O Mar Icariano de Bas Jan Ader - Revista Carbono #5 | Gravidade

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O mar icariano no processo artístico de Bas Jan Ader Broken fall (organic) – Bas Jan Ader, 16mm, duração: 1 min 44 sec. Tuf Um som surdo, como um punho que se projeta contra uma almofada de veludo, envolvendo-se de toda a sua maciez. Um ruído abafado percorre do alto da cabeça todas as nervuras do corpo. Uma sensação de peso, de atmosfera e gravidade indica que todos os corpos caem, todas as massas tendem ao chão e essa é a condição de se estar neste mundo: ser matéria densa que se desgasta em atrito e resistência. Hoje eu vi um pássaro morrer.Que coisa estranha!Veio como um estrondo, rápido e forte, um farfalhar seco no ar. Então, essa massa que já não era mais corpo se encolheu no espaço até se chocar ao chão, para, guardados os restos de algum espasmo, acomodar-se em sua imobilidade. Em uma fração de momento sumiu como pássaro e ficou ali: um pacote disforme, meio plumas, http://revistacarbono.com/artigos/05-bas-jan-ader-glaucis-de-morais/ 25/10/15 22:41 Página 1 de 14

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O mar icariano no processo artístico de Bas Jan Ader

Broken fall (organic) – Bas Jan Ader, 16mm, duração: 1 min 44 sec.

Tuf

Um som surdo, como um punho que se projeta contra uma almofada de veludo,envolvendo-se de toda a sua maciez. Um ruído abafado percorre do alto dacabeça todas as nervuras do corpo. Uma sensação de peso, de atmosfera egravidade indica que todos os corpos caem, todas as massas tendem ao chão eessa é a condição de se estar neste mundo: ser matéria densa que se desgastaem atrito e resistência.

Hoje eu vi um pássaro morrer.Que coisa estranha!Veio como um estrondo,rápido e forte, um farfalhar seco no ar. Então, essa massa que já não era maiscorpo se encolheu no espaço até se chocar ao chão, para, guardados os restosde algum espasmo, acomodar-se em sua imobilidade. Em uma fração demomento sumiu como pássaro e ficou ali: um pacote disforme, meio plumas,

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meio carne, meio espanto. Reduzido à condição de uma inócua máquina de voar.Dias tristes esses quando a vida nos alcança com o peso e a velocidade de umtijolo.

– Caí. – resmungou a pomba do meio de seu desaparecimento. Sob o efeito deuma animação de raio, ou do fio condutor do poste de luz, ainda manteve porbreves segundos sua consciência de morte.– Caí, repito! De um céu de puro cinza, no meio da noite, no meio de um clarão.Comigo caíram as luzes de meio quarteirão, depois do estouro do transformador.– Tudo escuro, meio breu na meia-noite. Até parecia música! E eu ali, caída!– Não poderia nem dizer que era desperdício, pois tive meus dias de sonhos comjanelas abertas. Nem lamentar, pois sempre soube o que era o inevitável, afinaluma pomba não deve viver para sempre!– Assim, caída de um mau vôo, uma má escolha ou mira. Cisma de equilibrista defio de alta tensão ou apenas sina de pomba, essa de não ter parada certa,pipocando de um lado a outro até se estrebuchar no chão.

A noite se fez mais escura, como carvão que se desfaz, ainda quente, nas mãos.Deixando para trás uma sensação de poros fechados a calor e pó negro. Semjanelas iluminadas, sem ruídos de televisores, um gato preto me reconhece.Doce alegria de se saber no olhar de um gato estranho. Fortuito encontro,agendado para todas as segundas, quartas, quintas-feiras, às 16h, na virada daesquina.

Desta vez estávamos fora de nosso horário habitual. Ele, miando sem emitir somalgum, parecia entender o silêncio do blackout. Eu, voltando de meu passeionoturno, ainda podia ouvir a pomba desfiar seu pequeno rosário sobre a calçada,até se apagar também.

Então, do apartamento logo acima, um som de vidro se quebrando tambémquebra o silêncio. Mais um copo a menos.

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Fall I, Los Angeles – Bas Jan Ader, 16mm, duração: 24 sec.

