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o percurso de uma associação

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o percurso de uma associação

INTRODUÇÃO

A ARISCO, Instituição para a Promoção Social e da Saúde, é uma organização

não governamental sem fins lucrativos, constituída em 16 de Novembro de 1993,

reconhecida como Instituição Particular de Solidariedade Social (I.P.S.S.), com

estatuto de utilidade pública, em Dezembro de 1998. Tem como objectivo prioritário,

a investigação, planificação, formação, coordenação, execução e supervisão de

acções no âmbito da prevenção, tratamento e reinserção de toxicodependentes e da

promoção social e da saúde, assumindo como objectivo secundário a formação

profissional e a organização de actividades de aventura e risco. Os elementos que

originalmente a constituíram estavam preponderantemente ligados ao Centro das

Taipas, enquanto técnicos na área do tratamento da toxicodependência, ou à

Faculdade de Motricidade Humana como técnicos de ensino especial e reabilitação

ou professores de educação física. No entanto, houve sempre a preocupação de

garantir uma real diversidade de formações que permitisse formas diferentes de

encarar o problema, originais, apelativas e de linguagem simples. A associação

integra neste momento elementos ligados à psicologia, educação especial e

reabilitação, sociologia, animação comunitária, gestão e direito, entre outras áreas.

Neste sentido tem desenvolvido diferentes projectos, orientados para a produção de

materiais e para a intervenção global e continuada aos mais diversos níveis da rede

comunitária. Todos estes projectos estão, de um modo geral, centrados em torno de

4 objectivos gerais:

• Trabalhar com crianças/jovens de todos os níveis de ensino, temas ligados à

Promoção da Saúde, promovendo estilos de vida saudáveis, desenvolvendo

competências pessoais e sociais, abordando a prevenção da

toxicodependência segundo um modelo inespecífico apoiado no

desenvolvimento de factores de protecção, através do recurso ao jogo, ao

material lúdico e à reflexão a partir destes gerada;

• Formar interventores em prevenção, de modo a que este utilizem este tipo de

material nos contextos em que desenvolvem a sua actividade – sala de aula,

A.T.L., clube juvenil, junta de freguesia, centro de saúde, etc. -, integrando o

mesmo nas suas práticas diárias;

• Envolver a comunidade em geral e os pais em particular no trabalho de

prevenção, assumindo o fenómeno como uma realidade sistémica em que

todos os níveis da comunidade devem fazer parte da intervenção, enquanto

alvos indirectos do trabalho desenvolvido com crianças/jovens;

• Adaptar estas práticas à intervenção com grupos de risco – jovens e crianças

com problemas socio-afectivos, toxicodependentes em fase de recuperação,

reclusos em estabelecimentos prisionais, etc.

PROJECTOS

“Prevenir em Colecção”/”Coleccionar e Crescer”

O Projecto “Prevenir em Colecção” visa a prevenção das toxicodependências e

outros comportamentos de risco, a educação para a saúde e a promoção da saúde

global.

Este Projecto consta da aplicação de material lúdico, na forma de cadernetas e

respectivas colecções de cromos, e é dirigido a alunos do pré-escolar e do 1º ciclo

do ensino básico e a crianças entre os 5 e os 10 anos, em geral. Sendo um dos

principais objectivos do Projecto o desenvolvimento de competências pessoais e

sociais, estas colecções baseiam-se no desenvolvimento de diversos temas de

interesse social e preventivo. Os temas são trabalhados na sala de aula, ao longo do

ano escolar, sob a orientação de cada professor, podendo este adaptar o “Prevenir

em Colecção” quer ao seu grupo de alunos, quer ao seu projecto pedagógico.

Saliente-se que alguns dos temas que compõem este material, fazem parte dos

conteúdos pedagógicos do programa curricular do 1º ciclo do ensino básico. Neste

contexto, dada a sua flexibilidade, o Projecto “Prevenir em Colecção” é um Projecto

em constante renovação e crescimento, que permite aos Técnicos de Educação e

outros técnicos envolvidos, partilhar ideias e experiências encontrando assim, novas

estratégias pedagógicas e preventivas.

Após a entrega da caderneta na sala de aula, as crianças, para completarem a

colecção, recebem saquetas de cromos em cinco momentos diferentes. As

instruções para descobrir os locais onde se encontram os cromos são apresentadas

sob a forma de enigmas, adaptados às idades das crianças, que aumentam de grau

de dificuldade ao longo das distribuições.

A recolha dos cromos pode mesmo transformar-se numa actividade conjunta de toda

a turma, seguindo uma pista ou percorrendo uma trilha. Estas distribuições são

organizadas em locais circundantes à escola – instituições ou estruturas

comunitárias - proporcionando às crianças o conhecimento dos seus direitos e

deveres como cidadãos. Assim, poderão ser escolhidos entre outros: Associações

de carácter cívico, Forças Militares e de Segurança Pública, Juntas de Freguesia,

Centros de Saúde, Rádios ou Jornais locais, etc., em função dos recursos de cada

comunidade. Os Técnicos de Educação e/ou o Promotor Local contactam as

instituições seleccionadas no sentido de as sensibilizar para participar no Projecto.

Estas estruturas locais funcionam como pontos de distribuição dos cromos, que as

crianças recolhem ao efectuarem uma visita às mesmas acompanhadas pelos

encarregados de educação ou pelos Técnicos de Educação.

Percurso do Projecto

O Projecto teve o seu início com o lançamento de um concurso, aberto a todos os

alunos do Ensino Secundário do Concelho de Loures, para a criação da personagem

central da colecção e do slogan que lhe serviria de base. Simultaneamente, um

grupo de trabalho interdisciplinar desenvolveu a estrutura temática do Projecto, que

na prática seria transposta para imagens.

O interesse e a excelente adesão de que foi alvo esta primeira experiência, conduziu

à continuidade deste Projecto nos anos escolares seguintes e ao seu alargamento a

outras regiões de Portugal. Entre 1993 e 1996 participariam neste Projecto: 89

escolas, 315 professores e educadores e mais de 7.000 crianças.

