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O FUTURO DA APOSENTADORIA
O FUTURO DA APOSENTADORIA
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Prefácio do Presidente Introdução da Empresa e do Autor
Resumo ExecutivoVida, desafios, ações
As soluções são muitas
Reagindo aos desafios de financiar a aposentadoria
A tempestade econômica perfeita A importância das estratégias de sobrevivência de longo prazo
Parte UmA megatendência populacional:é hora de se planejar
A megatendência populacional e a transição da juventude para a velhice O impacto da megatendência populacional:dividendo demográfico ou a tempestade perfeita? Idosos antes de enriquecer:países populosos podem aproveitar ao máximo estes dividendos demográficos?Estudos de caso: China e Índia
As economias emergentes poupam o suficiente para a aposentadoria?
Parte DoisEnfrentando o desafio demográfico:o caminho para a reforma previdenciária
Reforma previdenciária:redefinindo as regras do jogo
Reforma previdenciária:como as famílias em todo o mundo estão se preparandopara sua aposentadoria?
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Planejamento,
preparo e ascensão
A fotografia do balão
de ar quente usada
neste relatório foi
selecionada para
representar a jornada da
aposentadoria: desde
os estágios iniciais de
planejamento e preparo,
até a subsequente
ascensão controlada.
Parte TrêsO futuro da aposentadoria:as condições para obter sucesso no planejamento da aposentadoria
O ciclo de vida de poupança e consumo Rotas alternativas para financiar a aposentadoria:a mudança no ciclo de vida de poupança
Estudo de caso:hipoteca reversa nos Estados Unidos e no Reino Unido A ‘lacuna de preparo’
Educação financeira em foco
Mantendo tudo em família O papel da indústria de serviços financeiros
Parte QuatroSustentando o hábito de poupar:o impacto da desaceleração da economia nas finanças das famílias
A visão das famílias sobre o período da desaceleração
A desaceleração econômica:o impacto nas finanças de curto prazo
A desaceleração econômica:o impacto nas finanças de longo prazo
Alocação de ativos
Brasil
Conclusões
Apêndices Apêndice Um
Metodologia de pesquisa
Apêndice DoisA alteração no perfil da população em todo o mundo
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Prefácio do Presidente
P R E F Á C I O DO P R E S I D E N T E 05
Bem-vindo ao nosso quinto relatório sobre O Futuro da Aposentadoria. Este estudo foi inspirado no rápido aumento da expectativa de vida observado no último meio
século. Com essa tendência estabelecida e devendo continuar, a maneira como financiaremos a aposentadoria irá se tornar um dos maiores desafios do mundo. A constatação de uma megatendência demográfica afetará todos os aspectos da nossa vida econômica e social. Isso incluirá mudanças nos padrões de trabalho, vida familiar, bem como a necessidade de reavaliar o financiamento dos serviços de saúde e do que, com toda a certeza, será uma aposentadoria prolongada.
O HSBC, como um dos líderes mundiais do setor financeiro, está presente em mercados desenvolvidos e emergentes. Uma parte importante de nossa estratégia tem sido antecipar o impacto dessas mudanças e compreender o que elas significarão para as famílias de todo o mundo. Em um exame das economias, tanto desenvolvidas quanto emergentes, podemos ver que muitos países deram os primeiros passos no caminho da reforma dos seus sistemas de previdência.
Embora existam importantes diferenças locais na forma de enfrentar os desafios do envelhecimento da sociedade, verificamos um ponto comum entre todos os países, sejam eles desenvolvidos ou emergentes: chegou a hora de nos planejarmos.
Como reflexo dessa verdade, até o momento as reformas vêm reconhecendo cada vez mais a necessidade da responsabilidade pessoal, à medida que governos e empregadores procuram formas de compartilhar mais equitativamente os custos do financiamento da aposentadoria. No entanto, apesar desses aspectos comuns, não devemos ignorar a presença de importantes diferenças locais e regionais na forma como os países abordam esta reforma a partir de pontos de partida muito distintos.
As economias desenvolvidas já estão vivendo a transição da geração “baby-boomer” para a aposentadoria. A presença de sistemas de previdência bem desenvolvidos, em alguns casos, será contraposta por uma tendência de queda nas taxas de poupança, levando a um questionamento sobre a adequação da renda das pessoas na aposentadoria. Nas economias emergentes, a transição para uma sociedade mais idosa ainda levará algumas décadas. Antes que essa transição seja concluída, esses países se beneficiarão de um dividendo demográfico à medida que suas grandes populações jovens entrarem em idade economicamente ativa. Isso facilitará a grande mudança dos recursos de dependência da juventude para a velhice. Embora muitos desses países apresentem atualmente altos índices de poupança, a necessidade de continuar a estimular essa prática no longo prazo será um pré-requisito para que as famílias possam utilizar esses recursos para um financiamento adequado da aposentadoria.
O reconhecimento dado pelas famílias à sua crescente responsabilidade financeira tem sido um dos principais aspectos positivos da nossa série O Futuro da Aposentadoria. Em especial, os indivíduos mais jovens com menor exposição ao tradicional “welfare state”. Contudo, a evolução das relações entre governos, empregadores e indivíduos é apenas o ponto de partida. Continua a ser essencial que as pessoas tomem as medidas necessárias para se preparar para a aposentadoria.
Como procuramos deixar claro neste relatório, a mudança da responsabilidade do Estado para o indivíduo gera respostas com alto nível de heterogeneidade, demonstrando um amplo leque de necessidades e desejos das famílias. A pesquisa O Futuro da Aposentadoria continua a fornecer percepções vitais sobre as diferentes abordagens e respostas ao envelhecimento que podem ser desenvolvidas no próximo século.
Stephen GreenGroup ChairmanHSBC Holdings plc
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Introdução da Empresa e do Autor
I N T RO D U Ç Ã O DA E M P R E SA E DO AUTO R
Estou muito satisfeito em compartilhar com vocês os resultados da nossamais recente pesquisa O Futuro da Aposentadoria.
Em virtude das mudanças fundamentais na
expectativa de vida das pessoas, a série O Futuro da Aposentadoria trouxe, nos últimos cinco anos, um entendimento mais profundo dos comportamentos atuais em relação ao envelhecimento e à aposentadoria. Isso envolveu a expectativa das pessoas em relação ao tipo de aposentadoria que esperam e sobre quem deve recair a responsabilidade por financiá-la. Nossos relatórios anteriores revelaram que muitas famílias já esperam ser mais independentes e assumir mais responsabilidade pelo financiamento de sua própria aposentadoria.
O relatório deste ano foi marcado pela incerteza do cenário econômico, em que a perspectiva de uma desaceleração prolongada coloca uma pressão maior sobre as famílias para atender às suas crescentes responsabilidades financeiras. O impacto da crise nas despesas domésticas e no uso do crédito já pode ser percebido. No entanto, existe um impacto igualmente significativo sobre a poupança para aposentadoria, bem como no valor dos ativos de previdência. Este ano, a pesquisa leva essas mudanças em consideração.
Os resultados destacam o aumento da necessidade dos indivíduos fazerem mais por sua aposentadoria e a necessidade de empregadores, governos e instituições financeiras, como a nossa, continuarem a educar, informar e capacitar as pessoaspara que elas possam ter uma aposentadoria feliz e saudável.
A pesquisa O Futuro da Aposentadoria desempenha um papel importante ao ajudar o HSBC a compreender qual a melhor forma de desenvolver soluções em produtos e consultoria sob medida para nossos 128 milhões de clientes em 83 países e territórios.
Trabalhando com a Cicero Consulting, produzimos um relatório com o objetivo de ampliar a compreensão do mercado segurador e das famílias, na tentativa de redefinir de que maneira estamos nos preparando para uma aposentadoria positiva e agradável - “É tempo de se planejar”.
Clive BannisterGroup Managing DirectorHSBC Insurance
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A pesquisa O Futuro da Aposentadoria deste ano – É tempo de se planejar – explora quatro temas.
Em primeiro lugar, as tendências demográficas que explicam por que o
futuro da aposentadoria está mudando.Veremos que, embora todos os países estejam esperando rápidas mudanças nos próximos anos, o impacto deverá ser sentido mais profundamente por países do Leste Asiático, cuja população está envelhecendo mais rapidamente do que em outros grandes mercados.
Em segundo lugar, as opções para a reforma do sistema de previdência que irão orientar a maneira como a aposentadoria será redefinida. A responsabilidade pelo financiamento da aposentadoria está mudando. Onde for atingido o equilíbrio político, empregadores e indivíduos serão responsáveis por garantir o apoio popular para as reformas.
Em terceiro lugar, a pesquisa analisa as condições necessárias para que as famílias atendam às suas novas responsabilidades. Isso inclui a necessidade de ampliar o acesso à educação e à consultoria financeira, bem como desenvolver novas soluções em poupança e seguros para ajudar as famílias a lidarem com os riscos financeiros que o envelhecimento envolve.
Por último, como os orçamentos familiares ficarão com a atual desaceleração econômica e qual será o impacto de tudo isso em sua capacidade de planejar a aposentadoria.
Mark TwiggDiretorCicero Consulting
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A série O Futuro da Aposentadoria estabeleceu-se como um dos principais estudos globais sobre a atitude dos indivíduos em relação ao envelhecimento e ao planejamento para a aposentadoria. Em sua quinta edição, o relatório fornece uma perspectiva valiosa sobre o tema ao apresentar os resultados de uma amostra abrangente de mercados desenvolvidos e emergentes. Para ajudar a compreender melhor as atitudes e comportamentos atuais dos indivíduos e suas famílias, nosso levantamento abrangeu 15 países em todo o mundo.
Economias IndustrializadasCanadáEstados UnidosFrançaJapãoReino Unido
Economias EmergentesArábia SauditaBrasilChinaCingapuraCoreiaEmirados ÁrabesHong KongÍndiaMéxicoTurquia
Prever o futuro é sempre uma tarefa difícil. Isso se aplica aos nossos esforços para compreender o futuro da aposentadoria. No entanto, podemos perceber uma série de tendências de longo prazo já estabelecidas que irão produzir um rápido aumento na expectativa de vida. Se temos menos jovens, temos menos pessoas para financiar a previdência estatal e os custos crescentes de tratamentos de saúde.
A imigração poderá ajudar a compensar o impacto do envelhecimento em alguns países, mas em nível global esse pode ser um jogo sem vencedores, pois os benefícios do país recebedor podem ser superados pelo prejuízo dos países doadores.
O incremento nas receitas e a melhoria nos cuidados com a saúde ajudarão a superar as “doenças da pobreza”, resultando em um novo aumento da expectativa de vida. Todavia, à medida que as pessoas se tornam mais ricas, há o surgimento das “doenças da abundância”, que levantarão questionamentos quanto às perspectivas para uma vida saudável na terceira idade. A necessidade de mais avanços na medicina e de gerir melhor os serviços de saúde desempenhará um papel importante na manutenção de nossa qualidade de vida e bem-estar ao envelhecermos.
As mudanças nas relações de trabalho estão resultando em trocas mais frequentes de emprego. Isso significa que temos menos segurança no trabalho e alterações nos benefícios do trabalhador. A atual crise econômica já acelerou a tendência dos empregadores em reduzir o valor de suas contribuições para os planos empresariais.
A vida familiar também está mudando rapidamente. O aumento da ruptura familiar e o crescimento da participação das mulheres no mercado de trabalho vêm deixando-as expostas a riscos financeiros. Esses riscos somam-se ao tradicional papel da mulher na vida familiar, na qual há uma clara divisão no exercício da responsabilidade financeira pela família. Os homens têm maior probabilidade de cuidar das finanças de longo prazo, enquanto as mulheres continuam mais focadas no orçamento doméstico. Essas decisões passam a ser mais suscetíveis de serem tomadas por mulheres que sentiram o peso da desaceleração econômica.
Relacionadas a todas essas alterações, podemos ver como as mudanças demográficas já estão tendo um impacto profundo na sociedade. Isso se intensificará nos próximos 40 anos: a população mundial com mais de 65 anos passará de 550 milhões para mais de 1,4 bilhão até 2050.
As soluções são muitas e as diferenças significativas estão no modo como as sociedades reagirão
À medida que a sociedade envelhece, os indivíduos enfrentarão riscos financeiros cada vez maiores. E a complexidade desses riscos - para a saúde, a vida profissional, a vida familiar e os rendimentos - ficará cada vez maior. Cada evento na vida apresenta novos desafios financeiros. A partir do momento em que o Estado e os empregadores começarem a reduzir seus compromissos com a previdência, restará ao indivíduo tomar as medidas cabíveis para enfrentar esses desafios.
Trabalhar por mais tempo antes de se aposentar já é visto por indivíduos e governos como uma solução possível. A pesquisa global revelou que, frente a várias opções para o financiamento da aposentadoria,
23% das pessoas apoiam a decisão de trabalhar por mais tempo na terceira idade. Porém, os governos também podem desempenhar um papel fundamental em encorajar as pessoas a poupar mais.
As estratégias empregadas pelos governos ao redor do mundo terão de refletir as diferenças locais. O estudo mostra uma forte divisão regional, na qual os países asiáticos aparentemente preferem estratégias baseadas em prolongar o tempo de trabalho antes da aposentadoria. Comparativamente, na Europa e na América do Norte as pessoas estão preparadas para poupar mais, mas com o incentivo fiscal do governo.
Em mercados em desenvolvimento, vemos outra importante distinção: a prioridade dos pais é poupar para seus filhos, na tentativa de ajudar a ascensão social da próxima geração. Simplificando, as sociedades com perfis etários jovens devem primeiro tratar da dependência dos jovens - como a garantia de acesso a sistemas de educação devidamente financiados - antes de voltarem sua atenção para a dependência dos idosos. Ao longo do tempo, com as mais novas gerações de crianças atingindo a idade de trabalhar, essas sociedades têm probabilidade cada vez maior de voltar sua atenção para poupar para a aposentadoria.
Reagindo aos desafios de financiar a aposentadoria: o surgimento de uma grande lacuna de preparo
Não é surpreendente observar que as noções de aposentadoria já estão mudando. O antigo “precipício da aposentadoria” - em que as pessoas paravam de trabalhar da noite para o dia - está sendo substituído por uma transição mais gradual. As pesquisas anteriores destacaram a percepção comum de que “70 é o novo 50”, com um número maior de pessoas permanecendo ativas por mais tempo - quer seja no trabalho ou se envolvendo em voluntariado.
Nesse mundo em rápida evolução, indivíduos, governos e empregadores estão buscando a melhor forma de lidar com a situação.
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Um dos maiores desafios que enfrentamos é a falta de consciência dos crescentes riscos que as pessoas enfrentam, o que se traduz em ausência de ação. Apenas 27% das pessoas afirmam compreender plenamente suas finanças de longo prazo. Aqui existe uma diferença entre homens e mulheres (elas demonstram baixo nível de compreensão). Devido a esse baixo nível de compreensão, encontramos uma grande lacuna de preparo, já que as famílias não enfrentam esses desafios de frente.
43%
das pessoas em nossas pesquisas realizam algum tipo de planejamento, mas admitem não saber como será sua renda na aposentadoria.
Somente 13% das pessoas se sentem plenamente preparadas para sua aposentadoria. A lacuna de preparo é maior entre as mulheres e os poupadores entre 30 e 40 anos.
