O Imperativo das Exportações para uma Economia...
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Câmara de Comércio e Indústria de Ponta Delgada (CCIPD)
O Imperativo das Exportações para uma Economia Sustentável
André Magrinho
Adjunto do presidente do Conselho
Geral da AIP-CCI [email protected]
Ponta Delgada, 27 de Junho 2011
APRESENTAÇÃO
1. O Contexto Actual da Economia Portuguesa: o imperativo das exportações
2. Um Novo Paradigma da Economia Internacional
3. Uma Estratégia de Internacionalização Alavancada numa visão Euro-Atlântica e na CPLP
4. Reforçar a Carteira de Actividades Transaccionáveis para se Afirmar na Economia Global
5. Conclusões
1. O Contexto Actual da Economia Portuguesa: o imperativo das exportações
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Exportações: Motor Incontornável do Crescimento
• Restrição de base para os próximos anos:
– Redução do nível de endividamento
– Consolidação das contas públicas
– Um dos principais desequilibrios estruturais tem sido o défice externo. Desde a década de 1960 verificam-se défices comerciais sistemáticos, colmatados, 1º com tranf. correntes associadas a remessas de emigrantes; depois de 1985, com fundos da UE ao abrigo da estratégia de coesão e convergência; na última década o declínio das tranferências correntes foi compensado com a entrada de fundos resultantes de empréstimos obtidos pelo Estado e bancos portugueses junto de investidores internacionais. Esta 3ª origem de fundos secou no contexto da actual crise.
Exportações: Motor Incontornável do Crescimento (Cont.)
• Implicações:
– Aumento da poupança pública e privada com efeitos depressivos na procura interna (consumo público+consumo privado = 87% do PIB);
– Consequentemente, resta como único propulsor da economia, o segmento das exportações;
– Investir numa rede de inteligência competitiva que articule estratégias empresariais inteligentes e boas políticas públicas.
A EVOLUÇÃO DA ECONOMIA PORTUGUESA NOS ÚLTIMOS 20 ANOS FOI
CARACTERIZADA POR TRÊS PROCESSOS:
1) UM FORTE CRESCIMENTO DO SECTOR NÃO MERCANTIL DA
ECONOMIA DEVIDO À AMPLIAÇÃO DAS FUNÇÕES DO ESTADO NA
OFERTA DE “BENS DE MÉRITO” - EDUCAÇÃO, SAÚDE- E NA
REALIZAÇÃO DE TRANSFERÊNCIAS PARA AS FAMÍLIAS, COMO
CONTRAPARTIDA DA”POUPANÇA FORÇADA” RECOLHIDA PELO
ESTADO PARA FINANCIAMENTO DA SEGURANÇA SOCIAL
2) UMA PROFUNDA MODERNIZAÇÃO DO SECTOR MERCANTIL DE
SERVIÇOS NÃO TRANSACCIONÁVEIS (SERVIÇOS FINANCEIROS,
SERVIÇOS ÀS EMPRESAS, INDÚSTRIAS DE REDE, DISTRIBUIÇÃO ,
IMOBILIÁRIIO, ETC), NUM QUADRO DE MAIOR COMPETIÇÃO
RESULTANTE DA ENTRADA E NOVOS OPERADORES INSTALADOS NO
TERRITÓRIO
3) UMA LIMITADA MUDANÇA NA “CARTEIRA DE BENS E SERVIÇOS
TRANSACCIONÁVEIS” TRAZIDA QUASE EXCLUSIVAMENTE PELO
INVESTIMENTO DIRECTO ALEMÃO NOS SECTORES AUTOMÓVEL E
ELECTRÓNICA
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Legenda
Serviços não Mercantis
Serviços Mercantis e Actividades
“Não transaccionáveis””
Bens e Serviços Exportados
COMPETIÇÃO INTERNACIONAL
-
DAS ECONOMIAS EMERGENTES
EXIGÊNCIA DE
CONSOLIDAÇÃO
ORÇAMENTAL PEC/TROIKA
-
TURISMO
IMOBILI ÁRIO
ADM. PÚBLICA
ENSINO &
FORMAÇÃO
SAÚDE SEG.