Na sequência natural do desenvolvimento do Projecto e da valorização de que foi

alvo no decurso de diversos encontros científicos internacionais surge, em 1995, a

possibilidade de validar, sob coordenação portuguesa, este modelo de intervenção a

nível europeu. O Projecto, com a designação “Coleccionar e Crescer“, integrando

como parceiros Barcelona -Espanha, Annecy-França e Milão-Itália, recebeu, entre

outros, o suporte financeiro da Direction Générale V - Emploi, Relations Industrielles

et Affaires Sociales, Santé Publique et Sécurité au Travail, Promotion de la Santé et

Surveillance des Maladies da Comissão Europeia.

À semelhança do percurso original, o Projecto “recomeçou” com a produção de

quatro colecções de cromos, uma por país, que integraram 4 temas com 4

mensagens comuns a todos os países.

Em Portugal foi lançado, em Janeiro de 1995, um concurso aberto a todos os alunos

do 3º Ciclo do Ensino Básico e Secundário dos Concelhos de Azambuja, Vila Franca

de Xira e Sesimbra. Assim nasceu o “Xavier”, da autoria de Hugo Duarte e Leonor

Alves de Vila Franca de Xira, o “Afonso Palhinhas”, o “Juca Negrão”, o “Lourenço” e

o “Sebastião”, assim como o slogan «Vida… um livro de aventuras escrito por ti!!!»,

da autoria de Álvaro Raposo, Daniel Teixeira, Hugo Agostinho e Pedro Guedes da

Azambuja.

Esta caderneta aborda nove temas: “eu e os outros”, “o corpo”, “o prazer e o

abuso”, “a autonomia”, “o brincar”, “as emoções”, “o viver em sociedade”, “os

medos” e “os grupos”. Estes temas são discutidos numa perspectiva individual,

familiar, escolar e comunitária.

Este Projecto envolveu, entre Outubro de 1995 e Dezembro de 1997, e apenas no

que respeita a Portugal, 17 Instituições, 211 estruturas locais (pontos de distribuição

dos cromos), 42 adolescentes, 55 escolas, 222 professores e educadores e 4.147

crianças. Em Portugal, o Projecto teve continuidade sob a designação de Projecto

Comunitário de Promoção da Saúde “Prevenir em Colecção”.

No ano lectivo, 1998-99, este Projecto envolveu 19 Câmaras Municipais, 5 Centros

de Saúde e 3 outras Instituições, que desempenharam o papel de Instituições

Promotores Locais, 195 escolas, 757 Técnicos de Educação e 11.994 crianças.

Na tentativa constante de desenvolver esta metodologia de intervenção, foi

concebido em 1997, o Projecto “NetCromos” que pretendeu via Internet, ligar o

maior número de escolas e maximizar os recursos do Projecto através da difusão e

intercâmbio de informação e experiências.

Em 1999 foi publicada uma nova colecção de cromos, especialmente concebida

para as crianças do Pré-escolar e 1º Ano do 1º Ciclo do Ensino Básico. Esta nova

caderneta centra-se na abordagem de cinco novos temas: “Eu”, “Escola”,

“Amizade”, “Famílias”, e “Ecologia”.

De forma a facilitar e promover a sua utilização, foi elaborado um guia de utilização

pedagógica e preventiva desta caderneta. Este manual foi distribuído a todos os

professores e educadores envolvidos no Projecto. Entre 1999 e 2001, foram

envolvidas 64 Instituições Promotoras Locais, 753 escolas e jardins-de-infância,

1.989 Técnicos de Educação e cerca de 29.780 crianças. Como resultado da adesão

e do desempenho destes novos materiais, é objectivo do Projecto, a criação de

novas cadernetas e manuais de utilização pedagógica especificas para cada um dos

anos do 1º Ciclo do Ensino Básico.

Assim surge em 2002 as “Descobertas do Xavier”, destinada ao 2º ano do 1º Ciclo

do Ensino Básico. Esta caderneta aborda 5 temas: “eu e os outros”, “regras”,

“segurança”, “imaginação”, “saber observar” e para a sua melhor utilização foi

elaborado um guia de utilização pedagógica e preventiva, destinado aos Técnicos de

Educação.

Metodologias e Estratégias 1. O Projecto assenta numa metodologia “acção reflexão”. A criação de vivências em contexto protegido, através das dinâmicas propostas,

potencia junto das crianças o desenvolvimento afectivo, social e intelectual como um

processo progressivo e contínuo de intercâmbio.

As “tarefas” sugeridas como meio de promover a consciencialização individual e a

partilha de experiências, são ponto de partida para um debate dentro e fora da sala

de aula, sobre as situações jogadas que têm paralelismo com os aspectos da

realidade.

2. O Projecto pressupõe a criação de uma equipa de trabalho local.

Este grupo, dada a sua implementação e conhecimento da realidade local,

desempenha, através de uma intervenção em rede, o papel fundamental de

facilitador da implementação e de acompanhamento do desenvolvimento do Projecto

nas suas várias fases. A articulação de instituições locais ligadas à saúde, à

educação, à autarquia e outras estruturas locais permite, aos professores e

educadores, optimizarem o carácter comunitário do Projecto e permite às próprias

instituições o reconhecimento junto da escola, dos pais e encarregados de

educação.

3. O Projecto deverá garantir a adaptação da sua estrutura à realidade de cada

região.

As indispensáveis adaptações deverão sempre salvaguardar que a participação dos

professores e educadores deverá ser voluntária, nominal, mas com o

enquadramento da instituição onde exercem a sua actividade.

4. É indispensável assegurar a avaliação e partilha de informação.

Para o Projecto “Prevenir em Colecção” é fundamental o envolvimento dos

professores e educadores, encarregados de educação e promotores locais na sua

avaliação e discussão, sendo igualmente, fulcral a partilha de experiências entre

escolas e entre estruturas promotoras.

Formação 1. Formação de Técnicos de Educação A participação dos professores e educadores no Projecto implica uma formação

específica. Esta formação, visando uma progressiva autonomia dos Técnicos de

Educação, está estruturada em três níveis, com a duração de um ano lectivo cada:

Nível 1 – Metodologias de Implementação

Nível 2 – Estratégias Preventivas

Nível 3 – Conteúdos Preventivos

Cada nível de formação desenrola-se ao longo de um ano escolar em três

momentos distintos.