A tempestade econômica perfeita
Esses desafios vêm sendo agravados pela desaceleração econômica, criando uma “tempestade perfeita” que combina um recuo na previdência do empregador e do governo; queda no valor dos fundos de pensão, como resultado da queda nos valores mobiliários, que levam a déficits nos valores planejados
pelas pessoas para suas aposentadorias. Além disso, mais pessoas estão optando por reduzir ou suspender suas contribuições previdenciárias. Enquanto perto de 40% das pessoas acreditam que a atual crise econômica terá duração de um a dois anos, mais de um terço (32%) acredita que a desaceleração deverá durar mais de dois anos. Como resultado, quase todas as famílias - 92% - já adotaram estratégias de sobrevivência para lidar com a desaceleração. Em um momento em as pessoas precisam agir, os eventos econômicos estão tendo um impacto negativo na riqueza e na saúde financeira das famílias e as prioridades estão migrando da poupança para o futuro para o pagamento das dívidas.
Menos de 20% dos participantes da pesquisa deixaram seus planos de aposentadoria inalterados até o momento. Uma em cada seis pessoas reduziu suas contribuições previdenciárias e quase uma em cada dez pessoas já espera adiar o início de sua aposentadoria como resultado da crise econômica mundial. Essa estratégia de adiar o início da aposentadoria é notável em alguns países, como Estados Unidos e Cingapura, onde os planos de previdência com Contribuição Definida já estão bem estabelecidos e as pessoas têm maior probabilidade de estar cientes do impacto da queda nos valores dos fundos.
No entanto, vemos mudanças positivas no sentido de priorizar o ato de poupar, ao contrário do de gastar, e de tornar-se financeiramente mais consciente. Outro resultado positivo foi forçar governos e outros setores a agirem com maior urgência na crise que está se aprofundando. O custo do adiamento é elevado para todos. Essa recente desaceleração da economia aumentou a necessidade de fazer mais.
Isso é difícil em um ambiente em que pagar as dívidas e a precária segurança de emprego assumem a precedência sobre as necessidades de longo prazo. Todavia, estamos vendo algumas soluções bastante pragmáticas.
A importância das estratégias de sobrevivência de longo prazo
Diversificar o patrimônio pessoal funciona bem para muitas pessoas e os relatórios anteriores de O Futuro da Aposentadoria demonstram como a propriedade imobiliária e os investimentos de capital podem ser importantes. Essa poderia ser considerada uma abordagem diversificada de investimento de longo prazo.
Este ano, a pesquisa O Futuro da Aposentadoria mais uma vez examina a alocação de ativos, com a atual incerteza econômica resultando em uma mudança mundial de preferência por investimentos com menos riscos. Embora essa tendência possa ser temporária, temos que aprender as premissas básicas de investimentos – qual a melhor forma de investir de maneira equilibrada e a longo prazo.
Isso envolve poupar mais, agindo de modo mais comedido, e gastar menos. A pesquisa mostra uma diminuição acentuada no impulso das pessoas em adquirir crédito para consumo. Em todos os países, percebemos que elas estão buscando reduzir seu endividamento.
É uma situação em que as pessoas são mais responsáveis pelo seu próprio futuro, mas a responsabilidade de governos, empregadores e instituições financeiras em educar e informar permanece. Atualmente, existe pouco acesso ao aconselhamento e à educação financeira.
Enquanto alguns países em desenvolvimento – como Índia e China – surpreenderam pelo acesso a fontes de educação financeira, está claro que muitas pessoas dependem da internet e dos membros de suas famílias, que podem não ser as fontes mais precisas de orientação.
Isso revela uma necessidade dos consumidores por acesso a consultores de sua confiança, proporcionando uma grande oportunidade para os fornecedores de produtos financeiros. As instituições financeiras e o governo precisarão fornecer soluções criativas sob a forma de produtos de poupança, tanto para a fase de acúmulo que precede a aposentadoria quanto para o desembolso durante a aposentadoria. Também é fundamental que as pessoas tenham mais acesso aos serviços de consultoria financeira para ajudá-las a planejar, contemplando as diferentes fases da vida.
As pessoas também precisam estar protegidas hoje e no futuro. As famílias estão respondendo positivamente a essa necessidade e, por isso, produtos de seguro provavelmente serão a opção mais popular nos próximos 12 meses. As famílias parecem estar mais preocupadas em garantir seus bens e a rede de segurança de curto prazo, com necessidades como seguro para animais de estimação, em alguns locais, do que a rede de segurança para longo prazo, para garantir os serviços de saúde e rendimentos.
Confrontados com as tendências de longo prazo e as pressões financeiras de curto prazo, a mensagem para todos nós é simples e clara: estamos vivendo em uma época de crescente autossuficiência. Mesmo que isso possa implicar ter que lidar com questões financeiras cada vez mais complexas, as pessoas dificilmente podem se dar ao luxo de adiar. O custo dessa demora é efetivamente muito elevado. Agora é a hora de agir.
A população mundial com mais de 65 anos passará dos atuais 550 milhões para mais de 1,4 bilhão até 2050.
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Fatos importantes
A população do planeta deve passar de 2 bilhões para mais de 9 bilhões em menos de um século.1
A população mundial com mais de 65 anos deve passar de 550 milhões para mais de 1,4 bilhão até 2050.2
O Japão – o trem-bala demográfico ou o “Shinkansen” – está passando por um dos mais rápidos processos de envelhecimento. Até 2050, aproximadamente 40% de sua população terá mais de 65 anos.3
Políticas de planejamento familiar estão tendo um grande impacto na aceleração do processo de envelhecimento em países como China e Coreia.
Em 2007, o número de pessoas no Reino Unido com mais de 65 anos superou, pela primeira vez, o número de pessoas com menos de 16 anos. O mundo está a caminho de igualar isso em 2080.4
Boa parte desse crescimento populacional ocorrerá em países onde o acesso à previdência atualmente ainda é limitado. A Índia tem um contingente de força de trabalho de 284 milhões de pessoas em idade economicamente ativa e sem acesso ao sistema de previdência formal.5
Os ativos de fundos de previdência chineses estão preparados para crescer ao ritmo de 30% ao ano até 2015 – o mesmo ano em que a China deverá ver o número de novos aposentados ultrapassar o de novos participantes no mercado de trabalho.6
1. World Population prospects, UN Population Division, March 2009.
2. World Population prospects, UN Population Division, March 2009.
3. OECD Observer, March 2007.
Na seção de abertura deste relatório, a partir de aspectos básicos, faremos a análise de como as atuais macrotendências, que afetam o crescimento das populações dos diferentes países, devem se desenvolver e convergir nos próximos 40 anos.
4. Social Trends 39, UK Office of National Statistics, 2009.
5. Building a pensions powerhouse, Global Pensions, 15 October 2008.
6. China faces up to specter of 1-2-4, Global Pensions, 19 February 2005.
Na realidade, o que estamos vendo é uma megatendência populacional; uma geração global “baby-boomer”cobrindo mais de cem anos.
A megatendência populacional e a transição da juventude para a velhice
Depois de levarmos 10.000 gerações para atingir a marca de 2 bilhões de pessoas em meados do século passado, veremos a população mundial superar os 9 bilhões até 20507, com uma proporção muito mais alta dessa população em idade de aposentadoria.
Na realidade, isso representa uma megatendência populacional; uma geração global de “baby-boomers” cobrindo mais de cem anos. O mundo industrializado já mostra o que a geração “baby-boomer” significará para os sistemas de previdência.
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Acima dos 65 anos
Menores de 14 anos Fonte: World Population Prospects: The 2008 Revision, United Nations Population Division, 2008.
O número de pessoas com menos de 14 anos e mais de 65 enquanto percentual da população mundial. Fig. 1
7. An Inconvenient Truth, Al Gore, 2006.
8. World Population Prospects: The 2008 Revision, United Nations Population Division, 2008.
Fig. 2 A população global com mais de 65 anos em comparação com menos de 14 anos.9
População mundial com menos de 14 anos
População mundial com mais de 65 anos
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9. Fonte: World Population Prospects: The 2008 Revision, United Nations Population Division, 2008.
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Com as grandes bolhas de nascimento no pós-guerra passando para aposentadoria no decorrer da próxima década, muitos países industrializados começaram a realizar reformas completas de seus sistemas de previdência.
Estudiosos de demografia começaram a criar os vínculos entre esse crescimento populacional com as tendências mais amplas de industrialização e desenvolvimento econômico. Isso resultou em uma teoria de ciclo populacional, um padrão claro de progressão populacional para as nações industriais. Com o tempo, à medida que a riqueza passa a ser distribuída de forma mais uniforme, a taxa de nascimento continua a cair. Com a expectativa de vida continuando a crescer, as pessoas podem esperar viver cada vez mais na aposentadoria. A tendência em direção ao aumento da população de aposentados, que já pode ser percebida no Ocidente, começa também a afetar as economias emergentes da Ásia, América Latina e Oriente Médio.
O legado de altas taxas de natalidade ajudou a produzir uma grande população de jovens. Na década de 60, o número de pessoas com idade inferior a 14 anos atingiu seu pico, com cerca de dois terços da população mundial [Figura 1]. Hoje, já está um pouco abaixo de 40%. O atual viés de população para a juventude, com o tempo, desaparecerá à medida que o número de crianças diminui e o número de aposentados aumenta. De fato, o número de aposentados no mundo deve superar a população da China até 2050.
Como mencionado, as economias desenvolvidas entre os países pesquisados, como Estados Unidos, Reino Unido, Canadá e França, verão seus respectivos “baby-boomers” passarem para a aposentadoria nos próximos 15 anos. Na China, os “baby-boomers” começarão a se aposentar em meados deste século.
A Índia, onde a bolha de população ocorreu mais tarde e ainda não atingiu seu pico, não verá uma grande transição para aposentadoria antes de 2070-2080. Com as economias emergentes do Sul e do Leste convergindo com as economias desenvolvidas do Ocidente, cada vez mais a população com mais de 65 anos será encontrada na América Latina ou Ásia. A Figura 3 mostra como o Japão - o trem-bala ou “Shinkansen” do grande debate sobre o envelhecimento - deverá ser alcançado pela Coreia e a China em envelhecer mais rapidamente do que no Ocidente.
O impacto da megatendência populacional: dividendo demográfico ou a tempestade perfeita?
As opiniões estão divididas entre se esta crescente população de aposentados é uma ameaça ou uma oportunidade. O envelhecimento da população é descrito como uma bomba-relógio demográfica esperando para explodir, levando à destruição dos atuais sistemas de previdência.
Antes do final do século, haverá no mundo mais pessoas com mais de 65 anos do que com menos de 14 anos.
Parte um Parte um
Fig. 3 O percentual crescente de pessoas vivendo além dos 65 anos em países selecionados entre 2000 e 2050. 10
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20302000 20402010 20502020
10. Fonte: World Population Prospects: The 2008 Revision, United Nations Population Division, 2008.
Mas não há nenhuma razão pela qual a vida na terceira idade não possa se tornar uma oportunidade, uma nova fase de vida em que as pessoas têm mais tempo para suas famílias, desenvolvendo novos interesses e habilidades e até mesmo continuando a trabalhar ou iniciando uma nova carreira. As oportunidades são infinitas, desde que as preparações necessárias sejam realizadas. Agora é hora de agir.
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Idosos antes de enriquecer:países populosos podem aproveitar ao máximo esses dividendos demográficos?
Estudo de caso: China
Na China, onde a idade média atual é 33 anos, os novos aposentados começarão a superar em número os novos trabalhadores já em 2015. É uma corrida contra o tempo para criar os alicerces de um novo sistema de previdência e rapidamente construir ativos previdenciários. A China já fez um enorme progresso criando um sistema previdenciário ‘contributivo’ equilibrado. No entanto, desafios específicos permanecem.
Desde a década de 70, a política do “filho único”, combinada com uma melhoria na expectativa de vida, gerou rápidas mudanças na razão de dependência dos idosos (número de pessoas na aposentadoria em relação à proporção das pessoas em idade economicamente ativa). Entre 1970 e 2040, essa razão deve cair de 8:1 para apenas 2:1. Não obstante as pressões sobre o financiamento da renda de aposentadoria, isso gera problemas específicos no financiamento dos cuidados com a terceira idade.
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Fig. 5 Índia hoje (ano 2000); amanhã (ano 2050)
0 10 20 30 40 50 60 70010203040506070
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10–1415–1920–2425–2930–3435–3940–4445–4950–5455–5960–6465–6970–7475–7980–8485–8990–9495–99100+
População (em milhões)
MulheresHomens MulheresHomens
20002050
Fonte: U.S. Census Bureau, International database
0–45–9
10–1415–1920–2425–2930–3435–3940–4445–4950–5455–5960–6465–6970–7475–7980–8485–8990–9495–99100+
0 10 20 30 40 50 60 70010203040506070
População (em milhões)
20002050
Fonte: U.S. Census Bureau, International database
Fig. 4 China hoje (ano 2000); amanhã (ano 2050)
Parte um Parte um
O dividendo demográfico
A transição para baixas taxas de natalidade e mortalidade produzirá alguns resultados positivos ou o que poderia ser chamado de “dividendos demográficos”. Isso proporciona às economias emergentes uma oportunidade para aproveitar a chance e fazer os preparativos necessários para financiar a futura população de aposentados. Em primeiro lugar, haverá uma enorme população em idade economicamente ativa. Como a massa de crianças dependentes entrará na idade adulta e economicamente ativa, haverá uma queda na taxa de dependência da juventude. Menos investimentos serão necessários para satisfazer as necessidades das faixas etárias mais jovens e esses recursos serão liberados para o investimento no desenvolvimento da economia e do bem-estar familiar.
Em segundo lugar, a crescente riqueza gerada por todos esses trabalhadores adicionais produzirão as condições econômicas para apoiar níveis mais altos de poupança nas famílias. Essa janela demográfica de oportunidade não vai durar para sempre. Em tempo, essa grande população ativa se desloca para as faixas mais idosas, menos produtivas, sendo seguidas por grupos menores de jovens, como resultado do declínio das taxas de natalidade. Quando isso ocorre, a razão de dependência aumenta novamente, dessa vez envolvendo a necessidade de cuidar dos idosos ao invés de cuidar dos jovens. Essa transição pode ser observada em países como China e Coreia e pode ser ainda mais acelerada como resultado de políticas de controle de natalidade.
Fig. 6 Motivos para poupar Financiar a própria aposentadoria e poupar para os filhos
México
Índia
Arábia Saudita
Emirados Árabes
China
Reino Unido
França
Estados Unidos
Canadá
Brasil
Turquia
Global
Cingapura
Hong Kong
Coreia do Sul
Japão
Poupando para os filhos
Poupando para a aposentadoria
28%
56%26%
45%31%
34%
26%30%
23%25%
22%31%
22%29%
20%11%
18%10%
18%15%
17%8%
14%41%
13%33%
12%32%
12%35%
6%26%
22
O FUTURO DA APOSENTADORIA
O FUTURO DA APOSENTADORIA
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Estudo de caso: Índia
Na Índia, a idade média atual é de apenas 26 anos. A janela de oportunidade se manterá aberta por mais tempo, mas eles têm mais a fazer no desenvolvimento do regime previdenciário. O sistema previdenciário formal cobre apenas 13% dos assalariados do país, com um total de 284 milhões de pessoas sem cobertura de previdência.11
11
Fig. 5 Índia hoje (ano 2000); amanhã (ano 2050)
0 10 20 30 40 50 60 70010203040506070
0–45–9
10–1415–1920–2425–2930–3435–3940–4445–4950–5455–5960–6465–6970–7475–7980–8485–8990–9495–99100+
População (em milhões)
MulheresHomens MulheresHomens
20002050
Fonte: U.S. Census Bureau, International database
0–45–9
10–1415–1920–2425–2930–3435–3940–4445–4950–5455–5960–6465–6970–7475–7980–8485–8990–9495–99100+
0 10 20 30 40 50 60 70010203040506070
População (em milhões)
20002050
Fonte: U.S. Census Bureau, International database
Fig. 4 China hoje (ano 2000); amanhã (ano 2050)
11. Building a pensions powerhouse, Global Pensions, 15 October 2008 Fonte Figs. 4 & 5: U.S. Census Bureau, International database.
