 2016 e início de 2018 ocorreram informações de que o Pibid seria
extinto por causa da interrupção de bolsas e pela remodelação do programa a partir da
Residência Pedagógica 17. Esse contexto correspondeu ao período pós-golpe, onde foram
impetradas modificações por uma gestão ilegitima e de cunho neoliberal. Como já
mencionado, a EC nº 95 de 2016 tinha a intenção de que, realizando o ajuste fiscal, o setor
privado retomaria os investimentos de forma que reduzisse a participação do Estado na
economia. No entanto, perguntamos: como as contas públicas poderiam melhorar quando se
faz contigenciamento de verbas e interrupção de investimentos públicos para áreas tão
significativas como saúde e educação?
Temer acentuou os cortes ja iniciados por Dilma em 2015, que cortou 69,946 bilhões
de reais do Orçamento Geral da União como parte do ajuste fiscal, sendo que a educação e
a saúde responderam pela maior parte do montante a ser economizado, correspondendo a
9,423 bilhões de reais e 11,774 bilhões de reais respectivamente18.
Diante do cenário de ameaças de descontinuidade e cortes no Pibid, ocorreu uma
mobilização nacional em defesa do programa o Fórum Nacional dos Coordenadores
Institucionais do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (FORPIBID),
que organizou a campanha para construir o “Dia Nacional de Mobilização do Pibid e Pibid
Diversidade” no dia 23 de fevereiro de 2016. Diversas instituições, institutos, entidades e
educadores participaram dessa mobilização, tais como o Instituto de Desenvolvimento e
Direitos Humanos (IDDH), Centro Federal de Educação Tecnológica (CEFET),
Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), Universidade de Blumenau (FURB) 19, dentre
17 Discussões sobre a possível descontinuidade do PIBID: <https://adufrj.org.br/noticia/fim-do-pibid-na-ufrj/>;
e <https://une.org.br/noticias/reformulacao-no-pibid-nao-atende-as-expectativas-dos-estudantes/
https://escolaeducacao.com.br/tudo-sobre-o-pibid/>. Acesso em 14 mai. 2019. 18 Ajuste fiscal: governo anuncia corte de 69,9 bilhões de reais do Orçamento. Disponível em:
<https://www.cartacapital.com.br/economia/ajuste-fiscal-governo-anuncia-corte-de-69-9-bilhoes-de-reais-do-
orcamento-6830/>. Acesso em: 22 out 2019. 19 Tais mobilizações em defesa do Pibid, ocorridas em 2016, podem ser consultadas nos seguintes links:
<http://www.aconteceempetropolis.com.br/2016/02/22/35448/>; https://iddh.org.br/noticias/iddh-declara-
apoio-a-mobilizacao-contra-o-corte-de-bolsas-do-pibid/>;
<http://www.uece.br/pibidhistoriafafidam/index.php/noticias/43571-2016-01-31-23-35-31>;
<https://ufop.br/noticias/graduacao/mobilizacao-em-defesa-do-pibid-acontece-amanha-24>;
<http://www.furb.br/web/1704/noticias/arquivo/2016/02/furb-tambem-coleta-assinaturas-em-defesa-do-
pibid/5130>. Acesso em: 22 out 2019.
78
tantos outros.
Após pressão pública, no dia 24 de fevereiro de 2016, em audiência pública o
secretário de Educação Superior do MEC, Jesualdo Pereira Farias, assegurou que o Pibid
não acabaria. O secretário também assegurou que não seriam considerados os efeitos do
ofício da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) que previa
a diminuição de 50% das bolsas20.
Apesar disso, o Pibid continuava sendo ameaçado, com medidas que apontavam para
o fim do programa: fim da vigência do edital em fevereiro de 2018 e o anúcio de que o
programa passaria por uma fase de modernização intitulada Residência Pedagógica. Tais
motivos foram motivos de preocupação de todos os envolvidos no programa com o seu
possível fim, o que levou a uma mobilização nacional para que o Pibid fosse mantido21.
Assim sendo, o dia 28 de fevereiro de 2018 foi indicado pelo FORPIBID como o dia nacional
de luta em defesa do programa22.
Em 28 de fevereiro de 2018 em encontro no Palácio do Planalto - que também
contava com a presença do Presidente Michel Temer -, o ministro da educação Mendonça
Filho noticiou que o Pibid permaneceria com 45 mil bolsas, informou também que a
Residência Pedagógica teria essa mesma quantidade de bolsas. Assim observamos que
ocorre uma divisão da quantidade de bolsas para os dois programas, ao invés de sua
expansão.
Ainda sobre as bolsas de 2018, o Edital 7/2018 da CAPES prevê a disponibilização
de 24 cotas de bolsas de iniciação à docência por núcleo e, para completar o número de 30
discentes, a IES será incentivada a incluir estudantes sem bolsa, ou seja, estudantes
voluntários. Portanto, compreende-se no programa tanto estudante bolsista como estudante
voluntário. Desse modo, nessa pesquisa, entrevistamos tanto estudante bolsista como
estudante voluntário para compreender a permanência na educação superior a partir da
percepção desses sujeitos nas duas modalidades ofertadas pelo programa.
De acordo com o Resultado final das instituições habilitadas e cotas aprovadas -
20 Para saber mais consultar: Viviane Monteiro, Daniela Klebis e Vivian Costa - Jornal da Ciência. Disponível
em: <http://www.jornaldaciencia.org.br/edicoes/?url=http://jcnoticias.jornaldaciencia.org.br/1-secretario-do-
mec-anuncia-revogacao-do-oficio-da-capes-sobre-cortes-no-pibid/ >. Acesso em: 22 out 2019. 21 Vigência do Pibid termina hoje. Disponível em:
<http://www.noticias.uem.br/index.php?option=com_content&view=article&id=22465:vigencia-do-pibid-
termina-amanha&catid=986&Itemid=101>. Acesso em: 22 out 2019. 22 Educadores das universidades públicas fazem mobilização pelo Pibid. Disponível em:
<https://ufal.br/ufal/noticias/2018/2/educadores-das-universidades-publicas-fazem-mobilizacao-pelo-pibid>.
Acesso em: 22 out 2019.
79
Edital Pibid nº 7/2018 divulgado em 29 de maio de 2018 na página na CAPES23 verificamos
que foram atendidas instituições de todos os estados brasileiros, no entanto, notamos que a
quantidade de cotas solicitadas é maior que a quantidade aprovada, inferimos que pode estar
relacionado a um grande interesse das instituições em participar do programa, porém, o
programa não comporta toda a demanda. A Tabela 1 apresenta esses dados:
Tabela 1 - Quantidade de cotas solicitadas e aprovadas por estado no edital 07/2018
Capes
UF Quant. Cotas solicitadas Quant. Cotas aprovadas AC 504 504 AL 1632 959
AM 2088 1703 AP 504 152
BA 4752 3654
CE 3696 2059 DF 864 345
ES 1440 728 GO 1824 1820
MA 1896 928
MG 7224 4792 MS 1608 1509
MT 1824 1171 PA 2424 1254
PB 2184 994 PE 2808 1872
PI 2256 1945
PR 5040 3255 RJ 3048 1840
RN 1944 1337 RO 480 417
RR 528 528
RS 4656 3494 SC 2352 1974
SE 912 859 SP 7104 4379
TO 936 584
Total 66528 45056
Fonte: CAPES. Elaborado pela autora, 2019.
Ao somarmos o número de cotas dos estados por região, notamos que a região
nordeste concentra o maior número de cotas (solicitadas 22.080, aprovadas 14.607). Depois
temos a região Sudeste (solicitadas 18.816, aprovadas 11.739), seguida da região Sul
(solicitadas 12.048, aprovadas 8.723), da região Norte (solicitadas 7.464, aprovadas 5.142)
e por último a região Centro-Oeste (solicitadas 6.120, aprovadas 4.845). Segundo a
23 Disponível em: <https://www.capes.gov.br/educacao-basica/capespibid/editais-e-selecoes>. Acesso em: 11 julho de 2018.
80
CAPES24, é uma situação incomum nos programas educacionais, tendo em vista que as
regiões Sudeste e Sul costumam ter o maior número de participantes, inclusive em outros
programas financiados pela CAPES.
Ainda de acordo com o divulgado nesse Resultado final das instituições habilitadas
e cotas aprovadas, o quantitativo de IES participantes somam-se um total de 285. Outro dado
é sobre a parcela de participação de instituições públicas e privadas. Essa participação
mostra-se bem equilibrada, sendo que do total, quase a metade corresponde a IES privadas
com ou sem fins lucrativos; já as IES públicas tem pouco mais de 50% de participação no
Pibid, conforme vemos no Gráfico 5.
Gráfico 5 - IES públicas e privadas habilitadas no edital 07/ 2018 CAPES
Fonte: CAPES. Elaborado pela autora. 2019.
Esse quantitavo de IES privadas participantes do programa pode ser explicado pois
em 2010 o programa foi expandido às IES privadas sem fins lucrativos, posteriormente em
2013 expandiu para as IES privadas com fins lucrativos. Dessa forma, vemos um grande
interesse e participação das IES privadas em participar do programa. Por outro lado, isso
também indica valores significativos de recursos públicos alocados no setor privado.
A seguir apresentaremos o Pibid na UFMT e o subprojeto de Química nessa
instituição especialmente referente ao último edital, isto é, de 2018.
3.1.1 Um olhar sobre o Pibid Química da UFMT
A UFMT participa do Pibid desde o edital 01/2007, ou seja, desde o seu lançamento.
24 Relatório de Gestão PIBID disponível em:
<https://www.capes.gov.br/images/stories/download/bolsas/1892014-relatorio-PIBID.pdf>. Acesso em: 2 de
agosto de 2019.
49%51%Privada
Pública
81
O Pibid está ancorado na Pró-Reitoria de Ensino de Graduação-PROEG. A realização do
Pibid na UFMT mostra-se de extrema importância, em virtude do grande déficit de
professores com formação adequada para atuar na sua área. Essa dificuldade na formação
inicial de professores soma-se ao fato do Estado de Mato Grosso ser muito extenso em
questões territoriais. A UFMT é responsável por uma parcela considerável da formação de
professores para atuar nas áreas de Ciências Naturais, Códigos e Linguagens, Ciências
Sociais, Pedagogia, Matemática. Dessa forma, o incentivo à docência pelo Pibid torna-se
relevante para o estado (RIBEIRO, 2016).
O Projeto Institucional do Pibid na UFMT – Edital nº 7/2018 CAPES – tem um
período de 18 meses de desenvolvimento, envolvendo os campi de Cuiabá, Araguaia, Barra
do Garças, Rondonópolis, Sinop e Pedagogia UAB. O projeto tem como referência a
iniciação à docência, no sentido de fomentar a iniciação à docência e a melhoria da qualidade
da educação, partindo das relações com a política institucional, isto é, o Plano de
Desenvolvimento Institucional (PDI) da Universidade Federal de Mato Grosso. Dessa
forma, o Projeto Institucional do Pibid na UFMT 2018 apresenta como objetivo: inserir
estudantes e professores em processos de iniciação à docência, por meio da criação e
participação em experiências do cotidiano de escolas públicas, contribuindo para a
valorização do magistério e para elevar a qualidade das ações acadêmicas de formação inicial
de professores.
O Projeto Institucional prevê que o projeto de iniciação à docência estará em
consonância com os conteúdos programáticos de disciplinas de formação inicial de
professores, para que as práticas pedagógicas com abordagens interdisciplinares sejam
incentivadas, e comprometidas com a articulação teoria-prática; também em consonância
com as Diretrizes Curriculares para a Formação de Professores para a Educação Básica e a
BNCC. O projeto também indica que a seleção de discentes e professores supervisores para
atuar no programa será realizada mediante edital interno.
No edital 7/2018 CAPES, foram aprovadas um total 1.171 cotas para o estado de
Mato Grosso. Dessas cotas, 43125 foram aprovadas para a UFMT, mas ressaltamos que o
número de cotas aprovadas para a UFMT não foi correspondente ao número de cotas
solicitadas que foi de 672. No Quadro 6 é apresentado os campus participantes neste edital
25 Depois foi aprovada mais uma bolsa que foi solicitada pela coordenação institucional do Pibid na UFMT,
conforme informação concedida em entrevista com a Coordenadora Institucional.
82
na UFMT, a quantidade de discentes bolsistas e discentes voluntários26.
Quadro 6 - Campus, cursos de licenciatura, estudantes bolsistas e voluntários
participantes do PIBID na UFMT no edital 7/2018 CAPES
Curso Local/Campus Estudantes
Bolsistas Voluntários
Ciências Biológicas Pontal do Araguaia 24 -
Ed. Física Pontal do Araguaia 24 1
Ed. Física Cuiabá 24 4
Geografia Rondonópolis 24 3
Geografia Cuiabá 24 1
História Rondonópolis 24 3
História Cuiabá 24 -
Letras Ling. Portuguesa Barra do Garças 24 6
Letras Ling. Portuguesa Rondonópolis 24 3
Ciências Naturais/ Matemática Sinop 24 2
Matemática Rondonópolis 24 6
Matemática Cuiabá 24 6
Pedagogia Cuiabá 24 1
Pedagogia Rondonopolis 24 5
Pedagogia UAB Juara
Primavera
Agua Boa
Canarana
24 1
Química Cuiabá 24 3
Química Pontal do Araguaia 24 3
Filosofia/Sociologia Cuiabá 24 5
Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados dos subprojetos (2018).
O Edital prevê a participação de no mínimo 24 e no máximo 30 discentes por núcleo
de iniciação a docência, correspondendo 24 estudantes bolsistas e, para completar 30, a IES
será incentivada a incluir estudantes não bolsistas. Dessa forma verificamos no Quadro 6
que todos os núcleos são contemplados com 24 bolsistas, já o número de estudantes
voluntários sofre variações em cada núcleo.
A participação dos núcleos ocorre por meio dos subprojetos, que são os projetos
específicos de cada área de conhecimento vinculados ao projeto institucional. Dessa forma,
temos o Subprojeto Química – Pibid, na UFMT campus Cuiabá, participante desde o
26 A quantidade de voluntários apontados no quadro referem-se ao quantitativo no início do projeto, esse
número pode alterar no andamento do projeto, na Licenciatura em Química, por exemplo, começou com três
voluntários já em maio de 2019 contava com dois voluntários.
83
primeiro edital da CAPES em 2007, coordenado inicialmente pela educadora química Dra.
Elane Chaveiro Soares, naquele período foi responsável por escrever o subprojeto da
química para submissão ao edital, posteriormente aprovado pela DEB/CAPES. Entretanto,
as atividades somente tiveram início no primeiro semestre de 2009, devido a problemas
logísticos da CAPES. Esse período coincidiu com o afastamento para qualificação docente
em nível doutoral da até então coordenadora. Dessa forma, a professora aposentada, Ms.
Lydia Maria Parente Lemos dos Santos, assumiu a coordenação durante todo o primeiro
semestre do ano de 2009. O subprojeto envolvia discentes e docentes do curso de
Licenciatura Plena em Química e professores do Ensino Médio público; a equipe era
composta por onze estudantes bolsistas e um voluntário, dois supervisores um de cada
escola, uma coordenadora institucional e pelo grupo de apoio do Laboratório de Pesquisa e
Ensino de Química - LabPEQ/UFMT (RIBEIRO, 2016).
Terminada as atividades desse subprojeto, foi lançado em 2011 um novo edital, em
que a licenciatura em Química participou da seleção e teve a proposta aprovada pela
DEB/CAPES, contando com cinco bolsas para estudantes. Nesse edital, apenas uma escola
participou, a Escola Estadual Dona Maria de Arruda Muller – Liceu Cuiabano – que também
esteve no edital anterior. Participaram cinco estudantes bolsistas, um voluntário, uma
professora supervisora da escola e um coordenador do subprojeto. Até o ano de 2011 vinte
e três estudantes da licenciatura vivenciaram a iniciação à docência em Química, a partir do
subprojeto Química-Pibid (RIBEIRO, 2016).
Em 2013 o subprojeto Química-Pibid, participou novamente do edital. Foi
desenvolvido em duas escolas de Cuiabá, a Escola Estadual Dona Maria de Arruda Muller
(Liceu Cuiabano), que participou pela terceira vez consecutiva, e a Escola Estadual Pascoal
Ramos. Esse projeto contava com quinze estudantes bolsistas, dois professores supervisores,
sendo um de cada escola, e uma coordenadora de subprojeto, a professora Dra. Elane
Chaveiro Soares (RIBEIRO, 2016).
O subprojeto Química-Pibid, também participou da seleção do edital 2018, tendo
sido aprovado. Estão participando do projeto, em Cuiabá, a Escola Estadual André Avelino
e o Instituto Federal de Mato Grosso. O projeto conta com vinte e quatro estudantes bolsistas
e dois estudantes voluntários no período de maio de 2019, quatro professores supervisores e
um coordenador de subprojeto.
O Subprojeto Química - Pibid apresenta como objetivos:
• Incentivar a formação de docentes em nível superior para a educação básica;
84
contribuir para a valorização do magistério;
• Elevar a qualidade da formação inicial de professores/as nos cursos de
licenciatura, promovendo a integração entre educação superior e educação básica;
• Inserir os/as licenciandas no cotidiano de escolas da rede pública de educação,
proporcionando-lhes oportunidades de criação e participação em experiências
metodológicas, tecnológicas e práticas docentes de caráter inovador e
interdisciplinar que busquem a superação de problemas identificados no processo
de ensino- aprendizagem;
• Incentivar escolas públicas de educação básica, mobilizando seus/suas
professores/as como coformadores/as dos/as futuros/as docentes e tornando-as
protagonistas nos processos de formação inicial para o magistério;
• Contribuir para a articulação entre teoria e práticas necessárias à formação dos/as
docentes, elevando a qualidade das ações acadêmicas nos cursos de licenciatura.
• Instrumentalizar os licenciandos para no ensino de Química;
• Estimular e desenvolver a criatividade dos licenciandos através de preparo de
materiais didáticos (apostilas, experimentos com materiais alternativos, jogos
educativos, entre outros) incentivando a prática docente de caráter inovador;
• Inserir os licenciandos em atividades de pesquisa sobre o ensino de Ciências e
de Química;
• Estimular professores da rede pública (supervisor bolsista e colegas de trabalho)
a aprimorarem sua prática pedagógica, com canal de cooperação com o CEFAPRO
e Universidade;
• Melhorar a aprendizagem de Química dos estudantes da Educação Básica;
• Melhoria da prática pedagógica dos professores de Química da escola;
• Incentivar os estudantes do Ensino Médio a ingressarem em cursos de
licenciatura (UFMT, 2018, s.p).
Percebemos que os cinco primeiros objetivos são os mesmos do Edital nº7/2018 do
Pibid/Capes, acrescidos de outros sete objetivos.
Ainda de acordo com o projeto do Pibid-Química o estudante desenvolverá
atividades relacionadas a conhecer o trabalho do professor, atuar em sala de aula, avaliar a
aprendizagem e sua prática pedagógica, trabalhar em equipe, dentre outras atividades.
Percebemos que os objetivos e as atividades previstas no subprojeto reunem
elementos relevantes para a elevação da formação inicial, pois preocupam-se com elementos
conceituais e práticos, com o incentivo e a valorização da docência, com o incentivo a
construção de propostas pedagógicas relacionando-as a contextualização interdisciplinar e
social. Ao elevar a qualidade da formação contribui-se também para a permanência do
estudante no curso. Nessa perspectiva, Gatti et. al. (2014) ao realizar um estudo avaliativo
do programa destaca, a partir de depoimentos, as contribuições do Pibid
[...] para a valorização e o fortalecimento da qualidade dos cursos, propiciada pela
articulação teoria-prática, pela aproximação dos Licenciandos Bolsistas e da IES
com o contexto escolar e pela participação dos bolsistas em atividades como
grupos de estudo, debates, reuniões, eventos. O curso de licenciatura ganhou
visibilidade na IES e fora dela, passou a atrair mais alunos e reduziu a evasão
(GATTI; ANDRÉ; GIMENES; FERRAGUT, 2014, p. 88-89).
