O Homem Visível e Invisível

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O Homem Visível e Invisível Dom, 07 de Setembro de 2008 16:58 Palestra proferida por José Maria Nogueira Em 18 de maio de 2001 Vamos começar, como sempre começamos, dizendo o seguinte: Saúdo a Deus presente em cada um de vocês, com as vibrações do mais puro e impessoal amor, desejando-lhes a paz, a harmonia, a felicidade, e que os façam morar em suas mentes e em seus corações. Nós vamos falar hoje sobre o homem visível e invisível. Mas eu quero aproveitar rapidamente para lembrar que a nossa irmã, que nos antecedeu, disse que os Mestres não falam muito, e nós ... falamos demais. Porque nós falamos demais? Nós falamos demais porque gostamos de levar a mensagem. Vocês vejam o que é a história do Mestre neste particular: Certa ocasião, ia passando um grande Mestre de Sabedoria por um determinado lugar onde dominava um marajá. O marajá, ao saber que aquele Mestre estava ali, pediu que ele fizesse uma palestra para os seus súditos, e ele se prontificou imediatamente a falar. Mas sempre o Mestre vai acompanhado de um discípulo; e o Marajá chamou toda a sua corte, fez uma reunião; estava o salão lotado e ele disse para os seus súditos: Meus queridos, agora nós vamos ter a oportunidade de ouvir um grande Mestre de Sabedoria, com a palavra o Mestre: Um silêncio total! Cinco minutos, dez minutos, quinze minutos... aí o Marajá desesperado virou-se para o discípulo e disse: Mas afinal, ele vai falar ou não vai falar? Senhor, ele já está falando a vinte minutos! E que maravilhas ele está dizendo! No silêncio, ele dizia tudo. Mas nós não temos esta capacidade. Ainda somos estudantes, queremos aprender, e costumamos dizer o seguinte: somos semelhantes à gota d'água - água mole em pedra dura, tanto bate até que fura. É isso que nós queremos fazer, mostrar a 1

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O Homem Visível e Invisível Dom, 07 de Setembro de 2008 16:58

Palestra proferida por José Maria Nogueira

Em 18 de maio de 2001

 

Vamos começar, como sempre começamos, dizendo o seguinte:

Saúdo a Deus presente em cada um de vocês, com as vibrações do mais puro e impessoal amor,

desejando-lhes a paz, a harmonia, a felicidade, e que os façam morar em suas mentes e em seus

corações.

Nós vamos falar hoje sobre o homem visível e invisível. Mas eu quero aproveitar rapidamente para lembrar

que a nossa irmã, que nos antecedeu, disse que os Mestres não falam muito, e nós ... falamos demais.

Porque nós falamos demais? Nós falamos demais porque gostamos de levar a mensagem. Vocês vejam o

que é a história do Mestre neste particular:

Certa ocasião, ia passando um grande Mestre de Sabedoria por um determinado lugar onde dominava um

marajá. O marajá, ao saber que aquele Mestre estava ali, pediu que ele fizesse uma palestra para os seus

súditos, e ele se prontificou imediatamente a falar. Mas sempre o Mestre vai acompanhado de um

discípulo; e o Marajá chamou toda a sua corte, fez uma reunião; estava o salão lotado e ele disse para os

seus súditos: Meus queridos, agora nós vamos ter a oportunidade de ouvir um grande Mestre de

Sabedoria, com a palavra o Mestre: Um silêncio total! Cinco minutos, dez minutos, quinze minutos... aí o

Marajá desesperado virou-se para o discípulo e disse:

Mas afinal, ele vai falar ou não vai falar?

Senhor, ele já está falando a vinte minutos! E que maravilhas ele está dizendo!

No silêncio, ele dizia tudo.

Mas nós não temos esta capacidade. Ainda somos estudantes, queremos aprender, e costumamos dizer o

seguinte: somos semelhantes à gota d'água - água mole em pedra dura, tanto bate até que fura. É isso

que nós queremos fazer, mostrar a vocês a necessidade que nós temos de nos transformar. É

importantíssimo isto - a nossa transformação interior.

Então vamos começar. Eu vou fazendo a leitura e comentando alguma coisa:

Antes de abordarmos o tema de nossa palestra, devemos iniciar dizendo que a evolução da humanidade é

direcionada por uma hierarquia oculta de Mestres, que passaram por inúmeros estágios de evolução até

desenvolverem os poderes latentes que todos nós trazemos em nosso interior, mas que nos degraus que

nos achamos, ainda não podemos conceber.

Vocês vejam que é uma realidade. Os Mestres passaram por todas as etapas que nós estamos passando,

foram subindo os degraus da escada até chegar ao estágio em que se encontram. É preciso que nós

compreendamos isto e não desistamos nunca da luta. Nós precisamos lutar! Mas que luta é esta? É a luta

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interior. Eu não posso brigar com nenhum de vocês, mas posso brigar comigo, para a minha

transformação. É isto que nós devemos fazer - a nossa transformação individual.

Podemos afirmar, louvando os ensinamentos destes excelsos Mestres, que todos nós somos, em

essência, divinos, embora a grande maioria não creia em tal assertiva quando vê a disparidade de

atitudes, pensamentos e sentimentos de cada ser humano.

Evidentemente, nós somos diferentes. Somos identificados pela impressão digital, não há uma impressão

digital igual a outra. Todos nós somos diferentes; mesmo aqueles que são gêmeos têm diferenças. Então,

nós somos diferentes, e esta disparidade faz com que às vezes nós fiquemos pensando que não é

possível encontrar esta realidade divina. Mas o fato é que todos nós somos divinos. A essência divina está

no nosso interior. Jesus afirmou que todos nós poderíamos fazer tanto quanto ele, e mais ainda. São

Paulo disse mais: Nós somos o templo vivo de Deus, e a divindade habita no nosso interior.

