O PAPEL DO TUTOR NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA · AVA - Ambiente Virtual de Aprendizagem ......

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UNIVERSIDADE DO VALE DO SAPUCAÍ MESTRADO EM EDUCAÇÃO ANA PAULA VILLELA O PAPEL DO TUTOR NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA POUSO ALEGRE - MG 2018

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UNIVERSIDADE DO VALE DO SAPUCAÍ

MESTRADO EM EDUCAÇÃO

ANA PAULA VILLELA

O PAPEL DO TUTOR NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

POUSO ALEGRE - MG

2018

UNIVERSIDADE DO VALE DO SAPUCAÍ

MESTRADO EM EDUCAÇÃO

ANA PAULA VILLELA

O PAPEL DO TUTOR NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Dissertação apresentada ao Programa de

Pós-Graduação em Educação, da

Universidade do Vale do Sapucaí, na

linha de Pesquisa: Fundamentos da

Formação do Profissional Docente e das

Práticas Educativas, como requisito

parcial à obtenção do título de Mestre em

Educação.

Orientadora: Prof.ª Dra. Vânia dos Santos Mesquita

POUSO ALEGRE - MG

2018

VILLELA, Ana Paula. O papel do tutor na Educação a Distância / Ana Paula Villela. Pouso Alegre: 2018 122 f.

Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade do Vale do Sapucaí

Orientadora: Dra. Vânia dos Santos Mesquita

Descritores: 1. EaD 2. tutor a distância 3. Estudo de caso 4. Abordagem quanti-qualitativa

CDD: 370

DEDICATÓRIA

A minha amada família, Leandro e Wladimir

Aos meus pais, Rita e Antônio

AGRADECIMENTOS

Agradeço imensamente a Deus e aos meus pais, Rita e Antônio, pela dádiva

da vida e pelo milagre de poder tê-los do meu lado sempre que preciso.

Agradeço enormemente ao Leandro pelo apoio e pelo companheirismo durante

toda a empreitada desta pesquisa. Você, meu querido, é parte integrante desta

produção e dividiu comigo os momentos difíceis e os mais belos desse

caminhar. Você é parte importante de cada palavra e sentimento aqui escrito.

Agradeço ao meu cachorro Wladimir, fiel companheiro nas intermináveis horas

de estudos e escritas. Wladi me acompanhou nas minhas três graduações, na

especialização e agora na dissertação. Deixo minha gratidão pelos latidos

inspiradores.

Agradeço à orientadora professora Dra. Vânia dos Santos Mesquita, pela

atenção, dedicação, compreensão, preocupação e acima de tudo, amizade.

Seu olhar atento e cuidadoso enriqueceu muitíssimo a mim e a esse trabalho.

Agradeço à professora Dra. Rosimeire Aparecida Soares Borges, pela leitura

cuidadosa, pelos questionamentos e sugestões tão pertinentes que permitiram

reencaminhamentos da pesquisa, novas descobertas e compreensões que

culminaram na dissertação aqui apresentada.

Agradeço à professora Dra. Ana Carolina Sales Oliveira, que gentilmente

aceitou participar da defesa dessa dissertação e que certamente trará

contribuições valiosas.

Agradeço aos amigos, frutos da convivência no Mestrado, porque a educação

aproxima as pessoas.

Agradeço ao IFSULDEMINAS, por um ano e meio de auxílio financeiro por

intermédio do Programa de Incentivo à Qualificação.

Agradeço à Universidade do Vale do Sapucaí (UNIVÁS) e aos professores do

programa de mestrado por me oportunizar um aperfeiçoamento de excelência.

Enfim, agradeço a todas as pessoas que contribuíram, de uma forma ou outra,

para a realização deste trabalho.

Ninguém vence sozinho... Obrigada a todos!

EPÍGRAFE

“Foi o tempo que dedicastes à tua rosa que a fez tão importante.” Antoine de Saint-Exupéry

VILLELA, Ana Paula. O papel do tutor na Educação a Distância. 2018. 122f. Dissertação (Mestrado em Educação), Univás, Pouso Alegre, 2018.

RESUMO

O tutor é um profissional que sempre esteve presente no contexto da Educação a Distância no Brasil, sendo responsável pela mediação no processo de ensino e aprendizagem, criando possibilidades para que o aluno desenvolva seu conhecimento. Este estudo objetivou investigar as atribuições e o papel do tutor na Educação a Distância. Pretendeu-se discutir aspectos relevantes de sua atuação na tutoria com a finalidade de construir subsídios para a estruturação de parâmetros que possam auxiliar as instituições educacionais na compreensão das ações de seus tutores. Como metodologia utilizou-se a abordagem quanti-qualitativa, por meio de um estudo de caso. Os participantes foram os 59 tutores a distância de cursos EaD oferecidos por uma instituição pública de ensino, localizada no sul de Minas Gerais. Esses tutores responderam a um questionário on-line com 21 questões fechadas e sistematizadas em grupos de perguntas: perfil do tutor a distância, formação do tutor, condições de trabalho, ações na tutoria, avaliação e satisfação, além da proatividade. Os resultados mostram que há um maior número de mulheres atuando como tutoras; a maioria dos respondentes desempenha outra atividade profissional ou acadêmica além da tutoria e relata ter recebido qualificação para atuar em cursos EaD. As ferramentas mais utilizadas para a interação e mediação são o fórum, e-mail, whatsApp e chat. As ações na tutoria mais frequentes relatadas pelos tutores são as de estímulo ao aprofundamento de conteúdos, fornecer informações acerca de recursos adicionais para os alunos, manter contato no início do curso para esclarecer a didática empregada e animar os estudantes com palavras de incentivo. O desinteresse do aluno e a sobrecarga de trabalho são apontados como elementos restritivos na atuação na tutoria, ao passo que a flexibilidade de horário aparece como um elemento facilitador. Após este estudo, pode-se concluir que o papel do tutor deve ser compreendido como o conjunto de condições indispensáveis para que ocorra o processo de ensino e aprendizagem à distância. As ações desse profissional colaboram para a concretização dos objetivos dos cursos EaD. Contudo, sua atuação chega a extrapolar as atribuições compostas em documentos legais. Palavras-chave: EaD, tutor a distância, estudo de caso, abordagem quanti-qualitativa

VILLELA, Ana Paula. The role of the tutor in e-learning. 2018. 122f. Dissertation (Master in Education), Univás, Pouso Alegre, 2018.

ABSTRACT

The tutor is a professional who has always been present in the context of e-learning in Brazil, being responsible for mediation in the teaching and learning process, creating possibilities for the student to develop their knowledge. This study aimed to investigate the attributions and the role of the tutor in e-learning. It was intended to discuss relevant aspects of their discussion in the tutorial with the purpose of constructing subsidies for the structuring of parameters that can help educational institutions in understanding the actions of their tutors. As a methodology the quantitative-qualitative approach was used, through a case study. The participants were the 59 distance tutors of the e-learning courses offered by a public educational institution located in the south of Minas Gerais. These tutors responded to an online questionnaire with 21 closed questions systematized in groups of questions: distance tutor profile, tutor training, working conditions, tutoring, assessment and satisfaction, as well as proactivity. The results show that there are more women acting as tutors; the majority of respondents perform other professional or academic activities beyond tutoring and report receiving qualification for e-learning courses. The most used tools for interaction and mediation are the forum, email, whatsApp and chat. The most frequent tutorial actions reported by the tutors are the encouragement of deepening of content, providing information about additional resources for the students, maintaining contact at the beginning of the course to clarify the didactics used and encouraging the students with words of encouragement. The student's lack of interest and work overload are pointed out as restrictive elements in mentoring, while time flexibility appears as a facilitator. After this study, it can be concluded that the role of the tutor should be understood as the set of conditions indispensable for the teaching and learning process at a distance to occur. The actions of this professional collaborate to achieve the objectives of the courses. However, his work goes so far as to extrapolate the assignments composed in legal documents. Keywords: e-learning, distance tutor, case study, quantitative-qualitative approach

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Oferta de cursos regulamentados totalmente a distância e semipresenciais, em números absolutos, por nível acadêmico, 2016 Figura 2 - Oferta de cursos regulamentados totalmente a distância e semipresenciais, em números absolutos, por área de conhecimento, 2016 Figura 3 - Quantidade de alunos contabilizados pelo Censo EAD.BR 2016 em cursos regulamentados e cursos livres corporativos e não corporativos

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Principais atribuições dos tutores

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Sexo dos tutores Gráfico 2 - Grau de instrução dos tutores Gráfico 3 - Tempo de experiência docente na educação a distância. Gráfico 4 - Quantidade de horas trabalhadas semanalmente Gráfico 5: Atuação na docência, na dimensão pedagógica. Gráfico 6 - Atuação na docência, na dimensão tecnológica. Gráfico 7 - Atuação na docência, na dimensão didática. Gráfico 8 - Atuação na mediação, na dimensão didática. Gráfico 9 - Atuação na mediação, na dimensão tecnológica.

Gráfico 10 - Elementos restritivos em relação ao exercício da tutoria. Gráfico 11 - Elementos facilitadores em relação ao exercício da tutoria. Gráfico 12 - Capacidade de proatividade.

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABED - Associação Brasileira de Educação a Distância ABT - Associação Brasileira de Teleducação AVA - Ambiente Virtual de Aprendizagem CNE - Conselho Nacional de Educação EaD - Educação a Distância Funtevê - Fundação Centro Brasileiro de Televisão Educativa IES - Instituição de Ensino Superior IFES - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira Ipae - Instituto de Pesquisas Avançadas em Educação LDB - Lei das Diretrizes e Bases da Educação MEC - Ministério da Educação e Cultura NEAD - Núcleo de Educação Aberta e a Distância Prontel - Programa Nacional de Teleducação Seed - Secretaria Especial de Educação a Distância do Ministério da Educação SENAC - Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial TDIC - Tecnologia digital de Informação e Comunicação UAB - Universidade Aberta do Brasil UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais UFMT - Universidade Federal de Mato Grosso UFPA - Universidade Federal do Pará UnB - Universidade de Brasília UNIVÁS – Universidade do Vale do Sapucaí

SUMÁRIO

1.INTRODUÇÃO ............................................................................................... 15

2.EAD: CONCEITOS E DEFINIÇÕES .............................................................. 19

2.1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: NO MUNDO E NO BRASIL ............................. 22

3.EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA, TUTORIA E TUTOR NOS NORMATIVOS

REGULATÓRIOS ............................................................................................. 36

4.ALGUMAS CONCEPÇÕES SOBRE TUTOR ............................................... 47

4.1 MULTIPLAS ATRIBUIÇÕES DO TUTOR .................................................... 48

4.2 A TUTORIA NA EAD ................................................................................... 53

4.3 O CONHECIMENTO NECESSÁRIO À TUTORIA: CONCEPÇÕES E

PRÁTICAS ....................................................................................................... 59

5.METODOLOGIA ............................................................................................ 72

5.1 LÓCUS DO ESTUDO .................................................................................. 72

5.2 PARTICIPANTES DA PESQUISA ............................................................... 73

5.3 PROCEDIMENTOS DA PESQUISA ............................................................ 73

5.4 INSTRUMENTOS ....................................................................................... 74

5.5 ESTRATÉGIAS PARA A ANÁLISE DOS DADOS ...................................... 74

6.LEVANTAMENTO DE AUTORES DOS ÚLTIMOS CINCO ANOS ............... 76

7.ANÁLISES E RESULTADOS ........................................................................ 83

8.CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................... 99

REFERÊNCIAS .............................................................................................. 102

ANEXO A ....................................................................................................... 114

APENDICE A .................................................................................................. 115

APENDICE B .................................................................................................. 117

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1. INTRODUÇÃO

Do ponto de vista formal e institucional, a educação pode ser pensada

como um complexo processo que envolve pessoas e também ferramentas.

Estas dizem respeito a todo o aparato físico e simbólico que são colocados a

serviço das instituições educacionais, para que elas atinjam os objetivos aos

quais se propõem. O prédio, a lousa, os livros, apostilas, carteiras, cadeiras,

projetos pedagógicos e muitos outros são os instrumentos presentes nos

diversos processos educacionais institucionais e podem ser pensados como as

ferramentas necessárias para esses processos. Sob este prisma, Brito e

Purificação (2015) afirmam que, desde o início desse século, novos

instrumentos estão sendo apresentados à educação. Essas ferramentas

possibilitam uma transformação na sociedade, uma vez que concedem novos

modos de aprender, fazer e criar.

Com relação à importância das ferramentas nos processos

educacionais, Oliveira e Silva (2014) destacam que elas são de fundamental

relevância nesse contexto, porque é por meio delas que os agentes implicados

na educação estabelecem a relação educador e educando, podendo ampliar

seus conceitos e estreitar sua convivência. Novas maneiras de ensino e

aprendizagem podem ser propostas, visto que o uso desses artefatos

proporciona uma extensão da sala de aula, na construção do conhecimento.

Ou seja, a educação, para que ocorra, inexoravelmente valer-se-á de

determinados instrumentos, como os já referenciados.

Tratando da educação a distância, Martins e Zerbini (2014) apontam

que, na atualidade, o cenário educacional vem passando frequentes e

substanciais modificações com relação ao oferecimento de cursos e métodos

de ensino utilizados. Nesse sentido, podem ser destacadas as ações na

educação a distância que se dão pela internet e pelas Tecnologias Digitais de

Informação e Comunicação (TDIC). Os autores destacam ainda que a

educação a distância (EaD) pode ser compreendida como uma opção de

ensino disponibilizado e que pode ser considerada uma possibilidade viável

capaz de criar mecanismos que favoreçam ou facilitem a aprendizagem e a

formação contínua, tanto para o ensino superior quanto para meios

corporativos. Essa modalidade de educação pode ser pensada no que diz

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respeito à capacidade que ela tem de democratizar o conhecimento,

especialmente por ser capaz de praticamente eliminar as barreiras geográficas

e tornar a educação mais acessível, inclusive porque, de modo geral, os cursos

que são ministrados por esse meio apresentam custos menores.

Ainda de acordo com Martins e Zerbini (2014), sondagens feitas pelo

mundo atual indicam a presença de diversas universidades que já evidenciam

o impacto da introdução da educação a distância on-line. Um dos exemplos

desse levantamento é a Universidade Aberta do Reino Unido (Open University)

que, com mais de 30 anos de fundação, foi uma das pioneiras da educação a

distância e atende, hoje, aproximadamente 200 mil alunos. Na Índia, a

Universidade a Distância Indira Gandhi aparece como a maior universidade

aberta, com cerca de 1,5 milhão de alunos.

Ao se pensar na educação a distância, podem ser destacados os

agentes que estão envolvidos neste novo cenário educacional, um desses

partícipes é o tutor. Na EaD, a Resolução nº 1do Conselho de Educação

Superior do Conselho Nacional de Educação, de 11 de março de 2016,

estabelece as diretrizes e normas nacionais para a oferta de programas e

cursos de educação superior na modalidade a distância. Esta Resolução define

o conceito de tutor como “[...] todo profissional de nível superior, a ela

vinculado, que atue na área de conhecimento de sua formação, como suporte

às atividades dos docentes e mediação pedagógica, junto a estudantes, na

modalidade de EaD” (BRASIL, 2016, p. 04).

Mattar (2012) evidencia o papel intelectual e pedagógico desse

profissional em decorrência de seu envolvimento na elaboração de atividades,

no incentivo à pesquisa, na coordenação das discussões e no encorajamento

da construção do conhecimento. Para Munhoz (2014), o papel do tutor é o de

atuar como companheiro e orientador nos estudos dos alunos.

Corroborando essa ideia, Oliveira (2013, p.25) afirma que:

[...] o papel do tutor deve basear-se numa concepção de participação, de educador comprometido com a formação dos alunos, capaz de prepará-los ou subsidiá-los para pensar, resolver problemas e responder competentemente às demandas do curso em questão, o que, consequentemente, o prepara para ações cotidianas da vida.

Nesse aspecto, surgem algumas questões que esta pesquisa buscou

responder: Qual é o papel que os tutores vêm desempenhado nos cursos

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EaD?As ações do profissional tutor condizem com o que está previsto nos

documentos oficiais?

A hipótese para a questão da pesquisa é que o papel do tutor é

compreendido como o conjunto de condições indispensáveis para que ocorra o

processo de aprendizagem à distância. As atividades desempenhadas por ele

em cursos EaD constroem o seu papel e colaboram para a obtenção dos

objetivos desses cursos. Contudo, sua atuação chega a extrapolar as

atribuições contidas em documentos legais.

Para responder às questões colocadas, este estudo de caso numa

abordagem quanti-qualitativa objetiva investigar as atribuições e o papel do

tutor na EaD. Pretende-se discutir aspectos relevantes de seu trabalho no

sistema de tutoria com a finalidade de construir subsídios para a estruturação

de parâmetros que possam auxiliar as instituições educacionais na

compreensão das ações de seus tutores. Como objetivos específicos: a)

compreender como se constituiu, historicamente, no Brasil, a figura do tutor na

EaD; b) investigar quais são as ações da tutoria na atualidade, no contexto

brasileiro, na EaD; c) investigar os desafios enfrentados pelos tutores no

desempenho de suas ações na tutoria; d) investigar se as ações do tutor estão

condizentes com as ações previstas nos documentos oficiais.

Para uma exposição lógica, este trabalho está organizado em 8 (oito)

seções. Ademais da Introdução, alicerçada no contexto atual com as questões

que instigaram a investigação do tema; a segunda seção traz os conceitos e

definições sobre a educação a distância além de seu estudo histórico no

mundo e no Brasil.

A terceira seção versa sobre a regulamentação legal obtida no decorrer

dos anos em relação à educação a distância, a tutoria e o tutor. Essa seção

traçou um percurso, de sua origem, ocorrida em 1961, até os dias atuais.

A quarta seção deste estudo faz uma análise da terminologia da palavra

tutor para a percepção de diferentes significados que, no decorrer do tempo,

foram sendo atribuídos a esse profissional. É apresentada também uma

retrospectiva histórica acerca do tutor, além de investigar as suas múltiplas

atribuições e os conhecimentos necessários à tutoria.

A quinta seção traz a Metodologia utilizada nesta pesquisa que foi o

Estudo de Caso e os detalhes de como foi realizada a investigação em uma

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única instituição pública de ensino sobre o papel e as atribuições do tutor na

EaD.A sexta seção apresenta um levantamento de artigos produzidos nos

últimos cinco anos que abordam o papel desenvolvido pelo tutor na educação a

distância.

Na sétima seção estão as análises e os resultados dos dados coletados

pelo questionário on-line, enviado a todos os participantes, buscando identificar

tendências e possíveis cenários. Por fim, estão as considerações finais sobre

esta pesquisa que permitiram chegar aos objetivos pretendidos e comprovar a

hipótese levantada a fim de contribuir com o conhecimento acerca deste

assunto.

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2. EAD: CONCEITOS E DEFINIÇÕES

A educação a distância desde que surgiu, vem provocando

questionamentos em relação à sua definição. Muitas são as suas

conceituações e muitos são os estudos que as apresentam. Desse modo, no

decorrer dos anos, vários estudiosos buscam conceituar esta modalidade de

educação, capaz de incorporar novas estratégias e mecanismos pedagógicos e

tecnológicos ao longo de sua história. Esta seção indicará alguns conceitos

para a compreensão das diversas abordagens de EaD.

No início, afirma Moran (2013), a educação a distância era uma

atividade solitária e requeria uma constante e exigente autodisciplina. A partir

do surgimento da rede de computadores, prossegue como uma ação individual,

mas pode ser combinada com a comunicação instantânea, criando grupos de

aprendizagem e englobando aprendizagem grupal e pessoal.

No contexto da sociedade contemporânea, Belloni (2015) explica que a

educação a distância se destaca como uma modalidade extremamente

desejável e adequada para o atendimento de novas demandas da área da

educação que decorrem de transformações na nova ordem mundial

econômica. Nesse sentido, Saraiva (2010) descreve que o conceito moderno

de escola apareceu baseado nas representações modernas de tempo e

espaço. As transformações desses conceitos os quais a sociedade

experimenta estão interligados com outras formas de se pensar a educação.

Para Aretio (2002, p. 26), a educação a distância apresenta-se como:

[…] um sistema tecnológico de comunicação bidirecional que pode ser massivo e que substitui a interação pessoal na sala de aula entre professor e aluno como meio preferencial de ensino pela ação sistemática e conjunta de diversos recursos didáticos e o apoio de uma organização e tutoria que propiciam uma aprendizagem independente e flexível.

De acordo com Moran (2011), a definição de EaD torna-se

progressivamente mais difícil, visto que envolve um quantitativo maior de

situações complexas, significados, múltiplas atividades, metodologias

diversificadas e conteúdos diferenciados. Nesse sentido, o referido autor

caracteriza EaD como sendo:

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[...] os processos de ensino e aprendizagem que se utilizam mais de tecnologias de comunicação do que da presença física e permitem maior flexibilidade de tempos, espaços e formas de ensinar e aprender que independem da presença física ou a integram em momentos pontuais, mas não necessários (MORAN, 2011, p. 90).

Em seus estudos, Belloni (2015) explica que na educação a distância a

interação entre aluno e professor ocorre de forma indireta no tempo

(comunicação não simultânea) e no espaço (descontígua), acrescentando

complexidade ao processo ensino-aprendizagem na EaD.

Para Mill (2015), a sigla EaD tem sido indistintamente utilizada como

representação dos termos, ensino a distância, educação a distância ou como

aprendizagem a distância (e-learning). Essa troca de termos é observada na

literatura relativa à educação a distância, na prática dos docentes dessa

modalidade e entre pesquisadores dessa área. Contudo, esses termos não

deveriam ser sinônimos, nem na prática e nem na concepção. O que realmente

importa é que o tema da questão é a educação, e, já que ela se ampara do

ensino e aprendizagem, interessa que essa análise seja em direção aos quatro

elementos dos processos pedagógicos: tecnologias (mídias e material

didático), gestão (conceber, implementar e gerenciar), ensino (docente) e

aprendizagem (alunos). O referido autor adota o termo EaD como educação a

distância.

Acerca da terminologia educação a distância, Mill (2015) afirma que ela

deve ser entendida como modalidade de educação que frequentemente é

considerada como uma forma complementar e alternativa, porém, não

indispensavelmente é substitutiva para a formação do cidadão, com avançadas

oportunidades pedagógicas e imensa potencialidade para a democratização do

conhecimento, resultantes de seu princípio de flexibilização pedagógica e

espaçotemporal. Para o ensino e aprendizagem produzidos por meios virtuais,

pelo uso de dispositivos móveis e da internet, Mill (2015, p. 24) se utiliza do

termo educação virtual, que pode ser considerado como o “[...] ensino-

aprendizagem desenvolvido pelo uso intenso das TDIC – uma variação

organizacional de educação, com tempos e espaços fluidos, mais flexíveis e

abertos”.

Na EaD, Moran (2013) cita a existência de dois modelos básicos: o

modelo com teleaula e o modelo educação on-line:

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O modelo com teleaula, para múltiplas turmas simultaneamente, combinado com atividades presenciais e on-line, é um modelo muito atraente, porque combina mobilidade com a tradição de aprender com o especialista. Principalmente para pessoas mais simples, ele assusta menos e induz a pensar que a educação a distância depende ainda da informação do professor. As atividades a distância, se bem-feitas, conferem autonomia aos alunos e, se combinadas com atividades colaborativas, podem compor um conjunto de estratégias muito interessantes e dinâmicos.

O segundo modelo a distância é via redes, mais conhecido como educação on-line, em que o aluno se conecta a uma plataforma virtual e lá encontra materiais, tutoria e colegas para aprender. O modelo on-line é confundido com o modelo assíncrono, em que cada aluno começa em um período diferente, estuda sozinho e tem pouca orientação, daí a dificuldade de compreendê-lo. Mas, hoje, há muitas opções diferentes de estudos on-line e caminhamos para esse modelo com muito mais opções audiovisuais, interativas, fáceis de acessar e gerenciar e a custos bastante baixos. (Moran, 2013, p. 134)

Para os próximos anos, complementa Moran (2013), os modelos

educacionais caminham para duas tendências distintas, uma mais focada em

projetos e na aprendizagem e outra mais direcionada na transmissão de

informação. Ambas contarão com a interferência de tecnologias e formatos

diversos dos que já se conhece, especialmente no presencial.

Segundo as investigações de Saraiva (2010), mediante interações on-

line, a EaD permite que os alunos criem lugares no ciberespaço e conheçam

tantos outros quantos desejarem. Ao utilizarem as ferramentas de

comunicação, esses alunos podem dialogar com colegas distantes e conseguir

informações que seriam inacessíveis de outro modo. Fundamentada nessa

percepção, a autora afirma que os estudantes de cursos não presenciais não

estão mais presos a suas localidades, virtualmente podem movimentar-se para

qualquer parte do planeta. Esses alunos “escapariam aos guetos a que possam

estar ligados e resgatariam o direito de mover-se” (SARAIVA, 2010, p. 67).

Ao analisar as definições expostas, percebe-se que esses conceitos

preservam em comum a divisão física entre aluno e professor, além da

existência das tecnologias para mediar o processo de ensino e aprendizagem e

a comunicação. Para Guarezi e Matos (2012), a concepção de EaD evoluiu no

que diz respeito aos processos comunicacionais, uma vez que os modelos de

educação identificaram a importância da interação na aprendizagem e a

educação a distância passou a ter mais oportunidades tecnológicas para

concretizar essa interação.

22

A próxima seção traz um estudo histórico da educação a distância no

mundo e no Brasil.

2.1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: NO MUNDO E NO BRASIL

Com a finalidade de compreender o contexto atual da educação a

distância optou-se por fazer uma análise de seu processo histórico de evolução

e construção. Buscou-se conhecer sua origem, história, desenvolvimento,

desafios e possibilidades.

