O Modelo Das Competências Profissionais No Mundo Do Trabalho e Na Educação

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    O Modelo das

    CompetênciasProfssionais noMundo do Trabalho

    e na Educação:

    Implicações parao Currículo

     Neise Deluiz*

     

     Abstract

     Analyzes the competences model in the work world in the context ofinternationalization of the capitalism and of the companies productiverestructuring. Detach the focus of the competences in the work administration andthe implications of its adoption for the workers. Points the circumstances of theincorporation of the competences model in the education and its inuence in the Brazilian education reform. Discusses the dierent conceptions and forms ofimplementation of the competences model in the Professional ducation politics inthe country and analyzes the theoretical!conceptual patterns that guide theidenti"cation and construction of competences. #inally$ address the formulationand organization of the curriculum.

    Key-words: Competences Model, Professional Competences, Curriculum for Competences,Administration of the Work for Competences, Professional Education and Competences.

     

    O modelo das competncias profissionais come!a a ser discutido no mundo empresarial a partir dos anosoitenta, no conte"to da crise estrutural do capitalismo #ue se confi$ura, nos pa%ses centrais, no in%cio dad&cada de setenta. Esta crise se e"pressa pelo es$otamento do padr'o de acumula!'o ta(lorista)fordista

     pela hipertrofia da esfera financeira na no+a fase do processo de internacionaliza!'o do capital por uma

    acirrada concorrncia intercapitalista, com tendncia crescente concentra!'o de capitais de+ido sfus-es entre as empresas monopolistas e oli$opolistas e pela desre$ulamenta!'o dos mercados e da for!ade traalho, resultantes da crise da or$aniza!'o assalariada do traalho e do contrato social.

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    As respostas do capital sua crise estrutural podem ser dimensionadas pelas reestrutura!-esempreendidas no pr/prio processo produti+o, por meio da constitui!'o das formas de produ!'o fle"%+eis,da ino+a!'o cient%fico0tecnol/$ica aplicada aos processos produti+os, e de no+os modos de$erenciamento da or$aniza!'o do traalho e do saer dos traalhadores. Este amplo processo dereestrutura!'o te+e como o1eti+os n'o s/ reor$anizar em termos capitalistas o processo produti+o tendoem +ista a retomada de seu patamar de acumula!'o, mas $estar um pro1eto de recupera!'o da he$emonia

    do capital n'o s/ na esfera da produ!'o, mas nas di+ersas esferas da sociailidade,2 #ue se confrontasseao contra0poder #ue emer$ira das lutas sociais e sindicais dos anos sessenta e setenta.

    As no+as concep!-es $erenciais #ue sur$em no o1o desse processo de reestrutura!'o empresarial est'oancoradas, assim, numa l/$ica de recomposi!'o da he$emonia capitalista e das rela!-es capital0traalho etm como o 1eti+os racionalizar, otimizar e ade#uar a for!a de traalho face s demandas do sistema

     produti+o. Na d&cada de 34, o aprofundamento da $loaliza!'o das ati+idades capitalistas e a crescente usca de competiti+idade le+aram ao 5alinhamento definiti+o das pol%ticas de recursos humanos sestrat&$ias empresariais, incorporando pr6tica or$anizacional o conceito de competncia, como ase domodelo para se $erenciarem pessoas5,7 apontando para no+os elementos na $est'o do traalho.

     

    O MOE!O "# COMPET$%CI"# E " &E#T'O O T(")"!*O

    Os elementos das no+as pr6ticas de $est'o #ue confi$uram o modelo da competncia no mundo dotraalho s'o a +aloriza!'o dos altos n%+eis de escolaridade nas normas de contrata!'o a +aloriza!'o damoilidade e do acompanhamento indi+idualizado da carreira no+os crit&rios de a+alia!'o #ue +alorizamas competncias relati +as moiliza!'o do traalhador e seu compromisso com a empresa a insti$a!'o forma!'o cont%nua e a des+aloriza!'o de anti$os sistemas de hierar#uiza!'o e classifica!'o, li$ando acarreira ao desempenho e forma!'o.8

    A ado!'o do modelo das competncias profissionais pelas $erncias de recursos humanos no mundoempresarial est6 relacionada, portanto, ao uso, controle, forma!'o e a+alia!'o do desempenho da for!a detraalho diante das no+as e"i$ncias postas pelo padr'o de acumula!'o capitalista fle"%+el ou to(otista9

    competiti+idade, produti+idade, a$ilidade, racionaliza!'o de custos. Este modelo tende a tornar0sehe$em:nico em um #uadro de crise do traalho assalariado e da or$aniza!'o prescrita do traalho e dodecl%nio das or$aniza!-es profissionais e pol%ticas dos traalhadores.

