O GÊNERO LITERÁRIO CONTO NA FORMAÇÃO DE LEITORES DO ENSINO · leitores do Ensino Fundamental. O...
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O GÊNERO LITERÁRIO "CONTO" NA FORMAÇÃO DE LEITORES DO ENSINO
FUNDAMENTAL
Autora: Marlene Correia de Souza1
Orientadora: Ruth Ceccon Barreiros2
Resumo
O presente artigo trata das reflexões relativas à Implementação do Projeto de Intervenção Pedagógica denominado O gênero literário "conto" na formação de leitores do Ensino Fundamental. O projeto propôs atividades voltadas à prática da leitura, tendo como recurso o gênero "conto". O público a que foram destinadas as atividades eram alunos da quinta série do Ensino Fundamental, turno vespertino, do Colégio Estadual Humberto de Campos-Ensino Fundamental, Médio e Profissional da cidade de Santo Antonio do Sudoeste - PR. Os estudos e as atividades desenvolvidas atenderam a proposta de formação continuada, ofertada pelo Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) - 2010/2011, da Secretaria de Estado da Educação (SEED). O principal objetivo do projeto foi estimular o gosto e a habilidade leitora em alunos participantes do projeto, por meio de contos literários. Para isso, o trabalho fundamentou-se teoricamente em uma proposta sócio interacionista de linguagem como propõe Bakhtin (1999) e sociológica de leitura conforme Freire (2003). A metodologia utilizada para a aplicação das atividades foi o Método Recepcional, proposto por Aguiar e Bordini (1988) e sugerido pelas DCE - 2008. A escolha do Método deu-se por se acreditar que o mesmo sugere atividades que incentivam o ato de ler, possibilitando reflexões sobre a obra, estímulo à fantasia, despertando a criatividade do aluno. Destaca-se que Aguiar e Bordini (1988) ao discorrerem sobre o método tomam como fonte os estudiosos Hans Robert Jauss (1979 – 1994) e Wolfgang Iser (1996). Os resultados foram interessantes, tanto para os alunos como para o coordenador do projeto, pois puderam ampliar seus conhecimentos de leitura, além de possibilitar a vivência de práticas pedagógicas mais pertinentes e significativas
Palavras-chave: Leitura; formação leitora; contos literários; Ensino Fundamental.
1 Professora Marlene Correia de Souza - Colégio Estadual Humberto de Campos-EFMP. Santo
Antonio do Sudoeste – PR. E- mail: [email protected] 2 Orientadora do Programa PDE. Doutoranda em Letras, pela UFBA - Salvador-BA mestre em
Linguística Aplicada ao Ensino da Língua Materna pela UEM – Maringá - PR. Docente do Colegiado de Letras da UNIOESTE - Campus de Cascavel, pesquisadora da área de Leitura e formação de leitores, literatura e ensino.
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Abstract
This article deals with reflections on the Implementation of Educational Intervention Project called The literary genre "story" in the training of elementary school readers. The proposed project activities focused on the practice of reading, as the
genre feature "story". The public activities that were designed were fifth graders of elementary school, afternoon shift, the State College Humberto de Campos-Elementary Education, Middle and Professional of the city of San Antonio's Southwest - PR. The studies and activities attended continuing education proposal, offered by the Educational Development Program (PDE) - 2010/2011, the State Department of Education (SEED). The project's main goal was to stimulate the taste and the ability reader, students participating in the project, through literary tales. For this, the work was based on a theory proposed social interactionist language as proposed by Bakhtin (1999) and sociological reading according to Freire (2003). The methodology for the implementation of activities Recepcional method was proposed by Aguiar and Bordini (1988) and suggested by the DCE - 2008. The choice of method was made by the belief that it suggests activities that encourage the act of reading, enabling reflection on the work, stimulating the imagination, awakening the student's creativity. It is noteworthy that Aguiar and Bordini (1988) discourse to take on the method as a source scholars Hans Robert Jauss (1979-1994) and Wolfgang Iser (1996). The results were interesting, both for students and for the project coordinator, because they could expand their knowledge of reading, and providing the experience of teaching practices most relevant and significant.
Keywords: Reading; reader; training; literary tales; Elementary School.
1 Introdução
A leitura representa uma fonte inesgotável de informação e conhecimento,
sendo indispensável ao crescimento intelectual de qualquer indivíduo. Partindo-se
deste princípio e considerando-se que muitas crianças e jovens, do Ensino
Fundamental, estão em processo de construção da formação leitora, é necessário,
nessa etapa de estudos, que os aprendizes encontrem significado no exercício leitor,
em sala de aula. Para isso, é preciso buscar novas alternativas de trabalho, com
métodos que incentivem a leitura, tendo por base atividades e textos desafiadores e
diversificados. Estas atividades devem promover a compreensão, a interação, o
diálogo entre autor-texto-leitor, de forma que o leitor possa, a partir de uma leitura
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eficiente, participar da construção e da transformação de sua própria história e do
meio em que vive.
