O Homem e suas teorias
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Você é aquilo que ninguém vê.
Uma coleção de histórias, estórias,
memórias, dores, delícias, pecados,
bondades, tragédias, sucessos,
sentimentos e pensamentos. Se definir
é se limitar. Você é um eterno
parênteses em aberto, enquanto sua
eternidade durar.”Anônimo
O HOMEM
E SUAS
TEORIAS
Marco Bueno
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ANTES DE COMEÇAR
Meu nome é Marco Antônio Bueno Souza. Mesmo que este seja um nome comum,
consigo manter a minha identidade longe de coisas que muita gente favorece ou venera.
Levo uma vida incomum. Sou reservado. Sou chato. Sou esquisito. Sou de poucos
amigos. Irrito-me fácil. Não gosto de gente pegajosa. Odeio puxa-saco. Falo palavrão. Falo
pouco quando possível. Deixei de curtir barulho e bagunça de qualquer espécie. Não gosto de
gente fanática. Não gosto de músicas e leituras fúteis. Gosto de arte, mas muitas das vezes
fico triste da forma que é ela é conceituada. Não sou especialista em nada. Gosto do azul. Sou
amante da natureza em todos os níveis.
Segundo informações sou a epígrafe abaixo, mas não sou Machado de Assis, que,
falsamente, teve a autoria deste texto atribuído a ele:
“Você é aquilo que ninguém vê. Uma coleção de histórias, estórias, memórias, dores,
delícias, pecados, bondades, tragédias, sucessos, sentimentos e pensamentos. Se definir é se
limitar. Você é um eterno parênteses em aberto, enquanto sua eternidade durar.”
Anônimo
Sou isso e não sou isto. Sou loiro e branco, mas não sou anjo. Não sou estrela. Não sou
luz, amo a escuridão. Não sou norte, e muito menos direção. Não sou guru e nem líder
espiritual. Não sou santo. Sou guerreiro. Sou fraco. Sou verdades e mentiras. Sou mistério,
elucidação, confusão. Sou inveja, arrogância, modéstia, humildade. Sou a minha própria
fundamentação.
Sou defeito, e no texto abaixo, você não encontrará nada além disto.
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O HOMEM NA TEORIA DA CRIAÇÃO E DA EVOLUÇÃO
Imagine a cena. O céu, o mar, a formiguinha passeando estonteante pelo chão, o
pássaro chorando por comida, a majestade o sabiá cantarolando entre arbustos, a flor que se
fecha diariamente no mesmo horário, o girassol que aponta para o gigante dourado, os gatos
saltitantes fazendo estripulias entre os muros das casas, a brisa carinhosa e confortante no
rosto, o calor aquecendo o corpo gelado, o luar enaltecendo a noite.
Temos também o telefone que toca um pouco tempo depois de você ter pensado em
determinada pessoa, e quando vai ver, era o dito cujo mentalizado. Tem aquela ideia que vem
a nossa cabeça, e logo em seguida, um pensamento semelhante é reproduzido em uma
propaganda da televisão. Há aquele momento em que despertamos de madrugada com uma
sensação de morte, e logo depois você fica sabendo que alguém faleceu. Existem também
aquelas situações em que escutamos a voz de alguêm chamando por nosso nome, e horas
depois esta pessoa bate palmas no portão.
Pense nesta inteligência superior que movimenta a natureza e nas “coincidências”
acima, e depois reflita: Você acha que o “arquiteto” desta obra está se preocupando em
mandar recados diários, mensagens, fazer promessas e outras coisas banais às pessoas?
Você não acha estranho o fato de reduzirmos uma grandeza a um simples
pensamento, cheio de ficcão e erros que nós mesmos criamos? Fala sério. Você acha que deus
fala com o homem realmente? Dentro da nossa limitação e ignorância, você acha que, quem
“construiu” todo esse universo precisa se envolver com o nosso cotidiano sórdido?
A religião, não sei por qual causa, compactou o universo de tal forma que pudesse
caber em uns poucos livros. Para os católicos o universo cabe dentro de 73 livros, contra os
66 dos protestantes. No espiritismo são 5 livros fundamentais que orientam e trazem
esclarecimento a respeito da origem do homem, a sua natureza, e a sua relação com o mundo
espiritual.