    As no!-es estruturantes do modelo das competncias no mundo do traalho s'o a fle"iilidade, atransferiilidade, a poli+alncia e a empre$ailidade.; Para o capital, a $est'o por competncias implicaem dispor de traalhadores fle"%+eis para lidar com as mudan!as no processo produti+o, enfrentarimpre+istos e pass%+eis de serem transferidos de uma fun!'o a outra dentro daempresa re#uerendo0se, para tanto, a poli+alncia e a constante atualiza!'o de suas competncias, o #uelhes d6 a medida correta de sua 5empre$ailidade5.

    Ao definir sua estrat&$ia competiti+a

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     No modelo das competncias o controle da for!a de traalho se e"pressa atra+&s de estrat&$ias deressocializa!'o e acultura!'o pela conforma!'o da su1eti+idade do traalhador. A nfase na identifica!'odos interesses de patr-es e empre$ados @ #ue se con+ertem em uma comunidade social de colaoradores

     @ a auto$est'o pela internaliza!'o da disciplina o controle e"ercido sore os traalhadores por seus pr/prios cole$as no traalho em e#uipe e a sore+aloriza!'o de aspectos atitudinais

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    da $erncia de controle da m'o0de0ora e e"tra!'o da mais0+alia, e o traalho, traduzidas na usca demaior decis'o e inter+en!'o no processo produti+o. A forma, como a l/$ica das competncias, +ai seimplantar nos espa!os de traalho e depender6 da capacidade de os traalhadores, atra+&s de suaor$aniza!'o e moiliza!'o, instituir mecanismos #ue $arantam a materializa!'o de seus interesses.

    Como aspectos ne$ati+os apontamos a intensifica!'o do traalho e a desprofissionaliza!'o, #ue s'o

    conse#Fncias de uma poli+alncia estreita e espria, decorrente do rea$rupamento das tarefas pelasupress'o de postos de traalho, ou pelo en"u$amento dos #uadros das empresas com demiss-es. Aintensifica!'o da e"plora!'o do traalho se traduz no fato de os traalhadores operarem simultaneamente+6rias m6#uinas, ou desempenharem +6rias tarefas, em um ritmo e +elocidade determinados pelamedia!'o da automa!'o e da informatiza!'o, ampliando a 1ornada de traalho #ue passa a depender muitomenos de contratos pre+i amente acordados entre capital e traalho, e muito mais das necessidades da

     produti+idade capitalista. A desprofissionaliza!'o ocorre sempre #ue o traalhador dei"a de atuar dentroda esfera de saeres, ati+idades, responsailidades e referenciais pr/prios de sua profiss'o, e #ue s'one$ociados em acordos coleti+os e corporati+os, e passa a desempenhar pap&is e fun!-es pr/prios deoutras 6reas e ocupa!-es, com conse#Fncias para a sua

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    contriui!-es sociais e reforma da pre+idncia social. No n%+el microecon:mico trata+a0se de desonerarfiscalmente o capital para aumentar sua competiti+idade no mercado internacional. Hsto implicaria nafle"iiliza!'o dos mercados de traalho e diminui!'o da car$a social e dos sal6rios dos traalhadores. Por fim, o a1uste macroecon:mico re#ueria um con1unto de reformas estruturais administrati+as,

     pre+idenci6rias e fiscais, consideradas condicionantes para a +olta ao sistema financeiro internacional e rene$ocia!'o da d%+ida e"terna.