Com base nesse entendimento, concebeu-se o Projeto de Intervenção
Pedagógica: "O gênero literário "conto" na formação de leitores do Ensino
Fundamental", que ora se apresenta as reflexões em forma de artigo. Vale lembrar
que este artigo refere-se à finalização de todo um processo de estudos na formação
continuada, ofertada pelo Programa de Desenvolvimento Educacional da Secretaria
da Educação do Estado do Paraná - 2010/2011.
A proposta foi desenvolvida e implementada em uma turma de alunos da
quinta série do Ensino Fundamental, turno vespertino, do Colégio Estadual
Humberto de Campos - Ensino Fundamental, Médio e Profissional de Santo Antonio
do Sudoeste - PR. A metodologia utilizada para o desenvolvimento das atividades foi
o Método Recepcional, proposto por Aguiar e Bordini (1988), as quais tomam por
base estudos de Hans Robert Jauss (1979-1994) e Wolfgang Iser (1996).
Objetivou-se trabalhar com o Método Recepcional por se acreditar que o
mesmo transforma o leitor em agente ativo de leitura e no contexto social em que
está inserido. O método é eminentemente social ao pensar o sujeito em constante
interação com o outro e, nessa interação, o aluno se constrói como sujeito da sua
história. Por meio dessa proposta de formação leitora, o leitor pouco proficiente,
limitado pela experiência da realidade em que vive, passa a romper essa condição,
percebendo que os seus conhecimentos podem ser transformados e ampliados.
O projeto teve como objetivo principal oportunizar aos alunos a competência
leitora e para o desenvolvimento das atividades foram selecionados contos literários.
Trata-se de contos de humor da autora Sylvia Orthof, publicados na obra "Os bichos
que tive: memórias zoológicas" (1983), a saber: "Bicho Papão da minha
Imaginação", "Sua avó, meu Basset" e "Um Bicho de Pé, de Estimação". Os contos
primam pela fantasia, através do tema "animais de estimação", tão ao gosto do
público para o qual foram destinados.
O conto literário é um recurso eficiente, que pode promover os aprendizes a
leitores maduros, com a vantagem de que a literatura pode fomentar a imaginação, a
emancipação, a revelação e a criatividade, oportunizando ao leitor perceber que a
leitura de um texto necessita bem mais do que conhecer apenas o código linguístico,
mas exige uma relação de diálogo entre texto e leitor, uma vez que o texto não é
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algo acabado, pronto, e sim uma referência para a formação e o desenvolvimento do
espírito crítico.
2 Literatura, Leitura e Formação Leitora
Nos tempos atuais observa-se que muitos alunos do ensino fundamental,
demonstram pouco interesse quando o assunto é leitura, especialmente, leitura da
literatura, porém, é preciso reconhecer que quem não sabe ler, em geral, apresenta
maior dificuldade para articular ideias e expor opiniões, tanto na oralidade como na
escrita. De acordo com as DCE,
[...] Mesmo vivendo numa época denominada „‟era da informação‟‟, a qual possibilita acesso rápido à leitura de uma gama imensurável de informações, convivemos com o índice crescente de analfabetismo funcional, e os resultados das avaliações educacionais revelam o baixo desempenho do aluno em relação à compreensão dos textos que lê (PARANÁ, 2008, p.48).
Sabe-se que a tarefa de transformar essa realidade, em relação ao índice de
analfabetismo funcional, cabe à escola, assim, faz-se necessário que, em ambiente
escolar, o aluno tenha a oportunidade de acesso à leitura de textos das mais
variadas linguagens, pois isso contribuirá para a ampliação do seu conhecimento,
proficiência leitora e gosto pelo ato de ler.
Acredita-se que na sociedade contemporânea, em que o universo da
tecnologia facilita e disponibiliza instantaneamente muitas informações, pelas quais
os aprendizes sentem-se bastante atraídos, o educador vê-se, geralmente,
desestimulado diante do desinteresse dos alunos quando o assunto é leitura da
literatura. Dessa forma, para que o educador possa “competir” com esses recursos,
despertando no aluno o hábito e gosto pela leitura do texto literário, é preciso
encontrar alternativas que mostre aos futuros leitores, o quanto essa leitura pode ser
agradável e enriquecedora. Neste sentido, Aguiar e Bordini (1988) asseveram,
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[...] todos os livros favorecem a descoberta de sentidos, mas são os literários que o fazem de modo mais abrangente. Enquanto os textos informativos atêm-se aos fatos particulares, a literatura dá conta da totalidade do real, pois, representando o particular, logra atingir uma
significação mais ampla. (AGUIAR; BORDINI, 1988, p.13).
