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O IMORTAL JORNAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITA Diretor Responsável: Hugo Gonçalves Ano 54 Nº 636 Fevereiro de 2007 R$ 1,50 “A vida é imortal, não existe a morte; não adianta morrer, nem descansar, porque ninguém descansa nem morre.” Marília Barbosa “Nascer, morrer, renascer ainda e progredir continuamente, tal é a lei.” Allan Kardec As crianças e o além Tanto o título acima como o subtítulo desta matéria fazem parte da reportagem assinada por Camilo Vannuchi e Celina Côrtes, que integra a edição da revista ISTOÉ de 17 de janei- ro último (ver capa). A reportagem focaliza um dos temas mais interessantes já estudados pelo Espiritismo: as relações entre as crianças e os Espíritos, fato que Allan Kar- dec, o Codificador do Espiri- tismo, dizia ser quase geral até certa idade da criança, quando a facilidade de desprendimento da alma, ainda não inteiramente integrada no corpo físico, possi- bilita a ocorrência do fenômeno. A reportagem é recheada de relatos e contribuirá, sem nenhu- ma dúvida, para o esclarecimen- to dos leitores acerca da mediu- nidade. Mesmo que matérias des- sa natureza apresentem falhas, que são compreensíveis, sua im- portância para a divulgação da doutrina espírita é inegável, vis- to que o interessado no fenôme- no sabe onde buscar as informa- ções para melhor se esclarecer. Eis um dos casos reportados por ISTOÉ: Um garoto apontou a jovem que aparecia no retrato e disse: “Vovó.” A mãe dele achou estranho. “Sim, esta era a minha avó, sua bisa”, disse ela. E perguntou como ele adivi- nhara isso, já que ninguém havia mostrado aquela imagem ao menino. O menino apenas tocou o Faz 23 anos que Osnildo partiu para a pátria espiritual colo da moça no retrato e disse: “Dodói”. Na foto, não havia ne- nhum machucado aparente. O assombro tomou conta da sala quando a mulher se lembrou de que a avó, já idosa, falecera em decorrência de um câncer de mama. “Meu filho sabia daquilo sem que ninguém tivesse lhe contado”, resume o pai, Ricardo Movits. Ninguém deste mundo, é bom ressaltar. A revista adverte o leitor para o seguinte fato: Chico Xavier (foto), o maior médium brasilei- ro, teve sua primeira experiência mediúnica aos cinco anos, quan- do sua mãe faleceu e, em espíri- to, passou a visitá-lo. O menino a que nos referimos, de nome Roberto, hoje com quatro anos, também diz receber a visita de parentes falecidos, assiduamen- te. Segundo ele, a avó freqüenta sua casa para lhe ensinar coisas sobre a vida e a morte. “Ela dis- se que as pessoas que morrem viram anjinhos e depois voltam a ser bebês”, conta a criança. Em outra ocasião, Roberto surpreen- deu o pai ao comentar que o avô havia morrido porque fumava de- mais. “Entrou muita fumaça no peito dele”, completou. “As supostas habilidades do menino – diz a matéria de ISTOÉ poderiam ser explicadas por meio da mediunidade. Estudada por religiosos, psiquiatras e até neurologistas, a mediunidade é a capacidade de ver e ouvir espíri- tos ou realizar fenômenos paranormais – como incorpora- ção e clarividência – por inter- médio de agentes externos. Ou seja, de entidades espirituais que utilizam o corpo do médium como veículo para se manifes- tar.” Na seqüência, a reportagem informa que relatos desse tipo são cada vez mais comuns, mesmo nos consultórios, embo- ra a psicologia e a medicina busquem outras formas de ex- plicação desses fenômenos, uma discussão que foi inten- sa por ocasião da codificação do Espiritismo, quando diver- sas hipóteses foram levanta- das para esclarecer o que é tão simples, ou seja, o inter- câmbio entre pessoas igual- mente vivas, uma encarnada, a outra desencarnada, que as páginas da Bíblia referem a cada passo. Relatos de comunicação com espíritos revelam que a mediunidade é comum na infância. E os pais precisam aprender a lidar com a situação MEDIUNIDADE Chico Xavier A Revue Spirite há 140 anos .................................. 15 Aiglon Fasolo ......................................................... 10 Clássicos do Espiritismo .......................................... 5 Crônicas de Além-Mar ........................................... 12 De coração para coração .......................................... 4 Divaldo responde ..................................................... 5 Editorial .................................................................... 2 Emmanuel ................................................................. 2 Espiritismo para as crianças .................................... 6 Estudando as obras de André Luiz ........................ 14 Fernanda Borges ...................................................... 3 Grandes Vultos do Espiritismo ................................ 7 Jane Martins Vilela ................................................ 14 Joanna de Ângelis .................................................... 2 José Passini ............................................................ 10 José Viana Gonçalves ............................................ 12 Momentos com Divaldo Franco ............................ 13 Palestras, seminários e outros eventos .................. 11 Ainda nesta edição Em 23 de janeiro de 1984, em Praia de Leste, litoral do Paraná, um menino chamado Osnildo Junior, que contava então 8 anos de idade, ao lavar as mãos melecadas pelo sor- vete que tomara, foi colhido por uma onda e desapareceu no mar. As pessoas que já passaram por isso ou que presencia- ram fatos como esse podem imaginar a dor, o sofrimento, o desespero que acometeram seus pais. E foi assim, sofrendo muito, que eles resolveram procurar o médium Chico Xavier, que, no dia 4 de maio do mesmo ano, transmitiu-lhes linda mensagem da criança. Pág. 16 Capa da edição de 17-01-2007 A questão da evolução humana e os fatores que a condicionam Nubor Orlando Facure, em artigo especial intitulado “A natureza humana – O Espírito como agente de transforma- ção”, que ocupa as páginas centrais desta edição, examina a questão da evolução espiritual e os vários fatores – genes, cultura, ambiente, educação – que estimulam ou condicionam o desenvolvimento humano. “Na programação de qualquer comportamento animal, a densidade tanto do determinismo genético como da participação do ambiente é complexa e às vezes contradiz as interpretações apressadas”, afirma Facure em seu estudo. Págs. 8, 9 e 13

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O IMORTALJORNAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITA

Diretor Responsável: Hugo Gonçalves Ano 54 Nº 636 Fevereiro de 2007 R$ 1,50

“A vida é imortal,não existe a morte;não adianta morrer,

nem descansar,porque

ninguém descansanem morre.”

Marília Barbosa

“Nascer,morrer,renascerainda e

progredircontinuamente,

tal é a lei.”Allan Kardec

As crianças e o alémTanto o título acima como

o subtítulo desta matéria fazemparte da reportagem assinadapor Camilo Vannuchi e CelinaCôrtes, que integra a edição darevista ISTOÉ de 17 de janei-ro último (ver capa).

A reportagem focaliza umdos temas mais interessantes jáestudados pelo Espiritismo: asrelações entre as crianças e osEspíritos, fato que Allan Kar-dec, o Codificador do Espiri-tismo, dizia ser quase geral atécerta idade da criança, quando

a facilidade de desprendimentoda alma, ainda não inteiramenteintegrada no corpo físico, possi-bilita a ocorrência do fenômeno.

A reportagem é recheada derelatos e contribuirá, sem nenhu-ma dúvida, para o esclarecimen-to dos leitores acerca da mediu-nidade. Mesmo que matérias des-sa natureza apresentem falhas,que são compreensíveis, sua im-portância para a divulgação dadoutrina espírita é inegável, vis-to que o interessado no fenôme-no sabe onde buscar as informa-ções para melhor se esclarecer.

Eis um dos casos reportadospor ISTOÉ: Um garoto apontoua jovem que aparecia no retratoe disse: “Vovó.” A mãe deleachou estranho. “Sim, esta era aminha avó, sua bisa”, disse ela.

E perguntou como ele adivi-nhara isso, já que ninguém

havia mostrado aquelaimagem ao menino. Omenino apenas tocou o

Faz 23 anos queOsnildo partiu paraa pátria espiritual

colo da moça no retrato e disse:“Dodói”. Na foto, não havia ne-nhum machucado aparente. Oassombro tomou conta da salaquando a mulher se lembrou deque a avó, já idosa, falecera emdecorrência de um câncer demama. “Meu filho sabia daquilosem que ninguém tivesse lhecontado”, resume o pai, RicardoMovits. Ninguém deste mundo,é bom ressaltar.

A revista adverte o leitor parao seguinte fato: Chico Xavier(foto), o maior médium brasilei-ro, teve sua primeira experiênciamediúnica aos cinco anos, quan-do sua mãe faleceu e, em espíri-to, passou a visitá-lo. O meninoa que nos referimos, de nomeRoberto, hoje com quatro anos,também diz receber a visita deparentes falecidos, assiduamen-te. Segundo ele, a avó freqüentasua casa para lhe ensinar coisassobre a vida e a morte. “Ela dis-se que as pessoas que morrem

viram anjinhos e depois voltama ser bebês”, conta a criança. Emoutra ocasião, Roberto surpreen-deu o pai ao comentar que o avôhavia morrido porque fumava de-mais. “Entrou muita fumaça nopeito dele”, completou.

“As supostas habilidades domenino – diz a matéria de ISTOÉ– poderiam ser explicadas pormeio da mediunidade. Estudadapor religiosos, psiquiatras e aténeurologistas, a mediunidade é acapacidade de ver e ouvir espíri-tos ou realizar fenômenosparanormais – como incorpora-ção e clarividência – por inter-médio de agentes externos. Ouseja, de entidades espirituais queutilizam o corpo do médiumcomo veículo para se manifes-tar.”

Na seqüência, a reportageminforma que relatos desse tiposão cada vez mais comuns,mesmo nos consultórios, embo-ra a psicologia e a medicina

busquem outras formas de ex-plicação desses fenômenos,uma discussão que foi inten-sa por ocasião da codificaçãodo Espiritismo, quando diver-sas hipóteses foram levanta-das para esclarecer o que étão simples, ou seja, o inter-câmbio entre pessoas igual-mente vivas, uma encarnada,a outra desencarnada, que aspáginas da Bíblia referem acada passo.

Relatos de comunicação com espíritos revelam que a mediunidade é comum na infância. E os pais precisam aprender a lidar com a situação

MEDIUNIDADE

Chico Xavier

A Revue Spirite há 140 anos .................................. 15Aiglon Fasolo ......................................................... 10Clássicos do Espiritismo .......................................... 5Crônicas de Além-Mar ........................................... 12De coração para coração .......................................... 4Divaldo responde ..................................................... 5Editorial .................................................................... 2Emmanuel ................................................................. 2Espiritismo para as crianças .................................... 6Estudando as obras de André Luiz ........................ 14Fernanda Borges ...................................................... 3Grandes Vultos do Espiritismo ................................ 7Jane Martins Vilela ................................................ 14Joanna de Ângelis .................................................... 2José Passini ............................................................ 10José Viana Gonçalves ............................................ 12Momentos com Divaldo Franco ............................ 13Palestras, seminários e outros eventos .................. 11

Ainda nesta edição

Em 23 de janeiro de 1984, em Praia de Leste, litoral doParaná, um menino chamado Osnildo Junior, que contavaentão 8 anos de idade, ao lavar as mãos melecadas pelo sor-vete que tomara, foi colhido por uma onda e desapareceu nomar. As pessoas que já passaram por isso ou que presencia-ram fatos como esse podem imaginar a dor, o sofrimento, odesespero que acometeram seus pais. E foi assim, sofrendomuito, que eles resolveram procurar o médium Chico Xavier,que, no dia 4 de maio do mesmo ano, transmitiu-lhes lindamensagem da criança. Pág. 16

Capa da edição de 17-01-2007

A questão da evoluçãohumana e os fatoresque a condicionam

Nubor Orlando Facure, em artigo especial intitulado “Anatureza humana – O Espírito como agente de transforma-ção”, que ocupa as páginas centrais desta edição, examina aquestão da evolução espiritual e os vários fatores – genes,cultura, ambiente, educação – que estimulam ou condicionamo desenvolvimento humano. “Na programação de qualquercomportamento animal, a densidade tanto do determinismogenético como da participação do ambiente é complexa e àsvezes contradiz as interpretações apressadas”, afirma Facureem seu estudo. Págs. 8, 9 e 13

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O IMORTALPÁGINA 2 FEVEREIRO/2007

EditorialEMMANUEL

Qual é finalidade da imprensa es-pírita? Compete-lhe algum papel nadefesa dos postulados espíritas?

Estas questões nunca foram tão atu-ais como hoje, quando nos encontramosnum momento difícil em que a confu-são e a dúvida imperam em vários seto-res da atividade espírita, motivadas demodo especial por uma profusão de li-vros e de idéias que têm sido veicula-dos sem os cuidados e os critérios reco-mendados por Kardec e por vultos emi-nentes da codificação espírita.

Como os livros espíritas são coi-sas públicas, é lícito à imprensa espí-rita comentá-los e apontar seus possí-veis desvios doutrinários?

Ora, foi exatamente essa a postu-ra de Kardec quando, ao examinar aobra de Roustaing, ressalvou nela ospontos que considerara prematuros.

Reportamo-nos a Kardec porqueuma das razões alegadas pelos que de-fendem o mutismo da imprensa espíri-ta ante tais questões é o medo da polê-mica, assunto a que o Codificador sereferiu com clareza na Revista Espírita,quando afirmou que havia um gênerode polêmica do qual sempre se afasta-ria: a que pode degenerar em persona-lismo, aduzindo, porém, que existia umapolêmica a que jamais recuaria: a dis-cussão séria dos princípios espíritas.(Revista Espírita de 1858, pág. 305.)

A análise meticulosa, o exame ri-goroso, a crítica criteriosa das comu-nicações espíritas são pontos conhe-cidos de todos nós que estudamos aCodificação Kardequiana.

Utiliza-te do espairecimentopara a renovação das forças. Não tedistraias, porém, em demasia, a fimde que o anestésico da acomodaçãonão te afaste das responsabilidadesassumidas.

Recorre ao repouso, quando asenergias necessitem de refazimen-to. Não obstante, equilibra as horasde recuperação, evitando tombaresna indolência ou na inutilidade.

Jesus é a videira eterna, cheiade seiva divina, espalhando ramosfartos, perfumes consoladores efrutos substanciosos entre os ho-mens, e o mundo não lhe ofereceusenão a cruz da flagelação e damorte infamante.

Desde milênios remotos é oSalvador, o puro por excelência.

Que não devemos esperar, pornossa vez, criaturas endividadasque somos, representando galhosainda secos na árvore da vida?

Em cada experiência, necessi-tamos de processos novos no ser-viço de reparação e corrigenda.

Somos madeiros sem vida pró-pria, que as paixões humanas inu-tilizaram, em sua fúria destruido-ra.

Os homens do campo metem avara punitiva nos pessegueiros,quando suas frondes raquíticas nãoproduzem. O efeito é benéfico ecompensador.

O martírio do Cristo ultrapas-

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A imprensa espírita e sua finalidadeAsseverou o Codificador:I. Fora das questões morais, só se

deve acolher com reservas o que vemdos Espíritos, e jamais sem exame. (Re-vista Espírita de 1860, pp. 233 e 234.)

II. Nem toda mensagem de origemespiritual merece ser veiculada pela im-prensa, porquanto em 3.600 mensagensrecebidas do plano espiritual apenas 300serviriam à publicidade e destas somen-te 100 (menos de 3% do total) apresen-tariam um mérito inconteste. (RevistaEspírita de 1863, pp. 153 a 155.)

III. Publicar sem exame, ou sem cor-reção, tudo quanto vem dos Espíritos, édar prova de pouco discernimento. Oexame criterioso é, pois, fundamentalantes de se publicar qualquer coisa. (Re-vista Espírita de 1859, pág. 316.)

Erasto, que teve papel destacado naobra da codificação, era – como sabe-mos – ainda mais rigoroso com relaçãoao exame das comunicações espíritas.“Mais vale repelir dez verdades – disseele – que admitir uma só mentira, umasó teoria falsa.” (Revista Espírita de1861, pág. 257.) “Se algum médium dermotivo legítimo de suspeita, devemosrepelir suas comunicações, pois há umaserpente oculta na grama”, eis o que pro-pôs, querendo com isso enfatizar a ne-cessidade de analisarmos com rigor to-das as comunicações. (Revista Espíritade 1861, pp. 257 e 258.)