Nem certo nem errado. Nem melhor nem pior. Apenas religiões com propostas e
conceitos diferentes que tem como objetivo principal o homem, e a comunicação com o
divino. Divino no sentido de ser pertencente a Deus e proveniente dele.
Antes de continuarmos, não posso me esquecer de que a nossa lingua mãe é composta
de normatizações e interpretações variadas, e por isso devemos grafar esta palavra em letra
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maiúscula. Tem que ser DELE, e de preferência colocando o sinal de apóstrofo para dar
conotação de respeito e devoção: D'ELE.
Tudo o que somos, pensamos e fazemos é proveniente D'ELE. A crença na luta do
bem contra o mal; o sonho eterno do paraíso; a volta do cristo; o acreditar na ressurreição; o
evangelho; a doutrinação; o catecismo; a razão de sermos alma vivente; a bíblia como
regência da transformação do homem; a magia do espírito santo; os dons, a prestação de conta
mediante o somatório dos acertos e erros.
Desde pequeno, uma boa parte das pessoas carregam crenças oriundas de sua
educação religiosa: O ar que respiramos, a folha que caí de uma árvore, as pedras no nosso
caminho, as pessoas que morrem e as bênçãos de Deus são algumas delas. Agora, as
“mentiras” que nos tiram do nosso propósito; a difamação, calúnia e injúria; a perseguição; a
incredulidade; a destruição das famílias; as doenças e enfermidades; a violência; a
desigualdade social; enfim, o pecado, é originado do diabo.
Embora que as crenças acima sejam reais para algumas pessoas, isto não significa que
elas sejam verdadeiras. Digo isso porque o homem esta no meio de uma guerra ideológica
criacionista e de evolução. Não que as duas deveriam ser amigas, mas mesmo na inimizade
pode-se haver respeito, no entanto, isto não costuma acontecer.
Por enes motivos alguns criacionistas alegam que a teoria da evolução é uma fraude e
tem como objetivo anular a bíblia como fonte única de verdade. Não sei você, mas eu diria
quanta prepotência da religião e das cabeças que a sustentam como objeto inalienável de
estudo. Colocar a verdade sobre a razão da ciência e defender que o estudo científico da
origem da vida é uma manobra ardilosa do próprio Satanás, e que tem por objetivo perseguir e
abalar as estruturas das coitadinhas das igrejas é uma ideia absurda, egoísta, trapaceira e
perniciosa.
O homem que é o centro da invenção da religião, da teoria da criação, da teoria da
evolução, e que agora tenta dissimular a sua própria espiritualidade, está conseguindo
contradizer a si mesmo. O homem está se enganando com a própria sabedoria.
Uns criaram a ideia de fé raciocinada, enquanto outros defendem suas crendices a
unhas e dentes, sustentados pela bondade e fundamentados em todos os tipos de intolerância.
Enquanto alguns querem saber o que a ciência tem a dizer sobre a origem da vida, outros
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criticam que a ideia evolucionista quer tirar a autoridade do livro sagrado, e
consequentemente da religião e a fé do homem.
Isto significaria que a ideia apocalíptica da bíblia, que é promovida pelo filmes mundo
afora, tornaria-se um acontecimento real. Não é preciso ser crítico de cinema para perceber
que o homem há tempos vem fazendo previsões catastróficas e de destruição de si mesmo nas
telonas. São filmes de meteoros, de um único ser sobrevivente no planeta Terra, de ogivas
nucleares, de zumbis, de falta d’agua, de enchente, de guerras biológicas, e outras desgraças
naturais anunciando o que está por vir.
Sobre esta ótica, até os descrentes, irreligiosos, ateus e afins iria querer um ser
poderoso para o salvar dos erros que ele mesmo produziu. Com estas previsões só nos resta
crer em uma criatura cheia de poderes, criteriosa e controladora e que tenha capacidade de
manter a nossa sociedade em ordem. Que faça por nós, tudo o que previmos, e não fomos
capazes de evitar. Evolução e criação. Eis a questão.
TIPOS DE TEORIAS
Sem aprofundar na questão, sabemos todos que existe no meio da escuridão do
Universo um pálido ponto azul. Entre este pálido ponto azul e o Universo está o homem com
o seu conhecimento natural, científico e religioso.
No meio desta trama de saberes, estão as teorias da criação e da evolução. Vejamos
algumas delas a abaixo.
