O PASSO A PASSO · Cedac, esse tipo de reunião deve ter caráter formador, a fim de contribuir...

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13 GESTÃO Educacional ® julho de 2014 PARA ASSINAR: www.gestaoeducacional.com.br ensino Por Carolina Mainardes PÚBLICO “Para elaborar a pauta dessa reunião, o coordenador pedagógico precisa considerar as necessidades de aprendizagem do grupo” U ma reunião pedagógica produtiva é, sem dúvida, um dos alicerces do bom funcionamento da escola pública. Para Patrícia Diaz, diretora de Desenvolvimento Educacional da Comunidade Educativa Cedac, esse tipo de reunião deve ter caráter formador, a fim de contribuir para a qua- lidade do processo de ensino e aprendiza- gem. “A formação dos professores se dá na supervisão do seu contexto de trabalho. Por isso, para elaborar a pauta dessa reunião, o coordenador pedagógico precisa conside- rar as necessidades de aprendizagem do gru- po que participará dela”, ressalta Patrícia. Acompanhe a seguir as orientações da es- pecialista para organizar reuniões que pro- voquem reflexões e que resultem em ações mais qualificadas na sala de aula. O PASSO A PASSO da reunião pedagógica

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e n s i n oPor Carolina Mainardes PÚBLICO

“Para elaborar apauta dessa reunião,o coordenador pedagógico precisa considerar asnecessidades deaprendizagem do grupo”

Uma reunião pedagógica produtiva é, sem dúvida, um dos alicerces do bom funcionamento da escola pública. Para

Patrícia Diaz, diretora de Desenvolvimento Educacional da Comunidade Educativa Cedac, esse tipo de reunião deve ter caráter formador, a fim de contribuir para a qua-lidade do processo de ensino e aprendiza-gem. “A formação dos professores se dá na supervisão do seu contexto de trabalho. Por isso, para elaborar a pauta dessa reunião, o coordenador pedagógico precisa conside-rar as necessidades de aprendizagem do gru-po que participará dela”, ressalta Patrícia. Acompanhe a seguir as orientações da es-pecialista para organizar reuniões que pro-voquem reflexões e que resultem em ações mais qualificadas na sala de aula.

O PASSOA PASSO

da reunião pedagógica

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Na opinião de Patrícia Diaz, há vários tipos de reunião pe-dagógica que a escola deve fa-zer. “As reuniões que precisam acontecer com mais frequên-cia são aquelas de acompanha-mento do trabalho pedagógico do professor, e que devem ter caráter formativo”, af irma. Para ela, a formação dos professores se dá na supervisão do seu con-texto de trabalho: “O coorde-nador pedagógico deve planejar [a reunião] com base no acom-panhamento do que está acon-tecendo em sala de aula, usar esse contexto para preparar a formação continuada do profes-sor”. Para elaborar a pauta para essas reuniões, o coordenador precisa considerar as necessida-des de aprendizagem do grupo que par ticipará dela.

No caso da reunião pedagógi-ca com todos os professores da escola, é necessário pen-sar na necessidade mais geral de aprendizagem. Se a reunião for específ ica para um grupo de professores de determinada sé-rie ou ciclo, o coordenador de-ve considerar a necessidade de aprendizagem que ele detec-ta naquele grupo. “É importan-te pensar que essas necessida-des vêm de diversas fontes: do desejo ou do pedido do profes-sor em relação às questões que ele precisa discutir e das obser-vações de aula que o coorde-nador pedagógico precisa re-alizar”, orienta Patrícia. Uma terceira fonte pode ser um pla-no de formação anual estabele-cido pela coordenação pedagó-gica da escola.

A responsabilidade é do coordenador pedagógico. “É ele quem tem a con-dição profissional e a formação pa-ra isso, e tem a função, na escola, de pensar conteúdos, estratégias, e o ca-minho para liderar uma reunião que leve à aprendizagem”, afirma Patrícia. Para isso, o coordenador deve consi-derar e ouvir muitas pessoas. “Ele tem que circular pelas salas, conversar com os professores e com o diretor da es-cola. O coordenador deve considerar, para a elaboração da pauta da reunião, esses diversos olhares e a interlocu-ção com todos”, completa a especia-lista. Já se a reunião for com a direção, em que serão discutidas diretrizes mais gerais da escola, aí pode ser formula-da uma pauta coletiva, na qual todos contribuam.