Ainda sobre as contribuições do Pibid, a seguir apresentamos uma revisão de estudos
sobre o Pibid com o propósito de conhecer as discussões levantadas nessas pesquisas sobre
85
as contribuições do programa.
3.2 A produção acadêmica sobre o Pibid
Neste subtópico temos a intenção de melhor conhecer a produção já existente sobre
as contribuições do Pibid para o estudante. Realizamos a busca entre 2009 e 2019, pois
corresponde ao período de atividade do programa27.
O levantamento foi realizado na BDTD. Para este levantamento utilizamos o
descritor “Pibid”, no campo de busca, fazendo o filtro por título. Dessa forma, a busca foi
realizada a partir dos títulos que continham a palavra Pibid. Posteriormente, organizamos
pela quantificação e depois pela análise dos trabalhos.
Ao fazermos a busca pelo descritor “Pibid” na area de buscas da BDTD encontramos
209 pesquisas, sendo 163 dissertações e 46 teses. Essas produções correspondem a 49 IES,
sendo 37 IES públicas e 12 IES particulares. As instituições públicas detém um total de 181
pesquisas, já as instituições privadas produziram 28 pesquisas. Logo verificamos que as
instituições públicas sobressaem nessa produção, mesmo havendo uma crescente
participação das IES privadas no Pibid. Isso ocorre em razão das IES públicas ainda serem
as principais responsáveis pela pós-graduação no Brasil28, outro motivo é porque as
instituições privadas aderiram ao Pibid em período posterior as IES públicas, sendo um ano
depois para as IES privadas sem fins lucrativos e três anos depois para as IES privadas com
fins lucrativos.
A primeira pesquisa corresponde ao ano de 2012, ou seja, cerca de três anos após o
início das atividades do programa, e a última produção em 2019. As produções sobre o tema
tiveram seu ápce em 2016 tendo queda após esse período, conforme Gráfico 6.
27 Dados coletados no portal de buscas da Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD).
Disponível em: http://bdtd.ibict.br/vufind/. Acesso em maio de 2019. 28 “As instituições federais e estaduais são responsáveis por mais de 80% da oferta de cursos de mestrado e
doutorado” (MEC, 2018, s.p).Disponível em: http://portal.mec.gov.br/component/tags/tag/32115. Acesso em:
9 jan 2020.
86
Gráfico 6 - Quantidade de teses e dissertações publicadas na BDTD sobre o Pibid por
ano
*O ano de 2019 representa as pesquisas encontradas na realização da busca em 19 de maio de 2019,
ou seja, a quantidade de produções pode aumentar até o final deste ano.
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
Ao todo identificamos 51 programas, sendo o “Programa em Educação” o maior em
número de pesquisas com um total de 91, representando 43,54% do total de pesquisas.
Embora percebamos que há interesse de variados programas de Pós-Graduação na produção
de pesquisa sobre a temática do Pibid, o “Programa em Educação” prevalece
quantitativamente essa produção.
Após essa caracterização geral, realizamos a análise desses trabalhos com a
finalidade de identificar as contribuições do Pibid para a formação do estudante. Para esse
fim, selecionamos apenas as pesquisas referentes ao “Programa em Educação” e
posteriormente selecionamos as pesquisas das IES públicas – nosso campo de estudo.
Fizemos a leitura dos resumos separando as produções que mais pudessem contribuir com
as discussões dessa pesquisa, resultando em 11 pesquisas. Dessa forma, o Quadro 7 apresenta
as pesquisas selecionadas para essa discussão:
Quadro 7 - Levantamento no portal de buscas da BDTD com o descritor: “Pibid”
Ano Título Autor (a) Tipo Instituição
2013 Formação de professores que ensinam SANTOS, Disserta Universidade
0
10
20
30
40
50
60
2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019*
87
matemática nos anos iniciais: contribuições do
Programa Institucional de Bolsas de Iniciação
à Docência (PIBID) na UFSCar
Roger
Eduardo
Silva
ção Federal de São
Paulo
2014 Políticas de formação de professores no Brasil:
um estudo sobre o PIBID na região dos
Inconfidentes MG.
OLIVERI,
Andressa
Maris
Rezende
Disserta
ção
Universidade
Federal de Ouro
Preto
2015 Experiências Formativas no Início da Docência
Mediadas Pelo Pibid Educação Física na
Universidade Estadual de Feira de Santana,
Bahia
MELO,
Tatiane
Moraes
Queiroz de.
Disserta
ção
Universidade
Federal do Espírito
Santo
2015 Impressões sobre o início da docência por alunas
do Curso de Pedagogia e participantes do
Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à
Docência (PIBID/CAPES)
CHAVES,
Ana Maria
Brochado de
Mendonça
Tese Universidade de
São Paulo
2015 Impactos do Programa Institucional de Bolsa de
Iniciaçã à Docência (PIBID) na formação inicial
de professores de matemática
CANTEIRO
, Danielle
Christiane
dos Santos
Tese Universidade de
São Paulo
2016 Um estudo sobre os impactos das ações do Pibid
nos cursos de licenciatura em química da UFS e
do IFS
SANTOS,
Laís
Menezes
Cardoso dos
Santos.
Disserta
ção
Universidade
Federal de Sergipe
2017 Professores iniciantes egressos do Pibid em ação:
aproximações à sua prática profissional
ALVES,
Roberlúcia
Rodrigues
Disserta
ção
Universidade
Estadual do Ceará
2017 O Pibid no desenvolvimento de algumas
competências e habilidades dos futuros
professores de química: possibilidades de
mudanças significativas no ensino de Química?
VERAS,
Kleyane
Morais
Disserta
ção
Universidade
Estadual do Ceará
2018 PIBID: tornei-me professor? SANTANA,
Djiácomo
Neves
Disserta
ção
Universidade
Federal dos Vales
do Jequitinhonha e
Mucuri
2018 Pibid e o professor iniciante: analisando as suas
relações
SANTOS,
Ana Jéssica
Corrêa
Disserta
ção
Universidade de
Brasília
2018 Uma luz no fim do túnel: o PIBID como
possibilidade de melhoria da formação inicial de
professores no curso de licenciatura em Química
da Universidade Federal de Sergipe/campus de
São Cristovão
LIMA, João
Paulo
Mendonça
Tese Universidade
Federal de Sergipe
Fonte: Elaborado pela autora.
A pesquisa de Santos (2013) buscou analisar as contribuições do processo de
formação docente, revelados em narrativas orais nas produções escritas de licenciandos do
curso de Pedagogia que participaram do Pibid. A pesquisa apontou várias contribuições,
dentre elas destacamos a ampliação das vivências e reflexões no âmbito da complexidade de
inserção no contexto escolar e na articulação entre teoria e prática pedagógica. Além disso,
88
demonstrou que a participação no programa possibilitou que as estudantes se descobrissem
no espaço escolar, por meio da construção “de um novo olhar”, abondonando aquilo que
viam apenas como alunas e caminhando em direção a um olhar de professora.
A pesquisa de Oliveri (2014) revela que as experiências e as atividades propostas no
Pibid oportunizam a construção e o fortalecimento dos conhecimentos e das práticas
pedagógicas. Atividades como publicação de artigos e livros, apresentação de trabalhos em
eventos favorecem o fortalecimento dos cursos de licenciatura na instituição, além de
despertar o interesse dos alunos participantes do programa para os estudos na área de
formação de professores.
Segundo os resultados da pesquisa de Melo (2015), o Pibid, como um programa que
aproxima a área de atuação, interfere na escolha pela docência. Nessa mesma perspectiva,
para Melo, o Pibid, na instituição pesquisada, pode ser considerado o Terceiro Espaço de
Formação Docente pois, segundo a autora, o programa permite que o estudante tenha uma
vivência da rotina da escola básica possibilitando, antes do estágio curricular obrigatório,
uma interação com alunos, professores e funcionários. Dessa forma, os estudantes ao
vivenciarem a rotina da escola, poderão realizar atividades significativas para sua formação
profissional.
Lima (2018) concluiu em seu estudo que a participação do estudante no Pibid tem
contribuido para sua permanência, conclusão e para melhoria no seu desempenho
acadêmico. Nesse quadro, Lima (2018) aponta que o apoio pedagógico e financeiro foi
crucial.
Santos (2018) pesquisou professores iniciantes, que foram egressos do Pibid e
verificou que a participação desses professores no Pibid permitiu-lhes iniciar seu exercício
profissional com mais confiança, além da diminuição do choque da realidade ao iniciar a
profissão. Pois no programa conheceram especificidades acerca de seu trabalho conhecendo
a realidade e a rotina do cotidiano de uma escola pública. Dessa forma o
[...] professor iniciante ao ingressar na carreira, certamente, já entrou sabendo de
alguns trâmites necessários para o desenvolvimento das suas atividades. Sabemos
que por meio de um programa de iniciação à docência, que tem uma carga horária
limitada, não é possível apreender tudo de um ambiente escolar, mas certamente
esse tipo de experiência é relevante para a aquisição de conhecimentos sobre a
profissão docente (SANTOS, 2018, p. 168).
Para a mesma autora o Pibid foi importante para o incentivo ao estudante do curso
de licenciatura, inclusive em ingressar e continuar na profissão.
Em perspectiva semelhante, o estudo de Santana (2018) que realizou uma pesquisa
89
documental e aplicou questionário com estudantes que participaram do Pibid e que
concluíram a licenciatura em Pedagogia na UFVJM (Universidade Federal dos Vales do
Jequitinhonha e Mucuri), verificou que parte considerável dos egressos do Pibid se sentiram
mais seguros para atuar na profissão, a participação no Pibid também contribuiu para o
melhor rendimento acadêmico que superasse determinadas dificuldades e desenvolvesse o
gosto pela docência. A pesquisadora também aponta no estudo que o aspecto financeiro do
Pibid, ou seja, a bolsa recebida pelos estudantes, foi um importante aspecto para a melhor
qualidade da formação desses estudante, já que os bolsistas puderam concluir o curso sem
precisar dividir o tempo com outras atividades laborais.
Na mesma perspectiva, Alves (2017) pesquisou professores iniciantes egressos do
Pibid de modo a compreender como esses professores estão constituindo sua
profissionalidade. Sua pesquisa revelou que ser professor iniciante é um momento difícil,
até mesmo para quem já tenha participado de um programa de iniciação docência. Porém, a
autora explica, a partir do que revela esses professores iniciantes, que o Pibid desencadeia o
início na profissão de forma mais harmoniosa. As vivências oferecidas no programa
proporcionaram experiências significativas para o aprendizado profissional. As
aprendizagens relacionam-se ao cotidiano da escola: condução das aulas durante as
atividades, desenvolvimento de projetos, discussões e desenvolvimento de ações na sala de
aula. Para ela, o programa é como uma ponte, que gradativamente vai apresentando o
ambiente de trabalho e dessa forma o professor se constitui profissional.
Veras (2017), que investigou o subprojeto do Pibid na Química na Universidade
Estadual do Ceará (UECE), verificou que as atividades desenvolvidas no subprojeto
permitem a estes futuros docentes de química acumularem experiências vivenciadas nos
diferentes contextos do cotidiano escolar, em especial aqueles relacionados às relações
pessoais com os estudantes e à contrução de conhecimentos químicos. Tais experiências,
juntamente com os momentos de estudo proporcionados pelo subprojeto, foram vistas em
sua pesquisa, como importante suporte para a formação inicial desses licenciandos, porque
contribuem para que adquiram a consciência de sua responsabilização nas tomadas de
decisão que lhes incube, na realização dos experimentos práticos e na formação de jovens.
Chaves (2015) aponta em sua pesquisa que o Pibid precisa ser visto como um
importante programa de apoio e acompanhamento a estudantes que almejam a docência,
além do programa propiciar aproximação entre as universidades e as escolas. A autora ainda
conclui, que a partir das impressões das estudantes pesquisadas, entende-se que
90
experienciaram momentos de encanto e desencanto sobre o início da docência, colocando-
se como professoras a partir das relações de afeto firmadas com as crianças. É nesse
momento inicial que suas principais referências foram as professoras que as acompanharam
em sala de aula.
Já Canteiro (2015) buscou compreender em sua pesquisa os impactos do Pibid na
formação inicial de licenciandos em matemática. Concluiu em seu estudo contribuições do
Pibid para a formação desses estudantes como: aproximação entre teoria e prática,
conhecimento do bolsista quanto ao contexto escolar e tudo o que ele envolve, fortalecimento
das ações entre universidade e escola, reconhecimento do professor da escola pública quanto
coformador do licenciando e suas contribuições para a formação docente, apropriação de
conceitos básicos de sua área de atuação, valorização da docência como campo de pesquisa
e atuação, criação de identidade com a profissão docente e formação mais qualificada.
Santos (2016, p.57) buscou compreender em sua pesquisa os impactos frente ao
processo de formação dos licenciandos do curso de Química. Verificou que o Pibid é
importante para a formação inicial docente, pois fortalece o desenvolvimento profissional
do futuro professor, “tornando-o crítico e reflexivo, atraindo não só aqueles que já possuíam
uma identidade convicta pela docência, mas também aqueles que ingressaram ao programa
justamente para afirmar a sua escolha profissional”. Por outro lado, a pesquisadora também
identificou a falta de integração dos coordenadores de área, verificou que essa é a principal
dificuldade encontrada pelos estudantes de uma das instituições pesquisadas, que inclusive
tem dificultado o desenvolvimento do projeto.
Em síntese, os trabalhos apresentam o Pibid como um programa importante para a
formação inicial de professores. Ele contribui para que os estudantes conheçam e vivenciem
o seu espaço de atuação profissional. Com isso, possibilita que esses estudantes conheçam o
universo da docência ultrapassando a visão que tinham apenas de estudantes e começam a
ter um olhar de professor. As atividades no programa relacionam-se a experiência em sala
de aula, bem como produção de trabalhos, projetos, discussões, aproximação entre teoria e
prática, aproximação entre universidade e escola, dentre tantas outras atividades que podem
contribuir, nessa perspectiva, para uma formação mais qualificada.
Na próxima seção, faremos uma apresentação e análise dos dados coletados por meio
de questionário aplicado aos estudantes do Pibid da Licenciatura em Química da UFMT
campus Cuiabá e da entrevista semiestruturada com quatro estudantes pibidianos e com a
Coordenadora Institucional.
91
4. LIMITES E POSSIBILIDADES DO PIBID NA PERMANÊNCIA DO
ESTUDANTE DE QUÍMICA NA PERSPECTIVA DOS SUJEITOS ENVOLVIDOS
Na presente seção fizemos, primeiramente, uma descrição dos dados e em seguida
sua análise, os quais foram coletados por meio do questionário e entrevistas
semiestruturadas.
4.1. Caracterização do perfil dos estudantes do Pibid no Subprojeto Química de 2018 da
UFMT, campus Cuiabá
Inicialmente pensamos em conhecer os estudantes participantes de forma que
pudéssemos caracterizar um perfil geral por meio de questionário. Enviamos o questionário
por e-mail mediante o Google Forms para os estudantes do Pibid na Química da UFMT
campus Cuiabá. O questionário foi enviado para 29 estudantes, pois no intermédio de envio
e reenvio do questionário tiveram mudanças no sentido de sair e entrar outros estudantes.
Assim, considerando os 29 estudantes do Pibid (entre bolsistas e voluntários) contactados
nesse curso, obtivemos o retorno de 22 questionários.
As perguntas do questionário (Apêndice D) abordavam questões como idade, sexo,
raça/cor, estado cívil, tipo de escola que cursou (ensino fundamental e médio), se está
cursando a primeira graduação ou não, se teve dificuldades para ingressar no curso, se está
trabalhando e qual a função, qual a renda familiar, escolaridade e situação ocupacional da
família.
No estudo, verificamos que os participantes da pesquisa tem idade
predominantemente jovem, conforme aponta o Gráfico 7. Destacamos que essa é a idade
adequada para a educação superior conforme apontado na Meta 12 do PNE (2014-2024).
92
Gráfico 7- Idade dos participantes do Pibid Química, UFMT, Cuiabá
Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados da pesquisa, 2019.
Como podemos notar, a maioria dos estudantes tem idade até 24 anos. O que nos
permite afirmar que o público do Pibid na química é jovem, possivelmente com pouca ou
nenhuma experiência profissional e no início de carreira.
Com relação à distribuição por estado civil, os dados mostram que cerca de 95% dos
estudantes são solteiros, perfil condizente com uma população de estudantes jovens.
Quanto a raça/cor, um estudante se autodeclarou amarelo, quatro se autodeclararam
brancos, quatro estudantes se autodeclararam pretos e treze estudantes se autodeclararam
pardos. Dado que nos chama a atenção, tendo em vista que 77% dos respondentes são
pessoas negras (somatório de pretos e pardos)29. Nesse sentido, V Pesquisa do Perfil
Socioeconômico e Cultural dos Estudantes de Graduação das Universidades Federais,
apresentada, em entrevista coletiva em Brasília em 16 de maio de 2019, pela Associação
Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (ANDIFES) e pelo
Fórum Nacional de Pró-Reitores de Assistência Estudantil (FONAPRACE)30, que informa
que em 15 anos as ações afirmativas elevaram o número de estudantes pretos e pardos de
160.527 para 613.826; uma variação de de 282%. Segundo Cordeiro (2017) as ações
29 Consideramos negro nesta pesquisa o somatório de pretos e partos, como faz o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE). 30 A pesquisa envolveu mais de 420 mil estudantes em 63 universidades, foram levantados dados como gênero,
idade e o caminho trilhado pelos graduandos desde a educação básica. Nos seguintes links é possível ter acesso
ao estudo <https://www.ufpi.br/ultimas-noticias-praec/31372-v-pesquisa-do-perfil-socioeconomico-e-
cultural-dos-estudantes-de-graduacao-das-universidades-federais-e-apresentada-pela-andifes-e-fonaprace> e
<http://www.fonaprace.ufma.br/site/wp-content/uploads/2019/06/V-Pesquisa-do-Perfil-
Socioecono%CC%82mico-dos-Estudantes-de-Graduac%CC%A7a%CC%83o-das-U.pdf> Acesso em: 17 out
2019.
86%
14%
Até 24 anos
De 25 a 32 anos
93
afirmativas
[...] se expressam em uma série de estratégias em diversas áreas da sociedade,
sendo as cotas étnico-raciais uma dessas estratégias voltadas para área da educação
superior. Elas consistem pois no objetivo de corrigir de modo imediato, a curto
prazo, as desigualdades raciais que se expressam no acesso e permanência na
educação superior e que são consequências de processos históricos
discriminatórios, de ontem e de hoje (CORDEIRO, 2017,p. 90).
Salientamos que não podemos afirmar em nossa pesquisa que todos os estudantes
respondentes do questionário tenham ingressado por cotas, já que não fizemos esse
levantamento. Entretanto, abordamos que as ações afirmativas tem tido um importante papel
no maior número de negros na educação superior.
Outro dado da nossa pesquisa é que a maior parte dos estudantes são do sexo
masculino, conforme podemos ver no Gráfico 8
Gráfico 8 - Sexo dos participantes do Pibid Química, UFMT, Cuiabá
Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados da pesquisa, 2019.
