O PIB e seus Limites
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O PIB e os seus limites
Luís Francisco Carvalho (ISCTE - IUL)
Colóquio “Há mais vida para além do PIB”
Lisboa, 16 de Janeiro de 2010
O que é o PIB?
Antecedentes históricos:
• No século XVII, a „Aritmética Política‟ de William Petty eGregory King.
• No século XVIII, os trabalhos sobre o circuito económicode P. Boisguillbert, R. Cantillon e, principalmente, otableau économique de François Quesnay.
• Os desenvolvimentos decisivos dão-se nos anos 30 doséculo XX e durante a II Guerra Mundial, destacando-seos trabalhos de James Meade e Richard Stone.
O que é o PIB?
O PIB pode ser definido como a medida do valormonetário dos bens e serviços de utilizaçãofinal (isto é, que não são utilizados naprodução de outros bens e serviços),produzidos num determinado território e numdeterminado período de tempo.
Princípio fundamental da interdependência entreprodução, rendimento e despesa.
O que é o PIB?
Três ópticas de cálculo
• 1. Produção
Produto = VA
VA = VP – CI
(VP é o valor da produção; CI são os consumosintermédios – bens e serviços utilizados naprodução de outros bens e serviços)
O que é o PIB?
• 2. Rendimento
Produto = Salários + Juros + Lucros + Rendas
Juros + Lucros + Rendas = Excedente de Exploração
• 3. Despesa
Produto = Consumo Privado + Consumo Público + Investimento + Exportações – Importações
O que é o PIB?
O PIB (Produto Interno Bruto) é o agregado deprodução mais utilizado. No entanto, sãopossíveis, no quadro da Contabilidade Nacional,outras expressões para o produto.
“Interno” vs. “Nacional”.
“Bruto” vs. “Líquido”.
É então possível determinar, não só o PIB, mastambém o PNB, o PNL e o PIL.
O que é o PIB?
A grande disponibilidade e relativa homogeneidade demetodologias e convenções estatísticas, tornam osdados sobre o PIB muito utilizados para medir avariação da actividade económica ao longo dotempo (crescimento económico) e para estabelecercomparações internacionais.
Em ambos os casos, os valores do PIB deverão serdivididos pelo número de habitantes do país ouregião em causa (PIB per capita). No caso dascomparações internacionais, é usual corrigir osvalores para levar em conta as diferenças de preços– paridade de poderes de compra (PPC).
Os limites do PIB
As limitações do PIB como indicador do nível deprodução de bens e serviços e da sua variaçãoao longo do tempo (crescimento económico) ecomo indicador de qualidade de vida ou bem-estar (desenvolvimento económico e social), sãohá muito reconhecidas.
O campo da economia do desenvolvimento (oudos estudos do desenvolvimento) desempenhouum papel particularmente relevante naprogressiva tomada de consciência em relação aessas limitações.
Os limites do PIB
Limites na medição da produção:
• Economia informal, paralela ou subterrânea.
• Produção doméstica.
• Trabalho de voluntariado.
• Serviços públicos.
Os limites do PIB
Limites na medição da qualidade de vida ou bem-estar:
• Tempo de lazer.
• Problemas de distribuição social e territorial.
• “Custos” sociais e ambientais da produção.
Os limites do PIB
A consciência acerca dos diversos limites do PIB temlevado à procura de alternativas, ou de formas decorrecção/melhoramento, que possam contemplaralguns dos problemas identificados.
Recentemente (Setembro de 2009), foi divulgado umrelatório, coordenado pelos economistas Joseph Stiglitz,Amartya Sen e Jean-Paul Fitoussi, que apresenta asconclusões de uma Comissão nomeada em Fevereiro de2008 pelo Presidente Sarkozy (Commission sur lamesure de la performance économique et du progrèssocial). O relatório avança várias propostas, centradasem três eixos: “temas clássicos do PIB”; “qualidade devida”; “desenvolvimento sustentável e ambiente”.
Os limites do PIB
De entre as propostas até agora apresentadas, a que tevemaior impacto foi a iniciativa do PNUD, que levou àelaboração do Índice de Desenvolvimento Humano(IDH), calculado desde 1990. O IDH combina o PIB percapita, com indicadores para os domínios da saúde(esperança de vida à nascença) e da educação (taxa dealfabetização e taxa de escolarização).
Os limites do PIB
Algumas interrogações finais:
• Será que devemos procurar um número único queintegre as múltiplas dimensões envolvidas na avaliaçãoda qualidade de vida, ou até da produção de bens eserviços? Em caso afirmativo, será o equivalentemonetário a melhor unidade para o expressar?
• Será que a problemática do “desenvolvimento” nãoenvolve necessariamente aspectos qualitativos nãoredutíveis à quantificação?
• Não será este um debate que deve ultrapassar adimensão técnica dos “especialistas” (economistas eoutros)?