Em outra ocasião, em carta dirigidaaos espíritas de Lyon, na qual advertiaos lioneses sobre o perigo da fascina-ção, repetiu o conselho que dera emParis: “É melhor repelir dez verdades

momentaneamente do que admitir umasó mentira, uma única teoria falsa”.(Revista Espírita, pp. 323 e 324.)

Confusão semelhante à que obser-vamos atualmente em nosso meio pa-recia estar ocorrendo na França daque-la época, fato examinado por Erastonuma mensagem denominada “OsConflitos”, em que afirma haver na-quele momento uma recrudescência defenômenos obsessivos, resultado daluta que, inevitavelmente, devem sus-tentar as idéias novas. “De todos oslados – disse ele – surgem médiunscom supostas missões, chamados, aoque dizem, a tomar em mãos a bandei-ra do Espiritismo e plantá-la sobre asruínas do velho mundo, como se nósviéssemos destruir, nós que viemospara construir.” “Quase todos os mé-diuns, em seu início, são submetidos aessa perigosa tentação.” (Revista Es-pírita de 1863, pp. 381 a 383.)

Os espíritas deveriam, pois, estaratentos, não só aos ataques dos adversá-rios vivos, mas também às manobras,ainda mais perigosas, dos adversários de-sencarnados. “Fortificai-vos, pois, emestudos sadios e, sobretudo, pela práticado amor e da caridade, e retemperai-vosna prece. Deus sempre ilumina os que seconsagram à propagação da verdade,quando estão de boa-fé e desprovidos detoda ambição pessoal”, disse Erasto, queem seguida acrescentou: “Jamais julgueisuma comunicação mediúnica pelo nomeque a assina, mas apenas por seu con-teúdo intrínseco”. (Revista Espírita de1863, pp. 383 e 386.)

Um minuto com Joanna de ÂngelisMantém ativa a tua vida de rela-

ções sociais. No entanto, preserva osteus compromissos elevados com asEntidades Superiores com as quaiste encontras comprometido.

Programa férias e horas de lazerapós as labutas exaustivas. Entretan-to, estabelece o programa de manu-tenção dos serviços espirituais, demodo a não cederes à tentação daindiferença.

Madeiros secos

sou os limites de nossa imagina-ção. Como tronco sublime da vida,sofreu por desejar transmitir-nossua seiva fecundante.

Como lenhos ressequidos, aocalor do mal, sofremos por neces-sidade, em favor de nós mesmos.

O mundo organizou a tragé-dia da cruz para o Mestre, por es-pírito de maldade e ingratidão;mas nós outros, se temos cruzesna senda redentora, não é porqueDeus seja rigoroso na execuçãode suas leis, mas por ser Amoro-so Pai de nossas almas, cheio desabedoria e compaixão nos pro-cessos educativos.

“Porque, se ao madeiro verde fazem isto, quese fará ao seco?” - Jesus (Lucas, 23:31.)

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a divulgar o Espiritismoares ou integrantes do Grupo Espí-rita de que faça parte.

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Não é preciso efetuar o paga-mento agora. Você receberá pelocorreio o boleto bancário correspon-dente, que poderá ser quitado emqualquer agência bancária.

Lembre que, segundo Emmanu-el, a maior caridade que podemosfazer à Doutrina Espírita é a sua di-vulgação. Ajude-nos, pois, a divul-gá-la, colaborando com os jornais,os programas de rádio e TV e os li-vros espíritas.

Assinale a opção de sua preferência:( ) Assinatura simples ( ) Assinatura múltipla

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JOANNA DE ÂNGELIS, men-tora espiritual de Divaldo P. Fran-co, é autora, entre outros livros, deMomentos de Esperança (LivrariaEspírita Alvorada Editora, 1988), doqual foi extraído o texto acima.

EMMANUEL, que foi o men-tor espiritual de Francisco Cândi-do Xavier e coordenador da obramediúnica do saudoso médiummineiro, é autor, entre outros li-vros, de “Caminho, Verdade eVida” (FEB, 1948), de onde foiextraído o texto acima.

O homem tem necessidade derecuperar as forças que aplica até oseu limite. Apesar disso, com faci-lidade se transfere para a sonolên-cia e o parasitismo no que diz res-peito à sua vida espiritual.

Há quem reserve horas brevespara a experiência do Espírito, bus-cando desincumbir-se do mister,qual se pagasse um imposto desa-gradável, esquecendo-se do bem-estar que se haure na comunhão coma Vida Triunfante.

Assim, seja qual for o pretexto,nunca te afastes da tarefa espiritualque te ilumina e reconforta, auxili-ando-te a armazenar os valiosos te-souros da paz e da alegria no imodo coração.

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O IMORTALFEVEREIRO/2007 PÁGINA 3

A jornalista e líder no mo-vimento espírita de Pernambu-co Alexandra Torres (foto) con-cedeu recentemente uma novaentrevista ao programa “Refle-xão Espírita”, que vinha sendoapresentado semanalmentepela TV Tropical de Londrina,emissora associada à RedeCNT de Televisão.

Formada pela Unicap, Ale-xandra Torres já passou pelasTVs Pernambuco e Jornal, atu-ando na área de produção. Emrádio, trabalhou na Clube, Rá-dio Jornal e agora integra aequipe da Rádio CBN de Reci-fe. Para ela, as maiores quali-dades do veículo são a agilida-de, dinamismo e ai n t e r a t i v i d a d ecom o público.

O assuntoabordado na en-trevista concedidaa Luis CláudioGalhardi foi a fe-licidade, na qualAlexandra fala so-bre a importânciade se entendercomo funcionam aresponsabilidade,a liberdade e o li-vre-arbítrio, à luzdo Espiritismo.

Confira:

Luis Cláudio: Vamos falarum pouco sobre responsabilida-de e culpa. Sabemos que deve-mos assumir o nosso papel de es-pírito. Temos conseguido fazerisso enquanto humanidade e en-quanto pessoas?

Alexandra: Observamosuma conceituação muito interes-sante em Hamed, quando ele falapra gente que cada um está nonível evolutivo que pode estar.Então não adianta nós exigirmosdas pessoas mais do que elas po-dem dar naquele momento e é di-fícil para nós compreendermosisso. A gente não tem essa com-preensão de vida. Nós estamos

FERNANDA [email protected]

De Londrina

sempre exigindo denós e dos outros maisdo que podemos ser.Não é uma questão devocê ser conivente,mas existe um limiteaté onde as pessoaspodem ir, existe umlimite até onde vocêpode fazer. E dentrodaquele seu limite,aquele é o teu melhornaquele momento.Nós, ao longo dosanos, ao longo das nos-sas encarnações, temossido orientados nãopara sermos responsáveis, nós te-mos sido orientados para sermosvítimas. E isso é uma conceituaçãoque precisa ser entendida. Nós fa-lamos muito de culpa, quando naverdade deveríamos usar um outro

termo, ‘nós somosresponsáveis´.

Luis Cláudio: Ea liberdade?

Alexandra: Todapessoa que quer ter aliberdade, muitas ve-zes esquece que a li-berdade também geraresponsabilidade. Eunão faço o que euquero, quando euquero e onde eu que-ro porque existe umaresponsabilidade nas

atitudes. A sua atitude vai prejudi-car alguém? A sua atitude vai tra-zer algum dano a alguém? Se elavai trazer um dano, você não temliberdade de fazê-lo, mas tambémtem, porque o seu livre arbítrio dizque você tem a liberdade de fazer.

“A culpa te paralisa,pois vem da idéia depecado. Quando háresponsabilidade de

cometermos algum ato,também temos a

responsabilidade dedesfazer aquilo que

não foi correto”

Luis Cláudio: A doutrina es-pírita é muito esclarecedora. O quenós devemos fazer, dado o nosso

nível de evolução, que a gente aca-ba achando que está lá na frente?Como vamos assumir, contraba-lançar a responsabilidade comaquilo que a gente está aprenden-do, como equilibrar isso?

Alexandra: Você não podecorrigir nem melhorar aquilo quevocê desconhece. Ao longo dos

tempos não fomos in-centivados a compre-ender. Fomos somen-te incentivados a jul-gar. Temos acesso amuitas informaçõesdentro da doutrina es-pírita e dentro de qual-quer outra religião quenos traz o cunho éticoe moral do Evangelho.Por que a dificuldadede colocarmos tudoem prática? Porquenós temos condiciona-mentos milenares quenão podem ser, sim-

plesmente, trocados de uma horapara outra. Você tem que exerci-tar atitudes. É muito difícil, porexemplo, quando você está numprocesso de separação de casais,normalmente qual é a nossa atitu-de? Fulano é culpado, fulano fezisso e ninguém assume. Ninguémpara dizer: Que parcela eu tive de

Alexandra Torres, jornalista espírita radicada na capital de Pernambuco

Entrevista: Alexandra Torres

Felicidade: Somos nós os responsáveis por ela?

A felicidade na visão espíritaO problema da felicidade hu-

mana, assunto tratado na entre-vista de Alexandra Torres, cons-titui uma aspiração válida e na-tural da humanidade, mas nãopode ser examinado sem se levarem conta a lei de causa e efeito,que rege os destinos humanos.

Segundo o Espiritismo, é pre-ciso ter em mente, nesse particu-lar, a realidade espiritual, vistoque a vida na Terra é uma passa-gem muita curta e é por desco-nhecer esse fato que temos postoa felicidade em valores errôneosou em situações onde nunca es-tamos.

Allan Kardec examina o temaem três questões sucessivas d’ “OLivro dos Espíritos”, a principalobra da doutrina espírita que es-

a posse do necessário, quanto àvida material; a consciência purae a fé no futuro, quanto à vidamoral.”

*O caso Ismália-Alfredo, nar-

rado por André Luiz no livro “OsMensageiros”, cap. 17, compro-va e ilustra esse pensamento. Valea pena lê-lo.

Não podemos, recomendamos imortais, perseverar nos errose nos fracassos do passado.

Emmanuel, a esse respeito,nos adverte: “O tempo não pára,e, se agora encontras o teu ontem,não olvides que o teu hoje será aluz ou a treva do teu amanhã”(“Entre a Terra e o Céu”, deAndré Luiz, prefácio). (Da Re-dação)

tará completando 150 anos de exis-tência no próximo dia 18 de abril.

Eis o que nos apresenta a refe-rida obra:Questão 920 - É possível a felici-dade completa no mundo em quevivemos? Resposta: “Não, mas de-pende unicamente de nós abrandarnossos males e sermos tão felizesquanto se pode ser na Terra.”Questão 921 - E a felicidade rela-tiva? R.: “Sim, porque o homemé, na maioria das vezes, o artíficede sua infelicidade. Praticando a leide Deus, ele pode poupar-se amuitos males e se proporcionaruma felicidade tão grande quantoo comporta sua existência num pla-no grosseiro.”Questão 922 - Qual a medida co-mum da felicidade terrena? R.: “É

responsabilidade nesse proces-so? Será que eu fiz tudo para oparceiro ser feliz? Então, equi-librar o que a gente conhece como que a gente quer fazer, chama-se auto-conhecimento. Somenteatravés disso você vai conse-guindo fazer o processo educa-tivo, porque isso é um processode educação.

Luis Cláudio: Não é muitodemorado esse processo?

Alexandra: É o livre-arbí-trio. A natureza não dá saltos.Automaticamente, a própria leido progresso fatalmente nos levapara diante. Por mais que a gen-te queira retardar, chega numponto em que o nosso livre-ar-bítrio, digamos assim, é o limitedele. A lei age, quer queira ounão, vamos para a frente, peloamor ou pela dor. Evoluir e cres-cer é o nosso objetivo, dure otempo que durar.

Fac-símile da capa da principalobra da doutrina espírita

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O IMORTALPÁGINA 4 FEVEREIRO/2007

A finalidade da encarnação dosEspíritos em planetas como a Ter-ra é algo bem definido na doutrinacodificada por Allan Kardec, comoprovam os textos que se seguem.

O Codificador do Espiritismoperguntou aos Espíritos: – Qual oobjetivo da encarnação dos Espíri-tos? Eles responderam: “Deus lhesimpõe a encarnação com o fim defazê-los chegar à perfeição. Para uns,é expiação; para outros, missão. Mas,para alcançarem essa perfeição, têmque sofrer todas as vicissitudes daexistência corporal: nisso é que estáa expiação. Visa ainda outro fim aencarnação: o de pôr o Espírito emcondições de suportar a parte que lhetoca na obra da criação. Paraexecutá-la é que, em cada mundo,toma o Espírito um instrumento, deharmonia com a matéria essencialdesse mundo, a fim de aí cumprir,daquele ponto de vista, as ordens deDeus. É assim que, concorrendo paraa obra geral, ele próprio se adianta.”(O Livro dos Espíritos, 132.)

Em momento distinto, o Codi-ficador indagou: – Como pode aalma acabar de se depurar? Res-posta: “Submetendo-se à prova deuma nova existência”. A finalida-de da reencarnação é: “Expiação,melhoramento progressivo da Hu-manidade. Sem isso, onde estaria

a justiça?” (O Livro dos Espíritos,166 e 167.)

Em artigo publicado em 1863Kardec examinou a tese de que osEspíritos não teriam sido criadospara encarnarem; a encarnação nãoseria senão o resultado de sua falta.O Espiritismo afirma o contrário, ouseja, que a encarnação é uma neces-sidade para o progresso do Espíritoe do próprio planeta em que ele vive,e não uma forma de castigo, comoensina o roustainguismo. (RevistaEspírita de 1863, pp. 164 a 166.)

Comunicação obtida em 1864na Sociedade Espírita de Sens dizque a reencarnação é fator indis-pensável ao progresso espiritual, aque Kardec acrescenta que, traba-lhando para si mesmo, o Espíritoencarnado trabalha para o melho-ramento do mundo em que habita.

Em Paris, o mesmo tema foifocalizado por outro Espírito, queexplicou que a reencarnação é ne-cessária enquanto a matéria domi-na o Espírito. Do momento em queo Espírito chegou a dominar a ma-téria, a reencarnação não se tornamais necessária; é o estado doschamados Espíritos puros. (RevistaEspírita de 1864, pp. 48 a 50.)

Colhemos desta última comuni-cação os ensinamentos seguintes: I)À medida que as sensações corpo-

rais do homem se tornam mais re-quintadas, suas sensações espiritu-ais também despertam e crescem.II) Sendo os fluidos os agentes quepõem em movimento o nosso cor-po, são eles os elementos de nossasaspirações, pois existem fluidoscorpóreos e fluidos espirituais. III)Esses fluidos compõem o corpo es-piritual do Espírito que, uma vez en-carnado, age por meio deles sobrea máquina humana, que ele deveaperfeiçoar. IV) O Espírito possuilivre-arbítrio e procura sempre oque lhe é agradável e satisfaz. Sefor um Espírito inferior e material,busca suas satisfações namaterialidade e dá, assim, um im-pulso aos fluidos materiais. V)Como necessita de depuração e estasó é alcançada pelo trabalho, asencarnações escolhidas lhe são maispenosas, porque - depois de haverdado supremacia à matéria e a seusfluidos - deve constrangê-la, lutarcom ela e dominá-la. (Revista Es-pírita de 1864, p. 52 a 55.)

Comentando a mensagem,Kardec ensina que, considerada doponto de vista do progresso, a vidado Espírito apresenta três períodosprincipais:1o) O período material, no qual ainfluência da matéria domina a doEspírito.

2o) O período do equilíbrio, no qualambas as influências se exercem si-multaneamente.3o) O período espiritual, no qual,tendo dominado completamente amatéria, o Espírito não mais neces-sita da encarnação e seu trabalhopassa a ser inteiramente espiritual;é o estado dos Espíritos nos mun-dos superiores. (Revista Espírita de1864, pp. 52 a 55.)

Emmanuel assevera que a reen-carnação, em si mesma, representauma estação de tratamento e de curade certas enfermidades d’alma, àsvezes tão persistentes, que podemreclamar várias estações sucessivas,com a mesma intensidade nos pro-cessos regeneradores. (O Consola-dor, pergunta 96.)

E é exatamente isso que se vênas trovas seguintes, psicografadaspor Chico Xavier, constantes dolivro “Na Era do Espírito”, cap. 4:

De coração para coraçãoASTOLFO OLEGÁRIO DE OLIVEIRA FILHO - [email protected]

De Londrina

Por que encarnamos?