Dos participantes do questionário, 13 (59%) são do sexo masculino e 9 (41%) do
sexo feminino, dado que nos chama atenção, pois a pesquisa de Dantas (2013) realizada com
ex-bolsistas do Pibid/Química UFMT no Edital 2007, revelou que apenas 20% dos
participantes eram do sexo masculino31.
Com relação ao tipo de escola que cursaram a educação básica, verificamos na Tabela
2 que tanto o ensino fundamental (77%) quanto o ensino médio (86%) predomina a
31 Segundo Dantas (2013) o Subprojeto de Química ofertou onze bolsas, entretanto no andamento do projeto
ocorreram trocas de bolsistas por motivos como a conclusão do curso antes do término do Pibid/UFMT edital
2007. Dessa forma, vinte estudantes da Licenciatura em Química participaram do subprojeto na modalidade
bolsistas e um na modalidade voluntário, ainda segundo a pesquisadora dentre os bolsistas foram quatro do
sexo masculino e dezesseis do sexo feminino.
59%
41% Masculino
Feminino
94
quantidade dos que cursaram em escolas públicas. Esse dado é corroborado com os estudos
de Andrade, (2019), Fadigas, (2016), Marinho (2011), que revelam que os estudantes que
cursam licenciatura são egressos em sua maioria do sistema de ensino público.
Tabela 2 - Antecedentes escolares dos participantes do Pibid Química, UFMT,
Cuiabá
Variável N
Em que tipo de escola você cursou o ensino fundamental? R (22)
Todo em escola pública 17
Parte em escola pública -
Todo em escola particular COM bolsa de estudo 4
Todo em escola particular SEM bolsa de estudo -
Parte em escola particular COM bolsa de estudo -
Parte em escola particular SEM bolsa de estudo 1
Em que tipo de escola você cursou o ensino médio? R (22)
Todo em escola pública 19
Parte em escola pública -
Todo em escola particular COM bolsa de estudo 3
Todo em escola particular SEM bolsa de estudo -
Parte em escola particular COM bolsa de estudo -
Parte em escola particular SEM bolsa de estudo -
Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados da pesquisa, 2019.
Outra questão refere-se ao ano de conclusão do ensino médio: a maioria dos
pesquisados (27%) responderam ter concluído o ensino médio em 2016, seguido dos
estudantes (22%) que informaram ter concluído em 2017 e outra parte dos estudantes (18%)
em 2015, em menor proporção apareceram os anos de 2014 (4,5%), 2013 (4,5%) e 2010
(4,5%).
Sobre a escola que concluíram o ensino médio, 59% informaram ter concluído em
escola pública de Mato Grosso, 18% em escola pública federal, 9% em escola particular de
Mato Grosso e 9% em escola pública de outro Estado, e 4,5% afirma ter concluido em escola
particular de outro Estado. A maior parte desses estudantes (68%) realizaram o ensino médio
no turno diurno, seguido dos que cursaram em período integral (23%) e em menor número
(4,5%) os que cursaram parte diurno e parte noturno (predominando o diurno); igualmente
apareceram respondentes que cursaram esse nível de ensino somente no período noturno
(4,5%).
Quanto a escolaridade da família, como demonstra o Quadro 8, verificamos que a
escolaridade do pai e da mãe concentram-se em maior número na educação básica,
especificamente: o ensino médio completo para as mães (45%) e o ensino fundamental
95
incompleto para os pais (32%). Em semelhança com esse dado recorremos novamente ao
estudo da V Pesquisa do Perfil Socioeconômico e Cultural dos Estudantes de Graduação
das Universidades Federais, que apresenta que os estudantes, em sua maioria absoluta, vêm
de famílias em que nem o pai (66%), nem a mãe (63%), ou quem os criou como tal, teve
acesso ao ensino superior. Esse perfil de licenciandos também é condizente com o perfil dos
professores no Brasil. Segundo Gatti, Barreto e André (2011, p. 28) “[...] atualmente, no
Brasil, os próprios professores são provenientes de camadas sociais menos favorecidas, com
menor favorecimento educacional”.
Sobre a situação ocupacional da família nossa pesquisa aponta, conforme Quadro 8,
que as mães encontram-se em sua maioria desempregadas (52%), quanto aos pais divide-se
entre desempregados (33%) e trabalhando sem vínculo empregatício (33%). Segundo dados
divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) o desemprego no país
no segundo trimestre deste ano é de 12% e atinge 12,8 milhões de pessoas, embora o índice
de desemprego tenha caído em relação ao primeiro trimestre (12,7%) e ao mesmo período
de 2018 (12,4%), o número de pessoas empregadas no setor privado sem carteira assinada
aumentou 5,2% em relação ao mesmo trimestre de 2018. Outro dado é relacionado aos
indivíduos que trabalham por conta própria, que bateu recorde da série histórica iniciada em
2012, chegando 24,1 milhões de pessoas no segundo trimestre, tendo alta de 5% frente ao
mesmo período do ano passado32.
Quadro 8 - Escolaridade e situação ocupacional do pai e da mãe dos participantes do
Pibid Química, UFMT, Cuiabá
Variável N Variável N
Qual o nível de instrução de sua mãe? R (22) Qual o nível de instrução de seu pai? R (22)
Não frequentou escola Não frequentou escola
Ensino Fundamental (antigo 1º grau) incompleto 5 Ensino Fundamental (antigo 1º grau) incompleto 7
Ensino Fundamental (antigo 1º grau) completo 1 Ensino Fundamental (antigo 1º grau) completo 5
Ensino Médio (2º grau) ou equivalente
incompleto 1
Ensino Médio (2º grau) ou equivalente
incompleto
Ensino Médio (2º grau) ou equivalente completo 10 Ensino Médio (2º grau) ou equivalente completo 5
Ensino Superior incompleto 3 Ensino Superior incompleto 1
Ensino Superior completo 2 Ensino Superior completo 4
Pós-Graduação (mestrado e/ou doutorado). Pós-Graduação (mestrado e/ou doutorado).
32 Para saber mais acessar os links <https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-
agencia-de-noticias/releases/25092-pnad-continua-taxa-de-desocupacao-e-de-12-0-e-taxa-de-subutilizacao-e-
24-8-no-trimestre-encerrado-em-junho-de-2019> e <https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-
noticias/2012-agencia-de-noticias/noticias/25314-desemprego-cai-para-11-8-mas-12-6-milhoes-ainda-
buscam-trabalho>. Acesso em 3 set 2019.
96
Qual das seguintes alternativas melhor
descreve a atual situação ocupacional de sua
mãe? R (21)
Qual das seguintes alternativas melhor
descreve a atual situação ocupacional de seu
pai? R (21)
Está trabalhando com vínculo empregatício 7 Está trabalhando com vínculo empregatício 3
Está trabalhando sem vínculo empregatício 2 Está trabalhando sem vínculo empregatício 7
Está desempregada 11 Está desempregado 7
É aposentada 1 Aposentado 1
Vive de rendimentos financeiros (aluguéis,
aplicações bancárias, etc.)
Vive de rendimentos financeiros (aluguéis,
aplicações bancárias, etc.)
Outra Outra 3
Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados da pesquisa, 2019.
Quanto a renda mensal familiar dos estudantes, verificamos no Gráfico 9, um
expressivo percentual de estudantes com renda famíliar até 2 salários mínimos (36%),
seguida de até 1 salário mínimo (32%). Já rendas acima de 3 salários mínimos tem frequência
reduzida. Dados esses que também se aproximam com o colocado pelo V Pesquisa do Perfil
Socioecônomico dos Estudantes de Graduação das Universidades Federais, que informa
que 70,2% tem renda de mais de um a um e meio salários mínimos em 2018.
Gráfico 9 - Renda mensal familiar dos participantes do Pibid Química, UFMT,
Cuiabá
Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados da pesquisa, 2019.
Outro dado é que apenas dois estudantes cursaram outra graduação (um estudante do
Bacharelado em Ciências Biológicas e outro do curso de Engenharia de Produçao), ou seja,
a maioria está cursando sua primeira graduação.
Sobre os motivos da escolha do curso de licenciatura em Química, são apresentados
no Gráfico 10.
32%
36%
18%
5%9%
até 1 salário mínimo
de 1,1 a 2 saláriosmínimos
de 2,1 a 3 saláriosmínimos
de 3,1 a 5 saláriosmínimos
de 5,1 a 10 saláriosmínimos
97
Gráfico 10 - Motivos da escolha do curso de Química pelos participantes do Pibid
Química, UFMT, Cuiabá
Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados da pesquisa, 2019.
Percebemos que a maioria dos respondentes (36%) consideram a vocação e
realização profissional o principal motivo que os levaram a escolha do curso, seguido da
influência da familia/amigos/professores. Segundo Nunes e Veloso (2015), o sucesso na
trajetória acadêmica, entre outros motivos, está na escolha satisfatória do curso. Na
explicação de Zago (2006) a escolha do curso, para os estudantes de camadas populares,
geralmente recai para aqueles que são menos concorridos e que, segundo estimam,
proporcionam maiores chances de aprovação. Ainda segundo a autora, quanto maior os
recursos econômicos e simbólicos dos pais, maiores as chances de acesso a cursos mais
prestigiados e consequentemente empregos com melhor remuneração. O segundo motivo
mais mencionado (32%) pelos participantes da nossa pesquisa, foi a influência da
família/amigos/ professores. Nesse aspecto, as entrevistas que realizamos nesse estudo e que
serão apresentadas nesta seção, mostraram o quanto o papel do professor da escola básica
influenciaram na decisão de escolha dos licenciandos. Já o terceiro motivo mais eleito (18%)
é sobre a maior oportunidade no mercado de trabalho. Sobre esse motivo, entendemos que a
sua resposta esteja na ideia que a educação é “[...] o setor nacional com o maior volume de
emprego, com alta proporção de profissionais a cargo das administrações públicas” (GATTI,
BARRETO, ANDRÉ, 2011, p.239), aliado a necessidade de professores na área de Química
5%
18%
36%9%
32%
Por dificuldade deaprovação no cursode minha preferência
Maior oportunidadeno mercado detrabalho
Vocação e realizaçãoprofissional
Boa perspectiva deremuneração
Influência da família/ amigos /professores
98
conforme apresentamos na seção 1 deste trabalho.
Nossa pesquisa também apontou que cerca de 95% dos estudantes não trabalham,
apenas um estudante afirmou “trabalhar às vezes”. Esse resultado aponta para uma evidência
de que o curso por ser em período integral, dificulta a conciliação entre estudo e trabalho.
Também sugere que o trabalho, para esses estudantes, não se apresenta como condicionante
para se manterem no curso, mesmo que a família apresente baixas condições
socioeconômicas. Estudos como de Silva (2013) e Primão (2015) revelam que na medida
que o estudante consegue transpôr a barreira de conseguir ingressar em um espaço que
historicamente é reservado as classes mais favorecidas, a família não mede esforços para
manter o estudante na universidade.
Ao serem questionados se tiveram dificuldades para ingressar no curso a maioria dos
estudantes disseram, não ter tido dificuldades, conforme Gráfico 11 a seguir.
Gráfico 11 - Dificuldades ou não para ingressar no curso, pelos estudantes
participantes do Pibid Química, UFMT, Cuiabá
Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados da pesquisa, 2019.
Já na questão sobre ter estudado em cursinho pré-vestibular, apenas 3 (14%)
estudantes responderam ter feito cursinho preparatório. Embora Zago (2006) expõe que “[...]
há uma forte demanda pelos cursinhos pré-vestibular, estratégia bastante generalizada entre
os egressos do ensino médio”, nossa pesquisa apontou que um pequeno número deles
frequentaram cursinhos prepatórios e que a dificuldade mais apontada (20%) pelos
20%
60%
5%
15%
Estava indeciso naescolha do curso
Não teve dificuldade
Não conseguiuclassificação noprocesso seletivo
Não conseguiuconciliar trabalhocom estudo
99
estudantes para ingressar no curso relacionava-se a indecisão na escolha do curso, conforme
Gráfico 11. Por isso salientamos a importância de uma maior integração entre Educação
Superior e Educação Básica, principalmente para auxiliar os estudantes concluintes do
Ensino Médio em suas escolhas pelo curso de sua futura profissão, uma vez que “ [...] o
pouco conhecimento sobre o curso escolhido, aliado a uma formação básica deficitária, são
elementos que contribuem para a desistência, o pouco rendimento e a baixa conclusão do
nível superior” (LIMA, 2018, p.122).
Em síntese, os dados coletados mostram que o perfil dos pibidianos da Química na
UFMT, campus Cuiabá, é de estudantes predominantemente jovens em sua maioria com
idade até 24 anos (86%); do sexo masculino (59%); solteiros (95%); negros (77%); que
cursou o ensino fundamental (77%) e médio (86%) somente em escola pública; que cursou
o ensino médio no turno diurno (68%); em escola pública do Estado de Mato Grosso (59%);
que concluiu o ensino médio por volta do ano de 2016 (27%); que não frequentou cursinho
pré-vestibular para ingressar no curso superior (86%); que não exerce trabalho remunerado
(95%); que possui renda familiar entre 1,1 e 2 salários mínimos (36%); que os pais estão
desempregados (33%) ou trabalhando sem vínculo empregatício (33%), e as mães (52%)
estão desempregadas; e que os pais (32%) possuem o ensino fundamental incompleto e as
mães (45%) o ensino médio completo. São estudantes (60%) que não tiveram dificuldades
para ingressar no curso; e que sua principal motivação para a escolha do curso de
Licenciatura em Química relaciona-se a vocação e realização profissional (36%).
Dessa forma, faremos a seguir a análise das entrevistas semiestruturadas realizadas
com estudantes do Pibid e com a Coordenadora Institucional para compreender na percepção
desses sujeitos a relação entre o Pibid e a permanência do estudante no curso, a partir das
vivências no programa com vistas a melhoria na formação desses estudantes.
4.2 Percepção de estudantes do Pibid e da Coordenação Institucional sobre o programa
No presente tópico pretendemos apresentar a análise dos dados coletados nas
entrevistas a partir da análise de conteúdo que por meio de métodos organizados se propõe
a interpretação dos textos para melhor compreensão do conteúdo desses textos conforme
Bardin (2016).
Os textos analisados correspondem às respostas dadas nas entrevistas, contendo as
percepções dos participantes do estudo.
100
Buscamos explicitar aspectos da vivência do licenciando no curso principalmente no
Pibid buscando aproximações com as ações qualificadoras do ensino e a permanência do
pibidiano no curso.
Consoante com o que foi assinalado na seção 2, a análise se pauta nas seguintes
categorias: 1. Professores do ensino médio e a escolha profissional do estudante: indo ao
encontro do Curso de Licenciatura em Química; 2. Sentimento de pertencimento como
professor: Pibid divisor de águas; 3. A influência e o papel do professor supervisor; 4.
Reflexões do Pibid: “me colocou no rumo certo agora do curso, confirmou que era isso
mesmo que eu queria”; 5. Projeções futuras.
Foram entrevistados quatro estudantes do Pibid na Licenciatura em Química da
UFMT campus Cuiabá, e a Coordenadora Institucional do Pibid nesta instituição, conforme
descrito no Quadro 9 a seguir:
Quadro 9 - Sujeitos entrevistados
Pibidiano Idade Sexo Cor/raça Ingresso no
Pibid
Estudante
Voluntário (EV1)
22 anos Masculino Pardo 2019/1
Estudante
Voluntário (EV2)
19 anos Masculino Branco 2019/1
Estudante Bolsista
(EB1)
20 anos Masculino Pardo 2018/2
Estudante Bolsista
(EB2)
21 anos Feminino Pardo 2018/2
Coordenadora
Institucional
Feminino
Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados da pesquisa, 2019.
.
A seguir apresentamos a percepção dos sujeitos participantes dessa pesquisa sobre
aspectos relacionados a escolha do curso de Licenciatura em Química e a sua vivência no
programa.
4.2.1 Professores do ensino médio e a escolha profissional do estudante: indo ao encontro
do Curso de Licenciatura em Química
As razões dos pibidianos para cursarem a Licenciatura em Química diferem em
alguns aspectos. O que ficou evidente foi o desejo de ser professor e o gosto pela Química,
ambos influenciados pelos professores do ensino médio, conforme podemos ver nas falas
dos entrevistados:
101
Alguns professores meus me influenciaram bastante na época da escola e me
mostraram que é uma área boa para se trabalhar. [...] no caso mesmo é tentar ajudar
a outra pessoa da mesma forma que eu fui ajudado pelo meu professor. Eu tive um
professor de filosofia que ele me deu aula de história desde o ensino fundamental
e depois com filosofia no ensino médio, e ele me influenciou bastante em todo
esse período, pegava no pé, aí eu queria passar isso para outra pessoa também.
EV2 .
Eu me identifiquei como sendo realizado nessa profissão. É, eu sempre admirei
muito meus professores. EB1.
Meus professores do ensino médio, foi mais uma professora do terceiro ano, que
assim, meu ensino médio foi meio defasado, mas o que eu aprendia de química eu
gostava. Entendeu? Aí a minha primeira professora do primeiro ano ela me
ensinava a química de uma forma muito, muito entendível, sabe? Meu professor
do segundo ano já não muito, mas a professora do terceiro ano a professora [...]
ela que fez eu gostar muito de química. EB2.
Nesse sentido, o estudo de Gatti e Barreto (2009) sobre professores do Brasil mostra
que a maioria dos estudantes pesquisados (53,4%) escolheram a licenciatura porque querem
ser professores, e o terceiro motivo mais mencionado (11,6% dos licenciandos), porque
tiveram um bom professor que serviu de modelo. Em nossa pesquisa os dois aspectos
apresentam-se como motivos para escolha do pibidiano pelo curso. O estudo de Jesus (2012)
também evidenciou a influência dos professores do ensino fundamental e médio para a
escolha do aluno pela licenciatura.
Em nossa pesquisa os professores da escola básica mostram-se como referências
profissionais. Na fala dos licenciandos, fica evidente a forma como esses profissionais
trabalham e como contribuem para a aprendizagem e desenvolvimento dos estudantes. Estes
são aspectos que os licenciandos consideraram positivos e que influenciaram em sua escolha
profissional pelo desejo de também ser professor e contribuir com outras pessoas, da mesma
forma como esses professores contribuíram com eles. Tais questões podem ser observadas
na fala do EV2 e da EB2:
Os meus professores quando eu estava na escola, tinha aquela bagunça de aluno,
e eles chamavam muito minha atenção pegavam no pé e eu acabei gostando me
interessando mais pelo estudo. E alguns alunos alí [na escola do Pibid] são desse
jeito, então de certa forma, eu me via um pouco neles e eu queria estar lá para
auxiliar. EV2.
[...] ela deu química orgânica para a gente, que é nomenclatura, é ramificação tudo
esses negócio de função, e uma coisa que eu gostava dela é porque era a única
aula que todo mundo prestava atenção era a aula da professora [...] de química,
que era a matéria que quase ninguém gostava da turma, mas todo mundo prestava
atenção, porque ela fez com que todo mundo entendesse esse negócio de
nomenclatura para química orgânica e ela começou a falar para quê servia cada
função [...]. E uma coisa que ela fazia que eu achava muito legal, que nossas aulas
eram curtas normalmente quarenta e cinco minutos porque eu estudava a noite,
então era bem reduzido, [...] ela procurava sempre levar material impresso para
nós, tabelinha tudo para ajudar a compreender mais e também para ajudar a gente
102
a passar no ENEM, fazer algum vestibular ela levava para nós, e todo mundo
ficava super atento na aula dela [...]. Aí me despertou esse negócio: por que a
professora que da aula de química, é uma coisa que eu gosto, consegue fazer todo
mundo prestar atenção? Aí eu falei assim: a se eu fosse uma professora eu vou ser
uma professora igual essa daí, fazer o aluno prestar atenção na aula também. EB2.