    As pol%ticas sociais28 @ e entre elas a educacional @ ad#uirem, neste conte"to, um no+o sentido. Est'oorientadas para 5dar continuidade5 ao processo de desen+ol+imento humano, in+estindo os recursos

     plicos 5nas pessoas5, $arantindo #ue todos tenham acesso a um m%nimo de educa!'o, sade,saneamento e haita!'o, em como s condi!-es para aumentar a e"pectati+a de +ida e alcan!ar umadistriui!'o mais e#Fitati+a das oportunidades. Est'o direcionadas @ se1a por raz-es de e#Fidade ou dec6lculo pol%tico @ para compensar con1unturalmente os efeitos da re+olu!'o tecnol/$ica e econ:mica #uecaracteriza a $loaliza!'o e s'o o complemento necess6rio para $arantir a continuidade da pol%tica dea1uste estrutural, delineada para lierar as for!as do mercado e acaar com a cultura de direitos uni+ersaisa ens e ser+i!os $arantidos pelo Estado. I'o, finalmente, elaoradas para instrumentalizar a pol%ticaecon:mica, tra zendo para o mundo da pol%tica e da solidariedade social os +alores e crit&rios do mercado.

     No conte"to do ide6rio neolieral @ de despolitiza!'o da economia, de desre$ula!'o do mercado

    financeiro e do traalho, do desmonte do Estado de Jem0Estar Iocial e do pacto fordista @ as reformaseducacionais, realizadas so a orienta!'o e apoio financeiro de or$anismos internacionais foram os o1eti+os a #ue se propuseram os seus idealizadores.

    A reforma educacional implementada no Jrasil a partir da Gei 383;)3?

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    #ue a maior parte dos alunos do ensino m&dio n'o tem condi!-es de realizar os dois cursossimultaneamente.

    Com rela!'o no!'o de competncias proposta nos eferenciais Curriculares Nacionais da Educa!'oProfissional de N%+el L&cnico, conceitualmente esta se apro"ima de uma +is'o construti+ista,compreendendo as competncias

    ...en#uanto a!-es e opera!-es mentais,

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    entre estas hailidades e a nfase nos aspectos comportamentais e atitudinais relacionados ao traalho, emdetrimento dos saeres relacionados educa!'o $eral e dos conhecimentos espec%ficos mais aprofundadosde uma determinada profiss'o ou ocupa!'o.

    O ali$eiramento da forma!'o profissional, de+ido car$a hor6ria pe#uena dos cursos ministrados,  pouca #uantidade de aulas pr6ticas, pouca articula!'o entre a teoria e a pr6tica, nfase nos contedos

    m%nimos espec%ficos, entre outros aspectos, re+ela #ue os pro$ramas de educa!'o profissionalimplementados pelas Hnstitui!-es E"ecutoras #ue ministram a capacita!'o profissional no mito doPlanfor ainda tm uma forte ase tecnicista e instrumental.7

    Com raras e"ce!-es,7B os pro$ramas de educa!'o profissional implementados adotam uma perspecti+aindi+idualizante, sem preocupa!'o com a constru!'o de competncias #ue se referenciem ao coleti+o dostraalhadores.

     No Minist&rio da Iade, um dos pro$ramas de Educa!'o Profissional com maior +isiilidade & o Profae

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    O MOE!O "# COMPET$%CI"# E "# IMP!IC"-.E# P"(" OC,((+C,!O

    As diferentes concep!-es #ue perpassam o modelo das competncias sinalizam, assim, para a e"istnciade +6rias matrizes te/rico0conceituais #ue orientam a identifica!'o, defini!'o e constru!'o decompetncias, e direcionam a formula!'o e a or$aniza!'o do curr%culo. Estas matrizes est'o ancora dasem modelos epistemol/$icos #ue as fundamentam, e podem ser identificadas como a matriz conduti+istaou eha+iorista a funcionalista a construti+ista e a cr%tico0emancipat/ria.

     No modelo das competncias al$umas indica!-es $erais s'o propostas para a or$aniza!'o do curr%culo9in+esti$a!'o dos processos de traalho para a identifica!'o de perfis profissionais de conclus'o defini!'odos locos de competncias profissionais 6sicas, $erais e espec%ficas relacionados aos perfisidentificados desenho da estrutura do curr%culo, em $eral fle"%+el e modularizado defini!'o dositiner6rios profissionais com crit&rios de acesso aos m/dulos e ao curso defini!'o das estrat&$ias deaprendiza$em @ pr6tica peda$/$ica interdisciplinar e conte"tualizada, processo centrado na aprendiza$emdo aluno, indi+idualiza!'o dos percursos de forma!'o, constru!'o si$nificati+a do conhecimento, sele!'ode situa!-es de aprendiza$em aseadas na peda$o$ia de pro1etos e situa!-es0prolema e defini!'o do

     processo de a+alia!'o da aprendiza$em.

