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O PAPEL DO GESTOR NA CONSTRUÇÃO DE UMA ESCOLA PARTICIPATIVA Vanessa da Silva Pereira 1 Áurea de Lourdes Rodrigues 2 Mirivan Carneiro Rios 3 RESUMO: As razões que levaram a essa pesquisa deu-se pelo fato de perceber que os gestores estão buscando melhorar a cada dia a sua gestão e lutando para tornar a escola um lugar propicio para o bem estar e desenvolvimento psicológico e social dos educandos. Decerto, para que a escola cumpra o seu papel de educar é necessário que o gestor escolar esteja preparado para assumir essa função e que possua ligações com a comunidade, trabalhando com o coletivo e promovendo ações que tragam-na para dentro da escola e que além disso possua conhecimentos educacionais e esteja procurando se profissionalizar cada vez mais em cursos de capacitação, não estacionando mas sempre procurando evoluir. Devendo estar apto a proporcionar o processo de democratização e a participação de todos da comunidade escolar, promovendo corriqueiramente discussões e socializações dos problemas enfrentados, visando cumprir o seu papel fundamental que é garantir uma gestão de qualidade. Esta pesquisa tem como objetivo geral estar valorizando a gestão escolar no contexto socioeconômico e cultural, numa perspectiva de agentes de formação e de transformação de educação, de aprendizagem e de relacionamentos interpessoais Palavras-chave: Gestão-Escolar. Participação. Família. INTRODUÇÃO No decorrer do curso de Pedagogia foram surgindo indagações com relação a educação de qualidade e ao papel da gestão escolar. Procurando relacionar a teoria à prática surgiu o interesse na busca de respostas que venham auxiliar na compreensão da realidade educacional, acreditando que para se ter uma educação de qualidade seja necessário o envolvimento de todos os setores da escola, tendo em vista que o trabalho escolar é uma ação coletiva, realizado com a colaboração dos membros de todos os segmentos da comunidade escolar. Com isso Dourado ressalta: Construir uma nova lógica de gestão, que conte com a participação da sociedade e dos atores diretamente envolvidos com a prática pedagógica, implica rever o modelo adotado pelos sistemas públicos, cuja estruturação e funcionamento vivem até hoje características de um modelo centralizador. (2006, p.59). 1 Acadêmica do VIII Período de Pedagogia da Faculdade de Pimenta Bueno (FAP) E-mail: [email protected] 2 Orientadora - Especialista em Gestão Escolar pela Universidade Federal de Rondônia UNIR. Graduada em Licenciatura em Matemática pela Faculdade Estadual de Filosofia Ciências Letras de Cornélio Procópio - PR. Atualmente é Professora titular da Faculdade de Pimenta Bueno - RO e Professora nível III. E-mail: [email protected] 3 Coorientador - Mestre em Educação pela Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, Licenciado em Pedagogia pela Faculdade de Educação de Cacoal e Licenciado em Matemática pela Fundação Universidade Federal de Rondônia. E-mail: [email protected]

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O PAPEL DO GESTOR NA CONSTRUÇÃO DE UMA ESCOLA PARTICIPATIVA

Vanessa da Silva Pereira1 Áurea de Lourdes Rodrigues2

Mirivan Carneiro Rios3

RESUMO: As razões que levaram a essa pesquisa deu-se pelo fato de perceber que os gestores estão buscando melhorar a cada dia a sua gestão e lutando para tornar a escola um lugar propicio para o bem estar e desenvolvimento psicológico e social dos educandos. Decerto, para que a escola cumpra o seu papel de educar é necessário que o gestor escolar esteja preparado para assumir essa função e que possua ligações com a comunidade, trabalhando com o coletivo e promovendo ações que tragam-na para dentro da escola e que além disso possua conhecimentos educacionais e esteja procurando se profissionalizar cada vez mais em cursos de capacitação, não estacionando mas sempre procurando evoluir. Devendo estar apto a proporcionar o processo de democratização e a participação de todos da comunidade escolar, promovendo corriqueiramente discussões e socializações dos problemas enfrentados, visando cumprir o seu papel fundamental que é garantir uma gestão de qualidade. Esta pesquisa tem como objetivo geral estar valorizando a gestão escolar no contexto socioeconômico e cultural, numa perspectiva de agentes de formação e de transformação de educação, de aprendizagem e de relacionamentos interpessoais

Palavras-chave: Gestão-Escolar. Participação. Família.

