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Daniel e a Apocalíptica Elaborado e organizado por Eliezer Lucena

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O LIVRO

DE DANIEL

E SUA

ÉPOCA

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Apocalíptica: Busca de um Tempo sem Fronteiras

1. Filha e Herdeira da Profecia

O verbo grego kalýpto significa "cobrir", "esconder", "ocultar", "velar". Neste sentido

ele é usado, por exemplo, em Lc 23,30 ou 2Cor 4,3. Aqui, Paulo diz: "Por

conseguinte, se o nosso evangelho permanece velado (kekalymménon) está velado

(kekalymménon) para aqueles que se perdem...".

Na LXX, kalypto é usado no mesmo sentido em Ex 24,15;27,2; Nm 9,15; 1Rs 19,13 e

em muitos outros lugares. Ex 24,14 diz: "Depois, Moisés e Josué subiram à

montanha. A nuvem cobriu (ekálypsen) a montanha". Nm 9,15 diz: "No dia em que

foi levantada a Habitação, a Nuvem cobriu (ekálypsen) a Habitação, ou seja, a

Tenda da Reunião...". O verbo hebraico assim traduzido é khâsah, "cobrir",

"ocultar"[1].

A preposição grega apó indica um movimento de afastamento ou retirada de algo

que está na parte externa de um objeto. Assim é usada em Mt 5,29: "Caso o teu olho

direito te leve a pecar, arranca-o e lança-o para longe de ti (apó sou)".

Em hebraico, o verbo gâlâh é usado com o significado de "despir", "descobrir",

"revelar", "desvelar". Ex 20,26 diz: "Nem subirás o degrau do meu altar, para que

não se descubra (thigâleh) a tua nudez". E 1Sm 2,27: "Um homem de Deus veio a Eli

e lhe disse: 'Assim diz Iahweh. Eis que me revelei (nighlêthî) à casa de teu pai...'".

Dn 2,29 usa o verbo gâlâh para a revelação do que deve acontecer: "Enquanto

estavas sobre o teu leito, ó rei, acorriam-te os pensamentos sobre o que deveria

acontecer no futuro, e aquele que revela (weghâlê') os mistérios te deu a conhecer o

que deve acontecer".

LXX traduz o verbo gâlâh pelo grego apokalýptô, que significa "descobrir",

"revelar", "desvelar", "retirar o véu".

O NT usa o mesmo verbo neste sentido. Mt 10,26, por exemplo: "Não tenhais medo

deles, portanto. Pois nada há de encoberto que não venha a ser descoberto

[1]. Kalýpto vem do indo-europeu *kelu, de *kel, resultando em celo (= esconder, ocultar) no latim, helan no Alto Alemão Antigo, Höhle (= caverna) e Hölle (= inferno) no alemão moderno, hell (= inferno) no inglês. O termo vem para a koiné através do jônico. É muito usado por Homero e pelos poetas líricos e trágicos gregos. Cf. KITTEL, G. (ed.), Theological Dictionary of the New Testament, vol. , Grand Rapids, Eerdmans, 1981, verbete kalýpto.

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(apokalyfthêsetai)". Ou Lc 10,22: "Tudo me foi entregue por meu Pai e ninguém

conhece quem é o Filho senão o Pai, e quem é o Pai senão o Filho e aquele a quem o

Filho o quiser revelar (apokalýpsai)".

Deste verbo deriva o substantivo feminino grego apokálypsis, "revelação",

"apocalipse". Em Gl 2,2 Paulo diz a propósito de sua ida a Jerusalém: "Subi em

virtude de uma revelação (apokálypsin)...". E o livro do Apocalipse começa assim:

"Revelação (apokálypsis) de Jesus Cristo...".

De "apocalipse" deriva "apocalíptica" e é exatamente com esse nome que

designamos uma corrente de pensamento e uma literatura surgidas em Israel entre

os anos 200 a.C. e 100 d.C., mais ou menos.

Os israelitas sempre haviam considerado fundamental para a comunicação com

Iahweh a existência dos profetas. Dt 18,18 diz que a Moisés Iahweh garantira: "Vou

suscitar para eles um profeta como tu, do meio dos seus irmãos. Colocarei as

minhas palavras em sua boca e ele lhes comunicará tudo o que eu lhes ordenar".

Sem Iahweh não existe Israel e sem profecia não se pode saber a vontade de Iahweh.

Ezequiel, falando da crise que se aproxima no confronto com a Babilônia, no século

V a.C., já alerta: "Os desastres se sucederão; haverá boato sobre boato. Buscar-se-á

uma visão de profeta, mas a lei fará falta ao sacerdote, e o conselho aos anciãos"

(Ez 7,26).

O Sl 74,9, lamentando a destruição do Templo de Jerusalém pelos babilônios em 586

a.C., diz: "Já não vemos nossos sinais, não existem mais profetas. E dentre nós

ninguém sabe até quando".

Também Lm 2,9, descrevendo o desastre de 586 a.C., diz de Jerusalém:"Por terra

derrubou suas portas, destruiu e quebrou seus ferrolhos, seu rei e seus príncipes

estão entre os gentios: não há Lei! E seus profetas já não recebem visão de Iahweh".

Já na difícil volta do exílio babilônico, o Sl 77,9-10 joga a seguinte pergunta: "Seu

amor esgotou-se para sempre?Terminou a Palavra para gerações de gerações? Deus

esqueceu-se de ter piedade ou fechou as entranhas com ira?".

1 Macabeus, obra escrita entre 90 e 70 a.C., e que relata a crise desencadeada, na

Judéia, pela helenização forçada, no século II a.C., faz repetidas alusões ao fim da

profecia.

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Quando, em dezembro de 164 a.C., Judas Macabeu recupera o controle do Templo -

que estava nas mãos do partido helenizante - e o purifica, há o problema do altar

dos holocaustos que fora profanado e precisa ser demolido. "Demoliram-no, pois, e

puseram as pedras no monte da Morada, em lugar conveniente, à espera de que

viesse algum profeta e se pronunciasse a esse respeito", diz 1Mc 4,46.

Após a morte de Judas Macabeu, o partido helenizante assume novamente o

controle da Judéia, enquanto Jônatas, irmão de Judas e seu sucessor na luta, se

refugia no deserto de Técua. 1Mc 9,27 avalia a situação com as seguintes palavras:

"Foi esta uma grande tribulação parra Israel, qual não tinha havido desde o dia em

que não mais aparecera um profeta no meio deles".

Alguns anos mais tarde, quando o rei selêucida Demétrio confirma o macabeu

Simão no sumo sacerdócio, diz 1Mc 14,41 que "os judeus e seus sacerdotes haviam

achado por bem que Simão fosse o seu chefe e sumo sacerdote para sempre, até que

surgisse um profeta fiel".

Pode-se perceber que, para os judeus desta época, a profecia silenciara. Após Ageu,

Zacarias e Malaquias não surgiam mais profetas. Na linguagem da época se diz que

"os céus estão fechados" e o Espírito de Iahweh não mais se manifesta. Os judeus

esperam, portanto, a chegada da era messiânica, pois só com o Messias os céus se

abrirão e ele poderá receber o Espírito de Iahweh.

Na obra conhecida como Testamentos dos Doze Patriarcas, escrita entre 130 e 63 a.C., o

tema da abertura dos céus e da presença do Espírito na era messiânica é freqüente,

especialmente nos Testamentos de Levi e de Judá.

Diz o Testamento de Levi em 2,3.6: "Quando pastoreávamos nossos rebanhos em

Abelmaul, veio sobre mim o espírito da sabedoria do Senhor (...) Então os céus se

abriram e..."

E em 18,6 há um texto muito interessante, se comparado com a cena do batismo de

Jesus nos evangelhos: "Os céus se abrirão e do templo glorioso descerá sobre ele a

santificação com a voz do Pai, como a de Abraão a Isaac".

No Testamento de Judá 24,1-3 se lê: "Depois disto se levantará em paz um astro da

linhagem de Jacó e surgirá um homem de minha semente como sol justo,

caminhando junto com os filhos dos homens em humildade e justiça e não se

encontrará nele nenhum pecado. Os céus se abrirão sobre ele para derramar as

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bênçãos do Espírito do Pai Santo. Ele mesmo derramará também o espírito de graça

sobre vós. Sereis seus filhos na verdade e caminhareis pelo caminho de seus

preceitos, os primeiros e os últimos"[2].

Nos Manuscritos do Mar Morto, encontrados nas vizinhanças de Qumran, e

supostamente escritos pelos essênios entre os séculos II a.C. e I d.C., há várias

referências ao Messias e à era messiânica.

Explicando Is 11,1-5 diz 4QpIsa III,11-22, um comentário de Isaías encontrado na

gruta 4 de Qumran: "[Sairá um broto do to]co de Jessé e brotará de sua ra[iz um

rebento. Pousará] sobre ele o espí[rito] [do Senhor: espírito] de prudência e

sabedoria, espírito de con[selho e valentia], espírito de conhecimento [e temor do

Senhor, e seu prazer estará no temor do] Senhor. [Não julgará] pelas aparências

[nem sentenciará só por escutas]; julgará [com justiça os pobres e decidirá] [com

retidão para os mansos da terra. Destruirá com o bastão de sua boca e com o alento

de seus lábios] [executará o malvado. A justiça será o cinturão de] seus lombos e a

fi[delidade o cinturão de suas costas]. [...][A interpretação da citação se refere ao

rebento] de Davi que brotará [nos dias futuros, posto que] [com o alento de seus

lábios executará os] seus inimigos e Deus sustentará com [o espírito de] valentia

[...] trono de glória, coroa [santa] e vestes bordadas [...] em sua mão. Dominará

sobre todos os povos e Magog [...] sua espada julgará todos os povos".

Já o manuscrito classificado como 4Q521, espécie de apocalipse messiânico, diz em

II, 1-6: "[Pois os cé]us e a terra escutarão o seu Messias, [e tudo] o que há neles não

se apartará dos preceitos santos. Alentai-vos, os que buscais ao Senhor em seu

serviço. Acaso não encontrareis nisso o Senhor, (vós) todos os que esperam em seu

coração? Porque o Senhor observará os piedosos, e chamará pelo nome os justos, e

sobre os pobres pousará seu espírito, e aos fiéis os renovará com sua força".

O que se verifica é a esperança de que a situação de calamidade que se prolonga

desde o exílio, possa ter um fim com a chegada do Messias que vem libertar aquele

Israel que permanece fiel a Iahweh. Este tema parece generalizado nos últimos dois

séculos antes de Cristo e no século I d. C.[3].

[2]. Cf. DIEZ MACHO, A., Apócrifos del Antiguo Testamento V, Madrid, Cristiandad, 1987, pp. 11-158. É possível, entretanto, que este último texto seja uma reelaboração cristã de um conjunto de textos messiânicos judaicos. "Mas se a passagem não é uma reelaboração cristã, demonstraria que tal profecia sobre o Messias tinha ampla circulação antes de Cristo", comenta a obra citada, p. 86, na nota a 24,2.

[3]. O Livro Etiópico de Henoc, obra apocalíptica escrita nos séculos II-I a.C., talvez proveniente de um ambiente farisaico, diz, por exemplo, em 52,1-9 que o Eleito (o Messias),

quando chegar derrubará seis reinos que dominam o mundo e acolherá os justos e santos.

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Alguns profetas pós-exílicos comprometem-se com a reconstrução do Templo e de

Jerusalém, como Ageu e Zacarias. Outros procuram manter a comunidade judaica

na observância das normas do javismo e esperam a libertação do país através de

uma ação divina. Mas o próprio Templo, depois de reconstruído, acaba se

transformando em instrumento de manutenção do domínio persa, depois grego,

traindo os planos proféticos. Além do que, a instituição de uma Lei escrita, a partir

de Esdras, marginaliza o profeta, que é um "carismático" e, portanto, sempre

perigoso para leis estabelecidas.

G. von Rad já apontava algumas das causas da falência da profecia na sua "Teologia

do Antigo Testamento":

após Alexandre Magno nenhum grande acontecimento histórico mundial

significativo afeta a Palestina. E é à sombra destes acontecimentos que

surgem os grandes profetas

Ageu e Zacarias ainda vêem a reconstrução do Templo como um

acontecimento escatológico, que possibilitaria a mudança da situação. mas

vem o escrito sacerdotal (P), talvez trazido pelos sacerdotes que voltam do

exílio, e sua teologia do culto, nada escatológica, abafa as expectativas

proféticas de uma reviravolta

a consolidação da comunidade pós-exílica, baseada na aristocracia

sacerdotal - embora seja uma comunidade modesta - marginaliza as idéias

de uma mudança necessária defendida pelos profetas

e, por último, a Lei vai se transformando em valor absoluto, acabando com

o espaço profético[4].

R. R. Wilson acredita que o conceito de profecia presente na teologia

deuteronomista seja um dos responsáveis pelo descrédito da profecia pós-exílica.

Pois diz Dt 18,22: "Se o profeta fala em nome de Iahweh, mas a palavra não se

cumpre, não se realiza, trata-se então de uma palavra que Iahweh não disse. Tal

profeta falou com presunção. Não o temas!".

Palavras como as de Jeremias e outros profetas que diziam ser inevitável a catástrofe

do exílio se cumpriram. Mas, e as promessas de restauração que tantos fizeram? E a

invencibilidade de Jerusalém defendida por muitos? E a era de grande prosperidade

que não chegava?

[4]. Cf. VON RAD, G., Teologia del Antiguo Testamento II, Salamanca, Sígueme, 1972, pp. 372-373. Cf. também VON RAD, G., Teologia dell'Antico Testamento I, Brescia, Paideia,

1972, pp. 117-127. Aqui Von Rad trabalha o elemento carismático como característico da religião israelita, pois se acredita então na presença do espírito de Iahweh no meio do povo.

Este espírito está presente em diversas pessoas e em variadas circunstâncias, como nos juízes e suas ações militares. Mesmo a monarquia israelita tem de si uma visão carismática. Mas

a instituição que mais se caracteriza neste sentido é a profética. Só que no pós-exílio o profetismo cederá seu lugar para os sacerdotes e os sábios.

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"Para a população em geral a demora em se cumprirem as promessas proféticas pré-

exílicas e exílicas simplesmente levantou dúvidas sobre a autoridade dos próprios

profetas, dúvidas que foram reforçadas pelo fato de os oráculos dos profetas

jerosolimitanos não se terem cumprido. Por esta razão, ao povo pode ter diminuído

constantemente a vontade de reconhecer a autoridade de profetas de qualquer tipo,

e, faltando o necessário apoio social, os profetas deixaram de existir"[5].

Mas a falência da profecia deixa um vazio que precisa ser preenchido, pois os

problemas continuam. É aí que surge a apocalíptica. Neste sentido, a apocalíptica é

filha e herdeira da profecia. Parece que grupos proféticos marginalizados pelo

crescente poder sacerdotal vão sendo empurrados na direção da apocalíptica[6].

"Com a apocalíptica - e é aí que se situa a grande diferença - operava-se, portanto, a

passagem do profeta que fala para o profeta que escreve, da era do oráculo para a

era do livro", observa A. Paul[7]. O Apocalipse do NT se diz um livro apocalíptico

(1,1: "Revelação...") e, ao mesmo tempo, um livro profético (1,3: "Feliz o leitor e os

ouvintes das palavras desta profecia...").

G. von Rad tenta demonstrar, em hipótese de pouco sucesso, que seria da corrente

de pensamento sapiencial que nasce a apocalíptica. Acredita Von Rad que "a

apocalíptica parece estar enraizada de maneira particular nas tradições da

sabedoria"[8].

As razões para tal afirmação:

de Daniel se diz, em seu livro (Dn 1,3ss), que é formado com os sábios da

corte, tornando-se, mais tarde, "chefe supremo de todos os sábios de

Babilônia" (Dn 2,48)

Henoc é considerado um "escriba", "um escriba justo" (1Hen 12,3-

4;15,1;92,1), cuja sabedoria supera a de todos os homens (1Hen 37,4)

Esdras é considerado um escriba da ciência do Altíssimo (4Esd 14)

estes personagens ocupam-se com problemas astronômicos e cosmológicos

e com a ordem dos eventos históricos e dão grande importância aos livros

(1Hen 14,1;33,4;72,1 etc; 4Esd 14,24.44)

1Hen 37-71 se define como um discurso de sabedoria (37,2)

[5]. WILSON, R. R., Profecia e sociedade no antigo Israel, São Paulo, Paulus, 1993, p. 277.

[6]. Cf. ROWLEY, H. H., A importância da literatura apocalíptica, São Paulo, Paulus, 1980, pp. 11-53. WILSON, R. R., o. c., p. 278, assinala que "em termos de estrutura sociológica,

grupos periféricos de sustentação profética e grupos apocalípticos são estreitamente relacionados entre si, e, sendo assim, não é difícil entender como um tenha podido desenvolver-se

rumo ao outro".

[7]. PAUL, A., O que é o Intertestamento, São Paulo, Paulus, 1981, p. 64.

[8]. VON RAD, G., Teologia del Antiguo Testamento II, p. 383. Cf. os seus argumentos nas pp. 381-390.

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a busca de conhecimento é uma constante nos livros apocalípticos,

característica da sabedoria

a concepção de história dos livros apocalípticos - tudo já está definido desde

o começo dos tempos - é inconciliável com a concepção profética de que isto

depende do comportamento de Israel

Kalýpto vem do indo-europeu *kelu, de *kel, resultando em celo (= esconder, ocultar)

no latim, helan no Alto Alemão Antigo, Höhle (= caverna) e Hölle (= inferno) no

alemão moderno, hell (= inferno) no inglês. O termo vem para a koiné através do

jônico. É muito usado por Homero e pelos poetas líricos e trágicos gregos. Cf.

KITTEL, G. (ed.), Theological Dictionary of the New Testament, vol. , Grand Rapids,

Eerdmans, 1981, verbete kalýpto.

DANIEL E A APOCALIPTICA

P. D. Hanson, entretanto, recusa esta hipótese - e também a de uma influência

iraniana imediata - e diz que o método de comparação direta entre a profecia e a

apocalíptica fatalmente leva à conclusão de descontinuidade entre um pensamento

do século sétimo e outro do século segundo. Segundo Hanson, as raízes da

apocalíptica podem ser claramente detectadas no pensamento profético, havendo, é

claro, uma evolução na sua forma.

"As origens da apocalíptica não podem ser explicadas por um método que justapõe

textos do sétimo e do segundo séculos e, em seguida, procura as características dos

últimos na relação com seu contexto imediato. A literatura apocalíptica do século

segundo e posteriores é o resultado de um longo desenvolvimento que começa no

pré-exílio, e não um recém-nascido filho de pais estrangeiros do século segundo.

Não somente suas origens, mas também a própria natureza das obras apocalípticas

mais recentes só podem ser compreendidas através da reconstrução de seu longo

desenvolvimento através dos séculos, no qual a escatologia apocalíptica nasce da

profecia e até mesmo de outras raízes mais arcaicas"[9].

2. Literatura de Resistência

Mas é a partir do século II a.C., no momento das grandes crises nacionais, quando

Israel, agredido por outros povos, corre o risco de desaparecer como nação, que a

apocalíptica floresce com grande força.

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Poderíamos dizer que há, assim, três fases marcantes na história da apocalíptica:

a época da guerra dos Macabeus contra Antíoco IV Epífanes e o partido

helenizante, no séc. II a.C.

a partir do domínio romano, que se inicia com Pompeu em 63 a.C.

durante as guerras judaicas contra os romanos em 66-73 d.C. e 131-135 d.C.

Deste modo, a literatura apocalíptica funciona como uma literatura de resistência:

através da escrita, Israel se manifesta vivo e atuante. Os céus estão fechados? A

história, porém, é ainda possível: através do livro, manifesta-se o Espírito, que

garante a identidade do povo de Israel.

Provavelmente a mais antiga obra da apocalíptica judaica, o livro de Daniel é uma

peça literária de resistência escrita na época da luta dos Macabeus contra a

helenização no século II a.C.[10].

Daniel não é o autor do livro. Estamos frente a um texto apocalíptico, escrito em 164

a.C., cujo autor se esconde por trás de um pseudônimo. Daniel talvez jamais tenha

existido, embora haja pistas de um certo Danel em Ez 14,14.20;28,3 e um Dnil que

aparece no poema de Aqhat encontrado em Ugarit, e que podem ter inspirado o

legendário personagem bíblico[11].

Ez 14,14.20 cita Danel ao lado de Noé e Jó: três homens justos, três heróis populares.

Eles são lembrados aqui para dizer que nem estes três justos conseguiriam salvar do

castigo uma sociedade que abandonasse Iahweh. Ez 28,3

qualifica-o como sábio, em um oráculo contra o rei de Tiro, quando diz: "Certo, és

mais sábio do que Danel, nenhum sábio há que se iguale a ti".

Entretanto, o sábio Daniel (= Deus julga), um jovem judeu de Jerusalém, é o

protagonista desta narrativa que estrategicamente é situada na época dos reis

babilônicos e persas, no tempo do exílio.

No capítulo 1 o texto conta como, após a deportação dos judeus de Jerusalém para a

Babilônia, alguns jovens judeus de famílias nobres são escolhidos e educados

durante três anos para, em seguida, servirem ao rei. Entre eles - terão os nomes

[9]. HANSON, P. D., The Dawn of Apocalyptic, Philadelphia, Fortress Press, 1983, p. 6. Cf. também a crítica de Peter von der Osten-Sacken a Von Rad em AA. VV., Apocalipsismo, São

Leopoldo, Sinodal, 1983, pp. 121-170.

[10]. Sobre Daniel, cf. SCHÖKEL, L. A./SICRE DIAZ, J. L., Profetas II, São Paulo, Paulus, 1991, pp. 1259-1349; MARCONCINI, B., Daniel, São Paulo, Paulus, 1984; STORNIOLO, I.

Como ler o livro de Daniel. Reino de Deus x Imperialismo, São Paulo, Paulus, 1994; GRELOT, P., O livro de Daniel, São Paulo, Paulus, 1995.

[11]. Cf. DEL OLMO LETE, G., Mitos y leyendas de Canaan según la tradición de Ugarit, Madrid, Cristiandad, 1981, pp. 325-401. Comenta o autor na p. 356: "Talvez o núcleo

histórico possa se radicar na lembrança e exaltação de um príncipe lendário estrangeiro, hábil caçador, morto em idade prematura, filho do não menos lendário rei Dnil".

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trocados - estão Daniel (Baltassar), Ananias (Sidrac), Misael (Misac) e Azarias

(Abdênego). Só que a descrição do período babilônico feita pelo livro é imprecisa e

seu conhecimento das cortes babilônica e persa superficiais.

Não houve, como o livro afirma, uma deportação em 605 a.C.; Baltasar é filho de

Nabônides e não de Nabucodonosor; Dario, que é persa e não medo, é um dos

sucessores de Ciro e não seu predecessor... Além do que, a doutrina sobre os anjos, o

costume de evitar o nome de Iahweh e outros elementos não são daquele tempo, do

exílico, mas bem posteriores.

Enfim, uma série de dados que acabam mostrando que a finalidade do livro e seu

gênero literário não são históricos. É um escrito da resistência judaica, no duro

período da perseguição selêucida. Daniel quer mostrar que, apesar de tudo, é

preciso ter uma fé inabalável em Iahweh, porque mais cedo ou mais tarde os judeus

sairão vitoriosos e engrandecidos.

2.1. Conteúdo de Daniel

Dn 1,1-21: Nabucodonosor + Daniel, Ananias, Misael e Azarias

Corte de Nabucodonosor: jovens judeus escolhidos por Nabucodonosor para

servirem na corte - destacam-se Daniel (Baltassar), Ananias (Sidrac), Misael (Misac)

e Azarias (Abdênego).

Dn 2,1-49: Nabucodonosor + Daniel

Corte de Nabucodonosor: Nabucodonosor sonha com uma estátua de quatro metais,

simbolizando os impérios - Daniel interpreta o sonho.

Dn 3,1-30: Nabucodonosor + Sidrac, Misac e Abdênego

Corte de Nabucodonosor: Nabucodonosor manda fazer enorme estátua de ouro que

todos os dignitários devem adorar na cerimônia de inauguração - Sidrac, Misac e

Abdênego se recusam, são lançados em uma fornalha acesa, mas nada sofrem,

protegidos por Deus.

Dn 3,31-4,34: Nabucodonosor + Daniel

Corte de Nabucodonosor: Nabucodonosor comunica aos súditos o sonho

premonitório de sua loucura, a interpretação de Daniel, a realidade da loucura e sua

cura ao reconhecer a soberania de Deus.

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Dn 5,1-6,1: Baltazar + Daniel

Corte de Baltazar, na Babilônia, “filho de Nabucodonosor”: o rei, no meio de uma

festa em que usa os utensílios do Templo de Jerusalém, tem a visão de sua queda -

Daniel interpreta a visão e é recompensado - o rei é assassinado na mesma noite.

Dn 6,2-29: Dario + Daniel

Corte de Dario: os inimigos de Daniel conseguem uma proibição de se adorar

qualquer deus durante 30 dias. Daniel, o principal ministro, desobedece, é preso e

jogado para os leões, que nada lhe fazem - Dario exige de todos que se respeite o

deus de Daniel.

Dn 7,1-29: governo de Baltazar + Daniel

Babilônia, governo de Baltazar: Daniel sonha com quatro animais terríveis que saem

do mar, com a intervenção do Ancião e o poder do Filho do Homem, que é o povo

santo que afinal vencerá.

Dn 8,1-27: governo de Baltazar + Daniel

Susa, no Elam, governo de Baltazar: Daniel tem a visão do carneiro e do bode - o

anjo Gabriel explica-lhe a visão.

Dn 9,1-27: governo de Dario + Daniel

Governo de Dario, “filho de Xerxes”, o medo: Daniel procura o significado dos 70

anos até a restauração de Jerusalém, segundo Jeremias - o anjo Gabriel explica o

significado a Daniel.

Dn 10,1-12,13: governo de Ciro + Daniel

Governo de Ciro, rei da Pérsia: Daniel vê um homem vestido de linho etc, conversa

com um anjo e ouve as explicações do que está escrito no “Livro da Verdade” sobre

o governo dos Ptolomeus e Selêucidas (com grandes detalhes), sobre Antíoco IV

Epífanes e sobre o destino do povo judeu...

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2.2. Dn 2, 1-49: A Estátua de Quatro Metais

Um bom exemplo do modo apocalíptico de pensar é Dn 2, 1-49, texto que narra o

sonho de Nabucodonosor com a estátua de quatro metais, sonho que é interpretado

por Daniel.

O texto pode ser lido em seis seqüências. Nelas tentarei mostrar as relações e

oposições básicas entre personagens, circunstâncias e valores.

a) 2,1-13

Cenário: corte de Nabucodonosor. O texto conta que Nabucodonosor, ainda no

segundo ano de reinado, tem sonhos tão perturbadores que lhe provocam insônia.

Convoca então o rei magos e adivinhos e exige deles que lhe contem o sonho e o

interpretem para não serem mortos com suas famílias e possam ser magnificamente

recompensados. Os especialistas, entretanto, querem primeiro ouvir o sonho, como

é natural, para que possam interpretá-lo. Dizem: "O problema que o rei propõe é

difícil e ninguém pode resolvê-lo diante do rei senão os deuses, cuja morada não se

encontra entre os seres de carne" (v. 11). Então, o rei promulga o decreto de

extermínio de todos os sábios da Babilônia, inclusive Daniel e seus companheiros.

Observamos aqui algumas oposições básicas: o poder absoluto e despótico do rei se

contrapõe ao servilismo e à impotência dos sábios babilônicos, que são seus servos.

Contrapõe-se igualmente o poder dos deuses, que tudo podem e sabem, à limitação

dos homens, que não podem saber os pensamentos do rei. Ainda: o despotismo real

aparece fortemente no poder do rei de fazer alguém viver em grande honra ou

morrer em grande desgraça.

b) 2,14-19a

O texto continua dizendo que, ao se informar com o chefe da guarda encarregado da

execução dos sábios, Daniel vai ao rei e lhe pede um prazo, no fim do qual ele

mesmo interpretará o sonho para o rei. Adiada a execução, "Daniel voltou para sua

casa e comunicou o fato a Ananias, Misael e Azarias, seus companheiros, pedindo-

lhes que implorassem a misericórdia do Deus do céu sobre esse mistério..." (vv. 17-

18). Então, o mistério é revelado a Daniel numa visão noturna.

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Aqui, três atitudes se diferenciam nitidamente: a atitude de força do rei, usando o

seu poder militar para punir, o imobilismo dos sábios que nada fazem e a iniciativa

de Daniel, que, sabiamente, negocia uma saída para a crise. E se os sábios babilônios

nada fazem, é porque não têm a quem recorrer. Daniel e seus companheiros,

entretanto, recorrem ao Deus do céu - expressão muito usada no AT para designar

Iahweh em ambiente não judaico. Há ainda a oposição entre o "mistério", o enigma,

o segredo (o sonho do rei) que ninguém consegue desvendar e a revelação em visão.

O que desequilibra, de fato, as coisas em favor de Daniel e companheiros é "a

misericórdia do Deus do céu".

c) 2,19b-23

Agora Daniel agradece ao Deus do céu, usando a típica fórmula judaica para a

"bênção": uma invocação ao nome de Deus, seguida de uma comemoração de seus

benefícios, terminando com a repetição da invocação e breve menção do benefício

particular: "Tu me fazes conhecer agora o que de ti havíamos implorado, e o enigma

do rei no-lo dás a conhecer" (v. 23b), conclui Daniel.

O ponto central da oração de Daniel encontra-se na convicção de que a sabedoria, a

ciência e a força vêm do Deus do céu, que as concedem aos homens, e não de reis

(força) e sábios (sabedoria). É Deus quem concede estes dons e ao homem que os

recebe compete agradecer: "A Ti, Deus de meus pais, dou graças e te louvo por me

teres concedido a sabedoria e a força" (v. 23a), diz Daniel.

d) 2,24-28

Daniel comparece, finalmente, diante do rei e se diz capaz de dar ao rei a

interpretação de seu sonho. Como o rei quer, além da interpretação, também o

sonho, Daniel lhe diz que este mistério, "nem os sábios nem os adivinhos nem os

magos nem os astrólogos podem dá-lo a conhecer ao rei. Mas há um Deus no céu

que revela os mistérios, e que dá a conhecer ao rei Nabucodonosor o que deve

acontecer no fim dos dias" (vv. 27b-28a).

O contraste principal deste quadro é entre a impotência - mais uma vez - dos sábios,

adivinhos, magos e astrólogos e o Deus do céu que vela os acontecimentos e os dá a

conhecer a Daniel que lhe é fiel. E isto é ainda mais significativo se lembrarmos que

a Babilônia é a terra dos maiores adivinhos e astrólogos da antigüidade. A

adivinhação é a maior das ciências nesta época.

