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O IMORTAL JORNAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITA Diretor Responsável: Hugo Gonçalves Ano 55 Nº 654 Agosto de 2008 R$ 1,50 “A vida é imortal, não existe a morte; não adianta morrer, nem descansar, porque ninguém descansa nem morre.” Marília Barbosa “Nascer, morrer, renascer ainda e progredir continuamente, tal é a lei.” Allan Kardec As expiações coletivas e suas causas Como incentivar de maneira eficiente o estudo do Espiritismo? Natural da cidade de Franca (SP), onde reside, autor de vári- os livros e espírita há 25 anos, o conhecido confrade Eliseu Mota Júnior (foto), orador requisitado em todo o Brasil, concedeu en- trevista ao nosso colaborador Orson Peter Carrara, na qual exa- mina diversas questões pertinen- tes a temas importantes da atua- lidade. Uma das questões versou so- bre o aborto, assunto ao qual de- dicou um dos seus livros – Abor- to à luz do Espiritismo. Esse li- vro, revela seu autor, foi uma ho- menagem que ele procurou pres- tar às mulheres em geral, sobre- tudo àquelas envolvidas com uma gravidez indesejada. “Por isso, se porventura esse modesto livro aju- dar uma só mulher a não abortar, creio que todo o trabalho para a sua elaboração estará pago!” Entende o confrade que há vá- rias maneiras de incentivar o estu- do na Casa Espírita. Uma delas seria a urgente atualização da casa espírita, tanto no que se refere ao método de abordagem dos temas, quanto ao emprego da tecnologia. Pág. 16 Por que ocorrem as calamida- des que vitimam tantas pessoas ao mesmo tempo, como o tsunami verificado há algum tem- po na Ásia? O estudo profundo do Espiritismo nos permite en- tender os fatores causais de se- melhantes tragédias. No livro “Obras Póstumas”, no capítulo intitulado “Questões e Problemas”, Allan Kardec faz uma abordagem especial a respei- to do assunto e suas causas, como mostra, numa matéria especial, o confrade Américo Domingos Nunes Filho. Págs. 8 e 9 Versos para D. Dulce, ave canora e terna No dia 26 de junho de 2008, D. Dulce Gonçalves, esposa de nosso estimado diretor Hugo Gonçalves, se ainda estivesse encarnada, completaria 91 anos de idade. Para assinalar a data, nosso confrade Geraldo Peixoto Luna dedicou-lhe um lindo poema que publicamos nesta edição, associ- ando-nos à homenagem presta- da à saudosa senhora e amiga de todos nós do jornal “O Imortal”. Pág. 11 Um público numeroso prestigia a Semana Espírita de Londrina Cerca de 3.500 pessoas, en- tre trabalhadores e participantes adultos, jovens e crianças, estive- ram presentes nos nove dias de realização da 17ª Semana Espíri- ta de Londrina, evento promovi- do pela União das Sociedades Espíritas de Londrina (USEL), com apoio da 5ª União Regional Espírita e das casas espíritas de Londrina. As atividades realizaram-se, A Revue Spirite há 140 anos ......................... 15 Aiglon Fasolo ................................................. 6 Celso Martins ............................................... 13 Crônicas de Além-Mar ................................. 12 De coração para coração ................................ 4 Divaldo responde .......................................... 11 Editorial .......................................................... 2 Édo Mariani .................................................. 10 Emmanuel ....................................................... 2 Espiritismo para crianças ............................. 14 Estudando as obras de André Luiz ............... 10 Grandes Vultos do Espiritismo ....................... 7 Histórias que nos ensinam ............................ 13 Jane Martins Vilela ....................................... 13 Joanna de Ângelis ........................................... 2 José Viana Gonçalves ................................... 12 Juliana Jovanelli ........................................... 11 Marcel B. Gonçalves .................................... 11 Palestras, seminários e outros eventos ........... 5 Ainda nesta edição Foi um sucesso a Semana Espírita portuense Com a participação dos Corais Renascer e Espe- rança, realizou-se no perí- odo de 12 a 19 de julho último a 57ª Semana Espí- rita de Astolfo Dutra (MG), promovida pela Fundação Espírita Abel Gomes, com apoio da AME – Aliança Municipal Espírita de As- tolfo Dutra e das institui- ções espíritas locais. Como nos últimos dois anos, a Semana Espírita portuense iniciou-se no sá- bado, na Cabana Espírita Abel Gomes. A partir do dia seguinte, as palestras realizaram-se na Fundação Espírita Abel Gomes. Fo- ram, ao todo, oito pales- tras, cinco Seminários ves- pertinos e o Reabasteci- mento Espiritual levado a efeito nas manhãs de se- gunda a sábado. Pág. 5 como de costu- me, nas depen- dências do Cen- tro Espírita Nosso Lar, ten- do por tema ge- ral a frase “Evangelizar... Conhecer Para Mudar”, que foi, por sinal, o tema da palestra de abertura, proferida no dia 19 de julho pelo confrade Fran- cisco Ferraz Batista, presi- dente da Fede- ração Espírita do Paraná. Além das palestras e dos seminários des- tinados aos adultos, o evento apresentou outras atrações, como a 8ª Semaninha Espírita, a 4ª Semana Jovem, a 4ª Noite Cultural e a 2ª Mostra da Moci- dade. Segundo o coordenador da USEL, Aldérico Natal Sposti, a 17ª Semana Espírita foi preparada com “muito cari- nho e alegria”, o que ficou visí- vel para todos os que dela par- ticiparam (fotos). Pág. 3

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O IMORTALJORNAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITA

Diretor Responsável: Hugo Gonçalves Ano 55 Nº 654 Agosto de 2008 R$ 1,50

“A vida é imortal,não existe a morte;não adianta morrer,

nem descansar,porque

ninguém descansanem morre.”

Marília Barbosa

“Nascer,morrer,renascerainda e

progredircontinuamente,

tal é a lei.”Allan Kardec

As expiações coletivase suas causas

Como incentivar de maneiraeficiente o estudo do Espiritismo?

Natural da cidade de Franca(SP), onde reside, autor de vári-os livros e espírita há 25 anos, oconhecido confrade Eliseu MotaJúnior (foto), orador requisitadoem todo o Brasil, concedeu en-trevista ao nosso colaboradorOrson Peter Carrara, na qual exa-mina diversas questões pertinen-tes a temas importantes da atua-lidade.

Uma das questões versou so-bre o aborto, assunto ao qual de-dicou um dos seus livros – Abor-to à luz do Espiritismo. Esse li-vro, revela seu autor, foi uma ho-menagem que ele procurou pres-tar às mulheres em geral, sobre-tudo àquelas envolvidas com umagravidez indesejada. “Por isso, seporventura esse modesto livro aju-dar uma só mulher a não abortar,creio que todo o trabalho para a suaelaboração estará pago!”

Entende o confrade que há vá-

rias maneiras de incentivar o estu-do na Casa Espírita. Uma delasseria a urgente atualização da casaespírita, tanto no que se refere aométodo de abordagem dos temas,quanto ao emprego da tecnologia.Pág. 16

Por que ocorrem as calamida-des que vitimam tantas pessoasao mesmo tempo, como otsunami verificado há algum tem-po na Ásia? O estudo profundodo Espiritismo nos permite en-tender os fatores causais de se-melhantes tragédias.

No livro “Obras Póstumas”,no capítulo intitulado “Questõese Problemas”, Allan Kardec fazuma abordagem especial a respei-to do assunto e suas causas, comomostra, numa matéria especial, oconfrade Américo DomingosNunes Filho. Págs. 8 e 9

Versos para D. Dulce,ave canora e terna

No dia 26 de junho de 2008,D. Dulce Gonçalves, esposa denosso estimado diretor HugoGonçalves, se ainda estivesseencarnada, completaria 91 anosde idade.

Para assinalar a data, nosso

confrade Geraldo Peixoto Lunadedicou-lhe um lindo poema quepublicamos nesta edição, associ-ando-nos à homenagem presta-da à saudosa senhora e amiga detodos nós do jornal “O Imortal”.Pág. 11

Um público numeroso prestigia aSemana Espírita de Londrina

Cerca de 3.500 pessoas, en-tre trabalhadores e participantesadultos, jovens e crianças, estive-ram presentes nos nove dias derealização da 17ª Semana Espíri-ta de Londrina, evento promovi-do pela União das SociedadesEspíritas de Londrina (USEL),com apoio da 5ª União RegionalEspírita e das casas espíritas deLondrina.

As atividades realizaram-se,

A Revue Spirite há 140 anos ......................... 15Aiglon Fasolo ................................................. 6Celso Martins ............................................... 13Crônicas de Além-Mar ................................. 12De coração para coração ................................ 4Divaldo responde .......................................... 11Editorial .......................................................... 2Édo Mariani .................................................. 10Emmanuel ....................................................... 2Espiritismo para crianças ............................. 14Estudando as obras de André Luiz ............... 10Grandes Vultos do Espiritismo ....................... 7Histórias que nos ensinam ............................ 13Jane Martins Vilela ....................................... 13Joanna de Ângelis ........................................... 2José Viana Gonçalves ................................... 12Juliana Jovanelli ........................................... 11Marcel B. Gonçalves .................................... 11Palestras, seminários e outros eventos ........... 5

Ainda nesta ediçãoFoi um sucesso aSemana Espírita

portuenseCom a participação dos

Corais Renascer e Espe-rança, realizou-se no perí-odo de 12 a 19 de julhoúltimo a 57ª Semana Espí-rita de Astolfo Dutra (MG),promovida pela FundaçãoEspírita Abel Gomes, comapoio da AME – AliançaMunicipal Espírita de As-tolfo Dutra e das institui-ções espíritas locais.

Como nos últimos dois

anos, a Semana Espíritaportuense iniciou-se no sá-bado, na Cabana EspíritaAbel Gomes. A partir dodia seguinte, as palestrasrealizaram-se na FundaçãoEspírita Abel Gomes. Fo-ram, ao todo, oito pales-tras, cinco Seminários ves-pertinos e o Reabasteci-mento Espiritual levado aefeito nas manhãs de se-gunda a sábado. Pág. 5

como de costu-me, nas depen-dências do Cen-tro EspíritaNosso Lar, ten-do por tema ge-ral a frase“Evangelizar...Conhecer ParaMudar”, quefoi, por sinal, otema da palestra

de abertura,proferida no dia19 de julho peloconfrade Fran-cisco FerrazBatista, presi-dente da Fede-ração Espíritado Paraná.

Além daspalestras e dosseminários des-

tinados aos adultos, o eventoapresentou outras atrações,como a 8ª Semaninha Espírita,a 4ª Semana Jovem, a 4ª NoiteCultural e a 2ª Mostra da Moci-dade. Segundo o coordenadorda USEL, Aldérico NatalSposti, a 17ª Semana Espíritafoi preparada com “muito cari-nho e alegria”, o que ficou visí-vel para todos os que dela par-ticiparam (fotos). Pág. 3

O IMORTALPÁGINA 2 AGOSTO/2008

EditorialEMMANUEL

Compulsando o Caminho, Ver-dade e Vida, de Emmanuel, em bus-ca de inspiração para este editorial,foi-nos ofertada um página que dis-corre sobre a necessidade de os es-píritas transformarem-se ante a pa-lavra do Cristo, em vez de apenasrepetir o que aprenderam, ouviramdizer, para que, no momento da mor-te, possam dizer que vivenciaram oEvangelho e não apenas “comerame beberam” junto do Mestre.

Dizem que os espíritas não te-mem a morte. Não? Parece que sim.

É certo que os espíritas, demodo geral, não temem a morte docorpo físico. O que se teme é o “diada análise minuciosa” que o fenô-meno da morte abre para todos nós.Consciência de culpa, de temer nãoter feito o suficiente, o necessário,o possível. Tememos dizer ao Se-nhor que bebemos e comemos emsua presença, tendo espalhado oevangelho que aprendemos, e tercomo resposta que o Mestre nadatem com isto, porque somos sepul-turas caiadas por fora e cheias depodridão por dentro.

A insistência de se ofertar a nósuma página que trata da reformaíntima parece-nos suficiente paraconcluirmos que a ordem do dia é aurgência de se chamar a atençãopara a nossa conduta.

Parece que a espiritualidadevem nos alertar para o cumprimen-to da lei de amor em nossos cora-ções, antes que seja tarde, porqueserá cobrado muito do muito queaprendemos com o Espiritismo.

Estamos morrendo mal porque

O amor é substância criadora emantenedora do Universo, constitu-ído por essência divina.

É um tesouro que, quanto maisse divide, mais se multiplica, e seenriquece à medida que se reparte.

Mais se agiganta, na razão quemais se doa. Fixa-se com mais po-

Há muitos companheiros realmen-te assim...

Declaram-se espíritas. Procla-mam-se convencidos, quanto à sobre-vivência.

Relacionam casos maravilhosos.Exibem apontamentos inatacáveis.

Referem-se, freqüentemente, aossábios que pesqui-saram as forças psí-quicas.

Andam de experiência em expe-riência. Fitam médiuns como se vis-sem animais raros.

Não alimentam dúvidas quantoaos fatos inabituais no seio da própriafamília, mas desconfiam das observa-ções nascidas no lar de outrem.

Conversadores primorosos. Ane-dotistas notáveis.

Mas não mostram mudança algu-ma.

São na convicção o que eram nanegação. Nobres expoentes de cultu-ra intelectual, não estendem migalhade conhecimento superior a quem querque seja. Detentores de vantagens hu-manas, não se dignam ajudar a nin-guém.

*Felizmente, contudo, temos os

companheiros da luta incessante.Afirmam-se também espíritas.

Mas compreendem que o fenômeno,diante da ver-dade, pode ser conside-

A morte e os espíritasvivemos mal. Algumas pessoas cos-tumam dizer que os espíritas têmresposta para tudo, que há sempreuma explicação fácil para os maisvariados fenômenos cotidianos, edizem isso com um certo desdém.

Será que estão totalmente semrazão? Será que não abusamos doconhecimento espírita para, sober-bamente, impor nossas convicções?E o mais importante: Será quevivenciamos nossos preceitos, nos-sa fé?

O verdadeiro espírita, o cristão,diz O Evangelho segundo o Espiri-tismo, será reconhecido pelo perfu-me de caridade que espalha ao re-dor de si.

O Espírito de Verdade proferiuas duas leis dos espíritas: amor einstrução. E é interessante que tan-tos espíritas estejam em busca desaber quem foi o Espírito de Verda-de, esquecendo que ao próprio Kar-dec foi pedida discrição. E nessabusca, quanto de azedume, quantode desrespeito, quanto de agressõesverbais não se manifestam entreaqueles que deveriam, primeiro,amar muito e, portanto, minima-mente respeitar a opinião alheia.

Estamos, realmente, vivendomal.

A preocupação da espiritualida-de com nosso comportamento é tan-ta que Manoel Philomeno deMiranda dedicou toda uma obra so-bre o tema da vida e da morte. Umgrande trabalhador da Doutrina dosEspíritos, pioneiro do Espiritismona Zona da Mata de Minas Gerais,comunicou-se, há alguns anos, e

exortou o grupo mediúnico para anecessidade de operar a educaçãodos sentimentos, a reforma de nos-sa conduta íntima, de nosso com-portamento cotidiano. Disse que, senão fossem suas obras, a língua te-ria feito com que ele perdesse aexistência. E estamos falando deuma pessoa reconhecidamentecaridosa que trabalhou intensamen-te na divulgação da Doutrina, nasustentação do Centro Espírita e namanutenção de um orfanato. Equando ele diz que “a língua quaseme perdeu”, é preciso esclarecerque não se trata de uma pessoa ma-ledicente, de uma pessoa desrespei-tosa com quem quer que fosse. Eleera, simplesmente, extremamentefranco e sincero, sem meias pala-vras, e infelizmente não sabia calarquando o assunto recomendava umadose de indulgência.

Benevolência, indulgência, per-dão – eis o que compõe o conceitode caridade segundo a entendia Je-sus, como nos ensina O Livro dosEspíritos. São essas as virtudes quenos pedem os Espíritos, para que al-cancemos patamares mais elevadosde merecimento. E eles alertam paraque pratiquemos essas qualidadesnão apenas nas instituições benefi-centes e no Centro Espírita, o que érelativamente fácil, porque são lu-gares especiais, protegidos espiritu-almente, que oferecem ambiente es-piritual propício, no qual nos senti-mos muito bem. Devemo-nos esfor-çar por sermos amáveis no seio dafamília, nos círculos íntimos, comnossos próximos mais próximos.

Um minuto com Joanna de Ângelisder, quanto mais se irradia.

