“O investimentO em mOçambique é para cOntinuar” · PDF...

3

Click here to load reader

Transcript of “O investimentO em mOçambique é para cOntinuar” · PDF...

Page 1: “O investimentO em mOçambique é para cOntinuar” · PDF fileAté que ponto os investimentos ao nível da exportação se revelam essenciais para os resultados da empresa? A componente

[[[[[[[[[[mocambique

finalidade de conseguirmos mais e melhores medicamentos, oferecendo soluções terapêu-ticas cada vez mais actualizadas. Acima de tudo, soluções terapêuticas que contribuam para a melhoria da qualidade de vida e da esperança de vida da população em geral.

Qual o vosso volume de negócio e como

se reparte o grupo, ao nível de áreas

de actuação?

O montante do nosso volume de negócio, incluindo o Brasil, rondou o ano passado os 130 milhões de euros. O negócio reparte-se, sensivelmente, 25% em Portugal e 75% fora de Portugal, contando, obviamente, com as exportações e com a actividade das empresas que temos no exterior.

Quando e para que mercado começaram

a exportar?

Começámos a exportar no final dos anos 80 e o primeiro mercado externo onde

entrámos foi Marrocos, devido à pro-ximidade geográfica. De seguida, não com exportação mas com transferência de tecnologia, Angola. Em 1990 fizemos toda a transferência de tecnologia para a montagem de duas fábricas de medica-mentos do governo angolano, que ainda hoje existem. Digamos que este foi o “pontapé de saída”, mas foi na década de 90 que começámos a olhar para fora de forma a apostar mais fortemente noutros mercados. Por razões directas de falta de dimensão do nosso mercado, sobretudo para alimentar uma operação industrial moderna, demos prioridade aos países de língua portuguesa e, no final dos anos 90, instalámo-nos com empresas próprias em Angola, Moçambique e Brasil. Em Cabo Verde entrámos através de uma parceria.

E hoje para quantos países exportam?

Actualmente exportamos para 52 países.

Com mais de dois séCulos de vida ao serviço da mediCina, sempre na vanguarda do desenvolvimento farmaCêutiCo, o grupo azevedos é um dos mais sólidos grupos farmaCêutiCos naCionais.

“O investimentO em mOçambique é para cOntinuar”

G r u p O a z e v e d O s

Com um enfoque especial na internaciona-lização, o grupo tem em Moçambique um mercado preferencial ao nível do investimento no continente africano.

Thebar Miranda - O ano de 1775 assinala

a origem de tudo. Como é manter uma

empresa com tantos anos de existência?

Com a fundação da farmácia Azevedos, em Lisboa, a qual ainda existe, por altura da reconstrução da cidade após o terramoto de 1775, esse ano assinala a origem dos medi-camentos Azevedos. Manter uma empresa como esta assenta, sobretudo, na sua história, a qual nos atribui a enorme responsabilida-de de continuar a desempenhar um papel importante na saúde pública em Portugal e no mundo, à semelhança do que sempre aconteceu com os medicamentos Azevedos.

E qual é o segredo do vosso sucesso?

Trabalhar sempre no mesmo sentido com a

106 Executive Digest junho 2015

Com a inovação no ADN, a empresa olha para Moçambique como um mercado com forte potencial de investimento. Isso mesmo revelou Thebar Miranda, presidente do conselho de administração do grupo, à Executive Digest.

Consciente do caminho percorrido até hoje, o Grupo Azevedos pauta a sua actuação pela manutenção da tradição, com o intuito de continuar a merecer a confiança dos parceiros

através da competência e do rigor com que intervém nos diferentes mercados onde marca presença.

Page 2: “O investimentO em mOçambique é para cOntinuar” · PDF fileAté que ponto os investimentos ao nível da exportação se revelam essenciais para os resultados da empresa? A componente

Até que ponto os investimentos ao nível

da exportação se revelam essenciais

para os resultados da empresa?

A componente industrial do grupo é muito forte. Para se desenvolver uma indústria é preciso ter massa crítica. Não se desenvolve uma indústria com dimensão se não tivermos massa crítica, pois não existe outra forma de suportar a actividade industrial onde os requisitos são rigorosos, sobretudo na área farmacêutica.