Peters (2004, p. 27) considera que “a história da educação a distância

tem sempre sido a história de sua crescente importância”. Para o autor,

percebe-se um desenvolvimento na EaD desde as primeiras experiências

isoladas na antiguidade até meados do século XIX, com a difusão

surpreendente e inesperada de seu processo de ensino e aprendizagem em

todo o território mundial. Esse desenvolvimento aumentou com o surgimento

das universidades abertas e, no momento, ocorre com uma velocidade

excepcional com o advento das universidades virtuais.

As epístolas escritas por São Paulo, em meados do século I, são

apontadas por Peters (2004) como as primeiras tentativas em educação a

distância. Essas cartas paulinas tinham a finalidade de ensinar as

máximas cristãs às comunidades localizadas na Ásia Menor. O apóstolo

utilizou a tecnologia dos meios de transporte e da escrita para realizar seu

trabalho missionário sem precisar viajar.

Em contrapartida, para Nunes (2009), o anúncio na Gazette de Boston

de aulas ministradas por correspondência por Caleb Philips, em 20 em março

de 1728, nos Estados Unidos, foi o primeiro registro do método do ensino a

distância, que consistia no envio semanal de lições aos alunos inscritos. Mais à

frente, em 1840, Isaac Pitman ofertou um curso, por correspondência, de

taquigrafia, na Grã-Bretanha. O Skerry’sCollege, em 1880, ofereceu cursos

para concurso público. Em 1884, o curso de contabilidade foi ofertado pelo

Foulkes Lynch Correspondence Tuition Service. Nos EUA, Thomaz J. Foster,

em 1891, disponibilizou um curso relacionado à segurança de minas.

As universidades de Cambridge e Oxford, localizadas na Grã-Bretanha,

na metade do século passado, ofertaram cursos de extensão. Na sequência,

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vieram os EUA, com as Universidade de Wisconsin e de Chicago. Em 1910, na

Austrália, a Universidade de Queensland ofereceu ensino por correspondência.

Já em 1928, utilizando-se do rádio, a BBC iniciou a oferta de cursos destinados

à educação dos adultos. A partir disso, vários países passaram a adotar a

radiodifusão com a mesma finalidade, inclusive o Brasil (NUNES, 2009).

Guarezi e Matos (2012) relatam que, na década de 1930, havia 39

universidades nos EUA que possuíam cursos via correspondência. No Canadá,

nessa mesma década, registrou-se a 1ª Conferência Internacional sobre

Correspondência. Já na França foi criado o Centro Nacional de EaD com a

finalidade de atendimento aos refugiados de Guerra.

De acordo com Neves e Gonçalves (2013), nas duas grandes guerras

mundiais, a busca incessante pela vitória nas batalhas e a corrida pela

superioridade no campo militar impulsionaram a elaboração de meios de

comunicação que facilitassem e que agilizassem as relações sociais. Nunes

(2009) informa que a Segunda Guerra Mundial possibilitou a aceleração dos

programas para treinamento que se utilizava de técnicas de ensino a distância

e também de outras tecnologias que oferecessem a capacitação em tempo

menor. Esses procedimentos, após a Segunda Guerra, foram aplicados no

Japão e na Europa, articulando o rádio com a base tecnológica do material

impresso.

Não houve registros de iniciativas de educação a distância até 1950sem

ser a feita por correspondência, nem nos Estados Unidos, nem na Europa,

sendo o primeiro o berço dessa modalidade de educação, incentivando sua

disseminação em diversos países (GUAREZI; MATOS, 2012).Com a chegada

da década de 1950, segundo Nunes (2009), a televisão despontou nesse novo

cenário. Apesar de sua existência desde 1930, somente após a Segunda

Guerra Mundial, a TV apareceu como uma nova forma de comunicação. Seu

avanço foi lento, em especial para os padrões atuais, contudo houve a sua

consolidação também como meio de educação.

Nunes (2009) discorre que foram adotadas diversas experiências,a partir

do século XX,que possibilitaram um aperfeiçoamento das metodologias

utilizadas no ensino via correspondência. A introdução de novas formas de

comunicação acabou influenciando fortemente os métodos. Contudo, o autor

salienta que o verdadeiro impulso foi dado em meados de 1960, a partir da

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instituição de diversas ações na área da educação, iniciado na Europa, com

Inglaterra e França, e se ampliado aos outros continentes.

Nunes (2009) elencou, por exemplo, no nível secundário: a Rádio ECCA,

nas llhas Canárias; Hermods-NKI Skolen, na Suécia; na Coréia do Sul, Air

Correspondence High School; na Austrália, School of the Air; National

Extension College, no Reino Unido e no México, Telesecundária. Já em nível

superior, Peters (2004), Nunes (2009) e Bohadana e Valle (2009) listaram:

Open University, no Reino Unido; na Alemanha, Fern Universität; na Índia,

Indira Gandhi National Open University; e a Universidade Estatal a Distância,

em Costa Rica.

Em relação a Open University, Azevedo (2012) comenta sobre o esforço

exitoso no desenvolvimento desse sistema de ensino a distância que integrou

material impresso e meios eletrônicos. Em 8 de setembro do ano de 1963

houve o anúncio de sua criação com o nome de Universidade do Ar, contudo,

toda a impressa local, universidades, e até mesmo o Ministério da Educação e

Ciência do Reino Unido não eram a favor desse novo empreendimento. Ainda

que com essa resistência, um Comitê de Planejamento foi organizado, e em

sua formação estavam o vice-reitor do empreendimento e a Ministra de

Educação e Ciência, que optaram, então, por mudar o nome para Open

University. A partir desse momento, houve o apoio vital do parlamento inglês

para o sucesso do novo modo de ensinar que se encontra presente em quase

todo o mundo.

Nesse sentido, a Open University, de acordo com Guarezi e Matos

(2012), aparece como um modelo de universidade aberta. Nunes (2009)

destaca que sua criação configurou-se na educação a distância como um novo

momento, seja pela sua respeitabilidade e qualidade, seja pelo seu método de

produzir cursos, ou pela maneira de articulação das tecnologias de

comunicação que já existiam e pelo cuidado com a pesquisa pedagógica.

Após a utilização de material impresso por instituições escolares, houve

um salto em relação aos cursos por correspondência, uma vez que o ensino

ficou mais organizado e o número de alunos atendidos era maior. A EaD

passou a assumir, no processo de ensino e aprendizagem, uma forma mais

organizada em sua produção e supervisão. Já em meados deste século foi

possível observar a coexistência dos programas baseados na disseminação de

25

conhecimento por meio da radiodifusão, com uma grande maioria combinando

a organização curricular escolar e os materiais impressos em associação ao

rádio (NUNES, 2009).

A partir dos anos de 1970, Peters (2004) apontou uma nova fase da

EaD, caracterizada pelo uso de meios de comunicação de massa: o rádio e a

televisão, mais tarde as fitas cassetes, o vídeo e os centros para estudo. Essa

alteração pedagógica foi de valor incalculável, contribuindo fortemente para a

relevância da educação a distância. Seus principais novos aspectos foram:

[...] considerável progresso na criação e no acesso à educação superior para grupos maiores de adultos, experimentação pedagógica, a aplicação cada vez maior de tecnologias educacionais, a introdução e a manutenção de aprendizado aberto e permanente e o início da educação superior em massa (PETERS, 2004, p. 32).

Uma nova geração de educação a distância foi descrita por Guarezi e

Matos (2012), a partir da década de 1990, caracterizada principalmente pela

integração de redes de computadores e estação de trabalho de multimídia,

sendo, ainda, uma concepção em fase de realização. Essa geração apresenta

uma tendência para a integração dos vários meios utilizados até agora pela

EaD.

Esse mapeamento das etapas da EaD, conforme aponta Pontes (2012),

corrobora a intrínseca relação da educação na modalidade a distância com o

desenvolvimento das tecnologias digitais. Por isso, a busca por formação

transformou-se em uma norma indiscutível, uma educação que explora

tecnologias de comunicação e informação está em perfeita harmonia com as

solicitações de formação que emerge da sociedade midiática.

Seja por cartas, rádio, televisão e outros meios favoráveis à

disseminação da modalidade a distância, houve uma enorme contribuição na

formação de pessoas, sobretudo aquelas que não conseguiram estudar de

forma tradicional. Aspectos como localização, tempo entre outros

impossibilitam o ingresso de alunos em instituições que ofertam cursos no

modelo presencial (NEVES; GONÇALVES, 2013).

Para Nunes (2009), as tecnologias digitais aplicadas na educação

podem proporcionar condições para um processo de aprendizagem com mais

interação, por intermédio de caminhos que não são lineares, podendo o

estudante determinar seu percurso, seu ritmo e sua velocidade. Qualquer

26

usuário que possua um computador conectado à internet poderá acessar

laboratórios de pesquisa, bibliotecas e equipamentos sofisticados.

Desta forma, conforme argumenta Peters (2004), o fato de existir

sujeitos que necessitavam de educação e de não haver nenhum meio

disponível para que eles adquirissem conhecimentos foi um dos motivos da

expansão da EaD no mundo. Sua importância possibilitou que escolas e

governos vencessem emergências como a ampliação de oportunidades na

área educacional.

O Brasil seguiu os acontecimentos mundiais em relação à EaD, o

surgimento dos meios de comunicação, bem como a sua disseminação

marcam essa evolução histórica. Essa modalidade de educação não presencial

passou, também, pela etapa da correspondência, da radiodifusão, entrando

pela fase da televisão, chegando à atuação conjunta de diversos meios de

comunicação, incluindo os que se utilizam da internet, conforme referenciam

Faria e Salvadori (2010).

A extensa literatura já produzida relacionada a essa modalidade, de

acordo com Pontes (2012), evidencia que, não obstante a ênfase dada a ela

atualmente, muito antes do aparecimento das tecnologias midiáticas

sofisticadas, como a internet, tecnologia celular, videoconferência etc., a EaD já

se destacava como uma realidade no cenário da educação de muitos países,

incluindo o Brasil.

No Brasil, Alves (2009) afirma que a EaD apresenta uma trajetória bem-

sucedida, embora a falta de políticas públicas na área tenha provocado uma

estagnação em alguns momentos. Foram criados ótimos programas que

proporcionaram grandes contribuições para a democratização da educação

com qualidade, principalmente no atendimento de cidadãos habitantes de

regiões menos favorecidas.

Conforme Alves (2009), o Brasil é apontado, em alguns registros

históricos, como um dos mais importantes do mundo no que tange ao

desenvolvimento da educação a Distância, sobretudo até a década de 1970.

Depois disso, outros países avançaram e houve a estagnação do Brasil que

apresenta um declínio no ranking mundial. Com o fim do milênio, ações

efetivas voltaram a surgir e o Brasil observa um desenvolvimento que gera uma

etapa de progresso. Embora haja muito para se fazer, nos últimos anos os

27

resultados apresentam uma tendência de crescimento, o que possibilitará

benefício da sociedade como um todo.

As primeiras experiências em EaD no país, segundo Cortelazzo (2013) e

Alves (2009) aconteceram no Rio de Janeiro, pouco antes de 1900. Nessa

época, eram oferecidos cursos profissionalizantes de datilografia, por

correspondência, por professores particulares, em anúncios de jornais de

circulação da época.

A chegada das Escolas Internacionais se consolidou como um marco

oficial de referência em 1904. Essa organização de ensino apresentava

estrutura formal e era uma filial norte-americana que existe até hoje em vários

países. Todos os cursos ofertados eram destinados a indivíduos que buscavam

empregos, sobretudo em setores de serviços e comércio. O ensino era por

correspondência, com envio de material impresso via correios que se

utilizavam das ferrovias para o transporte (ALVES, 2009).

A Rádio Sociedade fundada em 1923, no Rio de Janeiro,conforme Litto e

Formiga (2009), fazia parte de uma iniciativa privada que apresentou muito

êxito. Porém, comenta Alves (2009) os governantes se preocuparam com a

possibilidade de transmissão de conteúdos considerados subversivos, em

especial pelos que participaram da revolução de 1930. A educação popular era

a principal atribuição da emissora, que se utilizava de um moderno sistema de

radiodifusão. Os programas com finalidade educativa se multiplicavam nessa

época e repercutiam nas demais regiões, inclusive fora do Brasil.

Alves (2009) relata que a Rádio Sociedade funcionou dentro de uma

escola de nível superior que tinha o poder público como seu mantenedor.

Depois, surgiram muitas pressões para uma mudança na entidade, houve a

criação de exigências, cujo cumprimento era muito difícil, particularmente, a

falta de existência de fins comerciais. Então, sem saída, em 1936, os

instituidores decidiram doar a rádio ao Ministério da Educação e Saúde.

Nesse momento, a educação por meio de Rádio, de acordo com Alves

(2009), era a segunda forma de transmissão do conhecimento, perdendo

apenas para a correspondência. Após a criação em 1937, pelo Ministério da

Educação, do Serviço de Radiodifusão Educativa, vários programas foram

implantados, sobretudo os privados. Em destaque, o autor cita: A Escola

Rádio-Postal; A Voz da Profecia, fundada em 1943 pela Igreja Adventista,

28

objetivava oferecer cursos bíblicos aos ouvintes; em 1946. O Serviço Nacional

de Aprendizagem Comercial (SENAC) inicia suas atividades e, na sequência,

desenvolveu em São Paulo e no Rio de Janeiro a Universidade do Ar, que

conseguiu atingir 318 localidades em 1950.

Para Saraiva (1996), o Instituto Universal Brasileiro, fundado em 1941,

com sede em São Paulo, pode ser considerado como um dos primeiros a

ofertar cursos por correspondência no Brasil. Conforme Cortelazzo (2013), a

Igreja Católica, em 1959, por intermédio da diocese de Natal, Rio Grande do

Norte, criou algumas escolas por radiocomunicação, originando o Movimento

de Educação Base. Já no sul do Brasil, a fundação Padre Landell de Moura,

localizada no Rio Grande do Sul, ofereceu cursos via radiodifusão.

De acordo com Guarezi e Matos (2012), alguns projetos com vínculo ao

governo federal, como o Mobral, demonstraram grande contribuição, além da

cobertura nacional, especificamente pela utilização do rádio. Contudo, aponta

Alves (2009) o sistema de censura brasileiro liquidou com quase todas as

grandes iniciativas de rádio educativa, com a revolução iniciada em 1969.

Atualmente, ainda há ações isoladas, mas com pouco apoio dos órgãos

oficiais. O desmantelamento da EaD pelo rádio foi uma das principais causas

da queda do Brasil no ranking mundial. Outras nações implementaram

transmissões pela rede de emissoras, enquanto o Brasil abandonava esse

modelo.

Alves (2009) relata que, entre as décadas de 1960 e 1970, houve vários

registros positivos no Brasil sobre a utilização da televisão com finalidade

educacional. Em 1967 foi publicado o Código Brasileiro de Telecomunicação

que determinava a obrigatoriedade de transmissão de programas com fins

educativos por emissoras de rádio e por televisões educativas. Fundações e

universidades receberam vários incentivos para instalar canais educacionais.

O Sistema Avançado de Tecnologias Educacionais foi criado em 1969 e

previa o uso da televisão, do rádio e outros instrumentos aplicáveis. Na

sequência, o Ministério das Comunicações, por meio de uma portaria, definia o

tempo gratuito e obrigatório que as emissoras, com fins comerciais, passariam

a ceder para a transmissão de programas educacionais. Em 1972, o Programa

Nacional de Teleducação (Prontel) foi criado, mas não durou muito. Em

seguida, veio a Fundação Centro Brasileiro de Televisão Educativa (Funtevê),

29

órgão que integrava no Ministério da Educação e Cultura o Departamento de

Aplicações Tecnológicas (ALVES, 2009).

Guarezi e Matos (2012) destacam o Projeto Minerva da década de

1970,um programa radio educativo produzido pelo governo federal, que

consistia na oferta de diversos tipos de curso para os níveis de ensino de

primeiro e de segundo graus, objetivando a resolução, em curto prazo, de

problemas relacionados aos desenvolvimentos econômico, social e político do

país. As autoras também citam a criação de alguns programas nessa época,

como o Telecurso de Segundo Grau, numa parceria entre a Fundação Roberto

Marinho (TV Globo) e a FPA (TV Cultura). O programa é considerado uma

iniciativa positiva, uma vez que esses programas continuam a atender, por

intermédio de instrumentos de apoio, um número expressivo de pessoas.

Esses alunos atendidos conseguem, ainda, obter a certificação no poder

público (ALVES, 2009; GUAREZI; MATOS, 2012).

Alves (2009) relata que, no Brasil, a chegada dos computadores, no

âmbito da educação, se deu por intermédio das universidades. Os primeiros

aparelhos foram instalados a partir de 1970. Essas máquinas eram bem

grandes e tinham um custo alto, contudo, ao logo do tempo, seu preço foi

diminuindo e, na atualidade, encontra-se disponível para uma grande parcela

da população.

Algumas instituições tiveram grande importância para a educação a

distância no Brasil. Alves (2009) divide sua história em três períodos: inicial,

intermediário e mais moderno. No primeiro período, as Escolas Internacionais,

em 1904, representam o ponto inicial, na sequência, no Rio de Janeiro, a Rádio

Sociedade, em 1923, ambas refletem aspectos positivos. No período

intermediário, o autor relata a grande importância que tiveram o Instituto

Monitor em 1939, o Instituto Universal Brasileiro em 1941, a Universidade de

Brasília (UnB) em 1973. Por fim, no período mais moderno, três instituições são

apontadas como grandes influenciadoras nessa história: a Associação

Brasileira de Teleducação (ABT), o Instituto de Pesquisas Avançadas em

Educação (Ipae) e a Associação Brasileira de Educação a Distância (ABED).

A ABT, criada em 1971 por profissionais ligados à área da

radiocomunicação, conseguiu reunir, em seu início, os mais notáveis

estrangeiros e brasileiros que trabalhavam na área de tecnologias para a

30

educação, organizando a revista Tecnologia Educacional e realizando a

sequência dos Seminários Brasileiros de Tecnologia Educacional. Essa

associação contribuiu para que fossem debatidas muitas políticas públicas no

Brasil, inclusive, foi precursora em programas a distância de pós-graduação e,

atualmente, permanece atuando regularmente com destaque nas tecnologias

na educação (ALVES, 2009).

Em relação ao Ipae, Alves (2009) comenta que esse instituto, fundado

em 1973, proporcionou a realização dos primeiros Encontros Nacionais de

Educação a Distância no ano de 1989 e dos Congressos de Educação a

Distância em 1993. O Ipae influenciou fortemente a reflexão em relação à

relevância da EaD, tanto no mundo, como no Brasil. Além disso, auxiliou na

formulação das disposições normativas que se incorporaram à Lei das

Diretrizes e Bases da Educação (LDB), em 1988. Atualmente, encontra-se em

pleno funcionamento, possuindo um completo conjunto de obras sobre a

educação a distância no Brasil. Ademais, é uma importante ferramenta na

difusão de informação e da produção científica, pois edita a Revista Brasileira

de Educação a Distância desde 1993.

Alves (2009) prossegue ao ressaltar a ABED como uma das três

instituições que colaboram para o desenvolvimento da EaD no país,

oportunizando a articulação de profissionais e instituições, nacionalmente e no

mundo. Essa associação promove, anualmente, congressos, inclusive

internacionais, além de organizar seminário no país. O autor considera que a

ABED reúne personagens importantes da contemporaneidade, com produção

científica que aprimoram os sistemas de aprendizagem.

Azevedo (2012) relata que em 1979, houve uma primeira tentativa pela

UnB de criar, em solo brasileiro, um sistema de EaD semelhante a Open

University. Após a assinatura de um convênio entre as duas instituições, a UnB

recebeu da Open University os direitos de tradução e de distribuição do seu

acervo para a língua portuguesa, gratuitamente. A UnB, nessa ocasião, buscou

adquirir experiência com o método de ensino da Open University por meio da

oferta, em nível nacional, de cursos de 1º grau, surgindo, assim, o Telecurso de

1º grau. É então firmado um convênio com a Fundação Roberto Marinho e

recursos são obtidos na presidência da República.

31

Na década de 1990, a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT)

destacou-se por possuir um Núcleo de Educação Aberta e a Distância (NEAD)

do Instituto de Educação. Então, em 1995 iniciou-se o Curso de Licenciatura

Plena em Educação Básica do Ensino Fundamental de 1ª a 4ª série, com oferta

para aproximadamente dez mil professores, e o Curso de Especialização para

a Formação de Orientadores Acadêmicos em EaD, ambos na modalidade a

distância (GUAREZI; MATOS, 2012).

Nesse contexto, Alves (2009) menciona duas universidades pioneiras:

Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), responsável por implantar no

país cursos a distância de graduação, e a Universidade Federal do Pará

(UFPA), que, em 1998, recebeu, pelo Conselho Nacional de Educação (CNE),

o primeiro parecer de credenciamento oficial.

Ações governamentais se destacaram nesse período. Guarezi e Matos

(2012, p. 36) evidenciam que:

Em 1991, uma parceria entre o governo federal e a Fundação Roquette Pinto criou o programa Um salto para o futuro com o objetivo de capacitação de professores de todo país. A Secretaria Especial de Educação a Distância do Ministério da Educação (Seed), criada na metade dos nos 1990, lançou a transmissão do Programa TV Escola em 1995, unindo-o à Transmissão da programação do Projeto Um Salto para o Futuro. Em 1997, a Seed lançou o Programa Nacional de Informática na Educação (Proinfo), com o objetivo de disseminar o uso das novas tecnologias nas escolas públicas do País. Contava-se também com o Projeto Proformação para a formação de professores em nível médio, basicamente só com material impresso.

Para Saraiva (1996), o programa “Um salto para o futuro” representa um

marco na EaD e na TV educativa do Brasil, uma vez que houve uma grande

abrangência da utilização no que tange à concepção e ao formato do

programa, permitindo, assim, a interatividade, além da construção de um

instrumento eficaz para se atingir uma das metas da política educacional: a

educação continuada dos professores. Alves (2009) descreve que houve uma

completa reformulação do Sistema Nacional de Radiodifusão Educativa em

1994. Coube à Fundação Roquette Pinto a coordenação de suas ações, a

partir disso.

No início dos anos 2000, Oliveira (2014) relata o surgimento do

consórcio da Rede de Educação Superior à Distância, UniRede, composto por

32

70 instituições públicas do Brasil. Essa rede está comprometida em

democratizar o acesso à Educação de qualidade, via EaD. Em 2002, foi criado

o Centro de Educação a Distância do Estado do Rio de Janeiro, CEDERJ.

A partir de 2004, vários programas para a formação de professores

foram criados, comenta Oliveira (2014). Esses programas, implantados pelo

Ministério da Educação e Cultura (MEC), eram disponibilizados por meio da

EaD e destinavam-se a professores da rede pública. O autor cita o Pró-

letramento e o Mídias da Educação. Essas ações culminaram na criação da

primeira Universidade Aberta do Brasil (UAB), em 2005.Sobre a UAB, Guarezi

e Matos (2012) citam que ela foi certificada pelo Ministério da Educação como

uma Instituição Pública Superior de Ensino, aberta a todas as pessoas acima

de 18 anos, podendo ingressar sem o exame vestibular, porém que tenham

sido aprovadas em todas as disciplinas curriculares do ensino médio.

O Ministério da Educação, por intermédio da Seed, tem sido um dos

agentes para a inovação tecnológica no processo de ensino e aprendizagem.

Essa secretaria conta com vários programas e projetos, e tem incorporado nos

métodos didáticos as tecnologias digitais de informação e comunicação, além

de técnicas de EaD. Projetos de inclusão digital para a formação de

professores estão dentre as ações, como: Proformação1 e Proinfo2. Para a

formação profissional técnica, em nível médio a distância, tem-se a Escola

Técnica Aberta do Brasil. Essas e outras experiências que ocorrem no Brasil

fazem a EaD adquirir novas nuances, sendo muitas as expectativas para essa

modalidade (GUAREZI; MATOS, 2012).

Segundo o Censo EaD.BR (2017), o total de cursos regulamentados

totalmente a distância e semipresenciais ofertados, em 2016, pelas instituições

respondentes foi de 3.458, sendo 2.369 (68,5%) cursos regulamentados

totalmente a distância e 1.089 (31,5%) cursos regulamentados

semipresenciais. A maior parte da oferta de cursos regulamentados totalmente

a distância são especializações lato sensu, 1.098 cursos. Na sequência,

1O Proformação é um curso a distância, de formação para o magistério, em nível médio, na modalidade normal, oferecido para professores em exercício das redes públicas de ensino. (Disponível em: http://portal.mec.gov.br/ultimas-noticias/210-1448895310/2826-sp-1971777766. Acesso em: 12 de jul. de 2018.) 2O Proinfo é um programa educacional com o objetivo de promover o uso pedagógico da informática na rede pública de educação básica. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/proinfo. Acesso em: 12 de jul. de 2018.)

33

aparece no referido censo: 235 ofertas de cursos em nível tecnológico, 219

cursos em nível técnico profissionalizante e 210 cursos de licenciaturas,

conforme a Figura 1.

Figura 1: Oferta de cursos regulamentados totalmente a distância e semipresenciais, em números absolutos, por nível acadêmico, 2016

Fonte: Censo EaD.BR, 2017.

A Figura 2 apresenta a distribuição da oferta de cursos regulamentados

totalmente a distância e semipresenciais, em números absolutos, por área de

conhecimento, evidenciando um predomínio de cursos regulamentados

totalmente a distância, com destaque, respectivamente, para áreas do

conhecimento das Ciências Humanas e Sociais Aplicadas (CENSO EAD.BR,

2017).