A literatura, comprometida com o homem e com vida, possibilita a ampliação
dos horizontes do leitor, a partir da reflexão e do questionamento da realidade que o
cerca. Nesta perspectiva, a leitura da literatura deve provocar mudanças na forma
de se conceber as questões pessoais e sociais, estando, portanto, muito além do
entretenimento.
Todo processo de formação leitora traz intrínseco uma concepção de leitura,
conforme as DCE,
[...] A leitura deve ser compreendida como um ato dialógico, interlocutivo,
que envolve demandas sociais, históricas, políticas, econômicas, pedagógicas e ideológicas de determinado momento. Ao ler, o indivíduo busca as suas experiências, os seus conhecimentos prévios, a sua formação familiar, religiosa, cultural, enfim, as várias vozes que o constituem. (PARANÁ, 2008, p. 56).
Compreender a leitura como um ato dialógico e interlocutivo é a proposta da
DCE aos educadores. Neste viés, o leitor deverá ser conduzido a considerar o
contexto, os aspectos sociais e ideológicos do seu próprio meio, bem como do texto
a que tem acesso. O conhecimento de mundo do leitor em formação dar-lhe-á
condição para estabelecer leituras significativas, confrontando o próprio saber com o
conhecimento novo.
Para Martins (2007), a leitura deve ser considerada como algo abrangente,
que engloba diferentes linguagens, em sua opinião o ato de ler
[...] se realiza a partir do diálogo do leitor com o objeto lido - seja escrito,
sonoro, seja um gesto, uma imagem, um acontecimento. Esse diálogo é referenciado por um tempo e um espaço, uma situação; desenvolvido de acordo com os desafios e as respostas que o objeto apresenta, em função de expectativas e necessidades, do prazer das descobertas e do reconhecimento de vivências do leitor. (MARTINS, 2007, p.33).
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Estabelecer um diálogo com o texto, depreendendo-lhe os sentidos, não é
tarefa simples e precisa ser ensinada e aprendida na escola. Isso demanda
comprometimento por parte dos educadores na busca de novas estratégias, técnicas
e métodos que possam garantir uma formação em leitura mais eficaz para o aluno,
contemplando as diversas linguagens que se apresentam no cotidiano. Só assim ter-
se-á a certeza da formação de uma geração leitora, crítica e participativa.
Buscando formar leitores eficientes, com capacidade para dialogar com o
texto, o Projeto de Intervenção Pedagógica amparou-se em uma perspectiva
interacionista de linguagem conforme propõe Bakhtin (1999), sociológica de leitura
de acordo com Freire (2003). E, para o desenvolvimento das atividades leitoras,
utilizou-se como recurso o Método Recepcional proposto por Aguiar e Bordini
(1988).
Procurou-se, no decorrer dos encontros de formação em leitura, proporcionar
aos educandos uma melhor interação com linguagens e culturas diversas, como
forma de despertar o espírito crítico do alunado. Isso por se considerar que mediante
o vínculo com a leitura, o jovem terá condições de descobrir seu universo, interagir
com o meio em que vive e relacionar-se como ser humano, construindo seu projeto
de vida na interação com o outro.
3 Leitura Literária na Sala de Aula: O Conto
No intuito de dar novo sentido ao ato de ler no ensino fundamental, tendo em
conta que pelas diferentes práticas de leitura o leitor toma consciência das suas
obrigações e dos seus direitos, conquistando a cidadania plena, é que se
empreendeu o Projeto de Implementação de Intervenção Pedagógica ora em tela.
Na Implementação do referido projeto, primeiramente, apresentou-se à
Direção e Equipe Pedagógica do Colégio Estadual Humberto de Campos - Ensino
Fundamental, Médio e Profissional, o qual foi muito bem avaliado, tendo em vista a
necessidade de se investir na formação leitora dos alunos de quinta série do ensino
fundamental.
Para o desenvolvimento das atividades de formação leitora optou-se pelo
gênero literário Conto, por se tratar de uma narrativa curta, mostrando-se mais
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pertinente às primeiras aproximações da literatura com alunos da quinta série do
ensino fundamental. Para a abordagem dos contos adotou-se o Método
Recepcional, uma alternativa metodológica de formação leitora, próprio para a
literatura, que contempla cinco etapas, a saber: a primeira prevê a determinação do
horizonte de expectativas do aluno/leitor; a segunda o atendimento do horizonte de
expectativas; a terceira a ruptura do horizonte de expectativas; a quarta o
questionamento do horizonte de expectativas e, finalmente, a quinta e última etapa,
a ampliação dos horizontes de expectativas.
Os trabalhos tiveram como primeira atividade com os alunos, um diagnóstico
sobre os interesses, aspirações e familiaridade dos mesmos com a leitura do texto
literário e do tema, “animais de estimação”, a fim de prever estratégias de ruptura e
transformação do horizonte de expectativas. Em seguida, foi-lhes apresentado o
projeto, de maneira, inicialmente, informal, motivando-os para a adesão à proposta.