Nos diferentes níveis de formação são trabalhadas as metodologias de

implementação do Projecto, estratégias e conteúdos preventivos, e a dinamização

de temas na sala de aula. Estas formações têm um carácter vivencial, envolvendo a

experiência das situações que os Técnicos de Educação dinamizarão, eles próprios,

na sala de aula. Esta experiência prática permite a cada técnico, enquadrar o

Projecto “Prevenir em Colecção” no seu próprio projecto pedagógico e adaptá-lo ao

seu grupo de alunos.

Como suporte técnico da formação é distribuído a cada participante, material de

apoio, possibilitando ao técnico uma adequação dos conhecimentos adquiridos na

sessão de formação à sua sala de aula.

2. Formação de técnicos de Instituições Promotoras Locais Por solicitação das Instituições Promotoras Locais, considerou-se fundamental

conceber e disponibilizar, a partir do ano lectivo 1998-99, uma formação específica

direccionada para os Técnicos responsáveis das Instituições Promotoras Locais.

Como resultado, esta 1ª Formação com a duração total de 24 horas, teve em 1999

uma adesão superior a 90% por parte de todas as Instituições Promotoras Locais.

Esta formação visa, a partir do conhecimento e contacto que estas Instituições têm

da realidade local, potencializar o seu papel de agente preventivo e promotor de

saúde.

Envolvimento dos Encarregados de Educação

Desde o primeiro momento, o Projecto procurou valorizar a importância do

envolvimento dos pais e encarregados de educação no processo educativo.

Neste sentido, juntamente com a caderneta é entregue uma carta a todos os

Encarregados de Educação, onde são apresentados os principais objectivos do

Projecto.

Esta carta, solicitando a participação dos encarregados de educação na tarefa de

recolha dos cromos, sensibiliza-os ainda para a importância da sua participação e

disponibilidade.

Gostaríamos ainda de referir algumas das estratégias utilizadas, em diferentes

escolas, no sentido de promover um maior envolvimento dos encarregados de

educação.

Algumas escolas, convocaram os encarregados de educação para uma sessão de

apresentação do Projecto, com esclarecimento e troca de impressões sobre os

temas. Destas sessões, resultaram situações particulares, de que é exemplo, a

participação dos encarregados de educação nos momentos de distribuição dos

cromos.

Outra forma de envolvimento passa pela recolha de informações, junto da família,

relativamente aos temas. Diversas escolas organizaram painéis apresentando os

medos da família, discriminando o medo do pai, da mãe e do filho. Perante a

resposta “o pai não tem medo de nada”, era o próprio filho a transmitir a importância

de se ter medo, e insistir para que o pai pensasse nos seus medos. Noutras escolas,

criaram-se painéis acerca das diferentes reacções dos encarregados de educação à

carta de apresentação do Projecto, levada pelos filhos. Aqui foi possível

desdramatizar algumas situações de indisponibilidade dos encarregados de

educação, procurando, conjuntamente, estratégias alternativas de aproximação e

participação. Noutras situações, o envolvimento dos encarregados de educação

passou pela realização de trabalhos manuais e outras actividades nas próprias salas

de aula.

Vários encarregados de educação, disponibilizaram-se para ajudar na concepção de

“trabalhos” dos filhos, o que, em situações particulares passou pela ida de

encarregados de educação à escola para ajudar outras crianças a construir

papagaios de papel. O importante é que sem sobrecarga para ninguém, os temas

possam ser abordados, jogados, pensados e partilhados com aqueles que nos são

próximos. Se isso for possível uma grande parte dos objectivos foi atingida.

Encerramento Reforçando o carácter comunitário do Projecto e valorizando a festa enquanto acto

de partilha de ideais e de concretização de projectos, é importante a existência de

um momento que assinale o encerramento do Projecto.

Este evento pode assumir duas formas distintas e independentes:

• Na escola, o encerramento é o momento de partilhar com a família e com a

comunidade envolvente o trabalho desenvolvido, valorizando o esforço e o

empenho dos alunos e professores, o envolvimento da família e a

receptividade da comunidade.

• A nível do concelho é o momento de encontro de Técnicos de Educação e

estruturas envolvidas, podendo daí resultar uma avaliação da forma como

decorreu o Projecto.

“Castelos de Risco”

Em 1994, a ARISCO, Instituição Para a Promoção Social e da Saúde criou e

desenvolveu o projecto "Castelos de Risco", no âmbito da II Semana Europeia de

Prevenção da Toxicodepência. Este projecto contou com o apoio do Projecto Vida

- quer através do Gabinete do Alto Comissário, quer da coordenação nacional para o

referido evento e, ainda, dos Núcleos Distritais dos Açores, Évora, Lisboa, Setúbal,

Santarém e Viana do Castelo - do Programa de Promoção e Educação para a

Saúde, das Direcções Regionais de Educação do Norte, Alentejo e Lisboa, do

Instituto de Emprego e Formação Profissional, da Direcção dos Edifícios e

Monumentos Nacionais e do Gabinete de Prevenção da Toxicodependência da

Câmara Municipal de Lisboa, tendo o patrocínio do Banco Totta & Açores.

Implementado a nível nacional, abrangeu 5 distritos e a região autónoma dos

Açores, cobrindo um total de 50 escolas do ensino secundário, cerca de 160

professores e mais 1200 alunos com idades entre os 13 e os 20 anos. Contou com a

parceria de uma instituição francesa - CAPS 74 - que em Annecy, desenvolveu o

seu próprio projecto, culminando com a sua presença na actividade final, em 15 de

Outubro, no Castelo de S. Jorge, actividade esta que marcou o início do programa

nacional para a Semana Europeia de Prevenção da Toxicodependência.

Desde então, este projecto desenvolveu-se também a nível das Autarquias e

Instituições Tutelares de Menores, contando sempre com o apoio dos Núcleos

Distritais do Projecto Vida, ou, mais recentemente, do IPDT.

Todo o percurso se encontra dimensionado numa forma de conquista participada por

todos os intervenientes. O programa de intervenção, desenvolve-se a partir de

quatro momentos de formação intermediados com sessões de aplicação prática.

O projecto “Castelos de Risco” utiliza como suporte 1 Manual de Aplicação e 4

Cadernetas Individuais de Registo que permitem um acompanhamento eficaz no

desenvolvimento das acções de formação e intervenção. Cada um dos elementos

fará um percurso faseado de conquista de si e do grupo:

Objectivos

• Dar corpo a um projecto inovador baseado em princípios de trabalho

relacionados com a dinâmica de grupos, actividades com características de

risco e aventura, que permitem aliar às vivências e emoções, um espaço de

reflexão e integração pessoal.

