O Papel Do Compartilhamento de Informações No Desenvolvimento de Crédito Em Países Emergentes.

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O papel do compartilhamento de informações no desenvolvimento de crédito em países emergentes.

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Título: O papel do compartilhamento de informações no desenvolvimento de crédito em

países emergentes.

Introdução

A informação tem papel fundamental na estrutura de decisões do que fazer, onde, quando e

pra quem. No macro ambiente, a importância da informação bem tratada e bem utilizada

pode mudar os rumos de uma economia. E a exemplo do setor financeiro que segundo o

Banco Interamericano de Desenvolvimento (2005) quando bem desenvolvido pode produzir

desenvolvimento econômico por aperfeiçoar a alocação da poupança e pela criação de

instituições sólidas e da infraestrutura adequada. E nesse desenvolvimento a estabilidade no

processo de oferta de crédito é fundamental e não há nada mais importante nesse processo

que a informação dos tomadores compartilhada entre os financiadores.

Justificativa

Em um ambiente com maior compartilhamento de informações segundo Douat e Gonzales

(2003) existe maior eficiência de funcionamento do mercado de crédito, mensurada por

volume, taxa de juros e inadimplência. Valim (2009) complementa dizendo que o

compartilhamento das informações, positivas e negativas, de crédito tem sido comprovado

como parte fundamental dos modelos bem sucedidos de análise e decisão de crédito do

mundo. Essa informação ajuda na previsão das atitudes dos tomadores assim podendo o

financiador tomar uma decisão mais bem fundamentada, pois mostra as obrigações que

tenham sido satisfeitas ou não anteriormente e assim pode melhorar a oferta dos produtos de

crédito aos diferentes tipos de tomadores. (BRITT, 2010).

Douat e Gonzales (2003) afirmam que países emergentes exibem níveis insatisfatórios de

oferta de crédito e uma das razões disso decorre do carecimento ou ausência de informações

sobre os possíveis tomadores. Em complemento Valim (2009) cita a estimativa do Banco

Mundial que o compartilhamento de informações (positivas e negativas) está presente em

mais de 100 países, com boas implicações para todo o âmbito econômico e para as populações

locais. Nesse sentido o Banco Interamericano de Desenvolvimento (2005) cita também uma

pesquisa realizada pelo Banco Mundial onde mostra que a utilização dos registros de crédito

por bancos da América Latina pode ajudar a reduzir o risco de inadimplência e isso infere

diretamente nos juros cobrados na oferta de crédito.

Desenvolvimento

Os países emergentes vêm adotando estratégias para melhorar o compartilhamento de

informações, dentre elas esta o cadastro positivo, ressaltado por Valim (2009) como a forma

de mais baixo custo para se obter informações abrangentes de crédito. O Brasil adotou o

cadastro positivo a partir de 2013 conforme o Valor Econômico com “a expectativa de que

ajudasse a reduzir os juros do crédito”. Ainda segundo o Valor Econômico o cadastro conta

com 1,5 milhão de clientes, bem abaixo do esperado de 40 milhões. Essa baixa adesão mostra

o medo dos financiadores em compartilhar informações temendo impacto no spread bancário.

Valim (2009) cita a pesquisa de Gastón Gelos, economista do Fundo Monetário Internacional

(FMI) onde aponta uma correlação negativa entre o compartilhamento de informações e o

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spread, sendo justificada com a melhor precificação do crédito com o uso da informação

compartilhada.

A assimetria das informações nos países emergentes segundo Stiglitz e Weiss (1981, apud

VALIM, 2009) gera a seleção adversa, “feito onde não se distingue os bons pagadores dos

maus”, isso penaliza a todos com altos encargos no crédito.

Valim (2009) cita o trabalho de Stiglitz e Weiss (1991) em relação a mercados de crédito como

o brasileiro, caracterizando-os como primitivos devido ha restrição de crédito com

compartilhamento na maioria de informações negativas, com seleção adversa, juros elevados

e inadimplência em alta.

Douat e Gonzales (2003) relacionam que para os bancos em geral, o desenvolvimento da

capacidade de previsão pelo uso da informação permite reduzir as taxas de inadimplência e,

ao mesmo tempo, diminuir as taxas de rejeição dos tomadores. Isso infere ainda para Douat e

Gonzales (2003) no macroeconômico, produzindo ao mesmo tempo, um boom no volume de

crédito e uma menor taxa de juros cobrada, dado o menor custo da inadimplência.

Conclusão

Visto que a assimetria da informação resulta na penalização do tomador dificultando o acesso

ao crédito. Principalmente nos países emergentes onde os financiadores e também a própria

legislação estão desatualizadas em relação aos países desenvolvidos, conforme Douat e

Gonzales (2003) a vagarosa reação do sistema bancário e das autoridades regulatórias diante

às inovações tecnológicas, como a maior rapidez de compartilhamento de informações sobre

os tomadores, acaba deteriorando a gestão do risco de crédito. Assim o compartilhamento da

informação fornece simetria a informação disponível aos financiadores e possibilitando maior

previsão, diminuição do risco, diminuição das perdas acarretando na diminuição da taxa de

juros dos bons pagadores tornando um ciclo que acarreta na maior oferta de crédito que

incrementa muito no crescimento do PIB no país pois possibilita maiores investimentos e

maior consumo.

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Referências bibliográficas

BANCO INTERAMERICANO DE DESENVOLVIMENTO, Libertar o crédito: como aprofundar e

estabilizar o financiamento bancário. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005.

LOPES, F. Crescimento do cadastro positivo é decepcionante. Valor Econômico, São Paulo, 26

jan. 2015.

BRITT, P.J. Evolução da Economia impulsiona Dados Positivos. Tecnologia de crédito. Edição 73.

Serasa Experian, 2010. Disponível em: <http://www.serasaexperian.com.br/revista-tecnologia-

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VALIM, F. Compartilhamento de Informações de Crédito: O Brasil na Contramão da Razão.

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<http://www.serasaexperian.com.br/serasaexperian/publicacoes/revistas/2009/70/revista_03

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DOUAT, J.C. GONZALES, L. Compartilhamento de Informações: O Caminho para a Expansão do

Crédito em Países Emergentes. Tecnologia de crédito. Edição 36. Serasa Experian, 2003.

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STIGLITZ, J. WEISS. 1981. In: DOUAT, J.C. GONZALES, L. Compartilhamento de Informações: O

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