De pronto, observou-se curiosidade e aceitação, por se tratar de algo diferente e
interessante do que muitos deles estão acostumados na escola.
O diagnóstico foi realizado por meio de um questionário escrito e dentre as
questões estavam: A sua casa possui um local apropriado para leitura? Você gosta
de ler? Você tem curiosidade de ler algum livro do qual já ouviu falar, mas ainda não
teve oportunidade de ter contato? Qual o livro? Já leu alguma história que fala sobre
os animais de estimação? Gostou da história? Você tem algum animal de estimação
em sua casa? Qual? Caso você tenha um animal de estimação, conte como ele
chegou à sua casa. Quem cuida dele? Se você não tem um animal de estimação,
você gostaria de ter um? Qual animal? Por que da sua escolha?
No momento em que os alunos elaboravam as respostas do questionário,
observou-se que grande parte deles respondia rapidamente, sem muita atenção ou
pode-se dizer, “de qualquer jeito”. Em função disso, houve a necessidade de mudar
a forma de aplicação da atividade, sugerindo que a turma se dispusesse em círculo
na sala de aula, uma maneira de promover interação entre eles, visando o
compartilhamento e reflexões sobre as respostas dadas. A partir da nova estratégia,
a atividade ficou mais produtiva, visto que todos participaram expondo sua opinião
acerca do assunto. Isso possibilitou um maior conhecimento e familiarização dos
alunos com o tema animais de estimação.
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As respostas apresentadas mostraram que muitos dos alunos não têm um
local especial para leitura em casa, sendo que o espaço físico mais utilizado para a
prática é o próprio quarto. Outros argumentaram ler e assistir TV ao mesmo tempo.
Alguns disseram preferir os games, jogos no computador, jogo de bola ou outras
brincadeiras à leitura. Tendo em conta essas respostas, os alunos foram provocados
a repensar o ato de ler, percebendo que não precisam abrir mão da TV, brincadeiras
ou jogos, mas apenas organizar seu tempo para a prática da leitura, considerando-
se que uma boa leitura pode também proporcionar momentos inesquecíveis e
prazerosos.
Com essa atividade pôde-se conhecer os interesses de leitura dos alunos, as
condições que teriam para essa prática, o tempo dedicado a esta atividade, bem
como o conhecimento que possuíam sobre o tema. Neste sentido, os
questionamentos mostraram-se relevantes, não somente para conhecer o processo
de leitura dos estudantes, mas principalmente para determinar os horizontes de
expectativas, sendo esta uma etapa imprescindível para o encaminhamento de
leituras futuras, conforme o Método Recepcional.
Para dar prosseguimento às reflexões, os alunos foram solicitados a
produzirem um pequeno texto que versasse sobre os animais de estimação. No trato
do tema percebeu-se o grande interesse dos alunos em relatar fatos relacionados às
suas experiências de convivência com os animais domésticos de estimação. E
mesmo aqueles que não têm um “bichinho de estimação” em casa por um ou outro
motivo, por exemplo, pela falta de um local adequado ou porque os pais não
permitem, mesmo estes, partiram para o mundo da fantasia e contaram,
adequadamente, sobre o seu animal de estimação imaginário.
Concluída esta primeira etapa, de determinação dos horizontes de
expectativas, em momento posterior, os alunos tiveram a oportunidade de visitar a
biblioteca em busca de algumas histórias. Nesta visita à biblioteca, percebeu-se que
a maioria optou por escolher livros com histórias de animais, de estimação. As
leituras foram realizadas e ficou combinado que, em uma aula subsequente, cada
aluno poderia relatar a história lida. E assim se deu. Na aula seguinte, todos tiveram
a oportunidade de expor o assunto relativo às obras lidas, além de trocarem
impressões e informações sobre a leitura. A atividade foi muito apreciada e bastante
produtiva.
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Para tratar da segunda etapa prevista pelo método, ou seja, o “atendimento
do horizonte de expectativas” apresentou-se o primeiro conto, “Bicho Papão da
minha imaginação”, de Sylvia Orthof. O processo de leitura deu-se de forma
gradativa, primeiramente, explorando o título do conto, a partir do conhecimento de
mundo dos alunos, levantando-se hipóteses sobre o conteúdo do texto.
As atividades de aproximação do texto foram encaminhadas, partindo-se das
seguintes questões: O que o título do conto sugere?
Fonte: http://conversademenina.wordpress.com/2010/10/06/artigo-como-lidar-com-o-medo-em-criancas/
Considerando-se o que sugere o título, qual seria o conteúdo da história deste
Conto? Você já ouviu falar em "Bicho Papão"? O que seria "Bicho Papão da minha
imaginação"? Você já viu um "Bicho Papão"?