As economias emergentes poupam o suficiente para a aposentadoria?
Aparentemente, muitas economias emergentes estão aproveitando seus dividendos demográficos. Entre elas, há alguns países que possuem taxas de poupança muito elevadas, acima de 20% do PIB. Essas taxas mascaram alguns riscos significativos por estarem distribuídas de forma muito desigual e geralmente em veículos de poupança que podem não oferecer o melhor retorno a longo prazo. Ativos de previdência, via de regra, são muito pequenos - fundos de pensão, por exemplo, representam apenas 5% do PIB da Índia. Na China, o valor é de apenas 1%12.
Isso deve ser comparado com a média geral da OECD de 90%. Este ano, as descobertas de O Futuro da Aposentadoria mostram que altas taxas de poupança podem não se traduzir em ativos suficientes para aposentadoria em virtude das diferentes motivações de poupança que as pessoas podem ter. A Figura 6 mostra como apenas os tradicionais Tigres Asiáticos pontuaram acima da média mundial em termos de “a aproximação da aposentadoria”como sendo motivo para poupar. Na maior parte das economias emergentes, o desejo de poupar para os filhos supera a necessidade de poupar para sua própria aposentadoria.
12. OECD Private Pensions Outlook 2008
Parte um Parte um
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O FUTURO DA APOSENTADORIA
PA R T E D O I SEnfrentando o desafio demográfico:o caminho para a reforma previdenciária.
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Parte dois
O FUTURO DA APOSENTADORIA
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Parte dois
Q U E M V O C Ê V Ê C O M O A M E L H O R F O N T E D E A C O N S E L H A M E N T O F I N A N C E I R O ?
Fatos importantes
31% das pessoas apoiam os esforços para incentivar a poupança voluntária por meio de benefícios fiscais.
O apoio é particularmente alto no Reino Unido, no Canadá e nos Estados Unidos - bem como em economias emergentes como Turquia, Brasil e México. Reformas realizadas no Brasil já produziram aumentos significativos nos ativos de fundos de pensão, que surgiram em meados de 1990. Os fundos passaram de US$ 1 bilhão em 1994 para US$ 20 bilhões em 2005.
Apoio para trabalhar por mais tempo foi claramente mais uma preferência dos asiáticos com o suporte da Coreia e Cingapura.
O apoio a sistemas de seguridade social financiados por meio de modelos de tributação revelou-se menos popular, com 13%. Parece que o apoio a modelos socializados está em declínio, já que os jovens estão cada vez mais voltados para a poupança privada.
Em 2008, a taxa de poupança voluntária do Reino Unido bateu um recorde negativo de 50 anos - com apenas 1%. Essa tendência levou à passagem para um novo modelo de contas pessoais obrigatórias até 2012.
O apoio à poupança obrigatória - muitas vezes visto como uma forma de tributação - também provou ser menos popular.13
Reforma previdenciária: redefinindo as regras do jogo
A megatendência demográfica destacada na introdução já criou a necessidade de mudar a maneira como as sociedades financiam as aposentadorias. Mesmo nos países que atualmente têm sistemas previdenciários bem-financiados, a pressão para mudança está aumentando.
Por exemplo, em Cingapura, a Central Provident Fund (CPF) viu o número de membros com idade acima de 55 anos aumentar de 105.000 em 1980 para 695.000 nesta década. No mesmo período, o número de pessoas no plano com idade inferior a 24 anos caiu pela metade.14 Todos os países são confrontados com desafios e opções similares quando procuram reequilibrar seus sistemas de previdência.
As mudanças descritas no capítulo anterior irão impor maior pressão financeira
sobre todos os países para reformar seus sistemas previdenciários e de saúde.
Todos nós - governos, empregadores e famílias – precisamos repensar e redefinir
a forma atual como vemos e planejamos nossas aposentadorias.
A seguir, tentaremos definir o que isso significa para os 15 países abrangidos na
pesquisa O Futuro da Aposentadoria, além de estabelecer as perspectivas para
as mudanças. Essencialmente, os resultados revelam os tipos de reformas que
as próprias famílias gostariam de ver implementadas.
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O FUTURO DA APOSENTADORIA
Parte dois
O FUTURO DA APOSENTADORIA
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Parte dois
13. Policy Issues in Insurance, OECD 2004
Os resultados de O Futuro da Aposentadoria mostram que as famílias na Ásia preferem trabalhar por mais tempo (isto é, reduzir seus direitos).
Os resultados de O Futuro da Aposentadoria mostram que as famílias na Europa e na América do Norte preferem poupar mais (isto é, aumentar suas contribuições).
Existe relativamente pouco apoio para aumentar as contribuições por meio de impostos.
Fig. 7 Opções para reforma previdenciária
AumentarContribuições
ReduzirDireitos
Poupar mais
Mais impostos
Trabalhar mais tempo/aposentar em fases
Reduzir valor dos benefíciosde aposentadoria
14. Keeping pace with age, Global Pensions, 9 June 2008
31% das pessoas apoiam os esforços para incentivar a poupança voluntária por meio de benefícios fiscais.
Eles podem tentar aumentar as contribuições (o que o governo francês procurou fazer criando um conjunto de novos produtos de poupança para aposentadoria) ou reduzir os direitos (por exemplo, a resposta de Cingapura incluiu adiar a idade de aposentadoria de 62 para 65 anos). Na realidade, todos os países vão procurar uma mistura dos dois, a exemplo do que aconteceu no Reino Unido, onde serão introduzidos os novos sistemas de contas pessoais até 2012, junto com planos para aumentar a idade de 65 para 68 anos. Essas reformas visam a encontrar um equilíbrio entre colocar mais agora e tirar menos mais tarde. Todos os países serão obrigados a redefinir seus conceitos atuais de aposentadoria à medida que buscam atingir esse equilíbrio. Talvez a maior mudança seja a do papel do Estado e de empregadores, que se tornam cada vez mais ‘facilitadores’ para ajudar as pessoas a economizar para suas aposentadorias. O Banco Mundial publicou um novo e mais equilibrado modelo de financiamento baseado nos três pilares da provisão de previdência. Estes pilares dividem entre as partes as responsabilidades
de forma mais uniforme, incluindo um papel para a seguridade social (pilar 1), embora para muitos isso leve a prever taxas baixas de substituição de renda na aposentadoria. É aqui que o segundo pilar (incluindo os tradicionais planos com benefícios definidos, os planos conhecidos como último salário) e o terceiro pilar (incluindo as ‘contas’ pessoais com contribuição definida) ajudam a construir uma maior cobertura previdenciária e a adequação dos benefícios.
O Apêndice Dois ilustra a forma como todos os 15 países pesquisados já começaram a pôr em prática os diferentes pilares da provisão de pensões. Até hoje, parece haver uma notável convergência para a reforma previdenciária. Enquanto alguns países já se decidiram contra a necessidade de desenvolver um regime de previdência com os três pilares, preferindo abordagens com mandatos – como é o caso de Hong Kong, Cingapura e México -, todos os países preveem uma maior dependência das famílias e dos indivíduos, levando ao surgimento de várias opções em planos de previdência pessoais.
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O FUTURO DA APOSENTADORIA
O FUTURO DA APOSENTADORIA
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Parte dois Parte dois
Reforma previdenciária: como as famílias em todo o mundo estão se preparando para sua aposentadoria?
Os resultados mostram que as famílias são muito favoráveis às medidas que estão sendo tomadas. No total, 31% das pessoas apoiam os esforços para incentivar a poupança voluntária por meio de benefícios fiscais (pilar 3). A comparação entre essa opção e as restantes é favorável à primeira, incluindo as opções de tributar mais as pessoas, para financiar um sistema de fundos de seguridade social mais generoso (apoiado por 13%), ou incentivar as pessoas a trabalharem por mais tempo antes da aposentadoria (apoiado por 23%).
No entanto, existem importantes diferenças regionais nas reformas que as famílias gostariam de implementar. A abordagem voluntária apoiada por meio do sistema fiscal é particularmente popular nas famílias do Reino Unido, Estados Unidos, Canadá, México e Brasil. A Figura 9 mostra que aumentar a idade de aposentadoria e apoiar as pessoas para continuarem a trabalhar são mais favoráveis em Cingapura e na Coreia e mais populares no Japão e em Hong Kong. Isso mostra uma importante divisão cultural entre o Ocidente e o Oriente em relação à reforma.
Fig. 8 O que os governos deveriam fazer para apoiar e financiar o envelhecimento da população.
17% Obrigar o recolhimento de contribuições compulsórias para fundo de pensões de empregados.
13% Aumentar impostos para poder pagar melhores benefícios de previdência/seguridade social.
23% Aumentar a idade para aposentadoria e apoiar as pessoas a trabalharem por mais tempo.
16% Encorajar mais poupança particular por meio de inserção automática de pessoas em planos de empresa.
31% Encorajar mais poupança particular por meio de incentivos fiscais.
Fig. 9 As diferenças regionais em relação à forma de reação do governo ao envelhecimento da população: trabalhar por mais tempo versus poupar mais com incentivo fiscal.
Japão
Índia
Coreia do Sul
Cingapura
Hong Kong
China
Arábia Saudita
Emirados Árabes
México
Brasil
Canadá
Estados Unidos
Turquia
França
Reino Unido
Global
Encorajar mais a poupança particular com incentivos fiscais
Aumentar a idade de aposentadoria e apoiar as pessoas a trabalharem por mais tempo
23%31%
16%36%
32%13%
44%12%
55%16%
48%9%
40%24%
43%29%
23%18%
23%15%
12%25%
14%45%
24%52%
17%23%
21%28%
29%
13%
Os resultados também revelaram uma divisão entre gerações. Os trabalhadores mais jovens apoiam a poupança voluntária, mas os trabalhadores mais velhos e os que já se aposentaram mostram uma preferência pela continuidade do papel dos sistemas de seguridade social. Isso é corroborado pela experiência da reforma francesa em 2004, na qual a introdução de produtos de pensão individuais com incentivos fiscais foi mais bem aceita pelos mais jovens.
As conclusões revelam que as pessoas aceitam a necessidade de mais responsabilidade pessoal. A Figura 11 ilustra um possível modelo do que poderá ser o futuro formato da previdência em 2020. Qualquer modelo que explique o futuro formato de planejamento para a aposentadoria deve colocar o indivíduo e sua família no seu centro. As famílias continuarão a ter direito às aposentadorias advindas dos sistemas de seguridade social e dos empregadores, mas essa renda diminuirá.
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O FUTURO DA APOSENTADORIA
Parte dois
O FUTURO DA APOSENTADORIA
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Parte dois
Uma parte cada vez maior das receitas será proveniente dos próprios indivíduos, facilitada por governos, empregadores e de serviços financeiros, que propiciará acesso a produtos de poupança de longo prazo e aconselhamento financeiro.
Qualquer modelo que explique o futuro formato de planejamento para a aposentadoria deve colocar o indivíduo e sua família no seu centro.
Com a redefinição da aposentadoria centrada na necessidade de poupar mais e trabalhar por mais tempo, existem quatro fatores que precisarão ser abordados por todas as sociedades para tornar o futuro da aposentadoria uma oportunidade ao invés de uma fase de dificuldades financeiras. Inibir qualquer dessas opções à família, inibe a sua capacidade de fazer as preparações necessárias para a futura aposentadoria.
Fig. 10 A visão de grupos de diferentes faixas etárias sobre a resposta de seus governos ao envelhecimento da população.
Aumentar a idade para aposentadoria e apoiar as pessoas a trabalharem por mais tempo.
Aumentar impostos para poder pagar melhores benefícios de previdência/seguridade social.
Encorajar mais poupança particular por meio de inserção automática de pessoas em planos de empresa.
Obrigar o recolhimento de contribuições compulsórias para fundo de pensões de empregados.
Encorajar mais poupança particular por meio de incentivos fiscais.
0
5
10
15
20
25
30
35
40
60-7050-5940-4930-39
Porc
enta
gem
Fonte: World Population Prospects: The 2008 Revision, United Nations Population Division, 2008
Escola/Universidade
Acesso a aconselhamento
pré e durante a aposentadoria
Acesso a planos de previdência
e seguros baseados em Contribuições
Definidas
Reduçãode direitos
Permitir mais direitos através de incentivos
fiscais
Impostos
Família
Passagem de Benefícios Definidos
- Contribuições Definidas
Acesso a emprego
bem remunerado
Idade de aposentadoria
ampliada
Governo Bancos/Seguradoras
Empregador
Apo
io p
ara
acon
selh
amen
to n
o loca
l de tra
balho
Acordos de Contribuições Definidas no local de trabalho
Maior acesso à educação financeira
Desenvolvimento
d
e fe
rram
enta
s in
form
ais
em escolas e universidades
de planejam
ento
fina
ncei
ro
O futuro da aposentadoriaFig. 11
Reduçãode direitos
Acesso aos meios econômicos
As famílias podem arcar com os custos do hábito de poupar?
Acesso à educação financeira
As famílias entendem suas responsabilidades?
Acesso ao aconselhamentofinaceiro
As famílias dispõem de fontes confiáveis de aconselhamento financeiro a que possam recorrer?
Acesso a produtos de aposentadoria
As famílias têm opções em produtos de poupança e seguros apropriados para satisfazer essas necessidades?
O FUTURO DA APOSENTADORIA
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O FUTURO DA APOSENTADORIA
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PA R T E T R Ê SO futuro da aposentadoria:as condições para obter sucesso no planejamento da aposentadoria.
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Parte três Parte três
O Q U E V O C Ê E S T Á FA Z E N D O PA R A S O B R E V I V E R À D E S A C E L E R A Ç Ã O E C O N Ô M I C A ?
As novas responsabilidades enfrentadas pelas famílias podem ser ilustradas usando uma abordagem simples de “ciclo de vida”. No início da vida adulta, as pessoas estão susceptíveis a contrair empréstimos ou depender da família para sustentar seu estilo de vida. Na fase intermediária da vida adulta, o progresso de suas carreiras e de sua renda permite que as pessoas passem a sustentar suas próprias famílias e, esperamos, a criar o hábito de poupar. Finalmente, na velhice, as pessoas precisam recorrer a essa poupança para sustentar seus rendimentos na aposentadoria. Esse ciclo de vida pode ser visto na Figura 12.
A curva de poupança versus consumo é diferente em cada país, embora, em geral, seja evidente que durante a fase economicamente ativa os rendimentos não só sustentam o consumo pré-aposentadoria, mas também a poupança de longo prazo. Na aposentadoria, a necessidade de poupar é substituída pela necessidade de converter a poupança em renda, a fim de preservar os níveis de consumo na aposentadoria. A necessidade de novos e variados produtos financeiros e de aconselhamento emerge no decorrer desse ciclo de vida para que as famílias possam permanecer autossuficientes na aposentadoria.