Esta foi uma das principais razões que nos levou a exportar. Em relação ao de-senvolvimento do negócio, acaba por ser uma consequência. Se nós nos queremos desenvolver como empresa e o País tem a dimensão que tem, temos de procurar mercados onde possamos crescer e expandir o nosso negócio. O Grupo Azevedos seria hoje uma realidade completamente diferente se não fosse internacional.

Actualmente qual o mercado mais

importante ao nível das exportações

do grupo?

Em termos gerais é a Europa, ocupando a Alemanha o primeiro lugar de importância. Moçambique é um mercado cada vez mais importante para o grupo, assim como a Venezuela, que tem sido um mercado im-portante, mas que é muito irregular devido à situação interna. Depois temos os novos mercados que estão a crescer na América Latina, como a Colômbia, o Peru e o Chile, e o Médio Oriente. Todos estes são mercados que têm um grande potencial e que se estão a desenvolver muito bem.

Marcando presença nos cinco conti-

nentes, qual o valor que atribuem aos

diferentes mercados africanos?

Moçambique representa um mercado muito importante dada a forte presença que temos nesse país e a dimensão das empresas que aí temos instaladas. Angola e Cabo Verde são mercados históricos, onde temos uma certa obrigação de estar. Especificamente, Angola tem um bom potencial mas por enquanto longe de o alcançar plenamente,

e custosos do que o planeado inicialmente. São países e mercados diferentes e, de certa forma, são meios hostis, no sentido mais suave da palavra. Por muito tempo que passe, por muito bem que nos integremos, somos sempre estrangeiros nesses países, mesmo falando a mesma língua. Moçambique foi um processo que correu conforme plane-ado, mas muito mais demorado do que o expectável. É um país organizado, mas na área do medicamento tem sido demorado implementar todas as medidas regulamen-tares e legislativas necessárias ao equilíbrio e desenvolvimento do mercado farmacêutico. Apesar disso, temos conseguido seguir o rumo traçado inicialmente,

O que se revela um desafio constante

para a empresa.

Quando entrámos em Moçambique não existia mercado farmacêutico de acordo com o conceito que temos desse mercado. É um país em que o consumo de medicamentos, além de muito reduzido, era assegurado em 99% pelo Estado através do Serviço Nacio-nal de Saúde, que por sua vez não possuía recursos para comprar mais medicamentos, dependendo em grande medida do apoio de países doadores. O mercado privado prati-camente não existia, foi preciso desenvolver tudo, pelo que foi e, ainda é, um desafio muito interessante. Este género de desafios é que valem a pena. É aliciante, de alguma forma, entrar num mercado que ainda não está perfeitamente organizado, concorrendo bem e sendo o mais competitivo possível. No fundo, é muito interessante criar e nesses países consegue-se criar praticamente a partir do zero.

E que diferenças assinalam no relacio-

namento comercial com um mercado

muito devido à própria organização do País,. No fundo, estes acabam por ser mercados mais históricos do que mercados de grande potencial de desenvolvimento.

É Moçambique hoje uma prioridade

para o vosso investimento ao nível da

exportação?

Sim, é, mas é-o sobretudo em termos de de-senvolvimento do negócio. O Grupo Azevedos tem já um subgrupo em Moçambique que se está a desenvolver por si em várias frentes. O primeiro operador do mercado é nosso e está a desenvolver-se e a expandir-se por todo o território moçambicano, tendo também as-sociada uma cadeia de farmácias. Em termos de presença, Moçambique é, efectivamente, um mercado muito importante.

Já percebemos que a vossa relação com

este mercado não assenta apenas na

relação entre vendedor e comprador...

Sem dúvida. Investimos muito em Moçambi-que, mas não baseamos a nossa actuação na simples exportação de produto. As empresas locais estão a desenvolver-se por si, e estão--se a desenvolver para além dos produtos que importam do Grupo. Sempre no sector farmacêutico, mas com uma vida própria. Quase podemos afirmar que trilham o seu próprio caminho de uma forma independente do Grupo Azevedos, com outros negócios, outros parceiros e outros fornecedores.

A implementação da vossa empresa em

Moçambique foi um processo complica-

do? Quais as maiores dificuldades que

encontraram?

