O livro na era digital: as novas tecnologias · O LIVRO NA ERA DIGITAL: O IMPACTO DAS NOVAS...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS
ESCOLA DE COMUNICAÇÃO
O LIVRO NA ERA DIGITAL: O IMPACTO DAS NOVAS
TECNOLOGIAS NO MERCADO EDITORIAL BRASILEIRO
ANDRESSA BALBI FIGUEIREDO
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O LIVRO NA ERA DIGITAL: O IMPACTO DAS NOVAS
TECNOLOGIAS NO MERCADO EDITORIAL BRASILEIRO
ANDRESSA BALBI FIGUEIREDO
Monografia apresentada à Escola de
Comunicação Social da Universidade
Federal do Rio de Janeiro, como requisito
necessário à obtenção do grau de bacharel
em Comunicação Social, habilitação em
Produção Editorial.
Orientadora: Prof.ª Renata S. N. Pettengill
Rio de Janeiro 2005
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Figueiredo, Andressa Balbi
O livro na era digital: o impacto das novas tecnologias no
mercado editorial brasileiro. Orientadora: Renata Pettengill.
Rio de Janeiro: ECO/UFRJ, 2005.
48 f.
Trabalho de conclusão de curso – Escola de Comunicação /
UFRJ, Rio de Janeiro, 2005.
Orientadora: Renata Pettengill
1. Mercado editorial brasileiro. 2. Livro impresso. 3. Era
digital. 4. Novas tecnologias. I. Pettengill, Renata (orientadora).
II. Universidade Federal do Rio de Janeiro. Escola de
Comunicação. III. Título
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O LIVRO NA ERA DIGITAL: O IMPACTO DAS NOVAS
TECNOLOGIAS NO MERCADO EDITORIAL BRASILEIRO
ANDRESSA BALBI FIGUEIREDO
Monografia apresentada à Banca Examinadora na Escola de Comunicação da
Universidade Federal do Rio de Janeiro, como requisito necessário à obtenção
do grau de bacharel em Comunicação Social, habilitação em Produção
Editorial. Aprovada pelos professores:
__________________________________ Prof.ª Renata S. N. Pettengill - Orientadora
__________________________________ Prof.
_________________________________
Prof.
Nota:___________
Data:___________
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FIGUEIREDO, Andressa Balbi. O livro na era digital: o impacto das novas
tecnologias no mercado editorial brasileiro. Orientadora: Renata Pettengill. Rio
de Janeiro: Escola de Comunicação, Universidade Federal do Rio de Janeiro,
2005. 48 f. (Monografia. Graduação Comunicação Social. Produção Editorial)
RESUMO
O presente trabalho tem por objetivo analisar, no mercado editorial brasileiro, algumas
das mudanças provocadas por inovações tecnológicas do campo da informática, tais
como: Internet, gravadores de CD e DVD, e-books readers, scanners etc. O atual
cenário tecnológico tem causado preocupações, inclusive entre autores/teóricos do
mundo acadêmico e entre profissionais do mundo editorial, a respeito do futuro do livro
impresso, das editoras, das gráficas e dos profissionais da área editorial. Opiniões
variadas e/ou conflitantes provocam, naturalmente, reflexões sobre as vantagens e
desvantagens das novas tecnologias. A metodologia adotada neste trabalho é a de um
estudo qualitativo comparativo sobre os diversos argumentos de teóricos da área
editorial e/ou tecnológica. Para chegar às considerações finais sobre o futuro do livro
impresso e do livro digital no Brasil, apresenta-se um histórico da evolução da
produção editorial no mundo desde 1808.
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FIGUEIREDO, Andressa Balbi. The book in the digital age: the impact of the
new technologies in the Brazilian publishing market. Advisor: Renata Pettengill.
Rio de Janeiro: School of Communication, Federal University of Rio de Janeiro,
2005. 48 p. (Final paper. Graduation Social Communication, Publishing
Production)
ABSTRACT
The present work has for objective to analyze, in the Brazilian publishing market,
some of the changes provoked for technological innovations of the field of computer
science, such as: Internet, CD and DVD recorders, e-books readers, scanners etc.
The current technological scene has caused preoccupations, inclusive between
authors/theoreticians and professionals of publishing market, regarding the future of
the book printed matter, of the publishing companies, of the graphical and the
professionals of the publishing area, and their opinions provoke, of course, reflections
on the advantages and disadvantages of these technologies. The adopted
methodology in this work is a comparative qualitative study on the diverse arguments
of theoreticians of publishing and/or technological area. To arrive at the final
considerations on the future of the book printed matter and the digital book in Brazil, a
description of the evolution of the publishing production since 1808, is presented.
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 08
2 A INDÚSTRIA EDITORIAL BRASILEIRA DESDE 1808 12
2.1 AS GRÁFICAS 15
2.2 AS EDITORAS 17
2.2 AS BIBLIOTECAS 19
2.3 OS PROFISSIONAIS 21
3 TEMPOS MODERNOS 25
3.1 APRESENTANDO NOVAS TECNOLOGIAS 26
3.1.1 A INTERNET 27
3.1.2 O LIVRO DIGITAL 30
3.1.3 O LIVRO AUDÍVEL 35
3.2 VANTAGENS E DESVANTAGENS DO LIVRO DIGITAL 36
4 O FUTURO DO LIVRO IMPRESSO E DO LIVRO DIGITAL 40
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 43
REFERÊNCIAS 47
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1 INTRODUÇÃO
O futuro do livro impresso é incerto, assim como o futuro das editoras, das
gráficas e dos profissionais da área editorial como se conhece atualmente, devido à
inserção das novas tecnologias de transmissão da informação surgidas a partir do
advento da informática.
Desde a organização da vida em sociedade, que coincide com o surgimento
da escrita pelos sumérios, as civilizações vêm passando por diversas transformações
estruturais devido a guerras, revoluções, invenções e, mais recentemente, à
globalização.
Uma invenção que muito contribui para o desenvolvimento das civilizações
é a criação dos tipos móveis de liga metálica durável pelo alemão Johannes Gutenberg.
O primeiro uso desses tipos móveis ocorre em 1453, para imprimir Bíblias e alguns
folhetos para a Igreja.
Antes dos tipos móveis duráveis o livro é impresso com tipos móveis de
porcelana ou madeira – materiais muito frágeis –, o trabalho é muito caro e árduo e por
isso não existe a possibilidade de uma produção em série. Com a nova técnica de
Gutenberg é possível aprimorar o livro impresso, minimizar custos e dar início à
produção dos livros em série.
Segundo LIMA (2005), esse momento histórico é favorável à difusão da
leitura, pois Lutero está propagando a Reforma e recomendando a seus seguidores a
leitura da Bíblia. Em um tempo em que, incluindo os reis, a maioria é analfabeta, essa
leitura da Bíblia desenvolve muitos novos leitores e provoca uma demanda por outros
livros e impressos.
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A partir da determinação de Lutero, surge um mercado consumidor sem
precedentes. Começa então a disseminação da leitura e a necessidade da alfabetização
da população. Assim torna-se possível, por exemplo, a universalização do ensino, a
criação de bibliotecas populares, o aparecimento da imprensa diária, dos periódicos e
das revistas científicas. Tudo isso devido à difusão da leitura da Bíblia.
Em pouco tempo, a criação de Gutenberg conquista toda a Europa e, mais
tarde, se difunde para todo o globo, expandindo a indústria editorial. Tudo o que se sabe
sobre a confecção de livros, antes de Gutenberg, tem que ser substituído por novos
aprendizados, desde a impressão e o tipo de tinta utilizados, até a forma de distribuição
geográfica de livros, que passa a ser muito mais rápida e organizada devido ao aumento
da quantidade de livros que precisam ser distribuídos. São criadas técnicas de
catalogação de livros e pesquisas sobre o mercado consumidor de livros.
A reprodução do conhecimento, através dos livros impressos a baixo custo,
leva a uma enorme revolução social e econômica na sociedade européia do século XIX.
Isso ocorre devido a uma grande quantidade de produção/circulação de material
científico e literário que torna as comunidades mais rápidas na troca de conhecimentos.