Em se tratando da exploração do título do conto “Bicho Papão da minha
imaginação” pode-se dizer que os alunos realizaram a atividade com muito
interesse. Algumas das previsões emitidas foram:
“[...] o título sugere a ideia de que o bicho papão é “coisa” da imaginação”;
“[...] é um bicho horrível, mas por fazer parte do mundo da fantasia cada um
tem um, cria o seu e o imagina a seu modo”;
“[...] apesar de meter medo nas crianças faz parte do mundo infantil e é muito
legal”.
Terminada a fase das previsões, o professor fez uma leitura expressiva do
conto e, posteriormente, os alunos realizaram uma leitura silenciosa. A partir da
leitura do texto, os comentários evidenciaram que os alunos estavam
compreendendo o conteúdo e com isso conseguiam emitir opiniões pertinentes.
Dentre as opiniões, estava a de uma aluna (bastante tímida), que superando a
timidez, manifestou-se dizendo que há algum tempo ela teve (conheceu) um “Bicho
Papão” de verdade. Toda a classe quis saber como era o bicho. Diante dos apelos
e, para a surpresa de todos, a menina revelou que o “bicho papão” que ela
conhecera era uma professora sua, das séries iniciais. Segundo a garota foi uma
experiência nada agradável. Houve muito riso, mas a história não se estendeu. Era
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de consenso entre os alunos que o tal “Bicho Papão”, é, geralmente, inventado pelos
adultos para pôr medo nas crianças, muitas vezes para que elas se comportem bem.
As manifestações revelaram que o assunto havia sido compartilhado com
seus familiares, mais especificamente com seus pais, e a partir dessas conversas
concluíram que os “Bichos Papões” de hoje, não são os mesmos da infância de
antigamente, mas o que é muito legal é que eles continuam a existir na imaginação
das crianças.
Esta fase contou ainda com momentos para pesquisa no Laboratório de
Informática e na biblioteca. A pesquisa foi sobre a autora do conto, Sylvia Orthof,
bem como sobre o contexto de produção dos contos por ela escritos. Nesta etapa,
foram também desenvolvidas atividades escritas, que serviriam de base para os
estudos subsequentes. Dentre elas estavam questões que buscavam saber sobre as
características do gênero conto: Você sabe o que é um Conto? Já leu algum Conto?
Qual? Você saberia dizer qual é a diferença entre um Conto e uma História em
Quadrinhos? Você saberia dizer em que a História em Quadrinho é igual a um
Conto?
Durante a apresentação do gênero à classe, surgiram muitas dúvidas sobre o
assunto e concluiu-se que a grande maioria pouco sabia a respeito da estrutura do
texto conto. Houve, então, a necessidade de se apresentar os conteúdos de forma
mais sistematizada, visando à ampliação destes conhecimentos. Isso se deu por
meio de novos estudos, pesquisas e explicações, por parte da professora, a fim de
que compreendessem os elementos essenciais assim como as características do
gênero conto.
O conto clássico caracteriza-se como uma obra de ficção, de pequena
extensão. Não muito diferente do conto clássico, o conto contemporâneo apresenta
os mesmos elementos e estrutura, ou seja, concisão, brevidade, economia de
palavras, profundidade, unidade de tempo e ação, narração de um episódio (início,
meio e fim), poucos personagens. A história é apresentada em parágrafos,
geralmente curtos, com uma dimensão do tempo muito ampla. Poucos personagens
intervêm na narrativa. Cenário limitado, espaço restrito. Diálogos sugestivos que
permitem mostrar os conflitos entre os personagens. A ação é reduzida ao
essencial, a um só conflito. A narrativa é objetiva. Por vezes, a descrição não
aparece. Em relação à história, os elementos são: a) uma sequência de fatos, o
enredo; b) os personagens aqueles que atuam na história; c) um tempo em que as
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coisas acontecem, por exemplo, domingo à tarde, oito horas da manhã etc. d) o
lugar onde os fatos da história ocorrem é conhecido como espaço ou cenário. A
diferença entre o conto clássico e o conto contemporâneo está no fato de o conto
contemporâneo procurar estabelecer maior interação com o leitor.
Para dar continuidade aos estudos, os alunos realizaram uma releitura do
conto "Bicho Papão da minha imaginação", e foram estimulados a identificar as
características e os elementos que compõem o gênero conto, conforme estudado
anteriormente. Essa atividade aconteceu primeiramente na oralidade e depois foram
realizadas outras atividades, mais lúdicas, no intuito de promover a fixação dos
conteúdos, tais como: caça-palavras e cruzadinha para identificação dos elementos
da narrativa; labirinto de palavras, a fim de encontrar características do personagem
bicho-papão; quebra-cabeças a partir de frases do texto para que localizassem
advérbios de lugar, tempo, modo, negação e outros. Também foi organizado um
bingo de sinônimos e antônimos, utilizando palavras do texto em estudo, com o
objetivo de ampliar o vocabulário dos alunos. Com vistas ao aprofundamento das
leituras, responderam questões do tipo: Como as lembranças da infância da autora
são revividas? Quem era Guiomar? Que tipo de histórias ela contava à menina? E
você, tem alguém que lhe conta histórias? Explique.