26

6

11

25

132

17

4

219

118

132

205

109

77

8

0

43

22

19

29

219

36

62

142

210

114

235

1098

115

22

3

0 500 1000 1500

Ensino fundamental

Ensino médio

EJA (ensino fundamental)

EJA (ensino médio)

Técnico profissionalizante

Superior: sequencial – formação específica

Superior: sequencial – complementação de estudos

Superior: graduação – bacharelado

Superior: graduação – licenciatura

Superior: graduação – bacharelado e licenciatura

Superior: graduação – tecnológico

Superior: pós-graduação – lato sensu (especialização)

Superior: pós-graduação – lato sensu (MBA)

Superior: pós-graduação – stricto sensu (mestrado)

Superior: pós-graduação – stricto sensu (doutorado)

Cursos regulamentados totalmente a distância

Cursos regulamentados semipresenciais

34

Figura 2: Oferta de cursos regulamentados totalmente a distância e semipresenciais, em números absolutos, por área de conhecimento, 2016

Fonte: Censo EaD.BR, 2017.

Sobre o número de alunos matriculados, o Censo EAD.BR (2017)

contabilizou 561.667 alunos em cursos regulamentados totalmente a distância.

Esse quantitativo é um pouco maior em relação aos dois anos anteriores. Já os

cursos livres, corporativos e não corporativos apresentam 3 e 4 vezes mais o

número de matrículas em relação aos cursos regulamentados., conforme a

Figura 3. Percebe-se a expressividade desses números, revelando-se, assim, o

potencial da educação a distância para cumprir a demandas da educação,

sobretudo de formação continuada.

3

2

20

4

3

6

1

15

2

14

22

7

1

8

55

48

25

47

39

190

102

0

1

5

5

6

6

6

8

10

11

17

18

19

66

67

76

82

97

117

218

250

0 50 100 150 200 250 300

Militar

Produção cultural e design

Linguística, letras e artes

Produção industrial

Ciências agrárias

Informação e comunicação

Produção alimentícia

Ambiente e saúde

Segurança

Recursos naturais

Gestão e negócios

Controle e processos industriais

Infraestrutura

Ciências biológicas

Ciências da saúde

Engenharias

Desenvolvimento educacional e social

Turismo, hospitalidade e lazer

Ciências exatas e da Terra

Ciências sociais aplicadas

Cursos Ciências humanas

Cursos regulamentados totalmente a distância

Cursos regulamentados semipresenciais

35

Figura 3:Quantidade de alunos contabilizados pelo Censo EAD.BR 2016 em cursos regulamentados e cursos livres corporativos e não corporativos

Fonte: Censo EaD.BR, 2017.

Diante do exposto e conforme Oliveira (2014) observa, a ampliação de

cursos ofertados que envolvem um número progressivamente maior de

instituições privadas e públicas permitirá que o Brasil construa, na EaD, sua

história. Esse aumento da oferta de cursos possibilita a quebra de barreiras da

estrutura de ensino convencional, fazendo com que se busquem alternativas

para assegurar que a educação inicial e a continuada permaneçam como

direito de todos.

A próxima seção deste estudo apresenta um levantamento histórico e

reflexões sobre a legislação e documentos oficiais referentes à educação a

distância, tutor e tutoria.

519.839

2.872.383

498.683

3.940.891

561.667

2.956.045

0

500.000

1.000.000

1.500.000

2.000.000

2.500.000

3.000.000

3.500.000

4.000.000

4.500.000

Cursos regulamentados totalmente adistância

Cursos livres, corporativos e nãocorporativos

2014 2015 2016

36

3. EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA, TUTORIA E TUTOR NOS NORMATIVOS

REGULATÓRIOS

O início da educação a distância no Brasil, apresentado na segunda

parte desta dissertação, dá a noção de como essa modalidade teve seu

princípio. Sem embargo, a análise dos passos seguidos pela EaD também

pode ser feita sob outra perspectiva: a da regulamentação legal obtida no

decorrer dos anos.

A legislação aplicável à educação a distância é uma reação do governo

às necessidades das pessoas, conforme Freitas et al. (2012). À vista disso,

esta seção traz um o percurso, desde sua origem, ocorrida em 1961, até os

dias atuais com o novo marco regulatório, Decreto n. 9.057 de 2017 (BRASIL,

2017), sobretudo no que diz respeito às ações do tutor.

A Lei n. 4.024/61 (BRASIL, 1961) que fixou as Diretrizes e Bases da

Educação Nacional (LDB), foi a primeira legislação em que a modalidade a

distância de educação aparece, aponta Alves (2009). Entretanto, não tratava

exclusivamente da educação a distância. O artigo 104 permitiu que se

organizassem escolas e cursos experimentais:

Art. 104. Será permitida a organização de cursos ou escolas experimentais, com currículos, métodos e períodos escolares próprios, dependendo o seu funcionamento para fins de validade legal da autorização do Conselho Estadual de Educação, quando se tratar de cursos primários e médios, e do Conselho Federal de Educação, quando de cursos superiores ou de estabelecimentos de ensino primário e médio sob a jurisdição do Govêrno Federal (Brasil, 1961, p. 13).

Ainda nesta mesma década, no ano de 1967, foi publicado o Decreto Lei

de n. 236 (BRASIL, 1967), o qual complementou e modificou o Código

Brasileiro de Telecomunicações. Freitas et al. (2012) comenta que esse código

já antevia, por intermédio da TV educativa, a transmissão de aulas. O artigo 13

do Decreto trazia o seguinte texto: “A televisão educativa se destinará à

divulgação de programas educacionais, mediante a transmissão de aulas,

conferências, palestras e debates.” (BRASIL, 1967, p. 7).

Esse Decreto Lei, conforme aponta Freitas et al. (2012), não

regulamentou a EaD, mas previa um meio para sua difusão: empregando a

37

televisão educativa. Isso sugere, então, que a educação a distância já era

pauta do poder público desde aquela década.

Dez anos depois, ocorre a reforma da LDB de 1961,a nova LDB, Lei n.

5.692 de 1971 (BRASIL, 1971) coloca um capítulo específico que trata sobre o

antigo ensino supletivo declarando que esse poderia ser em classes ou por

meio de correspondência, rádio, televisão ou outros meios. Em seu parágrafo

segundo, no artigo 25,estabelece que “Os cursos supletivos serão ministrados

em classes ou mediante a utilização de rádios, televisão, correspondência e

outros meios de comunicação que permitam alcançar o maior número de

alunos” (Brasil, 1971, p. 5). Para Freitas et al. (2012), a LDB de 1971 contribuiu

para que se pensasse em uma regulamentação própria da educação a

distância. A mesma Lei, no artigo 64, concede aos Conselhos de Educação a

viabilidade de permitir experiências pedagógicas: “Art. 64. Os Conselhos de

Educação poderão autorizar experiências pedagógicas, com regimes diversos

dos prescritos na presente Lei, assegurando a validade dos estudos assim

realizados” (BRASIL, 1971, p. 9).

A LDB que vigora na atualidade, publicada em 1996, Lei n. 9.394

(BRASIL, 1996),de acordo com Alves (2009), possibilitou que a EaD atingisse

todos os níveis de educação. Passou a ser possível o funcionamento, nessa

modalidade, de cursos de educação básica (ensino fundamental ao médio) no

ensino regular, na educação especial e na modalidade educacional de jovens e

adultos, assim como em graduação e pós-graduação. A referida Lei, mesmo

que indiretamente, admitiu a oferta de cursos livres na modalidade a distância,

ministrados por grupos educativos. De acordo com Freitas et al. (2012), a atual

LDB aborda de forma direta a educação a distância e a torna responsável por

uma nova posição dessa modalidade educacional no país.

No artigo 32, parágrafo 4º, a LDB autoriza o emprego da modalidade à

distância aplicado ao ensino fundamental em situações de emergências ou

como complemento de aprendizagem. Já o artigo 47 da referida Lei, determina

as particularidades que a educação a distância apresenta no que se refere ao

ensino presencial. O parágrafo 3º destaca que: “É obrigatória a frequência de

alunos e professores, salvo nos programas de educação a distância.” (BRASIL,

1996, p. 20). Isso evidencia a flexibilização dessa modalidade em relação aos

momentos presenciais. Outro artigo que referencia a educação a distância é o

38

87, no parágrafo 3º, inciso II, devendo o Distrito Federal, os Estados, os

Municípios e a União disponibilizarem cursos na modalidade presencial ou a

distância aos jovens e aos adultos que se encontram em nível escolar

insuficiente (BRASIL, 1996).Todavia, é no artigo 80 da citada Lei que foi

previsto o incentivo para o seu desenvolvimento: “Art. 80 O Poder Público

incentivará o desenvolvimento e a veiculação de programas de ensino a

distância, em todos os níveis e modalidades de ensino, e de educação

continuada.” (BRASIL, 1996, p. 29). O referido artigo seria regulamentado pelos

decretos de n. 2.494 de 1998, 5.622 de 2005 e, posteriormente pelo 9.057 de

2017.

O primeiro decreto que estabeleceu regulamento ao art. 80 da LDB de

1996, Decreto n. 2.494 de 1998 (BRASIL, 1998), trouxe a acepção de

educação a distância em seu artigo 1°:

Art. 1° Educação a distância é uma forma de ensino que possibilita a auto-aprendizagem, com a mediação de recursos didáticos sistematicamente organizados, apresentados em diferentes suportes de informação, utilizados isoladamente ou combinados, e veiculados pelos diversos meios de comunicação (BRASIL, 1998, p. 1).

Para Freitas et al. (2012), essa definição, que vigoraria até 2005,

menciona a auto-aprendizagem do discente somente com a mediação de

material didáticos, contudo não indica a interação entre alunos, muito menos

aparece a figura do professor. Para os autores, o foco dado é sobre os

recursos didáticos, considerando que esses recursos possibilitariam a

autoaprendizagem do educando. Essa definição mostra uma flexibilização da

educação nessa modalidade de ensino. O Decreto n. 2.494 de 1998 também

estabeleceu a obrigatoriedade de provas presenciais para a emissão de

certificados, a responsabilidade para ministrar o curso da instituição possuidora

do credenciamento e a possibilidade de aproveitamento de estudo realizado

em cursos presenciais (BRASIL, 1998).

Machado e Oliveira (2017) relatam que uma diretriz mais sólida sobre a

qualidade na educação não presencial acontece em 2003 por intermédio da

Diretoria de Política de Educação a Distância do Ministério da Educação,

intitulada Referenciais de Qualidade para Cursos a Distância. Ao analisá-lo, as

autoras puderam verificar que seu conteúdo determinava a qualidade para

programas ou cursos na modalidade a distância estabelecida no que se

39

propunha a educação básica e superior. A concepção da modalidade

educacional a distância é dada, no referencial, diferenciando-a da educação

presencial, verificando-se, assim, uma evolução e amplificação dessa em

comparação a do decreto de 1998.

[...] o aluno constrói conhecimento – ou seja, aprende - e desenvolve competências, habilidades, atitudes e hábitos relativos ao estudo, à profissão e à sua própria vida, no tempo e local que lhe são adequados, não com a ajuda em tempo integral da aula de um professor, mas com a mediação de professores (orientadores ou tutores), atuando ora a distância, ora em presença física ou virtual, e com o apoio de sistemas de gestão e operacionalização específicos, bem como de materiais didáticos intencionalmente organizados, apresentados em diferentes suportes de informação, utilizados isoladamente ou combinados, e veiculados através dos diversos meios de comunicação (BRASIL, 2003, p. 3).

Com a revogação do Decreto n. 2.494/98 pelo Decreto n. 5.622 de 2005,

e este mais tarde pelo Decreto n. 9.057 de 2017, houve a alteração da

concepção de educação a distância logo em seu artigo 1º:

Art. 1º Para os fins deste Decreto caracteriza-se a educação a distância como modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos (BRASIL, 2005, p. 1).

Ao contrário do Decreto n. 2494/98, o Decreto n. 5622/2005 insere a

figura do professor e não faz referência a autoaprendizagem do estudante. O

artigo 3º estabelece que a duração dos cursos à distância deverá ter o mesmo

tempo definido para cursos presenciais, não sendo permitida a sua

flexibilização.

Sobre os professores, o artigo 12 do referido Decreto, no inciso VIII,

determina que a instituição de ensino credenciada deverá “apresentar corpo

docente com as qualificações exigidas na legislação em vigor e,

preferencialmente, com formação para o trabalho com educação a distância”

(BRASIL, 2005, p. 4). Compreende-se, então, que na educação superior,

levando-se em conta os aspectos da instituição, a porcentagem de docentes

qualificados com o título de mestrado ou doutorado, terá que ser igual ao do

presencial, além de todas as outras exigências para o cargo.

Em relação ao tutor, o Decreto n. 5.622/2005 chega a fazer menção a

esse profissional, no entanto não há a caracterização de suas atividades ou

40

função. A única referência é feita no artigo 26, inciso IV, alínea b, em que a

instituição credenciada fica responsável pela “seleção e capacitação dos

professores e tutores” (BRASIL, 2005, p. 7).

A descrição do papel do tutor em documentos oficiais, segundo Mendes

(2012), surge em pareceres do Conselho Nacional de Educação de 2007,

Parecer n. 195/2007 (BRASIL, 2007b) e Parecer n. 197/2007 (BRASIL, 2007c).

Esses regulamentos dispõem sobre as diretrizes para a elaboração,

pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio

Teixeira (INEP), dos instrumentos de avaliação para credenciamento de

Instituições de Educação Superior para a oferta de cursos superiores na

modalidade à distância. Consta, nesses pareceres, uma forma de pontuação

atribuída para a instituição de ensino superior nos quesitos avaliativos, como:

estrutura física, estrutura pedagógica, corpo docente, corpo técnico etc. Essa

pontuação será utilizada para o credenciamento ou não da entidade que deseja

ofertar essa modalidade de educação. Na perspectiva da política educacional,

Mendes (2012) considera esses pareceres importantes, visto que há a

definição do que deverá ser considerada na criação de um curso, sua

conservação e no seu fechamento.

Ao analisar esses documentos, percebe-se que no quesito número de

cursistas por professor, os pareceres apresentam de modo impreciso,

acontecendo o mesmo no que tange a quantidade de alunos por tutor. Em

relação a esse aspecto, a pontuação mais alta é estabelecida, no Parecer n.

197/2007, no quesito condições de trabalho:

Quando a relação entre número de tutores e de estudantes está plenamente adequada e coerente com a proposta de atividades para os conteúdos (disciplina, módulo, etc.) e apresenta de forma equilibrada o binômio quantidade/qualidade no atendimento, incluindo flexibilidade no horário (BRASIL, 2007c, p. 51).

Nesse sentido, de acordo com Mendes (2012, p. 109), não estabelecer

parâmetros indicando um número adequado de professores ou tutores por

aluno “significa deixar nas mãos da instituição de ensino ou dos avaliadores a

responsabilidade por definir o que é mais ou menos adequado.” Já em relação

às instituições de ensino privadas, Mendes (2012) comenta que, por visar o

lucro, o mais oportuno para essas instituições pode ser elevar o número

tutor/aluno ou professor/aluno.

41

Acerca das características do tutor e de sua necessidade de formação,

Mendes (2012) relata que o Parecer n. 197/2007 é o que retrata essa

característica do tutor e necessidade de formação. O documento estabelece

que a instituição de ensino passaria a ter uma nota menor ao ser avaliada no

item qualificação dos tutores, quando menos da metade do corpo de tutores

esperados para a metade inicial do curso for graduado ou quando sua atuação

no curso não condizer com a formação acadêmica. Isso indica que anterior a

este documento havia a possibilidade de o tutor ter a formação acadêmica

menor do que a graduação, na qual exercia suas funções (BRASIL, 2007c).

Em 2006, o Decreto n. 5.800/2006 cria o Sistema Universidade Aberta

do Brasil (UAB) com o intuito de interiorizar e expandir programas e cursos na

modalidade a distância no Brasil (BRASIL, 2006). A Portaria n. 183 de 2016, do

MEC,define os valores que serão pagos ao profissional que atua na educação

a distância na UAB, e são apresentados os requisitos imprescindíveis para o

desempenho de cada função na EaD. A Portaria estipulou o valor da

remuneração que seria recebida mensalmente a cada beneficiário, em seu

artigo 4º. Optou-se aqui em mostrar somente as remunerações de professores

e tutores, contudo o texto mostra, ainda, o valor percebido por outros

profissionais que constituem a equipe de trabalho na educação a distância:

I. Professor Formador I: valor de R$ 1.300,00 (mil e trezentos reais) concedido para atuação em atividades típicas de ensino, participantes de projetos de pesquisa e de desenvolvimento de metodologias de ensino na área de formação inicial e continuada de professores de educação básica no âmbito do Sistema UAB, sendo exigida experiência de 03 (três) anos no magistério superior; II. Professor Formador II: valor de R$ 1.100,00 (mil e cem reais) concedido para atuação em atividades típicas de ensino, de desenvolvimento de projetos e de pesquisa, relacionadas aos cursos e programas implantados no âmbito do Sistema UAB, exigida formação mínima em nível superior e experiência de 1 (um) ano no magistério superior; III. Tutor: valor de R$ 765,00 (setecentos e sessenta e cinco reais) concedido para atuação em atividades típicas de tutoria desenvolvidas no âmbito do Sistema UAB, sendo exigida formação de nível superior e experiência mínima de 1 (um) ano no magistério do ensino básico ou superior; IV. Professor Conteudista I: valor de R$ 1.300,00 (mil e trezentos reais) concedido para atuação em atividades de elaboração de material didático, de desenvolvimento de projetos e de pesquisa, relacionadas aos cursos e programas implantados no âmbito do

42

Sistema UAB, sendo exigida experiência de 3 (três) anos no magistério superior; V. Professor Conteudista II: valor de R$ 1.100,00 (mil e cem reais) concedido para atuação em atividades de elaboração de material didático, de desenvolvimento de projetos e de pesquisa, relacionadas aos cursos e programas implantados no âmbito do Sistema UAB, exigida formação mínima em nível superior e experiência de 1 (um) ano no magistério (BRASIL, 2016b, p. 17)

Anterior à Portaria n. 183/2016, havia a Resolução n. 8 de 2010

(BRASIL, 2010) que também estabelecia orientações e diretrizes para o

pagamento de bolsas de estudo aos profissionais da EaD do sistema UAB. Em

2015, a Resolução n. 8/2010 foi revogada pela Resolução n. 15/2015. E, em

2016, surge a atual diretriz sobre os valores da bolsa já reportada aqui (Portaria

n. 183/2016). Entretanto, não houve nenhum tipo de aumento do valor pago,

nem aos tutores e nem aos professores.

Em relação às funções exercidas por esses profissionais nesse

documento, o tutor é quem recebe a menor remuneração. Ademais, para o

desempenho da função, é apenas necessário ter o nível superior e a

experiência no magistério de um ano. Essas são as mesmas exigências dos

profissionais que desempenham as funções de “Professor-pesquisador

conteudista” e “Professor-pesquisador”. O Regulamento não estabelece se o

tutor deverá possuir formação acadêmica na área de atuação (BRASIL, 2016b,

p. 17).

Em 2007, o documento Referenciais de Qualidade da Educação a

Distância é atualizado e seu foco passa a ser a educação superior a distância,

na oferta dos cursos de graduação e especialização. Ainda que não seja um

documento que tenha força de lei, “[...] ele será um referencial norteador para

subsidiar atos legais do poder público no que se referem aos processos

específicos de regulação, supervisão e avaliação da modalidade citada.”

(BRASIL, 2007a, p. 2).

Em relação aos tutores, o referencial estabelece que esses profissionais

possuem um papel fundamental no processo de aprendizagem do ensino

superior a distância e constituem um quadro diferenciado das instituições. O

tutor é compreendido como:

[...] um dos sujeitos que participa ativamente da prática pedagógica. Suas atividades desenvolvidas a distância e/ou presencialmente devem contribuir para o desenvolvimento dos processos de ensino e

43

de aprendizagem e para o acompanhamento e avaliação do projeto pedagógico (BRASIL, 2007a, p. 21).

Sobre o sistema de tutoria, o referido documento conceitua como sendo

a mediação no processo ensino-aprendizagem de discentes distantes

geograficamente. O projeto do curso deverá ser claro com a previsão de

momentos presenciais e a distância.

O documento determina que a principal função do tutor é a de “[...]

esclarecimento de dúvidas através fóruns de discussão pela Internet, pelo

telefone, participação em videoconferências, entre outros, de acordo com o

projeto pedagógico.” (BRASIL, 2007a, p. 21). No que concerne às

responsabilidades dos tutores, a proposta declara ser a de “[...] promover

espaços de construção coletiva de conhecimento, selecionar material de apoio

e sustentação teórica aos conteúdos e [...] participar dos processos avaliativos

de ensino-aprendizagem, junto com os docentes” (BRASIL, 2007a, p. 21).

Em 2016, é aprovado um novo regulamento que estabeleceu as normas

e diretrizes nacionais para a oferta de cursos de educação superior na

modalidade a distância por meio da Resolução n. 1 do CNE/CES. Para

Machado e Oliveira (2017), o artigo 2º dessa resolução ampliou o entendimento

que se tinha da educação a distância, definindo-a como modalidade

educacional que se utiliza das tecnologias digitais para seu processo

educacional, contudo, com uma equipe qualificada, avaliação e

acompanhamento compatíveis, política de acesso etc., propiciando:

[...] maior articulação e efetiva interação e complementaridade entre a presencialidade e a virtualidade “real”, e o local e o global, a subjetividade e a participação democrática nos processos de ensino e aprendizagem em rede, envolvendo estudantes e profissionais da educação (professores, tutores e gestores), que desenvolvem atividades educativas em lugares e/ou tempos diversos (BRASIL, 2016a, p.1).

De acordo com Machado e Oliveira (2017), é possível perceber uma

preocupação, nesse documento, em estabelecer que os profissionais da EaD

devam ter qualificação. Embora o Decreto n. 5.622 de 2005 já previsse

requisitos para o credenciamento de instituições que quisessem oferecer

cursos, era necessário disporem de corpo docente qualificado conforme a

legislação da época e, de preferência, com formação para trabalhar com

educação a distância.

44

Essa nova regulação, conforme Machado e Oliveira (2017), não torna

obrigatória a qualificação específica aos profissionais nessa modalidade, o que

indica inexistir uma formação característica, sobretudo em relação aos tutores

e aos professores formados academicamente para a educação a distância no

ensino superior. As autoras prosseguem apontando que esse aspecto merece

atenção: dos órgãos federais que discutem essas políticas no país; das

Instituições de Ensino Superior (IES), responsáveis em formular propostas de

cursos; especialmente de professores implicados com a modalidade e também

das entidades representativas, como a Associação Brasileira de Educação a

Distância (ABED) e Associação Nacional pela Formação dos Profissionais de

Educação (ANFOPE).

Nessa resolução, é possível observar o conceito de alguns profissionais

que atuam na EaD em seu capítulo IV, artigo 8º:

§ 1º. Entende-se como corpo docente da instituição, na modalidade EaD, todo profissional, a ela vinculado, que atue como: autor de materiais didáticos, coordenador de curso, professor responsável por disciplina, e outras funções que envolvam o conhecimento de conteúdo, avaliação, estratégias didáticas, organização metodológica, interação e mediação pedagógica, junto aos estudantes, descritas no PDI, PPI e PPC. (BRASIL, 2016a, p. 8).

No parágrafo 2º do mesmo artigo o regulamento define tutor como “[...]

todo profissional de nível superior, a ele vinculado, que atue na área de

conhecimento de sua formação, como suporte às atividades dos docentes e

mediação pedagógica, junto a estudantes, na modalidade de EaD.” (BRASIL,

2016a, p. 8).

Nesse sentido, para Machado e Oliveira (2017), o regulamento de 2016

evidenciou a divisão que existe na estrutura de hierarquia de cursos a distância

ao citar como profissionais da EaD: gestores, professores e tutores. Desta

forma, as autoras enfatizam a necessidade em redefinir o perfil educacional

dos profissionais que atuam na educação, sobretudo no que tange à distinção

tutor x professor.

Sobre a política de pessoal, essa resolução, deixa a cargo de cada IES a

definição dos elementos que descrevem o quadro profissional,localizado no

parágrafo 3º do artigo 8º:

[...] no que concerne à caracterização, limites de atuação, regime de trabalho, atribuições, carga horária, salário, consolidado em plano de

45

carreira homologado, entre outros, necessários ao desenvolvimento acadêmico na modalidade EaD, de acordo com a legislação em vigor, respeitadas as prerrogativas de autonomia universitária e ressalvadas as peculiaridades do Sistema UAB, instituído pelo Decreto nº 5.800, de 2006. (BRASIL, 2016a, p. 5).

Por fim, publicado no Diário Oficial da União em maio de 2017, o

Decreto n. 9.057 de 25 de maio de 2017 representa o novo marco regulatório

para a EaD no país. O referido decreto regula o artigo 80 da Lei n. 9.394, de 20

de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação

nacional. Em seu artigo 1º, a EaD é tida como:

[...] modalidade educacional na qual a mediação didáticopedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorra com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com pessoal qualificado, com políticas de acesso, com acompanhamento e avaliação compatíveis, entre outros, e desenvolva atividades educativas por estudantes e profissionais da educação que estejam em lugares e tempos diversos (BRASIL, 2017, p. 1).

Mais adiante, Acioli e Jucá (2017) alertam para o artigo 12 do referido

Decreto que torna radical as condições de execução das atividades para

instituições públicas de ensino quando não se considera as condições que

estas têm para a ampliação de sua atuação:

Art. 12. As instituições de ensino superior públicas dos sistemas federal, estaduais e distrital ainda não credenciadas para a oferta de cursos superiores na modalidade a distância ficam automaticamente credenciadas, pelo prazo de cinco anos, contado do início da oferta do primeiro curso de graduação nesta modalidade, condicionado à previsão no Plano de Desenvolvimento Institucional (BRASIL, 2017, p. 3).