Além disso, o baixo custo dos livros desenvolve um novo mercado consumidor de
livros, assim como bibliotecas e livrarias, o que aquece a economia na Europa do século
XIX.
Hoje, é impossível imaginar uma civilização sem a imprensa.
Chega-se agora à beira de uma evolução tão importante quanto àquela
deflagrada por Gutenberg e Lutero. O aparecimento de novas tecnologias como a
Internet e os gravadores de CD-ROM e DVD, por exemplo, vem gerar novamente uma
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reprodução do conhecimento a baixo custo através das memórias digitais e dos discos
óticos.
Os profissionais da área editorial estão vislumbrando mudanças e tentando
se adaptar a elas. Alguns as encaram com muito entusiasmo, outros se preocupam com
os impactos que novas tecnologias podem causar em uma estrutura já consolidada.
Os teóricos também se dividem: há os que acreditam no fim do livro
impresso e aqueles que crêem na coexistência destes com os livros eletrônicos.
O objetivo geral deste trabalho é estudar as mudanças provocadas pelas
inovações tecnológicas e o seu impacto no mercado editorial brasileiro.
Os objetivos específicos são:
- analisar comparativamente as mudanças ocorridas na produção editorial
brasileira desde a inserção das novas tecnologias digitais;
- identificar o futuro do livro impresso no Brasil;
- apontar o futuro do livro digital no Brasil.
A metodologia compreende um estudo qualitativo e comparativo sobre os
argumentos de teóricos da área editorial e/ou tecnológica.
A justificativa para esta pesquisa está no futuro aparentemente incerto do
livro impresso no Brasil, assim como na instabilidade do futuro das editoras, das
gráficas e dos profissionais da área editorial como se conhece atualmente, devido à
disseminação de novas tecnologias de transmissão da informação.
Na introdução destacam-se os objetivos da pesquisa qualitativa e
comparativa sobre a editoração no Brasil.
O segundo capítulo faz uma retrospectiva histórica da indústria editorial a
partir da chegada da família real ao Rio de Janeiro, no início do século XIX.
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Em tempos modernos, no capítulo três, são apresentadas as novas
tecnologias, com destaque para a Internet e o livro digital e suas vantagens e
desvantagens são detectadas.
Num exercício de “futurologia”, o quarto capítulo apresenta possibilidades
de evolução do livro impresso e do livro digital em opinião embasada em observação
empírica e na literatura consultada.
As considerações finais pretendem ser o fechamento do texto e dos
objetivos apresentados na introdução.
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2 A INDÚSTRIA EDITORIAL BRASILEIRA DESDE 1808
O ano de 1808 é considerado um marco na história do Brasil. A chegada da
família real portuguesa ao Rio de Janeiro é decisiva para que a colônia deixe de ser
submetida às amarras mercantilistas e comece a conquistar uma autonomia que a leva a
ter condições de um dia ser independente. Para o que vem a ser posteriormente a
indústria editorial brasileira, a coleção de livros que dá origem a Biblioteca Nacional e a
criação da Imprensa Régia são os eventos mais importantes da época.
Menos de dois meses após o desembarque da Corte Portuguesa no Rio de
Janeiro, o príncipe regente, Dom João VI emite uma Carta Régia autorizando a
impressão no Brasil. Antes, qualquer escrito na colônia tem de ser impresso na Europa
ou permanecer na forma de manuscrito – restrição que pode, em parte, ser atribuída ao
conservadorismo da administração do marquês de Pombal (1750-1777), para quem a
impressão na colônia significa fonte de poder e influência sobre os europeus lá
residentes.
Nos primeiros tempos do Brasil-colônia, a indústria da impressão de livros
não é administrativamente necessária nem economicamente possível face ao
analfabetismo de maior parte da população. Na década de 1640, há uma tentativa dos
holandeses de introduzir a impressão em Recife.
No século XVIII se tem provas definitivas da existência de uma prensa em
território brasileiro. Isidoro da Fonseca, um dos principais tipógrafos de Lisboa, fica
responsável por um prelo, no Rio, em 1747. Ele vem de Portugal, contra a vontade das
autoridades da metrópole, a convite do governador do Rio e de Minas, Gomes Freire de
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Andrade. Logo que Lisboa toma conhecimento de sua oficina de impressão é emitida
uma ordem para fechá-la.
Mas é no século XIX que começa mesmo a impressão no Brasil. No início,
ela está sob forte controle ideológico e sob monopólio do governo com a Imprensa
Régia – órgão real que detém a exclusividade da impressão na Corte (Rio de Janeiro) de
1808 a 1821.
O primeiro concorrente do órgão oficial é na Bahia. Manuel Antônio da
Silva Serva, antigo comerciante de Lisboa, instala em 1811 uma tipografia em Salvador.
Como os preços cobrados pela Imprensa Régia são demasiadamente altos, é fácil para
ele conseguir encomendas no Rio de Janeiro. Após o fim do monopólio real, decretado
em 2 de março de 1821, instalam-se no Rio as primeiras oficinas tipográficas
particulares. Às vésperas da independência, elas são cerca de sete. Na metade dessa
mesma década, Paris tem 480 livrarias e 850 tipografias.
Os principais tipógrafos dos anos que se seguiram são Pierre René François
Plancher de la Noé, que imprime a Constituição do Império do Brasil, e o seu
sucessor, Francisco de Paula Brito. Paula Brito é muito lembrado por ser o primeiro
editor realmente chamado de editor, e pelo fato de sua loja abrigar a Sociedade
Petalógica, grupo de poetas, compositores, atores, líderes da sociedade, ministros de
governo, senadores, jornalistas e médicos que constituem o movimento romântico de
1840 a 1860.
Não é fato isolado, no caso de Paula Brito, que uma loja ou casa editorial
seja ponto de encontro da elite cultural. A paulistana Casa Garraux, de Anatole Louis
Garraux, é, na década de 1870, local de encontro de estudantes da Faculdade de Direito,
fundada em 1827. Outro exemplo é a livraria de José Olympio, no Rio de Janeiro, onde
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até o fim do século XX serve de ponto de encontro de escritores e artistas de opinião
progressista.
O desenvolvimento de uma indústria editorial paulista vem com Monteiro
Lobato, que descobre o mais sério problema do livro no Brasil: a falta de pontos de
venda – pouco mais de 30 livrarias em todo o país dispostas a aceitar livros em
consignação. Então, em 1918, ele começa a oferecer livros para lojas de varejo,
farmácias, padarias e postos do correio nacional. Isso lhe proporciona uma rede de
quase 2.000 distribuidores espalhados pelo Brasil.
Para cultivar um público leitor em âmbito nacional, o criador do Sítio do
Pica-Pau Amarelo e Emília implementa, além da distribuição, uma série de inovações: a
criação da Editora Melhoramentos, o lançamento de novos autores, o pagamento de
direitos autorais compensadores, a publicidade em jornais, capas ilustradas e a melhoria
na aparência interna dos livros.
No início dos anos 1930, aparece no Brasil um novo centro editorial: Porto
Alegre, no Rio Grande do Sul. Lá é sediada a Livraria Globo, reconhecida no mercado
livreiro brasileiro tanto pelos autores que passa a publicar, quanto pela qualidade dos
livros. Ela é personificada na figura de Érico Veríssimo, que inaugura, na indústria do
livro no Brasil, a figura do editor profissional que não é dono da editora.
Na década seguinte, a editora José Olympio contribui para que os anos 1940
sejam denominados a “idade de ouro” da tradução no Brasil. O editor contrata escritores
profissionais para traduzirem grandes obras, o que assegura que todos os textos sejam
bem escritos e que os trabalhos sejam feitos com cuidado e com dedicação, uma vez que
o tradutor deve pensar na própria reputação como escritor. José Olympio é tido por
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HALLEWELL (1985) como o principal editor brasileiro na década de 1930 e no início
dos anos 1940.
HALLEWELL (1985) descreve o crescimento da indústria editorial nos
anos 1950 e a grande entrada de livros didáticos, nos anos 1970, quando os estrangeiros
se dão conta do tamanho desse mercado.