    Estas indica!-es para a or$aniza!'o do curr%culo s'o, no entanto, +a$as, astratas e despro+idas de umsi$nificado mais e"pl%cito e concreto se n'o forem consideradas as formas como ser'o implementadas esuas +incula!-es s matrizes te/rico0conceituais anteriormente mencionadas.

    A matriz conduti+ista)eha+iorista de an6lise do processo de traalho com o prop/sito de identifica!'o,defini!'o e constru!'o de competncias profissionais tem seus fundamentos na psicolo$ia de Ikinner e na

     peda$o$ia dos o1eti+os de Jloom,8; entre outros autores, e $uarda forte rela!'o com o o1eti+o daeficincia social. As ori$ens da an6lise conduti+ista das competncias remontam ao in%cio da d&cada de4, #uando Da+id McClelland,8> da Kni+ersidade de Qar+ard, assinalou #ue as #ualifica!-es acadmicas,os conhecimentos, os $raus e os diplomas tradicionais n'o eram fatores +6lidos de predi!'o dodesempenho em sucedido e eficaz no traalho e em outras situa!-es da +ida. Ieriam mais teis as 5com

     petncias5, isto &, as hailidades, as capacidades, os conhecimentos, os padr-es de comportamento e

    atitudes das pessoas, por serem fatores mais se$uros de predi!'o do "ito no traalho.

     Nos anos B4, ichard Jo(atzis8? prop:s uma defini!'o e"pl%cita do conceito de competncia, como 5ascaracter%sticas de fundo de um indi+%duo, #ue $uardam uma rela!'o causal com o desempenho efeti+o ousuperior no posto5.8 O desempenho efeti+o & um elemento central na competncia e se define, por sua+ez, como a forma de alcan!ar resultados espec%ficos com a!-es espec%ficas, em um conte"to dado de

     pol%ticas, procedimentos e condi!-es da or$aniza!'o. Neste sentido, a competncia & soretudo umahailidade #ue reflete a capacidade da pessoa e descre+e o #ue ela pode fazer, e n'o necessariamente o#ue faz, independentemente da situa!'o ou circunstncia. As competncias definidas desta forma s'oa#uelas caracter%sticas #ue diferenciam um desempenho superior de um mediano ou pore, constituindo0se como as competncias centrais ou efeti+as. As caracter%sticas necess6rias para realizar um traalho,mas #ue n'o conduzem a um desempenho superior, s'o denominadas competncias m%nimas.

     Na pr6tica, a an6lise conduti+ista parte das pessoas #ue realizam em o seu traalho de acordo com osresultados esperados e define o posto de traalho em termos das caracter%sticas destas pessoas e do seudesempenho superior. Lem como o1eto de an6lise o posto de traalho e a tarefa para definir o curr%culode forma!'o. As per$untas centrais #ue orientam a an6lise conduti+ista s'o9 o #ue faz o traalhadorR Para#ue o fazR Como o fazR As respostas s'o otidas atra +&s do m&todo da an6lise ocupacional,8Bconsiderando0se os melhores traalhadores com melhor desempenho no traalho. Os contedos da an6liseocupacional s'o transpostos linearmente para o curr%culo e os processos de aprendiza$em ficamsumetidos aos comportamentos e desempenhos oser+6+eis na a!'o.

    Entre as principais cr%ticas matriz conduti+ista aponta0se #ue a defini!'o de competncia & muito amplaa distin!'o entre competncias centrais e m%nimas n'o & clara e #ue os modelos de competncias est'odatados historicamente, por#ue est'o relacionados ao "ito no passado, sendo, por isso, pouco

    apropriados para or$aniza!-es #ue operam com mudan!as r6pidas.83 Com rela!'o s conse#Fncias pr6ticas para o curr%culo pode ser assinalado o +i&s eha+iorista relacionado formula!'o de o1eti+os de

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    ensino em termos de condutas e pr6ticas oser+6+eis, o #ue remete s ta"onomias intermin6+eis e sfra$menta!'o de o1eti+os, #ue se relacionam s tarefas do posto de traalho.