Cada vez mais os temas paralelos de preparo e autoconfiança definirão o modo como pensamos o futuro da aposentadoria. A questão é saber se as pessoas são capazes de reconhecer essas necessidades e agir. As famílias são confrontadas com várias questões importantes durante todo esse ciclo de vida, incluindo:
Com que idade começar a poupar?
Quanto poupar? Quando aumentar ou diminuir os níveis de poupança?
Quais produtos de investimento usar nessa poupança? Quanto investir? Quanto risco assumir?
Devem ser acumulados ativos de outra natureza, como a propriedade imobiliária?
Como assegurar uma renda na aposentadoria? Benefícios pagos mensalmente ou um valor único?
Qual a melhor forma de proteger essa poupança e qualquer outro ativo com produtos de seguro?
Como a mudança nesse processo de aposentadoria deve ocorrer rapidamente, assim também acontecerá com as necessidades das pessoas de aconselhamento na aposentadoria. Por exemplo, a tendência de benefício para contribuição em planos de previdência - que é cada vez mais a norma mundial - coloca uma ênfase maior no acesso à consultoria na fase de “retirada”, em que os investidores estão transformando a poupança de uma vida em rendimentos na velhice.
Nessa parte do relatório, analisaremos os fatores que podem impedir que
os planos para a aposentadoria se tornem realidade. Para exercer uma
responsabilidade maior, as famílias precisarão ter acesso aos meios econômicos
e a níveis mais altos de educação financeira, aconselhamento e produtos de
aposentadoria. Isso ajudará a garantir que o futuro da aposentadoria seja uma fase
de oportunidades e não de dificuldades financeiras.
Fatos importantes
43% das pessoas nunca receberam qualquer forma de educação financeira. Isso significa que para dois quintos da amostra global está faltando um dos principais blocos de construção para criação da consciência e do entendimento do consumidor.
47% das famílias nunca tiveram acesso a nenhuma forma de aconselhamento financeiro profissional, revelando o surgimento de uma ‘lacuna de conselhos’ em nível mundial.
O efeito combinado de não receber a educação e o aconselhamento contribui para uma falta de preparo dentro da amostra global. O índice de preparo global revela que 43% das famílias se consideram despreparadas para a aposentadoria.
87% da amostra global não sabe que tipo de renda pode esperar ter na aposentadoria.
Somente 9% das pessoas acreditam que precisarão adquirir um plano de previdência em algum momento de suas vidas, apesar do movimento global em direção aos planos de pensão pessoais.
Há um desencontro entre as demandas dos consumidores e suas necessidades: as famílias continuam focadas em produtos como seguros de animais de estimação e deixam de lado a necessidade de proteger sua renda. Surpreendentemente, essa mentalidade prevalece mesmo durante uma desaceleração econômica, quando a receita da família está ameaçada por um possível desemprego.
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O FUTURO DA APOSENTADORIA
Parte três
O FUTURO DA APOSENTADORIA
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Parte três
Cada vez mais os temas paralelos de preparo e autoconfiança definirão o modo como pensamos o futuro da aposentadoria. A questão é saber se as pessoas são capazes de reconhecer essas necessidades e agir.
A pesquisa mostra que uma grande quantidade de pessoas sem acesso à consultoria financeira (47%) e à educação financeira (43%) traduz-se numa falta de capacidade em identificar as soluções adequadas para as necessidades financeiras. Existem muitos produtos de poupança que, ao longo do ciclo de vida, não são reconhecidos como sendo uma real necessidade da família.
O fato de tanta gente poupar em planos de previdência individuais, e mesmo assim não ver a necessidade de comprar anuidades, pode refletir
em uma série de fatores. Surpreendentemente, as famílias simplesmente não fazem a distinção entre a necessidade de poupar em um plano de previdência e a necessidade de garantir uma renda na aposentadoria. Apesar de anuidades atualmente ainda não serem comuns a todos os mercados, a necessidade de gerar uma renda garantida na aposentadoria, em um ambiente cada vez mais centrado na compra de capital, irá requerer uma mudança na legislação de muitos países, bem como no comportamento dos consumidores.
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O FUTURO DA APOSENTADORIA
Parte três
O FUTURO DA APOSENTADORIA
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Parte três
Rotas alternativas para financiar a aposentadoria: a mudança no ciclo de vida de poupança
O que as famílias fazem quando chegam à aposentadoria varia muito. Com a queda nas proporções de poupança nas economias desenvolvidas e a expansão da aquisição da casa própria e da propriedade de empresas, existem diferenças significativas na forma de acumular riqueza. Isso pode ajudar a reduzir a quantidade de dinheiro necessária para entrar em um plano de previdência, ou seja, o caminho para a família garantir sua aposentadoria pode ser muito diferente nos próximos anos, com menor dependência dos produtos convencionais de poupança.
Muitas pessoas não têm certeza de suas opções e somente uma em cada cinco pessoas está atualmente preparada para considerar a hipoteca reversa.
O crescimento do patrimônio imobiliário como resultado do aumento da quantidade de casas próprias será, em algumas sociedades, um meio adicional ou alternativo para famílias cobrirem insuficiências em sua renda na velhice e alcançar seus objetivos na aposentadoria.
Em certos países, as famílias já têm mais riqueza atrelada à habitação do que à previdência. Por exemplo, no Reino Unido, os ativos de habitação são duas vezes maiores que os de previdência e, o mais importante, são distribuídos de maneira mais uniforme, o que significa que mais pessoas poderiam fazer uso dela.16
Estudo de caso
Hipoteca reversa nos Estados Unidos e no Reino UnidoO Reino Unido e os Estados Unidos podem ser vistos como excelentes exemplos de países onde a opção pela hipoteca reversa poderia ser usada para financiar a aposentadoria. Existem diferentes opções competindo pela riqueza acumulada em imóveis.
No total, somente cerca de 20% das pessoas querem deixar seus lares ou propriedades para seus filhos. Dadas essas demandas concorrentes, não foi surpresa constatar na pesquisa deste ano que muitas pessoas estão inseguras em relação às suas opções, com somente uma em cada cinco estando atualmente preparada para a hipoteca reversa (opção de renda na qual o imóvel é dado como garantia e o proprietário recebe pensões por ele até seu falecimento. O imóvel, então, é entregue ao banco financiador da “hipoteca reversa”).
Cerca de 38% das pessoas no Reino Unido estavam inseguras em relação a usar a riqueza representada por suas casas.
O comparativo nos Estados Unidos é de 43%.
Entre os mercados-alvo para esses produtos – pessoas com mais de 50 anos –, o nível de incerteza permanece muito alto, com 31% no Reino Unido e 43% nos Estados Unidos. Uma maior quantidade de aconselhamento no ‘ato da aposentadoria’ e no planejamento poderia desempenhar um papel mais significativo em ajudar a reduzir essa incerteza disseminada.
Poupança
Consumo pré-aposentadoria
Consumo pós-aposentadoria
Consumo
Vida economicamente ativa
Expectativa de vida na data de aposentadoria
Idade de aposentadoria
Início da vida profissionalPoupança de curto prazo?Investimentos?Proteção de investimentos?Bancos?Dívida de curto prazo?
Início da vida conjugalHipoteca?Seguro de vida?Seguro saúde?Seguro pagamento da hipoteca?
Início da vida familiarPoupança para filhos?Fundos para universidade paga?Seguro de vida?
Pico de AtivosGestão da riqueza?Planejamento fiscal?Planejamento de herança?
Aposentadoria em fasesInvestimentos de baixo risco?Fundos de renda?Liberação do patrimônio?
Aposentadoria completaAnuidades?Pagamentos únicos sem impostos?Resgates a longo prazo?Cuidados de longo prazo?
Fig. 12 O ciclo de vida de poupança e consumo 15
15. James F. Moore & Olivia S. Mitchell, 1997. “Projected Retirement Wealth and Savings Adequacy in the Health and Retirement Study, NBER Working Papers 6240, National Bureau of Economic Research, Inc.
16. The First report of the Pensions Commission report (UK) 2004, p. 172.
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O FUTURO DA APOSENTADORIA
Parte três
A ‘lacuna de preparo’
Confrontados com uma combinação de pressões econômicas de curto prazo e de responsabilidades financeiras de longo prazo, ficou evidente a partir das conclusões deste relatório que as famílias permanecem incertas sobre a melhor forma de exercer essas responsabilidades.
13% Atualmente 13% das pessoas em todo o mundo sentem que estão preparadas para lidar com sua futura aposentadoria.
Apesar de 43% se sentirem preparadas, até certo ponto elas não têm uma ideia clara de como será sua renda na aposentadoria. Quando olhamos para o número de pessoas em cada país que se sentia financeiramente muito bem preparada para a aposentadoria, a Índia se destaca como o país que se sente mais financeiramente preparado, com apenas 58% admitindo necessidade de um melhor preparo. A Índia é seguida pelo Reino Unido, onde três em cada quatro pessoas se sentem mal preparadas. Globalmente, 87% ou cerca de sete em cada oito pessoas se sentem menos do que muito bem preparadas.
O sentimento de despreparo é mais forte entre as mulheres do que entre os homens.
O FUTURO DA APOSENTADORIA
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Parte três
Fig. 13 Percepções globais quanto ao preparo
Mulheres
Homens
Muito despreparado – não planejei minha aposentadoria
Relativamente despreparado – não planejei muito para a aposentadoria e também não tenho certeza da minha renda de aposentadoria
Relativamente bem preparado – já fiz algum planejamento, mas não tenho certeza de qual será minha renda de aposentadoria
Muito bem preparado – não sinto necessidade de conselhos 15% 11% Valor global 13%
44% 42% Valor global 43%
28% 30% Valor global 29%
12% 16% Valor global 14%
Fig. 14 O índice de preparo por país (pessoas que não se sentem bem preparadas para a aposentadoria)
Índia
Reino Unido
Canadá
Arábia Saudita
França
Estados Unidos
Emirados Árabes
Global
Turquia
Hong Kong
Cingapura
China
México
Brasil
Japão
Coreia do Sul 98%
97%
94%
92%
91%
91%
89%
89%
87%
87%
86%
85%
84%
83%
75%
58%
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O FUTURO DA APOSENTADORIA
Parte três
Esta falta de preparo vem de uma série de fatores, incluindo a falta de renda, a presença de dívida familiar, bem como a falta de incentivos, para não mencionar a apatia. No entanto, como os resultados ilustram, o baixo preparo é também produto de uma falta de sensibilização. Os resultados revelam uma forte correlação entre o sentimento de despreparo e a falta de acesso a aconselhamento financeiro. Enquanto 47% nunca procuraram aconselhamento financeiro, um número semelhante de pessoas (43%) está se sentindo ‘bastante’ ou ‘muito’ despreparada para a aposentadoria.
43% das pessoas se sentem ‘relativamente’ ou ‘muito’ despreparadas para a aposentadoria.
Além disso, os menos preparados – os que se encontram nas faixas etárias mais jovens e as mulheres - são também os que têm menos probabilidades de ter acesso a qualquer forma de aconselhamento financeiro.
Educação financeira em foco
Além do aconselhamento financeiro, atualmente está em andamento um debate global sobre a melhor maneira de oferecer às pessoas as competências de vida necessárias para gerir suas necessidades financeiras cada vez mais complexas e sempre mudando. A educação financeira deve ser vista como o alicerce fundamental para uma maior conscientização e engajamento entre as famílias na busca de satisfazer suas necessidades financeiras. Os Estados Unidos têm uma longa história de fornecimento de ferramentas de planejamento on-line para apoiar a geração 401k (tipo de plano de aposentadoria patrocinado pelo empregador, adotado nos Estados Unidos). O Reino Unido e a França foram mais longe na aplicação de programas nacionais para melhorar a educação, abrangendo iniciativas em escolas e universidades, com foco nas pessoas que ainda se encontram na educação formal, em conjunto com iniciativas para os que já estão na fase adulta e economicamente ativa.
O relatório deste ano destaca as principais lacunas no acesso à educação financeira. No total, 43% dos participantes da pesquisa global nunca tiveram acesso a nenhuma forma de educação financeira. Se eles não forem educadas em relação às suas oportunidades e responsabilidades, é difícil entender como podem agir de forma consciente. Sem ações para melhorar a educação, é pouco provável que haja uma redução nessa lacuna de preparo no futuro próximo.
O FUTURO DA APOSENTADORIA
41
Parte três43%das pessoas nunca tiveram acesso a nenhuma forma de educação financeira.
Alguns países revelaram diferenças importantes. Na China, existe uma preferência por ferramentas de planejamento on-line. Na Índia, as pessoas veem seus empregadores como canais úteis de informação financeira. É notável que as pessoas nesses países demonstram uma vontade de aprender sobre finanças em todos os canais – o que não é comum em outras nações. Isso ajuda a explicar por que a lacuna de educação é menor nesses países. Na China está perto da metade da média global. Na Índia está abaixo de um terço da média.
Pessoas que nunca tiveram acesso à orientação financeira
Índia
China
Hong Kong
Cingapura
Coreia do Sul
Turquia
Global
México
Brasil
Canadá
Estados Unidos
Emirados Árabes
Arábia Saudita
Reino Unido
Japão
França
Fig. 16
66%
60%
56%
54%
51%
48%
44%
44%
44%
43%
43%
42%
34%
33%
19%
13%
The reason for this chart totaling 125% is down to the question being multiple choice – so there are more responses than actual respondents meaning the total is greater than 100%.
Nenhuma das acima – nunca tive acesso a nenhuma forma de educação financeira
Orientação ou educação financeira geral através de conselheiro de dívida
Orientação ou educação financeira geral através do governo ou entidade regulatória financeira
Orientação ou educação financeira geral através de seu empregador
Orientação ou educação financeira geral através de escola, faculdade ou universidade
Orientação ou educação financeira geral através de mídia ou ferramentas on-line de planejamento
Orientação ou educação financeira geral através de ferramentas on-line
Orientação financeira geral através de membro ou amigo da família 23%
16%
12%
10%
8%
7%
6%
43%
Fig. 15 Você já teve acesso à educação ou orientação financeira?
Os motivos para esses gráficos totalizarem 125% é o fato das perguntas serem de múltipla escolha, portanto há mais respostas do que respondentes, o que leva a um total superior a 100%.
42
O FUTURO DA APOSENTADORIA
Parte três
Mantendo tudo em família
Uma das principais descobertas do relatório é a importância da família como fonte de educação das pessoas sobre as questões financeiras. Isso é comprovado por vários estudos que demonstram como o comportamento financeiro e as atitudes dos pais moldam o comportamento financeiro de seus filhos.17 É fundamental fazer mais pela melhoria da educação financeira das famílias.
O papel da indústria de serviços financeiros
Junto com as estratégias de longo prazo para elevar os padrões em educação financeira, é necessária uma atenção especial para o aconselhamento das pessoas no curto e médio prazos. Ao examinar como as pessoas pretendem sobreviver à atual desaceleração econômica, é claro que muita gente vai procurar aconselhamento e orientação. Os resultados mostraram que as pessoas confiam em seus bancos como fonte primária de aconselhamento: até uma em cada cinco pessoas na França seguirá esse caminho. Globalmente, o valor é de uma em cada oito. Isso aumenta para uma em cada quatro quando as pessoas consideram os bancos em comparação às outras fontes.
