O Homem é tendencialmente corrupto

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  • DIRECTOR Pe. Jos Mario O. Manda | ANO 67 | N 43 | 20 de MARO de 2015 | SEXTA-FEIRA

    EDIO TRILINGUE | TRILINGUAL EDITION | SEMANRIO CATLICO DE MACAU | PREO 12.00 Mop

    www.oclarim.com.mo

    PT EN CH

    EN

    LOCAL PG. 5

    LOCAL PG. 7

    OPINIO PG. 8

    Papa anuncia Jubileuda Misericrdia

    Joaquim Pao DArcos:autor esquecido

    Sim EducaoPatritica

    DESTAQUE PG. 2

    ENTREVISTA PG. 4DESTAQUE PG. 3

    MATTHEW FRIEDMAN SOBRE O TRFICO DE SERES HUMANOS

    A polcia no est preparada

    BRIAN CLOWES, DIRECTOR PARA A INVESTIGAO E EDUCAO

    DA VIDA HUMANA INTERNACIONAL

    O Homem tendencialmente corrupto

    CARDEAL D. JOHN TONG ESTEVE ONTEM EM MACAU

    No podemos tolerar

    o extremismo islmico

  • D E S T A Q U E O CLARIM | Semanrio Catlico de Macau | SEXTA-FEIRA | 20 de Maro de 2015 PT2

    Director: Pe. Jos Mario O. Manda I AdministrAdor: Alberto Santos | Assistente dA AdministrAo: Wong Sao Ieng I editor: Jos Miguel Encarnao I editor-Adjunto:Benedict Keith Ip | RedAco: Pedro Daniel Oliveira I SecretAriAdo dA RedAco e FotogrAFiA: Ana Marques I trAduo: May Shiu-Ling Ho | ColAborAo: Joaquim Magalhes de Castro, Joo Santos Gomes, Pe. Joo Eleutrio, Carlos Frota, Lus Barreira, Jos Pinto Coelho, Vtor Teixeira, Manuel dos Santos, Oswald Vas, Padres Claretianos I direco grFicA: Miguel Augusto I PAginAo: Lei Sui Kiang I PropriedAde: Diocese de Macau morAdA: Rua do Campo, Edf. Ngan Fai, N 151, 1 G, Macau I TeleFone: 28573860 - FAx: 28307867 I Url: www.oclarim.com.mo I E-mAil: [email protected] I Impresso: Tipografia Welfare Ltd.S E M A N R I O C C A T L I C O D D E D M A C A U

    O anncio foi feito no segundo anivers-rio da eleio do Papa Francisco, durante a homilia da celebrao penitencial com a qual o Santo Padre inaugurou a iniciativa 24 horas para o Senhor. Esta iniciativa, pro-posta pelo Pontifcio Conselho para a Pro-moo da Nova Evangelizao, encoraja no mundo inteiro a abertura extraordinria das igrejas para convidar a celebrar o sacra-mento da reconciliao. O tema deste ano foi tirado da carta de So Paulo aos Efsios: Deus rico em misericrdia (Ef 2, 4).

    A abertura do prximo Jubileu ter lu-gar no cinquentenrio do encerramento do Conclio Ecumnico Vaticano II, em 1965, e por isso adquire um significado especial, impelindo a Igreja a continuar a obra comeada com o Vaticano II.

    No Jubileu, as leituras para os Domin-gos do Tempo Comum sero tiradas do Evangelho de Lucas, chamado o evan-gelista da misericrdia. Dante Alighieri define-o scriba mansuetudinis Christi (narrador da mansido de Cristo). So muito conhecidas as parbolas da mi-sericrdia presentes no Evangelho de Lucas: a ovelha tresmalhada, a dracma perdida, o pai misericordioso.

    O anncio oficial e solene do Ano

    CINQUENTENRIO DO ENCERRAMENTO DO VATICANO II

    Papa anuncia Jubileu da MisericrdiaO Papa Francisco anunciou, no passado dia 13 de Maro, na Baslica de So Pedro, a celebrao de um Ano Santo extraordinrio. O Jubileu da Misericrdia ter incio com a abertura da Porta Santa em So Pedro, na solenidade da Imaculada Conceio de 2015, e concluir-se- a 20 de Novembro de 2016 com a solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo. No incio do ano, o Santo Padre disse: Este o tempo da misericrdia. importante que os fiis leigos a vivam e a levem aos vrios ambientes sociais. Em frente!

    tramuros e Santa Maria Maior. O rito de abrir a Porta Santa exprime simbolica-mente o conceito de que, durante o Ju-bileu, oferecido aos fiis um percurso extraordinrio para a salvao. As Por-tas Santas das outras baslicas sero aber-tas sucessivamente abertura da Porta Santa da Baslica de So Pedro.

    A misericrdia um tema muito apre-ciado pelo Papa Francisco, que j quando era bispo tinha escolhido como seu lema miserando atque eligendo. Trata-se de uma citao tirada das Homilias de So Beda o Venervel, o qual comentando o episdio evanglico da vocao de So Mateus, escreve: Vidit ergo Iesus publica-num et quia miserando atque eligendo vidit, ait illi Sequere me (Jesus viu um publica-no e, fitando-o com sentimento de amor, escolheu-o e disse: Segue-me). Esta ho-milia uma homenagem misericrdia divina. Uma traduo deste lema poderia ser: Com olhar de misericrdia.

    No primeiro Angelus depois da sua eleio, o Santo Padre dizia: Sentir mise-ricrdia: esta palavra muda tudo. o melhor que podemos sentir: muda o mundo. Um pou-co de misericrdia torna o mundo menos frio e mais justo. Precisamos de compreender bem esta misericrdia de Deus, este Pai misericor-dioso que tem tanta pacincia (Angelus, 17 de Maro de 2013).

    No Angelus de 11 de Janeiro de 2015, afirmou: H sempre necessidade de mise-ricrdia, e importante que os fiis leigos a vivam e a levem aos vrios ambientes sociais. Em frente! Ns vivemos o tempo da misericr-dia, este o tempo da misericrdia. Na sua mensagem para a Quaresma de 2015, o Santo Padre disse novamente: Como desejo que os lugares onde a Igreja se manifes-ta, particularmente as nossas parquias e as nossas comunidades, se tornem ilhas de mise-ricrdia no meio do mar da indiferena!. No texto da exortao apostlica Evangelii gaudium, o termo misericrdia aparece 31 vezes.

    O Papa Francisco confiou a organiza-o do Jubileu da Misericrdia ao Pon-tifcio Conselho para a Promoo da Nova Evangelizao.

    In LOsservatore Romano

    Santo ter lugar com a leitura e publi-cao junto da Porta Santa, da Bula no Domingo da Divina Misericrdia, festivi-dade instituda por So Joo Paulo II, ce-lebrada no Domingo depois da Pscoa.

    Antigamente para os hebreus, o Jubi-leu era um ano declarado santo, que se celebra a cada 50 anos, no qual se devia restituir a igualdade a todos os filhos de Israel, oferecendo novas possibilidades s famlias que tinham perdido as suas propriedades e at a liberdade pessoal. Aos ricos, ao contrrio, o ano jubilar re-cordava que viria o tempo em que os es-cravos israelitas, tornando-se novamente iguais a eles, poderiam reivindicar os seus direitos. A justia, segundo a Lei de Israel, consistia sobretudo na proteco dos fracos (So Joo Paulo II, Tertio millen-nio adveniente, 13).

    A Igreja Catlica deu incio tradi-o do Ano Santo com o Papa Bonif-cio VIII, em 1300. Bonifcio VIII tinha previsto um Jubileu em cada sculo. A partir de 1475 para permitir que cada gerao vivesse pelo menos um Ano San-to o Jubileu ordinrio foi cadenciado com o ritmo de 25 anos. Um Jubileu ex-traordinrio, ao contrrio, proclama-do por ocasio de um acontecimento de importncia particular.

    Os Anos Santos ordinrios celebrados at hoje so 26. O ltimo foi o Jubileu do Ano 2000. A tradio de proclamar Jubi-leus extraordinrios remonta ao sculo XVI. Os ltimos Anos Santos extraordin-rios, do sculo passado, foram em 1933, proclamado por Pio XI por ocasio do XIX centenrio da Redeno, e em 1983, proclamado por Joo Paulo II por ocasio do 1950 aniversrio da Redeno.

    A Igreja Catlica atribuiu ao Jubileu judaico um significado mais espiritual. Consiste num perdo geral, na indul-gncia aberta a todos e na possibilidade de renovar a relao com Deus e com o prximo. Assim, o Ano Santo sempre uma oportunidade para aprofundar a f e viver o testemunho cristo com reno-vado compromisso.

    Com o Jubileu da Misericrdia, o Papa Francisco pe no centro da aten-o o Deus misericordioso que convida todos a voltar para Ele. O encontro com Ele inspira a virtude da misericrdia.

    O rito inicial do Jubileu a abertura da Porta Santa. Trata-se de uma porta que se abre apenas durante o Ano San-to, enquanto nos outros anos ela perma-nece murada. Tm uma Porta Santa as quatro baslicas maiores de Roma: So Pedro, So Joo de Latro, So Paulo ex-

  • D E S T A Q U EO CLARIM | Semanrio Catlico de Macau | SEXTA-FEIRA | 20 de Maro de 2015 PT 3

    O bispo de Hong Kong considera que a comunidade internacional no pode tolerar o extremismo islmico, devendo precaver-se de todas as formas de violncia.

    Em breves declaraes aO CLARIM, proferidas ontem no Pao Episcopal, o cardeal D. John Tong apelou a que todos sem excepo catlico e no catlicos no violentem quem professa o Islamismo, tendo defendido, no entanto, que [a Igreja Catlica] deve opor-se ao extremismo professado no Mdio Oriente.

    No querendo aprofundar a questo, rematou: Amamos o nosso semelhante, por isso no lutamos contra ele. Claro que h ex-cepes e a violncia a que vimos assistindo tem de parar.

    Questionado sobre o modo como de-correram os trabalhos da Conferncia

    PROVISO

    Jos Lai, Bispo Diocesano de Macau

    Fazemos saber que, por convenincia de servio, havemos por bem desligar

    o Cabido da S Catedral de Macau do encargo de Colgio dos Consultores do

    Bispo de Macau.

    Esta nossa Proviso entra em vigor no dia 11 de Maro de 2015.

    Dada em Macau, no Pao Episcopal, sob o Nosso Sinal e Selo de Armas,

    aos 11 de Maro de 2015.

    + Jos Lai

    Bispo de Macau

    CARDEAL D. JOHN TONG ESTEVE ONTEM EM MACAU

    No podemos tolerar o extremismo islmicoJOS MIGUEL [email protected]

    da no programa de festejos do patrono da instituio de ensino. Antes da cele-brao litrgica, D. John Tong encon-trou-se com D. Jos Lai, bispo de Macau, no Pao Episcopal.

    Tambm ele um antigo aluno do Semi-nrio, resumiu o incio do seu percurso de vida: Sempre que venho a Macau recordo tempos antigos. Cheguei a Macau em Fevereiro de 1951, vindo de Canto, ainda no tinha concludo a escola primria. Canto ficou sob a alada do regime comunista em 1949. Nos primeiros tempos nada aconteceu, at que co-mearam a expulsar os missionrios e a perse-guir os mais abastados. Embora a circulao das pessoas fosse vigiada, muitos conseguiram fugir. Eu tive a sorte de vir para o Seminrio, onde pude estudar, apreender valores morais e ticos, e descobrir a minha vocao. De Macau segui para Hong Kong, onde estudei Filosofia e Teologia. Dali fui para Roma e regressei a Hong Kong j ordenado.

    O cardeal regressou ex-colnia brit-nica, ainda ontem, ao final do dia.

    Consultiva Poltica do Povo Chins e da Assembleia Popular Nacional, durante os quais a religio no foi tema de discusso, D. John Tong relativizou o assunto, afir-mando: A situao na China tem vindo a melhorar. Hoje os chineses podem viajar no es-trangeiro; observam e conhecem outras realida-des. Ao verem o que se passa l fora, alargam os horizontes e trazem consigo a esperana de mais liberdade. Estou optimista.