2.1 AS GRÁFICAS
Em sua obra, GIOVANINNI (1987) relata que inicialmente as prensas são
fabricadas inteiramente em madeira, o que resulta numa estrutura pouco durável, difícil
de ser transportada e acionada, tornando o trabalho pesado demais. Com o passar do
tempo a armação fica mais moderna, com engrenagens feitas em metal e com a
utilização de contrapesos, o que facilita muito o manuseio. No entanto, o princípio que
orienta o seu funcionamento permanece o mesmo, a tipografia: (composição através de
tipos móveis e prensa manual).
Com o começo da industrialização na Europa, muitas mudanças ocorrem, a
fim de melhorar e aprimorar a impressão. Em 1789, inicia-se a utilização do papel
contínuo, diferentemente das folhas soltas de antes e, em 1810, constrói-se a primeira
máquina de prensar a vapor, que ao contrário das anteriores não é acionada pelos braços
do homem e sim pela energia térmica. Mas a sua composição ainda é manual.
Com o advento da energia elétrica nos países mais adiantados da Europa, nos
EUA e no Brasil (um dos pioneiros mundiais), em 1879, as mudanças vão se tornando
cada vez mais rápidas e significativas como, por exemplo: a impressão de ambos os
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lados da folha, o papel em bobina, a prensa rotativa, o linotipo, a offset, a
fotocomposição e o aumento da velocidade e qualidade da impressão.
Hoje, com o advento mundial da informática (iniciada em 1946, a pedido do
exército dos EUA) e da Internet (iniciada em 1990, nos EUA, por Vint Cerf,
considerado seu “criador”) o modo de produção no mercado editorial é novamente
modificado. As gráficas, em galpões gigantes, com enormes máquinas capazes de
produzir altas tiragens de livros em tempo recorde, brevemente podem fazer parte de um
cenário ultrapassado. Essa maquinaria tem algumas limitações como, por exemplo, o
fato de ocuparem muito espaço e só serem economicamente viáveis para altas tiragens.
Prova disso é o fato de que há um mercado em expansão que permite
imprimir tiragens reduzidas e até mesmo apenas um único livro. Na gráfica Fábrica do
Livro, no Rio de Janeiro, por exemplo, podem-se fazer tiragens de 100, 50 ou até 20
livros e na livraria Armazém Digital, inaugurada em 2004, na zona sul carioca, tem-se a
possibilidade de imprimir apenas um único livro – é o sistema on demand.
Nesse sistema, livros esgotados ou vendidos apenas no exterior são baixados
da Internet e impressos em cerca de uma hora, com o mesmo acabamento de um livro
produzido tradicionalmente. Enquanto se aguarda o processo, pode-se assistir a um
filme ou show no próprio espaço. Se o consumidor preferir, há a opção de fazer o
pedido pela internet e de a entrega ser em domicílio.
O sistema on demand preenche uma lacuna: viabiliza a publicação de
escritores que não têm potencial comercial de mil, duas mil cópias.
Nem todos os livros podem ser comercializados nesse sistema. O Armazém
Digital só pode comercializar livros já disponíveis na Internet. Se ele já é cobrado, os
direitos autorais já estão incluídos. Nesse caso, a loja só acrescenta o valor da
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impressão para obter o preço final. Se a obra está on-line gratuitamente, é cobrada
apenas a impressão.
Fato é que o livro de papel já divide espaço com o eletrônico no Brasil
desde meados dos anos 1990. Dados da Câmara Brasileira do Livro (CBL), relativos aos
anos de 1990 a 2003, mostram que até 1997 a produção de títulos em papel cresceu,
chegando a 51.460 – máximo registrado nesse período. Em 2003, esse número havia
caído para 35.590. E se continuar caindo pode levar as gráficas à falência.
No entanto, tudo isso tem um custo, e a verdade é que quanto menor a
tiragem, maior o preço unitário do livro.
2.2 AS EDITORAS
De acordo com ARAÚJO (1986), as primeiras casas publicadoras ou
editoras da Europa datam do século XVI. Mas só a partir do século XVIII é que elas se
consolidam nos centros urbanos mais desenvolvidos como Paris e Londres.
Com a Revolução Industrial começa uma nova necessidade de
especialização dos funcionários. Separam-se as funções do publicador das do impressor
e as do tipógrafo das do livreiro. Por conta dessa especialização são registrados
inúmeros progressos na área editorial, como, por exemplo: aumento na qualidade da
impressão e do livro como um todo.
De acordo com LIMA (2005, p.14):
“O computador, atrelado às invenções anteriores como
telefone, televisão e redes de comunicação em tempo real
modificam, não só a ciência, mas também o cotidiano. A
sociedade está mudando em vários aspectos, principalmente, no
financeiro-econômico. A empresa, a editora, não é mais
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familiar, não pertence a uma comunidade local e nem com ela
está comprometida. A empresa hoje é de proprietários
ausentes, os acionistas que vão aplicar seus recursos onde é
mais rentável, sem compromisso espaço temporal. Empresários
sem envolvimento com problemas sociais locais ou com a
humanidade.”
As editoras apresentam hoje, como uma das vantagens das novas
tecnologias (Internet, por exemplo), a possibilidade de receber o texto do livro vindo do
autor de forma eletrônica, já formatado em seus padrões de publicação e com as
equações e gráficos, em se tratando de livros técnicos, já em formato de impressão.
Os publicadores de todo o mundo passam, atualmente, por um período de
transição entre o papel e o on-line, no qual se avalia que ocorrerá uma mudança de
cultura com a consolidação do on-line, mas este ponto ainda é uma incógnita. Sugere-se,
por agora, que se mantenha a distribuição dos formatos impresso e eletrônico (e-books)
concomitantemente.
O livro eletrônico aponta para a solução de algumas das grandes
preocupações das editoras: a redução de gastos e a economia de espaço. A tendência
atual de o custo do livro eletrônico ser menor que a publicação impressa gera uma
expectativa positiva. Entretanto, surgem dúvidas quanto ao armazenamento deste tipo
de suporte. Pode haver a necessidade constante de atualização dos dados armazenados
para que eles possam ser lidos no futuro.
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2.3 AS BIBLIOTECAS
Entra no jogo, então, o conceito de biblioteca, uma instituição tão antiga
quanto o próprio livro. Como serão as bibliotecas do futuro, se todos os livros forem
eletrônicos? Elas terão razão de continuar a existir?
As bibliotecas, assim como os publicadores, continuarão a desempenhar um
papel importante no futuro.
Existem pelo menos duas fortes razões que justificam a permanência das
bibliotecas:
• ainda que o preço dos livros eletrônicos possa vir a ser menor do que o dos
impressos, os leitores não vão conseguir comprar tudo de que precisam, pela limitação
financeira, portanto continuarão a buscar as bibliotecas e, por conseguinte, os livros
impressos;
• as pessoas que ainda têm dificuldades em lidar com o meio eletrônico
preferem ler os livros impressos.
No entanto, segundo NEGROPONTE (1999), na biblioteca real, quando um
leitor retira um livro, a biblioteca perde temporariamente os átomos que constituem o
livro, os quais passam a pertencer ao leitor que o retirou, e a ninguém mais, enquanto
ele não for devolvido. Numa biblioteca virtual, o livro é feito de bits, portanto, ao ser
consultado e copiado para o computador do leitor, ele continua no mesmo lugar onde
está armazenado. Milhões de leitores podem acessar o mesmo site, home-page,
documento, revista ou livro na Internet, e isso não causa nenhuma perda ou efeito sobre
a fonte da informação.
21
Pensando bem, isso é uma coisa realmente revolucionária, única na história
da humanidade. Pode-se argumentar que as outras mídias eletrônicas, como a televisão e
o rádio, também se comportam assim. Acontece que a Internet tem uma diferença
fundamental: a informação é conseguida por demanda do usuário, e não quando o
transmissor deseja. Quando um telespectador perde uma transmissão de televisão, não
tem como solicitar que a estação a transmita individualmente, apenas para ele. A World
Wide Web permite.
