O menino que sonhava ser marinheiro antónio pegado
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O menino que sonhava ser marinheiro
João já estava atrasado para a escola, …uma vez mais! No caminho que fazia todos os dias, cruzava-se com marinheiros que embarcavam em caravelas de sonho e como ficava maravilhado…
Com onze anos, João sonhava também ele poder partir numa caravela, em busca de novas terras, para conhecer novos costumes e culturas diferentes da sua.
Ao aproximar-se da confusão que já havia no porto, viu um homem alto, que parecia dar ordens aos marinheiros e, ganhando coragem, perguntou-lhe:
- O senhor vai embarcar nesta caravela? - Vou sim, rapaz e sou o comandante. Chamo-me Pedro Álvares Cabral. Estamos de partida.
O porto de Lisboa, àquela hora, estava repleto de gente. As mulheres despediam-se dos seus
maridos, os filhos diziam adeus aos seus pais, miúdos espreitavam e corriam, em algazarra.
Aproveitando a confusão, João correu para a caravela e escondeu-se no porão.
Durante os dois primeiros dias alimentou-se das bolachas de manteiga, pão e água que tinha
levado consigo, depois, encontrou caixas com comida e foi o que lhe valeu!
Um dia, quando o comandante Pedro Álvares Cabral se dirigia ao porão para procurar um
baú com cartas de marear, acabou por encontrá-lo. Assustado, João pediu-lhe que não lhe fizesse
mal.
- Sr. Pedro Álvares Cabral, lembra-se de mim, no porto? Não resisti…é um desejo que tenho
desde que, pela primeira vez, vi este porto.
O comandante reconheceu-o e lembrou-se da conversa que tinham tido.
- Rapaz, os teus pais devem estar preocupados contigo!...
- Já decidi, é este o meu sonho.
A partir daquele dia, João passou a fazer parte da tripulação e aprendeu com os marinheiros
tanta coisa sobre o mar: cartas de marear, o astrolábio, a bússola, como orientar-se através das
estrelas, os ventos, as marés, …
Passaram assim dois anos e João tornara-se um marinheiro.
Certo dia, ao amanhecer, houve grande confusão na proa.
- Terra à vista! – dizia Rafael, o marinheiro que estava de vigia.
- Rapaz, parece que nos deste sorte.
João avistava uma terra fantástica cheia de cor: árvores frondosas, pássaros de mil cores,
animais que nunca antes vira.
Chegámos à terra de Vera Cruz!
António Pegado, n.º 5, 5.º L
Escola EB 2,3 D. Pedro IV – Queluz