O FUTURO DA APOSENTADORIA
43
Parte três
O fator que mais afeta essa escolha é à medida que a fonte de aconselhamento é considerada confiável. Em geral, isso era o que mais importava para 26% das pessoas e foi considerado mais importante na América Latina, Japão, Coreia, Índia, Cingapura e Reino Unido. Contudo, questões como preço e acessibilidade também fazem diferença para os consumidores na busca de fontes profissionais de orientação.
Em paralelo à confiança, o fato das pessoas escolherem bancos ao invés de outras fontes pode ser um reflexo das percepções agregadas da família quanto às necessidades durante a crise econômica.
Mais adiante, o relatório explora quantas famílias estão pensando em usar suas economias de curto prazo para pagar dívidas e contas, enquanto outras estão preocupadas em economizar no
curto prazo para ajudar a família a superar as variações na renda familiar durante a desaceleração. Naturalmente as pessoas vão ver as instituições financeiras como ponto de partida para aconselhamento. No entanto, o fato das famílias ainda não perceberem os seguros como parte da solução sugere que os assessores dos bancos poderiam ter uma grande oportunidade nos próximos anos para utilizar seu status de confiável para ajudar seus clientes a ampliar o escopo de suas estratégias de “sobrevivência”. Serviços profissionais, como contabilidade e planejamento tributário, ainda são vistos como serviços de nicho, mas com o crescimento dos produtos para a aposentadoria com incentivos fiscais a necessidade e a procura por serviços de contabilidade e de planejamento tributário irá certamente aumentar.
Hong Kong
Arábia Saudita
Turquia
França
China
Canadá
Emirados Árabes
Estados Unidos
Global
Brasil
Cingapura
Reino Unido
México
Índia
Coreia do Sul
Japão 36%
34%
31%
30%
29%
29%
28%
26%
26%
26%
24%
20%
20%
18%
17%
16%
Porc
enta
gem
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
60-7050-5940-4930-39
Aconselhamento financeiro profissional por consultor independente
Aconselhamento financeiro profissional por banco ou seguradora
Aconselhamento financeiro profissional por contador
Nenhum dos acima – nunca tive acesso a nenhuma forma de aconselhamento financeiro
Aconselhamento financeiro profissional por seu empregador
Fig. 18 A importância da confiança
Fig. 17 Acesso global a serviços de aconselhamento financeiro por idade
Hong Kong
Arábia Saudita
Turquia
França
China
Canadá
Emirados Árabes
Estados Unidos
Global
Brasil
Cingapura
Reino Unido
México
Índia
Coreia do Sul
Japão 36%
34%
31%
30%
29%
29%
28%
26%
26%
26%
24%
20%
20%
18%
17%
16%
Porc
enta
gem
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
60-7050-5940-4930-39
Aconselhamento financeiro profissional por consultor independente
Aconselhamento financeiro profissional por banco ou seguradora
Aconselhamento financeiro profissional por contador
Nenhum dos acima – nunca tive acesso a nenhuma forma de aconselhamento financeiro
Aconselhamento financeiro profissional por seu empregador
Fig. 18 A importância da confiança
Fig. 17 Acesso global a serviços de aconselhamento financeiro por idade
17. Young people, money management, borrowing and saving’, Personal Finanve Research Centre, Unversity of Bristol, April 2004
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O FUTURO DA APOSENTADORIA
45
PA R T E Q U AT R OSustentando o hábito de poupar:o impacto da desaceleração da economia nas finanças das famílias.
| O FUTURO DA APOSENTADORIA |
Parte quatro Parte quatro
V O C Ê E S T Á O T I M I S TA S O B R E A D U R A Ç Ã O D A C R I S E E C O N Ô M I C A ?
A visão das famílias sobre o período da desaceleração
Essa pesquisa mundial (realizada em março de 2009) revelou que 40% das pessoas pensavam que a desaceleração econômica mundial duraria entre 1 e 2 anos. Embora isso possa fornecer uma medida da duração esperada para a desaceleração, ela não significa a verdadeira gravidade de seu impacto sobre as finanças domésticas em virtude das implicações de longo prazo para os ativos e fundos de aposentadoria.
Diferenças entre homens e mulheres
Dentro da tendência geral das descobertas, percebe-se também que as mulheres estão menos confiantes que os homens e os jovens menos confiantes que os idosos.
Essa opinião mais negativa entre as mulheres e os jovens talvez seja um reflexo de numerosos fatores sociais e econômicos. Duas vezes mais pessoas entre 60 e 70 anos, em comparação com as pessoas entre 30 e 40 anos, acreditam que a desaceleração não os afetará, provavelmente por já estarem aposentadas e vivendo de renda fixa. Além disso, as descobertas indicam que, dentro das famílias, as mulheres têm maior probabilidade de assumir a responsabilidade e tomar as decisões financeiras, colocando a família sob fortes pressões financeiras.
Qualquer julgamento sobre a viabilidade de se preparar adequadamente para
o futuro e a aposentadoria com certeza deve ser visto a partir do contexto da
atual desaceleração econômica. Depois de 15 anos de condições econômicas
relativamente favoráveis, agora percebemos que a crise está colocando os
orçamentos familiares sob pressão financeira crescente. Portanto, é importante
acompanhar os impactos da atual crise econômica sobre o preparo das famílias,
bem como observar as estratégias de sobrevivência aplicadas para tirar o
máximo de proveito da situação atual.
Fatos importantes
Retornos negativos sobre investimentos desde 2007 reduziram o valor dos ativos de previdência em cerca de US$ 5 trilhões18. Como a metade dos ativos de previdência está localizada nos Estados Unidos, as famílias americanas são as mais afetadas.
As famílias estão pessimistas em relação à recuperação da economia global – 40% esperam que a desaceleração dure, pelo menos, mais 1 a 2 anos. Outro terço espera que a desaceleração ainda dure mais que 2 anos.
No total, 92% das famílias alteraram algum elemento em suas finanças para poder sobreviver à desaceleração.
Por enquanto, o maior impacto foi no consumo, com um quarto das famílias reduzindo seus gastos.
Uma forte queda nos balanços familiares está em andamento à medida que as reduções em empréstimos leva as famílias a fazerem menos uso de cartões de crédito para tentar quitar sua dívidas.
Entre as estratégias de sobrevivência adotadas pelas famílias está a redução de sua rede de segurança: as poupanças estão sendo usadas, algumas famílias pararam de poupar para a aposentadoria e seguros estão sendo cancelados.
Em nível global, uma em cada seis pessoas declara que a desaceleração econômica teve um impacto negativo sobre suas economias atuais e sobre o quanto estão poupando para a aposentadoria.
Produtos de poupança de curto prazo e seguros em geral parecem desempenhar um papel importante ao ajudar as famílias a se sentirem protegidas na atual conjuntura.
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O FUTURO DA APOSENTADORIA
Parte quatro
O FUTURO DA APOSENTADORIA
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Parte quatro
40% das pessoas acreditavam que a desaceleração duraria de 1 a 2 anos.
18. Asian Development Bank, “Global financial turmoil and Emerging Market Economies: Major contagion and a shocking loss of wealth?”, Março 2009
3 anos ou mais
2-3 anos
1-2 anos
6-12 meses
6 meses ou menos
MulheresHomens
5% 5%
26% 22%
41% 39%
17% 20%
11% 14%
Valor Global: 5%
Valor Global: 24%
Valor Global: 40%
Valor Global: 19%
Valor Global: 13%
Fig. 19 A duração da desaceleração econômica
48
O FUTURO DA APOSENTADORIA
Parte quatro
Existe uma clara divisão dentro da família: enquanto os homens cuidam mais das questões financeiras de longo prazo, como os investimentos de longa maturação e planos de previdência, as mulheres têm maior probabilidade de cuidar da economia doméstica. Como demonstrado nas descobertas, a maior queda do balanço doméstico é alcançada com as famílias se tornando mais conservadoras em suas despesas, ou seja, gastando menos e fazendo menos empréstimos.
Geralmente, as mulheres são menos propensas a poupar por iniciativa própria, mas dependem de seu cônjuge ou parceiro. O mais provável é que estejam poupando para seus filhos. Isso explicaria por que elas, com uma segurança pessoal menor, têm um pressentimento mais negativo sobre a atual desaceleração. Essa falta de segurança também pode ajudar a explicar por que os jovens também se sentem mais vulneráveis no atual cenário. Ambos os grupos são financeiramente menos preparados para lidar com uma desaceleração econômica.
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Parte quatro
Diferenças entre países
Quando examinamos as descobertas mais detalhadamente, fica claro que, de maneira geral, as pessoas estão mais otimistas do que pessimistas e que os otimistas estão distribuídos de forma desigual, com a maioria vivendo nas economias emergentes.
Na Índia, apenas 11% das pessoas acreditavam que a recessão duraria 2 anos ou mais; enquanto no Japão, cinco vezes mais pessoas – mais da metade – tinham esse mesmo pensamento.
Fig. 20 Divisão por sexo na tomada de decisões financeiras
Porc
enta
gem
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
MulheresHomensMulheresHomens
Assumo responsabilidade total – meu cônjuge/parceiro deixa tudo comigo
Assumo responsabilidade total – moro sozinho/sou solteiro
Deixo todas as finanças com meu cônjuge/parceiro
Moro com meus pais – eles cuidam das finanças
Moro com meus filhos – eles cuidam das finanças
Não se aplica
Compartilho a responsabilidade com meu cônjuge/parceiro
Mais de 2 anosMenos de 12 meses
Reino Unido
Japão
França
Arábia Saudita
Cingapura
Estados Unidos
Coreia do Sul
China
Hong Kong
Global
Canadá
México
Turquia
Brasil
Emirados Árabes
Índia 11%
17%
23%
25%
21%
26%
32%
31%
32%
35%
34%
36%
43%
43%
55%
40%
59%
48%
45%
38%
37%
29%
29%
26%
24%
24%
23%
18%
18%
15%
15%
13%
Fig. 21 Desaceleração com duração de 12 meses ou menos/ 2 anos ou mais
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O FUTURO DA APOSENTADORIA
Parte quatro
Embora muitas economias emergentes continuem a registrar crescimento positivo, isso pode não ser suficiente para apoiar o tipo de mudança que essas sociedades necessitam para ampliar os benefícios do desenvolvimento econômico e melhorar a renda de toda a população. Os números do Banco Mundial mostram que o impacto da desaceleração econômica poderia empurrar 90 milhões de pessoas ao redor do mundo para a pobreza em 200919. Além disso, uma desaceleração mais prolongada e severa teria um impacto negativo no potencial dividendo demográfico dessas economias emergentes em uma fase crítica no desenvolvimento de suas economias e do ciclo populacional.
Há alguma correlação entre o otimismo das famílias e o que está acontecendo na economia real?
Alguns dos países pesquisados no relatório O Futuro da Aposentadoria – em particular as economias industrializadas movidas a exportação - estão enfrentando uma grave contração na produção. Isso afeta principalmente a Coreia e o Japão, além das economias europeias. Isso deve explicar por que as famílias japonesas atualmente estão tão pessimistas. No entanto, não explica por que famílias que vivem em outras economias exportadoras, como a China e a Coreia, não têm essa atitude pessimista. Com as previsões do FMI sugerindo um retorno ao crescimento em 2010, as famílias na pesquisa global - embora ligeiramente pessimistas - podem não estar sendo tão realistas.
A desaceleração econômica: o impacto nas finanças de curto prazo
O impacto da desaceleração econômica imprime urgência na revisão do planejamento financeiro das famílias. Antes mesmo da desaceleração começar, 92% das famílias pesquisadas no relatório global reportam alguns efeitos sobre seu comportamento financeiro. Esse impacto é mais sentido por mulheres e jovens.
Superando a desaceleração: a grande desalavancagem das famílias
As famílias sentem a necessidade de acertar seus balanços, o que significa centrar-se primeiro em despesas e passivos. Essa estratégia de sobrevivência pode ser vista em um acentuado aumento no número de famílias gastando menos em itens de despesa única como automóveis ou nas férias.
Aparentemente as famílias americanas já não estão dispostas (ou talvez não tenham condições) de executar o papel de “consumidor de última instância”. Esse título parece ter se deslocado para o Leste - com exceção do Reino Unido, onde os gastos de consumo estão se mantendo -, para as economias emergentes. Na China, como na Grã-Bretanha, apenas 8% das famílias fizeram grandes cortes de gastos. Contudo, os consumidores mais confiáveis estão na Índia, onde apenas 7% das famílias citam cortes em suas despesas como o principal impacto da desaceleração.
O FUTURO DA APOSENTADORIA
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Parte quatro
92% das famílias relatam algum tipo de efeito em seu comportamento financeiro. O impacto está sendo mais sentido por mulheres e jovens.
Outros impactosPrincipal impacto
Perdi minha casa própria
Parei de poupar em fundo de previdência
Reduzi meus seguros
Passei meus investimentos de dinheiro para ações
Aumentei meus gastos com bens e serviços
Passei meus investimentos de ações para dinheiro
Tornei-me mais empreendedor
Reduzi minhas contas de luz e combustível
Parei de poupar
Construí um fundo de poupança/emergência
Parei de usar meu cartão de crédito
Perdi meu emprego
Usei minha poupança para pagar dívidas, contas e empréstimos
Usei toda a minha renda para quitar dívidas e empréstimos
Reduzi as despesas de grande monta (carro novo, viagens de férias)
Não há impacto
Fiz uma revisão completa de minhas finanças
Reduzi meus gastos em bens e serviços
Estou mais cauteloso com meus gastos
Todos os valores mostrados como percentual
24 28
11 27
8 22
8 15
8 24
6 14
5 13
5 8
4 16
4 12
4 15
3 22
3 11
2 9
1 8
1 8
1 12
1 10
1 7
Fig. 22 O impacto da desaceleração econômica até o momento
19. Secretary of State for International Development Douglas Alexander’s speech at Chatham House on 24 February 2009.
52
O FUTURO DA APOSENTADORIA
Parte quatro Após a redução nos gastos, a próxima e óbvia reação é pagar as dívidas. Seguindo o que foi chamado de “período de 60 anos de expansão no crédito”20 ,a presença de dívida doméstica é uma das principais restrições nas finanças de curto prazo e planejamento de aposentadoria das famílias. Podemos ver na Figura 23 que, enquanto o cumulativo da dívida na América do Norte e na Europa foi relativamente elevado em comparação com o PIB, os mercados emergentes, e em especial os da Ásia, os estavam alcançando.
Tem havido um distintivo “congelamento de crédito” entre os consumidores à medida que eles perdem a vontade de gastar o dinheiro que não têm. As famílias reduziram sua dependência de cartões de crédito e empréstimos, com 16% não utilizando mais seus cartões de crédito.
Na hierarquia de necessidades da família, ter menos dívida na atual conjuntura é uma prioridade maior do que manter mais poupança. Até o momento, 13% das famílias esgotaram suas economias para pagar dívidas.
O FUTURO DA APOSENTADORIA
53
Parte quatro
Foi também perguntado aos entrevistados qual o impacto da dívida em sua capacidade de poupar para a aposentadoria. Via de regra, quase 1 em cada 5 pessoas citou a dívida como tendo um impacto. Essa preocupação foi particularmente premente para as famílias no Reino Unido, Estados Unidos, Canadá, México e Cingapura. O impacto negativo na poupança está sendo agravado por outros cortes na rede de segurança da família. Globalmente, cerca de metade dos pesquisados não prevê a compra de produtos financeiros durante o próximo ano.
Com o tempo, menos endividamento ajudará as famílias a pouparem mais?
