O GÊNERO CRÔNICA : CONDIÇÕES DE PRODUÇÃO E ASPECTOS LINGUÍSTICOS.

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O GÊNERO CRÔNICA : CONDIÇÕES DE

PRODUÇÃO E ASPECTOS

LINGUÍSTICOS

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A crônica

A ocasião faz o escritor

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[...] Há uma diferença entre o cronista e a galinha, além das óbvias (a galinha é menor e mais nervosa). Por uma questão funcional, o ovo tem sempre o mesmo formato, coincidentemente oval. O cronista também precisa respeitar certas convenções e limites, mas está livre para produzir seus ovos em qualquer formato. Ao contrário da galinha, podemos decidir se o ovo do dia será listado, fosforescente ou quadrado. [....] Você, que é o consumidor do ovo e do texto, só tem que saboreá-lo e decidir se é bom ou ruim. Os textos estão na mesa: fritos, estrelados, quentes, mexidos... Você só precisa de um bom apetite. LFV, Crônica e ovo.

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Gênero textual que procura contar um fato inusitado, que pode fazer parte da realidade das pessoas, entretanto, é difícil que tal fato aconteça de forma real.

Gênero textual híbrido que mistura características dos contos (narrativa literária) às do texto jornalístico (notícia), resultando num texto ora literário, ora jornalístico, que conta fatos que acontecem no cotidiano de modo subjetivo.

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Nem tudo o que parece é!

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Crônica FATO: Mãe que troca criança por casa. “Criança trocada por casa é apresentada no PR .”

Crônica: A casa das

ilusões perdidas (Moacyr Scliar)

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Quando ela anunciou que estava grávida, a primeira reação dele foi de desagrado, logo seguida de franca irritação. Que coisa, disse, você não podia tomar cuidado, engravidar logo agora que estou desempregado, numa pior, você não tem cabeça mesmo, não sei o que vi em você, já deveria ter trocado de mulher havia muito tempo. Ela, naturalmente, chorou, chorou muito. Disse que ele tinha razão, que aquilo fora uma irresponsabilidade, mas mesmo assim queria ter o filho. Sempre sonhara com isso, com a maternidade -e agora que o sonho estava prestes a se realizar, não deixaria que ele se desfizesse. -Por favor, suplicou. - Eu faço tudo que você quiser, eu dou um jeito de arranjar trabalho, eu sustento o nenê, mas, por favor, me deixe ser mãe.

Ele disse que ia pensar. Ao fim de três dias daria a resposta. E sumiu.

Voltou, não ao cabo de três dias, mas de três meses. Àquela altura ela já estava com uma barriga avantajada que tornava impossível o aborto; ao vê-lo, esqueceu a desconsideração, esqueceu tudo - estava certo de que ele vinha com a mensagem que tanto esperava, você pode ter o nenê, eu ajudo você a criá-lo.

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Estava errada. Ele vinha, sim, dizer-lhe que podia dar à luz a criança; mas não para ficar com ela. Já tinha feito o negócio: trocariam o recém-nascido por uma casa. A casa que não tinham e que agora seria o lar deles, o lar onde -agora ele prometia -ficariam para sempre.

Ela ficou desesperada. De novo caiu em prantos, de novo implorou. Ele se mostrou irredutível. E ela, como sempre, cedeu.

Entregue a criança, foram visitar a casa. Era uma modesta construção num bairro popular. Mas era o lar prometido e ela ficou extasiada. Ali mesmo, contudo, fez uma declaração:

-Nós vamos encher esta casa de crianças. Quatro ou cinco, no mínimo.Ele não disse nada, mas ficou pensando. Quatro ou cinco casas, aquilo era um bom começo. (Scliar, M. A casa das ilusões perdidas)

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Conto

Chapeuzinho Vermelho

FATO: Homens que seduzem/enganam

garotas .

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FATO:Construção do Acquário Ceará

Notícia: Construção de aquário gigante causa polêmica em Fortaleza (CE)

