O Futuro do Consumo de Café
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Transcript of O Futuro do Consumo de Café
C a p aPor: Fotos:Marília Moreira Divulgação
Tecnologia, inovação e criatividade
fazem surgir novos e diferenciados produtos,
de maior valor agregado, que atraem
consumidores no mundo inteiro
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Nos últimos cinco, seis anos, o mercado mundial de café vem
passando por uma grande transformação, resultante da
combinação de tecnologia, criatividade e prospecção de novos
segmentos de consumo que agregam, sobretudo, maior valor
aos produtos. São mudanças que vêm fluindo bem e
positivamente, até por que o consumidor também vem
mudando, quer novidades, praticidades e principalmente, mais
qualidade de vida, prazer e bem-estar, em casa ou fora do lar.
Sistemas integrados de café em cápsula com máquinas
exclusivas; sachê (pod) compactado para café ‘espresso’, ou sem
compactação, para café filtrado; café com filtro cujo preparo é
semelhante ao do chá (imersão do saquinho na água quente);
combinados líquidos de café e sticks com café, são apenas
algumas das inovações que já conquistaram diversos países da
Europa, Japão e Estados Unidos e que aos poucos, embora
timidamente, começam a chegar ao Brasil.
Uma das principais características desses lançamentos é o foco
no segmento “single”, também definido como de porções
individuais, monodoses ou doses únicas. “É uma alternativa
importante e atraente para o mercado brasileiro”, avalia Nathan
Herszkowicz, diretor-executivo da ABIC, para quem esses novos
produtos, por sua vez, deverão trazer mudanças substanciais no
negócio café. “No Brasil esse segmento ainda engatinha. A
demanda anual é de apenas 19 milhões de sachês aqui
fabricados, ou 2.261 sacas, além dos importados. Considerando
que o consumo interno é de 17 milhões de sacas, tem-se a
dimensão do enorme potencial desse nicho”, avalia o executivo.
“Fazendo um exercício hipotético, mas bastante real, temos que,
no longo prazo, o crescimento do setor de ‘dose única’ tenderá a
estabilizar ou até a diminuir o volume total de café consumido
no Brasil”, diz Herszkowicz. “Afinal, em cápsula, monodose ou
sachê não se tem desperdício ou sobra do café que, depois de
algum tempo preparado, acaba sendo jogado fora. Por outro
lado, por agregar maior valor, vai gerar maior rentabilidade para
o setor”.
Granel x Dose Única
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Na ponta do lápis, Herszkowicz comprova essa maior agregação
de valor: um sache que custa em torno de R$ 0,60 a unidade
com 7 gramas em média, daria R$ 90,00 o quilo. Valor muito
acima dos preços médios pagos pelo café torrado e moído no
mercado, que giram em torno de R$ 10,00 o quilo de café
categoria Tradicional; de R$ 16,00 para categoria Superior, e de
R$ 30,00 o quilo para o café Gourmet. Há até casos mais
extremos, como o das cápsulas da Nespresso, em que a
agregação de valor é ainda maior: uma cápsula de café custa,
hoje, em torno de R$ 1,80 a dose, o que daria R$ 330,00 o quilo.
Dentro dessa nova concepção – diz Herszkowicz – o que muda
radicalmente é o conceito ou o foco de mercado: deixar de
vender apenas a granel e passar a trabalhar também com doses
individuais. “A inovação, aqui, significa buscar o maior valor
agregado em menores quantidades”, define, lembrando que a
inovação tecnológica, embora de difícil acesso para as pequenas
e médias empresas, em função de custos, é um obstáculo que
poderá ser superado por meio da terceirização.
“Trabalhar com dose única ou produtos inovadores significa
para a indústria posicionar-se no nicho da diferenciação,
‘deixando’ o mercado de grandes volumes – granel –, para as
grandes torrefadoras, que sempre o disputarão”.