Os resultados sugerem que pagar as dívidas está pressionando a necessidade de poupar. Há muito tempo essa perspectiva tem sido utilizada para mostrar as dívidas como obstáculo para a poupança. Nos países com exposição especialmente alta a riscos de
dívida de consumidores - especialmente Estados Unidos e Reino Unido - a queda nas taxas de poupança das famílias e os “spreads” do crédito para consumo levaram a receios sobre a extinção lenta da “cultura da poupança”.
Embora os resultados demonstrem que cerca de 1 em cada 6 pessoas poderia ser incentivada a poupar mais na ausência de dívidas, ter dívidas não significa necessariamente que as pessoas poupem menos. Tanto o tipo quanto o nível de endividamento fazem diferença. Por exemplo, no Reino Unido, as famílias com hipotecas são mais susceptíveis a investir em previdência, enquanto aquelas com níveis administráveis de endividamento têm pouca probabilidade de deixar de economizar. Altos níveis de poupança líquida também podem refletir em outros fatores, como maior número de jovens em idade economicamente ativa.
13% das famílias gastaram suas economias para quitar dívidas.
Fig. 23 Crédito para a iniciativa privada em relação ao PIB 21
1961-2000
Brasil 27.3
América Latina (excluindo Brasil)
23.2
Leste Asiático (excluindo Japão)
64.5
Oriente Médio e Ásia Central
38.7
América do Norte 70.4
Sul da Ásia 17.5
África Sub-Saariana
20.9
Europa Ocidental 68.8
1961-1970
15.2
18.4
24.5
44.9
10.1
19.6
49.3
1971-1980
25.7
22.0
27.7
37.9
64.7
15.4
22.3
55.0
1981-1990
23.3
27.3
50.7
43.3
76.3
20.4
22.7
74.4
1991-2000
31.5
29.5
98.7
47.2
95.8
21.2
25.0
90.7
Europa Ocidental
(média anual, em %
20. The crash of 2008 and what it means, George Soros, 2009.21. Bosworth and Collins (2004).
Fig. 24 Endividamento como barreira para poupar
Coreia do Sul
Japão
França
Hong Kong
Índia
China
Emirados Árabes
Turquia
Global
Reino Unido
Brasil
Arábia Saudita
Cingapura
Canadá
Estados Unidos
México 31%
31%
28%
27%
27%
23%
23%
18%
17%
13%
12%
11%
11%
10%
8%
6%
54
O FUTURO DA APOSENTADORIA
Parte quatro
Isso ajuda a explicar por que muitas economias emergentes - incluindo uma série de países do Leste Asiático - conseguiram combinar altos níveis de poupança nos últimos anos com a expansão do nível de endividamento das famílias.
No entanto, a atual contração na disponibilidade e na demanda por crédito ao consumidor poderia sinalizar o início de uma importante mudança no comportamento da família para, longe dos atuais níveis de consumo, níveis mais prudentes e para o planejamento de longo prazo. Isso pode refletir o impacto de curto prazo das famílias, restabelecendo a saúde de seu balanço. É nesse caso que a utilização de tais estratégias de sobrevivência pode ser vista como racional.
Criação de uma rede de segurança mais abrangente
Contra o pano de fundo de crescentes perdas de emprego em todo o mundo, não há reconhecimento perceptível pelas famílias de que devem contemplar medidas para proteger sua renda.
Dados os possíveis efeitos de uma desaceleração econômica, é surpreendente que as pessoas não relacionem essa necessidade de proteção com a necessidade de produtos de seguros. 12% das pessoas declaram estar pensando em reduzir sua cobertura de seguros.
Os produtos com maior probabilidade de permanecer na linha de visão das pessoas são os seguros gerais - principalmente automóvel, seguro de viagem e residencial -, que são as necessidades mais reconhecidas na conjuntura atual. Isso pode refletir em parte o fato das pessoas reconhecerem esses riscos e agirem sobre eles. O mesmo não se pode dizer de outros aspectos da rede de segurança das famílias, que parecem correr o risco de serem sacrificados no esforço para quitar dívidas.
A desaceleração econômica:o impacto nas finanças de longo prazo
Alguns dos impactos de curto prazo da recessão são facilmente medidos: quando as famílias cortam gastos, o resultado é imediatamente percebido nas lojas. O impacto sobre o planejamento da aposentadoria, no entanto, não é tão claro e, enquanto as mudanças de comportamento são evidentes, nem todos os resultados são aparentes. Globalmente, essas alterações no comportamento demonstram que a desaceleração econômica já está tendo um impacto negativo sobre o nível mundial de preparo para a aposentadoria. Menos de 1 em cada 5 famílias pesquisadas deixou seus planos de aposentadoria inalterados, enquanto apenas 1 em cada 10 pessoas espera ter que postergar o início de sua aposentadoria como resultado da desaceleração global. Esse número subiu para 1 em cada 6 pessoas em Cingapura e 1 em cada 7 nos Estados Unidos.
O FUTURO DA APOSENTADORIA
55
Parte quatro
Queda nos níveis de contribuição
Podemos perceber o surgimento de uma nova tendência nas prioridades das famílias de cortar gastos domésticos, saldar cartões de crédito e criar um fundo de emergência em curto prazo. Enquanto 13% das famílias passaram a poupar para a aposentadoria em 2008, um maior número de poupadores reduziu ou deixou de fazer suas contribuições. Em um momento em que os ativos de previdência estão sob forte pressão, é importante que as famílias continuem a poupar para o longo prazo.
Em razão das pressões financeiras enfrentadas por empregadores, as contribuições feitas em planos corporativos têm sido atingidas durante a crise financeira – os níveis de contribuição em planos de benefícios definidos caíram 10% desde o início da crise, o que se estima tenha acrescentado US$ 2 trilhões na lacuna de financiamento dos fundos de previdência.22 Para as famílias, essa tendência é quase invisível, uma vez que não sentirão seu impacto até se aposentarem, o que para muitas pessoas pode não ocorrer ainda por muitos anos.
Contra o pano de fundo de crescentes perdas de emprego em todo o mundo, não há reconhecimento perceptível pelas famílias de que devem contemplar medidas para proteger sua renda.
Fig. 25 Impactos adicionais esperados em função da desaceleração econômica
Não sei
Não tenho a intenção de me aposentar
Já estou aposentado
Sim – tenho a intenção de trabalhar em tempo parcial e me aposentar em fases graduais
Sim – tenho a intenção de sair da aposentadoria e voltar a trabalhar
Sim – tenho a intenção de adiantar a aposentadoria
Sim – tenho a intenção de adiar a aposentadoria
Talvez – veremos qual a duração da recessão
Não – atualmente não tenho planos de aposentadoria
Não – não vou me aposentar como havia planejado 19%
23%
15%
9%
1%
1%
3%
9%
10%
10%
22. OECD Pension Markets in Focus - Issue 5 - December 2008, p.1
56
O FUTURO DA APOSENTADORIA
Parte quatro
A partir dos resultados, é evidente que a poupança para a aposentadoria revelou-se mais resistente na Ásia - onde menos pessoas tiveram que fazer cortes nas contribuições previdenciárias durante a desaceleração. Em muitos países asiáticos, onde a poupança de longo prazo está mais estabelecida, menos famílias pararam de poupar para a aposentadoria - Japão (apenas 2%), Coreia (8%), Cingapura (8%), Hong Kong (11%) - em comparação com a América do Norte e a América Latina - México (24%), Brasil (16%), Canadá (14%) e Estados Unidos (13%).
Nos países do Oriente Médio, 6% dos entrevistados nos Emirados Árabes e apenas 4% na Arábia Saudita pararam de poupar em fundo de pensão. No entanto, isso reflete, em parte, o fato da poupança para aposentadoria ser menos comum como primeira opção.
Parece claro que as famílias na América do Norte e na América Latina, e um pouco menos na Europa, necessitam de apoio agora para manter suas atuais poupanças para a aposentadoria. Elas também estão registrando o maior apoio às tentativas de incentivar a poupança por meio de isenções fiscais. Tudo isso aponta novamente para o importante papel dos governos como “facilitadores” e a necessidade de apoiar as famílias em sua poupança na conjuntura atual.
Queda no valor dos fundos
A imagem menos positiva no que diz respeito às pessoas postergarem suas aposentadorias nos Estados Unidos e Cingapura não é surpreendente, em virtude da maior exposição aos planos de previdência pessoais com contribuição definida. Nesses países, as famílias estarão mais cientes de que a queda no valor de ativos de seus planos pessoais resultará em rendas de aposentadoria mais baixas, o que significa a necessidade de trabalhar por mais tempo e poupar mais.
O FUTURO DA APOSENTADORIA
57
Parte quatro
Um relatório recente da OECD revela que a razão dos ativos de planos de previdência privados em relação ao PIB da zona da OECD atingiu cerca de 111,0% em 2007.23 Em outubro de 2008, o valor total desses ativos na área da OECD havia caído para cerca de US$ 23 trilhões, ou seja, 90% do PIB.24 Essa perda não foi distribuída uniformemente em todo o mundo. Nos Estados Unidos, a maior parte do valor perdido em ativos de previdência aconteceu nos fundos de pensão, que representam mais de metade de todos os fundos de previdência da OECD e tiveram o segundo pior desempenho em investimento.
Dentro desses valores globais, o perfil etário e a abordagem à alocação de ativos da pessoa serão importantes para determinar como ela está superando a atual tempestade.
As pessoas “em risco” são as que estão em idade de aposentadoria, em que as grandes quedas nos valores dos ativos poderia resultar em perdas permanentes de rendimento, se elas estiverem considerando a melhor forma de usar sua poupança de aposentadoria para compra de uma anuidade. Uma das principais mensagens deste relatório é a necessidade de construir o acesso ao aconselhamento e à orientação. Em momento algum isso é mais importante do que na aposentadoria, para planejamento e compra da anuidade durante o atual clima de volatilidade e incerteza.
Parece claro que as famílias na América do Norte e na América Latina, e um pouco menos na Europa, necessitam de apoio agora para manter suas atuais poupanças para a aposentadoria.
23. OECD Private Pensions Outlook 2008.24. OECD Private Pensions Outlook 12th February 2009.
Fig. 27 Percentual de pessoas que já pararam de poupar para a aposentadoria em função da desaceleração econômica
Reduzir níveis de endividamento de hipoteca
Reduzir níveis de endividamento de consumo
Parar de poupar para aposentadoria
Reduzir poupança para aposentadoria
Aumentar poupança para aposentadoria
Outro
Principal
3% 10%
1% 8%
1% 7%
7% 15%
2% 8%
Japão
Arábia Saudita
Coreia do Sul
Cingapura
China
Emirados Árabes
França
Hong Kong
Reino Unido
Global
Turquia
Índia
Estados Unidos
Canadá
Brasil
México 24%
16%
14%
13%
13%
12%
11%
11%
11%
10%
8%
8%
8%
8%
5%
2%
Fig. 26 Prioridades das famílias para o próximo ano
Fig. 19
Fig. 27 Percentual de pessoas que já pararam de poupar para a aposentadoria em função da desaceleração econômica
Reduzir níveis de endividamento de hipoteca
Reduzir níveis de endividamento de consumo
Parar de poupar para aposentadoria
Reduzir poupança para aposentadoria
Aumentar poupança para aposentadoria
Outro
Principal
3% 10%
1% 8%
1% 7%
7% 15%
2% 8%
Japão
Arábia Saudita
Coreia do Sul
Cingapura
China
Emirados Árabes
França
Hong Kong
Reino Unido
Global
Turquia
Índia
Estados Unidos
Canadá
Brasil
México 24%
16%
14%
13%
13%
12%
11%
11%
11%
10%
8%
8%
8%
8%
5%
2%
Fig. 26 Prioridades das famílias para o próximo ano
Fig. 19
25. International Organisation of Pension Supervisors, website, 200926. OECD Pension Markets in Focus – Issue 5 – December 2008, p. 4
58
O FUTURO DA APOSENTADORIA
Parte quatro
No caso de contratos de obrigatoriedade de Contribuições Definidas (CD), onde pode parecer que as pessoas poderiam estar excessivamente expostas, é provável que o impacto seja relativamente baixo porque os sistemas em questão ainda são bastante jovens. O México introduziu seu regime em 1997; Hong Kong o fez ainda mais tarde, em 2002. O perfil etário desses planos é tal que há relativamente poucos poupadores idosos que serão afetados. Fundos de investimento embutidos também podem garantir que os trabalhadores mais idosos estejam protegidos da alta exposição aos risco ou classes de ativos voláteis. Efetivamente, graças em grande parte às restrições ao investimento local, 82% dos ativos de fundos de pensões no México estão em títulos do governo.25 Isso nos leva à importante questão de alocação de ativos.
Alocação de ativos
Depois de anos em que as pessoas gozavam de riscos relativamente baixos e de um ambiente econômico favorável, 2008 e 2009 vieram como se fossem um grito de alerta.
É importante salientar que o impacto da desaceleração econômica não pode ser medido com base no retorno dos investimentos em um único ano. Se olharmos para a taxa de retorno nos últimos 15 anos, uma mensagem muito mais positiva transparece com retornos anuais reais superiores a 6% tanto no Reino Unido quanto nos Estados Unidos.26 No entanto, as atuais condições econômicas são diferentes das crises anteriores do mercado de ações, já que as famílias também estão lidando com uma forte contração na disponibilidade de crédito, o que poderia ajudar a prolongar a duração e a severidade da desaceleração.
A severidade das condições econômicas impactou não só as famílias e as empresas, que cortaram suas poupanças para o longo prazo, como também mudaram a sua forma de poupar. No entanto, a esperada passagem de ativos de maior risco (ações) para ativos de menor risco (títulos e dinheiro) não foi evidenciada entre as famílias. Apesar de ter havido alguma mudança no apetite de risco, saindo do mercado de ações para os investimentos em dinheiro, essa tendência parece ser marginal.
A Figura 28 mostra a mudança na liquidez das famílias que vão para investimentos em ações em contraposição às famílias que vão para investimentos em dinheiro. Quanto maior a pontuação negativa, menos as famílias assumem riscos. Quanto maior a pontuação positiva, mais riscos elas estão dispostas a assumir. Apesar desse índice parecer bastante estável, ele oculta algumas das maiores oscilações no comportamento de investimento doméstico nos países. Esse é o caso da América Latina, onde grandes aumentos nos investimentos de capital em algumas famílias (até 16% no México e 15% no Brasil) foram anulados por números ainda mais elevados de famílias que saem das ações e vão para investimentos em dinheiro (até 16% no México e 15% no Brasil).
No geral, registrou-se apenas uma ligeira mudança no comportamento de investimento de risco. Apenas os Emirados Árabes passaram a assumir mais risco, com México, Brasil e Japão permanecendo neutros ao longo dos últimos 12 meses. O restante do mundo passou a assumir menos risco.
O FUTURO DA APOSENTADORIA
59
Parte quatro
Contudo, quando comparado com as mudanças mais significativas nas classes de ativos entre investidores institucionais e profissionais, surge a interrogação se as famílias talvez estejam reagindo lentamente aos eventos, com o perigo que seus investimentos possam ser excessivamente arriscados ou cautelosos.Na atual conjuntura, é evidente que as famílias - como muitos gestores de fundo de pensão - estão cada vez mais receosas com relação a investimentos de alto risco. Da mesma forma, elas parecem relutantes em investir fora de seus mercados domésticos.