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e) 2,29-45

Daniel, prossegue o texto, expõe ao rei o seu sonho. Nabucodonosor sonhara com

enorme estátua composta de quatro metais: a cabeça, de ouro; o peito e os braços de

prata; o ventre e as coxas, de bronze; as pernas, de ferro; e os pés, parte de ferro e

parte de argila. Entretanto, uma pedra, não lançada por mão humana, bate na

estátua que é pulverizada e levada pelo vento. A pedra torna-se uma grande

montanha que enche toda a terra. Em seguida, Daniel explica ao rei que ele,

Nabucodonosor, é a cabeça de ouro da estátua; a prata representa um reino inferior

ao dele, que será substituído por outro representado pelo bronze, e que, por sua vez,

terá como sucessor um reino forte como o ferro que tritura tudo. Os pés de

ferro/argila simbolizam um reino parcialmente forte como o ferro e parcialmente

fraco como a argila. A pedra que destrói os reinos é um reino suscitado pelo Deus

do céu, "um reino que jamais será destruído, um reino que jamais passará a outro

povo. Esmagará e aniquilará todos os outros reinos, enquanto ele mesmo subsistirá

para sempre" (v. 44).

De maneira alegórica, o livro de Daniel, usando antigos mitos sobre a idade do

mundo, descreve a sucessão dos grandes impérios históricos numa relação de valor

decrescente: ouro, prata, bronze, ferro/argila. Segundo a visão da época, os impérios

são os seguintes:

cabeça de ouro: império neobabilônico

peito e braços de prata: reino medo

ventre e coxas de bronze: império persa

pernas de ferro e pés de ferro/argila: império grego de Alexandre (ferro),

depois dividido entre Ptolomeus e Selêucidas

A pedra simboliza o reino messiânico, o reino divino de Iahweh, definitivo, que

destrói os poderes humanos. Esta é a pedra que esmaga o império selêucida que

oprime Israel.

f) 2,46-49

O texto termina com Nabucodonosor prostrando-se diante de Daniel e até mesmo

oferecendo-lhe sacrifícios, pois reconhece, enfim, que "o vosso Deus é o Deus dos

deuses e o senhor dos reis e o revelador dos mistérios, pois tu pudeste revelar este

mistério" (v.47b). Daniel é nomeado governador e chefe dos sábios, enquanto seus

três companheiros administram os negócios da província de Babilônia.

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O gesto de Nabucodonosor diante de Daniel (prostrar-se, inclinar-se e oferecer

sacrifícios) é de extrema exaltação do Deus de Israel sobre os outros deuses e sobre o

poder real.

Podemos concluir com algumas observações gerais:

O rei, que tem poder absoluto, que pode mandar os homens viverem com

honra ou morrerem na desgraça, não tem poder para conhecer o seu destino,

ou melhor, o destino de seu poder e o de seus pares. Então, diante de sua

impotência, o rei age pela força.

Por outro lado, o Deus do céu é quem dá a força e a sabedoria, é quem dá o

poder e retira o poder, e só quem lhe é fiel, como Daniel, pode conhecer,

através da revelação, este mistério.

Finalmente, o texto insiste em que os grandes impérios cairão, os poderes

passarão e só restará o poder e o reino dados por Deus. Quem permanecer

com Deus, como Daniel e seus três companheiros, será honrado.

Situe-se esta mensagem no contexto da luta dos Macabeus contra Antíoco IV

Epífanes e o partido helenizante de Jerusalém no século II a.C. e começaremos

a entender os métodos da apocalíptica...

2.3. Salmos de Salomão

Apenas para exemplificar como reagem os grupos de tendência apocalíptica à

chegada de Roma na região em 63 a.C., vale a pena dar uma olhada num escrito

chamado de "Salmos de Salomão", que é desta época.

Salmos de Salomão é o nome de uma obra de origem palestina, de um autor

possivelmente ligado ao grupo farisaico, escrita em hebraico entre 63 e 40 a.C., mas

só preservada em grego e siríaco. É uma coletânea de 18 hinos, semelhantes aos

Salmos, nos quais o autor insiste no louvor a Deus, na justiça do homem como

resultado da observância da Lei, no castigo dos pecados e na esperança de uma era

melhor, presidida pelo Rei-Messias. É interessante observar que o autor usa a

expressão "Filho de Davi" como título messiânico no Salmo 17.

Os Salmos 2 e 17 tratam da tomada da Palestina pelos romanos no ano 63 a.C. e o

Salmo 2 alude à morte de Pompeu": "Cheio de orgulho, o pecador destruiu com seu

aríete as sólidas muralhas, e Tu não o impedistes. Povos estrangeiros subiram ao

teu altar, pisotearam-no orgulhosamente com suas sandálias. Porque os filhos de

Jerusalém mancharam o culto do senhor profanaram com suas impurezas as

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oferendas à divindade. Por isso disse Deus: afastai-as de mim; nelas não me

comprazo. A beleza de sua glória nada significou diante de Deus, Ele as desprezou

totalmente. Seus filhos e filhas sofrem rigorosa escravidão, seu pescoço está

marcado, marcado entre os gentios. Deus os tratou de acordo com seus pecados, por

isso os entregou nas mãos dos vencedores" (2,1-7).

Os vv. 24-29 falam do orgulho e da morte de Pompeu, assassinado no Mons

Cassium, próximo a Pelusium, no Egito, em 48 a.C., após a sua derrota para Júlio

César em Farsália: "Porque não obraram por zelo, mas por paixão; para derramar

sua ira contra nós, espoliando-nos. Não demore, ó Deus, em devolver o mal sobre

suas cabeças, para mudar em desonra o orgulho do dragão. Não esperei muito

tempo para que Deus fizesse aparecer sua insolência degolada nas colinas do Egito,

desprezada como a mais fútil do mar e da terra. Seu cadáver era jogado pelas ondas

com grande ignomínia, não havia quem o enterrasse, porque Ele o aniquilou

vergonhosamente. Não refletiu que era apenas um homem, não tinha pensado no

fim. Falou assim: Sou o dono do mar e da terra; porém não percebeu que Deus é o

Grande, o Forte, por seu tremendo poder"[12] .

O Salmo 17,5-13 critica os partidários saduceus do macabeu Aristóbulo II que

destronou seu irmão Hircano II da realeza e do pontificado e, em seguida, fala da

chegada dos romanos com Pompeu: "Por causa de nossas transgressões

levantaram-se contra nós os pecadores; aqueles a quem nada prometestes nos

assaltaram e expulsaram, nos despojaram pela força e não glorificaram teu honroso

Nome. Organizaram sua casa real com um luxo equivalente a sua excelência,

deixaram deserto o trono de Davi com a soberba de mudá-lo. Porém, tu, ó Deus, os

derrubas e apagas sua posteridade sobre a terra, suscitando contra eles um estranho

à nossa raça. Segundo seus pecados os retribuis, ó Deus, encontram-se com o que

suas obras merecem. Deus não teve piedade deles; procurou sua descendência e não

deixou um sequer. Justo é o Senhor nas sentenças que dita sobra a terra. Deserta de

habitantes deixou o ímpio nossa terra; fizeram desaparecer o jovem, o ancião, as

crianças. No calor de sua ira os enviou para o Ocidente, aos grandes da terra os

entregou para engano e não os perdoou. O inimigo agiu orgulhosamente em sua

barbárie, pois seu coração está distante de nosso Deus"[13].

[13]. Idem, ibidem, pp. 50-51

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3. O Fim dos Tempos

Para o pensamento apocalíptico, a história não é uma série de acontecimentos

isolados, mas um todo unificado, um processo contínuo de Adão ao fim do mundo.

Seu tempo é mítico: início e fim (do mundo) encontram-se em um lugar teórico -

mítico -, onde tudo começa enquanto tudo termina. O mundo está sempre nascendo

como novo. A morte deste mundo, para o surgimento de um mundo novo, assegura

a existência do mundo. A oposição, ou melhor, a continuidade entre "este mundo" e

o "mundo que virá", a passagem de um mundo para o outro é típico da

apocalíptica[14]

M. Hengel observa que marcante característica da apocalíptica dos assideus - judeus

fiéis que lutam ao lado dos Macabeus no século II a.C. - é sua visão da história

mundial como uma unidade, cujo centro é Israel.

A base epistemológica da apocalíptica, pensa M. Hengel, é a revelação de uma

"sabedoria" divina especial acerca da história, do cosmos e do destino dos homens,

ocultada à razão humana. É uma típica reação contra o racionalismo grego, inclusive

usando a astrologia como meio válido para atingir um conhecimento superior

através da revelação[15].

S. B. Frost diz: "Foi a fusão do mito e da escatologia que produziu o que chamamos

de apocalíptica. Na realidade podemos definir a apocalíptica como a mitologização

da escatologia"[16].

P. D. Hanson, falando da apocalíptica como filha e sucessora da profecia, diz que

enquanto a profecia consegue integrar uma visão dos eventos cósmicos com os

acontecimentos históricos, a apocalíptica perde este tensão dialética e se refugia no

mito, procurando saídas numa ordem cósmica supratemporal.

"A escatologia profética se transforma em apocalíptica no momento em que se

renuncia à tarefa de traduzir a visão cósmica para as categorias da realidade do

mundo (...) Pois em sua forma não traduzida, o mito falava de uma salvação que

alçava as pessoas humanas acima do fluxo da esfera mundana, uma salvação

adquirida a nível atemporal, cósmico, que oferecia um escape desta ordem caída

para uma nova criação que fazia a pessoa voltar para a segurança do estado

primevo da natureza antes de sua queda na corrupção e mudança. Gradualmente os

[15]. Cf. HENGEL, M., Judaism and Hellenism I, pp. 250.

[16]. FROST, S. B., Old Testament Apocalyptic. Its Origins and Growth, London 1952, p. 33, citado em PAUL, A., O que é o Intertestamento, p. 67.

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descendentes pós-exílicos dos profetas cederam a essa tentação e assim abdicaram

do seu ofício político de integrar a mensagem ao âmbito político histórico"[17].

Éschaton, em grego, significa "último", éschata "as últimas coisas". O termo hebraico

correspondente é aharît: "fim", "conclusão", "resultado", "desfecho". Éschaton como

"fim do tempo do mundo", "destruição total do mundo" é um conceito que o AT

ignora. É que para o pensamento hebraico, mesmo um acontecimento intra-histórico

tem o valor de definitivo, é aharît. A escatologia é, no AT, a transformação do mundo

e da história, atingindo um "novo estado de coisas", sem um encerramento

definitivo das coisas. A escatologia está, assim, ligada à história, vista como um

processo de intervenções de Iahweh em favor de Israel[18].

Podemos dizer, neste sentido, que a apocalíptica é a radicalização da escatologia. Is

65,17;66,22 fala que Iahweh vai criar "novos céus e nova terra", tema que é retomado

em o NT, em textos com forte coloração apocalíptica.

Mt 19,28, por exemplo, diz que Jesus promete recompensar os discípulos que o

seguem "quando as coisas forem renovadas, e o Filho do Homem se assentar no seu

trono de glória". Paulo, em Rm 8,19.22, diz que "a criação em expectativa anseia

pela revelação dos filhos de Deus", pois "a criação inteira geme e sofre as dores de

parto até o presente". 2Pd 3,13 fala dos novos céus e da nova terra: "O que nós

esperamos, conforme a sua promessa, são novos céus e nova terra, onde habitará a

justiça", enquanto Ap 21,1 escreve: "Vi então um céu novo e uma nova terra..."

A apocalíptica costuma dividir a história em períodos, especialmente em uma

sucessão de 4 impérios (cf. Dn 2), na convicção de que o homem não é eterno (o

número 4 simboliza as coisas do mundo e, portanto, a caducidade do poder) e de

que Deus dirige a história e toma iniciativas a seu respeito.

Em Dn 7,1-28, o nosso herói sonha com quatro animais terríveis que saem do mar e

que representam 4 impérios:

10: semelhante a um leão: império babilônico

20: semelhante a um urso: império medo

30: semelhante a um leopardo: império persa

[17]. HANSON, P. D., Apocalíptica no Antigo Testamento: um reexame, em AA.VV., Apocalipsismo, pp. 50-51. [18]. Cf. DINGERMANN, F., Origem e desenvolvimento da escatologia no AT, em SCHREINER, J. (org.), Palavra e Mensagem, São Paulo, Paulus,1978, pp. 430-443.

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40: um animal diferente, com 10 chifres e mais um 110 chifre pequeno que derruba

três dos outros : império grego

Este quarto animal é o reino de Alexandre Magno. Os 10 chifres são os reis

selêucidas. O chifre menor - que tem boca e olhos - é Antíoco IV Epífanes, que

derruba três dos outros, provavelmente três reis vencidos por ele: Ptolomeu IV

Filometor, Ptolomeu VII Evergetes e Artaxes, rei da Armênia.

Mas aí acontece a reviravolta a partir do v. 9: assenta-se a corte celeste em sessão

solene de um tribunal. Os v. 11-12 dizem que o 40 animal é morto e que, embora os

três primeiros ainda sobrevivam, são agora inofensivos: "Eu continuava olhando,

então, por causa do ruído das palavras arrogantes que proferia aquele chifre, quando vi que o

animal fora morto, e seu cadáver destruído e entregue no abrasamento do fogo. Dos outros

animais também foi retirado o poder, mas eles receberam um prolongamento de vida, até uma

data e um tempo determinados".

Os vv. 13-14 descrevem o reino do Filho do Homem - em aramaico bar nasha' = "ser

humano", "homem" -, assim como descreveu os reinos anteriores. O Filho do

Homem não é, no contexto de Dn 7, um indivíduo, mas uma figura de linguagem

para um coletivo. O que o livro de Daniel faz é opor uma figura da raça humana às

quatro feras anteriores. Esta figura simboliza o reino dos "santos" (= povo santo) que

se concretiza como eterno.

Diz Dn 7,13-14: "Eu continuava contemplando, nas minhas visões noturnas, quando

notei, vindo sobre as nuvens do céu, um como Filho de Homem. Ele adiantou-se até

o Ancião e foi introduzido à sua presença. A ele foi outorgado o império a honra e o

reino, e todos os povos, nações e línguas o serviram. Seu império é um império

eterno que jamais passará e seu reino jamais será destruído".

No livro etiópico de Henoc já se fala de um "Filho do Homem" como indivíduo e

personificação do Messias. Em 46,1-8 é descrito o Filho do Homem: "Este é o Filho

do Homem, de quem era a justiça e a justiça morava com ele. Ele revelará todos os

tesouros do oculto, pois, o Senhor dos espíritos o escolheu, e é aquele cujo destino é

superior a todos para sempre por sua retidão frente ao Senhor dos espíritos. Este

Filho do Homem que vistes tirará os reis e poderosos de seus leitos e os fortes de

seus assentos, afrouxará os freios dos poderosos e despedaçará os dentes dos

pecadores. Arrancará os reis de seus tronos e reinos, porque não o exaltam nem o

louvam, nem dão graças porque lhes foi dado o reino" (46,3-5).

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"Parece claro que o autor das Parábolas [seção do Livro Etiópico de Henoc, capítulos

37-41] representa uma linha de tradição que evolui para além das concepções de Dn

7, unindo em uma só pessoa as figuras, primitivamente separadas, do Messias - Rei

Eleito - Servo de Iahweh - Juiz Justo (+ 'Filho do Homem')", comenta A. Diez

Macho[19].

Esta figura é o precedente imediato do uso neotestamentário, onde freqüentemente

Jesus se refere a si mesmo como o Filho do Homem (cf. Mt 8,20; 11,19; 20,28; 24,30;

Jo 3,14).

A apocalíptica, por outro lado, acredita que o "fim do mundo" será precedido por

um período de grande sofrimento e domínio do mal, que se concretiza através de

anjos decaídos, na esfera divina, e chefes poderosos, na esfera humana. Além do

que, o escritor apocalíptico vê o sofrimento de sua época com sentido cósmico e

universal, donde decorre que os que sofrem perseguições estão fazendo algo além

de sua própria vida, estão conduzindo os acontecimentos globais do homem.

Mt 24-25 descreve a queda de Jerusalém em 70 d.C. combinada com a idéia de fim

do mundo. Diz Mt 24,21: "Pois naquele tempo haverá uma grande tribulação, tal

como não houve desde o princípio do mundo até agora, nem tornará a haver

jamais".

E Mt 24,29-31 completa:"Logo após a tribulação daqueles dias, o sol escurecerá, a

lua não dará a sua claridade, as estrelas cairão do céu e os poderes do céu serão

abalados. Então aparecerá no céu o sinal do Filho do Homem e todas as tribos da

terra baterão no peito e verão o Filho do Homem vindo sobre as nuvens do céu com

poder e grande glória. Ele enviará os seus anjos que, ao som da grande trombeta,

reunirão os seus eleitos dos quatro ventos, de uma extremidade até a outra

extremidade do céu".

A Regra da Comunidade de Qumran, escrita no século II a.C., diz que "Deus, nos

mistérios de seu conhecimento e na sabedoria de sua glória, fixou um fim para a

existência da injustiça, e no tempo de sua visita a destruirá para sempre. Então a

verdade se levantará para sempre no mundo que se contaminou em caminhos de

maldade durante o domínio da injustiça até o momento decretado para o juízo"

(1QSIV 18-20).

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O tema do mal como conseqüência da união de anjos com mulheres, já presente em

Gn 6,1-4, é bem desenvolvido no Livro Etiópico de Henoc. Em 6,1-2 se lê: "Naqueles

dias, quando se multiplicaram os filhos dos homens, aconteceu que lhes nasceram

filhas belas e formosas. Viram-nas os anjos, os filhos dos céus, desejaram-nas e

disseram: 'Vamos, escolhamos entre os humanos e geremos filhos'".

Em 7,1-6, o Livro Etiópico de Henoc diz: "E tomaram mulheres; cada um escolheu a

sua e começaram a conviver e a unir-se a elas, ensinando-lhes ensalmos e

esconjuros e treinando-as na coleta de raízes e plantas. Ficaram grávidas e geraram

enormes gigantes de três mil côvados de altura cada um. Consumiam todo o

produto dos homens, até que foi impossível para estes alimentá-los. Então os

gigantes voltaram-se contra eles e comiam os homens. Começaram a pecar com

aves, feras, répteis e peixes, consumindo sua carne e bebendo o seu sangue. Então a

terra se queixou dos iníquos".

Outro elemento: na visão apocalíptica da história há um sentido de urgência, pois é

para já o estabelecimento do Reino de Deus. Todos nós conhecemos Mc 1,14-15:

"Depois que João foi preso, veio Jesus para a Galiléia proclamando o Evangelho de

Deus: 'Cumpriu-se o tempo e o Reino de Deus está próximo. Arrependei-vos e crede

no Evangelho".

Se já está da hora da virada, é necessário que se mantenha uma rigorosa conduta

pessoal. É uma ética sem concessões. Em Qumran, onde se exige máximo rigor no

comportamento dos membros da comunidade, as punições por desobediência às

normas estabelecidas são severíssimas (cf. 1QS VI, 24-VII,27). Só um exemplo:

"Aquele cujo espírito se aparta do fundamento da comunidade para trair a verdade

e caminhar na obstinação de seu coração, se voltar, será castigado dois anos;

durante o primeiro ano não se aproximará do alimento puro dos Numerosos. E

durante o segundo não se aproximará da bebida dos Numerosos, e sentar-se-á atrás

de todos os homens da comunidade" (1QSVII, 20-22).

Na apocalíptica a esperança no futuro é expressa através do tema da ressurreição.

As definições de como e quando, entretanto, variam de livro para livro. Também se

faz necessário, segundo o pensamento apocalíptico, um grande julgamento no

término da história, quando os ímpios serão condenados e os justos salvos e

recompensados na era messiânica que se estabelece definitivamente.

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Mt 25,31-32.34.41 diz que "Quando o Filho do Homem vier em sua glória, e todos os

anjos com ele, então se assentará no trono de sua glória. E serão reunidos em sua

presença todas as nações e ele separará os homens uns dos outros, como o pastor

separa as ovelhas dos cabritos (...) Então dirá o rei aos que estiverem à sua direita:

'Vinde, benditos de meu Pai, recebei por herança o Reino preparado para vós desde

a fundação do mundo' (...) Em seguida, dirá aos que estiverem à sua esquerda:

'Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno preparado para o diabo e para os

seus anjos'".

No Livro Etiópico de Henoc 91,7-8 se diz que "Quando crescer a iniqüidade, o

pecado, a blasfêmia e a violência em todas as nações, e aumentar a perversidade, a

culpa e a impureza, virá o castigo do céu contra todos eles, e sairá o Santo Senhor

com cólera e castigo para julgar a terra. Nestes dias será cortada a violência pela

raiz, e as raízes da iniqüidade com as da mentira serão aniquiladas sob o céu".

E em 47,3-4: "Nestes dias vi o 'Princípio dos dias' sentar-se no trono de glória e os

livros dos vivos foram abertos diante dele. E toda a coorte do céu superior e seu

cortejo estava de pé diante dele. O coração dos santos encheu-se de alegria, pois se

cumprira o cômputo da justiça, tinha sido ouvida a oração dos justos e o sangue

dos inocentes era reclamado diante do Senhor dos espíritos"

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Daniel e a Apocalíptica Elaborado e organizado por Eliezer Lucena

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Bibliografia:

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Pontos importantes do livro de Daniel

A idade de Daniel

No capitulo 1:1 Daniel é deportado na 2ª deportação quando Nabucodonozor sitiou

Jerusalém e a destruiu. Este acontecimento ocorreu no ano 598 a.C., vamos supor

que por esta época Daniel tivesse aproximadamnete 20 anos de idade, pois o texto

diz que os jovens escolhidos para servirem na corte de Nabucodonozor eram :

Daniel 1: 3 Disse o rei a Aspenaz, chefe dos seus eunucos, que trouxesse alguns dos filhos de

Israel, tanto da linhagem real como dos nobres, 4 jovens sem nenhum defeito, de boa

aparência, instruídos em toda a sabedoria, doutos em ciência, versados no

conhecimento e que fossem competentes para assistirem no palácio do rei e lhes

ensinasse a cultura e a língua dos caldeus.

Portanto os jovens eram muito bem instruídos de acordo com os padrões da época,

assim sendo não é de todo improvável supor a faixa de mais ou menos 20 anos de

idade.

No capitulo 2:21 diz que Daniel seguiu até ao ano ...

Daniel 1:21 21 Daniel continuou até ao primeiro ano do rei Ciro.

O primeiro ano de Ciro o rei da Pérsia ocorreu no ano 538/539 a.C., a conta seria esta

: 598-538 = 60 + 20 anos que Daniel já tinha na época da deportação e exílio na

Babilônia, portanto nesta época Daniel estaria com 80 anos de idade.

A duração do exercício de Daniel na coorte da Babilônia

Capitulo 1:21 – diz que Daniel seguiu até ao 1º ano de Ciro, ou seja, 538 a.C.

Daniel 1:21 21 Daniel continuou até ao primeiro ano do rei Ciro.

Capitulo 10:1 – diz que Daniel seguiu até ao 3º ano de Ciro, ou seja, 536 a. C.

Daniel 10: 1 No terceiro ano de Ciro, rei da Pérsia, foi revelada uma palavra a Daniel,

Até que ano durou o exercício de Daniel na corte de Ciro o Persa? No capitulo 1 foi

no 1º ano, já no capitulo 10 foi no 3º ano. Qual data é a correta?

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O rei conhecia Daniel

Daniel 1: 18 Vencido o tempo determinado pelo rei para que os trouxessem, o chefe dos

eunucos os trouxe à presença de Nabucodonosor. 19 Então, o rei falou com eles; e, entre

todos, não foram achados outros como Daniel, Hananias, Misael e Azarias; por isso,

passaram a assistir diante do rei. 20 Em toda matéria de sabedoria e de inteligência sobre que

o rei lhes fez perguntas, os achou dez vezes mais doutos do que todos os magos e

encantadores que havia em todo o seu reino.

O rei não conhecia Daniel

Daniel 2: 24 Por isso, Daniel foi ter com Arioque, ao qual o rei tinha constituído para

exterminar os sábios da Babilônia; entrou e lhe disse: Não mates os sábios da Babilônia;

introduze-me na presença do rei, e revelarei ao rei a interpretação. 25 Então, Arioque

depressa introduziu Daniel na presença do rei e lhe disse: Achei um dentre os filhos dos

cativos de Judá, o qual revelará ao rei a interpretação. 26 Respondeu o rei e disse a Daniel,

cujo nome era Beltessazar: Podes tu fazer-me saber o que vi no sonho e a sua interpretação?

Como pode o rei Nabucodonozor ter se esquecido de Daniel e dos seus três amigos

sendo que eles humilharam todos os magos, astrólogos e adivinhos da Babilônia;

segue texto:

Daniel 1: 20 Em toda matéria de sabedoria e de inteligência sobre que o rei lhes fez

perguntas, os achou dez vezes mais doutos do que todos os magos e encantadores que havia

em todo o seu reino.

3 anos de preparação para servir na presença do rei

Daniel 1: 5 Determinou-lhes o rei a ração diária, das finas iguarias da mesa real e do vinho

que ele bebia, e que assim fossem mantidos por três anos, ao cabo dos quais assistiriam diante

do rei.

2 anos de preparação para servir na presença do rei

Daniel 2:1 1 No segundo ano do reinado de Nabucodonosor, teve este um sonho; o seu

espírito se perturbou, e passou-se-lhe o sono. ... 25 Então, Arioque depressa introduziu

Daniel na presença do rei e lhe disse: Achei um dentre os filhos dos cativos de Judá, o qual

revelará ao rei a interpretação.

Na verdade estes detalhes pouco importam para o autor do livro que nãos e propôs

a compor uma obra histórica. O objetivo do autor é passar uma mensagem, porém

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esta mensagem que é a intenção original do autor está velada, ou seja, esta

mensagem está escrita em símbolos em visões que precisam ser decifrados.

AS VISÕES DE DANIEL

CAPITULOS 2, 7, 8, 9, 11, 12

ESTUDOS – COMENTÁRIOS

DANIEL 2: 27 Respondeu Daniel na presença do rei e disse: O mistério que o rei exige, nem

encantadores, nem magos nem astrólogos o podem revelar ao rei; 28 mas há um Deus no

céu, o qual revela os mistérios, pois fez saber ao rei Nabucodonosor o que há de ser

nos últimos dias. O teu sonho e as visões da tua cabeça, quando estavas no teu

leito, são estas: 29 Estando tu, ó rei, no teu leito, surgiram-te pensamentos a respeito do

que há de ser depois disto. Aquele, pois, que revela mistérios te revelou o que há de ser. 30 E

a mim me foi revelado este mistério, não porque haja em mim mais sabedoria do que em todos

os viventes, mas para que a interpretação se fizesse saber ao rei, e para que entendesses as

cogitações da tua mente. 31 Tu, ó rei, estavas vendo, e eis aqui uma grande estátua; esta, que

era imensa e de extraordinário esplendor, estava em pé diante de ti; e a sua aparência era

terrível. 32 A cabeça era de fino ouro, o peito e os braços, de prata, o ventre e os quadris, de

bronze; 33 as pernas, de ferro, os pés, em parte, de ferro, em parte, de barro. 34 Quando

estavas olhando, uma pedra foi cortada sem auxílio de mãos, feriu a estátua nos

pés de ferro e de barro e os esmiuçou. 35 Então, foi juntamente esmiuçado o ferro, o

barro, o bronze, a prata e o ouro, os quais se fizeram como a palha das eiras no estio, e o vento

os levou, e deles não se viram mais vestígios. Mas a pedra que feriu a estátua se tornou em

grande montanha, que encheu toda a terra. 36 Este é o sonho; e também a sua interpretação

diremos ao rei. 37 Tu, ó rei, rei de reis, a quem o Deus do céu conferiu o reino, o poder,

a força e a glória; 38 a cujas mãos foram entregues os filhos dos homens, onde quer

que eles habitem, e os animais do campo e as aves do céu, para que dominasses

sobre todos eles, tu és a cabeça de ouro. 39 Depois de ti, se levantará outro reino,

inferior ao teu; e um terceiro reino, de bronze, o qual terá domínio sobre toda a terra. 40 O

quarto reino será forte como ferro; pois o ferro a tudo quebra e esmiúça; como o ferro quebra

todas as coisas, assim ele fará em pedaços e esmiuçará. 41 Quanto ao que viste dos pés e dos

artelhos, em parte, de barro de oleiro e, em parte, de ferro, será esse um reino dividido;

contudo, haverá nele alguma coisa da firmeza do ferro, pois que viste o ferro misturado com

barro de lodo. 42 Como os artelhos dos pés eram, em parte, de ferro e, em parte, de barro,

assim, por uma parte, o reino será forte e, por outra, será frágil. 43 Quanto ao que viste do

ferro misturado com barro de lodo, misturar-se-ão mediante casamento, mas não se ligarão

um ao outro, assim como o ferro não se mistura com o barro. 44 Mas, nos dias destes reis, o

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Deus do céu suscitará um reino que não será jamais destruído; este reino não passará a outro

povo; esmiuçará e consumirá todos estes reinos, mas ele mesmo subsistirá para sempre, 45

como viste que do monte foi cortada uma pedra, sem auxílio de mãos, e ela esmiuçou o ferro, o

bronze, o barro, a prata e o ouro. O Grande Deus fez saber ao rei o que há de ser futuramente.

Certo é o sonho, e fiel, a sua interpretação.

Chave de leitura para decifrarmos os impérios

Daniel 2:28 37 Tu, ó rei, rei de reis, a quem o Deus do céu conferiu o reino, o poder, a força

e a glória; 38 a cujas mãos foram entregues os filhos dos homens, onde quer que eles habitem,

e os animais do campo e as aves do céu, para que dominasses sobre todos eles, tu és a cabeça

de ouro.

Nabucodonozor é a cabeça de ouro, ou seja, a Babilonia era a cabeça de ouro.

Vemos portanto que o autor usa o artifício da antedatação, situando-se no tempo de

Nabucodonozor e do império babilônico para falar da história como se estivesse

fazendo uma previsão profética. Por que o autor não começou falando dos impérios

do Egito ou da Assíria? Detalhe estes impérios foram muito maiores do que o

império babilônico. Porque, de fato, foi com o império babilônico que Israel deixou

de ser uma nação independente. Com Nabucodonozor começou para os judeus um

período político e econômico de trevas. Além disso, o número 4 é simbólico: indica

totalidade e não quantidade. O autor está se referindo a todos os imperialismos.

Por que a pedra que foi cortada sem auxilio de mãos humanas caiu nos pés de

ferro e barro da estátua? Quem era a pedra que caiu nos pés da estátua?

Porventura seria uma referencia aos Macabeus que se traduz por martelo?