Conforme podemos observar, as recordações dos professores da educação básica
foram marcantes e bem positivas: a proximidade do professor com o estudante, o gosto por
ensinar, o conhecimento e a atenção, foram aspectos que fizeram parte dessas representações
sobre os seus “bons professores”. Essas influências, aliado ao gosto pela Química,
contribuiram para a escolha dos estudantes entrevistados em cursar Licenciatura nesse curso.
Durante a entrevista, EV2 também relatou uma outra experiência que contribuiu para
sua escolha pela química. Segundo ele, foi a partir de uma das visitas a Universidade
Estadual de Campinas (Unicamp), por meio de uma ação que abre todos os anos um dia
específico para os alunos visitarem o campus. Dessa forma, EV2 relata que pôde conhecer o
curso superior em Química e também em Fisíca, e afirmou que a partir desse momento
desencadeou nele o interesse nas duas áreas, porque até então não tinha idéia do que queria,
sendo que essa experiência vivenciada por ele ocorreu no primeiro ano do ensino médio,
segundo EV2
O que eu gostei mais do curso de química lá, além do que tem diferencial de física,
é a parte experimental o laboratório, me chamou a atenção pesquisas com
substancias orgânicas, agentes e reagentes, pesquisas voltadas a medicina também
me interessaram bastante, aí eu fiquei meio que fascinado por essa área, aí eu vou
tentar sim, aí nesse meio termo eu vi que tinha licenciatura e bacharelado e tem
engenharia também, aí eu comecei com a licenciatura que alguns professores meus
me influenciaram bastante. EV2.
O processo de escolha do EV2 envolveu uma experiência que implicou em uma ação
entre universidade e escola, o qual proporcionou que ele conhecesse cursos superiores e,
dessa forma, ele pôde ter uma melhor escolha do seu futuro curso superior, que
posteriormente foi definido pela licenciatura por causa da influência de seus professores da
escola.
Por outro lado, conforme relata a próxima fala, a EB2 ao pedir opinião para três
professoras sobre se deveria escolher a profissão docente, as mesmas responderam que não,
demonstrando um certo descontentamento pela profissão docente, principalmente por causa
das dificuldades que a profissão enfrenta:
Eu perguntei para três professoras, porque eu tinha aquele negócio, assim, porque
aluno tem né, há eu quero ser igual aquele professor. Tinha a professora de
geografia a professora [...] de química, e porque assim eram as aulas mais boas eu
ficava doida porque era tanta informação tanta coisa legal que eu gostava, daí eu
103
falei assim: se eu for professora eu quero ser professora igual essas daí, tipo um
padrão, a gente tem que ter um padrão de professora. Aí eu perguntei para essas
duas e mais uma de história na época, [...] aí eu falei assim: ‘professora me ajuda
aqui que estou indecisa’, olha só, estava indecisa entre farmácia e química,
farmácia porque minha mãe queria que eu trabalhasse na área da saúde, aí então
eu falei a se eu for trabalhar na área da saúde vou trabalhar com farmácia , aí eu
falava assim, ‘pô estou indecisa, já que eu sei que a senhora me conhece’ - porque
essas três professoras me deram aula desde o primeiro ano, era no terceiro quando
eu perguntei para elas – ‘o quê você acha que combina com meu perfil é farmácia
ou química para ser professora?’. Aí todas responderam farmácia: ‘faz farmácia
não faz química para dar aula não’. As três do jeito delas falaram: ‘não, não faz
química’, umas falavam mais assim ‘não faz química porque é meio complicado
é muita energia muito esforço vai fazer farmácia porque você vai ganhar um pouco
melhor’, aí eu ‘então tá bom’. Mas no ENEM aqui [UFMT] não tem farmácia,
então vai química mesmo, aí fui fazer química, a professora [...] falava não faz
química não, faz farmácia. [...]. Aí ela falou assim ‘não, não é para você fazer isso
porque professor é uma profissão muito trabalhosa é muito desgastante...’ E ela
esta louca para aposentar, mas mesmo assim eu vim fazer química. Por que eu vim
fazer química? Porque meu objetivo é realmente ser professora de química igual
ela deu aula para mim, que eu achei maravilhoso!. EB2.
Percebemos que mesmo as professoras sugerindo a EB2 em não optar pela profissão,
por causa das dificuldades da área, as atitudes e as práticas profissionais positivas das
professoras da escola foram mais impactantes na decisão da EB2, pois conforme a estudante
coloca foram um “padrão de professoras”.
Entretanto, salientamos que a percepção das professoras mostram uma realidade
vivenciada por muitos professores, qual seja, o desprestígio profissional, as condições de
trabalho precárias e a baixa remuneração. Nesse sentido, Gatti, Barreto e André (2011)
explicam que
[...] as condições de trabalho, a carreira e os salários que recebem nas escolas de
educação básica não são atraentes nem recompensadores [...] é preciso não apenas
garantir a formação adequada desses profissionais, mas também oferecer-lhes
condições de trabalho adequadas e valorizá-los, para atrair e manter, em sala de
aula, esses profissionais (GATTI; BARRETO; ANDRÉ, 2011 p. 11).
Segundo as mesmas autoras, ainda não temos um equacionamento do salário com a
relevância social dessa profissão. Dado que é levantado pelo EV2 que, segundo ele
Não tem investimento maior na área da educação e dos professores também, que
acaba fazendo parte da área da educação. [...] apesar de ser bastante desvalorizado,
é uma área muito boa e influenciadora principalmente nas escolas, assim como eu
fui bastante influenciado pelos meus professores a correr atrás de estudo dá um
jeito e acabei gostando bastante e querer passar isso para os outros alunos. EV2.
Dessa forma, ao analisarmos as falas dos estudantes, as mensagens indicam
representações da docência como “vocação” e “missão”, representadas pelo gosto pelo
ensino e pela vontade de ajudar o outro. Entendemos que esses aspectos podem ter sido
motivantes para a maioria dos estudantes pela escolha de cursar Licenciatura em Química e
104
principalmente o exemplo de seus “bons professores” na época de escola.
Quando relacionamos esses aspectos ao ingresso e a permanência na educação
superior verificamos que estão interligados, pois há de se considerar vários fatores e/ou
elementos que estão relacionados às questões econômicas, sociais, de formção escolar,
familiar e pessoal do estudante, de forma que essas questões podem anteceder o ingresso ou
podem apresentar e influenciar durante o percurso acadêmico (ANDRADE, 2019).
Portanto, fatores que antecedem o ingresso e fatores que se apresentam durante o
percurso acadêmico podem influenciar na permanência. Complementamos que as vivências
proporcionadas pela Universidade ao estudante, durante o período de formação, influenciam
na sua continuidade no curso.
Consideramos que a prática desenvolvida no Pibid poderá contribuir com a
confirmação ou não do desejo do licenciando em ingressar na carreira docente e,
consequentemente, de permanecer ou não no curso, pois o Pibid proporciona a inserção do
estudante no contexto real de sala de aula na perspectiva de professor, além de contribuir
com “a elevação da qualidade da formação” (LIMA, 2018, p. 154).
Abordaremos esses aspectos a seguir, focando o sentimento de pertencimento como
professor na perspectiva do pibidiano.
4.2.2 Sentimento de pertencimento como professor: Pibid divisor de águas
As impressões dos pibidianos sobre sua inserção na escola e “o choque com a
realidade” que vivenciaram, revelam que se depararam com novas e em algumas vezes
desconhecidas realidades. Conforme vemos nos depoimentos a seguir:
A primeira impressão achei bem estranho, porque querendo ou não até um tempo
atrás era eu que estava ali na sala de aula com o professor, só que como aluno,
então eu consegui vê com outros olhos o que era a sala de aula, tanto do lado do
professor do trabalho dele, quanto quando eu já tinha saído da escola como aluno,
aí acabou chamando bastante a minha atenção. Pesquisadora: é um ambiente que
você conhecia mas em outra posição? - Em outra posição, foi justamente o que
deu o choque do programa. EV2.
[...] eu nunca vi a realidade de uma escola estadual - porque eu fiz o ensino
fundamental em escola particular com bolsa de estudos e o ensino médio em uma
escola federal - lógico que a gente sabe sai no jornal e tal, tenho amigos que é da
escola estadual mas eu nunca entrei numa escola estadual numa visão de aluno.
No Pibid eu fui para uma escola estadual [...] eu estou vendo que está contribuindo
para minha formação como futuro professor. EB1.
Ó assim, é que nem professor meu já falou o professor [...] sempre converso com
ele sobre essse assunto, eu, todo mundo, quem nunca participou de algo assim tem
a visão do aluno em sala de aula, a gente senta presta atenção na aula e a gente vai
105
embora. Com esse projeto do Pibid nós percebemos a visão do professor. EB2.
Conforme é percebido nos relatos, participar do Pibid mudou o olhar dos
licenciandos: de uma visão apenas de aluno para, agora, um olhar de professor. Esse aspecto
também é identificado na pesquisa de Santos (2013) com estudantes do Pibid na licenciatura
em Pedagogia no projeto de matemática, que relata o sentimento de descoberta em relação a
escola. Nessa pesquisa, as pibidianas pesquisadas estavam no Pibid em processo de
construção de um novo olhar, não mais de aluna, mas de professora.
A dinâmica do programa possibilita que esses estudantes vivenciem a realidade do
professor em sala de aula e, muitas vezes, mesmo que apenas no auxílio, desenvolve
atividades concernentes as atividades realizadas por um professor. Por esse ângulo, mesmo
que o EB1 não tenha conhecido nem mesmo como aluno a realidade de uma escola estadual,
ele afirma, conforme vimos, que a experiência do Pibid tem contribuido para sua formação
enquanto futuro docente, pois conhecer esse ambiente, principalmente na visão de professor,
tem contribuido para sua formação inicial. Segundo Gatti (2014, p. 43) “os professores
desenvolvem sua condição de profissionais tanto pela sua formação básica na graduação,
como por suas experiências com a prática docente, iniciada na graduação e concretizada no
trabalho das redes de ensino”. Os entrevistados relatam as aprendizagens e as atividades
desenvolvidas no programa, conforme podemos ver abaixo:
[...] a gente está como auxiliar da professora para tirar as dúvidas de todos, porque
a turma é grande então com os pibidanos vai auxiliar a professora para explicar
para os alunos, porque a professora explicou no quadro e alguns não entenderam
o que ela falou, não conseguiram raciocinar rápido então a gente ajuda eles. Eles
aprendem melhor para quando for na hora da prova eles já entenderem bacana, e
nem é questão de aprender para fazer uma prova e sim para ele ter o conhecimento
geral da química. EV1.
Eu acompanho a professora na sala, auxílio ela enquanto ela está explicando, fico
dando uma volta na sala se tem algum aluno com dúvida eu tento ver se consigo
tirar a dúvida [...]. Eu vejo de uma forma bem diferente que eu vi na primeira vez,
querendo ou não eu vendo por fora é diferente de eu estar realmente lá, então eu
acabei aprendendo bastante de como é ser um professor, com a professora que
acaba me acompanhando nas aulas. EV2.
[...] atitude de observar as aulas de ajudar os alunos [...] a gente faz listas de
exercícios, atividade experimental, então tudo isso. EB1.
Com esse projeto do Pibid nós percebemos a visão do professor, porque o
professor antes dessa aula acontecer ele tem que ter feito várias coisas antes, que
é o plano de aula, de ensino, tem que saber o conteúdo que ele vai dar, coisas desse
tipo, as burocracias que ele tem que fazer, material didático que ele vai utilizar e
tudo mais. E essa parte a gente viu, está aprendendo no Pibid, essa parte do
professor sobre o quê ele faz fora de sala de aula e o que que ele faz dentro de sala
de aula, para aquela aula acontecer aí a gente esta aprendendo esse ponto de vista
como que funciona, de estar fazendo o planejamento de estar aplicando em sala de
aula as correções porque os alunos não entendem, aí tem que mudar esse ponto de
106
vista a gente está aprendendo no Pibid. EB2.
Dessa forma, as experiências relatadas no Pibid estão de acordo com o objetivo geral
da proposta de formação concebida pelos documentos (Projeto Institucional, Subprojeto,
Edital/CAPES Pibid) que é o incentivo aos futuros professores a seguirem na carreira
docente, por meio da sua inserção na escola e do desenvolvimento de práticas e trabalhos
com os integrantes do espaço escolar, com a colaboração de professores no processo de
formação inicial.
Participar do programa é uma experiência bastante importante para eles, e muito
diferente das vivências anteriores. Quando analisamos as falas dos pibidianos verificamos
sentimento de pertencimento como professor, de elevação da autoestima e do gosto pela
docência. As falas a seguir demonstram bem esse fenômeno:
Ensinar eu acho tão legal [...] ensinamos alunos, a coisa de tirar dúvida, eu gostava
quando alguém perguntava eu já achava bom, que eu já ia lá onde ele estava e
tirava a dúvida dele. Como a gente está trabalhando com o 3º ano e é só orgânica,
que orgânica é muito bom para ensinar aí eu ficava lá ensinando aí ficava assim
chateado em uma turma que ficava com vergonha de pedir, aí as vezes eu ía lá e
oferecia ‘está precisando de ajuda?’ aí a pessoa falava ‘não, não precisa não’ aí
outras pessoas dizia ‘sim’ aí eu pegava e ensinava, aí tinham umas que estavam se
sentindo mais a vontade para pedir ajuda. Mas eu já achei muito bacana essas três
semanas que eu já participei. EV1.
[...] sala de professores nunca entrei não, so chamava o professor e ele vinha e
olhava o caderno. Já lá no Pibid a gente compõe o professor durante a manhã toda,
então a gente tem a visão do Pibid, então quando a gente for dar aula que seja lá
no IF vamos supor vai ser mais ou menos aquilo ali aquela burocracia de estar
fazendo o plano de aula, prova bimestral, prova semestral, corrigir prova
avaliação, colocar no sistema avaliar por aluno é mais ou menos por aí que a gente
está percebendo. EB2.
Pudemos perceber que o pibidiano sente-se parte do processo de ensinar e de preparar
as aulas. Ao mesmo tempo que ele compõe aspectos da profissão docente, ele é
supervisionado por um profissional experiente o qual compartilha com ele seus
conhecimentos e experiências. Dessa forma, coadunamos com os resultados da pesquisa de
Santos (2013) de que
[..] dois olhares no processo de iniciação à docência foram construidos, enquanto
aluna de licenciatura e enquanto futura professora. Esses dois olhares das bolsistas
estavam sempre voltados para as próprias aprendizagens, porém sempre
rementendo aos seus futuros processo de ensino e pensando nas aprendizagens dos
alunos. Dessa forma, o Pibid proporcionou um espaço formativo de busca da
articulação entre teoria e prática, no qual, surgiram percepções e reflexões destes
dois olhares. (SANTOS, 2013, p. 95).
Nesse contexto, mencionamos o fato de que a atividade docente no Pibid vai além
do ato de preparar e dar aulas, alcançando também o ato de refletir sobre a realidade escolar
107
e a profissão docente, como podemos ver na fala do EV1 e do EV2:
Até agora eu estou gostando da área da docência, eu vi que o papel do professor é
muito importante realmente, que tem muitos alunos que precisam mesmo de
professores bons, professores que incentivam o aluno como ajudar os
adolescentes, ajudar eles a entenderem. Eu vi que o papel da educação é muito
importante, acho que uma das coisas mais importantes no mundo é a educação,
eles precisam disso, então tem que ter professor a gente tem que formar
professores para que foque os alunos a aprender mais sobre a ciência em geral.
EV1.
[...] apesar de ser bastante desvalorizado, é uma área muito boa e influenciadora.
EV2.
É sabido que a qualidade e a responsabilidade da educação não recai apenas ao
professor, existem outros fatores relacionados. Entretanto, segundo a fala do EV1 a
Educação é uma das questões mais importantes no mundo e o professor tem um importante
papel na educação, o estudante ainda coloca a necessidade de formar professores. Já o EV2
afirma que é uma área influenciadora.
Entendemos que essas reflexões foram adquiridas ou fortalecidas no programa.
Dessa forma, coadunamos com o exposto pelo Subprojeto Química – Pibid na UFMT
O Pibid, nesse contexto, integra à formação oferecida seu viés mais importante, a
prática cotidiana do professor. É nesse lugar de conflitos, contradições e trabalho
que as elucidações reais acerca da profissão se dão! Aos nossos estudantes
iniciantes, a contribuição não será menos que algo reflexivo, portanto,
fundamental (BRASIL, 2018, s.p).
Assim, pelos depoimentos verificamos que o sentir-se docente foi algo presente, por
se tratar das primeiras experiências na profissão. Também foi percebível o importante papel
do professor supervisor, esse aspecto será melhor abordado a seguir.
4.2.3 A Influência e o papel do professor supervisor
O professor da escola onde se realiza o Subprojeto, denominado de supervisor, possui
um importante papel no Pibid. Reconhecido nos documentos oficiais como protagonista nos
processos de formação inicial para o magistério, ele é identificado como responsável pelo
trabalho de supervisão e acompanhamento das atividades dos estudantes do Pibid, atuando
também como coformador dos futuros professores (BRASIL, 2010; BRASIL, 2018).
Como o professor supervisor supervisiona os licenciandos no desenvolvimento das
atividades do Subprojeto, os pibidianos têm a oportunidade de serem acompanhados de
forma mais próxima por um professor que detém de larga experiência, amplo repertório de
conhecimentos produzidos em seu percurso profissional.
108
Nas falas dos entrevistados foi evidenciado a importância desse professor para a
formação dos licenciandos, conforme a seguir
[...] gostei do jeito que a professora trabalha com eles, porque no dia que eu fui foi
num dia que aconteceu um problema lá, aí a professora deu uns conselhos para os
alunos e eu achei muito bom a professora ajudando os alunos a entender a se
controlar tipo nesses motivos quando acontece alguma coisa grave e eles
controlaram, aí não quero citar o que aconteceu, mas a professora ela ensinou que
a gente tem que ter calma nesses momentos e parar para refletir, e eu achei bacana
o papel do professor e os alunos prestavam atenção no que ela estava falando
ficavam preocupados e eles se interessavam, gostei bastante. EV1.
Ela sempre esta com a gente, no caso a gente é porque vai mais um amigo comigo,
e vai explicando ensinando se as vezes eu tenho alguma dúvida, aqui mesmo na
universidade ela ajuda, então meio que acabou ali tendo meio que uma troca de
ajuda, ai eu acabo me dando bem lá e ao mesmo tempo aqui [na Universidade].
EV2.
Bom eu acho um papel importantíssimo, porque assim, a supervisora ela para mim
é um modo de vê a educação, porque ela orienta a gente o que a gente tem que
fazer, como que a gente tem que elaborar lista de exercícios, porque a gente faz
listas de exercícios, atividade experimental então tudo isso ela nos orienta ela nos
mostra o plano de aula de ensino dela a gente observa a aula dela ela mostra tipo
o quê que ela faz para ajudar os alunos que tem dificuldade. Então, tudo isso ela
acaba mostrando para a gente, sendo essa ponte entre a minha graduação e o meu
futuro mercado de trabalho, então eu acho que é um papel importantíssimo e ela
realmente incentiva a gente a querer a ser docente, as vezes falo para ela: ‘acho
que vou puxar bacharelado’, e ela fala ‘não... mas o Brasil precisa de professor,
vem ser professor’, então ela incentiva mesmo a gente a querer permanecer. EB1.