O Espiritismo respondeTeresinha indaga se os Espí-

ritos são seres abstratos ou pos-suem algum revestimento que osidentifica.

Não; os Espíritos não são en-tes abstratos, imateriais, no senti-do absoluto da palavra. Eles pos-suem um invólucro, a que chama-mos perispírito, espécie de corpofluídico, vaporoso, diáfano, invisí-vel no estado normal, que em cer-tos casos e por uma espécie decondensação ou de disposiçãomolecular pode tornar-se momen-taneamente visível e mesmo tan-gível, fato que permitiu se compre-endesse o fenômeno das aparições.

Paulo de Tarso o chamava decorpo espiritual. André Luiz ochama de psicossoma.

O vocábulo perispírito foi cri-ado por Kardec.

Enquanto dura o corpo físico,esse invólucro é um laço queprende o corpo à alma; quando,porém, o corpo morre, a alma ouEspírito o abandona, sem, contu-do, deixar o primeiro envoltório,do mesmo modo como despimosas peças exteriores da nossa rou-pa e conservamos as interiores.

É esse invólucro semimaterialdos Espíritos que serve de meiopara a produção dos diferentes fe-nômenos pelos quais os desencar-nados se manifestam.

Como tem o perispírito, en-tre suas funções, a modelagem docorpo físico, a imagem que o de-sencarnado apresenta é em tudosemelhante à que tinha durante aexistência corpórea, o que facili-ta a identificação dos Espíritosque se manifestam.

Algumas observações que nosparecem válidas para quem escre-ve e os que proferem palestras:1. O vocábulo “onde” estará bemaplicado com o significado de “emque” somente quando se referir alugar físico:– A casa onde morou.– O prédio onde trabalha.– A rua onde viveu boa parte davida.2. Nos demais casos, use “em que”:

Pílulas gramaticais– A prece em que pediu ajuda aDeus foi eficaz– A tese em que descreveu sua téc-nica operatória foi bastante aplau-dida– A palestra em que focalizou avida de Maria agradou a todos.3. Não existe o vocábulo“palestrista”. O correto é “pales-trante”, para indicar o palestrador,a pessoa que palestra, que expõeoralmente suas idéias.

4. Não existe o vocábulo “madri-lenho”. O correto é “madrileno”,que indica o natural ou o habitantede Madri, tanto quanto as coisas eobjetos que se referem à capital daEspanha.5. O verbo “penalizar” não signi-fica “punir”, mas sentir ou causarpena ou desgosto a outrem. O cor-reto é “apenar”, que tem o sentidode condenar alguém a uma pena,castigar, punir.

“Para quem sofre no AlémSob a culpa em choro inglório

O regresso ao lar terrestreÉ a bênção do purgatório”

(Oscar Leal)

“De quaisquer provas na Terra A que mais amansa a gente:

Inimigo reencarnado Sob a forma de parente”

(Lulu Parola)

“Não adianta fugirDo débito que se atrasa,

Reencarnação chega logoCobrando dentro de casa”

(Cornélio Pires)

“Quando um sábio das AlturasNecessita reencarnar

Ninguém consegue impedirNem adianta evitar”(Casimiro Cunha)

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O IMORTALFEVEREIRO/2007 PÁGINA 5

Clássicos do Espiritismo

A Alma é Imortal (Parte 13)ANGÉLICA REIS

[email protected] Londrina

Damos prosseguimento ao tex-to condensado da obra A Alma éImortal, de Gabriel Delanne,traduzida por Guillon Ribeiro epublicada pela Editora da FEB. Aspáginas citadas referem-se à 6a

edição.*

177. A Sra Marryat revelaainda que outros Espíritos se ma-terializavam valendo-se da me-diunidade da Srta. Cook e des-creve a aparição de sua própriafilha, morta em tenra idade, quelhe apareceu trazendo num doslábios a deformação com quenascera. Na sessão, a filha pare-cia contar dezessete anos. (Págs.188 e 189)

178. Os incrédulos negaramcom obstinação esses extraordiná-rios fenômenos e muitas polêmi-cas, mesmo entre os espíritas, setravaram, colocando em dúvida osrelatos mencionados, até que oquímico William Crookes, um dosmaiores vultos da Ciência de en-tão, confirmou a autenticidade ab-soluta das materializações deKatie King. (Pág. 190)

179. As experiências deCrookes, além de comprovar aexistência do ser espiritual, esta-belecem que o perispírito repro-duz não só o exterior de uma pes-soa, mas todas as partes internasdo seu corpo, reduzindo a pó a ob-jeção, tantas vezes formulada, deque nas sessões espíritas as apari-ções fotografadas são simples des-dobramentos do médium. (Pág.191)

180. Não só a altura de KatieKing e de Florence Cook, mas acor dos cabelos, as pulsações eos batimentos de uma e de outra

foram registrados por WilliamCrookes, que comprovou assimter diante de si duas individuali-dades distintas, que em nada separeciam, salvo o fato de seremjovens e do mesmo sexo. (Págs.191 e 192)

181. A última aparição deKatie, conforme relatado pelo jor-nal The Spiritualist de 29/5/1874,ocorreu numa sessão dirigida porWilliam Crookes. Florence Cookse deitou no chão, com a cabeçasobre um travesseiro, após ser con-duzida por Crookes ao gabinetemediúnico. Katie apareceu logoem seguida, vestida de branco, en-quanto a médium trajava um ves-tido azul-claro. Após distribuir flo-res aos presentes, escreveu cartasde adeus a alguns amigos, pondo-lhes a assinatura: Annie OwenMorgan, seu verdadeiro nome naúltima existência terrena. Depois,com uma tesoura, cortou uma me-cha de seus cabelos, oferecendocerta porção deles a cada um, fa-zendo o mesmo com o seu vesti-do. (Págs. 192 e 193)

Katie King tivera numaanterior encarnação o nome

de Annie Owen Morgan

182. Ao fim da sessão, apóstransmitir diversas instruções aoSr. Crookes, Katie penetrou no ga-binete e despertou a médium, quelhe pediu, banhada em lágrimas,que se demorasse mais um pouco.Katie lhe disse, porém, que haviacumprido a sua missão e que, porcausa disso, deveria partir, comode fato ocorreu. (Pág. 193)

183. As aparições de KatieKing foram tantas, que não se podeduvidar um instante sequer de quefosse um Espírito que assim se ma-nifestava; contudo, não era possí-vel verificar-se-lhe a identidade,

visto que, segundo informara, elahavia vivido muitos séculos antes,sob o reinado de Carlos I, com onome de Annie Owen Morgan.(Pág. 194)

184. No caso de Florence, a fi-lha da Sra Florence Marryat, vimosque a jovem se fez reconhecer porum sinal particular do lábio, quecomprovou materialmente a suaidentidade. Afirma, porém, o Sr.Aksakof ser impossível deparar-se com um caso mais concludentede identidade de um Espírito ma-terializado, do que o de Estela,morta em 1860. (Pág. 194)

185. Duraram cinco anos, de1861 a 1866, as materializações deEstela, sendo médium a célebreKate Fox, com quem o Sr. Liver-more realizou 388 sessões, cujasparticularidades ele publicou numjornal. As sessões transcorriam emcompleta obscuridade, mas o Sr.Livermore, na maioria das vezes,estando a sós com Kate, segura-va-lhe as mãos o tempo todo. Kateficava sempre em estado normal,tornando-se, pois, testemunhaconsciente de tudo o que se pas-sava. (Pág. 194)

186. Foi gradual a materializa-ção de Estela e somente na 43a ses-são foi possível ao Sr. Livermorereconhecê-la, sob intensa clarida-de, de origem misteriosa, ligada aofenômeno e, em geral, sob a dire-ção de outra figura que a acompa-nhava e auxiliava em suas mani-festações. Esse Espírito chamava-se Franklin. (Pág. 195)

187. Além de mostrar-se,Estela deixou uma centena de co-municações por ela escritas emfolhas de papel que o Sr. Liver-more levava, previamente marca-das pelas suas mãos. Enquanto aaparição escrevia, ele - tendo asmãos de Kate Fox entre as suas -via perfeitamente a mão e a figura

Do livro Seara de Luz, de Divaldo P. Franco e Espíritos Diver-sos.

Divaldo responde– Como vê o papel da

evangelização infanto-juvenilna expansão do movimentoespírita?

Divaldo: Muito importante.Graças ao trabalho preparató-rio, há anos aplicado à criançae ao jovem nos núcleos de evan-gelização espírita, encontramoshoje uma floração abençoadade trabalhadores devotados.

Esse ministério da prepara-ção do homem de amanhã fa-cultará ao Brasil tornar-se real-mente “O Coração do Mundo ea Pátria do Evangelho” confor-me a feliz ideação do EspíritoHumberto de Campos, por in-termédio de Francisco Cândi-do Xavier, traduzindo o progra-ma do Mundo Maior para a na-ção brasileira.

da esposa desencarnada. (Pág.195)

O caso Estela Livermoreconstitui uma prova

incontestável de identidade

188. A caligrafia dessas comu-nicações é reprodução exata dacaligrafia da Sra Estela Livermo-re, quando encarnada. A respeitodas aparições da esposa, o Sr. Li-vermore diria mais tarde ao Sr.Benjamin Coleman, de Londres:“Sua identidade foi estabelecida,de modo a não deixar subsistissea menor dúvida: primeiro, pela suaaparência, em seguida pela sua ca-ligrafia e, finalmente, pela sua in-dividualidade mental, sem falar denumerosas outras provas, que se-riam concludentes nos casos ordi-nários, mas que não levei em con-ta, senão como provas comple-mentares”. (Pág. 195)

189. Além das provas já refe-ridas, deve-se acrescentar queEstela escreveu também algumascomunicações em francês, línguaque Kate Fox desconhecia intei-ramente, mas que Estela domina-va. A propósito disso, o Sr.Aksakof, tão difícil em matéria de

provas, escreveu: “Temos aquiuma dupla prova de identidade,dada não só pela caligrafia, seme-lhante, em todos os pontos, à dodefunto, mas também por ser des-conhecida do médium a língua emque está escrita a mensagem. Ocaso é extremamente importantee, ao nosso parecer, apresenta umaprova absoluta de identidade”.(Pág. 196)

190. Encerrando este capítulo,Delanne reitera o fato de que a re-alidade da alma se impõe comocorolário obrigatório do fenôme-no de desdobramento. Esse eu quese desloca não é uma substânciaincorpórea, é um ser bem defini-do, com um organismo que repro-duz os traços do corpo material.(Pág. 197)

191. O grau de materialidadedo perispírito varia: ora é umasimples névoa branca que desenhaos traços, atenuando-os; ora apre-senta contornos muito nítidos eparece um retrato animado. Ele semostra também, às vezes, com to-dos os caracteres da realidade erevela a existência de um organis-mo interno semelhante ao de umindivíduo vivo. (Págs. 197 e 198)- (Continua no próximo número.)

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O IMORTALPÁGINA 6 FEVEREIRO/2007

A VASSOURAPRESTATIVA

Uma vassoura de capim, novae limpa, repousava na prateleira daloja.

Era prestativa e desejava mui-to ser útil, por isso aguardava comansiedade o momento em que al-guém viesse buscá-la.

Certo dia, a dona da loja reti-rou-a da prateleira, espanou-lhe apoeira e entre-gou-a, feliz, auma elegantesenhora que atinha compra-do.

Foi commuita alegriaque a vassourainiciou suanova vida.Prestativa, esta-va sempre nasmãos de al-guém, limpan-do, lavando e deixando tudo bri-lhando.

Com o passar do tempo, porém,foi ficando velha, gasta e, um dia,a jogaram no lixo, sem qualquerconsideração.

A infeliz vassoura chorou mui-to, pois se sentia forte ainda e de-sejava servir.

Enquanto aguardava na rua queo lixeiro a viesse buscar, um ho-mem humilde ao passar por elapensou:

— Minha mulher precisa deuma vassoura. Vou levá-la paracasa. Não está nova, mas aindapode prestar um bom serviço.

Cheia de satisfação, a vassou-

ra foi para sua nova casa. Simples,pequena, mas muito limpa.

A mulher ficou cheia de felici-dade e recebeu-a com muito cari-nho, pois estava sem ter com quevarrer a casa.

Algum tempo depois, porém, ocapim da vassoura estava todo que-brado e já não servia para varrer.

A mulher, com muita pena, jo-gou-a no lixo, suspirando.

E a pobre vassoura lá ficou cho-rosa e desanimada. Ela que tinhatanto para dar, agora estava inuti-lizada; já não servia para nada.

Estava assim, triste, quandosurgiu um homem maltrapilho re-mexendo o lixo.

Ao encontrar a vassoura velhae gasta, revirou-a nas mãos, dizen-do satisfeito:

— Essa vassoura velha já nãopresta para nada. Mas com o cabodela, que está perfeito, farei umcavalinho para meu filho e darei aele de presente de aniversário. Quebom! Meu filho sempre quis ter umcavalinho de madeira!

E a vassoura prestativa, cheiade novo ânimo, foi levada para afavela onde morava seu novo dono.

O homem, prestimoso, fez umacabeça de cavalo com uma tábuade caixote que conseguiu arrumar,e pregou no cabo. Pintou o corpodo cabo da vassoura com uma tin-ta bonita e colou a crina de corda.Em seguida, amarrou um barbanteà guisa de rédeas.

— Pronto! — exclamou o ho-mem, satisfeito — Está lindo!

E naquelemesmo dia, ani-versário do me-nino, entregou opresente paraseu filho.

Feliz, o garo-to abraçou obrinquedo e,desse dia em di-ante eles torna-ram-se insepará-veis, para alegriada pobre vassou-ra que desejava

tanto ser útil.Como a vassoura de capim,

também nós sempre poderemos serúteis para alguma coisa. Seja qualfor a tarefa, o importante é quesempre estejamos dispostos a ser-vir.

TIA CÉLIA

As férias são períodos impor-tantes e felizes que aguardamosansiosamente o ano inteiro.

Muito bom poder passear, vi-ajar com a família para uma praia,fazenda ou qualquer outro lugar.Se não viajamos, nem por issodeixamos de aproveitar o tempofazendo coisas agradáveis comobrincar com os amigos, visitar ostios e os avós, ir ao clube, ler, jo-gar bola, passear pela cidade, as-sistir televisão, ir ao shopping,tomar sorvete, ir ao cinema, emuito mais.Até não fazernada é gosto-so, depois deum ano todode estudos!

Porém, agente se cansade não fazernada.

O tempopassa e come-çamos a tersaudade dosamigos da es-cola, dos pro-fessores e atéda rotina!

Sabem porquê? É que vi-vemos num mundo em que aindaprecisamos dos opostos para apre-ciar as coisas boas. Se não tivés-semos aulas não conseguiríamosvalorizar as férias, da mesma for-ma que precisamos das férias paravalorizar a escola.

Então, feliz retorno às aulas!Nada no mundo pode pagar o

prazer de rever os velhos amigose conhecer gente nova, de colo-car em dia as novidades, de tro-car informações com os colegas,de contar o que fizemos e as coi-sas interessantes que descobri-mos.

Até acordar cedo já não pare-

ce tão difícil. É uma vida novaque se inicia. A cabecinha des-cansada está pronta para estudar.

Com imenso prazer pegamosa mochila com material novinhoem folha (livros, cadernos, esto-jo, lápis, canetas, régua, tudo oque vamos precisar para apren-der), e tomamos o rumo da esco-la.

Importante lembrar que avida está difícil, o material esco-lar e os livros são caros, e queseus pais os compraram com bas-

tante esforçoe carinho.

Assim, te-nha cuidadocom o materi-al, não deixesuas coisasjogadas emqualquer lu-gar; mante-nha-as limpase organiza-das.

P r o c u r eprestar aten-ção nas aulas.Brincar nasala pode serd i v e r t i d o ,mas atrapalha

você e aos outros alunos.Respeite a todos, como dese-

ja ser respeitado: professores, co-legas, funcionários e as instala-ções da escola.

Seja disciplinado, obedecen-do às ordens, não chegando tar-de na escola, não brigando comninguém.

Mostre-se sempre simpáticoe bem-humorado com todos.Como você, ninguém gosta dever cara feia e olhar atravessado.

Procure ter um comporta-mento bom e não terá problemascom ninguém.

Então, bem-vindas as aulas!

ADEUS ÀS FÉRIAS!