Então, a nossa concepção é a seguinte: existem pessoas más e existem pessoas boas. Porque? Porque,

naturalmente - e aí vem uma figura que nós achamos interessante de mostrar - Deus tem uma empresa

divina, com todas as coisas imagináveis e inimagináveis a sua disposição, e nós somos sucursais desta

empresa. Se nós somos sucursais desta empresa, todas as coisas que tem na sede estão a nossa

disposição. Amor, compreensão, sabedoria, bondade, tolerância, tudo isto nós temos lá dentro, foi tudo

isto colocado no nosso coração, e nós, imediatamente, trancamos o nosso coração, e muitos perderam a

chave. Ao perderem a chave, evidentemente, começaram a mostrar coisas que não são divinas,

começaram a errar, a cometer desatinos. Vamos procurar encontrar esta chave para abrir nosso coração e

deixar que Deus se manifeste.

Assim ocorre porque só conseguimos enxergar o corpo físico, ignorando a existência de outros corpos

sutis e invisíveis, só percebidos por aqueles que conseguiram despertar o poder da clarividência, segundo

Leadbeater, e outras qualidades específicas.

De um modo geral, nós não sabemos. Quem é que sabe o corpo astral, o corpo búdico, o corpo mental

inferior, o corpo mental superior, o átmico, o arupádico, o adi? Quem sabe? A grande maioria só ouve

falar, mas não sabe e não sente. Há até uma coisa que nós fazemos, é o seguinte:

Temos um vasilhame; este vasilhame é o homem, é o físico. Dentro, temos várias pedras - é o corpo

etérico. Aí eu coloco britas - é o corpo astral. Eu coloco uma brita menor - é o mental inferior. Eu jogo areia

- é o metal superior. Eu jogo água - é o búdico. Eu ponho o éter - é o átmico.

Então está tudo dentro deste vasilhame que é o nosso corpo físico. Vocês vejam como é simples,

Leadbeater faz uma demonstração mostrando apenas como se fosse uma prateleira, em que ele mostra

tudo até chegar ao homem espiritualizado. Mas não há prateleira, está tudo dentro de nós, e ele faz

questão de dizer exatamente isto - está tudo no nosso interior. O que nós precisamos é ver como estas

energias ou corpos invisíveis se manifestam, para nós podermos subir os degraus da evolução.

É importante ressaltarmos o que Taimni, um grande teósofo, disse: Somente aqueles que estão

preparados para abandonar todos os objetivos egoístas e aproximarem-se do caminho do ocultismo, com

o coração puro e vida limpa, podem ser admitidos nos segredos internos e manejar o poder de átma ou da

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alma.

Vocês vejam, não adianta a pessoa dizer: eu sou teósofo, por ler apenas os livros. É preciso que se

vivencie os ensinamentos. Então, nós estávamos falando que o nosso Mestre dizia o seguinte: Será que

se vocês repetirem mil vezes a palavra 'cachaça' vocês se embriagam? Evidentemente que não. Para se

embriagar é preciso beber a cachaça. Não adianta falar que é teósofo, que ama, se não vivência aquilo

que está estudando. É preciso que a pessoa pratique os ensinamentos. Não adianta, muitas vezes há

criaturas que falam belamente coisas extraordinárias, mas não vivem nada daquilo. O nosso Mestre, mais

uma vez, diz o seguinte: Os eruditos não espiritualizados são como as aves de rapina, voam muito alto no

céu, olhando para terra em busca de uma carniça. Os eruditos só procuram elogios, e não vivenciam

aquilo que falam.

Aqueles que chegaram à conclusão de que o nosso Sistema Solar é sétuplo em sua constituição,

salientam que além do corpo físico, que percebemos com nossos cinco sentidos, há outros seis, formados

de matéria cada vez mais sutil, que a teosofia chama de planos ou corpos. Partindo do físico, estes planos

são conhecidos como: astral, mental, búdico, nirvânico, paranirvânico e mahaparanirvânico. Ou, como

alguns falam, uma divisão mais simples: corpo físico, etérico - que é uma parte do corpo físico mais

elevada - , astral, mental inferior, mental superior, búdico e átmico.

O anupadaka e o adi, ou seja, o paranirvânico e mahaparanirvânico, são desconhecidos inteiramente por

nós. Até o átmico nós chegamos, mas o paranirvânico e o mahaparanirvânico nós não chegamos ainda.

Então é preciso que nós compreendamos isto, e vamos procurar relacionar estes planos com nosso ser

espiritual.

Em cada um dos planos o homem tem um veículo de consciência. (há umas classificações que são para

facilitar) O corpo mental inferior é o mental concreto, e é o que eles chamam de rupa; e o plano mental

superior é o abstrato ou arupa, "sem forma". Então vocês vejam a seqüência destes corpos, e como eles

têm um significado, cada um deles, na nossa vida material.

Nós somos, evidentemente, criaturas muito complexas, cada um de nós tem uma série de coisas que

outro não possui, ou melhor, que o outro não externa, porque todos nós possuímos os mesmos dons

divinos. Vejam bem, todos nós possuímos os mesmos dons divinos guardados em nosso coração; alguns

perderam a chave e ainda não a encontraram, mas vão encontrar um dia, não importa quando, porque não

há pecador irremissível. De Deus viemos e a Ele voltaremos, mais cedo ou mais tarde, segundo nosso

empenho, a nossa dedicação, o nosso esforço para retornarmos a nossa origem.

A verdade é que nós temos de subir uma escada. Mas de um modo geral, lamentavelmente, quando nós

estamos no segundo ou terceiro degrau da escada, e vem alguém querendo subir, nós não o ajudamos,

sem nos lembrarmos de que quando nós estávamos naquela situação, alguém nos deu a mão para

subirmos um degrau.

Nós temos que fazer isto. Nós temos que dar a mão àquele que está carente, que está precisando, que

necessita, que busca a espiritualidade. Nós temos que dar a mão. Desçamos do degrau em que nós

estamos, e vamos trazer aquela criatura para cima. Mais tarde, quando nós já não tivermos mais aquela

energia, aquela vitalidade, evidentemente eles nos vão ajudar a subir mais alguns degraus.

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Faz-se mister portanto, que, como costumamos dizer, sempre aqueles que procuram criticar os que

aparentemente estejam em degrau inferior ao que supomos encontrar-nos, têm que lutar para acabar com

esta atitude de superioridade.