Os educandos não tiveram maiores dificuldades para a realização das tarefas,
reconhecendo e identificando tanto as características como os elementos essenciais
do gênero conto. As atividades foram realizadas individualmente e em grupos, sob a
orientação e mediação da professora. Em seguida os grupos compartilharam
oralmente, com os demais, os resultados alcançados, de modo a compreenderem e
atribuírem um novo significado ao exercício da leitura. Essa, por sua vez se deu de
forma contextualizada, e os alunos puderam depreender melhor os sentidos, as
sutilezas apresentadas pelo texto, entendendo, de forma mais profunda, as nuances
das construções literárias.
Para a concretização da terceira etapa, isto é, a "ruptura do horizonte de
expectativas” apresentou-se à turma o conto "Sua avó, meu Basset", de Sylvia
Orthof. Um novo texto deveria proporcionar aos alunos novas reflexões. A leitura
inicial foi conduzida da mesma maneira que na etapa anterior, isto é, primeiramente,
com previsões sobre o título e depois a leitura do texto na íntegra.
As questões que foram elencadas para a aproximação dos leitores ao texto
foram: A autora desse conto é a mesma do texto estudado anteriormente? Como ela
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se chama? Qual é o tema do conto? Quais os personagens que fazem parte dessa
narrativa? Onde ocorreram os fatos? Quando os fatos aconteceram? Isso foi há
pouco tempo ou há muito tempo? Justifique sua resposta. Quem é a personagem
principal do conto? Você já tinha lido outros Contos com esse tema? Onde?
O Conto “Sua avó, meu Basset" faz referência a vários lugares da cidade do
Rio de Janeiro. Essas referências foram exploradas, tendo em vista que nenhum
aluno conhecia os locais mencionados no texto. O objetivo desta exploração seria o
de romper com os horizontes de expectativas do aluno leitor. Para isso, foram
sugeridas pesquisas, no laboratório de informática e biblioteca, como forma de os
aprendizes conhecerem um pouco mais sobre a cidade Maravilhosa. A pesquisa foi
dirigida, com questões elaboradas previamente pela professora, do tipo: Onde está
localizada a Lagoa Rodrigo de Freitas? De acordo com as informações encontradas
na pesquisa, a Lagoa Rodrigo de Freitas não é mais a mesma. Por quê? Por que a
Lagoa recebeu esse nome? O que é hípica? Em nossa cidade existe hípica? Por
que a autora diz que aquele clube é muito elegante? Qual a classe social que
geralmente participa desse tipo de lazer? Por meio das informações presentes no
texto é possível perceber a que classe social pertence a menina? Justifique. De
acordo com a leitura do texto como você imagina ter sido a infância dessa garota?
Explique. E como você vê a sua infância? Comente. Naquela época a garota ia
pescar na Lagoa Rodrigo de Freitas. E você, gosta de pescar? Onde? Para
complementar os estudos foram exibidos vídeos na TV Pendrive, sobre alguns
pontos turísticos da cidade do Rio de Janeiro, espaço onde acontecem as ações do
conto, ou seja, a Lagoa Rodrigo de Freitas, o Parque de Itatiaia, a Cascata Véu da
Noiva dentre outros.
A pesquisa contemplou, também, a origem da palavra “basset” e, nesta, os
educandos se encantaram com os cães dessa raça. Verificou-se, por meio das
diversas atividades desenvolvidas, isto é, leitura, pesquisa, discussões em sala de
aula que os horizontes dos alunos foram ampliados, atendendo ao esperado,
considerando-se que estes tiveram a oportunidade de conhecer lugares e culturas
até então desconhecidos.
Na quarta etapa que compreende o “questionamento do horizonte de
expectativas”, os alunos, conduzidos pela professora, leram o conto "Um bicho de
pé, de estimação", também de Sylvia Orthof. Após a leitura, foram solicitados a
estabelecerem uma relação temática do conto em estudo com os contos anteriores
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bem como uma comparação entre os aspectos de realidade e ficção apresentados
em todos eles. Dentre as respostas emitidas pelos alunos, surgiram: os textos,
"Bicho Papão da minha imaginação" e "Bicho de pé de estimação", apresentam mais
ficção que realidade, inclusive o "Bicho Papão" é do mundo da fantasia; já o conto
"Sua Avó, meu basset", contém mais realidade que ficção, pois "Sua Avó", é o
cachorro de estimação da menina. Os aprendizes concluíram que os três “contos”
apresentam uma relação temática bastante estreita, favorecendo a compreensão e
interação com os textos.