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O IMORTALFEVEREIRO/2007 PÁGINA 7

Grandes Vultos do EspiritismoMARINEI FERREIRA REZENDE - [email protected]

De Londrina

Carmine Larocca, italiano radica-do no Brasil, de quem se tornoucompanheira ajudando-o, ombro aombro, em suas atividades. Propri-etário do Café Baiano e de uma ti-pografia denominada “A Época”,por ocasião da 2ª Guerra Mundialo Sr. Larocca foi prisioneiro polí-tico devido à sua nacionalidade.Em 1947 mudou-se para Salvador,onde Maria Dolores continuou comsuas sessões mediúnicas.

Notamos nos seus versos quantosofrera, buscando algo que não encon-trava: a sua complementação afetiva,tal como fora planejado pela Provi-dência, para que buscasse o AmorMaior, que ela soube encontrar umdia: Jesus! Tanto sofrimento, contu-do, não foi capaz de torná-la indife-rente ao sofrimento humano.

Na imprensa, falava dos direi-tos humanos e do sofrimento dosmenos felizes. Não foi compreen-dida: tacharam-na de “comunista”,pelo que teve de responder às acu-sações que lhe faziam, pois fora aisso intimada.

Em menina, fora católica; emadulta, o sofrimento fizera-lhe co-nhecer a Doutrina de Allan Kardece veio a consolação, a aceitação dosofrimento.

A dor que suportou a fez conhe-cer o então combatido Espiritismo.De alma caridosa integrou-se à“Legião da Boa Vontade”, funda-da pelo saudoso Alziro Zarur. Erafreqüente ver-se Maria Doloresdedicando-se aos sofredores dosbairros pobres da cidade de Salva-dor. Afastando-se das lides literá-rias, Maria Dolores dedica-se, en-tão, à caridade infatigável, criandomeninas, sonhando edificar o “Lardas Meninas sem Lar”.

Receando a apreciação da crí-tica especializada, guardou para sisua obra poética durante muito

Maria Dolores, a poetisa baiana

Maria Dolores veio ao mun-do como Maria de Carvalho Lei-te na cidade sertaneja de Bonfimde Feira (BA), no dia 10 de se-tembro de 1900, filha de Herme-negildo Leite, escrivão da Prefei-tura, e da doméstica Balbina deCarvalho Leite. Em Bufem pas-sou a infância. Do casal Herme-negildo e Balbina nasceram, comDolores, três homens e duas mu-lheres. Os biógrafos, todos elessem exceção, desconheceram ofato de que a grande poetisabaiana possuía dotes mediúnicos.

Em 1916 diplomou-se profes-sora pelo Educandário dos Per-dões, considerada pelas colegas eprofessores como adolescente pro-dígio, graças à rara inteligência.

A poesia, Dolores começou asenti-la na cidade natal, aindaquase criança, a transformar-se,mais tarde, na poetisa de bonsversos que todos conhecemos.

Lecionou no Educandário dosPerdões e no Ginásio CarneiroRibeiro, em Salvador. Além dis-so, também ministrava aulas par-ticulares. Daí por que entende-mos seu modo todo especial deensinar, por meio dos versos, àsalmas aflitas.

Seu espírito não se limitousomente aos versos. Ela tocavapiano, pintava, gostava da costu-ra e da arte culinária. Humana porexcelência, viveu desenvolvendoem si qualidades inatas.

Sua vida não poderia, porém,ser somente flores: estava-lhe re-servada uma prova de sofrimen-tos morais.

Casada com o médico OdilonMachado, suportou o infeliz con-sórcio durante alguns anos, o qualse interrompeu finalmente pelasolução do desquite. Não houvefilhos desta união, como nunca osteria Maria Dolores.

Em sua peregrinação, morouem várias cidades da Bahia, e foiem Itabuna que conheceu Carlos

tempo, segundo confessa no pre-fácio do livro “Ciranda da Vida”,cuja renda possibilitou a realizaçãode seu antigo desejo. Com isso,Maria Dolores, que não fora mãebiológica, tornava-se Mãe Espiri-tual de várias meninas, abrigandoem seu próprio lar crianças desva-lidas, orientando-as e assistindo-as.

Sendo reconhecida na Capitalpela sua arte, passou a escrever nosjornais “Diário de Notícias” e “OImparcial” sendo, neste último, re-datora-chefe da “Página Feminina”.Durante 13 anos, escreveu nos jor-nais citados, mostrando o mundo deternura que trazia dentro de si, como pseudônimo de “Maria Dolores”.

Apelidada pelos amigos e fa-miliares de Madô e Mariinha, erareconhecida pela simpatia e bon-dade com que a todos cativava.

Fazia campanhas, prendas paraos bazares realizados em sua pró-pria casa. Fundou um grupo que sereunia em sua residência todas assemanas, quando saíam para dis-tribuir, nos bairros carentes esco-lhidos, farnéis, roupas, remédios...Chamavam-se “As Mensageiras doBem”. No Natal, faziam campa-nhas e distribuíam donativos assimcomo nos Dia das Mães.

Dolores costurava enxovais,vendia o que era seu ou os empe-nhava, e às vezes contraía dívidaspara desse modo ajudar alguém.Uma de suas filhas adotivas rela-tou certa vez que, quando ela de-sencarnou, alguém viera com jói-as que lhe pertenceram, as quais fo-ram dadas por ela para que se tor-nasse viável uma das campanhasque então se fazia.

No trabalho do Senhor, na de-dicação à causa evangélica, foi de-senvolvendo diversas faculdadesmediúnicas. Isso a ajudou a supor-tar injúrias, como quando fora acu-

sada de “comunista”, e outros so-frimentos que, em vez de abatê-la,a elevavam.

Perdoando sempre por cima desuas lágrimas, qual ensinou Jesus,trazia em si um grande sentido ma-ternal e, como não lhe foi dado odireito da maternidade, adotou seismeninas.

Carlos (o esposo) estava na Itá-lia quando Dolores adoeceu. Apneumonia a atacara de forma vio-lenta. Antonieta Bastos foi visitá-lacom José e Faustino e, vendo seuestado dispnéico e de real abatimen-to, providenciaram o internamentono Hospital Português. Inúteis fo-ram, porém, os esforços médicos.Poucos dias depois, quatro ou cin-co dias, era 27 de agosto de 1959quando partiu de volta à Pátria Es-piritual. Eram 1h40 min. E, comodisse Mara em sua crônica, “Partiu-se o Guizo de Cristal”. Nilza foiavisar, imediatamente, a Antonietae Maria Alice. Levaram o corpo paraa “Casa de Tia Sara” - sede da LBV- e de lá partiu, com grande acom-panhamento, para o Campo Santo.

Numa carta escrita a Maria Ali-ce, Francisco Cândido Xavier narrao seguinte: “Maria Dolores lhe apa-recera no dia 29 de março de 1964,bela e remoçada. As lágrimas vie-ram-me aos olhos, de vê-la tão cla-ramente junto a mim. Que emoção!”

Dolores era alva, de cabelos eolhos pretos, alegre e brincalhona,de estatura mediana e robusta de fí-sico. Desencarnara aos 59 anos, masa sua lira continuou vibrando embenefício do amor, da caridade e doperdão, o seu hino ao Senhor, nãodiferente dos hinos que tocava ecantava cheia da alegria de servir.

Perguntaram a Chico Xavierqual o primeiro poema que MariaDolores escreveu por seu intermé-dio, e ele disse ser o belíssimo “An-

seio de Amor”, inserido nas pá-ginas de “Antologia da Espiritu-alidade”.

Desde então ela nos envia, pe-las mãos abençoadas do médiummineiro e também por intermédiode Divaldo Franco, suas páginasnormalmente em forma de poesiae rimas, sendo muito comum en-viar as tradicionais mensagens dasmães e do Natal, por ocasião des-tas comemorações.

Maria Dolores, a poetisa queressurgiu pelas mãos abnegadas deFrancisco Cândido Xavier, quan-do encarnada quase sempreengavetava os seus poemas. Emseu livro “Ciranda da Vida” ela dizo porquê: “O pavor à crítica, cujosapupos são uma das formas maiscomuns em que se extravasa a vai-dade humana, tem-me feito recu-ar ante a possibilidade de publi-car os meus versos simplórios epassadistas. E, por isso, foi-se amocidade, chegou a velhice, e elescontinuam a entulhar o fundo develha gaveta. Nunca tive jeito paraversejá-lo moderno, atualizado atépor alguns poetas da velha guar-da. Nem mesmo cheguei a tentá-lo. Agora, porém, com a reformaespiritual que traçou um novo ca-minho para este meu fim de vida,sinto-me disposta e capaz de en-frentar a crítica, porque este livrose destina, com sua venda, a ofe-recer pequena ajuda a algumasinstituições de caridade. Despre-tensiosa a minha atitude. Mas sin-cera. Bem intencionada.”

Não tardou, porém, e a poeti-sa reaparece com seu iniludívelestilo depois de uma existênciainteira consagrada ao próximo,compondo, sobretudo para os lei-tores espíritas, os mais belos poe-mas de encorajamento e reconhe-cimento da excelsitude de Jesus.

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NUBOR ORLANDO [email protected]

De Campinas

A natureza humana – O Espírito como agente de transformação

Somos um amontoado de 300trilhões de células formando te-cidos e órgãos. Uma olhada noshepatócitos do fígado, nas ilhotasdo pâncreas, nos folículos doovário, nos músculos do coraçãonos mostrará uma arquitetura va-riada de células que nos com-põem. Entretanto, é no cérebroque identificaremos nos seusneurônios, uma variedade muitomaior de “design” que a nature-za arquitetou. Temos cerca de250 tipos diferentes de células nonosso organismo e mais de 200são desenhos de neurônios.

Ao lado de macacos, gorilase orangotangos, fazemos parte daclasse dos primatas contandoapenas com 450 genes diferen-tes do Chimpanzé. Mesmo con-siderando que nossa capacidadeintelectual é espantosamente su-perior à deles, o nosso compor-tamento foi construído de manei-ra incrivelmente parecida e osprogramas para processar o cé-rebro são compatíveis para osdois. A diferença é maior naquantidade e na qualidade, masnão nos fundamentos.

Na trajetória evolutiva entreo “homem-macaco” e nós, foramproduzidas modificações rele-vantes, testemunhadas por inú-meros fragmentos fósseis: con-tando com um novo “design” dacoluna vertebral passamos a an-dar eretos; alargando e empinan-do a bacia aprendemos a girarpara traz apoiados nos pés; osombros foram modelados permi-tindo projetarmos uma pedrapara cima; usando o polegar e

opondo-lhe, facilmente, o indica-dor aprendemos a construir umapinça; a laringe se posicionou paraemitirmos a fala articulada; asenzimas digestivas se multiplica-ram para absorvermos outras va-riedades de alimentos. A transfor-mação mais importante, porém,ocorreu no “cérebro executivo” –nosso lobo frontal aumentou detamanho quatro vezes expandin-do recursos para planejarmos nos-so futuro.

O comportamento animal

Não escapava aos antigos pen-sadores que os animais tinham re-flexos, sensibilidade, movimentoe emoções. Mesmo assim, Aris-tóteles negava aos animais a exis-tência da Alma e René Descartesos via como destituídos de qual-quer raciocínio. Eles agiriam peladisposição dos seus órgãos.

Esse pensamento veio a mu-dar completamente quando,Darwin (foto), nos alinhou na “ár-vore da vida”. Na “Origem dasespécies” compomos uma mesmadescendência com todos os seres

vivos, percebendo-se, assim, quetudo o que nós somos tem inícioe fim no que já fomos.

Nas últimas décadas, o estu-do do comportamento animal noseu próprio ambiente, reveloutraços característicos daquiloque presunçosamente imaginá-vamos ser privilégio do compor-tamento humano. Altruísmo, or-ganização social, prazer oudesprazer, capacidade para men-tir, disfarçar ou brincar são vis-tos em animais tão diferentescomo pássaros, guaxinim oumacacos. Comportamentos com-plexos, também, são comparti-lhados por variadas espécies:monogamia, infidelidade, for-mação de tribos, recrutamentode apoio social e assassinatospremeditados. Mas, é justamen-te o inverso que merece maisdestaque nesse artigo – o que osanimais revelam como instintode sobrevivência, agressividade,ataques de fúria, fobias, capri-chos da personalidade, o abra-ço, as expressões de nojo, as dis-putas de território – são, tam-bém, traços comuns a qualquerser humano, registrando em nós,uma indiscutível identidade ani-mal.

O papel dos genes

A “filosofia” dos ditos popu-lares tem feito pré-julgamentoscuriosos para interpretar a natu-reza humana, considerando suasubmissão, tanto aos fatores he-reditários, como ao poder detransformação do ambiente. Nóstodos já escutamos dizer que “fi-lho de peixe, peixinho é”; “pauque nasce torto morre torto”; “éde pequeno que se torce o pepi-

no”. O senso comum pode aceitaressas afirmações como verdadei-ras, embora, experimentos nocampo da genética e da psicolo-gia comportamental, têm revela-do contradições interessantes.

O estudo dos genes e comoeles se misturam para transmiti-rem heranças tiveram início comos famosos experimentos deGregor Mendel. Seu trabalho,combinando ervilhas, permaneceudesconhecido por 20 anos quan-do foram redescobertos por Hugode Vries. Estudioso da hereditari-edade, ele, também, confirmou aexistência dos fatores recessivose dominantes nas combinaçõesgenéticas e propôs a existência deuma unidade de transmissão ge-nética que denominou de“pangene”.

Mais tarde, Thomas HuntMorgan, aprofundou-se nos deta-lhes da transmissão dos genes es-tudando talentosamente a “mos-ca das frutas” (Drosófila). Na suafamosa “sala das moscas” ele con-seguiu fazer as combinações ade-quadas para produzir as variaçõesgenéticas que procurava. A partirdaí, a Ciência humana, passou adispor de recurso tecnológico paramanipular os genes mutantes, ca-pacitando-se para criar novas va-riantes para velhas espécies.

A maior descoberta se deve aCrick e Watson que em 1953 des-creveram a dupla hélice do DNA(foto) na intimidade dos núcleosdas células. O gene passou a seridentificado como um fragmentode letras dessa gigantesca cadeiade aminoácidos. E, finalmente,com a cooperação internacional,o material genético do ser huma-no (33000 genes) foi totalmentedecodificado no projeto Genoma

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de 2003.A curiosidade de muitos tem,

precipitadamente, transformado ogene na grande panacéia científi-ca dos últimos anos. A cartogra-fia do DNA permitiu-nos a iden-tificação da paternidade que seimaginava protegida pelo anoni-mato. Doenças genéticas passa-ram a receber números de códigoespecífico. A masculinidade foirelacionada com o SRY, o geneque programa o testículo. A par depromessas de cura e rejuvenesci-mento com as “células tronco” amídia freqüentemente noticia,com alarde, a descoberta de genespara a felicidade, para a depres-são ou para a superioridade da in-teligência feminina (conforme afonte de informação).

Os especialistas são enfáticosem dizerem que o gene não deveser visto como a causa disso oudaquilo. Ele é o mecanismo que,nos “predispõe” a, mais ou me-nos inteligência, aptidão esporti-va, comportamento viril, baixa es-tatura ou obesidade, quando osaplicamos no ambiente adequado.Os genes criam condições paranos afirmarmos sobre um ambi-ente propício. Escolher entre mú-sica ou matemática tem predispo-sições genéticas. Casar ou divor-ciar também. E nós todos sabemoscomo essas decisões influem emnossas vidas e muda o ambienteonde viveremos. O papel do genepode ser compreendido, resumi-damente, em dois processos: ogene é capaz de duplicar-se no in-terior das células e, comanda uma“receita” de proteínas realizadapelo RNA. Nos defeitos dessasduplicações, ocorridas “ao acaso”,é que surgem as variações genéti-cas, chamadas mutantes, que

condicionam o aparecimento deajustes morfológicos ou funcio-nais no organismo dos descenden-tes. É um primeiro passo para sechegar ao aprimoramento de umanova espécie.

Instinto e aprendizado

Um determinado comporta-mento que não é imitado ou apren-dido pode, a princípio, ser tidocomo instintivo. Sendo assim, éherdado, e deve ter uma represen-tação genética para a sua transcri-ção. Nem sempre a cada compor-tamento corresponderá um genepara sua expressão, mais prova-velmente teremos uma coleçãomaior ou menor de genes orques-trando esse desempenho. É o queocorre para a aranha que tece cui-dadosamente ou para a “viúvanegra” que devora o macho du-rante a cópula.