O grande entrave para o crescimento do segmento “single” no
mercado brasileiro, entretanto, está nas poucas máquinas
disponíveis e nos seus respectivos preços. “Faltam equipamentos
condizentes com a nossa economia, assim como maior
divulgação desse tipo de produto junto aos consumidores, que
já encontram excelentes cafés em saches nas gôndolas de alguns
supermercados, hipermercados e empórios, porém não sabem o
que é ou como utilizá-los .“
”Falta uma ação direta junto ao consumidor, para que ele
aprenda mais sobre o produto”, diz Alex Noga, diretor comercial
da Modelli Máquinas & Sache de Café, empresa que atua no
mercado desde 2001 e é a principal fornecedora no Brasil desse
tipo de envase, trabalhando para marcas como Astro, Spress,
Toledo, Ponto, Fran´s Café e Bravo, entre outras.
Praticidade, higienee economiaApesar da recente explosão mundial do segmento “single”, ele
não é novo. Desde 1970, por exemplo, a Nestlé já possuía o
Nespresso, sistema que combina cápsulas de café com máquina
própria, e que chegou ao mercado em 1986, através de parceria
firmada com a tradicional empresa de eletrodoméstico suíça
Turmix, e focado inicialmente nos setores de café para escritórios
da Suíça e da Itália. Em 1988, firmaram outra parceria, dessa vez
com a Alessi, para o lançamento de nova linha com design de
vanguarda exclusivo.
Mais recentemente, parcerias semelhantes entre torrefadoras e
indústrias de eletrodomésticos foram fechadas, o que
impulsionou o mercado. Foi assim que surgiram, nos últimos
anos, produtos como o Sanseo, uma parceria da Sara Lee
(Douwe Egberts) com a Philips; o One:One, da Melitta com
Santon Inc., e o Tassimo, produzido pela Kraft Foods com
equipamento da Braun, só para citar algumas marcas mais
conhecidas do público brasileiro.
Em comum, todos têm o conceito da praticidade. Um produto
fácil de usar, que não suja e que será sempre preparado
corretamente, nem com mais ou menos pó ou água. Outro
conceito que incorporam é o de clube, por meio do qual as
empresas procuram manter uma maior proximidade com os
consumidores. Dicas, novidades, serviço de entrega em
domicilio, soluções de dúvidas – estes são alguns dos serviços
prestados aos sócios dos clubes através dos sites.
Mas a principal característica são os preços, muito acessíveis, o
que explica a popularidade do uso em residências, escritórios e
consultórios. A caixa com 18 pods do One:One custa em torno
de US$ 5 e a máquina Blackone custa US$ 59.99. A máquina top
de linha da Senseo, a Supreme, custa cerca de US$ 140.00. A
mais simples, chamada Original, sai por US$ 69.79. Já a caixa do
Blend Brazil, que integra a sofisticada linha “Senseo Origins
Coffee Pods”, com 16 saches, custa US$ 19.99. Considerando-se
a taxa do dólar a R$ 2,00, o que se tem são máquinas na faixa de
R$ 120,00 a R$ 280,00 e saches na faixa de R$ 0,55.
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É exatamente essa popularidade conquistada pelo sachê que não
está ocorrendo no Brasil porque, conforme diz Alex Noga, “faltam
máquinas de extração a um preço condizente com a nossa
economia”. E por que são tão caras no Brasil? “Impostos”, resume
o executivo da Novelli. “O equipamento chega para o importador,
ou gestor, por exemplo, por R$ 400,00. Entretanto, carregando os
impostos, ela chegará aos consumidores por R$ 800,00”.
As máquinas importadas, na avaliação de Noga, têm valores que
começam em R$ 400,00 e que podem chegar a R$ 3.000,00. As
muito baratas, diz, são de qualidade duvidosa. As máquinas na
faixa de R$ 1.200,00 têm uma tecnologia que permite a extração
de um verdadeiro ‘espresso’. “Fica, portanto, centrado nas classes
média-alta e alta”, diz.