SOCIAL
AMBI ENTE
ENS. SUPERIOR
& I&D
DISTRI BUIÇÃO
SERV. FINAN CEIROS
IND. REDE
SERVIÇOS FAMÍLIAS
SERVIÇOS EMPRESAS
AUTOMÓVEL
IND. FLORESTAIS
TÊXTIL/ COURO
MAT. ELÉCTRICO & ELECTRÓNICO
PORTUGAL- A SITUAÇÃO ACTUAL E AS PRESSÕES QUE A TORNAM INSUSTENTÁVEL
RESOLVER A FALTA DE ESTRATÉGIA
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Legenda
Serviços não Mercantis
Serviços Mercantis e Actividades “Não transaccionáveis”
Bens e Serviços Exportáveis
-
EDUC.& FORMAÇÃO
SEG. SOCIAL
SERV.
FINAN
CEIROS
IND.
REDE
SERVIÇOS ÀS EMPRESAS
IMO
BILIÁRIO
?
SAÚDE - SERVIÇOS
?
ENSINO SUP.& I&D
?
?
?
- PORTUGAL 2015/2020 – EM BUSCA DA VIABILIDADE
SERVIÇO ÀS FAMÍLIAS
?
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PAÍSES
IMPORTAÇÕES &
EXPORTAÇÕES DE BENS E
SERVIÇOS (% DO PIB)-2010
EXPORTAÇÕES DE BENS
E SERVIÇOS (% DO
PIB)-2010
Irlanda 177,3 98,3
Hungria 161,2 83,8
Eslováquia 157,5 78,6
República Checa 145,8 75,3
Áustria 105,0 55,0
Dinamarca 95,4 49,6
Alemanha 87,7 46,2
PORTUGAL 69,0 30,9
Reino Unido 61,6 29,1
Itália 54,2 26,5
Espanha 54,1 26,0
França 52,8 25,1
QUADRO II
GRAU DE ABERTURA DA ECONOMIA E ORIENTAÇÃO EXPORTADORA EXEMPLOS DE ECONOMIAS EUROPEIAS (2010)
Fonte: INE Comissão Europeia
Quadro I - Empresas, segundo a dimensão (1)
Fonte: INE
Distribuição das sociedades segundo a dimensão*
Nº
Em % do total Dimensão
média
(emprego)
Volume de
negócios
média (M€) Nº
empresas
Emprego Vol.
negócios
Micro 373 mil 88% 28% 24% 2 0,2
Pequenas 43 mil 10% 28% 23% 19 1,8
Médias 6.1 mil 1,4% 19% 23% 95 13,0
PME 423 mil 99,8% 75% 70%
Grandes 909 0,2% 25% 30% 821 112,2
(1) Dados físicos – Dez 2007
Dados económicos – Dez 2006
* Utilizando apenas o critério do volume de emprego
Exportações de bens e serviços
• Os números mostram que, em Portugal, os serviços são cada vez mais relevantes, representando atualmente um terço das exportações totais (54.470.239 € , em 2010). As exportações portuguesas de serviços (17.575.249 €, em 2010) registaram um crescimento médio anual de 6% ao longo da década de 2000, o dobro do verificado nas exportações de bens (36.894.990 €, em 2010), que cresceram 3%.
• No primeiro trimestre, o défice da balança comercial portuguesa reduziu-se 17% (…), em resultado de um crescimento mais forte das exportações (17%) do que do valor importado (8.5%) (…)
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AS ECONOMIAS EUROPEIAS NO COMÉRCIO MUNDIAL DE MERCADORIAS UMA “GEOMETRIA VARIÁVEL” BEM DESENHADA
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AS ECONOMIAS EUROPEIAS NO COMÉRCIO MUNDIAL DE SERVIÇOS UMA “GEOMETRIA VARIÁVEL” BEM DESENHADA
Quota de Mercado nas Exportações Mundiais
2. O Novo Paradigma da Economia Internacional
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Linhas de Força do Novo Paradigma do Crescimento
O Aprofundamento da Economia Baseada no Conhecimento e o consequente reforço do papel da inovação;
O eixo energia – ambiente: desenvolvimento sustentável;
Clusterização de novas tecnologias e tecnologias maduras»»massificação da sociedade da informação;
Sectores e Actividades com maior dinamismo: TIC, Energia, Ambiente, Biotecnologias, Novos Materiais, Nanotecnologias, Tecnologias da saúde, Robótica, Aeronautica, Espaço e os Oceanos, etc.
3. Uma Estratégia de Internacionalização Alavancada numa Visão Euro-Atlântica e na
CPLP
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Rede de Inteligência Económica/Competitiva ao Serviço da Internacionalização e do Acesso aos Mercados
EMPRESÁRIOS/GESTORES
Ass. Empresariais(AIP, AEP, CCIPD, CIP-CEP.)
Agências/Inst. Públicos (AICEP, IAPMEI...)