Na programação de qualquercomportamento animal, a densi-dade tanto do determinismo gené-tico como da participação do am-biente, é complexa e às vezes con-tradiz as interpretações apressa-das. Seymour Benzer realizou umexperimento virtuoso comDrosófilas. Elas eram submetidasa um choque elétrico nos pés se-guido de um jato de ar com subs-tância malcheirosa. Ele percebeuque, com o tempo, as moscas“aprenderam” a “respirar fundo”tão logo percebiam o choque. As-sim, as moscas, associavam cho-que com odores e se protegiam docheiro ruim. Era um condiciona-mento de moscas reproduzindo oque Pavlov fez com os cães.

Seymour Benzer percebeu, po-rém, que nem todas as moscasaprendiam esse comportamento.

Nas que tinham sucesso ele de-monstrou a presença de 17 genesespecificamente ligados ao de-sempenho condicionado: “choquenos pés - encher os pulmões – evi-ta cheiro ruim”. Entre os 17 genesestão aqueles que Benzer denomi-nou com bom humor: “burro”;“amnésico” e “lesado”.

Pavlov atribuiu ao córtex ce-rebral o “reflexo psíquico” quedescobriu existir no condiciona-mento. Ele se surpreenderia como trabalho de Benzer revelandouma programação genética portraz do aprendizado que condici-ona os animais – tanto moscas,como cães e, com certeza, tam-bém os humanos.

É uma afirmação forte, mas, oque Benzer parece nos dizer é quenossa “capacidade de aprender” éherdada sem esforço. O que temosde fazer é contar com as oportu-nidades que o ambiente oferece enão deixá-las escapar entre os de-dos.

Comportamentos complexoscomo fobias, agressividade, fervormístico, marcas da personalidadee composição familiar sãocomprovadamente herdados. Es-tudos em animas revelaram quemudanças no perfil de neurotrans-missores cerebrais – geneticamen-te determinados – conduzem acomportamentos contraditórios noacasalamento e dedicação à pro-le. Modelos de laboratório interes-santes foram estudados por TomInsel manipulando camundongos.Os arganazes-do-campo sãomonogâmicos e os pais cuidamdos filhotes por muitas semanas.Os arganazes-montanheses, poroutro lado, são polígamos, os ca-sais se separam rapidamente e amãe cuida pouco tempo de suas

crias. Estudos genéticos ebioquímicos mostraram que osarganazes-do-campo contavamcom genes que produzem recep-tores para ocitocina e vasopressi-na. O primeiro está presente emáreas límbicas do cérebro ligadoà “memória social” e a vasopres-sina à recompensa. Por outro lado,não contando com esses recepto-res cerebrais, o arganaz-monta-nhês não se lembra com quem seacasalou dez minutos antes e nãoestabelece vínculo com as crias.

Uma das descobertas maissurpreendente nas expressões do

comportamento animal foi feitapor Konrad Lorenz. O testemu-nho que ele trouxe ao experimen-to e a sua singeleza são singula-res. Entrando em contato comgansos que acabavam de nascer,ele percebeu que a sua presençadespertava nos filhotes uma ade-rência filial que ele denominou“imprinting”.

Konrad se tornava a “mãe” degansos recém-nascidos em suapresença.

O “imprinting” chama a aten-ção para a importância dos “even-

tos iniciais” nos processos deaprendizado. E, principalmente,do “timing” para uma determina-da aquisição de conhecimento.Estudos posteriores mostraramque as oclusões prolongadas deum dos olhos de gatos recém-nas-cidos os privariam de visão parao resto da vida. Ficou evidente quetodos nós temos uma “janela”aberta para o aprendizado comespecificidade para o conteúdo eaprisionada pelo tempo. Isso émuito evidente para o desenvol-vimento da fala e o aprendizadode uma língua estrangeira. É con-veniente que aos cinco anos te-nhamos domínio adequado da lin-guagem.

O gene e a cultura

A dinâmica da integraçãogenes e ambientes não pode servista de maneira dogmática ouexcludente. A cultura pode à pri-meira vista parecer sobressair-seao papel da herança na determi-nação da atividade mental. Umintelectual moderno pode nos pa-recer dispor de desempenho su-perior ao de indivíduos da socie-dade marginal ou povos “primi-tivos” da América ou daPolinésia. Na virada do SéculoXIX Francis Boas conviveu compovos nativos do Canadá identi-ficando seus hábitos e aptidões,constatando a mesma fisiologiae a mesma psicologia do homemeuropeu da época. A natureza dosprocessos mentais permanececomo herança, independente daerudição e da cultura. São osgenes quem nos possibilitam acu-mular conhecimento e é a cultu-ra que estimula o gene a aprimo-rar o cérebro.

Aprender significa adquirirnovos comportamentos. Um pro-grama de rotinas, repetindo asmesmas tarefas, reforçam assinapses que sedimentam oaprendizado, mas, aprendermais, implica em se surpreendercom fatos novos.

A discrepância que os fatosnovos provocam, estimulagenes, que transcrevem proteí-nas, que criam novas sinapses,arquitetando mudanças esedimentando o aprendizado.Mais ou menos cultura se traduzem redes neurais cada vez maiscomplexas. É aqui que está anossa diferença com o cérebrodo chimpanzé. Temos trilhões desinapses a mais.

A pressão do ambiente

Aqui também a crônica po-pular registra uma interpretaçãoanedotária. Quando um filho sesai excepcionalmente bem emseus desafios costumamos ouvirque “puxou o pai”. Quando é ofilho do vizinho que as notíciasdo bairro dão destaque ao suces-so, os méritos são atribuídos aos“colégios dispendiosos” que elefreqüentou. No primeiro caso ainteligência é herdada do pai, nosegundo a educação fez a dife-rença.

A agressividade, a criminali-dade e o mau desempenho esco-lar costumam ser atribuídos aoambiente familiar, ao tipo de cri-ação, à desigualdade social. Noentanto, experimentos e avalia-ções cuidadosas de gêmeos e fi-lhos adotivos não confirmam,inteiramente, essa interpretação.(Leia a conclusão deste artigona pág. 13 deste número.)

Charles Darwin, o pai da teoria da evolução

O DNA e sua dupla hélice

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O IMORTALPÁGINA 10 FEVEREIRO/2007

AIGLON FASOLOaiglon@nêmora.com.br

De Londrina

Orígenes e seu trabalho no Egi-to – Durante 12 ou 13 anos Orígenesesteve comprometido com esta feliz epróspera labuta; e provavelmente foidurante este período que ele formou eem parte executou o seu plano de umavisão comparativa de algumas versõesgregas do Velho Testamento com otexto hebreu original. O trabalho foielaborado lentamente à medida quemateriais novos vieram ter às suasmãos. Uma visita curta a Roma no tem-po de Zeferinus, para ver “a igreja maisantiga dos romanos”, e uma pequenavisita à Arábia parecem ter interrom-pido o seu trabalho. Perseguições tes-taram o fruto do seu ensino. Ele teve aalegria de ver mártires treinados na suaescola; e suas próprias fugas da vio-lência das pessoas parecem ser devi-do à proteção especial de Providência.Durante o mesmo período se dedicoucom vigor renovado ao estudo dospensamentos não-cristãos, e compare-ceu às conferências de AmmoniusSaccas. Os hereges e gentios compa-reciam às suas conferências, e ele sen-tia que podendo entender as suas opi-niões completamente poderia fazer omelhor para os corrigir. Isso excitoumentes doentias e fanáticas, mas elepôde se defender, como fez em umacarta escrita mais tarde, pelo exemplodos seus antecessores e o apoio do tra-balho de seus amigos.

Seu trabalho foi maior que suasforças, e Heraclas uniu-se a ele na es-cola de catequese. Heraclas tinha sidoum dos seus primeiros convertidos eestudante, e irmão de um mártir. Haviaestudado filosofia junto com Orígenescom o mesmo professor (AmmoniusSaccas); e quando se tornou bispo deAlexandria não deixou a posição de fi-lósofo de lado.

A escola teológica em Cesaréia –Em 212, um tumulto de grande violên-cia eclodiu, forçando Orígenes a aban-donar o Egito, rumando para Cesáreana Palestina. Lá, sua reputação e posi-ção destacada acabaram por lhe trazerproblemas. Seu amigo e aluno Alexan-dre, bispo de Jerusalém e Teoctistus,

bispo de Cesárea, pediram-lhe que pre-gasse as Escrituras ao público, a servi-ço da Igreja, mesmo que não tivessesido ordenado padre. Demetrius, deAlexandria, expressou sua maior desa-provação por este procedimento que eledescreveu como sem precedente. Ale-xandre e Teoctistus alegaram serem elesmesmos precedente.

Fundou Orígenes então uma es-cola teológica em Cesaréia, tendocomo um dos grandes discípulos SãoGregório Taumaturgo. Permaneceuentão ali até a sua morte, aos 69 anos,como mártir durante perseguição co-mandada por Décio. Foi consideradoo membro mais eminente da escolade Alexandria e estudioso dos filóso-fos gregos. Sustentou em seus ensi-namentos que Deus é puramente es-piritual, a mônada, o Uno, e que trans-cende a verdade, a razão e o ser. Re-tomando e ampliando a noção de Cle-mente, Orígenes compara a ação deDeus a de um pedagogo ou de um mé-dico, que pune e inflige males e do-res para corrigir ou para curar. Paraisso, desenvolveu a tese das muitasexistências, as sucessivas reencarna-ções Explica a formação do mundosensível com a queda das substânci-as intelectuais que habitavam o mun-do inteligível, sendo o mundo visívela queda e a degeneração do mundointeligível e das puras essências raci-onais que o habitavam. Nesse proces-so de queda do mundo inteligível aomundo sensível o logos tem uma fun-ção essencial, pois é a ordem racio-nal do mundo, a força que determinasua unidade e o dirige. A providênciadivina dirige-se em primeiro lugar àeducação dos homens e a tarefa dafilosofia é esclarecer essa relação.

Prisão, tortura e morte – Orí-genes expõe as suas principais posi-ções filosóficas em seu trabalho “DePrincipia”. Este trabalho, feito pos-sivelmente visando seus melhores emais avançados discípulos de Alexan-dria foi composto provavelmente en-tre 212 e 215. Dele só conhecemosuma tradução de Rufino, exceto al-guns fragmentos dos terceiro e quar-to volumes, preservados na “Philoka-lia”, e algumas citações nas cartas deJustiniano a Mennas.

No seu primeiro livro, o autor es-tuda Deus, o Logos, o Espírito San-to, a razão e os anjos; no segundo, omundo e os homens (incluindo a en-carnação do Logos, a alma, o livrearbítrio e a escatologia); no terceiro,a doutrina do pecado e redenção, eno quarto, as Escrituras; concluindocom um resumo das suas colocações.Este trabalho é valioso, por ser o pri-meiro a apresentar o Cristianismocomo uma teoria completa da razãoda sua existência no Universo, e foi

concebido para remover as dificulda-des sentidas por muitos cristãos nabase essencial da sua Fé.

Em virtude de sua desavença comDemétrio, bispo de Alexandria, provo-cado pela proeminência conseguida porOrígenes, que inclusive convocou umsínodo de bispos para desordená-lo eexpulsá-lo, em 231 Orígenes mudou-se definitivamente para a Cesaréia,onde gozava da proteção de Alexandree Teocisto, bispos respectivamente deJerusalém e Cesaréia.

O Evangelho de Judas

A publicação de um manuscritoencontrado em 1978, a que se deu onome de Evangelho de Judas, provo-cou o pronunciamento de teólogos devários grupos religiosos e também deanalistas leigos que chegaram a con-clusões apressadas, como esta: “... foirevelado publicamente ontem, fazen-do estremecer as estruturas do Cris-tianismo.” Equivoca-se o articulistaao confundir Cristianismo – que é oconjunto dos ensinamentos e exem-plos de Jesus, expostos principalmen-te no Sermão da Montanha – com asinterpretações dos teólogos que con-tribuíram para o surgimento das vá-rias correntes cristãs. O teste do car-bono 14, que foi positivo ao consta-tar que o documento tem mais de mile setecentos anos, apenas comprovaa sua idade, de vez que só por serantigo não significa que não registreunicamente a posição pessoal, apai-xonada e equivocada de algum cris-tão dos primeiros tempos.

É de se estranhar o caráter decerta forma evasivo de alguns pro-nunciamentos levados a efeito porreligiosos e por leigos, o que se devetalvez a uma falta de compreensãoprofunda da missão libertadora doMestre, situando-o apenas no cam-po místico, apartado da objetivida-de da vida humana.

Analisando-se a atuação deJudas, segundo os Evangelhos conti-

JOSÉ [email protected]

De Juiz de Fora

teor ingênuo, completamente desti-tuídas da objetividade educativa daslições do Mestre: “Olhe, já lhe con-tei tudo. Levante os olhos e olhepara a nuvem, para a luz dentro delae as estrelas que a circundam. A es-trela que comanda o grupo é a suaestrela.”

O texto vem a propósito. Nota-se, nas últimas décadas, uma ten-dência à discussão mais profunda arespeito da missão de Jesus, susci-tada pelo aparecimento de obrascomo “O Código da Vinci”, “UmJudeu Chamado Jesus”, “Arqueolo-gia de Madalena”, dentre muitas.Há um lado positivo a ser observa-do nessas obras de caráter icono-clasta e até escandaloso: levar ohomem a pensar, a raciocinar emmatéria religiosa, não mais vendoJesus como um salvador que ofere-ceu seu sangue inocente – graças àtraição de um discípulo que não en-tendera o alcance de suas lições –para a redenção da Humanidade,mas descobrindo no Mestre um edu-cador de almas. Pelo estudo, pela re-flexão, é possível escoimar a figurade Jesus de todos os aspectos místi-cos de que alguns teólogos o reves-tiram, para descobrir nele, não umDeus encarnado, mas um Espíritosábio e santo que desceu à Terra, emmissão sacrificial, para indicar-noso caminho para Deus, não mais atra-vés de oferendas, de auto-flagela-ções e de rezas, mas do esforço deauto-aprimoramento e do serviço aopróximo.

dos no Novo Testamento, verifica-seque o traído foi ele e não o Cristo, poisJesus demonstrou, na ceia, conhecer-lhe os pensamentos. Judas foi, segu-ramente, o discípulo que menos enten-deu o alcance das lições do Mestre. De-monstrou não ter-lhe compreendido aspropostas para a libertação espiritualda criatura humana, e não para a liber-tação física do povo judeu, submetidoao poderio romano, conforme tudo in-dica deve ter o Apóstolo almejado. Émuito ingênuo imaginar-se que alguémpoderia trair Jesus. O Mestre penetra-va profundamente o íntimo das pesso-as, conforme se vê também no seu en-contro com a Samaritana, quando de-monstrou conhecer-lhe o pensamentoe a vida nos seus mínimos detalhes.Além do mais, já havia anunciado queo momento do seu martírio se aproxi-mava. Ele entregou-se porque já ha-via terminado sua missão, deixandomais um testemunho do valor relativoda vida física e do valor absoluto danão-violência.

Acreditar-se que Jesus “conven-ceu Judas a traí-lo, a fim de que pu-desse libertar-se da vida física”, con-forme o documento achado, é imagi-nar o Mestre induzindo alguém a umerro capaz de imortalizar negativa-mente seu autor, o que é simplesmenteabsurdo. O texto certamente foi redi-gido por alguém que desejava tirar oterrível estigma que marcava Judas,mas que por não conhecer suficiente-mente a estatura espiritual de Jesus ea natureza de sua missão, foi capazde colocar-lhe na boca afirmativas de

Continuando seus escritos, o maisfamoso sendo “Contra Celsius”(Celsius, célebre filósofo platônicopagão da época, escrevia contra oCristianismo), Orígenes também pre-gava ao público todas as terças e quin-tas-feiras. Em 250, durante o recru-descimento das perseguições deRoma contra os cristãos, foi preso,torturado e acabou morrendo em 252em Tiro (segundo Eusébio). (A se-guir: Helena, Constantino e a cria-ção da Igreja Universal ou católica.)