Nunca perece, porque não seentibia nem se enfra-quece, desdeque sua força reside no ato mesmode doar-se, de tornar-se vida.

Assim como o ar é indispensá-vel para a existência orgânica, oamor é o oxigênio para a alma, sem

Companheirosrado à feição de casca no fruto.

Têm os médiuns como pessoascomuns, necessitadas de entendimen-to e de auxílio.

Sabem que a existência na Terra écomo estágio na escola.

E, por isso, não perdem tempo.Moram no trabalho constante.

Indulgentes para com todos e se-veros para consigo mesmos. Aceitama justiça perfeita, através da reencar-nação, e acolhem no sofrimento o cur-so preciso ao burillamento da própriaalma.

Verificam que o erro dos outrospodia ser deles pró-prios e, em razãodisso, não perdem a paciência.

Reconhecendo-se imperfeitos,perdoam, sem vacilar, as imperfeiçõesalheias. E vivem a caridade como sim-ples dever, aprendendo e servindosempre.

São esses que Allan Kardec, emsua palavra esclare-cida, define comosendo “os espíritas verdadeiros ou,me-lhor, os espíritas-cristãos”.

JOANNA DE ÂNGELIS, men-tora espiritual de Divaldo P. Franco,é autora, entre outros livros, deAmor, imbatível amor, do qual foiextraído o texto acima.

o qual a mesma se enfraquece e per-de o sentido de viver

É imbatível, porque sempre tri-unfa sobre todas as vicissitudes eciladas.

Quando aparente — de carátersensualista, que bus-ca apenas o pra-zer imediato — se debilita e seenvene-na, ou se entorpece, dandolugar à frustração.

Quando real, estruturado e ma-duro — que espera, estimula, reno-va — não se satura, é sempre novoe ideal, harmônico, sem altibaixosemocionais. Une as pes-soas, porquereúne as almas, identifica-as no pra-zer geral da fraternidade, alimenta ocorpo e dulcifica o eu profundo.

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EMMANUEL, que foi o mentorespiritual de Francisco Cândido Xa-vier e coordenador da obra mediúnicado saudoso médium mineiro, é autor,entre outros livros, de “Seara dos Mé-diuns”, de onde foi extraído o textoacima.

O IMORTALAGOSTO/2008 PÁGINA 3

Espíritas, espiritualistas, leigose simpatizantes da Doutrina codi-ficada por Allan Kardec tiveramuma semana especial no final domês de julho. Com o tema “Evan-gelizar... Conhecer Para Mudar”,a 17ª edição da Semana Espírita deLondrina, realizada no Centro Es-pírita Nosso Lar, chamou a aten-ção do público pela grandiosidadedas atividades realizadas todos osdias, além dos renomados pales-trantes que passaram pela casa.Promovida pela União das Socie-dades Espíritas de Londrina(USEL), com apoio da FederaçãoEspírita do Paraná, por meio da 5ªUnião Regional Espírita (5ª URE),o evento atraiu, em média, 400pessoas por dia, somando os adul-tos, os jovens e as crianças que par-ticiparam da 8ª Semaninha Espíri-ta e da 4ª Semana Jovem.

Atrativos culturais e artísticos,como grupos musicais, esquetes eapresentações teatrais, articuladostanto por crianças como por adul-tos, também encantaram os convi-dados que puderam prestigiar a 4ªNoite Cultural, a 2ª Mostra da Mo-cidade, além da 4ª Semana Jovem.

Segundo o coordenador daUSEL, Aldérico Natal Sposti, a 17ªSemana Espírita foi preparada com“muito carinho e alegria” para quetodos os dias o público pudesse pres-tigiar um “grande evento”. “Para nósda USEL, é uma alegria muito gran-de esse momento e fazer o possívelpara que tudo isso continue assim eentão nosso movimento possa cres-cer ainda mais”, comentou NatalSposti no primeiro dia do evento.

O lançamento da 17ª SemanaEspírita ficou sob a responsabilida-de do presidente da FEP, FranciscoFerraz Batista, de Curitiba, que

FERNANDA [email protected]

De Londrina

abordou em sua palestra o tema doevento: “Evangelizar... Conhecer ParaMudar”. Durante sua apresentação,Francisco Ferraz ressaltou uma im-portante missão que cada pessoa podeassumir como responsabilidade, casoentenda que a evangelização é umprocesso que precisa acontecer, pri-meiramente, no íntimo de cada um.

“O Cristianismo nãofalhou; foram as

criaturas que falharam” “Temos que entender o tempo da

nossa busca pelo espírito no ponto devista transcendental. As criaturas ain-da estão afastadas do conhecimento.É o momento da nossa busca, do nos-so esforço para encontrarmos a verda-de, porque o Cristianismo não falhou,foram as criaturas que falharam. Hojenão temos dúvidas que pelo Espiritis-mo estamos sendo chamados a inter-pretar a mensagem de Jesus. Na ver-

17ª Semana Espírita atrai centenas depessoas ao Centro Espírita Nosso Lar

dade, até mais do que isso. Fomoschamados a viver essa mensagem como esforço da nossa autotransforma-ção”, disse o presidente da FEP.

Também marcaram presença na17ª Semana Espírita Irvênia Prado,de São Paulo, que abordou o tema“Do Átomo ao Arcanjo. A trajetóriado Espírito”, além de uma segundapalestra onde ela falou sobre “AEvolução e Função do Cérebro comoÓrgão de Manifestação da Mente. AVisão de André Luiz”.

Jane Martins Vilela, de Cambé,ministrou um seminário sobre o tema“Conhecendo o Evangelho”; José An-tônio Vieira de Paula, também de Cam-bé, falou a respeito do “Evangelho emNós” e na quarta-feira, Terezinha Colle,de Curitiba, abordou o polêmico tema“Os Tempos São Chegados”.

Ainda na quarta-feira, TerezinhaColle voltou a se apresentar com a

palestra “Jesus, Luz do Mundo”. Nodia seguinte, Pedro de Almeida Lobo,de Campo Grande (MS), ministrouum seminário sobre “Família e Kar-dec – Parceria que deu certo na Evan-gelização da Sociedade”. O mesmopalestrante ainda participou de maisuma explanação, na noite da quinta-feira, quando falou sobre “ReformaÍntima para Evangelizar-se”. Na sex-ta-feira, Miguel de Jesus Sardano, deSanto André (SP), palestrou à tarde eà noite sobre os temas “A RevelaçãoEspírita” e “Cristianismo, Espiritis-mo e Ciência”. “O perdão é uma necessidade

do ser humano” Chegando ao final, a 17ª Semana

Espírita ainda contou com a partici-pação de Sandra Della Pola, de PortoAlegre (RS), que na noite do últimosábado do evento, abordou o tema“Perdão e Auto Perdão”, que teve con-

Palestrantes renomados, atividades culturais e um grande público, entre adultos, jovens e crianças, que lotou asdependências do Centro em Londrina; aproximadamente 400 pessoas compareceram ao evento todos os dias

tinuidade na manhã do domingo, dia27. Entre as diversas orientações fei-tas pela palestrante, que foi aplaudi-da por um público que permaneceuem pé durante a finalização de suaexplanação, o perdão é uma neces-sidade do ser humano. “Estamos res-pondendo agressões com agressõesporque estamos nos sentindo agre-didos e temos que descobrir porqueestamos nos sentindo agredidos. Pre-cisamos observar a vida como opor-tunidades de aprendizagem, pois operdão é uma necessidade mesmoque não acreditemos nisso”, comen-tou. Ainda segundo Sandra, a pró-pria Ciência afirma que a mágoa édeletéria e gera enzimas que podemmatar células do organismo huma-no. “Não perdoamos porque acha-mos que assim estaremos punindoquem nos agrediu. Precisamos en-tender que a vida criará um meca-nismo para punir essa pessoa e nãocabe a nós fazermos isso. Se não mu-darmos para mudar esse episódio,isso (a mágoa) pode nos perseguir avida toda, muitas vezes se tornamconvívios centenários, quando sim-plesmente o perdão poderia permi-tir que aquelas almas fossem feli-zes”, destacou a palestrante na pa-lestra realizada no sábado à noite.

No último dia do evento, o pú-blico pôde prestigiar uma palestrasobre o tema “A Arte de Educar”,proferida por Roosevelt AldophatoTiago, de Barra Bonita (SP), comque se encerrou a 17a Semana Es-pírita de Londrina.

É de ressaltar que, anteceden-do os seminários e as palestras, opúblico foi brindado com ativida-des culturais, geralmente númerosde canto, em todos os dias do even-to. Participaram grupos e pessoasde várias Casas Espíritas de Lon-drina e Cambé, com destaque parao recente Coral do Centro EspíritaNosso Lar, que agradou a todos comsuas belíssimas apresentações.

Público numa das noites da Semana Espírita Francisco Ferraz Batista fez a palestra de abertura da Semana

Coral do Centro Espírita Nosso Lar Flagrante da Semaninha Espírita

O IMORTALPÁGINA 4 AGOSTO/2008

De coração para coração

Uma amiga nos perguntou quepensamos a respeito da existência deidéias supostamente racistas contidasno livro Obras Póstumas, de AllanKardec, e respondemos-lhe o seguin-te:

1. O livro Obras Póstumas nãofoi publicado por Kardec. Trata-se detextos, a maioria de natureza históri-ca, que ele não publicou por tratar-se, em grande parte dos casos, de re-flexões íntimas, pessoais, que não seenquadram – nem se enquadravam –no que chamamos de Doutrina Espí-rita. Os critérios da generalidade e dauniversalidade do ensino são pontosindispensáveis para caracterizar deter-minado ensino como sendo espírita,conforme está dito claramente na in-trodução d´O Evangelho segundo oEspiritismo e em A Gênese.

2. Não há na Doutrina Espíritanada que nos faça supor a existênciade ranço racista. Ao contrário. Ensi-

na o Espiritismo que os Espíritos po-dem reencarnar homens ou mulhe-res, negros ou brancos, ricos ou po-bres, árabes ou judeus, brasileiros ouargentinos, o que mostra, inequivo-camente, que essas disputas regio-nais, nacionalistas ou de classes nãopassam de bobagens. No caso, porexemplo, da escravidão no Brasil edo racismo no meio espírita, é bomque as pessoas leiam a entrevista quenos foi concedida pelo confrade JoséRaul Teixeira, publicada na edição 5da revista O Consolador. (A entre-vista pode ser vista neste endereço:http://www.oconsolador.com.br/5/entrevista.html/.)

3. Se o Espírito pode reencarnarnum corpo de pele negra, amarela oubranca, isso significa que é umainfantilidade incentivar ou tentar vis-lumbrar em nosso meio o racismo.

4. Kardec, evidentemente, nãoera e não poderia ser racista. O que

tentou dizer não se aplica aos Espí-ritos que animam nossos corpos. Elese referia ao grau evolutivo alcança-do por determinadas culturas. Al-guém discorda de que o grau evolu-tivo das tribos indígenas do Xinguencontra-se num nível inferior ao deuma grande nação européia? Claroque não, e isso nada tem que ver comracismo. No entanto, pode estarreencarnado em algumas dessas tri-bos Espíritos de alta envergadura in-telectual e moral, presentes ali em ta-refa missionária, com vistas a apres-sar o progresso intelectual e moraldaquele povo em seu conjunto.

5. Em O Evangelho segundo oEspiritismo, Santo Agostinho dá-nosuma pista do que Kardec pretendeudizer. No capítulo III dessa obra le-mos que os planetas dividem-se emcinco categorias e que nos chama-dos mundos de expiação e provas,que é a atual condição da Terra, omal predomina. Essa é a razão porque neste planeta o homem vive abraços com tantas misérias, mas nãoexplica, por si só, os desníveis cul-

turais, sociais e econômicos que dis-tinguem a Mauritânia e a Bélgica, sópara citar um exemplo.

6. A explicação para esse fato en-contramos numa outra informaçãoassinada por Santo Agostinho, quenos diz que na Terra os Espíritos emexpiação são, se assim se pode di-zer, seres estrangeiros, indivíduosque já viveram em outros mundos.Mas nem todos os Espíritos que seencarnam neste planeta vêm para cáem processo de expiação. As raçasque chamamos selvagens são forma-das de Espíritos que apenas saíramda infância espiritual e que na Terrase acham, por assim dizer, em cursode educação, para se desenvolverempelo contacto com Espíritos mais adi-antados. Observemos o vocábulo sa-íram, para compreendermos que eleestá se referindo a Espíritos jovens,estudantes que estão começando ago-ra seu processo evolutivo na chama-da humanidade. E há ainda, um grauacima delas, as raças semicivilizadas,constituídas desses mesmos Espíri-tos em via de progresso, as quais são,

Há idéias racistas nas obras de Kardec?

Pílulas gramaticaisPor ser bastante utilizado em

nossas conversas, eis alguns lembre-tes que esperamos sejam úteis à cor-reta aplicação do vocábulo “onde”:

1.) O vocábulo “onde” geral-mente diz respeito a lugar:• Eu sei onde você estuda.• Gosto da casa onde moro.• Ele foi encontrado onde o mataram.

2.) Se o verbo a que estiver vin-culado indicar movimento, o certo éusar “aonde”:• Eu irei aonde você for.• Vamos todos aonde eles foram.• Aonde ele foi nós também iremos.

3.) Recomenda-se usar o vocá-bulo “onde” sempre que a referên-cia for a um lugar físico – uma casa,uma rua, uma cidade:• Vejam onde ele desenha seus qua-dros!• Aqui está o lugar onde ele foi se-pultado.• Rio de Janeiro foi a cidade ondeexecutaram Tiradentes.

4.) Fora dos casos mencionados

no item anterior, prefira “em que”:• O século em que ele nasceu.• O soneto em que homenageou afilha.• A tese em que expôs suas idéiaslibertárias.• O romance em que vi essa história.

5.) O vocábulo “onde” aparecetambém nas seguintes locuções:• Onde quer que: Em qualquer lugaronde.• De onde: De que lugar; do lugarem que.• De onde a onde: De tempos a tem-pos; de onde em onde.• De onde em onde: De quando emquando. Aqui e ali.• Por onde: Pelo qual lugar; pelo lu-gar em que.

6.) Classificado gramaticalmen-te como um advérbio de lugar, o usodo vocábulo “onde” com o signifi-cado de “quando” e “enquanto” éconsiderado brasileirismo, própriodo Nordeste, e faz parte também doprovincianismo português.

ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO - [email protected] Londrina

O Espiritismo respondeO confrade Eugénio Baptista, de

Coimbra, Portugal, pergunta-nospara onde vai o fluido vital após amorte do corpo físico de uma pes-soa. Ele regressa ao espaço cósmicoou acompanha o perispírito, até de-saparecer?

A primeira informação quanto aesse assunto nos veio com a respos-ta dada pelos imortais à questão no

70 d´O Livro dos Espíritos, na qualse lê que – após a morte dos seresorgânicos – a matéria inerte que osconstituía se decompõe e vai formarnovos organismos e o princípio vi-tal “volta à massa donde saiu”.

É preciso entender, inicialmen-te, que fluido vital e princípio vitalsão expressões equivalentes (cf. Di-cionário de Parapsicologia, Metap-síquica e Espiritismo, de João Tei-xeira de Paula, vol. III, pág. 75).

Nas demais obras de Kardec pou-co, porém, se acrescentou à informa-ção de que com a morte corporal oprincípio ou fluido vital “retorna àmassa”.

É na obra de André Luiz que en-contramos algo mais sobre o assunto,como o leitor pode verificar no livroObreiros da Vida Eterna, cap. 13, pp.209 a 212, obra psicografada pelomédium Francisco Cândido Xavier.

Nesse livro, André Luiz descreveo trabalho realizado pelo instrutor Je-rônimo para a liberação da alma deDimas. O serviço abarcou três regi-ões que o instrutor considera funda-mentais no processo de liberação dodesencarnante: o centro vegetativo,ligado ao ventre, sede das manifesta-ções fisiológicas; o centro emocional,zona dos sentimentos e desejos,sediado no tórax, e o centro mental,

situado no cérebro.Logo que Jerônimo concluiu a

operação sobre a primeira região,uma certa porção de substância lei-tosa extravasou do umbigo, pairan-do em torno. Em seguida, depois deoperar sobre a região do tórax, novacota de substância desprendeu-se docorpo. E, na última etapa do proces-so, finda sua atuação sobre o cére-bro de Dimas, uma brilhante chamavioleta-dourada desligou-se da re-gião craniana e absorveu, instanta-neamente, a vasta porção de subs-tância leitosa já exteriorizada dasduas primeiras regiões. Era difícil,segundo André Luiz, fixá-la com ri-gor porque as forças eram dotadasde movimento plasticizante. Estariaele aludindo ao fluido vital que dalise exteriorizara para “voltar à fon-te”? Sinceramente, não o sabemos.

de certo modo, raças indígenas daTerra, que aqui se elevaram pouco apouco, em longos períodos secula-res.