É outra coisa que nós costumamos falar sempre para os nossos irmãos: eu não sou inferior a ninguém; eu

não sou superior a ninguém. Isto é que nós temos que admitir, ninguém é superior a nós, e ninguém é

inferior a nós. Todos nós somos seres de Deus, todos nós temos a mesma energia divina, o que nós

precisamos é manifestá-la.

Como poderemos saber em que degrau da escada nós nos encontramos agora? Talvez seja um pouco

difícil para uma grande maioria. Mas, de repente, quando a criatura começa a sentir e ver no outro, não

uma mulher, não um homem, mas um templo de Deus que Deus está dentro de todos, e começa a amar

as criaturas, aí então ele já se sente mais elevado.

Na realidade é isto. Nós costumamos dizer o seguinte: eu amo todos vocês, não como homens ou

mulheres, mas como templos de Deus. Se eu deixar de amar um só de vocês, eu deixo de amar o Deus

que está dentro de vocês, que é o mesmo Deus que está dentro de mim. Então, eu não posso deixar de

amar. Tanto ao virtuoso quanto ao criminoso o meu amor é igual. Só que muitas pessoas dizem: mas

como é que eu posso amar uma pessoa que é um bandido? Ame a distância. Mande vibrações de amor

para ele. Esta luz que nos está iluminando de onde sai? De uma usina hidrelétrica que está colocada a

quilômetros e quilômetros de distância daqui. Então, nós podemos manter e mandar a nossa energia de

amor para qualquer canto do mundo sem sairmos daqui. Eu digo o seguinte: eu amo o tigre, mas não vou

afagar a cabeça dele porque eu sei que ele vai me devorar. Então, eu amo o criminoso, mando vibrações

de amor e de luz para que ele acorde, para que ele se transforme, para que ele passe a despertar a

centelha divina que está adormecida dentro dele. É isto que nós temos que fazer.

Leadbeater costuma mostrar em seu livro, O Homem Visível e Invisível, que os efeitos decorrentes dos

pensamentos, desejos, emoções e sentimentos do homem, ligados a sua evolução, proporcionam ao

estudante de teosofia vastas possibilidades de investigação, pautadas em leis conhecidas, aliadas à

análise comparativa de casos individuais.

Nós temos de fazer a análise. Não podemos crer que todos são iguais. Ninguém é igual ao outro. Nós não

somos iguais, nós podemos ser semelhantes. Podemos nos parecer em algumas coisas e sermos

completamente divergentes em outras. O que nós precisamos fazer é compreender isto e desenvolver em

nós uma qualidade que é muito importante - chama-se tolerância. Nós não sabemos tolerar os erros dos

outros. Nós não entendemos que é preciso termos tolerância para fazer com que as criaturas cresçam.

No budismo há uma história que nós contamos sempre, de uma criatura que ouviu falar que o Buda não se

contrariava, não se irritava, e resolveu ofendê-lo. Aproximou-se de Buda e disse os maiores impropérios a

ele. O Buda, calado estava e continuou calado. E ele foi falando, e dizendo as maiores barbaridades, as

maiores ofensas. De repente, ele parou de falar. Neste momento o Buda virou-se para ele e disse:

Acabou meu filho?

E ele respondeu:

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Acabei.

Eu posso lhe fazer uma pergunta?

Pode - ele disse.

Se alguém quiser lhe dar um presente e você não aceitar, com quem fica o presente?

Ele respondeu:

Ora, com a pessoa que ofertar o presente.

Pois bem, o presente que você me ofertou, eu não o quero, fique para você.

Não brigue, não discuta, devolva. Então eu adquiri um lema muito interessante: Eu não dou a ninguém o

poder de me aborrecer. Se alguém me disser:

Você é um idiota, um vaidoso, orgulhoso, um mentiroso!

Eu respondo: Sabe que eu não sabia que era isto tudo? Mas uma vez que você está me alertando vou

procurar me melhorar para que você tire esta impressão de mim.

Como é que fica o outro? Evidentemente ele se desarma. Então nós temos de compreender isto porque

estas criaturas que estão falando, o fazem por ignorância.

Segundo o budismo, as quatro nobre verdades são as seguintes: o sofrimento existe - é a primeira nobre

verdade; o sofrimento decorre da nossa ignorância; o sofrimento pode ser eliminado; e só se elimina o

sofrimento quando se caminha pela senda óctupla. Vocês vejam que o sofrimento pode ser eliminado,

porque eliminando a ignorância, evidentemente, eliminamos o sofrimento.

Mas o que é a ignorância? Se você tem uma semente de feijão e a planta, você vai colher o quê?

Abóbora, abacate, banana? Não. Vai colher feijão. Então o Buda dizia: A semeadura é livre, mas a colheita

é obrigatória. Aquilo que você semear você vai colher - quem semeia ventos, colhe tempestades.

Então nós começamos por aí - Vamos nos transformar!

Mas, lamentavelmente, nós vamos entrar agora mesmo no primeiro corpo terrível, que é o corpo dos

desejos. O Leadbeater, no caso, diz o seguinte:

O primeiro ponto que devemos compreender claramente é a maravilhosa complexidade do Universo. Este

Universo que nos rodeia e que contém muitas coisas desconhecidas do campo de visão comum.

Cada um vê de acordo com a sua sensibilidade. Nós olhamos para uma planta e vemos algo maravilhoso,

outros olham: mas que coisa horrível! Cada um olha e sente aquilo que sua alma demonstra. Eu posso

achar uma árvore bela, e a outra pessoa achar a árvore feia. A escolha é de cada um, o sentimento é de

cada um.

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Ressalta ainda Leadbeater:

Temos três estados notórios de matéria: o sólido, o líquido e o gasoso. Sob certas variações de

temperatura e pressão, todas as substâncias podem existir em qualquer dos referidos estados.

Vocês vejam por exemplo a água: A água, se congelar, fica sólida, se ferver, transforma-se em vapor.

Sólido, líquido e gasoso da mesma substância. Então todas as substâncias têm a possibilidade de passar

por estes três estágios. Há um outro estado ainda mais sutil, que é o que eles chamam de etérico. O

nosso corpo físico tem a parte mais densa, que é a matéria física propriamente dita, e tem a matéria mais

sutil, que é a matéria etérica. Todos nós somos envolvidos por uma aura, vamos dizer assim, que é o

nosso corpo etérico, em primeiro lugar.