Esse aspecto, conforme Acioli e Jucá (2017), refere-se à qualificação de

tutores e professores e infraestrutura atual, considerando-se os cortes

orçamentários consecutivos desde 2017 feitos nos investimentos relativos à

Educação.

Ao analisar os documentos legais que regulamentam a educação a

distância, pode-se observar que ela segue se atualizando, buscando se

adequar e também fazendo com que as instituições educacionais se adaptem

às novas obrigações. Contudo, os documentos analisados ainda demonstram

certa inobservância em relação ao tutor.

46

A próxima seção trata sobre os diversos significados atribuídos à figura

do tutor ao longo dos anos. Além de investigar as múltiplas atribuições do tutor,

a concepção de tutoria e o conhecimento necessário à tutoria.

47

4. ALGUMAS CONCEPÇÕES SOBRE TUTOR

A presença de tutores em diferentes âmbitos formativos e educacionais,

de acordo com Arredondo, González e González (2012), é progressivamente

necessária, baseada na concepção de que a missão escolar não é somente

instruir pessoas, mas também possibilitar que o objetivo da educação seja

cumprido, com a obtenção do desenvolvimento pleno da pessoa humana.

Nessa perspectiva, os professores e os mestres, até o momento, somente eles

os responsáveis pela instrução, estão sendo solicitados a exercer o papel de

orientação de seus alunos na aprendizagem de disciplinas e no seu

desenvolvimento pleno.

Na educação a distância, Mill (2015, p. 78) considera o tutor como o

principal docente da atividade pedagógica dessa modalidade. Para o autor, o

tutor “[...] participa do ensino-aprendizagem como um mediador e um motivador

na relação do aluno com os conteúdos e os materiais didáticos, na busca pelo

conhecimento”.

Litwin (2001) considera que as ações do tutor diferenciam-se das do

professor em três aspectos fundamentais: tempo, oportunidade e risco. Sobre o

aspecto tempo, o referido autor relata ser escasso o tempo que o tutor dispõe

com o aluno, uma vez que esse profissional não tem como saber quando o

aluno voltará a contatá-lo para nova orientação, dessa forma o aspecto

oportunidade deve ser bem explorado por ele para que haja o aprofundamento

e diálogo. Já o aspecto risco está relacionado ao fato de, muitas vezes, não se

utilizar de forma correta os aspectos tempo e oportunidade, assentindo que o

aluno cumpra com suas atividades de estudo por meio de uma visão distorcida

sobre o tema, que ocasionará prejuízo em sua disciplina.

Para Faria e Lopes (2014), o tutor é incluído na EaD com o propósito de

estimular os estudantes, oferecendo-lhes desafios. Porém, há o perigo de o

tutor se converter em um protetor do aluno, realizando suas tarefas, o que se

torna inapropriado. Os autores informam também que o tutor é o contato mais

próximo dos alunos; portando-se como um motivador, mediador, e ainda deve

desempenhar funções administrativas, sociais pedagógicas e didáticas.

Corroborando, nesse sentido, Moran, Masseto e Behrens (2015), em relação

48

ao papel do docente na atuação como tutor, explicam que este deve ser,

essencialmente, de orientador/ mediador.

A internet, de acordo com Moran (2013), possibilita a flexibilização do

acesso ao material didático, juntamente com a participação e interação;

combina o melhor do on-line com o off-line, a viabilidade de conexão, de

orientar, de estar junto, de esclarecer dúvidas, de compartilhar resultados. Em

todos esses processos, o papel do tutor é fundamental para se criar laços

afetivos. O autor cita que cursos exitosos, com menor evasão, a ênfase é dada

ao atendimento do estudante e a criação de vínculos afetivos.

Guarezi e Matos (2012) afirmam que, o tutor é um facilitador e deve ser

entendido como “presença a distância”. Ele fortalece os relacionamentos em

prol do ensino e da aprendizagem. Formiga (2009), em seus estudos, afirma

que o tutor é um agente orientador e motivador responsável pelo

acompanhamento e avaliação do aprendizado do estudante em todo o

processo de estudo. Para Belloni (2015), na EaD o tutor deve ser um parceiro

dos alunos no processo pedagógico da construção de conhecimento.

Nessa perspectiva, para Maggio (2001) o bom tutor é o bom professor,

pois cria propostas de ações para a reflexão, colabora para sua resolução,

indica outras fontes de informação, fornece explicações, facilita o processo de

compreensão. O tutor orienta, guia, apoia, constituindo, assim, seu ensino.

Para Saraiva (2010), o papel do tutor é o de acompanhar uma turma,

esclarecer dúvidas, orientar a aprendizagem e animar as discussões.

Em síntese, conforme Preti (2003) observa, um dos princípios que

constituem a EaD, que difere do ensino tradicional, é a mediatização no

processo ensino-aprendizagem, tornando o sistema de tutoria fundamental. As

investigações relacionadas ao serviço de tutoria criadas em instituições a

distância, via de regra, demonstram a sua relevância, sendo fundamental para

o sucesso dos cursos e para taxas menores de evasão em programas em que

a tutoria é mais efetiva.

4.1 MULTIPLAS ATRIBUIÇÕES DO TUTOR

Para a percepção de diferentes significados que, no decorrer do tempo,

foram sendo atribuídos ao tutor é necessário uma retrospectiva histórica e uma

49

análise da terminologia dessa palavra. Bezerra e Carvalho (2011) informam

que o termo tutor vem de tutore, do latim, e é originário da área jurídica,

correspondendo a protetor, defensor, alguém que legalmente exerce a tutela. O

dicionário Aurélio informa que esse termo na educação a distância é utilizado

pelo “[…] profissional que acompanha e orienta a aprendizagem dos alunos

presencialmente ou a distância” (FERREIRA, 2010, p. 2104). Soares e

Camargo (2016, p. 7) relatam os outros significados que este termo possui, de

acordo com a área empregada:

Para a medicina, conforme o Centro de Desenvolvimento da Educação Médica da Universidade de São Paulo, tutorar significa cuidar, proteger, amparar, defender e assistir, tendo a atividade tutorial, no âmbito da educação, no sentido de acompanhamento próximo, orientação sistemática de grupos de alunos, realizada por pessoas experientes na área de formação da ciência da saúde. Na Administração, tutor é quem ou aquele que supervisiona, dirige, governa, orienta. Para algumas instituições de ensino, tutor é o profissional a quem se delega a instrução dos alunos, sob acompanhamento de um professor responsável, que se pauta no conteúdo desenvolvido por outro professor, sendo que este último, não participa diretamente da cena hospitaleira no Ambiente Virtual de Aprendizagem.

Quando é apropriada pela EaD, Bezerra e Carvalho (2011) afirmam que

a tutoria alcança um novo significado, já que começa a ser vista como uma

orientação de aprendizagem e, também, um aconselhamento ao estudante

solitário.

A definição de tutoria é muito longínqua e precede os primeiros cursos

ministrados a distância. Lázaro (1997) comenta que a figura do tutor surge com

o estabelecimento dos cursos superiores nas universidades, no final do século

X. Nesse tempo, a atividade de tutoria era uma vigilância educativa dos alunos,

cuidando para que a verdade se mantivesse rigorosamente aos novos

estudantes. Já a tutoria como função educativa institucional, sem seus nuances

legais e de acordo com a concepção clássica dos gregos antigos, surge nas

universidades no século XI. O tutor, nesse período, era o professor que

realizava a tutela formativa, asseverando o estilo universitário, tornando-se o

garantidor da verdade científica em relação aos estudantes que tinham

confiado sua formação.

No entanto, para Preti (2003), o surgimento do tutor na área acadêmica

se deu no final do século XV, dentro das universidades de Cambridge e Oxford,

50

na Inglaterra, que buscaram no campo jurídico seu sentido: função de proteger

o menor, tutelar, administrar seu patrimônio até completar a maioridade. Logo,

no campo acadêmico, o papel do tutor se referia ao de assessorar grupos de

estudantes, de forma individualizada, cuidando de seus estudos e

comportamento, ante a supervisão de um professor. Palacios (2008) relata que,

naquela época, o tutor era apenas um aluno que já havia realizado o curso ou a

disciplina e possuía mais experiência em relação aos estudantes tutorados.

Já Sá (1998), em seus estudos, concorda com Preti (2003) quanto à

época do surgimento da tutoria, porém, em relação ao seu caráter, a autora

discorre que essa atividade teria sido usada como orientação religiosa aos

estudantes, objetivando incutir a conduta da moral e da fé nos estudantes. Com

essa acepção, o tutor era considerado o guardião da fé e da moral até o século

XIX. Daí em diante tal papel converte-se em processo de acompanhamento e

orientação, sendo posteriormente incorporado nos programas de EaD.

Geibet al., (2007) relatam que entre os séculos XVI e XVIII a atividade

tutorial se fortaleceu, sobretudo com a organização da educação em colégios.

O modelo de tutoria utilizado era aquele voltado aos estudantes que viviam

nesses colégios, normalmente internos cuja atribuição era a de auxiliar o

professor e de acompanhar as turmas no processo de aprendizagem. O tutor

era visto como um guia, auxiliando na aprendizagem dos alunos.

A figura do tutor, prosseguem Geibet al., (2007), ficou enfraquecida com

a chegada da revolução industrial, visto que as universidades passaram a

ocupar os espaços dos colégios e trataram de se organizar em vários modelos

em distintos países. A educação realizada nos colégios, nesse momento, opta

pela instrução e a educação para o trabalho face às necessidades provenientes

da divisão do trabalho em fábricas.

Para Sá (1998), a partir do século XX, a perspectiva que se deu à tutoria

é a que tem orientado os programas de EaD. O tutor não é mais um guia

espiritual ou um protetor, mas sim aquele que orienta e acompanha os

trabalhos acadêmicos. Com a eficácia desse arquétipo de apoio ao processo

ensino-aprendizagem, o tutor passou a fazer parte do quadro docente das

instituições de ensino. Esse modelo de tutoria presencial, afirma Preti (2003),

influenciou demasiadamente a configuração tutorial realizada pela Open

University, em 1969, e, consequentemente, serviram de modelo às grandes

51

universidades a distância surgidas na sequência. O autor cita algumas delas:

em 1972, a UNED da Espanha; em 1973, a University of South Africa, da África

do Sul; em 1978, a Anadolu University da Turquia; e em 1985, a Indira Gandhi

National Open Univesity da Índia.

No Canadá, a Téle-universitédu Québec (TELUQ) percorreu caminhos

distintos em relação ao modelo inglês, com um sistema de tutoria apresentando

características específicas. Preti (2003, p. 147) relata que:

[...] os primeiros cursos da Téluq eram oferecidos em forma de oficinas, com a presença de um animador. Posteriormente, a fórmula de “monitoria” passou a ser aplicada quando não havia alunos suficientes numa mesma região para organizar os tradicionais encontros animados. O sistema de tutoria foi posto em prática, pela primeira vez, em 1977, no curso de “Français pour tous, Français pour tout” e, a partir de 1998, a maior parte dos cursos passou a utilizar esse sistema.

Nesse sentido, Geibet al., (2007) consideram que, no decorrer dos

séculos, a figura do tutor tomou para si valorização e papéis diferenciados.

Para Lázaro (1997), as origens institucionais das universidades, como centros

educativos, instituíram a figura do tutor como autoridade que acompanhava e

guiava os saberes dos alunos.

Sobre a tutoria no contexto da EaD brasileira, Bezerra e Carvalho

(2011), em seus estudos, relatam que no ano de 1969, teve início o Tele

Ensino, projeto pertencente à TV Educativa do estado do Maranhão para

estudantes do Ensino Fundamental de 5ª a 8ª série, em que o papel destinado

à tutoria era o de Orientador da Aprendizagem. Saraiva (1996) complementa

informando que esse projeto utilizava material impresso e programa de

televisão, o qual permitia o aprofundamento dos conteúdos discutidos, além da

realização de pesquisas.

Bezerra e Carvalho (2011) também identificaram essa mesma atribuição

no programa “Telecurso 2000” da Fundação Roberto Marinho e no Projeto “Um

Salto para o Futuro”. Esse último, conforme Oliveira (2014), era específico para

a formação de professores. Saraiva (1996, p. 23) acrescenta dizendo que, com

o apoio dos Orientadores de Aprendizagem, esse projeto

[...] pode ser acompanhado individualmente, com o auxílio dos programas de televisão e dos livros, ou em recepção organizada em telessalas, onde grupos de alunos se reúnem para assistir às aulas pela televisão ou com auxílio do videocassete.

52

Em relação ao PROINF, Programa Nacional de Informática na

Educação, e aos programas da TV Escola, Bezerra e Carvalho (2011) relatam

que a função de tutoria era a de Multiplicador. No Relatório da TV Escola,

Brasil (2002), consta que entre 1996 a 1999 aconteceu a capacitação de

professores para o uso pedagógico dessa TV, a preparação visava à

familiarização para o manuseio do equipamento e também para estimular o seu

uso.

Outra função dada à tutoria no Brasil, de acordo com Bezerra e Carvalho

(2011), era a de Monitoria, nos programas do SENAI/SP, Serviço Nacional de

Aprendizagem Industrial. Acerca dessa função, Fernandez e Depresbiteris

(1996, p.151) descrevem que, com a chegada da década de 1980, os esforços

se concentraram na elaboração de cursos na modalidade a distância de

Matemática. Para isso, eram utilizados:

[...] material impresso como meio-mestre e a monitoria especializada e reuniões periódicas como meios complementares. Esse conjunto de recursos passou a ser conhecido no Senai-SP como Sistema de Educação a Distância/Auto-Instrução com Monitoria (SED/AIM). A utilização da TV foi deixada de lado por falta de condições operacionais impostas por aquele momento histórico: não se podia contar com o videocassete e a TV em circuito aberto não se predispunha a "passar" os programas em horários compatíveis com as disponibilidades dos trabalhadores.

Fernandez e Depresbiteris (1996) discorrem que, em decorrência desse

empenho, houve a elaboração de quatro cursos EaD de Matemática Básica e

do curso de Desenho, todos nesse esquema de Monitoria.

Pode-se, com isso, perceber uma variedade funcional e terminológica

sobre o personagem tutor. Por vezes, há uma utilização do termo tutoria de

maneira indiscriminada, que causa certa confusão em relação ao seu papel,

uma vez que, ora é concebida a tutoria como orientador (a), conselheiro (a),

guia, companheiro (a) multiplicador (a), monitor (a) e instrutor (a). Por isso, a

necessidade de uma ressignificação da terminologia, a fim de superar a

interpretação de tutoria como aquela que protege, ampara, defende e guia

(BEZERRA; CARVALHO, 2011).

Diante desse cenário, cabe uma indagação para compreender qual é o

significado do profissional tutor. Recorrendo a Aretio (2002), o autor afirma não

existir uma consonância entre as instituições e os autores no tocante à

denominação do profissional que conduz sua atividade docente junto a alunos

53

em um processo educativo a distância. De maneira indistinta, esse profissional

é chamado de assessor, conselheiro facilitador, consultor, orientador, tutor,

evidenciando uma ligação com as funções as quais desempenha; todavia o

termo reconhecidamente mais usado é o de tutor. Outros fatores que interferem

na denominação que o tutor recebe, de acordo com Aretio (2002), são as

diferentes concepções de EaD que constam dos programas nos quais esse

profissional trabalha.

Na literatura sobre EaD, é possível encontrar outras denominações

atribuídas ao tutor, tais como: docente-tutor virtual (MILL, 2015), professor tutor

(FARIA; LOPES, 2014), instrutor online (PALLOFF; PRATT, 2013), professor

orientador (MORAN, 2011a), entre outras.

Percebe-se, assim, que as já referenciadas denominações sofrem

modificações em decorrência do substancial crescimento da modalidade a

distância ao longo das décadas. O tutor, visto como educador, tem conquistado

um lugar significativo, ao construir um papel cada vez mais atuante no

desenvolvimento da aprendizagem.

O presente trabalho tem, portanto, como proposta central entender o

papel de um dos personagens envolvidos na mediação de programas de

educação a distância: o do tutor, denominado assim, neste estudo, dentre as

denominações apresentadas na literatura.

4.2 A TUTORIA NA EAD

A tutoria foi se firmando na área do ensino em todas as suas etapas e

níveis por intermédio de várias modalidades. Para Arredondo, González e

González (2012), a tutoria encontra-se presente nos momentos de extrema

importância na vida das pessoas, sendo o tempo e o espaço em que um sujeito

precisa de orientação, ajuda e informação e, também, é atendido

intencionalmente por outro indivíduo com a devida disponibilidade e

preparação.

Na educação a distância, conforme explicam Bezerra e Carvalho (2011,

p. 239), a ação de educar do professor deve “[...] estar centrada na construção

de um processo educativo alicerçado na interatividade e na criatividade, na

qual deverá provocar discussões, dúvidas e instigar a aprendizagem dos

54

estudantes”. As autoras ainda comentam sobre a importância de se ter

presente uma equipe multidisciplinar, uma vez que essa equipe pode atuar de

maneira cooperativa para o desenvolvimento da tutoria, sendo a ligação entre

os alunos e os docentes.

Diferentes autores vêm se dedicando na tentativa de apresentar

definições para a polissêmica e abrangente definição de tutoria, dentre as quais

serão destacados alguns desses conceitos. No Dicionário Aurélio, o conceito

tutoria é mostrado como sendo um sistema de EaD (FERREIRA, 2010). Já no

Houaiss o termo tutoria aparece como uma autoridade ou função de tutor

(HOUAISS; VILLAR, 2012).

Na visão de Souza e Dallabona (2014), a tutoria pode ser compreendida

como um conjunto educativo de ações que auxiliam para o desenvolvimento e

potencialização das capacidades básicas dos estudantes. No sistema de

tutoria, ocorre a orientação desses alunos com a finalidade da autonomia e

crescimento intelectual, além da contribuição para a tomada de decisão em

relação ao seu desempenho e circunstâncias de participação como educandos.

Neder (2000) considera a tutoria como uma orientação acadêmica e

destaca que, no decorrer do processo de acompanhamento, o tutor necessita

motivar e estimular o cursista, e ainda contribuir para que se desenvolva a

capacidade organizacional de autoaprendizagem e atividades acadêmicas.

Arredondo, González e González (2012, p. 28) afirmam que o conceito

de tutoria engloba valores de:

[...] dinamismo, abertura, atitude prestativa, capacidade de ajuda etc. É a ocasião na qual o professor – e qualquer formador em geral – tem a oportunidade de dar o seu melhor e de expressar o educador que cada um tem dentro de si. Apesar de ser uma atividade sublime e apaixonante, não está isenta de dificuldades advindas de diversos ângulos.

Esses autores conceituam a tutoria como sendo um processo de

acompanhamento e ajuda no decorrer da formação do aluno, que se efetiva por

meio da atenção personalizada a um sujeito ou a uma turma reduzida por parte

de docentes competentes com formação para a função de tutoria. Os autores

ainda complementam essa definição acrescentando que a tutoria consiste em

um processo que acompanha de maneira pessoal e acadêmica o aluno a fim

de favorecer o rendimento, resolver questões de aprendizagem, desenvolver

55

práticas de trabalho, de estudo e de reflexão, de incursão na área profissional

ou de convívio na sociedade (ARREDONDO, GONZÁLEZE GONZÁLEZ,

2012).

Por isso, conforme Arredondo, González e González (2012), a definição

de tutoria abrange os modelos personalizados de educação em resposta ao

dever de apoiar os processos da educação, não só com ações de característica

didático-convencional, como também trazendo o conjunto do indivíduo, das

pessoas, em suas distintas facetas. A tutoria busca o acompanhamento dos

sujeitos em processos de tomada de decisão da esfera acadêmica até a

profissional. Denomina-se tutoria o encontro e o espaço, ou a reunião, entre um

professor e um ou vários alunos, para a troca de informações, a análise, a

orientação ou a avaliação de um projeto ou problema, debate de um tema ou a

discussão de um assunto de utilidade para desenvolvimento acadêmico,

profissional e pessoal de um estudante.

Arredondo, González e González (2012) classificam a tutoria em 4

(quatro) modalidades: Atividade Acadêmica, Espaço de Interação, Ação

Didática e Estratégia Metodológica. Essa última modalidade voltada à

educação a distância.

A primeira modalidade, tutoria como Atividade Acadêmica, é vista como

uma forma para a obtenção de conhecimentos ou para complementação da

informação fornecida em sala de aula ou em livros didáticos. É possível a

detecção de dificuldades e de conquistas dos alunos na aprendizagem. Por

isso, as ações na tutoria podem ter um desenvolvimento mais adequado na

função de esclarecimento e de orientação dos estudantes em seus temas

curriculares. Esse tipo de tutoria prioriza questões relacionadas à

aprendizagem e focaliza sua atenção em obter competências solicitadas do

tipo de aplicação prática e cognitivo. Características relacionadas ao

desenvolvimento afetivo, pessoal ou social do aluno são relegadas

(ARREDONDO; GONZÁLEZ; GONZÁLEZ, 2012).

A tutoria vista como um Espaço de Interação é conceituada como uma

relação espaço-temporal que possibilita tanto ao estudante quanto ao tutor,

individual e coletivamente, construir e reconstruir saberes, vínculos didáticos e

ferramentas. Essa perspectiva da tutoria aumenta o conceito da modalidade

anterior visto que implica um tempo de disponibilidade para o compartilhamento

56

recíproco não só de conhecimentos, como também vivências de cunho pessoal

e experiências no processo de aprendizagem. Esta conceitualização de tutoria

considera os processos psicossociais e cognitivos do aluno. Leva em conta

também o trabalho em coletividade, dando importância à ideia de aluno como

ser social em sua capacidade de interagir com seu meio, na comunicação com

outros indivíduos e na relação interpessoal (ARREDONDO; GONZÁLEZ;

GONZÁLEZ, 2012).

Já em relação à tutoria como Ação Didática, Arredondo, González e

González (2012) a descrevem como sendo um momento de realimentação em

que há o compartilhamento de opiniões, experiências, conhecimentos; e,

também, em que todo o conteúdo que os alunos obtiveram como resultado de

seus estudos é testado. Baseado nessa concepção, conceitua-se a tutoria

como uma ação de ensino que auxilia a aprendizagem do aluno a fim de gerar

nele expectativas que lhe possibilitem aprofundar e avançar seus

conhecimentos. Essa concepção de tutoria concentra-se basicamente no

processo de ensino, no qual o tutor tem uma atribuição de destaque. Salienta-

se a ação de ensino, com destaque para o papel do tutor em desenvolver os

processos de aprendizagem dos alunos.

Na modalidade de educação a distância, tem-se a última categoria de

tutoria descrita por Arredondo, González e González (2012), como Estratégia

Metodológica. Integra-se os recursos pedagógicos em uma estrutura de EaD,

em que a tutoria é a reunião periódica, com previsão no calendário acadêmico,

a fim de garantir o encontro dos estudantes com o tutor de uma disciplina ou de

um programa específico, para exposição de temas, esclarecimento de dúvidas

ou verificação do alcance dos objetivos; é possível também que os estudantes

recebam as orientações organizacionais, metodológicas e pessoais

necessárias. Os autores ainda comentam que essa modalidade de tutoria

contribui fundamentalmente para o sistema de EaD. Não consistindo somente

em um espaço que permite o encontro do aluno com os tutores ou com seus

colegas ou para a facilitação da compreensão de temas e do desenvolvimento

do processo de aprendizagem, mas serve também como vínculo e conexão

com a instituição de ensino, materializando a importância do aluno na

universidade e a presença da instituição na área dos estudantes.

57

Na educação a distância, a tutoria pode ser exercida de maneira

presencial e a distância. Os Referenciais de Qualidade para Educação Superior

a Distância de 2007 expõe uma divisão objetiva da ação na tutoria e docente

relacionada a essa modalidade. O documento prevê, para a mediação

pedagógica, a especificação numérica da relação aluno/tutor, sendo capaz de

propiciar a interação no processo de ensino e aprendizagem (BRASIL, 2007a).

Esse documento estabelece que um sistema de tutoria de qualidade na

educação a distância deve antever a atuação de tutores a distância e

presencial (BRASIL, 2007a):

A tutoria a distância atua a partir da instituição, mediando o processo pedagógico junto a estudantes geograficamente distantes, e referenciados aos pólos descentralizados de apoio presencial. Sua principal atribuição deste profissional é o esclarecimento de dúvidas através fóruns de discussão pela Internet, pelo telefone, participação em videoconferências, entre outros, de acordo com o projeto pedagógico. O tutor a distância tem também a responsabilidade de promover espaços de construção coletiva de conhecimento, selecionar material de apoio e sustentação teórica aos conteúdos e, freqüentemente, faz parte de suas atribuições participar dos processos avaliativos de ensino-aprendizagem, junto com os docentes.

A tutoria presencial atende os estudantes nos pólos, em horários pré-estabelecidos. Este profissional deve conhecer o projeto pedagógico do curso, o material didático e o conteúdo específico dos conteúdos sob sua responsabilidade, a fim de auxiliar os estudantes no desenvolvimento de suas atividades individuais e em grupo, fomentando o hábito da pesquisa, esclarecendo dúvidas em relação a conteúdos específicos, bem como ao uso das tecnologias disponíveis. Participa de momentos presenciais obrigatórios, tais como avaliações, aulas práticas em laboratórios e estágios supervisionados, quando se aplicam. O tutor presencial deve manter-se em permanente comunicação tanto com os estudantes quanto com a equipe pedagógica do curso (BRASIL, 2007a, p. 21-22).

Essas atribuições dos tutores, tanto para o presencial como para a

educação a distância, conforme os referenciais, são intercambiáveis na

educação a distância, uma vez que proporciona a intensa mobilidade de

espaço de seu corpo docente de tutores (BRASIL, 2007a).