7. Ressalve-se nos textos referi-dos no item 6 tão-somente o vocábu-lo raça, que hoje não seria usado porsua impropriedade, visto que a Ciên-cia demonstrou que existe apenas umaraça no globo, a raça humana. Na épo-ca da Codificação do Espiritismo nãoexistia essa concepção a respeito deraça e Santo Agostinho, para se fazercompreendido, valeu-se dos termosusuais na ocasião, como é comum noprocesso de comunicação entre os vi-vos e os mortos.

8. Finalizando, é bom lembrarque a lei do progresso abarca toda acriação e, por isso, ninguém – seja omais miserável dos habitantes doNordeste brasileiro, seja o mais hu-milde irmão da Mauritânia – estaráexcluído da possibilidade de um diachegar à meta, que é a perfeição,como está dito com toda a clareza naquestão 116 d´ O Livro dos Espíri-tos.

O IMORTALAGOSTO/2008 PÁGINA 5

Palestras, seminários e outros eventossetor de Atendimento Espiritual, Ma-ria da Graça Rozetti, e pelo diretor doTeatro da FEP, Valdecir José Rozetti.O evento ocorrerá no Centro EspíritaPaz, Amor, Verdade e Justiça, na Rua7 de Setembro, 785. De acordo com aorganização do evento, o seminárioabordará assuntos como recepção,atendimento fraterno através do diá-logo, passe, exposição doutrinária eEvangelho no lar.

Foz do Iguaçu – Inicia-se no dia 1ºde agosto e irá até o próximo dia 10 aFeira Internacional do Livro, eventoque conta com apoio da 13ª URE e daLivraria Mundo Espírita. A feira acon-tecerá na Rua Benjamin Constant (emfrente da Fundação Cultural), de se-gunda à sexta-feira, das 9h às 21h, eaos sábados e domingos, das 9h às18h. A entrada é franca.

– Maria Helena Marcon coordenará oseminário “Mediunidade com Jesus”,no dia 9 de agosto, das 15h às 19h, noCentro Espírita André Luiz, localiza-do na Rua Maceió, 19, Vila C Nova.Durante o evento serão abordados as-suntos como convivendo com a me-diunidade, os objetivos da mediunida-de em nossas vidas e o burilamento dasfaculdades anímicas.

Francisco Beltrão – A 14ª URE rea-liza do dia 16 a 22 de agosto a IX Se-mana Espírita, no Centro EspíritaMensageiros da Paz, localizado na RuaAntônio Carneiro Neto, 1.212, BairroNossa Senhora da Aparecida. O even-to contará com os seguintes palestran-tes: dia 16, às 15h30, Jânio Dalla Cos-ta, que abordará o tema “Conhecereisa Verdade e ela vos Libertará”; dia 20,Alan Archetti falará sobre as “Inquie-tações da Consciência” e no dia 22Ubiratan Archetti encerrará o eventocom a palestra “Milagre, Verdade eFé”. A entrada é franca.

Jacarezinho – Realiza-se em agostoa XXIX Jornada Espírita de Jacarezi-nho, que obedecerá à seguinte progra-mação: 2/8/2008 – Wilson Reis Filho(Curitiba) - Tema: Na Conquista de simesmo; 9/8/2008 – Eulália MariaBueno (Santos) - Tema: A Força daMente Humana; 16/8/2008 – JaciraJacintho Silva (Bragança Paulista) -Tema: Criminalidade: Educar ou pu-nir?; 23/8/2008 – Maria Cristina Zaina(Curitiba) - Tema: O Sono, uma abor-

Estado do ParanáCambé – Começa no dia 6 de agosto,quarta-feira, o ciclo mensal de pales-tras promovido pelo Centro EspíritaAllan Kardec todas as quartas-feiras,às 20h30. Sônia Janene fará a pales-tra de abertura. Nas semanas seguin-tes estão programados os seguintes pa-lestrantes: dia 13, Jane Martins Vilela;dia 20, Júpiter Villoz Silveira; dia 27,Ivonne Csucsuly, de Maringá.

Campo Mourão – A Federação Espí-rita do Paraná promove no dia 9 deagosto, das 14h30 às 18h, o seminá-rio “Espiritismo: Verdade e vida”, acargo de Ubiratan Archetti. O semi-nário será realizado no Centro Espíri-ta Caminheiros do Bem, localizado naRua Comendador NorbertoMarcondes, 2.223.

Curitiba – Realiza-se no dia 2 deagosto o seminário “A MediunidadeNossa de Todos os Dias”, ministradopela confreira Maria Helena Marcon.O evento ocorrerá no Centro EspíritaLeocádio José Correia, na RuaBocaiúva, 463, Bairro Santa Quitéria.

– A equipe do Departamento de Infân-cia e Juventude (DIJ) da FEP promo-ve nos dias 7 e 8 de agosto o módulo4 do treinamento para formação deevangelizadores “Aprender a Fazer”.O evento ocorrerá na Sede Históricada FEP, que tem acesso pela AlamedaCabral, 300. O treinamento está pre-visto para acontecer das 19h30 às21h30 e abordará atividades comobrincadeiras, músicas e artes plásticas,tendo como objetivo reunir evangeli-zadores, coordenadores de juventudesque queiram aperfeiçoar seus conhe-cimentos, além de interessados emabraças a tarefa. Mais informações, nohorário comercial, pelo tel. (41) 3223-6174.– No dia 29 de agosto, das 9 às 18h,no auditório da Sede Histórica da FEPrealiza-se o seminário O ContextoAtual da Assistência Social e asPrestações de Contas.Enquadramento das EBAS - Enti-dades Beneficentes de AssistênciaSocial e discussões sobre o Projetode Lei 3121/2008, que altera toda aAssistência Social no País. O semi-nário será ministrado pelo Dr.Euclides Machado, ex-Conselheiro doCNAS e Diretor-Presidente da BM-Consultoria - Porto Alegre/RS. A Fe-deração recomenda que todos os quemilitam na área e as entidades que pos-suem o CEBAS – Certificado de Be-neficente de Assistência Social se fa-çam presentes, dada a importância ex-traordinária do evento.

Faxinal – Realiza-se no dia 3 de agos-to, das 8h30 às 12h30, o seminário“Eficácia da Terapia Espírita”, queserá coordenado pela coordenadora do

dagem médica e espírita; 30/8/2008 –José Lázaro Boberg (Jacarezinho) -Tema: A oração pode mudar sua vida.

Londrina – Começaram no dia 31 dejulho, no Centro Espírita Nosso Lar,as aulas das novas turmas do EstudoSistematizado da Doutrina Espírita(ESDE). As turmas do sábado à tardetambém iniciarão no dia 2 de agostoas suas atividades. Não há taxa de ins-crição.

– Está sendo realizado no Centro Es-pírita Nosso Lar o estudo metódico dolivro “A Gênese”, última obra publi-cada por Allan Kardec. O estudo ocor-re em dois horários: terça às 18h30 equinta às 14h. A coordenação do es-tudo é de Astolfo O. de Oliveira Fi-lho.

– Realiza-se no dia 3 de agosto maisum encontro do Círculo de LeituraAnita Borela de Oliveira, na residên-cia do casal Regina e ManoelMartinho Figueiredo, quando seráconcluído o estudo do romance “OsDiamantes Fatídicos”, de VictorHugo, psicografado por Divaldo Fran-co.

Maringá – A 7ª URE realiza nos dias16 a 24 de agosto a IV Jornada Espírita,que acontecerá na Associação Espíritade Maringá (AMEM), situada na Ave-nida Paysandu. A palestra de abertura,dia 16, às 20h, será proferida por MariaHelena Marcon, que falará sobre “TrêsVezes Joanna”. No dia 17, das 9h às 12h,a mesma palestrante falará sobre o tema“Deus em Minha Vida”. No dia 18, às20h, Alan Archetti se apresentará com apalestra “Entendendo as Aflições”; nodia 19, às 20h, Luis Maurício Resendeabordará o tema “O Desafio da Felici-dade”. No dia 20, às 20h, CarlosAugusto de São José falará sobre “Pau-lo – O Apostolo da Fé”; e no dia 21Reginaldo Silva Araújo examinará otema “Meio Ambiente e Espiritualida-

de”; dia 22, às 20h, Francisco Ferraz Ba-tista proferirá palestra sobre “QuatroGrandes Questões da Alma”. No encer-ramento da Jornada Cosme Massi fala-rá no dia 23, às 20h, sobre o tema “AGênese: Os Milagres e as Predições se-gundo o Espiritismo”, e no dia 24, das9h às 12h, abordará o tema “Educaçãomoral à Luz do Espiritismo”.

Outros estados brasileirosBrasília – No período de 25 a 27 dejulho, a Federação Espírita Brasileirasediou na cidade o III Encontro Naci-onal de Coordenadores do ESDE, comparticipação de coordenadores emonitores do Estudo Sistematizado daDoutrina Espírita (ESDE) e do Estu-do Aprofundado da Doutrina Espírita(EADE) de vários Estados brasileiros.

Fortaleza – Será lançado no dia 29 deagosto o primeiro longa-metragem ce-arense, que focalizará a vida do Dr.Bezerra de Menezes. Realizado com amais avançada tecnologia digital e fi-nalizado em 35mm, o longa-metragem“Bezerra de Menezes- Médico dos Po-bres” fará uma fiel reconstituição deépoca para representar o Ceará e o Riode Janeiro do Século XIX.

Apesar dos desfalques, a SemanaEspírita de Astolfo Dutra foi um sucesso

Com a participação dos CoraisRenascer e Esperança, realizou-seno período de 12 a 19 de julho últi-mo a 57ª Semana Espírita de Astol-fo Dutra (MG), promovida pela Fun-dação Espírita Abel Gomes, comapoio da AME – Aliança MunicipalEspírita de Astolfo Dutra e das ins-tituições espíritas locais.

Dificuldades diversas impedi-ram que a programação inicialmen-te divulgada fosse cumprida, fatoque não afetou a qualidade das ex-posições realizadas.

Como nos últimos dois anos, aSemana Espírita iniciou-se no sába-do dia 12, na Cabana Espírita AbelGomes. A partir do dia seguinte, aspalestras realizaram-se no auditórioda Fundação Espírita Abel Gomes.Foram, ao todo, oito palestras notur-nas, além dos cinco Seminários ves-pertinos, realizados em diferentescentros espíritas da cidade, e do Re-abastecimento Espiritual levado a

Andries Lopes, de Juiz de Fora.Os Seminários vespertinos esti-

veram a cargo de Alcione PeixotoCordeiro, de Campos dos Goytaca-zes (RJ), Alcione Vidal Neves, deGuarani (MG), Antonio Carlos Tor-res Teixeira, de Leopoldina (MG) eMaria do Carmo Castro de Oliveira,de Cataguases. As reuniões do Rea-bastecimento Espiritual foram diri-gidas por Arthur Bernardes de Oli-veira e tiveram como tema questõesdo Livro dos Espíritos sobre os se-guintes assuntos: progressão dos Es-píritos, perturbação após a morte, acriança após a morte e parentesco efiliação. (Aloisio Falcone, de Astol-fo Dutra, MG.)

Veja no sitewww.astolfodutramg.com.br outrasinformações e imagens relativas àSemana Espírita de Astolfo Dutra de2008 e, se quiser, das semanas espí-ritas anteriores, bastando para issoclicar no ícone “Eventos”.

efeito nas manhãs de segunda a sába-do, no pátio da Fundação Espírita AbelGomes.

A palestra de abertura foi proferi-da por Armando Falconi Filho, de Juizde Fora (MG), que examinou o tema“10 passos para o equilíbrio espiritu-al”. Os demais palestrantes foram Ro-gério Coelho, de Muriaé (MG),Roosevelt Pires, de Cataguases (MG),Ricardo Baesso de Oliveira, de Juizde Fora (MG), Ivanio Rodrigues daRocha, de Bicas (MG) e Alcione

Flagrante da SemanaEspírita de Astolfo Dutra

Maria Helena Marcon abrirá aJornada Espírita de Maringá

O IMORTALPÁGINA 6 AGOSTO/2008

Roger Bacon, O Doctor Mira-bilis – Franciscano, químico, físico,matemático, filósofo, teólogo e as-trólogo inglês, nascido em Ilchester,Somerset, um dos mais talentosospensadores britânicos, pioneiro dabusca do conhecimento pela práticaexperimental e conhecido como oDoctor Mirabilis (Admirável dou-tor). Descendente de família rica,estudou em Oxford, onde foi discí-pulo de Robert Grosseteste, um dosgênios da época, e foi para Paris,onde se tornou mestre em teologia,ingressou na ordem franciscana, comcujas autoridades teria constantesproblemas ao longo da vida.

Assumindo um papel crítico eopositor de algumas afirmações dafilosofia aristoteliana, defendendoo papel prioritário da investigaçãocientífica, aceitando o métodoaristotélico indutivo-dedutivo einsistindo em que seu êxito depen-dia do conhecimento exato e ex-tenso dos fatos, tornou-se alvo deperseguições e de condenações.

Comentou, na Universidade deParis, o tratado pseudo-aristotélicoDe plantis (Sobre as árvores), eescreveu brilhantes observaçõessobre a física e a metafísica deAristóteles, enquanto se aprofun-dava nos autores árabes quereintroduziram na Europa os pen-sadores gregos. Escreveu uma gra-mática do grego e começou outrado hebraico. Provou ainda que vá-

rios textos da Bíblia estavam adul-terados e muitas traduções deAristóteles erradas (1251). Voltoupara Oxford (1252) sob as bênçãosdo núncio apostólico na Inglater-ra, seu amigo e que o apoiou. Apóster ensinado algum tempo na Uni-versidade de Oxford, foi obrigadoa deixar sua cátedra, após a mortede seu protetor.

O porquê do cognome DoctorMirabilis – Acusado de bruxaria,o ministro geral dos franciscanos,frei Boaventura, o colocou sob vi-gilância em Paris e proibiu a pu-blicação circulação de seus textoscientíficos, foi condenado pela or-dem franciscana a permanecer emcárcere, onde ficou por catorzeanos e morreu em Oxford. Seu tra-balho foi baseado nas observaçõese acreditava que a ciência poderiaresolver todos os problemas dohomem. Suas principais obras fo-ram: Opus majus (1257), a únicatotalmente completa, Opus minuse Opus tertium, que completas de-veriam constituir a verdadeira en-ciclopédia do saber. É considera-do uma das figuras mais significa-tivas da escolástica tardia e um pre-cursor do empirismo moderno,além da principal personalidade daAlquimia no seu século.

Crítico agressivo das maioresautoridades de sua época, foi umtemperamento genial e original,enciclopédico e místico, cientistae supersticioso. A audácia e a no-vidade da pesquisa científica vale-ram-lhe o cognome de Doctor Mi-rabilis. Pesquisou princípios demecânica dos fluidos, aprofundou-se em matemática, línguas enotadamente ciências naturais.Propôs a reforma do calendário,fez experiências de óptica e de pro-pagação da força, anteviu as pro-priedades das lentes convexas, quepoderiam se transformar em teles-cópio ou microscópio, as conseqü-ências práticas do uso da pólvora,

AIGLON FASOLOaiglon@nêmora.com.br

De Londrina

O IMORTAL na internetAlém de circular com seu formato impresso, o jornal O

Imortal pode ser visto também na internet, bastando para issoacessar o site www.oconsolador.com, em cuja página inicialhá um link que permite o acesso do leitor às últimas ediçõesdo jornal, sem custo algum.

Para contactar a Redação do jornal, o interessado deve uti-lizar este e-mail: [email protected].

os navios de propulsão mecânicae a possibilidade de vôo de enge-nhos mais pesados que o ar. Tra-tou ainda dos problemas de umaviagem de circunavegação.

Os pontos de vista de Bacon– Bacon sempre defendeu que aautoridade religiosa não devia serseguida acriticamente e em 1272escreveu uma obra na qual critica-va a metodologia usada pelo clerode sua época, defendendo que aprincipal fonte de conhecimento éo próprio livro Sagrado, não suasvertentes de então, que eram ex-tremamente valorizadas.

Ele propagou o conceito de “leisda natureza”, fato importante numperíodo do século XIII em que esta-vam ocorrendo constantes modifica-ções no pensamento filosófico e nafilosofia da natureza. “Seus escritos,na verdade, mostram as virtudes enão os vícios da escolástica - a mis-tura do dogma religioso com a filo-sofia, que era a marca registrada dopensamento da intelectualidade oci-dental entre os séculos IX e XV.”(Ronan, Colin A. História Ilustradada Ciência, volume 2. Universidadede Cambridge. pp. 142 e 143).