2-37-38 - BÍBLIA ALMEIDA DE ESTUDO

OS QUATRO METAIS DA ESTÁTUA, ASSIM COMO OS QUATRO ANIMAIS DE

DANIEL 7, REPRESENTAM QUATRO GRANDES IMPÉRIOS. O PRIMEIRO É

INDICADO EXPRESSAMENTE POR DANIEL: “ TU ÉS A CABEÇA DE OURO”,

COMO O IMPÉRIO NEOBABILÔNICO DE NABUCODONOSOR E DOS SEUS

SUCESSORES. A IDENTIFICAÇÃO DOS TRÊS IMPÉRIOS RESTANTES SERIA

ESTA: O SEGUNDO IMPÉRIO É O DOS MEDOS, O TERCEIRO IMPÉRIO É O DOS

PERSAS, E O QUARTO IMPÉRIO É O GREGO, FUNDADO POR ALEXANDRE O

GRANDE REI DA MACEDÔNIA (GRÉCIA).

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2-43 – BÍBLIA DE JERUSALÉM

ALUSÃO PROVÁVEL AOS CASAMENTOS ENTRE SELÊUCIDAS E

PTOLOMEUS, QUE PRATICAMENTE NÃO CONSEGUIRAM CONSOLIDAR A

UNIDADE ENTRE OS SUCESSORES DE ALEXANDRE O GRANDE.

2:43 – BÍBLIA ALMEIDA DE ESTUDOS

A REFERÊNCIA É AO IMPÉRIO GREGO, SE TRATA DAS ALIANÇAS

MATRIMÔNIAIS ENTRE AS DINASTIAS DA SIRIA E DO EGITO, OU SEJA,

ENTRE OS PTOLOMEUS E SELÊUCIDAS QUE NÃO CONSEGUIRAM ÊXITO EM

UNIR AS DUAS GRANDES FAMILIAS E UNIFICAR OS REINO DE ALEXANDRE,

ASSIM COMO O FERRO NÃO SE MISTURA COM O BARRO.

2:28-38 – BÍBLIA DE JERUSALÉM

É ANUNCIO DA PRIMEIRA DAS ALEGORIAS DE DANIEL, QUE DESCREVEM

MISTERIOSAMENTE A SUCESSÃO DOS GRANDES IMPÉRIOS HISTÓRICO.

VEMOS AQUI QUE O AUTOR DO LIVRO DE DANIEL USA O ARTIFICIO DA

ANTEDATAÇÃO, SITUANDO-SE NO TEMPO DE NABUCODONOSOR E DO

IMPÉRIO BABILÔNICO PARA FALAR DA HISTÓRIA COMO SE ESTIVESSE

FAZENDO UMA PREVISÃO PROFÉTICA. POR QUE O AUTOR NÃO COMEÇOU

FALANDO DO IMPÉRIO EGIPICIO OU COM A ASSIRIA QUE FORAM

IMPÉRIOS MUITO MAIRORES E MAIS PODEROSOS DO QUE O DA

BABILÔNIA? SEM FALAR DOS IMPÉRIOS HITITAS, SUMERIOS E ETC. PORQUE

DE FATO, FOI COM O IMPÉRIO BABILÔNICO QUE ISRAEL DEIXOU DE SER

UMA NAÇÃO INDEPENDENTE E MESMO APÓS O EXILIO BABILÔNICO

CONTINUOU VASSAL DOS IMPERIOS MEDOS, PERSAS E GREGOS. COM

NABUCODONOSOSR COMEÇOU PARA OS JUDEUS UM PERIODO POLITICO E

ECONOMICO DE TREVAS. ALÉM DISSO O NÚMERO 4 É SIMBÓLICO: INDICA

TOTALIDADE. O AUTOR DE FATO SE REFERINDO A TODOS OS

IMPERIALISMOS OPRESSORES. NO CASO AQUI O AUTOR SE REFERE AOS

IMPÉRIOS QUE LHE INTERESSA, OU SEJA, O IMPÉRIO NEOBABILÔNICO DE

NABUCODONOSOR, O IMPÉRIO MEDO, O IMPÉRIO PERSA , O IMPÉRIO

GREGO E OS HERDEIROS DO IMPÉRIO ASIÁTICO DE ALEXANDRE, OU SEJA,

A DINASTIA DOS PTOLOMEUS LÁGIDAS E A DINASTIA DOS SELÊUCIDAS,

AQUI REPRESENTADAS POR METAIS DE VALOR DECRESCENTE, SEGUNDO

AS ANTIGAS ESPECULAÇÕES SOBRE AS IDADES DO MUNDO.

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COMENTÁRIO

O CAPITULO 2 DE DANIEL É EXPANDIDO E DETALHADO NOS CAPITULOS 7,

8, 9, 11 E 12. OS TEMAS DESTES CAPITULOS SÃO OS MESMOS, OU SEJA, OS 4

IMPÉRIOS MUNDIAIS QUE SÃO REPRESENTADOS PELOS 4 METAIS DO

CAPITULO 2 É A MESMA COISA QUE OS 4 ANIMAIS DO CAPITULO 7, E O

FERRO QUE NÃO SE MISTURA COM O BARRO DOS PÉS E ARTELHOS, OU

SEJA, DEZ DEDOS, SÃO OS HERDEIROS DO QUARTO IMPÉRIO DE FERRO

QUE É A MESMA COISA QUE OS DEZ CHIFRES DO QUARTO ANIMAL DE

DANIEL 7 QUE SÃO OS HERDEIROS DO IMPÉRIO GREGO, OU SEJA SÃO 10

REIS E NÃO DEZ REINOS, E O 11º CHIFRE É ANTIOCO EPIFANÊS QUE SEU

NOME SIGNIFICA DEUS MANIFESTO, ENTÃO O FERRO QUE NÃO SE

MISTURA COM O BARRO SÃO OS CASAMENTOS QUE A DINASTIA DOS

PTOLOMEUS LÁGIDAS E OS SELÊUCIDAS DE ANTIOCO EPÍFANES

TENTARAM PARA UNIR OS DOIS REINOS, OU SEJA, O EGITO E A SIRIA.

ENTÃO OS DEZ DEDOS DOS PÉS DA ESTÁTUA QUE ERAM DE FERRO E

BARRO REPRESENTAM ESTAS UNIÕES QUE NÃO DERAM CERTO. E O 11º

CHIFRE É ANTIOCO EPIFANÊS POIS O MESMO TINHA OLHOS COMO DE

HOMEM E UMA BOCA QUE FALAVA ARROGÂNCIA E INSOLÊNCIA. ESTE 11º

CHIFRE FAZIA GUERRA CONTRA O POVO SANTO, OU SEJA, OS JUDEUS E

PREVALECIA. ESTE MESMO CHIFRE MAGOARIA OS SANTOS E CUIDARIA EM

MUDAR OS TEMPOS E A LEI E OS SANTOS SERIAM ENTREGUES NAS SUAS

MÃOS POR UM TEMPO, DOIS TEMPOS E METADE DE UM TEMPO, OU SEJA,

TRÊS ANOS E MEIO. ESTES TEMAS SÃO COMUNS NESTES CAPITULOS.

DANIEL 7: 3 Quatro animais, grandes, diferentes uns dos outros, subiam do mar. 4 O

primeiro era como leão e tinha asas de águia; enquanto eu olhava, foram-lhe

arrancadas as asas, foi levantado da terra e posto em dois pés, como homem; e lhe

foi dada mente de homem. 5 Continuei olhando, e eis aqui o segundo animal, semelhante

a um urso, o qual se levantou sobre um dos seus lados; na boca, entre os dentes, trazia três

costelas; e lhe diziam: Levanta-te, devora muita carne. 6 Depois disto, continuei olhando, e

eis aqui outro, semelhante a um leopardo, e tinha nas costas quatro asas de ave; tinha

também este animal quatro cabeças, e foi-lhe dado domínio. 7 Depois disto, eu continuava

olhando nas visões da noite, e eis aqui o quarto animal, terrível, espantoso e sobremodo forte,

o qual tinha grandes dentes de ferro; ele devorava, e fazia em pedaços, e pisava aos pés o que

sobejava; era diferente de todos os animais que apareceram antes dele e tinha dez chifres. 8

Estando eu a observar os chifres, eis que entre eles subiu outro pequeno, diante do qual três

dos primeiros chifres foram arrancados; e eis que neste chifre havia olhos, como os de homem,

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e uma boca que falava com insolência. 9 Continuei olhando, até que foram postos uns

tronos, e o Ancião de Dias se assentou; sua veste era branca como a neve, e os

cabelos da cabeça, como a pura lã; o seu trono eram chamas de fogo, e suas rodas

eram fogo ardente. 10 Um rio de fogo manava e saía de diante dele; milhares de

milhares o serviam, e miríades de miríades estavam diante dele; assentou-se o

tribunal, e se abriram os livros. 11 Então, estive olhando, por causa da voz das

insolentes palavras que o chifre proferia; estive olhando e vi que o animal foi

morto, e o seu corpo desfeito e entregue para ser queimado. 12 Quanto aos outros

animais, foi-lhes tirado o domínio; todavia, foi-lhes dada prolongação de vida por um prazo e

um tempo. 13 Eu estava olhando nas minhas visões da noite, e eis que vinha com as nuvens

do céu um como o Filho do Homem, e dirigiu-se ao Ancião de Dias, e o fizeram chegar até ele.

14 Foi-lhe dado domínio, e glória, e o reino, para que os povos, nações e homens de todas as

línguas o servissem; o seu domínio é domínio eterno, que não passará, e o seu reino jamais

será destruído. 15 Quanto a mim, Daniel, o meu espírito foi alarmado dentro de mim, e as

visões da minha cabeça me perturbaram. 16 Cheguei-me a um dos que estavam perto e lhe

pedi a verdade acerca de tudo isto. Assim, ele me disse e me fez saber a interpretação das

coisas: 17 Estes grandes animais, que são quatro, são quatro reis que se levantarão da terra.

18 Mas os santos do Altíssimo receberão o reino e o possuirão para todo o sempre, de

eternidade em eternidade. 19 Então, tive desejo de conhecer a verdade a respeito do quarto

animal, que era diferente de todos os outros, muito terrível, cujos dentes eram de ferro, cujas

unhas eram de bronze, que devorava, fazia em pedaços e pisava aos pés o que sobejava; 20 e

também a respeito dos dez chifres que tinha na cabeça e do outro que subiu, diante do qual

caíram três, daquele chifre que tinha olhos e uma boca que falava com insolência e parecia

mais robusto do que os seus companheiros. 21 Eu olhava e eis que este chifre fazia guerra

contra os santos e prevalecia contra eles, 22 até que veio o Ancião de Dias e fez justiça aos

santos do Altíssimo; e veio o tempo em que os santos possuíram o reino. 23 Então, ele disse:

O quarto animal será um quarto reino na terra, o qual será diferente de todos os reinos; e

devorará toda a terra, e a pisará aos pés, e a fará em pedaços. 24 Os dez chifres correspondem

a dez reis que se levantarão daquele mesmo reino; e, depois deles, se levantará outro, o qual

será diferente dos primeiros, e abaterá a três reis. 25 Proferirá palavras contra o Altíssimo,

magoará os santos do Altíssimo e cuidará em mudar os tempos e a lei; e os santos lhe serão

entregues nas mãos, por um tempo, dois tempos e metade de um tempo. 26 Mas, depois, se

assentará o tribunal para lhe tirar o domínio, para o destruir e o consumir até ao fim 27 O

reino, e o domínio, e a majestade dos reinos debaixo de todo o céu serão dados ao povo dos

santos do Altíssimo; o seu reino será reino eterno, e todos os domínios o servirão e lhe

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7: 20-21- BIBLIA ALMEIDA DE ESTUDO

O CHIFRE QUE LUTA CONTRA O POVO DE DEUS E O VENCE SE REFERE A

ANTIOCO IV EPÍFANES, REI DA SÍRIA ANO 175-164, QUE SE FEZ CHAMAR DE

EPÍFANES, ISTO É, DEUS MANIFESTO CONFORME DANIEL 11:36-37. A

ARROGÂNCIA DESSE REI FOI TANTA, QUE O LEVOU A SE CONSIDERAR

SUPERIOR AOS SEUS PRÓPRIOS DEUSES E AO DES DE ISRAEL.

7 : 23-24 – BÍBLIA ALMEIDA DE ESTUDO

ESTE QUARTO ANIMAL É O IMPÉRIO GREGO DE ALEXANDRE MAGNO O

GRANDE VER DANIEL 8:7 E 8:21. EM TAL CASO OS DEZ CHIFRES

REPRESENTAM OS REIS DA DINASTIA SELÊUCIDA, QUE FORAM OS

HERDEIROS DIRETOS NO DOMINIO DA SÍRIA E DAS REGIÔES ADJACENTES

VER DANIEL 2:41 E 8:8.

7 : 25 – BÍBLIA ALMEIDA DE ESTUDO

ALUSÃO ÀS MEDIDAS DE PERSEGUIÇÃO IMPOSTAS POR ANTIOCO IV

EPÍFANES. ANTIOCO IV EPÍFANES DE FATO INTRODUZIU NÃO SÓ

PRÁTICAS IDOLÁTRICAS NO TEMPLO DE JERUSALÉM VER DANIEL 9:27,

COMO TAMBÉM QUIS OBRIGAR O POVO JUDEU A ABANDONAR A

OBSERVÂNCIA DO SÁBADO, COMER CARNE DE PORCO, NÃO

CIRCUNCIDAREM MAIS OS SEUS FILHOS, ACABAR COM AS FESTAS

RELIGIOSAS E ETC. O CONFLITO ENTRE O REI ANTIOCO IV EPÍFANES E O

POVO DE ISRAEL SE LOCALIZA EM UM DRAMA MUITO MAIS AMPLO, QUE

AFETA O POVO DE DEUS AO LONGO DE TODA A SUA HISTÓRIA TERRENA.

ANTIOCO IV EPÍFANES QUIS ACABAR COM O CULTO JUDAICO, A RELIGIÃO

JUDAICA, OU SEJA, ACABANDO COM O CULTO E ADORAÇÃO JUDAICA

ESTARIA ASSIM ACABANDO COM OS JUDEUS, ESTA FOI TALVES A PIOR

FASE E PERIGO DE EXTINÇÃO QUE O POVO JUDEU SOFREU AO LONGO DA

SUA HISTÓRIA. PARA ESTAR À ALTURA DA SUA VOCAÇÃO E MISSÃO, O

POVO JUDEU DEVERIA PASSAR PELA PROVAÇÃO QUE DEUS LHE IMPÔS

PARA PURIFICÁ-LOS E APERFEIÇOA-LOS. A PERSEGUIÇÃO DE ANTIOCO IV

EPÍFANES DUROU DE FATO, DESDE O ANO DE 168 ATÉ 165 A . C., ISTO É ,

TRÊS ANOS E MEIO.

7: 1 - 28 – BÍBLIA DE JERUSALÉM

A VISAÕ DESTE CAPITULO É PARALELA AO SONHO DE NABUCODONOSOR

NO CAPITULO 2. OS QUATRO REINOS QUE DESAPARECERÃO DIANTE DO

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FILHO DO HOMEM EXPRESSÃO ESTA QUE QUER DIZER “POVO DE DEUS”

CORRESPONDEM AOS QUATRO METAIS DA ESTÁTUA DERRUBADA PELA

MISTERIOSA PEDRA. OS QUATRO IMPÉRIOS SÃO: O IMPÉRIO BABILÔNICO,

O IMPÉRIO MEDO, O IMPÉRIO PERSA E O IMPÉRIO GREGO E SEUS HERDEIRO

E SUCESSORES. OS DEZ CHIFRES SÃO OS REIS DA DINASTIA SELÊUCIDA. O

CHIFRE PEQUENO QUE É O 11º CHIFRE É ANTIOCO IV EPIFANES. O VERSO 8

SE REFERE AOS TRAÇOS QUE INDICAM A ELOQUENCIA E HABILIDADE E A

ARROGÂNCIA BLASFEMATÓRIA DE ANTIOCO IV EPÍFANES CONFORME

VERSO 25. O TERMO FILHO DO HOMEM ERA USADO PARA INDICAR OS

SANTOS DO ALTISSIMO, OU SEJA, OS JUDEUS. O VERSO 25 FAZ ALUSÃO

CLARA À POLITICA DE HELENIZAÇÃO DE ANTIOCO IV EPÍFANES,

NOTADAMENTE À SUA INTERDIÇÃO DO SÁBADO E DAS FESTAS

CONFORME 1 MACABEUS 1:41-52. É PRECISO ENTENDER AQUI POR

“TEMPO” UM ANO. SÃO TRÊS ANOS E MEIO, A MEIA SEMANA DE ANOS DE

DANIEL 9:27, CORRESPONDENTE MAIS OU MENOS À DURAÇÃO DA

PERSEGUIÇÃO DE ANTIOCO IV EPÍFANES. ESTE NÚMERO EXPRESSO

EQUIVALE À 42 MESES DE TRINTA DIAS OU 1260 DIAS. EXPRIME UM

PERIODO DE CALAMIDADES PERMITIDAS POR DEUS, MAS CUJA DURAÇÃO,

PARA CONSOLO DOS AFLITOS, SERÁ LIMITADA.

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Daniel e a Apocalíptica Elaborado e organizado por Eliezer Lucena

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LIVRO COMO LER DANIEL – IVO STORNIOLO

O capitulo 7 é o auge do conjunto formado por Daniel cap. 2 ao cap. 7. Também é o

centro decisivo de toso o livro, pois dos capítulos 8 ao 12 serão como que a extensão

e explicação deste capitulo.

A HISTÓRIA SUPERVERSIVA (MUITOMALVADA) DO IMPERIALISMO

Na seqüência do livro o “primeiro ano de Baltazar” se refere ao passado, ou então

mostra a despreocupação cronológica do autor. Mais do que contar a história, ele

está interessado em analisar a história. É claro que o sonho é um recurso literário:

primeiro o autor já possuía o conteúdo. O sonho é construído artificialmente para

transmitir esse conteúdo. Mas podemos dizer que este é o sonho de todas as vitimas

do imperialismo.

O grande mar no versículo 2, agitado pelos quatro ventos, recorda imediatamente o

cenário da criação em Gênesis 1. É uma lembrança do caos primordial que,

fecundado pelo vento de Deus, ou seja, fecundado pelo Espírito de Deus produz

toda a realidade, “quatro ventos do céu” lembra também os quatro pontos cardeais,

ou seja, todo o globo terrestre, quatro = totalidade, plenitude, completude. Ao autor

interessa sobremodo o aspecto histórico, que ecoa no Salmo 65:8, “Salmo 65: 7 que

aplacas o rugir dos mares, o ruído das suas ondas e o tumulto das gentes.” O verdadeiro

caos que ameaça Israel é o mar das nações, que pode invadir e destruir a Palestina. É

esse mar que o autor vai contemplar.

Quatro feras se levantam do mar. Podemos adiantar que simbolizam quatro

impérios e, ao mesmo tempo, todos os impérios, visto que o numero quatro quer

dizer aqui completude. A descrição é inclusiva e não exclusiva, constituindo, na

verdade, uma analise da história superversiva do imperialismo. A inspiração é sem

dúvida emblemática: tribos e nações, com seus chefes, reis ou imperadores, podem

ser simbolizados por figuras de feras. Ao mesmo tempo há uma alusão à

desumanidade feroz e devoradora, característica de todo e qualquer imperialismo.

A visão do autor é a mesma que todo oprimido e explorado tem do imperialismo

opressor e explorador.

A primeira fera (7:4) é um leão alado e representa Nabucodonozor e o império

babilônico. A metamorfose do animal para ser humano é uma clara alusão ao

episódio do capitulo 4, ou seja, no capitulo 4 Nabucodonozor se transforma em

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animal ao perder o entendimento, já no capitulo 7 o animal é posto sobe dosi pés e

se transforma em homem e lhe é dado mente de homem, ou seja, justamente o

oposto do capitulo 4.

A segunda fera (7:5) é um urso e simboliza o império medo. A posição mostra que se

mantém sempre pronto para atacar, e o pormenor de três costelas entre os dentes de

uma vez, alude à sua voracidade.

A terceira fera (7:6) é um leopardo ou pantera, representando o império persa. O

pormenor das quatro asas e quatro cabeças refere-se à universalidade desse império,

sempre atento às quatro direções e pronto para mover-se rapidamente.

A quarta fera (7:7-8) não é identificável a principio. A descrição é mais longa e

desequilibra o conjunto. Representa o império Macedônio ou Grego de Alexandre o

Grande, dividido após a sua morte entre seus quatro generais, com a proeminência

dos Lágidas do Egito e dos Selêucidas da Síria. Sua destrutividade alude à

experiência judaica sofrida através deste império por meio da dominação Selêucida.

Conforme 7:24 os dez chifres são dez reis da dinastia Selêucida, e o chifre pequeno é

Antíoco IV Epífanes que, para chegar ao poder, eliminou 3 concorrentes. O olhar e a

boca arrogante aludem ao orgulho de Antíoco, que se atreveu contra Deus ao

pretender destruir a identidade religiosa e cultural do povo judeu veja Salmo 75:5-6

e 101:5:

Salmo 75: 5 Não levanteis altivamente a vossa força, nem faleis com insolência contra a

Rocha. 6 Porque não é do Oriente, não é do Ocidente, nem do deserto que vem o auxílio.

Salmo 101: 5 Ao que às ocultas calunia o próximo, a esse destruirei; o que tem olhar altivo e

coração soberbo, não o suportarei.

Dessa forma o autor resume toda a história política do Oriente Médio desde o exílio

babilônico, ou seja, do século VII ao século II a.C., quando os judeus perderam sua

pátria e seu Templo e mesmo depois de repatriados continuaram sem liberdade

política sendo vassalos dos sucessivos imperialismos que só mudavam de nome e

endereço. E a história de impérios ferozes e devoradores que em nada contribuíram,

ao contrario, só foram piorando tudo, numa escala sucessiva e crescente de

hostilidade e destrutividade. Tal é a história superversiva, em que a autoridade

política é uma besta fera que só produz a animalização dos povos. O imperialismo

gera desumanidade.

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O JULGAMENTO DE DEUS - DEUS GOVERNA E JULGA A HISTÓRIA

IMPERIALISTA (7:9-14)

O autor mostra agora o que vai acontecer com a história imperialista. Retomando

temas proféticos ele apresenta o julgamento do imperialismo e, em seu lugar, a

instauração do Reino de Deus. O trono (7:9) evoca o assento do rei, e ao mesmo

tempo, o do juiz, já que na antiguidade as duas funções era prerrogativa do rei.

Deus é portanto apresentado como aquele que está acima da tempestade terrestre

dos impérios (Salmo 29). É ele a última instância de governo e de julgamento da

história.

O rio de fogo que sai do trono simboliza a ordem do rei e a sentença do juiz, visto

que logo a seguir se assenta o tribunal (7:10) e se abrem os livros, ou seja, é hora de

julgar o imperialismo. Logo a seguir em 7:11 vem o julgamento e a sentença contra o

chifre pequeno que se levantou dos dez chifres, o animal foi morto e seu corpo

entregue para ser queimado, aqui faz uma clara alusão a morte de Antíoco IV

Epífanes conf. I Macabeus 6:1-15 e II Macabeus 9:1-9. Como rio flexível, as ordens e

sentenças de Deus atingem o seu destino. Os servidores incontáveis não são apenas

seres celestes, mas todos os seres que reconhecem a Deus e servem ao seu projeto.

Talvez por isso se fale de Tronos: os que servem a Deus e ao seu projeto participam

da sua função de governar e de julgar. Os livros são abertos, eles são registros das

ações humanas: tudo está escrito para ser examinado e julgado por Deus o justo juiz.

Daniel = Deus é meu juiz.

A sessão do julgamento começa, mas não assistimos ao processo. O autor vai logo à

execução da sentença. Supõe-se que os quatro impérios estejam presentes, mas o

que vai ser julgado e eliminado é o império grego que chegou ao máximo de

perversidade na pessoa do pequeno chifre arrogante, isto é, Antíoco IV Epífanes. É

cortado em pedaços e atirado ao fogo, para ser completamente destruído. Em

poucas palavras: Deus julga, condena e destrói o imperialismo.

O TRIUNFO DO POVO DE DEUS (7:15-28)

O sonho-visão é o artifício do autor para introduzir a explicação, embora de forma

velada e alusiva. A interpretação é rápida 7:17-18. As quatro feras são quatro reinos

ou impérios: O babilônico, o medo, o persa e o macedônio ou grego de Alexandre o

Grande. Depois disso “os santos do Altíssimo receberão o reino para sempre”. Notemos

bem que a expressão “santos do Altíssimo” substitui aqui a expressão “filho do

homem”, confirmando que a figura humana se refere a uma coletividade, e não a

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um individuo. Quem são os santos do Altíssimo? Sem duvida a comunidade de

Israel, representada pelos judeus fiéis que não aderiram à política de helenização de

Antíoco IV Epífanes. É esse o povo que vai herdar o poder, não para simplesmente

se vingar do imperialismo, e sim para construir um mundo novo, voltado para a

pratica da justiça com vida para todos.

A explicação está completa. Mas o autor insiste sobre a quarta fera 7:19-27. É que se

trata da época do autor, ou seja, o seu tempo presente histórico, a dominação Greco-

selêucida. Ele retoma o sonho-visão e insiste na sua interpretação, acrescentando

que via o chifre pequeno guerreando contra os santos do Altíssimo, até que chegou

o Ancião para fazer justiça e entregar o reino aos santos 7:21-22.

A interpretação diz o que já sabemos. A quarta fera é o império grego. Os dez

chifres são dez reis daquele mesmo reino, ou seja, a dinastia que surge dos quatro

generais de Alexandre o Grande e se prolonga no lado selêucida da Síria. O

pequeno chifre é o outro rei que derruba três reis, ou seja, Antíoco IV Epífanes, que

eliminou seus concorrentes e opositores.

7:25 chega ao centro da questão: “Blasfemará contra o Altíssimo e perseguirá seus

santos; pretenderá modificar o calendário e a Torah de Deus. Os fiéis serão

entregues em suas mãos por três anos e meio.” Basta ler I Macabeus 1:41-63 para ver

que foi exatamente o que Antíoco fez, seguindo seu programa de helenização

forçada. Para os judeus, tanto YAHU como o calendário e a Torah, são realidades

sagradas. Entronizando a estátua de Zeus-Jupiter no Templo e exigindo a sua

adoração, mudando o calendário das festas e comemorações bíblicas, proibindo a

circuncisão, proibindo a guarda do sábado, proibindo a Torah e mandando que a

mesma fosse queimada e introduzindo os costumes gregos, Antíoco estava na

verdade destruindo a identidade última, a alma do povo judeu.

Os três anos e meio se referem à duração do tempo de perseguição e, ao mesmo

tempo, da resistência e luta dos judeus chefiados pelos Macabeus, entre 167 e 164 a.

C.

DANIEL 8: 1 No ano terceiro do reinado do rei Belsazar, eu, Daniel, tive uma visão depois

daquela que eu tivera a princípio. 2 Quando a visão me veio, pareceu-me estar eu na cidadela

de Susã, que é província de Elão, e vi que estava junto ao rio Ulai. 3 Então, levantei os olhos

e vi, e eis que, diante do rio, estava um carneiro, o qual tinha dois chifres, e os dois chifres

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eram altos, mas um, mais alto do que o outro; e o mais alto subiu por último. 4 Vi que o

carneiro dava marradas para o ocidente, e para o norte, e para o sul; e nenhum dos animais

lhe podia resistir, nem havia quem pudesse livrar-se do seu poder; ele, porém, fazia segundo a

sua vontade e, assim, se engrandecia. 5 Estando eu observando, eis que um bode vinha do

ocidente sobre toda a terra, mas sem tocar no chão; este bode tinha um chifre notável entre os

olhos; 6 dirigiu-se ao carneiro que tinha os dois chifres, o qual eu tinha visto diante do rio; e

correu contra ele com todo o seu furioso poder. 7 Vi-o chegar perto do carneiro, e, enfurecido

contra ele, o feriu e lhe quebrou os dois chifres, pois não havia força no carneiro para lhe

resistir; e o bode o lançou por terra e o pisou aos pés, e não houve quem pudesse livrar o

carneiro do poder dele. 8 O bode se engrandeceu sobremaneira; e, na sua força, quebrou-se-

lhe o grande chifre, e em seu lugar saíram quatro chifres notáveis, para os quatro ventos do

céu. 9 De um dos chifres saiu um chifre pequeno e se tornou muito forte para o sul, para o

oriente e para a terra gloriosa. 10 Cresceu até atingir o exército dos céus; a alguns do

exército e das estrelas lançou por terra e os pisou. 11 Sim, engrandeceu-se até ao príncipe do

exército; dele tirou o sacrifício diário e o lugar do seu santuário foi deitado abaixo. 12 O

exército lhe foi entregue, com o sacrifício diário, por causa das transgressões; e deitou por

terra a verdade; e o que fez prosperou. 13 Depois, ouvi um santo que falava; e disse outro

santo àquele que falava: Até quando durará a visão do sacrifício diário e da transgressão

assoladora, visão na qual é entregue o santuário e o exército, a fim de serem pisados? 14 Ele

me disse: Até duas mil e trezentas tardes e manhãs; e o santuário será purificado. 15

Havendo eu, Daniel, tido a visão, procurei entendê-la, e eis que se me apresentou diante uma

como aparência de homem. 16 E ouvi uma voz de homem de entre as margens do Ulai, a

qual gritou e disse: Gabriel, dá a entender a este a visão. 17 Veio, pois, para perto donde eu

estava; ao chegar ele, fiquei amedrontado e prostrei-me com o rosto em terra; mas ele me

disse: Entende, filho do homem, pois esta visão se refere ao tempo do fim. 18 Falava ele

comigo quando caí sem sentidos, rosto em terra; ele, porém, me tocou e me pôs em pé no

lugar onde eu me achava; 19 e disse: Eis que te farei saber o que há de acontecer no último

tempo da ira, porque esta visão se refere ao tempo determinado do fim. 20 Aquele carneiro

com dois chifres, que viste, são os reis da Média e da Pérsia; 21 mas o bode peludo é o rei da

Grécia; o chifre grande entre os olhos é o primeiro rei; 22 o ter sido quebrado, levantando-se

quatro em lugar dele, significa que quatro reinos se levantarão deste povo, mas não com força

igual à que ele tinha. 23 Mas, no fim do seu reinado, quando os prevaricadores acabarem,

levantar-se-á um rei de feroz catadura e especialista em intrigas. 24 Grande é o seu poder,

mas não por sua própria força; causará estupendas destruições, prosperará e fará o que lhe

aprouver; destruirá os poderosos e o povo santo. 25 Por sua astúcia nos seus

empreendimentos, fará prosperar o engano, no seu coração se engrandecerá e destruirá a

muitos que vivem despreocupadamente; levantar-se-á contra o Príncipe dos príncipes, mas

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será quebrado sem esforço de mãos humanas. 26 A visão da tarde e da manhã, que foi dita, é

verdadeira; tu, porém, preserva a visão, porque se refere a dias ainda mui distantes 27 Eu,

Daniel, enfraqueci e estive enfermo alguns dias; então, me levantei e tratei dos negócios do

rei. Espantava-me com a visão, e não havia quem a entendesse.