No livro, O Homem Visível e Invisível, está representado um diagrama com a representação dos planos,

bem como os nomes dos corpos correspondentes a estes planos. Então, o plano mais externo, o único

normalmente conhecido, é o nosso corpo físico. Nem o etérico nós conhecemos; nós não sabemos que

estamos sempre com um energia além do nosso corpo físico. Em seguida vem o plano astral ou corpo

astral. Já no plano mental, temos o corpo mental inferior ou concreto, também chamado rupa ou com

forma, e o corpo mental superior ou abstrato, conhecido como corpo causal, arupa ou "sem forma". No

plano búdico nós temos o corpo búdico, ou seja, o corpo da intuição. Quantas pessoas já passaram por

esta intuição e não perceberam? De um modo geral, as pessoas casadas têm muita facilidade nisto; às

vezes o marido fica pensando numa coisa e a esposa diz aquilo que ele está pensando, capta na hora,

sente; isto vem do plano búdico. No nirvânico está o tríplice espírito do homem, que é justamente atma,

buddhi e manas. Esta tríade é importante para a nossa compreensão.

O plano nirvânico é aquele em que o homem alcança o estado de felicidade e paz transcendentais, que a

compreensão humana não pôde ainda atingir.

Quer dizer, quando nós nos purificamos totalmente, quando não temos mais um sentimento de maldade,

quando não abrimos a boca para ferir quem quer que seja, quando todas as nossas atitudes são puras, aí

então, nós estamos chegando ao estado nirvânico. Mas além do nirvânico tem o anupadaka e o adi, ou o

paranirvânico e o mahaparanirvânico. No budismo eles ensinam o seguinte: quando vocês conseguem

parar a roda de sansara, ou seja, a roda das encarnações sucessivas, quer dizer, quando você resgatou

todo o seu carma, não precisa mais reencarnar, então você está no átmico. Mas aí, o paranirvânico diz

assim: Não. Eu tenho que voltar para ajudar aqueles que ainda estão carentes; este é chamado

bodhisattva, é o Buda da Compaixão. Ele não precisa mais reencarnar, mais desce para poder ajudar

aqueles que ainda caminham nas trevas da ignorância.

Quanto aos planos paranirvânico e mahaparanirvânico, foge completamente a nossa imaginação porque

são desconhecidos para nós, mas nós sentimos. Muitas pessoas dizem: Ah, mais eu vi, eu senti, eu

sonhei ... O Mestre Saint Germain diz o seguinte: Quando vocês se purificarem, vocês entrarão em contato

com todos os Mestres de Sabedoria; todos eles estão dentro de vocês. Todos os Mestres de Sabedoria

estão dentro de nós, é só vocês acordarem. Há um sistema muito interessante no livro Leis do Triunfo: Se

você quer melhorar-se, por exemplo, num caso comercial, imagine uma mesa redonda, você se coloca

num ponto, num outro você coloca o Rockfeller, no outro você põem um grande homem de negócio, e vai

botando todos eles ali, lembrando-se da história de cada um, e você então se considera realmente capaz

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de chegar aonde eles estão. Na parte espiritual eu faço assim: eu estou sentado ao lado de Jesus, Buda,

Krishna, Zoroastro, de cada um dos grandes Mestres de Sabedoria, e eu vou procurando me lembrar das

vidas deles, e vou procurando dizer assim: eu posso chegar aonde eles chegaram se eu me dedicar com

todo o esforço em busca deste ser divino que eu trago em meu coração. Isto é o que nós temos de fazer;

todos nós.

Devemos, portanto, considerar o corpo físico unicamente como instrumento da alma, merecendo ser

tratado com o máximo carinho, da mesma forma que fazemos com as ferramentas ou instrumentos de que

nos servimos no exercício de nossas profissões.

Vocês vejam bem, nós devemos tratar o nosso corpo com todo o carinho, e nós não o tratamos. Nós

bebemos, nós fumamos, fazemos extravagâncias de todos os tipos, comemos de forma errada e vamos

depauperando este corpo. Gente, eu já estou com sinais de idade, mas estou com 84 anos, e estou aqui,

vivo. Por quê? Porque eu quero me melhorar cada vez mais. Eu procuro fazer com que este corpo adquira

a energia necessária para continuar a sua jornada. Eu quero viver para transmitir os ensinamentos que

vim apreendendo durante mais de sessenta anos dedicados a esta vida espiritual. São mais de sessenta

anos que eu caminho, e muitas vezes as pessoas ficam admiradas quando eu digo que se eu levantei o pé

para dar o primeiro passo, já estou contente. Mas sessenta e tantos anos e você só levantou o pé? Eu

digo: É, só levantei o pé. Mas já estou com o pé na estrada, vou caminhar. Já levantei o pé, não estou

marcando passo para ficar como bate-estaca. Vou afundar? Não. Vou caminhar para frente e para o alto.

Como dissemos anteriormente, o corpo físico denso é composto de matéria correspondente aos três

subplanos inferiores do plano físico - matéria sólida, líquida e gasosa. Os outros quatro subplanos

apresentam matéria mais rarefeita, que são a matéria etérica, superetérica, subatômica e atômica, que

entram na composição do duplo-etérico.

Cada um dos corpos ou planos tem sete subplanos; os mais inferiores no corpo físico são o sólido, líquido

e gasoso; nos quatro subplanos superiores são o etérico, superetérico, o subatômico e o atômico.

Este duplo-etérico é a contraparte perfeita do corpo físico, servindo de veículo para o prana - a energia

que regula e conserva as atividades do corpo físico.

Prana é a substância vivificadora que nós adquirimos quando fazemos uma inspiração dizendo: absorvo o

prana, substância vivificadora, que vai me dar energia capaz de me levar a todo o êxito que eu busco

encontrar na vida.

Ao desenvolvermos as faculdades clarividentes em decorrência da vivificação dos chacras do duplo

etérico...

Chacras são pontos de energia. Nós temos sete chacras principais, quando nós chegarmos ao sahasrara,

que está no alto da cabeça, o "chacra das mil pétalas", aí então vem o despertar final, aí nós conseguimos

dizer, como Jesus disse: Eu e meu Pai somos um. Mas até chegar lá tem uma caminhada bem longa.