    Em jeito de comparao, o prelado re-cordou as cerca de cem viagens que rea-

    lizou ao interior da China: Depois da era Deng Xiaoping, em finais de 1979, viajei mui-to pela China. Nesse tempo o Pas era menos to-lerante e aberto ao exterior. Os padres estavam proibidos de afixar a imagem do Papa nas igre-jas. Desde ento tenho seguido a evoluo e as respectivas mudanas realizadas pelo Governo Central. Apesar de todos os problemas, as me-lhorias so significativas.

    O bispo de Hong Kong esteve ontem em Macau para presidir a missa solene na igreja do Seminrio de So Jos, integra-

  • E N T R E V I S T A O CLARIM | Semanrio Catlico de Macau | SEXTA-FEIRA | 20 de Maro de 2015PT4

    BRIAN CLOWES, DIRECTOR PARA A INVESTIGAO E EDUCAO DA VIDA HUMANA INTERNACIONAL

    O Homem por natureza tendencialmente corrupto

    O CLARIM De que forma pode a Vida Humana Internacional desempenhar um papel importante num mundo onde o capitalismo e o consumismo regem a vida das pessoas?

    BRIAN CLOWES Precisamos de nos reorientar para longe das coisas tem-porrias, a favor das eternas. Devamos pensar mais em Deus e no carcter das nossas almas. Algo que descobri, assim como muitas outras pessoas, foi que to-dos os pertences, todas as drogas e todo o dinheiro do mundo no conseguem satisfazer ningum ou faz-los felizes.

    CL Que opes temos?B.C. A General Social Survey dos

    Estados Unidos mostra-nos trs indica-dores que podem dizer se algum po-der ser ou no feliz. O primeiro vem do facto de haver famlia com pai e me. O segundo estarem casados e terem fi-lhos. O terceiro acreditarem em Deus e serem religiosos.

    CL H polticos pelo mundo a ga-nhar muito dinheiro de forma duvidosa. Que opinio tem sobre o facto de, di-rectamente ou indirectamente, tambm serem responsveis pela promoo de valores desviantes?

    B.C. Precisamos, realmente, dos polticos. O problema que a natureza do Homem diz-nos que onde h uma oportunidade de ser corrupto muito provavelmente ir s-lo. Isto no era um problema h cinquenta ou sessenta anos. Pelo menos nos Estados Unidos

    O mundo precisa dos polticos, mas onde h falta de valores prevalece a corrupo, sustenta Brian Clowes. AO CLARIM, o director para a investigao e educao da Vida Humana Internacional aponta trs indicadores para a felicidade e descreve o que correu mal nos Estados Unidos, pas que considera ser to corrupto como as naes africanas. Descarta tambm que a Igreja Catlica esteja desactualizada, porque tem a cincia do seu lado.

    PEDRO DANIEL [email protected]

    os polticos eram honestos. Se olharmos para os jornais das dcadas de 40 e de 50 os polticos eram respeitados porque representavam o povo de forma decente e a maior parte das vezes eram honestos e frontais, em vez de corruptos.

    CL O que mudou?B.C. O problema deu-se nos anos

    60 quando os professores passaram a en-sinar aos alunos algo do gnero: faz o que quiseres; se te sentires bem podes faz-lo. E Deus passou a ficar fora das escolas e as pessoas comearam a dese-jar o consumismo, entre outras coisas. claro que se o Homem crescer neste ambiente e se desempenhar cargos de poder ir us-los em proveito prprio e ser corrupto.

    CL Faz vrias referncias aos Esta-dos Unidos. E sobre o resto do mundo? Muitas naes no seguem as mesmas

    polticas devido s suas especificidades de origem cultural, legados judicirios e por a fora...

    B.C. Temos que pensar na lei natu-ral porque no interessa onde estamos ou a cor da nossa pele. frica, Amrica Latina, Nova Iorque ou outra parte do mundo. No interessa! Podemos falar lnguas diferentes, vestir de outra forma, ter uma alimentaes diferente. Se olhar-mos bem, o corao humano sempre o mesmo. Se ns [cristos] no formos educados com fortes valores cristos, do gnero devemos preocupar-nos com os nossos irmos, no interessa se somos de Lagos, na Nigria, da Irlanda ou da Rssia. Se no tivermos estes valores ento vamos ser corruptos. O que est a atrasar o [desenvolvimento do] con-tinente africano a corrupo. Mas os Estados Unidos so to corruptos [como os pases africanos], mas ns [america-nos] apenas disfaramos melhor. H

    tantos bilies de dlares desviados todas as semanas nos Estados Unidos. Estamos chocados com isto. Mas claro, [a corrup-o] vai continuar porque aquilo a que fomos levados a acreditar.

    CL H crticos a defender que a Igreja Catlica est desactualizada e os contraceptivos podem resolver muitos problemas...

    B.C. Uma das lies que aprendi foi que, em termos de sexualidade, a cincia vai sempre ao encontro dos ensinamen-tos da Igreja. Quando eles [os crticos] sustentam que os preservativos previnem a SIDA, o contrrio que verdade por-que os preservativos falham uma em cada dezasseis vezes. Este resultado foi obtido nos Estados Unidos pelo guia de planea-mento familiar denominado Contracep-tive Technology. Quanto Igreja estar desactualizada, merece uma boa gargalha-da porque a Igreja est sempre frente da cincia. A Igreja percebe a Humanidade, e por esta razo a cultura da morte apa-rece com todo o tipo de solues, que cau-sam mais problemas do que resolues.

    CL Se a indstria dos contracepti-vos desenvolvesse um produto melhor no futuro, tal como um preservativo 100% seguro, ser que poderia aceitar--se o seu uso? Ou seria ainda considera-do pecado?

    B.C. A Igreja ensina que no deve-mos mutilar o corpo por ser o templo do Esprito Santo. Vemos outra vez a cin-cia apoiar a Igreja porque nos Estados Unidos temos vrios estudos a demons-trar que muitos casais que usam contra-ceptivos atingem uma taxa superior a 50% de divrcios. Quando os homens e as mulheres usam contraceptivos esto a dizer aos parceiros que os aceitam, ex-cepo da fertilidade. Isto causa grandes problemas nos casamentos.

    CL O mundo no apenas feito de cristos, porque h tambm muulma-nos, budistas, hindus e judeus, entre ou-tros...

    B.C. Temos trabalhado com todas as crenas e chegmos concluso que independentemente da religio em que se acredita a cincia aponta sempre para a mesma verdade, que seguir a lei natural, a forma como trabalha a na-tureza, e nunca de outra forma, porque a natureza no perdoa.

    [N.d.R. Na prxima semana O CLARIM entrevista Shenan Boquet, presidente da Vida Humana Internacional]

  • L O C A LO CLARIM | Semanrio Catlico de Macau | SEXTA-FEIRA | 20 de Maro de 2015PT 5

    FESTA DA ANUNCIAO DO SENHOR

    A Comisso Local do Grupo da Imaculada de Portugal, sediado em Ftima, promove como tem feito desde 1996 a celebrao da Festa da Anunciao do Senhor.

    Sua Excelncia Reverendssima D. Jos Lai, bispo de Macau, presidir celebrao.

    DIA: 25 de MARO de 2015, QUARTA-FEIRA

    LOCAL: IGREJA DO SEMINRIO DE S. JOS (entrada no Largo de St. Agostinho)

    HORA: 18H30

    HAVER: MISSA, RECITAO DO TERO, PROCISSO e BENO

    Nota: Para alm da Festa da Anunciao, antes da bno do bispo, ir proceder-se renovao da consagrao de Macau e suas Famlias ao Imaculado Corao de Maria.

    O grupo de catequistas de ln-gua portuguesa da igreja de Nossa Senhora do Carmo, na Taipa, organiza no Domingo, aps a missa das 11 horas, a representao de algumas ce-nas da Paixo de Jesus Cristo, com base no Evangelho de So Marcos.

    Participam na activida-de cerca de 40 crianas que frequentam a catequese no presente ano. A celebrao enquadra-se no perodo da Quaresma, tempo de prepara-o para a vivncia do grande mistrio pascal de Nosso Se-nhor Jesus Cristo.

    de registar o interesse de todos os que neste acontecimento esto envolvidos, ao qual os pais e os cristo catlicos aderem com alegria, no s pela sua colabora-o e entusiasmo, como tambm pela f demonstrada no mistrio da ressurreio, que os faz crescer e caminhar cada vez mais para

    O directOr-executivO do Mekong Club, Matthew Friedman, disse na passada tera-feira aO CLA-RIM que a polcia de Macau no est preparada para combater o trfico de seres humanos desti-nado explorao sexual.

    O problema da polcia no es-tar treinada para distinguir entre o criminoso e a vtima. Se uma pessoa no estiver na posse dos papis de imigrao, ou se fizer a solicitao de sexo de forma errada, detida. A polcia no est habituada ao facto dessa pessoa at poder ser uma vtima [do trfico de seres hu-manos], referiu o responsvel pelo movimento de combate ao negcio da escravatura.

    Friedman sustentou que preciso muito treino policial e edu-car a autoridade para perceber a diferena entre o criminoso e a vti-ma. Por outro lado, defendeu a necessidade de mulheres polcias a lidar com este tipo de situaes, de modo a ser criado um ambiente se-guro para quem esteja em situao fragilizada e lhe permita transmitir assim a sua histria real.

    Na indstria do sexo h em qualquer parte do mundo uma cer-

    MATTHEW FRIEDMAN SOBRE O TRFICO DE SERES HUMANOS

    A polcia no est preparada

    PAIXO DE JESUS CRISTO NA IGREJA DO CARMO

    Crianas ao encontro de Deus

    o nosso Deus infinitamente bom, manifestado no seu filho Jesus Cristo, vincou a irm Maria Lcia, uma das franciscanas missionrias organizadoras da iniciativa.

    P.D.O.

    ta percentagem de pessoas foradas a prostituir-se. Varia entre os 10% e os 20%. Por isso de esperar que num local onde h muito jogo e um grande nmero de turistas, me-diante determinadas circunstn-cias, tambm possa haver prostitui-o forada, vincou, em aluso a Macau.

    Matthew Friedman mostrou--se ciente que o assunto at abordado pelo Governo da RAEM, mas que este no estar a dar o devido nfase proble-mtica por forma a assegurar o trabalho com as ONG, e destas com o sector privado. H lugar para muito mais coordenao entre as partes, justificou, acrescen-tando que falta ao Governo tomar a liderana e fazer a diferena.

    No seu entender, tambm muitos empresrios desconhe-cem a verdadeira dimenso do problema e ficam chocados ao saberem que, em pleno sculo XXI, ainda h escravido labo-ral. De igual forma abordou o caso das saunas: Podem sa-ber que as mulheres se prostituem, maioritariamente de forma vo-luntria, mas o problema saber a que tipo de voluntariado esto sujeitas? Se so enganadas para contrarem um emprstimo e so foradas, contra a sua vontade, a prostiturem-se numa sauna,

    ento estamos perante um caso de trfico humano.

    Se algum as quiser encontrar, pode encontr-las [s vtimas]. Se passar algum tempo com estas mulheres ir perceber que muitas delas esto em situaes nas quais no querem viver. A reaco inicial dizerem que gostam de estar nas saunas, mas esto a mentir por cau-sa das ameaas que lhes so feitas, descreveu.

    As prostitutas no so as ni-cas vtimas, pois tambm ha-ver empregadas domsticas que provavelmente estaro em situaes difceis, frisou, adiantando que at haver escravos humanos que estaro mediante determinadas cir-cunstncias a trabalhar nas obras de construo civil.

    Macau tem um plano de aco, leis, anncios, procedimentos e abri-gos, mas como em qualquer parte do mundo pode-se desenvolver um tra-balho ainda com mais profundida-de sobre o que realmente necessrio fazer para combater o problema, concluiu.

    As declaraes de Matthew Friedman foram feitas margem da cimeira de um dia sobre a Li-derana Empresarial para Termi-nar com o Trfico Humano e a Escravido Moderna. O evento, organizado pelo Centro do Bom Pastor, decorreu no MGM.

  • L O C A L O CLARIM | Semanrio Catlico de Macau | SEXTA-FEIRA | 20 de Maro de 2015PT6

    CARTOON

    CONHECER AS LEIS DE MACAU

    Recentemente, a Polcia Judi-ciria divulgou as estatsticas do ano passado (2014), segundo as quais o maior nmero de casos instaurados inclui o crime de furto (num total de 1.525 ca-sos), a passagem de moeda falsa (incluindo o uso de cartes de crdito falsificados, num total de 308 casos), entre outros.