O mar icariano no processo artístico de Bas Jan Ader

Glaucis de Morais

Este texto tem como objetivo discutir a manifestação da queda, seja estaexplícita, como uma queda real, ou aquela da ordem da subjetividade, ouexistencial, presente na produção do artista holandês Bas Jan Ader (1942-1975).

No catálogo da exposição Bas Jan Ader: suspended between laughter and tears,a curadora Plar Tompkins Rivas formula uma questão essencial para pensar aobra de Ader: “O que levaria um homem a se aventurar pelo oceano abertosozinho em um pequeno veleiro de escassos 12 pés de comprimento ?”1 . Mais,o que faria uma pessoa se pendurar em um galho, no alto de uma árvore, paraentão se deixar cair?

Em uma série de ações registradas em fotografias e filmes no formato 16mm, oartista reitera o mito de Ícaro mas de maneira inversa. Em vez de fixar aimensidão do céu, o infinito como o alvo de seu desejo, ele reconhece se deixar

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atrair pela força inexorável da gravidade. A queda é a parte mais importante deseu processo artístico, composto igualmente por performances edeambulações. Suas imagens nos levam a nos questionar sobre nossa condiçãode existência face à imperfeição, incompletude e fracasso, condição estahumanamente constituída por falhas e faltas.

“A queda dos corpos é inevitável. Está na natureza das coisas. Tudo acabacaindo um dia ou outro: chuva, neve, as frutas maduras, as folhas mortas… Osobjetos que nos cercam escapam provisoriamente a esse destino pois sãomantidos artificialmente. A queda permeia tanto nossas vidas ao ponto deportar, como sentido metafórico: a ruína do homem, a queda do Império romano.Como no dito popular: quanto maior a altura, maior será a queda.”2

Em 1970 Ader realiza o primeiro filme da série Fall. Neste primeiro filme,intitulado Fall I, o artista se deixar cair de uma cadeira no alto do telhado de suacasa de dois andares. Em seguida ele produz Fall II em que se lança de bicicletaem um dos canais de Amsterdam. Então filma Broken fall (organic), Nigth fall eBroken fall (geometric), todos produzidos em 1971. Neste último, Ader apareceem pé, em paralelo a um cavalete. Seu corpo oscila entre o equilíbrio e ainstabilidade, até o momento em que ele cai sobre a peça de madeira. O localonde esta cena se desenvolve é o mesmo pintado por Mondrian no início de suaprodução. Neste filme, Ader faz uma clara referência ao trabalho daquele,problematizando a sua busca pela perfeita harmonia entre a vertical e ahorizontal.

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Broken fall (geometric) – Bas Jan Ader, 16mm, duração 1 min 49 sec.

Em Nigth fall o artista aparece entre duas lâmpadas postas ao chão, ailuminação do ambiente é quase trágica, suas roupas são todas escuras. Suasfeições são desenhadas pela sombra que a luz acentua em seu rosto. Dentrodeste local, semelhante a uma garagem ou galpão, Ader concentra por um longotempo sua atenção em um bloco de pedra que se encontra logo à sua frente. Ofilme dura pouco mais de quatro minutos, um tempo que parece dilatado,desacelerado pela posição de espera que o artista adota frente ao seu objeto deação. Enquanto ele se dirige lentamente para a pedra, nós também ficamos naexpectativa, quase em suspensão, atentos ao menor gesto, à poucaluminosidade do ambiente, à delicadeza com que se movimenta para pegar a

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pedra. Então, ele eleva o grande bloco quase acima de sua cabeça. Por algunsmomentos, podemos ver seu esforço, sua resistência contra a gravidade, apedra é pesada, seu corpo é frágil. Ele busca equilibrá-la, porém seusmovimentos oscilam entre a instauração de uma precária estabilidade, e o totaldesequilíbrio que acarreta a queda da pedra. Na penumbra, ele mantém o blocono alto tanto quanto possível para finalmente deixá-lo cair sobre uma daslâmpadas, quebrando-a. Esta operação, como uma espécie de ritual, se repeteaté Ader quebrar a segunda lâmpada, ficando assim completamente imerso naescuridão.

Nightfall – Bas Jan Ader, 16mm, 4 min 16 sec.