Sobre a tutoria desenvolvida de modo presencial, Santos, Oliveira e

Junqueira (2016) afirmam que essa ação possibilita o atendimento grupal e

individual. Ela torna mais fácil a formação de grupos para a prática de

atividades colaborativas e permite a cooperatividade. Durante as aulas

presenciais, além da figura do tutor, é necessário organizar o espaço

58

apropriado para os encontros: salas de aula, sala para estudo com acesso à

internet, computadores, TV, material didático impresso e manuais.

Na tutoria a distância, conforme Mill et al. (2008), a ação é dedicada à

assistência dada virtualmente aos alunos, por intermédio das TDIC. A presença

física do tutor é trocada pela comunicação virtual.

Em seus estudos, Mendes (2016) apresenta algumas atribuições que

considera importantes em relação ao trabalho desenvolvido pelos tutores,

conforme o Quadro 1.

Quadro 1 – Principais atribuições dos tutores

TUTOR PRESENCIAL TUTOR A DISTÂNCIA

Participar das atividades de capacitação propostas pela Universidade.

Participar das atividades de capacitação propostas pela Universidade.

Demonstrar domínio do conteúdo específico da disciplina.

Demonstrar domínio do conteúdo específico da disciplina.

Estar presente no polo nos horários previstos. Atender as solicitações dos alunos, sempre

ajudando a encontrar a resposta, certificando-se de que a dúvida foi sanada.

Atender e orientar os alunos que vão ao polo, individualmente ou em grupo.

Enfatizar para os alunos a necessidade de se adquirir uma autonomia de aprendizagem.

Orientar o aluno para a metodologia da educação a distância, enfatizando a

necessidade de se adquirir autonomia.

Orientar os alunos sobre a importância da utilização de todos os recursos oferecidos para

a aprendizagem.

Familiarizar o aluno com o hábito da pesquisa, com o objetivo de aprofundar e atualizar os

conteúdos da disciplina.

Encorajar os alunos na busca de informações adicionais nas mais diversas fontes de

informação: bibliotecas virtuais, endereços eletrônicos, bibliotecas etc.

Emitir relatório mensal de desenvolvimento de conteúdo da disciplina a ser enviado ao

coordenador da disciplina.

Comunicar-se com os alunos ausentes encorajando-os a participar das tutorias

presenciais/a distância como um auxílio no processo de aprendizagem.

Conhecer a estrutura de funcionamento do polo.

Participar de encontros, videoconferência, atividades culturais e seminários presenciais

promovidos pela coordenação do curso.

Conhecer o cronograma de estudo e das avaliações da disciplina e ajudar os alunos a

se manterem em dia.

Cumprir com pontualidade os horários de atendimento aos alunos pelo telefone.

Conhecer as ferramentas de apoio e orientar os estudantes para o uso das mesmas.

Oferecer oportunidades de aprendizagem através da plataforma (fórum, “chats”,

construção de páginas da disciplina, formação de grupos de estudo virtuais etc.).

Incentivar os estudantes a participarem das atividades oferecidas, tanto as presenciais

quanto as oferecidas na plataforma.

Auxiliar o professor coordenador de disciplina em todas as suas funções, inclusive na

capacitação e apoio aos tutores presenciais.

Discutir e esclarecer dúvidas de conteúdo. Acompanhar e atualizar as informações

pertinentes a sua disciplina na plataforma.

Corrigir as Avaliações a Distância (AD). Corrigir Avaliações Presenciais (AP).

Participar da aplicação das Avaliações Presenciais (AP).

Elaborar gabaritos sempre que solicitado.

Manter-se em comunicação permanente com o coordenador da disciplina

Apresentar um relatório anual de atividades.

Fonte: Mendes (2016, p. 109)

59

Para Mendes (2016), um sistema de tutoria devidamente estruturado e

organizado fornecerá aos estudantes condições melhores para a

aprendizagem. Ademais, a função docente desempenhada pelos tutores se

configura como fundamental na mediação para a construção do conhecimento.

Na EaD alguns estudiosos se preocuparam em esclarecer o papel da

tutoria. O que, de fato, caberia a essas ações? A mediação de todo

desenvolvimento de um curso, somente a orientação dos alunos em seus

estudos, o esclarecimento de dúvidas, a explicação das questões relacionadas

aos conteúdos ministrados e/ou a avaliação do desempenho dos alunos em

todo o processo. Esses questionamentos causam inquietações nos

profissionais que atuam na EaD, já que é necessário que se tenha elementos

constitutivos que possam definir esse profissional, por mais que cada programa

de EaD tenha seu próprio modelo de tutoria (BEZERRA; CARVALHO, 2011).

Assim, a tutoria desempenha um papel essencial na educação a

distância, conforme afirmam Bezerra e Carvalho (2011), visto que somente a

utilização de material didático pode não ser capaz de assegurar a

aprendizagem. Dessa maneira, a interação com a tutoria é uma forma de se

garantir ao aluno a distância, uma relação que somente outro indivíduo (ser

humano) poderá fornecer, auxiliando com suas experiências, com sua

formação e com sua subjetividade.

4.3 O CONHECIMENTO NECESSÁRIO À TUTORIA: CONCEPÇÕES E

PRÁTICAS

Falar a respeito dos saberes docentes torna-se uma tarefa difícil face à

pluralidade e complexidade de sua análise. Para Tardif (2014), responder sobre

os saberes dos professores não é nada fácil, contudo o autor expõe algumas

ideias capazes de permitir a caracterização da importância desse tema para o

entendimento efetivo do que é constituído tais saberes.

Sobre esses saberes, Tardif (2014), em seus estudos, considera dois

importantes aspectos relacionados aos professores: o saber em seu trabalho e

o saber em sua formação. Para o autor, não há como estudar o saber do

docente sem fazer a relação com o contexto e com os condicionantes em que

os professores estão inseridos. Portanto, os saberes só possuem sentido

60

quando estão relacionados com o trabalho dos docentes. Esse saber docente é

sobre o trabalho, vem do trabalho e para o trabalho. Inclusive aqueles

adquiridos em espaços e tempos que precedem à prática profissional somente

passam a possuir significado ao se encontrarem e se defrontarem com as

necessidades de atuação dos professores.

O saber não é uma coisa que flutua no espaço: o saber dos professores é o saber deles e está relacionado com a pessoa e a identidade deles, com a experiência de vida e com a sua história profissional, com as suas relações com os alunos em sala de aula e com os outros atores escolares na escola, etc. Por isso, é necessário estudá-lo relacionando-o com esses elementos constitutivos do trabalho docente (TARDIF, 2014, p. 11).

Não há como estudar o processo de aprendizagem do professor sem

relacioná-lo a uma perspectiva de ensino, prática, sala de aula e à vida do

docente. Todavia, a função do docente, de acordo com Espíndola e

Nascimento (2014), ainda é entendida como diferente da função exercida pelo

tutor. O primeiro é responsável por organizar o conteúdo e elaborar o material

didático a ser usado durante o curso, enquanto o segundo fica a cargo de

desempenhar a mediação entre o material e o aluno, sendo o contato do

estudante com a instituição.

Para Espíndola e Nascimento (2014), o saber docente não está

dissociado da docência. Pelo contrário, esses saberes devem estar em

articulação para que se rompa com o paradigma educacional de apropriação

de conhecimento e, também, com a visão de que basta somente o

conhecimento da disciplina para os docentes assegurarem o aprendizado aos

estudantes.

No que se refere ao trabalho docente na EaD, Mill (2014) relata ser

muito fragmentado, uma vez que cada atividade do trabalho docente virtual é

destinada a um grupo de trabalhadores ou a um único profissional. Ainda que

exista certa variação nas formas de equipes entre um modelo de EaD e outro.

Conforme o autor, a atividade docente a distância organiza-se de modo

colaborativo e coletivo.

Ao trabalho articulado desses profissionais, indispensável à prática das

atividades de ensino e aprendizagem na educação não presencial, Mill (2014,

p. 26) o define como polidocência. “O termo [...] não é necessariamente novo e

[...] poderia ser definido como uma docência coletiva; isto é, pressupõe uma

61

docência em colaboração e fragmentada em que cada parte é realizada por um

trabalhador distinto.”

Na tentativa de entender a diferença do trabalho pedagógico realizado

pela educação presencial e pela educação a distância, Mill (2014) descreve

que na presencial prevalece a responsabilização de somente um docente pelas

várias atividades que integram a sua disciplina: desenvolver o material didático,

organizar a aula, orientar as atividades, avaliar a aprendizagem e acompanhar

o desempenho dos alunos. Já na EaD, a responsabilização de cada atividade é

distribuída. Para Mill (2014, p. 27) “há um trabalhador coletivo exercendo as

atividades do trabalhador-professor na educação presencial: passamos da

unidocência para a polidocência”.

Sob este prisma, uma nova situação acontece no processo de ensino e

de aprendizagem, sobretudo na educação a distância: o uso das TDIC. Para

Masetto (2015), o desenvolvimento das TDIC impactou na educação, a partir

do uso de computadores e da internet; do acesso em tempo real e imediato às

informações, às experiências, ao conhecimento e projetos transformadores,

sendo possível a socialização das pesquisas imediatamente e com seu

advento, a diversidade, a multiplicação de games digitais e aparelhos

eletrônicos. Sobre as tecnologias, Feldkercher e Manara (2012, p. 33)

compreendem que as TDIC estão “[...] ressignificando os processos de ensino

e de aprendizagem, e requerendo novas metodologias de trabalho e formação

continuada para os professores”.

Fica evidente que a atuação na EaD, de acordo com Saraiva (2010),

exige novos saberes, sendo o uso das tecnologias digitais o mais perceptível.

Ainda assim, há o entendimento de que não é suficiente apenas conhecer as

ferramentas, cabendo ao professor o desenvolvimento de uma compreensão

profunda a respeito dos efeitos de seu uso.

Sobre esse contexto, afirma Masetto (2015, p.143), compreende-se

melhor a função docente do professor, “colocando-o na contingência de

conhecer novos recursos tecnológicos, adaptar-se a eles, usá-los e

compreendê-los em prol de um processo de aprendizagem mais dinâmico e

motivador para seus alunos”.

Com o desenvolvimento da cultura digital, a mediação pedagógica,

baseada no uso das TDIC, entra em discussão. Masetto (2015) entende por

62

mediação pedagógica a atitude do professor que se posiciona como um

facilitador, um motivador ou um incentivador da aprendizagem. Para o autor,

esse comportamento se apresenta como uma ponte entre a aprendizagem e

seu aprendiz, colaborando ativamente para o alcance dos objetivos do aluno.

De acordo com Oliveira, Mill e Ribeiro (2014), a mediação pedagógica é

um dos elementos primordiais para o sucesso de um projeto na modalidade

EaD, exercida predominantemente pelo tutor. Para Masetto (2015), um

momento privilegiado da mediação ocorre já no início de um curso, quando o

tutor motiva os participantes para que os mesmos descubram a relevância e

importância da disciplina que será aprendida e, logo após negocia-se o

programa do curso em questão, definindo: objetivos, tema, metodologia,

avaliação, bibliografias etc. Além das regras que irão orientar as atividades, as

responsabilidades compartilhadas e mútuas, as netiquetas e, quando

necessária, a revisão.

Por meio da mediação pedagógica, apontam Schlunzenet al. (2016), o

tutor tem a possibilidade de vivenciar os aspectos que surgem do e no

Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), gerando situações em que o aluno

seja capaz de realizar conexões entre os conhecimentos construídos e os

conteúdos do curso, de modo que a aprendizagem seja realmente incorporada

em diversos contextos.

Para que a mediação funcione, conforme Masetto (2015), é

indispensável desenvolver algumas característica no mediador, tais como: ser

voltado para a aprendizagem do estudante no processo de ensino; ter empatia;

corresponsabilidade e parcerias com alunos; desenvolver um clima de respeito

mútuo com todos os participantes; dominar profundamente sua área de

conhecimento; ter criatividade; ser disponível para o diálogo; subjetividade e

individualidade, cada um tem algo de próprio que o tutor deverá considerar; e

comunicar-se e expressar-se em função da aprendizagem.

Nesse cenário, Oliveira (2013) destaca o tutor como principal

responsável por conduzir uma comunidade virtual para que ela se constitua em

uma rede dinâmica de aprendizagem, inteligente, produtiva e flexível.

Feldkercher e Manara (2012) citam que esse profissional tem um papel

extremamente significativo, pois sua atuação incide diretamente no processo

63

ensino-aprendizagem, sem esquecer que o aluno também possui um papel

essencial em seu aprendizado.

A partir da utilização das tecnologias digitais, Tomiazzi e Brito (2014)

afirmam que o tutor dispõe de opções de interatividade e de conhecimento,

produzindo no indivíduo uma ação motivadora, dinâmica e reflexiva para seus

estudos. É necessário que o tutor compreenda e saiba como utilizar as TDIC

de modo lúdico, interativo, indicando um entrelace das disciplinas a serem

abordadas.

Para Belloni (2015, p. 89), é crucial a redefinição do papel do docente

para que ocorra o sucesso dos processos educacionais, tanto presencial como

a distância. A atuação desse profissional na EaD passará do

[...] monólogo sábio da sala de aula para o diálogo dinâmico dos laboratórios, salas de meios, e-mail, telefone e outros meios de interação mediatizada; do monopólio do saber à construção coletiva do conhecimento, por meio da pesquisa; do isolamento individual ao trabalho em equipes interdisciplinares e complexas; da autoridade à parceria no processo de educação para a cidadania.

Nessa perspectiva, fica evidente a necessidade de conhecer e entender

as competências de um tutor. Por competência, Perrenoud (2000, p. 35)

entende ser “[...] a faculdade de mobilizar um conjunto de recursos cognitivos

(saberes, capacidades, informações etc.), para solucionar com pertinência e

eficácia uma série de situações”. Sobre as competências necessárias ao tutor,

Maggio (2001, p. 41) aponta os seguintes conhecimentos necessários:

Conhecimento do conteúdo; conhecimento pedagógico, especialmente no que diz respeito às estratégias e à organização da classe; conhecimento curricular; conhecimento sobre os contextos educacionais e conhecimento das finalidades, dos propósitos e dos valores educativos e de suas raízes históricas e filosóficas.

O termo competência, conforme Tenório, Santos e Tenório (2016), diz

respeito ao saber fazer, a colocar em prática os conhecimentos obtidos. No que

tange aos tutores, várias competências são exigidas constantemente em suas

ações na tutoria.

Para Tenório, Santos e Tenório (2016), as competências impostas ao

professor na modalidade presencial, igualmente, são imprescindíveis ao tutor

na educação a distância, devendo ser adaptadas de acordo com as

especificidades da modalidade. Os autores dizem ainda que não há uma lista

64

determinada de competências pedagógicas para esses profissionais que atuam

na EaD, essas competências se apresentam de forma exemplificativa apenas.

Ademais, para se desenvolver competências são necessárias situações e

experiências que demonstrem a precisão de mobilizar o saber e executá-lo.

Ao considerar o tutor como a figura fundamental na educação a

distância, em conformidade com o que já foi referido neste trabalho, torna-se

necessário falar sobre a sua capacitação e sua formação para atuar nos vários

cursos disponibilizados pelas instituições. De acordo com Belloni (2015, p. 92)

a formação inicial objetiva “[...] prepará-los para a inovação tecnológica e suas

consequências pedagógicas e também para a formação continuada, numa

perspectiva de formação ao longo da vida”.

De acordo com Almeida (2001), em geral, a formação do tutor, seja a

distância ou presencial, é fundamentada em um conceito reducionista,

fragmentado e racionalista de ensino, sendo conflitante com o que se entende

como tutoria, uma vez que essas ações na tutoria baseiam-se em saber

trabalhar em conjunto; na capacidade de procurar e selecionar a informação

em fontes variadas; na aptidão em utilizar as TDIC, bem como possuir

flexibilidade e dinamismo, ter atitude para tomar decisões e saber promover e

desenvolver a autonomia relacionada ao próprio processo de ensino e

aprendizagem.

Em seus estudos, Mill (2015) comenta que a docência na educação a

distância não está, ainda, profissionalizada, sendo uma força de trabalho

depreciada ou com insuficiente seriedade. Para o autor, isso é um tratamento

inferior ao concedido à docência presencial, que ainda não está sendo recebida

de forma adequada.

A respeito da qualificação acadêmica dos tutores, Saraiva (2010) diz

que, em geral, ela é considerada inferior se comparada a de professor. Para a

autora, o tutor é usado para baratear a educação a distância, com formação de

turmas grandes, com um professor e vários tutores que acabam recebendo

uma remuneração bem menor. Segundo Cortelazzo (2013), os tutores

necessitam ter formação contínua a fim de que possam resolver demandas

acadêmicas e pedagógicas relacionadas a cada curso de acordo com que elas

vão se alterando.

65

Sobre a natureza da atividade docente na EaD, Mill (2015) relata uma

enorme carência de professores com qualificação para atuar, em específico, na

educação a distância. Não há, ainda, no Brasil cursos visando a formação

inicial para docentes dessa modalidade educacional e, talvez, por esse motivo,

a maioria dos professores que atuam em cursos on-line desenvolvem seus

saberes relativos à docência no cotidiano do trabalho virtual pedagógico. Em

geral, a formação do trabalho de mestre na educação não presencial,

essencialmente, tem se dado pela metaformação (se formar formando ou

aprender fazendo). Dessa forma, eles aprendem a ser docentes sendo

docentes, por meio de tentativa, erro, reflexão e acerto (MILL, 2015).

Embora as atividades da docência virtual e da docência presencial se

caracterizem de maneiras distintas, Mill (2015) afirma ser importante considerar

que ambas se constituem pelas mesmas etapas. Um professor necessita

elaborar seus materiais didáticos (planejando e preparando suas aulas),

acompanhar seus estudantes, cuidar da avaliação e a formalização do

rendimento escolar na administração acadêmica. Isso se aplica na educação

tradicional e na virtual. Essas diferenças concentram-se em duas categorias:a

primeira categoria, segundo explica Mill (2015), se baseia no fato de que aquilo

que é realizado por um professor na educação presencial, na EaD é

compartilhado por um grupo de trabalho polidocente. Isso possibilita que os

integrantes da equipe polidocente se retirem ou se revezem do grupo,

conforme a etapa desenvolvida da disciplina.

Desse modo, prossegue Mill (2015), normalmente um grupo ou um

profissional cuida da elaboração de material didático e outro grupo acompanha

a formação dos estudantes. Já na segunda categoria, conforme Mill (2015), na

EaD uma disciplina deve ser detalhadamente planejada para ser realizada

antes do cadastro dos alunos, sendo a docência envolta por uma forma de

pedagogia da previsão. O professor encarregado da disciplina precisa prever

todas as particularidades do conteúdo a fim de que os tutores cumpram suas

orientações no acompanhamento dos estudantes ao longo da realização das

tarefas propostas.

De modo diferente da docência presencial, em que o professor pode, às

vésperas, preparar somente um esboço da aula, ou até mesmo a

improvisação,sem o seu planejamento prévio. Isso não é possível na EaD, pois

66

todas as atividades devem estar concluídas antes do cadastramento dos

alunos (Mill, 2015).

Essa docência coletiva na educação a distância, segundo Mill (2015),

realiza-se da seguinte forma: um professor-autor, tratado às vezes por

professor-conteudista, prepara o material em algumas mídias (audiovisual,

impressa, virtual etc.) e um grupo de tutores fica responsável em acompanhar

os estudantes na aprendizagem desses materiais. O autor relata que algumas

instituições mais rigorosas em relação ao ensino de qualidade buscam manter

como coordenador da disciplina o próprio professor-autor, acompanhando os

alunos junto com os tutores. A participação efetiva de professores-autores na

coordenação dos tutores e na discussão sobre as dificuldades encontradas

melhora muito a qualidade dos futuros materiais didáticos e a formação dos

estudantes.

Palloff e Pratt (2013) suscitam que, muitas vezes, os tutores recebem

pouca orientação sobre de que modo devem ensinar online e,

consequentemente, ficam em uma posição em que dependem de si próprios,

requerendo a aprendizagem não só do sistema de gerenciamento do curso,

mas também como facilitador. Para as autoras, bons profissionais na EaD e a

tutoria “[...] são as ferramentas de Marketing mais fortes que um programa

online pode ter” (PALLOFF; PRATT, 2013, p. 23). Um bom tutor é a chave para

a permanência dos alunos na modalidade a distância. Contratar, treinar e

avaliar os bons tutores devem ser prioridade total para a maioria das

instituições que ofertam cursos nessa modalidade.

Para a excelência online, Palloff e Pratt (2013) consideram algumas

áreas significativas para o desenvolvimento: ser capaz de estabelecer

presença, criando um sentimento de conexão com os estudantes que se

encontram separados pelo espaço e pelo tempo; estabelecer uma comunidade

de aprendizagem, a criação dessa comunidade satisfaz a necessidade que se

tem de pertencimento, reduzindo o isolamento dos alunos; facilitar e

desenvolver de modo eficaz os cursos EaD para a melhoria de sua qualidade.

Em relação ao desenvolvimento dos docentes, Palloff e Pratt (2013)

consideram importante a habilidade da facilitação. Essa capacidade possibilita

que haja a interação entre os alunos e os tutores em alto nível.

67

Os bons facilitadores monitoram a discussão, fazendo perguntas de sondagem para estendê-la, postam avisos e fornecem feedback imediato aos estudantes. Os indicadores de que a facilitação eficaz está ocorrendo em um curso online incluem o uso de atividades para “quebrar o gelo” no início do curso e, possivelmente, em intervalos durante toda a sua duração, de forma que os estudantes possam conhecer uns aos outros e se divertir ao fazê-lo. Um espaço comum ou café está incluído no curso e estudantes são encorajados a usá-lo. Expectativas claras em relação à participação, juntamente com as expectativas referentes à conclusão de tarefas, são postadas no início do curso, e os estudantes são convidados a comentá-las. Além disso, a discussão é uma parte clara e regular do curso e o input do instrutor nessa discussão é visível - fazendo perguntas para aprofundar o nível do discurso e fornecer feedback em postagem e tarefas. O feedback é oportuno e os cronogramas são explicados no início do curso. O instrutor e outros estudantes oferecem informações e conteúdos adicionais para que os alunos os explorem e considerem.(PALLOFF; PRATT, 2013, p. 33).

Nesse sentido, Palloff e Pratt (2013) apontam ainda que o tutor pode não

ser o único facilitador de um curso, uma vez que essa responsabilidade poderá

ser compartilhada com os estudantes; no entanto, é ele quem modelará a boa

facilitação para proporcionar essas habilidades aos cursistas.

Ao se pensar nas funções atribuídas ao profissional tutor na EaD, Aretio

(2002) enfatiza três funções: a função orientadora, centrada na área afetiva; a

função acadêmica, relacionada à característica cognitiva; e a função

institucional, referente à formação acadêmica do tutor, ao relacionamento entre

instituição e aluno, e ao aspecto burocrático desse processo.

Para Cortelazzo (2013, p. 153), as funções de tutoria são: “[…] acolhida,

acompanhamento, orientação e avaliação”. Cada função necessita ser

desempenhada com a colaboração do estudante. As ações na tutoria não

implicam uma atividade unidirecional, e sim uma interação social de

comunicação intencional que só se realiza efetiva e eficazmente se houver a

cooperação dos envolvidos.

Conforme afirmam Litto e Formiga (2009), diferentes atividades são

desenvolvidas pelo tutor. As ações na tutoria dizem respeito a enviar e receber

mensagens eletrônicas; responder questionamentos de discentes, publicar e

disponibilizar material complementar; corrigir atividades, trabalhos, exercícios e

provas. Os autores prosseguem apontando o papel intelectual e pedagógico

desse profissional como criador e incentivador de atividades, estimulado a

pesquisa etc. Por fim, o papel tecnológico que corresponde ao auxílio dado aos

68

estudantes no entendimento da disciplina em estudo, no uso das mídias, já que

alguns cursistas apresentam dificuldades ao utilizar as tecnologias.

A investigação de Mattar (2012, p. 25-26) aponta um conjunto de

funções desempenhadas pelo tutor. É possível notar os diferentes papéis

exercidos simultaneamente.

Em primeiro lugar, ele organiza a classe virtual, definindo o calendário e os objetivos do curso, dividindo grupos e deixando claras as expectativas em relação aos alunos, principalmente no sentido da interação esperada. A função do tutor é também acompanhar o aprendizado dos alunos e coordenar o tempo para o acesso ao material e a realização de atividades. Nesse sentido, o tutor desempenha um papel administrativo e organizacional. O tutor é responsável pelo contato inicial com a turma: provoca a apresentação dos alunos e inclusive lida com os mais tímidos, que não se expõe com facilidade em um ambiente virtual; envia mensagens de agradecimento; fornece a eles feedback rápido; mantém um tom amigável. O tutor é responsável por gerar um senso de comunidade na turma que conduz e, por isso, deve um elevado grau de inteligência interpessoal. Nesse sentido, ele desempenha um papel social. O tutor tem também um papel pedagógico e intelectual, que envolve elaborar atividades, incentivar a pesquisa, fazer perguntas, avaliar respostas, relacionar comentários discrepantes, coordenar as discussões, sintetizar seus pontos principais e desenvolver o clima intelectual geral do curso, encorajando a construção do conhecimento. O tutor deve auxiliar os alunos na interpretação do material visual e multimídia, pois muitas vezes os alunos não possuem essa capacidade e isso pode prejudicar o andamento do curso. Nesse caso, ele desempenha um papel tecnológico. Por fim, o tutor deve avaliar as atividades desenvolvidas pelos alunos no curso.

Para Mattar (2012), o tutor acaba por realizar muitas funções docentes.

