O Globo-RIO - Autoridades criticam ponte do metrô na barra - 12-02-2010 - pag30

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30 ● RIO Sábado, 12 de fevereiro de 2011O GLOBO.

O GLOBO ● RIO ● PÁGINA 30 - Edição: 12/02/2011 - Impresso: 11/02/2011 — 21: 23 h AZUL MAGENTA AMARELO PRETO

Autoridades criticam ponte do metrô na BarraSuperintendente do Iphan e subsecretário municipal de Patrimônio dizem que estrutura atrapalharia visão da Pedra da Gávea

Selma Schmidt

● A decisão do governo esta-dual de incluir a construção deuma ponte estaiada (suspensapor cabos) no projeto da Linha4 do metrô (que ligará a Barrada Tijuca à Zona Sul), como OGLOBO informou ontem, provo-cou a reação dos responsáveispelos órgãos de patrimônio mu-nicipal e federal no Rio. O supe-rintendente regional do Institu-to do Patrimônio Histórico e Ar-tístico Nacional (Iphan-RJ), Car-los Fernando Andrade, e o sub-secretário municipal de Patri-mônio Cultural, Washington Fa-jardo, alegam que a estruturaatrapalharia o visual da Pedrada Gávea, um bem federal tom-bado. Carlos vai além: diz que oprojeto teria que ser submetidoao Iphan e seria vetado.

— Essas pontes estaiadas fo-ram construídas em diversoslocais do mundo sem atributovisual, como Roterdã (Holan-da) e São Paulo, para se torna-rem um símbolo. Essas cidadesnão tinham identidades visuaisfortes, como o Rio de Janeirotem. Precisavam de elementosartificiais para criar essa iden-tidade. Essa ponte estaiada,além de não trazer qualquernovidade em termos formaisou estruturais, está localizadaem um local repleto de atribu-tos paisagísticos. Não posso di-zer que ela ofuscaria a Pedra daGávea, que é um elemento mui-to mais forte que a ponte. Mas,na escala do pedestre e do pas-sageiro, ela atrapalharia o vi-sual. É como um cisco no olho:não nos deixa cegos, mas atra-palha a nossa visão — comparaCarlos Fernando.

Para o superintendente doIphan-RJ, estruturalmente hátecnologia para se construiruma ponte que permita a pas-sagem dos trens do metrô, semnecessidade do uso de cabos.

De acordo com projeto do es-tado, a ponte estaiada, em con-creto e aço, terá 275 metros.Sairá da Pedra do Focinho doCavalo e passará sobre a Lagoada Tijuca, seguindo em direçãoà estação Jardim Oceânico.

Estado analisará necessidadede submeter obra ao IphanO subsecretário de Patrimô-

nio do Rio chegou a fazer si-mulações no computador,com pontes com cabos e sem,constatando o impacto na vi-são da Pedra da Gávea:

— A implantação da Linha 4 émuito importante. Mas a cons-trução da ponte estaiada mepreocupa. Não se pode vulgari-zar essa e outras soluções deengenharia. É preciso levar emconta as paisagens natural e cul-tural. A paisagem do Rio é umdos nossos maiores valores. Ho-je, há a ponte treliçada sobre aAvenida Francisco Bicalho e apassarela sobre a Avenida Presi-dente Vargas, que leva à estação

do metrô da Cidade Nova. Elassão muito questionadas.

Apesar de entender que nãohá interferência da ponte es-taiada na Pedra da Gávea, o se-cretário estadual de Transpor-tes em exercício, SebastiãoRodrigues Pinto Filho, diz queo estado vai verificar a distân-cia entre ambos e estudar a le-gislação de tombamento:

— Se avaliarmos que é ne-cessário, encaminharemos oprojeto para o Iphan. Vamos

atender ao que a lei determi-na. De qualquer forma, se ti-vermos que modificar o proje-to, vamos fazer outro que per-mita construir uma ponte quenão apenas dê condições àpassagem do metrô, como ain-da embeleze a região. A futuraponte tem que embelezar o lo-cal, ter brilho — argumenta osecretário de Transportes.

O secretário encontra nopresidente da Associação deMoradores do Jardim Oceâ-

nico, Luiz Igrejas, um defen-sor da ponte estaiada:

— Ela vai enfeitar o local etem um enfoque turístico.

Igrejas, no entanto, tem umapreocupação em relação à Linha4. Ele defende a ampliação dotrajeto até o Terminal Alvorada,no entroncamento das avenidasdas Américas e Ayrton Senna:

— Defendemos que a esta-ção terminal da Linha 4 na Bar-ra não seja no Jardim Oceâni-co. Com isso, evitaríamos terpontos finais de ônibus e devans no local, que não com-portaria tanto público.

Moradores querem Linha 4ampliada até Alvorada

O pedido de ampliação da Li-nha 4 será reiterado numa reu-nião de moradores da Barra daTijuca com autoridades do esta-do, no dia 14 de março. O encon-tro será no Marina Barra Clube.

A Secretaria municipal deTransportes não informou sehaverá linhas de ônibus saindo

da estação do metrô no JardimOceânico em direção a locaispróximos, como a Praia da Bar-ra. O prefeito Eduardo Paes jáanunciou uma modificação noprojeto do Transoeste (corredorexpresso de ônibus articulado,BRT, ligando a Barra a SantaCruz), de modo a estendê-lo atéo Jardim Oceânico. Segundo aSecretaria de Obras, o ponto on-de será construída a estação doBRT ainda não está escolhido.

Ainda de acordo com a Se-cretaria municipal de Obras, aspropostas feitas pelo estado pa-ra complementar a Linha 4 es-tão sendo estudadas. Uma de-las prevê a demolição dasatuais pontes de acesso e saídada Barrinha e do Itanhangá. Se-ria construída uma nova estru-tura sobre a Lagoa da Tijuca,com duas pistas, mais elevadasdo que as atuais. Outra ideia é areurbanização do trecho ocu-pado pelo canteiro de obras daLinha 4 e por invasões, às mar-gens da Lagoa da Tijuca. ■

A SIMULAÇÃO, feita por computador pelo subsecretário Fajardo, mostra qual seria o impacto de uma ponte suspensa por cabos e de uma comum na visão da Pedra da Gávea

Divulgação

“É preciso levar em conta as paisagensnatural e cultural. A paisagem do Rioé um dos nossos maiores valores.Washington Fajardo, subsecretário municipal de Patrimônio Cultural