8:1-27 – COMENTÁRIOS DAS BÍBLIA ALMEIDA DE ESTUDO E BÍBLIA DE

JERUSALÉM E PROGRAMA BÍBLIA ON LINE

A VISÃO CONTIDA NESTE CAPITULO TAMBÉM SE REFERE A FATOS

HISTÓRICOS, MAS AQUI AS REFERÊNCIAS SÃO MUITO CLARAS. O

CARNEIRO COM DOIS CHIFRES DESIGUAL REPRESENTA OS REINOS DOS

MEDOS E O REINO DOS PERSAS, QUE ACABARAM SE UNINDO PARA

VENCER A BABILÔNIA, PORÉM NÃO SE TORNARAM UM REINO SÓ DE

INICIO. O BODE QUE LANÇA O CARNEIRO POR TERRA É O IMPÉRIO

MACEDÔNIO, OU SEJA, A GRÉCIA. O CHIFRE NOTÁVEL ENTRE OS OLHOS

DO BODE ERA ALEXANDRE O GRANDE, O PRIMEIRO REI DA MACEDÔNIA. E

OS CHIFRES QUE VÃO APARECENDO DEPOIS NO LUGAR DO CHIFRE

NOTÁVEL SÃO OS REINOS FUNDADOS PELOS SEUS QUATRO GENERAIS:

PTOLOMEU LAGIDA RECEBEU O EGITO E PARTES DA ÁSIA MENOR.

CASSANDRO RECEBEU TERRITÓRIOS NA MACEDÔNIA E NA GRÉCIA.

LISÍMACO RECEBEU A TRÁCIA E PARTES OCIDENTAIS DA ÁSIA

MENOR.

SELEUCO RECEBEU A SÍRIA, A MESOPOTÂMIA E ISRAEL.

EM ESPECIAL A DINASTIA SELÊUCIDA QUE VEM DO NOME SELEUCO QUE

RECEBEU A SÍRIA, A MESOPOTÂMIA E ISRAEL QUE DESENVOLVEU UM

PROJETO DE HELENIZAÇÃO DA PALESTINA DA QUAL SURGIU O

PERSEGUIDOR DO POVO JUDEU, OU SEJA, ANTIOCO IV EPÍFANES QUE FOI

O 11º DA DESCENDENCIA DE SELEUCO, OU SEJA, DEZ REIS, QUE DANIEL

VIU COMO DEZ DEDOS NO CAPITULO 2, E DEZ CHIFRES NO CAPITULO 7,

PORÉM NO CAPITULO 8 DANIEL EXPANDE E DETALHA O CAPITULO 7,

AGORA DANIEL FALA DA ÉPOCA DE ANTIOCO EPIFANES, QUE PARA SER

BEM SUCEDIDO SE VOLTA CONTRA TRÊS REIS, OU TRÊS CHIFRES NA VISÃO

DE DANIEL, QUE SÃO :

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HILIODORO,

PTOLOMEU,

FILOMÉTOR

ISTO É HISTÓRIA PURA, OU SEJA, É PRECISO ESTUDAR AS VISÕES E

CONJUGÁ-LAS À LUZ DOS ACONTECIMENTOS HITÓRICOS. NO FINAL

DAS VISÕES HÁ SEMPRE UMA MENSAGEM DE ESPERANÇA, JÁ QUE

CULMINA COM O ANÚNCIO DA DESTRUIÇÃO DO PERSEGUIDOR.

8:1-27 – COMENTÁRIOS DAS BÍBLIA ALMEIDA DE ESTUDO E BÍBLIA DE

JERUSALÉM E PROGRAMA BÍBLIA ON LINE

O MAIS ALTO DOS CHIFRES É O PODERIO PERSA, QUE PREVALECE SOBRE A

POTÊNCIA DOS MEDOS, UNINDO-A A SI MESMO ANTES DE SUCEDER-LHE.

AS MARRADAS DO CARNEIRO SIMBOLIZAM AS RÁPIDAS CONQUISTAS DOS

REIS DA PERSIA. O BODE É O IMPÉRIO MACEDÔNIO E O CHIFRE ENTRE OS

OLHOS É ALEXANDRE O GRANDE. CONFORME DANIEL 11:2, A PERSIA

HAVIA ATACADO A GRÉCIA E TOMADO DUAS CIDADES GREGAS

PRÓXIMAS DE ATENAS NAS BATALHAS DE MARATONA E SALAMIS. COM A

MORTE DE ALEXANDRE COM 32 ANOS E A PARTILHA DE SEU REINO EM

QUATRO. OS QUATRO CHIFRES QUE SE LEVANTAM EM SEU LUGAR SÃO OS

QUATRO REINOS NOS QUAIS FOI DIVIDIDO O IMPÉRIO DE ALEXANDRE O

GRANDE, A SABER, A MACEDÔNIA, A TRÁCIA, A SÍRIA E O EGITO. O

CHIFRE PEQUENO É ANTIOCO IV EPÍFANES. A TERRA GLORIOSA É A TERRA

SANTA, OU SEJA, ISRAEL. O EXÉRCITO DAS ESTRELAS É O POVO DE DEUS,

OS SANTOS DO ALTISSIMO. O PRINCIPE DO EXÉRCITO PODE SER O SUMO

SACERDOTE QUE ACUMULAVA AS DUAS FUNÇÕES NA ÉPOCA, OU SEJA,

TANTO DE REI E DE SUMO SACERDOTE, OU SEJA, DE GOVERNANTE DO

PAÍS. ANTIOCO IV EPÍFANES QUE ERA O REI DO NORTE AO REGRESSAR DE

UMA DAS SUAS CAMPANHAS CONTRA O EGITO AO SUL, SE VOLTOU

CONTRA A TERRA GLORIOSA, ISRAEL.

8 : 11-12 – ESTES VERSOS SE REFEREM À PROFANAÇÃO DO TEMPLO DE

JERUSALÉM POR PARTE DO REI ANTIOCO IV EPÍFANES E ÀS SUAS MEDIDAS

TOMADAS PARA A PERSEGUIÇÃO CONTRA A RELIGIÃO JUDAICA.

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8 : 14 – AS DUAS MIL E TREZENTAS TARDES E MANHÃS SÃO LITERAIS E

COMPREENDE O PERIODO TOTAL DAS ABOMINAÇÕES DE ANTIOCO IV

EPÍFANES QUE SE ESTENDEU DE 171 ATÉ 165 A .C , OU SEJA , SEIS ANOS E

QUATRO MESES. NÃO É NECESSÁRIO FAZER CONFUSÃO AQUI NESTE

NÍMERO DE 2300 SACRIFICIOS DA TARDE E DA MANHÃ QUE SÃO 2300 DIAS

QUE SE REFERE AO PERIODO TOTAL DE AÇÃO DE ANTIOCO IV EPÍFANES,

NÃO CONFUNDIR COM TRÊS ANOS E MEIO QUE É O PERIODO DE

PROFANAÇÃO DO TEMPLO.

8 : 19 - TEMPO DETERMINADO DO FIM NÃO QUER DIZER FIM DO MUNDO E

SIM FIM DO PERIODO DE CALAMIDADES E PERSEGUIÇÃO, OU SEJA, OS TRÊS

ANOS E MEIO, O TEMPO DA TRIBULAÇÃO E PROFANAÇÃO DO TEMPLO DE

JERUSALÉM E A PERSEGUIÇÃO POR PARTE DE ANTIOCO IV EPÍFANES.

8:7 – O TRIUNFO DO BODE SOBRE O CARNEIRO REPRESENTA A VITÓRIA

COM A QUAL ALEXANDRE O GRANDE PÔS FIM À DOMINAÇÃO DO

IMPÉRIO PERSA NO ANO 333 A . C..

8: 8 – ISTO É, OS QUATRO GENERAIS DE ALEXANDRE O GRANDE QUE

REPARTIRAM ENTRE SI O IMENSO TERRITÓRIO QUE ESTE HAVIA

CONQUISTADO.

LIVRO COMO LER DANIEL – IVO STORNIOLO

Com o capitulo 8 começa a segunda parte do livro, encerrando-se a parte em

aramaico. Na prática tudo já foi dito. Mas o autor quer esmiuçar mais a análise do

seu tempo, criticando o imperialismo de Antíoco IV Epífanes. O recurso

fundamental é a visão que, como sabemos bem, num livro apocalíptico é sempre

artificial, um modo velado de se referir a assunto delicado, como a crítica política

direta.

O IMPERIALISMO MEDO, O PERSA E O GREGO (DN 8:1-14)

Na ficção criada pelo autor, Daniel continua na Babilônica, mas, através da visão,

dará um salto para i império medo-persa e depois para o império grego, até chegar

em Antíoco IV. A visão junto ao rio relembra Ezequiel 1. Susã é a capital invernal do

império medo-persa. O carneiro de 8:3-4 personifica o império medo-persa, e o

chifre mais alto se refere à parte persa, maior e mais importante. Esse império se

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Daniel e a Apocalíptica Elaborado e organizado por Eliezer Lucena

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expandiu em três direções (marradas ou chifradas): do leste para o oeste, tanto no

norte como no sul, chegando até o mar Mediterrâneo. Os reinos menores não

puderam resistir, e assim formou-se um dos maiores impérios do Oriente Médio.

Daniel 8: 3 Então, levantei os olhos e vi, e eis que, diante do rio, estava um carneiro, o qual

tinha dois chifres, e os dois chifres eram altos, mas um, mais alto do que o outro; e o mais alto

subiu por último. 4 Vi que o carneiro dava marradas para o ocidente, e para o norte, e

para o sul; e nenhum dos animais lhe podia resistir, nem havia quem pudesse livrar-se do seu

poder; ele, porém, fazia segundo a sua vontade e, assim, se engrandecia.

Para entendermos as marradas que o carneiro dava para o Ocidente e preciso ter em

mente que o carneiro é império Persa e o Ocidente é a Grécia. Leia o estudo abaixo

sobre as guerras travadas entre esses dois reinos.

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Guerras Médicas

Chamam-se Guerras Médicas ou Guerras Greco-Persas[1] aos conflitos bélicos entre

os antigos gregos e o Império Persa durante o século V a.C..

As Guerras Médicas ocorreram entre os povos gregos (aqueus, jônios, dórios e

eólios) e os medo-persas, pela disputa sobre a Jônia na Ásia Menor, quando as

colônias gregas da região, principalmente Mileto, tentaram livrar-se do domínio

persa.

Esta região da Jônia era colonizada pela Grécia, mas durante a expansão persa em

direção ao Ocidente, este poderoso império conquistou estas diversas colônias

gregas da Ásia Menor, entre elas Mileto. As colônias lideradas por Mileto e

contando com a ajuda de Atenas, tentaram sem sucesso libertar-se do domínio

persa, promovendo uma revolta.

Estas revoltas levaram o imperador persa Dario I a lançar seu poderoso exército

sobre a Grécia continental, dando início às Guerras Médicas. O que estava em jogo

era o controle marítimo-comercial na região.

Após a derrota da Lídia frente aos persas (em 546 a.C., provavelmente), as cidades

gregas da Jônia passaram ao domínio persa. Em 499 a.C., com o apoio de Atenas e

Erétria revoltaram-se, mas foram vencidas entre 497 e 494 a.C.. Em 490 a.C., Dario

(522/486 a.C.) decidiu enviar à Grécia continental uma expedição punitiva. Erétria

foi arrasada e saqueada, mas os atenienses e platenses, chefiados por Milcíades

(550/489 a.C.), conseguiram rechaçar os persas na planície de Maratona.

Xerxes (486/465 a.C.), filho de Dario, comandou dez anos depois (480 a.C.) uma

invasão à Grécia em grande escala. Algumas cidades gregas, lideradas por Atenas e

Esparta, formaram uma coalização para enfrentar o invasor. Outras, como Tebas,

submeteram-se aos persas.

Inicialmente, os persas venceram os gregos no desfiladeiro das Termópilas e em

Artemision; a seguir, invadiram e saquearam Atenas. A frota ateniense, porém,

comandada por Temístocles (524 a.C./459 a.C.), conseguiu destruir a frota persa em

Salamina e mudou o rumo da guerra. Meses depois, comandada pelo espartano

Pausânias (510/467 a.C.), o exército da coalização grega venceu o exército persa em

Platéia e pôs fim à invasão.

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Daniel e a Apocalíptica Elaborado e organizado por Eliezer Lucena

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Os gregos conseguiram, certamente, impedir a presença dos persas em seu

território. Eles continuaram, porém, influindo no relacionamento entre as cidades

gregas durante todo o Período Clássico.

Nesse primeiro confronto (a primeira guerra médica), surpreendentemente, cerca de

dez mil gregos, liderados pelo ateniense Milcíades, conseguiram impedir o

desembarque de mais de vinte mil persas (alguns autores falam em 50 mil, outros

em 250 mil, não se sabe precisamente o efetivo persa), vencendo-os na batalha de

Maratona em 490 a.C.

Para se defenderem dos persas, algumas cidades-estado gregas organizaram a liga

de Delos[2], da qual se aproveitou Atenas para se sobrepor no mundo grego, pois era

responsável pelo dinheiro da Confederação e passou a usá-lo em benefício próprio.

Com isso, impulsionou sua indústria, seu comércio e modernizou-se, ingressando

numa era de grande prosperidade, e impondo sua hegemonia ao mundo grego. O

auge dessa época ocorreu entre 461 e 431 a.C., durante o governo de Péricles, por

isto o século V a.C.. é também chamado o "Século de Péricles".

Os persas, entretanto, não desistiram. Dez anos depois, voltaram a atacar as cidades

gregas (segunda guerra médica). Estas, por sua vez, esqueceram as disputas

internas que existiam entre elas e uniram-se, vencendo os persas na Batalha de

Salamina (480 a.C.) e na de Platéias (479 a.C.)

Após as guerras médicas, os gregos voltaram a enfrentar-se internamente e, de 431 a

404 a.C., decorreu a Guerra do Peloponeso, entre a Confederação de Delos (liderada

por Atenas) e a Liga do Peloponeso (liderada por Esparta).

Após tantas guerras, as cidades gregas ficaram debilitadas e foram conquistadas por

Felipe II da Macedônia, em 338 a.C. na batalha de Queroneia. Filipe II foi sucedido

por seu filho Alexandre, que ampliou consideravelmente o domínio macedônico

conquistando a Síria, a Fenícia, a Palestina, o Egito, a Pérsia e parte da Índia.

Antecedentes

Nas costas ocidentais da Ásia Menor, colônias gregas se dedicavam ao comércio,

desejando substituir os fenícios. A independência destas cidades jônicas terminou

quando elas caíram uma após a outra nas mãos do rei Creso, da Lídia, obrigadas a

pagar tributos, a situação ficou ainda pior quando o reino de Lídia caiu nas mãos do

rei persa Ciro II em 546 a.C., tendo as cidades gregas o mesmo destino.

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Posteriormente, o rei persa Dario I governou as cidades gregas com tato,

procurando ser tolerante, seguindo a estratégia de dividir e vencer, apoiando o

desenvolvimento comercial dos fenícios, que tinham sido anteriormente submetidos

a seu império, e que eram rivais tradicionais dos gregos.

Além disto, os jônios sofreram mais golpes, como a conquista de seu florescente

subúrbio de Naucratis no Egito, a conquista de Bizâncio, chave do Mar Negro e a

queda de Sibaris, um de seus maiores mercados de tecidos e ponto de apoio vital

para o comércio.

Destas acções, surgiu um ressentimento contra o opressor persa, sentimento que foi

aproveitado pelo ambicioso tirano de Mileto, Aristágoras, para mobilizar as cidades

jônicas contra o Império Persa, em 499 a.C.

Aristágoras pediu ajuda às metrópoles de Hélade, mas somente Atenas (que enviou

vinte barcos – provavelmente a metade de sua frota) e Erétria (na ilha de Eubeia –

que aportou cinco navios), acudiram o pedido. Esparta não ofereceu nenhuma

ajuda. O exército grego dirigiu-se a Sardes, capital da satrapia persa da Lídia, e

reduziu-a a cinzas, enquanto que a frota recuperava Bizâncio. Dario I, enfurecido,

mandou seu exército, que destruiu o exército grego em Éfeso, e afundou a frota

helénica na batalha naval de Lade.

Tentando sufocar a rebelião, os persas reconquistaram, uma após outra, as cidades

jônias e, depois de um longo assédio, arrasaram Mileto, matando a maior parte da

população na batalha e escravizando os sobreviventes, que foram deportados para a

Mesopotâmia.

A Primeira Guerra Médica

Após o duro golpe dado às cidades jônicas, Dario I decidiu castigar aqueles que

haviam auxiliado os rebeldes, encarregando a represália a seu sobrinho Artafernes e

a um nobre chamado Datis.

Em Atenas, alguns homens já viam os sinais do iminente perigo. O primeiro deles

foi Temístocles, eleito arconte em 493 a.C. Temístocles acreditava que em Hélade

não teria salvação em caso de um ataque persa, se Atenas não desenvolvesse antes

uma poderosa marinha.

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Dessa forma, fortificou o porto de Pireu, convertendo-o em uma poderosa base

naval, mas logo surgiria um rival político que impediria o resto de suas reformas.

Era Milcíades, membro de uma grande família ateniense das costas da Ásia Menor.

Opunha-se a Temístocles, porque considerava que os gregos deviam defender-se

primeiro por terra, acreditando na supremacia das largas lanças gregas contra os

arqueiros persas. Os atenienses decidiram por em suas mãos a situação, enfrentando

assim a invasão persa.

A frota persa chegou por mar no verão de 490 a.C., dirigidos por Artafernes,

conquistando as ilhas Cíclades e posteriormente Eubeia, como represália por sua

intervenção na revolta jônica. Posteriormente, o exército persa, comandado por

Datis, desembarcou na costa oriental da Ática, em Maratona, lugar recomendado

por Hípias (anterior tirano de Atenas) por ser considerada o melhor lugar.

Batalha de Maratona- A Segunda Guerra Médica- Temístocles retoma o mando

em Atenas

Soldados gregos do tempo das Guerras Médicas: um fundeiro (esquerda) e dois

hoplitas. O hoplita do meio possui um cortinado em seu escudo para proteção

contra flechas.

O vitorioso Milcíades quis aproveitar o momento de glória para expandir o poder

de Atenas no Mar Egeu, e logo depois da batalha em Maratona enviou uma parte da

frota contra as Cíclades, submetidas pelos persas.

Atacou a ilha de Paros, exigindo aos seus habitantes um tributo de 100 talentos, que

foram negados, então a cidade foi ocupada, mas a defesa foi tão árdua que os gregos

tiveram que contentar-se com uns poucos saques. Este pobre resultado começou a

desiludi-los com relação a Milcíades, chegando inclusive a vê-lo como um tirano

que depreciava as leis.

Os inimigos de Milcíades o acusaram de ter enganado o povo e o submeteram a um

processo, o qual não pode se defender por ter sido ferido em um acidente e estar

prostrado em uma cama. Ele foi declarado culpado, sendo salvo da pena capital

comum nestes casos pelos serviços prestados anteriormente à pátria, mas foi

condenado a pagar a elevada soma de 50 talentos. Pouco depois morreu por causa

de suas feridas. Seria agora Temístocles quem tomaria o comando de Atenas.

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Em 481 a.C., os representantes de diferentes polis, liderados por Atenas e Esparta,

firmaram um pacto militar (simmaquia) para protegerem-se de um possível ataque

do Império Persa. Segundo este pacto, em caso de invasão, corresponderia a Esparta

a tarefa de comandar o exército helênico, em uma trégua geral, que inclusive

propiciou o retorno de alguns exilados.

"Terão toda a terra e a água que quiserem"

Após a morte de Dario I, seu filho Xerxes I subiu ao poder na Pérsia, ocupando-se

nos primeiros anos de seu reinado de reprimir revoltas no Egito e na Babilônia e

continuando a preparação para atacar os gregos. Antes, havia enviado à Grécia

embaixadores a todas as cidades para pedir-lhes terra e água, símbolos de

submissão. Muitas ilhas e cidades aceitaram, mas Atenas e Esparta não.[3] Conta-se

que os espartanos responderam aos embaixadores "Terão toda a terra e água que

quiserem" e os jogaram em um poço. Era uma declaração de intenções definitiva.

Em Esparta, começaram a ocorrer problemas nefastos, que seriam causados pela ira

dos deuses devido a este ato de insolência. Os cidadãos espartanos foram chamados

para solicitar se algum deles seria capaz de se sacrificar para satisfazer os deuses e

aplacar sua ira. Dois ricos espartanos ofereceram-se para se entregar ao rei persa, e

se dirigiram para Susa, onde Xerxes os recebeu. Os emissários espartanos lhe

disseram: "Rei dos Medos, fomos enviados para que possas vingar a morte dada a

vossos embaixadores em Esparta". Xerxes lhes respondeu que não ia cometer o

mesmo crime e que nem com sua morte os libertaria da desonra.

As Termópilas

O poderoso exército de Xerxes I, estimado em uns sessenta a setenta mil homens (a

tradição grega diz que marchavam com milhões de homens), e melhor equipados

que os anteriores, partiu em 480 a.C. "Levavam na cabeça uma espécie de sombreiro

chamado tiara, de feltro de lã; ao redor do corpo, túnica; cobriam suas pernas com

uma espécie de calças largas; em vez de escudos de metal levavam escudos de vime;

lanças curtas, arcos grandes, flechas e punhais na cintura" (Homero).

Cruzaram o Helesponto e seguindo a rota da costa entraram na península. As tropas

helênicas, que conheciam estes movimentos, decidiram detê-los ao máximo no

desfiladeiro das Termópilas (que significa Portas Quentes).

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Neste lugar, o rei espartano Leônidas colocou cerca de trezentos soldados

espartanos e mais mil de outras regiões. Xerxes enviou uma mensagem de aviso:

"Entregue-se, espartano, minhas flechas serão tão numerosas que cobrirão o sol."

Leônidas então respondeu: "Ótimo, então lutaremos na sombra". Após cinco dias de

espera e vendo que sua superioridade numérica não intimidava o inimigo, os persas

atacaram.

Naquele desfiladeiro tão estreito os persas não podiam usar sua famosa cavalaria, e

sua superioridade numérica estava bloqueada, visto que suas lanças eram mais

curtas que as gregas. O estreito fazia com que o combate fosse com similaridade

numérica de combatentes, e não lhes coube senão regressar depois de dois dias de

batalha.

Mas ocorreu que os gregos foram traídos por Efíaltes, que conduziu Xerxes através

dos bosques para chegar pela retaguarda à saída das Termópilas. A proteção do

caminho havia sido encomendada a mil foceus, que tinham excelentes posições

defensivas, mas se acovardaram ante o avanço persa e fugiram. Ao saber da notícia,

alguns gregos viram o inútil de sua situação e para evitar uma matança, Leônidas

decidiu então deixar partir quem quisesse, ficando ele e seus espartanos firmes em

seus postos.

Atacados, os espartanos sucumbiram depois de derramar muito sangue persa.

Posteriormente se levantaria nesse lugar a inscrição: "Viajante, vê e diz a Esparta

que morremos por cumprir com suas sagradas leis".

A Batalha de Salamina

Soldados gregos no tempo das Guerras Médicas. Um cavaleiro tessálio e soldado

com dardo e bolsa com pedras.

Com o passo das Termópilas liberado, toda a Grécia central estava aos pés do rei

persa. Após a derrota de Leônidas, a frota grega abandonou suas posições em Eubea

e evacuou Atenas, buscando refúgio para as mulheres e os filhos nos arredores da

ilha de Salamina. Desse lugar presenciaram o saque e incêndio da Acrópole pelas

tropas dirigidas por Mardônio. Apesar disto, Temístocles tinha um plano: atrair a

frota persa e forçar o combate (a batalha da Salamina), o que foi uma estratégia que

sairia vitoriosa. Conta a lenda que Temístocles se fez passar por traidor ante o rei da

Persa, incitando-o a uma vitória segura em Salamina, mas esta história é

provavelmente falsa.

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A batalha naval deu-se no estreito que separa Salamina da Ática, no mês de

setembro de 480 a.C. Após as vitórias na Tessália e em Termópilas, a devastação da

Beócia e da Ática, o rei persa Xerxes entrou em Atenas, destruindo inclusive os

monumentos da Acrópole, desenvolvendo aquela que ficou conhecida pela Segunda

Guerra Médica.

Enquanto os coríntios e os espartanos defendiam uma aglomeração militar no Istmo,

Temístocles concentrou a frota de 200 embarcações (trirremes) na baía de Salamina,

enfrentando a frota persa, que, apesar do seu maior número, tinha dificuldades

evidentes de maneabilidade no espaço exíguo do estreito, pelo que é completamente

derrotada pelos gregos. Xerxes foi obrigado a regressar à Ásia Menor, deixando o

comando das tropas restantes ao seu lugar-tenente Mardónio.

Temístocles

O certo é que Xerxes I decidiu entravar o combate naval, utilizando um grande

número de barcos, muitos deles de seus súditos fenícios. A frota persa não tinha

coordenação ao atacar, enquanto que os gregos tinham mostrado sua estratégia:

suas alas envolveriam os navios persas e os empurrariam uns contra os outros para

privá-los de movimento. Seu plano resultou em um caos entre a frota persa, com

terrível resultado: seus barcos se chocaram entre si, indo a pique muitos deles e

contando ainda que os persas não eram bons nadadores, enquanto os gregos ao cair

ao mar podiam nadar até a praia. A noite pôs fim ao combate, do qual se retirou

destruída a outrora poderosa armada persa. Xerxes presenciou impotente a batalha,

do alto de uma colina.

"Os helenos sabiam que quando chega a hora do combate, nem o número nem a

majestade dos barcos nem os gritos de guerra dos bárbaros podem atemorizar os

homens que sabem se defender corpo a corpo, e têm o valor de atacar o inimigo"

(Plutarco)

Fim das Guerras Médicas – as Batalhas de Platéias e Mícale

Temístocles quis levar a guerra à Ásia Menor, enviar ali a frota e sublevar as

colônias jônicas contra o rei da Pérsia, mas Esparta se opôs, por temor de deixar

desprotegido o Peloponeso.

Por estas razões, a guerra continuou na Europa, voltando o exército persa a invadir

a Ática em 479 a.C.. Mardônio ofereceu a liberdade aos gregos se firmassem a paz,

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mas Licidas, o único membro do conselho de Atenas que votou por essa causa, foi

apedrejado até a morte por seus companheiros.[4] Desta forma, os atenienses

souberam buscar refúgio novamente em Salamina, sendo incendiada sua cidade

pela segunda vez.

Ao saber que o exército espartano (ameaçado pelos atenienses para que lhes dessem

ajuda) se dirigia contra eles, os persas se retiraram até o Oeste, em Platéias.

Dirigidos por seu regente Pausânias, conhecido por seu sangue frio, os espartanos

conseguiram em 479 a.C. outra estrondosa vitória sobre os persas, capturando de

uma vez um grande barco que estava esperando no acampamento persa.

Provavelmente no mesmo dia da vitória em Plateia, ocorreu a vitória grega na

batalha naval de Mícale[5], que foi também um sinal para o levantamento dos jônios

contra seus opressores. Os persas se retiraram da Hélade, pondo assim fim aos

sonhos de Xerxes I de conquistar o mundo helênico. Desta forma as Guerras

Médicas, em que se enfrentaram pela primeira vez o Oriente e o Ocidente, chegaram

ao fim.

Após a vitória grega

Diante da necessidade de organizar a defesa e de equipar o exército, Atenas liderou

a formação da Confederação de Delos, uma aliança entre várias cidades-estados

gregas que deveriam contribuir com navios ou dinheiro nos gastos da guerra.

GUERRAS PERSAS CONTRA OS GREGOS

O CARNEIRO QUE DAVA MARRADAS PARA O OCIDENTE... DN 8:4.

Os exércitos gregos se uniram militarmente para conter a investida do temível

Império Persa.

Por volta dos séculos VI e V a.C., o Império Persa estabeleceu um processo de

expansão territorial que abrangeu um amplo número de regiões dos mundos

Oriental e Ocidental. Esta seqüência de conquistas militares atingiu o litoral da Ásia

Menor, lugar onde existiam algumas colônias de origem grega. Inicialmente, a

dominação dos persas sobre os povos daquela localidade aconteceu sem maiores

rumores. Contudo, essa coexistência harmoniosa logo ruiu.

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As revoltas das cidades gregas foram duramente reprimidas pelos opulentos

exércitos da Pérsia. Após conterem os levantes ocorridos em Mileto, o poderio

militar persa aproveitou do incidente para controlar as cidades da Trácia e da

Macedônia. Logo em seguida, o rei Dario exigiu a rendição das demais cidades-

Estado que se situavam na Península Balcânica. Muitas delas, sem condições de

defesa, se renderam imediatamente.

No ano de 490 a.C., navios persas aportaram na Planície de Maratona e rumaram

seus exércitos contra a cidade de Atenas, localizada a 40 quilômetros do litoral.

Apesar de menos numerosos, os exércitos atenienses comandados por Milcíades

conseguiram abater a investida persa e retardar a invasão à Grécia Continental.

Após a vitória, Atenas saiu militarmente prestigiada e passou a tomar ações que

pudessem reforçar seu aparato bélico disponível.

Os persas, inconsolados com a derrota, preparavam um novo plano militar que

garantir a dominação de seu império contra os gregos. Em 480 a.C., o Império Persa

colocou seu plano em ação promovendo a conquista de várias regiões gregas.

Contudo, vale destacar a resistência dos espartanos, que, com apenas 6 mil

soldados, conseguiu retardar a incursão persa na Batalha das Termópilas. Nesse

meio tempo, os atenienses se retiravam de sua polis com o uso de várias

embarcações.

A manobra utilizada pelos atenienses fez com que os persas fossem atraídos para as

imediações do Canal de Salamina. Nessa estreita região, os ágeis e pequenos barcos

gregos puderam subjugar eficazmente as grandes e pesadas embarcações que

formavam as esquadras de guerra da Pérsia. Dessa forma, o numeroso exército

persa que permaneceu na região da Tessália não conseguiu suportar a investida

grega sem o suporte bélico e alimentar de seus navios.