    Por outro lado, alguns casos instaurados registaram uma su-bida notvel em comparao com o ano de 2013, incluindo os casos de burla, sendo que o nmero global corresponde a uma subida de cerca de 50% em relao a 2013. Os crimes de sequestro e usura, que esto relacionados directamente com o jogo, tambm aumentaram quase 80% e 30%, respectiva-mente. A seguir apresentamos as disposies da lei relativa aos referidos trs crimes.

    BURLA

    Quanto aos crimes de burla, aos casos de burlas telefnicas e de burlas praticadas atravs

    Aumento do nmero de trs tipos de crimes

    da internet tambm houve um aumento. Registaram-se 375 ca-sos de burlas telefnicas no ano passado, o que corresponde a uma subida de mais de 3 ve-zes em comparao com 2013. Houve 452 casos de burlas pra-ticadas atravs da internet, o que representa um aumento de 33% em comparao com o ano anterior. De acordo com o Cdigo Penal, quem, com in-

    teno de obter para si ou para terceiro enriquecimento ileg-timo, por meio de erro ou en-gano sobre factos que astucio-samente provocou, causando prejuzo patrimonial, pratica o crime de burla, sendo punido com pena de priso at 3 anos.

    Por outro lado, se o prejuzo patrimonial resultante da burla for de valor superior a 30.000,00 patacas, de acordo com a lei, o

    agente punido com pena de priso at 5 anos. Se o prejuzo patrimonial for de valor supe-rior a 150.000,00 patacas, ou o agente fizer da burla modo de vida, ou a pessoa prejudicada fi-car em difcil situao econmi-ca, o agente punido com pena de priso at 10 anos.

    SEQUESTRO

    Quanto aos crimes de seques-tro relacionados directamente com o jogo, em 2014 registou--se um total de 71 casos, o que representa um aumento de cer-ca do dobro em relao a 2013. De acordo com o Cdigo Penal, quem detiver, prender, mantiver detida ou presa outra pessoa ou de qualquer forma a privar da liberdade, pratica o crime de sequestro, sendo punido com pena de priso at 5 anos.

    Se a privao da liberdade durar por mais de 2 dias, ou for precedida ou acompanhada de ofensa grave integridade fsi-ca, tortura ou outro tratamen-to cruel, degradante ou desu-

    mano, o agente punido com pena de priso at 12 anos.

    USURA

    Quanto aos crimes de usura, houve um total de 208 casos no ano anterior, o que representa um aumento cerca de 30% em relao a 2013. Nos termos da Lei n. 8/96/M (Jogo ilcito), quem, com inteno de alcan-ar um benefcio patrimonial para si ou para terceiro, facultar a uma pessoa dinheiro ou qual-quer outro meio para jogar, punido com pena de priso at 3 anos. Alm disso, quem for condenado por este crime pode ser punido com a pena acess-ria de proibio de entrada nas salas de jogos, por um perodo at 10 anos.

    Obs. O presente texto tem como

    principal referncia os artigos 152. e

    211. do Cdigo Penal e os artigos 13. e

    15. da Lei n. 8/96/M.

    Texto fornecido pela Direco

    dos Servios de Assuntos de Justia

  • L O C A LO CLARIM | Semanrio Catlico de Macau | SEXTA-FEIRA | 20 de Maro de 2015 PT 7

    JOAQUIM MAGALHES DE [email protected]

    Joaquim Pao dArcos, de seu verda-deiro nome Joaquim Belford Correia da Silva, filho do governador de Ma-cau Henrique Correia da Silva Pao dArcos (1918-1923), abordou temti-cas orientais em dois dos seus livros, Amores e Viagens de Pedro Manuel, de 1935, e Navio dos Mortos e outras Novelas, de 1952, este ltimo cen-trado na questo do trfico dos cules, essa nova forma de escravatura inven-tada nos finais do sculo XIX, assim a descreve o escritor, lembrando a im-portncia que os chineses atribuem, mania confucionista, ao lugar onde nasceram: Eu vi-o (a Siu-Chan) sempre marcado pela legenda o trfego dos mortos. Desde Cuba onde substituiriam os negros nas plantaes de acar, s ilhas do Pa-cfico e do ndico, onde so pescadores e artfices, pela costa ocidental das Amricas at Califrnia, onde constituem colnia rica e numerosa, por infindveis paragens se espraiam os chineses, obreiros e fugidos penria do Pas natal. A toda a parte chegam, garotos ainda, homens feitos, an-cios. Mas depois tm de voltar, se no em vida, pelo menos na morte.

    A trama de Navio dos Mortos e outras Novelas, que conheceu vrias edies em Portugal, anda em torno do assassinato da filha de um abasta-do negociante de Macau trazida de volta terra natal, num caixo, por um navio a essa funo destinado.

    Foram as milhentas almas, recolhidas com os milhentos cadveres, ao longo de inmeros portos do ndico e do Pacfico que fizeram a fortuna do velho Siu-Chan. Todos os anos, as sociedades lutuosas, que velam pela manuteno do culto dos mor-tos, lhe fretavam o navio; o valor do frete dependia do nmero de caixes cujo trans-porte previamente se assegurara. Por altu-ras de Maro, o navio abalava de Hong Kong; cerca do fim do ano regressava com o seu valioso carregamento de atades; escalava tambm em Macau, onde numa

    JOAQUIM PAO DARCOS, ROMANCISTA, DRAMATURGO, POETA E ENSASTA

    Mundividncia a OrienteContinua a ser, injustamente, um dos autores mais ignorados da Literatura Portuguesa do sculo XX, embora conte no currculo com um invejvel rol de obras traduzidas nas mais diversas lnguas Alemo, Espanhol, Francs, Russo, Finlands, Ingls, Romeno e Sueco, entre muitas outras. Referimo-nos a Joaquim Pao dArcos.

    sombria tarde de trovoada o vi aproximar--se do porto lodoso.

    Nascido em Lisboa no dealbar do sculo, 1908, Joaquim Pao dArcos rumaria a frica quatro anos depois, j que o progenitor fora nomeado go-vernador do distrito de Momedes. Mas o seu destino estender-se-ia mais a Oriente. Em 1919, chega a Macau, aps demorada travessia martima, e a permanecer at 1922, tendo sido alu-no do cardeal D. Jos da Costa Nunes, que logo se apercebeu da sua propen-

    so para a escrita. Os anos no territrio marcaram-no profundamente e dar--lhe-iam a tarimba que se repercutir mais tarde nas pginas dos seus livros.

    De regresso metrpole, encontra emprego num banco ingls e, dois anos depois, acompanha o pai at Moambique, desta feita como seu secretrio. Em seguida, aps uma es-tadia no Brasil, onde exerce mister de jornalista, entre outros, ingressa na Companhia Nacional de Navega-o e, em 1936, nomeado chefe dos

    Servios de Imprensa do Ministrio dos Negcios Estrangeiros, cargo que ocuparia at 1960.

    Sobre a sua mundividncia, escre-veu o ensasta Eugnio Lisboa: Ten-do vivido, desde muito novo, em frica e no Extremo Oriente e, mais tarde, tendo passado largas temporadas nos Estados Unidos, toda essa mundividncia vir a impregnar, com naturalidade e fluncia, o tecido sedutor da sua narrativa curta. Pao dArcos fala, repito, com naturalida-de, desses mundos diversos, como habitan-te de direito e no como viajante superfi-cial ou como internacionalista pacvio e contente.

    Pao d Arcos no foi apenas um autor bastante traduzido no seu tem-po, era tambm profusamente lido nos anos 40 e 50 e conta no curr-culo com vrias menes literrios, de destacar, em 1938, pelo seu romance Ana Paula: perfil duma lisboeta, o Prmio Ricardo Malheiros, trofu da Academia das Cincias de Lisboa, vi-sando estimular a cultura e a criao literrias em Portugal, que autores como Ferreira de Castro, Aquilino Ribeiro e Alves Redol receberem de bom grado, mas que o nosso autor acabaria por recusar. O mesmo no se passou quanto ao reconhecimento pelas suas obras Amores e Viagens de Pedro Manuel, Prmio Ea de Queirs; Neve sobre o Mar, 1942, prmios Fialho de Almeida e Gil Vi-cente; e O Brao da Justia, pea em nove quadros, 1964, Prmio Casa da Imprensa.

    A respeito de uma das suas obras mais conhecidas, o conjunto de seis roman-ces Crnica da Vida Lisboeta, disse s-car Lopes: Quando se quiser ver a nossa poca [anos 40 - 60] num cosmorama liter-rio, tal como hoje vemos a poca da Regenera-o atravs de Camilo, Jlio Dinis ou Ea de Queirs, ser preciso recorrer a estes romances de Pao dArcos quanto a determinados secto-res portugueses.

    Da estirpe dos grandes vultos do conto e da novela Guy Maupassant, Ruyard Kipling, Anton Tchekov, So-merst Maugham Joaquim Pao d Arcos recorreu stira, visando um sector da sociedade que bem conhecia e na qual, at certo ponto, se inseria. Infelizmente, o seu nome e obra pro-duzida estiveram votados ao esque-cimento ao longo das ltimas quatro dcadas. Situao que poder estar a mudar, pois o escritor, falecido em 1979, viu serem reeditados, em 2014, os trs livros de memrias que publi-cou, reunidas num s volume intitula-do Memrias da minha vida e do meu tempo, obra que faz parte, com todo o mrito, das recomendaes do Plano Nacional de Leitura.

  • O P I N I O O CLARIM | Semanrio Catlico de Macau | SEXTA-FEIRA | 20 de Maro de 2015PT8

    O L H A N D O E M R E D O R

    Sim Educao Patritica

    Ao contrrio de muitas pessoas, compreendo perfeitamente a vontade de Pequim em levar a educao patritica s escolas de Macau e de Hong Kong.

    Num pas imensamente grande, como o caso da Repblica Popular da China, com uma populao abismal de quase 1,4 mil milhes de pessoas, onde h uma grande diversidade de etnias (han, zhuang, manch, hui, uigur, mongol, tibetana, coreana, shui, qiang, trtaros, etc.) e vrios dialectos em uso (Mandarin, Jin, Wu, Hui, Gan, Xiang, Min, Hakka, Cantonense e Ping), nada melhor do que dar a conhecer aos homens e s mulheres do futuro a cultura e a grandeza desta milenar China.

    No mundo actual so vrias as ameaas exteriores que podem pr em causa a estabilidade e a unidade da RPC, quer ao nvel das suas fronteiras territoriais (ponho de lado as martimas, porque esto a ser disputadas por vrios pases, no havendo ainda consenso no Mar do Sul da China), quer ao nvel da prpria sobrevivncia do Pas (considero o Ocuppy Central um desses exemplos, porque a vingar poderia desencadear aces semelhantes na

    PEDRO DANIEL [email protected]

    China continental, correndo o risco de convulses sociais que, no limite, poderiam levar desintegrao da RPC em vrios Estados independentes).

    Aps o 19 de Dezembro de 1999, embora com estatuto especial, Macau passou a fazer parte integrante da Repblica Popular da China, razo pela qual o territrio no pode nem deve ficar de lado quanto s questes essenciais que afectam o Pas. Foi assim que o Governo da RAEM elaborou e a Assembleia Legislativa aprovou a legislao sobre o Artigo 23. da Lei Bsica. E ser assim que a educao patritica deve ser ministrada no territrio.

    No entanto, os contedos no podem de alguma forma branquear o passado, ou o presente, deste imenso pas, sob pena de serem um instrumento ao servio da temvel lavagem ao crebro da nova gerao.

    Ser deste modo que a educao patritica, adaptada realidade local, dever tambm dar a todos os estudantes a possibilidade de finalmente ficarem a conhecer com objectividade a razo de Macau continuar a ser a ponte entre o Oriente e o Ocidente e o papel (passado e presente) dos portugueses neste pequeno territrio. Neste prisma, a educao patritica imparcial torna-se um grande desafio e, at prova em contrrio, vou acreditar nessa

    imparcialidade.Por outro lado, pode-se aproveitar

    o momento para melhorar o sistema de ensino que nunca deveria submeter crianas e jovens, ainda em idade de formao, a esforos por mim considerados aqum do razovel, como o caso dos interminveis trabalhos de casa que lhes dificulta encontrar tempo disponvel para outras actividades. A escola representa uma etapa essencial na vida de uma pessoa, mas se ela for desde muito cedo ensinada a responder a persistentes automatismos dificilmente ter capacidade de se tornar num talento.