    A matriz funcionalista de in+esti$a!'o dos processos de traalho e de identifica!'o, defini!'o econstru!'o de competncias profissionais tem sua ase no pensamento funcionalista na sociolo$ia e seufundamento metodol/$ico0t&cnico & a Leoria dos Iistemas Iociais. Prop-e0se a analisar n'o somente um

    sistema em si, mas a rela!'o entre o sistema e seu entorno. Nesta perspecti+a, os o1eti+os e fun!-es daempresa de+em ser formulados em ter mos de sua rela!'o com o amiente e"terno, isto &, com o mercado,a tecnolo$ia, e as rela!-es sociais e institucionais. Como conse#Fncia, a fun!'o de cada traalhador naor$aniza!'o de+e ser entendida em sua rela!'o com o entorno da empresa e com os susistemas dentro daempresa, onde cada fun!'o & o entorno da outra.;4

    A matriz funcionalista utiliza a an6lise funcional como m&todo e esta se realiza a partir da identifica!'o dafun!'o estrat&$ica do setor ou da empresa e dos resultados esperados na atua!'o dos traalhadores para#ue a fun!'o estrat&$ica se1a cumprida. A an6lise funcional procura responder s se$uintes per$untas9#uais s'o os o1eti+os principais da or$aniza!'o e da 6rea de ocupa!'oR Iua l/$ica de constru!'o decompetncias & deduti+a, partindo0se das fun!-es mais $erais para as mais espec%ficas.

    Os resultados das an6lises funcionais d'o ori$em s normas de competncia de traalho #ue s'odescri!-es de resultados laorais #ue se de+em alcan!ar em uma 6rea de traalho determinada. Acaracter%stica da an6lise funcional proposta reside no fato de #ue se descre+em produtos e n'o processos,importam os resultados e n'o como se fazem as coisas, por isso descre+em0se as fun!-es em unidades decompetncias e estas em elementos de competncias, se$uindo o princ%pio de descre+er em cada n%+el o

     produto esperado.

    Al$uns m&todos s'o utilizados para a identifica!'o e defini!'o das competncias laorais com o o1eti+ode identificar necessidades de capacita!'o pro fissional, plane1ar pro$ramas de forma!'o e determinarcrit&rios de a+alia!'o. Km destes m&todos & o Dacum

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    competncias a serem constru%das como intermin6+eis listas de ati+idades e comportamentos, limitando osaer ao desempenho espec%fico das tarefas. A concep!'o de autonomia dos su1eitos fica, assim, restrita e

     prescrita pelas ati+idades e tarefas. Iua perspecti+a economicista, indi+idualizadora, desconte"tualizada ea0hist/rica limita o curr%culo e estreita a forma!'o do traalhador.

    A matriz construti+ista de an6lise dos processos de traalho para identifi ca!'o e defini!'o das

    competncias tem suas ori$ens na ran!a e um dos seus principais representantes & Jertrand IchTartz,;?#ue +em desen+ol+endo uma s&rie de pes#uisas e uma metodolo$ia de in+esti$a!'o #ue comina

     pes#uisa)a!'o com refle"'o)a!'o. A partir desta metodolo$ia, identificou cate$orias #ue foram utilizadas para fazer um in+ent6rio de competncias, em situa!-es diferenciadas, de modo a identificar a rela!'oentre as ati+idades de traalho e os conhecimentos incorporados e)ou moilizados, de modo #ue se

     pudesse oter a compreens'o da rela!'o competncia)conte"to e seus processos de constru!'o e e+olu!'o.

    As cate$orias de an6lise utilizadas foram a cultura de ase, os conhecimentos cient%ficos, osconhecimentos t&cnicos, os conhecimentos or$anizati+os e os saeres comportamentais e relacionais.Cada uma destas cate$orias era se$uida por uma lista de hailidades e competncias oser+6+eis #ue o$rupo de traalhadores 16 possu%a e)ou foram desen+ol+idas durante o processo de forma!'o)a!'o.