Naturalmente, muitos países estão começando a estudar esses aspectos e
desenvolver novos papéis e estratégias para a biblioteca do futuro. Há muito tempo as
bibliotecas vêm se automatizando, usando computadores para cadastrar, controlar a
entrada, a saída e a devolução dos livros pelos leitores, e disponibilizar sistemas de
busca por título, autor, palavras-chave etc. Nos países mais avançados, é praticamente
impossível achar bibliotecas em que a sala de leituras não esteja repleta de
computadores e terminais para a utilização dos leitores. Os gaveteiros com fichas já
estão extintos em muitas bibliotecas, pois descobriu-se um fato muito relevante: se 15%
a 20% do acervo da biblioteca tem acesso informatizado, os leitores deixam de usar o
fichário tradicional para procurar livros. Em outras palavras, o retorno que eles obtêm
da pesquisa informatizada, mesmo que acessando uma parte pequena do acervo, já é o
suficiente para mudar o seu comportamento.
O passo seguinte das bibliotecas rumo à "virtualidade" é o de disponibilizar
os seus catálogos eletrônicos através da Internet. As bibliotecas também têm se unido,
formando redes cooperativas produzindo um catálogo coletivo de seus acervos.
Outro passo que também já está dado por muitas bibliotecas é a construção
de prateleiras "virtuais", onde se disponibiliza para os leitores as revistas e os livros que
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já existem em forma eletrônica. A maioria é gratuita, mas muitas têm assinaturas pagas
que a biblioteca faz em nome de uma coletividade mais restrita. Para terminar a
"virtualização" total da biblioteca, só falta um passo mais: converter todos os livros e
revistas existentes em papel para uma forma digitalizada, que permita sua distribuição
através da rede.
Essa transição ainda é utópica para a maioria das bibliotecas, devido ao
enorme custo e tempo necessário para o processo de conversão.
No entanto, não se pode negar que a tecnologia vai ajudar muito na busca
dos livros dentro das bibliotecas. As maiores bibliotecas do mundo estão duplicando de
tamanho a cada 14 anos, a uma taxa de 14.000% a cada século. No início dos anos
1300, a biblioteca da Sorbonne, em Paris, continha 1.228 livros e era considerada a
maior da Europa. Hoje, existem várias bibliotecas no mundo com um acervo bem
superior a 8 milhões de livros em cada uma. Dentro de dez anos, fazer uma pesquisa em
um fichário de biblioteca desses que se conhece hoje pode ser algo impossível.
2.4 OS PROFISSIONAIS
Segundo GIOVANNINI (1987), até o final do século XVIII não se tem
muita informação a respeito das dimensões da produção livreira no mundo, contudo,
estima-se uma produção de dimensões respeitáveis tendo em vista o número de
habitantes da época.
Somente no início do século XIX o exercício da atividade editorial pode ser
considerado sólido, convertendo-se numa verdadeira profissão. A oficina artesanal sofre
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uma de suas primeiras transformações importantes com a introdução das máquinas a
vapor, e a atividade editorial se difunde numa extensão mundial considerável.
Na Inglaterra, em 1724, já se conta com 103 mestres impressores. Sessenta
anos mais tarde, o número aumenta para 124 e nos primeiros anos do século XIX
ultrapassa os 200.
A proliferação da atividade vai, quase que naturalmente, acentuando a
necessidade de superar o estágio em que, no passado, se viam centralizadas as funções
de fundidor de tipos móveis, impressor, gráfico, revisor literário, editor e livreiro.
Destaca-se, então, a exigência da especialização profissional.
A separação entre impressor e editor vai se processando aos poucos porque
a convivência de interesses e de motivações tão diversas fica mais difícil de conciliar.
Inicialmente, os impressores (salvo raras exceções) são forçados a procurar a
participação financeira de pessoas estranhas ao seu mundo. Mas é exatamente a
cooperação inicial entre artesão e financiador que desencadeia a separação progressiva
da figura do editor da do impressor. O artesão torna-se um operário especializado.
As técnicas mudam, mas o essencial é duradouro. O processo e a tecnologia
avançam rapidamente, mas o princípio e a filosofia da profissão têm uma existência
consistente e permanente.
Atualmente, as mudanças no mercado profissional editorial ocorrem com
uma velocidade cada vez maior. Os profissionais têm uma necessidade constante de se
atualizar sobre as condições do mercado e sobre as mudanças tecnológicas para
sobreviver no mercado.
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Segundo LIMA (2005), a atuação profissional está mudando, se
diversificando. Se, nos níveis iniciais, a repetição mecânica pode ser uma necessidade,
nos níveis de desempenho mais avançados é preciso ter habilidades e criatividade.
O produtor editorial tem importante papel na sociedade, pois pode agir
como um filtro para editar as mensagens difundidas. Ele pode atuar em várias mídias,
com material impresso ou mídia eletrônica, produzir eventos e editar mensagens visuais
e sonoras, além de poder fazer peças promocionais em diferentes mídias, pesquisa de
opinião, marketing e promoção.
Sem dúvida estamos entrando na era da informação. E apesar dessa
evolução da profissão, ainda hoje vemos profissionais indiferentes à transformação pela
qual a sociedade mundial esta passando. Indiferentes aos impactos constantes das novas
tecnologias. Um outro aspecto: o impacto da mídia digital na cadeia da produção do
livro. A obra digital atinge em cheio os interesses comerciais do autor, do editor, da
gráfica, do distribuidor e do livreiro.
Como vai se comportar o produtor editorial frente a essa situação? Os que
têm a mente aberta à evolução, certamente reagirão bem. Os que não têm essa
característica, naturalmente evitarão as mudanças, e estarão comprometendo a profissão
e a sua própria existência, enquanto profissionais da informação.
O editor tem que se adaptar a uma nova realidade de comércio eletrônico e
se preparar para a possibilidade de muitos autores editarem e comercializarem seus
livros virtuais sem a figura do editor.
Mas é possível que a figura do editor não acabe, pois os custos editorias
caem muito pouco com os livros digitais. A economia pode ser apenas de papel e
impressão, a preparação editorial deve permanecer. No entanto, existe a grande
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possibilidade de autores dispensarem os serviços dos editores e se autoproduzirem e
autolançarem via Internet.
Conforme DIAS (1995, p.52), as mudanças que caracterizam a pós-
modernidade devem exigir um profissional com as seguintes características:
“a) dedicar-se menos aos processos técnicos e mais ao leitor;
b) adotar estratégias de marketing no seu trabalho;
c) desenvolver visão econômica;
d) trabalhar em grupos interdisciplinares;
e) saber manipular as novas tecnologias;
Além disso, a intuição, a criatividade e a flexibilidade, são
qualidades essenciais.”
Desenvolvendo habilidades para manipular as novas tecnologias, os
produtores editoriais poderão usá-las em prol da difusão da informação.
Segundo AMARAL (1995, p.68):
“O profissional criativo conseguirá adaptar-se às novas
demandas informacionais dos leitores e do mercado de
trabalho, pois, no futuro, o único elemento não disponível por
meio de computadores, por mais inteligente que esses venham a
ser, será a criatividade, essencial para a sobrevivência do
profissional da informação”.
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3 TEMPOS MODERNOS
Desde tempos remotos, o homem tem procurado suportes que possibilitem o
registro, o armazenamento e a transmissão da informação, primeiramente para guardá-la
e depois para difundi-la local e imediatamente e até para transmiti-la às gerações
futuras. O desenvolvimento da eletrônica e mais especificamente da informática tem
contribuído para mudanças nesse registro e na difusão da informação. O registro
eletrônico/digital é cada vez mais comum como forma de armazenamento de dados,
assim como, a Internet e os e-mails o são para a difusão e a transmissão de informação.
Os novos aparatos tecnológicos estão transformando o mercado em ritmo
acelerado. Também no mercado editorial, os processos podem se tornar obsoletos muito
rapidamente.
A Internet e o CD-ROM são algumas das inovações tecnológicas que estão
invadindo o mercado editorial, substituindo os produtos existentes e acarretando uma
transferência tecnológica nos processos de elaboração e recepção de originais.
Hoje, há uma luta constante para não se ficar para trás. As novas tecnologias
estão a pleno vapor, modificando a rotina do mundo a cada dia que passa. Mudanças
sempre causam impacto. Mas, desde a Revolução Industrial, o mundo não recebe um
impacto tecnológico tão grande. Não há como negar, esta é a Era da Informação.
27
3.1 APRESENTANDO NOVAS TECNOLOGIAS
Conceitua-se novas tecnologias como a união das tecnologias da informática
e das comunicações, e os diversos produtos gerados a partir dessa união.