    Apenas duas notas: 1 - salutar que as reformas polticas nas duas RAE sejam iniciativas dos Governos de Macau e de Hong Kong, em vez de partirem de qualquer movimento de desobedincia civil, ainda por cima com motivaes dbias, como foi o caso do Occupy Central. 2 A demora em implementar o sufrgio directo universal para a eleio do Chefe do Executivo em cada uma das RAE no desresponsabiliza os governantes a fazerem mais e melhor em prol dos cidados dos respectivos territrios.

    MACAU DOCE

    Maro um dos meus meses favoritos. o incio da Primavera e tambm do Mundial de Frmula 1,

    que tenho vindo a acompanhar desde os memorveis tempos de Nelson Piquet, Nigel Mansell, Alan Prost e Ayrton Senna, entre outros. Existem mais motivos para gostar do ms de Maro, mas fico-me por estes dois.

    Em Macau deparei-me com outra realidade bem diferente da europeia: os almoos e jantares de Primavera so sempre uma boa oportunidade para confraternizar com aquelas pessoas que, por vezes, s encontro neste perodo de tempo. Macau pequena, mas ao mesmo tempo tambm grande!

    Confidncias parte, achei delicioso que os jornalistas fossem contemplados, na passada segunda-feira, com uma embalagem de Lucky Cookies (biscoitos da sorte) no Almoo de Primavera da Macao Water, onde tambm se comemorou o 80 aniversrio de modernizao do abastecimento local de gua.

    Na tarde do mesmo dia foi a vez dos jornalistas receberem uma apelativa embalagem azul e branca com um pequeno bolo atractivamente decorado, por altura da conferncia de Imprensa do XXVI Festival de Artes de Macau, promovido pelo Instituto Cultural no salo The Vista do MGM. Macau doce, ainda mais quando h quem se preocupe em levar algum acar boca dos reprteres locais.

  • O P I N I OO CLARIM | Semanrio Catlico de Macau | SEXTA-FEIRA | 20 de Maro de 2015PT 9

    VEM devagar, emigrante

    Um secretrio de Estado-adjunto de um ministro-adjunto do Governo de Portugal (at parece que os emigrantes portugueses s merecem ter a ateno de governantes adjuntos) veio a pblico anunciar que o Governo criou o programa VEM (Valorizao do Empreendorismo Emigrante), destinado a fazer regressar a Portugal os emigrantes que, em resultado da crise econmica que nos tem atingido desde 2011, saram de Portugal em busca de uma oportunidade de vida (actualmente entre 350 mil e 400 mil).

    Segundo o secretrio de Estado-adjunto, que d pelo nome de Pedro Lomba, o Governo vai facultar uma subveno no reembolsvel, cujas verbas podem oscilar entre dez mil e o mximo de vinte mil euros, a quarenta ou cinquenta projectos empreendedores dos emigrantes, que vierem a ser aprovados.

    Perante um pas cada vez mais envelhecido, em consequncia da fuga (salva-vidas) para o estrangeiro dos nossos cidados em idade activa, que se foram juntar aos outros milhes que por l ficaram e que porventura no regressam, j antes tnhamos ficado surpreendidos com as polticas de incentivo natalidade anunciadas por

    LUIS BARREIRA

    ENTREGUE ESTE CUPO NAS BILHETEIRAS DO CINETEATRO DE MACAU

    3 2 6

    DATA DO SORTEIO: 26 DE MARO DE 2015

    Passos Coelho, que nunca viram a luz do dia. Tambm ainda no esquecemos a excelente reforma do Estado que Paulo Portas prometeu e que ainda ningum viu e talvez ainda bem (considerando que, para o Governo, reformas igual a mais cortes).

    Vem agora o secretrio de Estado-adjunto do ministro-adjunto com o seu programa VEM sem saber explicar quantas pessoas prev abranger (dezenas? centenas? milhares?), que verbas disponveis esto destinadas a este programa e de onde sair o dinheiro para sustentar a iniciativa (com o

    Pas a crescer economicamente uma dcimas) prometer que o Governo vai diferenciar-se de todos os anteriores, porque antes no havia nada para ajudar os emigrantes a regressar (s mesmo a sair).

    O senhor Lomba ainda no percebeu que a nica coisa que faria muitos dos novos e menos novos emigrantes regressarem ao Pas seria o bom desenvolvimento econmico do mesmo, proporcionando empregos slidos e remuneraes adequadas. Pensar que o emprego conseguido no estrangeiro, remunerado trs ou quatro vezes

    mais do que em Portugal, possa ser substitudo por um subsdio de uma dezena de milhares de euros, para criar um emprego mtico no Pas (a produzir o qu? para vender a quem? com que custos de produo? com que tipo de impostos?), no mnimo um exerccio pattico do governante (adjunto), ou uma tentativa de classificar os emigrantes de patetas, incapazes de confundirem a triste realidade que se vive no seu pas com mais uma promessa sem o essencial contedo.

    Poder-se-ia pensar que este programa VEM se destinava a um grupo

    selectivo de emigrantes (os bons) mas, a avaliar pelos salrios que os tcnicos mais competentes auferem fora do Pas e as condies de actividade e de progresso profissional que Portugal lhes pode actualmente oferecer, a sua resposta ao VEM ser, necessariamente, no vou!.

    E se o senhor Lomba tem dvidas do que aqui afirmamos, basta-lhe falar com o seu antigo correlegionrio Carlos Moedas, antigo secretrio de Estado de Passos Coelho, actual comissrio da Comisso Europeia, engenheiro civil, economista (negociou com Catroga, pelo PSD, o Oramento de Estado do PS para 2011 ano do incio da nossa austeridade) e banqueiro (trabalhou no clebre Goldman Sachs e para os nossos amigos do Deutsche Bank), e decerto tira as dvidas, se que as tem!?

    Quando este mesmo especialista, de nome Moedas, foi recentemente interrogado sobre se voltaria vida poltica em Portugal, depois de acabar o seu mandato na Unio Europeia, limitou-se a responder: Todos devemos ter fases na vida em que damos o nosso melhor para o bem pblico, mas depois temos de olhar para as nossas famlias (vulgo, moedas, direi eu).

    Citando o to famigerado programa VEM e a pensar nas famlias e nos to necessrios euros para as sustentar, apetece-me terminar com o refro da obra prima-pimba mais conhecida e angustiante de Graciano Saga: Vem devagar emigrante.

    Venham todos devagarh tempo para c chegare abraar Portugal

  • A R T E O CLARIM | Semanrio Catlico de Macau | SEXTA-FEIRA | 20 de Maro de 2015 PT 10

    A estreia na sia de Lied Ballet, espec-tculo do Centre chorgraphique natio-nal de Tours de Frana, sobe o pano do festival. Atravs do movimento corporal dos bailarinos, o pblico ser levado a apreciar vrios estilos artsticos que vo do barroco ao modernismo. Da mesma forma, Trust, uma produo do teatro Schaubhne am Lehniner Platz, estreia tambm na sia. Os bailarinos alemes tomam o texto traduzido para explorar e enfatizar a performance fsica no en-cerramento do FAM. Fora de Contexto para Pina faz uma homenagem mestre da dana contempornea Pina Bausch. O Fato, pea produzida pelo Thtre des Bouffes du Nord de Frana, encenada pelo lendrio Peter Brook, mostra a sua extraordinria dedicao ao espao tea-tral. A companhia Teatro Praga de Portu-gal apresenta a pea Terceira Idade, cujo enredo serve de pretexto para adensar a questo O Que isto de uma terceira idade?.

    O FAM encomendou companhia WCdance de Taiwan a produo Aerodi-nmica. O proeminente encenador Tang Shu Wing colabora com o Grupo Juvenil de Teatro Repertrio de Macau na apre-sentao da pea clssica francesa Phae-dra 2.0Desejos e Mentiras, transcenden-do as fronteiras da lngua e do texto.

    Foi tambm encomendada a pea De-ciso Fatdica, cujo argumento ganhou o primeiro prmio no 10 Concurso de Li-teratura de Macau Categoria de Teatro. A Associao de Artes Workshop Experi-mental Soda-City ir apresentar Memory Blueprint II, desta vez num palco formal. O grupo de teatro em patu Dci Papia-m di Macau apresenta este ano a pea Macau tem Talento, abordando mais uma vez assuntos sociais quentes da regio. A produo Roberto Zucco da Associao Teatro de Sonho e a pea Cidades Vers-teis da Associao de Arte Teatral Dirks, so espectculos a no perder.

    FESTIVAL DE ARTES DE MACAU 2015

    EncontroO XXVI Festival de Artes de Macau (FAM) apresenta trinta programas e exposies de arte, entre 1 e 31 de Maio, num total de mais de cem actividades, que incluem o Programa de Extenso do Festival. A edio do FAM 2015 subordina-se ao tema Encontro, sugerindo que o evento procura transcender as fronteiras da arte para permitir que diferentes tipos de expresso artstica se encontrem e conversem, demonstrando, assim, a diversificao das artes.

    A arte da representao da pera tra-dicional chinesa tem sido passada de ge-rao em gerao. A consagrada pera Kun foi classificada Patrimnio Mundial da Humanidade, abarcando a verdadeira essncia das artes performativas chinesas. O Grupo de Artes Performativas do Tea-tro de pera Kun de Jiangsu apresenta a produo 1699 O Leque de Flores de Pes-segueiro e ainda Excertos de pera Kun. O Grupo Juvenil de pera Cantonense dos Kaifong de Macau e a Associao Ge-ral de pera Cantonense e Arte Musical de Macau apresentam Liu Jinding de Ps Atados Conquista Quatro Portas da Cida-de e A Lenda do Pipa, respectivamente. O Jardim do Iao Hon ir ainda ser converti-do num cinema ao ar livre. Cinema Luz das Estrelas seleccionou uma srie de fil-mes de todo o mundo. Pela primeira vez, a Mostra de Espectculos ao Ar Livre ser realizada no Largo do Pagode da Barra.

    O FAM apresenta ainda vrios espec-tculos para os mais novos, permitindo tanto a crianas como a adultos aprecia-rem a arte em conjunto. Savanna Uma Paisagem Possvel constri uma estrutura dinmica com madeira para representar animais selvagens duma maneira realis-ta. O grupo de teatro local Teatro Areia Preta apresenta Aqurio, pea atravs da qual as maravilhas do mundo marinho so exploradas. O espectculo de mmica Cocorico uma comdia vinda de Frana enquanto a companhia Beau Geste apre-senta Transports Exceptionnels e Dot, pelo Maduixa Teatre de Espanha, trans-

    porta o pblico para um mundo maravi-lhoso e pitoresco. Msica da Imaginao Concerto do Dia da Criana, pela Or-questra de Macau (OM), ir animar o Dia Mundial da Criana. Outro concerto pela OM, Alma de Macau, ser apresentado na igreja de S. Domingos, com entrada livre. A Orquestra Chinesa de Macau apresenta o musical Sonho de Viagem ao Ociden-te Verso de Concerto, e o espectculo multimdia Os Contos de Fadas Bizarros, da Associao Breakthrough, leva os es-pectadores a novas experincias musicais.

    Para alm das artes performativas, se-ro lanadas vrias exposies: a Exposi-o Anual de Artes Visuais de Macau 2015 Categoria de Pintura e Caligrafia Chi-nesas, e Ao Risco da Cor Claude Viallat e Franck Chalendard abrem caminhos para experienciar as artes visuais atravs de textos e cores. A exposio De Lorient ao Oriente Cidades Porturias da China e da Frana na Rota Martima da Seda do Sculo XVIII demonstra o intercmbio cultural desenvolvido entre a China e a Frana na Rota Martima da Seda.

    O Programa de Extenso do Festival inclui palestras, conversas ps-espectcu-lo e workshops, entre outras activida-des. Ir permitir ao pblico interagir di-rectamente com os artistas e as equipas de produo, e compreender as ideias que esto por trs das produes, para alm de desfrutarem dos espectculos, ecoan-do o tema do festival, Encontro.