Apesar dessa postura ser esperada, ela leva ao surgimento de desequilíbrios na riqueza das famílias, com uma tendência para opções de baixo risco e de baixo retorno que podem, a longo prazo, acarretar maiores prejuízos ao patrimônio devido à redução dos investimentos de maior retorno potencial. Dessa mesma maneira, uma concentração excessiva de investimentos no mercado nacional irá provavelmente gerar uma concentração de risco. Esse conjunto de fatores apresenta um forte argumento para um maior acesso à consultoria em investimentos como forma de ajudar as famílias a encontrarem o equilíbrio no que são mercados de investimento particularmente voláteis.
Apesar de ter havido alguma mudança no apetite de risco, saindo do mercado de ações para os investimentos em dinheiro, essa tendência parece ser marginal.
Hong Kong
Cingapura
China
Arábia Saudita
Canadá
Estados Unidos
Global
França
Índia
Coreia do Sul
Reino Unido
Turquia
Japão
México
Brasil
Emirados Árabes 1%
0%
0%
0%
-1%
-2%
-2%
-2%
-2%
-3%
-4%
-4%
-4%
-4%
-5%
-11%
Fig. 28 Índice de Risco Doméstico
O FUTURO DA APOSENTADORIA
60
O FUTURO DA APOSENTADORIA
61
B R A S I L
| O FUTURO DA APOSENTADORIA |
Brasil Brasil
V O C Ê S E S E N T E F I N A N C E I R A M E N T E P R E PA R A D O PA R A A V I D A N A A P O S E N TA D O R I A ?
62
O FUTURO DA APOSENTADORIA
Brasil
O quinto relatório anual O Futuro da Aposentadoria tem como base os relatórios dos anos anteriores ao explorar as atitudes e comportamentos atuais em relação à aposentadoria. Enquanto para muitas pessoas no Brasil a aposentadoria é considerada uma nova era de oportunidades, a questão que precisa ser abordada é a forma como as famílias preveem financiar e sustentar sua aposentadoria. O relatório explora como as pessoas estão respondendo às novas responsabilidades de serem cada vez mais responsáveis por suas aposentadorias. O relatório também identifica a atual lacuna de preparo - um sentimento compartilhado pela grande maioria do povo brasileiro, que atualmente sente estar fazendo muito pouco para se preparar ativamente para uma aposentadoria confortável.
Tendências demográficas no Brasil
O Brasil - como a maioria dos países do mundo - está enfrentando o desafio do envelhecimento da população. Como pode ser visto da Figura 29, em 2030 o número de dependentes adultos no Brasil vai superar o número de filhos dependentes pela primeira vez. Esse cruzamento chega muito mais tarde se comparado com as economias desenvolvidas, dando ao Brasil mais “tempo para planejar”, o chamado “dividendo demográfico”. Na pirâmide populacional brasileira [Figura 30], está claro que em 2000 (a área amarela do gráfico) a parte principal da população estava com idades compreendidas entre 0 e 15 anos, mas se avançarmos até 2050 (a área cinzenta do gráfico), este bojo agora está na idade de 30 a 50 e mais velhos.
O FUTURO DA APOSENTADORIA
63
Brasil
Isso assinala um futuro em que a população de idosos será muito maior do que é hoje, colocando muitas questões para os governos e os indivíduos quanto à forma de financiar a aposentadoria.
Os pilares da previdência
Ao olhar para o futuro da aposentadoria, o Banco Mundial criou um modelo com três pilares de previdência: Estado, empregadores e o pessoal -- cada pilar tem um grau diferente de importância dentro de cada país, mas o conjunto desses pilares abrange o total da previdência do país.
No Brasil, o papel tradicional do Estado de prestador de serviço de aposentadoria foi reduzido como resultado da reforma de 1988, que viu uma mudança para a abordagem dos três pilares com maior ênfase em produtos de previdência ‘Pessoal’ (Pilar 3). Os resultados revelam que as pessoas entrevistadas no Brasil têm realmente aceitado a necessidade de poupar. Porém, poupar para a aposentadoria ainda é visto como um motivo com menos persuasão (com 22%) quando comparado com outros motivos, como poupar para os filhos (29%).
Fig. 29 O envelhecimento da população brasileira
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010 2020 2030 2040 2050
Brasil – abaixo de 14 anosBrasil – acima de 65 anosMundo – abaixo de 14 anosMundo – acima de 65 anos
Fonte: UN World Population Prospects:
The 2008 Revision, Population Database
Fig. 30 A mudança no perfil demográfico brasileiro
0.0 2.0 4.0 6.0 8.0 10.010.0 8.0 6.0 4.0 2.0 0.0
20502000
100+95 – 9990 – 9485 – 8980 – 8475 – 7970 – 7465 – 6960 – 6455 – 5950 – 5445 – 4940 – 4435 – 3930 – 34 25 – 2920 – 24 15 – 19 10 – 145 – 90 – 4
População em milhões
Fonte: U.S. Census Bureau, Population Division
MulheresHomens
64
O FUTURO DA APOSENTADORIA
Brasil
Enfrentando o desafio demográfico: o caminho para a reforma previdenciária
Os participantes da pesquisa no Brasil veem a abordagem voluntária como a forma mais popular de ajudar as pessoas a financiar sua aposentadoria: 40% dos pesquisados favoreciam o encorajamento por meio de novos benefícios fiscais para a poupança. Isso está em sintonia com as respostas de toda a América Latina e América do Norte. Essa preferência pela dedução fiscal pode revelar o fato de muitas pessoas no Brasil aceitarem que agora são responsáveis por sua renda de aposentadoria e olhar mais para o governo como um facilitador.
As condições necessárias para planejar com sucesso a aposentadoria
Em consonância com todos os países, a pesquisa 2009 revelou uma grande lacuna de preparo no Brasil. Isso pode refletir a mudança na direção geral de planos pessoais de previdência com “compra de dinheiro”, o que aumenta a incerteza em torno das rendas de aposentadoria. Por causa dessa incerteza – aumentada ainda mais pela atual conjuntura econômica -- apenas 6% dos entrevistados no Brasil atualmente se sentem muito bem preparados para a aposentadoria. Os resultados revelam alarmantes 94% das pessoas que não sabem qual será sua renda na aposentadoria. Quase dois terços (62%) se sentem ‘bastante’ ou ‘muito’ despreparados para a aposentadoria.
O sentimento de estar despreparado é também ocasionado pela falta de entendimento das pessoas por suas finanças de longo prazo. Enquanto 35% de nossos entrevistados entendiam muito bem suas finanças de curto prazo, somente 20% tinham certeza em relação às suas finanças de longo prazo.
A lacuna de preparo
Esses baixos níveis de conhecimento sobre as finanças pessoais pode significar que a ‘lacuna de preparo’ pode estar ligada à falta de acesso à educação e orientação financeiras. 44% das pessoas pesquisadas nunca tiveram acesso à educação financeira e 63% nunca tiveram acesso a aconselhamento profissional. Em virtude das responsabilidades enfrentadas nesse momento pelas pessoas ao planejarem suas aposentadorias, essa falta de educação e orientação financeiras pode se tornar uma barreira importante. Com o sucesso da tentativa brasileira de aumentar ativos de previdência pessoal, faz-se imprescindível a implementação de programas de educação financeira para ajudar as pessoas a rapidamente desenvolverem um entendimento melhor de suas finanças e, assim, terem condições de planejar adequadamente suas aposentadorias.
O FUTURO DA APOSENTADORIA
65
Brasil
Passou por um grande aumento no número de planos autofinanciados desde a implementação da reforma de 1988.
País
Brasil
Estado Empregador Pessoal
Reformas de 1988 prejudicam a sustentabilidade fiscal do regime pay-as-you-go. Problemas permanentes com financiamento do déficit, embora continue empenhado com a provisão social. Outras reformas são prováveis.
Já há planos implementados, mas em número limitado.
Fig. 31 O que o governo deve fazer para apoiar e financiar uma população que está envelhecendo
13%
31%
16%
17%
3%
40%32%
16%
23%
9%Aumentar impostos para poder pagar melhores benefícios de previdência/seguridade social
Aumentar a idade para aposentadoria e apoiar as pessoas a trabalharem por mais tempo
Encorajar mais poupança particular através de incentivos fiscais
Encorajar mais poupança particular através de inserção automática de pessoas em planos de empresa
Obrigar o recolhimento de contribuições compulsórias para fundo de pensões de empregados
Os resultados para o Brasil estão no anel externo; resultados globais no anel interno
Fig. 32 Níveis de preparo
Muito bem preparado – não preciso de aconselhamento
Relativamente bem preparado – já fiz um pouco de planejamento, mas não sei exatamente qual será minha renda de aposentadoria
Relativamente despreparado – não fiz muito planejamento e não tenho confiança na minha renda de aposentadoria
Muito despreparado – ainda não planejei minha aposentadoria
6%
39%
23%
31%
66
O FUTURO DA APOSENTADORIA
Brasil
A desaceleração econômica
Nos últimos 18 meses, a desaceleração econômica teve um impacto significativo nas finanças das pessoas, bem como em sua atitude. O FMI espera que o Brasil passe por uma recessão durante todo o ano de 2009 e muitos entrevistados estão de acordo. Porém, as pessoas no Brasil – junto com outras economias emergentes – estão em geral mais otimistas do que na média global. 45% dos brasileiros acreditam que a desaceleração vai durar menos de 12 meses, globalmente, isso cai para apenas 29%. Muitos brasileiros acreditam que a desaceleração continuará a afetá-los muito depois da economia emergir da recessão. Isso pode refletir uma preocupação em relação a um impacto esperado nas perspectivas de emprego ou nos retornos de seus investimentos ou poupança.
Ao examinar as estratégias de sobrevivência adotadas pelas famílias brasileiras para superar a desaceleração, fica claro que elas estão tentando criar um ‘anteparo’ de poupança por meio da redução de gastos com despesas, grandes ou pequenas, ao mesmo tempo em que procuram quitar suas dívidas. As dívidas foram percebidas como principal entrave para poupar por 23% dos entrevistados no Brasil (comparados com 18% em nível global). As descobertas também revelam que 16% dos brasileiros reduziram ou pararam de poupar para a aposentadoria. Outros 22% dizem que gostariam de obter aconselhamento financeiro profissional para ajudá-los a entender as opções que existem. Um número surpreendentemente alto de brasileiros trocou ativos de ações por dinheiro nos últimos doze meses. Porém, como no México, não há uma direção clara para o fluxo com o mesmo número de pessoas (15%) indo em cada direção.
Comentários de conclusão
Como a maioria dos países, o Brasil vê-se confrontado com uma sociedade que está envelhecendo. Em resposta, as pessoas estão assumindo cada vez mais responsabilidade por financiar sua própria aposentadoria. No entanto, depois de tomar medidas para pôr em prática sistemas de pensões individuais mais abrangentes, o Brasil ainda enfrenta o desafio de sustentar sua previdência estatal e revigorar os planos corporativos. As estratégias de sobrevivência para lidar com a atual conjuntura econômica estão focadas na redução das despesas e do endividamento. O impacto dessa situação no Brasil tem sido uma queda maior nas taxas de poupança para aposentadoria em comparação com outros países. Quase um terço das pessoas evidenciou a necessidade de revisar suas finanças. Apesar do sucesso no crescimento da previdência individual, claramente há uma necessidade de reforçar o acesso ao aconselhamento e à educação financeiras, para as famílias compreenderem melhor suas finanças de longo prazo e planejarem levando isso em consideração.
O FUTURO DA APOSENTADORIA
67
Brasil
Fig. 34 Métodos para lidar com a desaceleração econômica
Brasil – medida principal
Brasil – outra medida
19%
11%
10%
9%
8%
27%
27%
21%
19%
30%
7%
6%
6%
4%
3%
13%
19%
19%
18%
18%
Não tenho intenção de mudar nada
Aumentar a poupança para a aposentadoria
Aumentar poupança para tempos difíceis / de curto
prazo
Vou obter aconselhamento ou
orientação financeira profissional
Eu provavelmente vou obter aconselhamento ou
orientação financeira profissional
Reduzir o nível de consumo e
endividamento
Vou reduzir os gastos com itens de grande
valor (carro, férias)
Vou tentar encontrar trabalho com melhorremuneração / horas
extras no trabalho
Gostaria de revisar minhas finanças, mas não sei onde começar
Vou reduzir nas atividades sociais / ir ao
restaurante / comprar roupas
Fig. 33 Conhecimento de finanças
Eu entendo minhas finanças
muito bem
Eu entendo um pouco das
minhas finanças
Na realidade, não entendo
muito minhas finanças
Não sei nadasobre minhas
finanças
Brasil – finanças de curto prazo
Brasil – finanças de longo prazo
35%
44%
15%
6%
20%
49%
21%
11%
Fig. 35 A duração da desaceleração
Brasil – duração da desaceleração econômica
Brasil – duração do efeito em mim da desaceleração econômica
34%
32%
11%
11%
18%
28%
22%
9%
6 meses ou menos
6-12 meses
1-2 anos
2-3 anos
12%
8%
15%
3 anos ou mais
Não acredito que vá me afetar
Programas para melhorar a educação financeira
Aqui existe um papel claro dos governos no desenvolvimento de programas de educação financeira. Isso pode contemplar canais formais, como escolas e faculdades, ou locais de trabalho. Também poderiam incluir as famílias, que em algumas sociedades desempenham papel importante na educação financeira dos jovens. Se os pais deverão agir como facilitadores do ensino de questões financeiras, então claramente a sua capacidade de fazê-lo tem de ser construída.
Melhor acesso a uma gama diversa de produtos financeiros para atender às necessidades de longo prazo
As famílias também precisam de ajuda para entender melhor como agir em relação a essas responsabilidades. Em alguns países, isso implicará na necessidade de desenvolver um acesso melhor aos produtos. Na maioria dos países, os governos e fornecedores de produtos financeiros até o momento têm se concentrado no desenvolvimento de produtos de poupança para a fase de acúmulo. Um dos principais alertas para a ação dos governos - no exercício de seu papel de facilitador - é a necessidade de prestar mais atenção no desenvolvimento de produtos de aposentadoria para a fase de liberação. Levar as pessoas a poupar é apenas o ponto de partida. Dar-lhes as ferramentas para fazer o melhor uso dessas economias na aposentadoria é o passo crítico seguinte. Por exemplo, a tendência para planos de previdência individuais sugere uma necessidade de desenvolver também um acesso mais amplo a produtos de anuidade e de resgate flexível.
68
O FUTURO DA APOSENTADORIA
Conclusões
Aumento na responsabilidade das pessoas
O relatório mostra que esse é o momento para as pessoas agirem. As principais tendências demográficas e a necessidade de reformas previdenciárias colocarão a responsabilidade das futuras aposentadorias em grande parte sobre o indivíduo. Isso, combinado com a redução da seguridade social e a mudança dos planos de último vencimento para planos de compra de dinheiro, significa que Estado e empregadores continuarão a ser importantes facilitadores desse processo, ao invés de desempenhar seu papel tradicional no fornecimento de benefícios de previdência.
O crescimento da lacuna de preparo
O futuro da aposentadoria realçará o papel dos indivíduos e a necessidade de responsabilidade pessoal. O estudo mostra como as famílias estão mal preparadas em todo o mundo quando se trata de exercer essa recém-descoberta responsabilidade. Existe efetivamente uma grande lacuna de preparo das famílias, evidenciada em todos os países pesquisados, produzindo falhas no orçamento doméstico.