Atualmente, a indústria de publicações está passando por uma
transformação nos formatos básicos de produtos como livros e revistas.
O CD-ROM (Compact Disk Read Only Memory) é um dos produtos mais
badalados dos tempos atuais. Criado em meados da década de 1970 e comercializado
em 1980, ele pode armazenar de 600 a 700 Mb de informação, o que equivale a mais de
450 vezes a capacidade de um disco flexível (floppy-disk) convencional, ou 300.000
páginas normais de material impresso em papel. Além disso, ele grava digitalmente e
armazena textos literários, gráficos, animações, vídeos, imagens em movimento,
fotografias, música e sons diversos que são utilizados de forma interativa.
Como a característica do mercado multimídia é ter produtos suplantados por
inovações e tornarem-se rapidamente obsoletos, o CD-ROM já vem sendo gradualmente
substituído pelo DVD (Digital Video Disk), que tem o mesmo tamanho de um CD-
ROM só que capacidade para 4,7 GB de informações, o equivalente a um filme de
longa-metragem.
Outra característica deste mercado, por questões econômicas, é a
obsolescência programada de produtos eletrônicos, de vida útil curta e, portanto
descartáveis.
28
3.1.1 A INTERNET
World Wide Web, ou WWW ou, simplesmente, Web é um conjunto de
servidores e protocolos de comunicação que funcionam na estrutura da Internet, e que
têm a peculiaridade de poder trocar, entre computadores conectados a ela, documentos
multimídia (textos com qualidade gráfica, sons, imagens estáticas, animações e filmes).
É o serviço da Internet que mais cresceu nos últimos anos: de 1993 para 1994, o número
de bytes transmitidos, entre as pessoas, através dos computadores, cresceu em média
600 por cento em um ano.
A Internet é também uma rede mundial de computadores, com milhões de
usuários espalhados pelo mundo, e com incalculáveis quantidades de informações
abrangendo todas às áreas do conhecimento humano sendo difundidas através dela.
Existem dois requisitos básicos para se acessar a Web. O primeiro é ter um
determinado tipo de acesso à Internet, que pode ser ligação física direta, ou por via
telefônica, usando protocolos especiais, chamados SLIP ou PPP. O segundo requisito é
dispor de um software de leitura do material contido na Web, chamado de browser
(visualizador).
Qualquer pessoa pode acessar a Internet e seus serviços, a qualquer hora do
dia ou da noite, basta para isso ter um computador, uma linha telefônica e ligar-se a um
provedor de acesso. Pronto já está “plugado” a uma das maiores fontes de informação,
senão a maior, de que dispomos atualmente.
A escolha do provedor de acesso é muito importante, pois dele vai depender
a eficiência e a rapidez na busca da informação – há, no mercado, provedores mais
rápidos e provedores mais lentos.
29
Como os arquivos de multimídia geralmente são muito grandes, o inglês
Tim Berners-Lee (idealizador da Web) desenvolve, também em 1990 (ano da criação da
Web), uma linguagem chamada HTML (HyperText Markup Language que permite
codificar como vai ser a aparência final de uma página da Web. A página é feita usando-
se um simples arquivo de texto assinalado com determinados códigos especiais.
Sem dúvida, o maior impacto da WWW recai sobre o ramo editorial. Já
existem mais de 600 jornais e revistas on-line na Internet, usando os recursos da WWW,
e esse número aumenta diariamente. A maioria permite o acesso gratuito e irrestrito,
mas já estão em vigor as assinaturas pagas.
Por outro lado, um número muito grande de publicações tradicionais, em
papel, estão usando a Web para divulgar capas, índices e resumos de seu conteúdo, até
mesmo antes de serem distribuídas aos assinantes e às bancas.
Na área científica, as conceituadas e tradicionais revistas Science
(americana) e Nature (inglesa) já estão presentes na Web, com páginas muito bem feitas
e informativas. Mas não apresentam o texto completo dos seus artigos, talvez por terem
medo de perder o faturamento proveniente da venda das edições em papel. Entretanto,
não deixa de ser uma boa propaganda, e um serviço útil.
Existe, ainda, a possibilidade de comprar textos, artigos, etc., pela Internet,
com entrega via correio ou remessa eletrônica.
Segundo SABBATINI (2005), o futuro nessa área é praticamente ilimitado.
A previsão é que o número de publicações eletrônicas gratuitas na Web vai aumentar
cada vez mais, principalmente as científicas. A razão é muito simples: produzir e
distribuir as versões em papel é extremamente caro. As revistas científicas têm como
objetivo divulgar novas descobertas e idéias, e não ser fonte de lucro para seus autores
30
(normalmente, os autores dos trabalhos publicados em revistas científicas não ganham
direitos autorais pelas suas contribuições). Mas, elas dão um lucro razoável às editoras
que se especializam em intermediar seu processo de publicação, e existem algumas
revistas que têm preços de assinatura absolutamente exorbitantes (em alguns casos, 500
dólares ou mais).
É tão fácil e viável economicamente produzir uma publicação eletrônica na
Web, que as associações científicas, os centros de pesquisa, as universidades, os autores
etc., vão poder um dia dispensar os intermediários e passar a publicar gratuitamente na
rede. Tudo depende de haver um número suficientemente grande de leitores potenciais
para aquele assunto na Internet. Mas acreditamos que essa seja uma realidade futura
inquestionável e irreversível.
Na verdade, o ponto-chave da discussão sobre os prós e os contras das
novas tecnologias não é a tecnologia em si, mas sim o acesso a esta tecnologia.
Atualmente, ainda é grande o grupo de excluídos que não têm acesso a computador e
nem à Internet.
Por mais que a eletrônica, a computação e a Internet sejam vistas como
facilitadores da vida moderna, para muitas pessoas esta realidade está longe de ser útil.
Os excluídos digitais têm, muitas vezes, dificuldades que antes não existiam:
constrangimento nos caixas eletrônicos dos bancos; não acesso a informações que só
circulam pela Internet; dificuldade de se comunicar no “mundo dos e-mails” etc.
O mundo de hoje está se tornando cada vez mais dependente dos meios
eletrônicos, e, conseqüentemente, da energia elétrica que faz com que eles funcionem.
Atualmente, a falta de luz causa muito mais transtornos e prejuízos devido a esta
dependência. Fábricas, indústrias, empresas, laboratórios e bancos param de funcionar
31
por causa da falta de luz, acarretando a eles, grandes prejuízos, a todos, transtornos
diversos.
3.1.2 O LIVRO DIGITAL
O livro digital é toda e qualquer publicação apresentada em mídia digital,
em qualquer formato, por exemplo: txt, rtf, htm ou pdf. Podem ser on-line (na Internet),
zipados ou até mesmo em CD-ROM.
Esta versão digital do livro tem a vantagem de, além de permitir ao leitor
uma boa visualização do livro, oferecer diversos recursos adicionais, entre eles, a
interatividade na consulta. O livro digital pode ser lido em microcomputadores das
linhas PC ou Macintosh. O leitor tem total controle de navegação sobre o livro, podendo
avançar e retornar páginas ou usar um índice interativo.
Para ler um livro digital é necessário ter um computador com recursos
multimídia (drive de CD-ROM e placa de som). Equipamentos com memória RAM de
64 Mb e placa de vídeo de 4 Mb têm melhor performance.
Os softwares necessários para ler um livro digital são Acrobat Reader e um
player de vídeo (QuickTime, por exemplo). Os dois programas citados podem ser
distribuídos juntamente com um livro digital, pois têm versões gratuitas e autorizadas
para difusão por seus fabricantes.
O livro digital pode ser utilizado para fins promocionais, divulgação para a
imprensa e públicos específicos, catálogos, tabela de preços atualizável por Internet,
treinamento, manuais de equipamentos, complementação de informações da edição
impressa e muitas outras aplicações.
32
O livro digital pode ser feito diretamente no meio eletrônico ou ser
produzido a partir de arquivos digitais da publicação original, em papel. Para converter
um livro comum em digital é necessário que o livro tenha arquivos digitais oriundos de
um programa de editoração.
