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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLAJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS PROJETO A VEZ DO MESTRE O MERCADO DE TRABALHO COMO GERADOR DE OPORTUNIDADES PARA AS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA FÍSICA (NECESSIDADES ESPECIAIS) Por: José Ricardo da Conceição Orientador: Prof. Marco Antônio Chaves

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLAJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS PROJETO A VEZ DO MESTRE

O MERCADO DE TRABALHO COMO GERADOR DE

OPORTUNIDADES PARA AS PESSOAS COM

DEFICIÊNCIA FÍSICA (NECESSIDADES ESPECIAIS)

Por:

José Ricardo da Conceição

Orientador:

Prof. Marco Antônio Chaves

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Rio de Janeiro, RJ, outubro/2001

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLAJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS PROJETO A VEZ DO MESTRE

O MERCADO DE TRABALHO COMO GERADOR DE

OPORTUNIDADES PARA AS PESSOAS COM

DEFICIÊNCIA FÍSICA (NECESSIDADES ESPECIAIS)

Por:

José Ricardo da Conceição

Trabalho Monográfico apresentado

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Como requisito parcial para obtenção Do Grau de Especialista em

Marketing no Mercado Globalizado

Rio de Janeiro, RJ, outubro/2001

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SUMÁRIO RESUMO..................................................................................................................INTRODUÇÃO......................................................................................................... 1 - O CIDADADÃO COM NECESSIDADES ESPECIAIS ..................................

1.1 – O portador de deficiência e a sociedade ............................................1.2 – A imagem do portador de deficiência ................................................

1.3 – O preconceito na vida dos deficientes ............................................... 1.4 – O correto tratamento ......................................................................... 1.5 – A Língua de Sinais e a Dactilologia .................................................. 1.6 – O Sistema Braille ............................................................................... 2 - A LEGISLAÇÃO PARA OS PORTADORES DE DEFICIÊNCIA .................. 2.1 – O Brasil e suas Leis ........................................................................... 3 - O PORTADOR DE DEFICIÊNCIA NO MERCADO DE TRABALHO ..........

3.1 – Os conflitos gerados .......................................................................... 3.2 – O trabalho dos portadores de deficiência pelo profº José Pastore .....3.3 – O Marketing Social como diferencial ................................................3.4 – Um empresário de vanguarda ............................................................3.5 – Sugestões para os empregadores .......................................................

4 - O SISTEMA EDUCACIONAL ..................................................................... 4.1 – A Tecnologia ..................................................................................... 4.2 – A Internet ........................................................................................... 5 - OS SERVIÇOS DE COLOCAÇÃO PROFISSIONAL .................................... 5.1 – Os Programas da Rede SACI ............................................................ 5.2 – O Programa do Núcleo de Computação da UFRJ ............................. 5.3 – Os Programas do CIEE Rio ............................................................... 6 - ACESSIBILIDADE E DESENHO UNIVERSAL ........................................... 6.1 – Eliminando barreiras .......................................................................... 6.2 – A relação custo/benefício .................................................................. 6.3 – A acessibilidade como lei .................................................................. 7 - O TRABALHO VOLUNTARIADO .............................................................. 7.1 – Dançando ao som do silêncio ............................................................ 7.2 – Um novo conceito de voluntariado .................................................... 7.3 – Declaração Mundial do Voluntariado ................................................ 7.4 – As regras do trabalho voluntariado .................................................... 7.5 – O que é Voluntariado Empresarial? ................................................... 7.6 – Pesquisa demonstra a força do Voluntariado Empresarial ................ CONCLUSÃO....................................................................................................................REFERÊNCIAS ANEXOS: • Decreto nº 3.298 de 20 de dezembro de 1999. • Normas técnicas da para adequação das edificações e do mobiliário urbano a

pessoa deficiente. • Eventos Extra-Classes e Declaração de Estágio.

06 07 09 09 10 11 15 22 24 27 27 31 33 33 37 38 38 40 41 43 48 49 51 56 59 60 62 63 66 66 67 68 70 72 74 78

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“A verdadeira sabedoria não se encontra

no acumulo de conhecimento e sim na

humildade em transmiti-la ao próximo”.

(Autor desconhecido)

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Meus sinceros agradecimentos a todas as pessoas que direta ou indiretamente

compartilharam com suas experiências para elaboração desse trabalho, agregando

assim, um panorama verdadeiramente atual ao conteúdo apresentado.

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Dedico este trabalho monográfico a todos os portadores de necessidades especiais que

lutam incessantemente pelo exercício pleno de sua cidadania junto a sociedade.

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RESUMO

Atualmente tendo em vista a falta de profissionais qualificados com

necessidades especiais, os empresários alegam que não podem cumprir o número de

cotas para contratação dos portadores de deficiência determinado por lei.

Esta problemática vem como reflexo das várias dificuldades enfrentadas

pelos portadores, entre eles pode-se citar: o precário sistema educacional; a pouquíssima

preocupação dos projetos arquitetônicos dispensada aos locais de circulação pública para

acessibilidade dos portadores; e da carência de divulgação de informações direcionada

aos portadores e sobre eles à sociedade como um todo.

Mediante a este quadro, objetivou-se nesse trabalho monográfico

aumentar o campo de comunicação entre a sociedade e o portador de deficiência com

informações que auxiliem no desenvolvimento e capacitação dos portadores no mercado

de trabalho, possibilitando assim, uma maior conscientização sobre o assunto perante

empresas e funcionários, bem como despertando a atenção das entidades de ensino para

implementação de cursos direcionados aos portadores, também informando sobre os

benefícios adquiridos quando as empresas engajam-se na absorção de novos

funcionários portadores e por fim na estimulação do espírito de cidadania entre as

pessoas para o serviço de voluntariado nas instituições que cuidam dos portadores.

Com ações desse tipo, o mercado de trabalho poderá ter uma significativa

melhora, gerando inúmeras oportunidades em prol das pessoas com necessidades

especiais que almejam simplesmente serem reconhecidos como cidadãos com dignidade

e respeito.

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INTRODUÇÃO Hoje em dia existem no Brasil aproximadamente 16 milhões de pessoas

portadoras de deficiência (uma das maiores populações de pessoas com necessidades

especiais do mundo). Sejam oriundas de causas genéticas, acidentes de trânsito, de

trabalho ou qualquer outra origem, a deficiência atinge um aspecto de convivência

familiar de mais de 20% da população do país.

Dos deficientes, segundo estimativas, 9 milhões estão em idade de

trabalhar, ou seja, em plena capacidade produtiva, sendo que apenas 1 milhão deles

realmente trabalham (800 mil na informalidade e 200 mil no mercado formal). Se o

mercado de trabalho está difícil para os não-portadores, é mais difícil ainda para os

portadores de deficiência que muita das vezes esbarram com o preconceito e o descaso.

Todas essas pessoas buscam ter o reconhecimento justo de cidadania, mas

a carência de informações direcionadas, a inadequação arquitetônica nas vias de acesso

público e o saturado sistema educacional formam um conjunto de obstáculos que

retardam o desenvolvimento de condições que propicie ao portador de deficiência sua

participação efetiva na sociedade.

Recentemente um grande passo fora dado pelo governo com a criação do

Decreto nº 3.298, de 20 dez 1999, que regulamenta a Lei 8.213, de 24 jul 1991, que

em resumo obriga todos as empresas do país a contratarem de 2% a 5% de força de

trabalho entre pessoas portadoras de deficiência. Este decreto evidenciou por outro

lado a falta de profissionais qualificados decorrente dos poucos cursos de capacitação

aos deficientes para o mercado, bem como de programas de integração entre

empresas e a sociedade para com as pessoas com necessidades especiais. Pois afinal

de contas, não basta apenas implementar direitos através de leis, deve-se também

fornecer meios para se chegar aos objetivos propostos.

Neste trabalho houve a preocupação de informar as pessoas não

portadoras e empresas um pouco do universo das pessoas com necessidades especiais na

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tentativa de aumentar o campo de comunicação e estimular o relacionamento entre a

sociedade e o deficiente físico para maior integração. Bem como revelar à uma grande

parcela de portadores de deficiência sobre seus direitos e instituições que trabalham em

prol desses direitos. Pois afinal de contas a cidadania é para todos.

1 – O CIDADÃO COM NECESSIDADES ESPECIAIS

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O cidadão com necessidades especiais antes de ser uma pessoa que porta

uma deficiência, ele é uma pessoa e, como tal, apresenta características de

personalidade, sentimentos, emoções, sonhos e ideais. A pessoa portadora de deficiência

não deixa de ser ela, por portar algum tipo de deficiência, apresentando, portanto, uma

vida normal. Estuda, trabalha, casa-se, tem filhos...Enfim, desfruta da vida como as

demais pessoas.

O que a difere das outras pessoas é o fato de portar uma deficiência,

manifestando dificuldades apenas no exercício de determinadas atividades que

requeiram o uso do órgão (ou membro) afetado, o que não a exclui de executar outras

atividades. Sendo importante acrescentar que uma pessoa, ao perder alguma função que

lhe seria natural, passa a compensá-la, através de recursos por ela criados. Recursos

esses, que uma pessoa “dita normal” jamais imaginaria existir, visto que nunca os

necessitou.

1.1- O portador de deficiência e a sociedade.

Muitos dos problemas que afligem a vida dos portadores de deficiência

têm origem na sociedade. Pois ao longo da história, a sociedade restringiram,

estereotiparam, discriminaram e até exibiram os portadores de deficiência dentro das

mais diferentes interpretações, desde as que atribuíam aos seus problemas uma origem

divina, até as que exploravam suas deformidades.

Mesmo com o passar dos tempos, as atitudes preconceituosas se

mantiveram relativamente estáveis. As sociedades humanas avançaram em tantos

aspectos, mas muito pouco na superação dos preconceitos. Estes foram apenas variando

na sua manifestação. Talvez devido há pressões dos segmentos mais esclarecidos, os

grupos preconceituosos foram sofisticando suas reações diante dos portadores de

deficiência. Surgiram comportamentos estereotipados e, superficialmente, marcados por

compreensão e humanismo.

1.2- A imagem do portador de deficiência.

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Para os próprios portadores de deficiência, a percepção social das pessoas

que os rodeiam tem muita importância. Na realidade, é dessa percepção que saem as

imagens comuns a respeito das pessoas que têm necessidades especiais. A intensidade

dessa percepção e as formas de manifestação variam de sociedade para sociedade. E,

dentro de cada uma delas, varia de acordo com as classes sociais, níveis de educação e

senso de responsabilidade social.

No geral, tais imagens de percepção têm pouca relação com as limitações, e

muito a ver com as falsas concepções. Fazendo com que essas concepções, apesar de

falsas e preconceituosas, sejam parte integrante da realidade social. Pode-se citar

entre tantos tipos de concepções: as das pessoas que consideram os deficientes

infelizes, por considerarem privadas de oportunidades que a vida oferece, estando

elas presas dentro do próprio corpo; e as das pessoas que tendem a tratar os

portadores de deficiência dentro de um quadro de doença. Um portador pode ter

algum problema de saúde, é claro, mas a limitação de um membro, da fala ou da

visão, em si, não constitui doença.

Os não-portadores de deficiência ignoram que, com o passar da idade, os

seres humanos, eles inclusive, terão as suas funções reduzidas afinal. A degeneração

dos órgãos e a velhice formam o destino de todos nós. Ademais, ninguém está livre

de, a qualquer momento, passar a ter uma limitação de ordem física, sensorial. No

fundo, todos os seres vivos terão de conviver com algum tipo de deficiência ao longo

de suas vidas e utilizar acessórios para amenizá-los (óculos, dentadura,...).

1.3- O preconceito na vida dos deficientes.

As relações humanas costumam ser formadas, em grande parte, pela

primeira impressão. E, nesse caso, chamam mais atenção os atributos (as

deformidades) do que os portadores desses atributos (seres humanos). Em outras

palavras, as deformidades vêm antes das pessoas. A partir daí, compõe-se uma visão

desumana e estereotipada das pessoas. Com base nisso, passam a imputar ao portador

daquela limitação um conjunto de imperfeições que ele não tem. Isso se agrava ao

tomar-se como exemplo, se numa só pessoa juntar o fato de ser deficiente, mulher,

negra e homossexual.

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Mas é no mundo do trabalho que as tentativas de evitar as pessoas com

necessidades especiais mais aparecem. Dentre os que podem trabalhar, é ainda

comum a rejeição de profissionais qualificados pelo simples fato de serem portadores

de alguma limitação, mesmo que esta limitação não afete o desempenho no trabalho.

É a desconsideração da eficiência e o enaltecimento da deficiência.

A informação das pessoas, a conscientização da sociedade e o esforço das

instituições sociais são decisivos para se reduzir os preconceitos e assegurar uma

melhor integração dos portadores de deficiência na vida social e de trabalho. É claro

que a superação desses problemas é uma tarefa complexa. Exige educação,

treinamento e compreensão do lado dos portadores. Os que nunca enfrentaram essa

problemática não tem a menor idéia da sua complexidade.

Para maior compreensão desse assunto, cita-se abaixo o depoimento de

Dylson Ramos Bessa Junior, retirado do site www.deficienteeficiente.com.br,e sua

luta por uma oportunidade de integração, revelando assim, o esforço que fazem as

pessoas com necessidades especiais para superar as barreiras sociais.

“A gente nunca imagina o que é realmente a discriminação e o

preconceito, até passar por ele. Antes disso temos uma noção. Depois a sensação do

choque no corpo, a boca seca e o coração que dói. E depois? Depois é aquele vazio

e a mente martelando: -você é como todo mundo. Mas o coração, além da dúvida,

fica o medo de acontecer de novo e todo mundo vê. Daí a gente fica em casa e pensa

que tudo podia ser diferente. E que esse diferente tem duas alternativas: Do por que

sou uma pessoa portadora de deficiência e a outra é que a cidade podia ser igual prá

todos.