    Ie$undo Jertrand IhTartz, a perspecti+a construti+ista 5esclarece as rela!-es mtuas e as a!-ese"istentes entre os $rupos e seu entorno, mas tam&m entre situa!-es de traalho e situa!-es decapacita!'o5.; A aorda$em construti+ista usca a constru!'o das competncias n'o s/ a partir dafun!'o do setor ou empresa, #ue est6 +inculada ao mercado, mas concede i$ual importncia s percep!-ese contriui!-es dos traalhadores diante de seus o1eti+os e potencialidades, em termos de sua forma!'o.Diferentemente dos enfo#ues conduti+istas, #ue tomam como referncia para a constru!'o dascompetncias os traalhadores mais aptos ou empresas de alto desempenho, a an6lise construti+istaconsidera as pessoas de menor n%+el educacional. Km dos princ%pios desta aorda$em & a usca docoleti+o, tanto na an6lise do traalho em suas rela!-es com o conte"to, #uanto na capacita!'o indi+idual,compreendida dentro de uma capacita!'o coleti+a. Como conse#Fncia a defini!'o das competncias e dacapacita !'o de+e realizar0se a partir de uma in+esti$a!'o participante.

    O traalho de pes#uisa de IchTartz are, se$undo Manfredi,;B 5

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     Nesta perspecti+a, a identifica!'o, defini!'o e constru!'o de competncias profissionais n'o se pauta pelas necessidades e demandas estritas do mercado, na /tica do capital, mas le+a em conta a dinmica eas contradi!-es do mundo do traalho, os conte"tos macroecon:micos e pol%ticos, as transforma!-est&cnicas e or$anizacionais, os impactos socioamientais, os saeres do traalho, os la!os coleti+os e desolidariedade, os +alores e as lutas dos traalhadores. Desta forma, in+esti$a as competncias no mundodo traalho a partir dos #ue +i+em as situa!-es de traalho,>4 ou se1a, dos pr/prios traalhadores,

    identificando os seus saeres formais e informais, as suas formas de cultura e o patrim:nio de recursos por eles acumulado 7 Jusca fazer a transposi!'o das competncias in+esti$adasno processo e nas rela!-es de traalho de modo a estaelecer, no curr%culo, o di6lo$o dos conhecimentos

     16 formalizados nas disciplinas e a e"perincia do traalho.>8 A aprendiza$em dos saeres disciplinares &acompanhada da aprendiza$em dos saeres $erados nas ati+idades de traalho9 conhecimentos, +alores,hist/rias e saeres da e"perincia.

    Atriui enorme importncia dimens'o social da constru!'o do conhecimento, entendendo a rela!'oentre os homens e dos homens com o mundo como fundamentais para o desen+ol+imento co$niti+o e aaprendiza$em. Enfatiza a constru!'o de competncias para a autonomia e para a emancipa!'o de rela!-esde traalho alienadas, para a compreens'o do mundo e para a sua transforma!'o. Jusca, assim, construircompetncias para uma a!'o aut:noma e capaz nos espa!os produti+os mas, i$ualmente, +oltada para odesen+ol+imento de princ%pios uni+ersalistas @ i$ualdade de direitos, 1usti!a social, solidariedade e &tica @ no mun do do traalho e da cidadania. Pretende desen+ol+er uma forma!'o inte$ral e ampliada,articulando sua dimens'o profissional com a dimens'o s/cio0pol%tica.>;

    inalmente, & necess6rio ressaltar #ue a no!'o de competncia & fortemente polissmica, tanto no mundodo traalho #uanto na esfera da educa!'o. Esta polissemia se ori$ina das diferentes +is-es te/ricas #ueest'o ancoradas em matrizes epistemol/$icas di+ersas e #ue e"pressam interesses, e"pectati+as e

    aspira!-es dos diferentes su1eitos coleti+os, #ue possuem propostas e estrat&$ias sociais diferenciadas e uscam a he$emonia de seus pro1etos pol%ticos.

    Diante das +6rias concep!-es de competncias cae enfatizar #ue as escolhas em educa!'o n'o s'oneutras e #ue os conceitos e"pressam as caracter%sticas e os interesses dos $rupos e das for!as sociais #ueos elaoram. A no!'o de competncia &, assim, uma constru!'o social, e por isso al+o de disputas

     pol%ticas em torno do seu si$nificado social. Lorna0se imprescind%+el enfrentar o desafio de proporalternati+as ao modelo de educa!'o profissional +i$ente, calcado na no!'o de competncias em suasconcep!-es n'o0cr%ticas, #ue enfrentem e dem respostas dinmica e s transforma!-es do mundo dotraalho, na perspecti+a dos interesses dos prota$onistas sociais9 os traalhadores. A ressi$nifica!'o dano!'o de competncias &, portanto, uma tarefa +6lida e ur$ente.