INTRODUÇÃO

No decorrer do curso de Pedagogia foram surgindo indagações com relação a

educação de qualidade e ao papel da gestão escolar. Procurando relacionar a teoria

à prática surgiu o interesse na busca de respostas que venham auxiliar na

compreensão da realidade educacional, acreditando que para se ter uma educação

de qualidade seja necessário o envolvimento de todos os setores da escola, tendo em

vista que o trabalho escolar é uma ação coletiva, realizado com a colaboração dos

membros de todos os segmentos da comunidade escolar. Com isso Dourado ressalta:

Construir uma nova lógica de gestão, que conte com a participação da sociedade e dos atores diretamente envolvidos com a prática pedagógica, implica rever o modelo adotado pelos sistemas públicos, cuja estruturação e funcionamento vivem até hoje características de um modelo centralizador. (2006, p.59).

1 Acadêmica do VIII Período de Pedagogia da Faculdade de Pimenta Bueno (FAP) E-mail: [email protected] 2 Orientadora - Especialista em Gestão Escolar pela Universidade Federal de Rondônia – UNIR.

Graduada em Licenciatura em Matemática pela Faculdade Estadual de Filosofia Ciências Letras de Cornélio Procópio - PR. Atualmente é Professora titular da Faculdade de Pimenta Bueno - RO e Professora nível III. E-mail: [email protected] 3 Coorientador - Mestre em Educação pela Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, Licenciado em Pedagogia pela Faculdade de Educação de Cacoal e Licenciado em Matemática pela Fundação Universidade Federal de Rondônia. E-mail: [email protected]

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A ação participativa na educação visa promover a interação de todos da

comunidade escolar, numa construção como organização dinâmica e competente, na

tomada de decisões em conjunto, orientadas pelo compromisso com valores,

princípios e objetivos educacionais, respeitando os demais participantes e aceitando

a diversidade de posicionamentos.

Constituindo-se em um meio para a realização das finalidades, princípios,

diretrizes e objetivos visando promover ações educacionais com qualidade social, ou

seja, atendendo bem a toda a população, respeitando e considerando as diferenças

de todos os seus alunos, promovendo o acesso e a construção do conhecimento a

partir de práticas educacionais participativas, que forneçam condições para que o

educando possa enfrentar criticamente os desafios de se tornar um cidadão atuante

e transformador da realidade sociocultural e econômica, e de dar continuidade

permanente aos seus estudos.

Dessa forma, surge o objetivo de estar valorizando a gestão escolar no contexto

socioeconômico e cultural, numa perspectiva de agentes de formação e de

transformação de educação, mostrando a importância da formação profissional e o

seu papel na construção de uma escola autônoma e participativa. Esta autonomia

implica dizer que se faz necessário estar construindo coletivamente um Projeto

Político Pedagógico (PPP) pautado na realidade da escola, expressando um projeto

de educação de qualidade construído pela própria comunidade local.

A realização do processo de gestão inclui também a participação ativa de todos

os professores e da comunidade escolar como um todo, de modo a contribuir para

uma gestão democrática que garanta a qualidade para todos os alunos.

1. ASPECTOS METODOLÓGICOS

A metodologia usada para a elaboração deste artigo se deu pela pesquisa

bibliográfica, através de leituras diversas, obras que apresentam estudos a respeito

da gestão escolar participativa. Tendo como principais autores (DOURADO, 2003,

2006; FREIRE,1997; LIBÂNEO, 1996; LÜCK, 2005, 2008, 2009; OLIVEIRA, 2009;

PARO, 1995, 2006; PIMENTA, 1995), que contém a sua linha teórica centrada no

construtivismo, onde se remete a ideia de que nada está pronto ou mesmo acabado,

que a educação precisa ser um processo constante em construção de conhecimentos,

de troca de saberes, onde um aprende com o outro.