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No Ceará, o governo está construindo um aquário gigante na famosa Praia de Iracema. Os defensores dizem que vai ser bom para o turismo, mas muita gente reclama do alto custo do projeto e de possíveis danos ao meio ambiente.O aquário do Ceará, em Fortaleza, é o maior investimento de turismo no estado: são US$ 150 milhões, o equivalente a R$ 320 milhões, valor que divide a opinião da população."Eu acho que essa obra poderia ficar em segundo plano. A população precisa mais de segurança e saúde", diz o pesquisador Daniel Freire Xavier."Eu sou a favor: turismo, mais gente, mais investimento, mais emprego", explica o comerciante Ricardo Aguiar.Esse é também o argumento do governo do Ceará. “Aqui no Ceará nós queremos trazer um aquário para poder trazer esses milhões de pessoas que visitam aquários no mundo inteiro. Nós precisamos, então, ter este turista aqui qualificado. Nós não podemos viver só de turista de alta estação", afirma o secretário de Turismo, Bismark Maia.Mas um movimento intitulado "Quem dera ser um peixe" tomou conta das ruas e redes sociais para protestar contra o empreendimento. Entre as críticas, estão a falta de licitação para escolher a empresa responsável pela obra e a falta de esclarecimentos sobre a origem dos 15 milhões de litros de água para os tanques. "A gente tem esperança e vai entrar com ação civil pública pedindo improbidade e pedindo ressarcimento por conta do que foi gasto nessa obra", conta a historiadora Andréa Saraiva.

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O Ministério Público Federal também entrou com ação contestando as licenças ambientais que não foram emitidas por órgão federal, como o Ibama, apesar da obra ocupar parte da orla da praia."Segundo a legislação brasileira, impactos no mar territorial induzem licenciamento federal a ser realizado pelo Ibama. No entanto o estado fez o projeto da obra e ele mesmo licenciou no seu órgão estadual do meio ambiente", destaca o procurador da República Alessander Sales.O governo diz que consultou o Ibama e que o instituto informou não ter responsabilidade pelo licenciamento. Por enquanto a obra do aquário, prevista para entrar em operação em 2015, segue mergulhada em polêmica.A superintendência do Ibama no Ceará informou que ainda não foi notificada sobre a ação do Ministério Público Federal e que a direção do órgão em Brasília avaliou que os impactos da obra seriam locais, e por isso não participou do licenciamento.

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CRÔNICA E SUAS SEQUÊNCIAS TIPOLÓGICAS

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A força da gravidade (Rachel de Queiroz)

Eu andava pelos 10 anos quando descobri ao mesmo tempo a matemática (aliás aritmética, por que os professores não falam mais em aritmética? Menino hoje, por mais analfabeto, só estuda "matemática.).Pois é, de repente descobri o mundo dos números e o mundo dos astros.

Meus avós e nós morávamos na praça São Sebastião, em Fortaleza: duas casas vizinhas, com um grande quintal em comum. Eu tinha dois tios - um mais velho do que eu cinco anos - Cícero, que a gente chamava carinhosamente de Cici, e o Felipe, um ano só mais velho do que eu. O Cici que era mais fantasioso, começou a nos falar do céu exterior,Sol,planetas, Terra. E me revelou que a Terra levava um dia para girar em torno de si mesma e um ano inteiro para dar a volta ao redor do Sol. Foi o meu Copérnico! Até então ninguém tinha me ensinado nada, meus pais não acreditavam em educação formal,me deixavam ir lendo o que quisesse - e eu já lia até Júlio Verne -, mas não sabia fazer contas, nem gramática nem nada. A total autodidata. E a revelação de Cici me fascinou: então a Terra rodava naquela velocidade toda? E porque a gente não caía do espaço? Ele explicou que era por causa da Gravidade. E eu indaguei: " Gravidade não é esperar menino novo? "Eles riram: esperar menino novo é gravidez, sua boba. Gravidade é a força da atração da Terra, que segura a gente no chão.

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“Não entendi, mas não perguntei nada, fiquei aborrecida por me chamarem de boba. Depois, indaguei ao José. E quanto é o tamanho da Terra ?" Eles aí em- batucaram . Afinal, o Cici, que era bom de contas, se lembrou: Eu só sei que a medida de metro é a décima milionéssima parte da distância da linha do Equador ao pólo. " E daí? “Daí, é que essa distância representa um quarto da volta da Terra. Se a gente dividir por mil para ter um quilômetro, os 10 milhões de metros (basta cortar três zeros) dá 10 mil quilômetros, multiplicando por quatro dá 40 mil quilômetros, que é a circunferência da Terra". Era muita ciência para minha cabeça e eu mudei de tema. "E porque leva um ano para dar a volta ao redor do Sol?" O Cici sabia." Porque a volta do Sol é muitíssimo maior." Fiquei com uma grande confusão e cheguei a ter pesadelos: saia voando pela face da Terra perdida de repente da força da "gravidez" .A minha idéia anterior de que Sol,Lua, estrelas eram só um enfeite do céu,já não tinhasentido .Fui tomar satisfações a meu pai sobre esses assuntos de céu. "O povo diz que o céu é lá em cima e o inferno é lá embaixo. Mas se a Terra é redonda e tem céu em toda volta ,onde fica o inferno "? Meu pai, meio agnóstico, meio crente, me deu uma palmadinha carinhosa e se saiu:" O inferno é aqui mesmo. Vá brincar!" Fiquei remoendo muito tempo aquela explicação " o inferno é aqui mesmo".Ainda hoje me belisco um pouco. Logo depois comecei a leitura de Vinte Mil Léguas Submarinas , Viagens à Lua, Viagens ao Centro da Terra e pelo menos acabei entendendo aquela história de décima milionésima parte. Às vezes me ocorria: como é que eles mediram?