Após conseguir superar os persas na Península Balcânica, os gregos passaram a

travar novas batalhas na Ásia Menor. Nesse meio tempo, a cidade-Estado de Atenas

teve força política suficiente para liderar uma frente militar envolvendo várias

cidades-Estado. Com isso, dava-se origem à Liga de Delos, acordo em que várias

cidades gregas cediam armamentos e recursos financeiros para conter outras

possíveis ações militares dos exércitos persas.

Depois de amealhar tropas, armas e embarcações suficientes, a Liga de Delos passou

a empreender novas lutas com o objetivo de recuperar suas colônias na região da

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Ásia Menor. Comandados por Címon, os gregos conseguiram dar um fim à ação dos

persas na região do rio Eurimedonte, em 468 a.C.. No ano de 448 a.C., os persas

assinaram o Tratado de Susa, em que se comprometiam a não mais tentar invadir a

Grécia.

Após o estudo acima sobre as guerras dos persas contra os gregos continuemos com

o livro de Daniel.

Depois vem o bode com um chifre entre os olhos, uma espécie de unicórnio.

Simboliza o império Greco - macedônico, e o chifre é Alexandre o Grande Dn 8:5.

Rapidamente (sobrevoando) Alexandre espalhou as suas conquistas e atacou o

império medo-persa (carneiro), subjugando-o (quebrou os dois chifres do carneiro)

Dn 8:6-7. Alude-se aqui à conquista de Persépolis em 3331 a.C. e de Ecbátana em 330

a. C. Veja a descrição em 1 Macabeus 1:1-3.

Alexandre o Grande continuou suas conquistas (progrediu muito), mas morreu logo

(seu grande chifre quebrou). Seu grande império foi então dividido entre seus

quatro generais (quatro chifres): Cassandro ficou com a Grécia; Lisímaco com a

Trácia e a Ásia Menor; Seleuco ficou com a Síria, Babilônia e a Pérsia; Ptolomeu com

o Egito e a Palestina conforme Dn 8:8 e 1 Macabeus 1:4-9. Dividido, o império

perdeu a sua universalidade, e a unidade passou a ser garantida apenas pela cultura

grega, comum aos quatro impérios. Por outro lado, para a Bíblia interessou

principalmente a polarização Lágida do Egito e selêucida da Síria, pois a Palestina

ficava no meio, Espremida e disputada entre as duas partes, ou seja, o império

Lagida do Egito e selêucida da Síria.

Através de Dn 7:8, já sabemos que o chifre pequeno é Antíoco IV Epífanes, que

lutou contra o Egito (sul), a Pérsia (nascer do sol) e a Judéia 9terradeliciosa ou,

literalmente, a pérola, veja Jeremias 3:19. Antíoco é descrito em toda a sua

arrogância. Crescer até o céu e derrubar algumas estrelas é o auge da sua pretensão,

pois na Bíblia as estrelas são o exército de Deus, seu Comandante. II Macabeus 9:10

diz, referindo-se a Antíoco: “aquele que pouco antes parecia capaz de tocar as estrelas do

céu.” Podemos historicizar a passagem pois, segundo o livro de Números 3-4 e 26, o

sacerdócio levítico é visto como um exército a serviço de YHWH. Com efeito,

Antíoco demitiu todos os que serviam no culto e que a ele se opuseram ver II

Macabeus 4.

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De que modo Antíoco enfrentou o Comandante do exército, isto é, o próprio Deus?

Interferindo diretamente na religião judaica da época: aboliu o sacrifício perpétuo,

que era oferecido pela manhã e pela tarde conf. Êxodo 29:38-42. Também abalou as

bases do Santuário, entronizando no Templo uma estátua de Zeus-Jupiter, o que

significava destronizar YHWH para entronizar uma divindade estrangeira:

I Macabeus 1: 37. Derramaram sangue inocente ao redor do Templo e profanaram o lugar

santo. 38. Por causa deles, os moradores de Jerusalém fugiram, e Jerusalém se transformou

em morada de estrangeiros. A cidade tornou-se estranha à sua própria gente, e seus filhos a

abandonaram. 39. Seu santuário se tornou como deserto, suas festas se transformaram em

luto, seus sábados em vergonha e sua honra em humilhação. 40. Foi tão grande a sua

humilhação quanto o seu antigo prestígio, e seu esplendor se transformou em luto. 41. O rei

baixou um decreto, determinando que o reino inteiro formasse um povo só, 42. e cada qual

deixasse de lado seus costumes particulares. Todas as nações obedeceram ao decreto do rei.

43. Entre os israelitas, muitos gostaram da religião do rei e passaram a oferecer sacrifícios aos

ídolos e a profanar o sábado. 44. Além disso, através de mensageiros, o rei mandou a

Jerusalém e às cidades de Judá um documento com várias ordens: Tinham que adotar a

legislação estrangeira; 45. proibia oferecer holocaustos, sacrifícios e libações no Templo e

também guardar os sábados e festas; 46. mandava contaminar o santuário e objetos sagrados,

47. construindo altares, templos e oratórios para os ídolos, e imolar porcos e outros animais

impuros; 48. ordenava que não circuncidassem os filhos e que profanassem a si próprios com

todo o tipo de impurezas e abominações, 49. esquecendo a Lei e mudando todos os costumes.

50. Quem não obedecia à ordem do rei, incorria em pena de morte. 51. O rei mandou

documentos escritos que continham as ordens para todo o seu reino. Nomeou fiscais sobre

todo o povo e determinou que as cidades de Judá, uma após outra, deveriam oferecer

sacrifícios. 52. Muita gente do povo passou para o lado deles, todos traidores da Lei.

Começaram a praticar o mal no país, 53. e os israelitas tiveram que se esconder em qualquer

refúgio disponível. 54. No dia quinze do mês de Casleu do ano cento e quarenta e cinco,

Antíoco colocou sobre o altar dos holocaustos a Abominação da Desolação. Pelas

cidades de Judá em derredor, construíram-se também outros altares. 55. Passaram a queimar

incenso até nas portas das casas e pelas praças. 56. Rasgavam e queimavam os livros da Lei

que encontravam. 57. Quando encontravam um livro da Aliança em poder de alguém, ou se

alguém concordasse em seguir a Lei, o decreto do rei condenava essa pessoa à morte. 58.

Como tivessem o poder, cada mês, faziam isso com todos os israelitas que encontravam pelas

cidades. 59. No dia vinte e cinco de cada mês, ofereciam-se sacrifícios no altar colocado sobre

o altar dos holocaustos. 60. De acordo com o decreto, matavam as mulheres que tinham

circuncidado seus filhos, 61. juntamente com os filhos que elas carregavam no colo, com os

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familiares e com as pessoas que tinham feito a circuncisão nas crianças. 62. Muitos israelitas,

porém, permaneceram firmes, e não havia quem os fizesse comer coisa nenhuma que fosse

impura. 63. Preferiam morrer a se contaminar com esses alimentos e profanar a santa

Aliança. E muitos morreram. 64. Assim, desencadeou-se uma grande ira sobre Israel.

No verso 54 acima a abominação desoladora se refere a estátua de Zeus-Jupiter.

Jogar por terra a verdade significa desprezar a religião verdadeira, consignada nos

livros sagrados. E Antíoco prosperou, ou seja, conseguiu tudo o que quis. O inicio

do versículo 12 também poderia ser traduzido por: “um exército foi encarregado do

sacrifício perpétuo sacrílego...” . Dando maior sentido no contexto: com o Templo

dedicado a Zeus, os sacrifícios se tornaram sacrílegos.

O episódio dos dois santos Dn 8:13-14 deve ser corretamente entendido. Os judeus

fiéis eram chamados de “Santos do Altíssimo” conforme Dn 7:18,22,27. A conversa

exprime a perplexidade dos judeus fiéis: Até quando vai durar a perseguição

desencadeada por Antíoco? Até quando o Templo permanecerá profanado? A

resposta é enigmática: 2300 tardes e manhãs, certamente uma alusão ao sacrifício

permanente ou perpétuo. Mas como entender a cifra? Significa 1150 dias, mais ou

menos os três anos e meio Dn 7:25, tempo que duraram a perseguição e a resistência

judaica na época de Antíoco. A justiça ao santuário se refere à nova consagração,

descrita em I Macabeus 4:43-59.

A DERROTA DO OPRESSOR DN 8:15-27

A interpretação da visão é obrigatória num apocalipse. Com efeito, Daniel,

literariamente vivendo na Babilônia, não pode entender a visão porque ela se refere

ao futuro. Ficção do autor, como sabemos. Aparece então a figura de um homem,

retomando o contraste feras / filho do homem do capitulo anterior. Trata-se, na

verdade, de um anjo intérprete, clichê típico do gênero. Gabriel significa “Deus é

forte”. A reação diante da personagem transcendente é outro clichê obrigatório, e

lembra a reação de Ezequiel 1:28-2:2.

O anjo esclarece que se trata de uma visão sobre o tempo final, mais precisamente o

tempo final da ira conf. Dn 8:17-19. Não se trata do fim do mundo, como muitos

interpretam, mas sim do fim da história dos impérios, da fase imperialista da

história veja Isaias 26.

Isaias 26: 20 Vai, pois, povo meu, entra nos teus quartos e fecha as tuas portas sobre ti;

esconde-te só por um momento, até que passe a ira. 21 Pois eis que o SENHOR sai do seu

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lugar, para castigar a iniqüidade dos moradores da terra; a terra descobrirá o sangue que

embebeu e já não encobrirá aqueles que foram mortos.

Depois virá o Reino de Deus. Esse tempo da ira havia começado com a queda de

Jerusalém nas mãos da Babilônia, prolongou-se com os impérios sucessivos e o

tempo final é o imperialismo de Antíoco IV Epífanes. A expressão ocorre muitas

vezes nos livros dos Macabeus veja:

I Macabeus 1: 64. Assim, desencadeou-se uma grande ira sobre Israel.

I Macabeus 2: 49. Quando foi chegando perto da morte, Matatias disse aos seus filhos:

"Agora a insolência e o ultraje estão tendo muita força; é um tempo de destruição e ira

violenta.

I Macabeus 3: 8. Percorreu as cidades de Judá, exterminando os injustos, e afastou de Israel

a ira divina.

II Macabeus 5: 20. Por isso, é que o lugar santo, havendo participado das desgraças que

ocorreram ao povo, depois participou também da felicidade dele. Ficou abandonado no

momento de ira do Todo-poderoso, mas foi restaurado em toda a sua glória, quando o

Senhor novamente se reconciliou:

II Macabeus 7: 33. Por um pouco de tempo, o Senhor vivo está irado conosco e nos castiga e

nos corrige, mas ele voltará a se reconciliar com os seus servos.

II Macabeus 8: 5. Quando conseguiu organizar o pessoal, o Macabeu tornou-se invencível

para os pagãos. Dessa forma, a ira do Senhor transformou-se em misericórdia.

Mas a fase imperialista tem seus dias contados, e isso traz esperança para o povo.

Algo novo vai acontecer no mundo: virá o Reino de Deus, que derrotará

completamente o imperialismo.

Dn 8:20-22 explica o que já antecipamos. A interpretação se detém no chifre

pequeno, aqui chamado de rei ousado, claramente Antíoco IV Epífanes de Dn 8:23-

25. Ele é caracterizado como esperto, forte, destruidor e bem sucedido em I

Macabeus 1:16-19:

I Macabeus 1:16. Tendo consolidado seu reino, Antíoco projetou também tornar-se rei do

Egito, para dominar os dois reinos. 17. Entrou no Egito com um exército imponente, carros

de guerra e elefantes, cavalaria e muitos navios. 18. Entrou em combate contra Ptolomeu, rei

do Egito, que recuou e fugiu, ficando pelo chão muitos feridos. 19. As cidades fortificadas do

Egito

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O povo dos santos e o povo judeu fiel conforme abaixo Dt.

Deuterônomio 26: 19 Para, assim, te exaltar em louvor, renome e glória sobre todas as

nações que fez e para que sejas povo santo ao SENHOR, teu Deus, como tem dito.

A fraude alude à “falsa proposta de paz” de I Macabeus 1:30. Mas o maior crime de

Antíoco foi contra YHWH, na linha do Salmo 2: “Os reis da terra se revoltam e, unidos,

os príncipes conspiram contra YHWH”. Tal crime foi sem dúvida o de destronizar

YHWH do Templo de Jerusalém, dedicando o santuário a Zeus-Jupiter.

Mas Antíoco tem os dias contados: “sem ninguém fazer nada, ele será destruído”.

Exatamente o que se dizia sobre a pedra em Dn 2:34-45. Isso quer dizer que Antíoco

será destruído pelo próprio Deus. De que modo? Há duas versões sobre a sua

morte. Conforme I Macabeus 6 Antíoco teria morrido de depressão, que o

consumiu. Já de acordo com II Macabeus 9 ele teria tido uma infecção interna fatal,

talvez apendicite supurada. Os judeus viram nisso a mão de Deus derrotando o

pretensioso rei e, dessa forma, acabando com o imperialismo.

O episódio se encerra com a ordem de guardar em segredo a visão Dn 8:26. Por que?

Por causa do expediente da antedatação: Daniel está literariamente vivendo séculos

antes dos acontecimentos. Só os contemporâneos do autor poderão entender a visão.

A doença é decorrência da visão: os acontecimentos são tão graves que a pessoa fica

prostrada. É um recurso dos apocalípticos para sublinhar a importância do que

escrevem.

Pouco a pouco vamos percebendo que os apocalipses são livros de intensa crítica

política. Visam promover a resistência e a luta contra o imperialismo, com sua

dominação política e exploração econômica. É nesses livros que fica bem clara a

alternativa que a Bíblia opõe ao imperialismo, ou seja, o Reino de Deus, cujo projeto

é para ser concretizado neste mundo concreto, através de uma formulação política e

econômica que dê a todos chance de vida digna. Fazer uma leitura espiritualizante

desses livros é rejeitar pela base a sua força de transformação, traindo o seu

verdadeiro propósito.

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DANIEL 9: 19 Ó Senhor, ouve; ó Senhor, perdoa; ó Senhor, atende-nos e age; não te

retardes, por amor de ti mesmo, ó Deus meu; porque a tua cidade e o teu povo são chamados

pelo teu nome. 20 Falava eu ainda, e orava, e confessava o meu pecado e o pecado do meu

povo de Israel, e lançava a minha súplica perante a face do SENHOR, meu Deus, pelo monte

santo do meu Deus. 21 Falava eu, digo, falava ainda na oração, quando o homem Gabriel,

que eu tinha observado na minha visão ao princípio, veio rapidamente, voando, e me tocou à

hora do sacrifício da tarde. 22 Ele queria instruir-me, falou comigo e disse: Daniel, agora, saí

para fazer-te entender o sentido. 23 No princípio das tuas súplicas, saiu a ordem, e eu vim,

para to declarar, porque és mui amado; considera, pois, a coisa e entende a visão. 24 Setenta

semanas estão determinadas sobre o teu povo e sobre a tua santa cidade, para fazer cessar a

transgressão, para dar fim aos pecados, para expiar a iniqüidade, para trazer a justiça eterna,

para selar a visão e a profecia e para ungir o Santo dos Santos. 25 Sabe e entende: desde a

saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém, até ao Ungido, ao Príncipe, sete

semanas e sessenta e duas semanas; as praças e as circunvalações se reedificarão, mas em

tempos angustiosos. 26 Depois das sessenta e duas semanas, será morto o Ungido e já não

estará; e o povo de um príncipe que há de vir destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será

num dilúvio, e até ao fim haverá guerra; desolações são determinadas 27 Ele fará firme

aliança com muitos, por uma semana; na metade da semana, fará cessar o sacrifício e a oferta

de manjares; sobre a asa das abominações virá o assolador, até que a destruição, que está

determinada, se derrame sobre ele.

BÍBLIA ALMEIDA DE ESTUDO – DANIEL 9:1-27

A PRÓXIMA REVELAÇÃO TOMA COMO BASE E PONTO DE PARTIDA UM

CÉLEBRE ANÚNCIO DE JEREMIAS, QUE SITUAVA A QUEDA DA BABILÔNIA

(JR.25:12) E A LIBERTAÇÃO DE ISRAEL ( JR. 29:10) AO FINAL DE UM TEMPO DE

70 ANOS. VER JR. 25:11.

9:2 – ... “ AS ASSOLAÇÕES DE JERUSALÉM”... A PERSEGUIÇÃO INICIADA

CONTRA O POVO DE DEUS POR ANTIOCO IV EPÍFANES CONVIDAVA A

RELER ESTA PROFECIA, COM A FINALIDADE DE REINTERPRETA-LA À LUZ

DOS ACONTECIMENTOS PRESENTE.

9:24 – “ E PARA UNGIR O SANTO DOS SANTOS” : ALGUNS ENTENDEM QUE

AQUI TEMOS UMA ALUSÃO A UM ACONTECIMENTO QUE SUCEDERÁ NO

FINAL DOS TEMPOS, MAS À LUZ DO VERSÍCULO 27 É MUITO PROVÁVEL

QUE SE REFIRA À PURIFICAÇÃO E NOVA DEDICAÇÃO DO TEMPLO DE

JERUSALÉM NOS TEMPOS DOS MACABEUS EM 165 A . C . PARA

COMEMORAR ESSE GRANDE ACONTECIMENTO, JUDAS MACABEU

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INSTITUIU A FESTA DA DEDICAÇÃO OU HANUKÁ A FESTA DAS LUZES,

QUE OS JUDEUS COMEMORAM A CADA ANO, DURANTE UMA SEMANA.

9:26 – ESTE UNGIDO PODERIA SER O SUMO SACERDOTE JUDEU ONIAS III,

ASSASSINADO NO ANO 170 A . C.

9:26 – UM PRINCIPE QUE HÁ DE VIR : O MONARCA HELENICO ANTIOCO IV

EPÍFANES, QUE REINOU ENTRE OS ANOS DE 175 E 163 A . C. E PERSEGUIU O

POVO E A RELIGIÃO JUDAICA.

9:27 – SOBRE AS ASAS DAS ABOMINAÇÕES OU ABOMINAÇÃO

DESOLADORA : SERIA ESTA ABOMINAÇÃO UM TERRÍVEL SACRILÉGIO. EM

PRIMEIRO LUGAR PODE SE REFERIR À PROFANAÇÃO DO SANTUÁRIO PELO

REI ANTIOCO IV EPÍFANES NO ANO 168 A . C. .

BÍBLIA DE JERUSALÉM - DANIEL 9:1-27

9:26 – PODEMOS IDENTIFICAR ESTE UNGIDO COMO O SUMO SACERDOTE

ONIAS III , DEPOSTO E ASSASSINADO POR VOLTA DO ANO DE 175 A. C. POR

HOMENS DE ANTIOCO IV EPÍFANES, ESTE UNGIDO SERIA O “PRINCIPE DA

ALIANÇA DO CAPITULO 11:22.

9:27 – ESTA PASSAGEM SE ESCLARECE À LUZ DO CAPITULO 11:30-32: A

“ALIANÇA” DESIGNARIA AQUI A REUNIÃO DOS IMPIOS EM TORNO DO

TIRANO ANTIOCO IV EPIFANES, QUE OS ATRAIU PARA VIOLARAM A

ALIANÇA SAGRADA CONFORME 1 MACABEUS 1:21,43,52 E 2 MACABEUS 4:10

SS.

9:27 – A ALIANÇA AQUI NÃO SE REFERE À NOVA ALIANÇA PELO

SACRIFICIO DE JESUS, AS PASSAGENS PARALELAS E O CONTEXTO

MOSTRAM QUE SE TRATA DE OBRAS DE IMPIOS E NÃO DE YESHUA.

9:27 – A ABOMINAÇÃO DESOLADORA OU HORRIPILANTE = SHIQQUÇIM

MESHOMEM: ESTA EXPRESSÃO DA QUAL CONSERVAMOS A TRADUÇÃO

CONSAGRADA PELO USO, DEVE EVOCAR, DE UMLADO, OS ANTIGOS BAAIS,

OBJETOS DA IDOLATRIA OUTRORA REPROVADA A ISRAEL POR SEUS

PROFETAS. DE FATO SHIQQUÇ, A EXPRESSÃO ERA UM EQUIVALENTE

DESDENHOSO DE BAAL; E SHOMEM FAZIA TROCADILHO COM O TITULO

DESSES BAAIS FENICIOS “REIS DOS CÉUS”, BAAL SHAMEM. DE OUTRO

LADO, A EXPRESSÃO EVOCAVA O ZEUS OLIMPICO, AO QUAL ANTIOCO IV

EPIFANES DEDICOU O TEMPLO DE JERUSALÉM CONFORME 2 MACABEUS

6:2.

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DETALHES:

O PRINCIPE DE UM POVO = ANTIOCO EPIFANES DOS SELEUCIDAS-

GREGOS

O UNGIDO = O SUMO SACERDOTE ONIAS III ASSASSINADO POR ANTIOCO

EPIFANES

A ALIANÇA = SE TRATA DE UMA ALIANÇA COM JUDEUS DO PARTIDO DOS

HELENIZANTES

UMA SEMANA = SETE ANOS QUE DUROU AS DESOLAÇÕES

METADE DA SEMANA = 3 ANOS E MEIO = DUROU 3 ANOS E MEIO A

PROFANAÇÃO DO TEMPLO E O FIM DO SACRIFICIO DIARIO.

ABOMINAÇÃO DESOLADORA = PROFANAÇÃO DO TEMPLO DE SALOMÃO

COLOCANDO UMA ESTÁTUA DO DEUS ZEUS OLIMPICO ONDE FOI

OFERECIDO SACRIFICIO DE CARNE PORCOS E REALIZADA UMA SURRUBA

NO SANTUÁRIO CHAMADO SANTO DOS SANTOS...

DANIEL 11: 1 Mas eu, no primeiro ano de Dario, o medo, me levantei para o fortalecer e

animar. 2 Agora, eu te declararei a verdade: eis que ainda três reis se levantarão na Pérsia, e

o quarto será cumulado de grandes riquezas mais do que todos; e, tornado forte por suas

riquezas, empregará tudo contra o reino da Grécia. 3 Depois, se levantará um rei poderoso,

que reinará com grande domínio e fará o que lhe aprouver. 4 Mas, no auge, o seu reino será

quebrado e repartido para os quatro ventos do céu; mas não para a sua posteridade, nem

tampouco segundo o poder com que reinou, porque o seu reino será arrancado e passará a

outros fora de seus descendentes. 5 O rei do Sul será forte, como também um de seus

príncipes; este será mais forte do que ele, e reinará, e será grande o seu domínio. 6 Mas, ao

cabo de anos, eles se aliarão um com o outro; a filha do rei do Sul casará com o rei do Norte,

para estabelecer a concórdia; ela, porém, não conservará a força do seu braço, e ele não

permanecerá, nem o seu braço, porque ela será entregue, e bem assim os que a trouxeram, e

seu pai, e o que a tomou por sua naqueles tempos. 7 Mas, de um renovo da linhagem dela,

um se levantará em seu lugar, e avançará contra o exército do rei do Norte, e entrará na sua

fortaleza, e agirá contra eles, e prevalecerá. 8 Também aos seus deuses com a multidão das

suas imagens fundidas, com os seus objetos preciosos de prata e ouro levará como despojo

para o Egito; por alguns anos, ele deixará em paz o rei do Norte. 9 Mas, depois, este

avançará contra o reino do rei do Sul e tornará para a sua terra. 10 Os seus filhos farão

guerra e reunirão numerosas forças; um deles virá apressadamente, arrasará tudo e passará

adiante; e, voltando à guerra, a levará até à fortaleza do rei do Sul. 11 Então, este se

exasperará, sairá e pelejará contra ele, contra o rei do Norte; este porá em campo grande

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multidão, mas a sua multidão será entregue nas mãos daquele. 12 A multidão será levada, e

o coração dele se exaltará; ele derribará miríades, porém não prevalecerá. 13 Porque o rei do

Norte tornará, e porá em campo multidão maior do que a primeira, e, ao cabo de tempos, isto

é, de anos, virá à pressa com grande exército e abundantes provisões. 14 Naqueles tempos, se

levantarão muitos contra o rei do Sul; também os dados à violência dentre o teu povo se

levantarão para cumprirem a profecia, mas cairão. 15 O rei do Norte virá, levantará

baluartes e tomará cidades fortificadas; os braços do Sul não poderão resistir, nem o seu povo

escolhido, pois não haverá força para resistir. 16 O que, pois, vier contra ele fará o que bem

quiser, e ninguém poderá resistir a ele; estará na terra gloriosa, e tudo estará em suas mãos.

17 Resolverá vir com a força de todo o seu reino, e entrará em acordo com ele, e lhe dará uma

jovem em casamento, para destruir o seu reino; isto, porém, não vingará, nem será para a sua

vantagem. 18 Depois, se voltará para as terras do mar e tomará muitas; mas um príncipe

fará cessar-lhe o opróbrio e ainda fará recair este opróbrio sobre aquele. 19 Então, voltará

para as fortalezas da sua própria terra; mas tropeçará, e cairá, e não será achado. 20

Levantar-se-á, depois, em lugar dele, um que fará passar um exator pela terra mais gloriosa

do seu reino; mas, em poucos dias, será destruído, e isto sem ira nem batalha. 21 Depois, se

levantará em seu lugar um homem vil, ao qual não tinham dado a dignidade real; mas ele

virá caladamente e tomará o reino, com intrigas. 22 As forças inundantes serão arrasadas de

diante dele; serão quebrantadas, como também o príncipe da aliança. 23 Apesar da aliança

com ele, usará de engano; subirá e se tornará forte com pouca gente. 24 Virá também

caladamente aos lugares mais férteis da província e fará o que nunca fizeram seus pais, nem

os pais de seus pais: repartirá entre eles a presa, os despojos e os bens; e maquinará os seus

projetos contra as fortalezas, mas por certo tempo. 25 Suscitará a sua força e o seu ânimo

contra o rei do Sul, à frente de grande exército; o rei do Sul sairá à batalha com grande e mui

poderoso exército, mas não prevalecerá, porque maquinarão projetos contra ele. 26 Os que

comerem os seus manjares o destruirão, e o exército dele será arrasado, e muitos cairão

traspassados. 27 Também estes dois reis se empenharão em fazer o mal e a uma só mesa

falarão mentiras; porém isso não prosperará, porque o fim virá no tempo determinado. 28

Então, o homem vil tornará para a sua terra com grande riqueza, e o seu coração será contra

a santa aliança; ele fará o que lhe aprouver e tornará para a sua terra. 29 No tempo

determinado, tornará a avançar contra o Sul; mas não será nesta última vez como foi na

primeira, 30 porque virão contra ele navios de Quitim, que lhe causarão tristeza; voltará, e

se indignará contra a santa aliança, e fará o que lhe aprouver; e, tendo voltado, atenderá aos

que tiverem desamparado a santa aliança. 31 Dele sairão forças que profanarão o santuário,

a fortaleza nossa, e tirarão o sacrifício diário, estabelecendo a abominação desoladora. 32 Aos

violadores da aliança, ele, com lisonjas, perverterá, mas o povo que conhece ao seu Deus se

tornará forte e ativo. 33 Os sábios entre o povo ensinarão a muitos; todavia, cairão pela

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Daniel e a Apocalíptica Elaborado e organizado por Eliezer Lucena

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espada e pelo fogo, pelo cativeiro e pelo roubo, por algum tempo. 34 Ao caírem eles, serão

ajudados com pequeno socorro; mas muitos se ajuntarão a eles com lisonjas. 35 Alguns dos

sábios cairão para serem provados, purificados e embranquecidos, até ao tempo do fim, porque

se dará ainda no tempo determinado. 36 Este rei fará segundo a sua vontade, e se levantará,

e se engrandecerá sobre todo deus; contra o Deus dos deuses falará coisas incríveis e será

próspero, até que se cumpra a indignação; porque aquilo que está determinado será feito. 37

Não terá respeito aos deuses de seus pais, nem ao desejo de mulheres, nem a qualquer deus,

porque sobre tudo se engrandecerá. 38 Mas, em lugar dos deuses, honrará o deus das

fortalezas; a um deus que seus pais não conheceram, honrará com ouro, com prata, com

pedras preciosas e coisas agradáveis. 39 Com o auxílio de um deus estranho, agirá contra as

poderosas fortalezas, e aos que o reconhecerem, multiplicar-lhes-á a honra, e fá-los-á reinar

sobre muitos, e lhes repartirá a terra por prêmio. 40 No tempo do fim, o rei do Sul lutará

com ele, e o rei do Norte arremeterá contra ele com carros, cavaleiros e com muitos navios, e

entrará nas suas terras, e as inundará, e passará. 41 Entrará também na terra gloriosa, e

muitos sucumbirão, mas do seu poder escaparão estes: Edom, e Moabe, e as primícias dos

filhos de Amom. 42 Estenderá a mão também contra as terras, e a terra do Egito não

escapará. 43 Apoderar-se-á dos tesouros de ouro e de prata e de todas as coisas preciosas do

Egito; os líbios e os etíopes o seguirão. 44 Mas, pelos rumores do Oriente e do Norte, será

perturbado e sairá com grande furor, para destruir e exterminar a muitos.

DANIEL 11 – COMENTÁRIO E ESTUDO

A evidência mais convincente de que Daniel 8 está falando de Antíoco Epífanes é o

fato de que Daniel 11 explica Daniel 8 com grandes detalhes, e que o chifre pequeno

é interpretado desde o versículo 21 em diante. Somente Antíoco se ajusta a suas

especificações.

Durante uma Conferência Bíblica de 1919 dos dirigentes adventistas, houve uma

prolongada discussão sobre Daniel 11:

WIRTH: Parece-me que Antíoco Epífanes era realmente a grande figura neste

capítulo.

W. C. LACEY: Paráfrases de Daniel 11 vrs. 21.

“E em seu tempo (o de Seleuco Filopáter) se levantará (reinará) uma pessoa

desprezível (Antíoco Epífanes 176-164) ao qual não darão (não oferecerão) a honra

do reino (a soberania, porque Teliostarnes fazia um complô para obtê-lo; também

Demétrio; outro partido favorecia a Ptolomeu Filométor) mas tomou o reino

(acendeu ao trono da Síria por cima dos outros) com adulações (Euménides, rei de

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Pérgamo, e Átalo, os sírios, os romanos): assim, ele (Antíoco Epífanes) chegou sem

aviso, e se apoderou do reino mediante adulações. Versículos 22, 23. E como uma

inundação, as forças inimigas (Hiliodoro, Ptolomeu, Filométor) serão varridas

diante dele (Antíoco Epífanes) e serão destruídos (derrotados) junto com o príncipe

do pacto (Onías III, deposto do sumo sacerdócio no ano 176 AC, e mais tarde

assassinado). E depois do pacto com ele (entre Antíoco Epífanes e Jasón, o novo

sumo sacerdote) (Jasón) ele (Antíoco) enganará (depondo a Jasón e elevando a seu

irmão Menelau a posição de sumo sacerdote), e ele (Antíoco) subirá (acenderá a

soberania) e sairá vencedor com pouca gente (seus poucos colaboradores) versículo

24. Estando a província (as regiões altas, também Sele-Síria e Palestina) em paz e

abundância, ele (Antíoco Epífanes) entrará e fará o que não fizeram seus pais, nem

os pais de seus pais (despojar altares e templos); despojos e riquezas (dos altares,

templos, amigos e inimigos etc.) repartirá a seus soldados. Versículo 25. E ele

(Antíoco Epífanes) despertará suas forças (171 AC) e seu ardor contra o rei do sul

(Ptolomeu Filométor) com grande exército (“uma grande multidão”); e o rei do sul

(Ptolomeu Filométor) se empenhará na guerra com exército grande e muito forte

(“muitos, e extremamente fortes” Newton) mas ele (Ptolomeu Filométor) não

prevalecerá (“teve medo e fugiu”): porque lhe trairão (Eulaco, seu ministro, Macrón,

um premier). Versículo 26. Ainda os que comam de seus manjares (os de Ptolomeu)

(seus ministros, Eulaco, Macrón) lhe quebrantariam (por meio da traição), e seu

exército (o de Ptolomeu) será destruído, e cairão muitos mortos.