O coordenador deve ter um pla-no anual, que é uma previsão macro do que será focado naquele ano. “Há uma receitinha, que é uma mistura en-tre novidades, atualização de conheci-mentos, novas questões e outras que ele detecta que precisa retomar ou aprofundar”, sugere a diretora Patrícia. Ela destaca ainda que, a cada reunião, é necessário planejar a pauta, porque a pauta da reunião seguinte sempre de-pende de parâmetros da reunião ante-rior. “Não dá para o coordenador ter um ‘pacotão’ pronto. Ele tem o roteiro maior, mas há questões específicas de cada reunião, como a estratégia e a di-visão do tempo”, finaliza.

COMO ELABORAR A PAUTA DA

REUNIÃO

UMA PAUTA PARA CADA GRUPO

QUEM DEVE ELABORAR A

PAUTA

A PREPARAÇÃO DA PAUTA DA

REUNIÃO

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Divulgação

Patrícia Diaz, diretora de Desenvolvimento Educacional da Comunidade Educativa Cedac: “É uma reunião em que a relação entre teoria e prática deve estar presente”

Durante a reunião, deve haver apro-fundamento de conteúdo, tanto con-teúdo relativo a uma determinada área de ensino, quanto um estudo mais abrangente referente a uma situação didática específica. “Por exemplo: va-mos falar mais sobre leitura ou sobre pensamento matemático, se estiver-mos falando de professores polivalen-tes”, diz Patrícia. No caso de uma reu-nião com professores de uma área específica, também é possível tratar de ações específicas. “A gente pode falar sobre aprendizagem da disciplina por meio de textos ou de experimentos. São questões que relacionam a teoria e a prática, mas que estão dentro de uma área de conhecimento”, acrescen-ta. Esse momento também é impor-tante, segundo Patrícia, pois há alguns professores com deficiências de com-preensão do conteúdo da própria dis-ciplina que leciona.

A lei do piso salarial prof issional nacional (Lei nº 11.738/2008), conhecida como Lei do Piso, determina que 1/3 da jornada semanal dos professores seja utilizada para atividades extra-classe. Patrícia ressalta que is-so signif ica formação em horá-rio de trabalho. Ela aler ta que esse trabalho deve ter uma se-quência, mas deve ter uma va-riação. “Que [o professor] possa ora discutir com pares, ora com um público maior, ora sobre questões individuais dos alunos, ora sobre o projeto pedagógi-co”, elenca. A orientação é que as reuniões aconteçam, no mí-nimo, uma vez por semana.

A boa reunião pedagógica é aquela que consegue trazer pa-ra discussão o que acontece em sala de aula e, depois, levar pa-ra ela uma ação mais elaborada e mais qualif icada do professor. “A reunião é lugar de pensar o que aconteceu em sala e de pla-nejar o que vai acontecer de-pois, dando um passo. Se ela consegue provocar ref lexões e melhores ações do professor quando ele volta para a sala de aula, ela foi bem-sucedida”, af ir-ma Patrícia. Para isso, tudo deve estar muito alinhado, com uma relação af inada entre a teoria e a prática. “Um bom indicador é a par ticipação ativa, sem reser-vas, de corpo e alma do profes-sor nesse espaço”, comenta. G

As questões de gerenciamento da sala de aula também contribuem muito para a formação dos pro-fessores. De acordo com Patrícia, em relação a essa questão podem ser abordados tópicos sobre: co-mo lidar com questões de disci-plina, de organização do espaço, de promoção de agrupamento, de interações na sala de aula. “Essas são questões que o professor nem sempre, em sua formação inicial ou em sua experiência, teve opor-tunidade de pensar. É um assunto importante para estar na reunião também”, sugere.

A pauta da reunião pedagógica deve contemplar conteúdos prioritariamen-te associados à relação entre o ensi-no e a aprendizagem, ou seja, conte-údos que estejam vinculados com a prática. “É uma reunião em que a re-lação entre teoria e prática deve estar presente”, ressalta Patrícia. Por isso, o acompanhamento da aprendizagem dos alunos deve ser discutido. “Trazer registros de como os alunos estão aprendendo, para discutir como me-lhorar o ensino, é importante”, escla-rece a diretora.

QUESTÕES DIDÁTICAS

A FREQUÊNCIA IDEAL DAS REUNIÕES

UMA BOA REUNIÃO

PEDAGÓGICA

GERENCIAMENTO DE SALA DE AULA

OS ASSUNTOS DA REUNIÃO PEDAGÓGICA