Isso pode ser observado no Manual de Atribuições dos Bolsistas da UAB

(Brasil, 2009, p. 3-4) pelo MEC que apresenta as atribuições do tutor em seu

item 2.5, que se vinculam mais em direção às funções típicas do docente.

● mediar a comunicação de conteúdos entre o professor e os

cursistas; ● acompanhar as atividades discentes, conforme o cronograma do

curso; ● apoiar o professor da disciplina no desenvolvimento das

atividades docentes; ● manter regularidade de acesso ao AVA e dar retorno às

solicitações do cursista no prazo máximo de 24 horas;

69

● estabelecer contato permanente com os alunos e mediar as atividades discentes;

● colaborar com a coordenação do curso na avaliação dos estudantes;

● participar das atividades de capacitação e atualização promovidas pela Instituição de Ensino;

● elaborar relatórios mensais de acompanhamento dos alunos e encaminhar à coordenação de tutoria;

● participar do processo de avaliação da disciplina sob orientação do professor responsável;

● apoiar operacionalmente a coordenação do curso nas atividades presenciais nos pólos, em especial na aplicação de avaliações.

Saraiva (2010, p. 161) descreve que o tutor deve proporcionar aos seus

estudantes instrumentos para que eles “aprendam a dominarem-se e a

produzirem-se como sujeitos”.

Contudo, muitos tutores encontram algumas dificuldades no

desenvolvimento de seu fazer pedagógico. Oliveira e Santos (2013)

verificaram, em seus estudos, que muitos profissionais que atuam na EaD não

possuem experiências nessa modalidade em sua formação. Configura-se,

então, um ambiente de novos desafios e descobertas, porém com o

enfrentamento de certas dificuldades. Os autores citam que, pelo fato de os

estudantes terem vindo do ensino presencial, em sua maioria, isso pode

representar uma dificuldade para o processo, como na receptividade da

interação do tutor em gerenciar seu tempo, seu estudo ou em outros pontos

para os quais não tiveram prática anterior.

O tutor também, de acordo com Lima (2016), intervém em questões que

extrapolam suas ações: como dificuldades técnicas que se referem ao pessoal

de apoio de rede; questões pedagógicas que são de responsabilidade do

coordenador do curso e o de dúvida de conteúdo da disciplina que deveria ser

de responsabilidade do professor formador. A autora, em sua pesquisa, apurou

que as maiores dificuldades encontradas pelos tutores no processo de

aprendizagem na modalidade a distância correspondem ao acesso à internet;

dificuldade com a plataforma; volume de trabalhos e conteúdos que devem ser

desenvolvidos; material didático escasso para os estudantes; restrição nas

orientações do professor formador; turmas numerosas e, por fim, esses

profissionais não atuam somente na tutoria, exercendo outras atividades

profissionais paralelas.

70

Segundo Belloni (2015), o papel do tutor está diretamente vinculado com

as inovações das tecnologias, com as recentes demandas sociais e com os

novos requisitos de um aprendente com maior autonomia. Esse profissional

necessita desempenhar variadas funções, contudo para algumas dessas

funções, o docente não se sente ou não está preparado.

Nesse sentido, o tutor, muitas vezes, acaba por desenvolver uma

mediação mais complexa e ampla em relação ao que se estabelece em

programas de cursos EaD e/ou documentos oficiais. Para Mattar (2012) as

exigências sobre o tutor são enormes. Inclui-se a necessidade de ter

capacidade para exercer várias funções e de desempenhar diversos papeis.

Esse autor cita que, na prática, o profissional tutor se depara, de forma natural,

com dificuldades no cumprimento de suas atribuições.

O estudo de Tonini (2017) evidencia questões importantes inerentes à

atuação do tutor, como o frágil vínculo trabalhista, a remuneração baixa e o não

reconhecimento de sua docência. Na prática, de acordo com Saraiva (2010), o

que acontece em instituições que ofertam cursos a distância é uma tentativa de

baratear a educação com a formação de turmas com grande quantidade de

matrículas.

Moran (2014) afirma que, em cursos com número elevado de alunos, há

o costume de diminuir o tempo e processo de qualificação de professores

tutores. Em geral, esse tutor frequentemente é chamado para atuar de maneira

generalista, tutoriando todas as disciplinas. Na prática o seu papel de

facilitador, de intelectual, de orientação de aprendizagem e de emocional,

resulta em conhecimentos superiores aos exigidos.

Na pesquisa de Chaquime e Mill (2016), sobre o desenvolvimento

profissional na perspectiva de tutores virtuais de cursos EaD, o fator apontado

como o maior dificultador da atuação é o baixo valor da bolsa. Os autores

compreendem que:

[...] embora a experiência na tutoria virtual possa ser considerada um elemento que contribui para o desenvolvimento profissional, ela também representa que a docência passa por um processo de precarização, no sentido de que os profissionais estão buscando alternativas (e a tutoria é uma delas) para se manterem atuantes (CHAQUIME; MILL, 2016, p. 128).

71

Mill (2015, p. 48), em suas investigações, observa que o trabalho na

EaD do docente ainda se mostra:

[...] diversificado, informal, temporário, precário, intensificado, sucateado, mal remunerado e desmantelado. Além disso, mais do que na docência presencial, o trabalho pedagógico virtual é dinâmico, complexo, coletivo e fragmentado – o que também está diretamente relacionado à profissionalização da docência de modo geral.

Nessa perspectiva, percebe-se que há possibilidade de a docência

virtual ser analisada sob um aspecto pedagógico (como interatividade e

colaboração) ou de um aspecto trabalhista (como coletividade e fragmentação

de trabalhadores), bem como o processo pedagógico presencial (MILL, 2015).

O trabalho docente na EaD apresenta certas particularidades, de acordo

com Mill (2015), alguns conjuntos de análise requerem atenção visando

fomentar reflexões, como: carga de trabalho aumentada dos docentes, as

novas condições exigidas pelo uso das TDIC, o empobrecimento referente à

mediação pedagógica por meio do trabalho da docência-tutoria, o trabalho

precário em relação às condições em que é realizado, a recente base de

conhecimentos profissionais para docentes, entre outras.

Em relação ao deslocamento do papel do tutor na EaD, Saraiva (2010)

afirma que a responsabilidade desse profissional já não tem como único foco

os conteúdos, e sim o controle referente ao comportamento dos estudantes. A

baixa participação e a evasão geralmente são creditadas a seu empenho. A

autora aponta que o controle sobre os tutores é muito mais rígido do que em

relação ao dos alunos, isso tem acarretado um significativo acréscimo de sua

carga de trabalho. O comprometimento virtual é ilimitado para esses

profissionais.

O desafio diário do tutor, de acordo com Ribeiro (2014), é integrar o

tecnológico e o humano, o grupal, o individual e o social, já que é ele quem irá

realizar a mediação entre todos os componentes do processo pedagógico,

propiciando as competências, tecnológicas, didáticas, de trabalho colaborativo,

pedagógicas e pessoais. Conforme Moran (2008, p. 20) “o tutor é um professor,

deve ser acolhido institucionalmente e não pertencer marginalmente”.

A próxima parte da pesquisa irá se deter e explicar o método utilizado.

72

5. METODOLOGIA

Esta pesquisa teve como método o Estudo de Caso, por meio do qual se

investigou, em uma única instituição pública de ensino, sobre as atribuições e o

papel do tutor na EaD. Esse método, segundo Gil (2010), baseia-se no estudo

exaustivo e profundo de poucos objetos, de forma a permitir, detalhadamente,

seu conhecimento. Esse trabalho fez uso também da pesquisa de campo, cujo

objetivo foi o de obter informações e/ou conhecimentos sobre um problema

para o qual se busca resposta ou hipótese. Pode-se, também, descobrir novos

fenômenos ou suas relações entre si (GIL, 2010). Portanto, essa pesquisa

caracteriza-se pelo tipo quanti-qualitativo.

No que tange aos objetivos, a busca pela solução se deu pela pesquisa

descritiva. Gil (2010) destaca que a finalidade primordial do estudo de caso é

descrever as características de certo fenômeno ou população ou, ainda,

estabelecer relações entre variáveis.

Por fim, para complementar a metodologia, se desenvolveu também a

pesquisa bibliográfica por meio da análise de artigos, dissertações, teses,

livros, documentos oficiais etc. Foram verificados os estudos já produzidos

sobre o tutor na EaD. Gil (2010) afirma que a principal vantagem em se utilizar

esse tipo de pesquisa é a possibilidade do pesquisador verificar uma variedade

de fenômenos, maior do que em relação a que se poderia pesquisar de modo

direto.

5.1 LÓCUS DO ESTUDO

O lócus escolhido para o estudo foi uma instituição pública de ensino,

localizada no sul de Minas Gerais, cujo nome será omitido por questão ética.

Essa instituição está presente em 8 (oito) municípios e possui polos de apoio à

educação a distância em 27 (vinte e sete) cidades. Em relação à quantidade de

matriculados em cursos EaD, a instituição pesquisada conta com cerca de 8 mil

alunos, distribuídos em cursos técnicos, de graduação e pós-graduação lato

sensu.

A infraestrutura desses polos conta com sala de coordenação, sala de

tutoria, laboratório de informática, laboratórios específicos, sala de

73

multimídia,biblioteca e equipamentos que permitam ao aluno o acesso ao

conteúdo do curso por meio de diversas tecnologias disponíveis para tal fim,

como computadores, televisores e internet banda larga. Os cursos e polos de

educação a distância são gerenciados pelos CEADs (Centros de Educação a

Distância), estabelecidos em cada campus da instituição.

De acordo com o Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) vigente

dessa instituição, os cursos na modalidade a distância são ofertados por meio

da Rede e-Tec Brasil, sistema do Governo Federal que visa à oferta de

educação profissional e tecnológica a distância, e pela UAB. Sendo, portanto,

os tutores dessa instituição bolsistas, sem vínculo empregatício entre a

Instituição e o bolsista.

Institucionalizar a educação a distância, tanto para os cursos técnicos

quanto para os cursos superiores aparece como uma das metas deste PDI.

Essa meta encontra-se cumprida haja vista que a instituição pesquisada oferta

cursos técnicos, de graduação e pós-graduação na modalidade a distância.

5.2 PARTICIPANTES DA PESQUISA

A pesquisa foi realizada com uma amostra composta por 59 (cinquenta e

nove) tutores EaD, de um universo total de 200 (duzentos) profissionais, que

atuam na educação a distância de cursos técnicos e superiores da instituição

de ensino, cujos nomes também serão omitidos, para a preservação das

identidades dos participantes da pesquisa, conforme especificado pelo

documento entregue a cada participante, o Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido (TCLE).

5.3 PROCEDIMENTOS DA PESQUISA

Antes de iniciar a investigação foi entregue à instituição pesquisada a

Carta de Apresentação da pesquisadora e o Termo de Autorização

Institucional. Após a obtenção da permissão da instituição, foi feita a inserção

do projeto desta pesquisa na Plataforma Brasil para análise e parecer do

Comitê de Ética em Pesquisa da UNIVÁS. Em seguida, após a aprovação do

Comitê de Ética e Pesquisa sob nº 100861/2017, a pesquisa foi iniciada.

74

5.4 INSTRUMENTOS

Os tutores EaD da instituição pesquisada foram convidados a

responderem um questionário (Anexo I) elaborado em meio digital, utilizando o

Google Forms. Esses tutores receberam em seus e-mails um link para

respondê-lo, durante o período de outubro a novembro de 2017. Junto ao

questionário, os participantes leram um termo de consentimento livre e

esclarecido para devolverem com um de acordo, caso concordassem em

participar da pesquisa. Lakatos e Marconi (2010) explicam que esse

instrumento utilizado é composto por uma sequência ordenada de perguntas,

devendo o entrevistado respondê-las sem a presença do entrevistador. A

autora acima cita algumas vantagens em seu uso, como, por exemplo, a

economia de tempo e viagens, obtendo-se, assim,certo número de dados e o

fato do risco de distorção ser menor, pela não interferência do pesquisador.

O questionário, composto por 21 questões fechadas, pretendia, segundo

os objetivos desta pesquisa, investigar as atribuições e o papel do tutor na

educação a distância, além de tentar comprovar a hipótese de que o papel do

tutor é compreendido como o conjunto de condições indispensáveis para que

ocorra o processo de aprendizagem à distância.

Nesta pesquisa, o perfil do tutor, como idade e sexo; a formação do

tutor; as condições de trabalho, como quantidade de horas trabalhadas; as

ações na tutoria, como ferramentas utilizadas e atividades desenvolvidas; a

avaliação e satisfação do trabalho realizado; e a proatividade do tutor foram as

variáveis estudadas.

5.5 ESTRATÉGIAS PARA A ANÁLISE DOS DADOS

Com base nos dados coletados pelo questionário on-line, enviado a

todos os participantes, foi realizada uma análise quanti-qualitativados dados

organizados e tabulados à luz da estatística descritiva, buscando identificar

tendências e possíveis cenários. Somente os dados obtidos referentes às

ações realizadas pelos tutores tiveram uma análise distinta. Esses dados foram

categorizados em três dimensões de atuação na tutoria: pedagógica, didática

75

ou tecnológica, segundo as áreas de desempenho de mediação e de docência

conforme a fundamentação teórica de Belloni (2015).

Considera-se também a parte qualitativa da pesquisa o estudo de caso,

que segundo Gil (2010), baseia-se em um estudo profundo, de poucos objetos,

de forma a permitir, detalhadamente, seu conhecimento, diferente da parte

quantitativa que deseja levantar um grande número de dados, a partir de certo

número de sujeitos. Portanto, essa pesquisa caracteriza-se pelo tipo quanti-

qualitativo.

A próxima seção traz trabalhos correlatos ao tema deste estudo.

76

6. LEVANTAMENTO DE AUTORES DOS ÚLTIMOS CINCO ANOS

Esta seção traz ao leitor um levantamento de pesquisas relacionadas ao

tema deste trabalho, publicadas nos últimos 5 (cinco) anos e organizadas em

ordem cronológica. As pesquisas selecionadas versam sobre o papel

desenvolvido pelo tutor na educação a distância. Segundo Gil (2002), é muito

importante o esclarecimento referente aos principais conceitos que circundam o

tema pesquisado, bem como o contato com trabalhos recentes que trataram o

assunto e que são capazes de explicar a respeito.

O estudo de Grossi, Costa e Moreira (2013) entende que as tecnologias

utilizadas isoladamente em cursos na modalidade a distância não são capazes

de garantir o sucesso de um curso. Em virtude disso, a importância de salientar

o tutor a distância. Por meio de um estudo de caso, os autores objetivaram

verificar as funções desempenhadas pelo tutor como coadjuvante no ensino e

aprendizagem e, também, as limitações referentes a seu exercício profissional.

A partir dos resultados, os autores puderam perceber alguns aspectos

peculiares relativo ao trabalho de tutoria. Essa pesquisa mostrou que os tutores

EaD desempenham funções pedagógicas de professor, contudo não recebem

a remuneração equivalente a de um docente, conquanto possuam tal titulação.

Por isso, os autores evidenciam a importância da organização dos tutores com

a finalidade de protegerem sua verdadeira função, a pedagógica, para a

obtenção de regulamentação profissional.

Brust Hackmayer e Bohadana (2014) propõem uma reflexão sobre a

natureza docente relacionada ao trabalho de tutoria na EaD. Para tanto,

utilizou-se, como referência, documentos legais do Ministério da Educação e

Cultura (MEC) em relação às funções e práticas do tutor. Essa pesquisa

buscou analisar as respostas de tutores do Centro de Educação Superior a

Distância do Estado do Rio de Janeiro (CEDERJ) referente à sua atuação,

sobretudo se estes se veem como docentes na educação a distância. A

investigação revelou a inexistência de um termo definidor do papel do tutor nas

atividades com a EaD. Indica que, apesar de já reconhecida a importância de

sua função em cursos não presenciais, o profissional tutor ainda necessita de

perfil profissiográfico, capaz de lhe conferir um espaço e formação na

modalidade. A pesquisa mostrou, ainda, que é crescente a necessidade de

77

estudos que apontem quais as principais funções de um tutor, sua identificação

profissional e, principalmente, a definição de características de seu exercício

docente na EaD. As autoras concluíram, a partir da análise dos questionários

aplicados a 38 tutores, que esses trabalhadores a distância consideram sua

atividade profissional equivalente a de um docente, unanimemente. Não

obstante não haja o reconhecimento e nem a remuneração como tal nas

instituições em que atuam.

Marosti, Silva e Costa (2014) tiveram por objetivo entender o conceito de

tutor, suas atribuições e, também, propor uma reflexão capaz de situar tal

educador no cenário da educação a distância brasileira. Por meio de uma

revisão bibliográfica, essa pesquisa discutiu a relação tutor/professor e quais

obstáculos se apresentam nessa dicotomia. Para os autores, o profissional

tutor é um educador, visto que sua identidade docente o transformou em

personagem central na EaD no que se refere à mediação da aprendizagem. O

que também confirma essa concepção é que, antes de sua função tutorial, o

tutor é um docente que, muitas vezes, possui formação acadêmica em

licenciatura e, em geral, já atuou em cursos na modalidade presencial. O

estudo conclui que, ao se tentar responder quem é o tutor, obtem-se que a

discussão é muito ampla e que, principalmente, não depende somente de

questões políticas ou legais no sentido de que o tutor se veja como real

educador EaD, mas que possa servir como sujeito motivador direcionado à

investigação em novos textos ou novas perspectivas.

O estudo de Souza e Dallabona (2014), cujo tema é relacionado à tutoria

em ambiente virtual de aprendizagem, teve por objetivo investigar a

contribuição e atuação de tutores da modalidade a distância que trabalham no

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo (IFES)

pertencente ao curso de licenciatura em Informática, no processo de ensino e

aprendizagem, assim como compreender a intensidade do trabalho realizado

pelo tutor na EaD, levantar questões facilitadoras e restritivas inerentes aos

tutores acerca do exercício da tutoria nesse curso e tratar algumas

características históricas da educação a distância no país e no IFES. Para a

pesquisa, as estratégias metodológicas adotadas foram de natureza qualitativa,

com a revisão da literatura e coleta de dados pela etnografia. Em conclusão, os

autores entendem que o tutor na modalidade à distância do curso citado é um

78

mediador cognitivo, que orienta, provoca e ajuda, podendo ser destacada a sua

preocupação com o processo de aprendizagem e as ações pedagógicas. Um

de seus diversos papéis é o de estimular a mediação, sendo um motivador do

processo pedagógico. Porém, a ausência física na educação a distância acaba

por exigir uma mediação marcada por novas estratégias, competências,

habilidades e atitudes.

A pesquisa de Paschoalino et al. (2015) aborda a educação a distância

na atualidade, especificamente em um curso de especialização lato sensu,

oferecido pela UFMG. A investigação percorreu pela análise dos seguintes

documentos jurídicos da EaD: Lei de Diretrizes e Bases da Educação, LDB n.

9.394/96; o Decreto n. 5.622 de 2005; o Decreto n. 5.773 de 2006; as Portarias

Normativas n. 1/2007 e 2/2007 e os Referenciais de Qualidade para Educação

Superior a Distância. O recorte da análise desse estudo enfocou os recursos

humanos.

Os resultados dos estudos teóricos referente aos textos normativos

sobre a implantação da EaD de Paschoalino et al. (2015) constataram que há

um longo percurso até o seu reconhecimento, capaz de ofertar educação de

qualidade e pública. Os autores propuseram uma formação continuada aos

professores visando contribuir para o desenvolvimento desses profissionais e

com o progresso na qualidade de processos de gestão e organização da

escola. Essa formação de professores deve pautar-se na temática de práticas e

saberes numa perspectiva de desenvolvimento permanente profissional. Os

autores destacam que o trabalho coletivo estimulou essa experiência. Assim, a

necessidade que os recursos humanos estejam realmente envolvidos no

processo e comprometidos com ele.

A pesquisa empreendida por Silva (2015) teve o objetivo de refletir e

elucidar as atribuições de tutores a distância e presenciais propondo a

compreensão de seus papéis, examinando as ações desses profissionais junto

ao ambiente de aprendizagem. Buscou-se a identificação de seus papéis no

âmbito educacional e também compreender, no processo ensino-aprendizagem

da EaD, a sua importância. Por meio de um estudo exploratório e bibliográfico,

os autores explanaram sobre os profissionais tutores que atuam a distância e

ou na presencialidade, figuras essenciais para o sucesso do processo

pedagógico na EaD. Estes exercem função educativa ao utilizar toda a

79

estrutura implementada a fim de receber alunos em uma modalidade não tão

recente assim, porém com uma jornada de melhorias e crescimento a ser

alcançada.

Para Silva (2015) compete aos tutores EaD conhecer a modalidade a

distância, ter capacidade de percepção de suas peculiaridades no que tange ao

ensino presencial, possibilitando toda a adequação para um bom andamento

do trabalho; incentivar os alunos a ter uma posição crítica ante ao mundo e aos

estudos, utilizando-se de várias tecnologias; proporcionar interações e

discussões no ambiente virtual ou presencial; avaliar e relatar o

desenvolvimento dos educandos de sua responsabilidade concedendo a eles

retornos constantes com a finalidade de que eles não se sintam

desestimulados ou desamparados a continuar com os estudos.

O objetivo do estudo de Dutra e Pereira (2015) foi abordar pontos sobre

o papel do tutor presencial na modalidade educacional a distância,

demonstrando sua importância social, detectando as características que

dificultam e facilitam a execução de sua atividade, além de debater pontos

sobre a tutoria no contexto da EaD. Por intermédio de uma pesquisa

bibliográfica, o trabalho conclui que os tutores dispõem de aspectos que se

assemelham aos desempenhados pelos docentes. O que evidencia

características próprias do tutor para o docente presencial é o cenário em que

primeiro se encontra. Na EaD, o docente tutor desempenha a função de

mediador entre o professor, o aluno e o curso. Quando o aluno consegue

resultados negativos ou positivos, esses reincidem na atuação do tutor. Por

isso as atribuições de um tutor são análogas à do orientador acadêmico. Os

autores propõem que tal profissional, no processo de formação de

aprendizagem na modalidade a distância, é parte significativa, em relação à

importância da função. Contudo, é necessário, reconsiderar os projetos atuais

de maneira a desenvolver um modelo de tutoria que cumpra às especificações

regionais e locais, por cada instituição comprometida com a EaD.

O trabalho de Rapé e Oliveira (2016) discutiu sobre o papel do tutor

tendo como objetivo analisar sua relevância na educação a distância e qual é a

influência dessa figura em relação ao desenvolvimento do estudante. Como

objetivos específicos, os autores buscaram entender a importância do tutor na

educação a distância, destacar as competências e o perfil pertinentes na

80

mediação no processo educativo de ensino e aprendizagem, e identificar a

perspectiva dos alunos referente ao papel do tutor. A pesquisa foi feita baseada

em um estudo bibliográfico, documental e também uma análise de conteúdo

dos dados coletados pelo questionário estruturado disponibilizado aos alunos

de uma instituição de ensino na modalidade EaD de uma turma do curso de

Pedagogia e do curso de Administração no seu respectivo ambiente virtual de

aprendizagem.

As conclusões a que se chegaram os estudos de Rapé e Oliveira (2016)

foram que o tutor é importante em muitos contextos e sua atribuição em

destaque é a mediação entre professor x aluno e aluno x aluno. Em relação ao

processo de aprendizagem, os autores elencam as seguintes habilidades: o

respeito ao aluno, a empatia, o conhecimento de conteúdo, a capacidade para

lidar com conflitos e a cordialidade. Sobre os sujeitos da pesquisa, a

investigação observou que os acadêmicos conseguiram identificar

características, atitudes e habilidades que os autores, disponibilizados nessa

pesquisa,informam nos seus estudos. Por fim, os autores recomendam que

sejam levantados dados relacionados ao perfil do tutor da modalidade EaD,

bem como sua formação acadêmica, com a finalidade de identificar a relação

entre suas habilidades.

Barboza e Castro (2017) buscaram descrever a história do advento da

EaD no Brasil, assim como realizar uma precisa reflexão envolvendo as

particularidades do ensino na educação a distância, tratando acercadas

competências e habilidades, em especial, sobre o sujeito que exerce suas

atividades como tutor, bem como entender a importância da tutoria na

perspectiva dos cursos na modalidade à distância e suas responsabilidades e

características relativas às atividades elaboradas. A partir de um estudo de

cunho bibliográfico, as autoras concluíram que a EaD é capaz de expandir e

multiplicar o papel do professor, concedendo-lhe distintas atribuições, que são

indispensáveis ao sucesso no processo de aprendizagem do acadêmico. Já o

tutor, considerado professor pelos autores, exerce um papel profundamente

complexo e de extremo interesse nessa modalidade, uma vez que, ademais de

possuir conhecimento e formação inerentes à atividade de docente

convencional, necessita possuir outras habilidades e competências de

enfoques metodológicos, teóricos e técnicos, vitais para qualidade de cursos a

81

distância. Enfim, compreende-se quão complexo é o tema, relacionado a

conceituação e caracterização das diversas atribuições do tutor e dos encargos

pertencentes às ações na tutoria e sua dimensão na modalidade a distância no

processo ensino-aprendizagem.

A investigação de Tonini (2017) objetivou analisar as percepções

referentes à prática profissional dos tutores atuantes em cursos na modalidade

a distância oferecidos pela Universidade Federal do Espírito Santo, bem como

indicar possíveis caminhos para a melhoria de seu reconhecimento, condições

de trabalho e de remuneração. Nesse estudo, o método adotado foi o da

pesquisa qualitativa e a ferramenta para a coleta de dados foi a entrevista

semiestruturada. Para isso, as questões feitas pelo autor foram colocadas de

maneira a buscar compreender o imaginário dos sujeitos participantes da

pesquisa em relação a tutoria e sobre o processo tutorial de trabalho.