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2. GESTÃO DA EDUCAÇÃO

A participação é a forma mais prática de formação para cidadania. A educação

para cidadania acontece quando há a participação no processo de tomada de decisão.

Quanto mais as pessoas se envolverem nos assuntos da escola, maior será o

fortalecimento do projeto autônomo da mesma. Paulo Freire ao situar o conceito de

cidadania no contexto de uma nova sociedade, associou cidadania e autonomia. O

mesmo afirmava que “o respeito à autonomia e à dignidade de cada um é um

imperativo ético e não um favor que podemos ou não conceder aos outros”. (FREIRE,

1997, p. 66). Ao falar em gestão democrática implica dizer que todos que estão

envolvidos na escola precisam participar da elaboração e execução dos

planejamentos da mesma. Essa concepção propõem a ideia de participação, ou seja,

do trabalho em equipe das pessoas, analisando as diversas situações e tomando

decisões sobre cada uma em conjunto, criando assim um processo de construção de

uma escola competente que visa o compromisso com a sociedade. Dessa forma,

Dourado afirma:

A gestão democrática implica um processo de participação coletiva; sua efetivação na escola pressupõe instâncias colegiadas de caráter deliberativo, bem como a implementação do processo de escolha de dirigentes escolares, a participação de todos os segmentos da comunidade escolar na construção do projeto político-pedagógico e na definição da aplicação dos recursos recebidos pela escola. (2006, p. 81).

É fundamental que os gestores escolares sejam cientes que precisam estar

procurando meios para ficar sempre bem informados e atentos aos cursos de

formação continuada, os quais delinearão as metas, objetivos, que serão traçados

para chegar ao sucesso dentro da comunidade escolar, aperfeiçoando as suas

competências e habilidades ao exercício de sua função. Além disso, o mesmo precisa

conhecer a legislação educacional, sendo que sem este conhecimento o seu

desempenho ficará fragmentado o tornando fragilizado. E ainda dominar o processo

de inclusão das crianças com distúrbios e dificuldades de aprendizagem, e as com

necessidades especiais: tanto físicas, motoras, mentais, auditivas, visuais, entre

outras.

É de suma importância que haja ações planejadas e conscientes que levem a

escola a criar espaços de reflexão e de experiências de vida, numa comunidade

educativa, onde se estabeleça, acima de tudo, a aproximação entre essas relevantes

instituições: família e escola. A educação é um processo organizado onde há a

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interação e participação dos pais e de toda a comunidade favorecendo o processo de

ensino aprendizagem.

O projeto de educação desenvolvido nas escolas deve levar em consideração

os diferentes segmentos sociais que a compõem, buscando a explicitação da sua

identidade social, articulando-a com a realidade local. É preciso que previna ações

visando a melhoria dos processos educacionais, proporcionando condições políticas

e culturais para estar sistematizando e socializando os saberes produzidos pelos

homens. Isso significa que o projeto de uma unidade escolar, numa perspectiva da

transformação, tem como ação e compromisso estar envolvendo os diferentes sujeitos

que constroem o cotidiano da escola: funcionários, estudantes, professores, pais,

equipe de direção e a comunidade. Sob o mesmo ponto de vista Dourado

complementa:

A democratização da gestão é defendida enquanto possibilidade de melhoria na qualidade pedagógica do processo educacional das escolas, na construção de um currículo pautado na realidade local, na maior integração entre os agentes envolvidos na escola - diretor, professores, estudantes, coordenadores, técnicos-administrativos, vigias, auxiliares de serviços - no apoio efetivo da comunidade às escolas, como participante ativa e sujeito do processo de desenvolvimento do trabalho escolar. (2006, p.81).

Assim, a escola no desempenho de sua função social de formadora de sujeitos

históricos, constitui-se em um espaço de sociabilidade, possibilitando a construção e

a socialização do conhecimento vivo, que se caracteriza enquanto processo em

construção permanente e espaço de inserção dos indivíduos nas relações sociais.

Tornando-se um espaço privilegiado quanto a produção e a transformação do saber

humano sistematizado e as práticas organizadas devem por sua vez ser totalmente

educativas, atingindo assim objetivos da instituição escolar, formando sujeitos

criativos, críticos e participativos.