• Utilização de um modelo, facilitador das regras e vivências em grupo, centrado

na experiência lúdica, como instrumento de abordagem de temas actuais, a

partir de uma linguagem mais próxima do adolescente: a linguagem da acção.

• Garantir a chamada de atenção para uma questão que a todos diz respeito: a

promoção de estilos de vida saudáveis. Permitir a reflexão sobre pequenos

comportamentos passíveis de provocar grandes mudanças, o esclarecimento

de erros típicos ligados ao conceito de prevenção / informação.

• Fazer uso da história, cultura e tradições locais no sentido da construção de

uma identidade colectiva e individual, construindo-se, deste modo, uma base

sólida para o desenvolvimento das acções.

• Permitir a exploração de facetas do indivíduo fundamentais à construção e

(re)estruturação de uma identidade, tais como a capacidade de comunicação

afectiva, a confiança, a cooperação e a liderança, as noções de regra e limite.

• Promover em grupo a vivência do inovador onde o risco e o desafio sejam

formas de experimentação de capacidades e de superação de dificuldades

aliadas à vivência do prazer e da capacidade de projecção no futuro.

• Implicar a comunidade em geral numa intervenção preventiva, através do

contacto com experiências de trabalho inovadoras, envolventes e que garantam

a possibilidade de um papel activo ao simples cidadão.

• Permitir a aprendizagem, melhoria e adaptação de técnicas e modelos de

intervenção, ao nível dos vários parceiros comunitários, através da observação,

troca de experiências, trabalho conjunto, avaliação e da produção final de uma

reflexão conjunta.

Metodologia

O projecto “Castelos de Risco”, baseia-se em metodologias activas do tipo “acção-

reflexão-acção”, o que pretende dizer que nenhum dos temas abordados o é

exclusivamente de forma informativa ou verbal. Através do recurso a dinâmicas de

grupo, é promovido um processo de reflexão sobre a experiência vivida, reflexão

essa onde é reforçada a partilha de ideias, a discussão de temas, a opinião pessoal,

o sentimento individual, o respeito pela diferença a par da identificação dos factores

comuns. Todo o processo se baseia no princípio de que a prevenção, mais do que

lidar com factores de risco, se deve centrar sobre a promoção dos factores de

protecção - desenvolvimento de competências pessoais que permitam a gestão

de situações de risco, quaisquer que elas sejam.

O contexto histórico oferece uma referência, um ponto de encontro entre gentes

diversas, algo que se pode partilhar e que convida a uma identidade de grupo. O

contexto de jogo oferece uma razão fácil para aderir, um desafio que, situado na

competição entre grupos, não deixa de se dirigir ao próprio na sua capacidade de se

superar e se entregar à aventura e ao risco.

Fases do Projecto

Podemos considerar que este projecto se desenvolve em seis fases que passamos

a identificar:

Protocolo Concretizar uma declaração de intenções que envolve o nível de participação

técnica e financeira, através da celebração de um Protocolo;

Divulgação A Autarquia deve designar e contactar para uma sessão de apresentação as

instituições que se entenda serem beneficiárias de uma intervenção desta natureza,

com o objectivo de despistarem aquelas com melhores condições de assumir o

projecto “Castelos de Risco”;

Formação Os técnicos das instituições, serão alvo de um programa de formação suportado por

um Manual de Formação, assim como das Cadernetas Individuais de Registo.

Todo este programa de formação incide sobre situações de Dinâmicas de Grupo

aplicados à abordagem de temas preventivos em meio juvenil, sendo um trabalho

predominantemente prático e de vivência pessoal e social. Será fornecido aos

técnicos em formação um plano de acção a implementar com base nos conteúdos

de formação;

Actividade Final Num castelo escolhido, prepara-se uma actividade que envolve simultaneamente

todos os grupos de formação. Será uma competição entre equipas. Estruturada em

estações de tarefa, esta actividade permite a cada equipa confrontar-se com

situações cuja resolução faz apelo a todo o trabalho desenvolvido com base na

formação. A pontuação, ao contrário do habitual, é atribuída não só em função da

eficácia, mas também pela capacidade de estar no grupo e ser um grupo que

utiliza os seus recursos para, em plena relação, ultrapassar obstáculos. A reflexão

no final de cada situação de tarefa é fundamental para integrar toda a informação

produzida e gerar novas atitudes.

Avaliação e Relatório Final Propomos nesta fase uma reunião com todos os parceiros para ponderar e avaliar

as fases anteriores, donde se fará uma síntese, com base na qual se produzirá um

relatório final.

Grupo Alvo

O Projecto “Castelos de Risco” destina-se a jovens entre os 14 e os 18 anos.

Material

4 Cadernetas Individuais de registo e Manual de Aplicação.

Contexto de Aplicação

Escolas de 3º Ciclo, Secundárias, Associações e Espaços Jovens.

Parceiros

IPDT, IPJ, Autarquias, Associações.

“Populações de Risco” Este projecto surge na continuidade do anterior, estando vocacionado para a

investigação e que se baseia na implementação de um programa de intervenção em

dinâmica de grupo e desenvolvimento de competências pessoais e sociais, no

âmbito de estruturas de apoio a jovens de risco social estabelecido.

Contando com a parceria da Faculdade de Motricidade Humana e o Instituto de

Reinserção Social, a ARISCO, propôs-se desenvolver o projecto envolvendo

instituições vocacionadas para o trabalho com jovens de risco - alteração de

comportamento, insucesso escolar, etc. - utilizando a concretização de uma

actividade de castelo como objectivo final da dinâmica a implementar.

O projecto “Castelos de Risco / Populações de Risco” teve a duração de três anos,

com a seguinte calendarização básica:

Ano 1 - 1995/1996 - “Estudo-Piloto”

No ano de 1995, candidatou-se a financiamento via Instituto de Emprego e

Formação Profissional - Programa Horizon e Projecto Vida, tendo obtido

financiamento da segunda Instituição. Ainda em 1995, a Associação dedicou-se à

concepção e aperfeiçoamento de um Programa de Desenvolvimento de

Competências Pessoais Sociais - Intervenção em Prevenção Primária, bem como ao

Plano de Formação dos Técnicos. Da mesma forma foi constituída a equipa técnica

do projecto.

