O Pão na Antiguidade
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O Pão na Antiguidade
desenvolvimento da agricultura, há cerca de
dez mil anos, permitiu que os homens e
mulheres se estabelecessem em aldeias e vilas, sem
precisar seguir as manadas dos animais que caçavam.
Uma das plantas domesticadas nessa época, no Oriente Médio, era uma variedade de trigo chamada emmer (Triticum dicoccon). Os primeiros pães eram feitos com esse tipo de grão. O trigo emmer é hoje pouco cultivada por conta da sua baixa produtividade. Em
O
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alguns países escandinavos, porém, o trigo emmer está voltando a ser plantado para o desenvolvimento de novas receitas de pães artesanais. É do Egito que vêm as evidências mais antigas sobre
pães. Embora o pão fermentado deva provavelmente
ter existido na Pré-História, as primeiras evidências
arqueológicas desse produto vêm do país dos faraós.
Em diversas tumbas, foram achados pães que eram
ofertados aos
mortos para que
eles pudessem se
alimentar em sua
viagem ao Além,
depois da morte
física. Alguns
desses pães foram
preservados
durante mais de
cinco mil anos
devido ao clima
árido daquela região. Trigo emmer
Esses pães “mumificados” permitiram que fossem
realizadas observações feitas com microscópio
eletrônico, que detectaram células de fermento na
massa. Contudo, como os pães no Egito antigo eram
feitos com trigo emmer, essa farinha produzia uma
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casca dura, a qual prejudica o exame visual para
determinar se todos os pães eram mesmo
fermentados. Por isso, não se sabe ao certo o quanto o
uso do fermento era difundido no Egito durante a
Antiguidade - apesar da certeza de que era usado em
maior ou menor grau.
Egípcios fazendo pão
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No tempo dos faraós, havia pães de vários formatos,
inclusive representando animais. A farinha era feita
moendo-se os grãos num pilão ou em moinhos de
pedra. Era inevitável que pequenas pedras se
misturassem à farinha durante o processo. Muitas
múmias egípcias apresentam forte abrasão nos dentes
como resultado de mastigar pão que continha areia e
pedra dos moinhos e pilões.
Os guerreiros gregos não
comiam em pratos, mas
colocavam sua refeição
sobre um pão duro em
forma de disco
Na Grécia, onde surgiu a primeira grande civilização da
Europa, havia vários tipos de pão. O escritor romano
Virgílio, conta no seu livro A Eneida, que os guerreiros
gregos não comiam em pratos, mas colocavam sua
comida sobre um pão duro em forma de disco. Outro
autor, o grego Sólon (638 – 558 a.C.), registrou que os
pães feitos com farinha de trigo só eram produzidos em
dias de festas religiosas.
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No século V a.C., os gregos já compravam seu pão em
padarias. De lá, a arte da panificação se espalhou para
a Ásia Menor - quando Alexandre, o Grande,
conquistou o território que se estende do Egito até o
Cáucaso - e também para a Europa. Em Roma, já em
200 a.C. existiam padarias, também levadas pelos
gregos.
Padeiro (relevo romano, século I a.C.)
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Na Europa Ocidental, o pão fermentado era fabricado
desde, pelos menos, a Antiguidade. O naturalista
escritor romano Plínio, o Velho, (23 – 79 d.C.),
descreveu como os gauleses e os ibéricos, isto é, os
habitantes das atuais França, Espanha e Portugal,
fermentavam o pão a partir da espuma da cerveja. De
acordo com o Plínio, o fermento cultivado da espuma
da cerveja produzia “um pão mais leve que os outros”.
Em outras partes da Europa, onde o vinho era mais
consumido que a cerveja, adicionava-se uma pasta de
mosto de uva à farinha para fermentá-la. Contudo, o
jeito mais comum de fazer fermento na Antiguidade
era guardar um pouco da massa do dia anterior, que
produzia fermento.
“Em termos de qualidade, o melhor pão é o
feito com farinha refinada, depois, o de
farinha de trigo ordinária, seguido do pão,
feito com farinha que não foi peneirada”
Difilo – século III a.C.
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O retórico e gramático grego Ateneu (c.170 – c.230
d.C.) descreveu, em seu livro Deipnosophistae - que
pode ser traduzido como “o banquete dos sábios” - ,
alguns pães, bolos, biscoitos e confeitos produzidos no
mundo helênico. São pães de azeite e mel, pães em
forma de cogumelo cobertos com semente de papoulas
e a especialidade militar: pão enrolado assado no
espeto.
O tipo e a qualidade da farinha também variavam no
mundo antigo. Outro poeta grego Difilo registrou que
“o pão feito com [farinha de] trigo, em comparação
com o de centeio, é mais nutritivo, de digestão mais
fácil e em tudo superior. Em termos de qualidade, o
melhor pão é o feito com farinha refinada, depois, o de
farinha de trigo ordinária, seguido do pão feito com
farinha que não foi peneirada”.
A importância do pão nas civilizações da Antiguidade
pode ser vista no termo grego “ópson”, que significa o
“acompanhamento do pão”, ou seja, o prato principal
que era, de fato, qualquer outro alimento que fosse
servido junto com o pão.
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