Para o estudo de "Um bicho de pé, de estimação", contou-se com uma leitura
expressiva do texto, pela professora; uma leitura dialogada, pelos alunos, atentando-
se para o encadeamento da narrativa, seus elementos etc. Feita a leitura e
manifestada às impressões sobre o texto, sugeriu-se aos alunos que realizassem
outras pesquisas, agora extraclasse, em jornais, internet, revistas e outros suportes,
com a finalidade de encontrarem novas histórias de animais de estimação. O
resultado das pesquisas foi apresentado, em sala de aula, para o grande grupo.
Na sequência, foram retomados alguns aspectos estruturais e linguísticos dos
contos anteriores: “Bicho Papão da minha imaginação” e “Sua Avó, meu basset”,
como exemplo, para levar os alunos à identificação dos elementos essenciais
presentes no texto “Um bicho de pé de estimação". Dessa forma, passou-se em
revisão as características do gênero bem como os elementos que estruturam a
narrativa. Para ampliar conhecimentos, os alunos responderam, com pesquisa, a
novas questões: Quais as complicações que um bicho de pé pode causar ao ser
humano? Como se explica o fato de o bicho de pé ser assim chamado? Quem seria
Fernão Dias Pais Leme? Onde está localizada Itatiaia? O que é uma cascata?
Os resultados dessas atividades foram relevantes, uma vez que os alunos
puderam, ao final, reconhecer as características do conto, dos elementos que lhe
são peculiares e do encadeamento da narrativa. Foram capazes de compreender
aspectos da realidade e da ficção presentes nos textos literários; de estabelecerem
uma relação temática entre os textos; de conhecerem personagens da história bem
como outras regiões etc.
Os resultados das pesquisas realizadas, pelos alunos, superaram as
expectativas, especialmente, as relacionadas ao último texto, pois além dos animais
domésticos, eles encontraram uma variedade muito grande de animais exóticos,
estudaram seus modos de vida, alimentação etc. Por ocasião da apresentação das
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pesquisas em sala de aula, cada um deles queria falar primeiro e relatar as
novidades que tinham encontrado. Preocuparam-se em saber dados científicos
sobre o “bicho de pé” e as complicações trazidas por ele ao ser humano, sempre
estabelecendo uma comparação entre realidade e ficção.
Na última etapa prevista pelo Método Recepcional, a “ampliação do horizonte
de expectativas”, os alunos formaram grupos para realizarem leitura de outros
contos da mesma autora que são: "A rã Santa Aurora" e "O coelho Oz", Sylvia Orthof
(1983); "Zoiúdo: o monstrinho que bebia colírio" (2001). Depois de lidos e estudados,
como atividade, os alunos deveriam identificar o tema tratado, os elementos do
conto e encadeamento da narrativa. Ao término, cada grupo representou o conto lido
para os demais colegas. Observou-se, a partir da dramatização dos textos, que esta
é uma atividade que auxilia o aprendiz a melhor entender a história, pois lhe dá a
oportunidade de viver o personagem, sentir ou agir como ele, encontrando
significado à sua própria vivência para além da significação do texto.
A fim de estimular, ainda mais, a formação leitora, sugeriu-se alguns sites em
que os alunos poderiam encontrar outros contos. Em aulas, posteriores, foram
encaminhados à sala de informática e a biblioteca para encontrarem novos contos,
cujas leituras deveriam ser realizadas fora do horário de aula. Estabeleceu-se um
prazo para verificação dos resultados, os quais foram apresentados individualmente,
de forma oral ou por escrito, conforme a opção do aluno, em sala de aula. A última
etapa, como as demais, foi muito produtiva e agradável. A essa altura do processo,
os alunos já haviam lido muitos contos da autora escolhida e percebeu-se que foram
cativados pelas obras de Sílvia Orthof.
Assim, e considerando-se que o principal objetivo do projeto foi contribuir para
a formação de leitores, acredita-se que esta meta tenha sido alcançada. É preciso
reconhecer que no processo de formação leitora o trabalho do mediador deve ser
incansável, sempre buscando tornar as aulas de leitura mais atraentes e
interessantes, para o leitor em formação, por meio de atividades desafiadoras e bem
planejadas, só assim poder-se-á alcançar o objetivo de se ter cada vez mais leitores
autônomos e proficientes.
4 Conclusão
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A opção pelo gênero conto, para a implementação do projeto de formação
leitora, mais precisamente “contos” de humor da escritora Sylvia Orthof, foi
considerada uma escolha acertada, uma vez que atendeu ao gosto do público alvo
e, em função disso, bons resultados foram alcançados.
É preciso ressaltar a pertinência da Intervenção Pedagógica em sala de aula,
na qual se pôde contar com a participação intensa dos alunos em cada atividade,
mostrando-se interessados e ativos, ampliando assim os seus horizontes de
conhecimento. Isso se deve a maneira de como foram organizadas as atividades e a
metodologia adotada. Enfim, foi possível perceber que a aplicação do projeto em
sala de aula provocou mudanças qualitativas no processo de ensino e aprendizagem
de leitura e formação de leitores.