É necessário nesse processo que se reconheça a família como responsável

pela socialização do indivíduo, sendo a principal mediadora dos padrões e dos

modelos sociais e culturais, além de ser a primeira a promover proteção e bem estar

ao educando. Com isso, julga-se necessário os gestores escolares assumirem uma

aproximação com as famílias de forma qualitativa, criativa e prazerosa, influenciando

na qualidade das relações afetivas, a coesão, a segurança, ausência de discórdia e a

organização, quer na família, quer na instituição. Esses aspectos constituem

importantes fatores que estimularão a formação de redes de apoio social, seja na

própria escola ou na comunidade. Neste sentido, é importante identificar as condições

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evolutivas dos segmentos: professores, alunos, pais e comunidade, em geral, para o

planejamento de atividades, no âmbito da escola.

Segundo Libâneo (1994, p. 249) “As relações entre professores e alunos, as

formas de comunicação, os aspectos efetivos e emocionais, a dinâmica das

manifestações na sala de aula fazem parte das condições organizativas do trabalho

docente ao lado de outros que estudam”.

Para haver eficiência na liderança escolar é necessário que os membros dessa

comunidade sintam-se confiantes o suficiente para compartilhar informações e saber

ouvir os pontos de vista dos outros membros, numa gestão participativa onde envolve

outras pessoas no processo de mudança da escola. Para que isso aconteça Libâneo

orienta:

Quem ocupa cargo de liderança como diretor ou coordenador pedagógico precisa despor-se do posicionamento de predominante autocrático para possibilitar o desenvolvimento de um clima em que todos contribuam com ideias, críticas, encaminhamentos, pois a gestão e participação pedagógica pressupõem uma educação democrática. (1996, p.200).

Todavia, a participação tende a fortalecer a interação, desde a elaboração dos

planejamentos à execução das ações necessárias, envolvendo todos no cotidiano

escolar, inclusive todas essas ações e decisões devem ser expostas ao público,

formalizando a transparência. Garantindo assim, uma alavancagem na qualidade

social da educação e um processo de tomada de decisões a partir da participação de

todos visando um propósito comum.

Outro fator importante é a elaboração do Projeto Político Pedagógico, pois, é a

partir deste que as propostas e as ações nele inseridas são executadas e avaliadas

com o intuito de alcançar os objetivos propostos. Dourado salienta que:

(...) faz parte da história de luta dos trabalhadores em educação e movimentos sociais organizados em defesa de um projeto de educação pública de qualidade, social e democrática. Em diferentes momentos, tais lutas se levantaram para garantir maior participação dos trabalhadores em educação nos destinos da escola, no fortalecimento dos conselhos escolares, na definição do Projeto Político Pedagógico, na defesa da eleição de diretores, da autonomia escolar e de um crescente financiamento (2003, p.48-52).

Contudo, a participação de toda comunidade escolar na elaboração de projetos

pedagógicos que a escola visa executar começa no momento das reuniões,

convocando toda comunidade escolar para estar debatendo sobre as técnicas e as

práticas que serão desenvolvidas dentro do recinto escolar apresentando o ápice do

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processo da gestão participativa, haja visto que a participação de toda a comunidade

no dia a dia escolar conduz a construção da democracia.

3. O TRABALHO EM CONJUNTO DE DIRETORES E PROFESSORES

Possibilitando uma compreensão das ações e os desafios na busca da gestão

democrática na escola, principalmente no contexto em que vivemos, onde a escola

acaba se distanciando do sentido real da democracia. De acordo com Paro (2006,

p.25), “Não pode haver democracia plena sem pessoas democráticas para exercê-

las”. Com isso, partindo do pressuposto que existem grandes desafios em busca de

uma gestão democrática, acredita-se que toda e qualquer mudança, requer uma

compreensão crítica e reflexiva, principalmente nas discussões e debates

pedagógicos que norteiam a democratização da gestão escolar. Lück ao caracterizar

a função do gestor pedagógico dentro do contexto escolar, analisa que:

A gestão pedagógica é, de todas as dimensões da gestão escolar, a mais importante, pois está mais diretamente envolvida com o foco da escola que é o de promover aprendizagem e formação dos alunos [...] Constitui-se como a dimensão para a qual todas as demais convergem, uma vez que esta se refere ao foco principal do ensino que é a atuação sistemática e intencional de promover a formação e a aprendizagem dos alunos, como condição para que desenvolvam as competências sociais e pessoais necessárias para sua inserção proveitosa na sociedade e no mundo do trabalho, numa relação de benefício recíproco. Também para que se realizem como seres humanos e tenham qualidade de vida. (2009, p. 95).