Em 1277, proposições relacio-nadas à astrologia de Bacon foramcondenadas por Tempier, bispo deParis. Por sua vez, Bacon promo-veu uma defesa de seus pontos devista publicando a obra “Speculumastronomiae”

Na obra “O nome da Rosa”, doescritor italiano Umberto Eco, éfeita menção a Roger Bacon. Se-gundo o autor, ele seria fonte deinspiração para o franciscano Gui-lherme de Baskerville, personagemcentral daquela obra. Assim comoBacon, frei Guilherme é um críti-co da Igreja Católica, tem pontosde vista que destoam da grandemaioria do clero da época, e prati-ca artes reprovadas pela Igreja,como práticas de alquimia. (Con-tinua no próximo número.)

Sobre a evolução das religiões, oucomo Kardec chegou ao Espiritismo

(Parte 30)

O IMORTALAGOSTO/2008 PÁGINA 7

Grandes Vultos do EspiritismoMARINEI FERREIRA REZENDE - [email protected]

De Londrina

Miguel Vives y Vives

Miguel Vives y Vives nasceuem Barcelona em 1842. Aos doisanos ficou órfão de mãe e aos cin-co levaram-no a Sabadell. Aosonze morreu-lhe o pai, ficandosob os cuidados do seu irmãoAugusto, que sempre teve por elegrande carinho. Aos 14 anos deidade estudava música, em querevelou grande destreza. Comoutros meninos formou socieda-des corais. Escrevia peças musi-cais que vivamente despertarama atenção dos entendidos, dada aidade do autor.

Vives é autor do livro “GuiaPractica del Espiritista”, publica-do por Carbonell y Esteva Edito-res, no qual diz: “Los espiritistastenemos un tesoro en nuestrasmanos”, mas ressalvava sempre:“Não sou escritor, mas sou mé-dium. O Calvário cristão estava naPalestina. O calvário espírita estána Espanha”.

Miguel Vives pressentiu, comsua sensibilidade mediúnica, aaproximação da tragédia espanho-la. As palavras que dirigiu, no fimdesse livro, à Mocidade Espírita deEspanha foram proféticas. Ele pre-viu as dores, os sofrimentos e aasfixia que ia cair sobre os que pro-fessavam o Espiritismo em terrasde Castela. Anteriormente à guer-ra civil de 1936-1939, a Espanhase destacava, de forma inusitada,na divulgação do Espiritismo, bas-tando dizer que já em 1873 haviasido proposto no Parlamento Es-panhol o ensino da Doutrina Espí-rita e Miguel Vives y Vives tornou-se um dos mais destacados vultosdo Espiritismo em sua época. Seunome teve projeção mundial e suaação foi das mais notórias. Seu en-

tusiasmo com o Espiritismo era mui-to grande, como mostram estas pa-lavras: “Confiemos n’Ele, Juventu-de Espírita, e não desmaiemos no ca-minho!”.

Em “O Tesouro dos Espíritas”,Miguel Vives y Vives confessa:“Que era eu, antes de ser espírita?Uma criatura ignorada e completa-mente incapaz. Tanto assim que meachava perdido na mais crítica emiserável situação em que um ho-mem pode encontrar-se, nos maisformosos dias de sua juventude.Perdera a saúde, os amigos se ha-viam afastado de mim, não tinhaforças para trabalhar, fiquei cincoanos sem poder sair de casa. Tal erao meu estado que, se não fosse aproteção dos pais de minha primei-ra esposa, aos quais nunca serei su-ficientemente grato, teria de reco-lher-me a um hospital. Cinco anosjá haviam decorrido, em que estasituação perdurava, quando meuscunhados se mudaram de Sabadell,onde eu havia vivido desde crian-ça, para Tarrasa. E mais por mise-ricórdia do que por qualquer outromotivo, me levaram com eles, paraver se minha saúde mudaria. Está-vamos no ano de l87l. Depois deseis meses de minha permanênciaem Tarrasa, voltei um dia a Saba-dell, e meu irmão carnal me faloude Espiritismo. A princípio, o as-sunto me pareceu muito estranho.Mas, como me falava de maneiragrave, e eu conhecia a sua serieda-de e retidão em todas as questõesde sua vida, compreendi logo quehavia algo de verdadeiro no que medizia. Pedi-lhe algumas explica-ções, e ele, por única resposta, man-dou-me as obras de Allan Kardec.Li as primeiras páginas e compre-endi que aquilo era grande, subli-me, imenso, foi questão de um mo-mento. Deus meu! — exclamei —o que se passa comigo? Então, eu,

que já havia renunciado a tudo,agora percebia que tudo é vida, quetudo é progresso e que tudo é infi-nito? Caí prostrado e admirado pe-rante tanta grandeza, e tomei a de-cisão de ser espírita de verdade,estudar o Espiritismo e empregartodas as minhas forças na propa-gação de uma doutrina que me ha-via restituído à vida e me havia en-sinado, de maneira tão clara, a gran-deza de Deus. Comecei a estudar ea propagar o Espiritismo. Com al-guns irmãos, fundamos o CentroEspírita de Tarrasa: FraternidadeHumana. Como, durante a minhaenfermidade, me havia dedicado,nos intervalos que os meus sofri-mentos me concediam, a estudarMedicina, comecei a curar enfer-mos. E foi tal a proteção que meenvolveu, que muitas vezes os en-fermos eram curados antes de to-marem os remédios, podendo eucitar alguns casos dessas curas sur-preendentes. Como minha propa-ganda espírita produzia efeitos,conquistava cada dia novas ade-sões, e começavam a manifesta-rem-se ódios implacáveis contramim. Antes de me tornar espírita,era incapaz de pronunciar uma pe-quena oração para uma dúzia depessoas. Como espírita, adquiriuma coragem e uma serenidadetais, que nada me impressionavanem me impressiona ainda. Paradar uma idéia da minha mediuni-dade, direi o seguinte: Fui médiumde incorporação, semiconsciente,por dez anos. Durante esse tempo,não participei de uma só reunião emque não recebesse comunicação,gozando durante esses dez anos deuma saúde bastante regular. Depoisdisso, por causa de uma doença, fuiimpedido de freqüentar as reuniões,tive de deixar a mediunidade poruns quatro meses, único período detempo, aliás, em que deixei de par-

ticipar dos trabalhos, como médiumou como diretor de sessões, nostrinta e dois anos em que sou espí-rita. E ainda hoje minha inspiraçãoé tão potente e tão clara, que bastaestar numa sessão, para que me sin-ta inspirado e possa falar por todoo tempo necessário. Para dar umaprova disso, vou contar o que sepassou nas vésperas do Natal de umdos meus últimos anos. Eu haviadado uns vinte e cinco dias atrás,uma comunicação muito extensa eexpressiva, sobre um dos pastoresque foram adorar o Messias na en-trada de Belém. Essa comunicaçãocausara grande impressão aos ir-mãos presentes no Centro Espíritade Tarrasa, naquela época. Diasantes do Natal a que acima me re-feri, um dos irmãos que ainda serecordava do caso me falou da men-sagem. Senti vontade de tê-la, e foiquanto bastou para ser impulsiona-do e me pôr a escrevê-la. Em duashoras obtive de novo, e tão igual,que aqueles que haviam escutadona primeira vez exclamaram admi-rados: — É idêntica! não falta ne-nhum conceito, nenhum detalhe!Conto isto para mostrar o poder damediunidade.”

Amalia Domingo Sóler foicompanheira de trabalho de MiguelVives y Vives e só quando assistiaàs reuniões presididas por MiguelVives, que, residindo em Tarrasa,costumava visitar Villa de Gracia,tinha Amalia a oportunidade de“encher-se de inocente alegria”. Ascomunicações obtidas por meio desuas faculdades pareciam retroce-der aos tempos do Cristo, criandouma atmosfera de tranqüila humil-dade inigualável.

Miguel Vives casou-se duas ve-zes, em segundas núpcias com umasenhora espírita, e começou a rece-ber em sua casa vários seguidoresdesse ideal, dando início às sessões

que ofereceram bons frutos. Em1872 fundou o Centro Espíritaque recebeu o sugestivo nome deFraternidade Humana. Enquantoisso, estudava a obra de Hahne-mann e, empregando a homeopa-tia, passou a obter curas notáveis,o que lhe criou rivalidades encar-niçadas com os médicos da loca-lidade, a casta clerical e os inimi-gos do progresso. Apesar dos ata-ques, prosseguiu pregando o en-sino dos espíritos.

Sobre ele, Fernández Colavi-da dizia que era tão bem assistidoespiritualmente que tudo que fa-zia para divulgar seu ideal davabons resultados. “Está rodeado debons espíritos”, dizia Colavida. Enaturalmente haveria de ser assim,pois que até nas peças teatrais queescrevia ensinava a Doutrina dosEspíritos a uma multidão inculta,animada apenas pela curiosidadee pelo desejo de divertir-se.

Em 1891 transferiu residênciapara Barcelona, buscando melho-res ares para a sua saúde algo al-quebrada. Nos primeiros dias doano seguinte, foi eleito presiden-te do Centro Barcelonês de Estu-dos Psicológicos onde, nãoobstante seu precário estado desaúde, prosseguiu na propagaçãodo seu querido ideal.

Miguel Vives faleceu emTarrasa no dia 23 de janeiro de1906. Quando do sepultamentodo seu corpo, ele recebeu do povoemocionado as mais sentidas ho-menagens. Diz-se que uma mu-ralha de pessoas se estendia dosdois lados das ruas por onde pas-sou o féretro e as fábricas e ofici-nas fecharam as portas para queos operários assistissem em silên-cio respeitoso e com lágrimas nosolhos a homenagem prestadaàquele que foi chamado “Após-tolo do Bem”.

Expiações coletivas

Diante das leis divinas todos oshomens são iguais. A diversidadedos instintos e das aptidões inte-lectuais e morais inatas observa-das resultam das vivências, dasexperiências e habilidades con-quistadas ao longo do tempo atra-vés de inumeráveis reencarnações.Quando usamos mal o livre-arbí-trio, suprimindo a liberdade dosnossos semelhantes, impondo comviolência as nossas idéias, preju-dicando sobremaneira o nosso pró-ximo, nos situamos contrários àsleis naturais, sendo catalogadospelas Leis Divinas como réusconfessos, trazendo inscritas assentenças em nossas consciências,vivenciando intenso sofrimentointerior.

Nos domínios espirituais, o re-morso nos assenhoreia, o sofri-mento tem a aparência de tempoindeterminado, de algo que jamaisterá fim; sem paz, ansiamos pelaesperança, consubstanciada namisericórdia divina, permitindo areparação das faltas. Urge, então,empenharmo-nos na tarefa do res-gate de nossos débitos.

O apóstolo dos gentios, Pau-lo, disse que o homem, na “car-ne” (existência física), tendo se-

meado a corrupção, terá a chancede ceifá-la, erradicando-a de si(Gálatas 6:7-8). O amor incomen-surável de Deus nos permite a ex-periência do retorno à estrada nomesmo ponto em que dela nosafastamos (“a sementeira é livre,a colheita é obrigatória”). O Sal-mo 28 de Davi igualmente contémesse ensinamento, assim manifes-tado: “Paga-lhes segundo as suasobras, segundo a malícia dos seusatos; dá-lhes conforme a obra desuas mãos, retribui-lhes o que me-recem”. Tudo isso confirmadopelo Mestre: “... a cada um segun-do as suas obras” (Apocalipse22:12).

Cometendo a transgressão, so-mos conduzidos ao tribunal da nos-sa própria consciência, penetrandono mundo espiritual como algozes.Com a chance da retificação expia-tória na carne, retornamos pelo por-tal da morte como vítimas, sem maisa presença desagradável da culpa anos consumir. O suplício tornou-setemporário, conforme ensinamentode Jesus: “Em verdade te digo quenão sairás da prisão enquanto nãopagares o último centavo” (Mateus5:26).

A ação do resgate pode acontecer,correlacionando-a com o tipo de in-fração. Se o mal foi praticado coleti-vamente, isto é, em conluio lastimá-vel junto a um grupo de verdugos (“Aidaqueles por quem vem o escânda-

lo” - Mateus18:7), a liqui-dação dos débi-tos acontecerácom a presençade todos osprotagonistasenvolv idos ,processo co-nhecido, naDoutrina Espí-rita, como ex-piação coleti-va.

Clelie Duplantier diz quefaltas coletivas devem serexpiadas coletivamente

pelos que, juntos, as praticaramAs desgraças sociais envolven-

do muitas vítimas são relacionadasa fatores casuais pelos materialistase espiritualistas menos avisados, oque caracteriza uma hipótese pordemais simplória, não merecendoconsideração, desde que a própriaharmonia e ordem do universo,como igualmente a grandeza mate-mática e estrutural das galáxias,apontam para uma causa inteligen-te. Aliás, a frase lapidar de TeófiloGautier é sempre lembrada: “O aca-so é talvez o pseudônimo de Deusquando Ele não quer assinar o seupróprio nome”.

O estudo profundo do Espiritis-mo nos leva ao entendimento dosfatores causais das calamidades,opondo-se aos que põem a causa delado, por falta de explicações sufi-cientes e convincentes. Em “ObrasPóstumas”, no cap. intitulado“Questões e Problemas”, há umaabordagem especial de Kardec e dosEspíritos a respeito das expiaçõescoletivas, comprovando a entidadeClelie Duplantier que faltas coleti-vas devem ser expiadas coletiva-mente pelos que, juntos, a pratica-ram. Disse que todas as faltas, querdo indivíduo, quer de famílias e na-ções, seja qual for o caráter, são ex-piadas em cumprimento da mesmalei. Assim como existe a expiaçãoindividual, o mesmo sucede quan-do se trata de crimes cometidos so-lidariamente por mais de uma pes-soa. A propósito, o Codificador, em“A Gênese”, no capítulo 18, item 9,chama-nos a atenção de que a hu-manidade é um ser coletivo no qualacontecem as mesmas revoluçõesmorais que em cada ser individual.

Duplantier afirma também que,graças ao Espiritismo, a justiça dasprovações é agora compreendida enão decorre dos atos da vida pre-

sente, porquecorresponde aoresgate das dí-vidas do passa-do. Depois afir-ma que haveriade ser assimcom relação àsprovas coleti-vas, que são ex-piadas coletiva-mente pelos in-divíduos quepara elas con-correram, osquais se reencontram para sofreremjuntos a pena de Talião.

Somente os acontecimentosimportantes e capazes deinfluir na nossa evolução

moral são previstos por DeusAs tragédias, levando às desen-

carnações coletivas, não são frutosdo acaso. Na questão 258, de“OLE”, A.K. pergunta se, antes dereencarnar, o Espírito tem consci-ência ou previsão do que lhe suce-derá no curso da vida terrena. A res-posta: “Ele próprio escolhe o gê-nero de provas por que há de pas-sar e nisto consiste o seu livre-ar-bítrio”. A desencarnação, o momen-to certo da morte, é realmente pre-determinado, assim como está do-cumentado em “OLE”, Q. 853, di-zendo que o instante da morte é fa-tal, no verdadeiro sentido da pala-vra, e, chegado esse momento, deuma forma ou de outra, a ele nãopodemos furtar. A questão 853(a)frisa que, quando é chegado o mo-mento do nosso retorno para a Di-mensão Espiritual, nada nos livra-rá e também relata que já sabemoso gênero de morte pelo qual parti-remos daqui, pois isso nos foi reve-lado quando fizemos a escolha des-ta ou daquela existência. Importan-te, igualmente, o comentário deA.K., na Q. 738, dizendo que “ve-nha por um flagelo a morte, ou poruma causa comum, ninguém deixa

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por isso de morrer, desde que hajasoado a hora da partida”. Na Q.859, os Espíritos dizem a A.K. quea fatalidade, verdadeiramente, sóexiste quanto ao momento em quedevemos aparecer e desaparecerdeste mundo. Na Q. 872, A.K.enfatiza: “no que concerne à morteé que o homem se acha submetido,em absoluto, à inexorável lei da fa-talidade, por isso que não pode es-capar à sentença que lhe marca otermo da existência, nem ao gênerode morte que haja de cortar a estao fio”.

Devemos destacar que somenteos acontecimen-tos importantese capazes de in-fluir na nossaevolução moralsão previstospor Deus, por-que são úteis ànossa purifica-ção e à nossainstrução (“OLE”, Q. 859a).Entretanto, “oamor que cobremultidão de er-ros”, em sinto-nia com a Lei deAção e Reação ecom o livre-ar-bítrio, pode evi-tar aconteci-

mentos que deveriam realizar-se,como igualmente permitir outrosque não estavam previstos (“OLE”,Q. 860).