    Os bilhetes para o FAM esto dispon-veis na Rede Kong Seng, a partir das 10

    horas do dia 22 de Maro, sendo distri-budas senhas uma hora antes. As reser-vas por telefone e Internet (www.macau-ticket.com) podem efectuar-se a partir do meio-dia. A venda de bilhetes limitada a um mximo de dez bilhetes por espec-tculo e por pessoa. Est disponvel um desconto de 40% na compra antecipada de bilhetes entre 22 e 29 de Maro, me-diante determinados critrios, e de 30% a partir do dia 30 de Maro. Sero ofereci-dos descontos para os portadores de car-to de crdito do Banco da China, Banco Luso Internacional, BCM, OCBC Wing Hang, Banco Tai Fung e BNU.

    Por cada compra de bilhetes superior a 500 patacas (preo lquido calculado aps descontos) os compradores tm direito a um cupo de desconto de 15% no Pastry Bar do MGM Macau. Os cupes so em nmero limitado. Est ainda disponvel este ano a Oferta Especial no Facebook Artes e Caf, que oferece um desconto de 10% na compra de tipos especficos de caf em determinados estabelecimentos.

    O Festival de Artes de Macau 2015 apoiado pela Direco dos Servios de Turismo, TDM, Air Macau e MGM Ma-cau. Stio do FAM: www.icm.gov.mo/fam; e-mail: [email protected] .

    Para mais informaes, contactar o Ins-tituto Cultural atravs do telefone 8399 6699. Linha directa de reserva 24-horas: (Macau) 28 555 555, (Hong Kong) 23 805 083, (Interior da China) 13 9269 1111.

    Instituto Cultural Texto editado

  • A R T EO CLARIM | Semanrio Catlico de Macau | SEXTA-FEIRA | 20 de Maro de 2015 PT11

  • L I T U R G I A O CLARIM | Semanrio Catlico de Macau | SEXTA-FEIRA | 20 de Maro de 2015PT12

    INTRODUO S LEITURAS

    O profeta Jeremias anuncia a aliana que Deus quer selar com o Seu povo, inscrevendo a Sua lei nos co-raes e perdoando os seus pecados (PRIMEIRA

    LEITURA: Jr., 31, 31-34). O momento dessa aliana tinha de chegar e iria ser selada com a paixo de Jesus (SEGUNDA LEITURA: Hb., 5, 7-9), que ao ser levantado na cruz atraa a Ele todos os homens (EVANGELHO: Jo.,12, 20-33).

    5 DOMINGO DA QUARESMA Ano B 22 de Maro

    Jesus, a nova aliana

    Uma aliana para sempreRepetidas vezes Deus firmou alian-a com o Seu povo: em Abrao; na noite da libertao do Egipto; no monte Sinai; no reinado de David; aps a Babilnia e muitas outras ve-zes. O povo era infiel e Deus nunca Se cansou de perdoar. Apesar das revoltas contra o Senhor, a Lei con-tinuava gravada na alma do povo. Por isso, o Senhor pde dizer: Eu serei o seu Deus e eles sero o Meu povo (Jr., 31, 33). Esta frmula da aliana outra coisa no era seno o perdo radical. O fundamento da aliana apenas o amor incansvel de Deus.

    O Evangelho deste Domingo de uma riqueza espiritual invulgar: primeiro, alguns gregos queriam ver Jesus e pediram ajuda a Filipe e a Andr. Para Se dar a conhecer, Jesus tem para os discpulos e para os outros mensagens de extraordi-nria importncia, reveladas em trs momentos da Sua vida: a certeza da morte; o servio da Sua causa; e a vontade expressa do Pai. O mist-rio da Sua morte: Se o gro de trigo no morrer, no pode dar fruto, este o desfecho final da Sua vida, antes da ressurreio. A importncia do

    servio: Quem Me quiser servir vai aceitar perder, porque quem ama a sua vida acaba por perd-la, e quem d a sua vida quem ganha de verdade (Jo., 12, 25). Abandonado completamente ao querer do Pai, Jesus sabe que che-gou a Sua hora e aceita incondicio-nalmente, sabendo, porm, que do

    alto da cruz atrair todos a Si (Jo., 12, 32). Estas trs ideias permitem compreender que a hora de Cristo tambm a nossa hora. Pela Sua mor-te, a todos Ele d a vida. Ele o sinal da Aliana.

    Pe. Vtor Feytor Pinto

    ESPANHA

    Milhares de pessoas participaram, no passado sbado, em Madrid, na Mar-cha pela Vida que visava a derrogao da actual lei do aborto em Espanha, pe-dindo a interveno do Tribunal Cons-titucional.

    A presidente do Frum da Famlia, Benigno Blanco, apelou aos deputa-dos da maioria do Partido Popular que no apoiem qualquer reforma pontual da legislao vigente se esta no incluir normas razoveis de protec-o da vida.

    A iniciativa reuniu dezenas de movi-mentos pr-vida na capital espanhola e concluiu-se com um minuto de silncio que evocou os cem mil abortos realiza-dos anualmente no Pas.

    Milhares pedem mudanas na lei do aborto

    IGREJA DENUNCIA VIOLAES

    Ontem foi a vez da Igreja Catlica da Amrica Latina se insurgir contra a actuao das empresas extractoras na

    regio e os seus graves efeitos na sade e na vida, especialmente das comunidades indgenas.

    Segundo o servio informativo da Santa S, representantes de vrias or-ganizaes catlicas latino-americanas apresentaram diante da Comisso Inte-ramericana de Direitos Humanos, em Washington, um relatrio a denunciar as violaes cometidas e a defender um modelo de desenvolvimento mais sus-tentvel para o territrio.

    Presentes na audincia estiveram re-presentantes do Departamento de Jus-tia e Solidariedade do Conselho Epis-copal Latino-americano e da Comisso da Conferncia Nacional dos Bispos do Brasil para a Amaznia.

    Destaque tambm para a participao de membros da Rede Eclesial Pan-Ama-znica, do Secretariado Latino-america-no e do Caribe da Critas, e da Confede-rao Latino-americana e caribenha de Religiosos e Religiosas.

    Os subscritores do relatrio conside-ram incompreensvel a indiferena com que muitos Estados do territrio enca-ram as ilegalidades que so cometidas.

    Durante a sesso foram apresentados alguns casos que a Igreja Catlica latino--americana considera ser exemplificati-vos do actual quadro negativo, em pases como o Brasil, Equador, Honduras, M-xico e Per.

    In ECCLESIA

    HORRIO DAS MISSAS

    (DOMINGOS E DIAS SANTOS)

    7:00 horas Ftima (C).7:30 horas S, S. Loureno e St. Antnio (C).7:30 horas S. Lzaro (C).8:15 horas S. Francisco Xavier Mong-H (C).8:30 horas St. Antnio.9:00 horas S, S. Loureno, N. Sr. do Carmo Taipa (C); Ftima (C).9:30 horas S. Lzaro, S. Francisco Xavier (Mong-H),

    S. Jos Operrio (C).10:00 horas St. Antnio (P); S. Francisco Xa vier Co loa ne (I, C); N. Sr do Carmo Taipa (I).10:30 horas Sto. Agostinho (Tagalog).11:00 horas S (P), Hospital de S. Janurio (P);11:00 horas N. Sr do Carmo Taipa (P).11:00 horas S. Lzaro (I).11:15 horas Instituto Salesiano (I).12:00 horas Ftima (I).16:30 horas S. Agostinho (I); Ftima (vietnamita) 17:30 horas S. Jos Operrio (I).18:00 horas S (I ) ; S. Fr . Xavier Mong-H (C).

    S. Lzaro (P).20:30 horas S. Jos Operrio (M).

    MISSAS ANTECIPADAS

    17:00 horas S. Domingos (P).17:30 horas S. Fr. Xavier Mong-H (I).18:00 horas S (P). 18:30 horas N. S. do Carmo Taipa (I).19:00 horas S. Lzaro (C).20:00 horas Ftima (C).

    ABREVIATURAS

    C - Em Cantonense I - Em Ingls

    M - Em Mandarim P - Em Portugus

  • E C L E S I A LO CLARIM | Semanrio Catlico de Macau | SEXTA-FEIRA | 20 de Maro de 2015PT 13

    PE. JOS MARIO [email protected]

    H cerca de um ano conversei com um estudante no ltimo ano do seu curso, que tinha sido admitido para um curso de ps-graduao numa das melhores universidades dos Estados Unidos. Ele estava preocupado: A minha namorada e eu estivemos a falar, disse. E estamos bastante apreensivos quanto ao futuro. Per-guntei-lhe o porqu dessa preocupao. Sou filho nico, assim como a minha na-morada, respondeu. Por isso, quando os nossos pais se reformarem, teremos de suportar a ns prprios, aos nossos filhos e ainda a mais quatro pessoas. Vai ser muito difcil.Em todo o mundo a promoo de pro-gramas de controlo da populao ti-veram como resultado a existncia de sociedades onde o nmero de pessoas reformadas ultrapassa o das pessoas que trabalham. Para substituir a populao actual de um pas desenvolvido, cada casal necessita ter 2,1 filhos em mdia. Estes dados so chamados de reposio ao nvel da fertilidade. Nos pases menos desenvolvidos os nmeros estimados so mais elevados, entre os 2,5 a 3,3 filhos por casal, devido s taxas de mortalida-de infantil mais elevadas. Muitos dos pa-ses desenvolvidos (incluindo a China) e as economias mais desenvolvidas (Ma-cau, Hong Kong, Coreia, Japo, Singa-pura, Rssia e toda a Europa Ocidental) encontram-se de momento apenas no nvel de reposio.Devido Poltica de Uma Criana (por casal), que tende em favorecer os bebs masculinos em detrimento dos do sexo feminino, a China tem, de momento, 78 milhes de homens que nunca pode-ro ter a possibilidade de se casar, por-que no h mulheres suficientes. uma horrvel quantidade de solteiros! Muito pases entraram no chamado Inverno Demogrfico e encontram-se numa corrida desesperada contra o Suicdio Demogrfico.Assim como a manipulao da natureza teve como resultado desastres ecolgicos, a manipulao da taxa natural de cres-cimento da populao est a levar-nos eventual extino de naes inteiras.A 11 de Fevereiro, durante as sries de catequizao da Famlia, o Papa Francis-co lembrou os ensinamentos da Igreja, em que cada criana uma recompen-sa. Disse na ocasio: Se uma famlia com muitos filhos for olhada como um fardo, algo est errado. O no ter filhos uma escolha egosta. A vida rejuvenesce e adquire energia com a sua multiplicao; e isso enriqueci-mento, no empobrecimento.Crianas so recompensas e bnos. O salmo 128 reza assim: Abenoado quem teme ao SENHOR, e que caminha nos seus ca-

    PARA OS PASES E PARA A IGREJA

    Sem crianas no h futuro

    minhos. Vs deveis comer o fruto do trabalho das vossas mos; devem ser felizes, e tudo dever es-tar bem convosco. A vossa esposa ser como uma videira frutfera na vossa casa; os vosso filhos sero como rebentos de oliveira volta da vossa mesa. Assim, ser abenoado o homem que teme ao SENHOR. O SENHOR abenoar-vos- des-de o Sio. Que possam ver todos os dias da vossa vida a prosperidade de Jerusalm. Que possam ver os filhos dos vossos filhos.Alm disso, o Santo Padre afirmou que quando existe mais do que uma criana eles podem aprender o que a frater-nidade. No dia 18 de Fevereiro o Sumo Pontfice observou que a famlia que leva a fraternidade ao mundo.Disse ainda: A histria j mostrou sufi-cientemente que, alm disso, a liberdade e igualdade, sem fraternidade, acabam re-cheadas de individualismos e conformidades e tambm de interesses pessoais.... Hoje, mais do que nunca, necessrio trazer a frater-nidade de volta ao corao da nossa socie-dade tecnocrata e burocratizada. S ento a liberdade e a igualdade retomaro a sua en-toao correcta. Sendo assim, no devemos privar-nos e s nossas famlias com uma for-ma de pensar ligeira, sem objectividade ou medos, da beleza de um espectro alargado de experincias fraternais dos filhos e filhas.