Consultores/Formadores
PROJECTOS DE
INTERNACIONALIZAÇÃO
Cooperação Universidade/
Empresa
Capital de Risco/
Incentivos
Miss. Empresariais/
Feiras/Congressos, ...
INTELIGÊNCIA
ECONÓMICA/COMPETIITVA
(Info; conhecimento, redes,
diplom. econ., mercados)
Formação/I&D/Prop.
Intelectual/Diplomacia Econ.
ABORDAGENS:
COOPERAÇÃO/PARCERIAS/
/REDES/CLUSTERS
EMPRESAS
EMPRESÁRIOS
GESTORES
CONSULTORES/
/ASS.EMPRESARIAIS
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3. UMA ESTRATÉGIA DE INTERNACIONALIZAÇÃO ALAVANCADA NUMA VISÃO EURO-ATLÂNTICA E NA CPLP
• Atracção de IDE • Diversificação de exportações (intra e extra-europeias) • Mobilização de uma faixa acrescida das PME • Redimensionamento empresarial (Estratégias Colaborativas, incluindo Fusões e Aquisições ) • Valorização competitiva do território (Hub logístico atractivo, conectividade internacional, plataforma…) • Pólos de competitividade e tecnologia/clusters • Proactividade por parte da rede de diplomacia económica • Um papel instrumental para o associativismo empresarial • Reforço da carteira de actividades transaccionáveis/exportadoras
VANTAGENS COMPETITIVAS DE UMA LÍNGUA COMUM NA CPLP
Língua comum
Tem
Função
unificadora
Reforça
ligações
culturais
Diminui custos de transacção
Potencia negócios
Confere escala e dimensão
2. O ESPAÇO DE LÍNGUA PORTUGUESA EM NÚMEROS
CPLP
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QUADRO III – PESO RELATIVO DOS PAÍSES DA CPLP NO TOTAL DAS SAÍDAS E DAS EXPORTAÇÕES PORTUGUESAS(%)
2005 2009
Taxa de
Crescimento
CPLP
AO Angola
BR Brasil
CV Cabo Verde
GW Guiné-Bissau
MZ Moçambique
ST S. Tomé e Príncipe
TL Timor-Leste
3.99
2.58
0.57
0.48
0.08
0.21
0.07
0.00
9.31
7.06
0.93
0.70
0.11
0.38
0.11
0.03
133%
174%
63%
46%
38%
81%
57%
N/D
Nas Exportações portuguesas para os Países Terceiros (%)
CPLP
AO Angola
BR Brasil
CV Cabo Verde
GW Guiné-Bissau
MZ Moçambique
ST S. Tomé e Príncipe TL Timor-Leste
20.30
13.08
2.90
2.42
0.39
1.05
0.36
0.02
37.91
28.73
3.77
2.85
0.43
1.55
0.46
0.12
87%
120%
30%
18%
10%
48%
28%
500%
No total das Saídas (1) de Portugal (%)
(1) Somatório das Expedições para o espaço da EU com as Exportações para os Países Terceiros.
Fonte: GEE, a partir de dados de base do INE; 2010 – versão preliminar
OS MERCADOS ALVO Uma Porta de Entrada para Mercados Regionais
População Total CPLP: 245.000.000
População CPLP + Regiões Económicas: 1.812.998.288
FIGURA II - A CPLP E O CONTEXTO ECONÓMICO REGIONAL:
Uma Porta de Entrada para o Mundo
OS MERCADOS ALVO (Cont.)
População total – 1.318.928.288 habitantes (+ 660.141.099 habitantes / + 45%)
FIGURA III - ESTRATÉGIA DE FUTURO
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OS MERCADOS ALVO (Cont.)
População: 267.386.382 habitantes
MERCOSUL: Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai.
WAEMU:
Benin, Burkina Fasso, Cabo Verde, Costa do Marfim, Gâmbia, Gana, Guiné, Guiné-Bissau, Libéria, Mali, Níger, Nigéria, Senegal, Serra Leoa e Togo.
População:
283.096.250 habitantes
OS MERCADOS ALVO (Cont.)
ASEAN: Brunei, Cambodja, Indonésia, Laos, Malásia, Myanmar, Filipinas, Singapura, Tailândia Vietname, Timor-Leste, Papua – Nova Guiné. População: 500.000.000 habitantes
SADC:
África do Sul, Angola, Botsuana, República Democrática do Congo, Lesoto, Madagáscar, Malawi, Maurícias, Moçambique, Namíbia, Suazilândia, Tanzânia, Zâmbia, Zimbábue.