Na verdade se percebe logo que essa alternativa é uma via única e você

passa por ela. Não dá prá fugir! E o pior é que agente tem que engolir e a seco o

discurso, seja de empresários, políticos, padre os pastor que somos cidadãos. Isso eu

sei e uma outra pessoa portadora de deficiência também sabe, mas e vocês: padres,

pastores, empresários e políticos? Realmente vocês sabem?

Eu sei que sou diferente por ter uma deficiência e não posso negar, assim

como sou diferente na forma de sentir, agir ou amar uma pessoa e todos somos

assim. Agora quanto a ser um cidadão, sou e tenho os mesmos direitos e deveres

iguais que qualquer um. Por tanto, perante a lei somos iguais, certo? Na teoria tudo

divino, mas, passando para o nosso dia a dia as coisas não funcionam. Se vamos

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pegar um ônibus não há adaptação e a maioria dos motoristas param longe, e

quando param! Daí a gente espera que alguém tenha bom senso para nos ajudar e

quando estamos com sorte o motorista tem paciência e está de bom humor.

Muitas vezes a situação é contornável, entretanto, isso dificilmente

ocorre porque falta interesse nos empresários em entrar em contato com uma

entidade de portador de deficiência para juntos elaborarem um esquema de palestras

de conscientização e até prevenção de acidentes. Só que é mas barato deixar

humilhar a pessoa portadora de deficiência, a mulher e o idoso.

Já dentro do ônibus é torcer pro lugar que nos é destinado estar vago. De

canto de olho você observa uma mãe que fala pro filho: “tira o olho menino, é feio

ficar olhando.” E você se pergunta: “Será que eu sou o feio? Ou é feio ser

deficiente?” E a criança que tudo quer aprender, pergunta para mãe: “por que ele é

assim?” A mãe fala: “Ele é dodói porque teimava muito. E não fica mexendo com

ele” (Se referindo a cadeira de rodas, bengala ou muleta). Você comenta consigo:

“Mas não sou dodói e sempre fui bom filho!”

E isso é tão enraizado e intrincado, que está na nossa cultura que o

portador de deficiência é “dodói”, que não se pode tocar, mexer ou falar com ele e a

criança cresce com isso, com essa barreira, com a visão de que o deficiente é

culpado por ser torto, cego, surdo... Quando na verdade esta barreira, esse

imaginário deveria acabar.

Mas esse enraizamento é tão profundo que tira até o direito de amarmos,

de fazermos sexo é como se fossemos assexuados. Anjos! (eu, anjo?) Basta lembrar

que um tempo desse apareceu em um programa jornalístico um padre que não queria

dar o direito ao matrimônio a um portador de deficiência física, pois segundo ele o

casamento deve gerar frutos como diz sua bíblia. Mas como pode ele, julgar isso se

vive nos tormento da mente lutando contra esse sentimento? E se escondendo atrás

da desculpa de amar toda a humanidade e rejeita o casamento de um portador de

deficiência..?

Chega por fim a hora de descer do ônibus. Depois de toda confusão de

“aí não pode pegar”. “Segura aqui”. E por sorte não cair. O primeiro obstáculo: um

carro estacionado na frente da rampa, mais adiante uma rampa muito inclinada e o

pior não há banheiros públicos adaptados. E com um anúncio no colo busco um

emprego, logo na primeira empresa que precisa de um funcionário você entra e é

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bem recebido, tira, de dentro da escarcelada, como se fosse um trunfo, uma

seqüência incrível de cursos que infelizmente é inútil.

Pelo seguinte: seus cursos de computação esta “passado”, você nunca

trabalhou, não terminou os estudos e os mais chocante: você é portador de

deficiência e a empresa nunca esta preparada para recebê-lo. Isso dói no fundo de

seu peito, porque você percebe que seus cursos, que geralmente, são projetos do

Estado, foram um engodo, que ninguém te preparou realmente para o mercado de

trabalho.

Já no final da tarde você riscou de seu classificado todos os empregos

disponíveis e cansado de ouvir as mesmas desculpas volta a questionar-se: “Será que

sou tão difícil assim, que as empresas não podem nem tentar? Não existe uma lei que

tem que haver pessoas portadoras de deficiência trabalhando nos quadros de

funcionários?” “Lei, lei.” Repete várias vezes procurando preencher um vazio que a

palavra causa.

Na quietude do silêncio senta alguém do seu lado e suas palavras de

conforto são: “Venha pra minha Igreja. Jesus ama você! Ele curou o cego e o

aleijado e se vir comigo irá curar você.” Então cansado e tão cansado você

responde: “Curar-me? Não sou doente. Por que sou eu que devo ficar “bom”? É

errado ser um deficiente? Só devo ir para uma Igreja se ela me prometer cura?

Deixe-me em paz, eu quero apenas ser um qualquer, não estou buscando a cura, e

sim a igualdade...”

Somos 20% da população de um país como quer a Organização Mundial

de Saúde. Somos muito mais... Somos massacrados, medrosos, acostumados a ficar

calados, sofrer calado, sentir calado... A gente houve falar: Integração,

Reintegração, Inclusão, etc. Tudo gente velha com roupa nova. E eu por onde vou

ficando? Vitima? Não. Conseqüência real da falta de uma política pública que

incentive e mostre o caminho.

Mas terei culpa em tudo isso? Sim em parte, pois eu, quanto pessoa

portadora de deficiência que estudei, ou tenha noção de meus direitos e deveres e

que trabalho, não tenho tempo para mostrar que sonhos acontecem, que mesmo com

uma condição financeira estável, também sou discriminado. Basta não ter vergonha

de falar, de ajudar, de portar uma deficiência, de acreditar no outro. Basta apenas:

União.”

Autor: Dylson Ramos Bessa Junior

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1.4- O correto tratamento.

As pessoas que se sentem desconfortadas no contato com portadores de

deficiência carregam consigo um profundo desconhecimento. Aliás, os seres humanos

tendem a assumir atitudes preconceituosas quando não conhecem as características

das pessoas com quem interagem. Assim no intuito de auxiliar no aumento de

informação para melhor integração entre portadores e não-portadores de deficiência, e

saindo intencionalmente do padrão textual, cita-se abaixo algumas dicas de como

tratar deficientes físicos de maneira correta e sem excessos, retirados do site

www.deficienteeficiente.com.br.

Errado : Evitar falar com os deficientes sobre coisas que uma pessoa normal pode

fazer e eles não.

Certo: Conversar normalmente com os deficientes, falando sobre todos os assuntos,

pois é bom para eles saberem mesmo das coisas que não podem ouvir, ver ou

participar por causa da limitação de movimentos.

Errado: Elogiar ou depreciar uma pessoa deficiente, somente por ela ser limitada.

Certo: Tratar o deficiente como alguém com limitações específicas da deficiência,

porém com as mesmas qualidades e defeitos de qualquer ser humano.

Errado: Superproteger o deficiente, fazendo coisas por ele.

Certo: Permitir que o deficiente desenvolva ao máximo suas potencialidades,

ajudando-o apenas quando for realmente necessário.

Errado: Chamar o deficiente pelo apelido relativo à sua deficiência (ex.: surdinho,

surdo, mudo, cego, maneta, etc.), pois ele pode se ofender.

Certo: Chamar a pessoa deficiente pelo nome, como se faz com qualquer outra

pessoa.

Errado: Dirigir-se à pessoa cega como se ela fosse surda, fazendo esforço para que ela

ouça melhor. O cego não é surdo.

Certo: Conversar com o cego em tom de voz normal.

Errado: Referir-se à deficiência da pessoa como uma desgraça, como algo que mereça

piedade e vá ser compensando no céu.

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Certo: Falar da deficiência como um problema, entre outros, que apenas limita a vida

em certos aspectos específicos.

Errado: Demonstrar pena da pessoa deficiente.

Certo: Tratar pessoa deficiente como alguém capaz de participar da vida em todos os

sentidos.

Errado: Usar adjetivos como “maravilhoso”, “fantástico” etc., cada vez que se vê uma

pessoa deficiente fazendo algo que aparentemente não conseguiria (por exemplo, ver

o cego discar o telefone ou ver as horas, ver um surdo falar e/ou compreender o que

lhe falam).

Certo: Conscientizar-se de que a pessoa deficiente desenvolve estratégias diárias e

superando normalmente os obstáculos, e não mostrar espanto diante de um fato que é

comum para o deficiente.

Errado: Referir-se às habilidades de um deficiente como “sexto sentido” (no caso do

cego e surdo, por exemplo) ou como uma “compensação da natureza”.

Certo: Encarar como decorrência normal da deficiência o desenvolvimento de

habilidades que possam parecer extraordinárias para uma pessoa comum.

Errado: Evitar usar as palavras ver, ouvir, andar, etc., diante de pessoas que sejam

cegas, surdas ou privadas de movimentos.

Certo: Conversar normalmente com os deficientes, para que eles não se sintam

diferenciados por perceptível constrangimento no falar do interlocutor.

Errado: Deixar de oferecer ajuda a uma pessoa deficiente em qualquer situação (por

exemplo, cego atravessando a rua, pessoa de muleta subindo no ônibus etc.), mesmo

que às vezes o deficiente responda mal, interpretando isto como gesto de piedade. A

maioria dos deficientes necessita de ajuda em diversas situações.

Certo: Ajudar o deficiente sempre que for realmente necessário, sem generalizar

quaisquer experiências desagradáveis, atribuindo-as somente a pessoas deficientes,

pois podem acontecer também com as pessoas normais.

Errado: Supervalorizar o deficiente, achando que ele pode resolver qualquer problema

sozinho (por exemplo, o cego alcançar qualquer porta apenas contando os passos,

sem que alguém indique a direção).

Certo: Conscientizar-se de que as limitações de um deficiente são reais, e muitas

vezes ele precisa de auxilio.

Errado: Recusar a ajuda oferecida por uma pessoa deficiente, em qualquer situação ou

tarefa, por acreditar que não seja capaz de realizá-la.

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Certo: Confiar na pessoa deficiente, acreditando que ela só lhe oferecerá ajuda se

estiver segura de poder fazer aquilo a que se propõe. O deficiente conhece melhor do

que ninguém suas limitações e capacidades.

Errado: Ao falar, principalmente com o cego, dirigir-se ao acompanhante do

deficiente, e não ao deficiente, como se ele fosse incapaz de pensar, dizer e agir por

si.

Certo: Dirigir-se sempre ao próprio deficiente, quando o assunto referir-se a ele,

mesmo que esteja acompanhado.

Errado: Agarrar a pessoa cega pelo braço para guiá-la, pois ela perde a orientação.

Certo: Deixar que o cego seguro no braço ou apoie a mão no ombro de quem o guia.

Errado: Agarrar pelo braço pessoas com muletas, ou segurar abruptamente uma

cadeira de rodas, ao ver o deficiente diante uma possível dificuldade.

Certo: Ao ver o deficiente diante de um possível obstáculo, perguntar se ele precisa

de ajuda, e qual a maneira correta de ajudá-lo. Agarrar um aparelho ortopédico ou

uma cadeira de rodas, repentinamente, é uma atitude agressiva, como agarrar

qualquer parte do corpo de uma pessoa comum sem aviso.

Errado: Segurar o deficiente, na tentativa de ajudá-lo, quando já houver uma pessoa

orientando-o, principalmente no caso do cego.

Certo: Quando houver necessidade ajuda ou orientação, apenas uma pessoa deve

tocar o deficiente, a não ser em situações muito específicas, que peçam mais ajuda

(por exemplo, carregar uma cadeira de rodas para subir uma escada).

Errado: Carregar o deficiente, principalmente o cego, ajudá-lo a atravessar a rua,

tomar condução, subir ou descer escadas.

Certo: Auxiliar o deficiente nestas situações apenas até o ponto em que realmente

seja necessário, para evitar atrapalhá-lo mais.

Errado: Pegar a pessoa cega pelo braço para colocá-la na posição correta de sentar

numa cadeira.

Certo: Colocar a mão do cego sobre o espaldar da cadeira e deixar que ele se sente

como achar melhor.

Errado: Guiar a pessoa cega em diagonal quando atravessar a rua.

Certo: Atravessar o cego sempre em linha reta, para que não perca a orientação.

Errado: Tratar o deficiente com constrangimento, evitando falar sobre sua deficiência.

Certo: Conversar naturalmente com o deficiente sobre sua deficiência, evitando

porém perguntas em excesso. Na maioria dos casos, ele preferirá falar normalmente

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sobre aquilo que é apenas parte de sua vida, e não uma coisa anormal ou

extraordinária, como possa parecer ao interlocutor.

Errado: Levar o cego a qualquer lugar onde haja mais pessoas e entrar como se ele

pudesse ver quem está no recinto.

Certo: Apresentar o cego a todas as pessoas que estejam num local onde ele é levado

por outra pessoa vidente.

Errado: Ao receber um cego em sua casa, deixá-lo orientar-se sozinho.

Certo: Ao receber um cego em sua casa, mostre-lhe todas as dependências e os

possíveis obstáculos, e deixe que ele se oriente, colocando-se disponível para

mostrar-lhe novamente alguma dependência, caso ele ache necessário.

Errado: Constranger-se em avisar o cego de que ele está com alguma coisa errada na

sua vestimenta ou aparência física, ou que está fazendo movimento não usuais, como

balançar-se ou manter a cabeça baixa durante uma conversa.

Certo: Conscientizar-se de que o cego, por não enxergar, não segue o padrão de

imitação visual, não podendo, portanto, seguir o comportamento aparente das pessoas

videntes. Avisar o cego sempre que perceber que ele está com aparência ou

comportamento fora do padrão social normal, evitando que ele caia no ridículo.

Errado: Avançar subitamente sobre a pessoa deficiente por achar que ela não vai

conseguir realizar uma tarefa (por exemplo, quando o cego está levando o garfo à

boca), se o deficiente não solicitar ajuda.