Uma escola organizada possui funcionários que cumprem suas obrigações,

professores dedicados a ensinar, alunos interessados nas aulas e com um bom

rendimento escolar. Quando isso acontece, estabelece um clima de confiança no

trabalho que está sendo realizado no interior da escola. Resultado esse do apoio da

comunidade local, existência de bons docentes, disponibilização de materiais, alunos

motivados a estudar e uma direção competente. Supondo que houvessem falhas

nesse processo: a comunidade poderia ser conquistada com um programa de

relacionamento escola/comunidade, um professor sem motivação poderia ser ajudado

pela equipe pedagógica a melhorar o seu desempenho e auto estima. Do mesmo

modo, Lück diz:

Ao utilizar largamente as competências da escola para criar uma visão positiva, o líder constrói a confiança dos participantes da comunidade escolar, solicitando e ouvindo os seus pontos de vista dos integrantes. Este líder trabalha para expandir a liderança da equipe ao nutrir e manter viva esta faísca de liderança em qualquer momento que ela apareça entre os professores. Este tipo de diretor encoraja o desenvolvimento da liderança em sala de aula, o uso de ideias criativas, a experiência e o entusiasmo com o

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intuito de motivar toda a comunidade escolar a alcançar o seu ponto máximo de eficiência. (Lück et al, 2005, p.53).

Quando um diretor trabalha com o coletivo, está pondo em prática o processo

democrático que implica viver de uma ação coletiva, o que significa utilizar em seu

cotidiano, na sua gestão as contribuições dos profissionais que ali estão inseridos,

promovendo discussões e a participação nas tomadas de decisões. Andrade afirma

que:

No âmbito interno das escolas, é fundamental promover formas consensuais de tomada de decisões, o que implica a participação dos sujeitos envolvidos, como medida de prevenção de conflitos e resistências que possam obstruir a implementação das medidas consideradas necessárias. (2009, p.40).

A escola dos dias atuais tem a preocupação de conquistar o apoio de sua

comunidade e para isso é necessário que se pense qual é a imagem vista por estes.

É preciso manter uma boa imagem interna, quanto externa, com um ambiente bem

organizado, uma vez que se a escola é vista de uma forma positiva se desperta o

desejo de cooperação, facilitando o desenvolvimento de seu trabalho.

O gestor ao estar atento pode usufruir de oportunidades para que possa estar

a cada dia melhorando a imagem da escola, desenvolvendo programas para a

melhoria do desempenho escolar, descobrindo ocasiões especiais para trazer os pais

em visita à escola (dia das mães, dia dos pais, páscoa, festa junina, entre outros).

4. CONSELHO ESCOLAR

O conselho escolar é formado pelos: professores, funcionários, pais, alunos e

comunidade. Pessoas estas que direta ou indiretamente estão em contato com o

processo de educação. O conselho tem a responsabilidade de estudar e planejar,

debater e deliberar, acompanhar, estar controlando e avaliando as ações ocorridas no

dia a dia no campo pedagógico, administrativo e financeiro da escola. Paro ao analisar

os documentos oficiais de São Paulo sobre as atribuições do conselho escolar,

descreve as seguintes competências:

I – Deliberar sobre: a) diretrizes e metas da unidade escolar; b) alternativas de solução para os problemas de natureza administrativa e pedagógica; c) projetos de atendimento psicopedagógico e material ao aluno; d) programas especiais visando à integração escola-família-comunidade; e) criação e regulamentação das instituições auxiliares da escola; f) prioridades para aplicação de recursos da escola e das instituições auxiliares; g) a indicação, a ser feita pelo respectivo Diretor de Escola, do Assistente de Diretor da Escola, quando este for oriundo de outra unidade escolar; h) as penalidades disciplinares a que estiverem sujeitos os funcionários, servidores e alunos da

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unidade escolar; II – Elaborar o calendário e o regimento escolar, observadas as normas do Conselho Estadual de Educação e a legislação pertinente: III – Apreciar os relatórios anuais da escola, analisando seu desempenho em face das diretrizes e metas estabelecidas. (SÃO PAULO, 1985 apud PARO 1995, p. 72).