     

    Notas

    1 Ricardo Antunes em seu livro Os sentidos do trabalho: ensaio sobre a afrmação e a negação do trabalho. SãoPaulo: Boitemo !ditorial" #$$$. .%&." ressalta 'ue o caital rocura gestar um ro(eto de recueração dahegemonia no lano ideol)gico" or meio do culto de um sub(etivismo e de um ide*rio +ragmentador 'ue +a,aologia ao individualismo e-acerbado contra as +ormas de solidariedade e de atuação coletiva e social.

    # /!0R" A2 /!0R" 3.4. !strat5gias emresariais e +ormação de comet6ncias. Rio de 7aneiro:

     Atlas" #$$1. . 8%.

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    9 d. ibid." os autores aontam 'ue a tend6ncia ;s mudanças nas r*ticas de gestão de essoas tem sido verifcada não s) em emresas americanas e euro5ias" mas em emresas brasileiras. Ressaltam 'ue nostradicionais rocessos de recrutamento e seleção" novos instrumentos" novas t5cnicas v6m sendo emregados" visando identifcar essoas com otencial de crescimento" ?e-ibilidade ara en+rentar incidentes cr@ticos e asnovas demandas da emresa" ensamento estrat5gico. Os rocessos de treinamento e desenvolvimentoassumem novos contornos" criandose" inclusive em algumas emresas o conceito de universidade cororativa2o onto chave desse conceito 5 'ue todo o rocesso de desenvolvimento das essoas deve estar alinhado ;defnição das estrat5gias de neg)cio e comet6ncias essenciais da organi,ação. !" or fm" em termos do

    sistema de remuneração" algumas emresas começam a desenvolver modelos r)rios" estabelecendo osn@veis de comet6ncia e a comensação condi,ente com cada n@vel>

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    'ualifcados ao risco do desemrego" visto 'ue os ostos 'ue oderiam ocuar estão tomados or outros mais'ualifcados

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    #$ BRAS/. 3inist5rio da !ducação. Secretaria de !ducação 35dia e 4ecnol)gica. Educaçãoprofssional : re+erenciais curriculares nacionais da educação rofssional de n@vel t5cnico. Bras@lia"#$$$. 1G v.

    #1 BRAS/. /eis" Eecretos. Eecreto n. #.#$V" de 1 de abril de 1GGV. op/ cit/

    ## ONS!/QO NAONA/ E! !E0AO or'uestra um con(unto de es'uemas. 0m es'uema 5 uma totalidade constitu@da" 'ue sustentauma ação ou oeração Knica" en'uanto uma comet6ncia com uma certa comle-idade envolve diversoses'uemas de erceção" ensamento" avaliação e ação" 'ue suortam in+er6ncias" anteciaçJes"transosiçJesanal)gicas" generali,açJes" ...+ormação de decisJes" etc>. Id/5 ibid/ . #%.

     

    # BRAS/. 3inist5rio da !ducação. Secretaria de !ducação 35dia e 4ecnol)gica. a caacidade de assumir a resonsabilidade do cuidado artindo daconceção de saKde como 'ualidade de vida" interagindo com o cliente" suas necessidades e escolhas" valori,ando sua autonomia ara assumir sua r)ria saKde" e agir mobili,ando conhecimentos" habilidades"atitudes e valores re'ueridos elas situaçJes

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    cuidado. !sta comet6ncia se integrali,a mediante a articulação de suas dimensJes t5cnicas" organi,acionais"comunicativas" sociool@ticas> da Ohio State 0niversitF=. Na Am5rica /atina" vem sendo divulgado elo inter+orHOit.

    %# Amod 

    desenvolvimento instrucional" onde 5 desenvolvido o erfl de comet6ncia e são elaborados os guias dearendi,agem" os meios did*ticos e a revisão do material elaborado2 a +ase de e-ecução" na 'ual se reali,a acaacitação" se e+etua a avaliação +ormativa e documentamse os resultados2 e fnalmente" a +ase de avaliação"

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    onde se e+etua a avaliação somativa" analisamse as in+ormaçJes e tomamse as medidas corretivas necess*riasao aer+eiçoamento do rograma. RDON" 32 YARDAS" . op/ cit." . #$.

    %% DONI" A.2 QAD!R" P.2 O/Y!R"/. Establishin4 competenc?@based standar in thepro7essions/ anberra"