No final de 1995, a Associação estabeleceu contactos com algumas Instituições

Tutelares de Menores eventualmente interessadas no Projecto, das quais se

disponibilizaram três: Colégio S. Domingos de Benfica; Colégio da Bela Vista e

Colégio Padre António de Oliveira.

Neste primeiro ano do projecto foi aplicado, nos Colégios supracitados o programa

de intervenção desenvolvido pela Associação. Neste sentido, ao contrário do

desenho original - formação de professores que desenvolverão acções nas escolas,

com os jovens seleccionados - a associação assumiu a condução de um programa

de intervenção de 4 meses, junto aos jovens das instituições, onde se integram

conteúdos e metodologias de dinâmica de grupos e desenvolvimento pessoal e

social.

Ano 2 - Continuidade do Projecto em 1998

O segundo ano desenrolou-se com o atraso de um ano em relação ao plano inicial,

por razões que se prenderam com todo um processo de reorganização pelo qual

passou o Instituto de Reinserção Social. Foi desenvolvido nos mesmos moldes do

primeiro e segundo as mesmas fases, sendo que as Instituições implicadas aplicam

o programa de forma autónoma ou semi-autónoma. Para o segundo ano de projecto

foram de novo apoiados os Colégios da Bela Vista, Padre António de Oliveira e

Infanta e S. Bernardino.

O segundo ano, pressupôs, na sequência da avaliação do primeiro ano, mais

momentos de formação e um acompanhamento mensal no caso das Instituições

autónomas.

3º ANO - Follow-up e acompanhamento - 99

Este ano tem como objectivo a continuidade do Programa nas Instituições de forma

semi-autónoma, pretendendo-se também efectuar um estudo de follow-up de forma

a verificar a manutenção das modificações operadas nos jovens.

“Out With BurnOut”

Burn Out é a designação técnica para o desequilíbrio psicológico provocado pelo

desempenho profissional. Nos E.U.A. é uma das principais causas de suicídio em

adultos, estando na base de uma percentagem elevada das reformas antecipadas e

das taxas de absentismo. Os profissionais ligados à saúde mental estão entre os

mais afectados por este fenómeno. O sucessivo confronto com estruturas

psicológicas perturbadas, ameaça o equilíbrio do profissional. O desgaste assim

provocado é compensado por um funcionamento em grupo de trabalho, com divisão

de tarefas e a partilha de responsabilidades, com o recurso à pluri-disciplinariedade.

Por outro lado, se a instituição pode funcionar como protecção neste fenómeno,

quando a pressão aumenta e a instabilidade atinge o grupo de trabalho, é possível

observar-se a interferência das fantasias e receios grupais, no normal

funcionamento do indivíduo. Se aceitarmos como facto as teorias que defendem que

as instituições reflectem as patologias com que trabalham e que a

toxicodependência, como doença, põe em causa não só a estrutura individual mas

também a institucional e a social, então os profissionais que trabalham nesta área

estão particularmente expostos ao burn out. Tratando-se de uma situação a que a

intensidade de funcionamento não é alheia, e onde o espaço de reflexão é escasso,

a proposta que agora apresentamos procura aliar a este ultimo aspecto, um

momento lúdico de prazer e encontro. A prevenção começa em nós, e se

procuramos promover a mudança nos outros - indivíduos, famílias, grupos,

comunidades - talvez possamos dedicar algum tempo a pensar a nossa própria

mudança, a nossa própria forma de estar.

A actividade “Out With BurnOut” tem por objectivo, mais do que o convívio entre

técnicos, a possibilidade de uma forma lúdica abordar temas ligados à articulação

entre e intra instituições, tendo como pano de fundo o Síndroma de Exaustão

Profissional vulgarmente conhecido por Burn Out. Procura-se ainda promover

através do convívio e da inter-ajuda na concretização das tarefas da actividade, um

melhor conhecimento entre técnicos de diferentes áreas fomentando uma relação

inter-institucional futura mais pessoalizada.

“P.A.T.O – Prevenção do Álcool, Tabaco e Outros”

Este projecto foi desenvolvido na sequência de um convite do Projecto Vida e

estruturou-se sobre o material de apoio “Prevenir a Brincar” da responsabilidade

deste organismo. Foi implementado pela ARISCO no Bairro da Boavista, com

incidência particular nas crianças do 1º ciclo do ensino básico, mas com

abrangência generalizada a toda a comunidade. O projecto, com a duração de

quatro anos, seguiu um programa temático organizado em função de níveis etários a

desenvolver na sala de aula.

“Aventura na Cidade”

A “Aventura na Cidade” é um jogo que poderá ser integrado na família dos Jogos de

Personagens, no qual o jogador é um personagem de uma história, cujo desenrolar

vai influenciando com as suas decisões, ideias e formas de estar. É uma experiência

de grupo, na qual a aventura se confina a uma sala, colorida pela imaginação de

cada um.

Na cidade imaginária existem inúmeros locais de referência, onde será possível

obter enigmas que, uma vez decifrados e reunidos, conduzirão o grupo ao local onde

se esconde a personagem desaparecida. Para conquistar os referidos enigmas,

cada grupo deverá fazer frente a situações-problema, definidas em função do local.

Haverá quatro situações diferentes para cada local, garantindo a variabilidade

necessária à participação simultânea de vários grupos.

Nos diferentes locais e situações os jogadores, dependendo de si próprios e da sua

capacidade de consultar meios e pessoas, poderão abordar temas da área da

saúde, (como a SIDA, a tuberculose, o alcoolismo, a vacinação, a alimentação,

primeiros socorros, hábitos de higiene), confrontar-se-ão com emoções (a alegria, a

tristeza, a frustração, o medo, a raiva,...) e pesquisarão a história familiar, nacional

ou mundial, a ciência e as artes.