A versão digital agrega uma série de benefícios, tais como: interatividade;
buscas de conteúdo; incorporação de recursos multimídia de áudio e vídeo; redução dos
custos de exemplares promocionais; eliminação ou redução dos custos de distribuição
por correio; conteúdos complementares; possibilidade de atualização de conteúdos via
Internet; simplicidade de produção, pois deriva de arquivos já prontos do livro
impresso, o que também diminui o seu custo final se comparado com o de um livro
impresso.
Um livro impresso de 200 páginas (sem ilustrações coloridas) custa cerca de
US$ 1,50 (preço de capa) para uma editora. O custo de um CD-ROM é o mesmo. A
diferença está na capacidade de armazenamento deste último onde cabem até 200.000
páginas e ainda, vídeos, sons, fotos, ilustrações e links que podem ter forma interativa.
Outro benefício (especificamente para os autores) do livro digital é que ele
pode ser configurado para não permitir ao leitor alterá-lo ou imprimi-lo. Da forma como
é apresentado ao leitor comum, um livro digital não apresenta menus que permitam
alterar ou imprimir seu conteúdo. Mesmo usuários mais experientes enfrentam
dificuldades para realizar algumas dessas tarefas, pois os arquivos são encriptados, isto
é, protegidos eletronicamente contra violação.
Dependendo da conexão de Internet dos usuários finais, a distribuição de
um livro digital pode ser feita via Internet. Caso a conexão seja muito lenta ou discada
33
(o que implica em pagamento de pulsos telefônicos) o usuário pode não ter paciência ou
vislumbrar um benefício financeiro para querer um livro digital.
O tamanho final dos arquivos da publicação vai ser determinante para que o
usuário queira um livro digital, pois com arquivos muito grandes o tempo de
transferência da base para o computador do usuário será muito longo e, além disso,
ocupará muito espaço no HD (Hard disk) do computador.
O livro digital pode ser visto em qualquer computador de mesa ou portátil e
possui os mesmos recursos de interatividade e de segurança que o e-book, mas dispensa
o aparelho específico, ainda caro e pouco acessível. Um sistema instalador copia os
arquivos do livro diretamente para o computador do usuário, dispensando o uso do CD
toda vez que se quiser ler ou consultar o livro digital.
Já o e-book é um computador portátil, do tamanho de um livro, com uma
tela de cristal líquido de alta alvura e que imita perfeitamente a página de um livro. Um
mesmo e-book pode armazenar (ou carregar, através de conexão à Internet) textos e
imagens correspondentes a centenas de páginas de um livro convencional. O usuário
pode "virar" páginas, aumentar o texto, fazer anotações e desenhos, e procurar textos
usando um mecanismo de busca.
A Microsoft anunciou o desenvolvimento da ClearType, uma nova
tecnologia de fontes, que permitirá o uso de letras de alta definição nos e-books,
semelhantes em qualidade à das letras impressas, e que pode dar um grande impulso aos
mesmos.
Considerando que qualquer livro digital poderia ser chamado de e-book
(livro eletrônico), ele existe desde 1971, quando Michael Hart iniciou o Gutenberg
Project, com livros on-line em txt.
34
No entanto, o primeiro e-book propriamente dito é desenvolvido pela
empresa norte-americana Franklin, em 1996. Do tamanho de uma agenda eletrônica (12
cm x 7 cm), ele pesa alguns gramas e tem dois cartuchos de memória para conter os
livros, cada um de 10 Mb de capacidade. Modelos mais sofisticados e de maior
capacidade que o Franklin surgiram a partir de 1998, como o SoftBook, que pesa 1,5 kg
e tem uma tela em preto e branco de 11,5 cm por 10 cm. Anotações diversas, como
observações e marcações, por exemplo, podem ser feitas com uma caneta óptica
eletrônica. Uma unidade com memória adicional pode armazenar a 100.000 páginas de
texto, figuras e gráficos, o equivalente a 250 livros convencionais. Outro modelo
disponível, o Everybook Dedicated Reader visualiza duas páginas coloridas por vez,
que aparecem exatamente como na versão impressa. Ele é mais caro, mas armazena
cerca de 500.000 páginas de texto, ou cerca de mil livros em cada cartão removível de
memória. Em ambos os casos, os livros já existentes podem ser descarregados do site da
empresa na Web.
E-Book Readers são programas e/ou aparelhos que permitem a leitura de um
e-book. Os programas permitem a leitura de e-books na tela de computadores (como o
eRocket, o GlassBook, o MSReader, entre outros), com portabilidade dependendo do
tipo de computador, desktop ou laptop. Os aparelhos – E-Book Reader Devices – se
dedicam exclusivamente à leitura de e-books. Por exemplo: Rocket e-book, SoftBook,
Cytale, @folio e outros mais.
Os livros digitais, assim como os e-books, podem ser comprados pela
Internet em sites como: www.teotônio.org/ebooks, www.ebooksfrance.com,
www.ebooknet.com, www.knowbetter.com, www.openebook.com, www.rocket-
library.com e www.ebooks-portuguese.com
35
A diferença de um livro digital em CD-ROM e um e-book on-line é que os
e-books estão disponíveis instantaneamente sem a necessidade de se carregar discos,
podem conter mais informação do que a que cabe em um CD-ROM, e podem ser
atualizados constantemente. Quando uma atualização é feita, ela pode ser lida
imediatamente, ao contrário dos CDs, para os quais uma nova cópia precisa ser
comprada. Os livros na Web também podem conter apontadores (links) para outros sites
de interesse na Internet, permitindo assim um maior aprofundamento no assunto.
O surgimento das novas tecnologias de difusão de informação permitiu a
otimização da produção, o maior acesso e a disseminação da informação, mudando o
conceito tradicional de acesso à informação por meio de livros impressos.
O acesso, via Internet, a novos recursos informacionais, como o hipertexto,
a hipermídia, as listas de discussão, as conferências virtuais, além da versão eletrônica
de documentos impressos, tem se tornado uma realidade cada vez mais presente no dia-
a-dia dos profissionais da informação.
Seguindo o avanço destas novas tecnologias, as publicações eletrônicas
tiveram também um grande crescimento. LANCASTER apud FIGUEIREDO (1995)
divide o desenvolvimento destas publicações em quatro etapas:
1) uso de computadores para gerar a publicação impressa (processadores de
texto, editoração eletrônica);
2) distribuição do texto em formato eletrônico, com a versão eletrônica
exatamente igual à versão impressa;
3) a publicação eletrônica tem o formato da impressa, mas agrega alguns
diferenciais como possibilidade de pesquisa e serviços de alerta;
36
4) publicações elaboradas especificamente para o formato eletrônico, que
exploram realmente as possibilidades de hiperlink, hipertexto, som, movimento etc.
3.1.3 OS LIVROS AUDÍVEIS
Além dos livros digitais, existem também os livros audíveis muito
apreciados por sua praticidade. Como nas grandes cidades as pessoas passam duas horas
em média no trânsito tornou-se comum ouvir textos pré-gravados de livros completos
de todos os tipos, de romances a textos de divulgação científica. Com as técnicas de
compressão de áudio, como o RealAudio, o MP3, e outros, torna-se possível o
download relativamente rápido de horas e horas de áudio (um livro que demora 3 horas
para ser lido por um locutor profissional ocupa apenas um megabyte por hora nestes
formatos e pode ser descarregado da Internet em menos de 20 minutos em uma conexão
por modem de 56 Kbps). Mediante pagamento é possível obter, em formato MP3, livros
que podem ser ouvidos num iPod – aparelho capaz de armazenar 10 horas ou mais de
voz.
É atraente e descomplicado vender arquivos de voz pela Internet. A empresa
líder do ramo, Audible.com, recentemente fechou um contrato com a maior livraria
virtual do mundo, a Amazon.com, para vender seus produtos de áudio digital.
A Amazon comprou 5% das ações da Audible, e vai levar ainda 30 milhões
de dólares para promover e vender esses produtos através de seu insuperável sistema de
vendas on-line, com mais de 20 milhões de usuários. Além da Audible, outras empresas
estão entrando nesse mercado, que cresce cada vez mais, como a novata Audiohighway,
além das empresas tradicionais, como as livrarias, cujo negócio sempre foi vender
37
informação, impressa ou em qualquer outro formato. A própria Amazon estava
vendendo livros-fita há mais de dez anos, só que a pessoa recebia através do correio o
produto físico. O descarregamento pela Internet foi a grande e genial jogada, e o
aumento da largura de banda do acesso à rede vai facilitar cada vez mais esse tipo de
oferta, que era muita lenta no passado recente.