Para Nathan Herszkowicz, os sachês são a evolução do filtro de
papel que, quando foram lançados tinham exatamente a proposta
de tornar mais prático o preparo do café, em comparação com o
coador de pano. “Se o filtro tinha como vantagem poder ser
jogado fora, enquanto o coador tinha que ser limpo e lavado, o
sachê tem essa vantagem mais o fato de evitar o desperdício. É
preparar a sua dose e beber”. Já as máquinas automáticas de
preparo dos sachês e monodoses trazem para o mercado o
mesmo impacto inovador ocorrido com a chegada das cafeteiras
elétricas. “É uma evolução natural, que envolve mais tecnologia e
que busca a praticidade”, diz Herszkowicz, que aposta no
crescimento desse mercado e alerta para que as empresas invistam
nele.
Atuando como fabricante de máquinas para café ‘espresso’
automática com monodose desde 1999, a Treviolo consome
praticamente tudo o que produz, tanto máquinas quanto as doses
únicas, em sua rede de cafeterias e com o serviço de locação (a
maioria em regime de comodato, para um consumo mínimo
mensal). Para Edson Frasson Teixeira, diretor da monodose
Sachês:evolução do filtro de papel
empresa, “as monodoses para café espresso estão substituindo
as máquinas automáticas com moinho nos pequenos e médios
clientes com maior poder aquisitivo”, e a entrada da Nespresso
no País, em dezembro passado, serviu para despertar o mercado
para a monodose sem filtro de papel. Desde 2005, a Treviolo
produz monodoses embaladas a vácuo em estrutura de
alumínio “Basta abrir e colocar o café no depósito que a
máquina, automaticamente, faz tudo”, diz Edson.
O mercado “single” brasileiro também é de interesse de grandes
empresas como Sara Lee e Melitta. Mas no longo prazo.
“Estamos em pleno plano operacional, estudando o mercado de
cafés e as inovações para os próximos anos. Sem dúvida,
estaremos considerando este tipo de inovaçãos, mas ainda é
prematuro dar qualquer depoimento”, disse a diretora de
Marketing da Melitta, Maria Isabel Tarsitano.
Para José Luiz Asprino Pereira, gerente de Marketing da Sara Lee,
o segmento de dose única é com certeza uma tendência muito
forte. Mas o Senseo, que vem fazendo sucesso em países como
Holanda, França e Estados Unidos, vai demorar a desembarcar
no Brasil. “Será preciso adaptar a máquina, que é programada
para fazer 120 ml de café filtrado. Ela não possui regulagem, e
esse tipo de bebida, apesar de adequado ao paladar dos
europeus e norte-americanos, não combina com o gosto dos
brasileiros, que apreciam um café mais forte e não aguado”.
Um projeto, portanto, também de muito longo prazo, o que
sinaliza que existe pela frente, e de imediato, oportunidade de
mercado tanto para torrefadoras quanto para indústrias de
eletrodomésticos instaladas no País.
www.nespresso.com
www.1to1coffee.com
www.senseo.com
www.tassimo.de/
www.modelli.com.br
www.diprotreviolo.com.br
www.coffeemix.com.br
www.grupoiveri.com.br
Saiba mais sobre as novidades do mercado
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Novidades
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Espresso Carte Noirede pastilha
Café Blendy com coador para dose únicabasta abrir a estrutura cartonada e apoiá-la sobre a xícara, abrir corretamentepara que o filtro fique firme, acrescentar água, aguardar coar. Está pronto para beber
Mon Café, da Kataokasistema para preparo de
café filtrado tem ofiltro acoplado na estrutura
cartonada, basta montar eacrescentar aágua quente
Senseo:tecnologia e
desing em caféespresso (em sachê)
A grande sensação Nespresso:café em cápsulas
O incrível e divertido One Café, da Peter Larsen KaffeNo verso, dicas para o preparo, que é semelhante ao do chá. O sachê vem
preso ao suporte plástico, que tem formato de grão de café (90º).O tempo na água determinará um café mais fraco ou forte