De forma a adequar a acção aos interesses do grupo, o contexto do jogo varia

consoante as características dos jogadores que, para dar início ao jogo, deverão

dividir-se em equipas (máximo de 6 elementos). A aventura poderá passar por

descobrir uma personagem desaparecida e, de algum modo, associada ao

quotidiano dos jogadores – o Bart Simpson, por exemplo, mas também um

conhecido jogador de futebol, um actor ou o próprio Presidente da República. Em

alternativa, o contexto de jogo poderá basear-se numa caça ao tesouro, no

desvendar de uma rede de contrabando, na ajuda a um amigo em risco, etc.. Cada

grupo, assumirá a responsabilidade da pesquisa, controlando o tempo, o material

necessário, o dinheiro existente mas, sobretudo, decidindo dos seus actos e dos

seus destinos.

A flexibilidade do material revela-se na possibilidade do orientador gerir a

complexidade do jogo, bem como as temáticas a abordar, a partir da escolha do

número e natureza dos locais. Em função dessa escolha, o jogo poderá ser

desenvolvido durante um ano, um mês ou o período de tempo que melhor se

coadune com os objectivos do orientador, tendo em conta a motivação e o nível de

estabilidade e capacidade de entrega do grupo.

O equilíbrio entre o lúdico, o emocional e o pedagógico varia muito de situação para

situação, permitindo ao orientador escolher os conteúdos que mais interessam ao

grupo.

Trabalhar coisas sérias através do brincar e do jogar é apostar na espontaneidade e

numa linguagem mais familiar à criança. No jogo experimentam-se papeis, lida-se

com a frustração, reforça-se a flexibilidade de raciocínio, confronta-se a diferença e

a aceitação, avaliam-se os riscos e os limites - os seus, os do grupo, os da situação.

As palavras surgem, não como abstracções, mas como aspectos ligados a vivências

despertadas num contexto protegido. Os conteúdos curriculares encontram uma

integração nos afectos e no jogo.

Percurso do Projecto

O material que dá suporte ao Projecto “Aventura na Cidade” foi criado e

desenvolvido ao longo do ano lectivo de 1994/95. As escolas ligadas ao Projecto

“Prevenir em Colecção” foram o balão de ensaio para delinear o processo de

aplicação do jogo. As primeiras sessões experimentais tiveram lugar no Verão de

1995.

O Projecto teve o seu início oficial no ano lectivo 1995/96, com 10 escolas do 1º e 2º

ciclos do ensino básico do Concelho de Loures, como campo de experimentação.

Foram então envolvidos 21 Mestres de Jogo (professores, educadores, monitores),

abrangendo-se uma população aproximada de 384 jogadores

(crianças/jovens/encarregados de educação).

Desde o seu início, no ano lectivo de 1995/1996, o “Aventura na Cidade” foi já

implementado em cerca de 30 concelhos, distribuídos por 8 distritos, nos quais 3177

técnicos aplicaram o Projecto a 18445 jogadores.

Ao longo dos anos, tem sido feito um forte investimento na adaptação do material ao

trabalho com populações especiais. Neste sentido, podemos destacar a aplicação

do Projecto a alunos do ensino recorrente e de currículos alternativos, bem como a

sua implementação no âmbito do Programa para a Eliminação da Exploração do

Trabalho Infantil (P.E.E.T.I.) do Ministério do Trabalho e da Solidariedade. Por outro

lado, parecem-nos também relevantes as experiências de aplicação deste Projecto

a indivíduos reclusos em estabelecimentos prisionais, a população com deficiência

visual, a crianças com perturbações afectivas e de aprendizagem (Casa da Praia –

Centro Dr. João dos Santos) e a indivíduos toxicodependentes (Centro de Dia do

C.A.T. das Taipas).

Estrutura de Suporte ao Projecto

Tal como a maioria dos Projectos da ARISCO, a Aventura na Cidade contou com o

suporte inicial do então Projecto Vida, quer através da sua Coordenação Nacional

quer dos Núcleos Distritais directamente envolvidos no Projecto – Lisboa, Setúbal,

Santarém, Beja e Leiria. Desde cedo, houve a preocupação de articular com as

estruturas do Ministério da Educação, no âmbito do qual a grande maioria do

Projecto se desenvolve.

A estrutura de suporte ao Projecto conta actualmente com o apoio do Instituto da

Droga e da Toxicodependência (I.D.T.) e das Câmaras Municipais dos diferentes

Concelhos onde o Projecto está e ser implementado.

Programa de Formação

O Projecto envolve um programa de formação que procura, não só corresponder às

necessidades dos aplicadores nas diferentes fases de desenvolvimento do Projecto,

como equilibrar a formação prática com uma componente teórica posta ao serviço

da acção. Desta forma, o o nível básico de formação prevê 3 etapas:

- A compreensão da estrutura do “Aventura na Cidade” e do respectivo

material, promovendo um enquadramento do Projecto nas teorias,

modelos e estratégias inerentes à intervenção preventiva, no âmbito da

promoção da saúde;

- A compreensão do processo de aplicação do material, com a

contextualização do mesmo na teoria do jogo dramático e uma reflexão

sobre os poderes e os limites do aplicador do Projecto;

- A condução do processo de reflexão, sobre os conteúdos emergentes a

partir da aplicação do material, com um enquadramento da prática

reflexiva no contexto da relação de entreajuda.

Na medida em que o Projecto é frequentemente reproduzido em anos sucessivos, o

programa de formação prevê a existência de níveis de experiência mais profundos

com conteúdos diferentes. Neste sentido, os níveis de formação de aprofundamento

e continuidade desenvolvem-se em torno de temas identificados pelos formandos

como importantes para os grupos alvo envolvidos, assumindo sempre uma primeira

fase de desenvolvimento teórico do tema e uma posterior exploração do mesmo em

termos práticos.

Os diferentes níveis de formação são conduzidos pelo corpo de técnicos que dá

suporte à implementação do Projecto, técnicos estes que assumem, de igual modo,

a supervisão local dos formandos ao longo do processo de aplicação do material. A

regularidade deste acompanhamento é variável em função das solicitações dos

aplicadores, tendo uma regularidade média quinzenal. Deste processo faz parte o

ensaio de aplicações, a definição de objectivos mínimos, o planeamento, a

contextualização, a antecipação de reacções e a avaliação de sessões de jogo.

Os programas de formação de nível básico e de aprofundamento do projecto

encontram-se, neste momento, reconhecidos e creditados pelo Conselho Científico-

Pedagógico da Formação Contínua de Professores.