Portanto, o acaso não tem parti-cipação nas determinações divinas.O Pai nos ama incondicionalmentee nos proporciona a oportunidade daredenção espiritual, dando-nos achance bendita de resgatarmos as in-frações do passado contrárias àsSuas Leis, de várias formas, inclu-sive coletivamente. As expiaçõescoletivas, segundo “O Livro dos Es-píritos”, questão 737, oferecem oensejo de progredirmos mais de-

pressa no rumoevolutivo, reali-zando-se em al-guns anos o quenecessitaria demuitos séculos.Os Espíritos,

dizem osimortais,

influem emnossos

pensamentose em nossosatos muito

mais do queimaginamos

Como seprocessa a con-vocação dos en-carnados para oevento da de-

sencarnação co-letiva? Qual aexplicação es-piritual para ofato de muitaspessoas saíremilesas das catás-trofes, algumasaté mesmo per-dendo o embar-que do meio detransporte a seracidentado? Asrespostas sãobaseadas nas

premissas de que o acaso não podereger fenômenos inteligentes e nacerteza da infalibilidade da Lei Di-vina, agindo por conta de Espíritosprepostos, sob a subordinação dasentidades superioras.

Na Q. 459 de “OLE”, A.K., per-guntando se os Espíritos influem emnossos pensamentos e em nossosatos, obteve a seguinte resposta:“Muito mais do que imaginais. In-fluem a tal ponto, que, de ordiná-rio, são eles que vos dirigem”. Por-tanto, há influência marcante, em-bora oculta, dos Espíritos em nos-sos atos, sugerindo pensamentos,“dando a impressão de que alguémnos fala” (Q. 461). Recebemos umasugestão mental, funcionando a nos-sa mente como um aparelho emis-sor-receptor, de acordo com a nos-sa sintonia. As questões 526, 527 e528 de “OLE” são importantíssimaspara esse entendimento, desde queos Espíritos, na execução dos desíg-nios divinos, atuem sobre a matériapara cumprimento das Leis da Pro-vidência, nunca as derrogando.

Na produção de fatos voluntári-os, as entidades valem-se das cir-cunstâncias naturais para gerar osacontecimentos. Se soar o momen-to de alguém desencarnar e “eradestino dele perecer por conta deum acidente”, pode a espiritualida-de lhe inspirar para subir em umaescada podre que não resista ao seu

peso. A escada não foi quebradapelos Espíritos.

Em outro exemplo, “um homemtem que morrer eletrocutado por umraio”. Os Espíritos lhe inspirarama idéia de se abrigar debaixo de umaárvore sobre a qual cairia a descar-ga elétrica. As entidades não pro-vocaram a produção do raio, massabiam qual a árvore a ser atingida.

Em outro ensinamento bemprático, “se alguém não tem queperecer” e uma pessoa mal-inten-cionada dispara sobre ele um pro-jétil de fogo, os Espíritos não atu-am desviando a trajetória da bala,já que o projétil tem que seguir oseu curso de acordo com as leisda matéria; entretanto, a espiritu-alidade lhe sugere a idéia de sedesviar ou atrapalhar a quem estáempunhando a arma. Importanteesse ensinamento, já que muitaspessoas moram e circulam em lo-cais bem perigosos, principalmen-te nas grandes cidades brasileiras,e somente perecerão por balas per-didas se estiverem subordinadas aessa programação.

É muito importante o ensina-mento de que o mal não é progra-mado, isto é, ninguém nasce paraser agente de cumprimento de pro-va ou expiação, como é descrito naQ. 470 de “OLE”: “a nenhum Espí-rito é dada a missão de praticar omal. Aquele que o faz fá-lo por con-ta própria, sujeitando-se, portanto,às conseqüências”.

O naufrágio do Titanic foipressentido por algumas

pessoas, como, dentre elas, oempresário inglês Middleton

Muitas pessoas que possuemhabilidades no campo da precog-nição ou premonição conseguemprever tragédias futuras. Citamoso irlandês Zak Martin, descreven-do um avião colidindo num arra-nha-céu e explodindo em chamas.Seis dias após, dois aviões comer-ciais foram lançados contra as tor-

res gêmeas, em Nova York. O ter-rível naufrágio do Titanic foi pres-sentido por algumas pessoas comoo empresário inglês Middleton quesonhou durante duas noites segui-das com um navio de quilha para oar, cercado de pessoas e bagagensboiando. Resolveu, então, cancelarsua viagem e a de seus familiares.Um marinheiro recusou a funçãode subchefe de máquinas por cau-sa de uma premonição de desastre.A sensitiva americana SylviaBrowne, em outubro de 2004, dis-se em pleno programa de TV queos turistas deveriam evitar viajarpara a Índia. Dois meses depoisparte do país mencionado foi atin-gido pelo tsunami.

Na literatura subsidiária espíritatemos algumas fontes de consultaa respeito do assunto em tela: 1-Em 17 de dezembro de 1961, emNiterói (RJ), aconteceu a trágicatragédia num circo, relacionado,segundo o Espírito Humberto deCampos, como expiação coletiva,envolvendo romanos que assassi-naram dezenas de cristãos, em umcirco armado em Lião, no ano de177 (“Cartas e Crônicas, cap. 6,FEB); 2- O incêndio do EdifícioJoelma, em São Paulo, com mui-tas vítimas, foi explicado como dí-vidas reportadas ao tempo dasguerras das Cruzadas (“Diálogodos Vivos”, cap. 26); 3- Emmanu-el, através da psicografia de ChicoXavier, naquestão 250do livro “OConsolador”,esclarece-nos:“na provaçãocoletiva veri-fica-se a con-vocação dosEspíritos en-c a r n a d o s ,participantesdo mesmo dé-bito, com re-

ferência ao passado delituoso eobscuro. O mecanismo da justi-ça, na lei das compensações, fun-ciona então espontaneamente,através dos prepostos do Cristo,que convocam os comparsas nadívida do pretérito para os resga-tes em comum, razão por que,muitas vezes, intitulais – doloro-so acaso - às circunstâncias quereúnem as criaturas mais dísparesno mesmo acidente, que lhes oca-siona a morte do corpo físico ouas mais variadas mutilações, noquadro dos seus compromissos in-dividuais” e André Luiz, no capí-tulo 18, do livro “Ação e Reação”,psicografado por Chico Xavier,descreve as palavras do benfeitorespiritual Druso, a respeito de umacidente ocorrido com uma aero-nave, na qual pereceram 14 pes-soas. Ressaltamos a informaçãode que “milhares de delinqüentesque praticaram crimes hediondosem rebeldia contra a Lei Divinaencontram-se, ainda, sem teremos débitos acertados”.

Que tenhamos a certeza de queo amor de Deus é incomensurávele existe uma razão espiritual paraas tragédias que deixam aterrori-zadas as criaturas terrenas. Tudotem uma finalidade, a casualidadenão existe. O Pai nos proporcionaa todos nós, seus filhos, herdeirose viajores do Cosmo, a sua EternaMisericórdia.

AMÉRICO DOMINGOSNUNES FILHO

[email protected] Do Rio de Janeiro

Momento logo após a queda do avião daTAM que matou todos os seus passageiros

As torres gêmeas de Nova Yorkem chamas depois de atacadas

Flagrante do tsunami quevitimou milhares na Ásia

Cena do incêndio do edifício Joelma, que consternou São PauloO navio Titanic cujo naufrágio matou centenas de pessoas

O IMORTALPÁGINA 10 AGOSTO/2008

Rodrigues Ferreira, professorde Biologia aposentado, psicólogo,intelectual espírita, organizador decursos doutrinários, autor do livroESPIRITISMO E AS DISTOR-SÕES DO SER HUMANO, elabo-rou muito bem pensada matéria ,que tem título que encabeça o pre-sente artigo e da qual vamos nosservir para algumas análises.

Escreve ele: “...observando anossa vida, no decorrer dos dias, so-mos compelidos a indagar sobre afinalidade de viver. Cada pessoa nas-ce, sofre, estuda, trabalha, casa-se,manifesta-se de algum modo, perse-gue ideais, algumas atingem, outrasnão, cria uma família, convive, abri-ga-se, sofre reclama, esquece, sobre-vive, entra na velhice, perambula, edepois morre. Isso tudo para quê?”

Muitos fazem essas inquiriçõese não encontrando respostas

satisfatórias quedam-se e continu-am a viver sem objetivos racionaispara a vida. Outros não ficam ape-nas nas inquirições e vão além. Re-fletem: Se a vida é uma só de quevaleria viver carregando esperançase, quase sempre, colhendo tantasdecepções? Que qualidade de vidamiserável que quase toda gente tem!Será que o criador não teve condi-ções de fazer uma coisa melhor paraos homens? E se teve, porque nãoo fez? Sem resposta de ninguémcom autoridade para ser aceita, fi-cam com algumas conclusões de-sagradáveis: Deus, podendo criar ohomem melhor, criou este que aíestá, perverso, agressivo, ignoran-te, infeliz. Sem criar um objetivomelhor, mata o homem após umadesagradável existência na Terra.

Continua Rodrigues: “pensan-do assim, ficamos com raiva deDeus ou descremos, até, de suaexistência. Quando a Doutrina Es-pírita ensina e divulga o seu con-ceito de reencarnação, está escla-

recendo, de uma só vez, todos osaspectos. Restabelecendo a idéiaque podemos ter de Justiça Divi-na, tranqüiliza o coração humanoquanto ao futuro e dá-lhe uma for-te motivação para se esforçar nocrescimento próprio, no bem, noamor e nas aquisições espirituais.”

Com os ensinamentos trazidospelo Espiritismo, o Consolador Pro-metido por Jesus, entendemos porquenascemos. Foi para buscar qualida-des espirituais permanentes. O pro-cesso de viver e sofrer é o mecanis-mo e o caminho das conquistas im-perecíveis. Vivemos para aprender ecrescer.Sofremos apenas enquantosomos pequenos mas, com o tempo,com o aprendizado, vamos descobrin-do novos modos de proceder a cami-nho da felicidade, cada vez maior.Essa é a pedagogia divina, no dizerde Emmanuel o amigo espiritual donosso estimado Chico Xavier, paranos ensinar a viver fazendo o bem.

Assim podemos afirmar, semmedo de errar: possuímos três re-

cursos para essa subida: o estudoesforçado, o trabalho constante naprática do bem e a dor que ajuda acorreção dos nossos erros. Mas aspessoas somente descobrem issoatravés de experiência própria,com tentativas de erros e acertos.De tanto sofrer, o homem acabaaprendendo o jeito que não podeser feito. Descobre a grande regrada solidariedade, que ninguémpode ser feliz sem ajudar os outros.

Segundo o ensinamento Espí-rita ficamos sabendo qual é a for-ma racional e lógica porque nas-cemos. Sendo a vida um processode busca da evolução espiritual, daívem os motivos que dá ao homema vontade de viver, pois agora estáconsciente de que Deus é justo e

Porque nasciÉDO MARIANI

[email protected] Matão, SP

bom e criou a todos para seremvitoriosos e, de vitória em vitóriaalcançaremos os objetivos da vidaque é o de buscarmos a definitivafelicidade preconizada pelo poderdivino para todos os seus filhos.

E essa conquista só é alcançadapelos de boa vontade, como nosensinaram os mensageiros celes-tes ao recepcionarem Jesus na noitemaravilhosa do seu natalício, quan-do ensinaram: Glória a Deus nasalturas e paz na Terra aos homensde boa vontade. (Grifamos.)

Emmanuel, o amigo espiritualdo abençoado Chico Xavier, assimensina no livro CAMINHOS: “Au-xiliando aos outros para que possa-mos viver com alegria, descobrire-mos para nós a alegria de viver”.

Estudando as obrasde André Luiz

Interessante reflexão vamosencontrar no livro “Obreiros daVida Eterna”, no capítulo IV, “ACasa Transitória”.

A Instituição de socorro, cria-da anos atrás por Fabiano de Cris-to, e que presta auxílio em regiõesespirituais inferiores, é móvel,podendo, conforme sua programa-ção, mudar para outros lugares aserem atendidos.

O assunto que vamos tratarneste mês diz respeito ao ato deorar.

Em determinado momento, al-guém penetra a sala onde se en-contra a orientadora do estabele-cimento e, agitadamente, diz queentidades cruéis estão se aproxi-mando.

Luciana, jovem espírito visi-tante do lugar, deixa-se envolverpelo medo e diz à dirigente daCasa:

- Irmã, não será convenienteendereçarmos fervorosa rogativaa Deus? Conheço os monstros.Tentaram, muitas vezes, arrebatarmeu pai do sítio a que se acolhe-ra!...

Zenóbia sorriu com benevo-lência e respondeu:

- Já fiz meus atos devocionaisde hoje, preparando-me para asações eventuais do trabalho nodecurso do dia. Aliás, minha ami-ga, nossa ansiosa expectativa, em

si mesma, vale por súplica arden-te. Decidamos, pois, qualquer pro-blema a sobrevir, com resolução econfiança em Nosso Pai e em nóspróprios.

Teria sido essa uma atitude dearrogância de Zenóbia, ou de ex-cesso de confiança?...

De forma alguma, o que nósestamos vendo é uma trabalhado-ra em serviço constante, que deforma abnegada dedica todas ashoras, do dia e da noite, ao servi-ço pelo próximo.

Dessa maneira, quando elaafirma ter orado pela manhã, istoé, confiado o trabalho de todo odia aos planos superiores, sabia, aexperiente serva do Cristo que, porora, era mais Jesus quem dela algoesperava, para defender tão subli-me Instituição.

É evidente que isso é bem di-ferente de nós, em nosso cotidia-no. Afinal, quanto tempo de nossodia dedicamos ao nosso próximoe quanto a nós mesmos?

Por isso, se formos surpreen-didos, em nossa rotina, por situa-ções delicadas, é evidente que de-vemos orar, afim de nos sintoni-zarmos com os planos superiores,para que possamos dar os passoscorretos em direção à solução doproblema.

Zenóbia, estava em plena tare-fa desde o início do dia, por conse-guinte, em plena sintonia com osdirigentes do mais alto, não haven-do necessidade, naquele momento,de novamente suplicar ajuda.

– Dentre os aspectos daDoutrina Espírita, qual lhe cha-ma mais a atenção? Por quê?

Dentro do possível, procuroestudar a Doutrina Espírita sob to-dos os aspectos. Entretanto, o as-pecto filosófico é o que mais temmerecido minha atenção, talvezpor causa da minha formaçãohumanista.

– Em suas palestras, qual otema mais solicitado?

Sem a menor sombra de dú-vida, o tema “Deus” é o mais so-licitado, já tendo, inclusive,retornado mais de uma vez à mes-ma cidade, para nova abordagem,quase sempre para fins de grava-ção. Mais recentemente, com oavanço dos recursos audiovisuais,tenho sido convidado para semi-nários sobre as obras básicas, so-bretudo O Livro dos Espíritos, OCéu e o Inferno e A Gênese, cuja

“É urgente a atualizaçãoda casa espírita”

(Conclusão da entrevista publicada na pág. 16)publicação da primeira ediçãocompletou 140 anos no início de2008. Não por acaso, a polêmicaestá acirrada entre as teorias docriacionismo e do evolucionismo,de forma que achei interessanteestudar um pouco mais a fundoessa obra da codificação espírita.Quanto ao movimento espírita erespectivas instituições, creio quea maioria está seguindo a orienta-ção de Kardec: acompanhar o pro-gresso científico, procurar o auto-conhecimento, buscar a transfor-mação moral para melhor e com-bater as más inclinações.

– Há uma receita para incen-tivar de maneira eficiente o es-tudo do Espiritismo?

Há várias. Uma delas, porexemplo, é a urgente atualização dacasa espírita, tanto no que se refereao método de abordagem dos te-mas, quanto ao emprego da tecno-logia. De fato, é inadmissível que oespírita da atualidade, acostumadocom informática de ponta no seutrabalho, na escola e mesmo em

casa, chegue ao Centro Espírita eseja obrigado a ouvir sermõesdinossáuricos! Por causa disso, te-nho notado que o freqüentador dacasa espírita está envelhecendo,com 50 anos ou mais, porque osjovens foram se afastando dali,atraídos pelos apelos consumistas.