Outrossim, foram apuradas características relativas ao distanciamento e à

aproximação das funções exercidas pelo tutor e pelo professor no que tange à

EaD.

Em conclusão, Tonini (2017) constatou, por meio da análise de

documentos oficiais, da legislação e a das falas dos sujeitos da investigação, a

qualidade docente da atividade do tutor em cursos EaD. Contudo, foram

evidenciadas questões que demandam soluções, tais como a baixa

remuneração, o frágil vínculo empregatício e a ausência do reconhecimento da

docência. Ao final, o autor aponta a necessidade de outras pesquisas sobre

esse tema, visando a colaboração para o aprimoramento da EaD e,

consequentemente, com a formação docente por meio dessa modalidade de

ensino.

É possível observar, de acordo com os autores pesquisados, a

importância atribuída ao tutor na modalidade educacional a distância. Vários

autores se preocuparam em identificar o papel desempenhado pelo tutor nessa

modalidade de ensino, destacando a mediação que ocorre no processo ensino-

aprendizagem. Fica perceptível que a EaD tem o poder de multiplicar o papel

do tutor, uma vez que lhe confere múltiplas funções e atribuições capazes

alcançar o êxito no processo de ensino e aprendizagem do educando. Sem

embargo, em relação a legislação oficial pertinente, o trabalho de Tonini (2017)

82

aponta a precariedade que esses sujeitos enfrentam, seja pela remuneração

baixa, falta de reconhecimento da docência etc.

Dentre as pesquisas informadas nesta seção, a que mais se assemelha

a este trabalho é o estudo de caso de Brust Hackmayer e Bohadana (2014)

desenvolvido com os tutores do Centro de Educação Superior a Distância do

Estado do Rio de Janeiro (CEDERJ) que realiza uma pesquisa bibliográfica,

com análise de documentos legais sobre a EaD, aplicação de questionário

voltado para os tutores verificando a natureza docente do trabalho realizado

pelos tutores.No entanto, considera-se que a presente investigação deste

estudo avança em relação à pesquisa dos autores acima mencionados, pois

além de analisar a natureza docente do trabalho do tutor na educação a

distância, a investigação que se delineia se preocupa em apontar as principais

funções e atribuições de um tutor, discutindo os aspectos do trabalho deste

profissional no sistema de tutoria, com a finalidade de construir subsídios que

possam auxiliar as instituições educacionais na compreensão das ações de

seus tutores.

Na próxima seção serão apresentadas as análises e resultados obtidos.

83

7. ANÁLISESE RESULTADOS

Para auxiliar na sistematização dos dados, foram criados 6 (seis) grupos

de perguntas, organizados em: perfil do tutor a distância, formação do tutor,

condições de trabalho, ações na tutoria, avaliação e satisfação e, por

fim,proatividade.

O primeiro grupo de perguntas do questionário on-line é relativo ao perfil

do tutor EaD. Com os dados coletados, foi possível elaborar um perfil

socioprofissional desses tutores que atuam na instituição pesquisada.

Dentre os 59 tutores respondentes do questionário, 61% são do sexo

feminino e 39% do sexo masculino, conforme mostra o Gráfico 1.Este aspecto

indica um maior número de docentes mulheres que contrasta com o percentual

apontado na Sinopse Estatística da Educação Superior de 2016, em que os

docentes homens são 10% mais frequentes (INEP, 2017).

Gráfico 1: Sexo dos tutores Fonte: Dados da pesquisadora

Em relação à faixa etária, a maioria dos tutores está alocada na faixa

etária entre 30 e 34 anos (34%), seguido por tutores com idade acima de 40

anos (27%) e 20% possuem entre 35 e 40 anos. Os mais novos contabilizaram

19%, sendo 17% na faixa etária entre 25 e 29 anos e 2% entre 20 e 24 anos.

Esses resultados mostram certa tendência, visto que para exercer o cargo de

tutor, o profissional necessariamente deve possuir formação acadêmica em

nível superior e, certo nível de experiência profissional, em relação às

instituições acadêmicas ou docência na área, antes de receber tal

responsabilidade.

36; 61%

23; 39%

Feminino

Masculino

84

No quesito grau de instrução, a maioria dos tutores possui

especialização (47%), seguido por 24% com somente graduação, 15% possui

mestrado e 14% com doutorado. Conforme as exigências do MEC, para

desempenhar a função de tutor, esses profissionais necessitam possuir

graduação e,ao menos, um ano de experiência como docente, instrutor ou

tutoria (BRASIL, 2016b).O Gráfico 2 mostra os resultados obtidos nessa

questão.

Gráfico 2: Grau de instrução dos tutores Fonte: Dados da pesquisadora

Outro aspecto observado nesta pesquisa, ainda sobre o perfil do tutor,

foi a sua renda mensal. Predomina, na amostra, uma renda mensal entre R$

2.812,00 a R$ 4.685,00 (27%); seguido por um número expressivo de tutores

que ganham até R$ 765,00 (24%), esse valor corresponde ao da bolsa mensal

paga aos tutores que não gera nenhum vinculo empregatício. 20% dos

profissionais possuem uma renda mensal entre R$ 766,00 a R$ 1.874,00, 17%

com renda entre R$ 1.875,00 a R$ 2.811,00, 8%ganham acima de R$ 7.650,00

e, por fim,3% declaram ter uma renda mensal entre R$ 4.686,00 a R$ 7.650,00.

A remuneração atual recebida pelos tutores via bolsa deve ser

destacada, uma vez que o valor desta bolsa é de apenas R$ 765,00 mensais

por uma jornada de 20 horas semanais (BRASIL, 2016b). Essa bolsa

independe da titulação, não gera vínculo formal de trabalho e direitos

trabalhistas. Para Mill (2015) esses fatores contribuem para a precarização do

14; 24%

28; 47%

9; 15% 8; 14%

0

5

10

15

20

25

30

Graduaçãocompleta

Especializaçãolatu sensucompleto

Mestradocompleto

Doutoradocompleto

Número de respondentes

85

trabalho na tutoria. Tonini (2017), em seus estudos, aponta a necessidade de

valorização e reconhecimento da atuação pedagógica do tutor, além de sua

remuneração, sobretudo ao se analisar os pré-requisitos para pagamento de

bolsistas.

No que concerne à experiência docente na educação a distância, 76%

dos tutores relataram possuir alguma experiência nessa modalidade, sendo

29% desse montante com mais de 5 anos de experiência, 14% com 4 anos, 5%

possuem 3 anos, 20% com 2 anos e 8% afirmaram ter pelo menos 1 ano de

prática na EaD. Ao passo que 24% dos entrevistados dizem ser essa a sua

primeira experiência com a educação não presencial, conforme o Gráfico

3.Esses dados demonstram que a maioria desses profissionais possui uma

experiência recente com a educação a distância. Contudo, para Oliveira, Mill e

Ribeiro (2014), ainda há pouca informação referente ao tempo necessário para

que se ocorra a apropriação de novos saberes fundamentais para uma

competência satisfatória na nova situação de ensino e aprendizagem da

educação a distância, principalmente para que não se acredite que bastaria o

uso das tecnologias digitais como modo de inovação.

Gráfico 3: Tempo de experiência docente na educação a distância. Fonte: Dados da pesquisadora

14

5

12

3

8

17

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

Primeiraexperiência

Possuo 1 ano deexperiência

Possuo 2 anosde experiência

Possuo 3 anosde experiência

Possuo 4 anosde experiência

Possuo mais de5 anos de

experiência

Número de respondentes

86

Além disso, a maioria dos tutores desempenha outra atividade

profissional ou acadêmica ademais da tutoria (95%). Desta forma, é possível

inferir que muitos dos participantes possuem a atuação na EaD como algo

adicional às suas atividades, contudo, não é possível determinar se a educação

a distância equivale à atividade que prevalece ou não entre suas ocupações.

O segundo grupo de perguntas é relativo à Formação do Tutor. A

questão indagou-os sobre a qualificação recebida para atuar nos cursos EaD.

52 entrevistados responderam ter recebido alguma qualificação (88%). Sendo

que desse montante que recebeu qualificação, 92% afirmam que ela os

capacita a fazer bem o seu trabalho na tutoria. Isso se configura como um fator

extremamente positivo em relação à oferta dos cursos, o que pode garantir

pelo menos o mínimo de qualidade na formação dos alunos. Em geral, há um

treinamento na própria plataforma em que o curso ocorrerá, antes de seu início.

Em geral, antes de iniciar o curso, os tutores recebem um treinamento

na mesma plataforma que irão atuar. Konrath, Tarouco e Behar (2009) afirmam

que a capacitação dos tutores é muito importante, uma vez que esses

profissionais podem apropriar-se dos meios de comunicação e das mídias

disponíveis no decorrer do curso. No decorrer da qualificação o tutor poderá

desempenhar o papel do cursista para se sentir como estes, compreendendo

suas angustias, dificuldades e desafios enfrentados.

A capacitação oferecida aos tutores é prevista também no Parecer

CNE/CES n. 197 de 2007, cuja avaliação é referente à formação desses

profissionais no item 2.2 que apresenta os critérios de avaliação sobre

Dimensão do Corpo Social de Tutores. Dando a maior pontuação para a

instituição “quando existe previsão de política de capacitação para a educação

a distância dos tutores e acompanhamento de seus trabalhos, com plenas

condições de implementação” (BRASIL, 2007c, p. 14).

Sobre as Condições de Trabalho, a primeira questão inquiriu os tutores a

respeito das horas aproximadas gastas por semana para se dedicarem à

tutoria, visto que nos editais de seleção é exigido pelo menos 20 horas

semanais. Foi observado que a maioria respondeu gastar entre 20 e 24 horas

semanais (59%) para realizar a atividade de tutoria, seguido por 25% de tutores

que indicam gastar menos de 20 horas, outros 12% gastam de 25 a 29 horas.

Apenas 3% indicam que gastam mais de 30 horas por semana, para realizar as

87

ações de tutoria.Isso mostra que 75% da amostra cumpre a carga horária

exigida.O Gráfico 4 mostra esses resultados.

Gráfico 4: Quantidade de horas trabalhadas semanalmente Fonte: Dados da pesquisadora

A pesquisa de Brust Hackmayer e Bohadana (2014) evidencia que as

respostas dos tutores a distância aos alunos devem ocorrer num prazo de até

48 horas. Por conseguinte, a dedicação acaba sendo muito maior do que se

previu para resolver todas as atividades. De acordo com Mill (2015), o trabalho

na educação a distância necessita ser regido por condições especiais, já que

se trata de um trabalho docente muito complexo na perspectiva trabalhista.

Essa complexidade encontra-se no estabelecimento dos elementos que

constituem o trabalho, em especial quanto ao número de estudantes atendidos,

ao volume de trabalho, à remuneração recebida, a carga horária dedicada, ao

horário e lugar de trabalho, à energia elétrica, ao custo do serviço de internet e

aos equipamentos usados como meio para realizar esse trabalho. Esses

aspectos, ainda, são influenciados por outros elementos peculiares da

modalidade de educação não presencial.

Ao analisar os dados sobre a quantidade de cursistas de

responsabilidade de cada tutor, percebe-se que a maioria 47% dos tutores tem

em média trinta alunos sob sua responsabilidade, seguidos por 20% dos

tutores que lidam aproximadamente com vinte cursistas, os que se

responsabilizam por quarenta cursistas representam 15%. Outros 12% afirmam

se responsabilizar por mais de cinquenta cursistas e a minoria de 5% indica

possuir cerca de cinquenta cursistas sob seus cuidados, o que pode

15; 26%

35; 59%

7; 12%

2; 3%

Menos de 20 horas

Entre 20 e 24 horas

Entre 25 e 29 horas

Mais de 30 horas

88

representar um aspecto preocupante, mesmo que o percentual de tutores que

estão submetidos a esse quantitativo de alunos sob sua responsabilidade seja

a minoria.

Sobre a quantidade de cursistas por tutor, não há um regulamento

específico que limita esse quantitativo máximo ou mínimo de alunos para cada

profissional. O Parecer 197 de 2007, sobre a Dimensão da Organização

Didático-pedagógica, no item 1.1.4 informa que a nota máxima é atribuída

Quando o número de vagas proposto para o curso está plenamente dimensionado em relação ao corpo docente e à tutoria, bem como às condições de infra-estrutura da IES, especialmente, as que dizem respeito ao atendimento aos estudantes, nos pólos de apoio presencial (BRASIL, 2007c).

Logo, fica por conta de cada IES e de cada curso definir a quantidade de

cursistas por tutor, o que pode possibilitar a sobrecarga com uma quantidade

elevada de alunos sob sua responsabilidade. Uma vez que tal norma é flexível

e nada objetiva.

Considerando que esse tutor tem que cumprir 20 horas semanais na

tutoria e, em geral, essa a maior parte da carga horária é cumprida aos fins de

semana, é possível haver uma sobrecarga no trabalho realizado pelo tutor,

visto que a maioria dos entrevistados afirma usar o horário que seria destinado

ao descanso ou lazer para a realização da atividade de tutoria 81%,

contrapondo 19% que responderam não, considerando que o tutor deve atuar

20 horas semanais na EaD. Em geral, os finais de semana correspondem ao

período de maior demanda de trabalho aos tutores EaD. Na maioria das vezes,

o aluno utiliza esse período para dedicarem maior tempo ao curso não-

presencial. Belloni (2015) lembra que a clientela da educação a distância é

geralmente adulta e trabalha, estudam em tempo parcial.

Ao inquirir os tutores a respeito do local onde realizam a atividade de

tutoria, mais da metade informou realizar a atividade em casa (64%), seguidos

por 25% que indicam realizar seu trabalho no polo. 5% afirmam que a atividade

de tutoria é desenvolvida em casa e no polo, outros 3% afirmam desenvolver a

tutoria na faculdade e 2% relatam que a tutoria é realizada Polo/Trabalho/Casa.

Observa-se, por meio da pesquisa, que o trabalho de tutoria EaD é

sobremaneira domiciliar. Segundo Mill (2015), percebe-se uma configuração

dos espaços e tempos no trabalho do tutor. A tutoria é realizada em um “outro

89

espaço que não aquele tradicionalmente habitado pelo trabalhador da

educação presencial, e com outros tempos e movimentos, diferentes dos da

duração da docência presencial” (MILL, 2015, p. 127).

Consoante à organização deste trabalho, sobre as Ações na Tutoria,

elencou-se aspectos a fim de entender o conhecimento que o tutor possui

sobre o projeto pedagógico do curso em que atua, em relação o domínio das

ferramentas de interação no desenvolvimento de atividades virtuais, contato

entre o professor formador e o tutor no decorrer da disciplina, atividades

realizadas como tutor, além de elencar quais são os fatores restritivos e

facilitadores no exercício da tutoria.

Em relação à comunicação entre o professor formador e o tutor, 36

(61%) entrevistados relataram que esse contato é feito pelo ambiente virtual de

aprendizagem, 18 (31%) afirmam ser por e-mail e 5 (6%) tutores disseram que

apenas mantém contatos esporádicos, somente quando necessário. Apesar de

nenhum tutor mencionar haver reuniões periódicas com o professor formador,

ao indagá-los sobre o projeto pedagógico do curso em que atuam, 78%

afirmaram conhecê-lo; 8% não o conhecem e 7% dizem saber de sua

existência, mas nunca o viram, mesmo percentual (7%) para os que relatam

que atuam no ambiente a partir das orientações do projeto.

As relações estabelecidas entre professor formador e tutor requerem

uma conexão para a discussão do desenvolvimento do curso. Para Abreu-e-

Lima e Alves (2011), a tarefa do tutor é muito complexa e desafiadora, por isso

precisa ser orientada e apoiada. Oliveira, Mill e Ribeiro (2014), em seus

estudos, afirmam que o tutor é o mediador entre alunos, tecnologias,

conhecimento e professores; desta forma, o resultado positivo de uma proposta

está condicionado a uma prática exitosa desses atores. Todavia, em muitas

situações, de acordo com Mattar (2012), a ação do tutor acaba sendo

esvaziada, visto que sua atuação fica engessada,comprovando o vínculo

hierárquico centralizado somente na figura do professor formador em relação à

proposta educacional.

Ao questionar sobre as ferramentas de interação utilizadas na tutoria

para os respondentes, podendo o tutor escolher mais de uma opção, encontra-

se fórum (83%), e-mail (67%), whatsApp (64%), chat (30%) e telefone (25%).

90

As demais alternativas contabilizam 1% cada uma: plataforma, mensagens e

redes sociais.

O fórum e o e-mail, apontados, respectivamente, pelos tutores desta

pesquisa como as ferramentas para a interação mais utilizadas,de acordo com

Grossi, Moraes e Brescia (2013), têm a capacidade de promover a troca de

informação de maneira assíncrona. Belloni (2015) afirma que as ferramentas

da educação a distância devem permitir a comunicação plena entre todos os

participantes, mesmo que separados espaço-temporalmente.

O whatsApp, terceira ferramenta mais citada pelos tutores como forma

de interação, é um aplicativo multiplataforma que possibilita a troca de

mensagens curtas e conteúdos audiovisuais por meio do celular e da Internet.

Possivelmente, porque o smartphone figura como um dispositivo de acesso, de

modo frequente, aproveitado pelos brasileiros nas atividades diárias (BRASIL,

2014).

As ações na tutoria também foram pesquisadas. Essas foram agrupadas

conforme o fundamento teórico de Belloni (2015) em três dimensões de ações

na tutoria: pedagógica, tecnológica e didática. A dimensão pedagógica diz

respeito às atividades de aconselhamento, orientação e tutoria e incluí o

domínio de conhecimentos relacionados à área específica da pedagogia. A

segunda dimensão, tecnológica, compreende as relações entre educação e

tecnologia em todos os aspectos. Já a dimensão didática abrange a formação

específica do tutor em determinado campo científico, além da constante

necessidade de sua atualização.

Belloni (2015) explica que o tutor desempenha atividades docentes e de

mediação. A docência compreende a elaboração de materiais didáticos, o

esclarecimento de dúvidas e a correção de atividades. No que tange à

mediação, atividades como estímulo a comunicação, promoção da autonomia

de aprendizagem e posturas críticas são abarcadas por essa área. Na

docência, o tutor executa atividades em três dimensões. Na mediação,

somente nas dimensões pedagógicas e tecnológicas.

Elencou-se algumas tarefas para cada uma dessas dimensões. Em

relação à atuação na docência, especificamente na dimensão pedagógica,

destacaram-se as atividades de tirar dúvidas sobre a disciplina (92%), de

estimular o aprofundamento de conteúdos das disciplinas (83%) e de ajudar os

91

alunos a resolverem questões pedagógicas (75%). 42 tutores afirmam dar

feedback constante sobre o processo de ensino e aprendizagem (71%), 36 e

35 tutores, respectivamente, informam que constroem vínculo afetivo com o

aluno (61%) e corrigem trabalhos (59%). Entre os que se dirigem formalmente

aos alunos e os que se consideram informais, há um equilíbrio da

porcentagem. Estes somam 49% e aqueles 51%. 19 tutores informam dirigir-se

mais ao grupo do que ao indivíduo para sanar dúvidas gerais (32%). Nenhum

tutor relatou atuar apenas como observador, com o mínimo de interferência. Os

resultados referentes a essa questão estão apresentados no Gráfico 5.

Gráfico 5: Atuação na docência, na dimensão pedagógica. Fonte: Dados da pesquisadora

Ainda na atuação docente, mas com a perspectiva da dimensão

tecnológica, um pouco mais da metade dos respondentes (54%) disse que

fornece informações acerca de recursos adicionais para os alunos que

0

19

29 30

35 36

4244

49

54

0

10

20

30

40

50

60

Docência - Dimensão Pedagógica

Número de escolhas

92

pretendem aprofundar uma matéria determinada. 20% afirmam planejar e

orientar os debates entre alunos, quer presenciais, quer por meio de

tecnologias de conferência (áudio, vídeo, computador) e 19% desenvolvem

recursos adicionais ou materiais de tutoria, de acordo com o Gráfico 6.

Gráfico 6: Atuação na docência, na dimensão tecnológica. Fonte: Dados da pesquisadora

Na dimensão didática, sob o aspecto docente, a maior parte dos tutores

informou que mantém contato no início do curso para esclarecer a didática que

será empregada (78%). A atividade de realizar prática didática para que o

aluno adquira uma metodologia autônoma de estudo é relatada por 44% da

amostra. Somente 5% elaboram exercícios complementares para apoio à

aprendizagem.O Gráfico 7 mostra os resultados obtidos nessa questão.

Em relação à mediação, na perspectiva da dimensão pedagógica, as

três atividades mais relatadas pelos tutores no questionário são as de animar o

grupo com palavras de incentivo e entusiasmo (88%), seguida pela atividade

de posicionar-se como mediador entre o aluno e a construção do conhecimento

(81%), mesmo percentual dos que afirmam se posicionar como elo entre

professor e aluno (81%). A atuação como um estimulador da reflexão crítica

ajudando o aluno a ampliar o seu entendimento e, a atividade de entrar em

contato com o aluno, que demonstra desânimo, aparecem com 80% cada. 78%

dos tutores reportaram que avaliam a qualidade das discussões e intervém

para o grupo não desviar do foco. Outros mediam as discussões conferindo

maior complexidade à temática (64%), ajudam os alunos a resolverem

11

12

32

0 20 40

Desenvolve recursos adicionais ou materiaisde tutoria

Planeja e orienta os debates entre alunos,quer presenciais, quer por meio de

tecnologias de conferência (áudio, vídeo,…

Fornece informações acerca de recursosadicionais para os alunos que pretendem

aprofundar uma matéria determinada.

Docência - Dimensão Tecnológica

Número de escolhas

93

questões administrativas, que possam impedir o respectivo progresso no curso

(63%), realizam sondagem para conhecer o perfil sociocultural e expectativas

dos alunos (34%), e 32% ajudam os alunos a resolverem questões pessoais

que possam impedir o respectivo progresso no curso. Os resultados obtidos

nessa questão estão no Gráfico 8.

Gráfico 7: Atuação na docência, na dimensão didática. Fonte: Dados da pesquisadora

Gráfico 8: Atuação dos tutores na mediação, na dimensão didática. Fonte: Dados da pesquisadora

3

26

46

0

10

20

30

40

50

Elabora exercícioscomplementares para apoio à

aprendizagem.

Realiza uma prática didáticapara que o aluno adquira uma

metodologia autônoma deestudo.

Mantém contato no início docurso para esclarecer a didática

que será empregada

Docência - Dimensão Didática

Número de escolhas

19

20

37

38

46

47

47

48

48

52

0 10 20 30 40 50 60

Ajuda os alunos a resolverem questõespessoais

Realiza sondagem para conhecer o perfilsociocultural.

Ajuda os alunos a resolverem questõesAdministrativas

Media as discussões conferindo maiorcomplexidade à temática.

Avalia a qualidade das discussões e intervémpara não desviar do foco.

Entra em contato com o aluno que demonstradesânimo.

Estimula a reflexão crítica.

Posiciona-se como elo entre professor e aluno.

Posiciona-se como mediador entre o aluno e oconhecimento.

Anima o grupo com palavras de incentivo,entusiasmo.

Mediação- Dimensão Pedagógica

Número de escolhas

94

Ademais da atuação do tutor no processo de ensino e aprendizagem,

observa-se a importância do conhecimento das tecnologias referentes à

educação. Sobre a dimensão tecnológica, ainda na mediação, a maioria dos

tutores mantém contato com os alunos por meio de mensagens (92%). Mais da

metade informou que ajuda os alunos a resolverem questões de uso das

tecnologias que possam impedir o respectivo progresso no curso (75%),

conforme Gráfico 9.

Gráfico 9: Atuação na mediação, na dimensão tecnológica. Fonte: Dados da pesquisadora

As numerosas ações realizadas pelos tutores mostram ser necessário

possuir conhecimentos para além da disciplina tutorada, contudo está de

acordo com o definido por Belloni (2015). Dentre eles: mediar a utilização dos

materiais didáticos do curso, possuir capacidade de comunicação para

estimular e mediar as discussões de forma a permitir o desenvolvimento da

reflexão crítica e a autonomia do cursista, utilizar as TDIC para promover a

colaboração e interação entre alunos. (Belloni, 2015). O trabalho de Tenório,

Gonçalves e Tenório (2015) com tutores de uma instituição privada também

apontou ações na tutoria nas áreas de mediação e docência.

As dificuldades e as facilidades encontradas pelos tutores em seu

trabalho também foram foco de interesse desta pesquisa no questionário

online. Em ambas foram apontadas alternativas aos quais os tutores poderiam

marcar mais de uma e, ao final, um campo aberto possibilitou-lhes que

apontassem novos itens.

Ao questionar os tutores sobre os elementos restritivos em relação ao

exercício da tutoria,a maioria informou que o desinteresse do aluno é um fator

4454

0

10

20

30

40

50

60

Ajuda os alunos a resolverem questões deuso das tecnologias

Mantém contato com frequência pormensagens.

Mediação - Dimensão Tecnológica

Número de escolhas

95

restritivo (72%). 57% dos respondentes afirmam que o salário também

restringe o exercício da tutoria e 30% consideram a falta de reconhecimento

legal do tutor como professor. Para 15 tutores (25%) é a sobrecarga, 16%

acham que a falta de autonomia restringe essa relação, 13% afirmam ser a

falta de formação continuada, 11% dos tutores indicaram o material didático

não adaptado a EaD. Para 10% é a falta de tempo, 5% creem ser a dificuldade

de acesso à internet e 3% indicaram ser a dificuldade com os instrumentos de

comunicação. Já 1% informou ser, respectivamente, o tema que, por vezes, se

repete nos fóruns, a evasão, tutoriar mais de 3 disciplinas ao mesmo tempo e a

demora na entrega do material didático. O Gráfico 10 apresenta os resultados

referentes a essa questão.