Materiais

Os materiais de suporte ao Projecto foram alvo de um processo continuado de

reformulação e adaptação a diferentes contextos. Deste modo, de um dossier único

integrando toda a informação necessária à condução do jogo, a Aventura

desdobrou-se em 20 fascículos, cada um dizendo respeito apenas às situações de

um local específico.

O mapa foi aperfeiçoado de forma a permitir a entrada de novos locais de jogo, que

vão ao encontro de temáticas sentidas como importantes no desenvolvimento

pessoal e social dos participantes. A folha de equipa foi também melhorada de

modo a integrar um diário da aventura, no qual sejam anotados os aspectos mais

relevantes de cada uma das sessões de jogo.

Por último, o material encontra-se traduzido para inglês e finlandês, na sequência

da articulação com parceiros europeus, tendo em vista a aplicação do Projecto, no

âmbito da III Semana Europeia de Prevenção das Toxicodependências (1998/99).

Este projecto foi seleccionado para uma representação nacional na elaboração de

um manual de avaliação de projectos de prevenção primária das

toxicodependências desenvolvido pelo Observatório Europeu das Drogas e

Toxicodependências. Integra igualmente uma base de dados europeia de projectos

de prevenção.

“Corrida de Famílias”

Actividade “desportiva” concebida para a participação - sempre conjunta - de um

núcleo familiar de 3 elementos. A sua concretização ao longo dos anos foi

garantindo uma adesão crescente, constituindo-se, como um espaço de convívio

familiar destinado à sensibilização da comunidade para o papel da família no esforço

preventivo e da promoção de estilos de vida saudáveis.

A actividade é estruturada em torno de um percurso de aproximadamente 1.000

metros, a percorrer da forma mais consentânea com as capacidades das equipas,

sendo a classificação atribuída em função da participação do todo. É valorizada a

dispersão de idades, bem como a participação dos mais novos, com a atribuição de

prémios específicos a estas áreas. Em complemento é organizado um espaço de

convívio, que se desenrola posteriormente à corrida, no qual poderão ser

experimentadas actividades normalmente inacessíveis à população em geral,

nomeadamente uma aula de ginástica aeróbica, pumpvoley, pontes suspensas, etc.

A abrangência média desta actividade aproxima-se dos 300 participantes por ano.

“Aldeia – Pedagogia e Prevenção”

Introdução

“Aldeia” é um projecto da autoria de Adelino Antunes e baseia-se na implementação

de um processo metodológico de investigação activa por parte da criança e na

materialização de conhecimentos adquiridos (Antunes, Manual de Apoio, pág. 7).

É um projecto que permite uma conjugação de várias áreas de conhecimento na

vida da criança, no sentido de promover “o sucesso de vida (...) e permitir uma

aprendizagem com entusiasmo “ (Antunes, manual de Apoio, pág. 56)

No concreto o “Aldeia” é constituído por um material lúdico-didáctico composto por

um conjunto de maquetas de cartão que representam edifícios e espaços de uma

aldeia hipotética. Este material é acompanhado de uma Manual de Fichas de

Trabalho contendo a matéria disciplinar dos terceiro e quarto anos do 1º Ciclo.

Para além dos referidos conteúdos curriculares, as Fichas de Trabalho contêm ainda

uma área de intervenção destinada ao desenvolvimento e aprendizagem de

comportamentos pessoais e sociais. É um projecto vocacionado para alunos do 1º

Ciclo, em especial para os 3º e 4º anos, não se restringindo a sua aplicabilidade ao

espaço escola.

Fundamentos do Projecto

Este projecto pretende dar resposta a algumas necessidades sentidas por

professores do 1º Ciclo do Ensino Básico:

a) Falta de material de motivação dos alunos

b) Dificuldade de trabalhar os diferentes conteúdos de uma forma integrada

c) Dificuldade do aluno na concretização dos conceitos

d) Encontrar formas adequadas de trabalhar conceitos, regras e normas de

sociabilização.

Pretende da mesma forma dar resposta a algumas necessidades sentidas por

alunos do 1º Ciclo:

a) Encontrar respostas adequadas ás suas necessidades mais elementares

b) Fazer da escola um Ponto de Encontro

c) Tornar a escola interessante

d) Introduzir temas de interesse e permitir a sua discussão participada

e) Facilitar a percepção do papel do aluno da sociedade

f) Transformar a escola num laboratório de investigação participada pelos alunos

Objectivos Gerais

Os objectivos deste projecto podem organizar-se em duas áreas distintas

I. Facilitar a aprendizagem das matérias do 1º Ciclo do Ensino Básico

II. Facilitar o crescimento afectivo e caracterial

São objectivos gerais os seguintes:

1) Contribuir para o Sucesso Escolar

2) Promover o Desenvolvimento de Comportamentos Assertivos

3) Promover a aprendizagem de Competências Sociais

4) Desenvolver sentimentos de Cidadania

Estes objectivos serão posteriormente operacionalizados no decorrer desta

apresentação.

Metodologia

O projecto baseia-se numa Metodologia Activa, através da materialização das

situações vividas pela criança, quer no sentido da construção maquetizada e

progressiva de um ambiente físico de uma comunidade (que o projecto designa por

“aldeia”, mas que pode ser entendida como “rua”, “bairro”, “agregado

populacional”), quer nas vivências de dinâmica de grupo propostas para trabalhar

quer os temas curriculares quer aqueles vocacionados para o treino de

competências pessoais e sociais.

As construções maquetizadas e as dinâmicas utilizadas são instrumentos de

trabalho que o professor ou dinamizador, pode utilizar no sentido de operacionalizar

e materializar conteúdos simbólicos e afectivos, permitindo uma melhor

aprendizagem da criança.

Materiais

O material e instrumentos de intervenção preventiva são os seguintes:

1) Um Manual de Apoio, onde o dinamizador poderá encontrar todo o

enquadramento teórico ao projecto, bem como a sua apresentação

sumariada;

2) Um conjunto de construções e planificações em cartão que deverão ser

complementadas pela construção autónoma de espaços adicionais (passeios,

jardins, parques infantis, ruas, espaços verdes, etc.). As construções poderão

ser efectuadas de forma individual, em pares ou pequenos grupos, ou mesmo

em grande grupo, consoante indicação no Manual. Deverá ser organizado um

espaço de sala de aula (espaço de dinamização) especialmente para a

construção das maquetas e sua manutenção ao longo do ano.