– Suas palavras finais.Estou honrado e grato pelo

ensejo de expressar a minha opi-nião sobre as questões aqui apre-sentadas, por sinal muito bem ela-boradas. Espero que os espíritasbrasileiros não deixem de estudar,em primeiro lugar e acima detudo, as obras básicas da codifi-cação espírita, relegando paramais tarde os romances eos livros de auto-ajuda. Além dis-so, é preciso resgatar a bandeiraespírita de que fora da caridadenão há salvação, com a ressalvade que caridade, segundo enten-dia Jesus (LE, 886), é benevolên-cia para com todos, indulgênciapara as imperfeições alheias eperdão das ofensas.

JOSÉ ANTÔNIO V. DE [email protected]

De Cambé

ORSON PETER [email protected]

De Matão, SP

Eliseu Mota Júnior:

O IMORTALAGOSTO/2008 PÁGINA 11

Dulce – ave canora e ternaGERALDO P. LUNA

[email protected] Londrina

Dulce de tantas prendas,De tantas penas vividas,

Ave canora e ternaQue crianças desvalidasAcolheu em fofo ninho

Com zelo, e afeição materna.

Em recompensa ao passado,À infância triste e doridaE aos inúmeros revesesDe sua humilde vida,

Ao conhecer Hugo amadoDesfrutou grande venturaDo amor puro e sagrado.

Mãe, esposa e companheira

Plena de fé e bondade,Generoso coração

A espalhar caridadeA quem lhe estendesse a mão!

Fez de seu lar santuário,Sendo Cristo o guardião.

E a família conduziaNa mais perfeita união.

Nesta data, antes festiva,

Em que da vida colhiaUma nova primavera,Quão alegre se sentia!

Aos amigos encantava

Pelo vigor da idadeE a grande felicidade

Que seu sorriso estampava.

No outono Deus a levouOh! ave canora e terna,

Pra cantar em outras plagasOnde vige a vida eterna.

Espírito de luz que é,De onde está nos iluminaE qual mestra nos ensinaA seguirmos seu exemplo

De coragem e de fé,

De amor, fraternidade,Ajudando os que enfrentam

A cruel adversidade.

Rogamos, irmã querida,Que na mansão em que habita

Receba da mão benditaDe nosso Pai Criador,

Todo amparo e proteçãoPela imensa devoção

Com que repartiu o amor.

Esta homenagem singela,Dona Dulce, é pra senhora,

Nossa amiga tão leal.Sabemos que onde mora

- Em mansão celestial –A vida é bem mais bela,

Com mais amor e carinho.Que continua esperando

Nosso querido “Paizinho”,Para nada lhe faltar.

E nós estamos orandoPara que isso aconteça,

Mas não esquente a cabeçaE aprenda a esperar,

Pois ele, por muito tempo,Entre nós deve ficar.

(Versos dedicado a Dona Dul-

ce Gonçalves, que completaria 91anos em 26 de junho de 2008.)

Eu sei de onde vim... mas para onde vou?

Pensei que já conhecia umdos caminhos dessa estrada.

Ilusão, ou a neblina que medesviou? Não importa. Desviou.É fato. E agora o retorno é difícile doloroso.

Na teoria, estou acompanha-da. Na prática, só. Sozinha eu te-nho que encontrar o caminho...de volta? Não, não existe volta,mas há outra direção. Aliás, vá-rias. Embora também existissemvárias antes de chegar até aqui.

E eu me perdi.Na verdade, prefiro a hipótese

de que eu nem estava perdida,mas precisava me encontrar de vez. E o que eu consegui encontrar demim foi apenas a consciência. Epi-fania? Pode ser. Afinal, encontrei aessência e ela alimenta o desejo deencontrar o resto. Aparentemente,ficou mais fácil. Mas as aparênciasenganam. O que mais dói é sentir opesar da antiga escolha.

Errada? Prefiro pensar que sim,pois o que é bom não nos faz ou, pelomenos, não nos deveria fazersofrer. Mas eu nunca saberia se nãoa tivesse experimentado. O proble-

ma é que nem tudo se pode expe-rimentar, para depois ter certeza deque aquilo não é realmente bom.A decisão de correr risco tambémexige bom senso. E se eu pensoque, na medida do possível, é fun-damental arriscar... digo quecometi o maior risco da minha vidaaté agora. Inconsciente, mas foi.E a dor de errar, por incrível quepareça, é o que me torna cada vezmais forte para suportar as conse-qüências. E tudo mais que vier.

Nem posso dizer que chega-rei ao final vitoriosa porque nãoacredito no fim. Para os transtor-nos, sim. Para a vida, não.

Ciência e Espiritismo

O Espiritismo é uma grandedoutrina de ensinamentos, respei-tando e valorizando sempre todasas religiões que não medem esfor-ços para a prática do bem. Um dosprincipais objetivos do Espiritismoé o trabalho realizado em favor dapaz entre os povos, não havendodistinções de cor, raça, classe soci-al, nacionalidade e nível cultural.Portanto “o verdadeiro homem debem é reconhecido quando é cum-prida a lei da justiça, de caridade eamor na sua mais nobre pureza”.

Na Terra, estamos passandopor uma época turbulenta em queo tumulto está em várias pátrias, eDeus continua proporcionando co-nhecimento aos homens para quepossam ser desenvolvidas váriashabilidades nas mais diferentesáreas. Analisando essas áreas dedesenvolvimento de uma socieda-de, destacamos a científica, pois éa Ciência que cada dia mais nosproporciona medicamentos para onosso bem-estar, ou seja, cada vez

mais surgem novos elementos fun-damentais para nossa melhor so-brevivência no orbe terreno.

A Ciência e o Espiritismo nãopossuem sentidos distintos, massim uma mesma linha de raciocí-nio, pois o Espiritismo é uma ci-ência que estuda as relações dosespíritos com o mundo corporal,sempre com as idéias de saber aorigem e destino de cada um. De-vemos sempre lembrar que todasas oportunidades que foram e es-tão sendo dadas não são por aca-so, mas sim uma necessidade dahumanidade para que haja umaevolução material e, mais impor-tante que isso, a evolução espiri-tual, que também é imprescindívelà reforma íntima de cada ser hu-mano.

Os espíritos são criados simplese ignorantes e no decorrer da suaexistência eles evoluem moralmen-te e intelectualmente, mas nuncaregridem, até alcançarem a perfei-ção plena. Quando o homem é pos-to à prova, Deus lhe oferta o livre-arbítrio para que possa escolher ocaminho a ser seguido, e somenteirá responder por seus atos.

Entrevista publicada no jornal O IMORTAL, edição de dezembro/1998, págs. 8 e 9.

Divaldo responde– O desemprego tem sido o

tema do momento no mundo todo.Que medidas você entende quepoderiam ser tomadas pelas Insti-tuições espíritas no sentido de mi-norar os efeitos desse problema?

Divaldo Franco: Confesso nãodispor de uma sugestão para atacartão grave problema que infelicitamilhões de lares neste momento nomundo. Como contribuição, pensoque poderíamos trabalhar em nos-sas Casas com a qualificação depessoas para as atividades compa-

tíveis com este momento detecnologias avançadas.

Criamos e mantemos várias Es-colas profissionalizantes, como Grá-fica, Panificação, Computação, Me-cânica de automóveis, Corte e cos-tura, Marcenaria, Artes plásticas,Auxiliar de enfermagem, Sapataria,além das Escolas convencionais (te-mos três de Primeiro Grau), para jo-vens, de forma que os equipamospara os dias atuais e os futuros. Aosadultos desempregados, que nos pro-curam, tentamos auxiliá-los momen-

MARCEL B. GONÇ[email protected]

De Ibiporã, PR

JULIANA JOVANELLI [email protected]

De Londrina

taneamente, estimulando-os ao tra-balho informal, e não apenas à con-quista dos empregos escassos.

O problema é muito grave, por-que tem as suas raízes no cerne dacriatura humana. E como vivemosem uma sociedade egoísta e injus-ta, aqueles que administram o pa-trimônio público, com as exceçõesque nobilitam, olvidam-se dos seuseleitores após o sufrágio que os le-varam à vitória, e se tornam respon-sáveis pelos disparates que assaltama humanidade em todo lugar.

Recanto D. Dulce

O IMORTALPÁGINA 12 AGOSTO/2008

ELSA [email protected]

De Londres

Passando uns dias no Bra-sil, na convivência com os seisnetos amados e os filhosDaniel, Janine e Giovana, alémde amigos queridos, não deixa-mos de atender aos compromis-sos com a divulgação da Dou-trina Espírita, nem tampouco deatendermos à internet. São e-mails que vêm e vão, e algunsse destacam pela importânciado momento.

Nós, esperantistas espíritas,que fazemos um pequeno esfor-ço na divulgação da língua in-ternacional da paz no nossomeio, recebemos esta semana,com muita alegria, uma notíciavindo da Esperanto Asocio deBritio. Trata-se do uso do Es-peranto pela empresa britânicade confecção e venda de modapara vestuário – a Littlewoods.Destacamos algumas frases doDiretor da Empresa na BBCNews Magazine on-line (http:/

/news.bbc.co.uk/1/hi/magazi-ne/7505820.stm ) do dia 17 dejulho de 2008, em que ele cla-ramente diz: “Nós acreditamosque a língua não tem somenteum som maravilhoso, mas exis-te para criar harmonia no mun-do, fazendo deste um momen-to perfeito”.

É uma matéria muito boa,enorme, destacando a impor-tância do Esperanto. Penso quea Espiritualidade está atuandona divulgação do Esperanto uti-lizando-se de veículos deabrangência mundial, como ainternet, e ainda por meio de umórgão de divulgação de muitacredibilidade como é a BBC deLondres.

Quem tiver a possibilidadede ler em inglês, vale a penapassear no site acima citado eler os comentários favoráveisao Esperanto, como os feitospelo esperantista David Kelso.

Criado em 1887 pelo Dr.Ludovico Lázaro Zamenhofpara ser uma segunda língua etambém uma língua internaci-

onal ligando os povos, sofreuem 1920 a perseguição nazista,por entenderem os nazistas queo Esperanto era uma língua sus-peita. Lentamente o Esperantotenta recobrar seu posto no Rei-no Unido, onde quatro escolasprimárias ensinam o Esperan-to, a título de teste piloto, umprojeto chamado Springboard,organizado pela EsperantoAsocio de Britio (AssociaçãoEsperantista Britânica), da qualfazemos parte como membro.

Nosso pequenino grupo deestudo do Esperanto pelaBUSS-UK (União das Socieda-des Espíritas Britânicas), que éa federativa espírita no ReinoUnido, conta com apenas trêsestudantes, mas já é algumacosia, pois precisamos de maisesperantistas espíritas na Euro-pa para podermos trabalharcom os irmãos espíritas espe-rantistas que residem naHungria, na Estônia, na Polôniae em outros países. Sentimosessa necessidade, mormentequando das reuniões do Conse-

Crônicas de Além-Mar

Surpresa! O Esperanto divulgando moda no Reino UnidoELSA ROSSI, escritora e

palestrante espírita brasileiraradicada em Londres, é 2ª Se-cretária do Conselho EspíritaInternacional, diretora do De-partamento de Unificação paraos Países da Europa, organis-mo do Conselho Espírita Inter-nacional e secretária da BritishUnion of Spiritist Societies(BUSS).

Tem dó de nós,meu Senhor

Quantos dormem nas calçadasEnfrentando as madrugadas

Tão frias, sem agasalho,Em um país cujo nome

É Brasil, mas em que a fomeAinda é um espantalho!

Enquanto a moral padeceCorrupção avança e cresceE poucos são os punidos...Doentes há sem remédioE o cidadão sofre assédioDos marginais conhecidos

Que a sociedade criaCom a sua hipocrisia,

Os transformando em milhões.E os bandidos disfarçadosDe terno e engravatadosVão vencer as eleições?!

E deixam que apadrinhadosMandem dólares roubados

Pra conta no exterior!...Ó meu Deus, é dolorosoVer um povo desditoso...

– Tem dó de nós, meu Senhor!

JOSÉ VIANA GONÇALVESDe Campos dos Goytacazes, RJ

lho Espírita Internacional.Seja abençoado cada vez

mais nosso querido Dr. Zame-nhof. Nossos corações estãofelizes, como deve estar o seue o coração de outros Espíri-tos luminares, empreendedo-res, que acreditam na impor-tância da disseminação da lín-gua da paz no mundo em quevivemos.

Fundada em 18/4/2007, arevista eletrônica O Conso-lador apresenta todos os do-mingos na rede mundial decomputadores uma novaedição contendo artigos, no-tícias, entrevistas e reporta-gens sobre os principaiseventos ocorridos no Brasile no exterior.

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O IMORTALAGOSTO/2008 PÁGINA 13

“... o Senhor pôs o seu selo em to-dos os que crêem nele. Cristo vos dis-se que a fé transporta montanhas. Euvos digo que aquele que sofre e que ti-ver a fé como apoio será colocado soba sua proteção e não sofrerá mais...

Felizes os que sofrem e choram!Que suas almas se alegrem, porque se-rão atendidas por Deus.” (“O mal e oremédio”, Santo Agostinho, O Evan-gelho segundo o Espiritismo.)

Quando adquirimos uma compreen-são da dor através da razão e das leis deCausa e Efeito, realmente a vemos nãocomo um mal, mas como um remédioeficaz para o aprimoramento do espíri-to que o recebe com resignação, galgan-do degraus de luz com a maturidade es-piritual que adquire, maturidade do sen-so moral, que acompanhará esse espíri-to em suas vidas sucessivas, indepen-dente da idade corporal. Um dia, talveznão tão distante, a humanidade há decompreender que o espírito que animaum corpo jovem não é uma criancinhapequenina, mas tem uma bagagemmilenar que se revela desde o berço. Umdia se compreenderá que não é a idadedo corpo físico que faz um entendimen-to, mas sim a maturidade do espírito. Hájovenzinhos que parecem mais velhosque os pais ou os avós, nesse sentido,por isso tantos se surpreendem hoje com

a infância, que parece ensinar a muitos.A vida é uma oportunidade de luz e

as provações são necessárias para o es-pírito ascender na sabedoria, mas jamaisuma dor será maior que o amor. Convémlembrar que o amor cobre uma multidãode pecados, como disse o apóstolo Pedro,e sempre o amor estará à frente, pronto adiminuir os sofrimentos, quando as pro-vações chegarem no seu limite e pude-rem ser minimizadas ou até retiradas.

Dentro disso que tratamos, temosuma história assim, de amor, provação,fé e amadurecimento.

Uma senhora ainda jovem levou-nos dois meninos para atender, quase damesma idade, muito amigos. Um, filhodela, de cerca de 8 anos, a quem pode-ríamos chamar de Jonathan, e outro, fi-lho do atual marido dela, de 8 anos tam-bém, que chamaríamos de Mateus.

Jonathan estava com uma intoxica-ção alimentar – comeu algo que não lhefez bem, estava com vômito, diarréia,mas quadro passageiro. Uma criançafeliz que sempre teve o amor dessa mãe.

O outro, Mateus, parecia um adul-to, uma linguagem racional e uma ma-turidade incomuns. Estava com lesõesna cabeça, uma micose, “tinea capitis”.

Conversando, a madrasta foi contan-do a história e o menino confirmando edando os seus apontamentos. Quem co-nhece os mecanismos das leis de Causae Efeito, do amor de Deus socorrendosempre, entenderia bem esse momento.

Disse-nos ela que o marido e a mãe

do Mateus há cerca de 4 anos tinhamse separado e a ex-esposa desapareceucom as crianças, mudando para outroestado e não dando o endereço a ele.Eles tinham 3 filhos – uma menina quehoje tem 10 anos, o Mateus, e um maisnovo, hoje com 5 anos.

Esse pai ficou desesperado procu-rando esses filhos, até que se resignou,confiando em Deus e em que um diaele encontraria os meninos de novo.

Há cerca de uns dois meses, umamigo dele, viajando a trabalho, reco-nheceu o Mateus, depois de quatro anos,numa cidade do interior de São Paulo, eo avisou. Poucos dias após, o “ex-cu-nhado” dele telefonou-lhe dizendo-lheque fizesse de tudo para buscar os fi-lhos, porque estavam abandonados pe-las ruas da cidade, completamente des-cuidados pela mãe, sofrendo, e que ele,o “ex-cunhado”, lhe daria todo o apoioque precisasse para reaver as crianças.

A madrasta, contando, era de emo-cionar. Ela e o marido foram imediata-mente e os filhos, quando o viram che-gando, correram para abraçá-lo de talmodo que ele parecia-lhes a última tá-bua de salvação, o último recurso.

Ele conseguiu trazer os dois maisvelhos, convenceu a “ex-esposa” a deixá-los ficar pelo menos um tempo, na espe-rança de que ficassem em definitivo.