Como o corpo astral é o corpo dos desejos e das emoções, devemos estudar os meios necessários para

controlá-lo e purificá-lo.

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Porque, na realidade, o corpo dos desejos é uma coisa terrível. Os desejos são tremendos, e às vezes,

desejos errôneos, gravemente errôneos, que vão nos levar a uma derrocada total. Então nós temos que

controlar este corpo dos desejos.

Sabemos que este controle é extremamente difícil, mas é necessário controlá-lo e purificá-lo se é que nós

queremos alcançar aquilo que todos nós buscamos - a felicidade.

Quem é que não quer ser feliz? Eu duvido que haja alguém que não queira. Eu quero ser feliz; todos nós

queremos ser felizes. Então nós temos que buscar os meios para alcançarmos esta felicidade, ou seja, a

iluminação, a luz que nós estamos buscando e que está no nosso interior.

Sabemos então como nós devemos fazer, e quando o homem alcança o domínio dos seus desejos, terá

dado o grande passo no caminho da liberação.

Dominar o corpo dos desejos é difícil porque ele está sempre em contato com o mental inferior, eles se

interligam. É preciso que o mental superior influencie o mental inferior, para que ele, por sua vez, domine o

astral, e aí o homem se transforma. Uma das funções primordiais do corpo astral é a transformação das

vibrações físicas em sensações - o corpo astral quer sensações. Outra das suas funções consiste em

estabelecer as qualidades agradável e desagradável. Se eu vou a um determinado lugar, e não gosto do

ambiente, é desagradável; se eu vou num outro e gosto, é agradável. O corpo do desejo ou astral tem

destas coisas, ele converte as sensações em sentimentos de prazer ou de dor.

O corpo mental inferior, o veículo dos pensamentos concretos, é a parte da personalidade transitória em

cada encarnação

Até o corpo mental inferior desaparece quando nós morremos. O mental superior, o búdico e o átmico

continuam para a nova encarnação. Aí nós voltamos com todos os conhecimentos adquiridos na vida

passada que estão gravados no mental superior.

A mente inferior, por muito tempo, é apenas a servidora e escrava do desejo, está sempre ligada ao

desejo, sempre ligada ao corpo astral. A medida porém que se desenvolve e ganha força, passa a exercer

controle sempre crescente sobre o desejo, acabando por dominá-lo. E, quando domina o corpo dos

desejos, nós já subimos mais um degrau da escada.

A primeira função do corpo mental inferior é converter as sensações astrais em percepções mentais de

cor, forma, som, gosto, cheiro e tato.

Vejam, por exemplo, quando vocês seguram uma laranja: vocês olham a forma da laranja, a cor, sentem o

cheiro, o sabor, então vocês têm todas as características daquela fruta a sua disposição, sabem tudo

sobre ela.

A sua segunda função é combinar as percepções mentais ou imagens derivadas dos diferentes órgãos

dos sentidos em uma imagem composta. Isto é, composta de todos os elementos dos sentidos.

Não sei se vocês sabem, mas estes corpos apresentam cores. Cores muito sérias às vezes. Cada cor tem

um significado, e isto já está comprovado pela fotografia kirlian. Na fotografia kirlian, por exemplo, da mão,

vocês vêem a mão com uma série de vibrações de cores diferentes de acordo com os sentimentos que

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vocês estão naquele momento. Por exemplo, o vermelho é a cólera; o preto é o ódio. Então, tem uma

variedade tremenda de cores para mostrar como é que nós devemos agir. Se nós queremos a

tranqüilidade, vamos procurar sempre manter a serenidade, a paz; nada de irritação, nada de ficarmos

entrando na faixa vibratória negativa de nossos irmãos. Nós temos que ter sempre aquela vibração

positiva: se Deus é por mim, quem será contra mim? Ninguém. Eu vou em frente.

O corpo causal ou mental superior é o mais inferior dos veículos do Ego imortal, que perdura de uma vida

para outra.

Então, só o mental superior, o búdico e o átmico continuam a sua jornada em encarnações sucessivas.

O corpo causal é composto de matéria dos três subplanos superiores do plano mental, funcionando

através de átma, buddhi e manas. Ele é o repositório de todas as experiências através das quais o Ego

passa em sucessivas encarnações, e das faculdades que desenvolve no curso da sua evolução.

Vocês vejam, todo mundo fala que não existe reencarnação. Mas a vedanta dizia que existe

reencarnação, o budismo falava sobre a roda de sansara, que é a roda das encarnações sucessivas, a

teosofia mostra que existe realmente a reencarnação e que nós temos que acreditar nisto, porque, senão

Deus seria injusto. Por que vem uma criatura perfeita e sadia e outra toda deformada e aleijada? A que

vem aleijada, vem em decorrência de crimes praticados em vidas passadas; a que vem pura, cada vez

mais sadia, vem com uma outra condição. Na realidade, está escrito na bíblia que Deus fez o homem a

sua imagem e semelhança, se Ele fez o homem a sua imagem e semelhança, Ele fez todos nós perfeitos.

Por que vem depois estas pessoas deformadas, terríveis, que nos causam até piedade? É em decorrência

das falhas cometidas. Por isso é que nós dizemos: Deus não nos pune. Deus não nos castiga. Quem se

pune ou se premia somos nós, com nossas ações. Atentem bem para isto - somos nós que nos punimos

ou nos premiamos -, Deus apenas diz amém. Você está fazendo errado? Amém, continue errando. Você

está fazendo o bem? Amém, que você continue crescendo. Só isto, mais nada. Ele não nos pune,

entretanto, aqueles que nos antecederam, disseram que Deus era irado, que Deus punia, que Deus era

vaidoso, que Deus se arrependeu de ter criado o homem ... (isto está na bíblia, não sou eu que estou

dizendo)

O gradual desenvolvimento das características humanas e espirituais ou divinas é marcado pelo

desenvolvimento do corpo causal, o que determina a intensificação da luminosidade da aura da pessoa.

Há pessoas que têm uma aura realmente linda, mas há pessoas vaidosas ... Uma vez eu fui a uma

reunião, e estava o palestrante dizendo: A minha aura é totalmente branca e tem vinte metros de

extensão. Aí perguntaram para mim:

É verdade?