Certo: Permitir que o deficiente realize sozinho suas tarefas, mesmo quando lhe

pareça impossível. Só se deve socorrê-lo em caso de perigo.

Errado: Agarrar a pessoa cega com intuito de orientá-la quando ela está caminhando

normalmente na rua.

Certo: Certo Deixar que o cego aprenda por si só transpor os obstáculos da rua, pois

ele é capaz de fazê-lo sozinho. Segurar seu braço, exceto no sinal ou diante de algum

perigo real, na verdade o desorienta.

Errado: Chamar a atenção para o aparelho de surdez.

Certo: Estimular o uso do aparelho, encarando-o com a mesma naturalidade com que

são vistos os óculos.

Errado: Gritar de longe e/ou às costas de uma pessoa surda para chamá-la.

Certo: Para chamar a atenção de uma pessoa surda que esteja de costas, deve-se tocá-

la, de leve, no braço, antes de começar a falar com ela.

Errado: Gritar para chamar a atenção de uma pessoa surda que esteja em perigo.

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Certo: Procurar chegar até ela o mais rapidamente possível, procurando ajudá-la.

Lembrar que uma pessoa que atravessa a rua poderá ser surda, podendo, por isso, não

ouvir a buzina de seu carro.

1.5- A língua de Sinais e a Dactilologia.

A Língua de sinais é natural da comunidade surda. Esta língua, com

regras morfológicas, sintáticas, semânticas e pragmáticas próprias, possibilita o

desenvolvimento cognitivo da pessoa surda, favorecendo o acesso desta aos conceitos

e aos conhecimentos existentes na sociedade.

Pesquisas lingüísticas têm demonstrado que as Línguas de Sinais são

sistemas de comunicação desenvolvidos pelas comunidades surdas, constituindo-se

em Línguas completas com estruturas independentes das Línguas orais. Os sinais são

formados a partir de parâmetros, como a combinação do movimento das mãos com

um determinado formato num determinado lugar, podendo este lugar ser uma parte do

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corpo ou um espaço em frente ao corpo. Os parâmetros da Língua de Sinais são:

configuração das mãos; figuras geométricas; movimento; orientação espacial; e

expressão facial e/ou corporal.

Na combinação desses parâmetros obtém-se o sinal. Portanto, falar com

as mãos é combinar esses sinais que forma as palavras e as frases num determinado

contexto. Com isso, a Língua de Sinais é fundamental no desenvolvimento lingüístico

e cognitivo da criança surda, auxiliando no processo de aprendizagem de Línguas

Orais, favorecendo a produção escrita, servindo de apoio para a leitura e compreensão

dos textos escritos.

Nesta arte de conversar configurando as mãos, existe a chamada

Dactilologia que é a forma que a mão assume na realização de uma letra está indicada

no Alfabeto Manual Brasileiro, uma série de letras convencionais que correspondem

às letras escritas na Língua Portuguesa. Conheça a seguir este alfabeto.

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1.6- O Sistema Braile.

O Sistema Braile, utilizado universalmente na leitura e na escrita por

pessoas cegas, foi inventado na França pelo sr. Braille, em 1825, sendo reconhecida

esta data como o marco dessa importante conquista para a educação e integração dos

deficientes visuais na sociedade.

Louis Braille adquiriu sua deficiência visual quando era garoto ferindo-se

com um instrumento da oficina de seu pai que produzia selas. O inusitado da história

é que Louis, que nunca se deixou vencer pelas resignação, criou o seu sistema

inspirado nos bonitos relevos que enfeitavam as selas e eram feitos exatamente com o

mesmo instrumento que o cegou.

Esta curiosidade fantástica possibilitou Louis criar o sistema que até hoje

possibilita a maravilhosa companhia do ler e escrever a quem só pode fazer isso com

o tato. Hoje, guardadas todas as evoluções, o método foi aperfeiçoado e inclusive seu

nome tornou-se mais próximo e verdadeiro passando, com justiça, a ser um

substantivo comum (braile) que não permite o esquecimento de seu criador Braille

(substantivo próprio) que nos acalenta com sua genialidade.

O Sistema Braile é muito simples e fácil de se aprender. Tendo sido feito

para leitura e escrita tátil, toda sua base está, justamente, na “cela braile” de seis

pontos em relevo, dispostos em duas colunas de três pontos. Para facilitar a sua

identificação, os pontos são numerados da seguinte forma: do alto para baixo, coluna

da esquerda , pontos 1-2-3; do alto para baixo, coluna da direita, pontos 4-5-6. O

mais interessante é que, ao contrário do que acontece com o sistema de comunicação

visual, o braile possui um único “alfabeto”.

As letras não possuem tamanhos variados, cores, diferenças de traçados,

tipos e todos os artifícios que o ver possibilita; limitasse ao essencial: A PALAVRA.

Para se escrever uma letra maiúscula em braile usa-se o “sinal de maiúscula”, se

quiser a palavra toda em maiúscula (caixa alta) antepor dois sinais. Se houver

necessidade de detalhamento como em MacMillan, basta anteporem-se os sinais. Se

houver necessidade de detalhamento como em MacMillan, basta anteporem-se os

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sinais às suas respectivas letras. Para melhor compreensão segue-se o alfabeto braile

de seis pontos (sem alto relevo).

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2- A LEGISLAÇÃO PARA OS PORTADORES DE DEFICIÊNCIA

3 de dezembro - Dia Internacional das Pessoas Portadoras de Deficiência

(ONU, 1993)

As últimas três décadas marcaram um tempo de grandes esforços

legislativos com vistas a melhor integrar os portadores de deficiência no mercado de

trabalho. Em 9 de dezembro de 1975, a ONU aprovou a “Declaração dos Direitos das

Pessoas portadoras de Deficiência”, cujo artigo 3º diz: “As pessoas portadoras de

deficiência têm o direito inerente por sua dignidade humana. Qualquer que seja a

origem, natureza e gravidade de suas deficiências, os seus portadores têm os mesmos

direitos fundamentais que seus concidadãos da mesma idade, o que implica, antes de

tudo, o direito de desfrutar uma vida decente, tão normal e plena quanto possível”.

• No artigo 8º da mesma Declaração estabeleceu que:

“As pessoas portadoras de deficiência têm o direito de ter as suas necessidades

especiais levadas em consideração em todos os estágios de planejamento econômico e

social”.

2.1- O Brasil e suas Leis.

O Brasil em sua Constituição Federal de 1988 prevê:

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• No artigo 24, Inciso XIV, ser da competência da União, Estados, Municípios e

Distrito Federal legislar sobre a “proteção e integração social das pessoas portadoras

de deficiência”.

• No artigo 37, Inciso VIII, estabelece que:

“a lei reservará um percentual de cargos e empregos públicos para as pessoas

portadoras de deficiência”.

• No artigo 203, Inciso IV dispõe:

“a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de

sua integração à vida comunitária”.

• No artigo 208, Inciso III diz ser:

“dever do Estado garantir o atendimento educacional especializado aos portadores de

deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino”.

• No artigo 227, Inciso II prevê a:

“criação de programas de prevenção e atendimento especializado para os portadores

de deficiência física, sensorial ou mental, bem como de integração social do

adolescente portador de deficiência, mediante o treinamento para o trabalho e a

convivência, e a facilitação do acesso aos bens e serviços coletivos, com a eliminação

de preconceitos e obstáculos arquitetônicos”.

No âmbito das leis ordinárias, o Brasil se propõe, igualmente, a dar um grande apoio aos

portadores de deficiência. Pode citar-se:

A Lei nº 8.112/90, no artigo 5, parágrafo 2º, que criou uma reserva de

mercado específica para os órgãos civis da União, autarquias e fundações públicas

federais, ao estabelecer que: “às pessoas portadoras de deficiência é assegurado o direito

de se inscrever em concurso público para o provimento de cargo cujas atribuições sejam

compatíveis com a deficiência de que são portadoras; para tais pessoas serão reservadas

até 20% das vagas oferecidas no concurso”.

A Lei nº 8.213/91, que por sua vez, estabeleceu cotas compulsórias a

serem respeitadas pelos empregadores na admissão e demissão de portadores de

deficiência. Segundo o seu artigo 93, as empresas do setor privado que tenham mais de

100 empregados passaram a ter de obedecer a cotas legais para contratar portadores de

deficiência habilitados, a saber: I- de 100 a 200 empregados, 2%; II- de 201 a 500, 3%;

III- de 501 a 1.000, 4%; IV- de 1.001 ou mais, 5%. Além disso, essa lei estabelece que a

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dispensa de trabalhador reabilitado ou de portador de deficiência habilitado, só pode

ocorrer após a contratação de substituto de condição semelhante.

A lei nº 9.867/99 que dispõe sobre a criação e funcionamento de

cooperativas sociais, visando à integração social dos cidadãos. Teoricamente, essa

inovação criava um importante mercado de trabalho para os portadores de deficiência

pois, ali, eles poderiam exercer atividades como cooperados e não como assalariados,

que é a modalidade mais difícil em vista das despesas que decorrem da contratação de

trabalhadores com vínculo empregatício.

No nível federal, o Poder Executivo editou o Decreto nº 3.298/99 com o

objetivo de fixar uma Política Nacional para a Integração de Pessoas Portadoras de

Deficiência no mercado de trabalho e na sociedade em geral. O decreto, que definiu com

mais detalhes a deficiência física, auditiva, visual, mental e múltipla, engloba vários

dispositivos legais anteriores e avança em campos ainda não cobertos por eles. Em tal

política pressupõe que a integração dos portadores de deficiência no meio em que vivem

depende da ação conjunta do Estado e da sociedade civil.

Caberá então ao Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Portadora de

Deficiência (constituído por representantes de instituições governamentais e da

sociedade civil) zelar pela efetiva implantação da referida política, aprovar o plano de

ação anual da Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de

Deficiência (faz parte da Secretaria de Estado dos Direitos Humanos), assim como

propor estudos, programas de ação e mecanismos para ajudar a sociedade a encontrar os

melhores caminhos nesse terreno. O decreto define ainda uma série de responsabilidades

dos órgãos públicos nos campos da educação, saúde, cultura, lazer, turismo, ajudas

técnicas, habilitação e reabilitação profissionais.

Assim no que tange a garantias constitucionais, pode-se verificar que o

Brasil possui uma aparelhagem legal das mais abrangentes do mundo. Com isso, ao

estabelecer inúmeros direitos, ela cria evidentemente, um grande número de obrigações

que, se não forem obedecidas, inviabilizam os direitos. Esse é o problema atual. A

grande dificuldade é passar das garantias constitucionais para a realidade prática.

Obs: Para maior conhecimento e compreensão sobre os aspectos legais, é exposto

na parte de ANEXOS dessa monografia, o Decreto nº 3.298 de dezembro de 1999

na integra.

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3.- O PORTADOR DE DEFICIÊNCIA NO MERCADO DE TRABALHO

Os dados informativos sobre o mercado de trabalho para pessoas com

necessidades especiais são muito superficiais. Tomando conhecimento disso, o SENAI

(Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), em 1999, realizou um estudo para se

saber em que porcentagem as empresas brasileiras adotam políticas específicas de

contratação de pessoas com limitações. Dos resultados obtidos junto a uma amostra de

516 empresas, destacam-se os seguintes: apenas 30% declararam considerar a questão

dos portadores de deficiência dentro da política geral da empresa; dentre elas, cerca de

23% afirmaram possuir programas específicos e emprego ou convênios com associações

representativas e de assistência.

Em suma, de um total de 337.580 empregados registrados naquelas

empresas, 2.414 foram considerados como portadores de deficiência. Por esse dado, o

emprego formal atinge menos de 1% do emprego do setor industrial. Ademais, os

poucos que entram no segmento formal têm dificuldade de nele permanecer por muito

tempo. Acabam saindo prematuramente e demoram para voltar.

A fraca participação dos portadores de deficiência no mercado de trabalho

não decorre da falta de leis, como pode-se verificar no capítulo 2 que trata da

Legislação, mas sim da carência de ações, estímulos e instituições que viabilizem, de

forma concreta, a formação, habilitação, reabilitação e inserção dos portadores de

deficiência no mercado de trabalho. Apesar de já existirem alguns bons trabalhos sendo

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desenvolvidos nesta área, mesmo sim, é considerado muito pouco, visto a enorme

escassez de portadores qualificados para as exigências do mercado atual.

Os portadores são vistos como geradores de custos que levam muitas

empresas a evitá-los. Por isso, a sua inserção depende não só da superação de

preconceitos mas também da viabilização econômica de sua adaptação. Os

empregadores precisam descobrir as vantagens derivadas do trabalho dos portadores

para poderem amadurecer e valorizar o bom desempenho dos mesmos.

O reconhecimento dessa realidade oferece uma importante lição. A

absorção dos portadores de deficiência no ambiente de trabalho exige um conjunto de

forças que vai muito além do mero direito, garantido por uma lei que busca banir a

discriminação. Forçar demais e, especialmente, em condições irreais pode levar os

empresários a usar subterfúgios para não empregar ou, o que é pior, admitir por

obrigação, marginalizando o portador no local de trabalho, e criando contra ele um

estigma mais forte do que tinha antes de trabalhar.

Na verdade, isso tem frustado muitos portadores de deficiência que

esperavam grandes progressos nas suas vidas pela simples razão de serem tratados pela

lei como membros de uma minoria que não pode ser discriminada. Mas infelizmente as

questões legais de antidiscriminação de portadores é uma tarefa complexa que acarreta

no aumento de conflitos, em decorrência das próprias particularidades das leis, e dos

sistemas de implementação. Para atenuar este conflito, como hipótese, seria o conjunto

de ações (programas de inserção e muita informação direcionada) que alicerçadas na

legislação poderiam levar a sociedade, em geral, e as empresas, em particular, a cumprir

com sua responsabilidade social.