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Então entrei no colégio. Tive aulas de astronomia. Tive melhor notícia do Universo. E, como toda adolescente, passei a escrever meu endereço nestes termos: Rachel de Queiroz. Avenida Visconde de Cauípe. Benfica. Fortaleza. Ceará. Brasil. Planeta Terra. Sistema Solar. Universo. Acho que todo adolescente fez isso um dia. Tudo isso me veio a cabeça por causa das festas e comemorações que os homens inventaram. Porque o ano começa em janeiro ou porque janeiro começa o ano? Deve ser por causa da posição da Terra em relação ao Sol, começo do inverno no meridiano de Greenwich? Mas em cada continente o inverno começa num dado mês, e nas terras equatoriais o inverno não existe... E, afinal, qual é mesmo a extensão, em quilômetros, da órbita da Terra em redor do Sol? Isso ninguém me ensinou .Nunca.E teve um outro mistério - o que é ano - luz? Isso só fui aprender nas vésperas de me diplomar professora. A minha escolaridade foi mesmo muito fraca insuficiente. Em remate de males, vale o lugar -comum: a vida é que é a Grande Mestra. Entre tapas e beijos, feridas que sangram ou que cicatrizam, vai nos levando ao redor do Sol, um ano atrás do outro até que chegue o descanso e nos deponha sob os clássicos sete palmos, protegidos da gravidade.

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CRÔNICA– CARACTERÍSTICAS E PECULIARIDADES

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CONDIÇÕES DE PRODUÇÃO E CONTEÚDO TEMÁTICO

Identificação da situação de comunicação

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Partes próprias da composição do gênero

PLANO GLOBAL DA CRÔNICA

Início, meio e fim bem demarcados.

O Início do texto é dedicado a situar o leitor no tempo e no espaço.

Narração do que se pretende focar sobre o lugar onde o narrador/autor vive.

O desenvolvimento do texto segue uma sequência predominantemente narrativa.

A conclusão sistematiza a visão do autor sobre o fato narrado.

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Narrador

PLANO GLOBAL DA CRÔNICA

Narrador-personagem ou narrador-observador em 1ª ou 3ª pessoa.

Apresenta-se como um EU, falando daquilo que ele ou outrem viveu/viveram.

Uso dos pronomes pessoais, possessivos e verbos de primeira ou terceira pessoa.

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PLANO GLOBAL DA CRÔNICA

Uso da linguagem mais cotidiana.

Escolha de termos adequados ao tom/tipo de crônica (esportiva, literária...; irônica, cômica, lírica, ...) OF.4

Adequação da Linguagem

Predominância da função emotiva da linguagem sobre a informativa.

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Retextualização – da NOTÍCIA para a CRÔNICA.

A NOTÍCIA NA PRODUÇÃO DA CRÔNICA

Nessa atividade, devem ser consideradas as condições de produção, de circulação e de recepção dos textos.

Envolve estratégias de eliminação (por exemplo, de trechos informativos) e inserção (por exemplo, de trechos narrativos), substituição (por exemplo, a manchete pelo título), acréscimo ( por exemplo, de um olhar mais subjetivo sobre um fato),e reformulação ( por exemplo, de uma notícia para uma crônica).

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Motivações para a descrição

A DESCRIÇÃO NA CRÔNICA

Uma boa descrição nos ajuda a acompanhar os movimentos do autor, como se estivéssemos ao seu lado ou como se pudéssemos ver com seus olhos, tanto aquilo que eventualmente narra quanto o que descreve.

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A AUTORIA NA CRÔNICA

As vozes do narrador

Título Instigante

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OS ASPECTOS LINGUÍSTICOS NA CRÔNICA

Recursos linguísticos de expressividade (efeitos de sentido)

Nesse caso, o uso dessas expressões é intencional e adequado para o contexto.

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EXEMPLIFICANDO COM TEXTOS

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O Velho do chinelo Em um sítio bem próximo da cidade a estrela mais conhecida lá era

o “Velho do chinelo”. Todos diziam que ele era muito azarado e sempre perdia o chinelo.

Um dia como outro qualquer, um rosto novo pelas redondezas.Os outros moradores ficavam se perguntando quem era este jovem? Ninguém sabia, mas ele estava ali para poder realizar um sonho neste dia.— O senhor pode vir comigo?, perguntou o rapaz.O senhor, com certo medo, diz que vai.