Sobre a evolução das religiões, ou como Kardec chegou ao Espiritismo(Parte 12)

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O IMORTALFEVEREIRO/2007 PÁGINA 11

Palestras, seminários e outros eventosAs palestras se iniciarão sempre

às 20h30.

Programação da USELpara este ano

Realizou-se no dia 18 de janeiro,no Centro Espírita Meimei, a primei-ra reunião da União das SociedadesEspíritas de Londrina (USEL), a qualteve a participação de Claudia Rojas,presidente da 5a URE, e de JoséMiguel Silveira, conselheiro da Fede-ração Espírita do Paraná e ex-presi-dente da URE. O principal assunto tra-tado na reunião foi a programação dapróxima Semana Espírita de Londri-na, que será realizada de 14 a 20 dejulho de 2007, tendo como tema cen-tral “O Livro dos Espíritos”, que com-pleta este ano 150 anos de existência.Não foi definida na reunião a relaçãodos palestrantes a serem convidados,assunto para o qual a direção da USELestá aberta a sugestões. Para tanto, osinteressados podem manter contatonos telefones seguintes: Natal - 3347-8958, Edson - 3348-6200, Jonatas-3027-3907 e Leonor - 3025-3631.

Outro assunto apresentado eaprovado na reunião foi a realizaçãono dia 15 de abril vindouro de umaConfraternização entre Dirigentesdas Casas e Centros Espíritas deLondrina e Região. A programaçãoainda está sendo elaborada, massabe-se que o evento será realizadoo dia todo, a partir das 9h30, comalmoço confraternativo no LarAnália Franco de Londrina.

“Vinha de Luz” temnovos dirigentes

No dia 3 de janeiro último, oConselho Deliberativo do Centro deEstudos Espirituais “Vinha Luz”, deLondrina, deu posse aos novos mem-bros da Diretoria Executiva eleitospara um mandato bienal 2007/2008.A cerimônia de posse realizou-se nasdependências do próprio Centro, fi-cando a Diretoria assim constituída:Presidente - Alderico Natal SpostiVice-presidente - Valdomiro Ferrei-ra dos Santos1º Tesoureiro - Luiz Carlos Donner2º Tesoureiro - Maria AparecidaLeite Santos

1º Secretário - João Antônio da Sil-va Neto2º Secretário - Wanda MendesPierotti.

Seminário com UbiratanCésar Archetti

A União Regional Espírita(URE) da 5ª Região, sediada emLondrina, promove em fevereiro oseminário “O ser espírita – na ges-tão de qualidade e no exercício dobem”, que será ministrado porUbiratan César Archetti, da cidadede Pato Branco (PR). O evento des-tina-se aos trabalhadores e dirigen-tes espíritas, tanto quanto aos can-didatos ao trabalho no Centro Espí-rita. Local: Centro Espírita Meimei,na Rua Iapó, 130, Londrina. Data:10/02/2007, a partir das 14h30.

Na mesma data, às 20 h, AllanArchetti profere palestra no CentroEspírita Amor e Caridade, na RuaJayme Americano, 728, JardimCalifórnia, em Londrina.

Encontro espírita regional nodomingo de carnaval

A 5a URE promove este mês, nodomingo de carnaval, um EncontroRegional Espírita – Estudo e Confra-ternização, tendo por tema: “O Livrodos Espíritos: 150 anos de convite aoamor e à instrução”. Local: Campusda Universidade Estadual de Londri-na. Data: 18/02/2007, das 9 às 18 h.Qualquer pessoa poderá participar,porque haverá módulos dirigidos aadultos, jovens e crianças. Haveráalmoço no local e a entrada é franca.A única exigência é que o interessa-do se inscreva antecipadamente,contactando com Claudia (43) 9141-9081, Rosana (43) 9957-4786 ouMagali (43) 9944-5865. José Antô-nio Vieira de Paula será um dos pa-lestrantes convidados.

Divaldo Franco em marçoem Londrina

Está confirmada a conferênciaque, a convite da 5a URE, DivaldoPereira Franco fará no dia 20/03/2007 em Londrina. Falta apenas for-malizar o local, que será provavel-mente o salão de festas do Londrina

Country Clube, onde Divaldo falouaos londrinenses nas duas últimasvezes em que esteve na cidade.

Nasce em Londrina umnovo centro espírita

Surge mais uma Casa Espírita emLondrina, fruto do trabalho realiza-do anos atrás pela SBEE. Trata-se doGrupo de Estudos Espíritas AndréLuiz, que já está funcionando emimóvel alugado, na Rua Joaquim Pe-reira, 202 - Conjunto Cafezal II, pró-ximo do Jardim Acapulco. A data deinauguração da nova Casa não foi ain-da definida. Para obter mais informa-ções, o telefone da Carmela, uma dasresponsáveis pelo grupo, é (43) 3342-3715. Os dirigentes da nova institui-ção são também trabalhadores doCentro Espírita Nosso Lar.

Nova Casa espíritaem Sertaneja

Será inaugurada em Sertaneja(PR) no dia 10 de fevereiro próxi-mo, às 20 horas, a Casa Espírita Dr.Bezerra de Menezes. O fundador énosso estimado confrade AntônioBordini, que estará na oportunidadeinaugurando o Centro e também asede própria, situada na RuaOswaldo Cruz, ainda sem número.Os interessados em outras informa-ções sobre a entidade podem dirigir-se ao confrade Antônio Bordini, naRua Carlos Chagas, 81 - tel. (43)3562-2169, em Sertaneja (PR). Apalestra inaugural será proferida porAstolfo Olegário de Oliveira Filho.

Este ano não teremosa CONMEL

Pela primeira vez desde que foicriada em 1994, não será realizada aConfraternização da Mocidade Es-pírita de Londrina, mais conhecidapela sigla CONMEL. Os motivossão vários, mas o principal deles foia proximidade das eleições dos diri-gentes da USEL com o período docarnaval, o que não permitiu fossemsuperados problemas relacionadoscom a programação do evento, que,segundo apuramos, deverá realizar-se no carnaval de 2008 sob os aus-pícios da USEL e da 5a URE.

Conferência Espíritaocorre em março

Realiza-se sob os auspícios daFederação Espírita do Paraná, nosdias 23 a 25 de março, a IX Confe-rência Estadual Espírita, que terácomo tema central “O Livro dosEspíritos: 150 anos de convite aoamor e à instrução”. Divaldo Pe-reira Franco, Raul Teixeira (foto)e Cosme Massi farão semináriossobre “A felicidade segundo o Es-piritismo”, “Uma visão nova davida e da morte” e “Um novo con-ceito de virtude”, respectivamen-te, além de palestras. O evento seráno Expotrade, em Pinhais: Rodo-via Deputado João LeopoldoJacomel, 10.454, região Metropo-litana de Curitiba. Outras informa-ções podem ser obtidas através dotelefone da FEP: (41) 3223-6174,ou pelo site www.feparana.com.br.

Ciclo Mensal de Palestrasem Cambé

A programação de palestras aserem realizadas neste mês emCambé, no Centro Espírita AllanKardec, situado na rua Pará, 292,terá a participação dos seguintespalestrantes:dia 7 - Sônia Janene, de Londrinadia 14 - Alderico Natal Sposti, deLondrinadia 21 - Ivone Csucsuly, de Ma-ringádia 28 - Célia Xavier Camargo, deRolândia.

Matão homenageiaHugo Gonçalves

Nosso estimado Hugo Gonçal-ves, diretor deste jornal, recebeu sig-nificativa homenagem da Comunida-de Espírita Cairbar Schutel, da cida-de de Matão (SP). O evento realizou-se no dia 27 de janeiro passado. Hugo,93 anos completados o ano passado,é o último discípulo ainda encarnadodo notável confrade Cairbar Schutel,de quem foi aluno e fiel seguidor.

Palestras organizadaspela USEL

O Ciclo Mensal de Palestraspromovidas pela União das Socie-dades Espíritas de Londrina(USEL) no corrente mês de feve-reiro inicia-se no dia 2, às 20 h, noCentro Espírita Nosso Lar, quan-do Leda Negrini de Almeida fala-rá sobre o tema “Ser bom”.

As demais palestras ocorrerão nasdatas seguintes: dia 3 (20 h), CentroEspírita Amor e Caridade; dia 4(9h15), Centro Espírita Meimei; dia4 (17 h) Núcleo Espírita Hugo Gon-çalves; dia 9 (20 h), Centro EspíritaAprendizes do Evangelho; dia 13 (20h), Sociedade de Divulgação Espíri-ta Maria de Nazaré; dia 15 (19h50),Centro de Estudos Espirituais Vinhade Luz; dia 16 (20 h), Centro Espíri-ta Caminho de Damasco; dia 17(16h30), Núcleo Espírita BeneditaFernandes; dia 18 (9h30), CentroEspírita Anita Borela de Oliveira; dia20 (20 h), Centro Espírita Allan Kar-dec; dia 25 (9h), Comunhão EspíritaCristã de Londrina; dia 27 (20 h),Centro Espírita Bom Samaritano.

Círculo de Leitura “AnitaBorela de Oliveira”

Nos dias 4 e 11 deste mês, apartir das 17 h, realizam-se maisduas reuniões do Círculo de Lei-tura “Anita Borela de Oliveira”, aprimeira na casa de Altamir eEfigênia Santos, quando será con-cluído o estudo do livro “O FaraóMernephtah”, de J. W. Rochester,e a segunda na residência de Ma-ria Eloíza Ferreira, ocasião em quese iniciará o estudo de “O Livrodos Médiuns”, de Allan Kardec.

José Raul Teixeira, que virá em marçoa Curitiba

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O IMORTALPÁGINA 12 FEVEREIRO/2007

ELSA [email protected]

De Londres

Chega o inverno na Europa, tãode mansinho que mal se percebe oroçar do vento que canta as mara-vilhas de suas peripécias peloscéus da Europa, varrendo o outo-no e suas folhas coloridas. Paraos que têm possibilidade de estarpor aqui, pisando na neve, muitasvezes 10 graus abaixo de zero,guardarão em suas memórias umapaisagem ímpar. Assim como Es-tocolmo e Paris, Viena é linda emtodos os tempos, mas no invernofica simplesmente maravilhosa. ASuécia tem paisagens inigualáveis,especialmente quando se vai decarro de Estocolmo ate Umea, bemao norte. De lá, um pulo a mais e aNoruega oferece o chamado“colírio para os olhos” com seusfiordes piscosos, muitas cabanasque são ali preparadas para quemdelas necessitar, encontrando sem-pre lenha e utensílios para sobre-vivência. Os que utilizam da ca-bana, ao saírem deixam-na comoencontraram; isso já é uma leimoral de respeito uns pelos outros.

Cada país oferece histórias ex-celentes de serem aqui relatadas.Deixaremos para mais tarde as ou-tras histórias. Agora quero dividircom todos os leitores do jornal OImortal essa lembrança que aindaestá bem fresca em minha mente.

Era o início do inverno em Pa-ris. Estávamos recostados nas mu-radas laterais da Ponte Marie.Aqueles minutos ali parados, ad-mirando o amanhecer na cidadeluz, nos fazia recuar no tempo.Lembrávamos do belo quadro aóleo pintado pela artista IreneHernanperez Malvezi, uma espa-nhola de sangue brasileiro que re-side em Londres e que conseguiuque Amélie Boudet e Allan Kar-

dec ficassem juntos nessa obraímpar, por ocasião da exposiçãohistórica pelos 200 Anos de Nas-cimento de Allan Kardec, no Con-gresso Espírita Mundial aconteci-do em 2004 em Paris.

Nessa obra, era imortalizado ojá imortal conto de Hilário Silva“Há Um Século”. Vale a pena oleitor buscar conhecer essa passa-gem, se ainda não a conhece, poisenternece-nos a alma e nos propor-ciona um encorajamento diantedos embates da vida. Valeu a penapara os dois personagens que en-contraram a obra “O Livro dosEspíritos”, numa fenda na PonteMarie, mostrando a ambos a bele-za da continuidade da vida e quevale a pena ir em busca de esclare-cimentos, acreditar em algo, ter fé,perseverança.

Na condição de trabalhadoresda divulgação da Doutrina Espíri-ta na Europa, nos deparamos inú-meras vezes com o amanhecer si-lencioso e triste em nossas almas,por incompreensões na aceitaçãode alguns poucos, diante do escla-recimento espírita. Aprendemosque não é conveniente insistir, masexemplificar. Deixemos o temporealizar os prodígios que a nossaexpectativa imediata não conse-gue. Sendo assim, caminhamosnos passos cadenciados e certeiros.

Neste inverno inglês, os cora-ções dos trabalhadores estão supe-raquecidos, pois neste final de ja-neiro estão sendo distribuídos portoda a Europa os pôsteres e fichaspara inscrição no Primeiro Con-gresso Médico-Espírita Britânico.Que alegria ver os rostos de qua-tro britânicos que tomarão parte noevento entre outros brasileiros eum conferencista alemão. Pensa-mos sempre: Vale a pena persistir.O que antes era apenas um sonho,um plano bem quietinho no papele em nossas mentes, agora já está

solto aos quatro ventos e será embreve realidade, reunindo nomesconsagrados como Dra. MarleneNobre, Dr. Peter Fenwick, Dr.Andrew Powell, Dr. Allan Sander-son, Sr. Guy Lyon Playfair, Dr.Sérgio Felipe de Oliveira, Dr. Fá-bio Nasri, Dr. Júlio Peres, Dr. Dé-cio Iandoli Jr., Sr. DagobertoGoebel.

A julgar pelo interesse de mui-tos, cremos que, se não atingimosas pessoas pelo Evangelho, atingi-remos pelo Congresso. Fazemossempre um esforço grande para en-tender por que tanta aversão à pa-lavra religião, ou até mesmo aonome de Jesus.

Aqui faço um parêntese paraelucidar esta frase. Estávamos al-guns anos atrás por iniciar o estu-do nas tardes de terça-feira quan-do recebemos um casal que vinhapela primeira vez aos estudos de“O Livro dos Espíritos”. Ele inglês,ela brasileira. Após as apresenta-ções, ele, o amigo inglês, pediu-nos o Livro dos Espíritos (em in-glês) e passou a folheá-lo. Apósalguns minutos, devolveu-me o li-vro dizendo-me que para ele aqui-lo não serviria, pois no livro se fa-zia constar muito repetidamente onome de Jesus. Disse-me ainda queestava buscando algo diferente.Ficou até o final dos estudos,acompanhando a esposa, mas nun-ca mais compareceu às reuniões deterça-feira. Uma coisa tem de bom,pois eles comparecem em todas aspalestras de Divaldo Franco quan-do realizadas na cidade deBrighton, ao sul da Inglaterra.

Em outra oportunidade citareioutros exemplos que já vivenciei,parecidos com este. Se outra pes-soa tivesse me contado, provavel-mente eu acharia que a história te-ria um conto a mais, mas comovivenciei, quando me lembro, ficoentristecida.

Aí, nesses momentos, recordo-me de Kardec, naquela madruga-da parisiense, quando ele muitotriste, sentado em sua escrivaninha,olhando para fora da janela os pri-meiros clarões da manhã, recebeua carta encorajando-o a continuar,pois valia a pena. Naquele momen-to, uma lágrima descia dos olhosde nosso querido codificador. Tam-bém de nossos corações ainda frá-geis, rolam muitas lágrimas, masnada nos deterá... Valeu a pena aonosso querido Kardec, então valea pena para todos nós divulgar aDoutrina Espírita, empreender to-

Crônicas de Além-Mar

O inverno europeu e Kardecdos os esforços possíveis, muitasvezes à custa de resignação, tole-rância e muita fé.

Aproveito esta crônica para con-vidar os leitores a conhecerem o sitedo Congresso Médico-Espírita Bri-tânico: www.medspiritcongress.org.

ELSA ROSSI, escritora e pa-lestrante espírita brasileira radicadaem Londres, é diretora do Depar-tamento de Unificação para os Pa-íses da Europa, organismo do Con-selho Espírita Internacionale secretária da British Union ofSpiritist Societies (BUSS).

No site www.editoraleopoldomachado.com.br/imortal/indice.htm você pode ler, na íntegra, as últimas 34 edi-

ções do jornal “O Imortal”, sem custo algum.

Ligue-se e leia na interneto jornal “O Imortal”

Melhorando sempre

Eu creio que futuro é esperança,Passado é experiência, é saber.

Assim como o presente é a criança,E término é o adulto que vai ser.