[...] ela começa a falar para a gente anotar quando ficamos corrigindo duas provas,
ela já compara, ‘olha está vendo ela tira uma nota boa lá e aqui não’ aí ela começa
a falar ‘por que você acha que aconteceu isso?’. A aluna sentava mais na frente, já
na segunda prova que ela tirou nota baixa ela estava lá no fundão, ela não prestava
mais muita atenção na aula, as vezes faltava, aí o que aconteceu com essa aluna
que ela está mais desligada da aula?. Ela gostava de fazer essa comparação com a
gente ‘tem três dias que ele já não vem, e ele vem sempre na aula, é sempre faladô
o quê que está acontecendo com esse aluno?’. [...] fica cutucando a gente para a
gente pensar nessas coisas. Tem aqueles alunos que é sempre assim, mas quando
muda a gente percebe que aquele aluno esta diferente, tem uma aluna que é mais
quietinha, mas já percebi que é o jeito dela até na pergunta ela pergunta daquele
jeito, tem uns não, que a gente já percebeu que não é assim. EB2.
O professor supervisor é o professor experiente que conhece as rotinas da escola,
sabe o momento certo de intervir, tem a capacidade de orientar os licenciandos com relação
as tomadas de decisão, ao planejamento conjunto, ao desenvolvimento de atividades e ações
pertinentes a área. O supervisor é o profissional, cuja presença, é essencial para a formação
dos licenciandos. Nesse sentido, Santos (2013) identificou na fala de estudantes que
participaram do Pibid a satisfação delas com o apoio recebido das professoras da escola, e
que esse apoio contribuiu para a prática em sala de aula enquanto pibidanas. A pesquisadora
chamou esse sentimento de “Sentimento de Acolhimento”. Nessa mesma linha, Canteiro
109
(2015) afirma em sua pesquisa que um dos benefícios do Pibid para a formação desses
estudantes são as contribuições do professor supervisor e o reconhecimento dele como co-
formador do licenciando.
Embora em nossa pesquisa o papel do professor da escola tem sido positivo para os
quatro pibianos entrevistados, a pesquisa de Santana (2018) com egressos do Pibid,
apresenta a fala de uma das pessoas entrevistadas sobre o importante papel do professor
supervisor mas que não era exercido como esperado. Mesmo diante de tal constação Santana
(2018) observa que essa colocação também pode ser resultado de uma ação-reflexão-ação
própria do processo avaliativo do Pibid.
Outra questão colocada que fortalece a formação desses estudantes, inclusive o
desejo de seguir na carreira, é a parceria e orientação recebidas do professor supervisor,
conforme os depoimentos abaixo
Eu estou achando ela uma inspiração, porque gente ela é muito gente boa, e
também é muito gente boa com os alunos, e ela ensina muito bem, estou usando
ela como um exemplo já. EV1.
Ela acaba sendo um exemplo de profissional na área, muito boa professora
inclusive. EV2. A participação no Pibid, me incentivou a querer realmente ser professor assim
atitude de observar as aulas de ajudar os alunos e tal, me motivou a ser professor,
lógico que as vezes você entra numa turma meio bagunceira e fica assim há será
que isso é pra mim? E tal. Mas aí eu converso com minha supervisora do Pibid e
falo assim: ‘olha professora tem aquela turma... fiquei meio indeciso ’ aí ela fala,
incentiva a querer ser professor e aí eu pego e falo ‘é aqui mesmo que eu vou,
apesar dos pontos altos e baixos que tem em toda profissão, mas é aqui que eu
quero ficar’. EB1.
Observamos, assim, que a relação entre o pibidiano e o supervisor transcende o ato
de planejar e dar aulas, pois há um contato próximo e o estímulo à docência. Segundo
Albuquerque e Galiazzi (2014, p.135) “ a aproximação entre o licenciando e o professor da
escola possibilita em ambos a reflexão sobre suas escolhas, sobre a inserção no coletivo
docente e sobre a sua constituição como profissional da educação”.
Dessa forma, também é possível verificarmos que as contribuições podem ser vistas
para ambas as partes, tanto para o estudante como para o professor supervisor, como
podemos identificar nas seguintes falas:
Em sí, no caso eu acompanho a professora na sala, auxílio ela enquanto ela está
explicando [...] dou aquela força para ela e ao mesmo tempo ver tudo que ela faz.
EV2.
A gente ajuda muito os professores porque eles passam lista de atividade enquanto
110
o professor está passando o conteúdo lá no quadro a gente está aqui, se tem uma
dúvida então a gente vai lá ajudar ai não tem aquela demora na aula, sabe, a aula
corre o professor explica, aí faz a chamada enquanto eles estão fazendo a atividade
a gente já vai conversando e tirando dúvidas. Então produz mais. EB2.
Nesse sentido, o estudo de Chaves (2015, p. 145) apontou que a presença das alunas
do Pibid “nas salas de aula foi muito relevante para as professoras acompanhantes, que
puderam contar com uma “aprendente” pronta para ajudá-las nas mais diversas situações, o
que aliviou as atividades de ensino em várias situações”. Em perspectiva semelhante, Veras
(2017) detectou em seu estudo a partir das falas dos pibidianos entrevistados, que os
professores de Química passam por percalços por causa da sobrecarga de trabalho. Dessa
forma, a ajuda é mútua, além de um melhor aproveitamento da aula, podendo contribuir com
a qualidade do ensino.
Ressaltamos ainda que o Pibid, além das importantes contribuições para a formação
do licenciando e para o profissional docente supervisor (na medida que também contempla
a formação continuada desses docentes) (BORGES, 2015, SOUZA, 2016; LIMA, 2016),
contribui igualmente para o aumento das possibilidades do estudante da educação básica, na
medida que gera aumento do interesse nesses estudantes em ingressar em cursos superiores
da área de Química (SOUZA, 2016; LIMA, 2016). Dado que também é corroborado com a
fala do estudante participante dessa pesquisa quando questionado se o Pibid contribui para
despertar o interesse do estudante da escola em cursar a Licenciatura em Química:
Acho que influencia bastante, eu vi uma aluna conversando que disse que estava
interessada em química por causa deles [pibidianos] que influenciaram ela a
querer a fazer a docência em química, porque eles gostaram bastante, então como
a escola tem muita gente ajudando a entender aí eles veem como essa matéria é
maravilhosa e querem focar nisso também, para ser docente e ensinar química para
outras pessoas. EV1.
Dessa forma, percebemos que o programa causa impactos na ampliação do interesse
dos alunos da Educação Básica para ingressar em cursos superiores de Licenciatura em
Química e que, portanto, está sendo atingido um dos objetivos do Subprojeto
Química/UFMT que é incentivar os estudantes do Ensino Médio a ingressarem em cursos
de licenciatura.
Nesse contexto, há uma aproximação entre a escola e a universidade, questão que é
contemplada no PDI (2013-2018) da UFMT no que tange a “[...] proporcionar maior
interação entre a comunidade acadêmica, especialmente das áreas de licenciatura, e as
diversas entidades de ensino fundamental e médio” (PDI, p. 49). Em consonância com o
exposto, o Pibid proporciona essa integração entre universidade e escola.
111
A inserção do licenciando no Pibid é o momento que ele tem seu primeiro contato
com a realidade escolar sob a ótica do olhar do professor. No programa ele tem sua primeira
experiência no ambiente de sua futura profissão. É nesse momento que o papel do professor
supervisor se torna tão fundamental, pois supervisionará e acompanhará esse estudante na
realização das atividades do subprojeto. Esse contato mais próximo proporciona melhor
auxílio aos estudantes quanto a realização e desempenho das atividades na escola. Essa
constatação também foi veirificada no estudo de Santos (2013, p.75) a partir da fala de duas
pibianas que destacaram “[...] o quanto o apoio que receberam das professoras da escola
contribuiu para que se sentissem mais seguras no desenvolvimento de sua prática em sala de
aula e a satisfação em terem recebido tal apoio”.
Verificamos, assim, em nosso estudo que todos os pibidianos entrevistados tem boas
referências do professor supervisor. Nesse contexto, o que nos chama atenção é a influência
desse professor com o interesse do estudante em permanecer na área docente, seja pelas suas
atitudes profissionais e/ou pelo incentivo por meio de palavras mesmo.
4.2.4 Reflexões do Pibid: “me colocou no rumo certo agora do curso, confirmou que era
isso mesmo que eu queria”
A principal contribuição anunciada pela experiência no Pibid, segundo os sujeitos
desta pesquisa, está relacionada ao contato com a escola, em conhecer a realidade escolar.
Os relatos evidenciam que essa experiência no espaço escolar propícia que o licenciando
analise se realmente é essa a área que ele quer seguir profissionalmente. É o que podemos
observar nas seguintes falas:
Como eu tô na licenciatura mesmo, aí eu vi que eu tinha que entrar no Pibid para
saber se eu quero realmente isso, porque lá eu ía saber se realmente eu ia gostar de
ser um professor ou ir para a pesquisa, porque a gente tem também a propriedade
de se trabalhar na pesquisa. [...] aí alguns colegas meus estavam frequentando e
estavam gostando, então vou tentar, e eu gostei muito. EV1.
[...] entrei no Pibid para ver como era o programa e depois que me explicaram
como era, se eu ia realmente me identificar com a sala de aula. EV2.
Dessa forma, o Pibid também faz parte do processo de escolha profissional. Nesse
sentido, a pesquisa de Santos (2018) aponta que o Pibid exerceu influencia positiva tanto na
escolha profissional da maioria dos participantes quanto despertou ou confirmou o interesse
pela docência dos participantes de sua pesquisa, mesmo com todos os problemas que
docentes enfrentam em nosso país. Nessa mesma perspectiva, conforme as seguintes falas
dos entrevistados da nossa pesquisa, percebemos que participar do Pibid foi um reforço na
112
sua decisão de assumir a profissão:
Eu queria a princípio conhecer mesmo o curso, como eu falei antes, aí quando eu
entrei como voluntário foi quando eu vi que a licenciatura era o que eu queria e
que o programa tinha ajudado bastante [...] acabou que eu gostei bastante me
colocou no rumo certo agora do curso, confirmou que era isso mesmo que eu
queria. EV2.
A participação no Pibid, me incentivou a querer realmente ser professor, atitude
de observar as aulas de ajudar os alunos me motivou a ser professor. EB1.
[...] eu gostei de estar no Pibid, eu me percebo mais em dar aula realmente. EB2.
Já o estudante EV1 relatou o interesse em atuar na pesquisa e na docência. Ele
demonstrou durante a entrevista estar gostando da experiência da sala de aula como
pibidiano; suas expressões sinalizaram entusiasmo quanto a profissão de ser professor,
entretanto, suas falas eram intercaladas entre o desejo de trabalhar na pesquisa e de ser
professor, sempre prevalecendo o gosto por ensinar. Entendemos que o estudante ainda está
em processo de descoberta da sua área de atuação, também porque tinha pouco tempo que o
EV1 participava do Pibid – apenas três semanas. O estudante também mencionou o interesse
de participar do Pibic. Assim, compreendemos que esses programas são importantes espaços
de formação. Conforme aborda Melo (2015), o Pibid não é o único no processo de formação,
mas compreende-se como mais um importante instrumento no processo formativo de
iniciação a docência.
Portanto, percebemos as contribuições do Pibid também para a escolha profissional
dos acadêmicos na medida que é a partir de suas inserções na realidade escolar no
desenvolvimento das atividades do programa que o estudante consegue visualizar e
experienciar com mais clareza sua área de atuação e, assim, tomar melhores decisões. No
caso dos nossos entrevistados todos confirmaram o desejo de ser professores, sendo o Pibid
um reforço para tal decisão. Portanto, coadunando com o que é apresentado pelo estudo de
Melo (2015, p. 101) em que “[...] a ideia de que o Pibid possibilita a aproximação com a
cultura escolar, um encontro que influencia na afirmação da escolha pela docência”.
Ao relatarem suas vivências no programa percebemos que as atividades envolvidas
colaboram para uma melhor preparação para atuar na sala de aula de acordo com suas
peculiaridades. Os depoimentos a seguir retratam isso
[...] como está iniciando no curso já vai aprender como funciona uma sala de aula
como o professor trabalha, quais são os problemas que acontecem, para quando
for para os estágios já saber como é trabalhar como docente, já saber como
funciona a escola quais são os problemas que acontecem. As vezes tem escolas
113
muito problemáticas, saber que em alguma escola vai ter algum problema ele tem
que saber como resolver, como lidar com esse assunto, vai ter alunos de vários
tipos tem que saber lidar com cada um dos tipos de alunos: o que tem mais
dificuldade de aprender, outros mais agitados com uns problemas, então tem que
saber lidar com todo tipo de aluno, não só tratar todos como iguais e sim com
equidade. EV1.
Então, quando eu fui no Pibid e eu fui para uma escola estadual que era assim um
campo de maior abrangência para professores onde pega mais professores, eu sei
que tem as escolas particulares tem o IF, mas onde tem mais vagas é na escola
estadual é para onde a gente geralmente vai, então para mim foi uma experiência
um tanto quanto diferente mas é uma experiência, assim, legal, lógico tem seus
pontos positivos tem seus pontos negativos. EB1.
As falas dos pibidianos se conformam com o que é previsto no Subprojeto Química
– Pibid, que é promover ações que possibilitem o contato com o dia a dia da escola, com as
atividades do professor dentro e fora da sala de aula e oportunizar atividades orientadas para
a reflexão sobre a teoria e a prática e metodologias que irão influir na prática pedagógica. A
pesquisa de Santana (2018), com egressos do Pibid, mostrou que a participação no Pibid
possibilitou uma melhor preparação para atuar na profissão. As participantes da pesquisa de
Santana apontaram questões como: uma maior segurança para entrar em sala de aula (já que
antes do Pibid não se sentia preparada), em como se portar ou não na presença dos
estudantes, desenvolvimento da didática, dentre outros.
Nesse sentido, Lima (2018, p. 53) aponta em sua pesquisa que o Pibid reúne
“elementos centrais à elevação da qualidade da formação inicial”. Corroborando com essa
fala, apresentamos a seguir a fala da Coordenadora Institucional:
O que eu acho importante registrar do Pibid não só essa questão da renda mas todo
um conjunto de proposição acadêmica que a gente exige e que a gente espera para
a universidade que a gente tem percebido mais possibilitadas, melhor organizadas
a partir do Pibid, então essa questão da participação em eventos da relação com a
comunidade de uma participação em evento de forma mais qualificada também
porque apresenta trabalho [...]. E todo esse conjunto, a participação na extensão,
também tem no Pibid o apoio, porque a elaboração de materiais didáticos, por
exemplo, de novo estou falando da experiência na licenciatura em química, então
a gente tem uma prática de combinar extensão e as ações da graduação e aí essas
questões tem estado mais qualificadas nesse processo, a pesquisa , acho que todo
esse conjunto de proposições da academia tem sido melhorado. Coordenadora
Institucional.
A Coordenadora percebe, como importante, a bolsa concedida aos estudantes
participantes do programa, entretanto, ela não restringe apenas a essa questão colocando
também outras proposições acadêmicas inerentes as atividades do programa que tornam as
ações mais qualificadas. Nesse contexto, fazemos menção ao estudo de Neves e Gentil
(2019), que verificaram em seu estudo que as ações qualificadoras do ensino tanto concede
114
bolsas como oferece ao estudante o envolvimento com ensino, pesquisa e extensão.
Quanto a extensão, o subprojeto Química – Pibid, apresenta a extensão como
integrante das atividades a serem desenvolvidas
Especificamente no Campus Cuiabá, os alunos das escolas participarão na
universidade de cursos de Química promovidos pelos bolsistas da Residência
Pedagógica em Química do campus Cuiabá, numa atividade de extensão que já
está em sua trigésima segunda edição que se chama “Semana de Minicursos das
Práticas de Ensino de Química – SemiPEQ”. No período da semana de minicursos
50% das vagas desses cursos serão destinadas exclusivamente aos alunos da escola
pública participante do PIBID e 50% da escola pública participante do Programa
Residência Pedagógica. Serão também oferecidos certificados aos participantes
das atividades de palestras, vídeos, cursos entre outros (BRASIL, 2018, s.p).
O programa favorece que atividades na universidade ocorram de forma mais
integrada, conforme exposto na fala da coordenadora e como é proposto no Suprojeto
Química.
De outro modo, apresentamos, a seguir, a fala da EB2 que aponta duas questões
importantes. A primeira são as reuniões com o Coordenador de Área, essas reuniões
conforme exposto pela entrevistada, articulam-se com a realidade vivenciada em sala de
aula. A segunda questão é a correlação dessas dicussões sobre as vivências do Pibid com as
disciplinas cursadas.
Assim, a gente faz reunião, ele [Coordenador de Área] deu para nós
Instrumentação I e as vezes a gente reune na sala dele, umas duas vezes a gente já
reuniu para falar sobre isso a perspectiva do professor. [...]. Olha agora a gente não
esta tendo mas a gente já teve várias reuniões [...] e também nas aulas de
Instrumentação era onde a gente mais conversava sobre esse negócio de educação,
debater sobre a educação, os ciclos, esse negócios a gente conversava muito. EB2.
Quanto às reuniões com a coordenação de área, o estudante EB1 observou que
poderiam acontecer com mais frequência. Relatou que essas reuniões não estão acontecendo
por causa da incompatibilidade de horários dos participantes, conforme observamos na fala
a seguir:
[...] acaba desmarcando e tal acaba havendo alguma eventualidade é muito
complicado também realizar esse encontro porque não é todo mundo que pode no
mesmo horário. Então, as reuniões que a gente tem são as reuniões quando fecha
o semestre e vai alterar o horário que é a reunião para remanejar o horário, mas a
reunião para a gente ficar discutindo, tal, nunca deu certo até por causa das
questões do horário não tem um horário comum para todo mundo. EB1.
Nas duas falas (EB2 e EB1) é percebível que essas reuniões não estão ocorrendo,
mesmo EB1 apontando os fatores que explicam a falta das reuniões, ele expressa o interesse
que elas aconteçam, pois considera essas reuniões um espaço importante para debater os
aspectos teóricos com os aspectos práticos, conforme é expresso em sua fala:
115
[...] essa reunião de discussão, eu sei que tem a questão do horário, mas eu acho
que é uma coisa que falta a gente ficar discutindo artigos sobre isso, eu acho que
o principal ponto negativo do Pibid que hoje estou participando é esse a falta da
reunião da gente estar debatendo sobre aspectos teóricos relativos ao ensino de
química, puxando para a minha área, e também aspectos mais práticos, problemas
da educação de estarmos conversando com nosso coordenador aqui da área sobre
isso. EB1.
Nessa perspectiva, Santos (2016) também verificou a falta de reuniões dos pibidianos
com os coordenadores, e afirma que é fundamental a orientação dos coordenadores para os
debates da situação real da escola para poderem conhecer melhor situações que vão
acontecendo durante o processo de formação. Além disso, também possibilita aos pibidianos
a produção e divulgação de conhecimento em eventos como seminários e congressos. Em
perspectiva semelhante, Lima (2018) expõe que essas reuniões coletivas realizadas
semanalmente é um espaço de reflexão sobre as experiências realizadas no Pibid, momento
que é realizado planejamento, leitura e discussão de artigos e apresentação de trabalhos.
Salientamos que o cronograma de execução do Subprojeto Química – Pibid na UFMT prevê
essas reuniões semanalmente entre bolsistas e coordenador.
Já sobre a articulação do Pibid com as disciplinas do curso, apresentamos os
seguintes depoimentos:
[..] a gente ia para a sala de aula aí os professores perguntavam muito, o professor
de psicologia, de administração perguntava, então começava a debater esse
negócio de educação, a gente tinha experiência porque a gente estava em sala de
aula, aí a gente começava a falar do projeto. EB2.