Ele está dizendo, mas é mentira. Se ele dissesse isto com consciência, ele não diria, porque a aura branca

é mais da criança, que é pura.

Quando a criança é pura, não tem maldade, sentimentos negativos, é branca. Os Santos têm,

evidentemente, esta aura, que não tem dez ou vinte metros, tem quilômetros de extensão. É preciso que

nós não nos limitemos ao que um certo grupo de pessoas diz. São mestres? Que mestres! O verdadeiro

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Mestre nunca diz que é Mestre.

Djwal Kul, em certa ocasião um discípulo lhe disse:

Mestre, por favor me ajude!

Ele disse: Meu filho, eu não sou um Mestre. Eu sou apenas um discípulo que caminhou um pouquinho

mais do que você, e portanto a minha responsabilidade é maior do que a sua.

O verdadeiro Mestre nunca diz que é Mestre - e ele era o Mestre Tibetano!

A segunda função do corpo causal é agir como repositório dos frutos da evolução humana, à medida que

estes frutos são acumulados no desenrolar das sucessivas vidas do Ego.

Vão sempre se purificando. Agora vocês vejam uma coisa que nós falamos sempre com relação ao

plantio: se eu semeio o mal eu vou colher o mal. Só que se eu plantei uma semente do mal, eu vou colher

centenas de frutos do mal, porque a árvore vai dar frutos em várias safras. Eu vou colher isto? Eu quero o

mal para mim? De jeito nenhum! Eu só vou plantar amor, bondade compreensão, luz, para que eu possa

distribuir estes frutos com todos os irmãos, inegoisticamente. Nada de egoísmo, o egoísmo é terrível, é um

dos nossos piores inimigos. Nós não podemos ser egoístas.

Vem então buddhi, que é aquele corpo mais sutil. É a representação das manifestações peculiares que

têm lugar através do corpo búdico. Seu campo de expressão está além da mente; não só da mente

concreta inferior, mas também da mente abstrata, que trata de princípios gerais e opera através do corpo

causal. Assim, concluímos que as funções de buddhi transcendem as da mente, e não podem ser julgadas

pelo critério do intelecto. Uma das funções de buddhi é a compreensão, em seguida vem a inteligência e,

logo após, o discernimento. Há ainda a capacidade de reconhecer e compreender as verdades da vida

espiritual.

Assim, podemos discernir entre o conhecimento e a sabedoria. (atentem bem para isto) Nós temos a

capacidade de reconhecer a diferença entre conhecimento e sabedoria, uma vez que conhecimento

consiste apenas na atuação do intelecto, enquanto que a sabedoria resulta da iluminação do intelecto pela

luz de buddhi.

Nós falamos de início que os intelectuais são vaidosos; eles não crescem, não podem de maneira

nenhuma ser espiritualizados. Daí decorre o fato de recomendarmos: (atentem bem para isto, por favor)

Não confunda aqueles que se consideram espiritualistas, unicamente pelo fato de terem conhecimento

pela leitura de normas espirituais, que não vivenciam, com os espiritualizados, cujas vidas se norteiam

pela prática de tais normas.

Não adianta o camarada dizer-se espiritualista por saber de cor O Homem Visível e Invisível ou o livro de

autocultura do Taimni. Não. Não adianta. É preciso vivenciar. Se não vivenciar pode caminhar quilômetros

que não aprende nada, e não consegue subir um degrau da escada.

Chegamos finalmente ao corpo átmico, regido pela divindade que como disse São Paulo - faz morada em

nossos corpos físicos; dele emana a força e poder do Pai superior. É por meio do plano átmico que a alma

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de cada um de nós é governada e dirigida, desde quando viemos pela primeira vez à Terra, até o nosso

retorno, já completamente purificados, à fonte que nos deu origem - Deus.

Taimni considera o plano átmico como a casa de força. Casa de força é o lugar onde tem toda a energia

que sai por fios para levar energia aonde quer que seja. Então ele diz:

O plano átmico é a casa de força da qual emanam as energias necessárias à peregrinação da alma

individual durante sua caminhada evolutiva, a fim de sobrepujar as provas decorrentes das falhas por ela

própria cometidas, pela transgressão das leis divinas, até atingir o topo da escada evolutiva.

Na realidade, somos nós que cometemos os desatinos, somos nós que erramos. Nós sempre dizemos o

seguinte: Deus fez uma única lei - a lei do bem. Enquanto nós vivermos praticando o bem, estamos

seguindo a lei divina. Na hora em que nós não praticamos o bem, criamos, com as nossas atitudes, o mal.

Então somos nós que criamos o mal.

Zoroastro fala, e eu digo isto no livro: nós vamos criando com os nossos pensamentos coisas negativas

que vão se acumulando num buraco na Terra, e estas forças têm vida. A minha força negativa, com a

força negativa dos outros vão formar uma entidade chamada Ahriman. Vejam bem, Ahriman é o tentador,

e nós procuramos dizer o seguinte: Será que vocês aceitam Lúcifer como demônio? O que é Lúcifer? O

nome Lúcifer significa o portador da luz. Pode o portador da luz viver nas trevas? Ele vai às trevas para

levantar aqueles que lá estão para retornarem aos braços de Deus.

Zoroastro dizia que céu e inferno são estados de alma, não são lugares na Terra. Os demônios não estão

lá fora, estão dentro de cada um de nós. Vaidade, orgulho, mentira, hipocrisia, intolerância, luxúria, são os

demônios que estão dentro de nós. Jesus foi tentado por Satanás. Quem era Satanás para Jesus? A

vaidade. Ele tinha realmente poderes, ele podia; ele ouviu aquela voz: Você está com fome? Transforme

estas pedras em pão. Ele podia fazer isto porque tinha o poder, mas imediatamente eliminou a vaidade e

disse: Não é só de pão que vive o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus. E acabou;

venceu a vaidade. Venceu o satanás que estava dentro dele querendo fazer com que ele caísse em falha,

mas ele não caiu. Com Buda foi a mesma coisa. O mesmo estágio, a mesma peregrinação, e o mesmo

período de purificação.