Teoria Científica. Cientistas levantaram a hipótese de que as milhões de galáxias que
povoam os céus tenham surgido a partir de uma fantástica explosão cósmica. Segundo essa
hipótese, os corpos celestes de hoje são produtos da transformação física dos fragmentos
daquilo que explodiu no Big Bang e que originou o universo. Essa explosão teria ocorrido há
cerca de 20 bilhões de anos atrás.
Teoria Cristã. Segundo a bíblia, alega que um deus criou o mundo em sete dias.
Teoria Egípcia. O mito da criação segundo os egípcios é bastante simples, e entre eles
existe apenas uma versão para tal. Conta-se que no inicio nada existia, a não ser um imenso
vazio conhecido por Nun, o grande oceano primitivo que um dia será chamada de "Nilo", bem
ocorre que ao redor deste oceano reinavam o silêncio, as trevas o caos sem fim. Porém de
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forma misteriosa o oceano começa a se movimentar, despertando de seu sono profundo.
Acontece que Nun é assolado por negras tempestades, que fazem suas águas se agitarem de
forma intensa, e de dentro do oceano começa a surgir um pedaço de terra, uma ilha conhecida
como monte da criação. Surge então uma flor de lótus no meio desta ilha, e de dentro da flor
surge o deus solar Rá, que ao abrir os olhos inundou o mundo com sua luz radiante,
contemplando o imenso vazio que ainda deveria ser totalmente criado. De seus olhos escorre
uma lágrima que penetrou no na terra e de onde surgirá mais tarde a humanidade.
Teoria Grega da Criação. No início, nada existia. Tudo era escuro e vazio. O Caos
imperava. Gradualmente a Mãe-Terra (ou Gaia) surgiu e foi ganhando forma e criou o
Mundo.
Pelo que entendi, foi da necessidade de se comunicar com esta complexidade toda, é
que surgiu a religião. Ao olhar a TERRA, o homem começou a questionar o que tornou tudo
isso possivel. No entanto, como o homem é um conjunto de coisas, o seu conhecimento não
poderia se restringir somente a uma ideia. Por isso, ele a expandiu estudando outras
possibilidades. Daí, a teoria da evolução.
Há muito tempo as religiões vem fornecendo a explicação espiritual de que Deus criou
o universo. Mas não está a ciência começando achar sinais que afastam esta hipótese? E se a
fisica afirmar que não houve necessidade de um criador? O que mudaria?
Partindo do princípio de que não houve um criador, como ficaria a situação do homem
frente às religiões e suas crenças?
Isso é o que pensaremos a seguir.
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HOMEM, O CENTRO DA RELIGIÃO
Como vimos, o homem meio que sentindo que fazia parte de algo maior, começou a
questionar seus propósitos terrenos. Não se sabe exatamente quando, mas estudos apontam
que o primeiro ato religioso praticado pelo homem foi a adoração de objetos e fenômenos da
natureza. Ainda não satisfeito, o homem abandonou o culto ao objeto fisico e dos fenêmenos e
passou adorar o espírito.
Conta-se que esta relação religiosa entre o humano e o divino nasceu do fato de o
oprimido ter se rendido a graça de um líder autoritário e carrasco. Após sua morte, as
infelizes criaturas com medo de serem punidas pelo morto supostamente beato, acabavam-o
adorando com presente e oração. O morto idolatrado era o bam-bam-bam do pedaço:
esbravejava através de trovões e relâmpagos; amaldiçoava com doenças os desobedientes e
tinha outros métodos de persuassão para domesticar os rebeldes.
O espírito adorado tinha atitudes que não era adequado para um deus:controlava a
sorte dos homens; as vezes ajudadava, as vezes não. Como os sábios das tribos em questão
não tinham como saber porque determinada pessoa era favorecida e outras não, eles acabaram
encontrando um jeito de atuar como porta voz entre os adeptos tribais e o deus em questão.
Assim, este sábios tornaram-se xamãs, e como intermediarios dos deuses agiam como um
garoto de recados divino, dizendo aos cidadãos o que eles deveriam fazer, caso contrário,
pagariam com a morte.
Como dito, os primeiros deuses a surgir neste planeta foram os espíritos dos chefes
mortos e que tinham habilidades fora do comum para a época.
No túmulo desses mortos foram colocados estacas, pedras e outras sinalizações, e
associada a ela, uma crendice: para falar com ELE, bastava ir na próxima lua cheia, ajoelhar,
orar e acreditar que ELE estava vivo. No caso nos descrentes, as pobres criaturas eram
assassinadas por acreditar na própria razão.