    O Santo Padre j clarificou, em diferen-tes ocasies, que no est a dizer que os casais devam continuar a reproduzir-se indefinidamente. Mas vale a pena lem-brar o que Santa Teresa de Calcut dis-se, quando lhe perguntaram sobre as responsabilidades do patrimnio. Res-pondeu que acreditava no patrimnio, embora deva ser responsvel, e que te-mos de ser pais antes de tudo. A palavra inglesa parent (em Portugus pode ser pai ou me) vem do verbo Latim que significa produzir ou dar luz.Em Manila o Papa Francisco disse aos casais, em Janeiro deste ano, que eles devem continuar a sonhar sobre os seus filhos, porque no momento em que os sonhos morrerem a esperana morre com eles.O que foi dito a esses pais pode ser aplicado como analogia Igreja, que vive em celibato. Os padres e as irms vivem em celibato, no porque quei-ram ter mais tempo livre para eles prprios ou para descansar. O seu ce-libato deve significar: torn-los mais disponveis, como pais e mes espiri-tuais das outras pessoas. S. Paulo di-zia: Tornei-me vosso pai em Jesus Cristo atravs do Evangelho (Corntios 4:15).

    Sobre a castidade das irms religiosas, a 8 de Maio de 2013, o Papa Francisco disse-lhes: Mas, por favor, (vivam) uma castidade frtil, que gere filhos espirituais para a Igreja. So consagradas como madres. Devem ser mes e no apenas solteironas. Desculpem-me se falo desta maneira, mas isto a maternidade da vida consagrada e essa produtividade importante.Possa a alegria dessa produtividade espi-ritual animar a vossa existncia. Sejam mes, como nas imagens de Maria Me, Me da Igreja. No podero entender Maria sem a Sua maternidade; no po-dem entender a Igreja sem a Sua mater-nidade, e vs sois os cones de Maria e da Igreja.Assim como os pais tm que se preocu-par com o comportamento e a educao dos filhos, os padres e outros religiosos tambm tm que se preocupar com os seus filhos espirituais. Os filhos so os portadores da esperana.E tal como os filhos so gerados num acto de unio entre os esposos, as crian-as espirituais so geradas atravs de uma unio com o Criador Divino; os fi-lhos so o fruto do amor.

    (Traduo: Antnio R. Martins)

  • E C L E S I A L O CLARIM | Semanrio Catlico de Macau | SEXTA-FEIRA | 20 de Maro de 2015PT14

    Para exercer o poder supremo, pleno e ime-diato sobre a Igreja Universal, o Romano Pontfice vale-se dos Dicastrios da Cria Romana. Estes, por conseguinte, em nome e com a autoridade dele, exercem seu ofcio para o bem das Igrejas e em servio dos Sa-grados Pastores. Assim se define a Cria Romana, em sentido lato, no Decreto Christus Dominus, 9, do Conclio Vati-cano II (1965). A Cria Romana pois o conjunto de dicastrios e organismos que apoiam o Papa no exerccio da sua misso pastoral, para melhor servir a Igreja em todos os seus aspectos, na sua misso no mundo, com vista ao reforo da unidade da f e comunho do Povo de Deus.

    Os Papas, praticamente desde S. Pedro, recorreram ajuda de diversas pessoas ou organismos para melhor cumprir as funes para que vm sen-do designados, no governo da Igreja. Ao longo dos sculos, esses organismos foram-se agrupando, organizando, de diversas maneiras, acompanhando a evoluo da Igreja, no plano pastoral como institucional. Depois do sculo XI, quando os cardeais entram em cena de forma mais activa e institucionaliza-da, os Sumos Pontfices chamaram-nos a colaborar no governo da Igreja. A partir do sculo XIII, os cardeais re-nem-se em Consistrio para colabora-rem com os Papas, reforando o peso institucional dos organismos de apoio ao governo da Igreja. Assim, o Papa Sis-to V, pela Constituio Apostlica Im-mensa Aeterni Dei, de 22 de Janeiro de 1588, criou quinze discastrios, com a pretenso de agrupar os cardeais em 15 congregaes ou colgios, para assun-tos especficos. Aqui poder ter nascido a Cria Romana, tal como a conhece-mos na actualidade.

    Todavia, a Cria tem sido reestrutura-da ao longo dos ltimos quatro sculos, at ao Regulamento de 30 de Abril de 1999, com base na Constituio Apost-lica Pastor Bonus (que substitui a Regi-mini Ecclesiae Universae, de Paulo VI, de 1980), que a normativa suprema da Cria, promulgada pelo incansvel reformador da Igreja, o Papa S. Joo Paulo II, de to boa memria. Corria o ano de 1988 (28 de Junho), embora j tivesse sido reformulada, do ponto de vista jurdico, pela reviso do Cdigo de Direito Cannico de 1983. Tambm levada a efeito, ora bem, pelo Papa S. Joo Paulo II. Num esforo de reforma que vinha desde 1917, para regulariza-o da Cria, instituio que chegara a

    SERVIR A IGREJA

    A Cria RomanaBispos. Nos Tribunais, temos a Peniten-ciaria Apostlica, a Assinatura Apost-lica e a Rota Romana. Nos Conselhos Pontifcios, temos: Leigos; Promoo da Unidade dos Cristos; Famlia; Jus-tia e Paz; Cor Unum (Humanismo e Caridade); Pastoral dos Migrantes e Iti-nerantes; Pastoral no Campo de Sade; Textos Legislativos; Dilogo Inter-reli-gioso; Cultura; Comunicaes Sociais; Promoo da Nova Evangelizao. O Snodo dos Bispos, como organismo, faz parte da Cria Romana.

    Tambm os Ofcios (Cmara Apost-lica; Administrao do Patrimnio da S Apostlica; Prefeitura dos Assuntos Econmicos da Santa S), as Comis-ses Pontifcias (Ecclesia Dei; Bens Culturais da Igreja; Arqueologia Sacra; Comisso Pontifcia Bblica; Teolgica Internacional; Catecismo da Igreja Ca-tlica; Amrica Latina), a Guarda Sua Pontifcia, as chamadas Instituies Li-gadas Santa S (Arquivo Secreto Va-ticano; Biblioteca Apostlica Vaticana; Tipografia Vaticana; LOsservatore Roma-no; Livraria Editora Vaticana; a Rdio Vaticano; Centro Televisivo Vaticano; as Baslicas Papais de S. Pedro, de S. Joo de Latro, de S. Paulo Fora dos Muros e a de Santa Maria Maior; a Elemosine-ria Apostlica; a AVEPRO - Agncia da Santa S para a Avaliao e a Promoo da Qualidade das Universidades e Fa-culdades Eclesisticas, e a Autoridade de Informao Financeira), os Servios Centrais do Trabalho, as Academias Pontifcias (Cincias; Cincias Sociais; para a Vida; S. Toms de Aquino; de Teologia; Mariana Internacional; de Belas Artes; Romana de Arqueologia; Cultorum Martyrum Culto dos Mr-tires; Eclesistica; de Latinidade) e os Pontifcios Comits (Congressos Eu-carsticos Internacionais, Cincias His-tricas) compem a Cria Romana. frente de cada dicastrio est um Pre-feito (Congregaes) ou um Presidente (para os outros dicastrios), apoiados por Secretrios e Subsecretrios. Os membros de cada dicastrio renem--se em assembleias plenrias ou sesses ordinrias. Alm dos membros, h tam-bm consultores ou at relatores.

    A funo pastoral da Cria Romana desempenhada por sacerdotes, que de-vero cumprir, para alm das suas fun-es curiais, com as suas funes essen-ciais de presbteros, a cura das almas. Assim se consigna nas Constituies Apostlicas, e assim se espera deva ser. Mas acima de tudo, a Cria existe para o servio do Papa e, portanto, da Igreja, para o melhor cumprimento de todos os objectivos desta.

    (*) Universidade Catlica Portuguesa

    ser hereditria, com cargos a ficarem em dinastias de cardeais oriundos de vrias famlias, quase como numa mo-narquia, para alm de uma hierarquia baseada nesses pressupostos.

    Hoje em dia Cria composta, como j dissemos, por um conjunto de insti-tuies que se denominam dicastrios. Mas o que um dicastrio, afinal? Como termo, provm do grego (dikasterion, tribunal). No plano institucional, os dicastrios so depar-tamentos ou organismos especializados da Cria Romana que, sob a direco do Santo Padre, exercendo funes le-gislativas, executivas ou judiciais, numa coordenao inter-funcional centraliza-da para melhor organizao e funcio-namento da Igreja. O Papa confere a cada dicastrio uma funo especiali-zada do Governo. No se deve todavia pensar que a Cria Romana a cria da diocese de Roma, como todas as dio-ceses tm, para a sua administrao. As

    funes desta cria diocesana so de-sempenhadas pelo Vigrio Geral de Sua Santidade para a Cidade de Roma, tra-dicionalmente um cardeal, com ttulo de arcebispo, delegado pelo Papa, mas em plano de igualdade a todas as outras diocese do mundo.

    Na organizao da Cria Romana, os dicastrios, enquanto estrutura colegial de organizao, podem ser de quatro tipos: Congregaes, Conselhos Pon-tifcios, Tribunais e Ofcios, para alm da Secretaria de Estado. Esta ltima constituda pela Secretaria de Estado propriamente dita e pelo bulo de S. Pedro (ajuda econmica que os fiis oferecem ao Santo Padre, para cari-dade aos mais necessitados). As Con-gregaes so as seguintes: Doutrina da F; Igrejas Orientais; Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos; Causas dos Santos; Evangelizao dos Povos; Clero; Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostlica; Educao Catlica;

  • A P O N T A M E N T OO CLARIM | Semanrio Catlico de Macau | SEXTA-FEIRA | 20 de Maro de 2015 PT 15

    O NOSSO TEMPO

    CARLOS FROTA (*)

    Um pontificado breve?Esto abertas, do ponto de vista institucional, as portas para um papado breve, diz o Papa Fran-cisco. E o homem corajoso que abriu tais portas foi Bento XVI, reconhece ainda o Santo Padre.

    Pode bem acontecer que o meu pontificado dure mais dois ou trs anos. E que em vez de um Papa re-signatrio passe a haver dois...

    Estar Francisco a preparar--nos para qualquer evento, eventualmente o da sua prpria resignao, quando entender que o tempo certo?

    Se assim for, confirma-se uma revoluo tranquila na Igreja de Roma, mais uma, que a aproxi-ma do mundo concreto em que vivemos, o do nosso tempo.

    Um mundo em que as insti-tuies se adaptam e se renovam com o injectar de sangue novo, atravs de uma sucesso de pon-tificados relativamente curtos. De modo que a cada ciclo correspon-da um novo guia, visionando no-vos caminhos, num mundo de de-safios cada vez mais imprevistos.

    ******

    Distante parece estar, e mui-to, esse modelo do ficar at ao fim de Joo Paulo II, testemu-nho do sofrimento humano le-vado ao extremo.

    No me lembro de ter ouvi-do ningum interpretar o cal-vrio de Joo Paulo II de outra maneira que no uma prolon-gada agonia, onde o homem de aco e de dilogo encetou de forma mais visvel o caminho de renncia pessoal, a mais extre-ma. Por que no diz-lo: o cami-nho de santidade?

    Ouso compreender, todavia, no legado espiritual do saudoso Karol Wojtyla, duas mensagens distintas, dirigidas qui a dois tipos tambm distintos de des-tinatrios: a do atleta da orao e da canoagem, dos retiros de jovens e dos passeios na mon-tanha e, depois, no ocaso da vida, a do homem do silncio, da contemplao e da dor.

    Os jovens tero compreen-dido melhor a primeira men-sagem, a do abraar da vida em plenitude. E os mais velhos

    tero integrado melhor, na sua prpria experincia vivencial, a derradeira entrega, a que se inicia com as primeiras manifes-taes de Parkinson.

    Ficar at ao fim foi o modo de Joo Paulo II mostrar ao mundo toda a magnfica paisa-gem do sentir, do agir, do crer da imensa alma humana.

    E ento Bento XVI? E ento Francisco? Que tero pensado e pensam eles prprios da mensa-gem de resistncia sem limites, da extrema doao, do seu an-tecessor?

    Compreender esta diferena profunda de pontos de vista, entre o pontificado vitalcio e o pontificado curto (as pala-vras so aqui desajeitadas para o que se quer exprimir) natu-ralmente um desafio.