Para terminar, Julgamos oportuno transcrever aqui o que diz Taimni no livro Autocultura à Luz do

Ocultismo:

É por ser o homem, como personalidade, completo somente no plano físico, que pode elaborar a sua

liberação apenas durante a vida física, e não na vida depois da morte nos planos astral e mental.

Se ele não consegue, vai retornar numa encarnação nova para continuar a sua jornada. Não adianta ir

para o "outro lado" e se purificar lá. Não pode. Muita gente pensa que quando a pessoa desencarna a

alma já é santa: Olha, quem está falando aqui é a alma de fulano. Mas é errado! Como é que ele agora é

santo? Não pode de maneira nenhuma. Não existe isto. Então, ele tem que retornar para crescer.

Vejam bem:

A vida vivida no plano físico é assim a mais importante numa encarnação. Isto se deve, sem dúvida, ao

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fato de que esta vida reflete e, especialmente, corporifica a vida da alma, o aspecto mais elevado da

individualidade. Pode-se assim dizer, de maneira geral, que o caminho para a mente superior é através da

mente inferior; para buddhi, através das emoções; e para átma, através da ação.

Nós temos que agir. Temos que praticar o bem sem olhar a quem. Temos que vivenciar sempre, sempre e

sempre aquilo que nós queremos que os outros façam a nós. Se nós queremos que os outros nos amem,

procuremos manifestar o amor em primeiro lugar. Isto que é importante.

Gente, nós terminamos aqui. Os meus livros são todos eles marcados e riscados de ponta a ponta, mas se

eu fosse falar aqui tudo o que eu tenho para falar, não acabaríamos hoje, mas vocês têm necessidade de

voltar para os seus lares, o frio lá fora está intenso, e eu estou aqui transpirando barbaramente, estou com

calor, o meu corpo está quente, está fervendo. Neste livro que eu tenho aqui, nós temos uma poesia em

que nós dizemos o seguinte:

Desperta irmão. Desperta.

Compreendo não ser possível ainda,

Alertar o desnorteado irmão meu,

Que a dor que os atinge de forma infinda

É por não terem em seu interior, Deus.

Gostaria de mostrar, sem nada lhes dizer,

Ser Deus a força que rege seus pensamentos,

Palavras, atos, intuições, sentimentos,

Além das demais manifestações do seu ser.

Se eles pudessem sentir a alegria da alma

desperta pelos poderes seus,

Por certo não mais impediriam

A via do seu retorno aos fortes braços de Zeus,

À divindade que em todos nós habita,

Não importa o nome que lhe queiramos dar,

Seja Brahma, Jeová, Vishnu ou Shiva,

Só nos ensina uma atitude - Amar.

Pergunta: O que seria o Buda terrestre e o Buda celeste? Qual é a diferença?

Veja bem, a diferença é a seguinte: O Buda que terminou as suas reencarnações, e fica sentado: Não

devo mais nada. Ele não progride.

O Bodhisattva é aquele que tendo terminado as suas reencarnações, que já resgatou todas as suas

dívidas, ele olha para a Terra e diz: Mas tem tanta gente sofrendo. Eu vou voltar para ajudá-los. Ele já vem

para servir, como Jesus o fez. Jesus não precisava vir à Terra, ele veio para dar exemplo, para fazer com

que nós acordássemos. Isto que é a realidade.

Então, o Bodhisattva é aquele que não mais precisando reencarnar, vem para ajudar aqueles que ainda

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caminham na ignorância. Só isso.

Pergunta: O Buda terreno é a manifestação deste Bodhisattva?

O Buda terreno é aquele que já veio, como Jesus. Jesus é um Buda. Jesus é um Mestre de Sabedoria que

veio para dar exemplo para que os outros despertem. Ele é um Bodhisattva. Ele veio como Buda terreno

ou Cristo. Na realidade, Jesus é o homem, Cristo é a divindade no homem. Então, o Cristo estava dentro

dele para que ele viesse manifestar toda aquela energia e dizer como ele disse: Todos vós podereis fazer

tanto quanto eu e mais ainda. O que é preciso é despertar esta divindade que está adormecida dentro de

nós.

Pergunta: A mônada chega na encarnação, digamos "a zero". Ora, se ela chega limpa, onde é que eu criei

este tal de carma que eu tenho que limpar?

Na primeira encarnação que nós chegamos na Terra, somos puros feitos à imagem e semelhança de

Deus. Só que Deus não está com os cordéis e nem você é apenas um marionete nas suas mãos. Ele

soltou você na Terra e deu a você o direito de escolha, ou seja, o livre-arbítrio. Você pega o livre-arbítrio, e

tem o caminho do bem e o caminho do mal; você sabe que o caminho do bem vai levar você às alturas,

mas, de vez em quando, você transgride, vai para o lado, e vai criando pelas suas atitudes o seu carma

negativo.

Também tem o carma positivo. O carma é uma conta-corrente de créditos e débitos, tem o lado bom e o

lado mal. Você não é totalmente mal nem totalmente bom quando você vem. Você vem para se purificar.

(se você quer) Todos nós, sem exceção, podemos ser bandidos ou santos se o quisermos. A escolha é

nossa. Nós temos que escolher o caminho; é preciso que escolhamos. Tem uma história para você:

Um camarada era ladrão, e toda a noite ele entrava nos jardins de um sultão, onde tinha um lago cheio de

carpas coloridas, lindas; roubava algumas e ia embora. Mas o sultão tinha paixão por aqueles peixes, e

todo dia ele ia visitar os peixes. Chegou uma ocasião e ele disse:

Eu estou achando que está faltando alguns peixes meus - chamou os guardas do palácio e mandou que

colocasse vigia em todo o terreno do jardim.

Quando o ladrão pulou para o jardim e percebeu que estava todo ele cheio de soldados, sentou-se

embaixo de uma árvore, jogou cinza na cabeça e ficou lá, como se estivesse meditando. Nisso, um guarda

chegou, viu aquele homem e foi correndo dizer ao sultão:

Sultão, tem um santo no seu jardim!