Bem, dá para perceber que estes povos antigos levavam muito a sério a relação entre
os vivos e os mortos, e não encaravam a morte como algo definitivo, e sim uma situação
passageira entre o mundo físico e o superior, mesmo sem entender muito o conceito.
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A partir do exposto acima, o que se sucedeu em seguida foi o estabelecimento do
processo religioso; o sacrifício; a oferenda; a adoração, o culto aos antepassados, os adornos;
a promessa de salvação e prosperidade tornou-se um modo de compreender a vida.
No decorrer da história temos inúmeros acontecimentos que demonstram as culturas
fantasiosas dos povos, como por exemplos: na ilha de Páscoa no Oceano Pacifico temos
evidências de culto ao homem pássaro; temos os Nórdicos que acreditavam que o mundo
surgiu de um confronto entre o calor e o frio; existiu o povo Africano que achava que o
mundo veio de um grande ovo cósmico; houve os Colombianos que achavam que viemos do
milho. Existem também outras teorias que apontam que viemos da madeira, do sopro divino,
da argila, do barro, da água.
Independente de qual seja o conceito e a metodologia teológica empregada para a
comunicação com o além, o homem sempre fez dos fenômenos um misticismo e da fé uma
fascinação; da religião uma crendice; dos rituais uma superstição; do divino uma moeda de
troca; da evolução um obstáculo; da aparência um estilo de vida.
Esse breve relato evidenciou que, o homem sentindo-se parte de algo maior, começou
a questionar seus propósitos. E a partir deste propósito, fundamentou-se como o centro da
religião.
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O HOMEM APARENTE
É verdade quando falam que o homem está vivendo uma fase de muita aparência e
pouca consistência. Em todo o lugar que circulamos encontramos fachadas. Nas instituições,
nas escolas, nas igrejas, nas empresas, nas pessoas. Todo mundo precisa dar uma impressão.
A empresa precisa convencer seu cliente de que se preocupa com ele, seus negócios e
sua família. As instituições precisam vender a ideia de que tem boas soluções sociais. As
religiões compostas por suas filosofias e doutrinas precisam convencer os indivíduos de que
podem ajuda-los a encontrar seu caminho. A pessoa necessita provar ao outro, que a sua ideia
é tão boa, ou melhor que a dele.
Todo mundo tem uma ideia, opinião, história, concepção ou experiência à
compartilhar. É inevitável, somos seres sociais. Está escrito em nossa estrutura genética que
precisamos nos adequar à vida em grupo, integrando-se em sociedade. Mas não podemos nos
esquecer da percepção de direitos, deveres e dos limites entre eles.
Este é o problema - há muito tempo perdemos a noção do limite. Abandonamos a
nossa linha demarcatória, e com a falsa ideia de liberdade começamos achar que podemos
tudo. Fazer tudo, ter tudo, ser tudo. Estamos divagando.
Basta juntar duas pessoas ou mais, e o excesso está feito. Mesmo não querendo, uma
vai começar a sentir que sabe mais que outra. Quando não, vai querer tomar ou se colocar no
lugar da outra, anulando-a. Com um pouco de reflexão dará para perceber que isto não passa
de filosofia barata.
Cada dia que passa observo o quanto as pessoas se equivocam com suas crendices
feitas de ideologias que provêm do coração, da emoção, dos sentimentos. Neste mundo
aparentemente racional que estamos vivendo, o discurso comum destoa da realidade.
A emoção descontrolada está acabando com a pouca humanidade que ainda temos.
O macete da vida, por assim dizer, é conseguirmos subjugar o temperamento, a
personalidade e a motivação provocada pelo desejo, e colocar no lugar um pouco de
racionalidade. Sem querer ofender aos que sabem, somos todos estúpidos. Esta é a nossa
nudez e vergonha.
No filme Equilibrium, com o ator Christian Bale, o diretor mostra ao telespectador
através de suas lentes a história de um futuro incerto, onde a raça humana foi quase que
dizimada da face Terra. Então, para salvar o mundo, os governantes decidiram criar uma
droga capaz de inibir o sentimento humano, e definitivamente, garantir a paz.