H. C. LACEY: Dispersaram-se e foram derrotados. Esta é a linguagem em I

Macabeus 1:16-19. (Lê). A linguagem em Daniel e em Macabeus se parecem muito.

(Continua lendo em Daniel): Versículo 27: O coração destes dois reis será para fazer

mal, e em uma mesma mesa falarão mentira; mas não servirá de nada, porque o

prazo ainda não haverá chegado.

Chegando a Memphis, Antíoco Epífanes e Ptolomeu Filopátor comeram e

conversaram juntos “em uma mesma mesa”, fazendo ver Antíoco que favoreceria a

causa de Ptolomeu contra a usurpação de seu irmão Fisón. Assim, Antíoco simula

aderir à causa de seu sobrinho mais velho contra seu irmão, Ptolomeu culpa pela

campanha inteira a Eulaso – que lhe havia traído – e professa uma grande obrigação

a seu tio Antíoco. Mas estas demonstrações de amizade eram “mentiras”. Tão logo

Antíoco se retirou, os dois irmãos, Ptolomeu e Fisón, fizeram as pazes e se puseram

de acordo para reinar conjuntamente.

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Daniel e a Apocalíptica Elaborado e organizado por Eliezer Lucena

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Agora leiamos nas Escrituras os nomes destes reis: O coração destes dois reis

(Antíoco Epífanes e Ptolomeu Filopátor) será para fazer mal (cada um deles

esperando enganar um ao outro), e em uma mesma mesa falaram mentira (em

aparente amizade), mas (essa paz sobrecarregada entre eles) não servirá de nada .

Versículo 28: E voltará a sua terra com grande riqueza, e seu coração será contra o

pacto santo; fará sua vontade, e voltará a sua terra. Essa é a profecia.

Antíoco, esperando que os irmãos egípcios se destruíssem mutuamente em uma

guerra civil, regressou para a Síria. Levou com ele imensos tesouros dos povos

egípcios capturados. Daniel diz: “voltará . . . com grande riqueza”. A história diz

que se apoderou de todos os despojos dos povos egípcios capturados. Em I

Macabeus 1:19, 20 é dito: “Capturaram as cidades fortes na terra do Egito, e tomou

os despojos deles”. Isso é história.

Note-se que Daniel diz que “seu coração será contra o pacto santo”. O versículo

seguinte em Macabeus diz: “E depois de que Antíoco havia esmagado o Egito,

voltou no ano 143 (que é o ano 169 AC) e subiu contra Israel e Jerusalém com grande

multidão, e se apoderou do altar de ouro, e do candelabro, e de todos os copos, e da

mesa dos pães da proposição, e das taças das libações, e dos utensílios, e dos

incensários de ouro, e o véu, e as coroas, e os ornamentos de ouro que estavam

diante do templo, todos os quais arrancou. Tomou também a prata e o ouro e as

taças preciosas; também tomou os tesouros escondidos que encontrou. E quando os

levou, entrou em sua própria terra, havendo feito um grande massacre e falou com

muito orgulho”.

Esta é a história. A profecia diz: “E seu coração será contra o pacto santo”. Enquanto

estava no Egito, circulou um falso rumor sobre sua morte. Imediatamente depois,

Jasón, o ex-sumo sacerdote - ao qual Antíoco havia deposto - regressou a Jerusalém

e expulsou seu irmão Menelau do posto.

Antíoco, crendo que a nação se havia rebelado, e ouvindo que se regozijavam pela

notícia de sua morte, tomou Jerusalém com um grande exército, tomou por assalto a

cidade e descarregou sua ira contra os judeus. Matou 40.000 deles, e vendeu 40.000

mais, profanou o templo, ofereceu carne de porco sobre o altar de Deus, restaurou

Menelau ao sacerdócio e nomeou governador a Felipe, um bárbaro. “Fará sua

vontade, e voltará a sua terra”, tal como se havia predito.

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Daniel e a Apocalíptica Elaborado e organizado por Eliezer Lucena

63

Que versículo é citado quando fala da profanação do templo, como diz a história?

No capítulo 11. O versículo 30 fala da profanação do templo. Mas chegaremos a isso

um pouco mais adiante. A carreira de Antíoco Epífanes é muito semelhante ao que

se predisse do chifre pequeno. Somente para ilustrar: As coisas ditas do chifre

pequeno podem aplicar-se a Antíoco Epífanes. Ele é o undécimo da linhagem, três

foram arrancados (Hiliodoro, Ptolomeu, Filométor), matou os santos do Santíssimo,

mudou a lei do Altíssimo; lhe foram entregues coisas em sua mão por um tempo, e

tempos, e metade de um tempo, que são três anos e meio. Assim que, suponhamos

que o senhor e eu houvéssemos vivido nesse tempo, haveríamos pensado que a

profecia se estava cumprindo. . . . Mais tarde, Antíoco descarregou seu desprezo

sobre os desafortunados judeus, despachando a Apolônio com 20.000 homens a

Jerusalém, os quais mataram grandes multidões, saquearam a cidade, derrubaram

casas e muros, assassinaram aos que atendiam aos serviços no templo, e profanaram

o Lugar Santo, de maneira que o serviço inteiro se interrompeu, a cidade ficou vazia

de judeus, e somente ficaram estrangeiros. À sua chegada em Antióquia, publicou

um decreto obrigando todos a conformar-se com a religião grega, sob pena de

morte. Assim foi abolida a lei judaica, e no templo mesmo se estabeleceu o culto

pagão.

Em que data foi isso?

No ano 168 AC.

Puseram sobre o altar a abominação desoladora. Ofereceram sacrifícios sobre o altar

dos ídolos, que estava sobre o altar de Deus”. I Macabeus 1:54, 59. Os senhores

notem que eles puseram a abominação desoladora no Lugar Santo. A mesma

linguagem da Bíblia diz: “A abominação desoladora” é posta no templo; e isto é

história.

DANIEL 8 E DANIEL 11

Algumas vezes esquecemos que Daniel escreveu para o povo judeu. Daniel

escreveu para advertir os judeus da maior crise que haveria de sobrevir ao povo de

Daniel entre o tempo do cativeiro na Babilônia e a destruição de Jerusalém no ano

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70 DC: o ataque homicida de Antíoco Epífanes contra os judeus. Deus nunca deixou

Seu povo sem aviso quanto a futuras situações de urgência. O livro de Daniel,

prediz que as calamidades teriam lugar sob o tirano sírio.

Sabendo que os capítulos 11 e 12 transcorrem sobre o mesmo terreno que o capítulo

8, podemos nos perguntar que equivalências proporcionam estes capítulos para

8:10-14. Ajuda-nos o paralelismo entre o 8 e o 11 a entender melhor a passagem em

8:14? Comparemos a profecia do templo de Daniel 8 com a profecia do templo em

Daniel 11. O tema de cada passagem é o mesmo. Daniel 8 está expandido em Daniel

11. Em cada um deles um poder blasfemo e conquistador vem contra o povo do

pacto santo. Em ambos, o Príncipe do pacto, seu santuário, e os adoradores são

derrubados. Em ambos se promete que essa iniqüidade não prevalecerá para

sempre, porquanto Deus decidiu vindicar a Seu povo e à verdade, e derramar sua

indignação sobre o opressor idólatra e perseguidor. Esta vindicação, sem demora,

não há de ter lugar senão até “o tempo do fim” (Daniel 8:17; 11:35, 36) depois de

2300 dias, ou seja, 6 anos e pouco.

A purificação do santuário desde a profanação em Daniel 8:14 corresponde à

profanação do santuário mencionada em Daniel 11:31. Um exame da palavra

hebraica equivalente a “profanar”, e um estudo de seus sinônimos e seus

antônimos, fornece muita luz sobre o significado da palavra traduzida como

“purificado” em Daniel 8:14. É impossível exagerar o fato de que Daniel 11:31 está

dizendo, em diferentes palavras o mesmo que Daniel 8:9-13, e que, portanto, pode-

se ter uma compreensão mais ampla de Daniel 8:14 por meio da segunda descrição

expandida da situação que torna necessária a “purificação”.

Assim, temos que buscar outra evidência. O chifre representa um poder real, e seria

inusitado encontrar um poder real não associado com um corpo (um reino).

Pareceria estranho que a um profeta fosse dada uma visão mostrando uma

seqüência de eventos que têm que ver com Alexandre, o Grande, a seguir o

desmembramento do império grego em quatro partes, e então o surgimento do

chifre pequeno. O chifre pequeno surge dos herdeiros e sucessores do império

grego. Aparentemente o império grego proporciona o pano de fundo para o

surgimento do chifre pequeno, ou do contrário, por que iria ser mencionado?

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Note-se a seqüência da visão:

1- O bode aparece com um grande chifre entre os olhos.

2- O chifre do bode é quebrado.

3- Em seu lugar surgem quatro chifres.

4- De um destes quatro chifres sai outro chifre pequeno.

5- Todos os chifres estão ainda unidos ao corpo do bode (Grécia).

BÍBLIA ALMEIDA DE ESTUDO – DANIEL 11

11:2-45 – MESMO QUE NOMES CONCRETOS NÃO SEJAM DADOS, ESTES

VERSICULOS FALAM DE LUTAS ENTRE OS REIS DAS DINASTIAS PTOLOME

LÁGIDAS DO EGITO, OU SEJA DO SUL, E OS SELÊUCIDAS DA SÍRIA

CONFORME DANIEL 2:41. ESTES REIS SÃO CHAMADOS RESPECTIVAMENTE

DE REIS DO NORTE E DO SUL . ASSIM É FEITO UM RESUMO DOS

ACONTECIMENTOS QUE AFETARAM O POVO JUDEU DESDE A QUEDA DO

IMPÉRIO PERSA NO ANO 333 A . C. ATÉ A PERSEGUIÇÃO DE ANTIOCO IV

EPIFANES NO ANO DE 171 À 164 A . C. A REREFENCIA À RUINA DESTE REI

NO VERSO 45 PREPARA O ANÚNCIO DA LIBERTAÇÃO DO POVO DE DEUS,

QUE IRÁ SER DESCRITA NO CAPITULO 12.

11: 31 – O TERMO “ABOMINAÇÃO DESOLADORA “ DE DANIEL 9:27, 11:31 E

12:11 TAMBÉM APARECEM NO LIVRO DE MACABEUS COFORME ABAIXO:

I MACABEUS 1:

54. No dia quinze do mês de Casleu do ano cento e quarenta e cinco, Antíoco colocou sobre o

altar dos holocaustos a Abominação da Desolação. Pelas cidades de Judá em derredor,

construíram-se também outros altares. 55. Passaram a queimar incenso até nas portas das

casas e pelas praças.

56. Rasgavam e queimavam os livros da Lei que encontravam. 57. Quando encontravam um

livro da Aliança em poder de alguém, ou se alguém concordasse em seguir a Lei, o decreto do

rei condenava essa pessoa à morte. 58. Como tivessem o poder, cada mês, faziam isso com

todos os israelitas que encontravam pelas cidades. 59. No dia vinte e cinco de cada mês,

ofereciam-se sacrifícios no altar colocado sobre o altar dos holocaustos.

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II MACABEUS

1. Não muito tempo depois, o rei mandou um ancião ateniense convencer os judeus a que

abandonassem as leis dos antepassados e deixassem de se governar segundo as leis de Deus.

2. Mandou também profanar o Templo de Jerusalém e dedicá-lo a Júpiter Olímpico,

e também a Júpiter Hospitaleiro, dedicar o templo do monte Garizim, conforme o

desejo dos moradores do lugar. 3. Até para a massa do povo, era difícil e insuportável o

crescimento dessa maldade. 4. De fato, o Templo ficou cheio de libertinagem e orgias de

pagãos, que aí se divertiam com prostitutas e mantinham relações com mulheres no recinto

sagrado do Templo, além de levarem para dentro objetos proibidos. 5. O próprio altar estava

repleto de ofertas proibidas pela Lei. 6. Não se podia celebrar o sábado, nem as festas

tradicionais, nem mesmo se declarar judeu. 7. Todo mês eram forçados a participar do

banquete sacrifical, que se realizava no dia do aniversário do rei. Quando chegavam as festas

de Dionísio, eram obrigados a participar da procissão em honra a Dionísio, com ramos de

hera na cabeça.

HISTÓRIA DO IMPERIALISMO DANIEL CAPITULO 11

O ANJO COMEÇA A CONTAR A VERDADE CONTIDA NO LIVRO, OU SEJA,

NAS ESCRITURAS. TRATA-SE DE UMA VISÃO ESQUEMÁTICA DA HISTÓRIA

DOS IMPÉRIOS DESDE CIRO REI DA PERSA NO ANO 539, ATÉ ANTIOCO IV

EPIFANES, REI DA SIRIA E DA DINASTIA SELEUCIDA, REINO DO NORTE NO

ANO 164 A . C., OS PASSOS SÃO OS SEGUINTES:

IMPÉRIO PERSA DANIEL 11:2 – É REDUZIDO A QUATRO REIS, CIFRA

SIMBÓLICA QUE SIGNIFICA TODOS. INTERESSA AO AUTOR O ÚLTIMO REI,

DARIO III CODOMANO, QUE ALEXANDRE O GRANDE DERROTOU,

FORMANDO O IMPÉRIO GREGO. A RIQUEZA DOS IMPÉRIOS PROVOCA

SEMPRE A COBIÇA E A AUTO DESTRUIÇÃO, OU SEJA, ELE VÃO SE

SUCEDENDO E SE AUTODESTRUINDO PELA COBIÇA E GANANCIA.

IMPÉRIO GREGO E ALEXANDRE O GRANDE E A DIVISÃO DO SEU IMPÉRIO

DANIEL 11:3-4 – ALEXANDRE O GRANDE FOI O GUERREIRO QUE

CONQUISTOU UM GRANDE IMPÉRIO, E ISSO LHE GARANTIU O PODER

ABSOLUTO NO ORIENTE MÉDIO. ELE MORREU LOGO, PORÉM, E O SEU

IMPÉRIO NÃO FICOU PARA SEUS DESCENDENTES, MAS FOI DIVIDIDO

ENTRE SEUS QUATRO GENERAIS:

CASSANDRO FICOU COM A GRÉCIA.

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LISÍMACO FICOU COM A TRÁCIA E ASIA MENOR.

SELEUCO FICOU COM A SÍRIOA, BABILÔNIA E PERSIA. REI DO NORTE.

PTOLOMEU FICOU COM O EGITO E PALESTINA. REI DO SUL.

PTOLOMEU I E SELEUCO I DANIEL 11:5 – PTOLOMEU I DÁ ORIGEM À

DINASTIA LÁGIDA NO EGITO (REINO DO SUL) E SELEUCO DÁ ORIGEM À

DINASTIA SELÊUCIDA NA SÍRIA (REINO DO NORTE). DE INICIO O EGITO

REINO DO SUL É MAIS FORTE E SELEUCO I FICA COMO UMA ESPÉCIE DE

GENERAL DE PTOLOMEU I. DEPOIS A SÍRIA SE TORNA MAIS PODEROSA E

INDEPENDENTE. COMEÇAM ENTÃO A RIVALIDADE E OS CONFLITOS

ENTRE O REINO DO SUL O EGITO EO REINO DA NORTE A SÍRIA. A JUDÉIA

FICA ESPREMIDA BEM NO MEIO, OU SEJA, NO CENTRO DAS DUAS

POTÊNCIAS E ASSIM DOS CONFLITOS.

LÁGIDAS E SELÊUCIDAS DANIEL 11:6-9 –ANTIOCO II TEOS, DA SIRIA, FAZ AS

PAZES COM PTOLOMEU II FILADELFO, DO EGITO; REPUDIA A PRÓPRIA

ESPOSA, LAODICE E CASA-SE COM BERENICE A FILHA DE PTOLOMEU II

FILADELFO. TAIS CASAMENTOS ERAM, NA VERDADE ALIANÇAS

POLITICAS CONFORME DANIEL 2: 43 E DANIEL 11:6 E DANIEL 11:17.

LAODICE, PORÉM, MATA ANTIOCO II MATA BERENICE A ESPOSA DELE E O

FILHO DELES, COLOCANDO NO TRONO SEU PRÓPRIO FILHO SELEUCO II

CALINICOS DANIEL 11:6. SÃO OS CASAMENTOS-ALIANÇAS QUE NÃO

DARÃO CERTO SEGUNDO DANIEL 2:43. PTOLOMEU III EVERGETES, FILHO

DE PTOLOMEU II, VINGA SEU PAI E SUA IRMÃ, INVADINDO A SÍRIA,

DERROTANDO SELEUCO II CALÍNICOS E CONQUISTANDO MAIS DESPOJOS

CONFORME DANIEL 11:7-8. SELEUCO III CERAUNOS, SUCESSOR DE

SELEUCO II CALÍNICOS, CONTRA-ATACA PTOLOMEU III, CONSEGUINDO

PEQUENA VITÓRIA CONFORME DANIEL 11:9.

ANTIOCO III O GRANDE DANIEL 11:10-19 – “OS FILHOS DO REI DP NORTE”

OU “OS SEUS FILHOS” SÃO SELEUCO III E ANTIOCO III. ESTE ÚLTIMO

EXPANDESUAS CONQUISTAS NA ÁSIA E ATACA O EGITO DANIEL 11:10.

PTOLOMEU IV, “DESPEITADO”, RESISTE E SAI VITORIOSO, MAS NÃO TIRA

PROVEITO DA SUA VITÓRIA DANIEL 11:10-12. ANTIOCO III SE FORTIFICA NA

ÁSIA EE PREPARA A DESFORRA DANIEL 11:13. NESSE TEMPO ATÉ ALGUNS

JUDEUS (“POVO DE VOCÊS OU DENTRE O TEU POVO”) PENSAM EM SE

REBELAR CONTRA O EGITO, QUE ATÉ ENTÃO DOMINA A JUDÉIA DANIEL

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11:14. TRATA-SE TALVEZ DO GRUPO COLABORACIONISTA DOS SELEUCIDAS

CONFORME I MACABEUS 1:11-15. ANTIOCO III AVANÇA, TOMA GAZA,

PORTA DE ENTRADA PARA O EGITO DANIEL 11:15, E TAMBÉM TOMA JUDÁ,

A TERRA GLORIOSA OU LITERALMENTE A PEROLA DANIEL 11:16.

FORTALECIDO, ANTIOCO III FAZ AS PAZES COM O EGITO, SELANDO

ACORDO POLÍTICO ATRAVÉS DA ENTREGA DE SUA FILHA CLEÓ PATRA

PARA PTOLOMEU DANIEL 11:17. OUTRO CASAMENTO POLITICO. A SEGUIR

TENTA EXPANDIR-SE PARA O OCIDENTE (“TERRAS DO MAR”), MAS ROMA

(“UM PRINCIPE”) O IMPEDE DANIEL 11:18. ANTIOCO III VOLTA PARA SEU

TERRITÓRIO, MAS MORRE AO SAQUEAR UM TEMPLO DANIEL 11:19.

A INVESTIDA DE ANTIOCO IV EPIFANES DANIEL 11:20-39

EM 187 A . C. O FILHO MAIS VELHO DE ANTIOCO III, SELEUCO IV

FILOPÁTOR, SUCEDE O PAI, MAS MORRE EM 175 A . C. , TALVEZ

ENVENENADO POR SEU MINISTRO HELIODORO DANIEL 11:20. FOI ELE QUE

ENVIOU HELIODORO PARA DESPOJAR O TEMPLO EM JERUSALÉM,

EMPREENDIMENTO QUE MALOGROU CONFORME IIMACABEUS 3.

FINALMENTE CHEGA ANTIOCO IV EPIFANES, QUE CONCENTRA O

INTERESSE DO AUTOR DO LIVRO DE DANIEL. SELEUCO IV DEVIA SER

SUCEDIDO POR SEU FILHO DEMÉTRIO. TODAVIA, ANTIOCO IV EPIFANES,

IRMÃO DE SELEUCO IV, VOLTAVA DE ROMA, ONDE ESTEVE COMO REFÉM

CONFORME I MACABEUS 8:6-7. APOIADO POR EUMENES DE PÉRGAMO, ELE

SE ADIANTA E TOMA O PODER, ASSUMINDO O NOME DE ANTIOCO IV

EPIFANES, QUE SIGNIFICA “DEUS MANIFESTO” CABE DIZER QUE ANTES

DISTO ELE SÓ SE CHAMAVA ANTIOCO IV, NÓS SEMPRE USAMOS O NOME

INTEIRO PELA FORÇA DO HÁBITO. O AUTOR DO LIVRO DE DANIEL, PORÉM,

O CHAMA DE “MISERAVEL, DESPREZÍVEL OU VIL “ SORRATEIRO E

INTRIGUENTO, PELA FORMA COMO HAVIA CHEGADO À REALEZA DANIEL

11:21. ALIÁS, A ESPERTEZA E O TATO PARA AS INTRIGAS SÃO

CARACTERISTICAS BÁSICAS DA POLÍTICA DE ANTIOCO IV EPIFANES

CONFORME DANIEL 8:23.

A GRANDE AMBIÇÃO DE ANTIOCO IV EPIFANES ERA REINAR TAMBÉM

SOBRE O EGITO. O “PRINCIPE DA ALIANÇA” É O SUMO SACERDOTE ONIAS

III, QUE FOI MORTO TRAIÇOEIRAMENTE EM DAFNE EM 171 A . C. DANIEL

11:22 E DANIEL 9:26. POUCO À POUCO ANTIOCO IV EPIFANES AVANÇA

PARA O SUL, FAZENDO NUMEROSAS CONQUISTAS DANIEL 11:23-24.

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NA PRIMEIRA INVESTIDA CONTRA O EGITO CONFORME DANIEL 11:25-28 E I

MACABEUS 1:16-19, ANTIOCO SE APROVEITA DA RIVALIDADE EXISTENTE

ENTRE PTOLOMEU FILOMÉTOR E SEU IRMÃO PTOLOMEU FISCON.

APRISIONA FILOMÉTOR, QUE FORA MAL ASSESSORADO POR SEUS

MINISTROS, TRATA-O BEM, FINGINDO APOIÁ-LO CONTRA SEU IRMÃO

FISCON. O BANQUETE AMIGÁVEL TORNA-SE O BANQUETE DAS

“MENTIRAS” “ E A UMA SÓ MESA FALRÃO MENTIRAS” DANIEL 11:27.

ANTIOCO É BEM SUCEDIDO E VOLTA PARA A SUA TERRA COM MUITAS

RIQUEZAS CONFORME DANIEL 11:28. AO VOLTAR, CONTUDO, FICA

SABENDO QUE EM JERUSALÉM SE ESPALHARA O BOATO DE QUE ELE

HAVIA MORRIDO. ENTÃO SUBMETE JERUSALÉM, MATANDO E

SAQUEANDO CONFORME I MACABEUS 1:20-64.

NA SEGUNDA INVESTIDA CONTRA O EGITO CONFORME DANIEL 11:29-30,

ANTIOCO PROCURA SE APOSSAR DE CHIPRE E DE OUTRAS ILHAS E CHEGA

ATÉ ALEXANDRIA E MÊNFIS CONFORME II MACABEUS 10:13. É PORÉM

HUMILHADO POR POPÍLIO LENAS, O LEGADO ROMANO QUE O FORÇA A

SE RETIRAR. AO VOLTAR PARA SUA TERRA EM 168 A . C. ELE DESCARREGA

A SUA IRA CONTRA OIS JUDEUS CONFORME DANIEL 11:31 E II MACABEUS 5.

JERUSALÉM SE DIVIDE EM DOIS PARTIDOS POLÍTICOS DANIEL 11:32-35, O

DOS COLABORACIONISTAS (“OS QUE VIOLAM A ALIANÇA”) E OS DA

RESISTÊNCIA (“ OS QUE RECONHECEM O SEU DEUS”). É O TEMPO DOS

MARTIRES, QUE TENTAM CONSCIENTIZAR O POVO E ACABAM MOTOS

DANIEL 11:33-34. TAL SOFRIMENTO É VISTO COMO PURIFICAÇÃO DO POVO

DANIEL 11:35, CONCEPÇÃO BASEADA EM ISAIÁS 53 E QUE TORNA A CHAVE

TEOLÓGICA DE TODO O LIVRO DE II MACABEUS.

DANIEL 11:36-39 DESCREVE O AUGE DE ANTIOCO IV , QUE SE EXALTA

COMO “EPIFANES” O DEUS MANIFESTO, FATO DOCUMENTADO EM SUAS

MOEDAS, QUE CELEBRAVAM A SUPRESSÃO DO CULTO DE APLO E DE

TAMUZ DEUS DO SOL EM FAVOR DO DE ZEUS O DEUS DO OLIMPO, OU SEJA

O DEUS OLIMPICO. DANIEL 11:39 ALUDE AO ESTABELECIMENTO DA

FORATLEZA ACRA, A CIDADE GREGA NO CORAÇÃO DE JERUSALEM.

OS ULTIMOS DIAS - DANIEL 11:40-45...

ATÉ ESTA ALTURA O AUTOR DO LIVRO DE DANIEL RELATOU MAIS OU

MENOS CIFRADAMENTE OS ACONTECIMENTOS. DAQUI PARA FRENTE ELE

PROJETA ESPERANÇOSA E CONFIADAMENTE O FIM DO OPRESSOR E O

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DESTINO DOS FIÉIS E INFIÉIS. DANIEL 11:40-45. O TRECHO E UMA

RETOMADA GLOBAL DAS CONQUISTAS DE ANTIOCO IV EPIFANES. A

HISTÓRIA DESSE REI É VISTA SEGUNDO O CLICHÊ TÍPICO DO INVASOR

ESTRANGEIRO QUE É FIANLMENTE DERROTADO DE FORMA MISTERIOSA,

TAL COMO HAVIA ACONTECIDO COM O GENERAL ASSIRIO SENAQUERIBE,

QUANDO ESTE CERCAVA JERUSALÉM IASAIAS 39.O INVASOR IMPIO SERÁ

DERROTADO E DESTRUIDO. COMO NO CAPITULO 8:25 QUE DIZ : “ MAS

SERÁ QUEBRADO SEM ESFORÇAO DE MÃOS HUMANAS.” E COMO EM

DANIEL 2:34 E 45 QUE DIZ : UMA PEDRA FOI CORTADA SEM AUXILIO DE

MÃOS, FERIU A ESTÁTUA NOS PÉS DE FERRO E BARRO E OS ESMIUÇOU”, OU

SEJA , ESTES PÉS DE FERROE BARRO SÃO AS DINASTIAS LÁGIDAS E

SELEUCIDAS SE MISTURARAM ATRAVES DE CASAMENTOS MAS NÃO SE

UNIRAM E ERA ANTIOCO IV EPIFANES, É O MESMO TEMA NESTAS TRÊS

PASSAGENS, SEM AUXILIO DE MÃOS HUMANAS, OU SEJA DEUS

VINDICARIA SEU POVO. MAS ANTIOCO TEM OS DIAS CONTADOS DANIEL

11:45: “ CHEGARÁ AO SEU FIM, E NÃO HAVERÁ QUEM O SOCORRA.” ,

EXATAMENTE O QUE DIZIA SOBRE A PEDRA NO CAPITULO 2:34 E 45. ISSO

QUER DIZER QUE ANTIOCO SERÁ DESTRUIDO PELO PRÓPRIO DEUS. DE

QUE MODO? HÁ DUAS VERSÕES SOBRE A SUA MORTE. CONFORME I

MACABEUS 6 ANTIOCO TERIA MORRIDO DE DEPRESSÃO E TRISTEZA QUE O

CONSUMIU. JÁ SEGUNDO II MACABEUS 9 ELE TERIA TIDO UMA INFECÇÃO

INTERNA FATAL, TALVEZ APENDICITE SUPURADA. OS JUDEUS VIRAM

NISSO A MÃO DE DEUS DERROTANDO O PRETENSIOSO REI E , DESSA

FORMA, ACABANDO COM O IMPERIALISMO DELE.

DANIEL 12: 1 Nesse tempo, se levantará Miguel, o grande príncipe, o defensor dos filhos do

teu povo, e haverá tempo de angústia, qual nunca houve, desde que houve nação até àquele

tempo; mas, naquele tempo, será salvo o teu povo, todo aquele que for achado inscrito no

livro. 2 Muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna, e

outros para vergonha e horror eterno. 3 Os que forem sábios, pois, resplandecerão como o

fulgor do firmamento; e os que a muitos conduzirem à justiça, como as estrelas, sempre e

eternamente. 4 Tu, porém, Daniel, encerra as palavras e sela o livro, até ao tempo do fim;

muitos o esquadrinharão, e o saber se multiplicará. 5 Então, eu, Daniel, olhei, e eis que

estavam em pé outros dois, um, de um lado do rio, o outro, do outro lado. 6 Um deles disse

ao homem vestido de linho, que estava sobre as águas do rio: Quando se cumprirão estas

maravilhas? 7 Ouvi o homem vestido de linho, que estava sobre as águas do rio, quando

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levantou a mão direita e a esquerda ao céu e jurou, por aquele que vive eternamente, que isso

seria depois de um tempo, dois tempos e metade de um tempo. E, quando se acabar a

destruição do poder do povo santo, estas coisas todas se cumprirão. 8 Eu ouvi, porém não

entendi; então, eu disse: meu senhor, qual será o fim destas coisas? 9 Ele respondeu: Vai,

Daniel, porque estas palavras estão encerradas e seladas até ao tempo do fim. 10 Muitos

serão purificados, embranquecidos e provados; mas os perversos procederão perversamente, e

nenhum deles entenderá, mas os sábios entenderão. 11 Depois do tempo em que o sacrifício

diário for tirado, e posta a abominação desoladora, haverá ainda mil duzentos e noventa dias.