População:
268.445.656 habitantes
4. Reforçar a Carteira de Actividades Transaccionáveis para se Afirmar na Economia
Global
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PORTUGAL: EM BUSCA DE NOVOS “MOTORES” PARA A EXPORTAÇÃO DE BENS E
SERVIÇOS
Projectos Estruturantes, tendo em conta as competências empresariais e os pólos de I&D do País, com potencial de dinamização de uma oferta exportadora em torno de diversas actividades produtivas (equipamentos e dispositivos médicos;
mobilidade eléctrica e mobilidade inteligente; aeronáutica; engenharia oceânica e exploração de recursos marinhos; entretenimento digital; comunicações – equipamentos de software e serviços, agricultura de especialidades…) , a saber:
Actividades associadas às indústrias da saúde - envolvendo nomeadamente concepção, I&D e fabrico de fármacos, dispositivos e equipamentos médicos, de próteses e auxiliares funcionais;
Actividades associadas ao lazer – do turismo e acolhimento à concepção e fabrico de motorizadas de competição, aviação desportiva, embarcações para náutica de recreio;
Actividades associadas ao entretenimento digital - incluindo jogos para computador e telemóveis, realidade virtual;
Actividades associadas à introdução de novas soluções de mobilidade sustentável, envolvendo os veículos comerciais híbridos e os veículos eléctricos para mobilidade urbana (automóveis, autocarros, scooters ou veículos de uso individual);
PORTUGAL: EM BUSCA DE NOVOS “MOTORES” PARA A EXPORTAÇÃO DE
BENS E SERVIÇOS (Cont.)
Actividades associadas às comunicações numa network society envolvendo o crescimento exponencial das comunicações pessoais
wireless e a virtualidade como forma de comunicação não exigente em mobilidade associada;
Actividades associadas à introdução de novas soluções de
electricidade distribuída envolvendo nomeadamente as aplicações de fuel cells estacionárias;
Actividades ligadas à engenharia e I&D de produtos,
prototipagem, moldes e ferramentas, injecção de matéria plástica e ligas leves metálicas, electrónica e robótica;
Actividades associadas à produção sustentável de bio combustíveis (camelina para o biodiesel e o miscanthus para o etanol), destacando-se também a utilização de micro algas, macroalgas e de produtos de base celulósica;
Actividades associadas à exploração oceânica - envolvendo as tecnologias de exploração submarina e de engenharia do offshore.
TURISMO, ACOLHIMENTO,
LAZER, ENTRETENIMENTO PROSPECÇÃO,
EXPLORAÇÃO(?), REFINAÇÃO
DE PETRÓLEO & PETROQUÍMICA;
+CAPTAÇÃO CARBONO
AUTOMÓVEL COM A ÁSIA
AERONÁUTICA
COM AS AMÉRICAS
COMUNICAÇÕES/ ELECTRÓNICA E SOFTWARE
SAÚDE- SERVIÇOS , DISPOSITIVOS & EQUIPAMENTOS
ENERGIAS RENOVÁVEIS & FUEL CELLS
O SUL
O NORTE
AGRICULTURA DE ESPECIALIDADES
(flores, plantas
ornamentais, frutos etc)
NORTE E SUL- DISTINTAS “VOCAÇÕES”?
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5. CONCLUSÕES • Uma estratégia de internacionalização pressupõe a mobilização das PME, o redimensionamento e
a cooperação empresarial, a diversificação de mercados na UE e extra-UE, assim como a aposta em novos clusters, maior atractividade em relação ao IDE e o reforço da conectividade do território;
• Ao delinear uma estratégia de internacionalização alavancada numa visão euro-atlantica e na CPLP, Portugal afirma uma centralidade euro-atlântica;
• Uma estratégia de internacionalização alavancada na CPLP significa que os países membros da CPLP funcionam também como porta de entrada para as regiões económicas que cada um integra, sendo já significativo o peso da CPLP nas nossas exportações extra-comunitárias;
• É necessário uma adequada articulação de estratégias empresariais alicerçadas na informação, no conhecimento e na tecnologia, e de boas políticas públicas que, conjuntamente, corporizem uma rede de “inteligência competitiva”, visando a afirmação de Portugal nos mercados globais.
• O alargamento e enriquecimento da carteira de actividades, bens e serviços transaccionáveis é decisivo para a nossa afirmação no contexto da economia global e para competitr (defender) no próprio mercado interno.
O imperativo das Exportações
FIM Muito Obrigado