3) Um conjunto de fichas de trabalho, organizadas por ano de escolaridade.

Cada construção é acompanhada de uma ficha de trabalho com sugestões ao

professor / dinamizador que se divide em três áreas: VAMOS APRENDER;

VAMOS CONSTRUIR E VAMOS DISCUTIR.

Na primeira área sugere-se a aprendizagem de conteúdos programáticos do 1º

Ciclo nas áreas de Meio Físico, Matemática, e Expressões. A Língua Portuguesa

(plano escrita/leitura e oral) é uma área menos operacionalizada, dado que deverá

se r o próprio professor a optimizar as situações para a sua abordagem, em

especial na Área de “Vamos Discutir”.

A partir da construção do modelo semanal trabalham-se os conteúdos

programáticos ao nível do Meio Físico e da Matemática descritos em cada ficha de

trabalho. A Expressão e educação plástica são trabalhadas no decorrer da

construção de cada maqueta.

A área “Vamos Discutir” é aquela com maior carácter de inovação que serve de

interligação entre as diversas áreas de conteúdos, conjugando ainda as

expressões, dramática, musical e psicomotora.

A Língua Portuguesa, quer ao nível da leitura e da escrita, quer ao nível da

oralidade, trabalha-se também sob esta rubrica. Ainda nesta área se trabalham os

conceitos sociais ao nível de comportamentos e atitudes. Neste plano a reflexão em

grupo é determinante.

População-alvo preferencial

Ainda que o trabalho de Promoção da Saúde / Prevenção Primária deva ser iniciado

desde as idades mais baixas, o projecto está preferencialmente vocacionada para os

3º e 4ºs anos do 1º ciclo. Este facto prende-se com a idade de desenvolvimento que

se considera normal nestes dois anos e sua maior compatibilidade com a estrutura e

metodologia de implementação. Porém pretende-se o estudo de fichas para os dois

primeiros anos (in Antunes... pág. 58).

Não são apenas os alunos a população-alvo deste projecto, mas também os

professores como dinamizadores principais, tal como os pais, cujo envolvimento se

pretende dinâmico e assíduo. Pretende-se ainda o envolvimento de estruturas da

comunidade que o dinamizador deverá optimizar no sentido de materializar ainda

mais as aprendizagens de conceitos abordados. Como refere Antunes (...., pág. 58)

“Aconselha-se, ainda, a ligação com serviços existentes na comunidade,

nomeadamente os Serviços de Saúde, o Instituto de Reinsersão Social da zona e os

serviços locais da Segurança Social.

Carga Horária e Calendarização

Estão planeadas 35 sessões semanais, por cada ano, abrangendo as três

componentes em cada sessão: Construção da Maqueta, Abordagem a Conteúdos

Curriculares e Dinamização/reflexão de temas de discussão associados.

O professor / dinamizador terá a “liberdade” de planificar estas 35 sessões no seu

calendário lectivo de acordo com as suas necessidades e oportunidades. É, no

entanto, de referir a importância de uma continuidade num espaço de tempo não

muito prolongado, de forma a motivar as crianças e dar um sentido de coerência ao

projecto. Refere-se ainda que algumas construções se destinam a datas e

acontecimentos especiais no calendário anual, como o Natal, Dia do Pai, etc.

Equipa de Trabalho

Segundo o próprio autor do projecto a equipa de trabalho directo deverá ser

constituída pelo professor/dinamizador responsável pela aplicação e ainda pelos

pais das crianças envolvidas e por elementos da comunidade circundante que

participaram sempre que possível

Processo de Formação

O projecto implica uma formação de base com a duração de dois dias no sentido de

ser possível um primeiro conhecimento do projecto e uma primeira experiência de

aplicação, assim como uma abordagem de base à intervenção preventiva com base

em Metodologias de Dinâmicas de Grupo e Treino de Competências Pessoais e

Sociais.

Formação e Investigação

Na sequência da experiência adquirida ao longo dos diferentes projecto, e

correspondendo a diversas solicitações a ARISCO, organizou uma estrutura de

formação adaptável a diferentes populações alvo e a diversos planos de formação.

Deste modo, desde 1997 tem-se organizado para receber lugares de estágio de

alunos de diferentes cursos, quer universitários (FPCE – UC, ESE de Santarém,

FMH, Univ. Lusófona) quer pós graduados em articulação com o Ministério da

Saúde. Também ao nível do ensino universitário, deu início a programas de

formação de curta duração (12 horas) incidindo em técnicas de dinâmica de grupos.

Tem, também sido preocupação da associação garantir momentos de formação

interna dirigida aos seus monitores e sócios, com uma regularidade anual, incidindo

sobre novas abordagens preventivas, com prevalência por metodologias

participativas.

Em 2004 a ARISCO criou o C.I.F. – Comissão de Investigação e Formação, uma

estrutura interna, transversal a todos os projectos, com o objectivo de promover um

maior nível de organização e capacidade de resposta a diferentes solicitações na

área da formação e investigação. Desde então, o C.I.F. tem procedido à organização

e implementação de diversas acções no campo da formação – cursos de formação

de formadores (inicial e contínua), cursos de curta duração, workshops temáticos,

etc.. Por outro lado, pretende ainda desenvolver uma cultura de investigação no seio

da associação através do desenvolvimento de uma série de actividades associadas

à pesquisa e produção teórica, diagnóstico de necessidades, bem como a

sistematização de todo um trabalho na área da avaliação de acções no âmbito da

Prevenção e Promoção Global da Saúde.

“Baralhações”

O “Baralhações” é um material lúdico-pedagógico constituído por 80 cartas

ilustradas, que remetem para a abordagem do tema “Emoções”. A exploração deste

material visa criar um espaço de partilha de vivências em grupo, no qual se pretende

desenvolver a expressão oral, aceitação do outro, controlo e gestão de emoções e

um sentimento de reconhecimento e de pertença essenciais à consolidação da auto

estima e da integração social.

O “Baralhações” pode ser utilizado em diferentes contextos, dos quais são

exemplos: dinamização de grupos, sessões de formação, o debate sobre um tema e

a avaliação de um acontecimento.