O homem, membro desta sociedade perfeita, destruiu tudo o que pudesse provocar
qualquer tipo de emoção: livros, arte, música, fotografias, lembranças. Contudo, graças a
força da polaridade, um grupo rebelde se negou a continuar nesta vida sem prazer. Quando o
governo local descobriu a existência de um grupo revolucionário, determinou que uma equipe
especializada banissem os desobedientes. Contudo, entre os rebeldes, tinha um indivíduo
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muito habilidoso que, determinado a lutar contra o sistema que o criou, precisava, antes,
aprender a controlar as emoções redescobertas.
Neste filme, a ideia central é o medo dos governantes quanto à iminência da 4º guerra
mundial. Temendo a extinção do homem, políticos e cientistas, como visto, criaram um
mecanismo que supostamente acabaria com os conflitos entre os homens, originado pelo
amor, ódio, ciúme, fúria e raiva. Para ver o desfecho do filme, fica a recomendação.
Fiz esta abordagem somente para dar consistência ao que estava falando um pouco
mais acima: a disputa de princípios provocada pela falta de limite emocional.
No que vale sermos morais e suspostamente conscientes se colocamos a honra à frente
do bem estar do próximo? No que adianta ficar pensando o que somos, de onde viemos e para
onde vamos, se somos incompetentes a ponto de não saber garantir a nossa subsistência? No
que adianta pensar em liberdade, igualdade e fraternidade se não conseguimos criar e proteger
os meios necessários para este modo de vida? O que vale amor, caridade, educação religiosa,
divindade sem discernimento?
Não adianta esta nossa vida de moralidade, se não somos capazes de olhar e aceitar o
ridículo. Não adianta investir em nenhum tipo de educação se a única preocupação que temos
é a de moldar o outro a nossa forma e semelhança. Podemos fazer isso sem custos. Não
adianta, em qualquer lugar que passamos, o discurso é um e a formação é outra.
Enquanto o homem não enxergar a si mesmo como tal ele é, este será incapaz de
ajudar outrem a ser o que eles querem e/ou podem ser.
Vivemos num mundo de estrelismo e holofotes, onde qualquer pessoa com um pouco
de sensibilidade se enoja em olhar. São livros, filmes, novelas, celebridades, figuras públicas,
programação de tv, internet, enfim, é todo o setor de comunicação promovendo e sustentando
um grande conteúdo imaginário e fictício, que nada tem a ver com a essência humana.
Que esperança temos de subsistência se sabemos que somos fantoches do mercado
financeiro e midiático? Como um homem pode ser feliz, se os valores tem preço? Como
podemos nos tornar outra coisa se vivemos uma vida de pura vaidade?
O nosso discurso está totalmente desalinhado do que pensamos, somos e podemos ser.
Nossas ações são diferentes de nossas pregações. Somos homens de aparência, e por isso o
meu excesso e repetição nas palavras.
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O HOMEM METAFÍSICO
É difícil negar, mas o homem fez da simplicidade do universo uma trama de desejos e
interesses. Neste enredo arcaico e vicioso as religiões se desenvolveram, criando doutrinas
baseados nos princípios que mais lhes conviam.
Esta relação com o divino acabou-se dividindo em duas espécies: a das igrejas e seus
lideres religiosos, e a do Estado. Desta união nasceram bilhões de bebês ideológicos: sem
rosto, sem identidade, sem vontade própria, sem autonomia, sem individualidade, sem senso
crítico, escravos. Todos estes bebês, filhos desta história religiosa, tornaram-se parte de um
rebanho moral massificador.
Senta, levanta, fecha os olhos, abre os olhos, fala aleluia, fala gloria deus, tome passe,
faça tratamento, confesse seus pecados, melhore, progrida, busque, faça reforma íntima,
transforme-se.
O homem é ensinado desde criança a acreditar em coisas que não tem a mínima ideia
do que se trata. Quando criança, a família logo faz um corte de cabelo da moda; enfia o
pequeno cidadão dentro de uma igreja; escolhe o seu time de futebol; apresenta-lhe o mc
lanche feliz; insere-o nesta ou naquela doutrina; faz um book; coloca brinco nas orelhas;
ensina o menino ou menina que não pode fazer isso ou aquilo por que papai do céu não gosta,
caso contrário irá pra o inferno.