No caminho para a praia o “Velho do chinelo” vê o mar pela primeira vez. Os olhos ficam molhados com suas lágrimas, nem espera o carro parar e vai ao encontro do mar. Em um belo mergulho perde seu par de chinelos. Sem pensar ele grita o mais que pode. E com uma voz de choro, ele pergunta: “Cadê meu chinelo?”

TÍTULO CRIATIVO?

LUGAR SITUADO

Predominância narrativaNARRADOR-OBSERVADOR

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O pior da vidaTÍTULO CRIATIVO?

LUGAR? FOCO NARRATIVO?

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FATO? ENREDO?

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GÊNERO TEXTUAL?

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TÍTULO CRIATIVO? Narrador-personagem

Comparação presente-passado.

Não é crônica. Assemelha-se mais a memórias literárias.

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PÃO DE FEL

CONVERSA COM O LEITOR.

Sábado, seis e meia da manhã, e ao contrário de qualquer outro adolescente que a esta hora ainda está dormindo, estou acordado. Minha mãe, todos os sábados, me desperta sempre nesse horário para comprar pão, como se não bastasse o simples fato de me acordar cedo durante a semana para ir ao colégio. Tudo isso porque a padaria do Bartô não consegue atender a demanda do nosso bairro, e as sete em ponto o estoque de pão fresquinho está zerado. Êta povinho pra comer pão, viu! Mas também, o estabelecimento dele é o mais perto daqui, outro você só encontra lá no centro. Eis o motivo desse congestionamento – se é que posso chamar assim – de fregueses no comércio dele. Pois é, essa é minha rotina, ou melhor, minha missão aos sábados.

TÍTULO CRIATIVO?

LUGAR

EMPREGO DE EXPRESSÃO DE OUTRO CAMPO LEXICAL.

NARRADOR-PERSONAGEM.

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Saio de casa ainda meio grogue, devido ao meu rompimento de sono. No caminho falo com o Seu Chico, meu vizinho, que diferentemente de mim, não acha nadinha ruim estar de pé a uma hora dessas. Será que é porque a mãe dele também fazia a mesma coisa, e daí ele já se acostumou? Deus me defenda de uma coisa dessas acontecer comigo!

Pra mim, sábado deveria ser dia de descanso, de dormir até tarde sem se preocupar com nada. Já basta meu trauma por pão – só em pensar nessa palavra tenho arrepios , mas por enquanto, se é que você me entende, o jeito é obedecer. Viro a esquina, e lá está ela: Dona Lúcia, sentada na calçada como sempre, a observar o movimento ou, melhor dizendo, me esperando. Preparo-me para o pior, é que sempre que eu passo por ali, ela sempre fala comigo aos gritos, deve pensar que sou moco. Chamando-me de meu amor e por aí vai, ou seja, me constrangendo na frente de todos que ali transitam. Mas a coitada é gente boa, seu forte é a simpatia. E como era de se esperar, acontece... Respondo-a envergonhado, tentando ao máximo parecer simpático e apressando os passos pra ela não puxar assunto, sigo em frente. Agora é só subir a pequena ladeira e dobrar a outra esquina.

EMPREGO ADEQUADO DE TERMOS ATUAIS PARA O AUTOR.

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Enfim, chego ao meu destino, suado e totalmente insone, mas percebendo que valeu a pena. Quando que por milagre, um cara, que por acaso nunca o vira por aqui, acaba de sair fitando-me e com um sorriso sarcástico deixa a vez todinha para mim. Aproximo-me do balcão de atendimento todo sorridente, e antes que eu pudesse falar alguma coisa, para minha infelicidade, a balconista do Bartô me diz que acabaram todos os pães. Fico em choque, e mecanicamente olho para meu relógio de pulso. Mas ainda são seis e quarenta. Gastei apenas dez minutos até aqui, ainda deveria sobrar alguns.Como isso pode ter ocorrido? E como se adivinhando meus pensamentos, ela me responde apontando para o cara que acabara de sair: — Novo morador do bairro, acabou de levar os últimos dez pães. Vai ter que ser mais rápido de hoje em diante.

ENCERRA A HISTÓRIA E CONFIRMA O TOM DA

CRÔNICA

Professor: Tiago Ernandes Teixeira SaraivaEscola: E. E. E. P. Governador Virgílio Távora – Crato (CE)

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Os textos estão na mesa: fritos, estrelados, quentes,DSD mexidos... Você só precisa de um bom apetite.

Os textos estão na mesa: fritos, estrelados, quentes,

mexidos... Então, já escolheu o seu?