O Mateus, nesse momento, interferiue disse que não volta mais para a casa damãe, de jeito nenhum. Agora ele é cuida-do com amor e carinho pela madrasta, fez

amizade com o Jonathan, toma banho to-dos os dias, tem comida todos os dias,dorme numa cama limpinha e não sofreagressões. Relatou-nos ele que o padras-to bebe e batia todos os dias nele e na irmã.

A madrasta disse que a irmã delenão se afasta dela, tal o amor por sesentir bem tratada.

A preocupação do Mateus agora écom o irmãozinho de 5 anos que ficoulá com a mãe: saudades do irmão e pre-ocupação, pois acha que ele deve estarapanhando do padrasto e sofrendo.

Não volta mais, disse ele, e o pai ea madrasta vão tentar tudo para queamigavelmente a mãe se convença adeixá-los em definitivo aqui e que per-mita que o mais novo também venha.

Víamos o Mateus assim, relatando osfatos com desassombro e sem revolta, ummenino bom, a despeito dos sofrimentospassados, muito amadurecido, bem maisque o Jonathan, da mesma idade.

Parece coisa de novela, mas é do dia-a-dia de milhões de pessoas por aí afora.

Nesse caso, parece que chegou o

Jamais abandonadosJANE MARTINS VILELA

[email protected] Cambé

Histórias que nos ensinam

Há alguns anos, chegou-nos àsmãos um periódico da Igreja Anglica-na que narrava interessante história real.

Estava havendo um importanteencontro de Bispos daquela Institui-ção, em um lugar público, na Europa,como um Ginásio de Esportes.

Em determinado momento, adentra

JOSÉ ANTÔNIO V. DE [email protected]

De Cambé

fim do sofrimento. O amor divino in-terveio para que aqueles que não ne-cessitassem de tamanha provação pu-dessem ser socorridos. Merecimentodeles e do pai que deve ter sofrido de-mais nesses quatro anos de buscas.

Era hora de parar de sofrer. Assim éa vida. Há momentos de sofrer, de cres-cer, de parar de sofrer, de ser feliz. A cadaum segundo as suas obras. Jamais de-samparados pelo amor, jamais abando-nados. Em nenhuma circunstância deveum espírito imaginar-se abandonado,sem esperanças. O amor sempre socorree ampara, senão diretamente aqui na Ter-ra, nas ações humanas, indiretamente naação da espiritualidade, socorrendo nashoras dolorosas do caminho.

Como diz o espírito Emmanuel, nolivro Justiça Divina, “... Por amor, osbem-aventurados, que já conquistaram aLuz Divina, descerão até nós, quaisflamas solares que não apenas se retra-tam nos minaretes da terra, mas pene-tram igualmente nas reentrâncias do abis-mo, aquecendo os vermes anônimos...”

aquele recinto uma mulher visivelmentetranstornada que, diante do primeiro sa-cerdote, se atira ao chão, de joelhos, e pedecom urgência que ele a confesse.

O religioso, pacientemente, a ouve eentão, para sua tristeza, lhe responde:

- Minha irmã, na nossa Igreja nósnão adotamos o hábito de ouvir confis-sões...

Nesse momento, aquela senhora,mais angustiada ainda, retorquiu:

- Pois eu posso lhe afirmar, padre,

Espiritismo e política

Quando me perguntam como fica-mos os espíritas na hora das eleições,respondo o que qualquer espírita res-ponderia: o espírita continua procuran-do seguir os ensinos e os exemplos deJesus quando declarou o famoso texto,lá em O Novo Testamento: Dai a Césaro que é de César e a Deus o que é deDeus; isto porque alguns fariseus o tes-tavam na questão dos impostos que opovo deveria pagar a Roma e mesmoao reizinho Herodes. E na hora de pa-gar impostos, ninguém deve ficar con-tente em tirar do bolso dinheiro quenem sempre será revertido para o bem-estar do povo em geral.

Antes de ser espírita, sou um ci-dadão e, como cidadão, voto neste ounaquele candidato que, a meu ver, nãome trairá nem trairá quem mais lhetenha dado o voto. Caso eu mesmotivesse tendência para exercer cargoseletivos, como cidadão poderia fazê-lo tornando-me candidato por um par-tido que mais se afinasse com as mi-nhas opiniões de espírita.

Assim procedendo, estaria dan-do (como de fato tenho dado) o que éde César, o que é do mundo em queestou de passagem num corpo de maisossos do que carne (45kg para 1,65mde altura).

Relativamente à parte de Deus, pen-so que assim eu a ela atendo na medidaem que procuro viver, como posso, ou-tro ensino de Jesus quando declarou asíntese do amar a Deus sobre todas ascoisas e ao meu semelhante, aos meupróximo, inclusive dentro do meu lar e

CELSO [email protected]

Do Rio de Janeiro

mesmo em relação aos que se dizemmeus possíveis inimigos, como acho quea mim mesmo eu me amo.

É possível que esteja agindo er-rado, mas é assim que tenho buscadoviver e me retificaria se agora, já, al-guém mais experiente e de boa von-tade me esclarecesse o assunto. Des-de já agradeço de coração pois queroerrar menos...

Agora um ponto é pacífico entrenós, os espíritas: o espírita vota e podeser votado, se for o caso de ele postu-lar um cargo eletivo, como a Lei per-mite. O espírita tem o seu livre-arbí-trio para votar em quem quiser. O Cen-tro Espírita não indica este ou aquelecandidato, este ou aquele partido. Istofica por conta do cidadão espírita. Damesma forma, a tribuna espírita jamaisserá usada para propaganda política.Não é da mesa de uma palestra que al-guém irá proferir um discurso em fa-vor ou contrário a A, a B ou a C. Não éa tribuna espírita um palanque eleito-ral. Isso se chama política-partidária,o que não há no meio espírita... Pode-mos até na vivência espírita discutirmosa política como discutimos a reencar-nação, a mediunidade, o abortamentocriminoso, os transgênicos, a situaçãodos sem-terra, a estupidez da guerra.Sim, podemos e devemos discutir estestemas, claro que em alto nível, quer di-zer, com educação e fraternidade. Masa isto o nome certo é política comoaquela arte, aquela ciência de adminis-trar. Não discutimos política-partidária.Isto foge do âmbito do meio espírita.Por isso mesmo nenhum candidato po-derá dizer-se indicado pelos espíritasporque esta indicação jamais partirá deum Centro ou do meio espírita.

se o senhor não ouvir minha confis-são, eu vou me matar...

Sensibilizado, o representante doCristo, naquela orientação religiosa,com muita compaixão, deixa seusdogmas de lado e diz para a mulher:

- Minha irmã, pode falar, eu vououvir sua confissão!...

Não preciso dizer que esta históriacabe muito bem neste jornal espírita,porque apresenta um exemplo de Cari-dade na sua mais legítima expressão.

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O IMORTALPÁGINA 14 AGOSTO/2008

Resposta de DeusJandira, uma menina de oito

anos de idade, desde muito peque-na se acostumara a passar por todasorte de privações.

Não conhecera o pai, e a mãe aabandonara quando tinha poucomais de quatro anos. Uma vizinha,apiedando-se dela, levou-a paracasa.

Mas a vizinha tinha muitos fi-lhos e logo Jandira percebeu quenão poderia morar ali, que não erabem-vinda.

Com cinco anos saiu da casaque a acolhera, cansada de apanhar,e foi para a rua, acompanhandoumas crianças que conheceu e quetambém não tinham família. Assim,Jandira foi morar com os novosamigos num casebre abandonado.

Aprendeu a pedir esmolas parapoder sobreviver. Comia do que lhedavam. Apesar de todas as dificul-dades da sua curta vida, Jandira ja-mais foi uma criança revoltada. Ti-nha o coração amoroso e bom, e to-dos a estimavam. Acreditava emDeus e tinha certeza de que Ele nãoa deixaria desamparada, conforme

nunca lhe falte nada.Impressionado, seguiu adiante

com passos rápidos, mas não con-seguiu esquecer o rostinho da ga-rota durante todo o dia.

Na manhã seguinte, lá estavaela no mesmo lugar. A menina apro-ximou-se dele com uma florzinhana mão, sorridente.

– É sua. Trouxe para o senhor.Surpreso, Manoel sentiu neces-

sidade de parar para conversar.– Como se chama? – perguntou.– Jandira.– Quantos anos tem, Jandira?– Acho que tenho oito ou nove

anos, senhor. Não sei ao certo.– Não vai à escola? – indagou

ele.– Não. Nunca pude estudar,

apesar de ter muita vontade deaprender a ler e a escrever.

– Onde você mora, Jandira? –perguntou, impressionado.

– Num barraco, com outras cri-anças.

– Por quê? Não tem família?– Minha mãe foi embora quan-

do eu era muito pequena. Tenhoapenas pai.

– Como se chama seu pai? –quis saber ele.

A menina respondeu com seri-edade.

– Deus.– Deus? Esse é o nome do seu

pai? – ele perguntou, pensando nãoter entendido direito.

– Sim. Deus não é o Pai de todomundo? – respondeu ela com sim-plicidade.

– Ah! É verdade.– Então, Ele não deixa que me

falte nada. Tenho tudo do que pre-ciso. Um teto para me abrigar dachuva e do frio, tomo banho numchafariz e, quando sinto fome, peçouma esmola e ganho dinheiro paracomprar o que comer. Às vezesganho comida e nem preciso pediresmolas, e ainda posso repartir comos outros o que recebo.

Sensibilizado, Manoel pergun-tou:

– O que mais você gostaria deter, Jandira?

– Nada. Eu não preciso de nada.– Diga. Gostaria de poder aju-

dar – insistiu Manoel.

Neste seu dia, papai, gostariade lhe dar tantas coisas!

Tudo, porém, que fosse com-prar em lojas, dependeria do seudinheiro. Mesmo se eu fizesse opresente com minhas mãos, teriaque pedir à ma-mãe dinheiropara comprar omaterial. E não éisso o que pre-tendo.

Gostaria delhe dar algo doqual o senhor pu-desse se orgulharde mim, seu fi-lho.

Mas, o quê?Pensei muito e compreendi

que deve ser alguma coisa queesteja dentro das minhas possibi-lidades, que são pequenas.

Já sei! Tenho certeza de que o

Sinais de trânsito

ouviu alguém ensinar certa vez.Certo dia, enquanto pedia es-

mola na cidade, Jandira viu apro-ximar-se um homem de aspecto dis-tinto, muito bem-vestido.

– Por caridade, uma esmola! –pediu.

Ouvindo a voz da criança, Ma-noel olhou e viu uma menina derostinho sujo, roupas rasgadas, que

o fitava com grandes olhos vivos econfiantes. Como estivesse compressa, deu uma moeda sem se de-ter.

No dia seguinte, encontrou agarota no mesmo lugar. Ela sorriue estendeu a mãozinha pedindouma esmola. Novamente Manoeldeu uma moeda, contra seus hábi-tos, e ouviu o agradecimento damenina.

– Que Deus o abençoe e que

A menina pensou um pouco e,com os olhos rasos d’água, respon-deu baixinho:

– Gostaria de ter uma famíliade verdade.

Manoel sentiu um aperto no co-ração e as lágrimas afloraram emseus olhos. Sentia-se culpado. Erarico, tinha tudo. Uma casa grande,emprego bom e não tinha filhos.Morava apenas com a esposa e nun-ca pensara em ajudar ninguém. Eaquela criança pedia tão pouco davida!

Tomou uma resolução. Sua es-posa sempre quisera filhos e iriagostar.

Fitou a menina à sua frente, edisse:

– Agora tudo vai ser diferente,Jandira. Deus, apesar de dar-lhetudo, como você afirmou, encarre-gou-me de ser seu pai aqui na Ter-ra. Aceita? Além de um pai, terátambém uma mãe.

Sem poder acreditar em tama-nha felicidade, Jandira pulou nosbraços de Manoel, cheia de alegria.

– Deus o mandou? Aceito! Eu

sabia que ele não deixaria de aten-der às minhas preces. Antes de dor-mir – explicou – sempre pedia aoPai do Céu que me dê um pai deverdade aqui na Terra.

Nesse momento, Jandira lem-brou-se dos companheiros:

– Ah!...E meus amigos? Nãoposso abandoná-los!

– Não irá abandoná-los, Jandira.Como minha filha, terá condiçõesde ajudá-los. Tenho dinheiro. Arru-maremos uma casa de verdade, al-guém que tome conta deles e terãotempo de estudar para serem maistarde criaturas dignas e úteis à so-ciedade.

A menina batia palmas de ale-gria.

– Que bom! Que bom!Em seguida, olhou Manoel com

muito carinho e, segurando a mãodele, perguntou:

– Posso chamá-lo de papai?Tia Célia

O nosso carinho e o nosso abra-ço a todos os pais do mundo.

FELIZ DIA DOS PAIS!

senhor gostaria que eu fosse me-lhor, não é?

Então, vou mudar. Por isso,prometo: Não brigar com meus ir-mãos e nem com os colegas; le-vantar, sem reclamar, para ir à es-

cola; escovar osdentes depoisdas refeições;não comer sóporcarias; tomarbanho e dormirna hora que amamãe mandar;fazer os deveressem chorar; nãocriar problemas

para ninguém e amar a todos.Se eu não cumprir minhas pro-

messas, o senhor pode me cobrar.Aceite este presente do filho

que o ama muito.

FELIZ DIA DOS PAIS!

O IMORTALAGOSTO/2008 PÁGINA 15

A Revue Spirite há 140 anos

Revista Espírita de 1868 (8ª Parte)

Continuamos a publicação do tex-to condensado da Revista Espírita de1868. As páginas citadas referem-se àversão publicada pela Edicel.

*91. Comentando o assunto, diz

Kardec que muita coisa haveria a res-ponder sobre o artigo, mas não o fariaporque fazê-lo seria repetir o que tan-tas vezes já houvera escrito sobre omesmo tema. Como o crítico não con-testa o fenômeno, apenas formula so-bre sua causa outra hipótese, lembraKardec que a teoria exposta pelo jor-nalista nada mais era do que a repeti-ção de um dos primeiros sistemas sur-gidos na origem do Espiritismo, quan-do a experiência não havia aindaelucidado a questão. Ora, se aquelesistema estivesse certo, por que nãoprevaleceu? Como é que milhões deespíritas, que havia quinze anos expe-rimentavam no mundo todo, compro-varam a realidade das manifestaçõesespíritas, se elas não existem? Pode-se admitir razoavelmente que todoseles se hajam enganado? (Págs. 234 e235.)

92. É grave erro crer, diz Kardec,que os espíritas tenham estabelecido,de forma preconcebida, a intervençãodos Espíritos nas manifestações. Seisso se deu com alguns, o maior nú-mero não chegou a essa crença senãodepois de ter passado pela dúvida oupela incredulidade. O fenômeno dasmesas girantes era conhecido ao tem-po de Tertuliano e na China desde tem-pos imemoriais, tanto quanto naSibéria e na Tartária. Aliás, os fenô-menos espíritas modernos não come-çaram com as mesas, mas pelas pan-cadas espontâneas dadas em paredese móveis, em ambientes refratários àidéia espírita, e foram os próprios Es-píritos que se apresentaram como sen-do os seus autores. (Págs. 235 e 236.)

93. O Sr. Fauverty – autor do ar-tigo em foco – diz que nada encon-trou nas comunicações mediúnicasque ultrapassasse o cérebro humano.Eis aí uma velha objeção cem vezesrefutada pela própria doutrina espí-rita. O Espiritismo alguma vez disseque os Espíritos fossem seres fora dahumanidade? Ora, o que a doutrinaespírita ensina é que os Espíritos nãosão senão homens despojados do seuinvólucro material e que o mundo vi-sível se derrama incessantemente,pela morte, no mundo invisível, eeste no mundo corporal, pelos nas-cimentos. Desde que os Espíritospertencem à Humanidade, por quehaveriam de querer que eles tives-sem uma linguagem sobre-humana?(Págs. 236 e 237.)

94. A pedido de um dos correspon-dentes da Revista em Sens, Kardecvolta ao tema partido espírita, paradizer que o Espiritismo jamais pode-ria ser considerado um partido naacepção vulgar da palavra e, por isso,o correspondente tinha toda a razãopara repelir a qualificação que nessesentido lhe foi dada pelo Sr. Genteur,Comissário do Governo. O Codifica-dor diz, no entanto, que, excluída aidéia de movimento político e de lutapelo poder, o Espiritismo não deixavade ser um partido, ou seja, uma dou-trina que não é partilhada senão poruma parte da população, motivo peloqual ele podia aceitar a qualificaçãoque lhe foi dada por seus antagonis-tas, sem com isso repudiar os seusprincípios e sem perder sua qualidadeessencial de doutrina filosófica mora-lizadora, que constitui a sua glória e asua força. (Págs. 237 a 239.)