Está tudo certo, pois somos fruto do meio, e mesmo contra, somos sujeitos à algumas
situações. No entanto, nada impede que a criança um ser inteligente, pensante e com vontade
própria, em silêncio, faça alguns questionamentos: Mas quem é o papai do céu? Onde ele
mora? Porque quando peço as coisas ele não me dá? Por que ele levou a minha mãe? Por que
ele não fala? Ele tem poderes..quais? Porque não posso usar camisa de time na igreja, e em
outros ambientes religiosos posso?
As aulas religiosas começam logo no berço, mesmo que a família não tenha lá muita
crença nesta ou naquela religião. Aos poucos a criança vai sendo engessada e condicionada a
crer em algo que os próprios adultos não têm certeza.
Esta é a nossa danação eterna: reproduzir a cultura alheia. Especificamente, no caso da
religião, somos induzidos a crer desde pequenos na existência de dias melhores através de um
plano eterno de salvação. Menino bom vai com os anjos, e mau, para a fogueira. Para não
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corrermos o risco de ser penalizado basta ter a conduta de bom cristão; ser fiel a deus; se
arrepender; pedir perdão dos seus pecados e não cometê-los novamente; crer que Jesus é o
filho de Deus e aceita-lo como seu único salvador; e amar ao seus próximo como a si mesmo.
Feito isto, o passeio para o paraíso esta garantido.
É comum vermos mensagens que jesus estende sua mão quando estamos triste; que
nos conforta na aflição; que carrega nos colo quando não conseguimos andar; nos abençoa;
nos protege de enfermidades entre outras. Todas essas mensagens são insignificantes, pois o
nosso egoísmo transforma a “concepção deus e jesus” ao tamanho do nosso conhecimento .
Como vimos anteriormente, os líderes espirituais tornaram-se um intermediário entre o
superior e ou EU do homem; eles se colocaram numa posição de mentor. São papas,
sacerdotes, pastores, anciãos, xamãs, gurus e toda sorte de gente espiritual fazendo pelo o
indivíduo aquilo que somente ele pode fazer por si mesmo.
Se deus é onipresente, onisciente e onipotente não precisa de ninguém fazendo por ele
o que ele próprio já fez. Não é preciso de intermediário entre nós e o superior, porque a nossa
relação é direta. Quem é capaz de criar o mundo e a forma de vida em sete dias, não precisa
ficar recriando, moldando e controlando a história e o universo - porque tudo que era perfeito
se fez.
(...) O problema é que o homem com todas as suas necessidades filosóficas preocupa-
se ainda em tomar para si o monopólio da verdade, produzir mentiras metafísicas, acobertar
crimes contra a humanidade, promover guerras contra os opositores de suas convicções,
impedir o avanço do conhecimento e do autoconhecimento, pois, com a iluminação interior e
exterior, suas tramas falaciosas viriam à luz.
Não faltam no mundo seitas e religiões que abrigam em seu seio a pior espécie de
homem, os piores assassinos, os maiores corruptores dos mesmos valores que fingem
defender: a vida, a honra e a dignidade. Dos pedófilos da cristandade aos radicais do Islã,
ainda resta um cortejo de falsos milagreiros teatrais, profetas do fim do mundo, santos dos
últimos dias, gurus de Rolls-Royces, corretores das moradias celestiais, sacerdotes do capital
ilícito; não faltam homens cuja indecência, perversidade e ambição se escondem sob o manto
sacerdotal.(...)
Vide referência – Como surgem as religiões
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Não vou falar que cada um tem o seu momento, ou que cada pessoa tem o seu
quadrado, de forma sarcástica e preconceituosa. Acredito que cada indivíduo tem direito ao
seu espaço e não ser importunado nele, mas também acredito que a interdependência é um
fator que deveria ser estudado, em nós, seres biologicamente sociais.
Diferentemente das formigas, não temos senso de organização, respeito,
responsabilidade e compromisso com o outro. Pouco nos lixamos com as pequenas ações, e
tão pouco se importamos se elas interferem no processo geral.
O que interessa mesmo é um Brasil evangélico lotado de adeptos e fiéis incautos que
não sabem que, o que é luz, na verdade, pode ser escuridão. O resultado da falta deste
discernimento é a ocorrência de tudo o que mais temeram em suas vidas terrenas: pranto e
ranger de dentes. Só dá para colher o que plantamos, e receber pelo que trabalhamos.
Cabe tão somente ao homem decidir por que, quando e como a crendice deve parar.