Os processos de internacionalização, por muito bem preparados que sejam e por muito boa que seja a estratégia que tenham por trás, são sempre processos mais morosos

investimos muito em moçambique, mas não baseamos a nossa actuação na simples exportação de produto. As empresas locais estão a desenvolver-se por si, e estão-se a desenvolver para além dos produtos que importam do Grupo. Sempre no sector farmacêutico, mas com uma vida própria

Thebar Mirandapresidente do conselho de administração GrupO azevedOs

ExEcutivE DigEst.pt 107

Page 3: “O investimentO em mOçambique é para cOntinuar” · PDF fileAté que ponto os investimentos ao nível da exportação se revelam essenciais para os resultados da empresa? A componente

[[[[[[[[[[mocambique

108 Executive Digest junho 2015

tão específico como o moçambicano?

Além de um certa burocracia e um ritmo próprio, diria que a principal diferença é ao nível dos recursos humanos.. Temos de ter sempre presente que as pessoas são o mais importante nas empresas. As organizações são compostas por um conjunto de pessoas e a evolução das organizações depende da qualidade desse conjunto de pessoas. Por razões de desenvolvimento social e cultural tem sido um desafio encontrar quadros com a preparação e a mentalidade necessárias a um rápido desenvolvimento da organização.

Levámos quadros portugueses para Mo-çambique e temos sempre em posições-chave quadros portugueses, mas não é possível fazer uma empresa que é moçambicana unicamente com quadros externos, nem em termos práticos, nem em termos eco-

É este um mercado de oportunidades

para as empresas nacionais?

É, sem dúvida nenhuma, mas há que ter a consciência de que não é nenhum El Dora-do. Moçambique é um país com um bom potencial de desenvolvimento, mas o ponto de partida é muito baixo. O País tem uma economia muito frágil, que pese embora tenha tido e vá continuar a ter bons índices de crescimento, apresenta ainda grandes dificuldades. O mercado moçambicano é de pequena dimensão, o que se apresenta como limitação ao próprio investimento. Não vale a pena ultrapassar determinado esforço de investimento porque não há mercado, logo não vai existir retorno.

Tencionam fazer de Moçambique uma

plataforma, um ponto de exportação

para outros países vizinhos?

Tendo em conta que Moçambique é um país estável social e politicamente, embora aconteçam perturbações pontuais, esse é de facto um dos nossos objectivos. O País pode vir a ser uma boa base para exportação.

Relativamente a Moçambique, quais as

vossas expectativas relativamente ao

futuro e objectivos a curto/médio prazo?

Gostava de ver Moçambique como um país politicamente estável que conseguisse ultrapassar os tempos mais conturbados. É um país onde vale a pena trabalhar muito, mas que precisa que a economia se desenvolva de uma forma estruturada e não dependente apenas do petróleo, do gás natural ou do carvão. Nos sectores agrícola e do turismo o País apresenta um potencial elevadíssimo e, no campo da pequena industria, Moçambique é um país que oferece boas condições. Gostaria muito que Moçambique tivesse um desenvolvi-mento económico equilibrado e sustentável.

O investimento do Grupo Azevedos em

Moçambique é para continuar?

A nossa intenção é continuar a investir em Moçambique., Existem perspectivas de aproveitar oportunidades alargando as nossas áreas de actuação. Se avançamos sozinhos ou em parceria tudo vai depender das oportunidades que forem surgindo, sendo que por norma procuramos parcerias complementares ou sinérgicas.

nómicos. Por isso, procuramos desenvolver os profissionais locais, o que tem acontecido com muito bons resultados.

Que balanço faz da vossa presença em

Moçambique?

O balanço é positivo, quer a nível empresarial, quer ao nível do contributo que o Grupo Azevedos e as suas empresas têm dado ao desenvolvimento do próprio país. Estamos absolutamente conscientes e temos satisfa-ção e orgulho em saber que contribuímos positivamente para a evolução do que tem tido o sistema de saúde em Moçambique, sobretudo ao nível dos medicamentos.

Depois de Angola poderá Moçambique

funcionar como o destino preferencial

das empresas portuguesas em África?

Gostava de ver moçambique como um país politicamente estável que conseguisse

ultrapassar os tempos mais conturbados. É um país onde vale a pena trabalhar muito, mas que precisa que

a economia se desenvolva de uma forma estruturada

Moçambique representa um mercado muito importante dada a forte implantação que temos nesse país e a dimensão das empresas que nele temos instaladas. Angola e Cabo Verde são mercados históricos, onde temos uma certa obrigação de estar