Uma outra coisa é a própria discussão das disciplinas pedagógicas dentro dos
cursos, são feitas discussões mais qualificadas nas disciplinas. Os estudantes
trazem mais relatos de experiência e situações problema para dentro da disciplina.
Coordenadora Institucional.
Dessa forma, está sendo desenvolvida a capacidade crítica dos estudantes, assim
como constatado por Veras (2017, p. 105) que relata que “o Programa tem conseguido fazer
despontar o exercício da reflexão crítica sobre suas futuras atuações como professores de
Química”.
Salientamos em nosso estudo que mesmo que as discussões levantadas pelos
pibidianos sejam ainda incipientes, elas ajudam a adquirir novos conhecimentos e maneiras
de intervir na realidade, nesse caso, a partir das discussões e da articulação com as disciplinas
do curso. É o que podemos compreender na seguinte fala da coordenadora:
Tenho acompanhado discussões que são incipientes que são bem preliminares
mesmo, mas que já tem uma distinção da relação com a escola e aí me parece que
é mesmo um desafio inclusive do Pibid. Vão para as escolas através do Pibid
estudantes que estão logo no início da sua graduação no início do curso e aí eles
vão com um limite considerável de fundamentos pedagógicos e as discussões que
116
eles fazem também são discussões preliminares, incipientes, ainda assim mais
qualificada e traz de modo mais problematizada aquilo que depois vamos poder
fundamentar no restante do curso. Eu tenho ouvido por exemplo depoimentos, em
especial no curso onde eu dou aula que é o curso de licenciatura em química, que
vem para aula em determinadas disciplinas comigo estudantes que são do Pibid de
química e o que eles apontam é essa mesma sensibilização essa problematização
daquilo que está na escola e de questões e de possíveis respostas que eles já
ouviram para essas situações que eles vivenciam. Coordenadora Institucional.
Um processo que desenvolve a capacidade crítica dos alunos e que está também
instrumentalizando-os para intervirem. Aqui a prática não está estabelecida no final do curso,
não está compreendida como copiar modelos, até mesmo porque as realidades são distintas.
Compreende-se que a teoria possibilita captar e analisar a prática nas escolas. Dessa forma,
teoria e prática são relacionadas e integradas o tempo todo (PIMENTA, 1995).
A prática em sala de aula, por meio do programa, possibilitou que EB2 expusesse de
forma crítica a necessidade e relevância das atividades experimentais para o ensino de
química na escola:
Uma coisa que eu percebi em sala de aula é [...] a aula experimental que a gente
pode trazer para a sala de aula, é uma coisa muito fácil de se fazer e seria muito
mais visual para o aluno entender e despertar o interesse pela química. É uma coisa
que a gente aprende muito aqui na faculdade, só que em sala de aula não tem
didática, assim material ilustrativo alguma experiência lá na escola. A professora
sempre diz para a gente ‘sempre que tiver alguma disciplina que dê para vocês
levarem algo para os alunos verem, levem, porque vai despertar mais o interesse
naquela disciplina sua que você está ensinando. EB2.
Pelo exposto, a EB2 relata que as aulas experimentais na escola são interessantes
para despertar o interesse do estudante da escola pela química, inclusive relata que as aulas
experimentais são aprendidas na universidades e há professor da Universidade que indica
aos pibidianos levarem essas experiências para a aula. Entretanto, conforme observamos no
depoimento, essas aulas experimentais não estão ocorrendo na escola/turma que EB2 está
como pibidiana. Nesse sentido, ela relata quais poderiam ser os motivos:
[...] hoje em dia na sala de aula, a gente percebe que é uma coisa muito difícil o
tempo de aula é curto e esse tempo curto tem muito assunto que tem que ser
abordado lá na escola. [...] a professora tem que seguir um plano e aí as vezes se
ela deixar 10, 15 minutos para ela mostrar na prática aquilo que ela esta ensinando
as vezes vai prejudicar no conteúdo que ela não vai passar e que para os alunos lá
é muito importante. Porque eles, os do IF minha realidade, são muito focados em
aprender para passar no ENEM para poder passar na prova e saber muito conteúdo,
aí as vezes tem essa desigualdade: ou eu levo o material para eles verem e
conhecerem um pouco mais, ou passo um conteúdo que não conheceram para
poder ajudar, aí fica nessa coisa. Entendeu? EB2.
EB2 explica que os estudantes da escola em que se encontra como pidiana, são muito
focados a aprender para passar no ENEM e informa que a aula é curta e que tem muito
117
conteúdo teórico a ser trabalhado. Devido a esse dinâmica, tirar alguns minutos da aula
poderia diminuir a quantidade de conteúdo. Entretanto, conforme estabelecido no Subprojeto
Química - Pibid (2018) e no Parecer CNE/CES nº 1.303/2001, de 07 de dezembro de 2001,
que trata das Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Química, a profissão e/ou
ensino de química precisa abordar metodologias variadas e saber usar a experimentação em
Química como recurso didático.
Por outro lado, EB2 problematiza a questão por ela anteriormente posta:
[..] a gente ajuda muito os professores porque eles passam lista de atividade,
enquanto o professor está passando o conteúdo lá no quadro a gente está aqui, aí
tem uma dúvida, tem, aí a gente vai lá ajudar, aí não tem aquela demora na aula
sabe, a aula corre o professor explica, aí faz a chamada enquanto eles estão fazendo
a atividade a gente já vai conversando e tirando dúvidas. Eu acredito, que talvez,
ainda não sei disso, mas se tivesse algum material didádico não prejudicaria o
conteúdo em si da aula, porque tem a gente para ajudar a professora a gente
agiliza, mas eu vejo que o professor sozinho não da conta não, é bastante gente é
45, 47. EB2.
É percebível que no entendimento de EB2 as atividades experimentais são
importantes no ensino de química na escola, entretanto, inferimos que não é dado essa
abertura por variados motivos por ela expostos. Por outro lado, EB2 também relatou durante
a entrevista que tem colegas que estão em outro colégio e que os professores já fizeram isso.
Nesse aspecto, EB1 relata como sendo um dos principais pontos positivos do Pibid:
Bom, os pontos positivos eu acho que o principal deles é isso levar a gente do
teórico para o prático a gente poder ver as técnicas didáticas que a gente pode
colocar, igual por exemplo realizar atividades experimentais. EB1.
Nessa perspectiva, estudos como de Veras (2017) e Lima (2018) mostraram que as
práticas experimentais na escola tem impactos positivos, pois “além de serem preparados
para o uso da experimentação em sua atividade docente, os pibidianos conseguem melhorar
e aprofundar seus conhecimentos na Química” (LIMA, 2018, p. 95). Já Veras (2017) afirma
em seu estudo que essas atividades têm oportunizado aos licenciandos do Pibid uma “[...]
mudança na visão do aprender Química, provocando neles uma preocupação em buscar
soluções para superar as dificuldades que os alunos do Ensino Básico apresentam no estudo
da Química, como por exemplo, o desenvolvimento de mais atividades experimentais”
(VERAS, 2017, p. 82).
De outro modo, o estudante EV2 observa como ponto de melhoria do programa a
vivência de mais dias na escola
[...] que seria bom para o curso de licenciatura, não só de química, ter mais acesso
com mais dias na escola, porque as vezes é.. o curso é um curso integral tenho
tempo aqui, mas as vezes de manhã não tem, então as vezes o acesso a escola seria
melhor. EV2.
118
O Edital nº 7/2018 Pibid/Capes estabelece pelo ou menos 32 (trinta e duas) horas
mensais para as atividades do Pibid, mas não estabelece quanto tempo deveria ser reservado
para as atividades em sala de aula. Segundo informado por alguns dos entrevistados eles vão
para a escola uma vez por semana. Inferimos que esse cronograma é estabelecido conforme
as atividades do subprojeto e o combinado com a escola, entretanto, consideramos apresentar
a fala do EV2 que na sua percepção seria ainda melhor ir mais vezes para a escola, dado que
fica com tempo ocioso em algum período da semana.
Outras atividades desenvolvidas no programa, porém fora do ambiente da escola,
também são propiciadas pelo Pibid. O estudo de Santana (2018) apresenta essas atividades
como: a produção e públicação de artigos pelos bolsistas, apresentações orais, pôsteres,
participação em eventos acadêmicos, etc. Da mesma forma Oliveri (2014) também verificou
que essas atividades propostas no Pibid viabilizam o fortalecimento dos conhecimentos e
das práticas pedagógicas. A Coordenadora Institucional frisa os seminários integradores,
conforme a seguir:
[..] seminários integradores feito pelo menos anualmente e que daí reúnem os
núcleos para uma socialização e reflexão do que está sendo feito no âmbito dessa
iniciação à docência, isso a gente ainda não experimentou nessa edição, que está
prevista para acontecer a partir de outubro ainda, dada as condições conjunturais
a gente deve fazer por campus esse seminário integrador que também já estava
acontecendo nas edições anteriores. Coordenadora Institucional.
Conforme relatado pela Coordenadora Institucional, é previsto no programa a
realização do Seminário Integrador, que segundo informações disponibilizadas no site da
UFMT pela Pró-Reitoria de Ensino de Graduação (PROEG) o evento aconteceu nos dias 25
a 28 de novembro de 2019. O XI Seminário Integrador Pibid ocorreu de forma integrada
com a X Semana Acadêmica, o II Seminário Residência Pedagógica e o IX Seminário
Tutoria da UFMT com objetivo de qualificar e divulgar as ações e os resultados dos trabalhos
realizados pelos programas. Durante o evento ocorreram palestras e comunicações orais. O
evento visa a participação de docentes e discentes dos programas e da comunidade externa33.
Em todo caso as experiências vivenciadas no programa possiblitam uma melhor
qualificação do licenciando, seja no aspecto ciêntifico, seja no prático ou também na reflexão
teoria-prática.
O processo de formação desenvolvido no Pibid possibilita que o discente de iniciação
33 Informações sobre o evento está disponível em: <https://www1.ufmt.br/ufmt/un/secao/15070/proeg>.
Acesso em: 02 fev 2020.
119
a docência desenvolva um sentimento de pertencimento quanto a ser professor, bem como a
elevação da autoestima e o gosto pela docência contribuindo, assim, com sua formação.
Quanto ao aspecto da elevação da autoestima, mencionamos o seguinte depoimento da
Coordenadora Institucional de que o programa
Faz muita diferença de um ponto de vista motivacional, inclusive, de
desenvolvimento profissional, de quebra de uma relação que a gente tem com o
curso assemelhado de bacharelado que acontece nos mesmos departamentos, nas
mesmas faculdades, nos mesmo institutos e, que estabelece uma discussão de
distinção entre a licenciatura do bacharelado e que muitas vezes reporta a
proposição do bacharelado e não da licenciatura. Então nesse sentido o Pibid tem
sido muito importante inclusive para a autoestima para melhorar o autoconceito
de quem decide fazer licenciatura e de quem decide ser professor. Coordenadora
Institucional.
Ainda segundo a Coordenadora Institucional
[...] é um curso de alta evasão, nós temos então evasão que é bastante comum pelas
dificuldades da racionalidade química, dessa questão dos modelos teóricos dos
modelos conceituais dos cálculos é.. historicamente levam a uma evasão.
Antecipar a partir do Pibid organizar um espaço de estudos de conceitos de teorias
e de cálculo o PIBID como um espaço deles também exercerem junto com
estudantes da educação básica a superação dessas dificuldades na licenciatura é
uma questão de permanência, essa questão da autoestima por exemplo, junto o
enfrentamento cotidiano com o bacharelado é uma questão de permanência de
diminuição da evasão. Coordenadora Institucional.
Conforme vimos na primeira seção dessa dissertação existe a predominância de
formação de bacharéis com relação as licenciaturas, e conforme verificado por Cunha, Lima
e Silva (2014), há a preferência pelo bacharelado mesmo com a necessidade emergencial por
formação de professores. Ainda segundo as autoras, o fenômeno do bacharelado vem desde
os tempos de Colônia por ter culturalmente se tornado, pela Sociedade, como uma formação
necessaria para a modernização do país ganhou status. Conforme abordado pela
Coordenadora, é importante o aspecto da elevação da autoestima para a permanência desses
licenciandos. Nesse sentido, o estudo de Ribeiro et. al (2017) também apontou que a
valorização da autoestima do estudante é um fator de permanência estudantil.
Por esse viés, concordamos que a proposta do Pibid tem sido um diferencial
importante na formação dos licenciandos, que inclusive indicam a continuidade do programa
e a oportunidade de participação de mais acadêmicos, conforme podemos ver na fala da EB2
Olha na minha opinião eu acho que o Pibid deveria ser obrigatório para todo
mundo que faz licenciatura, tinha que fazer o Pibid. EB2.
[...] acho muito importante o Pibid, eu acho que todos deveriam participar do Pibid
que queiram estar em sala de aula porque até o bacharel hoje em dia poderia
encontrar o grande mercado ele vai tender a ir para sala de aula e acredito que ele
também vai poder ter um contato maior com a sala de aula. EB2.
120
Compreendemos que, para os entrevistados, o Pibid contribui para sua permanência
no curso, na medida que favorece uma formação mais qualificada, bem como a confirmação
do desejo de ser professor a partir de sua inserção na realidade escolar. Esses aspectos
detectados na fala dos estudantes entrevistados é corroborado com o estudo de Radaelli
(2013); Mello (2013); Pereira, J.O (2017); Ribeiro (2017); Pimenta (2017) e Pereira, R.C
(2017) sobre a permanência estudantil. Os pesquisadores não se restrigiram apenas aos
aspectos assistenciais e mostraram ações oportunizadas pela universidade que colaboram
para uma formação mais qualificada do estudante e, consequentemente, para sua
permanência. Soma-se a essas questões, o fator da autoestima propciada pelo Programa que
é um estimulo a permanência estudantil.
Ao mesmo tempo que as vivências proporcionadas pelo Pibid contribuem para a
confirmação do desejo de ser professor podem também mostrar que essa não é realmente a
área a ser escolhida. Ao serem indagados se existe relação entre o Pibid e o estudante
permanecer no curso, obtivemos as seguintes respostas
Olha pode ser que tenha para uns, como pode ser que não tenha para outros, talvez
um estudante que vai no Pibid percebe que gosta da área e queira permanecer, não
só eu mas eu já ouvi um amigo meu que ele participou da área de laboratório ficou
duas semanas no laboratório e saiu e falou ‘o meu negócio não é laboratório meu
negócio é sala de aula’. Então no caso dele ajudou ele a falar ‘não, realmente quero
licenciatura realmente quero dar aula’. Só que as vezes, já ouvi também de
estudantes que não gostam, que vão no Pibid assim por causa da bolsa, mas eu já
ouvi muita gente falando que não gosta, que o Pibid reforça querer puxar o
bacharelado, então as vezes para uns incentiva e para outros não, acho que isso é
uma coisa relativa. EB1.
Depende da pessoa se aquela pessoa ela tem interesse já tinha, tipo eu meu espelho
eram meus professores, se a pessoa já tem essa coisa de querer ser um professor
tende a reforçar esse desejo de ser professor, mas se aquela pessoa ela estava
querendo assim uma idéia e entrou aqui porque gosta da química mas não sabe se
ela quer atuar na área se ela esta meio assim, e ela percebe que ela realmente não
quer, não tem paciência desse negócio de ensinar ficar dando atenção para todo
mundo, quando ela for no Pibid acredito que ela vai reforçar o desejo dela de não
ir para a área da licenciatura ela vai querer ir mais para outra área. EB2.
O Pibid como possibilitador da aproximação da prática profissional pelo licenciando
contribui para que ele possa vivenciar a realidade da sala de aula e de sua futura atuação.
Isso possibilita que ele verifique se realmente é essa a área que deseja para seu futuro
profissional. O estudante ao vivenciar essa prática pode gostar, se identificar, como também
pode não gostar e querer mudar de curso, seja para o bacharelado ou para outra área.
Embora todos os estudantes entrevistados em nossa pesquisa expuseram que a
participação no programa possibilitou a confirmação do desejo de ser professor, por outro
121
lado, relataram que essa decisão pode variar. Segundo seus relatos, alguns estudantes ao
participarem podem querer permanecer na licenciatura como outros podem participar e não
querer continuar. Os depoimentos a seguir mostram como o Pibid é importante para essas
escolhas
Realmente para abrir a mente primeiro para saber se realmente vai querer fazer
isso [...] Acho que sim, contribui sim, porque dali que eu vou saber mesmo como
é a área docente se realmente vou querer isso para minha vida. EV1.
Como tem acesso a escola e a pessoa vê como ela realmente vai estar atuando no
futuro, assim que ela terminar o curso ela pode acabar vendo que não é aquilo que
ela quer, ela pode falar não é isso que eu esperava do curso de licenciatura no caso
em química, mas algumas pessoas podem gostar eu gostei outras pessoas podem
não gostar, isso acaba indo muito de pontos de vista diferentes, do que a pessoa
realmente esperava. EV2.
[...] se é um estudante assim que realmente quer dar aula, mas se seu foco é mais
pesquisa há estou fazendo licenciatura mas meu foco é puxar o bacharelado e ser
pesquisa então vai para um laboratório. Mas há meu foco é pesquisa mas não sei
estou com curiosidade em ver como é a sala de aula e tal, eu super recomendo o
Pibid e eu acho que é um programa que ajuda demais. EB1.
[...] tem alunos que estão no bacharel e querem fazer licenciatura e tem alunos
que querem ir para o bacharel, tem muito isso e eu acredito que se o aluno vê que
ele não gostou mesmo da realidade ou ele está meio capengando no curso ele tem
que desistir mesmo do curso porque já não é aquilo que ele quer, mas tem aluno
que realmente gosta da área da química tende a ir para o bacharel e se ele está
gostando do Pibid da realidade ele fica na licenciatura mesmo. EB2.
Esse processo de descoberta também faz parte do processo de formação e, se
identificado que realmente não é essa área que o estudante deseja atuar, ele poderá ir em
busca do que melhor possa se adequar aos seus interesses e gostos.
Nesse sentido, Rigo (2018) verificou uma situação similar: ela entrevistou quatro
estudantes evadidos da licenciatura noturna em Química de 2012 da UFV, sendo que uma
das pessoas que foram entrevistadas saiu do curso após passar pelo Pibid. Segundo a
pesquisadora:
[...] Rita mudou para o bacharelado, devido à experiência com a docência, ainda
na graduação por meio do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à
Docência (PIBID). Enquanto para alguns essa experiência tenha sido positiva, no
caso da Rita antecipou sua desistência da carreira docente (RIGO, 2018, s.p).
Nessa perspectiva, segundo Silva e Nogueira (2015) o “não permanecer” no curso
para o estudante, pode não significar, necessariamente, perda ou fracasso, podendo ser uma
mudança no sentido de nova experiência ou conquista. Da mesma forma, Azevedo (2001)
explica que o que se registra como evasão às vezes pode não ser, quando por exemplo, o
estudante decide mudar seu destino profissional, e por isso opta por outro curso universitário.
122
Dessa forma, o aluno estaria indo em busca de uma satisfação não encontrada na primeira
opção/escolha acadêmica. Para Rigo (2018)
[...] os estudantes têm, além de frustrações, também aspirações, (res-)significando
a evasão, em alguns casos, não como uma perda, mas como uma estratégias para
alcançar o sucesso escolar. Nesse caso, a evasão não necessariamente resultou na
saída do curso, a saída foi uma estratégia encontrada para conseguir adequar às
mudanças ocorridas no curso ou às suas necessidades pessoais (RIGO, 2018, s.p).