A empresa Audible, por exemplo, oferece uma enorme gama de publicações
audíveis, algumas delas surpreendentes, e que jamais venderiam bem em outros
formatos, como amostras dos discursos do primeiro-ministro britânico Winston
Churchill, até artigos no Wall Street Journal e New York Times, os últimos romances
de John Grisham e Stephen King, bem como clássicos da literatura mundial. São mais
de 20.000 horas de material audível. Quase todos os livros custam menos da metade da
versão impressa.
Os livros audíveis não têm muita penetração no Brasil, pois esse não é um
costume que os brasileiros pareçam ter desenvolvido. Mas não se pode negar que existe
um grande mercado consumidor mundial, inclusive no Brasil, que são os deficientes
visuais.
3.2 VANTAGENS E DESVANTAGENS DO LIVRO DIGITAL
Mudanças como as que se verificam hoje, com o crescimento do número de
publicações eletrônicas disponíveis, trazem sempre vantagens e desvantagens para todos
os envolvidos. De acordo com a bibliografia e os artigos consultados (vide bibliografia),
será relatado abaixo um apanhado destas duas perspectivas.
38
Vantagens do formato eletrônico:
Rapidez na produção e distribuição: com a eliminação de várias fases do
processo de produção de um livro impresso, os livros digitais têm um aumento
na rapidez de produção e distribuição. Por exemplo, a comunicação entre autores
e editora é feita de forma eletrônica, assim como o envio de arquivos e até a
impressão.
Meio ambiente: O livro digital não consome papel, nem tinta, nem embalagens,
nem estantes, e com isso muitos recursos naturais são poupados.
Interesse infantil: o livro digital é um instrumento capaz de desenvolver e
fomentar o hábito da leitura das crianças já que contém diversos atrativos
inexistentes nos impressos (som e movimento, por exemplo).
Globalização: ao romper as barreiras do espaço, o meio eletrônico oferece aos
autores a oportunidade de ter sua obra circulando pelo mundo inteiro.
Economia: para os autores: ampla disseminação de suas obras. Para os editores:
não precisar armazenar estoque e/ou ter encalhe, não esgotar e não precisar de
errata.
Acessibilidade: de posse de equipamento adequado, o leitor pode acessar um
livro digital, de qualquer lugar, em segundos.
Custos: mais uma vez, com a eliminação de algumas etapas de produção
inerentes ao formato impresso, pode haver grande economia no preço final do
livro eletrônico.
39
Habilidades multimídia: pode-se lançar mão de vários recursos audiovisuais
que valorizam o livro, assim como imagens tridimensionais com movimentos,
sons etc.
Possuem links: possibilidade de acesso a outros textos do mesmo autor ou de
assuntos correlatos a partir de um link no texto. Textos com começo, meio e fim,
provavelmente, serão um capítulo encerrado na história do livro. A não-
linearidade será o princípio de uma nova modalidade de leitura batizada de
navegação. O leitor escolhe seu próprio rumo nesse novo horizonte onde não há
ponto de partida nem porto de chegada.
Disseminação da informação de forma rápida e eficiente: consegue-se enviar
aos leitores os últimos lançamentos de forma eletrônica assim que o título é
publicado, possibilitando-lhes atualização constante do que está sendo produzido
pelos autores.
Conservação: a aquisição de livros em formatos eletrônicos irá colaborar com a
preservação dos acervos tradicionais, devido à potencial diminuição do uso do
título impresso.
Desvantagens do formato eletrônico:
Barreiras socioculturais: algumas pessoas são resistentes a mudanças, e é
necessário um período de adaptação à interface eletrônica. Deve-se considerar
também que a leitura em tela, além de ser incômoda, toma de 25% a 30% mais
do tempo do leitor, pois a vista se cansa mais rapidamente e, conseqüentemente,
erra-se mais na leitura, o que implica em idas e voltas constantes no texto.
40
Barreiras econômicas: equipamentos para disponibilizar o acesso e,
principalmente, armazenar livros eletrônicos são caros; caso o leitor necessite
imprimir, gastará mais.
Barreiras tecnológicas: ainda enfrentamos problemas de rede, como, por
exemplo, a baixa velocidade para conexão. No caso de alguns recursos
multimídia, a qualidade de imagem ou som pode ficar comprometida.
Cópias: o número de cópias ilegais aumentará consideravelmente, pois com o
arquivo digital não haverá necessidade de se gastar dinheiro com xerox: é só
transferir por e-mail ou disponibilizar gratuitamente, para todos, na Internet.
Direitos autorais (copyright): como conseguir barrar os plágios e as fraudes
feitas por hackers para poderem ter acesso gratuito a todos os livros?
Exclusão digital: é impossível imaginar livros eletrônicos nos países pobres da
África ou em boa parte da Índia, onde não existem possibilidades econômicas e
sociais para esta implantação. Socialmente, os livros digitais visam a atender
uma minoria que tem acesso aos meios eletrônicos.
Expressão cultural: livros em papel são, em si, uma forma de expressão.
Substituí-los por meios digitais significaria extinguir uma forma de expressão
cultural e artística. Existe ainda o prazer de passear por bibliotecas ou livrarias e
manusear livros, argumento dos que desconsideram totalmente questões práticas
ou de racionalização econômico-financeiro.
Digitalização: imagina o tempo que demorará a digitalização de todo o acervo
de livros impressos no mundo.
Dependência: os livros eletrônicos dependem de equipamentos especiais,
tomadas elétricas, energia (luz) para o carregamento de baterias etc.
41
4 O FUTURO DO LIVRO IMPRESSO E DO LIVRO DIGITAL
Durante muitos anos, o principal meio de armazenamento de informação
usado pela humanidade tem sido o papel. Embora ele não seja imune aos estragos do
tempo, a prova de que o papel é um meio altamente eficiente e duradouro são os livros
em pergaminhos produzidos há mais de mil anos, que continuam sendo legíveis e, em
muitos casos, bem preservados em museus.
A era da comunicação eletrônica traz diversos novos meios de registro. No
entanto, cada novo meio acarreta a necessidade de um dispositivo eletrônico específico
para converter a informação nele armazenada para um formato que possa ser captado
pelos nossos sentidos: toca-discos, toca-fitas, leitores de CD-ROM e de DVD etc. E
esse é o problema. Se dentro de uns quatro ou cinco anos, todos os milhões de CD-
ROMs e DVDs existentes atualmente ficarem obsoletos e não poderem ser lidos, pode
ser inviável economicamente transformar todo esse acervo em novos formatos.
A revolução digital busca uma capacidade e uma velocidade de gravação e
leitura cada vez maiores. Graças à descoberta de novas técnicas de miniaturização
eletrônica e de tecnologias de construção, os computadores ficam cada vez menores,
mais baratos e mais rápidos.
Essa revolução também está sendo operada pela enorme capacidade de
armazenamento dos sistemas óticos digitais. Um CD-ROM armazena o equivalente a
200 livros de cerca de 200 páginas cada um, que podem ser pesquisados e lidos na tela
do computador, página por página, como um livro comum, ou através de poderosos
programas de computador que permitem efetuar buscas por meio de palavras-chave.
42
Os CD-ROMs do futuro terão capacidade entre 8 e 12 vezes maior do que
os atuais, permitirão colocar neles bibliotecas inteiras, a um preço baixíssimo.
Isto pode decretar, segundo alguns teóricos, a morte da palavra impressa e
das bibliotecas, pois qualquer pessoa poderia ter um livro eletrônico, com o tamanho,
portabilidade e aspecto de um livro normal, mas que mostra em sua única tela as
páginas de qualquer um dos milhares de livros armazenados em seu interior. Além do
texto e das ilustrações, como os contidos em um livro impresso, o computador-papel vai
ser capaz de armazenar som, imagem animada e outras sensações digitalizadas, segundo
o conceito de hipermídia, já em desenvolvimento em todos os países centrais.