A queda, em seu sentido negativo, é marcada por um princípio de diminuição devalor, de colapso. Como, por exemplo, o colapso de um sistema social, de umainstituição, ou mesmo da subjetividade de um sujeito. Associado à ideia defracasso, oscilamos de um estado de suposto equilíbrio a um outro de declínioou falha. Há na queda uma conotação de decadere, de perda de posição, mastambém movimento de transformação, pulsão que nos mobiliza nos extremos denossa existência. Em Nigth fall, Ader coloca em questão a ideia de queda como

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um movimento carregado de sentido negativo. Ao colocar em cena a fragilidadede seu próprio corpo, sujeito falho exposto à ação direta de uma força física,como a gravidade, e o peso de uma subjetividade que busca seu espaço deexistência, ele nos mostra um humano mais que humano. Suscetível atransformações, permeável ao seu meio ambiente, enfim um ser vivo que sereconhece fraturado e por isso mesmo aberto ao mundo.

Como no mito de Ícaro a queda nas proposições de Ader é inerente à uma figurade voo: este do desejo, daquilo que suporta a condição de existência humana,inevitável batalha entre o peso da gravidade e a leveza do sonho. Mas esteimpulso na direção do solo, do mais baixo, porta uma sombra, uma espécie denegatividade. Talvez uma transcendência contraditória? Suas ações testam oslimites físicos de seu próprio corpo em relação à verticalidade. Ele está exposto,cair ou deixar cair, neste caso, é abandonar qualquer forma de controle, é seliberar de forma radical, de qualquer restrição. É importante lembrar que ocontexto histórico e político dos anos sessenta e setenta foi atravessado porgrandes manifestações e questionamentos sociais. Muitos artistas, sobretudonos anos setenta, se opuseram à uma concepção de sociedade de produção econsumo baseada na ideia de uma sociedade do espetáculo. Neste sentidoadotar o fracasso, a queda, é apontar a fraqueza humana e suassuscetibilidades, é se opor a todo um sistema que procura justamente mostrar ooposto, o homem em perfeito equilíbrio.

Trata-se de uma obra enquanto um poema épico, em que o artista é ao mesmotempo herói e mártir, um sujeito delicadamente falível que se constitui à partir daimagem de um herói trágico. As quedas de Ader, como suas deambulações porLos Angeles e Amsterdam, têm uma conotação mística que nos reenvia a nossaspróprias fraquezas e a nossa condição de mortalidade, de nossa impotência faceao inexorável.

Como espécies de memento mori, seu trabalho se articula também em relação àuma desmedida, a queda melancólica, o absurdo de se deixar levar pela ação dagravidade. Trata-se, acima de tudo, de uma escolha, um compromisso com abusca do sublime. Ele expõe a sua vulnerabilidade sem medo do irrisório. Pelocontrário, é justamente este princípio irrisório em sua abordagem que nos tocaprofundamente, que nos amedronta e magnetiza, ao ponto de nos tornarmossolidários à simplicidade de seus gestos.

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“Ader foi um mestre da gravidade. Mas quando caía, ele dizia que na verdade agravidade era sua mestra. Ele entendeu o abandono e convicção necessáriaexigida para fazer da gravidade sua companheira.”3

Em 1975 Ader se lança em uma aventura no norte do Oceano Atlântico que olevará ao seu desaparecimento. In search of the miraculous é uma trilogiacomposta por deambulações, fotografias e filmes, como também de notasproduzidas durante essas experiências. Este trabalho, que restou inacabado,começou em Los Angeles como uma caminhada noturna na direção do mar eteve seu termo quando o artista partiu em um pequeno barco com o intuito deatravessar o oceano, para nunca mais ser visto. Arrogância? Romantismoexcessivo? Ingenuidade? Talvez, ou, simplesmente, um espírito que aspirava aoextremo como condição de existência, uma posição tragicômica face aoprovisório e ao aleatório da vida.Quais os possíveis questionamentos a obra de Ader suscita no que tange o voo,a queda e a busca por equilíbrio entre estes dois pólos dialéticos? Tomando omito de Ícaro como uma espécie de espelho é a imagem de ousadia e,sobretudo, de desmedida que nos solicita. “Se inventamos o mito de Ícaro, nãoera no intuito de prover uma divertida lição de física, mas para prevenir osmortais contra a Hybris, uma desmedida.”4

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In Search of the Miraculous – Bas Jan Ader, 1975.