Em todo caso, ingressar no Pibid abriu um novo mundo e com novas possibilidades.
Pode-se, nesse caso, antecipar uma possível saída do curso, já que o estudante não tendo se
identificado como sendo professor pode verificar isso já no início de sua jornada; nesse caso,
sua passagem pelo programa evitou que identificasse isso somente ao final do curso. EB2
explica isso
[...] aí sai da faculdade tendo uma visão de sala de aula e a realidade é totalmente
diferente o impacto é muito forte de realidade e daí acaba desistindo de sala de
aula, tem bastante disso hoje em dia, [...] por isso eu acho que o Pibid deveria ser
obrigatório [...]. No primeiro, segundo, terceiro semestre o aluno indo para a sala
de aula como pibidiano ele já vai saber como funciona, como é a rotina de um
professor como o professor faz, aí eu acho que já tem um divisor de águas, porque
tem aluno que está no curso porque quer ser professor mas que talvez não tem essa
visão de professor, que nem eu não tinha, eu não acho que seja uma coisa ruim eu
gostei e alguns podem não gostar. Eu acho que o Pibid seria excelente porque
evitaria no futuro frustração de uma pessoa formada que não gostou da área. EB2.
O Pibid mostrou-se relevante para os licenciandos da nossa pesquisa. Eles
demonstraram gosto por ensinar e o desejo em seguir na carreira docente. Entretanto
ressaltamos que uma estudante desmonstrou preocupação quanto a descontinuidade do
programa, conforme mostra a seguinte fala: “Ponto negativo é que em setembro vai acabar ,
não vai acabar o projeto mas tende a acabar as bolsas que eles oferecem ai não sei se vai
continuar”. (EB2).
Santos (2018) já havia verificado em seu estudo a preocupação dos pibianos com o
possível fim do programa ou da diminuição de bolsas. Nesse sentido, um depoimento de
uma coordenadora entrevistada na pesquisa de Nunes (2016) sobre a permanência estudantil,
também mostrava essas preocupações quanto aos possíveis cortes de bolsa de programas de
iniciação a docência, como o Pibid, que segundo a entrevista, seria prejudicial para as
licenciaturas, uma vez que contribui para a qualidade profissional do futuro docente.
Segundo conversas informais com a secretaria do Pibid da UFMT, em meados deste
ano, não é possível fazer alterações de bolsistas. Por exemplo, se um estudante sair do
programa não é possível substituí-lo. Dessa forma, é como se a bolsa ficasse retida não sendo
disponibilizada para outros estudantes. Pelo exposto, corroboramos com Chaves (2015, p.
123
145) que o Pibid “não se concretizará, nos tempos futuros, se os cortes nas verbas
continuarem como estão. Sem as condições materiais, está fadada, infelizmente, ao seu
desaparecimento”. Conforme apresentamos nas seções 1 e 3 desta pesquisa o programa vem
sofrendo nos últimos anos ameaças quanto a sua continuidade, o que tem levantado clamor
e mobilizações por parte de entidades, educadores, IES, pela continuidade do programa.
Em 2019 Jair Messias Bolsonaro assumiu a presidência. Em março desse ano o
governo públicou decreto 9.741 no Diário Oficial da União, contigenciando R$ 29,582
bilhões do Orçamento Federal de 2019. Assim, a educação perdeu R$ 5,839 bilhões. O
Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) perdeu 42,27% das
despesas de investimento previstas, com o bloqueio de R$ 2,158 bilhões34. Entidades
acadêmicas e ciêntificas criticaram os severos cortes do orçamento, a Andifes, a Sociedade
Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), a Academia Brasileira de Ciências (ABC),
o Conselho Nacional de Secretários Estaduais para Assuntos de CT&I (Consecti), o
Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap) e o Fórum
Nacional de Secretários e Dirigentes Municipais de Ciência, Tecnologia e Inovação.
Segundo o documento, o MCTIC já estava com o orçamento bastante reduzido devido aos
sucessivos cortes que vinha sofrendo nos últimos anos, e o contigenciamento de 42,27%
inviabiliza o desenvolvimento científico e tecnológico do país. A carta ainda reitera que
A formação de grupos de pesquisa competentes custou décadas de esforço
nacional. São eles que permitem enfrentar epidemias emergentes, aumentar a
expectativa de vida da população, buscar novas fontes de energia, garantir a
segurança alimentar, estruturar empresas inovadoras com protagonismo
internacional, reforçar a segurança nacional e aumentar o valor agregado das
exportações. Se essas restrições orçamentárias não forem corrigidas a tempo, serão
necessárias muitas outras décadas para reconstruir a capacidade científica e de
inovação do país. [...] Cortar gastos não é a única maneira de reduzir a relação
entre dívida pública e PIB. Outros países já descobriram que existe uma
alternativa: investir em pesquisa e desenvolvimento para aumentar o PIB (SBPC,
2019, s.p).
Esse cenário representa um dos impactos gerados pela limitação imposta pelo Teto
de Gastos com a EC 95 estabelecida na gestão de Michel Temer. Segundo Antonio
Gonçalves, presidente do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino
Superior (ANDES-SN), os cortes são também um aprofundamento do processo de desmonte
do Estado que vem sendo acentuado no governo Bolsonaro35.
34 Disponível em: <https://www.andes.org.br/conteudos/noticia/orcamento-da-educacao-sofre-corte-de-r-5-
83-bilhoes1>. Acesso em: 29 out 2019.
35 Disponível em: <https://www.andes.org.br/conteudos/noticia/orcamento-da-educacao-sofre-corte-de-r-5-
83-bilhoes1>. Acesso em: 29 out 2019.
124
Nesse contexto, relatamos que EV1 também demonstrou preocupação com esse
cenário, pois ele é assistido pelo programa de assistência estudantil da instituição, conforme
a seguir:
[...] eu sou sustentado pela bolsa da PRAE e alimentação, então eu vivo disso, eu
também estou sem trabalhar, mãe trabalha vendendo coisas e o pai também está
sem trabalhar então eu vivo pela PRAE. EV1.
É por causa dessa questão do corte de 30% eu tô até com medo de cortarem a
minha bolsa e até de diminuir e correr o risco de eu não conseguir me manter aqui,
também tem outros amigos com dificuldades que recebem até moradia tem medo
de perder e não ter como se manter e os pais não tem condição e ter que voltar para
a cidade. EV1.
Várias mobilizações nacionais aconteceram neste ano de 2019 contra os cortes na
educação36 que também suscitou revolta quando o Ministro da Educação anunciou os cortes
nas universidades supostamente por promoverem “balburdia”. Em 17 de setembro deste ano
o governo liberou R$ 1,15 bilhão do orçamento de universidades. Ao todo, são liberados
R$1,99 bilhão de recursos do MEC, que teve R$5,8 bilhões de seu orçamento
contingenciado, sendo que o ministro informou que o governo analisa liberar até o final do
ano todos os recursos conforme for arrecadando37.
Nesse sentido também ressaltamos a fala da Coordenadora Institucional
Acho que vou aproveitar para dizer que fica Pibid, fica Residência Pedagógica.
Que bom que tem mais um trabalho estudando isso, que se fortaleçam, e que a
gente consiga mesmo ao termino desse período garantir pelo ou menos mais o
próximo edital para 2020 e aí continuar na luta para o que o Pibid passe por cada
governo como uma política de Estado. E que o Pibid resista a isso, até porque se
for sem fomento que o Pibid tenha nos ensinado a fazer iniciação à docência no
chão da escola e que a gente leve os estudantes para a escola para iniciação à
docência, para que quando eles forem docentes eles já tenham vivido essa
experiência. Coordenadora Institucional.
Outra questão é que o Pibid é um programa de governo, isso quer dizer que ele é
temporário. Também consideramos como limite do programa o fato dele não contemplar a
totalidade de estudantes na educação superior.
De forma geral, diante das falas dos participantes, observamos que a participação no
Pibid tem contribuido para a melhoria da sua formação inicial, podendo ser justificado
conforme aponta Souza e Lima (2017) pela inserção no ambiente escolar, pela compreensão
das relações estabelecidas na sala de aula, pela possibilidade de produção de um projeto de
ensino, pela realização de pesquisa e trabalho coletivo e pela reflexão sobre a prática
36 Disponível em : https://www.cartacapital.com.br/educacao/os-estudantes-tiraram-o-dia-para-mostrar-ao-
governo-o-que-e-balburdia/>, < https://www.cartacapital.com.br/tag/cortes-nas-universidades/>. Acesso em:
29 out 2019. 37 Disponível em: < https://www.terra.com.br/noticias/brasil/governo-libera-r-115-bilhao-do-orcamento-de-
universidades,d81003b9fe9d6adfde770a8b24e16235yc69migf.html>. Acesso em: 29 out 2019.
125
pedagógica, contribuindo para uma formação mais qualificada. Por isso é tão importante que
deveria propiciar a participação de todos os alunos da licenciatura. Nesse sentido
apresentamos a fala da EB2
Eu pretendo terminar o Pibid entrar na residência, mas acho muito importante o
Pibid. [...] o projeto Pibid é muito bom para ter a visão de um profissional da área
não uma visão de aluno uma visão de professor realmente da área, eu acho que é
isso. EB2.
Nessa mesma perspectiva, Alves (2017, p. 102) afirma que os “[...] professores
iniciantes consideram o Pibid como um diferencial em sua formação, uma experiência que
deveria estar inserida na proposta curricular da formação inicial de todas as licenciaturas”.
Já a pesquisa de Santana (2018) apresenta a fala de uma estudante egressa do Pibid de que
“Todo estudante deveria passar pelo Pibid”.
Dessa forma, mostra-se a relevância do programa para a formação do licenciando e
portanto, para sua permanência no curso, tendo influência também na inserção e
continuidade da profissão docente, as quais abordaremos melhor no próximo subtópico.
4.2.5 Projeções futuras
De modo geral, principalmente quando estamos na graduação, fazemos planos,
sonhamos com nossa área de atuação e muita das vezes planejamos o nosso futuro de acordo
com nossa história de vida, com nossos gostos, com as experências vividas durante o curso,
com as oportunidades da área de atuação, a remuneração, dentre outros. Pelos dados da nossa
pesquisa, observamos que esse percurso de escolha, confirmação e/ou planejamento da
carreira, se torna mais claro na medida que o graduando tem a oportunidade de vivenciar sua
futura área de atuação ainda durante o curso, pois proporciona uma aproximação prática no
cotidiano da profissão que almeja seguir.
Durante as entrevistas com os estudantes, percebemos sonhos, sorrisos, amor e brilho
nos olhos com relação as experiências positivas no curso e no Pibid e com seu futuro
profissional. Por outro lado, notamos também reflexões críticas quando mencionavam
questões relacionadas a falta de valorização da carreira docente e quanto a não realização de
alguma atividade prevista no projeto do Pibid, que para eles seriam de relevância para sua
formação. São jovens que trouxeram suas histórias, seus sonhos, gostos e anseios.
Apresentaram gosto pela profissão docente, mas também falaram dos problemas que a área
tem, inclusive mostrando preocupações quanto as questões de cortes nas verbas públicas e
126
que isso impacta em suas vidas acadêmicas (e porque não dizer em sua vida futura?).
Entretanto, notamos olhos e falas sempre esperançosas.
Nesse contexto, achamos importante abordamos, nesta pesquisa, a fala dos
pibidianos quanto ao seu futuro profissional, conforme a seguir
[...] eu vou tentar docência ou pesquisa, como eu sou da licenciatura eu tenho
várias opções eu posso trabalhar na docência ou em pesquisa ou até tentar concurso
para perito eu tenho interesse em perito criminal também, porque eu acho bastante
interessante, mas também eu quero ser professor de faculdade me interesso muito
por querer fazer meu doutorado para ser professor de universidade federal ou
estadual. EV1.
Há é bacana também o dinheiro vou ser sincero, realmente ganha bem [dúvida],
bem porque, eu acho que deveria receber mais pelo fato de ser uma formação de
outras pessoas de outros cursos para seguir na carreira, então, acho muito
importante o ensino superior enquanto ensino público é fundamental. O ensino
superior acho bastante importante, forma engenheiro, forma arquiteto, forma
praticamente tudo que a gente precisa, para montar um prédio primeiro surgiu o
professor para poder ensinar aquele engenheiro ali, então acho bastante
interessante a profissão de professor e ser professor de universidade acho da ora,
eu acho muito massa, vejo professor bacana trabalhando, que professor de
universidade não dá só aula trabalha em laboratório, então é bacana, duas coisas
que estou gostando do laboratório e dar aula. EV1.
[...] eu queria iniciar com a licenciatura mais para frente conseguir o bacharel e
engenharia. Terminar com todas as especificações do curso de química. Para mim
seria um complemento, mas aí tem as diferenças, como na licenciatura voltada
para educação, o bacharelado para laboratório e a engenharia para industrias aí
também tem a parte de matéria conteúdo que é bem maior e o leque que favorece
bastante para o mercado de trabalho, que abre. Demora, mas é algo que vale a pena
no final. EV2.
[...] eu me vejo sendo um professor não por exemplo trabalhando numa
EMBRAPA e sendo um pesquisador, eu me vejo sendo um professor seja de
ensino médio seja de universidade mas dando aula. EB1.
Bom, minha meta de vida é dar aula no IF, então e, é... para ser professor do IF é
muito importante ter uma pós graduação mestrado, doutorado e tal, então é esse
que é o meu plano de vida mas se caso eu não conseguir passar no concurso do IF
e tal eu vou pro... sei lá dar aula em escola particular, dar aula em cursinho, dar
aula em escola estadual [..]. E vejo assim a hipótese do mestrado do doutorado
como algo importante para minha formação futura. EB1.
[...] tem gente que fala‘a se surgir uma oportunidade em algum lugar para você
trabalhar?’. Eu vou! Mas eu quero dar aula também, se eu tiver, se eu puder,
trabalhar nos dois, ótimo, mas se eu tiver uma escola para eu dar aula eu prefiro
dar aula. EB2.
O estudante EV1 mostra interesse em atuar na docência, na pesquisa e em ser perito
criminal. Verificamos em sua fala que o curso proporciona atuar em variadas áreas. Em seu
depoimento também é notório o gosto de atuar em laboratório e na docência, que inclusive
ressalta que professor em universidade tanto ministra aula como atua em laboratório, e
127
apresenta seu objetivo de ser professor de universidade pública seja ela federal ou estadual;
dessa forma, mostra o doutorado como um caminho futuro. Em sua fala EV1 demonstra
admiração pela profissão de docente em universidade. Outro aspecto que observamos é que
durante toda a sua entrevista o gosto pela química foi fator muito observado por ele.
Já EV2 pretende depois da licenciatura fazer outros dois cursos também voltados
para química. Seus projetos são a longo prazo, ele friza que irá demorar um pouco para
alcançar todas essas etapas, porém afirma que será compensatório pois suas possibilidades
para o mercado de trabalho irão se ampliar, embora já tenha relatado conforme mostramos
no subtópico 4.2.4 em que ele afirma que está gostando muito do Pibid e que segundo ele
“me colocou no rumo certo agora do curso”.
Enquanto EB1 é bem categorico ao afirmar que quer ser professor e como metas
futuras fazer mestrado e doutorado e passar em um concuso no IF.
A estudante EB2 quer prioritariamente atuar na docência, se puder conciliar com
outro trabalho tudo bem para ela, mas o objetivo é mesmo ser docente.
Entendemos que a passagem pelo Pibid influenciou em suas escolhas profissionais,
na confirmação do desejo de serem professores. Nesse sentido, a pesquisa de Santos (2018)
apontou que “[...] ao longo das entrevistas realizadas com os professores egressos do Pibid
na sua totalidade expressaram que o programa os ajudaram a escolher e continuarem na
profissão de professor” (SANTOS, 2018, p. 153). Assim sendo, esses dados coadunam com
os objetivos do programa que é incentivar os licenciandos a ingressarem e prosseguirem na
carreira docente.
128
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A presente pesquisa propos analisar os limites e possibilidades do Pibid na
permanência do estudante de licenciatura em Química da UFMT, campus Cuiabá. Em
consonância com o objetivo dessa pesquisa, abordamos ao longo desse trabalho, aspectos
relacionados a expansão das licenciaturas e as políticas educacionais especialmente de
formação docente, discutimos aspectos da permanência estudantil e fizemos um paralelo
com o Pibid.
Verificamos crescimento do número de matrículas na educação superior entre os
anos de 1995 e 2018 e as licenciaturas seguiram essa tendência porém em menor proporção
se compararmos o bacharelado e o tecnólogo. Essa expansão foi iniciada principalmente com
o governo de FHC tendo continuidade no governo Lula e no governo Dilma/Temer. Esse
crescimento insere-se no cenário da expansão da educação superior no Brasil, pela
necessidade de qualificação da mão de obra, seguindo o contexto da globalização. Assim,
foram implementadas políticas para a expansão desse nível de ensino, bem como, políticas
de formação e valorização de professores para atendimento da demanda por formação
docente.
Nesse contexto que o Pibid se apresenta, que é uma política que visa inserir no
ambiente escolar estudantes na primeira metade do curso de licenciatura, com vistas a ter
uma aproximação prática do cotidiano da escola. O programa objetiva, entre outros aspectos,
elevar a qualidade da formação inicial de professores.
Nossa investigação evidenciou que o programa tem se mostrado importante para a
formação inicial dos licenciandos. Verificamos que o Pibid como um programa de ação
qualificadora do ensino fornece uma formação mais qualificada para o estudante,
contribuindo para a permanência estudantil. Dessa forma, justificamos o subtitulo dessa
dissertação: “entre” a ação qualificadora e a permanência, pois as ações qualificadoras do
ensino cumprem para além do que se destina, atingindo também a permanência.
Ao longo da dissertação apresentamos as experiências vividas pelos estudantes no
programa. Nessa perspectiva, notamos que o Pibid proporciona melhor maturidade no que
diz respeito à confirmação da decisão de ser professor, embora dois estudantes mencionaram
interesse em outras áreas também o que prevalece em suas falas é a profissão docente. Os
depoimentos dos quatro sujeitos entrevistados mostraram que a participação no programa
confirmou o desejo de ser professor, e portanto, de continuar no curso e seguir na área
129
docente.
Por outro lado, a maioria deles relataram que esse processo depende de cada pessoa,
pois algumas pessoas podem participar do programa e querer continuar na licenciatura para
ser professor ou poder desistir da área e querer ir para o bacharelado, porque, nesse caso,
verificou que essa não é a área que realmente deseja seguir. Nesse aspecto, consideramos
que o programa como um projeto de formação, também propicia o estudante verificar seus
reais interesses profissionais, na medida que aproxima o estudante da realidade da profissão
docente. Nesse entendimento, quando o estudante evade do curso, consideramos que ocorre
uma “evasão aparente” ou uma “falsa evasão”, pois o estudante foi em busca do que
realmente lhe satisfaz, e verificar isso já no início do curso evita no futuro um profissional
que não se identifica com a área cursada.
Percebemos pela fala dos estudantes que as atividades do Pibid relacionam-se em
auxiliar o professor da escola nas atividades docentes, tais como a elaboração de plano de
aula e de ensino, elaboração e correção de provas, prestar auxílio na explicação para os
estudantes com dúvidas, na realização de atividades experimentais, dentre outras atividades.
Além de desenvolver atividades relacionadas ao planejamento e a execução das aulas, os
estudantes também vivenciam momentos de reflexão da profissão docente e da realidade
educacional no país, aspectos proporcionados a partir do auxílio do professor supervisor -
que muitas vezes instiga essas questões nos estudantes -, também pelo simples fato desses
licenciandos estarem inseridos na realidade escolar, permitindo verificar essas questões no
dia-a-dia da escola, além das questões/problemas que os pibidianos levam para as disciplinas
do curso na universidade.