Mas esse fim não me dá segurançaPorque além da morte inda vou ter

A vida em plenitude, com mudança,Para voltar de novo a renascer.

Aqui retornarei, oh! vezes quantas!Para aprender a amar até as plantas

E o companheiro e tê-lo como irmão.

Aprimorando, assim, meus sentimentosE ter Jesus em todos os momentosSempre que praticar uma boa ação.

JOSÉ VIANA GONÇALVESDe Campos dos Goytacazes, RJ

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O IMORTALFEVEREIRO/2007 PÁGINA 13

Gêmeos separados logo após onascimento e criados, sem conta-to, em ambientes distantes, reve-laram depois, aptidões e preferên-cias incrivelmente semelhantes: oestilo de vida, a escolha da profis-são, a ocorrência de divórcios, onúmero de filhos, a decoração dacasa, a opção de lazer e pequenostrejeitos que um e outro manifes-tam involuntariamente.

A adoção de filhos, proceden-tes de lares dissolutos, mesmoquando criados em famílias ínte-gras, tem mostrado de maneira sig-nificativa a dependência genéticado comportamento anti-social.

Idéias inatas

Alguns comportamentos huma-nos revelam uma aparente comple-xidade como, por exemplo, a ex-pressão de nojo frente a um alimen-to malcheiroso. São, no entanto,instintivos e relacionados direta-mente com a sobrevivência que énosso mecanismo de autodefesamais eficiente. Historicamente, al-guns filósofos insistiam em negarqualquer conhecimento inato ouinstintivo no ser humano. Nascen-do como uma folha em branco, todocomportamento precisava passarprimeiro pelos sentidos para depoisse sedimentarem na mente.

Por outro lado, Platão, afirma-va que todo conhecimento tinhauma existência prévia no “mundoda idéias” e, René Descartes, apon-tava a crença na existência de Deus,as noções matemáticas, a idéia deperfeição como “idéias inatas” par-tilhadas por todos os homens.

Empiricamente, qualquer umde nós que passou pela experiên-cia de acompanhar o cotidiano docrescimento dos filhos, tem múl-tiplas oportunidades de se surpre-ender com o desempenho deles nafala, na construção de frases, nacriação de situações inesperadas,na escolha dos brinquedos, na in-terpretação de fatos novos e prin-cipalmente nas perguntas que fa-zem, revelando um comportamen-to que “nasce pronto” ou uma es-colha que “ninguém ensinou”.Como sugere Steven Pinker, a cri-

ança herda o “instinto da fala”. Amente estaria constituída pormódulos multifuncionais que nospermitiria dispor dos mecanismospara processar e absorver as infor-mações, como por exemplo, o vo-cabulário da linguagem materna.Na mesma linha de proposição,Noam Chomsky sugere que todacriança nasce com uma estruturacerebral pronta para a aquisição dasregras gramaticais, comuns e ade-quadas a toda as línguas.

Creio podermos adiantar que as“idéias inatas” estão ligadas amódulos mentais que, são sensíveisao aprendizado de determinadoconteúdo – linguagem, fervor es-piritual, altruísmo – e especializa-dos em exigências do ambiente –sobrevivência, fobia, acasalamen-to, reprodução entre outros.

Na “dimensão espiritual”

A Doutrina Espírita acrescentaa “dimensão espiritual” na constru-ção da natureza humana ressaltan-do a sua complexidade.

O corpo físico é vestimentatransitória que dá ao Espírito ins-trumento para se manifestar nomundo em que vivemos.

Reencarnando em vidas suces-sivas, temos oportunidade de reno-var experiências, redimir faltas,reavaliar acertos e erros e projetar-mos compromissos futuros.

Nada ocorre por acaso, Deus écriador e seus prepostos orientamnossos destinos.

Estamos todos inseridos no pro-jeto de progresso incessante quenos elevará ao nível de EspíritosSuperiores.

O “princípio inteligente” com oqual inauguramos a vida percorreuas diversas escalas evolutivas se em-penhando na aquisição de reflexos,de instintos, de automatismo e deracionalidade até atingir a condiçãohumana que desfrutamos hoje.

A evolução da mente sugestio-nou e dirigiu as necessidades daevolução do corpo.

A Espiritualidade Superior in-troduziu as mudanças necessáriaspara o sucesso do projeto humanorealizando intervenções nos doisplanos da vida.

Nossos talentos ou aptidõespara o bem ou para o mal são fru-tos do nosso próprio mérito. A per-

NUBOR ORLANDO [email protected]

De Campinas

severança aprimora o artista, o es-tudo constrói o gênio, a serenida-de modela o santo, persistir no ví-cio estaciona, prejudicar o próxi-mo escraviza à falta cometida, fu-gir da lição adia a corrigenda.

Tanto a aparência que cada umde nós revela como o ambiente quea vida nos localiza, são situaçõesmomentâneas, adequadas às nos-sas necessidades. Um lavrador quese exaure na terra pode estar viven-do a lição da simplicidade e da pa-ciência. Um político em evidênciapode estar experimentando o com-promisso do poder. Um líder reli-gioso pode estar aprendendo a per-severança na fé. A família que nosacompanha, com dedicação oucom dificuldades e exigências, re-presentam créditos ou proteção,contas a pagar ou correções a acei-tar em nós mesmos.

Somos expressões parciais eacanhadas das múltiplas vivênciasque já experimentamos em outrasexistências. Talentos e deficiênci-as estão freqüentemente, imersosna lei de esquecimento transitórioque nos protege.

Na reencarnação, a misericór-dia divina nos favorece a bençãodo recomeço ignorando um passa-do de culpas.

Para a Doutrina Espírita, não cabequalquer idéia de superioridade deraça, de gênero, de profissão ou deprestígio social. O que nos credenciaé o bem que fizermos ao próximo e atransformação para melhor que acres-centarmos a nós mesmos.

Cada criança acumula a soma-tória das personalidades que desen-volveu no transcurso de milêniose a inocência dos primeiros anos éoportunidade de redirecionar com-portamentos, transformar senti-mentos e adquirir novos valores.

Pais e irmãos, profissão e ca-samento, fortunas e privilégios sãoempréstimos transitórios que exi-girão prestação de contas. “A vidanos dará o que buscarmos e noscobrará o que recebermos”.

“A genética sinaliza, mas, nãorealiza o que for do nosso compro-misso”. Na verdade, “somos her-deiros de nós mesmos”, é nossopassado que nos representa no pal-co da vida. Nem genes nem so-brenomes serão passaportes paralivrar-nos de sentimentos de cul-pa, de tempo perdido ou de perdãoque recusamos dar. Nossas dificul-dades refletem nossas necessidadese com o esforço de hoje é que ga-rantimos a recompensa de amanhã.

A Ciência oficial ainda não se

deu conta da “dimensão espiritual”e o quanto ela interage em nossasvidas. Aqueles que enterramos nasúltimas despedidas do túmulo per-manecem vivos e compartilhamconosco uma intimidade que nãosuspeitamos. Nossa fisiologia sen-sorial não tem sensibilidade pararegistrar suas presenças, mas, nos-sa atividade mental irradia no mes-mo espectro de sintonia. Compar-tilhamos com eles o mesmo univer-so de ondas mentais. Vivemos per-manentemente como emissores ereceptores projetando e recebendotodos os pensamentos que vibramcom os mesmos objetivos que osnossos. Parentes e amigos, inimi-gos e adversários, companheiros nobem e comparsas no crime se asso-ciam aos nossos propósitos. Suasvozes ressoam em nossos pensa-mentos, suas sugestões induzemnossas escolhas, sua proteção nosajuda a superar as dificuldades e suaperturbação nos retém no desespe-ro. Comungamos com os “mortos”mais freqüentemente que com os“vivos”. “Vivemos com uma nu-vem de testemunhas”, no dizer dePaulo (Hebreus 12:12) e somos res-ponsáveis por essa “parceriaconsentida” que nos sustenta parao bem ou para a ignorância.

Momentos com Divaldo Franco

Há alguns anos, passávamosum momento financeiro bastantecomplicado quando tivemos quedispor dos poucos bens que tínha-mos para poder resolver a ques-tão em si.

Naturalmente, foram dias di-fíceis e, não raramente, percebí-amo-nos entristecido e até mes-mo desencorajado. E foi numdesses momentos que tivemos aalegria da presença de Divaldoem nossa região.

Hugo Gonçalves, diretor des-te jornal e responsável pela pre-sença dele em nossa cidade, pe-diu-me que dirigisse os trabalhosque se realizariam no HarmoniaTênis Clube, de Cambé.

Após a conferência, vem

JOSÉ ANTÔNIO V. DE [email protected]

De Cambé

quando perguntou se ele prega-ria novamente a pobreza absolu-ta caso voltasse à Terra nos diasde hoje. E Francisco respondeuque, na atualidade, usaria de to-dos os recursos disponíveis paradivulgar a mensagem consolado-ra do Evangelho de Jesus, masque usaria sem precisar possuirnada. Usar sem ser dono...”

E como se soubesse do dra-ma pessoal que eu estava viven-do, Divaldo concluiu: “Francis-co disse que pregaria o despoja-mento como fator importantepara a conquista da felicidadeespiritual”.

E no mesmo instante em quefui sentindo um imenso alívio emmeu peito, a fila logo foi seavolumando e as pessoas se apro-ximando para um momento como abnegado médium DivaldoFranco.

aquele tradicional momento emque Divaldo fica à disposição dopúblico, dando autógrafos e ofere-cendo palavras confortadoras. Asfilas são enormes... Mas, por cau-sa de um congestionamento nacompra dos livros, houve um ins-tante em que não havia ninguém ase apresentar para cumprimentar oorador baiano. E eu ali, sentado aolado daquele que é considerado porChico Xavier como “O Trator deDeus”, pelo excelente trabalho dearar a terra dos corações que têm aoportunidade de ouvi-lo, tentandodisfarçar minhas angústias...

Nesse momento, Divaldo vol-tou-se para mim e disse-me: “Meucaro doutor Antônio – como ele mechama – um dia Humberto deCampos, através de minha mediu-nidade, registrou uma mensagemonde relata uma entrevista que te-ria feito com Francisco de Assis,

A natureza humana – O Espírito como agente de transformação(Conclusão do artigo publicado nas págs. 8 e 9 deste número.)

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O IMORTALPÁGINA 14 FEVEREIRO/2007

Diante das tempestades

Iniciamos o ano com fortes chu-vas. Estávamos em Minas Gerais, noTriângulo Mineiro, e vimos chuvastorrenciais. Sem inundações ali. Ou-tros lugares de Minas com grandesinundações, no Rio de Janeiro tam-bém. Pessoas desabrigadas, mortes...Em outros lugares, seca... Na Euro-pa, grandes temporais. Nos EstadosUnidos, primavera e calor onde nes-ta época deveria estar nevando...

Efeito estufa, calor, mudançaclimática, problemas na Terra...Ação dos homens que por ambiçãodestroem.

Pessoas descontentes por todolado. Aqui no Brasil, muitos con-versam conosco e alegam estaremquerendo mudar de país, irem paralocais como Canadá, Suíça e outrospaíses onde os direitos e os deveres

dos cidadãos são levados a sério,onde a impunidade não é permiti-da. No entanto, para se ter paz inte-rior não se precisa mudar de lugar.Carrega-se consigo o mundo inte-rior construído.

Há quem mantenha a paz inter-na no meio das intempéries da natu-reza ou da violência dos homens. Apaz é uma conquista da consciênciareta, do dever cumprido, das atitu-des leais, da ações de caridade –ações que tranqüilizam a consciên-cia e fazem instalar-se a serenidade.

A espiritualidade superior teminsistido muito para o autoconhe-cimento, para a busca interior numesforço de melhoramento, porque amente pacificada é serena.

Diante das tempestades do ca-minho, lembremos Jesus, que se le-vantou após acordado por João, osapóstolos em aflição, enquanto eledormia na hora do temporal queameaçava o barco, no mar da

JANE MARTINS [email protected]

De Cambé

O IMORTAL na internetDesde abril de 2004, o jornal O IMORTAL pode ser lido, na

íntegra, pela internet, no site abaixo:

www.editoraleopoldomachado.com.br/imortal/indice.htmPara escrever à Redação do jornal, o interessado deve utili-

zar o e-mail abaixo indicado:

[email protected]

Galiléia. Os outros, aflitos. Ele, se-reno, imperturbável, dormia.

Não adianta mudar de país.Mudemos a nós mesmos, para queas tempestades do caminho e osdesatinos dos outros não nos atin-jam o espírito.

Feridos no corpo perecível,quem sabe?, mas espírito firme, casaassentada sobre a rocha da fé inaba-lável que o conhecimento edifica.

Diante do que vemos suceden-do no mundo podemos nos pergun-tar: “O que nos aguarda?”

Confiemos, porém, em Deus, quetudo vela com amor infinito, e emJesus, o Governador espiritual da Ter-ra, e não nos abatamos no ânimo.

Tenhamos bom ânimo, tenha-mos coragem em mais um ano quecomeça e mais outro e mais outro eassim sucessivamente, enquantovivermos neste mundo, entesouran-do paz e mantendo paz em qualquersituação ou lugar.

Estudando as obras de André Luiz

De quantos recursos não dis-põe a espiritualidade superior paranos ajudar!

Soubéssemos como as bên-çãos divinas poderiam melhor serrecolhidas por nós, cuidaríamos denos espiritualizar mais.

No livro “Ação e Reação”, ca-pítulo 13, o autor nos apresentaum atendimento feito por Silas,dedicado servidor da causa cristã,que ao adentrar um lar bastantesimples e encontrar uma mulherem estado de falência cardíacaiminente, usou imediatamente re-cursos espirituais que possibilita-riam sua permanência mais umtempo no casulo físico.

Poliana, a mulher que socor-reriam, tinha sob sua responsabi-lidade um filho com má formaçãogravíssima, e não convinha que

ber ligeiros goles, asserenou aspróprias ânsias”.

Mas o socorro não parou aí: “Com o auxílio de recursos mag-néticos de Silas, a socorrida viu-se fora do corpo e, enlaçada peloBenfeitor amigo, foi levada a umbosque vizinho, onde foi conveni-entemente acomodada no tapeteda relva macia”.

Nesse momento, o Assistentefez uma rogativa sincera aos pla-nos superiores e, como resposta doAlto, em poucos minutos cincoespíritos, vindo de pontos diferen-te do Espaço, se apresentaram parao auxílio e, conclui André: “Emrápidos minutos, energiasimponderáveis da Natureza, asso-ciadas aos fluidos de plantas me-dicinais, foram trazidas à nossaenferma, que as inalava a longossorvos, e, em breve, vimos Polianasurpreendentemente refeita, pron-ta para retomar o envoltório paraa necessária restauração”.

JOSÉ ANTÔNIO V. DE [email protected]

De Cambé

ela partisse naquele momento.No texto, André nos mostra os

passos usados pela EspiritualidadeSuperior, mesmo sem o conheci-mento dos encarnados, para o so-corro imediato.

Primeiro, nos diz que buscari-am influenciar alguma pessoa en-carnada que pudesse providenciaro auxílio desejado. No caso emquestão essa conduta foi impossi-bilitada pela distância. Vejamos otexto:

“Naquela hora da noite não erafácil trazer algum companheiroencarnado ao sítio deserto”

Em seguida o autor nos mostraa ação fluídica das mãos do Ben-feitor sobre a glote – região anteri-or do pescoço – da enferma, provo-cando-lhe sede, ao mesmo tempoem que ministrava medicamentosem uma água próxima.

“E, despendendo enorme esfor-ço, Poliana abandonou o leito ebuscou o pote humilde...Após be-

“Onde está teu tesouro está teu coração.” – Jesus.

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O IMORTALFEVEREIRO/2007 PÁGINA 15

A Revue Spirite há 140 anos

Revista Espírita de 1867 (Parte 2)

Continuamos a publicar o tex-to condensado da Revista Espíri-ta de 1867. As páginas citadas re-ferem-se à versão publicada pelaEdicel.

*19. Desses efeitos deduziu-se

a causa, e mais: calculando a for-ça dos efeitos, calculou-se a forçada causa, que jamais foi vista. Dá-se o mesmo com o Criador e a vidaespiritual, que se julgam por seusefeitos, segundo o axioma: “Todoefeito tem uma causa. Todo efeitointeligente tem uma causa inteli-gente. A força da causa inteligenteestá na razão da grandeza do efei-to”. Crer em Deus e na vida espi-ritual não constitui, pois, uma cren-ça gratuita, mas um resultado daobservação, tão positivo quanto oque nos faz crer na força da gravi-dade. (Pág. 36.)