O homem de pé é o único animal que abandona quase totalmente este tipo decumplicidade com o plano horizontal, mesmo se a cada passo a sua quedapossível seja reinvestida de força, pois a cada passo nós corremos o risco decair. Desta forma estamos constantemente neste estado de equilíbrio precário,sujeito a uma tensão entre a verticalidade e a horizontalidade.

“Assim é o homem de pé. Não se pode negar que sua originalidade enquanto servivo está ligada a sua verticalidade, mas esta verticalidade, minúsculo tropismosobre a superfície do globo, carrega sempre algo de provisório.”5

Estar no mundo é estar em queda. Lançando-se através do espaço Ader selança exatamente no sentido desta lógica, ele não procura se opor a estacondição, mas ao contrário, ele a reafirma. Se a experiência da queda relaciona-se com uma ideia de fracasso, ela também nos supre com uma energia vital.Para resistir à queda, é preciso lutar todos os dias contra os efeitos da gravidadesobre nós. Encontrar a linha tênue que demarca vagamente esta zona entre a

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presença no mundo pelo peso, em seu sentido figurado, e o descolamentoproporcionado pela ideia de voo é uma tarefa difícil. Trata-se de uma escolha,deixar-se levar por ambas as extremidades ou se manter precariamente entreelas.

“A verticalidade não é algo dado, ela é constantemente adquirida por umatentação inversa e incontornável. Nada de mais surpreendente então se o estarno mundo também se figurar por um estar em relação ao peso que porta.”6

A queda na obra de Ader, não apenas nos lembra de nossa condição terrena,imperfeita, incompleta, mas lembra também a importância de sua aceitação e dapossibilidade de se deixar conduzir pela tentação do plano do chão, destacamada do solo. Condição esta que esquecemos à medida que começamos adominar nossa posição vertical.

A queda surge então como uma manifestação do peso, caímos quando nãopodemos resistir a certas forças, tanto àquela da gravidade quanto às pressõesdo contexto social. Nossa conexão ao solo é também a evidência depertencimento ao mundo, assim somos conformados por esta atracão sutil dagravidade sobre nosso corpo. Simone Weil, em seu livro O peso e a graça(2010), apresenta-nos esta força que nos precipita ao abismo, a imagematerradora da verdadeira queda. Segundo Weil, o peso nos coloca frente a umacondição: “geralmente, o que se espera dos outros é determinado pelos efeitosdo peso em nós; mas aquilo que recebemos é determinado pelos efeitos dopeso neles. Às vezes, por acaso isto coincide, muitas vezes não.”7 Bas Jan Adersurge como este pássaro em que a falha fala mais alto, com as emoções à florda pele. Ele produziu uma obra heterogênea em termos de materialidade, mascoesa no que toca suas inquietações. Para Ader cair era fazer arte.

(Veja os vídeos e mais informações sobre Bas Jan Ader no website do artista:http://www.basjanader.com/ )

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1. Tradução da autora; « What would possess a man to venture out across theopen ocean alone in a small sailboat scarcely 12 feet in length ?» (RIVAS, 2010,5)

2. Tradução da autora; « La chute des corps est une fatalité. Elle est dans la

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nature des choses. Tout finit par tomber, un jour ou l’autre : la pluie, la neige, lesfruits mûrs, le feuilles mortes… Les objets qui nous entourent échappentprovisoirement à ce destin parce qu’ils sont retenus artificiellement. La chuteimprègne tellement notre vie que le mot a pris un sens métaphorique : la chutede l’Homme, la chute de l’Empire romain, « Plus dur sera la chute » (SIGNORE,2008, 1).

3. Tradução da autora; « Ader was a master of gravity. But when he fell, all hewould say was that it was because gravity made itself master over him. Heunderstood the necessary surrender and decisiveness of purpose needed tomake gravity his companion. (…) » (DEAN, 2006, 30).