    E como tudo isto releva da tradio e no do dogma, dis-cernir as razes por detrs de ambas as posies constituir uma chave mais de interpreta-o de como a Igreja se pers-pectiva em cada poca.

    QUE LIDERANA?

    Que concluses lgicas reti-ro, pois, desta aluso do Papa

    Francisco a propsito do seu prprio tempo, eventualmen-te curto, na cadeira de Pedro, feita pela segunda vez, em dois anos, aos rgos de Comuni-cao Social?

    Comeo por dizer que h uma coragem imensa na resis-tncia, no ir at ao fim; como h idntica coragem na renn-cia quando uma e outra as-sentam nos mesmos princpios. Porque so formas alternativas, mas paralelas, de doao.

    Desde logo, o que a renncia ao cargo pontifcio revela a conscincia do desafio de uma Igreja em mudana, num mun-do em mudana. Da fragilidade humana. E do desejo de res-ponder a tais circunstncias. O que requer a renovao da sua liderana, como em qualquer instituio humana.

    Esta frase, estou certo, susci-tar a desaprovao de muitos que nela vero uma indesculp-vel falta de confiana no poder superior que, acreditam os cris-tos, acompanha esta caminha-da dos sucessores de Pedro, h j mais de dois mil anos.

    Mas a mesma frase, conve-nientemente interpretada, for-nece pistas para uma leitura

    criativa da Mensagem que alie verdade e evoluo, termos que no se atraioam reciproca-mente, se bem compreendidos.

    No entendimento que se tem hoje do funcionamento das instituies, sabe-se que muito do que se foi conside-rando, durante sculos, como expresso das verdades de sem-pre, no passava afinal de prti-cas contextualizadas no tempo, respondendo porventura a de-safios de cada poca.

    Na distino ponderada entre essencial e acessrio, tambm em domnios to sen-sveis como os da prtica reli-giosa, se abriro cada vez mais (ou no...) portas a evolues necessrias....

    H duas formas de se ler o modo como a Igreja est na sociedade. Ou guiada pela sociedade, seguindo-a na sua evoluo; ou a Igreja prope vias alternativas de evoluo, na base dos valores que pro-fessa.

    A intuio sugere que natu-ralmente a segunda que se con-forma com a sua prpria misso de Me e Mestra. nas exign-cias desse magistrio que reside o maior dos desafios.

    SINAIS DOS TEMPOS

    Desde o Conclio Vaticano II familiarizei-me com a ideia de sinais dos tempos essas cha-ves de entendimento do nosso mundo que ajudam a interpre-tar os desgnios de Deus.

    Ser eventualmente nos si-nais dos tempos que podere-mos encontrar os indcios de uma nova forma de conceber no s o magistrio da Igre-ja com mensagem adequada aos desafios de hoje como o modelo da sua liderana, neste nosso sculo XXI.

    Vivemos num sculo grande, nas suas tragdias e nas suas oportunidades, nas suas cobar-dias e nos seus herosmos.

    Poder dizer um pontfice de si mesmo que ningum, nem ele prprio, indispensvel, constituiu um exerccio ex-traordinrio de humildade e de anulao pessoal.

    Para mim, constitui uma ex-traordinria manifestao de coragem e de transparncia. Caractersticas em que podero passar a inspirar-se as prprias instituies da sociedade civil.

    (*) Universidade de So Jos

  • C U L T U R A O CLARIM | Semanrio Catlico de Macau | SEXTA-FEIRA | 20 de Maro de 2015PT16

    Na sua obra Entre chineses e malaios, o cardeal D. Jos da Costa Nunes, bispo de Macau, responsvel pelas misses de Malaca, Singapura e Timor, nas primeiras dcadas do sculo XX, d-nos prova da vitalidade dessas comunidades, sobretu-do as de Seremban e Kuala Lumpur, para onde viajou na companhia de um portu-gus de Malaca chamado Lopes. Ali o espera-vam 200 luso-descendentes, entre os quais funcionrios do Governo ingls, mdicos, advogados, professores, negociantes, pro-prietrios, empregados bancrios e de companhias comerciais, muitas senhores e homens, enfim, toda uma populao eu-rasiana exprimindo-se em papi kristang e gloriando-se dos seus apelidos e da sua ascendncia lusitana.

    Talvez devido a essa experincia no terreno, o prelado aoriano insurgiu-se contra a posio, nesta matria, de uma das mais importantes figuras da intelec-tualidade portuguesa do final do sculo XIX, o historiador, poltico e cientista social Joaquim Pedro de Oliveira Mar-tins. Costa Nunes escreve o seguinte: Quando os escritores de qualquer pas pro-curam reivindicar glrias nacionais, Oliveira Martins parece sentir um prazer cruel negan-do-as, como acontece, por exemplo, na questo da prioridade do descobrimento da Austrlia atribudo a Manuel Godinho de Erdia, na-tural de Malaca.

    Assumindo uma toada derrotista, so-frendo da neurastenia que afectou os homens da sua poca, Oliveira Martins atribua a posse de Macau a um bando de piratas portugueses, e, em sua opinio, Ma-laca no passava de um convento e um quar-tel onde os frades e os soldados mercadejavam, considerando miserveis as populaes mestias da cidade, classificando-as de degeneradas, simiescas e abjectas. Eis alguns dos seus mimos: Sobre todos se levanta o por-tugus, com a sua excelncia, templo ou fortale-za, que devia ser de civilizao ou extermnio, e que por fim, lstima diz-lo, foi apenas a nau que nos levou, aos portugueses de Malaca, a descermos condio de degenerados, poluindo o nosso sangue ariano, esquecendo as nossas tradies europeias. J disse com melancolia que ainda hoje h portugueses em Malaca, mas que esses portugueses so como os orangbemas. Em contacto com a caducidade venenosa do Ex-tremo Oriente, intoxicmo-nos.

    Iria mais longe o reputado escritor, as-sumido vencido da vida, ao perfilhar as

    OS KRISTANG DA PENNSULA MALAIA

    Testemunho do Cardeal D. Jos da Costa NunesJOAQUIM MAGALHES DE [email protected]

    apreciaes de um antroplogo, um tal Dr. Yvan, que teria analisado a complei-o fsica dos cristos portugueses de Ma-laca, afirmando que estes so fisicamente horrendos e moralmente abjectos, que tm fei-es bestiais, que so uns degenerados morais, que so inferiores aos malaios e que j se lhes apagou da memria a tradio, essa saudade das raas decadas. Enfim, um pensamen-to proto fascista muito na linha do filso-fo francs Arthur de Gobineau, autor do Ensaio sobre a desigualdade das raas humanas (1855), e inventor de um dos grandes mitos do racismo contempor-neo, o mito ariano, sendo dele a clebre frase no creio que viemos dos macacos mas creio que vamos nessa direco.

    Recorde-se que foi em homens como Gobineau, e mais tarde no ingls Houston Stweart Chamberlain, que Adolf Hitler buscou inspirao para por em prtica a sua tristemente clebre soluo final.

    Tal como Gobineau, Oliveira Martins era declaradamente racista, pois defendia a tese de que os povos formados a partir do negro e de ndio eram incapazes para o to desejado progresso. Parece bvio, que o insigne historiador nunca ps os ps no Extremo Oriente, se alguma vez chegou a sair do rectngulo ibrico, que tanto ad-mirava, pois era um convicto iberista.

    Persistentes, cnscios das suas tradi-es centenrias, os habitantes do bairro, os tais orangbemas de que falava Oliveira Martins, tinham sobrevivido a todas essas teses e continuavam a celebrar o Natal, o Entrudo, a Pscoa e, sobretudo, a Festa de So Pedro, padroeiro dos pescadores, em finais de Junho, includa no calendrio ofi-cial dos Servios de Turismo da Malsia. A mais concorrida festividade do Pas, o San Pedro, como lhe chamam, excelente pretexto para reencontros entre residen-tes e seus familiares de Singapura, Kuala Lumpur e demais provncias malaias.

    Estvamos na vspera desse evento. O largo do bairro enchera-se com barracas de comes e bebes, tmbolas e feirantes chineses estes ltimos alheios ao esp-rito da festa, mas que a tolerncia dos lo-cais admitia. Ao longo da tarde suceder--se-iam jogos tradicionais para crianas e mulheres, competies de pesca rede entre os homens do mar, o jogo do pau, a manilha e a malha e, noite, entrariam em aco os dois ranchos do bairro, o Rancho Folclrico de San Pedro, lidera-do por Joe Lazaroo, e o Tropa di Malaca. Tempos houve em que existiam vrios destes grupos, assim como equipas de fu-tebol, entretanto desaparecidas.

    No palco, alm de se interpretarem

    cantigas como o Malho, a Tia Anica ou o Vinho Verde, devidamente ilustradas por bailadores e bailadoras trajando minhota, que batiam o p ao som do violino e do acordeo e ao compasso do tambor de caixilho, houve espao ainda para s bandas de rock locais e as coreo-grafias de adolescentes dando corpo aos xitos musicais do momento, culminan-do a festa com o branyo bailar tpico dos pescadores de Malaca que reuniu novos e velhos numa animada pesta que se prolongaria at de madrugada.

    O momento alto desta festividade , contudo, a missa de Domingo seguida do prstito com o andor do santo e a bno dos barcos engalanados e de cara lavada que, varados, aguardam beira mar. A decorao dessas embarcaes d azo a concursos muito disputados, e a cruz, a imagem de So Pedro e os versos bblicos escritos em Portugus e em Ingls, lado a lado com figuras de peixes, pescadores, sereias e utenslios de pesca so os moti-vos decorativos mais usuais. Vi, no topo de alguns mastros, esvoaar a bandei-ra das quinas, prova de que, apesar dos constrangimentos, os kristang continua-vam a identificar-se com os seus antepas-sados; insistiam em olhar para Portugal como a sua verdadeira ptria.

  • R O T A D O S 5 0 0 A N O SO CLARIM | Semanrio Catlico de Macau | SEXTA-FEIRA | 20 de Maro de 2015PT 17

    A segunda semana em territrio francs foi passada entre trabalhos de manuteno da embarcao e algumas idas a terra para comprar baguetes e pastis para o lanche. Houve ainda tempo para ir ao supermercado para trazer alguns produtos alimentares de primeira necessidade. No maior centro comercial da ilha, o La Galeria, at encontrmos sumos Compal. A superfcie comercial fica a cerca de cinquenta quilmetros do local onde nos encontramos. Na ida fomos de autocarro; fizemo-lo em duas etapas, pois tivemos de nos desviar do percurso para, num outro local, ver se encontrvamos baterias de 12 volts. J na volta, depois de esperarmos mais de duas horas, fomos obrigados a apanhar um txi; os autocarros no passavam e estava a ficar de noite. Uma corrida que custou mais do que o dinheiro que havamos gasto durante todo o dia. Da prxima vez talvez seja melhor pensarmos em alugar carro por um dia.

    Centros comerciais parte, esta semana cruzmo-nos novamente com a tripulao do catamaram portugus, Oceanus, que est a planear regressar a Portugal no final de Maio, colocando de lado o plano da volta ao mundo. Ficmos tristes, mas no quisemos saber qual a razo de tal deciso, uma vez que deve ser penosa e no nos diz respeito. Cada um decide o que considera ser melhor para si. Desejamos tripulao bons ventos de regresso a guas lusas.

    Durante estes dias andmos com o nosso bote a percorrer esta zona

    Custo de vida europeia

    JOO SANTOS [email protected]

    ESCOLHA SARDINHAS PORTUGUESAS

    ESCOLHAPORTHOS

    para aferir se valeria a pena entrar com o veleiro em Le Marin, a parte mais abrigada da baa, onde se encontra a marina e todos os negcios relacionados com barcos. A entrada algo traioeira, com recife de ambos os lados (marcados com bias) e

    corrente forte. Decidimos pois no arriscar. Quando tentmos atalhar caminho, pensando que o fundo do bote fosse suficientemente raso para passar numa zona de baixios, quase ficmos encalhados e com o motor no ar. Felizmente o motor fora-de-

    bordo levanta quando bate no fundo; fosse no veleiro e seria tal o rombo no casco que o faria afundar. A prov-lo esto inmeros cascos no fundo do baixio. Da lio aprendemos que se h bias de sinalizao estas devem ser respeitadas por todos, seja em barcos de casco fundo ou raso. Felizmente nada de mal aconteceu ao bote e ao motor. Ficou o susto e a deciso tomada.