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O HOMEM E A RELAÇÃO COM ANJOS, SANTOS E DEMÔNIOS
Vimos inicialmente que o homem em dado momento de sua vida terrena questionou
seus propósitos existenciais. Sem saber o que era, de onde saiu e para onde estava indo,
construiu um estado mental baseados em suas verdades. Verdades de acordo com sua cultura
e conforme o seu tempo.
Com estudo, é possível encontrar toda sorte de explicação para santos, anjos e
demônios. Independente das definições, uns preferem crer na sua fé, e outros preferem
acompanhar a razão. Eu, particularmente, opto por esta última, e sem muito lero-lero de
livros.
Sei que estou aqui, e amanhã não faço a mínima ideia de onde estarei. Sei que sou um
pobre errante, solitário, sem destino. Contento-me em saber que cheguei aonde deu para
chegar, e fui o que foi possível.
Não sei se apos minha morte me tornarei uma alma penada, um espírito, uma alma
vivente, um gasparzinho, um átomo, um feixe de luz, um santo, um anjo, um demônio, um
gnomo, um smurf ou alienígena.
Pouco me importo se vestirei roupas brancas, ou voltarei a viver o meu passado
inquisidor. Não irei enlouquecer porque não consegui cumprir a minha missão ou
planejamento, e tão pouco criarei expectativas se elas realmente existem.
Não brindarei a deuses, a anjos, diabos, santos, demônios, jesuses. Não darei ofertas,
não baterei palmas, não cantarei louvores, não exaltarei mais ninguém, vivo ou morto, da
Terra ou do além.
Apenas agradecerei a você seja quem for.
Obrigado por eu estar aqui, e ser o que sou.
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ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Tem um conceito que vi em algum lugar, mas não me lembro de exatamente onde, que
fala do homem integral. Esta ideia de dizer que o homem é um ser físico, psicológico,
emocional, social e espiritual parece-me ter mais a ver com a nossa realidade.
Reestudar a história passada, presente e futura colocando o homem em um novo
paradigma, resultará em caminhos desconhecidos, porém, ampliará a nossa capacidade de ser,
fazer, ter, conhecer, conviver.
Reformar o guarda roupa, e desfazer das tralhas é uma ideia prudente e que deveria ser
executada em todos os departamentos da sociedade. Sacudir a traças, colocar um perfume
francês, vestir uma roupa simples, mas limpinha. Falar a nossa própria língua, pensar por nós
mesmos, seguir nosso próprio caminho. Criar leis que protejam e cuidem do bem estar do
homem integral. Nem que para isso tenhamos que desconstruir tudo o que está feito.
A educação serve para isso. Não é preciso pressa. Basta começar.
Esta linguagem que usei, não teve a intenção de partir corações, e tão pouco
desrespeitar os credos e as raças, sejam quais forem.
Não sou herege. Apenas tentei dizer que o homem é fruto da teoria da criação e da
evolução; é o centro da religião; é cheio de aparências; quer acreditar que é metafisico, mas
não consegue se desvencilhar de velhos conceitos de anjos, santos e demônios em seu mundo
sobrenatural.
Vale a pena dar um restart e reiniciar o sistema.
Marco Bueno
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APONTAMENTOS
http://www.moisessampaio.com/EstudosBiblicos/estudos/desfazendoasobrasdodiabo.h
tml
http://pt.wikipedia.org/wiki/Santo
http://evolucao_geologica.no.comunidades.net/index.php?pagina=1366116632
http://www.espiraistempo.com.br/2012/06/mitologia-egipcia-cosmogonia-criacao-
do.html
http://mitoslendasecontos.wordpress.com/2011/03/17/a-criaomitologia-grega/
http://deusilusao.com/2010/10/27/como-surgem-as-religioes/
http://www.evo.bio.br/layout/religxcien.html
http://www.criacionismo.com.br/
http://somostodosum.ig.com.br/conteudo/c.asp?id=5928
http://somostodosum.ig.com.br/conteudo/c.asp?id=3654
http://delas.ig.com.br/comportamento/o-lado-feio-da-perfeicao/n1238011109777.html
http://www.abarriguda.org.br/colunistas/equilibrium-o-poder-dos-sistemas-
ideologicos-autoritarios-sobre-as-liberdades-individuais/
http://www.interfilmes.com/filme_23037_Equilibrium-%28Equilibrium%29.html