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3.1- Os conflito gerados.

Os argumentos dos empresários das grandes empresas, com raras

exceções, alegam haver falta de candidatos qualificados. As pequenas e médias

argumentam que a obrigatoriedade legal as força a assumir despesas arquitetônicas e de

equipamentos que elas não têm condições de assumir.

Já os não-portadores de deficiência, embora se digam sensíveis aos

problemas dos portadores são, na realidade, bastante ambivalentes em relação às suas

necessidades. Muitos temem que o apoio à entrada de um portador de deficiência na

empresa que trabalham possa significar, no médio prazo, o risco de sua dispensa.

O que ocorre, é que na medida em que as empresas vão ampliando a

admissão de portadores de deficiência, isso vai aguçando a preocupação dos não-

portadores, tanto daqueles que estão empregados (que temem suas demissões), quanto

daqueles que estão desempregados (que se acham injustiçados por essa seleção) . Assim

surgindo, em certos casos, o sentimento de discriminação negativa: Por que há vaga

garantida para um portador e não há nada desse tipo para um não-portador?

3.2- O trabalho dos portadores de deficiência pelo Profº José Pastore.

O reconhecido estudioso do mercado de trabalho, Sr. José Pastore, profº

de Relações de Trabalho da USP (Universidade de São Paulo), em seu discurso no XI

Encontro Nacional de Entidades de Deficientes Físicos realizado em Recife, 2000. Fez

um importante comentário sobre o sistema de cotas adotado para as empresas e deu

sugestões para implementação de políticas combinadas para melhorar o mercado de

trabalho. Segue-se parte deste comentário.

No que diz respeito à reserva de postos de trabalhos para portadores de

deficiência na empresas com 100 ou mais empregados, com base em cotas estabelecidas

em lei (capítulo 2), o profº Pastore mencionou que:

“Muitos países usam o sistema de reserva de mercado com base em

cotas. Mas nenhum teve sucesso com base exclusiva em cotas. As leis do mercado não

seguem automaticamente as leis do parlamento. Pela natureza de suas atividades,

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muitas empresas não têm condições de cumprir as cotas. Outras, pelo seu tamanho

avantajado, não encontram portadores de deficiência em número e capacitação

suficientes para preencher sua cota. Há ainda os casos de empresas que não tem

recursos para fazer as necessárias adaptações para receber pessoas que exigem

cuidados especiais.

Por isso, as cotas, sozinhas não criam postos de trabalho. Em muitos

casos tornam-se até contraproducentes, pois muitas empresas utilizam-se de

subterfúgios quando não querem contratar. O mais comum é o de elevar

substancialmente os requisitos de qualificação para a vaga em aberto. Nesse caso, o

número de candidatos, “naturalmente”, se restringe e poucos serão admitidos.

Assim, o grande desafio para quem lida com o mercado de trabalho é

como remover os desestímulos e criar estímulos que, por sua vez, venham a levar as

empresas se interessar pela contratação de portadores de deficiência. Não se trata de

revogar a lei das cotas mas sim de aperfeiçoá-la.

O Brasil pode melhorar muito o sistema atual. As políticas que tratam

desse assunto são muito pobres. Elas se concentram, do lado público, na concessão de

benefícios previdenciários e, do lado privado, no sistema de cotas. Agora as

experiências dos países mais avançados que tiveram bons resultados mostram ser

essencial uma boa articulação entre ações públicas e privadas nos campos da

educação, qualificação, conscientização, habilitação, reabilitação, estimulação de

contratações, retenção no mercado de trabalho, ajuda à volta ao trabalho, esquemas de

financiamento para quem trabalha por conta própria e várias outras.

É um grande complexo de ações nas quais é maximizada a sinergia da

combinação. Cotas, desacompanhadas das medidas acima, são impotentes para ampliar

o trabalho dos portadores de deficiência. Com isso, em lugar de simplesmente policiar e

punir, o Brasil precisaria praticar políticas voltadas para a remoção de barreiras e

estimulação das empresas para contratar portadores de deficiência”.

Dentre os principais problemas a serem atacados por políticas combinadas

o Profº Pastore, destaca os seguintes:

a) “A primeira grande barreira é a educação. Segundo a Secretária Especial do

Ministério da Educação, contando-se todas as escolas públicas e particulares e

todas as séries, há, no Brasil, pouco mais de 300 mil alunos portadores de

deficiência estudando. E pelo atual sistema de cotas, uma estimativa conservadora

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indica que as empresas brasileiras teriam de contratar imediatamente entre 550 e

600 mil portadores de deficiência, habilitados ou capacitados. Onde encontrá-los?

Esse problema só pode ser resolvido, é claro, através de programas que ampliem o

seu acesso à educação e à formação profissional.

b) Em tudo o que fazem, as empresas costumam participar de novos processos de modo

gradual, na base de projetos-piloto, visando, com isso, tatear o mercado e ganhar

segurança. Por isso, para complementar a contratação direta, seria útil apoiar as

empresas (em especial, as que têm de 4% e 5%), que se disponham a entrar em

parcerias com outras empresas para, em conjunto, contratarem mais portadores de

deficiência.

c) Levando-se em conta a tendência mundial de encolhimento do emprego fixo, é

aconselhável apoiar o trabalho por conta própria, a subcontratação e o tele-

trabalho, em parceria com empresas que possuem cotas elevadas, e difíceis de

serem cumpridas. Trabalhar nesses novos arranjos laborais é uma tendência

moderna, que não deve ser confundido com o afastamento dos portadores de

deficiência do mercado de trabalho geral.

d) Para viabilizar os arranjos acima sugeridos e, ao mesmo tempo, assegurar o

cumprimento de sua responsabilidade social, seria útil também criar um sistema de

cota-contribuição dentro do qual as empresas pudessem exercer a opção de

contratar diretamente; articular-se com instituições e empresas que fazem a

desejada contratação; ou, finalmente, recolher recursos para um fundo que viria a

ser usado, com prioridade, para educar e qualificar pessoas e estimular o setor

privado a remover barreiras.

e) Por maiores que sejam os esforços da sociedade, os casos mais severos de

deficiência terão de ser apoiados fora do mundo do emprego – em instituições de

trabalho protegido. Mas, neste caso, todo cuidado é pouco. O ideal é a integração

dos portadores no mercado de trabalho regular pois, as instituições de trabalho

protegido são freqüentemente sujeitas a uma fácil e perniciosa deterioração social.

Só em casos especiais.

Enfim, é urgente explorar as vantagens comparativas de políticas

combinadas. O centro de todas as ações nesse campo são os seres humanos que têm

suas vidas em situações complexas. Não basta baixar decretos paternalistas, aprovar

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leis ambiciosas e aperfeiçoar o policiamento. O fundamental é criar mecanismos que

sejam eficazes na redução das barreiras”.

3.3- O Marketing Social como diferencial.

Ações de responsabilidade social, tais como, as oportunidades de trabalho

que são geradas pelo empresariado podem agregar valor diferencial para a empresa.

Como a realidade de hoje no mundo empresarial é focada na inserção das pessoas com

necessidades especiais no trabalho. Deve-se salientar que empregar deficientes

compensa.

Os empresários que já o fizeram são unânimes em dizer que empregar

deficientes tem muito mais vantagens do que o simples subsídio que se têm direito. As

políticas empresariais direcionadas para o social acabam gerando uma boa imagem junto

aos seus consumidores e à sociedade em geral, é o chamado investimento no Marketing

Social. Alguns dos pontos positivos:

• Dadas as dificuldades do mercado de trabalho, acrescidas para o caso de pessoas

deficientes, aqueles que têm uma oportunidade não querem disiludir o seu

empregador: são os primeiros a disponibilizarem-se para gerir picos de trabalhos;

• As empresas, além de melhorarem a produtividade, ganham o respeito dos clientes e

a admiração dos funcionários;

• Orgulho e fidelidade à empresa.

3.4- Um empresário de vanguarda.

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Quando o assunto é diferencial competitivo, ninguém melhor do que o

empresário Jaime Gonçalo Filho que com grande iniciativa vem dando um exemplo

de como criar oportunidades de trabalho. O sr. Jaime em parceria com a Petrosul

desenvolveram o primeiro posto de gasolina do Brasil totalmente administrado por

pessoas portadoras de deficiência.

A idéia surgir a partir do momento que um dos funcionários do posto de

gasolina (convencional) veio a sofrer um acidente de moto ficando paraplégico. Isso

fez com que o empresário abri-se os olhos para as enormes barreiras que as pessoas

com necessidades especiais enfrentam a cada dia e assim partir para busca de uma

solução positiva.

O Posto de Gasolina DEF & EFI é totalmente adaptado, com

espaçamento maior entre as bombas, rebaixamento das ilhas, e banheiros e vestiários

acessíveis. O posto é vem se destacando como sinônimo de sucesso. Os clientes

parabenizam a iniciativa e elogiam a qualidade do atendimento.

3.5- Sugestões para os empregadores.

a) Superação dos preconceitos: Dentro das empresas, a primeira providência é separar

os conceitos dos preconceitos. Isso tem de envolver toda estrutura hierárquica da

empresa. É preciso que diretores, gerentes, chefes e funcionários em geral se

esclareçam sobre assunto, ficando claro que todos têm a responsabilidade de adaptar

e conviver com os portadores de deficiência.

b) Encontrar o trabalho certo para a pessoa certa: Analisar bem as exigências do

trabalho é uma providência fundamental do lado da empresa. Para se ter sucesso no

recrutamento de uma pessoa com necessidades especiais, a empresa tem de

identificar atividades nas quais as pessoas com limitações possam exercer seu

trabalho sem prejudicar a performance desejada.

c) Preparação do ambiente de trabalho e recrutamento: A preparação do ambiente de

trabalho envolve providências físicas, educacionais e sociais. A empresa tem de

fazer as modificações que se fizerem necessárias no ambiente, bem como em manter

o portador de deficiência trabalhando após o recrutamento. Para ajudar no

recrutamento, as empresas podem recorrer às organizações que estão se formando

para identificar pessoas qualificadas para o mercado de trabalho.

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4 – O SISTEMA EDUCACIONAL

Os dados levantados pelo Censo Escolar de 2000 identificaram apenas

280 mil alunos portadores de deficiência cursando as escolas regulares. É claro que um

quadro como esse compromete seriamente as chances de as pessoas ingressarem e

permanecerem no mercado de trabalho. Nos dias atuais, a dificuldade de emprego e

trabalho atinge a todos os trabalhadores de baixa qualificação. No caso dos portadores

de deficiência, o problema é amplificado, devido à combinação de suas limitações com o

descaso da sociedade e a generalizada inadequação da arquitetura, transporte, entre

outros.

O ideal é que uma parcela expressiva dos portadores de deficiência

cursasse escolas regulares, pois a inclusão com as demais crianças estimula as pessoas

que têm limitações. Mas a falta e formação dos docentes acaba constituindo um grande

entrave para a expansão desse ensino. Professores mal preparados tendem a desenvolver

uma reação inicial de pânico que é percebida pela criança, agravando a sua condição.

Se os portadores de deficiência não estão na escola regular, estariam eles

nas escolas especiais? Os dados nesse campo são ainda mais dramáticos. Contando-se

todas as escolas públicas e particulares (de educação especial), e todas as séries, há

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pouco mais de 300 mil alunos portadores de deficiência nos seus bancos escolares. O

mais grave, porém, é saber que apenas 3 mil estão no ensino médio (MEC, 2000).

É claro que a educação sozinha não é garantia de emprego. Mas ela ajuda

as pessoas a se empregarem, a manterem-se empregadas e a mudarem de emprego. E

não há duvida: o desemprego atinge muito mais os menos educados. Nos períodos de

recessão e excesso de oferta de mão-de-obra, as empresas têm oportunidade de

selecionar pessoas com mais qualificação. Nos períodos de retomada do crescimento, as

mudanças tecnológicas passam a exigir mais competência. Nos dois casos, a boa

educação é essencial.

4.1- A Tecnologia.

As novas ferramentas de comunicação geradas pela informática

expandiram-se tão rapidamente e provocaram progressos tão espetaculares que longe de

querer transformar o “hommo sapiens” em “hommo informatus”, as novas tecnologias

podem e devem ser utilizadas no sentido da correção de distorções sociais e na

promoção de uma maior participação dos cidadãos. Sendo fundamental para isso o papel

da educação.

Desse modo, as tecnologias podem ser negativas ou positivas para o

emprego. Tudo depende do ambiente em que elas caem. Quando os seus benefícios são

apropriados por poucos, o seu efeito é devastador. Agora quando os seus benefícios são

apropriados por muitos, o seu impacto é criativo. E com um detalhe relevante:

tecnologias em ambientes monopolistas dificultam o emprego; em ambientes

competitivos, facilitam. Assim como uma boa educação facilita a readaptação da mão-

de-obra às novas tecnologias e aos empregos, uma educação precária dificulta.

O ambiente tecnológico com o avanço das inovações fazem com que as

tarefas se modifiquem com grande rapidez e requerem, por parte dos trabalhadores,

condições de aprendizagem e reciclagem. Os portadores de deficiência não estão fora

dessas exigências. As novas tecnologias demandam trabalhadores alertas com uma boa

dose de bom senso e capazes de transferir conhecimentos de uma área para outra e,

sobretudo, qualificados.

Essa é a tendência geral do mercado de trabalho. A demanda por

qualificação é crescente. Mais do que isso, os profissionais do futuro terão de dominar

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uma grande gama de conhecimentos não só do seu ofício mas também de áreas

correlatas. É a era da polivalência. Assim é fácil entender o porque do mercado de

trabalho está se tornando tão exigente. As empresas estão sendo pressionadas a adotar

novas tecnologias e novas formas de trabalhar para poder vencer a feroz competição que

emerge na economia globalizada.