12 Bem-aventurado o que espera e chega até mil trezentos e trinta e cinco dias 13 Tu,

porém, segue o teu caminho até ao fim; pois descansarás e, ao fim dos dias, te levantarás para

receber a tua herança.

COMENTÁRIO BÍBLIA ALMEIDA DE ESTUDO

12:1-13 – O ANUNCIO DA FUTURA RESSURREIÇÃO CONSTITUIU O PONTO

CULMINANTE DA REVELAÇÃO CONTIDA NESTE LIVRO. DEUS CONCEDE A

VITÓRIA FINAL AO SEU POVO E FAZ QUE DELA PARTICIPEM NÃO SÓ OS

VIVOS, COMO OS MORTOS TAMBÉM. DESSE MODO, A JUSTIÇA DE DEUS

TRIUNFA ALÉM DA MORTE E RESOLVE O ENIGMA COLOCADO PELO

SOFRIMENTO DOS JUSTOS DURANTE A PERSEGUIÇÃO DE ANTIOCO IV

EPIFANES E A APARENTE PROSPERIDADE DOS IMPIOS.

12:1- MIGUEL = QUEM É COMO DEUS? É O PRINCIPE DE ISRAEL QUE

LUTARÁ NAS REGIÕES CELESTIAIS COM OS ANJOS DAS OUTRAS NAÇÕES E

DEFENDERÁ ISRAEL, É UMA ESPÉCIE DE GUERRA PARALELA, ENQUANTO

SE GUERREIA NA TERRA OS REINOS DOS HOMENS OS ANJOS DAS

NAÇÃOES GUERREIAM NAS REGIÕES CELSTES E ESPIRITUAIS.

12:2 – A EXPRESSÃO “ MUITOS DOS QUE DORMEM”. O EMPREGO DA

PALAVRA MUITOS EM OPOSIÇÃO A TODO DO VERSICULO ANTERIOR,

PODE INDICAR QUE ESSA PASSAGEM NÃO SE REFIRA À RESSURREIÇÃO

UNIVERSAL, MAS ENCERRA UMA PROMESSA DE SALVAÇÃO PARA OS

ISRAELITAS FIÉIS QUE FORAM MORTOS NA PERSEGUIÇÃO IMPOSTA POR

ANTIOCO IV EPIFANES NO TEMPO DOS MACABEUS. E TAMBÉM

CONDENAÇÃO PARA OS QUE NEGARAM A ALINAÇA CONFORME DANIEL

11:30-32. “NO PÓ DA TERRA” : NOTAR A VIBCULAÇÃO DESTA PROMESSA

COM O DESTINO DOS QUE FORAM VITIMAS DA PERSEGUIÇÃO RELIGIOSA

DE ANTIOCO IV EPIFANES CONFORME VERSOS 10 E 11. A JUSTIÇA DE DEUS

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NÃO PODIA DEIXAR SEM RECOMPENSA OS QUE PREFERIRAM ENFRENTAR

O MARTIRIO AO INVÉS DE SEREM INFIÉIS AO SEU DEUS.

12:7 - “que isso seria depois de um tempo, dois tempos e metade de um tempo” ,

É O TEMPO DA PROFANAÇÃO DO TEMPLO E DA PERSEGUIÇÃO IMPOSTA

POR ANTIOCO IV EPIFANES QUE FOI DO ANO 167 A . C. ATÉ O ANO 164 A .

C., OU SEJA, TRÊS ANOS E MEIO.

12:11 - O VERSICULO É MUITO CLARO E ESPECIFICO E NÃO DEIXA

MARGEM PRA OUTRA INTERPRETAÇÃO A NÃO SER NO QUE SE REFERE À

PROFANAÇÃO DO TEMPLO E A DEDICAÇÃO DO MESMO AO DEUS ZEUS DO

OLIMPO POR ANTIOCO IV EPIFANES.

COMENTÁRIO FINAL

A ÚLTIMA VISÃO FOI DETALHADA E IMPORTANTE. ESTES VERSICULOS

FINAIS FAZEM UMA ESPÉCIE DE COMENTÁRIO. OS DOSI HOMENS

CERTAMENTE PERSONIFICAM O POVO JUDEU FIÉL, COMO OS DOSI SANTOS

DO CAPITULO 8:13. ELES QUEREM SABER “ QUANDO ACONTECERÃO ESSAS

COISAS MARAVILHOSAS”, ISTO É, PRINCIPALMENTE O CONTEUDO DOS “

ÚLTIMOS DIAS”. JÁ SABEMOS QUE ESSE TEMPO SE REFERE À PERSEGUIÇÃO

DE ANTIOCO IV EPIFANES E À RESISTÊNCIA E LUTA DOS JUDEUS. O ANJO

RESPONDE: “ UM TEMPO, DOIS TEMPOS E METADE DE UM TEMPO” , OS

CÉLEBRES TRÊS ANOS E MEIO, TEMPO QUE TRANSCORREU ENTRE 167 À 164

A. C. A “ OPRESSÃO DO POVO SANTO” SE REFERE À POLITICA

IMPERIALISTA DE ANTIOCO.DANIEL VIVE MUITO TEMPO ANTES DOS

ACONTECIMENTOS, E NÃO PODE COMPREENDER. TAMBÉM ELE

PERGUNTA SOBRE O FIM. A MENSAGEM QUE FICA “ GUARDADA E

LACRADA ATÉ O TEMPO FINAL” É O CONTEUDO DO LIVRO, QUE SÓ PODE

SER COMPREENDIDO PELOS QUE VIVEM NO TEMPO DOS

ACONTECIMENTOS. E O AUTOR DEIXA BEM CLARA A CARACTERISTICA DE

UM LIVRO APOCALPTICO : “OS IMPIOS NÃO ENTENDERÃO ESSAS COISAS,

MAS OS SÁBIOS COMPREENDERÃO”. DITO DE OUTRA FORMA, OS

PERSEGUIDORES PENSARÃO TRATAR DE UM LIVRO MUITO ANTIGO E NÃO

ENTENDERÃO, PORÉM , OS JUDEUS ILUMINADOS PELA TORÁ E AS

ESCRITURAS E SEUS NIVEIS DE INTERPRETAÇAO COMPREENDERÃO A

MENSAGEM CIFRADA E VELADA DO LIVRO E SERÃO ESTIMULADOS POR

ELE À RESISTIR E LUTAR.

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Daniel e a Apocalíptica Elaborado e organizado por Eliezer Lucena

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SÃO FORNECIDAS DUAS VARIAVEIS NA DATAÇÃO : 1290 DIAS OU 1335 DIAS

A PARTIR DO MOMENTO EM QUE O TEMPLO DE JERUSALÉM FORM

PROFANADO POR ANTIOCO IV EPIFANES, AO ABOLIR O SACRIFICIO

DIARIO E ENTRONIZAR A ESTÁTUA DE ZEUS OLIMPICO O ABOMINÁVEL

DA DESOLAÇÃO, SOBRE O ALTAR DOS HOLOCAUSTOS COINFORME I

MACABEUS 1:54. SEM DUVIDA ESSAS VARIANTES QUEREM DIZER O MESMO:

MAIS OU MENOS TRÊS ANOS E MEIO, PERIODO QUE A PARTIR DESSE

TEMPO FICOU SENDO O SIMBOLO DAS PERSEGUIÇÕES.

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74

QUADRO COMPARATIVO DAS PROFECIAS DO LIVRO DE DANIEL

DANIEL 2

31 Tu, ó rei, estavas vendo, e eis aqui uma

grande estátua; esta, que era imensa e

de extraordinário esplendor, estava em

pé diante de ti; e a sua aparência era

terrível.

32 A cabeça era de fino ouro, o peito e os

braços, de prata, o ventre e os quadris,

de bronze;

33 as pernas, de ferro, os pés, em parte, de

ferro, em parte, de barro.

DANIEL 7

3 Quatro animais, grandes, diferentes uns

dos outros, subiam do mar.

4 O primeiro era como leão e tinha asas de

águia; enquanto eu olhava, foram-lhe

arrancadas as asas, foi levantado da terra

e posto em dois pés, como homem; e lhe

foi dada mente de homem.

5 Continuei olhando, e eis aqui o segundo

animal, semelhante a um urso, o qual se

levantou sobre um dos seus lados; na

boca, entre os dentes, trazia três costelas;

e lhe diziam: Levanta-te, devora muita

carne.

6 Depois disto, continuei olhando, e eis aqui

outro, semelhante a um leopardo, e tinha

nas costas quatro asas de ave; tinha

também este animal quatro cabeças, e foi-

lhe dado domínio.

7 Depois disto, eu continuava olhando nas

visões da noite, e eis aqui o quarto

animal, terrível, espantoso e sobremodo

forte, o qual tinha grandes dentes de

ferro; ele devorava, e fazia em pedaços, e

pisava aos pés o que sobejava; era

diferente de todos os animais que

apareceram antes dele e tinha dez chifres.

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OS QUATRO IMPÉRIOS

QUATRO METAIS EM ORDEM

DESCRECENTE, OU SEJA, UM

IMPÉRIO PIOR QUE O OUTRO ;

OURO, PRATA, BRONZE E FERRO.

DO ÚLTIMO IMPÉRIO QUE É O DE

FERRO HAVIA DEZ DEDOS DOS

PÉS. O FERRO E O BARRO DOS PÉS

NÃO SE MISTURAVAM.

34 Quando estavas olhando, uma pedra

foi cortada sem auxílio de mãos, feriu a

estátua nos pés de ferro e de barro e os

esmiuçou.

35 Então, foi juntamente esmiuçado o

ferro, o barro, o bronze, a prata e o

ouro, os quais se fizeram como a palha

das eiras no estio, e o vento os levou, e

deles não se viram mais vestígios. Mas

a pedra que feriu a estátua se tornou em

grande montanha, que encheu toda a

terra.

AÇÃO DIVINA

O ASSUNTO É O MESMO, A PEDRA

DESTRUIU A ESTÁTUA SEM

AUXILIO DE MÃOS HUMANAS,

AÇÃO DIVINA.

O QUARTO REINO

40 O quarto reino será forte como

ferro; pois o ferro a tudo quebra e

esmiúça; como o ferro quebra todas

as coisas, assim ele fará em pedaços

e esmiuçará.

41 Quanto ao que viste dos pés e dos

OS QUATRO IMPÉRIOS

QUATRO ANIMAIS EM ORDEM

CRESCENTE DE FERROCIDADE E

BRUTALIDADE. E O QUARTO

ANIMAL TINHA DEZ CHIFRES. ATÉ

AQUI A MESMA COISA, OU SEJA:

QUATRO METAIS = QUATRO

ANIMAIS

DEZ DEDOS = DEZ CHIFRES

8 Estando eu a observar os chifres, eis que

entre eles subiu outro pequeno, diante do

qual três dos primeiros chifres foram

arrancados; e eis que neste chifre havia

olhos, como os de homem, e uma boca que

falava com insolência.

11 Então, estive olhando, por causa da voz

das insolentes palavras que o chifre

proferia; estive olhando e vi que o animal

foi morto, e o seu corpo desfeito e

entregue para ser queimado.

AÇÃO DIVINA

O ASSUNTO É O MESMO, O ANIMAL

FOI MORTO PELA AÇÃO DO

JULGAMENTO DIVINO, OU SEJA,

NÃO POR MÃOS HUMANAS.

O QUARTO REINO

19 Então, tive desejo de conhecer a verdade

a respeito do quarto animal, que era

diferente de todos os outros, muito

terrível, cujos dentes eram de ferro, cujas

unhas eram de bronze, que devorava,

fazia em pedaços e pisava aos pés o que

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artelhos, em parte, de barro de

oleiro e, em parte, de ferro, será esse

um reino dividido; contudo, haverá

nele alguma coisa da firmeza do

ferro, pois que viste o ferro

misturado com barro de lodo.

O REINO DOS SANTOS DO

ALTISSIMO

44 Mas, nos dias destes reis, o Deus do

céu suscitará um reino que não será

jamais destruído; este reino não passará

a outro povo; esmiuçará e consumirá

todos estes reinos, mas ele mesmo

subsistirá para sempre,

O MESMO ASSUNTO, ESTE REINO É

O REINO DOS SANTOS DO

ALTISSIMO, OU SEJA, O REINO DO

POVO JUDEU, O POVO DE DEUS.

sobejava;

20 e também a respeito dos dez chifres

que tinha na cabeça e do outro que

subiu, diante do qual caíram três,

daquele chifre que tinha olhos e uma

boca que falava com insolência e

parecia mais robusto do que os seus

companheiros.

21 Eu olhava e eis que este chifre fazia

guerra contra os santos e prevalecia

contra eles,

22 até que veio o Ancião de Dias e fez

justiça aos santos do Altíssimo; e veio

o tempo em que os santos possuíram

o reino.

O REINO DOS SANTOS DO

ALTISSIMO

13 Eu estava olhando nas minhas visões da

noite, e eis que vinha com as nuvens do

céu um como o Filho do Homem, e

dirigiu-se ao Ancião de Dias, e o fizeram

chegar até ele.

14 Foi-lhe dado domínio, e glória, e o reino,

para que os povos, nações e homens de

todas as línguas o servissem; o seu

domínio é domínio eterno, que não

passará, e o seu reino jamais será

destruído.

O MESMO ASSUNTO, OS SANTOS DO

ALTISSIMO RECEBERÃO O REINO,

SÃO O POVO JUDEU, O POVO DA

ALIANÇA, O POVO DE DEUS.

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DEZ DEDOS = DEZ REIS

42 Como os artelhos dos pés eram, em

parte, de ferro e, em parte, de barro,

assim, por uma parte, o reino será

forte e, por outra, será frágil.

43 Quanto ao que viste do ferro

misturado com barro de lodo,

misturar-se-ão mediante casamento,

mas não se ligarão um ao outro,

assim como o ferro não se mistura

com o barro.

DEZ CHIFRES = DEZ REIS

24 Os dez chifres correspondem a dez

reis que se levantarão daquele

mesmo reino; e, depois deles, se

levantará outro, o qual será diferente

dos primeiros, e abaterá a três reis.

25 Proferirá palavras contra o

Altíssimo, magoará os santos do

Altíssimo e cuidará em mudar os

tempos e a lei; e os santos lhe serão

entregues nas mãos, por um tempo,

dois tempos e metade de um tempo.

O LIVRO DE DANIEL COMEÇA COM AS VISÕES PROFÉTICAS NO CAPITULO 2

E SEGUE DESENVOLVENDO O MESMO TEMA ATÉ AO FIM DO LIVRO,

PORÉM, DETALHANDO-AS E ESMIUÇANDO-AS. O LIVRO É COMO SE FOSSE

UM DESENHO TECNICO, O CAPITULO 2 É O PROJETO MONTADO,

FINALIZADO, OU SEJA, É A VISÃO GENERALIZADA DO TOTAL. O

CAPITULO 7 COMEÇA A DESENHAR E MONTAR OS PRIMEIROS

SUBCONJUNTOS DO PROJETO TOTAL. O CAPITULO 8, 9 E 11 SÃO OS

DESENHOS DETALHADOS, OU SEJA, SÃO OS DETALHES DESTA HISTÓRIA

QUE INICIOU NO CAPITULO 2 COM A VISÃO DA ESTÁTUA, A VISÃO DOS

IMPÉRIOS OU DO IMPERIALISMO. AS VISÕES SÃO ENTÃO PROGRESSIVAS E

CONTINUAS RETRATANDO SEMPRE OS MESMOS TEMAS:

OS 4 GRANDES IMPÉRIOS.

OS SUCESSORES DO QUARTO IMPÉRIO QUE TAMBÉM FOI DIVIDIDO

EM QUATRO.

OS DEZ REIS OU DEZ CHIFRES DO QUARTO ANIMAL.

OS CASAMENTOS QUE ESTES REINOS DO NORTE E DO SUL FIZERAM

PARA TENTAR UNIFICAR E APAZIGUAR AS GUERRAS.

O CHIFRE PEQUENO QUE É UM REI ASTUTO E TERRÍVEL QUE SE

VOLTA CONTRA A TERRA GLORIOSA, JERUSALÉM É OBVIO.

DESTRUIÇÃO DA CIDADE SANTA E MORTE DE MUITOS JUDEUS FIÉIS

QUE SERIAM PROVADOS E PURIFICADOS NO FOGO DA PROVA E

TRIBULAÇÃO.

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A ALIANÇA QUE ESSE REI FEZ COM PARTE DO POVO DA ALIANÇA,

OU SEJA, UMA ALIANÇA COM JUDEUS COLABORACIONISTAS QUE

QUERIAM HELENIZAR JERUSALÉM, EM OUTRAS PALAVRAS OS

JUDEUS INFIÉIS.

A PROFANAÇÃO DO SANTUARIO, DO LUGAR SANTO DOS SANTOS,

OU SANTISSIMO, OU SEJA, O TEMPLO EM JERUSALÉM.

A MORTE DO UNGIDO, OU SEJA, O SUMO SACERDOTE, ONIAS.

A MUDANÇA DOS TEMPOS E DA LEI, OU SEJA, A PROIBIÇÃO DA TORÁ,

DA LEI MOSAICA: SABADOS, CIRCUNCISÃO, FESTAS JUDAICAS,

QUEIMA DOS LIVROS SAGRADOS E PROIBIÇÃO DA LEITURA DOS

MESMOS, COMER COISAS IMPURAS E SACRIFICAR COISAS IMPURAS

NO TEMPLO.

TEMPO DA ASSOLAÇÃO ABOMINÁVEL = UM TEMPO, DOIS TEMPOS E

METADE DE UM TEMPO, OU SEJA, 3 ANOS E MEIO.

TEMPO DA RESISTÊNCIA, 2300 TARDES E MANHÃS, 2300 DIAS, OU SEJA,

6 ANOS E QUATRO MESES.

TEMPO DE GUERRA, OU SEJA, A ÉPOCA DA DINASTIA LÁGIDA E

SELEUCIDA QUE CHEGOU A TER 200 COMBATES ENTRE OS REIS DO

NORTE E DO SUL E ISRAEL NO MEIO SENDO ALVO DA DISPUTA.

A MORTE SUBITA DO ULTIMO REI O CHIFRE PEQUENO, MORTE ESTA

SEM INTERFERENCIA DE MÃOS HUMANAS.

A VITÓRIA E O REINO ETERNO DO POVO DE DEUS.

COMO VOCÊ DEVE TER VISTO OS TEMAS SÃO OS MESMOS O LIVRO TODO,

PORÉM A CADA CAPITULO E A CADA NOVA VISÃO VAI SE

DESCORTINANDO OS DETALHES DOS ACONTECIMENTOS.

HÁ DE SE TOMAR MUITO CUIDADO AO LER E INTERPRETAR AS PROFECIAS

DE DANIEL, POIS TANTAS FÁBULAS E INTERPRETAÇÕES MIRABOLANTES

JÁ SE FIZERAM, E TANTAS ADAPTAÇÕES TAMBÉM, PRINCIPALMENTE

ADAPTANDO AS PROFECIAS PARA A ÉPOCA DE JESUS E A JESUS. PORÉM É

PRECISO OLHAR PARA A HISTÓRIA, POIS A MESMA NOS MOSTRA O

CUMPRIMENTO LITERAL DAS VISÕES E PROFECIAS DE DANIEL. É PRECISO

MUITO TRABALHO PARA ENTENDER O LIVRO DE DANIEL, E NEM TODOS

TÊM TAMANHA FORÇA DE VONTADE DE CONHECER A HISTÓRIA NOS

MINIMOS DETALHES E PESQUISAR VÁRIAS FONTES HISTÓRICAS E

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CONJUGAR COM O LIVRO DE DANIEL, PORÉM, HOJE EXISTE MUITOS

LIVROS E ESTUDOS SÉRIOS A RESPEITO DO ASSUNTO.

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PARALELOS ENTRE DANIEL E MACABEUS I E II

LISTA DE PARALELOS ENTRE DANIEL E MACABEUS A ACRESCENTAR

NESTE ESTUDO

1. SETE ANOS DE TRIBULAÇÃO E PERSEGUIÇÃO

2. MORTE DO UNGIDO / REI E SACERDOTE ONIAS III

3. O REBENTO IMPIO / A ARVORE DE DANIEL

4. GERAÇÃO DE IMPIOS EM ISRAEL /

I Macabeus 1:1. O macedônio Alexandre, filho de Filipe, já era senhor da Élade. Ele saiu do

país de Cetim, venceu Dario, rei dos persas e medos, e se tornou rei em seu lugar. 2. Fez

numerosas guerras, apoderou-se de fortalezas e exterminou os reis da terra. 3. Chegou até os

confins do mundo, tomando posse das riquezas de numerosas nações. O mundo calou-se

diante dele. Depois disso, ele se exaltou e se encheu de orgulho. 4. Formou um exército

poderosíssimo, subjugou países, nações e ditadores, obrigando-os a pagar tributos. 5. Depois,

ficou doente e percebeu que ia morrer. 6. Então convocou os seus oficiais, aqueles nobres que

tinham sido seus companheiros desde a mocidade, e ainda vivo repartiu o seu império com

eles. 7. Alexandre reinou doze anos, e morreu. 8. Seus oficiais assumiram o poder, cada um

na própria região. 9. Todos eles se fizeram coroar como reis, e depois passaram a coroa para

os filhos por muitos anos. E os males se multiplicaram no mundo. 10. Deles brotou um

ramo perverso, chamado Antíoco Epífanes, filho do rei Antíoco. Ele estivera em Roma

como refém, mas, no ano cento e trinta e sete da dominação grega, tornou-se rei. 11. Nessa

época, brotou em Israel uma geração de ímpios, que persuadiram muitas pessoas, dizendo:

"Vamos fazer aliança com as nações vizinhas, porque, depois que nos afastamos delas, muitos

males nos aconteceram". 12. Essa proposta agradou a muita gente. 13. Alguns do povo

tomaram a iniciativa e foram até o rei, que lhes deu permissão para introduzir os costumes

pagãos. 14. Foi assim que construíram em Jerusalém uma praça de esportes de acordo com os

usos pagãos. 15. Disfarçaram a circuncisão e renegaram a aliança sagrada. Associaram-se às

nações pagãs e se venderam para praticar o mal. 16. Tendo consolidado seu reino, Antíoco

projetou também tornar-se rei do Egito, para dominar os dois reinos. 17. Entrou no Egito

com um exército imponente, carros de guerra e elefantes, cavalaria e muitos navios. 18.

Entrou em combate contra Ptolomeu, rei do Egito, que recuou e fugiu, ficando pelo chão

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muitos feridos. 19. As cidades fortificadas do Egito foram tomadas, e Antíoco saqueou as

riquezas do país. 20. Voltando no ano cento e quarenta e três, após ter vencido o Egito,

Antíoco atacou Israel e Jerusalém com um possante exército. 21. Depois de entrar no

Templo com toda a arrogância, Antíoco levou embora o altar de ouro, o candelabro com

todos os acessórios, 22. a mesa dos pães oferecidos a Deus, as vasilhas para libações, as taças,

os incensórios de ouro, a cortina, as coroas e as placas de ouro que ornavam a fachada do

Templo. Saqueou tudo.

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LIVRO DE DANIEL LIVRO DOS MACABEUS

A PROFANAÇÃO DO TEMPLO

DURANTE 3 ANOS E 1/2

Daniel 1: 1 No ano terceiro do reinado de

Jeoaquim, rei de Judá, veio

Nabucodonosor, rei da Babilônia, a

Jerusalém e a sitiou. 2 O Senhor lhe

entregou nas mãos a Jeoaquim, rei de

Judá, e alguns dos utensílios da Casa de

Deus; a estes, levou-os para a terra de

Sinar, para a casa do seu deus, e os pôs

na casa do tesouro do seu deus.

Daniel 7:25 Proferirá palavras contra o

Altíssimo, magoará os santos do

Altíssimo e cuidará em mudar os tempos

e a lei; e os santos lhe serão entregues nas

mãos, por um tempo, dois tempos e metade de

um tempo.

Daniel 12:7 Ouvi o homem vestido de

linho, que estava sobre as águas do rio,

quando levantou a mão direita e a

esquerda ao céu e jurou, por aquele que

vive eternamente, que isso seria depois de

um tempo, dois tempos e metade de um

tempo. E, quando se acabar a destruição

do poder do povo santo, estas coisas

todas se cumprirão.

Daniel 12:11 Depois do tempo em que o

sacrifício diário for tirado, e posta a

abominação desoladora, haverá ainda mil

duzentos e noventa dias. 12 Bem-

aventurado o que espera e chega até mil

trezentos e trinta e cinco dias.

A PROFANAÇÃO DO TEMPLO

DURANTE 3 ANOS E 1/2

I Macabeus 1: 19. As cidades fortificadas

do Egito foram tomadas, e Antíoco

saqueou as riquezas do país. 20.

Voltando no ano cento e quarenta e três,

após ter vencido o Egito, Antíoco atacou

Israel e Jerusalém com um possante

exército. 21. Depois de entrar no Templo

com toda a arrogância, Antíoco levou

embora o altar de ouro, o candelabro

com todos os acessórios, 22. a mesa dos

pães oferecidos a Deus, as vasilhas para

libações, as taças, os incensórios de ouro,

a cortina, as coroas e as placas de ouro

que ornavam a fachada do Templo.

Saqueou tudo. 23. Levou também a

prata, o ouro, os objetos de valor e até as

riquezas escondidas que conseguiu

encontrar. 24. Pegou tudo e foi para a

sua terra, depois de provocar muitas

mortes e falar palavras de extrema

arrogância.

II Macabeus 6: 1. Não muito tempo

depois, o rei mandou um ancião

ateniense convencer os judeus a que

abandonassem as leis dos antepassados

e deixassem de se governar segundo as

leis de Deus. 2. Mandou também

profanar o Templo de Jerusalém e

dedicá-lo a Júpiter Olímpico, e também

a Júpiter Hospitaleiro, dedicar o templo

do monte Garizim, conforme o desejo

dos moradores do lugar. 3. Até para a

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Daniel 8:14 Ele me disse: Até duas mil e

trezentas tardes e manhãs; e o santuário

será purificado.

Daniel 9: 27 Ele fará firme aliança com

muitos, por uma semana; na metade da

semana, fará cessar o sacrifício e a oferta

de manjares; sobre a asa das abominações

virá o assolador, até que a destruição, que

está determinada, se derrame sobre ele.

A MUDANÇA DOS NOMES

I Daniel 1: 6 Entre eles, se achavam, dos

filhos de Judá, Daniel, Hananias, Misael e

Azarias. 7 O chefe dos eunucos lhes pôs

outros nomes, a saber: a Daniel, o de

Beltessazar; a Hananias, o de Sadraque; a

Misael, o de Mesaque; e a Azarias, o de

Abede-Nego.

massa do povo, era difícil e insuportável

o crescimento dessa maldade.

A MUDANÇA DOS NOMES

I Macabeus 7: 5. Alguns indivíduos

apóstatas e ímpios do povo de Israel,

conduzidos por Alcimo, que aspirava ao

cargo de sumo sacerdote, se

apresentaram 9. E o mandou com o

ímpio Alcimo, confirmado no cargo de

sumo sacerdote, dando-lhe ordem para

castigar os israelitas.

II Macabeus 4: 7. Depois que Seleuco

morreu, subiu ao trono o rei Antíoco,

chamado Epífanes. Foi quando Jasão,

irmão de Onias, conseguiu, com

suborno, o cargo de sumo sacerdote. 8.

Numa audiência com o rei, Jasão lhe

prometeu treze toneladas de prata, mais

três toneladas de outros rendimentos

13. Era o auge do helenismo, a exaltação do

modo de viver dos estrangeiros. Tudo por

causa da corrupção do ímpio e falso sumo

sacerdote Jasão.

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II Macabeus 4: 23. Três anos depois,

Jasão mandou Menelau, irmão do já

mencionado Simão, levar o dinheiro

para o rei e apresentar o relatório sobre

alguns assuntos importantes. 24.

Menelau, porém, apresentou-se ao rei

dando mostra de ser homem poderoso e,

com adulações, conseguiu para si o

posto de sumo sacerdote, oferecendo

dez toneladas de prata a mais do que

Jasão.

25. Depois de receber a nomeação do rei,

ele voltou, sem levar consigo coisa

alguma que fosse digna de sumo

sacerdote. Pelo contrário, levava em si o

furor de um tirano cruel e a fúria de

animal selvagem. 26. E Jasão, que tinha

suplantado seu próprio irmão, foi por

sua vez suplantado por outro, e teve que

fugir para a região dos amonitas. 27.

Menelau assumiu o poder, mas não

tomou qualquer providência com

relação ao dinheiro que tinha prometido

ao rei,

29. Menelau deixou seu irmão Lisímaco

como substituto no sumo sacerdócio,

enquanto Sóstrato deixou em seu lugar

Crates, comandante dos soldados

cipriotas.

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NÃO SE CONTAMINAR COM OS

MANJARES DO REI

Daniel 1: 8 E Daniel assentou no seu

coração não se contaminar com a porção

do manjar do rei, nem com o vinho que

ele bebia; portanto, pediu ao chefe dos

eunucos que lhe concedesse não se

contaminar. 9 Ora, deu Deus a Daniel

graça e misericórdia diante do chefe dos

eunucos. 10 E disse o chefe dos eunucos

a Daniel: Tenho medo do meu senhor, o

rei, que determinou a vossa comida e a

vossa bebida; por que veria ele os vossos

rostos mais tristes do que os dos jovens

que são vossos iguais? Assim, arriscareis

a minha cabeça para com o rei. 11 Então,

disse Daniel ao despenseiro a quem o

chefe dos eunucos havia constituído

sobre Daniel, Hananias, Misael e Azarias:

12 Experimenta, peço-te, os teus servos

dez dias, fazendo que se nos dêem

legumes a comer e água a beber. 13

Então, se veja diante de ti a nossa

aparência e a aparência dos jovens que

comem a porção do manjar do rei, e,

conforme vires, te hajas com os teus

servos. 14 E ele conveio nisso e os

experimentou dez dias. 15 E, ao fim dos

dez dias, pareceram os seus semblantes

melhores; eles estavam mais gordos do

que todos os jovens que comiam porção

do manjar do rei. 16 Desta sorte, o

despenseiro tirou a porção do manjar

deles e o vinho que deviam beber e lhes

dava legumes. 17 Ora, a esses quatro

jovens Deus deu o conhecimento e a

NÃO SE CONTAMINAR COM OS

MANJARES DO REI

II Macabeus 6: 18. Eleazar era um dos

principais doutores da Lei, homem de

idade avançada, mas com rosto de

traços ainda belos. Queriam obrigá-lo a

comer carne de porco, enfiando-a boca

adentro. 19. Ele, porém, que preferia

morte honrada a viver envergonhado,

dirigiu-se espontaneamente para a

tortura do tímpano,

II Macabeus 7: 1. Aconteceu também

que sete irmãos foram presos junto com

sua mãe. Espancando-os com relhos e

chicotes, o rei pretendia obrigá-los a

comer carne de porco, que era proibida.