Outro ponto que verificamos é o importante papel do professor supervisor para a
formação do licenciando, inclusive para a permanência no curso. Nesse sentido um
entrevistado relatou que em alguns momentos ficou desestimulado em seguir na área. Nesses
momentos, o professor supervisor o estimulava a prosseguir. Esse estímulo também ocorre
de forma indireta, pois segundo relatos, o professor supervisor é para eles fonte de
“exemplo” e “inspiração”. Assim, compreendemos que o professor supervisor tem influência
na permanência do estudante, seja por meio de palavras de incentivo, seja a partir de suas
práticas pedagógicas, pelo acompanhamento próximo com o pibidiano, ou até mesmo por
todos esses fatores associados, que faz com que os fortaleça a permanecer na licenciatura e
seguir na carreira docente.
Outro aspecto é a elevação da autoestima propiciada pelas atividades do Pibid. Como
130
as licenciaturas muitas vezes são pouco valorizadas em comparação a outras áreas como dos
bacharelados, a elevação da autoestima desses licenciandos torna-se importante. Nesse
aspecto, ressaltamos o depoimento da Coordenadora Institucional que afirmou, na entrevista,
que a participação no Pibid pode contribuir para a elevação da autoestima do licenciando e
que isso ajuda a diminuir a evasão, especialmente da química que históricamente tem alto
número de evasão.
É também desenvolvido no programa o sentimento de pertencimento quanto a
profissão docente. A dinâmica do programa possibilita que esses estudantes vivenciem a
realidade do professor em sala de aula, e mesmo que apenas apoiando o professor eles
desenvolvem atividades realizadas por um docente, também propiciando elevação da
autoestima pelo sentimento de pertencimento com a profissão docente.
Há também a mudança de um olhar apenas de aluno para o olhar de professor.
Verificamos que o licenciando ao inserir-se na sala de aula e desenvolver as atividades
previstas no subprojeto passa a ver aquele ambiente com o olhar de professor, e não mais
somente na perspectiva de aluno, como acontecia a pouco tempo atrás quando ainda cursava
o ensino médio.
Também foram relatadas atividades fora do ambiente da escola e que são importantes
para a formação inicial dos licenciandos. Nesse sentido, a Coordenadora Institucional relatou
a realização de eventos regionais e nacionais, a discussão de artigos e grupos de estudos na
universidade, a elaboração de artigos e apresentações de trabalho, todos relacionados ao
Pibid. Nessa perspectiva, a Coordenadora mencionou o Seminário Integrador que ocorreu
em todas as edições. Nesse seminário acontece a publicização de experiências vividas no
contexto do Pibid, no evento ocorre comunicações orais e palestras. Dessa forma,
percebemos que é um elemento que também compõe importantes experiências para a
formação desses licenciandos.
Outra atividade relacionada ao programa e que acontece fora da escola são as
reuniões com a coordenação de área do Pibid. Conforme vimos na literatura esse é um
importante momento de aprendizagem e reflexão, pois nele são discutidos com o
Coordenador de Área e os estudantes que compõem o grupo, as experiências no Pibid. É o
momento também de tirar dúvidas, de discutir textos com temáticas relacionadas a área
educacional, é também uma ocasião de troca de experiências e, conforme definido no
Subprojeto Pibid – Química, é previsto para acontecer semanalmente. Entretanto, como
relatado por alguns entrevistados essas reuniões não vem ocorrendo. Nesse sentido, um
131
pibidiano argumenta que sente falta desses encontros e que eles são importante para sua
formação por causa da reflexão e aprendizados que proporciona.
Nas entrevistas identificamos descontentamento de uma estudante quanto a não
realização de atividades experimentais na turma que desenvolve as atividades do Pibid,
embora tenha dito que outros pibidianos em outro colegio desenvolvem tais atividades. Ela
também expõe que mesmo que o tempo da aula seja curto, é possível fazer as atividades
experimentais, pois para ela, os pibidianos ajudam a aula a “render mais”. A licencianda
ainda explica que os estudantes da escola poderiam se interessar ainda mais pela aula se
tivesse atividades experientais. De outro modo, ela problematiza que somente o professor
não dá conta de além de ministrar a aula teórica aplicar atividades experimentais, pois as
turmas são muito grandes com mais de quarenta alunos.
Pelo exposto, nas duas situações compreendemos ser necessárias
melhorias/adequações, entretanto, também entendemos que esses estudantes desenvolveram
uma capacidade crítica diante da situação. Dessa forma, está sendo desenvolvido um
elemento importante para a formação.
Não identificamos diferenças entre os estudantes bolsistas e os estudantes voluntários
quanto as suas motivações para participarem do Pibid, dado que o primeiro grupo recebe
bolsa e o segundo não recebe.
Verificamos que as atividades desenvolvidas no programa são relevantes para a
permanência do estudante, por outro lado, consideramos inegável a importância das bolsas,
considerando, conforme as respostas obtidas nos questionarios, que são estudantes
provenientes de famílias economicamente menos favorecidas. Inclusive o estudante
volutário EV1 integra o programa de Assistencia Estudantil da instituição e mostrou sua
preocupação com a interrupção da bolsa por causa dos cortes do governo na educação. Já o
outro estudante voluntário, o EV2, relatou durante a entrevista que estava organizando a
documentação para solicitar apoio assistencial a instituição, mostrando que tem necessidade
de ser financeiramente assistido.
De modo geral, os pibidianos demonstraram admiração por seus professores. Outra
questão que observamos, é que os professores do ensino médio foram influências positivas
para escolha da licenciatura em química e que o professor supervisor do Pibid contribui com
a permanência desses estudantes no curso.
Percebemos também que as atividades do programa possibilitam uma melhor
qualificação dos jovens contribuindo para a qualidade do curso.
132
Assim, concluimos que o programa oferece importantes possibilidades para o
estudante permanecer no curso, entretanto, também compreendemos limites na medida que
o programa não consegue abarcar o universo de estudantes nas licenciaturas, e por se
apresentar como programa de governo e que portanto pode ter a sua continuidade
interrompida.
Dessa forma, compreendemos que o questionamento que norteou essa pesquisa, qual
seja, “Quais são os limites e possibilidades do Pibid para a permanência do estudante na
licenciatura em Química da UFMT?”, foi respondido.
Ainda sobre o contexto político, salientamos que está sendo expresso pela
diminuição do estado na oferta/financiamento da educação pública. Os cortes na educação
iniciados no governo Dilma foram acentuados na gestão Temer - que inclusive estabeleceu
a EC 95 que congela os gastos com a educação pelos próximos 20 anos - com a política de
desmonte da educação que vem sendo reforçado pelo governo Bolsonaro. Neste contexto, o
Pibid nos últimos anos vem sendo ameaçado, seja com cortes no financiamento para o
programa seja com a sua interrupção. Ressaltamos conforme destacado por Lima (2018) que
não consideramos o Pibid salvacionista, e sim como uma política pública importante para a
formação dos licenciandos, e mesmo diante dessa importância tem sofrido riscos de
descontinuidade. É com temor que vemos o futuro, porém não sem esperança.
133
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147
APÊNDICE A
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO – TCLE
Você está sendo convidado(a) para participar, como voluntário(a), da pesquisa
“Possibilidades e limites do PIBID na permanência do estudante de graduação da UFMT”.
Após ser esclarecido(a) sobre as informações a seguir, no caso de aceitar fazer parte do
estudo, rubrique as duas páginas e assine ao final deste documento, que também será
rubricado e assinado pela pesquisadora. o documento está em duas vias, uma delas é sua e
a outra é da pesquisadora responsável. Em caso de recusa você não terá nenhum prejuízo em
sua relação com a pesquisadora ou com a instituição.
INFORMAÇÕES SOBRE A PESQUISA:
Título do Projeto: “Possibilidades e limites do PIBID na permanência do estudante de
graduação da UFMT”.
Pesquisadora Responsável: Ana Lídia Lemes de Assunção Silva.
Orientadora: Profa. Dra. Tereza Christina Mertens Aguiar Veloso.
Contato: E-mail: [email protected] Telefone: 65 9 8434 9706.
O objetivo geral deste estudo é analisar os limites e possibilidades do PIBID
(Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência) na permanência do estudante de
licenciatura em Química da UFMT (Universidade Federal de Mato Grosso).
Os benefícios da pesquisa, com fito eminentemente científico, poderá apontar os
motivos da permanência dos discentes no curso, a partir de sua vivência no pibid. com a
divulgação dos dados da pesquisa poderá possibilitar maiores discussões sobre o tema ainda
pouco pesquisado. acreditamos que esta pesquisa é de substancial importância acadêmica
científica e social, visto que, pode ampliar a compreensão de aspectos sobre a permanência
na educação superior a partir do pibid, assim como, contribuir com outras pesquisas da área
da educação.
148
Sua participação nesta pesquisa consistirá em conceder uma entrevista, que será gravada
com gravador de voz, com perguntas relativas ao PIBID. Você terá liberdade para responder
as questões ou se recusar a respondê-las. A qualquer momento da pesquisa você terá toda
liberdade de desistir de ser participante, e em caso de recusa você não terá nenhum prejuízo
em sua relação com a pesquisadora ou com a Instituição. A coleta de dados será realizada na
Universidade Federal de Mato Grosso, campus Cuiabá, em uma sala privativa, e não irá
interferir, em momento algum, na conduta utilizada pelos profissionais da Instituição.
Na pesquisa haverá risco mínimo (uso de entrevista) para os sujeitos participantes da
pesquisa. Sua identidade será preservada e também lhe será facultada a participação na
pesquisa. Caso isso ocorra, faremos o possível para amenizá-la. Você poderá ainda receber
informações da pesquisadora quanto a qualquer dúvida que apresentar sobre o tema em
estudo, para ser sanado.
Os dados referentes à sua pessoa serão confidenciais e garantimos o sigilo/segredo
de sua participação durante toda pesquisa, inclusive na divulgação da mesma, bem como a
sua participação no estudo não envolverá nenhuma despesa ou gratificação.
Os dados não serão divulgados de forma a possibilitar sua identificação. Sendo então,
está autorizado o acesso da pesquisadora aos dados da pesquisa no que diz respeito às
informações coletadas na pesquisa.
Você receberá uma cópia desse termo onde tem o nome, telefone e e-mail da
pesquisadora responsável, para que você possa localizá-la a qualquer tempo.
Em caso de dúvida você pode procurar o Comitê de Ética em Pesquisa:
Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) /Humaninades/UFMT.
Informamos que o Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Federal de Mato
Grosso (UFMT) é o orgão responsável pelo acompanhamento das investigações realizadas
pelos/as pesquisadores/as vinculados a ela. Dessa forma, qualquer agravo por consequência
da pesquisa pode ser comunicado a este setor.
Av. Fernando Correa da Costa, 2367, Instituto de Educação – 1º andar – Sala 31, Cuiabá/MT
Coordenadora Profa. Dra. Rosangela Katia Sanches Mazzarona Ribeiro
Fone: (65) 3615-8935 E-mail: [email protected]
Considerando os dados acima, CONFIRMO estar sendo informado(a) por escrito e
verbalmente dos objetivos desta pesquisa.
149
Eu (nome do participante ou responsável) ........................................................................,
Idade:..........sexo:...............Naturalidade:...........................................................................
RG Nº:..........................declaro que entendi os objetivos, riscos e benefícios de minha
participação na pesquisa e concordo em participar.
Local e data:___________________________________________________________
Nome e Assinatura do sujeito ou responsável: ________________________________
Nome e Assinatura do Pesquisador: ________________________________________
150
APÊNDICE B
ROTEIRO PARA ENTREVISTA SEMIESTRUTURADA COM OS ESTUDANTES
DO PIBID NA LICENCIATURA EM QUÍMICA DA UFMT, CAMPUS CUIABÁ
1. Por que escolheu esse curso? Foi sua primeira opção?
2. Como aconteceu sua entrada no PIBID?
3. Há quanto tempo você participa das atividade do PIBID?
4. Fale um pouco sobre suas atividades no PIBID.
5. Quais eram suas expectativas antes de iniciar no programa? Essas expectativas foram
atendidas?
6. Como o programa contribui para sua formação? Quais são os aspectos positivos e
negativos para sua formação?
7. O que você recomendaria para um aluno que fosse procurar o PIBID?
151
APÊNDICE C
ROTEIRO PARA ENTREVISTA SEMIESTRUTURADA COORDENADORA
INSTITUCIONAL DO PIBID NA UFMT
1. Quando o PIBID dessa instituição/curso teve início? Como foi o processo de elaboração
do projeto?
2. Quais são suas atividades/funções enquanto coordenador institucional do PIBID?
3. Qual a visão que a instituição tem do PIBID enquanto uma política pública que
potencializa a formação de professores?
4. Que ações são desenvolvidas pela instituição para que o PIBID possa efetivamente
potencializar uma formação profissional docente?
5. Os objetivos estabelecidos para o PIBID estão sendo alcançados? Se não, quais as
dificuldades?
6. Em sua opinião o PIBID tem contribuído para uma melhor formação na licenciatura? Se
sim, de que forma?
7. Qual sua análise sobre o desenvolvimento do PIBID nesse campus? Quais as principais
facilidades e dificuldades encontradas?
152
APÊNDICE D
Pesquisa do Perfil do estudante do PIBID, na licenciatura em Química da UFMT –
Campus de Cuiabá.
Caro estudante,
Ao responder esse questionário, você estará participando da pesquisa de mestrado acadêmico
em educação intitulada “POSSIBILIDADES E LIMITES DE PERMANÊNCIA DO
ESTUDANTE DO PIBID DA UFMT”, pesquisa está sendo desenvolvida pela mestranda
em Educação - Ana Lídia Lemes de Assunção Silva, juntamente com a Profa. Dra. Tereza
Christina Mertens Aguiar Veloso por meio do Grupo de Estudos e Pesquisas em Políticas
Educacionais – GEPDES, que está vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Educação
do Instituto de Educação, da Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT.
A seguir encontra-se o link para o termo de consentimento livre esclarecido (TCLE) e o
questionário on-line. Cabe destacar que o questionário deverá ser preenchido até o final para
ter validade (tempo médio de preenchimento é de 5 minutos).
Atenciosamente,
Ana Lídia Lemes de Assunção Silva – Mestranda do Programa de Pós-Graduação em
Educação da UFMT.
Dra. Tereza Christina Mertens Aguiar Veloso – Pesquisadora e Professora vinculada ao
Programa de Pós-Graduação em Educação da UFMT.
1 – Número de Matrícula.
____________________
2 - Data de nascimento.
___/___/_____
3 – É a sua primeira Graduação?
( ) Sim
153
( ) Não
Caso a resposta seja negativa, qual a sua outra graduação? _________________
4- Qual o principal motivo que a levou a optar pelo curso em que está?
( ) Influência da família / amigos / professores
( ) Maior oportunidade no mercado de trabalho
( ) Boa perspectiva de remuneração
( ) Vocação e realização profissional
( ) Possibilidade de conciliar estudo - trabalho
( ) Por não oferecer o curso de minha preferência
( ) Por dificuldade de aprovação no curso de minha preferência
4 - Sexo.
( ) Masculino;
( ) Feminino;
5 - Qual a sua cor / raça de acordo com o IBGE?
( ) branca;
( ) preta;
( ) parda;
( ) amarela;
( ) indígena.
6 - Qual o seu estado civil?
( ) solteiro(a);
( ) casado(a);
( ) viúvo(a);
( ) separado(a);
( ) outro.
7 - Em que tipo de escola você cursou o ensino fundamental?
154
( ) Todo em escola pública
( ) Parte em escola pública
( ) Todo em escola particular COM bolsa de estudo
( ) Todo em escola particular SEM bolsa de estudo
( ) Parte em escola particular COM bolsa de estudo
( ) Parte em escola particular SEM bolsa de estudo
8 - Em que tipo de escola você cursou o ensino médio?
( ) Todo em escola pública
( ) Parte em escola pública
( ) Todo em escola particular COM bolsa de estudo
( ) Todo em escola particular SEM bolsa de estudo
( ) Parte em escola particular COM bolsa de estudo
( ) Parte em escola particular SEM bolsa de estudo
9 - Em que turno você cursou o ensino médio?
( ) somente diurno;
( ) somente noturno;
( ) parte diurno e parte noturno, predominando o diurno;
( ) parte diurno e parte noturno, predominando o noturno;
( ) integral (dois turnos).
10 - A escola em que concluiu o ensino médio é:
( ) pública de MT;
( ) particular de MT;
( ) pública de outro Estado;
( ) particular de outro Estado;
( ) pública federal (ex. Institutos Federais IF´s);
( ) ENCCEJA – Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos.
11 - Em que ano você concluiu o ensino médio?
__________________________________
155
12 - Você frequentou cursinho pré-vestibular?
( ) sim;
( ) não.
13 - Qual a renda total mensal da sua família?
( ) até 1 salário mínimo;
( ) de 1,1 a 2 salários mínimos;
( ) de 2,1 a 3 salários mínimos;
( ) de 3,1 a 5 salários mínimos;
( ) de 5,1 a 10 salários mínimos;
( ) de 10,1 a 20 salários mínimos;
( ) mais de 20 salários mínimos.
14 - Você exerce algum tipo de trabalho remunerado?
( ) não;
( ) sim, em tempo parcial (até 30 horas semanais);
( ) sim, em tempo integral (mais de 30 horas semanais);
( ) sim, às vezes.
15 – Se você trabalha, qual função/cargo você exerce?
_________________
16 - Qual das seguintes alternativas melhor descreve a atual situação ocupacional de seu pai?
( ) está trabalhando com vínculo empregatício;
( ) está trabalhando sem vínculo empregatício;
( ) está desempregado;
( ) aposentado;
( ) vive de rendimentos financeiros (aluguéis, aplicações bancárias, etc.);
( ) outra.
17 - Qual das seguintes alternativas melhor descreve a atual situação ocupacional de sua
mãe?
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( ) está trabalhando com vínculo empregatício;
( ) está trabalhando sem vínculo empregatício;
( ) está desempregada;
( ) é aposentada;
( ) vive de rendimentos financeiros (aluguéis, aplicações bancárias, etc.);
( ) outra.
18 - Qual o nível de instrução de seu pai?
( ) Não frequentou escola;
( ) Ensino Fundamental (antigo 1º grau) incompleto;
( ) Ensino Fundamental (antigo 1º grau) completo;
( ) Ensino Médio (2º grau) ou equivalente incompleto;
( ) Ensino Médio (2º grau) ou equivalente completo;
( ) Ensino superior incompleto;
( ) Ensino superior completo;
( ) Pós-Graduação (mestrado e/ou doutorado).
19 - Qual o nível de instrução de sua mãe?
( ) Não frequentou escola;
( ) Ensino Fundamental (antigo 1º grau) incompleto;
( ) Ensino Fundamental (antigo 1º grau) complete;
( ) Ensino Médio (2º grau) ou equivalente incompleto;
( ) Ensino Médio (2º grau) ou equivalente complete;
( ) Ensino Superior incompleto;
( ) Ensino Superior completo;
( ) Pós-Graduação (mestrado e/ou doutorado).
20 - Você teve dificuldade para ingressar na Educação Superior por quê?
( ) estava indeciso na escolha do curso;
( ) não conseguiu classificação no processo seletivo;
( ) não tinha interesse por curso superior;
( ) não conseguiu conciliar trabalho com estudo;
( ) não teve dificuldade.