Esse conselho deve exercer uma avaliação constante de toda a escola e

também fazer a sua auto avaliação, uma forma de transparência ao trabalho exercido

dentro da comunidade e além disso, promover reflexões acerca das experiências

vividas no decorrer dessa prática e a escola deve realizar pelo menos duas reuniões

ordinárias por semestre.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este artigo teve como finalidade estar estimulando a participação ativa de todos

os membros da comunidade escolar utilizando múltiplos olhares para transformar

ideias individuais em ideias coletivas, mostrando o potencial de cada membro

mediante a sua capacidade de transformar o ambiente ao qual está inserido.

Vale ressaltar que é na vida escolar do educando que é construída a sua

personalidade e a sua autonomia dando suporte necessário para que o mesmo possa

assumir uma condição de ser social e cidadão. A educação por ser uma instituição

que atua na formação do sujeito e na contribuição do educador está fundamentada

em proporcionar oportunidades às classes populares de serem ouvidas ou mesmo

atendidas quanto as suas reinvindicações, por isso que é ressaltada a importância do

papel do gestor escolar nesse processo.

Haja visto que, como todo processo de ensino aprendizagem, a formação para

a participação é um processo lento e os seus resultados são obtidos a longo prazo.

Com isso, a educação que visa a democracia e a construção da cidadania são

conquistas difíceis e graduais. A postura do gestor escolar democrático é uma posição

que gera conflitos pelo seu caráter intermediário, que algumas vezes se encontra

dividido entre as necessidades socioeducativas e pela administração dos recursos,

devendo este, prestar contas dos resultados às instâncias superiores. Como

resultado, concretizando uma democracia nas dimensões teóricas e práticas, sendo

este um desafio corriqueiro e por isso é uma ação que deve refletir-se na rotina

administrativa e em pequenos gestos de tolerância, respeito e solidariedade.

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Contudo, caracterizar a gestão escolar como uma instância capaz de incentivar

o acesso e a construção do conhecimento a partir de práticas educacionais

participativas, envolvendo todas as pessoas que estão em contato com a escola,

inclusive a família que é fundamental para a colaboração no processo de ensino e

aprendizagem do aluno. Além disso, distinguir o papel do diretor perante as exigências

educacionais para a concretização de uma gestão autônoma e participativa.

Demonstrando a importância de uma formação continuada de gestores escolares na

promoção da qualidade na gestão e consequentemente uma melhoria da educação.

REFERÊNCIAS

DOURADO, Luiz Fernandes. Gestão escolar democrática- a perspectiva dos

dirigentes escolares da rede municipal de Goiânia. Goiânia: Alternativa, 2003.

______. Gestão da educação. Brasília: Universidade de Brasília, Centro de

Educação a Distância, 2006.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. São Paulo: Paz e Terra, 1997.

LIBÂNEO, José Carlos. Didática. Ed. 19. São Paulo: Cortez, 1994.

______. Organização e gestão da escola: Teoria e Prática. Goiás: Alternativa, 1996.

LÜCK, Heloísa et al. A escola participativa: O trabalho do gestor escolar. 3. ed.

Petrópolis, RJ: Vozes, 2005.

______. Organização e gestão na escola. Goiânia: Alternativa, 2008.

______. Dimensões de gestão escolar e suas competências. Curitiba: Editora

Positivo, 2009.

______. Gestão democrática da educação: desafios contemporâneos. 9. ed.

Petrópolis, RJ: Vozes, 2009.

PARO, Vitor Henrique. Por dentro da escola pública. 1. ed. São Paulo: Xamã, 1995.

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______. Gestão democrática da escola pública. 3. ed. São Paulo: Ática, 2006.