Gráfico 10: Elementos restritivos em relação ao exercício da tutoria. Fonte: Dados da pesquisadora

1

1

1

1

2

3

6

7

8

10

15

18

34

43

0 10 20 30 40 50

Demora na entrega do material didático

Tutoriar mais de 3 disiciplinas ao mesmo tempo

evasão

tema repetido nos foruns

Dificuldade com os instrumentos de comunicação

dificuldade de acesso Conexão lenta à internet

Falta de tempo

Material didático não adaptado à EaD

Falta de formação continuada.

Falta de autonomia do aluno

Sobrecarga de trabalho

Falta de reconhecimento legal do tutor comoprofessor

Salário

Desinteresse do aluno

Elementos Restritivos

Número de escolhas

96

As dificuldades abordadas pelos entrevistados já foram evidenciadas por

outros estudiosos. Mill (2015) e Tonini (2017) discutiram as dificuldades

enfrentadas pelos tutores perante a sua profissão em consequência da

inexistência de direitos trabalhistas, o que conduziria à insegurança e

condições exaustivas em suas atividades. Kenski (2015) apontou a

necessidade de participação ativa do estudante para o desenvolvimento da

aprendizagem na educação a distância e levantou a importância da elaboração

de materiais didáticos dirigidos à EaD.A pesquisa de Lima (2016) apontou uma

série de dificuldades: problema com o acesso à internet e a plataforma;

restrição nas orientações do professor formador, turmas numerosas etc.

Os tutores foram indagados também quanto aos elementos que

facilitariam suas atividades. De acordo com a análise dos dados, a flexibilidade

de horário é o fator mais apontado pelos tutores (96%), seguido pelo registro

das informações no ambiente virtual de aprendizagem (72%), 67% indicam a

possibilidade de atendimento individual do aluno, 64% apontam a maior

quantidade de informação disponível, 61% informam que o estímulo à

autonomia na aprendizagem auxilia no exercício da tutoria e 39% creem que é

a utilização das TDIC, conforme o Gráfico 11.

Gráfico 11: Elementos facilitadores em relação ao exercício da tutoria. Fonte: Dados da pesquisadora

A flexibilidade de tempo e espaço do trabalho, item mais recorrente entre

as respostas dos participantes, confirma a boa aceitação do trabalho virtual. De

23

36 38 40 43

57

0

10

20

30

40

50

60

Utilização deTDICs

Estímulo aautonomia naaprendizagem.

Maiorquantidade de

informaçãodisponível.

Possibilidadede

atendimentoindividual do

aluno.

Registro dasinformações

em AVAs.

Flexibilidadede horário.

Elementos facilitadores

Número de escolhas

97

acordo com Mill (2014) a capacidade que as tecnologias têm de flexibilizar os

espaços e tempos de estudo e trabalho exerce grande influência sobre os

profissionais da EaD. Contudo, para o referido autor, esse é o aspecto que

mais estimula a precarização do trabalho, visto que se exige uma dedicação

quase que integral às atividades de tutoria.

Consoante aos elementos apontados pelos tutores como facilitadores,

Faria (2013), em sua pesquisa, lista as vantagens que a educação a distância

pode oferecer: desenvolvimento de uma melhor gestão de tempo, conforme a

disponibilidade do aluno; facilidade no acesso, na atualização e no

compartilhamento das informações; e diversos meios de interação e troca de

experiências entre tutor e aluno.

Ao perguntar aos tutores sobre a Avaliação e Satisfação do seu trabalho

realizado. Todos os 59 entrevistados afirmaram estarem satisfeitos com o

trabalho desenvolvido na tutoria EaD (100%). Perguntados se o trabalho de

tutor lhes proporcionava um sentimento de realização profissional, a grande

maioria de tutores (88%) afirma que sim. Todavia, a despeito da tutoria lhes

proporcionar uma realização profissional, isso ainda não bastaria para

assegurá-los uma vida de qualidade, ficando evidente não só pelas condições

precárias já tratadas, como também porque apenas 5% da amostra respondeu

que atualmente possui como atividade somente o trabalho na educação a

distância e, a expressiva maioria, ter outras atividades além da tutoria.

Os entrevistados foram inquiridos a respeito da autonomia em resolver

problemas na tutoria. Na análise da amostra geral, foi observado que 78% dos

respondentes afirmam ter liberdade para a iniciativa no sentido de resolver

problemas inerentes à atividade. Chaquime e Mil (2016) afirmam que uma

maior autonomia do tutor para intervir contribui para otimização de sua ação

mediadora nos cursos EaD. Para Oliveira, Mill e Ribeiro (2014) o

desenvolvimento da autonomia é condição sine qua non para se adquirir a

excelência profissional. Em seu trabalho, Silva (2015) afirma que o tutor deve

ser livre e ter autonomia para elaborar situações, articular discussões não

previstas, propor materiais etc. Tudo que propicie o processo de ensino e

aprendizagem.

Por fim, foi perguntado aos tutores sobre a sua capacidade de

proatividade. Mais da metade dos respondentes (64%) acredita ser satisfatória,

98

identificando e colaborando com as dificuldades dos alunos; seguido por 22%

que acreditam que sua atuação é satisfatória para o desenvolvimento da

disciplina, outros 12% informam saber o suficiente para colaborar com a

aprendizagem dos seus alunos e 12% dos respondentes afirmam que

necessitam conhecer mais sobre a atuação nos ambientes virtuais. O Gráfico

12 mostra os resultados da questão.

Gráfico 12: capacidade de proatividade. Fonte: Dados da pesquisadora

Pode-se pensar, então, que a instituição pesquisada tem oferecido na

modalidade de EaD condições para que o trabalho gere satisfação na grande

maioria dos tutores.Oliveira, Mill e Ribeiro (2014) apontam que uma formação

sólida do tutor na área de conhecimento específico e o apoio e suporte tanto do

professor formador como da equipe técnica, gestores e demais profissionais,

são de fundamental importância para que esse tutor desempenhe suas

atribuições com segurança. A atuação como tutor colabora para a formação de

um profissional mais capacitado para desenvolver suas tarefas na educação

numa sociedade em incessante mudança (OLIVEIRA; MILL; RIBEIRO, 2014).

A seguir estão as considerações finais sobre este trabalho.

2%

12%

22%

64%

ProatividadeAcredito que necessito conhecermais sobre a atuação nosambientes virtuais

Acredito que sei o suficiente paracolaborar com a aprendizagemdos meus alunos.

Acredito que minha atuação ésatisfatória para odesenvolvimento da disciplina

Satisfatória, pois identifico ecolaboro com as dificuldades dosmeus alunos

99

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O tutor sempre esteve presente no contexto da educação a distância. É

ele o responsável pela mediação de todo o processo de ensino e

aprendizagem do curso, criando possibilidades para que o aluno cresça e

desenvolva seu conhecimento por meio dessa mediação pedagógica,

conduzindo-o a novos saberes. Este estudo objetivou investigar as atribuições

e o papel do tutor na EaD. Pretendeu-se discutir aspectos relevantes de seu

trabalho no sistema de tutoria com a finalidade de construir subsídios para a

estruturação de parâmetros que possam auxiliar as instituições educacionais

na compreensão das ações de seus tutores.

Por meio de uma revisão bibliográfica e um estudo de caso com

aplicação de questionário on-line respondido por tutores de uma instituição

pública de ensino, localizada no sul de Minas Gerais, foi possível perceber uma

presença mediadora, entre outras dimensões, ao descrever as atribuições de

responsabilidade do tutor.

Com os resultados decorrentes do questionário online aplicado aos

tutores, foi possível estabelecer um perfil predominante dos envolvidos com as

características exploradas pela pesquisa. A maioria dos tutores é do sexo

feminino e possui formação acadêmica superior ao exigido para a atuação. A

maioria, também, afirmou desempenhar outra atividade profissional ou

acadêmica, além da tutoria. Com isso, pode-se inferir que a atuação na

educação a distância é algo adicional às suas atividades.

No que tange a qualificação para atuar em cursos EaD, a maioria dos

tutores relatou tê-la recebido. Esses tutores afirmaram que esse treinamento os

capacitou a fazer bem o seu trabalho na tutoria, configurando, assim, como um

fator positivo em relação à oferta dos cursos, garantindo o mínimo de qualidade

aos alunos.

Em relação às condições de trabalho, a maioria da amostra cumpre

efetivamente a carga horária exigida e tem mais de 30 cursistas sob sua

responsabilidade. Embora não haja um regulamento específico que limite esse

quantitativo máximo ou mínimo de alunos para cada tutor.Esse fator pode

possibilitar sobrecarga,dependendo do número de alunos sob sua

responsabilidade, já que fica a cargo de cada IES e de cada curso definir a

100

quantidade de cursistas por tutor. A maioria dos tutores informou utilizar o

horário destinado ao descanso e ao lazer para a atividade de tutoria.

A interação e a mediação na educação a distância são extremamente

importantes para a aprendizagem do estudante EaD. As ferramentas mais

utilizadas pelos participantes da pesquisa são fórum, e-mail, whatsApp e chat.

Essas ferramentas permitem a comunicação entre os participantes mesmo

separados pelo espaço e pelo tempo.

As ações na tutoria desempenhadas pelo tutor na educação a distância

são diversas. Essas ações são variadas e requerem mobilização de saberes

pedagógicos, didáticos e tecnológicos, corroborando a pesquisa de Belloni

(2015). Dentre as atividades mais escolhidas, destacam-se a de: estimular o

aprofundamento de conteúdos das disciplinas, fornecer informações acerca de

recursos adicionais para os alunos que pretendem aprofundar em uma matéria

determinada, manter contato no início do curso para esclarecer a didática que

será empregada, animar o grupo com palavras de incentivo e entusiasmo e

manter contato com os alunos por meio de mensagens.

Conforme os respondentes, os elementos que restringem a atuação na

tutoria é o desinteresse do aluno, o salário, a falta de reconhecimento legal do

tutor como professor, a sobrecarga, a falta de autonomia, entre outros.

Entretanto, os elementos facilitadores são, sobretudo, a flexibilidade, o registro

de informações no AVA, o atendimento individual, mais informações, o estímulo

à autonomia e às TDIC. Outros autores, como Tonini (2017), Lima (2016),

Kenski (2015), Mill (2015 e 2014) e Faria (2013) apontaram alguns desses

elementos da tutoria a distância.

Pode-se inferir que a instituição pesquisada oferece condições para que

o trabalho gere satisfação aos tutores, visto que a maioria afirma que sua

atuação identifica e colabora com as dificuldades dos alunos. As ações do tutor

resgatam o valor da instrução pedagógica de modo emancipador quando

comprometido com uma conduta mediadora para o pensar.

Em relação à realidade do tutor na EaD, há, ainda, muito que se

investigar. Ele tem, em geral, a responsabilidade de acompanhar o educando

em todo o processo de aprendizagem, de orientação e explicação de

conteúdos até o momento de avaliação. Contudo, em grande parte das

instituições, o tutor recebe um valor secundário, inferiorizado, considerando-se

101

que a ele cabe somente a atribuição de mediador da informação, entre material

didático e aluno, sendo o primeiro auto explicativo, viabilizando ao estudante a

autoaprendizagem.

De acordo com a pesquisa realizada, neste estudo, pode-se comprovar

a hipótese inicial de que o papel do tutor deve ser compreendido como o

conjunto condições indispensáveis para que ocorra o processo de

aprendizagem à distância. As ações desempenhadas por esse profissional no

curso EaD pesquisado esclarece melhor o papel deste profissional e colaboram

para a obtenção dos objetivos desses cursos. Contudo, sua atuação chega a

extrapolar as atribuições contidas em documentos legais.

Nesse sentido, o tutor, muitas vezes, acaba por desenvolver uma

mediação mais complexa e ampla em relação ao que se estabelece em

programas de cursos EaD e/ou documentos oficiais. Para Mattar (2012) as

exigências sobre o tutor são enormes. Inclui-se a necessidade de ter

capacidade para exercer várias funções e de desempenhar diversos papéis.

Esse autor cita que, na prática, o profissional tutor se depara, de forma natural,

com dificuldades no cumprimento de suas atribuições. Tonini (2017) evidencia

questões relevantes acerca desse profissional da educação, como a baixa

remuneração e o precário vínculo de trabalho, posto que esse vínculo, em

geral, é de bolsista. Para esse autor, o tutor não logra êxito com o

reconhecimento e a valorização.

A experiência empírica de tutor a distância bolsista vivenciada pela

pesquisadora deste trabalho desde 2016 foi confrontada com pesquisa

bibliográfica sobre educação a distância em relação às atribuições e o papel do

tutor e analisada no contexto do trabalho desse profissional.

Esse trabalho discutiu as atribuições e o papel de um grupo particular de

tutores a distância, com o objetivo de contribuir para a compreensão de suas

ações na tutoria, não esgotando, entretanto, as possibilidades de abordagem

desse tema. Estudos futuros poderiam pesquisar as perspectivas de gestores

de cursos EaD em relação às ações do tutor.

102

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114

ANEXO A

115

APENDICE A

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)

Com os cordiais cumprimentos, eu, Ana Paula Villela, discente do

Mestrado em Educação da Universidade do Vale do Sapucaí (UNIVÁS),

juntamente com a professora Drª. Vânia dos Santos Mesquita, da UNIVÁS,

Pouso Alegre, MG, estamos realizando uma pesquisa intitulada: O PAPEL DO

TUTOR NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA, com o objetivo principal de investigar

as atribuições e o papel do tutor na EaD. Pretende-se discutir aspectos

relevantes de seu trabalho no sistema de tutoria com a finalidade de construir

subsídios para a estruturação de parâmetros que possam auxiliar as

instituições educacionais na compreensão das ações de seus tutores. Como

objetivos específicos: a) compreender como se constituiu, historicamente, no

Brasil, a figura do tutor na EaD; b) investigar quais são as ações da tutoria na

atualidade, no contexto brasileiro, na EaD; c) investigar os desafios enfrentados

pelos tutores no desempenho de suas ações na tutoria; d) investigar se as

ações do tutor estão condizentes com as ações previstas nos documentos

oficiais.

A pesquisa será aplicada, baseada na abordagem quati-qualitativa e

realizada por um estudo de caso. Este estudo será direcionado aos tutores de

cursos técnicos e graduação dos campi do Instituto Federal de Educação,

Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais (IFSULDEMINAS), cujo nome da

instituição, bem como dos sujeitos pesquisados (tutores respondentes do

questionário) não serão revelados em nenhum documento ou apresentação

pública.

Por meio de um formulário eletrônico os tutores serão convidados a

responderem a algumas perguntas referentes ao perfil do tutor, como idade e

sexo; a formação do tutor;as condições de trabalho, como quantidade de horas

trabalhadas; a ações na tutoria, como ferramentas utilizadas e atividades

desenvolvidas; a avaliação e satisfação do trabalho realizado e sobre a

proatividade do tutor.

116

Este estudo será realizado após a autorização do IFSULDEMINAS e a

aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa da UNIVÁS.

A realização deste estudo não lhe (s) trará (ão) consequências físicas ou

psicológicas. Em caso de dúvidas e maiores informações, poderá entrar em

contato com o Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Faculdade de Ciências

da Saúde “Dr. José Antônio Garcia Coutinho”, que é o órgão que irá controlar a

pesquisa do ponto de vista ético. O CEP funciona de segunda a sexta feira e o

seu telefone é (35) 3449 2199, Pouso Alegre, MG.

O (a) senhor (a) concorda em participar deste estudo? Em caso

afirmativo, deverá ler a “Declaração”, que segue abaixo, assinando-a no local

próprio.

DECLARAÇÃO

Declaro, para os devidos fins, que fomos informados (as) sobre esta

pesquisa, estou ciente dos seus objetivos e relevância, assim como me foram

retiradas todas as dúvidas.

Mediante isto, concordo livremente em participar dela, fornecendo as

informações necessárias. Estou também ciente que, se quiser e em qualquer

momento, poderei retirar o meu consentimento deste estudo.

Para tanto, lavro minha assinatura em duas vias deste documento,

ficando uma delas comigo e a outra com o pesquisador (a).

Pouso Alegre, ______________2017

Participante: ______________________________________

Assinatura: ______________________________________

Pesquisador (a): __________________________________

Assinatura: ______________________________________

117

APENDICE B

QUESTIONÁRIO DE PESQUISA

Prezado tutor (a), este questionário faz parte de uma pesquisa do

Mestrado em Educação, da Universidade do Vale do Sapucaí (UNIVÁS), sobre

o Papel do Tutor na Educação a Distância, do IFSULDEMINAS. Sua

colaboração é fundamental para traçarmos o perfil desse profissional, bem

como para indicarmos as atribuições e o papel que os tutores vêm

desempenhando em cursos na modalidade a distância. Antes de

apresentarmos esse questionário, gostaríamos de informá-los que todos os

procedimentos éticos foram levados em conta, como a autorização da reitoria e

do diretor da Educação a Distância do IFSULDEMINAS e a aprovação do

Comitê de Ética em Pesquisa da UNIVÁS,

Obrigada pela sua colaboração!

PERFIL DO TUTOR A DISTÂNCIA

1. Sexo:

( ) Feminino ( ) Masculino

2. Faixa de idade:

( ) 20 a 24 anos

( ) 25 a 29 anos

( ) 30 a 34 anos

( ) 35 a 40 anos

( ) Mais de 40 anos

3. Grau de instrução:

( ) Graduação completa

( ) Especialização latu sensu em andamento

( ) Especialização latu sensu completo

( ) Mestrado em andamento

118

( ) Mestrado completo

( ) Doutorado em andamento

( ) Doutorado completo

4. Sua renda mensal corresponde a seguinte opção abaixo:

( ) Até R$ 765,00

( ) R$ 766,00 a R$ 1.874,00

( ) R$ 1.875,00 a R$ 2.811,00

( ) R$ 2.812,00 a R$ 4.685,00

( ) R$ 4.685,00 a R$ 7.650,00

( ) Acima de R$ 7.650,00

5. Qual sua experiência como tutor a distância?

( ) Primeira experiência

( ) Possuo 1 ano de experiência

( ) Possuo 2 anos de experiência

( ) Possuo 3 anos de experiência

( ) Possuo 4 anos de experiência

( ) Possuo mais de 5 anos de experiência

6. Atualmente você:

( ) Só trabalha em educação a distância

( ) Trabalha e estuda

( ) Trabalha em educação a distância e em outras atividades profissionais

( ) Trabalha em educação a distância, em outras atividades profissionais e

estuda

FORMAÇÃO DO TUTOR

7. Você recebeu qualificação para atuar na tutoria a distância?

( ) Sim ( ) Não

Caso a resposta seja positiva, essa qualificação recebida o capacita a

fazer bem o seu trabalho na tutoria?

( ) Sim ( ) Não

119

CONDIÇÕES DE TRABALHO

8. Quantas horas por semana você gasta para realizar a atividade de

tutoria?

( ) Menos de 20 horas

( ) Entre 20 e 24 horas

( ) Entre 25 e 29 horas

( ) Mais de 30 horas 40h

9. Quantos cursistas em média você tem sob sua responsabilidade?

( ) 20

( ) 30

( ) 40

( ) 50

( ) Mais de 50

10. Em qual local você realiza a atividade de tutoria?

( ) Em casa

( ) No polo

( ) Na faculdade

( ) Em Lan house

( ) Outro local. Informe qual:

11. Você utiliza o horário que seria destinado ao descanso ou lazer para a

realização

da atividade de tutoria?

( ) Sim ( ) Não

AÇÕES NA TUTORIA

12. Você mantém contato frequente com o professor formador da

disciplina para orientações pedagógicas através de: (Escolha uma das

opções baixo que melhor representa sua ação na EaD).

( ) E-mail

120

( ) Telefone

( ) Reuniões periódicas

( ) Por meio do ambiente virtual

( ) Não mantém contato

( ) Reunião apenas no inicio e fim da disciplina

( ) Contatos esporádicos, apenas quando necessário

13. Você conhece o projeto pedagógico do curso em que você atua?

(Escolha uma das opções baixo que melhor representa sua ação na EaD).

( ) Sim

( ) Não

( ) Já vi, mas não conheço

( ) Sei que existe, mas nunca vi

( ) Atuo no ambiente a partir das orientações do projeto

14. Quais as ferramentas de interação você utiliza na tutoria?

( ) Chat

( ) E-mail

( ) WhatsApp

( ) Telefone

( ) Fórum

( ) Outras. Informe qual:

15. Marque as atividades que você realiza como tutor:

( ) Mantém contato no início do curso para esclarecer a didática que será

empregada

( ) Anima o grupo com palavras de incentivo, entusiasmo.

( ) Entra em contato com o aluno que demonstra desânimo, pouca participação.

( ) Mantém contato com frequência por mensagens.

( ) Elabora exercícios complementares para apoio à aprendizagem.

( ) Dá feedback constante sobre o processo de aprendizagem dos alunos.

( ) Avalia a qualidade das discussões e intervém para o grupo não desviar do

foco.

121

( ) Media as discussões conferindo maior complexidade à temática que está

sendo discutida.

( ) Corrigi trabalhos dos alunos

( ) Tira dúvidas referentes à disciplina

( ) Constrói vinculo afetivo com aluno.

( ) Desenvolve recursos adicionais ou materiais de tutoria

( ) Posiciona-se como elo entre professor e aluno.

( ) Posiciona-se como mediador entre o aluno e a construção do conhecimento.

() Fornece informações acerca de recursos adicionais para os alunos que

pretendem aprofundar uma matéria determinada.

( )Dirigi-se mais ao grupo do que ao indivíduo, para sanar dúvidas gerais.

( ) Planeja e orienta os debates entre alunos, quer presenciais, quer por meio

de tecnologias de conferência (áudio, vídeo, computador).

( ) Realiza uma prática didática para que o aluno adquira uma metodologia

autônoma de estudo.

( ) Mantém-se apenas como observador, acompanhando o aluno com o mínimo

de interferência.

( ) Ajuda os alunos a resolverem questões pedagógicas que possam impedir o

respectivo progresso no curso.

( ) Ajuda os alunos a resolverem questões Administrativas que possam impedir

o respectivo progresso no curso.

( ) Ajuda os alunos a resolverem questões pessoais que possam impedir o

respectivo progresso no curso.

( ) Ajuda os alunos a resolverem questões de uso das tecnologias que possam

impedir o respectivo progresso no curso.

( ) Estimula a reflexão crítica ajudando o aluno a ampliar o seu entendimento.

( ) Realiza sondagem para conhecer o perfil sociocultural, expectativas dos

alunos.

( ) É informal e mantém o bom-humor.

( )Dirigi-se aos alunos com formalidade.

( ) Estimula o aprofundamento e a atualização dos conteúdos das disciplinas.

( ) Incentiva a comunicação e a cooperação entre alunos.

122

16. Marque as opções abaixo que você considera como restritivos em

relação ao exercício da tutoria.(Que atrapalham sua atuação profissional).

( ) Falta de tempo

( ) Falta de reconhecimento legal do tutor como professor

( ) Desinteresse do aluno

( ) Falta de autonomia do aluno

( ) Dificuldade com os instrumentos de comunicação

( ) dificuldade de acesso Conexão lenta à internet

( ) Material didático não adaptado à EaD

( ) Falta de formação continuada.

( ) Salário

( ) Sobrecarga de trabalho

( ) Outros. Informe qual:

17. Marque as opções abaixo que você considera como facilitadores em

relação ao exercício da tutoria. (Que ajudam sua atuação profissional)

( ) Flexibilidade de horário.

( ) Utilização de TDICs, especialmente as TDICs assíncronas para interação

com os alunos.

( ) Possibilidade de atendimento individual do aluno.

( ) Estímulo a autonomia na aprendizagem.

( ) Registro das informações em AVAs.

( ) Maior quantidade de informação disponível.

( ) Outros. Informe qual:

AVALIAÇÃO E SATISFAÇÃO

18. Você está satisfeito com o trabalho de tutoria a distância?

( ) Sim ( ) Não

19. O seu trabalho de tutor lhe proporciona um sentimento de realização

profissional?

123

( ) Sim ( ) Não

20. Você tem liberdade para a iniciativa (autonomia) no sentido de

resolver problemas inerentes à atividade de tutoria?

( ) Sim ( ) Não

PROATIVIDADE

21. De que forma você avaliaria sua atuação na EaD, em relação ao

desenvolvimento do ensino e aprendizagem de seus alunos? Escolha uma

das opções baixo que melhor representa sua ação na EaD

( ) Satisfatória, pois identifico e colaboro com as dificuldades dos meus alunos

( ) Necessito melhorar minha atuação, pois ainda não consigo observar as

dificuldades dos meus alunos;

( ) Acredito que minha atuação é satisfatória para o desenvolvimento da

disciplina

( ) Acredito que necessito conhecer mais sobre a atuação nos ambientes

virtuais

( ) Preciso me apropriar mais do uso do ambiente virtual, para melhorar minha

colaboração com os alunos

( ) Acredito que sei o suficiente para colaborar com a aprendizagem dos meus

alunos.

124

TERMO DE PERMISSÃO PARA PUBILICAÇÃO (CESSÃO DE DIREITOS)

Declaro, com este Termo, permitir a publicação da dissertação de minha

autoria pela Universidade do Vale do Sapucaí, em versão eletrônica e (para

fins de uso exclusivamente acadêmico) a ser disponibilizada no site oficial

dessa Universidade.

Título da dissertação: “O Papel do Tutor na EaD”

Autoria: Ana Paula Villela

Por ser verdade assino o presente Termo em meu nome.

Assinatura:

_________________________________________________________

Pouso Alegre, 07 de Agosto de 2018