95. Kardec lembra que no fim de1864 fora deflagrada uma onda de per-seguições contra o Espiritismo em vá-rias cidades do Sul, seguida de algunsefeitos, e reproduz o resumo de um dossermões feitos na época, no qual os es-píritas são chamados de ímpios e acu-sados de blasfemar contra Deus, denegar as sublimes verdades ensinadaspela Igreja e de enfeitar-se com umafalsa caridade, que só conhecem denome e da qual se servem como man-to para ocultar sua ambição. No fimdo sermão, diz o padre: “Compreen-destes, cristãos! quais são os que assi-nalo à vossa reprovação! São os Espí-ritas! E porque não os indicaria eu? Étempo de os repelir e de amaldiçoar assuas doutrinas infernais!” (Pág. 240.)

Ninguém deve se inquietar com ofuturo da doutrina espírita96. Sermões como esse estavam na

ordem do dia naquela época, mas osataques não se limitavam à idéia, es-tendendo-se também às relações pes-soais. Na seqüência, após advertir quea luta não terminara e que as perse-guições continuavam, o Codificadortranscreve comunicação de São Luístransmitida em Paris a 10 de dezem-bro de 1864, da qual extraímos os tre-chos que se seguem: I – Meus filhos,estas perseguições cairão e não podemser prejudiciais à causa do Espiritis-mo. II – Os bons Espíritos velam pelaexecução das ordens do Senhor: nadahá a temer; não obstante, é preciso quetodos se mantenham em guarda e ajamcom prudência. III – A vergonha re-cairá sobre os que tiverem recuado epreferido o repouso da Terra ao quelhes estava preparado, porque o Se-nhor fará a conta de seus sacrifícios.IV – É preciso pensar nos mártires cris-tãos, que não tinham, como os espíri-tas, comunicações incessantes do mun-do invisível para reanimar sua fé e,contudo, não recuavam ante o sacrifí-

cio, nem de sua vida nem de seus bens.V – As provas são hoje mais morais quemateriais; serão, por conseqüência,menos penosas, mas não menos meri-tórias. VI – Aliás, muitos dos que so-freram pelo Cristianismo vêm concor-rer para o coroamento da obra e são osque sustentam a luta com mais cora-gem. VII – Ninguém se inquiete com ofuturo da doutrina espírita, porque, en-tre os que hoje a combatem, mais deum será seu defensor amanhã. VIII –À violência, devemos opor a suavida-de e a caridade e fazer o bem aos quenos querem mal, para que, mais tarde,possam distinguir o verdadeiro do fal-so. IX – O espírita dispõe de uma armapoderosa: a do raciocínio, e deve ser-vir-se dela, sem manchá-la jamais pelainjúria, supremo argumento dos quenão têm boas razões para dar, e esfor-çando-se pela dignidade de sua condu-ta, para fazer respeitar o título de Espí-rita que ostenta. (Págs. 240 a 244.)

97. Kardec diz que podem compre-ender-se sob o título geral de Espiritis-mo Retrospectivo os pensamentos, asdoutrinas, as crenças e todos os fatosespíritas anteriores ao Espiritismo Mo-derno, isto é, até 1850, data na qual co-meçaram as observações e os estudossobre tais fenômenos. Um fato relata-do pelo Duque de Saint-Simon em suasmemórias enquadra-se, portanto, nochamado Espiritismo Retrospectivo.(Pág. 244.)

98. Segundo o Duque de Saint-Simon, na casa do Duque de Orléans amediunidade de vidência pelo copod’água já era conhecida em 1706. Umhomem – provavelmente o sensitivo –dizia algo baixinho sobre o copo cheiod’água e logo as pessoas ali viam ima-gens. Para certificar-se da veracidadeda vidência, o Duque ordenou a um deseus servidores que fosse imediatamen-te à casa da Sra. Nancré e ali exami-nasse quem estava, o que faziam, a po-sição e o mobiliário da sala e a situa-ção de tudo quanto lá se passava e de-pois, sem perder um instante, vir dizer-lhe ao ouvido. Em seguida, viu-se nocopo a reprodução exata do que o ser-vidor descrevera. (Págs. 244 a 246.)

99. Comentando o assunto, Kardecmenciona outro fato, ocorrido 15 anosantes, numa época e numa região daEspanha onde o Espiritismo era des-conhecido. Nesse caso, algumas pes-soas podiam ver imagens numa garra-fa de cristal cheia d’água. Em Palermo(Sicília), a filha de um dos assinantesda Revista que estivera recentementeem Paris, ao ler no número de junho oartigo sobre a vidência pelo copod’água, quis experimentar ver seu pai.Não o viu, mas pôde ver várias ruasque, pela descrição feita a seu pai, estefacilmente reconheceu como sendo asruas por onde ele andara na capital fran-cesa. Por que ela viu as ruas e não opai? Os Espíritos disseram a Kardec

que as coisas se passaram assim paralhe dar uma prova irrecusável de queem nada a imaginação havia entradono caso. (Págs. 247 e 248.)

100. Com ou sem água, observaKardec, tanto o copo quanto a garrafade cristal evidentemente representam,nesse fenômeno, o papel de agenteshipnóticos. A concentração da visão edo pensamento em um ponto provocamum maior ou menor desprendimento daalma e, por conseguinte, o desenvol-vimento da visão psíquica. (Consulte-se a respeito a Revista de janeiro de1860, págs. 6 a 11: relações entre omagnetismo e o hipnotismo.) (Págs.248 e 249.)

O Espiritismo tem por inimigosapenas os que não o estudaram

101. Concluindo, lembra o Codi-ficador que o copo d’água não é umagarantia contra a imisção dos mausEspíritos, pois a experiência já provouque os Espíritos mal-intencionados seservem desse meio como de outrospara induzir as pessoas em erro e abu-sar de sua credulidade. “Não há – ex-plica Kardec – mediunidade ao abrigodos maus Espíritos, e não existe ne-nhum processo material para os afas-tar. O melhor, o único preservativo estáem si próprio; é por sua própria depu-ração que se os afasta, como pela lim-peza do corpo se preserva contra os in-setos nocivos.” (Pág. 249.)

102. Na história de São FranciscoXavier, contada pelo Padre Bouhours,existe uma curiosa passagem que re-produz um diálogo travado por Fran-cisco Xavier, então missionário no Ja-pão, e um bonzo japonês chamadoTucarondono. O bonzo, que recorda-va com clareza suas existências passa-das, perguntou a Francisco Xavier seele o reconhecia. Este disse que jamaiso havia visto. Rindo muito, o bonzo ex-plicou-lhe então que 15 séculos atráseram ambos negociantes em Frénaso-na, dando-lhe, em seguida, uma liçãosobre as vidas sucessivas. Como é im-provável que São Francisco Xavier ti-vesse inventado essa história, o fatomostra que a doutrina da reencarnaçãoera conhecida no Japão naquela épo-ca, em condições parecidas às que sãohoje ensinadas pelos Espíritos. (Págs.249 a 251.)

103. O jornal La Mahouna, deGuelma (Argélia), publicou no dia 26de junho carta enviada pelo sr. JulesMonico em que este protesta contracrítica aos espíritas veiculada noIndépendant, de Constantina. Na car-ta, diz o missivista que o Espiritismosucede aos feiticeiros como a astrono-mia sucedeu aos astrólogos, ou seja, elevem destruir os erros dos feiticeiros erevelar uma ciência nova à humanida-de. Afirmando que o Espiritismo tempor inimigos apenas os que não o es-tudaram, o Sr. Monico diz que a opi-

nião espírita na França era represen-tada por cinco revistas ou jornais, as-sim como na Inglaterra, na Alemanha,na Itália, na Rússia e até nos EstadosUnidos da América, por numerososjornais ou revistas, e os adeptos do Es-piritismo ali se contavam por milhõesde pessoas. (Págs. 251 a 253.)

104. Nascido a 15 de fevereiro,continuava com sucesso o curso de suapublicação o jornal O Espiritismo emLyon, que podia agora ser vendido navia pública, graças à autorização quelhe fora concedida pelo Sr. senadorprefeito do Ródano. (Págs. 253 e 254.)

105. Tendo Kardec escrito em seulivro A Gênese que o globo terrestre,em sua origem, não continha um áto-mo a mais nem a menos do que hoje,um correspondente da Revista emSens suscitou uma dúvida sobre essaassertiva, o que obrigou o Codificadora escrever o artigo intitulado Aumentoe diminuição do volume da Terra, queabre o número de setembro da Revis-ta. No artigo, Kardec admite que pos-sam ocorrer modificações no volumeda Terra, mas não em sua massa, ouseja, a massa do globo – a soma dasmoléculas que compõem o conjunto desuas partes sólidas, líquidas e gasosas– é incontestavelmente a mesma des-de a sua origem. (Págs. 255 e 256.)

106. O artigo é complementadopor uma comunicação assinada peloEspírito de Galileu, transmitida naSociedade Espírita de Paris em julhode 1868, na qual o eminente Espíritotrata do assunto e afirma que, em suaopinião, a existência dos mundos podedividir-se em três períodos. No primei-ro, verifica-se a condensação da ma-téria; o volume do globo diminui, masa massa continua a mesma; é o perío-do da infância. No segundo período,há a contração, a solidificação da cros-ta, o surgimento dos germes e o de-senvolvimento da vida até o apareci-mento do tipo mais perfectível. É aidade da virilidade; o globo está emtoda a sua plenitude e perde, mas mui-to pouco, seus elementos constitutivos.À medida que seus habitantes progri-dem espiritualmente, o planeta passaao período de diminuição material.Essa perda se dá não apenas por causado atrito, mas também pela desagre-gação das moléculas, como uma pe-dra dura que, consumida pelo tempo,acaba por virar poeira. Em seu duplomovimento de rotação e de translação,o globo deixa no espaço parcelasfluidificadas de sua substância, até omomento em que sua destruição forcompleta. Dessa forma, nascimento,vida e morte; infância, virilidade edecrepitude, tais são as fases pelasquais passa toda aglomeração de ma-téria orgânica ou inorgânica. “Só oespírito, que não é matéria, éindestrutível.”(Págs. 257 e 258.) (Con-tinua no próximo número.)

MARCELO BORELADE OLIVEIRA

[email protected] Londrina

O IMORTALPÁGINA 16 AGOSTO/2008

O IMORTALJORNAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITARUA PARÁ, 292, CAIXA POSTAL 63CEP 86.180-970TELEFONE: (043) 3254-3261 - CAMBÉ - PR

Natural de Franca (SP),onde também reside, autor devários livros e espírita há 25anos, vice-reitor do UNIVEM -Centro Universitário Eurípidesde Marília, mantido pela Fun-dação de Ensino Eurípides So-ares da Rocha, entidade espíri-ta de Marília (SP), e articulistada Revista Internacional de Es-piritismo (RIE), nosso entrevis-tado, Eliseu Mota Júnior (foto),é orador requisitado em todo oBrasil e traz lúcidas respostas atemas importantes da atualida-de.

– Quais são seus livros pu-blicados?

Pena de morte e crimes he-diondos à luz do Espiritismo,Aborto à luz do Espiritismo eQue é Deus? (os três publica-dos pela Casa Editora O Clarim,de Matão, SP) e Direito auto-ral na obra psicografada (dis-sertação de Mestrado pelaUNESP de Franca, publicadopela Editora A Nova Era, deFranca, SP).

– Seu livro Que é Deus? ob-

teve excelente aceitação den-tro e fora do meio espírita.Constituindo-se numa abor-dagem repleta de pesquisas eestudando um dos princípiosfundamentais do Espiritismo,a obra ensejou permanentesviagens com a mesma temáti-ca. O tema Deus continua ain-da a despertar interesse? Porquê?

Esse tema continua - e achoque continuará - despertando in-teresse, dentro e fora do movi-mento espírita. Este ano (2008),

ORSON PETER [email protected]

De Matão, SP

por exemplo, devoabordá-lo em trêsgrandes eventos noBrasil (Porto Seguro,Itabuna e Barreiras,todas na Bahia) e, tal-vez, em Puerto Rico.Creio que a razão,como sempre, é a di-ficuldade para enten-der Deus e seus atri-butos, o que procurofazer de maneira sim-ples, a fim de que to-dos possam entender amensagem.

– Das outras

obras, especialmentea que trata do abor-to, que repercussõesmarcantes podemser relatadas?

O ensaio sobre oaborto, gostaria de re-velar agora, foi umahomenagem que pro-curei prestar às mu-lheres em geral, massobretudo para aquelas envolvi-das com uma gravidezindesejada. Acredito que é umasituação complicada, porque adecisão final deverá ser exclusi-vamente dela: abortar ou dar àluz um filho não esperado? Porisso, se porventura esse modestolivro ajudar uma só mulher a nãoabortar, creio que todo o traba-lho para a sua elaboração estarápago!

– Existem outras obras iné-

ditas ou em andamento parafutura publicação?

Estou tentando concluir umlivro, há cerca de dez anos, so-bre os fenômenos psicossomáti-cos à luz do Espiritismo, mas apesquisa ainda deverá prosse-guir. Isto porque o assunto é

complexo, a bibliografia é exten-sa e o tempo é curto.

– A temática de embriões

congelados e células-troncotem ocupado a mídia nacionale internacional. O que pode-mos dizer sobre o tema na vi-são espírita?

Eis aí um tema que só é po-lêmico por falta de maior aten-ção. De fato, a Lei de Biossegu-rança (Lei 11.105/2005), em seuartigo 5º, permite a utilização,para fins de pesquisa e terapia,de células-tronco embrionáriasobtidas de embriões humanosproduzidos por fertilização invitro e não utilizados no respec-tivo procedimento, desde quesejam embriões inviáveis, oucongelados há 3 (três) anos ou

Eliseu Mota Júnior:

mais, sempre com oconsentimento dosgenitores. Além dis-so, as instituições depesquisa e serviços desaúde que realizempesquisa ou terapiacom células-troncoembrionárias huma-nas deverão submeterseus projetos à apre-ciação e aprovaçãodos respectivos comi-tês de ética em pes-quisa. O ex-Procura-dor Geral da Repúbli-ca, alegando supostaviolação do direito àvida desses embriões,ajuizou uma ação di-reta de inconstitucio-nalidade perante oSupremo Tribunal Fe-deral, que decidiupela constitucionali-dade da lei. Em minhaopinião, a lei, de fato,não é inconstitucionale, observadas todas as

suas exigências, não vejo comoproibir as pesquisas com essesembriões, que, do contrário, se-rão jogados na lixeira.

– Sua coluna Ponto de Vis-

ta, na Revista Internacional deEspiritismo, também tem des-pertado grande interesse.Quais as motivações e critéri-os para sua elaboração?

Normalmente, sou motivadopela agenda que está na ordemdo dia da opinião pública, pro-curando sempre abordar o assun-to também do ponto de vista es-pírita.

– Qual sua visão sobre os te-

mas polêmicos vigentes no mo-vimento espírita?

São vários, porém alguns de-

les, mais do que polêmica, en-volvem preconceitos e opini-ões que não estão atualizadas.Isto é mais evidente nos assun-tos relativos aos costumes e àspesquisas científicas, comoacontece, por exemplo, com asexualidade e com a já menci-onada questão das células-tronco embrionárias. Acreditoque o espírita tem de tolerar asmudanças morais e éticas, bemcomo acompanhar o progres-so da ciência, como sempre re-comendou Allan Kardec, quetinha como divisa a trilogiatrabalho, solidariedade e tole-rância.

– E os temas polêmicos em

andamento na sociedade bra-sileira?

Além daqueles acima ci-tados, a sociedade brasileiraenfrenta muitos problemascom os políticos, sobretudoem anos eleitorais, quandomuitos deles levam às últimasconseqüências a necessidadeda sua eleição ou reeleição.Acho que até Maquiavel fica-ria assustado com a políticabrasileira, e teria de rever al-guns conceitos que estão nasua obra O Príncipe. Alémdisso, a educação moral dasnossas crianças e jovens estáabandonada, com pais e mãestrabalhando fora, sem a ne-cessária atenção para com osfi lhos. O resultado dessaomissão não poderia ser maisdesastroso: atividade sexualprecoce, abortos, crianças de-samparadas, drogas, crimina-lidade infanto-juvenil cadavez mais violenta e outrosmalefícios familiares e soci-ais que seria fastidioso enu-merar. (Continua na pág. 10desta mesma edição.)

“É urgente a atualização da casa espírita”Temas atuais e importantes na visão de um professor universitário, advogado e promotor de Justiça aposentado

Eliseu Mota Júnior