O sultão chegou lá, viu o homem naquela posição, ajoelhou-se e beijou os pés dele. O ladrão então

pensou: Se eu, um bandido, pelo simples fato de ter fingido que sou santo, recebi os beijos os sultão nos

meus pés, eu tenho que me transformar. E se transformou.

Pergunta: [inaudível na gravação]

De maneira nenhuma. Para mim a mulher é mil vezes superior ao homem. Se não fosse ela eu não estaria

aqui. Se não fosse a minha mãe eu não estaria aqui. Foi ela que me deu à luz, me trouxe ao mundo, foi

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ela que me carregou durante nove meses. Então a mulher é mil vezes superior ao homem. O homem teve

dois ou três minutos de prazer sensual, nada mais. Três minutos de prazer, de sexo, e a mulher fica com o

filho no ventre durante nove meses, dando carinho, dando amor, fazendo tudo. Quem é que vale mais? É

a mulher, sem dúvida.

Pergunta: [inaudível na gravação]

Isto aqui é matéria. É necessário porque nós estamos galgando os degraus da escada. Nós vamos

eliminando todas as negatividades do corpo astral, vamos passar para o mental inferior, para o mental

superior, para o búdico, para o átmico. Aí, vamos nos tornar Um com o Pai. Agora, aqui, todo mundo fala

assim: Fulano é superior, beltrano é superior, e chegam a dizer, lamentavelmente, que Saint Germain é

inferior a Morya, que Morya é inferior a Kut Humi, que Kut Humi é inferior ao Serapis Bey... Nenhum deles

é inferior ao outro; todos eles têm as mesmas características divinas como nós temos. O que nós

precisamos é manifestar estas características divinas. Agora, isto é vivência, é prática - eu quero, eu

posso. Então, eu tenho que fazer o possível para me transformar. Se eu não fizer o possível para me

transformar, não adianta nada, estou malhando em ferro frio. Eu quero ferro quente, e bater ali até

transformar naquela jóia que eu vou usar depois.

Então nós temos que compreender - é necessário. É como eu disse, a complexidade do homem é incrível,

é preciso que uns orientem os outros. Para orientar eles tem de ter um pouco mais de conhecimento do

que os outros, senão não adianta nada. Você tem mais conhecimento do que muitas pessoas. Você vai

ficar com o seu conhecimento incubado no seu interior, não vai dar para os seus semelhantes? Tem que

dar. E você dando, você está fazendo com que aquele que está se julgando inferior, vá se sentir capaz de

chegar um dia aonde você está.

É admiração que você tem que sentir por aqueles que estão acima, e nunca inveja. Você não pode invejar

aqueles que são superiores a você. Mas tem que admirá-los e dizer: se eles chegaram lá, eu também vou

chegar; eu posso chegar aonde eles estão. E você chegará, pela sua força, pela sua luta, pela sua

compreensão.

Agora, Mestre de Sabedoria, não tem um superior ao outro, todos eles têm as mesmas características, a

mesma vontade, o mesmo amor por todos nós. Por isso que Saint Germain disse: Quando nos

purificarmos, todos os Mestres que estão dentro de nós se manifestarão.

Para terminar, vamos dizer o que disse o Grande: No dia em que um só homem manifestar a plenitude do

amor, anulará o ódio de milhões. Plenitude do amor quer dizer um amor incondicional, um amor que nos

faz ver em cada criatura, não um homem, não uma mulher, mas uma manifestação de Deus.

Pergunta: Quando a gente desencarna com alguma diferença com alguém, com um parente, realmente a

gente vai reencarnar e ter que se acertar com estas pessoas?

É o óbvio ululante. Nós vamos voltar, e muitas vezes nós voltamos na mesma família. Quantos pais estão

em desarmonia com filhos? Quantos irmãos não vivem bem uns com os outros? Recentemente tive um

contato com uma pessoa que estava com câncer no seio. Por quê? Ódio do irmão. Vocês sabem o que

disse Louise Hay? O sentimento de ódio, de mágoa, provoca câncer. Ela tem um livro que diz: você pode

mudar a sua vida, você pode curar a sua vida. Na realidade, existe um provérbio que todo mundo

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conhece: Mens sana in corpore sano. Você só pode ter um corpo são se a sua mente for sã, for pura; aí

você não adoece, não tem problemas.

Eu fui condenado à morte pelo meu pai com dezoito anos de idade. Meu pai era médico, um bom médico,

e ele me disse assim: Meu filho, a medicina nada mais pode fazer no seu caso. Só Deus pode curá-lo. Eu

vou fazer 85 neste ano. Quem foi que me curou? O médico que está dentro de mim - Deus. Agora, o que

são os remédios que eu tomo? Também estão dentro de mim - amor, compreensão, bondade, tolerância,

paciência.

No livro que eu escrevi, eu digo assim: Existem dezesseis sinais secretos do verdadeiro espiritualista, ou

do verdadeiro rosa-cruz. (minha esposa diz que eu tenho quatorze com nota dez, e dois com nota zero, eu

não vou dizer quais.)

1- O espiritualista é paciente,

2- é bondoso,

3- não conhece inveja,

4- não é orgulhoso,

5- não é vaidoso,

6- não é desordenado,

7- não é ambicioso,

8- não se irrita,

9- não pensa mal dos outros,

10- ama a justiça,

11- ama a verdade,

12- sabe guardar segredo,

13- crê naquilo que conhece,,

14- é firme,

15- não pode ser vencido pelo sofrimento,

16- é membro da Sociedade.

Dos dezesseis, dois eu não tenho, isto, dito por ela, que vive comigo há tanto tempo. Ela sabe me analisar;

eu digo que ela é minha "generala", é ela que me fiscaliza: Olha, você está errado. Você não pode fazer

isto. Você não pode mentir, não pode dizer uma inverdade... (graças a Deus eu não digo)

Uma coisa muito importante para os casais, para os casados: Vocês querem viver em paz? Que o marido

elogie alguma qualidade da mulher, e que a mulher elogie alguma qualidade do marido - a harmonia se faz

no lar. Nunca repreendam ou apontem os defeitos um do outro, mostrem só as qualidades. Ela me

mostrou de uma forma diferente: Você tem duas coisas que você ainda tem que melhorar. É um grito de

alerta para que eu me purifique um pouquinho mais.

   

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