Há necessidade de focar mais o preparo de longo prazo
As vantagens de determinados produtos, como o seguro de automóvel e os depósitos bancários em dinheiro, são bem compreendidas e as necessidades das famílias bem atendidas.
No entanto, a necessidade de aposentadoria (criar a rede de segurança de longo prazo) ao lado das necessidades de seguros de vida (que fornecem uma rede de segurança de médio prazo) não são tão bem compreendidas. Os consumidores simplesmente não estão tão bem preparados ou cientes quando se trata de entender essas necessidades ou agir sobre elas. Considerando-se os riscos adicionais de longo prazo que podem vir a recair sobre as famílias, é importante que elas sejam encorajadas a compreender esses riscos e administrá-los eficazmente. Mulheres e jovens (com idades entre 30 e 40) são os principais grupos de risco que precisam dar mais atenção ao seu planejamento financeiro de longo prazo.
As famílias precisam de suporte por meio de incentivos e aconselhamento
O acúmulo de crédito de consumo revela como até recentemente muitas famílias estavam concentradas nas finanças de curto prazo. Agora essa situação pode ter um impacto em termos de “excluir” a poupança enquanto consumidores buscam reduzir seu endividamento. Para reduzir o risco das famílias não estarem adequadamente preparadas, é preciso incentivá-los a voltar a pensar no longo prazo e na poupança de longo prazo. Esse desequilíbrio nas finanças domésticas é, em parte, motivado por falhas no acesso à educação e aconselhamento financeiros. Está claro que as famílias precisam de ajuda para compreender melhor suas recém-descobertas responsabilidades, especialmente ao exercerem decisões complexas sobre onde e como investir.
O FUTURO DA APOSENTADORIA
Conclusões
69
A resposta não será simplesmente a promoção de planos de previdência. O futuro da aposentadoria dependerá de ação individual, ao invés de ações institucionais. Considerando que as instituições devem produzir uma reação homogênea “tamanho único” com base em abordagens rígidas para a poupança de aposentadoria, as famílias gerarão abordagens mais heterogêneas. Isso significa uma maior diversidade no acúmulo e liberação de ativos na sociedade como um todo. As soluções precisam refletir essa diversidade. Dependendo de como as pessoas acumulam ativos, isso inevitavelmente terá de ser apoiado durante a fase de liberação de ativos/patrimônio, que ocorre após a aposentadoria (ver Estudo de Caso na página 37), e concebidos para ajudar as pessoas a ter acesso à riqueza acumulada e não empregada em patrimônio imobiliário.
O papel do setor de serviços financeiros
Construir esse entendimento envolve a participação da indústria de serviços financeiros. As decisões esperadas das famílias e dos indivíduos são complexas e exigem orientação. Os bancos e as seguradoras não apenas fornecem o acesso aos produtos, mas também garantem o o aconselhamento financeiro. Mais uma vez, a pesquisa mostra que para muitas famílias seu banco é uma de suas principais fontes confiáveis de conselhos. Esse papel deve ser promovido, em conjunto com outras formas de orientação, como um meio de equipar as famílias com o contexto necessário dentro do qual irão tomar suas decisões de planejamento financeiro que contribuam para alcançar a aposentadoria positiva no futuro.
C O N C L U S Õ E S
O FUTURO DA APOSENTADORIA
70
O FUTURO DA APOSENTADORIA
71
A P Ê N D I C E S
| O FUTURO DA APOSENTADORIA |
Apêndices Apêndices
Apêndice Dois
A alteração no perfil da população em todo o mundo
Os três pilares da provisão de aposentadoria
72
O FUTURO DA APOSENTADORIA
Apêndice UmMetodologia de pesquisa
A população que define as tendências
As descobertas do relatório 5 da pesquisa O Futuro da Aposentadoria estão baseadas nas respostas de mais de 15.000 participantes entre 30 e 70 anos.
São pessoas que moram em áreas urbanas, com grande oportunidade de terem educação formal e acesso à internet. De modo geral, elas estarão muito mais expostas a uma economia de serviços, convergindo com maior velocidade em direção às atitudes e comportamentos de seus pares no mundo industrializado, o que inclui o padrão de comportamento envolvido em planejamento da aposentadoria.
Para refletir o grupo-alvo pretendido, pela primeira vez a pesquisa foi realizada utilizando formulário on-line.
Essas pessoas que definem tendências estão em vários países, desde industrializados até economias emergentes na Europa, Ásia, América do Norte, América Latina e Oriente Médio.
Economias desenvolvidas e de transição:o futuro da aposentadoria
Economias industrializadasCanadáEstados UnidosFrançaJapãoReino Unido
Economias EmergentesArábia SauditaBrasilChinaCingapura CoreiaEmirados ÁrabesHong KongÍndiaMéxicoTurquia
O FUTURO DA APOSENTADORIA
73A P Ê N D I C E S
Estado
Sistemas de Seguridade Social fornecidos por meio de tributação. Esses sistemas podem ser financiados (quando os fundos são protegidos para pagar os benefícios futuros) ou com base em pagamentos feitos (pay-as-you-go), em que os benefícios são pagos usando receitas fiscais atuais. Os benefícios estão sujeitos a uma idade mínima de aposentadoria.
Empregador
Sistemas patrocinados pelo empregador com benefício definido e contribuição definida. Normalmente, empregadores fazem alguma contribuição na forma de “salário diferido”. Em alguns países, as contribuições do empregador podem ser obrigatórias.
Pessoal
Contribuições adicionais voluntárias podem ser acumuladas por meio do crescimento de planos de contribuição definida. Esses planos normalmente oferecem algum tipo de benefício fiscal nas contribuições. Implicações importantes para gestores dos ativos (ou seja, risco de investimento e longevidade do risco).
Apêndices Apêndices
74
O FUTURO DA APOSENTADORIA
Apêndices
O FUTURO DA APOSENTADORIA
Apêndices
75A P Ê N D I C E S
Contas obrigatórias individuais entraram em vigor em 1997. AFORES permite contribuições voluntárias adicionais com incentivos fiscais sobre as contribuições e receitas de investimento.
Planos de previdência individual voluntários estão disponíveis na Coreia desde 1994.
Existem produtos de Acúmulo Garantido de Benefício Mínimo (Guaranteed MinimumAccumulation Benefits - GMAB) com prêmios que até certo valor recebem benefícios fiscais.
O novo sistema de previdência (New Pensions System - NPS) conta com a introdução de contrato Contribuições Definidas com incentivo fiscal e flexibilidade no momento da aposentadoria. Eventualmente proverá benefícios para 87% dos trabalhadores indianos.
Atualmente são utilizados cinco tipos de planos de previdência corporativos voluntários para complementar o Programa Nacional de Aposentadoria.
Sistema misto Benefícios Definidos e Contribuições Definidas fornece benefícios por meio de fundo de provisão de colaboradores, que pode ser retirado aos 58 anos. Permite pagamento de quantias únicas (em uma só vez).
Havia plano de seguro social até a reforma de 1997. Trabalhadores que entram em planos depois desta data migram para planos obrigatórios.
Sistema nacional de previdência obrigatória pay-as-you-go provê aposentadoria aos 60 anos, que até 2033 será ampliado para 65 anos. Os benefícios de renda são proporcionais aos ganhos.
Sistema Nacional de previdência pay-as-you-go com idade de aposentadoria de 65 anos
Em sua maioria, modelo social pay-as-you-go fornecendo benefícios de aposentadoria aos 60 anos para mulheres e 65 para homens.
País Estado Empregador Pessoal
Índia
Japão
Coreia do Sul
México
Em Hong Kong há produtos de aposentadoria disponíveis.Baixos níveis de carga fiscal individual tornam o incentivo fiscal pouco eficaz como argumento de poupança.
O plano obrigatório Provident cobre 25% da população.
Hong Kong O Estado fornece um pagamento universal de previdência (Social Security Allowance - SSA) e serviço de seguridade social abrangente (SocialSecurity Assistance - CSSA) a todos os residentes.
Reformas de 2004 levaram a novos produtos, visando o desenvolvimento de planos de previdência individual. Os novos PERP oferecem opção de anuidade e pagamento único.
A introdução de Empresas de Anuidades completa a mudança da China para o sistema de previdência em três níveis.As EA têm benefício fiscal e flexibilidade na aposentadoria.
Planos individuais de previdência populares oferecem incentivo fiscal em contratos CD com financiamento pleno.
Passou por um grande aumento no número de planos autofinanciados desde a implementação da reforma de 1988.
Já dispunha de sistema de dois níveis bem definido, cobrindo executivos (AGRIC) e não executivos (ARRCO).
Reformas nas empresas estatais procuraram limitar custos ao reduzirem direitos a benefícios de previdência.
Planos Contribuições Definidas, Benefícios Definidos e híbridos com empregador operam por meio da negociação coletiva ou em regime voluntário. Existem incentivos fiscais em planos de previdência registrados.
País
Brasil
Canadá
China
França
Estado Empregador Pessoal
Reformas de 1988 prejudicam a sustentabilidade fiscal do regime pay-as-you-go. Problemas permanentes com financiamento do déficit, embora continue empenhado com a provisão social. Outras reformas são prováveis.
Sistema de seguridade social universal com idade de aposentadoria definida em 65 anos.
Ativos de previdência não financiados chegaram a três vezes o valor do PIB em 2005. Passou por forte campanha para promoção de provisão pessoal e de empregador.
A reforma “Fillon” estabeleceu a fundação para um sistema de previdência financiado. Antes a França dependia de sistema pay-as-you-go.
Já há planos implementados, mas em número limitado.
Os Três Pilares da Previdência do Banco Mundial.A reforma deslocará a responsabilidade dos governos para os indivíduos.
76
O FUTURO DA APOSENTADORIA
O FUTURO DA APOSENTADORIA
77A P Ê N D I C E SApêndices Apêndices
Existe a disponibilidade de produtos para aposenta-doria em Cingapura.Baixos níveis de carga fiscal individual tornam o incentivo fiscal pouco eficaz como argumentode poupança.
Procurando desenvolver provisão pessoal voluntária com incentivo fiscal.
O esquema obrigatório provê cobertura para 65% dos trabalhadores, apesar da renda substitutiva ser baixa. Porém, as taxas de contribuição vêm subindo com o tempo.
Alguns elementos obrigatórios – OYAK, TTK – que combinam elementos Benefícios Definidos e Contribuições Definidas. Elementos voluntários também combinam acertos de Benefícios Definidos e Contribuições Definidas para fornecer complemento da seguridade social.
O plano de previdência ocupacional foi ampliado para cobrir a iniciativa privada em 2003. Fornece benefícios aos 55 anos para mulheres e aos 60 anos para homens.
O Estado de Emirados Árabes - Abu Dhabi não paga aposentadorias.
Ainda em grande parte dependente na seguridade social, que fornece benefícios aos 58 anos para mulheres e aos 60 para homens. Problemas permanentes com financiamento do déficit, embora continue empenhado com a provisão social. Outras reformas são prováveis.
O Estado não faz pagamento de aposentadorias em Cingapura.
País Estado Empregador Pessoal
Cingapura
Turquia
Emirados Árabes Unidos – Abu Dhabi
Sistema obrigatório pay-as-you-go fornecendo benefícios de aposentadoria aos 60 anos para mulheres e 65 para homens. Os benefícios de renda são proporcionais aos ganhos.
Arábia Saudita
Um complexo sistema de dois níveis oferece benefícios para mulheres a partir dos 60 anos e para homens a partir de 65 anos. Financiado em regime pay-as-you-go.
País Estado Empregador Pessoal
Planos com incentivos fiscais, como a Conta de Aposentadoria Individual (Individual retirement Account – IRA), proveem ampla cobertura.
Misto de Benefícios Definidos e Contribuições Definidas implementado. Em grande parte financiado e com benefício de incentivos fiscais. Planos patrocinados por empregadores, como 401(k), são bem estabelecidos.
Seguridade social limitada oferecendo suporte para pessoas de baixa renda.
Reino Unido
Estados Unidos
Sistema implementado é misto de Benefícios Definidos e Contribuições Definidas. Financiado principalmente a partir de incentivos fiscais. Passivo sem financiamento do setor público é pouco mais da metade do PIB.
Em 1988, introdução de sistemas de previdência particular. Planos com partes interessadas ampliam escopo. Novas Contas Pessoais obrigatórias entram em vigor a partir de 2012.
Você espera ter que adiar sua aposentadoria devido à aceleração econômica?
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O FUTURO DA APOSENTADORIA
O FUTURO DA APOSENTADORIA
79HSBC SegurosHSBC Seguros fornece apólices em mais de 40 países e territórios para seus clientes pessoa física, pessoa jurídica, institucionais e de private banking. As diferentes necessidades de seus clientes no mundo inteiro são reconhecidas pelo HSBC Seguros, que oferece produtos e serviços como: seguros de vida, seguros gerais, de riscos comerciais e provisão de aposentadorias. hsbc.com.br/seguros hsbc.com/insurance
Cicero ConsultingA Cicero Consulting concebeu e analisou a pesquisa e redigiu este relatório com Mark Twigg como autor e Chris Jackson como pesquisador sênior. A defesa baseada em pesquisas é um componente central dos mais eficazes programas de políticas públicas. A Cicero se especializa no projeto e implementação de pesquisas em políticas públicas premiadas, que complementam a mídia e o engajamento dos tomadores de decisão, o que permite a seus clientes desenvolver argumentos persuasivos, convincentes e testados. A Cicero aplica várias opções de pesquisa, incluindo pesquisas de opinião, grupos focais e benchmarking da indústria. www.cicero-europe.com
O Programa O Futuro da AposentadoriaO Programa O Futuro da Aposentadoria é uma iniciativa fundamental para estabelecer a HSBC Seguros como líder de mercado no cada vez mais importante mercado previdenciário. Agora em seu quinto ano, o programa posicionou a HSBC Seguros na vanguarda da “liderança em pensamento” de aposentadoria.
Os resultados do relatório são cruciais para o HSBC atender às necessidades de seus 128 milhões de clientes em todo o mundo. Também permitem ao HSBC continuar a produzir soluções financeiras inovadoras, específicas para as necessidades e aspirações de cada grupo de gênero e idade em vários países.
O Futuro da Aposentadoria 2008 Investindo na Aposentadoria analisou dados recolhidos a partir de mais de 21.000 pessoas em 25 países para investigar como as pessoas se preparam para o que está agora surgindo como a “segunda metade de suas vidas”. O Futuro da Aposentadoria 2007 A Nova 3ª Idade foi lançado mundialmente em 22 de maio de 2007. Esse terceiro relatório anual foi realizado com 21.000 pessoas entre 40 e 79 anos, em 21 países e territórios, e faz parte do maior programa corporativo de pesquisa sobre as atitudes em relação às fases posteriores da vida, o envelhecimento e a aposentadoria. O Futuro da Aposentadoria 2006 O Que o Mundo Quer foi liberado em nível mundial em abril de 2006. Permanece como o maior estudo em relação às atitudes individuais quanto ao envelhecimento, a longevidade e a aposentadoria. Foi realizado com 6.018 empregadores da iniciativa privada e 21.329 pessoas em 20 países e territórios nos cinco continentes.
O Futuro da Aposentadoria 2005 A pesquisa inicial desta pesquisa, encomendada e realizada entre setembro e outubro de 2004, investigou as atitudes e abordagens globais em fases posteriores da vida.
Disponível em www.hsbc.com/retirement