    Do ancoradouro onde estamos, agora que o tempo est mais ameno, vamos seguir, possivelmente dentro de um ou dois dias, rumo capital, Fort-de-France, onde iremos passar mais alguns dias para ficarmos a conhecer melhor esta zona, antes nos dirigirmos ao norte da ilha. O nosso destino final ser um local chamado Sainte Pierre, onde dizem haver praias lindssimas; queremos ver se mesmo verdade.

    Estamos tentados a alugar um carro para conhecer a ilha mais para o interior, visto que as estradas so de excelente qualidade. Alis, as vias de circulao so algo que surpreende quem visita Martinica. Em nada ficam a dever s estradas da Europa, com a vantagem de serem todas gratuitas.

    O custo de vida em Martinica semelhante ao da Europa, com os bens de primeira necessidade a preos muito acessveis. O po, base da alimentao gaulesa, barato. Uma baguete custa, no mximo, um euro. Uma refeio num restaurante custa cerca de dez euros. Um litro de leite custa dois euros. J no que respeita a bens que no so de primeira necessidade bebidas alcolicas, doces e produtos de beleza so caros. Em qualquer caf ou bar uma cerveja custa cerca de cinco euros.

    Para ns, que raramente comemos fora ou vamos a bares, ajuda-nos a poupar um pouco, dado que compramos, na maioria das vezes, alimentos e produtos de primeira necessidade para o dia-a-dia. Pela experincia destas duas semanas, o custo de vida bem mais em conta do que em St. Lucia e a variedade muito maior. At h produtos portugueses!

  • C A D E R N O D I R I O O CLARIM | Semanrio Catlico de Macau | SEXTA-FEIRA | 20 de Maro de 2015PT18

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    Segunda 16

    Tera 17

    Quinta 19

    Quarta 18

    Qatar

    Vanuatu

    Portugal 1

    CochinchinaA Cochinchina dos Por-tugueses, em 1515, no a mesma do sculo XVII, e tambm no corresponde ao espao do protectorado francs do sculo XIX. Nunca os naturais da terra cha-maram Cochinchina ao territrio onde viviam; apresentavam-se na cor-te chinesa, nos sculos XVI e XVII, como Dai--Vit (Povo Ilustre). As vicissitudes das guerras alteraram, ao longo dos sculos, a configurao do espao poltico. Em 1802, quando ocorreu a reunificao do ter-ritrio pela dinastia Nguyn, surgiu o nome

    de Vit Nam (Povo do Sul) para designar o povo e o Pas. Roteiros, mapas, crnicas, cartas, narrativas de viagem, imagens (preservadas

    em aguarelas impres-sas) mereceram anlise aprofundada num co-lquio recentemente decorrido na Biblioteca Nacional.

    Forados a trabalhar sob o sol escaldan-te do deserto e proibidos de voltar para casa, milhares de homens esto no Qa-tar como verdadeiros escravos moder-nos. No ano passado, na construo de um megaprojecto de mil milhes de dlares para o Campeonato do Mun-do de 2022, registou-se uma morte em cada dois dias. Trabalhadores do Nepal e do Sri Lanka so enganados com pro-messas de bons empregos, mas quando chegam ao Pas os capatazes confiscam os seus passaportes e foram-nos a tra-balhar longas horas, em condies inu-

    manas e sem possibilidade de fuga. A empresa norte-americana CH2M Hill, responsvel pela maioria dos projectos, atribui a culpa aos prestadores de servi-os locais e s leis do Pas. A presidente dessa empresa, que mora numa cidade pacata no Estado do Colorado, podia e devia garantir que no iremos ter mais sete anos manchados com o san-gue dos operrios. Poderia at mesmo ameaar a retirada dos negcios que detm no Qatar se o sistema no mu-dasse, mas no o faz. E todos sabemos bem porqu...

    GinginhaA ginja, tambm chamada de cereja preta ou cereja cida (este ltimo atri-buto, a acidez, levava a que a maior parte da sua produo fosse destinada transformao em compota ou em licor), tem origem no Mar Negro. Te-ro sido os romanos que expandiram a produo, havendo referncias na Inglaterra do sculo I. Em Portugal encontramos registos no sculo XV, muito embora j antes devesse existir, apesar do seu consumo no ser ex-pressivo. Certo que, aquando do ter-ramoto de Lisboa em 1755, havia em Lisboa vrios estabelecimentos que ven-

    diam ginjas mergulhadas em aguardente, e que seguramente deram origem ginjinha. A ginjinha transformou-se num cartaz turstico, especialmente em bidos e Lisboa. H verdadeiros pontos de grande consumo que ale-gra as ruas pois os estabelecimentos so demasiado pequenos para tantos consumidores. Ana Marques Pereira, no livro Licores de Portugal (2013), escreve sobre a ginjinha e identifica, para uma Rota das Ginjinhas de Lis-boa, quinze estabelecimentos espe-ciais e mais cinco quiosques de venda desse produto.

    Portugal 2Portugal mediterrnico mas encontra-se virado para o Atlntico, ibrico mas no espanhol, europeu mas concentra-se mais no mar, latino mas com um tempera-mento reservado mais tpico dos nrdicos. um pas cheio de alma com uma rara indivi-dualidade, com conscincia das suas caractersticas ni-cas, e com tesouros pouco conhecidos que o tornam to enigmtico e magntico.

    Com uma costa to convidativa, Por-tugal nunca se conformou com os li-mites das suas fronteiras, tendo sido o primeiro pas europeu a entrar em grande parte da sia, da frica e das Amricas, o que fez com que Portugal plantasse um pouco da sua cultura em

    todos os cantos do mundo. O resultado o mais vasto Patrimnio Mundial da UNESCO espalhado pelo globo. Exis-tem fortes, igrejas e outros monumen-tos portugueses em locais inesperados, como o Iro, Marrocos, ndia, Malsia, Qunia, etc.

    A respeito da terrvel calamida-de que se abateu sobre as ilhas paradisacas do arquiplago de Vanuatu, uma breve informao histrica: a primeira ilha desco-berta no grupo de Vanuatu foi a de Espiritu Santo quando, em 1606, o explorador portugus Pedro Fernandes de Queirs avistou-a e pensou tratar-se de um continente do Sul.

  • E N T R E T E N I M E N T OO CLARIM | Semanrio Catlico de Macau | SEXTA-FEIRA | 20 de Maro de 2015PT 19

    TDM Canal 1

    The Divergent SeriesINSURGENT

    CINDERELLA RUN ALL NIGHT

    A PARTIR DE 20/3/2015

    A PARTIR DE 20/3/2015 A PARTIR DE 20/3/2015

    C

    A C

    14:30 | 16:45 | 21:30

    14:00 | 17:30 | 19:30 | 21:30 14:30 | 16:30 | 19:30 | 21:30

    Um filme de: Robert SchwentkeCom: Shailene Woodley, Theo James, Kate Winslet

    Um filme de: Kenneth BranaghCom: Lily James, Richard Madden, Cate Blanchett

    Um filme de: Jaume Collet-SerraCom: Liam Neeson, Joel Kinnaman, Common Ed Harris

    SALA 2

    SALA 1 SALA 3

    TDM Canal 1TDM Canal 1

    Cinema: O Leo da Estrela. Hoje, s 23:30 horas.

    Sexta-feira

    13:00 TDM News (Repetio)

    13:30 Telejornal RTPi (Diferido)

    14:30 RTPi (Directo)

    18:10 Telenovela: Avenida Brasil (Repetio)

    19:00 TDM Talk Show (Repetio)

    19:30 Telenovela: O Teu Olhar

    20:30 Telejornal

    21:30 Vingana

    22:10 Telenovela: Avenida Brasil

    23:00 TDM News

    23:30 Resumo Liga Europa

    23:50 Cinema: O Leo da Estrela

    01:40 Telejornal (Repetio)

    02:30 RTPi (Directo)

    Sbado

    10:10 Ambienta

    10:30 Tringulo Jota

    11:20 Os Ursos Boonie

    12:20 Ingrediente Secreto

    13:00 TDM News (Repetio)

    13:30 Telejornal RTPi (Diferido)

    14:30 Telenovela: O Teu Olhar (Compacto)

    17:00 O Meu Tempo Hoje

    17:20 David Beckham:

    Rumo ao Desconhecido

    19:00 Quem Quer Ser Milionrio

    20:00 Fashion Film Factory

    20:30 Telejornal

    21:10 Conta-me Como foi

    22:10 A Sagrada Famlia

    23:00 TDM News

    23:30 Pop Lusa

    00:30 Telejornal (Repetio)

    01:00 RTPi (Directo)

    Domingo

    11:00 Missa Dominical

    12:00 A Hora de Baco

    12:30 Especial Sade

    13:00 TDM News (Repetio)

    13:30 Telejornal RTPi (Diferido)

    14:30 Zig Zag

    16:10 Super Midos

    17:00 Cuidado Com a Lngua

    17:10 O ltimo Passageiro

    18:30 Deciso Final

    19:20 Bem-Vindos a Beirais

    20:30 Telejornal

    21:00 Contraponto

    22:00 Sntese Histrica do Cinema Portugus

    23:00 TDM News

    23:30 Reportagem

    23:45 Primeira Liga:

    Nacional x Porto (Repetio)

    01:15 Telejornal (Repetio)

    01:45 RTPi (Directo)

    Segunda-feira

    13:00 TDM News (Repetio)

    13:30 Telejornal RTPi (Diferido)

    14:30 Do Ar gua

    15:00 Declarao do Chefe do Executivo

    Sobre o Relatrio das LAG 2015

    16:58 Conferncia de Imprensa

    do Chefe do Executivo

    19:30 Sabia Que?

    20:30 Telejornal

    21:00 TDM Desporto

    22:10 Avenida Brasil

    23:00 TDM News

    23:30 Magazine Liga dos Campees

    00:00 MPB: Msica Portuguesa Brasileira

    00:45 RTPi (Directo)

    Tera-feira

    13:00 TDM News (Repetio)

    13:30 Telejornal RTPi (Diferido)

    14:30 Do Ar gua

    15:00 Sesso de Perguntas e Respostas

    Sobre o Relatrio das LAG 2015

    Com a Presena do Chefe do Executivo

    20:00 Sabia Que?

    20:30 Telejornal

    21:00 TDM Entrevista

    21:45 Tudo Acaba Bem

    22:10 Telenovela: Avenida Brasil

    23:00 TDM News

    23:30 Portugal Aqui To Perto

    00:30 Telejornal (Repetio)

    01:00 RTPi (Directo)

    Quarta-feira

    13:00 TDM News (Repetio)

    13:30 Telejornal RTPi (Diferido)

    14:30 RTPi (Directo)

    19:00 TDM Entrevista (Repetio)

    19:30 Telenovela: Avenida Brasil (Repetio)

    20:30 Telejornal

    21:00 Montra do Lilau

    21:40 O Paraso das Construes de Terra

    22:10 Telenovela: Avenida Brasil

    23:00 TDM News

    23:30 Monumentos e Stios

    00:00 Telejornal (Repetio)

    00:30 RTPi (Directo)

    Quinta-feira

    13:00 TDM News (Repetio)

    13:30 Telejornal RTPi (Diferido)

    14:30 Do Ar gua

    15:00 Debate das LAG 2015:

    rea da Administrao e Justia

    20:00 Sabia Que?

    20:30 Telejornal

    21:00 TDM Talk Show

    21:30 Mentes Criminosas

    22:10 Telenovela: Avenida Brasil

    23:00 TDM News

    23:30 Lado B

    00:20 Telejornal (Repetio)

    00:50 RTPi (Directo)

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    The Divergent SeriesINSURGENT

    A PARTIR DE 20/3/2015 C-3D

    19:15

    Um filme de: Robert SchwentkeCom: Shailene Woodley, Theo James, Kate Winslet

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    3D

  • Rua do Campo, Edf. Ngan Fai, N 151, 1 G, MACAU TEL. 28573860 FAX. 28307867

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    FAMLIA E F

    Educao do carcterPE. RODRIGO LYNCE DE FARIA