2. Um deles, falando em nome dos

outros, disse: "O que você quer

perguntar ou saber de nós? Estamos

prontos a morrer, antes que desobedecer

às leis de nossos antepassados". 3.

Enfurecido, o rei mandou esquentar

assadeiras e caldeirões. 4. Logo que

ficaram quentes, mandou cortar a

língua, arrancar o couro cabeludo e

decepar as extremidades daquele que

tinha falado pelos outros, e tudo diante

dos irmãos e da mãe. 5. Já mutilado de

todos os membros e enquanto ainda

vivia, o rei mandou que o pusessem no

fogo para assar. Da assadeira subia

grande volume de fumaça. E os seus

irmãos com a mãe se animavam entre si

para enfrentarem corajosamente a

morte, dizendo: 6. "O Senhor Deus nos

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Daniel e a Apocalíptica Elaborado e organizado por Eliezer Lucena

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inteligência em todas as letras e

sabedoria; mas a Daniel deu

entendimento em toda visão e sonhos. 18

E, ao fim dos dias em que o rei tinha dito

que os trouxessem, o chefe dos eunucos

os trouxe diante de Nabucodonosor. 19 E

o rei falou com eles; e entre todos eles não

foram achados outros tais como Daniel,

Hananias, Misael e Azarias; por isso,

permaneceram diante do rei. 20 E em

toda matéria de sabedoria e de

inteligência, sobre que o rei lhes fez

perguntas, os achou dez vezes mais

doutos do que todos os magos ou

astrólogos que havia em todo o seu reino.

21 E Daniel esteve até ao primeiro ano

do rei Ciro.

observa e certamente terá compaixão de

nós, conforme afirmou claramente

Moisés no seu cântico: 'Ele terá

compaixão de seus servos' ". 7. Depois

que o primeiro morreu, levaram o

segundo para a tortura. Após lhe

arrancarem o couro cabeludo,

perguntaram: "Você gostaria de comer,

antes que seu corpo seja torturado

membro por membro?" 8. Ele, porém,

respondeu na sua língua materna:

"Não". Por isso, foi submetido às

mesmas torturas do primeiro. 9. Antes

de dar o último suspiro, ainda falou:

"Você, bandido, nos tira desta vida

presente, mas o rei do mundo nos fará

ressuscitar para uma ressurreição eterna

de vida, a nós que agora morremos

pelas leis dele". 10. Depois desse,

também o terceiro foi levado para a

tortura. Intimado, colocou

imediatamente a língua para fora e

apresentou corajosamente as mãos, 11.

dizendo com dignidade: "De Deus eu

recebi esses membros, e agora, por causa

das leis dele, eu os desprezo, pois espero

que ele os devolva para mim". 12. O rei e

aqueles que o rodeavam ficaram

admirados da coragem com que o rapaz

enfrentava os sofrimentos, como se nada

fossem. 13. Logo que esse morreu,

começaram a torturar da mesma forma o

quarto irmão. 14. Estando para morrer,

ele falou: "Vale a pena morrer pela mão

dos homens, quando se espera que o

próprio Deus nos ressuscite. Para você,

porém, não haverá ressurreição para a

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vida". 15. Imediatamente apresentaram

o quinto e passaram a torturá-lo. 16.

Olhando bem para o rei, ele afirmou:

"Mesmo sendo simples mortal, você faz

o que quer, porque tem poder sobre os

homens. Mas não pense que o nosso

povo foi abandonado por Deus. 17.

Espere um pouco, e verá como o grande

poder dele vai torturar você e sua

descendência". 18. Depois desse,

trouxeram também o sexto. Quando

estava morrendo, ele ainda falou: "Não

se iluda! Nós estamos sofrendo tudo isso

por nossa culpa, porque pecamos contra

o nosso Deus. Por isso nos acontecem

essas coisas espantosas. 19. Quanto a

você, que se atreveu a lutar contra Deus,

não pense que ficará sem castigo". 20.

Extraordinariamente admirável, porém,

e digna da mais respeitável lembrança,

foi a mãe. Ela, vendo morrer seus sete

filhos num só dia, suportou tudo

corajosamente, esperando no Senhor. 21.

Ela encorajava cada um dos filhos, na

língua dos seus antepassados. Com

atitude nobre, e animando sua ternura

feminina com força viril, assim falava

com os filhos: 22. "Não sei como vocês

apareceram no meu ventre. Não fui eu

que dei a vocês o espírito e a vida, nem

fui eu que dei forma aos membros de

cada um de vocês. 23. Foi o Criador do

mundo, que modela a humanidade e

determina a origem de tudo. Ele, na sua

misericórdia, lhes devolverá o espírito e

a vida, se vocês agora se sacrificarem

pelas leis dele".

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ADORAR A ESTÁTUA DE

NABUCODONOZOR

Daniel 3: 13 Então, Nabucodonosor,

irado e furioso, mandou chamar

Sadraque, Mesaque e Abede-Nego. E

trouxeram a estes homens perante o rei.

14 Falou Nabucodonosor e lhes disse: É

verdade, ó Sadraque, Mesaque e Abede-

Nego, que vós não servis a meus deuses,

nem adorais a imagem de ouro que

levantei? 15 Agora, pois, estai dispostos

e, quando ouvirdes o som da trombeta,

do pífaro, da cítara, da harpa, do saltério,

da gaita de foles, prostrai-vos e adorai a

imagem que fiz; porém, se não a

adorardes, sereis, no mesmo instante,

lançados na fornalha de fogo ardente. E

quem é o deus que vos poderá livrar das

minhas mãos? 16 Responderam

Sadraque, Mesaque e Abede-Nego ao rei:

Ó Nabucodonosor, quanto a isto não

necessitamos de te responder. 17 Se o

nosso Deus, a quem servimos, quer

livrar-nos, ele nos livrará da fornalha de

fogo ardente e das tuas mãos, ó rei. 18 Se

não, fica sabendo, ó rei, que não

serviremos a teus deuses, nem

adoraremos a imagem de ouro que

levantaste.19 Então, Nabucodonosor se

encheu de fúria e, transtornado o aspecto

do seu rosto contra Sadraque, Mesaque e

Abede-Nego, ordenou que se acendesse a

fornalha sete vezes mais do que se

costumava.

ADORAR A ESTÁTUA DE ZEUS

OLIMPICO

I Macabeus 1: 43. Entre os israelitas,

muitos gostaram da religião do rei e

passaram a oferecer sacrifícios aos

ídolos e a profanar o sábado. 44. Além

disso, através de mensageiros, o rei

mandou a Jerusalém e às cidades de

Judá um documento com várias ordens:

Tinham que adotar a legislação

estrangeira; 45. proibia oferecer

holocaustos, sacrifícios e libações no

Templo e também guardar os sábados e

festas; 46. mandava contaminar o

santuário e objetos sagrados, 47.

construindo altares, templos e oratórios

para os ídolos, e imolar porcos e outros

animais impuros; 48. ordenava que não

circuncidassem os filhos e que

profanassem a si próprios com todo o

tipo de impurezas e abominações, 49.

esquecendo a Lei e mudando todos os

costumes. 50. Quem não obedecia à

ordem do rei, incorria em pena de

morte. 51. O rei mandou documentos

escritos que continham as ordens para

todo o seu reino. Nomeou fiscais sobre

todo o povo e determinou que as

cidades de Judá, uma após outra,

deveriam oferecer sacrifícios. 52. Muita

gente do povo passou para o lado deles,

todos traidores da Lei. Começaram a

praticar o mal no país, 53. e os israelitas

tiveram que se esconder em qualquer

refúgio disponível. 54. No dia quinze do

mês de Casleu do ano cento e quarenta e

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cinco, Antíoco colocou sobre o altar dos

holocaustos a Abominação da

Desolação. Pelas cidades de Judá em

derredor, construíram-se também outros

altares.

II Macabeus 6: 1. Não muito tempo

depois, o rei mandou um ancião

ateniense convencer os judeus a que

abandonassem as leis dos antepassados

e deixassem de se governar segundo as

leis de Deus. 2. Mandou também

profanar o Templo de Jerusalém e

dedicá-lo a Júpiter Olímpico, e também

a Júpiter Hospitaleiro, dedicar o templo

do monte Garizim, conforme o desejo

dos moradores do lugar. 3. Até para a

massa do povo, era difícil e insuportável

o crescimento dessa maldade. 4. De fato,

o Templo ficou cheio de libertinagem e

orgias de pagãos, que aí se divertiam

com prostitutas e mantinham relações

com mulheres no recinto sagrado do

Templo, além de levarem para dentro

objetos proibidos. 5. O próprio altar

estava repleto de ofertas proibidas pela

Lei. 6. Não se podia celebrar o sábado,

nem as festas tradicionais, nem mesmo

se declarar judeu. 7. Todo mês eram

forçados a participar do banquete

sacrifical, que se realizava no dia do

aniversário do rei. Quando chegavam as

festas de Dionísio, eram obrigados a

participar da procissão em honra a

Dionísio, com ramos de hera na cabeça.

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A ARROGÂNCIA DO IMPIO

INVASOR

Daniel 7:8 Estando eu a observar os

chifres, eis que entre eles subiu outro

pequeno, diante do qual três dos

primeiros chifres foram arrancados; e eis

que neste chifre havia olhos, como os de

homem, e uma boca que falava com

arrogância.

Daniel 7:11 Então, estive olhando, por

causa da voz das arrogantes palavras que

o chifre proferia; estive olhando e vi que o

animal foi morto, e o seu corpo desfeito e

entregue para ser queimado.

Como era a cerimônia ou funeral dos gregos?

Cremação!

Daniel 7:20 e também a respeito dos dez

chifres que tinha na cabeça e do outro

que subiu, diante do qual caíram três,

daquele chifre que tinha olhos e uma boca

que falava com arrogância e parecia mais

robusto do que os seus companheiros. 21

Eu olhava e eis que este chifre fazia

guerra contra os santos e prevalecia

contra eles, 22 até que veio o Ancião de

Dias e fez justiça aos santos do Altíssimo;

e veio o tempo em que os santos

possuíram o reino. 23 Então, ele disse: O

quarto animal será um quarto reino na

terra, o qual será diferente de todos os

reinos; e devorará toda a terra, e a pisará

aos pés, e a fará em pedaços. 24 Os dez

chifres correspondem a dez reis que se

levantarão daquele mesmo reino; e,

depois deles, se levantará outro, o qual

A ARROGÂNCIA DO IMPIO

INVASOR

I Macabeus 1:21. Depois de entrar no

Templo com toda a arrogância, Antíoco

levou embora o altar de ouro, o

candelabro com todos os acessórios,

I Macabeus 1:24. Pegou tudo e foi para a

sua terra, depois de provocar muitas

mortes e falar palavras de extrema

arrogância.

II Macabeus 9: 7. Nem assim diminuiu a

sua arrogância. Ao contrário, ficou ainda

mais exaltado e, furioso de raiva contra

os judeus, mandou tocar mais depressa.

II Macabeus 9: 8. Aquele que, pouco antes,

com arrogância até desumana, se achava

com poderes de dar ordens para as

ondas do mar, e que se imaginava

pesando em balança as altas montanhas,

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Daniel e a Apocalíptica Elaborado e organizado por Eliezer Lucena

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será diferente dos primeiros, e abaterá a

três reis. 25 Proferirá palavras contra o

Altíssimo, magoará os santos do Altíssimo

e cuidará em mudar os tempos e a lei; e

os santos lhe serão entregues nas mãos,

por um tempo, dois tempos e metade de

um tempo.

Daniel 8:23 E no fim desses reinos,

quando chegarem ao cúmulo os seus

pecados, levantar-se-á um rei de olhar

arrogante, capaz de penetrar os enigmas.

24 Grande é o seu poder, mas não por

sua própria força; causará estupendas

destruições, prosperará e fará o que lhe

aprouver; destruirá os poderosos e o

povo santo. 25 Por sua astúcia nos seus

empreendimentos, fará prosperar o

engano, no seu coração se engrandecerá e

destruirá a muitos que vivem

despreocupadamente; levantar-se-á

contra o Príncipe dos príncipes, mas será

quebrado sem esforço de mãos humanas.

Daniel 11: 36 Este rei fará segundo a sua

vontade, e se levantará, e se engrandecerá

sobre todo deus; contra o Deus dos deuses

falará coisas terriveis e será próspero, até que

se cumpra a indignação; porque aquilo

que está determinado será feito.

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O FIM DO 11º CHIFRE

Daniel 11: 41 E penetrará no país

Esplendor, onde muitos cairão. Estes,

porém, hão de escapar de suas mãos:

Edom, Moab e os sobreviventes dos

filhos de Amon. 42 Ele continuará a

estender a mão sobre outras terras, e a

terra do Egito não lhe escapará. 43

Tornar-se-á dono dos tesouros de ouro e

prata e de todas as preciosidades do

Egito, e os Líbios e Cuchitas por-se-ão aos

seus pés. Mas virão perturbá-lo noticias

provindas do Oriente e do Norte, e ele partirá

com grande furor para destruir e exterminar a

muitos. Armará as Tendas do seu palácio

entre o mar e a montanha do santo

Esplendor. E chegará a seu termo (fim), sem

que ninguém lhe venha em auxilio.

O FIM DO 11º CHIFRE

II Macabeus 9: 1. Por essa mesma

ocasião, Antíoco foi forçado a voltar

desordenadamente das regiões da

Pérsia. 2. Entrou em Persépolis, tentou

despojar o templo e tomar a cidade.

Diante disso, o povo se revoltou e

recorreu às armas. Foi quando Antíoco,

derrotado e perseguido pelos habitantes,

teve que bater em vergonhosa retirada.

3. Quando estava perto de Ecbátana,

chegou-lhe a notícia do que tinha

acontecido a Nicanor e ao pessoal de

Timóteo. 4. Então, furioso, pensava em

cobrar dos judeus a injúria sofrida

diante daqueles que o tinham posto em

fuga. Por isso, mandou seu cocheiro

tocar a carruagem, seguindo em frente

sem parar. Entretanto, o julgamento do

céu já o estava alcançando. De fato, na

sua arrogância, ele tinha dito: "Vou

transformar Jerusalém num cemitério de

judeus. Basta eu chegar lá!" 5. O Senhor

Deus de Israel, porém, que tudo vê,

mandou-lhe uma doença incurável e

invisível. Pois logo que acabou de dizer

essas palavras, lhe veio uma forte dor de

barriga, uma terrível cólica de intestinos.

6. Era uma coisa justa, porque ele havia

torturado as entranhas de outros com

muitas e refinadas torturas. 7. Nem assim

diminuiu a sua arrogância. Ao contrário,

ficou ainda mais exaltado e, furioso de

raiva contra os judeus, mandou tocar

mais depressa. Aconteceu então cair da

carruagem que corria precipitadamente

e, por causa da queda violenta, todos os

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Daniel e a Apocalíptica Elaborado e organizado por Eliezer Lucena

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seus membros se quebraram. 8. Aquele

que, pouco antes, com arrogância até

desumana, se achava com poderes de dar

ordens para as ondas do mar, e que se

imaginava pesando em balança as altas

montanhas, ficou estendido no chão, e

teve de ser carregado numa padiola.

Assim, para todos ele dava mostras

evidentes do poder de Deus. 9. A coisa

foi tal, que do corpo desse renegado

brotavam vermes. Ainda vivo, em meio

a sofrimentos e dores, suas carnes se

soltavam do corpo. Por todo o

acampamento não se agüentava o mau

cheiro da sua podridão.

I Macabeus 6: 1. Quando percorria as

províncias do planalto, o rei Antíoco

ouviu falar que havia na Pérsia uma

cidade chamada Elimaida, famosa pela

sua riqueza em prata e ouro. 2. Diziam

que o templo dessa cidade era muito

rico e que havia nele cortinas tecidas de

ouro, couraças e armas aí deixadas pelo

rei Alexandre, o macedônio, filho de

Filipe, que foi o primeiro rei do império

grego. 3. Antíoco dirigiu-se para o local,

pretendendo tomar e saquear a cidade.

Mas não conseguiu, porque o pessoal da

cidade, sabendo da sua pretensão, 4.

preparou-se para a guerra e o enfrentou.

Antíoco teve de fugir, e foi com grande

tristeza que deixou o lugar, a fim de

voltar para a Babilônia. 5. Ele ainda

estava na Pérsia, quando recebeu a

notícia de que as tropas enviadas contra

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a Judéia tinham sido derrotadas 6. e que

Lísias tinha tomado a iniciativa de

enfrentar os judeus com poderoso

exército, mas teve de recuar. Soube

também que os judeus ficavam mais

perigosos por causa da quantidade de

armas, além de outros recursos e

despojos que tomavam dos exércitos

que iam derrotando. 7. Contaram

também que os judeus tinham tirado a

abominação que ele colocara sobre o

altar de Jerusalém, e que tinham cercado

o Templo com muralhas altas como

antigamente, fazendo o mesmo em

Betsur, cidade que pertencia ao rei. 8. Ao

ouvir essas notícias, o rei ficou

apavorado e totalmente atordoado, e

caiu de cama, doente de tristeza, pois

nada estava acontecendo como ele

queria. 9. Ficou aí muito tempo, cada

vez mais deprimido. Percebendo que ia

morrer, 10. chamou todos os grandes e

lhes disse: "O sono sumiu dos meus

olhos, meu coração está abatido de tanta

aflição. 11. Eu disse a mim mesmo: 'A

que grau de aflição me vejo reduzido!

Como é grande a onda em que estou me

debatendo. Eu que era feliz e estimado

quando estava no poder! 12. Agora,

porém, estou lembrando os males que

fiz a Jerusalém, de onde tirei todos os

objetos de prata e ouro que nela havia.

Lembro-me dos habitantes de Judá que

mandei matar sem motivo. 13.

Reconheço que é por causa de tudo isso

que hoje me acontecem essas desgraças.

Agora estou morrendo, cheio de tristeza

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A ABOMINAÇÃO DESOLADORA

Daniel 9:26 Depois das sessenta e duas

semanas, será morto o Ungido e já não

estará; e o povo de um príncipe que há de

vir destruirá a cidade e o santuário, e o

seu fim será num dilúvio, e até ao fim

haverá guerra; desolações são

determinadas. 27 Ele fará firme aliança

com muitos, por uma semana; na metade

da semana, fará cessar o sacrifício e a oferta de

manjares; sobre o lugar mais alto do

Templo será colocada a abominação da

desolação, até que a destruição, que está

determinada, se derrame sobre ele.

Daniel 11:29 No tempo determinado,

tornará a avançar contra o Sul; mas não

será nesta última vez como foi na

primeira, 30 porque virão contra ele

navios de Quitim, que lhe causarão

tristeza; voltará, e se indignará contra a

santa aliança, e fará o que lhe aprouver; e,

tendo voltado, atenderá aos que tiverem

desamparado a santa aliança. 31 Dele

e em terra estrangeira' ". 14. Chamou

Filipe, um dos seus amigos, e passou-lhe

a autoridade sobre todo o seu reino. 15.

Entregou-lhe a coroa, o manto e o anel, a

fim de que levasse esses objetos para o

seu filho Antíoco, a quem deveria

educar e preparar para ser o rei. 16. E aí

mesmo o rei Antíoco morreu, no ano

cento e quarenta e nove.

A ABOMINAÇÃO DA DESOLAÇÃO

I Macabeus 1: 54. No dia quinze do mês

de Casleu do ano cento e quarenta e

cinco, Antíoco colocou sobre o altar dos

holocaustos a Abominação da Desolação.

Pelas cidades de Judá em derredor,

construíram-se também outros altares.

I Macabeus 6: 7. Contaram também que

os judeus tinham tirado a abominação

que ele colocara sobre o altar de

Jerusalém, e que tinham cercado o

Templo com muralhas altas como

antigamente, fazendo o mesmo em

Betsur, cidade que pertencia ao rei.

II Macabeus 5: 15. Não satisfeito com

isso tudo, Antíoco ainda teve a ousadia

de entrar no Templo mais sagrado do

mundo, tendo por guia Menelau, traidor

das leis e da pátria. 16. Com suas mãos

impuras, Antíoco pegou as vasilhas

sagradas e, com suas mãos sacrílegas,

levou embora os donativos aí

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sairão forças que profanarão o santuário,

a fortaleza nossa, e tirarão o sacrifício

diário, estabelecendo a abominação da

desolação.

Daniel 12:11 Depois do tempo em que o

sacrifício diário for tirado, e posta a

abominação da desolação, haverá ainda mil

duzentos e noventa dias.

depositados por outros reis para

engrandecimento, glória e honra do

lugar santo. 17. Antíoco foi arrogante, sem

perceber que o Senhor se havia irritado

durante breve tempo, por causa dos

pecados dos habitantes da cidade. Era

por isso que o Senhor se descuidava do

lugar santo. 18. De fato, se eles não se

tivessem envolvido em tantos pecados,

Antíoco seria imediatamente barrado no

seu atrevimento a poder de chicotadas,

logo que chegasse, como aconteceu com

Heliodoro, enviado pelo rei Seleuco para

fiscalizar o tesouro. 19. Contudo, o

Senhor não escolheu o povo para o lugar

santo, mas o lugar santo para o povo. 20.

Por isso, é que o lugar santo, havendo

participado das desgraças que

ocorreram ao povo, depois participou

também da felicidade dele. Ficou

abandonado no momento de ira do

Todo-poderoso, mas foi restaurado em

toda a sua glória, quando o Senhor

novamente se reconciliou. 21. Depois de

ter roubado sessenta e duas toneladas de

ouro do Templo, Antíoco voltou

imediatamente para Antioquia. Em seu

orgulho e insolência, ele acreditava que

poderia navegar em terra firme e andar

a pé dentro do mar.

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AS ALIANÇAS ATRÁVES DE

CASAMENTOS

Daniel 2:43 Quanto ao que viste do ferro

misturado com barro de lodo, misturar-

se-ão mediante casamento, mas não se

ligarão um ao outro, assim como o ferro

não se mistura com o barro.

Daniel 11: 6 Depois de alguns anos, os

dois farão aliança e a filha do rei do sul

se casará com o rei do norte, para

confirmar acordos. Mas ela não será

capaz de sustentar a própria força nem a

do seu filho, e acabará derrotada com a

sua comitiva, com o seu filho e com o

marido que ia dar-lhe força. A seu tempo,

porém, 7 surgirá das mesmas raízes dela

um broto que ficará no lugar do seu

marido. Ele irá com o exército até o

esconderijo do rei do norte, e aí vai tratá-

lo com dureza. 8 Até os deuses deles, suas

estátuas com seus objetos preciosos de

ouro e prata, ele os levará como troféu

para o Egito. Depois, por alguns anos,

deixará em paz o rei do norte. 9 Este

tentará invadir o reino do rei do sul, mas

será obrigado a voltar para a sua terra.

AS ALIANÇAS ATRÁVES DE

CASAMENTOS

I Macabeus 10: 57. Ptolomeu partiu do

Egito, levando consigo a filha Cleópatra,

e foi até Ptolemaida, no ano cento e

sessenta e dois. 58. O rei Alexandre foi

ao seu encontro. Ptolomeu entregou-lhe

sua filha Cleópatra e celebrou o

casamento em Ptolemaida, com grandes

solenidades, como os reis costumam

fazer.

Daniel 2: Alusão aos casamentos entre as dinastias Selêucidas e Lágidas dos reinos do do norte e sul, ou seja, entre a Síria e Egito, que

praticamente não conseguiram consolidar a unidade entre os sucessores de Alexandre o Grande.

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Daniel e a Apocalíptica Elaborado e organizado por Eliezer Lucena

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Daniel 11:17 Resolverá vir com a força de

todo o seu reino, e entrará em acordo

com ele, e lhe dará uma jovem em

casamento, para destruir o seu reino; isto,

porém, não vingará, nem será para a sua

vantagem.

II Macabeus 9: 1. Por essa mesma ocasião, Antíoco foi forçado a voltar desordenadamente

das regiões da Pérsia. 2. Entrou em Persépolis, tentou despojar o templo e tomar a cidade.

Diante disso, o povo se revoltou e recorreu às armas. Foi quando Antíoco, derrotado e

perseguido pelos habitantes, teve que bater em vergonhosa retirada. 3. Quando estava perto

Daniel cap. 11: Pressentindo a intervenção romana, Antíoco resolve entender-se com Ptolomeu dando-lhe em casamento sua filha

Cleópatra. O casamento realizou-se na cidade de Ráfia no ano de 194 a. C.

Macabeus 10: No outono do ano 150 a. C., Cleópatra Téia, filha de Ptolomeu VI Filométor, desposará sucessivamente Alexandre Balas de

quem dará à luz Antíoco VI, e depois Demétrio II e o irmão deste, Antíoco VII

Daniel 11:6- Por volta do ano 252 a.C., Antíoco II Teós, tendo feito uma aliança com Ptolomeu II Filadelfo, desposou a filha deste,

Berenice. Sua primeira mulher Laodice, começou por retirar-se. Mas depois, recebida de volta por seu marido, envenenou-o; e depois

envenenou também Berenice, o filho que esta tivera com Antioco e os membros da sua comitiva.

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Daniel e a Apocalíptica Elaborado e organizado por Eliezer Lucena

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de Ecbátana, chegou-lhe a notícia do que tinha acontecido a Nicanor e ao pessoal de Timóteo.

4. Então, furioso, pensava em cobrar dos judeus a injúria sofrida diante daqueles que o

tinham posto em fuga. Por isso, mandou seu cocheiro tocar a carruagem, seguindo em frente

sem parar. Entretanto, o julgamento do céu já o estava alcançando. De fato, na sua

arrogância, ele tinha dito: "Vou transformar Jerusalém num cemitério de judeus. Basta eu

chegar lá!" 5. O Senhor Deus de Israel, porém, que tudo vê, mandou-lhe uma doença

incurável e invisível. Pois logo que acabou de dizer essas palavras, lhe veio uma forte dor de

barriga, uma terrível cólica de intestinos. 6. Era uma coisa justa, porque ele havia torturado

as entranhas de outros com muitas e refinadas torturas. 7. Nem assim diminuiu a sua

arrogância. Ao contrário, ficou ainda mais exaltado e, furioso de raiva contra os judeus,

mandou tocar mais depressa. Aconteceu então cair da carruagem que corria precipitadamente

e, por causa da queda violenta, todos os seus membros se quebraram. 8. Aquele que, pouco

antes, com arrogância até desumana, se achava com poderes de dar ordens para as ondas do

mar, e que se imaginava pesando em balança as altas montanhas, ficou estendido no chão, e

teve de ser carregado numa padiola. Assim, para todos ele dava mostras evidentes do poder

de Deus. 9. A coisa foi tal, que do corpo desse renegado brotavam vermes. Ainda vivo, em

meio a sofrimentos e dores, suas carnes se soltavam do corpo. Por todo o acampamento não se

agüentava o mau cheiro da sua podridão. 10. Aquele que pouco antes parecia capaz de tocar

as estrelas do céu, agora ninguém era capaz de o carregar, por causa do mau cheiro

insuportável. 11. Em tal situação, prostrado por sua doença, Antíoco começou a ceder em sua

arrogância. Atormentado cada vez mais pelas dores, chegou a reconhecer o castigo divino, 12.

e já não podendo suportar seu próprio cheiro, disse: "É justo que o mortal se submeta a Deus

e não queira igualar-se à divindade". 13. Mas esse criminoso rezava ao Soberano, que já não

se compadecia dele. Então jurou 14. que proclamaria livre a cidade santa, contra a qual antes

caminhava apressadamente, a fim de arrasá-la e transformá-la em cemitério. 15. Jurou que

daria os mesmos direitos dos atenienses a todos os judeus, sobre quem havia decretado que

não mereciam sepultura, mas que fossem jogados com seus filhos para servir de comida às

feras e aves de rapina. 16. Jurou que enfeitaria, com os mais belos donativos, o Templo santo,

que ele mesmo tinha despojado. Jurou que devolveria, em número maior, todos os objetos

sagrados. Jurou que manteria, com suas rendas pessoais, todas as despesas necessárias para

os sacrifícios. 17. Além de tudo isso, jurou que se tornaria judeu e percorreria todos os

lugares habitados do mundo, anunciando o poder de Deus. 18. Como as dores não passassem,

pois a justa condenação de Deus o tinha atingido, e perdendo as esperanças de cura, Antíoco

escreveu aos judeus, em tom de súplica, a seguinte carta: 19. "Aos ilustríssimos cidadãos

judeus. O rei e governador Antíoco lhes manda muitas saudações e deseja saúde e bem-estar.

20. Espero, graças ao Céu, que vocês e seus filhos estejam bem, e seus negócios corram

segundo seus desejos. 21. Lembro com carinho o respeito e os bons sentimentos de vocês. Ao

Page 100: O LIVRO DE DANIEL E SUA ÉPOCA · [1]. Kalýpto vem do indo-europeu *kelu, de *kel, resultando em celo (= esconder, ocultar) no latim, helan no Alto Alemão Antigo, Höhle (= caverna)

Daniel e a Apocalíptica Elaborado e organizado por Eliezer Lucena

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voltar da Pérsia, contraí uma grave doença e julguei necessário pensar na segurança pública.

22. No meu caso, não perdi a esperança. Ao contrário, espero escapar dessa doença. 23. Eu

me lembro que meu pai, toda vez que partia em campanha para a região do planalto, indicava

o seu futuro sucessor. 24. Desse modo, se acontecesse algo inesperado ou se chegasse alguma

notícia má, o pessoal que estava no país não iria agitar-se, pois já saberia a quem fora

confiado o governo. 25. Além disso, considerando que os soberanos próximos e vizinhos do

nosso reino estão à espera de uma oportunidade e observando o que acontece, nomeio como rei

o meu filho Antíoco. É ele que tantas vezes tenho recomendado a muitos de vocês, ao me

ausentar para as províncias do norte. A ele escrevi a carta que segue abaixo. 26. Assim, pois,

eu os exorto e lhes peço que conservem para com o meu filho a mesma boa vontade

demonstrada para comigo, lembrados de tudo de bom que fiz por vocês, seja em comum para

todos, seja em particular para cada um. 27. Estou plenamente convencido de que meu filho,

seguindo a minha decisão, os tratará com muita compreensão e cordialidade". 28. E assim,

esse assassino e blasfemo, entre dores atrozes, morreu nas montanhas, em terra estrangeira.

Seu final foi desastroso, da mesma forma como ele havia tratado a outros. 29. Filipe, seu

companheiro de infância, transportou seus restos. Mas, com medo do filho de Antíoco, Filipe

foi para o Egito, para junto de Ptolomeu Filométor.