A norte-americana E Ink anunciou que desenvolveu, em conjunto com a LG
Philips LCD, um papel eletrônico flexível. A novidade foi exibida na feira FPD
International 2005, que aconteceu em outubro, no Japão, e que recebe, todo ano, cerca
de 60 mil visitantes. Com menos de 300 microns de espessura, o produto é tão fino e
flexível quanto um papel. O protótipo atinge resolução SVGA (600 X 800) de até 100
pixels por polegada e tem contraste com quatro níveis de escala de cores.
O novo E Ink Imaging Film é um novo material de exibição que parece com
um papel impresso a tinta. Ele pode ser dobrado e enrolado e utiliza 100 vezes menos
energia do que um monitor de cristal líquido. O papel eletrônico é feito em uma folha de
aço resistente que suporta altas temperaturas.
A IBM trabalha atualmente no desenvolvimento de um chip de projeção que
permitirá a leitura em qualquer espaço branco, como uma parede, usando a tecnologia
Mems (micro-eletronics mechanical systems) e DLP (digital light processing). Esse
chip poderá ser acoplado em objetos usados pelas pessoas cotidianamente, como
relógios, óculos ou jóias.
43
A mais recente novidade da área de livros digitais é que o site de busca
Google anunciou, na semana passada, que começou a digitalizar todo o acervo das
bibliotecas das universidades de Michigan, Harvard, Stanford e Oxford, além de
escanear também o acervo da biblioteca de Nova York. Serão 15 milhões de livros
digitalizados nos primeiros dez anos. Com essas parcerias, o site pode incorporar 20
milhões de livros ao seu índice de obras que ainda são protegidas por direitos autorais e
que vão compor esse acervo digital.
A Amazon, maior e mais conhecida livraria digital do mundo com 2,5
milhões de títulos, que já vende por preços bem abaixo do praticado nas livrarias
tradicionais (há descontos de até 88 %) anunciou que em 2006 disponibilizará dois
novos serviços: o Pages e o Upgrade. Com o primeiro será possível comprar páginas ou
capítulos de livros, e com o segundo o livro físico e a versão digital juntos.
De acordo com Rowley (2000), a transição do texto impresso para o
eletrônico expõe uma série de dúvidas e questionamentos, pelos quais ainda estamos
passando:
• A versão eletrônica será mais barata mesmo?
• Qual será a política de uso? Quem vai negociar os direitos com as
editoras?
• Com que rapidez deve ser feita a transição para os livros digitais?
• Como armazenar livros antigos?
• Como administrar as várias formas de pagamento?
44
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A evolução tecnológica do mundo globalizado e o contínuo processo de
construção/reconstrução das organizações exigem que os sistemas, processos, políticas e
práticas que constituem as regras de uma moderna administração sejam constantemente
aperfeiçoados.
Na sociedade competitiva, como a que se configura atualmente, o usuário da
informação tem necessidade de respostas rápidas e eficientes que se transformam em
importantes ferramentas para a tomada de decisões. Na área científica, na qual as
novidades e os avanços são divulgados em artigos impressos e/ou disponibilizados
eletronicamente, a informação é de fundamental importância para o desenvolvimento
dos estudos e pesquisas. Nesse contexto, a introdução de novas tecnologias na área da
informação tem influenciado, de forma marcante, os serviços de busca e de acesso ao
documento.
Deve-se levar em conta a situação do Brasil: um país semi-periférico com
disparidades sócio-econômicas visíveis. É verdade que o leitor está mudando, mas sabe-
se que a grande maioria não está a par das novas tecnologias, muitos não sabem nem
como ligar um computador, e pior, não sabem nem o que vem a ser um computador. No
entanto, acredita-se que tudo o que permite aumentar o contato das pessoas com a
palavra escrita e com as formas de expressão é bem-vindo. Em primeiro lugar está o
interesse maior da disseminação da cultura. Pouco importa se Machado de Assis vai ser
lido em papel, na tela, em CD ou coisa que o valha. O importante é que ele seja mais
lido do que é hoje. E para disseminar a cultura uma boa idéia é ampliar os canais de
divulgação e baixar os custos da produção cultural.
45
A falha mais comentada, atualmente, neste processo de expansão
tecnológica é o grupo de excluídos da informática. A globalização é um fenômeno
irreversível que marca um novo patamar na história da civilização onde, no cotidiano e
no mundo virtual, tempo e espaço adquirem significados diferentes e ainda não
determinados. Com os mercados comuns e a Internet, as identidades estão sendo
descentradas, deslocadas, fragmentadas. Nesta era da informação, os meios tecnológicos
e econômicos tornam possível a difusão de preferências de valores culturais, regras
sociais e padrões políticos.
Com relação ao acesso, pode ser oportuno reafirmar que mais do que a
posse, no mundo atual, o que vale é a possibilidade de acesso, principalmente à
informação adequada, pertinente e relevante. A difusão de mensagens deve ser feita sob
medida. É o fortalecimento da filosofia do "acesso ao invés da propriedade", como
forma de tornar a informação mais acessível, promovendo o avanço cultural e científico.
A sociedade modifica-se ao longo do tempo, mas guarda algumas
características essenciais. A informatização e os meios de comunicação alteram o
mundo, mas ele se mantém inalterado em certos lugares.
Afinal, quem vai ganhar a competição? O meio digital ou o impresso? Ou
eles não competem entre si, mas sim se complementam?
Em um ponto todos concordam: é impossível decretar o fim do livro em
papel. É possível comparar os dias atuais com o momento em que apareceu a escrita,
quando o filósofo Platão teria previsto como conseqüência disto a perda da memória,
valorizando a oralidade em detrimento da escrita.
Aposta-se que o digital pode conviver com o papel, cada um cumprindo
funções diferentes, em espaços e momentos diversos. A história tem mostrado que o
46
suporte novo não elimina o antigo, mas desenvolve-se paralelamente. Sendo assim, as
pessoas devem pensar por adição, não por subtração. As inovações devem somar e
possibilitar uma vida plena e feliz.
Falar sobre o fim do papel como suporte para o livro é um exercício de
futurologia. É até possível que, com o avanço da tecnologia, desapareça o formato
tradicional, mas isso não pode ser previsto com exatidão.
O livro já foi ameaçado pelo cinema, pela televisão, pela Internet e
sobrevive. As novas tecnologias dizem respeito a deslocamentos de funções e de
presença na sociedade. O telefone celular acabou com o fixo? Não, e isto talvez nunca
aconteça. Mas certamente o papel do fixo mudou, deslocando-se no quadro das opções
de uso. Os exemplos se repetem regularmente. O cinema não acabou com o teatro, a
televisão não acabou com o cinema etc.
Lancaster, há quase 30 anos, previu a “sociedade sem papel”. Revendo suas
previsões, dez anos depois, declarou que a evolução estava se dando até mais
rapidamente.
Hoje ainda existe o papel e por muito tempo ainda se vai conviver com ele.
Mas as previsões de Lancaster não estavam totalmente erradas: muitas publicações
eletrônicas estão disponíveis no mercado. O problema é o acesso a essas publicações.
Analisando o custo-benefício, percebe-se que as publicações eletrônicas são
vantajosas, e ainda nem se está considerando espaço físico e velocidade de acesso.
Então por que não substituir a velha Barsa em papel por um CD-ROM.
LANCASTER apud FIGUEIREDO (1995, p.79) diz que:
“a não aceitação desta evolução é previsível e a rejeição da
publicação eletrônica é, na maioria das vezes, baseada em
vago sentimento de que o livro impresso é um elemento
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indispensável na sociedade e que ele tem estado conosco há
muito tempo para ser facilmente substituído”.
Lancaster previu mudanças radicais, mas nunca esqueceu a cautela em suas
afirmações. Por isso a cautela é importante para medir a real necessidade desta
mudança. Além disso, o livro em papel continua sendo o objeto cobiçado; o espaço
nobre que o autor quer alcançar.
Toda essa discussão acontece no primeiro mundo, onde nos Estados Unidos
são produzidos 11 livros per capita por ano. No Brasil, onde são produzidos apenas 2,4
livros per capita por ano, continua-se a luta por um maior e melhor nível de
alfabetização e pela inclusão digital.
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