Os textos foram bem explorados, dando-se ênfase à leitura compreensiva e
contextualizada, aos elementos essenciais do texto, bem como ao conhecimento
das partes elementares do conto, linguagem utilizada, aspectos estruturais e
linguísticos. Dessa forma, pôde-se sentir o interesse e dedicação dos alunos, tanto
na leitura quanto na realização das atividades propostas. Entretanto, sabe-se que há
muito a fazer, pois o trabalho de formar leitores deve ser contínuo, um processo
gradual, que exige persistência, por parte do professor, além de muita leitura e
estudo.
Neste sentido, o processo de formação PDE mostrou-se um momento único
na carreira profissional dos docentes envolvidos, pois passados tantos anos da
formação acadêmica torna-se fundamental a retomada dos estudos, com a
finalidade de se rever a prática pedagógica, buscando novas alternativas de
intervenção pedagógica que possam contribuir para a solução dos sérios problemas
de qualidade da escola pública.
Dentre as inúmeras vantagens oferecidas pelo programa, destaca-se a
garantia de 100% de afastamento do professor no primeiro ano de estudo e 25% no
segundo. Sendo que na primeira etapa ocorrem os cursos nas IES - uma prática de
integração entre a Educação Básica e o Ensino Superior, favorecendo a interação e
a troca de experiências entre colegas da mesma área, de outras áreas e docentes
das universidades. Esse convívio acrescentou informações que colaboraram para
um (re)pensar didático tanto no viés teórico como prático.
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A oportunidade de aprofundamento teórico na área de leitura reforçou e deu
suporte à caminhada educativa bem como maior segurança para atuar como
mediadora do conhecimento, no que se refere à formação de leitores atuantes e
proficientes.
Visto de forma ampla, o processo de formação continuada possibilitou um
maior conhecimento sobre a área de leitura e formação de leitores. Isso foi possível
em função da organização do Programa PDE, isto é, em quatro etapas, que
precisam ser contempladas em um período de dois anos e têm como objetivo
oferecer aos professores, da rede pública estadual, subsídios teórico-metodológicos,
visando à produção de conhecimentos que levam a mudanças qualitativas na prática
pedagógica dos professores da escola pública paranaense.
Sendo que na primeira etapa elabora-se o projeto, o qual será aplicado em
sala de aula. Projeto este que deve priorizar a realidade e a necessidade da escola
para a qual se destina. No segundo período, os estudos voltam-se para os
conteúdos específicos da área, dando continuidade ao aprofundamento teórico que
embasa o projeto e a Unidade Didática. A Unidade Didática deve contemplar
atividades desafiadoras e diversificadas para atender as necessidades de formação
em leitura dos educandos, para os quais é destinado o projeto. No terceiro período
acontece a volta dos professores para a sala de aula e a implementação do projeto
e, ao mesmo tempo, o professor (a) em formação precisa atuar como professor (a)
Tutor (a) do Grupo de Trabalho em Rede - GTR.
Dessa forma, concomitantemente à implementação do projeto de intervenção
pedagógica estiveram às atividades do GTR. Estas, inicialmente causaram
preocupação e insegurança por tratar-se de uma nova modalidade de estudo e
ensino, isto é, à distância. Porém, pôde-se contar com o acompanhamento e
orientação dos responsáveis pelo programa e, aos poucos, as dúvidas foram sendo
sanadas. Com isso, foi possível considerar como uma das melhores etapas do
processo, pois a interação a distância configurava-se em um momento, no qual se
podia dividir os anseios e comemorar os resultados positivos do trabalho de
implementação. Durante todo o percurso do GTR observou-se um grande empenho,
por parte dos professores cursistas, na interação entre eles e com a professora
tutora. Isso motivou alguns deles a implementarem a proposta do projeto de
intervenção pedagógica, em suas escolas, por considerá-la interessante. Com isso
percebe-se que a proposta, se bem trabalhada e explorada pelo professor
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"multiplicador", certamente apresentará bons resultados em qualquer turma para a
qual for destinada, visto que toda criança se encanta com o tema "animais de
estimação".
É pertinente concluir ressaltando que o professor deve adotar um conceito
consistente e democrático de leitura, em que o aluno se sinta estimulado a ler com
consciência e liberdade, reconhecendo este ato como algo significativo e
interessante. Nesta perspectiva, é possível almejar uma formação leitora com
proficiência, na qual o leitor seja capaz de posicionar-se consciente e criticamente
diante do texto lido, estabelecendo relações entre os diferentes textos que permeiam
o cotidiano. Um leitor com conhecimento suficiente de leitura terá condições de
interferir efetivamente nas práticas sociais das quais faz parte.
Referências
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metodológicas. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1988.
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Salamandra, 1983.
_____. Zoiúdo: o monstrinho que bebia colírio. In SANDRONI, L. (org.). Meus primeiros contos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001. v. 3
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