Nunca a educação foi tão crucial para as pessoas conseguirem um

emprego e, sobretudo, para permanecerem empregadas. Portanto a educação, quando

aplicada às novas tecnologias, contribui de forma extraordinária para a produtividade

das pessoas. As novas tecnologias estão viabilizando certas atividades até então

impensáveis pelos portadores de deficiência.

Esse é o caso da informática e das telecomunicações que estão permitindo

aos portadores um domínio de atividades até pouco tempo inexpressivo. A redução das

exigências motoras decorrente dessa mudança ampliou a potencialidade de trabalho para

os portadores de deficiência. Pode-se dizer então que as novas tecnologias para os não-

portadores de deficiência tornaram o trabalho mais fácil e para os portadores de

deficiência, elas tornaram o trabalho possível.

Para complementar existe ainda a chamada “tecnologia da informação”,

este tipo de tecnologia vai muito além da informática. Pois cuida do tratamento dado à

informação para que esta possa fluir, de destinatário em destinatário, a fim de resolver

problemas, construir projetos, relacionar contatos, descobrir novidades do outro lado do

mundo, integrar equipes, mover corporações. Trata-se de uma ferramenta essencial que

alavanca negócios e cria empregos.

4.2- A Internet.

A Internet descortinou um novo mundo para todos, em especial para os

que têm dificuldade de se locomover ou se expressar. O aumento do volume de

informações hoje disponível aos portadores de deficiência está contribuindo de maneira

decisiva para o avanço em sua qualificação, a ponto de muitos poderem abandonar a

definição “deficientes” que carregaram ao longo da vida. Ou seja, o computador está

reduzindo as limitações dos portadores e ampliando as suas chances de trabalhar.

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Abaixo segue-se “Perguntas e Respostas” que foram extraídas do

seminário de lançamento do Guia de Acessibilidade proposto pelo GUIA (Grupo

Português pelas iniciativas em Acessibilidade) que pretende proporcionar aos

profissionais de comunicação social, informáticos, criadores de conteúdo para a web,

técnicos de reabilitação, professores, pessoas com deficiência e a todo público

interessado uma ampla visão para medidas governamentais direcionadas aos cidadãos

com necessidades especiais, no âmbito da Sociedade da Informação, bem como algumas

das mais recentes inovações tecnológicas no campo da acessibilidade à Internet.

¬ Perguntas e Respostas

a) Em que se baseia a internet para pessoas com necessidades especiais?

Baseia-se na concepção de equipamentos, software e conteúdos (por

exemplo a Web e o correio eletrônico) com características de acessibilidade para as

pessoas portadoras de deficiência.

b) Que oportunidades oferece a internet a cidadãos com necessidades especiais?

A acessibilidade às tecnologias de informação e comunicação deve ser

considerada como um fator de qualidade de vida a que todos têm direito. Para a maioria

das pessoas a tecnologia torna a vida mais fácil. Para uma pessoa com necessidades

especiais, a tecnologia torna as coisas possíveis.

O precário acesso à informação e a serviços de telecomunicações, as

barreiras arquitetónicas e a escassez de transportes públicos adaptados têm constituído

um dos mais sérios obstáculos à integração escolar, profissional e social dos cidadãos

com necessidades especiais, limitando o seu acesso à equiparação de oportunidades a

que, inegavelmente, têm direito.

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A utilização de um computador e o acesso à Internet permitem a estes

cidadãos acederem a um conjunto imenso de fontes de informação, estabelecerem

contatos e trocarem informações, exercerem uma atividade, encontrarem formas

alternativas de lazer e de divertimento, aumentarem as suas relações de amizade, em

suma, construírem uma vida com significado.

c) O que é a acessibilidade na internet?

A acessibilidade que se defende envolve três noções: "Utilizadores",

"Situação" e "Ambiente":

- O termo "Utilizadores" significa que nenhum obstáculo é imposto ao indivíduo face às

suas capacidades sensoriais e funcionais.

- O termo "Situação" significa que o sistema é acessível e utilizável em diversas

situações, independentemente do software, comunicações ou equipamentos.

- O termo "Ambiente" significa que o acesso não é condicionado pelo ambiente físico

envolvente, exterior ou interior.

A acessibilidade da Internet caracteriza-se pela flexibilidade da

informação e interação relativamente ao respectivo suporte de apresentação. Esta

flexibilidade permite a sua utilização por pessoas com necessidades especiais, bem como

a utilização em diferentes ambientes e situações, e através de vários equipamentos ou

navegadores.

d) A acessibilidade impõe limites ao desenvolvimento da internet?

A adaptação de técnicas de acessibilidade na concepção das páginas e

aplicações para a Internet não são limitações, antes pelo contrário, estas tornam-nas mais

robustas, flexíveis, rápidas e fáceis de usar para a generalidade dos utilizadores.

Permitem também a utilização de equipamentos menos convencionais para o acesso à

Internet como a televisão, o telefone e equipamentos eletrônicos de bolso, bem como a

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utilização de equipamentos mais antigos. Estas técnicas permitem ainda um aumento na

indexação e divulgação de páginas e conteúdos nos motores de pesquisa.

e) A implementação da acessibilidade é difícil e cara ?

Dificuldades na concepção: A acessibilidade resume-se à adaptação de uma

redundância parcial da informação, principalmente ao nível dos "caminhos" para os

conteúdos; sendo estes últimos, na sua esmagadora maioria, acessíveis. O tempo

necessário para introduzir técnicas de acessibilidade na concepção de uma página poderá

atingir aproximadamente 5% do tempo gasto para escolher uma apresentação visual

agradável. Esta percentagem poderá ser superior no caso da utilização de vídeo e áudio,

o que ainda é pouco freqüente.

Dificuldades na adaptação: Se a concepção de uma página acessível para a Internet

não acarreta praticamente custos adicionais, o mesmo não se pode dizer em relação ás já

existentes. As dificuldades e os encargos de adaptação estão diretamente relacionados

com a complexidade e tamanho de cada sítio. De qualquer maneira, as atualizações

periódicas da informação poderão ser aproveitadas para "concertar" as páginas.

Custos em equipamentos e software: Para conceber uma página ou aplicação para a

Internet acessível a pessoas com necessidades especiais não é necessário adquirir

equipamento ou programas adicionais.

Custos de aprendizagem: Existem na Internet várias ajudas para a auto-aprendizagem e

para a organização de formação: documentos públicos contendo exemplos práticos e

claros de técnicas para a acessibilidade; cursos online; utilitários gratuitos (software) que

diagnosticam e sugerem alterações automaticamente; bem como vários grupos

voluntários de suporte.

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f) Onde encontrar exemplos?

Atualmente existem vários documentos que propõem regras de

acessibilidade para a Web, alguns deles contendo exemplos práticos. Sugere-se a

consulta dos seguintes:

Directivas para a acessibilidade do conteúdo da Web - 1.0, do W3C*

http://www.utad.pt/wai/wai-pageauth.html

Requisitos de Acessibilidade do GUIA (Portugal)

http://www.acessibilidade.net

IBM: Web Accessibility for Special Needs *

Microsoft Accessibility guidelines for the WWW *

http://www.microsoft.com/enable/dev/web/guidelines.htm

* Inclui exemplos práticos

g) Como identificar um site acessível?

Utilize o Símbolo de Acessibilidade na Web para indicar que o sítio

contém funcionalidades de acessibilidade para cidadãos com necessidades especiais,

para diferentes ambientes, situações, equipamentos e navegadores. O símbolo deve

incluir a definição ALT="Símbolo de Acessibilidade na Web", e ser colocado na página

de entrada do site. Recomenda-se ainda que acompanhe o símbolo da respectiva

descrição ("Um globo inclinado, com uma grelha sobreposta. Na superfície está

recortado um buraco de fechadura"), através de uma ligação D.

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5 - OS SERVIÇOS DE COLOÇÃO PROFISSIONAL

Os serviços de colocação profissional visam facilitar o ajustamento entre

a oferta e a procura de mão-de-obra no mercado de trabalho. Mesmo para os não-

portadores de deficiência, o sucesso desses serviços depende de bons conhecimentos dos

trabalhadores, das empresas e dos postos de trabalho. No caso dos portadores de

deficiência, tais conhecimentos são cruciais.

No Brasil, está aumentando o número de entidades ligadas a órgãos dos

governos estadual, municipal e instituições não-governamentais que possuem a missão

de preparar e colocar no mercado de trabalho os portadores de deficiência. Começam a

surgir também algumas empresas privadas, especializadas em colocação de mão-de-

obra, e que, aos poucos, vão se interessando pelo recrutamento e encaminhamento de

portadores de deficiência ao mercado.

O ajuste entre a qualificação e a função, é fundamental. Na aproximação

do portador de deficiência com a empresa, recomenda-se o uso da linguagem

empresarial. Pois na maioria dos casos, os empresários são mais atraídos por termos

como produção, produtividade, lucro, do que leis, exigências e punições. Assim na tarefa

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de colocar o portador no mercado de trabalho, a instituição encarregada, precisa revelar

ao empresário que a entidade de colocação possui um tipo de mão-de-obra que é de boa

qualidade, zelosa, disciplinada e que gosta de trabalhar.

Sendo despertados esses interesses, o empresário estará mais preparado

para aceitar a idéia de que o trabalho será exercido por portadores de deficiência,

devidamente habilitados. E a tarefa de colocação não pára aí. Uma vez contratados, os

portadores e as empresas necessitam de apoio, aconselhamento e acompanhamento –

pelo menos por algum tempo, serviço esse que é realizado por algumas instituições de

colocação.

Assim os empresários podem avaliar o trabalho e acumular experiências

com o novo funcionário. Isso é essencial, pois os empresários voltam a recrutar

portadores de deficiência depois de terem bons resultados com os primeiros contratados.

Para isso, se faz necessário os projetos como os programas para inserção e permanência

no trabalho, que através das entidades vem contribuindo de maneira significativa para

melhor qualificação do portador bem como, na adaptação do mercado em recebe-los.

Segue os programas que são realizados por algumas instituições para maior

conhecimento das ações realizadas neste sentido.

5.1- Os Programas da Rede SACI.

Democratizar a tecnologia é o objetivo da Rede Solidariedade, Apoio,

Comunicação e Informação (Saci). Essa meta vai além de oferecer acesso à Informática

aos menos favorecidos. A organização luta para que os deficientes físicos e visuais

tenham acesso à Internet e a softwares adaptados, diminuindo as diferenças sociais. Com

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essa visão, a rede criou os Centros de Informação e Convivência (CICs), instalados em

São Paulo, Rio de Janeiro e Ribeirão Preto. Nesses espaços, os usuários contam com

orientação e acompanhamento de monitores treinados.

Os telecentros são espaços abertos a portadores de todos os tipos de

deficiência e à população em geral. Eles são uma iniciativa da Rede Saci, comunidade

eletrônica de informações e troca de conhecimentos sobre a questão da deficiência que

tem o objetivo de estimular a inclusão social, melhoria na qualidade de vida e exercício

da cidadania. Os CICs funcionam em locais de fácil acesso, prestando serviços de

comunicação eletrônica e promovendo cursos gratuitos, principalmente nas áreas da

Informática e da Web, além de desenvolver atividades de caráter social.

Os centros facilitam o processo de inclusão social e do exercício da

cidadania, a partir da utilização de ferramentas computacionais. ‘‘Eles apresentam um

papel de destaque no processo de universalização do acesso à Internet, pois agregam

segmentos sociais que dificilmente teriam contato com a rede mundial de

computadores’’, comenta Eucia Beatriz Lopes Petean, professora da Faculdade de

Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (USP).

A professora comentou que a parceria com a Rede Saci garante a

oportunidade de participar de um projeto inovador. ‘‘A iniciativa visa criar uma cultura

de procedimentos para o tratamento da informação, estabelecimento de canais de

comunicação e desenvolvimento tecnológico na área da deficiência’’, acredita. Além de

incentivar a criação de Centros de Integração e Convivência em todo o País, a

organização investe na manutenção e atualização diária do site www.saci.org.br, com o

objetivo de transformar a Internet em uma grande rede de comunicação para inserir os

portadores de deficiência na sociedade.

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A Web permite que a Rede Saci tenha presença virtual em todo o País. Já

os CICs garantem a democratização do conhecimento. Para garantir o acesso à

informação a um número maior de deficientes, a organização investe na criação de CICs

no Brasil. ‘‘Precisamos conscientizar instituições, empresas e órgãos públicos sobre a

importância de estabelecer parcerias para oferecer locais que garantam o contato ao

mundo digital por essa parcela, que corresponde a 10% da população total’’, enfatiza

Marta Gil, socióloga e gerente executiva da rede.

‘‘Investir em alternativas para compartilhar o acesso e o uso da Internet,

constitui uma estratégia importante para ampliar o acesso aos serviços da rede, pois leva

em consideração a questão dos custos e das dificuldades econômicas de grande parte da

sociedade’’, analisa socióloga. Segundo ela, os CICs oferecem bases para a inserção

digital e social. ‘‘A Informática e as tecnologias de informação estão se tornando cada

vez mais importantes para promover a educação, profissionalização e comunicação entre

as pessoas. Os que não dominam essa linguagem acabam sendo considerados

analfabetos digitais’’, afirma.

5.2- O Programa do Núcleo de Computação da UFRJ.

O Núcleo de Computação Eletrônica da Universidade Federal do Rio de

Janeiro vem, nos últimos anos, se dedicando ao desenvolvimento de um sistema de

computação, chamado DOSVOX. Destinado a atender aos deficientes visuais, o sistema

permite que eles possam utilizar um microcomputador para o desempenho de uma série

de tarefas, adquirindo assim um alto nível de independência no estudo e no trabalho.