20. O Espiritismo não é, comopensam alguns, uma nova fé cega,que veio substituir outra fé cega,porque estabelece como princípioque antes de crer é preciso compre-ender, e para compreender é preci-so raciocinar. A Doutrina Espíritanão repousa em nenhuma teoriapreconcebida ou hipotética, mas naexperiência e na observação dosfatos. “Era urgente – observa Kar-dec – estabelecer, desde o princí-pio, o Espiritismo no seu verdadei-ro terreno. A teoria baseada na ex-periência foi o freio que impediu acredulidade supersticiosa tantoquanto a malevolência de o desvi-ar de sua rota.” (Págs. 39 e 40.)

21. Com o título de As três fi-lhas da Bíblia o Sr. Hippolyte Ro-drigues publicou uma obra em queprevê a fusão das três grandes reli-giões saídas da Bíblia: a judia, acatólica e a maometana. Comentan-do artigo sobre referido livro inse-rido no jornal Le Pays, Kardec cri-tica esta frase escrita pelo autor damatéria: “quando se raciocina nãose crê mais”. O Espiritismo pregaexatamente o contrário: quando seraciocina crê-se mais firmemente,porque se compreende. Foi isso quelevou o codificador a escrever quenão há fé inabalável senão aquelaque pode encarar a razão face a faceem todas as épocas da Humanida-

de. (Pág. 41.)22. A Revista transcreve parte

de uma carta dirigida pelo padreLacordaire à Sra. Swetchine, da-tada de 29 de junho de 1853, naqual o notável sacerdote se refereàs mesas girantes e afirma que emtodos os tempos houve modosmais ou menos bizarros para secomunicar com os Espíritos; ape-nas se fazia mistério desses pro-cessos. “Hoje, graças à liberdadedos cultos e à publicidade univer-sal, o que era um segredo tornou-se uma fórmula popular”, escreveuLacordaire. (Págs. 43 e 44.)

Para o Espiritismo, Satã éapenas a personificação

alegórica do mal

23. O Monsenhor Freyssinous,bispo de Hermópolis, em suasConferences sur la religion,publicadas em 1825, também en-tendia, como Kardec, que “um de-mônio que procura destruir o reinodo vício para estabelecer o da vir-tude, seria um demônio estranho”.É por isso – escreveu o bispo – queJesus, para repelir a absurda acusa-ção que os judeus lhe fizeram, lhesdizia: “Se opero prodígios em nomedo demônio, então o demônio estádividido consigo mesmo; então pro-cura destruir-se”. Os espíritas dizema mesma coisa aos que tacham aspráticas e as curas espíritas deenvolvimento com o demônio.(Pág. 45.)

24. A doutrina espírita, explicaKardec, não admite poder rival aode Deus e menos, ainda, pode ad-mitir que um ser decaído tenha re-cuperado bastante poder para con-trabalançar os desígnios do Pai.Para o Espiritismo, Satã é apenas apersonificação alegórica do mal,como entre os pagãos Saturno era apersonificação do tempo, Marte apersonificação da guerra e Vênus apersonificação da beleza. (Pág. 46.)

25. Vários jornais franceses re-produziram notícia publicada ema Sentinelle Toulonnaise, deToulon, sobre uma menina de doisanos e onze meses, chamadaEugénie Colombe, que sabia ler eescrever perfeitamente e tinha, ain-da, conhecimentos sobre religiãocristã, gramática francesa, geogra-fia, história e as quatro operaçõesde aritmética. Um correspondenteda Revista, oficial da Marinha em

Toulon, confirmou a veracidade dofato, que recebeu de Kardec as ex-plicações que se seguem: I) A pre-cocidade de certas crianças para aslínguas, a música e as ciências emgeral não passa de lembranças. II)A faculdade de recordar é uma ap-tidão inerente ao estado psicológi-co, isto é, ao mais fácil desprendi-mento da alma em certos indivídu-os do que em outros. III) O passa-do é como um sonho do qual a gen-te se lembra mais ou menos exata-mente, ou do qual se perdeu total-mente a lembrança. (Págs. 47 a 49.)

26. Concluindo o relato perti-nente à menina Eugénie, a Revistatranscreve parte de uma carta en-viada por um correspondente daArgélia que de passagem porToulon também teve contato coma criança e sua mãe. “Esta criança– diz a carta – certamente é um Es-pírito muito adiantado, porque sevê que responde e cita sem o me-nor esforço de memória. Sua mãeme disse que desde os 12 ou 15meses ela sonha à noite e parececonversar, mas numa língua quenão permite compreender. Écaridosa por instinto; atrai semprea atenção de sua mãe, quando avistaum pobre; não suporta que batamnos cães, nos gatos, nem em qual-quer animal.” (Pág. 49.)

Diz Kardec que nãofaltam exemplos de

suicídio entre os animais

27. Caso semelhante foi notici-ado pelo Spiritual Magazine, deLondres, acerca de Tom, o Cego,que esteve em Londres, onde fezenorme sucesso com seu talento mu-sical, pois repete sem falha no pia-no tudo quanto lhe tocam, quer so-natas clássicas antigas, quer fanta-sias modernas. Kardec assevera queas reflexões feitas sobre a meninade Toulon naturalmente se aplicama Tom, que deve ter sido um grandemúsico. “O que torna o fenômenomais extraordinário – observa Kar-dec – é que se apresenta num ne-gro, escravo e cego, tríplice causaque se opunha à cultura de suas ap-tidões nativas e a despeito da qualse manifestaram na primeira ocasiãofavorável.” “Tom, o escravo, nasci-do e aclamado na América, é umprotesto vivo contra os preconcei-tos que ainda reinam nesse país.”(Págs. 49 a 51.)

28. Referindo-se a uma notíciapublicada no Morning-Post acer-ca de um caso de suicídio cometi-do por um cão em Frinsbury, pertode Rochester, Kardec diz que nãofaltam exemplos de suicídio entreos animais. O cão que se deixamorrer de inanição pelo pesar dehaver perdido o dono realiza umverdadeiro suicídio. O escorpião,cercado pelo fogo e vendo que nãopode sair, mata-se. Esses fatos pro-vam que o animal tem consciênciade sua existência e de sua indivi-dualidade e compreende o que é avida e a morte. Não é, pois, umamáquina nem obedece exclusiva-mente a um instinto cego, porqueo instinto impele os seres à procu-ra dos meios de conservação, nãode sua própria destruição. (Págs.51 e 52.)

29. A Revista publica mais umapoesia mediúnica recebida pelo Sr.Vavasseur. Intitulada Lembrança,a poesia é assinada pelo Espíritode Jean. (Págs. 52 a 55.)

30. Escrevendo sobre as doen-ças e suas principais causas, o Es-pírito de. Morel Lavallée diz que adoença pode vir do corpo, doperispírito ou do próprio Espírito.A medicação deve guardar relaçãocom a causa da enfermidade. Seesta proceder do Espírito, não sepode empregar, para a combater,outra coisa senão uma medicaçãoespiritual. “Para destruir uma cau-sa mórbida – assevera o Dr. Morel– há que combatê-la em seu terre-no.” (Págs. 55 e 56.)

A tarefa do Espiritismoé rasgar o véu sombrio

dos séculos de ferro

31. Em uma comunicação in-titulada A clareza, Sonnez (Espíri-to) afirma que no século 19 o quemais faltava era clareza. A clarezaé útil em tudo e a todos; sem elatudo marcha tateando. É por istoque, antes de aconselhar e ensinar,o espírita deve começar logo poresclarecer os menores refolhos desua alma. A tarefa do Espiritismoé rasgar o véu sombrio dos séculosde ferro e conduzir os terrícolas àconquista das verdades prometidas.“Trabalhar com este objetivo –conclui Sonnez – é ser adepto doMenino de Belém, é ser filho deDeus de quem emanam toda a luze toda a clareza.” (Págs. 56 a 58.)

32. Luís de França (Espírito)reafirma a informação de que ostempos são chegados e alude,numa mensagem recebida em 8 dejaneiro de 1866, à profecia bíblicapertinente à era da mediunidade,em que os velhos teriam sonhos eos filhos profetizariam. Eis algunsapontamentos extraídos da citadacomunicação: I) O Espiritismo éesta difusão do Espírito divino, quevem instruir e moralizar todos ospobres deserdados da vida espiri-tual que esquecem que o homemnão vive apenas de pão. II) En-quanto o homem negligencia cul-tivar o seu espírito e fica absorvi-do pela busca ou a posse dos bensmateriais, sua alma permanece decerto modo estacionária. III) Abondade de Deus é, contudo, infi-nita e ultrapassa a indiferença deseus filhos. Eis por que lhes enviamensageiros divinos que vêm lem-brar-lhes que Deus não os crioupara a Terra, onde ficam apenas poralgum tempo, a fim de que, pelotrabalho, desenvolvam as qualida-des de sua alma. IV) O Espiritis-mo é a realização das profecias, osinal brilhante da bondade do Paie um novo apelo ao desprendimen-to da matéria, porque só ele podeproporcionar ao homem a verda-deira felicidade. (Págs. 58 e 59.)

33. O romance intituladoMirette, escrito por Élie Sauvage,é focalizado pela Revista, que re-sume em poucas palavras o enre-do e os personagens principais daobra. Analisando-a, Kardec diz quea obra é uma pintura da vida real,onde nada se afasta do possível eda qual o Espiritismo tudo podeaceitar. O comentário de Kardec écomplementado por uma mensa-gem assinada pelo Espírito deMorel Lavallée, que elogia de igualforma o romance. (Págs. 59 a 64.)

34. O número de fevereiro seencerra com três notícias: I) O lan-çamento da coletânea de poesiasmediúnicas obtidas pelo Sr.Vavasseur e reunidas sob o título deEchos Poétiques d’Outre-Tombe. II)O anúncio da publicação em fascí-culos da obra Nova Teoria Médico-Espírita, escrita pelo doutor Brizio,de Turim. III) O aviso do lançamen-to da tradução em espanhol d’ O Li-vro dos Médiuns, que poderia seradquirida em Madri, Barcelona,Marselha e Paris. (Pág. 65.) - (Con-tinua no próximo número.)

MARCELO BORELADE OLIVEIRA

[email protected] Londrina

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O IMORTALPÁGINA 16 FEVEREIRO/2007

O IMORTALJORNAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITARUA PARÁ, 292, CAIXA POSTAL 63CEP 86.180-970TELEFONE: (043) 3254-3261 - CAMBÉ - PR

Tudo foi muito rápido e ocor-reu numa época como esta, emque as famílias descem ao litoralpara o gozo das merecidas férias.

Maria Ignês e seu marido Os-nildo passavam a temporada deférias em Praia de Leste, mais pre-cisamente na praia de Santa Te-rezinha. Corria o mês de janeirode 1984.

No dia 23 de janeiro, o meni-no Osnildo Carneiro LemesJunior (foto), que contava então8 anos de idade, ao lavar as mãosmelecadas pelo sorvete que toma-ra, foi colhido por uma onda e de-sapareceu tragado pelo mar.

As pessoas que já passarampor isso ou que presenciaram fa-tos como esse, tão comuns emnossas praias, podem imaginar ador, o sofrimento, o desesperoque acometeram o jovem casal.E foi assim, sofrendo muito, queeles resolveram procurar o mé-

ANGÉLICA [email protected]

De Londrina

dium Chico Xavier, na cidade deUberaba. Foram duas as tentativas.

Na primeira tentativa, os esfor-ços foram em vão. Na segunda, em4 de maio de 1984, Maria Ignês foiatendida na parte da manhã, ape-sar do grande número de pessoasque haviam acorrido naquele dia àCasa Espírita da Prece, muitas dasquais haviam passado a noite emfrente da instituição espírita, naesperança de ver e falar com omédium.

Bastante abalada e muito ner-vosa, Maria Ignês só conseguiu

dizer ao Chico que queria notíciasdo filho Junior, falecido naqueleano. Não deu ao médium informa-ção alguma acerca das circunstân-cias em que o menino havia desen-carnado, tampouco mencionou os

nomes das filhas do casal ou dequalquer outro parente, como a avóMaria Ignês, citada na mensagem,a quem não conhecera e que haviafalecido quando sua mãe Juracytinha apenas 9 anos.

Um recado do AlémHá 23 anos em Praia de Leste, no litoral paranaense, colhido por uma onda, desencarnou

um menino de apenas 8 anos de idade, o qual, menos de quatro meses depois, envioucomovente mensagem aos pais por intermédio do saudoso médium Chico Xavier

Por volta das 23h50 do mes-mo dia, Chico Xavier anunciouter recebido uma comunicação domenino, a qual é transcrita aolado, na íntegra.

De posse do original da men-sagem, quando confrontaram aassinatura de Junior ali postacom a constante de seus cader-nos escolares, os pais puderamverificar a incrível semelhançaexistente entre elas, acrescido dofato de que, embora fosse cha-mado de Junior por seus famili-ares, Osnildo era o nome que eleassinava nos seus cadernos ecomo era conhecido pelos ami-gos e professoras do ColégioSanta Maria, de Cascavel, cida-de onde a família residia.

Querido papai Osnildo e querida mamãe Ignez,

Venho com a vovó Maria pedir-lhes a bênção e afirmar-lhes que es-tou bem.

A vovó Maria Ignez pede ao papai e à Mãezinha não chorarem maispor mim e informa que a Lei de Deus, quando nos deseja de regressopara a vida espiritual, não escolhe lugar para isso. Podemos estar fitandoas estrelas, admirando as flores de um jardim ou brincando com algumaonda do mar, a verdade é que a Lei se cumpre. Foi por isso que eu deviavoltar mais cedo para onde estou agora.

Tudo aqui é muito lindo, mas tenho muitas saudades de casa, sauda-des do papai, da Mãezinha e das queridas irmãs Ana Paula, Isis e Renata.Mas sei que vou crescer e desenvolver-me aqui para lhes ser útil.

Querido pai Osnildo e querida mamãe Ignez, não posso escrever mais.Recebam muitos beijos do filho que os ama tanto.

Osnildo sempre Osnildo.

(Mensagem psicografada pelo médium Chico Xavier em 4 de maiode 1984, em Uberaba-MG.)

A mensagem deOsnildo Junior

Foi nos anos 70 do século pas-sado que a obra psicográfica deFrancisco Cândido Xavier (foto)passou a apresentar, de forma maisconstante, as mensagens confor-tadoras assinadas por indivíduosrecentemente desencarnados – jo-vens e crianças em sua maioria –direcionadas a seus pais.

Uma obra que marcou muitoessa fase nova, em que o aspecto

ções dos jovens, adultos ou crian-ças que comprovam, como o me-nino Osnildo Junior, que não exis-te a morte, que a vida continua emoutros planos e que os entes ama-dos que nos precederam nessa via-gem inevitável aguardam-nos a to-dos e nos tutelam nos primeirosmomentos de nossa reentrada nomundo espiritual. (Angélica Reis)

O consolo advindodas cartas de Chico

Osnildo Júnior em sua mesa de estudo O menino Osnildo num flagrante em sua escola

consolador do Espiritismo passou ater evidente primazia, foi “Jovens noAlém” (foto), lançada em setembrode 1975 pelo Grupo Espírita Emma-nuel S.C. Editora.

Seguiram-se a essa obra inúme-ras outras, trazendo sempre a mes-ma característica, como se fossemuma espécie de correio espiritual quepermite aos que se foram, levadospela morte do corpo, contactar osfamiliares que por aqui ficaram,embora as mensagens desses irmãosqueridos não tenham em vista so-mente os corações amados a que sevinculam. Como diz Emmanuel noprefácio da obra citada, elas chegamigualmente em nossa direção “auxi-liando-nos a escolher o melhor ca-minho e a pensar com acerto, emqualquer ângulo espacial a que nosajustemos ou em qualquer faixaetária de nossa evolução”.

Muitos pais levados ao desespe-ro com a perda repentina de um fi-lho têm sido consolados com men-sagens semelhantes, e muitos che-gam a mudar inteiramente seu modode ver a vida ao lerem as comunica-

Fac-símile da capa do livro “Jovens noAlém”

Chico Xavier, o saudoso médium deMinas Gerais