4. Tradução da autora; « Si l’on a inventé le mythe d’Icare, ce n’était pas pourdonner une leçon de physique amusante, mais pour prévenir les mortels contreune Hybris, une Démesure. » (BLANC, 1995, 133).

5. Tradução da autora; « Soit donc l’homme debout. (…) Il ne peut méconnaîtreque son originalité de vivant tient à sa verticalité, mais cette verticalité, tropismeminuscule à la surface du globe, a quelque chose de toujours provisoire.»(JENNY, 1997, 4).

6. Tradução da autora; « Sa verticalité ne lui est pas donnée, elle est sans cesseconquise sur une tentation inverse avec laquelle il ne peut en finir. Riend’étonnant donc si son être-au-monde lui apparaît parfois exactement figuré parson être-dans-la-pesanteur (…). » (JENNY, 1997, 6).

7. Tradução da autora; « “(…) d’une manière générale, ce qu’on attend desautres est déterminé par les effets de la pesanteur en nous; ce qu’on en reçoitest déterminé par les effets de la pesanteur en eux. Parfois cela coïncide (parhasard), souvent non » (WEILL, 2010, 41).

Bibliografia :

BLANC, Bernard, Les métamorphoses d’Ovide : un vivier de légendes et demythes, Paris, L’Harmattan, 1995.

JENNY, Laurent, L’expérience de la chute : de Montaigne à Michaux, Paris,Presses Universitaires de France, 1997.

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BEENKER, Erik, BLÄTTLER, Alexandra, DEAN, Tacita, GROOT, Elbrig de, DOEDE,Hardeman, HEISER, Jörg, WOLFS, Rein, Bas Jan Ader : please don’t leave me,Rotterdam, Museum Boijmans Van Beuningen, 2006.

WEIL, Simone, La pesanteur et la grâce, Paris, Pocket, 2010. Catálogos e sitesinternet :

RIVAS, Pilar Tompkins, « The sea, the land, the air. The space between them »,in : Bas Jan Ader : suspended between laughter and tears, Claremont, OitzerCollege, 2010.

DEAN, Tacita, « And he fell into the sea », < http://www.basjanader.com/>,17/04/2013.

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GLAUCIS DE MORAIS (Lajeado/RS – 1972) é Bacharel em Desenho pelo Institutode Artes da UFRGS e Mestre em Poéticas Visuais pela mesma instituição.Participou de exposições no Brasil e no exterior, dentre as quais destacam-se a8a Bienal do Mercosul em 2011, o projeto Pesquisas Artísticas Presentesrealizado por Projeto Subsolo na Casa França/Brasil em 2011, a mostraConvivências: dez anos da bolsa Iberê Camargo em 2010, o 15° Festival de ArteEletrônica Vídeo Brasil, SESC Pompéia em 2004, a mostra Rumos da Nova ArteContemporânea Brasileira, do programa Itaú Cultural de Artes Visuais em 2002.As individuais Situações amorosas: uma poética de entrelaçamentos em artesvisuais na Pinacoteca Barão de Santo, Instituto de Artes da UFRGS em 2002 eConcreto no Espaço Torreão, Porto Alegre, em 2000. Em 2003, foi a ganhadorada terceira edição da Bolsa Iberê Camargo.

BAS JAN ADER nasceu em 19 de abril de 1942. Estudante rebelde, ele fracassouna escola de arte Rietveld Academy. Aos 19 anos ele pega um carona paraMarrocos, onde entrou como marinheiro num iate para a América. Em LosAngeles, Ader ingressou na Otis Art Istitute, onde conheceu Mary Sue Andersen,sua futura esposa. Depois, passou a ensinar arte e estudar filosofia naClaremont Graduate School. Em 1970, Ader passa pelo período mais produtivode sua carreira, começando com os primeiros filmes da série Fall. Em 1975, BasJan Ader embarcou no que ele chamou de “uma viagem muito longa numveleiro.” A viagem era pra ser parte de um tríptico chamado “A procura de um

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milagre”, uma ousada tentativa de cruzar o Atlântico em um pequeno veleiro.Seis meses depois de sua partida, o veleiro foi encontrado semi-submerso nacosta da Irlanda, mas Bas Jan havia desaparecido.

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