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O DOSVOX é um sistema para microcomputadores da linha PC que se

comunica com o usuário através de síntese de voz, viabilizando, deste modo, o uso de

computadores por deficientes visuais, adquirindo, assim, um alto nível em

independência no estudo e no trabalho. O sistema conversa com o deficiente visual em

português. E atualmente, o DOSVOX conta com mais de 2000 usuários no Brasil e é

distribuído em duas versões, para DOS e para Windows. O programa é composto por:

• Sistema operacional que contém os elementos de interface com o usuário;

• Sistema de síntese de fala para língua portuguesa;

• Editor, leitor e impressor/formatador de textos;

• Impressor/formatador para braille;

• Diversos programas de uso gral para o cego, como caderno de telefones, agenda de

compromissos, calculadora, preenchedor de cheques, cronômetro, etc.;

• Jogos de caráter didático e lúdico;

• Ampliador de telas para pessoas com visão reduzida;

• Programas para ajuda à educação de crianças com deficiência visual;

• Programas sonoros para acesso à Internet, como Correio Eletrônico, Telnet, FTP e

acesso a WWW;

• Leitor de telas/janelas para DOS e Windows.

¬ Benefícios

O deficiente visual, antes da criação do sistema DOSVOX, dependia de

pessoas que lessem para eles; da boa-vontade dos outros e de muito esforço da parte

deles; além disso, ficavam desestimulados na sala de aula, fazendo-os pensar em desistir

de dar prosseguimento a sua formação. Assim, hoje em dia, fazendo uso do programa, os

cegos se procuram entre si para conversar, para trocarem mais experiências e estão mais

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unidos. Eles podem ler e escrever, inserindo-se no mundo cultural. E mais: novas

oportunidades de trabalho, de estudo e de interrelacionamento surgiram devido ao uso

do sistema DOSVOX.

¬ Depoimentos

• Ethel Rosenfeld (Deficiente Visual e Vice-presidente da ABEDEV) “Nunca na

minha vida tinha tido acesso a um jornal. Ouvia o noticiário de televisão e de rádio.

A partir da Internet, através do DOSVOX, eu tive a primeira experiência com jornal,

confesso que fiquei muito emocionada, chorei quando percebi o jornal na minha

tela.”

• Katia Oliveira (Deficiente Visual, Cantora e Responsável pela Distribuição do

DOSVOX) “Desejava usar música no computador e isso foi possível com o

DOSVOX. Além disso, através do Discavox, que nos permite o acesso a Internet, foi

possível uma interligação com o mundo.”

• Marcelo Pimentel (Deficiente Visual e Desenvolvedor do DOSVOX) “Antes, meu

pai era meus olhos. Hoje tenho liberdade para trabalhar com o computador.”

¬ Ações concretas

O projeto DOSVOX tem um grande impacto social pelo benefício que ele

traz ao deficientes visuais, abrindo novas perspectivas de trabalho e de comunicação.

Luis Candido, que foi o primeiro responsável pela distribuição do DOSVOX para o

Brasil, afirmava que “o mundo não vai se amoldar às necessidades do cego, ele é que

tem que se adaptar às dificuldades impostas por este”. E é assim que vem acontecendo.

Os novos recursos estão tornando o deficiente capaz de exercer as mesmas funções que

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um indivíduo sem deficiência. A segui, estão relacionadas algumas das facilidades

proporcionadas pelo sistema DOSVOX:

• Os deficientes visuais podem ser muito mais produtivos tendo ensino

profissionalizante adaptado.

Existem uma série de atividades, que podem ser perfeitamente realizadas

por deficientes visuais, com preparo de nível médio, com uso do computador. Alguns

desses exemplos são as atividades de telemarketing, atendimento de reclamações por

telefone, recepcionista etc. Essas atividades, naturalmente exigem um treinamento, por

razões óbvias. Devido ao despreparo do cego em atividades específicas, existiam muito

poucos postos de trabalho disponíveis nas empresas.

Através da tecnologia DOSVOX, muitas oportunidades de

profissionalização surgiram. Um exemplo é o da Embratel, que promoveu a reciclagem

profissional de seus telefonistas cegos, para poder colocá-los em novos pontos dentro da

empresa, em que farão essencialmente o atendimento ao público utilizando telefone e

computador, prestando informações e registrando no computador reclamações e pedidos

feitos por usuários. Além disso, o mercado de trabalho para o cego cresceu

consideravelmente, abrindo espaço para o cego em várias empresas de telemarketing

entre outras, que adaptaram o sistema DOSVOX para o aproveitamento dos

trabalhadores cegos.

• Facilidade de acesso a leitura.

A dificuldade de leitura acompanha sempre o cego. Por exemplo, uma

pessoa que tenha ficado cega, e que já tenha uma profissão, tem totalmente tolhido seu

desenvolvimento profissional. O acesso a jornais impressos só era possível via uso de

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"ledores", termo que designa os leitores voluntários. Como todos os jornais, revistas e

livros hoje são produzidos por computador, eles já estão disponibilizados ou em CD-

ROM no caso de livros, revistas e enciclopédias, ou no caso de jornais, estão disponíveis

na rede Internet. Desta forma, todas essas mídias podem ser lidas pelo DOSVOX,

viabilizando, assim, seu acesso à comunidade deficiente visual.

• Cego agora pode ter acesso à "aldeia global".

As telecomunicações fazem parte da realidade do atual mundo

globalizado. O transporte de informações através da rede telefônica, interligada ao

sistema internacional de comunicações, utilizando tecnologia de satélite, viabiliza o

transporte de informações quase instantâneo a qualquer um que disponha acesso à rede

Internet, serviço prestado pela Embratel a custo reduzido. Para o deficiente visual, o

acesso às informações via rede, viabiliza a recepção de jornais, informações gerais, troca

de mensagens, acesso às centrais de vídeo texto, informações bancárias etc.

• Formação da criança e jovem deficiente visual.

A formação da criança e do jovem cego é muito prejudicada pela falta de

acesso a recursos, tecnologia e cultura. É até possível colocar um cego numa classe

comum de escola, porém os livros são todos impressos em papel. Nessas circunstâncias,

o aluno pode utilizar a tecnologia Braille para copiar e fazer seus trabalhos escolares,

mas isso esbarra em alguns problemas, como o fato de raríssimos professores saberem

Braille, além de ter que contar sempre com o apoio de pessoas voluntárias (por exemplo,

a própria família) que se disponham a ler os livros impressos comuns.

Deste modo, o cego acaba ficando restrito à informação verbal

transmitida pelo professor. Mas com o uso do DOSVOX, o aluno hoje pode fazer seus

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trabalhos, sendo facilmente compreendido pelo professor. O DOSVOX, acoplado a um

aparelho de "scanner" e com o uso de um programa de "Optical Character Recognition"

(O.C.R.) pode ler textos em papel.

• Cego e a universidade.

A universidade tem atuado sempre como centro de produção de

tecnologia. As indústrias buscam suas soluções em pesquisas desenvolvidas dentro das

universidades. Assim, ela tem gradativamente conseguido papel de destaque dentro da

sociedade. E com a utilização da tecnologia DOSVOX no auxílio aos deficientes, o

papel da universidade passa a ser não apenas o de desenvolver tecnologia, mas de

desenvolver com humanidade. O auxílio ao deficiente pode ser encarado como um

investimento a médio prazo, que acarretará em retorno de novas tecnologias para a

própria sociedade produzida agora pelos próprios deficientes.

5.3- Programas do CIEE Rio.

O CIEE Rio está lançando o Projeto Sem Fronteiras, que tem como

objetivo implantar uma nova proposta de trabalho na instalação, voltada para portadores

de deficiência, com base em programas diversificados, tais como estágio, cursos,

atividades complementares e outros que venham a enriquecer e preparar essas pessoas

para o ingresso no mercado de trabalho.

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O projeto, foi criado pela funcionária do CIEE Rio, Márcia Benevides,

portadora de deficiência visual. “A pessoa portadora de deficiência apresenta uma

capacidade ilimitada de desenvolvimento de suas funções e habilidades. Capacidade,

muito desconhecida e que vem tomando cada vez maior proporção, começando a

despertar muitos segmentos da sociedade”. conta. Assim objetivando uma maior

aproveitamento, segue-se uma lista com diversas instituições que oferecem cursos

voltados especialmente para pessoas portadores de deficiência:

• Espaço Cidadania e Oportunidades Sociais (ECOS) – Instituição sem fins lucrativos

que trabalha para a melhoria da qualidade de vida da pessoa portadora de deficiência

e de grupos em desvantagem social. Oferendo cursos de Operador de Telemarketing,

serviço de atendimento ao cliente, informática, entre outros.

• Federação Nacional de Educação dos Surdos (FENEIS) – Entidade filantrópica, de

caráter assistencial, educacional e sócio-cultural que trabalha em prol da comunidade

surda brasileira. Tendo entre alguns de seus objetivos a inserção dos profissionais

surdos no mercado de trabalho; a prestação de assessoria jurídica gratuita; serviços

de intérprete da língua brasileira de sinais e outros. Desenvolve ainda um trabalho de

divulgação e conscientização da importância do processo de colocação e aceitação

do surdo na sociedade vigente e no mercado de trabalho competitivo.

• União dos Cegos no Brasil – Entidade filantrópica, sem fins lucrativos, que atende a

pessoas portadoras de deficiência visual, oferecendo-lhes reabilitação (para aquelas

que perderam a visão em idade adulta), aumento de escolaridade, qualificação

profissional e banco de emprego com encaminhamento ao mercado de trabalho.

Além disso, promove também trabalhos comunitários, contribuindo para o processo

de integração do portador de deficiência visual.

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• Centro de vida independente do Rio de Janeiro (CVI Rio) – É uma organização não

governamental, sem fins lucrativos, de caráter social, liderada por pessoas portadoras

de deficiência. Que visa, acima de tudo, proporcionar ao portador de deficiência

mais independência em sua vida, tendo o poder de fazer escolhas, tomar decisões e

contribuir para as transformações da sociedade, exercendo sua plena cidadania,

mesmo que fisicamente dependa de terceiros para realizar atividades da vida diária.

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6 – ACESSIBILIDADE E DESENHO UNIVERSAL

Num momento em que, internacionalmente, a mais recente palavra de

ordem, na questão dos direitos das pessoas portadoras de deficiência, é levantada pela

bandeira da inclusão social. Dissemina-se também a idéia do desenho universal relativo

à eliminação de barreiras arquitetônicas e de acessibilidade. Afinal de contas, os

buracos, desníveis (às vezes bastante grandes), raízes de árvores, carros estacionados,

camelôs, tampas de bueiros quebradas, orelhões e caixas de correio colocados

irregularmente, são obstáculos que podem ser encontrados facilmente, ao se caminhar

pelas calçadas das cidades.

Se isso é desgastante para qualquer pessoa, imagina na situação de uma

pessoa portadora de alguma deficiência, sobretudo física ou visual, acaba sendo um

verdadeiro pesadelo. A começar ao andar pelas calçadas, tendo que atravessar ruas,

utilizar os meios de transporte públicos e, finalmente, chegar aos edifícios, em busca de

saúde, trabalho, educação, lazer, comércio, isto tudo, combinado com as pequenas

atividades da vida diária, como abrir uma porta, utilizar um sanitário, tomar um banho,

ações que dão as condições de individualidade e privacidade aos cidadãos plenos. A

conquista de uma vida independente é fundamental para uma melhor integração à

sociedade.

6.1- Eliminando barreiras.

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Sabe-se que essa integração plena está longe de ser realidade para a

maioria dos cidadãos do nosso país, o que dizer então das pessoas portadoras de

deficiência. Mas quando o impedimento tem por base barreiras físicas, superáveis com

certa facilidade, é urgente modificar-se esta situação, fazendo as adaptações necessárias

em edifícios, espaços e equipamentos urbanos.

"É preciso tornar as cidades mais humanas, eliminando os riscos de

acidentes e integrando melhor pessoas portadoras de deficiências, excessivamente altas

ou baixas, idosos, gestantes e crianças”, diz Adriana Romeiro de Almeida Prado,

arquiteta urbanista, técnica da Fundação Prefeito Faria Lima - CEPAM, onde coordena

trabalhos relativos à eliminação de barreiras e acessibilidade. "Tornar o espaço

acessível”, continua ela, "é eliminar obstáculos físicos, naturais ou de comunicação que

existam nas cidades, nos equipamentos e mobiliários urbanos, nos edifícios, nas várias

modalidades de transporte público que impeçam ou dificultem a livre circulação dessas

pessoas”.

A evolução da luta pela acessibilidade, mostrou a importância de se

projetar para todos, pois a solução que atende a um tipo de necessidade pode dificultar

outro indivíduo. Assim, tem-se que eliminar os obstáculos físicos das calçadas, construir

rampas e rebaixar as guias para possibilitar o deslocamento dos deficientes físicos, mas

sem fazê-lo totalmente, pois isso desorientaria os deficientes visuais, que precisam de

referências táteis. Há também a necessidade de piso com textura diferenciada, no início e

no fim das rampas, para que o deficiente visual saiba quando começa a pisar no leito da

rua.

João Felipe, professor de orientação e mobilidade, atendendo cegos há

cerca de vinte anos, lembra o exemplo dos orelhões existentes em São Paulo. O novo

modelo, em concreto, colocado alinhado no meio fio e com a base elevada, veio atender

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uma demanda dos deficientes visuais; entretanto, para os cadeirantes ficou pior. O surdo

e o cego tem barreiras contrapostas e seus sentidos requerem ajuda igualmente oposta.

Toda mensagem auditiva deve ser duplicada de forma visual.

Para os portadores de deficiências auditiva e mental as grandes

dificuldades passam por compreender e serem compreendidos. Uma uniformização da

comunicação visual é o princípio fundamental para facilitar-se o entendimento, inclusive

entre as pessoas sem deficiências sensoriais. Os pictogramas ou símbolos devem ser

suficientemente claros e padronizados para que possa-se manejá-los em qualquer parte

do mundo.

As conquistas dos portadores de deficiências com relação à acessibilidade

começaram com a criação de adaptações para facilitar a entrada em prédios e salas de

aula, nos Estados Unidos, na década de 60. Em países menos desenvolvidos, como o

Brasil, ainda se luta hoje em dia, para conseguir adaptações básicas, através do que os

técnicos chamam de desenho acessível. Mas a mobilização existente atualmente,

sobretudo nas escolas de arquitetura, é em torno do conceito de desenho universal.

"O desenho acessível trata dos produtos e edifícios acessíveis para

pessoas portadoras de deficiências e é diferente do desenho universal”, define o

arquiteto Edward Steinfeld, da Universidade de Nova Iorque, e um dos responsáveis

pelas normas de acessibilidade nos Estados Unidos. "O desenho universal abrange

produtos e edifícios acessíveis e utilizados por todos, inclusive as pessoas portadoras de

deficiências”.

Criar situações especiais contribui para a segregação e a discriminação, e

é o que acontece muitas vezes com certas soluções de adaptabilidade. Assim, no lugar de

se construir num edifício uma entrada especial para os portadores de deficiência (que

geralmente fica ao lado ou nos fundos), teremos uma entrada acessível, com rampas e

corrimãos, facilitadores do trajeto e todos poderão utilizá-la.

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Segundo o arquiteto americano, "o desenho universal não é uma

tecnologia direcionada apenas aos que dele necessitam; é desenhado para todas as

pessoas. Deve ser atraente, ter um componente estético muito forte. A idéia do desenho

universal é evitar a necessidade de ambientes e produtos especiais para pessoas com

deficiências, no sentido de assegurar que todos possam utilizar todos os componentes do

ambiente e todos os produtos”.

"Se a idéia do desenho universal for absorvida pelas pessoas", coloca

Adriana, "teremos no futuro tudo adaptado, pois todos irão preferir, já que os

equipamentos e percursos tornam-se mais agradáveis”. A técnica do CEPAM lembra

ainda outro elemento importante para atingir-se a acessibilidade, na parte de

procedimentos, que é o complemento humano, cujo comportamento deve ser trabalhado.

"A parte de recursos humanos é muito importante, principalmente no item transportes”.

6.2- A relação custo/benefício.

Um ambiente acessível é melhor e mais seguro para todos, mas tem

geralmente seus custos questionados. Entretanto, os técnicos afirmam que os gastos com

a acessibilidade são inferiores ao que se imagina, sobretudo se as adaptações são

incorporadas desde o projeto. "Quando o projeto já nasce adaptado”, diz Adriana, "o

custo que se acrescenta normalmente não chega a 2%”, menciona, "que possibilitando

o acesso a essas pessoas, estar tornando a vida delas mais independente e segura,

liberando assim para o mercado de trabalho. Por esse motivo, dizem que para cada

dinheiro investido, há um retorno substancial para a imagem da empresa”.

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6.3- Acessibilidade como lei.

Se depender da lei, uma parcela considerável da sociedade, formada pelos

portadores de deficiência física, idosos, gestantes, obesos e pessoas com mobilidade

reduzida, verá que a acessibilidade deixará de ser utopia para ser realidade. É o que

pretende a lei 10.048, sancionada pelo Presidente da República, Fernando Henrique

Cardoso, no dia 19 de dezembro de 2000. Essa lei vem regulamentar o projeto de

acessibilidade nº 4.767 de 1998.

Um passo para se atingir a acessibilidade, o governo federal já deu,

sancionando a lei; resta saber como implementá-la , torná-la, de fato, realidade. Para o

diretor executivo de Centro de Documentação e Informação do Portador de Deficiência

(Cedipod), Rui Bianchi do Nascimento, há algumas dúvidas referentes à aplicabilidade

da lei que ainda aspiram no ar. "Precisamos saber se a lei está valendo daqui para

frente, ou seja, é aplicável já para as novas construções, ou se é retroativa, exigindo

acessibilidade das edificações já existentes”, questiona.

Ele lembra que essa lei possui respaldo constitucional e deverá,

obrigatoriamente, ser cumprida. "Seu cumprimento, porém, está vinculado diretamente à

pressão e mobilização dos movimentos que defendem os portadores de deficiência. Cabe

a esses divulgar a lei e cobrar o seu cumprimento”, opina, acrescentando que a

fiscalização deve ser das entidades em conjunto com o Ministério Público. "A maioria

das entidades está desaparelhada para fazer valer seus direitos, suas reivindicações;

não sabem como agir juridicamente”, frisa.

Para a arquiteta da companhia do Metrô de São Paulo, Maria Beatriz

Barbosa, da Comissão de Acessibilidade da Associação Brasileira de Normas Técnicas

(ABNT), órgão citado na lei como referência para parâmetros de acessibilidade, a lei se

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aplica às áreas externa - praças ou calçadas ou internas das edificações públicas e

privadas, sejam estas comercias, residências e de serviços, enfatizando a necessidade de

integração da acessibilidade do ambiente externo e interno.

Beatriz ressalta a ordenação do mobiliário urbano como componente

importante para acessibilidade. "Todos os municípios terão que seguir uma ordenação

para implantar os equipamentos e o mobiliário urbano, (iluminação pública,

sinalização de ruas, semáforos, lixeiras, caixas de correio, telefones públicos etc.),

garantindo a circulação, com segurança, de todos os cidadãos. Além disso, a lei

menciona a adequação dos sistemas de transportes e trata de questões relativas aos

meios de comunicação, de forma a garantir a compreensão por parte das pessoas

portadoras de deficiência auditiva. é bem abrangente”, observa a arquiteta.

Conheça alguns tópicos da lei.

• supressão de barreiras e obstáculos nas vias e espaços públicos, no mobiliários

urbano, na construção e reforma de edifícios e nos meios de transporte e de

comunicação, (capítulo I - art. 1º Disposições gerais.)

• planejamento e urbanização das vias públicas, dos parques e dos demais espaços

de uso público deverão ser concebidos e executados de forma a torná-los

acessíveis para as pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida.

(capítulo II - art 3º Elementos da urbanização).

• o projeto e o traçado dos elementos de urbanização públicos e privados de uso

comunitário deverão observar parâmetros estabelecidos pelas normas técnicas de

acessibilidade da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) (art. 5º

idem).

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• os banheiros de uso público existentes ou a construir em parques , praças ,

jardins e espaços públicos deverão ser acessíveis e dispor de pelo menos de um

sanitário e um lavatório que atendam as especificações das normas técnicas da

ABNT (art. 6º - idem).

• os sinais de tráfegos, semáforos, postes de iluminação ou quaisquer outros

elementos verticais de sinalização deverão ser dispostos de forma a não dificultar

ou impedir a circulação. (art. 8 º idem)

• os semáforos para pedestres instalados nas vias públicas deverão estar equipados

com mecanismo que emita sinal sonoro suave, intermitente, que sirva de guia ou

orientação para a travessia de pessoas portadoras de deficiência visual (art. 9º

idem)

Obs: Para maior conhecimento e compreensão, cita-se na parte de ANEXOS dessa

monografia, as Normas Técnicas para adequação das edificações e do mobiliário

urbano a pessoa deficiente. Mas atenção! Estas Normas estão disponíveis apenas à

título de informação. Para aplicação desta Norma em projetos ou utilização oficial,

deve-se adquirir sempre a última edição junto à ABNT – Associação Brasileira de

Normas Técnicas.

7 – O TRABALHO VOLUNTARIADO

"Voluntário é o cidadão que, motivado pelos valores de participação e

solidariedade, doa seu tempo, trabalho e talento, de maneira espontânea e não

remunerada, para causas de interesse social e comunitário.” (Definição do Programa

Voluntários)

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7.1- Dançando ao som do silêncio.

Voluntária de 13 anos ensina balé a crianças com deficiência auditiva, mostrando o

verdadeiro espírito do que venha ser um voluntariado.

Luciana Denadi tem apenas 13 anos e trabalha como voluntária Municipal

de Saúde da cidade de Limeira, em São Paulo. Desde agosto de 1997, ela ensina bale

clássico, sem cobrar nada, para um grupo de alunas da Escola Especial João Fischer

Sobrinho, todas com deficiência auditiva. Esta jovem, que estuda no Colégio São

José, dança desde os 6 anos de idade.

Em 97, após um estágio realizado no Centro Cultural de Limeira, ela se

ofereceu para dar aulas gratuitas e recebeu a proposta de ensinar para um grupo de 12

alunas com deficiência auditiva. Luciana aceitou o desafio. “O resultado tem sido

excelente”, disse Graça Araújo, diretora da Secretaria de Cultura, adiantando que já

está sendo estuda a aquisição de uma aparelhagem especial que, instalada no solo,

permite que se sinta a vibração do som.

Luciana, se comunica com suas alunas com a ajuda de Bianca Cristina de

Lucena, estagiaria da Escola João Fischer, que sabe a linguagem dos sinais. “As

meninas adoram as aulas”, conta Bianca. Pâmela Viviane Ferro, de 8 anos, com

deficiência auditiva e de fala, explicou, através de sinais, que “adora dançar”. Para

Luciana, a experiência está sendo gratificante. “As alunas são muito sensíveis e várias

demonstram muito jeito e têm futuro na dança”, afirmou.

Não é por acasso que esta jovem voluntária limeirense foi uma das 200

pessoas a ganhar o Prêmio Parceiros Culturais de 1997, instituído pela Delegacia

Regional de Cultura de Campinas, que abarca 91 municípios. Limeira conta com um

grupo de 100 pessoas e empresas que trabalham voluntariamente para a prefeitura.

Acidade já está sendo conhecida como a capital do voluntariado.

7.2- Um novo conceito de voluntariado.

Gestos voluntários, claro, não são novos. Novidade, pelo menos no Brasil,

é considerá-los como uma participação responsável e solidária dos cidadãos em

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iniciativas de combate à exclusão social e melhoria da qualidade de vida em comum. É

bem verdade que o tema sempre esteve presente na tradição brasileira, mas

historicamente circunscrito ao ambiente religioso, motivado pelos valores da caridade,

compaixão e amor ao próximo.

Vive-se hoje um novo momento: o alargamento deste círculo com a

inclusão de todos aqueles para quem o voluntariado é, sobretudo, expressão da

participação cidadã. Movido por uma ética da solidariedade, voluntário é quem doa

tempo, trabalho e talento para causas de interesse social e comunitário. Neste sentido, a

ação voluntária não substitui o Estado nem se choca com o trabalho remunerado.

Exprime, isto sim, a capacidade da sociedade de assumir responsabilidades e agir por si

mesma.

Os temas e formas de ação também se ampliam. O voluntariado não é só

o trabalho assistencial de apoio aos grupos mais vulneráveis da população. Ele inclui as

múltiplas iniciativas dos cidadãos nas áreas de cultura, defesa de direitos, meio

ambiente, esporte e lazer. Assim o trabalho voluntário hoje é uma via de mão dupla: não

só de generosidade e doação mas também de abertura para novas experiências,

oportunidade de aprendizado, prazer de se sentir útil e afirmação do sentido comunitário.

7.3- Declaração Mundial do Voluntariado.

(05 de dezembro – Dia Internacional do Voluntário)

¬ O Voluntariado:

• É baseado numa escolha e motivação pessoal, livremente assumida;

• É uma forma de estimular a cidadania ativa e o envolvimento comunitário;

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• É exercido em grupos, geralmente inseridos em uma organização;

• Valoriza o potencial humano, a qualidade de vida e a solidariedade;

• Dá respostas aos grandes desafios que se colocam para a construção de um mundo

melhor e mais pacífico;

• Contribui para a vitalidade econômica, criando empregos e novas profissões.

¬ Um voluntário põe em prática os seguintes princípios:

• Reconhece o direito de cada homem, mulher e criança associar-se, independente de

raça, religião, condição física, social e econômica;

• Respeita a dignidade e cultura de cada ser humano;

• Oferece seus serviços, sem remuneração, dentro do espírito de solidariedade e

esforço mútuo;

• Detecta necessidades e estimula a atuação da comunidade para solução de seus

próprios problemas;

• Está aberto a crescer como pessoa, através do voluntariado, adquirindo novas

habilidades e conhecimentos, desenvolvendo seu potencial, autoconfiança,

criatividade e capacitando outras pessoas a resolverem seus problemas;

• Estimula a responsabilidade social e promove a solidariedade familiar e comunitária;

• Considerando estes princípios, um voluntário deve encorajar o comprometimento

individual nos movimentos coletivos;

• Procurar o fortalecimento de sua organização, informando-se e aderindo a suas

metas e políticas;

• Empenhar-se no cumprimento das tarefas definidas em conjunto, levando em conta

as suas aptidões pessoais, tempo disponível e responsabilidades aceitas;

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• Cooperar com os outros membros da organização, dentro do espírito de mútua

compreensão e respeito;

• Empenhar-se nos treinamentos, quando necessário;

• Guardar a confidencialidade das suas atividades.

¬ As organizações, levando em contra os direitos humanos e os princípios do

voluntariado, devem:

• Divulgar as políticas necessárias para o desenvolvimento da atividade voluntária,

definir critérios de participação do voluntário e verificar que as funções indicadas

sejam cumpridas por todos;

• Confiar a cada pessoa tarefas adequadas, garantindo treinamento apropriado;

• Fazer avaliação regular e reconhecer o trabalho do voluntário;

• Prover ao voluntário cobertura e proteção adequada contra riscos, durante a

execução da sua tarefa, bem como providenciar cobertura por danos causados a

terceiros;

• Facilitar o reembolso das despesas do voluntário;

• Definir as condições sob as quais a organização ou o voluntário podem encerrar seu

compromisso um com o outro.

7.4- As regras do trabalho voluntário.

O trabalho voluntário foi definido pela Lei 9.608, de 18/12/1998, como a

atividade não remunerada prestada por pessoa física a entidade pública de qualquer

natureza, ou a instituição privada de fins não lucrativos, que tenha objetivos cívicos,

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culturais, educacionais, científicos, recreativos ou de assistência social, inclusive

mutualidade. Segundo a lei, o serviço voluntário não gera vínculo empregatício nem

obrigação de natureza trabalhista, previdenciária ou afim.

Assim, para ser enquadrado no conceito desta lei, o serviço deve ter as

seguintes características: ser voluntário, ou seja, não pode ser imposto ou exigido como

contrapartida de algum benefício concedido pela entidade ao prestador de serviço ou sua

família; ser gratuito; ser prestado por um indivíduo isoladamente, e não por uma

organização da qual o indivíduo faça parte e, portanto, seja pela mesma compelido a

prestá-lo; e ser prestado para entidade governamental ou privada, sendo que estas devem

ter fim não lucrativo e voltado para objetivos públicos.

É também requisito legal que o serviço voluntário esteja previsto em

contrato escrito (Termo de Adesão) onde devem constar a correta identificação do

prestador e tomador dos serviços, natureza do serviço e condições para seu exercício,

tais como carga horária, local, material de apoio e afins. Desta forma este requisito virá a

ser considerado essencial para o afastamento de vínculo de emprego por parte da

fiscalização trabalhista e do Poder Judiciário, orientados que são para a busca do vínculo

de emprego com base no conceito de contrato realidade em lugar do contrato formal.

Note-se, também, que a lei autorizou o ressarcimento de despesas

incorridas pelo voluntário, desde que estas sejam expressamente autorizadas pela

entidade tomadora e sejam comprovadamente realizadas no desempenho das atividades

voluntárias. A lei não determinou que tais despesas devem estar previstas em contrato,

mas apenas que devem ser autorizadas, o que pressupõe a necessária anterioridade da

anuência da entidade em relação à efetivação da despesa. Por outro lado, a lei não exigiu

que tal autorização seja por escrito - como o fez para o termo de adesão.

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É o livre arbítrio do cidadão que o cerne do serviço voluntário, sob a

égide da nova lei, reside na existência de contrato escrito, pois esta será a prova

documental da não existência de vínculo laboral. É também extremamente recomendável

que tal ajuste preveja as hipóteses e/ou limites de reembolso de despesas incorridas pelo

voluntário que, por sua vez, deverão ser objeto de relatório suficientemente

circunstanciado para comprovar sua vinculação ao serviço voluntário, devendo, ainda,

pautar-se pelos princípios de austeridade e discrição que devem permear as atividades de

uma entidade sem fins lucrativos.

(Fonte: pesquisado pelo advogado Eduardo Szazi é consultor em São Paulo do Grupo de

Instituições Fundações e Empresas (GIFE) e do Centro de Voluntariado de São Paulo e

associado do escritório L. O. Baptista Advogados Associados)

7.5- O que é Voluntariado Empresarial?

É um conjunto de ações realizadas por empresas para incentivar e apoiar

o envolvimento dos seus funcionários em atividades voluntárias na comunidade. Estas

ações estão ligadas com o comprometimento crescente do empresariado brasileiro com a

noção de responsabilidade social. Pois é bem maior do que se pensa o número de

empresas que não apenas financia projetos de interesse social, mas também incentiva

seus executivos e funcionários a doar tempo, trabalho e talento à viabilização dessas

iniciativas.

O tema da responsabilidade social está contagiando o cenário empresarial.

Está cada vez mais evidente que um posicionamento social responsável é um

diferencial competitivo que traz bons resultados. Nesse contexto, o desenvolvimento

de programas de voluntários é uma opção estratégica que propicia benefícios,

gerando uma relação na qual todas as partes ganham. Ganham as empresas e seus

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negócios. Ganham os funcionários e os gestores envolvidos. Ganham as entidades

receptoras das atividades voluntárias. Ganham a comunidade.

¬ Exemplos de ações que uma empresa pode desenvolver:

• Incentivar seus funcionários a fazer um trabalho voluntário de sua própria escolha no

seu próprio tempo livre, podendo talvez fornecer informações sobre organizações

que procuram voluntários;

• Organizar projetos que podem ser executados por seus funcionários no seu próprio

tempo livre, mas em nome da empresa;

• “Liberar” seus funcionários durante um período limitado para realizarem um

trabalho voluntário durante o expediente;

• Formar uma equipe de funcionários e dar-lhes a responsabilidade de planejar e

gerenciar atividades voluntárias para a empresa;

• Dar reconhecimento especial a funcionários que voluntariam, inclusive através de

doações financeiras para as organizações nas quais eles realizam trabalhos;

• Assumir o compromisso de colaborar em termos gerais com um problema, uma

causa ou uma organização específica, disponibilizando suas aptidões especiais,

dinheiro e recursos humanos;

(fontes: Responsabilidade Social & Cidadania Empresarial – A Administração do

Terceiro Setor, Francisco Paulo de Melo Neto e Cesar Froes, Ed. Qualitymark)

¬ Programa de Voluntários na empresa contribui para a formação de uma força

de trabalho qualificada.

• Ajuda a atrair e a manter as pessoas de que precisam;

• Ajuda a construir habilidades e atitudes que fortalecem o comprometimento com a

organização;

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• Fortalece a lealdade à empresa;

• Aumenta a satisfação no trabalho;

• Incentiva a criatividade, a confiança, a persistência e o trabalho em grupo.

¬ Programa de Voluntários na empresa beneficia as relações públicas e

comunitárias.

• Melhora a imagem pública da empresa;

• Mudanças no nível de envolvimento comunitário estão diretamente relacionados

com as mudanças na performance financeira da empresa;

• Funciona como instrumento de divulgação da empresa, transmitindo uma mensagem

positiva sobre suas intenções;

• A comunidade sente-se “proprietárias” da empresa.

(fonte: palestra de Mônica Córullon, no fórum GIFE sobre voluntariado, setembro de

1997)

7.6- Pesquisa demonstra a força do voluntariado empresarial.

A pesquisa "Voluntariado Empresarial Estratégias de Empresas no Brasil"

é o primeiro estudo nacional de ação social e voluntariado das empresas brasileiras, fruto

do esforço coletivo do Programa Voluntários, do Centro de Educação Comunitária para

o Trabalho do SENAC-SP, do GIFE - Grupo de Institutos, Fundações e Empresas - e do

CIEE - Centro de Integração Empresa-Escola.

Realizado pelo Centro de Estudos em Administração do Terceiro Setor da

USP, ele revela um quadro estimulante já contamos no Brasil com um arsenal

expressivo de recursos e técnicas de gestão para a promoção do voluntariado entre seus

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funcionários. Mais do que isso, percebe-se que o voluntariado, baseado na cidadania e

combinando solidariedade e competência, está se tornando um valor importante e, cada

vez mais, está sendo pensado de maneira estratégica. E o que é melhor, neste tipo de

ação todos ganham a comunidade, os funcionários e, consequentemente, a própria

empresa.

"As empresas consideram cada vez mais que as atividades voluntárias são de

importância estratégica para o alcance das suas metas de negócios. Ter funcionários

que se voluntariam é considerado uma das formas mais rentáveis e de maior impacto

no envolvimento na comunidade”.

Palavras de Kenn Allen, vice-presidente senior da Points of Light

Foundation e presidente mundial da International Association for Volunteer Effort

(IAVE), que esteve no Brasil para o lançamento da pesquisa "Estratégias de Empresas

no Brasil Atuação Social e Voluntariado". Ele se entusiasmou tanto com os resultados

que está traduzindo o trabalho para publicação nos Estados Unidos e escreveu, o artigo

que se segue.

“A pesquisa Estratégias de Empresas no Brasil Ação Social e

Voluntariado é um dos estudos mais abrangentes sobre ação social e voluntariado nas

empresas já realizados no mundo. Mostra com clareza como as empresas no Brasil

começaram a reconhecer o valor do incentivo e apoio ao envolvimento dos seus

empregados enquanto voluntários na comunidade.

Em relação ao conteúdo, posso afirmar que está em plena consonância

com tudo o que se sabe a respeito de voluntariado empresarial no mundo inteiro. Em

síntese, a pesquisa confirma a experiência internacional e que se revela também no

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Brasil o voluntariado empresarial traz benefícios para a comunidade, para os

empregados que se voluntariam e também para a própria empresa.

Uma das causas do crescimento mundial do voluntariado empresarial é

derivada da globalização do comércio e da disposição das empresas de aprenderem,

umas com as outras, práticas eficazes de gestão. As empresas têm demonstrado vontade

e capacidade de adaptar as "melhores práticas" independentemente de fronteiras

nacionais. Como resultado, surgiram modelos globais de responsabilidade social para

empresas, dos quais o voluntariado empresarial sempre é peça relevante.

Contudo, apesar do avanço verificado no Brasil e no mundo, desafios e oportunidades

continuam a surgir. Eu destaco as seguintes questões

• É preciso enfatizar o valor estratégico do voluntariado empresarial em relação às

metas comerciais globais das empresas.

• É preciso um esforço contínuo para documentar os benefícios que o voluntariado

empresarial traz para os negócios.

• Os programas de voluntariado ainda precisam ser mais internalizados nas

empresas.

• Os líderes empresariais precisam se responsabilizar pelo repasse do conceito e da

experiência do voluntariado para outras empresas. Quanto mais empresas estiverem

envolvidas, maior será o impacto.

• Os programas precisam ser bem gerenciados para que tenham o melhor impacto

possível na comunidade.

• As empresas precisam manter o público informado sobre o trabalho voluntário que

promovem.

• Os líderes empresariais podem colaborar para garantir infra-estrutura necessária

para o crescimento do voluntariado na sociedade como um todo.

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• Não há limites à contribuição que as empresas podem dar para o bem-estar da

comunidade, nem para os benefícios que as empresas e seus empregados podem

usufruir como resultado do trabalho voluntário.

Os resultados da pesquisa "Estratégias de Empresas no Brasil Ação

Social e Voluntariado", posso garantir, são auspiciosos. Haverá no Brasil um

envolvimento mais efetivo de um número cada vez maior de pessoas e instituições, as

mais diversas, em iniciativas de voluntariado que busquem e viabilizem soluções para

problemas sociais graves e melhorias da qualidade de vida no Brasil. Assim como o

voluntariado passará também a ser um valor essencial da sociedade brasileira”.

Kenn Allen

Como pode-se perceber, uma atitude socialmente responsável por parte

das empresas é um diferencial competitivo que vem provando sua eficácia. Dentro desta

pespectiva, o programa de voluntariado é uma opção estratégica que propicia uma série

de benefícios, gerando uma relação na qual todas as partes ganham, a comunidade, os

funcionários e a própria empresa. Assim fica aqui a sugestão para que novos

empresários e cidadãos venham a abraçar esta causa tão nobre que é a solidariedade

humana.

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CONCLUSÃO

Levando-se em conta o que foi observado, é incontestável a necessidade

da sociedade de um modo geral em reavaliar sua maneira de convívio com as pessoas

portadoras de deficiência. Pois além de engrossarem os dados estatísticos com um

grande contigente, estas pessoas são indivíduos que corresponde a uma parcela de

estudantes, trabalhadores, consumidores em geral, e o mais importante, de seres

humanos que não podem e não devem ser encarados simplesmente como um grupo

minoritário.

A potencialidade do portador é revelada a partir do momento em que

barreiras discriminatórias pedem lugar para oportunidades no campo educacional,

trabalhista e de entretenimento.

Muito tem-se feito para garantir o aumento de tais oportunidades até

mesmo de âmbito legal. Mas observasse que tal questão é por demais complexa,

havendo a precisão de inúmeras parcerias para fornecer a infra-estrutura que venha a dar

suporte e base para a integração por completo do portador de deficiência. Bem como, a

disseminação de informação a respeito do portador aos outros cidadãos não-portadores.

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Porque por incrível que pareça um dos maiores geradores do preconceito ainda é a falta

de informação.

Como visão geral conclui-se que as dificuldades enfrentadas pelo

portador de necessidades especiais no tocante ao mercado de trabalho só poderá

extinguir-se com uma série conjunta de ações. Ações estas que partam de um ensino de

qualidade, de uma estrutura arquitetônica direcionada para acessibilidade do portador, de

programas específicos que possibilita a reabilitação e colocação dos mesmos, de um

suporte governamental para garantir os direitos e responsabilidades do portador e no

meio disso tudo, da solidariedade com o trabalho voluntariado, como exemplo da força

do cidadão em busca de seus ideais.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

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Associação do Jovem Aprendiz. (www.aja.org.br).

Associação para Valorização e Promoção de Excepcionais. (www.avape.com.br)

Centro de Integração Empresa Escola do Estado do Rio de Janeiro.

(www.cieerj.org.br)

Confederação Nacional da Indústria. (www.cni.org.br)

Informações diversas para e sobre deficientes. (www.deficienteeficiente.com.br)

Centro de Informática e Informações para e sobre deficientes. (www.defnet.org.br)

Instituto Social Empresarial. (www.ethos.org.br)

Instituto de Recursos Humanos. (www.gelre.com.br)

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. (www.ibge.gov.br).

Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas educacionais. (www.inep.gov.br)

Ministério da Educação e Cultura. (www.mec.gov.br).

Informações para a pratica esportiva dos deficientes.

(www.olimpiadasespeciais.com.br)

Organização Social Civil. (www.voluntariado.org.br)

Sociedade de Assistência aos Cegos. (www.sac.htm)

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Rede Saci (Solidariedade, Apoio, Comunicação e Informação). (www.saci.org.br).

Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial. (www.senac.br).

Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. (www.senai.br).

Site pessoal de Patrícia Vaistman escritora. (www.vaitsman.hpt.com.br)

Associação Civil de Apoio a Cultura, Educação e Promoção Social.

(www.vitae.org.br)

Informações sobre o programa W3C da UFRJ. (www.w3c.org)

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